Você está na página 1de 5

Casos práticos sobre a proteção coativa e meios

de tutela privada do Direito

1 – O direito de usufruto, previsto nos arts. 1439.º e ss. do Código Civil, é direito
Introdução ao Estudo do Direito – 1º Ano de Solicitadoria 1
objetivo ou direito subjetivo?
Adérito encontrava-se no parque da cidade, por volta das 23 horas, quando foi
agredido por Bruno, que lhe rasgou a camisola quando procurava roubar-lhe a
carteira.
Adérito, cinturão negro, desferiu alguns golpes sobre Bruno, que o deixaram
gravemente ferido e sem sentidos.
Aprecie a situação e diga quais as sanções aplicáveis.

O direito, enquanto sistema de normas jurídicas, surge como um elemento fundamental


de ordenação da vida em sociedade, que garante uma vivência comum pacífica e
harmónica.
Mas, para garantirmos uma pacífica convivência em sociedade, torna-se necessário que o
comando das normas jurídicas seja generalizadamente cumprido. Posto o que se
compreende que as normas jurídicas sejam passíveis de imposição pela força se não
forem cumpridas voluntariamente.
Assim, não basta que essas normas existam enquanto regras de conduta da vida social, é
necessário ainda que essas normas sejam eficazes, isto é, que se garanta a eficácia e o
respeito das normas jurídicas pelos seus destinatários, mesmo contra a sua vontade.
Assim, consoante a qualidade do agente protetor das normas jurídicas, a proteção coativa
ou meios de tutela do direito podem ser a justiça privada, autotutela ou tutela privada do
direito e justiça pública, heterotutela ou tutela pública do direito.
No caso sub judice, Bruno ofendeu a integridade física e o património de Adérito, pelo que
este, para o impedir de continuar a atividade criminosa e autotutelar a sua própria
integridade física e património, defendeu-se desferindo-lhe alguns golpes judocas.
Assim, analisando os casos previstos na lei, concluímos que o que pode tornar lícito o
comportamento de Adérito é a legítima defesa consagrada no art. 337º do Código Civil,
doravante designado abreviadamente C.C., nos termos da qual pode tal conduta ser
justificada e, portanto, lícita.
Caso prático 1
Amílcar, solicitador de execução, aquando da promoção de diligências no âmbito de
um processo executivo, por negligência, partiu uma estatueta do séc. XIX
pertencente a Bernardo.
Nessa mesma data, Amílcar foi o agente de execução numa ação executiva para
entrega de um colar de esmeraldas, que, por herança, coube a Catarina, mas que se
encontrava na posse de Dalila, que, por sua vez, se recusava a devolvê-lo.
Já no início desta semana, Amílcar tomou conhecimento que lhe fora aplicada a
pena de censura, prevista no art. 142.º, n.º1, al. b), do Estatuto dos Solicitadores,
em virtude de ter insultado um colega, desrespeitando, deste modo, o estatuído no
art. 109.º, al. h), do mesmo diploma.
Identifique, fundamentadamente, as sanções presentes no caso enunciado.
Caso prático 2
António Alves, pintor de renome, compromete-se a pintar o retrato da mulher de
Bento Bernardes até 30 de dezembro de 2009, destinando-se o quadro a constituir
um presente de Natal para a predita senhora.
Em dezembro, António Alves ainda não acabara o quadro, pelo que Bento Bernardes
move contra aquele uma ação de cumprimento do contrato, pedindo ao tribunal
que o condene, por cada dia de atraso, no pagamento da quantia de €50.
António Alves alega não ter inspiração e indica um pintor seu amigo para finalizar o
quadro.
Quid iuris?
Caso prático 3
Carla de 19 anos de idade resolve contrair matrimónio com Dionísio de 75 anos.
Depois de 2 anos de convivência, Carla resolve matar o seu esposo, ministrando-lhe
todos os dias pequenas doses de arsénio na canjinha. Dionísio morre passados dias.
Na fase de inquérito o juiz de instrução aplica-lhe prisão preventiva.
Que meio de proteção coativa lhe foi aplicado?
Caso prático 4
André e Beatriz, regressando a casa depois de uma noitada num bar de Leiria,
despistaram-se e colidiram frontalmente com um veículo pesado que era conduzido
por Crespo.
Após a colisão, Crespo, que havia ficado ileso, viu-se obrigado a arrombar a porta de
um restaurante que se encontrava próximo, a fim de poder utilizar o telefone para
chamar uma ambulância.
O proprietário do restaurante, Dário, que morava numa habitação por cima do
mesmo, apercebendo-se da invasão, tenta impedir Crespo de se introduzir na sua
propriedade, acertando-lhe com uma frigideira na cabeça, o que o fez perder os
sentidos.
Posteriormente, concluiu-se que André, condutor do veículo ligeiro, apresentava
1,6º de álcool no sangue.
Art. 292º, n.º1, do Código Penal
“Quem, pelo menos por negligência, conduzir veículo, com ou sem motor, em via
pública ou equiparada, com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 g/l,
é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias, se pena
mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.”
Aprecie a situação e diga quais as eventuais sanções aplicáveis.
Caso prático 5
Ana, casada sob o regime de comunhão de adquiridos com Bernardo, atravessa uma
fase difícil no casamento. Certo dia, após acesa discussão, Bernardo decidiu sair
definitivamente de casa, mas não sem antes levar todos os seus alegados pertences.
Acontece que, preparando-se Bernardo para levar as joias que lhe havia oferecido,
Ana procura impedi-lo, rasgando os pneus do carro. Bernardo, perante o sucedido,
sai do carro e começa a agredir Ana, que foge para o quintal do vizinho em busca de
socorro. Carlos ia a passar junto à casa do vizinho e corre em auxílio de Ana. Para
obstar às investidas de Bernardo, Carlos pega num valioso pote chinês do vizinho e
parte-o na cabeça de Bernardo.
 1 – Comente a situação descrita e analise as implicações jurídicas das condutas
dos intervenientes.
 2 – Pretendendo impedir Bernardo de extraviar novos bens, a que meio podia
recorrer Ana?
Caso prático 6
Afonso, ao regressar do trabalho, cerca da meia-noite, é assaltado por Bernardo,
que lhe tira a carteira e o relógio.
Afonso, que habitualmente andava armado, defende-se, disparando sobre Bernardo
e atingindo-o no peito. Em consequência do disparo, Bernardo perdeu os sentidos,
ficando gravemente ferido.
Quando se apercebe do sucedido, Afonso arromba a porta de uma loja de vestuário
que se encontrava próxima, a fim de usar o telefone, para chamar uma ambulância.
Bernardo veio a morrer pouco tempo depois.
Caso prático 7
No dia 1 de abril, Guilherme encontra a sua namorada, Henriqueta, prostrada na rua
onde ela morava. Após várias tentativas de a reanimar e não dispondo de veículo
próprio, Guilherme decide levar o automóvel do vizinho Ivo, que se encontrava
ausente, pois sabia onde ele costumava guardar as chaves. Assim, arrombou a
porta, retirou as chaves do respetivo automóvel e conduziu Henriqueta ao hospital.
Guilherme ignorava, porém, que o referido automóvel carecia de reparações
urgentes no motor, pelo que a meio da viagem o automóvel parou com sérias
danificações. Cansada de fingir, Henriqueta levanta-se e grita “Mentira!”.
Quid iuris?
Caso prático 8
Hugo tem inveja de Ivo, porque este tem tudo o que um homem sonha. Um dia,
quando soube que Ivo ganhara o Euromilhões, ficou possesso e passeando com o
seu Doberman dá-lhe instruções para aquele matar Ivo. O cão precipita-se sobre Ivo,
que costumava andar munido de arma, por se tratar de um bairro ultimamente
deveras inseguro, e dispara sobre o cão, matando-o.
Quid iuris?
Caso prático 9
João, ao entrar em casa, verificou que a sua irmã Luísa, que com ele coabitava, se
encontrava inanimada por intoxicação de gás. Não dispondo, nessa altura, de
veículo próprio e encontrando-se próximo um veículo de um vizinho, arrombou a
porta de casa deste retirou as chaves do carro, que sabia onde estavam, e conduziu
a irmã ao hospital.
Parece-lhe lícito o comportamento de João?
Caso prático 10
Num ato de desespero, Carla decide por fim à sua angustiante vida.
Quando se prepara para disparar a arma na região temporal da cabeça, irrompe
Daniel pelo quarto dentro, agarrando-a e agredindo-a, instintivamente, com o
objetivo de pôr fim aos seus intentos.
Atordoada com o sucedido, Carla corre intempestivamente para a rua. Nesse
momento, vinha a passar Eduarda, de regresso a casa, conduzindo o seu veículo
automóvel. Não tendo a possibilidade de parar, prefere chocar com um carro
estacionado do que atropelar Carla.
Quid iuris?

Você também pode gostar