Você está na página 1de 2

Hipóteses práticas de Direito Penal II – Licenciaturas em Direito e em Criminologia

CASO N.º 21

No decurso de uma rixa (cf. art. 151.º do CP), C, um dos contendores, foi atingido
na cabeça por pauladas e pontapés desferidos por D, outro dos contendores. Embora
atordoado, C conseguiu fugir e os restantes indivíduos dispersaram.
Em seguida, D dirigiu-se para sua casa e, no percurso, encontrou o seu amigo E.
Depois de andarem cerca de 30 minutos, ambos depararam com C, num local ermo,
inanimado e sangrando abundantemente da fronte, junto do olho esquerdo.
D, verificando que C estava bastante ferido, puxou do seu telemóvel para chamar os
bombeiros, mas E – que desconhecia o que se passara anteriormente – disse-lhe que C
era o indivíduo que assaltara um amigo de ambos, pelo que merecia ser deixado à sua
sorte.
Na sequência destas palavras, D e E seguiram o seu caminho. C foi casualmente
encontrado por um transeunte, cerca de 6 horas depois e, transportado ao hospital,
acabaria por morrer em consequência das lesões que sofrera.
Proceda, justificadamente, à qualificação jurídico-penal das condutas de D e
E.

CASO N.º 22

A e B eram casados e sempre haviam tido uma vida conjugal conturbada. A


2/9/2019, sem que B se apercebesse, A surpreendeu-a a falar ao telefone com C, tendo
ouvido apenas o seguinte: «É, com essa dose, o certo é matar a praga! Amanhã à noite
vou usá-la!».
Convencido de que a mulher se preparava para o matar e que o ordenamento
jurídico lhe permitia defender-se naquela específica situação, A, sem dar conhecimento
a ninguém do que escutara, combinou com o seu irmão D, afamado cozinheiro, que este
último iria, no dia seguinte, à noite, confeccionar um prato especial na residência do
casal. D cozinhou a refeição e, estando este último à mesa com B, A ofereceu-se para,
levando os pratos de cada um, ir à cozinha prepará-los com o jantar. Nesse local, A
colocou uma dose de veneno no prato de B, a qual viria a falecer pouco tempo depois,
enquanto D telefonava para os serviços de emergência.
Em audiência de julgamento provou-se que a conversa telefónica escutada por
A dizia respeito a uma praga de formigas que tinha surgido na habitação do casal
nesse mesmo dia.
Pronuncie-se, justificando, sobre a responsabilidade jurídico-penal de A e D.
Hipóteses práticas de Direito Penal II – Licenciaturas em Direito e em Criminologia

CASO N.º 23

J, L e M decidiram assaltar o “Banco X”. Para tal, procederam ao estudo


das instalações e dos respectivos sistemas de segurança, adquirindo, em seguida, os
mecanismos adequados a desactivar os alarmes e, bem assim, armas de fogo destinadas
a intimidar os guardas.
a) Refira-se à punibilidade das condutas em apreço. Justifique doutrinal e
legalmente.
No dia combinado, entraram no Banco e chegaram à caixa-forte. Quando se
preparavam para abandonar o local, já na posse de milhares de euros, J recordou-se de
ter ouvido dizer que as notas em causa eram de uma série nova e, portanto, facilmente
detectável, circunstância que frustraria os objectivos do crime. Em conformidade, J
dirigiu-se aos comparsas, incitando-os a voltarem a colocar o dinheiro no cofre
respectivo e a aguardarem por outra ocasião mais propícia. Assim fizeram todos os
agentes. À saída do Banco foram capturados pela Polícia.
b) Avalie, justificadamente, a responsabilidade jurídico-penal de J, L e M.
Suponha agora que L, sensível aos argumentos de J, manifestou-se no mesmo
sentido deste último. Pelo contrário, M preparava-se para abandonar o Banco com o
dinheiro, apesar da insistência dos seus companheiros. Face a tal comportamento, J e L
agarraram-no com o objectivo de impedir a sua fuga. No entanto, dada a maior força
física de M, foram empurrados para o chão e o agressor conseguiu fugir com o
“produto” do roubo, tendo todos sido detidos.
c) A factualidade agora apresentada implica uma diferente responsabilidade
jurídico-penal dos agentes? Fundamente a sua resposta.

CASO N.º 24
S, recorrendo a uma pedra, partiu o vidro de uma das janelas da residência de T
e abriu os fechos que a cerravam, tudo com o propósito de se introduzir no interior
desse local e de se apropriar do que pudesse.
No entanto, quando se preparava para o fazer, apercebeu-se de que, do lado
interior da janela, tinham sido colocadas grades por detrás do caixilho, de forma a
não serem perceptíveis do exterior.
Entretanto, apareceu T, o que motivou a fuga imediata de S. Um grupo de
jovens que ia a passar, apercebendo-se do sucedido, deteve o meliante.
No decurso do inquérito apurou-se que S, no momento dos factos, não era
portador de qualquer utensílio capaz de cortar as ditas grades.
Refira-se, de modo fundamentado, à responsabilidade jurídico-penal de S.

CASO N.º 25
Com o objectivo de destruir a habitação de G, escolhendo o momento em que
nenhuma pessoa aí se encontrava, H colocou um engenho explosivo na respectiva cave.
Em consequência da explosão, G veio a ser vítima de graves lesões da sua integridade
física. Entretanto I, empregada doméstica de G, que não sofreu qualquer ferimento,
nada fez para acudir ao patrão, que acabou por falecer.
Em tribunal, I alegou que, momentos antes da explosão, se havia despedido em
virtude de ordenados em atraso, circunstância que pensava dispensá-la de qualquer
intervenção.
Quid iuris? Justifique.

Você também pode gostar