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1.

O ator Kayky Brito, no dia 2 de setembro de 2023, foi atropelado pelo motorista do Uber
Diones Coelho da Silva, na Barra. Após o acidente, o motorista prestou socorro à vítima.
Pelo relato do motorista, o ator "cruzou a pista repentinamente correndo", e que, mesmo
desviando, foi inevitável o impacto.

Após investigação, a 16ª Delegacia de Polícia Civil decidiu arquivar o caso. As


investigações concluíram que o motorista estava abaixo da velocidade da via e que ele
estava a menos de 10 metros do ator e 0,73 segundo de distância de Kayky, quando o
mesmo iniciou a travessia na pista. Ademais, o relatório final concluiu que o motorista não
apresentou alteração no exame de consumo de álcool ou qualquer substância e conduzia o
automóvel com atenção.

Contudo, o Ministério Público abriu para que o ator, Kayky Brito, manifeste-se se deseja que
o motorista Diones Coelho da Silva, que o atropelou, responda por lesão corporal.

Considerando os dados apresentados, como defesa do motorista, quais argumentos penais


podem ser apresentados para evitar a apresentação da denúncia?

2.
André Luiz e sua filha Samara procuraram um hospital público para atendimento. Após
algum tempo, a médica Sandra desceu e constatou não ser caso de emergência, pedindo
aos dois para aguardarem. Contudo, eles ficaram indignados com a resposta da única
médica de plantão, agredindo-a fisicamente.

Durante a confusão, uma paciente da sala vermelha (estado grave) veio a ter uma piora,
necessitando de atendimento urgente. Contudo, a médica estava impossibilitada de
responder ao chamado, pois estava sendo agredida. Após a confusão, a paciente veio a
óbito.

Diante do caso, a conclusão do MP, na hora de ajudar, será qual?

3.
Pablo, que possui quatro condenações pela prática de crimes com violência ou grave
ameaça à pessoa, estava no quintal de sua residência brincando com seu filho, quando
ingressa em seu terreno um cachorro sem coleira. O animal adota um comportamento
agressivo e começa a tentar atacar a criança de 05 anos, que brincava no quintal com o pai.
Diante disso, Pablo pega um pedaço de pau que estava no chão e desfere forte golpe na
cabeça no cachorro, vindo o animal a falecer.

No momento seguinte, chega ao local o dono do cachorro, que, inconformado com a morte
deste, chama a polícia, que realiza a prisão em flagrante de Pablo pela prática do crime do
art. 32 da Lei n. 9.605/1998. Os fatos acima descritos são integralmente confirmados no
inquérito pelas testemunhas. Considerando que Pablo é multirreincidente na prática de
crimes graves, o Ministério Público se manifesta pela conversão do flagrante em preventiva,
afirmando o risco à ordem pública pela reiteração delitiva.
Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a) de Pablo, que deverá
se manifestar antes da decisão do magistrado quanto ao requerimento do Ministério
Público, responda: sendo oferecida denúncia, qual argumento de direito material poderá ser
apresentado em busca da absolvição de Pablo? Justifique.

4.
Bruno, 20 anos, residente no Rio de Janeiro, conduzia seu veículo de madrugada com
destino à cidade de São Paulo. Bruno dirigia dentro da velocidade permitida, portando
carteira de habilitação e seu veículo apresentava condições adequadas de tráfego. Em
determinado momento, André, 21 anos, que conduzia uma motocicleta alcoolizado, na outra
mão, entrou na faixa na qual trafegava Bruno, violando a regra legal de mudança de faixa
de rolamento. Bruno não conseguiu frear o veículo e evitar o contato. O veículo e a
motocicleta chocaram-se lateralmente. Na sequência, André caiu da moto e esbarrou num
fio de alta tensão que estava rompido de um poste na estrada. Bruno, assustado com o
ocorrido, acelerou seu veículo, em retirada. Após 1 km, avistou um posto policial, mas
acometido por forte emoção, optou por não parar para comunicar o fato. André permaneceu
em coma por uma semana e depois veio a óbito. O laudo de necropsia constatou que a
causa mortis for determinada por eletrocussão, em razão do contato com fio de alta tensão.
Pode ser imputado ao Bruno alguma responsabilidade?

5.
Enquanto assistia a um jogo de futebol em um bar, Francisco começou a provocar Raul,
dizendo que seu clube, que perdia a partida, seria rebaixado. Inconformado com a indevida
provocação, Raul, que estava acompanhado de um cachorro de grande porte, atiça o
animal a atacar Francisco, o que efetivamente acontece. Na tentativa de se defender,
Francisco desfere uma facada no cachorro de Raul, o qual vem a falecer. O fato foi levado à
autoridade policial, que instaurou inquérito para apuração.

Francisco, então, contrata você, na condição de advogado(a), para patrocinar seus


interesses. Considerando os fatos narrados, com relação à conduta praticada por Francisco,
qual deverá ser seu esclarecimento sobre o caso?

6.
Em certo dia, durante um patrulhamento de rotina num dia ensolarado, o policial Décio
avista dois ocupantes numa moto, e o garupa carregava um objeto suspeito, que, de longe,
parecia ser uma submetralhadora. Diante do fato, Décio e seu companheiro vão em direção
aos ocupantes da moto, para abordá-los.

Os policiais ligam a sirene e a luz, para identificá-los, e dão ordem de parada. Décio,
imaginando uma ação lesiva, já fica com a arma empenhada para qualquer ação. O garupa,
então, olha para trás, para conferir se era com eles. Diante dessa ação, imagino que ia ser
alvejado, Décio atira nos motociclista, que já iam parar. O garupa é atingido e vem a falecer.
Décio constata que o garupa carregava não uma arma, mas um macaco de carro, o que era
inofensivo.

Diante do caso, a Décio pode ser imputada alguma responsabilidade?

7.
Após ter sido exonerado do cargo em comissão que ocupava há mais de dez anos, Lúcio,
abatido com a perda financeira que iria sofrer, vai a um bar situado na porta da repartição
estadual em que trabalhava e começa a beber para tentar esquecer os problemas
financeiros que viria a encontrar.

Duas horas depois, completamente embriagado, na saída do trabalho, encontra seu chefe
Plínio, que fora o responsável por sua exoneração. Assim, com a intenção de causar a
morte de Plínio, resolve empurrá-lo na direção de um ônibus que trafegava pela rua, vindo a
vítima efetivamente a ser atropelada. Levado para o hospital totalmente consciente, mas
com uma lesão significativa na perna a justificar o recebimento de analgésicos, Plinio vem a
falecer, reconhecendo o auto de necropsia que a causa da morte foi unicamente
envenenamento, decorrente de erro na medicação que lhe fora ministrada ao chegar ao
hospital, já que o remédio estaria fora de validade e sequer seria adequado no tratamento
da perna da vítima. Lúcio foi denunciado, perante o Tribunal do Júri, pela prática do crime
de homicídio consumado, imputando a denúncia a agravante da embriaguez preordenada.
Confirmados os fatos, no momento das alegações finais da primeira fase do procedimento
do Tribunal do Júri, sob o ponto de vista técnico, o que a defesa deverá pleitear?

8.
Fernando estava sentado no banco de uma praça, jogando dominó quando visualizou uma
pessoa com capacete e viseira escura fechada e que gesticulava, dando mostras de
irritação. De repente, essa pessoa correu em sua direção e Fernando, acreditando que seria
atacado, precipitadamente, pegou uma pedra e arremessou contra o desconhecido. Devido
a sua má pontaria, Fernando errou o homem e acertou uma criança, que passava pelo
local. A criança faleceu em decorrência da pedrada. Nesse momento, o homem tirou o
capacete e Fernando o reconheceu. Era Roberto, seu primo. Como não se viam há muito
tempo, Roberto queria apenas lhe dar um abraço acalorado quando correu em sua direção.
Considerando o disposto no Código Penal, assinale a opção correta, acerca da situação
hipotética apresentada.

9.
João, pessoa humilde e analfabeta, com 70 anos de idade, residente em zona rural, acabou
por danificar, no exercício de suas atividades diuturnas pessoais, floresta considerada de
preservação permanente. Ao ser ouvido, em juízo, o réu narrou que não sabia que a sua
conduta era penalmente ilícita, considerando que sempre morou no campo e que o seu
sustento sempre esteve ligado à fauna e à flora locais. Nesse cenário, considerando a
posição do juiz, qual deve ser a decisão do magistrado?

10.
Tícia, diante de uma decepção amorosa, decide suicidar-se. Para tanto, ela se dirige a um
hotel e hospeda-se no quarto onde pretende realizar o suicídio. Depois de muito pensar, ela
finalmente toma coragem e ingere determinado veneno que deverá ter efeito em 30
minutos. Ocorre, entretanto, que 5 minutos após ingerir o veneno, ela se arrepende e fica
desesperada, pois sabe que morrerá em 25 minutos. Em pânico diante de tal perspectiva,
ela resolve sair correndo para o hospital mais próximo, mas no caminho (ainda dentro do
hotel) ela encontra diversos objetos e bagagens pertencentes a outros hóspedes que estão
prejudicando a passagem. Tendo em vista a urgência em salvar a própria vida, Tícia
empurra e chuta tudo o que encontra pela frente, de modo que quebrou diversos objetos e
amassou outros tantos. Pergunta-se: Tícia responderá pela prática do crime de dano (art.
163 CP), ou poderá ser absolvida devido à caracterização do estado de necessidade?

11.
Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro por uma avenida à
beira-mar. No banco do carona está sua noiva, Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana
começam a discutir: a moça reclama da alta velocidade empreendida. Assustada, Ivana
grita com Wilson, dizendo que, se ele continuasse naquela velocidade, poderia facilmente
perder o controle do carro e atropelar alguém. Wilson, por sua vez, responde que Ivana
deveria deixar de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua profissão era ensinar os
outros a dirigir, ninguém poderia ser mais competente do que ele na condução de um
veículo. Todavia, ao fazer uma curva, o automóvel derrapa na areia trazida para o asfalto
por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado e acaba ocorrendo o
atropelamento de uma pessoa que passava pelo local. A vítima do atropelamento falece
instantaneamente. Wilson e Ivana sofrem pequenas escoriações. Cumpre destacar que a
perícia feita no local constatou excesso de velocidade. Nesse sentido, é correto afirmar que,
em relação à vítima do atropelamento, Wilson agiu como? Há responsabilidade?

12.
Débora estava em uma festa com seu namorado Eduardo e algumas amigas quando
percebeu que Camila, colega de faculdade, insinuava-se para Eduardo. Cega de raiva,
Débora esperou que Camila fosse ao banheiro e a seguiu. Chegando lá e percebendo que
estavam sozinhas no recinto, Débora desferiu vários tapas no rosto de Camila,
causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Camila, por sua vez, atordoada com o
acontecido, somente deu por si quando Débora já estava saindo do banheiro,
vangloriando-se da surra dada. Neste momento, com ódio de sua algoz, Camila levanta-se
do chão, agarra Débora pelos cabelos e a golpeia com uma tesourinha de unha que
carregava na bolsa, causando-lhe lesões de natureza grave. Com relação à conduta de
Camila, qual pode ser sua responsabilidade?

13.
Horácio, após uma violenta discussão com Geraldo, seu vizinho, com quem vinha se
desentendendo há muito tempo, desfere contra ele diversas facadas, com intenção de
matá-lo, e o deixa gravemente ferido. Ocorre que outros moradores do condomínio
testemunharam a ação e acionaram rapidamente o socorro. Contudo, a ambulância que
fazia o transporte de Geraldo, a caminho do hospital, colidiu com um caminhão-tanque de
combustível que explodiu no local, matando a todos os ocupantes da ambulância. Diante de
tal situação, Horácio poderá ser responsabilizado pelo crime de

14.
Ana e Clara, irmãs que moram no mesmo imóvel, mantêm uma relação marcada por brigas
e agressões. Durante uma discussão, Ana atira um estilete na perna da irmã, com a
intenção de lesioná-la. Logo ao tomar conhecimento dos fatos, Cláudio, pai da dupla,
verifica que o estilete ficou inserido na perna da filha e a leva para o hospital.

Quando estavam ingressando na unidade de saúde, ocorreu um acidente com um


caminhão que tentava estacionar, vindo parte da marquise da entrada do hospital a
desabar. Cláudio conseguiu correr e fugir, mas Clara permaneceu parada em razão da dor
na perna, sendo atingida pelo desabamento da marquise. Clara veio a óbito de imediato e
foi atestado que a causa da morte seria o impacto sofrido pela queda da marquise.

Considerando a situação acima, é correto afirmar que a conduta de Ana configura o que?

15.
Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, aplicou um
golpe de arte marcial em Leonardo, causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi
encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de intervenção cirúrgica e
optou-se por um tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria
que ele retornasse às suas atividades normais em 15 dias.

A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a


Leonardo sem observar que era composto por substância à qual o paciente informara ser
alérgico em sua ficha de internação. Em razão da medicação aplicada, Leonardo sofreu
choque anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado em seu laudo de exame
cadavérico.

Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas,


imputando-lhe o crime de homicídio doloso. Diante dos fatos acima narrados e
considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a) advogado(a) de Jonas deverá alegar
que a morte de Leonardo decorreu de causa superveniente

A) apenas pelo crime de homicídio, por força do princípio da consunção, tendo ocorrido a
chamada progressão criminosa.
B) apenas pelo crime de homicídio, por força do princípio da alternatividade, sendo aplicada
a regra do crime progressivo.
C) apenas pelo crime de homicídio, com base no princípio da especialidade.
D) pelos crimes de lesão corporal e homicídio, em concurso formal.

16.
Mediante um disparo com arma de fogo, o agente produziu na vítima um ferimento. Por
considerar que o disparo fosse suficiente para causar a morte da vítima, o agente cessou
sua ação. Recolhida a um hospital, a vítima morreu pela ingestão de uma substância tóxica,
que ao invés do medicamento prescrito, lhe ministrou inadvertidamente uma enfermeira. As
lesões sofridas pela vítima inicialmente não lhe causariam morte, sendo esta causada
exclusivamente pela ingestão da substância tóxica. Na hipótese, assinale a alternativa
CORRETA.

A) O agente da agressão responderá por lesões corporais e a enfermeira, por homicídio


culposo.
B) O agente da agressão responderá por homicídio doloso consumado e a enfermeira, por
homicídio culposo.
C) O agente da agressão responderá por homicídio doloso tentado e a enfermeira, por
homicídio culposo.
D) O agente da agressão e a enfermeira responderão por homicídio consumado em
concurso de pessoas

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