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Trabalho de Campo Lingua Portuguesa II
Trabalho de Campo Lingua Portuguesa II
2o Ano, Turma L
Abril de 2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇABIQUE
2o Ano, Turma L
Docente:
Abril de 2023
Índice
Introdução.........................................................................................................................................3
1.1. Conceito da Morfologia.............................................................................................................5
1.2. O Surgimento da Morfologia.....................................................................................................5
1.3. As Classes Gramaticais da Morfologia.....................................................................................6
1.3.1. Substantivo.............................................................................................................................8
1.3.2. Artigos....................................................................................................................................9
1.3.3. Adjetivos...............................................................................................................................10
1.3.4. Pronomes..............................................................................................................................10
1.3.5. Numerais...............................................................................................................................11
1.3.6. Verbos...................................................................................................................................12
1.3.7. Advérbios.............................................................................................................................13
1.3.8. Preposições...........................................................................................................................14
1.3.9. Conjunções...........................................................................................................................14
1.3.10. Interjeições.........................................................................................................................15
Conclusão.......................................................................................................................................16
Referências Bibliográficas..............................................................................................................17
Introdução
A Morfologia e a Sintaxe são planos da descrição da língua que aparecem juntos na
morfossintaxe, levando-se em consideração o facto de se auxiliarem, privilegiando as
interrelações entre os dois níveis. No entanto, Joaquim Mattoso Câmara Júnior, o pai da
Linguística, observa o caráter autônomo da Morfologia, valendo-se da idéia de relação
associativa ou paradigmática. Por exemplo, o substantivo gato, através de suas relações de
oposição no paradigma, é masculino e singular, valores morfológicos.
Veja bem, podemos estudar Morfologia, conceituá-la, embora saibamos que a referência à
Sintaxe e a outros planos de descrição é constante. De um ponto de vista metodológico, vamos
nos deter um pouco no estudo da Morfologia, visando à observação de aspectos sincrônicos, ou
seja, do “aqui e agora”, porque os mecanismos de funcionamento de um idioma antecedem as
explicações de caráter histórico ou diacrônico. Por exemplo, do verbo comer derivaram comida,
comilança, comilão, conduzindonos à conclusão de que seu radical é com (diferentemente do
radical latino ed). Logo, não interessa ao estudo da Morfologia saber que no passado o radical do
verbo comer era ed, comedere. Ao realizar aspectos sincrônicos, a língua é vista no contexto
actual.
1. A Morfologia (classes gramaticais)
Segundo Ortega (1990:3). “A morfologia, como disciplina da linguística, trata da forma interna
das palavras, mais precisamente de sua estrutura” De acordo com Jensen (1990:1) “Morfologia é
o estudo da estrutura interna das palavras”
Somente no final do século XVIII, a descoberta do Sânscrito (antiga língua sagrada dos hindus),
permitiu o reconhecimento de uma estrutura interna das palavras com a depreensão de unidades
mínimas como raízes e afixos. Veja que, de alguns séculos antes de Cristo até o século XVIII,
não tínhamos estudos de morfemas. Somente na segunda metade do século XIX, por volta de
1860, a palavra morfologia foi utilizada pela Lingüística, referindo-se à flexão e à derivação.
O professor e linguista Mattoso Câmara lançou o seu livro “Princípios de lingüística geral” em
1942, trata-se de uma ciência muito nova. Hora vejamos primeiro a definição bastante didática de
Leonor Cabral: “uma definição de morfologia que a considere como um componente separado da
sintaxe e tendo como unidade mínima e máxima de seu objecto, respectivamente, o morfema e a
palavra, seria: parte da gramática que descreve as unidades mínimas de significado, sua
distribuição, variantes e classificação, conforme as estruturas onde ocorrem, a ordem que
ocupam, os processos na formação de palavras e suas classes.”
Assim, vemos que, diferentemente de Saussure, que não via a Morfologia como objecto
autônomo, outros linguistas importantes, inclusive Mattoso Câmara, reconhecem a possibilidade
de estudá-la separadamente da Sintaxe.
Significado Instrumental; se refere aos significados dos morfemas, os elementos que compõem
o universo da gramática. Como artigos e preposições, por exemplo. Ou como elementos de
palavras: s de canetas. Fazem parte do conjunto de morfemas que possuem significado
instrumental nas combinações gramaticais: prefixos, sufixos, desinências, acentos, dentre outros.
Os significados instrumentais correspondem ao modo da expressão material.
A variação é uma exigência da concordância nominal ou verbal. Por exemplo: “Tu ganhaste
vários prêmios?” Há uma dependência da palavra “tu”, com o verbo ganhaste (2ª singular), bem
como das formas de plural em vários e prêmios.
A flexão ou variação de verbos e nomes é uma série fechada e constante, pois há uma
previsibilidade no sistema interno da língua. Por exemplo: “Vou ao clube”; se o plural da
primeira pessoa é vamos, não poss acrescentar aí um significado novo. O plural de “belo rapaz” é
“belos rapazes” e disso não posso fugir.
A flexão é também algo que tem estabilidade semântica. Há séculos o plural de flor é flores, sem
extensão de sentido, agora você vai aprender do que trata a Morfologia Derrivacional, o outro
ramo dessa interessante área de estudo. Também chamada de lexical, seu objecto de pesquisa é a
estrutura das palavras e os processos de formação do léxico; consiste numa série aberta á
possibilidade de criação de novas palavras. Uma oposição lexical estabelece a diferença no léxico
ou dicionário. Exemplo: amar (verbo), amante (substantivo) e amado (adjetivo ou verbo) são
palavras diferentes.
Já na flexão as desinências verbais e nominais ou os elementos “não-gramaticais” são
selecionados pala gramática, sem mudança de classe ou significado, através das flexões, não
criamos palavras; isso marca uma oposição com a derivação, que, ao incluir prefixos e sufixos a
uma base, cria novos vocábulos. Exemplo: amar (verbo), amador (substantivo). Agora vamos
entender nocções de conjunto e estrutura.
A língua é uma estrutura organizada, ou seja, dispõe letras do alfabeto de modo a formar
palavras, isso no caso das línguas alfabéticas. O conjunto são as peças jogadas sem ordenação.
Exemplo: “mroa”. Se dispusermos tais letras numa certa ordem, teremos Roma, Omar, ramo,
amor, mora, estruturas da língua com forma e sentido, além da função sintática.
A parte da gramática que estuda as classes de palavras é a morfologia, assim, segundo um estudo
morfológico da língua portuguêsa, as palavras podem ser analisadas e catalogadas em dez classes
de palavras (ou classes gramaticais) distintas, sendo elas: substantivo, artigo, adjetivo, pronome,
numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Uma palavra categoremática pode
ter sentido instrumental, como é o exemplo dado por Evanildo Bechara (2009, p. 112):
“Meu lápis.”
Meu: pertence à classe de palavras categoremáticas dos pronomes (Pronome possessivo). Nesta
estrutura o pronome assume valor de adjetivo, uma vez que caracteriza o substantivo lápis.
1.3.1. Substantivo
Substantivos são palavras que nomeiam seres, lugares, qualidades, sentimentos, noções, entre
outros, podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e
grau (diminutivo, normal, aumentativo). Os substantivos exercerão papel de núcleo das funções
sintáticas em que estão inseridos (sujeito, objecto directo, objecto indirecto e agente da passiva),
sendo certo que, na língua portuguesa, tudo gira em função deles, vez que estão presentes para
relacionarem-se com as funções que vêm antes ou depois. Além disso, os substantivos podem ser
divididos e classificados de acordo com as diversas especificidades e referências da língua
portuguesa. O quadro a seguir contém os mais importantes e recorrentes:
Simples: formados por um só radical (flor, tempo, chuva);
Concretos: coisas palpáveis, reais -ou tidas como reais- (homem, menino, lobisomem,
guarda-sol);
Abstratos: estados e qualidades, sentimentos e ações, coisas que não são palpáveis
(vida, beleza, felicidade, esforço, ansiedade);
Comuns: quando se referem a seres sem especificá-los (país, cidade, pessoa, coisa);
1.3.2. Artigos
Artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando se estes serão definidos ou
indefinidos, os artigos serão flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e
plural), indicando, por consequência, o gênero e o número dos substantivos que acompanham. Os
artigos, como já mencionado, serão classificados em definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um,
uma, uns, umas).
Adjetivos Biformes: podem apresentar duas formas de gênero – ex: bonito(a), alto(a),
ligeiro(a), rápida(o), iluminada(o), estudiosa(o);
Adjetivos Pátrios: qualidade da pessoa conforme local onde nasceu – ex: brasileiro,
paulista.
1.3.4. Pronomes
Pronomes são palavras que substituem o substantivo em determinado ponto de frase (estes são os
pronomes substantivos) ou que acompanham, determinam e modificam o substantivo, atribuindo-
lhe particularidades e características (os pronomes adjetivos). Podem ser flexionados em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso). Os
pronomes podem ser de seis espécies: pessoais retos, oblíquos e de tratamento; possessivos;
demonstrativos; relativos; indefinidos, e interrogativos.
Oblíquos tônicos: mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas.
1.3.6. Verbos
Verbos são palavras que indicam, genericamente, ações. Os verbos podem ser flexionados em
número (singular e plural), pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso), modo (indicativo, subjuntivo
e imperativo), tempo (passado, presente e futuro), aspecto (incoativo, cursivo e conclusivo) e voz
(ativa, passiva e reflexiva). Além de uma ação (como correr), verbos podem indicar também uma
ocorrência (nascer), um estado (ficar), um desejo (querer) ou um fenômeno (chover).
Assim, o que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus possíveis significados.
Observe que palavras como corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de
alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilidades de flexão que
esses verbos possuem. Ora, são elas substantivos derivados dos verbos correr, chover e nascer,
respectivamente.
1.3.7. Advérbios
Advérbios são palavras que modificam verbos, adjetivos ou até outros advérbios por meio da
atribuição de uma circunstância específica a eles (um tempo, um lugar, um modo, uma tensidade,
etc.). São, em sua maioria, invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número.
Contudo, apesar de não possuírem flexões em gênero e número, alguns advérbios podem ser
flexionados em grau, apresentando-se com sentido diminuído ou aumentado. Nesse passo, são
dois os graus do advérbio: comparativo e superlativo. O grau comparativo é utilizado para
comparar as diferenças entre os dois objetos, podendo ser de igualdade (tanto quanto),
superioridade (mais que) ou inferioridade (menos que). Por outro lado, o superlativo realiza uma
determinação absoluta, podendo ser classificado em absoluto analítico ou absoluto sintético.
Comparativo:
De inferioridade: menos+advérbio+que (do que); Ex: Renato fala menos alto do que
João.
De superioridade: mais+advérbio+que (do que); Ex: Renato fala mais alto do que
João.
Ex1: Renato fala muito alto. (muito+alto); Ex2: Renato fala altíssimo.
Importante ressaltar: isoladas da frase, as preposições não possuem qualquer função sintática,
elas não fazem sentido sozinhas. Ex: após, para, com, de, por, contra, desde, perante, durante,
exceto, etc. Há, ainda, conjunções que levam mais de uma palavra, são as conjunções
prepositivas.
Vejamos alguns exemplos em sentenças: O chefe da nacção lutou contra mim durante meu tour
pelos bares da vida. Sua irmã confiava a mim seus segredos, além de querer-me bem. Seu veleiro
fora avaliado em um milhão. Nele, nós viajamos com o restante da família e comemos bife a
cavalo. Falamos sobre estatística e a respeito de aves. Salvo engano, sob meu ponto de vista,
tratava-se de uma família um tanto peculiar.
1.3.9. Conjunções
Conjunções são palavras utilizadas como elementos de ligação entre duas orações ou entre termos
de uma mesma oração, estabelecendo relações de coordenação ou de subordinação. São
invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número. Ex: e, nem, mas, todavia, portanto,
destarte, porque, que, como, contanto que, conforme, assim que, quanto mais, etc. A conjunção
estará construindo uma relação de coordenação (conjunção coordenativa) quando estiver sendo
feita uma ligação entre orações independentes entre si.
Nesses casos, ao se lerem as orações que ela vincula separadamente, encontrar-se-á sentido
completo. Por outro lado, a relação será de subordinação (coordenação subordinativa) quando o
sentido da segunda oração for directamente relacionado ao conteúdo da primeira. Ora,
diferenciam-se as conjunções das preposições porque, além de vincularem termos, estabelecendo
relação semântica entre eles, as conjunções dão alguma indicação argumentativa ao texto.
Revelam alguma intenção, por assim dizer, ora vejamos alguns exemplos em sentenças: Eu a amo
mas não posso com ela estar. Disse-lhe que era tarde... também já usei todas as rosas de que
dispunha e nada mudou. Como um tonto, tentei de tudo. Fui teimoso porque pensei que meu
jardim resplandeceria. Quanto mais acreditava, mais orquídeas apareciam em minha vida. E eu as
regava diariamente, então foi mais difícil cortar as raízes. Caso houvesse oportunidade e
sentimento, faria tudo de novo.
1.3.10. Interjeições
Interjeições são palavras que exprimem emoções, sensações, estados de espírito, etc. São
invariáveis e seu significado fica dependente da forma como elas são pronunciadas pelos
interlocutores. Estão comumente atreladas a situações enfáticas. As interjeições possuem diversas
classificações de acordo com a forma como o interlocutor as utiliza, podendo ser de
cumprimentos (Olá!, Ei!), de afastamento (Xô!, Rua!), de desaprovação (Basta!, Francamente!),
de alívio (Ufa!, Uf!), de silêncio (Psiu!, Silêncio!), entre muitas outras.
Conclusão
Depois de ter feito o trabalho com o tema de Morfologia, concluimos que a morfologia
consequentemente, tem certa autonomia em relação à Sintaxe, sem contudo deixar de fazer
constantes referências ao critério funcional ou sintático, cabe-nos delimitar os campos de análise,
focalizando ora um, ora outro, sem diminuir o valor deste ou daquele. Saber criticar, julgar,
marcar as diferenças entre áreas afins é importante para a descrição linguistica.
SILVA, Maria Cecília P. de Souza. Lingüística aplicada ao português: Morfologia. São Paulo:
Cortez Editora,1989.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev., ampl. e actual. – Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2009.