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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA ELÉTRICA

Pedro Genaro Alves Filho

IMPACTO DO CONTROLE VOLT/VAR EM REDES DE


DISTRIBUIÇÃO A PARTIR DA EXPLORAÇÃO DO POTENCIAL DOS
INVERSORES DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Santa Maria, RS, Brasil


2018
Pedro Genaro Alves Filho

IMPACTO DO CONTROLE VOLT/VAR EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO A


PARTIR DA EXPLORAÇÃO DO POTENCIAL DOS INVERSORES DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS

Dissertação apresentada ao Curso de


Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica, Área de Concentração
em Sistemas de Potência, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Elétrica.

Orientadora: Profa. Dra. Luciane Neves Canha

Santa Maria, RS, Brasil


2018
________________________________________________
© 2018
Todos os direitos autorais reservados a Pedro Genaro Alves Filho. A reprodução de partes ou
do todo deste trabalho só poderá ser feita mediante a citação da fonte.
Endereço: Rua Acre, n. 195, Apto 302, Centro, Santa Maria, RS. CEP 97060-040
Fone (055) 53 98109 0522; e-mail: pedrogalvesf@hotmail.com
Pedro Genaro Alves Filho

IMPACTO DO CONTROLE VOLT/VAR EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO A


PARTIR DA EXPLORAÇÃO DO POTENCIAL DOS INVERSORES DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS

Dissertação apresentada ao Curso de


Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica, Área de Concentração
em Sistemas de Potência, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Elétrica.

Aprovado em 29 de agosto de 2018:

______________________________________
Luciane Neves Canha, Dra. (UFSM)
(Presidente/ Orientador)

______________________________________
Paulo Ricardo da Silva Pereira, Dr. (UNISINOS)

______________________________________
Daniel Pinheiro Bernardon, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS
2018
AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos não poderiam começar de outra forma se não pela minha família,
dada a importância que ela tem em tudo que sou: a minha mãe, Neiva De Lima Alves, meu
alicerce sólido que dedicou e ainda dedica muito amor a mim; minha irmã, Larissa de Lima
Alves, que é, sem dúvidas, a minha pesquisadora favorita; e meu pai Pedro Genaro Alves (in
memoriam), que plantou essa sementinha da Engenharia Elétrica desde as ajudas com os
trabalhos de Feiras de Ciências para escola, sempre ligados a área elétrica, até os estímulos
durante a graduação.
Agradeço muito também a minha namorada e companheira, Patrícia Mattei, pela força
dada durante esses dois anos, renovando minhas energias a cada conversa, sejam elas
pessoalmente ou por telefone, estando sempre presente comigo mesmo a distância.
A professora orientadora, Luciane Neves Canha, que propôs e conduziu o andamento
deste trabalho, bem como por todos ensinamentos técnicos passados durante esses dois anos,
seja durante as disciplinas ou nas reuniões pertinentes à dissertação.
Sou grato também aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica da UFSM que disponibilizaram seus conhecimentos, permitindo que eu pudesse crescer
profissionalmente a partir das sabedorias oferecidas.
Por fim, aos colegas e amigos que partilharam muitos momentos e troca de
conhecimentos ao longo desses dois anos, em especial aos colegas do IF-Sul que foram bons
companheiros nas cansativas viagens Pelotas/ Santa Maria, Santa Maria/ Pelotas.
RESUMO

IMPACTO DO CONTROLE VOLT/VAR EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO A


PARTIR DA EXPLORAÇÃO DO POTENCIAL DOS INVERSORES DE SISTEMAS
FOTOVOLTAICOS

AUTOR: Pedro Genaro Alves Filho


ORIENTADORA: Luciane Neves Canha

A presença da Geração Distribuída é uma realidade no setor elétrico brasileiro, havendo a


perspectiva de que cada vez mais a participação dessas fontes contribua para matriz energética
de nosso país. Diante desse eminente crescimento, faz-se necessário estudos dos impactos
causados pela injeção de potência ativa nas redes de distribuição e como mitigar estes efeitos.
A solução na busca por uma maior estabilidade do sistema pode estar no gerenciamento da
potência reativa que algumas das gerações distribuídas são capazes de ofertar. Este trabalho
apresenta uma metodologia para avaliar os impactos causados na tensão e como a flutuação
desta grandeza altera o comportamento dos tradicionais reguladores de tensão existentes no
sistema em estudo devido as diferentes condições de operação dos inversores dos sistemas
fotovoltaicos, quando estes operam no modo fixo de fator de potência unitário e nos limites da
norma brasileira ABNT NBR 16149. Também é avaliado o uso do inversor de sistema
fotovoltaico capaz de dar suporte à tensão da rede através do gerenciamento de energia reativa,
recurso este que ainda não tem o uso consentido nas redes de distribuição do Brasil. A
metodologia desenvolvida foi validada em um sistema de testes IEEE 123 nós, o qual representa
um alimentador da distribuição, com algumas modificações propostas. Diante da análise das
respostas do sistema para os diferentes modos operativos do inversor, foi possível apontar o
método que causa o menor impacto no perfil de tensão do sistema avaliado, e consequentemente
indicar qual o que provoca o menor número de manobras dos reguladores de tensão, tomando
como referência o cenário em que o alimentador em estudo não possui gerações distribuídas.

Palavras-Chave: Geração Distribuída. Controle Volt-VAr. Inversor Solar, ABNT NBR 16149.
Reguladores de Tensão da Distribuição.
ABSTRACT

IMPACT OF VOLT / VAR CONTROL IN DISTRIBUTION NETWORKS FROM


THE EXPLORATION OF THE SOLAR INVERTERS POTENTIAL OF
DISTRIBUTED GENERATIONS

AUTHOR: Pedro Genaro Alves Filho


ADVISOR: Luciane Neves Canha

The presence of Distributed Generation is a reality in the Brazilian electric sector, with the
prospect that increasingly the participation of these sources contributes to the energy matrix of
our country. Faced with this imminent growth, it is necessary to study the impacts caused by
the injection of active power in distribution networks and how to mitigate these effects. The
solution to the quest for greater system stability may be in managing the reactive power that
some of the distributed generations are able to offer. This work presents a methodology to
evaluate the impacts caused in the voltage, and how the fluctuation of this magnitude changes
the behavior of the traditional voltage regulators in the system under study, due to the different
operating conditions of the solar inverter when it operates in the fixed mode of factor of power
unit and within the limits of the ABNT NBR 16149 Brazilian standard. It is also evaluated the
use of a solar inverter capable of supporting the grid voltage through the management of
reactive energy, a resource that is not yet consented to be used in Brazil's distribution networks.
The developed methodology was validated in an IEEE 123 nodes test system, which represents
a distribution feeder, with some proposed modifications. In view of the analysis of the system
responses to the different operating modes of the inverter, it was possible to indicate the method
that causes the least impact on the voltage profile of the evaluated system, and consequently
indicate which causes the least number of voltage regulator maneuvers, taking as reference the
scenario in which the feeder under study does not have distributed generations.

Keywords: Distributed Generation, Volt-VAr Control, Solar Inverter, ABNT NBR 16149
Standard, Distribution Voltage Regulators.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Requisitos de suportabilidade a subtensões devido a faltas na rede (FRT – fault ride
through). ............................................................................................................................. ......43

Figura 2 - Curva de operação de sistemas fotovoltaicos em função da frequência da rede. ... 44

Figura 3 - Curva do FP em função da potência ativa da saída do inversor com potência nominal
maior que 3 kW. ....................................................................................................................... 46

Figura 4 - Limites operacionais de injeção/demanda de potência reativa para sistemas com


potência nominal maior que 6 kW............................................................................................ 46

Figura 5 - Faixas de tensão do PRODIST. .............................................................................. 48

Figura 6 - Faixas aplicadas às tensões nominais abaixo de 1 kV e de1 kV a 69 kV. .............. 49

Figura 7 - Fluxograma de desenvolvimento da metodologia elaborada. ................................. 54

Figura 8 - Curva do fator de potência de saída do inversor solar em função da potência de


operação com parâmetro padrão de fábrica carregado. ............................................................ 58

Figura 9 - Curva do fator de potência fixo em 0,9 capacitivo em função da potência de operação
do inversor solar. ...................................................................................................................... 59

Figura 10 -Curva do fator de potência fixo em 0,9 indutivo em função da potência de operação
do inversor solar. ...................................................................................................................... 60

Figura 11 - Curva do fator de potência fixo em 0,9 indutivo em função da potência de operação
do inversor solar. ...................................................................................................................... 61

Figura 12 - Modelo de Curva Volt-VAr. ................................................................................. 62

Figura 13- Sistema IEEE 123 nós. .......................................................................................... 67

Figura 14 - Curvas de demanda diária para as cargas trifásicas. ............................................. 69

Figura 15 - Curvas de demanda diária para as cargas monofásicas. ....................................... 70

Figura 16 - Curva de demanda diária total das cargas do sistema. .......................................... 71

Figura 17 - Curva de multiplicação da irradiação solar diária. ............................................... 71

Figura 18 - Curva da temperatura diária do painel solar. ........................................................ 72


Figura 19 - Curva da eficiência da matriz fotovoltaica em função da temperatura diária do
painel solar............... .................................................................................................................72

Figura 20 - Curva da eficiência dos inversores solares em função da potência de saída............73

Figura 21 - Curva Volt-VAr aplicada aos smart solar inverters. .............................................73

Figura 22 - Diagrama do bloco PVSystem modelado no software de simulação. ...................75

Figura 23 - Diagrama do bloco PVSystem modelado no software de simulação. ...................76

Figura 24 - Janela de inserção dos parâmetros de entrada do bloco PVSystem. .....................76

Figura 25 - Localização dos PVSystems no sistema de testes IEEE 123 nós. .........................79

Figura 26 - Diagrama dos passos realizados na aplicação da metodologia. ............................81

Figura 27 - Comutações do Regulador de Tensão 1 (OLTC) nos diferentes cenários................84

Figura 28 - Comutações do Regulador de Tensão 2 nos diferentes cenários. .........................85

Figura 29 - Comutações do Regulador de Tensão 3 nos diferentes cenários. .........................86

Figura 30 - Comutações do Regulador de Tensão 4 nos diferentes cenários. .........................87

Figura 31 - Número total de comutações realizadas pelo Regulador 4 nos diferentes


cenários.....................................................................................................................................89

Figura 32 - Número total de comutações realizadas pelos reguladores de tensão nos diferentes
cenários. 89

Figura 33 - Número total de comutações realizadas pelos reguladores de tensão nos diferentes
cenários depois de atingido a estabilidade do sistema. .............................................................91

Figura 34 - Localização dos com monitor de tensão. ..............................................................92

Figura 35 - Tensões no nó N_1. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. ............................................................................................................93

Figura 36 - Tensões no nó N_60. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. ............................................................................................................94

Figura 37 - Tensões no nó N_47. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. ............................................................................................................96

Figura 38 - Tensões no nó N_250. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3
– Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. ............................................................................................................98
Figura 39 - Tensões no nó N_71. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. ............................................................................................................ 99

Figura 40 - Tensões no nó N_93. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. .......................................................................................................... 100

Figura 41 - Tensões no nó N_114. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3
– Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. .......................................................................................................... 102

Figura 42 - Tensões no nó N_35. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1;(c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr. .......................................................................................................... 103
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Métodos de ensaio dos requerimentos mínimos exigidos para o inversor


solar...........................................................................................................................................40
Tabela 2 - Tempo de resposta do sistema fotovoltaico em função da variação de tensão ...... 42
Tabela 3 - Resposta do Sistema Fotovoltaico em função da frequência da rede..................... 43
Tabela 4 - Limite de distorção harmônica de corrente. ........................................................... 45
Tabela 5 - Faixas de classificação de Tensões. ....................................................................... 49
Tabela 6 - Estado inicial das chaves do sistema IEEE 123 nós. .............................................. 66
Tabela 7 - Potência dos Reguladores e Transformador do sistema IEEE 123 nós. ................. 66
Tabela 8 - Potência das cargas do sistema IEEE 123 nós. ...................................................... 66
Tabela 9 - Potência das cargas do sistema IEEE 123 nós modificado. ................................... 68
Tabela 10 - Estado das chaves do sistema IEEE 123 nós modificado. ................................... 68
Tabela 11 - Parâmetros do PVSystem utilizados..................................................................... 77
Tabela 12 - Nós do sistema de testes IEEE 123 nós que receberam GD. .............................. 78
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI American National Standards Institute
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica
CVR Conservation of Voltage Reduction
DRC índice de Duração Relativa da transgressão para tensão Crítica
DRP índice de Duração Relativa da transgressão para tensão Precária
DVC Dynamic VAr Compensator
EMC Electromagnetic compatibility
EUSD Encargo de Uso do Sistema de Distribuição
FACTS Flexible Alternating Current Transmission Systems
FP Fator de Potência
FRT Fault Ride Through
FV Sistemas Fotovoltaicos
GD Geração Distribuída
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
NBR Normas Brasileiras
OLTC On-Load Tap-Changing transformers
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PRODIST Procedimentos de Distribuição
REN Resolução Normativa
SCADA Supervisory Control And Data Acquisition
SIN Sistema Elétrico Interligado Nacional
STATCOM Fast Acting Static Synchronous Compensator
SVC Static VAr Compensator
TI Tecnologia da Informação
TSA Tarifa de Serviços Ancilares
VTCD Variações de Tensão de Curta Duração
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 21
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................... 21
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 23
1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO .................................................................................. 25
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................... 26
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................27
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................39
3.1 PRINCIPAIS NORMAS APLICADAS AOS INVERSORES CONECTADOS À
REDE NO BRASIL ..................................................................................................... 39
3.1.1 ABNT NBR 16149: Sistemas Fotovoltaicos (FV) – Características da interface
de conexão com a rede elétrica de distribuição.......................................................41
3.1.1.1 Tensão..........................................................................................................................42
3.1.1.2 Cintilação.....................................................................................................................43
3.1.1.3 Frequência...................................................................................................................43
3.1.1.4 Distorção harmônica...................................................................................................44
3.1.1.5 Fator de potência e injeção/ demanda de potência reativa.........................................45
3.2 LIMITES DE TENSÃO DO PRODIST ...................................................................... 48
3.3 SERVIÇOS ANCILARES – SUPORTE DE REATIVOS ......................................... 50
4 METODOLOGIA...................................................................................................... 53
4.1 GRANDEZAS AVALIADAS.....................................................................................54
4.1.1 Número de manobras dos Reguladores de Tensão.................................................54
4.1.2 Tensão elétrica nos nós do sistema...........................................................................55
4.2 CENÁRIOS PROPOSTOS..........................................................................................56
4.2.1 Cenário sem Geração Distribuída............................................................................56
4.2.2 Cenários com Geração Distribuída..........................................................................56
4.2.2.1 Inversor operando com fator de potência unitário......................................................57
4.2.2.2 Inversor operando com fator de potência fixo em 0,9 capacitivo...............................58
4.2.2.3 Inversor operando com fator de potência fixo em 0,9 indutivo...................................60
4.2.2.4 Inversor operando com fator de potência variável seguindo um controle Volt-
VAr...............................................................................................................................61
5 APLICAÇÃO PRÁTICA .......................................................................................... 65
5.1 SISTEMA DE TESTES IEEE 123 NÓS MODIFICADO...........................................65
5.2 CARREGAMENTO DAS CURVAS UTILIZADAS NAS SIMULAÇÕES...............69
5.3 MODELAMENTO E INSERÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO NO
SOFTWARE DE SIMULAÇÃO..................................................................................74
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................83
6.1 AVALIAÇÃO DO NÚMERO DE MANOBRAS DOS REGULADORES DE
TENSÃO DO SISTEMA IEEE 123 NÓS MODIFICADO..........................................83
6.1.1 Análise do Regulador 1 (OLTC)................................................................................84
6.1.2 Análise do Regulador 2...............................................................................................85
6.1.3 Análise do Regulador 3...............................................................................................86
6.1.4 Análise do Regulador 4...............................................................................................87
6.1.5 Análise do número total de manobras realizadas pelos reguladores de tensão
do sistema de testes IEEE 123 barras modificado..............................................89
6.2 AVALIAÇÃO DA TENSÃO EM NÓS CRÍTICOS DO SISTEMA IEEE 123 NÓS
MODIFICADO........................................................................................................91
6.2.1 Tensões na entrada do alimentador.....................................................................92
6.2.2 Tensões na parte intermediária do alimentador.................................................93
6.2.3 Tensões próximo às grandes cargas e grandes unidades geradoras...................95
6.2.4 Tensões em nós terminais do alimentador............................................................97
7 CONCLUSÕES ....................................................................................................105
7.1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES .........................................................................108
7.2 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS ...........................................108
7.3 PUBLICAÇÕES ....................................................................................................109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................111
APÊNDICE A .......................................................................................................115
21

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Desde o início da dispersão da energia elétrica, com utilização inicialmente residencial


para fins de iluminação e posteriormente permitindo a expansão industrial, no final do século
XIX até os dias atuais, em que é praticamente inimaginável viver sem tal tecnologia, a demanda
é crescente ano após ano. Muito tem-se estudado sobre como suprir, não somente esse
acréscimo no consumo, como também maneiras de substituir as tradicionais fontes geradoras
finitas e poluentes que estão em operação, por aquelas que utilizam energias renováveis como
fonte primária e não tão poluentes.
Para o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE, 2015), o termo Geração
Distribuída (GD) é usado para se referir à geração de energia elétrica junto ou próxima do
consumidor independe da potência, tecnologia ou fonte primária de energia. Este conceito
mostra uma realidade, de certa forma, antiga, para locais que não tinham acesso às redes de
distribuição elétrica e utilizavam pequenas gerações locais para suprir sua necessidade
(AZEVEDO, 2016).
Tanto a nível mundial, com destaque para os países mais desenvolvidos, como aqui no
Brasil, uma solução se apresentou para crescente demanda por energia limpa, a Geração
Distribuída. Essa tendência mundial onde o consumidor entra como parte ativa, não somente
no consumo, mas também no fornecimento de energia elétrica para o sistema, ganhou seu
espaço, sendo uma realidade do cenário energético brasileiro, e, cada vez mais, está sendo
aprimorada aqui em nosso país. Nos últimos seis anos houveram avanços significativos no
quesito de regulamentações através de Resoluções Normativas (REN) da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), a exemplo da REN 482/2012, revisada e atualizada pelas REN
687/2015 e REN 786/2017, que possibilitaram, incentivaram e alavancaram o crescimento da
participação de pequenos produtores de energia no sistema elétrico através da geração de
créditos junto à Concessionária ou Permissionária de energia por meio da injeção de potência
ativa na rede de distribuição, sistema de compensação chamado net metering. O uso da GD, na
grande maioria, utiliza fontes renováveis como energia primária, que é fundamental na busca
por um desenvolvimento sustentável que visa o uso racional da energia e a conservação dos
recursos naturais do meio ambiente. A REN 482/2012 e suas revisões, estabelecem as condições
gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas de distribuição
22

de energia elétrica e o sistema de compensação, diferenciando micro e mini GD quanto à


potência instalada. Tanto uma quanto outra é conceituada como sendo: “central geradora de
energia elétrica, que utilize cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou
para as demais fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio
de instalações de unidades consumidoras” (ANEEL, 2012). Portanto, as fontes de energia
renováveis, fomentadas pela REN 482/12, são consideradas tecnologias ecologicamente
amigáveis tendo incentivos por parte do governo para sua difusão (PROINFA, 2002).
O tipo de geração em destaque no segmento de GD é a produção de energia através de
painéis fotovoltaicos, com uma ampla maioria no número de conexões e até mesmo no quesito
de capacidade de geração instalada. A estimativa feita pela ANEEL é que, até 2024, mais de
880 mil consumidores do tipo residencial e comercial irão participar do sistema de
compensação, prevendo um potencial de 3,2 GigaWatts de potência instalada de micro e
minigeração distribuída no sistema elétrico brasileiro (ANEEL, 2017b). Se for tomado como
base a proporção que se tem hoje da potência instalada por tipo de fonte de GD, cerca de 77%
do total instalado é de geração solar, e as projeções da ANEEL, em 2024 teremos mais de 2,4
GigaWatts de potência instalada correspondentes à geradores fotovoltaicos. Essas previsões
demonstram a tendência de expansão da GD, em especial da geração solar fotovoltaica, que se
torna mais atrativa do ponto de vista econômico para o consumidor que terá seu custo com
energia reduzido.
Para ser possível a interligação da energia gerada pelo sistema fotovoltaico com a rede
da concessionária faz-se necessário um sistema que converta a energia gerada em corrente
contínua (CC) pelo painel fotovoltaico, em corrente alternada (CA) que o sistema de
distribuição opera ou que a maioria dos equipamentos usa. O dispositivo que é largamente
utilizado para fazer essa interface é o inversor solar, equipamento eletrônico capaz de fazer tal
conversão. Além de fazer o acoplamento CC-CA, o inversor solar é encarregado de controlar o
despacho da energia produzida pelos painéis para a rede ou simplesmente disponibilizá-la para
o proprietário de forma que ele possa fazer uso. A tensão CA de saída deve ter amplitude,
frequência e conteúdo harmônico adequados às cargas que serão alimentadas, ou
adicionalmente, no caso de sistemas conectados à rede elétrica, a tensão de saída do inversor
deve estar sincronizada com a tensão da rede.
É possível ajustar a fase e amplitude da tensão de saída do inversor através do controle
do disparo dos dispositivos semicondutores de chaveamento, e dessa forma, gerir o fator de
potência (FP) que o inversor opera, de forma semelhante ao que ocorre com os geradores
síncronos (Yan e Saha, 2012). As faixas de FP que o inversor fotovoltaico deve ser capaz de
23

operar de acordo com a potência do equipamento, é definido no Brasil pela Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da ABNT NBR 16149 - Sistemas Fotovoltaicos
(FV) – Características da Interface de Conexão com a Rede Elétrica de Distribuição, que trata
dos requisitos que os inversores solares precisam atender para servirem de interface dos
Sistemas Fotovoltaicos com a rede.
Na maioria dos casos, a instalação do sistema fotovoltaico é feita com os parâmetros do
inversor relativos ao fator de potência carregados com o padrão de fábrica, o qual não explora
o recurso de injeção/ demanda de energia reativa que o equipamento é capaz de fornecer. É
possível utilizar os próprios recursos distribuídos para dar maior estabilidade aos sistemas de
distribuição e causar menor impacto com a entrada dessas fontes. O suporte à tensão da rede
através do gerenciamento da energia reativa que o inversor solar é capaz de fornecer é o foco
central dessa dissertação. Será observado o comportamento de um sistema de testes com
diferentes modos de operação no que tange o fator de potência e gerenciamento de energia
reativa do inversor solar, dentre eles o controle Volt-VAr. Com isto busca-se comparar os
cenários propostos a avaliar o que de melhor cada técnica pode ser capaz de trazer.

1.2 JUSTIFICATIVA

Como exposto anteriormente, é crescente a demanda por energia elétrica. O aumento da


participação de GD na matriz energética vai ao encontro do crescimento da demanda, logo, a
participação cada vez maior da GD tende a atenuar o déficit já existente no setor elétrico
brasileiro, aumentando a potência instalada das fontes de geração, além de possibilitar a
postergação em investimentos na rede básica por parte do setor público. Em 2014 evidenciamos
uma crise no setor energético brasileiro devido à estiagem que aconteceu no centro do país e
acarretou numa baixa nos níveis dos reservatórios das hidroelétricas, o que afetou diretamente
o consumidor e o desenvolvimento industrial do país. Uma prova disso está no aumento das
tarifas de energia de acordo com o uso de recursos na geração, implementada pelas bandeiras
tarifárias, que estabelecem diferentes acréscimos no valor do kWh de acordo com as condições
desfavoráveis à geração e que é repassado ao consumidor. Diante deste cenário, a GD também
figura como uma boa alternativa para os consumidores reduzirem os custos produzindo sua
própria energia, sendo a geração através de sistemas fotovoltaicos a mais oportuna devido a
facilidade de instalação.
Uma maior presença das GD’s incrementa a parcela de energias renováveis na produção
nacional, o que é interessante do ponto de vista ambiental. Além disso, teremos uma maior
24

diversificação nos tipos de fontes na matriz energética, a exemplo da geração fotovoltaica que
ainda é pouco explorada no Brasil quando comparada com países como Alemanha, Itália,
Espanha, Japão, entre outros.
Embora o crescimento da participação da Geração Distribuída traga vários benefícios,
tanto no âmbito de crescimento do setor, econômico e ambiental, a entrada dessas novas fontes
em pontos que não estão preparados para recebe-los, pode trazer problemas de operação do
sistema. Portanto, faz-se necessário uma análise prévia do comportamento das redes de
distribuição para avaliar os impactos técnicos que a inserção dessas fontes pode provocar.
Serve de motivação também, compreender mais a fundo o funcionamento e as
consequências da introdução de sistemas fotovoltaicos munidos de inversores conectados à rede
que, além de injetar potência ativa, podem fornecer ou absorver reativos, alterando o fator de
potência que o sistema opera, os níveis de tensão, o fluxo de potência na rede, as perdas
sistêmicas e consequentemente a eficiência desta.
As Resoluções Normativas que regram a entrada da GD no sistema, REN 482/2012,
REN 687/2015 e REN 786/2017, e o próprio PRODIST (Procedimentos de Distribuição), não
abordam sobre a compensação de reativos injetados pelo pequeno produtor de energia, mas
somente no que se refere à compensação de potência ativa, talvez, não havendo os incentivos
necessários para que este recurso seja utilizado e retribuído como serviço ancilar. Por outro
lado, tanto as normas internacionais quanto as nacionais, a exemplo da ABNT NBR 16149, já
exigem que os inversores homologados possuam uma faixa de fator de potência a ser explorada,
fazendo, inclusive, com que os fabricantes permitam a modificação de pontos da curva de
injeção de potência reativa através do acesso aos parâmetros pertinentes. Estudos, como o que
este trabalho propões, possibilitam que com o melhor aproveitamento desse artifício pelas
concessionárias, seja possível economizar recursos com componentes que hoje fazem parte das
redes e que são pontos críticos quanto a operação e manutenção, como é o caso dos
compensadores síncronos rotativos, mais presentes nas linhas de transmissão, dos dispositivos
FACTS (Flexible Alternating Current Transmission Systems), que começam a ser empregados
também na distribuição mas ainda possuem um alto custo de implementação, dos bancos de
capacitores ou reatores (SVC - Static VAr Compensator) e dos transformadores de comutação
de tap sob carga (on-load tap-changing transformers – OLTC).
Os resultados e conclusões obtidas deste trabalho de dissertação podem servir de
motivadores para que a técnica de controle de tensão através do gerenciamento de demanda/
despacho de energia reativa, tema central deste trabalho, seja aplicada aos inversores de um
sistema de distribuição real modelado e, futuramente, ao próprio sistema existente. Para isto ser
25

possível, é preciso que algumas mudanças na normatização brasileira, pertinente à Geração


Distribuída e aos inversores solares, bem como o modo que essas fontes acessam os sistemas
de distribuição, permitindo que os recursos distribuídos possam servir de suporte à tensão e
tragam uma maior estabilidade às redes de distribuição. Portanto, é necessário que haja estudos,
como o dessa dissertação, para dar embasamento e permitir que a modificação das normas
ocorra, trazendo benefícios tanto às concessionárias como para o consumidor e fornecedor de
energia elétrica.

1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma metodologia para identificar o


potencial de utilização dos inversores solares na oferta de reativos que possam contribuir para
o controle de tensão em sistemas de distribuição.
Como objetivos específicos, estão:
a) Estabelecer um modelo representando um sistema de distribuição, sem unidades
geradoras distribuídas, em que as respostas servirão de referência para os demais
cenários propostos;
b) Adicionar geradores fotovoltaicos no modelo de referência e avaliar o desempenho
da metodologia em diferentes condições operativas do inversor solar: fator de potência
fixo: unitário (padrão de fábrica); 0,9 capacitivo (limite permitido pela norma) e; 0,9
indutivo (limite permitido pela norma); operação do inversor com FP variável através
do controle no despacho de reativos em função da tensão no ponto de conexão (controle
Volt-VAr);
c) Observar o número de manobras realizado pelos reguladores de tensão presentes no
modelo adotado, ao longo de um dia, em todos os cenários propostos, e avaliar o modo
operativo da GD que provoca o menor número de comutações;
d) Com os reguladores de tensão fora de operação afim de não interferirem na análise,
coletar dados de tensão em pontos estratégicos do sistema de testes durante o período
de um dia, em todos os cenários propostos, que permitirão avaliar os impactos causados
pela entrada de fontes distribuídas com base nos limites de tensão estabelecidos pelas
regulamentações vigentes;
e) A partir da análise feita, determinar os benefícios trazidos por cada cenário.
26

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este capítulo apresentou uma rápida introdução ao assunto que será desenvolvido ao
longo desta dissertação, esclarecendo os principais aspectos que motivaram a pesquisa e os
objetivos buscados com o desenvolvimento deste trabalho.
O segundo capítulo faz uma revisão dos trabalhos publicados que nortearam esta
dissertação, fazendo um comparativo do que se tem publicado no assunto com o que foi
desenvolvido por este trabalho.
No capítulo 3 são revisados alguns tópicos que embasaram a elaboração da metodologia,
instruíram a aplicação prática e possibilitaram que uma opinião crítica a partir dos resultados
obtidos pudesse ser oferecida. Dentre os assuntos abordados, merece destaque o estudo da
norma da ABNT, a NBR 16149 que é específica ao assunto desta dissertação.
No quarto capítulo é exposto a metodologia proposta. São detalhados os cenários com
diferentes modos operativos de fator de potência, assim como o cenário que será tomado como
referência, e as grandezas a serem observadas e avaliadas.
O capítulo 5 descreve os passos adotados para implementação da metodologia através
de uma aplicação prática em um sistema de testes do IEEE. Nele são detalhadas as modificações
executadas no sistema em estudo para que fosse possível observar as grandezas descritas na
metodologia, e também são apresentadas as curvas necessárias para o funcionamento conforme
proposto no capítulo 4.
No sexto capítulo são expostas as respostas obtidas do sistema nos diferentes cenários
propostos pela metodologia. Através de curvas do comportamento da tensão em diferentes nós
do sistema e de gráficos que reportam o número de manobras executadas pelos reguladores de
tensão, é possível avaliar os impactos que cada modo de operação proposto causa no sistema
em estudo.
No sétimo e último capítulo são apresentadas as principais conclusões retiradas ao longo
do desenvolvimento deste trabalho, especialmente durante a fase de análise dos dados, que
permitiram a visualização do que ocorre em um alimentador da distribuição quando diferentes
modos de operação do fator de potência referidos ao inversor solar são aplicados. Nele são
expostos também as principais contribuições que esta dissertação traz, os trabalhos futuros que
podem resultar a partir deste, e, por fim, as publicações originadas com base nos estudos
realizados durante a produção dessa dissertação.
27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentadas as produções existentes que nortearam esta dissertação,
traçando um comparativo do que foi abordado na literatura com o que será explanado neste
trabalho.
A crescente participação da Geração Distribuída nas redes de distribuição tem
representado um grande desafio para os agentes do setor de energia elétrica em manter os
parâmetros da rede dentro dos limites estabelecidos nas normas. Para Abdelmotteleb, Gómez e
Chaves-Avila (2017), além do desafio, é possível extrair alguns benefícios como a redução de
custos operacionais da distribuição através da diminuição de perdas de energia, bem como os
custos com serviços ancilares. Por outro lado, Abdelmotteleb, Gómez e Chaves-Avila (2017)
destacam que o alto nível de penetração de GD na distribuição pode trazer também impactos
negativos como: fluxo de potência reverso, variação da energia produzida por recursos
renováveis, flutuação nos níveis de tensão e congestionamento da rede que acaba por provocar
aumento de perdas de energia. Dentre os impactos negativos, é uma preocupação fundamental
a flutuação nos níveis de tensão, já que as violações destes são mais comuns que os outros
malefícios. A natureza radial das redes, que cobrem longas distâncias, provoca queda de tensão
ao longo do alimentador, fazendo assim, com que uma variação nos níveis em um ponto da rede
acabe por violar o limite em outro ponto distante que já estava com um valor de tensão próxima
ao limiar. Abdelmotteleb, Gómez e Chaves-Avila (2017) afirmam que o método tradicional
para resolver as variações de tensão em uma rede de distribuição é o uso de transformadores de
comutação de tap sob carga (on-load tap-changing transformers – OLTC) - os reguladores de
tensão - e bancos de capacitores, porém os desafios existentes atualmente nas redes, são difíceis
de serem resolvidos através das formas tradicionais de regulação de tensão.
Uma forma mais atual de controlar a tensão da rede de distribuição e mantê-la dentro da
faixa adequada, é usar o potencial de geração de energia reativa que algumas fontes de GD são
capazes de fornecer. Abdelmotteleb, Gómez e Chaves-Avila (2017) citam as máquinas
síncronas, que são facilmente reguladas para fornecer/ receber reativos à/ da rede através do
ajuste da excitação da máquina; o controle na demanda através de “cargas inteligentes”,
controlando a potência ativa consumida; o controle dos capacitores existentes na rede, que de
maneira inteligente fornecem diferentes níveis de potência reativa; e, por último, os inversores
da geração fotovoltaica – PV inverters – que adotando uma estratégia de controle no despacho
ou absorção de energia reativa são capazes de modificar a tensão no ponto de conexão com a
28

rede. Os autores destacam que este último é uma forma economicamente promissora pois são
mais rápidos que as tradicionais, podem variar continuamente tanto a injeção quanto a absorção
de reativos e possuem um custo operacional muito baixo. A esse tipo de regulação de tensão é
dado o nome de Controle Volt-VAr.
O trabalho de Sunderman, Dugan e Smith (2014) descreve os métodos de controle da
saída de potência do inversor em função da tensão no ponto de conexão que o software em
código aberto OpenDSS é capaz de desenvolver. São abordados o controle Volt-Watt, o controle
Volt-VAr e o controle dinâmico de corrente reativa. Dentre os três métodos descritos no
trabalho, o que é de maior relevância para o desenvolvimento desta dissertação é o controle
Volt-VAr, haja visto que será este o método aplicado para controlar a saída de potência dos
inversores solares em função da tensão no ponto de conexão. Os autores destacam que a
funcionalidade do controle Volt-VAr é usada com o objetivo de manter a tensão terminal do
sistema fotovoltaico dentro dos limites estabelecidos pelas normas ANSI (American National
Standards Institute), no caso desse trabalho, os limites estabelecidos pelo PRODIST serão
levados em consideração.
Sunderman, Dugan e Smith (2014) descrevem que para o controle Volt-VAr, quando os
níveis de tensão no ponto de conexão estão abaixo do valor de referência, é fornecido à rede
energia reativa, ou seja, a GD opera com FP capacitivo com intuito de elevar os níveis de tensão
e deixa-la dentro da faixa adequada. Já quando a tensão da rede estiver com níveis acima do
valor de referência, comum em redes com alta penetração de GD, o inversor passa a operar tal
qual um indutor, consumindo energia reativa, provocando uma redução nos níveis de tensão da
rede, neste caso, o inversor opera com um FP indutivo. Essa regulação ocorre segundo uma
curva de tensão, geralmente em p.u., no ponto de conexão, versus a potência reativa (VAr’s)
disponível no inversor, a curva Volt-VAr. O trabalho de Sunderman, Dugan e Smith (2014) traz
um estudo de caso comparando as tensões em um alimentador da distribuição com geração
fotovoltaica sem qualquer controle na injeção de reativos com o mesmo sistema onde os
inversores utilizam o controle Volt-VAr. Os resultados mostram que para o primeiro cenário,
sem controle da injeção de reativos, as tensões em um ponto do alimentador eram bastante
elevadas e seguiam a curva da potência ativa injetada pela GD. No cenário em que o controle
Volt-VAr é aplicado, a tensão segue a curva da potência ativa injetada pela GD no sistema,
porém é percebido uma redução nos valores, ficando mais próximo de 1 p.u., provando a
eficácia do método.
O controle Volt-VAr pode ser implementado de forma centralizada, onde o operador da
rede, através de telecomandos, define qual fator de potência cada inversor irá trabalhar, baseado
29

em medições de tensão elétrica feitas ao longo da rede. Também é possível que o controle seja
aplicado individualmente a cada inversor conectado à rede, de forma descentralizada, ou seja,
o inversor recebe os dados de tensão medidos localmente, no ponto de conexão ou próximo a
ele, e auto ajusta o FP de saída buscando, através da injeção/ absorção de reativos, manter a
tensão na rede mais constante. O trabalho de Abdelmotteleb, Gómez e Chaves-Avila (2017)
avalia o comportamento de um sistema de testes IEEE 34 nós, quando fontes de GD são
submetidas ao controle Volt-VAr de maneira centralizada, diferente desse trabalho que usa um
sistema de testes IEEE 123 nós com GD’s solares fotovoltaicas em que os inversores também
fazem uso do controle Volt-VAr, porém de maneira descentralizada. No trabalho de
Abdelmotteleb, Gómez e Chaves-Avila (2017) são observados redução de perdas de energia,
aumento na capacidade máxima de transferência e carregamento da rede quando a estratégia de
controle Volt-VAr é aplicada. Este trabalho buscou analisar uma possível diminuição no
número de manobras dos transformadores reguladores de tensão existentes no sistema de testes
IEEE 123 nós e uma melhora no perfil de tensão da rede quando aplicado o controle Volt-VAr
nos inversores das GD’s.
Para Restrepo (2016), uma alternativa para manter os índices de qualidade dentro dos
limites previstos pela ANEEL aqui no Brasil, seria aumentar a inteligência da rede através de
sistemas de tecnologia da informação (TI) juntamente com uso de Dispositivos Eletrônicos
Inteligentes, tais como medidores inteligentes e sensores. Para isso ser possível, se faz
necessário uma infraestrutura de comunicação que forneça uma visibilidade abrangente das
condições de carga e do estado do sistema de distribuição que possibilite a aplicação de técnicas
de otimização e tomada de decisões, aumentando assim a inteligência do sistema. Restrepo
(2016) destaca que o controle da tensão através do gerenciamento da potência reativa – controle
Volt-VAr – é uma técnica de automação que pode ser empregada na distribuição para ajudar a
aumentar a confiabilidade e a eficiência no fornecimento de energia elétrica, melhorando a
qualidade do produto e, minimizando assim, os custos de operação e manutenção das
concessionárias.
Restrepo (2016) apresentou em seu trabalho uma metodologia de controle Volt-VAr,
baseado em Algoritmos Genéticos, para coordenar a mudança de taps de transformadores
(OLTC) na subestação, de reguladores de tensão existentes ao longo do alimentador e de bancos
de capacitores. Para validação do algoritmo desenvolvido foi implementado o controle Volt-
VAr em um sistema de testes e em uma rede real. Diferente do trabalho de Restrepo (2016),
este trabalho aplicou o algoritmo de controle Volt-VAr já desenvolvido pelo software de
modelagem utilizado, somente nos inversores da GD que foram inseridos no sistema de testes
30

IEEE 123 nós, os reguladores de tensão e bancos de capacitores foram removidos de alguns
cenários avaliados. Os resultados apresentados pelo trabalho de Restrepo (2016) mostram que
houve uma significativa melhora nos níveis de tensão ao longo do alimentador quando utilizado
o algoritmo de controle Volt-VAr proposto pelo trabalho. Sem uma estratégia de controle de
tensão, alguns nós apresentavam valores próximos ao limite de tensão precária, já com a
implementação do controle Volt-VAr as tensões nesses nós ficaram com valores bem próximos
à tensão de referência. As perdas técnicas totais foram diminuídas quase que pela metade com
o uso do controle Volt-VAr.
Assim como Abdelmotteleb, Gómez e Chaves-Avila (2017), Zhang et al. (2014)
também acreditam que os dispositivos convencionais de controle de tensão usados na
distribuição não são suficientes para resolver os atuais problemas de variação de tensão
provocados pela entrada de GD na rede. Os métodos tradicionais respondem muito lentamente
às variações rápidas, típicas de sistemas com alto nível de penetração de geração fotovoltaica.
O trabalho de Zhang et al. (2014) avalia os impactos causados em um sistema de testes IEEE
34 nós, onde a potência dos geradores fotovoltaicos instalados chega a 70% da potência total
atingida pelas cargas. Para o estudo de caso foi utilizado a ferramenta de simulação no domínio
do tempo PSCAD, diferente deste trabalho que usa um sistema de testes IEEE 123 nós, com um
percentual menor de geração distribuída e utiliza o software de simulação DSSim.
Zhang et al. (2014) puderam perceber que sem GD, a tensão em um determinado nó
terminal ficava próxima ao limite inferior na maioria do tempo observado. No cenário com alto
nível de penetração de geração fotovoltaica, a tensão no nó analisado teve um aumento
significativo, ficando próximo ao limite superior no período de maior radiação solar, como era
de se esperar. Porém, esse crescimento na tensão provocou a inversão do fluxo de potência,
acarretando em um aumento do número de manobras que o regulador de tensão próximo ao
ponto em análise necessitou realizar. Como os próprios autores destacam, um aumento do
número de manobra dos reguladores de tensão provoca mais gastos com manutenção e
diminuem o ciclo de vida do equipamento.
O trabalho de Zhang et al. (2014) traz também um cenário que simula o sombreamento
por nuvens dos painéis solares, diminuindo a radiação solar de 1000 W/m² para 70 W/m²
durante um período de 20 segundos. No sombreamento, a tensão, no mesmo nó analisado
anteriormente, alcançou valores abaixo de 0,9 p.u.. Com intuito de reduzir a variação de tensão
provocada pela geração fotovoltaica, um terceiro cenário é avaliado, onde dispositivos
eletrônicos de potência são usados para suprir potência reativa à rede, são os chamados DVC’s
– Dynamic VAr Compensator. Um dispositivo DVC foi instalado no nó com tensões críticas e
31

os bancos de capacitores foram removidos do sistema. Com isto, a tensão neste nó ficou em
torno de 1 p.u., não ocorrendo nenhuma violação dos limites, e, além disso, o número de
manobras que os reguladores de tensão tiveram que executar foi reduzido durante todo período
analisado. Por fim, um quarto cenário foi elaborado onde os reguladores de tensão foram
substituídos por dispositivos DVC’s. Os resultados mostram que as tensões ao longo do
alimentador se mantiveram dentro dos limites satisfatórios mesmo quando a simulação de
sombreamento é aplicada, até mesmo para o nó com tensões críticas. Diferentemente do
trabalho de Zhang et al. (2014), que fez uso de DVC’s, este trabalho usa os próprios inversores
solares da GD para suprir energia reativa ao sistema e manter a tensão mais estável, mesmo
com a penetração da geração fotovoltaica.
Seuss et al. (2015) afirmam que o aumento da geração fotovoltaica passou a afetar a
confiabilidade na distribuição e que as concessionárias passaram a enxergar este tipo de geração
como causadores de violações dos níveis de tensão, tanto em regime permanente como em
transitórios. Por consequência, o limite de geração fotovoltaica instalada em uma rede de
distribuição está associado às violações de parâmetros operacionais que esta rede sofre. Os
limites de tensão são os primeiros parâmetros violados devido à inserção da geração
fotovoltaica, no entanto são os mais fáceis de solucionar já que pode ser usado os recursos de
controle da energia reativa dos próprios inversores solares, já instalados na rede, para mitigar
os efeitos provocados pela entrada dessas fontes no sistema. Portanto, o uso de uma estratégia
na injeção de reativos para controle da tensão pode aumentar a capacidade de uma rede em
aceitar uma maior participação de geração fotovoltaica. O trabalho de Seuss et al. (2015) estuda
a aplicação dos inversores fotovoltaicos no suporte de tensão e o impacto que isto causa na
capacidade de uma rede em hospedar a geração distribuída.
Para o estudo de caso, Seuss et al. (2015) utilizaram vários sistemas de teste com
diferentes características, simulados no OpenDSS trabalhando em conjunto com o MATLAB.
Nestes sistemas é instalado apenas uma unidade geradora fotovoltaica trifásica capaz de
fornecer/ absorver reativos com base na tensão no ponto de conexão, diferentemente do presente
trabalho que possui várias unidades de menor capacidade, algumas monofásicas e outras
trifásicas, distribuídas aleatoriamente ao longo do alimentador, mas que também implementam
um controle Volt-VAr. Os resultados apresentados no trabalho de Seuss et al. (2015) mostram
que com adoção da estratégia de controle de reativos em função da tensão, a capacidade de um
alimentador em receber geração distribuída é aumentada quando comparada com o cenário onde
não há um gerenciamento de reativos. Em alguns sistemas mais que dobrou a capacidade de
hospedagem à geração fotovoltaica. Pontos do alimentador que sem o controle não estavam
32

aptos a receber GD passaram a ser, além disso, alguns pontos aumentaram a capacidade de
receber geração fotovoltaica de maior porte.
Safayet, Fajri e Husain (2017) afirmam que os sistemas fotovoltaicos conectados à rede
são o tipo de energia renovável que mais cresce e sua implementação pode reduzir perdas tanto
ao nível de distribuição como na transmissão. No entanto, a presença dessas fontes apresenta
alguns desafios de confiabilidade como regulação de tensão e proteção contra falhas. Também
para estes autores, a capacidade de instalação de sistemas fotovoltaicos na distribuição está
limitada ao aumento nos níveis de tensão que a GD irá provocar, existindo a possibilidade de
fluxo de energia reverso e sobretensão no alimentador durante os períodos de alta geração e
baixa demanda. Desse modo, a possibilidade de regulação de tensão torna-se um recurso
essencial nas fontes de GD. Assim como outros autores citados anteriormente, Safayet, Fajri e
Husain (2017) acreditam que os dispositivos tradicionais de regulação de tensão existentes hoje
nas redes de distribuição, não são suficientemente rápidos para corrigir os desvios transitórios
que a presença de fontes de geração fotovoltaica pode ocasionar, por exemplo, pela passagem
de nuvens sobre os painéis.
Safayet, Fajri e Husain (2017) destacam que o inversor eletrônico de potência, associado
à uma GD, pode facilmente fornecer energia ativa (P) e reativa (Q) à rede, permitindo que seja
usado um controle Volt-VAr para regular a tensão. Segundo os autores, tipicamente, o inversor
demora alguns milissegundos para reagir a um desvio na tensão, enquanto um transformador
de comutação de tap sob carga (OLTC) leva alguns segundos para ter a mesma reação. Assim
como esse trabalho, Safayet, Fajri e Husain (2017) aplicam um controle Volt-VAr aos
inversores de GD operando com um limite de FP de 0,9, porém usam um sistema teste
monofásico com 10 cargas e 10 geradores fotovoltaicos com as impedâncias de linha baseados
no sistema de testes IEEE 13 nós, diferente deste trabalho que usou um sistema de testes IEEE
123 nós trifásico onde nem todos os nós que possuem cargas instaladas tem GD. Em conjunto
com o controle Volt-VAr, os autores utilizam o que chamam de método cos φ (P), onde o fator
de potência de saída do inversor é variado conforme a potência ativa de saída, algo semelhante
ao que a norma brasileira ABNT NBR 16149 sugere no controle do FP, ilustrado pela Figura 3
no item 3.1 a seguir.
A metodologia proposta por Safayet, Fajri e Husain (2017) consiste em utilizar o método
cos φ (P) em todos os inversores do sistema até que a capacidade máxima de fornecimento de
energia seja atingida pelo primeiro inversor. A partir deste momento o inversor saturado não
tem mais capacidade de fornecer reativos para regulação da tensão, então um sistema central
de gerenciamento de energia reativa dispara a ordem, através de uma rede de comunicação, para
33

que os inversores próximos ao ponto crítico de tensão passem a operar no modo Volt-VAr,
dando assim suporte de reativos com o objetivo de estabilizar a tensão e retornar à faixa normal.
Os resultados das simulações mostram que o método proposto é eficaz. É simulado um período
de alta penetração de energia pela GD, onde um dos inversores, no final da rede, atinge a
máxima potência de saída e, consequentemente, o FP limite. Utilizando a estratégia de
gerenciamento da energia reativa, onde os inversores próximos dão suporte ao inversor que
atingiu o limite operacional, é conseguido reduzir a componente da corrente reativa do inversor
sobrecarregado através de uma maior contribuição dessa componente pelos inversores
próximos que não estão operando na capacidade máxima. Com isso é conseguido manter a
tensão abaixo do limite máximo permitido que, sem o gerenciamento, tinha sido extrapolado.
O trabalho de Safayet, Fajri e Husain (2017) ainda traz um experimento prático para
validar o método em uma pequena rede de distribuição radial. O sistema é constituído de três
cargas puramente resistivas e três inversores solares a elas conectados, além de resistores e
indutores para compor as impedâncias das linhas que ligam as cargas à fonte de corrente
alternada. No primeiro experimento os inversores operam somente no modo cos φ (P) e uma
alta produção de energia em uma GD considerada crítica, com uma baixa demanda das cargas
é simulado. A tensão próxima a essa GD ultrapassa o valor limite permitido por norma. Em um
segundo experimento os inversores operam sob o controle do sistema que gerencia a injeção de
reativos fazendo com que os inversores próximos ao ponto crítico operem em um FP menor e,
com isso, as tensões se mantiveram dentro da faixa permitida. Portanto, os resultados
experimentais se aproximam dos resultados obtidos nas simulações, comprovando a eficácia do
método. Diferentemente do trabalho de Safayet, Fajri e Husain (2017), este trabalho não aplica
os dois métodos de injeção/ absorção de reativos simultaneamente. Neste trabalho os diferentes
modos de controle de reativos são estudados separadamente em cenários distintos, trazendo
ainda a análise em que os inversores presentes no sistema operam sob FP constante no limite
estabelecido pela norma ABNT NBR 16149 e com FP constante unitário.
No trabalho de Singh e Singh (2018), o potencial de fornecimento/ absorção de energia
reativa por parte do inversor solar foi utilizado para redução da tensão com objetivo de diminuir
o consumo de energia em uma smart grid. Foi aplicado a técnica CVR – conservation of voltage
reduction – a qual consiste em reduzir a tensão da rede a fim de promover uma redução na
demanda de potência e, consequentemente, no consumo de energia. Com o inversor solar
operando no modo indutivo, juntamente com dispositivos OLTC, consegue-se reduzir a tensão
da rede, normalmente de 2% a 6%, de modo que o controle Volt-VAr não deixe que os limites
inferiores de tensão previstos em norma sejam atingidos. Foram elaborados três cenários de
34

maneira a poder compará-los: sistema de testes operando com as tensões normais e o controle
Volt-VAr aplicados à GD; sistema de testes operando no modo CVR sem fazer uso do controle
Volt-VAr na GD; e sistema de testes operando no modo CVR com suporte de controle de tensão
através de controle Volt-VAr na GD.
Para o estudo de caso, Singh e Singh (2018) utilizaram a modelagem de um sistema de
testes IEEE 123 nós com algumas modificações aplicadas ao software OpenDSS. Para a
comunicação e controle da rede smart grid o software MATLAB interligado com OpenDSS foi
utilizado. Foram ainda, estudados dois casos para cada um dos três cenários. Para o primeiro
caso os autores buscam avaliar a redução na demanda durante um período de tempo que a
potência ativa ultrapassa 95% da demanda máxima de potência, chamado de pico de demanda.
Este período compreende aproximadamente 5 horas, desde as 14:15h até as 19:00h.
Comparando o segundo cenário com o primeiro, foi possível perceber que a demanda de energia
no período analisado foi reduzida devido a técnica CVR aplicada, e que quanto menor a tensão
menos energia foi demandada. Em contrapartida, as perdas percentuais do sistema aumentaram
quando houve redução na tensão de operação do sistema. Para os valores de tensão mais baixos
simulados, os limites mínimos foram violados, o que não ocorre no primeiro cenário. Já no
terceiro cenário, onde a técnica CVR é aplicada em conjunto com o controle Volt-VAr,
conseguiu-se uma redução na demanda de energia assim como nas perdas, mantendo os valores
de tensão dentro dos limites estabelecidos na norma ANSI, mostrando uma significativa melhora
no perfil de tensão. Já no segundo caso os autores buscam avaliar a redução no consumo de
energia ao longo de um dia inteiro através da aplicação da técnica CVR, utilizando a mesma
curva de carga e mesmo sistema do primeiro caso. Os resultados das simulações mostram que,
da mesma forma que no primeiro caso, houve uma economia de energia do segundo cenário
comparado com o primeiro, mas as perdas são aumentadas e a tensão também viola os limites
mínimos. Para o terceiro cenário os resultados são mais significativos, obtendo uma economia
de energia, devido a utilização de CVR, juntamente com a redução das perdas e sem violar os
limites de tensão devido o controle Volt-VAr.
Como dito anteriormente, este trabalho também utiliza um sistema de testes IEEE 123
nós e faz uso do controle Volt-VAr, além de outros métodos de operação, no inversor da GD,
porém não aplica a técnica CVR e utiliza outro software para modelagem do sistema. Este
trabalho insere de maneira aleatória várias fontes de GD no sistema de testes, diferente do
trabalho de Singh e Singh (2018) que conecta apenas uma GD de maior porte no sistema em
um ponto selecionado em que os níveis de tensão eram mais críticos.
35

Canha, Pereira e Antunes (2017) observam que com altos níveis de integração de
recursos energéticos distribuídos, a energia pode apresentar um fluxo de sentido diferente do
que é encontrado em sistemas de distribuição convencionais, do qual a energia flui da
subestação para os consumidores. Também destacam que é responsabilidade da concessionária
de energia manter a tensão dentro da faixa de serviço. Em casos onde a técnica CVR é
empregada, uma faixa mais rígida é utilizada, a qual pode ser alcançada com estratégias de
regulação de tensão, tal como o controle Volt-VAr centralizado. Os autores fazem uso da
metodologia de controle de tensão hierárquica adaptativa (Adaptive Hierarchical Voltage
Control – AHVC) que consiste em dois sistemas de controle atuando de maneira conjunta, um
centralizado e outro local. O controle local é aplicado diretamente a cada regulador de tensão,
enquanto o controle centralizado um algoritmo define a hierarquia de cada equipamento
presente no alimentador. O estudo do comportamento da metodologia desenvolvida foi
realizado em um sistema composto por dois alimentadores baseados no sistema de testes do
IEEE, idênticos, de 34 nós, mostrando uma redução no tempo de transgressão da tensão quando
o método AHVC é aplicado aos reguladores.
Mello, Pfitscher e Bernardon (2017) destacam que o controle Volt-VAr serve de suporte
às smart grids, sendo um recurso possível de ser adicionado aos dispositivos eletrônicos de
potência presentes nas redes, com destaque para os inversores da geração distribuída que podem
processar a potência ativa e reativa injetadas no ponto de conexão. O trabalho propõe a
aplicação centralizada de um algoritmo de controle Volt-VAr através de um sistema SCADA
(supervisory control and data acquisition), em um sistema de testes IEEE 34 nós modificado.
O controle é aplicado em vários dispositivos de regulação de tensão do sistema, como os
tradicionais reguladores de tensão e banco de capacitores, e também em dispositivos baseados
em eletrônica de potência como D-STATCOM (compensador síncrono estático de ação rápida
– Fast Acting Static Synchronous Compensator), transformadores da distribuição com
comutação eletrônica e nos inversores da GD conectados à rede. Os autores destacam que para
o uso do controle Volt-VAr coordenado, é necessário que haja uma rede de comunicação
robusta e altamente confiável, que permita uma comunicação de alta velocidade e maior largura
de banda, para troca de dados entre os dispositivos do sistema. Da mesma forma que no trabalho
de Singh e Singh (2018), estes autores utilizaram os softwares OpenDSS para rodar o fluxo de
potência em conjunto com o MATLAB para fazer a rede de comunicação possibilitando o
controle Volt-VAr centralizado. A faixa de tensão considerada adequada que foi estabelecida é
de 0,93 p.u. a 1,05 p.u..
36

Assim como este trabalho, Mello, Pfitscher e Bernardon (2017) utilizaram a capacidade
máxima do inversor em fornecer reativos que é estabelecido pela norma brasileira ABNT NBR
16149, de 0,9 capacitivo a 0,9 indutivo para o FP, porém neste trabalho são usados apenas os
inversores solares como dispositivos presentes na rede que são capazes de fornecer reativos,
diferente do trabalho de Mello, Pfitscher e Bernardon (2017) que além da GD, possuem bancos
de capacitores e STATCOM presentes no sistema. Os resultados mostram uma significativa
melhora quando o controle Volt-VAr coordenado é aplicado, não ocorrendo violação dos
limites de tensão estabelecidos, mesmo quando a carga do sistema atingia seu valor máximo, o
que não ocorria sem a aplicação do controle. Também foi reduzido o número de manobras que
os equipamentos de comutação tiveram que realizar, além de tornar mais uniforme a ação dos
dispositivos de controle não sobrecarregando os equipamentos, devido a estratégia adotada.
Bellinaso (2017) destaca que a norma brasileira ABNT NBR 16149 determina que os
inversores fotovoltaicos conectados à rede (grid-tie) devem apresentar uma curva de FP
indutivo em função da potência de saída, com o objetivo de não elevar a tensão da rede na
medida em que a potência ativa é injetada. Tal processo, segundo o autor, é necessário para que
não ocorra uma elevação local dos níveis de tensão, o que provocaria a desconexão
concomitante dos inversores já que a norma prevê que acima de 10% da tensão de referência o
inversor deve se desconectar da rede, e provocaria instabilidade no sistema elétrico. Bellinaso
(2017) afirma que utilização dos inversores conectados à rede para regulação de tensão através
da injeção de potência reativa, operando como STATCOM, poderia ser útil em redes com
impedância elevada, tais como as redes rurais. No entanto, o autor observa que, embora seja
estudada na literatura, esta função do inversor é atualmente proibida aqui no Brasil segundo a
ABNT NBR 16149. A compensação de harmônicos de tensão da rede seria outra função que os
inversores poderiam desempenhar, operando como filtro ativo em paralelo, para melhorar a
qualidade da tensão e manter a distorção harmônica dentro dos limites estabelecidos pelo
PRODIST, porém a norma brasileira vigente também não contempla essa possibilidade.
O trabalho de Bellinaso (2017) propõe um algoritmo para definir o preço da energia
ativa produzida pelo sistema fotovoltaico baseado na tensão do barramento c.c. do inversor
solar. Quanto maior for a tensão no barramento, significa que maior é a oferta de energia solar
naquele instante e, portanto, menor o preço do kWh, e vice-versa. Diferente do trabalho de
Bellinaso (2017), este trabalho não avalia os custos de energia ofertada no sistema, mas sim
questões técnicas operacionais ocasionadas pela entrada de fontes de geração distribuída no
sistema e os recursos disponíveis nos inversores solares para mitigar as perturbações
provocadas pela entrada dessas fontes através do controle Volt-VAr. Embora, como destacado
37

por Bellinaso (2017), o uso do inversor solar para controle de tensão, tal qual um STATCOM,
ainda não seja regulamentado pelas normas brasileiras vigentes, este é um importante recurso
existente nos inversores em operação, já explorado em outros países, mas ainda em fase de
estudos aqui no Brasil.

Este capítulo apresentou uma revisão da literatura pertinente ao assunto tratado nesta
dissertação, com trabalhos publicados em periódicos de revistas do meio da engenharia elétrica,
de conferências internacionais, de teses e dissertações relacionados ao assunto abordado.
38
39

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo é trazido uma revisão das normatizações que servirão de base para o
desenvolvimento da metodologia, dentre elas a ABNT NBR 16149, fundamental para o
desenvolvimento dessa dissertação.

3.1 PRINCIPAIS NORMAS APLICADAS AOS INVERSORES CONECTADOS À REDE


NO BRASIL

O conjunto de documentos responsáveis por normatizar e padronizar as atividades


técnicas para garantir o bom funcionamento e desempenho do sistema de distribuição são os
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST.
São elaborados pela ANEEL, com a participação dos agentes de distribuição e de entidades
relacionadas ao setor elétrico nacional (ANEEL, 2016). O PRODIST é composto por 11
módulos sendo o Módulo 3 o encarregado de tratar sobre o Acesso ao Sistema de Distribuição,
mais especificamente, na Seção 3.7 é descrito os procedimentos para acesso de micro e
minigeração distribuída participante do Sistema de Compensação de Energia Elétrica ao
sistema de distribuição. No item 4.3.1 desta seção é tratado de sistemas que fazem uso de
inversor para se conectar à rede (ANEEL, 2017c), como segue:

Para o caso de sistemas que se conectam à rede por meio de inversores, o acessante
deve apresentar certificados atestando que os inversores foram ensaiados e aprovados
conforme normas técnicas brasileiras ou normas internacionais, ou o número de
registro da concessão do Inmetro para o modelo e a tensão nominal de conexão
constantes na solicitação de acesso, de forma a atender aos requisitos de segurança e
qualidade estabelecidos nesta seção.

Aos 14 dias do mês de janeiro de 2016 o Inmetro publicou a Portaria n.º 17 estendendo
o prazo, inicialmente datado de 01 de fevereiro de 2015 pela Portaria 357/2014, para que os
inversores devam ser fabricados ou importados somente se estiverem em conformidade com as
exigências aprovadas pela Portaria nº 004/2011 - Requisitos de Avaliação da Conformidade
para Sistemas e Equipamentos para Energia Fotovoltaica, conforme segue:

Art. 8º Determinar que a partir de 1º de março de 2016, os inversores para sistemas


fotovoltaicos conectados à rede, contemplados na parte 2, do ANEXO III, deverão ser
fabricados e importados somente em conformidade com os requisitos da Portaria
Inmetro nº 004/2011 e devidamente registrados no Inmetro.
40

Ou seja, a partir de 1º de março de 2016 os inversores on-grid comercializados e


instalados no Brasil, devem seguir os requisitos trazidos pela Portaria nº 004/2011. A
determinação de prazos mais longos para entrar em vigor os requisitos foi devido às
dificuldades encontradas no acesso aos serviços de laboratórios creditados pelo Inmetro para
certificação dos inversores solares que parte dos fornecedores de produtos para geração de
energia fotovoltaica enfrentaram. Diante da manifestação da ANEEL ao Inmetro solicitando a
prorrogação dos prazos para o início da exigência de registro para os inversores, foi concedido
uma data posterior para os requisitos contidos na Portaria 004/2011 entrar em vigor
(INMETRO, 2016).
A parte 2 do ANEXO III da Portaria nº 004/2011 traz os mínimos requerimentos a serem
exigidos para ensaios dos inversores solares on-grid, os quais são mostrados na Tabela 1:

Tabela 1 – Métodos de ensaio dos requerimentos mínimos exigidos para o inversor solar.

Ensaio através de Requisitos mínimos requeridos


Cintilação
Injeção de componente contínua
Harmônicos e distorção de forma de onda
Fator de potência
Injeção/demanda de potência reativa
Sobre/sub tensão
ABNT NBR 16149 Sobre/sub frequência
e Controle da potência ativa em sobrefrequência
ABNT NBR 16150
Reconexão
Religamento automático fora de fase
Modulação de potência ativa
Modulação de potência reativa
Desconexão do sistema fotovoltaico da rede
Requisitos de suportabilidade a subtensões decorrentes de faltas na
rede
Proteção contra inversão de polaridade
Instrumentos de medida
Sobrecarga
ABNT NBR IEC 62116 Anti-ilhamento

Fonte: Inmetro, Portaria nº004/ 2011.

Para execução dos ensaios de sobrecarga e de proteção contra inversão de polaridade


são necessários os seguintes instrumentos de medida: Voltímetro; Amperímetro; Osciloscópio;
Analisador de Energia e Termômetro. As especificações destes instrumentos são descritas no
41

próprio ANEXO III da Portaria 004/2011. Portanto para obter a aprovação do Inmetro os
inversores devem estar em conformidade com as NBRs citadas na Tabela 1, dentre elas, a que
é mais relevante para o desenvolvimento desse trabalho é a ABNT NBR 16149 que será tratada
a seguir.

3.1.1 ABNT NBR 16149: Sistemas Fotovoltaicos (FV) – Características da interface de


conexão com a rede elétrica de distribuição

Elaborada no Comitê Brasileiro de Eletricidade pela Comissão de Estudo de Sistemas


de Conversão Fotovoltaicas de Energia Solar, a ABNT NBR 16149 entrou em vigor em 01 de
março de 2014, um ano após sua publicação, trata dos requisitos que os inversores solares
precisam atender para servirem de interface dos Sistemas Fotovoltaicos com a rede. Com
embasamento em normas internacionais da International Electrotechnical Commission – IEC
– listadas abaixo, a norma brasileira foi elaborada:
 IEC 60364-7-712, Electrical installation of buildings – Part 7-712:
Requirements for special installation or locations – Solar photovoltaic (PV)
power supply systems;
 IEC 61000-3-3, Electromagnetic compatibility (EMC) – Part 3-3: Limits –
Limitation of voltage changes, voltage fluctuation and flicker in public low-
voltage supply systems, for equipment with rated current ≤ 16 A per phase and
not subject to conditional connection;
 IEC 61000-3-11, Electromagnetic compatibility (EMC) – Part 3-11: Limits –
Limitation of voltage changes, voltage fluctuation and flicker in public low-
voltage supply systems – Equipment with rated current ≤ 75 A and subject to
conditional connection;
 IEC/TS 61000-3-5, Electromagnetic compatibility (EMC) – Part 3-5: Limits –
Limitation of voltage fluctuation and flicker in low-voltage power supply systems
for equipment with rated current greater than 75 A.
Os três primeiros itens da norma são: Escopo, Referências Normativas e Termos e
Definições. O item quatro é o de maior relevância para desenvolvimento deste trabalho, trata
da Compatibilidade com a Rede. É trazido a informação de que o desvio de valores de tensão,
cintilação, frequência, distorção harmônica e fator de potência regidos por normas e práticas,
caracteriza uma condição anormal de operação, neste caso, o sistema fotovoltaico deve ser
capaz de identificar tal inconformidade e cessar o fornecimento de energia à rede. Os valores
42

nominais de tensão e frequência devem estar em conformidade com os apresentados nas seções
pertinentes do PRODIST.

Tensão

Na maioria das vezes os sistemas fotovoltaicos on-grid não regulam a tensão, mas sim
a corrente injetada na rede (ABNT, 16149). Uma condição anormal de operação nos níveis de
tensão pode ser ocasionada por fatores externos ao sistema fotovoltaico, mesmo assim este deve
ser capaz de identificar e desconectar a geração distribuída da rede. O tempo máximo de
desligamento do sistema fotovoltaico (cessar fornecimento de energia à rede) em função da
tensão no ponto de conexão, em p.u., estão na Tabela 2. Mesmo com o sistema fotovoltaico
desligado, deve ser mantida a conexão com a rede afim de monitorar os parâmetros e voltar a
fornecer energia quando as condições normais da rede estiverem reestabelecidas.

Tabela 2 - Tempo de resposta do sistema fotovoltaico em função da variação de tensão.

Tensão no ponto de conexão Tempo máximo de desligamento


V < 0,8 p.u. 0,4 segundo
0,8 p.u. ≤ V ≤ 1,1 p.u. Regime normal de operação
V > 1,1 p.u. 0,2 segundo

Fonte: Adaptada de ABNT NBR 16149.

A existência de um tempo de atraso entre o momento da detecção da anomalia até cessar


o fornecimento de energia à rede se faz necessário para que distúrbios de curta duração na
tensão da rede não acarretem em um desligamento prematuro do sistema fotovoltaico,
ocasionando excessivas e desnecessárias desconexões. Ainda com objetivo de evitar
desconexão indevida, em casos de afundamento de tensão os sistemas fotovoltaicos com
potência nominal igual ou maior a 6 kW devem satisfazer os requisitos apresentados na Figura
1.
43

Figura 1- Requisitos de suportabilidade a subtensões devido a faltas na rede (FRT – fault ride
through).

Fonte: Adaptada de ABNT NBR 16149.

Cintilação

A ABNT NBR 16149 diz que os sistemas fotovoltaicos não podem provocar cintilação
acima do que fica estabelecido na IEC 61000-3-3, IEC 61000-3-3 e IEC/TS 61000-3-5.

Frequência

O sistema fotovoltaico deve operar em sincronismo com a rede elétrica e dentro dos
limites de variação de frequência apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Resposta do Sistema Fotovoltaico em função da frequência da rede.

Frequência no ponto de conexão Resposta do Sistema Fotovoltaico


57,5 Hz ≤ f ≤ 62,0 Hz Parar de fornecer energia ao sistema em até 0,2 s
60,5 ≤ f ≤ 62,0 Hz Reduzir a Potência injetada de acordo com a Equação 1

Fonte: ABNT NBR 16149.

Quando ocorrer uma parada de fornecimento por frequência inferior a 57,5 Hz ou


superior a 62,0 Hz o sistema só deve voltar a fornecer energia à rede quando a frequência
retornar à 59,9 Hz ou 60,1 Hz, respectivamente.
∆𝑃 = [𝑓𝑟𝑒𝑑𝑒 − (𝑓𝑛𝑜𝑚 + 0,5)] × 𝑅 (1)
44

Onde:
∆𝑃: é a variação da potência ativa injetada, expressa em porcentagem, em relação à
potência ativa injetada no momento em que a frequência excede 60,5 Hz (PM);
𝑓𝑟𝑒𝑑𝑒 : é a frequência da rede;
𝑓𝑛𝑜𝑚 : é a frequência nominal da rede;
𝑅: é a taxa de redução desejada da potência ativa injetada, expressa em porcentagem
por Hertz, ajustada em -40 %/Hz. A resolução da medição de frequência deve ser ≤ 0,01
Hz.
Se a frequência da rede diminuir depois de ativado o processo de redução de potência,
o sistema fotovoltaico deve manter a potência ativa no menor valor atingido durante o processo.
O sistema fotovoltaico pode aumentar a potência ativa injetada somente quando a frequência
da rede retornar para uma faixa entre 59,95 Hz e 60,05 Hz e permanecer por pelo menos 5
minutos neste intervalo, faixa mais restrita que a estabelecida no PRODIST, de 59,90 Hz a
60,10 Hz, para as condições normais de operação (ANEEL, 2018b). A Figura 2 descreve o
comportamento do sistema de injeção de potência ativa na rede em função da frequência na
rede.

Figura 2 - Curva de operação de sistemas fotovoltaicos em função da frequência da rede.

120
100
80
P/PM [%]

60
40
20
0
57 57.5 58 58.5 59 59.5 60 60.5 61 61.5 62 62.5
frequência [Hz]

Fonte: Adaptada de ABNT NBR 16149.

Distorção harmônica

Deve ser inferior a 5% da corrente fundamental quando o inversor opera na potência


nominal. Cada harmônica individual deve estar limitada aos valores apresentados na Tabela 4.
45

Tabela 4 – Limite de distorção harmônica de corrente.

Harmônicas ímpares Limite de distorção


Ímpares da 3ª a 9ª < 4,0 %
Ímpares da 11ª a 15ª < 2,0 %
Ímpares da 17ª a 21ª < 1,5 %
Ímpares da 23ª a 33ª < 0,6 %
Pares da 2ª a 8ª < 1,0 %
Pares da 10ª a 32ª < 0,5 %

Fonte: Adaptada de ABNT NBR 16149.

Fator de potência e injeção/ demanda de potência reativa

As faixas de fator de potência (FP) que o inversor deve operar de acordo com a potência
nominal do equipamento é tratada no subitem 4.7 da ABNT NBR 16149. O sistema fotovoltaico
só pode injetar/ absorver reativos quando a potência ativa enviada a rede for superior a 20% da
potência nominal do inversor, abaixo disso, o inversor deve operar com FP unitário. Quando
houver mudança na potência ativa injetada, o sistema fotovoltaico deve ser capaz de ajustar a
potência reativa de saída para corresponder ao FP pré-ajustado em, no máximo, 10 segundos.
O inversor deve sair ajustado de fábrica com FP unitário para qualquer faixa de potência,
havendo uma tolerância de trabalho na faixa de 0,98 indutivo até 0,98 capacitivo. A norma
divide os sistemas fotovoltaicos em três faixas de potência nominal: menor ou igual a 3 quilo
Watts; maior que 3 quilo Watts e menor ou igual a 6 quilo Watts; e maior que 6 quilos Watts.
Para inversores com potência nominal menor ou igual a 3 kW não há faixa de ajuste de
FP a ser explorada, apenas a tolerância de trabalho. Já para inversores com potência nominal
superior a 3 kW é possível a injeção/ absorção de reativos sendo que para os sistemas
fotovoltaicos com potência nominal maior que 3 kW e menor ou igual a 6 kW, o inversor deve
apresentar, como opcional, a possibilidade de operar com FP dentro da faixa de 0,95 indutivo
até 0,95 capacitivo de acordo com a curva da Figura 3.
A ABNT NBR 16149 deixa estabelecido que o operador da rede pode fornecer uma
curva diferente através do deslocamento dos pontos A, B e C na Figura 3. No entanto, a norma
permite que a curva da Figura 3 seja habilitada apenas quando a tensão da rede ultrapassar uma
tensão de ativação, que pode ser ajustada entre 1,00 p.u. e 1,10 p.u., com padrão de fábrica
ajustado em 1,04 p.u., e desabilitada quando a tensão da rede retroceder para um valor abaixo
46

da tensão de desativação, o qual pode ser ajustado de 1,00 p.u. a 0,90 p.u. com padrão de fábrica
em 1,00 p.u..

Figura 3 - Curva do FP em função da potência ativa da saída do inversor com potência nominal
maior que 3 kW.

Fonte: Adaptada de ABNT NBR 16149.

Para os sistemas fotovoltaicos com potência nominal acima de 6 kW o inversor deve


apresentar, como opcional, a possibilidade de operar sob duas condições:
a) De acordo com a Figura 3, porém com uma maior faixa de FP, de 0,90 indutivo
até 0,90 capacitivo;
b) Controle da potência reativa (VAr), conforme Figura 4.

Figura 4 - Limites operacionais de injeção/demanda de potência reativa para sistemas com


potência nominal maior que 6 kW.

Fonte: Adaptada de ABNT NBR 16149.


47

Os ajustes do controle do FP e injeção/ absorção ou demanda de potência reativa, devem


ser definidos individualmente pelo operador da rede de acordo com as condições em que ela se
encontra. Portanto, embora a curva que a norma traz ilustre um cenário de injeção de potência
reativa indutiva – Figura 3, reduzindo o FP à medida que a potência ativa de saída se aproxima
da potência nominal do inversor, afim de evitar uma elevação na tensão próximo ao ponto de
conexão e, consequentemente, na rede, é possível que o sistema fotovoltaico opere sob FP
capacitivo com o objetivo de elevar a tensão em pontos onde está muito próxima ou abaixo do
limite inferior estabelecido no módulo 8 do PRODIST.
Segundo a ABNT NBR 16149, além dos parâmetros citados anteriormente, o sistema
fotovoltaico deve ter proteção contra injeção de componente de corrente contínua (c.c.) na rede
elétrica, devendo interromper o fornecimento de energia à rede em 1 segundo se a corrente c.c.
for superior a 0,5% da corrente nominal do inversor. Os dispositivos dotados de transformador
com separação galvânica em 60 Hz estão livres de proteções adicionais para atender esse
critério.
No que diz respeito à proteção contra ilhamento, a norma informa que o sistema
fotovoltaico deve deixar de fornecer energia à rede em até 2 segundos após a perda da rede
(ilhamento), e os procedimentos de ensaio de anti-ilhamento devem ser conforme a ABNT NBR
IEC 62116. Já o sistema de aterramento, proteção contra curto-circuito e isolação e
secionamento, devem estar em conformidade com a IEC 60364-7-712.
Após ocorrer uma parada de fornecimento devido a uma condição anormal da rede, o
sistema fotovoltaico só pode retornar a injetar energia na rede depois de transcorridos de 20 a
300 segundos, conforme condição da rede, que as condições normais forem reestabelecidas. O
sistema deve ser capaz de suportar religamento automático mesmo que esteja fora de fase.
O sistema fotovoltaico com potência nominal superior a 6 kW deve suportar o
recebimento de sinais por telecomando permitindo controlar a potência ativa e reativa gerada.
A potência ativa solicitada através de telecomando deve ser atingida em até 1 minuto após o
recebimento do sinal, respeitando a capacidade de geração do sistema. Já a potência reativa
exigida pelo comando externo, deve ser atingida em no máximo 10 segundos após o
recebimento do sinal, limitada aos valores definidos anteriormente, com FP de 0,9 capacitivo a
0,9 indutivo. Em todas as faixas de potência, o sistema fotovoltaico deve ser capaz de receber
sinais de telecomando para cessar ou retomar o fornecimento de energia à rede. A desconexão
ou reconexão deve ser efetuada em no máximo 1 minuto após o recebimento do sinal. Não fica
definido na norma um protocolo de comunicação padrão, dando aos fabricantes a liberdade de
usar o que achar mais conveniente.
48

Embora a ABNT NBR 16149 esteja em vigor, esta norma passa por um processo de
revisão, conforme consta no Catálogo de Normas Técnicas da própria ABNT, havendo,
portanto, a perspectiva de que novos recursos, tal qual o controle Volt-VAr, sejam
contemplados na revisão.

3.2 LIMITES DE TENSÃO DO PRODIST

O módulo 8 do PRODIST trata da qualidade da energia elétrica. Na seção 8.1, são


estabelecidos os limites para os seguintes fenômenos em regime permanente: tensão; fator de
potência; harmônicos; desequilíbrio de tensão; flutuação de tensão e variação da frequência.
Em regime transitório é abordado as variações de tensão de curta duração – VTCD.
Neste item serão revisados os limites de tensão que o módulo 8 do PRODIST estabelece.
Os níveis de tensão estão classificados em três faixas, tomando como base a tensão de
referência, são elas: faixa adequada de tensão; faixas precárias de tensão; e faixas críticas de
tensão. A Figura 5 ilustra o posicionamento dessas faixas.

Figura 5 - Faixas de tensão do PRODIST.

Fonte: Adaptada de Módulo 8 PRODIST (ANEEL, 2018b).

No Anexo I da Seção 8.2 são trazidas tabelas com as faixas de tensão de acordo com a
tensão nominal – Tensão de Referência – em regime permanente. Na Tabela 5 são apresentadas
as faixas para alguns valores de tensão em regime permanente.
Abaixo de 1 kW os valores em p.u. são os mesmos para todas tensões comerciais
trazidas pelo PRODIST: 220/127 V; 380/220 V; 254/127 V; 440/220 V; 208/120 V; 230/115
V; 240/120 V; e 220/110 V. As faixas, em p.u., para tensões entre 1 kV e 69 kV e abaixo de 1
kV são ilustradas pela Figura 6.
Se a tensão entregue ao consumidor estiver fora da Faixa adequada de Tensão, a
Distribuidora de Energia Elétrica deve compensar financeiramente o consumidor. O item 2.7
da seção 8.1 trata da Compensação aos Consumidores:
49

2.7.1 A distribuidora deve compensar os consumidores que estiveram submetidas a


tensões de atendimento com transgressão dos indicadores DRP ou DRC e os titulares
daquelas atendidas pelo mesmo ponto de conexão (ANEEL, 2018b).

Tabela 5 – Faixas de classificação de Tensões.

220/127 V 380/220 V De 1 kV a 69 kV
Adequada

(202 V ≤ TL ≤ 231 V) / (350 V ≤ TL ≤ 399 V) /


0,93 TR ≤ TL ≤ 1,05 TR
(117 V ≤ TL ≤ 133 V) (202 V ≤ TL ≤ 231 V)

(191 V ≤ TL < 202 V ou (331 V ≤ TL < 350 V ou


Precária

231 V < TL ≤ 233 V) / 339 V < TL ≤ 403 V) /


0,90 TR ≤ TL < 0,93 TR
(110 V ≤ TL < 117 V ou (191 V ≤ TL < 202 V ou
133 V < TL ≤ 135 V) 231 V < TL ≤ 233 V)
Crítica

(TL < 191 V ou TL > 233 V) / (TL < 331 V ou TL > 403 V) / TL < 0,90 TR ou
(TL < 110 V ou TL > 135 V) (TL < 191 V ou TL > 233 V) TL > 1,05 TR

Legenda: TL: Tensão de Leitura; TR: Tensão de Referência

Fonte: Adaptada de módulo 8 PRODIST (ANEEL, 2018b).

Figura 6 - Faixas aplicadas às tensões nominais abaixo de 1 kV e de1 kV a 69 kV.

Fonte: Módulo 8 PRODIST, elaborada pelo Autor.

Os indicadores DRP e DRC correspondem ao índice de duração relativa da transgressão


para tensão precária e para tensão crítica, respectivamente. São calculados conforme as Equação
2 e Equação 3.
𝑛𝑙𝑝
𝐷𝑅𝑃 = × 100% (2)
1008
𝑛𝑙𝑐
𝐷𝑅𝐶 = × 100% (3)
1008
50

Sendo que nlp e nlc representam o maior valor entre as fases do número de leituras
situadas nas faixas precária e crítica, respectivamente.
Para o cálculo da Compensação aos Consumidores deve ser utilizado a Equação 4.

𝐷𝑅𝑃 − 𝐷𝑅𝑃𝑙𝑖𝑚 𝐷𝑅𝐶 − 𝐷𝑅𝐶𝑙𝑖𝑚


𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 = [( ) ∙ 𝑘1 + ( ) ∙ 𝑘2 ] ∙ 𝐸𝑈𝑆𝐷 (4)
100 100

Onde:
DRP: valor do DRP expresso em %, apurado na última medição;
DRC: valor do DRC expresso em %, apurado na última medição;
DRPlim: limite do indicador DRP, que é 3%;
DRClim: limite do indicador DRP, que é 0,5%;
k1: fator de multiplicação, k1=0 se DRP ≤ DRPlim e k1=3 se DRP > DRPlim;
k2: fator de multiplicação, k2=0 se DRC ≤ DRClim; se DRC > DRClim, k2=7 para
consumidores atendidos em Baixa Tensão, k2=5 para consumidores atendidos em Média
Tensão e k2=3 para consumidores atendidos em Alta Tensão;
EUSD: valor do encargo de uso do sistema de distribuição correspondente ao mês de
referência da última medição.
A compensação deve ser realizada quando o indicador DRP for superior ao DRPlim e/ou
o indicador DRC for superior ao DRClim.

3.3 SERVIÇOS ANCILARES – SUPORTE DE REATIVOS

Em primeiro de janeiro de 2016 entrou em vigor a REN Nº 697, de 16 de dezembro de


2015, da ANEEL. Esta Resolução “estabelece os procedimentos para prestação de serviços
ancilares e adequação de instalações de centrais geradoras motivada por alteração na
configuração do sistema elétrico” (ANEEL, 2015d). A REN 697/ 2015 revogou uma série de
outras REN, entre elas a REN 265/ 2003 e suas atualizações, que foi a pioneira no assunto e
trouxe o conceito desse tipo de prestação de serviços. A REN 265/ 2003 fez as seguintes
considerações em torno dos serviços ancilares:

os serviços ancilares constituem requisitos técnicos essenciais para que o Sistema


Elétrico Interligado Nacional - SIN opere com qualidade e segurança;
a prestação dos serviços ancilares é atividade imprescindível à operação eficiente do
SIN em ambiente competitivo;
51

Dentre os diversos serviços ancilares que a REN 687/ 2015 estabelece, o suporte de
reativos é o de maior relevância para o desenvolvimento deste trabalho, sendo ele o
fornecimento ou absorção de energia reativa através das unidades geradoras conectadas ao
sistema elétrico, com a função de controle de tensão da rede, mantendo-a dentro dos limites
estabelecidos nos Procedimentos de Rede e no PRODIST (ANEEL, 2015d). Os Procedimentos
de Rede são documentos de caráter normativo, elaborados pelo ONS (Operador Nacional do
Sistema Elétrico) e aprovados pela ANEEL, com regras para operação das instalações de
transmissão da rede básica do SIN (ONS, 2018). É importante destacar que a REN 265/ 2003 e
suas revisões não traziam os limites de tensão do PRODIST, apenas os estabelecidos nos
Procedimentos de Rede. Embora atualmente a remuneração dos serviços ancilares, através da
TSA (Tarifa de Serviços Ancilares), não seja aplicada aos pequenos produtores participantes
do sistema de compensação – micro e minigeradores distribuídos, a inclusão do PRODIST na
REN 687/ 2015 sinaliza a possibilidade de que, em breve, a remuneração também possa ser
ofertada à esses produtores de energia, tornando mais atrativo do ponto de vista econômico que
a micro e minigeração distribuída injete ou absorva reativos na rede de distribuição para
manutenção dos níveis de tensão. Hoje, como está, a REN 482/ 2012 e suas revisões oferecem
o sistema de compensação apenas relativo à potência ativa injetada no sistema, não sendo
economicamente atrativo para o pequeno produtor operar sua unidade geradora com FP
diferente do unitário.

Foram revisadas as normas pertinentes aos sistemas de geração solar, com destaque para
ABNT NBR 16149 que dá as recomendações específicas aos inversores deste tipo de geração.
Também foram recapitulados os limites de tensão estabelecidos pelo módulo 8 do PRODIST e
como se dá a compensação financeira ao consumidor, caso esses limites sejam extrapolados.
Por fim, é feito uma rápida abordagem a respeito da Resolução Normativa 687/ 2015, que trata
dos serviços ancilares oferecidos, atualmente, só na rede básica, porém esta dissertação sugere
que seja expandido também à distribuição de energia elétrica.
52
53

4 METODOLOGIA

Neste capítulo será apresentada a metodologia aplicada para avaliar o impacto


provocado pela entrada da geração distribuída solar fotovoltaica no sistema de distribuição com
diferentes modos de injeção de reativos pelos inversores presentes nesse tipo de fonte.
O método desenvolvido parte de obter a resposta do sistema em estudo sem a influência
de geração distribuída, apenas carregado com uma curva de carga variável ao longo do período
analisado com o intuito de que haja variações de correntes e fluxos de energia em sentido
unidirecional. Com isto é possível observar o comportamento da tensão em pontos estratégicos
do sistema, bem como a resposta dos dispositivos responsáveis por fazer o controle da tensão,
tais como os Reguladores de Tensão, e evitar que esta extrapole os limites estabelecidos pelos
documentos que normatizam o setor elétrico (PRODIST, Procedimentos de Rede, etc.). Os
dados obtidos neste contexto servem de referência para as respostas dos casos onde há presença
de GD, possibilitando decidir qual método de injeção de reativos, dentre os propostos, provoca
a menor perturbação do ponto de vista operacional.
Os estudos de caso com presença de recursos distribuídos são elaborados tomando como
base as recomendações e limites presentes na norma brasileira pertinente aos inversores solares,
dentre eles o FP estabelecido de acordo a potência nominal do sistema fotovoltaico, conforme
revisado no item 3.1.1.5 do capítulo anterior. É considerado que as GD’s a serem inseridas são
sistemas fotovoltaicos de potência nominal maior que 6 quilo Watts. Dessa forma, um dos casos
é elaborado com os inversores operando com o fator de potência padrão de fábrica de acordo
com a norma, ou seja, FP unitário; outros dois estudos abordam os limites de fator de potência
permitidos pela norma com os inversores solares operando com FP fixo em 0,9, um cenário
indutivo e outro capacitivo.
Por fim, busca-se avaliar o comportamento do modelo elaborado a partir da inserção de
GD’s, quando adotada uma estratégia de controle local no despacho/ demanda de energia
reativa, em função da tensão no ponto de conexão, aplicada aos inversores, recurso este que
ainda não está previsto pela norma brasileira ABNT NBR 16149, mas que há vários estudos de
aplicações, como exposto na Revisão Bibliográfica desta dissertação. Há a possibilidade de que
a entrada de unidades geradoras que adotam uma estratégia de controle na injeção/ demanda de
energia reativa, traga benefícios ao perfil de tensão do sistema, resultando em uma redução do
número de manobras realizado pelos Reguladores de Tensão, prolongando assim, o tempo de
54

vida desses dispositivos, além de uma melhora na qualidade do produto devido a uma maior
constância nos valores de tensão da rede.
O fluxograma apresentado na Figura 7 mostra o desenvolvimento da metodologia
elaborada para chegar aos resultados que serão discutidos no próximo capítulo.

Figura 7 - Fluxograma de desenvolvimento da metodologia elaborada.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

4.1 GRANDEZAS AVALIADAS

Aqui serão abordadas as grandezas extraídas em cada cenário elaborado para serem
comparadas e avaliadas dando suporte a determinação do resultado, ou seja, qual configuração
de fator de potência ajustado no inversor solar causa o menor impacto negativo no sistema
elétrico a ser avaliado. É buscado a configuração de modo que as grandezas avaliadas estejam
mais próximas, ou até mesmo com valores mais satisfatórios, dos valores obtidos no sistema
sem geração distribuída, cenário de referência.

4.1.1 Número de manobras dos Reguladores de Tensão

Em um primeiro momento é avaliado o número de manobras (comutações) que os


reguladores de tensão presentes no sistema em estudo efetuam para um determinado período de
55

análise. Devido a variação na demanda de potência do sistema, dada pela curva de carga, e
variação nos fluxos de potência, dado também pela variação das potências injetadas através dos
recursos distribuídos, deve ser observado uma flutuação nos níveis de tensão da rede, fazendo
com que os dispositivos de controle de tensão atuem para mantê-la dentro de uma faixa de
valores adequados. Os dispositivos de controle de tensão tradicionais amplamente utilizados,
principalmente nas redes de distribuição, quando se deseja a regulação em regime permanente,
são os autotransformadores elevadores/ abaixadores com comutador de tensão sob carga,
comumente chamados de Reguladores de Tensão (Buratti, 2016).
Desenvolvido pela Siemens no ano de 1932 e aplicado inicialmente nas redes de
distribuição dos Estados Unidos, os Reguladores de Tensão usualmente permitem uma
regulação na faixa de +/- 10% da tensão nominal do equipamento (SIEMENS, 2018).
Normalmente possuem 32 degraus de tensão, 16 elevadores e 16 rebaixadores, e ajuste
automático através de um relé de controle que comanda o posicionamento do tap afim de manter
a tensão próxima a um valor pré-ajustado (Buratti, 2016). O número de comutações que o
equipamento realiza é um fator determinante no tempo de vida do Regulador de Tensão, sendo
normalmente dado pelo fabricante uma estimativa do número máximo de manobras que o
dispositivo é capaz de efetuar. Portanto, se faz necessário analisar o impacto que a geração
distribuída provoca nos Reguladores de Tensão visando definir qual cenário provoca o menor
número de atuações e assim prolongar o tempo de vida do equipamento.

4.1.2 Tensão elétrica nos nós do sistema

Deve ser analisado uma possível flutuação nos níveis de tensão próximas ao ponto de
conexão da GD devido a injeção de potência no sistema que pode ocasionar no pagamento de
indenizações e multas por parte da distribuidora se os valores de tensão estiverem fora da Faixa
Adequada estabelecida pelo PRODIST, como visto no item 3.2. Para uma melhor análise dessa
grandeza, os reguladores de tensão existentes no sistema em estudo devem ter seu controle
automático de mudança de tap desativados, ou seja, devem estar travados na posição inicial ao
longo de todo experimento de análise de tensão para não influenciarem na resposta do sistema.
O posicionamento de medidores no sistema em estudo para coletar dados de tensão ao
longo do período de análise deve ser feito de maneira criteriosa e ser repetido para todos os
cenários avaliados possibilitando a comparação entre eles. É prudente que seja alocado um
medidor na entrada do sistema, próximo a subestação, monitorando assim uma possível
extrapolação do limite superior de tensão; em nós terminais do sistema, afim de verificar
56

subtensões provocadas por queda de tensão ao longo do alimentador; em nó próximo às grandes


cargas ou gerações de maior porte para que sejam verificadas possíveis flutuações de tensão em
decorrência da variação nos fluxos de energia; e em nó próximo ao centro de carga do sistema
com objetivo de ter uma visão global das tensões.

4.2 CENÁRIOS PROPOSTOS

Neste item serão detalhados os cenários já apresentados anteriormente. A elaboração


das situações propostas na metodologia está baseada em comparar diferentes modos de
operação do inversor solar no que diz respeito ao fator de potência que o equipamento é
permitido trabalhar, com um cenário de referência sem a influência de recursos distribuídos.
Também é trazido para avaliação um modo de operação que faz uso de um método mais
sofisticado, o qual o inversor solar é utilizado no suporte de tensão ao sistema através do
gerenciamento da energia reativa injetada/ absorvida.

4.2.1 Cenário sem Geração Distribuída

Nesta primeira situação não há unidades como micro e minigeradores distribuídos, a


energia que supre as cargas provém unicamente da subestação do sistema e o fluxo de potência
é exclusivamente unidirecional para o caso de um alimentador radial, como a grande maioria
das redes de distribuição brasileiras. As cargas são variáveis no tempo seguindo uma curva
composta por fatores instantâneos (LoadShape) que multiplicam as potências instaladas das
cargas. A resposta gerada servirá de referência para os cenários seguintes.

4.2.2 Cenários com Geração Distribuída

Os cenários dotados de GD’s são carregados com a mesma curva de carga já usada
anteriormente. São adicionados sistemas fotovoltaicos de geração que podem se enquadrar em
micro e minigeração distribuída fazendo parte do sistema de compensação de acordo com a
Resolução Normativa REN 482/ 2012 e suas revisões, ou seja, é permitido que o excedente de
geração seja injetado na rede, gerando créditos junto à concessionária de energia, e
posteriormente consumido através de compensação.
Os nós que irão receber geração distribuída são escolhidos ao acaso utilizando a função
ALEATÓRIOENTRE(x,y) do Excel, onde x e y são os argumentos inferior e superior,
57

respectivamente, da função. Portanto, os nós do sistema em estudo devem ser numerados, com
números inteiros de x a y, de modo que a função irá retornar aleatoriamente um valor numérico,
também inteiro, dentro desse intervalo especificado, definindo assim, o nó a ser adicionado uma
GD. Este critério é utilizado para replicar o que ocorre na prática, haja visto que hoje as
concessionárias ou permissionárias de energia não possuem autonomia de determinar o ponto
de conexão de unidades consumidoras acessante ao sistema de distribuição através de micro e
minigeradores.
A potência de pico do sistema solar fotovoltaico a ser inserido no nó sorteado deve ser
determinada de acordo com o consumo de energia da carga durante o período de análise. A GD
deve ser capaz de atender na totalidade a carga usando o sistema de compensação devido a
intermitência do fornecimento de energia característico desse tipo de fonte.
Além da LoadShape, mais quatro curvas são comuns a estes cenários, todas aplicadas
ao sistema fotovoltaico. É usado uma curva que multiplica o valor constante de irradiação
previamente definido, fazendo assim com que a potência de saída do painel solar varie
conforme a curva de irradiação resultante. Uma curva com a temperatura instantânea do da
placa solar, em conjunto com outra da potência em função da temperatura a cada instante,
influenciam na potência de saída do painel solar. Portanto a energia elétrica convertida pelos
painéis fotovoltaicos a partir da energia solar, depende da irradiação solar e temperatura da
placa em cada instante analisado. Temperaturas mais altas diminuem a potência de saída do
painel fotovoltaico. Normalmente quando a irradiação é elevada, a temperatura da placa
aumenta e a potência de saída do painel sofre desconto, por isso as curvas descritas são
necessárias para fazer a análise. Por fim, uma curva da eficiência do inversor em função da
potência de saída do conjunto fotovoltaico é empregada, haja visto que o inversor operando
próximo à potência nominal apresenta eficiência maior que quando opera com baixa capacidade
de geração, por isso deve-se tomar cuidado com o sobredimensionamento do inversor em
relação aos painéis solares.
A partir do descrito acima quatro cenários são elaborados, três desses diferenciam entre
si apenas pelo fator de potência fixo que o inversor solar opera, e o quarto caso com aplicação
de controle no despacho/ demanda de reativos, conforme será descrito a seguir.

4.2.2.1 Inversor operando com fator de potência unitário

Neste cenário é aplicado o método de operação de fator de potência que a norma


brasileira ABNT NBR 16149 recomenda que os inversores saiam ajustados para o mercado, o
58

padrão de fábrica definido como FP fixo unitário para qualquer faixa de potência instantânea
de saída e para qualquer faixa de potência nominal do sistema fotovoltaico, conforme revisado
no item 3.1.1.5 dessa dissertação. A Figura 8 demonstra o comportamento da saída do inversor
solar no que se refere a injeção de potência da GD para este contexto.

Figura 8 - Curva do fator de potência de saída do inversor solar em função da potência de


operação com parâmetro padrão de fábrica carregado.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Este cenário foi elaborado para observar a resposta do sistema e avaliar este que é o
modo mais utilizado, segundo informações coletadas junto à algumas empresas da região que
fazem a instalação de sistemas fotovoltaicos, já que é o padrão de fábrica. Além disso, este
modelo de operação é hoje o que utiliza o maior potencial do inversor solar do ponto de vista
econômico, haja visto que a norma vigente que regulamenta o acesso de micro e minigeração
distribuída às redes de distribuição, estabelece que o sistema de compensação de energia elétrica
seja feito somente referente à energia ativa que é injetada pela unidade consumidora, portanto,
não sendo vantajoso ao pequeno produtor de energia elétrica operar com um fator de potência
diferente do unitário a menos que seja estritamente necessário para que haja sua conexão.

4.2.2.2 Inversor operando com fator de potência fixo em 0,9 capacitivo

Este cenário busca avaliar o comportamento do sistema em estudo para uma situação
onde a GD fornece energia reativa às cargas do sistema, assim como faz com potência ativa. A
maior parte dos sistemas de testes, bem como os sistemas de distribuição reais, possuem cargas
59

com teor indutivo, daí a escolha em avaliar o caso em que as GD’s injetam energia reativa na
rede. A ABNT NBR 16149 permite que os inversores solares operem segundo a curva da Figura
3 presente no item 3.1.1.5 dessa dissertação, podendo o operador da rede fornecer uma curva
diferente a ser implementada nos inversores através do ajuste dos pontos A, B e C da mesma
figura. Com base no exposto, a curva da Figura 9 é aplicada ao inversor neste cenário,
correspondendo a uma operação com FP fixo em 0,9 capacitivo para qualquer valor de potência
de saída acima de 20% da potência nominal.

Figura 9 - Curva do fator de potência fixo em 0,9 capacitivo em função da potência de


operação do inversor solar.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

A operação com FP capacitivo fixo ainda é sustentado pela norma ABNT NBR 16149
no seu item 4.7.3 que traz a curva apresentada na Figura 4. Se uma reta, representando a
potência de operação do inversor solar, for traçada na fronteira da parte em destaque da figura,
o ângulo φ, entre a Potência Aparente (S) e a Potência Ativa (P), se mantém o mesmo, ou seja:

cos 𝜑 = 𝑓𝑝 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (5)

A Figura 10 ilustra o que foi exposto acima.


O mesmo raciocínio pode ser usado para operação com FP fixo em 0,9, porém indutivo,
como será visto a seguir.
Operar com a GD utilizando FP capacitivo pode ser conveniente, além de fornecer
reativos às cargas indutivas do sistema, em alimentadores bastante longos, como é o caso de
60

redes rurais que sofrem com quedas de tensão. Pode-se usar a GD para aumentar os níveis locais
de tensão em horários de alta demanda, não havendo talvez a necessidade de elevar um tap do
transformador à montante do ponto de conexão da GD com a rede, devido à baixa tensão em
um ponto distante do transformador, prejudicando os níveis próximos a ele. O aumento local
da tensão naturalmente causado devido à injeção de potência ativa pela GD pode ser mais
acentuado se esta operar com um FP capacitivo, podendo ser benéfica ou trazer prejuízos, por
isso faz-se necessário esta análise.

Figura 10 - Curva do fator de potência fixo em 0,9 indutivo em função da potência de


operação do inversor solar.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

4.2.2.3 Inversor operando com fator de potência fixo em 0,9 indutivo

Semelhante ao cenário anterior, este busca analisar o comportamento do sistema em que


as GD’s inseridas operam com fator de potência fixo em 0,9, porem indutivo. O inversor
absorve energia reativa da rede, provocando, portanto, uma diminuição nos níveis de tensão em
pontos próximos à conexão da GD com o sistema. Como abordado no item anterior, a injeção
de potência ativa, naturalmente tende a aumentar a tensão local. Isto posto, a operação do
inversor solar com um FP indutivo pode ser benéfica em pontos do alimentador que receberão
GD mas que estão com valores de tensão próximos ao limite superior permitido, que se for
ultrapassado acarretará na desconexão da unidade geradora conforme revisado no capítulo
anterior.
A mesma lógica utilizada para elaboração das curvas de FP aplicadas ao inversor
operando no modo capacitivo fixo é aplicada neste cenário. A curva apresentada na Figura 11
demonstra a operação do inversor para este caso.
61

Figura 11 - Curva do fator de potência fixo em 0,9 indutivo em função da potência de


operação do inversor solar.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

4.2.2.4 Inversor operando com fator de potência variável seguindo um controle Volt-VAr

Esta é a situação em que o inversor opera com um FP variável controlado por uma curva
da potência reativa disponível no inversor em função da tensão no ponto de conexão da GD
com o sistema elétrico. Como já exposto na Revisão da Literatura, o controle Volt-VAr opera
de modo a manter a tensão dentro de uma faixa considerada ideal através do gerenciamento da
potência reativa que o inversor é capaz de fornecer. A Figura 12 traz um exemplo de curva
Volt-VAr que pode ser aplicada ao inversor. A tensão entre V1 e V2 é a faixa ideal de operação
em que o inversor opera com FP unitário injetando na rede toda capacidade de geração em
forma de potência ativa. O inversor monitora a tensão no ponto de conexão e caso esta estiver
abaixo de V2 o dispositivo opera no modo capacitivo, fornecendo energia reativa à rede, de
maneira proporcional a diferença entre a tensão medida e a tensão V2. Por outro lado, se a tensão
medida estiver acima de V3 o inversor passa a operar no modo indutivo, absorvendo reativos
da rede, também de maneira proporcional a diferença entre a tensão medida e a tensão V3, com
objetivo de reduzi-la e traze-la de volta para dentro da faixa ideal de operação. Os valores de
Q1 e Q4 são correspondentes às quantias máximas de potência reativa, capacitiva e indutiva
respectivamente, que o inversor é capaz de fornecer.
O inversor monitora a tensão no ponto de conexão e aplica o controle segundo uma
curva pré-carregada no equipamento, ou seja, o controle é aplicado localmente a partir de uma
curva padrão definida. Este tipo de método une os três modos de operação apresentados
62

anteriormente e através do dado de tensão medido, altera o fator de potência de saída do


inversor, operando, portanto, com um FP variável.

Figura 12 - Modelo de Curva Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

É evidente que este modo de operação exige um inversor solar com tecnologia mais
avançada, já existentes, são os chamados smart solar inverters, os quais são capazes de dar
suporte à regulação de tensão através de VAr’s. Embora estes equipamentos ainda não estejam
homologados pela normatização brasileira, já estão presentes no mercado externo e podem
trazer muitos benefícios aos consumidores e às concessionárias devido a gama de recurso que
possuem, a exemplo da possibilidade de controle Volt-VAr, por isso este cenário merece
posição de destaque no desenvolvimento deste trabalho.

Este capítulo apresentou a metodologia desenvolvida nesta dissertação para avaliar os


impactos causados pela entrada das gerações distribuídas, com foco na exploração do potencial
que os inversores são capazes de oferecer no que se refere à injeção/ demanda de energia reativa,
com o objetivo de avaliar o comportamento da tensão nos diferentes cenários de operação dos
inversores. Também é proposto a avaliação do sistema em estudo para um cenário em que estão
presentes inversores solares com a capacidade de dar suporte ao controle de tensão da rede
através do gerenciamento da energia reativa disponível (controle Volt-VAr) nestes
equipamentos, os chamados smart solar inverters.
As mudanças no perfil de tensão ocasionados pelos diferentes modos operativos de fator
de potência, causarão impacto nos dispositivos tradicionais de regulação de tensão presentes no
63

sistema, por isso, é proposto avaliar também o número de manobras que estes equipamentos
realizam, já que isso influenciará no tempo de vida dos reguladores de tensão.
64
65

5 APLICAÇÃO PRÁTICA

Neste capítulo serão apresentados os passos realizados para pôr em prática a


metodologia apresentada no capítulo anterior. A validação da metodologia foi buscada através
da inserção de unidades de geração distribuída solar fotovoltaica providas de inversor, em um
sistema de testes IEEE 123 nós, o qual representa um alimentador do sistema de distribuição,
através da modelagem dos cenários propostos em um software de simulação.
O software utilizado, DSSim-PC V1.5 (Electrical Distribution System Simulator for
PC), para criar os cenários, rodar os fluxos e coletar os dados, é desenvolvido pela Power and
Energy Group da Universidade de Los Andes/ Colômbia em parceria com o Laboratorie de
Génie Electrique de Grenoble (G2ELab)/ França. O DSSim-PC utiliza o solver de fluxo de
potência baseado no software da empresa EPRI (Electric Power Research Institute), o
OpenDSS (Distribution System Simulator). O DSSim-PC é um software gráfico que permite ser
feito simulações no domínio do tempo. Os dados gerados ao final de cada simulação podem ser
salvos no formato .CSV e foram manipulados através de um software de edição de planilhas,
possibilitando a elaboração de curvas para melhor entendimento das respostas do sistema. Os
cenários propostos na metodologia foram simulados utilizando um período de 24 horas, das 00h
às 23:59h, com uma discretização de minuto a minuto.

5.1 SISTEMA DE TESTES IEEE 123 NÓS MODIFICADO

Este sistema é bastante difundido, comumente utilizado para representar um alimentador


da distribuição devido ao grande número de nós que possui, característico de redes de
distribuição. Opera a uma tensão nominal de 4,16 kVolts, é típico do circuito ser composto por
redes aéreas e subterrâneas. Possui onze chaves seccionadoras (SW), sendo que seis delas dão
a possibilidade de arranjar o sistema de maneiras diferentes, e as cinco restantes conectam
cargas terminais. Os estados originais das seis chaves que podem modificar o caminho do fluxo
de energia no sistema são apresentados na Tabela 6. Além disto, estão presentes quatro bancos
de capacitores, um trifásico e três monofásico, que fornecem reativos para o sistema.
O sistema IEEE 123 nós ainda é equipado com quatro reguladores de tensão (Tr), sendo
que o da entrada do sistema é trifásico com controle único referenciado à fase Ph-1, o qual faz
o papel de OLTC da subestação. Um segundo regulador trifásico se localiza no meio do sistema,
porém este possui controle individual das fases. Mais dois reguladores, localizados em um dos
ramos do sistema, fazem o controle da tensão para poucas cargas a jusante do equipamento, um
66

deles é bifásico, também com controle individual das fazes Ph-1 e Ph-3, e o outro é monofásico
conectado à fase Ph-1. O sistema ainda possui um transformador rebaixador que alimenta uma
única carga de 1,5 kVA em 480 Volts. A potência dos reguladores de tensão e do transformador
são apresentados na Tabela 7.

Tabela 6 – Estado inicial das chaves do sistema IEEE 123 nós.

Regulador SW 1 SW 2 SW 3 SW 4 SW 5 SW 7 SW 8
Estado fechado fechado fechado fechado fechado aberto aberto

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do sistema IEEE 123 nós.

Tabela 7 - Potência dos Reguladores e Transformador do sistema IEEE 123 nós.

Número de fases Identificação Potência (S)


Regulador 1 - Tr_1 (OLTC) 5 MVA
Trifásicos Regulador 2 - Tr_4, Tr_6 e Tr_7 6 MVA
Transformador - Tr_8 150 kVA
Bifásico Regulador 3 - Tr_3 e Tr_5 4 MVA
Monofásico Regulador 4 - Tr_2 2 MVA

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do sistema IEEE 123 nós.

Em relação às cargas, o sistema possui oito diferentes tipos de potência instalados, sendo
cinco trifásicos, três equilibradas e duas desequilibradas, e três tipos monofásicos. O número
de cargas de acordo com a potência é apresentado na Tabela 8.

Tabela 8 - Potência das cargas do sistema IEEE 123 nós.

Quantidade Pot. Ativa (P) Pot. Reativa (Q) Pot. Aparente (S)
5 - - 1,5 kVA
1 105 kW 75 kVAr 129 kVA
Trifásicas 2 140 kW 100 kVAr 172 kVA
1 210 kW 150 kVAr 258 kVA
1 245 kW 180 kVAr 304 kVA
31 20 kW 10 kVAr 22 kVA
Monofásicas 47 40 kW 20 kVAr 45 kVA
2 75 kW 35 kVAr 83 kVA
TOTAL Instalado 4 MVA

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do sistema IEEE 123 nós.
67

A Figura 13 apresenta um esquemático do sistema de testes IEEE 123 nós com a


localização dos reguladores de tensão (Reg) e das chaves (SW) capazes de rearranjar o sistema
de diferentes formas.

Figura 13- Sistema IEEE 123 nós.

Fonte: IEEE Power Engineering Society.

Com a configuração apresentada, o sistema de testes IEEE 123 nós é um modelo


bastante estável, sendo difícil observar o impacto ocasionado pela inserção de geração
distribuída. Ao observar a potência do regulador de tensão na entrada do sistema (Reg 1)
apresentada na Tabela 7, pelo qual flui toda a energia vinda da subestação, e a potência total
das cargas do sistema, apresentado na Tabela 8, percebe-se que a capacidade do alimentador é
25% maior que a potência da carga instalada. Haja visto que as cargas do sistema estarão
sujeitas à uma curva com valores que multiplicam a potência instalada da carga, entre 0 e 1, a
maior parte do tempo a potência exigida do sistema está bem abaixo da capacidade nominal do
alimentador. Nos primeiros resultados obtidos do sistema com a configuração apresentada, o
impacto observado foi muito baixo, mesmo para um nível de penetração de GD na ordem de
50% de potência de pico do sistema fotovoltaico em relação à potência total das cargas.
68

Portanto, decidiu-se aplicar um fator de multiplicação nas cargas do sistema, de modo que a
potência instalada se aproximasse da capacidade nominal do alimentador, ou seja, as cargas
foram multiplicadas por 1,25, chegando-se aos novos valores apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Potência das cargas do sistema IEEE 123 nós modificado.

Quantidade Pot. Ativa (P) Pot. Reativa (Q) Pot. Aparente (S)
5 - - 1,5 kVA
1 131 kW 94 kVAr 161 kVA
Trifásicas 2 175 kW 125 kVAr 215 kVA
1 263 kW 188 kVAr 323 kVA
1 306 kW 225 kVAr 380kVA
31 25 kW 13 kVAr 28 kVA
Monofásicas 47 50 kW 25 kVAr 56 kVA
2 94 kW 44 kVAr 103 kVA
TOTAL 5 MVA

Fonte: Elaborada pelo autor.

Com o fator de multiplicação aplicado, a potência instalada total das cargas igualou à
potência nominal do regulador na entrada do sistema. No entanto mais uma modificação foi
necessária para que os efeitos da geração distribuída fossem constatados e o sistema de testes
IEEE 123 nós pudesse ser utilizado para validação da metodologia proposta. As chaves SW 3
e SW 7 tiveram seus estados modificados, tornando assim o sistema mais longo, permitindo a
observação de forma mais clara dos efeitos na tensão em cargas localizadas no final do
alimentador. Portanto, as chaves passaram a operar conforme a Tabela 10.

Tabela 10 - Estado das chaves do sistema IEEE 123 nós modificado.

Regulador SW 1 SW 2 SW 3 SW 4 SW 5 SW 7 SW 8
Estado fechado fechado aberto fechado fechado fechado aberto

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos dados do sistema IEEE 123 nós.

Após as modificações necessárias realizadas no circuito, passou-se para a etapa de


adição das curvas de carga do sistema de testes IEEE 123 nós, possibilitando a execução dos
cenários previstos na metodologia a partir da inserção de unidades geradoras fotovoltaicas que
também fazem uso de curvas pré-estabelecidas conforme será visto no item a seguir.
69

5.2 CARREGAMENTO DAS CURVAS UTILIZADAS NAS SIMULAÇÕES

Após as modificações necessárias serem feitas, passou-se para etapa de carregamento


das curvas de cargas que regem a demanda de energia do sistema e que serão comuns a todos
os cenários estudados. Foram utilizadas cinco curvas diferentes de acordo com a potência da
carga instalada. Para as cargas trifásicas, foi utilizado duas curvas, uma que determina potência
ativa para cada minuto de simulação, e outra correspondente a potência reativa, essas podem
ser vistas na Figura 14.

Figura 14 - Curvas de demanda diária para as cargas trifásicas.

1.2
Fator de Multiplicação da Carga

0.8

0.6
P
0.4 Q
0.2

0
00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 00:00
Horário [h]

Fonte: Elaborada pelo autor com base nas curvas típicas da CEEE.

Para as cargas monofásicas, foi utilizado três curvas diferentes, determinadas de acordo
com a potência instalada, uma para cada tipo. O comportamento de demanda das cargas ao logo
do dia segue as curvas apresentadas na Figura 15.
Nas cargas monofásicas é aplicado a mesma curva tanto para potência ativa como para
potência reativa instaladas. As curvas na Figura 15 em amarelo e verde são típicas de
consumidores residenciais com o pico de demanda entre as 18h e 22h, já a curva em vermelho
é típica de consumidores comerciais, com uma redução de demanda no intervalo do meio-dia e
durante a madrugada, de modo mais significativo. As curvas da Figura 14 são típicas de
consumidores do tipo industrial, de modo semelhante ao que ocorre no comercial, possui maior
demanda entre as 9h e as 11h no período matutino e no período vespertino entre as 14h e 17h,
no intervalo do meio dia há uma redução na demanda e durante a madrugada é mais
significativo a diminuição no consumo.
70

Figura 15 - Curvas de demanda diária para as cargas monofásicas.

1.2
Fator de Multiplicação da Carga

0.8

0.6 28 kVA

0.4 56 kVA

0.2 103 kVA

0
00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 00:00
Horário [h]

Fonte: Elaborada pelo autor com base nas curvas típicas da CEEE.

Todas as curvas de carga foram obtidas junto à concessionária CEEE (Companhia


Estadual de Energia Elétrica) e são os dados de carga utilizados nas simulações que a estatal
realiza. As curvas de cargas trifásicas tomam como referência os consumidores do subgrupo
A4 com consumo mensal dentro da faixa de 500 kW/h a 1000 kW/h. Já para as curvas
monofásicas são tomados como referência os consumidores do grupo B, sendo do subgrupo B1
para clientes com consumo mensal entre 160 kW/h até 500 kW/h – curva em amarelo – e para
clientes com consumo mensal entre 500 kW/h até 1000 kWh – curva em verde. A curva em
vermelho é referenciada no subgrupo B3 industrial com consumo mensal entre 500 kW/h e
1000 kW/h. Todas as curvas são correspondentes à dias úteis.
Os dados usados para compor as curvas de carga, da irradiação solar e da temperatura,
são armazenados em um arquivo de planilha externo ao software de simulação e precisam ser
carregados através do programa. Este arquivo é composto de um valor por linha, ou seja, como
o período simulado é de 24h, com um intervalo de minuto a minuto, a planilha deve conter 1440
células. Porém, os dados obtidos junto à CEEE são de hora em hora, sendo assim, houve a
necessidade de intermediar os dados horários, através de interpolação linear, para discretizar de
minuto em minuto e compor a curva com 1440 pontos. A curva de carga total, levando em
consideração o peso das cargas no sistema, pode ser observado na Figura 16.
As curvas de irradiação solar e temperatura diárias foram elaboradas a partir de
informações obtidas de uma estação de coleta de dados meteorológicos localizada no Instituto
Federal Sul-rio-grandense, Campus CAVG na cidade de Pelotas/ RS. Os dados foram coletados
71

durante o mês de março de 2017 sendo registrado a média horária. A Figura 17 apresenta a
curva da irradiação diária resultante já normalizada.

Figura 16 - Curva de demanda diária total das cargas do sistema.

5000
Potência Aparente [kVA]

4000

3000

2000

1000

0
00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 00:00
Horário [h]

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 17 - Curva de multiplicação da irradiação solar diária.

1.2
Fator de multiplicação da

0.8
Irradiação

0.6

0.4

0.2

0
00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 00:00
Horario [h]

Fonte: Elaborada pelo autor.

A curva da Figura 17 multiplica o valor fixo de irradiação definido no sistema


fotovoltaico de 1 kW/m² a cada minuto de simulação, o valor resultante é utilizado para
determinar a geração da GD a cada instante. A temperatura do painel, considerado aqui que
estaria a temperatura ambiente, segue a curva apresentada na Figura 18, esta influenciará na
eficiência do painel.
72

Figura 18 - Curva da temperatura diária do painel solar.

30
Temperatura [°C]

27

24

21

18

15
00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 00:00
Horário [h]

Fonte: Elaborada pelo autor.

A temperatura do painel influência na eficiência da matriz fotovoltaica, que pode ser


melhor compreendida ao observar a Figura 19. Percebe-se que a medida que a temperatura da
placa solar aumenta, a eficiência na conversão de energia é reduzida, apresentando a potência
nominal do painel quando este está a uma temperatura de 25°C.

Figura 19 - Curva da eficiência da matriz fotovoltaica em função da temperatura diária do


painel solar.

1.150
Potência [p.u.]

1.050
0.950
0.850
0.750
5°C 15°C 25°C 35°C 45°C 55°C 65°C
Temperatura [°C]

Fonte: Elaborada pelo autor a partir dos dados de catálogo do fabricante de painéis fotovoltaicos CanadianSolar.

Estes dados foram retirados das curvas I x V do catálogo da CanadianSolar para o


modelo CS6K – 270P calculando-se a potência normalizada no ponto de máxima potência
(pmp) em diferentes temperaturas de funcionamento. Diferentemente dos anteriores, a curva de
eficiência do painel, Figura 19, e da eficiência do inversor, Figura 20, dão entrada no software
de simulação através de vetores descritos nos arquivos do projeto que se está trabalhando, não
havendo portanto, a necessidade de um arquivo externo em formato de planilha como acontece
73

com as curvas anteriores. Os valores de eficiência do inversor em função da potência de saída


foram obtidos do catálogo de inversores solares da WEG para o modelo SIW600.

Figura 20 - Curva da eficiência dos inversores solares em função da potência de saída.

99.00%

98.00%
Eficiência [%]

97.00%

96.00%

95.00%

94.00%
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Potência de Saída/ Potência Nominal [p.u.]

Fonte: Elaborada pelo autor a partir dos dados de catálogo do fabricante de inversores solares WEG.

Conforme descrito no capítulo anterior, no cenário em que são usados smart solar
inverters para aplicar o controle Volt-VAr, é necessário que uma curva regre o despacho/
absorção de reativos. A curva Volt-VAr utilizada pelos inversores deste trabalho é apresentada
na Figura 21 e foi elaborada a partir dos limites de tensão considerados adequados pelo
PRODIST e que foram revisados no item 3.2 desta dissertação.

Figura 21 - Curva Volt-VAr aplicada aos smart solar inverters.

1
0.8
% VAr's Disponíveis

0.6
0.4
0.2
0
-0.20.87 0.9 0.93 0.96 0.99 1.02 1.05 1.08 1.11
-0.4
-0.6
-0.8
-1
Tensão [p.u.]

Fonte: Elaborada pelo autor com base nos limites de tensão do PRODIST.

A curva Volt-VAr utilizada não apresenta uma “banda morta”, na qual o inversor
operaria com FP constante, usualmente unitário, para uma determinada faixa de tensão,
74

normalmente em torno de 1 p.u., já que os melhores resultados para as grandezas avaliadas


nesta dissertação foram obtidos com a curva sem “banda morta”. O valor de potência reativa na
saída do inversor é determinado pela tensão no ponto de conexão do sistema solar com a rede,
mas também depende da quantidade de potência reativa disponível (VAr’s disponíveis) no
equipamento, a qual é sujeita pela energia ativa que o inversor está despachando a cada instante
e a potência aparente nominal do inversor, em conjunto com o sistema fotovoltaico. O software
utiliza a convenção de valores positivos para VAr’s capacitivos (mesmo sentido no despacho
de energia ativa e reativa pelo sistema fotovoltaico) e valores negativos para VAr’s indutivos
(sentido contrário da demanda de energia reativa e despacho de energia ativa pelo sistema
fotovoltaico). A potência reativa disponível no inversor (kVArdisponíveis) a cada instante é
determinada pela Equação 6.

𝑘𝑉𝐴𝑟𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑖𝑠 = √(𝑆𝑛𝑜𝑚. )2 − (𝑃𝑖𝑛𝑠𝑡. )2 (6)

Onde:
Snom.: Potência Aparente nominal do inversor solar, dada em kVA;
Pinst.: Potência Ativa instantânea na saída do inversor, dada em kW.
Todos os cenários foram carregados com as mesmas curvas de cargas. Os cenários com
GD fotovoltaica com as mesmas curvas diárias de irradiação e temperatura, eficiência do painel
em função da temperatura e eficiência do inversor em função da potência de saída. A curva
Volt-VAr, logicamente, foi carregada apenas no cenário que faz a avaliação de controle no
despacho/ demanda de energia reativa pelo inversor solar.

5.3 MODELAMENTO E INSERÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO NO SOFTWARE DE


SIMULAÇÃO

Um sistema fotovoltaico é constituído de uma série de componentes como painéis de


células solares, que tem a função de converter a irradiação solar em corrente contínua, um
estágio de filtro com capacitores, um conversor CC/CA, que além de converter a corrente
contínua gerada nos painéis solares em corrente alternada, tem a função de sincronizar a
corrente CA com a rede, etc. No software utilizado, todos estes componentes estão
simplificados em um bloco com o nome PVSystem, tendo o usuário acesso aos parâmetros de
entrada, tais como: tensão de saída; número de fases e modo de conexão; potência de pico,
temperatura e eficiência do painel solar; potência nominal e eficiência do inversor; irradiação
75

solar; fator de potência de saída; dentre outros. Portanto, as curvas apresentadas no item
anterior, a exceção das curvas de carga, são de dados de entrada no modelo do sistema
fotovoltaico.
O modelo também assume que o inversor é capaz de rastrear rapidamente o ponto de
potência máxima do painel (pmp), simplificando assim, o uso do bloco. Um diagrama
esquemático do dispositivo PVSystem é mostrado na Figura 22, que combina o modelamento
do painel solar e do inversor juntos.

Figura 22 - Diagrama do bloco PVSystem modelado no software de simulação.

Fonte: Adaptada do manual (PVSystem Element Model) do software de simulação.

Este modelo seria suficiente para fazer a análise dos cenários com GD que operam com
FP fixo, haja visto que o bloco possui este como um dado de entrada. Já para o cenário em que
um smart solar inverter é utilizado no modo Volt-VAr, é necessário que um controle seja
aplicado ao modelo. Na versão 1.5, utilizada nas simulações desta dissertação, o elemento
PVSystem permite que o controle seja aplicado ao inversor através da função “Add a
controller”, e assim, o modo Volt-VAr possa ser executado. A Figura 23, retirada do manual
do software, ilustra o modo de operação do bloco PVSystem operando sob um controle, o que
torna o modelo um Smart Solar Iverter.
76

Figura 23 - Diagrama do bloco PVSystem modelado no software de simulação.

Fonte: Retirada dos arquivos do manual (Modeling High-Penetration PV for Distribution Interconnection
Studies) do software de simulação.

Observando a Figura 23 é possível perceber que o controlador monitora as grandezas de


saída do PVSystem, aplica o controle e modifica os parâmetros de entrada do modelo. No caso
do modo Volt-VAr, o controlador monitora a tensão na saída do bloco e conforme a curva
apresentada na Figura 21 altera o parâmetro de entrada “kVAr”. Figura 24 traz a imagem da
tela do PVSystem onde é possível ver como é dada a entrada de alguns parâmetros no modelo.

Figura 24 - Janela de inserção dos parâmetros de entrada do bloco PVSystem.

Fonte: Tela do software de simulação DSSim.

Nem todos os parâmetros de entrada do bloco necessitam ser preenchidos. A Tabela 11


apresenta uma breve descrição dos parâmetros utilizados.
77

Tabela 11 - Parâmetros do PVSystem utilizados.

Parâmetro Descrição
Phases Número de fases do PVSystem – determinado conforme a carga no nó
kv Tensão de saída do PVSystem – determinado conforme a tensão de operação do nó
irradiance Valor de irradiação solar que será multiplicado pela curva – definido com 1kW/m²
Pmpp Potência de pico do painel solar – determinado conforme o consumo diário da carga
Temperatur Temperatura de referência para definir o pmp – definido como 25°C
pf Fator de potência de saída do PVSystem – definido conforme o cenário avaliado
conn Tipo de conexão em PVSystems trifásicos – definido como estrela (Y) quando aplicado
kVA Potência nominal do inversor solar – definido conforme o parâmetro Pmpp
%Cutin % da Pot de saída em relação à Pot. Nominal que o Inv. passa à injetar energia na rede
%Cutout % da Pot / Pot. Nominal que, abaixo, o Inv. cessa o envio de energia à rede
EffCurve Direcionamento ao vetor de eficiência x Pot. de saída do Inv. descrido em arquivo .DSS
P-TCurve Direcionamento ao vetor de eficiência x Temperatura do painel descrido em arquivo .DSS
Vminpu Tensão mínima na qual o Inv. corta o fornecimento de energia à rede – definida 0.8 p.u.
Vmaxpu Tensão máxima na qual o Inv. corta o fornecimento de energia à rede – definida 1.1 p.u.
daily Direcionamento ao arquivo com os fatores de multiplicação do parâmetro irradiance
Tdaily Direcionamento ao arquivo com valores de temperatura ao longo do dia

Fonte: Elaborada pelo autor.

A determinação dos nós que receberam GD foi feita conforme definido na metodologia,
ou seja, foram escolhidas ao acaso através do sorteio utilizando a função
ALEATÓRIOENTRE(x,y) do Excel. A partir daí, foi necessário definir as potências dos sistemas
fotovoltaicos a serem instaladas. Como o critério da metodologia era de que a GD atendesse na
totalidade à carga instalada no nó que receberia a unidade geradora, foi necessário observar o
consumo de energia da carga, de acordo com a potência instalada e a LoadShape
correspondente, para um período de 24 horas. Após obter o consumo diário da carga, observou-
se o potencial de geração com as curvas e parâmetros definidos, podendo assim, determinar
qual a potência do PVSystem a ser instalado para cada tipo de carga existente no sistema IEEE
123 nós. A Tabela 12 traz a informação dos nós que receberam a adição de GD, as potências
instaladas das cargas e dos sistemas fotovoltaicos correspondentes e da fase que o conjunto
carga/ GD está conectado.
O critério de parada na adição de GD’s foi de quando a potência total das unidades
geradoras chegou próximo da metade da potência instalada das cargas. Este nível alto de
penetração, de aproximadamente 50%, é possível devido a robustez do Sistema de Testes IEEE
123 nós. Durante a concepção do circuito com GD’s, foram testados níveis mais baixos de
entrada de geradores fotovoltaicos, no entanto, os impactos que se tinha o objetivo de avaliar
78

não foram claramente percebidos, chegando-se, portanto, ao valor total de 2.460 kVA de
potência de pico das GD’s.

Tabela 12 - Nós do sistema de testes IEEE 123 nós que receberam GD.

nó Pot. da Carga [kVA] fase Pot. do PVSystem [kVA]


4 56 Ph-3 110
12 28 Ph-2 45
17 28 Ph-3 45
19 56 Ph-1 110
32 28 Ph-3 45
33 56 Ph-1 110
35 56 Ph-1 110
38 28 Ph-2 45
45 28 Ph-1 45
46 28 Ph-1 45
47 129 Ph-1,2 e 3 280
48 258 Ph-1,2 e 3 560
64 103 Ph-2 145
66 103 Ph-3 145
70 28 Ph-1 45
86 28 Ph-3 45
92 56 Ph-3 110
95 28 Ph-2 45
96 28 Ph-2 45
103 56 Ph-3 110
107 56 Ph-2 110
109 56 Ph-1 110
Total 2460

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na Figura 25 é mostrado a localização dos nós sorteados que receberam GD, os quais
estão destacados pelos círculos coloridos e dentro o número indica a fase que está conectada,
para unidades trifásicas não há numeração. É possível também observar na figura o status das
chaves seccionadoras (SW’s), sendo representadas em verde quando fechadas e em vermelho
quando abertas. Os reguladores de tensão estão dentro dos retângulos em laranja.
79

Figura 25 - Localização dos PVSystems no sistema de testes IEEE 123 nós.

Fonte: Elaborada pelo autor a partir da janela de interface do programa DSSim.


80

O modelo PVSystem opera no modo FP fixo com valor constante definido em toda a
faixa de potência de saída. Já a norma brasileira ABNT NBR 16149 determina que até 20% da
potência nominal do inversor, o sistema fotovoltaico deve trabalhar sob FP unitário, só após
isso é permitido injetar ou absorver reativos. Sendo assim, para os cenários em que o inversor
solar tem na saída um FP fixo em 0,9 indutivo ou capacitivo acima do limite estabelecido pela
norma, houve a necessidade de duplicar o bloco PVSystem de modo que até 20% da potência
nominal do inversor um sistema com FP igual a 1 era mantido em operação enquanto o outro
permanecia desligado. Após a potência de saída da GD atingir 20% da potência nominal, o
bloco que estava em operação era desativado, entravando em operação o modelo com FP
definido em 0,9 capacitivo ou indutivo, conforme o cenário, reproduzindo assim, as curvas das
Figuras 9 e 11 apresentadas na metodologia.
Para que a estratégia descrita fosse colocada em prática, foram usados os parâmetros
%Cutin e %Cutout definidos como 0,2, descritos na Tabela 11, no bloco que opera com FP fixo
em 0,9. Já para o bloco responsável por injetar apenas potência ativa, outra curva de eficiência
em função da potência de saída do inversor foi utilizada, a qual acima de 20% da potência
nominal, a eficiência do inversor passa a ser zero, desligando assim este bloco.
Após a adequação do sistema através da aplicação de um fator de multiplicação nas
cargas e reconfiguração das chaves do circuito, bem como a adição de unidades geradoras
fotovoltaicas com os devidos parâmetros específicos de cada cenário, o sistema de testes IEEE
123 nós modificado estava preparado para fornecer as respostas dos diferentes cenários
propostos na metodologia. O diagrama de blocos mostrado na Figura 26 elucida os passos que
foram tomados até se chegar aos dados que serão expostos e analisados no próximo capítulo.
81

Figura 26 - Diagrama dos passos realizados na aplicação da metodologia.

Fonte: Elaborada pelo autor a partir da janela de interface do programa DSSim.


82
83

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a adequação do sistema IEEE 123 nós e a elaboração dos cenários propostos na
metodologia, com diferentes modos de operação do inversor solar, foi possível executar as
simulações e gerar os resultados que foram organizados e tratados no Excel, possibilitando que
curvas com o comportamento da tensão em alguns nós estratégicos do sistema pudessem ser
traçadas, facilitando a visualização do que acontece no sistema com a entrada da GD nos
diferentes cenários. Também foram organizados em gráficos de barras o número de manobras
que os reguladores de tensão executaram durante o período simulado para cada modo de
operação do inversor, assim como no cenário de referência. Portanto, este capítulo apresenta
essas respostas obtidas do sistema e faz uma análise dos resultados, determinando qual modo
traz mais vantagens do ponto de vista operacional.

6.1 AVALIAÇÃO DO NÚMERO DE MANOBRAS DOS REGULADORES DE TENSÃO


DO SISTEMA IEEE 123 NÓS MODIFICADO

Inicialmente foi avaliado o número de manobras realizado pelos reguladores de tensão


existentes no sistema de testes IEEE 123 nós, com localização que pode ser observada na Figura
25, nos diferentes cenários elaborados, durante um período de 24 horas. Para esta análise, foi
necessário ativar o parâmetro “debugtrace” no bloco referente aos reguladores de tensão, com
isto, um arquivo para cada regulador é criado ao executar a simulação, onde ficam armazenados
as informações do horário que ocorreu a mudança de tap, o tap atual e futuro no instante antes
de ocorrer a comutação, dentre outros. Com estas informações foi possível contar o número de
manobras e saber exatamente quantas tinham sido realizadas no intervalo em estudo. O objetivo
foi de comparar o número de manobras em cada cenário que foi adicionado unidades geradoras
fotovoltaicas com a quantidade de comutações efetuadas no cenário de referência, sem GD.
O regulador de tensão modelado no software de simulação é composto de 33 posições,
sendo o tap central (0) mais 16 posições de acréscimo e 16 posições de decréscimo de tensão,
com um passo de 0,00625 p.u., tomado como referência a tensão de fase correspondente a 2,4
kVolts em que o sistema opera. Portanto, o regulador possui uma faixa de trabalho de 0,9 p.u.
a 1,1 p.u., operando entre 2,16 kVolts e 2,64 kVolts. Foi restringido ao regulador executar no
máximo uma mudança de tap a cada iteração, além disso, todos os reguladores foram
configurados para iniciarem na posição 0.
84

6.1.1 Análise do Regulador 1 (OLTC)

Este é o regulador trifásico localizado na entrada do sistema que corresponde ao OLTC


da subestação. A Figura 27 Erro! Fonte de referência não encontrada.mostra o c
omportamento deste regulador nos diferentes cenários.

Figura 27 - Comutações do Regulador de Tensão 1 (OLTC) nos diferentes cenários.

40
Número de Manobras

35
30
25
20
15 Ph-1 Ph-2 Ph-3
10 Ph-1 Ph-2 Ph-3 Ph-1 Ph-2 Ph-3
Ph-1 Ph-2 Ph-3
5 Ph-1 Ph-2 Ph-3
0
Sem PV PV fp=1 PV fp=0,9 ind. PV fp=0,9 cap. PV Ctrl Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor

Os resultados em tons de cinza são correspondentes ao número de manobras no cenário


de referência, sendo que os diferentes tons de cores indicam as comutações para cada fase. A
fase 1 (Ph-1) do regulador é representada na figura por tons mais claros, a fase 2 (Ph-2) pelos
tons intermediários e a fase 3 (Ph-3) por tons mais escuros, isto em todos os cenários expostos.
Os resultados apresentados em tons de marrom são do cenário com presença de GD que operam
com o parâmetro de fator de potência que a norma ABNT NBR 16149 recomenda que os
inversores saiam de fábrica, ou seja, com FP unitário (segundo cenário). Os resultados do
número de manobras do regulador no cenário em que o inversor opera com FP fixo no limite
da norma estão representados pelas barras em tons de amarelo para um FP indutivo (terceiro
cenário), e vermelho para um FP capacitivo (quarto cenário). Por fim, os resultados em verde
correspondem ao número de manobras que o regulador de tensão executou quando o controle
Volt-VAr é aplicado ao inversor (quinto cenário). Este critério é adotado em toda análise feita
neste subitem.
Analisando a Figura 27 nota-se que houve um pequeno aumento no número de manobras
no OLTC quando foram inseridas GD’s no sistema que operam com FP unitário. Quando as
85

unidades geradoras têm seu FP fixado em 0,9 indutivo, o número de manobras se mantem o
mesmo do segundo cenário, não havendo, portanto, um acréscimo significativo da mudança de
tap’s para manter a tensão próxima de 1,0 p.u.. Já para o quarto cenário, o OLTC da subestação
teve de realizar 50% mais manobras em relação ao cenário de referência, possivelmente devido
ao aumento de tensão provocado pela injeção de reativos na rede através dos inversores da GD.
Porém, com o controle no despacho/ absorção de energia reativa aplicado aos inversores
solares, o número de manobras deste regulador foi reduzido um terço em relação ao primeiro
cenário. Portanto, o melhor cenário para o regulador de tensão da subestação é o quinto, haja
visto que é o que apresenta o menor número de comutações em relação aos outros cenários com
GD e até mesmo em relação ao cenário de referência, o que possivelmente prolongaria o tempo
de vida do equipamento, comprovando o benefício que a GD é capaz de trazer.
Como o Regulador 1 ajusta os tap’s com base exclusivamente na tensão da fase Ph-1,
as manobras efetuadas nas três fases são coincidentes, o que não ocorre nos reguladores
restantes que possuem o monitoramento e execução de mudança de tap independentes para cada
fase, a exceção do Regulador 2 que é monofásico.

6.1.2 Análise do Regulador 2

Este é o regulador de tensão monofásico que a jusante dele não há GD inserida, portanto,
o número de manobras se mantém o mesmo em todos os cenários avaliados já que não há
influência de unidades geradoras na tensão após este equipamento. Os resultados do Regulador
2 são mostrados na Figura 28.

Figura 28 - Comutações do Regulador de Tensão 2 nos diferentes cenários.

40
Número de Manobras

35
30
25
20
Ph-1 Ph-1 Ph-1 Ph-1 Ph-1
15
10
5
0
Sem PV PV fp=1 PV fp=0,9 ind. PV fp=0,9 cap. PV Ctrl Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor


86

6.1.3 Análise do Regulador 3

A jusante deste regulador de tensão estão localizadas três cargas monofásicas, duas na
fase Ph-3 e uma, de maior porte, na fase Ph-1 que corresponde a mesma potência das outras
duas cargas somadas. Dois destes três nós que possuem cargas, receberam adição de GD, sendo
uma na fase Ph-3, de menor porte, e a outra na fase Ph-1, de maior capacidade de geração.
Sendo assim, era esperado que a resposta do regulador conectado à fase Ph-1 fosse mais
significativa pelo fato de que toda a carga, depois do equipamento, ligada a esta fase era
compensada por uma GD, o que pode ser conferido na Figura 29.

Figura 29 - Comutações do Regulador de Tensão 3 nos diferentes cenários.

40
Número de Manobras

35
30 Ph-1
25 Ph-1 Ph-1
20 Ph-1
Ph-2 Ph-2 Ph-2
15
10 Ph-2 Ph-2
Ph-1
5
0
Sem PV PV fp=1 PV fp=0,9 ind. PV fp=0,9 cap. PV Ctrl Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor

As respostas do regulador de tensão bifásico mostram um resultado parecido com o que


ocorre no OLTC da subestação. Tomando como base o cenário sem GD, há um acréscimo de
25% no número de manobras do regulador, de modo equivalente, nos cenários com GD
operando com FP unitário e fixo em 0,9 indutivo. Quando o inversor tem fixado o FP capacitivo,
o aumento é mais significativo, obrigando, em uma das fases, o regulador a fazer 50% mais
comutações. Já quando o controle Volt-VAr é empregado, o número de mudança de tap’s se
iguala ao cenário de referência ou até mesmo é reduzido, como decorre na fase Ph-1, onde os
resultados são mais facilmente notados.
Portanto, assim como no primeiro caso avaliado, o cenário mais vantajoso, do ponto de
vista de redução do número de manobras do regulador de tensão deste sistema, tem-se quando
o smart solar inverter é utilizado, ao passo que o cenário em que um FP fixo capacitivo é
empregado apresenta os piores efeitos.
87

6.1.4 Análise do Regulador 4

Com o rearranjo das chaves, a maior parte das cargas do sistema ficaram localizadas
após o Regulador 4, sendo a fase Ph-1 a mais carregada, com 1244,5 kVA, seguida da fase Ph-
2, com 962,5 kVA e a fase Ph-3 com 936,5 kVA de potência instalada. As GD’s instaladas a
jusante deste regulador totalizam 1705 kVA divididas entre as três fases de modo
desequilibrado. A Figura 30 mostra o número de manobras que o Regulador 4 realizou no
período observado para cada fase nos distintos cenários.

Figura 30 - Comutações do Regulador de Tensão 4 nos diferentes cenários.

40
Número de Manobras

35
30 Ph-1 Ph-1
25 Ph-1
Ph-1
20 Ph-3 Ph-2
15 Ph-2 Ph-3 Ph-2 Ph-3 Ph-1
Ph-2 Ph-3
10 Ph-2 Ph-3
5
0
Sem PV PV fp=1 PV fp=0,9 ind. PV fp=0,9 cap. PV Ctrl Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor

Observando a Figura 30 é possível perceber que o número de manobras realizado na


fase de maior carregamento é significativamente maior que das outras fases, com exceção do
cenário em que o controle Volt-VAr é aplicado. Somando-se as comutações em todos os
cenário, a fase Ph-1 do Regulador 4 realizou 50% mais manobras que as outras duas fases, o
que leva a crer que quanto mais carregado a rede estiver, maior é o esforço em manter a tensão
dentro de limites estabelecidos. Por outro lado, este regulador foge do padrão que vinha sendo
apresentado anteriormente, sendo o comportamento distinto de cada fase.
Na fase Ph-1 aumentou o número de manobras quando as GD’s foram inseridas no
sistema e operavam com FP fixo, sendo que, dentre estes, o cenário que apresenta o maior
número de mudança de tap’s continua sendo com o inversor operando no modo capacitivo,
embora não de maneira tão significativa como ocorria nas outras análises feitas. Quando
comparados o terceiro com o segundo cenário, em que nas outras análises havia igualdade no
88

número de manobras, aqui houve acréscimo. O quinto cenário continua sendo o que apresenta
os melhores resultados da grandeza aqui avaliada, trazendo uma redução de cerca de 30% no
número de manobras em relação ao cenário de referência.
Para fase Ph-2, o inversor operando com FP fixo em 0,9 indutivo é o modo que menos
aciona o regulador de tensão dentre os cenários com GD, no entanto não consegue ser menor
que o número de manobras realizadas no cenário sem unidades de geração fotovoltaica. No
modo de FP fixo unitário e de 0,9 capacitivo, o número de comutações é o mesmo. Já para o
modo de Controle Volt-VAr, exclusivamente nesta fase deste regulador, é o que apresenta os
piores resultados em relação ao número de manobras.
Para fase Ph-3 do regulador, o cenário que apresenta os melhores resultados dentre os
que possuem GD é quando os inversores estão operando no modo Volt-VAr, embora o número
de manobras seja ligeiramente maior que o cenário sem GD. Quando os inversores estão
absorvendo reativos da rede, a um FP fixo, tem-se o maior número de comutações, portanto, o
pior cenário para grandeza aqui avaliada.
Levando em consideração o número total de manobras realizados pelo Regulador 4 em
cada cenário, sem fazer a distinção entre as fazes, é possível perceber um acréscimo de 27% no
número de comutações do cenário com FP padrão de fábrica carregado no inversor da GD em
relação ao cenário de referência, um acréscimo ainda maior, de 35%, quando a GD opera com
FP fixo em 0,9 indutivo, e mais acentuado ainda quando o FP fixo capacitivo é empregado,
chegando a 42% a mais que no cenário sem GD. Quando o Controle Volt-Var é utilizado tem-
se um acréscimo pequeno no número de manobras, da ordem de 9%. Estes resultados são
semelhantes ao que ocorre quando analisado o número total de manobras de todos os
reguladores somados e que será abordado no item a seguir. Os dados expostos neste parágrafo
são elucidados na Figura 31 e estão demonstrados no centro de cada barra juntamente com o
número de manobras realizadas.
89

Figura 31 - Número total de comutações realizadas pelo Regulador 4 nos diferentes cenários.

90
Número de Manobras

75

60

45 41.82%
27.27% 34.55%
74 78 9.09%
30 70
55 60
15

0
Sem PV PV fp=1 PV fp=0,9 ind. PV fp=0,9 cap. PV Ctrl Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor

6.1.5 Análise do número total de manobras realizadas pelos reguladores de tensão do


sistema de testes IEEE 123 barras modificado

Para possibilitar uma análise geral do número de manobras realizados em cada cenário,
foi somado os resultados obtidos de todos os reguladores de tensão presentes no sistema de
testes IEEE123 barras, independente das fases. A Figura 32 expõe os valores obtidos e traz a
porcentagem da diferença entre o cenário que está sendo observando e o que serve de referência
neste estudo, sem GD.

Figura 32 - Número total de comutações realizadas pelos reguladores de tensão nos diferentes
cenários.

180
165
Número de Manobras

150
135
120
105
90 36%
21% 24%
75 176
156 160 -8%
60 129
45 119
30
15
0
Sem PV PV fp=1 PV fp=0,9 ind. PV fp=0,9 cap. PV Ctrl Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor


90

Os dados apresentados na Figura 32 indicam que o uso de inversores equipados com o


recurso de suporte de tensão através do gerenciamento de reativos, são capazes de atenuar os
impactos causados pela alta penetração de geração distribuída nas redes de distribuição e, até
mesmo, trazer benefícios, tais como a redução do número de manobras realizadas pelos
reguladores, o que possivelmente acarretaria no prolongamento do tempo de vida desses
equipamentos. Ao que tudo indica, o inversor operando com um FP fixo capacitivo traz mais
instabilidade aos níveis de tensão da rede ou aumentam em demasiado o valor da tensão,
fazendo com que os dispositivos de regulação necessitem ser mais acionados. Dentre os
cenários que operam com FP fixo, o recomendado pela norma brasileira ABNT NBR 16149,
de que os inversores saiam de fábrica com fator de potência unitário, é o que causa a menor
necessidade de os reguladores de tensão atuarem, sendo de perto seguido pelo cenário em que
a GD opera com FP indutivo.
Buscando-se uma explicação para o elevado número de manobras executadas pela fase
Ph-2 do Regulador 4 no cenário em que foi empregado o controle Volt-VAr, recorreu-se ao
arquivo gerado na simulação, por meio da ativação do parâmetro debugtrace, para analisar o
horário que as trocas de tap’s haviam ocorrido. Foi observado então que, em todos os
reguladores, a mudança de tap neste cenário ocorria antes dos 25 minutos de simulação. Depois
de atingirem uma determinada posição, permaneciam no mesmo tap durante todo o tempo
restante. Observando os arquivos gerados nos outros cenários, pôde ser percebido que muitas
manobras eram efetuadas nos primeiros minutos de simulação, o que leva a crer que são
causadas devido ao tempo que o sistema leva até atingir a estabilidade e o alimentador estar
devidamente carregado. Durante este período transitório, o algoritmo que coordena a mudança
de tap no regulador de tensão faz os ajustes com objetivo de manter a tensão constante,
provocando assim o elevado número de manobra nos instantes iniciais. As curvas do
comportamento dos reguladores de tensão no tempo para os diferentes cenários podem ser
consultadas no APÊNDICE A desta dissertação. Diante do exposto, resolveu-se observar o
número total de manobras dos reguladores do sistema, assim como foi feito na Figura 32
descartando-se as respostas para antes dos 25 minutos de simulação, tempo este, suficiente para
o sistema ser totalmente carregado e entrar no regime normal de funcionamento. A Figura 33
demonstra de forma visual os resultados obtidos.
É possível perceber que a proporção entre o número de manobras executadas pelos
reguladores de tensão em cada cenário, que está demonstrada na Figura 33, é semelhante ao
que já foi exposto na Figura 32, diferindo-se, de maneira bastante chamativa, o quinto cenário
onde nenhum dos reguladores executou sequer uma mudança de tap. É possível apontar que a
91

técnica de controle Volt-VAr atuou de maneira bastante satisfatória na regulação de tensão


através da gestão no despachoErro! Fonte de referência não encontrada./ demanda de r
eativos, ao ponto de não haver a necessidade de atuação dos reguladores de tensão. No entanto,
uma análise mais profunda dos níveis de tensão em alguns pontos do alimentador se faz
necessária para que uma conclusão mais assertiva possa ser obtida.

Figura 33 - Número total de comutações realizadas pelos reguladores de tensão nos diferentes
cenários depois de atingido a estabilidade do sistema.

180
165
Número de Manobras

150
135
120
105
90
75 19%
60 23% 38%
45 102 121 125 141
30
15
0
Sem PV 0
PV fp=1 0
PV fp=0,9
ind. PV fp=0,9
cap. PV Ctrl
Volt-VAr
Cenário

Fonte: Elaborada pelo autor

Ao observar as curvas do comportamento dos reguladores de tensão ao longo do período


analisado, que são trazidas no ANEXO A, é possível perceber que em nenhum cenário o tap
limite (tap 16, seja ele de acréscimo ou decréscimo de tensão) para quaisquer dos reguladores,
foi atingido. Isto sinaliza que não houveram violações nos limites de tensão em regiões
próximas aos reguladores, havendo ainda recurso a ser utilizado pelo dispositivo, porém não
houve necessidade.

6.2 AVALIAÇÃO DA TENSÃO EM NÓS CRÍTICOS DO SISTEMA IEEE 123 NÓS


MODIFICADO

Como descrito na metodologia, afim de não interferir na análise, os reguladores de


tensão foram desativados. Os nós avaliados foram escolhidos com base no que foi sugerido na
metodologia, neles foram adicionados monitores de tensão que registram o valor, em p.u., em
92

um arquivo .csv a cada minuto de simulação. Em todos os cenários os mesmos nós foram
observados para possibilitar a comparação entre os dados gerados em cada simulação. Os nós
que receberam monitores de tensão podem ser observados na Figura 34, onde estão indicados
pelas flechas em laranja e dentro a indicação do nó que se está monitorando.

Figura 34 - Localização dos com monitor de tensão.

Fonte: Elaborada pelo autor a partir da janela de interface do programa DSSim.

As respostas de tensão do sistema nos nós escolhidos para os cinco cenários são
apresentadas e discutidas nos itens a seguir.

6.2.1 Tensões na entrada do alimentador

Foram tomadas as tensões no nó N_1, próximo a entrada do alimentador que estão


expostas na Figura 35.
Analisando os gráficos das tensões no nó N_1 percebe-se em todos os cenários os
valores ficaram próximos de 1 p.u., não sofrendo, portando, impacto significativo por conta da
entrada da GD para quaisquer configurações do inversor que foram estudadas. Esta estabilidade
observada no nó N_1 se deve a proximidade deste com o barramento infinito na entrada do
alimentador.
93

Figura 35 - Tensões no nó N_1. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor

6.2.2 Tensões na parte intermediária do alimentador

O nó N_60 foi adotado como nó central a ser monitorado. Embora não fique exatamente
no centro de cargas do circuito, este nó foi escolhido devido a proximidade com os nós N_64 e
N_66 que abrigam cargas e sistemas fotovoltaicos monofásicos de maior porte. As respostas de
tensão no nó intermediário são mostradas na Figura 36.
Neste nó já é possível perceber alguns impactos provocados pela GD. Observando o que
acontece no cenário sem geração fotovoltaica, Figura 36 (a), percebe-se que as tensões não
ultrapassam 1 p.u. em nenhum momento, além disso, nos horários de maior carregamento, a
94

fase Ph-1 apresenta os níveis mais preocupantes, chegando a valores mais baixos que o limite
precário, estabelecido pelo PRODIST para esta tensão de referência, entre as 18h e 22h. No
cenário em que a GD é adicionada e opera com FP unitário, Figura 36 (b), há um aumento nas
tensões durante o período de geração, não ficando tão próximas do limite precário, no entanto
durante o horário de maior consumo de energia, continua havendo violação deste limite pela
fase Ph-1, ou seja, a GD melhorou o perfil de tensão durante o dia porém no intervalo mais
crítico não foi capaz de solucionar a violação do limite de tensão.

Figura 36 - Tensões no nó N_60. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor


95

No caso da GD operar com FP fixo indutivo, percebe-se um pequeno aumento dos


valores medidos no período diurno em relação ao Cenário de referência, devido à potência ativa
injetada no sistema, porém é possível notar uma maior flutuação nos níveis de tensão, além de
que, do mesmo modo que nos anteriores, o limite precário continua sendo violado no horário
de maior carga. No quarto Cenário, Figura 36 (d), o efeito da injeção de energia reativa feito
pela GD durante o dia, em conjunto com a energia ativa, provoca um aumento dos níveis de
tensão de modo bastante perceptível, chegando, na fase Ph-2, ao valor de 1,25 p.u próximo ao
meio-dia, coincidindo com a faixa de horário de maior geração solar e redução na demanda de
energia pelas cargas. Já, por volta das 23h, os valores de tensão são muito baixos, na ordem de
0,92 p.u., resultando em uma variação de quase 0,1 p.u. ao longo do dia. Para o quinto Cenário,
Figura 36 (e), onde um controle é aplicado à tensão da rede através das GD’s, o perfil de tensão
é mais constante, demonstrando uma significativa melhora, ao passo que a variação é menor
que 0,05 p.u. ao longo de todo dia. Além disso, este foi o único cenário que não houve violação
dos limites de tensão estabelecidos pelo PRODIST. Como o smart solar inverter atua tal qual
um STATCOM, mesmo em horários que não há irradiação solar, o equipamento não fica ocioso,
continuando a executar o controle Volt-VAr através de sua eletrônica de potência, o que é
bastante válido tendo em vista que o pico de demanda das cargas é justamente no horário em
que o sistema fotovoltaico não é capaz de gerar energia ativa. Neste cenário chama atenção
também os instantes iniciais da simulação, onde é possível perceber uma oscilação da tensão.
Este efeito ocorre possivelmente devido às variações de tensão que ocorrem durante o
carregamento da rede até atingir a estabilidade, o que acaba afetando o controle Volt-VAr que
leva cerca de 15 iterações até encontrar o ponto certo de ajuste de tensão. Este efeito é percebido
em vários outros nós analisados a seguir.

6.2.3 Tensões próximo às grandes cargas e grandes unidades geradoras

Os nós dentre as maiores cargas do sistema são N_47, N_48 e N_49 que, com o rearranjo
do circuito através da modificação das chaves, estão localizados na parte final do alimentador.
Todas estas cargas são trifásicas e somadas correspondem a 700 kVA de potência instalada. No
processo de sorteio dos nós que receberiam GD’s, dois destes três nós foram contemplados,
N_47 e N_48, e, por consequência da carga instalada no nó, são estas as maiores GD’s do
sistema, que juntas totalizam 840 KVA de pico. Diante do exposto, o nó N_47 foi escolhido
para ser monitorado, já que é o nó intermediário das três maiores cargas nesta região, e os dados
96

de tensão coletados ao longo de um dia de simulação estão expostos através da curva da Figura
37.

Figura 37 - Tensões no nó N_47. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor

O perfil de tensão para cada cenário que se apresenta neste nó é semelhante ao que
acontecia na região intermediária do alimentador, porém de maneira mais expressiva. Nos
horários que não há geração através dos sistemas fotovoltaicos, o comportamento da tensão é
igual nos quatro primeiros cenários, como era de se esperar. Dentre estes, o que apresenta o
melhor perfil de tensão é o que a GD opera no modo de FP unitário, sendo que com o inversor
absorvendo reativos da rede os valores medidos de tensão ficaram bastante baixos nas três fases,
97

mas de modo mais preocupante em Ph-1, que em boa parte do período que há geração, ficou
abaixo do limite precário e em alguns momentos ficando muito próximo do limite crítico de 0,9
p.u., o que também acontecia no cenário sem GD.
Já no segundo e quarto cenários, no período que a GD está injetando potência na rede,
não houve violação nos limites estabelecidos pelo PRODIST, porém quando o inversor também
injeta energia reativa, os níveis de tensão nas três fases ficam bastante elevados, chegando muito
próximo do limite crítico superior um pouco antes do meio dia, além de que a amplitude da
variação de tensão ao longo do dia é bastante acentuada neste cenário, sendo em torno de 0,16
p.u.. Novamente, durante o período de maior demanda das cargas, a GD não foi capaz de
solucionar o problema de violação do limite mínimo de tensão por não estar apta a injetar
energia no sistema, sendo que neste nó, a fase Ph-1 ficou abaixo do limite crítico por cerca de
4 horas em todos os cenários sem controle de tensão.
Observando o comportamento da tensão no quinto cenário, Figura 37 (e), percebe-se
que houve uma melhora bastante significativa no comportamento da tensão em todo o período
analisado, não havendo ultrapassagens nos limites de tensão, como havia ocorrido em todos os
outros cenários, em decorrência do gerenciamento do despacho/ demanda de reativos
proporcionado pelo smart solar inverter.

6.2.4 Tensões em nós terminais do alimentador

Neste item são avaliadas as tensões em cinco nós nas extremidades do alimentador. A
escolha da localização dos monitores de tensão se baseou em coletar dados de diferentes ramos
do circuito, de maneira que uma fosse suficiente distante da outra para possibilitar uma visão
do que acontece em todos os ramos do circuito. Iniciou-se com a observação do nó N_250, que
é um nó terminal da primeira grande ramificação do circuito, as respostas de tensão obtidas nos
diferentes cenários são demonstradas na Figura 38.
Devido a este nó estar próximo a entrada do alimentador, e consequentemente, não
muito distante da subestação onde as tensões são praticamente inalteradas com a penetração da
GD, conforme foi visto na análise feita no item 6.2.1, os perfis apresentados na Figura 38 são
bastante parecidos entre si. Colabora também para a pouca diferença na curva de tensão
apresentada nos diferentes cenários o fato de que neste ramo há poucas GD’s instaladas, apenas
3, não provocando um impacto claramente perceptível como nas duas análises anteriores. As
fases Ph-1 e Ph-2 diferenciam-se um pouco do perfil de tensão apresentado por Ph-2, justamente
por estarem a elas conectadas as 3 GD’s do ramo, enquanto à fase Ph-2 somente cargas estão
98

ligadas. Apesar de pouco perceptível, é possível notar uma pequena melhora nas tensões
apresentadas no quinto cenário, até mesmo da fase Ph-2, que, embora não se beneficie
localmente do controle de tensão imposto pelas GD’s, sofre influência de inversores distantes
conectados a esta fase que proporcionam uma melhora da tensão em toda extensão do
alimentador.

Figura 38 - Tensões no nó N_250. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3
– Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor

O próximo ponto analisado, N_71, está na vizinhança da região intermediária do


alimentador, trata-se de um nó monofásico, como pode ser visto na Figura 39.
99

Figura 39 - Tensões no nó N_71. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor.

O comportamento das tensões neste nó do alimentador é muito parecido com o ocorrido


em N_60, analisado no item 6.2.2, com a diferença de que aqui a fase Ph-1 está em destaque.
A mesma interpretação feita para Ph-1 do nó intermediário cabe aqui para o nó N_71, apenas
com a diferença de as características de cada cenário estarem levemente mais expressadas por
se tratar de um nó um pouco mais distante da subestação.
O seguinte ponto avaliado é localizado próximo ao final de um dos ramos mais
compridos do alimentador, N_93, onde nas proximidades estão instaladas três unidades
geradoras monofásicas, duas de menor porte na fase Ph-2 e uma maior conectada a Ph-3. A
Figura 40 ilustra o comportamento das tensões nas três fases para este nó.
100

Figura 40 - Tensões no nó N_93. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor

O comportamento das tensões na fase Ph-1 segue a tendência já observado nos outros
nós, portanto a discussão para o nó N_93 será concentrada nas fases Ph-2 e Ph-3, até mesmo
porque são as fases que estão expostas aos impactos provocados pelas fontes distribuídas nas
proximidades. O cenário de referência não apresenta problemas de tensão nas fazes em estudo,
e a inserção de GD’s com FP unitário provoca um leve aumento nos níveis das tensões, porém
estas ficam condicionadas no intervalo entre 0,98 p.u. e 1,02 p.u., não havendo, portanto,
impacto negativo neste cenário. No cenário em que a GD absorve reativos da rede é possível
observar uma diminuição da tensão no intervalo de geração em comparação com o que acontece
quando opera sob FP unitário, ficando com valores próximos aos obtidos no cenário de
101

referência. De modo inverso, quando a GD injeta reativos na rede com um FP fixo, nota-se um
aumento relevante, principalmente na fase Ph-2 que atinge valores próximos ao limite precário
superior de tensão. Os valores mais constantes de tensão continuam sendo evidenciados no
quinto cenário, mostrando-se novamente como a melhor configuração do ponto de vista da
grandeza avaliada neste item também.
Outro nó terminal do alimentador que foi monitorado está localizado no final do ramo
monofásico que contém 5 cargas ligadas à fase Ph-1, dentre eles N_114 que tem os valores de
tensão apresentados nas curvas da Figura 41. Observando as curvas para este nó, percebe-se
que os problemas de subtensão continuam presentes no cenário sem GD para este ramo também,
demonstrando o mesmo comportamento observado em um nó mais a jusante, N_47, do
alimentador, analisado no item 6.2.3. No entanto, como neste caso só a fase Ph-1 está destacada,
fica ainda mais fácil perceber o impacto que a entrada da GD sem que um controle no despacho/
demanda de reativos ocasiona nos níveis de tensão. Na Figura 41 (b) é fácil notar que há uma
elevação nos níveis de tensão devido à injeção de potência ativa proporcionado pela GD,
acarretando em uma melhora no perfil de tensão já que estes se apresentavam abaixo do limite
precário no cenário de referência, trazendo assim, um impacto positivo, mesmo operando com
FP unitário. Como o problema evidenciado no nó foi de subtensão, o cenário em que a GD
opera com FP indutivo não se mostra favorável para este caso. No entanto, um FP fixo
capacitivo, apesar de elevar os níveis de tensão e não haver mais violação dos limites, impacta
em um acréscimo demasiadamente elevado, chegando muito próximo do limite superior
permitido pelo PRODIST. O melhor perfil de tensão continua sendo no cenário que o controle
Volt-Var é utilizado, não sendo registrado nenhuma violação dos imites e apresentando uma
significativa melhora no perfil de tensão.
A análise do nó N_114 também facilita a visualização do momento em que o inversor
passa a operar com FP fixo em 0,9 indutivo ou capacitivo. É possível notar na Figura 41 (c) que
por volta das 8h há uma redução quase que instantânea na tensão por ser o momento que a
potência de saída da GD supera 20% da potência nominal do inversor e, a partir daí, o
dispositivo passa a absorver reativos da rede, provocando rapidamente a queda de tensão
observada. O inverso ocorre no cenário que um FP fixo capacitivo é adotado, no mesmo horário
que o caso anterior é possível observar uma rápida elevação da tensão da fase Ph-1, ocasionado
pela súbita injeção de energia reativa na rede.
102

Figura 41 - Tensões no nó N_114. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3
– Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor

Por fim, foram observadas as tensões no nó N_35 que está localizado próximo aos nós
que receberam as grandes GD’s do sistema. Como era de se esperar, o perfil de tensão para este
nó se assemelha muito com o que foi registrado no nó N_47, sendo explanado uma análise no
item 6.2.3 que serve do mesmo modo para este nó. As curvas relativas às tensões no nó N_35
estão expostas na Figura 42, podendo ser observadas e comparadas com as que foram
apresentadas na Figura 37.
103

Figura 42 - Tensões no nó N_35. (a) Cenário 1 – sem GD; (b) Com GD FP=1; (c) Cenário 3 –
Com GD FP=0,9 indutivo; (d) Cenário 4 – Com GD FP=0,9 capacitivo; (e) Cenário 5 – Com
GD Controle Volt-VAr.

Fonte: Elaborada pelo Autor

Mais nós foram observados, no entanto, em todos, o comportamento da tensão é análogo


com o que acontece em um nó próximo que teve sua análise feita e apresentada neste item.

Este capítulo apresentou as respostas de tensão obtidas em diferentes pontos do sistema


de testes IEEE 123 nós, bem como o comportamento dos reguladores de tensão presentes neste
sistema, para os diferentes cenários propostos na metodologia. A partir da análise das curvas
traçadas com o perfil de tensão, em conjunto com as observações do número de manobras
realizadas pelos dispositivos de controle de tensão, foi possível obter a resposta de qual modo
de operação causa o menor impacto negativo nas tensões do sistema com a entrada das gerações
104

distribuídas e avaliar os possíveis benefícios que a aplicação do controle Volt-VAr nos


inversores solares é capaz de trazer à rede de distribuição para cada um dos casos avaliados. A
partir das respostas obtidas, foi possível tirar as conclusões e fazer uma análise crítica que são
expostas no próximo capítulo.
105

7 CONCLUSÕES

A Resolução Normativa 482/2012 implementou o sistema de compensação no setor


elétrico brasileiro. A partir da entrada em vigor desta REN, vivenciamos uma crescente
participação da Geração Distribuída em nosso país, com um grande destaque para geração solar
fotovoltaica devido às facilidades de implantação deste tipo de fonte, fazendo da GD uma
realidade no Brasil. Embora haja o crescimento da participação de unidades geradoras solares,
esse tipo de fonte ainda representa um percentual muito pequeno na matriz energética brasileira,
correspondendo a menos de 1% do total instalado, no entanto, as projeções indicam que cada
vez mais teremos a contribuição de energia solar na forma de geração distribuída. Este novo
conceito de geração, não sendo mais centralizado, traz preocupações em relação à estabilidade
do sistema que a injeção de potência ativa em pontos distribuídos da rede de distribuição pode
acarretar, além de que, no modelo que se tem hoje, a concessionária ou permissionária de
energia elétrica não possui autonomia na alocação do ponto que a GD acessa o sistema de
distribuição.
A busca da estabilidade do sistema pode ser amparada pela própria GD, a exemplo de
uma melhora nos níveis de tensão em pontos da rede de distribuição que estão com valores
muito próximos ao limite inferior especificado no Módulo 8 do PRODIST, e que a partir da
entrada de unidades geradoras injetando energia ativa, acabam por elevar a tensão, conforme
foi validado no cenário desta dissertação em que as GD’s operam com os parâmetros de FP
carregados com o padrão de fábrica. Embora a norma ABNT NBR 16149 dê as recomendações
de que os inversores solares comercializados no Brasil possuam uma faixa de fator de potência
a ser explorada, ficou evidenciado nesta dissertação que operar a GD injetando ou absorvendo
reativos, sem que haja um controle através do monitoramento da tensão, pode ocasionar em
variações na amplitude da tensão ao longo do dia, resultando em uma piora na qualidade
produto ofertado pelas distribuidoras de energia nos pontos próximos à GD. Porém, quando o
controle do despacho e demanda de reativos em função da tensão da rede é aplicado, é possível
que uma significativa melhora no perfil de tensão seja notado, tornando-a mais constante
durante todo o dia, como pôde ser verificado no cenário que as GD’s fazem uso do controle
Volt-VAr.
A aplicação da estratégia de controle de tensão abordada nesta dissertação une o que há
de melhor dos três cenários propostos antes dele. Ao passo que a operação no modo capacitivo
é válida em pontos com intenso déficit de tensão em horário coincidente com o período de
geração, o modo indutivo do inversor é interessante em pontos da rede que estejam com a tensão
106

elevada e teriam esses valores ainda mais acentuados com a injeção de potência ativa por parte
da GD. Já o modo de operação controlado, por ser dinâmico, alia essas duas características
podendo ser aplicado a qualquer ponto, independente das características de tensão específica
de cada nó. Seguindo a mesma lógica, em pontos onde a tensão é estável e está próxima ao
valor ideal, caso dos nós vizinhos à entrada do sistema, a GD opera com fator de potência
aproximadamente unitário, injetando a capacidade máxima de energia ativa disponível naquele
momento.
Durante a análise dos resultados, foi verificado que os sistemas fotovoltaicos que
utilizam inversores dos quais não possuem o recurso de suporte de reativo em função da tensão,
não conseguem solucionar as deficiências observadas em horários que a geração não está
disponível, sendo justamente quando há a maior demanda de energia pelas cargas e os valores
mais baixos de tensão. De modo diferente, quando utilizados smart solar inverters, o suporte
de tensão está disponível em todo tempo, sendo que o maior potencial do dispositivo em dar
suporte de tensão através de reativos é justamente no horário em que não há geração de energia
ativa através dos painéis solares, mas que toda a capacidade do inversor é utilizada tal qual um
STATCOM.
O reflexo do comportamento da tensão para cada cenário também pode ser observado
no número de manobras efetuadas pelos reguladores de tensão do sistema em cada situação
analisada. Dentre os cenários que possuem GD das quais operam com FP fixo, o que causa o
menor impacto nos reguladores de tensão é de quando os inversores operam com o padrão de
fábrica recomendado pela ABNT NBR 16149 no que se refere ao fator de potência. O inversor
injetando reativos na rede de modo fixo, impôs aos reguladores de tensão efetuarem a maior
quantidade de mudança de tap’s dentre os cenários analisados, o que provocaria um maior
desgaste do equipamento de controle de tensão. O cenário em que o inversor opera no modo
indutivo fixo no limite permitido pela norma não demonstra vantagens, havendo casos em que
o número de manobras dos reguladores de tesão sofreu um incremento em relação ao modo FP
unitário, não trazendo benefícios nem para operação da rede nem para o proprietário da GD já
que não explora o potencial máximo da unidade geradora em injetar energia ativa no sistema.
O que foi evidenciado ao analisar o comportamento da tensão no cenário que a injeção/
demanda de reativos é controlada a partir da tensão da rede repercute no número de manobras
dos reguladores de tensão para este estudo de caso. Ao observar as figuras que retratam o perfil
de tensão ao longo do dia, percebe-se uma pequena flutuação desses valores após os primeiros
25 min de simulação, não sendo variações com amplitudes suficientes para sensibilizar o
controle do regulador de tensão e provocar a mudança de tap. Portanto, o controle Volt-VAr
107

aplicado às gerações distribuídas apresentou resultado bastante satisfatório, podendo até mesmo
serem suprimidos os reguladores de tensão que os limites estabelecidos pelo PRODIST não são
violados.
Esta dissertação não faz uma análise de custos, porém sabe-se que dispositivos com
mais recursos e tecnologia, consequentemente, agregam maior valor. No modelo de
compensação que se tem proposto hoje, através da REN 482/2012 e suas revisões, não torna
atrativo, do ponto de vista econômico, o proprietário da micro ou minigeração distribuída
investir em dispositivos que ofereçam, dentre outros, o recurso de controle Volt-VAr, os smart
solar inverters, haja visto que a compensação é feita apenas sobre a potência ativa injetada na
rede da concessionária. No entanto, se o suporte de reativos com função de controle de tensão
for ofertado também na distribuição, tal como é feito ao nível de transmissão, um novo interesse
é criado em investir em um sistema que que ofereça esse serviço e seja remunerado por isto. O
incentivo no investimento em equipamentos que acessam os sistemas de distribuição com mais
recursos agregados, nos deixam mais perto de ter smart grids operando em nosso país. Como
exposto no item 3.3, a Resolução Normativa vigente que trata da prestação de Serviços
Ancilares já sinaliza a oferta deste tipo de serviço na distribuição ao adicionar o PRODIST na
referência dos limites de tensão, o que não ocorria em REN’s mais antigas pertinentes ao
assunto, as quais tinham como referência apenas os Procedimentos de Rede, aplicados à rede
básica.
Embora a Geração Distribuída seja uma realidade, há muito o que evoluir no que se
refere a normatização, tanto com o objetivo de homologar inversores que oferecem mais
recursos e possibilidades ao proprietário da GD e ao operador da rede, mas também no sentido
de criar incentivos para que esses recursos sejam economicamente viáveis e justifiquem o
investimento desprendido. Como exposto na Fundamentação Teórica, o uso de inversores
solares para o controle de tensão ainda não é regulamentado pelas normas brasileiras que estão
em vigor, no entanto, conforme mostrado nesta dissertação, o uso desses dispositivos
desempenhando a gestão de reativos, tal qual um STATCOM aplicado à distribuição, traz uma
melhora bastante significativa no perfil de tensão do alimentador, possibilitando que a entrada
de unidades geradoras distribuídas venham a causar um impacto positivo nas redes de
distribuição e contribuam para estabilidade do sistema.
108

7.1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

Este trabalho proporcionou a verificação dos impactos causados na tensão de um


sistema que a entrada de unidades geradoras intermitentes, caso da geração solar fotovoltaica,
é capaz de provocar. Foi constatado que se não for adotado uma estratégia de controle da tensão,
a injeção ou demanda de potência reativa pode aumentar ainda mais os impactos ocasionados
pela GD. No entanto, quando o controle Volt-VAr é aplicado aos inversores solares das
gerações distribuídas, é possível mitigar os efeitos e, até mesmo, melhorar o perfil de tensão da
rede de distribuição ao ponto de que os dispositivos tradicionais de controle de tensão possam
ser reduzidos e talvez até suprimidos.
No entanto, para que este recurso possa ser utilizado, é imprescindível que haja o suporte
normativo necessário. Sendo assim, a principal contribuição deste trabalho, está em
proporcionar embasamento para que uma atualização da norma vigente relativa ao assunto de
inversores solares, a ABNT NBR 16149, possa ser feita de maneira a contemplar também os
smart solar inverters, bem como as demais normas pertinentes sejam revistas e torne possível
usar as gerações distribuídas no suporte de tensão através da gestão de reativos. Porém, não
basta apenas que seja permitido o uso desses dispositivos como STATCOM, é fundamental que
sejam criados mecanismos de incentivo que torne economicamente viável o investimento em
dispositivos com uma maior gama de recursos, mas que, consequentemente, representam um
custo de aquisição mais elevado. Portanto, essa dissertação propõe também o estudo da
viabilidade de que a Resolução Normativa 687/ 2015, que aborda os serviços ancilares, seja
revisada e atualizada de modo que o suporte de tensão por meio de serviço ancilar possa ser
ofertado também aos micro e minigeradores distribuídos, tornando assim, economicamente
interessante para o pequeno produtor investir em um sistema que contempla os recursos
necessários para oferecer o serviço.

7.2 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS

Como perspectiva de trabalhos futuros a serem realizados com base nesta dissertação
tem-se:
a) Avaliar o comportamento do sistema nos diferentes modos operativos em uma
situação de sombreamento por nuvens dos painéis solares, analisando as respostas do
sistema para esta situação com base na metodologia desenvolvida nesta dissertação;
109

b) Aplicar o estudo a um sistema de distribuição real de maiores dimensões, modelado


em software, utilizando a metodologia desenvolvida e apresentada nesta dissertação;
c) Incluir modelagens com tempo real de operação dos reguladores de tensão, com
passos de simulação menores, afim de observar a mudança de tap’s que ocorre nos
dispositivos de controle;
d) Realizar o estudo do impacto dos diferentes modos de operação do inversor de
sistemas fotovoltaicos desenvolvidos na metodologia deste trabalho, com foco na rede
secundária de distribuição, afim de observar as alterações locais dos perfis de tensão nos
diferentes cenários elaborados.
e) Estudar as alterações do fator de potência da rede de distribuição nos diferentes
cenários expostos na metodologia deste trabalho, bem como incluir uma análise do
impacto do controle Volt-VAr sobre as perdas do sistema.
f) Fazer uma análise comparativa dos custos de implementação e de operação de
inversores solares sem o recurso de controle Volt-VAr e dos smart solar inverters;
g) Realizar um estudo profundo na normatização pertinente e propor de maneira sólida,
com base nas normas internacionais, as mudanças nas resoluções necessárias para que
o controle Volt-VAr possa ser aplicado aqui no Brasil como um serviço ancilar de
maneira remunerada.

7.3 PUBLICAÇÕES

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by distributed generation to the electric system by exploring the reactive control range of solar
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doi: 10.1109/SBSE.2018.8395600
Disponível em:
http://ieeexplore.ieee.org/stamp/stamp.jsp?tp=&arnumber=8395600&isnumber=8395500

J. L. Paixao, A. R. Abaide and P. G. A. Filho, "Impact evaluation of the photovoltaic generation


input on a concessionaire's network," 2018 Simposio Brasileiro de Sistemas Eletricos (SBSE),
Niteroi, Brazil, 2018, pp. 1-6.
doi: 10.1109/SBSE.2018.8395937
Disponível em:
http://ieeexplore.ieee.org/stamp/stamp.jsp?tp=&arnumber=8395937&isnumber=8395500

R. M. de Azevedo, W. S. Brignol, L. N. Canha, P. Alves and A. Medeiros, "The operational


impacts in the distribution network from the energy storage management through the reactive
110

PV inverters dispatch in distributed generation systems," 2017 52nd International Universities


Power Engineering Conference (UPEC), Heraklion, 2017, pp. 1-6.
doi: 10.1109/UPEC.2017.8231925
Disponível em:
http://ieeexplore.ieee.org/stamp/stamp.jsp?tp=&arnumber=8231925&isnumber=8231858
111

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ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 16149:2013 – Sistemas


fotovoltaicos (FV) – Características da interface de conexão com a rede elétrica de
distribuição. Rio de Janeiro, 2013.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 16150:2013 – Sistemas


fotovoltaicos (FV) – Características da interface de conexão com a rede elétrica de
distribuição – Procedimento de ensaio de conformidade. Rio de Janeiro, 2013.

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Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST – Módulo 1 – Introdução, rev.
9. Brasília, 2016.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição de


Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST – Módulo 3 – Acesso ao
Sistema de Distribuição, rev. 7. Brasília, 2017c.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição de


Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST – Módulo 8 – Qualidade da
Energia Elétrica, rev. 10. Brasília, 2018b.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº 482, de 17 de


abril de 2012. Brasília, 2012.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº 687, de 24 de


novembro de 2015. Brasília, 2015a.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº 697, de 24 de


novembro de 2015. Brasília, 2015d.
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114
115

APÊNDICE A
Regulador 1 (OLTC)
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Tap do Regulador

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Hora

Sem GD PV fp=1 PV fp=0,9 ind PV fp=0,9 cap Ctrl Volt-VAr

Regulador 2 - Ph-1
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Tap do Regulador

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Hora

Sem GD PV fp=1 PV fp=0,9 ind PV fp=0,9 cap Ctrl Volt-VAr


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Regulador 3 - Ph-1
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Tap do Regulador

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Hora
Sem GD PV fp=1 PV fp=0,9 ind PV fp=0,9 cap Ctrl Volt-VAr
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Regulador 4 - Ph-1
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Tap do Regulador

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Sem GD PV fp=1 PV fp=0,9 ind PV fp=0,9 cap Ctrl Volt-VAr

Regulador 4 - Ph-2
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Hora
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Regulador 4 - Ph-3
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Tap do Regulador

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Hora
Sem GD PV fp=1 PV fp=0,9 ind PV fp=0,9 cap Ctrl Volt-VAr

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