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Automação residencial
Capítulo I
Automação residencial:
histórico, definições e conceitos
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Iniciamos nesta edição o fascículo sobre automação Domótica é a automatização e o controle aplicados à
residencial que deve abordar em seus capítulos os residência. Esta automatização e controle se realizam
seguintes assuntos (sujeitos a alterações no decorrer mediante o uso de equipamentos que dispõem de
das publicações): capacidade para se comunicar interativamente entre
• Automação residencial – histórico, definições e eles e com capacidade de seguir as instruções de
conceitos; um programa previamente estabelecido pelo usuário
• Cabeamento residencial para comunicação (dados, da residência e com possibilidades de alterações
voz e imagem); conforme seus interesses. Em consequência, a
• Automação da instalação elétrica; domótica permite maior qualidade de vida, reduz
• Soluções em automação residencial; o trabalho doméstico, aumenta o bem-estar e a
• Principais subsistemas; segurança, racionaliza o consumo de energia e, além
• Projeto integrado de infraestrutura; disso, sua evolução permite oferecer continuamente
• Interfaces para usuário – serviços especiais; novas aplicações.
• Gestão de energia;
• Automação em áreas comuns de condomínios Como se percebe, o principal fator que define
residenciais; uma instalação residencial automatizada é a
• Projeções – o futuro da automação residencial. integração entre os sistemas aliada à capacidade de
executar funções e comandos mediante instruções
Definição de automação residencial programáveis. A integração deve abranger todos os
É o conjunto de serviços proporcionados por sistemas sistemas tecnológicos da residência, a saber:
tecnológicos integrados como o melhor meio de satisfazer
as necessidades básicas de segurança, comunicação, • Instalação elétrica, que compreende: iluminação,
gestão energética e conforto de uma habitação. persianas e cortinas, gestão de energia e outros;
Nesse contexto, costumamos achar mais adequado • Sistema de segurança: alarmes de intrusão,
o termo “domótica”, largamente empregado na alarmes técnicos (fumaça, vazamento de gás,
Europa, pois é mais abrangente. No entanto, no Brasil, inundação), circuito fechado de TV, monitoramento,
optamos pela tradução literal de home automation, controle de acesso;
denominação americana mais restrita, uma vez • Sistemas multimídia: áudio e vídeo, som ambiente,
que, conceitualmente, o termo “automação” não jogos eletrônicos, além de vídeos, imagens e sons
englobaria, por exemplo, sistemas de comunicação ou sob demanda;
sonorização. • Sistemas de comunicações: telefonia e interfonia,
Uma definição bastante completa é obtida nas redes domésticas, TV por assinatura;
publicações da Asociación Española de Domótica • Utilidades: irrigação, aspiração central, climatização,
(Cedom): aquecimento de água, bombas e outros.
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Histórico e situação atual no Brasil e no mundo filmes, etc. Além disso, temos um ambiente muito propício
Com o mercado economicamente ativo, a automação para o desenvolvimento dos chamados “sistemas domóticos”.
residencial ainda é muito nova, traduzindo-se em um A partir de recentes pesquisas feitas nos Estados Unidos,
processo ainda em emergência. As primeiras incursões podemos extrair alguns dados importantes:
nestas tecnologias datam do final da década de 1970,
quando surgiram nos Estados Unidos os primeiros módulos - 84% dos construtores entendem que incorporar tecnologia
“inteligentes”, cujos comandos eram enviados pela própria às residências que constroem é um importante diferencial
rede elétrica da residência, no conceito de PLC (Power Line mercadológico;
Carrier). Tratava-se de soluções simples, praticamente não - Existe a constatação de que os consumidores na faixa etária
integradas e que resolviam situações pontuais, como ligar que estão entrando no mercado, adquirindo seu primeiro
remotamente algum equipamento ou luzes. imóvel, já convivem com naturalidade com a tecnologia e,
Com o advento dos computadores pessoais e da internet, portanto, estão sendo exigentes com relação ao seu uso nas
a explosão da telefonia móvel e outras tecnologias que residências que lhes são oferecidas;
ingressaram no mundo pessoal dos consumidores, a aceitação - Sistemas automatizados que contenham apelo pela
das tecnologias residenciais passou a ter um forte apelo. sustentabilidade, economia de energia e preservação de
Nas economias mais desenvolvidas, o cenário para as recursos naturais estão sendo cada vez mais requisitados;
chamadas “casas inteligentes” tem evoluído de maneira - Entre as tecnologias emergentes que devem alcançar
muito positiva nos últimos anos. Tem contribuído para isso elevados patamares de crescimento nos próximos anos, estão
a crescente popularização de diversas tecnologias, seja os media centers, o monitoramento a distância, o controle de
pelo aspecto educativo do consumidor, seja pelos preços iluminação e o home care.
decrescentes.
Soma-se a isso a oferta abundante e barata de serviços A seguir, a Tabela 1 mostra a evolução na adoção de
de comunicação, como acesso em banda larga, diversas algumas das tecnologias mais consolidadas para casas
modalidades de conteúdo digital, downloads de músicas e inteligentes (em porcentagem nos imóveis residenciais novos):
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Automação residencial
Tabela 1 – Evolução da adoção de algumas tecnologias
Nota: para pesquisas mais atualizadas, sugerimos consultar o site da National Association of Home Builders (NAHB) – http://www.nahb.org/.
De acordo com a revista PC World, a previsão é de novas tecnologias pelos usuários na sua vida diária. No
que o uso de sistemas de automação residencial triplique entanto, esta tendência ainda não se transferiu para o mercado
nos próximos dois anos. Para embasar esta estatística, a de construção civil na mesma intensidade. Guardada a escala,
publicação menciona a sinergia entre as principais soluções nossos automóveis detêm muito mais eletrônica embarcada do
de momento que devem concorrer para este crescimento, que nossas residências, embora estas últimas tenham preços
como segurança residencial, gerenciamento de energia, dezenas de vezes mais elevados.
cuidados domésticos com a saúde e aumento do uso de Nos indicadores industriais, nota-se que a indústria
mídia centers. da construção civil tem sido uma das mais lentas no ato de
No Brasil também se observa uma rápida absorção das incorporar novas tecnologias, seja pelo seu tempo próprio
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3) Gestão de energia
Sistemas gerenciadores de consumo de energia: medição de
consumo de água e gás e equipamentos para proteção elétrica
e de geração de energias alternativas.
4) Acessórios e complementos
Incluem-se, nesta classe, diversos itens do universo da
automação residencial como:
Capítulo II
Atualmente, as aplicações encontradas nas caso, não se utiliza o conceito de manobras para
residências demandam diferentes tipos de cabos. Este disponibilizar um serviço de telecomunicações (dados,
cabeamento deverá ser capaz de suportar tanto as voz e imagem). As principais vantagens do cabeamento
necessidades atuais como atender minimamente as “não estruturado” são o baixo custo inicial e a rapidez
tecnologias futuras. Conceitualmente, o cabeamento na instalação. As principais desvantagens seriam o alto
residencial deve ser tratado com uma distribuição custo de manutenção, a péssima flexibilidade, pois
interna de cabos, com o intuito de permitir a não prevê um crescimento adequado da instalação
transmissão de sinais, garantindo flexibilidade e normalmente não conta com documentação
de mudanças, longevidade em relação a novas apropriada. Assim, a infraestrutura torna-se insuficiente
tecnologias, conveniência e conforto. para acomodar novos lançamentos de cabos e podem
Os principais sistemas residenciais utilizados hoje ocorrer danos ao cabeamento já instalado devido ao
em dia são: interfonia, porteiro eletrônico, telefonia lançamento de novos cabos.
compartilhada pela utilização de um PABX (que também
pode fazer o papel de interfonia e porteiro eletrônico), Cabeamento residencial estruturado
redes de dados LAN (Local Area Network), acesso a Já para um cabeamento residencial estruturado,
internet banda larga, televisão aberta analógica e/ou o lançamento de cabos é feito de forma planejada e
digital, televisão por assinatura tanto por cabo (CATV) visando atender não só às necessidades atuais como as
como via satélite (satelital), câmeras de um Circuito futuras. É concebida a instalação de vários pontos em
Fechado de Televisão (CFTV), distribuição de áudio e um mesmo ambiente, levando-se em consideração a
vídeo (home theater/ som ambiente), etc. área útil e o tipo de utilização. Emprega-se o conceito
de “ponto de serviços de telecomunicações”, por meio
Cabeamento residencial não estruturado do qual, através de uma manobra no cabeamento,
Para um cabeamento residencial convencional será possível disponibilizar o tipo de serviço desejado
ou também conhecido como “não estruturado”, a (dados, voz e imagem), conforme mostrado na Figura 1.
instalação é feita por demanda, ou seja, de acordo Isto permitirá que, em uma eventual necessidade
com as necessidades imediatas da residência. O de alteração de um ponto de serviço, por exemplo, a
lançamento de cabos é feito apenas para os pontos mudança de um ponto de telefone de um lado da cama
que estarão ativos e, a cada novo remanejamento, do casal para o outro, na suíte master, seja possível
é necessário o lançamento de um novo cabo, pois fazê-la rapidamente, simplesmente efetuando-se uma
a infraestrutura não está preparada para tal. Neste manobra no Patch Panel (painel de manobras) nos
pontos correspondentes às tomadas.
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Em casos mais específicos, como a utilização de um e oito conexões (8P8C) e sua conectorização deve ser feita
cabeamento de dados ou voz em um local com alto índice utilizando-se um alicate de crimpar específico. Cabe lembrar
de ruído eletromagnético, faz-se necessária a utilização de que, devido à blindagem utilizada nos cabos S/FTP, os
cabos de pares trançados com blindagem por par (lâmina) e conectores “RJ-45” para estes cabos são diferentes, ou seja,
blindagem geral (malha) – S/FTP (Screened/Foiled Twisted Pair), o conector deve possuir uma parte metálica internamente
conforme exibe a Figura 4. e nas laterais que irão fornecer a conexão elétrica entre a
blindagem do cabo e a tomada blindada, seja ela do painel
de manobras ou da própria tomada de parede.
Uma confusão que ocorre com certa frequência refere-se
ao tipo de terminação que deve ser adotado na conectorização
dos cabos UTP: T568A ou T568B. Na realidade, a única
diferença entre as terminações T568A e T568B é a inversão
da ligação dos pares dois e três. Tecnicamente, não há
nenhum ganho ou perda de desempenho em se utilizar
um padrão de terminação ou outro. O padrão T568B foi
adotado nos Estados Unidos pela AT&T e é reconhecido
Figura 4 – Cabo S/FTP (Screened/Foiled Twisted Pair). pela norma americana. O único cuidado que se deve ter é
que, ao se adotar um tipo de terminação (T568A ou T568B),
Uma característica muito importante dos cabos é a sua este deve ser mantido ao longo de toda a instalação. A
largura de banda que deve ser expressa sempre em MHz. conectorização de um patch panel no padrão T568A e da
Ela representará a capacidade de um cabo em transmitir tomada correspondente no padrão T568B produzirá um cabo
informações que, dependendo da codificação de linha “cross” (cruzado), o que não é permitido no cabeamento
alcançada, que é expressa em bits por segundo (bps). terminação T568A e T568B estão descritos na Figura 6.
Capítulo III
Um grande desafio a ser enfrentado com a cliente com mais idade, provavelmente, preferirá um
implantação de um sistema de automação residencial sistema mais simples, ou mesmo complicado, mas que
refere-se ao aculturamento dos profissionais envolvidos atenda a todas as suas necessidades.
no projeto e na instalação. Primeiramente, há certo Por essa razão, há espaço para os mais diversos
ar de descrédito em relação à automação em si, tipos de equipamentos e fabricantes, dos sistemas mais
principalmente se o profissional em questão já contar simples aos mais complexos, dos sistemas mais caros
com uma experiência negativa anteriormente. Há aos mais baratos, mas que possam atender aos anseios
alguns anos, muitas empresas integradoras importavam de automação do cliente e futuro usuário.
equipamentos e se aventuravam na missão de instalar A responsabilidade pela escolha do sistema de
um sistema de automação residencial. Embora os automação residencial a ser adotado não é do cliente,
equipamentos em si fossem, na maioria das vezes, de mas sim do profissional que se denomina um integrador
boa qualidade, o projeto e a instalação deixavam muito de sistemas residenciais. Aliás, é justamente pelo fato
a desejar. Se o sistema não funciona a contento, ele cai de não ter conhecimento técnico nesse assunto que
no descrédito e a confiança na sua operação é perdida. o cliente busca a contratação de um profissional
Quando isso ocorre, a instalação elétrica convencional qualificado para auxiliá-lo.
ganha força, pois é um sistema consagrado e que Cabe ao integrador de sistemas residenciais
funciona muito bem há anos. Nesse caso, os mais não apenas a elaboração do projeto e a instalação
céticos se enchem de argumentos para continuarem propriamente dita. É preciso que esse profissional esteja
refratários à automação residencial. disposto a orientar os demais profissionais envolvidos
Para que se tenha sucesso em relação à nessa implantação, principalmente aqueles que estão
implantação de um sistema de automação residencial, tendo contato pela primeira vez com a automação
é preciso primeiro ouvir as reais necessidades do residencial. Nessa gama de profissionais incluem-se
cliente, já que o “sucesso” não está em implantar engenheiros eletricistas e civis, mestres e encarregados
sistemas caros e complexos, mas em atender a todas de obra e os eletricistas que irão executar a instalação.
as expectativas desse cliente. Essas expectativas É natural que o pessoal técnico esteja, a princípio,
podem ser mais ou menos complexas de acordo com refratário em relação às mudanças na forma de se fazer
o perfil do proprietário do imóvel. Um cliente mais a instalação. Ouve-se frequentemente a frase: “Faço
jovem seguramente se interessará por interfaces mais deste jeito há 20 anos e as coisas sempre funcionaram...
sofisticadas e que muitas vezes já fazem parte do seu por que vou mudar agora?”. Esta pergunta deve ser
dia a dia, como smartphones e tablets; ele já está respondida naturalmente pelo integrador, mostrando
acostumado com todo este aparato tecnológico. Já um justamente todos os benefícios que a automação
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irá trazer e que, tecnicamente, se colocarmos em uma balança, à forma de onda na saída do gerador, na etapa de geração de
o trabalho de instalação para um sistema convencional ou com energia elétrica.
automação, veremos que este será equivalente. Contudo, o “choque Uma zona de iluminação é constituída por uma ou mais
do novo” é sempre mais impactante do que os benefícios que virão lâmpadas que são acionadas simultaneamente. Uma zona de
depois com a instalação automatizada. iluminação é alimentada por um circuito. Um circuito poderá
alimentar várias zonas de iluminação.
Uma boa prática é procurar equalizar os termos comumente Esses três importantes conceitos podem ser exemplificados
utilizados pelo pessoal técnico para que não haja confusão futura. na Figura 1.
Primeiro, precisamos fazer três questões básicas sobre instalações
elétricas residenciais:
N1 N2 N2
Teto
• O que é um circuito?
• O que é uma fase?
• O que é uma zona de iluminação?
é necessário ter um fio neutro exclusivo para cada circuito. N1= Neutro do Circuito 1 B = Retorno da Zona B
O sistema de geração, transmissão e distribuição de energia C2= Fase do Circuito 2 C = Retorno da Zona C
elétrica em corrente alternada é um sistema trifásico. Este N2= Neutro do Circuito 2 QE = Quadro de Elétrica
Uma vez consolidados esses fundamentos de um instalação centralizada. Nesse caso, a utilização de uma central de controle
Automação residencial
elétrica convencional, vamos entender como proceder para nos obriga a levar todos os retornos das cargas automatizadas até o
projetar uma instalação com automação. Um conceito inicial a ser quadro de automação.
passado é que, para um sistema centralizado, todos os retornos das No nosso exemplo, devemos levar o retorno da lâmpada
cargas (lâmpadas, tomadas comandadas, cortinas, etc.) deverão ser não mais para a caixa do interruptor, mas sim para o quadro de
levados para um quadro de automação. automação. A pergunta que sempre surge é: “Então terei que levar
Dependendo do tamanho da instalação, opta-se durante a fase todos os retornos das lâmpadas para o quadro de automação? Isso
de projeto pela utilização de dois ou mais quadros de automação, vai dar muito trabalho!”. A resposta é “Sim, todos os retornos deverão
com o objetivo de reduzir a quantidade de cabos e a infraestrutura ser levados até o quadro de automação e com os seus respectivos
a ser utilizada. Nesse caso, setorizar a instalação é uma boa prática, neutros”. Esta resistência inicial oferecida pelo eletricista é natural,
visto que um quadro de automação, por exemplo, atenderá às uma vez que ele ainda não visualizou os benefícios provenientes
cargas do pavimento térreo e outro atenderá as cargas do pavimento dessa centralização. Nesse momento ele só está pensando que,
superior. aparentemente, haverá mais trabalho, que será gasto mais fiação
Para visualizar melhor essa questão, vamos analisar na Figura com os retornos, etc. Contudo, devemos continuar introduzindo o
2 um exemplo de ligação simples de uma lâmpada (uma zona de conceito de automação centralizada e passar então a fazer perguntas
iluminação), fazendo um comparativo entre uma instalação elétrica que levem o eletricista a conclusões mais realistas.
convencional e uma instalação com automação. A primeira delas seria: “Como você instala o circuito (fase) de
alimentação das lâmpadas?”. Seguindo a instalação convencional,
a resposta seria “Tenho que levar um fio desse circuito para
Convencional Com automação
cada caixinha de interruptores”. Pois bem, com uma instalação
N R N R centralizada, bastará que esse circuito de iluminação seja levado do
Teto Teto
quadro de elétrica para o quadro de automação, ou seja, apenas uma
R ligação será suficiente, em vez de ter de percorrer todas as caixas
ao longo da instalação. Com isso, haverá uma redução significativa
Cabo
R
C multivias (4) de trabalho e fiação de alimentação (circuito de iluminação) que
C
Pulsador possivelmente será equivalente ao aumento de gasto proporcionado
Interruptor ou Keypad
por levar os retornos até o quadro de automação. Vale lembrar
Piso Piso
que o objetivo aqui não é economia de cabos propriamente dita,
LEGENDA: C = Fase do Circuito de Iluminação mas se pudermos trazer uma solução com um consumo de cabos
N = Neutro do Circuito de Iluminação equivalente à instalação convencional já estaremos em equilíbrio.
R = Retorno da Zona de Iluminação Outro ponto importante a ser questionado é como é feita
QE = Quadro de Elétrica
a ligação de uma zona de iluminação com acionamentos em
QA= Quadro de Automação
paralelo. Cabe lembrar que, para este tipo de ligação, é necessária
Figura 2 – Comparação entre a instalação convencional e automatizada a utilização de mais um fio entre as caixas, quando comparado com
de uma zona de iluminação. o acionamento simples, além da utilização de dois interruptores do
Observa-se que, na instalação convencional, o fio de retorno da tipo paralelo, conforme mostra a Figura 3.
Temos de considerar também as famosas ligações com entre os eletricistas são as famosas “tomadas comandadas”. A Figura
Automação residencial
acionamentos intermediários. Neste tipo de ligação, é necessária 5 mostra um exemplo de ligação de uma tomada convencional
a passagem de quatro fios no ponto de acionamento intermediário e de uma tomada comandada, que poderá ser controlada
e do fio adicional nos pontos extremos, além da utilização de dois individualmente pelo sistema de automação.
interruptores do tipo paralelo e um interruptor do tipo intermediário,
Convencional Com automação
conforme mostra a Figura 4.
Teto Teto
Além da quantidade de fios envolvidos para a execução deste
tipo de ligação, todo eletricista sabe do trabalho e do cuidado que R
é preciso na identificação dos fios para que seja possível efetuar
essas ligações com sucesso. Devido à sua relativa complexidade, é
muito comum que o eletricista cometa algum tipo de erro. Isso só
N
irá contribuir para aumentar o tempo total da instalação. Tomada
N Tomada
C Convencional R Convencional
Piso Piso
LEGENDA:
tomada designada especificamente para a ligação de um abajur que
C1= Fase do Circuito 1
N1= Neutro do Circuito 1 poderá ser dimerizado para proporcionar um ambiente mais confortável.
A = Retorno da Zona A Pode-se prever uma tomada instalada na bancada da cozinha e que será
QE = Quadro de Elétrica
utiliza para ligar e desligar uma cafeteira em horários pré-programados.
Figura 4 – Esquema de ligação de uma lâmpada com acionamento A confusão ocorre porque se utiliza o termo “tomada” para designar
intermediário. essa função e, mesmo ela sendo de fato montada em uma tomada
No caso da instalação com uma central de automação, esse convencional, ela não estará sempre energizada, pois dependerá de
tipo de ligação com acionamento paralelo e/ou intermediário é um controle, como um interruptor que liga/desliga uma lâmpada. É
feito fisicamente diretamente no quadro de automação e/ou por como se fôssemos instalar uma zona de iluminação em uma tomada
software, alterando-se a programação no controlador. Qualquer convencional, só que, nesse caso, deve-se tomar o cuidado de utilizar
alteração poderá ser executada facilmente mesmo quando o cliente o circuito específico de iluminação daquele ambiente, caso contrário,
já estiver morando na residência, e até mesmo remotamente, via pode-se observar ruídos provenientes de equipamentos ligados a esse
internet, por exemplo. Nesse caso, será fácil perceber os ganhos circuito de tomadas convencional. Já no caso da utilização de uma
que serão obtidos com uma instalação elétrica automatizada. tomada comandada para o acionamento de eletrodomésticos, como
Existe ainda mais um elemento que precisa ser levado em mencionado anteriormente, faz-se necessária a utilização do mesmo
consideração em relação à instalação com automação. Na Figura 2, circuito elétrico designado para as tomadas daquele ambiente, também
observa-se que o interruptor foi substituído por um pulsador que nada para se evitar ruídos nos circuitos de iluminação.
mais é do que uma chave normalmente aberta que possui retorno No próximo capítulo, abordaremos os conceitos de pré-automação,
por mola (botão tipo campainha). Esses pulsadores têm a finalidade sistemas stand-alone, centrais de automação e sistemas sem fio.
de fornecer para o sistema uma entrada, indicando que alguma carga
*JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela Escola
deverá ser acionada. Em sistemas mais elaborados, esses pulsadores
Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em administração
poderão ser substituídos por equipamentos eletrônicos denominados de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-fundador da Associação
keypads, que são pequenos teclados (com eletrônica embarcada) em Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a qual dirigiu por cinco anos. É
que é possível programar a função de cada uma de suas teclas. consultor na área de automação e palestrante.
PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
Em ambos os casos, há a necessidade de se prever no projeto
Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor do
uma infraestrutura específica para os cabos desses pulsadores,
curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e
sendo que esta deve ser separada da infraestrutura dos cabos de diretor técnico da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
elétrica. Com essa nova infraestrutura, será possível interligar todos Continua na próxima edição
os pulsadores até o quadro de automação. Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
Outro conceito importante que quase sempre causa confusão e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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Automação residencial
Capítulo IV
Soluções em automação residencial
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Nos últimos anos temos vivenciado uma crescente instalados possam ser “integrados”, ou seja, é necessário
evolução nos mais variados sistemas residenciais, que estes sistemas se comuniquem por meio de um
incluindo as próprias soluções em automação sistema centralizado ou distribuído, mas que seja
residencial. Vários fatores impulsionaram este possível unificar a plataforma de controle. Dessa forma,
desenvolvimento, como o crescimento da indústria de será possível utilizar diferentes tipos de interfaces para
sistemas de segurança com alarmes e monitoramento comandar diversos sistemas residenciais.
via câmeras (CFTV); a difusão do conceito de home Outra pergunta que deixa o usuário iniciante com
theater como um ambiente quase obrigatório dentro certa dúvida é: o que é uma cena ou cenário? Trata-se
de uma residência; a redução de preços dos televisores de um conjunto de ações pré-programadas que irão
viabilizando a implantação de sistemas de distribuição ocorrer de forma sequencial, atuando nos diversos
de áudio e vídeo residencial; além da diversidade de sistemas instalados em uma residência. Uma cena ou
sistemas de som ambiente. cenário pode ser acionado por qualquer dispositivo de
O desenvolvimento de novos protocolos de controle interface, como um simples pulsador, um keypad, uma
e comunicação permitiu a interação inteligente entre tela de toque, um SMS, um e-mail, um comando de
equipamentos, incentivando e muito o mercado de voz, uma página na internet, etc. Outro fator importante
automação residencial. Pesquisas mostraram que o neste processo é a escolha do tipo de sistema a ser
mercado de automação residencial nos Estados Unidos implantado. Este processo envolve diversos fatores,
movimentou, até 2002, aproximadamente US$ 1,6 como o estágio atual do andamento da obra, o capital
bilhão e, até 2008, algo em torno de US$ 10,5 bilhões. que se pretende investir e, finalmente, a adoção de uma
Além do status, da praticidade e do conforto, tecnologia adequada a esta instalação.
outros fatores como segurança, economia de energia Os primeiros sistemas voltados para a automação
e valorização do imóvel vem sendo considerados residencial surgiram no início dos anos 1970 e eram
na decisão de implantar um sistema de automação baseados na tecnologia chamada de PLC (Power
residencial. Contudo, uma vez tomada a decisão de Line Carrier), que utiliza a própria rede elétrica para
automatizar um imóvel, inúmeras dúvidas surgem em fazer a transmissão dos comandos. Esta tecnologia
relação a quais subsistemas irão se integrar ao sistema deu origem a uma categoria de redes denominadas
de automação residencial. Muitas vezes, é necessário Powerline Networks. Os desenvolvedores que se
esclarecer este conceito ao cliente respondendo à basearam nesta tecnologia partiram da necessidade de
pergunta: o que é integração de sistemas residenciais? seus clientes de controlar a iluminação e até mesmo
Para que o usuário possa controlar totalmente sua eletrodomésticos, presentes em diferentes pontos da
residência, é importante que todos os sistemas nela casa, sem a necessidade de executar a instalação de
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um novo cabeamento. O controle é feito por meio do envio de Outro protocolo que seguiu na linha das “Powerlines Networks”
mensagens dos transmissores para os receptores, utilizando a própria foi o UPB (Universal Powerline Bus), que teve sua origem voltada
rede elétrica existente e incorporando funções básicas do tipo liga/ para aplicações de automação residencial. Ele foi desenvolvido em
desliga, dimerização e cenários. 1999 pela empresa americana PCS (Powerline Control Systems). O
O precursor neste segmento foi o protocolo X10, desenvolvido projeto do UPB foi baseado no princípio de funcionamento do X10,
em 1975 pela empresa escocesa “Pico Eletronics”, e que tinha porém, algumas melhorias foram conseguidas no protocolo, como o
como objetivo permitir o controle de dispositivos de maneira aumento da velocidade da transmissão dos dados e, principalmente,
remota em uma residência. O sistema X10 é considerado a melhoria na confiabilidade da rede.
como a primeira tecnologia desenvolvida exclusivamente para O LonWorks é uma tecnologia de redes desenvolvida em
a automação residencial. A grande vantagem do X10 está na 1988 pela empresa americana Echelon, Inc. A técnica teve seu
facilidade de instalação, pois utiliza o cabeamento elétrico já desenvolvimento baseado em padrões da automação industrial e
existente, e na simplicidade da programação. Porém, como toda predial. A tecnologia LonWorks é sofisticada, constituindo uma
tecnologia pioneira, o X10 enfrentou seus problemas e estes foram rede de alto desempenho e que utiliza roteadores e repetidores
sendo solucionados ao longo do tempo. Um deles era o envio que garantem o não looping de mensagens, comum em redes
de comandos (mensagens) para equipamentos que estão sendo com roteamento. Uma prova de sua complexidade é que a pilha
alimentados por fases diferentes, neste caso, por não haver uma de protocolos Lon Works implementa as sete camadas do modelo
conexão física faz-se necessário o emprego de acopladores de fases OSI (Open Systems Interconnection). Na camada física, o LonWorks
que normalmente são instalados no quadro elétrico. Outra questão pode utilizar cabos de pares trançados, coaxiais, fibras óticas,
importante era em relação à instabilidade do sistema em instalações infravermelho e também powerline, além de prever comunicações
elétricas mal projetadas ou com alto grau de ruído elétrico. A via rádio (sem fio).
patente original do protocolo X10 expirou em dezembro de 1997, O HomePlug Powerline Alliance desenvolveu dois padrões
possibilitando que vários fabricantes passassem a desenvolver e para comunicação em “Powerlines Networks”, o HomePlug 1.0
fabricar novos produtos baseados em X10. Dessa forma, mesmo – que é baseado na tecnologia Intellon PowerPacket e permite
com o surgimento de novas tecnologias, o X10 ainda mantém seu boa velocidade de comunicação – e o padrão HomePlug AV –
espaço, principalmente considerando o seu legado instalado. que é ainda mais avançado e pode chegar a taxas de 200 Mbps,
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sendo capaz de transmitir conteúdo multimídia e HDTV por a uma grande variedade de aplicações que vão desde dispositivos
Automação residencial
meio da rede elétrica. que trabalham à bateria até dispositivos mais sofisticados para
Em 1984, a EIA (Electronic Industries Association), atualmente serem aplicados em automação comercial e industrial. Por esta
chamada de CEA (Consumer Electronics Association), formou razão, a sua operação está baseada em uma rede mesh (malha)
um comitê técnico para desenvolver um ambicioso padrão para de alta resiliência (capacidade de se readaptar a mudanças), com
interconectar todos os tipos de dispositivos dentro de uma residência. dispositivos que consomem pouca energia e tenham baixo custo.
Este padrão foi batizado de CEBus (Consumer Electronics Bus) e Embora a transmissão de um único dispositivo consiga alcançar
despendeu um enorme esforço para unificar as comunicações em alguns metros, todos os dispositivos da rede se comportam como
aplicações residenciais. Para tal, foram escolhidas sete diferentes retransmissores de mensagens, o que aumenta significativamente o
tipos de meios de transmissão para que fosse analisado qual seria alcance da rede como um todo.
o mais adequado para esta aplicação. Os meios de comunicação O Z-Wave é um padrão de rede roteada e sem fio desenvolvida
selecionados foram os cabos coaxiais, cabos de pares trançados, pela empresa dinamarquesa ZenSys AS e foi concebida para
cabos de fibras óticas, powerline, rádio, infravermelho e áudio/ aplicações de controle de dispositivos residenciais. É uma tecnologia
vídeo. O comitê técnico do CEBus recebeu inúmeras soluções de que também mantém seu foco no desenvolvimento de dispositivos
diversos fabricantes que defendiam sua tecnologia e demonstravam de baixo custo, fáceis de instalar, confiáveis, que possuam baixo
as suas principais características em relação aos demais. Ao final, o consumo de energia. Os fabricantes de equipamentos Z-wave
comitê técnico escolheu a tecnologia Intellon que é baseada em uma precisam homologar seus produtos com a Z-Wave Alliance, para
combinação de comunicação powerline e rádio. O Intellon utilizava que seja possível garantir a sua interoperabilidade em qualquer
a técnica de espalhamento espectral (spread spectrum), o que era rede Z-wave. Cada módulo Z-wave é considerado um nó da
muito inovador para aquela época. Em 1994, os membros da EIA rede, sendo que a topologia formada é de uma única rede mesh
publicaram o padrão CEBus sob a designação EIA-600. O principal (malha), ou seja, qualquer nó da rede consegue se comunicar com
fator que impediu o progresso e a disseminação massiva do padrão outro, pois há um processo de roteamento das mensagens pelas
CEBus foi a sua complexidade e, consequentemente, o seu custo. Os demais nós da rede. À medida que a quantidade de nós da rede
principais fabricantes da época não abraçaram o padrão CEBus e ele aumenta, naturalmente, o tempo de latência da comunicação pode
não conseguiu ser adotado plenamente pelo mercado. aumentar. Contudo, com novos nós na rede, há a possibilidade de
Seguindo o conceito do CEBus, em 2001, foi desenvolvido pela serem estabelecidas novas rotas, que poderão propiciar valores de
“SmartLabs Inc.” o padrão Insteon que também utiliza as tecnologias atrasos iguais ou até mesmo menores.
de powerline e rádio combinadas. Contudo, o seu desenvolvimento A banda de UHF (Ultra-High Frequency) é muito utilizada
esteve atrelado à fabricação de equipamentos de baixo custo, que por inúmeros métodos de sinalização proprietários, que operam
possibilitasse uma melhor penetração desta tecnologia no mercado. na faixa de frequência de 260 MHz a 470 MHz. Existem muitos
Trata-se de uma rede ponto a ponto (peer-to-peer), em que todos equipamentos no mercado que já utilizam esta faixa de frequência,
os dispositivos da rede podem transmitir, receber ou repetir as sendo que muitas destas aplicações são populares e operam
mensagens sem a necessidade de um controlador principal (master) em 433 MHz. Exemplos delas estão em sistemas de alarmes,
ou algum tipo de roteamento de dados mais complexo. Um controladores de luz, controle remoto para carros e controle
ponto interessante no desenvolvimento da tecnologia Insteon foi a remoto de portões de garagem. Como se trata de uma banda de
preocupação em manter a sua compatibilidade com a tecnologia frequência não licenciada, os órgãos regulamentadores exigem que
X10, respeitando todo um legado de equipamentos já instalado. O estes dispositivos operem apenas em caráter intermitente e a baixas
Insteon procurou resolver os problemas de sinalização em redes potências de transmissão, o que normalmente resulta em alcances
exclusivamente baseadas em powerline, utilizando uma topologia de da ordem de dezenas de metros. Há muitos anos, esta tecnologia
rede denominada dual mesh (malha dupla), em que os dispositivos vem sendo desenvolvida de maneira independente e por diversos
podem se comunicar utilizando tanto via powerline como via rádio. fabricantes, sendo que estes utilizam diferentes tipos de esquemas
O protocolo utilizado para esta comunicação foi denominado de modulação e métodos diversificados de codificação de dados.
Insteon RF. Ou seja, não há um padrão de comunicação efetivamente aberto,
Partindo para o segmento de tecnologias totalmente baseadas em desta forma, não é possível garantir a interoperabilidade entre
rádio (sem fio), as principais tecnologias utilizadas em automação equipamentos de fabricantes diferentes.
residencial são o ZigBee, o Z-wave e o UHF (Ultra-High Frequency). Todos os sistemas mencionados até o momento possuem
O ZigBee é um padrão de rede roteada e sem fio desenvolvida uma característica muito importante que é a pouca interferência
em 2005 pela ZigBee Alliance e baseada no padrão IEEE 802.15.4. na instalação elétrica já existente, ou seja, devido a esta maior
O nome ZigBee deve-se ao fato de que, por conta do roteamento, facilidade de instalação, eles são mais indicados para instalações
as mensagens trafegam na rede em zigue-zague (Zig) como se existentes e em pequenas reformas. Voltando para o segmento
fossem abelhas (Bee). A tecnologia foi desenvolvida para atender dos sistemas efetivamente cabeados, ou seja, sem a utilização
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dos cabos da rede elétrica (sistema powerline), precisamos ainda preços mais acessíveis quando comparados com grandes centrais de
Automação residencial
definir alguns conceitos importantes, como o da chamada “pré- automação residencial. Estes sistemas atendem a uma grande fatia
automação”, dos sistemas denominados “stand-alone” e ainda das do mercado consumidor, em especial a aqueles clientes que desejam
“centrais de automação”. obter os benefícios da automação em apenas alguns ambientes da
O conceito de pré-automação está fundamentado na utilização residência. Com a interligação de vários controladores stand-alone,
de um equipamento eletromecânico denominado “relé de pode-se implantar sistemas de automação mais complexos.
impulso”. O relé de impulso nada mais é do que um dispositivo As centrais de automação são controladores com capacidade
que recebe pulsos provenientes dos botões (pulsadores) instalados para atender uma maior quantidade de pontos de entrada e saída
nos ambientes e que comutam a sua saída, por exemplo, a e, dessa forma, pode-se constituir sistemas complexos. A maioria
lâmpada, para o estado ligado/desligado de maneira sequencial. das centrais de automação é baseada em soluções de hardware
Para os amantes da eletrônica digital, podemos fazer uma analogia e programação proprietárias. Algumas centrais são baseadas em
com a função de um biestável, ou seja, um pulso na entrada liga a Controladores Lógico Programáveis (CLP), que possuem alto
saída; outro pulso na entrada desliga a saída. Este simples conceito grau de confiabilidade e grande capacidade de processamento.
permite estabelecer um novo conceito nos projetos de instalações Possuem diversos tipos de interfaces de entrada como pulsadores,
elétricas residenciais, pois, simplifica-se e muito a quantidade de keypads e receptores de infravermelho para efetuar comandos via
fios na instalação, principalmente, em ligações de interruptores controle remoto.
paralelos e intermediários, como explicado no capítulo anterior. As centrais de automação são instaladas em um quadro
Como o custo do relé de impulso é relativamente baixo, utilizando de automação centralizado, para onde todos os retornos das
o conceito de pré-automação, é possível implementar funções cargas são levados, formando uma topologia física em estrela.
básicas de automação residencial, como por exemplo uma cena De acordo com o projeto, pode-se dividir a instalação em dois
“Master Off” para desligar todas as lâmpadas ao sair de casa. A ou mais quadros de automação que serão interligados por meio
infraestrutura de tubulação necessária para a implantação deste de um cabo de comunicação de dados. Por exemplo, pode-se
sistema é bastante simples e já deixa a instalação preparada para, instalar um quadro de automação para atender o pavimento
no futuro, ser capaz de receber um sistema de automação sem a inferior e outro para atender o pavimento superior, sendo que
necessidade de grandes mudanças. esta prática reduz bastante a quantidade de infraestrutura e de
Os controladores autônomos, também conhecidos como stand- cabos utilizados na instalação.
alones, são controladores de pequeno porte, que têm como principal As centrais de automação são, normalmente, utilizadas
objetivo automatizar um único ambiente. Normalmente, cada para instalações maiores e com maior grau de complexidade.
controlador atende entre 4 e 8 zonas de iluminação, podendo ter Quando utilizadas em instalações de pequeno porte, as centrais
zonas dimerizadas convertidas para o acionamento de venezianas/ de automação possuem preços mais elevados em comparação
persianas/cortinas elétricas. Possuem diversos tipos de interfaces aos controladores stand-alone e aos sistemas sem fio. Contudo,
de entrada como, por exemplo: pulsadores, keypads e receptores à medida que a quantidade de pontos de entrada e saída vai
de infravermelho para efetuar comandos por meio de um controle aumentando, o custo do processador central vai sendo diluído,
remoto. Alguns modelos são instalados na própria caixa 4x4 ou 4x2, tornando o sistema financeiramente mais vantajoso em relação aos
outros requerem caixas 4x4 ou 4x8 com profundidade dupla. Este sistemas stand-alone distribuídos.
tipo de instalação requer pouca alteração na fiação, pois os retornos No próximo capítulo, abordaremos os principais subsistemas
das zonas já estão no ponto de instalação. Outra opção é a instalação utilizados em instalações residenciais, como sistemas de segurança
sob o forro de gesso, uma vez que a maioria dos retornos passa por (centrais de alarmes, circuito fechado de TV, monitoramento
este espaço. Neste caso, uma boa prática de instalação é posicionar remoto e controle de acesso), sistema de áudio e vídeo, sistemas de
o controlador próximo a uma caixa de som embutida no gesso para climatização e utilidades.
facilitar o acesso em uma futura manutenção.
É possível interligar vários controladores stand-alone para formar *JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela Escola
um sistema integrado. Neste caso, o controle de toda automação Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em administração
de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-fundador da Associação
será distribuído pois não haverá um controlador principal do
Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a qual dirigiu por cinco anos. É
sistema. Estes controladores poderão ser interligados por cabos de consultor na área de automação e palestrante.
comunicação de dados e instalados fisicamente distribuídos pelos PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
ambientes da residência. Os controladores poderão ainda ser Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor do
curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e
instalados concentrados dentro de um quadro de automação central,
diretor técnico da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
formando uma topologia física em estrela.
Continua na próxima edição
Os controladores stand-alone são a porta de entrada para os Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
instaladores de sistemas de automação residencial, pois possuem e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
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Automação residencial
Capítulo V
Automação residencial –
principais subsistemas
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Conforme mencionado em capítulos anteriores, últimos têm a vantagem de serem menos agressivos
o termo “automação residencial” no Brasil acabou esteticamente e apenas “informam” uma central
englobando todas as tecnologias de uso doméstico e não sobre a ocorrência de tentativas de invasão, enquanto
apenas os controles relacionados à instalação elétrica, os primeiros criam uma barreira física ostensiva que
já discutidos em detalhes. Portanto, é a integração de provoca choques em eventuais invasores.
diversos subsistemas que define um conceito amplo de
automação conforme adotado por aqui.
Neste capítulo, vamos abordar e discorrer sobre as
principais características destes subsistemas e quais os
tipos de integração mais comumente utilizados pelos
usuários de sistemas residenciais automatizados.
gerar sinais para outros sistemas da casa. Esta facilidade será Ao profissional de automação, seja projetista ou integrador,
Automação residencial
utilizada para integração no plano da automação residencial, caberá a tarefa de interligar os sistemas existentes dentro
conforme veremos adiante. do contexto da automação residencial com a finalidade
Outra solução com o uso crescente é o controle de acesso de maximizar os resultados do conjunto, sem interferir no
por meio eletrônico. Entre as interfaces mais utilizadas destaca-se funcionamento especifico programado para os alarmes,
atualmente a leitura biométrica das digitais. Acoplando uma câmeras e sistemas de acesso da residência.
leitora biométrica a uma fechadura elétrica temos um eficiente Como mencionamos ao descrever cada subsistema
sistema de controle personalizado que dispensa uso de chaves e de segurança, todos eles permitem especificar interfaces
senhas, facilitando a rotina diária e aumentando a segurança. Além relativamente simples para integração com a automação da
disso, esta solução permite personalizar comandos do sistema de casa. Por exemplo, um disparo de alarme, além de ser utilizado
automação por meio da impressão digital de cada morador. pelo sistema específico para as devidas comunicações, pode
interagir com o sistema de iluminação, iluminando as zonas
alarmadas com o sistema de vídeo da casa, abrindo a imagem
das câmeras num canal específico em qualquer monitor de TV
da casa e assim por diante.
Outro exemplo seria a criação de cenários personalizados
para cada morador quando detectada sua presença pelo leitor
biométrico da entrada. Isso pode incluir as cenas
pré-programadas de iluminação, cortinas, ar-condicionado e
som ambiente, por exemplo.
Como já comentamos, a integração proporcionada pela
Figura 3 – Controle de acesso via leitura biométrica das digitais.
automação permite maximizar os resultados esperados
Outras modalidades de controle de acesso podem usar com relação à segurança da residência sem interferir no
teclados (para senhas) ou leitores de cartão magnético, mas são funcionamento isolado de cada subsistema.
principalmente de uso em unidades comerciais e de serviço.
Ainda pouco utilizados, mas potencialmente muito Áudio e vídeo
importantes, temos os chamados alarmes técnicos, que Estes sistemas também se popularizaram muito nos últimos
incluem detectores de vazamento de gás, de fumaça e de anos. A maioria das residências já dispõe, no mínimo, de uma
inundação. Em alguns países, seu uso já é regulamentado, sala de TV que muitas vezes já pode ser considerada um home
inclusive pode ser obrigatório em determinadas construções. theater em função dos equipamentos utilizados. A propagação
No Brasil, a obrigatoriedade é restrita aos empreendimentos dos sistemas de tevê a cabo, de locação de filmes e de jogos
comerciais, em que sistemas de detecção e combate a incêndio eletrônicos também acaba por transformar este ambiente em
são regulamentados pelos órgãos competentes e incluem uma autêntica central de entretenimento.
detectores de fumaça e sprinklers. Com a facilidade que dispomos hoje em dia de obter e
No entanto, para uso residencial, antevemos um potencial armazenar músicas, imagens e filmes, aumentam as opções de
de uso elevado para estes alarmes, em primeiro lugar porque uso para equipamentos originalmente utilizados apenas para
seu custo de implantação é baixo e também porque quando assistir programas de tevê ou reproduzir filmes gravados em
utilizamos sistemas automatizados sua eficiência é ampliada mídias tradicionais como o DVD.
pela possibilidade de conexão com outros sistemas de controle Assim, é natural que moradores queiram ampliar o uso destas
da casa. No caso de apartamentos, com a utilização quase facilidades, tanto em relação à distribuição para mais ambientes,
compulsória de sistemas de medição individualizada de água quanto a criação de controles universais que integrem as funções
e gás, a instalação de válvulas de fluxo permite o corte de fundamentais de áudio e vídeo (aumento de volume, troca de
suprimento nas unidades de consumo no caso de vazamentos, fontes ou canais) com funções típicas da automação residencial
evitando acidentes. (iluminação, cortinas, ambientação em geral).
Nesta abordagem resumida dos sistemas de segurança, podemos Com relação ao ambiente “home theater” em si, a
perceber que a sua amplitude e complexidade normalmente utilização de telas de grande porte ou mesmo de projetores
vão exigir a participação ativa de profissionais especialistas na e telas retráteis é um fator mandatário. Receivers de potência
especificação e na instalação dos equipamentos. Recomenda-se que adequada integram várias fontes (DVD, radio, iPod, TV a cabo
estes sistemas tenham seu funcionamento autônomo preservado, entre outros) e simulam a ambientação dos efeitos sonoros, por
pois muitas vezes envolvem a utilização de centrais externas de meio de recursos já disponíveis na sua programação básica:
monitoramento para obter os resultados esperados. podemos assistir shows com a sensação de estar em um grande
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estádio ou em um jazz club, podemos ver filmes e sentir todo localização central.
o envolvimento criado pelos seus produtores com os efeitos Para obter máximo desempenho dos sistemas de áudio
especiais, entre outras opções. e vídeo, é cada vez mais utilizada função de mídia centers
Ao investir em uma central de áudio e vídeo, é natural que com o equipamento principal. Este pode ser um equipamento
os moradores pretendam também usufruir o entretenimento em específico, já adequado à utilização multimídia , um PC
outros ambientes da casa. Surgem assim os sistemas multizonas, adaptado a esta finalidade ou mesmo um servidor com
em que é possível levar os programas desejados (sons e/ou capacidade de memória expandida, a fim de armazenar todos
imagens) a partir da central para diversos ambientes e controlar os arquivos desejados pelo morador, normalmente compostos
individualmente a origem (fonte) do programa e o seu nível de de vídeos, trilhas sonoras, imagens, etc. organizados em pastas
volume. Isso pode ser feito por controles remotos ou dispositivos de fácil acesso.
localizados em cada ambiente (normalmente denominados Como podemos ver, os nossos conhecidos home theaters
keypads e que podem inclusive conter visores de cristal líquido não pararam de evoluir e já atingem status de verdadeiros
que indicam a programação de som/imagem do ambiente). sistemas multimídia. Com todo este potencial de conteúdo e
Os receivers mais atualizados tecnologicamente já incluem entretenimento, nada mais natural que o sistema de áudio e
uma segunda zona de áudio, mas se o morador pretende vídeo seja considerado um dos principais “pilares”, quando se
expandir o número de ambientes com controle individualizado cogita da integração de sistemas sob a perspectiva da automação
vai precisar de amplificadores e sistemas dedicados a este fim. residencial. Em capítulos posteriores, vamos detalhar quais as
Um sistema mais completo para sonorização de diversos interfaces mais comumente utilizadas para esta integração e
ambientes tem uma topologia de instalação muito similar aos quais as funções mais solicitadas pelos usuários.
sistemas de automação. Ou seja, podemos ter situações em
que a amplificação de potência é descentralizada (e os keypads Climatização
de cada ambiente fazem a função de mini-amplificadores) ou Quando se mencionam os sistemas de climatização de um
centralizada, em que um amplificador central tem diversas imóvel no Brasil, é muito comum pensar em primeiro lugar no
zonas de amplificação e os cabos das caixas acústicas são sistema de ar-condicionado. E, muito embora seja realmente o
levados diretamente dos diferentes ambientes para esta mais utilizado em função de nosso clima predominantemente
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tropical, existem outros subsistemas que são também utilizados contrapiso. No primeiro caso, é necessária a geração de água
Automação residencial
com a função de climatizar adequadamente um ambiente, tal quente por meio de sistemas específicos (aquecedores, boilers,
como o aquecimento de piso, calefação e sistemas de ventilação. caldeiras) para abastecer a tubulação.
Com relação ao ar-condicionado nas residências, utiliza-se Na segunda opção, utilizam-se mantas térmicas, que
amplamente o sistema de “spliters”, em que a cada máquina são condutores de eletricidade, resistentes e isolados, e
condensadora equivale uma evaporadora (aquela que fica são compostas de cabos especiais que, uma vez aquecidos,
localizada nos ambientes climatizados). As condensadoras transmitem a temperatura para o contrapiso.
podem ficar concentradas em um único local ou acompanhar
a evaporadora, mas sempre em local aberto que possibilite a
troca de calor com o ambiente externo. A operação pelo usuário
normalmente é feita por comandos na parede ou simplesmente
com controles remotos baseados em infravermelho.
Alternativamente, podem ser utilizados equipamentos
com centrais condensadoras que atendem a múltiplas saídas
(evaporadoras) e conseguem, por meio de processamento
eletrônico, controlar a temperatura e demais variáveis de
cada ambiente isoladamente. Neste caso, é mais comum
encontrarmos soluções embarcadas de automação que atuam
Figura 4 – Piso aquecido.
na central, controlando todo o funcionamento do maquinário,
uma vez que o grau de complexidade é maior e é exigida uma Em ambos os casos, existem termostatos para controle da
performance de máxima eficiência do conjunto. temperatura local em cada ambiente e que desligam o sistema
A automação embarcada nos sistemas de ar-condicionado, automaticamente quando a temperatura escolhida foi alcançada e
na maioria das vezes, é obtida com o uso de sistemas mantida, só religando em caso de uso mais prolongado e se houver
proprietários, não permitindo uma integração direta com a necessidade de recompor a temperatura novamente. É necessário
outros sistemas de automação residencial. Assim, muitas vezes, que o sistema seja ligado com alguma antecedência em relação ao
é necessário desenvolver interfaces caso a caso se o morador horário de uso efetivo, pois o calor demora algum tempo para ser
deseja um grau de integração complexo, ou seja, transferir distribuído igualmente pela superfície. Deve ser levado em conta
todos os controles originais do sistema de ar-condicionado que cada tipo de piso – madeira, cerâmica, etc. – que possui um
para o de automação residencial. No entanto, a situação mais coeficiente de absorção de calor diferente e isso afeta o tempo
comum que observamos é o desejo de comandos mais simples, inicial da operação.
tais como liga/desliga por ambiente ou liga/desliga geral. Uma De modo similar, operam diversos sistemas de calefação de
vez determinado um set point de temperatura padrão para cada ambiente, independentemente do tipo de energia que consomem.
ambiente, esta função de liga/desliga fica muito conveniente, Portanto, estes sistemas também têm um controle autônomo
tanto para operação rotineira como para comandos do tipo que pode ser utilizado pelo morador sem a necessidade de
integração com a automação. Neste caso, o sistema central,
“desliga geral” utilizados para deixar a residência vazia na
se existente, poderia cuidar de só permitir que o sistema seja
ausência dos moradores.
acionado em determinados horários ou em dias mais frios com a
Assim como em outros sistemas, o acionamento da
finalidade de poupar energia.
climatização pode ser feito à distância, via celular ou internet,
desde que a instalação da casa esteja configurada para esta
Utilidades
facilidade (ver referencia em outros capítulos – acionamentos
Neste capítulo, podemos listar uma série de subsistemas que
à distância).
se encarregam de aspectos operacionais da habitação, alguns deles
A ventilação normalmente é um recurso já disponível no
com utilização ampla outros ainda com uso restrito a determinadas
sistema de ar-condicionado e pode ser ativada por comandos
situações. Entre os mais importantes, citamos:
específicos. Outros tipos de equipamentos, como ventiladores
comuns ou de teto, podem ser controlados por tomadas
- Sistema de aspiração central a vácuo
comandadas criadas a partir do sistema utilizado para a Neste caso, a central de vácuo (aspirador) fica situada em um
automação da instalação elétrica. ambiente previamente escolhido, normalmente, em áreas de
Sistemas de piso aquecido podem utilizar dois tipos de serviço ou garagens e uma tubulação de 2” é distribuída pelo
soluções: aquecimento por meio de tubulação de cobre em imóvel, terminando nos ambientes em conexões de engate para
forma de serpentinas com água quente circulando em seu mangueiras. Trata-se praticamente de um sistema hidráulico que
interior ou por cabos especiais (ou mantas) instalados no deve ser, de preferência, implantado durante a construção do
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imóvel em vista das interferências que provoca na sua estrutura. e confiabilidade à operação rotineira do sistema pelos usuários.
A especificação das distâncias entre os engates e a central vai Dentro da mesma categoria, ainda poderíamos listar outros
se basear no tipo e na potência da central instalada e, por isso, subsistemas na área de utilidades, a saber:
o projeto é normalmente desenvolvido pelos fornecedores do
equipamento. O grau de integração com a automação da casa • Limpeza e filtragem de piscinas, hidromassagens e spas;
é mínimo, pois trata-se de um subsistema com funcionamento • Sistemas de bombas de recalque (água limpa, água servida, água
bastante autônomo. pluvial);
• Sistema de aquecimento de água, inclusive alternância entre
- Irrigação automatizada sistemas alternativos (elétrico/gás/solar);
Quando uma residência conta com um projeto paisagístico, é • Aquecimento de toalhas;
importante que a irrigação seja projetada, a fim de atender cada • Desembaçadores de espelhos.
área especifica dos jardins, tanto em função da insolação como do
tipo de vegetação escolhida. Uma vez determinada a frequência das
regadas para cada setor da área externa plantada, o sistema pode
ser automatizado, garantindo que as plantas estejam saudáveis e
atendam às características decorativas ou funcionais determinadas
*JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela Escola
no projeto paisagístico. Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em administração
de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-fundador da Associação
A utilização de sensores de chuva e/ou de medidores de umidade Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a qual dirigiu por cinco anos. É
do solo garante um desempenho ótimo ao sistema, evitando regadas consultor na área de automação e palestrante.
PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
desnecessárias. A maioria dos sistemas de irrigação automatizada
Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor do
conta com, pelo menos, timer de programação, no entanto, pode
curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e
também ter algum tipo simples de automação embarcada. Será diretor técnico da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
decisão do profissional de automação determinar o tipo e o nível Continua na próxima edição
de integração conveniente, que não interfira no funcionamento Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
programado da irrigação, mas que possa acrescentar mais facilidade e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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Automação residencial
Capítulo VI
O projeto integrado de infraestrutura
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Potenciômetro simples
Como vimos, a quantidade de dados levantados desde o
Keypad de comando
início de um projeto começa a tomar proporções consideráveis, (multiroom)
tornando necessário o seu planilhamento e organização. Repetidor de infravermelho
Esta organização tem três objetivos principais: Amplificador de som
ambiente
projeto executivo, demarcando qual o padrão de desempenho TIPO SIM/NÃO TIPO/MARCA QUANTIDADE
Central telefônica
combinado entre o seu cliente e você no início do projeto;
Aparelho programador de
3. Facilitar a manutenção futura das instalações. telefonia
Aparelho comum
Recomenda-se arquivar cópias dos levantamentos originais, Aparelho de telefonia IP
Roteador
inclusive o questionário inicial preenchido pelo morador. Estes
Access Point
documentos muitas vezes serão confrontados pelos diversos
Servidor
participantes do projeto para se certificarem de alguns detalhes Decodificador de tevê por
que podem ter sido negligenciados no decorrer da obra. assinatura
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Automação residencial
Tabela 3 – Sistema de segurança Tabela 5 – Utilidades
ALARMES MONITORADOS AUTOMAÇÃO ELÉTRICA
TIPO SIM/NÃO TIPO/MARCA QUANTIDADE TIPO SIM/NÃO TIPO/MARCA QUANTIDADE
Central de alarme Irrigação automatizada
Teclado - aspersor
Botoeira - sensor de umidade de
Sensor de presença solo
Sirene - sensor de chuva
Sensor de abertura de - central
portas e janelas microprocessada
Sensor de quebra de vidro Aspiração central
Cerca elétrica - central de aspiração
Infravermelho ativo - mangueira
Nobreak - pontos de conexão
Baterias - pá automática
Desembaçador de espelho
CIRCUITO FECHADO DE TV
TIPO SIM/NÃO TIPO/MARCA QUANTIDADE Aquecedor de toalhas
Micro câmera P/B Piso aquecido
Micro câmera colorida
Devemos ressaltar que parte destas informações, principalmente
Câmera especial
DVR (Digital Vídeo quantidades, pode ser estabelecida no decorrer do projeto.
Recorder) No entanto, preencher pelo menos a coluna SIM / NÃO do
Placa de captura de vídeo checklist apresentado proporciona uma maneira eficaz de não
Servidor
se esquecer de nenhuma inserção de material ou equipamento
Modulador
no projeto.
CONTROLE DE ACESSO
TIPO SIM/NÃO TIPO/MARCA QUANTIDADE
Portão automático Interfaces de integração
Porta automática Partindo desta visão analítica e detalhada de cada um dos
Cancela
subsistemas tecnológicos do nosso projeto, o passo seguinte
Fechadura elétrica
será estudar onde e quais interfaces serão necessárias para
Leitor de cartão
magnético promover a integração entre elas.
Leitora biométrica Estas interfaces são necessárias para que diferentes
Teclado protocolos de transmissão sejam “entendidos” pelos
Tabela 4 – Automação elétrica subsistemas conforme planejado. Neste sentido, também
AUTOMAÇÃO ELÉTRICA deverão ser especificados quais softwares serão utilizados e
TIPO SIM/NÃO TIPO/MARCA QUANTIDADE com qual finalidade. Resolvida esta etapa, em que tratamos
Central de automação (*)
de interfaces “técnicas” que são transparentes ao usuário final,
(*) unidade central de
será necessário tratar também das interfaces destinadas ao uso
processamento
Minicentral de controle *JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela Escola
de iluminação Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em administração
Relé de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-fundador da Associação
Interface para persianas e Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a qual dirigiu por cinco anos. É
cortinas consultor na área de automação e palestrante.
Sensor especial PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
Termostato Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor do
Painel touchscreen curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e
Trilho motorizado para diretor técnico da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
cortinas Continua na próxima edição
Keypad especial Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
Nobreak e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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Automação residencial
Capítulo VII
Interfaces e aplicações especiais de
automação residencial
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Em capítulos anteriores, mencionamos os principais keypads normalmente contêm um circuito eletrônico que
sistemas, subsistemas e requisitos para um projeto de possibilita que cada botão ao ser acionado emita um sinal
infraestrutura para automação residencial. Tratamos de código diferenciado. Assim, em um mesmo keypad
apenas de passagem a questão das interfaces com o podemos, por exemplo, comandar luzes de um ambiente
usuário. Neste capítulo, vamos avançar mais neste tema, de forma individual e utilizar outro grupo de botões para
pois, na visão do usuário de um sistema de automação, executar cenários mais complexos, inclusive envolvendo
normalmente leigo, a maneira como ele interage com o outros ambientes.
sistema é de vital importância para o seu êxito. Os formatos e o design destes keypads variam muito,
Normalmente, em uma mesma residência habitam pois cada fabricante desenvolve o seu produto de forma
diversos usuários, com idades e características pessoais proprietária.
diferentes no que tange à facilidade de interagir com a Talvez a interface que mais seja associada à
tecnologia. Além disso, existem usuários em tempo parcial automação residencial seja o controle remoto universal.
(hóspedes, alguns prestadores de serviço, por exemplo). Isso porque o próprio conceito de integração de sistemas
Por isso, em um projeto de automação bem desenvolvido sugere uma diversidade de controles específicos que, uma
pode ser necessária a utilização de diferentes interfaces vez considerados em conjunto, mostram-se excessivos,
para atender a esta diversidade entre os moradores e os redundantes e de difícil assimilação pelo usuário. Assim, é
usuários. normal que o usuário final anseie por um único controle,
Provavelmente, a interface mais simples que de preferência móvel, que lhe permita não só comandar
podemos considerar é um pulsador, substituindo um individualmente cada um dos subsistemas, mas também
tradicional interruptor e, externamente, mantendo a executar comandos mais complexos envolvendo todas as
mesma aparência. A diferença, conforme discutido em possibilidades.
capítulos anteriores, é que o pulsador consegue enviar Existem controles universais simples com teclas.
um comando, mesmo que simples, a um processador No entanto, ficam difíceis de utilizar por serem pouco
que, por sua vez, executa uma função pré-programada. intuitivos. Assim, os controles com telas que utilizam
Dessa maneira, um simples toque do usuário em um telas de toque (touchscreen) e ícones gráficos se tornaram
pulsador pode desencadear uma função complexa, desde a interface mais adequada para sistemas integrados.
que este seja o seu desejo e tenha sido assim programada. Os mais eficientes utilizam, além da transmissão
Em determinadas situações, esta interface, tão por infravermelho (comum à maioria dos aparelhos
simples, pode ser a melhor alternativa a ser utilizada, domésticos), também a transmissão por radio frequência,
dada a sua intuitividade de uso. Comandos do tipo ampliando em muito o raio de alcance dos comandos
“desligar tudo” ao sair de casa ou deixar a casa no “modo e permitindo “esconder” parte dos equipamentos a
viagem” são exemplos deste uso. serem controlados. Geralmente, estes controles também
Uma extensão do conceito de pulsador são os utilizam protocolos de transmissão proprietários de seus
chamados “painéis ou teclados inteligentes” ou, mais fabricantes, o que obriga ao integrador escolher uma
comumente, keypads. Por definição, um keypad agrupa plataforma e utilizá-la na integração, o que é feito por
diversos botões pulsadores em um teclado múltiplo e cada meio do software disponibilizado pelo mesmo fabricante.
botão pode ser programado com diferentes funções. Estes Um desenvolvimento recente que tem mudado muito
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as tendências nesta área foi o surgimento dos smartphones e, em automação residencial. Destina-se a usuários mais avançados que
Automação residencial
sequência, dos tablets. Com características similares às dos controles pretendem modificar e/ou atualizar sistematicamente sua programação
universais (uso de ícones e telas de toque), a utilização de aplicativos e esta interface se mostra bastante conveniente para esta aplicação.
específicos possibilita criar também interfaces adaptadas aos sistemas Muitas pesquisas têm sido feitas também para utilização de
de automação, potencializando o seu uso ainda mais. Ou seja, estes interfaces ainda mais avançadas como reconhecimento da fala e de
equipamentos que já permitiam utilizar a rede sem fio da casa para gestos. Aplicações práticas já são tecnicamente viáveis e poderão em
acessar e navegar na internet, assistir vídeos, ouvir musicas, manter breve ser utilizadas de forma rotineira. Entre os maiores beneficiários
agendas e se comunicar, passam a ser também controles universais dos deste tipo de interface estarão portadores de algum tipo de
equipamentos domésticos. Tudo isso sem comprometer a mobilidade, deficiência física que podem superar suas atuais barreiras e comandar
garantida pela cobertura da rede sem fio da residência. Os principais equipamentos domésticos utilizando estas soluções.
aplicativos atualmente em uso utilizam a plataforma do iPad da Apple
ou Android, mas espera-se que na medida em que novas plataforma se Aplicações especiais de automação residencial
tornem mais comercializadas, não faltarão aplicativos para se integrar Ao tratarmos do tema “interfaces”, podemos constatar o alcance
com a automação residencial. que os benefícios da automação residencial podem ter em situações
Ainda podemos utilizar os telefones celulares, por meio de especiais, como ao tratar com portadores de deficiências, idosos e
suas mensagens SMS, para acionamentos remotos de sistemas de necessitados de cuidados especiais.
automação domésticos. A transmissão pode ser tanto do usuário O tema da acessibilidade tem dominado as discussões tanto no
para a casa como vice-versa. Ou seja, a casa pode se comunicar campo da arquitetura como da engenharia. A automação residencial
enviando “torpedos” para seus moradores no caso de algum evento não poderia ficar alheia ao desenvolvimento de soluções específicas
a ser notificado, assim como os usuários podem enviar comandos ou neste sentido. Embora muitas edificações novas (principalmente
receber status de situações correntes em suas residências. Mais uma espaços públicos) tragam em seus projetos arquitetônicos a questão
vez, este tipo de interface deve ser escolhida pelo integrador desde do “desenho universal” já incorporada, os moradores de residências
que faça sentido seu uso pelo morador nas circunstâncias previstas. ainda não são privilegiados neste quesito.
Menos comum, no entanto, viável tecnologicamente, pode ser a Projetar e edificar casas “inclusivas” é uma tendência irreversível.
utilização de um PC ou notebook como interface para sistemas de Ao lado de padrões de sustentabilidade, aliados tanto à questão dos
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materiais utilizados como da eficiência energética, a acessibilidade ser feito em qualquer pulsador comum da casa quando pressionado
no decorrer de toda a vida útil da casa deve ser um recurso previsto por um tempo maior (por exemplo) ou por dispositivos móveis, como
desde o seu projeto. Por se tratar de um bem de uso contínuo e por pulseiras que emitem sinais de rádio e se comunicam com sistemas
longo prazo, uma casa deve possibilitar que seus moradores a utilizem instalados na casa. A partir do recebimento de um alarme deste tipo,
durante toda a sua vida, nas mais variadas condições físicas e de além de comunicar o evento aos interessados (parentes, centrais
saúde, independente de sua faixa etária. de monitoramento ou até mesmo centros médicos e serviços de
Levando esta questão para o campo da automação residencial, urgência), o sistema de automação local pode acionar determinados
é importante que o profissional da área projete soluções e interfaces equipamentos ou executar comandos compatíveis com a situação
que comportem esta evolução, sejam flexíveis ao longo do tempo e (ligar luzes, liberar abertura de portas, suprimir entrada de gás, dentre
adaptáveis às necessidades futuras ou eventuais dos moradores. outros).
Como exemplo, um usuário em perfeitas condições físicas pode Todas estas constatações mostram o terreno fértil que podem
sofrer algum acidente ou ter um problema de saúde temporário e se tornar as aplicações de automação residencial que visam à
necessitar de interfaces especiais durante seu período de recuperação. acessibilidade dos moradores e auxiliar nos seus cuidados especiais
Ao envelhecer, pode ter mais dificuldades em operar algum tipo sempre que for necessário.
de sistema que exija maior acuidade visual ou destreza nas mãos.
Crianças pequenas ou pessoas analfabetas podem também necessitar *JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em administração
de interfaces específicas, mesmo que temporariamente.
de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-fundador da Associação
Com a participação cada vez maior da terceira idade entre os
Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a qual dirigiu por cinco anos. É
consumidores, algumas soluções tendem também a ser incorporadas e consultor na área de automação e palestrante.
integradas às residências. Uma das mais importantes é a denominada PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
“home care”, ou seja, a possibilidade de monitorar e cuidar da saúde Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor do
curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e
dos moradores de uma residência à distância.
diretor técnico da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
Sistemas que utilizam de botões de pânico podem indicar que
Continua na próxima edição
um morador corre perigo, seja por ter sofrido um mal súbito, uma Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
queda ou qualquer situação atípica. Este acionamento de pânico pode e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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40
Automação residencial
Capítulo VIII
Automação e eficiência energética
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Nos últimos anos, as questões relativas à preservação personagem, que muitas vezes é considerado “o
ambiental tomaram espaço nas mídias especializadas chato” e que passa pelos cômodos apagando as luzes
e trouxeram à tona vários conceitos de preservação e reclamando da “conta de luz”. Mesmo uma casa
dos recursos naturais. Nos anos 1980, já tínhamos nas estando toda automatizada, não há como fugir da
escolas a divulgação de temas ligados à preservação premissa de que toda lâmpada ligada consome energia
ambiental e que na época eram chamados de ecologia. elétrica. Então, cabe a nós, usuários domésticos,
Em meados de 1992, ocorreu na cidade do Rio de estarmos sempre atentos aos consumos desnecessários
Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio mesmo que os sistemas de automação possam estar de
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou alguma forma zelando por isso.
mais conhecida como ECO-92. Esta conferência tinha
como objetivo principal buscar meios de conciliar o Algumas soluções
desenvolvimento socioeconômico com a conservação e Um equipamento bastante simples, que pode
proteção dos ecossistemas da Terra. Mais recentemente, ser adotado e com baixo custo, é a utilização de
estes temas voltaram a ter maior relevância por meio sensores de presença para ligarem automaticamente
da difusão do conceito de sustentabilidade e eficiência as luzes. Porém, muitas vezes é muito mais efetivo
energética. Atualmente, as empresas, tanto grandes o uso de sensores de “não presença” para apagarem
redes de supermercados como construtoras, buscam automaticamente as luzes quando não for detectada a
formas de atrelar a sua imagem institucional a elementos presença de pessoas naquele ambiente. Estes conceitos
ligados à sustentabilidade. devem ser empregados com muita cautela, pois há
Então, podemos nos perguntar, como a automação muitas situações em que podemos ter o acionamento
residencial pode contribuir neste aspecto? Ou mais ou desligamento indevido, como o clássico exemplo de
especificamente, como a automação residencial pode aplicações em banheiros. Os sensores de presença se
colaborar para a redução do consumo de energia mostram muito eficazes, principalmente em edifícios
elétrica? em que a circulação de pessoas é mais constante. Se
Bem, vários métodos podem ser implementados combinados com uma função de temporização, como
por sistemas de automação para que possamos de as famosas minuterias, podemos alcançar resultados
alguma forma reduzir os gastos com energia elétrica. ainda melhores.
O primeiro deles é bem simples: toda lâmpada acesa Uma questão bastante interessante é a utilização
desnecessariamente pode ser desligada e assim de sistemas de aquecimento solar para residências.
contribuir para a redução do consumo de energia Resumidamente, estes sistemas são compostos por
elétrica em uma residência. placas coletoras que aquecem a água que passa pelo
Toda família tem, em sua residência, este seu interior e pelo boiler, ou caldeira, que armazena
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41
a água aquecida para uso posterior. Na maioria dos sistemas, a suficientemente a água durante o dia, automaticamente esta será
circulação de água é feita pelo efeito denominado “termo-sifão” sem aquecida pelas resistências elétricas.
a necessidade de bomba de circulação. Este breve descritivo serve para esclarecer por que há moradores
Como o sol não é uma fonte de energia constante, nem sempre que se queixam do consumo excessivo de energia elétrica em suas
haverá aquecimento suficiente nos coletores solares. Dessa forma, residências, mesmo tendo investido em um sistema de aquecimento
a água armazenada no boiler terá uma redução na sua temperatura solar.
podendo esfriar completamente, deixando o morador sem água Vamos imaginar uma família de quatro pessoas em que o hábito
quente para o banho. de banho, isto é, a utilização de água quente, seja no período da
Contudo, os boilers possuem isolantes térmicos que têm a manhã, entre 6h e 8h. Considere que, no dia anterior, o nível de
missão de reduzir ao máximo esta perda de calor fazendo a água insolação tenha sido alto e que os coletores solares conseguiram
permanecer quente por longos períodos de tempo. Entretanto, encher completamente o boiler com água quente. Neste caso, mesmo
dependendo do consumo e das condições climáticas, por exemplo, estando o apoio elétrico do boiler ligado (habilitado), o termostato
vários dias nublados consecutivos, haverá a necessidade de aquecer impedirá que as resistências liguem, pois a água já está quente o
a água armazenada no Boiler. Neste caso, utiliza-se um dispositivo suficiente. Neste caso, não haverá consumo de energia elétrica.
interno ao boiler denominado “apoio elétrico”. Portanto, toda a água quente que será gasta no banho da família foi
O apoio elétrico do boiler nada mais é do que uma ou mais produzida exclusivamente utilizando o aquecimento solar.
resistências instaladas internamente ao reservatório que têm a missão Entretanto, considere agora que, no dia anterior, o nível de
de aquecer a água no seu interior quando a temperatura interna da insolação foi baixíssimo (dia nublado e frio) e que os coletores
água estiver baixa. Para fazer este controle, a forma mais simples é a solares não conseguiram encher o boiler com água quente. Como o
utilização de um termostato instalado internamente ao reservatório e apoio elétrico do boiler está ligado (habilitado) e a água está fria, o
que é ligado em série com o banco de resistências. termostato permitirá que as resistências liguem iniciando o consumo
Dessa forma, estando ligado o circuito de alimentação do apoio de energia elétrica. Portanto, toda a água quente que será gasta no
elétrico, normalmente em 220 V, as resistências somente serão banho da família foi produzida utilizando o aquecimento elétrico.
ligadas se a temperatura da água estiver abaixo de um determinado Isto não é um grande problema, uma vez que um chuveiro elétrico
valor (função do termostato). Assim, caso o sol não aqueça convencional também consome energia elétrica para aquecer a água
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42
do banho. Porém, um chuveiro elétrico só consumirá energia elétrica ou também conhecido como “master off”. Como o nome sugere,
Automação residencial
durante o período de tempo em que permanecer ligado. esta cena irá desligar cargas pré-programadas e que possam
A questão fundamental a ser considerada em sistemas de permanecer desligadas durante a ausência do morador, como
aquecimento solar de água é o fato de que, como relatado iluminação, aquecedores, ares-condicionados, bombas de
anteriormente, em dias nublados e frios o sistema permanecerá circulação, etc. Não serão desligados, obviamente, os circuitos
aquecendo a água sem que ela seja consumida de imediato. de tomadas, principalmente aqueles relativos à alimentação de
Voltando ao nosso exemplo, como o perfil de consumo da geladeiras e freezers. Deve-se ter bom senso na escolha dos
família é o de utilizar a água quente no período da manhã, as equipamentos que serão desligados, pois muitos equipamentos
resistências elétricas do boiler irão aquecer a água durante todo dia eletrônicos podem perder a sua programação se ficarem longos
e a madrugada, ao mesmo tempo em que as condições climáticas períodos sem alimentação, por exemplo, no caso de uma viagem
tendem a esfriar esta mesma água que está sendo aquecida (pela da família. Mas, de qualquer forma, este é um recurso muito
energia elétrica). Neste exemplo, o sistema mostra-se ineficiente, interessante, já que garante que nenhuma carga ficará ligada
pois desperdiça energia elétrica para produzir água quente desnecessariamente.
desnecessariamente.
Nesse sentido, a automação residencial pode auxiliar muito Iluminação e economia de energia
o sistema de aquecimento solar por meio da implantação de um Talvez o recurso de automação residencial mais divulgado
simples programador horário que irá habilitar e desabilitar o apoio pelos fabricantes para demonstrar a economia de energia elétrica
elétrico do boiler, inibindo o acionamento das resistências nos na iluminação seja o recurso de dimerização de lâmpadas. A
momentos em que a água não está suficientemente quente para o dimerização é feita por meio do controle da potência entregue para
banho e, portanto, não será consumida neste momento. a lâmpada, proporcionado uma variação de 0 a 100%.
Esta é uma implementação simples, bastando utilizar uma
saída do controlador de automação residencial ou um simples Pode-se dimerizar lâmpadas dos tipos:
programador horário autônomo para acionar uma contatora que
será ligada em série com o circuito de alimentação do apoio elétrico • incandescentes, halógenas e dicroicas (filamentos);
do boiler. No nosso exemplo, considerando que o apoio elétrico • fluorescentes com reatores dimerizáveis (0-10V);
consegue aquecer toda a água do boiler em três horas, bastaria • alguns tipos mais recentes de Leds.
programar a contatora para ligar às 3h e desligar às 6h. Dessa forma,
se garante que a família tenha água quente para o banho no horário Para efetuar o controle de potência em lâmpadas de filamento,
desejado e se otimiza o consumo de energia elétrica. são empregados triacs, que são componentes semicondutores nos
quais podemos controlar o início da sua condução de energia para
“Master off” a lâmpada (ângulo de disparo). As formas da onda senoidal durante
Em uma residência 100% automatizada, uma função a dimerização de lâmpadas de filamento para os principais níveis de
bastante interessante é a utilização do cenário “desliga tudo” dimerização são mostradas na Figura 1.
Em 100%, a tensão na carga é igual à tensão da rede (senoide Muitos fabricantes apenas invertem este discurso para demonstrar
completa). Já em 50% de regulação de potência, temos os disparos o percentual de potência economizada na lâmpada. Ou seja, se
(condução) feitos exatamente na metade dos semiciclos positivo e regulamos um dimmer para 90%, temos 10% de economia de energia
negativo. e veremos que a variação do fluxo luminoso será imperceptível.
Observe que, para 25% ou 75% de regulação, os disparos O fluxo luminoso é a quantidade total de luz emitida por uma
são feitos não exatamente em um quarto dos semiciclos positivo e fonte em sua tensão nominal de funcionamento, sendo que a unidade
negativo, pois a potência de 25% ou 75% será representada pela de medida é o lúmen (lm).
função integral desta curva (área). É importante ter em mente que, ao programar um canal de
Para entender as relações entre dimerização e eficiência dimmer para um determinado valor, estamos ajustando o nível de
energética, é preciso entender alguns conceitos importantes sobre potência que será entregue para a lâmpada e não um fluxo luminoso
lâmpadas: específico. Lembre-se que o fabricante do equipamento não conhece
o modelo da lâmpada e da luminária que estará sendo utilizada.
• potência consumida A eficiência luminosa é a relação entre o fluxo luminoso total
• fluxo luminoso emitido por uma fonte de luz e a potência por ela consumida, sendo
• eficiência luminosa que a unidade de medida é o lúmen/watt (lm/W). Na Figura 3, temos
um gráfico muito interessante que mostra a eficiência luminosa
A potência consumida na lâmpada é diretamente proporcional obtida para diferentes tipos de lâmpadas.
à potência regulada pelo dimmer, conforme mostrado na Figura 2. Observe que as lâmpadas incandescentes são as grandes “vilãs”
Potência regulada Potência consumida Potência economizada da história devido ao fluxo luminoso gerado versus o grande consumo
pelo dimmer pela lâmpada pela lâmpada de energia que ela exige. Estas lâmpadas são muito pouco eficientes
90 % 90 % 10 % do ponto de vista energético embora sejam ainda amplamente
75 % 75 % 25 % utilizadas devido ao seu custo de produção ser muito baixo.
50 % 50 % 50 %
Vamos entender agora as relações proporcionadas pela
25 % 25 % 75 %
dimerização quanto à redução do nível de luminosidade, o consumo
Figura 2 – Relação entre regulação do dimmer e consumo de potência. de potência e o aumento da vida útil da lâmpada.
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Automação residencial
Redução Potência Potência Aumento da Dessa maneira, conclui-se que a redução do nível de
do nível de consumida economizada vida útil da luminosidade não é proporcional à potência economizada na
luminosidade na lâmpada pela lâmpada lâmpada lâmpada, considerando que a eficiência do filamento não é
90 % 90 % 10 % 2 vezes linear, conforme os dados mostrados na tabela da Figura 4.
75 % 80 % 20 % 4 vezes
A norma ABNT NBR 14671:2001 intitulada “Lâmpadas
50 % 60 % 40 % 20 vezes
com filamento de tungstênio para uso doméstico e iluminação
25 % 40 % 60 % > 20 vezes
geral similar – Requisitos de desempenho” traz, no seu Anexo H
Figura 4 – Relações entre nível de luminosidade, potência consumida e
vida útil da lâmpada. (informativo), um estudo sobre a “Influência da tensão elétrica
A tabela da Figura 4 é muito utilizada por fabricantes e de energização no desempenho da lâmpada incandescente”. De
projetistas luminotécnicos para demonstrar os benefícios da acordo com a norma, “a tensão elétrica aplicada a uma lâmpada
dimerização. Contudo, é muito importante observar que a incandescente (que depende das características do ponto de
primeira coluna da tabela diz respeito ao percentual de redução consumo) está intimamente ligada ao desempenho da lâmpada
do nível de luminosidade (ou fluxo luminoso) e não à regulação quando em serviço, podendo alterar a potência dissipada, o fluxo
de potência do dimmer. Este detalhe é fundamental, pois, ao não luminoso produzido, a temperatura de trabalho do filamento, a
se atentar a este ponto, pode-se tomar conclusões erradas sobre eficiência luminosa e a vida útil da lâmpada”.
esta tabela. A Figura 5 nos mostra as relações entre estas grandezas
Para entender mais claramente estas relações, vamos analisar para um ensaio de uma lâmpada de filamento de 100 W sendo
um exemplo simples: alimentada por uma tensão de 127 V.
Considere que, em uma mesma luminária, estão instaladas
Tensão Potência Fluxo Eficiência Vida média
duas lâmpadas de 100 W e iremos proporcionar uma dimerização
elétrica elétrica luminoso luminosa (h)
com redução do nível de luminosidade em 50%. Pergunta-se: O
(V) (W) (lm) (lm/W)
consumo dessas duas lâmpadas equivaleria ao consumo de uma 127 100 1620 16,2 750
única lâmpada de 100 W ligada a 100%? 124 96 1438 15,5 1000
A resposta é: não, pois cada lâmpada de 100 W teria 60% de 120 92 1343 14,6 1600
potência consumida na lâmpada, ou seja, estaria consumindo 60 115 86 1161 13,5 2850
Fonte: NBR14671:2001
W. Portanto, as duas lâmpadas juntas consumem 120 W, o que é
Figura 5 – Desempenho de uma lâmpada de 100 W em diferente tensão
maior do que os 100 W consumidos por uma única lâmpada. de utilização.
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46
Algumas conclusões importantes podem ser observadas: limitado a sua aplicação com dimerização são o custo maior dos
Automação residencial
da residência. Este “controlador” pode até ser um simples PC carregado Obviamente, a introdução destes medidores no mercado brasileiro
com um software adequado para manipular as informações recebidas. ainda será tímida, pois talvez o principal incentivo à sua adoção tivesse
Com os medidores mais simples, o consumidor poderá de partir das nossas concessionárias de energia. Se as concessionárias
armazenar seus dados sobre consumo e utilizá-los para estatísticas, avaliassem a sua instalação, obteriam também um excelente retorno,
para comparativos, enfim para saber como anda o seu consumo de conseguindo acompanhar melhor as curvas de consumo de energia
energia em relação à sua vizinhança ou a outras famílias em situação dos seus consumidores, podendo distribuir a energia com mais
similar. Estas comparações vão permitir avaliar se o consumo de seus eficiência e menores custos para manutenção de suas redes. Para se
equipamentos domésticos está dentro das especificações médias ou ter uma ideia deste mercado em países mais evoluídos, a expectativa é
se precisam de ajustes ou até trocas. Aquecedores, climatizadores, de que no ano de 2014 o mercado norte-americano residencial deva
chuveiros, geladeiras, máquinas de lavar e secar, enfim, qualquer consumir 17 milhões de medidores inteligentes, o que corresponde a
equipamento cujo consumo possa afetar o gasto mensal de energia mais de 15% do total de residências do país.
poderá ser monitorado dessa forma. Na questão do uso mais eficiente da energia em ambientes
Alguns exemplos de sistemas de medição de energia residencial domésticos, o futuro da automação residencial está apenas
podem ser vistos nas imagens da Figura 6. começando...
Este tipo de aplicação é considerado como “stand alone” e
sua eficácia vai depender da dedicação que o consumidor tem *JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em administração
ao avaliar os dados obtidos. Soluções muito mais eficientes serão
de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-fundador da Associação
obtidas se integrarmos estes medidores a sistemas de automação
Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a qual dirigiu por cinco anos. É
residencial. Neste caso, os “alertas” informados pelos medidores consultor na área de automação e palestrante.
poderão resultar em ações específicas, como desligar sistemas PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
de aquecimentos, reduzir níveis de iluminação e outras ações Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor do
curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e
similares. Muitos destes medidores lançados ultimamente no
diretor técnico da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
mercado trabalham com protocolos de transmissão já conhecidos
Continua na próxima edição
e que permitem uma integração simples com uma variedade Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
significativa de sistemas de automação residencial já existentes. e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
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Automação residencial
Capítulo IX
Automação em áreas comuns de
condomínios residenciais
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Nos últimos anos, ocorreram inúmeros esforços, “trabalho” pela frente. No entanto, temos de admitir
por parte dos fabricantes de equipamentos, de que já caminhamos bastante e que se trata de uma
profissionais qualificados e de associações, para a “viagem sem volta”. Analogamente ao que tivemos
difusão do conceito de automação residencial. O com os acessórios dos automóveis, em que travas
principal desafio sempre foi o de mostrar ao futuro e vidros elétricos que eram tratados como itens de
usuário os benefícios desta tecnologia e como ela extremo luxo, são hoje considerados itens básicos,
pode agregar valor não só na vida cotidiana dos já vindos de série em modelos mais populares.
moradores como também na valorização do imóvel Em paralelo a todo este desenvolvimento
em si. tecnológico, ocorreu uma verdadeira explosão da
Há cerca de dez anos, a automação residencial indústria da construção civil. A cada dia são lançados
era vista apenas como luxo e havia uma relação novos empreendimentos imobiliários e estes são
quase que imediata com a famosa “Casa dos vendidos a uma velocidade nunca antes imaginada.
Jetsons”. Com o passar do tempo, de um modo Fruto de uma aceleração econômica do país, as
geral ocorreu um aculturamento das pessoas com pessoas passaram a ter melhores oportunidades
itens relacionados à tecnologia. Contudo, a missão de trabalho e, consequentemente, mais acesso ao
de difundir os benefícios da automação residencial crédito oferecido por bancos e financeiras.
ainda não é uma tarefa fácil, principalmente para Desta forma, novos condomínios vêm surgindo
os mais céticos. Muitos daqueles conceitos de trazendo conceitos de segurança, sustentabilidade,
automação vistos como futuristas são hoje utilizados convivência com os amigos e qualidade de vida
com naturalidade por muitas famílias brasileiras. Os para a família. Hoje se têm nos empreendimentos,
sistemas estão cada vez mais acessíveis e as pessoas, ambientes que há poucos anos não faziam parte
no mínimo, já ouviram falar a respeito, seja pela dos projetos nem das grandes construtoras de
mídia em geral (jornais, revistas, televisão, etc.) ou condomínios de alto padrão. Bons exemplos são:
por algum amigo que já possui um sistema instalado espaço gourmet, sala de massagem, SPA, fitness
em sua residência. center, piscina coberta (25 m), salão de jogos,
A missão de divulgar a automação residencial brinquedoteca, play baby, play junior, garage band,
ainda está longe de terminar, há ainda muito espaço Pet, box para lavagem de carros, etc. A
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Elementos do sistema
Os conceitos de “cargas” e “acionamentos” utilizados na
automação residencial são mantidos nestas aplicações. Desta
forma, as cargas representam todos os equipamentos que serão
automatizados no edifício, por exemplo:
Funcionalidades
Figura 3 – Sistema de supervisão e controle do edifício instalado na Algumas funções que são implementadas no sistema de
portaria.
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Automação residencial
Fim
Capítulo X
O futuro da automação residencial
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
sistemas de monitoramento a distancia utilizados não apenas para mais viáveis em termos de custo final. No entanto, barreiras comerciais
Automação residencial
segurança patrimonial como também para acompanhar a saúde dos e tecnológicas se impõem ainda no mercado e tornam este paradigma
moradores e suas necessidades especiais (de crianças, deficientes difícil de ser quebrado. Houve evolução neste cenário, logicamente.
ou idosos, por exemplo). A partir deste tipo de utilização, também A utilização, por exemplo, de plataformas IP, comuns a diversas
prevemos o surgimento de diversos serviços inovadores que vão interfaces, e o desenvolvimento de múltiplos aplicativos simples
desde “cuidadores à distância” até a entrega em domicílio de de baixar e utilizar ajudam a superar algumas destas dificuldades
bens e serviços resultantes de comandos automáticos dos sistemas para o usuário comum. No entanto, em médio prazo, ainda será
de supervisão (caso, por exemplo, de medicamentos, consultas necessário fazer a integração de equipamentos de diferentes origens e
médicas, serviços de enfermagem, de exames laboratoriais e fabricantes por meio de interfaces e softwares específicos, desenhados
similares, manutenções preventivas e corretivas). e desenvolvidos pelos integradores profissionais.
O entretenimento doméstico também passa por uma grande
transformação. O crescente abandono das mídias físicas, como CDs Uma dose de futurismo
e DVDs, substituídos por media centers que armazenam grandes Certas tecnologias ainda pouco utilizadas na automação
quantidades de arquivos (músicas, vídeos, fotos, entre outros) e a residencial, tais como GPS e RFID, podem passar a fazer parte
rápida introdução de conteúdo interativo representado por novas do cenário em breve. Projetos conceituais desenvolvidos em
modalidades de jogos eletrônicos e de canais de TV assinados estão centros de referência mundiais estão pesquisando os chamados
alterando não só os equipamentos e softwares utilizados como o “ambientes inteligentes”, bem como a “internet das coisas”, dois
próprio espaço físico das casas. Novos conceitos de armazenar conceitos inovadores e recentes. Um dos objetivos é desenvolver
e distribuir áudio e vídeo pelos ambientes domésticos implicam meios de controle utilizando sensores, comunicação sem fio,
projetos mais arrojados e bem resolvidos e, principalmente, à prova identificação por radiofrequência (RFID) e GPS para observar
do futuro, pois devem ser capazes de acompanhar a evolução o comportamento dos moradores e fazer escolhas automáticas
tecnológica por muito tempo sem a necessidade de reformas ou baseadas nos padrões detectados. A intenção é sempre tornar
intervenções na moradia. ainda mais intuitivas e amigáveis as interações dos moradores
O mote da mobilidade tem ajudado muito o desenvolvimento com os sistemas de controle e comando.
da automação residencial. Moradores podem controlar seus Este tipo de tecnologia, aliada à presença de computação
equipamentos domésticos enquanto transitam pelos diversos pervasiva, ou seja, uma grande quantidade de processadores e chips
ambientes e, logicamente, também de fora da residência. Controles nos rodeando, promete também situações de grande interatividade.
estáticos, como telas de toque fixadas na parede, estão perdendo Um sistema baseado nestes conceitos pode fazer com que Imagens
terreno rapidamente para tablets e controles remotos universais de monitores “sigam” os moradores pela casa, apresentando as
pela facilidade que estes últimos representam. condições climáticas e do transito enquanto ele se troca ou toma o
café da manhã. Checando o extrato bancário e sugerindo uma lista
Paradigmas de compras para o dia, depois de verificar o estoque de suprimentos
Muito se discute sobre a criação cada vez mais intensa de da casa. Alguns gestos podem ser captados por microcâmeras que
soluções plug & play, ou seja, o usuário comum poderá instalar identificam as necessidades traduzidas nestes gestos e preparam
e programar seus equipamentos sem a necessidade de recorrer cenários diferentes conforme a situação reportada.
a profissionais especializados. Em algumas categorias, isto vem Ficção? Nada disso! Com certeza já dispomos de tecnologia
ocorrendo com mais intensidade, como é o caso de aplicações de para construir este tipo de solução. O que é preciso é torná-las mais
jogos eletrônicos, áudio e vídeo. Sistemas mais elaborados, como baratas e fáceis de se instalar e se manter, um desafio e tanto para
segurança e iluminação, ainda estão longe de serem considerados os próximos anos.
plug & play, pois normalmente demandam a participação de
*JOSÉ ROBERTO MURATORI é engenheiro de produção formado pela
diferentes profissionais para obter resultados satisfatórios. Isto Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, com especialização em
inclui desde arquitetos a consultores especializados, cabendo ao administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi membro-
profissional de automação a tarefa de integrar o resultante destas fundador da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), a
qual dirigiu por cinco anos. É consultor na área de automação e palestrante.
atividades em um projeto harmonioso e eficiente. Esta é uma
PAULO HENRIQUE DAL BÓ é engenheiro eletrônico pela Universidade
tendência que, acredita-se, ainda deve perdurar por muito tempo, Mackenzie e pós-graduado em automação industrial pela FEI. É professor
mesmo que sistemas mais intuitivos sejam criados com a finalidade do curso de pós-graduação na Faculdade de Tecnologia de São Paulo
de facilitar o acesso dos moradores à tecnologia (Fatec-SP) e diretor técnico da Associação Brasileira de Automação
Residencial (Aureside).
A unificação de protocolos de comunicação também é citada
muitas vezes como uma necessidade, a fim de tornar os sistemas FIM
Veja este e todos os artigos da série “Automação residencial” no site
interoperáveis. Sem dúvida, uma linguagem universal facilitaria muito www.osetoreletrico.com.br. Em caso de dúvidas, críticas e comentários,
o trabalho de integração e possivelmente tornaria as soluções ainda escreva para redacao@atitudeeditorial.com.br