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As mulheres da Agao Libertadora Nacional Maria Claudia Badan Ribeiro Como se faz uma rebelde? papel das mulheres em guertas ¢ conflito $s foi tradicionalmente aquele de assegurar a perenidade do lar, mom We, através do acesso a hospitai entro de suas casas, procuraval dessas maes nasceu e viveu dent © carinho eo conforto que trazi des parceiras na comunicagi abrigando, oferecendo comi ando contatos Som 0s seus grupos sociais para conseguir ajuda, fosse ela a liberacao de um proceso, a obtencio de advogado, 0 tecebimento de noticias, © envio de comida e material higiénico para as prisdes, Alguns pais Pertenciam a familias influentes e, assim, também puderam ajudar, a ME s, a prisdes e a delegacias, ou mesmo im prestar solidatiedade. tro de suas proprias casas, iam, também funcionara (0 entre os militantes, For: ida, dinheiro, carro e utiliz Aresisténcia Em que pese m como gran- am solidatias, Digitalizado com CamScanner oa Guerrilha e revolugio A tata das mulheres contra a ditadura civil-militar, enters nao fi feita apenas por nies 2 praca de seus filhos, No intense gto Libertadora Nacional (ALN), organizagio de futa armada pri fed em nossa pesquisa as miltantes tiveram bastante metiliday, tliberdade de ago, contribuindo de diversas maneiras = ne. A seguinte correspondéncia revela um tipo de colaboragio gue ouva existir durante 0 perfodo e que, realizada de forma espe. representou um importante apoio para a oposi¢ao armada, : na lta contey org “Ao ilmo diretor geral do DOPS Acolhi em minha casa, a pedido de uma amiga comum, por dois dias somente, uma pessoa cuja gravidade de suas atividades, desconhecia, Fui movida unicamente por sentimentos de solidariedade humana que gracas ao Senhor sou dotada e jamais por simpatia as suas ideias tremistas, pois delas nao tinha conhecimento. Cursei a faculdade numa época bastante agitada, em que grande maioria dos universitarios do pais se encontrava sempre mobilizada ... Era quase impossivel que ndo tomassemos uma posica0, dada as interferéncias que softiamos com tal insisténcia, que nos impedia de uma maior reflexao. ‘Apesar de tudo, qualquer o Jado em que me colocasse, seria bas- tante dificil minha participagao efetiva. Todos esses fatos muito me enobrecem, porém nfo terdo eficacia na esfera social, caso persista essa marca que me coloca ao nivel de um delinquente, sem condigées de me integrar na sociedade. Rio de Janeiro, 27 de agosto de 1973” (Arquivo Publico do Estado do Rio de Janeiro, pasta Eliane Toscano) Esse tipo de ajuda, que se convencionou chamar de apoio logistico, nem sempre foi pautado por uma ideologia de esquerda. Contudo, muitas vezes representou a vontade de interferir no destino do pais, a necessidade de agir, provocando, por consequéncia, uma tomada de consciéncia politica. Posteriormente, essa forma de ajuda acabou se configurando em um setor ~ bastante mével, é verdade — no interior das organizagdes armadas. Inicialmente, a resisténcia repousa, é claro, em uma escolha individual. Muitas vezes, 0 combatente se envolve em uma luta clan- destina, sem necessariamente seguir os caminhos de um grupo ou de um partido. Ele é como “o pacifista que vai a guerra”, que acaba se agregando a uma estrutura de acordo com as circunstancias, criando estruturas de ajuda e acolhimento, e que, dentro de sua atividade am- bivalente, ¢ incapaz de permanecer nas fronteiras do politico. Digitalizado com CamScanner w resse modo, a necessidade de ajud: Dest : incitou mulheres ~ ¢ tam- 5 ¢ muitas vezes nao tinham uma form: wens > que N pain how aco politica jelinida, aparticiparda oposi¢ioao golpecivil-militar, Estimulou an ia momentos posteriores a que aderissem organicamente as ie de luta armada, trazendo contribuigées que foram muito ea de um suporte material, ; : Verifica-se que essas mulheres utilizaram Progressivamente todos osespagos de vida para a agao politica: a familia, os amigos, a escola, » elas agiram consci enormes riscos a que estavam. expostas, Os primeiros trés artigos do decreto-lei de Seguranca Nacional, promulgado em 29 de setembro de 1969, estabeleciam que todas as sPonsiveis, fisica e moralmente, pela seguranca na- Cional. Transferia-se, assim, a cada cidadio brasil que era “contrarrevolucionario”, institucionalizai incutindo 0 medo e estimuland vidade suspeita (http: gral.action?id=r; encorajada ~ cerca de trinta m enviadas a Cuba para realizar treinamen blico do Estado do Rio de Janciro, Secreto; Arquivo Public do Estado do Rio de Janeiro, Comunismo). Muitas dessas mulheres que atuaram Ra retaguarda sao desconhecidas pelo DOPS (Delegacia de Ordem Politica e Social) e jamais chegaram a ter registro na Policia. Quando Presas, as condenagSes que receberam nos Tribunals Militares tam- bém nao refletem a militancia que tiver ulheres, por exemplo, foram, to de guerrillas (Atquivo Pu- Digitalizado com CamScanner ayo Guerrilla ¢ revolugio 4o politica dessas mulheres, sendo determinados my presungio de culpa pelo encaregado do inguérito, no ati de “pela | ocomunismo do Bri il, Nao havia, portanto, provasdo"deligs tos processos cram montados, havendo pes 8 que ficaram saben de sua condenagio antes mesmno do julgamento (Jane, 2009), do a de mancira disereta, permite da atuag. Esse tipo de militincia, realiza também os seguintes qu stionamentos: 0 primeiro, em relacio 4, apoio que parte daclasse média possa veladamente ter, prestadoaewe, grupos — muitas das militantes nao integravam de fato 0 quadros é organizagao -}\0 segundo, quanto a esse tipo de colaboracao ter re. forgado um papel feminino tradicionalmente marcado pelo “eidador com o outro, ¢ em que medida teria sido uma participagao transgres. sora, de rompimento da mulher com o pensamento conservador da época Esta tiltima interpretagdo desconsiderao papel de interferéncia quea retaguarda teve no movimento revolucionario e, principalmente, ndo mostra os diversos niveis de participagao que mulheres e homens tiveram na luta contra a ditadura. Chama a atencio que, ao transportarem recados, armas e abri- garem pessoas perseguidas, as ativdades dessas mulheres seam re- presentadas mais como o repouso do guertilheiro do que como um combate radical ao governo. Persistem ainda muitos esteredtipos, de- vido a histéria ser contada sob um ponto de vista masculino. As redes de ajuda, quando associadas a “tarefas do feminino”, nao sao consi- deradas tarefas transgressivas. O elemento combativo deve ser sem- previril, ganhando destaque apenas as mulheres que se identificam as atividades dos homens, em quea forca fisica ea destreza com as armas mo elementos definidores de seu engajamento politico. por outro lado, a sua auséncia em postos de considerar toda prevalecem co! ‘Ao se mencionar, comando no interior dos grupos armados, deixa-se de aatividade desempenhada por essas mulheres em varios outros seto- ‘como fungées femininas ou masculinas e .xistas em seu interior. £ preciso inserira para que se tenhauma res, que nao eram definidos no expressavam divis6es se: experiéncia politica da mulher em seu contexto, compreensio mais aprofundada de sua patticipagio. Outro ponto a sublinhar é que o apoio logistico nem sempre se um elemento de organizagio, sendo muitas vezes lidariedade politica realizado pela populaca0 (por parte de pessoas que nao tinham um ponto de vista politico claro, ras estavam contra o golpe militar). Naquele periodo, nao era facil acolher pessoas perseguidas,ajudé-lasa deixar o pais ou dar uma con- tribuigdo financeira, por menor que fosse, quando o medo era reafir- mado cotidianamente, com cavalos, bombas, paus de arara, desapa- recimentos e censura. Uma militante disse: om configurou como um gesto de simpatia eso Digitalizado com CamScanner Asmutheres da Ago Libertadora Nacional " i ore existitt, Depois do golpe, houve um retraimento por Ore see icantes como de simpatizantes. Mas mesmo assim, paren se juntando ¢ foi se estabelecendo uma rede. A co- as foram s be Ss recebida era aquela que os apoios podiam dar e, diga-se de luton, eram atos de solidariedade importantissimos, Olhande passagem se para o passado, quem nao viveu aquela conjuntura nao pode ava- a ripordincia de gestos, que, dependendo do tratamento que se iat e ; : i acles, podem ser considerados uma banalidade. A verdade é que ales foram de uma riqueza inestimavel.” (Santos, 2008) No tocante as mulheres que se integraram a ALN (Acao Libertadora Nacional), verifica-se que seu processo de recrutai diferentes capacidades de cada militante — poderia participar de diferentes maneiras suas possibilidades e capacidades, mento respeitava as homem ou mulher — que da luta, de acordo com as Culturais, psicolégi Digitalizado com CamScanner Guertilha e revolugio *O espitito libertario que surgiu Neste momento em todo 9 Mundy tahex 0 premineio de una globalizagio di contestagsy 40 velba, 49 carcomido e corrompido mundo de antes ~ sem divida impregig 0 pritica das mulheres ¢ homens na luta armada, Na ALN, que contarg com uma maioria de militantes egtessos do movimento Cstudantiy, 4 mulher possuia as mesmas possibilidades ¢ responsabilid fades de en. Plo, eu por toda g minha vida fui e sou 0 cozinheiro do lar. A revolucio dog Costumes, da aual ests rite, nos conduit a epartir responsabildades gh gajamento que o homem, Heranga disso, por exem, gagdes.” ; (Russo hinior, 2008) Nos documentos da ALN, a luta armada jamais excluiy Outras formas de combate a serem desenvolvidas pela organizacdo. Ao Contrario, Marighella destacava que as formas de luta de massas deveriam ser combinadas comas atividades do micleo armado (Marighella, 69), Aadesao de mulheres & organizacdo esteve também relacionadz civerssfators, ligados a ieia de libertagao nacional, as concepgdes nacionalistas, progressistas, catdlicas, comunistas, socialistas, anar- quistas ou simplesmente contrarias 4 violéncia de Estado. Portanto, as motivagées que as conduziram a acdo politica foram diversas, visto que a propria ALN também favorecia essa diversidade. Ainda nao temos o ntimero exato de simpatizantes, por exemplo, que ajudaram clandestinamente os movimentos armados naqueles anos. Comecamos agora, no Brasil, a conhecer um pouco a realidade desse combate eas tajtérias dessas pessoas, que a sua maneira luta- ram pelo fim do regime. As miltiplas formas de ‘insercdona resisténcia O Partido Comunista Brasileiro (PCB) Digitalizado com CamScanner theres da Agio Libertadora Nacional Asin i” ios, vende: coisas para ~oes, visitando presidios, vendendo ae santo infor gs Escondeu, diversas vezes, o milita ae os politicos. ajadar as pres’ pinewem suc nits pase ml garam, evar ATES ses que than relagbes partidrias também aju- sign amilitantes perseguidos pela polcia, ajudaram i Sane 3 receram suas Casas Como. esconderijo acest tagbes consideradas comprometedoras. Nao foram par docu rseneontrados de malitantes da ALN que utilizaram paver Oscar expacos de solidariedade. / Sos rembrartambérn que a militéncia politica envolvia ou- eenabes, que nfo farium parte easencialmente do partido. Ela > ee de uma discussao, de um interesse, de um teats eee formagio Saat aalicies Cons ati soa Cieee creer co- Panisas ea Uaiao Sovética, em especie perceberam a impordncia que elas podiam desenvolver. ° més decanpehasealnarnorans 1950~comoa defesa do petréleo, a protecao das riquezas nacionais ea defesa da AmazOnia—e dafarmago de assciagSesferininas por todo o pas, elas tentavam exerceraividades que as organizassem de maneira mais consistente Destacou-se nesse sentidola Liga Feminina da Guanabara\ que, fun- dada em 2 de abril de 1965, integrou-se a um amplo om combate. carestia, que também recolheu vanas de representantes a Brasilia, presidente da Repiiblica, ozo Goul paras suas teformas de base, Ligada ao PCB, a Liga lutou em 1964 pela anistia dos sargentos, sendo integrada por militantes como: Ruth Santana; Elza Soares Ri- beiro; Maria Cardoso Sampaio; Yara Vargas; Ana Lima Carmo; Anto- nicta Campos da Paz; Zilda Xavier Pereira; Emilia Monteiro Ramos; Clara Sharf; Licia Muholland; Zélia Pinho de Rezende; Ana Monte- Benet Gilda Xavier; Ana Lima Carmo; Rosalva Santos; Silva. As militantes se reuniam para apresentar as stise cas espalhadas pela cidade do Rio de B8ides como a Cinelandia ou o Largo da Carioca, Pontos de grande mo- vimentagio. A Liga fez campanha contra 0s frigorificos, denunciando &.aumento do prego da carne.e do leite em sucessivos comicios que ocorriam na Central do Brasil e na Vila Leopoldina, De Liga, algumas ‘aulheres integraram ou mantiveram vineulos com a ALN, entre elas Antonieta Campos da Paz, Zilda de Paula Xavier Pereira, Clara Sharf © Ana Montenegro, que aloj -ntemente Carlos Marighella em sua casa, jovimento de assinaturas para levar cara- Suas propostas foram entregues ao art, que encontrava nelas um apoio € Ivone Paula Propostas em Janeiro, geralmente em re- java freque Antonieta Campos da Paz, por exemplo, quadro do partido, assi- Digitalizado com CamScanner Ilha e tev a8o sj ne prensa Popa, oral do PCR, eF0i peppy vimna evista intititlada Momento Femining, tines et 44 hava report jode pola erie’ sae ets ey mnititancia na ALN. rcollen pessoas perseguidas, permitin ma ue shit cast ardon males de diner reyeagg ' sonsavel por muitos dos levantamentos par 189 Sete jo, Segundo a sua filha Mariza, Antoniety rune tido foi pata cla uma verdadeira escoly & deep janoos e fia ST vmadas da organi? primario, O par aprendeu foi adquiride nos cursos de politicado peg passou do vida ctndoo que (r 2010). wilde Ree Pereira, outro quadro do partido, desempenbo um belecimento de contatos no campo, organizandg a partida de mititantes pata as regides dlo Araguaia, Mato Grosso e Para Pessoa de extrema confianga de Carlos Marighella, foi a responsavel porestabelecer contatos entre Cuba eBrasil, para o envio de militantes que realizaram treinamentos na ilha.” a Clara Sharf foia primeira mulher a criar a Associagéo de Mulheres dePernambuco. Participou do conselho do Partido Comunista, através .s Marighella, posteriormente, casando-se com s dificuldades que a militancia Ihe impunha, papel-chave no est do qual conheceu Carlo: ele. Em meio a todas a h ; sendo a esposa do homem mais procurado pela repressio no Brasil, Clara escondeu pessoas em sua casa ¢ ajudou na manutencéo finan- ceira das familias de militantes que iam a Cuba, realizando constantes doagdes de roupas, alimentos e remédios. a Edith Negraes Brisolla tam! ém passou a dar apoio logistico a ‘ALN, como atesta a sua sobrinha, também militante da organizacio: “Quando veioo Al-s ea repressio se tornou muito maior, minha tia me propés fazer uma lista de pessoas que poderiam dar esse importante apoio logistico, que ela jé conhecia pela militancia passada [no PCB}.” (Brisolla, 2008) Seo partido foi um aprendizado para muitas mulheres, que a partir dele se inseriram na politica, para outras, ele teve pouco apelo ou gerou grandes frustracdes, levando ao rompimento dessas militantes. Maria da Conceigéo Sarmento Coelho da Paz, embora mantivesse contatos com 0 PCB, nao era membro do partido. Mae dedicada ao lar e aos quatro filhos, mulher do povo e com x° grau incompleto, seu engaja- mento se deve mais a uma “oposi¢ao natural” do que a uma “convicgao intelectual” adquirida a partir de leituras. Sua casa servia de abrigo aos Se persguidospea Policia. Quando o prédio da Unio Nacio- ahuds,Tambémn parin delta enter at estar pronta a fornecer Carlos Marighlls, como relataoseu flo, Cade geese 5 © seu filho, Catlos Eugénio Paz: “Um dia, a » conversando com mame, ela falou para mim: ‘Eu quero en- ae, Digitalizado com CamScanner I stl Agi ra Nacional Abert al ro AG sail im Cama uma * + yo Toledo [Joaquim cama ' an anitaghe Je enfermagem de guerra, Em So Paulo, on oop curse d " " ; 2 pec “ievantamentoe. Por ser uma pessoa j4 com 48 pee ge vatios Fevant ‘ pote te ade estudante. Ela levantou banco, ela le- que a gente fez em 1970. E também minha cla ca aha aque aio tin aca a ag aba ATs ant gqruindo toda uma rede de apoio. En 0, minha mae é re- ae el maio de 1970. Sai, passa dois anos em Cuba, faz 0 aja cm abril, ma “gaa Ss jeenfermagen de guerra, faz 0 curso i Ponto Zero, a erao guertilha urbana, armas, explosivo, fal si cago, aque le curso, : sgn aatirar. Quando eu sai do Brasil, minha mae estava att einidade +» Ela voltou em julho de 1972, curou, ajudou a aa ame a bala e continuou fazendo, militando na clan- ane alugando quartos em casa de familia, aquela vida nossa de clandestinidade, comendo © que dava ; dava para beber, viveu aqui e foi presa em julho de 1974. Quando minha ievoltou, ela tinha 53 anos de idade. Ela ficava a Postos porque, por exemplo, a gente ia fazer uma aco e se tivesse um ferido, ela ia ajudar como enfermeira, Ela andava armada, ela tinha a arma dela, nunca para comer, bebendo o que Cuba, era condenada como qualquer um de nés ... Minha mie nao entrou na ALN Por ser minha mae, minha mae ela era contra aditadura, Ela tinha feito 0 4° Outras mulheres romperam com 0 PCB, aderin: caso de Miriam Malin de Direito Digitalizado com CamScanner Guerrilla revolugio 182 desio Paulo, estando entre os findadores deste titi (Unidad ps). Lourdes Rego Mello, formada em filosofia pela Uae” Poy eda Bahia e gad a0 Partido Comunista, erao brago dein ode ra els a responsivel pelos contatos com o§ mili gue ehegavam de Cuba, pela obtengao de locais de encontro para ray vides e por uma série de outras tarefas no interior da organizacay, Caetano Veloso fez uma homenagem a Maria de Lourdes Lurdishe, sua colega de classe, confessando que foi gracasa ela que ele preston apoio a ALN (Bahia em pauta, 2011). — Nao podemos deixar de mencionar a participagio de Ilda Gomes, Ilda nunca foia mulher manipulada oua dona de casa complacente que constanos documentos da repressa0. Quando Virgilio Gomes da Silva, seu esposo, voltou de Cuba, 0 casal se instalou em Ribeiro Preto, ck dade do interior do estado de Sao Paulo. Foi ali que Ilda deu sua maior contribuigao 4 ALN, cuidando de uma base da organizacao instalada na regiao, em uma area bastante isolada, sem luz e sem telefone, si- tuada nas proximidades de uma estacdo ferrovidria desativada. A base de Ribeirao Preto serviria, a pedido de Carlos Marighella, de recuo ta- tico para ALN. Na casa, estavam depositadas roupas, armas e nume- rosos documentos, Ilda era a responsivel pelo espaco (Gomes, 2010). Outras mulheres, além de seu apoio irrestrito 4 luta, traziam tam- bém novos contatos paraa ALN, comas suas insercdes no movimento operirio e camponés. Temos como exemplo Neide Parazal Teixeira, militante do Partido Comunista que, em contato com remanescen- tes da guerrilha de Trombas e Formoso, ajudou a estabelecer acordos bém pode-se citar Ozenilda Garcia, entre esses militantes ea ALN. Taml operdria que atuava como mensageira e distribuia os Hocumentos da ALN no interior das fabricas. O trabalho Trabalhar lado a lado, alimentar os mesmos ideais de mudangaecorrer os mesmos riscos, esse era o quadro dos militantes, que, mesmo’ vulne- raveis, criavam lacos sélidos de solidariedade. O partido representava, sem duivida, uma retaguarda importante, nada desprezivel quanto 4 obtencao de trabalho. Encontrar empregos, para quem nao desfrutava do milagre econémico, era dificil. Assim, as redes de contatos entre os movimentos de esquerda eram fundamentais para os militantes. Mulheres exerceram tarefas dentro de empresas que interessavam & organizacio. Clandestinas ou nfo, tentavam angariar simpatizantes € expandir o trabalho da ALN. Para os militantes em situagdo de profunda clandestinidade, 0 Papel da expropriacio (palavra utilizada pela militancia para se re Digitalizado com CamScanner annutheresdda Ago Libertadora Nacional 8 sats a ates) sta como essencial a subsi ane No aerimmpontante que a maior parte dos militantes da ALN eda legal, Pata Marighella, cra fundamental que 0 ayaniesse wo mantivesse o Cu Chuprego ou qualquer atividade gostei ois alemn de o local de trabalho representar uma fonte potas os ele também auiliava financeiramente os guerr- Fae Maboradores. Agus militantes, com as stias economias, pa doagdes d organizagio, ajudavam a pagar os advogados de press politicos e podiam militar sem despertar a atengao da policia. AALN foi formada por muitos desses profissionais, que funcio- param como mantenedores logisticos da organizacao. Através de im6- veis, de empresas ptivadas ou de outros estabelecimentos particulares e publicos, esses militantes arrecadavam dinheiro para a organizacio. Estabelecimentos de ensino, estacionamentos de automéveis, lojas dexerox, dticas, fordpticas e farmacias também foram utilizados pela organizagio, sendo até mesmo comprados pela ALN para servirem & luta armada. Nesses locais, realizavam-se reunides clandestinas, im- pressdo de material e arrecadacdo de dinheiro para a manutencdo da organizagio. Com o aumento da repressao, que obrigou a luta de oposigao a atuar em completa clandestinidade, a ALN passou a depender cada vez mais dos quadros legais de apoio. Contudo, foram eles os primei- rosa serem atingidos pela repressio, como se verifica nos processos da Justiga Militar. Uma pergunta frequente nos interrogatérios era quem mais militava na organizagio. A repressio precisava desmon- tara grande teia da ALN, que se irradiava pelo movimento estudantil, operirio e camponés (Acervo Brasil: Nunca Mais, 1972, 19702, 1970b, 1970¢ € 1971). Era comum que as mulheres j4 tivessem em seus empregos con- tatos da militancia. Muitos desses empregos eram obtidos através de simpatizantes politicos, o que possibilitava que elas, a0 mesmo tempo, continuassem exercendo as suas atividades de militancia. Esse foi o caso de Maria Aparecida Costa, que passou a trabalhar em um escritério de advocacia. Cida mantinha-se financeiramente, até o mo- Mento em que foi obrigada a cair na clandestinidade, abandonando o Seu emprego, Ela no executava tarefas para a ALN no emprego, mas Seguia a norma estabelecida pela organizagao: manter-se com os seus Proprios recursos, permanecendo como um quadro legal ligado & or- ganizagdo. Presa no Rio de Janeiro pelo delegado Octavio Gongalves Moreira Jinior, 0 Otavinho, em dezembro de 1969, sua prisio acabou levando, indiretamente, & detencio do seu empregador, que era mem- bro do PCB. FP Contando também com simpatias de quadros do partido, Tania grit aos Digitalizado com CamScanner 184 Guertitha ¢ revolugio emum eset Fayal passou a trabalh trio de engenharia, que req raniento dos hens méveis do cais do porto no Rio de ava cad Janeiro, Bla era paga de acordo com 0 volume de trabalho do escritéri : « : : HO ¢ nag possuia carte inada. Simpatizante de Carlos Marighella, 9 eseri- tori em que trabalhava pertencia a Sandro Werneck (Fayal, zor) Outros militantes mantinham-se de forma aparentemente des- compromissada em seus empregos, como Diva Burnier. Sobrinha do brigadeiro da Aeronautica ¢ estrategista da Operagao PARA-SAR Joio Paulo Burnier,* Diva trabalhava na empresa Cia ASPLAN de Planeja- mento, mesma empresa em que estavam empregados Virgilio Gomes da Silva - 0 Jonas ~ e Vinicius Caldevilla. A ASPLAN era responsavel por projetos de desenvolvimento em varios estados do Brasil, em es- pecial no Rio Grande do Sul, onde era coordenada por frei Catao, Fo na empresa que Diva estreitou lacos com Virgilio, tornando-se compa- nheiros de organizacao. Tanto ela quanto frei Catao, presos quase na mesma €poca, foram obrigados a responder aos questionamentos da repressio sobre o quadro de funcionarios da empresa e sobre a quan- tidade de infiltrados de esquerda. - Tania Mendes realizou estagio na Pirelli, na drea de geréncia de marketing, com o objetivo de obter informacoes no interior da empresa. Foi ld que éla descobriu que Albert Henning Boilesen, diretor da com- panhia Ultragaz, alertava outros membros do empresariado sobre 0 perigo das organizacdes armadas. Tania realizou para a ALN um traba- Iho de informagio estratégica. Poucos tinham acesso ao Plano Estraté- gico do Governo ea circulagao de material entre as empresas. Durante 0 seu estagio, no ano de 1969, Tania assistiu de perto ao impacto que os discursos de José Dirceu exerciam sobre as ages da Pirelli, que des- pencavam diante da mais remota ideia de que os jovens militantes po- deriam tomar o poder. Trabalhando na Fundacdo Getiilio Vargas, onde era concursada, apés cumprir pena de um ano e seis meses no Presidio do Hipédromo, em Sao Paulo, Tania deparou-se, em 1975, com 0 or- ganograma das organizacées publicado junto ao boletim cambial das. empresas. Nada muito surpreendente para ela que, em seu trabalho na Pirelli, ja havia tido acesso as informagdes que os empresarios dispu- nham sobre a luta armada.> Porém, as melhores coberturas pareciam vir daquelas mulheres que, aparentemente, nada modificaram em sua vida profissional para colaborar com a ALN. Ruth Tegon, por exemplo, trabalhava na Scala D’Oro, uma empresa de tecidos finos dirigida por um afilhado do mi- nistro da Economia, Delfim Neto. Precavida, Ruth anotava em uma caderneta o telefone direto de Delfim, caso fosse presa. Isso Poderia intimidar os agentes da detengo, que nao colocariam a mao nela logo de cara, sem antes ver com quem estavam lidando. Como parte das Digitalizado com CamScanner sanutheres da Agio Libertadora Nacional * r 11 vinculos com a OBAN, a Scala D'Oro rece e matin apenas sas que aN ;, todos A procura de sedas para as suas pres’ itos militar ane pO, 0 SCTIIETCS ee ert Ra presa Ruth aproveitava otempode trabalho procurando do aaa criminassem a Scala por contribuir financeiramente oe a A empresa representava mbém uma boa fachada para aman a preso politico, que precisava se ausentar do trabalho ee na hora do almogo, para visitar o seu companheiro na cadeia. Isso com 0 consentimento do gerente geral, que, em vésperas de visitas do comandante do II exército, dizia a ela: “Vamos dispensar vocé amanha, viu? Porque vem o general ai...” (Tegon, 2010) ; Em outros casos, as militantes eram deslocadas para determi- nados trabalhos por recomendagao direta da organizacao. Maria do Amparo Araiijo empregou-se junto aos operdrios da Metaltirgica Man- gels, para a preparacdo de uma expropriagao. Como ela afirma: “Nés faziamos sempre. A estratégia era a seguinte: eu, uma mocinha muito distinta, datilégrafa, naquele tempo: nao tinha computador, eu me empregava nas fabricas, passava dois, trés, quatro meses ob- servando todo o movimento para montar... No caso especifico da Mangels, eu fiz toda a parte interna ... Eu participava das festinhas de aniversario, dos casamentos, eu era uma pessoa absolutamente inte- | grada no contexto. A minha misstio especifica era preparar a acio de ; expropriagio.” (Araijo, 2009) ; __ Asvezes, a insercao no trabalho fabril também era uma questio de ne- ; _ eessidade, como afirma a militante Walderés Nunes Loureiro, profes- ; _ Sofaprimaria, natural de Nanuque, Minas Gerais. Com a obtencao de ;_ ¥mdocumento falso sob o nome de Maria Helena Gomes, empregou ; _ S€como operadora de maquina na Fabrica de Relgios Hora SA, em ; Santo Amaro. Como afirma, “entre 1971 e 1974, como milhares de pes- | 8048 nesse pais, fui impedida de exercer a minha profissio ... Metade f desse tempo passei fugindo da policia ¢ lutando pela sobrevivéncia como operatia de fabrica, A outra metade passei na prisio.” (Salles, 2008, p.x67) Exercendo a profissao de jornalista, Norma Leonor Hall Freire também utilizou o seu trabalho para repasse de informagdes. Atuou como pombo-correio no interior da ALN, utilizando a rede dindmica de contatos de sua profissio para ajudar militantes. Como ela afirma: “fem Petguntava o que era, eu punha nabolsae levava, eu entregava "munca fui de fazer muitas perguntas.” (Freire, 2010) Digitalizado com CamScanner Guerritha e revolugio 186 Vilma Ary ambem integrava esse contexto de mobi HO dandy chegou 3 Folha de 8.Daulo, Seria a porta-voz do Movimenty est dant ae 1 ts ‘ if paulista no editorial de educagio do jornal, para onde fo) recomendady poruma equipe de peso do Estado, fortemente ¢ OMptometida em ter. mos politicos: Fernando Pacheco Jordao, Lata Roberto Fortes « Lig Weiss, Da cobertura sobre os vestibulares, Vilma passou tapidamente para area de movimento estudantil, dialogando com 95 SeUS Pring). puislideres naquele momento: José Diteeu, Luts Travassos e Catarng Meloni. Conseguiu ser a primeira jornalista a entrar no Necrotétio do Hospital das Clinicas e a divulgar o resultado da autépsia tealizadg no estudante morto durante o confronto da Maria Anténia, Realizoy muitas coberturas de passeatas estudantis, encarando 08 tiscos que isso envolvia. Em suas memérias do movimento estudantil, Cataring Meloni (2009, p.24-125) narra que todas as manifestagdes estudantis, nna época, eram tratadas como criminosas. Darci Toshiko Miyaki, recrutada para realizar levantamentos na organizacio, empregou-se como contadora no escritério de Carvalho Pinto, com 0 intuito de obter informagées que pudessem ser titeis a ALN. Contudo, o trabalho n&o obteve sucesso, do Ponto de vista da coleta de informagGes. Poucas pessoas transitavam pelo local, prefe- indo o escritorio da Arena, situado na Praca da Republica e bem perto do local onde Darci trabalhava, Na ALN, também houve militantes que conciliaram estudo e tra- balho, mesmo quando comecavam a manter os primeiros contatos com a organizacdo. Ana Bursztyn buscou um trabalho de telefonista nos classificados dos jornais do Rio de Janeiro. Encontrou um servigo de atendente internacional, que Ihe garantia um dinheiro para pagar 0 aluguel, com um expediente de 15 as 21 horas, na praca Tiradentes, Estava semiclandestina, iniciando 0 Processo de discussao politica para entrar na ALN. Lisete trabalhava em um laborat e anilises clinicas, na rua Brigadeiro Luiz Ant6nio, e ajudava eventualmente a organizacao com © seu salario. As despesas principais: papel, mimedgrafo e desloca- mento. O deslocamento aparentemente havia sido resolvido com 0 Fusquinha 66 ~ 0 famoso “verdolengo", como brincava Alexandre Vannucchi, seu namorado - que ganhara de seu pai. Naquela conjuntura, também nao era facil ir a0 médico, conseguir uma consulta ou tratar dos dentes na condicao de clandestino, Perseguido e com a sua foto estampada em todos os lugares, tudo dependia de contatos, da boa vontade das pessoas e Pleto sigilo. Ficar doente ow ter problema de satide, além agradavel, limitava, é claro, a militancia, Alem disso, segundo o regime, , sendo Por isso, todos os que mantivessem qual- Digitalizado com CamScanner Libertadora Nacional ates, ainda que profi ssionalmente, estavam » eyolucionaria. Isso se verifica na quantidade de er eT addos nos processos ca Justica Militar, fora fos com a ALN: balconistas, donos de a le até mesmo ciclistas que passavam pela rua. de dos por simpatizantes ou pelas redes de s, sobretudo se os militantes eram feridos yntos cont apolicia, pre isavam se esconderem meioa um ti- som osagentes dat repressio ou nao tinham onde passara noite. ee argues era enfermeira e recolhia medicamentos para a guer- sal Sumaritano de So Paulo, icia Airosa mantinha, eo cafe, documentos, medicamentos € instrumentos cirtirgicos cam esse mesmo destino. Regina Elza Solitrenick, psiquiatra, nave casa de repouso onde trabalhava, em Santo André (SP), para ‘bvgat pessoas perseguidas, até que elas pudessem deixar o pais. Ela passavarecados € diretrizes da organizacao dentro de comprimidos de Opualidon, e, quando presa, ajudou a cuidar de companheiros de cela que haviam enlouquecido em decorréncia da tortura. Os artistas nao hesitaram a prestar solidariedade. A atriz Norma Bengel era a responsavel por levar as refeicdes ao consul japonés se- questrado pela guerrilha em setembro de 1970, além de alojar quem precisasse de abrigo em sua casa ou na casa de Sonia Nercessian (Gouvéa, 2010; ¢ Paz, 2011). syd © paseo A cantora Marilia Medalha funcionou como mensageira no inte- ior da prisaio e Iracy Guimaraes, mulher do escritor Joao Guimaraes Rosa ~ que nos anos de guerra havia salvado judeus da Europa, aju- dando-os a vir para o Brasil (Schpun, 2or1) -, abrigou pessoas perse- guidas (entre elas, o misico Geraldo Vandré). Elis Regina destinava o dinheiro de seus espetdculos aos presos politicos, enquanto o cine- asta Leon Hirszman realizava contribuigdes em dinheiro & ALN. Plinio Marcos e Celso Frateschi também deram o seu apoio, Vasculhando as fichas de qualificacio no DOPs)Sobre essas mu- theres, podemos terideia das atividades que elas exerciam no mercado detrabalho, Muitas delas eram professoras. Nada que chegue a surpre- ender, se considerarmos a expanstio da escola na época ¢ a demanda de profissionais na 4rea, mesmo que fossem estudantes exercendo um trabalho temporario, para custearem suas vidas. Quando se estava respondendo a processo e, principalmente, quando se havia saido da prisao, estar empregado constituia, para a policia, prova de bom comportamento do militante, volta a vida legal enio “reincidéncia no crime”. Para o governo, os vinculos empregati- cios denotavam um sinal de recuperagao. Melhor dizendo, nao teriam mais em seus boletins a identificagio profissao: comunista, Digitalizado com CamScanner . Guertilha e revolugio belecimentos de ensino ¢ Professores “ISOS, Em outros casos, escola ou 0 cuesinho exam hiyares de reunig, alunos, de preparao das passeatase de conscientizagiy, alia tog Alguns colégios de Sto Paulo funcionaram, na “Poca, come poy do pensamento de esquerda. O Equipe Vestibulares eo cotégin ae Inés foram alguns deles, contando com muitos alunog « e Professorey aes poterionmnente se nga nos movimento poe dantil e ingressariam nas organizagdes de luta armada, A partir de seu quadro de professores, o Equipe attecadava con. tribuigdes em dinheiro para 0 pagamento de advogados para Presos politicos, auxiliando igualmente no financiamento de CaSas € na rp. alizagao de trabalho de massa entre os alunos. Importante observa também que as pesquisas sobre movimento est dantil costumam se focar no movimento dentro das universidades, desconsiderands 5 militancia entre os estudantes secundaristas, Presente de forma acen- tuada. Assim, é importante ressaltar que a ALN no Rio de Janeiro foi formada essencialmente por estudantes secundaristas, Segundo 0 depoimento de Carlos Eugénio da Paz (2012), um de seus dirigentes, ainda que as bases da organiza¢ao no pudessem contat com apoig ¢studantil expressivo na cidade, a organizacdo atraiu para si alguns niicleos de estudantes secundaristas, espalhados principalmente no colégio Pedro II, no Maillet Soares e nas escolas de aplicaco da UFR), Houve um grupo bastante atuante no Equipe, em torno do pro- fessor Joel Rufino. O advogado e militante Idibal Pivetta também man- teve vinculos com a escola, seja pela sua presenga frequente entre os estudantes, seja em razao dos espetaculos do grupo Teatro Unido Olho Vivo, do qual foi fundador. Algumas publicagGes relativas as experién- cias desse grupo de teatro chegaram a ser feitas pelo departamento Brifico do cursinho, como a edi¢ao do livro Em busca de um teatro popular, de César Vieira (1971) ~ codinome adotado por Idibal Pivetta, Raimundo Pereira, diretor do jornal O Movimento, simbolo da imprensa alternativa de meados dos anos 1970, foi um dos sécios do cursinho, responsével por trazer p Perseguidos naqueles anos, co Marilena Chaui, Ca ara a escola muitos professores Samuel Iavelb Digitalizado com CamScanner theresa Ago Libertadora Nacional Asmuthe - jotitias de escola também utilizavam esses espa- A ena contra.aditadura. © depoimento de Marilia aspaet colbert interes sante nesse sentido, demonstrando de que Simares € estar além da transmissao de conhecimento, a aedcagio Pod Ha yhando, na praitica, um papel de difusao das propostas dos enhando, gesepe erapas armas scomprei um colégio, em um a do - Fui bem favorecida, la época o governo criou uma lel que todas as empresas que ti radio is de 100 funciondtios eram obrigadas a ter uma escola, era vesstTprdo que eles tinham feito com o MEC-USAID ~ mas, de qual- ee aaa favorecia. Ento, a militancia vai em um crescente ... € aescola serviu muito para isso. Todo o material grafico usado era feito naescola, Até a Guerra de Guertilhas, nés fizemos. Livros e livros feitos no mimedgrafo. Era ali o lugar onde se guardavam as armas... No sotao. ...Erauma superfachada a escola.” (Guimaries, 2009) Na escola onde Arlete lecionava, trabalhava toda a sua familia: a sua ima, o seu cunhado, a sua sogra e o seu marido. Era, como ela brinca, “aRepiblica Socialista da Vila Zelina”, que dava oportunidade de traba- lho a todos os colegas recém-formados, em vias de concluir 0 curso e Sobretudo, aqueles que compartilhavam dos mesmos ideais politicos. A ideia dessas professoras era, acima de tudo, criar um espirito stttico nos alunos, € ndo recruté-los para a ALN. Eliete Ferrer, pro- Prietaria do Sistema Cometa de Ensino, no Rio de Janeiro, afirma que nunca chegoua misturar trabalho com militancia, pelos riscos que isso Tepresentava. Em especial paraela, que desempenhava um importante trabalho de abrigo para o: s militantes perseguidos. Ela nao podia ser denunciada pelos alunos ou por algum alcaguete da policia infiltrado "a escola, algo que era corriqueiro durante esses anos. Em geral, o trabalho era mais de divulgacio, como afirmou Arlete Lopes Diogo (2010), do que de recrutamento. Ela levava as discusses © seu grupo da ALN para dentro da sala de aula, Difundiam a greve de fome dos presos politicos do presidio Tiradentes, denunciavam o aumento das tarifas de onibus, a prisio de colegas da universidade, Ironicamente, Arlete também era orientadora do centro civico da €8cola, onde lecionava OSPB (organizagtio social e politica do Brasil) ¢ €ducagdo moral e civica. Desempenhava, claro, 4 margem do sistema, atividades paralelas de militancia, utilizando ainda a fragilidade da disciplina para se contrapor ao ufanismo dos militares, antes que a Secretaria de Educagao passasse a exigir atestado ideolégico para todo © corpo de professores. Digitalizado com CamScanner CUSTES 6 Ler 190 aobéni Baptista da Costa, professora a época e Fesponsivel 0, Ro reanizacao, foi condenada a quatro anos de Pri Pela grifica da eemanente de Tustica. A justificativa para a Prisio pa? Gonselho Dermre ao conselho que uina milltante da Au no pid seguinte: no a ré vinha exercendo ~ cargo de professora, pent aeereaoria a presungio de que fard do magistério um meie ip ot namento ¢ ‘ininimanual’ de Marighela.” (Acervo Brasil: Nunea Mais, s972) " Ligia Aparecida Cardiere Mendonga, professora no Sul do Bra je havia fundado uma escola alternativa, foi perseguida pela. onde havia funds a r zime, que desconfiava de stas atividades de ensino. Ela recebia Car, Marie sa ¢ era uM apoio para a organizacio no estado Marighella em sua do Parana. | ; . Outros professores e colégios brasileiros também foram alvo da ditadura. O colégio Santo Inacio, no Rio de Janeiro € de tradicao je. suita, possuia fichas no DOPS. Alguns cursos foram acusados de fazer “propaganda doutrinaria comunista”, e muitos professores encabeca- vam listas de suspeitos. Independentemente de manterem atividade politica ou nao, esses professores nao foram poupados. Presos, como Linda Tayah, militante da ALN, foram demitidos de seu trabalho Por “abandono de cargo”. As dificuldades para conseguirem trabalharcon- tinuaram, mesmo depois de terem sido colocados em liberdade: todos os funcionarios ingressantes em drgios piblicos eram obrigados 2 reencher uma ficha, chamada de “modelo 14”, para a investigacao de Seu passado pelo Servigo Nacional de Informacdes (SNI). Igrejas e semindrios teligiosos ‘Tentar compatibilizar tevolucio com o apostolado nao foi algo inco- mum para essa geracio. Para alguns militantes, nenhuma contradigo uma Igreja 0 pobre, unindo assistencialismo as ideias de ntto a uma j bilizada poli Politi i mulando-a ai caminho, Tereza Poggi camente, esti inda mais a Continuar nesse italiana radi NS radicada no Brasil desde 1965, veio ao B; ? Veio a0 Brasil Digitalizado com CamScanner yertadora Nacional asmulheres da AGiol abalhos socials desenvolvidos por dom Hélder z ie anos junto ao bispo. Deu apoio a feridos naqueles anos, sem chegar a se vincular dire- anizagio armada, Realizou um trabalho de i 0 parti par dl bi a trabalhance guidas n huma Fy ‘i junto ds comunidad p fesse inet ramente a" oncilist carentes de Recife (PE), cer asi i ‘0 Maranhao, onde permitiu 0 desenvolvimento ansterit pa ge set Iho politico junto as quebradeiras de babacu, abrigando ge an traballo Pe casa € ajudando-os com recursos médicos e fi- ee emai ae estrangeira, realizou contatos na Italia para acolher pessoas aaa o Brasil. Nunca conheceu pessoalmente os brasileiros : ajudou, Perguntada sobre qual organizacao integrava, Tereza foi ‘sa: “Para mim, tanto faz. Brain seres humanos. Nesse sentido, precisavam de ajuda, de apoio.” (Poggi, 2009) Misses da Igreja nas areas rurais e em determinados estados do Brasil - como Araguaia, no Para, Sao Félix do Araguaia, no Mato Grosso, e Vitoria de Santo Antdo, em Pernambuco — eram motivo de desassossego para os agentes da repressdo. Isso Porque, através deum trabalho integrado junto aos ribeirinhos, algumas freiras e padres nao séabrigavam militantes perseguidos, como utilizavam as stias compe- téncias intelectuais para a conscientizacao politica desses povoados, Para a montagem de cooperativas e para incrementar as aulas ofere- cidas as, ctiangas. Inmazinhas de Foucauld, dominicanos, salesianos e Seguidores da Teologia da Libertacao multiplicavam os seus trabalhos nesses lugarejos, oom Pedto Casaldaliga teve enormes problemas com o regime rls, Nos documentos do DOPS paulista, era chamado de “o padre fo ice € do martelo”. Na Zona da Mata pernambucana, os de envolvimento indicios Politico feminino estavam presentes nas pernas das mulheres: os Cortes, caso existissem, testemunhavam sua presenga 12s plantagdes de cana, realizando atividades politicas junto aos tra- balhadores, As margens do rio Araguaia, mulheres ajudavam os seus maridos & cuidarem de rogados, nas propriedades compradas legalmente pela ALN na regio. Em Mato Grosso, algumas enfermeiras chegadas de Sio Paulo cuidavam da saiide dos habitantes, aproveitando também Pata realizar trabalho politico e de sensibilizagio social (Mendes, 2010). Um seminario de Campinas, no interior do estado de Sio Paulo, €aigreja Nossa Senhora de Fatima, na cidade de mesmo nome, acolhe- tam militantes perseguidos, estando entre al Posteriormente, foram enviadas ao Norte do trabalho das pastorais. locais, iguns deles pessoas que, pais para acompanhar 9 Diva Burnier ia com certa frequéncia a esses encontrando-se também com o padre Milton Santana para Digitalizado com CamScanner rilhae revolugae Ps disutrsubesenvohiento OU vA" Matra Mion niicleo da AP, HAA Oriunda da Tuventude Catolica JEC-AP), Yara Gouvéa, estndante de Letets na USE aeompanio todos os semgg eas, nage momento, por padres estangeizosque vin ma necessidlade da integragao do intel tua eque preg ; : ect al a vida opp nitia, Como ela diz: “Minha primeii io foi realmente imbuid desse esprit das letutas das encicicas todas. Agente estudan las enciclicas de Jodo XXILL, todos os documentos de Medelin, ee véa, 2010) Partindo das ideias dos padres progressistas, Yara crioy um nucleo de reflexio dentro da Gessy Lever, uma grande multinacional localizada em Valinhos, no estado de Sao Paulo. Inicialmente, a militancia de Ana Maria Ramos esteve ligada igreja Metodista de Sao Paulo, que na época formava mocas para serem missionarias. Sua turma seria a tltima: pouco tempo depois, o insti- tuto Metodista foi fechado pela ditadura. Na faculdade de Teologia, em Sao Bernardo, colegas seus de militancia enterravam armas no chao da universidade. Além disso, anos mais tarde, o Conselho Ecuménico de Igrejas chegaria a colaborar com o fundo de greve do ABC, quando a regido comecou a emergir como um polo da luta metaliirgica (Estevao, 2010). Contatos estabelecidos por frei Betto, frei Tito e frei Giorgio Calle- gari contribuiram na manutengao da luta contra o regime militar. E co- nhecido 0 apoio que certos religiosos deram no Sul do pais, ajudando na fuga de pessoas que estavam com a cabeca a prémio, pela fronteita entre Brasil e Uruguai, através da rota entre Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e Rivera, no Uruguai (Betto, 1987 e 1974; ver também Assef, 2009). Na livraria Duas Cidades, ponto de encontro privilegiado entre os dominicanos e Carlos Marighella, localizada em Sio Paulo, uma mu- Iher se encarregava de conseguir documentacio falsa para que pessoas saissem do pais: Sebastiana Bittencourt, 7: Relagdes sociais e de amizade = relagoes de amizade também foram capazes de criar nao apenas ma comunhao de ideias, mas de atitudes. Foram esses gestos que fi- Pessoas da populagao que, podendo tua, ndo o faziam. Um passante que — _— Digitalizado com CamScanner eresda Ago Libertadora Nacional Asumulleres wt Jo pela pol ia, jamais teve militancia de esquerda yad " + 5 e| a craci: i | trou com frei Beto, apds o retorno a democracia n enol aan Deeg val x ea era a pessoa indicada por Carlos Marighella, nos ein fo, ert rontudoy 0 gd sada (Bett, 2012). nts sol dra Negraes Brisolla teve de se exilar no Chile para nao so- sandra consequéncias na ditadura. Amiga pessoal de Paulo de fier maiores Jau, emprestou a casa de veraneio de seus pais, em Sao taro Vences aa Nacasa, estavam de passagem Ilda Gomes da Silva, Sy viglts Gomes daSilva, eaeus dois fllion ‘elena: Manoel noi ny participado do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, no Rio de Janeiro, poucos dias antes, : NaitBenedicto deu apoio de acordo com as necessidades da orga- sino, vivendo sempre na legalidade, Sua casa era aclocal de reunides dos dirigentes da ALN, ponto de transbordo e esconde sdinigentes da ALN uillzados nas agbeS de expropriagao, e lugar também de intensa vi. sitagio de artistas e intelectuais da Universidade de Sao Paulo (USP). Osestudantes que visitavam sua casa e de Jacques Breyton, seu marido francés, ex-resistente de guerra, ja faziam parte da dissidéncia estu- dantil - Paulo Tarso Venceslau, Maurice Politi, Lauriberto Reis, José Pireet, Consuelo de Castro, Anténio Benetazzo, Percival e Erminia Maricato, entre outros. Como Nair afirma: “alojamos em casa todo mundo barra pesada e feitamente quem e que a gente sabia per- tam. Safamos para jantar e emprestavamos nosso idade. Era necessario apenas subit uma rampa om 0 carro e parar: ali, €0 carro ficava totalmente protegido. Ninguém desconfiava do que se passava na casa.” (Benedicto, 2010) Joaquim Camara Feri Casa de Nair. L4, real 4S reunides eram que os militante: teira e Carlos Marighella também frequentavam a lizaram debates eleituras de documentos. Quando maiores, eram feitas em um porio da casa, de modo $ tivessem mais privacidade, evitando contatos para- lelos com og Préprios proprietarios. O porao era chamado de “territé- Hiolivre” e foila. que chegarama ocorrer duas ou trés reunidesjuntando Cerca de dez pessoas. Jacques até deu algumas aulas sobre explosivos Para o grupo, trazendo a experiéncia que havia adquirido na Franga, Embora Nair, em sua defesa ao Conselho Permanente de Justica, tenha dito que as reunides nao passaram de encontros amistosos e que ela nao estava sempre presente em casa, muitos planos e agdes da ALN ceramente surgiram ali. A lista com os 15 militantes trocados pelo embaixador americano em setembro de 1969 foi elaborade dentro de ae Digitalizado com CamScanner 194 Guertitha e revotugag sua casa. Provavelmente, a propria AGA de ey adaali. ¢ ; titra dy pode tersidoarquitetads ali, como ela in -APOsa price Kady Haeques Breyton, casa foi descrta nos jorge pues i do terror” (Breyton, 2005, pag), ‘con a Trabalhando na MONTOR, empre "do mett6 de sie » contato diario com Paulo Tarso Venceslau, Maria Li I a Mahi, emprestava o seu carro para o amigo, deixando « ional de Engenhatia ¢ Ageonomi, do Paulo (CREA), onde seu pai trabalhava, Maly também da tonas a Paulo e foi em sua companhia que arquitetara Jos Ditveu da cadeia, apdsas prisdes que ses Thiuna. Uma das outras tarefis de apoio que Maly de ALN fo ajudar a retiraras pessoas do pais, levando, NO aetoparto, segundo as regras de seguranga estip; nizagdo. Serviu como motorista do amigo Paulo Tarso, conduzinds-y com seu carro em viagens ao Rio de Janeiro — viagens que. antecederam © sequestro do embaixador americano (Ferreira, 2010). Uma das mais frequentes tarefas de Eliete Ferrer fo; dar hospe- dagem a militantes } procurados. Nunca se negou, porém, a dar abrigo % quem precisasse, embora nem todos fossem seus ami temerarios para se permanecer: og «i; "egistros falsos ou poderiam s Brande movimentagao desses | crudescia, og militantes eram obi 1 08 assar rapidamente para a clandestinidade, Oak 7 el nao garantia ¢ Digitalizado com CamScanner As mulheres da Agdo Libertadora Nacional jos afastados também foram utilizados, até que a situagao se ¢ ou que os militantes pudessem sair do pais. Cidinha Santos ass : a . . selembra de um casal de idosos que, com frequéncia, cediaa casa para wants em Ribeirao Preto, mas ela pouco soube informar sobre 0 paradeiro dos dois. : i ; " Asredes de ajuda funcionavam dessa maneira, tecidas de acordo com as circunstancias, consolidando-se em alguns momentos e se desfazendo em outros. Feitas por gente, como disse Tereza (Poggi, 2009). Formada por homens e mulheres que emprestavam seus dons, suas capacidades e, sobretudo, sua coragem na luta contraa ditadura. Notas 1 Carlos Russo Jiinior Participou do movimento estudantil na cidade de Ribeirio Preto, tendo se integrado posteriormente 4 ALN em Sao Paulo. 2 Para maiores informagées sobre a trajetoria de Zilda, ver o livro do jornalista Mario Ma haes (2012), que descreve em pormenores a atuacao da militante na ALN. ém disso, ver 0 artigo de Euler de Franca Belém (2012). 3 A primeira edigao do Ultima Hora foi langada em 12 de junho de 1951. O jornal reed €m um Periodo de forte efervescéncia politica e social, e em apoio a Getiilio A 18S, presidente até entao do pais. O jornal esta disponivel no acervo on-line do "aio do Estado de Sio Paulo (http://www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital/). : resp oetasto PARA-SAR, também conhecida como o Atentado do Gasdmetro, diz niet, em y 7 Plano de extrema direita, arquitetado pelo brigadeiro aulo Bur- adiv 908, que Visava a empregar 0 esquadrao de resgate PARA-SAR em atentados “rss vias piblicas do Rio de Janeiro, atribuindo-os aos movimentos de esquerda. orga ‘aia constantes demandas da organizagao sobre casos de corrup¢ao dentro dos os oS Piblicos do Estado, assim como anseio Por informagées sobre a vida pessoal Brandes figurdes da época que estavam envolvidos no esquema repressivo. Aumont el fora da prisdo, chegou a se encontrar varias vezes com a militante e ‘ascimento Furtado. Tentava ajuda-la de alguma maneira, pois sua foto SUVaem todas ne antnnne sees Mecca ees yar? eae Digitalizado com CamScanner Guerrilh € revolugio 196 pncedida A ators en 16 de novembro de yao entrevista conced em ed Maron Asef, Rrtats do ul solace 1téia na fy, io Crue do Sul, 2000. ctano Veloso sinpreende até Patina e fy aha em Pata, “Cactane 9 ‘mn sun banana de pijama’ esteve the provina de juerriliyy It deserenn ; y: hahiaempanta.com. b1/?p 4740; te rpg Belem ‘\ guevtitheiia que mandava em Cathy aon caligto 1098, 4 to de novembre de upton . rrilheira-que-mandava-emn carlo columas innprensla Marighety Nair Benedicto, entrevista concedida a autora em 19 de juno de v: Editora Civilizagao b Pre Betta, Cartas da prio, Riv de fanei brasileira, tg Tata dear br Ai cakdl 8 WoT de Cats Marighella, Janeiny, 1087. entrevista concedida d autora em 4 de maio de 2012, seques Breyton, Dun continent d Fate, Mémoires, (5.1, s:n.], 200% Sandra Negracs Brisolla, entrevista concedida a autora em 24 de outa Ana Mai Recont & Rosa dos Tempos, 1998. j Albertina Costa, Memérias das mulheres do exilio, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1 Paulo Ribeiro da Cunha, Aconteceu longe demais: a luta pela tera dos possezss me cy Trombas ea Revolugdo Brasilia (19501964), Sao Paulo: Editora UNESP, soc Arlete Lopes Diogo, entrevista concedida & autora em 12 de junho de 2010 Francesca Escribano, Descalgo sobre a terra vermelha, Campinas: Editora de 2000. 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