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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

JANAÍNA MAURI

DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DE BRÓCOLOS EM


FUNÇÃO DE SUBSTRATOS E DA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DA SEMENTE

ALEGRE
2009
1

JANAÍNA MAURI

DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DE BRÓCOLOS EM


FUNÇÃO DE SUBSTRATOS E DA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DA SEMENTE

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Produção Vegetal do
Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Espírito Santo,
como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Produção Vegetal, na
área de concentração em Ecofisiologia da
germinação e desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. José Carlos Lopes

ALEGRE
2009
2

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)


(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Mauri, Janaína, 1983-


M454d Desenvolvimento e produção de brócolos em função de substratos e da
qualidade fisiológica da semente / Janaína Mauri. – 2009.
106 f. : il.

Orientador: José Carlos Lopes.


Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de
Ciências Agrárias.

1. Brócolo – Adubação. 2. Produtuvidade. 3. Sementes – Fisiologia –


Qualidade. 4. Análise foliar. I. Lopes, José Carlos. II. Universidade Federal do
Espírito Santo. Centro de Ciências Agrárias. III. Título.

CDU: 63
3
4

Aos meus pais, Henrique Mauri e Marilene


Cassaro Mauri, pelo amor incondicional e pela
força.

À minha avó Maria Posse Mauri (in memorian)


que sempre torceu e acreditou em minha
capacidade.
5

AGRADECIMENTOS

Agradecer é um privilégio, afinal se agradecemos é porque vivemos bons momentos


e aquilo por que passamos valeu a pena e nos faz crescer. Dessa forma, deixo aqui
meus agradecimentos.

A Deus, por estar sempre presente e por tudo que tem realizado em minha vida.

Ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo


(CCA/UFES), pela oportunidade concedida para a realização deste curso de
Mestrado.

Ao Prof. Dr José Carlos Lopes, pela orientação, confiança e apoio em várias etapas
superadas, que contribuíram para minha formação e realização do trabalho.

Aos professores Adésio Ferreira e José Francisco Teixeira do Amaral, pelas


contribuições valiosas neste trabalho e pela amizade.

À CAPES, pela concessão de bolsa.

Aos meus pais, Henrique e Marilene, pela força, apoio e amor incondicional.

Aos meus irmãos, Juliana e Henrique Geraldo, pelo apoio, amor e amizade.

À minha madrinha Cecília, pelo carinho e apoio.

À Engenheira Agrônoma, Marilda Torres Capucho, pelas sugestões e solidariedade.

Ao funcionário do Laboratório de Tecnologia e Análise de Sementes, José Maria


Barbosa, pelo apoio prestado.

A todos os professores do Departamento ou do Programa de Pós-graduação em


especial aos professores: Adilson Caten, Felipe, Renato, José Augusto Teixeira do
Amaral e Rodrigo, pelos conhecimentos transmitidos e atenção.

Aos professores Felizardo e Joseane, pela amizade e apoio.

À empresa AGRISTAR, pela cessão das sementes convencionais de brócolos.

A todos os colegas do curso, em especial: Natiélia, Larissa, Tatiana, Ester e Carlos


Magno, pelas trocas de informações e experiências em vários momentos do curso.

Aos colegas e amigos Tiago Lopes, João Paulo, Paulo Cesar, Fabrício, Khetrin,
Bruna, Tiago Mesquita e Heitor, pela ajuda, atenção e amizade durante o
procedimento dos experimentos.

Ao Allan, pela amizade, atenção e solidariedade durante a condução dos


experimentos.
6

Aos amigos Eliane e Diego, pela força e apoio na etapa final deste trabalho.

Aos técnicos de laboratório Sílvio (Nutrição Mineral de Plantas), Marcelo e Maraboti


(Química do solo), Luiz (LAFARSOL) e Sônia (Física do Solo), por estarem sempre
prontos a nos atender, pelo carinho e apoio.

Aos bibliotecários do CCA-UFES Cândida, Cirlei, Paulinho e demais funcionários,


pela colaboração e acesso as bibliografias.

Às amigas Natiélia, Soninha e Larissa, pelo apoio e amizade em vários momentos


do curso.

Enfim, a todos os colegas e amigos que direta ou indiretamente, contribuíram para a


realização deste trabalho.
7

“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Por isso


aprendemos sempre.”
Paulo Freire

“É graça divina começar bem. Graça maior persistir


na caminhada certa. Mas, a graça das graças é não
desistir nunca.”
Helder Câmara
8

BIOGRAFIA

Janaína Mauri, filha de Henrique Mauri, nasceu em 04 de outubro de 1983, no


município de São Gabriel da Palha, Estado do Espírito Santo. Em 2003, ingressou
no curso de Ciências Biológicas da Escola de Ensino Superior São Francisco de
Assis (ESFA), em Santa Teresa- ES, concluindo-o em dezembro de 2006. Em
agosto de 2007, iniciou o curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Produção Vegetal, na área de concentração Ecofisiologia da Germinação e
Desenvolvimento de Plantas, no CCA-UFES, submetendo-se à defesa da
dissertação em setembro de 2009.
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RESUMO GERAL

Objetivou-se, neste trabalho, avaliar o efeito da qualidade da semente de brócolos


oriunda de cultivo orgânico e convencional sobre a germinação, o desenvolvimento e
a produção. Foram conduzidos três experimentos. No primeiro trabalho foram
avaliados a germinação e o desenvolvimento inicial de plântulas de brócolos de
cultivo orgânico e convencional em função de substratos e temperaturas. O trabalho
foi realizado no Laboratório de Tecnologia e Análises de Sementes do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA / UFES), em
Alegre-ES, Brasil. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso,
com quatro repetições de 25 sementes por tratamento, em um esquema fatorial
2x6x4 (dois lotes de sementes, seis substratos e quatro temperaturas). Os
substratos utilizados foram: Plantmax® (S1); Plantmax®+Fertium® 1g L-1 (S2);
Plantmax®+Fertium® 2g L-1 (S3); solo+areia+esterco (S4);
® -1 ® -1
solo+areia+esterco+Fertium 1g L (S5); e solo+areia+esterco+Fertium 2 g L (S6).
As temperaturas testadas foram 20ºC, 25ºC, 30ºC e 20-30ºC. No segundo, o objetivo
foi avaliar a produção e desenvolvimento do brócolos em função do sistema de
produção da semente e adubações orgânica e mineral em casa de vegetação. O
delineamento foi em blocos completos casualizados, com quatro repetições, em
arranjo fatorial 2x5 (lotes x substratos). Os substratos utilizados foram: S1 (solo +
areia + esterco); S2 (solo + areia + esterco + NPK); S3 (solo + areia + esterco +
Fertium® 10 g L-1); S4 (solo + areia + esterco + Fertium® 30 g L-1) e S5 (solo + areia
+ esterco + Fertium® 50 g L-1. No terceiro experimento foram avaliados o acúmulo de
biomassa e nutrientes em brócolos em função do sistema de produção da semente e
o tipo de adubação. O delineamento foi em blocos completos casualizados, com
quatro repetições, em arranjo fatorial 2x5 (lotes x substratos). Os substratos
utilizados foram: S1 (solo + areia + esterco); S2 (solo + areia + esterco + NPK); S3
(solo + areia + esterco + Fertium® 10 g L-1); S4 (solo + areia + esterco + Fertium® 30
g L-1) e S5 (solo + areia + esterco + Fertium® 50 g L-1. O substrato Plantmax®
apresenta maior CTC, fósforo e cálcio e é o mais recomendado para a germinação e
o desenvolvimento inicial das plântulas de brócolos. A temperatura constate de 30ºC
e a alternada de 20-30ºC são as recomendadas para a germinação de sementes de
brócolos orgânico e convencional, respectivamente. Não há influência significativa
10

da aplicação de condicionador de solo. Os cultivos de brócolos não diferem quanto à


origem das sementes. O substrato com adubação mineral solo+areia+esterco+NPK
apresenta maior desenvolvimento da cabeça ou parte aérea. Entre os substratos de
adubação orgânica o que apresenta maior desenvolvimento ou acúmulo de massa
seca é o substrato solo + areia + esterco + Fertium®,30 g L-1. O substrato com
adubação mineral solo+areia+esterco+NPK apresenta maior alocação de nutrientes
proporcionando maior acúmulo de massa fresca e seca. Entre os substratos
orgânicos o que apresenta maior acúmulo de nutrientes é o substrato solo + areia +
esterco + Fertium®,30 g L-1, diferindo somente no teor de potássio em sementes
convencionais e de enxofre nos substratos.

Palavras-chave: Brassica oleraceae. Vigor. Adubação. Produtividade. Análise foliar.


11

GENERAL ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of seed quality of broccoli come
from organic and conventional crops on the germination, development and
production. Three experiments were conducted: in the first one this study aimed
to evaluate the germination and seedling development of broccoli of the organic and
conventional cultivation under different substrates and temperatures. The work was
accomplished in the Laboratório de Tecnologia e Análises de Sementes of the
Centro de Ciências Agrárias of the Universidade Federal do Espírito Santo
(CCA/UFES), in Alegre-ES, Brasil. A completely randomized design was used with
four replications of 25 seeds, in a 2x6x4 factorial outline, with two lots (organic and
conventional seeds), six substrates (Plantmax® (S1); Plantmax®+Fertium® 1 g L-1
(S2); Plantmax®+Fertium® 2g L-1 (S3); soil+sand+manure (S4);
® -1
soil+sand+manure+Fertium 1 g L (S5); and soil+sand+manure+Fertium 2 g L-1
®

(S6), and four temperatures (20ºC, 25ºC, 30ºC and 20-30ºC). In the second, the
experiment was conducted in a greenhouse at the CCA-UFES, in Alegre-ES, with
objective to evaluate the broccoli production in function of system seed production
and fertilizer organic and mineral. Were utilized seeds of the cultivar Ramoso
Piracicaba broccoli from seed lots of organic and conventional production. The
experimental outline was in randomized blocks, with six replications in a factorial
arrangement 2x5 (lots x substrates). The substrate utilized was: S1 substrate (soil +
sand + manure), S2 (soil + sand + manure + NPK), S3 (soil + sand + manure +
Fertium® 10 g L-1), S4 (soil + sand + manure + Fertium® 30 g L-1) and S5 (soil + sand
+ manure + Fertium® 50 g L-1. 3º The experiment was conducted in a greenhouse at
the CCA-UFES, in Alegre-ES, with objective to evaluate the biomass accumulation
and nutrients in broccoli according to the seed production and fertilizer. Were utilized
seeds of the cultivar Ramoso Piracicaba broccoli from seed lots of organic and
conventional production. In the third, the experimental design was randomized
complete block with four replications in a factorial arrangement 2x5 (lots x
substrates). The substrate utilized was: S1 substrate (soil + sand + manure), S2 (soil
+ sand + manure + NPK), S3 (soil + sand + manure + Fertium® 10 g L-1), S4 (soil +
sand + manure + Fertium® 30 g L-1) and S5 (soil + sand + manure + Fertium® 50 g L-
1
. The Plantmax® substrate present more value of CTC, P and Ca, and is the more
12

suitable for the germination and initial development of broccoli seedlings. The better
percentages of germination occurr by using constant temperature of 30ºC and
alternate temperature of 20-35ºC for organic and conventional seeds, respectively.
The crops of broccoli did not differ as to the origin of the seeds. The substrate
fertilization with mineral soil + sand + manure + NPK, shows higher weight and
diameter and leave number per plant. The substrate fertilization with mineral soil +
sand + manure + NPK, has higher allocation of nutrients providing greater
accumulation of fresh and dry mass. Among the organic substrates which shows
higher accumulation of dry mass and nutrients is the substrate 4 (soil + sand +
manure + Fertium® 30 g L-1) differing only in the potassium content in conventional
seed and sulfur in substrates.

Key words: Brassica oleracea. Vigor. Productivity. Fertilization. Leaf analysis.


13

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1 Germinação da semente e desenvolvimento inicial da plântula de


brócolos, de cultivo orgânico e convencional, em função de
substratos e temperaturas
Tabela 1 – Composição química dos substratos................................................. 45

Tabela 2 – Análise de variância das variáveis: germinação, índice de


velocidade de emergência (IVE), matéria seca da parte aérea
(MSPA) e matéria seca das raízes (MSR) de Brassica oleraceae
oriundas de cultivo orgânico e convencional em diferentes
temperaturas e substratos................................................................. 47

Tabela 3 – Germinação, índice de velocidade de emergência (IVE), massa


seca da parte aérea e da raiz de plântulas de Brassica oleracea
var. italica oriundas de sementes de cultivo orgânico e 48
convencional, em diferentes temperaturas e substratos...................

Tabela 4 – Germinação (%), índice de velocidade de emergência (IVE) e


massa seca da parte aérea e da raiz de plântulas de Brassica
oleracea var. italica em diferentes temperaturas e substratos
oriundas de cultivo orgânico e convencional..................................... 52

Capítulo 2 Produção de brócolos em função do sistema de produção da


semente e adubações orgânica e mineral

Tabela 1 – Atributos físicos e químicos dos substratos....................................... 65

Tabela 2 – Quadrados médios dos dados obtidos na primeira e segunda fase


de estudo em cultivo de brócolos proveniente de sementes obtidas
de cultivo orgânico e convencional.................................................... 70

Tabela 3 Emergência (%), massa fresca (MFPA) (g) e massa seca da parte
aérea (MSPA) (g) de brócolos (Brassica oleracea L. var. italica),
em diferentes tipos de substratos, após 28 dias da semeadura....... 71

Tabela 4 – Índice de velocidade de emergência (IVE), altura (mm) e área foliar


(mm2) de brócolos (Brassica oleracea L. var. italica) provenientes
de sementes sob cultivo orgânico e convencional, em diferentes
substratos.......................................................................................... 72
14

Tabela 5 – Quadrados médios da taxa de crescimento absoluto, taxa de


crescimento relativo e incremento da área foliar e altura obtidos na
fase de desenvolvimento de Brassica oleracea L. var. italica
proveniente de sementes obtidas de cultivo orgânico e 74
convencional......................................................................................

Tabela 6 – Diâmetro do caule (mm), área foliar (mm2), volume da raiz (mL),
massa fresca e seca da parte aérea (g) e massa seca da raiz (g)
de cultivo de Brassica oleracea L. var. itálica, em diferentes tipos
de substratos após 104 dias da semeadura...................................... 78

Tabela 7 – Altura da planta (mm), comprimento da raiz principal (mm), área


foliar (mm2) e massa fresca da raiz (g) de Brassica oleracea L. var.
Italica Plenck, oriunda de sementes sob cultivo orgânico e
convencional em diferentes tipos de substratos após 104 dias da
semeadura......................................................................................... 78

Capítulo 3 Biomassa e teores de nutrientes em brócolos em diferentes


substratos

Tabela 1 – Atributos físicos e químicos dos substratos....................................... 93

Tabela 2 – Quadrados médios e parâmetros nutricionais e fisiológicos em


cultivos de brócolos utilizando sementes de cultivo orgânico e
convencional...................................................................................... 95

Tabela 3– Teores foliares de boro, cálcio, enxofre, fósforo, magnésio,


nitrogênio e massa fresca e seca da parte aérea de brócolos
Ramoso Piracicaba (Brassica oleracea L. var. itálica Plenck) sob
diferentes substratos......................................................................... 97

Tabela 4 – Teor de potássio e área foliar por planta de brócolos Ramoso


Piracicaba (Brassica oleracea L. var. itálica Plenck (Brassica
oleracea), proveniente de sementes de sistema de cultivo orgânico
e convencional, em diferentes tipos de substratos............................ 100
15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL..........................................................................................16

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................20


2.1 BRÓCOLOS E SUA ORIGEM.............................................................................20
2.2 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS, CLIMA E SOLO ..........................................20
2.3 IMPORTÂNCIA DO BRÓCOLOS........................................................................22
2.4 TIPOS DE CULTIVARES ....................................................................................23
2.5 AGRICULTURA ORGÂNICA...............................................................................24
2.6 ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL ................................................................26
2.7 GERMINAÇÃO....................................................................................................28
2.8 TRATOS CULTURAIS E PRODUTIVIDADE DO BRÓCOLOS ...........................28
2.9 SUBSTRATOS ....................................................................................................30
3 REFERÊNCIAS......................................................................................................34

CAPÍTULO 1 GERMINAÇÃO DA SEMENTE E DESENVOLVIMENTO INICIAL DA


PLÂNTULA DE BRÓCOLOS, DE CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL, EM
FUNÇÃO DE SUBSTRATOS E TEMPERATURAS .................................................40
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................42
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................44
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................47
CONCLUSÃO............................................................................................................54
REFERÊNCIAS.........................................................................................................55

CAPÍTULO 2 PRODUÇÃO DE BRÓCOLOS EM FUNÇÃO DO SISTEMA DE


PRODUÇÃO DA SEMENTE E ADUBAÇÕES ORGÂNICA E MINERAL.................58
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................60
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................63
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................68
CONCLUSÃO............................................................................................................82
REFERÊNCIAS.........................................................................................................83

CAPÍTULO 3 BIOMASSA E TEORES DE NUTRIENTES EM BRÓCOLOS EM


DIFERENTES SUBSTRATOS ..................................................................................87
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................89
MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................92
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................95
CONCLUSÃO..........................................................................................................102
REFERÊNCIAS.......................................................................................................103
16

1 INTRODUÇÃO GERAL

A produção de hortaliças, ou olericultura, é uma atividade agroeconômica altamente


intensiva que exige alto investimento por hectare explorado, identificando-se pelo
tamanho reduzido da área física ocupada, além de outras características, como ciclo
curto de produção, alta produtividade, inserindo-se em um contexto de mercado
dinâmico e notória utilização intensiva de mão-de-obra rural, contribuindo na redução
do desemprego (FILGUEIRA, 2003).

A olericultura apresentou aumento significativo a partir do século XX, período que as


instalações especiais de produção estavam sendo adicionadas principalmente nos
países desenvolvidos (FERREIRA et al., 2007). No Brasil, entre as principais
culturas olerícolas comercializadas destacam-se as brássicas, que são hortaliças de
alto valor nutritivo, ricas em sais minerais e vitaminas essenciais à vida humana.

Quanto à presença de sais minerais, o brócolos extrai grande quantidade de


nitrogênio e potássio do substrato, sendo que nos estádios de expansão e
desenvolvimento das folhas não pode ocorrer deficiência de nitrogênio, e em relação
aos micronutrientes, ele é mais sensível à deficiência do boro (FERREIRA,
CASTELLANE, CRUZ, 1993; FILGUEIRA, 2003).

O brócolos (Brassica oleracea L. var. italica Plenck) é produzido principalmente nas


regiões do centro oeste, sul e sudeste (ALMEIDA; ROCHA, 2002), em locais com
condições de clima ameno, com temperaturas entre 7 e 22ºC (SOUZA; RESENDE,
2006). Entre os variados genótipos, existem os que são adaptados para cada clima
regional do país, entre os mais produzidos estão as variedades do tipo Ramoso, que
produzem uma cabeça central e um grande número de cabecinhas laterais. A
variedade Ramoso Santana é produzida em climas mais amenos e a variedade
Ramoso Piracicaba em regiões com temperaturas mais elevadas (FILGUEIRA,
2003).

Athanázio e Silva (1985), estudando diferentes híbridos do grupo Ramoso,


verificaram que o cultivar Ramoso Piracicaba de Verão se sobressaiu aos demais
avaliados quanto à característica de produção, podendo ser utilizado em programas
17

de melhoramento, visando à produção de híbridos de brócolos para cultivo de verão.


A cultura, necessita de calagem por ser pouco tolerante à acidez com saturação de
bases de 70 a 80% e pH 6,5. Quanto à adubação, a cultura é exigente em N, P, K,
S, Ca e B (CAMARGO, 1992; DADALTO; FULLIN, 2001; FILGUEIRA, 2003). De
acordo com solo com pH acima de 6,5 reduz riscos de deficiência de molibdênio, e
incidência de hérnia (TAVARES, 2000). O solo deve apresentar característica de
pouco arenoso e rico em matéria orgânica e a propagação desse vegetal é realizada
por produção de mudas em viveiros através do plantio de sementes, as quais
apresentam longevidade de até quatro anos (HESSAYON, 2001).

A produção e a qualidade da semente são influenciadas pela disponibilidade de


nutrientes, podendo afetar a formação do embrião e dos órgãos de reserva como a
composição química e, consequentemente, o metabolismo e o vigor. Além desses
cuidados, a utilização de substratos adequados para a germinação e a conservação
da umidade é primordial para a difusão do oxigênio e a expansão dos tecidos
internos das sementes, culminando com a protrusão da raiz primária (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000).

A qualidade da semente é definida como o conjunto de atributos genéticos, físicos,


fisiológicos e sanitários que influenciam na capacidade do lote de originar uma
lavoura uniforme constituída de plantas vigorosas e representativas do cultivar, livre
de plantas invasoras ou indesejáveis (POPINIGIS, 1985). Sendo assim, além de
fatores essenciais ao empenho do processo metabólico da semente, como a
temperatura e água, é necessário um substrato de boa qualidade, o qual promoverá
o ambiente adequado para que a semente germine, apresente desenvolvimento pós-
seminal, conforme suas exigências ecofisiológicas (FIGLIOLA; OLIVEIRA; PIÑA
RODRIGUES, 1993) e presença de fatores bióticos e abióticos propícios a este
acontecimento, como o cultivo agroecológico com base em práticas de manejo
orgânico, reciclagem de matéria orgânica e menor agressividade ao meio ambiente
(ALTIERI; NICHOLLS, 1999). Entre esses modelos agroecológicos, destacam-se a
produção de hortaliças orgânicas, que tem proporcionado grande atração do
consumidor quanto às informações nutricionais e a ausência de toxicidade
(ORMOND et al., 2002).
A demanda por produtos orgânicos associados à prática de uma agricultura
18

sustentável e a maior renda obtida com a comercialização desses produtos coloca a


produção orgânica de alimentos como alternativa viável para aumentar a
rentabilidade do setor agropecuário (SAMINÊZ, 1999).

A agricultura orgânica é um sistema de produção agrícola que evita ou exclui a


utilização de fertilizantes minerais, pesticidas, reguladores de crescimento, aditivos e
compostos sintéticos. Os principais objetivos desse sistema são: promover a
diversificação da flora e fauna; reciclar nutrientes; aumentar a atividade biológica do
solo, preservar suas propriedades, evitar erosões; e equilibrar ecologicamente as
unidades de produção (SOUZA; RESENDE, 2006). Esse sistema se baseia no
princípio de que a fertilidade do solo é função direta da matéria orgânica contida no
mesmo pela ação de microorganismos, reduzindo os desequilíbrios causados pela
intervenção humana na natureza (ORMOND et al., 2002).

Tem sido constatado diversos problemas de degradação ambiental por vários


profissionais da área agronômica, culminando com declínio da produtividade, como
degradação do solo, erosão, perda de matéria orgânica, degradação do ambiente
pela poluição de águas e do ar por agrotóxicos altamente nocivos à saúde,
contaminação de alimentos e queda da qualidade nutricional dos mesmos (SOUZA,
2005a).

Os produtos orgânicos, já consolidados nos países desenvolvidos, vêem


ingressando progressivamente na mesa brasileira (JUNQUEIRA; LUENGO, 2000).
Dependendo do manejo, o produto orgânico pode apresentar elevado custo,
comprometendo a rentabilidade (SOUZA, 2005b). Entretanto, a produção orgânica
quando administrada e manejada de forma correta apresenta grande lucro ao
produtor, equivalendo até 30% a mais que o preço de produto convencional
(JUNQUEIRA; LUENGO, 2000). Portanto, para a produção apropriada de hortaliças
tanto de cultivo orgânico quanto convencional, são necessários cuidados adequados
com a adubação ou a aplicação de fertilizantes apropriados, que disponibilizam
nutrientes necessários à cultura, pois a ausência de um elemento ou nutriente
essencial impede uma planta de completar seu ciclo de vida, principalmente por
desempenhar diferentes funções no vegetal, entre elas o armazenamento de energia
e manutenção na integridade estrutural, função de cofatores enzimáticos e
19

regulação osmótica, e transporte de elétrons (TAIZ; ZEIGER, 2004).

O composto orgânico possui 90% de sua composição formada por nitrogênio na


forma orgânica, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da planta, e a
liberação desse nutriente ao solo ocorre através da mineralização de forma gradual
(AMLINGER et al., 2003). Vários autores, trabalhando com diferentes tipos de
adubações, obtiveram aumento de produtividade de hortaliças, destacando-se
Pauletti e outros (2008), que utilizando esterco líquido de boi, verificaram maior
produtividade quando foram aplicados 28 m3 ha-1 ano-1 no feijão e 44 m3 ha-1 no
milho. Alves e outros (2005), trabalhando com diferentes doses de esterco bovino
em coentro, verificaram que a dose de 8 kg m-2 melhorava a qualidade fisiológica
das sementes produzidas. Valarini e outros (2007) verificaram maior diversidade
microbiana, disponibilidade de nutrientes, melhoria na estrutura da fertilidade e
redução de inóculo patógeno de solo na produção de tomateiro sob cultivo orgânico.

Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o vigor das sementes
de brócolos cv. Ramoso Piracicaba provenientes de cultivo orgânico e convencional
e o seu desenvolvimento e produção em função da adubação orgânica e mineral.
20

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 BRÓCOLOS E SUA ORIGEM

O Brócolos (Brassica oleracea L. var. italica Plenck), também conhecido como


brócolis ou couve-brócoli, é uma hotaliça da família das crucíferas, cujo nome
originou-se do italiano “broccolo” que significa “broto”, designando a parte comestível
do vegetal, suas brotações (SOUZA; RESENDE, 2006). Como a couve-flor, a couve
verde, o repolho, a couve nabo, a couve rábano, a couve tronchuda e o repolho de
bruxelas é originário da couve selvagem (Brassica oleracea L.), planta da Europa e,
provavelmente, da Ásia Ocidental (CAMARGO, 1992; FILGUEIRA, 2003).

Considera-se que o brócolos foi uma das primeiras hortaliças oriundas da couve
selvagem, a qual apresenta aspecto morfológico com folhas largas, lobuladas,
onduladas, espessas, glabras recobertas com fina camada de cera e com haste
floral medindo aproximadamente 0,60 a 1,00 metro de comprimento, contendo folhas
circundantes, em cujo ápice apresenta uma espiga de flores com pétalas amarelas
ou brancas. As pétalas dispostas em forma de cruz originaram o nome de Crucífera
(CAMARGO, 1992).

2.2 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS, CLIMA E SOLO

O brócolos pertence à família das Brassicaceae, gênero Brassica, espécie Brassica


oleracea, variedade italica Plenck. A família Brassicaceae constitui-se numa família
botânica composta por 350 gêneros e 3200 espécies. São plantas que apresentam
grande importância na alimentação humana, produção de óleos e gorduras vegetais.
São cultivadas praticamente no mundo todo, destacando-se o gênero Brassica,
nativa da Europa, que compreende o repolho, a couve, o nabo e a mostarda
(FILGUEIRA, 2003). Os vegetais dessa família apresentam grande capacidade de
conservar a água através da cutícula cerácea e impermeável (SEYMOUR, 1986).

É uma hortaliça anual, com porte arbustivo que emite inflorescência carnosa e
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grossa, de haste suculenta, tendo nas extremidades tufos de botões florais de


coloração verde escura a azulada, menos compactos que os da couve-flor. Esses
brotos e botões florais constituem a parte comestível do vegetal. As hastes que
sustentam os botões florais são reunidas em maços, forma em que são
comercializadas (IAC, 1998; FILGUEIRA, 2003).

A hortaliça se desenvolve e produz melhor sob condições de clima ameno, com


temperatura entre 7 e 22ºC (SOUZA; RESENDE, 2006), podendo crescer em
qualquer localidade, à exceção de regiões com climas muito frios (SEYMOUR,
1986). Segundo Almeida e Rocha (2002), a cultura é produzida no país nas regiões
Sul e Sudeste, em estações com temperaturas entre 15 e 20°C, sendo que na região
Centro-Oeste sua semeadura é recomendada para as estações do outono e inverno.

Björkman e Pearson (1998) verificaram que o brócolos quando cultivado em


temperaturas acima de 30ºC apresenta atraso no desenvolvimento dos brotos e,
consequentemente, deformação das cabeças nos cultivares. Atualmente, existem
cultivares que se adaptam bem ao plantio em condições de verão, isso devido as
várias seleções genéticas com o material original (SOUZA; RESENDE, 2006). Em
épocas de calor, que compreende o período de novembro a fevereiro, muitas
sementes de brócolos morrem ou suas plantas ficam raquíticas e não resistem
devido ao excesso de insolação, sendo necessária a proteção dos canteiros com
coberturas contra a radiação solar, principalmente durante as duas primeiras
semanas (CAMARGO, 1992).

O tipo de solo ideal para a cultura do brócolos deve ser compacto e rico em matéria
orgânica. Em solos pobres é necessário fazer adubação com esterco e, se
necessário, utilizar calcário no período de inverno (HESSAYON, 2001), onde a
calagem deve elevar a saturação de bases para 80%, procurando-se elevar o pH
para valores entre 6,0 a 6,8. Solos tipicamente argilosos proporcionam boa
produtividade da cultura, intolerante a solos de elevada acidez, exigindo pH 6,0 a
6,8. A cultura é exigente em N, P, Ca e S, apresentando maior produtividade com a
disponibilidade desses nutrientes no solo, sendo indispensável o acréscimo de boro
e molibdênio, se em deficiência no solo (FILGUEIRA, 2003), embora Pizetta e outros
(2005) tenham constatado que o brócolos apresente menos sensível à deficiência ou
22

excesso de boro do que a couve-flor. Segundo Dadalto e Fullin (2001), se a análise


de solo revelar baixos teores de boro, é necessário aplicar 3 a 4 kg por hectare,
juntamente com a adubação de plantio.

2.3 IMPORTÂNCIA DO BRÓCOLOS

Na população brasileira, constata-se um baixo nível de ingestão de hortaliça,


havendo pouca conscientização sobre o seu valor nutricional na sociedade. Muitas
pessoas acreditam na eficiência da ingestão diária de cápsulas para corrigir uma
dieta deficiente em vitaminas e minerais. As hortaliças apresentam como fontes
naturais confiáveis dessas vitaminas e minerais com alta eficiência nutricional e com
baixo custo (FILGUEIRA, 2003).

O brócolos apresenta riqueza nutricional superior à couve-flor e sabor mais apurado,


isso resultou em elevação do consumo dessa hortaliça nos últimos anos (SOUZA;
RESENDE, 2006). Podendo ser um substituto da couve-flor, o brócolos apresenta
maior rusticidade e elevado valor nutritivo, proporcionando sais minerais que
auxiliam nas atividades metabólicas do organismo (MOREIRA, 2007). Em sua
composição apresenta: proteínas (3,3%), fósforo (70 mg 100g-1 de produto cozido),
riboflavina (150 µg 100g-1 de produto cozido), elevados teores de cálcio (400 mg 100
g-1 de produto cozido) e vitamina C (74 mg ácido ascórbico 100 g-1 de produto
cozido) (IAC, 1998); agentes com potencial de quimioprevenção, como isotiocianatos
e ditioltionas (prevenção cancerígena); vitaminas antioxidantes, como A e vitaminas
C e E (NEPOMUCENO, 2005); além da presença de vitamina D, sódio, ferro e
enxofre, exercendo importância como construtor dos ossos e dentes, no combate à
anemia, e folhas com propriedades calmantes, emolientes, remineralizantes,
laxativas e diuréticas (BALBACH; BOARIM, 1992).

Talalay e outros (2007) verificaram que o extrato sulforafano presente em brotos de


brócolos apresenta efeito antioxidante que protege a pele contra os danos da
radiação ultravioleta, com isso o extrato protege a pele contra a inflamação causada
pelas queimaduras, o vermelhidão e impedindo a danificação dos componentes
23

celulares.

2.4 TIPOS DE CULTIVARES

Devido as seleções e mudanças ocorridas no decorrer dos séculos com o material


primitivo do brócolos, foram originados outros tipos de cultivares (SOUZA;
RESENDE, 2006). Entre essas variedades, encontra-se a cultivar do tipo “cabeça”,
como os híbridos Karatê e Legacy, que podem ser plantados entre o final do verão
até meados do inverno (FILGUEIRA, 2003). Outra variedade com cabeça central
cultivada em épocas mais frescas é a variedade Calabrês, cujas sementes são
oriundas de outros países. A variedade Judiaí, de “cabeça” central grande, originária
do Instituto Agronômico, possui características de produção de botões pequenos,
com 5 mm de comprimento e 4 mm de largura, e a cabeça com diâmetro de 21 cm
(CAMARGO, 1992). O híbrido Flórida possui ampla adaptabilidade termoclimática,
enquanto os híbridos Karatê e Legacy tipo “cabeça” espandida podem ser plantados
no fim do verão até meados do inverno (FILGUEIRA, 2003).

Os cultivares que são predominantemente plantados no Brasil são do grupo


Ramoso, que produzem uma cabeça central e um grande número de cabecinhas
laterais (FILGUEIRA, 2003), e possui polinização aberta (MELLO, 1999).

O cultivar Ramoso Brasília foi produzida na Embrapa Hortaliças por um programa de


melhoramento de couve-brócolos. Foi obtida através de seis ciclos de seleção entre
e dentro de linhagens obtidas a partir da autofecundação das plantas selecionadas.
Em relação a outros cultivares, ela reúne várias características vantajosas, como
grande número de ramificações laterais tenras e longas, possuindo inflorescências
de coloração verde-brilhantes, com ótimo aspecto comercial e qualidade após a
cocção. É um cultivar para plantio de inverno e também para condições de verão
ameno. Sua produtividade média atinge 18 toneladas por hectare, devendo ser
semeada entre os meses de fevereiro a junho, por ser uma cultura de climas
amenos, embora apresente desenvolvimento em condições de verão (BROCOLOS,
1996; MELLO, 1999).
24

A variedade Ramoso IAC-4112, melhorada no Instituto Agronômico de Campinas e


na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, é recomendada para cultivo nas
estações de clima mais ameno, e produz cabeça central pequena, com pedúnculos
carnosos com a ponta contendo botões grandes (CAMARGO, 1992). A variedade
Ramoso Santana é recomendada para plantio em locais de clima ameno, enquanto
a variedade Ramoso Piracicaba ou Ramoso Precoce desenvolve-se em
temperaturas mais elevadas, podendo ser cultivada em regiões baixas e quentes
nos períodos de setembro a janeiro e em regiões mais altas e frias no período de
outubro a dezembro (FILGUEIRA, 2003; SOUZA; RESENDE, 2006). Outra
característica predominante nesse cultivar é que seus progenitores parentais podem
ser usados em programas de melhoramento para a produção de híbridos de
brócolos de cultivo de verão (ATHANÁZIO; SILVA, 1985).

2.5 AGRICULTURA ORGÂNICA

A agricultura orgânica é um sistema de produção que mantém e melhora a qualidade


dos solos, ecossistemas e seres humanos. Baseia-se nos processos ecológicos, na
biodiversidade e ciclos adaptados a condições locais, não utilizando insumos com
efeitos adversos. Esse sistema de produção envolve tradição, inovação e ciência
que favorece o meio ambiente e, promove a partilha justa e uma boa qualidade de
vida para todos os que dela participam (IFOAM, 2008).
A produção de hortaliças orgânicas tem como característica o sistema de produção
em pequenas propriedades com gestão familiar, que proporciona as seguintes
vantagens: uma diversidade de produtos cultivados em uma mesma área, menor
dependência de recursos externos, maior utilização de mão-de-obra e menor
necessidade de capital (ORMOND et al., 2002). Segundo Altieri e Nicholls (1999),
novos modelos agroecológicos para produção estão sendo estudados, com base em
práticas de manejo orgânico, reciclagem de matéria orgânica e menor agressividade
ao meio ambiente.

Com a busca por alimentação cada vez mais saudável houve expansão da clientela
25

dos produtos orgânicos, que tomou direção a partir da década de 80. A partir desse
período, umas das principais características que chamam atenção do consumidor
por um produto orgânico é a informação sobre os benefícios nutricionais, a ausência
de toxicidade e a certeza de que foi produzido segundo os preceitos que preservam
esses fatores (ORMOND et al., 2002). Devido a essa grande cobiça da sociedade
por produtos naturais, exigências do mercado interno e externo e a necessidade de
preservação do meio ambiente para a garantia de vidas às futuras gerações, o
mercado de produtos orgânicos tornou-se bastante expressivo, apresentando uma
proposta permanente e auto-sustentável (CUENCA et al., 2009).

Outra vantagem do sistema de cultivo orgânico é o potencial de melhorar a


qualidade do solo quando comparado ao sistema de cultivo convencional (MADER
et al., 2002). Na produção orgânica, utilizam-se adubos de baixa solubilidade e com
elevadas taxas de matéria orgânica para manter a estrutura microbiológica do solo,
enquanto no sistema convencional são utilizados adubos químicos de elevada
solubilidade, que ocasionam a degradação da matéria orgânica (LUZ; SHINZATO;
SILVA, 2007).

No mercado mundial, a produção orgânica abrange mais de 26 milhões de hectares


em toda superfície terrestre. Os produtos oriundos desse cultivo estão avaliados em
28 bilhões de dólares e inclui um espectro completo de produtos agrícolas (IFOAM,
2008). Entre esses principais mercados mundiais, a Europa se destacou em 2003
pelo maior número de produtores envolvidos no sistema orgânico, que
representavam 44,1% do total mundial, pela importância do seu mercado
consumidor e pela grande diversidade de seus produtos.

No Brasil, no ano de 2006, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


divulgou um diagnóstico, no qual se constatou que 800 mil hectares eram utilizados
no sistema orgânico, envolvendo cerca de 15 mil produtores (HESPANHOL, 2008).
Nesse cenário, a produção de hortaliças tem proporcionado desenvolvimento
agronômico permanente em diferentes espécies, alcançando níveis competitivos de
produtividade, e produtos de elevado padrão comercial (SOUZA; RESENDE, 2006).

Atualmente no Brasil, as hortaliças produzidas no sistema orgânico correspondem a


26

60% do volume de produtos orgânicos, e movimentando anualmente US$ 300


milhões (HENRZ; ALCÂNTARA; RESENDE, 2007). A procura por produtos hotículas
saudáveis, principalmente sementes orgânicas, é uma atualidade que poucas
empresas de sementes têm oferecido, e que ainda está em expansão
(NASCIMENTO, 2002).

A busca por sementes orgânicas é um interesse atual que poucas empresas de


sementes de hortaliças têm oferecido, e certamente deverá ser uma nova linha de
produção das empresas (NASCIMENTO, 2002). Através dessa produção orgânica
de sementes ocorrem mudanças nos atuais sistemas, sendo produzidas com
técnicas de cultivo sem uso de agrotóxicos, adubos processados ou fungicidas
sintéticos fazendo uso de germoplasma adaptado às condições locais (MALUF,
2002). Quando o plantio é proveniente de sistemas orgânicos pode apresentar
eficiência técnica em produtividade e qualidade comercial, contudo, dependendo do
manejo, esse produto pode apresentar elevado custo, comprometendo a
rentabilidade (SOUZA, 2005b).

A horticultura à base de fertilizantes químicos atualmente está se reduzindo. É


possível obter rendimento numa safra sem o uso de substâncias químicas. Algumas
das melhores safras do mundo foram cultivadas sem nenhum complemento caro e
perigoso ou substâncias químicas (SEYMOUR, 1986).

2.6 ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL

A fertilização do solo com a reposição dos adubos necessários ao desenvolvimento


das plantas constitui-se numa prática de rotina nas áreas agricultáveis. Com os
custos elevados dos fertilizantes na produção de hortaliças torna-se mais caro o
insumo, necessitando de alternativas, onde os adubos orgânicos vêm se destacando
como fonte de nutrientes mais baratas, especialmente nos locais onde sua obtenção
é facilitada (RODIGUES; CASALI, 1998; LOPES et al., 2005). A agricultura
convencional está fundamentada no preparo intensivo do solo, no emprego de
adubos químicos de alta solubilidade, agrotóxicos para o controle de pragas
27

doenças e ervas daninhas (SOUZA; RESENDE, 2006).

Em cultivos de hortaliças, a incorporação de adubo orgânico favorece as condições


físicas do solo, aumentando a capacidade de penetração e retenção de água, além
de enriquecer a planta com nutrientes, principalmente com o nitrogênio. Já na
adubação mineral, são aplicadas formulações de NPK, utilizando-se misturas de
adubos simples empregados como fontes de nutrientes para hortaliças, tanto na
adubação de plantio, quanto na de cobertura, conforme o cultivo (FILGUEIRA,
2003).

Omissões de elementos essenciais, como o N, P, K e Ca, ocasionam elevados


prejuízos no desenvolvimento da beterraba, afetando a nutrição da hortaliça
traduzindo em sintomas característicos de deficiência nutricional (ALVES et al.,
2008). A incorporação de matéria orgânica ao solo tem evidenciado grandes
benefícios ao produtor, como verificado por Pauletti e outros (2008), com adubação
orgânica feita de esterco líquido de boi, que determinou maior produtividade quando
se utilizou 28 m3 ha-1 ano-1 no feijão e 44 m3 ha-1 no milho, enquanto a utilização de
adubação mineral não influenciou a produtividade das culturas de soja, feijão, milho
e trigo. Além disso, a matéria orgânica é uma importante fonte de fósforo para as
plantas, e na adubação mineral esse elemento fica pouco assimilável pela planta,
necessitando aplicar quatro vezes mais fósforo na forma de fertilizante mineral do
que a planta vai absorver, devido à fixação de fosfatos livres na solução do solo, que
o torna não disponível às raízes (KIEHL, 1985).

Em sistemas naturais, a disponibilidade de nitrogênio para as plantas ocorre pela


mineralização da matéria orgânica do solo, e está sujeita a perdas por lixiviação,
volatilização e desnitrificação, além de imobilização e fixação por partículas do solo
(REIS et al., 2000). Já a agricultura convencional permite redução na atividade
biológica do solo devido ao uso de adubos químicos. Com o acréscimo de matéria
orgânica no solo, é possível observar modificações físico-químicas e biológicas em
benefício à planta a partir de produtos de boa qualidade, sem degradar o solo
(SOUZA, 2005b).
28

2.7 GERMINAÇÃO

A germinação é um fenômeno que ocorre em determinada faixa de temperatura,


com um limite específico para cada espécie (LABOURIAU, 1983). A semente
percorre três etapas ou fases para iniciar o processo germinativo: a primeira é um
processo puramente físico em que a semente é hidratada; durante a segunda fase
são ativados os processos metabólicos para que o processo ocorra; e na terceira
fase, o crescimento do embrião e a conclusão do processo germinativo se
estabelecem (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000; FERREIRA; BORGHETTI, 2004).

Segundo os critérios botânicos, as sementes são consideradas germinadas quando


uma das partes de embrião emergiu de dentro dos envoltórios (LABOURIAU, 1983).
A fase da germinação começa pela absorção de água pela semente que resultará no
alongamento do eixo embrionário. Nessa etapa, vários processos metabólicos são
envolvidos como a hidratação de proteínas, mudanças nas estruturais celulares,
respiração, sínteses macromoleculares (BEWLEY; BLACK, 1994). A hidratação da
semente é condicionada pela temperatura, ocorrendo maior velocidade na
embebição sob temperaturas mais elevadas do que nas temperaturas mais baixas.

Além da exigência de água para que ocorra uma germinação bem sucedida, a
semente necessita de temperatura adequada, presença de gases (atmosfera)
apropriada, bem como a luz, para determinadas espécies (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000). Nesse processo existem três temperaturas consideradas como
cardinais: a temperatura mínima, a máxima e a ótima, sendo que, além disso, a
fisiologia da semente também influencia na sua germinação (POPINIGIS, 1985), pois
a temperatura influencia tanto por agir sobre a velocidade de absorção de água,
como também sobre as reações bioquímicas que determinam todo o processo
(MAYER, POLJAKOFF-MAYBER, 1989; CARVALHO; NAKAGAWA, 2000).

2.8 TRATOS CULTURAIS E PRODUTIVIDADE DO BRÓCOLOS

A propagação do brócolos é realizada por sementes, necessitando de 130 a 200 g


por hectare (IAC, 1998). O terreno deve ser arado e gradeado (bem destorroado) e o
29

transplantio das mudas realizado quando apresentarem cerca de sete centímetros


de comprimento (HESSAYON, 2001). Entretanto, a melhor época para o transplantio
compreende o período de 30 a 35 dias após a semeadura, quando as plantas
apresentam de quatro a seis folhas. As regas devem ser feitas diariamente, na
ausência de chuvas, principalmente após o transplantio para que ocorra o
“pegamento” das mudas e a fase inicial de crescimento, quando as raízes se
encontram em fase crescimento. As regas podem ser feitas por aspersão ou por
infiltração, em intervalos que variam em função do solo, capacidade de retenção de
água, temperatura e ocorrência de ventos. A quantidade de água necessária à
cultura e o intervalo de irrigação devem ser calculados para cada tipo de solo. As
capinas manuais para eliminar as invasores e escarificar o solo devem ser feitas
periodicamente.

A cultura exige outros cuidados como controle de pragas, por ser muito propensa a
enfermidades (HESSAYON, 2001). Entre as pragas que prejudicam a produtividade
do brócolos, as mais comuns são: o curuquerê, as lagartas-verdes, os trips, os
nematóides, a larva minadora das folhas e o pulgão ou afídio, que ocorrem nas
épocas de pouca chuva, nos meses de junho a setembro (CAMARGO, 1992). Nesse
contexto são utilizados determinados métodos para combate dessas pragas e
moléstias, sendo que para o sistema convencional são empregados diversos tipos
de inseticidas de diferenciados princípios ativos com frequentes pulverizações, já no
sistema de cultivo orgânico, procura-se o controle de insetos através do equilíbrio do
solo, pois assim o vegetal possui uma nutrição equilibrada e a resistência às pragas
é maior (LUZ; SHINZATO; SILVA, 2007).

A colheita ocorre inicialmente cerca de 55 após o transplantio para a variedade


Ramoso, podendo haver até dez colheitas, sendo que o intervalo entre uma e outra
colheita é de 7 a 10 dias e a produtividade por hectare é de 10 a 30 toneladas
(CAMARGO, 1992). Quando colhidas as inflorescências, outras rebrotam, o que
aumenta o período de colheita por vários meses (FRANCISCO NETO, 1995). Os
botões são colhidos ainda fechados e bem desenvolvidos, pois quando as flores
estão abertas perdem o sabor original e a planta fica com aspecto lenhoso
(HESSAYON, 2001). Cada brócolos compreende um número médio de 95 brotos,
com botão apresentando cerca de 10 mm de comprimento e largura, pesando até
30

2.300 g. Os pequenos brotos são unidos formando maços para a comercialização,


podendo sua produtividade final atingir cerca de 10.000 a 13.000 maços por hectare
(IAC, 1998).

2.9 SUBSTRATOS

O período de germinação-emergência deve ocorrer o mais rápido e uniforme


possível, onde se destaca a importância da época de plantio e a preparação do solo,
que deve ser realizada de modo a assegurar boa aeração, umidade, nivelamento e
ausência de torrões (CASTIGLIONI et al., 1997). O substrato tem grande influência
no processo germinativo, além da água, luz, temperatura e oxigênio, e para escolha
do material deve ser levado em consideração o tamanho da semente, sua exigência
com relação à umidade, sensibilidade ou não à luz e ainda, a facilidade que esse
oferece ao desenvolvimento e avaliação das plântulas (BRASIL, 1992; FIGLIOLA,
OLIVEIRA, PINA RODRIGUES, 1993; CARVALHO; NAKAGAWA, 2000; LOPES et
al., 2005).

Outros fatores como estrutura, aeração, capacidade de retenção de água e grau de


infestação de patógenos pode variar de um substrato para outro, favorecendo ou
prejudicando a germinação das sementes e o desenvolvimento das plantas
(BARBOSA; BARBOSA, 1985). Os substratos podem ser formados por um único
material ou pela combinação de diferentes tipos de materiais, levando-se em
consideração sua característica química, pH e o seu nível de fertilidade (WENDLING
et al., 2002). Normalmente são feitos de materiais como: casca de pinos, vermiculita
expandida, fertilizante mineral, casca de arroz carbonizada, turfa ou serrapilheira,
húmus de minhoca, bagacilho de cana-de-açúcar, casca de árvores, casca de
amendoim, casca de café, casca de mamona, entre outros componentes (SOUSA,
LÉDO, SILVA, 1997; KAMPF, 2000). E sua função principal é de sustentar e fornecer
nutrientes para a planta, constituindo-se de partículas minerais e orgânicas e água
(PAIVA; GONÇALVES, 2001), posto que além dos fatores oxigênio, água, luz e
temperatura influem decisivamente na germinação das sementes (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000).
31

Normalmente, quando a semeadura é feita em canteiros, estes devem ser bem


adubados, para que as mudas ao serem transplantadas para o local definitivo não
sofram grandes impactos, o que geralmente interfere no desenvolvimento,
precocidade e na produção. Esse sistema pode ser substituído pela semeadura em
vasos de barro, vasos plásticos ou fitas de madeira, evitando-se o choque do
transplantio (FILGUEIRA, 2003).

Modolo, Tessarioli Neto e Ortigazza (2001), estudando o efeito de diferentes


substratos na formação de mudas e produção do quiabeiro, obtiveram redução no
peso e número de frutos de quiabo. De acordo com Figliola, Oliveira e Pina-
Rodrigues (1993), há variações nos resultados de germinação das sementes e
desenvolvimento das plântulas em função do tipo de substrato, o qual apresenta
grande influência na germinação e no desenvolvimento pós-seminal, devendo
permitir boa aeração e retenção de umidade.

Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), na semente, as atividades metabólicas que


impulsionam a retomada do crescimento pelo eixo embrionário, aceleram-se à
medida que a semente posta no substrato apropriado absorve água. Estudando a
influência do substrato sobre a germinação e o desenvolvimento inicial de jiloeiro, do
cultivar verde claro, Laviola e outros (2006) verificaram que as plântulas
apresentaram maior produção de massa seca no substrato comercial Plantimax®.
Por outro lado, o comportamento das sementes em relação ao tipo de substrato
utilizado tanto para análise quanto para produção de mudas é variável entre as
espécies.

Estudando a germinação de sementes de bertalha, Lopes e outros (2005), numa


análise conjunta constataram a influência dos fatores substrato e temperatura, tanto
no poder germinativo como no vigor, avaliado pelo índice de velocidade de
germinação das sementes. Andrade e Pereira (1994) verificaram redução no vigor e
na porcentagem de germinação de sementes de cedro no substrato rolo de papel. O
substrato deve manter proporção adequada entre a disponibilidade de água e a
aeração, não devendo ser umedecido em excesso para evitar que a película de
água envolva completamente a semente, restringindo a entrada e absorção de
oxigênio (VILLAGOMEZ; VILLASENOR; SALINAS, 1979). Para adquirir boas
32

características do solo é necessário que exista o tamponamento para o valor do pH,


e utilizar condicionadores como areia, húmus e casca de arroz carbonizada para
capacidade de retenção de nutrientes (KAMPF, 2000).

Mauri, Lopes e Freitas (2008) verificaram que a maior concentração de


condicionador de solo em substrato Bioplant® proporcionou plântulas de brócolos
mais vigorosas. Goto e Tivelli (1998) verificaram grande variação no sistema
radicular e no conteúdo de massa seca da parte aérea das mudas de tomate
produzidas em bandejas com diferentes tipos de substratos.

Em sementes de maracujazeiro amarelo mantidas em diferentes substratos para


estudo da germinação, Lopes e outros (2007) verificaram que no substrato areia +
terra + esterco houve redução na porcentagem de sementes mortas. No estudo da
produção de pimentão, Ribeiro e outros (2000) obtiveram maior produção em peso
médio dos frutos quando utilizaram adubo orgânico (vermicomposto e esterco de
curral).

Objetivando ajustar a cadeia produtiva, produção de sementes com alta qualidade,


aprimorar os conhecimentos sobre manejo das culturas, vários trabalhos vêm sendo
conduzidos com diferentes culturas, como: cenoura (BRUNO et al., 2007), feijão-
vagem arbustivo (VIDAL et al., 2007), repolho ‘Chato de Quintal’ e capuchinha ‘Jewel
(MORAES; VIEIRA; ZÁRATE, 2007), maracujazeiro doce (SOUZA et al., 2007) e
urucu (LOPES; LIMA; COELHO, 2007).

Fisicamente o substrato não deve se apresentar muito compacto, pois isso diminui a
aeração do mesmo, prejudicando o desenvolvimento das raízes, bem como a
nutrição das mudas. A presença de substâncias orgânicas merece destaque por
melhorar a agregação, aumentar a capacidade de troca catiônica, aumentar a
capacidade de retenção de água, regulando com isto as relações hídricas (PAIVA;
GOLÇALVES, 2001). Os compostos orgânicos ou húmus são substancias variadas
resultantes da decomposição de matéria orgânica de origem vegetal, que formam
agregações no solo, transferindo estabilidade estrutural, aumentando a oxigenação,
a alta capacidade de retenção de água e reduzindo a erosão no solo (OTINIANO et
al., 2006).
33

A incorporação de produtos orgânicos como o esterco bovino curtido na composição


de substratos disponibiliza os nutrientes de forma mais assimilável e concentrada
(KIEHL, 1985). Entre esses produtos de origem orgânica tem-se o condicionador de
solo, que promove a melhoria das características físicas, físico-químicas e atividade
biológica do solo (ABREU JUNIOR; BOARETTO; KIEH, 2005). Existem
condicionadores de solo provenientes da decomposição de vegetais como as turfas,
produto pelo qual muitos produtores optam a utilizar, pois possui elevada
capacidade de retenção de água, quantidades de matéria orgânica e ótima troca de
capacidade catiônica, disponibilizando melhor os nutrientes do solo (KIEHL, 1985).
Um exemplo de condicionador de solo é o Fertium®, obtido a partir da extração do
lignito (turfa), e com grande concentração de substâncias húmicas com origem da
decomposição de materiais orgânicos.

Para a escolha de um substrato ideal deve-se considerar o tamanho da semente,


sua necessidade com relação à quantidade de água, sua sensibilidade ou não à luz
e a facilidade que o mesmo oferece para a realização das contagens e para a
avaliação das plântulas (BRASIL, 1992).
34

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40

CAPÍTULO 1

GERMINAÇÃO DA SEMENTE E DESENVOLVIMENTO INICIAL DA


PLÂNTULA DE BRÓCOLOS, DE CULTIVO ORGÂNICO E
CONVENCIONAL, EM FUNÇÃO DE SUBSTRATOS E
TEMPERATURAS

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a germinação da semente e o


desenvolvimento inicial da plântula de brócolos, utilizando-se sementes provenientes
de cultivo orgânico e convencional em função de substratos e temperaturas. O
trabalho foi realizado no Laboratório de Tecnologia e Análises de Sementes do
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo
(CCA/UFES), em Alegre-ES, Brasil. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente ao acaso, com quatro repetições de 25 sementes por tratamento, em
um esquema fatorial 2 x 6 x 4 (dois lotes de sementes, seis substratos e quatro
temperaturas). Os substratos utilizados foram: Plantmax® (S1); Plantmax®+Fertium®
1 g dm-3 (S2); Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 (S3); solo+areia+esterco (S4);
solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3 (S5); solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3
(S6). As temperaturas testadas foram 20ºC, 25ºC, 30ºC, 20-30ºC. Para a
germinação das sementes e o desenvolvimento inicial das plântulas de brócolos
devem ser utilizados os substratos Plantmax® e Plantmax® enrequecido com
Fertium. A temperatura 25ºC é a recomendada para a germinação de sementes de
brócolos orgânico e convencional.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. italica. Sementes. Vigor. Propagação.


41

CHAPTER 1

SEED GERMINATION AND SEEDLING DEVELOPMENT IN


BROCCOLI FROM ORGANIC AND CONVENTIONAL CROP IN
FUNCTION OF DIFFERENT SUBSTRATES AND TEMPERATURES

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the seed germination and seedling development of
broccoli, utilizing seed from organic and conventional crop in function of different
substrates and temperatures. The work was accomplished in the Laboratório de
Tecnologia e Análises de Sementes of the Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal of the Espírito Santo (CCA/UFES), in Alegre-ES, Brasil. A
completely randomized design was used with four replications of 25 seeds, in a 2 x 6
x 4 factorial outline, with two lots (organic and conventional seeds), six substrates
(Plantmax® (S1); Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 (S2); Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3
(S3); soil+sand+manure (S4); soil+sand+manure+Fertium® 1 g dm-3 (S5);
soil+sand+manure+Fertium® 2 g dm-3 (S6), and four temperatures (20ºC, 25ºC, 30ºC
and 20-30ºC). For seed germination and initial development of broccoli seedlings can
be utilized the substrate Plantmax® and Plantmax® in enriched of Fertium. The better
percentages of germination occur by using temperature of 25ºC for organic and
conventional seeds.

Key words: Brassica oleracea var. italica. Seed. Vigor. Propagation.


42

INTRODUÇÃO
Brassica oleracea L. var. italica Plenk, popularmente conhecida como brócolis e
couve-brócolos é uma hortaliça da família das brássicas que, como a couve e o
repolho, é originária da couve selvagem, planta nativa da Europa e provavelmente
da Ásia Ocidental (CAMARGO, 1992; FILGUEIRA, 2003). O brócolos é cultivado no
Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, em regiões com temperaturas
entre 15 e 20°C. Sua semeadura é recomendada para o outono e inverno na região
Centro-Oeste (ALMEIDA; ROCHA, 2002). A variedade Ramoso Santana é
recomendada para plantio em locais de clima ameno, enquanto a variedade Ramoso
Piracicaba desenvolve-se melhor em temperaturas mais elevadas (SOUZA;
RESENDE, 2006).

A preocupação com o ambiente e com questões ligadas á saúde no mundo inteiro,


proporciona a busca por produtos hortícolas mais saudáveis, os chamados produtos
orgânicos, que são produzidos sem a utilização de defensivos agrícolas. A
agricultura orgânica baseia-se na reciclagem da matéria orgânica, nos processos
ecológicos, na biodiversidade e em ciclos adaptados às condições locais, não
utilizando insumos com efeitos adversos. É uma atividade produtiva que preserva e
melhora a qualidade dos solos, ecossistemas e seres humanos (IFOAM, 2008).

O crescimento dessa atividade tem se destacado em função da exigência de toda


sociedade por alimentos mais saudáveis, sem contaminantes químicos danosos à
saúde, além da necessidade de preservação ambiental (AMBROSANO, 1999).
Nesse cenário, a produção de hortaliças orgânicas tem proporcionado
desenvolvimento agronômico permanente em diferentes espécies, alcançando níveis
competitivos de produtividade, e produtos de elevado padrão comercial (SOUZA;
RESENDE, 2006), onde a qualidade da semente exerce grade influência.

A produção e qualidade da semente são influenciadas pela disponibilidade de


nutrientes à lavoura, por afetar a formação do embrião e dos órgãos de reserva,
assim como a composição química e, consequentemente, o metabolismo e o vigor
(CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Para o bom desenvolvimento de qualquer
cultura, é de fundamental importância a utilização de sementes e mudas de boa
43

qualidade. Assim, em função de cada espécie, deve-se verificar qual o melhor


substrato ou a combinação de substratos que proporcione a formação de mudas de
melhor qualidade (LAVIOLA et al., 2007).

O substrato constitui-se no elemento de elevada complexidade tanto no processo de


germinação como no desenvolvimento inicial das plântulas, devendo apresentar
características físicas, químicas e biológicas apropriadas para: facilitar a emergência
da plântula e possibilitar a sua utilização; e facilitar o desenvolvimento e a atividade
do sistema radicular. Para tanto, sua escolha deve se basear na facilidade de
aquisição, manuseio, retenção de água e oxigênio, boa drenagem, tamanho da
semente, sua exigência com relação à água, sensibilidade ou não à luz e na
facilidade que esse oferece para realização das contagens e avaliação das plântulas
(BRASIL, 1992; FIGLIOLA et al., 1993; CARVALHO, NAKAGAWA, 2000; LOPES et
al., 2005), podendo ainda regular a disponibilidade de nutrientes (KÄMPF, 2000) e
de água (FONTENO, 1996).

Além do substrato, a temperatura é outro fator que influencia a germinação, agindo


sobre a velocidade de absorção de água e também sobre as reações bioquímicas
que determinam todo o processo (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Pereira,
Nascimento e Vieira (2007) constataram que sementes de cenoura apresentaram
melhor germinação a 35ºC. Lopes e Pereira (2005) recomendam a temperatura
alternada de 20-30ºC para a germinação de sementes de cubiu. As sementes
apresentam características peculiares quanto à temperatura para promover a
germinação, fator que depende de cada tipo de cultivar. No desenvolvimento inicial
de plântulas de jiloeiro, avaliado pelo acúmulo de massa seca, o melhor substrato foi
o Plantmax® (LAVIOLA et al., 2006).

Diante do exposto, o presente trabalho objetivou avaliar a germinação da semente e


desenvolvimento inicial da plântula de brócolos, utilizando-se sementes provenientes
de cultivo orgânico e convencional, em função de substratos e temperaturas.
44

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia e Análise de Sementes


do Departamento de Produção Vegetal do campus do Centro de Ciências Agrárias
da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), em Alegre-ES.

Foram utilizados dois lotes de sementes de brócolos (Brassica oleracea L. var.


italica) provenientes de sistema de cultivo orgânico e convencional. As sementes
orgânicas foram produzidas pela Cooperativa dos Agricultores do Movimento Sem
Terra-Cooperal, localizada no município de Santa Fé das Missões-RS e as sementes
do cultivar convencional pela empresa AGRISTAR, localizado na cidade de Jaíba-
MG.

Na condução dos trabalhos, as sementes foram homogeneizadas separadamente


constituindo os lotes: L1 = Orgânicas e L2 = Convencionais, desinfestadas com
hipoclorito de sódio a 2%, por três minutos (adaptado de BRASIL, 1992).
Inicialmente, em uma primeira fase, foi feito um teste para avaliar a capacidade
germinativa das sementes, utilizando-se quatro repetições de 25 sementes,
distribuídas em rolos de papel toalha (tipo Germitest®) umedecidos com água
destilada equivalente a 2,5 o peso do substrato seco, e colocadas para germinar a
20, 25, 30 e 20-30ºC. As avaliações foram feitas aos cinco e 10 dias após a
semeadura (BRASIL, 1992).

Na segunda fase experimental, para avaliar substratos e temperaturas, foram


utilizadas quatro repetições de 25 sementes por tratamento distribuídas em seis
diferentes substratos: Plantmax® (S1); Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 (S2);
Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 (S3); solo+areia+esterco (S4);
solo+areia+esterco+Fertium 1 g dm (S5); e solo+areia+esterco+Fertium 2 g dm-3
® -3 ®

(S6). Foram utilizados 300 mL (v:v:v) de cada substrato, acrescido do condicionador


de solo, quando foi o caso, acondicionados em caixas de plástico transparente (11 x
11 x 3 cm). Em cada um desses substratos, as sementes foram mantidas em
câmara de germinação tipo BOD, nas temperaturas de 20, 25, 30, 20-30ºC, com
fotoperíodo de oito horas.
45

Na composição dos substratos, foram utilizados Plantmax® HT; solo Argissolo


Vermelho eutrófico peneirado em malha de 2 mm; esterco, em malha de 4 mm; areia
lavada; e condicionador de solo Fertium®. Os substratos foram esterilizados em
estufa a 160ºC, durante quatro horas. Todos os substratos foram umedecidos com
água destilada na proporção em massa de 2,5:1.

Para identificação e seleção do melhor substrato para condução do segundo


experimento em casa de vegetação, os substratos utilizados neste experimento
foram caracterizados quimicamente no Laboratório de Análise de Solo “Raphael M.
Bloise”, do Centro de Ciências Agrárias da UFES, sendo as análises de
macronutrientes, pH, Al, H+Al e o índice de saturação de bases realizados conforme
metodologia da EMBRAPA (1999) (Tabela 1).

Tabela 1 - Composição química dos substratos

pH P¹ K¹ Ca² Mg² Na¹ Al² H+Al² CTC³ S.B. T V


Substratos
² ² (%)
Solo+areia 7,4 83,0 1344,0 3,5 1,8 40,0 0,0 1,3 10,2 8,9 8,9 87
+esterco
Plantmax 5,4 91,0 445,0 11,8 7,1 29,0 0,0 14,6 34,64 20,04 20,0 58
4

pH CTC C4 N³ C/N CRA5 U


(%) (%)
Fertium® 6,5 20,0 170,0 8,0 21/1 60 20
a
7,0

1 - mg dm-3; 2 - cmolc dm-3; 3 - kg t-1; 4 - carbono orgânico total; 5 - Capacidade de retenção de água.

As sementes germinadas e as plântulas foram avaliadas diariamente, seguindo os


critérios indicados nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992):
germinação – considerou-se, ao final do experimento o número de plântulas
normais emersas, que apresentavam as estrutura essenciais do embrião perfeitas
(BRASIL, 1992) e os resultados expressos em porcentagem; índice de velocidade
de germinação (IVG) – avaliado no teste de germinação, até a estabilização da
germinação das sementes e o cálculo efetuado de acordo com a fórmula descrita por
Maguire (1962); massa seca da parte aérea e da raiz – obtidas das plântulas
46

normais, aos 18 dias após a semeadura, por pesagem imediata após separação do
sistema radicular da parte aérea, e secagem em estufa com circulação mecânica
regulada a 80±3ºC por 72h (peso constante), sendo os resultados expressos em
massa seca (mg planta-1). As raízes foram destacadas e os substratos removidos
por lavagem em água corrente da torneira, sobre peneira de malha fina e balde.

Para cada combinação lote/substrato/temperatura foram utilizadas quatro repetições


de 25 sementes. O delineamento estatístico empregado foi o inteiramente
casualizado, constituído de um sistema fatorial 2 x 6 x 4. Os dados obtidos nos
experimentos foram submetidos, separadamente, à análise da variância, e a
comparação dos tratamentos foi feita pelo teste de Tukey (P<0,05), utilizando o
software estatístico SAEG (EUCLYDES, 2004). As porcentagens de germinação
foram transformadas em arco seno √% de germinação, para normalização de sua
distribuição.
47

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados da análise de variância das variáveis estudadas encontram-se na Tabela


2.

Tabela 2 - Análise de variância das variáveis: germinação, índice de velocidade de emergência (IVE),
matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca das raízes (MSR) de Brassica oleraceae
oriundas de cultivo orgânico e convencional em diferentes temperaturas e substratos - CCA-UFES,
Alegre-ES, 2009

Quadrados médios do resíduo


F. V. G. L.
Germinação IVE MSPA MSR
SUBSTRATO 5 1925.950** 58.13453** 1.440572** .3723709x10-1**
TEMP 3 2805.639** 62.78074** 3.638085** .2568875**
LOTES 1 1064.083** 175.1852** .7612930** .4427520**
TEMP*SUB 15 148.5722** 8.032888** 1.951803** .9230458x10-1**
LOTES*SUB 5 154.0833* 8.685287** .8435072** .3890083x10-1**
LOTES*TEMP 3 464.7500** 60.22540** .9929353x10-1ns .9432846x10-1**
LOTES*TEMP*SUB 15 305.4167** 10.06211** .5881635** .5303222x10-1**
RESIDUO 144 67.80553 .8861907 .8550473x10-1 .7432295x10-2

MÉDIA 69.813 5.6177 2.4830 .44729


CV (%) 11.795 16.757 11.777 19.274

Os resultados de germinação obtidos das sementes orgânicas e convencionais no


teste inicial deste trabalho evidenciam germinação média de 79 e 80%,
respectivamente (Tabela 3).

A germinação das sementes de cultivo orgânico nos substratos Plantmax®,


Plantmax®+ Fertium® 1 g dm-3, Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 e
solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3 não é afetada pelas diferentes temperaturas
(Tabela 3).

A germinação das sementes de cultivo convencional, no substrato


solo+areia+esterco não são influenciadas pelas temperaturas, enquanto nos
substratos solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3, nas temperaturas de 30ºC e 20-
48

30ºC, e substrato solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3, nas temperaturas de 25ºC


e 20-30ºC há redução significativa na germinação.

Os substratos solo+areia+esterco e solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3 não


diferem nas temperaturas para IVG (Tabela 3). As sementes têm a capacidade de
germinar em uma determinada faixa de temperatura, característica para cada
espécie (BEWLEY; BLACK, 1994).
49

Verificou-se que as sementes de cultivo orgânico apresentam maiores índices de


velocidade de germinação sob temperatura constante de 25ºC em todos os
substratos. Enquanto as sementes de cultivo convencional apresentam maiores
valores nas temperaturas de 20, 25 e 30ºC. Em geral, temperaturas acima de 30°C
afetam a germinação das sementes, reduzindo a velocidade ou a porcentagem de
germinação.

Diversos trabalhos têm evidenciado que a temperatura pode exercer efeitos positivos
ou negativos na germinação de algumas espécies conforme verificado em sementes
de Lactuca sativa L. em que a temperatura de 20°C foi a mais eficiente, sob
presença e ausência de luz, permitindo a formação mais rápida das plântulas,
enquanto 35°C foi a menos eficiente, por impedir a germinação das sementes
(MENEZES et al., 2000). Em sementes de almeirão a germinação foi drasticamente
reduzida em temperaturas baixas (10ºC), e os maiores valores foram obtidos em
temperaturas de 20ºC, embora em temperaturas até 35ºC tenha ocorrido um bom
índice de germinação (PINTO JUNIOR et al., 2009).

Os valores de massa seca da parte aérea e do sistema radicular obtido nas plântulas
encontram-se na Tabela 3. Plântulas oriundas de sementes de cultivo orgânico e de
cultivo convencional germinadas no substrato Plantmax®, na temperatura de 20ºC
apresentam valores significativamente maiores que nos outros substratos. Embora a
germinação possa ocorrer em qualquer material que proporcione reserva de água
suficiente para o processo germinativo, esses resultados sugerem que o substrato
Plantmax® apresenta melhores condições de aeração e retenção de água. Na
produção de mudas utilizando o substrato Plantmax®, resultados similares foram
encontrados para sementes de beterraba (ECHER et al., 2007), jiló (LAVIOLA et al.,
2006) e em alface (TRANI et al., 2007). Com relação à temperatura, verifica-se que
geralmente a 20ºC ambas as sementes (cultivo orgânico e cultivo convencional)
apresentam melhor desenvolvimento em todos os substratos, constatado pelos
índices superiores de massa seca da parte aérea.

A massa seca da raiz (Tabela 3) de plântulas oriundas de sementes de cultivo


orgânico nos substratos Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3, solo+areia+esterco+Fertium®
50

1 g dm-3 e solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3 é superior, e não difere entre as


temperaturas de 25ºC, 30ºC e 20-30ºC e a massa seca da raiz de plântulas de
sementes de cultivo convencional são maiores nos substratos Plantmax®+Fertium® 1
g dm-3, Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 e solo+areia+esterco . Os maiores valores
obtidos nas plântulas desenvolvidas no substrato Plantmax®, provavelmente estejam
associados às características físicas e químicas do substrato (Tabela 2), o qual
apresenta menor densidade que o substrato solo+areia+esterco, com mais
capacidade para armazenamento de água, disponibilizando maior quantidade de
água para as plântulas e facilitando seu desenvolvimento inicial. Por outro lado, esse
comportamento pode ser influenciado pela disponibilidade hídrica em função do tipo
de substrato e potencial da água no mesmo, conforme verificado em sementes de
Brassica pekinensis L. (LOPES; MACEDO, 2008). Além disso, para o substrato
Plantmax® são observados maiores valores de P e Ca.

Houve interação significativa entre substratos e temperaturas dentro das variáveis


estudadas. Na germinação das sementes (Tabela 4), nos substratos Plantmax® e
solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3, as sementes convencionais apresentam
valores significativamente maiores na temperatura de 20°C. Resultados similares
são observados nos substratos Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3, solo+areia+esterco e
solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3, na temperatura de 25ºC, e nos substratos
Plantmax®, Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 e solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3 a
30ºC. Entretanto, nos substratos Plantmax® e Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 na
temperatura 20-30°C verifica-se resultados significativamente maiores para as
sementes orgânicas. O tipo do substrato aliado à temperatura de germinação pode
explicar as diferenças obtidas entre os parâmetros avaliados.

Em sementes de rúcula, a temperatura constante de 30ºC e os substratos sobre


vermiculita, pó-de-coco, Tropstrato® e papel mata-borrão, mostraram-se os mais
indicados para testes de germinação e vigor (FERREIRA et al., 2008). A alternância
de temperatura pode exercer efeito negativo na germinação de algumas espécies,
conforme verificado em sementes de Capsicum annum L. (POSSE et al., 2001),
embora a alternância de temperatura aumente consideravelmente a germinação de
sementes de muitas espécies, como em Basella rubra (LOPES et al., 2005), em
51

Solanum sessiliflorum Dunal (LOPES; PEREIRA, 2005), havendo ainda sementes de


algumas espécies que temperaturas constantes ou alternadas não exercem efeito
significativo na germinação como sementes peletizadas de Lycopersicon esculentum
(OLIVEIRA; BRUNO; ALVES, 2001).

Maiores valores de índice de velocidade de germinação (Tabela 4) foram obtidos


para as sementes convencionais quando foram utilizados os substratos Plantmax® e
Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3, Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 e
® -3
solo+areia+esterco+Fertium 2 g dm , na temperatura de 20ºC e no substrato
® ® -3
Plantmax +Fertium 1 g dm , na temperatura de 25ºC. Resultados similares são
observados na temperatura de 30ºC, à exceção do substrato solo+areia+esterco.
Entretanto, nos substratos Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 e
solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3, na temperatura de 20-30°C, maior velocidade
de germinação é verificada nas sementes orgânicas e nas convencionais,
respectivamente.

As massas seca da parte aérea das plântulas oriundas de sementes orgânicas e


convencionais (Tabela 4) apresentam valores similares em todos os substratos
testados na temperatura de 20ºC, diferindo somente nos substratos
solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3 e solo+areia+esterco, respectivamente. No
substrato solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3, na temperatura de 25°C, as
sementes orgânicas apresentam maiores valores. Os valores de massa seca das
plântulas de sementes convencionais são significativamente maiores no Plantmax®,
na temperatura de 30°C, e orgânicas maiores nos substratos solo+areia+esterco e
solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3. Na temperatura de 20-30°C, verifica-se maior
massa seca nas plântulas oriundas de sementes convencionais no substrato
Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3, e para sementes orgânicas nos substratos
solo+areia+esterco+Fertium® 1 g dm-3 e solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3.
52

Tabela 4 - Germinação (%), índice de velocidade de emergência (IVE) e massa seca da parte
aérea e da raiz de plântulas de Brassica oleracea var. italica em diferentes temperaturas e
substratos oriundas de cultivo orgânico e convencional

20ºC 25ºC 30ºC 20-30ºC


Substratos
org. conv. org. conv. org. conv. org. conv.
Germinação
Plantmax® 74B 89A 83A 84A 70B 89A 80A 65B
Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 80A 86A 80A 86A 69ª 78A 71A 37B
Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 82A 80A 77B 91A 70B 83A 68A 66A
solo+areia+esterco 71A 68A 57B 71A 66ª 64A 50A 60A
solo+areia+esterco+Fertium®
1 g dm-3 72A 72A 62B 74A 48B 60A 41B 58A
solo+areia+esterco+Fertium®
2 g dm-3 60B 81A 69A 65A 59ª 67A 60A 58A
Índice de velocidade de germinação (IVG)
Plantmax® 4,51B 9,62A 6,48A 6,98A 5,36B 14,48A 6,1A 4,85A
Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 5,12B 8,67A 5,73B 7,19A 4,89B 12,6A 4,93A 2,53B
Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 5,19B 7,99A 6,56A 7,3A 5,37B 12,91A 4,79A 3,58A
solo+areia+esterco 4,14A 4,37A 4,62A 5,42A 4,48ª 5,23A 3,15A 4,27A
solo+areia+esterco+Fertium®
1 g dm-3 3,88A 4,88A 4,54A 5,34A 3,19B 4,8A 2,95B 4,52A
solo+areia+esterco+Fertium®
2 g dm-3 3,63B 5,7A 4,89A 5,31A 3,59B 5,53A 3,86A 3,71A
Massa seca da parte aérea (mg planta-1)
Plantmax® 3,93A 4,29A 2,61A 2,17A 2,02B 2,56A 2,58A 2,20A
Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 3,03A 2,72A 1,83A 2,04A 2,14A 1,85A 2,09A 2,11A
Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 2,42A 2,06A 2,19A 2,52A 2,62ª 3,54A 2,21B 3,03A
solo+areia+esterco 3,03A 2,56B 2,57A 2,22A 2,14A 1,60B 2,95A 3,29A
solo+areia+esterco+Fertium® 2,74A 2,41A 2,42A 1,83B 2,40ª 2,01A 2,36A 1,91B
1 g dm-3
solo+areia+esterco+Fertium® 2,41B 2,93A 2,36A 2,08A 3,86A 2,36B 2,22A 1,80B
2 g dm-3
Massa seca da raiz (mg planta-1)
Plantmax® 0,72B 0,91A 0,42A 0,42A 0,29B 0,47A 0,21A 0,30A
Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 0,53B 0,76A 0,49A 0,36B 0,35B 0,58A 0,15B 0,58A
Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 0,43A 0,47A 0,37B 0,67A 0,46ª 0,57A 0,39A 0,48A
solo+areia+esterco 0,54A 0,23B 0,47A 0,58A 0,40B 0,54A 0,22B 0,55A
solo+areia+esterco+Fertium® 0,48A 0,39A 0,54A 0,51A 0,35B 0,57A 0,22B 0,45A
1 g dm-3
solo+areia+esterco+Fertium® 0,37A 0,41A 0,48A 0,42A 0,46ª 0,37A 0,28A 0,34A
2 g dm-3
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha, dentro de cada temperatura, não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A massa seca da raiz das plântulas (Tabela 4) de sementes convencionais é maior


nos substratos Plantmax® e Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 na temperatura de 20ºC e
a orgânica maior no substrato solo+areia+esterco. As sementes orgânicas são
superiores no substrato Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3 e as sementes convencionais
com valor superior no substrato Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 para a temperatura de
25°C.
53

As sementes convencionais apresentam valores superiores em todos os substratos,


na temperatura, de 30°C à exceção dos substratos Plantmax®+Fertium® 2 g dm-3 e
solo+areia+esterco+Fertium® 2 g dm-3, que são similares. Na temperatura de 20-
30°C os maiores valores de massa seca são encontrados nos substratos
Plantmax®+Fertium® 1 g dm-3, solo+areia+esterco e solo+areia+esterco+Fertium® 1
g dm-3, e valores similares são verificados nos demais substratos. Laviola e outros
(2006), avaliando o efeito de 15 substratos na germinação e desenvolvimento inicial
das plântulas de jiló, verificaram que o substrato Plantmax® foi o melhor substrato
para a produção de massa seca. Em maracujazeiro, a formação de plantas
vigorosas também foi obtida no substrato Plantmax® (SILVA et al., 2001).
54

CONCLUSÃO

Os substratos Plantmax® e Plantmax® enriquecido com Fertium são os mais


favoráveis para germinação de sementes de brócolos e desenvolvimento inicial das
plantas, e a temperatura de 25ºC é a mais adequada para a germinação das
sementes orgânicas e convencionais.
55

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58

CAPÍTULO 2

PRODUÇÃO DE BRÓCOLOS EM FUNÇÃO DO SISTEMA DE


PRODUÇÃO DA SEMENTE E ADUBAÇÕES ORGÂNICA E MINERAL

RESUMO

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no CCA-UFES, Alegre-ES,


objetivando avaliar a produção de brócolos em função do sistema de produção da
semente e adubações orgânica e mineral. Utilizaram-se sementes de brócolos do
cultivar Ramoso Piracicaba oriundas de lotes de cultivo orgânico e de cultivo
convencional. O delineamento foi em blocos completos casualizados, com quatro
repetições, em arranjo fatorial 2x5 (lotes x substratos). Os substratos utilizados
foram: S1 (solo + areia + esterco); S2 (solo + areia + esterco + NPK); S3 (solo +
areia + esterco + Fertium® 10 g L-1); S4 (solo + areia + esterco + Fertium® 30 g L-1) e
S5 (solo + areia + esterco + Fertium® 50 g L-1). Os cultivos de brócolos não diferem
quanto à origem das sementes. No substrato com adubação mineral
solo+areia+esterco+NPK (S2) há maior desenvolvimento da “cabeça” de brócolos.
Maior desenvolvimento do brócolo e acúmulo de massa seca são obtidos no
substrato solo + areia + esterco + Fertium® 30 g L-1 (S4).

Palavras-chave: Brassica oleracea. Emergência. Produtividade. Nutrição de plantas.


Substratos.
59

CHAPTER 2

BROCCOLI PRODUCTION IN FUNCTION OF THE SYSTEM SEED


PRODUCTION AND ORGANIC AND MINERAL FERTILIZER

ABSTRACT

The experiment was conducted in a greenhouse at the CCA-UFES, in Alegre-ES,


with objective to evaluate the broccoli production in function of the system seed
production and organic and mineral fertilizer. Seeds of the cultivar Ramoso
Piracicaba broccoli from seed lots of organic and conventional production were used.
The experimental outline was in randomized blocks, with six replications in a factorial
arrangement 2x5 (lots x substrates). The substrate utilized was: S1 substrate (soil +
sand + manure), S2 (soil + sand + manure + NPK), S3 (soil + sand + manure +
Fertium® 10 g L-1), S4 (soil + sand + manure + Fertium® 30 g L-1) and S5 (soil + sand
+ manure + Fertium® 50 g L-1. The crops of broccoli did not differ as to the origin of
the seeds. The substrate fertilization with mineral soil + sand + manure + NPK shows
higher weight and diameter and leave number per plant. Larger development of
broccoli and dry matter accumulation are obtained in the soil + sand + manure +
Fertium ® 30 g L-1 (S4).

Key words: Brassica oleracea. Emergence. Productivity. Plant nutrition. Substrate.


60

INTRODUÇÃO

O brócolos, (Brassica oleracea, variedade italica Plenck) pertence à família


Brassicaceae, é uma hortaliça anual, com porte arbustivo, que apresenta grande
importância na alimentação humana e produção de óleos e gorduras vegetais. Emite
inflorescência carnosa e grossa de haste suculenta, tendo nas extremidades tufos
de botões florais de coloração verde-escura a azulada, menos compactos que os da
couve-flor. Esses brotos e botões florais constituem a parte comestível do vegetal
(FILGUEIRA, 2003).

A propagação do brócolos é feita por sementes, que podem ser semeadas


diretamente no campo ou em bandejas com células individuais para formação das
mudas e posterior transplantio para o local definitivo. A espécie necessita do
emprego de sementes de alta qualidade, sendo este último o sistema preferido pela
maioria dos olericultores, por permitir aumentar o rendimento operacional, reduzir a
quantidade de sementes, uniformizar as mudas, facilitar o manuseio no campo,
melhorar o controle fitossanitário e a colheita mais precoce (BORNE, 1999;
PEREIRA; MARTINEZ, 1999; FILGUEIRA, 2003).

Entretanto, o volume de substrato utilizado e a idade das mudas podem exercer


influência em seu desenvolvimento, conforme observado em brócolos (TERRY,
WESTON, HARMON, 1991; DAMATO, TROTTA, ELIA, 1994; SILVA et al., 2000),
couve-flor (GODOY; CARDOSO, 2005), mas Kano e outros (2008) não constataram
tais evidências. De maneira análoga, a composição do substrato, que, além da
manutenção mecânica do sistema radicular e estabilidade da planta na fase de
germinação (protrusão da raiz primária) e desenvolvimento inicial deve durante o
ciclo da cultura proporcionar condições adequadas para o crescimento e produção
das plantas, com a suplementação constante e adequada de água, oxigênio e
nutrientes, além da facilidade de aquisição e manuseio (BRASIL, 1992; FIGLIOLA et
al., 1993; CORTI, CRIPPA, 1998; CARVALHO, NAKAGAWA, 2000; SILVEIRA et al.,
2002; LOPES et al., 2005). E, para o bom desenvolvimento de qualquer cultura, é de
fundamental importância a utilização de sementes e mudas de boa qualidade.
Portanto, em função de cada espécie, deve-se verificar qual o melhor substrato ou
combinação de substratos que proporcione a formação de mudas de melhor
61

qualidade (LAVIOLA et al., 2006).

Durante a fase de desenvolvimento das plantas, com a absorção dos nutrientes do


solo, há a necessidade de sua reposição pela fertilização, operação agrícola
altamente necessária, constituindo-se numa prática de rotina nas áreas agricultáveis,
e os adubos orgânicos podem fornecer os nutrientes necessários para o cultivo das
plantas. Nesse contexto, o elevado custo dos fertilizantes na produção de hortaliças,
na maioria das vezes, torna o insumo mais caro, necessitando de alternativas, e os
adubos orgânicos vêm se destacando como fontes de nutrientes mais adequadas
economicamente, especialmente nos locais onde sua obtenção é facilitada
(RODIGUES, CASALI, 2000; LOPES et al., 2005).

A estrutura do solo, sob o ponto de vista agrícola, é um dos atributos mais


importantes, devido à sua relação com a disponibilidade de ar e água às raízes das
plantas, com o suprimento de nutrientes, com a resistência mecânica do solo à
penetração e com o desenvolvimento do sistema radicular (MALAVOLTA et al.,
1997). A agricultura orgânica apresenta-se como uma alternativa ao convencional,
onde o orgânico apresenta o potencial de melhorar a qualidade do solo (MÄDER, et
al., 2002). O sistema orgânico de produção de hortaliças tem proporcionado
desenvolvimento agronômico permanente em diferentes espécies, alcançando níveis
competitivos de produtividade e produtos de elevado padrão comercial (SOUZA;
RESENDE, 2006).

O desempenho das plantas no campo depende de uma série de fatores do meio,


além das propriedades do substrato utilizado e do potencial fisiológico das
sementes. Uma das causas da baixa produtividade é a qualidade da semente
utilizada, que consequentemente afeta o estande inicial e o número de plantas por
hectare (TEKRONY; EGLI, 1991). O conhecimento do vigor dos lotes de sementes a
serem utilizadas é importante no contexto da agricultura. A emergência de plântulas
no campo pode apresentar variação em função do vigor das sementes, mesmo em
lotes com alta capacidade germinativa. Fator determinante das diferentes respostas
obtidas pelas sementes de várias espécies que germinam muito bem em
determinadas regiões e apresentam um desempenho pior em outras. Kikuti e Marcos
Filho (2007), estudando o potencial fisiológico de sementes de couve-flor e
62

comparando com o desempenho em campo, verificaram influência no


desenvolvimento inicial das plantas em função das diferenças entre os lotes.
Diferentes lotes podem apresentar comportamento variável em função das
condições climáticas durante o período de condução dos experimentos em campo
(LOPES et al., 2002) em função do teor de águas inicial das sementes, conforme
verificado em sementes de couve chinesa por Lopes e Macedo (2008), e do
substrato (ZUCARELI et al., 2008).

Inúmeros trabalhos sugerem que a baixa qualidade da semente afeta o vigor das
plântulas, influenciando na produtividade (ANDREOLI et al., 2002; KIKUTI, MARCO
FILHO, 2007; MALONE, VILLELA, MAUCH, 2008). Segundo Hampton e Coolbear
(1990), em hortaliças, os testes de vigor fornecem informações complementares a
respeito do potencial fisiológico dos lotes favorecendo precisão durante semeadura,
a eliminação do desbaste e a sincronização na maturação, que exigem maiores
conhecimentos a respeito da qualidade das sementes.

Desta forma, estudos envolvendo avaliação do vigor de lotes de sementes


associados com as informações obtidas no teste de germinação e,
consequentemente na produção, são fundamentais para melhor entendimento dos
processos fisiológicos das sementes. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a
produção de brócolos em função do sistema de produção da semente e adubações
orgânica e mineral.
63

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas sementes de brócolos (Brassica oleracea L. var. italica) cultivar


Ramoso Piracicaba, safra 2007, provenientes de cultivo orgânico e convencional. As
sementes provenientes de cultivo orgânico foram obtidas do campo de produção de
sementes da Cooperativa dos Agricultores do Movimento Sem Terra-Cooperal,
localizada no município de Santa Fé das Missões-RS, e as sementes provenientes
de cultivo convencional foram procedentes do campo de produção da empresa
AGRISTAR, localizada na cidade de Jaíba-MG. Na condução dos trabalhos, as
sementes foram homogeneizadas separadamente e reduzidas a dois lotes: L1
(orgânico) e L2 (convencional).

O experimento foi instalado em casa de vegetação, sem controle de temperatura,


cujas temperaturas e umidade relativa foram aferidas diariamente com auxílio de um
psicrômetro. Cada parcela constou de um vaso de 6 dm3 revestido internamente e
externamente com sacos de polietileno preto, para evitar a perda de água e de
substratos.

O solo utilizado foi um Latossolo Vermelho eutrófico, textura média, coletado na


camada B, profundidade de 20-40 cm, na área experimental da Escola Agrotécnica
Federal de Alegre – EAFA, no distrito de Rive, em Alegre – ES. O solo foi seco à
sombra, destorroado e passado em peneira com malha de 2 mm de diâmetro, cujas
análises químicas revelaram: pH= 6,6; P= 3,0 mg dm-3; K= 144,0 mg dm-3; Ca= 4,3
cmolc dm-3; Mg= 1,9 cmolc dm-3; Na= 5,0 cmolc dm-3; Al= 0,0 cmolc dm-3; H+Al= 2,1
cmolc dm-3; Soma de bases= 6,6 cmolc dm-3; CTC= 8,7 cmolc dm-3; CTC efetiva= 6,6
cmolc dm-3; Sat.Bases= 75,4%; Sat.Al= 0,0%; K/CTC=4,2%; Ca/CTC= 49,2;
Mg/CTC= 21,7%; Na/CTC= 0,2%; Al/CTC= 0,0%; H+Al/CTC= 24,6; Ca/Mg= 2,3;
Ca/K= 11,6; Mg/K= 5,1; e M.O.= 6,9 g/ Kg, e as físicas: areia grossa (g kg-¹) =
293,72; Areia Fina (g kg-¹) = 84,45; Silte (g kg-¹) = 136,71; Argila (g kg-¹) = 485,12; e
Densidade do solo (kg dm-³) = 1,13.

Para a composição dos substratos foram utilizados solo e areia (peneirados em


malha de 2 mm), esterco (peneirados em malha de 4 mm) e Fertium®. Os substratos
64

foram compostos como a seguir (v:v): S1 (solo + areia + esterco), S2 (solo + areia +
esterco + NPK*), S3 (solo + areia + esterco + Fertium® 10 g L-1), S4 (solo + areia +
esterco + Fertium® 30 g L-1) e S5 (solo + areia + esterco + Fertium® 50 g L-1); e
*NPK: 40 kg/ha de N na forma de sulfato de amônio, 400 kg/ha de P2O5 na forma de
superfosfato triplo e 100 kg/ha K2O na forma de cloreto de potássio (DADALTO;
FULLIN, 2001). A recomendação foi baseada numa população de 20.000 plantas por
hectare (CAMARGO, 1992), e as análises químicas (SILVA, 1999) constam da
Tabela 1.

Para as regas, determinou-se a retenção de umidade na tensão de 0,010 MPa para


a capacidade de campo (CC), em câmara de pressão de Richards com placa
porosa (EMBRAPA, 1997) mantida a 70% (FILGUEIRA, 2003), pela aferição dos
vasos diariamente em balança eletrônica 0,01 g . O controle de pragas foi feito de
acordo com a necessidade da cultura, tendo sido feitas pulverizações com solução
de Bioneen óleo de Nim indiano na concentração de 1%, conforme recomendação
técnica.
65

Tabela 1 - Atributos físicos e químicos dos substratos


Resultados analíticos de solo
S1 S2 S3 S4 S5
pH 7,4 6,5 7,4 7,2 7,0
-
P (mg dm ³) 83,0 101,0 95,0 91,0 95,0
-
K (mg dm ³) 1024,0 1344,0 1308,0 1520,0 1440,0
-
Ca (cmolc dm ³) 3,5 3,6 3,3 3,5 3,6
-
Mg (cmolc dm ³) 1,8 2,0 2,2 1,5 1,7
-
Na (mg dm ³) 40,0 28,0 74,0 78,0 85,0
-
Al (cmolc dm ³) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
H+Al (cmolc dm-³) 1,3 2,5 1,3 2,3 4,0
-
S.B. (cmolc dm ³) 8,9 8,3 9,2 9,2 9,3
-
CTC (cmolc dm ³) 10,2 10,8 10,5 11,5 13,3
-
t (cmolc dm ³) 8,9 8,3 9,2 9,2 9,3
V (%) 87,0 77,1 87,4 80,0 70,2
m (%) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
K/CTC (%) 33,8 24,3 32,0 33,8 27,8
Ca/CTC (%) 34,3 33,3 31,4 30,3 27,1
Mg/CTC (%) 17,2 18,5 21,0 13,0 12,4
Na/CTC (%) 1,7 1,1 3,1 2,9 2,8
Al/CTC (%) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
H+Al/CTC (%) 13,0 22,9 12,6 20,0 29,8
Ca/Mg 2,0 1,8 1,5 2,3 2,2
Ca/K 1,0 1,4 1,0 0,9 1,0
Mg/K 0,5 0,8 0,7 0,4 0,4

Para a semeadura foram utilizadas 20 sementes em cada vaso a uma profundidade


de 0,2 cm, e a condução do experimento foi feita em duas etapas

- Primeira etapa
Na primeira etapa, objetivando avaliar a qualidade das sementes, procedeu-se a
contagem de emergência de plântulas diariamente até o vigésimo oitavo dia, quando
foram determinados: emergência (E) - efetuada vinte e oito dias após a semeadura,
mediante a contagem de plântulas normais (BRASIL, 1992), e os resultados
expressos em porcentagem; índice de velocidade de emergência (IVE) -
concomitante com o teste de emergência, determinado de acordo com Maguire
(1962); altura de plântulas (AP) - foi determinada com o auxílio de uma régua
milimetrada, obtida pela medição, em centímetros, do colo da planta (base do solo) à
66

inserção do primeiro par de folhas; área foliar- determinada de cinco plântulas,


aleatoriamente, o cálculo foi feito através da seguinte equação (GRIMES; CARTER,
1969): Y = 0,4322x2,3002: em que: Y = área foliar/folha e x = comprimento da nervura
principal da folha; e massa fresca e seca da parte aérea das plântulas - foram
determinadas utilizando-se balança analítica (precisão 0,0001 g), sendo que a
massa seca foi obtida em estufa com circulação mecânica a 80±3ºC por 72 horas
(peso constante). Os resultados foram expressos em mg planta-1.

- Segunda etapa
Na segunda etapa experimental, objetivando avaliar o desenvolvimento e a
produção, foi realizado o desbaste 28 dias após a semeadura, deixando-se uma
planta em cada vaso, novamente analisados os substratos e efetuada adubação de
cobertura com sulfato de amônio, conforme a recomendação da cultura. A seguir, as
avaliações foram realizadas de sete em sete dias, até a colheita, totalizando 104
dias após a semeadura, e foram avaliados: diâmetro do colo - foi medido rente ao
solo, com o auxílio de um paquímetro e os resultados expressos em centímetros;
área foliar – foi avaliada a cada 30 dias, conforme descrito anteriormente; altura –
foi medida a cada sete dias, com o auxílio de uma régua milimetrada, do colo da
planta (base do solo) até a extremidade apical da haste principal; número de folhas
- as plantas foram cortadas rentes ao solo após 76 dias do desbaste, separadas em
parte aérea e raiz e avaliado o número de folhas; massa fresca e seca da parte
aérea – foram determinadas utilizando-se balança analítica (precisão 0,001 g),
sendo que a massa seca foi obtida em estufa com circulação mecânica a 80±3ºC por
72 horas (peso constante), e os resultados foram expressos em mg planta-1;
volume, massa fresca e seca da raiz - as raízes foram lavadas em recipientes com
água, com o auxílio de uma peneira de 2 mm e as radículas desprendidas coletadas.

Ainda na segunda etapa, posteriormente, foram determinados o volume com o


auxílio de uma proveta, as massas fresca e seca em balança analítica (precisão
0,001 g), sendo que a massa seca foi obtida em estufa com circulação mecânica a
80±3ºC por 72 horas (peso constante), e os resultados foram expressos em mg
planta-1; massa total da cabeça - foi avaliada pelo peso das folhas, caule e
inflorescências (parte comestível do vegetal), e resultados expressos em g planta-1.
67

Na fase de desenvolvimento e produção de brócolos, utilizou-se a taxa de


crescimento absoluto, para identificar a velocidade média de crescimento
(BENINCASA, 2003). A taxa de crescimento absoluto, taxa de crescimento
relativo e incremento - foram determinados na área foliar e altura de plantas, nos
dois sistemas de cultivo (BENINCASA, 2003). O delineamento experimental utilizado
foi de blocos completos casualizados (DBC), devido o controle de temperatura e
umidade relativa na casa de vegetação não ter sido controlado, com seis repetições
e parcelas constituídas de 20 sementes em cada vaso para a característica avaliada
na primeira fase até a fase de desenvolvimento das plantas. Após o desbaste
manteve-se a planta mais vigorosa em cada vaso.

Na fase final de produção da “cabeça” avaliaram-se quatro repetições por tratamento


mantendo as duas restantes para a produção de sementes, para uniformizar as
fases do experimento quanto ao número de repetições, foram detectadas as quatro
repetições utilizadas desde a fase inicial eliminando as duas restantes. Os
tratamentos apresentaram então arranjo fatorial de 2x5 (dois lotes de sementes e
cinco substratos) no delineamento em blocos casualizados com quatro repetições.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e, na observação de


diferença significativa, as médias dos fatores qualitativos foram comparadas pelo
teste de Tukey (p≤0,05) e realizou-se a análise de regressão para os efeitos
quantitativos.
68

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os quadrados médios do resíduo referentes aos lados obtidos na primeira e


segunda etapa do experimento constam na Tabela 2. Podem ser observados
resultados significativos para germinação, IVE e estande final em relação à origem
das sementes na primeira fase. Na segunda fase, observa-se significância para
volume da raiz, massa fresca da raiz e número de folhas.

Verifica-se pela análise de dados que os lotes de sementes apresentam diferença


significativa (P≤0,05) para sementes e substratos, isoladamente. Entre os lotes, a
emergência das plântulas é significativamente maior em sementes convencionais,
resultados semelhantes aos obtidos no estande final. Resultados similares são
constatados na avaliação dos substratos para as massas fresca e seca da parte
aérea e área foliar (Tabela 3), e no índice de velocidade de emergência (IVE)
(Tabela 4). No entanto, salienta-se que os valores para as características avaliadas
de germinação e massa fresca e seca da parte aérea são superiores para o
substrato solo + areia + esterco condicionado com Fertium® nas concentrações de
10 (S3), 30 (S4) e 50 (S5) g L-1. Possivelmente por esses substratos apresentarem
maior disponibilidade de nutrientes em função do condicionador de solo, o qual
proporciona também maior retenção de umidade no substrato, permitindo maior
crescimento inicial das mudas em altura em brócolos proveniente de cultivo orgânico
(Tabela 4), embora maior área foliar tenha sido verificada nas plântulas crescidas no
substrato solo + areia + esteco + NPK (S2) para ambos os cultivos.

Nesse contexto, verifica-se que o desenvolvimento desses parâmetros na cultura de


brócolos na fase de muda foi proporcional à concentração do condicionador de solo
Fertium® nos substratos com adubação orgânica, provavelmente pela maior
disponibilidade de nutrientes devido à maior CTC apresentada no substrato
orgânico, com maior dose de condicionador de solo. Resultados similares foram
observados em cultivo de alface com composto orgânico (SANTOS et al., 2001) e
em couve-brócolos em substrato preparado com solo de mineração, adubo orgânico
e NPK (LOPES; BARBOSA; LIMA, 2004). Entretanto, maior dose do condicionado
69

de solo (50 g L-1) não aumentou o índice de velocidade de emergência (Tabela 4).

Embora o condicionador de solo tenha a função de melhorar a sua estrutura,


possivelmente, concentrações mais elevadas podem resultar em aumento da
concentração de alguns elementos que venham prejudicar a absorção de água e a
velocidade de germinação. Os substratos compostos com Fertium® apresentam
maiores valores de sódio (Tabela 1), que em solução salina determina redução
inicial na absorção de água pela semente (FERREIRA; REBOUÇAS, 1992). A
sensibilidade a maiores ou menores concentrações de sais no solo é característica
de cada tipo de planta, e os efeitos no rendimento da cultura poderão ser
influenciados por outros fatores como natureza osmótica, tóxica ou nutricional
(VIANA et al., 2004), conforme verificado em couve chinesa (LOPES; MACEDO,
2008).

Com relação à emergência (Tabela 3), não há diferença entre os substratos. Pires;
Lopes; Martins Filho (2003), avaliando a germinação de sementes de brócolos em
diferentes substratos tratados com diferentes condicionadores de solo na
germinação das sementes e no desenvolvimento inicial de plântulas, não verificaram
diferenças entre os substratos utilizados. O fenômeno germinativo é exigente em
água para as reações bioquímicas e do substrato como base para o estruturamento
radicular (POPINIGS, 1985).
70

Tabela 2 - Quadrados médios dos dados obtidos na primeira e segunda fase de estudo em cultivo de
brócolos proveniente de sementes obtidas de cultivo orgânico e convencional

/1
AF: Área foliar por planta; MFPA: Massa fresca da parte aérea; MSPA: Massa seca da parte aérea;
CR: comprimento da raiz; MFR: massa fresca da raiz; MSR: massa seca da raiz; e NF: Número de
folhas.Embora a emergência tenha sido significativa com relação ao substrato (Tabela 2), não se
detectou diferenças pelo teste de médias (Tabela 3).

Já a massa fresca e a seca da parte aérea apresentam diferenças pelo teste de


média nos substratos solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® (S4) e
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® (S5). A massa seca da parte aérea além dos
substratos solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® (S4) e solo+areia+esterco+50 g L-1
Fertium® (S5) destaca- se também no solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® (S3),
possivelmente esses substratos apresentaram maior quantidade de nutrientes
disponíveis devido as características incorporadas pelo condicionador de solo o qual
proporciona também a retenção de umidade ao substrato permitindo maior
crescimento da muda.
71

Tabela 3 - Emergência (%), massa fresca (MFPA) (g) e massa seca da parte aérea (MSPA) (g) de
brócolos (Brassica oleracea L. var. italica), em diferentes tipos de substratos, após 28 dias da
semeadura - CCA-UFES, Alegre-ES, 2009

Substratos
Parâmetros
S1 S2 S3 S4 S5
Emergência 86 A 87 A 81 A 87 A 79 A
MFPA 204,12 C 265,74 C 1787,48 B 2394,95 A 2477,25 A
MSPA 30,46 B 30,21 B 221,10 A 271,60 A 278,72 A
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.

A interação lotes x substratos é significativa para os parâmetros índice de velocidade


de emergência (IVE), altura e área foliar (Tabela 2). No desdobramento da interação,
o IVE se sobressai para sementes convencionais em relação às sementes orgânicas
(Tabela 4). Entretanto, na avaliação da altura do brócolos não há diferença
estatística quanto aos tipos de sementes nos substratos, à exceção do substrato
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium®.

A área foliar das plantas de sementes convencionais apresenta maior valor no


solo+areia+esterco (S1) e solo+areia+esterco+NPK (S2), entretanto, de sementes
orgânicas, maior acréscimo é verificado nas plantas desenvolvidas nos substratos
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® (S3), solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium®
(S4) e solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® (S5). Os resultados justificam que, para
o vigor e o crescimento do brócolos, as sementes convencionais apresentam
maiores vantagens quanto ao aumento da área foliar.
72

Tabela 4 - Índice de velocidade de emergência (IVE), altura (mm) e área foliar (mm2) de brócolos
(Brassica oleracea L. var. italica) provenientes de sementes sob cultivo orgânico e convencional, em
diferentes substratos - CCA-UFES, Alegre-ES, 2009

Sementes
Substratos Orgânica Convencional
IVE
solo+areia+esterco 3,30 Ba 4,17 Aab
solo+areia+esterco+NPK 3,52 Ba 4,15 Aab
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 2,80 Bb 4,17 Aab
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 3,30 Ba 4,51 Aa
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 2,60 Bb 4,00 Ab
Altura (mm)
solo+areia+esterco 4,37 Ab 3,20 Ac
solo+areia+esterco+NPK 5,52 Ab 4,80 Ac
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 8,25 Aa 9,45 Ab
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 9,15 Aa 9,20 Ab
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 10,25 Ba 13,12 Aa
Área foliar (mm2)
solo+areia+esterco 346703,75 Bc 406147,50 Ac
solo+areia+esterco+NPK 906215,75 Ba 976215,75 Aa
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 622904,50 Ab 497835,75 Bb
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 552642,00 Ab 463538,50 Bbc
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 561425,50 Ab 441765,50 Bbc
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na interação substratos x sementes (Tabela 4), as sementes orgânicas nos


substratos solo+areia+esterco (S1), solo+areia+esterco+NPK (S2) e
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® (S4) apresentam maiores valores de IVE, e
para altura de plantas, nos substratos solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® (S3),
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® (S4) e solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium®
(S5). Para sementes convencionais, o IVE apresenta maiores valores nos substratos
solo+areia+esterco (S1), solo+areia+esterco+NPK (S2), solo+areia+esterco+10 g L-1
Fertium® (S4) e solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® (S4), e, para altura, somente o
substrato solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® (S5) se destacou. Alves e outros
(2005), trabalhando com coentro, verificaram que o IVE aumentou com a elevação
das doses de esterco bovino na ausência de NPK.

A área foliar apresenta maior incremento no solo+areia+esterco+NPK para ambos


os tipos de sementes, possivelmente devido a adubação mineral apresentar maior
disponibilidade de nutrientes relacionados ao crescimento do tecido foliar.

Na fase inicial de desenvolvimento, as mudas produzidas no substrato contendo


73

enriquecido com condicionador de solo apresentaram melhor desenvolvimento. Para


sementes orgânicas, a análise de variância (Tabela 5) não apresenta diferença
significativa nas taxas de crescimento absoluto da área foliar (Figura 1A) e da altura
(1B), à exceção do substrato solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® que é
significativamente maior, a partir dos 90 dias após a semeadura. A taxa de
crescimento relativo da área foliar (1C) não apresenta efeito significativo em nenhum
dos substratos avaliados. Entretanto, para altura (1D), no substrato
solo+areia+esterco+NPK (S2) é maior aos 62 dias.

Na avaliação do incremento, a área foliar (1E) apresenta resultados não


significativos. Para altura (1F), há maior incremento nas plantas cultivadas no
substrato solo+areia+esterco+NPK (S2), a partir dos 62 dias após a semeadura.
Nesse período, as plantas possivelmente exigem maiores quantidades de nutrientes
em relação ao período anterior para atingir o nível mais elevado de produção. O
comportamento da taxa de crescimento relativo em relação ao tempo apresenta
redução do desenvolvimento do ciclo da cultura do brócolos, ocorrendo um rápido
acúmulo de material, seguida de uma fase com menor incremento.
74

Tabela 5 - Quadrados médios da taxa de crescimento absoluto, taxa de crescimento relativo e


incremento da área foliar e altura obtidos na fase de desenvolvimento de Brassica oleracea L. var.
italica proveniente de sementes obtidas de cultivo orgânico e convencional

F. V. G. L. Quadrados médios das sementes orgânicas


TCA AF TCR AF IAF
Substratos 4 50606467,91401** 0,00061** 0,00382 ns
Tempo 3 380418967,73841** 0,39176** 2,43276**
Sub x Tempo 12 59498430,37669** 0,00699** 0,04348**
Resíduo 48 2068561,60 0,00005 0,00228

Média 5068,80 0,1197 0,300


CV (%) 28,37 5,633 15,98
TCA ALT TCR ALT I ALT
** **
Substratos 4 14,16082 0,00054 227363,51219**
Tempo 9 15,66854** 0,01419* 533692,18423*
Sub x Tempo 36 5,91564* 0,00035** 5370,99569**
Resíduo 120 3,88807 0,00013 2184,20854

Média 3,08 0,03 414,94


CV (%) 64,06 37,70 11,26

F. V. G. L. Quadrados médios das sementes convencionais


TCA AF TCR AF IAF
Substratos 4 88951758,93462** 0,00122** 0,00735 ns
Tempo 3 534173117,09454** 0,36258** 2,29436**
Sub x Tempo 12 120457800,95516** 0,00924** 0,05915**
Resíduo 48 2094639,4354 0,00005 0,00294

Média 4860,34 0,12 0,30


6,02
CV (%) 29,80 18,20

Substratos 4 5,28319 ns 0,00083** 525366,7125**


Tempo 9 5,14501 ns 0,0147** 557174,04375 ns
Sub x Tempo 36 3,99767 ns 0,00041** 4048,50625 ns
Resíduo 120 3,49251 0,00009 4535,17938

Média 2,97 0.03 436,075


CV (%) 62,96 32.70 15,44
75

ns ns ns 2
25 S1 = -2530,460+84,677x R2 = 0,792 S5 = -7288,995+414,284x -2,770x2 9
Taxa de crescim ento absoluto da área fo liar
R = 0,531
S1 = -6,150+0,218Xns-0,001x2 ns R2 = 0,521

crescimento absoluto da altura (mm)


S4 = 3,005-0,040
ns ns
S2 = -34669,303+1342,920x - 8,707x2 R2 = 0,328
8 S2 = -3,072+0,183xns-0,001x2 ns R2 = 0,028
20
ns ns 2
S5 = 13,359-0,35
S3 = -18239,890+720,938x -4,515x2 R = 0,358
7 S3 = 8,048-0,194x ns+0,002x2 ns R2 = 0,235
ns 2 ns
(m m ) m ilhares

15 S4 = 2666,631-103,483x +1,717x R2 = 0,996


6
10 5
4
5
3
0
2
29 43 71 106
Período (Dias) 1
B
S1 S2 S3 S4 S5
A
0.4 0.12 ns ns
T a x a d e c r e s c im e n to r e la tiv o d a

ns ns S1 = 0,166-0,003x +1,70X10- 5x2 R2 = 0,368

T a x a d e c re s c im e n to re la tiv o d a a ltu ra
S1 = 0,350-0,006x +3,01X10- 5x2 R2 = -0,788
0.35 ns S2 = 0,269-0,006x**+3,19X10- 5 x2 ** R2 = 0,922
2 ns 2 0.1
S2 = 0,458-0,008x +4,00X10-5x R = 0,205 S3 = 0,305-0,007*+4,48x10- 5 X2 * R2 = 0,632
0.3
á r e a fo lia r (m m )

ns ns ns 2
S3 = 0,648-0,015x +8,98x10- 5x2 R2 = -0,014 0.08 S4 = 0,291-0,007x*+4,27X10-5x2 R = 0,494
0.25 ns 2 ns 2
S4 = 0,795-0,021x +0,000x R = 0,208 S5 = 0,352-0,009x**+5,57X10- 5x2 ** R2 = 0,644

(m m )
0.2 ns ns 0.06
S5 = 0,820-0,021x +0,000x2 R2 = 0,562
0.15
0.04
0.1
0.05 0.02
0
0
29 43 71 106
41 48 55 62 69 76 83 90 97 104
Período (Dias)
Período (Dias)

S1 S2 S3 S4 S5 C S1 S2 S3 S4 S5
D
1
900
In c r e m e n to d a á r e a fo lia r (m m )

0.9 S1= -202,165+6,761x** R2 = 0,985 ns


S5 = 256,654-1,974x +0,064x2 * R2 = 0,978
ns ns
S1 = 0,862-0,015x +7,24x10- 5x2 R2 = -0,807 800
S2= -266,678+10,139x** R2 = 0,995
Increm ento da altura (m m )

0.8
700 2
S3= -143,985+7,952x** R = 0,977
ns 2 ns 2
0.7 S2 = 1,138-0,021x +9,75x10- 5x R = 0,185 600 S4= -44,788+6,303x** R2 = 0,990
ns ns
0.6 S3 = 1,619-0,038x +0,000x2 R2 = 0,009 500
ns ns
0.5 S4 = 1,973-0,052x +0,000x2 R2 = 0,202 400

ns ns 300
0.4 S5 = 2,039-0,051x +0,000x2 R2 = 0,574
200
0.3
100
0.2 0
0.1 41 48 55 62 69 76 83 90 97 104

0 Período (Dias)
29 43 71 106
S1 S2 S3 S4 S5
E F
Período (Dias)
S1 S2 S3 S4 S5

Figura 1 - Taxa de crescimento absoluto (mm): área foliar (A) e altura (B); taxa de crescimento relativo
(mm): área foliar (C) e altura (D); e incremento (mm): área foliar (E) e altura (F). Sementes de
Brassica oleracea, variedade italica Plenck proveniente de sistema de cultivo orgânico.

Os resultados obtidos sugerem que o Fertium® melhora a estrutura do solo. Esse


efeito é apresentado de forma mais rápida, evidenciado pela taxa de crescimento
absoluto, quando comparado com a adubação mineral contendo NPK, a qual
mostrou melhor disponibilidade na fase da produtividade da “cabeça” na taxa de
crescimento relativo. O efeito ligeiro da disponibilidade de nutrientes da adubação
orgânica pode ser explicado pela ação do condicionador de solo, que auxiliou na
aceleração do processo, pois a mineralização, individualmente, é um processo lento.
Possivelmente a adubação mineral passou por processos de volatilização do
nitrogênio apresentando disponibilidade dos nutrientes após as adubações de
cobertura.
76

Em cultivo convencional (Figura 2), a taxa de crescimento absoluto da área foliar


(2A) apresenta maior efeito no substrato solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® (S5),
atingindo maior valor aos 71 dias após a semeadura. Nesse sentido, pode-se inferir
que a liberação de nutrientes pelo condicionador de solo Fertium® permite maior taxa
de crescimento absoluto, por manter o crescimento de forma gradual, sem grandes
declínios do crescimento. A taxa de crescimento absoluto da altura (2B), no
substrato solo+areia+esterco (S1) apresenta aumento significativo, com valores
máximos após 62 dias. Com relação à taxa de crescimento relativo da área foliar
(2C), não há diferença entre os substratos. Entretanto, na taxa de crescimento
relativo da altura (2D), os resultados foram maiores nos substratos
solo+areia+esterco+NPK (S2) e substrato solo+areia+esterco (S1) após 48 e 62
dias, respectivamente. Não há diferença significativa entre os substratos na
avaliação do incremento da área foliar (2E).

No incremento da altura (2F), verifica-se diferença no substrato


solo+areia+esterco+50 g L-1 (S5) Fertium® até 69 dias após a semeadura.
Posteriormente maior valor foi observado no substrato solo+areia+esterco+10 g L-1
Fertium® (S3). Possivelmente ocorreu maior disponibilidade de nutrientes por parte
dos substratos contendo adubação orgânica devido ao processo de mineralização
no substrato, conforme verificado por Santos e outros (2001) em cultivo de alface
após 80 a 110 dias da incorporação do composto. Diniz e outros (2008) observaram
que as maiores doses de composto orgânico no cultivo de brócolos proporcionaram
maiores taxas de crescimento relativo.

Na fase de produção foram registradas as primeiras inflorescências nas plantas


oriundas de sementes de cultivo convencional em substrato contendo
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® (S3), e em sementes de cultivo orgânico, no
substrato solo+areia+esterco+NPK (S2). Nessa fase, verifica-se maior número de
folhas (Tabela 2) nas plantas oriundas do lote de sementes do sistema
convencional. Entretanto, no crescimento do sistema radicular (Tabela 6 e 7) aferido
pelo volume de raízes os resultados são similares.

Considerando o substrato, além do volume da raiz, verifica-se efeito significativo


para área foliar, número de folhas e massa seca da parte aérea (Tabela 2).
77

35 S1 = - 8,612+0,312x*-0,002x2 * R2 = 0,638
Taxa de crescimento absoluto da área

6 ns ns
S4 = 6,430-0,153x +0,001x2 R2 = 0,464

Taxa de crescimento absoluto da altura (mm)


S1 = -2919,916+96,487xns R2 = 0,806 ns ns
S2 = -2,270+0,139x -0,001x2 R2 = 0,124 ns ns
30 ns ns S5 = 6,809-0,108x +0,001x2 R2 = -0,209
S2 = -55365,196+2166,511xns-14,875x2ns R2 = 0,205 S3 = 0,210+0,079x +0,000x2 R2 = -0,126
5
foliar (mm) milhares

25 S5 = -15830,896+752,288x*-5,580x2* R2 = 0,997
S3 = -17076,183+673,851xns-4,388x2 ns R2 = 0,071
20
S4 = -3,148,933+109,130x* R2 = 0,926 4
15

10 3

5
2
0
29 43 71 106
Período (Dias) 1
S1 S2 S3 S4 S5

0
41 48 55 62 69 76 83 90 97 104

Período (Dias)
B
A S1 S2 S3 S4 S5

0.4 S1= 0,234-0,002xns R2 = 0,050 0.14

Taxa de crescimento relativo da altura (mm)


S1=0,102-0,001x** R2 = 0,721
Taxa de crescimento relativo da área

0.35 S2 = 0,309-0,003xns R2 = 0,678


0.12
S2= 0,258-0,006x**+3,11X10- 5 x2 ** R2 = 0,913
0.3 S3 = 0,633-0,015xns+8,96X10-5 R2 = -0,311
0.1
0.25 S4 = 0,709-0,018xns+0,000x2ns R2 = 0,060 S3=0,295-0,007x*+4,09X10- 5 x2 * R2 = 0,643
S5 = 0,769-0,019xns+0,000x2 ns R2 = 0,599
foliar (mm)

0.2 0.08 S4=0,302-0,007x+4,56X10- 5 x2 * R2 = 0,510

0.15 S5= 0,345-0,008x*+5,14X10- 5 x2 * R2 = 0,611


0.06
0.1
0.04
0.05

0 0.02
29 43 71 106
Período (Dias) 0
S1 S2 S3 S4 S5 41 48 55 62 69 76 83 90 97 104
Período (Dias)

S1 S2 S3 S4 S5

C D
1 S1 = 0,579-0,005xns R2 = 0,025
0.9
S2 = 0,772-0,007xns R2 = 0,678
Incremento da área foliar (mm)

0.8
0.7 S3 = 1,616-0,039xns+0,000x2 ns R2 = 0,282
1000
0.6 S4 = 1,780-0,045xns+0,000x2 ns R2 = -0,013 S1= -217,187+6,855x** R2 = 0,994
0.5 900
S5 = 1,937-0,047xns+0,000x2 ns R2 = 0,593 S2= -239,835+8,702x** R2 = 0,994
Increm ento da altura (m m)

0.4 800
0.3 S3= -163,183+9,785x** R2 = 0,995
700
0.2 S4= -75,767+6,724x** R2 = 0,977
0.1
600
S5= 26,053+7,249x** R2 = 0,981
0 500
29 43 Período (Dias) 71 106 400
S1 S2 S3 S4 S5 300
200
100
0
41 48 55 62 69 76 83 90 97 104

E Período (Dias)
F
S1 S2 S3 S4 S5

Figura 2 - Taxa de crescimento absoluto (mm): área foliar (A) e altura (B); taxa de crescimento
relativo (mm): área foliar (C) e altura (D); e incremento (mm): área foliar (E) e altura (F). Sementes de
Brassica oleracea, variedade italica Plenck proveniente de sistema de cultivo convencional.

Nota-se que a menor dose de condicionador de solo no solo+areia+esterco+10 g L-1


Fertium® (S3) determina maior efeito no volume (Tabela 6). Possivelmente pelo
efeito do condicionador, que aplicado ao solo pode exercer influencia na redução da
temperatura, principalmente pela maior retenção de umidade e aeração,
proporcionando maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Portanto, a
menor concentração formulada no experimento apresenta melhor efeito, o que é
economicamente viável ao produtor. Um detalhe que deve ser levado em
consideração é que para essa folhosa houve efeito positivo, enquanto no
desenvolvimento de raízes de cenoura cultivada com adubação química e orgânica,
esse comportamento não foi verificado por Luz e outros (2008).

Considerando o número de folhas em relação aos substratos, maiores valores são


78

observados nos substratos solo+areia+esterco+NPK (S2), solo+areia+esterco+10 g


L-1 Fertium® (S3), solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® (S4) e
-1 ®
solo+areia+esterco+50 g L Fertium (S5), que são semelhantes entre si. Contudo,
na avaliação da massa seca da parte aérea, há maior acúmulo nas plantas
desenvolvidas no substrato solo+areia+esterco+NPK, com resultado similar
encontrado na avaliação da área foliar.

Avaliando-se o efeito significativo dos substratos, observa-se efeito crescente para


solo+areia+esterco+NPK, solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium®,
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® e solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium®
seguido do solo+areia+esterco.

Tabela 6 - Diâmetro do caule (mm), área foliar (mm2), volume da raiz (mL), massa fresca e seca da
parte aérea (g) e massa seca da raiz (g) de cultivo de Brassica oleracea L. var. itálica, em diferentes
tipos de substratos após 104 dias da semeadura - CCA-UFES, Alegre-ES, 2009

Substratos
Parâmetros
S1 S2 S3 S4 S5
Diâmetro do caule 11,75 AB 15,00 A 13,62 AB 10,75 B 12,75 AB
Área foliar 374395,25 C 952454,50 A 578050,63 B 508100,25 B 525575,00 B
Volume da raiz 19,37 C 29,87 B 45,87 A 18,12 C 19,37 C
Número de folhas 13,00 B 17,50 A 14,88 AB 15,13 AB 16,88 A
MSPA 13,56 C 44,22 A 25,45 B 15,07 C 25,02 B
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.

As análises dos dados revelam interação significativa entre os fatores sementes x


substratos quando avaliados altura total da planta, área foliar, massa fresca da parte
aérea e massa fresca e seca da raiz (Tabela 2).

O desdobramento de cada parâmetro (Tabela 7) evidencia que a altura total da


planta não se difere em ambos os tipos de sementes exceto no
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium®, onde o lote de sementes convencionais foi
significativo. Entretanto, no estudo dos substratos em cada tipo de semente isolada,
verifica-se que não apresentam diferença entre os substratos nos lotes de sementes
orgânicas e, no lote de sementes convencionais, somente o solo+areia+esterco+50
g L-1 Fertium® apresenta maior valor entre os substratos. Constata-se que o
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® em sementes convencionais proporciona maior
altura de planta.
79

Tabela 7- Altura da planta (mm), comprimento da raiz principal (mm), área foliar (mm2) e massa
fresca da raiz (g) de Brassica oleracea L. var. Italica Plenck, oriunda de sementes sob cultivo orgânico
e convencional em diferentes tipos de substratos após 104 dias da semeadura - CCA-UFES, Alegre-
ES, 2009

Sementes
Substratos Orgânico Convencional
Altura da planta total (mm)
solo+areia+esterco 241,25 Aa 222,50 Ac
solo+areia+esterco+NPK 310,00 Aa 305,00 Ab
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 303,75 Aa 298,75 Abc
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 270,00 Aa 263,75 Abc
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 255,62 Ba 512,50 Aa
Área foliar (mm2)
solo+areia+esterco 357746,00 Ac 391044,50 Ac
solo+areia+esterco+NPK 906215,75 Ba 998693,25 Aa
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 622904,50 Ab 533196,75 Ab
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 552642,00 Ab 463558,50 Abc
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 561425,50 Ab 489724,50 Abc
Massa fresca da parte aérea (g)
solo+areia+esterco 138,63 Ac 117,69 Ab
solo+areia+esterco+NPK 253,59 Ba 300,70 Aa
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 197,34 Ab 154,80 Bb
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 127,68 Ac 131,70 Ab
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 162,54 Abc 136,90 Ab
Massa fresca da raiz (g)
solo+areia+esterco 36,10 Ac 41,61 Ab
solo+areia+esterco+NPK 48,71 Bb 86,00 Aa
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 80,00 Aa 83,55 Aa
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 20,93 Bd 37,30 Ab
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 44,80 Abc 42,20 Ab
Massa seca da raiz (g)
solo+areia+esterco 8,57 Ac 8,48 Ac
solo+areia+esterco+NPK 14,15 Bb 25,11 Aa
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® 24,20 Aa 23,97 Aa
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® 8,26 Ac 10,00 Abc
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 11,78 Abc 12,29 Ab
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A área foliar avaliada dentro de cada sistema de cultivo apresenta maior magnitude
em plantas provenientes de sementes sob cultivo convencional quando cultivadas no
substrato solo+areia+esterco+NPK (S2). Esse mesmo substrato proporciona maior
área foliar quando comparado aos demais, tanto em plantas provenientes de
sementes sob (906215,75 mm2) quanto em plantas provenientes de sementes sob
cultivo convencional (998693,25 mm2). Resultado similar é verificado na utilização
desse substrato em cada sistema de cultivo em relação à massa fresca da parte
aérea cujas plantas provenientes de sementes de cultivo orgânico e convencional
apresentam maiores valores (253,59 g e 300,70 g), respectivamente. Entretanto,
80

comparando a massa fresca da parte aérea de plantas oriundas de sementes dos


dois sistemas de cultivo, maiores incrementos são observados em plantas cultivadas
no substrato solo+areia+esterco+NPK e solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium®, no
sistema convencional e orgânico, respectivamente. Ototumi, Ventura e Neves (2001)
obtiveram maiores valores de massa fresca da parte vegetativa do brócolos quando
cultivado sob sistema convencional.

Nesse contexto, a segunda fase apresenta maiores resultados sob o efeito da


adubação mineral, entretanto, na fase de mudas os substratos contendo diferentes
concentrações de condicionador de solo proporcionam maiores valores.
Considerando que o peso comercial do brócolos Ramoso Piracicaba é em média
600 a 800 g planta-1, verifica-se que a média de produção obtida apresenta valores
inferiores (50%) ao padrão comercial da “cabeça” desse cultivar. Possivelmente essa
queda tenha ocorrido em função da elevada temperatura registrada na casa de
vegetação (superiores a 30ºC) (Figura 3), o que pode ter interferido no
desenvolvimento e produtividade das plantas, mesmo em se tratando de cultura
adaptada a clima de verão (BJÖRKMAN; PEARSON, 1998).

Figura 3- Valores das temperaturas mínimas, máximas e umidade relativa do ar em casa de


vegetação durante o desenvolvimento do cultivo orgânico e convencional de brócolos Ramoso
Piracicaba, Alegre-ES, 2009.

Comparando-se a massa fresca da raiz de plantas oriundas de sementes dos dois


sistemas de cultivo, observa-se que aquelas cultivadas nos substratos
81

solo+areia+esterco+NPK e solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® apresentam maior


massa (86 g e 37,30 g), respectivamente, quando provenientes de sementes de
cultivo convencional. Por sua vez, maior massa seca da raiz (25,11 g) é observada
para substrato solo+areia+esterco+NPK em plantas provenientes de sementes de
cultivo convencional.

Comparando a massa seca da raiz em cada origem das sementes, observa-se que
maiores massas são proporcionadas pelo uso de solo+areia+esterco+10 g L-1
Fertium® no sistema orgânico e por solo+areia+esterco+NPK e
solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® no sistema convencional.

Verifica-se entre os resultados de fase inicial e de produção do brócolos nos


parâmetros volume, massa fresca e seca da raiz que o solo+areia+esterco+10 g L-1
Fertium® proporciona melhor comportamento (crescimento) das plantas (Tabela 5 e
6, respectivamente). Esses resultados sugerem que a utilização de substratos
contendo menor dose de condicionador solo ou adubação mineral proporciona
melhor desenvolvimento do sistema radicular desse vegetal possivelmente por
disponibilizarem maior quantidade de nutrientes do substrato para a planta, os quais
apresentam maiores quantidades de fósforo em sua composição (Tabela 1).

De acordo com Kämpf (2000), valores de pH entre 6,0 e 7,0 ocorre adequada
disponibilidade de nutrientes nos substratos minerais e orgânicos, cujo valor situa-se
entre 5,2 e 5,5, e somente o solo+areia+esterco+NPK (mineral) apresentava pH 6,5,
enquanto os demais (orgânicos) o pH estava superior a 7,0, acima do recomendado.
Além disso, os teores de K, Ca, P, Mg estavam acima dos valores recomendados
para substratos, que são: K=0,28 a 0,46 cmolc dm-3, de Ca= 0,7 a 1,2 cmolc dm-3, P=
8,0 a 13 mg L-3 e Mg= 0,5 a 0,83 cmolc dm-3 (PLANK, 1989). Possivelmente a
composição dos substratos associada às oscilações de temperatura observada na
casa de vegetação tenha interferido na disponibilidade de nutrientes à planta,
interferindo na produtividade da “cabeça” do brócolos.
82

CONCLUSÃO

A qualidade da semente é fundamental para o estabelecimento da cultura e o


aumento da produtividade.

Não há diferença de germinação entre os substratos.

O vigor (IVE e estande final) é maior em sementes convencionais.

Na fase de desenvolvimento, os substratos solo+areia+esterco+NPK e


solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® apresentam maiores taxas e incrementos nas
variáveis estudadas durante os períodos de avaliações.

A produção das mudas nos substratos contendo condicionador de solo é viável.

A produção (massa fresca da parte aérea) são maiores no substrato contendo


adubação mineral em plantas oriundas de sementes de cultivo convencional.

O substrato solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® proporciona maior volume, massa


fresca e seca da raiz das plantas.

O substrato solo+areia+esterco+10 g L-1 Fertium® e solo+areia+esterco+NPK


proporcionam maiores valores das variáveis estudas.
83

REFERÊNCIAS

ALVES, E. U. et al. Rendimento e qualidade fisiológica de sementes de coentro


cultivado com adubação orgânica e mineral. Revista Brasileira de Sementes,
Brasília, v. 27, n. 1, p.132-137, 2005.

ANDREOLI, C. et al. Influência da germinação da semente e da densidade de


semeadura no estabelecimento do estande e na produtividade de milho. Revista
Brasileira de Sementes, Brasília, v.24, n.2, p.1-5, 2002.

BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas.


Jaboticabal: FUNEP, 2003.

BJÖRKMAN, T.; PEARSON, K.J. High temperature arrest of inflorescence


development in broccoli (Brassica oleracea var. italica L.). Journal of Experimental
Botany, v. 49, n. 318, p. 101-106, 1998.

BORNE, H.R. Produção de mudas de hortaliças. Guaíba: Agropecuária, 1999.

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87

CAPÍTULO 3

BIOMASSA E TEORES DE NUTRIENTES EM BRÓCOLOS EM


DIFERENTES SUBSTRATOS

RESUMO

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no CCA-UFES, Alegre-ES,


objetivando avaliar o acúmulo de biomassa e nutrientes em brócolos em função do
sistema de produção da semente e tipo de adubação. Sementes de brócolos do
cultivar Ramoso Piracicaba oriundas de lotes de cultivo orgânico e de cultivo
convencional foram utilizadas. O delineamento foi em blocos completos
casualizados, com quatro repetições, em arranjo fatorial 2x5 (lotes x substratos). Os
substratos utilizados foram: S1 (solo + areia + esterco); S2 (solo + areia + esterco +
NPK); S3 (solo + areia + esterco + Fertium® 10 g L-1); S4 (solo + areia + esterco +
Fertium® 30 g L-1) e S5 (solo + areia + esterco + Fertium® 50 g L-1. Os cultivos de
brócolos não diferem quanto à origem das sementes. O substrato com adubação
mineral solo+areia+esterco+NPK proporciona maior alocação de nutrientes gerando
maior acúmulo de massa fresca e seca da parte aérea. Entre os substratos
orgânicos o que proporciona maior acúmulo de nutrientes é o substrato solo + areia
+ esterco + Fertium® 30 g L-1, diferindo somente no teor de potássio em sementes
convencionais e de enxofre nos substratos.

Palavras–chave: Brassica oleracea. Análise foliar. Nutrição de plantas. Substratos.


Alocação de nutrientes.
88

CHAPTER 3

BIOMASS AND LEVELS NUTRIENTS IN BROCCOLI IN DIFFERENTS


SUBSTRATE

ABSTRACT

The experiment was conducted in a greenhouse at the CCA-UFES, in Alegre-ES,


with objective to evaluate the biomass accumulation and nutrients in broccoli in
different substrates. Seeds of the cultivar Ramoso Piracicaba broccoli from seed lots
of organic and conventional production were utilized. The experimental design was
randomized complete block with four replications in a factorial arrangement 2x5 (lots
x substrates). The substrate utilized was: S1 substrate (soil + sand + manure), S2
(soil + sand + manure + NPK), S3 (soil + sand + manure + Fertium® 10 g L-1), S4 (soil
+ sand + manure + Fertium® 30 g L-1) and S5 (soil + sand + manure + Fertium® 50 g
L-1. The crops of broccoli did not differ as to the origin of the seeds. The substrate
fertilization with mineral soil + sand + manure + NPK, shows higher allocation of
nutrients providing greater accumulation of fresh and dry mass. Among the organic
substrates which shows higher accumulation of nutrients is the substrate 4 (soil +
sand + manure + Fertium® 30 g L-1) differing only in the potassium content in
conventional seed and sulfur in substrates.

Key words: Brassica olerace. Leaf analysis. Plant nutrition. Substrate. Nutrients
allocation.
89

INTRODUÇÃO

As oleráceas são altamente exigentes em nutrientes, e necessitam encontrar no solo


os nutrientes essenciais (macronutrientes e os micronutrientes) aos vegetais, pois a
ausência limita seu desenvolvimento e produção. E essas se caracterizam por
extraírem do solo e exportarem para suas partes comerciáveis, grandes quantidades
de nutrientes por hectare em relação a outras culturas (FILGUEIRA, 2003).

A fertilização do solo com a reposição dos adubos necessários ao desenvolvimento


das plantas constitui-se numa prática de rotina nas áreas agricultáveis. Os custos
elevados dos fertilizantes na produção de hortaliças, na maioria das vezes, torna o
insumo mais caro, necessitando de alternativas, onde os adubos orgânicos vêm se
destacando como fonte de nutrientes mais baratas, especialmente nos locais onde
sua obtenção é facilitada (RODIGUES, CASALI, 2000; LOPES et al., 2005). Em
comparação entre os dois sistemas de cultivo, convencional e orgânico, o orgânico
apresenta o potencial de melhorar a qualidade do solo (MÄDER et al., 2002).

Com a busca por alimentação cada vez mais saudável houve expansão da clientela
dos produtos orgânicos notadamente a partir da década de 80, e umas das
principais características que chamam atenção do consumidor para um produto
orgânico é a informação sobre os benefícios nutricionais, a ausência de toxicidade e
a certeza de que foi produzido segundo os preceitos que preservam esses fatores
(ORMOND; PAULA; FAVERET FILHO, 2002).

Os alimentos orgânicos apresentam propriedades mais diversificadas, ricas em


minerais, fitormônios, aminoácidos e proteínas, que proporcionam nutrição mais
adequada para o corpo humano, com maiores teores de carboidratos e massa seca.
Os resíduos quando incorporados ao solo, de acordo com o grau de decomposição,
podem ter efeitos imediatos ou residuais, por um processo mais lento de
decomposição e liberação de nutrientes (SANTOS et al., 2001).

A estrutura do solo, sob o ponto de vista agrícola, é um dos atributos mais


90

importantes, devido à sua relação com a disponibilidade de ar e água às raízes das


plantas, com o suprimento de nutrientes, com a resistência mecânica do solo à
penetração e com o desenvolvimento do sistema radicular. O mineral contido no
substrato é absorvido pela raiz através da epiderme até os vasos condutores (xilema
e floema), onde são distribuídos por toda a planta, via transporte à longa distância
no qual os nutrientes são conduzidos de forma iônica, orgânica ou catiônica
(MALAVOLTA, VITTI, OLIVEIRA, 1997). Entretanto, a ausência de um elemento
(nutriente essencial) impede uma planta de completar seu ciclo de vida, pois esses
desempenham diferentes funções no vegetal entre elas o armazenamento de
energia e manutenção na integridade estrutural, função de cofatores enzimáticos,
regulação osmótica e transporte de elétrons (TAIZ; ZEIGER, 2004).

Pesquisas têm evidenciado que a ausência dos elementos essenciais na produção


proporciona anormalidades prejudicando ou atrasando o desenvolvimento do
vegetal, o que compromete a produção. Como exemplo, Alves e outros (2008)
verificaram que a ausência dos macronutrientes N, P, K e Ca em beterraba
causaram declínio no desenvolvimento do vegetal, consequentemente
comprometendo toda a produção. Entretanto, os principais fatores que caracterizam
a composição mineral dos tecidos foliares dependem da planta (espécie, variedade,
tipo de folha e idade), solo, fertilizantes, clima, práticas culturais, pragas e doenças
(MALAVOLTA, VITTI, OLIVEIRA, 1997). Assim, estudos desenvolvidos sobre a
variação na composição mineral nos diversos órgãos das plantas, nos diferentes
estádios fisiológicos fornecem informações sobre como ocorre a redistribuição e
reciclagem de nutrientes na planta (PICCHIONI et al., 1997).

A partir da massa seca dos vegetais encontram-se diversos elementos através de


análise elementar (LOPES et al., 2005; VIDIGAL, PACHECO, FACION, 2007). Essa
análise de tecido vegetal auxilia ao produtor a determinar o calendário de
fertilizações. Além dos fertilizantes industriais tem-se os de natureza orgânica que
são oriundos de restos vegetais e animais contendo nutrientes na forma de
compostos orgânicos que se disponibilizam à planta, melhoram a estrutura física do
solo além de aumentar a retenção de água (TAIZ; ZEIGER, 2004). O composto
orgânico possui 90% de sua composição formada por nitrogênio na forma orgânica e
a liberação desse nutriente ao solo ocorre através da mineralização de forma
91

gradual, sendo esse macronutriente um dos principais responsáveis pelo


desenvolvimento da planta (AMLINGER et al., 2003). Estudando consórcios de
alface-cenoura e alface-rabanete sob manejo orgânico, Salgado e outros (2006)
obtiveram resultados promissores de produtividade. As adubações, tanto com
esterco bovino quanto com cama de frango, dobraram a produtividade da massa
fresca de folhas (VIANA; VASCONCELO, 2008).

O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a influencia da adubação mineral e


orgânica no acúmulo de biomassa e nutrientes em brócolos em função do sistema
de produção da semente e tipo de adubação.
92

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas sementes de brócolos (Brassica oleracea L. var. italica) cultivar


Ramoso Piracicaba, safra 2007, sendo dois lotes de sementes de cultivo orgânico e
dois lotes de cultivo convencional. As primeiras foram provenientes do campo de
produção de sementes da Cooperativa dos Agricultores do Movimento Sem Terra-
Cooperal, localizada no município de Santa Fé das Missões-RS, e as sementes do
cultivar convencional foram procedentes do campo de produção da empresa
AGRISTAR, localizado na cidade de Jaíba-MG. Na condução dos trabalhos, as
sementes foram homogeneizadas separadamente e reduzidas a dois lotes: L1
(orgânico) e L2 (convencional).

As sementes foram semeadas em vasos de 6 dm3 revestidos internamente e


externamente com sacos de polietileno preto, para evitar a perda de água e de
substratos.

O solo utilizado foi um Latossolo Vermelho eutrófico, textura média, coletado na


camada B, profundidade de 20-40 cm, na área experimental da Escola Agrotécnica
Federal de Alegre – EAFA, no distrito de Rive, em Alegre – ES. O solo foi seco à
sombra, destorroado e passado em peneira com malha de 2 mm de diâmetro, cujas
análises químicas revelaram: pH= 6,6; P= 3,0 mg dm-3; K= 144,0 mg dm-3; Ca= 4,3
cmolc dm-3; Mg= 1,9 cmolc dm-3; Na= 5,0 cmolc dm-3; Al= 0,0 cmolc dm-3; H+Al= 2,1
cmolc dm-3; Soma de bases= 6,6 cmolc dm-3; CTC= 8,7 cmolc dm-3; CTC efetiva= 6,6
cmolc dm-3; Sat.Bases= 75,4%; Sat. Al= 0,0%; K/CTC=4,2%; Ca/CTC= 49,2;
Mg/CTC= 21,7%; Na/CTC= 0,2%; Al/CTC= 0,0%; H+Al/CTC= 24,6; Ca/Mg= 2,3;
Ca/K= 11,6; Mg/K= 5,1; M.O.= 6,9 g/ Kg, e as físicas: areia grossa (g kg-¹) = 293,72;
Areia Fina (g kg-¹) = 84,45; Silte (g kg-¹) = 136,71; Argila (g kg-¹) = 485,12; Densidade
do solo (kg dm-³) = 1,13.

Para a composição dos substratos, utilizou-se solo e areia (peneirados em malha de


2 mm), esterco (peneirados em malha de 4 mm) e Fertium®. Os substratos foram
compostos como a seguir (v:v): S1 (solo + areia + esterco), S2 (solo + areia +
esterco + NPK*), S3 (solo + areia + esterco + Fertium® 10 g L-1), S4 (solo + areia +
esterco + Fertium® 30 g L-1) e S5 (solo + areia + esterco + Fertium® 50 g L-1); e
93

*NPK: 40 kg/ ha de N na forma de sulfato de amônio, 400 kg ha-1 de P2O5 na forma


de superfosfato triplo e 100 kg ha-1 K2O na forma de cloreto de potássio (DADALTO;
FULLIN, 2001). A recomendação foi baseada numa população de 20.000 plantas
hectare-1 (CAMARGO, 1992), e os resultados das análises químicas (SILVA, 1999)
constam na Tabela 1.

Tabela 1 – Atributos físicos e químicos dos substratos


Resultados analíticos de solo
S1 S2 S3 S4 S5
pH 7,4 6,5 7,4 7,2 7,0
-
P (mg dm ³) 83,0 101,0 95,0 91,0 95,0
-
K (mg dm ³) 1024,0 1344,0 1308,0 1520,0 1440,0
-
Ca (cmolc dm ³) 3,5 3,6 3,3 3,5 3,6
-
Mg (cmolc dm ³) 1,8 2,0 2,2 1,5 1,7
-
Na (mg dm ³) 40,0 28,0 74,0 78,0 85,0
-
Al (cmolc dm ³) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
H+Al (cmolc dm-³) 1,3 2,5 1,3 2,3 4,0
-
S.B. (cmolc dm ³) 8,9 8,3 9,2 9,2 9,3
-
CTC (cmolc dm ³) 10,2 10,8 10,5 11,5 13,3
-
t (cmolc dm ³) 8,9 8,3 9,2 9,2 9,3
V (%) 87,0 77,1 87,4 80,0 70,2
m (%) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
K/CTC (%) 33,8 24,3 32,0 33,8 27,8
Ca/CTC (%) 34,3 33,3 31,4 30,3 27,1
Mg/CTC (%) 17,2 18,5 21,0 13,0 12,4
Na/CTC (%) 1,7 1,1 3,1 2,9 2,8
Al/CTC (%) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
H+Al/CTC (%) 13,0 22,9 12,6 20,0 29,8
Ca/Mg 2,0 1,8 1,5 2,3 2,2
Ca/K 1,0 1,4 1,0 0,9 1,0
Mg/K 0,5 0,8 0,7 0,4 0,4

Após o desbaste, foram novamente analisados os substratos e efetuada adubação


de cobertura com sulfato de amônio, conforme a recomendação da cultura.

Para as regas, determinou-se a retenção de umidade na tensão de 0,010 MPa para


a capacidade de campo (CC), em câmara de pressão de Richards com placa
porosa (EMBRAPA, 1997) mantida a 70% (FILGUEIRA, 2003) pela aferição dos
94

vasos diariamente em balança eletrônica 0,01 g .

Para semeadura foram utilizadas 20 sementes em cada vaso a uma profundidade de


0,2 cm. No vigésimo oitavo dia após a semeadura, realizou-se o desbaste,
mantendo-se uma planta por vaso. Após setenta e sete dias do desbaste, avaliou-se
a massa fresca e seca, área foliar e teor de macro e micronutrientes das folhas.
Durante o experimento realizaram-se escarificações do substrato e capinas manuais,
mantendo-se os tratos da cultura.

Primeiramente, avaliou-se a área foliar por planta de acordo com Grimes e Carter
(1969). Após essa etapa, determinou-se a massa fresca e seca da parte aérea,
utilizando-se balança analítica (0,001 g). A massa seca foi obtida em estufa com
circulação mecânica a 80±3ºC por 72 horas (peso constante) e os resultados
expressos em g planta-1.

Para as análises foliares, o material seco (folhas) foi triturado em moinho Wiley, com
malhas de 0,42 mm, transferidos 0,5 g para tubos de ensaio, adicionados 25 mL de
água destilada para análises químicas dos teores de macronutrientes (N, P, S, Ca,
Mg e K) e micronutrientes (B, Fe, Cu, Zn e Mn), seguindo uma adaptação da
metodologia citada por Silva (1999).

A leitura dos nutrientes foi no espectrofotômetro de absorção atômica para os


elementos cálcio, magnésio, potássio, ferro e cobre; espectrofotômetro a 460 nm
para leitura do boro e a 420 nm para o enxofre; método de titulação (Kjeldahl) para
nitrogênio; espectrofotômetro UV-VIS para fósforo e utilizou-se EAA com chama ar-
acetileno para manganês e zinco. A quantidade dos nutrientes acumulada nos
tecidos da parte aérea dos brócolos foi calculada com base no teor dos nutrientes no
tecido e na produção de matéria seca.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos completos casualizados, com


quatro repetições, e os tratamentos dispostos em arranjo fatorial de 2x5 (lotes x
substratos). Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey (P≤0,05).
95

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os micronutrientes, observa-se efeito significativo do ferro e do zinco para os


tipos de sementes e do boro nos substratos (Tabela 2).

Tabela 2 - Quadrados médios e parâmetros nutricionais e fisiológicos em cultivos de brócolos


utilizando sementes de cultivo orgânico e convencional
Quadrados médios do resíduo
Parâmetros nutricionais
F. V. G. L.
Macronutrientes
N P K Ca Mg S
Sementes 1 0,93ns 0,45ns 0,28ns 9,27ns 1504,79ns 0,41ns
Substratos 4 36,72** 2,58** 94,34** 86,38* 2952,04** 21,97**
Sem X Sub 4 3,66ns 0,40ns 71,24* 38,67ns 324,37ns 0,18ns
Resíduo 27 4,06 0,51 21,58 26,33 391,25 0,15

Média 16,54 3,1 36,08 12,95 51,57 1,95


CV (%) 12,17 23,10 12,88 39,61 38,35 19,72
Micronutrientes
F. V. G. L. Fe Zn Mn B
Sementes 1 149671,9 123,48* 1,81ns 40,38ns
8**
Substratos 4 4510,24ns 24,59ns 3,79ns 1456,12**
Sem X Sub 4 9568,07ns 40,17ns 2,48ns 311,45ns
Resíduo 27 9287,03 28,34 1,50 139,36

Média 248,60 28,22 4,43 57,54


CV (%) 38,76 18,86 27,67 20,51
Parâmetros fisiológicos
F. V. G. L. A F/1 MFPA MSPA
Sementes 1 0,62ns 5511,46ns 6,19ns
Substratos 4 37,76** 33361,38* 799,01**
*
Sem X Sub 4 1,38* 981,64ns 43,85ns
Resíduo 27 0,39 1578,75 41,09

Média 587715,1 171,99 24,42


2
CV (%) 10,65 23,10 26,25
/1
– AF x 1010; AF: Área foliar por planta; MFPA: Massa fresca da parte aérea; MS; e PA: Massa seca
da parte aérea.

Em cultivo de agrião e alface, Sterz (2004) observou maior teor de ferro em cultivo
orgânico em relação ao cultivo convencional, resultado oposto verifica-se no teor de
zinco, onde se destaca o cultivo convencional em ambos os tipos de hortaliças. No
estudo da avaliação química da folha de cenoura, Pereira, Pereira e Barcelos (2003)
verificaram elevados teores de ferro. O ferro e o zinco são micronutrientes
envolvidos nas reações redox dos vegetais, desempenham funções na transferência
de elétrons e na transferência de energia (TAIZ; ZEIGER, 2004).
96

A presença de cobre não foi detectada em nenhum tratamento, mesmo com


menores diluições, e esse elemento em excesso apresenta toxidez na planta e sua
ausência ocasiona a redução do florescimento e frutificação em algumas espécies
vegetais (EPSTEIN; BLOOM, 2004). Segundo Dadalto e Fullin (2001), a faixa de teor
foliar de cobre adequada em brócolos é de 5 a 15 mg kg-1. A disponibilidade desse
elemento é maior em solos alcalinos (pH 7 a 8). Entretanto, o solo apresentou pH
6,5, faixa considerada ideal para o cultivo de brócolos (FILGUEIRA, 2003). Não há
resultados significativos nos teores de manganês nos substratos (Tabela 2).

Segundo Malavolta, Vitti e Oliveira (1997), a deficiência de Fe e Mn causa indício de


clorose devido à essencialidade desses elementos na constituição das moléculas de
clorofila. Entretanto, esse sintoma não foi observado, possivelmente devido à
presença do Fe.

A análise de variância dos teores de boro, cálcio, enxofre, fósforo, magnésio e


nitrogênio e também na massa fresca e massa seca da parte aérea evidencia
resultado significativo apenas para o fator substrato (Tabelas 2). A Tabela 3
apresenta os teores desses nutrientes em cada substrato avaliado.

O substrato contendo NPK proporciona maior teor foliar de boro quando comparado
aos substratos solo+areia+esterco e solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium®, contudo,
apresenta comportamento semelhante aos demais substratos, possivelmente pela
maior disponibilidade de boro no substrato, em função da adubação complementar
feita conforme recomendações técnicas (DADALTO; FULLIN, 2001). O boro é um
elemento essencial e indispensável na produção de brassicas. Quando pulverizado
ou incorporado ao solo pode elevar a produtividade e a qualidade das mesmas
(FILGUEIRA, 2003). Em cultivo de couve-da-Malásia, a deficiência de boro resultou
em folhas esbranquiçadas, que morreram entre 30 e 37 dias após a semeadura
(MOTA; SOUSA; RANAL, 2009).

Pizetta e outros (2005) verificaram que as hortaliças repolho e brócolos acumularam


mais boro nos tecidos do que a couve-flor, entretanto, em brócolos, a deficiência
desse elemento originou plantas com caule oco, e no presente estudo, os teores
desse elemento estão adequados, situando-se na faixa de 30 a 100 mg Kg-1
97

(DADALTO; FULLIN, 2001). O aumento na dose de boro na adubação em couve-flor


proporciona aumento do teor de boro nas folhas, sendo inversamente proporcional
aos teores foliares de potássio e enxofre (KOJOI et al., 2009). Resultado similar já
encontrado para os teores de enxofre dentro dos substratos solo+areia+esterco+10
g L-1 Fertium®, solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® e solo+areia+esterco+50 g L-1
Fertium® os quais apresentaram valores abaixo da faixa adequada desse nutriente
em brócolos (DADALTO; FULLIN, 2001).

Tabela 3 - Teores foliares de boro, cálcio, enxofre, fósforo, magnésio, nitrogênio e massa fresca e
seca da parte aérea de brócolos Ramoso Piracicaba (Brassica oleracea L. var. itálica Plenck) sob
diferentes substratos - CCA-UFES, Alegre-ES, 2009

Substratos
Nutrientes S1 S2 S3 S4 S5
Boro (mg Kg-1) 40,83 B 78,08 A 57,44 AB 58,87 AB 52,50 B
Cálcio (g Kg-1) 15,98 A 14,47 A 12,17 A 14,54 A 7,61 A
Enxofre (g Kg-1) 1,96 B 4,81 A 0,88 C 1,29 BC 0,83 C
Fósforo (g Kg-1) 3,08 AB 2,23 B 3,70 A 3,48 AB 3,00 AB
Magnésio (mg Kg-1) 50,85 AB 83,74 A 33,50 B 48,40 AB 41,39 B
Nitrogênio (g Kg-1) 17,99 AB 14,57B 15,19 B 19,58 A 15,40 B
Substratos
S1 S2 S3 S4 S5
Massa fresca (g) 119,12 B 279,03 A 179,03 B 125,48 B 157,30 B
Massa seca (g) 15,30 B 40,05 A 25,84 B 16,06 B 24,85 B
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao
nível de 5% de probabilidade.

O teor de cálcio nas folhas (Tabela 3) não apresenta diferença nos substratos
avaliados, situando-se na faixa considerada adequada para o cultivo de brócolos,
cujos teores situam-se entre 12 a 25 g kg-1(DADALTO; FULIN, 2001b). A cultura do
brócolos apresenta grande fonte de cálcio em sua composição nutricional. Segundo
Santos, Abreu e Carvalho (2003), as folhas de brócolos após a cocção contribuem
com 53,3% do cálcio recomendado para indivíduos adultos. A similaridade do teor de
cálcio nas plantas cultivadas sob todos os substratos estudados pode ser explicada
também pela incorporação do esterco bovino, pois a matéria orgânica auxilia na
manutenção desse cátion, que fica de forma trocável no solo (MALAVOLTA; VITTI;
OLIVEIRA, 1997).

O cálcio em brássicas tem maior eficiência no estádio de crescimento e


desenvolvimento da planta quando há expansão de folhas externas e internas, e a
sua deficiência ocasiona grandes distúrbios fisiológicos (FERREIRA; CASTELLANE;
98

CRUZ, 1993). Em adubação contendo solo, esterco e adubo formulado mineral, o


cálcio foi o macronutriente que mais acumulou nas folhas de abóbora híbrida, com
total de 56%, e em menor quantidade no caule e nos frutos, sendo que, a
movimentação desse nutriente na planta ocorre via xilema, por meio da corrente
transpiratória, o que permite o seu maior acúmulo na parte vegetativa em relação
aos frutos (VIDIGAL, PACHECO; FACION, 2007).

O teor foliar de enxofre é significativamente maior em plantas desenvolvidas no


substrato solo+areia+esterco+NPK, o que pode estar associado à incorporação de
adubação mineral na forma de sulfato de amônio no plantio e em cobertura. No
mesmo substrato há maior acúmulo de massa seca das plantas, o que pode estar
associado à função estrutural e metabólica que esse nutriente desempenha nas
plantas (EPSTEIN, BLOOM, 2004; VITTI, LIMA, CICARONE, 2006).

Com relação ao fósforo, são verificados os maiores teores foliares nas plantas
desenvolvidas em substratos solo+areia+esterco, solo+areia+esterco+10 g L-1
Fertium®, solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® e solo+areia+esterco+50 g L-1
Fertium®, sendo o substrato solo+areia+esterco+NPK o que exibe menor teor desse
macronutriente. Verifica-se que, na análise inicial (Tabela 1), esse substrato
apresenta resultado superior em relação aos demais. Esses resultados podem
evidenciar que os substratos que contêm condicionador de solo auxiliam na
capacidade de troca catiônica disponibilizando o fósforo para o vegetal.

A matéria orgânica é uma importante fonte de fósforo para as plantas, no entanto a


adubação mineral contendo fósforo é pouco assimilável pela planta, sendo
necessária a aplicação de quatro vezes mais fósforo na forma fertilizante mineral do
que a planta vai absorver, pois a fixação de fosfatos livres na solução do solo torna-
se não disponível às raízes (KIEHL, 1985). A maior parte do fósforo adicionado é
adsorvida em colóides do solo, tornando-se com o tempo não-disponível, formando
compostos de baixa solubilidade sem proporcionar uma esperada contribuição para
a produção vegetal (ARAÚJO; MACHADO, 2006). Em cultivo consorciado de alface
e cenoura, adubados com esterco e adubação formulada foi observada interação
entre as densidades populacionais de alface e de cenoura em relação ao conteúdo
de fósforo nas folhas da alface (BEZERRA NETO et al., 2008). Villas Boas e outros
99

(2004) obtiveram maiores quantidades do fósforo na produção de alface em misturas


de solo, esterco de galinha, adubação mineral e palhada de feijão.

O teor de magnésio é significativamente maior nas plantas desenvolvidas nos


substratos solo+areia+esterco, solo+areia+esterco+NPK e solo+areia+esterco+30 g
L-1 Fertium®, os quais não diferem estatisticamente entre si. A fração de solo contida
no substrato apresenta textura média com 44 % de argila, e nos solos argilosos
ocorrem altos teores de magnésio na forma intemperizável, e na matéria orgânica,
como composto orgânico (VITTI, LIMA, CICARONE, 2006). Villas Bôas e outros
(2004) verificaram que a produção de alface em misturas de solo, esterco de
galinha, adubação mineral e palhada de feijão apresentaram grande quantidade de
Ca, Mg e S na planta. O magnésio é um integrante da molécula da clorofila, e a sua
ausência interfere no processo de fotossíntese tornando as folhas cloróticas e
deficientes (FILGUEIRA, 2003).

As plantas desenvolvidas nos substratos solo+areia+esterco e


solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium® apresentam significância para teores de
nitrogênio, e a presença desse nutriente em hortaliças herbáceas, como o brócolos,
exerce efeito direto na produtividade, com melhoria do desenvolvimento vegetativo,
aumenta a área fotossintética ativa e eleva o potencial produtivo da cultura
(FILGUEIRA, 2003). No substrato solo+areia+esterco+NPK, com a utilização de
adubação mineral, o menor teor de nitrogênio possivelmente esteja associado às
perdas por volatilização ou por percolação no substrato.

Em sistemas naturais, a disponibilidade de nitrogênio para as plantas ocorre pela


mineralização da matéria orgânica do solo. Essa disponibilidade está sujeita às
perdas por lixiviação, volatilização e desnitrificação, além de imobilização e fixação
por partículas do solo (REIS et al., 2006). Basso e outros (2004) evidenciaram a
volatilização de nitrogênio em esterco suíno. O nitrogênio é um elemento mineral
requerido em maior quantidade pelas plantas e é o que mais limita o crescimento,
principalmente por participar da formação de proteínas, ácidos nucléicos e outros
constituintes celulares. A sua escassez ocasiona clorose das folhas mais antigas e
redução do crescimento da planta (SOUZA; FERNANDES, 2006). A ausência do
nitrogênio na couve-da-Malásia inibiu o desenvolvimento das plantas que
100

apresentaram folhas de coloração verde-acinzentada, pecíolo e face abaxial da


lâmina com coloração arroxeada (MOTA; SOUSA; RANAL, 2009).

As plantas do substrato solo+areia+esterco+NPK apresentam maiores índices de


massa fresca e seca de folhas, consequentemente com maiores quantidades de
acúmulo de nutrientes. O boro, cálcio e magnésio são os nutrientes responsáveis
pela estruturação e fisiologia dos vegetais, o que explica a maior taxa de biomassa
nesse substrato. Vidigal Pacheco e Facion (2007) constataram que em cultivo de
abóbora hibrida a adubação com esterco e adubo formulado determinou grande
acúmulo de massa seca das folhas até os 87 dias após a semeadura. Resultados
semelhantes foram observados por Cardoso e outros (2008).

A interação sementes x substratos é significativa para o potássio e área foliar


(Tabela 2). Observa-se que em plantas desenvolvidas no substrato
solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium®, o teor de potássio é maior quando as mesmas
são provenientes de sementes de origem orgânica (Tabela 4).

Tabela 4 - Teor de potássio e área foliar por planta de brócolos Ramoso Piracicaba (Brassica
oleracea L. var. itálica Plenck (Brassica oleracea), proveniente de sementes de sistema de cultivo
orgânico e convencional, em diferentes tipos de substratos - CCA-UFES, Alegre-ES, 2009

Semente
Substratos Orgânica Convencional
Potássio (g kg-1)
solo+areia+esterco 36,89 Aab 39,17 Aa
solo+areia+esterco+NPK 35,16 Aab 31,79 Aa
-1 ®
solo+areia+esterco+10 g L Fertium 34,55 Ab 39,46 Aa
-1 ®
solo+areia+esterco+30 g L Fertium 44,40 Aa 35,93 Ba
solo+areia+esterco+50 g L-1 Fertium® 28,97 Ab 34,46 Aa
Área foliar por planta (mm2)
solo+areia+esterco 357746,00 Ac 391044,50 Ac
solo+areia+esterco+NPK 906215,75 Ba 998693,25 Aa
-1 ®
solo+areia+esterco+10 g L Fertium 622904,50 Ab 533196,75 Ab
-1 ®
solo+areia+esterco+30 g L Fertium 552642,00 Ab 463558,50 Abc
-1 ®
solo+areia+esterco+50 g L Fertium 561425,50 Ab 489724,50 Abc
Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo
teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade.

Não há diferença entre os lotes de sementes nos demais substratos. Avaliando-se o


101

efeito dos substratos dentro dos sistemas de cultivo, observa-se que, para o teor de
potássio em sementes orgânicas, as plantas desenvolvidas nos substratos
solo+areia+esterco, solo+areia+esterco+NPK e solo+areia+esterco+30 g L-1
Fertium® são os mais adequados e não se diferem estatisticamente entre si. Em
sistema convencional, os substratos não diferem para o potássio. Em cultivo de
alface sob diferentes doses, Lopes e outros (2005) verificaram alto teor foliar K.
Resultado semelhante foi encontrado por Villas Bôas e outros (2004), que
verificaram na produção de alface em misturas de solo, esterco de galinha,
adubação mineral e palhada de feijão grande quantidade de K na planta. O potássio
desempenha funções importantes como fotossíntese, síntese de proteínas e
ativação enzimática, além do seu envolvimento no transporte de carboidratos (TAIZ;
ZEIGER, 2004). Em cultivo de berinjela o esterco bovino aumentou a disponibilidade
de potássio e fósforo no substrato, proporcionando maiores taxas de massa seca da
raiz e parte aérea (CARDOSO et al., 2008).

A área foliar (Tabela 4) apresenta diferença significativa entre os tipos de sementes


no substrato solo+areia+esterco+NPK, com maior valor para plantas oriundas de
sementes de cultivo convencional. Observa-se ainda, que o substrato contendo NPK
proporciona maior área foliar tanto em plantas oriundas de sementes de cultivo
orgânico quanto convencional.
102

CONCLUSÃO

O substrato solo+areia+esterco+NPK proporciona maior alocação de nutrientes para


a parte aérea, ocasionando maior área foliar e maior acúmulo de massa fresca e
seca.

Entre os substratos contendo adubação orgânica, o que apresenta maior acúmulo


de nutrientes é o substrato solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium®
(solo+areia+esterco+30 g L-1 Fertium®), apresentando baixo teor de potássio em
sementes convencionais e de enxofre nos substratos.

O substrato solo+areia+esterco+NPK proporciona maior biomassa (massa fresca e


seca), contendo maiores teores de B, S e Mg.
103

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