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A Restauração da Alma:

O Que É e o Que Não É?


Abaixo, segue um perfil do que a Restauração da Alma não é, resumindo muitos dos
conceitos errados quanto a ela. O que segue é adaptado do primeiro capítulo do livro do
David Kornfield, Introdução à Restauração da Alma, Editora Vida.

A) A restauraçã da alma não é algo recebido automaticamente quando recebemos a


Jesus como nosso Salvador e Senhor. Nosso corpo não é transformado quando somos
salvos. Nosso Q.I. não dá um pulo. Igualmente, nossos problemas emocionais, nossas
feridas e traumas do passado não somem simplesmente. Alguns pastores ensinam que o
crente não tem mais problemas, que a nova identidade em Cristo automaticamente o
transforma totalmente. Isso não corresponde à realidade. Nosso espírito realmente é
novo, somos nascidos de novo a nível de nosso espírito e somos santos! Ao mesmo
tempo, nossa alma precisa de santificação que é um processo contínuo até vermos a
Jesus face a face. A alma tem sido definida de forma clássica como a vontade, a mente e
as emoções. Essa mente precisa ser renovada (Rm 12.1), a vontade precisa ser alinhada
com Jesus dia após dia (Lc 9.23) e as emoções transformadas também a cada dia (Ef
4.25-31). Se tudo fosse transformado automaticamente quando recebêssemos Jesus,
Paulo nem haveria escrito todas as suas cartas!

B) A restauração da alma não é algo recebido automaticamente quando somos batizados


ou ungidos pelo Espírito Santo. O Espírito Santo nos dá mais poder, sentimos o renovo
em nosso espírito, mas ainda precisamos de um processo de cura/restauração que atinja
nossas feridas. Caráter não vem através de unção. Infelizmente muitos, até pastores e
líderes, tem mais unção do que caráter. A vida cristã envolve toda a disciplina de uma
atleta (1 Co 9.19-23). Igual ao atleta, músico ou qualquer outro que demonstra graça
especial, nós nunca chegamos ao ponto em que não precisamos nos dedicar às
disciplinas básicas de um discípulo. Ser ungido não quer dizer que agora somos
exemplo do esforço e disciplina cristã quanto à santificação. A cura emocional, na
verdade, é a santificação aplicada ao passado.

C) A restauração da alma não vem por meio de reconhecer nossa necessidade dela. Isso
é o primeiro passo, sem dúvida. Porém, da mesma forma que uma pessoa reconhecer
que tem câncer não resolve o problema; da mesma forma, simplesmente reconhecer que
temos traumas emocionais não é suficiente. Precisamos nos responsabilizar para
procurar uma ajuda, aconselhamento ou tratamento que esteja a altura de nossas
carências.

D) A restauração da alma não é algo que recebemos quando alguém faz uma oração
especial por nós, ainda que essa pessoa tenha dons especiais. A oração de outros
normalmente é indispensável na cura, mas ela também requer a nossa participação.
Repetidas vezes encontramos pessoas que passaram por uma ministração de libertação
ou cura sem ver mudanças significativas. Quando perguntamos, descobrimos que foram
passivas, ficando quietas enquanto que outras pessoas oravam e ministravam. Quando
ministramos de novo, nesta vez a pessoa assumindo um papel ativo, as mudanças após a
ministração são notáveis.

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E) A restauração da alma normalmente não vem em um ou dois encontros, se a pessoa
estiver seriamente ferida ou traumatizada. Requer um processo sério de meses ou anos,
dependendo do trauma da pessoa e a seriedade com a qual ela se entrega a sua
restauração. Às vezes, vem em diferentes etapas, segundo o que estamos prontos a
suportar. Jesus é muito sensível às nossas limitações. É como alguém que vai passar por
uma cirurgia e precisa de um certo nível de saúde para sobreviver. Assim, a pessoa
traumatizada muitas vezes nem reconhece o nível de sua doença emocional, até saber
que tem em Deus, suficiente força para agüentar a cirurgia emocional. Depois de três
anos com os discípulos, Jesus falou “Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o
podem suportar agora” (João 16.12).

Nós temos aprendido a não ministrar cura para pessoas que não tem demonstrado
seriedade quanto à restauração de suas vidas. Apenas ministramos para pessoas em
grupos de apoio, porque quando a ministração é divina, o processo de firmar o que Deus
fez precisa de uma caminhada longa e séria com o apoio de pessoas comprometidas com
a nossa restauração. Normalmente o efeito de uma ministração sem seguimento e apoio
sério acaba sumindo dentro de algumas semanas.

F) A restauração da alma tipicamente não é algo ministrado por um psicólogo, ainda


que passemos por meses de aconselhamento. O psicólogo ou psiquiatra pode ajudar-nos
a entender verdades chaves para nossas vidas, mas, com algumas exceções, é mais um
facilitador do que um conselheiro que entra ativamente na alma da pessoa e acompanha,
de dentro para fora, a dor e o mover curador do Espírito. O psicólogo normalmente
trabalha a nível horizontal, através de conversa, ajudando a pessoa a se entender. A
restauração da alma trabalha a nível vertical, através de um encontro divino, ajudando a
pessoa a experimentar Jesus como nunca antes na área de suas dores e feridas.

Ao mesmo tempo, esclarecemos que os que ministram na área de cura interior e no


ministério de restauração devem fazer todo o possível para ter o apoio de um psicólogo
ou psiquiatra que conheça as dinâmicas do Espírito. Nós precisamos saber quando os
problemas que estamos enfrentando vão além de nossa sabedoria e capacidade.
Devemos ter alguém a quem possamos consultar e também indicar pessoas com
problemas com os quais não estamos habilitados a trabalhar.

O que, então, é restauração da alma?! Deixe-me propor uma definição.

1. Reconhecer nossas feridas, defesas e responsabilidades;


2. Receber o perdão e a libertação de Deus; e
3. Poder transmitir o mesmo para os que nos machucaram e abusaram de nós.

Quais comentários ou perguntas vêm a sua mente ao ler esta definição? Anote suas
idéias e procure uma forma de compartilha-las com alguém, sua família ou um grupo
pequeno.

Examinemos brevemente cada frase da definição.

1. A restauração:
o da esperança daquele que pensou que estava perdido.
o dos propósitos de Deus.
o dos relacionamentos que Ele sempre quis para nós.

2
o do amor e alegria pelos quais fomos criados (e para os quais fomos
criados!)
o da imagem de Deus.
o da glória de Deus. Cristo em nós. . . a esperança da glória!

Restauração! Que palavra mais bela. Quantas coisas lindas estão embutidas
nessa única palavra! Glória a Deus! Ele nos tem restaurado. E está nos
restaurando. E nos restaurará completamente quando o virmos face a face!

2. A restauração da alma ferida


o pelos que demandaram e sugaram, quando deviam nutrir e suprir.
o pelos que nos acusaram e nos abandonaram, quando esperávamos
encorajamento e lealdade.
o pelos que nos atacaram e abusaram, quando Deus os colocou para nos
proteger e defender.
o pelos que controlaram e manipularam, quando o chamado deles foi amar
e servir.
o pelos que nos afastaram de Deus, deixando-nos duvidando dEle, quando
deveriam ser espelho e representantes dEle.

Feridas profundas que só Deus pode curar, almas que só Ele pode restaurar.

3. A restauração da alma ferida por meio de:


o reconhecer nossas feridas, defesas e responsabilidades:
 admitindo que essas coisas terríveis aconteceram e aceitando a
imensa dor que causaram.
 entendendo as barreiras ao amor e graça que construímos através
dos anos, os muros atrás dos quais nos escondemos.
 confessando nossa ira, nosso medo, nossa inabilidade de perdoar,
nossas acusações (conscientes ou inconscientes) de que Deus nos
abandonou em nossos momentos de necessidade.
o experimentar Jesus levando sobre si essas feridas:
 estando conosco nesse momento de trauma.
 sentindo nossa dor conosco.
 assumindo essas feridas.
 protegendo-nos no meio do ataque.
 perdoando os violentos, os opressores e os abusadores.
 como o Justo e a quem pertence a vingança.

Sublinhe as frases nesta leitura de Isaías 53.2b-5 que expressam que Jesus
participou dos momentos mais terríveis pelos quais você tem passado:

Ele (Jesus) não era bonito nem simpático, nem tinha nenhuma beleza que chamasse a
nossa atenção ou que nos agradasse. Ele foi rejeitado e desprezado por todos; ele
suportou dores e sofrimentos sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós
nem mesmo olhávamos para ele e o desprezávamos. No entanto era o nosso sofrimento
que ele estava carregando, era a nossa dor que ele estava suportando. E nós
pensávamos que era por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando,
que Deus o estava maltratando e ferindo. Porém ele estava sofrendo por causa dos
nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos

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curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu.
Isaías 53.2b-5 (BLH)

 Receber o perdão e a libertação de Deus. Recebendo:


o perdão por deixarmo-nos afastar de Deus, de outros e de nós mesmos.
o perdão por não acreditar no amor e na graça de Deus em relação a essa(s)
pessoa(s).
o libertação de nossas emoções angustiantes.
o libertação de barreiras e fraquezas que não conseguimos superar.
o libertação para renovar uma intimidade com Deus e com outros que
havíamos perdido.
 Poder transmitir o mesmo para os que nos machucaram e abusaram de nós,
como na oração de Francisco de Assis:

“Senhor, faça-me um instrumento de Sua paz.


Onde houver ódio, permita-me semear amor;
Onde houver ferida, perdão;
Onde houver dúvida, fé;
Onde houver desespero, esperança;
Onde houver escuridão, luz;
E onde houver tristeza, alegria.
Senhor, permita que eu possa procurar mais
Consolar do que ser consolado,
Entender do que ser entendido,
Amar do que ser amado,
Porque é no dar que recebemos,
No perdoar que somos perdoados,
E no morrer que acordamos para a vida eterna.”

Encorajamos você a entrar num momento especial de oração expressando para Deus o
que estiver sentindo.

Para mais informações aperte no link que lhe interesse abaixo:

1. Uma Base Bíblica para o Ministério de Restauração de Almas

2. Como Iniciar uma Equipe de Restauração de Almas


3. O Currículo de Três Anos de Treinamento
4. Recursos para o Ministério

Se quiser, volte para a página principal do Rever.

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A Base Bíblica para o Ministério de Restauração
A seguir veremos, de forma resumida e apenas esboçada, três aspectos da base bíblica
quanto ao ministério de restauração:

1. O Antigo Testamento
2. A missão de Jesus Cristo e a Nossa
3. O Ensino de Paulo e Pedro

1. O Antigo Testamento

A. Os nomes de Deus expressam Seu caráter: Jeová-Rafa : “Sou o Senhor que te sara”
(Êx 15.26)

B. “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se
converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados
e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14). Este famoso versículo fala de um processo coletivo de
restauração com quatro elementos do que nós precisamos fazer e que ainda hoje
funcionam; como também três aspectos do amor de Deus para com seu povo que
procura restauração.

C. O livro de Isaías se divide em duas partes: a) Capítulos 1-39 sobre condenação e


julgamento e b) Capítulos 40-66 sobre consolo e restauração. Aspetos da restauração
surgem de muitas formas nesta segunda parte. A leitura, na atitude de ouvir o Pai
falando para nós, pode ser uma forma poderosa em que Deus ministra cura. Segue uma
das muitas passagens lindas dessa segunda parte, citando partes da versão Atualizada
(neste caso em itálico) e partes da Bíblia Viva (em letra normal). Deixe o Espírito de
Deus ministrar para você através de uma leitura em voz alta e pausada.

“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor Me ungiu para pregar
boas-novas aos quebrantados, (aos desanimados e aflitos), enviou-me a curar os
quebrantados de coração (os que tem o coração partido), a proclamar libertação aos
cativos (aos presos) e a pôr em liberdade os algemados. Ele me mandou anunciar a
chegada do dia em que o Senhor vai mostrar a todos a sua graça, e também o dia em
que Deus vai Se vingar de Seus inimigos. Ele Me mandou consolar os que estão
chorando, e dar a todos os que estão de luto em Israel, uma bela coroa em vez de
cinzas sobre a cabeça, perfume de alegria em vez de lágrimas de tristeza no rosto,
roupas de festa e louvor em vez de um espírito triste e abatido (angustiado). Porque o
Senhor vai plantar esse povo; eles serão fortes e belos como carvalhos, e darão glória
a Ele. Eles vão reconstruir, edificarão os lugares antigamente assolados, restaurarão
os de antes destruídos, e renovarão as cidades arruinadas, destruídas de geração em
geração (Isaías 61.1-4 – ERA e BV).

D. Existem muitos outros textos no Antigo Testamento que falam sobre restauração.
Diversos deles são citados nos livros: Introdução à Restauração da Alma, Aprofundando
a Cura Interior Através de Grupos de Apoio, Volumes 1 e 2 do David Kornfield, como
indicado no Índice de Versículos ao final desse último livro, inclusive vários do Antigo
Testamento.

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2. A Missão de Jesus Cristo e a Nossa

Daremos continuidade ao assunto vendo a interpretação que Jesus fez de Isaías 61.1-4
em Lucas 4.18, 19 (NVI).
O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para pregar boas novas aos
pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos
cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor .

Anote algumas perguntas ou observações quanto às frases que chamam sua atenção. Os
versículos a seguir indicam que esta missão de Jesus não terminou com sua vida ou
morte aqui na terra.

Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. . . Minha oração não é


apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem
deles ” (João 17.18, 20).

Segundo estes versículos, você tem sido enviado como Jesus foi enviado? Sim/Não.

Jesus foi enviado para cumprir Lc 4.18-19 (e Is 61.1-4). Você também tem essa missão?
Sim/Não

3. Outro versículo parecido diz:

Novamente Jesus disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os
envio”. E com isso, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo. Se
perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não
estarão perdoados” (João 20.21-23).

Observações:

 Percebemos que a missão dos verdadeiros discípulos é o mesmo que o de Cristo.


 Vemos também, como em Lucas 4.18, 19, que para cumprir nossa missão, pela
qual fomos enviados, dependemos da ação (orientação e unção) do Espírito
Santo.
 O coração desta missão está ligado ao perdão (e conseqüentemente à
reconciliação). Nós, os enviados, somos agentes das boas novas de salvação,
libertação e restauração que atinge todos os aspetos do ser humano: seu corpo,
alma e espírito.
 Se optarmos em não sermos tais agentes, conseqüentemente bloquearemos o
fluir do Espírito e do perdão, é possível que pessoas não receberão a graça que
tanto precisam (pelo menos não na hora que poderíamos haver estendido a
mesma para eles).

Tome cinco minutos para escrever o que Deus está dizendo para você em relação a Lc
4.18, 19 e os versículos citados em João acima. Releia todos as três passagens e então
fique quieto para ouvir o que Deus está dizendo. Depois anote o que você está ouvindo
ou as suas reflexões.

O capítulo três do livro Introdução à Restauração da Alma acrescenta à base bíblica


indicada aqui, especialmente sobre o ministério e a perspectiva de Jesus.

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3. O Ensino de Paulo e Pedro

Romanos 7- 8 é a passagem que classicamente descreve dois momentos na vida cristã:


da derrota (7.14-26) e da vitória (capítulo 8).

A. O momento da derrota

1. “Sou carnal” (v. 14, ERA). Neste momento a pessoa age como um animal,
dominado por sua carne, satisfazendo seu corpo e os desejos da carne. A
identidade de ser pecador (carnal) é mais real e poderoso do que a nova
identidade em Cristo de ser santo.
2. “Vendido à escravidão do pecado” (v. 14). De forma parecida, um pouco depois,
Paulo diz que ele é “prisioneiro da lei do pecado” ( v. 23). Esta pessoa vive em
escravidão. Ele não tem controle sobre o pecado. O pecado tem controle sobre
ele.
3. “Miserável” (v. 24). Esta pessoa não tem esperança de ser liberta.

B. O momento da vitória

1. “Agora já não há condenação” (v. 1, NVI). A pessoa vitoriosa está livre da


condenação, especialmente da auto-condenação, como também do temor do
julgamento de outras pessoas.
2. Livre da lei do pecado e da morte (v. 2). Esta pessoa não está mais sob o
domínio do pecado. É como um soldado que deu baixa do exército e saindo do
quartel viu seu sargento. Começa a fazer continência e fica momentaneamente a
disposição do sargento. Mas de repente lembra que ele não está mais sob a
autoridade do exército. Com um sorriso grande, e andando a vontade, ele passa
pelo sargento com um “Oi, tudo bem?” e continua andando sem nem se
preocupar com a resposta de sua pergunta.
3. Não vivendo segundo a carne mas segundo o Espírito (vv. 4-13). Os que têm a
identidade de pecador, vivem em Romanos 7. Os que têm a identidade de santo,
vivem em Romanos 8.
4. Fazendo morrer os atos carnais (v. 13). Existe guerra, mas é a guerra de um
vitorioso. Não é a guerra de alguém sem esperança que já sabe que vai perder.
5. Tendo um espírito de adoção que nos leva à intimidade com Deus como nosso
Pai ( vv. 14-17). A pessoa vitoriosa desfruta da segurança, confiança e
intimidade de relacionar-se com Deus como um Pai amoroso e bom. Isto é
difícil para alguém que não teve um pai amoroso. Pode também ser difícil para
alguém que nasceu em berço evangélico e foi criado como servo de Deus,
desenvolvendo uma identidade de servo, não de filho.

De forma parecida, nós como crentes não estamos mais sob a autoridade do reino de
Satanás, nosso velho exército. Infelizmente, esquecemos disso ou às vezes achamos,
como o povo de Israel no deserto, que seria melhor voltar à velha forma de vida e
acabamos escolhendo o pecado. Mas essa escolha, apesar de errada, não é a mesma
coisa que estar sob a autoridade e domínio do pecado.

Poucas pessoas entendem que podemos discernir três momentos em Romanos 7 e 8 e


não apenas duas. Além da derrota e da vitória descritas acima, existe um terceiro

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momento: o de sofrimento e fraqueza (8.17-27). Este estudo é elaborado no Manual
para Equipes de Cura Interior, Capítulo 1.

Vejamos com mais detalhes, sete características de alguém que está vivendo neste
terceiro momento, o de sofrimento e fraqueza. Esta pessoa:

1. Sofre (vv. 17-18) Hb 2.10; Rm 8.1-5; Tg 1.2-4


2. Confia que a glória de Deus será revelada nela (vv. 17-21) 2 Co 3.18; Fp 1.6
3. Geme e sente dor profunda (vv. 22-23) Fp 3.12; Is 6; 2 Co 10.4-6
4. Tem esperança (vv. 23-25) “Esperança é a ardente e inabalável expectativa de
receber algo ainda não visível, mas garantido” Rm 8.18-25. Cl 1.27 “Cristo em
nós, a esperança da glória! ” Jó 19.25 “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e
por fim se levantará sobre a terra .”
5. Sente fraqueza (v. 26) Esta fraqueza é diferente de pecado (pelo qual somos
responsáveis) e também de doença (pela qual não somos responsáveis). 2 Co
12.7-10
6. Não sabe como orar (vv. 26, 27)
7. Experimenta o Espírito intercedendo por ela (vv. 26-27) Tg 4.14-16

Muitas pessoas que passam por este momento (que pode demorar horas, semanas ou
anos) não entendem que existe um terceiro momento da vida cristã. Por entender apenas
dois momentos e saber que não estão no momento vitorioso se julgam derrotados. Mas a
vida de sofrimento e fraqueza descrita em Romanos 8 é parte íntegra da vida no
Espírito. O final de Romanos 8, começando em versículo 28, descreve segredos que
levam alguém que está vivendo este terceiro momento, a ser vitorioso no meio do
mesmo e não apenas quando esse momento passa.

Vejamos outra passagem:

“Porque, se estas qualidades (do caráter de Cristo) existirem e estiverem crescendo em


suas vidas, elas impedirão que vocês sejam inoperantes e improdutivos (inativos e
infrutuosos – ERA) no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, se
alguém não as tem (não tem as qualidades do caráter cristão nos versículos
anteriores), está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus
antigos pecados” (2 Pe 1.8, 9 - NVI).

Muitos crentes são inativos e infrutíferos ou improdutivos. A razão é cegueira,


especialmente cegueira de negar ou ignorar o efeito de nossos antigos pecados.
Poderíamos ampliar isso, dizendo também antigas feridas. Quando conseguimos
realmente entregar estas áreas a Jesus e experimentar um “pleno conhecimento” dEle
estar presente no meio de toda essa dor e tristeza, podemos ser purificados ou
santificados dessas raízes que nos impediram por tanto tempo. A cura interior é apenas a
santificação do passado.

Falamos de sete qualidades da vida de sofrimento e fraqueza. Para concluir, e para


aplicar o ensino acima, dê uma nota a si mesmo de 0 a 10 nessas qualidades. As sete
compõem o perfil de uma pessoa vivendo o momento de sofrimento e fraqueza, tendo a
possibilidade de fazer isso no Espírito. Se você simplesmente não se identifica com
algum item, coloque uma barra indicando que um número não é indicado nesse caso.

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1. ____ Estou sofrendo (se for muito, coloque um número alto).
2. ____ Estou confiante que a glória de Deus será revelada em mim durante e ao
final de meus sofrimentos.
3. ____ Sinto dor, às vezes sentindo desejo de chorar ou gemer.
4. ____ Tenho esperança, uma ardente e inabalável expectativa de que minha vida
melhorará.
5. ____ Sinto fraqueza.
6. ____ Não sei como orar para superar o sofrimento ou a fraqueza.
7. ____ O Espírito intercede por mim, especialmente por meio de outros irmãos
com quem eu tenho compartilhado minhas fraquezas.

Procure alguém com quem pode compartilhar este estudo e as notas que mais lhe
preocupam na lista acima. Orem juntos, separando tempo para ouvir a Deus no meio
disso.

Como Iniciar uma Equipe REVER


O MAPI oferece três anos de treinamento para equipes do REVER (Restaurando Vidas
e Equipando Restauradores):

1º) um ano de Introdução à Restauração da Alma


2º) um ano de grupos de apoio e começando a ministrar restauração
3º) outro para concluir os Doze Passos nos grupos de apoio e amadurecer-se em relação
a ministrar restaruração.

Cada ano inclui 17 dias de treinamento: dez em três módulos anuais de 3-4 dias no
começo, meio e fim do ano e sete encontros mensais de um sábado oferecido nos
diversos Estados onde MAPI tem coordenadores ou representantes estaduais do
REVER. Um certificado reconhecendo competência como ministro e instrutor de cura
interior é entregue a todos os que participam do treinamento por três anos e
implementam com êxito este ministério em sua igreja.

Abaixo seguem as dicas para enviar uma equipe a fim de iniciar o primeiro ano de
treinamento. Para mais informações, ligue para o MAPI Nacional em São Paulo (11)
5523-2544 ramal 142 ou para o escritório Nacional do REVER em Joinville (47) 3472-
2056.

1. Ore. Muito! (e ore antes e depois de cada um dos passos a seguir!)

2. Forme um grupo de estudo semanal (3-30 pessoas) para estudarem os livros:


o Floyd McClung, O Imensurável Amor de Deus (Ed. Vida).
o David Seamands, Cura Para os Traumas Emocionais (Ed. Betânia).
3. Os que se destacam nesse grupo de estudo podem ser pessoas que têm um
chamado para o ministério do REVER. Selecione três pessoas como possíveis
líderes de uma equipe do REVER.

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Critérios:

o ter o aval do pastor


o demonstrar maturidade emocional e espiritual,
o sentir um chamado nesta área,
o dispor de tempo para investir nesse ministério,
o normalmente ter sofrido traumas significativos
o ter experimentado de alguma forma a graça de Deus curando, pelo menos
parcialmente, essas feridas.
4. Envie essas três pessoas aos treinamento regional do REVER em 2005.
(Agenda). Encorajamos o pastor participar deste primeiro módulo de
treinamento para tirar as dúvidas e poder futuramente dar uma cobertura
espiritual com confiança à equipe.
5. Esses líderes, junto com outros interessados em somar-se a eles como equipe,
devem estudar o livro Introdução à Restauração da Alma (Ed. Vida)
semanalmente no primeiro semestre.
6. Todos os membros da equipe que puderem, devem participar dos sábados
mensais de treinamento liderado pelo(a) coordenador(a) estadual.
7. Ofereça o curso “Introdução à Restauração da Alma” para uma turma de 30-70
pessoas na igreja local, sugerimos que inicie no segundo semestre, começando
em agosto, (podendo incluir não crentes e pessoas de outras igrejas).
8. Participe dos treinamentos do REVER e do Congresso sobre 28 a 31 de
Outubro, VIII Congresso Nacional do REVER "RESTAURANDO A
FAMÍLIA: Duas trilhas: 1. Integrando e Restaurando Solteiros Separados e
Divorciados (Fausto Aguiar) e 2. Fortalecendo Casamentos e Relacionamento
com Filhos. Curitiba, PA; mais informações: Vânia (41) 263-3692 ou 263-3693;
Leny (47) 472-2056.
9. Inicie grupos de apoio e comece a ministrar restauração da alma, repetindo a
seqüência de treinamento para segundo anistas (17 dias).

Recursos para o Ministério REVER

1. Kornfield, David;
Introdução à Restauração da Alma,
Editora Sepal.
Este primeiro livro da Série Grupos de Apoio para Pessoas Feridas tem uma
auto-avaliação para iniciar cada capítulo, ajudando assim as pessoas a se
conhecerem como nunca antes e a decidirem, até o final do curso, se precisam
passar para um tratamento maior nos grupos de apoio. Cada capítulo tem livros
comentados, para os que querem se aprofundar mais naquele tema.

2. Kornfield, David;
Aprofundando à Cura Interior Volumes I e II,
Editora Sepal.
Baseado nos Doze Passos de Alcoólatras Anônimos, com estudos bíblicos para

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cada passo. Estes livros formam a base para abrir grupos de apoio na igreja local
sob a supervisão e liderança de uma equipe de ministério de restauração.
3. Kornfield, Débora;
Vítima, Sobrevivente, Vencedor (Perspectivas sobre Abuso Sexual),
Editora Sepal, 2000.
Não existe outra área em que nós conhecemos, que mais destrói a estrutura
interior de uma pessoa. Este livro dá dicas especiais para ajudar
aproximadamente um em sete que tem sofrido abuso

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