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33 FIBROSE CÍSTICA
Cláudia Tozato
Fisioterapeuta da Santa Casa de São Paulo
Supervisora do Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória Santa Casa SP
Mestranda em distúrbios do desenvolvimento – Mackenzie
Luciana Carnevalli Pereira
Fisioterapeuta da Santa Casa de São Paulo
Supervisora do Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória Santa Casa SP
Mestranda em Gerontologia – PUC
Vera Lúcia Alves dos Santos
Chefe do Serviço de Fisioterapia da Santa Casa de São Paulo
Coordenadora dos estágios de Fisioterapia da Santa Casa de São Paulo
Mestranda em Gerontologia –PUC
A fibrose cística (FC) é uma doença genética, terapia inalatória e suporte ventilatório não invasivo.
hereditária, sistêmica, de evolução crônica e progres- Tradicionalmente a fisioterapia torácica constitui
siva, caracterizada por uma disfunção das glândulas um tratamento passivo, usualmente combinado com
exócrinas (glândulas sudoríparas, pâncreas, aparelho drenagem postural e técnicas de percussão torácica
digestivo e respiratório). O comprometimento pulmo- (tapotagem e vibração), promovendo o descolamento
nar é o principal responsável pelos altos índices de e deslocamento da secreção pulmonar. As manobras
morbidade e mortalidade; a secreção pulmonar tor- passivas podem ser aplicadas em qualquer idade, sendo
na-se densa e aderida ao epitélio brônquico levando à comumente realizadas em bebês e crianças na primei-
obstrução e, consequentemente a infecções ra infância. Devido à resistência do paciente
bacterianas crônicas e recorrentes, associadas a pneumopata crônico em aceitar o tratamento
atelectasias e bronquiectasias [1,2]. fisioterapêutico, cada vez mais tem se desenvolvido
As primeiras manifestações ocorrem, geralmen- outras técnicas com o mesmo objetivo – higiene
te no segundo semestre de vida, com crises de tosse e brônquica. Como ilustra o quadro 1.
sibilância acompanhadas de sinais evidentes de infec-
ção pulmonar .Muitas vezes, a queixa só se torna re- Ciclo ativo da respiração
levante no segundo ou terceiro ano de vida pela inten- Drenagem autogênica
sidade da tosse, onde o exame clínico revela dedos Mobilização torácica
em “baqueta de tambor”, cifose torácica e radiografi- Flutter – VRP1/ RC cornet
as mostram áreas de atelectasia e broncopneumonia. Tosse ( Huffing e TEF)
A evolução da broncopneumonia é progressiva e pode
resultar em insuficiência respiratória crônica acompa- Quadro 1: Técnicas de higiene brônquica
nhada de dispnéia aos esforços e/ ou repouso, cianose,
unhas em “vidro de relógio”, levando a cor pulmonale
[3,4]. · Ciclo ativo da respiração
O avanço terapêutico alcançado nos últimos 15 É uma técnica de expansão torácica associada a
anos vem permitindo uma sobrevida maior e melhora expiração forçada (TEF), freqüentemente combinada
da qualidade de vida. com a drenagem postural. O volume pulmonar duran-
A fisioterapia é parte integrante da terapêutica te a expansão torácica possibilita o deslocamento de
de pacientes com fibrose cística e seus objetivos não secreções distais e a combinação da compressão na
se limitam apenas a higiene brônquica, mas também expiração promove o deslocamento do ponto de igual
incluem um programa de exercícios físicos e posturais, pressão [5]. Fig 1
Figura 2
Drenagem autogênica
· Mobilização torácica
Os exercícios de mobilização torácica combina-
da com movimentos ativos de tronco e membros su-
periores associados com a respiração são importan-
tes para eliminação de secreção , permitindo a manu- Figura 4 - Flutter
tenção da mobilidade da coluna vertebral entre o
esterno e as costelas . A respiração é ponto funda-
mental e a melhora da mobilidade tem efeito positivo · Tosse ( Huffing – TEF)
no reequilíbrio postural [7]. Após o deslocamento da secreção para laringe
A mobilização torácica não deve ser vista como ou parte superior da traquéia, o paciente deve ser ori-
uma terapia complementar ,mas sim ,como forma de entado a tossir contra os lábios cerrados ,facilitando o
integração aos movimentos diários Fig. 3 deslocamento do muco em direção a boca
[9].
Um outro método para o deslocamento
Figura 3 – Mobilização torácica da secreção é o huffing, uma técnica de
expiração forçada (TEF), na qual, as vias
aéreas são mantidas abertas através de um
· Flutter VRP, - Desitin / RC Cornet sopro rápido e curto, onde o ar expirado
O flutter é um aparelho constituído por auxilia na eliminação da secreção.
um corpo ,um funil com abertura expiratória A técnica consiste em o paciente reali-
com vários orifícios e uma esfera metálica . zar uma inspiração lenta, seguida de uma pau-
Deve ser utilizado na expiração ,onde a resistência ofe- sa inspiratória e então, um esforço expiratório, utili-
recida pela esfera metálica aumenta a pressão no inte- zando a contração da musculatura abdominal. Fig 5
Oxigenoterapia