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O autêntico tarado
Confira trecho extraído de uma inicial de ação de separação de corpos que tramita
perante uma vara de família do interior mineiro: “VI – Que no dia 29 de março de 2006,
o Requerido (Parte 2, o acusado/réu) chegou em seu lar, completamente embriagado,
expulsou para fora de casa os filhos e tentou manter relações sexuais a força com a
Requerente (Parte 1, pessoa que faz um requerimento solicitando alguma coisa a
alguém, geralmente a uma autoridade judicial.). Tendo esta se negado, ele se dirigiu a
sua sogra e disse para ela deixar a porta do quarto aberta porque ele iria “comer alguém
de qualquer jeito”. Obs.: Faltou o uso do sic nesse trecho.
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Definição de edital
“Edital é uma forma de fazer uma pessoa saber o que ela não sabe, só que muitas vezes,
porque não lê o jornal, ela não vai mesmo ficar sabendo”.
(Resposta em uma prova de Processo Civil, em Faculdade de Direito da Grande Porto
Alegre)
Inserido em 5/12/2005 (Gentilmente enviado por Kiko)
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Falecido
“Fulano de tal, falecido em 08 de maio de 2003, conforme certidão de óbito em anexo,
doravante (daqui para frente) denominado reclamante, por seu advogado signatário
(quem assina ou escreve um texto), vem perante Vossa Excelência ajuizar ação
trabalhista…”
> (De uma petição inicial na Vara do Trabalho em Varginha-MG).
Inserido em 5/12/2005 (Gentilmente enviado por Kiko)
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Sentença inusitada de um juiz, poeta e realista
Esta aconteceu em Minas Gerais (Carmo da Cachoeira). O Juiz Ronaldo Tovani, 31
anos, substituto da Comarca de Varginha, ex-promotor de justiça, concedeu liberdade
provisória a um sujeito preso em flagrante por ter furtado duas galinhas e ter perguntado
ao delegado “desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?”
O magistrado lavrou então sua sentença em versos.
Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É prá pobre, preto e puta…
Porisso peço a Deus
Que norteie minha conduta.
“Visto e analisado
Todo o processado
Os relatórios são dispensados
Conforme a Lei dos Juizados.
O segundo é o reclamado
Dono do cão apontado
Causador das intrigas
Entre famílias amigas.
Os testemunhos colhidos
Neste Juízo ouvidos
Vieram em socorro
Do mencionado cachorro.
O primeiro é o reclamante
Vem a Juízo confiante
Propor ação de cobrança
Em face da vizinhança.
Diz o requetente
Que encontra-se descontente
Por ver mortos dois suínos
Por afiados dentes caninos. (...)
Os porquinhos coitados
Morreram estraçalhados
Sem que ninguém apontou
Qual ‘bichano’ lhes matou.
As testemunhas chamadas
depuseram compromissadas
confirmando a pretensão.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL NO CEARÁ
PROCESSO: xxxxx
CLASSE 07000 – AÇÃO CRIMINAL
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉU: Fulano de Tal da Silva
Vistos, etc.
1. RELATÓRIO
É o nome do acusado,
Profissão: eletricista,
Nesta domiciliado,
É viúvo, brasileiro,
Ei-lo aí qualificado.
Formulou arrazoado
O crime – se ocorrera
Sendo desarrazoado
Se falar em prescrição[1].
O MM. Juiz
Acatou o argumento
Que o MP Federal
E colocou no papel
Negava deferimento[2].
A decisão prolatada
Negando-lhe a prescrição.
Se inverto a decisão
É o relatório. Decido.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Ao apreciar o caso
Importa examinar
Do prazo prescricional
o fato considerado
Como artificioso,
Ardiloso, simulado
Buscando dolosamente
o beneficio almejado.
De mútuos de habitação
Usando financiamento
Brevemente morreria
Se beneficiaria.
Os seguros pagariam
E as contas se quitariam
A casa, o apartamento
Porque a seguradora
Sido providenciada
A cobertura esperada
Da conduta criminosa
Um feito judicial
Na Justiça Estadual
Está em tramitação.
Um oficio a informar[8]
o espólio de Maria
Estelionato consumado
É crime de resultado.
Ao prazo da prescrição
Em caso de tentativa
Expressamente é previsto
Em locução normativa
A atividade nociva.
É de sabença geral
Lá do Código Penal
o inciso é o segundo
Dá a seguinte lição:
o prazo de prescrição
De sua execução[10].
Resta só verificar
De ter locupletamento
Sentindo-se habilitado
Entregou o requerimento[11].
Isto é suficiente
Discutira autoria.
A materialidade
Pois a prejudicial
Do prazo prescricional
Exercer a pretensão
De punir o acusado
E assim fundamentado
Exerço a retratação.
3. DISPOSITIVO
Toda punibilidade
Da conduta do acusado,
Cuja materialidade
Livre de penalidade.
Sem custas.
Expedientes de praxe.
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Prova Testemunhal
Num escritório de advogados associados havia um bilhete com um recado para um dos
advogados do escritório, com os seguintes dizeres: “Dr Fulando: O Sr. Beltrano disse
que não vai poder servir como testemunha, tendo em vista que o mesmo é pastor e não
pode mentir.”
Inserido em 31/10/2005 (Colaboração de César Lunardine do Amaral)
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Universitário, ou não?
Em uma vara eleitoral do interior de Minas Gerais, os pedidos de dispensa de mesário
são feitos mediante preenchimento de um formulário próprio, onde o interessado
justifica sua pretensão, que é levada ao conhecimento do juiz. Entretanto, recentemente
chegou um pedido um tanto inusitado, que é reproduzido abaixo:
MOTIVOS DA DISPENSA: “A fauta de tempo porque eu faço faculdade de
fisioterapia na (…) e tambem faço estagio na crinica da (…), alem de ajudar meu tio na
loja dele. por isso venho a ti requerer minha dispenssa”
O juiz, incrédulo com tantos erros, despachou: “Diante de tantos erros ortográficos,
prove que é universitário.”
E pior, o interessado, intimado pelo chefe de cartório, escreveu no rodapé do
documento: “Siente do despacho.
(Obs.: o interessado realmente era universitário)
Inserido em 3/10/2005 (Bastidores Forenses)
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Firma de digital
Em Betim, há muito tempo, decorreu que uma advogada insistia com então escrivão e
tabelião Roberto Silva para que reconhecesse a firma de uma impressão digital aposta
numa procuração. Foi difícil para fazer entender da impossibilidade.
Inserido em 4/8/2005 (Colaboração gentil do juiz R.C.M.)
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Marido traído
Esta aconteceu há anos na Comarca de Betim ou Mateus Leme. O juiz instruía o
processo criminal em que o marido matara o amante quando pegou-lhe no flagra com a
sua mulher. Perguntava o juiz à mulher que presenciou a cena do homicídio, o seguinte:
“- Senhora, quando o réu atirou na vítima, a vítima estava com a pistola na mão?”
Depois de ficar com o rosto rubro, respondeu a mulher rapidamente. “- Não Doutor, já
tinha lavado e guardado”.
Inserido em 4/8/2005 (Colaboração gentil do juiz R.C.M.)
Sem coração…
Um advogado, em sede da Justiça do Trabalho, não tendo mais argumentos para manter
o pedido em favor do Reclamante (Pessoa que formula uma reclamação em juízo.), pois
o ex-adverso (Adversário; que combate ou luta contra alguém; jurídico: requerido; parte
contrária) já havia provado que nada era devido ao ex-empregado, em último recurso,
proferiu as seguintes palavras: “- Excelência, a empresa não tem coração, não tem
sentimentos. O empregado era uma pessoa dedicada à empresa e agora se vê sem seu
emprego, tudo por conta da falta de humanidade da empresa. Peço que reveja o
requerido, e dê ao Reclamante algum direito dos que foram requeridos.”
Em resposta o advogado da Reclamada (Pessoa contra quem alguém dirige uma ação
judicial.) disse: “Realmente, por falta de coração, de sentimento e de humanidade que a
empresa é uma pessoa jurídica.”
Inserido em 4/7/2005 (Gentilmente enviado pelo Dr. Paulo Afonso da Cunha Alves,
advogado do Rio de Janeiro)
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Amor fraterno
Tramita em Uberaba/MG, uma ação de indenização por dano moral contra CENTRAIS
ENERGÉTICAS DE MINAS GERAIS – CEMIG, contendo a seguinte narração dos
fatos:
“Em virtude da queda de energia elétrica na granja de sua propriedade, o autor perdeu
mais de cinco mil frangos que foram criados com carinho especial, sem distinção,
recebendo tratamento adequado, culminando por contrair com as aves imensurável
senso de fraternidade, amizade e respeito, como se fossem entes familiares, e cujo
convívio diário proporcionou a todos um enlace matrimonial, ficando tão chocado,
transtornado, constrangido e dolorido com o sentimento de impotência e fragilidade
diante da mortandade de todos aqueles seres vivos que estavam sendo criados com
tamanha devoção que sofreu decepção, depressão psicológica, constrangimento,
nervosismo, inquietude e baixa da autoestima, somente encontrando consolo nos bares,
passando a beber, beber, perdendo seu controle emocional tanto para a continuidade do
trabalho, quanto para os atos da vida civil”.
Inserido em 6/1/2005 (Bastidores Forenses)
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Juiz ladrão
Era uma tarde quente, muito quente, na Comarca de Luz/MG. No fórum local
transcorria de forma solene e quase silenciosa uma audiência regular. Presidia a
audiência um jovem juiz recém-chegado à Comarca. As janelas do paço da Justiça
estavam abertas. Ao fundo, começa a surgir distante o som de gritos com a seguinte
expressão: “-O Juiz é ladrão”. A audiência seguia e a frase era repetida constantemente
e o som se fazia cada vez mais próximo, ao ponto de criar um constrangimento no
decorrer da audiência. O novel (jovem) magistrado, a despeito (apesar de) de pensar que
as ofensas não poderiam se referir a sua pessoa, recém empossado, foi tomando-se pelo
vexame momentâneo. Tentando quebrar aquele clima, resolveu descer da sua solene
cadeira e seguir alguns passos até a janela para ver o que se passava. Provavelmente
pensava em tomar alguma providência, ainda que fosse apenas para manter a ordem.
Mas a voz se fazia mais forte e a expressão se repetia: “Juiz ladrão, o juiz é ladrão”.
Quando o magistrado se aproximava bem da janela, surgiu outra expressão: “-Roubou,
roubou sim, roubou do Cruzeiro”. O magistrado se relaxou, todos foram tomados pelo
momento cômico e, por sorte, na véspera, o time do Cruzeiro tinha jogado e perdido de
2 a 1 em uma partida importante. É cada uma…
Inserido em 1/6/2005 (Contado pelo próprio juiz, R.C.M.)
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Céu fechado
Em Osasco, um advogado tentando definir o trabalho exercido por seu cliente, assim
escreveu:
“(…) antes trabalhava a céu aberto, como trabalhador rural, agora passou a trabalhar a
céu fechado pois estava sempre no escritório!(…)”
Inserido em 29/11/2004 (Colaboração: Tânia Mara Fonseca Mendes Afonso)
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Princípio da reserva legal
Em uma prova foi perguntado: O que é o princípio da reserva legal (ninguém faz ou
deixa de fazer alguma coisa senão em virtude da lei)?
O aluno imediatamente respondeu:
– É o local onde os índios moram.
Inserido em 29/11/2004 (Gentilmente enviada por Tânia Mara Fonseca Mendes Afonso)
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Poeta ou Advogado???
Na Comarca de Belo Horizonte, um advogado, no início da petição, escreveu:
“O direito é a luz que ilumina os caminhos” Citação: (o nome dele próprio)
Inserido em 9/3/2004 (Gentilmente enviado pela Dra. Vanda Teresa de Oliveira)
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Decujinhos
Em São Domingos do Prata, um ilustre advogado, visando levantar valores depositados
na conta do falecido pelo INSS, para impressionar a magistrada, discorreu que “MM.
Juíza, a situação da família do “de cujus” é grave, pois os três decujinhos” estão
passando fome”.
Inserido em 9/3/2004 (Gentilmente enviado pela Dra. Vanda Teresa de Oliveira)
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Tropeço imperdoável…
Em um processo na comarca de Esmeraldas, um advogado escreveu: “Meretrícia
(meretriz) Juíza.
Inserido em 3/9/2004 (Gentilmente enviado pela Dra. Vanda Teresa de Oliveira)
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Depilando o patrimônio…
Em um processo na 1ª Vara Cível da Comarca de Uberaba, um advogado, pretendendo
alertar o juiz de que o executado estava se desfazendo de seu patrimônio, não pensou
duas vezes e peticionou ao juiz informando que o “executado está depilando
(depenar/delapidar) seu patrimônio.
Inserido em 8/9/2004 (Bastidores forenses)
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Explosão mediante sequestro
Em uma prova aplicada no final do ano de 2001 para uma turma de 2º período de
Direito, foi feita a seguinte pergunta:
“Cite um exemplo de crime formal.”
A resposta veio inspirada pelo atentado de 11 de setembro de 2001, nos EUA:
Resposta: Explosão mediante sequestro (Desejava o aluno indicar extorsão mediante
sequestro).
Inserido em 7/7/2004 (Colaboração do professor Jorge Luiz de Oliveira da Silva)
*Comentar Latrocínio
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Habeas Corpus Infantil
Certa vez um juiz da Vara da Infância e Juventude retirou liminarmente a guarda de
uma criança de seus genitores em razão de maus tratos, devidamente comprovado nos
autos. Acontece que o advogado dos pais impetrou HC contra a decisão, nominando a
ação de Habeas Corpus Infantil, alegando que não havia mandado de prisão nem
mandado de apreensão por ato infracional expedido.
Detalhe: A criança tinha apenas 3 anos de idade.
Inserido em 17/6/2004 (Bastidores Forenses)
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É o amor…
Um homem se separou da mulher e foi morar com uma amante. Passados alguns anos,
voltou para sua esposa, vindo a falecer um tempo depois. A esposa providenciou todo o
velório, impedindo, entretanto, a entrada da amante. Diante dessa situação, o advogado
da “outra” ajuizou ação requerendo que o falecido “fosse desenterrado para realização
de outro velório, desta vez com a presença de sua cliente”.
Inserido em 24/5/2004 (Bastidores Forenses)
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Ele tem certeza que o texto da lei diz mais ou menos isso
Confira trecho de uma petição de réplica, na 7ª Vara Cível de Porto Alegre: “Deixa o
signatário (quem assina ou escreve um texto) de indicar os artigos de lei (CPC), porque
teve seu código furtado por amigos do alheio, ontem à noite, em arrombamento de seu
escritório, quando levaram diversos livros. Mas o signatário tem certeza que o texto da
lei diz mais ou menos isso que escreveu acima”.
Inserido em 21/5/2004 (por Marco Antonio Birnfeld)
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Procuração outorgada (Interferir demonstrando interesse: outorgar em uma ação
jurídica; revelar publicamente.) por falecido em uma ação que tramita na Comarca de
Uberaba foi juntada a seguinte procuração: “XXXX, brasileira, viúva, falecida,
portadora do CPF xxx.xxx.xxx-xx, neste ato representada por seu marido, YYYYY,
nomeia e constitui sua bastante procuradora a Dra. ZZZZZZ (…).
Inserido em 16/5/2004 (Bastidores Forenses)
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Casados, porém separados…
Foi interposta ação para conversão de separação judicial em divórcio, onde o advogado
qualificou as partes como divorciadas. Acontece que, devidamente intimado para
emendar (corrigir; alterar) a inicial, o procurador informou que as partes eram casados,
porém separadas judicialmente.
Inserido em 3/5/2004 (Bastidores Forenses)
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Baixo escalão (Militar Dispor as tropas em escalão, dispô-las por planos paralelos ou
oblíquos, umas por trás das outras, de forma que possam sustentar-se reciprocamente.)
Um advogado, ao tentar sensibilizar o juiz, peticionou afirmando que sua cliente “teve
sua casa invadida pela requerida, que proferia palavras de baixo escalão”… (calão/gíria;
linguagem grosseira; em Portugal é a pessoa preguiçosa.)
Inserido em 15/4/2004 (Bastidores forenses)
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Decisão um pouco incomum
Decisão proferida pelo juiz Rafael Gonçalves de Paula nos autos nº 124/03 – 3ª Vara
Criminal da Comarca de Palmas/TO:
DECISÃO
Trata-se de auto de prisão em flagrante de Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon
Rodrigues Rocha, que foram detidos em virtude do suposto furto de duas (2) melancias.
Instado (solicitado) a se manifestar, o Sr. Promotor de Justiça opinou pela manutenção
dos indiciados na prisão, mas o juiz teve entendimento contrário:
Para conceder a liberdade aos indiciados, eu poderia invocar inúmeros fundamentos: os
ensinamentos de Jesus Cristo, Buda e Ghandi, o Direito Natural, o princípio da
insignificância ou bagatela, o princípio da intervenção mínima, os princípios do
chamado Direito alternativo, o furto famélico (que está constantemente com fome), a
injustiça da prisão de um lavrador e de um auxiliar de serviços gerais em contraposição
à liberdade dos engravatados que sonegam milhões dos cofres públicos, o risco de se
colocar os indiciados na Universidade do Crime (o sistema penitenciário nacional),…
Poderia sustentar que duas melancias não enriquecem nem empobrecem ninguém.
Poderia aproveitar para fazer um discurso contra a situação econômica brasileira, que
mantém 95% da população sobrevivendo com o mínimo necessário.
Poderia brandir minha ira contra os neoliberais, o consenso de Washington, a cartilha
demagógica da esquerda, a utopia do socialismo, a colonização europeia,….
Poderia dizer que George Bush joga bilhões de dólares em bombas na cabeça dos
iraquianos, enquanto bilhões de seres humanos passam fome pela Terra – e aí, cadê a
Justiça nesse mundo?
Poderia mesmo admitir minha mediocridade por não saber argumentar diante de
tamanha obviedade.
Tantas são as possibilidades que ousarei agir em total desprezo às normas técnicas: não
vou apontar nenhum desses fundamentos como razão de decidir. Simplesmente
mandarei soltar os indiciados.
Quem quiser que escolha o motivo.
Expeçam-se os alvarás. Intimem-se
Palmas – TO, 05 de setembro de 2003.
Rafael Gonçalves de Paula
Juiz de Direito
Inserido em 1/4/2004 (colaboração – Lènin Ignachitti)
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Advogados contra a lei = advogados contra legem (contrariamente à lei)
* O conceito de contra legem se refere aos costumes que se opõem à lei vigente. Este
instrumento também é utilizado com a finalidade de, implicitamente, revogar
disposições legais, geralmente quando há norma em desuso. Os doutrinadores
costumam não aceitar os costumes contra legem, já que estes fazem parte de fontes
secundárias do direito, e também por irem de encontro com a lei.
*Advogado MagnoKit
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Personalidade jurídica do nascituro (Diz-se do, ou o produto da concepção, antes de vir
à luz.)
Um advogado peticionou ao juiz em uma das varas cíveis da Comarca de Uberaba/MG
informando que “O Nascituro veio à luz e tem personalidade jurídica…
Inserido em 20/2/2004 (Bastidores Forenses)
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Filho de Hércules…
Confira trecho de uma petição em ação de alimentos que tramita em uma das varas da
Comarca de Uberaba/MG: “Vale ressaltar que a criança está necessitando de
acompanhamento psicológico, uma vez que com a ausência do genitor, a criança está
transtornada, chegando inclusive a bater a parede na cabeça por várias vezes
Inserido em 20/2/2004 (Bastidores Forenses)
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Independente de intimação…
Recentemente em uma audiência de instrução e julgamento na Comarca de
Uberaba/MG, uma advogada, ao ser questionada sobre o motivo de não ter arrolado
testemunhas no prazo hábil, vez que a oitiva (Ação ou efeito de ouvir aquilo que está
sendo dito sobre uma coisa em específico; audição.) delas era de suma importância para
seu cliente, simplesmente respondeu que tal procedimento não era necessário porque
iria ouvi-las independentemente de intimação…
Inserido em 15/2/2004 (Bastidores Forenses)
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Pedofilia…
Num processo criminal em que a vítima era uma criança de cinco anos, por participar de
um filme pornográfico em que seus pais eram atores, um advogado dizia na defesa que
não havia crime algum, pois “a criança era pequena e não se lembraria do acontecido
quando crescesse”.
Inserido em 3/12/2003 (Fonte: Folha de S.Paulo)
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Dr. Cluso
Numa comarca do interior de São Paulo, um advogado foi a um cartório e pediu vistas
de um processo.
Após conferir os controles, o funcionário retornou e informou:
“O processo está concluso (Diz-se do processo que foi enviado ao juiz para atribuição
de sentença e/ou despacho).”.
O advogado voltou mais duas vezes, com alguns dias de intervalo.
Ao retornar pela terceira vez e ouvir a mesma resposta, o advogado não se conformou e
perguntou: “Quem é este Dr. Cluso que não devolve o processo?”
Inserido em 3/12/2003 (Colaboração)
REFERÊNCIAS
SABBAG, Eduardo. Manual de Português Jurídico. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
Disponível em: http://joseluizalmeida.com/2006/08/03/perolas-juridicas-capturadas-na-
internet/ Acesso em: 15 abr. 2017.
Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/novo/noticia/noticia-legado-9831/. Acesso em 16
set. 2022.
Disponível em: https://edicelianunes.jusbrasil.com.br/noticias/768467522/advogado-
escreve-receita-de-pamonha-na-peticao-para-provar-que-juiz-nao-le-os-autos. Acesso
em 16 set. 2022.
Disponível em: https://www.anoreg.org.br/site/imported_8481/. Acesso em 16 set.
2022.