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Aquele foi realmente um ano difícil. Já há tanto tempo que queríamos voltar
para Portugal, e não conseguíamos a transferência. Via os miúdos a crescer,
a começar a criar raízes naquela terra tão longe da minha, da minha família.
Está na altura de voltar, pensava.
Não sabia sequer quanto tempo demoraria a ter tudo resolvido, tanto podia
ser um ano como três ou quatro meses. Escrevia-lhes todas as semanas, e
fartei-me de andar para acelerar o processo dentro daquilo que eu podia
fazer. Felizmente tudo correu pelo melhor, e ao fim de apenas seis longos
meses estávamos novamente juntos. Foi uma festa enorme, uma grande
alegria. Ao mesmo tempo uma sensação de perda tão grande! Não estava lá
quando a minha bebé começou a andar, não estava lá quando a minha menina
crescida começou a ler.
Depois de uma semana tão cheia, tive que os deixar de novo. Tinha que voltar
ao trabalho, e de procurar uma casa para uma família de cinco. Mas sabia que
agora era uma separação curta, duas a três semanas no máximo, e não os
voltaria a deixar.
Quando finalmente os vi, aos três, nas suas caminhas na casa nova em
Guimarães, respirei fundo de alívio. A minha vida recomeçou nesse instante.