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Primeira edição:maio de 1977

Segunda edição:abril de 1979


Terceira edição:outubro de 1980
COMO ACHAR A VONTADE DE DEUS

Parte I - por Ralph Mahoney

DOIS EXTREMOS

“Pois, enquanto os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria” (I Co 1:22).


Existem no mundo hoje duas espécies de pessoas. Uma classe, semelhante aos gregos,
é intelectual. Quando uma pessoa desta classe se converte, ela se prende mais ao aspecto
intelectual do evangelho. Podemos dizer que estas pessoas aceitam mais o lado objetivo das
coisas. Estão acostumadas a interpretar e a estudar as coisas conforme as exigências da sua
razão, e trazem esta tendência para sua vida espiritual também.
Outra classe de pessoas se assemelha aos judeus. Estas são tendentes, por natureza,
ao lado subjetivo das coisas. São emocionais, baseiam suas opiniões e ideias em experiências e
sentimentos. No evangelho também elas reagem mais a um sinal ou milagre que a uma
apresentação lógica dos fatos. Na vida cristã, elas buscam experiências, sentimentos, curas, e
fenômenos sobrenaturais.
Deus tem usado ministérios diferentes no mundo espiritual. Alguns têm uma ênfase
mais lógica, intelectual, ou objetiva nos seus ministérios. Outros possuem sinais e milagres.
Deus tem um lugar para todos. A contribuição de cada um é importante.
Ao mesmo tempo, é perigoso ir a um ou outro extremo. Atualmente vivemos numa
sociedade dominada por materialismo, razão humana, e intelecto natural. Todos andam atrás
de sabedoria e conhecimentos. No meio da renovação da igreja, que Deus está trazendo
através do derramamento do seu Espírito em todo o mundo, muitos intelectuais têm sido
atingidos. Tendo já procurado conhecer a Deus por meio da sua razão, cheios de diplomas e
títulos, descobriram que tudo isto só produz morte. Porém, ao encontrar o outro lado da
verdade, e a realidade de uma experiência viva com Deus através do Espírito Santo, correm o
risco de ir ao outro extremo. Muitas vezes saem do intelectualismo para entrar no misticismo.
Começam a dar ênfase apenas aos aspectos subjetivos do cristianismo. Isto tem ocorrido
também com os jovens modernos. Antes de se converterem, reagindo ã sociedade
materialista, recorriam a drogas e outras experiências para fugirem da frieza e do vazio
oferecidos pela sabedoria natural e impessoal. Depois, quando convertem, são encantados
pela experiência transbordante e sobrenatural que encontram no Espírito. Passam também ao
extremismo das experiências subjetivas do cristianismo e ignoram os aspectos objetivos.
Se você viver no extremo subjetivo, vai acabar em misticismo e orientação falsa. Se
você viver no extremo objetivo e intelectual, vai murchar e secar. A letra mata. E possível
possuir poder — tanto poder que você explode! E possível possuir sabedoria — tanta
sabedoria que você se resseca e morre! Mas nós não queremos ir a nenhum dos dois
extremos.
Em Mateus 22:29, Jesus disse aos fariseus:“Errais, não conhecendo as Escrituras nem o
poder de Deus”. E possível conhecer apenas as Escrituras - e secar-se completamente. E
possível também conhecer apenas o poder sobrenatural de Deus — e sofrer uma explosão na
sua vida. Nas se você conhecer as Escrituras e o poder de Deus, irá crescer e amadurecer. Pois
este é o propósito de Deus:que todos nós cresçamos até a medida da estatura de varão
perfeito (Ef 4:14).
Qualquer cristão que estiver andando neste caminho de crescimento e
desenvolvimento espiritual, agindo na dimensão de uma fé viva, e obedecendo ã palavra do
Senhor para a sua vida, enfrentará, dia a dia, a necessidade de descobrir a vontade de Deus em
situações concretas e urgentes. O próprio crescimento, as bênçãos do Senhor, e o progresso
espiritual trazem a necessidade de orientação divina, a fim de dar o passo seguinte e pôr em
pratica aquilo que Deus vai revelando.
Neste campo de orientação divina nós encontramos os dois extremos já mencionados.
Podemos buscar a direção de Deus usando o nosso próprio intelecto e raciocínio como
instrumento básico. Por outro lado, podemos ir ao extremo do misticismo.

Podemos ser tão místicos e super espirituais que busquemos a direção do Espírito até
para saber qual vestido devemos vestir hoje! Ou qual alimento devemos preparar para o
almoço! Absurdo? É uma realidade. Pois o povo de Deus anda, na maior parte, em extremos
sem saber como ser guiado pelo Senhor.
Portanto, a fim de entendermos claramente a vontade de Deus é necessário conhecer
estes dois lados do assunto:o racional e o místico. Paulo diz em I Co 14:10 que no lado místico,
ou subjetivo, existem muitas vozes, vários tipos de vozes, cada uma com seu significado
próprio. Se você estiver aberto para este tipo de experiência, poderá ouvir muitas vozes. O
importante e saber quais vêm de Deus e quais devem ser rejeitadas. Para isto você vai precisar
da sabedoria divina e de amadurecimento.
Alguns ouvem toda espécie de voz e não discernem entre uma e outra. Outros vão ao
extremo oposto e são tão lógicos, tão racionais, tão prudentes e cautelosos que rejeitam toda
experiência subjetiva da vida cristã. Perdem, desta forma, um dos elementos indispensáveis da
fé, que é o risco de fracassar. Pois fé não opera no nível visível onde você pode provar,
apalpar, e verificar cuidadosamente as possibilidades antes de dar o passo. Pelo contrário,
você da um passo no escuro, pisa no que é invisível - e acontece o impossível! Como ocorreu
isto? Pela fé. Fé é o elemento que você mistura com uma situação ou ação que seria loucura e
bobagem no natural, mas que com a fé se torna possível e ao seu alcance.
Agora, a fé precisa de um fundamento. Ela tem de ser baseada em alguma coisa.
Porque se você agir “pela fé” quando a sua fé não tem uma base solida, ela deixa de ser fé. E
presunção! Especialmente em se tratando de orientação divina, ao procurar a vontade de Deus
para nossas vidas e decisões, podemos ser presunçosos se agirmos sem um fundamento para
nossa fé, ou sem saber de onde vem a nossa direção. Por isto queremos mostrar pela palavra
de Deus um caminho equilibrado, entre os extremos do misticismo e do racionalismo, onde
você pode com segurança ser guiado pelo Senhor e conhecer com clareza a sua vontade.
NAVEGAÇÃO NA VIDA CRISTA

Uma pequena ilustração poderá servir para nos ajudar a entender melhor este assunto
de orientação divina. Quando um navio vindo do oceano se aproxima de um porto, o
timoneiro tem que tomar muito cuidado e usar muita perícia para levar o navio com segurança
ate o seu ancoradouro. Para ajudar o timoneiro a evitar os perigos das águas litorâneas e
rasas, o porto tem uma serie de luzes instaladas na água e no litoral, a fim de orientá-lo e
informá-lo, a cada momento, da sua posição. Para o timoneiro saber que está guiando o navio
no caminho certo, livre de todos os perigos, tem que estar sempre numa posição tal que todas
as luzes estejam enfileiradas. Quando ele olha para aquelas luzes, e vê uma só, é porque elas
estão todas alinhadas. Enquanto as luzes estiverem assim, ele sabe que o navio está
percorrendo a trajetória certa. A direita pode haver o casco de um navio submergido a poucos
metros da superfície. Porem, ele não vai se chocar com este obstáculo porque ele está com
todas as luzes alinhadas. A esquerda pode haver algumas minas deixadas no tempo da guerra
que poderiam explodir debaixo do navio. Mas o timoneiro não vai passar por cima delas
porque está com todas as luzes enfileiradas. E seguindo desta forma, mantendo sempre a sua
direção através destas luzes, o navio chegará seguro sem perigo de naufrágio.

Deus tem nos dado também algumas luzes para nos ajudar a navegar no meio dos
perigos da nossa experiência cristã. Através destas luzes nós podemos ter orientação segura e
descobrir em cada circunstancia a vontade de Deus. Vamos estudar sete destas luzes para que
você encontre o caminho claro sem perigo de naufrágio.
1. CONVICÇÃO INTERIOR

Vamos chamar a primeira luz que Deus nos da para a nossa orientação de “Convicção
Interior”. Encontramos esta luz em Atos 16:10. Nesta passagem, Paulo tentara entrar na Ásia,
porem Deus queria que ele fosse a outro lugar. Paulo precisava de orientação. Como a
recebeu?

“Assim que teve a visão, imediatamente procuramos partir para aquele destino,
concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho.”

Que aconteceu com Paulo? Ele recebeu uma convicção interior, uma certeza de que
Deus queria que ele fizesse uma determinada coisa. Por duas vezes o Espírito havia impedido
que ele entrasse na Ásia, e agora o Espírito lhe deu uma visão de um homem da Macedônia
que lhe dizia:“Venha para cã, ajude-nos”. Quando Paulo viu isto, falou:“Agora estou
convencido que Deus quer que vamos a Macedônia”.

Onde se iniciou a sua orientação? Na sua convicção interior sobre o que ele sentia ser
a vontade de Deus. Podemos chamar isto de “testemunho do Espírito”, ou outro nome
qualquer. Mas o importante é saber que antes de qualquer outra luz de orientação, você
precisa ter uma certeza interior sobre a vontade de Deus. Deus põe a responsabilidade sobre
você mesmo em primeiro lugar, para descobrir a sua vontade, Se você confundir a ordem das
luzes e tentar usar uma antes da outra numa ordem que não seja a ordem de Deus, entrará em
escuridão e confusão nas suas tentativas de descobrir a vontade de Deus.
Há muitos hoje que correm de um lado para outro em busca de ministérios proféticos,
colocados por Deus no corpo de Cristo, para que lhes possam fornecer uma direção nas suas
vidas. Dizem: “Irmão, dê-me uma palavra do Senhor!”
Às vezes podemos procurar estes ministérios quase da mesma maneira que alguém
procuraria um adivinho ou feiticeiro. É por causa de um conceito errado. Em primeiro lugar,
antes de qualquer outro passo, descubra o que Deus quer que você faça. Só então é que você
poderá buscar confirmação.
Você pode fazer isto passando um período de tempo esperando em Deus com um
coração puro e fervoroso, orando e buscando a Deus até que no seu espírito venha uma
convicção de que é isto que eu sinto de Deus para esta decisão na minha vida. Mão é
necessário ter certeza absoluta, mas deve ser uma convicção forte sobre aquilo que Deus quer
que você faça.
Não é possível enfatizar demasiadamente o fato de que este é o verdadeiro ponto de
partida em qualquer busca de orientação divina. Se você partir pela direção dos outros, é
quase certo que terminará em confusão. É preciso que você seja firme primeiro em seu
próprio coração, entre você e Deus, para que depois procure confirmação.
2. AS ESCRITURAS

Nenhuma direção de Deus, em hipótese alguma, contradirá os princípios que temos


revelados nas Escrituras. 0 segundo passo consiste, portanto, de um exame das Escrituras para
se obter nelas uma confirmação objetiva para nosso sentimento ou convicção subjetiva.
Primeiro eu tenho um sentimento subjetivo daquilo que eu sinto que é a vontade de Deus para
mim. Depois eu meço este sentimento à luz das Escrituras.

À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva! (Is
8:20). A lei e o testemunho representam as Escrituras. Se alguém não falar segundo a palavra
escrita, é porque não hã nele luz alguma. Qualquer sentimento que não estiver de acordo ou
em harmonia com as Escrituras não vem de Deus. Estamos alinhando as primeiras duas luzes
para verificar se estamos eu não no percurso correto. Conforme vemos em 1 Co 14:10 hã
muitas vozes, e uma voz que não falar de acordo com a palavra escrita certamente nos levará a
um desvio do plano de Deus.
Muitas pessoas recebem hoje todo tipo de orientação e sentimentos. Alguém
diz:“Deus está me mostrando que minha companheira no ministério não é a minha esposa - é
aquela outra irmã. Nós temos plena comunhão. Nossos ministérios complementam um ao
outro”.
Você acha que Deus pode orientar assim? As Escrituras mostram claramente que não.
Portanto toda direção subjetiva deve ser conferida com a palavra escrita. Às vezes cristãos
baseiam todas as suas decisões inteiramente nos seus sentimentos subjetivos. Os jovens
costumam dizer:“Eu estou sentindo que devo me casar com fulana”.
Este tipo de sentimento é muito suspeito! Se você tomar uma decisão como está,
baseando-se unicamente num sentimento, estará num território extremamente perigoso.
Precisamos das Escrituras e de outras luzes que ainda vamos citar a fim de andarmos seguros.
Imagine se você fosse um piloto, preparando-se para aterrissar, e encontrasse apenas
uma luz na pista. Uma luz não lhe daria orientação nenhuma, pois de qualquer ângulo que
você viesse, veria a luz da mesma maneira. As consequências de tal situação seriam
catastróficas! Aprendamos esta lição também na vida espiritual. E perigoso navegar com
apenas uma luz!
3. CONFIRMAÇÃO PROFÉTICA

Uma terceira luz que Deus pode nos dar para confirmar nosso sentimento inicial sobre
a vontade dele é a confirmação profética ou a confirmação através de profecia. As Escrituras
são uma confirmação objetiva enquanto que a profecia é uma confirmação subjetiva.
Em Atos 21:10-13 temos uma ilustração disto. O profeta Ágabo está confirmando
através de profecia algo que Paulo já sabia (Atos 20:23). É um bom sinal do nível da igreja do
Novo Testamento o fato de que em cada cidade aonde Paulo ia os dons estavam em
funcionamento e o Espírito lhe assegurava que cadeias e tribulações o esperavam em
Jerusalém.
Ainda em Atos 21:4, em outro lugar, os discípulos foram movidos pelo Espírito para
recomendar a Paulo que ele não fosse a Jerusalém. Aqui temos, então, três passagens, todas
confirmando a mesma coisa. Todas representam esta confirmação subjetiva, ou seja, uma
palavra sobrenatural. Não foi uma palavra intelectual, que poderia ser conhecida
naturalmente. Foi uma palavra discernida espiritualmente.
Agora, poderíamos perguntar se Paulo estava certo ou não em ir a Jerusalém assim
mesmo. Atos 21:4 diz que os discípulos lhe recomendaram “pelo Espírito” a não ir. Paulo foi
assim mesmo. Algumas pessoas são da opinião que Paulo era um apóstolo “cabeça-dura” ou
obstinado. Pode ser que isto seja verdade. Pois todo ministério ou dom se encontra num vaso
de barro. Paulo começou se considerando como “em nada... inferior aos mais excelentes
apóstolos” (2 Co 11:5) e terminou escrevendo em Ef 3:8 que era “o menor de todos os santos”.
Você não acha que ele progrediu?
De qualquer maneira, se Paulo foi certo ou se ele foi “cabeçudo”, a verdade é que
estas passagens demonstram a importância da confirmação através de profecia. E a ordem
certa é que homens falam pelo Espírito para confirmar uma convicção interior coerente com as
Escrituras. Se você trocar a ordem, entrara em grandes problemas. Pois muitas pessoas
procuram primeiro uma profecia, depois buscam uma passagem para confirmar a profecia,
para em último lugar convencer a si próprias de que aquela é realmente a vontade de Deus.
Esta é a ordem errada, e se você seguir as luzes desta maneira, aterrissara no lado errado do
aeroporto, com desastre certo. Pois a primeira obrigação de uma pessoa que estiver buscando
uma direção de Deus é conhecer, ela própria, o que Deus quer sem nenhum outro
intermediário.
E claro que este é um princípio geral, e poderá haver situações excepcionais em que
Deus atue de maneira diferente. Mas normalmente deverá vir em primeiro lugar a certeza
interior através de uma busca real do Senhor, esperando nele em submissão completa ã sua
vontade; depois um alinhamento deste sentimento com as Escrituras para ver se estas o
aprovam; e finalmente poderá vir uma confirmação profética. Quando a confirmação profética
vem nesta ordem, ela aumenta tremendamente a sua fé, pois mostra que você realmente
ouviu de Deus e está andando no centro da sua vontade.

Agora, quando uma profecia vem sobre alguém que não descobriu primeiro por si
mesmo o que Deus quer, ela será uma palavra que cai sobre terra que não produz fruto. Pois
se a palavra não foi do agrado pessoal dela, a pessoa pode dizer que quem profetizou foi um
falso profeta. No entanto, o fato até de uma palavra profética não se cumprir não prova que
ela era falsa. O profeta pode ter revelado a vontade de Deus para aquela vida, mas não
estando preparada, ele não permitiu que a palavra se cumprisse e produzisse o fruto
esperado. Pois não tendo buscado a Deus primeiro, a palavra não foi confirmada ao seu
coração, e consequentemente a pessoa não a seguiu.
Podemos ilustrar este princípio em Atos 13:1, 2. Na igreja em Antioquia havia certos
profetas. No Novo Testamento um profeta era um homem que operava nos dons de
revelação: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, discernimento de espíritos, e
muitas vezes o próprio dom de profecia. Deus pôs cinco ministérios na igreja: os apóstolos
para fundar, os profetas para revelar, os evangelistas para ajuntar, os pastores para zelar, e os
mestres para ensinar. Em Atos 13 havia profetas e mestres. Estes ministérios são
complementares — precisam um do outro. Enquanto eles ministravam ao Senhor, o Espírito
Santo disse: “Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At
13:2).
Como foi que o Espírito falou? Através dos profetas. Por que ele falou: “... a obra a que
os tenho chamado”? Você pode perceber o que se implica neste tempo do verbo?
O Espírito já havia falado com Barnabé e com Saulo. Os profetas agora estavam
confirmando o que eles já tinham recebido diretamente do Espírito. Portanto, i essencial que
você tenha um encontro pessoal com Deus neste assunto de orientação divina, antes de
buscar uma palavra de outras fontes. Nesta ordem você recebera a palavra profética como
confirmação e saberá que está sendo guiado por Deus. Na ordem errada você não terá
segurança e poderá ser levado a sair da vontade do Senhor.

4. CONSELHO PIEDOSO

A quarta luz é rejeitada por muitos cristãos hoje — e consequentemente muitos estão
naufragando espiritualmente. Salomão disse, mil anos antes de Cristo: “Na multidão de
conselheiros hã segurança” (Pv 11:14).
Há uma ideia hoje no meio dos cristãos que é mais ou menos assim: “A ordem do rei é
urgente (1 Sm 21:8); portanto, seja o que for que você estiver fazendo, faça-o com urgência”.
Nas um exame do contexto desta passagem revela que a ordem do rei que exigiu pressa foi
uma ordem falsa! Geralmente um serviço que exige pressa é um serviço desonesto, algo que
deve ser realizado às escondidas. Mas Isaías diz:“Aquele que crer não se apresse” (28:16). Se
um espírito apressado começar a agir em você, e um sinal certo de que você está prestes a
errar e a perder a orientação certa de Deus. Tenha cuidado daquele senso de pressão sobre
você, daquela pressa que o leva a pensar que deve agir agora e que não hã tempo para buscar
o conselho piedoso. Isto tem levado muitas pessoas a naufragarem.
Na multidão de conselheiros há segurança. Agora, isto não significa que a Maria com
quinze anos deve buscar conselho da Suzana com dezesseis anos. Estou me referindo a
conselho que vem de Deus através de homens que têm andado com Deus por muitos anos,
que conhecem os seus caminhos e adquiriram conhecimento espiritual. Um homem que tenha
estas qualificações poderá ouvir o seu dilema ou problema e discernir quase imediatamente se
você está andando na direção certa ou se está caminhando para um desastre espiritual.
Você terá muito mais segurança na sua vida espiritual, e nas decisões que você tomar,
se puder parar o tempo suficiente para buscar, ouvir, e meditar no conselho que vem de um
homem com vários anos de experiência com Deus. Será uma verdadeira luz que o ajudará a
navegar na sua vida espiritual. Mesmo que você já tenha uma convicção interior, em harmonia
com as Escrituras, e que foi confirmado profeticamente; o conselho piedoso ainda se constitui
um elemento essencial para encontrar a vontade de Deus.
Com toda diligência, portanto, busque alguém que possa lhe dar este conselho.
Porém, de maneira nenhuma receba conselho de neófitos. Você sabe o que é um neófito? É
um novo convertido, com um ou dois anos de conversão, com pouca experiência com o
Senhor, que em pouco tempo se transformou em um conselheiro perito nas coisas de Deus.
Ele tem resposta para tudo! Mas o seu conselho não tem o fundamento de um conhecimento
espiritual e real dos caminhos de Deus, e poderá se tornar um verdadeiro laço para desviar os
outros da vontade de Deus. Conselho piedoso vem de homens experientes, tementes a Deus,
que estão andando com Deus, e têm andado com ele por muitos anos.
5. A EVIDÊNCIA DAS CIRCUNSTANCIAS
Esta luz nem sempre aparece quando estamos buscando a vontade de Deus. Hã
ocasiões, até, em que você tem que se esquecer de todas as circunstâncias e obedecer a voz
de Deus. Todas as circunstâncias podem ser contrárias e ainda não invalidar a orientação que
Deus lhe tem dado. Hã outras vezes, porem, em que ao andar no centro da vontade de Deus,
você notara que as circunstâncias confirmam a sua orientação. Deus pode dar evidência
através de circunstâncias, de que você está andando de acordo com a sua vontade.
Em 1963 o Senhor falou comigo e com a minha esposa que deveríamos nos mudar
para o Oeste dos Estados Unidos, Fomos às imobiliárias e todas nos informavam que
gastaríamos um ou dois anos para vender a nossa casa devido à crise econômica. Porém, eu
falei com a minha esposa: “Estou certo que Deus pode vender a nossa casa, com boas
condições de venda, num prazo curto — até em duas semanas!”
Foi exatamente o que aconteceu. Tivemos quatro compradores interessados e o que
realmente comprou a casa deu metade do valor ã vista. Isto era muito difícil de acontecer, pois
via de regra a entrada de casas baratas era muito pequena. Portanto, para nós esta era uma
evidência das circunstancias confirmando que Deus estava realmente dirigindo a nossa
mudança.
Agora, é importante relembrar que nem sempre ocorre assim. Hã ocasiões em que
todas as circunstancias são contrárias, mas você tem a palavra de Deus bem clara no seu
coração. O fato de ter um Mar Vermelho a sua frente não significa que você não vai conseguir
atravessa-lo. Deus o trouxe até este ponto e ele mesmo ha de providenciar um meio para
passar. Se você tiver a sua palavra, pode ir em frente, que ela se cumprirá indiferentemente de
circunstancias contrarias.
No livro de Josué, ao atravessar o rio Jordão, os sacerdotes tiveram que pôr os seus
pés na água para que esta abrisse diante deles. Se você tiver a certeza da palavra do Senhor e
da sua direção na sua vida, você andara até no meio do rio Jordão, sem medo, e as águas hão
de se abrir diante de você. A palavra do Senhor e capaz de mudar as circunstâncias!
Mas eu gostaria também de dar uma advertência: é possível entrar no rio Jordão e
afogar! Porque se você não tiver a palavra do Senhor, não adianta tentar mudar as
circunstâncias. Sem a certeza da direção de Deus, não e fé ir em frente sem olhar para
evidências externas - é presunção! Por isto é importante entender como as circunstâncias
podem nos servir também de luz para a nossa navegação a fim de estarmos sempre no centro
da vontade de Deus.

6. A PAZ DE DEUS

Esta luz é muito importante na nossa busca da vontade de Deus, Primeiro devemos
fazer uma distinção:a paz com Deus e a paz de Deus são duas coisas diferentes. Quando você e
justificado pela fé (Rm 5:1), ou salvo, você recebe paz com Deus. A paz de Deus vem como
resultado do seu andar em obediência a vontade de Deus.
“Não andeis ansiosos de coisa alguma...” E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus (Fp 4:6, 7). A
palavra “guardará” significa também “juiz” ou “arbitro”. Esta paz de Deus tem a função de
“juiz” ou “árbitro” em nossos corações. Qual a função de um juiz num jogo? Dizer o que está
certo, de acordo com as regras, e o que está errado. O juiz descreve a situação como ela
realmente é.
Como é que a paz de Deus age na função de um juiz? Vou mostrar. Em primeiro lugar,
quando você chegar a um ponto na sua vida onde você precisa tomar uma decisão, meu
conselho é: tome uma decisão! Em outras palavras, ao mesmo tempo em que não devemos ter
pressa em excesso, não devemos ficar numa encruzilhada por dez anos, com medo de errar1.
Quando você estiver enfrentando uma decisão, submeta-a ao Senhor, ore a ele, busque a sua
vontade, e depois aja! No momento em que você começar a caminhar na direção que você
escolheu, pode ser que a paz de Deus o abandone. O que você vai fazer? Voltar atrás, dizendo:
“Senhor, fiz a decisão errada”.
Se, ao mudar de direção, você notar que a paz de Deus volta ao seu coração, então
poderá saber que você está fazendo a sua vontade. Isto não e um princípio teórico — e muito
pratico. Pois a paz de Deus realmente age como juiz em nossos corações. Se ela o abandonar, e
porque e tempo de parar e examinar a situação.
Aqui também cabe uma palavra para explicar situações um pouco anormais. Você
pode se encontrar numa situação onde sente tanta confusão interior que se torna impossível
ter a paz de Deus. Talvez você tenha sido abalado tanto de um lado para outro que decisão
alguma parece lhe trazer paz. Mas esta situação não i normal, e enquanto ela permanecer na
sua vida para um fim especial de Deus para o seu aperfeiçoamento, transformação e
reconstrução, você terá que depender exclusivamente de outras luzes para sua orientação.
Geralmente, porém, você pode depender da paz de Deus para agir como juiz no seu coração e
mente, mostrando-lhe se está andando na sua vontade ou não.
7. A PROVISÃO DE DEUS

Uma outra luz que serve para nos orientar é a provisão de Deus. Devemos buscar a
provisão de Deus na direção em que estamos caminhando. É claro que isto não quer dizer que
você tem que ver uma mina de ouro na sua frente para acreditar que Deus está guiando-o.
Posso ilustrar o que quero dizer com um exemplo de missionários. Muitas vezes eu
converso com um missionário que tem um chamado para algum país estrangeiro na África ou
na Ásia ou outro lugar, e pergunto: “Quando você chegar lá, como você vai ser sustentado
financeiramente?”
As vezes ele está pensando que eu vou ajudá-lo! Mas quando eu dou resposta
negativa, ele diz: “Eu vou assim mesmo!“
Então eu pergunto: “Você vai sem provisão alguma?”
“Sim, eu vou, pois Deus falou comigo para ir e eu vou!”
“Mas”, eu pergunto, “você tem certeza que foi Deus quem lhe falou, ou é apenas a sua
vontade própria misturada com um pouco de teimosia?”
Porque você pode andar pela fé numa situação impossível — se você tiver uma palavra
definida e confirmada de Deus. Mas se você não tiver esta palavra, poderá cair num buraco
enorme e encontrar desastre. Watchman Nee dizia que Deus usa a necessidade de provisão
para segurar alguns dos seus filhos que são zelosos demais. Se alguém quiser ir a Índia, por
exemplo, fora da vontade de Deus, ele simplesmente não providencia o dinheiro da passagem.
E assim ele o impede de sair da sua vontade.

Hudson Taylor, missionário para a China, dizia: “Onde Deus guia, ele providencia”. Esta
lei espiritual é invariável. A provisão de Deus é um dos elementos essenciais da direção divina.
Eu conheço pessoas que foram “fazer a vontade de Deus”, e deixaram suas esposas e filhos
sem dinheiro, comida, roupa, ou outra necessidade. Simplesmente saíram para obedecer a um
“chamado de Deus” dizendo que Deus cuidaria da família. Mas isto não funciona. Qualquer
que seja a vontade de Deus, ela não o isentará da sua responsabilidade em relação ã sua
família ou em relação a outros seres humanos que dependem de você.

O mesmo Hudson Taylor também dizia: “A obra de Deus, realizada na hora de Deus, da
maneira de Deus, nunca faltará a provisão de Deus”. Vale a penai sempre se lembrar disto.
Quando você propõe fazer a vontade de Deus, pode estar certo de que ele mesmo
providenciará.

Eu fiz um contrato com Deus alguns anos atrás. Falei com ele:“Senhor, irei a qualquer
lugar, qualquer hora que quiseres — numa condição:que tu providencies tudo e pagues todas
as contas”.
Ele falou: “Está certo. Pode assinar aqui”.
Deus não só tem cumprido a sua parte do acordo, mas tem exigido de mim que eu
cumpra a minha! Eu tenho atravessado o mundo, andando em mais de Cinquenta países, e ele
nunca tem me chamado a um lugar sequer sem providenciar o suficiente para mim e para
deixar com a minha família. Eu nunca subi a um púlpito com a intenção de levantar uma oferta
para ajudar cobrir as minhas despesas. Até hoje só tenho recebido duas ofertas públicas de
uma igreja. Muitos perguntam: “Como você consegue viajar assim?” A resposta é que Deus
tem providenciado.
Mas Deus me guardou por doze anos num estado financeiro tão crítico que muitas
vezes eu não tinha dinheiro para andar de ônibus urbano. ‘ Assim ele usou esta falta, por
tantos anos, para me conservar no lugar onde ele queria, onde ele podia me preparar. Se eu
tivesse feito a minha vontade, eu teria saído muito antes da hora. Cheguei ate a tentar fazer
isto, e há marcas ou “cicatrizes” na minha vida que mostram quantas portas tentei derrubar!
Mas Deus segura as chaves e se você andar com ele, for fiel a ele e consagrar sua vida
inteiramente a ele, é certo que você terá a sua provisão. Pois quando chegou a hora dele para
eu sair, ele fez a provisão e tem feito ate hoje.

Não quero dizer com isto que é errado levantar ofertas ou que todos são dirigidos de
forma exatamente igual. Mas Deus usa a provisão como uma das suas luzes para nos guiar e é
uma lei espiritual que onde ele guia, ele sempre providencia!
GUIANDO OS CEGOS

“Guiarei os cegos por um caminho que não conhecem, fá-los-ei andar por veredas
desconhecidas;... Quem é cego como o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem
envio? Quero é cego como o meu amigo, e cego como o servo do Senhor?” (Is 42:16, 19).
Talvez a minha conclusão pareça a alguém uma contradição de tudo que tenho falado
ate este ponto. Mas não vou anular nada que eu disse antes — apenas vou acrescentar uma
explicação sobre uma situação pela qual quase todos os cristãos passam em algum ponto da
sua experiência.
Você já passou pelos tratamentos de Deus em que não sabia em qual rumo estava
andando — se para cima, para baixo, para a direita ou para a esquerda? Você já esteve num
lugar onde não podia discernir nenhuma luz para orientá-lo, para lhe dar segurança sobre o
que estava acontecendo ou em que caminho você estava andando? Tenho algo para lhe dizer.
Se você tiver sua vida inteiramente dedicada a Deus e comprometida ã sua vontade, e se você
não estiver em rebelião contra Deus, então mesmo numa situação como esta, você pode estar
certo, Deus está guiando-o. Na passagem que citamos acima, Deus fala que guiará cegos por
um caminho que não conhecem. Deus pode nos guiar através destas sete luzes que
mostramos, ou pode nos guiar na nossa cegueira — mas ele está guiando. O quão grande é a
misericórdia e graça de Deus em nos guiar! Quando eu olho para trás na minha própria vida,
eu posso enxergar agora que Deus me guiava mesmo quando eu tinha perdido a visão do
caminho por onde devia andar, não sabia onde estava indo, nem a razão de me encontrar
daquela maneira – contudo Deus estava me guiando. Tanto na cegueira, como quando eu
estava na luz, com clareza enxergando a sua direção e com certeza de que eu estava andando
na sua vontade, Deus estava me guiando.
Se você estiver em rebelião contra Deus ou contra sua vontade, você não poderá gozar
desta confiança de que Deus está guiando-o mesmo na sua cegueira. Mas se você estiver
passando pelos açoites e tratamentos e disciplinas do Senhor, encontrando a sua vida como a
de José na prisão do Egito, pode ficar confiante de que ele está guiando e dirigindo. Quer pela
luz ou pela cegueira, se a sua vontade for comprometida e dedicada a fazer somente a vontade
de Deus, então certamente ele o guiará. Deus há de guiá-lo!

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Esta mensagem foi traduzida de uma fita por Ralph Mahoney, intitulada “How to Obtain
Divine Guidance”. É a quinta fita numa série de 5 mensagens chamada “Growth of Faith”
distribuídas por:
World MAP Tape Outreach 900 N Glenoaks BLVD. 91502 Burbank, CA – E. U. A.

Começamos a andar e eu exclamo para Jesus: “Como é bom andar contigo, Jesus!”
De repente, eu olho para frente e vejo o alvo. E pergunto apavorado: “SENHOR, PARA
ONDE TU ESTÁS ME LEVANDO?”
E ele responde: “Para o Calvário!”
“Ca – cal – calvário! Ah – Senhor, espere um pouco. Até logo!”
Parte II – por Bob Mumford

O Alvo: A Experiência ou a Imagem de Jesus?

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8:14). E
como e que nos tornamos filhos de Deus? “Porquanto aos que de antemão conheceu, também
os predestinou para serem conformes ã imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos” (v. 29).
Poderíamos comparar a vontade de Deus a um alvo, semelhante àquele usado em
exercícios de tiro. Em se tratar de descobrir a vontade de Deus, é imprescindível que
tenhamos, em primeiro lugar, o alvo certo. Os pecadores, por exemplo, nem aceitam o alvo de
Deus. Eles estão atirando num rumo completamente oposto e por conseguinte não têm
possibilidade alguma de acertar. Os cristãos, por outro lado, têm acertado no alvo, porém
alguns mais perto, outros mais longe da “mosca”.
O nosso desejo, porém, é exatamente este:acertar na mosca e descobrir a vontade
perfeita do Senhor. Como iremos fazer isto?
Em primeiro lugar, é muito importante que não enfatizemos demasiadamente os
detalhes e que não concentremos nossa atenção sobre as consequências. Neste assunto de
orientação divina é possível ficar tão preocupada em aprender como ser guiado pelo Espírito e
tão inquieto sobre cada decisão, que você se torna exageradamente introspectivo e perde a
verdadeira direção de Deus.
Por exemplo, muitas pessoas começam a buscar o batismo com o Espírito Santo e logo
ficam preocupadas sobre falar em línguas e o recebimento dos dons. Desta forma, elas se
tornam tão conscientes de si próprias e introspectivas que é impossível receberem o batismo.
O centro da sua atenção deslocou de Jesus para si próprio.
E então Deus precisa enviar alguém para falar:“Esqueça-se de línguas estranhas e dos
dons. Lembre-se somente do Senhor. Adore-o, pois Jesus é o batizador”. E no momento em
que a pessoa tira a sua mente de si própria e coloca a sua atenção sobre Jesus, a glória do
Senhor desce e quando ela menos espera, ela está falando em outras línguas e adorando ao
Senhor.
A mesma coisa pode acontecer em relação ã cura divina. Quando a pessoa estiver
preocupada apenas com os sintomas, ela se torna consciente de si e perde a consciência do
Senhor. Nem se Jesus estivesse na terra, perto dela, seria possível a cura. Pois quando nos
tornamos introspectivos é muito difícil receber alguma coisa do Senhor.
Este mesmo fenômeno ocorre muito no assunto de orientação divina. Hã pessoas que
ficam exageradamente introspectivas, ouvindo vozes e recebendo direções estranhas.
“Será que isto é de Deus?”
“Devo usar um vestido azul ou verde?”
“Será que eu deveria passar agora para o outro lado da rua?”
Isto parece absurdo, talvez, mas acontece. Pois para muitas pessoas, receber
orientação deste modo representa a mais alta forma de direção divina. Elas se tornam uma
espécie de fantoche ou robô, que vira ali e entra aqui pelas ordens do Espírito, que resolvem
se devem jantar com cenoura ou com beterraba, tudo pela direção do Espírito.
“Os outros podem andar pela sua vontade própria, mas eu vou ser guiado pelo
Espírito!”
Este tipo de orientação divina é super perigosa. Eu sei, porque pessoalmente
experimentei estas vozes e este desejo de querer ser dirigido em cada detalhe.
Cheguei ao ponto de sentar na mesa e ouvir vozes contraditórias.
“Coma!”
“Não coma!”
“Jejue!”
“Por que você não jejuou ontem?”
Eu tive de chegar correndo para a mesa, com os dedos enfiados nos ouvidos, e
começar a comer bem rápido antes que uma voz me perturbasse!
Às vezes minha esposa preparava uma refeição maravilhosa e eu chegava apenas para
dizer: “O Senhor falou comigo que não devo comer!”
E ela retrucava: “Por que ele não falou comigo, então?”
Por que tanta tolice? Porque eu realmente queria ser guiado pelo Espírito. Mas este
tipo de orientação só produz mais tensão e confusão espiritual. Pode provocar uma decepção
forte, especialmente em crentes novos, que querem alcançar a maturidade desta maneira e
ser Pedro, João e Tiago tudo ao mesmo tempo! Mas depois de andar por algum tempo assim,
eles descobrirão que não funciona. Se não tiver alguém para lhes ensinar a maneira certa de
proceder, eles poderão se frustrar ou entrar em situações bem perigosas.
Mas Romanos 8:29, citado acima, nos dá o princípio básico de qualquer direção divina.
Podemos enunciá-lo assim: O alvo da vida de todo cristão é ser conforme à imagem do Filho de
Deus. Não existe outro alvo!

Falamos sobre o céu. “Eu quero ir ao céu!” Mas o céu não é seu alvo, é seu destino.
Quando você morrer, você tem que ir ao céu, pois não há outro lugar para você ir! Se você for
salvo e conhecer ao Senhor, quando morrer não pode haver outro destino senão o céu.
Portanto o céu não i seu alvo. E o lugar para onde você vai, depois que tudo já acabou!
O alvo da vida cristã é ser, isto sim, conforme a imagem do Filho de Deus. Medite
neste fato que vou declarar agora:Você será julgado no último dia pela medida ou grau de
conformidade ã imagem do Filho de Deus que você alcançou! E sobre isto que você vai dar
conta a Deus. Até que ponto você é semelhante a Jesus?
Você conhece alguém que o faz lembrar de Jesus? Hã alguns irmãos e irmãs que se
assemelham a ele. Quando você encontra com um deles, você pensa: “Como eu gostaria de
estar sempre perto daquele irmão! Só ficar com ele, parece me trazer vida. Há algo diferente
nele”.
Mas quando você encontra com outra pessoa, você diz:“Que cheiro de carne!” Ela
pode ter todas as respostas certas e ter decorado o evangelho de João — mas falta algo
essencial.
Portanto, se o alvo for realmente este; e se o nosso julgamento na eternidade
depender do nosso grau de conformidade à imagem de Jesus Cristo, então você não tem
tempo a perder! Hoje é o dia da salvação — não salvação como experiência única, mas
salvação como experiência progressiva.
Às vezes os outros se assustam quando eu digo: “Senhor, eu não estou com vontade
de ir para o céu. Não tenho a mínima saudade do meu ‘lar’!” Você sabe por que isto é
verdade? Porque eu sei que quando o Senhor me levar, eu não terei mais oportunidade de
crescer ou amadurecer. E eu não estou pronto para encontrar com o meu Senhor. Isto é, estou
pronto se ele me quiser levar, pois ele tem este privilégio. Mas é importante reconhecer que
depois da colheita, depois que ele ceifa uma vida, não hã mais oportunidade de crescer. Já
passou. E por isto, eu dou graças a Deus por cada dia que ele me concede nesta terra, a fim de
fazer a sua vontade. Pois é em fazer a sua vontade que eu me conformo ã imagem do seu
Filho.

Cada dia se torna, assim, uma nova oportunidade de fazer a sua vontade e me
conformar a sua imagem. Por, isto, não tenho tempo a perder. Se a minha vida tiver este alvo,
cada dia que passa me amadurecerá mais um pouco. Mas, se daqui a um ano, eu estiver no
mesmo nível que estou hoje, e porque estou vivendo para um alvo diferente.
PARA QUE SER GUIADO?

Portanto, todo o assunto de orientação divina gira em torno deste alvo central da vida
crista. Eu posso falar com o Senhor: “Ó Senhor, eu quero ser guiado por Ti”.
Ele diz para mim: “Por que você quer ser guiado?”
“Eu quero ser guiado para que eu possa ser mais espiritual que a minha esposa!”
Ou então: “Eu quero ser guiado porque todos os irmãos estão esperando em mim”.
Há muitos motivos diferentes que podem estar nos nossos corações quando pedimos
orientação ao Senhor. É algo muito estranho e poucos realmente reconhecem.
“Eu quero ser guiado para não errar, para que a vida se torne mais fácil!”
Alguns querem ser guiados para se tornarem muito espirituais e assim influenciar os
outros e mostrar a eles o que é certo e errado. E tantos outros motivos podem estar
misturados nos nossos corações.
Agora, Deus tem um método para separar esta mistura. Ele colocou na sua palavra um
alvo bem definida Este alvo é muito desejável mas é também muito doloroso. É justamente
quando este alvo começa a aparecer no horizonte que os crentes superficiais desaparecem.
Eu digo para o Senhor: “Põe a tua mão na minha, Jesus, porque quero andar contigo
pelo caminho todo!”
Então ele responde: “Está bem. Tome a minha mão.“
Começamos a andar e eu exclamo para Jesus:“Como e bom andar contigo, Jesus!”
De repente, eu olho para frente e vejo o alvo. E pergunto apavorado: “SENHOR, PARA
ONDE TU ESTAS ME LEVANDO?”
E ele responde: “Para o Calvário!”
“Ca – Cal – calvário! Ah — Senhor, espere um pouco. Até logo!”
E corro embora, dizendo: “Desta vez escapei por um triz! Este negócio é de matar!”
Veja, então, que é o alvo que determina a sua direção. Se você aceitar o alvo de Deus,
sua vida será colocada no propósito de Deus. “Porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho.“ Portanto o nosso alvo
já foi predeterminado. Se estivermos caminhando para este alvo, podemos nos despreocupar
sobre que tipo ou forma de direção Deus vai nos dar (profecia, sentimento, conselho, etc). Pois
se o nosso alvo for certo, Deus tomará a iniciativa para nos dar a forma de orientação
adequada para nos conduzir neste caminho.
TIPOS DE ORIENTAÇÃO
Deus tem usado várias maneiras para me orientar. Primeiramente, ele me concedeu
visões maravilhosas, coloridas, com faíscas e efeitos sonoros! Depois ele me deu uma profecia.
E à medida que eu prosseguia, o Senhor me dava uma palavra bem direta para mim das
Escrituras e várias outras formas de direção. Mas é a iniciativa de Deus, nos dar o tipo ou
forma de direção do qual precisamos e não o que queremos. Pois Deus conhece a nossa
personalidade e sabe o que nos ajudará no nosso caminhar com ele e o que nos prejudicará.
Para algumas pessoas Deus concede visão após visão. Ele realmente guia algumas
pessoas através de visões. Outras nunca tiveram uma visão sequer. Por isto começam a orar,
pedindo insistentemente uma visão ao Senhor. Por que isto? Porque elas estão mais
interessadas na experiência do que no alvo. De repente perdem a visão daquele alvo e
começam a se preocupar exclusivamente na experiência.
O caminho que nos leva ao alvo certo pode ser um caminho doloroso, cheio de
obstáculos e experiências que você gostaria de evitar. É muito fácil receber uma direção para ir
onde você quer e quando você quer. É fácil receber direções e impressões subjetivas que
parecem ser a voz de Deus. Mas quando o seu alvo for certo, Deus é quem vai escolher a hora
e o lugar. A iniciativa da sua vida passa das suas mãos para as mãos de Deus. Ele toma as
decisões e seleciona o que você deve fazer.
Deus pode dizer: “Eu vejo que o irmão Mumford está precisando de um pouco mais de
sofrimento no caminho dele.“
E eu reclamo: “Mas, Deus, isto não é direção divina! Que está acontecendo?”
Deus me responde: “E direção minha, sim! Pode crer!”

Você sabia que nós aprendemos muita coisa a respeito de Deus e passamos a conhecê-
lo melhor, quando passamos por sofrimento? Não estou me referindo ao complexo: “Estou
sofrendo para a glória de Deus!”, mas estou falando de uma experiência educador,
disciplinadora, em que Deus nos ensina os seus caminhos através de amarguras e sofrimentos.
Muitas vezes Deus tem lições geográficas para nos ensinar. De repente, ele fala com
você: “Quero que você mude para a Amazônia!”
“Por que eu vou para a Amazônia?” você pergunta.
Deus pode ter alguma coisa esperando por você na Amazônia que não existe em
nenhum outro lugar. Agora, você não é obrigado a ir para lã. Mas se você quiser ser conforme
ã imagem do Filho de Deus, então a situação que o espera na Amazônia é a situação perfeita
para você, produto de encomenda, feita especialmente para as suas características e
necessidades. Quando Deus começa a tratar geograficamente com você, guiando-o a mudar de
lugar, é porque ele está preparando para você um conjunto especial de circunstâncias que não
existe em nenhum outro lugar. Por isto ele exige que você vá justamente para aquele lugar, e
não para um outro qualquer. E é importante lembrar que você não é obrigado a obedecer. Se
não for, Deus não o rejeitará. Mas você perdera a oportunidade que Deus lhe oferece para ser
conforme ã imagem do seu Filho.
DIREÇÃO INCONSCIENTE

Há dois tipos distintos de direção divina. Um é a direção consciente e o outro é a


direção inconsciente. Nem sempre Deus o guiará através de soprar uma palavra no seu
ouvido! Às vezes, é necessário olhar para trás na sua experiência para descobrir como foi que
Deus o guiou! Sem que você percebesse, Deus organizou todas as circunstâncias para você, no
lugar certo e na hora certa. Esta é a direção inconsciente. E nós dependemos muito dela. Por
causa dela eu não preciso ficar tenso e ansioso em cada passo, com medo de errar o caminho.
Se você ficar num estado constante de preocupação, insegurança e medo, sempre ã procura
de uma revelação ou visão clara para garantir-lhe que você não vai errar, um dia você vai
explodir ou ter uma crise nervosa! Deus é perfeitamente capaz de dirigir os seus passos e
coordenar os acontecimentos na sua vida para guiá-lo no caminho certo, mesmo sem você
saber o porquê de cada decisão e sem receber uma revelação da vontade de Deus em cada
coisa.
Certa vez, eu estava orando no meu quarto de hotel. De repente comecei a sentir
sede. Levantei-me e saí para tomar água. Lá fora uma senhora estava sentada. Quando ela me
viu, seu rosto se iluminou e ela começou a chorar.
“Irmão”, ela me disse, “eu estava sentada aqui orando ao Senhor: ‘Deus, eu preciso do
irmão Mumford. Ó Senhor, manda-o para cá’. E naquele momento você apareceu na porta!”
Agora, eu poderia perguntar por que o Senhor não falou comigo para falar com esta
senhora. Mas Deus não agiu assim. Eu não saí por causa da voz de Deus — eu estava com
sede! Nós precisamos aprender a descansar no Senhor e a gozar da sua presença. Deixemos de
ser tão místicos e superespirituais! Descanse no Senhor e diga-lhe: “Senhor, quero ser
conforme à tua imagem!”
Ele vai lhe dizer: “Você realmente deseja isto?”
Se você responder afirmativamente, ele vai lhe dizer: “Neste caso, eu tomarei as
rédeas daqui para frente!”
Porque é assim que Deus opera. Se você puder chegar neste ponto de aceitar e
abraçar o alvo de Deus, você se qualificará para ser guiado inconscientemente.
A CASA E OS ANDAIMES

O que e direção consciente? E quando Deus fala no seu ouvido: “Faça isto”. “Não faça
aquilo.“ “Vá ali.“ “Pare com isto.“ E quando você experimenta muitos tipos de fenômenos
espirituais e formas diferentes de direção, como anjos, visões e sonhos.
Direção consciente pode prejudicá-lo ao invés de ajudá-lo. Para mostrar esta verdade,
usaremos a ilustração de uma casa em construção. Quando se está levantando as paredes,
usa-se construir ao redor da casa uma espécie de palanque rústico para os pedreiros, chamado
andaime. Os andaimes são muito importantes, pois sem eles é impossível construir edifício
algum. Mas os andaimes não representam o alvo da construção. Depois de terminada a casa,
eles são desmanchados. A casa é o alvo, os andaimes simplesmente nos ajudam a alcançá-lo.
Na vida cristã, é a casa em construção que representa o nosso alvo, enquanto que os
andaimes representam as experiências. Durante muitos anos eu não conseguia entender
porque tantos cristãos recebem experiências sobrenaturais e maravilhosas, contudo
permanecem lamentavelmente imaturos. Aparentemente as experiências não alteravam o
interior das pessoas. Tantos sonhos, visões e profecias, tudo guardado e registrado mas sem
nenhuma utilidade aparente.
Mas depois eu descobri uma coisa. Ao receber uma experiência sobrenatural, como
um sonho, visão, palavra do Senhor em profecia ou até por voz audível, ou outra experiência
semelhante, eu tenho diante de mim duas alternativas. Primeiro, posso usar aquela
experiência para edificar a casa, ou a minha vida no Senhor. Ou, em segundo lugar, posso
dirigir a minha atenção exclusivamente ao andaime, às experiências em si, e me esquecer da
casa.

Qual é a alternativa certa? Voltando à nossa ilustração, é claro que o construtor não
faz do andaime seu objetivo, mas apenas usa-o para edificar a casa. E assim eu devo usar cada
experiência que o Senhor me conceder como uma oportunidade de me conformar à imagem
de Jesus Cristo. Seja uma experiência boa e agradável, seja uma experiência triste e
desagradável, tanto uma como outra serve para conformar-me ã imagem do Filho de Deus.
Pois a Bíblia nos ensina que a vida consiste de experiências doces e amargas e nos as
aceitamos como um todo. E desta forma eu aprendo a tomar todas as experiências da vida
como um andaime através do qual edificarei a minha casa.
Portanto, como irei me portar em relação aos outros que estão ao meu redor? Posso
demonstrar-lhes as minhas experiências, contar-lhes as minhas visões e os milagres que Deus
tem operado, e ler para eles as maravilhosas profecias recebidas.
Mas logo alguém vai perguntar: “Isto tudo está muito bom — mas onde está a casa?”
Que você faria se alguém o convidasse para ver uma construção — e ele só lhe
mostrasse os andaimes? Você não quer ver os andaimes — você quer ver a casa!
Ao invés de mostrar aos outros as minhas experiências, que devo fazer? Mostrar uma
vida sensível, humilde, mansa, honesta, sincera, aberta, cheia de amor - semelhante a Cristo.
Tenho de mostrar uma vida transformada — transformada em virtude das experiências
recebidas. Não vou mostrar os andaimes - vou mostrar a casa!
Se você começar a demonstrar a vida de Cristo, sabe o que acontecera? Alguém vai
começar a lhe perguntar: “Como você tem tanto amor? Onde você conseguiu tanta humildade,
mansidão, meiguice? Eu gosto de ficar perto de você!”
Depois você pergunta: “Por quê?”
“Você me faz lembrar de Jesus. Hã algo diferente sobre a sua pessoa. Quando fico
perto de você, eu me sinto bem, sinto vida, sinto-me atraído.“
“Eu vou lhe dizer o que isto é - é Jesus!” “E como eu posso tê-lo?”
Agora você pode falar sobre as experiências! Pois, depois que o alvo estiver à vista, as
experiências podem ser introduzidas.
Eu fiquei conhecendo, certa vez, uma senhora muito usada por Deus no ministério.
Quando ela estava pregando, um dia, no meio da sua pregação Deus a elevou visivelmente a
alguns centímetros do chão. Isto ocorreu diante de todo o povo e pessoalmente não creio que
foi uma manifestação falsa ou estranha. Que aconteceu? Ela deixou de pregar a palavra e
começou a pregar sobre o dia em que todos seriam arrebatados pelo Espírito, assim como
Filipe foi em Atos 8. Um ministério que verdadeiramente era do Senhor desapareceu, sua vida
foi arruinada, e no lugar ficou uma pregação que se tratava apenas de andaimes e
experiências. Não havia uma casa em construção, apenas uma preocupação com experiências
e acontecimentos sobrenaturais.
0 alvo é Romanos 8:29. Esta é a casa a ser edificada. Se você não entender isto, as
experiências não o ajudarão. Mas se você vir o alvo, então qualquer experiência que Deus lhe
conceder será designada a conduzi-lo, através deste caminho, a um lugar onde ele mesmo
pode estabelecer na sua vida o caráter, natureza, e temperamento de Jesus Cristo.
Você vai usar as experiências que Deus lhe da para edificar a casa - ou você vai
concentrar sua atenção sobre as experiências? Um dos maiores erros cometidos, pela quase
totalidade dos movimentos e denominações, é que eles enfatizam uma experiência. Os
batistas têm como centro a experiência do batismo nas águas. Os pentecostais têm como
centro a experiência do batismo com o Espírito Santo. Outros grupos têm a cura como a
experiência central, e quando você os visita, realmente descobre que eles têm esta
experiência. Mas o problema é que, ao enfatizar a experiência, perde-se a visão do alvo. Você
não é curado apenas para ser são, mas para encontrar-se com o Mestre que cura e ter sua vida
inteira aberta para a sua operação. “A ele se congregarão os povos” (Gn 49:10). Nós não
podemos reunir em torno de uma experiência — seja libertação, ou cura, ou batismo com o
Espírito Santo, ou qualquer outra. Nós reunimos em torno de Jesus, que é a experiência.
FÉ E CONFIANÇA

“Quem hã entre vos que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu servo que andou em
trevas sem nenhuma luz, e ainda assim confiou em o nome do Senhor e se firmou sobre o seu
Deus?” (Is 50:10).
Aqui temos uma das lições mais importantes em todo este assunto de orientação
divina. Se você não puder aprendê-la, você se tornara introspectivo, com uma vida espiritual
girando em torno das experiências.
Há duas palavras na Bíblia que nunca são confundidas entre si: confiar e crer. Confiar é
passivo enquanto que crer é ativo. Ha ocasiões em que você não pode crer. A fé e concedida
por Deus — mas há tempos em que é impossível crer, simplesmente impossível.
Uma das coisas mais cruéis que um pastor ou ministro da palavra pode fazer e
encontrar uma pessoa derrotada, correndo do diabo, aflita, ou doente — e dizer-lhe: “O seu
problema é que você não está crendo!” E mesmo que o indivíduo tenha lido vinte capítulos da
Bíblia por dia e jejuado frequentemente, ele recebe esta palavra e sai suspirando: “Está bem,
eu tentarei mais um pouco”.
No entanto, hã uma palavra que indica uma atitude passiva: confiar. Mesmo quando
você não puder crer, pode confiar. Você não tem condições de usar a sua fé para caminhar e
conquistar novos territórios — mas você pode confiar e esperar. Esta atitude significa que você
possui uma confiança no caráter de Deus. Você simplesmente não aceita o fato de que Deus
seja capaz de prejudicá-lo em coisa alguma. A situação está escura, todas as aparências
indicam a aproximarão de uma catástrofe. Parece que dificilmente encontraria uma situação
pior — mas apesar de tudo, você pode confiar no nome do seu Deus. Você tem uma confiança
sólida e inabalável no caráter de Deus. E se você puder se manter firme nesta confiança, será
capaz de permanecer neutro no meio de tempestades e situações tumultuosas, nas quais Deus
opera algo dentro da sua vida.
O que é que Deus está operando na sua vida? Em primeiro lugar, devemos esclarecer
que não é uma questão de pecado. Isaías 50:10 fala que aquele que teme ao Senhor é que
anda em trevas. Eu pensava que toda escuridão vinha do diabo. Mas por que e que o servo do
Senhor está andando em trevas?
Imaginemos uma estrada que atravessa uma região montanhosa e que apresenta no
seu percurso, de quando em quando, um túnel. Dentro de um túnel é muito escuro! Não há luz
dentro de um túnel. _ Espiritualmente, quando você atravessa um túnel, você não enxerga
coisa alguma. E nem tampouco sente coisa alguma!
Então, quando eu digo para o Senhor: “O Deus, eu quero ser conforme ã imagem do
teu Filho”, eu tenho de lembrar que entre mim e aquele alvo existe um caminho que possui
vários túneis — um número correspondente a minha necessidade deles!
E o Senhor fala para mim: “Filho, se você realmente quiser ser conforme a imagem de
Jesus, uma coisa que terá que acontecer na sua vida é o despojamento da sua vida emocional
e da dependência sobre as sensações naturais, a fim de que você aprenda a andar pela fé.
Você realmente quer caminhar para este alvo? Você está falando sério mesmo?”
“Sim, Senhor, estou falando sério. Quero ser conforme ã imagem do teu Filho.“
“Muito bem”, o Senhor responde. “Pode prosseguir.“
Você sabe o que acontece, quase que imediatamente? Depois que você fica realmente
sério com Deus, quase sempre você entra num período de escuridão.
E quando você entra neste período de escuridão, neste túnel, exclama: “Puxa, mas eu
não esperava isto! Eu pensava que quando a gente anda com Jesus, receberia experiências de
se arrepiar, que a gente começaria a profetizar e a cantar. Mas está escuro aqui! Mas Senhor,
eu tenho fé, eu tenho fé!”
Mas Deus responde: “Não, você não crê. Não engane a si próprio!”
Porque Deus sabe que facilmente nós aprendemos a fazer exercícios mentais,
tentando nos convencer que fomos curados, que temos a vitória, ou que realmente cremos.
Agora, quando você entrar neste túnel, e tudo se tornar escuro e você não puder
sentir mais a presença de Deus, que deve fazer? Confiar! Confiar no nome do seu Deus, Confiar
que muito em breve ele o tirará deste túnel.
O PROPÓSITO DOS TÚNEIS

Mas o que está acontecendo neste túnel? Deus o está despindo da vida emocional. Eu
não estou me referindo ã parte positiva das emoções, eu estou falando de uma vida que
depende dos sentimentos. Vivemos pela fé, mas experimentamos sentimentos. A maioria das
pessoas vive por sentimentos e procura experimentar a fé — mas isto não funciona!
Então o que acontece no túnel? Eu já experimentei pessoalmente períodos na minha
vida em que eu não podia cantar, orar, pregar ou profetizar - quando a leitura da Bíblia era
como a leitura de um jornal, Agora isto não significa pecado ou rebelião - é o Senhor guiando-o
a um período de trevas na sua vida. Você não precisa se condenar, nem se forçar a praticar
atos religiosos. Você deve se manter firme e dizer: “Senhor, eu posso confiar em ti, mesmo no
escuro! Assim como na luz, eu posso confiar agora. Eu sei que tu estás aqui.“
Muitas pessoas se encontram em escravidão aos seus próprios sentimentos. Se elas se
sentirem espirituais, agem espiritualmente. Se elas se Sentirem desviadas, são desviadas. Seus
sentimentos ditam as ordens. Jesus não é o Senhor — os sentimentos o são.
O túnel no qual você está pode ser prolongado ou abreviado. Como é que se abrevia o
túnel? Mantendo-se firme e confiando no nome e caráter de Deus. Você sabe que é o Senhor
que está permitindo que você ande em trevas e confie nele. Você não precisa de sentimentos,
nem de profecias, nem de outro apoio qualquer — você sabe que Deus é o seu Salvador agora
na escuridão, da mesma forma que ele o era, quando você estava na luz. Você não sente bem,
mas sabe que tudo está bem.
Desta maneira o seu túnel vai ser abreviado, porque você aprendeu a lição que Deus
quis lhe ensinar.
Deus tem um outro propósito nos túneis. Além de despir-nos da dependência
emocional, os túneis fazem voltar para trás os temerosos e incrédulos.
Deus tem vários túneis no seu caminho com trechos iluminados intercalados.
Quando você passar por um túnel e caminhar mais um pouco, depois de algum tempo você
enfrenta um outro túnel.
“Mas, Senhor”, você exclama, “eu não posso atravessar mais um!”
“Está bem”, ele responde, “fique por aí mesmo”.
Porque se você não quiser enfrentar aquele túnel, não poderá prosseguir no seu
caminho. Mas, se passar por cada túnel que o Senhor lhe apresentar, você aprende a
descansar no seu espírito e a utilizar e aplicar tudo que Deus tem lhe ensinado nos períodos de
luz e clareza. Você aprende a guardar nos tempos de gozo e bênção tudo que Deus lhe
concede, para usar nos tempos de escuridão e provação.
Em qualquer ponto da caminhada é possível voltar atrás. A verdade revela - e fere.
Seria melhor nunca ter conhecido a verdade, do que conhecê-la e voltar atrás. E assim, estes
túneis que Deus coloca no seu caminho podem ser prolongados ou abreviados, de acordo com
a sua atitude dentro deles. Eu conheço pessoas que têm permanecido por meses e ate anos
nestes túneis, até que, pelo fato de não se submeterem aos tratamentos de Deus, e de não
darem a ele uma oportunidade de despi-los da sua dependência emocional, eles perecem
espiritualmente no túnel; ou então voltam atrás e saem do túnel para nunca mais procurar
uma vida mais profunda em Deus. E uma verdadeira tragédia espiritual quando estas pessoas,
depois de vagar por tanto tempo em trevas e confusão, sem entender o que Deus está
querendo efetuar nas suas vidas, e sem confiar por tempo suficiente para que Deus as
transforme, voltam a uma posição de simplesmente ser cristãos superficiais, satisfeitos com
um plano inferior.

Mas Deus quer operar um processo de morte dentro daquele túnel — e eu estou
aprendendo a morrer bem depressa! Eu chego num túnel, onde não posso orar, ou
testemunhar aos outros, ou mesmo ler a Bíblia! Se alguém me chamasse para pregar, eu me
apavoraria! Mas eu digo:“Senhor, eu sei que este túnel tem um fim e eu quero chegar lã o
mais rápido possível. Sendo bem honesto contigo, eu não posso crer, mas posso confiar. Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito!”

Deus não pode fazer mal nenhum ao seu espírito! Você pode confiar? Eu repito: não
estou me referindo a um estado de escuridão resultante de pecado ou rebelião. Se este for o
seu caso, então e diferente. Mas se você examinar o seu espírito e verificar que não hã pecado
conhecido, mas que, como servo do Senhor, você o tem temido e obedecido, então pode
confiar o seu espírito nas suas mãos, aconteça o que acontecer. Se você fizer assim, ele o fará
atravessar o túnel até que você saia do outro lado à luz brilhante de nova revelação.

FIRMEZA NA DIREÇÃO INICIAL

Um outro princípio muito importante neste assunto de orientação divina e direção


inconsciente é a necessidade de manter firme em qualquer circunstância contrária a sua
direção inicial. Esta direção inicial deve ser uma palavra recebida através das Escrituras, dos
dons do Espírito, e das circunstancias. Estas três fontes de orientação devem ser alinhadas, ou
seja, devem confirmar a mesma palavra. E essencial que você tenha muito cuidado ao receber
sua direção inicial, porque se ela não for uma palavra sólida e confirmada, você vai ter
problemas. E como um alpinista escalando uma montanha. Antes de pôr o pé num passo
acima, ele tem de verificar se e rocha firme. Porque, o que acontece num caminhar com Deus
é que geralmente depois de dar o passo, o lugar embaixo onde você estava, a um minuto
atrás, esmigalha-se, de modo que você não pode voltar e nem ir adiante! Aí você está!
Portanto, seja seguro antes de dar o passo.
E como uma frota de navios. O comandante dá a todos a orientação da trajetória.
Quando todos estão vendo o navio da frente, é muito fácil. Mas quando a tempestade vem,
cada um tem que manter firme seu curso de navegação, pois a visão é impedida.

Eu tenho observado isto como uma lei espiritual. Depois que Deus nos da uma direção
qualquer, logo após segue um período de confusão espiritual.
Um irmão que eu conheço recebeu uma palavra do Senhor dizendo: “Você terá em
suas mãos o ministério de cura!”
“Glória a Deus”, ele exclamou, “Deus me deu o ministério de cura!”
Logo depois, ele adoeceu!
Veja como é importante verificar bem a nossa direção inicial. Porque se nós não
estivermos seguros de que realmente o Senhor tem falado, quando a névoa de confusão nos
cercar, nós vamos duvidar de tudo e abandonar aquela direção. Mas se você estiver firme na
palavra que recebeu e não vacilar, mesmo que tudo logo comece a indicar o contrário, quase
sempre Deus o levará imediatamente ao cumprimento da sua palavra.
Vou dar uma ilustração verídica deste princípio. Um servo de Deus, chamado Smith
Wigglesworth, estava numa cidade da Austrália quando Deus falou com ele:“Atravesse a
cidade e ore por aquela senhora”.
“Obrigado, Senhor,“ ele disse, “eu sei que é o Senhor que está falando comigo. Eu
obedecerei.“
Ele se levantou e foi até a casa desta senhora. Quando ele chegou lá, foi informado
que a mulher havia morrido!
Inabalável, ele falou com as pessoas que estavam lá: “Ela não morreu!”
“Oh, sim,“ eles responderam, “ela acabou de expirar há uns cinco minutos.“
“Não, vocês estão enganados. Deus falou comigo para vir orar por ela e ele vai curá-
la.“
Agora, se eu estivesse no seu lugar, eu teria perdido de imediato a minha direção
inicial!
Mas ele disse: “Deus me falou”. Ele estava seguro na sua direção recebida.
Circunstâncias contrárias não o abalaram. Sempre é assim. Depois que você recebe uma
palavra e se levanta para fazer a vontade de Deus, de repente surge toda espécie de oposição
satânica.
E então, Smith Wigglesworth entrou no quarto da mulher, tirou-a da cama, pô-la em
pé contra a parede, e disse: “Em nome de Jesus, ande!” E ela andou!
Na minha própria experiência também tem sido assim. Cada vez que eu me firmo na
minha direção inicial, a palavra se cumpre. Mas cada vez que eu perdi a minha direção, entrei
num período de confusão e tive que começar aquela lição toda novamente. Deus tem falado
algumas coisas comigo que tive de esperar por quinze anos para ver o cumprimento. Mas ele
está cumprindo!
Queremos ser conformes à sua imagem. “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de
receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua
vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4:11). Precisamos ter os alvos certos na nossa
vida. Qual é o nosso alvo? Dar prazer e gloria para o nosso Deus.
“Senhor, recebe prazer do teu povo. Acha um povo que te abençoe e que alegre o teu
coração. Faze-nos sair da névoa, da confusão, dos túneis, do nosso mundo centrado em
experiências, para que nos relacionemos com o Deus Todo-poderoso. Mostra-nos o teu
propósito eterno!”

- 00O00 -
Esta mensagem foi traduzida de uma fita por Bob Mumford, intitulada “Steady as She
Goes”. É a quarta numa série de cinco mensagens sobre Orientação Divina (Guidance Series).

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