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ANA - Curso de Segurança de Barragens
ANA - Curso de Segurança de Barragens
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização
EQUIPE TÉCNICA
Revisão Ortográfica
ICBA – Centro de Línguas
www.cursodeidiomasicba.com.br
3
CURRICULO RESUMIDO
I. Dados Pessoais
4
Regulamentação de Segurança de Barragens e acompanhamento da
implementação do PL 1181 sobre Segurança de Barragens e Sistema
Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens, Brasília – DF, desde
janeiro de 2005. Apoio da UNESCO.
• Membro Convidado do GT – Segurança de Barragens da CTIL – Câmara
Técnica de Assuntos Institucionais e Legais do CNRH – Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, para elaboração das Resoluções para efeito de
regulamentação dos Art. 7 e Art. 20 da Lei No. 12.334/2010 – Política
Nacional de Segurança de Barragens, na qualidade de representante das
Associações Técnicas e de Pesquisa: CBDB, ABES e ABGE, Brasília – DF,
período: setembro de 2011 a abril 2012.
• Membro Convidado do CBDB no SGTIC – Barragens, da Presidência da
República, Gabinete de Infraestrutura Crítica, na qualidade de representante
do CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens, Brasília – DF, início em setembro
de 2012.
• Conselheiro do CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens, período: 2011 –
2013.
• Representante Regional da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
e Ambiental – ABGE (2012 – 2014).
5
• NGI - Norwegian Geotechnical Institute, Oslo, Noruega. Visita técnica ao
Laboratório de Mecânica dos Solos e Setor de Engenharia de Barragens.
Período Abril/93.
• Carleton University, Ottawa, Canadá. Visita técnica ao Departamento de
Engenharia Civil, setor de estudos de fraturamento hidráulico em
barragens. Período Maio/93.
• University of West-Ontario, London, Canadá. Visita técnica ao
Departamento de Engenharia Civil, setor de estudos sobre fraturamento
hidráulico em barragens e laboratório de Mecânica dos Solos. Período
Maio/93.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS 08
LISTA DE QUADROS 08
APRESENTAÇÃO 09
1 DIRETRIZES DE ENTIDADES RELACIONADAS À BARRAGENS 11
1.1 Diretrizes do International Commission on Large Dams (ICOLD) 11
1.2 Diretrizes do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) 14
1.3 Diretrizes do Ministério da Integração (MI) 14
2 REGULAMENTAÇÕES INTRERNACIONAIS 18
3 REGULAMENTAÇÃO NACIONAL 27
3.1 Evolução do Processo no Brasil 27
3.2 Histórico da Lei de Segurança de Barragens 28
4 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS 31
4.1 Leis Federais Complementares 34
4.2 Regulamentação da PNSB 37
4.3 Obrigações Legais do Proprietário e Órgão Fiscalizador 45
5 CONCLUSÕES E RECOMENTAÇÕES 47
REFERÊNCIAS 50
ANEXOS I 58
ANEXO II 62
7
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Importância 15
Quadro 2 – Periculosidade 16
Quadro 3 – Grau de vulnerabilidade (condição da barragem) 17
Quadro 4 – Quadro de Periodicidade para a realização das inspeções 39
8
Prezado Aluno,
No decorrer desta unidade você deverá desenvolve competência para:
• Interpretar a legislação pertinente aplicando no processo de análise dos
relatórios e pareceres técnicos;
• Cadastrar as barragens com vistas à manutenção da base de dados;
• Intercambiar experiências entre instituições governamentais que operem
com barragens.
APRESENTAÇÃO
9
compromisso com a elaboração de um documento legal, capaz de disciplinar as
ações praticadas em vários setores da sociedade, dedicada a elaboração de
projeto, construção e operação de estruturas com a complexidade e elevado
potencial de risco, inerente às barragens. Foi unânime a compreensão sobre a
necessidade de construção de um instrumento legal que pudesse coibir e/ou
estancar a iminente trajetória na direção da pratica da má engenharia e no
aumento do imenso passivo de estruturas de barragens em condições de
insegurança por razões de natureza técnica, administrativa e decorrente do
desconhecimento da necessidade de serem tratadas ou legadas a empresas,
organizações publicas e profissionais de comprovadas expertises nas diversas
áreas que contribuem para a consecução desse tipo de empreendimento:
multidisciplinar e interdisciplinar. A Lei N o. 12.334/2010 foi concebida tendo como
premissas essas considerações.
10
1 DIRETRIZES DE ENTIDADES RELACIONADAS À
BARRAGENS
Segundo o ICOLD (1997) a maioria das causas de acidentes com barragens, com
consequências catastróficas (com perdas de vidas), ocorreu em barragens com
altura inferior a 30 m. Essas barragens passaram a ser motivo de preocupação e
de maior interesse de profissionais de segurança de barragens.
11
atenção, são:
• Barragens localizadas a montante de cidades, vilas ou outros elementos de
grande valor, para os quais a ruptura representa risco elevado;
• Barragens contendo rejeitos de mineração, com metais pesados, material
radioativo, poluente ou tóxico;
• Barragens cuja crista é utilizada como via de transporte de importância para
a interligação entre os diversos aglomerados urbanos, para o escoamento
de materiais, produção agrícola e industrial e as atividades de comércio;
• Barragens cujo reservatório tem importância na economia e/ou
sobrevivência de determinada região;
• Barragens sobre fundações muito deformáveis (argilas moles, solos
colapsíveis, solos expansivos, etc.)
• Barragens sobre fundações muito permeáveis (aluviões, rochas muito
fraturadas e sobre falhas geológicas).
o Definição de objetivos,
o Avaliação das condições de segurança da barragem;
o Identificação do(s) evento(s) inicial(ais): internos ou externos;
o Identificação do risco;
o Avaliação da resposta do sistema aos riscos de: transbordamento, ruptura e
incidente;
o Determinação do perigo potencial e dano associado decorrente da: liberação
súbita de água do reservatório, em diversas magnitudes;
o Estimativa das consequências devido a: perdas de vida e danos econômicos
e sociais;
o Avaliação do impacto da respectiva ruptura sobre a sociedade;
o Determinação da sequência de eventos a partir do evento inicial e a resposta
do sistema. Definido como modo de ruptura (failure mode).
12
o Modos plausíveis de ruptura
o Outro tipo de consequências com potencial para conduzir a um acidente
significativo.
13
desenvolvimento do empreendimento, com destaque para as fases de concepção
e de construção (melhor forma de compreender o “as built” em situação de alerta
de emergência).
Os avanços tem sido significativos, é muito grande o interesse pelo tema por parte
de profissionais brasileiros, com contribuições a nível internacional a exemplo de
MELLO (1977, 2000), SILVEIRA (1999, 2000), CASTRO (1999) MEDEIROS e
MOFFAT (1998) e MEDEIROS (1999, 2000). Em 1999, o CBDB publicou em sua
edição especial o artigo: A Análise de Risco Aplicada a Segurança de Barragens;
bem elaborado e abrangente sobre o tema em termos mundiais (SILVEIRA, 1999).
14
• Importância (I) - que inclui o valor estratégico associável à barragem no
caso de ruptura;
• Grau de Periculosidade (P) - um conjunto de parâmetros ou características
técnicas do projeto que, pela sua magnitude, permitem retratar o potencial
de risco inerente ao empreendimento;
• Grau de Vulnerabilidade (V) - envolvendo aspectos relacionados com o
estado atual da barragem, com a sua história e com a operacionalidade
e/ou facilidade de manutenção de suas estruturas hidráulicas;
• Potencial de Risco (PR) - que enquadra a barragem segundo o nível de
risco à sua segurança.
Quadro 1 – Importância
POPULAÇÃO CUSTO DA
VOL. ÚTIL
A JUSANTE BARRAGEM
(hm3)
(No. de habitante) (R$)
(m)
(n) (o) I=m+n+o
Grande (2) > 800 Grande (2,5) Elevado (1,5) 3
Médio (1,5) 200 a
Média (2,0) Médio (1,2)
800
Baixo (1) < 200 Pequena (1,0) Pequeno (1,0)
15
Quadro 2 - Periculosidade
16
Quadro 3 – Grau de Vulnerabilidade (Condição da Barragem)
EXISTÊNCIA DE CONFIABILIDADE DEFORMA - ÇÕES DETERIORAÇÃO DOS
TEMPO DE
PROJETO DA ESTRUTURA TOMADA D’ÁGUA PERCOLAÇÃO AFUNDAMENTOS / ASSENTA - TALUDES /
OPERAÇÃO
(as built) VERTEDOURA (i) (j) MENTOS PARÂMETROS
(f)
(g) (h) (k) (l)
Existem “as built”, Satisfatória Com total Controle
< 30 anos Projetos e Muito Satisfatória Controle a pelo sistema de Inexistente Inexistente
(a) Avaliação do (2) montante drenagem (0) (1)
desempenho (1) (1) (1)
Satisfatória Sinais de umedeci Falhas no
De 10 a 30 Existem Projetos e Pequenos abatimentos da
Satisfatória Controle a -mento nas áreas de “rip-rap” e na proteção
anos “as built” crista
(3) jusante jusante, taludes e de jusante
(1) (3) (2)
(3) ombreiras (4) (3)
Zonas úmidas em
Falha nas proteções,
taludes de jusante,
De 05 a Só Projeto Básico - Ondulações pronunciadas drenagens
Suficiente Aceitável ombreiras, área
10 anos PB fissuras insuficientes
(6) (3) alagada a jusante
(2) (5) (6) e sulcos nos taludes
devido ao fluxo
(7)
(6)
Depressão
Surgência de água
Depressão na crista, no “rip rap”,
em taludes,
< 5 anos Não Existe Projeto Insatisfatório Deficiente afundamentos nos taludes, ou escorregamento,
ombreiras e área de
(3) (7) (10) (5) na fundação / trincas sulcos profundos
jusante
(10) de erosão, vegetação
(10)
(10)
NOTA: Pontuação (10) em qualquer coluna implica intervenção na
V > 35 - Elevado V = (f a l)
barragem, a ser definida com base em inspeção especial.
20 < V < 35 - Moderada a Elevada
5 < V < 20 - Baixa a Moderada
V<5
2 REGULAMENTAÇÕES INTERNACIONAIS
Inglaterra
Na Inglaterra, a segurança das barragens foi regulamentada por Ato do Parlamento,
em 1930; garantindo assim as ações de inspeção dessas estruturas, por engenheiro
especialista em barragens, membro de um grupo de engenheiros (panel engineers),
constituído para atender aos objetivos do Reservoirs Act 1930, que foi por sua vez
reforçado através do Safety Dam Act, promulgado em 1970 e ampliado através do
The Reservoirs Act 1975. Posteriormente foi implementado pelo Statutory Instrument
1985. Mais de 2.000 barragens britânicas foram atingidas por essa legislação que,
inclui barragens com volume acumulado, superior a 25.000 m 3 e altura superior a 7,5
m.
A Inglaterra tem cerca de 80% das barragens com altura inferior a 15 m, sendo que
média de idade das barragens esta em torno dos 90 anos, construídas com um
núcleo de vedação denominado puddle-clay (devido à técnica de compactação da
argila, com elevado teor de umidade através do amassamento) ou concrete cut-off;
sendo que a maioria não dispõe de registros sobre sua construção. Devido ao
desenvolvimento das vilas e cidades nas áreas de influência direta de jusante, ao
“desconhecimento” da situação dos aterros construídos anteriormente ao advento da
Mecânica dos Solos, etc.; o governo britânico vem promovendo programas de
avaliação da segurança dessas barragens, à luz do conhecimento técnico e
ferramentas tecnológicas atuais, através do Building Research Establishment (BRE).
BRE publicou o documento: BRE CI/SfB 187, intitulado “An Engineering Guide to the
Safety of Embankment Dams in The United Kingdom” (BRE, 1999).
18
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o Congresso Americano promulgou o The Dam Inspection Act
de 1972, autorizando a elaboração de um programa nacional de inspeção de
barragens. Num primeiro momento o U.S. Corps of Engineers constatou que 18%
das 49.300 barragens inventariadas, nunca tinham sido inspecionadas e que cerca
de 20.000 estavam localizadas em áreas onde, em caso de ruptura, poderiam
provocar perdas de vidas, danos a propriedades, edificações, etc. Dando
continuidade aos trabalhos, o Bureau of Reclamation (BUREC), em Denver,
Colorado desenvolveu os programas Safety Evaluation on Existing Dams (SEED) e
Safety of Dams (SOD), ambos implementados em 1978 e reforçados através do
Reclamation Safety of Dams Act of 1978.
19
Bureau Of Reclamation (BUREC)
20
práticas e regulamentações relativas à concepção, construção, operação e
manutenção de barragens, o desenvolvimento de diretrizes para a inspeção e
avaliação da segurança de barragens; formulação e de recomendações para um
programa nacional abrangente. Um relatório sobre estas atividades e propostas
legislativas para implementar um programa de segurança Federal de barragem,
foram transmitidos ao Congresso em novembro de 1976, mas a falta de
financiamento impediram a execução das inspeções das barragens selecionadas
(U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS, 1976).
21
independente de revisão e aprovação das modificações propostas. Os
procedimentos escritos para realizar as inspeções de barragens são documentados.
São definidas normas de qualificação para o pessoal de inspeção de barragens, a
forma de supervisão da execução do Plano de Monitoramento, que atende aos
requisitos da FERC, e um programa de calibração de instrumentos, de avaliação de
risco para priorizar os problemas identificados durante a inspeção.
22
Estado da Califórnia aprovou um programa de segurança de barragens.
Posteriormente, ocorreram outros acidentes com barragens, causando perda de
vidas e propriedades, fato que motivou a elaboração de legislações adicionais a
nível estadual e federal.
Austrália
Na Austrália, o Australian National Committee on Large Dams (ANCOLD), publicou
uma revisão dos documentos intitulados: Guidlines on Dam Safety Management e,
23
Guidlines on Risk Assessment, em 1994; com o objetivo de contribuir no
planejamento, projeto, construção e operação de grandes barragens, e seus
reservatórios. O Prof. Robin Fell, da University of New South Wales, Sidney, tem
liderado as discussões sobre o tema, com destaque para o seu trabalho intitulado: O
Estado Atual dos Métodos Utilizados na Avaliação Quantitativa de Risco, Através da
Estimativa de Probabilidades de Rupturas de Barragens (FELL, R., 2000). A Nova
Zelândia segue a mesma linha da Austrália. Ambas, acompanham os avanços dos
ingleses.
Canadá
No Canadá, The Canadian Dam Association (CDA) publicou uma edição revisada do
Dam Safety Guidlines, contendo recomendações para avaliação de segurança de
barragens existentes, atentos a problemas de ordem construtiva e principalmente,
no intuito de contribuir com a legislação e regulamentação sobre segurança de
barragens (CDA, 1999).
Portugal
Em Portugal, onde muitas barragens de concreto foram construídas na década de
50, foi realizado em Coimbra, em 1984 um importante seminário sobre o tema
“Safety of Dams”. Desde 1986, o Ministério das Obras Públicas, com a participação
do LNEC – Laboratório de Engenharia Civil de Lisboa tem procurado avaliar, as
condições de segurança dessas estruturas antigas, através de retroanálises,
utilizando resultados dos estudos das características de resistência dos materiais e
parâmetros geomecânicos do maciço da fundação, à luz das ferramentas de
investigação modernas, de campo e laboratório, das técnicas de simulações
computacionais e de modelagem matemática do comportamento das estruturas, dos
materiais e interfaces solo-rocha-concreto. Novamente, temos que lidar com
incertezas em conjunto com modelos matemáticos sofisticados e bastante sensíveis
às pequenas variações nos dados de entrada (RSB, 1990; ALMEIDA, B., 2006).
24
intitulado: Regulamento de Pequenas Barragens de Terra, foi oficializado através do
Decreto-Lei No. 48.373/68, em 08/05/1968. Em 1990, o governo português instituiu
um novo Regulamento para Segurança de Barragens, na forma de anexo ao
Decreto-Lei No. 11/90 de 06/01/90.
Espanha
Na Espanha, em 1992 foi publicada a Legislación Española Sobre Seguridad de
Presas, produzida pela Comission de Normas de Grandes Presas. Em 12 de março
de 1996, por ordem ministerial, foi aprovado “El Regulamento Técnico sobre
Seguridad y Emblases”, com ênfase para a classificação das barragens em função
do risco potencial e com os seguintes objetivos de definir: i) sobre quais barragens
precisavam de um PAE, ii) os critérios de projeto, operação e inspeção ou Plano de
Manutenção e Operação e, iii) estabelecer as prioridades de investimentos nos
programas de segurança de barragens.
25
Outros aspectos:
Os Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e outros países preocupados com o ataque
terrorista ao World Trade Center (WTC), em 11 de setembro de 2001, reviram os
seus Planos de Ação de Emergência (Emergency Action Plan – EAP) e de
Segurança de Barragens (Dam Safety Plan) com o objetivo de adaptá-los para a
resposta a um eventual ataque de adversários potenciais, com foco nas
vulnerabilidades a esses ataques (terrorismo) e suas consequências; fato que
resultou no reforço do controle do acesso as barragens, instalação de sistemas de
alarme e câmeras de segurança.
26
3 REGULAMENTAÇÃO NACIONAL
Na prática esses dois setores não se conheciam ou mantinham entre si, uma
distância que impedia a troca de experiências e de conhecimento. Cabe lembrar que
as barragens não identificam setor pobre do rico quando o assunto é ruptura. O
aprendizado com o acidente pode ser replicado em qualquer outra estrutura, não
importa qual seja a sua pujança.
São muitas as iniciativas e interesse pela discussão do tema, como neste seminário
e em eventos, promovidas por organizações governamentais e privadas, a exemplo
do Ministério de Integração Nacional (MI), ANA, ANNEL, ELETROBRAS, DNOCS,
CHESF, CESP, FURNAS e CEMIG, dentre outras associações técnicas, a exemplo
do Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB). As empresas CESP, FURNAS, CEMIG e
ITAIPU, por exemplo, promovem a busca ininterrupta da garantia de segurança de
suas barragens; hoje em sua maioria com mais de 30 anos.
O Eng. Paulo Teixeira da Cruz, trouxe uma grande contribuição para a engenharia
de barragens, ao relatar a sua rica, surpreendente e detalhada experiência ao lidar
com 100 barragens brasileiras, com seu relato histórico e sobre aspectos de projeto,
27
construção e acompanhamento do desempenho dessas estruturas.
Considerando-se que não temos o hábito de escrever sobre as nossas experiências
com sucesso e insucessos, refuto ao seu trabalho um grande mérito (CRUZ, P. T.;
2004).
28
O acidente da Barragem de Algodões I, com perdas de vidas, danos econômicos,
ambientais e a exposição pública de colegas de profissão, foi o divisor de águas
entre o ceticismo e o desejo de mudanças na conduta das ações focadas na
consecução de empreendimentos de barragens.
Foram grandes os prejuízos para a sociedade com reflexos negativos para o
prestígio da engenharia brasileira, com destaque nos meios de comunicação que,
paradoxalmente, contribuiu para momentos de reflexão sobre as nossas limitações e
deficiências técnicas e/ou administrativas.
Uma única lei para setores desiguais quanto à cultura de segurança e estrutura
organizacional. Esses acidentes contribuíram para a intensificação da mobilização
da comunidade técnica que, através de suas associações de classe: ABGE, CBDB,
ABMS, IBRACON, CREA.
29
FIGURA 1 - Principais Acidentes E Incidentes Registrados No Período De
Formulação E Tramitação Da Lei No. 12.334
30
4 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS
(PNSB)
Fundamentos e Instrumentos
São fundamentos da política: a segurança de uma barragem deve ser considerada
nas suas fases de planejamento, projeto, construção, primeiro enchimento e primeiro
vertimento, operação, desativação e de usos futuros; a população deve ser
informada e estimulada a participar, direta ou indiretamente, das ações preventivas e
emergenciais; o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem,
cabendo-lhe o desenvolvimento de ações para garanti-la; a promoção de
mecanismos de participação e controle social e, que a segurança de uma barragem
influi diretamente na sua sustentabilidade e no alcance de seus potenciais efeitos
sociais e ambientais (BRASIL, 2010).
Segundo a Lei No. 12.334, no Art. 7, as barragens serão classificadas pelos agentes
fiscalizadores, por categoria de risco, por dano potencial associado e pelo seu
volume, com base em critérios gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (CNRH). A classificação por categoria de dano potencial
31
associado à barragem em alto, médio ou baixo será feita em função do potencial de
perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais.
32
Em muitas situações a responsabilidade técnica e legal dos atores é diluída ou de
difícil apuração nos casos de insucessos, devido a fatores não técnicos - quando as
decisões sobre o empreendimento sofrem influencias de ordem econômica e/ou
política, a exemplo de a contratação pelo critério de menor preço e negociações
para a redução de prazos de projeto e construção.
Muitos fatores não técnicos contribuem para a formação de uma cadeia de ações
que resultam em omissão em momentos de decisão, em simplificações no projeto
por desconhecimento das implicações técnicas implícitas ou por prioridades
(DEKKER, 2003; REASON, 1997; MEDEIROS, 2012).
Abrangência e Determinações
Na opinião de SILVA, J. M. e POSSAN, E. (2012), no Brasil, as Leis que possam
gerar descontentamentos ou prejudicar “interesses” ou trazer, sobretudo, prejuízos
de cunho político, tem certa deficiência na sua aplicação e cumprimento desde o não
atendimento do seu objetivo até mesmo da sua não publicação. Complementa
dizendo que isso causa entraves ao desenvolvimento do país, gerando discussões
de aspectos técnicos, econômicos e socioambientais, sobre a importância do
cumprimento da Lei que afeta diretamente a sociedade que depende desse tipo de
empreendimento. Entretanto, vale ressaltar que esse obstáculo será vencido,
considerando que a Lei No. 12.334, conta com o apoio da comunidade técnica
brasileira e suas entidades de classe; todas empenhadas no seu sucesso.
33
objetivo de coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar para a sociedade as
informações relacionadas à segurança de barragens em todo o território nacional.
Os responsáveis diretos pelas informações do SNISB são:
34
humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Caberá a ANA, de acordo com o Art. 4, incisos V, VII e X, que tratam de aspectos da
política de segurança de barragens:
35
V - fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União;
VII - estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia
Hidrográfica;
X - planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de
secas e inundações, no âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, em articulação com o órgão central do Sistema Nacional de Defesa Civil,
em apoio aos Estados e Municípios;
O Art. 4, com base no estabelecido na Lei No. 12.334, passa a vigorar acrescido dos
seguintes incisos XX, XXI e XXII:
36
4.2 Regulamentação da PNSB
37
Resolução ANA NO. 742, de 17/10/2011
Estabelece a periodicidade, a qualificação da equipe responsável, o conteúdo
mínimo e o nível de detalhamento das inspeções de segurança regulares de
barragens fiscalizadas pela ANA, conforme art. 9° da Lei 12.334/2010...
38
O Art. 4 define as periodicidades das Inspeções de Segurança Regular , conforme
quadro 4, em função da classificação em termos de categoria de risco e dano
potencial associado (conforme as matrizes de categoria de risco e dano potencial
associado).
A Lei No. 12.334 define barragem da seguinte forma: barragem: qualquer estrutura
em um curso permanente ou temporário de água para fins de contenção ou
39
acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos,
compreendendo o barramento e as estruturas associadas.
Segundo a Resolução No. 37, art. 2°, inciso V - Plano de Ação de Emergência
(PAE): documento que contém os procedimentos para atuação em situações de
emergência, bem como os mapas de inundação com indicação do alcance de ondas
de cheia e respectivos tempos de chegada, resultantes da ruptura da barragem. No
Art. 6 determina que as regras de operação dos reservatórios, assim como o PAE
poderão ser reavaliados pela autoridade outorgante, considerando-se os usos
múltiplos, os riscos decorrentes de acidentes e os eventos hidrológicos críticos,
observado o inciso XII, do Art. 4, combinado com o § 3º desse mesmo artigo da Lei
No. 9.984, de 2000.
A Lei No. 12.334, no Art. 12 determina que, o PAE, deve estabelecer as ações a
serem executadas pelo empreendedor da barragem em caso de situação de
emergência, bem como identificará os agentes a serem notificados dessa
ocorrência, devendo contemplar, pelo menos:
40
afetadas em situação de emergência.
41
justificados.
Conforme o Art. 8, da Lei No. 12.334, para a classificação das barragens por
categoria de risco, dano potencial associado e pelo seu volume, os órgãos
fiscalizadores deverão considerar os quadros constantes dos ANEXOS I e II,
respectivamente: Matriz de Categoria de Risco e Matriz de Dano Potencial
Associado, para barragens de acumulação de água, desta Resolução.
42
12.334. O Art. 4, quanto à categoria de risco, as barragens serão classificadas de
acordo com aspectos da própria barragem que possam influenciar na possibilidade
de ocorrência de acidente, levando-se em conta os seguintes critérios gerais: i)
características técnicas: altura do barramento; comprimento do coroamento da
barragem; tipo de barragem quanto ao material de construção; tipo de fundação da
barragem; idade da barragem (aging); Tempo de Recorrência (TR) da vazão de
projeto do vertedouro; ii) estado de conservação da barragem: confiabilidade das
estruturas extravasoras; confiabilidade das estruturas de adução; eclusa;
percolação; deformações e recalques e deterioração dos taludes.
43
aqueles necessários para a operação e manutenção da barragem; estrutura
organizacional e qualificação técnica dos profissionais da equipe de segurança da
barragem; os manuais de procedimentos dos roteiros de inspeções de segurança e
de monitoramento e relatórios de segurança da barragem; a regra operacional dos
dispositivos de descarga da barragem; indicação da área do entorno das instalações
e seus respectivos acessos, a serem resguardados de quaisquer usos ou ocupações
permanentes, exceto aqueles indispensáveis à manutenção e à operação da
barragem e o PAE, quando exigido.
44
necessidade de levantamentos topo batimétricos e estudos especiais com
simulações de rompimento e de propagação de onda de cheia e geração de mapas
de inundação. Do exposto, cabe lembrar que os requisitos a serem estabelecidos,
com exigências mínimas obrigatórias, e procedimentos complementares opcionais
para a elaboração do PAE; ainda não foi objeto de regulamentação pela ANA;
apesar de fazer parte do PSB, já regulamentado pelo CNRH.
45
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) ao local da
barragem e à sua documentação de segurança.
46
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Apesar dos avanços obtidos com segurança de barragens, ainda não dominamos o
conhecimento sobre os mecanismos que conduzem aos incidentes e acidentes com
ruptura em barragens. São muitas as incertezas, e crescente a utilização de
modelos e simulações matemáticas quando ainda dependemos de dados não
confiáveis, inexistentes, sem tratamento e avaliação critica por profissional
qualificado, de equipes sem capacitação e treinamento técnico adequado para as
atividades de operação e manutenção, sistemas de auscultação deficiente e/ou sem
regularidade nas leituras, analises e interpretação, desorganização da
documentação sobre a memória técnica da barragem, etc.
• A falha humana,
• A falta de capacitação do pessoal envolvido com obras da complexidade e
risco, inerentes às barragens e,
• A precariedade dos dados e/ou disponibilidade de dados sem análise e
interpretação por parte de profissional qualificado. Refiro-me aos dados que
alimentam os modelos hidráulico-hidrológicos e aqueles obtidos através do
sistema de auscultação instalado na estrutura,
• A sofisticação dos sistemas de auscultação com controle em estações
remotas e o “descuido” com o método observacional (inspeções visuais),
• A sofisticação dos sistemas informatizados e/ou especialistas (expert
systems) que devem ser tratados com cautela uma vez que, demandam
confiabilidade nos dados de entrada. Os sistemas especialistas, que
demandam o tratamento do conhecimento ou “judgement” e lidam com
cenários que interagem com o usuário, etc.
47
estar atento para: a descrição geral do sistema incluindo os perigos potenciais que
motivaram a analise de risco / definição da Categoria de Risco (Matriz de Risco); a
descrição das condições operacionais relacionados ao risco em análise e limitações
relevantes e, o detalhamento de todos os aspectos do empreendedor e do
empreendimento: técnicos e ambientais, organizacionais, recursos humanos e
circunstancias que sejam relevantes para o problema a ser analisado.
48
federais e estaduais..
A Lei No. 12.334, tem contribuído para a integração e troca de conhecimentos entre
os diversos setores. Todos preocupados com os critérios que definem as
responsabilidades que na lei, são claras e objetivas, contribuindo para a
padronização de procedimentos de inspeção e de monitoramento, o que reforça o
sistema de controle já imposto pelo CONFEA-CREA. A lei é um grande desafio para
todos nos, profissionais, empresários e contratantes. Começa com um enorme
esforço no sentido de focar nossos questionamentos sobre as causas dos acidentes
recentes. ‘
49
REFERÊNCIAS
BOWLES, D. S. Portfolio risk assessment: a tool for managing the safety of a group
of dams. Simpósio De Riscos Associados A Barragens. São Paulo. 2001.
_____. Risk assessment in dam safety decision making. Proceedings. Of the 4th
Conference/EF/WR Div./ ASCE, California/October 15-20.1989.
BRASIL - Lei Complementar No. 101 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 2000.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/LCP/Lcp101.htm.
50
Barragens. VIII Simpósio sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas, Porto
Alegre – RS. 01 a 04 de Maio. 2012.
_____. Resolução No. 144. Publicada no Diário Oficial da União, No. 172 de 04 de
setembro de 2012, Brasília – DF.
_____. The Field Guide to Understanding Human Error. Ashgate Publishing Ltd.
2006.
51
ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S. A. Critérios de Projeto Civil de
Usinas Hidrelétricas. CBDB: 279 p. 2003.
FELL, R., BOWLES, D. S. et al. The status of methods for estimation of the
probability of failure of dams for use in quantitative risk assessment. 20th
Congress on Large Dams, Beijing, China. 2000.
FELL, R., BOWLES, D. S., ANDERSON, L. R., BELL, G. The status of methods for
estimation of the probability of failure of dams for use in quantitative risk assessment.
20th. International Congress On Large Dams ICOLD, Beijing, China, 19 - 22
September. 2000.
52
FUSARO, T. C. Um Programa de Segurança de Barragens no Setor Elétrico
Privatizado, XXIII Seminário Nacional de Grandes Barragens, Anais Volume II, pág.
45-56, Belo Horizonte - MG. 1999.
_____. The Specification And Quality Control Of Concrete For Dams. Bulletin
136. 2009.
53
INAG - INSTITUTO DA ÁGUA. Curso de Exploração e Segurança de Barragens.
A.A. Balkema Publishers, Lisboa, 710p. 2001.
54
_____. Utilização Da Técnica De Análise De Probabilidade De Risco Na
Avaliação De Segurança De Barragens, XXIII Seminário Nacional de Grandes
Barragens, Belo Horizonte, MG, 22 a 26 de Março. 1999.
55
de Segurança. Geotecnia No. 62, Sociedade Portuguesa de Geotecnia, Julho.
1991.
56
Regulations For Dam Safety And Dam Construction. Department of Natural
Resources, September, pp. 50. 1988.
57
ANEXO I
58
Anexo II
62
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO II : INSPENÇAO E AUSCULTAÇÃO
DE BARRAGENS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
CURRICULO RESUMIDO
5
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... 08
LISTA DE QUADROS......................................................................................... 11
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14
2 MANUTENÇÃO .............................................................................................. 15
2.1. Manutenção Preditiva ................................................................................. 15
6
9. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS DETERIORAÇÕES....................... 98
10.EXECUÇÃO DE MANUTENÇÃO.................................................................. 103
10.1. Escolha do processo de reparo................................................................. 104
7
LISTA DE FIGURAS
8
Figura 28 – Carbonatação do concreto em barragem
Figura 29 – Carbonatação do concreto no teto da galeria de drenagem
Figura 30 - Carbonatação do concreto na parede da galeria de drenagem
Figura 31 – Carbonatação do concreto no piso da galeria de drenagem.
Figura 32 – Corrosão do aço no concreto – Esquema simplificado
Figura 33– Corrosão da armadura após a dissolução da camada de passivação
Figura 34 – Bicheira formada por excesso de armadura e concreto inadequado
Figura 35 – Bicheira formada por adensamento inadequado
Figura 36 – Bicheira comumente encontrada em pé de pilar
Figura 37 – Elevação do piso
Figura 38 – Surgência de água em galeria de drenagem
Figura 39 – Surgência de água em barragem de concreto
Figura 40 – Surgência de água entre camadas de concretagem
Figura 41 – Surgência de água em junta
Figura 42 – Possibilidades de ocorrência de cavitação em superfícies irregulares.
Figura 43 – Erosão por cavitação em túnel vertedor da Barragem Glen Canyon,
Colorado
Figura 44 – Erosão por cavitação em dente da bacia de dissipação
Figura 45 – Buraco formado devido à erosão por cavitação
Figura 46 – Erosão por cavitação das chapas metálicas
Figura 47 – Deterioração por ataque ácido
Figura 48 – Recalque localizado, perceptível na crista da barragem
Figura 49 – Trinca provocado por recalque diferencial dos materiais do aterro
Figura 50 - Ravinamento em Talude de Barragem
Figura 51 - Erosão na Canaleta do Encontro Direito
Figura 52 - Erosão por Piping na Barragem
Figura 53 - Ruptura por Piping, apesar dos Colares
Figura 54 - Drenagem à Volta de Galeria no Aterro
Figura 55 - Filtro Invertido ao Pé Jusante da Barragem
Figura 56 - Ravinamento / Erosão no Talude Montante
Figura 57 - Subsidência na Crista Causada por Piping
9
Figura 58 - Situação de Colmatação em Dreno Exposto
Figuras 59 – Colmatação de dreno de origem biológica
Figuras 60 – Colmatação de drenos de origem química
Figura 61 - Erosão na Proteção e/ou no Pé do Talude Jusante
10
LISTA DE QUADROS
11
LISTA DE ABREVIATURAS
12
Prezado Aluno,
13
1 INTRODUÇÃO
14
2 MANUTENÇÃO
15
dos componentes ou equipamentos. De acordo com Gomide (2006), manutenções
preventivas são atividades programadas em datas preestabelecidas obedecendo a
critérios técnicos e administrativos, baseados em dados estatísticos ou do próprio
histórico da manutenção realizada.
A manutenção corretiva visa à reparação das falhas ocorridas. Uma vez detectada a
deficiência, ela deve ser estudada, visando obter subsídios para o diagnóstico do
problema e subseqüente definição de conduta, ou seja, da escolha da alternativa
adequada de intervenção.
16
3 ANOMOLIAS OU DETERIORAÇÕES EM BARRAGENS
17
4 DETECÇÃO DE DETERIORAÇÕES
18
5 TIPOS DE ANOMALIA
19
como esse, pode-se ter um pouco de dificuldade em sua diferenciação, para
constatar que não se trata de um problema simples e de pouca importância.
Em síntese, pode-se assumir que a segurança das barragens está ligada a dois
aspectos principais: sua estabilidade e estanqueidade. Logo, as anomalias mais
relevantes são aquelas que ameaçam ou prejudicam esses dois aspectos. Hartford
(2003) sugere que essas anomalias que afetam a segurança da barragem sejam
agrupadas em modos de falha, que são os mecanismos pelos quais uma barragem
pode romper. Os modos de falha sugeridos por Hartford são Movimentação de
Massa (Instabilidade Estrutural), Falhas Hidráulicas e Erosão interna.
Uma anomalia pode estar ligada à segurança da barragem, mas também pode ter
seu dano restrito a alguma estrutura mais específica. Por exemplo, problemas na
válvula da tubulação de captação, pode prejudicar o abastecimento de água, mas
não ameaça diretamente a segurança da barragem; erosões nas margens do
reservatório podem ser consideradas dano ambiental e provocar o assoreamento do
reservatório, mas não ameaça diretamente a segurança da barragem. Diante disso,
é importante que o responsável pela inspeção das estruturas faça uma avaliação no
momento da detecção da anomalia para determinar que aspecto ela compromete.
Dias (2010) sugere que as anomalias sejam separadas pelos seguintes grupos de
manutenção:
• Segurança da Barragem;
• Segurança da operação/funcionamento;
• Conservação ambiental, segurança do trabalho, aspectos legais;
• Conservação patrimonial.
20
6 ANOMALIAS EM BARRAGEM DE CONCRETO
Fissuras ou trincas são anomalias físicas que surgem quando as tensões de tração,
que se estabelecem na estrutura, superam a resistência à tração do concreto,
provocando sua ruptura como mostra no esquema da figura 1.
21
Fonte: Acervo pessoal.
22
suporte, principalmente caso o material seja um arenito. Mesmo que uma fissura
não apresente sérios problemas por si só, os mecanismos que a causa podem
representar riscos para a estrutura.
Exemplos deste caso são retração por secagem, expansão ou contração devido
à variação de temperatura e reações químicas.
Assentamen
Reduzir
Condições Fissuração
to plástico Excesso de exsudação
para secagem direcionada Seção espessa.
(sedimenta exsudação. ou efetuar
rápida. .
revibração.
ção)
Secagem Umidade Pavimentos e
Fissuração Resfriar o
rápida relativa baixa; na forma de lajes.
Retração concreto;
evapora vento;
plástica pele de Lajes de concreto evitar
ção na temperatura crocodilo ou exposição
superfície. alta. fissuração armado. ao vento;
23
Idem +
barras
Lajes de concreto
próximas a
paralela. armado. melhorar
superfície
excessiva. São cura nas
comuns primeiras
fissuras de idades;
2 a 3mm de garantir
abertura.
Fonte: Adaptado de American Concrete Institute, 1992, p. 481. cobrimento
24
Fissuração
aleatória
característica
em concreto
Reação pouco armado Usar material
Locais
álcali Agregados reativos. e fissuração na pozolânico no
úmidos.
agregado direção da concreto.
armadura
principal em
concreto
armado.
Fissuração
geralmente de
pequena
abertura, se o
projeto for
satisfatório, e
Solicitação maior do que a em ângulo com
estrutura pode resistir; relação aos
condições extremas de eixos principais Projeto/constru
Estrutural carregamento; projeto da estrutura ção/ operação
inadequado; problemas podendo adequados.
construtivos; materiais abruptamente
inadequados mudar de
direção. A
abertura tende
a aumentar
como resultado
da solicitação e
da fluência.
Fissuração Usar concreto
Estruturas em
característica adequado;
Ação de Expansão devido à contato com
na forma de executar
sulfatos formação de etringita. água/solo
pele de proteção à
sulfatados.
crocodilo. estrutura.
Geração Fissuração Reduzir a
.Retração
excessiva de geralmente Concreto geração de calor,
térmica Resfriamen
calor ou ortogonal a massa e reduzir a
nas
gradiente de to rápido. direção da peças restrição e
primeiras
temperatura restrição a espessas. refrigerar o
idades
excessivo. movimentação. concreto fresco.
Fonte: Adaptado de American Concrete Institute, 1992, p. 481.
25
Figura 2 – Tipos de fissuração após o endurecimento
a) Fissuras típicas de retração por secagem b) Fissuras no concreto por oxidação da armadura
c) Fissuras típicas de reação álcali-agregado ou de retração d) Fissuras por concentração de esforços em mudança de
plástica (fissuras aleatórias ou tipo “pele de crocodilo”) direção da armadura
g) Fissuras por sedimentação da argamassa impedida pelo h) Fissuras por retração superficial na fase plástica
agregado (assentamento plástico ou retração plástica)
Fonte: Acervo pessoal.
26
Figura 3 – Fissuras por retração.
27
Figura 4 – Fissura térmica em lateral do bloco de fundação.
28
Figura 5 – Fissura térmica em bloco de fundação.
29
Figura 7 – Fissura térmica em barragem de concreto.
30
Figura 8– Fissura estrutural em laje.
31
Figura 10 – Fissuras em pilares causadas pela reação álcali agregado.
32
Figura 11 – Fissuras em barragem causadas pela reação álcali agregado.
33
Figura 12 – Fissuras em tomada d’água devido à reação álcali agregado.
34
Figura 13 – Fissura com grande abertura devido à reação álcali agregado.
35
Figura 15– Fissura em parede causada por formação de etringita tardia.
36
Figura 16 – Fissura causada por formação de etringita tardia.
O Quadro 3 apresenta uma relação importante entre fissuras, que podem vir a ser
danosas ao comportamento do concreto de uma barragem, e locais, onde mais
costumam aparecer. O esquema também traz possíveis causas e recomendações
de ações corretivas. Deve ser relembrado que a causa exata de uma fissura nem
sempre pode ser determinada com exatidão. Além disto, o leque de ações corretivas
pode vir a ser ampliado e cada caso específico deve ser devidamente analisado
37
antes que se tomem decisões a respeito.
38
Selar as fissuras com
Fissuração causando resina; injetar em torno
Conduto de infiltração na barragem; Recalques diferenciais; do conduto para
adução e de fuga fissuras estruturais e erosão da fundação. melhorar as condições
paredes. de suporte; tratamento
de fundação.
Fonte: Adaptado de Training Aids for Dam Safety, 1990, p. I-14.
6.2. Expansão
Para que a expansão seja destrutiva, vários fatores devem cooperar individualmente
ou, na maioria dos casos, interagindo:
39
Fatores principais;
• Tipo de cimento;
Fatores secundários.
40
Figura 17 - Fissuras típicas de reação álcali-agregado ou de retração plástica (fissuras
aleatórias ou tipo “pele de crocodilo”)
41
Fonte: Acervo pessoal.
42
Figura 19 – Deterioração pelo ataque de sulfatos
43
Fonte: Acervo pessoal.
A etringita pode ocorrer como etringita tardia (DEF – delayed ettringite formation)
quando a temperatura a que o concreto é submetido nas primeiras idades supera
65oC e o cimento empregado apresenta propensão para esta formação.
44
Um sintoma desse tipo de deficiência são as eflorescências verificadas na superfície
do concreto (manchas brancas pontuais ou lineares) causadas pela lixiviação do
hidróxido de cálcio do cimento - Ca(OH)2 - que se carbonata em contato com o gás
carbônico do ar - quando da percolação de água através da massa de concreto
pelos poros, fissuras ou juntas de concretagem mal executadas. Se o processo é
contínuo, formam-se estalactites e às vezes estalagmites.
45
Fonte: Acervo pessoal.
• Fungos e bactérias.
46
Figura 21 – Superfície deteriorada por ataque ácido
47
6.4. Corrosão da armadura
48
Figura 23 – Efeitos da corrosão da armadura
49
Figura 24 – Corrosão das armaduras no encontro.
50
Figura 25 – Corrosão das armaduras.
51
Figura 26 – Proteção da armadura pela alcalinidade do concreto
52
• Carbonatação: difusão de CO2 nos poros cheios de ar. (Figuras 27 a 31)
53
Figura 28 – Carbonatação do concreto em barragem.
54
Figura 29 – Carbonatação do concreto no teto da galeria de drenagem.
55
Figura 30 - Carbonatação do concreto na parede da galeria de drenagem
56
• Corrosão da armadura: difusão de O2 nos poros cheios de ar. (Figura 32)
57
• Penetração de cloreto: difusão de cloretos nos poros cheios de água. (Figura
33)
58
De um modo simplificado o processo de corrosão pode ser separado em dois
processos simples, como mostra a Figura 32. Após alguns estágios intermediários,
o ferro vai combinar-se e formar a ferrugem que, pelo menos teoricamente, pode ser
escrita como Fe2O3.
59
São consideradas as seguintes deteriorações:
60
Figura 35 – Bicheira formada por adensamento inadequado.
61
• Segregação - é a separação dos componentes do concreto, em virtude de
deficiências de dosagem e/ou de manuseio do material (mistura, transporte,
lançamento e adensamento), podendo essa desuniformidade ressaltar em
áreas fracas e permeáveis ou porosas na estrutura.
62
Figura 37 – Elevação do piso.
• Recalque da fundação;
• Efeitos térmicos.
63
6.6. Infiltração
64
Figura 39 – Surgência de água em barragem de concreto.
65
Figura 41 – Surgência de água em junta.
66
6.7. Abrasão e Cavitação
67
Fonte: Adaptado de Falvey, 1990, p.15.
68
Figura 43 – Erosão por cavitação em túnel vertedor da Barragem Glen Canyon, Colorado.
69
Figura 45 – Buraco formado devido à erosão por cavitação.
70
No Quadro 4, apresentam-se os tipos, sintomas, mecanismo e causas da
deterioração do concreto por erosão.
POSSÍVEIS AÇÕES
TIPO SINTOMA MECANISMOS/CAUSAS
CORRETIVAS
Eliminar as causas.
Erosão por Superfície com Ação de partículas sólidas Combate-se, quando
abrasão de textura de uma (argila, areia, cascalho, impossível eliminar as
água (existe superfície jateada; detritos, madeira) carregadas causas, através do uso,
também erosão remoção de pela água, especialmente em na construção,
por abrasão agregados “moles” regiões sujeitas a grande reparação ou
seca causada ou da argamassa em velocidade de água. reabilitação das
pela ação de torno dos Exemplo: Bacias de estruturas, de concreto
equipamentos, agregados; perda de dissipação que não tenham adequadamente
ou ventos que parte do concreto da sido adequadamente limpas dosado, com alta
carream superfície; as vezes poderão ser erodidas pelo resistência, concreto
materiais severa destruição do efeito abasivo dos materiais com polímeros;
sólidos). concreto. sólidos lá encontrados. proteção com resinas
epoxídicas, etc.
Formação e subsequente
colapso de micro bolhas de
vácuo que produzem ondas
Superfície áspera, de choque na superfície da
rugosa, com estrutura destruindo a
agregados à vista, continuidade da estrutura.
dando aspecto de Tem papel importante a
uma “bicheira”; velocidade da água que deve
superfície com atingir o regime turbulento Eliminar as causas.
inúmeros buracos de criando áreas de baixa Combate-se projetando,
pouca profundidade pressão. Tais turbulências construindo, reparando
eventualmente poderão ocorrer devido a ou reabilitando as
Erosão por mostrando que o ângulos, cantos vivos, estruturas hidráulicas,
cavitação agregado foi projeções e depressões que de modo a ter uma
arrancado. mudem a direção da água. A superfície que produza
Pequenos buracos onda de choque produzida é um escoamento simples
localizados, semelhante ao golpe de um e uniforme, evitando
principalmente, a martelo. A repetição deste variações abruptas.
jusante de juntas de fenômeno produz diversos
contração em orifícios na superfície da
soleiras de estrutura, mesmo em
vertedouros e bacias concreto de alta qualidade ou
de dissipação. em placas de aço. Exemplo:
Regiões sujeitas à alta
velocidade da água
(superfície do vertedouro, por
exemplo) onde pode haver
71
uma diferença de deflexão
abrupta entre a linha de fluxo
e a superfície de escoamento
(reparo em junta de
contração causando
descontinuidade, trincas,
sarrafo deixado no concreto,
etc) que resulta em
turbulência e,
consequentemente, áreas de
subpressões, causando
remoção das partículas do
concreto.
Fonte: Adaptado de Training Aids for Dam Safety, 1990, p. I-25, I-26.
72
Fonte: Acervo pessoal.
73
7. ANOMALIAS EM BARRAGEM DE TERRA
Uma vez que a Barragem de Terra e Enrocamento é uma estrutura construída com
o lançamento e compactação de materiais terrosos em camadas, ela possui uma
característica tal que permite, ao longo da passagem do tempo, a acomodação das
partículas e consequentemente dessas camadas.
74
Estruturas de terra e enrocamento (Barragens) que devem reter água, não podem
sofrer com a formação de aberturas, ou podem ser levadas à Ruptura.
Existem materiais que são ávidos por água e no caso de não haver umidade
suficiente, com situação piorada pela exposição ao sol forte e ao calor, ocorre um
rápido ressecamento. Com isso, há uma forte retração do material. Esse esforço
pode superar as forças do material compactado e isso resultará na formação de
trincas.
Sendo mais recorrentes no talude jusante e até a crista, não sofrem risco de
vazamento de água do Reservatório. Mas, devemos fazer com que sejam
investigadas e tratadas, para evitarmos que ocorra penetração de águas pluviais (o
que agravaria o problema).
75
Outro tipo de Deterioração relacionada com a movimentação interna no aterro é a
Trinca causada por Recalque Diferencial. Essa deformação do corpo do aterro pode
ocorrer em locais com fundações frágeis, normalmente compressíveis e/ou com
geometria variável e desfavorável.
As causas desse tipo de ocorrência podem ser diversas, incluindo escavações por
animais, falhas construtivas, diferenciação nas características de materiais
adjacentes, etc. Mas, principalmente, pela elevação nas pressões neutras devido à
saturação interna, propiciando a Ruptura por Cisalhamento.
76
Figura 48 – Recalque localizado, perceptível na crista da barragem
Fonte: CEMIG GT
Fonte: CEMIG GT
77
7.2. Surgência
Quando a água que percola pelas estruturas das barragens de aterro ou suas
fundações “aparecem” na superfície em lugares não previstos, a essa anomalia
damos o nome de surgência. A surgência pode ser consequência de entupimento
das drenagens ou falhas de projeto e construção. O encharcamento provocado por
elas altera as propriedades físicas dos aterros, como diminuição da coesão entre
partículas, podendo gerar instabilidade no maciço.
7.3. Erosão
Essa erosão pode ser apenas por ação externa e de caráter superficial.
Normalmente a ação de águas pluviais (impacto da chuva e escoamento das
enxurradas) provoca a formação de ravinamentos, que progridem e dão origem às
grandes erosões. Essas erosões podem chegar a ser denominadas de Voçoroca,
caso haja afloramento de água (subterrânea) minando na base do talude de erosão.
O fluxo elevado de águas de chuva pode provocar a Erosão geral ou até mesmo só
localizada (inclusive provocar o escorregamento de alguns dos segmentos, no caso
78
de revestimentos pré-fabricados).
Também pode ocorrer a Erosão lateral por transbordamento das águas (no caso de
incapacidade de contenção) e/ou pela saída das águas em caso de desvio de
alinhamento ou entroncamento de linhas de canaletas, sem caixas de passagem.
79
Figura 51 - Erosão na Canaleta do Encontro Direito e obras de controle
Fonte: Deadman’s Basin terminal Outlet Replacement Project Overview and Lessons
Learned
80
Figura 52 - Erosão por Piping na Barragem
81
Figura 53 - Ruptura por Piping, apesar dos Colares
82
Figura 54 - Drenagem à Volta de Galeria no Aterro
Fonte : rjc/dpcardia
Para evitar o problema da pressão elevada por percolação, deveríamos fazer uma
escavação na fundação (denominada Cut-off’ ou Trincheira de Vedação), para
colocação de material impermeabilizante.
Essa escavação deveria ser aprofundada até o encontro com rocha sã ou pouco
alterada e pouco permeável. No entanto, em muitos casos, a escavação é
interrompida a alguns metros acima desse contato. No caso de solos de alteração,
pouco coesivos e porosos, a percolação poderá ser intensa, criando condição
indesejada de elevada linha de fluxo, acarretando surgência junto ao pé jusante do
aterro. Nesse caso, é necessária a instalação de um Filtro Invertido.
83
Figura 55 - Filtro Invertido ao Pé Jusante da Barragem
A Segurança pode até ser considerada restabelecida. Porém, ali será uma região
crítica, e será monitorada pelo resto de sua vida útil.
84
Dependendo da granulometria do enrocamento usado e do porte das ondas e da
posição do nível d’água, e eventualmente da inclinação do talude, as enxurradas
causadas pelas ondas e o impacto sobre as pedras, pode iniciar o ravinamento.
Ao se prolongar essa situação, a Erosão vai se aprofundando e pode chegar ao solo
subjacente, do corpo da Barragem. Em materiais mais coesivos (como a Argila)
pode ocorrer formação de talude subvertical, podendo então ocorrer o progresso da
Erosão, pela queda ou tombamento de blocos do talude, situados acima do ponto
de contato da água. Note-se que se está denominando de “subvertical” um talude
cuja inclinação (em relação à horizontal) se aproxima de 90° e tem alguma
irregularidade, não sendo totalmente na vertical.
Fonte :rjcardia
85
A situação pode gerar uma erosão no talude, reduzindo a estabilização da porção
na parte superior do talude, que poderá escorregar, rolar ou cair. Devemos lembrar
ainda a possibilidade de ocorrência de outro tipo de evento, mas que pode acabar
sendo denominado de Erosão, por sua aparência (na superfície), que seria a
formação de Subsidência. Essa ocorrência está ligada à remoção interna de
material, provocando o colapso do material situado acima da caverna formada, que
pode chegar à formação de cratera na superfície.
A formação da caverna pode-se dar por dissolução de materiais (em locais com
solos solúveis, principalmente karsticos, e/ou colapsáveis), mas, na maioria das
vezes, costuma ser causada pelo carreamento mecânico (hídrico) das partículas.
86
aeração interna).
Outra ocorrência que podemos incluir nessa classificação seria a Dissolução e/ou
Lixiviação de material de preenchimento de camadas ou descontinuidades rochosas
nas fundações e/ou ombreiras. Principalmente no caso desses materiais serem de
natureza solúvel, como por exemplo, a Calcita.
87
dissolução. Mas iria provocar também a ocorrência de problemas classificados em
outras categorias. Por exemplo, aumento de subpressão, possibilidade de
movimentação relativa (recalques e/ou escorregamentos, etc), afundamentos.
Através desse caminho, poderão surgir no talude ou terreno jusante, sem grandes
problemas, a menos que sua pressão de saída seja tão elevada, que possa
propiciar o carreamento de material (erosão hídrica que pode chegar a um Piping)
ou provocar instabilização no solo arenoso ao pé do talude jusante da Barragem
(efeito semelhante ao da Areia Movediça).
88
Figuras 59 e 60 – Colmatação de drenos de origens biológica (raízes) e química
Fonte: CEMIG GT
Existe ainda a ação permanente e de caráter intermitente das batidas das ondas
(Batillage) sobre a proteção do talude, que provoca um efeito conjugado de
Deterioração por Desgaste e/ou Envelhecimento e também por Erosão Superficial
e/ou Escorregamento e/ou Tombamento de materiais do talude.
89
A existência de argilominerais na rocha (normalmente um material esverdeado)
permite a ação de intempéries, provocando o desmanche dos blocos e a tendência
à pulverização da rocha. Eventualmente, mesmo alguns tipos de rochas brandas
não contaminadas por outros minerais podem não possuir a resistência e
apresentar deterioração (como o caso de rochas brandas tipo Arenito Friável).
90
Figura 61 - Erosão na Proteção e/ou no Pé do Talude Jusante
Fonte: rjcardia
91
época tardia e as sementes já lançadas, permitiam o renascimento.
Além disso, pode ocorrer a intrusão de espécies vegetais mais fortes (e menos
adequadas à proteção superficial). Essa contaminação pode se dar por ação dos
ventos, das aves ou até mesmo por falta de cuidado no uso de veículos de
transporte de cargas, sem a limpeza adequada, no uso após o carregamento de
vegetação estranha (ou de suas sementes, normalmente no caso de forrageiras
para animais).
Em vários casos, a vegetação não sendo do tipo nativo (ou seja, daquela particular
região), iria exigir um tratamento mais adequado, para seu fortalecimento e
adaptação. E logicamente, poderia necessitar de um sistema de irrigação
permanente, para garantir sua sobrevivência em local de pouca existência de água.
92
8. CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DAS ANOMALIAS
Por isso a Alta Direção da Empresa deve ter claro conhecimento da importância em
dedicar esforços e liberar as verbas necessárias para as ações de Manutenção e
Monitoramento. Com isso, evita-se que a ocorrência indesejável force um maior
gasto para sua recuperação (do que teria sido gasto na manutenção e prevenção).
93
fornecendo indícios de uma doença que esteja aparentemente escondida. Basta
que o Atendente (Médico) esteja disposto a ouvir e seja experiente e cuidadoso na
busca dos sintomas. E saiba o que e onde procurar.
94
8.2. Falhas de Construção
Não pode ser aceita a substituição de materiais sem a adequada avaliação de suas
características físicas (em Laboratório) e sem as considerações do Projetista.
95
do adensamento do material do aterro. Isso é facilitado se a inclinação do
paramento (face de concreto) ou talude de corte, não tiver uma inclinação
adequada. Uma superfície muito íngreme reduz o efeito de empuxo exercido pelo
aterro sobre ela. Mas, se a inclinação for muito suave, pode ocorrer recalque
diferencial e formar trinca em local um pouco afastado (em relação ao encontro na
crista) superficialmente, mas ainda na área de influência do contato. Essa situação
pode facilitar a percolação concentrada indesejada, a qual pode levar à Erosão
Hídrica.
Fica muito claro entender como falhas em projeto e construção podem ocasionar
anomalias em barragens, porém tais problemas também podem se originar da
incorreta operação e manutenção das estruturas.
96
barragens. Portanto, problemas podem surgir do agravamento de situações de falta
de manutenção, ou seja, são causados por falha de manutenção.
97
9. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS DETERIORAÇÕES
98
Quadro 5 - Ficha de inspeção da crista da barragem de concreto
99
ou informado pela pessoa responsável pela barragem;
100
• 0 – Nenhum: Não compromete a segurança da barragem, mas pode ser
entendida como descaso e má conservação;
101
Quadro 6 - Ficha de inspeção da crista barragem de concreto
Perman. Constante
Não Inspecionado
Investigar
IT
Monitorar
Reparar
Desapareceu
Insignificante
CRISTA DA BARRAGEM
Primeira Vez
Emergência
Não Existe
Aumentou
Pequena
Diminuiu
Nenhum
Atenção
Grande
Média
Alerta
1 Movim entos diferenciais entre blocos NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
2 Fissuras no concreto NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
3 Armadura exposta ou sinais de corrosão NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
4 Deterioração da superfície do concreto NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
5 Juntas danificadas NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
6 Falta de drenagem ou ineficiência do sistema NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
7 Defeitos no guarda-corpo NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
8 Corrosão de postes ou pórticos NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
9 Pavim ento danificado NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
10 Presença de vegetação NE PV DS DI PC AU NI I P M G 0 1 2 3
102
10. EXECUÇÃO DE MANUTENÇÃO
Toda a observação das anomalias que acometem uma barragem tem por fim
garantir a segurança da obra. Para isso, os responsáveis pela segurança têm que
ser capazes de detectar e classificar as anomalias, suas causa e possíveis
consequências, para assim tomar, em tempo hábil, as corretas medidas de
execução da manutenção, seja ela preditiva, preventiva ou corretiva.
• Prevenção da ocorrência;
• Reparos;
• Recuperação;
• Reabilitação;
• Precauções de segurança;
• Reforço estrutural;
• Demolições.
103
10.1. Escolha do processo de reparo
104
CONCLUSÃO
Este texto sobre anomalias de barragens tem sua ênfase no conhecimento das
deficiências que ao serem descobertas possam vir a comprometer o desempenho e
até a segurança de uma barragem. As deficiências que não possam afetar
imediatamente a segurança da barragem são consideradas como um problema de
manutenção.
105
REFERÊNCIAS
CBDB, “Main Brazilian Dams, Design, Construction and Performance”, vol. II,
RJ, 2000.
106
COMISSÃO REGIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS, “Guia Básico de
Segurança de Barragens”. NRSP, CBDB, São Paulo, SP, 1999, 77 p.
107
ILIESCU, M. Reforço de estruturas com fibras de carbono. 2006. Disponível em:
<http:// www.iliescu.com.br>. Acesso em: 27 mar. 2012.
JANSEN, R.B., “Dams and Public Safety”. US. BuRec, Denver, EUA, 1983, 332 p.
108
Barragens”. Ministério da Integração Nacional, Brasília, DF, 2002, 148 p.
SIMEK, M., "Dam Safety in Czechoslovakia". Water Power & Dam Construction,
London, UK, pág.66-69, JUN1980.
SMITH, N, “A History of DAMS”. The Citadel Press, Secaucus, NJ, EUA, 1972.
THOMAS, H.H, “The Engineering of Large Dams”. J. Wiley & Sons, London, UK,
1976.
109
USACE, "Instrumentation of Embankment Dams and Levees". USACE n.26,
ASCE, Reston, VA, USA, 1999.
110
[Digite texto]
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Tereza Cristina Fusaro Glauco Gonçalves Dias
Elaboração de conteúdo Revisor Técnico Geral
Coordenação Executiva
Celina Lopes Ferreira (ANA)
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
CURRICULO RESUMIDO
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... 06
LISTA DE TABELAS.......................................................................................... 07
1 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE RISCOS............................................. 08
2 PORQUE FALAR SOBRE RISCOS ASSOCIADOS A BARRAGENS........... 11
3 FONTES DE RISCOS EM BARRAGENS....................................................... 14
3.1 Riscos ligados a fatores naturais ou ambientais........................................... 16
3.1.1 Riscos Hidrológicos ................................................................................... 16
3.1.2 Sismicidade................................................................................................ 21
3.1.3 Escorregamento de massa em reservatórios............................................ 24
3.1.4 Ações agressivas....................................................................................... 24
3.2 Riscos associados a fatores dependentes da barragem.............................. 25
3.2.1 Riscos na operação do reservatório.......................................................... 25
3.2.2 Riscos geológicos...................................................................................... 27
3.2.3 Riscos estruturais....................................................................................... 29
3.2.4 Riscos associados ao monitoramento....................................................... 30
3.2.5 Riscos técnico-organizacionais.................................................................. 31
3.2.6 Riscos associados gestão de emergências............................................... 32
3.2.7 Riscos de ruptura de barragens em cascata............................................. 32
3.3 Riscos ligados a fatores socioeconômicos .................................................. 33
4 GESTÃO DE RISCOS EM BARRAGENS....................................................... 35
5 GESTÃO DE RISCOS EM BARRAGENS SEGUNDO A LEI 12.334/2010.... 44
6 AVALIAÇÃO DE RISCOS EM BARRAGENS SEGUNDO A LEI 2.334/2010 46
7 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS................................................................... 49
7.1 Altura............................................................................................................. 49
7.2 Comprimento................................................................................................. 51
7.3 Tipo da Barragem quanto ao material de construção................................... 53
7.4 Tipo de fundação.......................................................................................... 54
7.5 Idade da Barragem....................................................................................... 56
8 ESTADO DE CONSERVAÇÃO....................................................................... 58
9 ATENDIMENTO AO PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS.............. 63
10 CATEGORIA DE DANO POTENCIAL ASSOCIADO................................... 66
10.1 Volume total do reservatório....................................................................... 67
10.2 Potencial de perda de vidas ....................................................................... 68
10.3 Impacto ambiental....................................................................................... 71
10.4 Impacto socioeconômico............................................................................. 71
11 ANÁLISE FINAL DE RISCOS....................................................................... 72
CONCLUSÕES................................................................................................... 74
12 AGRADECIMENTOS..................................................................................... 75
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 76
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Gerenciamento de riscos em projetos
Figura 2 – Pilares básicos da segurança de barragens
Figura 3 – Incertezas em segurança de barragens, com destaque para os fatores de
incertezas internos, ou seja, dependentes da barragem.
Figura 4 - Amortecimento da Cheia de Projeto em Reservatórios
Figura 5 - Dados sobre tremores de terra, com magnitude 3.0 ou mais, ocorridos no
Brasil até 1996.
Figura 6 - A água pressionada para baixo preenche os poros das rochas ou infiltra-
se lentamente pelas fraturas existentes na região abaixo do reservatório, produzindo
um desordenamento no balanço das forças geológicas preexistentes. Outro efeito
que se deve levar em consideração é o peso do reservatório.
Figura 7 - Efeito do tremor de terra ocorrido na UHE Cajuru no dia 21/01/72: o
afloramento em rocha trincou em toda sua extensão.
Figura 8 - Modelo geral de operação de um reservatório
Figura 9 - Etapas do processo de gestão de riscos em barragens
Figura 10 – Análise de Efeitos e Modos de Falha (FMEA)
Figura 11 – Árvore de Eventos (ETA)
Figura 12 – Árvore de Falhas (FTA)
Figura 13 – Modelagem probabilística de riscos em barragens
Figura 14 – Tabela de Índices do GRI
Figura 15 – Tabela do LCI
Figura 16 – Elementos para gestão de riscos em barragens segundo a Lei
12.334/2010.
Figura 17- Correlações entre número de barragens rompidas até 1988 e sua altura
Figura 18- Correlações entre número de barragens rompidas até 1988 e tipo de
material de construção
Figura 19- Causas de ruptura de barragens
Figura 20- Idade de ruptura de barragens
Figura 21- Árvore lógica de estados que condicionam a árvore de eventos,
mostrando o primeiro enchimento do reservatório como um possível evento iniciador
ou gatilho
LISTA DE TABELAS
Prezado Aluno,
Num primeiro momento, a definição acima pode nos parecer uma novidade.
Entretanto, de forma intuitiva, fazemos “análises de risco” a todo o momento,
associando mentalmente eventos, sua probabilidade e consequências.
Que perdas isto causará (consequências)? –você pode ser atropelado e isto
custar a sua saúde ou, até mesmo, a sua vida.
Com base nestes três elementos, evento, probabilidade e consequências, tomamos
uma decisão, estabelecemos controles e, até mesmo, delineamos planos de
contingência para esta ameaça.
Nas fases de projeto e construção, devem ser feitos investimentos de forma que os
riscos associados a cada estrutura civil sejam minimizados. Entretanto, sabe-se que
alguns riscos são inerentes à construção de uma barragem, como transbordamento
por falha na operação dos extravasores ou envelhecimento dos materiais de
construção.
Nem sempre essas medidas são suficientes para eliminar o perigo a que está
submetido o sistema vale-barragem. Passou-se, então, a conceber a adoção de
“medidas não estruturais”, como a instalação de sistemas de alerta e planos de
atendimento a emergências como formas de gerenciamento de riscos. Constituiu-se,
assim, o terceiro pilar da segurança, a gestão de emergências, considerando que a
segurança do sistema vale-barragem só pode ser garantida por meio da adoção de
medidas integradas de gerenciamento de risco e emergências por parte dos
responsáveis por ambos os conjuntos do sistema. Os documentos que consolidam
os procedimentos para o gerenciamento do risco e as respostas a situações de
emergência são os Planos de Ações Emergenciais ou Planos de Atendimento a
Emergências.
Fonte: Guia Prático Para Projetos De Pequenas Obras Hidráulicas, Departamento de Águas
e Energia Elétrica da Secretaria de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento de
São Paulo, 2005.
Faremos uma revisão rápida dos conceitos envolvidos nestes métodos, para
conseguirmos identificar as incertezas envolvidas nas duas metodologias.
Cheia Máxima Provável (CMP) é um indicador de vazão máxima baseado na
aplicação da Precipitação Máxima Provável (PMP) sobre uma bacia já saturada de
umidade. A PMP, por sua vez, é entendida como a altura máxima de precipitação
fisicamente possível de ocorrer, com duração, distribuição temporal e espacial
críticas para bacia hidrográfica. É estimada através da maximização da umidade de
uma tempestade numa dada bacia, para uma duração específica, numa determinada
época do ano, com base em registros históricos. Representaria desta forma, a maior
3.1.2- Sismicidade
Figura 5 - Dados sobre tremores de terra, com magnitude 3.0 ou mais, ocorridos no Brasil
até 1996. As informações mais antigas, indicadas por triângulos, são chamadas históricas.
Os dados epicentrais, indicados por círculos, são mais novos e obtidos por equipamentos
sismográficos.
Magnitude
>= 6.5
5.5 - 6.4
4.5 - 5.4
3.5 - 4.4
Intensidade
>= IV
< IV
Zona de sismos profundos
“Além das forças naturais, certas ações do homem podem produzir terremotos
localizados como as explosões nucleares. A formação de lagos artificiais, com o
propósito de gerar energia, também pode gerar tremores de terra e este fenômeno é
denominado sismicidade induzida por reservatórios (SIR).” (UnB, 2012-2).
A construção da barragem cria um novo lago, que irá alterar as condições estáticas
das formações rochosas do ponto de vista mecânico (em virtude do próprio peso da
massa d’água), e do ponto de vista hidráulico (em consequência da infiltração do
fluido na subsuperfície, que causa pressões internas nas camadas rochosas
profundas). A combinação das duas ações pode desencadear distúrbios tectônicos
e, eventualmente, gerar sismos, caso as condições locais sejam propícias.
Figura 6 - A água pressionada para baixo preenche os poros das rochas ou infiltra-se
lentamente pelas fraturas existentes na região abaixo do reservatório, produzindo um
desordenamento no balanço das forças geológicas preexistentes. Outro efeito que se deve
levar em consideração é o peso do reservatório.
Figura 7 - Efeito do tremor de terra ocorrido na UHE Cajuru no dia 21/01/72: o afloramento
em rocha trincou em toda sua extensão.
Atuação das intempéries (chuva, vento, calor, frio) alternadamente sobre a barragem
e estruturas associadas podendo causar, ao longo do tempo, desagregação,
envelhecimento, erosão e corrosão, dentre outros fenômenos térmicos, mecânicos e
químicos.
Como exemplo, podemos citar o processo físico de fragmentação das rochas devido
a variações da temperatura, a ação do gelo e dos ventos, pelo enfraquecimento de
suas estruturas e pela fragmentação devido aos diferentes coeficientes de dilatação
dos minerais que as compõem.
Além dos riscos hidrológicos (risco natural), existem fatores determinados pelo
reservatório e órgãos extravasores que impõem riscos adicionais à segurança do
sistema vale-barragem, como mostrado na figura a seguir.
Vazões
afluentes ao
reservatório Modelo do vertedouro
E(t)
Vazões
defluentes
controladas
Volume do Tempo (t) Vazões
Escoamento defluentes
NA controladas
Reserv. Nível
“previsto” do
reservatório
Falta de energia
Obstruções provocadas por material transportado especialmente em períodos
de cheia
Além disso, durante a estação chuvosa, o reservatório deverá ser operado de tal
modo que a Cheia de Projeto possa ser seguramente controlada. Para controlar
esses riscos, a operação da barragem deve ser executada por pessoal qualificado e
treinado, de modo a garantir um nível aceitável de condições de segurança,
seguindo orientação de um manual contendo instruções e documentação com todos
os requisitos para operação segura.
Tratam-se dos fatores associados à gestão dos riscos pelas empresas de projeto,
construção e operação dos empreendimentos. Considerando que a gestão de riscos
engloba as fases de identificação, análise, apreciação, tratamento e monitoramento
dos riscos, o estabelecimento de processos organizacionais que permitam esta
gestão é de suma importância.
São aqueles relativos às respostas às emergências para se evitar uma ruptura ou,
se esta for inevitável, reduzir as suas consequências na área industrial e no vale a
jusante:
Estes mesmos fatores, que são tratados como consequências de uma ruptura,
também podem ser vistos como riscos ao sistema vale-barragem, uma vez que
podem apresentar variações no tempo após a construção da barragem, fora do
controle dos empreendedores:
Agora que conhecemos as principais fontes de riscos para uma barragem, vejamos
como gerenciá-las dentro de processo de operação de barragens.
No meio técnico de barragens, podemos verificar que as três primeiras etapas são,
muitas vezes, denominadas de Análise de Risco em Barragens, como mostrado
na definição a seguir:
Neste treinamento também consideraremos estes três itens que tornam possível o
exame da categorização do grau de risco de uma barragem conforme a Lei 12.334 e
suas regulamentações, e a estimativa qualitativa da probabilidade de ruptura e suas
consequências.
Uma análise de riscos pode ser realizada de forma qualitativa, quantitativa, ou como
variações destas. Segundo Perini (2009), tal escolha dependerá do detalhamento
desejado, dos tipos de risco estudados, do propósito da análise e, principalmente,
das informações, dados e recursos disponíveis. Na análise quantitativa as
probabilidades e consequências são descritas por palavras. Na semiquantitativa,
associamos valores numéricos a essas descrições. Já nas análises quantitativas, as
quantificações são numéricas.
Os métodos de índices e matrizes de riscos têm sido os mais utilizados nas análises
de risco de barragens. A estes, somam-se algumas metodologias trazidas da
engenharia mecânica que também têm tido aceitação na avaliação da probabilidade
na análise do risco de barragens: Análise de Efeitos e Modos de Falha (FMEA),
Análise de Árvore de Eventos (ETA) e Análise de Árvore de Falhas (FTA).
Análise por Árvore de Eventos (ETA) é uma das técnicas usadas por engenheiros para
conduzir análises de segurança ou confiabilidade de barragens.
Análise da Árvore de Falha (FTA) é um método de análise de sistemas pelo qual condições
e fatores que podem contribuir para um evento indesejado específico são identificados de
maneira dedutível, organizados de forma lógica e representados graficamente. Diferencia-se
da ETA, que é uma metodologia indutiva, ou seja, o analista conduz os eventos para uma
ocorrência indesejada.
O componente principal da FTA é a árvore de falhas, uma construção gráfica que apresenta
como as interações lógicas entre os elementos de um sistema que falha por inteiro,
parcialmente ou em combinação pode contribuir para uma ocorrência indesejada, como a
falha do sistema.
Segundo Hartford (2004), FTA foi desenvolvida em 1961 por H. A Watson da Bell Telephone
Laboratories. Watson e sua equipe da Bell Labs foram motivadas pela necessidade de
avaliar a confiabilidade de sistemas de controle de sistemas de lançamento de mísseis.
Posteriormente, o método foi modificado pela Boeing por meio do uso do computador. A
técnica utilizada tem fundamentação teórica bem desenvolvida e têm sido aplicados
extensivamente na avaliação de segurança e confiabilidade de sistemas como base de
mísseis, processos químicos, usinas nucleares, barragens, sistemas de controle e
computadores.
Figura 12 – Árvore de Falhas (FTA)
Sentido de Leitura
ÁRVORE DE
CONSEQUÊNCIAS
β
α
Este método, por sua simplicidade de utilização e por permitir uma visão macro dos
riscos associados a um portfólio de barragens, é o proposto e que vem sendo
regulamentado para atendimento à Lei 12.334/2010, que estabelece a Política
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011,
firmado entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de
Itaipu - Brasil - FPTI.
41
[Digite texto]
Fonte: Risk and Reservoirs in the UK. Mark Morris, Henry Hewlett2 Craig Elliott
Como podemos observar, os itens necessários uma gestão adequada de riscos está
contemplada no dispositivo legal, em especial na fase de operação. Apesar de não
citados explicitamente, o projeto, construção e manutenção adequados estão
incluídos nas Revisões de Segurança, tornando completo o conjunto de elementos
necessários:
Seção I – Da Classificação
Art. 7º As barragens serão classificadas pelos agentes fiscalizadores, por categoria
de risco, por dano potencial associado e pelo seu volume com base em critérios
gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Podemos observar que o texto da Lei de certa forma conduz à utilização do método
de análise de risco por índices ou matrizes de classificação, visto por nós
anteriormente. Os índices a serem utilizados para atendimento à Lei seriam:
CT Características Técnicas
Categoria de risco EC Estado de Conservação
PS Atendimento ao Plano de Segurança
Potencial de perdas de vidas humanas
Categoria de dano potencial
Impactos econômicos, sociais e ambientais
associado DPA
decorrentes da ruptura
Volume do reservatório Volume do reservatório
Estes critérios foram regulamentados pelo CNRH por meio da Resolução nº 143, de
10 de julho de 2012, que “Estabelece os critérios gerais de classificação de
barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo seu volume em
atendimento ao art. 7º da Lei 12.334, de 20 de setembro de 2010”.
7. CATEGORIA DE RISCO
Os fatores relacionados para determinação da Categoria de Risco das barragens
são aqueles que buscam estimar por meio de aspectos técnicos e organizacionais a
probabilidade de ruptura da estrutura, separados em Características Técnicas,
Estado de Conservação e Atendimento ao Plano de Segurança de Barragens.
Decamilenar ou CMP
Comprimento Concreto
Altura ≤ 15m Rocha sã entre 30 e 50 anos (Cheia Máxima Provável)
≤ 200m Convencional
(0) (1) (1) - TR = 10.000 anos
(2) (1)
(3)
Alvenaria de Pedra /
Comprimento Concreto Ciclópico / Rocha alterada dura Milenar - TR = 1.000
15m< Altura< 30m entre 10 e 30 anos
> 200m Concreto Rolado - com tratamento anos
(1) (2)
(3) CCR (2) (5)
(2)
Rocha alterada
Terra Homogenea sem tratamento /
30m≤ Altura≤ 60m /Enrocamento / Terra Rocha alterada entre 5 e 10 anos TR = 500 anos
-
(2) Enrocamento fraturada com (3) (8)
(3) tratamento
(3)
Solo residual /
- - - aluvião - -
(5)
CT = ∑ (a até f)
Altura
Figura 17- Correlações entre número de barragens rompidas até 1988 e sua altura
No caso da Matriz, quanto maior a altura, maior a pontuação, ou seja, uma estrutura
maior implicaria num maior potencial de risco. Este raciocínio é aceitável,
considerando o potencial de dano a jusante é maior no caso de barragens mais
altas.
Comprimento
Este tipo de associação não é usual nos estudos estatísticos de ruptura de
barragens. Entretanto, dentro da mesma lógica anterior, barragens mais longas
estariam sujeitas a um potencial de risco maior pela sua extensão permitir uma
maior variabilidade nos materiais de fundação e de construção.
Como avaliar: Considerar a extensão total do barramento, de ombreira a ombreira
sobre a crista da barragem. No caso um barramento único (contínuo) constituído por
mais de um tipo de barragem (por exemplo, barragem de concreto no leito do rio e
barragens de terra nas ombreiras), considerar a soma dos comprimentos, ou seja, o
comprimento total do barramento.
Figura 18- Correlações entre número de barragens rompidas até 1988 e tipo de material de
construção
Como avaliar: Como, no caso de uma ruptura, esta ocorrerá no ponto mais frágil da
barragem, considerar a combinação mais desfavorável do Tipo de barragem x
Altura. Assim, ao preencher a planilha, considerar a altura da barragem considerada.
Logo, concluimos que este fator é adequado, pois podemos correlacionar o tipo de
fundação de uma barragem com a sua probabilidade de ruptura.
Como avaliar: Dada a importância deste fator e considerando que a ruptura de uma
barragem se dará sempre no ponto de maior fragilidade, deverá ser considerado o
tipo de fundação mais desfavorável.
O grande número de rupturas nos primeiros anos de operação pode ser explicado
pelo fato do carregamento da barragem e suas fundações ocorrer durante o primeiro
enchimento do reservatório. Este carregamento poderá ser o gatilho para um modo
de falha associado a eventuais deficiências de projeto e construção. Adicionalmente,
as equipes de monitoramento muitas vezes ainda não detêm todo o conhecimento
necessário sobre a barragem e podem subestimar a necessidade de uma ação
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011,
firmado entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de
Itaipu - Brasil - FPTI.
54
[Digite texto]
emergencial.
Figura 21- Árvore lógica de estados que condicionam a árvore de eventos, mostrando o
primeiro enchimento do reservatório como um possível evento iniciador ou gatilho
8 ESTADO DE CONSERVAÇÃO
Este índice tem por objetivo mensurar a vulnerabilidade (ou confiabilidade) das
estruturas, ou seja, avaliar a probabilidade de ruptura de uma barragem com base
nas inspeções visuais, dados da instrumentação e avaliação geral do
comportamento das estruturas.
Estruturas civis e
Estruturas civis e eletromecânicas em Percolação
disposiivos
pleno funcionamento / totalmente
hidroeletromecanicos em
canais de aproximacao ou de restituicao controlada pelo Inexistente Inexistente Não possui eclusa
condicoes adequadas de
ou vertedouro (tipo soleira livre) sistema de (0) (0) (0)
manutencao e
desobstruidos drenagem
funcionamento
(0) (0)
(0)
Estruturas civis
comprometidas ou
Estruturas civis e eletromecânicas Umidade ou Falhas na proteção
Dispositivos
preparadas para a operação, mas sem surgência nas áreas dos taludes e
hidroeletromecanicos Existência de trincas Estruturas civis e
fontes de suprimento de energia de de jusante, paramentos,
com problemas e abatimentos de eletromecânicas
emergencia / paramentos, taludes presença de
identificados, com pequena extensão e bem mantidas e
canais ou vertedouro (tipo soleira livre) ou ombreiras arbustos de
reducao de capacidade impacto nulo funcionando
com erosões ou obstruções, porém sem estabilizada e/ou pequena extensão e
de aducao e com (1) (1)
riscos a estrutura vertente. monitorada impacto nulo.
medidas corretivas em
(4) (3) (1)
implantacao
(4)
Depressões
Estruturas civis comprometidas ou
acentuadas nos Estruturas civis
Dispositivos hidroeletromecanicos com Surgência nas áreas Trincas, abatimentos
taludes, comprometidas ou
problemas identificados, com reducao de de jusante, taludes ou escorregamentos
escorregamentos, Dispositivos
capacidade de aducao e sem medidas ou ombreiras com expressivos, com
sulcos profundos de hidroeletromecanico
corretivas/ - carreamento de potencial de
erosão, com s com problemas
canais ou vertedouro (tipo soleira livre) material ou com comprometimento da
potencial de identificados e sem
obstruidos ou com estrutruras vazão crescente segurança
comprometimento da medidas corretivas
danificadas (8) (8)
segurança. (4)
(10)
(7)
EC = ∑ ( g até m )
Percolação: este fator visa avaliar a possibilidade de ruptura por piping pelo
maciço ou fundação (risco de ruptura por erosão interna) ou por vazamentos
sem controle por juntas de construção ou entre blocos. A matriz apresenta, de
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011,
firmado entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de
Itaipu - Brasil - FPTI.
60
[Digite texto]
Eclusa: a existência de uma eclusa, por si só, não torna uma estrutura mais
ou menos segura. Eventuais problemas associados à existência de uma
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011,
firmado entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de
Itaipu - Brasil - FPTI.
61
[Digite texto]
Este índice tem por objetivo avaliar a qualidade da gestão dos riscos associados à
barragem pelo empreendedor, utilizando seguintes fatores, apresentados na matriz
Plano de Segurança de Barragens:
Possui estrutura
Possui e aplica
Projeto executivo e organizacional com técnico Sim ou Vertedouro Emite regularmente
procedimentos de
"como construído" responsável pela tipo soleira livre os relatórios
inspeção e monitoramento
(0) segurança da barragem (0) (0)
(0)
(0)
PS = ∑ ( n até r )
A Resolução CNRH nº 143, de 10 de julho de 2012, no art. 5º, define “os critérios
gerais a serem utilizados para a classificação quanto ao dano potencial associado
na área afetada”:
I- existência de população a jusante com potencial de perda de vidas
humanas;
II- existência de unidades habitacionais ou equipamentos urbanos ou
comunitários;
III- existência de infraestrutura ou serviços;
IV- existência de equipamentos de serviços públicos essenciais;
V- existência de áreas protegidas definidas em legislação;
VI- natureza dos rejeitos ou resíduos armazenados;
VII- volume.
DPA = ∑ (s até v)
Risco hidrodinâmico
Alguns autores consideram que os principais parâmetros para classificação
dos danos provocados por uma cheia induzida por reservatórios são a
profundidade da cheia (H) e a sua velocidade de propagação (V). A ameaça
provocada por esses fatores combinados corresponde ao Risco
Hidrodinâmico, dado em m2/s, cujas consequências são apresentadas na
tabela 8.
Risco Hidrodinâmico = H x V
No entanto, uma primeira avaliação deste fator muitas vezes necessitará ser feita
sem a existência do mapa de inundação. Neste caso, BALBI (2008) relata que
algumas legislações permitem estudos de ruptura simplificados para a avaliação
preliminar de danos a jusante e cita algumas sugestões das áreas a jusante a serem
avaliadas. Estas simplificações devem ser empregadas com cautela, pois
desconsideram todos os pontos discutidos anteriormente.
Como avaliar: A delineação da área que seria afetada pela ruptura de uma
barragem e a identificação de suas características para fins de avaliação do
potencial de perdas de vidas humanas deve ser baseada nos estudos de ruptura.
No caso de inexistência de estudo de ruptura e mapa de inundação para a barragem
em avaliação, verificar em imagens aéreas a existência de habitações permanentes,
rodovia municipal, estadual ou federal ou outro local e/ou empreendimento de
permanência eventual de pessoas até o ponto de atenuação ou restrição, como a
confluência com um grande lago, rio ou outra barragem.
Este fator busca avaliar a área afetada pela ruptura hipotética de uma barragem sob
o ponto de vista de impacto ambiental. É considerada a existência de áreas de
interesse ambiental e áreas protegidas em legislação específica.
MÉDIO 35 a 60
BAIXO < = 35
ALTO > = 16
ÃO
BAIXO < = 10
CATEGORIA DE RISCO
DANO POTENCIAL ASSOCIADO
Observe que a Categoria de Risco é obtida pela soma dos pontos obtidos nas
matrizes de Características Técnicas, Estado de Conservação e Plano de
Segurança de Barragens, sendo que a pontuação (8) em qualquer coluna de Estado
de Conservação (EC) implica automaticamente em CATEGORIA DE RISCO ALTA e
necessidade de providências imediatas pelo responsável da barragem.
Deve-se sempre ter em mente que o resultado numérico de uma análise de riscos
não incrementa a segurança da estrutura analisada. Mas deve orientar estudos
adicionais, pesquisas, a priorização de obras de reparo e a alocação de recursos.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
ASCE, (2000), Guidelines for Instrumentation and Measurements for Monitoring Dam
Performance, Library of Congress, USA.
Gazette Officielle du Québec. Dam Safety Regulation - Dam Safety Act. (2007).
HARTFORD, D.N.D., BAECHER, G.B. (2004). Risk and Uncertainty in Dam Safety.
CEA Technologies Dam Safety Interest Group. Thomas Telford Ltd., London.
HARTFORD, D.N.D., BAECHER, G.B. (2004). Risk and Uncertainty in Dam Safety.
CEA Technologies Dam Safety Interest Group. Thomas Telford Ltd., London.
MORRIS, M., Hewlett, H., Elliott, C. Risk and Reservoirs in the UK.
MULCAHY, R. (2010). Risk Management- Tricks of the Trade for Project Managers
and PMI-RMP Exam Prep Guide, RMC Publications Inc, USA.
PIMENTA, L., CALDEIRA, L., NEVES, M. (2011). Preliminary Risk Analysis of Dam
Portfolio in Operation. In: 6th International Conference on Dam Engineering, LNEC,
Lisbon, Portugal.
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................... 07
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 08
2 TIPOS DE BARRAGENS......................................................................................... 12
3 INCIDENTES E ACIDENTES E DETERIORAÇÕES................................................ 18
4 RUPTURAS DE BARRAGENS, IMPACTOS SOCIAS E AMBIENTAIS.................. 19
5 ESTATÍSTICAS SOBRE ACIDENTES DE BARRAGENS....................................... 21
6 ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕS DE RISCO............................................................. 26
7 MONITORAMENTO E PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA.............................. 27
8 CONCLUSÃO........................................................................................................... 30
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 31
5
LISTA DE FIGURAS
6
Prezado aluno,
Bom estudo!
7
1 BARRAGENS: SEUS BENEFÍCIOS E SEUS IMPACTOS
Entretanto, as barragens com seus reservatórios têm certo potencial de risco, o qual
não deve ser menosprezado, em vista dos danos econômicos ou até catastróficos,
provocados pelos efeitos de operações erradas, mau funcionamento ou até ruínas
dessas obras. Mesmo um pequeno incidente que interrompa o abastecimento de
água de uma cidade ou fábrica ou a produção de energia elétrica pode causar
ingentes danos econômicos.
8
• Interrupção da migração de peixes;
• Acumulação de sedimentos;
• Deslocamento dos habitantes da região do reservatório (por exemplo:
barragens em áreas densamente habitadas como na China);
• Submersão de locais de interesse arqueológico, histórico ou artístico (caso
dos templos de Abu Simbel na barragem de Assuan no Egito);
• Aumento de doenças ligadas à água (por exemplo: malária,
esquistossomose);
• Sismicidade induzida (por exemplo: Koyna na India, Barragem Hoover nos
EUA,
• Kariba na Zâmbia, Porto Colômbia MG).
9
emprego de agregados reativos com os álcalis do cimento).
10
Por esse motivo a importância da auscultação e manutenção das barragens. A partir
da sua construção, , cada barragem tem uma trajetória de vida diferente
dependendo do seu grau de segurança.
O Boletim diz:
“[...] são muito importantes os efeitos de monitoramento e verificações de
segurança periódicas, segundo esta visão. Se estas atividades forem
realizadas de maneira efetiva, ações corretivas serão tomadas de tempos
em tempos...” (CIGB, 2008)
11
2 TIPOS DE BARRAGENS
12
Figura 1 – Açude do Cedro em arco gravidade de alvenaria
13
Figura 3 – Barragem de Concreto Gravidade
Fonte: CEMIG GT
Fonte: Internet
14
Figura 5 – Barragem de Terra Homogênea
Fonte: CEMIG GT
Fonte: CEMIG GT
15
Figura 7 – Barragem de enrocamento com face de concreto
16
Figura 9- Barragem em arco de Funil – Seção
17
3 INCIDENTES E ACIDENTES E DETERIORAÇÕES
Para fixar: uma anomalia pode dar origem a um incidente de barragens que pode
desencadear um acidente.
18
4 RUPTURAS DE BARRAGENS, IMPACTOS SOCIAS E AMBIENTAIS
19
ao redor da foz do Paraíba do Sul.
20
5 ESTATÍSTICAS SOBRE ACIDENTES DE BARRAGENS
Deve ser observado que a determinação das causas da ruína nem sempre é fácil, e
em muitos casos há mais de uma causa que leva ao colapso da barragem. No
entanto, todas as análises estatísticas chegam a conclusões bastante coerentes
sobre as principais causas.
Uma primeira conclusão importante é que 70% das rupturas ocorrem nos primeiros
dez anos de vida da barragem.
Nas tabelas abaixo são indicadas as causas principais por tipo de barragem.
Causas de acidentes - Barragens de concreto %
Problemas de Erosão interna 21
fundações
21
outras causas com porcentagens menores. O tipo de barragem que tem maior
potencial de risco de acordo com os resultados das estatísticas é a barragem de
terra, pois ela é mais vulnerável na ocorrência de galgamento. Entre as barragens
de concreto as mais seguras são as barragens em arco.
Portanto, as estatísticas indicam que as causas mais frequentes dos acidentes das
barragens são relacionadas com os campos onde é menor o conhecimento e
não é possível ter um bom controle, ou seja, as fundações e a hidrologia. Os
campos da geologia e hidrologia, nos quais existem as maiores incertezas e é mais
difícil, se não impossível, ter um conhecimento completo, registram as causas mais
frequentes dos acidentes das barragens.
22
Figura 10 – Planta da barragem de Malpasset com a cunha de ruptura na ombreira
esquerda
23
Uma pesquisa recente sobre acidentes ou ruínas de pequenas barragens (SMALL
DAMS, Design, Surveillance and Rehabilitation - Boletim da CIGB) mostrou os
seguintes resultados:
• Galgamento 65%
• Erosão interna (piping) 12%
• Escorregamento de taludes 12%
• Outras causas 12%
Nesta segunda estatística aumentou a porcentagem atribuída ao galgamento, talvez
devido ao fato de que para as pequenas barragens o tempo de retorno da enchente
de projeto para dimensionamento do vertedouro é inferior ao calculado para as
barragens de maior porte. Também se deve observar que a maioria das pequenas
barragens é do tipo de aterro e, portanto mais sujeita ao colapso por galgamento.
A ruína por galgamento nas barragens de aterro pode ser atribuída a um evento
muito raro ou a uma avaliação incorreta da enchente de projeto, resultando na
construção de órgãos de descarga com capacidade insuficiente.
Os estudos das enchentes são realizados com base nos registros de eventos
passados, cobrindo um período que pode variar de algumas dezenas a centenas de
anos, que quando comparados com os ciclos das épocas glaciais e geológicas são
insignificantes. Além dos ciclos e variações próprias da natureza devem ser
acrescentadas as mudanças provocadas pelas intervenções antrópicas, como os
desmatamentos e o cultivo em grandes extensões, que afetam o clima e a resposta
das bacias hidrográficas. No Brasil podemos citar as alterações ocorridas no estado
de São Paulo nos anos trinta a cinquenta e no estado do Paraná nos anos
sessenta/setenta. As mudanças da floresta para o cultivo do café e depois da
soja/milho/cana afetam a resposta hidrológica das bacias.
25
6 ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕS DE RISCO
26
7 MONITORAMENTO E PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA
Uma vez construída e em fase operação, a barragemdeve passar por uma série de
procedimentos visando à prevenção de incidentes e acidentes, ou mesmo a
atenuação das consequências dessas ocorrências. Os procedimentos são
normalmente separados em processos de monitoramento e manutenção.
27
- Plano de análise e interpretação do comportamento da barragem com base nos
resultados da instrumentação e das inspeções visuais.
- Plano para armazenamento das informações históricas, como relatórios e a base
de dados da instrumentação.
28
situações de emergência (acidentes e incidente) do empreendimento, classificar o
grau de risco de cada evento perigoso, verificar se constitui apenas um problema
interno do empreendimento ou se pode afetar as áreas externas ao
empreendimento.
29
8 CONCLUSÃO
30
REFERÊNCIAS
31
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO II : INSPENÇAO E AUSCULTAÇÃO DE
BARRAGENS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
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Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
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NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... 07
LISTA DE TABELAS......................................................................................... 08
1 OBJETIVO DA INSTRUMENTAÇÃO – POR QUE MONITORAR AS
BARRAGENS? ..........................................................................................
09
1.1 Monitoramento de Barragens – Instrumentação e Inspeção.......................
11
2 OBJETIVOS DA INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS............................
14
3 INSTRUMENTAÇÃO PARA MONITORAMENTO DE BARRAGENS............
15
3.1 Fase de Planejamento e Projeto..................................................................
15
3.2 Fase de Construção.....................................................................................
16
3.3 Primeiro Enchimento....................................................................................
17
3.4 Fase de Operação.......................................................................................
18
4 BARRAGENS DE TERRA E ENROCAMENTO – O QUE MONITORAR?....
19
4.1 Causas mais comum de acidentes..............................................................
19
4.2 A instrumentação de Vazões........................................................................
21
4.3 A instrumentação de Deslocamentos...........................................................
23
4.4 A instrumentação de Tensões......................................................................
27
5 BARRAGENS DE CONCRETO – O QUE MONITORAR...............................
31
5.1 A instrumentação de Barragem de contraforte............................................
32
5.2 A instrumentação de Barragem em arco......................................................
33
5.3 A instrumentação de Barragem em CCR.....................................................
33
5.4 Barragens de concreto – Grandezas e Instrumentos..................................
35
6 PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO E AUSCULTAÇÃO DE BARRAGENS
42
6.1 Considerações de instrumentação...............................................................
42
6.2 Blocos Chave ou Seções Chave...............................................................
43
6.3 Quantidade de instrumentos........................................................................
44
5
6.4 Tipos de instrumentos..........................................................................
44
6.5 Barragens Pequenas.............................................................................
46
6.6 Aquisição dos instrumentos........................................................................
46
6.7 Aferição e calibração dos instrumentos.......................................................
46
6.8 Instalação de instrumentação......................................................................
47
6.9 Manutenção de instrumentação de barragens............................................
51
6.10 Reinstrumentação......................................................................................
53
7 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS DE INSTRUMENTAÇÃO...............
54
7.1 Aquisição automática de dados...................................................................
59
7.2 Valores de controle ou valores de referência..............................................
60
7.3 Análise dos dados da instrumentação (Autor: Glauco Gonçalves Dias)
62
CONCLUSÃO..........................................................................................
68
REFERÊNCIAS..........................................................................................
69
6
LISTA DE FIGURAS
7
LISTA DE TABELAS
8
Prezado Aluno,
9
tempo o vínculo de responsabilidade sobre sua manutenção e operação,
enquadrando-se hoje no grupo das “barragens abandonadas”.
“Quando a posse de uma barragem for transferida, as partes devem coletar e reunir
toda a documentação técnica existente, especialmente aquela contendo os dados e
eventuais preocupações concernentes à sua segurança e a responsabilidade pela
continuidade ou criação da supervisão das condições de segurança da barragem
deve ser claramente definida”.
MENESCAL (2004) estimou esse número em “300 mil barragens de todos os tipos e
tamanhos”. Naquele ano de 2008, foram 350 notificações de acidentes. Este número
varia em torno disso, ano a ano. A região onde se concentra o maior número de
açudes nesta condição é o nordeste.
10
Conforme apresenta SILVEIRA (2011) no XXVIII Seminário Nacional de Grandes
Barragens, segundo levantamento feito por satélite, existem atualmente no Brasil,
cerca de 3.500 barragens com mais de 15 metros de altura (grande porte), sendo
que, apenas 30% delas estariam cadastradas, mais provavelmente, as barragens
para fins de geração de energia hidrelétrica. Segundo informações da Agência
Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, em 02 de julho de 2012 existiam 1.000
barragens para geração hidrelétrica, sendo 185 UHE (Usinas Hidrelétricas), 431
PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e 384 CGH (Centrais de Geração
Hidrelétricas, ou, microgeradoras) classificadas segundo sua potência instalada.
11
Figura 12 - Instrumentação e Inspeções Visuais de Barragens
Chega a ser óbvia para nós, a importância de monitorar barragens. Mas, onde
entram os instrumentos? O que é instrumentação de segurança de barragens?
Nós devemos monitorar as barragens, porque são estruturas falíveis. Ao longo de
sua vida útil, a barragem se degrada e alteram-se seus indicadores de
confiabilidade.
12
operação envolvem vários ramos do conhecimento que se integram e resultam numa
grande intervenção artificial na natureza. Toda barragem, independente do tipo,
constituição, localização e destinação, deve ter instrumentação adequada, para seu
monitoramento.
13
2. OBJETIVOS DA INSTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS
Embora a Lei 12.334 de 2010 venha resolver a questão, abrange apenas barragens
com mais de 15 metros de altura, ou cerca de 3.500 barragens.
14
3. INSTRUMENTAÇÃO PARA MONITORAMENTO DE BARRAGENS
15
E os principais fatores que influenciam essas grandezas, segundo o mesmo autor,
são:
Carga direta: forças exercidas pelos contatos do aterro e enrocamento,
ou concreto, com a fundação e, pelos níveis d’água de montante e
jusante (empuxo);
Subpressões na fundação: devido à percolação ou infiltração de água
pela rocha de fundação, durante e após o enchimento do reservatório.
Pressão intersticial: pressão exercida pela água que infiltra pelos
interstícios do concreto, juntas de construção e falhas de construção
durante a concretagem, e por falhas nas rochas;
Calor de hidratação: gerado pela reação do cimento com a água de
amassamento no processo de cura do concreto, e que fica armazenado
no interior de um bloco, provocando tensão de compressão no concreto.
O posterior resfriamento da estrutura provoca tensões de tração;
Sismos naturais: causados pelo deslocamento de placas tectônicas e
atividades vulcânicas;
Sismos induzidos: causados pela implantação do reservatório, que altera
as condições estáticas das formações geológicas, do ponto de vista
mecânico (peso da massa d’água) e do ponto de vista hidráulico (a
infiltração de fluidos pode causar pressões internas nas camadas
rochosas profundas). É um fenômeno dinâmico, resultante das novas
forças induzidas, e que passam a interferir sobre o regime das forças pré-
existentes.
16
Avaliar eventos não previstos e detectar anomalias no comportamento da
barragem, de outras estruturas, ou de condições que as possam
favorecer;
Prever novas zonas de risco;
Fornecer informações mais realistas e representativas sobre os materiais
e sobre a fundação;
Aferir soluções técnicas adotadas na fase de projeto e possibilitar
revisões com uso de soluções menos conservadoras.
17
3.4 Fase de Operação
A fase de operação engloba toda a vida útil da barragem. Durante esta fase, a
barragem vai “trabalhar”, isto é, deformar, recalcar, deslocar, aquecer, esfriar.
Passará por situações de cheias e secas e, algumas até, por sismos.
18
4. BARRAGENS DE TERRA E ENROCAMENTO – O QUE MONITORAR?
A ruptura por piping ocorre quando há uma erosão interna de jusante para montante,
formando um tubo (em inglês, pipe), com carreamento de partículas de solo pelo
maciço, devido ao fluxo de água excessivo de montante para jusante. O
deslocamento de partículas do barramento desestabiliza o equilíbrio de forças na
matriz do solo e o estado de tensões no maciço por onde ocorre esse fluxo. O
fenômeno é progressivo até a formação de uma brecha e o colapso da estrutura.
O piping ocorre com mais frequência no primeiro enchimento e nos cinco primeiros
anos de operação. É mais comum de ocorrer no barramento, mas ocorre também na
fundação.
19
Figura 13 - Processo de piping - Barragem Teton - EUA – 1976
20
Figura 3 - Acidente com barragens no Rio Pardo – 1977.
21
pela fundação, e as variações mais ou menos bruscas, são indicativos de
problemas, como: drenos obstruídos, erosão interna ou pressões excessivas.
Também é importante correlacionar as vazões com os níveis de montante do
reservatório.
22
Figura 4 - Medidor de Vazão Triangular
23
induzidas por deslocamentos horizontais diferenciais, devemos monitorar estes
movimentos com medidores de deslocamentos.
24
Figura 5 – Marcos superficiais
25
Figura 6 – Medidor de recalque Magnético
26
instaladas em várias profundidades, ao longo de um tubo vertical de
PVC rígido, dotado de emendas telescópicas a cada 1,5 metros e
protegidos externamente por outro tubo de diâmetro maior. As
medidas são obtidas por uma sonda eletromagnética, que desce
pelo tubo acoplada a uma trena. Ao passar pelo anel magnético, a
sonda aciona um alarme na superfície e é feita a medida pela trena.
O anel magnético mais profundo dá a referência e por isso deve ser
instalado em um ponto onde não haverá qualquer deslocamento.
Este medidor apresenta a vantagem de permitir instalar tantos anéis
quanto forem necessários e dispensa as campanhas de
nivelamento topográfico.
27
Figura 7 – Célula de Pressão Total instalada no encontro entre concreto e aterro.
Fonte: CEMIG GT
28
encontra-se a altura de coluna de água sobre o bulbo. Soma-se a
esta altura, a cota de instalação, obtendo-se a cota piezométrica,
em metros sobre o nível do mar (m.s.n.m.). A cota piezométrica é a
carga hidráulica total no ponto, em relação ao nível do mar.
Fonte: Cemig GT
Além do piezômetro de tubo aberto, existem outros, mais sofisticados como o
piezômetro elétrico, pneumático e hidráulico, como mostram as figuras a seguir.
29
Figura 10 – Piezômetros: a) Elétrico b) Pneumático e c) hidráulico
Disponível em www.cesp.com.br
30
5. BARRAGENS DE CONCRETO – O QUE MONITORAR
31
Conforme MATOS (2002) a instrumentação e o monitoramento de barragens de
concreto devem ser planejados em função do tipo da barragem: gravidade,
contraforte ou gravidade aliviada, arco e ainda, em função do método construtivo,
como o caso de barragem em concreto compactado a rolo. Instrumentação adicional
pode ser necessária, se for prevista ou observada presença de Reação Álcali
Agregado (RAA).
32
A drenagem do maciço ocorre pelas cavidades e vãos entre os contrafortes,
devendo se cuidar, porém, das infiltrações por meio das rochas. A estanqueidade
das cabeças dos blocos e seu contato com a rocha exigem um concreto de melhor
qualidade e uma rocha de fundação de boa qualidade ou convenientemente tratada.
Por serem estruturas muito esbeltas, sua deflexão sob a ação do empuxo
hidrostático é bem superior às barragens tipo gravidade, contraforte ou gravidade
aliviada de mesma altura, merecendo especial atenção à instalação de pêndulos
direto e invertido.
33
constituindo um ponto de fragilidade. Em consequência, tomam maior relevância os
medidores de vazões.
Uma vez instalada a RAA, nada se pode fazer para acabar com a reação. É preciso
então, conviver com ela. Quando este problema é detectado ainda na fase de
planejamento da obra, ele pode ser minimizado com o uso de pozolanas ou de
cimento-pozolânico. Pozolanas são cinzas siderúrgicas. Sua incorporação a
construção de grandes obras foi um grande passo da engenharia.
34
5.4 Barragens de concreto – Grandezas e Instrumentos
SILVEIRA (2003)
35
outra extremidade é presa a um peso, que se encontra imerso em um recipiente de
óleo. Pode ser instalado para medir rotação transversal ou longitudinal. Funciona
como um pêndulo de oscilação. Os deslocamentos são medidos com um
coordinômetro ótico, ou através de um sistema potenciométrico para leitura e
registro remoto, que fornecerão leituras em duas direções ortogonais, possibilitando
assim definir a posição do fio de prumo em plano. As leituras nas duas direções são
obtidas posicionando-se o coordinômetro em cada uma das bases, orientadas em
direções ortogonais. Desloca-se a luneta de modo a enquadrar perfeitamente o fio
do prumo no retículo e em seguida repetindo a operação para enquadramento da
referência.
36
Figura 13 – Pêndulo invertido (primeiro plano) e pêndulo direto (segundo plano)
Fonte: CEMIG GT
Figura 14 – Esquema de instalação do Pêndulo Direto
Fonte: CEMIG GT
37
Medidor de junta - Mede os deslocamentos de abertura e
fechamento de determinadas juntas de contração de estruturas de
concreto.
Figura 15 – Medidor triortogonal de junta
Fonte: CEMIG GT
Fonte: CEMIG GT
38
Figura 17 – Base de alongâmetro
Fonte: CEMIG GT
39
Figura 18 – Termômetro
Fonte: CEMIG GT
40
Figura 19 - Extensômetro para Concreto (acima à esquerda) e Termômetros para
Concreto, com equipamento medidor.
41
6 PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO E AUSCULTAÇÃO DE BARRAGENS
42
Segundo ELETROBRÁS (2003):
43
6.3 Quantidade de instrumentos
44
devem ser estabelecidos com base nos seguintes parâmetros:
Fatores de segurança a serem atendidos no dimensionamento;
Propriedades dos materiais de fundação, do concreto e do aço a ser
utilizado;
Cargas de Projeto e Condições de carregamento;
45
Testes de laboratório e de campo, calibração e aceitação;
Projeto “como construído” ou “as built”:
Desenhos e plantas de localização dos instrumentos;
Relatórios de instalação; operação e manutenção;
Plano de medições; periodicidade segunda cada fase da obra;
Valores de referência; limites;
Plano de análise da instrumentação.
Muitos instrumentos vêm com características de fábrica, aferido e calibrado. Mas por
vezes, o transporte e as condições de temperatura em que vão trabalhar, alteram
estas características, exigindo uma nova aferição e calibração.
46
6.8 Instalação de instrumentação
Outra complicação, é que após instalar instrumentos elétricos, os fios precisam ser
levados até o ponto onde haverá o acesso dos medidores. É comum que os cabos
elétricos tenham 30, 40 metros.
Figura 20 – Instalação Medidor de Deformação
http://www.dee.feis.unesp.br/museu/
Acesso em 02/06/2012
47
Considerando que se espera que estes instrumentos funcionem por 50, 100 anos,
emendas nos cabos não são recomendadas, pois são pontos de fragilidade elétrica.
Estes aspectos, além de causar dificuldades construtivas, ainda podem dar origem a
outros problemas como infiltrações e danos a vedação, levando a baixa na isolação
e perda do instrumento.
48
Figura 21 - Extensômetros de concreto dispostos em roseta para medição de
tensões
Para que a tensão final seja somente devido à carga, devemos expurgar as
variações do concreto devido a outros motivos. Para isso utiliza-se um extensômetro
corretor instalado a 1,5 m da roseta, numa câmara atensorial, isto é, uma câmara
isolada de tensões, sendo a sua distância ao topo camada do bloco igual a dos
deformímetros medidores, envolvido pelo mesmo concreto da roseta.
49
Figura 22 - Câmara Atensorial e roseta de extensômetros (ao fundo)
Antes do início da concretagem do local onde ficará instalado o aparelho, deverá ser
feita uma inspeção detalhada, verificando os condutores, emendas, recessos,
terminais, codificação dos terminais e medidores, posicionamento e outros
requisitos. Quanto à codificação de cada aparelho, deverá ser colocada uma chapa
metálica, com o número de identificação no final do cabo, e outra próxima ao
aparelho. As extremidades dos cabos não devem ficar no chão devido ao
escoamento de água.
50
Caso os cabos tenham que ficar mergulhados temporariamente devemos preparar o
isolamento de suas pontas como segue:
- Manter durante 10 minutos em parafina a 95ºC;
- Enrolar com fita de borracha natural, mergulhando em massa isolante. Após a
secagem aplicar nova camada de fita de borracha e repetir novamente a última fase.
O concreto não deve ser lançado diretamente sobre o medidor. Ele deve ser lançado
em camadas ao redor e vibrado com cuidado. Cuidados especiais devem ser
tomados quando no preparo para concretagem da camada superior ao instrumento.
Após a concretagem os cabos devem ser conduzidos através de um tubo até a caixa
seletora, onde serão conectados. Esta caixa seletora será envolvida por uma
proteção especial e uma lâmpada ficará acesa, para a proteção contra a umidade
nas conexões.
Logo após o término de concretagem da camada fazer uma canaleta de união das
rosetas com a tubulação que vai até a central de leitura. No dia seguinte os cabos
serão argamassados.
51
O MSIB (2002) determina que os proprietários de barragens mantenham Programas
Anuais e de longo prazo de manutenção para as estruturas de concreto, que devem
incluir, mas não se limitar, à limpeza regular de drenos ou sistemas de drenagem,
manutenção dos sistemas impermeabilizantes, equipamentos de bombeamento e
instrumentação de monitoramento, necessários para garantir a segurança das
estruturas.
52
danificar o instrumento, para o resto da vida útil da barragem.
6.10 Reinstrumentação
53
7 AQUISIÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS DE INSTRUMENTAÇÃO
“Os técnicos têm o auxílio de 2.400 instrumentos (1.358 no concreto, 881 nas
fundações e 161 para geodesia), sendo 270 automatizados e 5.295 drenos (949 no
concreto e 4.346 nas fundações) para acompanhar o desempenho das estruturas de
concreto e fundações”.
A tabela a seguir, extraída de ZUCULIN (1999), apresenta uma relação dos tipos e
variantes dos instrumentos, sem se limitar a estes.
54
Instrumento Tipo Modelo
Célula de Carga Elétrico LCEC
Célula de Tensão Total Pneumático Gloetzl
Célula de Tensão Total Pneumático Maihak
Célula de Tensão Total Pneumático LCEC
Célula de Tensão Total Pneumático Carlson/Kyowa
Detetor de Trinca Mecânico -
Dreno Hidráulico LCEC
Extensômetro Mecânico de Grande Base
Extensômetro Elétrico para Concreto
Extensômetro Elétrico de Fios
Extensômetro Mecânico de Hastes
Inclinômetro Mecânico 200B
Inclinômetro Mecânico Digital/40
Inclinômetro Mecânico Digital/50
Pino de
Marco Superficial LCEC
referência
Medidor de Junta Elétrico LCEC
Medidor de Nível d’água Hidráulico de Tubo
Medidor de Recalque Mecânico USBR
Medidor de Recalque Mecânico Caixa Sueca
Medidor de Recalque Mecânico KM
Medidor de Recalque Mecânico de Hastes
Medidor de Recalque Magnético Magnético
de Tubo
Medidor de Recalque Mecânico
Telescópico
Medidor de Vazão Calha Parshall Parshall
Medidor de Vazão Hidráulico Triangular
Medidor de Vazão Hidráulico Trapezoidal
Medidor de Vazão Vertedouro Retangular
Medidor de Vazão Hidráulico de Tubo
55
Instrumento Tipo Modelo
Medidor Triortogonal Mecânico LCEC
Pêndulo Pêndulo Direto
Pêndulo Pêndulo Invertido
Pêndulo Pêndulo Invertido
Piezômetro Hidráulico de Tubo Fechado
Piezômetro Elétrico Carlson/Kyowa
Piezômetro Elétrico Telemac
Piezômetro Elétrico Geonor
Piezômetro Elétrico Maihak
Piezômetro Elétrico LCEC
Piezômetro Hidráulico LCEC
Piezômetro Hidráulico Geonor
Piezômetro Hidráulico Bishop
Piezômetro Hidráulico USBR
Piezômetro Pneumático Sinco
Piezômetro Pneumático Warlan
Piezômetro Pneumático LCEC
Piezômetro Hidráulico de Tubo Aberto
Poço de Alívio Hidráulico LCEC
Tensômetro Elétrico para Concreto
Tensômetro Elétrico para Armadura
Termômetro Elétrico para Concreto
Termômetro Elétrico para Reservatório
Para termos ideia da dimensão do trabalho exigido para gestão da das informações
de instrumentação, vamos considerar a periodicidade de medição em cada
instrumento variando a cada fase, conforme exemplo da tabela que segue extraída
de MATOS (2002):
56
Tabela 2 - Periodicidade de Leituras
Auscultação de Barragens – Fase
Grandeza
Primeiro Início da
Construção Operação
Enchimento Operação
Deslocamento Ao final da
Mensal Trimestral Semestral
absoluto construção
Deslocamento
Quinzenal Semanal Mensal Mensal
angular
Deslocamento
Semanal 2 x Semana Quinzenal Mensal
relativo
Deformação
Semanal 2 x Semana Semanal Mensal
interna
Tensão Semanal 2 x Semana Semanal Mensal
Temperatura do
Semanal Semanal Quinzenal Mensal
concreto
Pressão
intersticial no Semanal 2 x Semana Quinzenal Mensal
concreto
Subpressão na
Semanal 3 x Semana 2 x Semana Quinzenal
fundação
Infiltração
- Diária 3 x Semana Semanal
(Vazão)
Carga (cabos Diária durante a
2 x Semana Semanal Mensal
de protensão) protensão
Podemos imaginar que é necessária uma equipe de leituristas muito grande, para
57
dar conta de todas essas leituras, não é?
E não é só isso! Existem instrumentos que fornecem várias medidas a cada “leitura”,
a partir das quais devemos fazer vários cálculos até obter a grandeza a ser
monitorada. Vamos detalhar apenas dois exemplos, um simples e outro complexo:
O leiturista vai até a galeria, diariamente, e anota o a altura (H) da água no MV, em
relação ao vértice do triângulo. Ao retornar, irá compilar a leitura no sistema
informatizado, que vai calcular a vazão, por meio da equação: Q = 1,4 x H 5/2.
(Zdir− Z0 )∗ f
ε=
L∗ 106
T= (R4w− R0 )∗ β
Onde:
= Deformação específica (m/m) e
58
T = Temperatura do concreto naquele ponto (ºC)
Podemos agora imaginar a dimensão e a dificuldade para gestão destes dados, que
é parcialmente resolvida com Sistema Informatizado de Gestão de Instrumentação.
Cada empresa certamente tem o seu sistema.
59
A tendência atual é de automatizar os instrumentos. Sensores estão sendo
desenvolvidos e implantados, buscando alternativas econômicas que viabilizem a
aquisição de medidas on-line, conforme consta em PÍNFARI et al (2011).
60
Critérios de projeto: alguns instrumentos devem ter valores definidos no
projeto, como por exemplo, os tensômetros e os piezômetros; estes para medição de
subpressões sob condições de drenos operantes e inoperantes;
61
7.3 Análise dos dados da instrumentação:
“A avaliação detalhada dos dados deve ser feita por pessoal experiente e
familiarizado com o objetivo geral do esquema de instrumentação, com
conhecimento das tolerâncias e das limitações de cada tipo de instrumento, do
comportamento esperado das estruturas analisadas e dos impactos relativos das
leituras fora das faixas admissíveis pré-estabelecidas. Uma análise sem estes
requisitos prescinde de foco e de consistência, implicando em conclusões ou ações
inadequadas” (Fusaro, 2007).
“Os dados da instrumentação devem ser analisados sob duas óticas: primeiro, em
função do tempo para identificar mudanças de tendências, como aumento da vazão
de percolação ou aumento na velocidade dos recalques verticais, por exemplo;
segundo, dentro do contexto do comportamento esperado em relação aos critérios
de projeto, como a verificação da relação entre os valores de poropressões medidas
e previstas pelas redes de fluxo de projeto, por exemplo” (Fusaro, 2007).
62
estabilidade ou análise estruturas das barragens. As demais análises tem caráter
estatístico.
Fonte: CEMIG GT
63
Figura 24 – Gráfico de piezômetros com comportamento similar às oscilações do
reservatório
Fonte: CEMIG GT
64
interesse do responsável pela análise em compreender os fenômenos que regem o
comportamento da instrumentação.
65
forma, é imprescindível garantir que os leituristas estejam bem treinados e passem
pro capacitações frequentes e que os instrumentos sejam sempre calibrados e bem
mantidos durante toda sua operação.
Sob qualquer uma destas duas óticas, para se proceder a esta análise deve-se ter
em mente que (Fusaro apud ICOLD, 1989):
• existe um time-lag entre um fenômeno físico, como variação do nível d’água do
reservatório, por exemplo, e a resposta dada pelo instrumento;
• escalas distorcidas para a representação gráfica dos dados coletados podem levar
a interpretações e conclusões também distorcidas;
• variações bruscas e/ou inesperadas devem ser correlacionadas criteriosamente
com as informações relativas à construção e à operação da barragem, de forma a
proporcionar interpretações lógicas para estes registros coletados;
• as conclusões devem ser baseadas em tendências estabelecidas ao longo de um
período de tempo razoável das observações;
• correlações com diferentes tipos de dados devem ser estabelecidas de forma a
garantir confiabilidade aos processos de monitoramento;
• as limitações inerentes a cada instrumento devem ser previamente conhecidas, de
forma a se evitar tentativas improdutivas de se avaliar dados cuja magnitude está
dentro da margem de erro do instrumento utilizado;
• os limites aceitáveis para os dados da instrumentação devem ser estabelecidos na
fase de projeto, antes do início do enchimento do reservatório (as estruturas e
fundações sendo capazes de suportar certas magnitudes de deslocamento, pressão,
etc.), evitando-se tais proposições baseadas nos registros posteriores indicados pela
instrumentação;
• a ocorrência de dados da instrumentação em desacordo com os valores previstos
não implicam necessariamente a existência de um problema; por outro lado, também
é verdade que mesmo dados inseridos dentro das faixas admissíveis dos
instrumentos não implicam necessariamente que não existam problemas.
66
tendências ou padrões de comportamento ao longo do tempo. Em ambos os casos,
as análises baseiam-se na observação de desvios entre valores esperados e valores
observados, sejam estes os valores previstos pelo projeto ou os valores
historicamente medidos por determinado instrumento. Por isso, a possibilidade de
comparar o comportamento real de uma obra com o teórico, obtido através de um
modelo numérico, constitui uma ferramenta importante para a avaliação do estado
de segurança de uma estrutura e para o seu controle contínuo ao longo do tempo
(Fusaro apud Menga et al., 1999).
67
CONCLUSÃO
68
REFERÊNCIAS
69
http://www.nugeo.ufop.br/joomla/downloads/MESTRADO-
ACADEMICO/Dissertacoes/PaginasArquivos_22_85.pdf
70
Barragens, 2011, Rio de janeiro – RJ – Brasil
Disponível na literatura:
71
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
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1
MÓDULO III: GESTÃO E DESEMPENHO DE
BARRAGENS
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2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Diego Antonio Fonseca Balbi Glauco Gonçalves Dias
Elaboração de conteúdo Revisor Técnico Geral
Coordenação Executiva
Celina Lopes Ferreira (ANA)
Revisão Ortográfica
ICBA – Centro de Línguas
www.cursodeidiomasicba.com.br
Esta obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados
3.0 Não Adaptada
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3
CURRICULO RESUMIDO
Contatos:
- E-mail: diegoafbalbi@yahoo.com.br
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4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 09
2 SEGURANÇA DE BARRAGENS E PLANOS DE EMERGÊNCIA................ 16
2.1 Gerenciamento do risco e das emergências................................................ 16
2.2 Gestão de riscos e emergências de Barragens........................................... 21
2.3 Gerenciamento de riscos e emergências no Brasil...................................... 24
2.4 Aspectos da legislação relativa a s no mundo............................................. 27
2.5 Legislação ligada à proteção da população ou à defesa civil...................... 28
3 PLANO DE AÇÕES DE EMERGÊNCIA (INSTITUICIONAIS EXTERNOS)... 30
3.1 Introdução aos planos de atendimento a emergências............................... 30
3.2 Os planos de ações emergenciais de barragens......................................... 35
4 CARTAS DE RISCO E OCUPAÇÃO DO SOLO............................................ 69
5 ESTUDOS DE CAUSA X EFEITO EM CENÁRIOS DE RUPTURA............... 71
6 CENÁRIOS POTENCIAIS DE RISCO............................................................ 78
7 CRITÉRIOS E FERRAMENTAS PARA MAPEAMENTO DE PLANÍCIES
DE INUNCAÇÃO............................................................................................... 82
8 TREINAMENTOS, ATUALIZAÇÃO E REVISÃO........................................... 99
9 PLANOS EMERGÊNCIA EXTERNOS – PEE – DEFESA CIVIL................... 101
9.1 Estimativa dos danos................................................................................... 104
9.2 Administração das ações em função do tempo de elevação do nível
d’água a jusante................................................................................................. 115
10 SISTEMAS DE ALERTA............................................................................... 119
11 MÉTODOS DE INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE..................................... 131
CONCLUSÃO.................................................................................................... 136
REFERÊNCIAS................................................................................................. 137
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5
LISTA DE FIGURAS
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6
LISTA DE TABELAS
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7
Prezado Aluno,
Bom estudo!
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1. INTRODUÇÃO
Segundo o guia da Organização das Nações Unidas (United Nations) para redução
de perdas devido a inundações (UNITED NATIONS, 2002), as inundações, dentre
todos os desastres naturais do mundo, têm o maior potencial de causar danos. Elas
lideram todos os desastres no número de pessoas afetadas e nas perdas
econômicas resultantes, com números que chegam a taxas alarmantes.
Cheias ao longo dos vales são eventos comuns que se repetem periodicamente, de
maior ou menor magnitude. Inúmeras estruturas são construídas freqüentemente
para interferir na natureza dos cursos d’água. Algumas delas, como as barragens,
exercem papel importante nas estratégias de gestão dos recursos hídricos por
permitirem um melhor aproveitamento dessas cheias sazonais regularizando as
vazões. Além de garantir maior segurança para a população, as barragens exercem
um impacto positivo no bem estar dos indivíduos, por permitir a geração de energia,
o abastecimento de água, favorecer a agricultura, a navegação e o lazer.
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9
A implantação de reservatórios cumpre seu papel de propiciar uma considerável
regularização da vazão, o que faz com que as cheias de menor porte sejam
absorvidas, reduzindo, num primeiro momento, o impacto a jusante. Dessa forma,
áreas que eram freqüentemente inundadas passam a ser mais protegidas e mais
habitadas. O aumento do número de pessoas vivendo ao longo desses vales e
planícies a jusante gera, muitas vezes, uma ocupação urbana densa e contribui para
elevar a vulnerabilidade dessas zonas. Trata-se de um processo dinâmico, que pode
ocorrer de forma desordenada, por meio da invasão de áreas legalmente protegidas
ou, em outros casos, seguindo as diretrizes equivocadas da administração pública.
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10
Unidos deram origem a um controle do comportamento dessas estruturas com base
em instrumentos legais. Até aquele momento, o campo da segurança de barragens
considerava apenas a segurança das próprias estruturas, sem incluir a hipótese de
um provável cenário de acidente, como uma ruptura do barramento. O vale a jusante
era considerado imperturbável. A partir de então, entrou-se no que Almeida (1999)
chama de segunda e terceira fases na evolução dos regulamentos de segurança de
barragens, quando se começou a considerar a segurança do vale a jusante, seus
riscos potenciais de inundação, estudo de perdas econômicas e de vidas humanas.
A gestão de riscos e emergências passou a ser considerada, motivando a
elaboração de Planos de Ações Emergenciais.
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11
Foram iniciados, ainda, questionamentos relativos à informação e participação
pública, critérios para o uso e ocupação do solo e gerenciamento do risco.
Como não existe risco zero, é necessário gerenciá-lo por meio de ações orientadas
a mantê-lo em níveis socialmente aceitáveis. Essa gestão é tratada de forma distinta
em cada país, ou melhor, em cada grupo de pessoas. As soluções são muito
específicas e dependem da forma como as autoridades e as populações percebem
os riscos e dos recursos disponíveis para se prepararem (estruturas de previsão de
desastres, de defesa civil ou recursos financeiros). Essas estratégias influenciam
diretamente o grau de vulnerabilidade do vale. Os procedimentos para o
gerenciamento do risco e as respostas a situações de emergência geralmente são
materializados em documentos chamados Planos de Ações Emergenciais ou Planos
de Atendimento a Emergências.
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12
O sucesso dos planos em certos países se deve ao fato de estarem acostumados a
lidar com ameaças freqüentes de algum tipo de fenômeno natural (climáticos,
terremotos, vulcões) ou de guerras e terrorismo, e ao seu grau de desenvolvimento
econômico e cultural.
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13
segurança e dos direitos da população e deveres do Estado (BRASIL, 2006) e a Lei
de Crimes Ambientais, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (BRASIL, 1998). Há
também normas nos estados da federação, como as Deliberações Normativas do
COPAM n°62/2002 e n° 87/2005, que tratam de critérios de classificação de
barragens no estado de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2002 e MINAS GERAIS,
2005).
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14
têm, entre suas finalidades: planejar e promover a defesa permanente contra
desastres naturais, antropogênicos e mistos; atuar na iminência e em circunstâncias
de desastres; prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações afetadas,
e reabilitar e recuperar os cenários dos desastres (BRASIL, 2005).
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2 SEGURANÇA DE BARRAGENS E PLANOS DE EMERGÊNCIA
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danos produzidos pela cheia induzida. Ao mantenedor da barragem compete
comunicar as ocorrências excepcionais a todos os envolvidos nas ações de
emergência e se manter preparado e de prontidão ao ser detectada uma anomalia.
Aos responsáveis pela segurança da população a jusante compete atuar na redução
da vulnerabilidade das pessoas ao longo do vale. As principais medidas
“preparadas” nesta etapa, por ambos planejadores, são a implantação de sistemas
de alerta e aviso, elaboração de planos de ações emergenciais e mapeamento das
áreas de risco.
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Figura 1 – Ciclo de gerenciamento de riscos e emergências
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2.1.1 Gerenciamento do risco
A avaliação do risco corresponde aos riscos associados à barragem que devem ser
gerenciados internamente através de procedimentos de segurança de barragens e
de redução de riscos, e riscos no vale a jusante que requerem procedimentos
externos.
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Considerando a barragem, o gerenciamento consiste na adoção de um plano de
segurança que visa identificar e caracterizar situações que ameacem as suas
estruturas e, quando o risco é considerado inaceitável, promover a sua reabilitação
através da adoção de medidas estruturais ou não.
No vale, dados os riscos a que está sujeito – grau de perigo da onda, vulnerabilidade
e exposição – pode-se reduzir o risco investindo no preparo. Esse preparo é feito,
essencialmente, através da implementação de medidas não estruturais como o
planejamento das ações de resposta, os sistemas de comunicação, alerta e aviso,
treinamentos, e a preparação de mapas de zoneamento de risco para planejamento
e ordenamento do uso e ocupação do solo.
Nessa fase, espera-se que as medidas adotadas na fase de mitigação tenham sido
eficientes na redução das consequências e que todos os procedimentos preparados
na fase anterior ao impacto sejam adequados e seguidos pelos responsáveis por
sua execução.
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2.2 Gestão de riscos e emergências de barragens
Breve histórico
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(1963), sistemas de alerta e de evacuação, já em desenvolvimento nos Estados
Unidos, foram utilizados, resultando na redução significativa de vítimas fatais (5 em
16.500 pessoas em risco). Ao contrário, a ruptura da barragem de Vega de Tera na
Espanha, quando não houve aviso, 150 das 500 pessoas em risco morreram.
Fatos como esses contribuíram para que, a partir da década de 60, surgissem
regulamentos e procedimentos de segurança de barragens e de prevenção contra
os potenciais efeitos de acidentes nos vales a jusante, incluindo sistemas de alerta e
planos de evacuação das populações. Almeida (2001) considera que, nessa época,
a regulamentação começou a sair de um primeiro estágio, onde o foco era
unicamente na segurança das estruturas do barramento - sem incluir a hipótese de
um cenário de acidente - e começou a entrar no segundo estágio evolutivo, o qual
considerava as consequências a jusante de um possível acidente. Conceitos como
sistemas de alerta, mapas de inundação e avaliação de risco a jusante passaram a
ser considerados.
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22
Na província de Alberta, no Canadá, a partir de 1988, a legislação passou a exigir
dos donos de barragens a elaboração de Planos de Emergência e de Sistemas de
Aviso específicos para cada local (Almeida, 1999).
Essa nova fase corresponde ao terceiro estágio do que Almeida (2001) considera
processo evolutivo da regulamentação de segurança de barragens, envolvendo a
Segurança da barragem e do vale em termos da preparação de um plano de
emergência e evacuação, da implementação de um sistema de aviso e da execução
de treinos e exercícios, mapeamento de risco de áreas inundáveis e estimativa de
danos.
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23
2.3 Gerenciamento de riscos e emergências no Brasil
Embora o Brasil seja um país com um grande número de barragens construídas nas
últimas décadas, 594 grandes barragens até 1998, segundo WCD (2000), o seu
histórico de rupturas que causaram grandes perdas e comoção popular é pequeno.
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24
ganharam divulgação na imprensa, fazendo com que a sociedade passasse a exigir
mais comprometimento das autoridades e dos proprietários das barragens.
Com relação aos Planos de Emergências de Barragens Brasil ainda são poucos os
planos divulgados no país.
Mesmo não havendo uma cultura mais disseminada de defesa civil no Brasil,
medidas emergenciais de proteção da população já foram tomadas por autoridades
públicas em diversos casos de acidentes com barragens. Essas ações promoveram
a proteção da população ameaçada nos vales a jusante, reduzindo muito o número
de vítimas. Citam-se aqui os desastres envolvendo a barragem de Orós, em 1960,
quando mais de 100.000 pessoas foram evacuadas pelas forças armadas (ver item
3.1.9), e da barragem Santa Helena, em 1985, quando a defesa civil evacuou mais
de 5.000 pessoas, durante a noite, em três cidades situadas a jusante (Cardia,
2007).
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25
forma multisetorial, nos três níveis de governo – federal, estadual e municipal – com
ampla participação da sociedade.
o Sistema de Alerta contra Enchentes na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais, tem
o objetivo é o de alertar 16 municípios da bacia quanto ao risco de ocorrência de
enchentes. Vem sendo operado desde 1997 pelo Serviço Geológico do Brasil
(CPRM), em parceria com o Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos do
Estado de Minas Gerais/Instituto Mineiro de Gestão das Águas (SIMGE/IGAM) e a
Agência Nacional de Águas (ANA).
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2.4 Aspectos da legislação de segurança de barragens no mundo
2.4.1 Responsabilidades
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2.5 A Legislação brasileira de segurança de barragens
Esse artigo estabelece, ainda, que cabe aos órgãos públicos localizados na área
atingida por desastres a execução imediata das medidas que se fizerem necessárias e
que a atuação dos órgãos federais, estaduais e municipais na área atingida far-se-á em
regime de cooperação, cabendo à COMDEC, ou ao órgão correspondente, ativar
imediatamente um comando operacional para administrar todas as ações e medidas de
resposta ao desastre, estabelecendo, dependendo de suas características e
complexidade, comando unificado acordado entre as entidades envolvidas com o
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atendimento do desastre. Os s são as ferramentas mais adequadas preparadas,
anteriormente aos desastres, para responder a eles.
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil tem, entre as suas diretrizes, a atuação
articulada entre a União, os Estados e os Municípios para redução de desastres e apoio
às comunidades atingidas e a participação da sociedade civil.
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3 PLANO DE AÇÕES DE EMERGÊNCIA (INSTITUCIONAIS E EXTERNOS)
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Sob responsabilidade do operador e do proprietário estão:
a Detecção;
a Tomada de Decisão; e
a Notificação.
Sob responsabilidade das autoridades de proteção da população estão os processos
de:
Alerta e Alarme; e
Evacuação.
Por outro lado, o Plano de Emergência Externo (PEE) está centrado na gestão da
emergência no vale a jusante e seu desenvolvimento deve ser responsabilidade das
autoridades de Defesa Civil. É um documento onde se identificam as ações que
devem ser tomadas, a partir dos indicadores de ameaças e da notificação advinda
do Plano de Ações Emergenciais da Barragem (), para assegurar a segurança no
vale a jusante, tendo em vista uma rápida e adequada intervenção das autoridades e
da população potencialmente afetada, no caso da ocorrência de uma inundação.
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o , que é tratado no guia, é de responsabilidade do proprietário da barragem e trata
das ações que devem ser tomadas por ele na gestão de emergência. O Estado ou
as autoridades locais de gestão de emergências deverão dispor de algum tipo de
plano para a comunidade potencialmente atingida, seja um Plano Local de
Operações Emergenciais ou um Plano de Alerta e Evacuação.
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No Brasil, o setor de geração de energia nuclear é precursor no gerenciamento
integrado de emergências ligadas a riscos tecnológicos. O planejamento de ações
para eventuais situações de emergência nuclear prevê a adoção de Planos
(Internos) de Emergência Local e Setorial pela ELETRONUCLEAR e pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), respectivamente. Externamente, são
preparados os Planos de Emergência Externo, Municipal e Complementares.
Com relação às barragens, a Lei 12.334/10 prevê que o tratado no documento como
sendo o da barragem, deve estabelecer as ações a serem implementadas pelo
empreendedor da barragem em caso de situação de emergência e identificar os
agentes a serem notificados. O plano deverá estar disponível no empreendimento e
nas prefeituras envolvidas e deve ser encaminhado às autoridades competentes e
aos organismos de Defesa Civil. Além disso, o órgão fiscalizador deverá informar
imediatamente à ANA e ao Sistema Nacional de Defesa Civil sobre qualquer não
conformidade que implique risco imediato à segurança ou sobre qualquer
incidente/acidente ocorrido nas barragens sob sua jurisdição.
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Figura 3 – Gestão operacional da segurança integrada Barragem/Vale
SEG U R AN Ç A IN T EG R AD A
B arragem / V ale
G E S T Ã O D O R IS C O
M O N IT O R A M E N T O
O P E R A C IO N A L
E M E R G Ê N C IA
V IG IL Â N C IA
T É C N IC O -
In u n d a ç ã o
M ap as d e
Controle de qualidade nas
M edidas de urgência pré-
fases de projeto, construção e O bservação e análise
program adas
operação/exploração
C o n tro le d a o c u p a ç ã o
d o v a le
Previsão de situações Controle de níveis de risco
Aplicação de planos de
Acom panham ento de situação
em ergência
Aviso no vale
Evacuação
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3.2 Os Planos de Emergência de Barragens
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Os envolvidos na operação e manutenção da barragem freqüentemente se deparam
com questões como essas:
Responsabilidades;
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Procedimentos de notificação;
Mapas de Inundação; e
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Seguindo também uma linha de separação, o plano proposto pela FEMA, nos
Estados Unidos, sugere a separação do plano em Básico e Completo (FEMA, 1998).
O primeiro, sem a inclusão de Apêndices, é usado por todos os envolvidos durante a
emergência. Os Apêndices fazem parte do plano completo e contêm o material de
referência e as justificativas das soluções implantadas no PAE Básico. Abaixo é
apresentada a estrutura proposta por FEMA (1998) para a formatação do plano:
Capa/Página de rosto
Índice
I. Fluxograma de Notificação
II. Propósito/Âmbito
III. Descrição da Barragem
1 IV. Detecção, Avaliação e Classificação de Emergências
2 V. Responsabilidades Gerais sob o PAE
A. Responsabilidades do Proprietário da Barragem
B. Responsabilidade pela Notificação
C. Responsabilidade pela Evacuação
D. Responsabilidade pelo Término e Continuação dos trabalhos
E. Responsabilidades do Coordenador do PAE
VI. Prontidão
VII. Mapas de Inundação
VIII. Apêndices
A. Investigação e Análise das Cheias de Ruptura
B. Planos para Treinamento, Exercícios, Atualização e Divulgação do
C. Características Específicas do Local
D. Aprovações do
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necessários durante uma situação de emergência e incluem todos os capítulos e
apêndices. O segundo contém o chamado “documento de operação”, destinado à
divulgação externa, e no terceiro estão os anexos com as justificativas sobre o que
foi adotado na parte principal do documento.
No Brasil, a Lei 12.334/10 não traz definições sobre a estrutura do PAE, mas apenas
sobre seu conteúdo, que deve prever pelo menos:
Nos tópicos a seguir serão apresentadas algumas formas de compor esses itens.
Este assunto foi tema de outros módulos desse curso e não será melhor detalhado
aqui neste trabalho, em especial nas unidades 3 e 4 do Módulo II.
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restrições operacionais e estudos para solução dos problemas. Os processos de
“monitoramento de barragens”, também denominados “auscultação de barragens”,
são compostos de inspeções visuais e instrumentação com o objetivo de coletar
informações que permitam uma adequada avaliação. Esses processos são
contínuos e devem atuar nas três fases da vida de uma barragem: projeto e
construção, primeiro enchimento do reservatório e operação ou exploração.
Biedermann (1997) apud Viseu (2006) considera que deve ser dada atenção
particular às inspeções visuais, já que a experiência comprovou que cerca de 70%
de todas as situações de emergência podem ser identificadas visualmente. Isso se
deve, principalmente, ao fato de que as inspeções visuais permitem uma avaliação
mais global do comportamento das estruturas, enquanto que a instrumentação
permite uma avaliação mais pontual.
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quanto das comunidades a jusante, as compreendam clara e rapidamente quando
enviarem e receberem notificações. A sua utilização influencia significativamente a
eficiência das etapas que sucedem a sua definição durante uma emergência,
devendo a sua utilização ser a mais correta e rápida possível.
Usualmente, são adotados três ou quatro níveis de segurança, que podem estar
caracterizados em cores, números ou letras.
Nos Estados Unidos (FERC, 2007) e na Suíça (MARTINS, VISEU, RAMOS, 1999),
são propostos, geralmente, três níveis de classificação para emergências: dois,
envolvendo risco de ruptura, e um para emergências sem risco de ruptura. No
primeiro nível, considera-se que foi registrado um acidente e que a ruptura é
iminente ou já ocorreu, enquanto no segundo, uma situação potencial de ruptura
está se desenvolvendo e pode ou não ser controlada. O terceiro nível prevê uma
situação anormal de operação ou o registro de um incidente sem a expectativa de
ruptura.
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Tabela 1 – Níveis de segurança e situações em que são ativados
Nível de Situações
Perigo
Probabilidade de acidente desprezível.
Plano de Segurança da Barragem - monitoramento rotineiro e ações corretivas de deteriorações que
não comprometem a segurança estrutural.
NORMA
L Quando não foram encontradas anomalias ou as anomalias encontradas não comprometem a
segurança da barragem, mas devem ser controladas e monitoradas ao longo do tempo.
As previsões meteorológicas não indicam condições adversas.
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sismo ou da própria ruptura. Na barragem de Alqueva, em Portugal, por exemplo,
esses instrumentos são os únicos que estão diretamente ligados ao sistema de
alerta, que é ativado quando atingem valores pré-estabelecidos. É um caso raro para
o qual os instrumentos de auscultação ativam automaticamente o sistema de alerta
sem o julgamento humano.
São inúmeros os itens a serem monitorados, mas o PAE deve focar aqueles cuja
evolução poderá ameaçar a segurança das estruturas do barramento, que indicam
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fenômenos ou situações como os que são apresentados abaixo (adaptado de
ESPANHA, 2001):
Internos
Transbordamento;
Erosão interna no maciço ou na fundação;
Movimentos diferenciais;
Deslizamentos dos taludes ou das ombreiras;
Infiltrações e subpressões no maciço;
Deformações anormais e recalques;
Fissuras, trincas ou cavidades;
Água nas galerias e drenagens;
Erosões e cavitações (turbulências); e
Operação dos equipamentos.
Externos
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Brasil” (CBDB, 1996) ou ainda na literatura internacional, como o “Safety evaluation
of existing dams - SEED Manual” (USBR, 1983), que foi traduzido para o português
em 1987 pela Eletrobrás. Fusaro (2007) propõe uma série de questões a serem
estudadas e investigadas durante a avaliação do comportamento das estruturas do
barramento.
Grande parte dos indicadores utilizados para determinação dos níveis de segurança
vem dos parâmetros que são monitorados para responder a essas perguntas.
Definidos os principais eventos ou situações que ameaçam a segurança do
barramento, é necessário apresentar quais serão os indicadores utilizados no seu
monitoramento e quais os limites para sua classificação em cada nível de
segurança. Serão apresentados, a seguir, apenas indicadores utilizados que
compõem o barramento, como barragens, vertedouros e tomadas d’água, cuja falha
poderia resultar na propagação de cheias a jusante.
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às estruturas. Isso se refere a uma primeira aproximação e a classificação em níveis
maiores dependerá quase sempre do julgamento de um especialista.
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Fissuração, infiltrações no corpo da barragem e Definido com
fundação e movimentos diferenciais; Fenômenos de base em
deterioração no concreto; Instabilidade estrutural, indicadores
risco de ruptura qualitativos
pormenorizados
Anomalias A definir, com
relacionadas com o base em
comportamento indicadores
estrutural Conjunto de grandezas (deslocamentos horizontais e quantitativos, de
verticais, movimentos de juntas, vazões e sub- acordo com o
pressões) a definir no final do primeiro enchimento comportamento
da obra durante o
primeiro
enchimento
Ruptura de Sem possibilidade de galgamento Verde/Amarelo
barragem a Possibilidade de galgamento Laranja/Vermelho
montante
Obstruções a jusante Verde
Deslizamentos de Geração de ondas anormais (sem possibilidade de Verde/Amarelo
encostas galgamento)
Possibilidade de galgamento Laranja/Vermelho
Possibilidade de afetar a funcionalidade da barragem Verde
Sabotagem, Possibilidade de afetar a segurança da barragem Amarelo
ameaça de bomba
ato de guerra Possibilidade de afetar a segurança da barragem Laranja
Perigo de instabilidade ou ruptura Vermelho
Possibilidade de afetar a funcionalidade da barragem Verde
Incêndios florestais
Possibilidade de afetar a segurança da barragem Amarelo
Acidentes pessoais,
Verde (pode
incêndios,
afetar a
inundações e Eventual impossibilidade de operar a distância órgãos
funcionalidade)
vandalismo na de manobra
Amarelo (pode
central hidrelétrica, Eventual impossibilidade de notificação e de aviso
afetar a
POC e pontos
segurança)
importantes
Fonte: VISEU E ANTÃO da SILVA, 2004.
Procedimentos de ação
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barragem pode ser uma das principais causas para a falha de um alerta útil em
casos de ruptura de barragens”.
suprimentos de emergência; e
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os procedimentos de comunicação e notificação.
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só será evacuada se não houver tempo para esvaziá-lo (VISEU, 2006). Essa medida
deverá ser, sempre que possível, definida pelo Coordenador Técnico do PAE, a
menos que a necessidade seja imediata ou não envolva riscos estruturais, e deverá
sempre seguir a Instrução Operativa existente para a operação do reservatório. Essa
instrução deve prever autonomia ao operador local na tomada de decisões, no caso
de falha na comunicação com o centro de operações.
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Figura 4 – Exemplo proposto de medidas de intervenção para um problema detectado
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3.2.3.2 Recursos Humanos – funções e responsabilidades dentro do plano
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Dentre as funções do Coordenador Executivo, relativas à segurança da barragem,
alguns guias o colocam como responsável pela avaliação das situações
emergenciais e classificação dos níveis de segurança, intensificação da vigilância ou
monitoramento, determinação da execução das medidas técnicas ou de exploração
necessárias para a diminuição do risco, manutenção permanente do nível de
informação adequado para os organismos públicos envolvidos na gestão da
emergência e emissão do alarme, quando os níveis de alerta remetem a uma
probabilidade de acidente considerável.
Referências como Defra (2006), Viseu (2006), Espanha (2001) e FERC (2007)
apontam as responsabilidades do coordenador executivo e suas atuações em todos
os níveis de segurança. Suas funções gerais devem ser definidas na
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regulamentação específica, lembrando que o mesmo contará com uma estrutura
organizacional para cumprir a maior parte delas. Os documentos citados consideram
somente a participação do Coordenador Técnico, não descrevendo essa estrutura
organizacional.
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medidas preventivas e corretivas, na informação e notificação aos envolvidos
internamente, às autoridades externas locais e aos operadores das barragens a
jusante.
Um comitê diretivo deve ser envolvido sempre que a situação estiver saindo do
controle e o alerta à população a jusante for obrigatório, pois dele dependerão
algumas decisões e autorizações pertinentes à sua hierarquia na empresa, como
aprovação de recursos emergenciais ou a comunicação com a imprensa e
governantes.
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As equipes responsáveis pelo monitoramento hidrometeorológico, normalmente, são
distintas das equipes de manutenção. Entretanto qualquer cenário hidrológico que
implique o aumento dos cuidados a jusante deverá ser notificado à Coordenação
Técnica do PAE.
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3.2.3.3 Recursos materiais
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O PAE deve descrever como é monitorada a barragem e explicar como os sistemas
de alerta serão ativados. Se não há um sistema remoto de vigilância, o plano deve
conter essa informação.
Quando uma barragem está sujeita a um risco conhecido, podem-se prever recursos
materiais visando às emergências mais prováveis de ocorrerem, para garantir as
operações e as ações por um determinado período de tempo, já possuindo, às
vezes, alguns equipamentos móveis e material estocado, inclusive areia, brita e
jazidas de terra para possíveis intervenções no barramento. Ainda assim, é preciso
inventariar os recursos que podem ser necessários emergencialmente, listando as
formas de obtenção, os seus locais e o tempo para a sua mobilização. Devem ser
consideradas as prefeituras e empresas privadas (como os depósitos de materiais
de construção ou construtoras e empreiteiras, além dos postos de combustíveis).
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Devem-se prever as condições dos acessos durante as emergências, sua obstrução
ou não e os meios alternativos de chegar ao local do acidente. Em alguns casos
pode ser necessário mobilizar barcos, helicópteros e veículos apropriados.
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reservatório (ESPANHA, 2001). Viseu (2006) descreve a sala de emergência como
sendo um Posto de Observação e Comando onde o Diretor do Plano e os recursos
humanos internos deverão permanecer em situação de alerta, localizado em uma
zona segura e de preferência com possibilidade de observação visual da barragem.
Em Portugal, as salas de emergência são consideradas imprescindíveis, embora
muitas barragens ainda não as possuam. No Canadá, por exemplo, a BCHydro
possui centros de emergência locais, nas próprias barragens, e outros corporativos,
centralizados (FUSARO, 2004).
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Figura 7 - Sala de emergência da barragem de Penacova, em Portugal
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entre os envolvidos no nível interno da barragem (alerta interno), entre as
coordenações e as autoridades externas e, quando for uma exigência legal, os
sistemas de alarme às pessoas nas zonas imediatamente a jusante da barragem
considerada no auto-salvamento.
A notificação deve ser feita ao responsável pelo PEE (Plano de Emergência Externo)
a jusante, ou ao serviço de plantão 24 horas, vinculado ao sistema de Defesa Civil,
que deverá avisar aos demais agentes utilizando os procedimentos de alerta
definidos no respectivo plano.
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Fluxograma de notificações
Segundo FERC (2007), é melhor que seja criado apenas um fluxograma para
atender a todos os níveis de emergência, por questões de eficiência e simplicidade,
mas podem ser criados fluxogramas por nível, sob certas condições de facilidade de
compreensão. Podem ser usadas cores para traçar as linhas ou áreas coloridas para
separar as fases de notificação segundo os níveis de classificação, ou ser criada
uma lista de ações de comunicação na página posterior ao fluxograma.
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responsáveis pela proteção da população quando necessário, e se a legislação
exigir, o aviso à própria população em locais específicos. Dentre os possíveis
envolvidos podem-se citar:
o proprietário da barragem;
o operador;
Serviços de meterorologia;
Imprensa apropriada;
Para que o fluxograma não fique muito extenso são adotadas listas de pessoas a
serem contatadas em casos de emergência. Deve-se ter em conta que as
autoridades relacionadas à segurança da população, como polícia e bombeiros,
podem receber a informação antes dos responsáveis pela barragem, já que estão
permanentemente de plantão.
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representante do Sistema de Proteção Civil desde o primeiro nível de alerta. Esse
representante estará em contato direto com o Diretor do Plano (VISEU, 2006).
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Figura 9 - Exemplo de Fluxograma de notificação
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Meios de notificação e alerta interno
Rádio;
Sirenes.
Mensagens de notificação
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Essa mensagem normalmente deve trazer algumas informações básicas sobre a
emergência como, por exemplo:
Data e hora;
Contatos; e
Finalização da Emergência
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4. CARTAS DE RISCO E OCUPAÇÃO DO SOLO
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mapa se insere no item de estratégia e meios de divulgação para as comunidades
potencialmente atingidas.
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5 ESTUDOS DE CAUSA X EFEITO EM CENÁRIOS DE RUPTURA
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O tempo entre a identificação da emergência e a chegada da onda nos locais
habitados é o primeiro parâmetro para classificação das áreas de risco de
inundações provenientes de ruptura. O tempo eficaz de aviso, que permite às
pessoas e às organizações prepararem a mobilização de meios e a evacuação das
zonas mais sensíveis, talvez seja o fator mais importante na mitigação dos efeitos
das cheias ao longo do vale (PLATE, 1997 apud ALMEIDA e VISEU, 1998). Isso
pode ser observado no critério adotado pelo USBR em 1999 (Tabela 3) para
estimativa de perdas de vidas em função do tempo de alerta. É necessário,
portanto, que as autoridades saibam exatamente o tempo disponível para atuar e
que a operação da barragem atue para garantir esse tempo.
Cada país possui uma classificação de zoneamento que adota critérios específicos e
nomenclaturas distintas. Na Suíça, a chamada “zona de segurança imediata” é
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delimitada pela distância percorrida pela onda em duas horas (SUÍÇA, 1998). Na
França, a zona do “quarto de hora” corresponde à distância percorrida pela onda em
15 minutos (FRANÇA, 1999). Na Espanha (Espanha, 2001) e Portugal (Viseu, 2006)
utiliza-se a denominação “Zona de Auto-Salvamento” (ZAS) e o tempo considerado é
de trinta minutos. Na Itália, essa área corresponde a um comprimento de 10
quilômetros ao longo do vale (ITÁLIA, 1986). USBR (1995) recomenda que a zona
“1”, próxima à barragem, compreenda o trecho cujo tempo de alerta corresponda a
até quatro horas. Em países como Inglaterra, Austrália e os Estados Unidos, o auto-
salvamento costuma estar intrínseco nos planos de resposta a desastres causados
por diversos outros fatores de riscos naturais ou tecnológicos.
Além da zona próxima à barragem, que conforme já foi dito exige atenção especial,
existem ainda as zonas mais afastadas, onde considera-se haver um tempo hábil
para a atuação da defesa civil. Essas áreas se estendem por muitos quilômetros e
precisam ser classificadas de forma a otimizar a atuação das equipes de resposta.
Nesse sentido, a legislação francesa divide essas áreas em zonas de alerta I e II; na
primeira são previstas submersões significativas e necessidade de s e na segunda
se consideram pouco importantes as submersões (FRANÇA, 1999).
sendo
H = profundidade [m]
V = velocidade do fluxo [m/s]
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Segundo FLOODSITE (2007), os métodos de avaliação de danos materiais e a
edificações utilizam principalmente as profundidades, enquanto que a avaliação do
risco às vidas é bastante influenciada pelas velocidades de propagação.
Almeida (1999), citando casos reais de inundação quase estática nos países baixos,
indica que, em geral, para profundidades maiores que 3,5 metros, as pessoas
atingidas não sobrevivem; para profundidades maiores que 2 metros, 5% da
população atingida não sobrevive; para profundidades menores que 2 metros, existe
forte probabilidade de sobrevivência. O autor considera ainda que a regra empírica
para o fator HxV de sobrevivência é menor que 1 m2/s.
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Tabela 4 – Definição das conseqüências do risco hidrodinâmico
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Nível Classe Inundação dinâmica Velocidade (V)
(HxV)
Reduzido Verde HxV < 3 m2/s V < 2 m/s
2
Médio Amarela 3 < HxV < 5 m /s 2 < V < 4 m/s
2
Importante Laranja 5 < HxV < 7 m /s 4< V < 5,5 m/s
Muito importante Vermelha HxV > 7 m2/s V > 5,5 m/s
Fonte: VISEU, 2006.
Cada país determina seus padrões para apresentação dos mapas a serem
elaborados, tipos de representação e de informações, nomenclaturas, escalas etc.
O guia espanhol (ESPANHA, 2001), por exemplo, estabelece que os mapas devem
indicar a delimitação da área inundável, com detalhes das zonas que possam
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progressivamente ser afetadas pela ruptura, devendo ser confeccionados sobre
cartografia oficial, de escala adequada.
FERC (2007) recomenda que os mapas mostrem áreas inundadas devido a rupturas
em dias secos e em condições de cheias de projeto. Os mapas também devem
mostrar os níveis normais de água, devendo-se evitar a representação de muitas
curvas no mesmo mapa. Devem-se usar linhas que permitam identificar os limites de
inundação sem atrapalhar a visualização de estruturas do local. As áreas entre as
linhas de inundação e os níveis de água devem ser preenchidos ou coloridos para
distinguir a área de inundação. Adicionalmente, locais críticos ou estruturas devem
ser marcadas para assegurar a sua visibilidade.
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6 CENÁRIOS POTENCIAIS DE RISCO
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responsável pela elaboração do PAE da sua barragem. O proprietário de uma
barragem precisa conhecer as análises e estudos efetuados em barragens
imediatamente a montante para estudar as conseqüências para a sua própria e para
o vale a jusante. Assim são analisadas as seguintes situações:
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Cenário 3 ou cenário considerando somente a ruptura: onda de cheia proveniente
somente da ruptura da barragem. O hidrograma afluente ao reservatório é
desconsiderado.
Outra metodologia, dos Estados Unidos, considera 3 cenários (FERC, 2007): dois
cenários de ruptura, prevendo o “dia de sol” e outro associado a uma grande
afluência natural, e um cenário só com a propagação desta. Assim, assegura-se a
simulação da pior situação de inundação, estabelecendo-se os tempos e cotas de
inundação, a favor da segurança do vale. Esse cenário permite conceber as ações
resposta a situações mais prováveis de operação extrema. A redução dos cenários
de ruptura simplifica o entendimento e as comunicações durante emergências.
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e, normalmente, são necessários modelos hidrológicos que requerem mais dados do
que aqueles disponíveis na operação da barragem.
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7 CRITÉRIOS E FERRAMENTAS PARA MAPEAMENTO DE PLANÍCIES DE
INUNDAÇÃO
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Formação da brecha e hidrograma gerado
Para definição desses elementos, não existe uma formulação que se possa dizer
verdadeira e, embora algumas regulamentações sugiram o que deve ser usado, é
um processo ainda muito cercado de incertezas.
Nos Estados Unidos, existem muitos modelos desenvolvidos por suas agências
estatais que permitem calcular o hidrograma de ruptura e a propagação no vale a
jusante (USBR, NWS, USACE, USGS). Em Brasil (2005), Espanha (2001) e Almeida
(2001) podem ser encontradas informações mais detalhadas sobre modelos de
ruptura e propagação para diversos tipos de barragens.
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A seguir, são apresentadas algumas formulações que podem ser utilizadas como
referência na determinação da forma da brecha e do hidrograma de ruptura. A
escolha da mais adequada deve vir do julgamento de quem está analisando o
processo da ruptura. A Tabela 7 apresenta alguns parâmetros propostos para
determinar as características da brecha. Para a determinação da vazão de pico,
Brasil (2005) propõe as formulações empíricas apresentadas na Tabela 8 - Fórmulas
empíricas para cálculo da vazão de ruptura. A Tabela 9 serve de referência para
concepção do hidrograma de ruptura, também proposta por Brasil (2005). A
aplicação dessas três tabelas associadas e a seleção dos valores por elas
apresentados permitem dar início aos estudos de propagação.
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Tabela 7 - Parâmetros de formação da brecha
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Tabela 8 - Fórmulas empíricas para cálculo da vazão de ruptura (BRASIL, 2005)
Autor Vazão de Pico [m³/s] Característica
( )
1/2
8 Bd Fórmula considerando a situação em que a
Schoklistch Q max = Bb √ g Y 3 ruptura se dá em parte da crista de uma
27 Bb
médio 2 barragem
Fórmula baseada em dados coletados de
Bureau of Q max =19 H vazões de pico históricas, e da profundidade
Reclamation d 1,85
da lâmina d’água no reservatório no momento
Vertedor de da
De ruptura
acordo com Singh, o escoamento que
Soleira Q max =1,7 B b H 3 passa pela brecha pode ser assumido como
Espessa 2 análogo ao escoamento que passa por um
b
SINGH vertedor retangular de soleira espessa
{ [ ]}
3
As
1, 94 Fórmula considerando a formação de uma
Wetmore e Bb
Q max =1,7 B b brecha retangular, desenvolvendo-se em um
Fread 1, 94 As
T p+ intervalo de tempo (t)
( Bb √ H d )
Em função da altura:
Curva superior
Q max =48 H
d 1,63
Melhor ajuste
Q max =19 H
d 1,85
Em função do volume
Curva superior Fórmula proposta pelo pesquisador, baseada
Q max =4000 V 0,57 em dados coletados de vazões de pico
históricas, devido à ruptura e em função da
Costa
profundidade da lâmina d'água presente no
Q max =961V 0,68 Melhor ajuste reservatório no momento da ruptura
Em função do volume e da
altura
Curva superior
Qmax = 1150(H d V) 0,44
Melhor ajuste
Q max =325( H d ×V )0,42
sendo: Qmax: Descarga máxima defluente da barragem em ruptura [m³/s]; V: Volume do reservatório
para o NA máximo [hm³]; As: Área do reservatório para o NA máximo [m²]; Bd: Largura da barragem
[m]; Hd: Altura da barragem [m]; Bb: Largura final da brecha [m]; Hb: Altura final da brecha [m]; e
Ymédio: Profundidade média no reservatório no instante da ruptura [m]; Tp: Tempo para
desenvolvimento da brecha [s].
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Tabela 9 - Hidrogramas de ruptura (BRASIL, 2005)
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sendo: Qp = descarga máxima defluente da barragem em ruptura [m³/s]; V = volume do
reservatório da barragem no momento da ruptura [m³]; Tp = tempo de pico [s];
Tb = tempo de base [s]; K = fator de ponderação, varia entre 1,5 e 5,0.
Levantamento de dados
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disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Podem ser
utilizadas imagens aéreas e de satélites reconstituídas com apoio de campo,
modelos digitais do terreno, dados obtidos por equipamentos a laser ou obtenção de
perfis através de topografia clássica. As seções transversais dos pontos mais
relevantes para o estudo da propagação da onda e avaliação dos danos potenciais
são extraídas desses modelos.
Com relação à escala dos mapas a serem utilizados para os levantamentos dos
dados dos modelos de propagação, os limites máximos para o intervalo entre curvas
de nível e o mínimo para a escala de mapas são, respectivamente, 1 m e 1:10.000.
Entretanto, para grandes áreas, esse tipo de mapa raramente existe, sendo mais
comuns os mapas com escala de 1:25.000, 1:50.000 e 1:100.000, com curvas de
nível espaçadas em intervalos de 5 m, 10 m e 20 m, respectivamente. Assim,
levantamentos topográficos complementares são usualmente necessários, de forma
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a assegurar a qualidade da representação da geometria do curso d’água e seu vale
no modelo (BRASIL, 2005).
Estudos realizados pela Cemig têm considerado uma distância entre seções de
aproximadamente 10 km, acrescentando-se o levantamento de seções em locais
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como pontes, confluências e áreas urbanas. Além disso, podem-se utilizar modelos
digitais de terrenos, obtidos de imagens aéreas restituídas a partir de trabalhos de
campo. A vantagem deste último modelo é que a definição da quantidade de seções
não envolve custos de levantamento, podendo-se adotar uma quantidade
expressiva, o que contribui para o melhor detalhamento do trabalho.
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O limite de estudo a jusante ou fronteira a jusante diz respeito à definição da
distância de simulação da onda de cheia ao longo do vale, o que varia para cada
situação particular. Almeida (2001) propõe os seguintes critérios:
A foz do rio;
Em NRM (2002) propõe-se que, para reservatórios com volumes superiores a 0,2
hm3 , a distância a ser feito o estudo de propagação deva ser maior que 5 km, para
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volumes maiores que 2 hm3, 20 km, e para volumes maiores que 20 hm 3, igual 60
km.
A seção onde os níveis de água são menores que 1 metro, medida referente ao
nível que não se espera alcançar em cheias normais.
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ruptura daquela. Um exemplo dessa metodologia pode ser encontrada no
regulamento espanhol (ESPANHA, 2001).
Modelos de propagação
Os modelos para simulação do escoamento podem ser divididos em cinco tipos, por
ordem crescente de precisão:
modelos simplificados;
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instabilidades devido às irregularidades topográficas, dificuldades com as condições
de contorno de jusante e grande dependência da definição do modelo digital do
terreno. O modelo físico validou os resultados do BIPLAN para simular níveis d’água
e tempos de chegada da cheia devido à ruptura. Na comparação entre o modelo 1D
e 2D, concluiu-se que o DAMBRK apresentou níveis d’água mais altos e os tempos
de chegada das cheias foram maiores com o modelo BIPLAN.
Sobre esse mesmo estudo, para Viseu et al. (1999) “o fato de se obterem alturas de
água menores com o modelo BIPLAN altera o mapeamento das zonas de inundação
e conseqüentemente o domínio de intervenção dum Plano de Emergência, que
constitui o objeto final do cálculo da onda de inundação. Por outro lado, o atraso
significativo no instante de chegada desta onda, que é conferido pelos resultados do
mesmo modelo, é favorável à implementação de medidas de proteção da população
no vale a jusante. A diferença de resultados obtidos não põe em risco, na
generalidade, a validade de estudos com modelos unidimensionais, podendo
salientar-se mesmo a vantagem de, na elaboração de um planejamento de
emergência, fornecerem valores do lado da segurança. Obviamente que este fato de
segurança adicional tem, como conseqüência, um aumento de custos econômicos
tanto no planejamento de emergências como no ordenamento do território, impondo
restrições mais severas. Esse aspecto aponta claramente para a continuação de um
investimento nos modelos bidimensionais que, ao longo da próxima década, se
tornarão, certamente, de utilização corrente, sobretudo pela facilidade de pré e pós
processamentos conferidos pelos Sistemas de Informação Geográfica.”
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São inúmeras as opções de modelos facilmente encontrados nas referências
bibliográficas e na internet.
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centros de pesquisa. Esse tipo de modelo exige topografia muito detalhada
para que sejam atingidos bons resultados.
Em Zhou et al. (2005) é feita uma comparação entre o NWS FLDWAV e o HEC-RAS,
e, dentre as principais conclusões, está a que o FLDWAV é mais estável e produz
resultados consumindo menor tempo de processamento. O HEC tem a favor uma
saída gráfica melhor e possui funções melhores de pré e pós processamento. Ambos
produzem resultados de simulações semelhantes, com algumas limitações, e
possuem capacidade para interagir com programas de SIG, embora, no FLDWAV,
estas funcionalidades ainda estejam em fase de testes.
Saída do modelo
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O resultado principal das simulações efetuadas é fornecer dados para o
mapeamento das áreas potencialmente inundáveis no caso de uma ruptura. Para as
próximas etapas de mapeamento é necessário que o modelo hidráulico adotado
forneça os seguintes elementos por seção do curso d’água:
Duração da inundação.
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8 TREINAMENTOS, ATUALIZAÇÃO E REVISÃO
Após implantado, o plano deve conter, entre seus apêndices, informações sobre
treinamento periódico dos envolvidos, operadores e outros que possuam alguma
responsabilidade. Os treinamentos contribuem para manter o estado de prontidão,
uma vez que permitem uma maior familiarização dos envolvidos com os seus
elementos e atribuições.
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centros de operação de emergências, pessoal e recursos disponíveis, inclusive dos
procedimentos de evacuação.
Acreditamos que enquanto não for estabelecida uma cultura popular de preparação
e prevenção para emergências e o público não tiver razoável conhecimento dos
riscos impostos pelas barragens, os treinamentos deverão ser restritos às equipes
de operação e manutenção das barragens e autoridades de proteção e defesa civil,
se limitando aos três primeiros apresentados aqui.
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9 PLANOS EMERGÊNCIA EXTERNOS – PEE – DEFESA CIVIL
Quando a cheia que está sendo propagada no trecho a jusante da barragem pode
ameaçar as comunidades a jusante, a Defesa Civil deve ser notificada pelo
responsável pelo PAE da Barragem conforme procedimentos descritos nos
respectivos Planos de Emergência de Barragens e Plano de Emergências
Hidrológicas. O PEE é um plano com características especiais que se baseia no
risco imposto pela barragem e deve prever, essencialmente, a atuação das
autoridades de proteção e defesa civil nas fases de alerta, alarme e de evacuação.
Com relação às enchentes que podem ameaçar o vale, a Figura 12 mostra os níveis
d’água de interesse para o planejamento contra inundações pela Defesa Civil. O
N.A. 1 representa o nível d’água do rio confinado no canal principal e não indica uma
contingência. O N.A. 2 representa o nível d’água que rotineiramente inunda a
planície principal do rio, a qual, muitas vezes, é tomada pela ocupação humana, seja
com construções fixas ou áreas de lazer. O N.A. 3 corresponde ao nível das cheias
naturais de maior porte, como as com grandes tempos de retorno, ou as Cheias
Máximas Prováveis (CMP). Nesses casos, mesmo onde existe um bom plano de uso
e ocupação do solo, áreas com construções permanentes podem ser atingidas. O
N.A. 4 representa uma cheia de ruptura cuja grande profundidade atingida é apenas
uma de suas características peculiares.
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Figura 12 – Níveis de água de interesse para o planejamento
da Defesa Civil
Nos planos ligados aos riscos focais, como os riscos impostos por barragens, os
seguintes aspectos devem ser considerados com prioridade (BRASIL, 2007):
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áreas, com cadastramento de residências, campanhas de esclarecimento e
treinamentos, são atividades a serem desenvolvidas de forma coordenada entre o
proprietário da barragem e os agentes de Defesa Civil. Os demais componentes do
PEE devem ser elaborados e conduzidos pelos próprios responsáveis pela defesa
civil.
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9.1 ESTIMATIVA DOS DANOS
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O primeiro objetivo dos agentes responsáveis pela defesa civil é o de evitar que
vidas sejam perdidas. O número de vítimas resultantes da ruptura de uma barragem
depende basicamente de quatro fatores (GRAHAM, 1999):
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uma identificação das principais infra-estruturas como pontes, viadutos,
diques e barragens, estradas, redes de água e esgoto, redes de distribuição
de energia elétrica, redes de telecomunicações, aterros sanitários etc;
uma identificação e contabilização dos pontos considerados como
estratégicos ou mais vulneráveis no vale a jusante como: corpo de bombeiros,
hospitais, centros de saúde, escolas, asilos, prisões, bibliotecas, áreas de
lazer e esportes, centros culturais, teatros e cinemas, locais de culto religioso,
cemitérios etc;
uma caracterização sociológica e cultural da população, no que diz respeito à
percepção do risco e à resposta a um aviso de acidente.
A qualidade dos serviços de saúde, a distância das pessoas aos centros urbanos e a
densidade demográfica podem contribuir em maior ou em menor grau para a
redução da vulnerabilidade dessas regiões e a expectativa de vítimas.
Numa primeira fase, a classificação de risco deve apenas ser relativa ao número de
pessoas que residem na área exposta ao risco e aos valores estimados dos bens
materiais e ambientais que sofrem o impacto da cheia induzida, não se devendo
considerar determinadas características intrínsecas do vale, como as de ordem
econômica, social etc (VISEU, 2006). A consideração dessas outras características
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pode minimizar a ameaça a pessoas e bens, gerando uma menor sensibilidade a
esse risco.
Ainda segundo Viseu (2006), nessa primeira fase, não devem surgir na classificação
do risco os funcionamentos dos sistemas de aviso e alerta, a eventual evacuação,
ou o grau de preparação da população, que podem reduzir drasticamente o número
de vítimas mortais. A vulnerabilidade efetiva resultante deve considerar essas
condições potencialmente vantajosas numa segunda fase, após a implantação das
medidas de mitigação.
Alguns autores, como Graham (1999), Almeida (1999) e Alexander (2002), propõem
índices para analisar o risco potencial que uma ruptura oferece às pessoas, à
economia e ao meio ambiente e para caracterizar a vulnerabilidade do vale a
jusante. Esses índices, associados ao mapeamento das áreas potencialmente
inundáveis, permitem aos agentes de resposta planejar melhor as ações necessárias
para diminuição dos prejuízos.
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com pesquisas direcionadas, para obter determinado tipo de informação mais
atualizada.
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área urbana de Ipatinga, Minas Gerais, onde a suscetibilidade de escorregamento é
classificada de muito fraca (1) a muito forte (5).
Fonte: www.eletronuclear.gov.br
Os mapas devem conter informações que possibilitem uma rápida compreensão dos
efeitos hidrodinâmicos da cheia induzida às áreas potencialmente atingidas como:
profundidades, velocidades, tempos de chegada e de permanência.
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Figura 14 – Mapa de ameaça e áreas potencialmente inundáveis no município de
Manhuaçu, MG
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Esses mapas, associados aos dados fornecidos nos Planos de Atendimentos a
Emergências da entidade causadora do risco tecnológico, devem subsidiar as
autoridades na elaboração de seus próprios planos de emergência e mapas de risco.
Porém, a Defesa Civil deve ir além e complementar as informações dentro do PEE
com a estimativa da população em risco e identificação das zonas que sofrem o
impacto da cheia e das vias que ficam inacessíveis.
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A implantação de tecnologias de SIG exige investimentos consideráveis em
programas computacionais, equipamentos (computadores, impressoras e plotter) e
treinamentos, devendo ser cuidadosamente avaliada. Essa tecnologia possui
ferramentas muito poderosas e a sua utilização pode ser expandida para outros
departamentos do governo, como os de saúde, educação, desenvolvimento urbano
etc.
Devem ser avaliados os prós e os contras de sua utilização, mas é fato que estações
de trabalho dotadas de programas de geoprocessamento permitem grande
flexibilidade na gestão de informações antes e durante os desastres. As vantagens
dos métodos computacionais incluem (ALEXANDER, 2002):
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9.1.3 Classificação dos danos
As perdas ocasionadas pela ruptura de uma barragem vão além das vidas humanas.
Os prejuízos podem ainda ser econômicos e ambientais. Quando se parte para uma
avaliação mais detalhada e busca-se mensurar financeiramente os danos
decorrentes de um desastre como a inundação, passa-se para uma fase de
estimativa de perdas.
Medida
Tangíveis Intangíveis
- Perda de vidas
- Edificações
Diretos - Saúde e Segurança Pública
- Infraestrutura
Forma - Danos ambientais
dos - Perda de produção - Inconveniência da
danos industrial recuperação pós enchente
Indiretos
- Interrupção do tráfego - Acréscimo de vulnerabilidade
- Custos de emergência dos sobreviventes
Fonte: FLOODSITE, 2007.
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Esse valor foi baseado na capacidade produtiva média e na idade média de uma
pessoa, podendo variar em função de fatores sociais, sexo e idade.
Materiais:
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9.2 ADMINISTRAÇÃO DAS AÇÕES EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ELEVAÇÃO
DO NÍVEL D’ÁGUA A JUSANTE
Tomada de decisão;
Alarme;
Deslocamento;
Abrigo; e
Retorno.
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serem tomadas, os procedimentos a serem seguidos de alerta, alarme e evacuação
(“o quê?” e “como?”) e a definição dos envolvidos, suas responsabilidades e
atribuições (“quem?”). A etapa de deslocamento é a evacuação em si, que é definida
pela retirada organizada das pessoas das áreas ameaçadas para locais seguros.
Essas três primeiras fases devem estar contempladas no PEE, uma vez que lidam
com um fator de risco especial e tecnológico materializado pela barragem. As etapas
de abrigo e retorno envolvem a gestão de diversos fatores, como cuidados médicos
e veterinários, resgate, informação e segurança pública, serviços essenciais (água e
energia, por exemplo), manejo de mortos etc. Esses aspectos devem estar
preparados dentro dos planos de contingências para desastres gerais desenvolvidos
pela defesa civil municipal num âmbito mais amplo. Essas ações devem ser
agrupadas por área de atuação e detalhadas em procedimentos específicos, sendo
complementares aos procedimentos planejados no âmbito do PEE, e serão vistas
adiante.
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9.2.1 Tomada de decisões - condições e níveis de resposta (o quê? e
quando?)
Rocha (2002) considera ainda que, se a ruptura não tiver ocorrido e houver tempo
suficiente, a decisão de disparar o alarme deve ser tomada em conjunto entre o
responsável pelo PAE e o responsável pelo PEE.
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Tabela 13 - Níveis de emergência para as ações de resposta da Defesa Civil
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10 SISTEMAS DE ALERTA
O alerta, segundo CEDEC/MG (2007?), é “um sinal para avisar sobre um perigo ou
risco previsível a curto prazo”. É composto por um conjunto de procedimentos que
visa garantir que os agentes de resposta se preparem, permanecendo de prontidão
até o momento de agir, a ser definido pelo responsável pelo plano em função da
evolução da emergência.
O PEE deve especificar os nomes dos envolvidos nas ações de resposta que serão
colocados em prontidão no caso de uma emergência. Devem figurar os nomes dos
responsáveis pelo plano de emergência do vale a jusante, dos agentes responsáveis
pelas ações de resposta por área de atuação, os seus telefones e as formas de
comunicações alternativas (telefones de vizinhos, por exemplo).
Deve-se designar a pessoa que ficará responsável por emitir os alertas e quais os
meios de comunicação. Os responsáveis por receber as mensagens enviadas pela
operação da barragem devem ser capazes de interpretá-las e repassá-las
adequadamente. Na Fonte: Adaptado de Calheiros, Castro e Dantas, 2007 é mostrado
um esquema de fluxo de informação entre os envolvidos nas diversas fases de
comunicação de uma emergência.
O alarme é “um sinal de alarme para avisar sobre um perigo ou risco iminente”
(CEDEC/MG, 2007?). A comunicação às populações ao longo do vale deve ser
desencadeada pela COMDEC e, nos casos em que a legislação estabelecer, pelos
responsáveis pelo PAE.
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segurança. Um fator fundamental para que o aviso seja eficaz é o intervalo de tempo
para desencadear o processo de aviso e de eventual evacuação das populações
prioritariamente em risco. Um bom aviso dará aos envolvidos tempo suficiente para
reagir, mas não permitirá perder tempo com incertezas e falta de credibilidade
(ALEXANDER, 2002). Considera-se que o tempo entre o aviso e o impacto é um dos
principais, senão o principal fator, para o êxito de um processo de alarme e eventual
evacuação das populações em risco.
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Fonte: Adaptado de Calheiros, Castro e Dantas, 2007.
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Para a escolha do meio de alarme, deve-se avaliar a extensão da área ameaçada,
do tipo e dispersão geográfica da população, a localização dos agentes de resposta
da Defesa Civil e os meios e recursos já disponíveis para as autoridades. Para o
alarme, acrescentam-se ainda outros dispositivos além dos já citados:
Sirenes;
Carros de polícia com auto-falantes;
Rádio e televisão;
Publicação e afixação de comunicados de aviso;
Contatos diretos através de telefonia fixa e móvel; e
Aviso porta a porta.
As sirenes são um meio muito direto e imediato de alarme, mas podem não ser tão
efetivas dada a capacidade de compreensão do sinal pela população. Deve-se
prever um sistema de energia auxiliar para permitir sua utilização mesmo após
longos períodos sem energia. O seu alcance máximo é de aproximadamente 2
quilômetros. As sirenes são consideradas o canal de comunicação que oferece
maior eficácia no aviso a regiões mais populosas. A Fonte: USACE, 2005 mostra
uma sirene implantada no âmbito do sistema de alerta para ruptura da barragem de
Tuttle Creek, nos Estados Unidos. É interessante notar os painéis solares e o
conjunto de baterias de emergência para garantir o seu funcionamento mesmo
durante períodos de falta de energia. Essa sirene é usada também para outros tipos
de emergência, como, por exemplo, tornados. O plano de evacuação do local alerta
que o som emitido no caso de ruptura da barragem é diferente do utilizado para
outros fins.
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Figura 18 – Exemplo de sirene instalada nos Estados Unidos
De uma maneira geral, observa-se que um grande desafio reside no treinamento das
pessoas que receberão o aviso para garantir a compreensão e atuação que se
espera delas. Entretanto, um treinamento que vá além dos agentes de resposta e
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busque também a população é um assunto delicado e pouco abordado na
bibliografia referente ao planejamento para emergências induzidas por barragem.
Mais adiante serão apresentadas algumas formas de disseminação do plano para a
população, disponíveis na bibliografia consultada.
Pode ser combinada com mapas, casos Não é útil para avisos de curto prazo (menores
Anúncios de de interesse público e entrevistas para que 24 horas). Uma quantidade relativamente
jornal incrementar sua efetividade. pequena de pessoas compra jornais
acrescentando quantidade considerável diariamente.
de detalhes.
Campanhas generalizadas de publicidade contra
Pode usar todas os meios de
Campanhas ameaças e riscos não são realmente
comunicação disponíveis, em
gerais de apropriadas para processos de alarme
combinações criativas, para enviar as
publicidade imediatos; elas servem para necessidades de
mensagens.
alerta a médio e longo prazo.
Fonte: ALEXANDER, 2002.
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a acontecer. Daí a grande necessidade de interação entre os agentes da defesa civil
e os responsáveis pela operação da barragem.
Justificativas do meio
Zona afetada Características da área Meios de alarme
escolhido
Sirenes -
Área rural – distante a 30 O tempo disponível para os
Zona de auto- acionada pelo
minutos de propagação da agentes da Defesa Civil
salvamento proprietário da
onda de cheia de ruptura atuarem é escasso
barragem
O tempo de aviso é
Zona de Área urbana de Silves –
Carros equipados suficiente para que a
segurança distante entre 30 e 60 minutos
com alto-falantes Defesa Civil utilize seus
principal da onda
próprios recursos
Convém lembrar que os alarmes preventivos podem não ser seguidos do desastre, e
que isso deve ser trabalhado junto à população para que não seja perdida a
confiança no sistema de alerta ou prejudique a imagem de segurança que possui a
barragem.
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deverão expressar com razoável certeza quais eventos específicos irão ocorrer em
uma zona definida em um período de tempo determinado. Elas deverão explicar
claramente qual ação deverá ser tomada e a quem ela é direcionada.
No caso das sirenes, os sons emitidos devem se distinguir de quaisquer outros e ser
audíveis em todas as zonas habitadas. Viseu (2006) recomenda a adoção de quatro
tipos de sinal:
Na Espanha, o sistema nacional de defesa civil está tentando criar um padrão para o
som emitido pelas sirenes, de forma que pessoas que vivam em lugares diferentes
consigam identificar facilmente o seu significado, como é feito com os sinais de
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trânsito. É um trabalho difícil, já que cada autoridade regional já possui seus próprios
padrões e reluta em alterá-los.
Recursos econômicos;
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Cultura;
Atributos psicológicos;
Atividade profissional;
Experiência;
Atributos fisiológicos; e
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A divisão dos setores é feita com base no tempo disponível de evacuação em cada
área e em outras características, como a topografia, o acesso, a densidade de
construções e de pessoas. Naqueles locais cujo tempo disponível para a Defesa
Civil atuar é muito curto, deve-se considerar o princípio do auto-salvamento.
Segundo esse princípio, a população deve se deslocar para locais seguros,
previamente informados, após serem avisadas pelos sistemas de alarme. As demais
áreas a serem evacuadas serão gerenciadas pelo próprio sistema de Defesa Civil.
Para cada setor, um ou dois locais públicos devem ser designados para onde as
pessoas são direcionadas durante o processo de evacuação. Esses locais são
chamados de “pontos de encontro” e o seu objetivo é concentrar as pessoas de um
determinado setor para posteriormente serem encaminhadas para os abrigos pré-
determinados. Viseu (2006) recomenda que esse pontos devem ser bem
identificáveis no terreno e de fácil acesso, devendo-se evitar percursos muito longos,
que obriguem as pessoas a percorrerem grandes distâncias à pé. Deve-se, ainda,
evitar que esses locais fiquem inacessíveis a veículos rodoviários, garantindo o
acesso aos agentes da Defesa Civil, que enviarão os meios de transporte
necessários para buscar os desalojados e encaminhá-los para os locais adequados.
Geralmente são escolhidos como pontos de encontro espaços públicos como, por
exemplo, pátios de igrejas, campos de futebol, áreas de lazer e outros espaços
abertos localizados em cotas mais elevadas. É comum definirem-se pontos de
encontro secundários para um primeiro atendimento médico e triagem dos
desalojados para seu encaminhamento a abrigos ou casas de amigos e familiares.
Dependendo da situação, pode-se fazer essa triagem à medida que as pessoas vão
chegando aos abrigos.
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Adicionalmente, é necessário prever a existência de pessoas de fora, como turistas
e trabalhadores temporários, nas áreas ameaçadas ou, ainda, grandes
aglomerações de pessoas em eventos esportivos, religiosos ou de lazer.
As rotas que as pessoas e os agentes devem utilizar são informadas pelo sistema de
alarme e as autoridades devem garantir que não sejam bloqueadas (por lama ou
árvores, por exemplo), acionando, sempre que necessário, os equipamentos
destinados à liberação desses caminhos. Em alguns casos, é fundamental que as
pessoas não utilizem carros para fugirem, uma vez que podem provocar
congestionamentos e bloquear as passagens. Por isso, a utilização dos meios de
transporte fornecidos pela prefeitura é, normalmente, mais recomendável.
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11 MÉTODOS DE INTERAÇÃO COM A SOCIEDADE
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O segundo, relativo à educação da população, promove programas de
informação pública sobre o zoneamento do risco, codificação dos significados
das mensagens e regras de evacuação, envolvendo, inclusive, a realização de
exercícios monitorados.
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Figura 20 – Guia de evacuação do sistema de alerta para ruptura da barragem de Tuttle
Creek, nos Estados Unidos
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Figura 21 – Partes da apostila do ORSEP sobre a convivência das pessoas com as
barragens
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Em resumo, Viseu (2006) recomenda que cada cidadão residente numa área de
risco deve conhecer o plano de evacuação e, especificamente:
Deve estar informado sobre a entidade que lhe transmite a notícia da eminência
de emergência e ordem de evacuação;
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CONCLUSÃO
Em se tratando de riscos, de uma maneira geral, a mitigação pode ser feita sempre
atuando ou na probabilidade de ocorrência, ou na atenuação das consequências.
Em segurança de barragens é desejável que a atuação se dê sempre na redução da
probabilidade de ocorrência, para evitar o acidente, que quase sempre tem
consequências de grande impacto.
Muitos países têm regulado o assunto relativo aos planos de ações emergenciais de
barragens, ratificando a importância do tema. No Brasil, a lei 12.334/2010 obriga a
elaboração e implantação do PAE para barragens de grande importância, mas as
regulamentações para o assunto ainda estão em fase de elaboração.
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REFERÊNCIAS
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Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011, firmado entre
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Barragens – SNISB. Disponível em: <http://www.camara.gov.br> Acesso em: 20 out.
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ESPANHA. Real Decreto Legislativo 1/2001, 20 jul. 2001. Por el que se aprueba el
texto refundido de la Ley de Aguas. Boletín Oficial del Estado, n. 176, Madrid, 24 jul.
2001. p. 26791-26817.
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application de la loi n° 87-565 du 22 juillet 1987 relative à l'organisation de la sécurité
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<http://www.siam.mg.gov.br/sla/download.pdf?idNorma=5481> Acesso em: 28 out.
2006.
_________________________________________________________________________________
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011, firmado entre
a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
142
U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS - USACE. Safety of Dams – Policy and
Procedure Draft. Washington DC: Engineering and Design, 2003.
U.S. ARMY CORPS OF ENGINEERS - USACE. Tuttle Creek Dam Failure Warning
System. Evacuation Guidance and Maps. Kansas City. 2005. Disponível em:
<http://www.nwk.usace.army.mil/projects/tcdam/community-
dfws/DFWS_EvacPlan.htm>. Acesso em: 23 mar. 2007
VISEU, T.; MARTINS, R. Safety risks of small dams. In: BERGA, L. (Ed.) Dam Safety.
Rotterdam: Balkema, 1998. p. 283-288.
_________________________________________________________________________________
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011, firmado entre
a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
143
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ 08
1 ESCOLHA PRELIMINAR DO LOCAL............................................................. 10
2 ESTUDOS BÁSICOS E PROJETOS............................................................... 11
3 SEQUÊNCIA E ASPECTOS CONSTRUTIVOS ….......................................... 15
3.1 Obras de desvio............................................................................................. 16
3.2 Construção – Barragens de aterro................................................................. 25
3.3 Construção - Barragens de concreto............................................................. 25
4 COMPONENTES DA BARRAGEM................................................................. 27
4.1 Reservatórios................................................................................................. 28
4.2 Barragens....................................................................................................... 29
4.3 Sistemas extravasores................................................................................... 47
4.4Tomadas de água e canais de adução........................................................... 57
4.5 Chaminé de equilíbrio e condutos forçados................................................... 61
4.6 Eclusas de navegação................................................................................... 63
5 TIPOS DE ARRANJOS.................................................................................... 65
6 ASPECTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO............................................. 75
7 CONCLUSÕES................................................................................................. 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 80
5
LISTA DE FIGURAS
6
Figura 23 – Barragem de enrocamento da UHE Itaipu..............................................45
Figura 24 – Barragem de contrafortes de Itaipu........................................................ 46
Figura 25 – Barragens de contrafortes de Itaipu – 3D...............................................46
Figura 26 – Barragem de CCR do Ribeirão João Leite com vertedouro em degraus
na parte central..........................................................................................................49
Figura 27 – Vertedouros de Cachoeira Dourada........................................................49
Figura 28 – Configuração típica de um vertedouro em degraus................................50
Figura 29 – Barragem de CCR, soleira vertente em arco e degraus da PCH Funil –
Minas Gerais..............................................................................................................51
Figura 30 – Trampolim do vertedouro de Itaipu com jato lançado no leito do rio.......52
Figura 31 – Vertedouro com salto de esqui e bacia de dissipação da PCH Retiro
Velho..........................................................................................................................52
Figura 32 - Vertedouro Tulipa da UHE Graminha.......................................................53
Figura 33 – Vertedouro de Biritiba antes do enchimento do reservatório..................54
Figura 34 - Vertedouro em labirinto PCH Bonfante RJ...............................................55
Figura 35 – Vertedouro de superfície e Descarregador de Fundo da UHE Jupiá......56
Figura 36 – Tomada de água da barragem de Pedras para irrigação na Bahia.........58
Figura 37 - Tomada de água da barragem de Caxitoré para irrigação no Ceará.......59
Figura 38 - Tomada d’ água da UHE Foz do Chapecó...............................................60
Figura 39 - Chaminé de equilíbrio e conduto forçado da usina de Macabú.............. 61
Figura 40 – Montagem do conduto forçado de Itaipu 10 m de diâmetro....................62
Figura 41 – Eclusas de Três Irmãos sobre o rio Tietê................................................63
Figura 42 - Seção transversal da eclusa de Três Irmãos...........................................64
Figura 43 - Seção esquemática da UHE Capivari/Cachoeira....................................65
Figura 44 - Interior da casa de força subterrânea de Capivari-Cachoeira.................66
Figura 45 - Barragem de terra de Capivari. Na direita hidraulica o vertedouro e a
tomada de água..........................................................................................................67
Figura 46 - Circuito hidráulico da UHE Serra do Facão.............................................68
Figura 47 - Arranjo geral da UHE Tucuruí..................................................................69
Figura 48 - Circuito hidráulico da UHE Tucuruí..........................................................70
Figura 49 - Vista aérea da usina hidroelétrica de Marmelos......................................71
7
Figura 50 - Pequena barragem com tomada de água e canal de adução UHE Chave
do Vazno rio Negro RJ...............................................................................................72
Figura 51 - Arranjo geral da UHE Foz do Chapecó....................................................73
Figura 52 - PCH Funil sobre o rio Guanhães em Minas Gerais.................................74
8
Prezado aluno,
Bom estudo!
9
1 ESCOLHA PRELIMINAR DO LOCAL
Um local propício pode ser localizado onde o vale é mais estreito e as condições
geológicas favoráveis, mas que ao mesmo tempo haja espaço para acomodar o
vertedouro e outras estruturas, como a casa de força no caso de aproveitamento
hidroelétrico.
10
2 ESTUDOS BÁSICOS E PROJETO
Não existe um critério bem definido quanto ao alcance dos estudos e das
investigações necessárias para o projeto de uma barragem. Por exemplo, uma
pequena barragem de 10
m de altura sobre uma fundação de argila mole pode exigir muito mais investigações
e estudos que uma barragem de 30 m com fundações sobre uma rocha de boa
qualidade.
11
As investigações geológicas e geotécnicas usualmente recomendadas para
barragens de porte são as seguintes:
Os estudos hidrológicos têm como base os registros históricos das vazões do rio
que
deve ser barrado e as precipitações da região; em caso de séries históricas curtas
12
ou
inexistentes devem ser elaboradas correlações com os registros de bacias próximas.
Estas bases de dados servem para os estudos energéticos, de enchente e
estiagens.
Nesta fase são iniciadas as medições fluviométricas no rio para definir as curvas
chave do
rio em seções próximas ao local da barragem.
13
• Resfriamento dos componentes do concreto (agregado, água, cimento);
• Concretagem de noite ou nas horas mais frescas do dia;
• Cura com água.
• Diminuição das espessuras das camadas de concretagem
14
3 SEQUÊNCIA E ASPECTOS CONSTRUTIVOS
Uma das primeiras obras deve ser a estrutura de controle do desvio, a qual é
equipada com comportas para o fechamento do rio na fase final de desvio. A
estrutura de controle pode ser uma estrutura temporária separada da barragem,
como no caso de Foz do Areia e Xingó (Figuras 4 e 5), ou fazer parte da barragem,
como no caso de Itaipu (Figura 1). No caso de Tucuruí (Figura 6), as adufas de
desvio estavam localizadas na base do vertedouro.
15
de estoque, aguardando seu uso posterior. Os materiais não idôneos são levados
para zonas de bota-fora.
A cortina é constituída por uma ou mais linhas de furos, perfurados a uma distância
inicial da ordem de 6 m. A execução de furos de injeção intermediários é
determinada pela absorção de calda e é realizada pelo método da subdivisão
sucessiva do espaçamento entre furos (split spacing).
16
As Figuras 1 a 3 ilustram o desvio do rio Paraná em Itaipu onde, devido às elevadas
vazões e à morfologia do rio encaixado num vale estreito, foi adotado o desvio por
um canal lateral na margem esquerda. As ensecadeiras principais construídas no
leito do rio eram barragens de enrocamento com núcleo central de argila e altura da
ordem de 60 m. A argila foi lançada em águas quase paradas após o fechamento do
rio com os diques de
enrocamento, prévia dragagem dos bancos de areia no leito do rio.
17
Figura 1 - Arranjo geral do esquema de desvio de Itaipu
18
Figura 2 - Fases de desvio de Itaipu
19
Figura 3 - Ensecadeira principal de montante no leito do rio Paraná de Itaipu
20
Em vales estreitos e vazões menos elevadas pode ser adotado o desvio por túneis,
como no caso de Furnas, Irapé, Foz do Areia (Figura 4), Corumbá, Segredo, Xingó e
Serra da Mesa, só para citar alguns empreendimentos hidroelétricos. Em Serra da
Mesa deve ser assinalada a adoção de ensecadeiras galgáveis em CCR.
21
Figura 5 - Primeira fase do desvio do rio São Francisco em Xingó. À direita os emboques
dos túneis e as estruturas de controle do desvio.
Em vales mais abertos, como no caso de Ilha Solteira, Itumbiara, Peixe Angical,
Salto Caxias e Tucuruí (Figura 6 e 7) o desvio pode ser efetuado em duas fases
principais, uma primeira com estrangulamento parcial da calha do rio para
construção das estruturas de controle do desvio nas áreas ensecadas e nas
margens, e uma segunda com o fechamento do leito natural, o rio passando a
escoar pelas estruturas de controle. Nestes casos não há canal ou túnel de desvio e
22
a estrutura de controle faz parte da própria barragem, como, por exemplo, as adufas
no vertedouro de Tucuruí (veja a Figura 6).
23
Figura 7 – Esquema de desvio da UHE Tucuruí
24
3.2. Construção - Barragens de aterro
25
• Granulometria.
• Massa específica.
• Absorção.
26
4 COMPONENTES DA BARRAGEM
27
4.1. Reservatórios
28
4.2 Barragens
Barragens de Concreto
29
Figura 8 – Barragem de Alborelo, gravidade maciça, seção no vertedouro controlado e
descarga de fundo (Itália)
30
Figura 9 - Barragem de gravidade em CCR (Concreto Compactado a Rolo) Soleira vertente
UHE Monte Claro.
31
Figura 10 - Barragem principal do tipo gravidade aliviada da UHE Itaipu
32
Figura 11 – Laje da face de montante da barragem de contrafortes Stony Gorge (EUA)
33
Figura 12 – Barragem de Stony Gorge (EUA) do tipo de contrafortes armados com laje de
montante
34
Figura 13 – Comparação das subpressões nas diferentes barragens de concreto
35
Figura 14 - Barragem de contrafortes de Itaipu
Com exceção de algum tipo de barragem de contrafortes, aquela com placa ou laje a
montante e arcos múltiplos (Figuras 11, 12 e 13), todas as barragens de concreto
36
praticamente não contêm ferro de armadura.
37
Figura 16 – Barragem Coolidge de abóbodas múltiplas com 76 m de altura (EUA)
Barragens de Aterro
38
Uma classificação mais simplificada seria a seguinte:
a) Barragens de terra homogênea.
b) Barragens de terra zoneada.
c) Barragens de enrocamento.
39
Figura 17 – Barragem de enrocamento com núcleo de argila e zoneada de Salto Santiago
40
Figura 18 – Barragem de enrocamento com face de concreto UHE Campos Novos
Figura 19 - Barragem de enrocamento com núcleo impermeável de asfalto UHE Foz do Cha-
pecó.
Por exemplo, num local com rocha de boa qualidade e abundancia de argila, mas
afastado de zonas povoadas e dos grandes centros, portanto com dificuldade para
41
abastecimento de cimento, a escolha será para uma barragem de enrocamento com
núcleo de argila. Em outro local com rocha de boa qualidade situado em zona
chuvosa que dificultaria a compactação de argila durante todo o tempo, pode ser
adotada uma barragem de enrocamento com face de concreto (BEFC) ou uma
barragem de enrocamento com núcleo ou revestimento de asfalto.
Grandes Barragens
Na prática muitas vezes o barramento normalmente é composto por trechos de
diversos tipos de barragem para aproveitar os materiais existentes e as diversas
condições do local.
42
Figura 20 - Arranjo geral da UHE Itaipu.
43
Figura 21 - Barragem principal do tipo gravidade aliviada da UHE Itaipu
44
Figura 22 - Barragem principal do tipo gravidade aliviada da UHE Itaipu - 3D
45
Figura 24 - Barragem de contrafortes de Itaipu
46
4.3. Sistemas extravasores
A vazão máxima afluente pode ser calculada por métodos estatísticos ou pelo
método da enchente máxima provável EMP. A determinação da enchente de projeto
depende de um grande número de fatores, particularmente da dimensão da bacia
hidrográfica, dos reservatórios a montante (e suas regras de operação), mas
especialmente da quantidade e confiabilidade dos dados disponíveis das
precipitações e vazões nos locais representativos das bacias dos afluentes a
montante do local da barragem. Atualmente, o método determinístico de cálculo das
enchentes é considerado mais adequado para grandes empreendimentos que o
47
método probabilístico.
48
Figura 26 - Barragem de CCR do Ribeirão João Leite com vertedouro em degraus na parte
central
Fonte: Main Brazilian Dams III CBDB, 2009.
Figura 27 – Vertedouros de Cachoeira Dourada
49
Nos anos recentes foram construídos muitos vertedouros de soleira livre em degraus
aproveitando as camadas da construção de concreto compactado a rolo CCR. No
entanto, a superfície hidráulica da escadaria é formada por concreto convencional,
mais adequado para resistir ao escoamento. Este tipo de solução pode ser adotado
quando a vazão específica não é elevada.
50
Figura 29 – Barragem de CCR, soleira vertente em arco e degraus da PCH Funil – Minas
Gerais
51
Figura 30 – Trampolim do vertedouro de Itaipu com jato lançado no rio
52
Em muitas barragens de terra o vertedouro constitui uma estrutura separada do
corpo da barragem, como o vertedouro do tipo Tulipa (Figuras 32 e 33), casos das
barragens de Biritiba, Graminha, Itabiruçu e Paraibuna/Paraitinga.
53
Figura 33 - Vertedouro de Biritiba antes do enchimento do reservatório
54
Figura 34 - Vertedouro em labirinto da PCH Bonfante RJ
55
Figura 35 - Vertedouro de superfície e descarregador de fundo da UHE Jupiá
56
necessidade de rebaixamento do reservatório abaixo da crista do vertedouro ou de
seu esvaziamento, ou quando for necessária a descarga de sedimentos. Em alguns
casos, o próprio vertedouro poderá ser concebido parcial ou totalmente como um
descarregador de fundo.
57
As Figuras 36 e 37 ilustram tomadas de água principalmente para irrigação e a
Figura 38 para hidroeletricidade.
58
Figura 37 – Tomada de água da barragem de terra homogênea de Caxitoré para irrigação no
Ceará
59
Figura 38 - Tomada d’ água da UHE Foz do Chapecó
Nas usinas hidroelétricas a fio d’ água, onde as variações de nível do lago são
mínimas e as condições topográficas são favoráveis, são utilizados canais de
adução que seguem as curvas de nível até a proximidade da casa de força, onde
entram no conduto forçado.
60
4.5. Chaminé de equilíbrio e condutos forçados
61
Figura 40 - Montagem do conduto forçado de Itaipu com 10 m de diâmetro
62
4.6 Eclusas de navegação
Eclusas de navegação foram construídas nos barramentos dos grandes rios como
Paraná, Tietê, São Francisco e Tocantins para permitir a passagem de embarcações
e comboios de balsas.
63
Figura 42 – Seção transversal da eclusa de Três Irmãos
64
5 TIPOS DE ARRANJOS
O arranjo vai depender muito da topografia do local, da queda (em caso de usina
hidrelétrica) e da finalidade do empreendimento. Nos empreendimentos do tipo
alpino, onde a vazão é pequena e há queda grande, podemos ter uma barragem alta
para formar um grande reservatório para regularização das vazões, longos condutos
ou túneis forcados até a usina localizada por vezes até um quilômetro abaixo.
Usinas deste tipo encontramos na Serra do Mar, por exemplo, Capivari-Cachoeira e
Cubatão, respectivamente nos estados de Paraná e de São Paulo.
65
• Um túnel de fuga de 2,2 km;
• Uma queda de 770 m.
66
Figura 45 - Barragem de terra de Capivari. Na direita hidráulica o vertedouro e a tomada de
água
Arranjos e usinas mais comuns no Brasil, onde temos rios largos com elevadas
vazões e
quedas moderadas, são aqueles com circuito hidráulico mais compacto com
barragem/tomada de água e casa de força próximas. Poderíamos citar dezenas de
exemplo, tais como Itaipu, Itumbiara, São Simão, Serra do Facão, Tucuruí, etc. Por
outro lado, por causa da altura da barragem e das dimensões do vale em muitos
destes empreendimentos, a extensão da crista da barragem por vezes mede alguns
quilômetros (Itaipu 8 km e Tucuruí 7 km aproximadamente).
67
de camadas sub-horizontais com preenchimento de materiais xistosos de baixa
resistência, foi necessário escavar um sistema de túneis de drenagem para aliviar as
subpressões na fundação e eliminar alguns blocos de concreto que foram
substituídos pela barragem de enrocamento.
68
Figura 47 – Arranjo geral da UHE Tucuruí
69
Figura 48 - Circuito hidráulico da UHE Tucuruí
70
com longos canais de adução e barragens de pequena altura no rio Doce e no
Paraíba do Sul (Aimoré e Simplício).
71
Figura 50 - Pequena barragem com tomada de água e canal de adução UHE Chave do Vaz
no rio Negro RJ
72
Figura 51 – Arranjo geral da UHE Foz do Chapecó
Arranjo típico de pequena central hidroelétrica PCH é ilustrado na Figura 40, onde o
rio é fechado por uma barragem não muito alta e um túnel forçado conduz a água
até a central, situada a jusante do trecho encachoeirado.
73
Figura 52 – PCH Funil sobre o rio Guanhães em Minas Gerais
74
6 ASPECTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
75
danos com erosão do concreto e arrancamento das armaduras.
Citamos também o caso do vertedouro de Itaipu, onde por causa do tratado tripartite
há restrições na descarga para evitar oscilações horárias dos níveis de água a
jusante que poderiam afetar a navegação no rio Paraná a jusante. Também podem
interferir nas regras operativas os usos e ocupações a jusante da barragem,
questões ambientais e outros fatores.
76
Os manuais devem prever a operação em caso de eventos excepcionais, como
enchentes, tempestades e terremotos, nos quais pode haver problemas de acesso à
barragem, interrupção do fornecimento de energia, parada dos grupos geradores,
interrupção das linhas telefônicas e das comunicações.
77
7 CONCLUSÕES
78
rotineiras de forma preventiva e reparadoras, quando necessário, por causa das
deteriorações que porventura ocorram ao longo da vida útil.
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
80
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CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
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2
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FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
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CURRICULO RESUMIDO
4
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 06
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 07
1 INSPEÇÕES VISUAIS...................................................................................... 07
2 LIMITAÇÃO DA INSTRUMENTAÇÃO DE AUSCULTAÇÃO.............................. 09
3 TIPOS DE INSPEÇÃO....................................................................................... 12
4 EQUIPES DE AUSCULTAÇÃO DO CONCESSIONÁRIO.................................. 13
5 PROCEDIMENTOS E APLICAÇÃO PRÁTICA.................................................. 16
5.1 Preparação para a inspeção de segurança.......................................... 16
5.2 Aplicação Prática.................................................................................... 17
5.3 Inspecionando Taludes e Paramentos.................................................. 19
5.4 Inspecionando os Contatos................................................................... 21
5.5 Inspecionando a Crista........................................................................... 22
5.6 Inspecionando o Pé da Barragem e demais áreas de influência....... 24
5.7 Guias de Inspeção.................................................................................. 25
CONCLUSÕES...................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 34
Anexo I - Check List de Inspeção Regular 35
5
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LISTA DE FIGURAS
6
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Prezado Aluno,
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem-se dado sempre mais importância ao monitoramento das grandes
barragens por sistemas sofisticados dotados de capacidade de leituras remotas e
automáticas. Com as possibilidades crescentes e a grande variedade de equipamentos
eletrônicos disponíveis a preços sempre mais acessíveis é grande a tentação de instalar
um sistema que possa monitorar rapidamente as estruturas com o mínimo de pessoal,
obtendo leituras contínuas e imediatas em qualquer momento.
7
[Digite texto]
verificação da segurança, que é preciso que ela obedeça a certas regras e que seja
complementada pela observação cuidadosa das estruturas durante as inspeções visuais
de campo. Alguns engenheiros até afirmam que é perigoso não manter um contato
frequente com a barragem por meio de inspeções in situ.
1 1INSPEÇÕES VISUAIS
Deve-se ter presente que apenas a instrumentação, por mais sofisticada que seja não é
suficiente e deve ser acompanhada por uma inspeção visual direta. Devido às grandes
dimensões de uma barragem e ao fato de que os instrumentos não estão localizados
necessariamente na região onde um fenômeno prejudicial se manifesta, é extremamente
útil vistoriar periodicamente toda a estrutura, procurando por sinais de possíveis
problemas: fissuração, áreas úmidas, novas surgências, etc. Esta vistoria tem que ser
realizada por pessoas que estejam bem a par do que deve ser observado. Não
necessitam serem engenheiros, mas devem ser treinados para esta finalidade por
engenheiros de barragens. (A Barragem de Gravidade – Uma Barragem para o Futuro.
Boletim 117 do CIGB, p.64, tradução do CBDB, 2004).
A avaliação de segurança de uma barragem deve ser um esforço contínuo, que exige a
realização simultânea de vistorias periódicas in situ e de análise pari passu dos dados da
instrumentação, durante toda a vida útil da barragem. (Auscultação e Instrumentação de
Barragens no Brasil - Comissão de Auscultação e Instrumentação de Barragens. CBDB II
Simpósio sobre Instrumentação de Barragens, agosto/1996).
8
[Digite texto]
4 Diversos relatos de acidente afirmam que o problema não foi detectado pela
instrumentação e que o alarme foi dado pela observação visual;
Alguns tipos de instrumento são mais sensíveis para verificar comportamentos anômalos,
pois refletem o desempenho integral da barragem, como por exemplo, as medidas de
percolação, as deformações da fundação e os deslocamentos da crista. No entanto, estes
instrumentos também não estão instalados em todos os blocos e não cobrem
completamente a área e o corpo da barragem.
9
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Um exemplo análogo pode ser feito para um extensômetro instalado em um talude onde
um aumento uniforme devido a efeitos térmicos ou à fluência não representa perigo,
enquanto que uma deformação em um curto trecho pode revelar a formação de uma
trinca e o inicio de um deslizamento.
10
[Digite texto]
instalação de extensômetros.
Nas barragens antigas, onde a substituição dos instrumentos obsoletos ou com falhas é
muitas vezes dificultosa e cara, as inspeções tornam-se sempre mais importantes.
11
[Digite texto]
3 TIPOS DE INSPEÇÃO
A Lei 12.334/2010 em seu artigo 9 determina que: “As inspeções de segurança regular e
especial terão a sua periodicidade, a qualificação da equipe responsável, o conteúdo
mínimo e o nível de detalhamento definidos pelo órgão fiscalizador em função da
categoria de risco e do dano potencial associado à barragem.
12
[Digite texto]
As inspeções devem ser orientadas para verificar os tópicos críticos e vitais da barragem
e neste sentido é importante a utilização de uma lista de itens de verificação. Entretanto,
as observações não devem ser restritas à lista de verificação, mas indicar eventuais
outras anormalidades. As inspeções não devem limitar-se somente a observar à área da
barragem, mas também às estruturas anexas.
13
[Digite texto]
Estas equipes devem ser compostas de pessoal experiente, bem treinado, conhecedor
dos fenômenos e do comportamento da barragem, familiarizado com as singularidades e
os detalhes importantes da barragem. Estes técnicos devem participar de cursos de
treinamento e atualização periódicos. Toda a equipe de auscultação, composta pelos
engenheiros e técnicos responsáveis pelas observações de campo, como também
aqueles encarregados da analise e interpretação dos resultados, deve atender estes
cursos de reciclagem.
É fundamental que exista uma boa comunicação entre as equipes encarregadas das
inspeções e os engenheiros responsáveis pela análise e interpretação do comportamento
da obra com reuniões periódicas e intercâmbio de informações e documentos. É
recomendável efetuar uma inspeção conjunta destas duas equipes pelo menos uma vez
por ano.
Deve haver renovação periódica das equipes com a introdução de novos membros bem
antes da saída dos antigos. Considera-se que um técnico deva atuar por um período
mínimo de um ano com uma equipe de auscultação experiente para atingir sua formação
satisfatória e poder substituir um de seus componentes.
Para ter uma uniformidade e uma continuidade nas inspeções se recomenda que sejam
realizadas pelo mesmo engenheiro ou por membros da mesma equipe, acostumados a
trabalhar em conjunto. Em caso de não ter uma equipe própria, o concessionário pode
optar para contratar os serviços de empresas especializadas em fazer as leituras da
14
[Digite texto]
15
[Digite texto]
Na Sequência, são mostradas as listas de verificação (check list) dos aspectos mais
importantes que podem denotar riscos para a segurança da barragem, extraídas da
publicação do CBDB, Auscultação e Instrumentação de Barragens no Brasil.
Dependendo da área a ser inspecionada podem ser necessárias botas de cano alto,
capas impermeáveis e lanternas.
16
[Digite texto]
17
[Digite texto]
A Lei de Seguranças de Barragens prevê que os dados decorrentes das inspeções sejam
cadastrados no Sistema Nacional. Como sugestão, a inspeção pode ser orientada a partir
do check list das informações que serão posteriormente cadastradas. A lista facilita a
execução da inspeção por um lado, mas não deve limitar a investigação de anomalias por
parte do profissional com base na sua experiência. Alguns proprietários de barragens já
desenvolveram seus check lists baseados no que está preconizado no Manual de
Segurança de Barragens do Ministérios da Integração Nacional (Anexo I).
18
[Digite texto]
Uma inspeção efetiva requer uma cuidadosa preparação. Uma equipe técnica deve ser
destacada para inspeção, se for possível, pois geralmente o trabalho em equipe é mais
abrangente e cuidadoso. É importante que os inspetores sigam as normas técnicas
aplicáveis e que as inspeções de uma barragem sejam realizadas em diferentes épocas
do ano. Variando a época da inspeção possibilita que a barragem seja examinada quando
o reservatório estiver em níveis diferentes e em diferentes condições de vegetação. Por
outro lado, ao longo dos anos, é conveniente que a barragem seja examinada quando o
reservatório estiver nos mesmos níveis para identificar alterações de comportamento para
a mesma carga hidráulica. Porém, é igualmente importante realizar inspeções em
períodos chuvosos e de seca para avaliação do comportamento da estrutura nas
diferentes condições.
A técnica geral de inspeção de um talude é caminhar sobre este, tantas vezes quanto for
necessário, para se ver claramente toda sua superfície. De um determinado ponto do
talude é possível ver pequenos detalhes até distâncias entre 3 a 30 metros, dependendo
das irregularidades da superfície, da vegetação e de outras condições. Assim, para
garantir que toda a barragem foi coberta é preciso caminhar indo e voltando até que toda
área tenha sido vista. Os seguintes padrões podem ser usados para caminhar sobre a
crista e os taludes:
Zig-zag
Uma trajetória em zig-zag é a recomendada para garantir que toda a área dos taludes e
da crista foi coberta. Pode ser preferível usar a trajetória em zigzag para áreas pequenas
ou taludes não muito íngremes. Figura I-3, na página seguinte, ilustra a trajetória em zig-
zag para percorrer uma barragem.
Paralela
A segunda maneira é fazer uma série de passadas paralelas à crista através dos taludes.
Usualmente, é preferível usar esta maneira quando os taludes são íngremes por ser
menos árduo. Figura I-4, na página seguinte, ilustra a trajetória em paralelo para percorrer
uma barragem.
19
[Digite texto]
Em intervalos regulares, enquanto caminhando sobre o talude, deve-se parar e olhar 360
graus em para:
Verificar a uniformidade da superfície visível.
Confirmar que nenhuma deficiência ou anomalia passou despercebida.
Parando e olhando em volta, permite ver o talude de diferentes perspectivas, o que pode
revelar deficiências que, outra forma, poderiam não ser notadas.
20
[Digite texto]
Os encontros do maciço com as ombreiras (ou contatos) devem ser percorridos para uma
cuidadosa inspeção destas áreas.
21
[Digite texto]
A inspeção da crista é similar à inspeção dos taludes. Pode ser usada tanto a trajetória em
zig-zag ou em paralelas. Quando inspecionando a crista lembre:
Técnicas de Observação
22
[Digite texto]
Crista da Barragem
23
[Digite texto]
perspectives. Primeiro, olhe diretamente sobre a linha, depois mova-se para um e outro
lado. A técnica de mirar ao longo da crista usando o olho nu, lentes teleobjetivas e
binóculos será mostrada em vídeo.
A técnica de observação descrita nesta seção é também útil para detectar alterações na
uniformidade dos taludes. A linha de contato do talude de montante com a superfície do
reservatório deve ser paralela ao eixo da barragem. Em outras palavras, se a barragem
tem eixo retilíneo, a linha d’água também deve ser uma linha reta.
Desta forma, a CEMIG GT recomenta que barragens de aterro e concreto tenham suas
áreas a jusante e no entorno das ombreiras verificadas durante as inspeções de campo,
conforme figuras 6 e 7.
Fonte: CEMIG GT
24
[Digite texto]
Fonte: CEMIG GT
Além do apoio dos check lists, proprietários e responsáveis pela segurança de barragens
algumas vezes lançam mão de guias de inspeção para as auditorias de campo. Como o
próprio nome define, Guias de Inspeção são documentos elaborados para orientar os
responsáveis sobre o que deve ser observado em cada ponto da barragem. Os guias são
especialmente importantes no processo de formação de novos “inspetores”, para
transferência de conhecimento quando da alteração das equipes e para o processo de
padronização da atividade.
25
[Digite texto]
26
[Digite texto]
27
[Digite texto]
28
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29
[Digite texto]
30
[Digite texto]
31
[Digite texto]
32
[Digite texto]
CONCLUSÕES
33
[Digite texto]
REFERÊNCIAS
Bureau of Reclamation, TADS (Trainig Aids for Dam Safety): Identification Of Visual
Dam Safety Deficiencie.
CBDB, Núcleo Regional de São Paulo. Guia Básico de Segurança de Barragens. 2001.
JANSEN B. Robert. Dams and Public Safety. U.S. Dpt. of the Interior. 1980
XV ICOLD. Dams and Foundation Monitoring: General report. Q 56. Lausanne, 1985.
34
[Digite texto]
1 – Nome da Barragem:
2 - Coordenadas: ° ’ ”S ° ’ ”O Datum:
3 – Município/Estado :
5 - Cargo:
9 – Empreendedor:
Legenda:
SITUAÇÃO: MAGNITUDE: NÍVEL DE PERIGO (NP)
NA – Este item Não é Aplicável I - Insignificante 0 - Nenhum
NE – Anomalia Não Existente P - Pequena 1- Atenção
PV – Anomalia constatada pela Primeira Vez M - Média 2- Alerta
DS – Anomalia Desapareceu G- Grande 3- Emergência
DI – Anomalia Diminuiu
PC – Anomalia Permaneceu Constante
AU – Anomalia Aumentou
NI – Este item Não foi Inspecionado (Justificar)
SITUAÇÃO:
NA – Este item Não é Aplicável: O item examinado não é pertinente à barragem que esteja sendo inspecionada.
NE – Anomalia Não Existente: Quando não existe nenhuma anomalia em relação ao item que esteja sendo examinado.
PV – Anomalia constatada pela Primeira Vez: Quando da visita à barragem, aquela anomalia for constatada pela
35
[Digite texto]
primeira vez, não havendo indicação de sua ocorrência nas inspeções anteriores.
DS – Anomalia Desapareceu: Quando em uma inspeção, uma determinada anomalia verificada na inspeção anterior
não mais esteja ocorrendo.
DI – Anomalia Diminuiu: Quando em uma inspeção, uma determinada anomalia apresente-se com menor intensidade
ou dimensão, em relação ao constatado na inspeção anterior, conforme pode ser verificado pela inspeção ou informado
pela pessoa responsável pela barragem.
PC – Anomalia Permaneceu Constante: Quando em uma inspeção, uma determinada anomalia apresente-se com
igual intensidade ou a mesma dimensão, em relação ao constatado na inspeção anterior, conforme pode ser verificado
pela inspeção ou informado pela pessoa responsável pela barragem.
AU – Anomalia Aumentou: Quando em uma inspeção, uma determinada anomalia apresente-se com maior
intensidade, ou dimensão, em relação ao constatado na inspeção anterior, capaz de ser percebida pela inspeção ou
informada pela pessoa responsável pela barragem.
NI – Este item Não foi Inspecionado: Quando um determinado aspecto da barragem deveria ser examinado e por
motivos alheios à pessoa que esteja inspecionando a barragem, a inspeção não foi realizada.
MAGNITUDE:
I - Insignificante: Anomalia que pode simplesmente ser mantida sob observação pela equipe local da
barragem
P - Pequena: Anomalia que pode ser resolvida pela própria equipe local da barragem.
M - Média: Anomalia que pode ser resolvida pela equipe local da barragem com apoio da equipe sede do
empreendedor ou apoio externo.
G - Grande: Anomalia que só pode ser resolvida com apoio da equipe da sede do empreendedor ou apoio
externo.
0 - Nenhum: não compromete a segurança da barragem, mas que pode ser entendida como descaso e má
conservação.
1 - Atenção: não compromete a segurança da barragem a curto prazo, mas deve ser controlada e
monitorada ao longo do tempo.
2 - Alerta: risco a segurança da barragem, devem ser tomadas providências para a eliminação do problema.
36
INFRAESTRUTURA
A.
OPERACIONAL
Falta de documentação sobre a I P M G
1 NA NE PV DS DI PC AU NI
barragem
Comentários:
B. BARRAGEM
B.l PARAMENTO DE MONTANTE
1 Presença de vegetação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Erosão nos encontros das ombreiras NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Ocorrência de fissuras no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Deterioração da superficie do concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Juntas de dilatação danificadas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
B.2 CRISTA
1 Movimentos diferenciais entre blocos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Ocorrência de fissuras no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Deterioração da superfície do concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Juntas de dilatação danificadas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Corrosão no parapeito (guarda-corpo) NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
7 Corrosão nos postes de iluminação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
8 Corrosão no pórtico NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
37
B.3 PARAMENTO DE JUSANTE
1 Sinais de movimento NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Ocorrência de fissuras no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Deterioração da superfície do concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Juntas de dilatação danificadas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Sinais de percolação ou áreas úmidas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Carreamento de material na água dos
7 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
drenos
8 Vazão nos drenos de controle NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
38
1 Indicação de movimentos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Deterioração da superfície do concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Surgências de água no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Rachaduras ou trincas no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Deterioração do portão de acesso NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
7 Acesso precário aos instrumentos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
8 Deterioração da instrumentação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
9 Piezômetros entupidos ou defeituosos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
10 Drenos obstruídos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
11 Precariedade de acesso à galeria NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
12 Falta de manutenção NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
13 Falta de iluminação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
14 Defeito nas instalações elétricas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
15 Falta de ventilação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Presença de pedras, lixo dentro da
16 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
galeria
17 Sinais de percolação ou áreas úmidas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Carreamento de material na água dos
18 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
drenos
19 Vazão nos drenos de controle NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
20 Vazão elevada nos drenos de alívio NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
B.6 INSTRUMENTAÇÃO
1 Acesso precário aos instrumentos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
C. SANGRADOURO / VERTEDOURO
C.1 CANAIS DE APROXIMAÇÃO E
RESTITUIÇÃO
1 Presença de vegetação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
39
2 Obstrução ou entulhos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Desalinhamento dos taludes e muros
3 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
laterais
4 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Erosões ou escorregamentos nos
5 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
taludes laterais
6 Erosão na base dos canais escavados NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Erosão na área à jusante do
7 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
sangradouro
8 Construções irregulares NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
40
C.4 MUROS LATERAIS
1 Erosão na fundação NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Erosão nos contatos dos muros NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Rachaduras no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Deterioração da superfície do concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
RÁPIDO/BACIA
C.5
AMORTECEDORA
1 Rachaduras ou trincas no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Ferragem do concreto exposta NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Deterioração da superfície do concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Ocorrência de buracos na soleira NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Erosão NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Presença de entulho na bacia NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
7 Falha no enrocamento de proteção NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
8 Presença de vegetação na bacia NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
D. TOMADA D'ÁGUA
D.l ACIONAMENTO
Hastes (travada no mancai, corrosão e
1 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
empenamento)
Base dos mancais (corrosão, falta de
2 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
chumbadores)
3 Corrosão nos mancais NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Falhas nos chumbadores, lubrificação e
4 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
pintura do pedestal.
5 Falta de indicador de abertura NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Falta de volante NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
D.2 COMPORTAS
Peças fixas (corrosão, amassamento,
1 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
pintura)
2 Estrutura da comporta (corrosão, NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
41
amassamento, pintura)
3 Defeito das vedações (vazamento) NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Defeito das rodas (comporta vagão, se
4 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
aplicável)
Defeitos nos rolamentos ou buchas e
5 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
retentores
6 Defeito no ponto de içamento NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
42
3 Defeitos nas juntas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Deformação do conduto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Desalinhamento do conduto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Vazamento nos dispositivos de controle NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
E. RESERVATÓRIO
1 Réguas danificadas ou faltando NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Construções em áreas de proteção NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Poluição por esgoto, lixo, pesticida etc. NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Indícios de má qualidade d'água NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Erosões NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Assoreamento NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
7 Desmoronamento das margens NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Existência de vegetação aquática
8 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
excessiva
9 Desmatamentos na área de proteção NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
10 Presença de animais e peixes mortos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
11 Animais pastando NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
43
REGIÃO A JUSANTE DA
F.
BARRAGEM
Sinais de movimentos na rocha de
1 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
fundação
Desintegração / Decomposição da
2 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
rocha
3 Piping nas juntas rochosas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Construções irregulares próximas ao
4 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
leito do rio
5 Fuga d'água NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Árvores e arbustos na faixa de 10m do
6 NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
pé da barragem
7 Erosão nos encontros das ombreiras NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
8 Cavernas e buracos nas ombreiras NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
G MEDIDOR DE VAZÃO
1 Ausência da placa medidora de vazão NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
2 Corrosão da placa NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
3 Defeitos no concreto NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
4 Falta de escala de leitura de vazão NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
5 Assoreamento da câmara de medição NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
6 Erosão à jusante do medidor NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G
Comentários:
K. SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
Observações importantes:
1) A Magnitude e o Nível de Perigo somente deverão ser preenchidos quando a situação do item for PV, DI, PC e
AU.
2) Tratando-se da primeira inspeção de uma barragem, as situações escolhidas devem ser NA, NE, PV e NI.
Quando o técnico basear-se em conhecimento próprio ou de terceiros para informar as situações DI, DS, PC ou
AU, deve haver esclarecimento por meio do preenchimento do espaço reservado para comentários e como este
conhecimento foi obtido.
Referência
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Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011, firmado
entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
1
MÓDULO III – GESTÃO E DESEMPENHO DE
BARRAGENS
UNIDADE 3: FISCALIZAÇÃO DE BARRAGENS
_________________________________________________________________________________
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2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Celina Lopes Ferreira (ANA)
REVISÃO ORTOGRÁFICA
ICBA – Centro de Línguas
www.cursodeidiomasicba.com.br
Esta obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-
SemDerivados 3.0 Não Adaptada
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3
CURRICULO RESUMIDO
Prof:Marcelo Giulian Marques
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4
CURRICULO RESUMIDO
Prof:Sérgio Toledo Salgado
Formado em Engenharia de Produção Civil
pela Faculdade Brasileira (2003), com
Mestrado em Engenharia Hidráulica e
Saneamento pela Universidade de São Paulo
(2008), Especialista em Gestão e Auditoria
Ambiental pela Fundação Iberoamericana
(2008) e Especialista em Gestão e
Tecnologia do Saneamento pela Fundação
Oswaldo Cruz (2012).
_________________________________________________________________________________
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5
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... 08
LISTA DE QUADROS........................................................................................ 08
INTRODUÇÃO................................................................................................... 10
1. NORMATIVOS DA PNSB.............................................................................. 11
2. BARRAGENS DA POLITICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE
BARRAGENS.................................................................................................... 13
3. RESPONSABILIDADE DE FISCALIZAÇÃO................................................ 14
4. COMPETÊNCIAS E OBRIGAÇÕES NA PNSB............................................ 18
4.1 Competência dos órgãos fiscalizadores...................................................... 18
4.2 Obrigações do empreendedor..................................................................... 20
5. ATRIBUIÇÕES DA FISCALIZAÇÃO............................................................. 22
5.1 Classificação das barragens........................................................................ 22
5.1.1 Classificação quanto à categoria de risco................................................. 23
5.1.2 Classificação quanto ao dano potencial associado.................................. 23
5.2 Plano de Segurança da Barragem............................................................... 24
5.3 Relatório de Segurança da Barragem.......................................................... 25
5.4 Sistema nacional de informações sobre segurança de barragens 26
6. ATIVIDADES DE FISCALIZAÇÃO................................................................ 29
6.1 Outras Atividades......................................................................................... 30
6.2 Agente fiscalizador....................................................................................... 30
6.3 Perfil técnico recomendável......................................................................... 31
7. CADASTRO DE BARRAGEM EM CAMPO.................................................. 33
8. PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO - SEGURANÇA DE
BARRAGENS.................................................................................................... 35
8.1 Fase I - Avaliação das Informações............................................................. 35
8.2 Fase II - Planejamento das campanhas de fiscalização.............................. 36
8.2.1 Equipamentos de vistoria.......................................................................... 38
8.3 Fase III - Campanhas de Fiscalização......................................................... 39
_________________________________________________________________________________
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6
8.4 Fase IV - Registro Interno e elaboração de relatórios................................. 44
9. INSTRUMENTOS DE FISCALIZAÇÃO......................................................... 46
9.1 Penalidades.................................................................................................. 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 50
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 52
ANEXOS............................................................................................................ 54
_________________________________________________________________________________
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7
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 1– Instrumentos normativos publicados até julho de 2013.................. 11
Quadro 2 – Exemplos de equipamentos e acessórios utilizados em vistorias.. 38
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8
Prezado Aluno,
Bom estudo!
_________________________________________________________________________________
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9
INTRODUÇÃO
_________________________________________________________________________________
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10
1. NORMATIVOS DA PNSB
_________________________________________________________________________________
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11
Normativos Assunto Instituição Comentário
20/09/2010.
_________________________________________________________________________________
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12
2. BARRAGENS DA POLITICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE
BARRAGENS
_________________________________________________________________________________
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13
3. RESPONSABILIDADE DE FISCALIZAÇÃO
_________________________________________________________________________________
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entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
14
o Órgão Estadual de Recursos Hídricos – Barragens situadas no
corpo hídrico de domínio estadual.
Figura 1– Barragem do Rio Irai- Piraquara – PR
_________________________________________________________________________________
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entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
15
Barragem para fins de disposição final ou temporária de rejeitos de
mineração (Figura 3);
o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
_________________________________________________________________________________
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entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
16
Figura 4 – Barragem de rejeito da Iberpar Empreendimentos e Participações– Cataguases
– MG
Ainda, não altera as ações e as obrigações dos órgãos fiscalizadores quanto a suas
atribuições previstas em outras Políticas que estão inseridos.
_________________________________________________________________________________
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entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
17
4. COMPENTÊNCIAS E OBRIGAÇÕES NA PNSB
As matrizes com os critérios por categoria de risco e por dano potencial associado e
pelo volume do reservatório foram publicadas na Resolução CNRH nº 143, de 10 de
julho de 2012.
_________________________________________________________________________________
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011, firmado
entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
18
exigir do empreendedor a anotação de responsabilidade técnica, por
profissional habilitado pelo Sistema Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CONFEA) / Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), dos estudos, planos,
projetos, construção, fiscalização e demais relatórios citados nesta Lei;
exigir do empreendedor o cumprimento das recomendações contidas
nos relatórios de inspeção e revisão periódica de segurança;
articular-se com outros órgãos envolvidos com a implantação e a
operação de barragens no âmbito da bacia hidrográfica;
exigir do empreendedor o cadastramento e a atualização das
informações relativas à barragem no SNISB.
O cadastro das barragens deve ser implantado pelo órgão fiscalizador no prazo
máximo de 2 (dois) anos a partir data de 21 de setembro de 2010, data em que foi
publicada a Lei Nº 12.334/2010.
_________________________________________________________________________________
Material produzido no âmbito do Convênio nº 001/ANA/2011 – SICONV nº 756001/2011, firmado
entre a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
19
A ANA, além das atribuições e obrigações relativas aos órgãos fiscalizadores,
recebeu novas atribuições após a publicação da Lei Nº 12.334/2010, como a
responsabilidade de:
organizar, implantar e gerir o SNISB;
promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens;
coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e
encaminhá-lo, anualmente, ao Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH), de forma consolidada.
_________________________________________________________________________________
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providenciar a elaboração e a atualização do Plano de Segurança da
Barragem, observadas as recomendações das inspeções e as revisões
periódicas de segurança;
realizar as inspeções de segurança previstas no art. 9o desta Lei;
elaborar as revisões periódicas de segurança;
elaborar o Plano de Ação de Emergência (PAE), quando exigido;
manter registros dos níveis dos reservatórios, com a respectiva
correspondência em volume armazenado, bem como das
características químicas e físicas do fluido armazenado, conforme
estabelecido pelo órgão fiscalizador;
manter registros dos níveis de contaminação do solo e do lençol
freático na área de influência do reservatório, conforme estabelecido
pelo órgão fiscalizador;
cadastrar e manter atualizadas as informações relativas à barragem no
SNISB.
No caso de reservatórios de aproveitamento hidrelétrico, a alteração de que trata o
quarto item listado, deverá ser informado ao Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS).
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5. ATRIBUIÇÕES DA FISCALIZAÇÃO
A Categoria de Risco de uma barragem trata dos aspectos que possam influenciar
na probabilidade de um acidente: aspectos de projeto, integridade da estrutura,
estado de conservação, operação e manutenção, atendimento ao Plano de
Segurança, entre outros.
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para classificação, o órgão fiscalizador aplicará a pontuação máxima para o critério
em questão.
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5.2 Plano de Segurança da Barragem
Identificação do empreendedor;
Dados técnicos referentes à implantação do empreendimento,
inclusive, no caso de empreendimentos construídos após a
promulgação da Lei nº 12334, de 2010, do projeto como construído,
bem como aqueles necessários para a operação e manutenção da
barragem;
Estrutura organizacional e qualificação técnica dos profissionais da
equipe de segurança da barragem;
Manuais de procedimentos dos roteiros de inspeções de segurança e
de monitoramento e relatórios de segurança da barragem;
Regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem;
Indicação da área do entorno das instalações e seus respectivos
acessos, a serem resguardados de quaisquer usos ou ocupações
permanentes, exceto aqueles indispensáveis à manutenção e à
operação da barragem;
Plano de Ação de Emergência (PAE), quando exigido;
Relatórios das inspeções de segurança;
Revisões periódicas de segurança.
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O Plano de Segurança de Barragem deverá ser atualizado em decorrência das
inspeções regulares e especiais e das revisões periódicas de segurança da
barragem, incorporando suas exigências e recomendações.
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Constará no Relatório de Segurança de Barragem a identificação dos órgãos
fiscalizadores que não enviaram as informações.
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Definir as informações que deverão compor o SNISB em articulação
com os demais órgãos fiscalizadores;
Disponibilizar o acesso a dados e informações para a sociedade por
meio da Rede Mundial de Computadores.
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Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais;
O Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH;
Demais sistemas relacionados com segurança de barragens.
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6. ATIVIDADES DE FISCALIZAÇÃO
Muitas das informações das barragens que os órgãos fiscalizadores possuem são
fornecidas pelo proprietário da barragem. A geração dessas informações é
importante para que os empreendedores tenham conhecimento da situação da
barragem e cumpra com as exigências legais da PNSB. Ainda, permite que o órgão
fiscalizador tenha ciência da situação das barragens sob sua jurisdição.
Entende-se que a atividade de fiscalizar in loco deve ser considerada como ato de
verificação das informações disponíveis no cadastro da barragem, das condições da
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segurança de barragem bem como as informações encaminhadas pelo
empreendedor, quanto as Inspeções Regulares e Especiais, Plano de Segurança,
Plano de Ação de Emergência e a Revisão periódica das barragens.
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O agente de fiscalização de segurança de barragem deve ter o domínio conteúdos
importante para atividade de fiscalização, como:
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É recomendável que os agentes que atuam na área de segurança de barragem
devem possuir pelo menos conhecimentos técnicos, como:
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7. CADASTRO DE BARRAGEM EM CAMPO
Essa demanda para fiscalização pode surgir por denuncias ou por levantamentos
realizados pelo órgão fiscalizador para identificar barragens que estão sob sua
responsabilidade de fiscalização quanto à segurança de barragem, como por
exemplo, levantamentos por sensoriamento remoto identificando espelhos d’água
em determinada região.
São exemplos de informações que devem ser recolhidas em campo durante a ação
de cadastramento das barragens:
Volume do reservatório
Situação da obra
Idade da barragem
Documentação técnica existente
Informações hidrológicas
Curva chave
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Tipo de Barragem principal e auxiliar
Tipo do vertedouro
Comportas
Tomada d’água
Drenagem interna
Drenagem externa
Revestimento de taludes
Existência de Instrumentação
Aspectos de gestão da barragem
Área a jusante do reservatório
Área no entorno do reservatório
Outra demanda relativa a cadastro surge nos casos de dúvidas de uma barragem
sobre a responsabilidade de fiscalização de segurança de barragem. Nessas
situações pode existir a necessidade de vistoria em campo de agentes de
fiscalização dos órgãos envolvidos para o levantamento de informações sobre a
barragem.
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8. PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO - SEGURANÇA DE BARRAGENS
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8.2 Fase II - Planejamento das campanhas de fiscalização
Com base nas informações identificadas na Fase I, será dado inicio a Fase II, onde
será realizada a priorização e o planejamento da fiscalização.
Dessa forma, a equipe apresenta limites técnicos, físicos e temporais para fiscalizar
todas as barragens em um período de tempo ideal, resultando na necessidade de
priorização de barragens a serem vistoriadas.
Como exemplo, pode ser considerar como dados de entrada para a priorização o
nível de perigo e a periodicidade de realização de inspeções regulares. Naqueles
casos em que as barragens tenham o mesmo nível de priorização, pode-se utilizar
como critério de desempate os parâmetros descritos, na ordem que se segue:
I. Dano Potencial
II. Risco
III. Altura da Barragem
IV. Volume da Barragem
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Pode-se utilizar de informações subjetivas, como critério de priorização
complementar, as quais poderão alterar a ordem da fiscalização. Esta informações
abrangem critérios técnicos subjetivos, tais como:
Denúncias recebidas;
Ocorrência de eventos críticos diversos que possam afetar as
barragens;
Verificação em campo de anomalias que afetem a segurança da
barragem;
Constatação que o empreendedor não realizou as inspeções
regulares e se encontra inadiplente quanto ao cumprimento da
Resolução;
Empreendedores que descumpriram algum prazo estabelecido
na Resolução e/ou apresentam pendências quanto a outorga
e/ou Cadastro
Deve ficar claro que o planejamento proposto pode passar por ajustes devido a
surgimento de novas informações e outras demandas que requerem a atuação do
órgão fiscalizador.
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8.2.1 Equipamentos de vistoria
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8.3 Fase III - Campanhas de Fiscalização
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Figura 5 – Exemplo de mapa de planejamento de fiscalização
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com os conteúdos exigidos nos regulamentos, principalmente para parte
documental.
Quanto ao tempo para efetivação de uma campanha para vistoriar uma barragem,
estima-se que será necessário um dia para realizar a análise documental quando
todos os artigos da Lei Nº 12.334/2010 estiverem regulamentado pelos respectivos
órgãos fiscalizadores.
Coroamento;
Talude de Montante;
Talude de Jusante;
Região de Jusante da Barragem;
Vertedouro;
Canais de aproximação;
Estrutura de Fixação da Soleira;
Rápido/Bacia Amortecedora;
Muros Laterais; e
Comportas do Vertedouro.
Reservatório;
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Torre de Tomada d’água;
Galerias;
Instrumentação;
Medidores de Vazão;
Outras estruturas.
O tempo para percorrer todas as estruturas irá depender do porte da barragem, para
efeitos de planejamento pode-se adotar em média um dia inteiro, o que incluiria o
tempo de chegada à barragem e a vistoria propriamente dita.
Deve-se fazer a ressalva que essa vistoria realizada pelos agentes de fiscalização
não trata da inspeção regular ou especial de segurança de barragem previsto no
artigo 9º da Nº 12.334/2010, porque estas são de responsabilidade do
empreendedor. Em resumo, trata-se de verificação em campo pelo órgão
fiscalizador do que foi descrito no relatório e ficha de inspeção do empreendedor.
Deve ficar claro que as inspeções regulares realizadas pelo empreendedor têm
como produtos finais Ficha de inspeção preenchida, Relatório de inspeção regular e
Extrato da Inspeção Regular, os quais deverão estar disponíveis para a fiscalização.
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Ao final de cada campanha de fiscalização, a equipe de fiscalização deverá fazer a
avaliação das condições gerais sob os aspectos de segurança de barragem e da
consonância destes dados com o que foi informado pelo empreendedor na Inspeção
Regular via Relatório e Ficha de Inspeção e, avaliando:
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Encaminhamento para outras áreas do órgão fiscalizador, nos
casos em que forem constatadas irregularidades não relacionados a
segurança de barragem;
Encaminhamento à Procuradoria, nos casos em que forem
encontradas dúvidas sobre a aplicação da Lei nº 12.334, de 20 de
setembro de 2010.
Muito importante que o órgão fiscalizador tenha ou crie um banco de dados para
armazenar os resultados das vistorias, trata-se de armazenar e deixar disponível o
acesso das memórias dos órgãos fiscalizadores no que tange as vistorias
realizadas.
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O resultado das campanhas e dos demais trabalhos da equipe de fiscalização deve
ser consolidado no Relatório das ações da Gerência responsável pela fiscalização
de segurança da de Barragem.
Esse Relatório Anual pode servir de auxilio para o órgão fiscalizador quando for
enviar as informações para ANA, que responsável pela coordenação e elaboração
do Relatório Anual de Segurança de Barragens previsto na Lei nº 12.334/2010.
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9. INSTRUMENTOS DE FISCALIZAÇÃO
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O Termo de Apreensão – TA será lavrado em decorrência da necessidade do
servidor responsável pela fiscalização efetuar a apreensão dos equipamentos que
possam contribuir para agravar os problemas relativos à segurança da barragem.
Este instrumento tem como objetivo viabilizar a ação da área de fiscalização em
campo, caso seja verificado que algum equipamento, ou objeto implantado na
barragem ou nos arredores colabore, ou propicie o aumento do risco de ocorrência
de acidentes, e como pronta solução para mitigar o problema seja necessária à
retirada do equipamento do local em questão.
9.1 Penalidades
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Devem ser observados os seguintes aspectos para imposição e gradação das
penalidades:
1. a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a manutenção da segurança da barragem, para a
preservação da vida e da propriedade, saúde pública e para o meio
ambiente; e
2. os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
segurança de barragens.
A advertência deve ser aplicada na forma escrita e nesse ato ficarão estabelecidos
os prazos para correção das irregularidades constatadas, sem prejuízo das demais
sanções.
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empreendedor as despesas em que incorrer a órgão fiscalizador para tornar efetiva
a penalidade de embargo, independentemente da penalidade de multa, sem prejuízo
de responder pela recomposição dos danos a que der causa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que para esses órgãos atuarem melhor deva existir o investimento, não
apenas financeiro, nos agentes de fiscalização. Esse investimento inclui a
disponibilização de curso de capacitação e de equipamentos adequados para a
execução de ações em campo.
As ações de campo são importantes para garantir o sucesso da PNSB, por se tratar
da única forma de verificar se as informações prestadas pelo empreendedor
representam as condições reais da barragem. Possuem caráter corretivo e punitivo,
quando são detectados inconformidades na campanha de vistoria.
Além disso, pode funcionar como um canal interno de retorno para o próprio órgão
fiscalizador. Seria uma forma de ver em campo e apresentar no escritório a
dificuldade de entendimento e da aplicação dos normativos legais por parte dos
empreendedores. Bem como, visualizar as barreiras que dificultam o cumprimento
dos normativos legais elaborados pelo próprio órgão.
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Deste modo, entende que o os órgãos fiscalizadores devem ter preocupação quanto
suas ações em campo, procurando investir em capacitação dos agentes
fiscalizadores e proporcionando condições para boa execução de trabalho. Ainda,
deve buscar a padronização de suas ações com intuito de prestar o melhor serviço a
sociedade.
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REFERÊNCIAS
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Segurança de Barragens, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema
Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens, em atendimento ao art. 20
da Lei n° 12.334, de 20 de setembro de 2010, que alterou o art. 35 da Lei nº 9.433,
de 8 de janeiro de 1997. Disponível em: <http://www.cnrh.gov.br/sitio/index.php?
Acesso em: 7 de maio de. 2013.
_________________________________________________________________________________
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ANEXOS
_________________________________________________________________________________
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ANEXO I
FICHA FISCALIZAÇÃO – INSPEÇÃO DE SEGURANÇA REGULAR
Resolução ANA nº 742 de 17 de outubro de 2011
_________________________________________________________________________________
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1 - DADOS CADASTRAIS
NOME DA BARRAGEM: DATA DA FISCALIZAÇÃO: CÓDIGO ANA
Nº CNARH
CLASSIFICAÇÃO:
( . ) Dano Potencial ( ) Dano Potencial Médio ( ) Dano Potencial Baixo ( ) NÃO APLICA
Alto
( ) Risco Alto ( . ) Risco Médio ( ) Risco Baixo
FINALIDADE DA FISCALIZAÇÃO
3.4. O RI APRESENTA AVALIAÇÃO DAS ANOMALIAS REGISTRADAS COM A IDENTIFICAÇÃO DO POSSÍVEL MAU FUNCIONAMENTO E INDÍCIOS DE DETERIORAÇÃO OU
DEFEITO DE CONSTRUÇÃO? ( ) SIM NÃO ( . )
OBSERVAÇÕES:
3.5. O RI APRESENTA RELATÓRIO FOTOGRÁFICO PELO MENOS DAS ANOMALIAS CLASSIFICADAS COMO DE MAGNITUDE MÉDIA E GRANDE? ( ) SIM
NÃO ( . )
OBSERVAÇÕES:
3.6. OCORREU RECLASSIFICAÇÃO QUANTO A MAGNITUDE E NÍVEL DE PERIGO DE CADA ANOMALIA IDENTIFICADA NA FICHA DE INSPEÇÃO?: ( ) SIM NÃO ( .
)
OBSERVAÇÕES:
3.8. O RI APRESENTA AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS E REVISÃO DOS REGISTROS DE INSTRUMENTAÇÃO DISPONÍVEIS, INDICANDO A NECESSIDADE DE
MANUTENÇÃO, PEQUENOS REPAROS OU DE INSPEÇÕES REGULARES OU ESPECIAIS, RECOMENDANDO OS SERVIÇOS NECESSÁRIOS? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
_________________________________________________________________________________
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3
( ) ATENÇÃO (ANOMALIAS ENCONTRADAS NÃO COMPROMETEM A SEGURANÇA DA BARRAGEM EM CURTO PRAZO, MAS DEVEM SER CONTROLADAS E
REPARADAS)
( ) ALERTA (ANOMALIAS ENCONTRADAS REPRESENTAM RISCO À SEGURANÇA, DEVENDO SER TOMADAS PROVIDÊNCIAS PARA ELIMINAÇÃO DO PROBLEMA)
( ) EMERGÊNCIA (ANOMALIAS REPRESENTAM RISCO DE RUPTURA IMINENTE, DEVENDO SER TOMADAS MEDIDAS PARA A PREVENÇÃO E REDUÇÃO DE DANOS)
OBSERVAÇÕES:
3.10. O NÍVEL DE PERIGO INDICADO NO RI ESTÁ APROPRIADO AOS CRITÉRIOS FISCALIZADOS? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
( ) ATENÇÃO (ANOMALIAS ENCONTRADAS NÃO COMPROMETEM A SEGURANÇA DA BARRAGEM EM CURTO PRAZO, MAS DEVEM SER CONTROLADAS E
REPARADAS)
( ) ALERTA (ANOMALIAS ENCONTRADAS REPRESENTAM RISCO À SEGURANÇA, DEVENDO SER TOMADAS PROVIDÊNCIAS PARA ELIMINAÇÃO DO PROBLEMA)
( ) EMERGÊNCIA (ANOMALIAS REPRESENTAM RISCO DE RUPTURA IMINENTE, DEVENDO SER TOMADAS MEDIDAS PARA A PREVENÇÃO E REDUÇÃO DE DANOS)
OBSERVAÇÕES:
1
NORMAL E ATENÇÃO: ATÉ 31 DE MAIO (1° CICLO) E ATÉ 30 DE NOVEMBRO (2°CICLO)
ALERTA: ATÉ 15 DIAS APÓS A REALIZAÇÃO DA INSPEÇÃO
EMERGÊNCIA: ATÉ 1 DIA APÓS A REALIZAÇÃO DA INSPEÇÃO
_________________________________________________________________________________
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4
ATENDIDA: ( ) SIM NÃO ( ) DATA DA ULTIMA INSPEÇÃO:
OBSERVAÇÕES:
1° CICLO ( ) 2° CICLO ( )
6.2 PERCOLAÇÃO:
- TOTALMENTE CONTROLADA PELO SISTEMA DE DRENAGEM .............................................................. ( ) SIM NÃO ( )
- SINAIS DE UMEDECIMENTO NAS ÁREAS DE JUSANTE (TALUDES OU OMBREIRAS) ................................ ( ) SIM NÃO ( )
- ZONAS ÚMIDAS EM TALUDES DE JUSANTE OU OMBREIRAS................................................................ ( ) SIM NÃO ( )
- ÁREA ALAGADA À JUSANTE DEVIDO AO FLUXO ................................................................................ ( ) SIM NÃO ( )
- SURGÊNCIA DE ÁGUA EM TALUDES ................................................................................................ ( ) SIM NÃO ( )
- SURGÊNCIA DE ÁGUA EM OMBREIRAS E ÁREA DE JUSANTE .............................................................. ( ) SIM NÃO ( )
COMENTÁRIO:
COMENTÁRIO:
2
ANTES DA REGULAMENTAÇÃO DO CNRH DEPOIS DA REGULAMENTAÇÃO DO CNRH
NORMAL/ATENÇÃO ANUAL
RISCO ALTO SEMESTRAL ANUAL ANUAL
RISCO
SEMESTRAL SEMESTRAL ANUAL
MÉDIO
RISCO
SEMESTRAL ANUAL BIANUAL
BAIXO
_________________________________________________________________________________
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5
COMENTÁRIO:
7.2. OS RESULTADOS E REVISÃO DOS REGISTROS DE INSTRUMENTAÇÃO OBSERVADOS DURANTE A VISTORIA EM CAMPO ESTÃO DE ACORDO COM AS
DESCRITAS NO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO?
( ) SIM NÃO ( )
COMENTAR:
7.3. A INDICAÇÃO DE NECESSIDADE DE PEQUENOS REPAROS INDICADOS NO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE ACORDO COM AQUELES OBSERVADOS NA VISTORIA
EM CAMPO?
( ) SIM NÃO ( )
COMENTAR:
7.4. A INDICAÇÃO DE NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO INDICADOS NO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO ESTÃO DE ACORDO COM AQUELES OBSERVADOS NA VISTORIA
EM CAMPO?
( ) SIM NÃO ( )
COMENTAR:
8.PROVIDÊNCIAS:
8.1 ( ) CONVOCAR O ESPECIALISTA DO PAINEL EXTERNO PRAZO:
8.2 (...) NECESSIDADE DE INSPEÇÕES DE SEGURANÇA REGULARES COMPLEMENTARES (ART.4°, §1) PRAZO:
8.3 ( ) ORIENTAÇÃO/ADVERTÊNCIA PRAZO:
8.4 ( ) AUTO DE INFRAÇÃO PRAZO:
8.5 ( ) PROTOCOLO DE COMPROMISSO PRAZO:
8.6 ( ) EMBARGO PRAZO:
8.7 ( ) ENCAMINHAMENTO À GEFIU PRAZO:
8.8 ( ) ENCAMINHAMENTO À GECAD PRAZO:
8.9 ( ) ENCAMINHAMENTO À GESER PRAZO:
8.10 ( ) ENCAMINHAMENTO ÀS AUTORIDADES COMPETENTES (GOVERNADOR, ORGÃOS ESTADUAIS, PRAZO:
EMPREENDEDOR)
OBSERVAÇÕES:
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LOCAL E DATA:
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ANEXO II
FICHA FISCALIZAÇÃO – PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGEM
Resolução ANA nº 91 de 02 de abril de 2012
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1 - DADOS CADASTRAIS
1.1 NOME DA BARRAGEM: 1.2 DATA DA FISCALIZAÇÃO: 1.3 CÓDIGO ANA
_______/_______/______
2.4 POSSUI RESULTADO DE INSPEÇÃO DETALHADA E ADEQUADA DO LOCAL DA BARRAGEM E DE SUAS ESTRUTURAS ASSOCIADAS? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.5. POSSUI REAVALIAÇÃO DO PROJETO EXISTENTE, DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS DE PROJETO APLICÁVEIS À ÉPOCA DA REVISÃO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.6. POSSUI REAVALIAÇÃO DA CATEGORIA DE RISCO E DANO POTENCIAL ASSOCIADO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.7. POSSUI ATUALIZAÇÃO DAS SÉRIES E ESTUDOS HIDROLÓGICOS E CONFRONTAÇÃO DESSES ESTUDOS COM A CAPACIDADE DOS DISPOSITIVOS DE
DESCARGA EXISTENTES? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.8. POSSUI REAVALIAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO, TESTES, INSTRUMENTAÇÃO E MONITORAMENTO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.9. POSSUI REAVALIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA- PAE, QUANDO FOR O CASO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.10. POSSUI REVISÃO DOS RELATÓRIOS DAS REVISÕES PERIÓDICAS DE SEGURANÇA DE BARRAGEM DE ANTERIORES? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
3
Matriz de Categoria de Risco e Dano Potencial Associado (ANEXO I)
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Volumes necessários de Acordo com a Categoria de Risco e Dano Potencial Associado (art. 6º )
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2.11. POSSUI RELATÓRIO FINAL DO ESTUDO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
VOLUME V - TOMO II
2.12 POSSUI IDENTIFICAÇÃO DA BARRAGEM E EMPREENDEDOR? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
2.18. POSSUI PLANO DE AÇÃO DE MELHORIA E CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES INDICADAS NO TRABALHO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
3. CONTEÚDO DO PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGEM (ART 6º) - VOLUME IV (Plano de ação e emergência)
3.1. SE APLICA? 3.2. PRAZO DE INÍCIO 3.3. PRAZO DE CONCLUSÃO 3.4 DATA DE ELABORAÇÃO DO VOLUME IV:
( ) SIM NÃO ( ) RESPEITADO?: RESPEITADO? _______/_______/______
( ) SIM NÃO ( ) ( )SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
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4
4.8. POSSUI REGISTROS DOS TESTES DE EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS, ELÉTRICOS E MECÂNICOS? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
5.5 PLANO DE OPERAÇÃO POSSUI PROCEDIMENTOS PARA ATENDIMENTO ÀS REGRAS OPERACIONAIS DEFINIDAS PELO EMPREENDEDOR OU POR ENTIDADE
RESPONSÁVEL, QUANDO FOR O CASO?( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
5.9. POSSUI CRONOGRAMA DE TESTES DE EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS, ELÉTRICOS E MECÂNICOS.? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
6.7. POSSUI INDICAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO DAS INSTALAÇÕES E SEUS RESPECTIVOS ACESSOS A SEREM RESGUARDADOS DE QUAISQUER USOS OU
OCUPAÇÕES PERMANENTES? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
6.8. POSSUI, QUANDO FOR O CASO, INDICAÇÃO DA ENTIDADE RESPONSÁVEL PELA REGRA OPERACIONAL DO RESERVATÓRIO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
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6.9. POSSUI DECLARAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DA BARRAGEM QUANTO À CATEGORIA DE RISCO E DANO POTENCIAL? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
VOLUME I - TOMO II
6.11. POSSUI PROJETOS (BÁSICO E/OU EXECUTIVO)? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
6.14. POSSUI LICENÇAS AMBIENTAIS, OUTORGAS E DEMAIS REQUERIMENTOS LEGAIS? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
7. QUANTO AO PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGEM FOI ELABORADO ATÉ O INÍCIO DA OPERAÇÃO (ART 7º)
7.1 O PLANO DE SEGURANÇA FOI ELABORADO ATÉ O INÍCIO DA OPERAÇÃO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
8. A ATUALIZAÇÃO EM DECORRÊNCIA DAS INSPEÇÕES REGULARES E ESPECIAIS E DAS REVISÕES PERIÓDICA DE SEGURANÇA DA BARRAGEM (AR
9º)
8.1 OS VOLUMES DO PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGEM POSSUEM FOLHA DE CONTROLE DE ATUALIZAÇÃO? ( ) SIM NÃO ( )
OBSERVAÇÕES:
10. PROVIDÊNCIAS:
10.1 ( ) ORIENTAÇÃO/ADVERTÊNCIA PRAZO:
10.2 ( ) AUTO DE INFRAÇÃO PRAZO:
10.3 ( ) PROTOCOLO DE COMPROMISSO PRAZO:
10.4 ( ) EMBARGO PRAZO:
10.5 ( ) ENCAMINHAMENTO À GEFIU PRAZO:
10.6 ( ) ENCAMINHAMENTO À GECAD PRAZO:
10.7 ( ) ENCAMINHAMENTO À GESER PRAZO:
10.8 ( ) ENCAMINHAMENTO ÀS AUTORIDADES COMPETENTES (GOVERNADOR, ORGÃOS ESTADUAIS, PRAZO:
EMPREENDEDOR)
OBSERVAÇÕES:
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12. ANEXOS:
( ) 12.1 FICHA DE VISTORIA DE CAMPO
( ) 12.2 FICHA CADASTRAL
( ) 12.3 OUTRO _______________________________________________
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CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
CURRICULO RESUMIDO
LISTA DE QUADROS................................................................................................06
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................06
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................08
LISTA DE FIGURAS
Bom estudo!
1. INTRODUÇÃO
A primeira legislação voltada para a avaliação de impactos ambientais (AIA) foi a Lei
da Política Nacional do Meio Ambiente dos Estados Unidos (National Environmental
Policy Act - NEPA) aprovada em 1969 pelo Congresso e que tornou a atividade
obrigatória, a ser realizada antes da tomada de decisões de intervenções no
território que possam acarretar alterações ambientais (projetos governamentais, ou
de empresas privadas a serem aprovadas pelo governo federal).
Essa lei preconizava em seu artigo 102 que a abordagem da AIA) deveria ser
interdisciplinar e sistemática (ciências naturais e sociais); os valores ambientais
deveriam ser ponderados ao lado das considerações técnicas e econômicas e
determinava que os impactos associados ao empreendimento, bem como os efeitos
ambientais adversos, as alternativas propostas e o comprometimento reversível ou
irrecuperável dos recursos fosse devidamente aclarado.
Com o objetivo de tornar a lei operacional e exequível era necessário fornecer meios
para a ação e o mecanismo selecionado foi o environmental impact statement (EIS),
no Brasil foi adotado o termo Estudo de Impacto Ambiental, ou seja, uma lista de
verificação composta por critérios de planejamento ambiental que promova uma
mudança na tomada de decisões administrativas (SÁNCHEZ, 2008). A adoção
desse mecanismo objetivava trabalhar em consonância como o princípio de que
prevenir é melhor do que remediar. Além disso, nessa ótica o princípio da prevenção
encontra aplicabilidade no setor público e privado.
Importa referir que naquele período nos Estados Unidos havia um movimento
político atento às demandas sociais e a essa conjuntura que propiciou o surgimento
da NEPA. Ao longo dos anos a AIA foi sendo remodelada, aprimorada, adaptada às
diferentes realidades dos estados e expandiu-se para outros países, sempre com o
objetivo de prevenir danos ambientais, controlar alterações ambientais negativas
que comprometam a qualidade de vida e, sobretudo, apoiar o processo decisório
anterior à intervenção pretendida no ambiente.
Em contraposição à América do Norte, a Europa não absorveu a AIA de forma
imediata, pois os governos já incorporavam a variável ambiental nas políticas de
planejamento. A diretiva europeia que determinou a adoção de procedimentos
formais de AIA para empreendimentos considerados potencialmente promotores de
degradação ambiental significativa demorou dez anos para ser implementada. A
exceção a essa condição foi a França, que em 1976 adotou a AIA, mas uma
diferença significativa marcava os dois modelos: na NEPA a agência governamental
era a responsável pela avaliação dos impactos e na França, os estudos de impacto
ambiental deveriam ser feitos pelo interessado no empreendimento.
Essa condição implica que formas similares de desenvolvimento acabam por gerar
modelos de degradação e danos ambientais similares. Associado a esse fato, as
agências de fomento internacionais (Banco Mundial, Banco Interamericano de
Desenvolvimento, USAID - US Agency for International Development), e as agências
europeias passaram a adotar e a exigir a aplicação da Avaliação de Impactos
Ambientais como um dos critérios de concessão dos financiamentos.
O RIMA é um documento destinado à consulta pública e deve por isso ser escrito em
linguagem acessível e apresentar as conclusões do EIA. A obrigatoriedade do EIA
significou um marco na evolução do ambientalismo no Brasil pela institucionalização
de um instrumento preventivo de tutela ambiental. Já a Resolução CONAMA Nº
006/87, de 16 de Setembro, estabelece regras gerais para o Licenciamento
Ambiental de Obras de Grande Porte, notadamente de instalações de geração de
energia elétrica associando o EIA à Licença Prévia.
Em seu Art. 19., o Decreto determina que o Poder Público, no exercício de sua
competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
"O Conselho Nacional Do Meio Ambiente (CONAMA), no uso das atribuições que lhe
confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de Julho de 1983, para efetivo
exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo
decreto, e considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação do Impacto Ambiental como um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente, resolve:
A criação do reservatório muda o regime dos rios de lótico (mais movimento) para
lêntico (menos movimento).
Fatores biológicos:
• Fauna: aquática, terrestre, espécies endêmicas, vulneráveis, raras e
ameaçadas de extinção. Áreas de abrigo, nidificação, reprodução e migração;
• Flora: aquática, terrestre, fitoplâncton, fitobenton. Espécies endêmicas,
vulneráveis, raras e ameaçadas de extinção. Fenologia e fitossociologia;
• Unidades de conservação, reservas legais, áreas de proteção permanente.
Aspectos físicos:
• Regime de escoamento dos rios (velocidade, vazão e níveis de água);
• Transporte de sedimentos (ações entrópicas a montante da barragem,
velocidade de escoamento, ciclo hidrológico e características fisiográficas das
bacias);
• Lençol freático e produtividade dos aquíferos, além da susceptibilidade à
contaminação;
• Formação de áreas úmidas e alagadas;
• Ocorrência do fenômeno de colapsividade dos terrenos, e/ou de
expansividade;
• Ocorrência de fenômenos de instabilidade e erosão de encostas marginais;
• Sismicidade induzida (enchimento do reservatório);
• Potencial agrícola, pecuário e de extração mineral das terras;
• Belezas cênicas;
• Deposição de sedimentos ou partículas no lago (assoreamento);
• Erosão pela água nas margens em função da oscilação do nível da água no
reservatório;
• Alterações físico-químicas da água e do solo em função da introdução de
substâncias químicas (por exemplo, ao agregar rochas basálticas no
concreto, pode-se acelerar o intemperismo químico das rochas).
Aspectos biológicos:
Importa destacar que as avaliações de impacto são estudos que visam prognosticar
(identificar, prevenir e interpretar) as alterações ambientais associadas a um
programa, plano, projeto ou empreendimento e devem ser encaradas como
instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente e de gestão territorial, com o
objetivo de mitigar os impactos adversos, compensar os danos ambientais ou
potencializar os impactos benéficos.
Assim, devem ser apresentados os tipos de medidas a serem adotadas para gerir o
empreendimento sob o ponto de vista ambiental:
• Quadro Síntese
Este método permite a concepção de um quadro de resumos com a identificação
dos aspectos e impactos ambientais, bem como da classificação dos impactos e
indicação de medidas de controle e gestão ambiental. Pode ser facilmente acrescido
de outras variáveis conforme a necessidade da equipe.
• Matriz de Interação
É uma listagem de controle nos quais são lançados os aspectos ambientais e as
ações do empreendimento e permite a alocação de mais uma variável no
cruzamento das duas primeiras. Permite uma boa visualização dos impactos,
contudo a avaliação da magnitude tem bom nível de subjetividade.
As medidas podem ser apresentadas por quadro síntese e por categoria da medida
(mitigadora, compensatória, ou maximizadora), valorização do impacto benéfico dos
impactos.
Cabe salientar que não só os aspectos biofísicos (água, solo, ambiente sonoro,
atmosfera, fauna e flora), mas também os aspectos sociais devem ser monitorados
(os estudos de percepção ambiental, pesquisas de opinião pública, o trabalho com
as lideranças e atores sociais nas comunidades afetadas pelo empreendimento,
acompanhamento dos indicadores sociais e econômicos, são iniciativas adequadas
para o controle dos aspectos sociais e econômicos). A seguir apresenta-se um
quadro com as típicas medidas sugeridas em Estudos de Impacto Ambiental de
Barragens.
Neste último caso, as cobras e outros animais venenosos são mais vulneráveis. O
enchimento do lago levará ao desaparecimento de muitos animais por afogamento.
Além disso, serão formadas pequenas ilhas, que serão disputadas pelos animais em
fuga, com muitos deles sendo eliminados.
Além disso, o corte da vegetação deslocará os mosquitos que vivem na mata, para
os alojamentos e residências, o que poderá resultar na transmissão de doenças. A
chegada de trabalhadores com suas famílias poderá aumentar ainda mais a
circulação dessas moléstias.
Programas Especiais:
Programas Compensatórios
Contudo, importa destacar que estas atividades não são atribuição exclusiva dos en-
genheiros ambientais, pois de acordo com a Resolução nº 447/2000 do CONFEA,
em seu Artigo 2º determina:
Art. 2º Compete ao engenheiro ambiental o desempenho das atividades 1 a
14 e 18 do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, referentes
à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e
mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e correlatos.
Parágrafo único. As competências e as garantias atribuídas por esta Resolu-
ção aos engenheiros ambientais são concedidas sem prejuízo dos direitos e
prerrogativas conferidas aos engenheiros, aos arquitetos, aos engenheiros
agrônomos, aos geólogos ou engenheiros geólogos, aos geógrafos e aos
meteorologistas, relativamente às suas atribuições na área ambiental.
Cabe destacar que a gestão ambiental adotada desde a fase de projeto e ao longo
de toda a obra e vida útil do empreendimento propicia a mitigação dos impactos, a
adoção de medidas compensatórias satisfatórias, mas também a indicação de
medidas potencializadoras dos impactos positivos ajustadas à realidade ambiental
local.
A participação da comunidade nas audiências públicas na fase de licenciamento e a
continuidade da mobilização durante a fase de obras e operação do
empreendimento contribuem para que os programas de gestão ambiental alcancem
bons resultados, pois muitas das intervenções propostas passam pela atuação nos
terrenos contíguos ao reservatório e nas populações diretamente afetadas. Nesse
sentido, os programas de comunicação social e educação ambiental são
importantíssimos.
SIRVINSKAS, L.P. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
TUNDISI, J.G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos, Ed. Rima,
2003.
www.cetesb.sp.gov.br
www.feam.br
www.feema.rj.gov.br
www.mma.gov.br
www.socioambiental.org
www.neofito.com.br
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
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1
MÓDULO III – GESTÃO E DESEMPENHO DE
BARRAGENS
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2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Celina Lopes Ferreira (ANA)
REVISÃO ORTOGRÁFICA
ICBA – Centro de Línguas
www.cursodeidiomasicba.com.br
Esta obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-
SemDerivados 3.0 Não Adaptada
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3
CURRICULO RESUMIDO
Contatos:
(31) 8888-6964
glaucogoncalvesdias@gmail.com
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4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS....................................................................................... 06
INTRODUÇÃO................................................................................................. 08
1 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÕES.................................................... 09
2 RELATÓRIOS............................................................................................... 11
2.1 Estrutura e Conteúdo de Relatórios.......................................................... 12
2.1.1 Descrição da Anomalia........................................................................... 14
2.2 Fotografia Técnica..................................................................................... 16
2.2.1 Escala..................................................................................................... 17
2.2.2 Situação.................................................................................................. 19
2.2.3 Monitoramento Visual............................................................................. 20
3 SEPARAÇÃO TEMÁTICA........................................................................... 21
CONCLUSÕES................................................................................................ 23
REFERÊNCIAS............................................................................................... 26
ANEXO............................................................................................................ 27
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5
LISTA DE FIGURAS
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6
Prezado Aluno,
Bom estudo!
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7
INTRODUÇÃO
O processo de segurança de barragens se justifica pela importância das estruturas e
pelo grande impacto que pode ser gerado no caso de uma ruptura. A garantia da
segurança da barragem por sua vez se baseia nos processos de projeto, construção
e, posteriormente, na fase de operação pela correta manutenção das estruturas:
realização de inspeções de diagnóstico, tomada de decisão e realização de medidas
preventivas.
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1 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÕES
Um pouco mais completa que a lei, a Resolução ANA 742/2011, que se aplica apena
as barragens outorgadas pelo órgão, vai um pouco além ao detalhar as exigências
sobre os relatórios. Abaixo, o trecho da resolução de interesse para este conteúdo.
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9
c) Alerta: quando as anomalias encontradas representem risco à
segurança da barragem, devendo ser tomadas providências para
eliminação do problema; e
d) Emergência: quando as anomalias encontradas representam risco
de ruptura iminente, devendo ser tomadas medidas para prevenção
e redução de danos materiais e a humanos decorrentes de uma
eventual ruptura.
IX – ciente do representante legal do empreendedor
Paragrafo único. O Relatório de Inspeção Regular deverá ser
acompanhado da respectiva anotação de responsabilidade técnica
do profissional que o elaborou.”
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2 RELATÓRIOS
Por estas considerações, pode-se dizer que o relatório seria o documento resultante
de uma inspeção ou estudo da barragem com a finalidade de informar de maneira
escrita as observações visuais extraídas em campo pelo Engenheiro ou Técnico
especialista. O relatório, então, tem que ser capaz, dentro das possibilidades, de
permitir que o leitor “visualize” a situação da estrutura examinada.
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2.1 Estrutura e Conteúdo de Relatórios
Contudo para ser claro, conciso e objetivo, os relatórios podem assumir o formato de
fichas, sendo uma ficha para cada anomalia observada. Este formato facilita o
atendimento da Resolução ANA, que diz que prevê a “avaliação das anomalias
encontradas e registradas, identificando possível mau funcionamento e indícios de
deterioração ou defeitos de construção”. A ficha do relatório ficaria assim, sendo o
registro da anomalia reunindo nela todas as informações importantes para avaliação
de seu impacto na segurança, monitoramento ou tratamento preventivo.
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12
Localização ou Estrutura afetada;
Tipo e descrição da anomalia, inclusive sua magnitude e nível de perigo;
Causa provável da anomalia;
Comparação com os resultados da Inspeção de Segurança Regular anterior
Classificação do nível de perigo da barragem
Conclusões e Recomendação;
Ilustrações (fotografia, croquis, vídeos etc).
O local da deterioração ou a estrutura afetada por ela tem relação direta com a
gravidade do problema. Por exemplo, uma surgência observada num canal de
adução pode ser menos impactante que uma surgência no corpo da barragem. A
determinação da localização deve ser mais precisa quanto possível: ou invés de
dizer apenas qual a anomalia foi detectada no pé da barragem, dizer que ela está no
pé da barragem na estaca 10 + 15,00, ao lado esquerdo do dissipador do
vertedouro, por exemplo. Isso facilitará o monitoramento por parte de outras
pessoas.
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13
Normalmente a recomendação deve ter natureza preditiva (monitoramento visual,
instalação de instrumentação, estudo ou investigação) ou preventiva (serviço de
reparo ou recuperação da parte). Outras recomendações também podem ser
apresentadas, como alterações de processo e operação. O especialista responsável
cabe determinara qual a alternativa técnica mais indicada para cada caso.
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14
percolada que podem colocar em risco a integridade da estrutura.
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15
Quando o responsável pelo relatório tem essa possibilidade, ela deve ser utilizada,
por aumentar sobre maneira o entendimento facilitando a determinação de causas
prováveis e, consequentemente o grau de acerto na recomendação que será
sugerida. No exemplo: surgência com carreamento de solos no talude de jusante
com dimensões e vazão percolada que podem colocar em risco a integridade da
estrutura. A surgência já havia sido detectada anteriormente, mas o carreamento
apareceu na ultima semana conforme relato dos responsáveis e encontra-se fora de
controle, o que nos faz estimar que a evolução da magnitude da anomalia tenda a
ser rápida, demandando ação imediata. A surgência está ocorrendo nas
proximidades do Piezômetro 001, instalado no interior do filtro de areia e que vinha
apresentado paulatino aumento da pressão neutra. Essa observação, agora
materializada pela ocorrência da surgência, aponta para a hipótese de colmatação
do tapete drenante,
Se, como diz o ditado, “uma imagem vale mais que mil palavras”, a fotografia tem
importante papel de comunicação na elaboração de relatórios técnicos. A imagem
capturada transmite em segundos, informações que demandariam textos enormes
para serem descritas e que, possivelmente, não teriam a mesma eficiência.
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16
A facilidade de acesso às tecnologias de fotografia digital possibilita que essa
importante ferramenta de registro possa ser amplamente usada com a finalidade de
apurar o relato da situação da segurança da barragem e demais estruturas civis.
Além, a fotografia é muitas vezes um recurso para acompanhamento da evolução de
deteriorações importante, como trincas e surgências, que, pelo olhar e subjetividade
dos inspetores, poderia gerar dúvidas quanto seu aumento, estabilização ou
diminuição.
2.2.1 Escala
Colocar escala numa foto nada mais é do que inserir um elemento na imagem que
permita que o leitor, que não esteve no local, consiga determinar as dimensões
aproximadas de dado registro. O exemplo (Figura 1) abaixo ilustra este caso. Como
leitor tem uma ideia do tamanho de um polegar humano, ele se torna capaz de
imaginar o tamanho da flor.
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a Agência Nacional de Águas - ANA e a Fundação Parque Tecnológico de Itaipu - Brasil - FPTI.
17
Figura 1 – Exemplo de escala em fotografia
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18
2.2.2 Situação
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19
2.2.3 Monitoramento Visual
A foto como ferramenta de inspeção e registro deve ser utilizada sempre que
possível, pois facilita sobremaneira o entendimento da situação da estrutura civil,
principalmente, quando bem executada. É aconselhável que proprietários e
inspetores mantenham um banco de dados organizado das fotografias das
barragens registrando, sobretudo data e nome da barragem. Ao longo dos anos,
fotos antigas passam a ser muito relevantes para compreensão do comportamento
das estruturas.
Outras ilustrações também podem ser de grande utilidade. Croquis são ótimas
ferramentas de auxílio na locação das deteriorações ou como esquemas para
explicação de fenômenos. Hoje em dia é possível, inclusive, utilizar vídeos como
ilustração em relatórios digitais.
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20
3 SEPARAÇÃO TEMÁTICA
Todo relatório tem, usualmente, uma estrutura de organização para facilitar, ora o
entendimento do destinatário, ora o trabalho do elaborador. Se pensarmos o relatório
como um documento de reportagem a alguém, a comunicação pode ser mais eficaz
se pensarmos na compreensão do leitor como finalidade principal.
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21
Segurança de barragens;
Segurança Funcional ou Operacional;
Adequação Ambiental, Segurança do Trabalho e outros aspectos legais;
Conservação do Patrimônio
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22
CONCLUSÃO
Este material teve por objetivo sugerir conteúdo e forma para elaboração de
relatórios relacionados à segurança de barragens. Partiu-se do esclarecimento e
definições de cada uma dessas etapas, suas diferença e peculiaridades para sua
construção.
_________________________________________________________________________________
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23
interna. As informações reunidas neste material apontam para um formato que pode
servir de base para emissão desses documentos, que seria:
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24
8. Conclusão e recomendações: apresentar de forma sucinta a situação da
barragem de acordo com a inspeção realizada, deve conter a informação clara sobre
a classificação do nível de perigo da barragem e recomendações sobre o tratamento
das anomalias encontradas e sobre a segurança da barragem inspecionada.
9. Fotografias e ilustrações – toda anomalia inspeção deve ser identificada por
fotografia. Devem ter tamanho que permita o entendimento do leitor. Deve ser
acompanhada de numeração e legenda explicativa sempre que necessário.
10. Ciente do Proprietário – o ideal é que o responsável assine ao fim do relatório
dando conhecimento do conteúdo.
11. Assinatura dos profissionais que realização a inspeção e elaboraram o
relatório.
12. O Relatório de Inspeção Regular deverá ser acompanhado da respectiva
anotação de responsabilidade técnica do profissional que o elaborou.
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25
REFERÊNCIAS
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ANEXO I
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Anexo I
Tabela de Códigos de Deteriorações
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31
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CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
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2
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FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
[Digite texto]
CURRICULO RESUMIDO
4
[Digite texto]
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ 06
LISTA DE TABELAS........................................................................................... 07
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 09
1.1 Definição …................................................................................................... 09
1.2 Ciclo Hidrológico............................................................................................ 09
1.3 Aplicação da Hidrologia................................................................................. 11
1.3.1 Aplicação da Hidrologia em Barragens....................................................... 13
2. PRECIPITAÇÃO.............................................................................................. 14
2.1 Introdução...................................................................................................... 14
2.2 Tipos de Precipitação..................................................................................... 15
2.2.1 Precipitações Ciclônicas............................................................................. 15
2.2.2 Precipitações Orográficas........................................................................... 16
2.2.3 Precipitações Convectivas.......................................................................... 17
2.3 Medidas Pluviométricas................................................................................. 18
2.4 Infiltração....................................................................................................... 20
2.4.1 Grandezas características.......................................................................... 21
2.4.2 Fatores intervenientes................................................................................ 22
2.4.3 Determinação da capacidade de infiltração................................................ 23
2.5 Evaporação.................................................................................................... 23
3. ESCOAMENTO SUPERFICIAL...................................................................... 26
3.1 Hidrogramas.................................................................................................. 27
4. ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO.................................................................. 31
5. MODELOS DE CHUVA – VAZÃO…............................................................... 34
6. TEMPO DE RETORNO................................................................................... 36
6.1 Equação de chuvas intensas......................................................................... 39
7. PREVISÃO DE ENCHENTES......................................................................... 40
7.1 Enchentes e inundações................................................................................ 40
8. CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DE CHEIAS …................................... 43
9. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE CHEIA DE PROJETO.......................... 45
9.1 Fórmulas Empíricas....................................................................................... 45
9.2 Métodos Estatísticos...................................................................................... 45
9.3 Propagação de Cheias.................................................................................. 46
10. MEDIÇÕES DE VAZÃO................................................................................ 48
10.1 Medida a partir do nível da água................................................................. 53
10.1.1 Vertedores de soleira delgada.................................................................. 53
10.1.2 Calha Parshall........................................................................................... 57
10.2 Medida da Velocidade.................................................................................. 59
10.3 Estações Fluviométricas.............................................................................. 61
10.4 Curva-Chave................................................................................................ 63
10.4,1 Método Gráfico......................................................................................... 64
10.4.2 Método Analítico....................................................................................... 66
CONCLUSÃO...................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS................................................................................................... 69
5
[Digite texto]
LISTA DE FIGURAS
6
[Digite texto]
LISTA DE TABELAS
7
[Digite texto]
Prezado aluno,
Bom estudo!
8
[Digite texto]
1. INTRODUÇÃO
1.1 Definição
Para entender melhor o ciclo, pode-se visualizá-lo como tendo início quando a
água dos oceanos evapora. O vapor resultante é transportado pelo movimento
das massas de ar. Sob determinadas condições, o vapor é condensado
formando as nuvens, que por sua vez podem resultar em precipitação. Esta
precipitação que ocorre sobre a terra pode ser dispersa de várias formas. A
maior parte fica retida temporariamente no solo próximo onde caiu, e logo
retorna à atmosfera através da evaporação e transpiração das plantas. Uma
parte da água que sobra escoa sobre a superfície do solo ou para os rios,
enquanto que a outra parte penetra profundamente no solo, abastecendo o
lençol d’ água subterrâneo. A Figura 1 demonstra melhor como ocorrem essas
relações entre as fases.
9
[Digite texto]
• P: precipitação (mm);
• i: intensidade de chuva (mm/h);
• Q: deflúvio superficial ou vazão (m³/s);
• f: taxa de infiltração (mm/h);
• ET: evapotranspiração (mm/d).
10
[Digite texto]
são os que mais interessam aos engenheiros, pois muitos dos projetos de
Engenharia Hidráulica são feitos com a finalidade de proteção contra estes
mesmos extremos, e quando não previsto podem ocasionar danos.
Para cada projeto que se realize envolvendo grandes áreas que possivelmente
possam a vir sofrer algum impacto, deve ser feita uma análise hidrológica, seja
para saber se a precipitação irá interferir no processo, ou se a drenagem é
adequada para esse tipo de empreendimento, por exemplo, a construção de
uma barragem.
11
[Digite texto]
cursos ‘d água;
4. Irrigação:
a. Problema de escolha do manacial;
b. Estudo de evaporação e infiltração;
5. Regularização de cursos d’ água e controle de inundações:
a. Estudo das variações de vazão; previsão de vazões máximas;
b. Exame das oscilações de nível e das áreas de inundação;
6. Controle de Poluição:
a. Análise da capacidade de recebimento de corpos receptores dos
efluentes de sistemas de esgotos: vazão mínima de cursos d’
água, capacidade de reaeração e velocidade de escoamento;
7. Controle da Erosão:
a. Análise de intensidade e frequência das precipitações máximas,
determinação de coeficiente de escoamento superficial;
b. Estudo da ação erosiva das águas e da proteção por meio de
vegetação e outros recursos;
8. Navegação:
a. Observação de dados e estudos sobre construções e
manutenção de canais navegáveis;
9. Aproveitamento Hidrelétrico:
a. Previsão das vazões máximas, mínimas e médias dos cursos d’
água para o estudo econômico e o dimensionamento das
instalações;
b. Verificação da necessidade de reservatório de acumulação;
determinação dos elementos necessários ao projeto e construção
do mesmo: bacias hidrográficas, volumes armazenáveis, perdas
por evaporação e infiltração;
10. Operação de sistemas hidráulicos complexos;
11. Recreação e preservação do meio ambiente;
12. Preservação e desenvolvimento da vida aquática.
12
[Digite texto]
13
[Digite texto]
2. PRECIPITAÇÃO
2.1 Introdução
1
O movimento Browniano é o movimento aleatório de partículas macroscópicas num fluido
como consequência dos choques das moléculas do fluido nas partículas.
14
[Digite texto]
15
[Digite texto]
16
[Digite texto]
Fonte : Villela,1975.
17
[Digite texto]
A quantidade de chuva (h) é dada pela altura da água caída e acumulada sobre
uma superfície plana e impermeável. É medida em postos previamente
escolhidos, utilizando-se aparelhos denominados pluviômetros ou pluviógrafos,
que nada mais são que simples receptáculos de água precipitada, que
registram essas alturas no decorrer do tempo.
18
[Digite texto]
19
[Digite texto]
2.4 Infiltração
20
[Digite texto]
A infiltração pode ser dividida em três fases essenciais, sendo elas a fase de
intercâmbio, de descida e de circulação.
21
[Digite texto]
22
[Digite texto]
2.5 Evaporação
23
[Digite texto]
E=C⋅( e s −e )
Onde:
• E = intensidade da evaporação;
• C = coeficiente influenciado por fatores interferentes;
• eS = pressão de saturação do vapor de água à temperatura da água;
• e = pressão do vapor d’água presente no ar atmosférico.
dV
=I −Q−E 0⋅A+ P⋅A
dt
Onde:
• V = volume de água contido no reservatório (hm);
• t = tempo (s);
• I = vazão total de entrada no reservatório (m3/s);
• Q = vazão de saída do reservatório (m3/s);
24
[Digite texto]
• E0 = evaporação (mm/mês);
• P = precipitação sobre o reservatório (mm/mês);
• A = área do reservatório (km2).
25
[Digite texto]
3. ESCOAMENTO SUPERFICIAL
De acordo com Martins (1993), parte da água das chuvas é absorvida pela
vegetação e outros obstáculos, e é evaporada posteriormente. Da quantidade
de água que atinge o solo, parte é retida em depressões do terreno e parte é
infiltrada. Após o solo alcançar sua capacidade de absorver a água, ou seja,
quando os espaços nas superfícies retentoras tiverem sido preenchidos, ocorre
o escoamento superficial da água restante.
26
[Digite texto]
3.1 Hidrogramas
Um hidrograma típico produzido por uma chuva intensa apresenta uma curva
com um pico único (Figura 7). Porém, se houver variações abruptas na
intensidade da chuva, uma sequencia de chuvas intensas ou uma recessão
anormal do escoamento subterrâneo, o hidrograma gerado pode apresentar
picos múltiplos (Porto et al., 1999).
27
[Digite texto]
28
[Digite texto]
Quando a chuva durar tempo suficiente para que toda a área da bacia
hidrográfica contribua para a vazão na seção de controle, atinge-se o ponto B,
onde ocorre a vazão de pico, ou seja, o valor máximo para a vazão resultante
da precipitação sob análise.
30
[Digite texto]
4. ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO
31
[Digite texto]
32
[Digite texto]
33
[Digite texto]
34
[Digite texto]
35
[Digite texto]
6. TEMPO DE RETORNO
Quanto mais extremo for um evento, ou seja, quanto mais ele estiver fora da
faixa de eventos (acontecimentos) normais, mais raro ele será, isto é, espera-
se que ele demore mais tempo para se repetir. Esse tempo de repetição é
chamado de “tempo de retorno (TR)", ou seja, é o tempo médio em que o
evento é igualado ou superado pelo menos uma vez.
Tr = 1/P
Sendo:
Tr= tempo de retorno (em anos)
P = probabilidade
10 = 1/P
P = 1/10 = 0,10
P = 10%
36
[Digite texto]
37
[Digite texto]
Figura 11 - Tempo de retorno e a sua relação com o diâmetro dos canos utilizados na
rede de drenagem.
38
[Digite texto]
39
[Digite texto]
7. PREVISÃO DE ENCHENTES
40
[Digite texto]
41
[Digite texto]
42
[Digite texto]
vista como uma variável aleatória, cujo comportamento pode ser descrito por
uma distribuição de probabilidades.
44
[Digite texto]
46
[Digite texto]
Segundo Marins (2004), pode-se dizer então que a onda de cheia sofre um
amortecimento da sua vazão máxima, ou vazão de pico. Esta redução é função
de características físicas do curso d’ água onde ocorre o escoamento.
dV
Qa =Q e +
dT
47
[Digite texto]
1
2
R 2 ⋅S
3
h
u=
n
Onde:
48
[Digite texto]
49
[Digite texto]
P=B+ 2y
Onde:
• P = perímetro molhado (m);
• B = largura do canal (m);
• y = profundidade ou nível da água (m).
A
Rh =
P
Onde:
• A = área (B.y) (m²);
• P = perímetro molhado (m)
50
[Digite texto]
A partir das equações anteriores conseguimos deduzir que quanto maior o nível
da água y, maior a velocidade média da água no canal.
1
2
R 2 ⋅S
3
h
Q=u⋅A= A⋅
n
declividade de 25 cm por km. Considere que a parede lateral do canal tem uma
inclinação dada por m = 2, e que o canal não é revestido, mas está com boa
manutenção.
Onde:
• B = largura da base;
• y = profundidade em m = cotg α de acordo com a figura abaixo.
√
P=B+ 2⋅ y 2 + ( m⋅y )
2
52
[Digite texto]
1
2
R 2 ⋅S 2 1
3 2
h
3 (1,3 ) ⋅( 0, 00025 )
Q= A⋅ =18⋅ =16 ,9 m ³/ s
n 0, 020
Existem duas formas distintas para medir a vazão a partir do nível da água em
cursos d’água de menor porte. Esses dois dispositivos são denominados calha
Parshal e de vertedor de soleira delgada, que são definidos por Collischonn
(2011).
53
[Digite texto]
Um vertedor triangular de soleira delgada com ângulo de 90° (Figura 19), por
exemplo, tem uma relação entre cota e vazão, que pode ser verificada pela
seguinte equação:
2,5
Q= 1,42⋅h
Onde:
• Q = vazão (m³/s);
• h = carga hidráulica (m) sobre o vertedor que é a distância do vértice ao
nível da água, medido a montante do vertedor (Figura 18).
A relação entre a cota e a vazão de um rio pode ser utilizada diretamente,
porém sugere-se que na maioria dos casos seja realizada a verificação em
laboratório.
54
[Digite texto]
No caso de abertura trapezoidal, a forma que tem os lados com inclinação 4:1
(indicador de declividade dos taludes -1 unidade na horizontal e 4 unidades na
vertical) é conhecida como vertedor Cipoletti (Figura 20).
Q= 1,861⋅.l.h 3/2
55
[Digite texto]
Onde:
• Q = vazão (m³/s);
• L = comprimento da soleira (m);
• h = carga hidráulica (m).
Q= 1,861⋅.l.h 3/2
Onde:
• Q = vazão (m³/s);
• L = comprimento da soleira (m);
• h = carga hidráulica (m).
56
[Digite texto]
57
[Digite texto]
Q=K⋅H n
Onde:
• Q = vazão (m³/s);
• K = constante que depende das dimensões da calha e ajuste da unidade
de engenharia;
• H = altura da calha (m);
• n = valor que difere ligeiramente de 3/2, conforme tabela 4 com valores
de K e n para diversos padrões.
Apesar das calhas Parshall e dos vertedores mostrarem uma relação direta e
conhecida ou facilmente calibrável entre a vazão e a cota, possuem a
desvantagem de terem alto custo de instalação e podem ser danificados
durante eventos extremos.
58
[Digite texto]
Segundo Pinto (1976) de modo geral, a velocidade da água num rio diminui da
superfície para o fundo e do centro para as margens. É uma grandeza
extremamente variável.
Apesar das dificuldades em medir através da velocidade da água que aqui não
se apontaram, costumamos medi-la com os equipamentos apresentados a
seguir.
59
[Digite texto]
Exemplo:
Δx
V=
Δt
Temos:
10 m
V= =0,5 m/s
20 s
Molinetes: são aparelhos que permitem, desde que bem aferidos, o cálculo da
velocidade mediante a medida do tempo necessário para uma hélice ou concha
dar um certo número de rotações. Através de um sistema elétrico, o molinete
60
[Digite texto]
61
[Digite texto]
Uma vez que obtemos uma série de níveis d’ água (linigrama), conseguimos
transformar essa série em uma de vazão através do uso da curva-chave
daquela seção. Curva-chave é o termo usado pela hidrologia para designar a
relação entre a cota (nível d’ água) e a vazão que escoa numa dada seção
transversal de um rio.
A experiência tem mostrado que o nível d’ água (h) e a vazão (Q) ajustam-se
bem à curva do tipo potencial, que é dada por:
b
Q=a⋅( h−h0 )
Onde:
• Q = vazão (m³/s)
• h = nível d’ água (m) – leitura na régua
• a, b e h0 = são constantes para o posto, a serem determinados
63
[Digite texto]
65
[Digite texto]
c
Na figura acima, b=tgα= e a≃8,0
d
Pedrazzi (2003) diz que apesar deste método ser um processo matemático,
não dispensa o auxílio de gráfico na determinação do parâmetro h0. Assim
sendo, aqui valem também os quatro primeiros passos descritos no método
gráfico.
b
Reescrevendo a equação da curva-chave: Q=a⋅( h−h0 )
Linearização aplicando logaritmo: log Q = log a + b.log (h-h0)
66
[Digite texto]
b=
∑ X i⋅Y i −n⋅X⋅
̄ Ȳ
∑ X 2i −n⋅X̄ 2
A=Ȳ −b⋅X
̄
67
[Digite texto]
CONCLUSÃO
68
[Digite texto]
REFERÊNCIAS
69
[Digite texto]
70
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 07
LISTA DE TABELAS.............................................................................................. 08
1. HIDRÁULICA BÁSICA...................................................................................... 10
1.1 Tipos de Escoamento....................................................................................... 10
1.2 Equação da Conservação de Massa................................................................ 11
1.3 Equação da Conservação de Energia.............................................................. 13
1.4 Equação da Quantidade de Movimento........................................................... 13
2. ESCOAMENTO EM CANAIS E CONDUTOS FORÇADOS.............................. 15
2.1 Condutos forçados........................................................................................... 15
2.2 Escoamentos a superfície livre......................................................................... 17
2.3 Curvas de remanso.......................................................................................... 20
2.3.1 Tipos de Curvas de Remanso....................................................................... 21
2.3.2 Número de Froude........................................................................................ 23
3. DESCARREGADORES DE SUPERFÍCIE OU VERTEDOUROS E
DESCARREGADORES DE FUNDO..................................................................... 24
3.1. Descarregadores de superfície....................................................................... 24
3.1.1 Vertedouros de soleira livre........................................................................... 24
3.1.2 Vertedouros de soleira controlada................................................................ 29
3.2 Descarregadores de fundo............................................................................... 30
4. TOMADAS D’ÁGUA.......................................................................................... 32
5. CANAIS DE ADUÇÃO....................................................................................... 36
6. COMPORTAS: TIPOS E FINALIDADES........................................................... 38
6.1 Classificação.................................................................................................... 38
6.1.1 Classificação quanto à função....................................................................... 38
6.1.2 Classificação quanto ao formato................................................................... 39
7. ESTRUTURAS DE DISSIPAÇÃO DE ENERGIA.............................................. 43
7.1 Tipos de Dissipadores...................................................................................... 43
7.1.1 Bacias de dissipação por ressalto hidráulico................................................. 43
7.1.2 Blocos de Impacto......................................................................................... 52
7.1.3 Estruturas com Dentes Dissipadores............................................................ 53
5
7.1.4 Salto de Esqui............................................................................................... 54
7.1.5 Válvulas Dispersoras..................................................................................... 57
8. CANAIS DE RESTITUIÇÃO.............................................................................. 59
9. CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS HIDRÁULICAS 60
9.1 Níveis d’água.................................................................................................... 60
9.2 Borda Livre....................................................................................................... 60
9.2.1. Borda Livre Normal da Barragem................................................................. 60
9.2.2. Borda Livre Mínima...................................................................................... 60
9.3. Vazão............................................................................................................... 60
9.3.1 Órgãos Extravasores................................................................................... 60
9.3.2 Desvio do Rio.............................................................................................. 60
9.3.3 Casa de Força............................................................................................. 61
9.4 Desvio do Rio................................................................................................. 61
9.5 Dimensionamento do Vertedouro................................................................... 61
9.6 Circuito Hidráulico de Geração....................................................................... 63
9.7 Chaminé de Equilíbrio.................................................................................... 63
9.8 Estudos de Remanso..................................................................................... 67
10 NOÇÕES SOBRE MODELOS FÍSICOS E COMPUTACIONAIS
APLICADOS À HIDRÁULICA DE BARRAGENS................................................. 68
10.1 Modelos Físicos.............................................................................................. 68
10.2 Modelos Matemáticos..................................................................................... 72
CONCLUSÃO........................................................................................................ 74
REFERÊNCIA........................................................................................................ 75
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Turbulência numa tubulação................................................................... 11
Figura 2– Escoamentos sob pressão e a superfície livre....................................... 15
Figura 3 – Equilíbrio de forças no escoamento livre.............................................. 18
Figura 4 – Perímetro molhado................................................................................ 18
Figura 5– Tipos de curvas de remanso.................................................................. 21
Figura 6 – Tipos de curvas de remanso................................................................. 22
Figura 7 – Coeficiente de descarga de um vertedouro com perfil tipo Creager..... 25
Figura 8 – Perfil tipo Creager................................................................................. 26
Figura 9 – Vertedouro com soleira retilínea, com paramento de jusante em
degraus. Barragem de Mairana Bolívia.................................................................. 27
Figura 10 – Vertedouro tipo labirinto...................................................................... 28
Figura 11 – Vertedouro tipo tulipa, UHE Caconde................................................. 28
Figura 12 – Vertedouro controlado com galeria de desvio embutido no seu
corpo...................................................................................................................... 29
Figura 13 – Vertedouro controlado de soleira plana.............................................. 30
Figura 14 – Descarregadores de fundo da UHE Jacutinga em operação............. 31
Figura 15 – Tomada d’água tipo torre.................................................................... 32
Figura 16 – Tomada d’água tipo gravidade, para alimentação de um conjunto
tipo Francis ou Kaplan............................................................................................ 34
Figura 17 – Tomada d’água tipo gravidade aliviada, incorporada a uma
barragem de terra................................................................................................... 34
Figura 18 – Tomada d’água integrada à casa de força.......................................... 35
Figura 19 – Canal de adução de uma usina.......................................................... 37
Figura 20 – Comporta plana................................................................................... 39
Figura 21 - Comporta tipo segmento...................................................................... 40
Figura 22 – Comportas infláveis............................................................................. 41
Figura 23 – Enchimento das comportas infláveis, (a) com ar e (b), com
água....................................................................................................................... 41
Figura 24 – Comporta de borracha........................................................................ 42
7
Figura 25 – Equilíbrio de forças e relação entre profundidades conjugadas num
ressalto hidráulico.................................................................................................. 44
Figura 26 – Tipos de ressalto em função do Número de Froude na entrada......... 45
Figura 27 – Bacia Tipo I do USBR......................................................................... 46
Figura 28 – Comprimento do ressalto segundo o tipo de bacia............................. 47
Figura 29 – Bacia Tipo II do USBR........................................................................ 48
Figura 30– Bacia Tipo III do USBR........................................................................ 49
Figura 31 – Bacia Tipo IV do USBR....................................................................... 50
Figura 32 – Estruturas de dissipação tipo concha................................................. 51
Figura 33 – Blocos de impacto............................................................................... 52
Figura 34 – Estruturas com dentes dissipadores................................................... 53
Figura 35 – Estrutura com dentes dissipadores..................................................... 54
Figura 36 – Modelo reduzido de um vertedouro com salto de esqui..................... 55
Figura 37 – Vertedouro de Itaipu............................................................................ 56
Figura 38 – Vertedouro de Itaipu............................................................................ 56
Figura 39 – Válvula dispersora............................................................................... 57
Figura 40 – Válvula dispersora em funcionamento................................................ 58
Figura 41. – Canal de restituição da casa de força (à esquerda do muro
central) e do vertedouro (à direita do muro)........................................................... 59
Figura 42 – Chaminé de equilíbrio da UHE Rio de Pedras.................................... 63
Figura 43 - Descrição física do golpe de aríete...................................................... 65
Figura 44 – Ensaio em modelo reduzido................................................................ 71
Figura 45 – Ensaio em modelo reduzido de uma bacia de dissipação.................. 71
Figura 46 – Nível d’água num determinado instante de resultante de
rompimento de uma barragem obtido com o programa HEC-RAS........................ 73
LISTA DE TABELAS
8
Prezado aluno,
Bom estudo!
9
1. HIDRÁULICA BÁSICA
10
Figura 1- Turbulência numa tubulação.
11
0,5*0,2*106 = 100000, ou seja, regime turbulento.
(1.2.1)
Sendo:
VC = volume de controle;
SC = superfície de controle;
ρ = massa específica do fluido;
= vetor velocidade
= vetor área
Esta equação diz: a variação da massa dentro de um volume de controle é igual à
diferença entre a quantidade que entra e a quantidade que sai.
Q = V.A
Sendo Q a vazão, A a área da seção transversal e V a velocidade média do
escoamento.
Por exemplo, se num tubo com 1 m de diâmetro estiver escoando um líquido a 2
m/s, a vazão será:
12
1.3 Equação da Conservação de Energia
2 2
P1 v 1 P 2 v2
+ +z 1= + +z +ΔH 1−2 (1.3.1)
γ 2. g γ 2. g 2
Sendo:
g = peso específico da água;
P1, P2 = pressão na seção 1 e 2;
v1, v2 = velocidade na seção 1 e 2;
z1, z2 = cota do centro do tubo na seção 1 e 2;
∆H1-2 = diferença de energia entre as seções 1 e 2 (perda de carga).
(1.4.1)
13
(1.4.2)
Sendo:
= massa do corpo;
SC = superfície de controle;
= velocidade de escoamento;
= Constante (1.4.3)
Ou seja, caso não haja perda de energia (carga = energia por unidade de peso), a
equação 1.4.3 diz que a energia na seção 1 é igual à energia na seção 2.
Ou seja, a pressão na seção 2 é menor que a pressão na seção 1. Este fato tem
aplicações importantes. Por exemplo, nos automóveis antigos, os carburadores
funcionavam desta forma: o ar passava por um estrangulamento e nesse ponto a
gasolina era injetada, pois era arrastada devida à pressão baixa e, com a
turbulência, era transformada em vapor e conduzida até a câmara de combustão,
onde era queimada pelas velas de ignição, produzindo potência.
14
2. ESCOAMENTO EM CANAIS E CONDUTOS FORÇADOS
Os escoamentos dos fluidos podem ser de dois tipos, em relação ao seu meio de
transporte: em canais ou a superfície livre e em condutos forçados (tubulação sob
pressão), como mostrado na figura 2.
Fonte: Martins.
P1 v 21 P 2 v 22
+ +z = + +z +ΔH 1−2 (2.1.1)
γ 2. g 1 γ 2. g 2
Sendo:
15
γ = peso específico da água;
P1, P2 = pressão na seção 1 e 2;
v1, v2 = velocidade na seção 1 e 2;
z1, z2 = cota do centro do tubo na seção 1 e 2;
∆H1-2 = diferença de cargas entre as seções 1 e 2 (perda de carga).
A perda de carga pode ser calculada pela Fórmula Universal da Perda de Carga:
L V2
ΔH=f (2.1.2)
D 2g
Sendo:
∆H = perda de carga (m);
f = fator de atrito da Fórmula Universal da Perda de Carga (adimensional);
L = comprimento da tubulação (m);
D = diâmetro da tubulação (m);
V = velocidade do escoamento (m/s);
g = aceleração da gravidade (m/s2)
ν = coeficiente de viscosidade cinemática do fluido (m 2/s)
Re = número de Reynolds
16
V .D
Re= (2.1.4)
ν
1
√f
=−2 . Log
[ k
+
2,51
3,71. D Re. √ f ] (2.1.5)
0,125
{( }
6 −16
[ ( ) ( )]
8
f=
64
Re ) +9,5 . Ln
k 5,74
+ 0,9 −
3,71 . D Re
2500
Re
(2.1.6)
17
Figura 3 – Equilíbrio de forças no escoamento livre.
Pode se então deduzir que, quanto maior é a área de contato do fluido com a
parede, maior será a resistência ao escoamento. Desta constatação, surgiu o
conceito de “Raio Hidráulico”, que é a relação entre a área da seção transversal e a
área de contado com a parede.
Rh=A/Pm
Sendo:
• Rh = raio hidráulico (m);
• A = área da seção transversal molhada (m2);
• Pm = perímetro molhado = linha que limita a seção molhada junto às paredes
e o fundo do canal (Figura 4).
18
Ao contrário dos escoamentos em condutos forçados, os escoamentos a superfície
livre possui limitações para a sua movimentação e só pode ser por ação da
gravidade.
Q= √ AR 23
i
h (2.2.1)
n
Sendo:
Q = vazão (m3/s);
i = declividade do canal (m/m);
n = coeficiente de rugosidade de Manning (s/m 1/3);
A = área da seção transversal molhada (m 2);
Os valores dos coeficientes de Manning para alguns materiais são dados na tabela
1.
19
Tabela 1 – Coeficientes de Manning para alguns materiais.
Fonte: Martins.
As curvas de remanso são os perfis longitudinais que uma superfície livre pode
assumir, em função da declividade, rugosidade e das características das suas
seções transversais.
Para determinar o seu perfil, pode ser utilizado o “Standard Step Method”, que
consiste na aplicação da equação da energia em duas seções consecutivas, com as
perdas de carga calculadas pela Equação de Chèzy, com coeficiente de Manning. A
descrição deste método pode ser encontrada em Chow (1959).
20
2.3.1 Tipos de Curvas de Remanso
21
Figura 6 – Tipos de curvas de remanso.
22
As características do escoamento entre duas seções podem ser calculada por meio
da Equação de Bernoulli generalizada:
2 2
P1 v 1 P 2 v2
+ +z 1= + +z +Δe 1−2 (2.3.1.1)
γ 2. g γ 2. g 2
As curvas de remanso podem ser calculadas através dessa equação, com as perdas
de carga calculadas através da equação de Chezy.
23
3. DESCARREGADORES DE SUPERFÍCIE E DESCARREGADORES DE FUNDO
Sendo:
• Q = vazão (m³/s);
• C = coeficiente de vazão;
• H = carga sobre o vertedouro (m);
• L = largura do vertedouro (m).
24
Figura 7 – Coeficiente de descarga de um vertedouro com perfil tipo Creager.
Um dos formatos mais utilizados para o perfil vertente é o chamado Perfil Creager,
que foi baseado no formato da parte inferior de uma lâmina d’água vertendo
livremente através de uma parede vertical delgada.
O perfil tipo Creager (figura 20) é dada pela equação, a partir da crista para jusante:
25
Sendo:
• Hd = carga de projeto;
• X = abscissa;
• Y = ordenada.
Fonte: HDC.
26
nível de montante;
• Tulipa – figura 23 - utilizadas em vales fechados, geralmente aproveitando
túnel de desvio.
27
Figura 10 – Vertedouro tipo labirinto.
28
3.1.2 Vertedouros de soleira controlada
29
Figura 13 – Vertedouro controlado de soleira plana.
30
• Escoar total ou parcialmente as vazões de cheias;
• Figura 14 – Descarregadores de fundo da UHE Jacutinga em operação
Fonte: CEMIG GT
31
4. TOMADAS D’ÁGUA
32
Figura 15 – Tomada d’água tipo torre.
33
Figura 16 – Tomada d’água tipo gravidade, para alimentação de um conjunto tipo Francis ou
Kaplan.
Figura 17 – Tomada d’água tipo gravidade aliviada, incorporada a uma barragem de terra.
34
Figura 18 – Tomada d’água integrada à casa de força.
Da mesma forma que os vertedouros, estes podem ser com ou sem comportas para
controle de vazão.
35
5. CANAIS DE ADUÇÃO
São canais que conduzem a água para diferentes estruturas – vertedouro, casa de
força, e deverão ser dimensionados para que tenham a mínima perda de carga.
As velocidades, para adução à casa de força, são da ordem de 1,5 m/s, para
minimizar as perdas de carga e evitar a sedimentação.
Os canais podem ser de terra, escavadas em rocha, mistas (escavadas
parcialmente em rocha e terra) e podem ser revestidos ou não.
Os canais deverão ser estáveis para evitar as obras de contenção que, via de regra,
são onerosas. Como regra geral, os canais de terra são estáveis para taludes
laterais 1V:1,5H para solos coesivos e 1V:2H para solos não coesivos e, para
rochas, 1V:0,1H.
36
Figura 19 – Canal de adução de uma usina
37
6. COMPORTAS: TIPOS E FINALIDADES
Comportas são dispositivos cuja finalidade é controlar a vazão, podendo com isso
também controlar o nível d’água no reservatório.
6.1 Classificação
38
6.1.2 Classificação quanto ao formato:
Plana
Figura 20 – Comporta plana.
Fonte: Rocha.
Segmento
Estas comportas possuem esta designação pelo fato do seu paramento ser um
segmento de um cilindro.
39
Figura 21 - Comporta tipo segmento.
Infláveis
Estas são formadas por membranas flexíveis, que podem ser infladas com ar ou
água. São utilizados também como barragem, tendo as vantagens:
Tem como principal desvantagem a relativa fragilidade, podendo ser rasgados por
materiais flutuantes ou cortantes e mais susceptíveis ao vandalismo.
40
Figura 22 – Comportas infláveis.
Figura 23 – Enchimento das comportas infláveis, (a) com ar e (b), com água.
41
Figura 24 – Comporta de borracha.
Fonte: Savatech.
42
7. ESTRUTURAS DE DISSIPAÇÃO DE ENERGIA
Numa barragem, ocorre uma concentração de queda e, no seu vertedouro, pelo fato
de ser uma estrutura cara, deverá ser de menor dimensão possível, resultando em
uma grande concentração de energia na saída do vertedouro.
A vazão vertente possui grande capacidade erosiva e põe em risco a segurança das
estruturas, pela erosão do leito e margens a jusante e na própria barragem.
Desta forma, esta energia deverá ser dissipada, antes do escoamento ser restituído
ao curso normal do rio e diversos são os tipos de dissipadores e serão apresentados
a seguir, alguns mais utilizados.
43
Figura 25 – Equilíbrio de forças e relação entre profundidades conjugadas num ressalto
hidráulico.
(8.1.1.1)
Sendo:
(8.1.1.2)
44
Figura 26 – Tipos de ressalto em função do Número de Froude na entrada.
45
Apresenta se a seguir, os principais tipos desenvolvidos.
Bacia Tipo I
Esta bacia possui fundo plano (figura 27), com o seu comprimento determinado
segundo a equação das profundidades conjugadas e a figura 28 a seguir.
46
Figura 28 – Comprimento do ressalto segundo o tipo de bacia
47
Bacia Tipo II
Esta bacia possui dentes para diminuir o seu comprimento, conforme figura 29.
Entretanto, para vazões específicas maiores das que foram estudadas por Peterka,
é recomendável que sejam feitos ensaios em modelo reduzido, para determinar as
pressões na região dos dentes, pelo risco de cavitação.
48
Bacia Tipo III
49
Bacia Tipo IV
Estas bacias de dissipação são utilizadas para barragens de baixas quedas, com o
Número de Froude entre 2,5 a 4,5 e vazões específicas não muito altas, pelo fato de
que os dentes podem sofrer cavitação, por não ser possível a aeração nos locais
dos dentes.
50
Estruturas de dissipação tipo concha
Estas estruturas são utilizadas para números de Froude baixo (abaixo de 2,5
aproximadamente), em que a dissipação por ressalto hidráulico é pouco eficiente.
51
7.1.2 Blocos de Impacto
Estas estruturas são utilizadas para pequenas vazões, como obras de drenagem e
descarga de vazões sanitárias de barragens de baixa queda. As velocidades
deverão ser menores que 10 m/s para evitar ondas excessivas a jusante e
problemas de cavitação.
Figura 33 – Blocos de impacto.
52
7.1.3 Estruturas com Dentes Dissipadores
Estas estruturas são utilizadas principalmente para mudança de nível num canal.
53
Figura 35 – Estrutura com dentes dissipadores.
Estas estruturas são indicadas para escoamentos com número de Froude superior a
aproximadamente 12 e consistem em uma rampa de lançamento do jato de água
proveniente do vertedouro e a dissipação de energia ocorre por elevado grau de
turbulência gerado na fossa na região de impacto.
54
com grande potencial erosivo.
55
Figura 37 – Vertedouro de Itaipu.
56
7.1.5 Válvulas dispersoras
57
Figura 40 – Válvula dispersora em funcionamento.
58
8. CANAIS DE RESTITUIÇÃO
Estes canais têm como função restituir ao leito do rio os escoamentos provenientes
das estruturas – casa de força, vertedouro, etc.
Podem ser escavados em terra, rochas, etc. e podem ser revestidos ou não e
deverão ser estáveis, para evitar obras de contenção, que são onerosas.
59
9. CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS
HIDRÁULICAS
60
9.2 Borda Livre
Tem como finalidade absorver os efeitos de ondas provocadas pelo vento. Para
barragens de terra, o mínimo deverá ser de 3,0 m e de concreto, de 1,50 m. Os
ventos máximos serão de 100 km/h e a onda deverá ter 2 % de probabilidade de ser
superada.
Para ensecadeiras, a borda livre mínima deverá ser de 1,0 m, válida também para a
casa de força.
9.3 Vazão
61
Tabela 2- Análise de risco
Para desvio de 2ª fase, para barragens de baixa queda é comum que o desvio seja
por meio de soleiras rebaixadas, enquanto que, para alturas maiores, por meio de
galerias construídas no corpo do vertedouro.
62
Para reservatórios de pequenas dimensões, para velocidades de subida de nível
maiores que 2 m/h, o vertedouro deverá ser de soleira livre ou de acionamento
automático.
A velocidade de subida de nível é dada por:
Sendo:
• R = velocidade de subida do nível do reservatório (m/h);
• Q = vazão de pico de cheia de projeto (m³/s);
• A = área do reservatório (m²).
63
Figura 42 – Chaminé de Equilíbrio da UHE Rio de Pedras
Fonte: CEMIG GT
ΔV
ΔH=a (11.7.1.1)
g
64
Referindo-se à figura 43, admite-se que inicialmente a válvula esteja aberta e
escoando uma vazão Q0 (figura 43.a e figura 43b).
Na região hachurada do tubo na figura 43.c, a carga vale H=H o+∆H, sendo Ho a
carga de regime permanente.
Como a carga dentro do tubo é maior que no reservatório e existe uma quantidade
de água comprimida dentro do tubo que está expandido, irá ocorrer fluxo no do tubo
para o reservatório (V=-Vo) e com carga H=Ho, formando uma frente de onda que se
propaga em direção à válvula com celeridade "-a" (figura 43 g, h, i, j).
Quando a frente de onda atinge o reservatório (t=3L/a s), o tubo encontra-se com
velocidade V=0 e carga H=H-∆H e tubo "encolhido".
65
Como a carga no reservatório é maior que dentro do tubo, irá ocorrer escoamento do
reservatório para o tubo, com velocidade V=Vo e H=Ho formando uma nova onda que
se propaga do sentido reservatório válvula (figura 43 o, p, q, r) ou seja,
restabelecendo as condições iniciais e, quando esta frente de onda atinge a válvula
após 4L/a segundos, o ciclo se repete, lembrando que foram desprezada as perdas
de carga. Nos casos reais, as perdas de energia amortecem as amplitudes (cargas e
vazões), sem que os períodos das ondas sejam afetados, até que o sistema atinja o
repouso.
66
Fonte:Nota do autor.
67
10. NOÇÕES SOBRE MODELOS FÍSICOS E COMPUTACIONAIS
APLICADOS À HIDRÁULICA DE BARRAGENS
V
F r= = número de Froude;
√g . y
68
V
M= = número de Mach;
c
2
ρv D
W= = número de Weber
σ
Sendo:
V = velocidade média do escoamento;
D = dimensão característica que intervém no fenômeno a ser representado;
ρ = massa específica do fluido (kg/m3);
σ = coeficiente de tensão superficial do fluido (N/m);
ν = viscosidade cinemática do fluido;
g = aceleração da gravidade;
y = profundidade média do escoamento a superfície livre;
c = velocidade de propagação de som no meio fluido.
Para a modelação de escoamento a superfície livre, pelo fato da força principal ser a
de gravidade, usa-se semelhança de Froude, ou seja, igualdade de Número de
Froude entre o modelo e protótipo.
69
de:
• Arranjo geral das estruturas;
• Dissipação de energia;
• Tendências à erosão a jusante das estruturas de dissipação de energia;
• Determinação de coeficientes de vazão;
• Estimativa de altura de ondas, desde que a escala seja compatível;
• Determinação de campo de velocidades e de pressões nas estruturas;
• Desvio de rios;
• Etc.
70
Figura 44 – Ensaio em modelo reduzido.
71
10.2 Modelos matemáticos
Tem sido usado também para prever o caminhamento de uma onda de ruptura de
uma barragem. Os modelos matemáticos vêm normalmente na forma de “softwares”
encontrados no mercado, existindo também versões gratuitas.
72
Figura 46 – Nível d’água num determinado instante de resultante de rompimento de uma barragem obtido com o programa HEC-RAS.
MWH_BarrRej5 Plan: PlanPipingB0 7/4/2012 11:08:12 PM
Geom: MWH_Araxa_Rej05_DiqueLatPiping_RevB0 Flow :
Bocaina 1
1200 Le gend
WS 01NOV2012 0020
Ground
LOB
ROB
1150
1100
Elevation (m)
1050
1000
950
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Main Channel Distance (m)
73
CONCLUSÃO
Outro ponto que merece destaque diz respeito aos dispositivos de dissipação da
energia hidráulica. Durante eventos de vertimento, a energia produzida pelo fluxo de
fluido para jusante tem grande poder de dano e pode causar problemas até mesmo
para a barragem e estrutura vertente quando não corretamente desenhado ou
operado.
74
REFERÊNCIA
DELMÉ, G.J., Manual de medição de vazão, Editora Edgard Blücher, 3ª. Ed., São
Paulo, 2009.
75
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 07
1 EQUIPAMENTOS HIDROMECÂNICOS............................................................. 10
2. COMPORTAS.................................................................................................... 11
2.1. Componentes.................................................................................................. 12
2.2. Tipos e Classificações..................................................................................... 12
2.2.1. Comportas de Translação............................................................................ 14
2.2.1.1. Tipo de Deslizamento................................................................................ 14
2.2.1.2. Tipo de Rolamento.................................................................................... 19
2.2.2. Comportas De Rotação................................................................................ 23
2.2.3. Comportas De Translo-Rotação................................................................... 30
2.3 Critérios De Seleção........................................................................................ 31
2.3.1 Requisitos Operacionais............................................................................... 31
2.3.2 Limites De Utilização..................................................................................... 33
2.3.3. Carga Hidrostática....................................................................................... 34
2.3.4 Forças Hidrodinâmicas................................................................................. 34
2.3.5. Estimativas De Peso.................................................................................... 35
2.3.6. Esforços De Manobra.................................................................................. 36
2.4 Sistemas De Acionamento............................................................................... 37
2.5 Materiais........................................................................................................... 38
2.6 Pintura.............................................................................................................. 40
2.7 Normas Existentes........................................................................................... 40
3. GRADES............................................................................................................ 41
3.1 Tipos De Grade................................................................................................ 41
3.2 Noções De Cálculo Estrutural De Grades........................................................ 48
3.3 Materiais........................................................................................................... 49
3.4 Normas Existentes........................................................................................... 50
4. VÁLVULAS ...................................................................................................... 52
4.1 Tipos De Válvulas............................................................................................ 54
4.1.1. Válvulas Borboletas..................................................................................... 54
4.1.2. Válvulas Esféricas........................................................................................ 57
5
4.1.3 Válvula Dispersora........................................................................................ 58
4.2 Normas Existentes.......................................................................................... 59
5 TURBINAS.......................................................................................................... 60
5.1 Tipos................................................................................................................. 61
5.2 Manutenção de Turbinas................................................................................. 65
6 BOMBAS............................................................................................................ 69
6.1 Manutenção de Bombas.................................................................................. 69
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 71
6
LISTA DE FIGURAS
7
Figura 30 – Válvula de jato divergente da UHE de Reza Sha Kabir, no Irã
Figura 31 - Exemplo de quadro para escolha do tipo de turbina
Figura 32 – Turbina Pelton
Figura 33 – Turbina Francis
Figura 34 – Turbina Kaplan
Figura 35 – Turbina Bulbo
Figura 36– Vista geral da barragem
Figura 37– Rotor do gerador que sofreu colapso.
Figura 38 – Aspecto da casa de força antes da ocorrência
Figura 39– Aspecto da casa de força depois do acidente
Figura 40 – geradores 7 e 9 destruídos
Figura 41 – Parte da cassa de força destruída
Figura 42 – Bomba hidráulica
8
Prezado Aluno,
no decorrer desta unidade você deverá desenvolver competência para:
9
1 EQUIPAMENTOS HIDROMECÂNICOS
• Geração de energia;
• Manutenção de níveis de água em reservatórios;
• Passagem de embarcações (eclusas).
• Comportas;
• Grades;
• Válvulas.
10
2. COMPORTAS
11
As comportas de desarenação ou limpeza têm a função de permitir, por ocasião de
sua abertura, a eliminação de areia ou qualquer outro material decantado no fundo
do reservatório. Em geral, são comportas de pequenas dimensões, porém sujeitas a
pressões consideráveis, por estarem situadas próximas ao fundo do reservatório.
2.1. Componentes
• Função:
• Serviço: comportas que operam constantemente, de acordo com as
necessidades e sua finalidade. São utilizadas, normalmente para
controle de vazões em fundação da sua abertura e fechamento.
12
• Emergência: como o nome indica, são comportas utilizadas apenas
em situações de emergência, por exemplo, em caso de cheias
extremas quando as comportas de um vertedouro principal não é
capaz de suportar toda a vazão. Funcionam 100% abertas ou
fechadas.
• Manutenção: são comportas destinadas a permitir a realização de
manutenções, por exemplo, o ensecamento de montante de uma
comporta de serviço.
• Movimento:
• Deslizamento: comportas gaveta / ensecadeira / cilíndrica.
• Rolamento: comportas vagão / lagarta / Stoney.
• Rotação: segmento / basculante / Mitra.
• Descarga:
• Por cima do tabuleiro: comporta basculante.
• Por baixo do tabuleiro: gaveta / lagarta / segmento / vagão.
• Mistas: vagão dupla ou vagão ou segmento com basculante.
• Localização:
• Superfície: a coluna d’água é inferior à altura da comporta.
• Fundo: a coluna d’água é superior à altura da comporta.
• Pressão:
• Baixa Pressão: coluna d’água < 15,0 mca.
• Média Pressão: 15,0 < coluna d’água < 30,0 mca.
• Alta Pressão: coluna d’água > 30,0 mca.
• Formas do Paramento:
13
• Planas (Comporta gaveta, vagão, Stoney, ensecadeira).
• Radiais (Comporta segmento, setor, cilíndrica).
Segundo a norma da ABNT NBR 7259:2001 as comportas hidráulicas são
classificadas como:
• Comportas de Translação:
o Tipo de Deslizamento;
o Tipo de Rolamento;
• Comportas de Rotação.
• Comportas Translo-Rotação.
• Comporta Gaveta:
14
Figura 1 – Comporta Gaveta
(a) (b)
• Comporta Ensecadeira:
15
outros equipamentos.
16
Figura 3 – Viga Pescadora – a) painel da comporta; b) olhal de içamento; c) haste de
acionamento da válvula by-pass; d) contrapeso; e) roda guia.
Fonte: Alstom
• Comporta Cilíndrica:
17
Figura 4 – Comporta Cilíndrica
18
Figura 5 – Comporta Anel
19
• Comporta Vagão:
É um tipo de comporta de rolamento, geralmente com paramento plano e que se
movimenta em suas guias ou peças fixas sob o fluxo hidráulico, utilizando rodas e
roletas de eixos fixos (Figura 6). Tem como inconveniente o fato de ser necessário o
levantamento de todo o seu peso, mesmo no caso de pequenas aberturas.
• Comporta Stoney:
20
Essa cadeia de rolos se movimenta por meio de uma polia livre e um cabo que tem
uma extremidade fixada na comporta e outra extremidade fixada a um ponto elevado
no pilar. A cadeia de rolos se movimenta somente metade da distância percorrida
pela comporta. Ela tem alto custo inicial de implantação e maior necessidade de
manutenção, por causa dos rolos inferiores ficarem expostos à ação da água.
21
• Comporta Lagarta:
É um tipo de comporta de rolamento, geralmente com paramento plano e que se
movimenta em suas guias ou peças fixas sob fluxo hidráulico, utilizando cadeias
fechadas de rolos (Figura 8). Possui baixo coeficiente de atrito dos rolos e alta
capacidade de carga. Pode substituir a comporta vagão em instalações de alta
queda com fechamento por gravidade.
22
2.2.2. Comportas de Rotação:
• Comporta Telhado:
23
• Comporta Segmento:
É um tipo de comporta de rotação com paramento curvo correspondente a um
segmento de cilindro com diretriz circular, apresentando braços radiais que
transmitem a pressão hidráulica para mancais fixos (Figura 10). O perfil do tabuleiro
é um segmento circular.
• Comporta Setor:
É um tipo de comporta de rotação com paramento curvo correspondente a um
segmento de cilindro com diretriz circular, apresentando uma estrutura radial que
transmite a pressão hidráulica por compressão para os mancais fixos a jusante
(Figura 11). O paramento é continuado na sua parte superior por uma superfície
cheia radial, configurando o perfil da comporta como o de um setor circular.
24
Figura 11 – Comporta Setor
Muito parecidas entre si, as comportas tipo segmento e setor se diferenciam pelo
fato da comporta segmento ter apenas sua face de contato com a água fechada,
enquanto a comporta tipo setor apresenta seu paramento superior igualmente
fechado, permitindo assim que a água “escoe sobre a comporta” quando da sua
abertura.
25
• Comporta Basculante:
É um tipo de comporta de rotação com paramento plano curvo, tendo a estrutura do
tabuleiro fixada a mancais-suportes e eixo horizontal incorporado ao próprio
tabuleiro (Figura 12). A pressão hidráulica é transmitida aos mancais-suportes e à
estrutura do mecanismo de operação da comporta.
26
• Comporta Mitra:
27
• Comporta Tambor:
28
• Comporta Visor:
29
2.2.3. Comportas de Translo-Rotação:
• Comporta Rolante:
É um tipo de comporta de translo-rotação, de paramento geralmente curvo, apoiado
em uma estrutura cilíndrica de eixo horizontal, que rola em cremalheiras fixas nos
pilares em posição inclinada (Figura 16).
30
2.3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
• Segurança operacional;
• Menor peso e custo do fornecimento;
• Simplicidade de operação;
• Facilidade de manutenção;
• Requisitos estruturais (ranhuras, câmaras, guias etc.);
• Magnitude e direção dos esforços transmitidos ao concreto;
• Capacidade do mecanismo de manobra;
• Facilidade de transporte e montagem;
• Experiência em obras existentes e dos fabricantes locais.
Capacidade de Descarga:
Requisito mais importante para vertedouros. As comportas com descarga por baixo
do tabuleiro (vagão e segmento) são as mais adequadas. A comporta segmento leva
vantagem por não apresentar ranhuras e, por isso, apresentar maior eficiência
hidráulica.
31
Descarga de Detritos Flutuantes e Gelo:
Onde é necessário descarregar detritos flutuantes e gelo sem perder grande
quantidade de água, a melhor opção é a comporta com descarga por cima do
tabuleiro (comporta basculante, tambor e setor).
- Pode-se também usar comportas mistas (vagão ou segmento com basculante).
Ausência de Vibração:
Requisito indispensável para comportas de descarga de fundo. Quanto maior o atrito
entre a comporta e as peças fixas, menor será a tendência a vibrar. Por esse motivo
as comportas gaveta são as mais utilizadas em descarga de fundo.
Funcionamento Automático:
Comportas segmento, setor, tambor, telhado e basculante podem ser operadas
automaticamente em função dos níveis d’água com o auxílio de contrapesos e
flutuadores sem necessidade de guincho.
Comportas automáticas são usadas na proteção contra enchente e na regulação de
níveis de reservatório. Podem ser usadas em áreas de difícil acesso ou condições
climáticas adversas. O funcionamento do sistema automático pode ser prejudicado
pelas impurezas da água. São usadas em canais para manter constantes os níveis
de montante ou jusante.
32
Fechamento por Gravidade em Caso de Emergência:
Comportas vagão ou lagarta podem ser projetadas para fechar por gravidade (sem
necessidade de energia elétrica), ou seja, com o peso próprio da comporta cortando
o escoamento em caso de pane na turbina ou ruptura do conduto forçado. O
mecanismo de acionamento da comporta pode ser cilindro hidráulico ou guincho
mecânico.
Vários fatores colaboraram para o crescimento dos limites físicos das comportas,
tais como: o desenvolvimento de novas tecnologias de soldagem e o uso de
materiais resistentes, ancoragens protendidas (desde 1956), buchas
autolubrificantes e acionamentos óleo-hidráulicos.
33
As instalações com quedas acima de 150m utilizam comportas gaveta, com área
2
limitada a menos de 20m . As comportas vagão e segmento atendem
aproximadamente a uma mesma faixa, para alturas d’água até 100m. Para alturas
superiores a 100m as comportas lagartas são mais adequadas.
34
2.3.5. ESTIMATIVAS DE PESO
Comporta Segmento
Comporta Vagão
4
G = 0,735 (B²hH)0,697 – para os valores de B²hH > 2000 m
4
G = 0,886 (B²hH)0,654 – para os valores de B²hH < 2000 m
Comporta Ensecadeira
35
O peso de um jogo de comporta ensecadeira é expresso pela equação:
G = 0,601 (B²hH)0,703 – para comportas de superfície
G = 0,667 (B²hH)0,678 – para comportas de fundo
• Peso da Comporta;
• Empuxo de Arquimedes, relativo à parte submersa da comporta;
• Forças de atrito nos apoios (rodas e mancais de articulação);
• Forças de atrito nas vedações;
• Forças hidrodinâmicas.
36
fechamento (peso próprio, forças hidrodinâmicas e empuxo nas vedações) devem
ser no mínimo 1,25 vezes as forças que se opõem ao fechamento (atritos, empuxo
de Arquimedes, empuxo nas vedações, forças hidrodinâmicas).
Para redução dos esforços de abertura ou para garantir o fechamento por peso
próprio as vedações podem ser revestidas com camada de teflon.
Para o cálculo de esforços de manobra, ver capítulo 9 do livro Comportas
Hidráulicas [1] e a norma ABNT NBR 8883:2008.
37
empregado no acionamento de comportas gaveta, faz força nos dois sentidos de
movimento e sua haste trabalha à compressão, devendo, portanto, ser verificada a
flambagem.
2.5 MATERIAIS
38
de rolamento e eixos;
• Aços forjados e fundidos: para eixos das comportas vagão e
segmentos e cubos da comporta segmento;
• Parafusos de aço inox para fixação das vedações;
• Borrachas de vedação em composto de estireno e butadieno
(SBR) ou neoprene.
• Bronze, latão, teflon para buchas e sapatas de guia.
Obs.: Alguns aços têm suas propriedades reduzidas com o aumento da espessura.
Para a execução do projeto, consultar o catálogo da siderúrgica ou a norma do
material.
39
2.6 PINTURA
Os painéis das comportas e as partes da peça fixa devem ser pintados com 2
demãos de 180 micra de epóxi alcatrão de hulha. Atualmente o alcatrão de hulha
vem sendo substituído por uma tinta epóxi sem alcatrão (tar free), conforme
esquema 4.1.5 da norma ABNT NBR 11389:1990.
40
3. GRADES
Como boa parte dos detritos é flutuante, as grades superficiais sofrem mais com os
detritos que as grades profundas.
Grades Fixas: São grades fixadas à estrutura de concreto, por meio de parafusos
ou soldas, às peças metálicas embutidas em recessos deixados no concreto de
primeira fase (Figura 17).
Grades Móveis: São grades, que podem ser colocadas ou retiradas de suas
ranhuras a qualquer instante através do órgão de manobra que pode ser o gancho
auxiliar do pórtico rolante da tomada d’água, ou uma talha com o auxílio de uma viga
pescadora (Figura 18).
41
Figura 17 – Grade Fixa
42
b) Quanto ao tipo de apoio
Grades apoiadas lateralmente: É o tipo mais usado para grade móvel. A carga
hidráulica imposta à grade é descarregada à estrutura de concreto pelas cabeceiras
verticais do quadro. Nessas grades, pode-se instalar uma bandeja para coletar os
detritos no painel inferior. Para permitir a subida do rastelo limpa-grades nos painéis
é comum a colocação de uma rampa no painel superior. É recomendável a
soldagem de uma tira de aço inoxidável nas peças fixas de guias laterais no apoio
das cabeceiras dos painéis (Figura 19).
43
Grades apoiadas nas extremidades inferior e superior: É o tipo mais utilizado
para grade fixa. A carga hidráulica imposta à grade é descarregada ao concreto
pelas extremidades inferiores e superiores (Figura 20).
44
Figura 21 – Grade – Conjunto
45
Figura 22 – Grade – Painel Superior
46
Figura 23 – Grade – Painel Inferior
47
3.2 NOÇÕES DE CÁLCULO ESTRUTURAL DE GRADES
A norma ABNT NBR 11213:2001, itens 4.2 e 4.3, define as seguintes cargas a serem
consideradas no projeto das grades:
Carga Normal
Carga Ocasional
O item 5.3 da norma ABNT NBR 11213:2001 diz que as tensões e deformações
admissíveis devem ser consideradas conforme norma de cálculo de comportas
hidráulicas NBR 8883.
b) Verificar que as barras verticais não estarão sujeitas a vibrações que possam
levar à ruptura.
48
A verificação da grade quanto à vibração deve ser baseada no item 5.6 da Norma
ABNT NBR 11213:2001.
A água escoando pela grade totalmente limpa produz uma perda de carga
insignificante.
• Espessura(s) da barra;
• O espaço livre (b) entre barras;
• A forma da seção transversal da barra vertical;
• A proporção da área ocupada pelas partes metálicas da grade sobre a área
total;
• O ângulo de inclinação α da grade com a vertical.
3.3 MATERIAIS
O material mais usado nas construções de painéis de grade é o aço ASTM A 36.
Esse material tem tensão de escoamento de 250 MPa e boas características de
soldabilidade.
49
retangular em material ASTM A 36 ou SAE 1020.
As peças fixas de guia lateral devem ser construídas de ASTM A 36. Recomenda-se
a colocação de uma tira de inox para apoio e deslizamento das cabeceiras sobre as
guias laterais.
Os patins de guia lateral devem ser de aço carbono ASTM A 36, revestidos de
bronze e fixados ao painel com parafusos de aço inoxidável.
Os painéis de grade e as partes da peça fixa devem ser pintados conforme esquema
4.1.5 da norma ABNT NBR 11389:1990. Esse esquema requer a pintura com 2
demãos de 180 micra de epóxi alcatrão de hulha. Atualmente o alcatrão de hulha
vem sendo substituído por uma tinta epóxi sem alcatrão (tar free).
Deve haver previsão para limpeza periódica da grade, onde se acumulam detritos de
toda espécie, e principalmente folhas e plantas aquáticas.
50
ABNT NBR 12271:1991- Seleção de grade para pequenas centrais hidrelétricas
(PCH) – Procedimento.
ABNT NBR 11389:1990 - Sistemas de pintura para equipamentos e instalações de
usinas hidroelétricas ou termoelétricas – Especificação.
51
4. VÁLVULAS
As válvulas de grande porte são regidas pela norma NBR 9526:2012 e estão
classificadas em três classes:
52
Dependendo do arranjo das passagens hidráulicas, poderá ser necessária a
instalação de válvula de segurança, logo a montante da entrada da caixa espiral da
turbina.
Em geral, são abertas por meio de cilindro hidráulico com pressão do próprio
regulador de velocidade. O fechamento, por razões de segurança, é efetuado por
contrapeso ligado diretamente ao eixo do disco da válvula, após a abertura de uma
válvula solenoide, liberando o óleo da parte inferior do cilindro hidráulico.
53
Existe uma grande variedade de válvulas, cuja escolha depende não apenas da
natureza da operação a realizar em um circuito de geração, mas também da vazão,
da pressão, temperatura a que são submetidas as válvulas e da forma de
acionamento necessário ou pretendido para operá-las.
Essas válvulas são projetadas para fechar cortando o máximo fluxo de água.
54
Figura 24 – Válvula borboleta: (a) disco plano e (b) disco biplano
(a) (b)
Fonte: Alstom
O corpo da válvula borboleta pode ser bipartido ou inteiriço (Figuras 28 e 29).
Quando o corpo é bipartido o obturador é inteiriço. Quando o corpo é inteiriço o
obturador deve ser desmontável (Figura 30).
Figura 25 – Válvula borboleta: (a) corpo bipartido e (b) obturador inteiriço
(a) (b)
Fonte: Alstom
55
Figura 26– Válvula borboleta: Tarbella 7530 mm de diâmetro
Fonte: Alstom
Figura 27– Válvula borboleta: (a) corpo inteiriço e (b) obturador desmontável
(a) (b)
Fonte: Alstom
56
4.1.2. Válvulas Esféricas
Fonte: Alstom
57
O tempo de fechamento está entre 20-30 segundos. A abertura da válvula deve ser
feita com pressões equilibradas dos dois lados do obturador.
Fonte: Alstom
58
Figura 30 – Válvula de jato divergente da UHE de Reza Sha Kabir, no Irã
Fonte: Alstom
59
5 TURBINAS
Algumas palhetas são estáticas, outras são fixas no rotor; ambas podem ser
ajustáveis para controlar o fluxo e a potência gerada ou (para geração de energia
elétrica) a velocidade de rotação. O rotor é suportado axialmente por mancais e
radialmente por mancais de guia. O tubo de sucção geralmente tem diâmetro final
maior que o inicial para reduzir a velocidade da água antes de despejá-la no canal
inferior.
A potência P que uma turbina pode extrair do fluxo de água será proporcional ao
produto da vazão volumétrica (Q) e da queda d'água disponível (H), segundo a
60
fórmula P= ρQHgη; onde ρ é a densidade da água, g é a aceleração da gravidade, e
η é a eficiência da turbina, a fração (entre 0 e 1) da energia potencial e cinética da
água que é convertida em trabalho mecânico de rotação do eixo ao passar pela
turbina. As principais causas da baixa eficiência nas turbinas são as perdas
hidráulicas (a energia cinética da água na saída da turbina) e as perdas mecânicas
(atrito nos mancais, que converte parte da energia extraída da água em calor). A
eficiência típica de uma turbina moderna varia entre 85% e 95%, dependendo da
vazão de água e da queda. Para maximizar a eficiência, grandes turbinas hidráulicas
são em geral projetadas especificamente para as condições de queda e vazão onde
serão instaladas.
5.1 Tipos
61
• Pelton
Turbinas Pelton trabalham com velocidades de rotação mais alta que os outros tipos.
Elas são adequadas para operar em grandes quedas com menores vazões.
• Francis
62
Figura 33 – Turbina Francis
Turbinas Francis são adequadas para operar entre quedas de 40 m até 400 m. A
Usina hidrelétrica de Itaipu assim como a Usina hidrelétrica de Tucuruí, Furnas e
outras no Brasil funcionam com turbinas tipo Francis com cerca de 100 m de queda
d'água.
• Kaplan
63
Turbinas Kaplan são adequadas para operar em quedas até 60 m. Elas apresentam
eficiência constante em ampla faixa de operação. A Usina Hidrelétrica de Três
Marias utiliza turbina Kaplan.
• Bulbo
A turbina bulbo (ou bolbo) é uma turbina Kaplan conectada diretamente pelo eixo a
um gerador, que é envolto por uma cápsula hermética. O conjunto fica imerso no
fluxo d'água.
64
5.2 MANUTENÇAÕ DE TURBINAS
De qualquer forma, o colapso de turbinas, apesar de raro pode gerar danos para
além de meramente econômicos. É o caso do acidente ocorrido na hidrelétrica
Russa de Sayano-Shushenskaya, em 17 de agosto de 2009, quando cerca de 76
pessoas morreram. Ao que consta, uma falha mecânica deve ter causado um
fechamento repentino de palhetas de distribuição e o golpe de aríete provocado a
ejeção de todo o conjunto. A falha elétrica de uma turbina provocou um efeito em
cadeia nas demais aumentnado a procporção dos danos. A casa de força foi
completamente inundada.
65
Figura 37– Rotor do gerador que sofreu colapso.
66
Figura 39– Aspecto da casa de força depois do acidente
67
Figura 41 – Parte da cassa de força destruída
68
6 BOMBAS
69
Por esse motivo, sua manutenção é orientada também para o funcionamento do ne-
gócio e não necessariamente à segurança da barragem. Falhas em bombas empre-
gadas em barragens podem gerar transtornos severos como desabastecimento de
populações ou mesmo a inundação de estruturas e edifícios colocando em risco a
vida dos operadores.
70
REFERÊNCIAS
LEWIN, JACK LEWIN. Hydraulic Gates and Valves in free surface flow and
submerged outlets. Editora Thomas Telford – 1995.
71
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 09
LISTA DE TABELAS............................................................................................. 10
1 NOÇÕES BÁSICAS DE GEOLOGIA E GEOTECNIA....................................... 12
1. 1 Litologia........................................................................................................... 13
1.2 Estruturas......................................................................................................... 14
1.3 Solos................................................................................................................ 16
1.4 Sismicidade...................................................................................................... 18
1.5 Estanqueidade …............................................................................................ 19
1.6 Estabilidade de Taludes................................................................................... 20
1.7 Conclusões...................................................................................................... 22
2 DETERMINAÇÃO EXPEDITA DAS CARACTERÍSTICAS DOS
MATERIAIS........................................................................................................... 23
2.1 Caracterização de Maciços Rochosos e Solos................................................ 23
2.1.1 Classe R1 ou Rocha Sã (RS)....................................................................... 23
2.1.2 Classe R2 ou Rocha Alterada Dura (RAD)................................................... 23
2.1.3 Classe R3 ou Rocha Alterada Mole (RAM)................................................... 24
2.1.4 Classe S2 - Solo de Alteração (SA) ou Saprolito.......................................... 24
2.1.5 Classe S1 ou Solo Eluvial (SE)..................................................................... 25
2.2 Conclusões...................................................................................................... 29
3 PROSPECÇÕES GEOLÓGICAS....................................................................... 30
3.1 Consultas a Bibliografia Disponível................................................................. 30
3.2 Reconhecimento de Campo............................................................................ 30
3.3 Programação de Investigação......................................................................... 31
3.4 Critérios de Projeto.......................................................................................... 33
3.5 Produtos........................................................................................................... 33
3.6 Sismicidade...................................................................................................... 34
3.7 Estanqueidade................................................................................................. 34
3.8 Estabilidade de Taludes................................................................................... 35
3.9 Áreas com Requerimentos para Pesquisa Mineral.......................................... 35
3.10 Assoreamento................................................................................................ 35
5
3.11 Síntese........................................................................................................... 36
4 INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS................................................................... 37
4.1 Introdução........................................................................................................ 37
4.2 Investigações Geofísicas................................................................................. 37
4.2.1 Georadar ….................................................................................................. 37
4.2.2 Sísmica de Refração..................................................................................... 38
4.2.3 Eletroresistividade......................................................................................... 39
4.3 Sondagens Mecânicas..................................................................................... 40
4.3.1 Sondagem a Trado....................................................................................... 40
4.3.2 Sondagem à Percussão …........................................................................... 41
4.3.3 Sondagem Rotativa...................................................................................... 42
4.3.4 Amostragem Integral..................................................................................... 44
4.3.5 Outros Tipos de Investigações e Ensaios de Campo em Sondagens
Mecânicas.............................................................................................................. 45
4.4 Conclusões …................................................................................................. 46
4.5 Síntese............................................................................................................. 46
5 NOÇÕES DE HIDROGEOLOGIA...................................................................... 47
5.1 Introdução........................................................................................................ 47
5.2 Infiltração e Escoamento Subterrâneo............................................................. 47
5.3 Propriedades Hidráulicas................................................................................. 49
5.4 Regimes de Fluxo............................................................................................ 50
5.5 Escoamento em Meios Fraturados …............................................................. 51
5.6 Tipos de Aquíferos …....................................................................................... 52
5.6.1 Aquíferos ….................................................................................................. 53
5.6.2 Aquicludes..................................................................................................... 53
5.6.3 Aquitardos..................................................................................................... 53
5.6.4 Aquífugos...................................................................................................... 54
5.7 Ações Mecânicas e Fenômenos...................................................................... 54
5.7.1 Subpressões................................................................................................. 54
5.7.2 Efeitos do Rebaixamento do Nível d´Água Subterrâneo.............................. 55
5.7.3 Força de Percolação..................................................................................... 56
6
5.8 Conclusões...................................................................................................... 57
6 FLUXO HÍDRICO EM MACIÇOS DE TERRA E EM FUNDAÇÕES.................. 59
6.1 Permeabilidade da Fundação.......................................................................... 59
6.2 Percolação em Maciços de terra..................................................................... 60
6.3 Permeabilidade e Lei de Darcy........................................................................ 60
6.4 Redes de Fluxo …........................................................................................... 62
6.5 Histórico do Caso de Rompimento da Barragem de Pampulha...................... 64
6.6 Síntese............................................................................................................. 65
7 – NOÇÕES DE MECÂNICA DAS ROCHAS...................................................... 66
7.1 Introdução........................................................................................................ 66
7.2 Fundações....................................................................................................... 66
7.3 Taludes............................................................................................................. 68
7.4 Túneis ….......................................................................................................... 68
7.5. Poço …........................................................................................................... 71
7.6 Síntese............................................................................................................. 72
8 ESPECIFICAÇÃO E CONTROLE DE COMPACTAÇÃO DE
ATERROS.............................................................................................................. 73
8.1 Introdução....................................................................................................... 73
8.2 Compactação................................................................................................... 73
8.3 Controle de Compactação............................................................................... 74
8.4 Especificação e controle de aterros................................................................. 75
8.5 Principais Tipos de Ocorrências Indesejáveis................................................. 77
8.6 Síntese............................................................................................................. 78
9 CAPACIDADE DE SUPORTE DOS MACIÇOS E ATERROS (COMO
ESPECIFICAR E COMO MEDIR)......................................................................... 79
9.1 Introdução........................................................................................................ 79
9.2 Deformações Devidas a Carregamentos Verticais.......................................... 79
9.3 Ensaios para Determinação da Deformabilidade dos Solos........................... 79
9.4 Ensaios para Definir a Capacidade de Suporte do Solo.................................. 81
9.5 Capacidade de Suporte dos Maciços e Aterros............................................... 82
9.6 Síntese............................................................................................................. 83
7
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 84
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Litologias, Estruturas e Solos.
Figura 2 – Litologias: Calcário, Granito, Gnaisse e Filito.
Figura 3 – Estruturas Planares Favoráveis e Desfavoráveis
Figura 4 – Cortina de Injeção de Calda de Cimento.
Figura 5 – Solos – Tálus, Solos Coluvionar, Solo Residual e Solo Aluvionar
Figura 6 – Estanqueidade – Cortina de Vedação e Cortina Diafragma
Figura 7 - Mapa Epicentral da Sismicidade Brasileira com Magnitudes Maiores ou
iguais que 3.0 Mb
Figura 8 – Estabilidade de Talude – Rebaixamento Rápido do Nível D'água.
Figura 9 – Classificação do Maciço Quanto ao Perfil de Intemperismo
Figura 10 -Inventário de Eixos de Barragens.
Figura 11 – Métodos de Investigação Geotécnica. Método Indireto (Caminhamento
Elétrico-Geofísica) e Método Direto (sondagem Mecânica)
Figura 12 – Diagrama de Um Sistema Típico Gpr
Figura 13 – Diagrama de Um Sistema Típico De Gpr
Figura 14 – Diagrama com Esquema de Arranjo dos Eletrodos do Eletroresistímetro.
Figura 15 – Trados Manuais(esquerda) e Trado Mecânico (direita)
Figura 16 – Sondagem à Percussão
Figura 17 – Esquema do Equipamento de Sondagem Rotativa.
Figura 18 – Amostragem Integral
Figura 19 - Mapa Potenciométrico em Um Aquífero Livre.
Figura 20- Regimes de Fluxo – Variação em Função da Velocidade (v) do Gradiente
Hidráulico (i)
Figura 21 – Tipos de Aquíferos.
Figura 22 – Permeâmetro para Execução do Ensaio De Darcy.
Figura 23 – Experiência Clássica de Fluxo D’água em Uma Amostra de Areia. (Lei
De Darcy).
Figura 24 - Regimes de Fluxo – Variação em Função da Velocidade (v) do Gradiente
Hidráulico (i).
Figura 25 – Processo Erosivo de “piping” Na Barragem da Pampulha, em 1954.
9
Figura 26 – Fundação em Maciço Rochoso. Notar Fraturas no Maciço com Mergulho
a Jusante.
Figura 27- Talude com Indicação do NA. Fraturas com Mergulho a Jusante
Figura 28 – Ensaio de Compressão Uniaxial.
Figura 29 – Ensaio de Compressão Triaxial Em Rocha.
Figura 30 - Maciço Rochoso com fraturas por onde a água pode percolar.
Figura 31 - Ensaio de Compressão Edométrica
Figura 32 - Ensaio de Compressão Edométrica
LISTA DE TABELAS
10
Prezado Aluno,
11
1 NOÇÕES BÁSICAS DE GEOLOGIA E GEOTECNIA
12
adotados tipos de barragens e arranjo das estruturas compatíveis com a vocação do
sítio.
1.1 Litologia
Merecem cuidados as rochas carbonáticas (sedimentar) que podem ser
parcialmente dissolvidas facilitando a percolação e ampliando aberturas e
consequentemente aumentando a permeabilidade pelas fundações e ombreiras.
Rochas como granitos, gnaisses, xistos, basaltos geralmente indicam boas
características geomecânicas e consequente bom comportamento quanto às
fundações e baixa permeabilidade (Figura 2).
Essas rochas não raramente apresentam sulfetos em sua matriz o que provoca
13
fragmentação mecânica por expansibilidade destes minerais quando submetidos a
ciclos de umedecimento e secagem. Há níveis de ocorrência de sulfetos nas rochas
xistosas que exigem o tratamento da interface concreto rocha para evitar a
reatividade do sulfeto com o álcali do cimento.
Da mesma forma, a presença de sílica livre em rochas ácidas pode exigir a adoção
de dope para evitar a reação álcali-agregado. A presença de minerais expansivos,
como nontronita, pode ocorrer com maior frequência em basaltos. Estas rochas
quando usadas como enrocamento podem apresentar fragmentação precoce e
fragmentação mecânica por conta dos ciclos de secagem e umedecimento a que
estão expostas e aceleradas pela insolação e mudança de temperatura noturna
levando à rápida deteriorização.
1.2 Estruturas
A geometria mais favorável das estruturas é a transversal ao leito do rio com
mergulho das camadas para montante. E em relação às ombreiras as estruturas
mais favoráveis são as que mergulham para dentro do maciço rochoso e para
montante. Essas condições favorecem a estabilidade e a estanqueidade das
fundações da barragem e estruturas hidráulicas.
14
estanqueidade da fundação e ombreiras bem como a consolidação do maciço
rochoso (Figura 3).
15
Figura 4 – Cortina de Injeção de Calda de Cimento.
1.3 Solos
A presença de solo de cobertura do maciço rochoso constitui um obstáculo para a
implantação das estruturas hidráulicas. Essa cobertura de solo deve ser
adequadamente caracterizada quanto a sua origem – tálus, solo coluvionar, solo
residual e solo aluvionar (Figura 5).
16
Figura 5 – Solos – Tálus, Solos Coluvionar, Solo Residual e Solo Aluvionar
17
Em caso de barragem de terra o solo de fundação deve ser investigado e sua
capacidade de carga e permeabilidade avaliada, podendo atender às exigências e
constituir a fundação da barragem do maciço terroso. O solo de fundação poderá
também exigir eventualmente remoção parcial da camada menos consistente ou
receber um tratamento da fundação.
1.4 Sismicidade
Devem ser consultados os registros históricos de sismos ocorridos no entorno do
aproveitamento hidrelétrico num raio compatível com a dimensão da obra. No Brasil
os sismos raramente atingem magnitude superior a 5,0 e ocorrem até no máximo a
18
30 km de profundidade. Esse fato decorre do Brasil situar-se no interior de uma
grande placa tectônica (Figura 7).
Figura 7 - Mapa Epicentral da Sismicidade Brasileira com Magnitudes Maiores ou iguais que
3.0 mb
Essas exigências são maiores quando se trata de grandes áreas alagadas e no caso
de barragem de grande altura, que são fatores que predispostos às ocorrências de
sismos induzidos. A legislação é mais rigorosa para casos de barragens com altura
superior a 100 metros.
1.5 Estanqueidade
A estanqueidade pode estar ligada ao tipo de rocha e às estruturas desfavoráveis já
anteriormente abordadas. Acrescente-se também para eventuais necessidades de
19
impermeabilização da área do reservatório próxima ao barramento, podem exigir
que essas áreas sejam recobertas por um tapete de argila reduzindo a
permeabilidade e o gradiente hidráulico e aumentando o fator de segurança da obra.
Adicionalmente, para reservatório que ocorrem rochas calcárias, essas áreas devem
ser mapeadas com ênfase na ocorrência de cavernas e dolinas. O enchimento do
reservatório poderá induzir a solapamentos por conta do balanço das águas,
acelerando o processo de reação da remoção e carreamento do carbonato das
fraturas das rochas cársticas, especialmente nas áreas marginais do reservatório.
20
Figura 9 – Estabilidade de Talude – Rebaixamento Rápido do Nível d'água.
1.7 Conclusões
Os estudos geológicos e geotécnicos devem estar integrados de forma que toda
informação sobre os tipos litológicos, estruturais e solos possam conduzir à definição
de parâmetros seguros das propriedades das unidades de mapeamento
21
caracterizadas pelas investigações geotécnicas nas diversas fases de estudo de um
aproveitamento hidrelétrico.
22
2 Determinação Expedita das Características dos Materiais
Dessa forma os horizontes intempéricos podem ser separados, de baixo para cima,
em:
R1 - Rocha Sã (RS);
R2 - Rocha Alterada Dura (RAD);
R3 - Rocha Alterada Mole (RAM);
S2 - Solo de Alteração (SA);
S1 - Solo Eluvial (SE).
Uma breve descrição de cada uma das classes definida por Vaz (1996) é feita a
seguir:
23
longo das fraturas e superfícies expostas a percolação da água.
24
minerais resistatos, como o quartzo, encontram-se apenas mais fragmentados do
que na rocha.
Desse modo, os perfis litológicos foram diferenciados em cinco categorias (C1 a C5)
considerando a resistência das rochas ao golpe do martelo geológico, variando de
Extremamente Branda a Extremamente Resistente.
25
Figura 9 – Classificação do Maciço quanto ao Perfil de Intemperismo
26
Tabela 1 – Classificação do Maciço quanto ao Grau de Coerência
SIGLA ROCHA CARACTERÍSTICA
Extremamente branda Marcada pela unha
Esmigalha-se apenas com o impacto da
C5
Muito branda ponta do martelo de geólogo; por ser
raspada por canivete.
Pode ser raspada por canivete com
C4 Rocha branda dificuldade; marcada por firme pancada
com ponta do martelo de geólogo.
Não pode ser raspada por canivete;
Medianamente
C3 amostra pode ser fraturada com um golpe
resistente
de martelo.
Amostras requerem mais de um golpe de
C2 Resistente
martelo para fraturamento.
Amostras requerem muitos golpes de
Muito resistente
martelo para fraturamento.
C1
Extremamente Amostra pode ser apenas lascada com o
resistente martelo de geólogo.
Fonte: ABGE, 1983.
27
Tabela 2 – Classificação do Maciço quanto ao Grau de Fraturamento
FRATURAMENT
ESPAÇAMENTO
GRAU DENOMINAÇÃO O Nº DE
ENTRE FRATURAS
FRATURAS/M
Muito pouco
F1 <1 ≥1m
fraturada
F2 Pouco fraturada 1a5 1m a 0,20m
Medianamente
F3 6 a 10 0,20m a 0,10m
fraturada
F4 Muito fraturada 11 a 20 0,10m a 0,05m
Extremamente
F5 > 20 ≤0,05m
fraturada
Fonte: ABGE, 1983
28
2.2 Conclusões
Do exposto pode-se concluir que as estruturas hidráulicas poderão se posicionar
onde a rocha indicar classe R1 ou RS e RAD com os devidos tratamentos de
fundação e ombreiras, adequando o maciço rochoso à consolidação e
estanqueidade exigidas pelo projeto.
29
3 PROSPECÇÕES GEOLÓGICAS
O avanço dos estudos com base em fotos aéreas, mapas geológicos e mapas
topográficos poderá facilitar a programação de campo. A fase seguinte poderá ser a
de reconhecimento da área de estudo fazendo-se o planejamento preliminar de
acesso e apoio de campo. Esse reconhecimento deverá permitir uma avaliação
suficiente para definir uma programação preliminar de investigação ao sítio de
estudo.
30
Figura 10 -Inventário de Eixos de Barragens.
31
Figura 11 – Métodos de Investigação Geotécnica. Método Indireto (Caminhamento Elétrico-
Geofísica) e Método Direto (Sondagem Mecânica)
32
3.4 Critérios de Projeto
Importante serem muito bem definidas as premissas a serem adotadas nas
investigações. Para obras de barragens, que exigem um conhecimento completo
das características dos solos e das rochas quanto a fundação, no que se refere à
estabilidade e à estanqueidade, as investigações através do maciço rochoso
deverão avançar até, pelo menos, 10 metros em rocha sã e pouco permeável.
Nos trechos em solo devem ser executados ensaios de campo por penetração
dinâmica de amostrador padrão tipo SPT para caracterização das propriedades
geomecânicas das fundações. Durante a execução dessas investigações, devem ser
executados ensaios de infiltração para conhecer a permeabilidade do maciço terroso
natural do terreno investigado.
3.5 Produtos
Os produtos resultantes das prospecções geológicas deverão atender as
necessidades de elaboração de seção do eixo da barragem e pelas estruturas
hidráulicas que permitam ao projetista definir o tipo e profundidade do material a ser
escavado bem como as inclinações dos taludes a serem adotados em função dos
materiais atravessados e indicados nos perfis apresentados.
33
materiais de construção deverão ser suficientemente investigados para que
confirmem suas quantidades e qualidades com base em volume e qualidade e
distância da obra. Vale o mesmo para pedreiras e areais.
3.6 Sismicidade
Os estudos de sismicidade deverão ser compatíveis com as dimensões da altura e
área do lago formado e indicar as necessidades de quantos e onde os sismógrafos
deverão ser instalados.
3.7 Estanqueidade
A estanqueidade deve ser apreciada quanto à região envolvida pelo reservatório
onde prevalecem as litologias presentes, atentando-se para a presença de rochas
cársticas que possam vir a ligar os lados montante e jusante do sítio barrado.
A presença de rochas cársticas nas bordas dos limites das áreas alagadas pelo
reservatório poderá acelerar o processo de dissolução pelo embate das ondas
podendo causar solapamentos, isso ocorre em regiões que apresentam pré-
disposição, um exemplo são regiões onde o teto está no limite de sustentação.
34
3.8 Estabilidade de Taludes
Os taludes marginais ao reservatório devem ser objeto de estudos podendo, aqueles
mais próximos às estruturas hidráulicas, exigir mapeamentos para análises de
estabilidade. Essas estruturas, quando próximas ao barramento, se eventualmente
evoluírem para o rompimento, poderão produzir ondas comprometendo a segurança
do conjunto, devendo, portanto, serem consideradas no estudo geológico.
Como exemplo pode ser citado o caso de Vajont, na Itália, em que um deslizamento
de terra sobre a barragem causou uma onda que inundou e destruiu o vale do Rio
Piave e causou mais de 2.000 mortes.
Com a evolução dos estudos e definição dos eixos dos barramentos, alturas e áreas
dos reservatórios, o DNPM deve ser consultado para informar eventuais ocorrências
de reservas minerais nestas áreas de forma a compatibilizar estas explorações com
as dos aproveitamentos hidroelétricos da bacia de estudo.
3.10 Assoreamento
O diagnóstico da geologia e geomorfologia da bacia de contribuição, com base no
levantamento das erosões que contribuem com sedimentos no assoreamento do rio
e consequentemente do futuro reservatório a ser formado, poderá contribuir para
indicar medidas que visem minimizar esses efeitos. Orientações por ações inibidoras
a essas práticas que levam a acelerar os processos erosivos deverão ser adotadas
35
visando à exploração dos solos de maneira sustentável.
3.11 Resumo
O presente módulo aborda os diversos tópicos que devem ser contemplados nos
estudos geológicos e geotécnicos de um sítio para construção de uma barragem,
como desde a pesquisa bibliográfica, critérios de projeto, estabilidade de taludes,
sismicidade da área e estanqueidade do barramento.
36
4 INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS
4.1 Introdução
As investigações geotécnicas envolvem meios diretos e indiretos sendo os primeiros
representados pelas sondagens mecânicas e os últimos por métodos geofísicos. As
investigações mecânicas indicam resultados pontuais e permitem a retirada de
amostras e a realização de ensaios de campo.
4.2.1 Georadar
O Radar de Penetração no Solo (GPR) ou Georadar trata-se de um método
geofísico – de reflexão sísmica que utiliza ondas eletromagnéticas de alta frequência
para mapear estruturas e feições rasas da subsuperfície podendo ir até 10 metros
de profundidade dependendo das características do subsolo. Poderia ser usado em
locais de pequena cobertura de solo sobre o maciço rochoso ou na detecção de
estruturas enterradas em obras já implantadas (Figura 12)
37
Figura 12 – Diagrama de um Sistema Típico GPR
Esse método é adotado para investigações geofísicas e podem alcançar até 50m de
profundidade. Sua recomendação e uso se prenderia a fase inicial das investigações
para determinar o topo rochoso e o nível d´água das ombreiras e fundação da
barragem e estruturas anexas (Figura 13).
38
Figura 13 – Diagrama de um Sistema Típico de GPR
4.2.3 Eletroresistividade
Trata-se da determinação da resistividade elétrica aparente dos materiais em pontos
da superfície. Os resultados são obtidos a partir de injeções de corrente elétrica por
meio de eletrodos metálicos em pontos da área investigada. Poderia dar apoio às
investigações mecânicas bem como na determinação do topo rochoso e
profundidade do nível freático (Figura 14)
39
4.3 Sondagens Mecânicas
Dentre os tipos de sondagens e ensaios, os mais utilizados são: a sondagem a trado
que permite a execução de ensaio de infiltração em solo; a sondagem a percussão
que envolve o ensaio de penetração dinâmica de um amostrador padrão e permite a
execução de ensaio de infiltração; e para meios rochosos, a sondagem rotativa que
possibilita a execução de ensaio de condutividade hidráulica no maciço rochoso.
Nas três modalidades se obtêm amostras para ensaios de laboratório.
Os trados podem ser tipo concha ou tipo helicoidal, correspondendo suas formas à
geometria dos próprios nomes. Nas áreas de empréstimos o diâmetro adotado é
maior devendo atender à quantidade maior de amostras para ensaios de laboratório.
O procedimento do ensaio de infiltração para sondagens a trado e a percussão são
encontrados na Boletim nº3 da ABGE, 1999 (Figura 15).
40
Figura 15 – Trados Manuais(esquerda) e Trado Mecânico (direita)
furos de sondagens podem ser usados também para executar ensaio de infiltração
em solo. Através da análise das amostras de solo e da resistência apresentada pelo
terreno, são desenhadas seções que permitem definir as cotas das fundações das
barragens e das estruturas hidráulicas.
41
A Norma NBR-6484:2001. Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT –
Método de ensaio que regulamenta os procedimentos e execução desses ensaios.
Outro documento que também orienta a execução de sondagens e ensaios é o
Boletim nº 04 da ABGE (1996). (Figura 16)
Figura 16 – Sondagem à Percussão
42
wídia, bastante utilizada na sapata do revestimento externo da sondagem. A
ferramenta amostradora pode ser simples, constituída apenas por um tubo com
alargador, mola e coroa diamantada. Ou o barrilete pode ser provido de um tubo
interno com rolamento de encosto que permite estabilizar a ferramente cortante, ou
seja, rodando apenas a composição das hastes e peça externa cortante.
Há outros tipos menos frequentes, porém mais sofisticados, como equipamento wire
line, em que não é necessário retirar a composição para retirar os testemunhos de
cada manobra. Um cordão metálico é içado com o barrilete e os testemunhos.
Porém esses são mais utilizados para mineração, onde são investigadas
profundidades maiores. Acrescente-se ainda o fato de nas sondagens rotativas
podem ser executados ensaios de condutividade hidráulica do maciço rochoso.
Esses ensaios indicam o tipo e intensidade de percolação pelo maciço rochoso. São
normalmente executados a cada 3 metros ou para casos de maciços de boa
qualidade indicada nos testemunhos, a cada 6 metros. Os resultados dessas
sondagens e ensaios permitem a elaboração de seções geológico-geotécnicas pelas
fundações da barragem e das estruturas geradoras. E a partir desses resultados
tomar decisões quanto a injeção para consolidação e impermeabilização do maciço
rochoso (Figura 17).
43
Figura 17 – Esquema do Equipamento de Sondagem Rotativa.
44
Figura 18 – Amostragem Integral
45
4.4 Conclusões
O Brasil está situado em região tropical, cujo clima propicia o desenvolvimento de
solos expressivos e com isso as investigações com sondagem a percussão são de
uso corrente na definição de fundações em solo.
4.5 Síntese
O presente módulo expressa os tipos de investigações básicas utilizadas na
identificação das características geotécnicas – geofísica e mecânica – bem como os
principais ensaios e campo agregados a essas investigações.
46
5 NOÇÕES DE HIDROGEOLOGIA
5.1 Introdução
O presente capítulo foi baseado no capítulo 8 do livro de Geologia de Engenharia da
ABGE (1998). A água subterrânea presente em subsuperfície exerce importância
fundamental nas alterações dos comportamentos de taludes e fundações de solos e
rochas.
A transição entre estas é marcada pelo nível d´água, que constitui a superfície do
lençol freático de uma região. Ao atingir o nível freático as águas que migravam
verticalmente passam a escoar lateralmente com movimento condicionado pela
força de gravidade. Contrapondo a este movimento atuam as forças moleculares e
tensões superficiais das águas higroscópicas, peliculares e capilares. Para qualquer
ponto de um meio saturado, estando o líquido em equilíbrio, existe uma pressão d
´água (carga de pressão).
47
energia devido à resistência que o meio oferece à passagem do fluido. Os mapas
potenciométricos expressam o potencial hidráulico por meio de linhas de pontos de
mesma carga hidráulica, semelhantes às curvas de nível das plantas topográficas.
48
Figura 19- Mapa Potenciométrico em um Aquífero Livre.
Para que haja permeabilidade é necessário que a porosidade entre os grãos permita
a circulação das águas. Da mesma forma para que a condutividade hidráulica se
49
manifeste é necessário ocorrer conexão entre as descontinuidades. Os fatores que
condicionam maior ou menor permeabilidade de um solo são o tamanho, a forma e
imbricamento dos grãos.
50
Figura 20- Regimes de Fluxo – Variação em Função da Velocidade (v) do Gradiente
Hidráulico (i)
51
Fluxos em Maciços Rochosos – O fluxo d´água em maciços rochosos se dá
através dos sistemas de fraturas do maciço. Portanto para entender o sistema de
fluxo é necessário definir as famílias de fraturas, orientação, abertura, espaçamento,
preenchimento, rugosidade, a partir das quais é obtido, por determinação analítica,
um tensor de permeabilidade, ou seja, a determinação no espaço, dos módulos e
das direções principais (triortogonais) de permeabilidade.
52
Figura 21 – Tipos de Aquíferos.
5.6.1 Aquíferos
São materiais ou rochas que armazenam água e permitem a sua circulação. De
modo geral, os solos e sedimentos são assim classificados, compreendendo, ainda
nesta categoria, as rochas sedimentares que apresentam porosidade granular
(arenitos, alguns calcários detríticos); as rochas com porosidade cárstica (calcários,
brechas calcárias) com porosidade devido à alteração, ou a efeitos tectônicos
(cataclasitos, por exemplo); e, ainda, os maciços rochosos com grande número de
descontinuidades, que apresentam porosidade de fraturas (rochas cristalinas em
geral).
5.6.2 Aquicludes
São materiais também porosos, que contém água nos seus interstícios, muitas
vezes atingindo até o grau de saturação, mas não permitem a sua circulação.
5.6.3 Aquitardos
São materiais ou rochas porosas que, embora armazenem quantidades significativas
de água no seu interior, permitem a circulação apenas de forma muito lenta. São
incluídas neste grupo as argilas siltosas ou arenosas.
53
5.6.4 Aquífugos
São materiais impermeáveis, com baixíssimo grau de porosidade, que tanto não
contêm como não transmitem água. Incluem-se neste grupo as rochas duras,
cristalinas, metamórficas e vulcânicas, sem fraturamento ou alteração.
A pressão exercida será então expressa pelo produto entre a massa específica da
água e a altura alcançada pela água, sendo denominada poropressão ou pressão
neutra. No interior do solo ocorrem ainda as pressões intergranulares, chamadas
pressões efetivas, de tal forma que a pressão total é a somatória das pressões
efetivas e das pressões neutras.
5.7.1 Subpressões
São as componentes verticais das poropressões ou pressões neutras que atuam de
baixo para cima, em planos determinados das estruturas das barragens de concreto
(juntas de concretagem), no contato estrutura-fundação (contato concreto-rocha), ou
em descontinuidades da fundação (fraturas, falhas, contatos litológicos). Dois fatores
são de extrema importância para a determinação dos valores de subpressão a
serem adotados nos projetos: a área efetiva de atuação da pressão d´água sob a
base da estrutura e a intensidade com que ela atua.
54
hidrogeológicas, quais sejam - posição dos níveis d´água, condições geológicas
(litológicas e estruturais), zonas de alimentação e descarga dos aquíferos,
permeabilidade e contrastes de permeabilidade do meio, geometria das escavações
- são fatores que condicionam a intensidade com que as subpressões se
manifestam.
55
maioria dos casos, os recalques se processam de forma lenta e contínua, se
distribuindo por áreas bastante amplas. Normalmente, a maior parte e os maiores
recalques observados ocorrem em aquíferos que contêm porcentagens elevadas de
materiais finos, ou mesmo em materiais essencialmente argilosos, devido à
compressibilidade elevada e à peculiaridade do esqueleto sólido desses materiais,
em geral constituído por minerais lamelares, podendo sofrer deformação por flexão e
dobramento.
Contudo, se a água não estiver confinada, mudanças nas cargas hidráulicas irão
causar fluxo e o escoamento estará sujeito então ao atrito entre o fluido e o meio.
Esse atrito será transmitido como força de percolação, agindo sobre o solo ou rocha,
na direção do fluxo. Dois fenômenos que ocorrem mais frequentemente em solos
têm sua origem relacionada diretamente às forças de percolação.
56
Na maioria das vezes, tais condições são criadas artificialmente como consequência
de elevados gradientes hidráulicos, tais como os instalados na base de escavações
profundas em solos arenosos e, mais frequentemente, nas fundações permeáveis
de barragens de terra. Outro tipo de ruptura hidráulica causada pelas forças de
percolação ocorre por processo semelhante, quando há coesão no solo.
Essa pequena cavidade acaba concentrando ainda mais fluxo subterrâneo e, por
consequência, levando a um incremento no gradiente hidráulico, num processo
cíclico de ação e reação. O resultado desse processo é erosão interna regressiva
ou, simplesmente erosão interna; erosão tubular regressiva ou, simplesmente,
entubamento.
5.8 Conclusões
A percolação da água nos meios subterrâneos – solo e rocha – está condicionada
pela porosidade que resulta numa permeabilidade variada do meio. Nessa
circulação a água encontra barreiras impostas pela natureza, mas conta com as
diferenças de cargas hidráulicas para sua circulação.
57
por conduzir obras à ruína, como no caso de apresentar liquefação ou no caso de
erosão interna (piping).
58
6 FLUXO HÍDRICO EM MACIÇOS DE TERRA E EM FUNDAÇÕES
59
A abordagem contínua, por sua vez, refere-se às situações em que a parcela
essencial do escoamento se dá por intermédio de uma extensa rede de
fraturamento, e, nesses casos, os blocos rochosos delimitados pelas fraturas podem
ser, por analogia, associados aos grãos sólidos impermeáveis de um meio poroso.
Assim, a análise de fluxo em tais situações pode considerar o maciço rochoso como
um meio “contínuo”, por intermédio do conceito de permeabilidade equivalente,
Quadros (1986) apud Souza (2005).
60
o fluxo apresenta um regime laminar. A experiência de Darcy consistiu em fazer a
água passar através de uma coluna porosa, de seção A e comprimento (L),
conforme esquematizado na Figura 22.
O termo (Q/A), vazão por unidade de área, tem a dimensão de uma velocidade. É a
velocidade de descarga ou velocidade de Darcy, também denominada vazão
específica. Outro parâmetro obtido por esse experimento foi o coeficiente de
permeabilidade e exprime a maior ou menor facilidade com que a água percola
através de um meio poroso.
61
percolação (v) é proporcional ao gradiente hidráulico (i). Conforme pode ser
observado na figura 23.
Figura 23 – Experiência Clássica de Fluxo D’água em uma amostra de areia. (Lei de Darcy).
62
Figura 24 – Redes de fluxo em barragens.
63
Através dessa figura, pode-se entender que:
O talude de montante era revestido por uma placa contínua de concreto armado,
que defendia o maciço contra a possibilidade de fluxo violento através dos drenos.
Contudo, após 16 anos de sua construção, a cortina de concreto se rompeu, devido,
segundo VARGAS (1954, 1977), a recalques das fundações da barragem.
64
Figura 25 – Processo Erosivo de “piping” na Barragem da Pampulha, em 1954
6.6 Síntese
O presente módulo trata do fluxo hídrico em maciços de terra e em fundações onde
são apreciados os parâmetros permeabilidade do solo da fundação e do maciço
terroso compactado, bem como linhas fluxo e histórico de caso. Adicionalmente
aborda a condutividade hidráulica do maciço de fundação.
65
7 NOÇÕES DE MECÂNICA DAS ROCHAS
7.1 Introdução
Os conhecimentos de mecânica das rochas se aplicam especialmente nos estudos,
projetos e construção de grandes obras civis como, por exemplo, nas fundações de
barragens, taludes naturais e de corte remanescente, túnel hidráulico ou viário,
poços largos e profundos, cavernas amplas, na mineração, energia geotérmica,
armazenagem de rejeitos.
Outros tipos de obras afins poderiam ser citadas, mas acabariam passando por
processos construtivos adotados naqueles acima citados. E no presente trabalho
deverá ser dada ênfase às obras hidráulicas para barragens.
7.2 Fundações
São fundamentais investigações geológico-geotécnicas das características do
maciço rochoso das fundações das estruturas hidráulicas de um aproveitamento
hidrelétrico. Essas investigações deverão atravessar a camada de solo e a transição
solo-rocha e alcançar o maciço rochoso são. Assim poderão ser feitas seções
geológico-geotécnicas, identificar e quantificar os tipos de materiais a serem
escavados ou que sustentarão a estrutura a ser implantada.
66
presentes materiais frágeis preenchendo as fraturas ou indicando condutividade
hidráulica elevada (Figura 26).
67
7.3 Taludes
Os elementos condicionantes da estabilidade de taludes naturais ou remanescentes
de escavações são a sua inclinação, extensão da vertente, forma geométrica da
encosta, direções e condições das descontinuidades, grau de alteração da rocha,
presença de água (Figura 27).
Figura 27- Talude com Indicação do NA. Fraturas com Mergulho a Jusante
7.4 Túneis
São obras lineares onde é feita escavação normalmente em forma circular ou em
forma de ferradura. Podem ser feito por tuneladoras ou escavação mineira. Por
serem mais frequentes serão abordados somente o segundo tipo. Os maiores
68
cuidados ficam por conta dos emboques onde a rocha normalmente se apresenta
mais alterada e fraturada exigindo escavações podendo resultar em taludes amplos
ou adotar soluções de contenções mais robustas minimizando essas escavações
externas.
69
Figura 29 – Ensaio de Compressão Triaxial em Rocha.
70
soluções normalmente são aplicação de telas e chumbadores para locais com rocha
fraturada e concreto projetado. E, finalmente, a instrumentação que constitui o
monitoramento durante a construção do túnel complementam os estudos que dão
suporte ao avanço das escavações.
7.5. Poço
Os poços são escavações normalmente circulares que servem para drenar águas,
passagem de ar ou de equipamentos ligando a parte externa à interna das
escavações das obras. Além dos fatores intrínsecos do maciço rochoso é
especialmente importante a condutividade hidráulica que além de provocar a
instabilidade das paredes, pode conduzir a água para dentro da cavidade e dificultar
o avanço da frente de escavação (Figura 30).
Figura 30- Maciço Rochoso com Fraturas por onde a Água pode Percolar.
71
7.6 Síntese
O presente módulo trata de estudos de mecânica de rochas fundamentadas na
caracterização e classificação dos maciços rochosos visando e escavação para
implantação de obras civis com ênfase na aplicação em barragem.
72
8 ESPECIFICAÇÃO E CONTROLE DE COMPACTAÇÃO DE ATERROS
8.1 Introdução
Segundo Silveira e Gaioto (1970), o fissuramento de barragens de terra e núcleos de
barragens de enrocamento se dá em função de grande número de variáveis: da
configuração tridimensional do conjunto constituído pela barragem e cada um dos
materiais que constituem esse conjunto, sob as diversas condições de solicitação a
que estarão sujeitos no transcorrer de todas as fases da vida da barragem. Como
decorrência dessas variáveis, em função das tensões, deformações e
deslocamentos de cada elemento, que resultam as diferentes combinações de
solicitações de peso próprio, dos carregamentos hidráulicos, da saturação, de forças
de percolação, de gradientes de temperatura, de variações de umidade, de
deformações lentas, de carregamentos dinâmicos, etc.
8.2 Compactação
A norma brasileira que especifica o controle de lançamento de aterros é a NBR
05681. A compactação tem por objetivo:
• O aumento da resistência à ruptura dos solos, sob a ação de cargas externas;
• A redução de possíveis variações volumétricas, quer pela ação de cargas,
quer pela ação da água que, eventualmente, percole pela sua massa;
• A impermeabilização dos solos, pela redução do coeficiente de
permeabilidade, resultante do menor volume de vazios.
73
Através da compactação de um solo obtém-se maior aproximação e entrosamento
das partículas, ocasionando o aumento da resistência ao cisalhamento e
consequentemente a obtenção de uma maior capacidade de suporte. Com a
redução do volume de vazios, a capacidade de absorção de água e a possibilidade
de haver percolação diminuem substancialmente, tornando o solo mais estável.
Apenas no teor de umidade ótimo se atinge o máximo peso específico seco, que
corresponde a maior resistência do solo.
74
refere à umidade quanto ao material.
75
d) A situação mais sensível a uma chuva é quando o material está espalhado e
pulverizado antes da compactação, pois uma pancada de chuva poderia transformá-
lo num “mar de lama”. Na possibilidade dessa ocorrência, a camada deverá ser
"selada", isto é, ser rapidamente compactada com rolos lisos ou equipamento de
pneus para que seu topo seja adensado e tornado impermeável. Uma vez que a
camada já possui um caimento, a água de chuva escorre sem penetrar na camada,
e a secagem posterior é rápida, por escarificação e gradeamento. Senão, a camada
encharcada deverá ser totalmente removida para bota-fora antes do prosseguimento
dos serviços.
e) Durante a execução do aterro, as beiradas devem ser mantidas mais altas, o que
aumenta a segurança. Isso parece contradizer o exposto nos itens (b) e (d), mas tais
beiradas podem ser rapidamente removidas com tratores e motoniveladoras. Essas
beiradas sempre devem ser removidas ao final da jornada de trabalho;
76
camada recusada, e ser obrigado a arrancá-la ou a corrigir a umidade,
homogeneizar, espalhar e compactar novamente, sem ser pago por isso.
Soluções:
Quando o subleito for fraco, composto por solos muito moles, com grandes
porcentagens de matéria orgânica, solos brejosos ou turfosos, esse material deve
ser removido e substituído visando estabilizar o terreno de fundação antes da
77
execução do aterro.
Quando o solo mole não aguentar nem o peso da berma necessária para dar
estabilidade ao aterro, constroem-se bermas adicionais, de espessuras menores que
a inicial.
8.6 Síntese
O presente módulo aborda uma introdução ao tema especificação e controle de
compactação de aterros envolvendo as seguintes abordagens: controle de
compactação, especificação e controle de aterros, principais tipos de ocorrências
indesejáveis e soluções indicadas.
78
9 CAPACIDADE DE SUPORTE DOS MACIÇOS E ATERROS (COMO
ESPECIFICAR E COMO MEDIR)
9.1 Introdução
79
pela deformação axial (encurtamento do corpo de prova dividido pela altura inicial do
corpo de prova) obtém-se a curva de carregamento. Para o ensaio de compressão,
o corpo de prova pode ser previamente submetido a um confinamento, quando,
então, é chamado de ensaio de compressão triaxial.
Fonte: DMC-FURG.
Fonte: DMC-FURG.
80
• O ensaio de compressão edométrica
O ensaio de compressão edométrica consiste na compressão do solo contido dentro
de um molde que impede qualquer deformação lateral. Os ensaios simulam o
comportamento do solo quando ele é comprimido pela ação de peso de novas
camadas que sobre ele se depositam, quando se constrói um aterro de grandes
áreas. Para o ensaio, uma amostra é colocada num anel rígido ajustado numa célula
de compressão edométrica.
Esse ensaio tem baixo custo e é bastante reconhecido no meio geotécnico, sendo
realizado em grande escala em laboratórios de todo o país. A partir desses valores,
chega-se à capacidade de carga do solo, ou seja, a sua tensão de ruptura. Essa
tensão dará suporte aos dados necessários para a realização do ensaio de carga
sobre placa.
81
carregamento. Apesar de ter um custo relativamente elevado quando comparado ao
ensaio de cisalhamento direto, a prova de carga sobre placa é o ensaio que mais se
aproxima de um teste em escala real, pois traduz com precisão a condição de
campo.
O ensaio de prova de carga sobre placa tem como resultado a curva de tensão
recalque, que será útil para se obter a carga de ruptura real do solo, e mesmo em
casos onde o ensaio não chega até a ruptura, pode-se avaliar se a tensão de ruptura
obtida indiretamente em laboratório está ou não próxima do valor real. A norma da
ABNT – NBR 6489 estabelece os procedimentos para execução desse ensaio.
82
9.6 Síntese
No tema Capacidade de Suporte nos Maciços e Aterros foram contempladas
abordagens relativas a deformações devidas a carregamentos verticais, ensaios
para determinação da deformabilidade dos solos, capacidade de suporte dos solos
envolvendo ensaio de cisalhamento direto e ensaio de prova de carga sobre placa e,
finalmente, capacidade de suporte de maciços e aterros.
83
REFERÊNCIAS
84
PINTO, C.S. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 Aulas. 3ª Edição. São
Paulo. Oficina de Textos. p 355, 2006.
VAZ, l.f. 1996. Classificação genética dos solos e dos horizontes de alteração de
rochas em regiões tropicais. Solos e Rochas. V. 19. nº2. 117-136.
85
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................. 06
LISTA DE TABELAS............................................................................................. 08
1 TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE BARRAGENS DE ATERRO...................... 10
1.1 Tipos de Barragens de Aterro......................................................................... 11
1.2 Barragens de Terra......................................................................................... 12
1.3 Barragens de Enrocamento............................................................................ 15
1.4 Barragens de Aterro Hidráulico....................................................................... 17
2 NOÇÕES BÁSICAS DE MATERIAIS CONSTRUTIVOS................................ 23
2.1 Fundações....................................................................................................... 23
2.2 Solos Compactados e Enrocamentos............................................................. 26
3 PROJETO E DIMENSIONAMENTO.................................................................. 31
3.1 Dimensionamento básico................................................................................ 38
3.2 Percolação...................................................................................................... 44
3.3 Estabilidade de Taludes e Fundações............................................................. 49
4 CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS DE ATERRO.............................................. 61
4.1 Proteção dos Taludes e Coroamento.............................................................. 73
4.2 Detalhes Construtivos..................................................................................... 79
5 CONCLUSÕES.................................................................................................. 82
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 84
5
LISTA DE FIGURAS
6
Figura 25 – Ruptura por Escorregamento
Figura 26 - Deslocamento de Material Instável pelo Peso do Aterro
Figura 27 – Drenos Verticais e Colchão de Areia
Figura 28 – Bermas de Equilíbrio
Figura 29 – Desvio do Rio por Meio de Galeria
Figura 30 – Construção da Tomada D’água
Figura 31 – Ensecadeira da Usina de Belo Monte
Figura 32 – Tratamento de Olho D’água na Fundação da Barragem
Figura 33– Preparo da Fundação, com Abertura, Colocação de Material Argiloso e
Compactação de Trincheira na Fundação
Figura 34 – Pilão para Aterro – Barragem Santa Bárbara, Pelotas, RS.
Figura 35 – Construção da Barragem de Terra da Pch Paracambi
Figura 36 – Lançamento de Rochas sobre Talude e Distribuição por Pá Carregadeira
Figura 37 – Enrocamento do Talude de Montante, Barragem em Barra do Ribeiro,
RS
Figura 38– Placas de Concreto no Talude de Montante do Açude Jaibaras (CE)
Figura 39 – Proteção dos Dois Taludes em Barragem de Terra
7
LISTA DE TABELAS
8
Prezado Aluno,
no decorrer desta unidade você deverá desenvolver competência para:
9
1 TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE BARRAGENS DE ATERRO
10
uso na época desejada, denominada de reservatório ou açude (lago);
Fonte:Nota do autor.
11
• Áreas de empréstimo e pedreiras localizadas em cotas superiores às da
barragem, visando facilitar o transporte de materiais;
• As fundações devem ter resistência e estanqueidade suficientes;
• O eixo deve ser posicionado no local mais estreito do rio, visando-se reduzir o
volume da barragem;
• As margens do reservatório devem ser estáveis, visando-se minimizar
escorregamentos;
• A correta utilização das condições topográficas na definição do
posicionamento do vertedouro situando-o fora do corpo da barragem.
O Atlas Digital das Águas de Minas traz outros limitantes para a seleção de locais de
barramento, mais vinculados a obras de pequeno porte:
12
Para Hradilek et al (2002), essas barragens são apropriadas quando houver a
disponibilidade de solo argiloso ou areno-siltoso/argiloso próximo à área da obra,
além da existência de um local apropriado para a localização do vertedouro em uma
das margens.
13
montante.
14
1.3 Barragens de Enrocamento
As mais comuns são as de núcleo interno de argila, existindo algumas com face de
concreto e, mais recentemente, barragens de enrocamento com núcleo de asfalto,
sendo que no Brasil encontramos duas barragens deste tipo: nas usinas hidrelétricas
Foz do Chapecó e Jirau. A estabilidade da obra é resultante do seu peso e da
imbricação das partículas dos diferentes materiais que constituem a barragem.
15
Figura 4 – Barragem de Enrocamento
16
Obs.: na figura 4, os perfis (a) e (b) são barragens com núcleo de argila; (c) é uma
barragem com face de concreto ou asfalto e (d) apresenta núcleo de asfalto.
Fonte:Lança, 1997.
17
Figura 6 – Lançamento de Polpa na Construção de Aterro
18
• Grande desgaste da tubulação e dos equipamentos por efeito do atrito do
solo, principalmente das partículas mais grosseiras.
19
Tabela 1 – Distribuição Mundial de Barragens de Aterro por Tipo de Seção
Esta pequena barragem foi construída totalmente com areia retirada do fundo da
Laguna dos Patos. Seu objetivo é armazenar água doce para irrigação de arroz no
período em que a laguna fica salinizada pela entrada de água do oceano Atlântico.
20
Figura 7 - Açude de Orós, CE
21
Figura 9 - Barragem Mista Hidrelétrica Moxotó, AL
Figura 10- Vista de Montante da Barragem da Barra Falsa, São José do Norte, RS
22
2 NOÇÕES BÁSICAS DOS MATERIAIS CONSTRUTIVOS
2.1 Fundações
Segundo USBR (1967), as fundações mais comuns são divididas em cinco tipos
básicos:
• Fundações de rocha sólida – devido a sua relativa alta resistência à carga e
sua resistência à erosão e infiltração, apresentam poucas restrições ao tipo
de barragem. Com frequência será necessário remover a camada de rocha
desagregada e fechar fendas e fraturas com injeções de cimento;
• Fundações sobre cascalhos – quando bem compactadas são boas para
construir barragens de terra e de enrocamento. Por serem usualmente
permeáveis, podem ser necessárias obras de impermeabilização destas
fundações;
• Fundação sobre silte ou areia fina – podem ser utilizadas para apoiar
barragens de gravidade de pequena altura especialmente projetadas para
elas, mas não servem para barragens de enrocamento. Os principais
problemas são o adensamento, a formação de piping, as perdas excessivas
por infiltração e a necessidade de proteção contra a erosão da fundação no
pé do talude seco;
• Fundações de argila – podem ser utilizadas para suportar barragens, mas
exigem tratamento especial. Podem gerar adensamentos significativos da
barragem se a argila não estiver consolidada e estiver saturada;
• Fundações irregulares – necessitam uma análise detalhada e projetos
23
especiais.
24
As amostras deformadas são retiradas sem a preocupação da manutenção da
estrutura do solo. Também são chamadas de amostras amolgadas quando ocorre a
fragmentação do material amostrado pelo amassamento completo do solo. Neste
caso, mantém-se constante a sua umidade, mas perde-se a sua resistência ao
cisalhamento.
Basicamente, são solos, materiais arenosos e seixos rolados com diâmetro máximo
de 0,15 m. Os materiais de segunda categoria correspondem a rochas alteradas,
cuja extração se processe por combinação de equipamentos ou eventualmente exija
o uso de explosivos. Os de terceira categoria exige o uso contínuo de explosivos.
Esse aumento varia entre 1,12 e 1,4, sendo maior para argila. As distâncias de
transporte são definidas como curtas (<100 m), médias (até 1.000 m) e longas (>
1.000). A distância define o tipo de equipamento a ser utilizado para a escavação e o
transporte do material de 1º categoria. A inclinação do terreno ou da rampa a ser
vencida para carregamento e descarregamento do material também influencia a
seleção do equipamento, assim como a resistência do terreno ou do aterro ao
afundamento dos equipamentos carregados.
25
2.2 Solos Compactados e Enrocamentos
A razão para tal resultado é que a água atua como um lubrificante, facilitando a
aproximação das partículas, permitindo melhor entrosamento e a redução do volume
de vazios. Em um determinado teor de umidade atinge-se um peso específico
26
aparente seco máximo, a partir do qual, ainda que se adicione mais água, o volume
de vazios passará a aumentar. A explicação desse fato reside em que quantidades
adicionais de água, após o ponto ótimo, ao invés de facilitarem a aproximação dos
grãos, fazem com estes se afastem, aumentando novamente o volume de vazios e,
por isso, causando o decréscimo do peso específico.
27
Como vimos, a realização da investigação geotécnica e das análises de laboratório
permite classificar os solos. Uma classificação muito utilizada para barragens de
terra é a do Sistema Unificado de Solos, proposto por Casagrande, que se baseia na
identificação do tipo e do predomínio de seus elementos básicos – areia (S), silte
(M), argila (C), cascalhos (G) e matéria orgânica (O e Pt - turfa) -, considerando o
tamanho de seus grãos, a distribuição granulométrica (W – bem distribuídos; P – mal
distribuídos), a plasticidade (H – alta; L – baixa) e a compressibilidade. Como
exemplos, um solo GC é composto de cascalhos e argila; um solo ML é um silte de
baixa plasticidade, um solo SC é areno-argiloso.
Em termos gerais, a maioria dos solos pode ser utilizada para a construção de
barragens de terra, sendo exceções materiais orgânicos, silte, rocha moída e as
argilas com limites de liquidez acima de 80%.
28
Tabela 3 – Classificação de Solos Utilizados em Barragens Brasileiras
• Grupo 1 - Solos lateríticos argilosos, também denominados solos
residuais maduros e/ou colúvios. São formados essencialmente por
processos de intemperismo, tanto de rochas ígneas extrusivas e intrusivas
como de rochas metamórficas. Correspondem à primeira camada do perfil
de intemperismo, são homogêneos, possuem baixa fertilidade natural, alta
porosidade, baixo grau de saturação e umidade natural próxima a da
umidade ótima de Proctor. São solos argilosos e que podem ter sido muito
ou pouco transportados. Sua trabalhabilidade pode ser considerada boa,
para umidades até 20% acima da umidade ótima de compactação.
29
identificados em algumas áreas como solos coluviais. Podem ocorrer
naturalmente em altas densidades. Dependendo de sua origem podem ser
mais ou menos argilosos, siltosos ou arenosos e muito pouco afetados
pelos processos de laterização. Ocorrem in situ em teores de umidade
variáveis e diferentes graus de saturação ou em condições não uniformes.
Sua trabalhabilidade depende grandemente de suas condições naturais
de umidade e densidade. Têm sido empregados em larga escala, com alta
produtividade. Solos originários de outras rochas sedimentares, tais como
argilitos, siltitos, arenitos e xisto, ou de rochas metamórficas, como filitos e
micaxistos, dependendo do grau de intemperismo e laterização, podem
ser enquadrados nos Grupos 1, 2 ou 3.
Fonte: Cruz.1996
30
3 PROJETO E DIMENSIONAMENTO
Segundo Cruz (1996) o projeto de uma barragem deve obedecer a três princípios
básicos:
• Princípio da estabilidade
As zonas externas ou espaldares da barragem devem garantir a estabilidade da
barragem para as várias situações da carga. O projeto destas zonas deve
31
compatibilizar o maciço com os materiais da fundação.
32
permeáveis são colocados no exterior (jusante) com função estabilizadora e
os solos menos permeáveis são colocados no interior (montante) com função
de estanqueidade;
• A dimensão e a forma do vale: se o vale for largo, não tem muita influência no
dimensionamento do perfil. Se o vale for estreito poderá ser necessário ter
especial cuidado com a zona de ligação entre o corpo da barragem e o talude
natural do vale, pois esta zona é propícia à ocorrência de fendilhamento e
consequentes infiltrações produzidas por assentamentos diferenciais;
• Desvio do rio: em certos casos será necessário efetuar o desvio do rio, sendo
que o modo como esta operação se efetua é condicionado pela forma do
vale, o regime de cheias e a vazão do rio. Em vales estreitos normalmente
opta-se por um túnel; em vales abertos, por vezes é possível aterrar numa
33
parte enquanto que o rio corre pela outra. Quando se constrói uma
ensecadeira, uma parte do reservatório é inundada, sendo necessário
verificar se as áreas de empréstimo de material irão ficar disponíveis. Se for
necessário construir uma ensecadeira de grandes dimensões, pode ser
lucrativo incorporá-la no corpo da barragem. Durante a construção deve ser
prevista a situação de galgamento das ensecadeiras, como o apresentado na
Figura 12, que demonstra a fiscalização da obra em abril de 1992. Podemos
observar o núcleo de argila compactado em camadas e o vertedor lateral em
concreto.
34
• Ação das ondas- a proteção do talude de montante e a altura de segurança
ou folga são diretamente influenciados pela ação das ondas, sendo
necessário prever a intensidade e altura das ondas recorrendo ao
conhecimento dos ventos predominantes na região. As soluções mais
frequentes são a colocação de um rip rap ou a diminuição da inclinação do
talude de montante;
35
Figura 3). Caso a fundação seja de material rochoso, devemos ter especial cuidado
na ligação entre a fundação e o corpo da barragem.
Obs.: Solos classificados como GW, GP, SW, SP e Pt são inadequados. Não se
recomendam solos tipo OL e OH para porções maiores do maciço.
Para as barragens zoneadas, a inclinação dos taludes é uma função das dimensões
relativas do núcleo impermeável e dos maciços laterais estabilizadores, como
indicado na Figura 13 e na Tabela 5.
36
Tabela 5 – Seções Tipo e Inclinações de Taludes em Barragens Zoneadas
Sujeita a Classificação do Inclinação de Inclinação
Tipo esvaziamento solo montante de jusante
rápido (x na figura 10) (y na figura
10)
GC, GM, SC, SM
Núcleo Não importa CL, ML, CH ou 2:1 2:1
mínimo “A” MH
GC, GM 2:1 2:1
Núcleo Não SC, SM 2,25 : 1 2,25 : 1
máximo CL, ML 2,5 : 1 2,5 : 1
CH, MH 3:1 3:1
GC, GM, 2,5 : 1 2:1
Núcleo Sim SC, SM 2,5 : 1 2,25 : 1
máximo CL, ML 3:1 2,5 : 1
CH, MH 3,5 : 1 3:1
Fonte: Hradileck, 2002
37
Figura 13 – Núcleos Mínimos e Máximos de Barragens Zoneadas
Legenda:
Núcleo máximo.
Núcleo mínimo “B” no caso de barragens sobre fundações permeáveis, sem cut
off positivo.
Núcleo mínimo “A” no caso de barragens sobre fundações impermeáveis, com
cut off positivo.
38
plantas com curvas de nível equidistantes de 1,0 m ou menos. A planta geral do
reservatório será realizada em escalas da ordem de 1:5.000, sendo possível que os
órgãos estaduais e municipais de licenciamento ambiental, de outorga ou de
licenciamento para construção adotem outra magnitude de escala.
A dimensão básica de uma barragem de terra é a sua altura, que depende do nível
máximo armazenado. Esse, por sua vez, é definido com base nos estudos
hidrológicos, pelos limitantes da topografia do local, de fatores econômicos, do
impacto da desapropriação das terras que serão alagadas, de fatores políticos, da
presença de infraestruturas que não podem ser alagadas, entre muitos outros que
não fazem parte da definição técnica desta variável. A altura máxima de água
definirá a posição do vertedor, que será o responsável para escoar o volume
excedente.
39
Figura 14 – Fetch de um Lago de uma Barragem
f efetivo =
∑ xi . cos 2 θ i
∑ cos θ i
40
Figura 15 – Altura de Segurança e as Ondas Formadas no Reservatório
Para barragem com altura de água menor que 10 m, os valores da borda livre
constam da tabela 6. A tabela 7 apresenta os valores mínimos e indicados da altura
de segurança em função do fetch.
Tabela 6 – Altura da Borda Livre (m), para Barragens com Altura Menor que 10 m
Profundidade da Extensão do espelho d’água do reservatório - L (km)
água junto à
barragem (m) 0,2 0,5 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
6,00 < P < 10,00 1,00 1,00 1,00 1,05 1,15 1,25 1,35
Fonte: Eletrobrás, 2000
41
Fonte: Hradilek et, 2002
Para barragens de terra e de enrocamento, a borda livre máxima deve ser limitada a
3,0 m. Para quaisquer barragens, a altura de segurança pode ser calculada a partir
da estimativa da altura da onda, a velocidade das ondas e a definição da folga
mínima. A equação empírica de Stevenson permite calcular a altura da onda:
Outra forma é, a partir da altura da onda, estimar a sua velocidade pela equação de
2
v
h= 1,25 ho +
A altura de segurança final será 2g .
H
L= +3
pode ser calculada pela equação 5 , onde H é a altura máxima da barragem
e L é a largura mínima da crista, em metros. O USBR estabelece como largura
mínima o valor de 3,65 m (12 pés).
42
caso a barragem seja utilizada como estrada. Outras equações para o cálculo da
largura mínima da crista em função da altura da barragem são as de Preese (
3
L=1,1 √ H +1 ), a de Knappen ( L=1,65 √ H ) e a de USBR ( L=3,63 √ H −1,5 ).
43
Tabela 9 – Inclinação dos Taludes em Função da Fundação e dos Solos
Consistência Nº Símbolo Altura da barragem
SPT 15 12 9 6 3
Mole <4 Todos Requer análise especial
SM 4,5 4 3 3 3
SC 6 5 4 3 3
Média 4a ML 6 5 4 3 3
10 CL 6,5 5 4 3 3
MH 7 6,5 4,5 3,5 3
CH 13 10 7 4 3
SM 4 3,5 3 3 3
SC 5,5 4,5 3,5 3 3
Dura 11 a ML 5,5 4,5 3,5 3 3
20 CL 6 4,5 3,5 3 3
MH 6,5 5 4 3 3
CH 11 9 6 3 3
SM 3,5 3 3 3 3
SC 5 4 3 3 3
Rija >20 ML 5 4 3,5 3 3
CL 5 4 3 3 3
MH 5,5 4 3 3 3
CH 10 8 5,5 3 3
Fonte: Adaptado de DNOCS, 1981.
3.2 Percolação
44
Essa infiltração deve ser limitada de acordo com o princípio do controle de fluxo,
evitando que esse fluxo aflore no talude de jusante, provoque o arraste das
partículas mais finas e cause processos erosivos internos. Para isso, é necessário
prever, na fase de projeto, o comportamento da infiltração no maciço e sob o maciço.
45
A eficiência do dreno depende da sua localização e extensão. Para barragens de
terra de seções homogêneas, o sistema de drenagem interna será constituído, por
filtros (ou drenos) verticais ou inclinados e sub-horizontais conjugados, além de
drenos de pé. Para alturas superiores a 15 m, os sistemas de drenagem deverão ser
dimensionados com mais de um elemento drenante.
Os tapetes drenantes não são suficientes para drenar maciços estratificados e são
adequados para fundações de comportamento uniforme. Além destas limitações,
causam saturação no pé da barragem, mas são fáceis de construir. O filtro vertical
intercepta os fluxos em fissuras no maciço. Devem ter espessuras de até 2,0 m. O
filtro inclinado elimina riscos de trincas longitudinais na crista das barragens de
aterro construídas sobre fundações rígidas, podem ter um menor volume de areia do
que os verticais, mas são mais difíceis de construir. O filtro vertical (ou inclinado)
deverá ter seu topo na cota correspondente ao nível d’água máximo maximorum do
reservatório (Eletrobrás, 2003).
Segundo Cruz (1996), drenos verticais ou chaminé somente são recomendados para
barragens de 25 a 30 m. Para maiores alturas o dreno inclinado propicia uma melhor
distribuição de tensões no maciço, evitando a inclusão de uma parede vertical de
areia que possui uma rigidez sempre muito superior à do maciço adjacente, mesmo
no caso de barragens de enrocamento.
Os drenos horizontais têm como principal função o controle do fluxo pela fundação,
embora também atuem na drenagem do maciço. A espessura destes drenos é da
ordem de 1,0 m, sendo normalmente compostos de areia. A Figura 17 apresenta um
dreno horizontal.
46
Figura 17 – Dreno Horizontal Seguido de Dreno de Pé
A escolha do material filtrante deve obedecer a dois princípios básicos: (i) o filtro
deve ser mais permeável que o solo, o que se garante com a eleição de uma
granulometria adequada e (ii) os vazios do filtro não devem permitir a passagem dos
grãos do solo.
47
casos em que possam ocorrer subpressões elevadas na fundação.
48
3.3 Estabilidade de Taludes e Fundações
49
Figura 18 – Erosão em Talude de Jusante Parcialmente Desprotegido, Barragem VAC 06 –
São Gabriel, RS
De modo geral os escorregamentos podem ser provocados por aumento das forças
atuantes e/ou diminuição da resistência ao cisalhamento do solo. Para analisar a
estabilidade de um talude existente ou projetado, é necessário comparar as tensões
cisalhantes e a resistência ao cisalhamento ao longo de uma superfície potencial de
escorregamento.
1967), s=C+ ( σ−u ) tanϕ onde s é a resistência ao cisalhamento por unidade de área,
C é a coesão do solo e ϕ é o ângulo de atrito interno. Pela equação de Coulomb,
verifica-se que a parcela de atrito da resistência ao cisalhamento ao longo de um
plano se reduz à pressão intersticial. (USBR, 1967).
50
As pressões intersticiais nos solos coesivos compactados são produzidas pelos
esforços de compressão. Estes podem ser simulados em laboratório com o ensaio
de compressão triaxial, que é o mais versátil ensaio para a determinação da
resistência ao cisalhamento dos solos.
51
Figura 19 – Esquema das Forças Envolvidas na Análise de Estabilidade em Barragens (P é
o peso de uma fatia do maciço, N é a força normal e T é a componente paralela; N.A. é o
nível de água)
De maneira geral, a estabilidade da barragem de terra com altura até 10 metros, que
não tenha problemas de fundação, fica assegurada pela adoção das seções
recomendadas nas tabelas 4, 5, 8 e 10. Para seções diferentes das indicadas é
necessária a realização de análises especiais, principalmente as de estabilidade
para três condições:
52
progressivamente, estruturando uma rede de fluxo permanente. Após a percolação
da água de montante para jusante, a pressão de percolação é favorável à
estabilidade do talude de montante e desfavorável à do talude de jusante; e
3ª - Rebaixamento rápido (se for o caso): corresponde a uma situação crítica para
o talude de montante da barragem. A análise do rebaixamento rápido considera a
manutenção das condições de pressão intersticial (ou poropressão) na condição de
reservatório em operação, diminuindo a carga estabilizadora sobre o talude de
montante.
A simulação do rebaixamento pode ser de dois tipos básicos: o primeiro variando o
nível do reservatório da cota máxima de operação (NA máx ) até o nível mínimo de
operação (NA mín ); o segundo, variando do nível máximo até o nível mais baixo que
este reservatório possa atingir.
Usualmente, valores dos Fatores de Segurança maiores ou iguais a 1,5 nas duas
primeiras condições e iguais ou maiores de 1,2 na terceira, são aceitos. Carvalho e
Paschoalin Filho (2004) utilizaram valores próximos a estes na análise de barragens
de terra (Tabela 10).
53
Os métodos de equilíbrio limite na sua maioria dividem a região do solo delimitada
pela superfície de ruptura em fatias verticais, analisando as condições de cada fatia
isoladamente, como apresentado na Figura 20.
54
Figura 21 – Distribuições de Tensões Totais Verticais no Interior da Barragem ao Final da
Construção (figura superior) e ao Final do Enchimento (figura inferior)
55
Figura 22 – Posição da Linha Superior de Percolação no Maciço para Diferentes Níveis da
Água durante o enchimento
56
A Figura 23 ilustra essa situação e mostra o procedimento de estimativa do
adensamento. O cálculo do adensamento é realizado a partir da porosidade do
maciço antes (ε1) e depois (ε2) de receber a carga, que é resultante do peso do
próprio maciço. Seguindo as indicações da Figura 25, o cálculo seria o seguinte:
n
ε 1−ε 2
∆h= ∑ ∆hi ;∆hi =∆s 1
i=1 1+ε 1
A ruptura por afundamento ocorre quando uma camada subjacente ao aterro tiver
capacidade de suporte muito baixa e de espessura considerável. O aterro pode
afundar por igual, expulsando lentamente o material sem capacidade de carga para
os lados, como mostra a Figura 24.
57
Fonte: Almeida, s.d.
Na ruptura por escorregamento, uma camada de baixa resistência ao cisalhamento
está localizada sobre uma camada mais resistente e tem o seu teor de umidade
aumentado, reduzindo ainda mais a sua resistência. Quando esse tipo de acidente
acontece, a forma do escorregamento quase sempre é lenticular (tem forma
semelhante à de uma lente), como mostra a Figura 25.
58
mole é deslocado para os lados, como mostra a Figura 26. Isso é viável se a
camada de baixa resistência não for muito espessa e estiver sobre um solo firme.
Como não é possível realizarmos um controle de uniformidade do aterro, essa
técnica é utilizada para obras provisórias e de baixo risco, como as ensecadeiras.
O adensamento pode ser acelerado com a drenagem do terreno por meio de drenos
verticais de areia com colchão de areia. Com esta técnica, são feitos poços verticais
que são preenchidos com areia. No topo destes poços é lançada uma camada
horizontal de areia, que será pressionada pelo aterro, favorecendo a drenagem e o
consequente adensamento. Essa técnica é apresentada pela figura 27.
59
Figura 27 – Drenos Verticais e Colchão de Areia
Não sendo possível a remoção dos solos moles da fundação, o projeto pode prever
bermas de equilíbrio, que são aterros anteriores e posteriores que evitam o
deslocamento do material instável, como vemos na figura 28. Por outro lado,
resultam em um aumento considerável do volume do aterro. Por fim, pode-se
aumentar o peso do aterro, causando uma sobrecarga na fundação. Depois de
verificada a inexistência de recalques, o excesso de aterro pode ser removido.
60
4 CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS DE ATERRO
61
O desvio do curso d’água é realizado para drenar a área de construção do maciço. É
uma ação de extrema importância para a execução de barragens maiores, podendo
ser desprezada em climas com período seco bem definido e em locais onde o curso
d’água é intermitente. O desvio do rio é mais fácil quando os vales são abertos,
podendo ser realizado apenas com movimentação de terra.
Em vales fechados e com fundação rígida, pode ser necessário desviar o rio por
meio de túneis ou por galerias de concreto (figuras 29 e 30) que serão
posteriormente fechadas ou parcialmente aproveitadas para a tomada d’água ou
para o descarregador de fundo. Nestes casos, a primeira obra será justamente a
abertura do túnel ou das galerias de desvio. Os locais onde serão construídas estas
estruturas devem ser limpos e preparados para receber estas obras, além de
protegidos contra eventuais cheias que ocorram durante a sua construção.
Fonte: COPEL
62
Figura 30– Construção da Tomada D’água: (1) Vista de Montante, com a Torre de Comando;
(2) A Tubulação Atravessando o Maciço; (3) a Saída da Tubulação, com Muros de Proteção
no Lado de Jusante e Dissipador de Energia e (4) o Reservatório Concluído.
(1) (2)
(3) (4)
Fonte: UFV, 2011
63
Figura 31 – Ensecadeira da Usina de Belo Monte
Nos vales abertos, o maciço pode ser construído em duas partes no sentido
longitudinal, sendo que a primeira deve abrigar a tomada d’água, pois a mesma
servirá para o desvio do rio na fase seguinte. Uma ensecadeira construída na
direção de montante para jusante pode separar a parte que será construída da ação
do curso d’água.
64
porção de solo sem a consistência necessária.
A área que estará situada sob a barragem deve ser limpa, incluindo o
desmatamento, o destocamento e a remoção da terra vegetal até a profundidade
que for necessária. Pedras com mais de 15 cm de diâmetro também devem ser
removidas do local do maciço. Esta área deve ter uma largura igual à base da seção
transversal da barragem, mais 5 metros para montante e jusante.
O material removido da operação de limpeza deve ser transportado para locais fora
da área das obras ou do futuro lago. A área do futuro lago também deve ser limpa,
com a retirada de árvores, arbustos e raspagem da camada superficial do solo para
a retirada do material orgânico existente. A limpeza da área normalmente é bastante
onerosa, mas a sua não realização contribui para infiltrações e rupturas de
pequenas barragens (Carvalho, 2008).
65
algum olho d’água, devido à infiltração pela fundação, este deverá ser
convenientemente drenado ou desviado, o que é possível com a utilização de
manilhas de concreto ou cerâmica preenchidas com brita e uma terminação com
pasta de cimento, como nos mostra a Figura 33.
nível de lançamento
da brita (final)
1,00
NA estabilizado
camadas
compactadas
da barragem tubo de concreto ou
cerâmica (manilha)
abertura do fundação
olho d`água infiltração
66
mais permeável que o material da barragem ou da parte central de uma barragem
mista, conforme a figura já apresentada, deverá ser realizada a sua
impermeabilização, seja por meio do cut-off, seja por meio de diafragmas, estacas,
injeção de concreto ou outras técnicas.
67
Figura 33– Preparo da Fundação, com Abertura, Colocação de Material Argiloso e
Compactação de Trincheira na Fundação
68
A compactação deverá ser executada em camadas de 15 a 25 centímetros, através
de um trator de esteiras rebocando um rolo compactador. O modelo pé de carneiro,
com massa de 4 toneladas, é adequado para o trabalho em solo. Após a
compactação, a camada ficará reduzida em cerca de 5 cm de espessura. O controle
de compactação deve acompanhar toda a construção do maciço.
Caso não haja rolo compactador, as camadas de solo devem ser menores (menos
de 20 cm) e a compactação poderá ser feita por trator de pneus, pelo próprio trator
de esteiras ou por caminhões carregados com o próprio material do aterro,
circulando no sentido transversal ao rio ou paralelamente ao eixo da barragem,
percorrendo toda a área que está sendo aterrada e passando no mínimo seis vezes
pelo mesmo lugar. No caso onde não houver a possibilidade de compactação
mecânica, esta deverá ser executada manualmente através de apiloamento, como
visto na Figura 34. O uso de animais de tração também possibilita a compactação de
aterros mínimos.
Figura 34 – Pilão para Aterro – Barragem Santa Bárbara, Pelotas, RS.
69
Como visto anteriormente, o teor de umidade é um fator essencial para garantir a
qualidade da compactação. O solo deverá ter seu teor de umidade corrigido se
estiver muito seco, com a aplicação de água por meio de um tanque ou caminhão
tanque. Se o solo estiver muito úmido, o trabalho de compactação não deve ser
realizado, esperando a perda de umidade até que se atinja o ponto ótimo ou próximo
dele. Para acelerar este processo, o solo pode ser revolvido com o uso de grades.
Por isso, recomendamos que barragens de aterro devam ser construídas
preferencialmente durante o período seco do ano.
70
Figura 35 – Construção da Barragem de Terra da PCH Paracambi
A área que estará situada sob a barragem deve ser limpa, incluindo o
desmatamento, o destocamento e a remoção da terra vegetal até a profundidade de
20 cm na área a ser ocupada pelo maciço, sendo que na área central a ser ocupada
pelo material menos permeável a limpeza deve atingir no mínimo 50 cm. Esta área
deve ter uma largura igual à base da seção transversal da barragem mais 5 metros
para montante e jusante. O material removido da operação de limpeza deve ser
transportado para locais fora da área das obras ou do futuro lago. Nas margens ou
ombreiras, deverá ser removido o material de colúvio e material solto.
71
esteiras, que deverá executar dez passadas por toda a área de fundação e nos
trechos de ombreiras com inclinação compatível com o trânsito do trator.
O material para a parte central deve ser obtido nas pedreiras sem seleção, contendo
fragmentos menores, como brita e areia. No espalhamento, as partículas menores
devem ser deixadas no centro da seção e as maiores nas laterais, junto aos taludes.
Esta seleção pode ser obtida durante o espalhamento, deslocando-se o trator com a
lâmina a meia altura, sem tocar a superfície da camada anteriormente compactada.
O material da barragem, exceto as camadas finais dos taludes e das cristas, deverá
ser lançado com caminhões basculantes e espalhado com trator de esteira ou
motoniveladora. A compactação deverá ser executada em camadas de 60
centímetros, através de um trator de esteiras rebocando um rolo compactador de 4
toneladas. Caso não haja rolo, esta compactação poderá ser feita por caminhões
carregados pesando 10 toneladas ou mais e passando no mínimo duas vezes pelo
mesmo lugar. No caso da trincheira, a compactação deverá ser executada
manualmente através de apiloamento, em camadas de 10 a 15 cm de espessura.
Para as barragens de até 3 metros, a parte central do corpo do aterro deverá ser
constituída de pedras com dimensões não superiores a 200 mm, misturadas com
72
partículas menores (brita, solo e areia), compactadas em camadas de 30 cm. A
compactação, neste caso, pode ser executada até manualmente.
a) Barragens homogêneas
Os taludes das barragens homogêneas deverão ser protegidos contra a ação das
ondas, da variação do nível da água e das chuvas. A proteção dos taludes existe
para prevenir a erosão dos mesmos. Existem quatro tipos básicos:
Enrocamento ou rip-rap.Basicamente é utilizado na proteção dos taludes de
montante e é formado por duas camadas de materiais:
• Camada(s) interna(s): filtro ou transição, formado por areias e pedregulhos de
granulometrias controladas para prevenir a perda de solo do maciço através
dos vazios do enrocamento;
• Camada externa: formada por pedras de tamanhos suficientes para não
serem carreadas pelas ondas do reservatório, ou ocasionalmente escombros
de concreto de construção e pavimentação de demolição. É usada para
proteger o aterro da erosão, absorvendo-a, e para desviar o impacto de uma
onda antes que ela atinja o solo compactado. O tamanho e a massa do
material rip-rap absorvem a energia de impacto das ondas, enquanto que as
lacunas entre as pedras retarda o fluxo de água, diminuindo sua capacidade
73
de erosão do solo ou estruturas. A massa de rip-rap também oferece proteção
contra danos causados por impactos de gelo ou detritos.
O peso específico médio das rochas mais comuns assume valores de 2,4 kgf/m³
para o arenito não friável, 2,65 kgf/m³ para o calcário, 2,7 kgf/m³ para granito e
gnaisse e 2,85 kgf/m³ para o basalto. A Figura 38 mostra o enrocamento de uma
74
pequena barragem de terra e as ondas formadas no lago.
75
A Figura 38 mostra uma barragem protegida com placas de concreto em mal estado.
Fonte: Disponível em :
http://carlossilvareporter.blogspot.com.br/2010/08/jaibaras-sobral-ceara.html
76
Tabela 13 – Composição da Mistura de Solo-cimento
Material Teor de cimento em peso (%)
Cascalho, areia grossa e fina 6a9
Solo arenoso 7a9
Solo argiloso 10 a 12
Fonte: Nota do autor
• Proteção vegetal
A proteção vegetal só é possível para barragens de terra e não é recomendada para
regiões áridas. Falhas na proteção do talude podem gerar erosões estreitas e
profundas que deverão ser prontamente reparadas. A proteção vegetal favorece o
crescimento de árvores e arbustos, o que é indesejado pelas seguintes razões:
77
reduzida.
Para pequenas barragens uma camada de brita, pedrisco ou piçarra, com espessura
de 0,30 m e compactada é suficiente. Deve ser dada uma declividade de 1% a partir
do eixo na direção dos taludes para favorecer a drenagem superficial.
A Figura 39 mostra uma barragem de terra com seus dois taludes protegidos, sendo
o de montante com enrocamento e o de jusante com leivas de grama.
78
Para barragens maiores, se houver a passagem de estrada, devem ser previstas
obras acessórias para a sua utilização, como pavimentação, meio-fio e guarda-
corpo.
b) Barragens mistas.
A proteção do talude de montante das barragens mistas será realizada com o uso de
enrocamento, como descrito anteriormente. O talude de jusante será protegido por
uma camada de areia, com a finalidade de evitar a saída do solo do corpo da
barragem através dos espaços entre as pedras de mão da zona permeável.
c) Barragens de enrocamento
Equipamentos
Além das informações já apresentadas nos capítulos anteriores, a construção de
barragens de terra exige o entendimento da capacidade dos equipamentos
usualmente empregados.
79
Os tratores de esteira são de grande potência e muito versáteis para os serviços de
terraplenagem, limpeza de terreno, destocamento, retirada de pedras, escarificação
e transporte de materiais a distâncias pequenas, além de tração de scraper.
Normalmente são equipados com lâmina frontal para escavação (Bull-dozer),
podendo ser dotados de escarificadores.
80
Os escarificadores são utilizados no tratamento da superfície e subsuperfície,
remoção de rochas soltas e raízes e na escavação do material de 2ª categoria,
quando precedem o trabalho de outros equipamentos.
Para regiões com precipitações anuais elevadas, o uso de equipamentos com pneus
não é aconselhável na época das chuvas.
81
5 CONCLUSÕES
82
Sobre a construção, o principal assunto abordado foram os cuidados necessários
durante as etapas de lançamento e compactação de camadas para a execução de
barragens de aterro. Particularidades sobre o tratamento da fundação e sobre a
proteção dos taludes de jusante e montante contra o efeito das erosões, e ainda
questões relativas aos equipamento e outros materiais empregados nessas
construções foram também apresentados.
83
REFERÊNCIAS
CRUZ, Paulo Teixeira da. 100 Barragens Brasileiras: Casos Históricos, Materiais
de Construção, Projeto. São Paulo: Oficina de Textos, 1996.
84
ELETROBRAS, Centrais Elétricas do Brasil. Diretrizes para projetos de PCHs,
2000.
85
SÃO PAULO. Secretaria de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento.
Guia Prático para Projetos de Pequenas Obras Hidráulicas. Departamento de
Águas e Energia Elétrica. São Paulo, DAEE, 2005.
SOARES, José Mário Doleys, Pinheiro, Rinaldo e Tavares, Ildomar S. Notas de Aula
Mecânica dos Solos. Universidade Federal de Santa Maria : Centro de Tecnologia :
Departamento de Transporte, 2006.
86
CURSO
SEGURANÇA DE BARRAGENS
1
MÓDULO I – BARRAGENS: ASPECTOS
LEGAIS, TÉCNICOS E SÓCIOAMBIENTAIS
2
FICHA TÉCNICA
Realização:
EQUIPE TÉCNICA
Josiele Patias
Cesar Eduardo b. Pimentel
Revisora técnica Itaipu
Revisor técnico ANA
Revisão Ortográfica
Este obra foi licenciada sob uma Licença .Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada
3
CURRICULO RESUMIDO
4
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 07
LISTA DE TABELAS............................................................................................. 08
1 TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE BARRAGENS DE CONCRETO............... 10
1.1Tipos de Barragens de Concreto...................................................................... 10
1.1.1 Barragens de Gravidade............................................................................... 12
1.1.2 Barragens em Gravidade Aliviada................................................................ 14
1.1.3 Barragens em Arco....................................................................................... 17
1.1.4 Barragens em Arco-gravidade...................................................................... 18
1.1.5 Barragens em Contraforte (pilares).............................................................. 19
2 NOÇÕES BÁSICAS DE MATERIAIS CONSTRUTIVOS E TECNOLOGIA DE
CONCRETO.......................................................................................................... 23
2.1 Noções de Barragens em Concreto Massa..................................................... 29
2.2.1 Materiais e Dosagem do Concreto Massa................................................... 33
2.2.3 Vantagens e Desvantagens do Concreto Massa.......................................... 34
2.3 Barragens de Concreto Compacto com Rolo............................. 34
2.3.1 Materiais e Dosagem do CCR...................................................................... 38
2.3.2 Vantagens e Desvantagens do CRR............................................................ 39
3. PROJETO E DIMENSIONAMENTO................................................................. 41
3.1 Carregamentos e Esforços …......................................................................... 41
3.1.1 Peso próprio................................................................................................. 44
3.1.2 Pressões hidrostáticas.................................................................................. 44
3.1.3 Subpressão................................................................................................... 45
3.1.4 Pressões hidrodinâmicas.............................................................................. 46
3.1.5 Empuxo provocado pelo acúmulo de material decantado............................ 46
3.2 Análise de Estabilidade e fundações............................................................... 46
3.2.1 Métodos de Analise de Estabilidade............................................................. 49
4 NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS DE CONCRETO.................. 51
4.1 Fundações....................................................................................................... 51
4.2 Aspectos Principais de Construção................................................................. 52
4.3 Juntas de Contração........................................................................................ 53
5
4.4 Juntas de Construção...................................................................................... 54
4.5 Estruturas Auxiliares........................................................................................ 56
4.6 Problemas relacionado à construção de barragens de concreto.................... 57
CONCLUSÃO........................................................................................................ 59
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 61
6
LISTA DE FIGURAS
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Propriedades dos Concretos a Determinar (x) Obrigatório (-) Facultativo (*)
Não se aplica.
Tabela 2 : Propriedades dos Aglomerantes a Determinar (x) Obrigatório (-)
Facultativo (*) Não se aplica.
Tabela 3 : Propriedades dos Agregados a Determinar (x) Obrigatório (-) Facultativo
(*) Não se aplica.
8
Prezado Aluno,
no decorrer desta unidade você deverá desenvolver competência para:
9
1 TIPOS E CARACATERÍSTICAS DE BARRAGENS DE CONCRETO
Sabemos que existem diferentes tipos de barragens, sendo que a classificação pode
ser dada pela rigidez, forma (geometria) ou tipo de material empregado na
construção, conforme apresentado no quadro da figura 1.
Material de
Rigidez Forma
construção
• Gravidade
• Gravidade aliviada
Rígida Concreto • Arco
O
Arco Gravidade
U
GG
•
R
P
1
• Contrafortes
• Terra
• Terra e enrocamento
Não Rígida • enrocamento com
face de concreto
-
O
U
GG
R
P
2
10
Figura 2 - Hoover Dam, EUA (Barragem de Concreto em Arco-Gravidade).
• Barragens de gravidade;
• Barragens de contrafortes.
• Barragens em arco ou arco-gravidade;
• Barragens de gravidade aliviada;
11
Figura 3 - Representação Esquemática dos Principais Tipos de Barragem de Concreto.
Barragem de Gravidade Barragem de Contraforte
12
Figura 4 – Barragem de Caraíbas em Gravidade em CCR (Concreto Compactado com Rolo)
h h
Ah Ah
P P
b b
S S
A) B)
Fonte: Nota do autor
13
Nestas estruturas, a resultante das forcas atuantes é transmitida, através de sua
base, ao solo do leito do rio sobre o qual se apoia, e sua segurança global é
garantida pelas suas condições de estabilidade quanto ao tombamento,
deslizamento e flutuação, que serão discutidas mais adiante.
A estabilidade destas barragens depende da sua massa. Suas fundações devem ser
construídas em rocha sã; e, segundo Vieira Júnior, et al (2010), em casos muito
excepcionais e que demandam cuidados especiais, podem ser assentadas em solo
compacto.
14
Figura 6 - Barragem em Gravidade Aliviada Trecho Principal - UHE Itaipu Binacional, PR
15
Figura 7 - Barragem principal do tipo gravidade aliviada da UHE Itaipu
16
Outros autores ainda sugerem que face à elevada demanda de mão de obra, o
processo construtivo pode ser dificultado dado à demanda da construção de formas
e cimbramento. Todavia, os aspectos de economia de concreto superam essas
dificultadas executivas.
17
Essas especificidades levam esse tipo de estrutura a consumir bem menos concreto
que as barragens de gravidade, de forma que o peso próprio desempenha um papel
secundário no equilíbrio estático. No entanto, as condições naturais necessárias
para seu emprego são bem específicas: geralmente são empregadas no barramento
de rios encaixados em vales estreitos ou gargantas/canyons (veja o exemplo
apresentado na figura 9).
No Brasil existem poucas barragens em arco, sendo, as mais conhecidas, a de
Funil, no rio Paraíba e a de Mascarenhas de Morais, no rio Grande (KUPERMAN e
CIFU, 2006).
Figura 9 - Barragem em Arco, Karun-3 Dam, Irã
Fonte: Wikipedia
As barragens em arco-gravidade (veja figura 10) são estruturas que têm sua
planimetria em forma de arco, mas que, por outro lado, funcionam parcialmente
como barragens de gravidade, unindo os benefícios de ambas. Suas seções
transversais apresentam-se bem mais espessas que as barragens em arco, porém
mais esbeltas que as barragens de gravidade, podendo ser construídas em concreto
ciclópico, concreto convencional ou concreto compactado com rolo.
18
Figura 10 - Barragem em Arco-Gravidade em CCR, UHE Castro Alves, RS.
19
Figura 11 - Barragem em Contraforte Trecho D - UHE Itaipu Binacional, PR.
20
Figura 12- Barragem de contrafortes de Itaipu
Neste tipo de barragem, a fundação deve atender aos mesmos requisitos exigidos
pela barragem gravidade, com algumas adequações. Em geral, são empregadas em
vales “abertos” (VIEIRA JUNIOR, et al. 2012). No Brasil são raras as barragens
deste tipo.
Em relação aos outros tipos de barragem, são de construção mais complexa e maior
21
custo, sendo cada vez menos utilizadas no mundo em favor das de gravidade
aliviada. Schreiber (1977) destaca que, mesmo que os contrafortes sejam
construções com partes relativamente finas de concreto, há a necessidade de
formas e cimbramento. Com isso, a economia no volume de concreto não é
compensada, de modo que esses tipos não podem concorrer com os outros, o que
restringe sua aplicação a casos especiais.
22
2 NOÇÕES BÁSICAS DE MATERIAIS CONSTRUTIVOS E TECNOLOGIA DE
CONCRETO
23
O concreto empregado na construção de barragens e estruturas auxiliares deve
atender a requisitos técnicos específicos, o que demanda misturas com
características distintas, exigindo da área de tecnologia dos materiais a produção de
diferentes tipos de concreto, a saber:
24
Figura 13 - Barragem UHE Itaipu – Estrutura do Conduto Forçado em Concreto Armado
25
concreto massa e o concreto compactado com rolo. Informações sobre os demais
tipos de concreto podem ser obtidos na literatura específica (MEHTA e
MONTEIRO,2008).
Tabela 1: Propriedades dos Concretos a Determinar (x) Obrigatório (-) Facultativo (*) Não se
aplica.
Tipo de concreto
Propriedades
CCR Concreto massa
Massa específica do concreto fresco e
X -
endurecido
Resistência à compressão axial simples X -
Resistência à tração por compressão
X -
diametral
Resistência à tração na flexão - X
Resistência à tração direta - -
Módulo de Elasticidade e coeficiente de
- X
Poisson
Coeficiente de dilatação linear - -
Coeficiente de dilatação térmica - X
Condutividade térmica - -
Calor específico - X
Elevação adiabática de temperatura - X
Difusibilidade térmica - X
Fluência - X
Capacidade de deformação - -
Retração por secagem - -
Fonte: Adaptado de Eletrobrás (2003).
26
Tabela 2 : Propriedades dos Aglomerantes a Determinar (x) Obrigatório (-) Facultativo (*)
Não se aplica.
Aglomerante
Propriedades
Cimento Pozolana
Massa específica X X
Resíduo na peneira # 200 X X
Resíduo na peneira # 325 - X
Superfície específica Blaine X X
Tempos de pega (início e fim) X -
Expansibilidade X -
Índice de atividade com o cimento - X
Resistência à compressão X -
Calor de hidratação X
Análise química X X
Índice de atividade com a cal - X
Fonte: Adaptado de Eletrobrás (2003).
27
Tabela 3 : Propriedades dos Agregados a Determinar (x) Obrigatório (-) Facultativo (*) Não
se aplica.
Agregados
Propriedades
Miúdo Graúdo
Composição mineralógica X -
Massa específica e absorção X X
Composição granulométrica X X
Reatividade potencial com álcalis do cimento: método
X X
acelerado
Sanidade ao ataque do sulfato de sódio - X
Massa unitária -
Inchamento - *
Teor de argila em torrões - -
Teor de material pulverulento - -
Teor de partículas leves - -
Impurezas orgânicas X -
Análise petrográfica - X
Resistência à compressão * -
Módulo de elasticidade * -
Índice de forma - -
Abrasão Los Angeles * -
Desagregabilidade pelo etileno glicol * -
Coeficiente de expansão térmica * -
Ciclagem acelerada água/estufa * -
Fonte: Adaptado de Eletrobrás (2003).
28
2.1 Barragens em Concreto Massa
O cimento com baixo teor de Hidratação é designado por siglas e classe de seu tipo,
acrescidas de BC, por exemplo: CP III-32 (BC) é o Cimento Portland de Alto-Forno
com baixo calor de hidratação. A sua classificação é dada em função de sua
composição química (sobretudo pelo teor de C 3A), que demonstra sua propriedade
de retardar o desprendimento de calor durante a hidratação do cimento, evitando a
ocorrência de fissuras de origem térmica. De acordo com a NBR 13116 (1994), o
cimento Portland de baixo calor de hidratação é aquele que despende até 260 J/g
29
aos três dias e um valor inferior a 300 J/g aos sete dias.
Uma solução é o uso de cimentos pozolânicos (CP IV) ou cimentos com escoria (CP
III), os quais possuem adição de material pozolânico (em geral cinza volante e
escória de alto forno) em substituição ao clínquer, ou seja, ajudam a reduzir o
consumo de cimento. Como a reatividade dos materiais pozolânicos é mais lenta
que a do clínquer, as reações de hidratação ocorrem em momentos diferentes, o que
reduz a temperatura do concreto advinda da hidratação logo após o seu lançamento.
30
determinação do esqueleto granular (relação agregado graúdo/agregado miúdo),
conforme NBR NM 248 (2003), geralmente, dada pela maior massa unitária e/ou o
menor índice de vazios da relação agregado graúdo/agregado miúdo.
No que se refere ao CCR, nas obras construídas no Brasil, não se fez necessária a
refrigeração deste tipo de concreto, face ao baixo consumo de cimento empregado
(média de 80 kg/m³) e os resultados de estudos térmicos (elevação adiabática da
temperatura do concreto).
31
intervalos de lançamento, e pelo dimensionamento de juntas de contração.
32
Como ocorre na fase pasta do concreto, para uma dada resistência, se forem
empregados concretos com menor volume de pasta, o seu efeito será minimizado.
Como vimos, grande parte das questões de segurança e durabilidade de uma
barragem de concreto deve-se a cuidados especiais da área de tecnologia do
concreto, sobretudo de dosagem, cujo tema será abordado de forma resumida no
próximo item.
33
agregado e a sua mineralogia têm grande influência sobre as principais
propriedades do concreto massa (módulo de elasticidade, coeficiente de
expansão térmica, durabilidade, etc.).
O CCR deve ser entendido como um método construtivo que proporciona elevada
capacidade de produção e de construção, reduzindo prazos em relação ao concreto
convencional e, consequentemente, gerando redução de custos. Trata-se de uma
mistura de concreto com reduzido fator água/cimento, produzida em centrais de
mistura contínua, transportada e lançada por caminhões geralmente basculantes,
espalhada por tratores de esteiras e adensada por rolos compactadores em
34
camadas da ordem de 30 cm. Na figura 4 se apresenta uma seção transversal típica
de uma barragem em CCR, com destaque para as camadas de concretagem.
35
manuseadas por empilhadeiras ou guindaste leves.
− Execução dos paramentos de montante e jusante em concreto convencional.
Figura 15 - Praça Típica da Construção da Barragem em CCR da UHE Castro Alves, RS.
36
Figura 16 - Fases da Construção da Barragem em CCR da UHE Mauá, PR.
37
2.3.1 Materiais e Dosagem do CCR
38
concreto e não a minimização da relação água/cimento como na tecnologia
do concreto convencional. A segunda abordagem usa métodos da tecnologia
tradicional do concreto e a partir dos princípios de dosagem, produz uma
mistura com elevado teor de pasta e baixa relação água/cimento, sendo a
resistência ao cisalhamento entre as camadas e a baixa permeabilidade do
concreto os critérios prioritários.
39
empregos, uma vez que os processos são mecanizados e exigem mão de obra
especializada; os custos de transporte, no caso de ausência de agregados próximos
à obra; a baixa disponibilidade de mão de obra especializada; a indisponibilidade de
equipamentos de fabricação, espalhamento e compactação e a necessidade de
utilização de volumes consideráveis de água em regiões com baixo índice
pluviométrico.
Apesar de todos os benefícios do CCR, Kuperman e Cifu (2006) alertam que dada a
variedade de materiais e dosagem de concretos empregados, condições ambientais
diversas, métodos de produção da mistura de concreto e tipos de equipamentos de
compactação, é recomendável que sejam executados maciços experimentais antes
do início das concretagens de quaisquer obras de CCR.
40
3 PROJETO E DIMENSIONAMENTO
a) Esforços verticais:
− O peso da barragem;
− Peso da água sobre os paramentos de montante e jusante (atuando
sobre os planos inclinados da barragem):
− Subpressão (esforços ascendentes da pressão d’água oriunda da
base);
− Pressão intersticial da água no concreto;
− Esforços advindos de sismos.
b) Esforços horizontais:
− Pressão da água no reservatório;
− Pressão da água de jusante;
− Esforços provenientes das ondas do reservatório (wave loads);
− Empuxo do material (lodo, sedimento) decantado;
− Esforços provenientes do atrito;
− Esforços advindos de sismos.
Além destas, quando for o caso, existem outras ações que também podem atuar em
uma barragem como as provocadas pelo gelo formado na superfície da água, as
cargas acidentais (pessoas/veículos), os efeitos dinâmicos (frenagem, impacto), as
sobrecargas, os ventos, etc.
41
A consideração e intensidade dessas variam conforme particularidades de cada
projeto e apesar de não serem as principais ações, quando existentes, devem ser
consideradas. Ademais, existem eventos excepcionais (eventos de duração muito
curta e/ou de baixa probabilidade de ocorrência ao longo da vida da estrutura) que
havendo alto risco ou probabilidade de ocorrência também devem ser inseridos no
projeto de uma barragem.
Nas imagens abaixo (figura 18) se tem a representação esquemática das principais
ações/esforços atuantes em uma barragem de gravidade.
42
Figura 18 - Esforços Atuantes em Barragem de Gravidade Construída com Concreto.
43
Na sequência, indicam-se os valores característicos das principais ações atuantes
sobre as barragens e suas respectivas classificações, conforme Cifu (2011) e
Schreiber (1977).
44
Figura 19 - Distribuição das Pressões Hidrostáticas e da Subbressão.
γ hm
NAmontante
γ hj
hm NAjusante
Ah
P
hj
γ hm b γ hj
3.1.3 Subpressão
As subpressões são ações que se manifestam no contato da estrutura com a
fundação, devidas à percolação de água que se processa no maciço onde a mesma
se apoia. Têm sentido inverso ao esforço da gravidade, com esforços trapezoidais
distribuídos na base da barragem (na figura 18 essa ação é representada por “S”).
Seus valores característicos dependem essencialmente dos níveis d’água a
montante e a jusante da obra, da existência ou não de tratamentos de fundação e da
construção ou não de sistemas de drenagem instalados na estrutura (ver figuras 17
“c” e “d”). Estes fatores, que interferem nas condições de percolação no maciço de
fundação, determinam os valores característicos das ações de subpressão, por
45
exemplo, a utilização de drenos muda a distribuição das cargas (ver figura 17 “d”).
46
tensões admissíveis dos materiais.
47
Para Kuperman e Cifu (2006), o fator de segurança à flutuação é determinado para
cada tipo de carregamento, como a relação entre o total das forças gravitacionais
estabilizantes e o total das forças de subpressão. A garantia da segurança para cada
condição de carregamento é obtida impondo-se limitações aos fatores de segurança
acima definidos.
48
3.2.1 Métodos de Analise de Estabilidade
A partir do final da década de 70 e início dos anos 80, o surgimento das ferramentas
computacionais com base no Método dos Elementos Finitos permitiu a adoção de
modelos matemáticos cada vez mais completos na representação e simulação do
comportamento das estruturas, e o seu emprego passou a fazer parte integrante da
metodologia empregada no desenvolvimento destes projetos. Assim também surgiu
o método das fatias a modelagem, a modelagem 3D e, mais recentemente, a
modelagem BIM (Modelagem de Informações para Construção), as quais são
apresentadas em resumo na sequência.
Método das Fatias: É uma metodologia para análise de estabilidade global das
estruturas, na qual se considera uma seção unitária (fatia) transversal representando
toda a estrutura e seu respectivo peso próprio (volume da fatia vezes o peso
específico do material). A seção considerada é escolhida entre as “fatias” menos
estáveis, ou seja, a de menor área transversal e consequentemente de menor peso
próprio. Os demais esforços atuantes também são considerados levando-se em
conta a seção transversal dos mesmos, como é o caso de empuxos e subpressão, e
cargas aplicadas, que neste caso consideram-se atuando na largura desta fatia.
49
Modelagem BIM: é a mais recente tecnologia disponível. É um avanço em relação
ao 3D, pois trabalha com a representação digital do processo de construção para
facilitar o intercâmbio e a interoperabilidade de informação em formato digital. Suas
primeiras aplicações foram na área da arquitetura, mas atualmente vem
conquistando o mercado e já está sendo aplicada em obras de engenharia, sendo
mais uma ferramenta com potencial de uso no projeto de barragens.
50
4 NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS DE CONCRETO
4.1 Fundações
51
falhas geológicas, entre outros aspectos importantes. O número de furos depende
das condições geológicas locais, sendo que em condições geológicas adversas
(presença de falhas, rochas permeáveis, etc.) faz-se necessária a escavação de
poços e trincheiras para retirada de amostras de solo indeformado, inspeção visual,
etc.
52
a) Da concepção, ou seja, definição do melhor arranjo;
b) Do cronograma de obra, método construtivo e desembolso financeiro;
c) Da solução adequada do impacto socioambiental resultante.
As obras de desvio são temporárias, e seu tipo depende das condições acima
descritas, podendo ser utilizadas para tal ensecadeiras, túneis, canais, etc. As
ensecadeiras são geralmente construídas de terra ou enrocamento, com
necessidade de grandes taludes para sua estabilidade, e quando galgadas podem
sofrer rupturas. Este é um dos fatores que demanda o conhecimento da vazão
máxima do rio.
Após o desvio do rio, o trecho da barragem sobre o leito do mesmo pode ser
construído, iniciando pelas fundações que devem ser assentadas sobre rocha sã e
terminando na crista da barragem. Durante a construção é necessária a instalação
de vários instrumentos (drenos, piezômetros, extensômetros, pêndulos,
termômetros, etc.), que são de fundamental importância para o monitoramento e
operação da barragem.
53
obrigatoriamente ser controlados.
54
4.4 Juntas de Construção
Em barragem em concreto massa, com altura entre 30 a 120 metros, muitas das
especificações de concreto adotam quando da ausência de dados ou estudos,
camadas de concretagem com altura entre 150 cm e 200 cm, com intervalos de
lançamento ao redor de 3 dias.
55
4.5 Estruturas Auxiliares
56
Figura 22 - Vertedouro da Barragem de Itaipu, Foz do Iguaçu, PR.
Fonte: Wikipédia
Além da ruptura, um dos principais problemas que pode acometer uma barragem de
concreto (tanto de concreto massa quanto de CCR) é a reação álcali agregado
(RAA), que é um fenômeno deletério que compromete a instabilidade e durabilidade
da estrutura. Trata-se de uma reação lenta, podendo levar anos para que estes
sintomas sejam percebidos, que ocorre entre íons alcalinos advindos do cimento e
alguns minerais reativos presentes nos agregados, que na presença de água gera
um gel expansivo, podendo resultar na fissuração do concreto devido às tensões
internas de tração decorrentes da expansão. O padrão da fissura formada nesta
57
reação é irregular, atribuindo-se o termo de fissuras mapeadas.
Vimos que diversas são as problemáticas que podem acometer uma barragem de
concreto, sendo necessária a adoção de fatores de segurança no projeto e
construção destas estruturas. Esses fatores em geral incrementam o custo do
empreendimento, mas garantem segurança durante sua construção e operação.
58
CONCLUSÃO
Estudamos que atualmente o concreto massa vem sendo substituído pelo concreto
compactado com rolo (CCR) devido ao baixo consumo de cimento e,
consequentemente, menor custo de produção do CCR e baixo calor de hidratação.
59
com contribuição significativa para a sustentabilidade.
De modo geral, estudamos que o concreto a ser empregado em uma barragem deve
possuir:
a) Baixa Permeabilidade à água;
b) Adequada resistência à compressão;
c) Baixo calor de hidratação a fim de reduzir a fissuração térmica;
d) Baixo consumo de cimento, a fim de reduzir custos e o calor de hidratação;
e) Alta resistência à abrasão, devido à passagem de água em velocidade e à
presença de sedimentos em suspensão;
f) Ser isento da reação álcali-agregado.
Para se conseguir atender a todos estes requisitos, dois aspectos, que têm
implicação no custo do empreendimento, devem ser levados em consideração:
a) Materiais disponíveis na região, pois sem materiais adequados próximos da
obra, não é possível atender a todos os requisitos a um custo, se não baixo,
aceitável;
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REFERÊNCIAS
ANDRIOLO, F. R. RCC Brazilian Practices. São Paulo: Oficina de Textos, 2002, SP.
95p.
ANDRIOLO, F. R., The Use Of Roller Compacted Concrete. São Paulo: Oficina de
Textos,1998, 554p.
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MARQUES FILHO, J. Concreto massa e compactado com rolo. In: Concreto:
ciência e tecnologia. 2 v. Editor Geraldo C. Isaia. São Paulo: IBRACON, 2011. 1339-
1448p.
SCHREIBER, G. P., Usinas Hidrelétricas, ENGEVIX S.A., ed. Edgard Blücher Ltda.,
Brasil, 1977.
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