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Anamnese Essencial

Tatiana Guernieri Batistela


Psicologia Transpessoal – Turma 1

Tatiana Guernieri Batistela


Introdução
Muitas perguntas ecoam em minha mente, alarmam minha alma e me faz perceber que existe um caminho
especial nesta jornada evolutiva. Um caminho com muitas paradas, com paisagens conhecidas e muitas
inexploradas. O desconhecido me assusta, mas se eu tomar conta de que este seja o processo natural do
autoconhecimento, este curso será percorrido com maior clareza, livre de concepções, crenças que ofuscam
orientações simples e libertadoras.

Somos a própria chave que nos dá acesso a toda temática de nosso contrato cósmico. Afinamos nosso
instrumento para que este funcione em sintonia com o universo.

Este ampliar da visão me leva a questionar nossa existência, nossa missão e nosso comportamento diante de
tantos recursos e conteúdos que precisamos lidar e aprender a transformar em prol de uma evolução única
que acolhe o indivíduo e o coletivo.

Somos um. E o que posso fazer para que todo este trabalho ressoe dando força à minha fortaleza interna?

Quais são minhas forças e quais recursos externos e supremos estão disponíveis para mim?

Quando falo de contrato cósmico tenho a convicção de há uma missão, uma proteção e um propósito
original.

Somos sustentados por uma espiritualidade que maturamos em nossa jornada, que o despertar desta
transcedência seja uma constante, uma benção que iluminará nossos caminhos.

Somos, ainda, sustentados por nossa ancestralidade. Esta origem nos dá uma forma inicial que nos serve de
base para construir nossa história. Honrar vidas passadas e perceber que existe um legado a ser trabalhado,
com o objetivo de aperfeiçoar, fortalecer raízes, atuar com resiliência para que a vida seja leve, seja plena e
feliz.

É difícil de estabelecer um ponto inicial, na linha do tempo, quando queremos apontar o momento que nos
demos conta de que somos um indivíduo. Sinto que o ponto de partida esteja no momento do despertar, de
quanto tomei conta de que a partir daquele instante algo precisava ser feito. E normalmente esta noção vem
acompanhada de dor, de incertezas e de muita vontade de buscar a felicidade.

Qual é a realidade que quero vivênciar? E quais são meus propósitos para que eu possa sentir que minha
missão esteja, ou, será cumprida de acordo?

Ainda desconheço meu destino, mas venho reconhecendo a minha origem, ressignificando meus medos,
traumas e mágoas. Venho desenhando um novo modelo de caminhar, de olhar e de vivênciar minha
espiritualidade e a conexão com meu eu.

Tatiana Guernieri Batistela


Consciência da existência, primeiros sete anos...
Não consigo me recordar em qual estágio da minha vida tive o despertar da minha existência. O curioso é
que desde cedo, somos estimulados para que haja consciência de nossa existência. Nossos pais vibram por
nossos primeiros meses de vida e, ao longo de nossa jornada, celebramos nossos anos de vida. Mas
reconheço que nunca houve um exercício de consciência que me desse noção de minha existência, que este
despertar pudesse ter ocorrido de forma mais rápida. Talvez, tudo seja um processo natural e que é preciso
respeitar o tempo de cada um. Talvez, também, o despertar da existência não ocorra rapidamente.

Falhas são minhas lembranças para dizer quando tudo isso começou, tive uma infância normal. Vinda de
família de imigrantes, meus bisavós iniciaram suas trajetórias em terras desconhecidas e aqui estenderam
suas raízes. Trouxeram muito de suas culturas para esta pátria e seus descentendes. Sinto-me sustentada
por crenças que vieram dessas gerações, muitas delas poderosas e muitas frágeis, e estas venho
reconstruindo para que haja mais leveza nesta caminhada evolutiva.

Lembro-me que meus primeiros anos de vida estive muito conectada com a dinâmica reclusa dos meus pais.
Eram muito independentes, não havia interferência familiar, pois estávamos longe dos parentes e a
necessidade de levar a vida “sem dar trabalho” era algo forte dentro deste trio: pai, mãe e eu.

Minha primeira lembra de minha infância se deu quando mudamos de casa, tinha três anos e me recordo de
ter separado alguns brinquedos para ficar comigo no percurso da nova morada. Hoje reconheço que esta
lembrança é significativa para mim pois todas os eventos de mudanças, seja de casa, escola e trabalho foram
marcados por muitas tensões.

O meu ingresso à escola foi marcante porque, em um primeiro momento, sair do ninho significou para mim
que agora não era apenas papai e mamãe que teriam olhos para mim e que o convívio restrito com o trio
estava comprometido. Houve medo e resistência nos primeiros meses de aula e após este período o processo
de adaptação se deu bem.

Fui uma criança que tive muito contato com a natureza, as viagens frequentes para visitar os familiares no
interior me serviram para criar este elo e formar boas lembranças do céu, da terra e de histórias familiares.
Por praticamente conviver com muitos adultos em boa parte do meu tempo, minha relação com meus avós
foi muito boa, explorando ao máximo suas histórias. Tínhamos muita conexão, neste sentido.

Brincava bastante, mas foi muito mais imaginativa do que propriamente uma criança ativa. Lembro-me de
inventar formas para preencher o tempo, visto que meus pais não tinham tanto tempo livre. Hoje noto que
este fator contribuiu com a dificuldade que tive na primeira série para me adaptar com processo de
aprendizagem, minha cabeça voava muito.

Fui uma criança saudável, mas chamava a atenção queixando alguma dor ou mal estar, pura manha. Esta
atenção voltou a ser requerida anos mais tarde, em fase adulta com o desencadeamento de diversas
patologias.

Me recordo de sempre estar de bom humor, receptiva e bastante criativa.

Tatiana Guernieri Batistela


Percebendo a essência espiritual, dos sete aos quatorze anos...
Período de muitas mudanças e percepções, sendo que a primeira delas é, novamente, a adaptação para uma
nova escola. Fase muito difícil de muitos conflitos e ali marca um longo ciclo de desentendimentos com a
mãe.

A menstruação veio cedo, aos nove anos, idade que nada sabia sobre o assunto. Por ter ocorrido de forma
precoce, não fui preparada e a transformação menina-mulher foi um processo difícil de aceitar e entender.

Por muito tempo a minha essência, como mulher, foi abafada por não olhar devidamente este processo de
transformação bem como a linha linhagem feminina.

Em compensação tive progressos e fatores coletivos, fui uma pré-adolescente muito comunicativa,
integradora e que se permitiu a olhar para a espiritualidade como caminho a ser trilhado.

Participei de alguns grupos de estudos na escola, tive uma fase muito produtiva lendo muito livros e de
diversos assuntos.

Tinha muita curiosidade e tão logo veio o interesse de olhar à religião de forma livre. De família católica,
estudando em colégio de freira, senti que algo não estava totalmente respondido e, inspirada no pai que
havia iniciado os estudos no espiritismo, comecei a procurar recursos para entender nossa existência e
propósito.

Foi uma fase muito gostosa que, além das questões religiosas, a música também veio a enriquecer esta
lembrança. Fase de criar ídolos e trocar experiências músicas que amigos que surgiam.

Me mobilizei para muitos assuntos e “o que farei da minha vida?” não ficaria de fora, logo, muitos testes
vocacionais foram feitos e um planejamento para iniciar uma formação na adolescência.

Minhas impressões na época era de ser uma pessoa curiosa, inspirada e muito segura de suas escolhas.

Tatiana Guernieri Batistela


O olhar às responsabilidades, dos quatorze aos vinte um anos...
Sentir que algo eu deveria fazer de relevante nesta fase me fez decidir por optar por uma educação que
pudesse me oferecer uma formação profissional. Acredito que eu tenha sido preparada, desde cedo, para
esta direção.

Foi uma decisão acertada, estive em um colégio que me proporcionou as melhores lembranças que tive em
toda minha vida.

Uma mudança de escola sem tensões, autonomia para fazer o trajeto sozinha, conhecer muitas pessoas na
época e sentir que aquelas horas de estudos já estavam destinadas a um histórico profissional que me faria
ali uma “adulta”.

Fui da geração dos “Caras Pintadas”, então os assuntos de política foram fortes neste período. A consciência
e a responsabilidade de chegar em uma opinião e fazer valer seus valores. Bons tempos.

Esta fase marcou, também, as experiências de ter o primeiro namorado e o primeiro emprego. Grandes
transições para uma etapa de amadurecimento.

Aqui, também, me despedi dos meus avós paternos e do avô materno. Tempos de refletir que tipo de legado
deixamos e como nunca conseguiremos estar preparados para este tipo de partida. A morte de entes tão
próximos foi algo que me despertou da importância de estar presente em qualquer momento que temos em
vida. Sou grata por ter boas lembranças com eles, sou grata aos meus pais por terem me dado a oportunidade
de estar com meus avós sempre que puderam.

A faculdade e um novo emprego firmaram uma grande etapa nesta minha jornada profissional. Muitos
aprendizados e oportunidades de ampliar minha rede de relacionamentos.

Conheci muitos lugares e pessoas e desta experiência, pude desfrutar de vivências jamais imaginadas. Novos
ciclos de amizades e costumes. Universo da música se abriu, podendo trabalhar em paralelo com assessoria
de impressa. Época de muito divertimento.

Sentia-me realizada

Tatiana Guernieri Batistela


Muita fluidez, dos vinte um aos vinte oito anos...
Vida social bastante intenção, marca esta fase, muitas viagens e muita convivência com os amigos. Percebo
que as coisas estavam andando em um piloto automático. Vivenciei muitas coisas positivas, mas me vejo
desconectada com propósitos mais nobres. Mas entendo que tinha que ser assim.

A sensação de liberdade era aparente e me levou para muitos mundos.

No trabalho, tive a oportunidade de assumir muitas funções, chegando a liderança de forma precoce.
Tempos produtivos de trabalho, agregando em muita experiência.

Aqui, como evento mais significativo, foi a compra do meu apartamento. Aproveitei uma excelente
oportunidade que talvez, se fosse hoje, não conseguiria. Este fato me fez sentir que havia retribuído,
sistemicamente, os valores dos meus pais. Foi motivo de muito orgulho esta conquista.

Muitas coisas fluíram, mas sinto que foi uma fase que pouco aproveitei em aspectos religiosos. Não me vi
olhado para espiritualidade. Mesmo estando desconectada dessas coisas, eu já sentia algo do que viria para
os próximos anos. Esta sensibilidade talvez sempre tenha me acompanhado, porém, a partir daqui que noto
esta intuição reger minha mente.

Aqui, deixei fluir.

Tatiana Guernieri Batistela


Envolta de crises, dos vinte oito a trinta e cinco anos...
Através da dor, venho aprendendo o significado da vida. Doer foi a forma de me colocar consciente neste
processo evolutivo.

Um grande passo, necessário, foi dado quando resolvi morar sozinha. Foi primordial para estabelecer uma
conexão com a minha mãe. Curiosamente, foi saindo de casa que pudemos entrar num processo de resgate
harmônico com ela.

Algo me intuía que logo aconteceria alguma coisa com meu pai. Por um ano sentia uma energia, uma vibração
que não tinha controle. Um choro profundo todas as vezes que o via. Vê-lo depressivo era algo que não me
cabia, esta foi uma das razões por resolver morar sozinha.

Mesmo estando longe, não me livrei das dores e do tormento que é ver alguém perdido. Me perdi também,
não me permitir viver bem. Entrei em crise de idade, não vivi um bom amor. Não me via merecedora de estar
com alguém tão aos meus modos.

A liberdade da vida, não me trouxe o conforto pleno. Estava entrando em uma das fases mais tumultuadas.

Aos trinta anos, não estava feliz com meu amor, não estava feliz em meu apartamento (tão esperado) e esta
inquietude, acho eu, estava conectada com a grande tristeza que estava por vir: a morte do meu pai.

Sua partida foi um gatilho para desencadear uma série de doenças.

Meu corpo mudou, talvez, como uma forma de bloquear qualquer tipo de felicidade. Engordei 30 quilos,
sentia que não era apenas emocional. Dois anos foi o tempo que levou para descobrir o motivo do sobrepeso
repentino: doença de Cushing. Operei e, desde então, entendi que esta questão era uma missão para mim.
A cada seis meses preciso fazer exames de controle e quando acontece todas as sensações e ressignificações
vem à tona.

Me tornei fria e rígida, esta foi a forma que consegui lidar com todos os acontecimentos. Sou grata por isso,
porque foi através desta maneira que meus olhos se voltaram à espiritualidade. Sentir o chamado para o
autoconhecimento. E perceber que devo honrar minha linhagem, minhas outras vidas e preciso seguir com
meu processo de desenvolvimento como ser/alma.

De frente com as sombras.

Tatiana Guernieri Batistela


Procurando o caminho certo, dos trinta e cinco anos aos quarenta dois anos...
É chegada a hora de um novo momento, não menos tortuoso, mas com maior consciência de
responsabilidade deste ser que anseia por uma jornada produtiva e evolutiva.

Ainda assustada com os acontecimentos que mudaram tanto o meu corpo e meu comportamento, começo
a sentir um chamado para uma trajetória de mais aprendizagem. Estes eventos me puseram num norte e
talvez, se não fossem por eles eu levaria mais tempo para ingressar nesse processo.

Por estar inserida, muito tempo, em um ambiente corporativo, iniciei minha formação em Coaching. Esse foi
o primeiro passo para olhar o desenvolvimento humano, nos moldes que me trabalhei como profissional.
Mas sentia que algo faltava, minha espiritualidade pedia atenção, inicio o curso introdutório de espiritismo.
E assim, volto a tomar contato com conteúdos que tanto troquei com meu pai.

Neste meio tempo, sou apresentada à Constelação Familiar e surge uma grande empatia que me leva ao
curso, foram oito meses ressignificando histórias, angústias e abrandar o olhar para minhas dores, meu clã e
sentir que o processo de honrar nossas raízes é curadora.

A linhagem feminina nunca foi vista, por mim, de forma atenta. Sempre me voltei ao universo masculino,
demorei para notar o quão forte são minhas forças femininas. E o quão meus entes masculinos eram
fragilizados. Me apoderei dessa força feminina, foi bom me curvar para isso. Me vi abençoada pela tomar da
consciência e por me envolver em momentos simples, sentindo toda a força ancestral feminina.

Continuo minha caminhada, e ingresso ao curso de Psicologia Transpessoal, muito conteúdo me coloco à
disposição do universo para que tanta informação possa entrar em mim da melhor forma.

Sinto que sou tomada por uma onda que me fez sair do chão, passo por muitos processos sem sentir validade,
algo estranho vem acontecendo. De alguma forma, não consigo me conectar da forma que costumo. Não
forço, deixo fluir porque não sei exatamente o que está acontecendo comigo.

Incertezas surgem, auto cobranças se agravam e começo a encher meu balde de pensamentos. É muito
estranho perceber que este estado de desordem esteja acontecendo justamente quando resolvo olhar
genuinamente para onde devo ir e como, ser íntegra.

Em junho de 2017 participo do Retiro no Espaço Arco Íris, em São Roque. Uma experiência forte, de
despertares diversos.

Na respiração holotrópica vivenciei meu parto, não queria nascer. Senti as tensões externas que, depois da
experiência tive conhecimento de que se tratava das aflições da minha mãe. Soube que foram seis horas no
processo para o nascimento e essa exaustão senti perfeitamente no retiro. Chorei e tremi como um bebê
assustado com o novo mundo. Um frio na alma tomou meu ser, que logo foi acolhido por um calor de amor.
Em uma segunda etapa, me desliguei da experiência do parto e me vi num navio me parecendo ser o navio
que algum ancestral usou para chegar aqui no Brasil. Imagens fortes de tristeza, esperança e muita vontade
de estar em um novo lugar. Senti a energia ancestral e uma paisagem clara surgiu de uma alvorada no convés,
eu acompanhada de meus entes que saíram de suas pátrias para construírem uma nova história. Estávamos
todos alinhados, lado a lado, vimos à diante todas as próximas gerações que viriam. Sensação de força e
benção para que eu possa continuar com a minha história. Imagens sobrepostas surgiram e duas bisavós
apareceram, uma mostrando a ternura, o carinho esses sentimentos tão abafados após a morte do meu pai.
A outra trazia uma ginga, um bailar gostoso de ser visto, mesmo velhinha carregava uma energia, uma beleza.
Usava uma coroa de flores, seus cabelos brancos se misturavam com as folhas e assim saiu dançando,
expressando toda liberdade que talvez não pode manifestar em vida. Entendi que ambas vieram para me
colocar em contato com a energia feminina, tão malcuidada.

Tatiana Guernieri Batistela


No outro dia, sem esperar, menstruei e assim fiquei por seis meses sem pausa. A médica entendeu que uma
grande descarga emocional provocou este acontecimento. Enfraqueci e inicio o ano de 2018 com muitos
sintomas físicos. Picos de pânico surgem e paraliso, o controle e rigidez que sempre estiveram comigo
estavam totalmente atados. Pela primeira vez na vida, tive que parar e reconhecer que precisava de ajuda.
Respirei fundo e levantei a mão, pedi amparo à minha mãe. Talvez tenha sido a primeira vez, também, que
me coloquei no papel de filha. Já que nossa história foi marcada por contos conflito e que eu sempre me
colocava, erroneamente, acima dela. Aqui mais uma vez o universo me colocando no lugar, da forma que
mais sei vivenciar: com peso. Foi duro. Diria, assustador. Procurei, também, ajuda psiquiátrica e começo um
tratamento homeopático para evitar a alopatia indicada pelo cardiologista.

Somente no meu aniversário, em agosto, me vi apta a voltar à minha casa e sentir que a solidão, pânico ou
qualquer coisa que estivesse me afetando poderia ser acolhida sem deixar tantas marcas. A cabeça ainda
está muito confusa. Eu não estava preparada para levar tamanho chacoalho, mas compreendo que esse foi
um grande sinal do universo para mim. Reconheço o quanto passei anos atrás de formações, cursos e
nenhuma contribuição da minha parte com tanto conhecimento. Minha dedicação aos estudos não foi a
mesma, atuei no piloto automático sem mostrar meu brilho, sei disso. Parece que aos poucos venho
despertando deste pequeno pesadelo. Pesadelo este que sou grata, porque se não fosse por ele talvez estaria
assombrando a minha vida com tanta inércia.

A cabeça está muito confusa, mas retomo de forma sutil. Sinto um chamado para falar de ancestralidade,
mas havia ainda muita dúvida. Assim, sou abençoada com o último módulo da pós com Roberto Crema, que
aborda o tema a todo momento. Entendo que tenha sido um sinal. Faço a reposição de um módulo perdido:
Antroposofia, e ali pude colocar de forma estruturada todos os meus momentos. E ali sentir firmeza na
decisão de seguir meu caminho de aprendiz com mais atuação. Sinto-me muito perdida para fazer meu
trabalho de conclusão, mas há uma força para que eu traga o assunto da memória ancestral que carregamos.
Inicio a formação em Psicogenealogia para que eu possa ter base para meu trabalho.

De alguma forma, sentia em dívida com a Unipaz por não mostrar o que costumo fazer, contribuir, somar.
Por esta razão, me candidato a ajudar na produção da Transformatura. Esta foi uma das decisões mais
curadoras, nos últimos tempos, que fiz. O contato com os colegas, a disponibilidade do meu tempo para
contribuir individualmente com eles, me preencheu e me ajudou a colocar os sintomas de pânico em uma
caixinha segura. Poder mostrar o que gosto de fazer, era uma das sensações que há anos não me permitia.
E para a minha obra prima, trouxe a dinâmica do rito à passagem da imigração. Sentia que este movimento
sistêmico precisava ser feito, como sentir a vibração do coração de nossos entes na mesma batida. Meu
trabalho foi dedicado para honrar o meu clã. Seja ele perfeito ou não. Confesso que o meu maior desejo, em
2018, era de que o ano acabasse. Assim aconteceu e uma nova esperança surgiu. Não me vejo penalizada
pelo ocorrido, sou consciente de toda dinâmica terrena.

Este ano completo quarenta e dois anos, certa de que meu relato para o término deste ciclo seja de pura
clareza e prosperidade.

Aqui, acordei, apaguei... mas reacendi... que assim seja.

Tatiana Guernieri Batistela


Rito da Passagem Ancestral
Não importa o sentido que não seja o que o coração aponta.

Pulso por esta terra, vibro e anseio estender esta força em uma nova nação.

Agradeço a você, pátria mãe, meu berço e faço da nossa origem... grão.

Lhe peço permissão, lhe peço benção para seguir em uma nova jornada.

E não, este não é um adeus, porque aqui sempre estará um pouco de mim.

Esta minha parte nunca cessará, minha semente germinará.

Para este novo horizonte peço licença, peço o direito de também fazer parte, peço a
permissão de me integrar com a minha natureza.

Este será um grande encontro, e porque não um reencontro?

Reencontro de almas, histórias que, nesta nova morada, estarão sempre conectadas com
suas essências ancestrais.

E aos entes que virão, estendo bênçãos que o universo me permitir dar para que haja
sempre um caminho de luz e evolução.

E aqui, com muito respeito me despeço e me apresento...

...sou um ser em constante transformação.

Que assim seja.

Tatiana Guernieri Batistela


Texto apresentado na Transformatura – Dez/2018

Tatiana Guernieri Batistela

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