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DIREITO ADMINISTRATIVO

Diferenças Práticas entre Cargos, Empregos e Funções Públicas

Sumário
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3

1. NORMAS CONSTITUCIONAIS RELATIVAS AOS SERVIDORES PÚBLICOS.............3

2. A ORGANIZAÇÃO LEGAL DO SERVIÇO PÚBLICO.....................................................5

3. O DIREITO DE ACESSO AOS CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS.......8

3.1. Requisitos de Acesso.................................................................................................9

4. CONCURSO PÚBLICO.................................................................................................10

4.1. Exceções à Regra do Concurso Público................................................................12

5. ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES .........................................13

5.1. Exceção à Regra da Acumulação............................................................................14

6. RESUMO........................................................................................................................16

7. QUESTÕES COMENTADAS.........................................................................................17

GABARITO........................................................................................................................43

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Renato Borelli
Juiz Federal do TRF1. Foi Juiz Federal do TRF5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor
público e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ). Atuou no CARF/Ministério da
Fazenda como Conselheiro (antigo Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia, com
especialização em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica.

INTRODUÇÃO

Olá!
Você sabe quais são as diferenças existentes entre cargos, empregos e funções públicas?
No estudo de hoje, iremos abordar as diferenças mencionadas não apenas sob a ótica
legal, mas também doutrinária e jurisprudencial! Ao final, temos uma bateria de 30 (trinta)
questões de concursos públicos, todas comentadas, para melhor fixação do conteúdo.
Vamos lá?

1. NORMAS CONSTITUCIONAIS RELATIVAS AOS SERVIDORES PÚBLICOS

Nossa Carta Constitucional trouxe diversas regras de organização do Estado brasileiro,


dentre as quais aquelas concernentes à Administração Pública e seus agentes.
A expressão agente público tem sentido amplo, servindo para designar qualquer pessoa
física que exerça uma função pública, de forma remunerada ou gratuita, de natureza
política ou administrativa, com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes políticos são aqueles que exercem típicas atividades de governo, cabendo-
-lhes propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos. Nessa categoria estão inclu-
ídos os chefes do Poder Executivo federal, estadual e municipal, bem como seus auxiliares
diretos (Ministros e Secretários de Governo) e os membros do Poder Legislativo (Senadores,
Deputados e Vereadores).
Os agentes políticos, em geral, exercem mandato eletivo. A exceção fica por conta dos
Ministros e Secretários, que ocupam cargos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
Alguns autores, a exemplo do saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, dão sentido mais
amplo à categoria de agentes políticos, de forma a compreender os demais agentes que
exercem, com alto grau de autonomia, parcelas da soberania do Estado em virtude de pre-
visão constitucional. Tal é o caso dos membros da Magistratura, do Ministério Público e dos
Tribunais de Contas.
A doutrina moderna constitucionalista confere ao Poder Judiciário um papel muito mais
atuante e politizado do que houvera em outros tempos, já que os juízes exercem também
uma parcela da soberania do Estado (Hely Lopes Meirelles, 2003, e Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, 2006). No entanto, nos manuais de alguns doutrinadores do Direito Administrativo, a
exemplo de José dos Santos Carvalho Filho, Diogenes Gasparini, Celso Antônio Bandeira

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de Mello, entre outros, essa visão mais moderna não é compartilhada, dado que entendem
que os juízes não seriam agentes políticos em razão de não terem a atribuição de definir as
políticas públicas ou a possibilidade de serem eleitos.
Outra categoria de agentes públicos é a dos particulares em colaboração com o Poder
Público. Nessa classe encontram-se as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado,
sem vínculo de trabalho, com ou sem remuneração. Exemplos:
a) titulares de serviços notariais e de registro público não oficializados;
b) jurados;
c) convocados para prestar serviço eleitoral etc.
A terceira categoria de agentes públicos é composta pelos militares, que, anteriormente
ao advento da EC nº19/1998, eram tratados como “servidores militares”. São militares aque-
les que prestam serviços às Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), às Polícias
Militares ou aos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e territórios,
sob vínculo jurídico estatutário e com remuneração paga pelos cofres públicos. Em que pese
se submeterem a um regime jurídico indiscutivelmente estatutário (disciplinado em lei), os
militares se submetem a regras jurídicas diversas daquelas aplicadas aos servidores civis
estatutários, o que justifica o enquadramento numa categoria própria de agentes públicos.
Sem prejuízo da legislação específica a que estão submetidos, a Constituição Federal
assegurou aos militares alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores em geral, quais
sejam: 13º salário, salário-família, férias anuais remuneradas com acréscimo de pelo menos
um terço da remuneração normal; licença à gestante com a duração de 120 dias; licença-
-paternidade e assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco
anos de idade em creches e pré-escolas.
Além disso, submetem-se por força constitucional a algumas regras próprias dos servi-
dores públicos civis: teto remuneratório, irredutibilidade de vencimentos, proibição de vincu-
lação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito de remuneração e
proibição de que acréscimos pecuniários já auferidos repercutam no cálculo de novos acrés-
cimos pecuniários.
Não obstante tais semelhanças, aos militares são aplicadas vedações que constituem,
em regra, direito dos demais agentes públicos, como são os casos da sindicalização, da
greve e, quando em serviço ativo, da filiação a partido político.
Por fim, temos os servidores públicos (servidores civis). Em sentido amplo, servidor
público são todas as pessoas físicas que prestam serviços às entidades federativas ou as
pessoas jurídicas da Administração Indireta em decorrência de relação de trabalho e com
remuneração paga pelos cofres públicos, integrando o quadro funcional dessas pessoas
jurídicas.

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Alguns autores administrativistas dividem os servidores públicos em civis e militares. Em


razão de termos adotado a classificação proposta por Maria Sylvia Z. Di Pietro, optamos por
tratar os servidores militares como uma categoria à parte, chamando-os apenas de militares,
utilizando a expressão servidores públicos para designar apenas os servidores públicos civis.
Os servidores estatutários são aqueles que ocupam cargo público, sendo regidos pelo
regime estatutário, enquanto os empregados públicos são aqueles contratados sob o regime
da CLT e que ocupam empregos públicos. Por fim, têm-se os servidores temporários, que
são os contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excep-
cional interesse público. Estes últimos exercem funções públicas, mas sem ocupar cargo
ou emprego público, sendo regidos por regime jurídico especial a ser disciplinado em lei de
cada unidade federativa.
Diversos aspectos da relação entre a Administração Pública e seus servidores estão dis-
ciplinados diretamente em nosso texto consitucional.
Na primeira parte desta aula trataremos da disciplina constitucional relativa ao assunto, a
qual se aplica indistintamente aos servidores de todos os entes federados. Em aula especí-
fica, desenvolveremos os principais pontos da Lei nº 8.112/1990, que dispõe especificamente
sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das funda-
ções públicas federais.

2. A ORGANIZAÇÃO LEGAL DO SERVIÇO PÚBLICO

Os servidores públicos são organizados em quadros funcionais. O quadro funcional é


o conjunto de cargos, empregos e funções públicas de um mesmo ente federado, de seus
órgãos internos ou de uma pessoa jurídica da Administração Indireta.
O cargo público representa para a estrutura dos entes públicos e seus órgãos o que
a célula representa para os seres vivos e seus órgãos. Se a célula é a unidade estrutural
e funcional comum a todos os seres vivos, correspondendo à menor porção independente
de matéria viva, o cargo é o menor centro de competência estrutural e funcional dos entes
públicos. É que os entes públicos possuem existência abstrata e somente conseguem atuar
no mundo jurídico por intermédio dos seres humanos que titularizam os cargos públicos e
exercem as respectivas competências. Nesse contexto, a título de exemplo, o Estatuto dos
Servidores Civis da União (Lei nº 8.112/1990) define cargo público como “o conjunto de atri-
buições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas
a um servidor” (art. 3º). Em termos mais práticos, o cargo é uma posição na estrutura organi-
zacional a ser preenchido por um servidor público.
Os cargos públicos, em regra, somente podem ser criados, transformados ou extintos
por lei. Em outras palavras, cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do Poder
Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
ções públicas.

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No caso de cargos do Poder Legislativo, a criação não depende propriamente de lei, mas
de uma norma que, apesar de possuir a mesma hierarquia de uma lei, não depende de deli-
beração executiva (sanção ou veto do chefe do Executivo). Tais normas, em regra, denomi-
nam-se “Resoluções”, configurando verdadeiras “leis sem sanção”.
É também a norma criadora do cargo que define a denominação, as atribuições e a remu-
neração correspondentes.
Questão de grande relevância é a iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma cargos.
No caso dos cargos do Executivo, a iniciativa é privativa do chefe desse Poder (CRFB, art.
61, § 1º, II, “a”). Já em relação aos cargos da estrutura do Poder Judiciário, dos Tribunais
de Contas e do Ministério Público a lei em questão será de iniciativa dos respectivos Tribu-
nais ou Procuradores-Gerais (para o Ministério Público). Quanto ao Legislativo, como foi dito
anteriormente, os cargos serão criados, extintos ou transformados por atos normativos inter-
nos desse Poder (Resoluções), cuja iniciativa é da respectiva Mesa Diretora.
Antes da EC 32/2001, os cargos e as funções públicas só podiam ser extintos por lei.
Todavia, a referida emenda constitucional alterou a redação do art. 84, VI, “b”, da CF, pas-
sando a admitir que o Presidente da República possa extinguir funções ou cargos públicos
por meio de decreto, quando os cargos ou funções se encontrarem vagos.
Aplicando-se o princípio da simetria, tem-se por consequência que os Governadores e
Prefeitos também podem extinguir por decreto funções ou cargos públicos vagos nos Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios, se houver semelhante previsão nas respectivas Constitui-
ções Estaduais ou Leis Orgânicas.
Em outras palavras, os cargos ou funções públicas, embora sejam criados por lei, podem
ser extintos por lei ou por decreto do chefe do Poder Executivo, se estiverem vagos. Res-
saltamos que, se o cargo estiver ocupado, só poderá ser extinto por lei, não se admitindo a
edição de decreto com essa finalidade.
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Os cargos organizados em
carreira são aqueles cujos ocupantes podem percorrer várias classes ao longo da sua vida
funcional, em razão da progressão do servidor na carreira. Por exemplo, a carreira de médico
de determinado órgão pode ser dividida em três classes funcionais: 1ª, 2ª e 3ª Classes, de
modo que a antiguidade e o merecimento do profissional sirvam como critérios para a suces-
siva progressão entre tais classes. Já os cargos não organizados em carreira são chamados
de cargos isolados, não permitindo a progressão funcional dos seus titulares.
No tocante às garantias e características especiais que lhe são inerentes, os cargos
podem ser classificados em:
a) vitalícios;
b) efetivos; e
c) comissionados.

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Os cargos vitalícios e os efetivos oferecem garantia de permanência aos seus ocupan-


tes. Em regra, a nomeação para cargos efetivos e vitalícios depende de prévia aprovação
em concurso público. Em caráter de exceção, a nomeação para alguns cargos vitalícios não
exige concurso público, a exemplo dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Por sua vez, os cargos em comissão (ou comissionados) são ocupados de maneira tran-
sitória, em razão da confiança depositada no seu titular pela autoridade nomeante. A nome-
ação para cargo em comissão não depende de aprovação em concurso público e a exone-
ração do seu ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade nomeante
(ad nutum), sem necessidade de motivação ou processo administrativo. Como exemplo de
cargos comissionados, podemos citar os de Ministro e o de Secretário de Estado.
De acordo com o art. 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
buições de direção, chefia e assessoramento. Com efeito, lei que criar cargo comissionado
de natureza meramente técnica e operacional, dispensando a relação de confiança pessoal
da autoridade pública no servidor nomeado, será considerada inconstitucional por violar o
art. 37, V, da CF, e também por afrontar a regra do concurso público, que é instrumento de
efetivação dos princípios da igualdade, da impessoalidade e da moralidade administrativa,
conforme já decidiu o STF (ADI 3.706, Rel. Min. Gilmar Mendes, Plenário, DJ 05.10.2007; e
ADI 4.125, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 10.06.2010, Plenário, DJE 15.02.2011).
Do mesmo modo, o STF também já decidiu que deve haver uma relação de proporcio-
nalidade entre o número de cargos efetivos e de cargos em comissão, sob pena de violação
ao disposto no art. 37, II e V, da CF e ao princípio da moralidade (RE 365.368-AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 22.05.2007, 1ª Turma, DJ 29.06.2007; e ADI 4.125, Rel. Min.
Cármen Lúcia, j. 10.06.2010, Plenário, DJE 15.02.2011).
Os cargos comissionados podem ser ocupados tanto por pessoas que já possuem um
vínculo funcional com a Administração como por pessoas estranhas ao quadro de pessoal da
Administração. No entanto, em razão de previsão constitucional, a lei deverá estabelecer as
condições e os percentuais mínimos de cargos comissionados a serem ocupados por servi-
dores de carreira (CF, art. 37, V).
Os empregos públicos são unidades de atribuições a serem ocupadas por servidores
regidos sob o regime da CLT, também chamados de servidores “celetistas” ou empregados
públicos. O que basicamente diferencia o cargo do emprego público é o vínculo que liga o
servidor ao Estado.
O vínculo jurídico do empregado público é de natureza contratual; ao contrário do vínculo
do servidor titular de cargo público, que é de natureza estatutária, institucional.
Nas pessoas de Direito Público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e em suas
autarquias e fundações públicas de direito público, tendo em vista a restauração da reda-
ção originária do caput do art. 39 da CRFB (ADI 2135 MC/DF), o regime a ser adotado é o
estatutário. No entanto, conforme será destacado a seguir, é possível a convivência entre
o regime estatutário e o celetista no tocante aos entes que, anteriormente à concessão da

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medida cautelar supracitada, tenham realizado admissões no regime de emprego público. Já


nas pessoas de Direito Privado da Administração Indireta (empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações públicas de direito privado) somente é possível a existência de
empregados públicos.
Ao lado dos cargos e empregos públicos existem certas atribuições que também são
exercidas por servidores públicos, mas sem que essas funções componham o rol de atribui-
ções de determinado cargo ou emprego público, a exemplo das funções exercidas por servi-
dores contratados temporariamente, em razão de excepcional interesse público, com base no
art. 37, IX, da CF. Os servidores temporários desempenham suas funções sem titularizarem
cargo ou emprego público. Ademais, existem funções de chefia, direção e assessoramento
para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão exercidas exclusivamente
por ocupantes de cargos efetivos, conforme disposto no art. 37, V, da CF.
A propósito, registramos que, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assesso-
ramento” (CF, art. 37, V).

3. O DIREITO DE ACESSO AOS CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS

O art. 37, I, da Constituição Federal, com redação dada pela EC 19/1998, estabelece
atualmente que “os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”.
Vale a pena registrar que a referida emenda constitucional, ao alterar a redação do art. 37,
I, da CRFB, passou a admitir, de modo geral, a possibilidade de estrangeiro ocupar cargo,
emprego e funções públicas, na forma da lei. Todavia, conforme já decidiu o Supremo Tribu-
nal Federal, a norma constitucional que confere esse direito ao estrangeiro é de eficácia limi-
tada (depende de regulamentação para produzir efeitos); portanto, não é autoaplicável (RE
544.655-AgR, Rel. Min. Eros Grau, j. 09.09.2008, 2ª Turma, DJE 10.10.2008).
Embora na redação original do dispositivo constitucional referido não houvesse menção
aos estrangeiros, já se admitia à época que estes fossem contratados temporariamente em
caso de excepcional interesse público, com base no art. 37, IX, da CF. Tanto assim que a Lei
8.745/1993, confirmando essa tese e regulamentando essa hipótese, estabeleceu, no art.
2º, V, a possibilidade de a Administração Direta Federal, assim como as autarquias e funda-
ções públicas federais, admitirem professor e pesquisador visitante estrangeiro, em caso de
necessidade temporária de excepcional interesse público.
Na esteira da evolução constitucional sobre o assunto, a Emenda Constitucional 11/1996
incluiu dois parágrafos no art. 207, passando a admitir a possibilidade de contratação de pro-
fessores, técnicos e cientistas estrangeiros pelas universidades e instituições de pesquisa
científica e tecnológica.

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Em razão dessa modificação constitucional, foi editada a Lei 9.515/1997, que incluiu o
§ 3º ao art. 5º da Lei nº 8.112/1990 (regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das autarquias e das fundações públicas federais), estabelecendo que “as universidades e
instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimen-
tos dessa Lei.
No tocante aos brasileiros, o art. 37, I, da Constituição Federal não faz distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, bastando apenas que atendam aos requisitos legais para
terem a possibilidade de acesso aos cargos, empregos e funções públicas. Contudo, de
acordo com o art. 12, § 3º, da Constituição Federal, os seguintes cargos são privativos de
brasileiros natos:
a) Presidente e Vice-Presidente da República;
b) Presidente da Câmara dos Deputados;
c) Presidente do Senado Federal;
d) Ministro do Supremo Tribunal Federal;
e) carreira diplomática;
f) oficial das Forças Armadas;
g) Ministro de Estado da Defesa. É importante esclarecer que a norma constitucional que
confere aos brasileiros o direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas é de
eficácia contida (para os estrangeiros a norma é de eficácia limitada), o que significa que a
princípio qualquer cargo, emprego ou função pública é acessível a todos os brasileiros (res-
peitados os cargos que por disposição constitucional são privativos de brasileiros natos), mas
a legislação infraconstitucional poderá estabelecer limitações ao exercício desse direito, a
exemplo dos requisitos de idade, escolaridade etc.

3.1. Requisitos de Acesso

O art. 37, I, da Constituição Federal estabelece que o acesso aos cargos, empregos e
funções públicas depende do preenchimento dos requisitos estabelecidos em lei, que, por
exemplo, pode estabelecer requisitos de escolaridade, idade mínima e máxima, experiência
profissional etc.
A exigência desses requisitos deve guardar previsão legal. Os nossos tribunais judiciá-
rios têm considerado que ofende a Constituição a exigência de requisitos previstos apenas
em edital de concurso público ou em ato administrativo infralegal. A título de exemplo, é pos-
sível citar o seguinte entendimento do STF: A exigência de experiência profissional prevista
apenas em edital importa em ofensa constitucional (RE 558.833-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie,
j. 08.09.2009, 2ª Turma, DJE 25.09.2009).

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Além disso, a exigência legal deve respeitar os princípios da isonomia e da razoabilidade.


Não é tolerável a discriminação de candidatos a cargos, empregos e funções públicas em
razão de raça, preferência sexual, religiosa, política etc. Eventuais leis que contenham tais
discriminações ferem o princípio da isonomia e os direitos fundamentais da pessoa humana,
devendo ser consideradas inconstitucionais.
No tocante ao limite de idade e ao sexo do candidato, a exigência legal somente pode
ser admitida quando justificada pela natureza das atribuições do cargo. Por exemplo, é razo-
ável e constitucional a previsão legal que impõe aos estabelecimentos penais destinados
a mulheres que os cargos de agentes de segurança de suas dependências internas sejam
ocupados apenas por pessoas do sexo feminino.
No que concerne à possibilidade de imposição de limite etário para ingresso no serviço
público, vale a pena citar o que foi registrado na Súmula 683 do STF:
Súmula 683 do STF – “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legi-
tima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido”.
Assim, seria válida a exigência prevista em lei de determinada idade compatível para
ingresso em um cargo cujas atribuições possam exigir maior vigor físico, como é o caso dos
policiais, que precisam realizar rondas, eventualmente perseguir criminosos, usar da força
para executar prisões etc. Todavia, seria inconstitucional a lei que estabelecesse limite de
idade para ingresso em cargo cujas atribuições sejam meramente burocráticas, como o de
agente administrativo, ou intelectuais, como o de professor.
Registramos que, com o advento da Lei 13.303/2016 (Lei de Responsabilidade das Esta-
tais), finalmente foram inseridas no direito brasileiro regras que restringem a utilização de
critérios políticos e impõem a aferição da qualificação técnica para que sejam feitas as indi-
cações para os cargos de Direção e do Conselho de Administração das empresas públicas e
sociedades de economia mista.

4. CONCURSO PÚBLICO

O concurso público é um procedimento administrativo destinado à seleção de pessoas


que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos de provimento efetivo ou vitalício.
Trata-se de uma forma de escolha meritória, que atende aos princípios da igualdade e da
moralidade administrativa, evitando-se com isso que o ingresso no serviço público se dê por
critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
É importante não confundir o concurso público enquanto processo seletivo destinado à
escolha de servidores ou empregados públicos com o concurso previsto na Lei de Licitações
e Contratos (Lei 8.666/1993), que se constitui em modalidade de licitação cujo objetivo é
escolher trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remu-
neração aos vencedores.

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O concurso público deve ser aberto a todos os interessados, não se admitindo atualmente
os chamados “concursos internos” (ou seja, aqueles abertos apenas aos que já são servido-
res públicos), a “transferência” de servidores de um cargo para outro sem concurso público,
ou a “transformação” do cargo original em cargo diferente, com atribuições distintas daquelas
pertencentes ao cargo legitimamente ocupado. A Suprema Corte entende que todas essas
hipóteses implicam violação da Constituição Federal, já que resultam no provimento do ser-
vidor em novo cargo sem a realização de concurso público de provas ou de provas e títulos.
Atualmente, tal entendimento está cristalizado na Súmula Vinculante 43, onde foi assentado
que: “é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se,
sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido”.
É também do STF o entendimento cristalizado na Súmula 684, segundo o qual “é incons-
titucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público”.
O enunciado sumular deixa claro que o veto proibido é o arbitrário, sem qualquer fun-
damento legal, contudo é possível aquele suficientemente motivado por circunstâncias que
legalmente o justifiquem. A título de exemplo, é válido o veto à participação num concurso
para cargo policial, de interessado que, na data da solicitação de inscrição, já tenha ultrapas-
sado o limite máximo de idade para exercício do cargo pretendido. A realização de concurso
é obrigatória tanto para os cargos e empregos da Administração Direta quanto para os da
Administração Indireta, inclusive no caso das entidades regidas predominantemente pelo
direito privado (empresas públicas e sociedade de economia mista).
Em respeito à regra do concurso público, a jurisprudência tem entendido pacificamente
que, ressalvadas as exceções constitucionalmente admitidas (estudadas no tópico a seguir),
as admissões realizadas sem concurso público em data posterior à Constituição Federal de
1988 são nulas, não gerando efeitos trabalhistas. Registramos, por oportuno, que, nos casos
em que sociedade de economia mista ou empresa pública firma contrato de trabalho nulo em
virtude da ausência de concurso público e posteriormente é privatizada, a nulidade é sanada
e o contrato é convalidado desde a data da admissão, continuando a gerar seus efeitos após
a privatização. É que, como a exigência de concurso não se aplica a entidades alheias à
administração pública, seria excesso de formalismo anular-lhes os contratos trabalhistas em
virtude justamente da falta de concurso no passado.
Foi inspirado nesse raciocínio que o Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula 430,
com a seguinte redação: “Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado
nulo por ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Admi-
nistração Pública Indireta, continua a existir após a sua privatização”.
Mesmo que reconhecida a nulidade da admissão, para que não haja indevido enriqueci-
mento sem causa por parte do Estado, que efetivamente recebeu a prestação de serviços, os
servidores ilicitamente admitidos têm o direito ao recebimento do saldo de salários dos dias

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efetivamente trabalhados (STF, AI 680.939-AgR). Digno de nota que, além do pagamento das
horas trabalhadas, o Tribunal Superior do Trabalho tem reconhecido ao trabalhador admitido
sem concurso o direito aos valores referentes aos depósitos do FGTS (Súmula 363 do TST).
Também em virtude da exigência constitucional de concurso público, o servidor que sofre
desvio de função em data posterior à Constituição de 1988 não terá direito a ser enqua-
drado no cargo cujas atribuições indevidamente exercia, afinal, não prestou concurso para
tal cargo. No entanto, caso a remuneração desse cargo seja superior à do cargo efetivo do
servidor, ele terá direito à diferença das remunerações a título de indenização. Se assim não
fosse, também estaria configurado o enriquecimento sem causa por parte do Estado, que
seria beneficiado por pagar menos por um serviço que legalmente deve ser remunerado com
um valor mais elevado (STF, AI 594.942-AgR).
O concurso público pode ser de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e
a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei (CRFB, art. 37, II). Em outras
palavras, não se admite que o concurso seja somente de títulos. A opção pelo concurso ser
apenas de provas ou conter também o exame de títulos deve levar em consideração as atri-
buições a serem exercidas. Assim, nos cargos e empregos de menor complexidade, a exem-
plo daqueles destinados ao exercício de funções administrativas básicas, não será exigido o
exame de títulos. Em sentido contrário, em cargos como o de Juiz ou Promotor de Justiça a
avaliação dos títulos do candidato deverá se constituir em fase do concurso.

4.1. Exceções à Regra do Concurso Público

A título de exceção, em algumas situações a própria Constituição Federal prevê que o


acesso a cargos e empregos públicos se dê sem a necessidade de concurso público, o que
ocorre nos seguintes casos:
a) cargos de mandato eletivo, em que a escolha se dá por eleição;
b) cargos em comissão, em que a escolha é feita de forma livre pela autoridade compe-
tente, de acordo com a confiança que deposita no profissional;
c) contratações temporárias por excepcional interesse público. Sob o ponto de vista lite-
ral a Constituição Federal não dispensa expressamente o concurso nessa hipótese, apenas
prevê que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para aten-
der a necessidade temporária de excepcional interesse público” (art. 37, IX). Todavia, no
âmbito da administração direta federal e das autarquias e fundações públicas federais, a Lei
8.745/1993 previu que a contratação temporária seria feita mediante processo seletivo sim-
plificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União, prescindindo
de concurso público;

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d) ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a


Segunda Guerra Mundial (ADCT, art. 53, I). Embora a Constituição Federal consagre essa
hipótese de exceção ao concurso público, hoje em dia, na prática, não é mais aplicável
porque os excombatentes da Segunda Guerra Mundial, se ainda estiverem vivos, certamente
já terão idade superior à permitida para permanecer no serviço público;
e) Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas; Ministros do
STF, do STJ, TSE, TST e STM; integrantes do quinto Constitucional dos Tribunais Judiciários.
Além dessas exceções, a EC 51/2006 incluiu o § 4º no art. 198 da CF, segundo o qual “os
gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde
e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com
a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação”.
Nota-se que o dispositivo transcrito não faz referência a concurso público, mas a processo
seletivo público. Inicialmente, boa parte dos estudiosos esposou a tese de que a expressão
“processo seletivo público” significaria um procedimento simplificado, dispensando-se a exi-
gência do concurso público. Contudo, a Lei 11.350/2006, que regulamentou o mencionado
dispositivo constitucional, trouxe a previsão no art. 9º de que “a contratação de Agentes
Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de
processo seletivo público de provas ou de provas e títulos”. Assim, o mecanismo de seleção
desses agentes ficou em tudo assemelhado ao que é exigido num concurso público, tor-
nando de pouca importância prática a controvérsia, ainda não resolvida, sobre a obrigatorie-
dade ou não da realização de concurso público para a admissão desses agentes públicos.

5. ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

A Constituição Federal proíbe a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções


públicas (art. 37, XVI e XVII). A proibição de acumulação remunerada de cargos, empregos
e funções públicas abrange, além da Administração Direta, autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público.
É importante registrar que, na redação original da Constituição Federal, a vedação de
acumulação abrangia apenas os cargos, empregos e funções da Administração Direta e das
pessoas jurídicas que compõem a Administração Indireta. No entanto, a partir da EC 19 a
proibição passou a ser mais abrangente, alcançando também as subsidiárias das empresas
públicas e sociedades de economia mista, bem como qualquer sociedade controlada, direta
ou indiretamente, pelo Poder Público.

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5.1. Exceção à Regra da Acumulação

A acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas somente é conside-


rada lícita nas hipóteses previstas expressamente na Constituição Federal. Contudo, mesmo
nos casos em que se admite a acumulação remunerada, ela só é possível se houver compa-
tibilidade de horário entre os dois vínculos, o que significa que nem em parte poderá haver
sobreposição de jornada de trabalho. Além disso, a Constituição Federal deixa claro que as
remunerações acumuladas não poderão ultrapassar o teto constitucional de remuneração.
Nas hipóteses em que a Constituição Federal admite a acumulação, a princípio não é o
número de horas diárias ou semanais a serem suportadas pelo profissional que torna ilícita
a acumulação, mas a incompatibilidade de horários (nesse sentido, STJ, AgRg no REsp
1198868/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 03.02.2011, DJe 10.02.2011).
Contudo, o entendimento acima explanado não afasta a necessidade de que, em respeito
ao princípio da eficiência e à necessidade de higidez física e mental do servidor, seja estipu-
lado um limite máximo razoável de jornada, de acordo com a atividade desenvolvida.
Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça, considerando que a submissão de servi-
dores da área da saúde a jornadas de trabalho exageradas poria em risco a vida dos usuários
do sistema público de saúde, afirmou que “é vedada a acumulação de dois cargos públicos
privativos de profissionais de saúde quando a soma da carga horária referente aos dois
cargos ultrapassar o limite máximo de sessenta horas semanais” (MS 19.336-DF). No jul-
gado, foi expressamente mencionada decisão em sentido semelhante do Tribunal de Contas
da União afirmando a coerência em limitar as jornadas dos profissionais de saúde a sessenta
horas semanais, contemplando diariamente dois turnos de seis horas, com um intervalo de
uma hora para alimentação e deslocamento entre os turnos, deixando, em cada dia útil, um
intervalo de onze horas de descanso de interjornada (TCU, Acórdão 2.133/2005).
No caso de acumulação de cargos de professor, tanto STF (MS 26085/DF), quanto STJ
(REsp 1.95.791 -RJ) entendem inconstitucional a acumulação de dois cargos com jornada de
40 horas semanais, quando um deles exige dedicação exclusiva. Apesar da maneira como
foram redigidos os acórdãos, da análise de seus votos condutores fica fácil perceber que as
Cortes consideraram que tanto o fato de as jornadas acumuladas serem de 40 horas quanto
a exigência da dedicação exclusiva, isoladamente, já redundariam na impossibilidade de
acumulação.
Assim, desde que haja compatibilidade de horário, de acordo com o art. 37, XVI, “a”, “b”
e “c”, da Constituição Federal, a acumulação remunerada é permitida nos seguintes casos:
a) dois cargos de professor;
b) um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regu-
lamentadas.

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Nos casos em que é possível a acumulação, esta pode se dar no mesmo regime ou em
regimes diversos. Vale dizer, a acumulação pode ser de dois cargos, dois empregos (cele-
tista) ou de um cargo e um emprego. Nesses termos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
“é possível a acumulação de um cargo de professor com um emprego (celetista) de profes-
sor. Interpretação harmônica dos incisos XVI e XVII do art. 37 da CF” (RE 169.807, Rel. Min.
Carlos Velloso, j. 24.06.1996, 2ª Turma, DJ 08.11.1996).
O conceito de cargo técnico ou científico, em razão da ausência de uma explicitação
legal, tem provocado algumas controvérsias que a doutrina e a jurisprudência têm se encar-
regado de resolver. Para o STJ, “Cargo científico é o conjunto de atribuições cuja execução
tem por finalidade investigação coordenada e sistematizada de fatos, predominantemente de
especulação, visando a ampliar o conhecimento humano. Cargo técnico é o conjunto de atri-
buições cuja execução reclama conhecimento específico de uma área do saber” (RMS 7.550/
PB, 6ª Turma, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ 02.03.1998).
É importante registrar que, para que um cargo seja considerado “técnico” para efeito de
possibilitar a acumulação remunerada, não é suficiente que sua denominação formal conte-
nha o termo “técnico”. Por outro lado, o fato de o cargo ocupado exigir apenas nível médio
de ensino, por si só, não exclui o caráter técnico da atividade, pois o texto constitucional não
exige formação superior para tal caracterização. O que importa para que o cargo seja con-
siderado “técnico” para fins de acumulação é o desempenho de funções que exigem uma
formação específica, que não se confundem com funções rotineiras, simples e burocráticas.
Com efeito, a jurisprudência do STJ, apenas para exemplificar, tem considerado que
não se enquadram como “técnico” ou “científico” os seguintes cargos: analista técnico-jurí-
dico, técnico judiciário (nível médio), técnico de finanças e controle da Controladoria-Geral
da União, agente de polícia civil, policial militar, técnico administrativo educacional, auxiliar
administrativo, atendente de telecomunicações etc.
A respeito da hipótese de acumulação prevista no art. 37, XVI, “c”, vale o registro de que
a redação do mencionado dispositivo foi alterada pela EC 34/2001. Anteriormente, a hipó-
tese prevista era de acumulação de “dois cargos privativos de médico”. Todavia, após a EC
34/2001, a norma constitucional passou a fazer referência à possibilidade de acumulação de
“dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamen-
tadas”. Por profissionais de saúde devem ser entendidos aqueles que exercem atividade
técnica diretamente ligada ao serviço de saúde, a exemplo de médicos, enfermeiros, den-
tistas etc.
O STF já decidiu que a possibilidade da acumulação de cargos privativos de profissionais
de saúde inclui também os assistentes sociais que exercem suas funções em unidades de
saúde (RE 553.670-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 14.09.2010, 2ª Turma, DJE 1º.10.2010).

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Importante registrar que a Emenda Constitucional 77/2014 expressamente estendeu aos


profissionais de saúde das Forças Armadas essa possibilidade de acumulação de cargos,
desde ela ocorra “na forma da lei e com prevalência da atividade militar” (CRFB, art. 142, §
3º, VIII).
Além das hipóteses previstas no art. 37, XVI, da CF, a Constituição Federal prevê a pos-
sibilidade de acumulação remunerada nos seguintes casos:
a) um cargo de juiz com outro de magistério (art. 95, parágrafo único, I);
b) um cargo de membro do Ministério Público com outro de magistério (art. 128, §
5º, II, “d”);
c) um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou função pública (art. 38, III).

6. RESUMO

Portanto, caros alunos, temos que ...

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7. QUESTÕES COMENTADAS

Para finalizar, vamos resolver mais algumas questões de prova para consolidar o assunto:

1. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/AUDITOR DO ESTADO/2018) Maria, ocupante do cargo de


assistente social do estado do Rio Grande do Sul, prestou concurso público para o
emprego de enfermeira em uma sociedade de economia mista federal. Há compatibili-
dade de horários no exercício cumulativo das duas funções.
Conforme o entendimento do STF, nessa situação Maria
a) não pode acumular as duas funções, pois a Constituição Federal de 1988 (CF) apenas
permite a acumulação remunerada de cargo público quando um deles é de nível médio.
b) não pode acumular as duas funções, pois o cargo de assistente social não é consi-
derado cargo da área da saúde.
c) pode acumular as duas funções, pois a situação está abarcada nas hipóteses excep-
cionais de acumulação remunerada de cargos e empregos públicos.
d) pode acumular as duas funções, pois a proibição constitucional de acumulação ape-
nas abarca cargos e empregos no âmbito de um mesmo ente federativo.
e) pode acumular as duas funções, uma vez que a Constituição Federal de 1988 (CF)
permite a acumulação remunerada de um cargo de profissional de saúde com outro
técnico ou científico.

COMENTÁRIO
O STF já decidiu que a possibilidade da acumulação de cargos privativos de profissio-
nais de saúde inclui também os assistentes sociais que exercem suas funções em unida-
des de saúde:
1. O assistente social tem sua profissão regulamentada pela Lei nº 8.662/93, a qual foi ca-
racterizada como de profissional da área de saúde pela Resolução nº 383/99 do Conselho
Federal de Serviço Social (CFESS) e pela Resolução nº 218/97 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS). 2. Ao servidor público investido em dois cargos públicos de assistente social,
demonstrada a ausência de choque entre as cargas horárias respectivas, deve ser assegu-
rado o direito à acumulação dos referidos cargos, porquanto preenchidos os requisitos exi-
gidos pelo artigo 37, XVI, "c", da Constituição Federal, a saber: compatibilidade de horários
e exercício de cargos privativos de profissionais de saúde, com profissão regulamentada.
(ARE 859682, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 15/02/2015, publicado em
DJe-035 DIVULG 23/02/2015 PUBLIC 24/02/2015).

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2. (CEBRASPE/SEFAZ-RS/AUDITOR DO ESTADO/2018) Conforme o STF, no que se


refere às carreiras de segurança pública, o exercício do direito de greve é
a) vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na
área de segurança pública.
b) permitido aos servidores públicos civis e aos militares.
c) permitido apenas aos policiais civis, salvo em caso de estado de sítio e estado
de defesa.
d) permitido apenas aos policiais civis que atuem diretamente na área de seguran-
ça pública.
e) vedado aos policiais civis, salvo se essa atividade for suprida por órgão da iniciati-
va privada.

COMENTÁRIO
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais
civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança públi-
ca. ARE 654432/GO, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 5.4.2017. (ARE-654432).

3. (MPE-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2017) Assinale a alternativa correta.


a) O prazo de validade de concurso público é de dois anos, prorrogável até o preenchi-
mento de todos os cargos pelos candidatos aprovados.
b) A sujeição do candidato a cargo público a exame psicotécnico fica a critério discricio-
nário da Administração.
c) Em concurso público, é possível limitar a idade dos candidatos quando esta limitação
se justifica pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
d) O vencimento dos servidores pode ser determinado por lei ou ser objeto de conven-
ção coletiva.
e) É possível a vinculação do reajuste de vencimento de servidores estaduais e munici-
pais a índices federais de correção monetária.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. Art. 37. CF III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
anos, prorrogável uma vez, por igual período;
b) INCORRETA. Súmula 686 STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a ha-
bilitação de candidato a cargo público.

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c) CORRETA. Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
d) INCORRETA. Súmula do STF nº 679, “A fixação de vencimento dos servidores públicos
não pode ser objeto de convenção coletiva”.
e) INCORRETA. Súmula Vinculante nº 42 STF: É inconstitucional a vinculação do reajus-
te de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção
monetária.

4. (CEBRASPE/PGE-SE/PROCURADOR DO ESTADO/2017) À luz do entendimento dos


tribunais superiores, assinale a opção correta no que tange à disciplina normativa sobre
os direitos e deveres dos servidores e empregados públicos, inclusive quanto ao regime
previdenciário.
a) A contratação temporária de pessoal por tempo determinado é possível, desde que
sejam demonstrados o interesse público profissional e a imprescindibilidade da contra-
tação, ainda que a excepcionalidade dos casos não esteja prevista em lei.
b) Norma estadual que preveja a redução de vencimentos de servidores públicos afas-
tados de suas funções enquanto estes responderem a processo criminal não violará a
cláusula constitucional de irredutibilidade de vencimentos.
c) Ocorre, em cinco anos, a prescrição do fundo do direito quanto à pretensão do servi-
dor público de pleitear a cobrança de remuneração não paga pelo poder público.
d) O candidato aprovado em concurso público cuja classificação entre as vagas ofereci-
das no edital se der em razão da desistência de candidatos mais bem classificados no
certame não terá direito subjetivo à nomeação.
e) A percepção do adicional de periculosidade por servidor público não constitui ele-
mento suficiente para o reconhecimento do direito a aposentadoria especial.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determi-
nado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
"Nos casos em que a CF atribui ao legislador o poder de dispor sobre situações de rele-
vância autorizadoras da contratação temporária de servidores públicos, exige-se o ônus da
demonstração e da adequada limitação das hipóteses de exceção ao preceito constitucio-
nal da obrigatoriedade do concurso público". [ADI 3.237, rel. min. Joaquim Barbosa, DJE
de 19-8-2014.]
b) INCORRETA. "A redução de vencimentos de servidores públicos processados crimi-
nalmente colide com o disposto nos arts. 5º, LVII, e 37, XV, da Constituição, que abrigam,

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respectivamente, os princípios da presunção de inocência e da irredutibilidade de venci-


mentos". (RE 482006, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, DJe-
162 DIVULG 13-12-2007)
c) INCORRETA. Súmula 85 STJ: "Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fa-
zenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito recla-
mado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à
propositura da ação".
d) INCORRETA. "O direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do
número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrên-
cia da desistência de candidatos classificados em colocação superior". (ARE 956521 AgR,
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, DJe-243 DIVULG 16-11-2016)
e) CORRETA. "A percepção de gratificações ou adicionais de periculosidade, assim como
o porte de arma de fogo, não são, por si sós, suficientes para reconhecer o direito à apo-
sentadoria especial, em razão da autonomia entre o vínculo funcional e o previdenciário".
(MI 1757 AgR-segundo, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, DJe-214
DIVULG 26-10-2015)

5. (CEBRASPE/PGE-SE/PROCURADOR DO ESTADO/2017) Considerando o enten-


dimento jurisprudencial e a legislação pertinentes a agentes públicos, assinale a
opção correta.
a) Decreto estadual que autorizar a criação de novos cargos públicos para a função de
médico plantonista na rede pública de saúde deverá ser declarado inconstitucional.
b) A nomeação, por governador, de um irmão dele para o cargo de secretário de Estado
de turismo tipificaria caso de nepotismo e violaria a CF.
c) Conforme o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Sergipe, um
servidor em estágio probatório, ocupante de cargo efetivo nesse estado, poderá ser
redistribuído para uma autarquia estadual.
d) Procurador do estado de Sergipe poderá exercer cargo de professor em instituição
estadual, respeitados os requisitos constitucionais tanto de cumulatividade quanto o de
teto para a soma das remunerações percebidas pelo exercício dos dois cargos.
e) Segundo o atual entendimento do STF, a admissão de empregados públicos será
considerada constitucional se for feita por órgão da administração direta.

COMENTÁRIO
a) CORRETA. Trata-se da figura do DECRETO AUTÔNOMO, que, em âmbito estadual,
deve observância à CF/88. Assim:
"Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

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VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº


32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitu-
cional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Consti-
tucional nº 32, de 2001)"
b) INCORRETA. "Então, quando o art. 37 refere-se a cargo em comissão e função de con-
fiança, está tratando de cargos e funções singelamente administrativos, não de cargos po-
líticos. Portanto, os cargos políticos estariam fora do alcance da decisão que tomamos na
ADC nº 12, porque o próprio capítulo VII é Da Administração Pública enquanto segmento
do Poder Executivo. E sabemos que os cargos políticos, como por exemplo, o de secretá-
rio municipal, são agentes de poder, fazem parte do Poder Executivo. O cargo não é em
comissão, no sentido do artigo 37. Somente os cargos e funções singelamente administra-
tivos - é como penso - são alcançados pela imperiosidade do artigo 37, com seus lapidares
princípios. Então, essa distinção me parece importante para, no caso, excluir do âmbito da
nossa decisão anterior os secretários municipais, que correspondem a secretários de Es-
tado, no âmbito dos Estados, e ministros de Estado, no âmbito federal." (RE 579951, Voto
do Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgamento em 20.8.2008, DJe de 24.10.2008)
Contudo, no caso concreto, há ainda que se perquirir se o Secretário indicado possui for-
mação técnica compatível com a atividade que exercerá.
C) INCORRETA. "Art. 69 - A redistribuição somente ocorrerá: I - Tratando-se de cargo
de provimento efetivo e natureza estatutária; II - Após o estágio probatório do funcioná-
rio; [...]" - LEI Nº 2148 De 21 de dezembro de 1977. Publicado no Diário Oficial No 1,
do dia 01/01/1901. ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO
DE SERGIPE.
d) INCORRETA. "O Plenário aprovou a seguinte tese para efeito de repercussão geral,
sugerida pelo relator da matéria, ministro Marco Aurélio: “Nos casos autorizados, consti-
tucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do artigo 37,
inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos vínculos for-
malizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos
do agente público”.
Assim, o teto deve ser observado para cada um dos cargos individualmente, não pelo so-
matório deles.
e) INCORRETA. "Considerando que, no âmbito federal, houve contratação de empregados
públicos entre a vigência da Lei 9.962/2000 e a supramencionada decisão do STF, coexis-
tem, atualmente, servidores estatutários e empregados públicos celetistas, não obstante
esteja suspensa a possibilidade de contratação por regimes jurídicos distintos."

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6. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/2017) Avizinhando-se o período de elei-


ções para governador, policiais civis e auditores fiscais de um determinado estado-
-membro promovem greve, com a finalidade de influenciar a não reeleição do candidato
da situação. Diante de tais fatos, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Fede-
ral − STF,
a) a Lei de Greve aplicável ao setor privado deve balizar o movimento paredista de
servidores públicos, enquanto o Poder Legislativo não normatiza a matéria, devendo
a greve de servidores públicos ser avisada com antecedência mínima de noventa e
seis horas.
b) o exercício do direito de greve, muito embora seja vedado, sob qualquer forma ou
modalidade, a policiais militares, é admitido aos policiais civis e aos auditores fiscais.
c) caso seja instaurada mediação pelos órgãos classistas das carreiras de segurança
pública, para vocalização dos interesses da categoria, será obrigatória a participação
do Poder Público na tentativa de solução consensual de conflito.
d) a Administração pública não pode proceder ao desconto dos dias de paralisação
decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, porque estes
possuem uma relação estatutária com o Estado, a qual não é interrompida pela greve.
e) a supremacia do interesse público gera a necessidade de continuação do serviço pú-
blico, que não poderá ser prejudicado, interrompido ou paralisado por policiais militares,
por auditores fiscais nem por policiais civis, sendo-lhes vedado o exercício de greve.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. A Lei nº 7.783, que dispõe sobre o exercício do direito de greve no setor
privado, indica no § único do art. 3º ser a antecedência mínima de 48 horas, sendo de 72
horas no caso de serviços essenciais, conforme ar. 13.
b) INCORRETA. Apesar de não haver uma proibição expressa na CF/88, o STF decidiu que
os policiais civis não podem fazer greve. Aliás, o Supremo foi além e afirmou que nenhum
servidor público que trabalhe diretamente na área da segurança pública pode fazer greve.
c) CORRETA. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos
órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para
vocalização dos interesses da categoria.
d) INCORRETA. A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisa-
ção decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da
suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provoca-
da por conduta ilícita do Poder Público.
e) INCORRETA. O Auditor Fiscal não é proibido de fazer greve.

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7. (FAPEMS/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA/2017/ADAPTADA) Julgue o item que segue:


( ) O exercício do direito de greve exercido por policiais civis é hipótese cabível de
descontinuidade da execução de serviço público por eles executado.

COMENTÁRIO
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais
civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança públi-
ca. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexan-
dre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

8. (FMP CONCURSOS/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO/2017) De acordo com o


atual panorama interpretativo verificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores,
pode-se afirmar sobre o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em con-
curso público fora do número de vagas disciplinado pelo certame de que participou:
a) O cadastro reserva revela-se por si como medida inidônea para o aproveitamento
dos candidatos aprovados durante a validade do concurso.
b) Os aprovados dentro do cadastro reserva não têm expectativa de direito à nomea-
ção, muito menos direito subjetivo a serem chamados para o preenchimento da vaga.
c) Incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade exercido
de forma livre, avaliar a conveniência e a oportunidade de novas convocações durante
a validade do certame.
d) O direito subjetivo à nomeação do candidato surge, dentre outras hipóteses, quando,
ao surgirem novas vagas ou ao ser aberto novo concurso durante a validade do certa-
me anterior, ocorre a preterição de candidatos de forma justificada e motivada por parte
da Administração.
e) Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não pode a Admi-
nistração deixar transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear outras
pessoas que não aquelas já aprovadas em concurso válido.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. O cadastro de reserva caracteriza-se como meio idôneo para o aproveita-
mento dos candidatos aprovados durante a validade do concurso. Basta analisar os atuais
editais de concurso. A maioria destes, atualmente, coloca poucas vagas nos concursos e
abre muitas vagas para o cadastro de reserva, pois a Administração Pública, ao fazer isso,
não se compromete com os candidatos aprovados para formação de cadastro reserva, já
que estes não possuem, via de regra, direito subjetivo à nomeação, mas sim mera expec-
tativa de direito.

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b) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal já assentou que candidato aprovado em con-


curso público para formação de cadastro reserva é mero detentor de expectativa de direito
à nomeação.
c) INCORRETA. Em seu voto no julgamento do RE nº 837.311/PI, o Ministro Luiz Fux
ressaltou que incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade,
avaliar de forma racional e eficiente, a conveniência e a oportunidade de novas convoca-
ções durante a validade do certame. Porém, destaca-se que essa discricionariedade deve
ser exercida legitimamente. Portanto, o espaço de discricionariedade não é exercido de
forma livre. Esse espaço deve ser realizado de forma racional e eficiente. Se fosse livre, a
administração poderia, por exemplo, realizar diversas contratações temporárias para suprir
a necessidade de serviço e não convocar os aprovados no concurso a fim de economi-
zar gastos.
d) INCORRETA. O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o
mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamen-
te o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital,
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração,
caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar
a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do
certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato.
e) CORRETA. Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não pode a
Administração deixar transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear outras
pessoas que não aquelas já aprovadas em concurso válido.

9. (FMP CONCURSOS/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO/2017) Assinale a alterna-


tiva CORRETA no que se refere à acumulação de cargos públicos.
a) O teto remuneratório é aplicável ao conjunto das remunerações ou ao somatório dos
ganhos percebidos de forma cumulativa.
b) A proibição constitucional de acumular estende-se apenas a empregos e abrange
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações mantidas
pelo poder público.
c) Há vedação legal no ordenamento jurídico vigente quanto à acumulação de cargos
públicos em entidades ou órgãos situados em unidades distintas da Federação.
d) A existência de norma jurídica que estipula limitação de jornada semanal dos cargos
a serem acumulados constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação previs-
ta na Constituição.
e) Nos casos de acumulação autorizados pelo texto constitucional, deve-se levar em
conta, para a aplicação do teto remuneratório, separadamente cada um dos vínculos
formalizados.

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COMENTÁRIO
a) INCORRETA. Teto constitucional incide em cada cargo nos casos em que é permitida a
acumulação.
Art. 37 [...] da CF/88:
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibili-
dade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (teto remuneratório do ser-
viço público): a) a de 2 cargos de professor; b) a de 1 cargo de professor com outro técnico (aquele
que depende de ensino técnico para o seu desempenho) ou científico (aquele que depende de
conhecimentos específicos obtidos pelo ensino superior para o seu desempenho); c) a de 2 cargos
ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas (ex.: médico).

b) INCORRETA. Estende-se inclusive aos empregos e as funções públicas.


Art. 37, inciso XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autar-
quias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e socie-
dades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

c) INCORRETA. Parecer nº 0075 – 3.20/2011/JPA/CONJUR/MP: “inexiste, na Constituição


Federal e na legislação federal de regência, vedação à acumulação de cargos públicos em
entidades ou órgãos situados em unidades distintas da Federação".
d) INCORRETA. A estipulação de limitação de jornada semanal não é óbice à acumulação.
Esta é possível desde que haja compatibilidade de horários.
e) CORRETA.

10. (VUNESP/TJ-SP/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Uma vez cumprida a avaliação a que se


sujeita o servidor público em seu estágio probatório e verificando-se que não atendeu
os seus deveres funcionais, deverá ele ser
a) demitido, após sua oitiva sobre os resultados da avaliação, fundamentando-se o ato,
acaso persista a conclusão sobre o não cumprimento dos deveres funcionais.
b) exonerado, após sua oitiva sobre os resultados da avaliação, fundamentando-se o
ato, acaso persista a conclusão sobre o não cumprimento dos deveres funcionais.
c) exonerado sem necessidade de fundamentação do ato administrativo, uma vez que
não se trata de servidor estável.
d) demitido sem necessidade de fundamentação do ato administrativo, uma vez que
não se trata de servidor estável.

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COMENTÁRIO
A questão trata da avaliação a que o servidor em estágio probatório ser sujeita. Caso se ve-
rifique que não atendeu aos seus deveres funcionais, o servidor será exonerado, devendo
haver fundamentação do ato, por não ser servidor estável. Portanto, a não estabilidade não
o impede de ser exonerado, mas também não o priva de exercer a ampla defesa.

11. (VUNESP/TJ-SP/JUIZ SUBSTITUTO/2017) O direito de greve reconhecido constitucio-


nalmente aos servidores públicos implica que
a) do seu exercício, todavia, poderá resultar o desconto de metade dos dias parali-
sados, de maneira a compatibilizar o direito constitucional à greve com o princípio da
continuidade do serviço público.
b) seu exercício imporá os descontos dos dias paralisados, não se admitindo a compen-
sação, uma vez que adstrita a Administração Pública ao princípio da legalidade.
c) do seu exercício, todavia, poderá resultar o desconto dos dias paralisados a ser
efetuado pela Administração Pública, com possibilidade de compensação na hipótese
de acordo.
d) poderá ser exercido nos mesmos moldes dos trabalhadores da iniciativa privada,
sem possibilidade de descontos dos dias paralisados.

COMENTÁRIO
De acordo com o informativo 845: "A Administração pública deve proceder ao desconto dos
dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos
em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensa-
ção em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a
greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público".

12. (CEBRASPE/MPE-RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2017) De acordo com


o entendimento do STF, no que se refere à inscrição de candidatos que possuam tatu-
agens gravadas na pele, não havendo lei que disponha sobre o tema, os editais de
concursos públicos
a) estão impedidos de restringi-la, com exceção dos casos em que essas tatuagens
violem valores constitucionais.
b) devem restringi-la com base na relação objetiva e direta entre tatuagem e conduta
atentatória à moral e aos bons costumes.
c) estão impedidos de restringi-la, para garantir o pleno e livre exercício da função pública.
d) devem restringi-la, quando se tratar de cargo efetivo da polícia militar.

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COMENTÁRIO
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem,
salvo situações excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores constitucionais (STF
RE 898450).

13. (FCC/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Rafael Da Vinci foi nomeado Delegado de Polí-


cia Federal e, ao fim do período de estágio probatório, foi reprovado na avaliação de
desempenho e exonerado do cargo. Inconformado, ajuizou ação visando anular o pro-
cesso administrativo que culminou em sua exoneração. Nesse ínterim, prestou con-
curso para Delegado de Polícia Estadual, sendo aprovado e empossado no referido
cargo. Sobreveio, então, decisão definitiva na ação judicial por ele ajuizada, anulando o
ato expulsório. Neste caso,
a) por força de efeito ope judicis, a nomeação e posse no cargo de Delegado de Polícia
Estadual tornam-se, automaticamente, insubsistentes.
b) trata-se de situação em que haverá a recondução de Rafael no cargo de Delegado da
Polícia Federal, gerando a vacância do cargo de Delegado de Polícia Estadual.
c) a ação proposta deveria ter sido extinta, por falta de interesse de agir, pois ao as-
sumir outro cargo público, Rafael violou o princípio nemo potest venire contra factum
proprium.
d) para ser reintegrado no cargo de Delegado de Polícia Federal, Rafael deverá reque-
rer a exoneração do cargo de Delegado de Polícia Estadual.
e) Rafael deverá ser reintegrado no cargo de Delegado de Polícia Federal, ainda que
deseje permanecer no cargo estadual, por força do efeito vinculante da coisa julgada.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. Poderá optar por permanecer no Estado. A perda da posse no cargo de
Delegado Estadual não seria automática.
b) INCORRETA. Fala-se em recondução. Sabemos que o retorno do servidor demitido é
chamado de reintegração. A recondução dá-se, por exemplo, se houver inabilitação em
estágio probatório no cargo de delegado da polícia estadual, e não foi o caso.
c) INCORRETA. Rafael ingressou legitimamente contra a União, o fato de ter assumido
outro cargo público não viola o citado princípio, já que não se trata de comportamento
contraditório do requerente. Por isso, não há o que se falar em extinção da ação.
d) CORRETA. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormen-
te ocupado quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial. No
caso sob análise, a questão fala que "ao fim do estágio probatório foi reprovado", ou seja,

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ele era estável, já que foi demitido da administração. Assim, para ser REINTEGRADO ao
cargo de Delegado Federal, deverá pedir exoneração do cargo de Delegado Estadual, por
serem incompatíveis, conforme art. 37, XVI da CF.
e) INCORRETA. Pois os cargos são inacumuláveis.

14. (VUNESP/PREFEITURA DE PORTO FERREIRA – SP/PROCURADOR JURÍ-


DICO/2017) Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a respeito dos
servidores públicos, assinale a alternativa correta.
a) A previsão no Edital é suficiente para se exigir exame psicotécnico para a habilitação
de candidato a cargo público.
b) O Poder Judiciário possui competência para, no controle de legalidade, avaliar as
respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas.
c) É admitida a aplicação da teoria do fato consumado para legitimar a permanência em
cargo público de candidato que o ocupe por longo período com base em decisão liminar.
d) O servidor público desviado de suas funções, após a promulgação da Constituição,
não pode ser reenquadrado.
e) A candidata possui o direito à remarcação do exame físico caso comprovado que a
sua gravidez ocorreu após o início do certame, mesmo que o direito não esteja no Edital.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. Súmula vinculante 44 Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
habilitação de candidato a cargo público.
b) INCORRETA. Concurso público. Correção de prova. Não compete ao Poder Judiciário,
no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pe-
los candidatos e notas a elas atribuídas (STF RE-RG 632.853).
c) INCORRETA. A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de
caráter provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende
a exigência de prévia aprovação em concurso público (CF, art. 37, II), valor constitucio-
nal que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não pode invocar, na
hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece a precariedade da
medida judicial.
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o car-
go público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. (STF. Plenário.
RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014) (Info 753).
d) CORRETA. Servidor público: firmou-se o entendimento do Supremo Tribunal, no sentido
de que o desvio de função ocorrido em data posterior à Constituição de 1988 não pode

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dar ensejo ao reenquadramento. No entanto, tem o servidor direito de receber a diferença


das remunerações, como indenização, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado:
precedentes” (AI 339.234-AgR /MG).
e) INCORRETA. Não é possível admitir a remarcação de prova de aptidão física para data
diversa da estabelecida em edital de concurso público em razão de circunstâncias pesso-
ais de candidato, ainda que de caráter fisiológico, como doença temporária devidamente
comprovada por atestado médico, salvo se essa possibilidade estiver prevista pelo próprio
edital do certame (STF RE 630733).

15. (VUNESP/PREFEITURA DE SUZANO – SP/PROCURADOR JURÍDICO/2015) Fulano


da Silva, funcionário público municipal, detentor de cargo efetivo, praticou ato consi-
derado ilícito nas esferas criminal e administrativa. A sentença penal, transitada em
julgado, negou a existência do fato e absolveu Fulano. Considerando as normas do
direito pátrio no que tange ao tema da responsabilidade dos agentes públicos, é correto
afirmar que Fulano
a) poderá ainda ser punido administrativamente, uma vez que essas duas instâncias
são independentes e não se comunicam.
b) não mais poderá ser punido pela Administração, tendo em vista que a referida deci-
são penal de absolvição do servidor afasta a responsabilidade administrativa.
c) poderá ser punido pela Administração, posto que a responsabilidade administrativa
somente poderia ser afastada se a sentença criminal negasse a autoria do fato.
d) não mais poderá ser punido, uma vez já julgado na esfera penal, independentemente
do fundamento, vez que esta prevalece sobre as demais esferas de responsabilidade.
e) poderá ser ainda punido pela Administração, considerando que a absolvição criminal
que negou a existência do fato não vincula o administrador.

COMENTÁRIO
A Lei nº 8.112/90 dispõe em seu art. 126 que a responsabilidade administrativa do servidor
será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.

16. (CEBRASPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2015) Julgue o item a seguir, referente a


agentes públicos.
( ) De acordo com o STF, embora exista a possibilidade de desconto pelos dias que
não tenham sido trabalhados, será ilegal demitir servidor público em estágio probatório
que tenha aderido a movimento paredista.

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COMENTÁRIO
Ementa: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DE GREVE.
SERVIDORPÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO. FALTA POR MAIS DE TRINTA DIAS.
DEMISSÃO.SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A simples circunstância de o servidor público
estar em estágio probatório não é justificativa para demissão com fundamento na sua
participação em movimento grevista por período superior a trinta dias. 2. A ausência de
regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralização em movimento
grevista em faltas injustificadas. 3. Recurso extraordinário a que se nega seguimento. (RE
226966/RS).

17. (CEBRASPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2015) Quanto às formas de provimento dos


cargos públicos, afirma-se que:
I. A nomeação é considerada forma originária de provimento.
II. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável ou não no cargo anteriormente
ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a demissão
por decisão judicial.
III. Se o cargo para o qual o servidor venha a ser reintegrado encontre-se provido, o seu
eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
IV. A reversão se constitui hipótese de retorno à atividade de servidor que se encontrava
em disponibilidade.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:

a) I
b) I e III
c) III
d) I e IV
e) II e III

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COMENTÁRIO
Assertiva I está CORRETA: Provimento originário: pressupõe a inexistência de uma rela-
ção jurídica anterior mantida entre o Servidor e a Administração. A única forma de Provi-
mento Originário é a nomeação, que pode ser realizada em caráter Efetivo ou para Cargos
de Provimento em Comissão
Assertiva II está INCORRETA: Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor ESTÁ-
VEL no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quan-
do invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de
todas as vantagens
Assertiva III está CORRETA: Art. 28 § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado
em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
Assertiva IV está INCORRETA: Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
aposentado.
I – por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da apo-
sentadoria;
II – no interesse da administração.

18. (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) José da Silva, Juiz Federal aposentado, foi recente-


mente aprovado em concurso público de provas e títulos para o cargo de Juiz de Direito
do Estado de Mato Grosso.
A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
a) É possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o subsídio do cargo
de Juiz de Direito, uma vez que se trata de um cargo na esfera federal e de outro na
esfera estadual.
b) É possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o subsídio do cargo de
Juiz de Direito, visto que a Constituição somente veda a cumulação remunerada de dois
cargos quando em atividade o servidor.
c) É possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o subsídio do cargo
de Juiz de Direito, mas, quando da aposentadoria nesse último cargo, José da Silva
somente terá direito aos proventos correspondentes a um dos cargos.
d) Não é possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o subsídio do car-
go de Juiz de Direito, uma vez que os respectivos cargos não são acumuláveis.
e) Não é possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o subsídio do car-
go de Juiz de Direito, mas, quando da aposentadoria nesse último cargo, José da Silva
terá direito aos proventos correspondentes aos dois cargos.

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COMENTÁRIO
Percebam que a questão diz respeito à impossibilidade de cumulação de proventos de apo-
sentadoria (de Juiz Federal) com remuneração de cargo público (de juiz de direito de mato
grosso). Por esta razão, o fundamento da resposta está contido no artigo 37, § 10, da CF:
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressal-
vados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos
em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
Dessa forma, a Constituição Federal só permite a cumulação de vencimento com provento
de aposentadoria em se tratando de: a)cargos acumuláveis; b) cargos eletivos; c) cargos
em comissão.
Cumpre informar que os cargos anunciados no caso concreto (Juiz Federal e Juiz de Direi-
to) não são acumuláveis, por força do artigo 95, parágrafo único, da CF, que veda ao Juiz
o exercício de outro cargo ou função, salvo uma de magistério.

19. (CEBRASPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) A respeito dos servidores públicos,


julgue o item subsequente.
( ) Conforme entendimento atual do STF, é dever da administração pública nomear
candidato aprovado em concurso público dentro das vagas previstas no edital, em ra-
zão do princípio da boa-fé e da proteção da confiança, salvo em situações excepcionais
caracterizadas pela necessidade, superveniência e imprevisibilidade.

COMENTÁRIO
O conteúdo da presente assertiva se mostra em absoluta sintonia com o teor do entendi-
mento externado pelo E. STF, por ocasião do julgamento do RE 598.099/MS, de relatoria
do Ministro Gilmar Mendes, 10.08.2011: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUS-
SÃO GERAL. CONCURSO PÚBLICO. PREVISÃO DE VAGAS EM EDITAL. DIREITO À
NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS. I. DIREITO À NOMEAÇÃO. CANDIDA-
TO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. Dentro do
prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no qual se
realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual, de acor-
do com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma,
um dever imposto ao poder público. Uma vez publicado o edital do concurso com número
específico de vagas, o ato da Administração que declara os candidatos aprovados no cer-
tame cria um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um direito à
nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. II. ADMI-

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NISTRAÇÃO PÚBLICA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. BOA-FÉ. PROTEÇÃO


À CONFIANÇA. O dever de boa-fé da Administração Pública exige o respeito incondicio-
nal às regras do edital, inclusive quanto à previsão das vagas do concurso público. Isso
igualmente decorre de um necessário e incondicional respeito à segurança jurídica como
princípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio da segurança jurídica como princí-
pio de proteção à confiança. Quando a Administração torna público um edital de concurso,
convocando todos os cidadãos a participarem de seleção para o preenchimento de de-
terminadas vagas no serviço público, ela impreterivelmente gera uma expectativa quanto
ao seu comportamento segundo as regras previstas nesse edital. Aqueles cidadãos que
decidem se inscrever e participar do certame público depositam sua confiança no Estado
administrador, que deve atuar de forma responsável quanto às normas do edital e obser-
var o princípio da segurança jurídica como guia de comportamento. Isso quer dizer, em
outros termos, que o comportamento da Administração Pública no decorrer do concurso
público deve se pautar pela boa-fé, tanto no sentido objetivo quanto no aspecto subjetivo
de respeito à confiança nela depositada por todos os cidadãos. III. SITUAÇÕES EXCEP-
CIONAIS. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO. CONTROLE PELO PODER JUDICIÁRIO.
Quando se afirma que a Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados
dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilida-
de de situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente
motivadas de acordo com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas si-
tuações excepcionais podem exigir a recusa da Administração Pública de nomear novos
servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação
por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada
das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma
situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do
certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias
extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os aconteci-
mentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando one-
rosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das
regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento
do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a Administração
somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos
gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível. De toda forma, a recusa de
nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser devidamente motivada
e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário. IV. FORÇA NORMATIVA DO
PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. Esse entendimento, na medida em que atesta a
existência de um direito subjetivo à nomeação, reconhece e preserva da melhor forma a
força normativa do princípio do concurso público, que vincula diretamente a Administração.
É preciso reconhecer que a efetividade da exigência constitucional do concurso público,

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como uma incomensurável conquista da cidadania no Brasil, permanece condicionada à


observância, pelo Poder Público, de normas de organização e procedimento e, principal-
mente, de garantias fundamentais que possibilitem o seu pleno exercício pelos cidadãos. O
reconhecimento de um direito subjetivo à nomeação deve passar a impor limites à atuação
da Administração Pública e dela exigir o estrito cumprimento das normas que regem os
certames, com especial observância dos deveres de boa-fé e incondicional respeito à con-
fiança dos cidadãos. O princípio constitucional do concurso público é fortalecido quando o
Poder Público assegura e observa as garantias fundamentais que viabilizam a efetividade
desse princípio. Ao lado das garantias de publicidade, isonomia, transparência, impesso-
alidade, entre outras, o direito à nomeação representa também uma garantia fundamental
da plena efetividade do princípio do concurso público. V. NEGADO PROVIMENTO AO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

20. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP/PROCURADOR DO


MUNICÍPIO/2014) No tocante aos cargos, empregos e funções públicas, é correto
afirmar que
a) função pública é o lugar, dentro da organização funcional da Administração Direta e
de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem fun-
ções específicas e remuneração fixada em lei ou diploma a ela equivalente.
b) cargos efetivos são aqueles que se revestem de caráter de permanência, constituin-
do a maioria absoluta dos cargos integrantes dos diversos quadros funcionais.
c) as funções de confiança deverão ser exercidas preferencialmente por servidores
ocupantes de cargos de carreira técnica ou profissional.
d) provimento é o fato administrativo que traduz o preenchimento de um cargo ou em-
prego público.
e) a vacância, que indica que determinado cargo público não está provido, somente
ocorrerá nas hipóteses de exoneração ou demissão do servidor público.

COMENTÁRIO
a) INCORRETA. O conceito apresentado equivale ao de cargo público.
b) CORRETA. A propósito dos cargos efetivos, confiram-se as palavras de Fernanda Ma-
rinela: “Os cargos efetivos, ao contrário dos anteriores [em comissão], contam com maior
garantia. São cargos que dependem de prévia aprovação em concurso público, a nomea-
ção é feita em caráter definitivo e o seu ocupante tem a possibilidade de, preenchidos os
requisitos constitucionais, adquirir a estabilidade (art. 41, CF)" (Direito Administrativo, 6ª
edição, 2012, p. 620). Não há dúvidas, ademais, que representam a imensa maioria dos
cargos existentes nos quadros funcionais, sendo os cargos em comissão a minoria, até
mesmo em homenagem ao princípio do concurso público.

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c) INCORRETA. A rigor, as funções de confiança devem ser exercidas exclusivamente por


servidores ocupantes de cargos efetivos (art. 37, V, CF/88).
d) INCORRETA. Na realidade, o provimento deve ser conceituado como o ato (e não o
fato) de prover, de preencher um dado cargo ou emprego público. Neste sentido é o teor
do art. 6º, Lei 8.112/90: “O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da auto-
ridade de cada Poder."
e) INCORRETA. Existem várias outras formas de vacância, como a morte, a aposentado-
ria, a promoção, a posse em cargo inacumulável (art. 33, Lei 8.112/90).
Gabarito: Letra “b”.

21. (FUNDEP/GESTÃO DE CONCURSOS/DPE-MG/DEFENSOR PÚBLICO/2014)


Sobre os servidores públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A declaração de nulidade do contrato de trabalho em razão da ocupação de cargo pú-
blico sem concurso público assegura ao contratado o direito ao levantamento do FGTS
(Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
b) Em concurso público, o portador de visão monocular tem direito de disputar as vagas
reservadas aos deficientes.
c) Dá-se o nome de reversão para o reingresso do servidor aposentado por invalidez,
por não mais subsistirem as razões que determinaram a aposentação.
d) É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria com base no regime próprio
de previdência, mesmo no caso de cargos acumuláveis, hipótese em que o servidor
deverá escolher entre as remunerações.

COMENTÁRIO
a) CORRETA. Ementa: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATO TEM-
PORÁRIO SEM CONCURSO PÚBLICO. DEPÓSITO DE FGTS. OBRIGATORIEDADE.
PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA. 2. O STF entende que "é devida a extensão dos
direitos sociais previstos no art. 7º da Constituição Federal a servidor contratado tempora-
riamente, nos moldes do art. 37 , inciso IX , da referida Carta da Republica , notadamente
quando o contrato é sucessivamente renovado" (Fundo de Garantia por Tempo de Servi-
ço). (CORRETA)STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg no REsp
1434719 MG 2014/0027296-9 (STJ) Data de publicação: 02/05/2014.
b) CORRETA. Súmula 377 do STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer,
em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.
c) CORRETA. REVERSÃO: é o retorno do servidor aposentado por invalidez quando os
motivos causadores da inatividade desapareceram. A cessação das causas do ato de apo-
sentadoria deverá ser comprovada por junta médica oficial.

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A efetivação da reversão: efetiva-se a reversão com o retorno do servidor no mesmo cargo


ou no cargo transformado. Caso inexista vaga para que se dê esse retorno, o servidor será
posto em disponibilidade remunerada.
Prazo a ser respeitado para o retorno do servidor: a reversão deverá ocorrer no prazo de
30 dias, a contar da publicação do ato. Caso o servidor não observe esse prazo limite, es-
tará sujeito à cassação da aposentadoria.
Reversão proibida: o estatuto prevê hipótese de reversão vedada. Tal ocorrência se dá
quando o servidor, sujeito ao retorno, já completou 70 anos. Sabe-se que a aposentadoria
compulsória no serviço público, aos 70 anos para o servidor e para a servidora, foi mantida
pela Emenda Constitucional nº 20.
d) INCORRETA. Artigo 40, parágrafo sexto da CF: Ressalvada as aposentadorias decor-
rentes dos cargos acumuláveis na forma desta constituição, é vedada a percepção de mais
de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.

22. (FUNDEP/GESTÃO DE CONCURSOS/DPE-MG/DEFENSOR PÚBLICO/2014) Os


cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
a) aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei.
b) aos brasileiros e aos estrangeiros, igualmente, nos termos específicos previstos nas
leis de cada ente federativo.
c) aos brasileiros que preencham os requisitos previstos em lei, excluindo-se qualquer
forma de acesso por estrangeiros.
d) aos brasileiros que preencham os requisitos legais e aos estrangeiros, se houver
reciprocidade em favor dos brasileiros no exterior.

COMENTÁRIO
Literalidade do art. 37, inciso I, da CF - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
síveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei.

23. (CEBRASPE/PGE-PI/PROCURADOR DO ESTADO SUBSTITUTO/2014/ADAPTADA)


Julgue o item que segue:
( ) A ausência de previsão de acesso a cargo público de caráter efetivo por estrangei-
ros se coaduna com a política de soberania do Estado brasileiro, razão por que eles só
poderão ocupar função pública de caráter transitório, e sem vínculo estatutário.

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COMENTÁRIO
O art. 37, I da CF/88 aduz que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangei-
ros, na forma da lei.

24. (CEBRASPE/PGE-PI/PROCURADOR DO ESTADO SUBSTITUTO/2014/ADAPTADA)


Julgue o item que segue:
( ) Um indivíduo que, aprovado em concurso público, for nomeado para o cargo e, dias
antes da posse coletiva com os demais nomeados, for acometido por dengue deverá
apresentar atestado médico e solicitar o adiamento do ato de sua posse, tendo em vista
que tal ato só se efetiva mediante o comparecimento pessoal do interessado.

COMENTÁRIO
Dispõe a lei 8112/90 - Art. 13, § 3º A posse poderá dar-se mediante procuração específica.

25. (CEBRASPE/PGE-PI/PROCURADOR DO ESTADO SUBSTITUTO) Ainda acerca de


servidores públicos e temas conexos, assinale a opção correta à luz da jurisprudência
do STF e da doutrina pertinente.
a) Uma das formas de aposentadoria do servidor público é a compulsória, que exige,
além do requisito da idade, o cumprimento de tempo mínimo tanto no serviço público
quanto no cargo efetivo.
b) É legítimo o desconto, pelos dias não trabalhados, da remuneração dos servidores
públicos que aderirem a movimento grevista.
c) Conforme o entendimento do STF, caso determinado servidor, que se encontre em
estágio probatório, decida aderir a movimento grevista, a administração poderá demiti-
-lo após regular procedimento disciplinar.
d) A despeito da ressalva constitucional que possibilita a acumulação remunerada de
dois cargos de professor, desde que haja compatibilidade de horários, o servidor que se
encontre no exercício dessa excepcionalidade deverá, por ocasião da sua aposentado-
ria, optar pela remuneração de um dos dois cargos.
e) De acordo com os princípios protetivo e da universalidade, o servidor público que se
aposentar por invalidez permanente, independentemente do fato que tiver motivado a
invalidez, terá o benefício da aposentadoria integral.

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COMENTÁRIO
a) INCORRETA. Não depende de nenhum outro requisito, apenas idade.
b) CORRETA.
c) INCORRETA. Esse direito abrange o servidor público em estágio probatório, não poden-
do ser penalizado pelo exercício de um direito constitucionalmente garantido. Entendimen-
to respaldado pelo Poder Judiciário, conforme recente decisão da 1ª Turma do Supremo
Tribunal Federal que, em julgamento do dia 11 de novembro do ano de 2008, manteve, por
votação majoritária, acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que
concedera a segurança para reintegrar servidor público exonerado, durante estágio proba-
tório, por faltar ao serviço em virtude de sua adesão a movimento grevista.
d) INCORRETA. Art. 40 § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acu-
muláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentado-
ria à conta do regime de previdência previsto neste artigo. - Ou seja, no caso de acúmulo
de cargo de professor, poderá sim acumular a aposentadoria.
e) INCORRETA. Art. 40, § 1º - I - por invalidez permanente, sendo os proventos propor-
cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; - Ou seja, o servidor
só terá direito a aposentadoria integral se a invalidez permanente for por: acidente em ser-
viço, doença trabalhista ou moléstia grave ou incurável. Nos demais casos a aposentadoria
será proporcional ao tempo de serviço.

26. (CEBRASPE/PGE-PI/PROCURADOR DO ESTADO SUBSTITUTO/2014/ADAPTADA)


Julgue o item que segue:
( ) O prazo de validade de dois anos para um concurso público poderá ser prorrogado,
a critério da administração, sucessivas vezes, inclusive com prorrogação por período
inferior a dois anos.

COMENTÁRIO
Se for prorrogado, então será sempre pelo ''mesmo'' período, nem para mais e nem
para menos.

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27. (CEBRASPE/PGE-BA/PROCURADOR DO ESTADO/2014) Acerca do regime jurídico-


-administrativo e dos princípios jurídicos que amparam a administração pública, julgue
os itens seguintes.
( ) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), a administra-
ção pública está obrigada a nomear candidato aprovado em concurso público dentro
do número de vagas previsto no edital do certame, ressalvadas situações excepcionais
dotadas das características de superveniência, imprevisibilidade e necessidade.

COMENTÁRIO
Informativo 636 do STF: Quando se afirma que a Administração Pública tem a obrigação
de nomear os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar em
consideração a possibilidade de situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções
diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Não se pode
ignorar que determinadas situações excepcionais podem exigir a recusa da Administração
Pública de nomear novos servidores.

28. (FCC/PREFEITURA DE CUIABÁ – MT/PROCURADOR MUNICIPAL/2014) O corpo


permanente da Constituição Federal, no tocante aos proventos do servidor aposentado
pelo regime próprio de previdência,
a) estabelece que os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos
em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exer-
cício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio,
com a consequente redução proporcional dos proventos, caso opte por essa aposenta-
doria especial.
b) garante aos servidores inativos a extensão de todos e quaisquer benefícios e vanta-
gens concedidos aos servidores em atividade.
c) determina que, nas hipóteses de aposentadoria com proventos proporcionais, deve-
-se utilizar como base de cálculo o valor da última remuneração percebida pelo servidor,
quando em atividade.
d) estabelece que os servidores ocupantes, exclusivamente, de cargo em comissão
farão jus à aposentadoria complementar, mediante sua expressa adesão a tal regime,
sem prejuízo da vinculação ao regime geral de previdência social.
e) prevê a incidência de contribuição previdenciária nos proventos do inativo portador
de doença incapacitante, a qual incidirá apenas sobre as parcelas que superem o dobro
do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social.

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COMENTÁRIO
CF/88, art 40, §§18 e 21:
"§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas
pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os be-
nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual
ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de
proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabele-
cido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante".

29. (IPAD/PGE-PE/DIREITO/2013) No que pertine ao tema servidores públicos, assinale a


alternativa INCORRETA:
a) o prazo de validade de concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez,
por igual período.
b) é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
c) inexiste, no Direito Brasileiro, a figura da contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
d) a remuneração dos servidores público é fixada por lei específica.
e) é possível a acumulação de dois cargos de professor, desde que haja compatibilida-
de de horário e sejam respeitados os tetos remuneratórios fixados na Constituição da
República.

COMENTÁRIO
a) CORRETA. CF, art. 37, III - o prazo de validade do concurso público será de até dois
anos, prorrogável uma vez, por igual período;
b) CORRETA. CF, art. 37, VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associa-
ção sindical;
c) INCORRETA. CF, art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
d) CORRETA. CF, art. 37, X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observa-
da a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices;

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e) CORRETA. CF, art. 37, XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o dispos-
to no inciso XI: a) a de dois cargos de professor;

30. (IPAD/PGE-PE/DIREITO/2013) Quanto à estabilidade do servidor público, é INCOR-


RETO afirmar que:
a) o servidor estável pode perder o cargo em virtude de sentença judicial transitada
em julgado.
b) segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, servidor público tem direito
adquirido a regime jurídico.
c) como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial
de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
d) os titulares de cargo comissionados são demissíveis ad nuntum.

COMENTÁRIO
a) CORRETA. CF/88, Art. 41, dispõe que: São estáveis após três anos de efetivo exercício
os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
b) INCORRETA. EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. INEXISTÊNCIA
DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. LEGITIMIDADE DE ALTERAÇÃO DA
FÓRMULA DE CÁLCULO DE VANTAGEM PECUNIÁRIA, DESDE QUE RESPEITADA A
IRREDUTIBILIDADE DE REMUNERAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I – A jurisprudência
desta Corte firmou entendimento no sentido de que os servidores públicos não têm direito
adquirido a regime jurídico, sendo legítima a alteração da fórmula de cálculo de vantagem
pecuniária, desde que não provoque decesso remuneratório. Precedentes. II – Agravo re-
gimental improvido. (RE n. 603.453-AgR, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Tur-
ma, DJe de 01.02.11).
c) CORRETA. A CF/88 assim dispõe no art. 41. São estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concur-
so público.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de
desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
d) CORRETA. "O regime jurídico dos ocupantes de cargos em comissão vem parcialmente
disciplinado, no âmbito federal, pela Lei n. 8.112/90 – o Estatuto do Servidor Público. Tais
cargos são acessíveis sem concurso público, mas providos por nomeação política. De

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igual modo, a exoneração é ad nutum, podendo os comissionados ser desligados do cargo


imotivadamente, sem necessidade de garantir contraditório, ampla defesa e direito ao de-
vido processo legal." (Mazza, 2014, p. 476).
e) CORRETA. CF/88, Art. 37:
[…]
V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo
efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca-
sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições
de direção, chefia e assessoramento”.

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GABARITO
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2. a
3. c
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