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TITULO DO LIVRO

2920 DIAS DE LUTA.

DEDICATORIA

Dedico este livro a todos os profissionais que me auxiliaram e auxiliam no curso da


doença.
Não foram poucos os psicólogos, psiquiatras, neurologistas, neuropsicólogos que seguem
a luta no curso da doença
e na busca da cura.
Sigo meus incontáveis dias de tratamento contra algo muito difícil de cura, rogando a
Deus nosso Senhor, resiliencia
para vencer um dia de cada vez. Peço de joelhos no chão aos Anjos que norteiem meus
sentidos; que olhem onde eu não
consigo, que ouçam o que eu não ouço, que sintam o que eu não sinto e que me protejam
de todo o mal que por ordem
de doença, simplesmente não consigo lutar sozinho; assim da mesma forma que Jó em
seu sofrimento; clamo a Deus por
luz, serenidade e esperança em dias melhores.

PREFACIO.

Toda história precisa de um começo, um ponto de partida, uma origem, que desencadeou
todo o contexto e que baliza
todos os dias.

Sou um profissional de Tecnologia da Informação e professor de informática, afastado a


muito tempo de minhas funções;
por questões de saúde psiquiátrica. Atuei nesta profissão por muitos anos, com toda a
honestidade, não saberia dizer quantos mas muito perto de 20 anos de carreira na área.
Absolutamente tudo o que aprendi foi sozinho; sou filho mais velho de uma família
simples e lutadora. Comecei a trabalhar muito cedo, por volta dos doze anos de idade;
ajudando minha mãe tanto em suas tarefas caseiras como trabalhando em tempo livre
como tecelão de máquinas de costura; profissão que aprendi com minha mãe, desde
menino; podendo assim ajudar na casa e com as despesas e sustento da familia.
- Sobre minha familia:
Tudo começa a muito tempo, quando duas pessoas muito diferentes se apaixonam,
a exemplo de todo conto de fadas.
Meu pai foi um homem muito inteligente, dotando de um conhecimento muito grande,
viajado, experimentado da vida; Teve muito pouco estudo e teve muitos trabalhos durante
o curso da vida. Um homem muito vaidoso em seus dias áureos; Um homem lindo de
viver. Cabelos grisalhos desde muito novo, dirigia magestosamente, possuia um
vocabulário e educação privilegiados, digno de um cavalheiro.

Desde muito cedo, aprendeu com o pai a se vestir bem, estudou em sua infância em
colégio interno, que possuía uniformes; e tradicionamente, aprendeu a trajar ternos
construidos de alfaiates, desde os mais simples até os mais elaborados.
Sapatos sempre brilhando, gravatas lindas; em fim, um homem impecável de se ver.
Nunca teve uma profissão certa por assim dizer, sempre trabalhou em muitas coisas
diferentes como, vendedor ambulante, caixeiro viajante, vendedor de imóveis,
embarcador, entre outras coisas. Fez um curso de comissário de Vôo e atuou como tal,
durante um tempo. Eterno sonhador, buscava dias melhores sempre; no entanto, tinha
convicção de que a felicidade morava longe de onde ele estava. Motivo pelo qual desde
cedo, teve carros e viajava muito pelo Braszil afora; em busca do sonho dos dias
melhores e de um trabalho que sustentasse a ele e familia.

Teve dois casamentos, um quando jovem, que resultou de alguns anos de


matrimonio com sua primeira esposa e que teve uma filha; a linda e loira "Ana Maria".
Como eternamente a felicidade estava onde ele não estava; na maior parte do tempo foi
um pai ausente, mas procurava, pelo que contam as histórias, estar presente em eventos
importantes da vida de Ana. Quanto ao primeiro casamento, muito pouco sei dizer,
apenas que conheci sua ex-esposa e que sempre foi uma pessoa muito boa de enorme
coração e bondade para comigo, meus irmãos, ex-marido e com sua filha; Tenho
recordações que era uma mulher muito, mas muito trabalhadora; uma líder nata. Ademais,
não saberia entrar mais a fundo na história.
Seguimos a vida, para o segundo casamento; Já com mais idade, meu pai, ainda
lindo e trabalhando com imóveis, conhece minha mãe; bancária; uma mulher
absolutamente maravilhosa sob todos os pontos de vista. Filha de um casamento que
gerou cinco filhos, foi a segunda filha do casamento a começar a trabalhar. Desde muito
cedo, teve sua certidão de nascimento falsificada e o primeiro emprego arrumado, desde
os 16 anos; Deixando assim as bonecas e brincadeiras para entrar sem preparo nenhum
no mundo dos adultos e trabalhar. Também teve pouquissima oportunidade de estudos e
fez o melhor que pode desde cedo, buscando aprender com as pessoas em sua volta,
copiando padrões, usando a prática como ferramenta de trabalho diário. Sou a pior
pessoa do mundo para avaliar suas capacidades mas, tenho certeza que cresceu e fez o
melhor que pode por sí própria.

De suas histórias de infância, não tenho muito conhecimento ou lembranças; mas


posso dizer que se tornou adulta no "grito", literalmente de uma hora para outra. Serviu de
"arrimo" de família durante muito tempo, dando tanto suporte emocional, cuidados
pessoas e financeiros para toda a familia, em especial para um irmão "paraplégico
absolutamente iluminado" nesta terra. Em outra oportunidade, conto sobre este ser
iluminado.
Voltando ao começo; tanto meu pai como mãe, residiam em Curitiba, Capital no
centro da cidade. Ele trabalhava, possivelmente com imóveis na época e ela era bancária,
profissão que exercia desde a muito cedo. Minha mãe foi apresentada a meu pai por
intermédio de meu padrinho, na época colega de bar de esquina de meu padrinho.

Dessa apresentação, começa um namoro, que com o tempo vira casamento.


Em tempos idos, casamentos como o de meu Pai e Mãe eram mais tradicionais; os
tempos eram outros, vida diferente. Desta união que pelo que sei teve muito amor,
descenderam tres filhos; eu o mais velho, meu irmão do meio e meu irmão mais novo.
Temos exatamente tres anos de diferença de um para o outro; cronologicamente falando.
O casamento em sí teve muitos altos e baixos, mas do começo, honestamente
pouco sabemos, apenas que, como era de se esperar, para meu pai, a felicidade estava
onde ele nunca estava. Ele nunca fez por mal, era um homem boníssimo, se alguém
precisasse de suas calças ou sapatos, certamente ele tiraria na hora e dava, sem
pestanejar.
Mas tinha esse instinto "nomade"; de pingar de lugar em lugar, sem ter porto seguro.
Era um aventureiro, como tantos homens que já estiveram nesta terra. Até onde sei e
sinceramente acredito nisso, nunca em momento algum traiu minha mãe. Ela foi desde o
começo e até sua morte; a "mãezinha", o único amor de sua vida, a metade que sempre
lhe faltara. Em contrapartida, ela, tinha muito mais as rédeas da relação que qualquer
outra coisa; sempre foi uma guerreira por natureza; aprendeu de tudo um pouco na vida,
vendas, fabricação de malhas, tricot, crochet, artesanato, sabonete, comercialização de
roupas e a lista é muito longa para este texto. O fato é que mais ela do que ele, segurou o
casamento por nada menos que vinte e cinco anos de amor. Minha mãe resolveu por
questões de saúde na minha gravidez parar de trabalhar fora e começou a se dedicar em
tempo integral a cuidar da casa. Para complementar a renda familiar, ela fazia esta lista
imensas de coisas para faturar um dinheiro extra; trabalhano como autonoma. Por sua
vez, meu Pai, seguia com as viagens, os trabalhos, as vendas de imóveis e etc; e assim
foram se virando.
Como eu era o primogênito; minha parcela de responsabilidade para com a familia,
enorme. Fui criado desde cedo ouvindo "Quando seu Pai não estiver em casa, você é o
homenzinho da casa".

Frases que nem preciso dizer, assumi como "ipsis literis" e segui em frente; me
construindo a partir das imagens de meu Pai e Mãe.
Vou contar um pouco mais sobre isso para que seja possível entender todo o curso
de vida e o contexto pelo qual fiquei tão doente; a tanto tempo e que até hoje, sigo
tratamento.
Desde muito cedo, amava me vestir com os ternos de meu Pai; enquanto ele saia
para trabalhar, eu escondido ia no guarda-roupas e provava um a um os lindos ternos de
afaiate que ele tinha.
Olhava no espelho e tentava me imaginar adulto; usando os mesmos ternos que
meu Pai usava. Aprendi com ele a fazer nó de gravata; dirigir; entre tantas outras coisas
que ele me ensinou no curso de sua vida.

COMO FUNCIONA MEU RACIOCÍNIO HOJE, DEPOIS DE TANTO TRATAMENTO

No lado esquerdo da tela, o raciocínio diário, fragmentado, com lembranças


misturadas, entre passado, presente, memórias aleatórias, memórias retrógradas e
lembranças.
Uso o lado esquerdo para escrever de forma aleatória as coisas que vou me recordando
ou que penso e à medida que consigo vencer a voz, coloco no lado direito, no lado do
raciocínio linear ou consciente. É assim que vivo todos os dias, para praticamente todas
as tarefas que tenho de realizar. Não espero absolutamente nada além de, mostrar as
formas que achei de lidar com a doença. E isso me perite, seguir escrevendo este livro.

CAPITULO I

Sobre como estudo minha doença e tento me tratar, além da medicina tradicional.
Desde a muito tempo sei que estou "psiquicamente doente"; realmente muitos anos e a
décadas faço acompanhamento médico, tanto psicológico quanto psiquiátrico. Além disso
tudo, estudo muito minha doença para entender o ciclo, efeitos, gatilhos e como posso
amenizar e conviver com isso.
Transtornos mentais e psquiátricos são extremamente complexos, de difícil diagnóstico,
tratamento e cura. São muito difíceis mas não impossíveis; entretanto, diferente de outro
tipo de doenças; não existe um tempo certo para o tratamento; normalmente leva anos e
muitas vezes uma vida toda. Na maioria dos casos mais graves, a exemplo do meu e de
muitas outras pessoas, existe grande prejuízo em praticamente todas as áreas da vida,
trabalho, familia, relacionamentos, vida social, emfim, praticamente tudo.
Uma vez com um transtorno mental mais sério, você perde praticamente todos os direitos
de um cidadão, muitas vezes negligenciado pela família, amigos, trabalho e até pelo
estado. Em vários casos é necessário recorrer à justiça para fazer valer o direito de estar
doente, ter um transtorno e estar em tratamento.
Bom, voltando à psicologia e psiquiatria; estou muito mas, muito longe mesmo de ser um
profundo conhecedor; apenas procuro me informar sobre minha doença nos campos de
psiquiatria e psicologia; e estive em tratamento, praticamente minha vida toda até hoje, o
que me permitiu, conhecer um pouco mais sobre as estruturas pisquicas, doenças, formas
de tratamento, tipos de profissionais, dentr outras coisas que são inerentes ao quadro.
Pode não parecer e sei que aparenta ser extremamente paradoxo, como por exemplo,
consigo escrever um livro mas, muitas vezes sou incapaz de sair de casa sem me perder;
Bom tenho um QI avaliado por profissinal de 143 pontos, considerado alto para os
padrões normais; isto, segundo o que dizem os médicos, permite que mesmo estando
"consideravelmente doente"; consiga fazer muitas coisas e pelo fato de aprender o
máximo possível com as doenças, faça com que consiga vencer um dia de cada vez.

ok, vamos lá, espero com toda a sinceridade que ajude à pessoas com o curso de meu
tratamento de alguma forma.

Psicologia.
A psicologia é a área do conhecimento humano, responsável por estudar, interpretar,
avaliar e tratar as pessoas no campo dos sentimentos, comportamento e atitudes, tanto
conscientes como inconscientes.
É através deste conhecimento que é possível tratar, reescrever e ressignificar
doenças, traumas, desvios de comportamento, autoconhecimento, entre outras coisas.
A psicologia foi, com o passar dos anos, dividida em campos e áreas distintas de
conhecimento e tratamento, segundo os pesquisadores, com formas diferentes de
compreensão e tratamento das áreas da psicologia humana.
Posso citar algumas que tive contato; psicologia Freudiana, psicologia Youngana;
psicologia Beahavorista ou comportamental; terapia cognitivo-comportamental; cada uma
dessas, possui características diferentes e percepções que se enquadram a cada pessoa
de forma distinta.

Seria absurdamente negligente se tentasse explicar os contextos de cada uma; não tenho
formação suficiente para isso e o própósito deste livro é ajudar e não atrapalhar um
tratamento; cada uma das áreas de psicologia tem um objetivo específico e cabe a cada
um escolher qual melhor se assemelha, bem como quais profissionais escolher.
Entretanto, posso dizer com toda a certeza do mundo, que existem ótimos e
péssimos profissinais atuando. Tive contato com os dois lados; profissionais, que não
possuiam qualificação suficiente para diagnosticar corretamente meu caso. O que
atrapalhou em anos meu tratamento. Entretanto, não sou de terceirizar a culpa. em
verdade, meu caso é bem específico. Tenho atualmente tres CIDS em tratamento e
poucos profissionais poderiam acertar. Estou a quase dez anos doente; como falei
anteriormente, ou mais, coisa que talvez nem soubesse.
Ok, voltando ao foco.
Areas diferentes da psicologia atuam de formas mais ou menos intensamente em
nossa psique, tanto no consciente como no inconsciente e, novamente afirmo, podem
tanto curar como piorar e muito algum tipo de doença ou transtorno mental. Por isso, digo,
pesquisem muito, entendam muito seus CIDS e localizem o profissional com maior
acertividade para seu caso.

Vou tentar explicar o mais básico possível; que vale tanto para a psicologia quanto
para a psiquiatria.
Todos temos uma coisa que se chama aparelho psíquico. Não é nada orgânico
nem neurológico, ainda que resida dentro de nós. O aparelho psíquico é responsável por
nossa vida consciente e inconsciente; por nossas ações durante todo o curso de nossas
vidas. Está em formação desde o momento que nascemos, até o momento que morremos
e herdamos a maior base de nossa construção "psqiquica" de nossos pais e das
experiencias que vamos formando desde o momento da infância.

O aparelho psíquico é constituido por tres estágios, sendo:

- ID A parte mais básica, primata e instintiva de nosso aparelho. Responsável por


ações como respirar andar, acordar, dormir, comer, etc. O ID age basicamente por
INSTINTO, não possuindo consciencia; ele simplesmente atua e responde tanto em
nossa mente como em nosso corpo a determinados estímulos.

– EGO
– O EGO é a parte mais consciente do aparelho, é a segunda parte do
aparelho psíquico.
O EGO é a construção do “EU” psíquico, propriamente dita. É quem nos tornamos
ou, quem gostaríamos de ser “um EU projetado”. O EGO é construído apartir de
experíencias vivídas; tanto na infância, juventude e fase adulta. E é o maior responsável
pela construção e manutenção de nossa personalidade; durante toda a vida. Alterações
nesta estrutura psíquica, podem gerar inúmeros transtornos mentais, como também são
conhecidas as doenças.
(maiores_detalhes).

– ALTER OU SUPEREGO

O AlterEGO ou SUPEREGO, é a parte que chamamos de a “lei” do “eu”. É o maior
veículo de castração do EGO; o SUPEREGO é a parte do aparelho psíquico; responsável
pela “lei”; não a do mundo mas a do “eu”; É ele que diz ao EGO o que se pode ou não
fazer; ou ainda até onde se deve ou não seguir em determinado assunto ou situação.
Existem pessoas com o SUPEREGO dominante; esta é uma característica de pessoas
muíto rígidas; que normalmente consideram-se ditadores da lei ou que tem sempre razão
em tudo; nestes casos, em via de regra; É o SUPEREGO determinando as coisas tanto
para o “eu” da pessoa, como muito comunmente, elas queiram verbalizar e fazer valer o
que acreditam ser o certo. Alterações nesta estrutura, podem gerar GRAVISSIMOS
transtornos mentais nas pessoas. Falaremos disso mais adiante.

CAPITULO II

Sabe-se que existem inúmeros transtornos mentais e seria totalmente fora de


propósito deste livro, citar todos. Desta forma, vou focar nos transtornos dos quais fui
diagnosticado; nos sintomas que presenciei e presencio todos os dias; implicações na
vida tanto social quanto em outros aspectos.

I – Transtorno Dissossiativo de Personalidade.

Existem muitas definições ou diagnósticos para estabelecer este transtorno mas,


como falei anteriormente; não sou médico, nem psicólogo nem psiquiatra; sou apenas
uma pessoa com este transtorno que estuda o máximo possível para saber as causas,
efeitos e formas de tratamento.
O TDP, ou transtorno Dissossiativo de Personalidade é um transtorno mental,
normalmente gerado por algum trauma muito grande, tão insuportável que o aparelho
psíquico separa um “eu” em “n” pseudo-eus. O número pode variar sempre; em meu
caso, houve um rompimento em tres “pseudo-eus.
O diagnóstico foi absuramente difícil; os sintomas que presenciava eram para a
maior parte dos médicos incompreensível e confuso; aliado a minha inteligencia e um
pouco de conhecimento da área da saúde mental, ficava pior ainda o diganostico. No
início da doença, haviam pelo menos quatro pseudo-eus em uma única pessoa.
Depois de ter passado por inúmeros psiquiatras; inúmeros mesmo; inclundo
psiquiatras forenses; foi o Anjo de minha Neuro psicóloga; que em um trabalho impecável,
insistente que levou anos; conseguiu apontar o transtorno e que se encaixa com todas as
queixas que eu tinha; que eram normalmente as seguntes e constantes, diárias:

– Sensação de não existir ou não pertencer ao corpo;


– (Também conhecido como despersonalização ou desrealização);
– Constantes apagões durante o dia; não localizava coisas onde achava que
estavam, fazia coisas que não queria fazer, parecia eu lúcido mas não
conseguia me lembrar do dia, semana e muitas vezes de anos de minha vida.
– Pessoas relatavam meu comportamento muito diferente do “EU” comum,
normalmente aparecia uma personalidade infantil de tres ou quatro anos de
idade; uma personalidade de um velho de uns 80 ou 90 anos; muito
provavelmente o fim de vida de meu Pai, o qual assumi toda a carga afetiva e
historia do fim da vida dele. Uma personalidade com absurda compulsão por
compras; relógios, óculos, gadgets de tecnologia em duplicidade ou triplicidade;
roupas, entre outras coisas, muitas vezes desnecessárias. Para controlar esta
última foi uma verdadeira guerra interna que travei por anos; foi a primeira
personalidade que consegui controlar e minimizar os impactos. O que acontece
normalmente é que uma não conhece a outra; cada uma atua indepentemente
da outra. Cada uma tem uma característica marcantes; normalmente o que uma
aprende, a outra também sabe, mas não é regra.
– A característica mais forte do TDP é a dissossiação total da realidade da
personalidade principal, ou o “eu”; propriamente dito. Em via de regra, quando
outra personalidade assume, o “eu” propriamente dito é totalmente dissossiado
da realidade da vida. Para quem vive isso dia a dia, eu posso dizer o seguinte;
se imagine no fundo das profundezas do mar, com uma corrente inquebrável
nos pés; em cima no mar, imagine muito lodo ou piche ou algo que te impeça
de ver a luz; e você sem ar, tentando desesperadamente nadar para cima. Só
que não existe ninguém para te ajudar. É você e você. Ou para facilitar as
coisas, se imagine em segundo plano; como um aplicativo de computador;
onde, você percebe todo o entorno, está funcionando mas, não consegue incidir
sobre o meio que vive durante horas, as vezes dias. Este é basicamente uma
das características do transtorno dissossiativo de identidades.
– Outra caractéristica muito marcante e que torna um transtorno tão difícil de
curar é a existencia de uma aminésia dissossiativa neste; ou seja; no meu caso,
eu perdi praticamente toda minha vida laborativa; todos os anos de estudos, de
trabalho e faculdade. Fiz cursos que provavelmente nunca vou mais me
lembrar. Consegui com muito tratamento, reaver partes de meu conhecimento
mas; estas partes são sempre assíncronas em tempo e espaço e muito do
principal conhecimento ou a lógica completa em si não existe mais. O que
praticamente impossibilita meu trabalho, ao menos, na minha antiga profissão.
– Um traço muito forte de minhas personalidades são que tanto a infantil quanto o
velho estão reevindicando alguma coisa; muito provavelmente afeto ou carinho,
o que normalmente são os maiores focos geradores dos transtornos ou seja.
Diretamente no campo afetivo da pessoa. A pessoa com este transtorno, não
consegue controlar quando as outras assumem; normalmente elas conseguem
perceber mas não controlar.
– Para que possa imaginar algum tipo de possessão demoniaca ou algo assim,
reforço, é um transtorno psiquiátrico, resultado de um trauma muito grande que
gerou uma dissossiação dos “EUS”.
– Normalmente o objetivo destas dissossiações é proteger o doente de uma
possibilidade de ocorrer o trauma ou gerador do transtorno novamente. Meu
caso, vou ilustrar na sequencia para que seja possível, estabelecer uma
“Timeline”.
– Sobre o Transtorno Dissossiativo – Percepção de tempo e espaço.
Como anteriormente falei, não existe para mim, a percepção de tempo e
espaço. Todos os dias são literalmente o mesmo dia, sempre; todos os dias são
segunda-feira para mim. Todas as horas são a mesma hora, assim, tenho em
meu quarto, tres relógios realmente ENORMES que me balizam durante o dia.
Para realizar as atividades.
– A falta de percepção de tempo e espaço fazem com que eu precise perguntar
milhões de vezes a mesma coisa, me perco em ruas, muitas vezes tenho
dificuldade para voltar para casa em caminhos que não conheço. Por isso
sempre digo para mim e para os outros que minha memória não funciona
direito; o que é uma verdade; escrevo partes não sequenciais e com o tempo,
vou estruturando dentro de um arquivo. Os pensamentos se confundem então é
bastante complicado escrever mas, vou vencendo um dia de cada vez. Mesmo
enquanto estou escrevendo e da forma que explico; a maldita voz não pára
nunca, é constante do momento que acordo ao momento que vou dormir, sem
cessar; existem dias que é tão forte que tenho que dar duas ou tres voltas na
quadra para me acalmar. Nem vou entrar no mérito da questão do que pensam
de mim; já desisti de tentar explicar minhas doenças a anos para eles. Todos
meus esforços em tentar explicar foram inúteis ao longo dos anos, bem como
as tentativas de reabilitação de trabalho. Este livro não tem realmente nenhum
interesse comercial; o maior intuito dele é contar minha experiencia com as
doenças mentais e esperar que possa de alguma forma, ser útil para alguém
que tenha ou esteja sofrendo como eu sofro todos os dias.

CAPITULO III

SOBRE MIM, CARREIRA, MOTIVOS QUE ME LEVARAM AO COLAPSO TOTAL.

Para se compreender o início da doença, é necessário estabelecer algumas coisas;


meu caso em específico, venho psiquiatricamente doente há muito tempo, talvez
décadas; sempre trabalhando muito, até a exaustão, estudando muito até mais que a
exaustão e como sempre buscando a perfeição em tudo que fazia, tentando me superar
todos os dias, realmente buscando o melhor possível.
Para explicar mas não justificar; desde muito cedo, eu e meus irmãos fomos
criados com algumas premissas de vida; que teríamos que lutar muito, nos sacrificar
muito para chegar a algum lugar; Que deveríamos crescer, lutar e vencer por conta
própria, nos casar, gerar filhos, ter uma carreira e fazer mais que o melhor possível. Pois
apenas poderíamos contar conosco; Uma outra premissa de nossa família e que “eu” ao
menos levei a “ipsis literis” pela vida toda seria que desde muito pequenos, era para
sermos um irmão pelo outro, pela vida toda; houvesse o que houvesse, na saúde e na
doença; “um pelo outro sempre.”.
Bom, retornando a mim; digo que meu aparelho psíquico sempre foi doente por
muitos motivos que não cabe a este livro explicar em detalhes; basta saber que comecei a
trabalhar muito cedo, por volta dos doze anos de idade até adoecer e ser afastado de
minhas funções. Como não tinhamos dinheiro suficiente para nada, exceto para as
necessidades básicas, e como eu era o filho mais velho, busquei me construir sozinho, de
uma forma autodidata, o melhor possível. No começo, tentei varias coisas, trabalhei na
área administrativa de empresas, realizando tarefas como controle de estoque, controle
ponto de funcionários; venda e exposições de calçados, entre outras funções. O trabalho
era basicamente para ajudar minha famlia com as despesas da casa e comer. E assim
foram se passando os anos no começo de minha vida laborativa; como não havia dinheiro
para cursos, comprava livros, revistas, assistia televisão, via os outros fazendo e copiava,
na esperança de construir uma pessoa capaz. Tive de parar de estudar no começo do
Ensino Médio, para poder trabalhar. Então sim, o estudo fez uma falta absurda na minha
vida. O que me ajudou sempre, foi minha capacidade de aprender e executar as coisas.
Mas isso sempre teve um preço psíquico muito alto, sofro de uma depressão severa
desde os 13 anos; com picos durante toda a vida. Em outro momento, busquei construir
uma profissão que fosse rentável, assim fiz cursos de cabeleireiro, um dos sonhos de
minha mãe que era fazer um curso e montar um salão de beleza. Bom fiz o curso,
honestamente não consigo me recordar mais. E meu cunhado, marido de minha irmã,
primeira filha no casamento de meu pai; era um dos melhores cabeleireiros de Santos-SP.
Resolvemos então, que eu ia morar um tempo com ela e trabalhar com ele como um
ajudante; assim poderia aprender, me especializar e ser um grande cabeleireiro. E foi o
que fiz, me mudei, cheguei e comecei a trabalhar. Era um moleque de 17/18 anos, arrimo
de família que não pode servir ao exercito, por dispensa de saúde. Meus sonhos eram,
ser músico, tocar ou algo assim mas, infelizmente não havia tempo nem espaço para isso.
Bom segui o trabalho durante meses; estou contando isso para ilustrar. Junto com essa
ida começaram os problemas psíquicos; dificuldade de aprendizado, depressão muito
forte; uma dificuldade imensa de atender às demandas de meu cunhado; preocupação
com a casa, minha mãe e meus irmãos; que não podia faltar comida em casa; entre
outros.
Já neste tempo, havia dentro de mim, uma coisa negra, crescendo, algo que eu
não conseguia explicar; mas que sentia; dentro de mim, crescendo e me devorando dia a
dia. Nunca contei para ninguém, porque tinha vergonha de ser uma pessoa doente e que
segundo os critérios de minha família, tinhamos de ser fortes e vencer. Assim, assumi isso
e independente de qualquer coisa, segui em frente.
Apenas para que se ilustre o que sentia:

CAPITULO IV

– LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA.

Desde o começo da doença ou seja a quase 9 anos, sigo em tratamento pesado,


passando por médicos, psiquiatras, psicólogos, neuropsicólogos, entre outros
profissionais. O ponto não são as doenças em sí; o que já são absurdamente difícieis em
seus dias. Um transtorno mental é uma violência que sofremos de nós mesmos e muitas
vezes é incontrolável e podem ter certeza absoluta, reafirmo em voz alta, é uma dor de
doer na "alma". de acordar chorando a noite. Creio que o maior ponto de um transtorno
mental é justamente tudo o que gira em torno deles. E pode parecer muito "cliché" para
quem vê de fora mas; para quem vive é uma afronta a dignidade humana. Vou citar
alguns pontos:

- Isolamento social; você é esquecido e desconsiderado pela maioria;


- Uma dificuldade realmente absurda que a maior parte das familias tem de lidar
com uma pessoa com transtornos mentais; em via de regra é tudo o mesmo
saco, ou você é retardado, alienado, doente, louco e lá se vão tantos adjetivos; ou ainda
que você é vagabundo que não quer trabalhar. Essa é a visão de quem enxerga de fora.

– Fragilidade Social; Uma das vertices mais difíceis de transtornos


como este são a absoluta necessidade de cuidados médicos
constantes; que são inerentes ao tratamento, nem dizendo pela
cura mas, pela minimização ou remissão dos sintomas que
proporcionem uma melhor qualidade de vida. O que torna o
trabalho convencional, praticamente impossível. Assim você luta,
pela busca da cura, na melhoria, em amenizar os sintomas,
entretanto por mais que digam que sim, você não é como outras
pessoas. Nem preciso explicar os “porquês”.

– Solidão; Vou novamente ilustrar; Fui casado por dez anos, um


casamento sólido, baseado em respeito e dualidade. Dela não vou
falar; a única coisa que vou citar é "ser humano nenhum no
mundo deveria sofrer o que eu sofri". Bom desde o começo da
doença até hoje lá se vão anos; no começo, ela me ajudou, no
começo dos sintomas; foi comigo em médicos, me auxiliava com
medicação, conversava, etc. Mas com o passar do tempo e com a
persistência da doença; ela mudou muito, da água para o vinho.
Não vou entrar em detalhes mas posso dizer que doeu muito, até
porque fomos criados para o "Até que a morte nos separe"; "na
saúde e na doença" e etc. E eu particularmente sempre levei isso
ao pé da letra. Sou sozinho a pelo menos 5/6 anos mas, não sei
precisar. Apenas agora e com muito tratamento consegui
conhecer alguém especial, que estou me relacionando. Nem de
longe é fácil, porque a doença impõe barreiras que são
praticamente impossíveis a um relacionamento, pelos motivos
mais obvios possíveis. Os apagões e a exaustão fazem com que
seja muito difícil uma vida “normal” por assim dizer. Mas ela é uma
pessoa “absoluta”, “única”, “divergente” e como eu tem possui
altas habilidades, o que a ajuda a compreender meu quadro.
Durante o dia, posso alterar entre as identidades várias vezes, e
fazer a mesma coisa muitas vezes, porque não consigo me
recordar do dia anterior.
– Impossibilidade de dirigir; pelos motivos mais óbvios possíveis, a
direção é algo impossível; sempre e desde que adoeci tenho
comigo, se tiver um apagão no meio do caminho, bato o carro e
posso até matar alguém; então não sou negligente. Enquanto em
tratamento e por quanto tempo não sei dizer, não posso fazer uma
das coisas que mais amava; dirigir.

– Discriminação pela sociedade em geral; Novamente vou ilustrar; o


fato de possuir um QI acima da média, me permite, fazer coisas
mesmo doente e estou; Uma das partes que mais realmente odeio
nesta maldita doença é a seguinte:
– Meu corpo, para mim, está totalmente fragmentado; ou seja,
não sinto a cabeça, na maior parte do tempo, uso chapéu,
óculos e muita roupa para simular um corpo inteiro; no entanto,
meu corpo diz: “Você não tem cabeça, seus braços são frágeis
como um gambito, você não consegue ver o resto do corpo,
apenas os pés”. Em resumo, o corpo que me sustenta que é
perfeito na vista das outras pessoas é praticamente invisível
para mim; Existe uma possível explicação psiquica para isso e
vou tentar explicar. Minha profissão era mais do que o
trabalho, construí sozinho, do nada, autodidata, comprando
livros, revistas, programas de computador,
instalando/desinstalando programas, fazendo manutenção de
computadores até chegar no auge de minha carreira como
Chefe de Departamento de Tecnologia da Informação de uma
Universidade. Ok, até aqui explica a carreira; o ponto é que
depositei tanto nesta profissão e esqueci tanto do resto que
quando entrei em Bournaut, outra das doenças que tenho, o
trabalho tornou-se impossível e um dos sintomas tanto do
Bournaut como do TEPT (Transtorno de Estress Pós
Traumático) é justamente o desajuste das funções biológicas
além das funções psiquicas e mentais. Bom, resultado disso,
não sinto maior parte de meu corpo; os outros me veem inteiro,
nem notam o sofrimento. A parte que mais ODEIO com todas
as letras é a parte da alimentação; como não sinto meu rosto,
toda a maldita comida precisa estar perto do rosto para poder
me alimentar direito.

CAPITULO IV

– Um dia de cada vez.

Durante todo o curso de minha doença, tive de reaprender a


viver; de uma forma mais simples possível, pois formas avançadas não são mais
possíveis. Assim, tive de me adaptar a praticamente tudo para viver um dia de cada vez.
Fazer o melhor possível, dentro de um dia. Tempo e espaço não existem para mim, então,
rigorosamente todos os dias, tomo banho, faço café, como, faço higiene pessoal. Tive de
aprender a viver um dia de cada vez, desde o momento que fiquei doente. Como ouço a
voz todos os dias, alta na cabeça, a música ajuda múito a não entrar em colapso durante
o dia. Entretanto, tarefas mais complexas são impossíveis, uma vez que para mim, todos
os dias são os mesmos dias. Como disse, tive de reaprender a viver, um dia de cada vez.
E assim tenho feito ao longo do ano. Meus transtornos, viraram um grande problema para
a família então, meu isolamento e silencio total são absolutamente necessários. A muito
tempo desisti de tentar explicar o que tenho, como funciona e as implicações da doença.
A menos pior atitude é e foi, o isolamento. Assim, como sempre, venço um dia de cada
vez; na menos pior forma possível, buscando qualidade de vida. Apenas meus médicos e
minha namorada tem a real dimensão de minha doença; os outros, simplesmente ignoram
e fingem que não existe nada. É muito triste saber que mesmo dentro do contexto familiar
existe tanta discriminação. Tem uma frase que sempre digo e repito pois acredito que
possa servir muito às pessoas; “A ignorância é uma coberta muito quentinha”.

– Vencer um dia de cada vez é uma tarefa muito mais complexa e difícil do
que se imagina. É preciso muita determinação e força de vontade,
principalmente quando se tem os transtornos que temos. É uma tarefa
árdua, que demanda esforço psíquico, cansa absurdamente e normalmente
não tem nenhum resultado prático. É quase como chover no molhado. No
meu caso, tarefas complexas são absurdamente exaustivas; tarefas mais
simples são possíveis de se realizar. Entretanto enfrento muita resistiencia
em todos os lados que enxergo.
– Quando tenho que sair para fazer uma compra por exemplo, de mais de um
ítem, no supermercado por exemplo, absolutamente tudo precisa ser
anotado. Senão não consigo realizar a tarefa.
– Cartões? Perdi a conta de quantos cartões de débito ou crédito já perdi na
vida e precisei ter que pedir novamente.
– Antigos amigos? Esqueça, eles simplesmente te esquecem; mais fácil você
se adaptar a doença, mudar o foco, buscar outras coisas e aprender a viver
de outra forma. Uma coisa que ouvi e tenho vivenciado é o seguinte: Se as
antigas pessoas saem de sua vida; outras entram, de outra forma. Tão ou
mais significativas para você.
– Certo dia, fui almoçar perto de casa e, na mesa ao meu lado, impossível de
não me ver; uma psicóloga que costumava ser muito minha amiga; no
começo de minha doença ela me ajudou bastante mas, com o passar do
tempo, se afastou de mim. Procurei manter o contato mas, não houve
retorno e a confirmação do esquecimento se deu, quando a vi ao meu lado
comendo e simplesmente não me vendo; me tornei absurdamente invisível
aos olhos da sociedade e de praticamente todos.
– Para quem tem esse tipo de transtorno, se sente absolutamente vulnerável
e; condutas como estas doem de forma a cortar o coração e doer na alma.
– Quanto ao perdão? Fica a critério de cada um.
– Voltando a vencer um dia de cada vez. Para mim, todos os dias sem
exceção são os mesmos dias, não existe diferença; apenas um dia de cada
vez a ser vencido. Realizo muitas tarefas, desde a manhã até a noite e, no
dia seguinte, é tudo a mesma coisa. Exatamete igual ao dia anterior; a maior
parte do que leio é esquecido; me apego muito na música, na leitura,
escrever, como faço agora; mas, a maldita voz permanece o tempo todo,
desde manhã até a noite, em todas as tarefas que realizo. Então tenho que
fazer muitas paradas, o tempo todo para não entrar em colapso; um colapso
hoje, pode comprometer todo o tratamento e muito possivelmente não
consiga mais voltar; Motivo pelo qual, parei há muito tempo de estabelecer
metas ou prazos ou coisas que não possa mais dar conta. A voz por sí só já
é insuportável.
– Quanto à família, desisti há muito tempo de tentar explicar alguma coisa.
Melhor ficar em silencio do que ter mais problemas. Normalmente nem falo
mais mas, procuro ajudar em tudo que posso. No entanto, sempre tenho
problemas por me esquecer das coisas. Assim, procuro ficar o mais em
silencêncio possível. Para evitar maiores problemas. Quanto mais em
silencio ficar, menos pior é. Sei que meu tratamento é e será longo, por
muito tempo, assim, o silencio é meu maior guia. Eles não conseguem me
perceber como uma pessoa doente, sempre acreditam que estou bem,
quando não estou. Os apagões são sempre constantes; diários e a melhor
coisa a fazer é ficar em silencio no quarto. E não falar mais. Quanto menos
falar, menos pior é. Praticamente todos da minha famlia não acreditam em
mim, mesmo depois deste tempo todo, e, honestamente, desisti de tentar
explicar o que acontece; todos os dias. Como não quero arrumar mais
problemas em casa, o silencio é meu maior guia. Tenho todos os dias,
tentado vencer doenças que são praticamente impossíveis de serem
vencidas; mas todo dia, como não me lembro dos dias anteriores, são
sempre os mesmos dias. A forma, menos pior de enfrentar uma doença
destas é o silencio, o isolamento. Tentar explicar o que já tentei explicar por
anos a fio é inútil, cansativo e desgastante. Assim a melhor coisa possível é
não falar, me manter em silencio total e como sempre, vencer um dia de
cada vez. As orientações mais claras dos médicos em meu caso são; evitar
o trauma a qualquer custo; o que implica obrigatóriamente não tentar
trabalhar ou me reabilitar; Evitar a todo custo enfrentamentos que possam
trazer o trauma à tona. Focar na qualidade de vida; da menos pior forma
possível. Seguir com o tratamento que muito possivelmente será longo, por
muito anos, talvez a vida toda. Tentar ser produtivo, da melhor forma
possível, dentro do possível a cada dia.

CAPITULO V – TEPT – Transtorno de Estress Pós Traumático.

Como disse anteriormente, tenho atulamente três doenças mentais e em


tratamento; sendo, Transtorno Dissossiativo de Personalidade, Transtorno de Estress Pós
Traumático e Síndrome de Bournaut. Todos são passíveis de tratamento mas, como todo
tipo de transtorno mental, podem levar uma vida toda. Não existe e nem pode existir data
para cura de uma doença destas, no entanto, existe o tratamento e o trabalho diário em
busca da melhora.

– Outra doença que possuo e está em tratamento e acredito que seja a mais
difícil de curar é o TEPT. O transtorno de Estress Pós Traumático.

– Vou tentar explicar o pouco que consegui aprender com o TEPT. É um dos
transtornos mais sérios e difíceis de curar na psiquiatria. Quando uma
pessoa vivencia um trauma e quanto mais tempo levar, mais difíicil o
trabalho, tratamento e cura. Quando o transtorno é diagnosticado cedo, a
chance de cura é bem maior; quando se demora muito para o diagnóstico, a
cura pode realmente demorar uma vida toda. Os prejuízos em todos os
sentidos na vida de uma pessoa, são imensos; desde o aspecto financeiro
até todos os demais aspectos da vida da pessoa.

– O TEPT é um transtorno mental, gerado normalmente por algum trauma


psíquico muito sério; o suficiente para marcar para sempre a vida de uma
pessoa, até então saudável. Nem todas as pessoas que experimentam um
trauma, obrigatoriamente desenvolve um transtorno, entretanto, muitas
podem sim desenvolver traumas que são muito difíceis de curar.
– Dentre alguns sintomas do TEPT, podemos citar:

• A pessoa com trauma evita a todo custo as circunstâncias que


geraram o trauma;
• Mesmo que para isso seja necessário se afastar de tudo e de
todos;
• O fator gerador é tão forte que pode, alterar tanto o aparelho
psíquico como a biologia do corpo da pessoa; São alterações
significativas o suficiente;

• Muitas pessoas experimentam, despersonalização ou


desrealização e, por muitas e muitas vezes o cérebro
simplesmente desliga, mantendo apenas as funções mais
básicas do corpo, para garantir sua sobrevivencia; todas as
demais funções não essencias, são automaticamente
bloqueadas pois, nosso corpo e organismo foram feitos para
sobreviver; nem que para isso seja necessário, parar todo o
resto; inclusive como um raciocínio lógico.

• Em meu caso, isso ajuda a explicar a série de apagões que


tenho durante o dia, desrealização e despersonalização que
vivencio todos os dias. Consigo racionalmente compreender
mas, é uma luta diária do consciente com o inconsciente e
honestamente em muitas vezes, sendo bem sincero, perco a
luta;
• Entretanto, como vivo um dia de cada vez apenas; aprendi que
o amanhã sempre vem, enquanto estiver vivo e o amanhã será
apenas um novo dia para lutar. Independente de ganhar ou
perder pois este já não é o ponto há muito tempo; acredito
cegamente que o caminho a ser percorrido é o ponto.
• Não posso ser culpado por estar doente; não era em momento
algum intenção adoecer deste jeito mas, é um fato e tenho que
lidar com isso da melhor forma possível.

• Todavia, sou o maior responsável pela minha saúde mental e
tratamento e sabendo disso, sigo à risca às orientações
médicas, buscando todos os dias, melhorar um pouco de cada
vez.
• Um pouco mais do que tenho estudado sobre o TEPT.
◦ Este transtorno é mais comum em pessoas que vivenciam
traumas como a guerra; acidentes violentos; vítimas de
estupro; violencia domêstica, entre outros fatores. Existe um
critério médico que determina se você está doente com o
TEPT ou não, existem critérios avaliativos mas,
honestamente não saberia informar com precisão.
◦ Livros especializados, ajudam e muito ao esclarecer as
dúvidas.

• Outro sintoma mais comum do transtorno é o isolamento;


normalmente a pessoa tenta se isolar o máximo possível; por
alguns fatores como:

- Vergonha;
◦ - Incompreensão da(s) doença(s).
◦ Fuga da realidade para evitar o trauma a qualquer custo.
◦ Séria alteração na biologia do corpo; pessoas com TEPT
possuem sintomas claros como:
▪ Insônia;
▪ Extrema irritabilidade;
▪ Síndrome de Panico assossiada;
▪ Taquicardia;
▪ Sudorese exterma;
▪ Terror noturno e pesadelos recorrentes ao ou aos
eventos marcantes;
▪ Sensão de morte eminente e constante o que
automaticamente coloca o corpo em alerta máximo;
paralizando todas as funções não essenciais; Incluindo
um raciocínio mais elaborado. Isso também ajuda a
explicar os apagões que tenho todos os dias,
independente de quanto me esforce a fazer as coisas.
▪ Como no meu caso, todas comorbidades são muito
sérias e difíceis de tratar; leva bastante tempo, equalizar
um raciocínio, produtividade, apagões, crises, entre
outras coisas; Para se ter ideia de cada um dia
produtivo, o ciclo da doença me coloca na cama por no
mínimo dois dias; Sentindo todos os sintomas acima
descritos assim, não posso forçar muito se quiser
manter o minimo de qualidade de vida de um dia para
outro. Se forçar, certamente entro em colapso e posso
não voltar; É como viver constantemente desafiando o
limite, todos os dias, sem data certa para terminar a
batalha.

– Citar fonte.

CAPITULO VI - Sobre trabalho, excesso, perfeccionismo, sobrecarga e doença.


Como a maior parte das pessoas, antes de ter tido todos os sintomas das doenças,
há muito tempo já apresentava sérios sintomas da Síndrome de Bornaut. Coisa que eu
honestamente sequer sabia existir.
Sempre trabalhei muito, muitas horas por dia; muito além do normal; plantões, virar
madrugadas com implantações, etc; eram de praxe. Viajar às pressas para atender
clientes em outro estado? Mesma coisa; mal pingava em casa e já tinha que voltar; Tenho
absoluta certeza que muitas pessoas e profissionais irão se identificar com isso; E o pior,
eu honestamente achava isso não só normal, como bonito??!!!!. Não tinha a menor ideia
do preço que ia pagar pela sobrecarga no trabalho e pela busca incansável pela perfeição
e para entregar um produto ou serviço de máxima qualidade para os clientes.
A maior parte de minha vida, trabalhei com TI – Tecnologia da Informação;
começando como estudante de micro, depois manutenção simples em PCS; depois visita
a clientes; mais estudos e mais estudos; tudo por conta própria. O custo psíquico disso?
Enorme, com o passar do tempo fui ficando fadigado, perdento o tesão pela profissão e o
que é prior, começando a cometer erros nos serviços. Meu cansaço era totalmente
ignorado pelo conceito que precisamos nos “matar” de tanto trabalhar para merecer algo.
Resultado? Bournaut.
Novamente, tenho certeza absoluta que muita gente se identifica com o que
escrevo; Se certo ou errado, não cabe a mim julgar, até porque, quem sou eu para julgar
alguém. O fato é que eu durante mais de vinte anos de profissão colecionei projetos,
cursos, implantações de todos os tipos que se possa imaginar. Trabalhava e estudava
praticamente 24/7. Raramente descansava ou tinha horas para o lazer e cuidados
pessoais e com a família e amigos. Era como chamam por aí de “Workaholick” ou
máquina de trabalhar.
Muito bem, até este momento, já se pode compreender que, fui muito além de onde
podia ir; ultrapassei todos os limites possíveis tanto emocionais, como de corpo e
principalmente psíquicos.

– Vou tentar esclarecer um pouco sobre a Síndrome de Bournaut.



– É um transtorno mental, caracterizado quando alguém vai além do que o corpo
e a mente permitem, dentro do campo do trabalho. Tal síndrome acomete todos
os dias milhares de profissionais, de diferentes campos e áreas. Outra
característica do Bournaut é que é ele é gerado principalmente com pessoas
que buscam a perfeição e tem na grande maioria dos casos, fundo emocinal,
estando também vinculado à toxicidade da empresa que se trabalha,
possibilidade de assédio moral e/ou sexual dentro do trabalho, sobrecarga de
trabalhos e outros fatores. Quando um profissional entra em Bournaut, quer
dizer que o corpo fadigou; tanto o corpo como o cérebro e automaticamente o
cérebro desliga a maior parte das funções, deixando apenas o estritamente
necessário para a sobrevivencia. Muitas vezes a pessoa pensa que está ou
alienada mentalmente ou com algum tipo de demência e busca o diagnóstico
imediatamente com neurologistas; como foi o meu caso. Eu tinha quase certeza
que estava entrando em demência; que havia algo muito errado com meu
cérebro; como se tivesse literalmente “fritado”. Fui em pelo menos tres
neurologistas renomados que atestaram não haver absolutamente nada de
errado com meu cérebro, não clinicamente.

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