1) João, comerciante de produtos alimentícios, é surpreendido com a edição
de uma Portaria do Governo Federal, elaborada em função de um momento de hiperinflação, na qual fora estipulado que alguns gêneros não poderiam ser vendidos por preço superior ao da tabela oficial, durante o período de tabelamento, que duraria aproximadamente um mês, de acordo com as previsões dos economistas do governo. Um dos produtos tabelados era a carne bovina, que, segundo as novas diretrizes, não poderia ser vendida por preço superior a R$10,00 o quilo. Apesar das novas regras, João continuou comercializando a carne bovina pelo preço de R$15,00 o quilo. Durante a operação fiscalizatória, policiais civis descobriram a situação e prenderam João em flagrante pela prática de fato definido no art. 2, inciso VI da Lei 1.521 (Venda de mercadoria por preço superior ao tabelado). Após a lavratura do APF (auto de prisão em flagrante), o indiciado foi encaminhado à carceragem. Ocorre que, com o término do período de tabelamento e a consequente retirada da tabela pelo Governo, João, que continuava preso, resolve contratar um advogado para obter sua soltura e o encerramento do processo com sua absolvição, já que não mais existia a tabela oficial de preços, utilizada para fundamentar sua prisão. Comente a situação em questão. Lei nº 1.521 de 26 de Dezembro de 1951 altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia popular. Art. 2º. São crimes desta natureza: VI - Transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado, assim como não manter afixadas, em lugar visível e de fácil leitura, as tabelas de preços aprovadas pelos órgãos competentes; 2) Vera, mãe de quatro filhos, certa vez, durante a noite, ao perceber a ausência de Jorge, seu companheiro, se levanta e o flagra no quarto de sua filha mais velha, a qual contava com 11 anos de idade, tendo relação sexual com esta. Porém, com medo de se ver sozinha, se cala e nada faz para impedir o ato, o qual ainda se repete mais quatro vezes ao longo do mês. Porém, o fato sendo relatado a uma tia pela menina, é levado à autoridade policial que indicia Jorge pelo crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Considerando a conivência de Vera, analisando a sua omissão, defina sua responsabilidade penal. Justifique 3) Na hipótese de um policial militar, que poderia tranquilamente agir, assistir inerte à prática de um crime de roubo (art. 157, CP), a sua omissão é penalmente relevante? Quais as consequências de sua omissão? Qual a diferença entre crime omissivo próprio e crime omissivo impróprio? Os crimes omissivos admitem a tentativa? Justifique abordando todos os aspectos jurídicos que o caso requer. 4) No que tange à legítima defesa é correto afirmar: a) Pode ser alegada contra um perigo atual ou iminente b) O agente não precisa saber que está atuando em legítima defesa c) É causa de exclusão da culpabilidade do agente d) Poderá excluir o dolo ou a culpa do agente, dependendo da hipótese legal e) Nenhuma das respostas acima Justifique sua resposta, explicando o erro das demais alternativas. 5) O crime doloso, consoante o Código Penal, caracteriza-se quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. Isto considerado: a) O conceito de dolo eventual é o mesmo de culpa consciente b) O dolo direto caracteriza-se quando o agente assume o risco do resultado c) No dolo eventual o agente não quer o resultado, mas aceita-o como consequência provável da ação Justifique sua resposta, explicando o erro das demais alternativas. 6)João, desejando matar Pedro, ataca-o com um golpe de faca em região não letal. Apesar de ter sido imediatamente socorrido por transeuntes, que o levaram até o Hospital Miguel Couto, Pedro não resiste aos ferimentos, e vem a falecer. Apurou-se posteriormente que o golpe não mataria uma pessoa normal, tendo ocasionado sua morte pelo fato dele ser hemofílico, o que impossibilitou um estancamento eficiente do sangue. Pergunta-se: João responderá por tentativa de homicídio ou por homicídio consumado? Justifique, abordando os aspectos legais pertinentes. 7) Carlos, com dolo de matar Marcelo, efetua um disparo de arma de fogo que vem a atingilo no ombro direito, sem causar a sua morte. Ocorre que, ainda restavam cinco projéteis em sua arma, que deles não fez uso deliberadamente, por acreditar que seu ato ensejaria a sua responsabilização perante a justiça divina. Após a conclusão do inquérito policial, o Ministério Publico denuncia Carlos por tentativa de homicídio. Como advogado de defesa de Carlos, que tese você utilizaria a seu favor? Justifique, abordando os aspectos legais pertinentes 8) Camilo, exímio nadador, durante uma festa no Clube Piraquê, vê Rodrigo afogar-se na piscina e nada faz para salvá-lo, acreditando que, por não ter nenhum vínculo de parentesco ou amizade, não estaria obrigado a prestar-lhe socorro. Ocorre que, minutos depois, Rodrigo morre afogado. Após a conclusão do inquérito policial, o Ministério Publico denuncia Camilo pela prática do crime tipificado no parágrafo único do artigo 135 do CP. Como advogado de Camilo, que tese de defesa você utilizaria a seu favor? Justifique, abordando os aspectos legais cabíveis. 9) Demócrito reage a fato típico previsto como roubo qualificado por emprego de arma de fogo. Como Demócrito é policial militar, mas estava à paisana, dispara um tiro contra o agente delitivo, vindo a causar sua morte por atingir o coração. Sabendo disso, mas estando perturbado com a ação criminosa, descarrega os outros cinco projéteis restantes em sua arma contra o ladrão. Ante o exposto, com base nos estudos sobre a ilicitude e suas causas de justificação, é correto afirmar que: a) Demócrito responderia por homicídio doloso, tendo em vista que acerta o coração do ladrão e, no caso concreto, deveria ter tido mais cuidado para evitar o resultado morte. b) Não será beneficiado pela legítima defesa, tendo em vista que, apesar de ser policial militar, não estava em serviço. c) Agiu em excludente de criminalidade, visto que exerce seu direito de legítima defesa, não respondendo por seu ato lesivo. d) Demócrito se excede dolosamente no exercício da legítima defesa, respondendo por suas ações. 10) Pedro é atacado por um cão feroz durante uma caminhada matutina. Assim, age com os meios necessários para repelir o perigo, acertando o cachorro com um pedaço de madeira, fazendo com que ele se afastasse do local. A) Pedro responde criminalmente por suas ações? Há alguma excludente de ilicitude? Se sim, qual? B) O cenário mudaria no caso em que Pedro é atacado por um cão de guarda, a mando de seu dono? Há alguma excludente de ilicitude aplicável ao caso? 11) Disserte sobre embriaguez e direito penal 12) Arnon Farias de Mello, senador e pai do ex-presidente do Brasil Fernando Collor, era um grande inimigo do também Senador Silvestre Péricles, que inclusive o havia ameaçado de morte na próxima vez que o encontrasse no senado. Por conta disso, com receio de ficar conhecido como frouxo em sua cidade, marcou um discurso para o Plenário. No fatídico dia, durante seu discurso, notou Péricles sacando sua arma sem pensar duas vezes, sacou a sua e efetuou dois tiros. Entretanto, nenhuma das balas acertou Péricles -, porém, uma delas acertou o senador suplente José Kairala, que estava sendo assistido por toda a sua família no Plenário, por se tratar de seu último dia no Senado. Analise a situação. 13) De acordo com o Código Penal Brasileiro, é incorreto afirmar: a) Crime tentado ocorre quando, iniciada a execução, não se consuma pela vontade do agente. b) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. c) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. e) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
14) Pedro Gabriel é estudante de direito da FND/UFRJ, e chega todo dia
pontualmente às 13:00 para ter aula de direito penal. Por ser um aluno exemplar, fica até muito tarde estudando e revisando os tópicos trabalhados no dia, Certo momento, Pedro Gabriel sai, às 22:30 da faculdade e ruma para a estação de metrô da Central, contudo, é surpreendido por um meliante, Antônio, ao passar pela “rua do perdeu”. Pedro Gabriel tenta fugir do ataque de Antônio, mas é atingido gravemente no abdômen por um golpe de faca, sendo claro o intuito homicida. Tendo possibilidade de continuar e concluir suas ações iniciais, Antonio repensa seus atos e vai embora, deixando Pedro ferido na rua. Decorrido certo tempo, Pedro é socorrido por transeuntes. Comente o caso.