Você está na página 1de 163

Coordenação

Reinhard Hirtler

Tradução
Aline Monteiro

Revisão e edição de texto


Thais Teixeira Monteiro

Capa
Priint Impressões Inteligentes

Projeto Gráfico e Diagramação


Priint Impressões Inteligentes

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito,
exceto para breves citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da Bíblia King James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-
Americana, ©. Todos os direitos reservados.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-Brasil)


Hirtler, Reinhard
Nova aliança / Reinhard Hirtler
Brasília: Priint Impressões Inteligentes, 2017
ISBN (em suporte de papel): 978-85-5963-019-0
1. Vida Cristã. 2. Espiritualidade I. Título

RH Publicações ©
Primeira edição - Novembro de 2017
Todos os direitos reservados por RH Publicações ©

Para fazer pedidos da RH Publicações:


rhpublicacoes@gmail.com
(62) 99699-1399
www.rhlivraria.com.br
No ano de 2014, Reinhard e Debi em viagem pelo nordeste do
Brasil se depararam com a realidade das crianças em situação de
vulnerabilidade social. Desde então, movidos pelo coração de Deus,
resolveram dedicar suas vidas para mudar essa realidade.
Fundaram a Brasilian Kids Kare, uma ONG que tem como missão,
transformar a vida de crianças carentes e abandonadas do Brasil,
dando a elas valor, esperança e futuro, através de um encontro com
o amor de Deus.
Temos o propósito de construir 100 abrigos e creches no Brasil,
com o intuito de contribuir na mudança do destino e futuro dessa
nação. Também queremos inspirar e auxiliar outros a fazerem o
mesmo; entregar suas vidas e recursos para mudar o futuro dessas
crianças. Reinhard destina 100% da renda arrecadada com a venda
de seus livros para a construção, manutenção e abertura de novos
projetos no Brasil. Hoje temos abrigos, creches e projetos sociais
em alguns estados do nordeste Brasileiro.
Você pode conhecer nossos projetos através do site:
http://www.braziliankidskare.org
Sumário
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
1. Compreendendo uma aliança
2. A Velha Aliança
3. A escolha é sua
4. A grande confusão
5. Compreendendo a Lei
6. A Velha Aliança era boa o bastante?
7. A religião distorceu a natureza de Deus
8. Uma comparação entre as duas alianças
9. Três fatos totalmente novos
10. A aliança de sangue
11. O mistério revelado
12. Compreendendo a Nova Aliança
13. A aliança entre o Pai e o Filho
14. E nós?
15. A Nova Aliança é absoluta
16. A Nova Aliança supera a graça
17. A apropriação pela fé
18. Identificando os “fatos celestiais”
19. Tomando posse do que nos pertence
20. Punição, disciplina e consequências
21. A essência da Nova Aliança
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a algumas pessoas específicas pela importante
participação delas neste livro.
Reini, um verdadeiro filho no Senhor, que mora na Polônia,
desafiou-me a estudar e ensinar sobre a Nova Aliança. Através
desse desafio, ele despertou algo em meu coração que me levou a
decidir estudar o tema ainda mais intensamente. Guardo na
memória algumas conversas maravilhosas que tivemos sobre esse
assunto.
Obrigado, Aline, uma grande amiga, que carinhosamente traduziu
o original para a língua portuguesa.
Quero agradecer a minha esposa, Debi, que tantas vezes me
encorajou a pregar e ensinar sobre a Nova Aliança e
incansavelmente me ajudou a estudar esse assunto. Foi ela quem
se dispôs e dedicou seu tempo para digitar o original deste livro.
Agradeço também a Vinícius e Camila, nossos amigos do Rio de
Janeiro, que abriram sua casa em Angra dos Reis, tão calma e
tranquila, para que pudéssemos ficar sozinhos a fim de escrever
este livro.
A todos que por muitos anos têm me resistido fortemente quando
compartilho minha mensagem sobre a Nova Aliança, meu muito
obrigado. Por causa dessa resistência, eles me incentivaram a amar
de forma abnegada e também a aprofundar meus estudos sobre o
tema.
A Deus, meu Pai amoroso e bondoso, que fez essa aliança tão
maravilhosa e permitiu que eu participasse dela.
Agradeço principalmente a Jesus, meu incrível amigo e redentor,
mediador dessa maravilhosa Nova Aliança.
E por último, mas, é claro, nunca menos importante, um
agradecimento especial ao precioso Espírito Santo, pois sem Ele eu
não saberia nada sobre a Nova Aliança.
INTRODUÇÃO
Em minha opinião, a Nova Aliança é um dos assuntos que a igreja
atual menos compreende. Muitos anos atrás, escrevi um blogue
sobre isso e provoquei reações que jamais imaginei, nem mesmo
nos meus sonhos mais loucos. E as reações mais fortes e
agressivas não vieram de incrédulos, mas de cristãos bem-
intencionados, pastores e líderes.
De forma geral, os cristãos têm misturado a Velha Aliança com a
Nova Aliança. Durante a maior parte da sua história, a igreja
mesclou as duas alianças, tanto na forma de crer quanto na prática,
limitando grandemente a expressão da vida e do poder de Jesus
Cristo através dela. E como essa mistura das duas alianças tem
sido a regra em vez de exceção, alguns dos ensinamentos contidos
neste livro podem lhe parecer estranhos, pois quando nos
acostumamos a fazer algo errado por muitas gerações, então, a
maneira correta nos soa errada.
Não ouso pensar que tenho a revelação completa sobre a Nova
Aliança, contudo, tenho fome e um desejo profundo de crescer no
conhecimento dela e de vivê-la plenamente. Eu não poderia julgar
ninguém que viva uma mistura das duas alianças, porque fiz o
mesmo durante muitos anos da minha vida cristã. Toda a
compreensão, o conhecimento e a revelação que hoje tenho a
respeito desse assunto, atribuo à graça e à bondade de Deus.
Minha motivação ao escrever este livro é meu amor por Jesus e
sua linda igreja, portanto, repetirei propositalmente algumas coisas a
fim de que elas fiquem profundamente gravadas em sua mente e
em seu coração. Advertindo os gálatas contra a religião e a
mentalidade da Velha Aliança, Paulo disse que, para ele, não era
cansativo escrever-lhes as mesmas coisas, e era uma segurança
para eles (veja Fp 3.1).
Portanto, por favor, tenha paciência ao iniciar a leitura deste livro
porque, para que você compreenda plenamente a verdade da Nova
Aliança, primeiro tenho que construir uma base e explicar algumas
verdades fundamentais, bem como esclarecer o que é a Velha
Aliança. Ainda, quando menciono a aliança com Abrão, eu o chamo
sempre de Abraão. Sei que quando Deus fez aliança com ele, seu
nome ainda não havia sido mudado. Mas como essa aliança
normalmente é chamada de Aliança Abraâmica, refiro-me a ele
como Abraão em vez de Abrão.
Provavelmente, não há nada que nos roube mais o potencial que
Deus nos deu e as bênçãos celestiais que legalmente já nos
pertencem do que não entender nem viver na Nova Aliança. Quando
nosso coração realmente captar essa verdade, desfrutaremos de
uma vida de permanentes bênçãos, vitória, provisão e intimidade
com o Senhor.
É impossível entender verdadeiramente a Nova Aliança sem a
ajuda do Espírito Santo, portanto, eu lhe peço para começar este
livro fazendo comigo a seguinte oração:
Precioso Espírito Santo, ajuda-me a entender plenamente a
verdade da Nova Aliança. Revela todo conceito de Velha Aliança em
meu coração e minha mente, e ajuda-me a descartá-lo. Reconheço
que preciso de ti e peço-te que abras os olhos do meu coração para
que eu verdadeiramente entenda a mensagem da Nova Aliança.
Seja meu mestre a partir de hoje. Amém.
1
COMPREENDENDO UMA ALIANÇA
Para entender Deus e a Bíblia, é fundamental compreendermos o
significado da palavra aliança. Portanto, antes de podermos
entender e desfrutar da plenitude da Nova Aliança, devemos
compreender o significado de uma aliança sob a perspectiva bíblica.
A aliança é a mensagem central da Bíblia e nos mostra por que
Deus faz o que faz e diz o que diz. É através dela que Deus se
relaciona com as pessoas. Além disso, sem compreender seus
fundamentos, não conseguimos interpretar a Bíblia de forma correta.
Não faz muito tempo, vi uma camiseta em que estava escrito:
“Seja qual for a pergunta, chocolate é a resposta”. Quando li essa
frase, pensei: Isso também vale para a aliança. Seja qual for sua
pergunta sobre Deus ou a Bíblia, aliança é a resposta, porque Deus
é um Deus de aliança.

ALIANÇA OU CONTRATO?
Uma aliança, assim como um contrato, é um compromisso que
une duas partes através das obrigações por ela estabelecidas.
Embora tanto a aliança quanto o contrato sejam um compromisso,
há uma profunda diferença entre eles, e confundi-los causa um
impacto negativo enorme sobre a nossa vida e experiência cristã.
Não estamos ligados a Deus por um contrato, mas por uma aliança,
porque Ele é um Deus de aliança, não de contrato.
Num contrato, as partes negociam entre si até chegarem a um
acordo que, então, torna-se um compromisso, o que significa que
agora elas estão legalmente comprometidas uma com a outra.
Numa aliança não há negociação: a parte mais forte oferece a
aliança à parte mais fraca, que pode aceitá-la ou rejeitá-la.
Perguntei a muitos cristãos se eles já haviam tentado negociar
com Deus, numa ocasião ou outra, fazendo algum tipo de barganha
com Ele, e a maioria deles respondeu que sim. São barganhas do
tipo: “Deus, se o Senhor me curar (ou curar meu ente querido),
dedicarei minha vida ao Senhor para sempre”; ou “Deus, se o
Senhor me tirar dessa confusão, prometo que viverei somente para
o Senhor”; “Deus, eu lhe darei dez por cento de toda a minha renda,
portanto, o Senhor tem que me abençoar”; e outras parecidas.
Conversando com eles, vi que isso ocorre principalmente quando
estão enfrentando uma situação desesperadora, muito difícil mesmo
ou até impossível. É em momentos assim que eles pensam em todo
tipo de barganha com Deus, e geralmente chamam isso de “voto”,
mas, na verdade, é uma barganha através da qual tentam obter algo
de Deus. Não podemos fazer isso! Não podemos negociar ou
barganhar com Deus simplesmente porque Ele é um Deus de
aliança, não de contrato.
Outra razão pela qual não há negociação em nossa aliança com
Deus é porque não temos nada de que Deus precise, pois Ele é
autossuficiente, mas, num contrato, ambas as partes têm algo de
que a outra precisa. Por exemplo, digamos que eu queira uma casa.
Encontro um construtor, negociamos o preço, chegamos a um
acordo, nós dois assinamos o contrato e agora estamos legalmente
comprometidos um com o outro. Eu quero uma casa, o construtor
quer o dinheiro. Se eu não lhe der o dinheiro, o construtor fica livre
do contrato e do compromisso de construir uma casa para mim. Se
o construtor não construir minha casa, também fico livre do contrato
e não lhe devo dinheiro algum.
Um contrato pode ser quebrado por apenas uma das partes e se
tornar inválido, pois é um compromisso mútuo, mas a aliança não é
assim. Se quebrássemos a aliança com Deus, Ele permaneceria fiel
e manteria sua parte. Nós sofreríamos as consequências definidas
nela, mas Deus ainda manteria a aliança que Ele fez conosco.
A diferença entre um contrato e uma aliança é tão profunda
quanto a discrepância entre a prostituição (um contrato) e o
casamento (uma aliança). Quem procura uma prostituta faz um
contrato: um quer sexo, o outro quer dinheiro. Eles negociam,
entram em acordo quanto ao preço e o contrato está feito. O
casamento definitivamente não é um contrato, mas uma aliança.
Infelizmente, muitas pessoas hoje em dia o veem como um contrato,
mas Deus jamais o planejou para que fosse assim. O casamento foi
criado como uma imagem da união perfeita entre Jesus e a Igreja
por toda a eternidade, um símbolo que expressa o coração e o
caráter divino na aliança, que é exatamente o que o casamento é. E
é por isso que Deus odeia o divórcio, porque foi por meio de uma
aliança que Ele se uniu à humanidade e, sendo um Deus de aliança,
Ele a mantém.
Usar nosso amado e maravilhoso Deus para obter aquilo que
podemos conseguir dele é rebaixar nosso relacionamento com Ele
ao nível de prostituição, o que é uma ideia aterrorizante. Outra
diferença importante é que um contrato envolve apenas promessas,
enquanto a aliança envolve juramento. O escritor de Hebreus deixa
isso bem claro:
Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si
mesmo, tendo em vista não haver outro maior por quem
jurar e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e farei
numerosos os seus descendentes”. (Hb 6.13,14)
As promessas são maravilhosas, mas geralmente são
condicionais. Ao lermos a Bíblia, descobrimos que muitas das
promessas de Deus apresentam condições que devemos cumprir a
fim de experimentarmos seu cumprimento e desfrutarmos delas.
Tomemos como exemplo o texto de Filipenses:
Não andeis ansiosos por motivo algum; pelo contrário,
sejam todas as vossas solicitações declaradas na
presença de Deus por meio de oração e súplicas com
ações de graça. E a paz de Deus, que ultrapassa todo
entendimento, guardará o vosso coração e os vossos
pensamentos em Cristo Jesus. (Fp 4.6,7)
Vemos que, para que a paz de Deus guarde nosso coração e
nossos pensamentos, precisamos entregar a Ele nossas
preocupações.
Além de poderem ser condicionais, as promessas também podem
ser quebradas, mas a aliança não. Como a aliança é baseada num
juramento, ela é uma promessa, porém, muito mais sólida. Na
Bíblia, um juramento é algo sério, é considerado definitivo.
Outra diferença entre um contrato e uma aliança é que os
contratos exigem a troca de bens ou serviços, enquanto as alianças
envolvem uma entrega pessoal. Num contrato, você promete
entregar um serviço ou um bem material, e a outra pessoa entrega o
dinheiro. Numa aliança, você entrega o seu próprio ser e rende-se à
outra pessoa. Na sua aliança, Deus recebeu as criaturas e
transformou-as em filhos, e se deu a nós na forma do seu filho,
Jesus Cristo. Agora, nós nos tornamos novas criaturas, de natureza
e descendência divina, como lemos abaixo:
Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de
se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que creem no
seu Nome; (Jo 1.12)

JESUS É NOSSA ALIANÇA


No livro de Isaías, lemos que o próprio Jesus se tornou a nossa
aliança:
Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os
estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz; que
dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos
que andam nela: Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te
tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança
do povo, e para luz dos gentios. Para abrir os olhos dos
cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que
jazem em trevas. (Is 42.5-71)
É importante compreender que Deus nos deu o próprio Jesus
como aliança. Sem Ele, a Nova Aliança jamais existiria. E essa não
foi uma ideia que Deus teve depois que o homem pecou. Na
verdade, foi algo que sempre esteve no coração de Deus, como Ele
nos diz em Apocalipse:
E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses
cujos nomes não estão escritos no livro da vida do
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. (Ap
13.8 – ACF)
Vemos que o Cordeiro morto desde a fundação do mundo não foi
uma ideia que só ocorreu a Deus mais tarde. Como Isaías 42 nos
mostra que Jesus, o Cordeiro de Deus, é nossa Aliança e que Ele
foi morto desde a fundação do mundo, a aliança era, portanto, a
ideia original de Deus. Deus não apenas é um Deus de aliança, mas
também um Deus que a mantém. Ele jamais firmará um contrato
com alguém, mas sempre oferecerá sua aliança a qualquer um que
esteja disposto a aceitá-la.
Por que há tanta confusão em relação à Velha e à Nova Aliança
na igreja hoje em dia? O diabo está trabalhando duro para garantir
que o engano sempre se manifeste na igreja (veja 2Co 11.3). E o
problema com o engano é que, quando somos enganados, nem
imaginamos que nos tornamos vítimas dele. Se soubéssemos que
estávamos sendo enganados, fugiríamos dele.
Além da estratégia do inimigo, creio que outra razão
importantíssima para a existência dessa confusão seja o fato de não
sabermos ler, estudar e entender a Bíblia da forma correta. Ao lê-la
ou estudá-la, devemos aplicar algumas regras simples.
Primeiro, devemos nos perguntar com quem Deus está falando,
pois a Bíblia faz distinção entre três grupos de pessoas às quais
Deus se dirige: os judeus, os gentios e a igreja de Deus. Em 1
Coríntios 10.32, podemos ver uma referência aos três: Não vos
torneis motivo de tropeço nem para judeus, nem para gregos, nem
para a Igreja de Deus.
Outra regra que precisamos entender é que Deus trata esses três
grupos de forma diferente. Os judeus têm a Lei de Moisés, os
gentios têm a lei da consciência, e a Igreja tem a Lei de Cristo ou a
Lei do Amor. Obviamente, Deus deseja que todos os homens sejam
salvos e estejam sob a Lei de Cristo e a Nova Aliança.
Em seguida, devemos entender as diferentes épocas. Existe uma
enorme diferença entre o período anterior à vinda de Jesus, o
período em que Ele viveu aqui na terra e o período posterior à sua
morte, ressurreição e ascensão. Jesus falou muitas vezes sobre
“Aquele dia”, e foi apenas após a sua ascensão e o Espírito Santo
ser derramado que a igreja começou a se manifestar na terra.
Vivemos no período (ou na dispensação) da graça, em que a porta
da salvação está aberta para todos. Nos dias de hoje, Deus não
está julgando ninguém, nem pessoas nem nações. Neste versículo
da primeira carta aos tessalonicenses, vemos que a ira de Deus virá
depois que Jesus voltar do céu:
[...]enquanto aguardais do céu seu Filho, a quem Ele
ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira
que certamente virá. (1Ts 1.10)
Também devemos nos perguntar quem está falando. Por
exemplo, as pessoas usam o livro de Jó e constroem uma doutrina
baseada em partes dele, o que é absurdo. Nos primeiros quarenta e
um capítulos, vemos que basicamente não é Deus quem está
falando, mas Jó e seus amigos, e eles dizem muitas coisas que não
estão alinhadas com o coração de Deus. Tenho consciência de que
toda a Bíblia é inspirada pelo Espírito Santo e de que precisamos
aprender de todas as partes dela, mas também devemos sempre
distinguir quem está falando e para quem está falando. No capítulo
42, o próprio Deus os repreendeu, como podemos ver:
Logo depois que o SENHOR disse essas palavras a Jó,
declarou também a Elifaz, o temanita: “Eis que estou
indignado contigo e com os teus dois amigos, pois não
falaste a verdade sobre a minha pessoa, como fez o meu
servo Jó”. (Jó 42.7)
Quando aprendermos a interpretar a Bíblia corretamente, teremos
mais revelação da maravilhosa Nova Aliança, desfrutaremos
plenamente dela e glorificaremos nosso Senhor Jesus.

1 Todos os grifos das citações são do autor


2
A VELHA ALIANÇA
Há diferentes alianças na Bíblia, mas as que os cristãos realmente
confundem são a Velha e a Nova. Existem também outras alianças,
como as que Deus fez com Noé, com Abraão e com Davi, que
embora estejam registradas no Antigo Testamento, não são
consideradas Velha Aliança.

COMPREENDENDO A VELHA ALIANÇA


É totalmente impossível compreender e receber plenamente tudo
o que Deus tem para nós na Nova Aliança a menos que primeiro
compreendamos a Velha. Portanto, precisamos gastar um tempo
explicando detalhadamente a Velha Aliança.
A fim de experimentarmos e entrarmos plenamente na Nova
Aliança, bem como de desfrutar dos maravilhosos benefícios dela,
precisamos cumprir uma condição: rejeitar todo e qualquer aspecto
da Velha Aliança em nossas crenças e práticas. Veremos adiante
que essas duas alianças não podem ser misturadas.
Devemos nos lembrar de que uma aliança é um compromisso,
em outras palavras, é a maneira com que Deus se liga a nós. Ela
mostra como Deus nos trata e se relaciona conosco, e como
devemos nos relacionar com Ele. A falta de entendimento das
alianças, principalmente da Nova Aliança, tem levado os cristãos a
se relacionarem com Deus baseados na Velha Aliança.
Inevitavelmente, isso resultará numa vida cristã muito difícil, cheia
de frustrações, derrotas e constantes altos e baixos. Esses cristãos
constantemente travam batalhas perdidas e não parecem alcançar a
vitória em sua vida. E o mais triste é que eles usam versículos da
Bíblia para apoiar suas experiências ruins como se essa fosse a
vontade de Deus para a vida deles.
QUAIS FORAM AS DUAS PARTES QUE FIRMARAM A VELHA
ALIANÇA?
A Velha Aliança também é chamada de Aliança de Moisés,
porque ele foi o seu mediador. Um mediador é alguém que fica
diante das duas partes e as une. Essa aliança foi feita somente
entre Deus e a nação de Israel, e é muito importante entendermos
esse fato. Como a Velha Aliança foi feita especificamente entre
Deus e Israel, ela nunca deveria ser seguida por mais ninguém.
Jamais alguém que não seja judeu por nascimento deveria se
comprometer nessa aliança. Eu sou gentio por nascimento,
portanto, essa aliança jamais foi feita para mim. Viver de acordo
com ela seria tão absurdo quanto um brasileiro tentar viver no Brasil
de acordo com as leis da Áustria.
Mas, mesmo que você tivesse nascido judeu, essa aliança não se
aplicaria mais a você porque ela foi consumada em Cristo. Em
Romanos 10.4, Paulo nos diz: Porque o fim da Lei é Cristo, para
justificação de todo o que crê.
A base da Velha Aliança era a Lei, mas como Cristo foi o fim dela,
com sua morte e ressurreição, a Velha Aliança terminou. Se
pudéssemos entender esta simples verdade, que Deus se
comprometeu nessa aliança com um grupo específico de pessoas (a
nação de Israel, e ninguém mais), a maior parte da confusão
desapareceria da vida de muita gente. Muitas vezes, cristãos bem-
intencionados me perguntam se eles ainda precisam obedecer a
determinadas leis da Velha Aliança. Responderei a essa pergunta
de forma mais detalhada um pouco adiante, mas quero que desde já
você realmente entenda, tanto com a mente quanto com o coração,
que a Velha Aliança não foi feita entre mais ninguém a não ser Deus
e Israel; portanto, é absurdo qualquer outra pessoa querer viver
debaixo dela.
Paulo travou essa grande batalha para nós e sofreu muita
perseguição por causa disso. Os religiosos constantemente
resistiram a Paulo e a sua mensagem da graça e da Nova Aliança.
Todo o livro de Gálatas foi escrito por causa disso. Aquelas pessoas
foram para a igreja e disseram aos cristãos que, embora a salvação
fosse pela fé, eles também tinham que obedecer a algumas partes
da Lei. Até hoje eu vejo esse mesmo problema em toda parte. Os
pregadores usam palavras muito sutis, mas, no fundo, dizem as
mesmas coisas, ou seja, “Se você quiser ser aceito por Deus, tem
que fazer determinadas coisas!” Essas “determinadas coisas”
normalmente são regras feitas por homens que beneficiam somente
a eles, sua igreja e seu ministério. Paulo usou as palavras mais
fortes de toda a Bíblia para resistir a essas pessoas, pois ele
realmente entendeu a Nova Aliança e teve uma profunda revelação
a respeito do assunto. Vejamos os trechos abaixo e observemos o
quanto as palavras usadas por Paulo foram fortes.
Estou chocado de que estejais vos desviando tão
depressa daquele que vos chamou pela graça de Cristo,
para seguirem outro evangelho, que na verdade, não é o
Evangelho. O que acontece é que algumas pessoas vos
estão confundindo, com o objetivo de corromper o
Evangelho de Cristo. Contudo, ainda que nós ou mesmo
um anjo dos céus vos anuncie um evangelho diferente do
que já vos pregamos, seja considerado maldito!
Conforme já vos revelei antes, declaro uma vez mais:
qualquer pessoa que vos pregar um evangelho diferente
daquele que já recebestes, seja amaldiçoado! (Gl 1.6-9)
Ó gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou? Ora, não foi
diante dos vossos olhos que Jesus Cristo foi exposto
como crucificado? (Gl 3.1)
Eu, Paulo, vos afirmo que Cristo de nada vos servirá, se
vos deixardes circuncidar. E outra vez declaro
solenemente a todo homem que se permite circuncidar,
que ele, desse modo, fica obrigado a cumprir toda a Lei.
Vós, que vos justificais por meio da Lei, estais separados
de Cristo; caístes da graça! (Gl 5.2-4)
Quem me dera se castrassem àqueles que vos estão
confundindo! (Gl 5.12)
Em Êxodo 24, encontramos o relato de quando Deus fez aliança
com a nação de Israel.
Depois disse a Moisés: Sobe ao SENHOR, tu e Arão,
Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai
de longe. E só Moisés se chegará ao Senhor; mas eles
não se cheguem, nem o povo suba com ele.
Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras
do Senhor, e todos os estatutos; então o povo respondeu
a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o Senhor tem
falado, faremos. Moisés escreveu todas as palavras do
Senhor, e levantou-se pela manhã de madrugada, e
edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos,
segundo as doze tribos de Israel; e enviou alguns jovens
dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos e
sacrificaram ao Senhor sacrifícios pacíficos de bezerros.
E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias;
e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. E
tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e
eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos,
e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e
espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da
aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas
estas palavras. (Êx 24.1-8 – ACF)
Deus ordenou a Moisés que subisse a montanha a fim de receber
a aliança. Depois de recebê-la, Moisés a leu diante do povo de
Israel, que, então, pôde escolher entre aceitá-la ou rejeitá-la. Como
já vimos, numa aliança não há negociação. Deus, que fez a aliança,
estabeleceu os termos e os apresentou a Israel, que ainda tinha
escolha de aceitar ou não. Nos versículos 3 e 7, vemos claramente
que o povo de Israel aceitou os termos ao dizer: “Todas as palavras,
que o Senhor tem falado, faremos”. E tendo dito isso, entraram em
aliança com Deus.
Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras
do Senhor, e todos os estatutos; então o povo respondeu
a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o Senhor tem
falado, faremos. (Êx 24.3 – ACF)
A BASE DA VELHA ALIANÇA
A base da Velha Aliança era a Lei de Moisés. Essa Lei consistia
dos Dez Mandamentos e 603 outras leis, somando um total de 613
leis a que eles deveriam obedecer como base dessa aliança. Essas
leis eram divididas em morais, cerimoniais e civis, e regiam todos os
aspectos da vida. Elas definiam como eles precisavam se relacionar
com Deus, como interagir uns com os outros, o que era permitido e
o que não era permitido comer, o que vestir, o que não vestir, etc.
O problema não era a Lei, mas o povo; eles eram teimosos,
recusavam-se a obedecer a Deus, rebelavam-se constantemente
contra Ele e seguiam os desejos do seu coração mau. Paulo nos
diz, na primeira carta a Timóteo, que a Lei, na verdade, é boa
quando é usada da forma certa. Veja o que ele diz:
Sabemos, todavia, que a Lei é boa, se alguém a usa de
forma adequada. De igual modo, sabemos que ela não é
feita para os justos, mas para os transgressores e
insubmissos, para os perversos e pecadores, para os
profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe,
para os assassinos, para os que vivem na prática de
imoralidades sexuais e os homossexuais em geral, para
os sequestradores, para os mentirosos e os que fazem
juramentos falsos; e para todo aquele que se revolta
contra a sã doutrina. (1Tm 1.8-10)
A Lei também estabelecia as regras sociais. Era olho por olho e
dente por dente, o que, a propósito, ainda seria bastante útil para
muitas pessoas hoje em dia. Esse é um bom argumento para
aqueles que dizem que a Lei era ruim. Hoje em dia, pessoas más
podem fazer coisas terríveis e sofrer pouca ou nenhuma
consequência, enquanto outras pessoas cometem pequenos erros e
sofrem consequências enormes. Essa parte da Lei mostrava como
Deus é justo. Se você quebrasse o dente de alguém, ele não
poderia cortar fora sua mão. A punição máxima que você poderia
receber era ter o seu próprio dente quebrado.

AS CONDIÇÕES DA VELHA ALIANÇA


Numa aliança, as condições, bem como as consequências por
não cumpri-las, são claramente definidas. A condição da Velha
Aliança era o cumprimento perfeito de todas as 613 leis, não apenas
dos Dez Mandamentos. Precisamos relembrar que, uma vez que a
aliança não é um contrato (que é um compromisso mútuo), sua
quebra traz consequências, mas não desobriga Deus de cumprir a
parte dele na aliança. Veja o que diz o Salmo 89:
A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e
a minha aliança lhe será firme, e conservarei para
sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do
céu. Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não
andarem nos meus juízos, se profanarem os meus
preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,
então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua
iniquidade com açoites. Mas não retirarei totalmente dele
a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade.
Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu
dos meus lábios. (Sl 89.28-34 – ACF)
Aqui vemos uma descrição perfeita da diferença entre um
contrato e uma aliança. Na Velha Aliança, a condição para
experimentar todas as bênçãos prometidas era cumprir toda a Lei
de Deus. Se a condição fosse perfeitamente cumprida, então todas
as bênçãos de Deus viriam sobre eles. Essas promessas estão
especificadas em Deuteronômio 28 e incluem terras, prosperidade,
proteção, saúde e muitas outras bênçãos maravilhosas.
Contudo, se o povo não cumprisse cabalmente as condições, que
eram obedecer a todas as leis, todas as terríveis consequências
descritas no livro da Lei recairiam sobre eles. O que tornava a Velha
Aliança terrível era que ela dependia inteiramente do povo de Israel.
E apesar de dizerem que cumpririam tudo o que Deus lhes
ordenara, sabemos que, por causa da maldade no coração deles,
não cumpriram. Na verdade, nem conseguiriam. No momento em
que receberam a Lei, eles já a quebraram. Quando Deus deu os
Dez Mandamentos a Moisés, lá em cima da montanha, e ele desceu
até o povo, ouviu muito barulho. Moisés percebeu que algo estava
errado e descobriu que o povo estava adorando um ídolo, um
bezerro de ouro que haviam feito. Mas, nos Dez Mandamentos,
Deus disse claramente que eles não deviam fazer para si imagens
de escultura, como lemos em Êxodo:
Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito,
da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de
mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma
semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo
na terra, nem nas águas debaixo da terra. (Êx 20.2-4 –
ACF)

BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES
Como já mencionei, as bênçãos e as maldições advindas da
obediência ou da desobediência aos mandamentos de Deus faziam
parte da Velha Aliança, feita estritamente entre Deus e a nação de
Israel. Como não fazemos parte dessa aliança, elas não se aplicam
a nós que vivemos debaixo da Nova Aliança. Muitos cristãos vivem
com medo de Deuteronômio 28 porque pregadores bem-
intencionados lhes disseram que a menos que eles obedeçam a
Deus, essas maldições virão sobre sua vida.
Então, quer dizer que obedecer a Deus não é importante? É claro
que é importante, mas não devemos obedecer a Deus por medo de
maldições que nem se aplicam a nós, e sim porque seu amor
conquistou nosso coração. Os dois versículos abaixo mostram
claramente as bênçãos e maldições que formam a base da Velha
Aliança.
E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus,
tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos
que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará
sobre todas as nações da terra. (Dt 28.1 – ACF)
Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor
teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus
mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno,
então virão sobre ti todas estas maldições, e te
alcançarão[...] (Dt 28.15 – ACF)
3
A ESCOLHA É SUA
Precisamos entender a liberdade e o poder de escolha que Deus
deu ao homem. Deus colocou Adão e Eva no jardim do Éden e lhes
deu o poder de escolherem comer ou não da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Parafraseando o que Deus disse ao
povo de Israel em Deuteronômio 30.19, teríamos algo mais ou
menos assim: “Coloco diante de vocês a vida e a morte; vocês
escolhem”. Sempre me impressiona a maneira como as pessoas
tentam colocar sobre os outros a culpa pelas próprias escolhas.
Deus não aceita desculpas por nossas escolhas erradas, pois foi Ele
mesmo quem nos deu o poder de escolha.

UMA OU OUTRA
Uma vez que a aliança é um compromisso entre Deus e as
pessoas, que nos mostra a maneira como Ele se relaciona conosco
e como devemos nos relacionar com Ele, temos que escolher sob
qual aliança queremos viver. Um dos motivos pelos quais as
pessoas misturam tantos conceitos da Velha Aliança em sua vida é
que elas não entendem que aliança sempre envolve escolha. É
Deus quem propõe a aliança e convida as pessoas a entrarem nela,
mas cabe às pessoas escolher. Você não pode viver (e se relacionar
com Deus) debaixo das duas alianças simultaneamente e desfrutar
da bondade, benignidade e das bênçãos de Deus que Ele já lhe deu
em Cristo. Seria como estar casado com dois cônjuges, um
maravilhoso e outro mau e terrível, e reclamar de estar passando
por tantas situações ruins em sua vida.
Quando se trata da nossa vida cristã, temos que escolher se
aceitamos ou não a proposta da Nova Aliança que Deus nos faz.
Não podemos viver debaixo das duas, da Velha e da Nova Aliança,
embora muitos cristãos façam exatamente isso. Devemos rejeitar
totalmente uma e aceitar a outra. Como vimos no capítulo anterior,
não faz sentido escolher viver pela Velha Aliança, uma vez que ela
jamais foi proposta a nós, cristãos, mas apenas ao povo de Israel.
Devemos sempre nos lembrar de como uma aliança funciona, ou
seja, é uma oferta feita pela parte mais forte à parte mais fraca. Não
há espaço para negociação. As únicas opções que a parte mais
fraca tem são aceitar ou rejeitar a aliança. Essa é uma verdade
muito importante e não podemos esquecê-la, porque significa que
não podemos escolher como receber algo de Deus, já que é Ele
quem estabelece os termos. Como as pessoas têm a liberdade de
escolher, muitas ainda escolhem viver pela Velha Aliança, embora
ela jamais tenha sido criada para elas. Infelizmente, as
consequências dessa decisão no dia a dia das pessoas são
devastadoras, e Deus não pode mudar a escolha delas ou os efeitos
negativos que ela gera.

A ADVERTÊNCIA DE JESUS
No evangelho de Lucas, Jesus fala sobre a Velha e a Nova
Aliança.
E lhes acrescentou esta parábola para pensar: “Ninguém
tira um remendo de roupa nova e o costura sobre roupa
velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e,
além disso, o remendo novo jamais se ajustará à velha
roupa. Da mesma maneira, não há alguém que coloque
vinho novo em recipiente de couro velho. Ora, se o fizer,
o vinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se
derramará e danificará o recipiente onde fora colocado.
Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um
recipiente de couro novo [e ambos se conservarão]. Pois,
pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o
novo; porquanto se diz: ‘O vinho velho é bom o
suficiente!’”. (Lc 5.36-39)
Analisando o contexto dessa parábola, podemos ver claramente
que Jesus não está preocupado com roupas, vinhos ou odres. É
uma parábola e, como tal, deve ser entendida como algo simbólico.
A pergunta que precisamos fazer é a seguinte: Para quem Jesus
dirigiu essas palavras e por quê?
Jesus estava falando aos fariseus, que eram mestres da Lei e
viviam rigorosamente debaixo da Velha Aliança. Eles tentavam
obedecer religiosamente às 613 leis a fim de serem justos diante de
Deus e impressionar seus companheiros. Além disso, eles também
acrescentaram muitas leis criadas pelos próprios homens,
chamadas de Tradição dos Anciãos. Foram leis passadas de
geração a geração e eram consideradas muito importantes. Para
essas pessoas religiosas e legalistas, a Tradição dos Anciãos era
ainda mais importante do que os mandamentos de Deus. Jesus
mostrou isso no evangelho de Mateus:
Então alguns fariseus e escribas, vindos de Jerusalém,
foram até Jesus e questionaram: “Por que os seus
discípulos transgridem a tradição dos anciãos? Visto que
eles não lavam as mãos antes de comer!” Ponderou-lhes
Jesus: “E por que transgredis vós também o
mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? (Mt
15.1-3)
Mais à frente, no versículo 7, Jesus os chama de hipócritas e, no
verso 9, conclui dizendo que eles estão ensinando “doutrinas que
não passam de regras criadas por homens”. Foi para essas pessoas
que Jesus contou a parábola do vinho novo em odres velhos e do
remendo novo em roupa velha. Essas pessoas não só viviam
rigorosamente sob a Velha Aliança, mas também se ofendiam
constantemente com Jesus. A parábola era uma resposta à
reclamação deles contra os discípulos, porque eles estavam
comendo e bebendo com os pecadores. Vejamos o contexto em que
ela foi contada para analisarmos o que Jesus estava tentando dizer.
Passados estes eventos, saindo Jesus, encontrou-se
com um publicano, chamado Levi, sentado à mesa da
coletoria, e o convocou: “Segue-me!” Levi levantou-se,
abandonou tudo e seguiu Jesus. Então Levi ofereceu a
Jesus uma grande festa em sua casa; e uma multidão de
publicanos e de outras pessoas estava à mesa comendo
com eles. Os fariseus e seus escribas reclamaram dos
discípulos de Jesus: “Por que comeis e bebeis com os
publicanos e pecadores?” Ao que Jesus lhes ponderou:
“Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os
enfermos. Eu não vim para convocar os justos, mas sim,
para chamar os pecadores ao arrependimento!” Em
seguida eles lhe observaram: “Os discípulos de João
jejuam e oram com grande frequência, assim como os
discípulos dos fariseus; no entanto, os teus vivem
comendo e bebendo”. (Lc 5.27-33)
Essa parábola é mais séria do que muita gente pensa. Aqui,
vemos uma discussão acontecendo entre Jesus, que veio selar a
Nova Aliança, e essas pessoas que viviam debaixo da Velha
Aliança. Jesus veio para trazer a Nova Aliança que, por ser
radicalmente nova e diferente, era tão ofensiva para os fariseus.
Eles estavam jejuando para impressionar as pessoas e merecer
algo de Deus, enquanto Jesus e seus discípulos estavam comendo
com os pecadores. Jesus lhes disse que eles não podiam misturar o
velho com o novo, pois, se fizessem isso, tudo se perderia. Jesus
representava a Nova Aliança; os fariseus, a Velha. E estes ainda
queriam que Jesus e os discípulos vivessem sob a Velha Aliança,
mas Jesus se recusava a fazer isso. Ele disse que, se misturarmos
as duas, tudo se perderá.
Como essa advertência de Jesus se aplica a nós, hoje? É
simples: se você aplicar qualquer parte dos conceitos ou
comportamentos da Velha Aliança em sua vida, perderá as bênçãos
da Nova Aliança; os odres se romperão e tudo se perderá. Qual era
a base da Velha Aliança? Era merecer as bênçãos de Deus através
da obediência à Lei. Sendo assim, se você fizer qualquer coisa, seja
jejuar, ofertar, ler a Bíblia, servir a Deus, orar, ou qualquer outra boa
ação a fim de ganhar o favor de Deus e merecer suas bênçãos,
romperá o odre e perderá o bom vinho novo. Portanto, temos que
rejeitar veementemente todo e qualquer aspecto da Velha Aliança.
Jesus encerrou essa parábola com uma declaração interessante,
ao dizer: “Pois, pessoa alguma, depois de beber o vinho velho,
prefere o novo; porquanto se diz: ‘O vinho velho é bom o suficiente!’”
Como a Velha Aliança pode ser melhor do que a Nova Aliança?
Muitas pessoas me fazem tal pergunta quando leem essa parábola,
mas Jesus nunca disse que o vinho velho é melhor do que o novo.
O que Ele disse é que aqueles que já beberam o vinho velho não
preferem o novo logo de imediato. E vejo isso constantemente. Os
cristãos que vivem sob uma mistura da Lei e da Velha Aliança
acham muito difícil aceitar a Nova Aliança. Eles estão tão seguros
em suas próprias obras e justiça, que sua reação imediata é rejeitar
o vinho novo. Mas, uma vez que eles experimentam
verdadeiramente da maravilhosa Nova Aliança, deixam de bom
grado a outra para trás.

A DESTRUIÇÃO DA JUSTIÇA PRÓPRIA


Em minha opinião, o maior pecado que já cometi em toda a minha
vida foi o pecado da justiça própria. A justiça própria é um
comportamento típico da Velha Aliança, no qual a pessoa tenta ser
correta diante de Deus baseada em seu comportamento e
desempenho. É algo tão impregnado na vida do ser humano que
muitas vezes é difícil detectá-lo. Por ser um comportamento típico
da Velha Aliança, é como colocar um remendo de pano novo numa
roupa velha. A solução para a justiça própria na Nova Aliança é
receber a justiça de Jesus Cristo somente pela fé.
A justiça própria é vista pela primeira vez antes mesmo da Lei e
da Velha Aliança existirem. No jardim do Éden, quando o homem
pecou, seus olhos foram abertos e ele viu sua nudez. Em Gênesis 3,
podemos ver a diferença entre a maneira como eles lidaram com
isso e o modo como Deus tratou o assunto.
Então os olhos dos dois se abriram, e perceberam que
estavam nus; em seguida entrelaçaram folhas de figueira
e fizeram cintas para cobrir-se. (Gn 3.7)
Em tipologia (que é o estudo dos tipos e símbolos na Bíblia),
folhas de figueira representam (são um tipo ou símbolo de) nossas
boas obras. Quando o homem viu sua própria nudez, sua reação
natural foi cobrir-se. É interessante que, dentre todas as folhas do
jardim que Adão e Eva poderiam ter usado, escolheram justamente
as folhas de figueira. Nada na Bíblia foi escrito por acaso, tudo se
conecta perfeitamente. Havia muitas outras árvores criadas por
Deus, mas eles escolheram as folhas de figueira, que são um tipo
das nossas obras e da justiça própria.
Analisando a nossa vida, quando fazemos algo errado e
descobrimos nossa nudez, o maior desejo da natureza humana
caída não é tentar compensar o erro com nossas próprias boas
obras? Sempre me lembro de um amigo que me disse que, quando
ele levava flores para a esposa, a primeira coisa que ela fazia era
perguntar: “O que você fez de errado?” O primeiro pensamento que
lhe vinha à mente era o de que ele havia feito algo errado e estava
tentando encobrir o erro com uma boa ação. Por mais triste que
seja, isso é muito comum na vida da maioria das pessoas; elas
apenas expressam de formas diferentes. Como a justiça própria é
uma expressão típica da Velha Aliança, temos que rejeitá-la com
todas as nossas forças.
Qual a solução proposta por Deus para a queda e a nudez do
homem? Em Gênesis 3.21, lemos: Fez o Senhor Deus túnicas de
pele e com elas vestiu Adão e Eva, sua mulher. A solução de Deus
foi matar um animal inocente e, com a pele, cobrir a nudez deles.
Essa foi a primeira ilustração da Nova Aliança na Bíblia. E lembre-
se, a aliança é um compromisso que define a maneira como Deus
nos trata e como interagimos com Ele.
Lá no jardim do Éden, Deus expressou claramente seu desejo
pela Nova Aliança, pois Cristo cobre a nossa nudez. Ele é a
resposta para nossos fracassos, porque Ele se tornou nossa
aliança. Não nos relacionamos mais com Deus através dos nossos
comportamentos ou boas obras, mas somente através da morte de
Jesus Cristo. No momento em que acreditamos que Deus nos deve
algo, baseado no nosso desempenho, escorregamos de volta para a
mentalidade da Velha Aliança e perdemos todos os benefícios e
bênçãos da maravilhosa Nova Aliança.

TUDO OU NADA
Não podemos misturar a Lei e a graça, ou a Velha e a Nova
Aliança. Foi isso o que Jesus disse na parábola dos odres, e
também o que Tiago falou, usando outras palavras, para ilustrar
essa mesma verdade. Não podemos escolher quais partes de qual
aliança aplicaremos em nossa vida e, ao mesmo tempo, desfrutar
de todos os benefícios das duas. No momento em que escolhemos
errado, isto é, acrescentamos partes da Velha Aliança em nossa
vida, as consequências são inevitáveis. Isso está muito claro no
texto bíblico abaixo:
Porquanto, quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em
apenas uma das suas ordenanças, torna-se culpado de
quebrá-la integralmente. Pois Aquele que proclamou:
“Não adulterarás”, também ordenou: “Não matarás”. Ora,
se não adulteras, porém cometes um assassinato, te
tornaste da mesma forma, transgressor da Lei. (Tg
2.10,11)
Se você escolher merecer algo de Deus guardando a Lei, então
tem que entender que precisará guardar toda a Lei em todos os
momentos de todos os dias da sua vida. Se falhar uma só vez, quer
seja em pensamento ou em ações, terá quebrado toda a Lei e,
portanto, não merece mais as bênçãos de Deus.
Certa vez, eu estava pregando em São Paulo e Deus me deu
uma palavra de conhecimento a respeito de um joelho destruído
sendo curado e restaurado sobrenaturalmente. Uma mulher
respondeu àquela palavra de conhecimento específica, mas nada
aconteceu depois que ela recebeu oração. O Espírito Santo falou
comigo, e senti que o problema dela era a justiça própria, que a
impedia de receber o milagre. Pedi que ela repetisse após mim que
ela era totalmente digna de ser curada, independentemente das
suas próprias obras, pois dependia apenas do sacrifício de Jesus na
cruz. Depois de fazer isso, ela recebeu a cura.
4
A GRANDE CONFUSÃO
É importante compreendermos a diferença entre o Velho
Testamento e a Velha Aliança, pois as pessoas geralmente
confundem os dois. Tenho ouvido pessoas me dizerem que jamais
lerão o Antigo Testamento, apenas o Novo, porque vivem na Nova
Aliança. Sim, eu amo o Novo Testamento! Gosto muito de ler os
evangelhos e as epístolas de Paulo, e não há nada errado nisso.
Mas precisamos compreender que o Velho Testamento e a Velha
Aliança não são a mesma coisa.
A Velha Aliança é o compromisso que Deus fez com Israel para
determinar a maneira como Ele se relacionaria com eles e vice-
versa. O Velho Testamento, contudo, são as Escrituras, apesar de
hoje toda a Bíblia ser conhecida como Escritura Sagrada. A única
Bíblia que Jesus tinha era o Velho Testamento. O apóstolo Paulo só
usava o Velho Testamento para mostrar seu entendimento,
revelação e conhecimento da Nova Aliança. Devemos amar toda a
Bíblia, não apenas as partes das quais gostamos ou que achamos
fáceis de entender, pois ela é a verdade eterna, como o salmista
disse: A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos
teus juízos dura para sempre (Sl 119.160 – ACF). Veja o que Paulo
disse a Timóteo:
Porque desde a infância sabes as Sagradas Letras que
têm o poder de fazer-te sábio para a salvação, por
intermédio da fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é
inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade,
para repreender o mal, para corrigir os erros e para
ensinar a maneira certa de viver; a fim de que todo
homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para
realizar todas as boas ações. (2Tm 3.15-17)
Aqui, vemos claramente a importância do Velho Testamento para
os crentes da Nova Aliança. Quando Paulo falou a Timóteo sobre as
Escrituras e sua importância na vida dele, estava se referindo ao
Velho Testamento. Quando Jesus estava no deserto, sendo tentado
pelo diabo, Ele citou trechos do Velho Testamento. Quando Jesus
estava andando com seus discípulos no caminho de Emaús, Lucas
relata: Então, iniciando por Moisés e discorrendo sobre todos os
profetas, explanou-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras (Lc 24.27).
O problema surge quando confundimos a Velha Aliança com o
Velho Testamento. E duas coisas acontecem em decorrência dessa
grande confusão. A primeira é que muitas pessoas têm olhado para
o Velho Testamento através das lentes da Lei e da Velha Aliança, e
isso as tem transformado em fariseus modernos, ferindo muita
gente. A segunda é que muitas pessoas têm reagido de forma
contrária e jogado fora todo o Velho Testamento, dizendo que agora
vivemos na Nova Aliança e não precisamos mais dele. Existem
muitas teologias reacionárias circulando pelas igrejas cristãs, e essa
reação é sempre muito perigosa, pois nossas crenças devem ser
baseadas na Palavra de Deus, não numa experiência negativa que
tivemos. Pegando textos fora de contexto e interpretando-os de
forma errada, podemos criar justificativas bíblicas para quase tudo.

COMPREENDENDO AS ESCRITURAS
Se realmente quisermos entender a Bíblia, devemos
compreender algumas verdades básicas que ensinei no primeiro
capítulo, mas também precisamos de outros pontos importantes que
mostrarei neste capítulo.

OS ENSINAMENTOS DE JESUS
Quando Jesus caminhou por esta terra, Ele não podia nos revelar
plenamente a Nova Aliança, apenas nos dar algumas pistas a
respeito dela. Consequentemente, o mistério da Nova Aliança
permanece oculto no Velho Testamento, assim como nos
evangelhos. A menos que estejamos dispostos a pesquisar e
estudar o Velho Testamento à luz da Nova Aliança e com a ajuda do
Espírito Santo, ela permanecerá sendo um mistério para nós, o que
dificultará muito a leitura e a interpretação do Velho Testamento. No
evangelho de João, Jesus nos disse:
Eu ainda tenho muitas verdades que desejo vos dizer,
mas seria demais para o vosso entendimento neste
momento. No entanto, quando o Espírito da verdade vier,
Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará por
si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos revelará
tudo o que está por vir. (Jo 16.12,13)
Esses versículos nos mostram claramente que Jesus não ensinou
tudo o que Ele veio revelar. Quando descobri esses versículos,
comecei a clamar ao Espírito Santo muitas vezes, pedindo-lhe para
me ensinar as coisas que Jesus queria dizer aos discípulos, mas
não pôde. Esses versos nos mostram belas verdades, pois Jesus
desejava dizer muitas coisas, mas como os discípulos viviam num
período de transição entre a Velha e a Nova Aliança, eles não
conseguiriam entender tudo.
É por isso que Jesus nunca falou claramente sobre a Nova
Aliança. Ele a mencionou rapidamente na última ceia, quando disse
que o vinho era o cálice da Nova Aliança, mas nunca ensinou
abertamente sobre ela. Ainda nesses versos de João 16, vemos que
o Espírito Santo é quem nos ensinará tais coisas, e foi por isso que
comecei a implorar a Ele que me revelasse todas essas coisas, pois
ninguém consegue explicar a Nova Aliança melhor do que Ele.
Jesus ensinou muitas coisas quando esteve aqui na terra, mas não
ensinou sobre a Nova Aliança, porque cabia ao Espírito Santo
revelá-la.

O MISTÉRIO OCULTO
A Nova Aliança, a única forma de Deus se relacionar conosco
hoje, era um mistério que estava oculto, e ninguém conseguia vê-la
claramente. O mistério não foi revelado até Jesus ascender aos
céus e enviar o Espírito Santo. Portanto, ler o Velho Testamento
sem a clara revelação do mistério da Nova Aliança pode ser
prejudicial e até mesmo perigoso. É assim que a religião está
destruindo muitas vidas hoje em dia. As pessoas leem o Velho
Testamento à luz da Velha Aliança, interpretando e aplicando de
forma errada tudo o que Deus disse, e isso traz morte em vez de
vida, cria uma imagem completamente errada do Deus a quem
servimos, transformando-as em fariseus modernos cheios de justiça
própria, orgulhosos e julgadores, ou em alguém que vive em
constante culpa, medo, vergonha e condenação.

AS PALAVRAS MAIS IMPORTANTES


Em minha opinião, as palavras mais importantes da Bíblia inteira
estão registradas em João 19.30, quando Jesus disse: “Está
consumado!” Tudo o que lemos e estudamos nas Escrituras deve
ser interpretado através dessas palavras. Sem elas, não temos
salvação, cura, bênçãos nem futuro no céu. Quando Jesus proferiu
tais palavras, Ele declarou que sua obra na cruz foi absoluta e
suficiente. Se conseguíssemos aprender a ler tudo na Bíblia à luz
dessas palavras, não haveria espaço para a justiça própria ou a
religiosidade em nossa vida. A única maneira pela qual devemos
nos relacionar com Deus é através da obra consumada da cruz de
Jesus Cristo.

O EXEMPLO DO APÓSTOLO PAULO


Dentre todos os apóstolos, Paulo foi quem teve a maior revelação
do mistério da Nova Aliança. O Novo Testamento nos foi dado para
que compreendamos como aplicar o mistério da Nova Aliança, que
estava oculto no Antigo Testamento. O apóstolo Paulo estava
disposto a pagar o preço que fosse necessário para defender o
verdadeiro evangelho da graça e a mensagem da Nova Aliança. Ele
sofreu perseguições terríveis e passou a maior parte da sua vida
ministerial na prisão. Mas o sofrimento não era, de modo algum,
problema para ele, pois a revelação da Nova Aliança em sua vida
era tão grande que superava em muito o sofrimento. Falando aos
anciãos na igreja de Éfeso, ele lhes disse que estava certo de que
mais sofrimentos e tribulações e cadeias o aguardavam, porque o
Espírito Santo havia lhe dito. E sua resposta foi:
Sei, no entanto, que em todas as cidades o Espírito
Santo me previne que prisões e sofrimentos estão
preparados para mim. Contudo, nem por um momento
considero a minha vida como valioso tesouro para mim
mesmo, contanto que possa completar a missão e o
ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar
testemunho do Evangelho da graça de Deus. (At 20.22-
24)
O que motivava Paulo a sofrer de bom grado as mais terríveis
dificuldades e perseguições, as quais ele descreve detalhadamente
na carta aos coríntios, não era seu amor por Deus, mas sua
revelação do evangelho da graça de Deus. Seu evangelho é a Nova
Aliança revelada. A carta aos efésios, em especial, nos dá uma
percepção clara do mistério da Nova Aliança. Ela, assim como a
carta aos gálatas, é o que mais tenho lido e estudado na Bíblia.
Creio que todo cristão deva ler com atenção e passar um bom
tempo meditando nos primeiros três capítulos de Efésios. Vejamos o
que Paulo diz na carta sobre esse mistério:
Embora eu seja o menor dos menores de todos os
santos, foi-me concedida a graça de proclamar aos
gentios as insondáveis riquezas de Cristo, e revelar a
todos qual é a dispensação deste mistério que, desde os
séculos passados, foi mantido oculto em Deus, que tudo
criou. A intenção dessa graça era que agora, mediante a
Igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse
conhecida dos principados e autoridades nas regiões
celestiais, conforme o eterno propósito de Deus realizado
em Cristo Jesus, nosso Senhor[...] (Ef 3.8-11)
Paulo disse claramente que, para ele, essa graça fora dada para
tornar conhecida a dispensação desse mistério, que estava oculto
em Deus desde o princípio dos tempos. Esse sempre foi o propósito
de Deus, como Paulo declara no versículo 11. Uma vez que a Nova
Aliança é o propósito eterno de Deus, não devemos ler ou tentar
compreender nada em toda a Bíblia de qualquer outra maneira que
não seja à luz deste mistério maravilhoso: “Cristo em nós, a
esperança da glória” (Cl 1.27).
UMA ORAÇÃO IMPORTANTE
Como já vimos, somente o Espírito Santo pode realmente nos
revelar a Nova Aliança. De acordo com o que lemos em João 16.12,
nem o próprio Jesus podia fazer isso. E já que Ele é o único que
pode nos trazer a plena revelação da Nova Aliança, precisamos
constantemente fazer uma oração específica por nós e pelas
pessoas que amamos. Já fiz essa oração em meu favor por
milhares de vezes e continuo a fazê-la. Ela está registrada na carta
aos Efésios:
Por esse motivo, também eu, tendo ouvido falar da fé no
Senhor Jesus que existe entre vós, e do vosso amor
fraternal para com todos os santos, não cesso de dar
graças por vós, recordando-me de vós em minhas
orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo,
o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento dele. Oro, ainda, para
que os olhos do vosso coração sejam iluminados, para
que saibais qual é a real esperança do chamado que Ele
vos fez, quais são as riquezas da glória da sua herança
nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para
conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua
portentosa força. Esse mesmo poder que agiu em Cristo,
ressuscitando-o dos mortos e entronizando-o à sua
direita, nas regiões celestiais, muito acima de toda
potestade e autoridade, poder e domínio, e de todo nome
que possa ser pronunciado, não somente nesta era, mas
da mesma forma na que há de vir. (Ef 1.15-21)
Por muitas vezes já me reuni com pastores e líderes que
reclamavam de pessoas sob sua liderança, e disse a muitos deles
que, em vez de reclamar dos seus liderados, eles deveriam
diligentemente fazer o que o apóstolo Paulo fez e orar
fervorosamente por eles. O apóstolo que teve uma revelação tão
grande e extraordinária da Nova Aliança disse que nunca parava de
fazer essa mesma oração pela igreja em Éfeso.
Essa oração mostra que o Espírito Santo é quem nos revela a
Nova Aliança. Mas por que temos que repeti-la constantemente, vez
após outra, se a obra da cruz já está completa? Porque ainda não
temos a plena revelação de todos os aspectos da Nova Aliança.
Não estamos orando para Deus nos dar aquilo que Ele já nos deu
através da obra consumada da cruz. Nossa oração é para que,
através do Espírito Santo, Deus nos dê uma revelação cada vez
maior para compreender cada aspecto da Nova Aliança. Eu o
incentivo a memorizar essa oração e fazê-la diariamente.

COMPREENDENDO OS ENSINAMENTOS DE JESUS


Quando Jesus viveu nesta terra, a Nova Aliança ainda não estava
vigorando nem havia sido revelada. Portanto, devemos interpretar
corretamente tudo o que lemos nos evangelhos. Devemos nos fazer
a seguinte pergunta: “Para quem Jesus estava falando neste
versículo e por que Ele disse o que disse?”
Muito do que Jesus falou foi dito em resposta às perguntas que
os judeus fariseus que viviam debaixo da Lei e da Velha Aliança
haviam lhe feito. Tais coisas, obviamente, não se aplicam a nós,
cristãos da Nova Aliança. Mas entenda bem, eu não disse que as
palavras e os ensinamentos de Jesus não se aplicam a nós nem
que não são importantes. Todos os seus ensinamentos são
importantes para nós hoje. Mas se não discernirmos se Ele estava
ensinando ou dirigindo-se especificamente aos que estavam sob a
Velha Aliança, ficaremos muito confusos.
5
COMPREENDENDO A LEI
A pergunta que muitas pessoas fazem é a seguinte: Já que
estamos debaixo da graça, sob a Nova Aliança, ainda precisamos
obedecer à Lei? Na carta aos Romanos, Paulo diz: “Porquanto o
pecado não poderá exercer domínio sobre vós, pois não estais
debaixo da Lei, mas debaixo da Graça!” (Rm 6.14).
Infelizmente, tenho visto como esse versículo é interpretado e
entendido da forma errada. As pessoas aplicam esse trecho de um
modo que as leva a viver sem nenhuma restrição. Algum tempo
atrás, alguém me disse que, já que vivemos sob a graça e a Nova
Aliança, e que Jesus levou na cruz todo o nosso pecado do
passado, do presente e do futuro, aos olhos de Deus, já não existe
mais pecado. Ele continuou dizendo que, mesmo que façamos algo
que seria considerado pecado, não precisamos confessá-lo ou nos
preocupar com isso, porque aos olhos de Deus o pecado não existe
mais.
Parece um argumento lógico, e Paulo também teve que enfrentá-
lo naquela época. Logo no verso seguinte, Paulo responde
exatamente a essa pergunta, quando diz: “Que resposta dar?
Vamos nos atirar ao pecado porque não estamos sob o jugo da Lei,
mas sob o poder da lei da Graça?” E prossegue: “Não! De forma
alguma”.
Neste capítulo, responderei muitas perguntas em relação à Lei,
como ela se aplica a nós e se ainda temos que obedecer a ela. Essa
é uma parte muito importante para a compreensão da Nova Aliança.
Quando Paulo disse que o pecado não tem domínio sobre nós
porque estamos debaixo da graça e não da Lei, ele comparou a
Velha e a Nova Aliança. Devemos entender que, às vezes, na Bíblia,
a Velha Aliança era chamada de Lei porque foi Moisés quem deu a
Lei e foi o mediador da Velha Aliança.
Sob a Lei, não tínhamos o poder de viver livres do pecado porque
nossa natureza pecaminosa ainda não tinha sido vencida. A Nova
Aliança nos pôs acima da Lei, elevando-nos, ao destruir nossa
natureza pecaminosa e nos dar graça, isto é, a capacidade divina
para não pecar. Abordo esse assunto mais amplamente em meu
livro Pecado.

OBEDIÊNCIA À LEI
Num raciocínio simples, concluímos que uma vez que a Lei era a
base da Velha Aliança, e já não vivemos mais sob ela, também não
precisamos mais obedecer à Lei. Mas, como veremos, não é tão
simples assim. Nos capítulos anteriores, quando citamos a epístola
de Tiago, vimos que só temos duas opções: ou obedecemos a toda
a Lei ou a nenhuma parte dela, isto é, não podemos escolher a
quais partes obedecer e a quais não. Se você acha que a Lei ainda
se aplica a você, então deve obedecer a cada uma das 613 leis.
Contudo, como veremos adiante, a Bíblia também nos adverte a não
vivermos sem lei.

ALCANÇANDO A JUSTIFICAÇÃO
A Bíblia é muito clara ao dizer que ninguém pode ser justificado
pelas obras, o que significa obedecer à Lei. Infelizmente, muitas
pessoas ainda se aproximam de Deus baseadas em guardar a Lei.
Elas sentem que se fizerem tudo certo, então Deus lhes responderá.
A Bíblia ensina que a única justiça aceita por Deus é a que vem
somente pela fé em Jesus. Na carta aos Romanos, Paulo diz:
“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele confiando na
obediência à Lei, pois é precisamente por meio da Lei que
chegamos à irrefutável conclusão de que somos todos pecadores”
(Rm 3.20).
Não devemos jamais, nem por um momento, tentar alcançar a
justificação diante de Deus guardando a Lei, nem mesmo os Dez
Mandamentos. Deus não se agrada das nossas boas obras se elas
forem feitas com a motivação de alcançarmos a justificação diante
dele.
POR QUE DEUS DEU A LEI?
A pergunta óbvia que surge é: “Então por que Deus deu a Lei?” A
Lei tinha vários propósitos, mas quero me concentrar em apenas um
deles: a Lei foi dada para nos mostrar o quanto necessitamos de
Cristo. Paulo disse: “Desse modo, a Lei se tornou nosso tutor a fim
de nos conduzir a Cristo, para que por intermédio da fé fôssemos
justificados” (Gl 3.24). Essa passagem nos mostra de forma
maravilhosa o coração de Deus e a Nova Aliança. Deus deu a Lei e
disse ao povo que se eles a obedecessem integralmente, seriam
abençoados de todas as maneiras possíveis e seriam aceitos diante
dele. Um dos significados da palavra justo é “aceito”. Como homem
algum pode ser aceito diante de Deus por guardar a Lei, ela serviu
como um tutor para nos conduzir a Cristo.
A Lei demonstrou claramente que é impossível ser aceitável
diante de Deus sem Jesus Cristo. Independentemente de quanto o
homem tentasse, ele sempre falhava. Cristo, o sacrifício perfeito,
nos fez aceitáveis diante de Deus, apesar de quebrarmos a Lei um
milhão de vezes. Sem a Lei, jamais saberíamos do quanto
necessitamos de Jesus Cristo. Quero enfatizar novamente que
guardar qualquer uma das leis, sejam os Dez Mandamentos, as leis
civis ou cerimoniais não nos tornará justos diante de Deus.

A QUAIS LEIS DEVEMOS OBEDECER?


Não vivemos pela Lei do Antigo Testamento, mas isso não quer
dizer que vivamos sem lei alguma. Sendo assim, quais leis se
aplicam a nós hoje?
O Novo Testamento fala de muitos deveres nossos e adverte
claramente contra uma vida de transgressão à lei, contudo, também
fala que não estamos debaixo da Lei. Essas afirmações parecem
contraditórias e confundem muitas pessoas.
Uma vez que a Lei era a base da Velha Aliança, como já vimos, e
essa aliança foi feita especificamente entre Deus e Israel, a Lei,
obviamente, não se aplica a nós. Contudo, o Novo Testamento fala
sobre a Lei de Cristo, a Lei da Liberdade e também do novo
mandamento que Jesus nos deu. As únicas leis sob as quais
devemos viver na Nova Aliança são aquelas que Jesus ou os
apóstolos ensinaram claramente e exigiram que fossem cumpridas.
Contudo, precisamos compreender que a aplicação dessas leis da
Nova Aliança é completamente diferente. Não obedecemos a essas
leis para alcançarmos a justificação diante de Deus, mas como
resposta à justificação que recebemos livremente através de Jesus,
e essas, sim, seguimos de bom grado.

JESUS ELEVOU O PADRÃO


Parecia que o padrão da Lei do Antigo Testamento já era bem
alto, mas quando Jesus veio, Ele o elevou ainda mais. Em vez de
lhes dizer para não se preocuparem com a Lei, Jesus elevou o
padrão dizendo, por exemplo:
Ouvistes o que foi dito: ”Não cometerás adultério”. Eu,
porém, vos digo que qualquer que olhar para uma mulher
com intenção impura, em seu coração, já cometeu
adultério com ela. (Mt 5.27)
O que Jesus quis dizer ao falar algo tão radical? Devemos
lembrar que Jesus viveu no período entre a Velha e a Nova Aliança.
Em muitos dos seus ensinamentos, como no Sermão do Monte, Ele
nos deu dicas de como viver sob a Nova Aliança e a quais leis
obedecer. O padrão da Lei de Cristo é muito mais alto do que o da
Lei de Moisés, e isso acontece por causa do poder da Nova Aliança.
Na Nova Aliança, Deus destruiu completamente nossa natureza
pecaminosa e nos capacitou a obedecer à Lei de Cristo, que
também é a Lei do Amor, e a viver debaixo dela.

O NOVO MANDAMENTO
Jesus disse aos seus discípulos:
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma
maneira tenhais amor uns para com os outros. (Jo 13.34)
Eles nunca tinham ouvido algo assim antes, porque a Velha
Aliança não funcionava dessa forma. Sob ela, era olho por olho e
dente por dente. De repente, Jesus fala sobre um novo
mandamento que era radicalmente diferente de tudo o que eles já
haviam visto. Essa é a Lei de Cristo ou a Lei do Amor pela qual
vivemos na Nova Aliança, não para obter o favor de Deus, mas
porque obtivemos o favor dele. Jesus não disse aos discípulos que
o novo mandamento é apenas amar uns aos outros, mas que é
amar uns aos outros como Ele os amou. Depois de andar com Ele
dia e noite por três anos e meio, eles sabiam que Jesus os amava
de forma perfeita. Nesse mesmo capítulo do evangelho de João,
vemos a demonstração do perfeito amor de Jesus; é nele que está
registrado o relato de Jesus lavando os pés dos discípulos e
celebrando a última ceia com eles. É também nesse capítulo que
Ele lhes anuncia a Nova Aliança, que é a Aliança de Amor.
O apóstolo Paulo, como vemos em Romanos 13.8, concorda
plenamente com Jesus em relação à Lei do Amor. No verso 10, ele
diz que o amor não prejudica o próximo, portanto, o amor é o
cumprimento da Lei. Tiago também fala sobre a Lei da Liberdade no
Novo Testamento, como podemos ver:
Porém, a pessoa que observa atentamente a lei perfeita,
a lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte
negligente, mas praticante zeloso, será muito feliz em
tudo o que empreender. (Tg 1.25)
O contexto no qual Tiago fala sobre a Lei da Liberdade é o de ser
praticante, não apenas ouvinte da Palavra de Deus. Ele conclui que
aqueles que praticam a Palavra de Deus serão abençoados em tudo
o que fizerem. Se analisarmos esse texto com as lentes da Velha
Aliança, podemos pensar que se obedecermos à Lei da Liberdade e
fizermos o que Deus diz em sua Palavra, então Ele nos abençoará
em tudo o que fizermos.
Infelizmente, é assim que muitos cristãos leem e entendem a
Bíblia. Porém, Tiago não diz nada sobre Deus nos abençoar. Ele diz
que aqueles que observam a perfeita Lei da Liberdade, e nela
perseveram, serão abençoados. Ele simplesmente descreve o
resultado de uma vida correta. Deus já nos abençoou em Cristo
Jesus, independentemente de qualquer coisa que fizermos. Para
experimentarmos e andarmos em todas as bênçãos que a vida na
Nova Aliança traz, precisamos obedecer à Lei do Amor, que é a Lei
de Cristo ou a Lei da Liberdade.

A LEI E A FALTA DE LEI


Paulo não estava sujeito à Lei de Moisés, mas também não vivia
sem lei alguma. Na primeira carta aos coríntios, Paulo nos conta
como ele aplicava a Lei do Amor:
Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de
todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para
os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão
debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para
ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão
sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei
para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para
ganhar os que estão sem lei. (1Co 9.19-21 – ACF)
No verso 21, Paulo nos diz que não estava sem lei para com
Deus, mas debaixo da Lei de Cristo. Paulo não vivia sob nenhuma
das 613 ordenanças, mas sob a Lei de Cristo. Seu coração foi
cativado pela maravilhosa verdade da Nova Aliança, que
demonstrou o profundo amor de Deus por ele. Sua resposta natural
foi viver sob a Lei de Cristo, que é a Lei do Amor. Devemos sempre
nos lembrar de que, na verdade, a Lei de Moisés não era o
problema, mas sim a indisposição e incapacidade do homem de
obedecer à Lei de Deus. Mais à frente, neste livro, mostrarei que
Deus nunca se relacionará com você baseado em qualquer parte da
Lei, mas somente com base em quem nós somos em Cristo.

O AVISO DE JESUS
Jesus nos avisou para termos cuidado com a atitude de viver sem
lei. No evangelho de Mateus, Ele nos diz:
Nem todo aquele que diz a mim: “Senhor, Senhor!”
entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a
mim naquele dia: “Senhor, Senhor! Não temos nós
profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos
demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos
milagres?” Então lhes declararei: Nunca os conheci.
Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal.
Assim, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as
pratica será comparado a um homem sábio, que
construiu a sua casa sobre a rocha. (Mt 7.21-24)
Sei que há várias traduções da Bíblia que usam palavras
diferentes no final do verso 23, mas o significado original em grego é
“transgressores”, “que não têm lei”. Jesus está nos dizendo que
simplesmente confessá-lo como Senhor não basta para entrar no
seu Reino. Viver como se não tivéssemos lei alguma e negligenciar
o pecado não nos garantirá entrada no Reino de Deus. Não estou
falando de salvação, mas de herdar o Reino. Se você quiser
participar do Reino de Cristo, deve compreender que os
ensinamentos de Jesus e uma vida debaixo da Lei do Amor são
cruciais.

O EXEMPLO DOS FARISEUS


Os fariseus cumpriam fielmente a Lei civil e cerimonial de Moisés.
E, como já mencionamos, também acrescentaram a ela a Tradição
dos Anciãos. Mas, ao fazer isso, eles quebraram a lei moral de
Deus, que é a Lei do Amor. No evangelho de Mateus, Jesus lhes
disse:
Entretanto, se vós soubésseis o que significam estas
palavras: “Misericórdia quero, e não holocaustos”, não
teríeis condenado os que não têm culpa. (Mt 12.7)
O que aconteceu aqui que levou Jesus a, mais uma vez,
confrontar os fariseus? Os discípulos estavam andando pelas
lavouras de cereal num sábado e, como estavam com fome,
começaram a colher espigas e comê-las. Imediatamente, os fariseus
reclamaram e disseram a Jesus que seus discípulos estavam
quebrando o mandamento do sábado. Só para relembrar, guardar o
sábado é um dos Dez Mandamentos. Se tivéssemos que viver
debaixo dos Dez Mandamentos, Jesus teria sido um péssimo
exemplo para nós, porque Ele constantemente quebrava o quarto
mandamento, que era guardar o sábado. Jesus respondeu aos
fariseus dizendo-lhes que seus discípulos não tinham culpa alguma
diante de Deus, pois o que Ele deseja é misericórdia.
Todos nós corremos o risco de nos tornarmos fariseus modernos,
que guardam partes da Lei de Moisés, ou pior ainda, algumas leis
feitas por homens, mas não usam de misericórdia. Devemos rejeitar
essa atitude e impedir que ela faça parte da nossa vida. Tenho
conhecido inúmeros cristãos que abandonaram a igreja em que
congregavam justamente por causa dessa atitude. Os líderes deles
aplicavam a Lei rigorosamente em vez de viver pela Lei de Cristo,
que é a Lei do Amor, em vez de demonstrar qualquer forma de
misericórdia.

LEI OU CONVITE
Uma revelação que transformou minha vida foi a de que o que era
lei na Velha Aliança se transformou em convite na Nova Aliança. Na
Velha Aliança, a santidade era uma lei; na Nova Aliança, ela passou
a ser um convite. Deus nos convida a compartilhar da sua santidade
e sermos santos como Ele é.
Eu me lembro bem de quando Deus me disse que se antes de
fazer qualquer coisa pela manhã eu tirasse todas as distrações da
minha vida, como não ligar o telefone, não checar os e-mails nem
interagir com ninguém antes de passar um bom tempo com Ele, a
unção, os milagres e a autoridade em que andaria aumentariam
enormemente. Mas enfrentei uma das maiores batalhas da minha
vida porque fiz disso uma lei. Eu me levantava toda manhã com a
atitude de “eu não posso” ligar meu celular, checar minhas
mensagens ou e-mails antes de passar um tempo com o Senhor.
Então, um dia o Senhor me disse que Ele jamais me dera uma lei
para ser obedecida, mas me fizera um convite para ter uma vida
mais cheia de unção, milagres e autoridade. Isso mudou tudo,
porque em vez de obedecer a uma lei, eu simplesmente aceitei seu
convite.
6
A VELHA ALIANÇA ERA BOA O BASTANTE?
Pode até parecer tolice perguntar se a Velha Aliança era boa o
bastante, mas essa é uma pergunta legítima e muito importante. Se
a resposta fosse tão clara assim, cristão algum jamais pautaria sua
vida em qualquer parte da Velha Aliança. Mas, como mostrarei nos
próximos capítulos, a maioria dos cristãos normalmente mistura
partes da Velha Aliança em sua vida, principalmente quando se trata
de dinheiro, ofertas, dízimos, bênçãos materiais etc. Baseamos
nossas crenças e práticas muito mais na Velha Aliança do que na
Nova Aliança, nas palavras de Jesus ou nos ensinamentos dos
apóstolos. Além disso, a maneira como normalmente oramos se
encaixa melhor nos padrões, crenças e comportamentos da Velha
Aliança do que nos da Nova. A igreja, em geral, tem se
especializado em distorcer e usar versículos bíblicos de forma
errada para apoiar aquilo em que quer acreditar.
Quando a pergunta é se a Velha Aliança é ou não boa o bastante,
a resposta da Bíblia é clara e simples: não, Mas por que não? Não
foi Deus quem a fez para seu povo? Acontece que a Velha Aliança
dependia do desempenho das pessoas, e como elas eram
imperfeitas e não conseguiam obedecer à Lei de Deus com
perfeição o tempo todo, a Velha Aliança não poderia funcionar,
como não funcionou. Por causa do pecado de Adão, o homem tinha
uma natureza pecaminosa, sendo assim, mesmo o melhor dos
homens, como Davi ou Moisés, não conseguiu cumprir a Velha
Aliança.
Na Nova Aliança, Cristo trouxe a solução para destruir a própria
natureza pecaminosa a fim de que o homem não fosse mais
escravo do pecado. Assim, nós que vivemos sob a Nova Aliança
ainda podemos escolher pecar, mas não temos mais que pecar. Que
notícia maravilhosa!
A ALIANÇA SUPERIOR
Como a Velha Aliança não funcionou, Deus teve que fazer outra.
Quero lembrá-lo mais uma vez que a aliança é um compromisso
entre Deus e o homem, e mostra a maneira como eles se
relacionam. Deus nos ama profundamente e quer ter um
relacionamento de intimidade conosco. Ele também quer que
tenhamos vida abundante, então, precisou encontrar uma maneira
de fazer com que esse relacionamento entre Ele e nós funcionasse
perfeitamente, e por isso fez a Nova Aliança. A Bíblia chama a Nova
Aliança de uma aliança superior, como vemos em Hebreus: “Jesus
transformou-se, por essa razão, na garantia de uma aliança
superior” (Hb 7.22).
Assim como a Velha Aliança dependia do homem, a Nova Aliança
depende de Jesus Cristo. Nesse versículo, vemos que Jesus se
torna o fiador, a garantia de uma aliança superior. A simples
compreensão desse único versículo e de todo o seu significado já
seria motivo suficiente para passarmos o dia todo nos alegrando na
bondade do nosso Deus.
Deus se comprometeu conosco, e a garantia desse
relacionamento de amor não é nosso desempenho, mas nosso
amado Jesus Cristo e sua obra consumada na cruz. Devemos, com
todas as nossas forças, parar de nos relacionar com Deus baseados
em nosso desempenho. Infelizmente, temos limitado Jesus ao papel
de nosso Salvador, quando na verdade Ele é muito mais que isso.
Jesus é aquele que garante eternamente que nosso relacionamento
com Deus sempre será perfeito.
Sou profundamente apaixonado por Jesus, não apenas porque
Ele me salvou, mas também porque entendo que tenho uma
garantia que está acima de tudo. Por causa da Nova Aliança, que foi
garantida por Jesus, Deus se relaciona comigo de uma maneira
radicalmente nova. Aliás, essas dicas que estou lhe dando sobre o
quanto a Nova Aliança é maravilhosa são só para que você fique
com água na boca, curioso para saber tudo o que teremos nos
próximos capítulos.
Como Jesus é a garantia da Nova Aliança, e aliança é a maneira
como Deus se relaciona conosco, podemos concluir que Deus
nunca se relaciona conosco baseado em nossas fraquezas, nosso
passado, nossas tentativas de agradá-lo ou em nossas obras,
apenas na obra consumada de Jesus Cristo. Preciso relembrá-lo
constantemente de que aliança não é contrato. Quando Deus fez a
aliança conosco através de Jesus Cristo, Ele nunca firmou um
contrato com ninguém, mas comprometeu-se eternamente conosco
e, por causa da sua perfeita justiça e fidelidade, jamais poderá se
livrar desse compromisso. A única maneira pela qual Deus pode se
relacionar conosco é através da obra consumada da cruz de Jesus
Cristo e de quem somos nele.

PROMESSAS MELHORES
Outra razão pela qual a Velha Aliança não era boa o bastante é
porque as promessas eram limitadas e muito condicionais. Em
Hebreus, lemos:
Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,
quanto é mediador de uma melhor aliança que está
confirmada em melhores promessas. (Hb 8.6 – ACF)
O que são promessas melhores? Precisamos nos lembrar de que
o escritor de Hebreus faz uma comparação entre as duas alianças.
Vimos que as promessas da Nova Aliança são melhores que as da
Velha, então, precisamos enxergá-las para ver o quanto são
melhores. Existem tantas promessas melhores que não caberiam
neste livro, portanto, só lhe mostrarei algumas promessas da Velha
Aliança e como elas são melhores debaixo da Nova Aliança.
Sob a Velha Aliança, os pecados eram cobertos, mas jamais
eram totalmente removidos. Em Hebreus 10.4, lemos: “...porque é
impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados”. As
pessoas sob a Velha Aliança tinham que oferecer sacrifícios pelos
pecados repetidamente, portanto, elas estavam constantemente
cientes do pecado e da própria iniquidade. Sob a Nova Aliança,
entretanto, o pecado é totalmente removido, como vemos neste
versículo:
Pois Eu lhes perdoarei a malignidade e não me permitirei
lembrar mais dos seus pecados. (Hb 8.12)
Que linda promessa da Nova Aliança recebemos aqui! Nosso
pecado não é apenas coberto por um período, mas foi totalmente
removido para sempre da nossa vida e substituído pela perfeita
justiça de Cristo.
Certa vez, ouvi uma história sobre um profeta que estava
ministrando a uma igreja. Ele começou a profetizar para muitas
pessoas e, então, também profetizou para certo casal. Quando ele
se virou para a esposa, começou a dizer: “E quanto àquele pecado
terrível que você cometeu...” Então parou e ficou em silêncio,
pensativo. Era óbvio que o Espírito Santo o havia inspirado a dizer o
que ele acabara de falar a respeito de um pecado terrível, mas
naquele momento, parecia que ele não conseguia mais ouvir a voz
do Espírito. Então ele abriu a boca e continuou dizendo: “Eu
perguntei ao Senhor: ‘Senhor, e aquele pecado terrível?’, e Ele
respondeu: ‘Não me lembro’.” A mulher rompeu em lágrimas de
alegria quando foi totalmente liberta de toda a culpa pelo passado.
Ah, a glória da Nova Aliança!
Outro motivo de as promessas da Velha Aliança não serem boas
o bastante é que elas eram apenas de natureza terrena, envolvendo
aspectos como saúde, proteção, provisão e assim por diante.
Quando lemos em Hebreus que temos uma aliança superior com
promessas melhores, significa que na Nova Aliança todas as coisas
naturais nos são dadas, mas, além disso, temos muitas outras
promessas de natureza espiritual e eterna. Essas promessas
incluem a morte da nossa natureza pecaminosa, a justificação pela
fé, a santificação como dom de Deus, a redenção total e a salvação
eterna garantida. Em Gálatas, Paulo nos disse:
Fui crucificado juntamente com Cristo. E, desse modo, já
não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E essa
nova vida que agora vivo no corpo, vivo-a
exclusivamente pela fé no Filho de Deus, que me amou e
se sacrificou por mim. (Gl 2.20)
Esse versículo mostra algo que era absolutamente impossível
debaixo da Velha Aliança. Sob a Nova Aliança, com as promessas
melhores, o próprio Cristo expressa sua vida através de nós. Nos
capítulos 6 a 8 da carta aos romanos, lemos a respeito da
maravilhosa vitória que temos sobre o pecado na Nova Aliança.
Veja:
Então, qual seria a conclusão? Devemos continuar
pecando a fim de que a graça seja ainda mais
ressaltada? De forma alguma! Nós que morremos para o
pecado, como seria possível desejar viver sob seu jugo?
(Rm 6.1,2)
Paulo começa a epístola à igreja de Corinto com uma visão
maravilhosa de como Deus vê seus filhos. Logo no início do primeiro
capítulo, ele nos diz:
[...]à Igreja de Deus que está em Corinto, aos
santificados em Cristo Jesus e convocados para serem
santos, juntamente com todos os que, em toda parte,
invocam o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso. (1Co 1.2)
Paulo se referiu a eles como aqueles que são santificados porque
estão em Cristo Jesus. Isso era algo absolutamente impossível
debaixo da Velha Aliança. Ele disse aos coríntios que na Nova
Aliança nós somos criaturas totalmente novas e nos tornamos
perfeitamente justos em Jesus Cristo. Nada disso era possível sob a
Velha Aliança.
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as
coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!
(2Co 5.17)
Deus fez daquele que não tinha pecado algum a oferta
por todos os nossos pecados, a fim de que nele nos
tornássemos justiça de Deus. (2Co 5.21)
Outra razão pela qual a Velha Aliança não era boa o bastante é
porque o homem não tinha acesso direto a Deus. Eles precisavam
constantemente de um mediador que primeiro oferecia sacrifícios
por si mesmo e, depois, pelas pessoas, por causa da consciência do
pecado. Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo diz o seguinte:
“Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e o ser
humano, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5).
Debaixo da Nova Aliança, todos têm acesso direto ao próprio
Deus e podem apropriar-se de tudo o que precisam. O Santo dos
Santos era um lugar no qual ninguém, a não ser o Sumo Sacerdote,
podia entrar, e apenas uma vez ao ano. Esse era o lugar da
presença do Deus Santíssimo na terra, e o homem pecador não
podia entrar diante dessa presença. Quando o Sumo Sacerdote
entrava, o povo ficava de fora, esperando ansiosamente para ver se
Deus havia aceitado aquele sacrifício. Não era de modo algum uma
boa aliança. Mas quando Jesus morreu naquela cruz, a grossa
cortina que separava o Santo dos Santos foi rasgada de cima a
baixo, como lemos no evangelho de Marcos: “Então, o véu do Lugar
Santíssimo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo” (Mc 15.38).
A última razão que quero mencionar a respeito do motivo de a
Velha Aliança não ser boa o bastante era porque, nela, Deus vivia
num templo feito por homens. A presença de Deus não era
permanente, era apenas uma visitação, enquanto na Nova Aliança
ela passou de visitação para habitação, o que significa que Deus
vive permanentemente dentro de nós. Não gosto quando as
pessoas dizem que vão à casa do Senhor. Também não gosto
quando invocam a presença do Senhor numa reunião. Esses são
padrões de pensamento da Velha Aliança, e ela não era boa o
bastante. Permita-me mostrar dois versículos que mostram isso
claramente:
[...]a quem Deus, entre os que não são judeus, aprouve
dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério, isto
é, Cristo em vós, a esperança da glória! (Cl 1.27)
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o seu
Espírito habita em vós? (1Co 3.16)
Veja a beleza desses dois versículos: Cristo fez morada
permanente em nós através do Espírito Santo.
Tendo visto essas verdades, é um mistério para mim como
alguém ainda pode desejar viver debaixo da Velha Aliança. O autor
de Hebreus nos diz claramente que a Velha Aliança não era boa o
bastante:
Ora, se aquela primeira aliança não tivesse imperfeições,
não seria necessário buscar lugar para a segunda. (Hb
8.7)
7
A RELIGIÃO DISTORCEU A NATUREZA DE
DEUS
Estou convicto de que a religião é uma invenção de Satanás.
Quando digo religião, não falo das diferentes crenças ou aspectos
do cristianismo, mas de se aproximar de Deus com uma
mentalidade da Velha Aliança, baseada nas obras. Se tentarmos
nos relacionar com Deus baseados na Lei, é porque caímos na
religião. Um dos piores problemas da religião é que ela distorce
completamente a natureza de Deus, e essa sempre foi a estratégia
do inimigo, desde o início da criação. Se estudarmos a fundo o
pecado original no jardim do Éden, descobriremos que a estratégia
do diabo era o engano. Ele enganou Eva, fazendo-a acreditar que
Deus não era bom e generoso como Ele realmente é. Um dos
maiores problemas em não compreender a Nova Aliança e a obra
consumada da cruz é que acreditamos num Deus que, na verdade,
é diferente do Deus da Bíblia.

A BONDADE DE DEUS
Há apenas um Deus, e Ele é incrivelmente bom, maravilhoso e
ama profundamente todos os homens. Por terem lido a Bíblia da
perspectiva da Lei em vez da obra consumada na cruz, as pessoas
adotaram uma religião em vez de entrarem num relacionamento vivo
com esse Deus maravilhosamente bom. Permita-me mostrar,
através da Bíblia, que Deus maravilhoso é esse a quem servimos.
Em Hebreus, vemos a motivação de Deus para estabelecer a
Nova Aliança:
Porquanto Ele declara, repreendendo o povo por suas
faltas: “Dias virão, diz o Senhor, em que estabelecerei
com a casa de Israel e com a casa de Judá uma nova
aliança. Não conforme a aliança que fiz com seus
antepassados, no dia em que os tomei pela mão, para os
conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não
continuaram na minha aliança, e Eu me afastei deles”,
assevera o Senhor! (Hb 8.8,9)
Na passagem acima, o Senhor nos diz que o problema não era a
Velha Aliança, mas as pessoas. Veja o que diz este trecho:
“...repreendendo o povo por suas faltas...”. Deus poderia ter
encarado da seguinte forma: já que o povo havia criado o problema,
a culpa era totalmente deles, então, eles é que precisariam
encontrar uma maneira de resolvê-lo. Ele poderia ter lhes dito que o
problema era a iniquidade e a rebeldia deles, e falado: “Eu falei de
que maneira vocês devem se relacionar comigo. Agora façam!” Mas,
em vez de ter essa atitude, Deus vai por outro caminho e faz uma
Nova Aliança com o homem. Essa é uma das maiores
demonstrações da bondade divina. E quando compreendermos que
isso estava no coração de Deus desde a fundação do mundo, a
alegria nos inundará.
Algum tempo atrás, eu estava meditando no Salmo 139, nos
versículos que dizem:
E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos!
Quão grandes são as somas deles! Se as contasse,
seriam em maior número do que a areia; quando acordo
ainda estou contigo. (Sl 139.17,18 – ACF)
Deus não está irado com você nem tem pensamentos maus a seu
respeito, ao contrário, eles são preciosos. Precioso significa
“altamente valorizado e conceituado”. Os pensamentos que Deus
tem a seu respeito não são apenas altamente valorizados e
conceituados, mas também são tantos que você jamais conseguiria
contá-los.
Davi era um homem que conhecia o deserto. Imagino que quando
ele começou a meditar sobre a bondade de Deus e olhou para o
deserto ao seu redor, onde não havia nada além de areia, teve a
impressionante revelação sobre os pensamentos bons que Deus
tinha a respeito dele, comparando-os com a quantidade de areia
que ele via.

SÓ EXISTE UM DEUS, E ELE É INCRIVELMENTE


MARAVILHOSO
Como a religião distorce a natureza de Deus, ao nos
aproximarmos dele, é importante retirarmos todos os filtros
religiosos que temos em nossa mente. Algumas pessoas acham que
existem dois deuses, o Deus do Antigo Testamento e o Deus do
Novo Testamento. Mas Deus não se apresenta de uma forma no
Antigo Testamento e de outra no Novo. O problema é que o diabo,
através da religião, distorceu a natureza de Deus em nossa mente e
coração; e, assim, enxergamos dois deuses diferentes, ou um Deus
que mudou no Novo Testamento. Contudo, em Malaquias 3.6, lemos
que Deus nunca muda: “Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso
vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (ACF). Se simplesmente
aprendermos a ler a Bíblia sem nosso filtro religioso, descobriremos
o Deus mais bondoso e maravilhoso que existe tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento.
A sua forma de enxergar Deus, Sua natureza e caráter,
determinará como você se relacionará com Ele, e também como
você acha que Ele se relaciona com você. Como nosso coração
filtra tudo o que ouvimos, devemos garantir que ele não esteja
obstruído com crenças religiosas que gerarão medo, justiça própria,
condenação, julgamento e coisas do tipo. E ainda por cima nos
transformarão em pessoas que estão convencidas de que são
pecadores terríveis ou em fariseus modernos, duas perspectivas
pavorosas.

A GLÓRIA DE DEUS É SEU CARÁTER E NATUREZA


No livro de Êxodo, há uma narrativa maravilhosa na qual Moisés
expressa seu profundo desejo de ver a glória de Deus.
Então disse o Senhor a Moisés: Farei também isto, que
tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos, e te
conheço por nome. Então ele disse: Rogo-te que me
mostres a tua glória. Porém ele disse: Eu farei passar
toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o
nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de
quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem
eu me compadecer. (Êx 33.17-19 – ACF)
Moisés pediu para ver a glória de Deus, mas Ele lhe respondeu
de uma forma bem interessante. Deus lhe disse que faria sua
bondade passar diante de Moisés e lhe proclamaria o nome do
Senhor. Deus nunca disse a Moisés que ele não poderia ver a glória
divina. Ao contrário, disse que revelaria sua glória através da
revelação do seu nome. Na cultura hebraica, o nome sempre
determinava a identidade; ele falava da natureza e do caráter de
uma pessoa.
As pessoas têm várias ideias a respeito da glória de Deus.
Normalmente, é preciso que haja alguma manifestação estranha,
abstrata e sobrenatural para que elas acreditem que viram a glória
de Deus. Mas nessa passagem, lemos que a glória de Deus é sua
natureza e caráter, que são revelados em sua bondade. Essa
passagem ilustra perfeitamente como as pessoas normalmente
leem o Velho Testamento através das lentes da Velha Aliança,
distorcendo completamente a natureza e o caráter de Deus.
Vejamos a glória de Deus revelada aqui.

A GLÓRIA DE DEUS REVELADA


Nessa passagem de Êxodo, quando Deus passou diante de
Moisés, vemos seu caráter revelado em sete atributos que
expressam a glória divina.
E o Senhor desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele;
e ele proclamou o nome do Senhor. Passando, pois, o
Senhor perante ele, clamou: O Senhor, o Senhor Deus,
misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em
beneficência e verdade; que guarda a beneficência em
milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o
pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita
a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos
filhos até a terceira e quarta geração. E Moisés
apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, adorou. (Êx
34.5-8 – ACF)
É surpreendente como as pessoas que leem a Bíblia com a
mentalidade da Velha Aliança não enxergam a bondade de Deus em
todo o Antigo Testamento. À medida que você estudar a história da
igreja antiga e moderna, descobrirá que ninguém jamais foi usado
por Deus de forma significativa sem ter visto a verdadeira natureza
bondosa e maravilhosa de Deus no Velho Testamento.
Desde antes da fundação do mundo, o desejo de Deus sempre foi
viver num relacionamento de intimidade, amor e cuidado com o
homem. Ele sempre desejou que nos relacionássemos com Ele
baseados no seu verdadeiro caráter e não no caráter distorcido com
o qual a religião o retratou para nós. Se conseguirmos abrir nossos
olhos para ver a glória de Deus, não faremos outra coisa a não ser
nos rendermos a Ele e adorá-lo. À medida que formos descobrindo
esses sete atributos ocultos, quero que você se lembre de que é
assim que Deus se descreve para nós. A religião tem mentido para
nós, tentando nos convencer de que Deus é um Deus bravo.

OS SETE ATRIBUTOS QUE MOSTRAM A GLÓRIA DE DEUS


Nos versos 5 a 7 de Êxodo 34, Deus começa a revelar a Moisés
seu maravilhoso caráter e natureza. À medida que formos
analisando esses atributos, eu lhe direi quais são seus significados
originais em hebraico para que você verdadeiramente consiga
entender a glória de Deus.
O primeiro atributo que Deus menciona é que Ele é
misericordioso, cujo significado é ter compaixão ou misericórdia.
Bem aqui, no meio do Velho Testamento, com um povo que vivia
debaixo da Velha Aliança, Deus mostrou como Ele realmente era.
Devemos nos lembrar de que Jesus era a perfeita imagem do Deus
invisível (veja Cl1.15), e ao lermos os evangelhos, vemos um Jesus
compassivo, que cuidava com ternura dos fracos, doentes,
pecadores, rejeitados, mulheres e crianças. Ele era tão compassivo
que, em seus momentos de maior necessidade, não se importou
consigo mesmo, mas com os outros.
O segundo atributo que revela a glória de Deus é que Ele é
piedoso, ou gracioso. Essa é uma palavra hebraica muito forte e
muito difícil de ser traduzida para nossa língua. O significado mais
próximo que podemos dar é ser bondoso, amigável e demonstrar
favor. Quero que você pare e pense sobre qualquer ideia que você
tenha tido a respeito de Deus ao ler a Bíblia através das lentes da
religião. Deus nunca foi de outro jeito a não ser assim como Ele
mesmo disse que é. Deus sempre será bondoso e amigável com
você e sempre fará de tudo para demonstrar o favor dele sobre a
sua vida.
O terceiro atributo que mostra a glória de Deus é que Ele é
longânimo, ou tardio em irar-se. Isso significa ser paciente, que não
se irrita facilmente. Você consegue perceber como o diabo distorceu
o caráter de Deus? Muitas igrejas pregam um deus tão irado que
está sempre tentando achar uma maneira de descarregar sua raiva
sobre as pessoas. O próprio Deus afirmou que isso não é verdade.
Em seguida, Deus se descreve como grande em beneficência,
cujo significado é ter muita bondade e ternura. Outra vez, ao ler os
evangelhos, você verá essa característica demonstrada de forma
muito clara na vida de Jesus. Ele era tão gentil e terno que as
pessoas rejeitadas pela sociedade eram “magicamente” atraídas a
Ele. As mães se espremiam para atravessar a multidão com seus
filhinhos no colo para que Jesus os tocasse e abençoasse. As
prostitutas choravam a seus pés, impressionadas com tanta
bondade e ternura. Os pecadores, como os cobradores de impostos,
que eram odiados pela sociedade, entregavam voluntariamente sua
vida a Ele e o seguiam. Nosso Deus é um Deus de bondade e
ternura. Essa é sua gloriosa natureza. Se você não acreditar de todo
o coração na ternura de Deus, não conseguirá se relacionar com Ele
da maneira que Ele deseja.
O quinto dos sete atributos que Deus declarou a Moisés é que Ele
é o Deus da verdade. No original, essa palavra significa ser fiel ou
confiável. Deus é absolutamente fiel e sempre faz o que promete se
ousarmos crer nele. Muitas pessoas tentam acreditar na Palavra de
Deus ou nas promessas de Deus sem ter visto a sua glória, isto é, o
seu caráter. Se o seu coração não estiver convencido de que Deus,
por natureza, é bom, gentil e confiável, você não terá fé para crer
nas promessas dele. A fé não é algo que exige técnica, é nos
conectarmos à glória de Deus.
O sexto e penúltimo atributo é que Deus guarda a beneficência
em milhares. A palavra original hebraica traduzida aqui como
beneficência é a mesma usada no quarto atributo. A pergunta é: Por
que Deus se daria o mesmo atributo duas vezes? A resposta é
clara. Ambos vêm acompanhados de outra palavra. Na primeira vez
Deus diz que Ele é grande em beneficência. A palavra grande é um
adjetivo e, neste contexto significa muito, abundante. Da segunda
vez, Deus acrescenta um verbo e um número. Ele diz que guarda a
beneficência em milhares. O significado original é que Deus guarda
cuidadosamente sua bondade para conosco por toda a eternidade.
O significado da palavra milhares, na numerologia bíblica, significa
um tempo infinito. Simplificando, o que Deus está dizendo aqui é:
“Minha glória é cuidar de você e garantir que sempre serei bondoso
para com você”.
O sétimo e último atributo que Deus revelou a Moisés é que Ele é
perdoador. Deus disse que perdoa a iniquidade, a transgressão e o
pecado. O significado de perdoar é absolver, remover ou
desconsiderar. Aqui, Deus descreve sua impressionante glória nos
dizendo quais são as coisas que Ele escolhe perdoar, remover de
nós e desconsiderar. E essas três coisas que Deus escolhe perdoar
são progressivas. Iniquidade significa perversidade, culpa ou
depravação. Transgressão significa rebeldia, que fala de atitude. A
palavra pecado deriva de um termo que significa errar o alvo, mas
sempre envolve uma ação proposital. Deus afirma que sua glória é
perdoar nossa maldade, nossa rebeldia e até o que fazemos
propositalmente contra Ele. Já ouvi dizer que Deus não perdoa o
pecado cometido propositalmente, mas eu nunca soube que existia
outro tipo de pecado. Nós escolhemos pecar e Deus escolhe
perdoar. Essa é sua natureza gloriosa. É tão lindo ver que bem aqui,
no meio do Velho Testamento, com um povo rebelde, Deus mostra o
quanto Ele realmente é bom.
Paulo cita o profeta Isaías quando diz, em Romanos 10.21:
“Quanto a Israel, no entanto, afirmou: ‘O tempo todo estendi as
mãos a um povo desobediente e rebelde’” . Outra vez, vemos a
maravilhosa natureza de Deus que não pode jamais parar de nos
amar!

A APARENTE CONTRADIÇÃO
Quando lemos essa passagem, deixei propositalmente a última
parte de fora para só agora falar sobre ela. Depois de descrever seu
caráter glorioso no versículo 7, Deus continua com a seguinte
declaração: “[...]que ao culpado não tem por inocente; que visita a
iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a
terceira e quarta geração”.
Por muitas vezes, já ouvi cristãos declarando isso fora de
contexto para justificar a bagunça em que sua vida se encontra.
Eles dizem que seu pai, avô ou bisavô deve ter cometido algum
pecado e, agora, Deus está visitando a iniquidade deles e julgando-
os pelo pecado de seus ancestrais. Que terrível teologia da Velha
Aliança! Em Cristo, todas as maldições hereditárias já passaram e
tudo se fez novo.
Vamos analisar essa aparente contradição que, na verdade, não
tem nada de contraditório. Deus nos mostrou claramente,
descrevendo-se em sete atributos incríveis, que Ele é compassivo,
amigável, paciente, terno, confiável, que não se ira facilmente e
perdoa incondicionalmente. Veja o que diz o sétimo atributo: “[...]que
perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado”. Logo após dizer
isso, Ele acrescenta: “[...]que ao culpado não tem por inocente; que
visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos
filhos até a terceira e quarta geração”.
Como Deus pode, primeiro, dizer que é tão bom e perdoador, e
imediatamente acrescentar que ao culpado não tem por inocente?
Se nós, de livre e espontânea vontade, escolhermos rejeitar esse
Deus maravilhoso, sua bondade e perdão, então nada mais resta a
não ser a Lei pela qual devemos ser julgados. Deus jamais quer que
alguém prove da sua ira, que sua natureza santa exige que seja
derramada sobre o pecado. Só o que Deus sempre quer que
experimentemos é sua misericórdia, bondade e perdão. Se,
contudo, escolhermos rejeitar sua bondade, então, com o coração
partido, Ele tem que observar enquanto sofremos as consequências
da nossa terrível escolha, que é o julgamento.
Mas, espere! Há outra linda parte dessa história. Deus diz que Ele
jamais tem o culpado por inocente, e como já concordamos que Ele
é bom, compassivo e perdoa tudo, quer dizer que diante dele, as
pessoas já não são mais culpadas, a menos que rejeitem seu
incrível amor e perdão. Ninguém mais precisa ser culpado aos olhos
do nosso amoroso Deus, todos podem ser perdoados. Você
consegue enxergar como a religião e a leitura da Bíblia com as
lentes da Velha Aliança têm distorcido a imagem do nosso amado
Deus e feito dele um Deus irado e punitivo, que Ele absolutamente
não é?
Existem duas maneiras de rejeitar a bondade e o perdão de
Deus: declarando abertamente que não queremos recebê-lo, o que
cristão algum jamais faria; ou através da justiça própria, uma
maneira muito mais sutil, que é uma tentativa de obter a bondade ou
o perdão de Deus por mérito próprio. Uma vez que a glória de Deus
só pode ser recebida como um dom gratuito, se tentarmos merecê-
la, então já a rejeitamos.
8
UMA COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS
ALIANÇAS

Existem muitas comparações diretas e maravilhosas entre a Velha


e a Nova Aliança. E quero lhe mostrar algumas delas por três
razões: a primeira é para que você rejeite toda mentalidade da
Velha Aliança; a segunda é para que você aceite completamente
cada aspecto da Nova Aliança; e a terceira é para que você
compreenda claramente que a Nova Aliança não é uma continuação
melhorada da Velha, como alguns ensinam, mas uma maneira
radicalmente nova e diferente de Deus se relacionar conosco.

A DIFERENÇA RADICAL
A diferença entre a Velha e a Nova Aliança não é apenas um
aprimoramento, mas uma transformação total. A mudança sob a
Nova Aliança foi tão grande que as pessoas que se relacionam com
Deus com base na Velha Aliança normalmente têm dificuldade em
aceitar totalmente a Nova.
Qual é a condição para as duas alianças?
Já mencionei isso, mas quero garantir que você realmente
entenda essa verdade tão importante, já que ela é a diferença mais
radical entre as duas alianças. Qual é a condição exigida por essas
duas alianças? A Velha Aliança exigia que o homem obedecesse à
Lei, enquanto a Nova Aliança requer somente a fé na obra
consumada de Cristo. Essa é uma diferença muito radical, pois
também significa que Cristo cumpriu a Lei por nós para que
ficássemos livres da maldição da lei. Veja estes dois versículos:
Agora, se ouvirdes a minha voz e obedecerdes à minha
aliança, sereis como meu tesouro pessoal dentre todas
as nações, ainda que toda a terra seja minha
propriedade. (Êx 19.5)
Jesus transformou-se, por essa razão, na garantia de
uma aliança superior. (Hb 7.22)
Sob a Velha Aliança, você tinha que obedecer à Lei para ser o
tesouro pessoal de Deus. Sob a Nova, na qual a única condição é
crer que Cristo selou essa aliança, nós somos seu tesouro pessoal
simplesmente porque estamos em Cristo. Relembrando, a aliança é
o modo como Deus se relaciona conosco. Não importa o que
façamos, Cristo selou a aliança por nós; é por isso que Deus se
relaciona conosco somente através da obra consumada de seu filho,
que agora nos fez o tesouro pessoal do Pai, independentemente do
que fizermos. Bastaria essa verdade para nos fazer pular de alegria
o dia todo, não é mesmo? O Criador do universo, que é todo-
poderoso e pleno dos sete maravilhosos atributos que já vimos,
decidiu que a partir de agora você e eu somos o tesouro dele, e
essa é a única maneira pela qual Ele se relacionará conosco para
sempre, e jamais espera que nos relacionemos com Ele de outra
forma.
Escrevo este capítulo dentro de um avião que partiu de
Johanesburgo, África do Sul, a caminho de Lusaka, Zâmbia. Estou
muito cansado, pois estou viajando há quase 24 horas, mas
passando por duas experiências maravilhosas. Mal posso conter a
alegria que explode em meu coração enquanto escrevo sobre essa
verdade incrível da Nova Aliança. E a outra experiência é em
relação a um dos comissários a bordo. Vejo claramente que ele é
homossexual e, naturalmente falando, a homossexualidade é algo
que me desagrada totalmente. Contudo, enquanto escrevo sobre
esse incrível aspecto da Nova Aliança, meu coração está se
enchendo do amor e da compaixão de Deus por esse homem, e
estou orando para que o maravilhoso amor de Deus o alcance.
Quando o coração dele for conquistado por esse amor, ele ficará tão
satisfeito que não precisará de nenhum outro amor humano
pervertido.

EXTERIOR OU INTERIOR?
A Velha Aliança focava o exterior, enquanto a Nova Aliança foca o
interior. Na Velha Aliança tudo estava relacionado ao
comportamento exterior, enquanto na Nova Aliança tudo tem a ver
com o coração. É interessante que, sob a Lei, o foco não está nas
intenções e motivações do coração, mas sim no comportamento
exterior. Sob a Nova Aliança, porém, Deus não está exigindo uma
mudança de comportamento sem uma mudança de coração, que é
obra da sua graça, pois o Espírito de Deus cria um novo coração
nos crentes da Nova Aliança. A palavra traduzida como
transformação na Nova Aliança (veja Rm 12.2; 2Co 3.18) vem da
mesma raiz da palavra metamorfose, que não fala de uma
modificação qualquer, mas de uma mudança radical e completa.

ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
Escravidão e liberdade são duas palavras completamente
opostas. A Velha Aliança, é claro, trouxe escravidão, enquanto a
Nova Aliança trouxe liberdade, como podemos ver nos versículos a
seguir.
Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Portanto,
permanecei firmes e não vos sujeiteis outra vez a um
jugo de escravidão. (Gl 5.1)
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo
8.32)
Assim sendo, se o Filho vos libertar, sereis
verdadeiramente livres. (Jo 8.36)
Precisamos entender que não existe liberdade do pecado sob a
Velha Aliança; só podemos experimentá-la sob a Nova Aliança.

PERFEIÇÃO E IMPERFEIÇÃO
Não importa o quanto nos esforcemos, sob a Lei jamais
poderemos nos tornar perfeitos diante de Deus. Muitas pessoas que
lutam contra o perfeccionismo não entendem que existe uma
liberdade absoluta para elas sob a Nova Aliança, pois o próprio
Cristo se torna a nossa perfeição. Ser aperfeiçoado é fácil: basta
abrir mão do seu perfeccionismo compulsivo e, com uma fé simples,
entregá-lo a Deus, crendo e declarando que Deus olha para você e
está satisfeito com você porque Ele o vê perfeito em Cristo.
[...]pois a Lei jamais conseguiu aperfeiçoar nada, sendo,
portanto, estabelecida uma esperança muito superior, por
meio da qual temos pleno acesso a Deus. (Hb 7.19)
Estais tão enlouquecidos assim, a ponto de, tendo
começado pelo Espírito de Deus, estar desejando agora
vos aperfeiçoar por meio do mero esforço humano? (Gl
3.3)
O problema com os gálatas foi que eles entraram na Nova
Aliança pela fé e depois começaram a misturar elementos da Velha
Aliança na sua vida sob a Nova. Paulo disse que era loucura tentar
se aperfeiçoar sob a Velha Aliança. Amo este versículo de
Colossenses:
A Ele, portanto, proclamamos, aconselhando e
ensinando a cada pessoa, com toda a sabedoria, para
que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. (Cl
1.28)
Em 2 Coríntios 3, Paulo nos mostra várias diferenças entre a
Velha e a Nova Aliança. Esse capítulo trata especificamente da
comparação entre essas duas alianças, e para ter um bom
panorama do assunto, eu o aconselho enfaticamente a ler todo ele.
No versículo 5, vemos que, sob a Velha Aliança, a capacidade vinha
de cada um, mas na Nova Aliança, ela vem de Deus:
Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base
em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade
vem de Deus. (2Co 3.5)
No original grego, a palavra traduzida aqui como méritos significa
capacidade. Sob a Velha Aliança, tudo dependia da capacidade da
própria pessoa; enquanto, na Nova Aliança, tudo depende da
capacidade de Deus. É por isso que somos mais que vencedores
(veja Rm 8.37) e podemos todas as coisas (veja Fp 4.13) sob a
Nova Aliança.
No verso 6, vemos que a Velha mata, e a Nova vivifica:
Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do Espírito; porquanto a letra
mata, mas o Espírito vivifica! (2Co 3.6)
Não há vida sob a Velha Aliança. As pessoas mais tristes e
infelizes que já encontrei em toda a minha vida não eram pessoas
que estavam passando por circunstâncias difíceis, mas aquelas que
viviam na escravidão da religião e da Velha Aliança. Elas estão
vivas, mas não expressam uma vida abundante.
Paulo continua sua comparação no verso 9, dizendo que a Velha
traz condenação enquanto a Nova traz justificação:
Ora, se o ministério que trouxe a condenação era
glorioso, quanto mais ainda será o ministério que produz
a justificação! (2Co 3.9)
A condenação é terrível. As pessoas que vivem debaixo de
condenação sofrem uma dor interior imensa. Os hospitais
psiquiátricos estão repletos de gente cheia de culpa, que é uma
expressão da condenação. Se você luta contra a culpa, a vergonha,
o medo e a condenação, é bem provável que esteja tentando se
relacionar com Deus baseado na Velha Aliança, pois a Bíblia nos diz
que, sob a Nova Aliança, estamos livres de toda condenação (veja
Rm 8.1). É somente através da Nova Aliança que somos libertos
dela por meio da justificação de Cristo.

MAIS DIFERENÇAS RADICAIS


Por toda a Bíblia, vemos muitas outras diferenças radicais entre a
Velha e a Nova Aliança. Em Hebreus lemos que a Velha não tem
poder para salvar, enquanto a Nova nos dá a salvação definitiva. É
muito triste encontrar cristãos que não têm certeza da própria
salvação.
[...]porque é impossível que o sangue de touros e bodes
remova pecados. (Hb 10.4)
Concluindo, Ele é poderoso para salvar definitivamente
aqueles que, por intermédio dele achegam-se a Deus,
pois vive sempre para interceder por eles. (Hb 7.25)
O significado original da palavra traduzida como definitiva é
perfeita ou completa. Sob a Nova Aliança, nossa salvação é
absolutamente completa e garantida através de Cristo Jesus. Não
havia herança sob a Velha Aliança, somente recompensa ou
punição. Sob a Nova Aliança, temos a garantia de uma herança
eterna, a qual ninguém jamais pode tirar de nós.
Porquanto, não foi pela Lei que Abraão, ou sua
descendência, recebeu a promessa de que ele havia de
ser o herdeiro do mundo; ao contrário, foi pela justiça da
fé. (Rm 4.13)
Exatamente por esse motivo, Cristo é o Mediador de uma
Nova Aliança para que todos aqueles que são chamados
recebam a Promessa da herança eterna, visto que Ele
morreu como resgate por todas as transgressões
cometidas durante o período em que vigorava a primeira
aliança. (Hb 9.15)
Muitos cristãos têm medo de serem confrontados por um deus
irado. Essa, obviamente, é uma mentalidade da Velha Aliança. As
pessoas que viviam sob a Lei tinham que temer a ira de Deus,
enquanto as pessoas sob a Nova Aliança são salvas da ira de Deus.
Veja estes dois belos versículos bíblicos:
Porque a Lei produz a ira; mas onde não há Lei também
não pode haver transgressão. (Rm 4.15)
Agora, como fomos justificados por seu sangue, muito
mais ainda, por intermédio dele, seremos salvos da ira de
Deus! (Rm 5.9)
O povo de Israel vivia constantemente com medo de enfrentar a
ira de Deus. Na Nova Aliança, Cristo experimentou a ira de Deus na
cruz, embora nunca tenha pecado. Portanto, jamais precisaremos
temer a ira de Deus porque ela já foi aplacada.
Muitos cristãos oram pedindo a misericórdia de Deus em sua
vida, mas como mostrarei em outro capítulo, essa é uma oração que
não precisamos fazer. Sob a Velha Aliança, não havia misericórdia
alguma, mas na Nova Aliança, recebemos misericórdia completa,
por isso não precisamos pedir por ela novamente. Essa misericórdia
perfeita nos foi demonstrada em Cristo Jesus.
Ora, se aqueles que rejeitam a Lei de Moisés morrem
sem misericórdia, mediante a palavra de acusação de
duas ou três testemunhas[...] (Hb 10.28)
Pois Eu lhes perdoarei a malignidade e não me permitirei
lembrar mais dos seus pecados[...] (Hb 8.12)
Toda pessoa tem dentro de si uma profunda necessidade de ser
justificada. Sempre que somos pegos fazendo algo errado, nossa
reação normalmente é justificar nossas ações. Não gostamos de
viver com culpas não resolvidas e conflito interior. O apóstolo Paulo,
assim como grandes reformadores ao longo da história da igreja,
pagou um alto preço para defender a doutrina da justificação
exclusivamente pela fé. Sob a Velha Aliança não havia justificação
alguma, enquanto sob a Nova Aliança há a justificação perfeita. A
justiça perfeita de Cristo foi transmitida a nós, e agora temos sua
natureza justa, independentemente de nossas próprias obras.
Devemos compreender que se buscarmos a justificação pelas obras
e pela Velha Aliança, no momento em que cometermos o menor dos
pecados, também perderemos nossa justificação, porque rejeitamos
a justificação exclusivamente pela fé. Os dois versículos a seguir
mostram claramente o quanto a Velha e a Nova Aliança são
radicalmente diferentes nesse aspecto.
[...]estamos plenamente conscientes, entretanto, que o
ser humano não pode ser justificado pela prática da Lei,
mas somente por meio da fé em Jesus Cristo. Sendo
assim, nós também viemos a crer em Cristo Jesus a fim
de sermos justificados pela fé em Cristo, e de forma
alguma pela prática da Lei, porquanto é certo que por
praticar a Lei ninguém será capaz de ser justificado. (Gl
2.16)
Sendo assim, meus irmãos, ficai cientes de que mediante
Jesus vos é anunciado o perdão dos pecados. E, por
intermédio de Jesus, todo aquele que crê é justificado de
todas as faltas de que antes não pudestes ser
justificados pela Lei de Moisés. (At 13.38,39)
Deus sempre desejou que vivêssemos uma vida de total
abundância. Quando a Bíblia fala de vida cristã sob a Nova Aliança,
ela usa uma palavra grega bem específica, zoe, que significa
plenitude absoluta de vida, uma vida ativa, vigorosa e abençoada.
Essa é a vida que todo cristão deveria experimentar. Devemos nos
lembrar de que só podemos experimentar essa vida se vivermos
totalmente sob a Nova Aliança. Os versículos a seguir nos mostram
que não existe vida verdadeira debaixo da Lei na Velha Aliança.
Sendo assim, pode a Lei ser contrária às promessas de
Deus? De forma alguma! Pois, se tivesse sido outorgada
uma lei que pudesse conceder vida, com toda a certeza a
justiça resultaria da lei. (Gl 3.21)
É o Espírito quem dá vida; a carne em nada se aproveita;
as palavras que Eu vos tenho dito são Espírito e são
vida. (Jo 6.63)
O ladrão não vem, senão para roubar, matar e destruir.
Eu vim para que as ovelhas tenham vida, e vida em
plenitude. (Jo 10.10)
Neste capítulo, mostrei várias diferenças radicais entre a Velha e
a Nova Aliança, então, quero resumir todas elas com a seguinte
afirmação: em vez de responder “faremos tudo”, como o povo fez ao
receber a Lei debaixo Velha Aliança, a Nova Aliança promete nos
aperfeiçoar em toda boa obra. Já não é mais pelo esforço humano,
mas já foi realizado pela obra consumada de Cristo. Nós apenas
entramos nela exclusivamente pela fé. Não somos nós trabalhando
para Ele, mas Ele trabalhando em nós. E só podemos ter essa
experiência através do sangue da Eterna (Nova) Aliança, que Jesus
derramou na cruz.
Quando comecei a pregar e trabalhar como pastor, no final da
minha adolescência, eu era muito estressado, pois sentia a pressão
do ministério e as expectativas de Deus e das pessoas. Tinha que
pregar muitas vezes por semana e constantemente ficava muito
nervoso. Eu sempre orava intensamente e pedia a Deus que me
ajudasse, mas certo dia, Ele me disse que essa não era uma boa
oração. Fiquei confuso e quis saber por que não era. Rapidamente
Deus me respondeu que, com essa mentalidade, eu estava fazendo
a obra e Ele estava me ajudando. Ele, então, me ensinou a orar
assim: “Usa-me, Senhor”. Logo percebi a diferença: daquela forma,
eu trabalhava com a ajuda dele, enquanto nesta, eu estava me
rendendo à obra consumada da cruz a fim de que Ele trabalhasse
através de mim. Que alívio aquilo me trouxe! “Está consumado!”
9
TRÊS FATOS TOTALMENTE NOVOS
A Nova Aliança anunciada pelo profeta Jeremias trouxe três fatos
totalmente novos, sobre os quais nunca se ouvira até então. Esses
três fatos eram tão radicalmente diferentes, principalmente para a
mente dos judeus, que eles constantemente resistiam a Jesus, que
veio para anunciar e trazer essa Nova Aliança. Foi o apóstolo Paulo
quem recebeu a revelação mais clara a respeito da Nova Aliança.
Até mesmo Pedro, que andou com Jesus por três anos e meio,
ainda misturou alguns comportamentos da Velha Aliança em sua
vida após a morte e ressurreição de Jesus. Quando Deus quis que
Pedro fosse à casa de um gentio (veja At 10), Ele primeiro teve que
tratar um pouco da mentalidade da Velha Aliança que ainda restava
em Pedro. A história foi mais ou menos assim:
Cornélio era um centurião romano muito religioso, mas que ainda
não era salvo; ele dava dinheiro aos pobres e orava a um deus que
ainda não conhecia pessoalmente. Certo dia, um anjo apareceu a
Cornélio dizendo que este precisava enviar seus homens para
buscar Pedro e levá-lo à sua casa.
Enquanto isso, o apóstolo Pedro estava em cima do telhado,
orando. É importante compreender que Pedro já havia pregado em
Jerusalém, onde três mil pessoas haviam sido salvas. Ele já fazia
parte da Igreja do Novo Testamento e da Nova Aliança, mas as
ideias da Velha Aliança estavam profundamente arraigadas em seu
coração, contudo, Deus estava decidido a arrancá-las dele para
cumprir seu propósito. Deus queria que Pedro pregasse o
evangelho a um gentio, que estava incluído na Nova Aliança, mas,
como Pedro não estava disposto a fazer isso devido à sua falta de
entendimento da Nova Aliança, Deus teve que usar um método
totalmente diferente.
A primeira coisa que notamos no versículo 10 é que Deus
esperou propositalmente até que Pedro estivesse com fome, pois,
como dizem: “É pelo estômago que se conquista um homem”. A
Bíblia diz que quando ele teve fome e quis comer, enquanto
preparavam sua comida, ele entrou em um transe. Nesse transe,
Pedro viu claramente o céu aberto e um grande lençol, amarrado
pelos quatro cantos, descendo bem à sua frente. Esse grande lençol
estava cheio com todos os tipos de animais que um judeu sob a
Velha Aliança não tinha permissão para comer. Só isso já teria sido
radical demais, mas então uma voz disse a Pedro: “Levante-se,
Pedro. Mate e coma!”
Vamos recapitular o que Deus fez. Primeiro, Ele esperou até que
Pedro tivesse fome. Depois, Deus o colocou em um transe,
mostrou-lhe uma visão que violava completamente suas crenças, e
ainda por cima lhe mandou fazer algo que ele havia ouvido durante
toda a sua vida que era proibido pelo próprio Deus. Mesmo faminto,
Pedro respondeu: “Não, Senhor, pois jamais comi algo comum ou
impuro”. A Velha Aliança estava impregnada de forma tão profunda
em seu coração que ele resistiu até ao próprio Senhor. Mas Deus
não desistiu, e repetiu a cena três vezes.
Enquanto Pedro ponderava acerca do que Deus estaria tentando
lhe dizer, as pessoas que Cornélio enviara chegaram à casa em que
Pedro estava hospedado. Pedro sabia que tinha que ir com eles,
porque o Espírito Santo havia lhe dito que fosse, mas Deus ainda
tinha algo radical a fazer para garantir que Pedro fosse totalmente
convencido da Nova Aliança. Quando Pedro chegou à casa de
Cornélio e estava pregando o evangelho a eles, o Espírito Santo
caiu sobre aqueles gentios antes mesmo de serem batizados. Até
aquele momento, jamais havia acontecido algo assim, nem havia
registro desse tipo de acontecimento em lugar algum das Escrituras.
Inclusive, aquilo contradizia o sermão do próprio Pedro no dia de
Pentecostes, quando ele disse que as pessoas tinham de se
arrepender e se batizar primeiro, e só depois receberiam o dom do
Espírito Santo (veja At 2.38). Depois, como está registrado em Atos
15, Pedro usou essa experiência para provar a validade da Nova
Aliança.
Paulo estava tão decidido a defender a Nova Aliança que estava
disposto até mesmo a confrontar cara a cara o grande apóstolo
Pedro, como vemos na carta aos gálatas:
Quando, porém, Pedro chegou a Antioquia, eu o
enfrentei face a face, por causa da sua atitude
reprovável. Porque antes de chegarem alguns da parte
de Tiago, ele fazia suas refeições na companhia dos
gentios; todavia, quando eles chegaram, Pedro foi se
afastando até se apartar dos incircuncisos, apenas por
temor aos que defendiam a circuncisão. (Gl 2.11,12)
Os três fatos totalmente novos que jamais haviam acontecido
antes foram declarados pelo profeta Jeremias:
Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança
nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não
conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que
os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque
eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver
desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei
com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor:
Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu
coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada
um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles,
diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e
nunca mais me lembrarei dos seus pecados. (Jr 31.31-34
– ACF)
O primeiro fato que vemos é que Jesus escreveria sua Lei no
coração e na mente do povo: “Mas esta é a aliança que farei com a
casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei
no seu interior, e a escreverei no seu coração” (Jr 31.33b).
Sob a Velha Aliança, a Lei de Deus foi entregue a Moisés, e este
teve que ensiná-la ao povo. Era ele quem tinha que instruir o povo e
lhes dizer como viver. Esse é um aspecto que poucos pastores
compreenderam, pois, vez após outra, encontro pessoas que estão
convencidas de que têm que controlar o comportamento dos seus
irmãos e irmãs através de regras e restrições. Creio que isso
aconteça porque não cremos nem compreendemos totalmente a
Nova Aliança. Foi Deus quem declarou que, na Nova Aliança, Ele
mesmo colocaria sua Lei no coração e na mente das pessoas.
Deixe-me contar duas histórias que ilustram como a Nova Aliança
funciona nesse aspecto. Uma delas é de um pastor que conheço há
mais de 35 anos, e a outra é de uma experiência que tive.
Um jovem foi salvo e começou a frequentar a igreja do meu
conhecido, onde os cultos aconteciam aos domingos pela manhã e
à noite. O jovem tinha o hábito de ir ao cinema todo domingo à
noite, então, depois de ser salvo, perguntou ao pastor se ainda
poderia ir ao cinema nas noites de domingo. O pastor, que cria
firmemente na Nova Aliança, recusou-se a lhe dizer o que fazer. O
novo convertido continuou pressionando-o a lhe dar uma direção,
mas o pastor continuou recusando-se. Por fim, o pastor lhe disse:
“Leve o Senhor ao cinema com você”. É estranho ver como a
maioria das pessoas prefere a Lei em vez de serem guiadas pelo
Senhor através da Lei escrita em seu próprio coração.
O rapaz foi ao cinema e pediu dois ingressos. A moça na
bilheteria perguntou-lhe se ele estava com a namorada, mas ele
disse que não. Ela perguntou para quem era o segundo bilhete, mas
ele se recusou a responder, e comprou os ingressos para duas
cadeiras juntas. Sentado em sua cadeira, ele se virou para a cadeira
ao lado e disse: “Jesus, vamos assistir ao filme juntos. Espero que
você goste”. Dez minutos depois, ele percebeu que Jesus não
queria estar lá, então saiu do cinema. E daquele dia em diante, ele
passou a ir aos cultos no domingo à noite.
A segunda história aconteceu comigo, quando estava
pastoreando uma igreja local, cerca de 30 anos atrás. Num período
de poucos meses, muitos jovens que antes estavam profundamente
envolvidos em vários tipos de pecado foram salvos. Eram pessoas
que jamais haviam estado em uma igreja cristã antes, e uma delas
era uma moça que vivia uma vida muito sensual e adorava farrear.
Numa das primeiras reuniões de domingo de que participou, ela
estava dançando de forma muito sensual durante o período de
louvor, passando pela parte da frente do salão com roupas muito
inadequadas, que chamavam atenção para suas nádegas e seios.
Um dos membros da nossa igreja veio até mim e disse que eu tinha
de fazer com que ela parasse de se comportar assim no culto. Eu
me recusei a fazer isso, permanecendo firme na minha crença no
poder da Nova Aliança. Não demorou muito até que ela mudasse
seu comportamento e sua maneira de se vestir.
O segundo fato totalmente novo e que jamais havia ocorrido está
escrito na primeira parte do versículo 34. Ele diz que todos
conhecerão o Senhor intimamente: “E não ensinará mais cada um a
seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao
Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior
deles, diz o Senhor[...]” (Jr 31.34a – ACF).
Que promessa maravilhosa da Nova Aliança! Todos conhecerão o
Senhor de forma íntima e pessoal. Um dos anseios mais profundos
do coração do homem é por intimidade. O homem não foi criado
para viver isolado, mas para se relacionar em intimidade. Antes de o
pecado entrar no mundo, Adão e Eva viviam num relacionamento
íntimo com Deus. Sob a Nova Aliança, essa intimidade foi
restaurada.
Lembro-me de uma ocasião, no início do meu ministério, em que
acordei porque estava falando alto durante o sono. Fiquei repetindo
esta mesma frase por várias vezes: “Obrigado, Senhor, porque não
tenho uma religião, mas um relacionamento”. Essa parte da Nova
Aliança está ligada à primeira promessa. Se você conhece alguém
de forma íntima e pessoal, também saberá o que o agrada. Se a
igreja simplesmente conseguisse aprender a andar pela fé nesse
aspecto da Nova Aliança, as pessoas seriam atraídas com mais
facilidade ao Senhor através dela.
Devemos rejeitar com veemência a ideia de que algumas
pessoas têm mais favor de Deus ou que Ele escuta mais as orações
de alguns do que as de outros. Creio que esse seja um conceito
muito maligno, religioso e da Velha Aliança porque despreza a obra
da cruz. Quantas vezes as pessoas me disseram que gostariam de
ter um relacionamento tão íntimo com o Senhor quanto o que eu
tenho, mas meu coração chora por todos os que não vivem em
intimidade com o Senhor. Pois, meu amigo querido, a Nova Aliança
promete que todos conhecerão o Senhor. Portanto, você deve crer
que isso faz parte da Nova Aliança e simplesmente desejar esse
relacionamento, e, pela fé, desenvolver intimidade com o Senhor.
Você está tão perto dele quanto deseja estar.
O terceiro fato totalmente novo que vemos na Nova Aliança é a
libertação da culpa. Como também vemos no versículo 34, Deus
removerá toda culpa da vida do seu povo: “[...]porque lhes perdoarei
a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jr
31.34b – ACF).
Deus declara que Ele não se lembrará mais dos pecados deles. A
culpa destrói qualquer relacionamento pessoal. Ela leva as pessoas
a esconderem coisas uma da outra, a manter segredos, e
desencadeia medos que são muito destrutivos num relacionamento.
Na Nova Aliança, Deus declara que já não há mais lembrança do
pecado que foi cometido na vida dos seus filhos.
A Lei de Deus em nosso coração e mente, um conhecimento
íntimo do Senhor e a libertação da culpa jamais foram vistos sob a
Velha Aliança, e são novos privilégios da Nova Aliança.
10
A ALIANÇA DE SANGUE
A aliança de Deus com Abraão é diferente da Velha Aliança,
porque aquela era uma aliança baseada somente na fé, e era
considerada uma aliança de sangue. Na Aliança Abraâmica, vemos
o mistério da Nova Aliança. Portanto, para entendermos plenamente
o que aconteceu na Nova Aliança, é importante termos uma
compreensão clara do que aconteceu aqui. Se não entendermos a
Aliança Abraâmica, não poderemos compreender verdadeiramente
a Nova Aliança.
Cristo está oculto em todo o Velho Testamento, e precisamos
garantir que vamos encontrá-lo nele. É por isso que precisamos ler
cuidadosamente todo o relato de Gênesis 15.1-21, que transcrevo
abaixo. Por favor, não se apresse ao ler esses versos. Leia devagar
e atentamente.
Passados esses acontecimentos, o SENHOR falou a
Abrão, por intermédio de uma visão: “Não temas, Abrão!
Eu Sou o teu escudo; e grande será a tua recompensa!”
Contudo, Abrão declarou: “Ó Todo-Poderoso SENHOR,
meu Deus! De que valerá uma grande recompensa se
continuo sem filhos? Eliézer de Damasco é quem vai
herdar tudo o que tenho. Tu não me concedeste
descendência, e por esse motivo um dos meus servos,
nascido na minha casa, será o meu herdeiro”. Então
imediatamente lhe assegurou o SENHOR: “Não será
Eliézer o teu herdeiro; mas, sim, filho gerado de ti mesmo
será o teu legítimo herdeiro!” Então o SENHOR conduziu
Abrão para fora da tenda e orientou-o: “Olha para os
céus e conta as estrelas, se é que o podes”. E prometeu:
“Será assim a tua posteridade!”
Abrão creu no SENHOR, e isso lhe foi creditado como
justiça.
Declarou ainda mais o SENHOR a Abrão: “Eu Sou o
SENHOR que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te por
herança esta terra!” Indagou-lhe Abrão: “Ó soberano
SENHOR, como posso saber que tomarei posse desta
terra?” Então ordenou-lhe o SENHOR: “Toma-me uma
novilha, uma cabra e um cordeiro, cada qual de três anos
de vida, e também uma rolinha e um pombinho”. Abrão
trouxe todos esses animais, cortou-os ao meio e colocou
cada metade em frente à outra parte; as aves, no
entanto, ele não cortou. Em seguida, aves de rapina
começaram a descer sobre os cadáveres expostos, mas
Abrão as enxotava.
Ao pôr do sol, Abrão foi tomado de um sono profundo, e
eis que vieram sobre ele trevas densas e assustadoras.
Então o SENHOR falou a Abrão: “Sabe, com toda a
certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra
alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por
quatrocentos anos. Contudo Eu julgarei e castigarei a
nação que a fizer sujeitar-se à escravidão; e depois de
muitas aflições, teus descendentes sairão livres, levando
muitas riquezas! Tu, porém, gozarás de uma velhice
abençoada, morrerás em paz, serás sepultado e irás
reunir-te com os teus pais no mundo dos mortos. Depois
de quatro gerações, teus descendentes retornarão para
estas terras; porquanto não expulsarei os amorreus até
que eles se tornem tão malignos, que mereçam ser
severamente castigados”.
Com a chegada da noite veio a escuridão. De repente,
surgiu um braseiro que soltava fumaça, e uma tocha de
fogo. E o braseiro e a tocha passaram pelo meio dos
animais divididos. Naquele mesmo momento fez o
SENHOR a seguinte aliança com Abrão: “Aos teus
descendentes dei esta terra, desde o ribeiro do Egito até
o grande rio, o Eufrates: a terra dos queneus, dos
quenezeus, dos cadmoneus, dos hititas, dos ferezeus,
dos refains, dos amorreus, dos cananeus, dos girgaseus
e dos jebuseus. (Gn 15.1-21)
Encontramos muitos paralelos entre essa aliança e a Nova
Aliança, na qual sabemos que só podemos entrar pela fé, assim
como Abraão, que também teve que crer para participar da aliança
que Deus fez com ele. É o que vemos nos versículos abaixo:
Então o SENHOR conduziu Abrão para fora da tenda e
orientou-o: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é
que o podes”. E prometeu: “Será assim a tua
posteridade! Abrão creu no SENHOR, e isso lhe foi
creditado como justiça. (Gn 15.5,6)
Como vemos aqui, e também em muitos trechos do Novo
Testamento, a fé era um requisito para participar dessa aliança.
Primeiro Abraão teve que crer, depois Deus fez aliança com ele para
que ele pudesse entrar nela. A ordem é muito clara, assim como na
Nova Aliança, na qual é impossível entrar por qualquer outro meio
que não seja a fé na obra consumada da cruz.

O PODER DE UMA ALIANÇA DE SANGUE


Uma aliança de sangue não era algo incomum entre o povo
hebreu naquela época. Até hoje existem povos, principalmente
algumas tribos na África, que ainda fazem alianças de sangue. Ela
era considerada a aliança mais forte de todas e, uma vez feita, era
totalmente sagrada. Essa aliança não podia, de modo algum, ser
quebrada por nenhuma das partes. Normalmente, quando uma
aliança de sangue era feita e uma das partes a quebrava, os
próprios membros da família matavam a pessoa por não ter
guardado a santidade dessa aliança.
A Nova Aliança que Deus fez é uma aliança de sangue, como
veremos mais tarde. Jesus tomou o vinho, que simbolizava o seu
sangue e disse: “Este é o cálice da minha nova aliança”.
O primeiro símbolo de derramamento de sangue na Bíblia está
em Gênesis 3.21: “E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher
túnicas de peles, e os vestiu”. De onde Deus tiraria essas peles se
não de algum animal que Ele havia matado? E Ele não fez isso
apenas porque Adão e Eva precisavam de roupas ou porque
estivessem nus ou com frio, mas para expressar seu desejo de fazer
uma aliança de sangue com o homem através de Jesus Cristo.
Uma vez que as partes entravam numa aliança de sangue, elas
estavam totalmente unidas a partir daquele momento. Não havia
mais separação ou distinção entre as duas partes. Assim, através
da Nova Aliança, fomos totalmente unidos a Cristo, e Deus já não
faz distinção entre nós e seu Filho. Por isso Ele é chamado de
cabeça e nós somos chamados de corpo, porque essas duas partes
são inseparáveis. Quando Saulo perseguiu a igreja, Jesus lhe disse
que era a Ele que Saulo estava perseguindo. Essa era uma
expressão da aliança de sangue de Deus com a igreja.
A aliança de sangue também significava que o mais forte tinha
que proteger o mais fraco, ainda que isso lhe custasse a vida. Que
lindo símbolo da Nova Aliança! Jesus estava disposto a entregar
sua vida por nós para nos manter a salvo. Na carta aos
Colossenses, Paulo diz que estamos escondidos com Cristo Jesus
em Deus (veja Cl 3.3). Estamos totalmente protegidos pelo mais
forte, que obviamente é Deus. Jesus não disse que ninguém poderia
nos tomar das suas mãos? Ele, o Mais Forte, está nos segurando,
os mais fracos, por causa da aliança de sangue. Pouco tempo atrás,
disse a um amigo pastor que um dos meus amigos havia entregado
a vida ao Senhor, e ele imediatamente respondeu: “Isso é bom, mas
não é muito melhor o Senhor ter entregado sua vida por ele?”
Outro aspecto que uma aliança de sangue envolvia era o
compartilhamento dos bens de cada um. Nenhuma das duas partes
poderia reivindicar algo como exclusivamente seu depois de fazer
uma aliança; já não havia mais separação de bens. Se uma das
partes entrasse na aliança com uma dívida de um milhão de reais, e
a outra com crédito de dez milhões de reais em dinheiro, então a
primeira já não teria mais dívida e ambas teriam juntas os nove
milhões de reais restantes. A pessoa que trouxe a dívida para a
aliança não tinha que pedir nada; o dinheiro simplesmente pertencia
a ela agora. É muito importante que você se lembre desse fato e
medite nele. Mais à frente neste livro, eu lhe mostrarei que nós,
cristãos, pedimos muitas coisas que já nos pertencem.

A ALIANÇA ABRAÂMICA E A CRUCIFICAÇÃO


Lembre-se de que a Nova Aliança foi selada com o sangue de
Jesus. Agora, descobriremos alguns paralelos maravilhosos entre a
crucificação e a aliança de Deus com Abraão. A primeira é que
Deus exigiu um sacrifício, como vemos neste texto de Gênesis:
Então ordenou-lhe o SENHOR: “Toma-me uma novilha,
uma cabra e um cordeiro, cada qual de três anos de vida,
e também uma rolinha e um pombinho”. Abrão trouxe
todos esses animais, cortou-os ao meio e colocou cada
metade em frente à outra parte; as aves, no entanto, ele
não cortou. (Gn 15.9,10)
Quando Deus foi até Abraão para começar a aliança de sangue,
Ele exigiu de Abraão um sacrifício de animais, que precisavam ser
partidos e ter seu sangue derramado. Para que a Nova Aliança
fosse feita, Deus também exigiu um sacrifício por parte de Jesus.
Mas desta vez, o sacrifício que Deus exigiu foi o corpo do próprio
Jesus Cristo, que também foi partido e teve seu sangue derramado.
Falando sobre Jesus, o autor de Hebreus diz: “Jesus, no entanto,
havendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados,
assentou-se à direita de Deus” (Hb 10.12a).
A segunda similaridade que vemos entre a história de Abraão e a
crucificação é que Abraão, assim como Cristo na cruz, teve que
enfrentar escuridão e grande terror. Veja os relatos a seguir:
Ao pôr do sol, Abrão foi tomado de um sono profundo, e
eis que vieram sobre ele trevas densas e assustadoras.
(Gn 15.12)
Então, profundas trevas caíram por sobre toda a terra, do
meio-dia às três horas da tarde daquele dia. (Mt 27.45)
Vemos nesse versículo do evangelho de Mateus que profundas
trevas (ou grande escuridão) caíram por sobre toda a terra, e
sabemos pelos relatos da crucificação que o que Cristo teve de
enfrentar foi muito assustador. Como Jesus se tornou pecado por
nós, Ele teve que enfrentar os horrores do pecado.
Em terceiro lugar, Abraão teve de enfrentar as aves de rapina. Em
Gênesis 15.11, lemos: “Em seguida, aves de rapina começaram a
descer sobre os cadáveres expostos, mas Abrão as enxotava”. É
importante observar que Deus, que estava entrando numa aliança
com Abraão, não o ajudou a espantar as aves de rapina, que na
tipologia da Bíblia significam demônios. Quando Jesus estava na
cruz, Ele foi abandonado e teve de enfrentar toda a terrível atividade
demoníaca. O evangelho de Mateus descreve o horror que Jesus
teve de enfrentar sozinho:
E, por volta das três horas da tarde, Jesus clamou com
voz forte: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni?”, que significa “Meu
Deus, Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Mt 27.46)
Enquanto Ele clamava, agonizante, e perguntava a Deus por que
fora abandonado, os céus estavam em silêncio. Não houve resposta
alguma de Deus; Ele teve de enfrentar as trevas sozinho, assim
como Abraão.
11
O MISTÉRIO REVELADO
Como já mencionei , e vemos nas duas passagens bíblicas a
seguir, a Nova Aliança é o mistério que esteve oculto em Deus.
Ora, àquele que tem o poder para vos confirmar, pelo
meu Evangelho, segundo a proclamação de Jesus Cristo,
em conformidade com a revelação do mistério oculto nos
tempos passados[...] (Rm 16.25)
Ao contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério
que estava oculto, o qual Deus preordenou antes da
origem das eras, para a nossa glória. (1Co 2.7)
Tudo o que está oculto pode ser revelado por quem o ocultou ou,
às vezes, descoberto por outras pessoas através de uma busca
diligente. Nessas duas passagens bíblicas, podemos ver que a
Nova Aliança esteve oculta em Deus desde a fundação do mundo. A
palavra mistério, no original grego, significa algo oculto ou secreto,
encoberto ao entendimento. Uma vez que a Nova Aliança é um
mistério, o que obviamente significa que ela não é muito fácil de ser
vista ou entendida, ela deve ser descoberta ou revelada através das
pistas que recebemos. Ela é como um tesouro escondido pelo qual
as pessoas buscam cuidadosamente, por isso a Bíblia é um livro tão
fascinante.
Aqui, na aliança de sangue com Abraão, que afinal é nosso pai na
fé, descobrimos as pistas e dicas para esse mistério extraordinário.
Vamos voltar ao capítulo 15 de Gênesis, descobrir algumas pistas e
começar a desvendar o mistério.
Com a chegada da noite veio a escuridão. De repente,
surgiu um braseiro que soltava fumaça, e uma tocha de
fogo. E o braseiro e a tocha passaram pelo meio dos
animais divididos. Naquele mesmo momento fez o
SENHOR a seguinte aliança com Abrão[…] (Gn
15.17,18)
A fim de vermos as pistas aqui, precisamos compreender qual era
o procedimento normal numa aliança de sangue. As duas partes
envolvidas levavam os animais que seriam sacrificados e os
cortavam ao meio, e era necessário, então, colocar cada metade de
frente para a outra. Foi isso o que Abraão fez, como vemos
claramente aqui:
Então ordenou-lhe o SENHOR: “Toma-me uma novilha,
uma cabra e um cordeiro, cada qual de três anos de vida,
e também uma rolinha e um pombinho”. Abrão trouxe
todos esses animais, cortou-os ao meio e colocou cada
metade em frente à outra parte; as aves, no entanto, ele
não cortou. (Gn 15.9,10)
É importante notar que Deus nunca disse nada sobre cortar os
animais ao meio. Ele simplesmente disse a Abraão para trazê-los
para Ele. Então, por que Abraão partiu os animais ao meio sem que
Deus tivesse lhe dito para fazer isso? Acredito que tenha sido
porque sabia como as alianças de sangue eram feitas na cultura
daquela época.
O que normalmente acontecia era que ambas as partes tinham
que andar entre as metades dos animais e dizer algo mais ou
menos assim: “Que seja feito comigo o que foi feito a esses animais
se algum dia eu quebrar a aliança com você”. Às vezes, ambos
bebiam o sangue do animal misturado ao seu próprio sangue e,
outras vezes, até faziam um corte no próprio pulso e misturavam o
sangue dos dois. Ambas as partes sempre tinham que andar entre
as metades dos animais para que a aliança fosse ratificada (ou
confirmada).
Esta parte sempre enche meus olhos de lágrimas e meu coração
de alegria. Quando Deus fez a aliança com Abraão, Ele decidiu
fazer Abraão dormir, como vemos aqui:
Ao pôr do sol, Abrão foi tomado de um sono profundo, e
eis que vieram sobre ele trevas densas e assustadoras.
Com a chegada da noite veio a escuridão. [...] De
repente, surgiu um braseiro que soltava fumaça, e uma
tocha de fogo. E o braseiro e a tocha passaram pelo
meio dos animais divididos. (Gn 15.12,17)
Como Deus poderia fazer uma aliança com Abraão sendo que
este jamais andou entre as metades dos animais? Este é um
mistério incrível! Lemos que um profundo sono caiu sobre Abraão, e
em vez de Abraão e Deus andarem entre as metades dos animais e
ratificarem a aliança, foram dois símbolos que andaram por entre
elas: um braseiro que soltava fumaça e uma tocha de fogo.
Quem esses dois símbolos representam? Obviamente um
representava Deus, pois foi Ele quem tomou a iniciativa e fez a
aliança com Abraão. Aqui vemos uma das primeiras e mais fortes
pistas para a Nova Aliança na Bíblia: como o braseiro que soltava
fumaça representava Deus, a tocha de fogo representava Jesus. É
isso o que faz a Nova Aliança ser tão garantida, pois ela foi
ratificada entre Deus Pai e seu filho Jesus Cristo. Assim, quando
Abraão acordou do seu sono, a única coisa que ele tinha de fazer
era entrar nessa aliança simplesmente pela fé. Essa foi a primeira
vez que vimos uma ilustração profética das palavras mais
poderosas da Bíblia, citadas em João 19.30: “Está consumado”.
Deus Pai e seu filho Jesus, depois de terem ratificado a aliança de
sangue, acordaram Abraão e a apresentaram a ele.
Sabemos que a Bíblia diz que nós estávamos mortos em nossos
pecados e transgressões (veja Ef 2.1). Obviamente, antes de
sermos salvos, não estávamos literalmente mortos, mas
espiritualmente mortos, como num profundo sono espiritual.
Enquanto estávamos nesse estado, Deus Pai e Jesus, seu Filho,
fizeram uma aliança de sangue perfeita um com o outro, acordando-
nos do nosso sono espiritual e apresentando-a a nós. Tudo o que
precisamos fazer é entrar nela simplesmente pela fé. Está
verdadeiramente consumado!
Tenho certeza de que você gostaria de saber como eu concluí
que foi Deus e Jesus que andaram através das metades dos
animais na história acima. Então, como é um mistério, precisamos
continuar a desvendar as pistas. Lembre-se de que o que passou
por entre as metades foram o braseiro que soltava fumaça e uma
tocha de fogo. Os estudiosos da Bíblia concordam que o braseiro
que soltava fumaça era um símbolo de Deus Pai. Primeiro porque
Deus, que fez a aliança, não tinha outra escolha a não ser passar
por ali; segundo, porque em Êxodo lemos o seguinte:
Durante o dia o SENHOR ia adiante deles, numa coluna
de nuvem, para guiá-los no caminho e, de noite, numa
coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam
caminhar de dia e durante a noite. (Êx 13.21)
No original, a expressão usada para coluna de fogo significa um
braseiro que solta fumaça. Um dos significados originais de braseiro
é fornalha. Você está vendo a pista? Deus, que andou com seu
povo como uma coluna de fogo, passou no meio dos animais como
um braseiro que soltava fumaça (fornalha). É desnecessário dizer
que naquela época eles não tinham eletricidade, mas usavam vasos
com um fogaréu dentro que produzia fumaça.
A tocha de fogo representava Jesus, o que podemos ver
facilmente a partir das pistas que Ele mesmo nos deu. Em João 1.9,
lemos: “Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que
vem ao mundo”. Essas palavras registradas em João 8.12 saíram
da boca do próprio Jesus: “Falando novamente ao povo, disse
Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue, não andará
em trevas, mas terá a luz da vida”.
Nesses dois versículos bíblicos, lemos que Jesus é que é a luz.
Se você observar o original grego a partir do qual nossas Bíblias
foram traduzidas, descobrirá que o significado de luz é tocha.
Portanto, a imagem vai ficando cada vez mais clara e as peças do
quebra-cabeça vão começando a se encaixar. O Pai e Jesus fizeram
uma aliança eterna e incluíram Abraão nela sem nenhuma
colaboração dele.

MAIS PISTAS PARA O MISTÉRIO


Nos próximos capítulos, você verá a importância do fato de Jesus
e o Pai terem feito essa aliança eterna um com o outro. E eu
gostaria de lhe mostrar mais algumas pistas fascinantes que
desvendam esse mistério que chamamos de Nova Aliança.
No evangelho de João, Jesus confrontou os judeus, dizendo:
Vosso pai Abraão muito se alegrou, pois veria o meu dia;
e ele o viu e ficou feliz. Então os judeus disseram a
Jesus: “Tu ainda não tens cinquenta anos, e viste a
Abraão?” Respondeu-lhes Jesus: “Em verdade, em
verdade vos asseguro: antes que Abraão existisse, Eu
Sou.” Então, pegaram pedras para apedrejá-lo, mas
Jesus esquivou-se e, passando por entre eles, saiu do
templo. (Jo 8.56-59)
Jesus disse algo que deixou os judeus tão irados que eles
pegaram pedras para apedrejá-lo e matá-lo. O que havia nessas
palavras de Jesus que os deixou tão irados? Jesus lhes disse que
Abraão viu Seu dia e se regozijou. O que os perturbou primeiro foi
que Jesus ainda era jovem e, na opinião deles, não poderia estar lá
na época de Abraão. Sendo assim, como Jesus podia dizer que
Abraão viu Seu dia? Além do mais, Jesus jamais foi mencionado na
vida de Abraão. Os judeus lhe disseram: “Tu ainda não tens
cinquenta anos, e viste a Abraão?” É muito interessante observar
que os judeus distorceram a afirmação de Jesus. Ele nunca disse
que viu Abraão, mas que Abraão viu o Seu dia. Contudo, a pergunta
dos judeus foi sobre como Ele poderia ter visto Abraão.
Quando Jesus disse que Abraão se regozijou ao ver o Seu dia,
Ele estava se referindo ao evento da ratificação da aliança de
sangue relatada em Gênesis 15. Mas como Abraão poderia saber
sobre Jesus, já que a Bíblia jamais mencionou Jesus na vida de
Abraão? Lembre-se de que se tratava de um mistério, portanto, não
poderia ter nenhuma menção direta sobre ele, apenas pistas que
nos levassem a descobrir esse segredo. Veja o que está escrito em
Gálatas:
E a Escritura, prevendo que Deus iria justificar os não-
judeus pela fé, anunciou com antecedência as boas
novas a Abraão: “Por teu intermédio, todas as nações
serão abençoadas”. (Gl 3.8)
Aqui lemos que Deus anunciou as boas novas, ou, em outras
versões, pregou o evangelho a Abraão, e o evangelho são as boas
novas da Nova Aliança. Mas quando foi que Deus pregou o
evangelho a Abraão e lhe falou sobre a Nova Aliança?
Depois de ter feito a aliança relatada em Gênesis 15, Deus disse
que, em Abraão, todas as nações da terra seriam benditas, como
vemos em Gênesis 18.8. Nós sabemos que todas as nações da
terra não entraram na Nova Aliança seguindo Abraão, mas seguindo
Cristo. Uma vez que a Aliança Abraâmica foi feita entre as duas
partes que andaram entre as metades dos animais, ou seja, Deus e
Jesus, a Nova Aliança foi feita entre Deus e Jesus. Vejamos o último
versículo que nos mostra que Jesus era o outro participante nessa
aliança.
Desse mesmo modo, as promessas foram feitas a
Abraão e ao seu descendente. A Escritura não declara:
“E aos seus descendentes”, como se referindo a muitos,
mas exclusivamente: “Ao seu descendente”, transmitindo
a informação de que se trata de uma só pessoa, isto é,
Cristo. (Gl 3.16)
Fazendo um resumo do que vimos, Deus pregou o evangelho,
que são as boas novas da Nova Aliança, a Abraão. Quando a
aliança entre Deus e Abraão foi feita, Abraão estava dormindo
profundamente, contudo, não poderia haver aliança de sangue a
menos que as duas partes passassem juntas entre as metades dos
animais. Deus, que fez a aliança com seu filho Jesus e incluiu
Abraão pela fé somente, também teve que fazer as promessas para
o outro parceiro na aliança. Como o outro parceiro da aliança era
Jesus e não Abraão, Deus teve que fazer as promessas a Cristo.
Acabamos de ver em Gálatas 3.16 que a Bíblia diz: “[...]as
promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente” (singular).
Depois, Paulo diz que a semente é Cristo. O Pai fez aliança com
seu filho Jesus Cristo e fez suas promessas a Ele, como acabamos
de ver em Gálatas.
No próximo capítulo, eu lhe mostrarei mais provas bíblicas desse
mistério maravilhoso. Precisamos entender que a Nova Aliança e a
Aliança Abraâmica seguem a mesma linha. Ambas dependem de
Deus e seu filho Jesus Cristo. E como Abraão só entrou na aliança
pela fé no que Jesus fez, nós também, como filhos de Abraão, só
podemos entrar na Nova Aliança pela fé.
É importante entender que devemos crer não apenas em Jesus,
nosso salvador, mas também naquele que selou a Nova Aliança e
nos convidou para entrar nela pela fé. Se você limitar sua fé a crer
no perdão dos pecados e ir para o céu, você só receberá isso.
Entretanto, se você entrar pela fé nessa Nova Aliança incrivelmente
maravilhosa, receberá todos os seus benefícios. Lembre-se, nossas
obras jamais poderão alcançar os benefícios dessa Nova Aliança
incrível. Se pudessem, isso significaria que a Nova Aliança seguiria
a mesma linha da Velha Aliança. Mas como ela segue a linha da
aliança com Abraão, seus benefícios só podem ser recebidos da
mesma maneira que Abraão recebeu, ou seja, somente pela fé.
12
COMPREENDENDO A NOVA ALIANÇA
A menos que realmente compreendamos a Nova Aliança, não
podemos experimentar todos os benefícios que ela traz em nossa
vida. Todo cristão provavelmente crê na Nova Aliança. Contudo, há
uma grande diferença entre o que eles creem a respeito dela e
como a aplicam em sua vida. A pergunta mais importante não é se a
Nova Aliança existe ou não, mas como ela foi feita e como podemos
participar plenamente dela. Como vimos no capítulo anterior, a
Aliança Abraâmica começa a revelar o mistério da Nova Aliança, foi
feita entre Deus Pai e seu filho, Jesus Cristo, e Abraão foi convidado
a entrar nela pela fé.
Ao lermos as epístolas do Novo Testamento, principalmente as de
Paulo, parece bem claro que não existe outro plano para o povo de
Deus a não ser uma vida de vitória absoluta. Afirmações como
“todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que
amam a Deus; somos mais do que vencedores; posso todas as
coisas em Cristo que me fortalece; graças a Deus, que sempre nos
faz triunfar em Cristo” e outras semelhantes me vêm à mente. Mas
por que o que a maioria dos cristãos experimenta não é esse tipo de
vida vitoriosa? Por que há cristãos por todo o mundo vivendo uma
vida de derrota, de altos e baixos, de lutas contra hábitos
pecaminosos? A resposta é que eles não compreendem totalmente,
não creem ou não andam na Nova Aliança, e é somente através
dela que desenvolveremos a plenitude do nosso potencial.
Até o final deste livro, eu lhe mostrarei o quanto a mentalidade e a
prática da Velha Aliança ainda se misturam à vida do cristão
comum. Quando eu mostrar essas crenças e práticas erradas, tenho
certeza de que você descobrirá que está envolvido em algumas
delas. De maneira muito sutil, nossa mente tem sido invadida por
crenças da Velha Aliança misturadas à mentalidade da Nova
Aliança, e o perigo está na sutileza e na mistura dessas duas
mentalidades tão diferentes.
É de conhecimento geral que a música exerce forte influência
sobre nossa mente e coração. Todos sabemos que algumas
músicas ficam “grudadas” em nossa mente e é difícil tirá-las da
cabeça. A maioria dos cristãos não percebe que, semana após
semana nos cultos da igreja, eles cantam canções com uma mistura
de mensagens da Velha e da Nova Aliança. Creio que os
compositores dessas canções tiveram boa intenção ao escrevê-las,
mas simplesmente não tiveram uma revelação clara da Nova
Aliança.
Já faz bastante tempo que presto muita atenção na mistura de
frases da Velha Aliança em canções cristãs, porque não vou cantar
nada que contenha princípios da Velha Aliança. Muitas dessas
canções são maravilhosas e cheias de verdades da Nova Aliança,
mas, subitamente, no meio da música, aparece uma frase que
claramente vem da Velha Aliança.
Pouco tempo atrás, fui preletor de uma conferência junto com
outro pastor muito conhecido. Antes da pregação dele, a equipe de
louvor cantou uma canção com uma melodia linda que falava sobre
o rio que flui do trono de Deus. Era uma música maravilhosa com
uma letra ótima, até chegar à última frase, que repetia “Lava-me,
lava-me”. Virei-me para o pastor ao meu lado, que pregaria logo em
seguida, e perguntei: “Você está sujo? Porque eu não estou. Fui
lavado e limpo pelo sangue de Jesus Cristo. Fui totalmente
purificado e justificado através da Nova Aliança”. A propósito, o
pastor também não cantou aquela canção.
Algumas semanas atrás, um pastor, grande amigo meu, disse que
na primeira vez em que me ouviu falar sobre essas coisas, pensou
que eu estava sendo muito extremista, radical e exigente. Mas
quando ele começou a estudar a Bíblia e a observar sua própria
vida à luz da Nova Aliança, percebeu o quanto ele estava perdendo
e como essas coisas realmente são importantes. Certamente não
quero ser crítico, mas também não quero ser destruído pela
ignorância. Vladimir Lenin, que é considerado o pai do comunismo,
disse que uma mentira repetida várias vezes passa a ser verdade.
Se continuarmos cantando afirmações da Velha Aliança semana
após semana, em nosso coração, elas se tornarão verdades, e será
muito difícil andar nas bênçãos e nos benefícios da Nova Aliança. É
por isso que tomo muito cuidado com o que canto.
Continuarei a desvendar esse maravilhoso mistério da Nova
Aliança, que é tão radical e incrível que, muitas vezes, é difícil de
ser verdadeiramente entendido. Isso acontece porque por cerca de
1700 anos a igreja como um todo não tem andado puramente na
Nova Aliança. Estou convicto de que entender a Nova Aliança de
todo o nosso coração pode mudar todas as áreas da nossa vida e
transformá-la numa vida de vitória completa. Viver uma vida que
agrade a Deus não é o desejo mais profundo e verdadeiro do
coração de todo cristão? Um dia ouvir nosso Mestre nos dizer as
palavras maravilhosas “Muito bem, servo bom e fiel” não é o que
todos nós queremos? Mas só podemos alcançar isso entrando e
vivendo plenamente na Nova Aliança.

COM QUEM DEUS FEZ A NOVA ALIANÇA?


A resposta a essa pergunta parece muito simples, e a maioria dos
cristãos diria que Deus fez a Nova Aliança conosco, mas não creio
que essa seja a resposta correta, e lhe darei argumentos bíblicos
muito claros para provar isso. Já vimos, ao estudar a Aliança
Abraâmica, que ela foi feita entre Deus e Jesus, e Abraão entrou
nela pela fé. Sei que o relato de Gênesis 15 diz que naquele dia
Deus fez uma aliança com Abraão, mas como Abraão nunca andou
por entre as metades do sacrifício, isso significa que Deus a fez
indiretamente, não diretamente com ele. A aliança foi feita
diretamente entre Deus Pai e Jesus Cristo, e é de suma importância
que compreendamos essa verdade, pois dela dependem muitas
coisas.
A Nova Aliança, portanto, foi feita diretamente entre Deus e
Jesus, e por isto ela é tão segura, porque não depende de nós. Toda
aliança feita entre duas partes obviamente depende de ambos os
participantes, sendo assim, se a Nova Aliança tivesse sido feita
entre Deus e você ou a Igreja, ela novamente dependeria de você
ou de a Igreja cumprir a sua parte.
Observe sua própria vida e responda sinceramente a uma
pergunta bem simples: Desde que se tornou cristão, você já pecou
ou errou alguma vez? Obviamente a resposta é “Sim”. Portanto, se
a Nova Aliança tivesse sido firmada entre você e Deus, o que teria
acontecido quando você pecou? Seu pecado teria afetado a aliança
entre você e Deus? É claro que sim! Lembre-se de que aliança é um
compromisso entre duas partes e define a maneira com que elas se
relacionam entre si. Os cristãos vivem debaixo de culpa,
condenação e derrota porque ainda creem que a maneira como
Deus se relaciona com eles depende deles.

ARGUMENTOS BÍBLICOS
Aqui vão alguns argumentos bíblicos que lhe mostram que a
Nova Aliança não é entre você e Deus, mas especificamente entre
Jesus e Deus. Primeiro, não encontramos uma só promessa em
toda a Bíblia que mencione uma aliança direta feita entre Deus e os
gentios. Nós, cristãos que não somos judeus por nascimento,
éramos gentios antes de sermos salvos. Isso pode parecer meio
confuso, já que uma aliança é um compromisso entre duas partes e
a Bíblia fala muito sobre a Nova Aliança. Além disso, os capítulos
que coloquei neste livro até agora foram para lhe mostrar a
maravilhosa Nova Aliança que foi feita para nós, e agora eu digo
que não existe compromisso ou aliança entre Deus e nós?!
Deixe-me explicar. É claro que existe uma Nova Aliança, e ela é a
verdade mais impressionante de toda a Bíblia. Mas o aspecto mais
importante é que ela não foi feita diretamente entre nós e Deus; ela
foi feita entre Deus e Jesus Cristo, e entramos nela somente pela fé.
Você se lembra do texto de Jeremias 31, no qual Deus anunciou
a Nova Aliança e os três fatos novos que fariam parte dela? Quero
relembrá-lo do que ele disse: “[...]esta é a aliança que farei com a
casa de Israel e a casa de Judá”. Deus está se dirigindo a Israel
através do profeta Jeremias, e não a nós, gentios. Esse fato gerou
muitos problemas e confusão na igreja primitiva, pois os judeus se
recusavam a aceitar que existe uma aliança entre Deus e os
gentios. Como já vimos, Deus teve que se esforçar muito para
convencer Pedro de que existe uma Nova Aliança envolvendo os
gentios.
Muitos cristãos têm grande dificuldade em aceitar esse fato
porque é um mistério e não está escrito claramente na Bíblia.
Quando eu o descobri, meu coração explodiu de alegria. De
repente, entendi que minha aliança com meu Deus era totalmente
segura porque ela não dependia de mim, mas de Deus Pai e de seu
filho Jesus Cristo. Nenhum dos dois jamais quebrará essa aliança,
porque ambos são fiéis por natureza. Portanto, nada do que eu fizer
afetará esse relacionamento de aliança, não importa o que seja.
Vou repetir mais uma vez: aliança é um compromisso entre duas
pessoas que define a maneira como se relacionarão entre si. Meus
erros não alterarão a maneira como Deus se relaciona comigo, já
que, por um compromisso legal, Ele só pode se relacionar comigo
de acordo com quem eu sou em Cristo Jesus. Ele sempre me
tratará da mesma maneira que Ele trata Jesus, seu filho amado.
Como a Nova Aliança não é uma continuação nem uma
renovação da Velha Aliança, que foi totalmente abolida em Cristo,
mas segue a mesma linha da Aliança Abraâmica, devemos observar
o que a Bíblia diz sobre nosso (do crente gentio) relacionamento
com Abraão. Leia com atenção o trecho bíblico a seguir.
Estejais certos, portanto, de que os que são da fé,
precisamente estes, é que são filhos de Abraão! (Gl 3.7)
E a Escritura, prevendo que Deus iria justificar os não-
judeus pela fé, anunciou com antecedência as boas
novas a Abraão: “Por teu intermédio, todas as nações
serão abençoadas”. (Gl 3.8)
Desse modo, os que são da fé são abençoados
juntamente com Abraão, homem que realmente creu. (Gl
3.9)
Isso aconteceu para que a bênção de Abraão chegasse
também aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que
recebêssemos a promessa do Espírito Santo pela fé. (Gl
3.14)
Desse mesmo modo, as promessas foram feitas a
Abraão e ao seu descendente. A Escritura não declara:
“E aos seus descendentes”, como se referindo a muitos,
mas exclusivamente: “Ao seu descendente”, transmitindo
a informação de que se trata de uma só pessoa, isto é,
Cristo. (Gl 3.16)
E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão
e plenos herdeiros de acordo com a Promessa. (Gl 3.29)
Nesses versículos, podemos ver que entramos na bênção da
Nova Aliança da mesma forma que Abraão entrou: somente pela fé.
O texto bíblico da carta aos gálatas liga todos nós, os crentes
gentios, diretamente à aliança com Abraão. Vejamos outros
versículos importantes também, mas agora na carta aos hebreus:
Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si
mesmo, tendo em vista não haver outro maior por quem
jurar e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e farei
numerosos os seus descendentes”. Sendo assim,
havendo Abraão esperado com paciência certeira,
alcançou a promessa. Ora, os homens juram por quem é
maior que eles, e para eles o juramento confirma a
palavra empenhada, pondo fim a toda discussão. Do
mesmo modo, Deus, querendo demonstrar de forma
mais clara aos herdeiros da promessa a imutabilidade de
seu propósito, interveio com juramento, para que nós,
que nos refugiamos no acesso à esperança proposta,
sejamos grandemente encorajados por meio de duas
afirmações imutáveis, nas quais é impossível que Deus
minta. Essa esperança é para nós como âncora da alma,
firme e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário
interior, por trás do véu, onde Jesus adentrou por nós,
como precursor, tornando-se sumo sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Hb 6.13-
20)
Esse trecho explica claramente que a Nova Aliança está
diretamente ligada à Aliança Abraâmica. O autor começa no
versículo 13 apenas falando sobre Abraão e sua aliança, mostrando
que Deus a fez jurando por si mesmo. No verso 17, ele nos insere
nela – nós, os gentios –, chamando-nos de herdeiros da promessa,
como somos chamados no trecho que vimos da carta aos gálatas.
Os versos 19 e 20 subitamente mudam da Aliança Abraâmica para
a Nova Aliança. Sem nenhuma explicação, o autor está nos dizendo
que nossa aliança é tão segura e firme porque o próprio Jesus
entrou no Santo dos Santos como nosso Sumo Sacerdote, e Ele fez
isso para selar a Nova Aliança.
13
A ALIANÇA ENTRE O PAI E O FILHO
Neste capítulo, mostrarei mais provas de que a Nova Aliança foi
feita entre Deus Pai e seu filho Jesus Cristo. A primeira evidência
dessa aliança é que nem um só escritor do Novo Testamento fala
sobre os cristãos entrando diretamente numa nova aliança com
Deus.
Quando Deus fez uma aliança com o povo de Israel, eles sabiam
exatamente o que estava acontecendo. Houve uma cerimônia, a
aspersão do sangue, os termos da aliança foram definidos
claramente, e eles responderam afirmativamente àquela aliança.
Mas em lugar algum do Novo Testamento, vemos uma cerimônia ou
ato assim ligado à Nova Aliança. A primeira menção à Nova Aliança
no Novo Testamento é quando Jesus a anuncia durante a última
ceia, pouco antes da crucificação. Naquela noite não houve
cerimônia, derramamento de sangue nem resposta exigida dos
discípulos. Foi simplesmente um anúncio do que estava para
acontecer. Se Deus tivesse feito uma Nova Aliança diretamente
conosco, os cristãos, como em toda aliança, teria que haver uma
cerimônia, ou um ato, e uma resposta. Em algum ponto, um cristão
teria que ter participado disso, representando todos os cristãos que
fazem parte da Nova Aliança. Mas isso nunca aconteceu, portanto,
acredito que Deus nunca fez uma Nova Aliança diretamente
conosco, e sim com seu filho Jesus, e somos incluídos nela pela fé.
Talvez isso pareça insignificante para você, mas é muito
importante, porque a aliança define a maneira como Deus se
relaciona conosco e como nós nos relacionamos com Ele. Como ela
foi feita com Jesus e somos incluídos nela pela fé, tudo o que temos
que fazer é crer que estamos “em Cristo” e todos os benefícios da
aliança nos pertencem. Mais à frente, explicarei esse aspecto com
mais detalhes.
A próxima evidência está em Apocalipse:
Nesse momento, se abriu o santuário de Deus nos céus,
e ali foi observada a arca da Aliança. Houve relâmpagos,
vozes, trovões, um grande terremoto e um forte temporal
de granizo. (Ap 11.19)
Aqui vemos que a Arca da Aliança é conhecida no céu. Se a
Nova Aliança fosse diretamente entre nós, isto é, a Igreja, e Deus,
então Ele teria nos dado uma arca dessa Nova Aliança. Mas como
ela foi feita entre Deus e Jesus, a Arca da Aliança agora está no
céu. A carta aos hebreus descreve claramente a cerimônia no céu:
Quando Cristo chegou como Sumo Sacerdote dos
benefícios que estavam por vir, Ele mesmo adentrou o
maior e mais perfeito Tabernáculo, não construído por
mãos humanas, isto é, não pertencente a esta criação.
Não por intermédio de sangue de bodes e novilhos,
porém mediante seu próprio sangue, Ele entrou no Santo
dos Santos, de uma vez por todas, conquistando a eterna
redenção. (Hb 9.11,12)
O autor está falando da ratificação da Nova Aliança que nosso
Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, fez. Fala sobre um tabernáculo mais
perfeito, que não foi feito por mãos e não é desta criação. O próprio
Jesus, após a sua morte na cruz, entrou no céu com seu sangue
perfeito e selou a Nova Aliança entre Ele e Deus.
A terceira prova está na oração sacerdotal citada em João 17.10:
“Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu; e neles Eu Sou
glorificado”. Devemos nos lembrar de que Jesus vivia na cultura
hebraica, que compreendia as alianças. A maneira como Ele se
dirigiu ao seu Pai não foi como numa conversa normal entre pai e
filho. Um filho não tinha tudo o que o pai tinha; ele só poderia
requerer aquilo que era legalmente a sua parte da herança. Aqui,
Jesus disse que tudo o que pertencia a Deus pertencia a Ele
também, mostrando claramente uma linguagem de aliança. Quando
duas pessoas entravam em aliança, já não havia mais separação
entre o que pertencia a uma e a outra. Já que a Nova Aliança foi
firmada antes da fundação do mundo, Cristo podia dizer ao seu Pai
que tudo o que era dele era de Deus, e tudo o que era de Deus era
dele.
Talvez você diga: “Bem, Jesus era Deus, então, é claro que tudo
o que pertencia ao seu Pai lhe pertencia também”. Mas espere um
minuto, querido amigo. Jesus fez essa oração enquanto vivia na
terra, como homem, e não tinha acesso à sua divindade. Veja o que
está escrito em Filipenses:
[...]mas, pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,
assumindo plenamente a forma de servo e tornando-se
semelhante aos seres humanos. (Fp 2.7)
A palavra grega original foi traduzida aqui no seu sentido literal,
que é “esvaziar-se”, e em se tratando de Cristo, significa que Ele
deixou de lado o ser igual a Deus ou a sua forma divina. Como
Jesus esvaziou-se de toda a sua divindade, tudo o que pertencia ao
Pai não lhe pertencia simplesmente porque Ele era Deus, mas
porque eles fizeram uma aliança desde a fundação do mundo,
apenas por amor a mim e a você.

O PROFETA ISAÍAS
Os vários profetas do Antigo Testamento vislumbraram a Nova
Aliança. Vimos anteriormente que, no caminho de Emaús, Jesus
usou Moisés e os profetas para ensinar sobre si mesmo e a Nova
Aliança. Nenhum dos profetas teve uma revelação mais clara do
que a que Isaías recebeu a respeito desse assunto. A maioria dos
cristãos conhece e aprecia o capítulo 53 do livro de Isaías, e
inúmeras pessoas, como o eunuco etíope mencionado em Atos 8,
encontraram Cristo através dessa passagem e entraram na Nova
Aliança. Milhões de pessoas se levantaram do seu leito de morte ou
enfermidade declarando um dos versículos desse capítulo, que diz:
“Mas, de fato, ele foi transpassado por causa das nossas próprias
culpas e transgressões, foi esmagado por conta das nossas
iniquidades; o castigo que nos propiciou a paz caiu todo sobre ele, e
mediante suas feridas fomos curados” (Is 53.5).
Infelizmente, não entendemos bem várias passagens na Bíblia
simplesmente por causa das divisões dos capítulos e versículos.
Não foi Deus ou os escritores que as colocaram, mas os homens
que traduziram os originais, para que pudéssemos ter pontos de
referência e conseguíssemos encontrar as coisas com mais
facilidade. Porém, muitas vezes, essas divisões foram colocadas em
lugares em que elas não deveriam existir, dificultando a
compreensão de todo o contexto. Portanto, de acordo com uma das
maiores regras de interpretação da Bíblia, devemos olhar para tudo
nas Escrituras dentro do contexto adequado.
Sem dúvida, é bem evidente que o capítulo 53 de Isaías fala
sobre a morte e a crucificação de Jesus. Ele descreve uma imagem
muito clara e detalhada do que aconteceria, e de fato aconteceu, na
cruz. Também não há dúvida de que através do que aconteceu na
cruz, recebemos a Nova Aliança. No contexto dessa revelação
profética da crucificação, a Nova Aliança também é mencionada.
Vejamos o que está escrito em Isaías 54, que fala sobre duas
alianças: a aliança com Noé e a Nova Aliança.
Porque isto será para mim como as águas de Noé; pois
jurei que as águas de Noé não passariam mais sobre a
terra; assim jurei que não me irarei mais contra ti, nem te
repreenderei. Porque os montes se retirarão, e os
outeiros serão abalados; porém a minha benignidade não
se apartará de ti, e a aliança da minha paz não mudará,
diz o Senhor que se compadece de ti. (Is 54.9,10 – ACF)
Com quem Deus estava irado em Isaías 53? Qual era o contexto
dessa afirmação? A resposta é óbvia: com seu filho Jesus. Na cruz,
Jesus se tornou pecado por nós, por isso Ele teve que enfrentar a
ira de Deus por nós. Aqui vemos a bela linguagem de aliança,
quando Deus diz: “assim jurei que não me irarei mais contra ti”.
Deus está dizendo que, por toda a eternidade, essa aliança de paz
jamais será retirada.
Voltando um pouco no capítulo 54, lemos que Deus escondeu sua
face por um momento:
Por um breve momento te deixei, mas com grandes
misericórdias te recolherei; com um pouco de ira escondi
a minha face de ti por um momento; mas com
benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor,
o teu Redentor. (Is 54.7,8 – ACF)
No contexto desse versículo, de quem Deus escondeu sua face?
Como ele falava da crucificação no capítulo anterior, fica claro que
Deus escondeu sua face de Jesus. Deus também disse a Jesus
que, depois daquele breve momento de sofrimento e rejeição,
haveria uma aliança eterna entre os dois, o que significa que a Nova
Aliança é entre Deus e Jesus. Logo lhe mostrarei, em um dos
capítulos à frente, que isso é de suma importância para que você
tenha uma vida de vitória.
Em Isaías 53, vemos uma descrição detalhada não só do
sofrimento de Jesus, mas também do momento em que Ele
experimentou a ira de Deus. No versículo 10, lemos que Deus fez
com que Jesus sofresse e que agradou ao Senhor moê-lo. Contudo,
analisando o capítulo seguinte dentro deste contexto, vemos que
quando Jesus estava enfrentando a ira de Deus, o próprio Deus
jurou que, por causa da sua aliança de paz, jamais ficaria irado com
Jesus novamente, nem o repreenderia. Comparando essa
passagem de Isaías 54.9, na qual Ele fala sobre a aliança de paz,
com Hebreus 7.20-22, vemos que Deus usou o mesmo termo nas
duas:
[…]aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas
este com juramento por aquele que lhe disse: Jurou o
Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque; de
tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. (Hb 7.20-22 –
ACF)
Aqui Deus diz que Ele jurou que Jesus é o sacerdote eterno e a
garantia da aliança superior, que é a Nova Aliança. Em Isaías 54,
Deus também jurou que não haveria mais ira e que a aliança de paz
duraria para sempre. Vemos, nesses dois capítulos de Isaías, que a
aliança foi feita entre Deus e seu Filho, que entraram nessa aliança
eterna a fim de redimir a humanidade. Os termos da aliança foram
claramente definidos: o Filho pagaria o preço do sofrimento,
entregando sua vida por nós; o Pai aceitaria o sacrifício, sua ira
seria aplacada, e Ele recompensaria Jesus com a salvação da
humanidade e nos dando a Ele como sua linda noiva. Leia os
versículos a seguir e você verá a Nova Aliança entre Jesus e Deus:
Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens,
homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e,
como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas
ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e
moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras
fomos sarados. (Is 53.3-5 – ACF)
Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará
satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo,
justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará
sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os
poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a
sua alma na morte, e foi contado com os transgressores;
mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu
pelos transgressores. (Is 53.11,12 – ACF)
Jesus jamais foi morto na cruz; Ele voluntariamente entregou sua
vida e entrou nessa aliança com seu Pai. Esse foi o plano de um
Deus incrivelmente amoroso, que ficou oculto por eras e foi revelado
pelo Espírito Santo. Por favor, não limite o propósito da morte de
Jesus na cruz apenas ao perdão dos pecados e à cura do seu
corpo. Lembre-se sempre de que ela foi o selo de uma aliança
eterna entre Deus e Jesus Cristo.

UM ÚLTIMO ARGUMENTO
Alguns argumentam que o profeta Jeremias diz que a Nova
Aliança é entre Deus e Israel, porém, os escritores do Novo
Testamento entenderam que Jesus era o novo Israel. Eu lhe
mostrarei três versículos que provarão que, no Novo Testamento,
Israel simboliza Jesus. O primeiro está em Êxodo:
Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu
filho, meu primogênito. E eu te tenho dito: Deixa ir o meu
filho, para que me sirva[...] (Êx 4.22,23a – ACF)
Se eu lhe perguntasse quem Deus está chamando de filho aqui,
você diria seguramente: “Israel”. A resposta está certa: Deus
chamou Israel para sair do Egito e disse a Faraó que ele tinha de
deixá-lo ir. E Deus chamou Israel de seu filho.
O segundo versículo está no livro do profeta Oseias:
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei
a meu filho.” (Os 11.1 – ACF).
Agora vamos fazer o mesmo novamente. Minha pergunta é: de
quem Deus está falando aqui através da boca do profeta Oseias?
Sem dúvida sua resposta seria novamente “Israel”. Desta vez, eu
lhe perguntaria: você tem certeza de que Deus está falando sobre
Israel? Parece exatamente a mesma citação do que aconteceu em
Êxodo 4, em que Ele estava falando sobre Israel. Deus chamou
Israel de seu filho e o chamou para sair do Egito. Vamos juntá-los a
um terceiro versículo, que está no evangelho de Mateus.
José se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a
noite, e partiu para o Egito. E esteve lá até a morte de
Herodes. E assim se cumpriu o que o SENHOR tinha dito
através do profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. (Mt
2.14,15)
O que Mateus quis dizer ao citar Oseias e dizer que Jesus
cumpriu essa palavra? Ele disse claramente “Do Egito chamei o
meu filho”, mas Oseias acrescenta que Israel era o filho. Aqui vemos
as peças se encaixando de novo, e o mistério sendo revelado. Eles
entendiam que Jesus era Israel, e este é meu argumento final de
que a Nova Aliança, que Jeremias disse que foi feita entre Deus e
Israel, foi feita entre Jesus e Deus, já que Jesus representa Israel.
14
E NÓS?
Agora que a imagem dessa incrível Nova Aliança está ficando
mais clara, surge uma pergunta importante: como tudo isso se
aplica a nós e funciona no nosso dia a dia? Pelos próximos
capítulos, não só responderei a essa pergunta, mas farei isso da
maneira mais prática possível, a fim de que você experimente e
ande nessa maravilhosa verdade da Nova Aliança. Primeiro, vamos
dar uma olhada em mais um aspecto importante.

O ANÚNCIO DE JESUS
Se realmente compreendêssemos o que aconteceu na última ceia
e a importância desse sacramento maravilhoso, creio que o
celebraríamos mais vezes. Em Mateus 26, lemos sobre os últimos
momentos da vida de Jesus, quando Ele estava junto com seus
discípulos:
No primeiro dia da festa dos Pães Asmos, os discípulos
aproximaram-se de Jesus e o consultaram: “Onde
desejas que preparemos a refeição da Páscoa?” Ao que
Jesus os orientou: “Ide à cidade, procurai um certo
homem e falai a ele: ‘O Mestre manda dizer-te: É
chegada a minha hora. Desejo celebrar a Páscoa em tua
casa, juntamente com meus discípulos.’” Os discípulos
fizeram como Jesus lhes havia instruído e prepararam a
Páscoa. (Mt 26.17-19)
Jesus estava celebrando a Páscoa, que era uma festa judaica em
memória da libertação dos hebreus do Egito. Tenho certeza de que
você conhece a história das dez pragas que Deus enviou sobre os
egípcios. Depois de Faraó obstinadamente se recusar a deixá-los ir,
Deus lhe deu um ultimato, e fez algo que foi uma sombra da Nova
Aliança. Eles tinham que matar um cordeiro inocente, passar o
sangue nos umbrais das portas e comer a carne. Naquela noite, o
anjo do Senhor passou pelo Egito e matou todos os filhos
primogênitos em todas as casas que não tinham o sangue nos
umbrais. Que grande vitória para o povo de Israel que finalmente
teve permissão para sair da escravidão do Egito!
Os judeus celebravam a Páscoa uma vez ao ano para se
lembrarem daquela noite de libertação. Era uma prática comum que
Jesus também tinha com seus discípulos. E era essa época do ano
novamente quando os discípulos perguntaram a Jesus: “Onde
desejas que preparemos a refeição da Páscoa?” No meio dessa
cerimônia, enquanto eles comiam, celebrando uma vitória do
passado, Jesus fez algo profético que os discípulos não entenderam
naquele momento. Ele anunciou a gloriosa Nova Aliança que estava
prestes a acontecer. Lemos essa história no evangelho de Mateus:
Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-
o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai,
comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e,
tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei
dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da
[nova] aliança, derramado em favor de muitos, para
remissão de pecados. (Mt 26.26-28 – RA)
Esse anúncio foi tão novo e tão radical que eles não conseguiram
entender. Depois de lhes dizer para comerem o pão, que era o seu
corpo, Ele então pegou o cálice e disse a todos para beberem dele,
pois era o sangue da Nova Aliança. O próprio Jesus foi castigado,
ferido, dilacerado, e seu sangue foi derramado para que essa Nova
Aliança entre Ele e Deus pudesse ser ratificada.
Recomendo enfaticamente que todo crente na Nova Aliança tome
a Ceia do Senhor diariamente. Se você for casado, tome-a com seu
cônjuge. Se tiver família, tome com ela. Se nenhuma dessas opções
for possível, chame alguns amigos e tome a ceia com eles, ou você
pode até tomá-la sozinho. Mas não faça isso como um ritual ou
exercício religioso. Faça com o conhecimento pleno da incrível Nova
Aliança que agora pertence a você.
Quando viajo, geralmente carrego algumas bolachas e uma
garrafinha com um pouco de vinho, e à noite, antes de me deitar,
tomo a Ceia do Senhor sozinho. Já tive experiências maravilhosas
ao fazer isso. Amo levantar a taça de vinho para o céu e agradecer
a Jesus pelo sangue da Nova Aliança. Lembre-se, na noite em que
foi traído, Jesus disse que o vinho era o seu sangue, o sangue da
Nova Aliança.

ENTRANDO NESSA ALIANÇA


Já mencionei que só podemos entrar na Nova Aliança pela fé.
Mas, como fazer isso na prática? A fé pode ser algo tão abstrato
que muitos cristãos têm dificuldade de viver por ela. Contudo, no
mundo cristão, ela é a única moeda aceita pelo céu. É somente pela
fé que podemos experimentar tudo pelo que Cristo pagou na cruz.
E, já que temos um pai da fé, com quem Deus fez uma aliança de
sangue, pode ser uma boa ideia aprender com ele nossas lições de
fé. Então, deixe Abraão lhe ensinar alguns princípios valiosos sobre
uma vida de fé.
É impossível herdar as bênçãos de Abraão com a fé de Tomé.
Abraão estava disposto a crer sem ver, enquanto a atitude de Tomé
foi de não crer até que visse (veja Jo 20.24,25). Para aprendermos
essas lições com Abraão, precisamos novamente ler com atenção a
passagem em que Deus fez aliança com ele:
Passados esses acontecimentos, o SENHOR falou a
Abrão, por intermédio de uma visão: “Não temas, Abrão!
Eu Sou o teu escudo; e grande será a tua recompensa!”
Contudo, Abrão declarou: “Ó Todo-Poderoso SENHOR,
meu Deus! De que valerá uma grande recompensa se
continuo sem filhos? Eliézer de Damasco é quem vai
herdar tudo o que tenho. Tu não me concedeste
descendência, e por esse motivo um dos meus servos,
nascido na minha casa, será o meu herdeiro. Então
imediatamente lhe assegurou o SENHOR: “Não será
Eliézer o teu herdeiro; mas, sim, filho gerado de ti mesmo
será o teu legítimo herdeiro!” Então o SENHOR conduziu
Abrão para fora da tenda e orientou-o: “Olha para os
céus e conta as estrelas, se é que o podes”. E prometeu:
“Será assim a tua posteridade!” Abrão creu no SENHOR,
e isso lhe foi creditado como justiça. Declarou ainda mais
o SENHOR a Abrão: “Eu Sou o SENHOR que te tirei de
Ur dos caldeus, para dar-te por herança esta terra!”
Indagou-lhe Abrão: “Ó soberano SENHOR, como posso
saber que tomarei posse desta terra?” Então ordenou-lhe
o SENHOR: “Toma-me uma novilha, uma cabra e um
cordeiro, cada qual de três anos de vida, e também uma
rolinha e um pombinho”. (Gn 15.1-9)
O primeiro ponto que observamos nessa jornada de fé de Abraão
é que foi o próprio Deus quem a iniciou. Leia atentamente o
versículo 1, que diz: “Passados esses acontecimentos, o SENHOR
falou a Abrão, por intermédio de uma visão: “Não temas, Abrão! Eu
Sou o teu escudo; e grande será a tua recompensa!”
Abraão não se achegou a Deus pedindo algo. Foi Deus quem
tomou a iniciativa, o que é um aspecto importante da Nova Aliança.
Não podemos alcançar as bênçãos da Nova Aliança pelo nosso
próprio esforço. Tudo na Nova Aliança tem que começar baseado
em João 19.30, em que Jesus disse: “Está consumado”.
Nesse primeiro verso, já vemos um belo paralelo entre a Aliança
Abraâmica e a Nova Aliança. Assim como Deus começou essa
aliança com Abraão, Ele também começou a Nova Aliança conosco.
Ela estava no coração de Deus desde antes do início dos tempos,
como lemos em Colossenses:
[...]o mistério que esteve oculto durante séculos e
gerações, mas agora foi revelado aos seus santos, a
quem Deus, entre os que não são judeus, aprouve dar a
conhecer as riquezas da glória deste mistério, isto é,
Cristo em vós, a esperança da glória! (Cl 1.26,27)
Vemos aqui que a Nova Aliança estava no coração de Deus por
séculos e gerações. Se você tiver uma postura de que qualquer
coisa com Deus deve partir de você, não conseguirá experimentar
os benefícios da Nova Aliança. Infelizmente, temos interpretado
muitos versículos de forma errada por causa das nossas convicções
religiosas.
Vejamos Jeremias 29.13, que diz: “Vós me buscareis e me
encontrareis, quando me buscardes de todo coração”. Esse
versículo tem sido pregado por muitos pastores bem-intencionados
e interpretado através da teologia da Velha Aliança. Eles têm
apresentado Deus como alguém que estava se escondendo das
pessoas, fazendo parecer que, para encontrá-lo, a iniciativa de
buscá-lo deveria ser nossa. Contudo, essa é uma interpretação
errada e fora de contexto. Dentro do próprio contexto, Deus nos diz
que seus pensamentos a nosso respeito são de paz e não de mal,
para nos dar esperança e um futuro. É Deus quem toma a iniciativa;
só precisamos responder a Ele.
Por favor, não tente ter fé na sua fé, ou usar a fé para obter algo
que você queira de Deus. Não é assim que a Nova Aliança funciona.
É muito melhor você gastar tempo buscando entender realmente o
maravilhoso coração do nosso Deus amoroso, que tomou a
iniciativa de fazer a Nova Aliança por puro amor a você, do mesmo
modo que tomou a iniciativa de fazer a aliança com Abraão.
O próximo ponto que vemos na vida de fé do nosso pai Abraão é
que, depois de Deus ter iniciado essa maravilhosa jornada, Abraão
expressou seus sentimentos de forma honesta, até mesmo
questionando o que Deus acabara de lhe prometer. Depois de Deus
ter lhe dito que Ele mesmo seria seu escudo e grande recompensa,
Abraão questionou, dizendo: “De que valerá uma grande
recompensa se continuo sem filhos?”
Há uma grande diferença entre um coração perverso de
incredulidade (veja Hb 3.12) e a tentativa de entender o que Deus
está falando e fazendo em nossa vida. Obviamente, Abraão não
tinha um coração perverso de incredulidade, como vemos pelo
contexto. Ele simplesmente não entendeu o que Deus estava
fazendo em sua vida. Deus é amoroso e se relaciona conosco de
coração para coração.
Na história a seguir, entenderemos por que Deus não ficou bravo
nem chateado com Abraão quando este o questionou. No primeiro
capítulo do evangelho de Lucas, vemos duas pessoas numa
circunstância semelhante, tendo uma reação parecida. Contudo,
uma foi repreendida enquanto a outra foi abençoada. Maria, mãe de
Jesus, e Zacarias, pai de João Batista, foram visitados pelo mesmo
anjo, Gabriel. Ele disse a ambos que teriam um filho, e a reação dos
dois foi de espanto. Aparentemente os dois reagiram da mesma
forma, porém, o anjo repreendeu Zacarias e até o disciplinou,
enquanto explicou tudo a Maria, gentil e pacientemente, e a
abençoou. Preste atenção nestes versículos:
Entretanto, o anjo lhe assegurou: “Não tenhas medo,
Zacarias; eis que a tua súplica foi ouvida. Isabel, tua
esposa, te dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de
João”. (Lc 1.13)
Então, Zacarias indagou ao anjo: “Como poderei
certificar-me disso? Pois já sou idoso, e minha esposa
igualmente de idade avançada”. (Lc 1.18)
Observe esses dois versículos. O anjo disse a Zacarias que eles
teriam um filho e Zacarias quis saber como aquilo seria possível.
Nos versículos seguintes, vemos que, por causa dessa reação, ele
foi repreendido por Gabriel e sua disciplina foi ficar mudo.
Ao que o anjo lhe replicou: “Sou Gabriel, aquele que está
permanentemente na presença de Deus e fui
encarregado de vir para falar e transmitir-te estas boas
notícias. Porém, eis que permanecerás em silêncio, pois
não conseguirás falar até o dia em que venha a ocorrer
tudo quanto te revelei, porquanto não acreditaste nas
minhas palavras, as quais, no seu devido tempo, se
cumprirão”. (Lc 1.19,20)
Agora, vejamos como Maria reagiu ao anúncio do anjo e como
Gabriel lhe respondeu. Sua resposta foi praticamente idêntica à de
Zacarias; porém, Gabriel não a repreendeu. Isso me lembra a
história de Abraão, que também questionou a Deus, contudo, Ele
também não o repreendeu. Por que Deus tratou Maria e Zacarias de
forma tão diferente? A resposta, que veremos a seguir, é muito
clara:
Mas o anjo lhe revelou: “Maria, não temas; pois
recebeste grande graça da parte de Deus. Eis que
engravidarás e darás à luz um filho, a quem chamarás
pelo nome de Jesus”. (Lc 1.31)
Então, perguntou Maria ao anjo: “Como acontecerá isso,
pois jamais tive relação sexual com homem algum?”
Então o anjo lhe esclareceu: “O Espírito Santo virá sobre
ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. E
por esse motivo, o ser que nascerá de ti será chamado
Santo, Filho de Deus”. (Lc 1.34,35)
A diferença estava na atitude do coração dessas duas pessoas.
Zacarias tinha um coração de incredulidade, enquanto Maria
simplesmente queria entender o que Deus estava fazendo na sua
vida. Quando Gabriel repreendeu Zacarias, ele o fez
especificamente por causa da sua incredulidade, como vemos no
versículo 20.
Porém, eis que permanecerás em silêncio, pois não
conseguirás falar até o dia em que venha a ocorrer tudo
quanto te revelei, porquanto não acreditaste nas minhas
palavras, as quais, no seu devido tempo, se cumprirão.
Vemos que Maria teve uma atitude totalmente diferente. Seu
questionamento a respeito da palavra de Gabriel não era por
incredulidade, mas para compreender o que Deus queria dela:
Diante disso, declarou Maria: “Eis aqui a serva do
senhor; que se realize em mim tudo conforme a tua
palavra!” (Lc 1.38)
Na nossa caminhada de fé e na Nova Aliança, é muito importante
estar atento à atitude do coração e rejeitar toda incredulidade. Deus
não vê problema algum em você questioná-lo para tentar
compreender os caminhos dele. A incredulidade, entretanto, roubará
de você toda bênção espiritual.
Voltemos à jornada de fé de Abraão. Depois de Deus ter iniciado
a jornada e Abraão tê-lo questionado, Deus o levou para fora e lhe
fez outra promessa:
Então o SENHOR conduziu Abrão para fora da tenda e
orientou-o: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é
que o podes”. E prometeu: “Será assim a tua
posteridade!”
Abrão creu no SENHOR, e isso lhe foi creditado como
justiça. (Gn 15.5,6)
Aqui temos a primeira menção da palavra crer em toda a Bíblia.
Portanto, é nesta passagem que aprendemos nossas lições para
uma vida de fé, da qual tanto precisamos para experimentar a Nova
Aliança. Permita-me mostrar, na passagem acima, cinco fatos
importantes nesse acontecimento:
1. Deus tomou a iniciativa de tudo;
2. Abraão questionou a Deus, não por ter um coração de
incredulidade, mas simplesmente para tentar entender os
caminhos de Deus;
3. Deus lhe deu uma promessa clara;
4. Abraão escolheu crer em Deus, contra todas as circunstâncias
naturais;
5. Deus fez uma aliança com ele (indiretamente).
Como aplicar isso à nossa vida debaixo da Nova Aliança?
Sabendo que...
1. Deus tomou a iniciativa de tudo;
2. Precisamos nos certificar de que o desejo que temos no
coração é de compreender os caminhos de Deus;
3. Deus nos deu promessas claras em Cristo Jesus;
4. Precisamos escolher crer em Deus contra todas as
circunstâncias;
5. Através da obra consumada da cruz, Deus fez uma aliança
conosco (indiretamente).
15
A NOVA ALIANÇA É ABSOLUTA
Na medida em que, espero eu, estamos começando a entender a
maravilha desta incrível Nova Aliança, também devemos crer nela
de todo o nosso coração. Como lhe mostrarei posteriormente, a
Nova Aliança é ainda melhor do que a graça, e embora toda aliança
inclua promessas, elas são diferentes. Lembre-se, uma aliança é um
compromisso legal entre duas partes, que define a maneira como
elas se relacionam entre si. Portanto, Deus se comprometeu
conosco por meio da Nova Aliança e não pode, de modo algum, se
relacionar conosco de qualquer outra maneira que não seja a que
está estabelecida nela. Caso contrário, Ele violaria sua natureza
justa e, portanto, não seria mais Deus. Eu certamente não quero ter
nada a ver com um Deus que é mentiroso. Sendo assim, esta Nova
Aliança é absoluta e ainda mais certa do que o Sol que se levanta a
cada manhã.
Acabei de orar por uma mulher gravemente doente, e tive uma
percepção muito importante ao conversar com ela. Quando entrei no
quarto e lhe falei sobre fé e cura divina, ela me disse que cria na
cura, mas que Deus tinha liberdade para fazer o que quisesse.
Quando essas palavras saíram da sua boca, algo atingiu meu
coração. Eu percebi que essa é uma mentalidade muito comum da
Velha Aliança, com a qual me deparo constantemente. Passamos a
bola para Deus, mas Ele já passou a bola para nós quando Jesus
disse “Está consumado”, e Deus fez a Nova Aliança para nós. Eu
disse àquela mulher que Deus já não tinha liberdade para fazer o
que quisesse, porque Ele já se comprometera conosco através de
uma aliança. Ele escolheu abrir mão da sua liberdade de se
relacionar conosco de qualquer outra maneira a não ser através de
Cristo. Na cruz, Jesus pagou pelos nossos milagres; agora, cabe a
nós recebê-los, apropriando-nos ou não deles pela fé. Assim como
Deus já não tem liberdade para escolher quem salvar, mas as
pessoas escolhem aceitar a salvação pela fé, pela qual Jesus já
pagou, Deus também já não está livre para se relacionar conosco de
nenhuma outra forma a não ser através de Cristo Jesus, enquanto
continuarmos na fé da maravilhosa Nova Aliança.
É muito importante entendermos que Deus se relacionará
conosco exclusivamente da forma como Ele determinou na Nova
Aliança. E é igualmente importante compreender que também não
podemos nos relacionar com Deus de nenhuma outra forma, a não
ser da maneira que Ele definiu na Nova Aliança. Talvez você ache
que todo cristão saiba disso, mas eu provarei que a maioria dos
cristãos ainda tenta se relacionar com Deus nos seus próprios
termos.
O motivo pelo qual Deus não pode se relacionar conosco de
nenhuma outra maneira é porque seu caráter e natureza estão à
frente da aliança. Você se lembra de que um dos atributos da glória
de Deus é a fidelidade? Devemos lembrar o tempo todo que uma
aliança é um compromisso, e Deus se comprometeu conosco e não
pode mais voltar atrás. Se Deus se relacionasse conosco de
qualquer outra maneira, ou aceitasse que nós nos relacionássemos
com Ele de outra maneira, colocaria em xeque sua natureza justa.
Então, Deus já não seria confiável.

TRÊS RAZÕES PELAS QUAIS A NOVA ALIANÇA É


ABSOLUTA
Perdoe-me por ficar repetindo, mas eu avisei no início deste livro
que o faria porque realmente desejo que essas verdades sejam
profundamente gravadas em cada fibra do seu ser.
A primeira razão pela qual esta aliança é absoluta é porque ela foi
o plano original de Deus. Algumas pessoas têm a estranha ideia de
que a cruz foi um plano B por causa da queda do homem, mas isso
não é verdade, como já vimos claramente na Bíblia. A Nova Aliança
sempre esteve no coração de Deus, e é um relacionamento perfeito
entre Deus e o homem, sem qualquer interferência do pecado nessa
perfeita harmonia e intimidade. Deus jamais teve outro plano.
Embora, através do pecado do homem, a intimidade e a harmonia
com Deus tenham sido destruídas, Deus não teve a ideia da Nova
Aliança depois que o pecado entrou no mundo. Vejamos o que está
escrito em Romanos:
Ora, àquele que tem o poder para vos confirmar, pelo
meu Evangelho, segundo a proclamação de Jesus Cristo,
em conformidade com a revelação do mistério oculto nos
tempos passados, porém, agora revelado e trazido ao
conhecimento pelas Escrituras proféticas por ordem do
Deus eterno, para que todas as nações crendo, venham
a obedecer a Ele pela fé[...] (Rm 16.25,26)
Entendemos que o evangelho são as boas novas da Nova
Aliança. Esse sempre foi o plano de Deus; nós apenas não
sabíamos, porque ele estava oculto. Nos versos acima, Paulo diz
que essa revelação foi mantida em segredo desde a criação do
mundo, o que significa que ela sempre existiu, apenas estava
escondida. Com nossa compreensão limitada, muitas vezes temos a
ideia distorcida de que as coisas só tiveram sua origem em Deus
quando recebemos a revelação sobre elas. Por exemplo, nos
últimos anos, muitos pregadores do evangelho ao redor do mundo
estão dando forte ênfase à mensagem da graça, e muitas pessoas
me disseram o quanto é maravilhoso que Deus esteja trazendo
agora essa revelação para a Igreja. Elas creem que, porque agora
entendem a graça, ela é algo que Deus acabou de trazer.
Deus não está trazendo só agora essas novas revelações do
evangelho da graça. Ele as escreveu na Bíblia milhares de anos
atrás. Por toda a eternidade, este foi o plano dele, e pode confiar em
mim, quando Deus tem um plano, Ele garantirá que seja cumprido.
Há outro versículo em que Paulo nos diz que a Nova Aliança
sempre foi o plano de Deus:
Ao contrário, falamos da sabedoria de Deus, do mistério
que estava oculto, o qual Deus preordenou antes da
origem das eras, para a nossa glória. (1Co 2.7)
Eu lhe asseguro novamente que qualquer plano que esteja no
coração de Deus desde a eternidade passada é absoluto.
A segunda razão pela qual esta aliança é absoluta é porque ela
não depende de nós. A Velha Aliança não dependia só de Deus,
mas de Deus e do homem. O problema nunca foi Deus, mas, sim, o
homem. Deus nos ama tanto que, ao fazer essa Nova Aliança tão
radical conosco, Ele quis remover toda possibilidade de quebra
dessa aliança – e a única maneira de fazer isso era tirando a
possibilidade de falha humana. O autor de Hebreus nos diz que a
Nova Aliança não é como a Velha, que, é claro, não foi absoluta por
causa do elemento humano envolvido. Sabemos que é o elo mais
fraco que determina a força da corrente e, do mesmo modo, é a
parte mais fraca envolvida que determina a força do relacionamento.
Como a Nova Aliança depende apenas de Deus e de seu filho
Jesus, ela é absoluta. Ambos já cumpriram a parte da aliança que
cabia a cada um. Quando Jesus bradou a famosa frase “Está
consumado!”, o que Ele quis dizer foi “Está completamente
terminado e não há nada que possa ser acrescentado”. Se você e
eu tivéssemos que fazer a nossa parte nessa aliança, ela não seria
absoluta porque, como sabemos, todos nós erramos muitas vezes.
No original grego, “Está consumado” não é uma frase, é apenas
uma palavra. Na Antiguidade ela era usada de várias formas, mas
só quero mencionar aqui aquelas que são importantes para nós.
Durante uma batalha, o general ficava de pé no alto de uma
colina de onde podia ver todo o conflito sendo travado. Lembre-se,
não havia força aérea, tanques ou veículos militares naquela época.
A maioria das lutas era travada corpo a corpo, com espadas em
punho. Os soldados não conseguiam ver toda a batalha, e só se
preocupavam em matar o inimigo mais próximo. Mas o general, que
ficava no alto da colina, via claramente quando o inimigo era
derrotado ou batia em retirada e, quando constatava a vitória, ele
gritava “Está consumado!” Só então os soldados sabiam que haviam
terminado e conquistado a vitória.
“Está consumado” também era usado quando alguém fazia uma
negociação com um comerciante e tinha uma dívida grande a pagar.
Quando o último pagamento era feito, o comerciante pegava a nota
promissória e escrevia nela com letras grandes: “Está consumado”.
Isso significava que a dívida estava totalmente paga, não era
necessário pagar mais nada, nunca mais.
A última maneira que quero lhe mostrar de usar essa expressão é
em relação aos prisioneiros. Quando um cidadão romano era
condenado por um crime, ele era jogado na prisão. Na porta da cela,
eles pregavam uma ficha com o seu nome e todos os seus crimes,
para que todos os que passassem por lá pudessem ver. Quando ele
cumpria toda a sentença, tinha que comparecer novamente diante
do juiz, com esse papel em mãos. O juiz, então, escrevia na ficha:
“Está consumado”. Esse documento era entregue ao prisioneiro e,
se qualquer pessoa questionasse sua saída da prisão, tudo o que
ele tinha de fazer era mostrá-lo. Ele estava livre.
É crucial que compreendamos a estrutura gramatical desta
declaração extremamente importante: “Está consumado!”
A frase está na voz passiva, indicando que o sujeito (neste caso,
oculto ou subentendido) foi quem recebeu a ação expressa pelo
verbo. Paradoxalmente, Jesus, que foi o agente da passiva,
consumando toda a ação, sofreu o castigo e não fez nada para se
defender; na verdade, Ele foi o cordeiro perfeito que foi morto sem
abrir a boca. Imagine o quanto deve ter sido difícil para Jesus!
Sabendo que havia legiões de anjos à sua disposição para defendê-
lo e protegê-lo, ou ao menos aliviar um pouquinho a dor, recusou-se
a pegar qualquer atalho e permaneceu passivo.
O verbo consumar está no particípio, que indica ação finalizada, e
assume a função de adjetivo. Isso significa que tudo o que Jesus
precisava fazer foi inteiramente realizado, completou-se, não pode
ser desfeito ou alterado; é irrevogável. Portanto, enquanto você
existir, sempre desfrutará do resultado dessas palavras poderosas
se você simplesmente apropriar-se delas pela fé.
Pode parecer aula de gramática demais para a maioria dos
leitores, mas repito, essa informação é muito importante para
compreendermos o significado das palavras de Jesus. O que Jesus
disse foi que o preço por seu pecado foi totalmente pago, e isso é
um FATO consumado que ninguém pode mudar, nem mesmo você!
A batalha acabou, a vitória já foi conquistada e você agora pode
entrar no descanso de Deus com sua dívida totalmente paga.
Vou lhe mostrar vários versículos bíblicos que mostram o que
Deus Pai e seu filho Jesus fizeram para que essa aliança fosse
absoluta. Hebreus 6 nos dá uma bela descrição desse fato:
Quando Deus fez sua promessa a Abraão, jurou por si
mesmo, tendo em vista não haver outro maior por quem
jurar e declarou: “Esteja certo de que o abençoarei e farei
numerosos os seus descendentes”. Sendo assim,
havendo Abraão esperado com paciência certeira,
alcançou a promessa. Ora, os homens juram por quem é
maior que eles, e para eles o juramento confirma a
palavra empenhada, pondo fim a toda discussão. Do
mesmo modo, Deus, querendo demonstrar de forma
mais clara aos herdeiros da promessa a imutabilidade de
seu propósito, interveio com juramento, para que nós,
que nos refugiamos no acesso à esperança proposta,
sejamos grandemente encorajados por meio de duas
afirmações imutáveis, nas quais é impossível que Deus
minta. Essa esperança é para nós como âncora da alma,
firme e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário
interior, por trás do véu, onde Jesus adentrou por nós,
como precursor, tornando-se sumo sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Hb 6.13-
20)
No contexto de uma aliança, um juramento coloca fim em toda
discussão, como vemos no versículo 16 do texto acima: “Ora, os
homens juram por quem é maior que eles, e para eles o juramento
confirma a palavra empenhada, pondo fim a toda discussão”.
Quando fez a aliança, Deus jurou, portanto, colocando fim em toda e
qualquer discussão. Tal aliança não pode falhar e jamais falhará.
Essa é outra ilustração da declaração registrada em João 19.30:
“Está consumado!” Independentemente do que esteja na mente e no
coração das pessoas, levando-as a pensar em alguma razão para
que essa aliança também falhe, deixe-me dizer qual é o ponto de
vista de Deus: ela coloca fim em qualquer discussão; é negócio
fechado; é absoluta, porque Ele jurou.
Também vemos nesse texto de Hebreus que Deus estava
decidido a mostrar a imutabilidade do seu propósito:
Do mesmo modo, Deus, querendo demonstrar de forma
mais clara aos herdeiros da promessa a imutabilidade de
seu propósito, interveio com juramento. (Hb 6.17)
Há três palavras-chave nesse versículo que tornam a Nova
Aliança tão absoluta: querendo, imutabilidade e herdeiros (da
promessa). Simplificando, a Bíblia está dizendo que Deus quis que
seu propósito de nos dar a Nova Aliança fosse imutável e nem
mesmo nossas falhas humanas pudessem anulá-lo.
Em seguida, vemos que é impossível que Deus minta:
[…]para que nós, que nos refugiamos no acesso à
esperança proposta, sejamos grandemente encorajados
por meio de duas afirmações imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta. (Hb 6.18)
Quando pergunto às pessoas se elas creem na onipotência de
Deus, elas sempre respondem afirmativamente. Quando lhes
pergunto o que isso significa, elas me dizem que Deus pode fazer
absolutamente tudo. Então lhes digo que não creio que Ele possa, e
elas sempre reagem ou respondem com espanto. Acontece que
Deus não pode mentir, e fico muito feliz que isso seja impossível
para Ele. Nossa Nova Aliança nos foi dada com uma promessa e
um juramento, e como Deus não pode mentir, ela é absoluta.
No texto de Hebreus, vemos ainda que Jesus foi à nossa frente:
Essa esperança é para nós como âncora da alma, firme
e segura, a qual tem pleno acesso ao santuário interior,
por trás do véu, onde Jesus adentrou por nós, como
precursor, tornando-se sumo sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque. (Hb 6.19,20)
Jesus entrou no Santo dos Santos, na presença de Deus, com
seu sangue precioso e selou essa aliança. No verso acima, vemos
que essa esperança é uma âncora para nossa alma, firme e segura.
Em outras palavras, você jamais terá que se preocupar novamente
com a possibilidade de quebra da Nova Aliança por causa de um
erro seu. O próprio Jesus garantiu que ela é absoluta.
Precisamos compreender que o sangue tem voz. Em Hebreus
12.24, lemos: “E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao
sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (ACF). A
Bíblia diz que a vida está no sangue, e a vida sempre tem uma voz.
Uma vez que Jesus entrou no Santo dos Santos com seu próprio
sangue, este clama constantemente em nosso favor. Se o inimigo o
acusar ou condenar, se seus irmãos e irmãs o acusarem ou
condenarem, se seus erros do passado ou até você mesmo o fizer,
você pode descansar seguro de que a voz do sangue de Jesus
abafa qualquer outra voz de acusação e condenação diante do trono
do seu Pai, que o ama profundamente e aceita o sangue do seu
próprio Filho em seu favor.
Em Apocalipse 12.11, lemos: “Eles, portanto, o venceram por
causa do sangue do Cordeiro e por intermédio da palavra do
testemunho que anunciaram; posto que, face a face com a morte,
não amaram mais a própria vida!” Isso nos fala de vitória sobre o
diabo. Ele não pode resistir ao sangue de Jesus, porque o sangue
clama contra ele e grita na sua cara: “Inimigo, você está derrotado,
você é um perdedor mentiroso!” Precisamos crer de todo o coração
que o sangue de Jesus fala constantemente em nosso favor.
Já vimos algumas ações de Deus e de Jesus que tornaram essa
aliança absoluta, mas deixe-me mostrar um último ato de Jesus, que
é uma bela ilustração do significado de “Está consumado!”
Em Hebreus, vemos que Jesus se sentou:
Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer
o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos
sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados;
Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único
sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de
Deus[...] (Hb 10.11,12 – RA)
O contexto é de uma comparação entre a Nova Aliança e a Velha
Aliança. Quero que você preste atenção nestas duas palavras:
apresenta e assentou-se. Lemos que todo Sumo Sacerdote se
apresenta diariamente para ministrar. Debaixo da Velha Aliança, o
Sumo Sacerdote jamais tinha permissão para se sentar, porque
tinha que oferecer continuamente os sacrifícios pelo povo. Mas aqui
lemos que, após oferecer seu sacrifício, Jesus assentou-se, porque
está consumado, a aliança é absoluta.
A terceira razão pela qual a Nova Aliança é absoluta é porque ela
foi feita entre Deus Pai e seu filho Jesus. Sabemos que Deus é
eternamente fiel e que Jesus jamais falhará. Lemos que Jesus
Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente (veja Hb 13.8).
Nenhum deles, nem Deus nem Jesus, jamais decepcionará nem
falhará com o outro, o que torna a Nova Aliança absoluta.
Deus, por causa do seu profundo amor por nós, garantiu que
haveria uma aliança eterna que jamais falharia, e ela depende
simplesmente da nossa fé na obra consumada da cruz. Sempre que
você tentar se achegar a Deus ou se relacionar com Ele fora dos
limites dessa Nova Aliança, que são a obra consumada da cruz,
você não conseguirá desfrutar de todas as bênçãos da aliança. Isso
não significa que você tenha perdido sua salvação, mas que você
não conseguirá experimentar e desfrutar dos benefícios do que
Jesus fez por você na cruz.
16
A NOVA ALIANÇA SUPERA A GRAÇA
Tenho plena consciência de que a afirmação acima parece
controversa. Em minha mente, já consigo ver as pedras vindo em
minha direção, atiradas por vários grupos dentro da igreja. A graça
não é a mensagem central do evangelho? A graça não é essa nova
maneira radical e maravilhosa de Deus se relacionar conosco? A
graça não é o favor imerecido de Deus? Sim! Mas vou lhe explicar,
através da Bíblia, por que a Nova Aliança supera a graça.
Embora a graça faça parte da Nova Aliança, elas são distintas.
De modo geral, no meio cristão, a graça é entendida como o favor
imerecido de Deus, mas, pessoalmente, não gosto quando damos
essa definição de graça, pois não é biblicamente precisa.
Simplesmente dizer que a graça é o favor imerecido de Deus é
limitá-la. Esse é apenas um dos muitos aspectos da graça, e não
expressa o seu significado pleno. A graça é a capacidade de nos
elevar acima das nossas circunstâncias e servir ao Senhor com
perseverança e diligência, como vemos em 1 Coríntios 15.10. A
graça também é a capacidade divina e sobrenatural que nos dá o
poder de não pecar (veja Rm 6.14), e de ofertar mais do que
naturalmente conseguiríamos dar, de acordo com 2 Coríntios 8.1,2.
Uma das definições de graça é, sim, “favor de Deus”, o qual não
pode ser merecido ou adquirido, apenas recebido gratuitamente,
mas ainda assim a Nova Aliança, embora inclua a graça, a supera
em muito.
A graça não é apenas uma palavra ou conceito do Novo
Testamento, como muitos acreditam. Também podemos encontrar
essa palavra no Antigo Testamento. No livro do Êxodo, lemos que
Moisés achou graça diante de Deus:
Então disse o Senhor a Moisés: Farei também isto, que
tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos, e te
conheço por nome. (Êx 33.17 – ACF)
Aqui, vemos um homem vivendo sob a Velha Aliança, mas que
achou graça aos olhos de Deus. As pessoas têm a ideia errada de
que a graça só começou depois que Jesus Cristo veio a este
mundo, mas a primeira menção da graça foi feita há milhares de
anos, e está registrada no livro de Gênesis:
Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor. (Gn 6.8 –
ACF)
Por que a Nova Aliança supera a graça? Essa é uma pergunta
importante, e para respondê-la, vejamos o exemplo de Moisés, que
citamos acima.
Embora Moisés tenha achado graça aos olhos do Senhor, Deus
não permitiu que ele entrasse na terra prometida. Mas como alguém
que encontrou graça aos olhos do Senhor pode ter sido impedido de
entrar na terra prometida?
Nessa pergunta encontramos também a resposta sobre o motivo
pelo qual a Nova Aliança supera a graça: Deus pode dar sua graça
a quem Ele quiser, quando quiser, mas assim como Ele pode dá-la
gratuitamente por sua própria escolha, Ele também pode retê-la. Na
Nova Aliança, entretanto, Deus se comprometeu de forma definitiva
a se relacionar conosco de uma maneira específica que jamais pode
ser mudada. Está consumado! Em outras palavras, Deus se
comprometeu por meio da Nova Aliança de forma que Ele não pode
reter sua bondade para conosco, não importa o que façamos (veja
Is 54.8,10).
Vejamos outro exemplo do Antigo Testamento que fala sobre a
graça. No livro de Esdras, lemos:
E agora, por um pequeno momento, se manifestou a
graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar
alguns que escapem, e para dar-nos uma estaca no seu
santo lugar; para nos iluminar os olhos, ó Deus nosso, e
para nos dar um pouco de vida na nossa servidão. (Ed
9.8 – ACF)
Nesse versículo, vemos claramente que a graça foi manifestada
apenas por um momento, o que a torna inferior à Nova Aliança. Não
estou depreciando a graça ou tentando dizer que ela não é
importante, pois ela está incluída na Nova Aliança. Simplesmente
quero lhe mostrar que Deus, em sua bondade, nos deu algo melhor
que a graça apenas. A graça pode ser dada ou retida, e até
retomada depois de ser concedida, como aconteceu na vida de
Moisés; contudo, na Nova Aliança, Deus se comprometeu com
Jesus Cristo numa aliança infalível e jamais poderá retomá-la.
Nossa aliança não está limitada a determinado tempo, mas é eterna,
como vemos em Hebreus:
Ora, o Deus da paz, que mediante o sangue da aliança
eterna trouxe de volta dentre os mortos o nosso Senhor
Jesus, o grande Pastor das ovelhas[...] (Hb 13.20)
Essa é a aliança eterna e definitiva que Deus fez com o povo.
Sem uma aliança, Deus pode escolher lidar conosco da maneira
que quiser, e mais, Ele pode até tratar algumas pessoas de forma
diferente de outras. Mas por causa do seu caráter e da sua natureza
justa, uma vez que Ele entrou em uma aliança, não tem mais
escolha a não ser lidar conosco da maneira como Ele se
comprometeu a fazê-lo nessa aliança. É por isso que a Nova
Aliança supera a graça. Debaixo dela, Deus tem que tratar a todos
igualmente, de acordo com a maneira que Ele estabeleceu na
aliança.
É por isso que eu creio que o clericalismo, que muitas igrejas
ainda praticam hoje em dia, é uma doutrina do inferno, pois ele vai
contra a essência da Nova Aliança. Tenho servido ao Senhor
fielmente por mais de 35 anos, mas Deus não pode e não vai me
tratar de forma diferente do que trata o pecador mais pervertido e
desprezível que acabou de ser salvo. Ele pode até não ter
aprendido ainda a usar a linguagem certa para orar, ou a agir
corretamente de acordo com a sua nova natureza, contudo, se ele
se achegar a Deus baseado na aliança eterna de Deus com ele, que
começou no momento em que ele entrou nela pela fé, ele pode
exercer a mesma autoridade que eu exerço.
Deus não pode tratar duas pessoas de forma diferente porque Ele
se comprometeu conosco nessa aliança eterna e inquebrável. Se a
igreja entendesse isso, seria o fim do clericalismo e da briga por
cargos, e todo membro seria um ministro que se expressa com
ousadia diante de Deus e traz o céu à terra. Você jamais deve se
permitir ter qualquer pensamento e atitude de que a oração de
determinadas pessoas (ou, na sua opinião, de um homem ou mulher
“especial” de Deus) tenha mais autoridade diante de Deus do que a
sua oração. Essa é uma mentalidade da Velha Aliança que impedirá
a vitória na sua vida e deve ser veementemente rejeitada!

A UNIÃO SOBRENATURAL
Uma chave para compreender a Nova Aliança e desfrutar de
todos os seus benefícios é entender totalmente a união
sobrenatural. Pela fé na obra consumada da cruz de Jesus Cristo,
nós nos tornamos totalmente unidos a Cristo e entramos numa
união sobrenatural com Ele, a qual nos faz participantes de todos os
benefícios dessa aliança. Através dessa união, aconteceram duas
mudanças importantes: tudo o que pertence a Jesus agora também
nos pertence; e Deus se relacionará conosco apenas através de
quem somos em Cristo. Subitamente, habitar em Cristo passa a ter
um significado totalmente novo, profundo e importante. Expressões
como “Em Cristo” ou “nEle” são palavras-chave na Nova Aliança e
aparecem 88 vezes no Novo Testamento. Incentivo e desafio você a
estudar atentamente o Novo Testamento e descobrir todas as vezes
em que uma dessas expressões é usada.
Quando eu era jovem, peguei uma Bíblia novinha e circulei cada
ocorrência de uma dessas duas expressões acima. Devemos ter
sempre em mente que apenas através da apropriação pela fé é que
as promessas se tornam parte da nossa vida, mas falarei mais
sobre isso depois.
Já que a chave para a Nova Aliança é que Deus a fez com Jesus
e nós entramos nela pela fé, precisamos ter certeza da nossa
identidade em Cristo. Deus não se relacionará conosco baseado em
nosso passado, presente ou futuro. Ele só se relacionará conosco
através de quem nós somos em Cristo, porque a aliança é entre
Deus e Jesus, e precisamos habitar nEle para desfrutar de todos os
benefícios maravilhosos dessa aliança.
Habitar nEle não tem nada a ver com as nossas obras, mas com
descansar na obra consumada da cruz. Isso significa que
acreditamos firmemente em nosso coração que no dia em que nos
arrependemos dos nossos pecados e cremos na morte de Jesus
pelos nossos pecados, entramos nessa união sobrenatural e agora
somos um com Ele. Nós estamos em Cristo, e Cristo está em nós!
Veja o que está escrito em Colossenses:
[...]a quem Deus, entre os que não são judeus, aprouve
dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério, isto
é, Cristo em vós, a esperança da glória! (Cl 1.27)
Cristo em você! Que verdade maravilhosa! Junte a isso o fato de
que Ele não o deixará, nem mesmo se você pecar, porque Ele
prometeu que jamais nos abandonará nem nos desamparará (veja
Hb 13.5). O pecado em nossa vida não interrompe nosso
relacionamento com Deus, entretanto, atrapalha a nossa intimidade
com Ele. Deus mantém sua aliança, mas, quando pecamos, nossa
intimidade com Ele é interrompida, não porque Ele a tenha
interrompido, mas porque nosso próprio coração é afetado pelo
pecado, e Deus se relaciona conosco de coração para coração.
Como Deus fez sua aliança eterna com Jesus e não diretamente
conosco (só entramos nela por causa da fé), Ele não pode se
relacionar conosco de qualquer outra forma que não seja através de
Cristo. O que aconteceu quando cremos? Fomos inseridos em
Cristo e Cristo foi inserido em nós, como vimos no versículo acima.
Agora, leia, estude e medite cuidadosamente nessa verdade. Deus
só se relaciona conosco através de Cristo, e Cristo tem o favor de
Deus, portanto, também temos o favor de Deus porque estamos em
Cristo. Deus olha para Reinhard (coloque seu nome aqui), mas Ele
não vê Reinhard; Ele vê Jesus, porque eu estou nEle. Já que essa é
a única maneira pela qual Ele pode se relacionar comigo debaixo da
Nova Aliança, porque Ele se comprometeu por juramento, Ele diz:
“Você tem todo o meu favor”.
Então, quando eu me coloco diante de Deus, o diabo aponta para
o que há de errado em meu coração, acusando-me e tentando me
condenar. Deus já me vê em Cristo, mas o diabo me diz: “Você está
em Cristo, mas tem muito lixo dentro de você”. Contudo, Deus olha
para o meu interior e o que Ele vê? De acordo com Colossenses
1.27, que lemos acima, Deus vê Cristo. Então, agora Ele diz: “Cristo
tem meu favor. E como Ele está em você, e você está nEle, não
tenho alternativa a não ser lhe dar favor dobrado, porque tenho uma
aliança com Cristo em você, e também com você em Cristo!”
Mas é claro que se você tentar se relacionar com Deus de
qualquer outra forma que não seja através de Cristo, não poderá
experimentar e desfrutar do favor de Deus. É por isso que, depois
de dizer que estamos em Cristo, Paulo conclui com a seguinte
afirmação: “[...]a fim de que, como está escrito: Aquele que se gloria,
glorie-se no Senhor” (1Co 1.31).
Meu amado amigo, renuncie a todas as suas boas obras que
você quiser usar para se relacionar com Deus. Não use seu
passado, suas realizações, sua vanglória, seu sucesso e seus
fracassos como base do seu relacionamento com o Senhor. Glorie-
se no Senhor, aquele que selou essa aliança eterna! Está
consumado! O antigo Reinhard (o antigo você) não existe mais
porque eu estou em Cristo, como lemos em 2 Coríntios:
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as
coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!
(2Co 5.17)
A palavra novo significa “novidade; sem precedentes; jamais
visto”. Estamos tão unidos a Jesus que podemos dizer que nunca se
viram seres humanos como nós. Infelizmente, muitos cristãos não
acreditam nessa verdade simplesmente porque não a
experimentam. A vida cristã não funciona assim. Sua atitude não
deve ser de dizer “Deus, me mostre e eu acreditarei no Senhor”,
porque é Deus quem estabelece os termos de como devemos nos
relacionar com Ele, e Ele disse: “Creia em mim e eu te mostrarei!”
Nós invertemos a ordem, e é por isso que não experimentamos
muitos dos benefícios maravilhosos da Nova Aliança.
Pouco tempo atrás, estava em outro país e orei por uma moça
que tinha tantas dores e enfermidades que era algo inacreditável.
Quando impus minhas mãos sobre ela para orar por um milagre, o
Espírito Santo me disse que a causa de toda a sua dor e
enfermidade era o excesso de preocupação. Eu queria ser gentil e
amoroso com ela, então não lhe disse o que o Espírito me falara;
em vez disso, perguntei se ela se preocupava muito. Ela me disse
que se preocupava com tudo, até com as mínimas coisas, desde
que acordava de manhã até se deitar à noite. Então eu lhe disse
que Deus havia me mostrado que ela mesma causara sua
enfermidade, e que se eu orasse naquele momento e ela recebesse
um milagre, logo teria problemas novamente por causa da sua
preocupação. Eu disse que lhe ensinaria rapidamente a levar uma
vida sem preocupações, e depois oraria pelo milagre.
O pai dela estava ao meu lado e já foi logo dizendo que ela não
conseguiria evitar a preocupação, porque o problema estava nos
seus genes, era hereditário. Sua mãe se preocupava, sua avó se
preocupava, sua bisavó se preocupava... Coloquei minha mão bem
perto da boca dele e disse algo mais ou menos assim: “Pare! Não
me importa quantas gerações se preocuparam até adoecer. Agora
ela tem novos genes e uma identidade totalmente nova. O novo Pai
dela está no céu e Ele nunca se preocupa com nada. Ela carrega o
DNA dele e tem o direito de experimentar isso”. Orei pela moça, e
ela me disse que sentiu certo alívio. Mas ainda não voltei àquela
região para saber como essa história terminou.
Deus não se relacionará com você baseado no seu passado,
DNA natural, religião, boas obras ou erros. Nessa incrível Nova
Aliança, Ele se comprometeu a se relacionar com você somente
através de Cristo. É somente pela fé que você está em Cristo,
portanto, não vá diante de Deus baseado em nada mais. Quando
você se coloca diante de Deus, Ele vê Jesus, puro, santo, perfeito e
merecedor de cura, provisão, proteção e todas as bênçãos
espirituais. O problema é que as pessoas tentam se relacionar com
Deus de várias maneiras diferentes, só não baseadas em quem elas
são em Cristo! Realmente está consumado!
17
A APROPRIAÇÃO PELA FÉ
Pouco tempo atrás, o Senhor me disse que uma das suas maiores
tristezas é ver seus filhos não se apropriarem pela fé daquilo que
Ele tem para a vida deles. Desde a minha infância, a fé bíblica e
verdadeira é um assunto que me fascina. Mas naquela noite em
particular, o Senhor falou comigo usando a palavra apropriação em
relação à fé, e essa palavra realmente me chamou a atenção. Eu
também percebi um sentimento de urgência, assim como uma
profunda tristeza no coração de Deus. Então, eu lhe pedi para me
explicar melhor.
Quando o Senhor gentilmente começou a abrir seu coração para
mim, comecei a chorar em sua presença. Ele me disse que a falta
de apropriação pela fé na vida dos seus filhos é um ato de desprezo
à cruz do seu Filho. Deus me revelou a intensa dor sofrida na cruz e
o alto preço que seu Filho teve que pagar para que nós pudéssemos
receber tantos benefícios maravilhosos. Quando não nos
apropriamos pela fé é como se esbofeteássemos o rosto de Jesus
enquanto Ele estava pendurado na cruz.
A mentalidade da Velha Aliança era a de que Deus responde à
nossa fé; portanto, a ênfase estava na nossa fé. Na Nova Aliança,
nossa fé é uma resposta à obra consumada da cruz, o que coloca a
ênfase no que Jesus fez, não em nós ou em nossa fé. Na Velha
Aliança, eles acreditavam e esperavam pelo que Deus faria em
resposta à fé deles. Nós, na Nova Aliança, não esperamos por algo
que vai acontecer, mas relembramos, em fé, o que aconteceu há
quase 2000 anos, quando Jesus bradou “Está consumado!”
Apropriar-se pela fé significa ter uma fé que recebe. Receber, na
linguagem da Bíblia, tem um significado diferente do que a maioria
das pessoas tem em mente. Existem palavras diferentes em
hebraico e grego traduzidas na Bíblia como “receber”. Mas quando
se trata de receber algo em oração ou algo que nos pertence, a
palavra usada significa “agarrar com as mãos e não soltar”. Ao nos
apropriamos pela fé, jamais pedimos a Deus para nos dar o que já
nos pertence através da Nova Aliança. Agarramos aquilo pela fé,
expressando-a através de ações de graças, e começamos a agir
como se já tivéssemos o que pedimos, mesmo sem ver a
concretização no mundo natural ou apesar do que vemos com
nossos olhos naturais. Jamais olhamos para os sentimentos ou nos
deixamos influenciar pelas circunstâncias.
Quem se apropria de algo pela fé jamais reclama de nada, porque
entende que a reclamação é um dos maiores sinais de incredulidade
e um comportamento muito destrutivo na vida de um cristão da
Nova Aliança. Se Deus realmente nos deu todas as coisas através
de Cristo, e ainda reclamamos da nossa situação, isso mostra a
atitude de incredulidade no nosso coração. Então, quando ensino
sobre a Nova Aliança, gosto de exortar seriamente as pessoas para
que elas tirem toda reclamação da sua vida.
Deixe-me dar um exemplo para ajudá-lo a entender isso. Em
2004, Deus me disse para deixar tudo o que eu tinha na Áustria,
pegar minha esposa e meus filhos e me mudar para os EUA.
Naturalmente, isso não fazia o menor sentido, já que na Áustria
tínhamos toda a segurança de que precisávamos, e não tínhamos
nada nos EUA. Nós não tínhamos nenhum imóvel para vender,
nenhum dinheiro na poupança, nada de muito valor. Eu não tinha
emprego nos EUA, e tudo parecia totalmente incerto. À medida que
a data da mudança para os EUA se aproximava, e muitas coisas
ainda não tinham sido resolvidas, comecei a ficar um pouco ansioso.
Tentamos achar alguém para alugar o apartamento em que
morávamos, que era de propriedade do governo, para podermos
vender parte dos móveis ao novo inquilino, mas era complicado,
porque as regras e exigências para que alguém pudesse assumir
nosso apartamento eram bem complexas.
Então, certa noite, Deus falou comigo, dizendo que o negócio já
estava fechado, pois Ele já me prometera que nunca me
abandonaria nem me desampararia. Depois daquela noite, nunca
mais fiz outra oração, nem qualquer outra coisa para achar um
inquilino, nem movi um dedo para fazer mais nada acontecer.
Simplesmente louvei ao Senhor pelo negócio fechado, continuei
agradecendo-lhe e agi como se tudo já estivesse resolvido. Alguns
amigos até me chamaram de burro e irresponsável, mas em vez de
tentar resolver meu problema, levei minha linda esposa para passar
três dias na Suíça, para comemorar nosso aniversário de
casamento. E enquanto eu estava na Suíça, Deus
sobrenaturalmente cuidou de tudo, e o caso acabou de forma
absolutamente perfeita. Isso é apropriação pela fé. Se eu tivesse
continuado orando, suplicando a Deus para me ajudar, tentando
resolver tudo, nada teria acontecido. Quando nos apropriamos pela
fé, tomamos posse do que nos pertence através do louvor e das
ações de graças, e então começamos a agir como se tudo já
estivesse resolvido.
Se você realmente quer experimentar a Nova Aliança, é muito
importante que compreenda o que virá nas próximas páginas. Peço
que você leia lentamente, com muita atenção, e medite
continuamente nestas palavras. Talvez você tenha que lê-las várias
vezes. Peça ajuda ao Espírito Santo para entender estas palavras, e
diga-lhe que você deseja experimentar cada aspecto da Nova
Aliança. Peça a Deus o Espírito de sabedoria e revelação, e
também para que ele abra os olhos do seu coração para essas
verdades.

PROMESSAS E “ FATOS CELESTIAIS”


Em meu livro Fé, falo sobre a diferença entre os fatos e a
verdade. Explico que uma verdade é mais forte do que um fato, e
temos que escolher acreditar nela. Por exemplo, a lei da física diz
que as pessoas não podem andar sobre a água, o que é um fato.
Entretanto, os evangelhos contam a história de Pedro andando
sobre as águas. Ele conseguiu fazer isso acreditando na verdade
acima do fato.
Tudo o que Jesus diz é a verdade porque Ele é a verdade,
conforme está escrito em João 14.6. Consequentemente, se
escolhermos acreditar na verdade acima dos fatos,
experimentaremos o sobrenatural. No caso de Pedro, o fato era que
não se pode andar sobre a água, mas a verdade é que Jesus disse
que Pedro podia, e ele andou. Talvez o fato seja que o médico lhe
disse que não há cura para você, ou suas circunstâncias lhe digam
que não há esperança, mas você deve escolher acreditar na
verdade da Palavra de Deus acima dos fatos naturais que você vê.
Não existem apenas fatos naturais, mas também algo que chamo
de fatos celestiais. Os fatos celestiais são diferentes das promessas
de Deus, e estão diretamente relacionados à Nova Aliança.
Promessas têm a ver com o futuro, enquanto os fatos celestiais têm
a ver com o passado, com o que aconteceu na cruz cerca de dois
mil anos atrás. Quando Jesus bradou “Está consumado!”, Ele
liberou certos fatos celestiais no mundo espiritual para que nos
apropriássemos deles pela fé.
Um fato celestial não é algo que Deus nos promete que fará (que
estaria no futuro), mas é algo que Deus disse que já fez (que está
no passado). A única forma determinada por Deus para que
experimentemos deles é através da apropriação pela fé. Não é
através da intercessão de outra pessoa a nosso favor, nem pela
imposição de mãos de um homem de Deus, nem mesmo através de
jejum e oração que podemos recebê-los. Temos que nos apropriar
deles em vez de pedir por eles. Devemos agradecer a Deus por eles
nos pertencerem e agir como se já fossem nossos, porque “está
consumado”. Quando nos apropriamos pela fé, agradecemos a
Deus pelos fatos celestiais e agimos como se eles já fossem
nossos, porque eles realmente são.
Para ajudá-lo a entender melhor, vou usar uma ilustração. Se
você pedir a Deus para lhe dar vitória sobre um pecado específico,
jamais obterá essa vitória. Você pode receber oração do homem de
Deus mais ungido do mundo, orar e jejuar por longos períodos e
ainda não receber a vitória. A vitória sobre o pecado é um fato
celestial, ou seja, é algo que já aconteceu no passado e do qual
devemos nos apropriar somente pela fé.
Se você estudar Romanos 6.7,8, verá claramente a declaração
desses fatos. No mesmo capítulo 6, o versículo 2 diz que estamos
mortos para o pecado, e o versículo 11 diz que devemos nos
considerar mortos para o pecado. Romanos 8.2 nos diz que a lei do
Espírito da vida, em Cristo Jesus, nos libertou da lei do pecado e da
morte. Paulo diz, em Gálatas 2.20, que fomos crucificados com
Cristo. Todos esses são fatos celestiais da Nova Aliança nos quais
você deve acreditar, declarar e agradecer a Deus por eles, a fim de
que se manifestem em sua vida e você receba a vitória. Se você
pedir a Deus que crucifique a sua carne ou empenhar todo o seu
esforço para isso, não experimentará nada além de derrota, porque
está desprezando a cruz por não se apropriar da vitória pela fé.
Orar e pedir que Deus nos dê esses fatos celestiais, assim como
pedir oração a outras pessoas para que Deus nos dê, também é
sinal de falta de entendimento ou de incredulidade, e ambos nos
impedirão de alcançar essas bênçãos maravilhosas. Deus não as
retém, mas já que elas só podem ser recebidas através da
apropriação pela fé, então não há nada que Ele possa fazer por nós.
Quando não vemos essas coisas se manifestarem em nossa vida,
por causa da nossa religiosidade ou de crenças erradas,
começamos a culpar a Deus e perguntar por que Ele não responde
às nossas orações. Então, acabamos com uma imagem errada e
distorcida de Deus, e nosso relacionamento de intimidade com Ele é
quebrado. Ah, como eu odeio a religião! Já enfrentei muita
resistência em minha vida cristã porque creio firmemente nesse
princípio e o pratico. Confrontei muitos jargões religiosos na igreja
que contrariam diretamente os fatos celestiais e a Nova Aliança.
Pedir constantemente a Deus algo que Ele já nos Deus em Cristo é
uma prática muito comum entre os cristãos hoje em dia, mas isso
precisa parar.
Vou fazer uma ilustração que o ajudará a captar essa importante
verdade. Imagine que você esteja passando por uma situação difícil
na vida. Você está enfrentando dificuldades e circunstâncias que
impedem que você experimente a plenitude de vida que Jesus
prometeu quando disse que veio nos dar vida em abundância (veja
Jo 10.10). Você começa a orar e orar, pede que outras pessoas
orem por você, ora com mais intensidade e, por fim, além de orar,
começa a jejuar também. Você pede que Deus lhe dê forças, mude
as circunstâncias e tudo o mais que sente que precisa para obter a
vitória.
Embora a sua oração, o jejum ou a oração de outras pessoas, em
si mesmos, não sejam ruins, fazer isso em relação aos fatos
celestiais realmente é ruim. Agindo errado assim, transformamos o
fato celestial, que está no presente, em uma promessa que agora
está no futuro e jamais será nossa; ela permanecerá no futuro,
porque os fatos celestiais são ações passadas (algo que já
aconteceu), enquanto as promessas são ações no futuras (algo pelo
qual ainda estamos esperando).
O que está acontecendo? Por que essa oração não é
respondida? Por que Deus não lhe responde e parece ignorar suas
orações e as orações dos outros? A frustração toma conta e, por
fim, você fica tão desanimado que desiste, talvez até de Deus.
Então, um dia, sua vida chega ao fim e você morre, e fica diante de
Jesus. Ele lhe dá as boas-vindas ao céu e pergunta se você tem
alguma pergunta em relação à sua vida na terra. Esta era a
oportunidade pela qual você esperava, já que nunca recebeu
resposta para algo específico pelo qual você estava esperando
enquanto vivia na terra. Você abre seu coração, dizendo o quanto
ficou decepcionado porque, quando você realmente precisou, Ele
não respondeu e não lhe deu vitória para que você pudesse viver
uma vida abundante como Ele lhe prometeu.
Com um sorriso no rosto e o coração cheio de compaixão, Jesus
segura sua mão e vocês caminham juntos até um enorme depósito.
Você entra pela porta, e lá estão centenas de prateleiras lotadas de
tudo quanto possa imaginar, e você vê exatamente o que pediu a
Ele enquanto atravessava suas crises.
— Jesus, aqui está a força que eu lhe pedi. — Você diz. Então,
aponta para a próxima prateleira e continua: — E aqui está a vitória
pela qual eu orei e jejuei. Por que o Senhor não me deu?
Jesus sorri e lhe diz:
— Meu filho amado, você se lembra da Nova Aliança? Nela, meu
Pai se comprometeu legalmente com você e estabeleceu a única
maneira de nos relacionarmos com você, e de você se relacionar
conosco. Escrevemos claramente, na Bíblia que lhe demos, todas
as coisas que já havíamos lhe dado através da Nova Aliança. No
instante em que lhe demos, colocamos tudo aqui neste depósito. Já
não cabia mais a nós lhe dar, mas a você pegá-las!
Então, Jesus o leva para fora do armazém e aponta para a parte
da frente. Ao olhar para cima, você vê uma placa enorme, com seu
nome escrito. Você olha para Ele com os olhos cheios d’água, pois
agora você entende, e se lembra do que Ele escreveu em 2 Pedro
1.3: “Seu divino poder nos concedeu tudo de que necessitamos
para a vida e para a piedade, por intermédio do pleno
conhecimento daquele que nos convocou para a sua própria glória e
virtude”. Ele meneia a cabeça e, com seus olhos repletos de amor e
compaixão, diz:
— Sim, meu filho amado, quando eu morri na cruz e selei a Nova
Aliança, nós colocamos todas as coisas que você precisaria para
uma vida abundante no seu depósito aqui. Vi você orando, pedindo,
suplicando, jejuando e implorando, mas não havia nada que eu
pudesse fazer. Essas coisas já não eram minhas nem do meu Pai,
elas eram suas e, portanto, não podíamos dá-las a você. O depósito
tem seu nome nele, e nós teríamos que roubá-lo para lhe dar essas
coisas, e nem eu nem meu Pai somos ladrões.
Meu querido amigo, espero que você entenda essa ilustração e, a
partir de agora, entre com ousadia no seu depósito no céu para
pegar todos os seus fatos celestiais e viver uma vida de vitória
completa e constante que glorifica a Deus e honra a maravilhosa
Nova Aliança. Quando eu chegar ao céu, quero encontrar um
depósito vazio com meu nome nele!
É vital entendermos que, quando nos achegamos a Deus em
oração, não devemos tentar convencê-lo de nada. Ele já nos deu
todas as coisas através de Cristo, e fica o tempo todo se esforçando
para nos convencer a simplesmente nos apropriarmos pela fé e
desfrutarmos da bela Nova Aliança. Um minuto de apropriação pela
fé na obra consumada da cruz vale muito mais do que uma noite
inteira de clamor a Deus com base na esperança.
Enquanto escrevo este capítulo, estou voltando de uma viagem à
Polônia, onde um casal compartilhou seu testemunho comigo, tão
tocante que me fez chorar. Eles estavam casados há seis anos e
não conseguiam ter filhos. Oraram e oraram e clamaram a Deus,
mas nada aconteceu. Eles estavam convictos de que criam, mas
através do que ensinei, descobriram que, na verdade, eles não
tinham fé, o que estavam era vivendo na esperança. A esposa
passou dois meses meditando em alguns fatos celestiais
maravilhosos, como: os filhos são bênção de Deus, e já fomos
abençoados com toda a sorte de bênçãos espirituais. Ela fez isso
até que seu coração finalmente cresse nesses fatos celestiais. Duas
semanas após seus meses de meditação, ela descobriu que estava
grávida. Agora eles querem que o mundo todo saiba como a vida na
Nova Aliança realmente é maravilhosa.
18
IDENTIFICANDO OS “FATOS CELESTIAIS”
Naquela noite, quando o Senhor me disse que ver seus filhos não
se apropriarem pela fé daquilo que Ele tem para a vida deles é uma
das suas maiores tristezas, isso me impactou profundamente por
várias razões. Eu me lembro de momentos em minha própria vida
em que não andei nesse tipo de fé e, portanto, desprezei a obra da
cruz. Eu não quero entristecer o Senhor, nem quero desprezar a
obra da cruz, que custou tanto a Jesus. Não ouso dizer que ando
perfeitamente nessa apropriação pela fé agora, mas como Paulo
disse, uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás
ficam, prossigo para o alvo! Como vimos, os fatos celestiais são
relativamente fáceis de serem identificados no Novo Testamento. Ou
eles estão escritos de determinada forma gramatical, ou usam
palavras ou expressões como “nEle”, “em Cristo” e “em Jesus”.

COMPREENDENDO A GRAMÁTICA BÍBLICA


É impressionante o quanto tendemos a ignorar ou interpretar de
forma errada as regras gramaticais mais simples, que a maioria das
crianças consegue entender. Existe o tempo presente, que significa
que uma ação está acontecendo neste momento, no presente.
Existe o presente contínuo, que significa que uma ação está
acontecendo agora e continuará a acontecer. Depois temos o futuro,
que significa que uma ação ainda não aconteceu, mas acontecerá.
E por fim, temos o passado, que é uma ação que já foi completada
no passado, à qual nada pode ser acrescentado ou mudado.
Os fatos celestiais na Bíblia são mais fáceis de identificar do que
a maioria das pessoas imagina. Como eu já disse, eles podem ser
descobertos através do tempo verbal, que sempre estará no
passado, ou talvez até no presente, ou pelas palavras-chave
mencionadas acima, mas jamais no futuro. Se estiverem no
presente, sempre terão pistas como “nEle”, “em Cristo” ou “através
de Cristo”. Como estamos em perfeita união com Jesus Cristo, por
meio da fé na obra consumada da cruz, nós temos tudo o que Ele
tem, e isso é um fato celestial. Observe este versículo, que está no
presente, mas possui as dicas dos fatos celestiais:
Contudo, graças a Deus, que sempre nos conduz
vitoriosamente em Cristo, e por nosso intermédio exala
em toda parte o bom perfume do seu conhecimento[...]
(2Co 2.14)
Embora não esteja escrito no passado, o que é uma grande pista
de um fato celestial, mas no presente, vemos outra pista de fato
celestial, ou seja, a expressão “em Cristo”. Deus “sempre nos
conduz vitoriosamente”, que denota uma celebração da vitória em
Cristo. Esse é um fato celestial porque estamos em Cristo através
da Nova Aliança, então, a vitória de Cristo é a nossa vitória. Tudo o
que temos que fazer é nos apropriarmos dessa vitória pela fé.
Deixe-me ilustrar a forma como precisamos entender o passado
na Bíblia. Pouco tempo atrás, viajei com um tradutor para uma
cidadezinha no sul do Brasil. O pessoal da igreja ficava me
perguntando o que eu queria comer, e eu respondia que comia de
tudo. Eles realmente queriam me honrar, e ficaram insistindo para
que eu falasse algum tipo específico de comida que eu gostaria que
eles fizessem para mim. Por fim, eu lhes disse que simplesmente
amo mandioca frita, principalmente quando ela está pequena e bem
crocante.
A mãe do pastor adorava cozinhar e receber as pessoas, então,
naquela noite, quando chegamos à casa dela, a mesa estava lotada
de comida. Depois de eu ter comido demais, estava a ponto de
estourar, mas ela continuou dizendo, “Pastor, você quase não
comeu. Coma mais!”, e continuou colocando mais comida no meu
prato. Meu tradutor e eu não queríamos ofender a senhora, então
comemos mais. Voltamos para o hotel muito tarde, bem depois da
meia-noite, e nem preciso dizer que nenhum de nós dois se sentiu
bem nem dormiu bem.
Na manhã seguinte, enquanto ia para a reunião ministrar sobre a
Nova Aliança, percebi que tinha acabado de vivenciar uma
ilustração perfeita do significado de passado. Eu gostaria de não ter
comido tanta comida gordurosa tão tarde da noite, pois na manhã
seguinte, meu estômago ainda estava horrível, mas aquela ação
não podia ser mudada, e eu também não poderia acrescentar ou
subtrair nada dela, porque já estava consumada. Meu
arrependimento não alterava a ação da noite anterior nem a
desfazia, porque estava no passado.
Devido à falta de entendimento dessa regra gramatical simples ao
lermos a Bíblia e à falta de apropriação pela fé, perdemos muitas
coisas que nos pertencem.
Jesus é nossa aliança, como vemos em Isaías:
Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela
mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e
para luz dos gentios. (Is 42.6)
Como Jesus é nossa Aliança, nem um só desses fatos celestiais
da Nova Aliança pode ser experimentado de qualquer outra forma a
não ser estando em Cristo e apropriando-se, tomando posse do fato
somente pela fé. Precisamos entender que é somente a união com
Cristo e a apropriação pela fé que nos permitem experimentar esses
benefícios maravilhosos. Quero enfatizar que a apropriação pela fé
não faz com que esses benefícios se tornem fatos; eles já são fatos
através da Nova Aliança. O que muda com a nossa apropriação
pela fé é nossa experiência, não o que Deus faz. Não estamos em
Cristo pelas obras, somente pela fé, consequentemente, esforço
algum — santidade, boas obras, orações ou jejuns — nos
concederá os benefícios da Nova Aliança. Precisamos habitar nEle,
o que não acontece por esforço ou obras, mas somente pela fé.
Como foi que nos unimos a Cristo? Não foi pela fé na obra da cruz?
Como entramos em Cristo pela fé, também permanecemos nEle
pela fé. Apenas creia que você está nEle.
Debaixo da Nova Aliança, temos que aprender a substituir
palavras como “pedir”, “orar” e “solicitar” por “apropriar-se”,
“declarar” e “agradecer”. Tudo o que estiver escrito no passado, ou
estiver acompanhado de qualquer outra pista de fato celestial no
Novo Testamento, você não deve pedir a Deus nem orar por tal fato.
Em vez disso, a fim de recebê-lo, você deve apropriar-se dele com
ousadia, declarando que já é seu, e agradecer a Deus por ele.
Permita-me exagerar na ênfase: “Eu lhe suplico pelas
misericórdias de Deus”, não ceda à tentação de pedir a Deus
qualquer coisa que Ele já disse que nos pertence! Eu entendo que
isso exigirá uma grande mudança de paradigma em sua mente e em
seu coração por causa da mistura da Velha e da Nova Aliança à
qual você está habituado. Eu também lhe peço, não interprete nada
na Bíblia de nenhuma outra forma a não ser através da afirmação
que está em João 19.30: “Está consumado!”
O que exatamente significa esse último pedido? Significa que, em
tudo o que vivenciarmos ou lermos nas Escrituras, você precisa se
fazer a seguinte pergunta: “Através da sua morte, sepultamento e
ressurreição, Jesus pagou pelo que estou vivenciando (ou lendo)?
Jesus pagou pela nossa pobreza ou enfermidade?” A resposta é
óbvia: Ele pagou para que fôssemos libertos da pobreza e da
enfermidade, e você pode aplicar isso a todas as áreas da sua vida.
Jamais se esqueça de que Deus é, por natureza, um Deus que
mantém a aliança. E como Ele se comprometeu conosco, através do
seu filho Jesus Cristo, Ele jamais se relacionará com você de
nenhuma outra maneira. Ele, como parceiro mais forte, estabeleceu
os termos da Aliança. Você pode aceitá-los ou rejeitá-los; essas são
as duas únicas opções que você tem.

UM EXEMPLO PRÁTICO
No exemplo a seguir, ilustrarei como funciona esta aliança que
Deus fez com seu filho Jesus, na qual somos incluídos pela fé.
Imagine que o presidente dos Estados Unidos faça um contrato
com um amigo dele. Esse contrato inclui não só o seu amigo, mas
qualquer pessoa que seja ou venha a ser membro da família desse
amigo e que tenha o sobrenome dele. Em tal contrato, o presidente
garante que, com toda autoridade e poder dos Estados Unidos da
América, seu amigo terá toda proteção, riqueza, segurança,
assistência à saúde e todos os benefícios imagináveis. Ele assina o
contrato com o selo do Governo dos Estados Unidos, o que significa
que ele não pode ser quebrado.
Seu amigo se muda para a Casa Branca, em Washington D.C., e
passa a ter seus próprios guarda-costas, os melhores chefs de
cozinha, quantas massagens quiser e os melhores médicos dos
Estados Unidos. Então, algo inimaginável acontece: esse amigo
viaja para o Brasil e visita uma das áreas mais pobres da região
Nordeste, e lá ele conhece uma moça que vive no lixão. Ela foi
rejeitada e abandonada quando era bebê, jamais teve pais e
cresceu sem nenhuma noção de valor próprio. Ele se apaixona por
ela e decide casar-se com a moça. Ele a leva de volta aos EUA no
Air Force One, o avião oficial do presidente, leva-a para morar na
Casa Branca e lhe diz que ela pode pegar tudo de que precisar.
Devido ao seu passado de maus-tratos e pobreza, ela se sente
totalmente indigna de viver uma vida tão luxuosa, e fica com medo
de constranger o presidente se pedir coisas boas. Então, ela vive
reclusa, num quartinho da Casa Branca, pobre e doente,
simplesmente por não entender o poder desse contrato. Através do
casamento, ela se uniu completamente ao amigo do presidente, que
tem um contrato com a nação mais poderosa do mundo, e toda a
proteção, segurança, riqueza e outros benefícios já estão à
disposição dela. Jamais houve um contrato entre os Estados Unidos
e ela, apenas entre seu marido e os EUA, e ela simplesmente se
tornou beneficiária ao unir-se a ele.
Isso não se parece com a Nova Aliança? Deus, o Criador do
universo, fez uma aliança com seu amado filho Jesus Cristo e
permite que sejamos beneficiários através da nossa união com
Jesus. Muitos de nós jamais experimentamos tudo o que a Nova
Aliança nos deu porque não entendemos ou não usamos a
apropriação pela fé para pegar o que já é nosso por meio da nossa
união com Cristo.
No próximo capítulo, mostrarei a você os fatos celestiais pelos
quais muitos cristãos oram e jamais recebem. O motivo é muito
simples: você não pode receber os fatos celestiais pedindo por eles;
você deve tomar posse deles pela fé. Você simplesmente reconhece
que são fatos, ações consumadas no passado, que jamais poderão
ser mudadas nem sofrer nenhum acréscimo ou diminuição. Não
consigo citar todos os fatos celestiais neste livro, então, selecionei
apenas alguns muito importantes. Confio que você mesmo
pesquisará diligentemente a Bíblia pedindo ao Espírito Santo que
lhe revele outros.
No Salmo 25.14, Davi nos diz que “o segredo do Senhor é com
aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança” (ACF).
Qual é o segredo do Senhor se não a sua Nova Aliança conosco? A
condição para receber essa revelação é temê-lo, o que não tem
nada a ver com ter medo dele. Há dois versículos bíblicos que
ilustram maravilhosamente bem o que significa temer o Senhor na
Nova Aliança. Deuteronômio 6.13 nos diz: “O Senhor teu Deus
temerás e a ele servirás[…]” (ACF). Quando Jesus foi tentado pelo
diabo no deserto, foi exatamente esse versículo que Ele citou ao
responder: “porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a
ele servirás” (Lc 4.8 – ACF). Vemos que temer o Senhor não é ter
medo dele, mas render-se a Ele de coração, que é o verdadeiro
significado de adoração.
19
TOMANDO POSSE DO QUE NOS PERTENCE
Como já vimos, para experimentarmos todos os fatos celestiais,
temos que parar de pedir por eles e apenas nos apropriarmos deles
pela fé. É muito importante fazer isso porque qualquer coisa que
você pedir a Deus permanecerá no futuro até o momento em que
você a receber aqui nesta vida, o que pode acontecer num futuro
próximo ou não. Abraão teve que esperar por mais de dez anos até
receber seu filho. Deus é quem decide quando lhe dar o que você
pediu, afinal, Ele é Deus e nós temos que cumprir as condições
bíblicas para recebermos as promessas, dentre elas a
perseverança. Em Hebreus, lemos:
[...]para que vos não façais negligentes, mas sejais
imitadores dos que pela fé e paciência herdam as
promessas. (Hb 6.12 – ACF)
Vemos claramente que a paciência, que no original grego significa
persistência ou perseverança, é uma das condições para
recebermos as promessas de Deus. Se você desistir de crer, talvez
nunca receba o que Deus tem para você. Essa é uma das chaves
para orar debaixo da Nova Aliança, porque se você orar pedindo um
fato celestial a Deus, ele jamais se materializará. Você pode até orar
pedindo as promessas, mas jamais os fatos celestiais.
O primeiro fato celestial que quero mencionar é um que poucos
cristãos aprenderam a tomar posse, embora esteja claramente
escrito na Bíblia. Leia atentamente a passagem a seguir, tendo em
mente a diferença entre promessas e fatos celestiais.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas
regiões celestiais em Cristo. (Ef 1.3)
Aqui vemos a aplicação das duas regras para encontrarmos um
fato celestial. Está escrito no passado, “abençoou”, e vem junto com
a expressão “em Cristo”. Deus não poderia ter deixado mais claro. O
que lemos aqui nos foi dado através da Nova Aliança. Você pode
até achar que crê nesse versículo, mas há muitos anos aprendi que
nunca medimos o que acreditamos pelo que dizemos, mas pela
maneira como agimos. Se você realmente cresse nesse versículo,
jamais pediria outra vez para Deus o abençoar. E nunca mais diria
às pessoas: “Deus te abençoe”.
Não gosto nada quando as pessoas me dizem isso. Dizemos
constantemente “Deus te abençoe”, sem perceber o que estamos
fazendo uns aos outros ao dizer isso. Quando as pessoas me dizem
“Deus te abençoe”, normalmente não digo nada porque quero
demonstrar amor e respeito, e entendo que elas ainda não
aprenderam a andar totalmente na Nova Aliança. Mas quando
ensino sobre a Nova Aliança, peço às pessoas que jamais me
digam isso novamente. Como, obviamente, você já leu quase o livro
todo, eu lhe peço agora: se algum dia me encontrar em algum lugar,
por favor, não me diga “Deus te abençoe”.
Por que isso é tão importante para mim? A explicação é muito
simples: só podemos experimentar os fatos celestiais em nossa vida
através da apropriação pela fé, o que significa que você deve parar
de pedir por eles, mas, sim, apropriar-se deles, agradecer a Deus e
agir como se eles já fossem totalmente verdadeiros, porque eles
são. E enquanto eu pedir a Deus para abençoar a mim ou a você, a
bênção permanece no futuro, afinal de contas, o que eu estou lhe
dizendo é que Ele ainda não nos abençoou e estou desejando que
Ele abençoe. Isso despreza a obra da cruz e a Nova Aliança.
Recentemente, um pastor tentou me convencer de que a Bíblia
nos ensina que devemos abençoar uns aos outros. Quando eu o
desafiei a provar, me mostrando um versículo onde esteja escrito
que devemos abençoar uns aos outros debaixo da Nova Aliança,
tudo o que ele conseguiu foi apontar alguns versículos que
provavam o meu argumento. As únicas vezes no Novo Testamento
em que se diz que devemos abençoar uns aos outros é em relação
aos nossos inimigos (veja Mateus 5), e às pessoas que nos fizeram
mal (veja 1 Pedro 3.9). E o significado é muito claro: devemos
demonstrar o coração e o amor incondicional do Pai por aqueles
que menos merecem.

O EXEMPLO DE BILL GATES


Quero ilustrar esse ponto para você através de um exemplo bem
fácil de entender. Na época em que este livro está sendo escrito, Bill
Gates, o fundador da Microsoft, é o homem mais rico do mundo.
Então, imagine que eu o conheça em algum lugar e ele decida que
eu serei seu novo melhor amigo. Sou uma pessoa simples, que
nunca teve muito dinheiro, e vivo uma vida simples, mas Bill Gates
me oferece sua amizade e me dá seu cartão de crédito, e diz que
agora ele é meu.
Algo muito interessante acabou de acontecer: fui abençoado com
todos os recursos financeiros que Bill Gates tem. Assim como
ganhei os recursos financeiros na forma de cartão de crédito, e
porque Bill Gates me recebeu no seu próprio círculo de amigos, da
mesma maneira recebi todas as bênçãos do mundo espiritual
porque fui inserido na família de Deus por estar em Cristo Jesus.
Chego ao meu apartamento e, todo entusiasmado, digo à minha
esposa que eu sou o novo melhor amigo do homem mais rico do
mundo. Totalmente incrédula, Debi, minha esposa, diz que preciso
parar de sonhar e voltar à realidade. Eu lhe mostro o cartão de
crédito, e ela responde:
— Onde você encontrou isso? Você precisa devolver.
Tento convencê-la de que foi o próprio Bill Gates quem me deu,
porque agora sou seu novo melhor amigo, mas, ainda sem acreditar,
ela diz:
— Você roubou dele?
— Não! Foi ele quem me deu! — eu respondo.
No dia seguinte, estou dirigindo meu carro em alta velocidade, de
forma imprudente, e acabo causando um acidente, totalmente por
minha culpa. Meu carro fica destruído, e eu não tenho seguro para
pagar por um carro novo. Chego em casa envergonhado e me
sentindo culpado, pois sei que minha família realmente precisa de
um carro, e fico repetindo para minha esposa o quanto estou
arrependido pelo que fiz. E ela me diz:
— Cadê seu melhor amigo agora que você precisa dele? Vamos
ver o que ele vai fazer por você agora que você estragou tudo e está
encrencado.
Então, faço o que a maioria dos cristãos faz na sua vida espiritual,
no seu relacionamento com Deus: ligo para Bill Gates, o que
equivale a orar ou pedir a Deus. Quando Bill atende ao telefone,
pergunto se ele se lembra de mim, seu novo melhor amigo, e ele
fica muito animado por eu querer falar com ele. Então, desculpando-
me, eu explico a bagunça que aprontei. Cheio de culpa, vergonha e
autopiedade, eu lhe conto o quanto estou me sentindo mal. Então,
numa aparente (mas falsa) humildade, eu peço que ele compre
outro carro para mim. Digo-lhe que sou um homem simples e
humilde, e que um carro usado, pequeno, bastaria para mim.
Então, depois de me ouvir, Bill desliga o telefone, sem responder.
Fico devastado e confuso com a atitude dele, imaginando se foi
minha imprudência que o levou a ser tão rude comigo. Minha
esposa, que está ao meu lado ouvindo atentamente o que está
acontecendo, pergunta-me novamente o que aconteceu com meu
novo melhor amigo e onde ele está quando eu realmente preciso
dele.
Enquanto isso, Bill está a alguns milhares de quilômetros,
sentado na sua sala de estar ao lado da sua esposa, Melinda, que
lhe pergunta se o homem ao telefone era o novo amigo que ele
tinha conhecido no dia anterior.
— Sim, e ele é um cara muito estranho — ele responde.
E quando Melinda quer saber sobre o que era a conversa, Bill lhe
diz:
— Ontem eu dei a ele o meu cartão de crédito e disse que agora
era dele. Mas ele se recusa a usá-lo e, em vez disso, continua me
pedindo algo que eu já lhe dei e já disse que é dele. É impossível
lhe dar mais do que eu já dei, então, não há mais nada que eu
possa fazer por ele.
Agora, vamos traduzir essa história para o contexto da nossa vida
cristã. Deus escreveu de forma clara em sua Bíblia que Ele já nos
abençoou (isto é, uma ação concluída que não pode mais ser
mudada) com toda e qualquer bênção espiritual nos lugares
celestiais em Cristo Jesus. Contudo, continuamos pedindo a Deus
que nos abençoe, ou dizendo uns aos outros “Deus te abençoe”, o
que contradiz a sua Palavra. Os fatos celestiais são verdades da
Nova Aliança que só poderemos experimentar se tomarmos posse
do que já nos pertence, e eles permanecerão distantes enquanto
continuarmos pedindo a Deus por eles, seja para nós ou para os
outros.
Esse é um princípio que deve ser aplicado em relação a todo e
qualquer fato celestial da Nova Aliança. O que eu deveria ter feito
em relação ao meu carro estragado era rejeitar qualquer culpa ou
vergonha, ir à concessionária, pedir um carro novo, colocar o cartão
de Bill Gates sobre a mesa e, agradecendo, sair da loja. Se tivesse
feito isso, eu teria um carro novo.
Deixe-me explicar como aplico isso na minha própria vida. Eu
agradeço constantemente a Deus, e louvo-o por Ele já ter me
abençoado com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais
em Cristo Jesus. Declaro com ousadia que confio na manifestação
de todas essas bênçãos em minha vida hoje. Confio na
manifestação delas em minha saúde, no meu serviço a Ele, nos
meus relacionamentos e em todas as outras áreas da minha vida.
Ando na experiência da obra consumada da cruz porque parei de
pedir e simplesmente tomo posse do que me pertence.
Quando “bato meu carro” e faço confusão com algo com o que
deveria ter sido mais cuidadoso, eu me achego com ousadia diante
de Deus por causa de quem eu sou em Cristo. Continuo declarando
que sou abençoado, e até nessa situação, as bênçãos não têm
como não se manifestar.
Usei o exemplo do carro para que todos entendam o que estou
tentando dizer, mas, por favor, não limite as bênçãos de Deus aos
bens materiais. Efésios 1.3 diz que já fomos abençoados com todas
as bênçãos espirituais nas regiões celestiais. As bênçãos espirituais
de Deus incluem nossa provisão, mas esse não é o foco da Nova
Aliança, como lhe mostrarei depois.
Como tenho ensinado isso em várias partes do mundo, tenho
visto algo muito estranho. As pessoas estão tão acostumadas a
algumas expressões religiosas e à mentalidade da Velha Aliança,
que quando encerramos uma conversa e nos despedimos, elas já
não sabem mais o que me dizer. Pouco tempo atrás, um pastor me
disse:
— Você já não quer que eu lhe diga “Deus o abençoe”, então,
agora eu não sei como me despedir de você.
— Todo não-crente sabe como fazer isso! — eu lhe respondi,
sorrindo. — Você pode simplesmente dizer “Tchau!” ou, se
realmente quiser me dizer algo gentil e religioso, pode falar “Tchau,
filho abençoado de Deus!”
Onde foi que erramos para nos tornarmos tão estranhamente
religiosos?
20
PUNIÇÃO, DISCIPLINA E CONSEQUÊNCIAS
Quando começam a andar na Nova Aliança, as pessoas têm muita
dificuldade de entender estas três ações: a punição, a disciplina e as
consequências. Contudo, é muito importante distingui-las, caso
contrário, elas podem gerar confusão e muitos problemas na nossa
vida. Antes de explicar sobre elas, quero falar um pouco mais sobre
os fatos celestiais e outra verdade importante.

MAIS “ FATOS CELESTIAIS” , MESMO PRINCÍPIO


Agora, citarei vários fatos celestiais aos quais se aplica o mesmo
princípio que acabamos de estabelecer. Não os peça a Deus, mas,
em vez disso, agradeça a Ele e declare que eles já são seus, crendo
firmemente que, por causa da Nova Aliança, eles lhe pertencem.
Não os considere como promessas, mas como fatos celestiais
totalmente garantidos pela fé. Somente a apropriação pela fé nos
permitirá experimentar o que já nos pertence. Não os transforme em
um futuro distante e inalcançável, tratando-os como se fossem
promessas de Deus. Não olhe para eles como se fossem algo que
Deus lhe dará baseado na Sua fidelidade, mas como algo que Deus
já lhe deu baseado na Sua aliança.
Quero relembrá-lo que uma aliança é um compromisso legal entre
duas partes, que define claramente a maneira como elas devem se
relacionar entre si. Deus se comprometeu com você através de uma
aliança eterna, e Ele não pode quebrá-la, caso contrário, Ele violaria
sua natureza justa, a qual o define como Deus, e então não seria
mais Deus. Quebrando sua aliança, Ele se autodestruiria. Veja estes
fatos celestiais:

Você foi escolhido, de acordo com Efésios 1.4: “Porquanto,


Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis em sua presença”. Como este
é um fato celestial, você jamais poderá ser rejeitado outra vez.
Você foi feito herança, de acordo com Efésios 1.11: “Nele, digo,
em quem também fomos feitos herança2, havendo sido
predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade[...]” (ACF).
Portanto, seu futuro está garantido.
Você está perfeito nEle, de acordo com Colossenses 2.10: “E
estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e
potestade[...]” (ACF) Então, já não há mais lugar para a
insegurança.
Você foi justificado, de acordo com Romanos 5.1: “Portanto,
havendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus, por
meio do nosso Senhor Jesus Cristo”. Então, está tudo certo
entre você e Deus.
Você foi reconciliado, de acordo com 2 Coríntios 5.18: “Tudo
isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por
intermédio de Cristo”. Portanto, Deus sempre estará do seu
lado.

Você recebeu tudo de que precisa para ter uma vida abundante,
de acordo com 1 Pedro 1.2,3: “Graça e paz vos sejam multiplicadas,
no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Seu
divino poder nos concedeu tudo de que necessitamos para a vida e
para a piedade, por intermédio do pleno conhecimento daquele que
nos convocou para a sua própria glória e virtude”. Portanto, é
impossível você não viver uma vida de abundância e piedade se
você ativar este fato celestial através da apropriação pela fé.
Existem muitos outros fatos celestiais, como estes abaixo:
Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te
livrou da lei do pecado e da morte. (Rm 8.2)
[...]à Igreja de Deus que está em Corinto, aos
santificados em Cristo Jesus e convocados para serem
santos, juntamente com todos os que, em toda parte,
invocam o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso[...] (1Co 1.2)
Deus nos ressuscitou com Cristo, e com Ele nos
entronizou nos lugares celestiais em Cristo Jesus. (Ef
2.6)
Contudo, graças a Deus, que sempre nos conduz
vitoriosamente em Cristo, e por nosso intermédio exala
em toda parte o bom perfume do seu conhecimento[...]
(2Co 2.14)
Medite cuidadosamente nessas passagens e tome posse do que
lhe pertence. Estude a Bíblia com atenção e peça ao Espírito Santo
que lhe dê revelação. Peça que Ele retire o véu dos seus olhos para
que você leia a Bíblia apenas com as lentes da Nova Aliança.
Encontre os fatos celestiais, como lhe ensinei, e comece a
agradecer a Deus por eles, e apropriando-se deles pela fé, aja como
se já estivessem em suas mãos. Na Nova Aliança, a vida de oração
deve ser, na maior parte do tempo, agradecer, ouvir, meditar e,
muito ocasionalmente, pedir alguma coisa. Infelizmente, as pessoas
têm interpretado versículos da Bíblia que dizem “peça”, “busque” ou
“encontre” com as lentes da Velha Aliança.
Antes de falar sobre punição, disciplina e consequências, vamos
recapitular o que foi dito no capítulo anterior, que é o segundo
benefício maravilhoso da Nova Aliança. Você lembra o que é? Deus
só se relaciona conosco de acordo com o que somos em Cristo. Ele
se relaciona conosco como filhos, não como escravos, como quem
está “em Cristo”, não “em si mesmo”.
Nossa vida cristã começa com morte, sepultamento e
ressurreição. Quando somos salvos, morremos para a nossa
natureza pecaminosa, somos sepultados com Cristo e
ressuscitamos como novas criaturas em Cristo Jesus. É assim que
Deus nos trata. E a estratégia do inimigo da nossa alma é
continuamente apontar nossas fraquezas e erros do passado.
Quando ele faz isso, também devemos apontar nosso passado para
ele. Nosso passado, ocorrido cerca de dois mil anos atrás, quando
morremos, fomos sepultados e ressuscitamos em novidade de vida!
Veja os dois versículos a seguir, que mostram como Deus nos trata
sob a Nova Aliança.
Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as
coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!
(2Co 5.17)
Deus fez daquele que não tinha pecado algum a oferta
por todos os nossos pecados, a fim de que nele nos
tornássemos justiça de Deus. (2Co 5.21)
Quando Deus olha para nós, Ele vê novas criaturas e pessoas
totalmente justas.

PUNIÇÃO, DISCIPLINA E CONSEQUÊNCIAS


Essas três ações podem ser bem confusas para aqueles que
estão começando a entender e andar na Nova Aliança. Muitas
pessoas ficam intrigadas e fazem perguntas do tipo “Como Deus
pôde matar Ananias e Safira debaixo da Nova Aliança, como vemos
em Atos 5?” As pessoas tentam me convencer de que, sob a Nova
Aliança, o pecado não importa, já que somos justos
independentemente do que façamos, porque, dizem eles, Deus não
pune mais o pecado. Isso está parcialmente correto. Deus não pode
mais nos punir por causa dos nossos pecados, entretanto, o pecado
ainda importa. Não somos punidos por causa dos nossos pecados,
mas certamente somos punidos pelos nossos pecados, porque o
pecado, pela sua própria natureza, é sempre destrutivo.
Sob a Velha Aliança, o pecado era punido porque Deus se
relacionava com o homem baseado na Lei. Sob a Nova Aliança,
Deus só se relaciona conosco baseado no sacrifício de Cristo. Jesus
foi punido por causa de cada um dos nossos pecados passados,
presentes ou futuros. A Bíblia nos diz claramente: “Portanto, agora
não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus”
(Rm 8.1). Não pode haver e jamais haverá qualquer punição para
qualquer pecado na nossa vida, mas pode ter certeza, haverá
disciplina.
Deixe-me mostrar três diferenças entre punição e disciplina. A
primeira é a que vemos no caráter de Deus. Na punição, Deus age
como juiz, enquanto na disciplina Ele age como pai. Isso fica claro
em Hebreus 12.5-12, como veremos com maiores detalhes depois.
É muito simples entender que, por causa do caráter justo e santo de
Deus, Ele precisa punir o pecado, ou todo o resto seria injusto.
Imagine se um dos seus entes queridos fosse assassinado diante
dos seus olhos, e o criminoso fosse pego e levado diante da corte.
Você está lá como testemunha, identifica claramente o assassino e
então espera pelo pronunciamento da sentença. O juiz se vira para
o criminoso e diz: “Eu compreendo que você fez algo errado e
cometeu um crime terrível...” Então continua dizendo que é
bondoso, compassivo e cheio de amor, e, portanto, deixará o
criminoso sair livre. Você ficaria irado e se sentiria enganado, o que
é muito natural.
A justiça sempre requer punição para um crime. Mas uma vez
que Jesus foi punido por causa dos nossos pecados, o que vemos
claramente no trecho de Hebreus que cito a seguir, Deus já não
pode mais agir como juiz em relação a nós.
E por essa determinação, fomos santificados por meio da
oferta do corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez por
todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia,
para exercer seus deveres religiosos, que nunca podem
remover os pecados. Jesus, no entanto, havendo
oferecido para sempre, um único sacrifício pelos
pecados, assentou-se à direita de Deus[...] (Hb 10.10-12)
Talvez seu pai tenha punido você pelos erros que você cometeu,
mas pode ter certeza de que Deus jamais o punirá. Nossa
mentalidade religiosa e o desejo de justiça própria podem,
inconscientemente, querer a punição para aliviar a consciência, mas
devemos rejeitar isso.
A segunda diferença está em quem recebe. Quem recebe a
punição de Deus são os inimigos dele, enquanto quem recebe a sua
disciplina são seus filhos. Deus não quer que ninguém seja inimigo
dele, contudo, infelizmente, muitas pessoas escolhem ser. Em
Romanos, lemos que já não somos inimigos de Deus:
Ora, se quando éramos inimigos de Deus fomos
reconciliados com Ele mediante a morte de seu Filho,
quanto mais no presente, havendo sido feitos amigos de
Deus, seremos salvos por sua vida. (Rm 5.10)
Como somente os inimigos de Deus recebem a sua punição, e já
não somos mais inimigos, mas filhos, agora não há mais punição a
ser temida. Quero que você entenda que esse versículo não está
dizendo que aqueles de quem Deus é inimigo serão punidos. Deus
não é inimigo de ninguém. Infelizmente, as pessoas é que são
inimigas dele, porque recusam seu amor e rejeitam o sacrifício
perfeito da cruz. Vamos imaginar que você me odeie profundamente
e lute contra mim, mas tudo o que eu faço é amar e demonstrar a
minha bondade para com você. Eu sou seu inimigo? É claro que
não, mas você é meu inimigo. A Bíblia mostra isso claramente
quando diz que Deus demonstrou seu amor por nós quando enviou
Jesus para morrer enquanto ainda éramos pecadores (veja Rm 5.8).
Se Ele fosse inimigo dos pecadores, não teria deixado Jesus morrer,
e lá na cruz, Jesus também não teria pedido perdão pelos seus
inimigos.
A terceira diferença entre punição e disciplina está no propósito. A
punição visa ao castigo, enquanto a disciplina visa à redenção.
Quando Deus disciplina seus filhos, dependendo da maneira como
reagem à disciplina divina, ela pode lhes parecer uma punição, mas
pode ter certeza de que não é. O propósito da disciplina é
claramente diferente do propósito da punição. A punição vem da ira
de Deus, enquanto a disciplina vem do seu amor. A punição do
pecador não é para o seu bem, mas para confirmar a natureza justa
de Deus. Sabemos que Deus não deseja punir o pecador. É por isso
que Ele puniu Jesus pelo pecado. O único propósito da disciplina é
o bem e a redenção.

COMPREENDENDO A DISCIPLINA DE DEUS


Se você estudar Hebreus 12 no idioma original, verá claramente
com que amor maravilhoso Deus disciplina seus filhos. Deixe-me
acabar completamente com seu medo da disciplina de Deus. Eu
amo a disciplina de Deus, e tenho suplicado, desde que tinha cerca
de 12 anos de idade, que Ele jamais pare de me disciplinar. Na
verdade, desejo profundamente que Ele me discipline diariamente.
Isso pode lhe parecer estranho, mas você logo concordará comigo.
Vou lhe mostrar através da passagem mais famosa do Novo
Testamento sobre a disciplina de Deus o quanto ela é maravilhosa.
Hebreus 12 fala sobre isso, mas, por questão de espaço, leremos
apenas os versos 5 e 6. Você deve prestar muita atenção a três
palavras, que são “correção”, “repreensão” e “açoite”.
E já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor, e não desmaies quando por ele
fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e
açoita a qualquer que recebe por filho. (Hb 12.5,6 – ACF)
A primeira coisa que precisamos lembrar é que Deus jamais o
disciplina porque você o irritou, o deixou nervoso ou porque Ele
perdeu a paciência com você. Deus jamais fará isso. Ele só tem um
motivo para discipliná-lo, que é o perfeito amor ágape. Ele não
pensa em si mesmo, mas em você e no seu bem. Na disciplina de
Deus, antes de fazer qualquer outra coisa, sua primeira forma de
nos disciplinar é usando a Palavra dele para nos corrigir.
A palavra grega traduzida como “corrigir” significa “ensinar” ou
“treinar usando palavras e instrução”. Deus está fazendo tudo o que
pode para nos ensinar através da sua Palavra. Amo sua disciplina
quando abro a Palavra e Ele fala comigo sobre as áreas da minha
vida que precisam de mudança, seja quando leio sobre o amor ao
dinheiro, perdoar irrestritamente ou algo assim. Quando leio a
Palavra e me submeto humildemente, estou no primeiro estágio da
disciplina. Infelizmente, muitas Bíblias têm uma tradução ruim desse
trecho e dão um tom negativo à Palavra de Deus, mas em 2
Timóteo, lemos:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o
ensino, para a repreensão, para a correção e para a
instrução na justiça... (2Tm 3.16 – NVI)
A palavra grega traduzida como “instrução” vem da mesma raiz
da palavra usada em Hebreus 12 e traduzida como “correção”.
Assim, a primeira forma de disciplina de Deus é sempre a instrução
através da sua Palavra. Todo pai amaria se, ao ensinar o filho
através de uma instrução verbal, ele ouvisse e obedecesse.
Os filhos rebeldes, que se recusam a obedecer, então passarão
por uma pressão mais forte através da disciplina de Deus. Deus
sabe da destruição que a rebeldia e o pecado nos causam, e por
causa do seu profundo amor por nós, se não aprendermos através
da instrução da Palavra, Ele usará a segunda medida (ou estágio)
da disciplina. Lembre-se de que somente se nos recusarmos
obstinadamente a obedecer e persistirmos na desobediência é que
a disciplina ficará mais severa.
Precisamos ter o entendimento claro de que a disciplina de Deus
não tem nada a ver com Ele, mas está totalmente focada em nós.
As pessoas me fazem a seguinte pergunta: Se o pecado foi tratado
na cruz e está perdoado, então por que Deus ainda nos disciplina
por causa dele? É porque Ele entende e sabe o quanto o pecado é
destrutivo em nossa vida. Ele nos ama tão profundamente que não
quer que soframos as terríveis consequências e a destruição que o
pecado causa em nossa vida. Na cruz, somente a punição foi
removida, não as consequências que o pecado sempre carrega.
O arrependimento na Velha Aliança é bem diferente do
arrependimento na Nova Aliança. Na Velha Aliança, quando as
pessoas pecavam, esse pecado fazia com que a ira de Deus viesse
sobre elas, então tinham de se arrepender, recordando o pecado
que haviam cometido. Sob a Nova Aliança é totalmente diferente.
Imaginemos que você descubra no primeiro estágio da disciplina
de Deus, através da Palavra, que você pecou porque foi avarento e
violou a lei do amor. Em vez de recordar seu pecado e tentar
resolver as coisas com Deus através do arrependimento, você se
achega a Ele com ousadia, dizendo: “Pai, perdoa-me porque,
embora o Senhor tenha me libertado do poder da avareza, escolhi
não ser generoso e isso me prejudicou”. Você se arrepende olhando
para o futuro e escolhe ser generoso. Não há condenação no
arrependimento da Nova Aliança, e sim uma mudança de mente que
o leva a viver na vitória da cruz.
O próximo passo na disciplina de Deus será o que, nesta versão
da Bíblia, foi traduzido como repreensão:
E já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a
correção do Senhor, e não desmaies quando por ele
fores repreendido[...] (Hb 12.5 – ACF)
A palavra grega traduzida aqui como “repreensão” significa
“revelar ou trazer à luz”. Se não ouvirmos, obedecermos e nos
submetermos ao que Deus nos fala através da sua Palavra, Ele
então começará a revelar nossa rebeldia. Eu amo a disciplina de
Deus porque todos os dias, quando abro a sua Palavra, entendo
que ela é para minha instrução (disciplina). Quero muito aprender,
submeter-me, obedecer e me render. Seja esperto e responda à
disciplina amorosa de Deus. Caso contrário, por causa do seu
profundo amor por você, Ele trará à luz aquilo a que você
obstinadamente se recusa a obedecer.
Se Deus já passou para o segundo nível de disciplina e nós ainda
continuamos teimosos e rebeldes, Ele continuará a nos disciplinar
em seu infinito amor. No estágio seguinte, Ele nos açoitará, como
diz em Hebreus 12.6: “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita
a qualquer que recebe por filho” (ACF).
Todas as vezes que a palavra traduzida aqui como “açoite” é
usada no Novo Testamento, é com o sentido de “algo que causa dor
física”. A Bíblia não fala qual dor física Deus nos infligirá, mas posso
garantir que Ele faz isso por causa do seu profundo amor por nós.
Deixe-me esclarecer isso aqui para você. Deus não lhe causará
nenhuma dor física por causa de alguma falha sua, ou se você cair
em algum pecado ou tiver momentos de fraqueza. Deus só usa essa
forma de disciplina se Ele já tiver falado claramente com você em
relação a determinado assunto através da Palavra dele.
Se você continuar a rejeitar a instrução divina, por amor a você e
por não querer ver sua vida ser destruída pelo pecado, Ele exporá
sua rebeldia e desobediência para que você perceba seu erro. Se
você continuar cheio de justiça própria e de desculpas, culpando os
outros e se recusando a aceitar a disciplina amorosa de Deus, Ele
usará a próxima e última medida (ou estágio) de disciplina, que é
alguma forma de dor que você realmente sentirá.
Alguém que não gosta da ideia de Deus usar a punição física em
seus filhos me perguntou se eu quebraria a perna do meu filho se
ele me desobedecesse. Respondi que eu quebraria, sim. Ele ficou
chocado com minha resposta, então lhe expliquei que, se eu
ensinasse meu filho, instruindo-o a não correr para uma rua
movimentada, e ele desobedecesse depois de eu ter aplicado todas
as outras formas de disciplina, independentemente do quanto eu
tivesse sido paciente, eu teria que passar a discipliná-lo de forma
mais severa.
Vamos supor que eu tivesse saído para algum lugar com meu
filho e, subitamente, ele corresse para a rua e um caminhão
estivesse vindo direto na direção dele. Era certo que ele atropelaria
e mataria meu filho, que continuava teimando e correndo cegamente
rumo à destruição. Se minha última e única opção fosse pegar um
pedaço enorme de madeira e jogá-lo na perna do meu filho para
quebrá-la e impedir que ele fosse morto, eu definitivamente o faria.
Você não seria um pai amoroso se dissesse: “Bem, sou tão doce
que jamais quebraria a perna do meu filho; eu preferiria deixar que
um caminhão o atropelasse e matasse”. Jamais se esqueça de que
a disciplina na Nova Aliança existe por causa do profundo amor de
Deus por nós. Se eu lhe dissesse que, por estar debaixo da Nova
Aliança, você não tem que se preocupar, independentemente de
como você leva sua vida, eu não dormiria tranquilo, porque teria
mentido para você. Seja esperto e ouça a instrução de Deus.

2 N. da T.: Nas versões bíblicas em português, este versículo diz


que “fomos feitos herança” ou “fomos escolhidos”. Nenhuma versão
em português tem uma tradução compatível com a versão em inglês
usada pelo autor, cuja tradução seria “recebemos uma herança”.
21
A ESSÊNCIA DA NOVA ALIANÇA
Antes de compartilhar com você meus pensamentos finais neste
livro sobre a essência da Nova Aliança, preciso explicar acerca da
importância de compreendermos as consequências das nossas
escolhas. Por não compreenderem bem esse assunto, quando as
pessoas sofrem as consequências das suas escolhas, geralmente
acham que Deus está bravo com elas e está disciplinando-as. Os
cristãos quase sempre culpam Deus ou o diabo quando sofrem as
consequências das suas próprias escolhas, mas precisamos
aprender a deixar Deus fora disso; Ele não tem nada a ver com elas.
A Nova Aliança retira toda a punição de Deus da nossa vida,
como já vimos, mas nem a disciplina de Deus nem as
consequências serão removidas. Se você pular de um prédio e se
machucar, isso não é uma punição de Deus, mas a consequência
da sua escolha. Se você tiver relações sexuais fora do casamento e
contrair uma doença sexualmente transmissível, não é por punição
de Deus. A AIDS não é uma punição de Deus para os
homossexuais ou pessoas promíscuas; é consequência de uma
escolha pessoal.
Se você comer em excesso, não se exercitar, guardar
ressentimento e amargura, abusar do seu corpo e então sofrer
consequências como problemas de saúde, obesidade, problemas
cardíacos, isso não tem nada a ver com Deus. Se eu cometesse
adultério, Deus não me puniria por isso, pois Ele já puniu Cristo por
esse pecado. Entretanto, eu certamente teria que arcar com as
consequências das minhas próprias ações, que dentre outras coisas
poderiam ser a destruição do meu casamento, vida familiar e
ministério. Paulo mostrou isso muito bem em 1 Coríntios, em que
ele nos diz que não é questão de ser permitido ou não, mas de
edificar:
Sim, “tudo é permitido”, porém nem tudo é proveitoso.
Sim, “todas as coisas são lícitas”, contudo nem todas são
edificantes. (1Co 10.23)
Se você gastar demais, viver acima das suas possibilidades e se
endividar, isso não tem nada a ver com punição de Deus através da
pobreza; você simplesmente está sofrendo as consequências das
suas escolhas. Se em vez de estudar a Bíblia e desfrutar da
presença de Deus você escolher passar seu tempo na frente da
televisão, navegando na internet ou acessando mídias sociais, as
consequências naturais serão a falta de conhecimento da Bíblia, de
intimidade com Deus e um ministério fraco.

O UNIVERSO MORAL
Deus criou o universo, e como Ele é um Deus de amor perfeito,
criou um universo moral de amor. Jesus disse aos fariseus, não aos
cristãos, que o Reino de Deus estava dentro deles:
Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando
viria o reino de Deus, respondeu-lhes: “O reino de Deus
não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui!
ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós”. (Lc
17.20,21 – Almeida Revisada Imprensa Bíblica)
É importante observar que Ele nunca disse isso aos cristãos que
estavam no Reino, mas às pessoas que estavam fora dele. Isso
quer dizer que as próprias leis do Reino de Deus estão gravadas
dentro de cada pessoa. Como o Reino de Deus é um reino de amor,
pois essa é a própria natureza de Deus, toda vez que não andamos
em amor, vivemos contra nós mesmos. Sempre haverá
consequências por não andar em harmonia com esse universo
perfeito de amor. Amo o ditado que fala: “Quando não souber o que
fazer, demonstre amor da melhor forma que puder”.
Às vezes, acho que os ratos são mais espertos do que muitos de
nós. Li um artigo sobre uma experiência com ratos, em que os
cientistas os colocavam em um labirinto, e punham um pedaço de
queijo no final. Só havia um caminho correto para pegar o queijo, e
cada vez que um rato entrava pelo lugar errado, ele levava um
choque elétrico leve. O rato nunca entrava no caminho errado duas
vezes e, no fim, pegava o queijo. Mas algumas pessoas, quando
continuam sofrendo as consequências das suas escolhas erradas,
em vez de aprender a lição, acabam repetindo o erro e culpando a
Deus. Isso acaba lhes causando grandes prejuízos, e elas
continuam não conseguindo ter um relacionamento íntimo com
Deus.
Sou apaixonado pela Nova Aliança porque estou convicto de que
ela é a expressão do coração de Deus, mas tenho visto abusos
terríveis em relação à mensagem do evangelho da graça e da Nova
Aliança. As lutas internas que travei antes de me sentar e escrever
este livro foram muito intensas e difíceis, por causa dos abusos que
tenho visto. Mas o fato de alguns abusarem da mensagem da Nova
Aliança, fazendo dela uma licença para pecar, não significa que eu
deva me esquivar dela, e sim ensiná-la corretamente.

A ADVERTÊNCIA PROFÉTICA
Em 2 Timóteo, o apóstolo Paulo nos deu uma forte advertência
em relação aos dias que estamos vivendo agora. Vemos o
cumprimento desse versículo por todos os lados, enquanto o palco
para o aparecimento do anticristo está sendo preparado.
Sabe, entretanto, disto: nos últimos dias sobrevirão
tempos terríveis. Os homens amarão a si mesmos, serão
ainda mais gananciosos, arrogantes, presunçosos,
blasfemos, desrespeitosos aos pais, ingratos, ímpios,
sem amor, incapazes de perdoar, caluniadores, sem
domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores,
inconsequentes, orgulhosos, mais amigos dos prazeres
do que amigos de Deus, com aparência de piedade,
todavia negando o seu real poder. Afasta-te, portanto,
desses também. (2Tm 3.1-5)
Em meio à lista de coisas terríveis que Paulo disse que
aconteceriam nos últimos dias, três delas me chamam a atenção, as
quais estão crescendo desenfreadamente na igreja atualmente.
Todas elas resultam do abuso da mensagem da Nova Aliança. As
três se encontram nos versos 2 e 4, que dizem: “Os homens amarão
a si mesmos, serão ainda mais gananciosos [...] mais amigos dos
prazeres do que amigos de Deus”.
Mais de 35 anos atrás, eu estava numa reunião onde um amigo
de Kenneth Hagin, um grande homem de Deus e restaurador da
mensagem da fé para a igreja, estava dizendo que, num encontro
com o Sr. Hagin, este lhe disse, em meio às lágrimas, que preferia
morrer a ter que testemunhar as pessoas abusando dos seus
ensinamentos sobre a fé para alimentar a cobiça e o egoísmo.
Pessoas egoístas sempre abusarão da verdade da Palavra de
Deus para seu próprio proveito. Todavia, a Nova Aliança ainda é o
centro do coração de Deus, e a religião, que é do diabo, é uma
distorção do maravilhoso caráter de Deus. Portanto, continuarei
ensinando fielmente sobre a Nova Aliança.
A essência da Nova Aliança não são as bênçãos ou as coisas
que podemos obter de Deus, mas um relacionamento. Vejamos o
anúncio profético da Nova Aliança, que está no capítulo 8 de
Hebreus:
“Esta é a aliança que farei com a casa de Israel,
passados aqueles dias”, garante o Senhor. “Gravarei as
minhas leis na sua mente e as escreverei em seu
coração. Eu lhes serei Deus, e eles serão o meu
povo[...]” (Hb 8.10)
Aqui podemos ver claramente que a mensagem central da Nova
Aliança não são bênçãos, provisão, proteção, saúde e outras coisas
maravilhosas que ela envolve, mas é nosso relacionamento com
Deus. Quando fala sobre a Nova Aliança, Deus diz: “Eu lhes serei
Deus, e eles serão o meu povo”. Isso tem tudo a ver com
relacionamento.
Imagine que você seja um multimilionário, todo entusiasmado
com o dia do seu casamento. Sua bela noiva anda pela nave da
igreja, para ao seu lado, o ministro começa a cerimônia, e ela
sussurra para você: “Diga a ele para fazer essa cerimônia logo
porque quero ir para casa e finalmente ter acesso à sua conta
bancária”. Você sentiria uma dor muito profunda, certo? Do mesmo
modo, Deus, que nos ama com tanta paixão e nos deu o que Ele
tinha de mais caro, que era a vida do seu precioso filho, Jesus
Cristo, a fim de nos inserir nesta aliança, sente uma dor profunda no
coração quando seus filhos abusam da Nova Aliança.
O principal propósito de Deus na Nova Aliança é conquistar nosso
coração, e não tem nada a ver com as coisas que obtemos dele
como benefício desta aliança. Muitos versículos da Bíblia têm sido
distorcidos e manipulados com muita esperteza para mudar o foco
da Nova Aliança do relacionamento para os benefícios e bens
materiais.

O PROPÓSITO ORIGINAL DE DEUS


Na Carta aos colossenses, Paulo nos diz qual foi o propósito
original de Deus ao criar o homem:
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre
toda a criação; porquanto nele foram criadas todas as
coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos ou dominações, sejam governos ou
poderes, tudo foi criado por Ele e para Ele. (Cl 1.15,16)
O Senhor nunca nos criou para o nosso próprio prazer, mas
especificamente para Ele mesmo. Nós existimos para o prazer dele,
e não Ele para o nosso. Jamais fomos criados para as coisas, mas
para uma pessoa, que é Deus. Através da Nova Aliança, Deus
restaura o homem de volta ao seu propósito original da criação, que
é viver num relacionamento íntimo com Deus. Por causa da
natureza de Deus, que é perfeito, altruísta e bom, Ele não nos força
a nos relacionarmos com Ele, nem nos manipula, mas espera que
escolhamos fazer isso voluntariamente.

O SUPREMO ENGANO
Desde o início, o diabo tem enganado, começando por Eva,
levando-a a pecar. Paulo fala sobre isso na segunda carta aos
coríntios:
Entretanto, receio que, assim como a serpente enganou
Eva com sua astúcia, também a vossa mente seja de
alguma forma seduzida e se afaste da sincera e pura
devoção a Cristo. (2Co 11.13)
No versículo acima, podemos ver claramente que Eva pecou
porque foi enganada. Quando lemos Gênesis, vemos como esse
engano agiu:
Quando a mulher observou que a árvore realmente
parecia agradável ao paladar, muito atraente aos olhos e,
além de tudo, desejável para dela se obter sagacidade,
tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que
estava em sua companhia, e ele igualmente comeu. (Gn
3.6)
O diabo levou Eva a pensar e crer que havia prazer fora de Deus.
Deus já havia lhe dado tudo de que ela precisava para ter uma vida
incrível, mas, enquanto ouvia a voz do maligno, ela começou a
acreditar que algo que lhe daria prazer estava sendo negado a ela.
É engano acreditar que podemos encontrar satisfação fora do nosso
relacionamento com Deus.
Creio que exista um engano supremo que é acreditar que a graça
e a Nova Aliança são meios para obter coisas que nos darão
satisfação além da que podemos encontrar no nosso
relacionamento com Deus. Você se lembra das três características
das quais Paulo falou? Amar a si mesmo, o dinheiro e o prazer. Com
o coração partido, sentindo a dor do próprio Deus, eu lhe imploro,
não abuse da maravilhosa Nova Aliança para satisfazer seu ego,
por dinheiro ou por prazer. Compreenda que o desejo da Nova
Aliança é que você se renda ao Deus que o ama, entrando e
permanecendo num relacionamento de amor e intimidade com Ele.
Todos os benefícios serão seus e você aprenderá a ter acesso a
eles pela fé.

BUSCANDO O PRAZER DENTRO E FORA


As pessoas que têm caído no engano supremo, que é abusar da
Nova Aliança por causa do ego, do dinheiro ou do prazer, tentam
obter prazer tanto dentro quanto fora da igreja. Permita que eu lhe
explique essa afirmação. As pessoas têm saído da igreja para
encontrar prazer no mundo. São essas que, muito claramente, estão
abusando da Nova Aliança e tentando encontrar prazer fora da
igreja.
Há outras que, por várias razões, não deixaram a igreja, mas
ainda assim caíram no engano supremo. Elas agora estão tentando
buscar o prazer dentro da igreja, o que é muito mais perigoso, por
ser mais sutil. Essas pessoas podem citar quantos versículos você
quiser para provar que seu estilo de vida é certo e aprovado por
Deus.
Deus é um Deus amoroso e se relaciona conosco de coração
para coração, como vemos em Hebreus:
Esta é a aliança que farei com a casa de Israel, passados
aqueles dias”, garante o Senhor. “Gravarei as minhas leis
na sua mente e as escreverei em seu coração. Eu lhes
serei Deus, e eles serão o meu povo, ninguém jamais
precisará ensinar o seu próximo, nem o seu irmão,
dizendo: ‘Conhece o Senhor’, porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até o maior. (Hb
8.10,11)
Podemos fazer um teste bem simples para ver se temos caído
nesse engano ou não. Observe honestamente sua vida e analise o
que você tem pedido a Deus e do que tem se apropriado. Talvez
seja saúde, provisão e restauração de um relacionamento, um
ministério ou qualquer outra coisa. Então, honestamente, sonde seu
coração e descubra qual é sua motivação para desejar essas coisas
específicas. Se a resposta for qualquer coisa diferente de “para a
glória de Deus”, ela está errada. Paulo nos disse que tudo o que
fizermos, devemos fazer para a glória do Senhor (veja 1Co 10.31).
Já vi pessoas que começaram a servir ao Senhor com paixão e
fervor porque a Nova Aliança conquistou o coração delas. Anos
mais tarde, sutilmente e sem que elas notassem, o ministério se
tornou mais importante do que a intimidade delas com Deus. Não
podemos permitir esse engano em nossa vida. Assim como Deus
deseja ter intimidade conosco, também devemos desejar ter
intimidade com Ele. Entendi que esse é um belo ciclo. O desejo é
uma escolha. As escolhas seguem o desejo, e por sua vez nos
fazem desejar ainda mais. É fácil identificar isso no natural. Por
exemplo: escolhemos desejar mais comida do que precisamos. Uma
vez que abrimos nosso coração, escolhendo esse desejo, as
escolhas por mais comida passam a controlar nosso apetite. Quanto
mais comemos, mais queremos e, antes de que percebamos, já
estamos obesos. Você pode aplicar isso ao dinheiro e aos bens
materiais, ao comportamento sexual, na verdade, a quase tudo.
Vamos aplicar à Nova Aliança, que expressa o desejo de Deus de
ter intimidade conosco. Deus escolheu nos desejar, a escolha de
sacrificar seu precioso filho veio em seguida, e agora seu desejo por
nós é insaciável. Agora é nossa vez de responder a Ele. Você deve
escolher desejá-lo. Depois disso, as escolhas naturais, como passar
tempo com Deus e se render totalmente a Ele se seguirão. Isso, por
sua vez, aumentará seu desejo por Ele, e você estará num
maravilhoso ciclo do relacionamento de amor da Nova Aliança.
Quando o Novo Testamento fala sobre desejo, não está falando
de sentimento, mas mais precisamente de uma escolha.
Infelizmente, na mente de muitos cristãos, o desejo está associado
aos sentimentos, e não a uma escolha. Há dois versículos que
mostram muito claramente que o desejo é uma escolha em vez de
um sentimento. Em ambos, os verbos que indicam a ação de
desejar estão escritos na voz ativa, o que significa que é algo que
fazemos muito mais do que algo que sentimos.
Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais,
mas principalmente o de profetizar. (1Co 14.1 – ACF)
[...]desejai o puro leite espiritual, como crianças recém-
nascidas, a fim de crescerdes[…] (1Pe 2.2)
Espero que as páginas deste livro tenham despertado em você
um anseio por andar na Nova Aliança. Se ele foi útil para você, por
favor, recomende-o a outras pessoas e coloque-me em suas
orações. Você também pode me seguir no Facebook. Oro para que
você viva em intimidade com o Senhor, desfrutando da Nova
Aliança. E nunca se esqueça...
Está consumado!

Você também pode gostar