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Vendo que algumas pessoas tem dificuldade para usar a plaina, e eu sei bem como é pois

também já passei por isso, resolvi montar esse tópico. Muitas vezes, não é o operador o
culpado, e sim a plaina. É fato que existem plainas que já vem prontas para o uso, inclusive
com lâmina afiada, como no caso de uma Lie-Nielsen. Porém, outras plainas, sempre ficarão
melhores depois de alguns pequenos ajustes, que eu mostro a seguir. 

Para evitar confusões quanto a nomenclatura (existe pouca literatura em português), deixo
claro que estou usando o termo capa para a capa de metal que fica presa na lâmina. 

O primeiro passo é retirarmos o “frog”, o assento da lâmina. Não sei o nome dele em
português, então vou chamar de frog mesmo. Basta tirarmos a lâmina e soltar os dois
parafusos que aparecem na foto. 

 
Vamos retificar a base do frog. O ideal seria prender em uma morsa e termos as duas mãos
livre para guiar a lima. Se for preciso trabalhamos primeiro com uma lima mais grossa para
retirar mais metal e depois com uma lima mais fina para dar acabamento. 

 
Por fim, utilizando um pedaço de vidro grosso como base para uma lixa, damos o
acabamento final na base sobre essa lixa, fazendo movimento laterais. Usamos primeiro uma
lixa 220 e depois uma 320. 

Agora vamos retificar o assento da lâmina. Mesma coisa da base, usando uma lima deixamos
o mais plano possível, cuidando para não passar a lima no pino que regula a profundidade da
lâmina, ou mesmo retirando esse pino se for possível. 
 
De novo na lixa sobre o bloco de vidro, damos o retoque final. É importante que a parte mais
baixa, que será o último contato com a lâmina, esteja bem plana para apoiar totalmente a
lâmina. 

Agora iremos montar o frog novamente na base da plaina. Como retiramos a tinta da base
dele, deixamos o metal exposto, é interessante passar uma camada fina de óleo para evitar
ferrugem. Deixamos os parafusos com aperto mínimo inicialmente, daí montamos a lâmina e
observamos a garganta por baixo da plaina. Movimentando o frog para frente e para trás,
podemos aumentar ou diminuir o tamanho da garganta. Para cortes finos, quanto menos
garganta melhor; para cortes grossos, garganta maior. Mexemos o frog até acertar a
distância que queremos e até que a lâmina fique paralela com a abertura da garganta, daí
retiramos a lâmina e damos o aperto final nos parafusos do frog. 

 
Agora vamos ajustar a capa. Na parte de cima, o parafuso está solto, e na parte de baixo
está apertado. Dá para ver pela foto que a capa está exercendo pressão sobre a lâmina. Se
não estiver havendo essa diferença, se quando apertamos o parafuso não há pressão
suficiente sobre a lâmina, precisamos ajeitar isso. 
 
Prendendo a capa em uma morsa, ou mesmo improvisando com grampos como na foto
acima, deixamos apenas a ponta curva da capa para fora. Aí pegamos um toquinho de
madeira com um comprimento que pegue toda a largura da capa, apoiamos esse toquinho
de madeira sobre a capa e damos uma martelada sobre o toquinho, para aumentar a
curvatura da ponta da capa. 

 
Agora vamos ajustar a ponta da capa que ficara em contato com a lâmina. Usando o bloco
de vidro com lixa, deixamos a traseira da capa encostar na mesa, isso vai criar um pequeno
ângulo, que fará com que a ponta da capa fique bem pressionada contra a lâmina. Fazendo
pressão sobre a ponta da capa, e deixando a traseira dela assentada na mesa, com
movimento laterais vamos lixando. Começo com lixa 220 e vou até a lixa 500, para ficar
espelhado mesmo. Se a ponta da capa ficar afiada, basta deixar ele em pé e passar algumas
vezes na lixa, para retirar esse fio. 

Depois disso, montamos a capa e a lâmina, apertamos o parafuso, e olhando contra a luz, se
as operações acima forem bem sucedidas, não pode haver luz passando entre a capa e a
lâmina. 
A distância da capa até o a ponta da lâmina, como na foto acima é importante, e deve ser
regulada de acordo com a operação a ser realizada. Na foto acima deixei uma distância
grande apenas para dar uma visão melhor. 

O fato é que a capa tem duas funções. A principal é oferecer um suporte a mais para a
lâmina ficar firme e não vibrar durante o corte da madeira. A segunda é fazer com que
quando pegarmos um veio contrário durante o uso, ele “quebre” o cavaco de madeira, não
deixa a lâmina entrar por baixo do cavaco, evitando aquelas famosas lascas que tanto
odiamos. 

Para as duas funções, quanto mais próximo a capa estiver da ponta da lâmina, melhor. Mas,
sempre tem um mas, quanto mais próxima, mais facilmente entrará um cavaco entre a capa
e a lâmina, mesmo ambas estando bem ajustadas como já fizemos acima. Então eu sempre
uso o seguinte: 

Para desbastar madeira, onde deixamos mais lâmina para fora, eu deixo a capa a cerca de 1
mm da ponta da lâmina. Isso se a madeira tiver os veios certinhos, pois madeira com veios
contrários, nunca podemos usar muita lâmina. Já quando vou usar pouca lâmina, aproximo a
capa ainda mais, o mais próximo possível. Para aquela passada final de acabamento, procuro
deixar somente uma pontinha de nada do fio aparecendo em relação a capa. 
 
Na foto acima eu destaquei em vermelho a parte que fica antes da garganta. É importante
que essa parte esteja tendo contato com a madeira quando estamos aplainando. Se ela não
estiver tendo contato com a madeira, é a mesma coisa que tivéssemos uma boca maior na
plaina. Para desbaste bruto isso não faz tanta diferença, mas para acabamento sim. 

Então o ideal é pegar um pedaço de lixa grande (lixa em rolo funciona bem), prender em
uma superfície reta (a mesa de uma desempenadeira por exemplo, ou de uma serra circular
profissional, ou ainda uma mesa com tampo de vidro) e esfregar a plaina sobre ela até que
toda a base esteja polida. Deixe a lâmina encaixada na plaina, mas deixe-a recuada, para
dentro da garganta. 

Por fim, passamos uma camada de cera sobre a base da plaina, para que ela deslize
facilmente na madeira. 

Depois disso, basta afiar a lâmina (matéria para outro tópico) e usar a plaina a vontade. 

Abração!

Mensagem de Tomazelli

http://www.guiadomarceneiro.com/forum/ajustando-uma-plaina-de-metal

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