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Casos de dolo | José Nabuco Filho

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Caso do cão hidrófobo

“Tendo um cão policial mordido sua própria dona e, a seguir, um menino da vizinhança,
suspeitou-se para logo que estivesse hidrófobo; mas, antes que viessem apreender o
animal para exame, sua proprietária, às escondidas, o matou e enterrou no quintal,
substituindo-o por outro da mesma raça, cor e tamanho, que veio a ser examinado. Negativo
o resultado do exame, foi interrompido o tratamento preventivo do menor no Instituto
Pasteur, enquanto a dona do cão (conhecedora dessa circunstância, mas zelosa do seu
segredo) prosseguiu com a própria imunização contra a raiva, indiferente à sorte da outra
vítima, que, dias depois, veio a morrer, atacada do terrível mal.” (HUNGRIA, Nélson.
Comentários ao Código Penal, vol I, tomo II. Rio de Janeiro: Forense, 1958, p. 120)

Caso Lacmann (1911)

Em um salão de tiro ao alvo, um homem aposta com outro que conseguirá acertar um tiro
na bola de cristal que uma menina tem na mão, apesar de ter consciência de sua regular
pontaria; o tiro acerta na garota. (WELZEL, Hans. Derecho penal aleman, p. 101)

Caso Thomas (1875)

Alexander Keith carregou, no porto de Bremerhaven, na Alemanha, seu transatlântico com


uma carga de explosivos, com um mecanismo de detonação retardada, para que a explosão
ocorresse durante a viagem e afundasse o barco. O autor só pretendia receber os valores
da companhia de seguro, porém sabia que, inevitavelmente, com a explosão morreriam os
tripulantes e os passageiros. (JESCHECK, Hans-Heinrich. Tratado de Derecho Penal:
parte general. traducción de José Luis Manzanares Samaniego, Granada: Comares, 1993,
p. 269; CIRINO DOS SANTOS, Juarez. Direito Penal, p. 131)

Caso da correia de couro (1955)

Duas pessoas, na Alemanha, decidem usar uma correia de couro para roubar um
comerciante; o plano era apertar a correia em seu pescoço até que ele desmaiasse, o que
permitiria a subtração de seus pertences. A intenção de ambos era apertar a correia o
suficiente para apenas desfalecê-lo, porém, como soubessem que a força usada poderia
provocar sua morte, mudaram o plano e resolveram usar um saco de areia para golpear a
vítima. Na execução do crime, o saco de areia se rompeu e eles acabaram usando a
correia, apertando até que ele parasse de se mover. Após a subtração, tentaram reanimá-lo.
Em vão, porém, porque já estava morto. (Caso julgado pelo Tribunal Supremo Fereral
alemão – BGHSt 7, 363. Cf.: ROXIN, Claus. Derecho Penal: parte general, tomo I.

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Traducción de la 2a edición alemana y notas por Diego-Manuel Luzón Peña, Miguel Díaz y
García Conlledo y Javier de Vicente Remesal. Madrid: Civitas, 1997, § 12, 21, p. 424.
JESCHECK, Hans-Heinrich. Tratado de derecho penal, p.270)

Caso dos mendigos russos

Alguns mendigos russos, para obter maior comiseração pública, mutilavam seus filhos e
lhes punham para pedir esmolas. Não queriam matá-las, pois apenas vivas lhe seriam úteis.
No entanto, por observação de outros casos, nos quais crianças morreram, sabiam que
havia grande probabilidade de que a mutilação viesse a causar a morte da criança. (ASÚA,
Luis Jiménez de. Principios de derecho penal, p. 369. GARCIA, Basileu. Instituições de
direito penal, vol. I, tomo I, p 257)

Disparo de arma

O marido está disposto a matar sua esposa durante uma excursão de caça, simulando um
acidente. Porém, na tarde anterior, enquanto limpava sua arma, por descuido disparou un
tiro que causou a morte de sua mulher. (MAURACH, Reinhart; ZIPF, Heinz. Derecho penal,
vol. 1, p. 383)

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