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Nova Alianca - 21 Dias para Anda - Reinhard Hirtler
Nova Alianca - 21 Dias para Anda - Reinhard Hirtler
Reinhard Hirtler
Tradução
Aline Monteiro
Capa
Priint Impressões Inteligentes
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito,
exceto para breves citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da Bíblia King James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-
Americana, ©. Todos os direitos reservados.
RH Publicações ©
Primeira edição - Novembro de 2017
Todos os direitos reservados por RH Publicações ©
ALIANÇA OU CONTRATO?
Uma aliança, assim como um contrato, é um compromisso que
une duas partes através das obrigações por ela estabelecidas.
Embora tanto a aliança quanto o contrato sejam um compromisso,
há uma profunda diferença entre eles, e confundi-los causa um
impacto negativo enorme sobre a nossa vida e experiência cristã.
Não estamos ligados a Deus por um contrato, mas por uma aliança,
porque Ele é um Deus de aliança, não de contrato.
Num contrato, as partes negociam entre si até chegarem a um
acordo que, então, torna-se um compromisso, o que significa que
agora elas estão legalmente comprometidas uma com a outra.
Numa aliança não há negociação: a parte mais forte oferece a
aliança à parte mais fraca, que pode aceitá-la ou rejeitá-la.
Perguntei a muitos cristãos se eles já haviam tentado negociar
com Deus, numa ocasião ou outra, fazendo algum tipo de barganha
com Ele, e a maioria deles respondeu que sim. São barganhas do
tipo: “Deus, se o Senhor me curar (ou curar meu ente querido),
dedicarei minha vida ao Senhor para sempre”; ou “Deus, se o
Senhor me tirar dessa confusão, prometo que viverei somente para
o Senhor”; “Deus, eu lhe darei dez por cento de toda a minha renda,
portanto, o Senhor tem que me abençoar”; e outras parecidas.
Conversando com eles, vi que isso ocorre principalmente quando
estão enfrentando uma situação desesperadora, muito difícil mesmo
ou até impossível. É em momentos assim que eles pensam em todo
tipo de barganha com Deus, e geralmente chamam isso de “voto”,
mas, na verdade, é uma barganha através da qual tentam obter algo
de Deus. Não podemos fazer isso! Não podemos negociar ou
barganhar com Deus simplesmente porque Ele é um Deus de
aliança, não de contrato.
Outra razão pela qual não há negociação em nossa aliança com
Deus é porque não temos nada de que Deus precise, pois Ele é
autossuficiente, mas, num contrato, ambas as partes têm algo de
que a outra precisa. Por exemplo, digamos que eu queira uma casa.
Encontro um construtor, negociamos o preço, chegamos a um
acordo, nós dois assinamos o contrato e agora estamos legalmente
comprometidos um com o outro. Eu quero uma casa, o construtor
quer o dinheiro. Se eu não lhe der o dinheiro, o construtor fica livre
do contrato e do compromisso de construir uma casa para mim. Se
o construtor não construir minha casa, também fico livre do contrato
e não lhe devo dinheiro algum.
Um contrato pode ser quebrado por apenas uma das partes e se
tornar inválido, pois é um compromisso mútuo, mas a aliança não é
assim. Se quebrássemos a aliança com Deus, Ele permaneceria fiel
e manteria sua parte. Nós sofreríamos as consequências definidas
nela, mas Deus ainda manteria a aliança que Ele fez conosco.
A diferença entre um contrato e uma aliança é tão profunda
quanto a discrepância entre a prostituição (um contrato) e o
casamento (uma aliança). Quem procura uma prostituta faz um
contrato: um quer sexo, o outro quer dinheiro. Eles negociam,
entram em acordo quanto ao preço e o contrato está feito. O
casamento definitivamente não é um contrato, mas uma aliança.
Infelizmente, muitas pessoas hoje em dia o veem como um contrato,
mas Deus jamais o planejou para que fosse assim. O casamento foi
criado como uma imagem da união perfeita entre Jesus e a Igreja
por toda a eternidade, um símbolo que expressa o coração e o
caráter divino na aliança, que é exatamente o que o casamento é. E
é por isso que Deus odeia o divórcio, porque foi por meio de uma
aliança que Ele se uniu à humanidade e, sendo um Deus de aliança,
Ele a mantém.
Usar nosso amado e maravilhoso Deus para obter aquilo que
podemos conseguir dele é rebaixar nosso relacionamento com Ele
ao nível de prostituição, o que é uma ideia aterrorizante. Outra
diferença importante é que um contrato envolve apenas promessas,
enquanto a aliança envolve juramento. O escritor de Hebreus deixa
isso bem claro:
Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si
mesmo, tendo em vista não haver outro maior por quem
jurar e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e farei
numerosos os seus descendentes”. (Hb 6.13,14)
As promessas são maravilhosas, mas geralmente são
condicionais. Ao lermos a Bíblia, descobrimos que muitas das
promessas de Deus apresentam condições que devemos cumprir a
fim de experimentarmos seu cumprimento e desfrutarmos delas.
Tomemos como exemplo o texto de Filipenses:
Não andeis ansiosos por motivo algum; pelo contrário,
sejam todas as vossas solicitações declaradas na
presença de Deus por meio de oração e súplicas com
ações de graça. E a paz de Deus, que ultrapassa todo
entendimento, guardará o vosso coração e os vossos
pensamentos em Cristo Jesus. (Fp 4.6,7)
Vemos que, para que a paz de Deus guarde nosso coração e
nossos pensamentos, precisamos entregar a Ele nossas
preocupações.
Além de poderem ser condicionais, as promessas também podem
ser quebradas, mas a aliança não. Como a aliança é baseada num
juramento, ela é uma promessa, porém, muito mais sólida. Na
Bíblia, um juramento é algo sério, é considerado definitivo.
Outra diferença entre um contrato e uma aliança é que os
contratos exigem a troca de bens ou serviços, enquanto as alianças
envolvem uma entrega pessoal. Num contrato, você promete
entregar um serviço ou um bem material, e a outra pessoa entrega o
dinheiro. Numa aliança, você entrega o seu próprio ser e rende-se à
outra pessoa. Na sua aliança, Deus recebeu as criaturas e
transformou-as em filhos, e se deu a nós na forma do seu filho,
Jesus Cristo. Agora, nós nos tornamos novas criaturas, de natureza
e descendência divina, como lemos abaixo:
Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de
se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que creem no
seu Nome; (Jo 1.12)
BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES
Como já mencionei, as bênçãos e as maldições advindas da
obediência ou da desobediência aos mandamentos de Deus faziam
parte da Velha Aliança, feita estritamente entre Deus e a nação de
Israel. Como não fazemos parte dessa aliança, elas não se aplicam
a nós que vivemos debaixo da Nova Aliança. Muitos cristãos vivem
com medo de Deuteronômio 28 porque pregadores bem-
intencionados lhes disseram que a menos que eles obedeçam a
Deus, essas maldições virão sobre sua vida.
Então, quer dizer que obedecer a Deus não é importante? É claro
que é importante, mas não devemos obedecer a Deus por medo de
maldições que nem se aplicam a nós, e sim porque seu amor
conquistou nosso coração. Os dois versículos abaixo mostram
claramente as bênçãos e maldições que formam a base da Velha
Aliança.
E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus,
tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos
que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará
sobre todas as nações da terra. (Dt 28.1 – ACF)
Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor
teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus
mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno,
então virão sobre ti todas estas maldições, e te
alcançarão[...] (Dt 28.15 – ACF)
3
A ESCOLHA É SUA
Precisamos entender a liberdade e o poder de escolha que Deus
deu ao homem. Deus colocou Adão e Eva no jardim do Éden e lhes
deu o poder de escolherem comer ou não da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Parafraseando o que Deus disse ao
povo de Israel em Deuteronômio 30.19, teríamos algo mais ou
menos assim: “Coloco diante de vocês a vida e a morte; vocês
escolhem”. Sempre me impressiona a maneira como as pessoas
tentam colocar sobre os outros a culpa pelas próprias escolhas.
Deus não aceita desculpas por nossas escolhas erradas, pois foi Ele
mesmo quem nos deu o poder de escolha.
UMA OU OUTRA
Uma vez que a aliança é um compromisso entre Deus e as
pessoas, que nos mostra a maneira como Ele se relaciona conosco
e como devemos nos relacionar com Ele, temos que escolher sob
qual aliança queremos viver. Um dos motivos pelos quais as
pessoas misturam tantos conceitos da Velha Aliança em sua vida é
que elas não entendem que aliança sempre envolve escolha. É
Deus quem propõe a aliança e convida as pessoas a entrarem nela,
mas cabe às pessoas escolher. Você não pode viver (e se relacionar
com Deus) debaixo das duas alianças simultaneamente e desfrutar
da bondade, benignidade e das bênçãos de Deus que Ele já lhe deu
em Cristo. Seria como estar casado com dois cônjuges, um
maravilhoso e outro mau e terrível, e reclamar de estar passando
por tantas situações ruins em sua vida.
Quando se trata da nossa vida cristã, temos que escolher se
aceitamos ou não a proposta da Nova Aliança que Deus nos faz.
Não podemos viver debaixo das duas, da Velha e da Nova Aliança,
embora muitos cristãos façam exatamente isso. Devemos rejeitar
totalmente uma e aceitar a outra. Como vimos no capítulo anterior,
não faz sentido escolher viver pela Velha Aliança, uma vez que ela
jamais foi proposta a nós, cristãos, mas apenas ao povo de Israel.
Devemos sempre nos lembrar de como uma aliança funciona, ou
seja, é uma oferta feita pela parte mais forte à parte mais fraca. Não
há espaço para negociação. As únicas opções que a parte mais
fraca tem são aceitar ou rejeitar a aliança. Essa é uma verdade
muito importante e não podemos esquecê-la, porque significa que
não podemos escolher como receber algo de Deus, já que é Ele
quem estabelece os termos. Como as pessoas têm a liberdade de
escolher, muitas ainda escolhem viver pela Velha Aliança, embora
ela jamais tenha sido criada para elas. Infelizmente, as
consequências dessa decisão no dia a dia das pessoas são
devastadoras, e Deus não pode mudar a escolha delas ou os efeitos
negativos que ela gera.
A ADVERTÊNCIA DE JESUS
No evangelho de Lucas, Jesus fala sobre a Velha e a Nova
Aliança.
E lhes acrescentou esta parábola para pensar: “Ninguém
tira um remendo de roupa nova e o costura sobre roupa
velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e,
além disso, o remendo novo jamais se ajustará à velha
roupa. Da mesma maneira, não há alguém que coloque
vinho novo em recipiente de couro velho. Ora, se o fizer,
o vinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se
derramará e danificará o recipiente onde fora colocado.
Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um
recipiente de couro novo [e ambos se conservarão]. Pois,
pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o
novo; porquanto se diz: ‘O vinho velho é bom o
suficiente!’”. (Lc 5.36-39)
Analisando o contexto dessa parábola, podemos ver claramente
que Jesus não está preocupado com roupas, vinhos ou odres. É
uma parábola e, como tal, deve ser entendida como algo simbólico.
A pergunta que precisamos fazer é a seguinte: Para quem Jesus
dirigiu essas palavras e por quê?
Jesus estava falando aos fariseus, que eram mestres da Lei e
viviam rigorosamente debaixo da Velha Aliança. Eles tentavam
obedecer religiosamente às 613 leis a fim de serem justos diante de
Deus e impressionar seus companheiros. Além disso, eles também
acrescentaram muitas leis criadas pelos próprios homens,
chamadas de Tradição dos Anciãos. Foram leis passadas de
geração a geração e eram consideradas muito importantes. Para
essas pessoas religiosas e legalistas, a Tradição dos Anciãos era
ainda mais importante do que os mandamentos de Deus. Jesus
mostrou isso no evangelho de Mateus:
Então alguns fariseus e escribas, vindos de Jerusalém,
foram até Jesus e questionaram: “Por que os seus
discípulos transgridem a tradição dos anciãos? Visto que
eles não lavam as mãos antes de comer!” Ponderou-lhes
Jesus: “E por que transgredis vós também o
mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? (Mt
15.1-3)
Mais à frente, no versículo 7, Jesus os chama de hipócritas e, no
verso 9, conclui dizendo que eles estão ensinando “doutrinas que
não passam de regras criadas por homens”. Foi para essas pessoas
que Jesus contou a parábola do vinho novo em odres velhos e do
remendo novo em roupa velha. Essas pessoas não só viviam
rigorosamente sob a Velha Aliança, mas também se ofendiam
constantemente com Jesus. A parábola era uma resposta à
reclamação deles contra os discípulos, porque eles estavam
comendo e bebendo com os pecadores. Vejamos o contexto em que
ela foi contada para analisarmos o que Jesus estava tentando dizer.
Passados estes eventos, saindo Jesus, encontrou-se
com um publicano, chamado Levi, sentado à mesa da
coletoria, e o convocou: “Segue-me!” Levi levantou-se,
abandonou tudo e seguiu Jesus. Então Levi ofereceu a
Jesus uma grande festa em sua casa; e uma multidão de
publicanos e de outras pessoas estava à mesa comendo
com eles. Os fariseus e seus escribas reclamaram dos
discípulos de Jesus: “Por que comeis e bebeis com os
publicanos e pecadores?” Ao que Jesus lhes ponderou:
“Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os
enfermos. Eu não vim para convocar os justos, mas sim,
para chamar os pecadores ao arrependimento!” Em
seguida eles lhe observaram: “Os discípulos de João
jejuam e oram com grande frequência, assim como os
discípulos dos fariseus; no entanto, os teus vivem
comendo e bebendo”. (Lc 5.27-33)
Essa parábola é mais séria do que muita gente pensa. Aqui,
vemos uma discussão acontecendo entre Jesus, que veio selar a
Nova Aliança, e essas pessoas que viviam debaixo da Velha
Aliança. Jesus veio para trazer a Nova Aliança que, por ser
radicalmente nova e diferente, era tão ofensiva para os fariseus.
Eles estavam jejuando para impressionar as pessoas e merecer
algo de Deus, enquanto Jesus e seus discípulos estavam comendo
com os pecadores. Jesus lhes disse que eles não podiam misturar o
velho com o novo, pois, se fizessem isso, tudo se perderia. Jesus
representava a Nova Aliança; os fariseus, a Velha. E estes ainda
queriam que Jesus e os discípulos vivessem sob a Velha Aliança,
mas Jesus se recusava a fazer isso. Ele disse que, se misturarmos
as duas, tudo se perderá.
Como essa advertência de Jesus se aplica a nós, hoje? É
simples: se você aplicar qualquer parte dos conceitos ou
comportamentos da Velha Aliança em sua vida, perderá as bênçãos
da Nova Aliança; os odres se romperão e tudo se perderá. Qual era
a base da Velha Aliança? Era merecer as bênçãos de Deus através
da obediência à Lei. Sendo assim, se você fizer qualquer coisa, seja
jejuar, ofertar, ler a Bíblia, servir a Deus, orar, ou qualquer outra boa
ação a fim de ganhar o favor de Deus e merecer suas bênçãos,
romperá o odre e perderá o bom vinho novo. Portanto, temos que
rejeitar veementemente todo e qualquer aspecto da Velha Aliança.
Jesus encerrou essa parábola com uma declaração interessante,
ao dizer: “Pois, pessoa alguma, depois de beber o vinho velho,
prefere o novo; porquanto se diz: ‘O vinho velho é bom o suficiente!’”
Como a Velha Aliança pode ser melhor do que a Nova Aliança?
Muitas pessoas me fazem tal pergunta quando leem essa parábola,
mas Jesus nunca disse que o vinho velho é melhor do que o novo.
O que Ele disse é que aqueles que já beberam o vinho velho não
preferem o novo logo de imediato. E vejo isso constantemente. Os
cristãos que vivem sob uma mistura da Lei e da Velha Aliança
acham muito difícil aceitar a Nova Aliança. Eles estão tão seguros
em suas próprias obras e justiça, que sua reação imediata é rejeitar
o vinho novo. Mas, uma vez que eles experimentam
verdadeiramente da maravilhosa Nova Aliança, deixam de bom
grado a outra para trás.
TUDO OU NADA
Não podemos misturar a Lei e a graça, ou a Velha e a Nova
Aliança. Foi isso o que Jesus disse na parábola dos odres, e
também o que Tiago falou, usando outras palavras, para ilustrar
essa mesma verdade. Não podemos escolher quais partes de qual
aliança aplicaremos em nossa vida e, ao mesmo tempo, desfrutar
de todos os benefícios das duas. No momento em que escolhemos
errado, isto é, acrescentamos partes da Velha Aliança em nossa
vida, as consequências são inevitáveis. Isso está muito claro no
texto bíblico abaixo:
Porquanto, quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em
apenas uma das suas ordenanças, torna-se culpado de
quebrá-la integralmente. Pois Aquele que proclamou:
“Não adulterarás”, também ordenou: “Não matarás”. Ora,
se não adulteras, porém cometes um assassinato, te
tornaste da mesma forma, transgressor da Lei. (Tg
2.10,11)
Se você escolher merecer algo de Deus guardando a Lei, então
tem que entender que precisará guardar toda a Lei em todos os
momentos de todos os dias da sua vida. Se falhar uma só vez, quer
seja em pensamento ou em ações, terá quebrado toda a Lei e,
portanto, não merece mais as bênçãos de Deus.
Certa vez, eu estava pregando em São Paulo e Deus me deu
uma palavra de conhecimento a respeito de um joelho destruído
sendo curado e restaurado sobrenaturalmente. Uma mulher
respondeu àquela palavra de conhecimento específica, mas nada
aconteceu depois que ela recebeu oração. O Espírito Santo falou
comigo, e senti que o problema dela era a justiça própria, que a
impedia de receber o milagre. Pedi que ela repetisse após mim que
ela era totalmente digna de ser curada, independentemente das
suas próprias obras, pois dependia apenas do sacrifício de Jesus na
cruz. Depois de fazer isso, ela recebeu a cura.
4
A GRANDE CONFUSÃO
É importante compreendermos a diferença entre o Velho
Testamento e a Velha Aliança, pois as pessoas geralmente
confundem os dois. Tenho ouvido pessoas me dizerem que jamais
lerão o Antigo Testamento, apenas o Novo, porque vivem na Nova
Aliança. Sim, eu amo o Novo Testamento! Gosto muito de ler os
evangelhos e as epístolas de Paulo, e não há nada errado nisso.
Mas precisamos compreender que o Velho Testamento e a Velha
Aliança não são a mesma coisa.
A Velha Aliança é o compromisso que Deus fez com Israel para
determinar a maneira como Ele se relacionaria com eles e vice-
versa. O Velho Testamento, contudo, são as Escrituras, apesar de
hoje toda a Bíblia ser conhecida como Escritura Sagrada. A única
Bíblia que Jesus tinha era o Velho Testamento. O apóstolo Paulo só
usava o Velho Testamento para mostrar seu entendimento,
revelação e conhecimento da Nova Aliança. Devemos amar toda a
Bíblia, não apenas as partes das quais gostamos ou que achamos
fáceis de entender, pois ela é a verdade eterna, como o salmista
disse: A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos
teus juízos dura para sempre (Sl 119.160 – ACF). Veja o que Paulo
disse a Timóteo:
Porque desde a infância sabes as Sagradas Letras que
têm o poder de fazer-te sábio para a salvação, por
intermédio da fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é
inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade,
para repreender o mal, para corrigir os erros e para
ensinar a maneira certa de viver; a fim de que todo
homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para
realizar todas as boas ações. (2Tm 3.15-17)
Aqui, vemos claramente a importância do Velho Testamento para
os crentes da Nova Aliança. Quando Paulo falou a Timóteo sobre as
Escrituras e sua importância na vida dele, estava se referindo ao
Velho Testamento. Quando Jesus estava no deserto, sendo tentado
pelo diabo, Ele citou trechos do Velho Testamento. Quando Jesus
estava andando com seus discípulos no caminho de Emaús, Lucas
relata: Então, iniciando por Moisés e discorrendo sobre todos os
profetas, explanou-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras (Lc 24.27).
O problema surge quando confundimos a Velha Aliança com o
Velho Testamento. E duas coisas acontecem em decorrência dessa
grande confusão. A primeira é que muitas pessoas têm olhado para
o Velho Testamento através das lentes da Lei e da Velha Aliança, e
isso as tem transformado em fariseus modernos, ferindo muita
gente. A segunda é que muitas pessoas têm reagido de forma
contrária e jogado fora todo o Velho Testamento, dizendo que agora
vivemos na Nova Aliança e não precisamos mais dele. Existem
muitas teologias reacionárias circulando pelas igrejas cristãs, e essa
reação é sempre muito perigosa, pois nossas crenças devem ser
baseadas na Palavra de Deus, não numa experiência negativa que
tivemos. Pegando textos fora de contexto e interpretando-os de
forma errada, podemos criar justificativas bíblicas para quase tudo.
COMPREENDENDO AS ESCRITURAS
Se realmente quisermos entender a Bíblia, devemos
compreender algumas verdades básicas que ensinei no primeiro
capítulo, mas também precisamos de outros pontos importantes que
mostrarei neste capítulo.
OS ENSINAMENTOS DE JESUS
Quando Jesus caminhou por esta terra, Ele não podia nos revelar
plenamente a Nova Aliança, apenas nos dar algumas pistas a
respeito dela. Consequentemente, o mistério da Nova Aliança
permanece oculto no Velho Testamento, assim como nos
evangelhos. A menos que estejamos dispostos a pesquisar e
estudar o Velho Testamento à luz da Nova Aliança e com a ajuda do
Espírito Santo, ela permanecerá sendo um mistério para nós, o que
dificultará muito a leitura e a interpretação do Velho Testamento. No
evangelho de João, Jesus nos disse:
Eu ainda tenho muitas verdades que desejo vos dizer,
mas seria demais para o vosso entendimento neste
momento. No entanto, quando o Espírito da verdade vier,
Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará por
si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos revelará
tudo o que está por vir. (Jo 16.12,13)
Esses versículos nos mostram claramente que Jesus não ensinou
tudo o que Ele veio revelar. Quando descobri esses versículos,
comecei a clamar ao Espírito Santo muitas vezes, pedindo-lhe para
me ensinar as coisas que Jesus queria dizer aos discípulos, mas
não pôde. Esses versos nos mostram belas verdades, pois Jesus
desejava dizer muitas coisas, mas como os discípulos viviam num
período de transição entre a Velha e a Nova Aliança, eles não
conseguiriam entender tudo.
É por isso que Jesus nunca falou claramente sobre a Nova
Aliança. Ele a mencionou rapidamente na última ceia, quando disse
que o vinho era o cálice da Nova Aliança, mas nunca ensinou
abertamente sobre ela. Ainda nesses versos de João 16, vemos que
o Espírito Santo é quem nos ensinará tais coisas, e foi por isso que
comecei a implorar a Ele que me revelasse todas essas coisas, pois
ninguém consegue explicar a Nova Aliança melhor do que Ele.
Jesus ensinou muitas coisas quando esteve aqui na terra, mas não
ensinou sobre a Nova Aliança, porque cabia ao Espírito Santo
revelá-la.
O MISTÉRIO OCULTO
A Nova Aliança, a única forma de Deus se relacionar conosco
hoje, era um mistério que estava oculto, e ninguém conseguia vê-la
claramente. O mistério não foi revelado até Jesus ascender aos
céus e enviar o Espírito Santo. Portanto, ler o Velho Testamento
sem a clara revelação do mistério da Nova Aliança pode ser
prejudicial e até mesmo perigoso. É assim que a religião está
destruindo muitas vidas hoje em dia. As pessoas leem o Velho
Testamento à luz da Velha Aliança, interpretando e aplicando de
forma errada tudo o que Deus disse, e isso traz morte em vez de
vida, cria uma imagem completamente errada do Deus a quem
servimos, transformando-as em fariseus modernos cheios de justiça
própria, orgulhosos e julgadores, ou em alguém que vive em
constante culpa, medo, vergonha e condenação.
OBEDIÊNCIA À LEI
Num raciocínio simples, concluímos que uma vez que a Lei era a
base da Velha Aliança, e já não vivemos mais sob ela, também não
precisamos mais obedecer à Lei. Mas, como veremos, não é tão
simples assim. Nos capítulos anteriores, quando citamos a epístola
de Tiago, vimos que só temos duas opções: ou obedecemos a toda
a Lei ou a nenhuma parte dela, isto é, não podemos escolher a
quais partes obedecer e a quais não. Se você acha que a Lei ainda
se aplica a você, então deve obedecer a cada uma das 613 leis.
Contudo, como veremos adiante, a Bíblia também nos adverte a não
vivermos sem lei.
ALCANÇANDO A JUSTIFICAÇÃO
A Bíblia é muito clara ao dizer que ninguém pode ser justificado
pelas obras, o que significa obedecer à Lei. Infelizmente, muitas
pessoas ainda se aproximam de Deus baseadas em guardar a Lei.
Elas sentem que se fizerem tudo certo, então Deus lhes responderá.
A Bíblia ensina que a única justiça aceita por Deus é a que vem
somente pela fé em Jesus. Na carta aos Romanos, Paulo diz:
“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele confiando na
obediência à Lei, pois é precisamente por meio da Lei que
chegamos à irrefutável conclusão de que somos todos pecadores”
(Rm 3.20).
Não devemos jamais, nem por um momento, tentar alcançar a
justificação diante de Deus guardando a Lei, nem mesmo os Dez
Mandamentos. Deus não se agrada das nossas boas obras se elas
forem feitas com a motivação de alcançarmos a justificação diante
dele.
POR QUE DEUS DEU A LEI?
A pergunta óbvia que surge é: “Então por que Deus deu a Lei?” A
Lei tinha vários propósitos, mas quero me concentrar em apenas um
deles: a Lei foi dada para nos mostrar o quanto necessitamos de
Cristo. Paulo disse: “Desse modo, a Lei se tornou nosso tutor a fim
de nos conduzir a Cristo, para que por intermédio da fé fôssemos
justificados” (Gl 3.24). Essa passagem nos mostra de forma
maravilhosa o coração de Deus e a Nova Aliança. Deus deu a Lei e
disse ao povo que se eles a obedecessem integralmente, seriam
abençoados de todas as maneiras possíveis e seriam aceitos diante
dele. Um dos significados da palavra justo é “aceito”. Como homem
algum pode ser aceito diante de Deus por guardar a Lei, ela serviu
como um tutor para nos conduzir a Cristo.
A Lei demonstrou claramente que é impossível ser aceitável
diante de Deus sem Jesus Cristo. Independentemente de quanto o
homem tentasse, ele sempre falhava. Cristo, o sacrifício perfeito,
nos fez aceitáveis diante de Deus, apesar de quebrarmos a Lei um
milhão de vezes. Sem a Lei, jamais saberíamos do quanto
necessitamos de Jesus Cristo. Quero enfatizar novamente que
guardar qualquer uma das leis, sejam os Dez Mandamentos, as leis
civis ou cerimoniais não nos tornará justos diante de Deus.
O NOVO MANDAMENTO
Jesus disse aos seus discípulos:
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma
maneira tenhais amor uns para com os outros. (Jo 13.34)
Eles nunca tinham ouvido algo assim antes, porque a Velha
Aliança não funcionava dessa forma. Sob ela, era olho por olho e
dente por dente. De repente, Jesus fala sobre um novo
mandamento que era radicalmente diferente de tudo o que eles já
haviam visto. Essa é a Lei de Cristo ou a Lei do Amor pela qual
vivemos na Nova Aliança, não para obter o favor de Deus, mas
porque obtivemos o favor dele. Jesus não disse aos discípulos que
o novo mandamento é apenas amar uns aos outros, mas que é
amar uns aos outros como Ele os amou. Depois de andar com Ele
dia e noite por três anos e meio, eles sabiam que Jesus os amava
de forma perfeita. Nesse mesmo capítulo do evangelho de João,
vemos a demonstração do perfeito amor de Jesus; é nele que está
registrado o relato de Jesus lavando os pés dos discípulos e
celebrando a última ceia com eles. É também nesse capítulo que
Ele lhes anuncia a Nova Aliança, que é a Aliança de Amor.
O apóstolo Paulo, como vemos em Romanos 13.8, concorda
plenamente com Jesus em relação à Lei do Amor. No verso 10, ele
diz que o amor não prejudica o próximo, portanto, o amor é o
cumprimento da Lei. Tiago também fala sobre a Lei da Liberdade no
Novo Testamento, como podemos ver:
Porém, a pessoa que observa atentamente a lei perfeita,
a lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte
negligente, mas praticante zeloso, será muito feliz em
tudo o que empreender. (Tg 1.25)
O contexto no qual Tiago fala sobre a Lei da Liberdade é o de ser
praticante, não apenas ouvinte da Palavra de Deus. Ele conclui que
aqueles que praticam a Palavra de Deus serão abençoados em tudo
o que fizerem. Se analisarmos esse texto com as lentes da Velha
Aliança, podemos pensar que se obedecermos à Lei da Liberdade e
fizermos o que Deus diz em sua Palavra, então Ele nos abençoará
em tudo o que fizermos.
Infelizmente, é assim que muitos cristãos leem e entendem a
Bíblia. Porém, Tiago não diz nada sobre Deus nos abençoar. Ele diz
que aqueles que observam a perfeita Lei da Liberdade, e nela
perseveram, serão abençoados. Ele simplesmente descreve o
resultado de uma vida correta. Deus já nos abençoou em Cristo
Jesus, independentemente de qualquer coisa que fizermos. Para
experimentarmos e andarmos em todas as bênçãos que a vida na
Nova Aliança traz, precisamos obedecer à Lei do Amor, que é a Lei
de Cristo ou a Lei da Liberdade.
O AVISO DE JESUS
Jesus nos avisou para termos cuidado com a atitude de viver sem
lei. No evangelho de Mateus, Ele nos diz:
Nem todo aquele que diz a mim: “Senhor, Senhor!”
entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a
mim naquele dia: “Senhor, Senhor! Não temos nós
profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos
demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos
milagres?” Então lhes declararei: Nunca os conheci.
Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal.
Assim, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as
pratica será comparado a um homem sábio, que
construiu a sua casa sobre a rocha. (Mt 7.21-24)
Sei que há várias traduções da Bíblia que usam palavras
diferentes no final do verso 23, mas o significado original em grego é
“transgressores”, “que não têm lei”. Jesus está nos dizendo que
simplesmente confessá-lo como Senhor não basta para entrar no
seu Reino. Viver como se não tivéssemos lei alguma e negligenciar
o pecado não nos garantirá entrada no Reino de Deus. Não estou
falando de salvação, mas de herdar o Reino. Se você quiser
participar do Reino de Cristo, deve compreender que os
ensinamentos de Jesus e uma vida debaixo da Lei do Amor são
cruciais.
LEI OU CONVITE
Uma revelação que transformou minha vida foi a de que o que era
lei na Velha Aliança se transformou em convite na Nova Aliança. Na
Velha Aliança, a santidade era uma lei; na Nova Aliança, ela passou
a ser um convite. Deus nos convida a compartilhar da sua santidade
e sermos santos como Ele é.
Eu me lembro bem de quando Deus me disse que se antes de
fazer qualquer coisa pela manhã eu tirasse todas as distrações da
minha vida, como não ligar o telefone, não checar os e-mails nem
interagir com ninguém antes de passar um bom tempo com Ele, a
unção, os milagres e a autoridade em que andaria aumentariam
enormemente. Mas enfrentei uma das maiores batalhas da minha
vida porque fiz disso uma lei. Eu me levantava toda manhã com a
atitude de “eu não posso” ligar meu celular, checar minhas
mensagens ou e-mails antes de passar um tempo com o Senhor.
Então, um dia o Senhor me disse que Ele jamais me dera uma lei
para ser obedecida, mas me fizera um convite para ter uma vida
mais cheia de unção, milagres e autoridade. Isso mudou tudo,
porque em vez de obedecer a uma lei, eu simplesmente aceitei seu
convite.
6
A VELHA ALIANÇA ERA BOA O BASTANTE?
Pode até parecer tolice perguntar se a Velha Aliança era boa o
bastante, mas essa é uma pergunta legítima e muito importante. Se
a resposta fosse tão clara assim, cristão algum jamais pautaria sua
vida em qualquer parte da Velha Aliança. Mas, como mostrarei nos
próximos capítulos, a maioria dos cristãos normalmente mistura
partes da Velha Aliança em sua vida, principalmente quando se trata
de dinheiro, ofertas, dízimos, bênçãos materiais etc. Baseamos
nossas crenças e práticas muito mais na Velha Aliança do que na
Nova Aliança, nas palavras de Jesus ou nos ensinamentos dos
apóstolos. Além disso, a maneira como normalmente oramos se
encaixa melhor nos padrões, crenças e comportamentos da Velha
Aliança do que nos da Nova. A igreja, em geral, tem se
especializado em distorcer e usar versículos bíblicos de forma
errada para apoiar aquilo em que quer acreditar.
Quando a pergunta é se a Velha Aliança é ou não boa o bastante,
a resposta da Bíblia é clara e simples: não, Mas por que não? Não
foi Deus quem a fez para seu povo? Acontece que a Velha Aliança
dependia do desempenho das pessoas, e como elas eram
imperfeitas e não conseguiam obedecer à Lei de Deus com
perfeição o tempo todo, a Velha Aliança não poderia funcionar,
como não funcionou. Por causa do pecado de Adão, o homem tinha
uma natureza pecaminosa, sendo assim, mesmo o melhor dos
homens, como Davi ou Moisés, não conseguiu cumprir a Velha
Aliança.
Na Nova Aliança, Cristo trouxe a solução para destruir a própria
natureza pecaminosa a fim de que o homem não fosse mais
escravo do pecado. Assim, nós que vivemos sob a Nova Aliança
ainda podemos escolher pecar, mas não temos mais que pecar. Que
notícia maravilhosa!
A ALIANÇA SUPERIOR
Como a Velha Aliança não funcionou, Deus teve que fazer outra.
Quero lembrá-lo mais uma vez que a aliança é um compromisso
entre Deus e o homem, e mostra a maneira como eles se
relacionam. Deus nos ama profundamente e quer ter um
relacionamento de intimidade conosco. Ele também quer que
tenhamos vida abundante, então, precisou encontrar uma maneira
de fazer com que esse relacionamento entre Ele e nós funcionasse
perfeitamente, e por isso fez a Nova Aliança. A Bíblia chama a Nova
Aliança de uma aliança superior, como vemos em Hebreus: “Jesus
transformou-se, por essa razão, na garantia de uma aliança
superior” (Hb 7.22).
Assim como a Velha Aliança dependia do homem, a Nova Aliança
depende de Jesus Cristo. Nesse versículo, vemos que Jesus se
torna o fiador, a garantia de uma aliança superior. A simples
compreensão desse único versículo e de todo o seu significado já
seria motivo suficiente para passarmos o dia todo nos alegrando na
bondade do nosso Deus.
Deus se comprometeu conosco, e a garantia desse
relacionamento de amor não é nosso desempenho, mas nosso
amado Jesus Cristo e sua obra consumada na cruz. Devemos, com
todas as nossas forças, parar de nos relacionar com Deus baseados
em nosso desempenho. Infelizmente, temos limitado Jesus ao papel
de nosso Salvador, quando na verdade Ele é muito mais que isso.
Jesus é aquele que garante eternamente que nosso relacionamento
com Deus sempre será perfeito.
Sou profundamente apaixonado por Jesus, não apenas porque
Ele me salvou, mas também porque entendo que tenho uma
garantia que está acima de tudo. Por causa da Nova Aliança, que foi
garantida por Jesus, Deus se relaciona comigo de uma maneira
radicalmente nova. Aliás, essas dicas que estou lhe dando sobre o
quanto a Nova Aliança é maravilhosa são só para que você fique
com água na boca, curioso para saber tudo o que teremos nos
próximos capítulos.
Como Jesus é a garantia da Nova Aliança, e aliança é a maneira
como Deus se relaciona conosco, podemos concluir que Deus
nunca se relaciona conosco baseado em nossas fraquezas, nosso
passado, nossas tentativas de agradá-lo ou em nossas obras,
apenas na obra consumada de Jesus Cristo. Preciso relembrá-lo
constantemente de que aliança não é contrato. Quando Deus fez a
aliança conosco através de Jesus Cristo, Ele nunca firmou um
contrato com ninguém, mas comprometeu-se eternamente conosco
e, por causa da sua perfeita justiça e fidelidade, jamais poderá se
livrar desse compromisso. A única maneira pela qual Deus pode se
relacionar conosco é através da obra consumada da cruz de Jesus
Cristo e de quem somos nele.
PROMESSAS MELHORES
Outra razão pela qual a Velha Aliança não era boa o bastante é
porque as promessas eram limitadas e muito condicionais. Em
Hebreus, lemos:
Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,
quanto é mediador de uma melhor aliança que está
confirmada em melhores promessas. (Hb 8.6 – ACF)
O que são promessas melhores? Precisamos nos lembrar de que
o escritor de Hebreus faz uma comparação entre as duas alianças.
Vimos que as promessas da Nova Aliança são melhores que as da
Velha, então, precisamos enxergá-las para ver o quanto são
melhores. Existem tantas promessas melhores que não caberiam
neste livro, portanto, só lhe mostrarei algumas promessas da Velha
Aliança e como elas são melhores debaixo da Nova Aliança.
Sob a Velha Aliança, os pecados eram cobertos, mas jamais
eram totalmente removidos. Em Hebreus 10.4, lemos: “...porque é
impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados”. As
pessoas sob a Velha Aliança tinham que oferecer sacrifícios pelos
pecados repetidamente, portanto, elas estavam constantemente
cientes do pecado e da própria iniquidade. Sob a Nova Aliança,
entretanto, o pecado é totalmente removido, como vemos neste
versículo:
Pois Eu lhes perdoarei a malignidade e não me permitirei
lembrar mais dos seus pecados. (Hb 8.12)
Que linda promessa da Nova Aliança recebemos aqui! Nosso
pecado não é apenas coberto por um período, mas foi totalmente
removido para sempre da nossa vida e substituído pela perfeita
justiça de Cristo.
Certa vez, ouvi uma história sobre um profeta que estava
ministrando a uma igreja. Ele começou a profetizar para muitas
pessoas e, então, também profetizou para certo casal. Quando ele
se virou para a esposa, começou a dizer: “E quanto àquele pecado
terrível que você cometeu...” Então parou e ficou em silêncio,
pensativo. Era óbvio que o Espírito Santo o havia inspirado a dizer o
que ele acabara de falar a respeito de um pecado terrível, mas
naquele momento, parecia que ele não conseguia mais ouvir a voz
do Espírito. Então ele abriu a boca e continuou dizendo: “Eu
perguntei ao Senhor: ‘Senhor, e aquele pecado terrível?’, e Ele
respondeu: ‘Não me lembro’.” A mulher rompeu em lágrimas de
alegria quando foi totalmente liberta de toda a culpa pelo passado.
Ah, a glória da Nova Aliança!
Outro motivo de as promessas da Velha Aliança não serem boas
o bastante é que elas eram apenas de natureza terrena, envolvendo
aspectos como saúde, proteção, provisão e assim por diante.
Quando lemos em Hebreus que temos uma aliança superior com
promessas melhores, significa que na Nova Aliança todas as coisas
naturais nos são dadas, mas, além disso, temos muitas outras
promessas de natureza espiritual e eterna. Essas promessas
incluem a morte da nossa natureza pecaminosa, a justificação pela
fé, a santificação como dom de Deus, a redenção total e a salvação
eterna garantida. Em Gálatas, Paulo nos disse:
Fui crucificado juntamente com Cristo. E, desse modo, já
não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E essa
nova vida que agora vivo no corpo, vivo-a
exclusivamente pela fé no Filho de Deus, que me amou e
se sacrificou por mim. (Gl 2.20)
Esse versículo mostra algo que era absolutamente impossível
debaixo da Velha Aliança. Sob a Nova Aliança, com as promessas
melhores, o próprio Cristo expressa sua vida através de nós. Nos
capítulos 6 a 8 da carta aos romanos, lemos a respeito da
maravilhosa vitória que temos sobre o pecado na Nova Aliança.
Veja:
Então, qual seria a conclusão? Devemos continuar
pecando a fim de que a graça seja ainda mais
ressaltada? De forma alguma! Nós que morremos para o
pecado, como seria possível desejar viver sob seu jugo?
(Rm 6.1,2)
Paulo começa a epístola à igreja de Corinto com uma visão
maravilhosa de como Deus vê seus filhos. Logo no início do primeiro
capítulo, ele nos diz:
[...]à Igreja de Deus que está em Corinto, aos
santificados em Cristo Jesus e convocados para serem
santos, juntamente com todos os que, em toda parte,
invocam o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso. (1Co 1.2)
Paulo se referiu a eles como aqueles que são santificados porque
estão em Cristo Jesus. Isso era algo absolutamente impossível
debaixo da Velha Aliança. Ele disse aos coríntios que na Nova
Aliança nós somos criaturas totalmente novas e nos tornamos
perfeitamente justos em Jesus Cristo. Nada disso era possível sob a
Velha Aliança.
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as
coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!
(2Co 5.17)
Deus fez daquele que não tinha pecado algum a oferta
por todos os nossos pecados, a fim de que nele nos
tornássemos justiça de Deus. (2Co 5.21)
Outra razão pela qual a Velha Aliança não era boa o bastante é
porque o homem não tinha acesso direto a Deus. Eles precisavam
constantemente de um mediador que primeiro oferecia sacrifícios
por si mesmo e, depois, pelas pessoas, por causa da consciência do
pecado. Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo diz o seguinte:
“Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e o ser
humano, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5).
Debaixo da Nova Aliança, todos têm acesso direto ao próprio
Deus e podem apropriar-se de tudo o que precisam. O Santo dos
Santos era um lugar no qual ninguém, a não ser o Sumo Sacerdote,
podia entrar, e apenas uma vez ao ano. Esse era o lugar da
presença do Deus Santíssimo na terra, e o homem pecador não
podia entrar diante dessa presença. Quando o Sumo Sacerdote
entrava, o povo ficava de fora, esperando ansiosamente para ver se
Deus havia aceitado aquele sacrifício. Não era de modo algum uma
boa aliança. Mas quando Jesus morreu naquela cruz, a grossa
cortina que separava o Santo dos Santos foi rasgada de cima a
baixo, como lemos no evangelho de Marcos: “Então, o véu do Lugar
Santíssimo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo” (Mc 15.38).
A última razão que quero mencionar a respeito do motivo de a
Velha Aliança não ser boa o bastante era porque, nela, Deus vivia
num templo feito por homens. A presença de Deus não era
permanente, era apenas uma visitação, enquanto na Nova Aliança
ela passou de visitação para habitação, o que significa que Deus
vive permanentemente dentro de nós. Não gosto quando as
pessoas dizem que vão à casa do Senhor. Também não gosto
quando invocam a presença do Senhor numa reunião. Esses são
padrões de pensamento da Velha Aliança, e ela não era boa o
bastante. Permita-me mostrar dois versículos que mostram isso
claramente:
[...]a quem Deus, entre os que não são judeus, aprouve
dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério, isto
é, Cristo em vós, a esperança da glória! (Cl 1.27)
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o seu
Espírito habita em vós? (1Co 3.16)
Veja a beleza desses dois versículos: Cristo fez morada
permanente em nós através do Espírito Santo.
Tendo visto essas verdades, é um mistério para mim como
alguém ainda pode desejar viver debaixo da Velha Aliança. O autor
de Hebreus nos diz claramente que a Velha Aliança não era boa o
bastante:
Ora, se aquela primeira aliança não tivesse imperfeições,
não seria necessário buscar lugar para a segunda. (Hb
8.7)
7
A RELIGIÃO DISTORCEU A NATUREZA DE
DEUS
Estou convicto de que a religião é uma invenção de Satanás.
Quando digo religião, não falo das diferentes crenças ou aspectos
do cristianismo, mas de se aproximar de Deus com uma
mentalidade da Velha Aliança, baseada nas obras. Se tentarmos
nos relacionar com Deus baseados na Lei, é porque caímos na
religião. Um dos piores problemas da religião é que ela distorce
completamente a natureza de Deus, e essa sempre foi a estratégia
do inimigo, desde o início da criação. Se estudarmos a fundo o
pecado original no jardim do Éden, descobriremos que a estratégia
do diabo era o engano. Ele enganou Eva, fazendo-a acreditar que
Deus não era bom e generoso como Ele realmente é. Um dos
maiores problemas em não compreender a Nova Aliança e a obra
consumada da cruz é que acreditamos num Deus que, na verdade,
é diferente do Deus da Bíblia.
A BONDADE DE DEUS
Há apenas um Deus, e Ele é incrivelmente bom, maravilhoso e
ama profundamente todos os homens. Por terem lido a Bíblia da
perspectiva da Lei em vez da obra consumada na cruz, as pessoas
adotaram uma religião em vez de entrarem num relacionamento vivo
com esse Deus maravilhosamente bom. Permita-me mostrar,
através da Bíblia, que Deus maravilhoso é esse a quem servimos.
Em Hebreus, vemos a motivação de Deus para estabelecer a
Nova Aliança:
Porquanto Ele declara, repreendendo o povo por suas
faltas: “Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei
com a casa de Israel e com a casa de Judá uma nova
aliança. Não conforme a aliança que fiz com seus
antepassados, no dia em que os tomei pela mão, para os
conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não
continuaram na minha aliança, e Eu me afastei deles”,
assevera o Senhor! (Hb 8.8,9)
Na passagem acima, o Senhor nos diz que o problema não era a
Velha Aliança, mas as pessoas. Veja o que diz este trecho:
“...repreendendo o povo por suas faltas...”. Deus poderia ter
encarado da seguinte forma: já que o povo havia criado o problema,
a culpa era totalmente deles, então, eles é que precisariam
encontrar uma maneira de resolvê-lo. Ele poderia ter lhes dito que o
problema era a iniquidade e a rebeldia deles, e falado: “Eu falei de
que maneira vocês devem se relacionar comigo. Agora façam!” Mas,
em vez de ter essa atitude, Deus vai por outro caminho e faz uma
Nova Aliança com o homem. Essa é uma das maiores
demonstrações da bondade divina. E quando compreendermos que
isso estava no coração de Deus desde a fundação do mundo, a
alegria nos inundará.
Algum tempo atrás, eu estava meditando no Salmo 139, nos
versículos que dizem:
E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos!
Quão grandes são as somas deles! Se as contasse,
seriam em maior número do que a areia; quando acordo
ainda estou contigo. (Sl 139.17,18 – ACF)
Deus não está irado com você nem tem pensamentos maus a seu
respeito, ao contrário, eles são preciosos. Precioso significa
“altamente valorizado e conceituado”. Os pensamentos que Deus
tem a seu respeito não são apenas altamente valorizados e
conceituados, mas também são tantos que você jamais conseguiria
contá-los.
Davi era um homem que conhecia o deserto. Imagino que quando
ele começou a meditar sobre a bondade de Deus e olhou para o
deserto ao seu redor, onde não havia nada além de areia, teve a
impressionante revelação sobre os pensamentos bons que Deus
tinha a respeito dele, comparando-os com a quantidade de areia
que ele via.
A APARENTE CONTRADIÇÃO
Quando lemos essa passagem, deixei propositalmente a última
parte de fora para só agora falar sobre ela. Depois de descrever seu
caráter glorioso no versículo 7, Deus continua com a seguinte
declaração: “[...]que ao culpado não tem por inocente; que visita a
iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a
terceira e quarta geração”.
Por muitas vezes, já ouvi cristãos declarando isso fora de
contexto para justificar a bagunça em que sua vida se encontra.
Eles dizem que seu pai, avô ou bisavô deve ter cometido algum
pecado e, agora, Deus está visitando a iniquidade deles e julgando-
os pelo pecado de seus ancestrais. Que terrível teologia da Velha
Aliança! Em Cristo, todas as maldições hereditárias já passaram e
tudo se fez novo.
Vamos analisar essa aparente contradição que, na verdade, não
tem nada de contraditório. Deus nos mostrou claramente,
descrevendo-se em sete atributos incríveis, que Ele é compassivo,
amigável, paciente, terno, confiável, que não se ira facilmente e
perdoa incondicionalmente. Veja o que diz o sétimo atributo: “[...]que
perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado”. Logo após dizer
isso, Ele acrescenta: “[...]que ao culpado não tem por inocente; que
visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos
filhos até a terceira e quarta geração”.
Como Deus pode, primeiro, dizer que é tão bom e perdoador, e
imediatamente acrescentar que ao culpado não tem por inocente?
Se nós, de livre e espontânea vontade, escolhermos rejeitar esse
Deus maravilhoso, sua bondade e perdão, então nada mais resta a
não ser a Lei pela qual devemos ser julgados. Deus jamais quer que
alguém prove da sua ira, que sua natureza santa exige que seja
derramada sobre o pecado. Só o que Deus sempre quer que
experimentemos é sua misericórdia, bondade e perdão. Se,
contudo, escolhermos rejeitar sua bondade, então, com o coração
partido, Ele tem que observar enquanto sofremos as consequências
da nossa terrível escolha, que é o julgamento.
Mas, espere! Há outra linda parte dessa história. Deus diz que Ele
jamais tem o culpado por inocente, e como já concordamos que Ele
é bom, compassivo e perdoa tudo, quer dizer que diante dele, as
pessoas já não são mais culpadas, a menos que rejeitem seu
incrível amor e perdão. Ninguém mais precisa ser culpado aos olhos
do nosso amoroso Deus, todos podem ser perdoados. Você
consegue enxergar como a religião e a leitura da Bíblia com as
lentes da Velha Aliança têm distorcido a imagem do nosso amado
Deus e feito dele um Deus irado e punitivo, que Ele absolutamente
não é?
Existem duas maneiras de rejeitar a bondade e o perdão de
Deus: declarando abertamente que não queremos recebê-lo, o que
cristão algum jamais faria; ou através da justiça própria, uma
maneira muito mais sutil, que é uma tentativa de obter a bondade ou
o perdão de Deus por mérito próprio. Uma vez que a glória de Deus
só pode ser recebida como um dom gratuito, se tentarmos merecê-
la, então já a rejeitamos.
8
UMA COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS
ALIANÇAS
A DIFERENÇA RADICAL
A diferença entre a Velha e a Nova Aliança não é apenas um
aprimoramento, mas uma transformação total. A mudança sob a
Nova Aliança foi tão grande que as pessoas que se relacionam com
Deus com base na Velha Aliança normalmente têm dificuldade em
aceitar totalmente a Nova.
Qual é a condição para as duas alianças?
Já mencionei isso, mas quero garantir que você realmente
entenda essa verdade tão importante, já que ela é a diferença mais
radical entre as duas alianças. Qual é a condição exigida por essas
duas alianças? A Velha Aliança exigia que o homem obedecesse à
Lei, enquanto a Nova Aliança requer somente a fé na obra
consumada de Cristo. Essa é uma diferença muito radical, pois
também significa que Cristo cumpriu a Lei por nós para que
ficássemos livres da maldição da lei. Veja estes dois versículos:
Agora, se ouvirdes a minha voz e obedecerdes à minha
aliança, sereis como meu tesouro pessoal dentre todas
as nações, ainda que toda a terra seja minha
propriedade. (Êx 19.5)
Jesus transformou-se, por essa razão, na garantia de
uma aliança superior. (Hb 7.22)
Sob a Velha Aliança, você tinha que obedecer à Lei para ser o
tesouro pessoal de Deus. Sob a Nova, na qual a única condição é
crer que Cristo selou essa aliança, nós somos seu tesouro pessoal
simplesmente porque estamos em Cristo. Relembrando, a aliança é
o modo como Deus se relaciona conosco. Não importa o que
façamos, Cristo selou a aliança por nós; é por isso que Deus se
relaciona conosco somente através da obra consumada de seu filho,
que agora nos fez o tesouro pessoal do Pai, independentemente do
que fizermos. Bastaria essa verdade para nos fazer pular de alegria
o dia todo, não é mesmo? O Criador do universo, que é todo-
poderoso e pleno dos sete maravilhosos atributos que já vimos,
decidiu que a partir de agora você e eu somos o tesouro dele, e
essa é a única maneira pela qual Ele se relacionará conosco para
sempre, e jamais espera que nos relacionemos com Ele de outra
forma.
Escrevo este capítulo dentro de um avião que partiu de
Johanesburgo, África do Sul, a caminho de Lusaka, Zâmbia. Estou
muito cansado, pois estou viajando há quase 24 horas, mas
passando por duas experiências maravilhosas. Mal posso conter a
alegria que explode em meu coração enquanto escrevo sobre essa
verdade incrível da Nova Aliança. E a outra experiência é em
relação a um dos comissários a bordo. Vejo claramente que ele é
homossexual e, naturalmente falando, a homossexualidade é algo
que me desagrada totalmente. Contudo, enquanto escrevo sobre
esse incrível aspecto da Nova Aliança, meu coração está se
enchendo do amor e da compaixão de Deus por esse homem, e
estou orando para que o maravilhoso amor de Deus o alcance.
Quando o coração dele for conquistado por esse amor, ele ficará tão
satisfeito que não precisará de nenhum outro amor humano
pervertido.
EXTERIOR OU INTERIOR?
A Velha Aliança focava o exterior, enquanto a Nova Aliança foca o
interior. Na Velha Aliança tudo estava relacionado ao
comportamento exterior, enquanto na Nova Aliança tudo tem a ver
com o coração. É interessante que, sob a Lei, o foco não está nas
intenções e motivações do coração, mas sim no comportamento
exterior. Sob a Nova Aliança, porém, Deus não está exigindo uma
mudança de comportamento sem uma mudança de coração, que é
obra da sua graça, pois o Espírito de Deus cria um novo coração
nos crentes da Nova Aliança. A palavra traduzida como
transformação na Nova Aliança (veja Rm 12.2; 2Co 3.18) vem da
mesma raiz da palavra metamorfose, que não fala de uma
modificação qualquer, mas de uma mudança radical e completa.
ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
Escravidão e liberdade são duas palavras completamente
opostas. A Velha Aliança, é claro, trouxe escravidão, enquanto a
Nova Aliança trouxe liberdade, como podemos ver nos versículos a
seguir.
Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Portanto,
permanecei firmes e não vos sujeiteis outra vez a um
jugo de escravidão. (Gl 5.1)
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo
8.32)
Assim sendo, se o Filho vos libertar, sereis
verdadeiramente livres. (Jo 8.36)
Precisamos entender que não existe liberdade do pecado sob a
Velha Aliança; só podemos experimentá-la sob a Nova Aliança.
PERFEIÇÃO E IMPERFEIÇÃO
Não importa o quanto nos esforcemos, sob a Lei jamais
poderemos nos tornar perfeitos diante de Deus. Muitas pessoas que
lutam contra o perfeccionismo não entendem que existe uma
liberdade absoluta para elas sob a Nova Aliança, pois o próprio
Cristo se torna a nossa perfeição. Ser aperfeiçoado é fácil: basta
abrir mão do seu perfeccionismo compulsivo e, com uma fé simples,
entregá-lo a Deus, crendo e declarando que Deus olha para você e
está satisfeito com você porque Ele o vê perfeito em Cristo.
[...]pois a Lei jamais conseguiu aperfeiçoar nada, sendo,
portanto, estabelecida uma esperança muito superior, por
meio da qual temos pleno acesso a Deus. (Hb 7.19)
Estais tão enlouquecidos assim, a ponto de, tendo
começado pelo Espírito de Deus, estar desejando agora
vos aperfeiçoar por meio do mero esforço humano? (Gl
3.3)
O problema com os gálatas foi que eles entraram na Nova
Aliança pela fé e depois começaram a misturar elementos da Velha
Aliança na sua vida sob a Nova. Paulo disse que era loucura tentar
se aperfeiçoar sob a Velha Aliança. Amo este versículo de
Colossenses:
A Ele, portanto, proclamamos, aconselhando e
ensinando a cada pessoa, com toda a sabedoria, para
que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. (Cl
1.28)
Em 2 Coríntios 3, Paulo nos mostra várias diferenças entre a
Velha e a Nova Aliança. Esse capítulo trata especificamente da
comparação entre essas duas alianças, e para ter um bom
panorama do assunto, eu o aconselho enfaticamente a ler todo ele.
No versículo 5, vemos que, sob a Velha Aliança, a capacidade vinha
de cada um, mas na Nova Aliança, ela vem de Deus:
Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base
em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade
vem de Deus. (2Co 3.5)
No original grego, a palavra traduzida aqui como méritos significa
capacidade. Sob a Velha Aliança, tudo dependia da capacidade da
própria pessoa; enquanto, na Nova Aliança, tudo depende da
capacidade de Deus. É por isso que somos mais que vencedores
(veja Rm 8.37) e podemos todas as coisas (veja Fp 4.13) sob a
Nova Aliança.
No verso 6, vemos que a Velha mata, e a Nova vivifica:
Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do Espírito; porquanto a letra
mata, mas o Espírito vivifica! (2Co 3.6)
Não há vida sob a Velha Aliança. As pessoas mais tristes e
infelizes que já encontrei em toda a minha vida não eram pessoas
que estavam passando por circunstâncias difíceis, mas aquelas que
viviam na escravidão da religião e da Velha Aliança. Elas estão
vivas, mas não expressam uma vida abundante.
Paulo continua sua comparação no verso 9, dizendo que a Velha
traz condenação enquanto a Nova traz justificação:
Ora, se o ministério que trouxe a condenação era
glorioso, quanto mais ainda será o ministério que produz
a justificação! (2Co 3.9)
A condenação é terrível. As pessoas que vivem debaixo de
condenação sofrem uma dor interior imensa. Os hospitais
psiquiátricos estão repletos de gente cheia de culpa, que é uma
expressão da condenação. Se você luta contra a culpa, a vergonha,
o medo e a condenação, é bem provável que esteja tentando se
relacionar com Deus baseado na Velha Aliança, pois a Bíblia nos diz
que, sob a Nova Aliança, estamos livres de toda condenação (veja
Rm 8.1). É somente através da Nova Aliança que somos libertos
dela por meio da justificação de Cristo.
ARGUMENTOS BÍBLICOS
Aqui vão alguns argumentos bíblicos que lhe mostram que a
Nova Aliança não é entre você e Deus, mas especificamente entre
Jesus e Deus. Primeiro, não encontramos uma só promessa em
toda a Bíblia que mencione uma aliança direta feita entre Deus e os
gentios. Nós, cristãos que não somos judeus por nascimento,
éramos gentios antes de sermos salvos. Isso pode parecer meio
confuso, já que uma aliança é um compromisso entre duas partes e
a Bíblia fala muito sobre a Nova Aliança. Além disso, os capítulos
que coloquei neste livro até agora foram para lhe mostrar a
maravilhosa Nova Aliança que foi feita para nós, e agora eu digo
que não existe compromisso ou aliança entre Deus e nós?!
Deixe-me explicar. É claro que existe uma Nova Aliança, e ela é a
verdade mais impressionante de toda a Bíblia. Mas o aspecto mais
importante é que ela não foi feita diretamente entre nós e Deus; ela
foi feita entre Deus e Jesus Cristo, e entramos nela somente pela fé.
Você se lembra do texto de Jeremias 31, no qual Deus anunciou
a Nova Aliança e os três fatos novos que fariam parte dela? Quero
relembrá-lo do que ele disse: “[...]esta é a aliança que farei com a
casa de Israel e a casa de Judá”. Deus está se dirigindo a Israel
através do profeta Jeremias, e não a nós, gentios. Esse fato gerou
muitos problemas e confusão na igreja primitiva, pois os judeus se
recusavam a aceitar que existe uma aliança entre Deus e os
gentios. Como já vimos, Deus teve que se esforçar muito para
convencer Pedro de que existe uma Nova Aliança envolvendo os
gentios.
Muitos cristãos têm grande dificuldade em aceitar esse fato
porque é um mistério e não está escrito claramente na Bíblia.
Quando eu o descobri, meu coração explodiu de alegria. De
repente, entendi que minha aliança com meu Deus era totalmente
segura porque ela não dependia de mim, mas de Deus Pai e de seu
filho Jesus Cristo. Nenhum dos dois jamais quebrará essa aliança,
porque ambos são fiéis por natureza. Portanto, nada do que eu fizer
afetará esse relacionamento de aliança, não importa o que seja.
Vou repetir mais uma vez: aliança é um compromisso entre duas
pessoas que define a maneira como se relacionarão entre si. Meus
erros não alterarão a maneira como Deus se relaciona comigo, já
que, por um compromisso legal, Ele só pode se relacionar comigo
de acordo com quem eu sou em Cristo Jesus. Ele sempre me
tratará da mesma maneira que Ele trata Jesus, seu filho amado.
Como a Nova Aliança não é uma continuação nem uma
renovação da Velha Aliança, que foi totalmente abolida em Cristo,
mas segue a mesma linha da Aliança Abraâmica, devemos observar
o que a Bíblia diz sobre nosso (do crente gentio) relacionamento
com Abraão. Leia com atenção o trecho bíblico a seguir.
Estejais certos, portanto, de que os que são da fé,
precisamente estes, é que são filhos de Abraão! (Gl 3.7)
E a Escritura, prevendo que Deus iria justificar os não-
judeus pela fé, anunciou com antecedência as boas
novas a Abraão: “Por teu intermédio, todas as nações
serão abençoadas”. (Gl 3.8)
Desse modo, os que são da fé são abençoados
juntamente com Abraão, homem que realmente creu. (Gl
3.9)
Isso aconteceu para que a bênção de Abraão chegasse
também aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que
recebêssemos a promessa do Espírito Santo pela fé. (Gl
3.14)
Desse mesmo modo, as promessas foram feitas a
Abraão e ao seu descendente. A Escritura não declara:
“E aos seus descendentes”, como se referindo a muitos,
mas exclusivamente: “Ao seu descendente”, transmitindo
a informação de que se trata de uma só pessoa, isto é,
Cristo. (Gl 3.16)
E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão
e plenos herdeiros de acordo com a Promessa. (Gl 3.29)
Nesses versículos, podemos ver que entramos na bênção da
Nova Aliança da mesma forma que Abraão entrou: somente pela fé.
O texto bíblico da carta aos gálatas liga todos nós, os crentes
gentios, diretamente à aliança com Abraão. Vejamos outros
versículos importantes também, mas agora na carta aos hebreus:
Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si
mesmo, tendo em vista não haver outro maior por quem
jurar e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e farei
numerosos os seus descendentes”. Sendo assim,
havendo Abraão esperado com paciência certeira,
alcançou a promessa. Ora, os homens juram por quem é
maior que eles, e para eles o juramento confirma a
palavra empenhada, pondo fim a toda discussão. Do
mesmo modo, Deus, querendo demonstrar de forma
mais clara aos herdeiros da promessa a imutabilidade de
seu propósito, interveio com juramento, para que nós,
que nos refugiamos no acesso à esperança proposta,
sejamos grandemente encorajados por meio de duas
afirmações imutáveis, nas quais é impossível que Deus
minta. Essa esperança é para nós como âncora da alma,
firme e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário
interior, por trás do véu, onde Jesus adentrou por nós,
como precursor, tornando-se sumo sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Hb 6.13-
20)
Esse trecho explica claramente que a Nova Aliança está
diretamente ligada à Aliança Abraâmica. O autor começa no
versículo 13 apenas falando sobre Abraão e sua aliança, mostrando
que Deus a fez jurando por si mesmo. No verso 17, ele nos insere
nela – nós, os gentios –, chamando-nos de herdeiros da promessa,
como somos chamados no trecho que vimos da carta aos gálatas.
Os versos 19 e 20 subitamente mudam da Aliança Abraâmica para
a Nova Aliança. Sem nenhuma explicação, o autor está nos dizendo
que nossa aliança é tão segura e firme porque o próprio Jesus
entrou no Santo dos Santos como nosso Sumo Sacerdote, e Ele fez
isso para selar a Nova Aliança.
13
A ALIANÇA ENTRE O PAI E O FILHO
Neste capítulo, mostrarei mais provas de que a Nova Aliança foi
feita entre Deus Pai e seu filho Jesus Cristo. A primeira evidência
dessa aliança é que nem um só escritor do Novo Testamento fala
sobre os cristãos entrando diretamente numa nova aliança com
Deus.
Quando Deus fez uma aliança com o povo de Israel, eles sabiam
exatamente o que estava acontecendo. Houve uma cerimônia, a
aspersão do sangue, os termos da aliança foram definidos
claramente, e eles responderam afirmativamente àquela aliança.
Mas em lugar algum do Novo Testamento, vemos uma cerimônia ou
ato assim ligado à Nova Aliança. A primeira menção à Nova Aliança
no Novo Testamento é quando Jesus a anuncia durante a última
ceia, pouco antes da crucificação. Naquela noite não houve
cerimônia, derramamento de sangue nem resposta exigida dos
discípulos. Foi simplesmente um anúncio do que estava para
acontecer. Se Deus tivesse feito uma Nova Aliança diretamente
conosco, os cristãos, como em toda aliança, teria que haver uma
cerimônia, ou um ato, e uma resposta. Em algum ponto, um cristão
teria que ter participado disso, representando todos os cristãos que
fazem parte da Nova Aliança. Mas isso nunca aconteceu, portanto,
acredito que Deus nunca fez uma Nova Aliança diretamente
conosco, e sim com seu filho Jesus, e somos incluídos nela pela fé.
Talvez isso pareça insignificante para você, mas é muito
importante, porque a aliança define a maneira como Deus se
relaciona conosco e como nós nos relacionamos com Ele. Como ela
foi feita com Jesus e somos incluídos nela pela fé, tudo o que temos
que fazer é crer que estamos “em Cristo” e todos os benefícios da
aliança nos pertencem. Mais à frente, explicarei esse aspecto com
mais detalhes.
A próxima evidência está em Apocalipse:
Nesse momento, se abriu o santuário de Deus nos céus,
e ali foi observada a arca da Aliança. Houve relâmpagos,
vozes, trovões, um grande terremoto e um forte temporal
de granizo. (Ap 11.19)
Aqui vemos que a Arca da Aliança é conhecida no céu. Se a
Nova Aliança fosse diretamente entre nós, isto é, a Igreja, e Deus,
então Ele teria nos dado uma arca dessa Nova Aliança. Mas como
ela foi feita entre Deus e Jesus, a Arca da Aliança agora está no
céu. A carta aos hebreus descreve claramente a cerimônia no céu:
Quando Cristo chegou como Sumo Sacerdote dos
benefícios que estavam por vir, Ele mesmo adentrou o
maior e mais perfeito Tabernáculo, não construído por
mãos humanas, isto é, não pertencente a esta criação.
Não por intermédio de sangue de bodes e novilhos,
porém mediante seu próprio sangue, Ele entrou no Santo
dos Santos, de uma vez por todas, conquistando a eterna
redenção. (Hb 9.11,12)
O autor está falando da ratificação da Nova Aliança que nosso
Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, fez. Fala sobre um tabernáculo mais
perfeito, que não foi feito por mãos e não é desta criação. O próprio
Jesus, após a sua morte na cruz, entrou no céu com seu sangue
perfeito e selou a Nova Aliança entre Ele e Deus.
A terceira prova está na oração sacerdotal citada em João 17.10:
“Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu; e neles Eu Sou
glorificado”. Devemos nos lembrar de que Jesus vivia na cultura
hebraica, que compreendia as alianças. A maneira como Ele se
dirigiu ao seu Pai não foi como numa conversa normal entre pai e
filho. Um filho não tinha tudo o que o pai tinha; ele só poderia
requerer aquilo que era legalmente a sua parte da herança. Aqui,
Jesus disse que tudo o que pertencia a Deus pertencia a Ele
também, mostrando claramente uma linguagem de aliança. Quando
duas pessoas entravam em aliança, já não havia mais separação
entre o que pertencia a uma e a outra. Já que a Nova Aliança foi
firmada antes da fundação do mundo, Cristo podia dizer ao seu Pai
que tudo o que era dele era de Deus, e tudo o que era de Deus era
dele.
Talvez você diga: “Bem, Jesus era Deus, então, é claro que tudo
o que pertencia ao seu Pai lhe pertencia também”. Mas espere um
minuto, querido amigo. Jesus fez essa oração enquanto vivia na
terra, como homem, e não tinha acesso à sua divindade. Veja o que
está escrito em Filipenses:
[...]mas, pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,
assumindo plenamente a forma de servo e tornando-se
semelhante aos seres humanos. (Fp 2.7)
A palavra grega original foi traduzida aqui no seu sentido literal,
que é “esvaziar-se”, e em se tratando de Cristo, significa que Ele
deixou de lado o ser igual a Deus ou a sua forma divina. Como
Jesus esvaziou-se de toda a sua divindade, tudo o que pertencia ao
Pai não lhe pertencia simplesmente porque Ele era Deus, mas
porque eles fizeram uma aliança desde a fundação do mundo,
apenas por amor a mim e a você.
O PROFETA ISAÍAS
Os vários profetas do Antigo Testamento vislumbraram a Nova
Aliança. Vimos anteriormente que, no caminho de Emaús, Jesus
usou Moisés e os profetas para ensinar sobre si mesmo e a Nova
Aliança. Nenhum dos profetas teve uma revelação mais clara do
que a que Isaías recebeu a respeito desse assunto. A maioria dos
cristãos conhece e aprecia o capítulo 53 do livro de Isaías, e
inúmeras pessoas, como o eunuco etíope mencionado em Atos 8,
encontraram Cristo através dessa passagem e entraram na Nova
Aliança. Milhões de pessoas se levantaram do seu leito de morte ou
enfermidade declarando um dos versículos desse capítulo, que diz:
“Mas, de fato, ele foi transpassado por causa das nossas próprias
culpas e transgressões, foi esmagado por conta das nossas
iniquidades; o castigo que nos propiciou a paz caiu todo sobre ele, e
mediante suas feridas fomos curados” (Is 53.5).
Infelizmente, não entendemos bem várias passagens na Bíblia
simplesmente por causa das divisões dos capítulos e versículos.
Não foi Deus ou os escritores que as colocaram, mas os homens
que traduziram os originais, para que pudéssemos ter pontos de
referência e conseguíssemos encontrar as coisas com mais
facilidade. Porém, muitas vezes, essas divisões foram colocadas em
lugares em que elas não deveriam existir, dificultando a
compreensão de todo o contexto. Portanto, de acordo com uma das
maiores regras de interpretação da Bíblia, devemos olhar para tudo
nas Escrituras dentro do contexto adequado.
Sem dúvida, é bem evidente que o capítulo 53 de Isaías fala
sobre a morte e a crucificação de Jesus. Ele descreve uma imagem
muito clara e detalhada do que aconteceria, e de fato aconteceu, na
cruz. Também não há dúvida de que através do que aconteceu na
cruz, recebemos a Nova Aliança. No contexto dessa revelação
profética da crucificação, a Nova Aliança também é mencionada.
Vejamos o que está escrito em Isaías 54, que fala sobre duas
alianças: a aliança com Noé e a Nova Aliança.
Porque isto será para mim como as águas de Noé; pois
jurei que as águas de Noé não passariam mais sobre a
terra; assim jurei que não me irarei mais contra ti, nem te
repreenderei. Porque os montes se retirarão, e os
outeiros serão abalados; porém a minha benignidade não
se apartará de ti, e a aliança da minha paz não mudará,
diz o Senhor que se compadece de ti. (Is 54.9,10 – ACF)
Com quem Deus estava irado em Isaías 53? Qual era o contexto
dessa afirmação? A resposta é óbvia: com seu filho Jesus. Na cruz,
Jesus se tornou pecado por nós, por isso Ele teve que enfrentar a
ira de Deus por nós. Aqui vemos a bela linguagem de aliança,
quando Deus diz: “assim jurei que não me irarei mais contra ti”.
Deus está dizendo que, por toda a eternidade, essa aliança de paz
jamais será retirada.
Voltando um pouco no capítulo 54, lemos que Deus escondeu sua
face por um momento:
Por um breve momento te deixei, mas com grandes
misericórdias te recolherei; com um pouco de ira escondi
a minha face de ti por um momento; mas com
benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor,
o teu Redentor. (Is 54.7,8 – ACF)
No contexto desse versículo, de quem Deus escondeu sua face?
Como ele falava da crucificação no capítulo anterior, fica claro que
Deus escondeu sua face de Jesus. Deus também disse a Jesus
que, depois daquele breve momento de sofrimento e rejeição,
haveria uma aliança eterna entre os dois, o que significa que a Nova
Aliança é entre Deus e Jesus. Logo lhe mostrarei, em um dos
capítulos à frente, que isso é de suma importância para que você
tenha uma vida de vitória.
Em Isaías 53, vemos uma descrição detalhada não só do
sofrimento de Jesus, mas também do momento em que Ele
experimentou a ira de Deus. No versículo 10, lemos que Deus fez
com que Jesus sofresse e que agradou ao Senhor moê-lo. Contudo,
analisando o capítulo seguinte dentro deste contexto, vemos que
quando Jesus estava enfrentando a ira de Deus, o próprio Deus
jurou que, por causa da sua aliança de paz, jamais ficaria irado com
Jesus novamente, nem o repreenderia. Comparando essa
passagem de Isaías 54.9, na qual Ele fala sobre a aliança de paz,
com Hebreus 7.20-22, vemos que Deus usou o mesmo termo nas
duas:
[…]aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas
este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o
Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque; de
tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. (Hb 7.20-22 –
ACF)
Aqui Deus diz que Ele jurou que Jesus é o sacerdote eterno e a
garantia da aliança superior, que é a Nova Aliança. Em Isaías 54,
Deus também jurou que não haveria mais ira e que a aliança de paz
duraria para sempre. Vemos, nesses dois capítulos de Isaías, que a
aliança foi feita entre Deus e seu Filho, que entraram nessa aliança
eterna a fim de redimir a humanidade. Os termos da aliança foram
claramente definidos: o Filho pagaria o preço do sofrimento,
entregando sua vida por nós; o Pai aceitaria o sacrifício, sua ira
seria aplacada, e Ele recompensaria Jesus com a salvação da
humanidade e nos dando a Ele como sua linda noiva. Leia os
versículos a seguir e você verá a Nova Aliança entre Jesus e Deus:
Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens,
homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e,
como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas
ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e
moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras
fomos sarados. (Is 53.3-5 – ACF)
Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará
satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo,
justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará
sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os
poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a
sua alma na morte, e foi contado com os transgressores;
mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu
pelos transgressores. (Is 53.11,12 – ACF)
Jesus jamais foi morto na cruz; Ele voluntariamente entregou sua
vida e entrou nessa aliança com seu Pai. Esse foi o plano de um
Deus incrivelmente amoroso, que ficou oculto por eras e foi revelado
pelo Espírito Santo. Por favor, não limite o propósito da morte de
Jesus na cruz apenas ao perdão dos pecados e à cura do seu
corpo. Lembre-se sempre de que ela foi o selo de uma aliança
eterna entre Deus e Jesus Cristo.
UM ÚLTIMO ARGUMENTO
Alguns argumentam que o profeta Jeremias diz que a Nova
Aliança é entre Deus e Israel, porém, os escritores do Novo
Testamento entenderam que Jesus era o novo Israel. Eu lhe
mostrarei três versículos que provarão que, no Novo Testamento,
Israel simboliza Jesus. O primeiro está em Êxodo:
Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu
filho, meu primogênito. E eu te tenho dito: Deixa ir o meu
filho, para que me sirva[...] (Êx 4.22,23a – ACF)
Se eu lhe perguntasse quem Deus está chamando de filho aqui,
você diria seguramente: “Israel”. A resposta está certa: Deus
chamou Israel para sair do Egito e disse a Faraó que ele tinha de
deixá-lo ir. E Deus chamou Israel de seu filho.
O segundo versículo está no livro do profeta Oseias:
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei
a meu filho.” (Os 11.1 – ACF).
Agora vamos fazer o mesmo novamente. Minha pergunta é: de
quem Deus está falando aqui através da boca do profeta Oseias?
Sem dúvida sua resposta seria novamente “Israel”. Desta vez, eu
lhe perguntaria: você tem certeza de que Deus está falando sobre
Israel? Parece exatamente a mesma citação do que aconteceu em
Êxodo 4, em que Ele estava falando sobre Israel. Deus chamou
Israel de seu filho e o chamou para sair do Egito. Vamos juntá-los a
um terceiro versículo, que está no evangelho de Mateus.
José se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a
noite, e partiu para o Egito. E esteve lá até a morte de
Herodes. E assim se cumpriu o que o SENHOR tinha dito
através do profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. (Mt
2.14,15)
O que Mateus quis dizer ao citar Oseias e dizer que Jesus
cumpriu essa palavra? Ele disse claramente “Do Egito chamei o
meu filho”, mas Oseias acrescenta que Israel era o filho. Aqui vemos
as peças se encaixando de novo, e o mistério sendo revelado. Eles
entendiam que Jesus era Israel, e este é meu argumento final de
que a Nova Aliança, que Jeremias disse que foi feita entre Deus e
Israel, foi feita entre Jesus e Deus, já que Jesus representa Israel.
14
E NÓS?
Agora que a imagem dessa incrível Nova Aliança está ficando
mais clara, surge uma pergunta importante: como tudo isso se
aplica a nós e funciona no nosso dia a dia? Pelos próximos
capítulos, não só responderei a essa pergunta, mas farei isso da
maneira mais prática possível, a fim de que você experimente e
ande nessa maravilhosa verdade da Nova Aliança. Primeiro, vamos
dar uma olhada em mais um aspecto importante.
O ANÚNCIO DE JESUS
Se realmente compreendêssemos o que aconteceu na última ceia
e a importância desse sacramento maravilhoso, creio que o
celebraríamos mais vezes. Em Mateus 26, lemos sobre os últimos
momentos da vida de Jesus, quando Ele estava junto com seus
discípulos:
No primeiro dia da festa dos Pães Asmos, os discípulos
aproximaram-se de Jesus e o consultaram: “Onde
desejas que preparemos a refeição da Páscoa?” Ao que
Jesus os orientou: “Ide à cidade, procurai um certo
homem e falai a ele: ‘O Mestre manda dizer-te: É
chegada a minha hora. Desejo celebrar a Páscoa em tua
casa, juntamente com meus discípulos.’” Os discípulos
fizeram como Jesus lhes havia instruído e prepararam a
Páscoa. (Mt 26.17-19)
Jesus estava celebrando a Páscoa, que era uma festa judaica em
memória da libertação dos hebreus do Egito. Tenho certeza de que
você conhece a história das dez pragas que Deus enviou sobre os
egípcios. Depois de Faraó obstinadamente se recusar a deixá-los ir,
Deus lhe deu um ultimato, e fez algo que foi uma sombra da Nova
Aliança. Eles tinham que matar um cordeiro inocente, passar o
sangue nos umbrais das portas e comer a carne. Naquela noite, o
anjo do Senhor passou pelo Egito e matou todos os filhos
primogênitos em todas as casas que não tinham o sangue nos
umbrais. Que grande vitória para o povo de Israel que finalmente
teve permissão para sair da escravidão do Egito!
Os judeus celebravam a Páscoa uma vez ao ano para se
lembrarem daquela noite de libertação. Era uma prática comum que
Jesus também tinha com seus discípulos. E era essa época do ano
novamente quando os discípulos perguntaram a Jesus: “Onde
desejas que preparemos a refeição da Páscoa?” No meio dessa
cerimônia, enquanto eles comiam, celebrando uma vitória do
passado, Jesus fez algo profético que os discípulos não entenderam
naquele momento. Ele anunciou a gloriosa Nova Aliança que estava
prestes a acontecer. Lemos essa história no evangelho de Mateus:
Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-
o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai,
comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e,
tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei
dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da
[nova] aliança, derramado em favor de muitos, para
remissão de pecados. (Mt 26.26-28 – RA)
Esse anúncio foi tão novo e tão radical que eles não conseguiram
entender. Depois de lhes dizer para comerem o pão, que era o seu
corpo, Ele então pegou o cálice e disse a todos para beberem dele,
pois era o sangue da Nova Aliança. O próprio Jesus foi castigado,
ferido, dilacerado, e seu sangue foi derramado para que essa Nova
Aliança entre Ele e Deus pudesse ser ratificada.
Recomendo enfaticamente que todo crente na Nova Aliança tome
a Ceia do Senhor diariamente. Se você for casado, tome-a com seu
cônjuge. Se tiver família, tome com ela. Se nenhuma dessas opções
for possível, chame alguns amigos e tome a ceia com eles, ou você
pode até tomá-la sozinho. Mas não faça isso como um ritual ou
exercício religioso. Faça com o conhecimento pleno da incrível Nova
Aliança que agora pertence a você.
Quando viajo, geralmente carrego algumas bolachas e uma
garrafinha com um pouco de vinho, e à noite, antes de me deitar,
tomo a Ceia do Senhor sozinho. Já tive experiências maravilhosas
ao fazer isso. Amo levantar a taça de vinho para o céu e agradecer
a Jesus pelo sangue da Nova Aliança. Lembre-se, na noite em que
foi traído, Jesus disse que o vinho era o seu sangue, o sangue da
Nova Aliança.
A UNIÃO SOBRENATURAL
Uma chave para compreender a Nova Aliança e desfrutar de
todos os seus benefícios é entender totalmente a união
sobrenatural. Pela fé na obra consumada da cruz de Jesus Cristo,
nós nos tornamos totalmente unidos a Cristo e entramos numa
união sobrenatural com Ele, a qual nos faz participantes de todos os
benefícios dessa aliança. Através dessa união, aconteceram duas
mudanças importantes: tudo o que pertence a Jesus agora também
nos pertence; e Deus se relacionará conosco apenas através de
quem somos em Cristo. Subitamente, habitar em Cristo passa a ter
um significado totalmente novo, profundo e importante. Expressões
como “Em Cristo” ou “nEle” são palavras-chave na Nova Aliança e
aparecem 88 vezes no Novo Testamento. Incentivo e desafio você a
estudar atentamente o Novo Testamento e descobrir todas as vezes
em que uma dessas expressões é usada.
Quando eu era jovem, peguei uma Bíblia novinha e circulei cada
ocorrência de uma dessas duas expressões acima. Devemos ter
sempre em mente que apenas através da apropriação pela fé é que
as promessas se tornam parte da nossa vida, mas falarei mais
sobre isso depois.
Já que a chave para a Nova Aliança é que Deus a fez com Jesus
e nós entramos nela pela fé, precisamos ter certeza da nossa
identidade em Cristo. Deus não se relacionará conosco baseado em
nosso passado, presente ou futuro. Ele só se relacionará conosco
através de quem nós somos em Cristo, porque a aliança é entre
Deus e Jesus, e precisamos habitar nEle para desfrutar de todos os
benefícios maravilhosos dessa aliança.
Habitar nEle não tem nada a ver com as nossas obras, mas com
descansar na obra consumada da cruz. Isso significa que
acreditamos firmemente em nosso coração que no dia em que nos
arrependemos dos nossos pecados e cremos na morte de Jesus
pelos nossos pecados, entramos nessa união sobrenatural e agora
somos um com Ele. Nós estamos em Cristo, e Cristo está em nós!
Veja o que está escrito em Colossenses:
[...]a quem Deus, entre os que não são judeus, aprouve
dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério, isto
é, Cristo em vós, a esperança da glória! (Cl 1.27)
Cristo em você! Que verdade maravilhosa! Junte a isso o fato de
que Ele não o deixará, nem mesmo se você pecar, porque Ele
prometeu que jamais nos abandonará nem nos desamparará (veja
Hb 13.5). O pecado em nossa vida não interrompe nosso
relacionamento com Deus, entretanto, atrapalha a nossa intimidade
com Ele. Deus mantém sua aliança, mas, quando pecamos, nossa
intimidade com Ele é interrompida, não porque Ele a tenha
interrompido, mas porque nosso próprio coração é afetado pelo
pecado, e Deus se relaciona conosco de coração para coração.
Como Deus fez sua aliança eterna com Jesus e não diretamente
conosco (só entramos nela por causa da fé), Ele não pode se
relacionar conosco de qualquer outra forma que não seja através de
Cristo. O que aconteceu quando cremos? Fomos inseridos em
Cristo e Cristo foi inserido em nós, como vimos no versículo acima.
Agora, leia, estude e medite cuidadosamente nessa verdade. Deus
só se relaciona conosco através de Cristo, e Cristo tem o favor de
Deus, portanto, também temos o favor de Deus porque estamos em
Cristo. Deus olha para Reinhard (coloque seu nome aqui), mas Ele
não vê Reinhard; Ele vê Jesus, porque eu estou nEle. Já que essa é
a única maneira pela qual Ele pode se relacionar comigo debaixo da
Nova Aliança, porque Ele se comprometeu por juramento, Ele diz:
“Você tem todo o meu favor”.
Então, quando eu me coloco diante de Deus, o diabo aponta para
o que há de errado em meu coração, acusando-me e tentando me
condenar. Deus já me vê em Cristo, mas o diabo me diz: “Você está
em Cristo, mas tem muito lixo dentro de você”. Contudo, Deus olha
para o meu interior e o que Ele vê? De acordo com Colossenses
1.27, que lemos acima, Deus vê Cristo. Então, agora Ele diz: “Cristo
tem meu favor. E como Ele está em você, e você está nEle, não
tenho alternativa a não ser lhe dar favor dobrado, porque tenho uma
aliança com Cristo em você, e também com você em Cristo!”
Mas é claro que se você tentar se relacionar com Deus de
qualquer outra forma que não seja através de Cristo, não poderá
experimentar e desfrutar do favor de Deus. É por isso que, depois
de dizer que estamos em Cristo, Paulo conclui com a seguinte
afirmação: “[...]a fim de que, como está escrito: Aquele que se gloria,
glorie-se no Senhor” (1Co 1.31).
Meu amado amigo, renuncie a todas as suas boas obras que
você quiser usar para se relacionar com Deus. Não use seu
passado, suas realizações, sua vanglória, seu sucesso e seus
fracassos como base do seu relacionamento com o Senhor. Glorie-
se no Senhor, aquele que selou essa aliança eterna! Está
consumado! O antigo Reinhard (o antigo você) não existe mais
porque eu estou em Cristo, como lemos em 2 Coríntios:
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as
coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!
(2Co 5.17)
A palavra novo significa “novidade; sem precedentes; jamais
visto”. Estamos tão unidos a Jesus que podemos dizer que nunca se
viram seres humanos como nós. Infelizmente, muitos cristãos não
acreditam nessa verdade simplesmente porque não a
experimentam. A vida cristã não funciona assim. Sua atitude não
deve ser de dizer “Deus, me mostre e eu acreditarei no Senhor”,
porque é Deus quem estabelece os termos de como devemos nos
relacionar com Ele, e Ele disse: “Creia em mim e eu te mostrarei!”
Nós invertemos a ordem, e é por isso que não experimentamos
muitos dos benefícios maravilhosos da Nova Aliança.
Pouco tempo atrás, estava em outro país e orei por uma moça
que tinha tantas dores e enfermidades que era algo inacreditável.
Quando impus minhas mãos sobre ela para orar por um milagre, o
Espírito Santo me disse que a causa de toda a sua dor e
enfermidade era o excesso de preocupação. Eu queria ser gentil e
amoroso com ela, então não lhe disse o que o Espírito me falara;
em vez disso, perguntei se ela se preocupava muito. Ela me disse
que se preocupava com tudo, até com as mínimas coisas, desde
que acordava de manhã até se deitar à noite. Então eu lhe disse
que Deus havia me mostrado que ela mesma causara sua
enfermidade, e que se eu orasse naquele momento e ela recebesse
um milagre, logo teria problemas novamente por causa da sua
preocupação. Eu disse que lhe ensinaria rapidamente a levar uma
vida sem preocupações, e depois oraria pelo milagre.
O pai dela estava ao meu lado e já foi logo dizendo que ela não
conseguiria evitar a preocupação, porque o problema estava nos
seus genes, era hereditário. Sua mãe se preocupava, sua avó se
preocupava, sua bisavó se preocupava... Coloquei minha mão bem
perto da boca dele e disse algo mais ou menos assim: “Pare! Não
me importa quantas gerações se preocuparam até adoecer. Agora
ela tem novos genes e uma identidade totalmente nova. O novo Pai
dela está no céu e Ele nunca se preocupa com nada. Ela carrega o
DNA dele e tem o direito de experimentar isso”. Orei pela moça, e
ela me disse que sentiu certo alívio. Mas ainda não voltei àquela
região para saber como essa história terminou.
Deus não se relacionará com você baseado no seu passado,
DNA natural, religião, boas obras ou erros. Nessa incrível Nova
Aliança, Ele se comprometeu a se relacionar com você somente
através de Cristo. É somente pela fé que você está em Cristo,
portanto, não vá diante de Deus baseado em nada mais. Quando
você se coloca diante de Deus, Ele vê Jesus, puro, santo, perfeito e
merecedor de cura, provisão, proteção e todas as bênçãos
espirituais. O problema é que as pessoas tentam se relacionar com
Deus de várias maneiras diferentes, só não baseadas em quem elas
são em Cristo! Realmente está consumado!
17
A APROPRIAÇÃO PELA FÉ
Pouco tempo atrás, o Senhor me disse que uma das suas maiores
tristezas é ver seus filhos não se apropriarem pela fé daquilo que
Ele tem para a vida deles. Desde a minha infância, a fé bíblica e
verdadeira é um assunto que me fascina. Mas naquela noite em
particular, o Senhor falou comigo usando a palavra apropriação em
relação à fé, e essa palavra realmente me chamou a atenção. Eu
também percebi um sentimento de urgência, assim como uma
profunda tristeza no coração de Deus. Então, eu lhe pedi para me
explicar melhor.
Quando o Senhor gentilmente começou a abrir seu coração para
mim, comecei a chorar em sua presença. Ele me disse que a falta
de apropriação pela fé na vida dos seus filhos é um ato de desprezo
à cruz do seu Filho. Deus me revelou a intensa dor sofrida na cruz e
o alto preço que seu Filho teve que pagar para que nós pudéssemos
receber tantos benefícios maravilhosos. Quando não nos
apropriamos pela fé é como se esbofeteássemos o rosto de Jesus
enquanto Ele estava pendurado na cruz.
A mentalidade da Velha Aliança era a de que Deus responde à
nossa fé; portanto, a ênfase estava na nossa fé. Na Nova Aliança,
nossa fé é uma resposta à obra consumada da cruz, o que coloca a
ênfase no que Jesus fez, não em nós ou em nossa fé. Na Velha
Aliança, eles acreditavam e esperavam pelo que Deus faria em
resposta à fé deles. Nós, na Nova Aliança, não esperamos por algo
que vai acontecer, mas relembramos, em fé, o que aconteceu há
quase 2000 anos, quando Jesus bradou “Está consumado!”
Apropriar-se pela fé significa ter uma fé que recebe. Receber, na
linguagem da Bíblia, tem um significado diferente do que a maioria
das pessoas tem em mente. Existem palavras diferentes em
hebraico e grego traduzidas na Bíblia como “receber”. Mas quando
se trata de receber algo em oração ou algo que nos pertence, a
palavra usada significa “agarrar com as mãos e não soltar”. Ao nos
apropriamos pela fé, jamais pedimos a Deus para nos dar o que já
nos pertence através da Nova Aliança. Agarramos aquilo pela fé,
expressando-a através de ações de graças, e começamos a agir
como se já tivéssemos o que pedimos, mesmo sem ver a
concretização no mundo natural ou apesar do que vemos com
nossos olhos naturais. Jamais olhamos para os sentimentos ou nos
deixamos influenciar pelas circunstâncias.
Quem se apropria de algo pela fé jamais reclama de nada, porque
entende que a reclamação é um dos maiores sinais de incredulidade
e um comportamento muito destrutivo na vida de um cristão da
Nova Aliança. Se Deus realmente nos deu todas as coisas através
de Cristo, e ainda reclamamos da nossa situação, isso mostra a
atitude de incredulidade no nosso coração. Então, quando ensino
sobre a Nova Aliança, gosto de exortar seriamente as pessoas para
que elas tirem toda reclamação da sua vida.
Deixe-me dar um exemplo para ajudá-lo a entender isso. Em
2004, Deus me disse para deixar tudo o que eu tinha na Áustria,
pegar minha esposa e meus filhos e me mudar para os EUA.
Naturalmente, isso não fazia o menor sentido, já que na Áustria
tínhamos toda a segurança de que precisávamos, e não tínhamos
nada nos EUA. Nós não tínhamos nenhum imóvel para vender,
nenhum dinheiro na poupança, nada de muito valor. Eu não tinha
emprego nos EUA, e tudo parecia totalmente incerto. À medida que
a data da mudança para os EUA se aproximava, e muitas coisas
ainda não tinham sido resolvidas, comecei a ficar um pouco ansioso.
Tentamos achar alguém para alugar o apartamento em que
morávamos, que era de propriedade do governo, para podermos
vender parte dos móveis ao novo inquilino, mas era complicado,
porque as regras e exigências para que alguém pudesse assumir
nosso apartamento eram bem complexas.
Então, certa noite, Deus falou comigo, dizendo que o negócio já
estava fechado, pois Ele já me prometera que nunca me
abandonaria nem me desampararia. Depois daquela noite, nunca
mais fiz outra oração, nem qualquer outra coisa para achar um
inquilino, nem movi um dedo para fazer mais nada acontecer.
Simplesmente louvei ao Senhor pelo negócio fechado, continuei
agradecendo-lhe e agi como se tudo já estivesse resolvido. Alguns
amigos até me chamaram de burro e irresponsável, mas em vez de
tentar resolver meu problema, levei minha linda esposa para passar
três dias na Suíça, para comemorar nosso aniversário de
casamento. E enquanto eu estava na Suíça, Deus
sobrenaturalmente cuidou de tudo, e o caso acabou de forma
absolutamente perfeita. Isso é apropriação pela fé. Se eu tivesse
continuado orando, suplicando a Deus para me ajudar, tentando
resolver tudo, nada teria acontecido. Quando nos apropriamos pela
fé, tomamos posse do que nos pertence através do louvor e das
ações de graças, e então começamos a agir como se tudo já
estivesse resolvido.
Se você realmente quer experimentar a Nova Aliança, é muito
importante que compreenda o que virá nas próximas páginas. Peço
que você leia lentamente, com muita atenção, e medite
continuamente nestas palavras. Talvez você tenha que lê-las várias
vezes. Peça ajuda ao Espírito Santo para entender estas palavras, e
diga-lhe que você deseja experimentar cada aspecto da Nova
Aliança. Peça a Deus o Espírito de sabedoria e revelação, e
também para que ele abra os olhos do seu coração para essas
verdades.
UM EXEMPLO PRÁTICO
No exemplo a seguir, ilustrarei como funciona esta aliança que
Deus fez com seu filho Jesus, na qual somos incluídos pela fé.
Imagine que o presidente dos Estados Unidos faça um contrato
com um amigo dele. Esse contrato inclui não só o seu amigo, mas
qualquer pessoa que seja ou venha a ser membro da família desse
amigo e que tenha o sobrenome dele. Em tal contrato, o presidente
garante que, com toda autoridade e poder dos Estados Unidos da
América, seu amigo terá toda proteção, riqueza, segurança,
assistência à saúde e todos os benefícios imagináveis. Ele assina o
contrato com o selo do Governo dos Estados Unidos, o que significa
que ele não pode ser quebrado.
Seu amigo se muda para a Casa Branca, em Washington D.C., e
passa a ter seus próprios guarda-costas, os melhores chefs de
cozinha, quantas massagens quiser e os melhores médicos dos
Estados Unidos. Então, algo inimaginável acontece: esse amigo
viaja para o Brasil e visita uma das áreas mais pobres da região
Nordeste, e lá ele conhece uma moça que vive no lixão. Ela foi
rejeitada e abandonada quando era bebê, jamais teve pais e
cresceu sem nenhuma noção de valor próprio. Ele se apaixona por
ela e decide casar-se com a moça. Ele a leva de volta aos EUA no
Air Force One, o avião oficial do presidente, leva-a para morar na
Casa Branca e lhe diz que ela pode pegar tudo de que precisar.
Devido ao seu passado de maus-tratos e pobreza, ela se sente
totalmente indigna de viver uma vida tão luxuosa, e fica com medo
de constranger o presidente se pedir coisas boas. Então, ela vive
reclusa, num quartinho da Casa Branca, pobre e doente,
simplesmente por não entender o poder desse contrato. Através do
casamento, ela se uniu completamente ao amigo do presidente, que
tem um contrato com a nação mais poderosa do mundo, e toda a
proteção, segurança, riqueza e outros benefícios já estão à
disposição dela. Jamais houve um contrato entre os Estados Unidos
e ela, apenas entre seu marido e os EUA, e ela simplesmente se
tornou beneficiária ao unir-se a ele.
Isso não se parece com a Nova Aliança? Deus, o Criador do
universo, fez uma aliança com seu amado filho Jesus Cristo e
permite que sejamos beneficiários através da nossa união com
Jesus. Muitos de nós jamais experimentamos tudo o que a Nova
Aliança nos deu porque não entendemos ou não usamos a
apropriação pela fé para pegar o que já é nosso por meio da nossa
união com Cristo.
No próximo capítulo, mostrarei a você os fatos celestiais pelos
quais muitos cristãos oram e jamais recebem. O motivo é muito
simples: você não pode receber os fatos celestiais pedindo por eles;
você deve tomar posse deles pela fé. Você simplesmente reconhece
que são fatos, ações consumadas no passado, que jamais poderão
ser mudadas nem sofrer nenhum acréscimo ou diminuição. Não
consigo citar todos os fatos celestiais neste livro, então, selecionei
apenas alguns muito importantes. Confio que você mesmo
pesquisará diligentemente a Bíblia pedindo ao Espírito Santo que
lhe revele outros.
No Salmo 25.14, Davi nos diz que “o segredo do Senhor é com
aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança” (ACF).
Qual é o segredo do Senhor se não a sua Nova Aliança conosco? A
condição para receber essa revelação é temê-lo, o que não tem
nada a ver com ter medo dele. Há dois versículos bíblicos que
ilustram maravilhosamente bem o que significa temer o Senhor na
Nova Aliança. Deuteronômio 6.13 nos diz: “O Senhor teu Deus
temerás e a ele servirás[…]” (ACF). Quando Jesus foi tentado pelo
diabo no deserto, foi exatamente esse versículo que Ele citou ao
responder: “porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a
ele servirás” (Lc 4.8 – ACF). Vemos que temer o Senhor não é ter
medo dele, mas render-se a Ele de coração, que é o verdadeiro
significado de adoração.
19
TOMANDO POSSE DO QUE NOS PERTENCE
Como já vimos, para experimentarmos todos os fatos celestiais,
temos que parar de pedir por eles e apenas nos apropriarmos deles
pela fé. É muito importante fazer isso porque qualquer coisa que
você pedir a Deus permanecerá no futuro até o momento em que
você a receber aqui nesta vida, o que pode acontecer num futuro
próximo ou não. Abraão teve que esperar por mais de dez anos até
receber seu filho. Deus é quem decide quando lhe dar o que você
pediu, afinal, Ele é Deus e nós temos que cumprir as condições
bíblicas para recebermos as promessas, dentre elas a
perseverança. Em Hebreus, lemos:
[...]para que vos não façais negligentes, mas sejais
imitadores dos que pela fé e paciência herdam as
promessas. (Hb 6.12 – ACF)
Vemos claramente que a paciência, que no original grego significa
persistência ou perseverança, é uma das condições para
recebermos as promessas de Deus. Se você desistir de crer, talvez
nunca receba o que Deus tem para você. Essa é uma das chaves
para orar debaixo da Nova Aliança, porque se você orar pedindo um
fato celestial a Deus, ele jamais se materializará. Você pode até orar
pedindo as promessas, mas jamais os fatos celestiais.
O primeiro fato celestial que quero mencionar é um que poucos
cristãos aprenderam a tomar posse, embora esteja claramente
escrito na Bíblia. Leia atentamente a passagem a seguir, tendo em
mente a diferença entre promessas e fatos celestiais.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas
regiões celestiais em Cristo. (Ef 1.3)
Aqui vemos a aplicação das duas regras para encontrarmos um
fato celestial. Está escrito no passado, “abençoou”, e vem junto com
a expressão “em Cristo”. Deus não poderia ter deixado mais claro. O
que lemos aqui nos foi dado através da Nova Aliança. Você pode
até achar que crê nesse versículo, mas há muitos anos aprendi que
nunca medimos o que acreditamos pelo que dizemos, mas pela
maneira como agimos. Se você realmente cresse nesse versículo,
jamais pediria outra vez para Deus o abençoar. E nunca mais diria
às pessoas: “Deus te abençoe”.
Não gosto nada quando as pessoas me dizem isso. Dizemos
constantemente “Deus te abençoe”, sem perceber o que estamos
fazendo uns aos outros ao dizer isso. Quando as pessoas me dizem
“Deus te abençoe”, normalmente não digo nada porque quero
demonstrar amor e respeito, e entendo que elas ainda não
aprenderam a andar totalmente na Nova Aliança. Mas quando
ensino sobre a Nova Aliança, peço às pessoas que jamais me
digam isso novamente. Como, obviamente, você já leu quase o livro
todo, eu lhe peço agora: se algum dia me encontrar em algum lugar,
por favor, não me diga “Deus te abençoe”.
Por que isso é tão importante para mim? A explicação é muito
simples: só podemos experimentar os fatos celestiais em nossa vida
através da apropriação pela fé, o que significa que você deve parar
de pedir por eles, mas, sim, apropriar-se deles, agradecer a Deus e
agir como se eles já fossem totalmente verdadeiros, porque eles
são. E enquanto eu pedir a Deus para abençoar a mim ou a você, a
bênção permanece no futuro, afinal de contas, o que eu estou lhe
dizendo é que Ele ainda não nos abençoou e estou desejando que
Ele abençoe. Isso despreza a obra da cruz e a Nova Aliança.
Recentemente, um pastor tentou me convencer de que a Bíblia
nos ensina que devemos abençoar uns aos outros. Quando eu o
desafiei a provar, me mostrando um versículo onde esteja escrito
que devemos abençoar uns aos outros debaixo da Nova Aliança,
tudo o que ele conseguiu foi apontar alguns versículos que
provavam o meu argumento. As únicas vezes no Novo Testamento
em que se diz que devemos abençoar uns aos outros é em relação
aos nossos inimigos (veja Mateus 5), e às pessoas que nos fizeram
mal (veja 1 Pedro 3.9). E o significado é muito claro: devemos
demonstrar o coração e o amor incondicional do Pai por aqueles
que menos merecem.
Você recebeu tudo de que precisa para ter uma vida abundante,
de acordo com 1 Pedro 1.2,3: “Graça e paz vos sejam multiplicadas,
no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Seu
divino poder nos concedeu tudo de que necessitamos para a vida e
para a piedade, por intermédio do pleno conhecimento daquele que
nos convocou para a sua própria glória e virtude”. Portanto, é
impossível você não viver uma vida de abundância e piedade se
você ativar este fato celestial através da apropriação pela fé.
Existem muitos outros fatos celestiais, como estes abaixo:
Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te
livrou da lei do pecado e da morte. (Rm 8.2)
[...]à Igreja de Deus que está em Corinto, aos
santificados em Cristo Jesus e convocados para serem
santos, juntamente com todos os que, em toda parte,
invocam o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso[...] (1Co 1.2)
Deus nos ressuscitou com Cristo, e com Ele nos
entronizou nos lugares celestiais em Cristo Jesus. (Ef
2.6)
Contudo, graças a Deus, que sempre nos conduz
vitoriosamente em Cristo, e por nosso intermédio exala
em toda parte o bom perfume do seu conhecimento[...]
(2Co 2.14)
Medite cuidadosamente nessas passagens e tome posse do que
lhe pertence. Estude a Bíblia com atenção e peça ao Espírito Santo
que lhe dê revelação. Peça que Ele retire o véu dos seus olhos para
que você leia a Bíblia apenas com as lentes da Nova Aliança.
Encontre os fatos celestiais, como lhe ensinei, e comece a
agradecer a Deus por eles, e apropriando-se deles pela fé, aja como
se já estivessem em suas mãos. Na Nova Aliança, a vida de oração
deve ser, na maior parte do tempo, agradecer, ouvir, meditar e,
muito ocasionalmente, pedir alguma coisa. Infelizmente, as pessoas
têm interpretado versículos da Bíblia que dizem “peça”, “busque” ou
“encontre” com as lentes da Velha Aliança.
Antes de falar sobre punição, disciplina e consequências, vamos
recapitular o que foi dito no capítulo anterior, que é o segundo
benefício maravilhoso da Nova Aliança. Você lembra o que é? Deus
só se relaciona conosco de acordo com o que somos em Cristo. Ele
se relaciona conosco como filhos, não como escravos, como quem
está “em Cristo”, não “em si mesmo”.
Nossa vida cristã começa com morte, sepultamento e
ressurreição. Quando somos salvos, morremos para a nossa
natureza pecaminosa, somos sepultados com Cristo e
ressuscitamos como novas criaturas em Cristo Jesus. É assim que
Deus nos trata. E a estratégia do inimigo da nossa alma é
continuamente apontar nossas fraquezas e erros do passado.
Quando ele faz isso, também devemos apontar nosso passado para
ele. Nosso passado, ocorrido cerca de dois mil anos atrás, quando
morremos, fomos sepultados e ressuscitamos em novidade de vida!
Veja os dois versículos a seguir, que mostram como Deus nos trata
sob a Nova Aliança.
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as
coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!
(2Co 5.17)
Deus fez daquele que não tinha pecado algum a oferta
por todos os nossos pecados, a fim de que nele nos
tornássemos justiça de Deus. (2Co 5.21)
Quando Deus olha para nós, Ele vê novas criaturas e pessoas
totalmente justas.
O UNIVERSO MORAL
Deus criou o universo, e como Ele é um Deus de amor perfeito,
criou um universo moral de amor. Jesus disse aos fariseus, não aos
cristãos, que o Reino de Deus estava dentro deles:
Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando
viria o reino de Deus, respondeu-lhes: “O reino de Deus
não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui!
ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós”. (Lc
17.20,21 – Almeida Revisada Imprensa Bíblica)
É importante observar que Ele nunca disse isso aos cristãos que
estavam no Reino, mas às pessoas que estavam fora dele. Isso
quer dizer que as próprias leis do Reino de Deus estão gravadas
dentro de cada pessoa. Como o Reino de Deus é um reino de amor,
pois essa é a própria natureza de Deus, toda vez que não andamos
em amor, vivemos contra nós mesmos. Sempre haverá
consequências por não andar em harmonia com esse universo
perfeito de amor. Amo o ditado que fala: “Quando não souber o que
fazer, demonstre amor da melhor forma que puder”.
Às vezes, acho que os ratos são mais espertos do que muitos de
nós. Li um artigo sobre uma experiência com ratos, em que os
cientistas os colocavam em um labirinto, e punham um pedaço de
queijo no final. Só havia um caminho correto para pegar o queijo, e
cada vez que um rato entrava pelo lugar errado, ele levava um
choque elétrico leve. O rato nunca entrava no caminho errado duas
vezes e, no fim, pegava o queijo. Mas algumas pessoas, quando
continuam sofrendo as consequências das suas escolhas erradas,
em vez de aprender a lição, acabam repetindo o erro e culpando a
Deus. Isso acaba lhes causando grandes prejuízos, e elas
continuam não conseguindo ter um relacionamento íntimo com
Deus.
Sou apaixonado pela Nova Aliança porque estou convicto de que
ela é a expressão do coração de Deus, mas tenho visto abusos
terríveis em relação à mensagem do evangelho da graça e da Nova
Aliança. As lutas internas que travei antes de me sentar e escrever
este livro foram muito intensas e difíceis, por causa dos abusos que
tenho visto. Mas o fato de alguns abusarem da mensagem da Nova
Aliança, fazendo dela uma licença para pecar, não significa que eu
deva me esquivar dela, e sim ensiná-la corretamente.
A ADVERTÊNCIA PROFÉTICA
Em 2 Timóteo, o apóstolo Paulo nos deu uma forte advertência
em relação aos dias que estamos vivendo agora. Vemos o
cumprimento desse versículo por todos os lados, enquanto o palco
para o aparecimento do anticristo está sendo preparado.
Sabe, entretanto, disto: nos últimos dias sobrevirão
tempos terríveis. Os homens amarão a si mesmos, serão
ainda mais gananciosos, arrogantes, presunçosos,
blasfemos, desrespeitosos aos pais, ingratos, ímpios,
sem amor, incapazes de perdoar, caluniadores, sem
domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores,
inconsequentes, orgulhosos, mais amigos dos prazeres
do que amigos de Deus, com aparência de piedade,
todavia negando o seu real poder. Afasta-te, portanto,
desses também. (2Tm 3.1-5)
Em meio à lista de coisas terríveis que Paulo disse que
aconteceriam nos últimos dias, três delas me chamam a atenção, as
quais estão crescendo desenfreadamente na igreja atualmente.
Todas elas resultam do abuso da mensagem da Nova Aliança. As
três se encontram nos versos 2 e 4, que dizem: “Os homens amarão
a si mesmos, serão ainda mais gananciosos [...] mais amigos dos
prazeres do que amigos de Deus”.
Mais de 35 anos atrás, eu estava numa reunião onde um amigo
de Kenneth Hagin, um grande homem de Deus e restaurador da
mensagem da fé para a igreja, estava dizendo que, num encontro
com o Sr. Hagin, este lhe disse, em meio às lágrimas, que preferia
morrer a ter que testemunhar as pessoas abusando dos seus
ensinamentos sobre a fé para alimentar a cobiça e o egoísmo.
Pessoas egoístas sempre abusarão da verdade da Palavra de
Deus para seu próprio proveito. Todavia, a Nova Aliança ainda é o
centro do coração de Deus, e a religião, que é do diabo, é uma
distorção do maravilhoso caráter de Deus. Portanto, continuarei
ensinando fielmente sobre a Nova Aliança.
A essência da Nova Aliança não são as bênçãos ou as coisas
que podemos obter de Deus, mas um relacionamento. Vejamos o
anúncio profético da Nova Aliança, que está no capítulo 8 de
Hebreus:
“Esta é a aliança que farei com a casa de Israel,
passados aqueles dias”, garante o Senhor. “Gravarei as
minhas leis na sua mente e as escreverei em seu
coração. Eu lhes serei Deus, e eles serão o meu
povo[...]” (Hb 8.10)
Aqui podemos ver claramente que a mensagem central da Nova
Aliança não são bênçãos, provisão, proteção, saúde e outras coisas
maravilhosas que ela envolve, mas é nosso relacionamento com
Deus. Quando fala sobre a Nova Aliança, Deus diz: “Eu lhes serei
Deus, e eles serão o meu povo”. Isso tem tudo a ver com
relacionamento.
Imagine que você seja um multimilionário, todo entusiasmado
com o dia do seu casamento. Sua bela noiva anda pela nave da
igreja, para ao seu lado, o ministro começa a cerimônia, e ela
sussurra para você: “Diga a ele para fazer essa cerimônia logo
porque quero ir para casa e finalmente ter acesso à sua conta
bancária”. Você sentiria uma dor muito profunda, certo? Do mesmo
modo, Deus, que nos ama com tanta paixão e nos deu o que Ele
tinha de mais caro, que era a vida do seu precioso filho, Jesus
Cristo, a fim de nos inserir nesta aliança, sente uma dor profunda no
coração quando seus filhos abusam da Nova Aliança.
O principal propósito de Deus na Nova Aliança é conquistar nosso
coração, e não tem nada a ver com as coisas que obtemos dele
como benefício desta aliança. Muitos versículos da Bíblia têm sido
distorcidos e manipulados com muita esperteza para mudar o foco
da Nova Aliança do relacionamento para os benefícios e bens
materiais.
O SUPREMO ENGANO
Desde o início, o diabo tem enganado, começando por Eva,
levando-a a pecar. Paulo fala sobre isso na segunda carta aos
coríntios:
Entretanto, receio que, assim como a serpente enganou
Eva com sua astúcia, também a vossa mente seja de
alguma forma seduzida e se afaste da sincera e pura
devoção a Cristo. (2Co 11.13)
No versículo acima, podemos ver claramente que Eva pecou
porque foi enganada. Quando lemos Gênesis, vemos como esse
engano agiu:
Quando a mulher observou que a árvore realmente
parecia agradável ao paladar, muito atraente aos olhos e,
além de tudo, desejável para dela se obter sagacidade,
tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que
estava em sua companhia, e ele igualmente comeu. (Gn
3.6)
O diabo levou Eva a pensar e crer que havia prazer fora de Deus.
Deus já havia lhe dado tudo de que ela precisava para ter uma vida
incrível, mas, enquanto ouvia a voz do maligno, ela começou a
acreditar que algo que lhe daria prazer estava sendo negado a ela.
É engano acreditar que podemos encontrar satisfação fora do nosso
relacionamento com Deus.
Creio que exista um engano supremo que é acreditar que a graça
e a Nova Aliança são meios para obter coisas que nos darão
satisfação além da que podemos encontrar no nosso
relacionamento com Deus. Você se lembra das três características
das quais Paulo falou? Amar a si mesmo, o dinheiro e o prazer. Com
o coração partido, sentindo a dor do próprio Deus, eu lhe imploro,
não abuse da maravilhosa Nova Aliança para satisfazer seu ego,
por dinheiro ou por prazer. Compreenda que o desejo da Nova
Aliança é que você se renda ao Deus que o ama, entrando e
permanecendo num relacionamento de amor e intimidade com Ele.
Todos os benefícios serão seus e você aprenderá a ter acesso a
eles pela fé.