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Sinopse: cronicas bibliográficas e contextualizadas sobre minha família.

Tipo um tio ser gay,


mas pela época foi obrigado a casar e minha bisa que engravidou sem ser casada e ganhou
da família uma passagem de vinda pro brasil

PRIMAVERA: novos ciclos


VERÃO: abundância, produtividade, prazer, alegria, fecundidade
OUTONO: casualidades
INVERNO: encerramentos, hibernar

Meus bisavós tiveram uma média de 10 filhos. Por coincidência meus avós são os filhos
mais novos e tiveram regalias em relação aos irmãos mais velhos, como ter sapatos antes
dos 10 anos de idade e começar a trabalhar depois de completar o primário (equivalente ao
5º atual).
Meus avós e a maioria dos irmãos se casaram e tiveram uma média de 4 filhos, o que me
deu uma média de 40 tios por árvore familiar! Nem todos se casaram e nem todos tiveram
filhos. Dentro desse bolo de gente o irmão que sempre achei mais interessante foi o tio
ermitão, justamente por ser ermitão Sempre o considerei pioneiro e sincero consigo mesmo
ao saber interpretar sua própria natureza, aceitá-la e abraçá-la.
Meu pai conheceu a minha mãe na escola. Minha mãe diz não se lembrar dele com a
desculpa de que ignorava os alunos mais novos. Eles se reencontraram anos depois, num
ônibus, cada um indo para sua respectiva casa. Meu pai se apresentou pra minha mãe e
disse que se lembrava dela. Obviamente ela riu do desconhecido que por acaso sabia seu
nome e disse ter estudado na mesma classe que seu irmão.
Sou filha e prima mais velha e diferente do meu irmão, fui planejada. Por ser a mais velha
sempre me foi exigido pensar nos mais novos e ser um exemplo. Suspeito fortemente que
minha didática e jeito humorado para lidar com quaisquer situações vem daí.
Meus pais trabalhavam, eu e meu irmão ficávamos com meu avô materno, que tinha
acabado de se aposentar junto com meus primos, afinal meus tios também tinham que
trabalhar. Nessa época eu fui assistente do meu avô e já que eu tinha que preparar 6
mamadeiras pro café da tarde, eu fazia a 7ª para mim mesma.
Eu achava meu avô super rico pq as primeiras lembranças que tenho dele são de um
homem bem vestido que tinha sempre que ir ao cartório ver algo da firma, ele sempre tinha
que ir ao cartório, pq sempre tinha firma para abrir, para confirmar, para autenticar, para
fechar… Eu não conhecia o sistema burocrático, muito menos o sistema burocrático com
vias em papel e tendo que despachar e receber papéis, então o achava muito rico por ter
que lidar com tantas firmas e cartórios assim.
Ele segue sendo um exemplo para mim. Fez dívidas para cumprir com a palavra e se casar
com a minha vó. Fez mais dívidas para comprar uma casa. As próximas dívidas vieram com
o boleto da escola. Seguido dos boletos da faculdade e da própria faculdade, pois ele voltou
a estudar junto com os filhos, antes disso tinha o grau técnico. E depois a casa, aliás
mansão na praia cá cá cá. Seguida da dívida para comprar uma chácara. E porque nâo
fazer um empréstimo com a possibilidade de nem ter que pagar se vier a falecer? Ele não
teve como não perder essa oportunidade e felizmente pagou todas as dívidas e está vivo
para rir das enrascadas que se metia para sempre levar comida e educação.

Hoje minha mãe mora comigo. Eu e ela nos separamos na mesma época e adoramos a
companhia uma da outra. Cora fecha o número de habitantes fixos da casa e é nossa
guardiã, sempre alerta na janela e late a qualquer movimento suspeito. Só uma explicação,
os não fixos tendem a ser as plantas que são levadas por parentes ou acabamos
replantando na rua por ficarem muito grandes. Essa ideia de partilhar e trazer a natureza
mais pra perto sempre esteve presente e me agrada muito.
Muito antes disso tudo, meus pais trabalhavam e eu ficava com meu avô materno, e não era
a única. Sou filha e prima mais velha. Por ser a mais velha sempre me foi exigido pensar
nos mais novos e ser um exemplo. Suspeito fortemente que minha didática e jeito
humorado para lidar com quaisquer situações vem daí. Meu avô sempre esteve presente
para ler estórias e jornais pois "temos que dosar e ter equilíbrio", ele dizia. Ele também nos
deixava assistir desenhos e depois questionava nosso entendimento sobre o que tínhamos
visto. Ele não tinha medo de contar sobre seus erros e acertos, o que me deu a liberdade
de sempre testar e aceitar o erro como uma parte do processo.

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