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D) Legitimidade para exigir o dano patrimonial:

D.1) A transmissibilidade aos herdeiros do direito de exigir reparação:

Não apenas o direito de ressarcir é transmissível através da herança, mas também o direito
de exigir reparação. É, aliás, o que determina o art. 943 do código civil: “ O direito de exigir
reparação e o de prestá-la transmitem-se com a herança”. É possível, portanto, que falecido o
ofendido, os familiares promovam a ação de ressarcimento, mesmo que o ofendido não tenha feito
em vida. O direito de exigir reparação é transmissível; é um crédito, embora ilíquido, a que os
herdeiros fazem jus.

D.2) Morte de homem ou mulher responsável pelo sustento do lar:

No caso de morte de pessoa responsável pelo sustento do lar, especificamente a morte do


marido, de quem dependia economicamente a esposa, ou vice-versa, a pensão não se estende até um
limite rígido, pois, objetivando obter um referencial para sua fixação, considerando que são
inúmeros os fatores necessários a se considerar, o STJ vem adotando o critério de sobrevida da
tabela da Previdência Social, de acordo com cálculos elaborados pelo IBGE. Trata-se de presunção
Jurisprudencial construída acerca da sobrevida provável que teria a pessoa se não tivesse sido
atingida pelo dano. Não se pode, contudo, excluir um pensionamento que se prolongue para além
dessa data. Para ilustrar o que temos dito, o art. 948, inc. II do CC/2002 prevê que “no caso de
homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: […] II – na prestação de
alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando em conta a duração provável da vida da
vítima”. Relativamente a indenização paga aos filhos menores da vítima, eles receberão a pensão
até completarem 25 anos, época que coincide com o final dos estudos de graduação universitária.
Ademais, afora as presunções estabelecidas por lei ou as construídas pela jurispridência, a
dependência econômica deverá ser provada.

D.3) Morte de filho menor: a família faz jus a danos patrimoniais?

Os eventos lesivos dos quais resultem morte poderão ensejar responsabilidade por danos
morais e/ou patrimoniais. Se um menor morre em acidente de ônibus, os pais poderão pleitear, junto
a empresa, a compensação pelos danos morais. Entretanto, acerca dos danos patrimoniais, a
indenização dependerá das circunstâncias. Se a família for de baixa renda, mesmo que o menor não
estivesse exercendo atividade remunerada, os danos patrimoniais são devidos, pois a realidade
brasileira mostra que, num futuro próximo, os menores desses núcleos contribuiriam com o sustento
doméstico. Todavia, caso se trate de família cujo nível socioeconômico não possa ser caracterizado
como de baixa renda, faz-se necessária a comprovação da dependência econômica. Portanto, se os
pais perdem um filho, serão devidos danos morais, cumulados, todavia, com danos patrimoniais
apenas se o caso envolver família de baixa renda, ou se for produzida prova no sentido da existência
da dependência econômica.

F) A pena civil e o dano moral: um diálogo em construção:

É inegável que se o direito civil deseja se reconstruir como efetividade para os desafios do
século XXI, é necessário que a doutrina e os aplicadores do direito constatem que o contexto
socioeconômico e cultural requer que a responsabilidade civil assuma novas técnicas de controle
social, prioritariamente uma função preventiva. O fundamental das sanções civis punitivas é reagir
contra a perspectiva em voga, que invariavelmente remete a responsabilidade civil a pessoa da
vítima e ao dano, abstraindo-se da pessoa do agente, de sua culpa e, principalmente, de qualquer
aptidão preventiva. Elas devem atuar como uma resposta a esta lacuna na responsabilidade civil,
deferindo ao credor ou ao lesado a percepção de um montante superior ao dano efetivo. Indiferente
a uma eventual sanção reintegratória, cuida-se de um misto de prevenção de atuações ilícitas e
punição pela ofensa de um dever ou obrigação. Mais do que acautelar e sancionar, ela reafirma a
prevalência da pessoa e de sua especial dignidade como referenciais do Estado Democrático de
Direito.

G) Dano Estético

O dano é estético é o resultado de uma ofensa àquilo que chamamos de imagem-retrato da


pessoa, ou seja, é a modificação física permanente do aspecto externo do corpo humano. Embora o
conceito de beleza seja plenamente discutível, é indubitável que decorrentes da vida social existem
padrões normalmente aceitos como sendo representativos do que é belo. E, se é certo que o conceito
pessoal e também público de beleza é um dos vetores de autoestima do indivíduo, é razoável
concluir que o dano estético é aquele que se configura como uma perda de um aspecto corporal tido
por bonito. É, portanto, uma piora da aparência. São causas frequentes de danos estéticos as
mazelas deixadas por acidentes diversos como os de trânsito -, cirurgias plásticas mal feitas e outros
erros médicos, lesões laborais, produtos cosméticos inseguros etc. O dano estético pode ocorrer
conjunta ou isoladamente ao dano moral, ou seja, do mesmo fato lesivo podem concorrer danos
morais e estéticos, ou apenas um ou outro. Pense-se na hipótese de uma cirurgia plástica mal
executada, que ocasiona dano moral pela violação à dignidade da vítima (angústia e medo da
recuperação incerta, vergonha da própria imagem), e deformidade corporal permanente
comprometedora da beleza (dano estético). Desse modo, a ligação entre dano estético e dano moral
é apenas o fato causador das lesões, quando no caso particular ocorrer de ser o mesmo para as duas
modalidades de prejuízos. Por isso, o dano estético pode e deve ser reparado de forma autônoma ao
dano moral. Este, aliás, é o entendimento que vem sendo adotado pelo Superior Tribunal de Justiça,
segundo o qual é possível cumular as quantias reparatórias dos danos estético e moral, desde que
uma lesão e outra possam ser reconhecidas ou identificadas em separado, mesmo que decorrentes
do mesmo sinistro. Pelo que viu, dano moral e dano estético não são a mesma lesão, embora
possam resultar do mesmo fato. Essa distinção é útil para a adequada demonstração de todas as
consequências maléficas de um ato ilícito, de modo a permitir a reparação integral da vítima em
uma ação judicial.

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