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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E GESTÃO

Direito Criminal Geral -II


Aula Prática

1. A é um jovem muito ciumento. Ele não gosta que outros homens falem com a sua
namorada B. Na semana passada, A surpreendeu a sua namorada a conversar
animadamente com C. Para manifestar o seu desagrado, comprou um martelo e começou
a vigiar os movimentos de C. No passado dia 25 de Setembro, C foi abordado por A que
desferiu com o martelo vários golpes na cabeça de C, tendo este caído na rua. A, vendo
que C estava completamente dominado, arrastou-o para uma fossa próxima onde o
introduziu com as mãos amarradas. A seguir, pôs-se em fuga para um lugar incerto e até
hoje não foi encontrado. Mais tarde, C foi encontrado sem vida. Quid júris?

R: A pelo facto de ter desferido varios golpes ao C, cometeu o tipo legal de crime de ofensas
corporais pp nos termos do artigo171 do CP, uma vez que o A vendo que C estava
completamente dominado, arrastou-o para uma fossa próxima onde o introduziu com as mãos
amarradas, cometeu o tipo legal de crime de Sonegação ou ocultação de cadáver pp nos termos
do artigo 186 do CP,tendo o C perdido a vida o A cometeu também o tipo legal de crime de
homicídio voluntario simples pp nos termos do artigo 159 do CP, que estabelece que “Quem
voluntariamente matar outra pessoa, é punido com a pena de prisão de 16 a 20 ano”.

2. E, caçador de gazelas, cansado de ouvir dos seus vizinhos que durante as noites em que
sai para caçar, a sua esposa recebe visitas estranhas em casa, vai ao talho que está ao lado
da sua casa e pede emprestado um machado alegando querer preparar uma gazela para
um churrasco com os amigos. Dois dias depois, um jovem é encontrado morto no quintal
de E, vítima de golpes com um material contundente ainda por identificar. Pode a morte
do jovem ser imputada ao caçador E?

R: Apesar de que todos os factos apontam para o E como responsável pela morte do jovem
encontrado morto no quintal, o E goza de presunção de inocência, por outro lado, caso se prove
que o E é o responsável, ele pode alegar que agiu em legitima defesa pp nos termos do artigo 53
do CP.

3. Patrício, um homem bastante idoso, fazia tranquilamente a sua caminhada matinal perto
de uma creche quando tropeçou e caiu desamparadamente sobre a Kwendy, uma
criança de 4 anos, matando-a de imediato. Os pais da Kwendy recorreram à policia,
pretendo responsabilizar criminalmente Patrício pela morte da menor. Quid júris?

R: Patrício apesar de ser um homem bastante idoso, cometeu o tipo legal de crime de homicídio
involuntário pp nos termos do artigo 170 do CP, mas por ser muito idoso, este facto constitui um
atenuante de acordo com o artigo 45 3ª, que estabelece que são circunstâncias atenuantes da
responsabilidade penal do agente: Ser menor de dezoito ou maior de sessenta anos.

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Disciplina: Direito Criminal Geral — I I
Exercício

Miguel, cansado de tanto pedir a devolução do dinheiro que tinha emprestado ao Jonas,
decidiu dar-lhe uma lição. Para o efeito, no passado sábado, sabendo que o Jonas regressava
a casa as 19h, Miguel colocou-se num arbusto situado há 10 metros da casa de Jonas,
completamente mascarado e munido de uma fisga. Quando Miguel viu as botas que Jonas
calça para ir trabalhar, não hesitou em atirar contra a pessoa que se preparava para abrir a
porta do quintal, certo de que era o Jonas. Atingida violentamente por uma pequena esfera
metálica arremessada por Miguel com recurso a fisga, a vítima pôs-se a gritar solicitando
socorro. Miguel tentou fugir mas foi apanhado por alguns transeuntes que estavam por perto.
Na verdade, o atingido pela acção praticada por Miguel foi Afonso, seu próprio irmão, que na
altura em que foi atingido pretendia entrar na referida residência para visitar Jonas que se
encontrava doente. Afonso e Jonas são amigos há bastante tempo.

Quid júris?

R: No presente caso hipotético, houve um erro no objecto ou execução defeituosa, ou


aberratio ictus, neste caso, o Miguel deve ser punido por concurso de crimes: pela tentativa
de ofensas corporais voluntárias o Jonas e pelo crime de ofensas voluntarias simples, pp nos
termos do 171 do CP contra Afonso.
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Disciplina: Direito Criminal Geral - II


CASOS PRÁTICOS

Questão I
Marques, de 16 anos de idade, vai agredir Abel com uma navalha quando, Calisto, amigo de
ambos, se lança no braço de Marques. Em consequência, a navalha que ia dirigida ao coração
de Abel, acaba por se espetar na perna deste. Já no Hospital, Calisto que é Testemunha de
Jeová, recusa-se a consentir numa transfusão de sangue que salvaria Abel. Este acabou por
morrer de hemorragia. Quando Abel foi atingido pela navalha estava embriagado.

Quid júris?

R: Em primeiro lugar, Marques, por ser menor de 16 anos, goza de inimputabilidade relativa a
luz da alínea a) do número 1 do artigo 49 do CP, Marques cometeu tentativa de homicídio ao
tentar agredir Abel no coração com a navalha, e de acordo com o artigo 15 do CP, é punível
não só o crime consumado, mas também a tentativa, por outro lado houve um crime
consumado, que foi de ofensas corporais simples, pelo facto de o Marques ter espetado na
perna do Abel.

A recusa de Calisto deve a causas de religião, ou seja, a um dever religioso, contudo, a sua
conduta é interpretada como omissão ou comissão por ação a luz do código penal, e de acordo
com o número 2 do artigo 10 do CP, a omissão só é punível quando recair sobre o omitente um
dever jurídico legal ou contratual que pessoalmente o obrigue a evitar esse resultado.

Questão II
Bento é pedreiro de profissão e, uma vez por mês, dedica-se à reabilitação de uma casa no seu
bairro, daí ser um individuo bastante famoso pelas referidas acções de caridade. Insatisfeito
com a colaboração de Manuel nos trabalhos de caridade, lança contra este um objecto com
intenção de o agredir. Todavia, o objecto atinge Carla provocando-lhe a morte. O objecto
arremessado continha substâncias venenosas, facto que era absolutamente desconhecido por
Bento. Este já apresentou um pedido de desculpas à família da Carla.

Quid júris?

R: Bento ao lancar o objecto com intenção de agredir pretendia atingir o Manuel, no entanto
atingiu a Carla, esse facto configura-se em erro na execução(ou execução defeituosa, ou
aberratio ictus), logo, o Bento deve ser punido pela tentativa contra o Manuel bem como pelo
crime consumado de homicídio involuntário pela morte da Carla, contudo, sera lhe aplicado
apenas uma única pena pois de acordo com o nuumero 1 do artigo 124 do CP, quando alguém
tiver praticado vários crimes antes de transitar em julgado a condenação por qualquer deles, é
condenado numa única pena, sendo na determinação da pena considerados, em conjunto, os
factos e a personalidade do agente.

Questão III
Nataniel, durante um jantar em casa da Arminda, ingeriu assinaláveis quantidades de chouriço
fora do prazo para o consumo humano. Horas depois do jantar, começou a sentir-se mal e foi
levado ao HPM para cuidados urgentes que não aconteceram por falta de material cirúrgico
que, segundo o enfermeiro de serviço, estava esgotado. Nataniel foi levado à uma clinica
privada pelos seus familiares. A requisição de material cirúrgico cabe ao Director do HPM.

Quid júris?

R: Tendo em conta que o Nataniel passou mal após ingerir assinaláveis quantidades de chouriço
fora do prazo, a Arminda pode ser punida por negligencia pois cabia a ela verificar a qualidade
dos produtos que estava a servir para o jantar, quanto ao material cirúrgico, sendo a requisição do
mesmo dependente do Director do HPM, então este deve ser punido pois de acordo com a alínea
a) do número 1 do artigo 30 do CP, as pessoas colectivas e entidades equiparadas, com excepção
do Estado, de pessoas colectivas no exercício de prerrogativas de poder público e de
organizações de direito internacional público, são responsáveis pelos crimes previstos neste
Código e demais legislação específica, quando cometidos: em seu nome e no interesse colectivo
por pessoas que nelas ocupem uma posição de direcção.

Bom Trabalho

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