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PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

HIGIENE DO TRABALHO I

RUÍDO E CALOR

PROF. ESP. ANTÔNIO SERRA


SUMÁRIO

1. HIGIENE OCUPACIONAL ...................................................................................... 4

2. INSALUBRIDADE ................................................................................................... 6

3. AGENTE RUÍDO ................................................................................................... 11

4. AGENTE CALOR .................................................................................................. 22

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UNIDADE I – HIGIENE OCUPACIONAL

1.1. AMBIENTE DE TRABALHO INSALUBRE

Quando um trabalhador realiza suas atividades em um ambiente insalubre, ou seja,


contaminado por agentes físicos, químicos ou biológicos, ele pode desenvolver
alguma doença que o incapacitará para o trabalho. Se isso ocorrer, será afastado das
suas atividades e, dependendo do tipo e da gravidade da doença contraída, será
submetido a tratamento e após a cura, retornará ao trabalho. Entretanto, note que se
retornar para a atividade inicial, o trabalhador voltará para o mesmo ambiente onde
contraiu a doença, desta forma, é provável que ele fique novamente doente, mais
rápido e mais intensamente do que na primeira vez, e quem sabe fique totalmente
incapacitado. (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Imagem 1. Ambiente insalubre, ruído acima do tolerado.

Mas, você deve estar se perguntando, por que isto acontece? Porque agindo da
maneira como relatamos acima, estaremos apenas tratando a doença do trabalhador
(a consequência) e não a causa fundamental que é a exposição ao ambiente insalubre
(BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

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Então, conforme você já aprendeu em diversas outras disciplinas, devemos trabalhar
de forma preventiva, ou seja, devemos tratar o ambiente de trabalho a fim de evitar
que os trabalhadores fiquem doentes. Neste contexto é que entra o estudo da
Higiene do Trabalho ou Higiene Ocupacional, conforme veremos a seguir.

1.2. CONCEITO DE HIGIENE OCUPACIONAL


É a ciência e arte dedicada à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle
daqueles fatores ou tensões ambientais, que surgem no ou do trabalho, que podem
causar doenças, prejuízo à saúde ou ao bem-estar, ou desconforto significativos entre
trabalhadores ou entre os cidadãos da comunidade.

1.3. OBJETIVO DA HIGIENE OCUPACIONAL

Eliminar ou reduzir os agentes agressivos de natureza química, física ou biológica


encontrados no ambiente de trabalho, capazes de acarretar doenças profissionais ou
qualquer outro prejuízo a saúde do trabalhador.

1.4. FASES DA HIGIENE OCUPACIONAL

Conforme a definição da ACGIH, a Higiene do Trabalho é constituída por três etapas:


Reconhecimento, Avaliação e Controle dos agentes ambientais (agentes físicos,
químicos e biológicos). Segundo Saliba (2011, p.11 - 12), cada uma destas etapas é
constituída da seguinte forma:

❖ Reconhecimento: nesta primeira etapa, realizamos o reconhecimento dos


agentes ambientais que afetam a saúde dos trabalhadores. É importante
observar que se um agente tóxico não for reconhecido, ele não será avaliado e
nem controlado. Desta forma, para que esta etapa seja bem sucedida,
devemos ter conhecimento profundo do processo produtivo, ou seja, dos
produtos envolvidos no processo, dos métodos de trabalho, do fluxo do
processo, do arranjo físico das instalações, do número de trabalhadores
expostos, dentre outros fatores relevantes.

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❖ Avaliação: Nesta etapa, realizamos uma avaliação quantitativa e/ou qualitativa
dos agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos postos de trabalho. É
nesta fase que devemos detectar os contaminantes, fazer a coleta das
amostras (quando cabível), realizar medições e análises das intensidades e
das concentrações dos agentes, realizar cálculos e interpretações dos dados
levantados no campo, comparando os resultados com os limites de exposição
estabelecidos pelas normas vigentes.

❖ Controle: com base nos dados obtidos nas etapas anteriores, devemos
propor e adotar medidas que visem à eliminação ou minimização do risco
presente no ambiente.

➢ ETAPAS DE CONTROLE NA HIGIENE OCUPACIONAL

(Prioridade) Adoção de medidas relativas ao ambiente ou medidas


coletivas: são medidas aplicadas na fonte ou trajetória, como: substituição
do produto tóxico usado no processo, isolamento das partes poluentes,
ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora, dentre outros.

Medidas administrativas: compreendem, entre outras, a limitação do


tempo de exposição do trabalhador, educação e treinamento, exames
médicos (admissional, periódico e demissional). Os exames médicos, além
de avaliar a saúde dos trabalhadores expostos aos agentes ambientais,
avaliam a eficácia das medidas de controle adotadas.

Medidas relativas ao trabalhador (EPI): não sendo possível o controle


coletivo ou administrativo, ou enquanto essas medidas estiverem sendo
implantadas, ou ainda, como complemento às medidas já adotadas,
devemos utilizar o Equipamento de Proteção Individual adequado ao risco.
Perceba que essa medida é a última linha de defesa a ser empregada e
não a primeira como muitos pensam.

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Imagem 2. Aplicação das etapas de controle.

1.5. GRUPOS HOMOGÊNEOS DE EXPOSIÇÃO (GHE) / GRUPO EXPOSIÇÃO


SIMILAR (GES)

Corresponde a um grupo de trabalhadores que experimentam exposição semelhante,


de forma que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de qualquer
trabalhador do grupo seja representativo da exposição do restante dos trabalhadores
do mesmo grupo.

Imagem 3. Grupo Homogêneo de Exposição / Grupo Similar de exposição.

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UNIDADE II – INSALUBRIDADE
2.1. CONCEITO LEGAL, ENUNCIADO PELO ART. 189 DA CLT:

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua


natureza, concisões ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

2.2. RISCOS E AGENTES DE RISCOS CONSIDERADOS INSALUBRES (NR 15):

2.3. CLASSIFICAÇÃO DO PERCENTUAL DE INSALUBRIDADE

CLT - Artigo 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites
de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40%, 20%, e 10% do salário mínimo da região, segundo
se classifique no grau máximo, médio ou mínimo.

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2.4. PERCENTUAL DE INSALUBRIDADE POR AGENTE DE RISCO

2.5. ELIMINAÇÃO OU NEUTRALIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE

A eliminação ou neutralização da insalubridade ocorrerá:


a) Com a adoção de medidas que conservem o ambiente do trabalho dentro dos
limites de tolerância;
b) Com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo aos limites de tolerância.

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OBSERVAÇÃOES:

❖ SUMULA TST – nº 289

O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime


do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que
conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas
ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

❖ SUMULA TST – nº 248

A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da


autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem
ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial.

2.6. PAGAMENTO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

O pagamento do adicional de insalubridade deve ser pargo conforme a classificação


do respectivo grau detectado por profissional legalmente habilitado e pago sobre o
salário mínimo da região. Entretanto quando houver incidência de mais de um fator
de risco insalubre comprovado, o trabalhador somente terá direito para acréscimo
salarial, aquele cujo percentual seja o mais elevado, sendo vetado segundo o item
15.3 da NR15 a percepção cumulativa.

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UNIDADE III – AGENTE RUÍDO

3.1. CONCEITO
O conceito de ruído é associado a som desagradável e indesejável.

Imagem 4. Menino que expressa som alto

3.2. DEFINIÇÃO DE SOM


É definido como variação da pressão atmosférica dentro dos limites de amplitude
e banda de frequências ao qual o ouvido humano responde (GERGES, 1992).

3.3. O OUVIDO (ORELHA) INTERNAMENTE

Imagem 5. Ouvido

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Com a idade, o ouvido humano vai diminuindo sua capacidade de escutar, isto é, fica
menos sensível aos sons, especialmente nas frequências mais altas.
Mas, é importante você saber que dentro do ouvido existem cílios para nos proteger
dos sons mais altos. Quando escutamos barulhos em volume excessivo, esses cílios
podem se danificar para sempre e perder sua função. Isso pode levar à surdez.

DIVISÃO DA ESTRUTURA ANATÔMICA AUDITIVA

❖ Ouvido externo: é formado pelo pavilhão auricular e pelo canal auditivo. Esse
canal, responsável pela amplificação e condução dos sons, compõe-se da
membrana timpânica no fundo e é revestido de pelos e glândulas
(NISHIDA,2012).

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❖ Ouvido médio: esta parte é composta por três pequenos ossos, bigorna, estribo
e martelo que têm a capacidade de amplificar as vibrações em até 22 vezes
(IIDA, 2005).

❖ Ouvido interno: também conhecido por labirinto, é formado pelo aparelho


vestibular e pela cóclea. O labirinto é responsável pelo equilíbrio e a cóclea pela
percepção dos sons (NISHIDA, 2012).

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3.4. CURVAS DE COMPENSAÇÃO
Com fundamento em estudos de audibilidade (SALIBA, 2011), foram desenvolvidas
as curvas de compensação ou ponderação para simular como nosso ouvido reage
nas variadas frequências.

Das quatro curvas A, B, C e D, a mais usada e a A, pois é a que mais se assemelha


a resposta do nosso ouvido.

3.5. EFEITOS DO RUÍDO NO CORPO HUMANO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, um ruído de até 50 dB(A)pode


perturbar, mas o organismo se adapta facilmente a ele. A partir de 55 dB(A), pode
haver a ocorrência de estresse leve, acompanhado de desconforto. O nível de 70
dB(A) é tido como o nível inicial do desgaste do organismo, aumentando o risco de
infarto, derrame cerebral, infecções, hipertensão arterial e outras patologias. A 80
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dB(A) ocorre a liberação de endorfinas, causando sensação de prazer momentâneo.
Já a 100 dB(A) pode haver perda de audição. Muitas consequências da exposição
prolongada ao ruído têm sido relatadas na literatura, sendo, as mais frequentes são a
perda de audição e o aumento do nível de estresse com suas decorrências.
De acordo com Alexandry (1985), ocorrem três tipos de respostas ao ruído: resposta
somática, resposta química e resposta psicológica. A resposta somática diz
respeito a fatores como a vasoconstrição periférica, a hiporritmia ventilativa, a
variação galvanotérmica e a variação tenso muscular. A resposta química refere-se à
relação de secreção de substâncias glandulares, que produzem trocas clínicas na
composição de suco gástrico, sangue, urina e fluído neurônico. A resposta psicológica
apresenta-se em vários níveis, como sono, atenção, concentração, irritabilidade,
ansiedade, inibição, medo e neurótico.

3.6. NORMATIVAS TÉCNICAS PARA A AVALIAÇÃO DO RUÍDO NOS AMBIENTES

❖ ANEXO 01 E 02 - NR -15 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES)

ANEXO 01 - CONTINUO OU INTERMITENTE:

RUÍDO CONTINUO: E aquele cuja variação de nível de intensidade sonora varia ± 3


dB durante um período logo de observação. •

RUÍDO INTERMITENTE: São aqueles que apresentam grandes variações de nível


em função do tempo.

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TABELA COM LIMITE DE TOLERÂNCIA DA NR 15 PARA RUÍDOS CONTÍNUOS
OU INTERMITENTES.

ANEXO 02 – IMPACTO

RUÍDO DE IMPACTO: Aquele que apresenta picos de energia acústica de duração


inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo.

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LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO (ANEXO 02)

✓ O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos


intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído
contínuo.

✓ Em caso de não se dispor de medidor do nível de pressão sonora com circuito


de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta
rápida (FAST) e circuito de compensação "C". Neste caso, o limite de tolerância
será de 120 dB(C).

RISCO GRAVE E IMINENTE:


✓ Ruído Continuo ou Intermitente: As atividades ou operações que exponham os
trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115
dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

✓ Ruído de Impacto: As atividades ou operações que exponham os


trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores
a 140 dB(LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou
superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST),
oferecerão risco grave e iminente.

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❖ NR-17 (ERGONOMIA)
Segundo o item 17.5.2.1: Para as atividades que possuam as características
definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com
aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de
conforto será de até 65 dB (A).

❖ NR-9 (PPRA)
A NR-09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) define
parâmetros para estabelecimento de níveis de exposições ocupacionais
deflagradores de ações preventivas.
O Nível de Ação – NA é o valor de intensidade ou concentração de agentes nocivos
acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a
probabilidade de que as exposições ocupacionais ultrapassem os Limites de
Tolerância.

❖ NHO 01 (FUNDACENTRO)
Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critério e procedimentos para
avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique risco potencial de
surdez ocupacional.

❖ NBR 10151 – RUÍDO EM ÁREAS HABITADAS (CONFORTO DA COMUNIDADE)


Fixar condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em
comunidades.

❖ NBR 10152 – NÍVEIS DE RUÍDO PARA CONFORTO ACÚSTICO


Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira
registrada no INMETRO.

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3.7. INSTRUMENTAÇÕES UTILIZADAS PARA AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DO
RUÍDO

❖ DECIBELIBETRO

❖ AUDIODOSIMETRO

❖ CALIBTRADOR ACÚSTICO

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3.8. CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO

Todos os equipamentos de medição devem possuir certificação de calibração,


apesar de não existir legalmente normativa técnica que defina um período
específico para que seja feita a calibração do equipamento, recomenda-se
calibrar-se anualmente de acordo com o fabricante.

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3.9. TIPOS DE PROTEÇÕES AUDITIVAS E SUAS REFERIDAS ATENUAÇÕES

PROTETORES AUDITIVOS

ABAFADOR / CONCHA PLUG / INSERÇÃO

✓ Certificado de Aprovação – CA

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ATENUAÇÃO DO RUÍDO ATRAVÉS DO MÉTODO NRRsf

✓ Método NRRsf (Noise Reduction Rate subject fit)

O Método NRRsf, na verdade, se diferencia dos demais apenas no teste de atenuação


do protetor. Diferentemente do Método A, da Norma ANSI S12.6-1.997, o Método B
desta norma especifica que, ao invés do executante dos testes orientar os voluntários,
estes colocam e ajustam os protetores nos ouvidos, seguindo a orientação da bula,
sem que o condutor dos testes interfira e/ou toque nos protetores. A ideia aqui é
reproduzir o mais fielmente as condições de campo, em que os protetores nem sempre
são tão bem colocados e ajustados quanto no laboratório.

A fórmula de cálculo do NRRsf é, na verdade, derivada do SNR, ou seja:

Para cálculo da atenuação no campo a fórmula é a seguinte:

✓ dB(A) existente no ambiente – NRRsf = dB(A) no ouvido protegido


✓ dB(A) existente no ambiente – (NRRsf + 5) = dB(A) no ouvido protegido

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE ATENUAÇÃO DE RUÍDO

1ª Questão
Em uma empresa foi realizado um monitoramento quantitativo de ruído e o resultado
obtido foi de 87 dB(A), a jornada de trabalho da empresa é de 6 horas diárias e a
proteção auditiva fornecida e do tipo plug com fator de atenuação NRRsf de 14 dB(A).
Pergunta-se:
a) O ambiente de trabalho é considerado insalubre.
b) A proteção auditiva é considerada eficaz. Justifique.

2ª Questão
Em uma empresa foi realizado um monitoramento quantitativo de ruído e o resultado
obtido foi de 100 dB(A), a jornada de trabalho da empresa é de 6 horas diárias e a
proteção auditiva fornecida e do tipo plug com fator de atenuação NRRsf de 12 dB(A).
Pergunta-se:
a) O ambiente de trabalho é considerado insalubre.
b) A proteção auditiva é considerada eficaz. Justifique.

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3ª Questão
Em uma empresa foi realizado um monitoramento quantitativo de ruído e o resultado
obtido foi de 98,6 dB(A), a jornada de trabalho da empresa é de 8 horas diárias e a
proteção auditiva fornecida e do tipo plug com fator de atenuação NRRsf de 14 dB(A).
Pergunta-se:
a) O ambiente de trabalho é considerado insalubre.
b) A proteção auditiva é considerada eficaz. Justifique.

4ª Questão
Em uma empresa foi realizado um monitoramento quantitativo de ruído e o resultado
obtido foi de 105 dB(A), a jornada de trabalho da empresa é de 8 horas diárias e as
proteções auditivas fornecidas são do tipo plug com fator de atenuação NRRsf de 20
dB(A) e do tipo abafador com fator de atenuação NRRsf de 23 dB(A). Pergunta-se:
a) O ambiente de trabalho é considerado insalubre.
b) A proteção auditiva é considerada eficaz. Justifique.

UNIDADE IV – AGENTE CALOR


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4.1. CONCEITO DE CALOR

É a forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma


diferença de temperatura entre os mesmos.

4.2. MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIAS DE CALOR


Existem três mecanismos conhecidos para transferência de calor:
✓ Radiação: Consiste de ondas eletromagnéticas viajando com a velocidade da
luz.
✓ Condução: Ocorre dentro de uma substância ou entre substâncias que estão
em contato físico direto.
✓ Convecção: Consiste na transferência de calor dentro de um fluído através de
movimentos do próprio fluído.

FIGURA DO MECANISMO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR

4.3. EFEITOS NA SAÚDE POR EXPOSIÇÃO AO CALOR

✓ Câimbras do calor facilmente reversíveis;


✓ Exaustão térmica sérios danos à saúde;
✓ Choque térmico danos irreversíveis;
✓ A sudorese prolongada e intensa, em tarefas rotineiras de longo tempo, pode
perturbar as funções cardiovasculares normais.
4.4. CONCEITOS TÉCNICOS

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❖ A caracterização da insalubridade por calor deve ser restrita aos ambientes
de trabalho com fontes artificiais de calor e não devido à exposição ao calor
proveniente do sol.

❖ Processo de Aclimatação:

✓ Ganho da aclimatação: Só é adquirida totalmente após 3 semanas de


atividade física contínua, sob condições de sobrecarga térmica.
✓ Perda da aclimatação: Ocorre em três a quatro dias após o término do
trabalho sob condições de sobrecarga térmica.

4.5. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO


❖ A soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho (Tt)
+ a soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso
(Td) devem ser igual a 60 minutos corrido e devem ser tomados no período mais
desfavorável do ciclo de trabalho.
❖ A identificação do período de exposição mais desfavorável deve ser feita mediante
análise conjunta do par de variáveis, situação térmica e atividade física e nunca
por meio da análise isolada de cada uma delas.

4.6. LIMITES DE TOLERÂNCIA (ANEXO 03 DA NR 15)


❖ Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente
com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no


Quadro N.º 1.
QUADRO 1
REG. TRABALHO INTERMITENTE COM
DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE LEVE MODERADA PESADA
TRABALHO. (Por hora)
Trabalho contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45'de trabalho/15'descanso 30,1 à 30,6 26,8 à 28,0 25,1 à 25,9
30'de trabalho/30'descanso 30,7 à 31,4 28,1 à 29,4 26,0 à 27,9
15'trabalho/45' descanso 31,5 à 32,2 29,5 à 31,1 28,0 à 30,0
Não é permitido o trabalho sem a adoção de Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
medidas adequadas de controle.

2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os


efeitos legais.
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3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita
consultando-se o Quadro n.º 3.

❖ Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente


com período de descanso em outro local (local de descanso).

1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente


termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade
leve.

2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro n.º 2.

QUADRO 2*

M(Kcal/h) MÁXIMO IBUTG

175 30,5

200 30,0

250 28,5

300 27,5

350 26,0

400 26,0

450 25,5

500 25,0

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QUADRO N.º 3
TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE
QUADRO 3*
TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h
Sentado em Repouso 100
Trabalho Leve:
Sentado, movimentos moderados com braços e 125
tronco (ex.: datilografia).
Sentado, movimentos moderados com braços e 150
pernas (ex.: dirigir).
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, 150
principalmente com os braços.
Trabalho Moderado:
Sentado, movimentos vigorosos com braços e 180
pernas. 175
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada,
com alguma movimentação. 220
De pé, trabalho moderado em máquina ou
bancada, com alguma movimentação. 300
Em movimento, trabalho moderado de levantar
ou empurrar.
Trabalho Pesado:
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou 440
arrastar pesos (ex.: remoção com pá).
Trabalho fatigante 550

❖ FORMULAS DE CÁLCULO DO IBUTG


IBUTG - ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO

• IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (COM CARGA SOLAR)

• IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg (SEM CARGA SOLAR)

Sendo:

Tbn = Temperatura de bulbo úmido natural


Tg = Temperatura de globo
Tbs = Temperatura de bulbo seco

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❖ FORMULA DE CÁLCULO DA TAXA DE METABOLISMO (M)
M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela
seguinte fórmula:

Sendo:

Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho.


Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
Md - taxa de metabolismo no local de descanso.
Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de
descanso.

❖ FORMULA DE CÁLCULO DA MÉDIA DO IBUTG

Sendo:

IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.


IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.
Tt e Td = como anteriormente definidos.

4.7. INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA PARA AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE


CALOR

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❖ MONITOR DE STRESS TÉRMICO (TERMÔMETRO DE GLOBO)

LEGENDA:
1. TG. Temperatura do Globo
2. Tbs. Temperatura do Seco
3. Tbn. Temperatura do Úmido

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE CALOR


1ª Questão
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Faça os cálculos do IBUTG abaixo, sabendo que o descanso ocorre no próprio local
de trabalho:
Responda:
a) Qual o tipo de atividade de cada uma das situações abaixo?
b) As atividades abaixo são insalubres?

SITUAÇÃO 1
COZINHA INDUSTRIAL
AMBIENTE SEM CONTRIBUIÇÃO DE CARGA SOLAR
TAXA DE METABOLISMO
175 Kcal/h
Medições
Tg = 40 °C Tbn = 37,6 °C Tbs = 38,9 °C

MEMORIAL DE CÁLCULO

ATIVIDADE DO TIPO:
LIMITE DE TOLERÂNCIA
Máxima IBUTG =
ATIVIDADE INSALUBRE

SIM ( ) NÃO ( )

SITUAÇÃO 2

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PIZZARIA
AMBIENTE COM CONTRIBUIÇÃO DE CARGA SOLAR
TAXA DE METABOLISMO
220 Kcal/h
Medições
Tg = 45 °C Tbn = 39 °C Tbs = 42 °C

MEMORIAL DE CÁLCULO

ATIVIDADE DO TIPO:
LIMITE DE TOLERÂNCIA
Máxima IBUTG =
ATIVIDADE INSALUBRE

SIM ( ) NÃO ( )

2ª Questão
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Em uma empresa foi realizada a avaliação quantitativa de calor de um Operador de
Caldeira que realiza o abastecimento da fornalha da caldeira e o monitoramento da
mesma, reabastecendo-a quando necessário.
Faça os cálculos do IBUTG sabendo que o descanso ocorre fora do local de trabalho
e responda se o operador de caldeira faz jus ao adicional de insalubridade.
OBS: durante toda a atividade existe contribuição de carga solar.

Abastecendo a fornalha

Tempo da atividade: 10 minutos

Tg = 45 ºC
IBUTG=
Tbn = 38,7 ºC

Tbs = 42 ºC

Taxa metabólica 550 kcal/h

Sentado em outro local fora do alcance da fornalha,


observando o nanômetro.

Tempo da atividade: 20 minutos

Tg = 30,0 ºC
IBUTG =
Tbn = 27,2 ºC

Tbs = 28,9 ºC

Taxa metabólica 100 kcal/h

Abastecendo a fornalha

Tempo da atividade: 10 minutos

Tg = 47,5 ºC
IBUTG =
Tbn = 40,3 ºC

HIGIENE DO TRABALHO I – RUÍDO E CALOR --- PROF. ESP ANTÔNIO PAULO MIRANDA SERRA 2020 ®

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Tbs = 44,1 ºC

Taxa metabólica 550 kcal/h

Sentado em outro local fora do alcance da fornalha,


observando o nanômetro.

Tempo da atividade: 10 minutos

Tg = 30,5 ºC
IBUTG =
Tbn = 26,0 ºC

Tbs = 28,5 ºC

Taxa metabólica 100 kcal/h

HIGIENE DO TRABALHO I – RUÍDO E CALOR --- PROF. ESP ANTÔNIO PAULO MIRANDA SERRA 2020 ®

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