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A comparticipação como problema de desvalor da acção

Adérito, encontrando uma noite Belarmino na rua e apercebendo-se de que este


estava desocupado, propôs-lhe que viesse consigo. Ia assaltar uma vivenda onde uma
senhora era suposto ter uma bela colecção de jóias; encontrando-se ausente no
estrangeiro, era a ocasião adequada para proceder a um assalto proveitoso. Belarmino
acede de imediato à ideia.
Chegados ao local, Adérito instrói o comparsa para que o espere na rua, para o
avisar se acontecer algo suspeito. Penetra na habitação, partindo o vidro de uma janela, e
entra; mas sai um quarto de hora depois, de ar desapontado. As jóias estão num cofre
que não consegue abrir. Mas Belarmino recorda-se de outro malfeitor, Celso, que vive
perto e é conhecido como especialista na abertura de cofres. Belarmino sugere convidá-
lo para o assalto; Adérito concorda.
Após uma chamada telefónica de Belarmino, Celso aparece algum tempo depois.
Adérito volta a entrar em casa, acompanhado de Celso. Este abre com facilidade o cofre;
mas, depois da abertura, verificam que este só tem papéis velhos. Desapontados, retiram-
se do local.
Analise a responsabilidade jurídico-penal dos intervenientes.
(Augusto Silva Dias/João Curado Neves)

Bibliografia e jurisprudência:

- DIAS, Jorge de Figueiredo, Direito Penal – Parte Geral, tomo I (Questões fundamentais – A
doutrina geral do crime), 2.ª ed., Coimbra, 2007, pp. 757 e ss.
- MORÃO, Helena, Autoria e Execução Comparticipadas, Coimbra, 2014 (e bibliografia
citada).
- Acórdão de Uniformização de Jurisprudência do STJ n.º 11/2009 (para uma crítica a
esta decisão pode consultar-se o Cap. II. 3.4.4. da obra citada no ponto anterior).

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