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O

Poder
do
Louvor

Merlin Carothers

SÃO PAULO — 1976


O PODER DO LOUVOR apresenta maravilhosos testemunhos do que Deus
realizou em favor de pessoas de todas as camadas sociais, que aplicaram
verdades bíblicas como: todas as coisas cooperam para o bem... em tudo
dai graças... tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias
provações.
Assim como a dinamite, o louvor oferecido a Deus em meio a problemas,
possui um poder explosivo. Quando o praticamos na vida diária, este louv or
transforma as situações mais difíceis em vitórias.
Neste livro Merlin Carothers mostra as aplicações práticas e dinâmicas deste
louvor, que poderão abrir ao leitor novas portas de ministério e novas janelas
nos céus, pelas quais Deus derramará bênçãos copiosas.
Traduzido do original em inglês: POWER IN PRAISE
Copyright ©1972 by Logos International
Plainfield, New Jersey 07060
Tradução de Emma Anders de Souza Lima
Segundo edição brasileira, julho de 1976
Todos os direitos reservados pela
Editora Betânia S/C
Caixa Postal 10
30.000 Venda Nova, MG
Composto e impresso nas oficinas da Editora Betânia S/C
Rua Padre Pedro Pinto, 2435
Belo Horizonte (Venda Nova), MG
Printed in Brazil
Índice

O Poder do Louvor .................................................................................................................... 7


Ouça as Boas-Novas! ............................................................................................................... 23
Poder sem Limites .................................................................................................................... 42
Conte as Bênçãos ...................................................................................................................... 61
Quando os Pardais Caem ....................................................................................................... 84
Adeus, Mau Humor! .............................................................................................................. 104
A Alegria do Senhor .............................................................................................................. 127
“Se alguém lhe pudesse indicar o caminho mais curto e mais certo para
conseguir a felicidade e a perfeição, certamente iria aconselhá -lo a
agradecer e a louvar a Deus por tudo que lhe acontecesse. Qualquer coisa
que lhe pareça uma calamidade se transformará em bênção, se você louvar
e agradecer a Deus por ela...”
William Law, clérigo inglês, século 18

“Agradeço a Deus pelas minhas limitações físicas, pois foi através delas que
achei a mim mesma, meu trabalho, e meu Deus.”
Helen Keller

“Abençoado é o homem que se submete à vontade de Deus; jamais será


infeliz. Podem fazer com ele o que quiserem... ele nem se preocupa; sabe
que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”
Martinho Lutero

“Peça a Deus a graça de ver sua mão em toda e qualquer provação, e depois
a graça... de se submeter imediatamente à situação. E não somente de se
submeter, mas também de concordar com aquela conjuntura, e regozijar -se
com ela... Creio que as dificuldades geralmente se acabam quando chegamos
a esse ponto.”
Charles H. Spurgeon
CAPÍTULO 1

O Poder do Louvor
O pai de Jim foi alcoólatra durante trinta anos. E todo esse tempo, a mãe do
rapaz, e mais tarde ele próprio e a sua jovem esposa, tinham pedido a Deus
que o curasse, mas sem nenhum resultado aparente. O pai nem ao menos
reconhecia que o álcool era um problema para ele. Além disso, se alguém
lhe falasse em religião ficava muito zangado e se afastava.
Certa vez, Jim ouviu-me falar sobre o poder que liberamos quando
começamos a louvar a Deus por tudo que acontece em nossa vida, em vez
de lhe suplicarmos que mude as circunstâncias que nos são adversas.
Jim levou para casa uma fita da conferência e tocou-a repetidamente para os
seus amigos. Um dia ocorreu-lhe uma lembrança: ele jamais louvara a Deus
pela situação do pai. Animadamente, comentou com a esposa: “Querida,
vamos agradecer a Deus porque papai bebe tanto, e louvá-lo por ser isso
uma parte do seu plano maravilhoso para a vida do papai!”
Durante o resto do dia, agradeceram e louvaram a Deus por todos os aspectos
da situação; à noite, sentiram uma sensação nova de excitação e expectativa.
No dia seguinte, os pais vieram, como sempre faziam, para o ajantarado de
domingo. O pai de Jim costumava ficar ali o mínimo tempo possível, saindo
logo depois da refeição. Desta vez, na hora do cafezinho, ele os surpreendeu
com uma pergunta.
"O que você acha desta Revolução de Jesus?" indagou de Jim. “Li alguma
coisa sobre isso nos jornais ontem à noite. Será uma mania ou estará mesmo
acontecendo alguma coisa a esses garotos que eram viciados em drogas?"
A pergunta levou-os a uma longa e franca discussão sobre o cristianismo. O
casal só partiu muito tarde naquela noite.
Algumas semanas depois, o pai de Jim reconheceu o seu problema de bebida.
Pediu o auxílio de Jesus Cristo e se curou completamente. Agora,
juntamente com a família, ele conta a outros o quanto o louvor a Deus é
poderoso!
"Pense só", disse-me Jim, “durante trinta anos pedimos a Deus que
modificasse o papai. Levamos apenas um dia louvando-o pela situação, e
veja o que aconteceu."
As frases “Glória ao Senhor!” ou “Graças a Deus!” são proferidas tão
levianamente, que a maioria das pessoas nem presta atenção ao seu
significado real.
Louvar quer dizer exaltar, elogiar, glorificar, aplaudir, aprovar. Louvar é,
portanto, ratificar, expressar a nossa aprovação a respeito de alguma coisa.
Dando a nossa aprovação, aceitamos ou concordamos com o que acontece.
Portanto, louvar a Deus por uma situação difícil, por uma doença ou
desgraça, quer dizer literalmente que aceitamos e aprovamos este
acontecimento como parte do plano de Deus para nossa vida.
Não podemos louvar a Deus sem estarmos agradecidos pelo que nos
acontece. E não podemos estar agradecidos sem estarmos felizes com as
circunstâncias. O louvor envolve, portanto, gratidão e alegria.
Louvar a Deus também significa que reconhecemos ser dele a
responsabilidade do que nos está acontecendo, e não um acaso. Senão, não
faria sentido agradecer-lhe.
"Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é
a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1 Ts 5.16-18.)
Conheço muitas pessoas que aprenderam a louvar a Deus pelas
circunstâncias em que se encontram, apenas porque aceitaram a
determinação bíblica de que devem louvar a Deus por tudo. Louvando-o,
veem o resultado do seu constante agradecimento e da sua alegria; e,
consequentemente, sua fé é aumentada e elas continuam a louvar ao Senhor.
Há pessoas, entretanto, que acham isso um pouco mais difícil.
“Não consigo entender isto”, dizem elas. Tento louvar a Deus, mas é difícil
acreditar que ele tenha algo a ver com todas estas coisas horríveis que vêm-
me acontecendo ultimamente.”
Dizemos que não entendemos, e aí está a nossa dificuldade. O fato de não
entendermos se torna um obstáculo ao nosso relacionamento com Deus. Mas
Deus tem um plano perfeito para o nosso entendimento, e se o usarmos à
sua maneira, não será mais um empecilho, mas um maravilhoso impulso
para a nossa fé.
“Pois Deus é o Rei de toda a terra”, diz o salmista. “Cantai louvores com
inteligência.” (SI 47.7 — Rev. e Cor.)
Ninguém deve deixar de usar a inteligência, nem tampouco cerrar os dentes
obstinadamente e dizer: “Isso não faz sentido para mim, mas louvarei o
Senhor de qualquer maneira, se esta for a única maneira de eu sair desta
situação!”
Isso não é louvor; é manobra. É verdade que todos nós já tentamos manobrar
Deus. É maravilhoso pensar que ele nos ama tanto que nos deixa impunes!
Temos que louvar a Deus com o nosso entendimento, e não apesar dele.
Nosso entendimento nos atrapalha quando nos leva a tentar saber por que e
como Deus introduz certas circunstâncias em nossa vida. Jamais poderemos
compreender por que e como Deus age, mas ele quer que aceitemos, com o
nosso entendimento, que ele o faça. E isto é a base para o nosso louvor.
Deus quer que entendamos que ele nos ama e que ele tem um plano para nós.
“Sabemos que tudo quanto nos acontece está operando para o nosso próprio
bem, se amarmos a Deus e estivermos nos ajustando aos planos dele.” (Rm
8.28.)* 1
Será que você está rodeado por circunstâncias difíceis? Está lutando para
entender por que isto está acontecendo? Então procure aceitar, com todo o
seu entendimento, que Deus o ama, e que ele permitiu que tudo acontecesse
para o seu bem. Louve-o pelo que pôs à sua frente. Faça-o deliberadamente
e com entendimento.
Um certo casal foi a uma das minhas conferências. Falei sobre o louvor a
Deus em toda e qualquer circunstância. Os dois foram para casa muito
perturbados. Estavam aflitos, já havia alguns meses, porque sua filha estava
internada numa clínica para doentes mentais e o diagnóstico era:
irremediavelmente demente.
Diversos grupos de oração por todo o país estavam orando por ela, e
diariamente seus pais dobravam os joelhos e suplicavam a Deus que a
curasse. Mas tudo continuava na mesma.

1 As referências bíblicas identificadas por asterisco foram extraídas de O Novo Testamento Vivo.
O desafio de louvar a Deus pela condição em que se achava a filha d eixou-
os confusos e mais aflitos.
“Parece-me uma blasfêmia”, disse a esposa, “agradecer a Deus por essa
desgraça. Será que agradecer a Deus não é acusá-lo de estar deliberadamente
fazendo mal à nossa filha? Isso não se harmoniza com minha ideia de um
Deus amoroso.”
“Não parece certo”, concordou o marido. “Mas, e se o pregador estiver com
a razão?”
Ela olhou para o marido, desanimada. “Não sei o que fazer.”
“Não temos nada a perder, respondeu ele pensativamente. “Por que não
tentamos?”
Ajoelharam e oraram.
“Deus querido”, começou o esposo, “sabemos que tu nos amas e que o teu
amor por nossa filha é ainda maior do que o amor que temos por ela. Nós
vamos crer que tu estás realizando em sua vida aquilo que achas melhor para
ela. Portanto, nós te agradecemos pela sua doença, agradecemos-te porque
ela está no hospital, agradecemos-te porque os médicos não sabem o que
fazer para curá-la. Nós te louvamos, ó Deus, pela tua sabedoria e pelo teu
amor para conosco...”
Quanto mais eles oravam naquele dia, mais convencidos ficavam de que
Deus estava mesmo fazendo o que era melhor.
Na manhã seguinte, o psiquiatra do hospital telefonou.
“Houve uma mudança extraordinária em sua filha. Gostaria que viessem vê -
la.”
Duas semanas depois, ela saiu do hospital.
Passou-se um ano, e certo dia um jovem veio me procurar ao término de
uma reunião. Ele se apresentou como o irmão daquela moça, e contou-me
que ela estava casada, esperando nenê, e “era a mulher mais feliz do
mundo”!
Certa vez uma senhora pediu-me que orasse em favor de sua filha que era
dançarina de um cabaré. Eu lhe disse que teria prazer em orar juntamente
com ela, agradecendo a Deus pela situação da filha. Aquela mãe me olhou
horrorizada.
“Não me diga que o senhor espera que eu agradeça a Deus por minha filha
zombar dos preceitos morais e da religião. Eu teria que agradecer era ao
diabo por essa desgraça, não a um Deus amoroso!”
Essa mãe tinha diante de si uma escolha muito difícil. Tinha sido
condicionada durante toda sua vida a agradecer a Deus por tudo que fosse
bom e a responsabilizar o diabo por tudo que fosse mau. Juntos, procuramos
na Bíblia os versículos que declaram que Deus é capaz de fazer com que
todas as coisas se tornem em bem para aqueles que o amam e confiam nele,
e que ele quer que sejamos agradecidos em tudo, mesmo que a nossa situação
seja a pior possível.
“A senhora pode continuar pensando que o que acontece à sua filha é
controlado pelo diabo, e, pela sua falta de fé, impedir que o Senhor realize
os seus perfeitos desígnios para ela. Ou pode crer que Deus está tomando
conta da situação, agradecer-lhe por tudo, e com isso, liberar o poder para
modificar a vida de sua filha.”
Finalmente, a senhora concordou em experimentar.
“Não entendo por que deva ser assim”, disse ela, “mas vou acreditar que
Deus sabe o que está fazendo, e vou agradecer-lhe por isso.”
Oramos, e a mãe foi embora com a paz de coração renovada.
“Pela primeira vez, não estou absolutamente preocupada com a minha filha”,
disse-me com satisfação.
Mais tarde ela me contou o que aconteceu.
Naquela mesma noite, sua filha estava dançando quase nua no seu pequeno
tablado, quando um jovem entrou no cabaré. Ele foi direto à garota, olhou
para ela, e disse: “Jesus a ama, e muito!”
A garota estava acostumada a ouvir todo tipo de piadinhas, mas jamais uma
frase como aquela. Desceu dali, sentou-se com o rapaz numa mesa, e
perguntou: “Por que você disse isso?”
Ele explicou que estava passando por ali quando sentiu que Deus o impelia
a entrar e dizer à dançarina que Jesus Cristo lhe estava oferecendo a dádiva
gratuita da vida eterna.
A garota fitou-o estupefata. E com os olhos cheios de lágrimas,
tranquilamente, respondeu: “Gostaria de receber esta dádiva.” E a recebeu,
ali mesmo, na mesa do cabaré.
Louvar a Deus não é um remédio patenteado, uma panaceia ou uma fórmula
mágica para o sucesso. É um modo de vida, firmemente baseado na Palavra
de Deus. Nós louvamos a Deus, não pelos resultados que esperamos, mas
pela situação tal como ela é.
Se louvarmos a Deus, pensando intimamente nos resultados que gostaríamos
de obter, estamos apenas nos enganando, e podemos estar certos de que a
nossa situação não se modificará.
O louvor é fundamentado numa aceitação total e prazerosa do que está -nos
acontecendo, como sendo parte da tema e perfeita vontade de Deus para
nós. O louvor não é baseado no que pensamos nem tampouco naquilo que
esperamos que aconteça no futuro. Isto é uma “lei” essencial. Não é possível
praticar o louvor, sem observá-la.
Louvamos a Deus não pelo que esperamos que aconteça em nós ou ao nosso
redor, mas pelo que ele é, e pelo lugar e situação em que nos achamos agora,
neste momento!
É verdade que, quando louvamos a Deus sinceramente, algo acontece em
consequência. Obviamente o seu poder penetra na dificuldade, e notamos,
mais cedo ou mais tarde, que se operou uma mudança em nós ou nas
circunstâncias que nos cercam. Pode ser que passemos a sentir alegria e
felicidade em meio a uma situação que antes nos parecia terrível; ou a
própria situação pode se modificar inteiramente. Mas isto deve resultar do
louvor. Não deve ser a motivação dele.
O louvor não é uma barganha. Nós não dizemos: “Eu te louvarei, ó Senhor,
para que me abençoes.”
Louvar a Deus é alegrar-se nele. O salmista escreveu: “Deleita-te também
no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração.” (SI 37.4 — Rev.
e Cor.)
Notemos aqui a ordem do versículo. Não é que façamos primeiramente uma
lista dos nossos desejos e depois nos alegremos no Senhor para consegui -
los. Não. Devemos nos alegrar primeiro, e, quando tivermo-nos realmente
alegrado em Deus, descobriremos que todas as outras coisas se tornam
secundárias. Entretanto, é verdade que Deus quer nos conceder todos os
desejos do nosso coração. O seu desejo e o seu plano para nossa vida não é
nada menos do que isso.
Ah, se pudéssemos ao menos aprender a nos alegrar no Senhor por todas as
coisas, em primeiro lugar!
Um casal crente tinha dois filhos. Um deles era o seu orgulho e a sua alegria.
Morava com os pais e partilhava da sua fé cristã, num ambiente de
compreensão e harmonia.
Certa vez, quando eu jantava com eles, contaram-me que o filho mais velho
tinha se rebelado e saído de casa. Formara-se na universidade com distinção,
mas abandonara os pais e a sociedade. Agora, perambulava pelo país como
“hippie”, aparentemente sem objetivo na vida.
Os pobres pais queriam o meu auxílio. Expliquei-lhes que eu acreditava que
esse filho tinha-lhes sido dado por Deus para que fosse salvo, e que o Senhor
estava atendendo às orações deles.
“Se as orações são sinceras, podem estar certos de que a vida que o seu filho
leva é exatamente o que Deus sabe ser o melhor para ele e para vocês!”
disse-lhes.
“Entendo”, disse o pai. “Desejamos para o nosso filho aquilo que seja
melhor para ele, e isto deve ser o plano e a vontade de Deus para todos nós.”
Demo-nos as mãos ao redor da mesa de jantar e agradecemos a Deus por
estar realizando o seu plano da maneira que ele sabia ser a melhor. Depois
disto, os pais sentiram um grande alívio e uma nova paz.
Dentro de pouco tempo, a família me escreveu. Após aquele encontro, os
pais tinham persistido em agradecer a Deus pelo modo de vida do filho,
apesar de não entendê-la muito bem. Então, certo dia, o rapaz sofreu um
acidente de bicicleta, contundindo o pé.
Temporariamente incapacitado de andar, decidiu passar uns dias em casa.
Disse aos pais que tinha dívidas por todo o país. Estes oraram a respeito do
assunto e decidiram que, se Deus estava mesmo realizando o seu plano em
todos os acontecimentos da vida do filho, ele também tinha permitido que
contraísse dívidas. Assim, agradeceram-lhe por elas, e pagaram tudo!
O jovem ficou grandemente admirado! Esperava ser repreendido. Pensava
que iriam dizer-lhe para resolver tudo ele mesmo. Em vez disso, os pais
agiam com calma, mostravam-se carinhosos, e pareciam aceitar a sua
maneira diferente de vestir e o seu cabelo eternamente despenteado.
Certa noite, alguns jovens cristãos vieram visitar o rapaz mais moço. O mais
velho ficou muito irritado com essa intromissão, mas por causa do pé
machucado viu-se impedido de sair de casa. Os jovens começaram a
testemunhar entusiasticamente acerca do que Jesus Cristo tinha feito e
estava fazendo em sua vida. A princípio, o rapaz fez críticas mordazes ao
que ele chamava de maneira ingênua e visionária de encarar a vida, mas
depois passou a escutar atentamente e a fazer perguntas. E o que aconteceu?
Antes que os jovens se retirassem, ele havia entregue sua vida a Jesus Cristo!
Foi com muita alegria que os pais me escreveram contando a drástica
mudança operada no filho. Ele passou a seguir a Jesus e a servi-lo. Começou
a estudar a Bíblia avidamente. Pediu e recebeu o batismo do Espírito Santo,
a experiência que os seguidores de Jesus receberam no primeiro dia de
Pentecostes, depois da morte e ressurreição de Cristo. Não demorou muito,
encontrou uma garota cristã. Duas semanas depois ficava noivo dela.
Meses de oração angustiosa e preocupações não tinham trazido mudança
alguma à vida do jovem. Somente depois que os pais se voltaram para Deus,
numa atitude de plena aceitação das condições em que o rapaz vivia, foi que
a porta se abriu para que o Senhor realizasse seu plano perfeito para a família
toda.
Deus tem um plano perfeito para nossa vida. Acontece que, muitas vezes,
nós olhamos para as circunstâncias que nos rodeiam e cremos que estamos
eternamente parados no mesmo lugar. Quanto mais oramos, e suplicamos a
Deus o seu auxílio, mais a situação parece piorar. A mudança só virá quando
começarmos a louvar a Deus por tudo, do modo como está, ao invés de
suplicar que ele afaste a dificuldade do nosso caminho.
Uma senhora ainda jovem escreveu-me contando que estava numa situação
aflitiva. Alguns acontecimentos de circunstâncias muito embaraçosas
fizeram com que ela perdesse o respeito próprio, e ela começou a se
descuidar de sua aparência.
“Meu consolo era comer”, escreveu ela; “e comecei a engordar tanto que
parecia um barril. Meu marido começou a se interessar por outras mulheres
e, por fim, abandonou-me e pediu o divórcio.”
As dívidas foram-se acumulando, e ela foi ficando mais e mais tensa,
passando a pensar em suicídio, ideia que se tornava cada vez mais insistente.
“Durante todo esse tempo não parei de orar”, continuou. “Lia a Bíblia, ia à
igreja em toda e qualquer oportunidade, e pedia a todos os conhecidos que
orassem por mim. Meus amigos cristãos viviam me dizendo: “Conserve a
fé. Não deixe que isso a deprima. As coisas vão melhorar.” Mas tudo ia de
mal a pior. Então deram-me um exemplar de Louvor que Liberta. Li, e a
princípio não me parecia que o senhor estivesse falando sério. Ninguém em
seu juízo perfeito podia esperar que eu fosse agradecida por tudo o que
estava-me acontecendo no momento! Quanto mais eu lia, mais eu chorava.
Aos poucos, comecei a compreender que o senhor dizia a verdade. Aqueles
versículos sobre agradecimento a Deus por todas as coisas... Eu já os tinha
lido inúmeras vezes na Bíblia e, na verdade, nunca os tinha entendido.”
Ela resolveu passar a agradecer a Deus por tudo. Afinal de contas, o que é
que ela tinha a perder? Sabia que estava engordando tanto que, a qualquer
momento, poderia ter um ataque cardíaco. Com um tênue vislumbre de
esperança, ajoelhou-se para orar.
“Deus, agradeço-te pela minha vida, como ela é. Foste tu que me deste cada
um dos problemas para que eu me achasse justamente no estado em que
estou. Tu não permitirias que isso acontecesse, se não fosse para o meu bem.
Ó Senhor, sei que tu realmente me amas! É isto mesmo que eu quero dizer,
Deus; eu sei que me amas...”
Nesse ponto a sua oração foi interrompida pelo latido do cão. Era o carteiro
que chegava. Ele sempre fazia um grande alarido a cada pessoa estranha que
ali chegava. Isto era um destes incidentes extremamente irritantes que
tornavam sua vida intolerável. Ela ergueu-se e foi até a porta para zangar
com o cachorro, e então uma lembrança lhe ocorreu: “Devo ser agradecida
por tudo.’’ “Está bem, Senhor, agradeço-te por meu cachorro gostar tanto
de latir.”
Olhou espantada para o sobrescrito do envelope feito à mão. Impossível! Há
meses o marido não dava sinal de vida! Deus não podia ter agido tão
rapidamente. Com mãos trêmulas, abriu a carta e leu: “Se você ainda quiser,
pode ser que haja um jeito de resolvermos nossos problemas.”
O senso de oportunidade de Deus tinha sido perfeito. Com alegria no
coração, ela agora cria que Deus estava mesmo interferindo em sua vida,
para o seu bem. Passou a perder o excesso de peso como manteiga
escorrendo de um prato quente. Os amigos começaram a comentar: “Você
está tão bem! O que lhe aconteceu? Nem parece a mesma pessoa!”
A mesma pessoa? Sim e não. Era a mesma pessoa física, mas vivia agora em
uma nova dimensão de fé, sabendo que Deus estava atuando em cada detalhe
de sua vida, para o seu bem. O marido voltou para ela. Escreveu-me uma
carta: “Algumas vezes, acordo pela manhã falando com Deus, dizendo
coisas tais como: “ô Deus, obrigada por este dia tão bonito. Eu te amo,
Senhor!”
O momento decisivo de sua vida ocorrera quando ela passara a aceitar as
situações difíceis com gratidão. Esta é uma ilustração perfeita da atuação
deste princípio espiritual.
Deus tem um plano perfeito para nossa vida. Todavia, ele não pode nos
auxiliar antes de aceitarmos alegremente nossa situação atual, como sendo
parte do seu plano. Depois disto, o passo seguinte é de Deus, não nosso.
Algumas pessoas negam esse fato. Vendo a transformação na vida das
pessoas que aprendem a louvar a Deus por tudo, elas argumentam que a
explicação é muito simples.
Dizem: “A mudança da atitude interior muda as circunstâncias. É
psicológico. Quando alguém para de se queixar e começa a sorrir, sente-se
diferente. Os outros o tratam melhor, e a sua vida sofre uma mudança radical
para melhor.”
Eu concordo que a afirmação: “Sorria e o mundo sorrirá para você; chore e
chorará sozinho”, é verdadeira até certo ponto. Mas, louvar a Deus não é
apenas uma mudança de atitude.
Não há poder em nossas palavras de louvor, pelas palavras em si. Não há
poder em nossa atitude de gratidão e de alegria. Todo o poder vem de Deus.
Precisamos nos lembrar disso constantemente. Ê fácil cair no erro de pensar
que nós temos o poder de manipular ou mudar a conjuntura, simplesmente
recitando uma certa oração.
Quando aceitamos uma situação e agradecemos a Deus por ela com toda a
sinceridade, acreditando que foi causada por ele, liberta-se uma força
sobrenatural, divina, que opera mudanças realmente notáveis.
Quando eu era capelão em Fort Benning, Geórgia, um soldado trouxe a sua
esposa ao meu escritório para que eu a ajudasse. Ela estava sofrendo com os
horríveis “reverteres” do LSD e os médicos não conseguiam curá-la. Q medo
e a dor tinham deixado rugas profundas no seu lindo rosto.
“Não consigo dormir. Não posso nem fechar os olhos um minuto, sem ve r
animais horríveis arremetendo contra mim”, disse ela.
Seu marido explicou que, todas as vezes que sua esposa adormecia dominada
pela exaustão, começava imediatamente a berrar.
Ele contou: “Tento acordá-la, sacudindo-a, mas às vezes demora uns dez
minutos para que ela recobre a consciência, e durante o tempo todo ela grita
tão angustiada, que eu também já estou desesperado.”
Escutei atentamente a trágica história, e depois disse: “Tenho apenas uma
sugestão. Por favor, ajoelhem-se comigo, e vamos agradecer a Deus pelo
que acontece com vocês.”
Ambos me encararam muito admirados, como se não estivessem muito
certos do que eu queria dizer com aquilo. Calmamente, contei-lhes como eu
tinha descoberto que Deus quer que sejamos agradecidos por todas as coisas.
“Tudo que aconteceu na vida de vocês até hoje”, disse-lhes, “serviu para
trazê-los para o ponto em que se encontram agora. Sei que Deus os ama e
lhes dará uma bênção maravilhosa. Mas ele quer que agora vocês lhe
agradeçam por todas as coisas que lhes aconteceram, fazendo com que
viessem aqui procurá-lo.”
Abri a Bíblia e lhes mostrei alguns versículos que havia sublinhado.
Ambos concordaram com o que acabavam de ouvir, e se ajoelharam para
agradecer a Deus por tudo o que acontecia em suas vidas, principalmen te
pelas alucinações resultantes das drogas. E eu pude sentir a presença de
Deus no meu gabinete.
“O Espírito Santo está curando-a agora”, falei-lhes. Coloquei a mão na
cabeça da moça e orei: “Agradeço-te, Senhor, por estares curando esta
moça.”
Ela abriu os olhos e fitou-me admirada: “Alguma coisa me aconteceu.
Quando fechei os olhos para orar, não vi nenhuma alucinação!”
“Jesus curou-a”, respondi. “Agora ele deseja entrar em sua vida como
Salvador. Quer aceitá-lo?”
Prontamente os dois disseram: “Sim!” E, ainda de joelhos, pediram a Jesus
que entrasse em suas vidas. Saíram do meu escritório exultantes.
A cura da moça foi definitiva. Nunca mais lhe voltaram as alucinações. O
domínio que a droga exercia sobre sua mente foi quebrado pelo poder de
Deus.
A medicina já confessou sua incapacidade de curar os viciados em drogas
que fazem uso delas há muito tempo. Entretanto, nos últimos anos, temos
ouvido casos, cada vez mais numerosos, de viciados com dez, vinte ou trinta
anos de forte dependência dos entorpecentes, que conseguem se libertar do
vício graças à intervenção sobrenatural de Deus em suas vidas.
Essa mudança não resulta de uma nova atitude do viciado, nem tampouco
de uma força de vontade obstinada, e sim de uma operação do poder de Deus
em vidas humanas.
Nossas orações sinceras abrem a porta para o poder de Deus penetrar em
nossa vida. Mas a oração de louvor liberta o poder de Deus mais que
qualquer outra. A Bíblia está cheia de exemplos que demonstram esse fato.
“Contudo tu és Santo, entronizado entre os louvores de Israel”, é o que
lemos no Salmo 22, v.3. Não é de admirar que o poder de Deus e a sua
presença sejam tão sentidos quando o louvamos. Ele praticamente mora,
vive, reside em nossos louvores!
Em 2 Crônicas, capítulo 20, acha-se um exemplo extraordinário de como
Deus atua quando o louvamos.
Josafá era rei de Judá, e certo dia descobriu que o seu pequeno reino estava
rodeado pelos poderosos exércitos de seus inimigos: os filhos de Moabe, os
de Amon e alguns amonitas. Josafá sabia que a pequenina nação de Judá não
tinha poder para rechaçar os inimigos, e clamou a Deus:
“Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que
vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão
postos em ti.” (2 Cr 20.12).
Uma providência importante no ato de louvar a Deus é afastar os olhos das
circunstâncias ameaçadoras e fixá-los somente em Deus. Notemos que
Josafá não estava fechando os olhos à ameaça que vinha contra o seu reino,
e tampouco estava procurando ignorar os inimigos que o rodeavam. Ele fez
um balanço cuidadoso da situação, reconheceu a sua própria incapacidade,
e voltou-se para Deus pedindo o seu auxílio.
Nós não podemos ignorar as tremendas forças do mal que nos ameaçam.
Reconhecê-las, exatamente como são, dá-nos um motivo ainda maior para
louvar e agradecer a Deus por estar ele modificando essas ameaças, com a
sua autoridade e o seu controle perfeitos. Não precisamos ficar preocupados
porque o mal aparece em nossa vida. Basta reconhecê-lo, admitir a nossa
incapacidade de luta, e nos voltarmos para Deus.
Deus disse a Josafá: “Não temais, nem vos assusteis por causa dessa grande
multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus.” (2 Cr 20.15.)
Isso é uma afirmação de grande peso. Nós não temos capacidade para
superar as dificuldades que nos cercam, portanto, a batalha não é nossa, mas
de Deus!
“Neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, e ficai parados, e vede
o salvamento que o Senhor...”
Que promessa! Que posição será que Deus desejava que Josafá tomasse,
parado e observando a ação de Deus?
No outro dia, pela manhã, Josafá deu a seguinte ordem ao seu exército:
“Ordenou cantores para o Senhor, que, vestidos de ornamentos sagrados, e
marchando à frente do exército, louvassem a Deus, dizendo: Rendei graças
ao Senhor, porque a sua misericórdia dura para sempre!” (2 Cr 20.21.)
Esta cena teve lugar bem em frente à massa militar inimiga, pronta a
massacrar os homens de Judá. Imagine-se a reação daqueles capitães de
exército ao verem o pequeno bando de cantores vindo ao encontro deles no
campo de batalha?
Fui capelão do exército durante muitos anos, e várias vezes tive o ensejo de
ver homens se prepararem para a batalha. Mas jamais vi um general ordenar
a suas tropas que permanecessem quietas defronte às linhas inimi gas,
enquanto um grupo de cantores avançava cantando louvores a Deus.
Não parece uma ideia estranha? O nosso entendimento tem uma forte
tendência para não aceitar tal tipo de situação.
“Está certo louvar a Deus quando em situação difícil”, podemos raciocinar,
“mas não sejamos ridículos. Deus ajuda aqueles que se ajudam. O mínimo
que podemos fazer é lutar valentemente da melhor forma que pudermos.
Então deixaremos o resto para ele.”
Mas o que foi que aconteceu a Josafá e os seus homens?
“Tendo eles começado a cantar e a dar louvores, pôs o Senhor emb oscadas
contra os filhos de Amon e de Moabe, e os do monte Seir que vieram contra
Judá, e foram desbaratados. Porque os filhos de Amon e de Moabe se
levantaram contra os moradores do monte Seir, para os destruir e
exterminar; e, tendo eles dado cabo dos moradores de Seir, ajudaram uns
aos outros a destruir-se.” (2 Cr 20.22-23.)
É lícito presumir que, se Josafá tivesse resolvido a se precaver, e mandasse
os seus homens à luta, o resultado teria sido muito diferente.
Muitos de nós somos constantemente derrotados pelas circunstâncias que
nos rodeiam porque não estamos prontos a aceitar o fato de que a batalha é
de Deus, e não nossa. Mesmo quando nos damos conta da nossa própria
incapacidade de enfrentar o inimigo, temos receio de nos confiarmos
inteiramente ao poder de Deus. Deixamos que o nosso entendimento adote
uma posição errada em nossas vidas. Dizemos: “Não entendo, portanto não
tenho coragem de acreditar.”
A Palavra de Deus esclarece que o “andar na fé” é a única saída para o
dilema. Acreditar que as promessas de Deus são válidas, aceitá-las, e ter a
coragem de confiar nelas leva-nos a um entendimento delas. O princípio
bíblico a este respeito é muito claro: a aceitação vem antes do entendimento.
A razão é muito simples. Nosso entendimento humano é tão limitado que
não nos é possível compreender a magnitude do plano divino e o seu
proposito para a sua criação- Se o nosso entendimento tivesse que vir antes
da aceitação, não teríamos capacidade para aceitar muita coisa.
Josafá jamais se atreveria a seguir o plano de Deus para a batalha se
insistisse em entendê-lo. Indubitavelmente, a proposta e a promessa de Deus
o confundiram bastante, pois estavam acima de sua compreensão. Mas,
conforme lemos no relato, Josafá era um homem que acreditava e confiava
em Deus. Com o seu entendimento, ele confiou em Deus.
Josué foi outro líder que recebeu ordens de Deus em campo de batalha,
ordens que devem tê-lo espantado e devem ter desafiado a sua disposição de
aceitar um fato que pareceria absurdo a muitos.
Existe até um corinho que diz: “Vem com Josué lutar em Jerico, ...e as
muralhas ruirão.”
A cidade de Jerico era uma fortaleza inexpugnável, e os israelitas, um povo
nômade que andara pelo deserto durante quarenta anos, certamente não
tinham armas nem a força bélica para tomar a cidade. Mas Josué acreditou
na promessa de Deus de que entregaria os inimigos de Israel em suas mãos.
Deus ordenou a Josué que todos os seus homens de guerra marchassem em
fila ao redor de Jerico durante seis dias. No sétimo dia, eles deviam tocar as
buzinas e gritar. “... e o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele,
cada qual em frente de si.” (Js 6.5.)
Josué confiou em Deus. Imagino o que nós teríamos pensado e dito se
fossemos um de seus seguidores. Teríamos resmungado e rejeitado aquela
temerária sugestão? Posso imaginar o que os habitantes de Jerico pensaram
ao ver os israelitas marcharem ao redor da sua cidade, carregando a A rca da
Aliança, enquanto eles próprios se achavam dentro das resistentes e bem
fortificadas muralhas da cidade.
Houve um tempo em que eu pensei que este relato da batalha de Jericó fosse
uma mistura de mito, exagero e conto de fadas. Entretanto, recentemen te
alguns arqueólogos localizaram as ruínas da antiga Jerico, e comprovaram
que os muros da cidade realmente ruíram em época correspondente ao relato
bíblico. Na verdade, os muros de Jerico desmoronaram. O poder de Deus
operava enquanto o seu povo demonstrava a sua confiança e a sua fé nele,
louvando-o com trombetas e brados.
Os exemplos de Josafá e Josué demonstram claramente que Deus consegue
nossas vitórias por métodos e princípios que parecem inteiramente ridículos
e incoerentes aos olhos da nossa sabedoria e estratégia humanas.
Nossa parte consiste em confiar nele, louvá-lo, e ficar atentos ao seu
trabalho. Jesus agiu sempre assim durante o seu ministério em Israel. Ele
admitiu francamente que por si mesmo nada podia fazer. Sua tarefa era
submeter- se à vontade do Pai em obediência perfeita, com confiança e fé, a
fim de que o poder de Deus pudesse fluir para satisfazer as necessidades do
povo.
Podemos examinar algumas das orações de Jesus diante de problemas
difíceis.
Vejamos, por exemplo, o caso dos cinco mil que o seguiram para fora da
cidade para ouvi-lo pregar. Estavam com fome. O único alimento disponível
era o lanche de um garotinho: cinco pães e dois peixes.
Qual foi a oração de Jesus? Será que ele implorou a Deus que operasse um
milagre?
“... olhou para o céu, e agradeceu a Deus. Depois partiu os pães e entregou
aos discípulos para distribuírem ao povo. E dividiu os dois peixes com
todos. Todos comeram e ficaram satisfeitos. E os discípulos recolheram
ainda doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe.” (Mc 6.41-43 — A
Bíblia na Linguagem de Hoje.)
Alguém poderia dizer: “Mas isto foi feito por Jesus. Ele sabia o que Deus
podia fazer. Isso não funcionaria para nós!”
Mas Jesus disse aos seus seguidores: “Em verdade, em verdade vos digo que
aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores
fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome,
isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” (Jo 14.12 -13.)
Jesus disse que nós poderíamos fazer coisas maiores. Quererá isso dizer que
Deus provavelmente tem algum plano com relação à fome do mundo e à
esperada falta de alimento predita tão solenemente por especialistas em
meio-ambiente e em agricultura?
Acredito que sim. Conheço diversos casos de pessoas que levaram a Palavra
de Deus a sério, agradeceram-lhe, e o louvaram por ter pouco alimento, e
viram este alimento satisfazer mais pessoas do que era de se esperar.
Quando Jesus se defrontou com a questão da morte de Lázaro, ele
novamente fez uma oração muito simples de agradecimento. Quando a pedra
foi retirada da entrada do túmulo onde Lázaro tinha sido sepultado havia
quatro dias, Jesus levantou os olhos e disse: “Pai, eu te agradeço porque me
ouviste.” (Jo 11.41.) Ordenou, então, que Lazaro deixasse o túmulo. E
aquele homem que tinha estado morto durante quatro dias saiu andando da
sepultura. A Bíblia diz que Jesus desceu à terra para que nós pudéssemos
louvar a Deus. O profeta Isaías profetizou a vinda de Jesus e disse que ele
viria “para pregar boas-novas... curar os quebrantados de coração, a
proclamar libertação aos cativos (física e espiritualmente) e a pôr em
liberdade os algemados, a consolar todos os que choram... vestes de louvor
em vez de espírito angustiado.” (Is 61.1-3.)
Nessa exposição pode estar incluída a sua situação. Você está abatido? Preso
por limitações físicas, por doenças ou por limitações espirituais? Está em
prisão física, ou preso por sua própria cegueira espiritual? Está com o
coração em prantos? Incapaz de regozijar-se, de ser agradecido, ou de louvar
a Deus? Será que o seu espírito está fortemente oprimido e enfraquecido?
Talvez isso aconteça por você não ter ainda aceitado e entendido as boas -
novas que Jesus veio trazer à terra.
O louvor é uma reação positiva de nossa parte a algo que sabemos que Deus
fez e está fazendo para nós e por nós, em nossa vida, e neste mundo, através
do seu Filho Jesus Cristo e da pessoa do Espírito Santo.
Se duvidamos do que Deus fez e está fazendo, não podemos louvá-lo de todo
o coração. Uma barreira se levanta, e tornamo-nos incapazes de louvar a
Deus, se não temos certeza de que as boas-novas nos pertencem. Para sermos
capazes de louvar a Deus em todas as coisas, é preciso que a nossa base seja
sólida, e que não haja dúvidas nem incertezas.

CAPÍTULO 2

Ouça as Boas-Novas!
Se eu oferecer ao leitor cinquenta centavos de presente, é claro que isso não
lhe causará emoção alguma. Você achará estranho, e talvez até se ria de
mim. Se eu lhe der outra moeda de cinquenta centavos, você não entenderá
minha atitude. Se eu continuar a lhe dar moedas, chegando a lhe dar vinte
moedas de cinquenta centavos,’ você poderá talvez se interessar um pouco,
mas ainda assim não sabe a razão de tal procedimento.
Se, porém, eu lhe oferecer a quantia de dez mil cruzeiros, certamente você
vai ficar felicíssimo. Se eu lhe der quinhentos mil cruzeiros? Você vai me
olhar muito espantado, e pensara que e uma pessoa de sorte. É capaz de dar
um berro de alegria, e provavelmente vai querer contar a outros,
imediatamente, o que lhe aconteceu! Você falará nisso pelo resto de sua
vida. “Escuta; já lhe falei do presente de quinhentos mil cruzeiros que
recebi?”
Deus oferece aos homens muitas dádivas maravilhosas. Basta solicitá -las.
Pode ser que você só conheça dádivas divinas no valor de cinquenta
centavos. E ninguém se entusiasma muito com um presente de cinquenta
centavos. Você não chora lágrimas de gratidão e alegria quando pensa na
bondade de Deus. Onde está o erro? Estaria nas dádivas de Deus?
Absolutamente não!
Acontece que você está vivendo numa mentalidade de cinquenta centavos!
O mundo está cheio de gente que vai à igreja e se diz religiosa, mas cuja
concepção da dádiva da vida eterna que nos foi dada por Deus é de apenas
cinquenta centavos. Essas pessoas acham que devem despender todas as suas
forças para viver uma vida adequada a fim de conservar a “dádiva” recebida.
E esse esforço para viver uma vida adequada deixa-as numa tensão tal, que
muitas vezes elas se indagam se vale mesmo a pena ser cristão.
Não é de se admirar que tais cristãos não tenham entusiasmo algum para
falar aos outros a respeito das boas-novas. Para eles, as boas-novas
significam apenas ir ao culto aos domingos, afastar-se de coisas que podiam
ser muito divertidas, e dar à igreja uma parte do seu dinheiri nho —
duramente ganho — na hora das ofertas.
Se é esta a sua “salvação”, entendo perfeitamente por que você passa as suas
horas de lazer vendo televisão. Se esta é a sua “salvação”, entendo muito
bem por que você jamais falou ao seu vizinho ou a um desconhecido sobre
o amor de Deus, sobre o maravilhoso amor de Deus por nós. Para você, a
dádiva de Deus é como se fosse um presente de cinquenta centavos. Que
interesse tem isso para você? Você não precisa de um presente desses.
Mas, se você recebesse um presente de milhares de cruzeiros, até gostaria
de receber mais! E estaria disposto a contar isso a todo o mundo, para que
outros também pudessem ganhá-los.
Todos nós queremos presentes de valor. Gastam-se bilhões de cruzeiros
anualmente na esperança de se obter algo. Temos uma ânsia inerente de
adquirir qualquer coisa de valor.
Acontece que as dádivas que Deus nos dá valem muito e muito mais do que
milhões ou bilhões de cruzeiros. E ele não as dá somente àqueles que têm
um certo padrão de conduta. O preço delas já foi pago por Cristo.
Diz o Senhbr: “Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência
dos entendidos.” (1 Co 1.19.)
No contexto da vida que levamos, não nos é fácil compreender que Deus nos
ofereça gratuitamente o perdão dos pecados e, também, a vida eterna.
Durante toda a nossa existência temos sido condicionados a acreditar que
receberemos somente aquilo que merecemos ou o que estamos dispostos a
pagar. O plano de Deus de nos dar uma dádiva inteiramente gratuita parece -
nos tão impossível, que tentamos acrescentar algo à sua oferta. Pensamos ou
dizemos: “Receberei a sua dádiva gratuita se eu fizer isso ou aquilo.”
“Porque é de Deus que procede, exclusivamente, que vocês tenham essa vida
por meio de Cristo Jesus”, escreveu Paulo. “Foi Ele quem nos fez aceitáveis
diante de Deus; Ele nos fez puros e santos, e deu-Se a Si mesmo para
comprar a nossa salvação.” (1 Co 1.30.)*
Quando ouvimos uma notícia maravilhosa como essa, o mais importante a
fazer é decidir se Cristo tem ou não tem autoridade e poder para nos dar vida
eterna, sem pedir que façamos alguma coisa para merecê-la. Se achamos que
ele não tem poder nem autoridade, então será preciso fazermos algo para
nos entendermos com Deus. Teremos que nos esforçar durante toda a vida
para nos igualarmos aos padrões propostos por ele. Mas a Palavra de Deus
declara que jamais conseguiremos isso, por mais que nos esforcemos. O fato
de nos esforçarmos para mostrar nossa própria bondade equivale a dizer que
Deus é mentiroso!
“Toda a bondade divina foi derramada sobre nós, pecadores indignos,
através de Cristo; e assim Ele nos envia por todo o mundo a fim de contar
ao povo — em toda parte — as grandes coisas que Deus tem feito por eles”,
escreveu Paulo. (Rm 1.5.)*
Paulo recebera um presente no valor de “milhares de cruzeiros”, e estava
entusiasmado com ele. Estava decidido a contar o fato a todo o mundo.
"Esta Boa Nova nos diz que Deus nos prepara para o céu — e nos faz justos
aos olhos de Deus — quando colocamos nossa fé e nossa confiança em
Cristo como Salvador.” (Rm 1.17.)*
Paulo disse que Deus nos prepara. E se ele nos prepara, você crê que ele faz
tudo bem feito? Ou quer melhorar a obra de suas mãos? Você se tomou a
obra de suas mãos; não será isso o suficiente para você poder se encontrar
com ele no final desta sua vida terrena?
Por nós mesmos, jamais chegaremos a ser bons, por mais que tentemos.
“Ninguém pode jamais ser declarado justo aos olhos de Deus por fazer o
que a lei ordena. Quanto mais conhecemos as leis de Deus, mais claro fica
que não as obedecemos.” (Rm 3.20.)*
Quanto mais aprendemos o que é certo, mais côns- cios nos tornamos dos
nossos erros. Somente as pessoas de coração orgulhoso acham que
conseguem ser boas. É Cristo a única força abnegada e pura existente no
mundo. Somente a sua presença em nós nos torna um pouco melhores que o
pior pecador da terra!
“Então, de que podemos nos gabar com respeito a fazermos alguma coisa
para ganharmos nossa salvação? Absolutamente de nada. Por quê? Porque a
nossa absolvição não está baseada em nossas boas obras; está, sim, baseada
naquilo que Cristo fez e na fé que temos nele. Assim é que somos salvos
pela fé em Cristo e não pelas coisas boas que fazemos.” (Rm 3.27-28.)*
Paulo ensinou que esta doutrina da fé não tinha nada de novo. Ele mostrou
que Abraão não foi aceito por Deus por causa de suas boas obras, mas por
causa de sua fé.
Abraão não foi um homem bom, mesmo considerando-se os padrões morais
de sua época. Certa vez, quando ia para um país estrangeiro, ele se lembrou
que os naturais daquele lugar poderiam se apoderar de parte dos seus
haveres, dos seus rebanhos, ou até mesmo de sua bela esposa. Assim, a fim
de ter mais segurança em sua viagem, decidiu apresentar sua esposa, Sara,
como sendo sua irmã. Ele raciocinou que, agindo assim, aqueles que
poderiam se tornar os seus perigosos rivais iriam beneficiá-lo em vez de
tentar matá-lo. Efetivamente, aconteceu o que Abraão previra. O próprio rei,
ao ver Sara, a quis para esposa. Ela foi levada para o palácio, e Abraão
recebeu maravilhosos presentes.
E Abraão? O que ele fez? Tentou libertar a esposa? Absolutamente não.
Desfrutou de sua boa sorte. Foi preciso que o próprio Deus interviesse e
mostrasse ao rei que Abraão o tinha enganado.
Se você fosse pastor, aceitaria Abraão como membro de sua igreja? Pense
nisso cuidadosamente.
Deus aceitou a Abraão. Não por ter ele um alto padrão moral. Apenas porque
Abraão cria em Deus. A única bondade exigida de Abraão era a sua fé. Aos
nossos olhos, Abraão não foi um homem bom. Porém, ele foi bom aos olhos
de Deus, porque tinha fé.
Nós podemos nos achar melhores do que Abraão. Podemos nos considerar
melhores do que algumas pessoas que conhecemos. Acontece que, aos olhos
de Deus, o pecado do ser humano é total e completo. O grau de bondade ou
de maldade não determina nem a nossa salvação nem o nosso valor no reino
de Deus. Não foi pela sua própria bondade que Abraão ganhou os céus.
Paulo escreveu: “Ser salvo é um dom; se alguém pudesse ganhá-lo sendo
bom, então não seria de graça — mas é! É dado a todos os que não trabalham
para esse fim. Deus declara que os pecadores são bons a seus olhos, se eles
crerem que Cristo pode salvá-los da ira de Deus.” (Rm 4.5.)*
Nós nos tornamos bons aos olhos de Deusl
Se realmente acreditasse nisso, você não ficaria entusiasmado? Não lhe
daria vontade de contar aos outros como é simples tornar-se cristão? Pense
só: você está rodeado de milhares de pessoas que verdadeiramente acreditam
que, para se tornarem cristãs, é preciso serem suficientemente boas. E elas
sabem muito bem que não conseguirão isso. Que futuro desolador as espera!
Como precisam de ouvir as boas-novas!
A dádiva de Deus é de graça! Paulo escreveu: “Se é devido à benignidade
de Deus, então não é por eles serem “bonzinhos”. Porque neste caso o
presente não seria mais gratuito não e gratuito quando é conseguido como
retribuição.” (Rm 11.6.)*
As boas-novas deviam ser proclamadas por toda a parte. Entretanto, os
cristãos — na sua grande maioria
— tornam-se estranhamente mudos quando chega a hora de falar sobre isso.
Você já se dirigiu a uma pessoa desconhecida pedindo que lhe ensinasse
como ir a algum lugar? Entrou em pânico para fazer isso? Será que o seu
coração começou a bater mais forte e a sua língua ficou paralisada? Ê claro
que não. Então, por que não usa da mesma naturalidade ao contar a um
desconhecido o que Jesus Cristo já fez por ele?
Deus quer que nós contemos as boas-novas a todas as pessoas. Jesus mandou
que os seus discípulos falassem a toda a criatura o que ele fez por nós. Então,
quem foi que mandou guardar segredo?
Há um inimigo nos rondando furtivamente. O seu ardil favorito é tornar -nos
inibidos de proclamar a notícia maravilhosa das dádivas gratuitas de Deus.
Mas, se estivermos absolutamente certos do que Deus fez por nós, se
aceitarmos os seus “milhares de cruzeiros de presente, vamos transbordar
de alegria e participar as boas-novas a todc^ aqueles que nos rodeiam.
Sempre haverá pessoas que se preocuparão com a ideia do que Deus requer
de nós em termos de bondade, depois de termos sido perdoados pelos nossos
pecados e termos então recebido a dádiva gratuita da vida eterna. Paulo
escreveu sobre esse assunto aos romanos.
“Agora, então, a pergunta: Será que esta bênção só é dada àqueles que têm
fé em Cristo mas também guardam a lei judaica, ou a bênção é dada também
àqueles que não guardam as leis judaicas, mas tão-somente confiam em
Cristo? Bem, que dizer de Abraão? Dizemos que ele recebeu essas bênçãos
por meio da fé. Foi só pela fé mesmo? Ou porque também guardou as leis
judaicas?” (Rm 4.9.)*
Paulo chega a uma conclusão surpreendente: Abraão não guardou a lei; pois,
naquela epoca, ela ainda não havia sido dada aos judeus!
“Portanto, é claro que a promessa divina de dar toda a terra a Abraão e seus
descendentes não foi porque Abraão obedecia às leis de Deus, mas porque
ele confiou que Deus guardaria sua promessa.” (Rm 4.13.)*
Deus também nos prometeu uma herança. E a condição para a recebermos
não são nossas boas qualidades, mas nossa fé. Este é o plano de Deus. Ê
possível que discordemos dele. Podemos não concordar que o plano de Deus
seja a melhor solução. Acontece, porém, que o seu plano é a solução divina
para os nossos problemas.
Os judeus tinham o hábito de se justificar, e afirmar que não eram pecadores.
Muitos cristãos não entendem bem a réplica de Jesus a esta ideia judaica.
Ele declarou que a lei de Deus era muito mais pura do que o conceito que
os judeus faziam dela. Por exemplo, eles se julgavam puros quando
deixavam de praticar adultério. Entretanto, Jesus explicou que olhar para
uma mulher e desejá-la, aos olhos de Deus é o mesmo que cometer adultério
com ela. Disse-lhes que poderiam até arrancar os olhos para conservar a
mente pura. Jesus conhecia a mente humana. Mesmo que o homem não
queira pecar, dentro dele há uma inclinação para o pecado. Nós, seres
humanos, estamos sempre nos defrontando com esta batalha interna.
O que estava Jesus querendo dizer com isto? Que teríamos de lutar ainda
mais para tentar guardar a lei? Não; ele queria somente nos mostrar o quanto
precisamos dele. Quase todas as parábolas e ensinamentos de Jesus visam
nos convencer da nossa necessidade de um Salvador. Paulo declarou que a
fé em Cristo é a única maneira de guardarmos toda a lei.
Digamos que alguém consiga dobrar o próprio “eu”, e ser bem sucedido na
guarda de algumas leis. Qual é a vantagem? Nenhuma. Jesus deixou bem
claro que, aos olhos de Deus, a sua culpa é sempre a mesma, seja por ter
infringido todas as leis ou apenas uma.
O intento de Cristo não era desencorajar-nos. Pelo contrário, ele quer nos
dar um novo ânimo! Ele prometeu que faria algo para livrar-nos do
problema.
“Cristo dá àqueles que confiam nele tudo quanto vocês estão procurando
conseguir através da guarda de suas leis!” (Rm 10.4.)*
Quando Cristo entra em nossa vida, continuamos a ter o mesmo corpo físico
e, com ele, algumas das inclinações pecaminosas. Mas haverá, então, uma
enorme diferença: "Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as cousas
antigas já passaram, eis que se fizeram novas." (2 Co 5.17.) Já não somos
mais a mesma pessoa. Podemos parecer os mesmos, mas não somos os
mesmos.
“Mesmo que Cristo viva dentro de vocês, seus corpos morrerão por causa
do pecado; no entanto, o espírito viverá, pois Cristo o perdoou.” (Rm 8.10.)*
Nosso "eu” agora é um novo ser espiritual, porque Cristo está morando nele
através do Espírito Santo. O corpo físico morrerá um dia, mas nós jamais
morreremos. Viveremos para sempre, com Cristo.
Tenho conversado com milhares de pessoas que frequentam igrejas,
perguntando-lhes o que um homem deve fazer para chegar ao céu. Fiz essa
pergunta em algumas das nossas igrejas mais fundamentalistas, igrejas estas
que acreditam na Bíblia tal como ela é, e ouvi sempre a mesma resposta.
Noventa e nove por cento das pessoas me falaram de coisas que precisamos
fazer. Guardar os mandamentos, ir à igreja, contribuir, não tratar mal os
outros, etc... uma longa lista de ações que eles estão tentando praticar.
Essas pessoas vão regularmente à igreja. Ouviram e acreditaram na mentira
de que a salvação depende do que nós fazemos. Não é de se admirar que as
boas-novas se espalhem tão vagarosamente. Quem é que vai querer ir à
igreja, receber um presente de “cinquenta centavos”, e depois espalhar a
notícia entre amigos e conhecidos?
Será que você ainda acha que Deus lhe oferece um presente de apenas
“cinquenta centavos”? Você ainda acha que para receber as promessas de
Deus precisa ter fé ... mais alguma coisa?
“Se ainda vocês alegam que as bênçãos de Deus vão para aqueles que são
“bonzinhos”, afirmam então que não têm sentido nenhum as promessas
divinas àqueles que têm fé.” (Rm 4.14.)* “Quando procuramos ganhar a
bênção e a salvação de Deus pela guarda de suas leis, terminamos sempre
debaixo da Sua ira, porque falhamos sempre em guardá-las.” (Rm 4.15.)*
Assim, se tentarmos receber a salvação e as bênçãos de Deus procurando
guardar as suas leis, seremos sempre alvo de sua ira, pois jamais
conseguiremos ser perfeitos.
Será que isso quer dizer que Deus fica irado conosco por tentarmos ser bons
e guardar a sua lei? Claro que não. Ele fica zangado porque sabe a razão de
nossa atitude. Se guardarmos a lei de Deus por medo do seu castigo, nossos
esforços serão sem valor. Se a guardarmos para merecer suas bênçãos,
estamo-nos esforçando à toa. Nesse caso, surge a pergunta: vale então a pena
produzir algo de bom? Será que não podemos fazer o mal que quisermos já
que a salvação é gratuita mesmo?
Isso é completamente absurdo. O bem deve ser feito, mas somente porque
amamos a Deus e queremos agradá-lo. Se tivermos uma percepção completa
do que é a dádiva de Deus, a nossa reação ao seu amor será amá-lo. Se nós
nos apegarmos, porém, à ideia de sermos bons e corretos para merecer o
perdão de Deus, é provável que nunca aprendamos a amá-lo. Quem assim
procede não pode se entusiasmar com um presente, que na realidade vale
“milhares de cruzeiros”.
“Agora, porém, Deus nos mostrou um caminho diferente para o céu — não
o fato de sermos “bonzinhos” e procurarmos guardar suas leis, mas um novo
caminho (ainda que não seja tão novo assim, pois as Escrituras falaram dele
há muito tempo). Agora Deus diz que nos aceitará e nos absolverá — Ele
nos declarará “sem culpa" — se nós confiarmos em Jesus Cristo para Ele
tirar os nossos pecados. E todos nós podemos ser salvos deste mesmo modo,
vindo a Cristo, não importa o que somos ou o que temos sido.” ( Rm 3.21-
22.)*
Há uma condição: “Se nós confiarmos em Jesus Cristo". Se confiarmos em
nós mesmos para sermos “bons”, ou pelo menos ou não muito “ruins”
estaremos agindo exatamente ao contrário do que nos é recomendado.
O que Jesus Cristo fez por nós?
"Deus foi quem enviou Cristo Jesus para levar o castigo pelos nossos
pecados, e assim pôr fim a toda a ira de Deus contra nós. Ele usou o sangue
de Cristo e a nossa fé como o meio de salvar-nos da Sua ira.” (Rm 3.25.)*
Ambos os elementos, sangue e/é, são essenciais. Um não subsiste sem o
outro. Cristo fez o que era necessário, mas isso não nos ajudará se não
correspondermos exercitando a fé. Se nós nos envolvermos no “fazer”,
jamais estaremos livres para crer.
“Ele morreu por nossos pecados e voltou à vida a fim de fazer-nos retos para
com Deus, enchendo-nos com a justiça divina.” (Rm 4.25.)* “O pecado
reinou sobre todos os homens e os levou à morte, mas agora reina em seu
lugar a bondade de Deus, dando-nos uma posição correta perante Ele, e
como resultado a vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Rm
5.21.)*
A nossa opção está claramente definida: temos que escolher entre a bondade
de Deus e o seu julgamento imparcial. Assim ele nos oferece a dádiva
gratuita da vida eterna. A outra alternativa é simplesmente a morte.
Lembro-me de uma enfermeira do exército, jovem e atraente, que trabalhava
num hospital do Vietnam quando eu era capelão ali. Quando chegou, ela era
cheia de vida e vitalidade, mas aos poucos o seu sorriso feliz foi
desaparecendo. Ela não suportava ver os jovens soldados voltarem da frente
de batalha gravemente feridos e sofrendo muito. Ela vinha frequentemente
ao meu gabinete para desabafar os seus sentimentos.
"Como é que o senhor pode dizer que Deus ama esses homens, se ele os
deixa sofrer tanto?” perguntou-me ela certo dia.
"Seria mais fácil se você entregasse suas angústias e preocupações pelos
doentes a Deus, e confiasse nele para ajudá-los”, sugeri. “Deus ama esses
soldados feridos muito mais do que você ou eu somos capazes de amá -los."
A enfermeira sacudiu a cabeça.
“Não posso, Capelão”, disse ela. “Talvez algum dia, mas agora não. Dói-me
demais ver tanto sofrimento. Não posso agradecer a Deus por isso,
presentemente.”
Suas visitas ao meu escritório foram-se tornando cada vez menos frequentes.
Observando a expressão embaciada dos seus olhos outrora brilhantes,
comecei a suspeitar que estava tomando comprimidos para combater a
depressão. Ela não parecia mais reagir ao que lhe acontecia ao redor. Foi
transferida, e perdi-a de vista.
Há pouco tempo, recebi dela uma carta. Vinha de um reformatório para
mulheres, de um estado do meio-oeste americano.
“Prezado Capelão:
"Andei muito, e sempre na direção errada, depois que o vi pela última vez
naquele hospital do Vietnam. Parece-me que perdi o resto de decência que
havia em mim. Depois de me defrontar com o Vietnam, não achei mais paz
de espírito, e comecei a ser levada pela corrente da vida.
“Tudo começou quando passei a testemunhar aquelas mortes inúteis e os
aleijões dos jovens, no hospital. Culpei a Deus por tudo o que acontecia, e
compreendo agora que, culpando-o, eu me separei inteiramente dele e me
destruí. Sinto-me agora incapaz de reagir a coisa alguma ou a pessoa
alguma. Apenas vegeto num vácuo sinistro e insensível.
“Sei que Deus é a solução de tudo. Lutei contra essa ideia durante muitos
anos, mas agora eu sei. Há muito desejava lhe escrever, mas tinha vergonha.
Lembro-me de como me sentia bem quando me desabafava no seu gabinete.
Naquela época eu não quis aceitar a solução. Espero que não seja tarde
demais. Por favor, ore por mim...”
A jovem enfermeira não quis aceitar a dádiva que Deus lhe estendia. Tinha
agora que admitir e aceitar as consequências. Mas pense só em todo o
sofrimento suportado por ela.
Aceitar a dádiva de Deus da vida eterna é uma das coisas mais fáceis do
mundo! Não há dificuldade alguma. Não é necessário que sejamos
inteligentes nem bons. Até uma criancinha pode fazer isto!
Paulo escreveu: “Pois a salvação que vem da confiança em Cristo ... já é de
fácil acesso a cada um de nós; de fato, ela está tão perto como nossos
próprios corações e nossas bocas. Pois, se vocês contarem aos outros com
seus próprios lábios que Jesus Cristo é o seu Senhor, crendo do fundo
coração que Deus O levantou dentre os mortos, serão salvos.” (Rm 10.8-9.)*
Por que as pessoas hesitam? De que têm medo?
A jovem enfermeira do exército teve medo de se confiar a um Deus que
permitia que jovens soldados fossem mortos ou ficassem aleijados numa
batalha. Ela não confiou no amor divino.
“Nós não precisamos ter nenhum receio de alguém que nos ama com
perfeição; Seu perfeito amor por nós afasta todo o temor daquilo que Ele
poderia nos fazer. Se estamos com medo, é porque tememos aquilo que ele
poderia nos fazer...” (1 Jo 4.18.)*
Deus é amor, e tudo o que ele faz é uma manifestação do seu amor. O nosso
problema é que o conceito humano do amor é extremamente limitado. Todos
nós já tivemos oportunidade de nos sentir feridos e desiludidos com o amor
humano. Este tipo de amor nos recompensa e nos aceita quando somos bons,
e nos castiga e nos rejeita quando agimos mal. Mas isso não se parece
absolutamente com o amor de Deus.
A versão grega do Novo Testamento usa duas palavras para o que
traduzimos simplesmente como “amor”. Uma é “philos”, amor fraterno;
significa uma afeição pessoal, inata e profunda. A outra palavra é “ágape”;
é o amor divino. É a espécie de amor que Paulo aconselha que os maridos e
esposas tenham um ao outro. O vocábulo “ágape" é também usado para
descrever o amor de Deus por nós. Significa uma devoção espiritual,
deliberada, propositada e com raciocínio. Não provém de sentimentos ou
emoções. É um ato ponderado de amor, originário da vontade. Jamais muda
e pode-se contar com ele, porque não depende do merecimento da pessoa
amada.
É assim que Deus nos ama. Ele nos ama mesmo quando o rejeitamos, quando
lhe desobedecemos, ou quando somos desprezíveis. Ele nos ama mesmo que
malbaratemos nossa vida. Ele está sempre pronto a nos aceitar e a nos
perdoar. Está sempre pronto a nos dar a sua alegria e paz.
A dádiva gratuita do amor de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, uma
dádiva tão acessível a nós como a nossa boca e o nosso coração. Basta
apenas aceitar o que Jesus tez por nós, acreditar de todo o coração que ele
vive, e revelar isso a outros. É realmente muito simples, mas há muitas
pessoas que ficam perplexas quando sabem que é só isso.
Nicodemos, um judeu reverente e religioso, foi certa noite a Jesus e lhe
perguntou como poderia ele entrar no reino de Deus. Aquele homem sabia
que Jesus era enviado de Deus e sabia de tudo.
“Jesus respondeu: “Com toda a sinceridade que tenho, digo isto: Se você
não nascer de novo, nunca poderá entrar no Reino de Deus.”
“Nascer de novo!” exclamou Nicodemos. “Que quer o Sr. dizer? Como pode
um homem velho voltar para o ventre da mãe e nascer outra vez?”
"Jesus respondeu: “O que eu lhe estou dizendo tão sinceramente é isto: Se
alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.
Os homens só podem reproduzir a vida humana, mas o Espírito Santo d á a
nova vida do céu.” (Jo 3.3-6.)*
Nicodemos sabia quem Jesus era, mas isso não bastava. É preciso também
agir, baseado neste conhecimento, e aceitar a Jesus Cristo como nosso
Salvador pessoal, convidando-o para entrar e tomar parte em nossa vida. No
momento em que ele entra em nossa vida, por intermédio do Espírito Santo,
nós nascemos espiritualmente. Comunicamo-nos com Deus apenas em nosso
espírito; assim, precisamos nascer espiritualmente para estarmos aptos a
conhecer Deus. Se não nascermos de novo, estaremos ainda espiritualmente
mortos.
Paulo escreveu aos gálatas: “Eu já fui crucificado com Cristo; eu próprio
não vivo mais, e sim é Cristo quem vive em mim. E a vida genuína que tenho
agora dentro deste corpo é resultado da minha confiança no Filho de D eus,
o qual me amou e a Si mesmo Se entregou por mim.” (G1 2.19-20.)*
Ele também escreveu aos coríntios: “Façam a verificação em vocês mesmos.
Vocês são realmente cristãos?
Passam pela prova? Sentem cada vez mais a presença e o poder de Cristo
dentro de vocês? Ou estão apenas fingindo-se cristãos, quando não são
absolutamente nada?” (2 Co 13.5.)*
Você é realmente cristão? Já nasceu de novo?
Nossas igrejas estão cheias de Nicodemos. Eles passam o tempo estudando
as Escrituras, e oram diariamente. Frequentam estudos bíblicos e grupos de
oração, e ensinam na escola dominical. Alguns são até pastores. Cresceram
na igreja, e se denominam “nascidos” metodistas, presbiterianos, luteranos,
católicos, pentecostais, batistas, ou qualquer outra denominação.
Eles sabem tudo sobre o Cristianismo. Sabem que Jesus, o Filho de Deus,
morreu pelos seus pecados. Sabem que ele ressuscitou. Mas, realmente
nunca entregaram sua vida inteiramente a ele, nem o convidaram para ser o
Senhor e Salvador do seu coração. Há milhares de pessoas que assistem
regularmente aos cultos, e passam por todas as formas exteriores do
cristianismo, sem jamais terem experimentado Cristo em sua vida.
As dádivas da salvação e da vida eterna são absolutamente gratuitas. Nada
precisa ser feito para ganhá-las ou merecê-las. Mas precisamos recebê-las,
para que se tornem nossas. Ê pelo amor que Deus nos alcança; por amor ele
prepara circunstâncias para nos mostrar o quanto precisamos dele; e assim
nos atrai para si.
Certa vez um sargento cristão trouxe um soldado do seu pelotão para o meu
gabinete. O soldado estava para ser expulso do exército; e, além disso, havia
um mandato de prisão contra ele por uso e tráfico de drogas. Era viciado em
drogas desde os seus primeiros anos de adolescência e durante os anos que
passara no exército sua situação se agravara. Estivera no Vietnam, onde era
mais fácil conseguir “drogas”, do que goma de mascar.
“Estraguei a minha vida. Ê tarde demais para mudar”, disse ele. Seu olhar
era sombrio e desesperado.
“E Deus?” perguntei. “Ele pode modificá-lo.”
Ele deu de ombros com desdém. “Por que ele haveria de fazer isso?”
comentou. “Jamais fiz coisa alguma para ele.”
“Ele o ama”, respondi. “Ele mandou Jesus ao mundo, receber o castigo por
tudo o que você fez na vida. E ele pode curá-lo também.”
O soldado estava abatido. “Já ouvi falar de Jesus”, disse ele. “Gostaria de
pedir a ele que fosse meu Salvador, mas acho que isso não vai adiantar nada.
Por mais que eu tente, não consigo largar a droga. Sou viciado há muito
tempo.”
“Deus pode curá-lo”, afirmei confiantemente. “Você não crê que ele tenha
mais poder que o tóxico?”
O soldado olhou-me indeciso.
“Quer tentar?” perguntei.
“Tento qualquer coisa”, disse. “Quero sair deste inferno em que me
encontro.”
“Então agradeça a Deus agora mesmo pelo que ele vai fazer por você nos
próximos minutos, e agradeça-lhe por tudo que aconteceu em sua vida a fim
de que você pudesse estar aqui agora!”
“Que é isso!” ele estava transtornado. “O senhor quer dizer que eu devo
agradecer a Deus por tudo que já aconteceu na minha vida até hoje, até
mesmo por ser eu um viciado em drogas?”
“É o seu vício que o traz para ele, não é? Se Deus vai curá-lo, perdoá-lo, e
dar-lhe uma vida inteiramente nova, eterna, com Jesus, não acha que pode
agradecer-lhe por tudo que o obrigou a buscá-lo?”
A sombria expressão de dúvida ainda persistia em seus olhos.
“Posso orar com você?” perguntei, e ele aquiesceu. Pus as mãos em sua
cabeça. “Querido Pai celestial”, orei. “Eu te agradeço porque tu amas este
rapaz e o estás atraindo para ti. Que o teu Santo Espírito agora o ajude a crer
que tu tens estado operando em todos os momentos sombrios e tristes de sua
vida, a fim de trazê-lo para Cristo.”
Quando acabei, havia uma nova luz em seus olhos. “É estranho”, disse ele,
“mas, não sei como, acredito agora que Deus tomou todo o mal que já me
aconteceu e o está usando para o meu bem.”
Seus olhos estavam úmidos; ele abaixou novamente a cabeça, e, desta vez,
ele mesmo orou, pedindo a Deus que o perdoasse pela sua rebeldia, e que
Jesus viesse tomar conta de sua vida.
O que aconteceu depois constitui um desafio à minha habilidade de narrar.
Impus novamente as mãos sobre a sua cabeça, orando a Deus que o curasse,
purificasse sua mente de todo o desejo pelo tóxico, e o enchesse com o seu
amor. Senti uma força fluir para o jovem soldado. Sua face brilhava como a
de uma criança, e as lágrimas desciam pelo seu rosto.
“Aconteceu!" gritou. “Não preciso mais de drogas. Jesus vive em mim!”
Para o soldado, aquele foi o momento do seu renascimento. Jamais volt aria
a ser o mesmo. Nasceu de novo, não porque tivesse sentido a presença de
Jesus, mas porque tomara a decisão de confiar em Deus.
Se nosso relacionamento com Deus dependesse de nossos sentimentos, então
a decisão não seria nossa. Não podemos determinar nossos sentimentos.
Mas, podemos resolver confiar, crer e ter fé. A Bíblia diz que somos salvos
pela fé. Acontece, porém, que muitos de nós têm uma visão distorcida da fé.
“Não tenho fé para crer”, dizemos, quando realmente queremos dizer: "Não
sinto a fé.”
Fé e sentimentos não são a mesma coisa.
“Fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não
veem.” (Hb 11.1.)
A fé não é determinada pelas emoções, sentimentos, nem pelos nossos
sentidos. Fé é uma questão de arbítrio. Nós decidimos aceitar como fato real
algo que não foi revelado aos nossos sentidos.
Ser salvo pela fé significa aceitarmos a Jesus Cristo como nosso Salvador
por um ato de nossa vontade, e não pelas nossas emoções ou sentimentos.
Somos nascidos de novo pela fé, salvos pela fé, e isto quer dizer que
aceitamos a promessa de Deus de que tal aconteceu no momento em que
aceitávamos Cristo em nosso coração. Pode ser que nós não nos sintamos
salvos ou nascidos de novo, mas esse sentimento não modifica a nossa nova
situação.
Já mencionamos como é fácil o nosso entendimento tornar-se uma pedra de
tropeço para a fé. Avaliar a fé pelos sentimentos é igualmente fácil e
perigoso. Nós já estamos tão acostumados a confundir sentimentos com
realidade, que chegamos a pensar que somos o que sentimos. Eu me sinto
doente, portanto devo estar doente. Mas os nossos sentimentos são
inconstantes, e podem ser afetados pelo estado da atmosfera, pelo nosso
regime alimentar, pelo sono, ou pelo humor do nosso chefe. Nossos
sentimentos são uma fraca amostra da realidade. Se os usamos como uma
amostra do nosso relacionamento com Deus, então nos colocamos em
dificuldade.
Jesus disse: “Orem com fé, crendo que já receberam.” Não podemos fazer a
oração da fé se insistirmos em avaliar os resultados em termos de
sentimentos. Os ensinamentos da Bíblia demonstram que, em muitas
ocasiões, temos que agir ao contrário do que sentimos.
“Ame seus inimigos”, disse Jesus.
Será que ele não sabia qual o nosso sentimento para com nossos inimigos?
Claro que sabia. Mas ele está-nos dizendo que não devemos mais deixar que
os nossos sentimentos nos controlem. Estamos livres: temos possibilidade
até de amar nossos inimigos!
Estamos livres também para aceitar a Palavra de Deus como sendo uma
realidade para a nossa vida, sem nos preocuparmos com as emoções, ou com
nosso bom senso, nosso intelecto, ou nossos sentimentos. Esta nova vida em
Jesus Cristo é uma vida de fé. Isso significa que é uma vida liberta da tirania
das emoções, do intelecto, ou do chamado bom senso. Não somos mais
obrigados a nos dobrarmos ante tais coisas!
A Bíblia nos diz que podemos ser salvos pela fé, curados pela fé, justificados
pela fé, temos o escudo da fé; podemos andar pela fé, resistir pela fé, viver
pela fé, ser herdeiros das promessas de Deus pela fé, ser ricos em fé, orar
em fé, vencer o mundo pela fé, louvar a Deus pela fé.
Nossa experiência de salvação torna-se um fato consumado quando a
aceitamos pela fé. Deus não olha para os nossos sentimentos, mas apenas
para a decisão que tomamos. Podemos estar arrasados pelas dúvidas,
sentindo-nos miseráveis, mas, enquanto aceitarmos a Cristo pela fé, Deus
considera válida a nossa experiência. Não importa o que venhamos a sentir
ou deixar de sentir depois de termos assumido o compromisso com Deus.
Ele aceitou a nossa renúncia, e nós experimentamos o novo nascimento por
intermédio do seu Espírito Santo.
Fico preocupado quando alguém me diz: “Sei que Jesus me tocou, pois eu
senti.” A mesma pessoa poderá dizer um dia: “Não estou mais certo de estar
salvo. Não sinto a presença de Deus.”
Louvemos a Deus quando tivermos a experiência maravilhosa de sua
presença, mas não deixemos nossa fé se basear no que sentimos. O cristão
que testar a sua salvação com experiências emocionais, estará sempre cheio
de dúvidas.
Uma senhora me escreveu nos seguintes termos:
“Dei minha vida a Jesus Cristo já há alguns anos, mas nada me aconteceu.
Não senti coisa alguma e, à medida que os anos passavam, perdi o alento e
deixei de cumprir minha promessa de viver para ele. Desde então, minha
vida tornou-se insuportável. Estou tão deprimida que tenho receio de
destruir meu casamento... Li o livro Louvor que Liberta e agora sei que o
que sinto é uma grande necessidade de Cristo. Já pedi perdão ao Senhor em
oração, e quero me entregar novamente a ele. Aceito Jesus Cristo como o
meu Salvador pessoal e quero, muito mesmo, fazer parte do seu reino. Não
me sinto ainda nem um pouco diferente... Por favor, ore por mim, pois não
suportarei esse sentimento por muito tempo...”
Recebi outra carta de um jovem, enviada de uma prisão:
“Creio em Jesus Cristo e espero que seja de todo o coração. Recebi -o como
meu Salvador há dois anos. Tomei essa atitude com toda a sinceridade, e me
senti maravilhosamente bem durante dois dias. Depois, voltei a me sentir
exatamente como nos dias anteriores. Desde então, há ocasiões em que sinto
aquela maravilhosa alegria, mas não consigo fazer com que ela dure. Quero
servir a Deus, mas parece-me que não consigo achá-lo. Li Louvor que
Liberta e sei que preciso daquilo de que
o senhor falou. E como achar? Será que não o desejo como devia? Como
posso querê-lo mais? Minha vida tornou-se uma confusão. Não há sentido
em viver assim. Já fiz vários cursos bíblicos. Mesmo assim, não chego a
nenhuma conclusão. E eu quero tanto encontrar Cristo! Breve deixarei a
prisão, e quero entrar no mundo com o seu amor. Ore por mim, por favor,
para que eu o ache e experimente a alegria que ele promete na Bíblia...”
Tenho recebido centenas de cartas como estas. Onde quer que eu vá,
encontro pessoas que dizem não estarem certas de terem mesmo encontrado
Jesus.
O motivo de suas dúvidas é sempre o mesmo: “Não sinto coisa alguma.”
São prisioneiras de seus sentimentos e têm mais confiança neles do que na
Palavra de Deus. Quando nos entregamos a Jesus, ele diz: “Eu lhes dou a
vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém as arrebatará de mim.” (Jo
10.28.)*
Como superar nossos sentimentos e dúvidas?
Paulo escreveu: “A única condição é que vocês creiam inteiramente na
verdade, ficando firmes e seguros nela, fortes no Senhor, convictos da Boa -
Nova de que Jesus Cristo morreu por vocês, e nunca vacilando na confiança
nele como Salvador. Esta é a notícia maravilhosa que chegou a cada um de
vocês e agora está-se espalhando pelo mundo inteiro.” (Cl 1.23.)*
Quando as dúvidas e os sentimentos atacam nossa fé, Deus nos manda ficar
firmes na sua Palavra.
Conheço uma senhora que tem uma maneira muito prática de resolver este
problema. Quando surge uma dúvida, ela procura na Bíblia um versículo que
esclareça o assunto. Copia o versículo num pedaço de papel, e recita -o para
si mesma todas as vezes que a dúvida volta. Quando ela se sentia meio
desanimada, costumava ocorrer-lhe o seguinte pensamento: “ Você tem
certeza de que Deus ouviu a sua oração, quando você aceitou Jesus Cristo
conto o seu Salvador?"
Ela achou na Bíblia o seguinte versículo: “E esta é a confiança que temos
para com ele que, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos
ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos
certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.” (1 Jo 5.14-15.)
Ela o copiou. Logo abaixo ela escreveu: “Em 14 de janeiro de 1969,
confessei os meus pecados e pedi a Jesus Cristo que entrasse em minha vida
como meu Salvador e Senhor. Sei que ele me ouviu porque o pedido foi feito
de acordo com o plano e a vontade de Deus para a minha vida.”
Colocou o papel no espelho do quarto e, todas as vezes que a dúvida voltava,
ela apontava para o papel e dizia em voz alta: “Lá está. Sei que nasci de
novo. Sei que Deus me aceitou, porque eu aceitei o seu Filho como meu
Salvador naquele dia. Não tenho mais que pensar nisso.”
Quando ela sentia a culpa de algum pecado já confessado a Deus, vinha-lhe
logo a dúvida quanto a ter sido perdoada ou não. Por isso copiou da Bíblia
o seguinte versículo: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1.9.)
Logo abaixo do versículo ela escrevia o pecado que tinha confessado,
colocava a respectiva data e as palavras: “Aleluia, estou perdoada!”
Aos poucos, as suas dúvidas desapareceram por completo.
Nós todos podemos vencer as dúvidas e os sentimentos negativos, se
anotarmos nosso compromisso com Jesus, com a respectiva data, juntamente
com um versículo da Bíblia que afirma a promessa de Deus.
Se você já é cristão há muitos anos, mas ainda tem dúvidas sobre a sua
salvação ou sobre a sua entrega para o Senhor, não deixe que suas dúvidas
e sentimentos o enganem. Faça uma nova entrega agora mesmo, anote num
papel com a data de hoje. Há pessoas que costumam anotar na Bíblia as datas
e as resoluções espirituais importantes.
A vida cristã é uma contínua viagem na fé. É bom termos um relatório de
como ela está-se processando. Isto serve para nos lembrar dos dias sombrios,
quando achamos que não progredimos em coisa alguma. Olhando para o
passado, podemos louvar e agradecer a Deus pela sua orientação de nossa
caminhada.
Nossa fé está baseada na realidade de Deus, e não em nossos sentimentos.
Mas Deus nos promete que experimentaremos uma parcela cada vez maior
de sua alegria e de sua paz, à medida que formos andando no seu caminho.
Regozijemo-nos quando tal acontecer, mas regozijemo-nos também quando
nos sentirmos áridos e vazios.
Nossa salvação é uma realidade maravilhosa. Dirijamos toda a nossa força
de vontade na direção de Deus e digamos: “O Deus, quero acreditar. Eu me
apoio na tua Palavra.”
Façamos isso. Iremos descobrir que a nossa dependência dos sentimentos
desaparecerá aos poucos, e estaremos livres para crer!
“Conhecereis a verdade”, foi a promessa de Jesus, “e a verdade vos
libertará.” (Jo 8.32.)
Aceite a verdade da Palavra de Deus, e você será livre!

CAPÍTULO 3

Poder sem Limites


O que acontece quando confiamos em Cristo?
"Deus ... nos tem abençoado, em Cristo, com toda sorte de bênção
espiritual.” (Ef 1.3.)
Pertencendo a Cristo, somos filhos de Deus. Já entramos no seu rein o. Todo
o poder, os privilégios e direitos pertencentes aos filhos de Deus agora são
nossos.
Prestemos bem atenção para as providências que nosso Pai Celestial tomou
em nosso favor: “Toda sorte de bênção espiritual”, todas as bênçãos do céu.
Não que sejamos merecedores delas por nós mesmos, mas porque
pertencemos a Cristol
Um nenezinho não cresce pelo fato de ele se esticar. Ele não tem que ser
bonzinho para merecer o cuidado que recebe diariamente. Ele é alimentado,
vestido, amado e bem tratado por seus pais, simplesmente porque é filho
deles. Os pais conhecem todas as suas necessidades, e as satisfazem. O
crescimento do bebê acontece sem esforço algum de sua parte, naturalmente,
desde que ele aceite sua comida, e tenha o exercício e descanso necessários.
Imaginemos o absurdo de uma criança recusando-se a comer e a dormir,
dizendo à sua mãe: “Ainda não está na hora, mamãe. Estou-me esticando.
Quando eu crescer mais uns dez centímetros, daí estarei pronto para comer.”
Muitos cristãos se comportam assim. Deus já preparou tudo para eles.
Preparou tudo para o nosso crescimento: alimento, descanso, amor, cuidado.
Mas nós ficamos aqui em nosso cantinho, lutando e nos esforçando para
sermos merecedores da graça divina.
Muito antes de nascermos, isso já estava decidido por Deus.
“Muito antes de criar o mundo, Deus nos escolheu para lhe pertencermos,
por meio do que Cristo faria por nós; naquela época Ele decidiu fazer -nos
santos...” (Ef 1.4.)*
Santos? Quem é que Deus está tornando santo? Você conhece alguém que
Deus já fez santo? Não? Será então que ele está com o seu programa
atrasado? Será que ele já começou a torná-/o santo?
Leiamos mais um pouco do versículo 4 de Efésios 1: “...sem uma única
falta...”
Você acredita que Deus pode deliberar que os cristãos se tornem sem
nenhuma culpa, irrepreensíveis, e depois falhar tão completamente com as
pessoas que você conhece?
Vejamos a explicação anterior: "...aos Seus olhos...” Deus nos tornou santos
e irrepreensíveis, sem culpa, “aos Seus olhos”. Ele fez uma coisa
maravilhosa. Ele nos mudou aos seus olhos. Ele nos vê de uma maneira
diferente. Somente ele tem a faculdade de ver o novo homem que existe em
nós. Quem poderá enxergar através dos olhos de Deus? Ninguém, a não ser
ele mesmo. Ele fez uma nova criatura para sua própria glória e louvor.
Quando os outros veem nossa pessoa, eles podem ver a pessoa que sempre
somos. Eles não são Deus. Nós podemos nos olhar ao espelho e achar que
não somos santos e não somos irrepreensíveis, sem “uma única falta”.
Lembremo-nos, porém, de que nós não somos Deus.
Você teria coragem de dizer que Deus não pode ver aquilo que deseja ver?
O que é mais importante para você: ver a si mesmo como uma pessoa santa,
ou saber que Deus o vê santo? Milhares, talvez milhões de cristãos estão
tentando possuir um caráter santo para serem considerados como tal por
outros ou por si próprios. Quando fracassam, como acontece
inevitavelmente, o desânimo toma conta deles. Já vi tantas pessoas infelizes,
e ouvi tantas vezes a história do mesmo fracasso, que já sei o que vou ouvir
antes mesmo de começarem.
Como pode Deus fazer uma coisa tão fantástica como tornar-nos santos aos
seus olhos? Paulo diz: “... a nós, que nos encontramos diante dele cobertos
com o Seu amor” (Ef 1.4.)* Deus nos ama! Cobre-nos com o seu amor, e
depois se afasta para nos olhar. O que é que ele vê? O seu próprio amor!
Os outros veem a nós como somos. Nós nos vemos a nós próprios. Mas Deus
vê o seu próprio amor! E isso não é suficiente para começarmos a saltar de
alegria, passando a agradecer a Deus e a louvá-lo pelo resto da vida?
Mas por que fez Deus uma coisa tão maravilhosa por nós? Por quê? “E Ele
fez isto porque quis” (Ef 1.5)* , afirma Paulo, com toda a simplicidade. Deus
quis cobrir- nos com seu amor. Você não acredita que ele tenha todo o direito
de nos dar o que quiser? Todas as bênçãos do céu? Presentes no valor de
“milhares de cruzeiros”?
E por que ele resolveu fazer isso, ele mesmo? Estou certo de que somente
desta maneira ele podia ter certeza de que o seu trabalho seria perfeito. Se
ele tivesse que depender de nós, jamais teria algo de valioso para ser
entregue ao seu Filho. O resultado devia ser para a glória de Deus e não para
a glória do homem.
Paulo declarou: “O propósito de Deus nisto era que louvássemos a Deus, e
déssemos glória a Ele por ter feito estas coisas poderosas por nós.” (Ef
1.12.)*
Quando colocamos nossa fé em Cristo e em sua obra, as consequências são
gloriosas.
“Agora podemos entrar sem medo nenhum na presença de Deus, seguros da
Sua alegre acolhida quando formos com Cristo e confiarmos nele.” (Ef
3.12.)*
Vivemos fazendo orações chorosas, diminuindo a nós próprios, exibindo
uma falsa humildade. Não precisamos pedir desculpas a Deus por sermos
humanos. Ele nos conhece muito bem. Ele já observou bilhões de seres
humanos e conhece todas as nossa fraquezas. Ele quer agora que saibamos
que, por intermédio de Cristo, temos o direito de nos aproximarmos dele e
pedir tudo o de que necessitarmos.
Deus quer nos abençoar dando-nos coisas boas. Quer ver-nos felizes. Isso é
muito difícil de ser entendido pelos cristãos. No meu caso, por exemplo,
cresci na pobreza, e nossa família frequentemente recebia presentes que nos
eram dados por caridade. Por essa razão, é que mais tarde eu ficava sempre
magoado quando queriam me dar alguma coisa, ou quando queriam fazer-
me algum benefício, a não ser que eu tivesse certeza absoluta do interesse e
da amizade da pessoa por mim. Geralmente, eu preferia adquirir eu mesmo
aquilo de que precisasse, ou merecer tudo o que me chegasse às mãos. Tal
sentimento se refletiu também no meu relacionamento com Deus. Eu não
conseguia acreditar que Deus quisesse me dar mais do que as minhas
necessidades imediatas. Afinal de contas, raciocinava eu, por que havia ele
de me dar mais do que aquilo de que eu estava precisando? A minha visão
era bastante limitada. Não era a visão de um Deus pleno de amor, cheio de
solicitude pelo meu bem-estar.
Então, certa vez, quando era capelão em Fort Benning, fiz uma viagem para
outro estado bem distante do lugar onde trabalhava, e vi-me sem condições
de voltar para a base, em tempo de cumprir minhas obrigações. Em virtude
do mau tempo, o voo havia sido cancelado, e o avião seguinte chegaria tarde
demais. Não adiantaria ir de carro; chegaria mais atrasado ainda. Estava
retido ali, e muito contrariado. Desde que me tornara capelão, jamais tinha
aceitado compromissos para pregar, que me impedissem de cumprir com os
meus deveres de capelão na base. Agora, ao que parecia, meu trabalho seria
sacrificado.
Orei; “Senhor, até hoje nunca me atrasei no meu trabalho. Coloco essa
situação em tuas mãos. Sei que tu tens um plano perfeito para mim. Eu te
agradeço e sei que tu resolverás este problema.”
Fui fazer a pregação. Lá, encontrei um piloto da força aérea. Ele p ertencia
a uma base próxima. Quando soube da minha situação angustiosa, ele disse:
“Vou falar com meu comandante, e ver se ele pode resolver isso.”
O comandante respondeu: “Mas é claro que sim. Eu preciso aumentar o meu
tempo de voo. Terei prazer em levar o capelão para Fort Benning. Traga-o
para a base amanhã às 6 horas da manhã.”
Passei a noite hospedado na casa do piloto, e na manhã seguinte fomos a pé
até o aeroporto. Sentia-me reanimado e exultante porque Deus tinha
resolvido meu problema. Mas eu não tinha visto ainda a atenção e a bondade
que ele estava usando para comigo.
Procurei com os olhos o avião que me levaria. Vi uma fileira de aviões
quadrimotores, mas nenhum deles pronto para levantar voo. Esperava um
avião pequeno e pouco confortável: um veículo qualquer que me conduzisse
ao trabalho, a tempo. Era só o de que precisava.
Meu amigo piloto parou, e disse: “Aqui estamos, Capelão, pode subir.”
Olhei. Na minha frente achava-se o maior avião da pista de decolagem!
Parecia ter o comprimento de um quarteirão!
“Senhor, isso não pode ser para mim!” pensei. Subi os degraus meio
atordoado, e um membro da tripulação mostrou-me um lugar muito
confortável num enorme salão. Eu era o único passageiro, e o avião estava
equipado com todo o conforto. Não era um avião comum de carga ou de
transporte.
O comandante veio se apresentar e me desejar boa viagem. Eu apenas pude
murmurar algumas palavras de agradecimento; ainda não me havia refeito.
Não podia acreditar que tal coisa estivesse-me acontecendo. Eu sabia que
fora Deus quem providenciara o avião para me levar a tempo para Fort
Benning, mas por que um avião tão grande e tão luxuoso? Por que não tinha
ele providenciado um avião pequenino, mais adequado?
Achei que não merecia tal avião, e, por um momento, passou-me pela mente
a ideia que um avião com tal luxo e conforto, só para mim, era um
desperdício.
“O que significa isso, Senhor?” perguntei, perplexo.
“Significa apenas que o amo”, foi a resposta concisa. “Quero lhe mostrar
que é assim que eu cuido dos filhos que confiam em mim.”
“Estou começando a entender, Senhor”, ponderei, com a alegria jorrando em
mim, à medida que minha linha de pensamento prosseguia.
“Quero que você ensine a todos os seus ouvintes que devem ser agradecidos
por todos os detalhes de sua vida. E eu, então, abrirei as janelas do céu e
derramarei sobre eles mais bênçãos do que as que eles pedem ou esperam.”
“Obrigado, Senhor”, e sorri para mim mesmo.
“E lembre-se”, continuou a voz na minha mente, “você jamais conseguirá
merecer as minhas bênçãos. Não adianta tentar obtê-las. Tudo o que dou é
de graça, por causa da minha própria bondade, e você precisa aprender a
entender e a aceitar!”
Todas as vezes em que viajava em aviões comerciais, eu aterrissava a mais
de quinze quilômetros do meu escritório, mas o enorme quadrimotor
aterrissou a uns trezentos metros do lugar onde eu deveria trabalhar. Ao
entrar no edifício, olhei para o relógio. Chegara exatamente na hora. Nem
um minuto antes, nem um minuto depois.
Deus realmente atende às nossas necessidades, e ele o faz abundantemente.
Tudo que temos a fazer é pedir. A sua dádiva gratuita mais importante é o
batismo do Espírito Santo; é esta que ele deseja que peçamos em primeiro
lugar.
É isso mesmo. O batismo do Espírito Santo foi providenciado para ser o
“primeiro alimento” dos crentes que acabam de nascer de novo. Ele é
necessário ao seu crescimento.
O Espírito Santo vem fazer morada no novo crente, no momento em que este
aceita Jesus Cristo como seu Salvador. Então o crente nasce do Espírito.
Mas Jesus disse aos seus discípulos também que eles teriam de esperar o
batismo com o Espírito Santo, para depois serem suas testemunhas e
espalhar as boas-novas com poder e autoridade.
Os discípulos esperaram em Jerusalém, como Jesus havia ordenado; e, no
dia de Pentecostes, “de repente veio do céu um som, como de um vento
impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram,
distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um
deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras
línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” (At 2.2-4.)
Assim começou a Igreja cristã. Os tímidos discípulos de Cristo
transformaram-se em testemunhas corajosas, em homens cheios de ousadia.
Começaram imediatamente a pregar as boas-novas com poder e autoridade,
e a realizar os mesmos milagres que Cristo havia feito.
Disse Jesus; “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim,
fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para
junto do Pai.” (Jo 14.12.)
Novos crentes se uniam à igreja aos milhares, e ao lermos o livro de Atos
vemos que o batismo do Espírito Santo quase sempre ocorria logo após a
conversão. Quando Pedro pregou para Cornélio, seus familiares e amigos,
em Cesareia de Filipos, o Espírito Santo desceu sobre todos os ouvintes no
momento em que eles aceitaram o que Jesus havia feito por eles. (At 10.44.)
Quando o evangelho foi pregado em Samaria, muitos samaritanos aceitaram
a Jesus como o seu Salvador, e foram batizados com água.
Pedro e João foram mandados de Jerusalém para Samaria e, logo que
chegaram, “oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo” (At
8.15).
Aqueles apóstolos não disseram para os novos cristãos esperarem um pouco,
ou para estudarem as Escrituras e se prepararem. A liderança de Jerusalém
estava preocupada porque o Espírito ainda não tinha descido sobre os novos
crentes, e imediatamente: “... lhes impunham as mãos, e recebiam estes o
Espírito Santo.”
O batismo do Espírito Santo foi prometido a todo aquele que acreditasse em
Jesus Cristo. Ele disse: “Se alguém está com sede, venha a mim e beba.
Porque as Escrituras declaram que rios de água viva correrão do íntimo de
todo aquele que crer em mim.” (Ele estava falando do Espírito Santo, que
seria dado a todo aquele que cresse nele; mas o Espírito ainda não tinha sido
dado, porque Jesus ainda não havia voltado para a glória dele no céu.)” (Jo
7.37.39.)*
O batismo do Espírito Santo é uma dádiva gratuita. Não se pode adquiri -lo
por mérito. Jesus, que nos propiciou a salvação, nos concede também o
Espírito Santo.
“E eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês um outro Consolador, e Este nunca
deixará vocês. É o Espírito Santo.” (Jo 14.16-17.)*
É Jesus quem manda o Espírito Santo. Ele nos batiza com o Espírito Santo.
Quando João Batista estava batizando no Jordão, Deus lhe falou o seguinte:
“Quando você vir o Espírito Santo descer e pousar sobre alguém, esse é o
que você está procurando. Ele é o que batiza com o Espírito Santo.” (Jo
1.33.)*
Por que será, então, que muitos cristãos lutam tão desesperadamente para
receber o batismo do Espírito Santo? Eu tenho visto crentes, tristes e
infelizes, em toda a parte.
“O que há de errado comigo?” indagam. “Será que sou inteiramente sem
valor, ou fraco demais? Eu preciso desesperadamente do poder de Deus em
minha vida.”
Um professor de escola dominical escreveu-me nos seguintes termos:
“Preciso do poder do Espírito Santo em minha vida. Tento arduamente ser
mais obediente e mais semelhante a Cristo. Pensei que talvez eu não
estivesse lendo a Bíblia suficientemente, e por isso passei a me levantar mais
cedo para lê-la durante uma hora diariamente, e depois orar meia hora.
Mesmo assim não vejo poder algum em minha vida, e tampouco recebi o
batismo do Espírito Santo. Confessei todos os pecados dos quais me
lembrava. Sou crente há vinte anos, mas tenho tão poucas virtudes cristãs,
que às vezes me pergunto se sou realmente salvo...”
Tais pessoas são como bebês que estão parados num canto, tentando se
esticar e crescer, para depois poderem comer a maravilhosa comida que lhes
foi preparada. Sofrem dores horríveis por causa da fome, mas não querem
comer antes de superarem estas dores.
Alguns cristãos da igreja primitiva também tiveram esse problema. Eles
pensavam que precisavam se tornar bons para depois receber as dádivas
gratuitas de Deus.
Então Paulo lhes escreveu: “Gálatas insensatos! Quem foi o feiticeiro que
os sugestionou e pôs em vocês esse encantamento ruinoso?... Só quero fazer-
lhes uma pergunta: Vocês receberam o Espírito Santo pela tentativa de
guardar as leis judaicas? Claro que não, pois o Espírito Santo só veio sobre
vocês depois que vocês ouviram acerca de Cristo e confiaram nele para ser
salvos. Então será que você ficaram completamente loucos? Pois se a
tentativa de obedecer às leis judaicas nunca lhes deu vida espiritual no
princípio, por que vocês pensam que a tentativa de obedecê-las agora os fará
cristãos mais fortes?” (G1 3.1-3.)*
Os gálatas já tinham recebido o Espírito Santo quando haviam confiado em
Jesus para sua salvação. Mas, cederam à tentação de pensar que eram os
responsáveis pelo seu próprio crescimento espiritual. Isso fez com que
deixassem de viver pela fé.
O orgulho, bem como a tentação de tomar a si o crédito do seu crescimento
espiritual, são coisas que fascinam os crentes, quaisquer que sejam seus
estágios na vida cristã. Satanás nos tenta de duas maneiras bem claras. Ele
pode sussurrar: “Como você está ficando espiritual! Tente um pouco mais,
e você terá mais poder.” Ou então ele diz: “Veja só como você é fraco e
desprezível! Não admira que Deus não lhe dê maior volume de bênçãos!”
Você pode ficar cheio de si pelos seus dons espirituais, ou criticar a si
próprio pelo seu fracasso. Acaba sendo a mesma coisa. Você está colocando
a responsabilidade do seu mérito sobre si mesmo em vez de deixá-la com
Deus, a quem ela pertence.
Um certo pastor tinha uma fraqueza que não podia controlar, por mais que
tentasse. Acabou finalmente numa prisão, condenado por falsificação. Mas
ele era verdadeiramente crente, e ficou arrasado pelo seu erro. Contudo, ele
se arrependeu sinceramente, e sentia que Deus o perdoara, mas cria que Deus
nunca mais poderia usá-lo para conduzir outros ao seu Reino.
Um dia, um amigo lhe mandou um exemplar de Louvor que Liberta. Ele
aprendeu que Deus usa tudo, até mesmo os nossos erros, para o bem. Com
renovadas esperanças, ele ousou agradecer a Deus pelo seu próprio erro e
detenção. Depois, ele me escreveu: “Louvado seja Deus! Minha vida mudou
completamente. Os velhos desgostos, a culpa, e os remorsos que me
prendiam já se foram. Posso louvar e agradecer a Deus pelas mínimas coisas
de minha vida, tais como são. Antes, eu jamais conhecera a amplitude e a
profundidade da misericórdia de Deus. Outrora, cheguei a pensar que era
suficientemente bom para ser usado por ele. Sinto enorme alegria em fazer
com que o meu velho “eu”, cheio de orgulho, morra, para que Cristo possa
viver em mim, e nada mais a não ser Cristo!”
Depois disto, a cela daquele homem tornou-se um templo de louvor, e outros
prisioneiros foram levados a aceitar Cristo.
Quando pensamos que nós, ou outros, somos suficientemente dignos ou não
de sermos usados por Deus, estamos caindo num erro perigoso. Jesus fez a
seguinte advertência aos seus seguidores: “Não julguem, nem critiquem,
nem condenem os outros, a fim de que vocês não sejam também julgados,
criticados ou condenados.”
Só Deus está qualificado para nos julgar, e ele já declarou que somos santos
sem nenhuma culpa perante seus olhos quando estamos cobertos com o seu
amor.
Como é que nós ousamos estabelecer um outro padrão para julgar a nós
mesmos ou para julgar os outros? Só Deus poder lidar com a questão de
nossos pecados. Estejamos nós errados, ou estejam os outros errados, este
assunto pertence a Deus.
Quase sempre erramos em nosso julgamento dos outros. Julgamos o nosso
próximo pela maneira de vestir, pelo uso de maquilagem, pelo fumo ou pela
bebida, ou pela qualidade de filmes que assiste.
Que critério você usaria para escolher um professor para a escola dominical?
Imaginemos dois cristãos, um ao lado do outro. Um tem tamanho e peso
normais, mas você sabe que ele fuma. O outro pesa uns 150 quilos; parece
uma montanha de tão gordo, mas tem um sorriso bondoso e jamais esquece
de trazer a Bíblia para a igreja.
Qual dos dois você escolheria para ensinar o seguinte assunto: “Como
desenvolver a autodisciplina como um fruto do Espírito Santo?”
O fumo é um mau hábito, prejudicial à saúde, e revela falta de
autodisciplina. E o homem com excesso de peso? A Bíblia coloca no mesmo
nível o comilão e o bêbado, e diz que ambos merecem a pena de morte! (Dt
21.20-21.) O guloso apressa a sua própria morte. O mesmo acontece com o
fumante.
É claro que não estou recomendando que comecemos a julgar os fumantes
ou as pessoas que têm excesso de peso. Não temos o direito de julgar.
Quando a mulher apanhada em adultério foi trazida a Jesus, os chefes dos
judeus e dos fariseus disseram: “Mestre... a lei de Moisés manda matá -la.
Que acha?” Jesus respondeu: “Joguem-lhe pedras até ela morrer. Mas só
aquele que nunca pecou pode jogar a primeira!” (Jo 8.7.)*
Quem entre nós está qualificado para atirar pedras de crítica, de julgamento,
ou de condenação? E procurar avaliar a nossa “bondade” ou “maldade” é
apenas uma maneira de tentar justificar-nos perante Deus pelas nossas boas
obras ao invés de fazê-lo pela fé.
Quando se discute “fé” e “obras”, geralmente alguém cita o versículo: “Pois
somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus
de antemão preparou para andássemos nelas.” (Ef 2.10.)
Mas isso não quer dizer que nós nascemos de novo para fazer boas obras
para Deus?
Vejamos, porém, os dois versículos anteriores:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom
de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2.8-9.)
Será que Paulo quer dizer que somos salvos pela fé, mas que daí em diante
estamos por nossa conta? Não faz muito sentido, não é mesmo?
Nessa carta de Paulo aos efésios, o apóstolo disse um pouco antes que nós
fomos feitos santos e irrepreensíveis (sem culpa alguma) aos olhos de Deus,
e nos foram oferecidas todas as bênçãos do céu.
Qual é a ideia de Paulo, portanto? Talvez ele tenha uma outra ideia de
“obras”, uma ideia diferente da nossa.
Tiago escreveu: “Queridos irmãos, que proveito há em vocês dizerem que
têm fé e são cristãos, se não estiverem provando isso pelo socorro aos
outros? Esse tipo de fé salvará alguém?... Abraão foi declarado justo por
causa do que ele fez, quando estava pronto para obedecer a Deus, mesmo
que isso significasse oferecer seu filho Isaque para morrer no altar?” (Tg
2.14, 21.)*
Que tipo de boa obra era essa? Subir a montanha pronto a sacrificar seu
único filho sobre o altar, porque Deus ordenara que ele assim o fizesse, e
ainda mais sendo esse o filho através do qual Deus tinha prometido abençoar
Abraão e lhe dar multidões de descendentes?
E Tiago continua: “Bem, vedes que suas obras cooperam com a fé
intimamente, que sua fé foi implementada pelo ato. É o que deduzimos da
Escritura quando diz: E Abraão creu em Deus, e isso foi-lhe imputado para
a sua justificação. Sendo chamado “amigo de Deus.” (Tg 2.22, 23 — Cartas
às Igrejas Novas.)
Então, quais são as boas obras que devemos fazer?
Uma vez os discípulos fizeram a mesma pergunta a Jesus: “Que faremos
para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é
esta, que creiais naquele que por ele foi enviado.” (Jo 6.28-29.)
E foi exatamente isso que fez Abraão. A “boa obra” de Abraão foi acreditar
que Deus cumpriria as suas promessas. Ele nunca vacilou na fé. Foi por isso
que Deus o escolheu para ser o pai de Israel.
Jesus prometeu aos seus seguidores que eles fariam obras ainda maiores do
que as dele, e nós sabemos que, depois de terem recebido o batismo do
Espírito Santo, os discípulos pregaram com poder e realizaram grandes
milagres.
Sua participação nas grandes obras consistia de crer. O poder de realizar
milagres não era deles próprios, mas vinha de Deus e fluía através deles,
porque eles criam.
Um conceito errado e muito difundido sobre o batismo do Espírito Santo é
que, de algum modo, ele nos dá poder, ele nos fortalece, aumenta nossas
energias espirituais e nossa habilidade de trabalhar para Deus, e nos torna
gigantes espirituais.
Isso está muito longe de ser verdade. Então, para que precisamos do batismo
do Espírito Santo?
A finalidade do batismo do Espírito Santo é que nós diminuamos, de maneira
que a presença e o poder de Deus possam habitar em nós e fluam
abundantemente, por nosso intermédio.
Paulo escreveu o seguinte: “Glória seja dada a Deus, que pelo Seu grandioso
poder operando em nós é capaz de fazer muito mais do que nós jamais
ousaríamos pedir ou mesmo pensar, infinitamente além de nossas mais
sublimes orações, anseios, pensamentos ou esperanças.” (Ef 3.20.)*
É Deus que faz a obra em nós. E quanto mais confiarmos nele e quanto
menos dependermos de nós mesmos, mais ele terá possibilidades de agir.
O que é, exatamente, o batismo do Espírito Santo?
Jesus se referiu ao Espírito Santo muitas vezes como o Espírito da Verdade.
“Quando vier o Espírito Santo, que é a verdade, Ele guiará vocês a toda a
verdade.” (Jo 16.13.)*
O Espírito Santo da verdade habita em todos os crentes e os orienta em tudo,
mas ser batizado no Espírito da verdade significa muito mais que isto. A
palavra que está traduzida em nossas bíblias como “batizar”, na verdade,
significa “mergulhar em” ou "saturar”, e em grego usa-se a mesma palavra
para se dizer “alagado”.
Assim, quando pedimos a Jesus que nos batize no Espírito Santo queremos
dizer que nós nos entregamos a ele para sermos saturados, alagados, com a
sua verdade.
Jesus orou ao Pai, por nós: “Santifica-os na verdade. A tua palavra é a
verdade.”
O batismo do Espírito Santo é uma experiência de purificação total, e de
despojamento. É o farol da verdade de Deus, pondo à mostra cada recanto
de nossa vida. A finalidade do batismo é lavar-nos com um jato fortíssimo
e esvaziar-nos da nossa autoconfiança, do nosso orgulho, das pequeninas
tendências de trapaça, dos pretextos aos quais nos agarramos — de todas as
coisas que bloqueiam a nossa fé e impedem a entrada do poder de Deus e da
sua presença em nossa vida.
O batismo do Espírito Santo tem um duplo propósito: a purificação e o
preparo do vaso para receber o poder divino; e, depois, o enchimento do
vaso com o seu poder. As duas ocorrências são simultâneas, porque quando
o Santo Espírito da verdade começa a saturar nosso ser, ele põe em evidência
— e ao mesmo tempo retira — todo o refugo e entulho que deixamos
empilhar dentro de nós.
Jesus disse: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis
minhas testemunhas.” (At 1.8.)
Ele não disse que o poder nos pertenceria, mas que o poder nos encheria e
operaria por nosso intermédio. Somos os recipientes, os vasos, os canais.
Por mais que tentemos, nunca seremos o conteúdo. Somos copos contendo
água viva. A água pode saciar a sede dos homens, mas um copo vazio não
satisfaz a ninguém.
Paulo escreveu: “Este tesouro precioso — esta luz e este poder que agora
brilham dentro de nós — está encerrado num recipiente perecível, isto é, no
nosso corpo fraco. Todo mundo pode ver que o poder glorioso que está
dentro de nós tem que vir de Deus e não é nosso próprio.” (2 Co 4.7.)*
Dizer que não precisamos do batismo do Espírito Santo é o mesmo que dizer
que não precisamos ser purificados, nem absorvidos, nem saturados pela
verdade de Deus, nem tampouco precisamos da plenitude do seu poder
operando em nós e através de nós.
Jesus disse aos seus seguidores: “Vocês, homens que são pais — se o seu
filho pedir pão, você lhe dará uma pedra? Se ele pedir peixe, você lhe dará
uma serpente? Se ele pedir um ovo, você lhe dará um escorpião? (Claro que
não!) E se gente pecadora como são vocês, dá às crianças o que elas
necessitam, vocês não percebem que o seu Pai celeste fará pelo menos tanto
assim, e dará o Espírito Santo àqueles que O pedirem?” (Lc 11.11-13.)*
Por isso, podemos pedir a Jesus que nos batize no Espírito Santo sabendo
com certeza que ele o fará.
Toda semana recebo cartas de pessoas que dizem ter suplicado a Deus que
os batize no Espírito Santo, mas nada lhes acontece. Onde está o erro? Está
no fato de eles olharem para os seu próprios sentimentos em vez de se
fixarem na realidade de Deus. Ê sempre nos sentimentos que se encontra o
obstáculo.
O batismo do Espírito Santo, bem como todas as outras dádivas de Deus,
precisa ser recebido pela fé. É possível que não sintamos coisa alguma
quando o recebemos. A fé é um ato da vontade, e não uma consequência dos
sentimentos.
Acontece que há pessoas que experimentam sensações físicas dramáticas
quando são batizadas pelo Santo Espírito, assim como há pessoas que têm
um encontro emocional e dramático com Jesus Cristo, quando o recebem
como seu Salvador. Mas não somos salvos pelos sentimentos. Nem
tampouco somos batizados no Espírito Santo pelos sentimentos. Quer
sintamos ou não quaisquer sensações externas quando formos batizados no
Espírito Santo, as sensações não constituem o batismo. O batismo é uma
transformação interior.
A Bíblia nos diz que esta transformação terá como resultado muitas
comprovações evidentes. Aumento de poder e autoridade em testemunhar
de Cristo, a operação dos dons do Espírito Santo por nosso intermédio, a
manifestação do fruto do Espírito: amor, alegria e paz. Teremos experiência
dessas coisas com nossos sentidos, mas as evidências só vêm depois de
aceitarmos a realidade de Deus. Não podemos medi-las pelos nossos
sentimentos.
Decidimos aceitar a Palavra de Deus pela fé, e deliberadamente deixamos
de prestar atenção aos nossos sentimentos. Se assim não procedermos,
jamais seremos capazes de exercitar fé.
Digamos a Deus que aceitamos a sua Palavra. Que queremos acreditar que
Jesus nos batizará quando lhe pedirmos. Fiquemos firmes em nossa
confiança e creiamos que o fato realmente aconteceu.
Um jovem escreveu-me:
“Pretendo ir para o seminário no próximo ano, mas não tenho poder
espiritual. Tenho estado sempre em comunhão com um grupo cristão que já
foi batizado pelo Espírito Santo. Eles oram e falam em línguas, e há sempre
curas e milagres. Estou convencido de que isto é realmente válido, de acordo
com as Escrituras. Tenho orado a Deus pedindo o batismo, mas por alguma
razão ainda não o recebi. Sei que os dons do Espírito Santo não nos são
dados para nosso proveito próprio, mas para o trabalho que Deus quer que
façamos. Contudo, o Senhor ainda não me confiou esta experiência. O que
estará faltando? Gostaria de saber. Creio no Senhor Jesus Cristo como o meu
Salvador, e quero servi-lo de todo o coração. Já lhe disse isso, muitas vezes.
Confessei meus pecados, tanto na igreja como em minha oração particular,
e sei que estou perdoado e purificado. Quero servir a Cristo, e preciso do
batismo do Espírito Santo para servi-lo eficazmente. Por que, então, não o
recebo? Será que fiz algo de errado e Deus não ouve a minha oração?
"Ontem eu me ajoelhei em nossa reunião de oração e pedi que me fosse
concedido receber o batismo. Diversas pessoas impuseram as mãos sobre
mim e oraram para que eu pudesse recebê-lo. Não senti coisa alguma... Por
favor, ore por mim.”
Não importa quem nós sejamos, nem que palavras usemos para pedir o
batismo do Espírito Santo. Não importa que estejamos sós ou alguém ore
por nós com imposição de mãos. O batismo do Espírito Santo é um assunto
pessoal entre nós e o batizador, Jesus Cristo.
Precisamos pedir uma única vez, e depois agradecer a Deus por ter ele
ouvido nosso pedido e ter-nos concedido o que pedimos. Se fizemos o
pedido na semana anterior e nada parece ter acontecido, então estamos
permitindo que os sentimentos nos enganem. Jesus fez a sua parte; a gora é
a nossa vez de crer que fomos atendidos.
É possível que não sintamos coisa alguma, mas há uma consequência real
que podemos reivindicar logo após, e experimentarmos o resultado. No livro
de Atos registrou-se o dom de línguas como uma consequência do batismo
do Espírito Santo. Foi a primeira manifestação de um dom espiritual em
crentes recentemente batizados.
Quando pedi a Jesus que me batizasse com o Espírito Santo, também não
senti nada. Uma senhora impôs-me as mãos e orou por mim em línguas; não
experimentei nenhuma sensação física e pensei que nada tivesse acontecido.
A irmã me disse para aceitar o batismo pela fé; recomendando-me que não
me fiasse em meus sentimentos, e que agradecesse a Deus porque eu já o
tinha recebido. Fiz isso, mas me senti um tanto ridículo. Depois ela me disse
que eu poderia falar em línguas: bastaria que abrisse a boca e deixasse as
palavras saírem. Hesitei, achando que aí realmente eu estaria fazendo papel
de tolo. Mas, eu sabia que a Bíblia dizia que falar em línguas era um dom
do Espírito Santo; já que eu estava agora cheio do Espírito Santo — sentisse
ou não — eu poderia esperar que ele operasse em mim e através de mim.
Notei que algumas “palavras” estranhas se formavam em minha mente. Abri
a boca e disse-as em voz alta. Elas me pareciam tolas, e o meu pensamento
imediato foi: você está inventando, Merlin; você está forjando uma porção
de palavras incoerentes. Mas, depois, eu me lembrei de que falar pela fé
implicava em não confiar no meu próprio bom senso para avaliar os
resultados. Resolvi aceitar a Palavra de Deus e não prestar mais atenção ao
que eu pensava.
Eu ainda não tinha sentido nada, mas resolvi crer. A primeira coisa que pude
observar com meus sentimentos foi a consciência irrefutável de que Jesus
Cristo era meu Salvador e Senhor. Pela Palavra de Deus, eu sabia que o
Espírito Santo tinha sido mandado para testemunhar de Jesus, e
repentinamente me senti mais convencido que nunca de quem era Jesus e do
que ele significava para mim. A segunda evidência que senti foi um grande
amor pelas pessoas. Isso, também, já tinha sido predito na Palavra de Deus.
O amor é um fruto do Espírito Santo.
Desde então, já experimentei outras dádivas do Espírito Santo, em mim, e
também através de mim. Eu não tenho a capacidade de curar, nem de fazer
milagres, nem de profetizar. Apenas creio que Deus opera pelo poder do
Espírito Santo, através de mim, quando dou um passo de fé, esperando que
ele opere a sua obra.
Quando uma pessoa recebe a cura depois de eu ter imposto minhas mãos
sobre ela e orar, não é porque eu me tenha tornado ultra-espiritual. Sou
apenas um canal. Algumas vezes, sinto a presença do poder de Deus ao orar
pela cura de uma pessoa. Em outras ocasiões, quando lhe suplico a mesma
coisa, não sinto absolutamente nada.
Os resultados não dependem de nossos sentimentos, apenas de nossa fé, isto
é, da nossa resolução de crer que Deus está operando.
Quando outros abrem a boca e começam a falar em línguas pela fé,
provavelmente são tentados a pensar como eu pensei; são tentados a pensar
que estão forjando palavras e simplesmente tapeando. Não deixemos que
esse pensamento nos faça desistir de receber a bênção.
Se você fez uma entrega sincera de si mesmo e de sua língua a Deus, pedindo
que o Espírito Santo lhe dê as palavras para orar, então confie em que ele
está respondendo à sua oração, mesmo que as palavras lhe pareçam
disparatadas. Não importa quais sejam as palavras, o importante é que o
Espírito Santo está falando diretamente com Deus por nosso intermédio.
Mas, por que orar — seja em línguas estranhas ou em nossa língua — se
Deus sabe do que precisamos, mesmo antes de lhe pedirmos?
Nós oramos, porque é este o plano de Deus para os seus filhos. E também é
esta a sua ordem expressa para nós.
“Orai sem cessar.” (1 Ts 5.17.)
É importante que oremos em línguas diariamente. Pense só no que isso
significa. O Santo Espírito da verdade está falando através de nó s.
Jesus prometeu que “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu
interior fluirão rios de água viva.” (Jo 7.38.)
Falava de rios da verdade que brotariam do íntimo do nosso ser, depois de
termos sido inundados e saturados pelo Santo Espírito da verdade .
Quase sempre pensamos somente na verdade que flui de nós para os outros.
Pensemos agora no que a verdade precisa fazer em nós, primeiramente. A
verdade é a força que liberta nosso espírito. Revela toda e qualquer mentira
escondida, toda culpa e medo, todas as áreas secretas da nossa memória,
todos os segredos do passado, no fundo do subconsciente. Com o nosso
entendimento apenas não poderíamos nem começar a falar com Deus sobre
todos esses problemas. Esta é uma das razões pela qual Deus nos legou esta
nova dimensão na oração.
Quando falamos em línguas, há uma comunicação direta entre o nosso
espírito e o Espírito de Deus. O Espírito Santo ora por nós, e desviamo-nos
assim da crítica do nosso próprio entendimento. Falamos palavras que não
entendemos, mas o Santo Espírito da verdade penetra nas áreas mais
profundas do nosso ser. É isso que empresta ao ato de falar em línguas um
poder restaurador tão grande. Descobrimos mais tarde que, ao orarmos em
línguas pelos outros, oramos especificamente pelas suas necessidades, das
quais não temos conhecimento. Na maior parte das vezes, nem as próprias
pessoas por quem oramos têm ideia da origem dos seus problemas.
Uma dona de casa, que vinha sofrendo sérios problemas mentais e
emocionais desde a adolescência, aceitou Cristo como seu Salvador. Mas
não se libertou do profundo nervosismo que a atormentava. Ela estudou a
doutrina bíblica com referência ao batismo do Espírito Santo e convenceu -
se de que Deus queria que ela o recebesse.
Um dia ela se ajoelhou na sala e orou: “Senhor Jesus, entrego a ti o meu
“eu”. Purifica-me de tudo que não venha de ti, e batiza-me com o teu Santo
Espírito. Eu te agradeço, e creio que tu me batizaste.”
Ela não teve sensação de espécie alguma; levantou-se, e continuou o
trabalho. Durante as três semanas seguintes, porém, algo de diferente
parecia se passar com ela. Chorava quase continuamente, e parecia estar
revivendo sua infância infeliz. À sua memória, voltaram incidentes já há
muitos esquecidos, mágoas e receios, bem como coisas que ela tinh a feito
para magoar outras pessoas. Cada lembrança trazia uma onda de lágrimas
de arrependimento, e ela se encontrou pedindo a Deus que a perdoasse, bem
como àqueles que a tinham magoado. Pediu a Deus que suplantasse as
recordações com seu divino amor.
Ela chegou à conclusão de que a única explicação para todo aquele pranto
era o versículo: “E desse mesmo modo — pela nossa fé — o Espírito Santo
nos ajuda em nossos problemas diários e em nossas orações. Nem mesmo
sabemos por quais devemos orar, nem orar como devemos; o Espírito Santo,
porém, ora por nós com tal sentimento que não pode ser expresso em
palavras. (Rm 8.26.)*
Havia uns períodos de calma, durante os quais ela se sentia cada vez mais
tranquila. Uma noite, porém, no fim da terceira semana, ela choro u demais,
como se o seu coração estivesse despedaçando.
“Eu sentia as lágrimas virem do fundo do meu ser” lembrou ela. “Então,
repentinamente, tudo cessou, como se a tempestade tivesse se amainado,
seguindo-se então uma calma maravilhosa. Descansava naquela paz, quando
subitamente percebi uma luz incidindo sobre mim, do alto. Era mais uma
sensação do que propriamente uma visão, e eu sabia que era o amor de Deus,
rodeando-me, sustentando-me...”
Grande parte do seu nervosismo acabou, mas não todo. Nos dias se guintes
ela se sentiu mais leve do que nunca, e passou a cantarolar baixinho
enquanto arrumava a casa ou dirigia o carro pela cidade. Ela cantava e
repetia um corinho que havia ensinado aos filhos: “Ó eu amo a Cristo, ó eu
amo a Cristo...” Esta música, agora, tinha para ela um significado diferente
e mais feliz.
Uma tarde ela estava-se dirigindo para o centro da cidade, de carro, quando
notou que estava cantando com palavras estranhas, sem nexo.
“Não entendia o que estava acontecendo”, explicou mais tarde. Eu não tinha
prestado muita atenção no ensino da Bíblia sobre o dom de línguas, mas
estava cantando numa língua desconhecida para mim e compreendi,
subitamente, que aquilo estava relacionado com o batismo do Espírito
Santo.”
Ela continuou a cantar em línguas todos os dias e, à medida que as semanas
e os meses passavam, o nervosismo e a angústia emocional desapareceram.
“Meu psiquiatra me havia dito que eu podia me considerar uma doente
emocional para o resto da vida”, disse ela, “mas, louvado seja Deus, ele me
curou. Consegui minha cura absoluta... cantando em línguas!”
Se você pediu para ser batizado no Espírito Santo, pode confiar na Palavra
de Deus, pois o será. Você pode abrir a boca agora mesmo e falar quaisquer
palavras ou sons que vierem à sua mente, confiando que foi o Santo Espírito
que os colocou ali.
Deus nunca nos forçará a falar em línguas. Ele nos dá a habilidade de falar
em línguas, juntamente com o batismo do Espírito Santo, mas somente se
for essa a nossa opção. Usando a própria boca, a língua, e as cordas vocais,
começaremos a falar, ou pararemos de falar, à nossa vontade. Se não
sentirmos emoção ou sensação de qualquer tipo, louvemos ao Senhor pela
ausência desses sentimentos. Um dia as teremos, mas, enquanto esperamos,
estamos recebendo dele uma oportunidade maravilhosa de crescer na fé.
Procuremos na Bíblia tudo o que Jesus diz sobre o Espírito Santo. Leiamos
o livro de Atos e as cartas às igrejas primitivas. Elas se referem ao Espírito
Santo, aos dons do Espírito e ao fruto do Espírito. Tudo isso se aplica a cada
um de nós.
Esperemos que essas coisas aconteçam em nossa vida. Digamos a Deus que
estamos prontos para ser usados como um canal para levar o seu amor a
outros, e estejamos prontos a andar na fé quando Deus nos der as
oportunidades.
Louvemos a Deus em todas as circunstâncias, quer nos pareçam boas ou
más. Confiemos e estejamos certos de que Deus está usando-as para revelar
o seu plano maravilhoso para nossa vida.

CAPÍTULO 4

Conte as Bênçãos
“Queridos irmãos, a vida de vocês está cheia de dificuldades e de tentações?
Então sintam-se felizes, porque quando o caminho é áspero, a perseverança
de vocês tem uma oportunidade de crescer. Portanto, deixem-na crescer, e
não procurem desviar-se dos seus problemas, porque quando a perseverança
de vocês estiver afinal plenamente crescida, vocês estarão preparados para
qualquer coisa, e serão fortes de caráter, íntegros e perfeitos.” (Tg 1.2 -4.)*
Deus tem um plano todo especial para nossa vida, que foi iniciado há muito
tempo, quando ele nos criou. Ele nos modelou amorosa e cuidadosamente,
obedecendo a especificações precisas, sendo cada detalhe da maneira que
ele quis — nossa aparência, habilidades, lugar de nascimento, a família em
que nascemos (ou a falta dela). Coisa alguma sobre nós ou sobre nossa vida,
acontecida até o momento, foi meramente acidental. Pelo seu amor, ele
estende sua mão e nos atrai para si através de circunstâncias que ele coloca
em nosso caminho, justamente com este propósito. Nós passamos por um
novo nascimento, uma vida nova através do Espírito Santo, na ocasião em
que aceitamos o seu Filho, Jesus Cristo, como nosso Salvador, e fomos
batizados e saturados com o Santo Espírito. Agora, o plano de Deus é
aperfeiçoar-nos.
“Pois, devido à nossa fé, Ele nos colocou neste lugar do mais alto privilégio
onde agora nos encontramos e nós, confiante e alegremente, ansiamos pelo
dia quando realmente nos tomaremos tudo quanto Deus tem em mente que
sejamos.” (Rm 5.2.)*
Deus quer nos tomar em alguma coisa; quer nos transformar.
Claro que já sabemos disso! Deus quer que nos tornemos mais amorosos,
mais bondosos, mais pacientes, quer que tenhamos mais fé, paz, docilidade,
amabilidade, humildade e autodisciplina, a fim de que possamos ser suas
testemunhas onde quer que estejamos! Não é verdade?
Todos concordam, mas a maioria acha que deve entrar num rigoroso
programa de autoaperfeiçoamento, procurando se tornar mais amorosos,
bondosos, pacientes, humildes, amáveis, e disciplinados. E o pior é que
quanto mais se esforçam as pessoas, mais frustradas se tornam.
A mudança tem que ser feita por Deus. Ele quer que nos entreguemos a ele,
e confiemos em que ele operará a transformação em nós.
“Com os olhos bem abertos para as misericórdias de Deus, peço-vos, meus
irmãos, como um ato de culto inteligente, que entregueis os vossos corpos
num sacrifício vivo, consagrando-os a Deus, que por certo os aceitará. Que
o mundo que nos rodeia não vos comprima nos seus próprios moldes, mas
deixai Deus reformar a vossa mente, de maneira a poderdes experimentar na
prática como é benéfico o plano de Deus no que vos diz respeito, como
satisfaz todas as Suas exigências e como encaminha para a meta da
verdadeira maturidade.” (Rm 12.1-2 — Cartas às Igrejas Novas.)
E como efetua Deus essa reforma de nossa mente? Como é que ele anula
nossos velhos hábitos de pensamento e de ação, nossas particularidades, as
quais gostamos de denominar de “características de personalidade”, “gostos
e aversões pessoais”, “preferências”, “opiniões fortes”, mas que, na
realidade, num exame mais cuidadoso sob o escrutínio do Santo Espírito da
verdade, veremos que não passa de um comportamento egocêntrico,
defensivo, egoísta, que durante anos nos tem separado do amor de Deus e
do amor ao próximo.
Quais são os métodos usados por Deus para nos transformar?
“É certo que isto representa uma grande alegria, embora presentemente
estejais temporariamente vexados por toda a espécie de provações e
tentações. Não se trata dum mero acaso, mas duma possibilidade de pôr à
prova a vossa fé, que é infinitamente mais valiosa do que o ouro, pois ouro,
como sabeis, não é eterno e tem de ser purificado pelo fogo. É uma provação
da vossa fé que tem por finalidade trazer-vos louvor, honra e glória no dia
em que Cristo Se revelar.” (1 Pe 1.6,7 — Cartas às Igrejas Novas.)
É assim que a nossa fé cresce. Vimos anteriormente como a paciência, a
tolerância e a perseverança se fortalecem quando nossa vida é cheia de
dificuldades, tentações e problemas.
Já ouvi muitas pessoas dizerem: “Se for esta a única maneira de se conseguir
paciência e fé, acho que prefiro não ter essas qualidades!”
Se é assim que o leitor pensa, é porque não confia em Deus. Lá no fundo
você tem dúvidas sobre o plano divino e o amor que o Senhor tem por você.
Quando Deus disse ao profeta Jeremias que ele deveria ir com os judeus
para o cativeiro na Babilônia e que lá ficaria o resto de sua vida. Deus
também disse: "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o
Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”
(Jr 29.11.)
Os anos de sofrimento na Babilônia faziam parte do plano de Deus para
Jeremias e para os judeus. Foi um bom plano, ótimo até, preparado para lhes
dar o que desejavam, um futuro cheio de esperança.
Todo plano de Deus, seja para você ou para mim, é um bom plano. Você
pode acreditar nesta afirmação dele?
Será que a fé pode crescer em circunstâncias fáceis e agradáveis? Pode sim,
se esperarmos e confiarmos mais e mais nas promessas de Deus. Mas a
purificação, a prova de nossa fé, terá que vir através de circunstâncias que
são um desafio à nossa determinação de crer, esperar e confiar na Palavra
de Deus, apesar do que se afigura ao nosso bom senso. No decurso de nossa
vida, sempre confiamos em nosso bom senso, em nossas emoções e em nosso
intelecto para orientar nossas crenças. Para exercitar a fé, precisamos
romper com este hábito. Lembremo-nos de que a fé é uma deliberada
determinação de acreditar em algo que não podemos ver e cuja evidência
não podemos sentir.
Quando vemos que tudo está dando errado, mas mesmo assim ficamos
firmes na Palavra de Deus e o louvamos, por sabermos que ele está operando
para o nosso bem, então nossa fé se fortalece grandemente.
Como foi que a fé de Abraão se fortaleceu?
Será que nós teríamos fé suficiente para subir uma montanha com um filho
único, preparados para sacrificá-lo no altar por ordem de Deus, e ainda
acreditar que Deus iria abençoar-nos e multiplicar nossos descendentes
através desse mesmo filho?
Se você fosse amigo de Abraão, será que poderia observar a sua louca
aventura de fé e ainda louvar a Deus, acreditando que, mesmo que Abraão
estivesse cometendo um erro, Deus transformaria este erro em bem?
Somente Deus pode nos reformar, dar-nos nova forma interior. A nossa parte
consiste em seguir o conselho de Paulo aos romanos: submeter-nos
inteiramente a ele, crer que ele está cuidando de tudo, e depois aceitar alegre
e prontamente, com agradecimentos e louvor, todas as circunstâncias
impostas por Deus para efetuar a sua transformação em nossa vida.
É muito conhecida a história do pastor que orou a Deus, pedindo que lhe
desse mais paciência. No dia seguinte, a sua eficiente e muito antiga
secretária ficou doente. No seu lugar apresentou-se uma moça voluntária
que provou ser a criatura mais vagarosa que o pastor já vira. Ele ficou muito
contrariado, e irritado, mas não disse nada. Mas finalmente compreendeu
que a nova secretária era uma resposta à sua oração. De que outra maneira
podia ele aprender a ter mais paciência? Começou a agradecer e a louvar a
Deus pela secretária substituta que ele enviara, e em pouco tempo ela
melhorou consideravelmente.
A fé e a paciência são características essenciais à vida e ao testemunho
cristãos. Há, porém, ainda uma outra qualidade que precisamos ter. Sem ela,
perdemos o que há de mais importante nas boas-novas de Deus.
“Segui o amor”, escreveu Paulo aos coríntios. (1 Co 14.1.)
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos
outros.” (Jo 13.35.)
“O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei ... para que a vossa alegria seja completa”, disse Jesus. (Jo
15.12,11.)
Amor ... amor ... amor ... Nós, os cristãos, falamos muito sobre esse assunto.
“Deus é amor”, “Jesus o ama”, "Eu o amo”. Mas, lamentavelmente, nós não
amamos realmente o nosso próximo.
Jesus disse: “O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim
como eu vos amei.” (Jo 15.12.)
Para nós, o amor é a coisa mais importante do mundo. Fomos feitos para
amar a Deus e uns aos outros. Quando não amamos, tudo nos corre mal.
Tornamo-nos demasiadamente sensíveis, ressentidos, temerosos,
detestáveis, e dominados por sentimentos de culpa.
Nossos ressentimentos, nossos receios e frustrações, nossos mecanismos de
defesa, nossas armas de destruição — tudo provém da falta.de amor.
Os educadores, psicólogos, sociólogos e outras autoridades já revelaram a
diferença que o amor faz no desenvolvimento do ser humano.
Um amor que aceita, que aprova, que acredita nos outros, que é paciente,
bondoso, que não é egoísta nem invejoso, que não guarda rancor, e não se
incomoda quando sofre uma injustiça; um amor leal, que acredita e espera o
melhor, que não se alegra com a injustiça, mas sim quando a verdade vence;
um amor de tal espécie resiste a todas as circunstâncias adversas sem
fraquejar.
É esse o amor que Deus tem por nós, e é esse o amor que ele ordena que
tenhamos uns aos outros. É esse o amor que cura as velhas feridas de
mágoas, que expulsa antigos receios, que dissipa ressentimentos e rancores.
É esse o amor que nos torna íntegros e capazes de corresponder com um
amor livre do medo de ser rejeitado ou magoado.
É o amor que os gregos chamavam de ágape, uma afeição deliberada,
racional, propositada e espiritual. Esse amor é o fruto do Espírito Santo, e
quando perfeitamente maduro é a luz que conduz outros à fonte dele: o amor
de Deus por nós em Cristo Jesus.
Os dons e manifestações do Espírito Santo têm como finalidade específica
mostrar o amor e a solicitude de Deus para conosco, para com cada uma de
nossas necessidades. Deus nos cura porque ama. Faz milagres porque ama.
Deus é amor, e o seu poder manifestado em nós e através de nós é amor, um
amor sobrenatural, divino, intensamente pessoal, pelo indivíduo criado por
ele.
A mensagem que ele manda ao mundo é a mensagem do amor. Nós fomos
os escolhidos para ser seus mensageiros, os canais pelos quais seu amor
fluirá. O seu plano para que isto seja executado, é fazer-nos amar também.
Agora, se o amor somente chega até nós através de Deus, e se ele é fruto do
Espírito Santo, como pode Jesus nos ordenar que amemos? Não temos que
esperar até que ele nos torne mais aptos para amar? Nesse caso também,
entra uma promessa da Palavra de Deus, que precisamos aceitar pela fé.
O amor é fruto do Espírito, e a Palavra de Deus diz que o Espírito Santo
habita em nós. Portanto, podemos esperar que o amor esteja presente em
nossa vida. Foi-nos dada a habilidade de amar, mas é nossa a iniciativa de
praticá-lo pela fé.
Lembremo-nos de que o ágape é um amor deliberado, intencional. Deus nos
ordena que nos amemos uns aos outros, mesmo que não sintamos amor.
O que acontece quando agimos dessa maneira, resolvendo obedecer a
Palavra de Deus? A nossa atitude de fé liberta o poder sobrenatural do amor
de Deus, e esse poder começa a nos transformar, tomando-nos mais
dispostos a amar, ao mesmo tempo que o poder de Deus flui por nosso
intermédio para a pessoa que deliberadamente nos propusemos a amar.
E como é que isso funciona na prática?
Eu tinha pedido a Deus que me tornasse mais capaz de amar, e cheguei até
a pensar que eu não era uma pessoa totalmente desprovida dessa qualidade.
De fato, viajando e auxiliando espiritualmente a milhares de pessoas, e todas
sendo abençoadas, regozijava-me porque me sentia capaz de amar a todos,
constantemente.
Certo dia, porém, deparei com uma pessoa tão miserável e repulsiva que
recuei instintivamente e compreendi, com horror, que eu não sentia amor
algum por aquela criatura; desejava até que ela desaparecesse da minha
frente o mais rápido possível.
Era uma jovem que fora levada ao meu gabinete pelo seu namorado, que era
soldado. O rosto dela estava sujo e cheio de maquilagem velha. O cabelo
parecia de fios de arame, e as roupas estavam imundas e rasgadas. Suas
pernas, cheias de cicatrizes e de manchas de sujeira. O mau cheiro que se
desprendia dela enchia a sala. A expressão do seu rosto era mal-humorada e
horrível. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar.
Essa pobre criatura fora ao quartel para contar ao soldado que estava
esperando um bebê dele. O rapaz admitia ser o responsável pelo seu estado,
mas recusava-se categoricamente a se casar com ela. Ela havia tido um
acesso de fúria e ameaçara matá-lo e depois a si própria. Ela já tinha uma
outra criança, sem pai, e desta vez estava decidida a casar-se ou a morrer.
Eu nunca tinha visto uma pessoa tão repelente, tão desesperada, tão
assustada, e tão solitária. Entretanto, até mesmo o pensamento de orar po r
ela me era repugnante. Não tinha vontade de tocá-la.
“Senhor”, orei em espírito, “por que a trouxeste para mim?”
“Ela é minha filha”, veio a resposta. “Ela está perdida, precisando do meu
amor e da minha cura. Eu a trouxe aqui para você amá-la e dar-lhe do meu
amor.”
A dolorosa compreensão disso atingiu-me em cheio. Eu me gabara de ser
capaz de amar, e agora recuava à vista de uma pessoa que necessitava
desesperadamente ser amada.
O Senhor”, clamei interiormente, “perdoa-me. Agradeço-te por me
mostrares como meu amor é superficial e egoísta. Tira de mim esse defeito,
e enche-me com o teu amor por ela.”
A moça estava soluçando e o seu olhar parecia abobalhado por causa das
pálpebras inchadas e lambuzadas de rímel.
“Por favor, senhor”, disse, ela, “faça alguma coisa.”
“Você acredita em Deus?”
“Sim”, respondeu baixinho.
“Crê que ele possa ajudá-la?”
Ela hesitou um pouco, e depois falou vagarosamente. “Eu sei que ele pode
me ajudar, mas não creio que ele o queira. Eu já fui crente, mas olhe para
mim agora. Mesmo que ele quisesse me ajudar, o que poderia fazer para me
tirar desta situação?”
“Deus pode e quer ajudá-la”, disse com uma convicção que eu mesmo não
sentia.
Ela sacudiu a cabeça e os seus ombros se curvaram em absoluto desespero.
“Por favor”, disse-lhe. “Tente entender que Deus a ama. Ele a encherá com
a sua alegria e paz e resolverá todos os seus problemas antes que você saia
deste escritório.”
A garota me encarou boquiaberta, e o soldado olhou como se pensasse que
eu ia tentar forçá-lo a se casar com ela.
“Foi Deus quem a trouxe aqui hoje”, continuei. “Ele permitiu todos esses
problemas em sua vida justamente para que você pudesse entender o quanto
ele a ama. Ele tem um plano maravilhoso para a sua vida, e, se você começar
a confiar nele e a lhe agradecer por tudo que já lhe aconteceu, descobrirá
que Deus a está ajudando neste momento.”
“Agradecer-lhe por isto?” Seu olhos chamejaram novamente com uma raiva
repentina. “Tudo o que quero é que este homem case comigo para que o meu
filho tenha um nome.”
“Olhe aqui.” Mostrei-lhe um versículo sublinhado na Bíblia, que estava
aberta. “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo
Jesus para convosco.” (1 Ts 5.18.) Virei as páginas rapidamente e abri em
Romanos 8.28: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam
a Deus.”
Seus olhos se fixaram em mim em desconfiança completa. Nesse momento
compreendi a inutilidade de expor, a uma criatura tão amargurada, o amor
de Deus ou qualquer outra espécie de amor. Ela não conhecia o significado
de tal palavra. Somente Deus poderia iluminar o seu entendimento.
“Posso orar por você?”
“Claro; por que não?”
Quando fui pôr a mão na sua cabeça, vi que estava muito suja e necessitando
de uma boa lavada. A vontade de recuar me fez estremecer.
“O Senhor”, sussurrei, “o teu amor por nós é infindo, muito maior do que o
pequenino amor que nós somos capazes de sentir. Por favor, Deus, toque -a
com teu amor agora, e ensina-me a amá-la.”
Coloquei então a mão firmemente sobre a sua cabeça e orei em voz alta:
“Senhor Deus, sei que é da tua vontade que louvemos a ti em tudo. Nada
pode acontecer neste mundo sem a tua vontade e permissão. Esta tua filha
querida já foi muito magoada. Ela está doente, humilhada, abandonada, e
desprezada pelos homens, mas eu sei que tu a amas. Agradeço-te por tudo
que a trouxe a este dia de sua vida. Abençoa-a, Senhor. Creio que, neste
momento, tu a estás ajudando a ver o teu amor e a louvar-te...”
Senti que a garota tremia debaixo da minha mão. Deus a estava tocando com
o seu amor.
“Agora, você pode agradecer a Deus por tudo?” “Sim”, esforçou-se para
responder. “Agradeço-te, Deus. De coração eu te agradeço por tudo.”
Continuei a orar: “Ó Deus, creio que estás curando este espírito
quebrantado. Estás pondo nela uma nova vida. Estás-lhe dando alegria em
lugar de tristeza, vitória em lugar de frustração.”
O seu rosto brilhava com as lágrimas.
“Que aconteceu?” indagou. “Sinto-me tão diferente! Não me sinto mais
agitada. Tudo está calmo em mim. Jamais me senti assim. Estou feliz! Estou
mesmo!” Seus olhos estavam arregalados, tamanha a surpresa. “O que foi
isso?”
“Deus modificou-a porque nós acreditamos nele e o louvamos”, respondi
compreendendo que naquele instante em mim também havia ocorrido um
milagre. Parecia-me estar vendo outra pessoa. Tinha vontade até de abraçá-
la. Parecia-me tão bonita, tão limpa, tão pura!
Senti meu espírito elevar-se. “Obrigado, Senhor. Consegui amar aquela
jovem. Obrigado por teres me modificado. Senhor.”
Eu jamais conseguiria amar aquela criatura tentando eu mesmo modificar
minha atitude. A mudança teve de ser operada por Deus. A minha parte
consistiu em reconhecer e confessar a minha incapacidade de amar, e depois,
pela fé, submeter-me à transformação feita por Deus.
Quanto mais tentamos nos modificar, mais frustrados nos tornamos, e mais
culpados nos sentimos pelos nossos defeitos.
Deus nos faz encontrar certas pessoas justamente para nos mostrar como
somos incapazes de amar os outros por nós mesmos. Ele não o faz para que
nós nos sintamos maus, mas sim para nos dar uma oportunidade de
experimentarmos seu amor transformador em nossa vida e na vida das
pessoas que foram designadas por ele para que as amássemos.
Você agradece a Deus pelas pessoas difíceis de ser amadas que encontra?
Tem algum vizinho ranzinza? Um patrão difícil? Louve a Deus por eles, pois
o Senhor nos ama e deseja completar nossa alegria fazendo com que amemos
a todos. Ele os ama também, e quer usar-nos como um veículo para que o
seu amor chegue até eles.
Acho que, talvez, a oportunidade mais maravilhosa e mais desafiante para
amar esteja dentro de nosso próprio lar, onde temos o nosso viver diário.
Será que o seu marido ou a sua esposa tem certos defeitos profunda - mentes
irritantes? É difícil viver com seus pais? Seus filhos são rebeldes?
Amai-vos uns aos outros, disse Jesus. Aceitai-vos uns aos outros. Agradecei
a Deus uns pelos outros.
Não é fácil agradecer a Deus por um marido alcoólatra ou por um filho
indiferente ou rebelde. Não é fácil amar alguém que afirma não querer o
nosso amor.
Não é fácil reconhecer a trave que está no nosso olho, nosso farisaísmo,
nossa autocomiseração, o papel de mártir sofredor que temos
desempenhado. Seremos capazes de agradecer a Deus por trazer à nossa vida
pessoas que nos mostrem a trave que está em nosso olho?
Teremos capacidade de agradecer a Deus por elas, justamente como elas
são, e acima de tudo pelas coisas que as tornam difíceis de ser amadas? Será
que podemos confessar nossa incapacidade de amá-las por causa dos seus
hábitos irritantes? Teremos capacidade de dizer a Deus que queremos amá-
las e depois nos submetermos a ele para sermos remodelados, refeitos, de
maneira a podermos amá-las perfeitamente, conforme é a sua vontade e o
seu intento para nós?
Se assim for, podemos esperar confiantemente que Deus operará um milagre
em nós. Pode ser que aconteça instantaneamente. Pode ser que venhamos a
sentir imediatamente uma centelha maravilhosa de amor, e naturalmente
iremos nos regozijar e louvar a Deus por isso. Mas fiquemos alerta para que
não nos tornemos dependentes de sentimentos. Essa primeira centelha pode
desaparecer, e há o perigo de ficarmos esperando um segundo toque, sem
procurarmos agir nesse ínterim.
Amar, deliberada e intencionalmente como Cristo nos ama, requer sempre a
atuação de nossa vontade. Tomemos a decisão de amar, sintamos ou não o
amor. Deus nos mostrará maneiras práticas e específicas de transmitir esse
amor à pessoa que ele nos apresentar e em seguida experimentaremos um
amor muito mais profundo por ela, um amor como nunca sentíramos a ntes.
Será um amor estável e constante, pois vem de uma fonte superior, que está
muito acima dos nossos limitados recursos. É o amor de Deus enchendo-nos
de tal maneira que chega a transbordar, extravasando para os outros por
nosso intermédio. É isto que significa estar arraigado no amor de Deus.
Nesse solo fértil, nossa própria habilidade de amar crescerá cada vez mais.
É desta maneira que o Espírito Santo produz seu fruto em nossa vida.
Uma senhora cristã tinha um marido alcoólatra com quem conviveu duran te
muitos anos, até que finalmente ele se meteu em apuros e acabou na prisão.
A esposa lutou muito para cuidar dos filhos com o escasso auxilio que
recebia do governo. Com toda a fidelidade, ela os criou na igreja. Toda a
comunidade tinha-lhe grande respeito e simpatia.
“Coitada da Edna”, diziam os conhecidos. “Ela criou os filhos sozinha, e
nunca deixou de vir à igreja aos domingos, e jamais se queixou. Enquanto
isso aquele marido imprestável nunca trabalhou; vivia bêbado o tempo todo
para a desgraça e vergonha de sua família, que é tão maravilhosa...”
Como o marido estava na prisão, Edna resolveu se divorciar dele. Assim,
finalmente, ela poderia criar os seus filhos num ambiente melhor.
Um dia, uma pessoa amiga lhe deu um exemplar de Louvor que Liberta.
Parecia uma tarefa impossível agradecer a Deus por todos os anos de miséria
que ela tinha passado, mas, ao ver como o louvor tinha modificado a vida
de outras pessoas, ela decidiu experimentar.
“Obrigada pelo meu marido e pelo seu vício de beber”, orou ela. “Obrigada
pelos anos de pobreza, de temores e solidão.”
Pouco depois ela soube que o seu ex-marido tinha saído da prisão e que
voltara ao vício. Mesmo assim ela continuou a agradecer a Deus pelas
circunstâncias.
Aos poucos, ela começou a perceber coisas em sua própria vida que não
tinha visto antes. À medida que continuava a agradecer a Deus pelo seu ex -
marido, pedindo a Deus que a ajudasse a amá-lo e aceitá-lo tal qual ele era,
veio a compreender que, durante anos, ela própria cometera um erro muito
mais sério do que o da bebida.
Ela tinha sempre olhado para o “argueiro” que havia no olho do marido, e
nunca tinha visto a trave do seu próprio. Ela sempre o tinha julgado mal por
causa da sua bebedeira, sentindo-se muito mais correta e melhor do que ele,
ao mesmo tempo que vivia constantemente com pena de si mesma, em
depressão, e num infeliz martírio.
“Senhor”, clamou ela certo dia. “Vejo agora que o meu pecado tem sido
muito pior do que o de meu marido. Tu mandaste que nos amássemos uns
aos outros, que nos alegrássemos nas provações, e eu não amei nem me
alegrei. Perdoa-me, Senhor. Agradeço-te por teres posto o meu marido em
minha vida, pois só assim pude enxergar a mim mesma. Agora, Senhor,
acerta a vida dele. Cura suas mágoas e tudo o que ele tem sofrido, e toca-o
com o teu amor.”
Daquele dia em diante, Edna passou a alegrar-se em quaisquer
circunstâncias. Ela compreendera que Deus as introduzira em sua vida como
parte do seu plano para encher seu coração de amor e alegria. À medida que
ela continuava a louvá-lo, todos os antigos sentimentos de autopiedade e
depressão foram desaparecendo. Cada dia era um acontecimento novo e
auspicioso. Ela se tornou consciente da presença de Jesus Cristo de um modo
mais intenso e vívido.
Certo dia, seu ex-marido foi assistir a um culto evangélico. Aceitou Cristo
como seu Salvador, e foi completamente liberto do vício do álcool, que o
havia prendido durante quinze anos. Os dois se casaram novamente. O
marido resolveu estudar a fim de começar uma nova vida servindo a Deus.
Um relacionamento difícil ou circunstâncias aflitivas podem ser uma
maneira de Deus, em seu amor, nos dar uma oportunidade de crescimento,
uma oportunidade de exercitarmos nossas energias espirituais, ou pode ser
sua forma de expor uma determinada fraqueza ou erro nosso.
Seja qual for a razão, temos motivo para nos regozijarmos. Qualquer
fraqueza, mesmo muito bem escondida, é como uma fenda no alicerce de
um edifício.
“Portanto esta maldade vos será como a brecha de um muro alto, que,
formando uma barriga, está prestes a cair, e cuja queda vem de repente, num
momento.” (Is 30.13.)
Uma fenda no alicerce, mais cedo ou mais tarde, fará com que todo o edifício
caia. Podemos confessar todos os pecados e fraquezas dos quais nos
lembramos e estar certos de que, uma vez confessados, eles são também
perdoados, e o amor de Deus cobre e cura as cicatrizes e as lembranças. E o
que acontece com as fendas ocultas, os pecados ocultos, que somente vêm à
tona em forma de uma vaga impressão de impaciência, insegurança,
confusão, ressentimento, ou quaisquer outros destes sintomas que todos
conhecemos por experiência?
A maldade a que Isaías se refere no versículo acima era a obstinada recusa
dos israelitas de agirem em conformidade com a Palavra de Deus. Ao invés
de dar atenção a ela, eles procuraram o conselho dos seus próprios adivinhos
e conselheiros humanos. Eles preferiram confiar em si mesmos em lugar de
confiarem em Deus. A autoconfiança é uma brecha muito perigosa em nosso
alicerce. Se Deus nos colocar em circunstâncias que nos revelem o quanto é
falha a nossa autoconfiança, devemos agradecer-lhe por tal incapacidade, e
regozijar- nos pela força e pelo poder que vêm dele.
Em Fort Benning, Geórgia, um aluno do curso de oficiais achou-se em
circunstâncias um tanto difíceis de serem superadas.
“Preciso de sua ajuda, senão enlouqueço”, disse-me ele.
Ele estava confiado que poderia enfrentar toda e qualquer circunstância de
sua vida com sucesso. Sua autoconfiança chegava aos limites da arrogância.
Mas, desde que viera para o quartel, ele se achava incapaz de agir como
antes, sendo que o seu conceito próprio e sua perspectiva de vida tinham
sido inteiramente destruídos.
O rigoroso treinamento do curso de oficiais é planejado de maneira a não
somente ensinar aos jovens seus deveres como oficiais do exército, mas
também a expor qualquer fraqueza da personalidade do candidato, e que
possa vir a pôr em perigo a vida dos seus comandados, quando em combate.
O candidato sofre determinadas pressões que têm a finalidade de testar sua
fibra moral. Muitos deles não resistirão a pressões assim na prática. E é
melhor que isso venha à lume antes que eles sejam postos à frente das tropas.
Os instrutores perceberam que aquele rapaz não era muito seguro de si
mesmo, apesar da sua máscara de autossuficiência. Submeteram-no ao
máximo de tensão possível. De manhã à noite ele estava sob vigilância. Era
criticado pelo menor movimento.
“Você não pode andar mais rápido?”
“Não entendeu as instruções, não? É burro?”
“Você sempre come tanto assim, é?”
“Não tem fibra?”
“Quer que a sua mamãe venha ajudá-lo?”
“Corra ao redor do prédio mais uma vez. Talvez consiga correr mais
depressa.”
A confiança que o rapaz tinha em si próprio foi desaparecendo rapidamente.
Humilhado e indefeso, ele estava completamente desnorteado, disposto a
desertar e até a fugir do país, se isso fosse necessário, para escapar à
perseguição.
Disse-me que nunca tinha acreditado em Deus, e que a Bíblia não fazia
muito sentido para ele. Mas, se houvesse um Deus que pudesse ajudá -lo, ele
queria crer.
Mostrei-lhe o que a Bíblia tinha a dizer sobre as circunstâncias que o
rodeavam; falei-lhe que Deus tinha um plano perfeito para a sua vida, que
os tormentos pelos quais ele estava passando faziam parte do plano, e que
Deus o livraria de toda a tensão se ele entregasse o controle de sua vida a
ele e lhe agradecesse por tudo.
O rapaz estava muito abatido; seu rosto e olhos demonstravam tensão e falta
de sono.
“Jamais estive numa situação como essa”, comentou abanando a cabeça.
“Estou chegando ao fim de minhas forças, e o senhor vem me dizer que foi
Deus que me colocou nisso?”
“Digamos que Deus permitiu que isso acontecesse”, expliquei-lhe. “Estou
certo de que ele teria preferido que você se voltasse para ele e aceitasse as
suas condições para a sua vida sem este sofrimento todo. Mas, já que você
insistia em dirigir a sua própria vida por si mesmo, Deus escolheu a maneira
mais rápida e mais terna de lhe mostrar que você precisa dele.”
Abri a Bíblia na segunda carta de Paulo aos coríntios e li: “Deveis saber,
meus irmãos, algo do que nos aconteceu quando viajávamos pela Ásia, altura
em que sofremos tanta sobrecarga que, quase não aguentando mais,
pensávamos estar perto do fim. Agora ainda acreditamos que esta
experiência de chegarmos ao fim de nossos recursos foi para aprendermos a
confiar, não em nós próprios, mas em Deus, que ressuscita os mortos.” (2
Co 1.8,9 — Cartas às Igrejas Novas.)
O rapaz ficou pensativo, mas permitiu que eu orasse por ele, embora não
tivesse muita certeza de que isso pudesse ajudá-lo.
Pus as mãos sobre a sua cabeça e comecei a louvar a Deus pela situação,
pedindo-lhe que desse ao jovem um novo entendimento do seu amor e do
seu interesse por ele, e todas as minúcias de sua vida. Enquanto eu orava,
ele começou a tremer. Lágrimas rolavam de seus olhos. Após um certo
tempo, começou a rir em voz alta.
“Louvado seja o teu santo nome, Senhor”, bradou ele. “Obrigado, Senhor.
Agora sei que te interessas por mim. Acredito que me amas.”
Voltou-se para mim, com o rosto brilhando. “Foi Deus quem me trouxe para
esta escola de oficiais. Ele sabia que eu encontraria a solução de tudo, aqui.
Sinto-me um novo homem.”
E era realmente. Aceitou Cristo como o Salvador, e terminou o curso com
excelente classificação.
Aquela crise revelara uma fenda muito séria no alicerce de sua vida. Quando
ele se apercebeu disso e agradeceu a Deus por estar intervindo nas
circunstâncias, a fenda foi sanada.
Os problemas que vêm derrubar as muralhas da nossa autossuficiência são
bênçãos de Deus, disfarçadas de dificuldades. Podemos agradecer a Deus
por elas com toda a sinceridade e louvá-lo pelos golpes que removem a
ilusão de que somos capazes de controlar a situação. Quando mais o
louvarmos, mais fácil se tornará a transição; nossa alegria será aumentada,
e quase não sentiremos as dores. Descobriremos também que quanto mais
tormentosas as circunstâncias, melhor será a nossa compreensão da força e
do poder de Cristo, que habita e se desenvolve em nós.
Cada desafio, cada provação ou oportunidade de crescimento nos capacita
ainda mais para sermos veículos do seu amor e do seu poder.
Uma jovem defrontou-se com uma série de tragédias. Sua mãe e dois dos
seus irmãos morreram. Seu pai casou-se novamente, divorciou-se, e casou
de novo. A garota não ia bem na faculdade e estava bebendo demais. Foi
nessa ocasião que ouviu falar sobre Jesus, e o aceitou como Salvador.
Durante um certo tempo ela se tornou muito alegre, e, contando a sua
história, contribuiu para que outras pessoas viessem a conhecer Jesus Cristo.
Sua vida corria suavemente, e ela pensou que os tempos difíceis tivessem
passado.
Mas, depois, novas dificuldades começaram a aparecer. Sofreu dois
acidentes de automóvel e em ambos ficou ferida. Apareceu um tumor no seu
pescoço, e ela sofreu muito quando teve de ser operada. Certo dia, ela tomou
um refrigerante e adoeceu seriamente: haviam colocado drogas na bebida.
Certa vez, quando ia para a escola, um homem tentou atacá-la com uma faca,
e ela ficou bastante nervosa. De outra feita, foi perseguida por um homem
com uma espingarda. Gatunos começaram a rondar sua casa uma noite, e um
deles entrou e violentou-a. Por fim, foi despedida do seu emprego de tempo
parcial, porque o seu chefe achou que se tanta coisa ruim lhe acontecia era
porque ela não devia estar procedendo bem.
Durante esse tempo todo, a moça lutava para não perder a fé. E a parte mais
difícil foi justamente ter que suportar a suspeita e desconfiança do pessoal
da sua igreja.
Nessa ocasião, alguém lhe deu o livro Louvor que Liberta. Ela leu e tomou
novo alento. Talvez Deus tivesse um motivo para permitir que todo aquele
mal lhe sobreviesse. Ela começou a lhe agradecer pelas calamidades que se
haviam abatido sobre sua vida. À medida que o fazia, a alegria ia tomando
o lugar do medo.
“Compreendi de repente que Deus era tudo o que eu tinha”, disse-me ela.
“Outros podem ter segurança. Comigo é diferente. Eu só tenho a ele, e tudo
o que me aconteceu fez com que eu enxergasse isso mais claramente.”
Agora ela possui um poder novo, radiante, para testemunhar de seu
Salvador. Ela compreende profundamente e com muita compaixão aqueles
que sofrem como ela sofreu.
Aprendeu a crer que todas as circunstâncias de sua vida eram controladas
pela carinhosa mão de Deus, e a cada nova provação ela diz: “Sei que Deus
a permitiu, portanto deve ser para o meu bem.”
Uma jovem senhora perdeu o marido repentinamente. Eles não tinham filhos
e ela se sentiu terrivelmente só. Quando procurou a família, em busca de
conforto e simpatia, eles se recusaram a falar com ela e agiram como se ela
não existisse.
Ela não podia entender essa total rejeição. Jamais tinha sido tratada assim
por eles, e a angústia de estar só e sem o apoio da família era mais do que
ela podia suportar. Sentia muitas dores, e não conseguia dormir. Começou a
emagrecer bastante.
Dia e noite, ficava sozinha em casa chorando. Chegou a perder a noção do
tempo, e percebeu que estava perdendo a lucidez.
Em desespero, ela clamou: “O Deus, será que existes? Tu te preocupas
comigo?” Não ouviu resposta, nem achou descanso.
Um dia, na livraria local, viu um exemplar de Louvor que Liberta. Leu na
capa que o autor era capelão do exército e pôs o livro de volta no balcão.
Seu marido estava no exército quando morrera, e ela não queria reavivar as
lembranças. Mas o título do livro não lhe saiu da mente o dia todo, e um
pensamento vinha-lhe constantemente: “Leia-o. Leia-o."
Ela nunca tinha sentido um impulso assim para ler qualquer publicação, e,
meio confusa com esse sentimento, voltou à livraria e comprou o livrinho.
Começou a ler no instante em que chegou em casa, e as lágrimas logo
começaram a rolar. Havia momentos em que ela chorava tanto que não
conseguia enxergar as letras, e de repente notou que estava de joelhos no
chão e ainda lendo.
Tinha certeza de que Deus estava-lhe falando diretamente através do livro,
embora a mensagem parecesse inacreditável. Será que ele estava querendo
lhe dizer para agradecer pela morte do marido? Como podia Deus ser tão
cruel? Todo o seu ser se revoltava a essa ideia. Entretanto, à medida que
continuava a leitura, seus soluços se acalmavam e uma nova paz tomava
conta do seu coração. Vagarosamente seus pensamentos foram mudando.
A mão de Deus tem estado em todos estes acontecimentos para me ajudar,
pensou ela. Ele sabia que enquanto meu marido fosse vivo eu jamais o
procuraria! Se meu irmão e sua família tivessem sido bondosos comigo, eu
teria me apegado a eles. Agora estou completamente só, e procurando Deus.
Ó Jesus, sinto a tua presença! Estás aqui comigo, e eu te louvo e agradeço
por tudo que me conduziu a ti!
Ela nunca tinha sentido tal paz em seu coração. Nos dias seguintes sua vida
irradiava alegria, o que muito admirou seus amigos e vizinhos que estavam
cada vez mais preocupados com a sua prostração pela dor.
Algum tempo depois seu irmão veio vê-la com uma triste confissão:
“Quero pedir-lhe perdão. Houve um terrível mal-entendido. Alguém nos
disse que você tinha se queixado de que nós recusáramos nosso auxílio
quando seu marido estava morrendo. Nós acreditamos. Ficamos tão
chocados e magoados que nem quisemos vê-la ou falar-lhe.” O irmão estava
mesmo envergonhado. “Soubemos hoje que o fato ocorreu com outra pessoa.
E pensar que a deixamos completamente isolada quando você mais precisou
de nós.”
“Não fique triste”, disse a jovem viúva animadamente. “Seja agradecido a
Deus por ter cometido este engano!”
“O que você quer dizer?” O irmão achou que não tinha ouvido bem. “Eu a
abandonei quando você precisava de mim. Quer que eu agradeça a Deus por
isso?’
“Isso mesmo”, disse ela rindo. “Se você não me tivesse voltado as costas,
eu não teria descoberto o quanto Deus me ama!”
Não queremos dizer que se deva acreditar em boatos ou deixar de ajudar
quem precisa do nosso amor. Mas Deus quer que entendamos que, ao
confiarmos nossa vida a ele, podemos estar certos de que ninguém nos
tratará injustamente a menos que Deus o permita, para o nosso bem.
Podemos lhe agradecer por todas as palavras cruéis ou mesquinhas, que nos
são dirigidas, ou pelas sorrateiras punhaladas dadas pelas costas.
“Deus abençoará vocês por isso, se suportarem sofrimentos injustos,
sabendo que esta é a vontade dele. Se vocês fazem o mal, e por isso são
castigados, qual é o merecimento de suportarem isso com paciência? Se
vocês sofrem por terem feito o bem, e suportam esse sofrimento com
paciência, Deus os abençoará por isso.” (1 Pe 2.19-20 — A Bíblia na
Linguagem de Hoje.)
Uma roseira precisa ser podada para dar rosas perfeitas. Jesus disse: “Eu sou
a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo o ramo que, estando em
mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto, limpa, para que
produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho
falado.” (Jo 15.1-3.)
Jesus nos deu os seguintes mandamentos:
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de
todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt
22.37-39.)
O amor de que Jesus falou é um amor deliberado, que depende da disposição
de amar, um amor exercitado pela fé. Jesus descreveu a natureza desse amor
quando disse: “O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei.” (Jo 15.12.)
Tudo que nos impeça de obedecer a este mandamento precisa ser cortado,
podado. Estaremos atrasando e impedindo a obra de Deus em nós, se
rejeitarmos ou nos queixarmos das circunstâncias dolorosas, pelas quais ele
está-nos podando. Elas não acontecem por acaso, ou por um destino cruel,
mas porque o nosso Pai é um amoroso jardineiro, ou como diz a Bíblia, o
nosso Agricultor. Podemos nos regozijar nas dificuldades e agradecer a
Deus por elas, pois ele sabe o que é melhor para nós.
Um aluno do curso de oficiais de Fort Benning recebeu a notícia de que a
sua esposa tinha sido levada para um hospital de doenças mentais, após um
sério esgotamento nervoso. O prognóstico médico não era dos melhores, e
não se sabia quanto tempo ela deveria ficar no hospital.
Quando John veio ver-me, nem conseguia falar direito. Soluçava e as
lágrimas corriam-lhe pela face.
“Por que aconteceu isso?” disse por fim. “Eu e minha esposa temos
procurado ser bons cristãos. Por que Deus nos abandonou?”
“Deus não os abandonou. Ele teve um objetivo definido ao permitir que a
sua esposa fosse para o hospital. Vamos ajoelhar e agradecer-lhe por isso.”
O jovem me encarou espantado: “Sou luterano, e jamais li uma coisa dessas
na Bíblia!”
“E este versículo?” sugeri. “Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e
Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Ef 5.20.)
Ele abanou a cabeça. “Conheço este versículo”, disse. “Mas sempre pensei
que significasse agradecer a Deus pelas coisas boas. Agradecer-lhe pelas
coisas más não parece bíblico. Sempre achei que Paulo foi um tanto
exagerado quando disse para aguentarmos as enfermidades com prazer.”
“Antigamente eu também pensava assim”, respondi. “Mas eu me convenci
de que Paulo está certo. Quando ele fala sobre regozijar-se nas
enfermidades, ele obviamente não quer dizer que devamos ter prazer na dor
em si. Mas Paulo chegou a ver o sofrimento sob um prisma diferente. Ele
descobriu que seu sofrimento servia a um propósito mais elevado e fazia
parte do perfeito plano de Deus para ele.”
John fitou-me pensativo. “Não sei”, disse vagarosamente. “Não faz muito
sentido.”
“A lição foi também muito difícil para Paulo. Lembra-se do ‘espinho na
carne’?”
Ele concordou.
“Três vezes Paulo pediu que ele fosse removido. É claro que nessa ocasião
não estava-se alegrando com a dor. E três vezes Deus lhe respondeu: “Não.
A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa
vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse
o poder de Cristo.” (2 Co 12.9.)
“Paulo não se sentia feliz pelas doenças em si”, continuei. “Ele continuou a
dizer aos coríntios “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque
quando sou fraco, então é que sou forte.” (2 Co 12.10)
John começou a folhear sua Bíblia, pensativamente.
“Tenho fé que Deus está operando em todas as coisas”, disse finalmente.
“Mas esta questão de regozijar é muito difícil para mim.”
“Se afirmamos ter fé, mas não conseguimos nos alegrar, isso não quer dizer
que ainda não nos entregamos a Deus para que ele faça o que for melhor?”
sugeri.
John permaneceu em silêncio. Depois disse com determinação: “Acho que
o senhor tem razão. Quero experimentar.”
Ajoelhamo-nos, e aquele rapaz alto soluçava ao orar: “Deus, sei que tu amas
a minha esposa muito mais do que eu. Acredito que tu estás realizando um
plano maravilhoso para nós.”
As lágrimas desciam livremente pelo seu rosto, mas os seus olhos brilhavam
com uma nova esperança.
“Deus está fazendo o que é melhor, capelão. Tenho certeza.”
Alguns dias depois John pediu transferência para outra base a fim de estar
mais perto da esposa. Quando lhe foi concedida, ele veio se despedir de
mim.
“Espere só até ouvir a melhor parte da história”, disse ele alegremente.
“Deus prometeu curar a minha esposa no momento em que eu for vê-la, se
eu colocar minhas mãos sobre a sua cabeça e disser: “Em nome de Jesus
esteja curada.”
Senti uma ponta de dúvida. E se na sua ânsia ele estivesse passando adiante
de Deus? Mas naquele instante eu também senti a confirmação do Espírito
Santo, e impus minhas mãos sobre John numa oração de despedida:
“Pai, tu disseste que se dois concordassem na terra a respeito de algum
pedido, tu o concederias. (Mt 18.19.) Portanto, eu concordo com o John de
que no momento em que ele tocar na sua esposa, tu a curarás.”
Duas semanas depois recebi uma carta dele.
“Aconteceu justamente como Jesus nos dissera. Minha esposa se achava no
consultório do psiquiatra quando a vi. Estava com uma aparência horrível.
As rugas do seu rosto e o medo que saltava dos seus olhos quase me
convenceram de que ela não tinha mais cura. Mas eu sabia que precisava
obedecer a Deus. Dirigi-me a ela e Coloquei as minhas mãos sobre sua
cabeça. No momento em que a toquei, pareceu que ela tinha tomado um
choque. Compreendi que estava curada, e disse isso para o psiquiatra. Ele
me olhou espantado, achando que eu também precisava ser internado. Mas,
no dia seguinte, chamaram-me, e o psiquiatra disse: “Não sei explicar, mas
a sua esposa parece estar curada!” Agora ela está em casa, e mais feliz do
que nunca. O sofrimento deixou-a mais forte e nós dois agradecemos a Deus
por todas as coisas. Aprendemos que o poder curativo de Cristo é liberado
quando nós o louvamos.”
A força de Cristo toma o lugar de nossas fraquezas, quando nos chegamos a
ele, reconhecendo e confessando nossas deficiências. Mas é muito comum
ficarmos envergonhados de confessar nossas fraquezas, receosos de que os
outros e Deus não nos aceitem como realmente somos. Esse modo de pensar
está baseado na ideia errônea de que precisamos fazer algo para ganhar ou
merecer o amor de Deus.
Um general cristão visitou-me certa vez e confessou que a tensão de se
apresentar sempre perfeito perante os seus comandados estava a ponto de
matá-lo. À medida que conversávamos, compreendi que esse homem, a
quem eu sempre admirara pela sua postura e autoconfiança, nunca fora capaz
de se aceitar como era. Estava obcecado pela ideia de que, se ele se
descuidasse, iria desapontar deploravelmente a sua família e seu batalhão.
Sugeri que a sua tensão diminuiria se ele agradecesse a Deus por tê-lo criado
exatamente como era.
“O senhor refere-se ao modo como sou atualmente? Tenso e cheio de
medo?” perguntou, e eu respondi que sim.
“O senhor pensa que o Deus que criou o universo e colocou as estrelas no
céu, foi menos cuidadoso quando o criou? Nem tampouco foi ele negligente,
quando permitiu certas circunstâncias em sua vida a fim de lhe mostrar o
quanto o ama.”
O general veio ao meu gabinete várias vezes. Estudou a Bíblia e leu Louvor
que Liberta com muito interesse. Aos poucos, ele foi aceitando a ideia de
que Deus tinha um plano perfeito para a sua vida, e o contínuo estado de
tensão nervosa em que vivia estava servindo ao propósito de fazê -lo confiar
em Deus.
Começou a louvar a Deus pela sua angústia, e, aos poucos, uma grande
sensação de paz foi tomando o lugar de seus velhos temores. Pela primeira
vez em sua vida, ele estava satisfeito consigo mesmo.
“Quando pensava que Deus não podia me amar por causa das minhas
fraquezas, tentava encobri-las e, em consequência, eu me afastava cada vez
mais da verdade”, disse-me ele. “Quando fui capaz de admitir que era fraco,
e de agradecer a Deus por me ter feito assim, o seu amor começou a me
transformar, e ele começou a me dar a sua paz.”
Davi escreveu: “Bendizei, ó povos, o nosso Deus. Fazei ouvir a voz do seu
louvor, pois preserva com vida a nossa alma, e não permite que nos resvalem
os pés. Pois tu, ó Deus, nos provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a
prata. Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste as nossas costas. Fizeste
que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças. Passamos pelo fogo e
pela água; porém, afinal, nos trouxeste para um lugar espaçoso. ... A ele
clamei com a boca, com a língua o exaltei. Se eu no coração cont emplara a
vaidade, o Senhor não me teria ouvido. Entretanto Deus me tem ouvido, e
me tem atendido a voz da oração. Aclamai a Deus, toda a terra. Salmodiai a
glória do seu nome. Dai glória ao seu louvor.” (SI 66.8-12, 17-19, 1-2.)
Davi desejava se identificar com Deus, e sabia que qualquer coisa de impuro
que existisse nele impediria que o amor de Deus enchesse seu coração, e
fluísse através dele para os outros. Por essa razão, Davi acolhia com alegria
o processo de purificação, de quebrantamento, e de limpeza usado por Deus
a fim de ajudá-lo. Ele se regozijava quando as provações revelavam os
pecados escondidos no seu próprio coração, pois assim podia confessá -los e
ser perdoado. O próprio Deus ensinara isto a Davi.
“Não, eu não preciso dos sacrifícios de carne e de sangue que vocês
oferecem! O que eu quero de vocês é o seu agradecimento verdadeiro; quero
ver cumpridas as suas promessas. Quero que vocês confiem em mim, em suas
horas de aflição, para que eu possa livrá-los, e vocês possam me dar glória!
...Não recitem mais as minhas leis, e parem de alegar as minhas promessas,
pois vocês têm recusado a minha disciplina, desrespeitando as minhas leis...
Esta é a última oportunidade para todos vocês... Mas o verdadeiro louvor é
um sacrifício valioso; isto é o que realmente Me honra. Aqueles que andam
nas Minhas veredas receberão salvação do Senhor.” (Salmos e Provérbios
Vivos.)
Os caminhos do Senhor são os caminhos do louvor!

CAPÍTULO 5

Quando os Pardais Caem


“Não se vendem dois pardais por um asse? e nenhum deles cairá em terra
sem o consentimento do vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos
todos da cabeça estão contados. Não temais pois! Bem mais valeis vós do
que muitos pardais.” (Mt 10.29-31.)
Jesus disse aos discípulos que nosso Pai celestial vigia cada pardal e conta
cada fio de cabelo de nossa cabeça; no entanto, acontece que os pardais
caem. As tragédias acontecem. Criancinhas inocentes morrem debaixo das
rodas de carros dirigidos por bêbados. Pessoas que amamos são atingidas
pelo câncer e morrem, apesar de nossas preces fervorosas.
Poderia Deus evitar a queda do pardal? A tragédia? A morte da criança? A
expansão do câncer?
A maioria acredita que Deus tem o poder de evitar tais coisas se ele quiser.
Ficamos, então, com o problema em nossa mente: por que Deus permite
aquilo que nos parece ser o triunfo do mal sobre o bem?
Algumas vezes, chegamos a pensar que Deus é insensível, indiferente, ou
injusto. Ou achamos que as vítimas do mal sofrem por causa de seu próprio
pecado ou por causa do pecado de outros. Ambas as conclusões estão em
completo contraste com as boas-novas da Bíblia, que nos dizem que Deus é
amor e que não precisamos ser bons para merecer a sua carinhosa solicitude.
É impossível louvar a Deus por todas as coisas se achamos que ele não é
realmente responsável por tudo o que acontece, ou que ele é algumas vezes
indiferente ao sofrimento.
Frequentemente recebo cartas perguntando se é certo agradecer a Deus por
algo que seja mau, quando a Bíblia nos manda odiar o mal. Eles citam: “Vós,
que amais o Senhor, detestai o mal” ( Sl 97.10) e “Aborrecei o mal e amai o
bem.” (Am 5.15.)
Mas o significado desses versículos é que nós não devemos aprovar o mal,
praticar o mal, aceitar o mal, ou submeter-nos ao mal.
Quando louvamos a Deus por circunstâncias más não estamos aprovando ou
aceitando o mal por causa do próprio mal em si, a não ser no sentido a que
Paulo se referiu quando disse ter prazer na dor. Nosso louvor não é pela dor
em si, mas por sabermos que Deus intervém e opera através dela.
Deus não criou o mal, porque Deus é amor. Mas criou seres com livre
arbítrio e com capacidade de fazer o mal. O mal apareceu como
consequência da rebelião do homem, e permanece no mundo com a
permissão de Deus, mas sempre sujeito à vontade dele. Nenhum mal pode
se aproximar de nós sem a permissão de Deus.
E justamente porque o mal existe, foi que Deus mandou seu Filho para
morrer na cruz a fim de quebrar o poder do mal na vida de todos aqueles que
crerem nele.
“Os maus inclinam-se perante a face dos bons.” (Pv 14.19.)
A nós, os crentes, foi-nos dado o poder de vencer o mundo.
“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus... tudo o que é
nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a
nossa fé.” (1 Jo 5.1,4.)
Em que se baseia a fé? Em que precisamos crer a fim de vencermos? Cremos
em Jesus Cristo, mas há algo mais a ser acrescentado. Acreditar em Jesus
Cristo significa que acreditamos no que ele testifica: Deus é todo-poderoso
e nada acontece sem o seu conhecimento ou sem que seja de sua vontade.
Se nós resolvermos acreditar nisso firmemente, e assim louvar a Deus por
qualquer circunstância aparentemente má, estou convencido de que cada
situação difícil, cada tragédia, será modificada pela mão de Deus.
Creio que por causa dessa afirmação que acabo de fazer, muitos poderão
pensar que Deus vai mudar a situação para aquilo que nós acharmos bom.
Mas não é isto que estou dizendo.
Quando confiamos inteiramente a Deus qualquer condição ou situação má,
agradecendo-lhe e louvando-o por ela, o poder de Deus modificará, anulará,
ou vencerá o plano maléfico inerente ao acontecimento, mudando-o para que
se enquadre no plano original e perfeito — de Deus.
Podemos não entender o plano de Deus ou não reconhecê-lo como sendo
bom, mas ao louvarmos o Senhor por ele, liberamos o seu poder a fim de
que todas as coisas concorram para o nosso bem.
(Nossas ideias sobre o bem e o mal, infelizmente, muitas vezes são
distorcidas. Por exemplo, se uma criança herdar milhões de cruzeiros,
diremos: “Que maravilha!” Mas se uma criança morrer e for para o seu lar
no céu, diremos: “Que tragédia!” No entanto, sabemos que uma herança de
milhões de cruzeiros pode conduzir a tragédias, enquanto ir para o céu só
pode ser uma coisa ótima.)
Estou certo de que, se louvarmos a Deus em todas as circunstâncias, alguns
pardais não cairão, algumas criancinhas não morrerão, e alguns cancerosos
serão curados. Mas tal não deve ser nossa motivação para louvar ao Senhor.
Alguns pardais continuarão a cair, algumas crianças morrerão, e al gumas
pessoas sucumbirão ao câncer. É preciso que louvemos a Deus também por
isso.
Sabemos que devemos louvar a Deus pelo mal que ele permite em nossa
vida, crendo que ele tem um plano e um objetivo, quando age dessa maneira.
Mas o que fazer depois? Como reagir pessoalmente ao mal quando o
encaramos de frente? Há muita confusão sobre o assunto.
Jesus disse aos seus seguidores: "Não resistais ao perverso.” (Mt 5.39.) Mas
lemos que quando ele viu comerciantes vendendo bois, ovelhas e pombas, e
viu cambistas trocando dinheiro na área do templo, ele fez um chicote de
cordas e “expulsou a todos do templo, bem como as ovelhas e os bois,
derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas ...” (Jo 2.15.)
Aqui vemos Jesus agir abertamente contra os perversos. Entretanto, ele não
resistiu aos homens que vieram prendê-lo no jardim do Getsêmani e ainda
repreendeu o discípulo que tentou defendê-lo com uma espada.
Portanto, há ocasiões em que Deus nos leva a agir abertamente contra as
forças malignas; outras vezes, ele prefere que nos submetamos, sem opor
resistência. Como poderemos saber qual a atitude a ser tomada?
Penso que o nosso recurso será reconhecer que em nós não há poder para
vencer o mal. Deus é o poder triunfante. A essência da mensagem divina é
que precisamos aprender a focalizar nossa atenção nele — a fonte de todo o
poder — e não no mal que está à nossa frente. Deus, então, dirigirá a nossa
atitude, passo a passo.
Paulo disse aos romanos: “Não deixem que o mal prevaleça, mas triunfem
sobre o mal, praticando o bem.” (Rm 12.21.)*
No caso da prisão e crucificação de Jesus, foi justamente a sua não
resistência ao mal que esmagou o poder do mal.
Com isso ele quis mostrar que há um modo superior de vencer o mal, melhor
do que lutar contra ele. Nossa ideia é de que devemos usar força contra
força. E assim reagimos contra as circunstâncias adversas que se nos
apresentam, em vez de nos apoiarmos na presença e direção de Deus.
Todas as vezes que seguirmos a nossa tendência de reagir contra o mal que
nos sobrevêm, estamos permitindo que o mal nos vença, ao invés de nós o
derrotarmos pela fé no poder de Deus.
Jesus não foi um pacifista. Quando ele disse: “Não resistais ao perverso”,
ele quis dizer que devíamos usar a nossa energia reconhecendo o poder de
Deus sobre o mal, e reconhecendo que algumas vezes Deus prefere usar as
circunstâncias aparentemente maléficas para realizar o seu plano perfeito.
Em tais casos, resistir ao mal seria ir contra o plano de Deus. Se os
discípulos tivessem conseguido evitar a prisão de Jesus no jardim do
Getsêmani, eles teriam interferido no plano de Deus, embora pudessem
pensar que estavam obtendo vitória sobre o mal.
Jesus veio para vencer, e não para nos ensinar a perder sem lamúrias.
Tanto Tiago como Pedro mandam que permaneçamos firmes contra Satanás.
Se analisarmos o contexto de suas mensagens, notaremos que eles
concordam plenamente com Jesus e com Paulo.
“Sujeitai-vos, portanto, a Deus. Mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós." (Tg 4.7-8.) “Sede vigilantes. O
diabo, vosso adversário, anda em derredor... ficai firmes na fé. ...Deus ...
vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” (1 Pe 5.8 -10.)
O poder de Deus é nossa única defesa contra o poder do Satanás. E ele é
liberado quando ficamos firmes em nossa fé, sabendo que Deus controla
perfeita e carinhosamente cada detalhe de tudo que nos acontece.
Expressamos essa fé louvando-o e lhe agradecendo pela situação.
Precisamos estar vigilantes para perceber o ataque do inimigo, mas a nossa
atenção deve ser focalizada em Deus, e não em Satanás. Temos que estar
cientes da existência do nosso inimigo, mas a nossa segurança não está em
vigiar o inimigo, mas em sabermos que Deus é poderoso.
Se deixarmos que o medo, as dúvidas e a preocupação com a presença do
inimigo tomem conta de nossa mente, impediremos que o poder de Deus
intervenha. É preciso que vejamos o mal em sua perspectiva correta —
submetida ao imenso poder de Deus — e deixemos que esse poder opere de
acordo com o seu perfeito plano.
Nossa parte consiste em ficarmos firmes na fé, obedientes às indicações do
Santo Espírito, o qual nos mostrará como agir. Está é a nossa ação externa.
A interna é ter os olhos sempre fixos em Deus, louvá-lo e agradecer-lhe pela
sua bondade e misericórdia em todas as coisas.
Ficar firme na fé é tomar a firme decisão de aceitar a Palavra de Deus: ele é
o dono da situação, não importa quais sejam os nossos sentimentos, quais
sejam as circunstâncias.
A Bíblia afirma categoricamente que Deus é o responsável por tempestades,
terremotos, furacões, guerras, penúria, fome e peste, nascimentos ou mortes,
cada flor do campo, cada pardal, e cada fio de cabelo nosso. Nós temos que
decidir se acreditamos inteiramente nele ou não.
Há pessoas que dizem: “Posso compreender que Deus seja responsável por
algumas coisas, mas não posso aceitar que ele seja responsável por tudo."
Tal pensamento não é uma base adequada para o louvor. Jamais poderemos
esperar a resposta de uma oração ou a evidência do seu poder transformador
em situações que não cremos vindas de Deus.
Vejamos o que a Bíblia nos diz sobre essas áreas onde nos é difícil
reconhecer a mão de Deus.
Habacuque foi um profeta que se queixou das condições do seu país, assim
como nós nos queixamos do mundo hoje em dia.
“O Senhor, até quando clamarei eu e tu não me escutarás?" (Ele achava que
Deus nem estava escutando; atualmente, há cristãos que também pensam
assim.) "Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás? Por que me mostras a
iniquidade, e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão
diante de mim. Há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa a lei se
afrouxa, e a justiça nunca se manifesta. Porque o perverso cerca o justo, a
justiça é torcida." (Hc 1.2-4.)
Será que o leitor já contemplou o mundo atual, e teve a mesma reação? Eu
já.
Deus respondeu ao profeta: “Vede entre as nações, olhai, maravilhai -vos, e
desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal, que vós não crereis,
quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e
impetuosa, que marcha pela largura da terra, para apoderar-se de moradas
não suas.” (Hc 1.5-6.)
Deus disse que ele levantaria uma nação cruel e violenta para conquistar o
mundo. Será que os exércitos que se levantaram no mundo depois daquela
época tiveram origem diferente?
E não se trata apenas de uma permissão de que os caldeus conquistassem os
povos; ele os levantou. E Napoleão? Hitler? E os exércitos comunistas da
Rússia e da China? Será que estaremos dispostos a agradecer a Deus por tê -
los levantado? Podemos acreditar na sua declaração de que ele faz isso para
o nosso bem? Podemos louvá-lo sinceramente por isso?
Habacuque ficou chocado quando soube da intenção de Deus.
“Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, o meu Santo? Não
morreremos. Ó Senhor, para executar juízo puseste aquele povo. Tu, ó
Rocha, o fundaste para servir de disciplina. Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que, pois, toleras
os que procedem perfidamente, e te calas quando o perverso devora aquele
que é mais justo do que ele?” (Hc 1.12-13.)
Será que você já se indagou por que permite Deus que homens cruéis e
perversos firam inocentes? Eu já.
E Habacuque prossegue: “Por que fazes os homens como os peixes do mar,
como os répteis que não têm quem os governe? A todos levanta o inimigo
com o anzol, pesca-os de arrastão, e os ajunta na sua rede varredoura. Por
isso ele se alegra e se regozija. Acaso continuará esvaziando a sua rede, e
matando sem piedade os povos?” (Hc 1.14-15, 17.)
Deus não se fez de surdo às perguntas de Habacuque, mas ordenou que
escrevesse a resposta para que todo o mundo visse e lembrasse.
"Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se
apressa para o fim, e não falhará... Espera-o porque certamente virá, não
tardará!” (Hc 2.3.)
Deus nunca se atrasa! Sua coordenação do tempo é perfeita. Nós sempre nos
alarmamos à toa porque as nossas estimativas são erradas.
Ele diz a Habacuque: “Eis o soberbo! (O que confia em si próprio, como o s
caldeus.) Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” (Hc 2.4.)
Os caldeus fracassariam no final. Eles seriam atraiçoados por sua própria
arrogância, arrastados pela própria cobiça. A sua glória se transformaria em
desonra. A consequência de sua maldade os acompanharia até que viesse o
tempo de a terra se encher da glória de Deus.
Então Habacuque pôde compreender a grandeza do plano de Deus. Clamou
em triunfo, cantando-lhe louvores.
Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado... Deus
vem de Temã, e do monte de Parã vem o Santo. A sua gloria cobre os céus,
e a terra se enche do seu louvor. O seu resplendor é como a luz, raios brilham
na sua mão; e ali está velado o seu poder. Adiante dele vai a peste, e a
pestilência segue os seus passos. Ele pára e faz tremer a terra; olha e sacode
as nações. Esmigalham-se os montes primitivos; os outeiros eternos se
abatem. Os caminhos de Deus são eternos ” (Hc 3.2-6.)
Habacuque estava pasmado com a visão que tivera. Não mais contestou o
controle de Deus sobre incêndios, terremotos, pragas, fome e guerras. Os
lábios de Habacuque tremiam de medo, as suas pernas se dobravam, ele
tremia de terror, mas cantou a Deus: “Ainda que a figueira não floresce, nem
há fruto na vide; o produto da oliveira mente, e os campos não produzem
mantimento; as ovelhas foram arrebatadas do aprisco e nos currais não há
gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação.
O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e
me faz andar altaneiramente.” (Hc 3.17-19.)
Habacuque tremeu de terror com a visão do futuro que Deus lhe deu, mas
compreendeu também que o Senhor era um Deus de amor, justiça e
misericórdia. Não hesitou em se entregar inteiramente em suas mãos,
louvando-o pelo seu plano perfeito para Israel.
A ordem de Deus é que o louvemos também, mesmo que nossos lábios
tremam de medo e que estremeçamos de terror pelas circunstâncias materiais
que envolvem o seu plano.
Através do profeta Isaías, Deus contou ao seu povo que pretendia levantar
o Rei Ciro, da Pérsia, para conquistar e esmagar muitas nações. O Rei Ciro
não conhecia a Deus, mas o Senhor tencionava usá-lo para trazer os judeus
cativos da Babilônia para a sua própria terra, e para reconstruir Jerusalém e
o seu templo.
Por que teria Deus escolhido Ciro, um rei pagão, para realizar seus
objetivos? Para aqueles que pudessem estranhar essa atitude, Deus
respondeu: “Eu formo a luz, e crio as trevas; faço a paz, e crio o mal; eu, o
Senhor, faço todas estas coisas. ... Ai daquele que contende com o seu
Criador! Não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso dirá o
barro ao que lhe dá forma: Que fazes? ou: A tua obra não tem alça. ... Assim
diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Quereis, acaso, saber
as coisas futuras? Quereis dar ordens acerca de meus filhos e acerca das
obras de minhas mãos? Eu fiz a terra, e criei nela o homem; as minhas mãos
estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens. Eu na
minha justiça suscitei a Ciro, e todos os seus caminhos endireitarei...” (Is
45.7,9,11-13.)
Ao recusarmos ver a mão de Deus em todas as situações que nos rodeiam,
somos como o vaso de barro discutindo com o seu criador. Dizemos: “Se eu
fosse Deus, eu não agiria assim. Eu não mandaria terremotos, eu não
deixaria aquela garotinha morrer de leucemia, nem permitiria que aquele
pregador talasse aquelas inverdades do púlpito, levando os mais crédulos
para o caminho errado... É claro que eu não permitiria que traficantes de
heroína desencaminhassem crianças!”
Deus sabe como nos sentimos ao vermos todas essas desgraças. Sabe,
também, quão limitado é o nosso entendimento. Através do profeta Isaías,
ele falou: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos,
nem os vossos caminhos os meus caminhos. Porque, assim como os céus são
mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos. Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para
lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra e a fecundem e a façam
brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a
palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que
me apraz, e prosperará naquilo para que a designei.” (Is 55.8-11.)
Quando não confiamos em Deus, tornamo-nos céticos e nos desapontamos
com o seu plano. É porque não estamos convencidos de que ele está
interessado em nos dar o melhor.
Chegamos a perguntar por que é necessário que uma criança inoc ente morra
debaixo de um carro dirigido por um bêbado para que o motorista se chegue
a Deus. Será que Deus se interessa mais pela alma de um motorista bêbado
do que pela criança ou pelos seus desconsolados pais?
Todos nós fazemos inúmeras perguntas como essa, revolvendo-as em nossa
mente. Enquanto assim procedemos, não temos paz e a situação não se
modifica.
A nossa única solução é aceitar a Palavra de Deus pela té. Fé, apesar do que
pensamos, sentimos, ou vemos. A sua Palavra diz que ele nos ama, e que a
morte de uma criança inocente se enquadra no plano amoroso de Deus para
cada uma das vidas afetadas.
O amor de Deus por nós só pode ser aceito pela fé, do mesmo modo que
todas as outras promessas da Bíblia. É preciso que nos decidamos a acreditar
na natureza do seu amor, porque ele assim o define, quer nos sintamos
amados ou não.
A melhor coisa que a Bíblia nos diz é que Deus nos ama com um amor mais
bondoso, mais paciente, mais resignado, e mais interessado em nossa
felicidade e bem-estar do que qualquer amor humano. Deus nos ama e tem
um plano perfeito para nossa vida. Mandou seu Filho à terra para que
morresse por nós, para que nos desse uma nova vida cheia de paz e alegria
abundante, num mundo repleto de sofrimento.
Com o nosso limitado entendimento humano, é-nos difícil compreender a
finalidade grandiosa do plano de Deus para nós e para este mundo. Como
Habacuque, sentimo-nos chocados por Deus usar terremotos e guerras,
sofrimento e morte, para pôr seu plano em execução.
Mas seu plano é realmente perfeito. É o único que tem tido êxito nesta terra
onde prevalece o mal e a rebelião humana. Vejam só, através da História, as
confusões criadas pela humanidade em seu desejo de dirigir o seu próprio
destino.
O plano de Deus não é igual aos nossos, disse ele a Isaías, porque os seus
pensamentos são muito superiores aos nossos, e a sua perspectiva muito
mais elevada.
Deus apenas deseja o que é melhor para nós.
"Saireis com alegria, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros
romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão
palmas. Em lugar do espinheiro crescerá o cipreste, e em lugar da sarça
crescerá a murta; e será isto gloria para o Senhor, e memorial eterno que
jamais será extinto.” (Is 55.12-13.)
Deus quer que chuvas de bênçãos caiam sobre nós. Quer cuidar de nos sob
todos os aspectos, até nos pequeninos detalhes do nosso viver diário.
Entretanto, insistimos em olhar apenas para as circunstancias, as ocorrências
externas deste plano, e começamos a especular sobre o significado de las, e
sobre como elas se enquadram no todo, em vez de obedecer ao seu comando:
olhar para ele e confiar nele.
Insistimos em entender e aprovar o seu plano antes de nos entregarmos a
ele. Essa maneira de ser levanta uma barreira entre Deus e nós.
Agora, como quando nos chegamos a Deus pela primeira vez, a aceitação da
vontade e do plano divino deve vir antes do nosso entendimento. Precisamos
desistir deliberadamente de compreender a obra de Deus, e jogar todo o peso
de nossa vontade na decisão de confiar em sua Palavra.
O plano que ele fez para nós é bom. Será que podemos confiar nisso?
Deus tinha um bom plano para Jó, mas foi um plano que testou a fé de Jó
até o ponto máximo, e abalou o seu entendimento.
Jó era um homem bom. Deus referiu-se a ele: “Ninguém há na terra
semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do
mal.” (Jó 1.8.)
E o que aconteceu a Jó? Perdeu tudo o que tinha. Seu gado, sua colheita... e
um dia caiu o telhado e todos os seus filhos morreram.
Se isso acontecesse a você ou a um dos seus vizinhos, você diria que foi
Deus? Ou Satanás?
No caso de Jó, foi Satanás. Mas como ele conseguiu? Satanás foi a Deus e
pediu a sua permissão para atacar Jó.
Satanás pode ser o ator que está atuando no drama de nossa vida, mas Deus
ainda é o diretor.
Qual foi a reação de Jó? Prostrou-se no chão perante Deus e rasgou suas
roupas em sinal de desgosto.
“Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o
tomou. Bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21.)
Mas a desgraça de Jó ainda não havia terminado. Satanás pediu permissão
para atormentar Jó ainda mais, e Deus a concedeu.
Desta vez, Jó ficou cheio de tumores por todo o corpo, chegando a ficar tão
desfigurado que ninguém suportava olhar para ele. A sua própria esposa
mandou que ele amaldiçoasse a Deus e morresse, e os seus vizinhos, que
sempre o haviam respeitado, zombaram dele e lhe voltaram as costas. Três
dos seus melhores amigos vieram lhe dizer que o seu sofrimento era causado
por seus pecados, e o aconselharam a se arrepender.
Jo nunca duvidou de que a sua desgraça lhe tivesse sido mandada por Deus.
Clamou por misericórdia, mas estava convencido de que o seu sofrimento
não era consequência de pecado. No seu coração, ele sabia ser um homem
íntegro; ele confiava em Deus.
“Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos
defenderei diante dele.” (Jó 13.15 — Rev. e Cor.)
Sua fé em que Deus estava no controle de tudo jamais vacilou, mas o seu
entendimento questionava os seus propósitos e métodos. As perg untas de Jó
têm sido repetidas por nós, vez por outra.
“Por que permites que haja pobreza, Senhor? Por que permites que o
inocente sofra? Por que homens maus vivem em conforto e com facilidades?
Por que não atendes à minha súplica? Deus, por que não me dei xas morrer
para que os meus sofrimentos acabem e eu possa descansar contigo?”
A resposta de Deus para Jó foi uma repreensão severa de um Pai para um
filho.
“Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se
tens entendimento.... Acaso, desde que começaram os teus dias, deste ordem
à madrugada ou fizeste a alva saber o seu lugar?... Onde está o caminho para
onde se difunde a luz e se espalha o vento oriental sobre a terra? ...Poderás
atar as cadeias do Sete-estrelo? ...ou fazer aparecer os signos do Zodíaco?
...Quem pôs sabedoria nas camadas de nuvens?... Quem despediu livre o
jumento selvagem? ...Dás tu força ao cavalo, ou revestirás o seu pescoço de
crinas? ... É pelo teu mandado que se remonta a águia e faz alto o seu ninho?
... Acaso quem usa de censuras contenderá com o Todo-poderoso? Quem
assim agúi a Deus que responda." (Jó 38.4,12,24,31-32,36; 39.5,19,27;
40.2.)
Jó replicou: “Sou indigno. Que te responderia eu? Ponho a mão na minha
boca. Uma vez falei, e não replicarei, aliás duas vezes, porém não
prosseguirei.” (Jó 40.4-5.)
Deus continuou a enumerar a lista de sua criação: os animais, suas
particularidades e resistência, o poder de Deus sobre todos os homens.
“Quem é, pois, aquele que pode erguer-se diante de mim? Quem primeiro
me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de
todos os céus é meu!” (Jó 41.10-11.)
Jó respondeu: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser
frustrado.... Na verdade falei do que não entendia; coisas maravilhosas
demais para mim, coisas que eu não conhecia.... Eu te conhecia só de ouvir,
mas agora os meus olhos (espirituais) te veem... Por isso me abomino, e me
arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42.2-3, 5-6.)
O Senhor repreendeu também os três amigos de Jó, os quais se enganaram
redondamente quanto aos motivos dos sofrimentos de Jó. Deus lhes disse
que estavam errados, e mandou que oferecessem holocaustos e pedissem a
Jó que intercedesse por eles.
Assim fizeram os três homens e "mudou o Senhor a sorte de Jó, quando es te
orava pelos seus amigos; e deu- lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.”
(Jó 42.10.)
É interessante notar que Deus abençoou a Jó após ter este abençoado aqueles
que o acusaram erradamente. Jó tinha aprendido a lição. Não mais indagaria
de Deus sobre a direção do universo. Não iria ver ou ouvir apenas com os
seus sentidos naturais, mas com seu novo discernimento espiritual.
Deus tinha um plano perfeito para Jó. As suas provações tinham provindo
de Satanás, mas foram permitidas por Deus para lhe dar mais fé e sabedoria,
bem como para lhe mostrar como Deus é grandioso e amoroso.
Deus tinha um plano perfeito para Rute, a moabita. Entretanto, aos olhos do
mundo, ela parecia uma mulher desventurada. Em primeiro lugar, perdeu o
marido. Foi depois com sua sogra para Belém. Eram tão pobres que Rute
precisava ir aos campos de ricos fazendeiros e catar as sobras da colheita.
Isso, à primeira vista, não parece fazer parte de um plano maravilhoso. Mas
Rute confiava em Deus, e ali mesmo no campo ela encontrou Boaz, um
parente rico do seu falecido esposo. Boaz apaixonou-se por Rute e casou-se
com ela. O plano de Deus tinha se realizado, e Rute veio a ser a bisavó do
Rei Davi.
E o plano perfeito de Deus para José? Deus planejou que José se tornaria o
braço direito do Faraó do Egito, porque pretendia usá-lo, na hora certa, para
salvar a nação de Israel da fome que se alastraria pelo mundo de então.
José foi vendido como escravo pelos seus irmãos a uma caravana de
mercadores que se dirigia para o Egito.
Foi o primeiro passo do plano de Deus, mas os irmãos de José nem sonhavam
que estavam cooperando com Deus. Eles odiavam o irmão e queriam fazer -
lhe mal.
Mais tarde José se tornou o servo de confiança de um egípcio muito
influente, e parecia que essa era sua oportunidade para adquirir melhor
status social. Falsamente acusado de tentar abusar da esposa do egípcio, foi
lançado na prisão. Se isso lhe acontecesse, leitor, você acharia que o mal
tinha sido vitorioso? Ou teria aceitado o sucedido como parte de um plano
perfeito de Deus?
Foi na prisão que Deus arranjou para que José se encontrasse com o
mordomo do Faraó e interpretasse o seu sonho. José pediu-lhe então que
solicitasse ao Faraó o perdão para ele, e ele prometeu que o faria, mas
esqueceu-se totalmente. José ficou mais dois anos na prisão. Isso parecia um
infeliz capricho do destino. Mas o senso de oportunidade de Deus é perfeito.
Faraó teve dois sonhos muito estranhos que ninguém soube interpretar.
Nessa ocasião, o negligente mordomo lembrou-se do rapaz que tinha
conhecido na prisão dois anos antes. José foi trazido ante Faraó. Deus lhe
deu o significado dos sonhos. Sete anos de colheitas abundantes seriam
seguidos por sete anos de fome intensa. Faraó aceitou a interpretação dos
sonhos e nomeou José governador, a fim de que administrasse os anos de
fartura e houvesse mantimento nos anos de fome.
Quando os irmãos de José chegaram ao Egito para comprar cereais, ele lhes
revelou sua identidade. Eles se curvaram perante o irmão, cheios de medo e
remorso. Mas José lhes disse: “Não vos entristeçais, nem vos irriteis contra
vós mesmos por me haverdes vendido. Porque para conservação da vida,
Deus me enviou adiante de vós... Não fostes vós que me enviastes para cá,
e, sim. Deus... Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus
o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente
em vida.” (Gn 45.5, 8; 50.20.)
Deus fez o mal tornar-se em bem! Geralmente admitimos que Deus é capaz
de fazer com que todas as coisas cooperem para o nosso bem, como diz a
Bíblia, mas nós pensamos que Deus toma o que nos acontece e torna a
ocorrência a melhor possível, uma espécie de bênção de segunda mão. Mas
Deus não está na defensiva. Ele não se limita a tirar o melhor proveito de
uma situação funesta. Deus tem a iniciativa! Precisamos nos lembrar disso
muitas e muitas vezes.
Deus teve a iniciativa quando Estêvão foi apedrejado até a morte. (Atos 7.)
Estêvão era um homem cheio do Espírito Santo, que servia fielmente ao
Senhor. Quando ele foi apedrejado até a morte, achava-se entre os
espectadores um jovem e obstinado perseguidor dos cristãos, Saulo de
Tarso.
Obviamente, Estêvão sabia que Deus era o responsável pela situação, pois
ao receber as pedradas ajoelhou e clamou em alta voz: “Senhor, não lhes
imputes este pecado!" Em seguida, expirou. Estêvão sabia que, embora os
seus perseguidores quisessem lhe fazer mal, Deus pretendia o bem.
Será que nós seríamos capazes de agradecer a Deus pelo assassinato do
melhor crente que conhecêssemos, por crermos que Deus estava usando esta
aparente tragédia para o bem?
Saulo de Tarso tornou-se o apóstolo Paulo depois da notável conversão por
que passou na estrada para Damasco. Entretanto, ele contribuiu para o
apedrejamento de Estêvão, uma ocorrência que parecia maléfica à expansão
do evangelho.
Certa vez, quando Paulo e Silas foram a Filipos, foram acusados de
corromperem a cidade. Foram despidos e açoitados com varas até que o
sangue lhes corresse pelas costas. Depois, foram postos no cárcere interior
com os pés no tronco. (At 16.20-24.)
Mas Paulo e Silas não pensaram que Satanás tinha conseguido uma vitória,
nem que Deus os havia desertado. Estavam convencidos de que Deus os
tinha chamado para pregarem em Filipos e que ele estava operando para
realizar o seu perfeito plano para eles. Assim, eles não proferiram lamúrias
nem queixas, nem tampouco clamaram a Deus por auxílio. Sentaram-se na
masmorra, com o sangue coagulado nas costas feridas, não podendo estender
as pernas doloridas. Começaram a orar e a cantar hinos de louvor a Deus.
Repentinamente, à meia noite, houve um forte terremoto. As portas da prisão
se abriram, as correntes caíram de cada um dos prisioneiros. O carcereiro
ficou horrorizado e, pensando que todos eles tinham fugido, pegou da espada
para se matar. Mas Paulo gritou-lhe, afirmando que todos os prisioneiros
continuavam lá. O carcereiro, então, se jogou aos pés de Paulo e Silas. “Que
devo fazer para ser salvo?” perguntou.
Começando com o carcereiro e toda a sua família, o povo de Filipos recebeu
o evangelho. (At 16.)
Deus tinha um plano perfeito para a cidade de Filipos, e mandou Paulo e
Silas ali para serem suas testemunhas. Estes tinham fé para crer que Deus
estava executando um determinado plano, mesmo quando ele lançou mão de
circunstâncias difíceis de serem compreendidas na ocasião.
Nós sempre queremos saber antecipadamente o que Deus vai fazer. Quando
ele resolve um problema de uma certa maneira, começamos a pensar que os
outros também serão resolvidos assim. Mas Paulo, nem sempre foi libertado
dramaticamente. Algumas vezes ele ficou na prisão durante vários anos.
O apóstolo sofreu muitas aflições. Foi apedrejado e dado como morto, sofreu
naufrágio, foi picado por uma serpente venenosa, sofreu doenças e
perseguições... mas nem uma vez duvidou de que Deus estivesse dirigin do
cada ocorrência de sua vida. Todas as situações eram para ele motivo de
alegria e oportunidades de louvar a Deus. Paulo sabia que aquele sofrimento
era para seu próprio bem.
Durante anos sofri terríveis dores de cabeça. Em vão eu pesquisava as
Escrituras, apegando-me às promessas de cura feitas por Deus, mas não
conseguia atinar com o motivo da minha agonia, nem tampouco ela me
deixava.
Enquanto isso, as dúvidas me atormentavam. Repetidamente eu me
perguntava por que sofria aquelas dores de cabeça. Os pensamentos
giravam-me na mente. "Por que Deus não resolve essa questão? Oro pelos
outros para serem curados, mas a minha própria dor continua. "
Quando eu sofria e me debatia nas longas noites insones, os pensamentos
persistiam: “Veja que estado lastimável o seu! Se Deus é um Deus justo, que
sabe do seu sofrimento, certamente vai compreender se você acabar com a
vida. Apenas faça isso com cuidado, para que ninguém suspeite de suicídio;
ninguém ficará magoado, e você estará livre da dor...'’
Como os argumentos dos amigos de Jó, tais pensamentos parecem plausíveis
quando se está torturado pela dor. Mas na verdade não passam de um monte
de mentiras, inventadas pelo maior enganador. Satanás, o qual só se
aproxima de nós com a permissão de Deus.
O nosso acusador e atormentador foge quando nós nos aproximamos de
Deus e ficamos firmes na sua Palavra.
Minhas dores de cabeça não desapareceram repentinamente, mas eu me
propus a acreditar que Deus não permitiria que coisa alguma me
acontecesse, a menos que fosse para o meu bem. Portanto, a dor de cabeça
seria para o meu benefício, e comecei a louvar e a agradecer a Deus por ela,
toda a vez que começava. Assim, algo de maravilhoso começou a acontecer
dentro de mim. Por estranho que pareça, a dor começou a operar em meu
favor. Quanto mais doía, mais agradecido eu ficava, e com os
agradecimentos eu sentia uma nova alegria, muito profunda, irradiando -se
pelo meu ser.
Richard Wurmbrand conta o que lhe aconteceu quando a dor física e a agonia
mental numa prisão comunista se tornaram quase impossíveis de suportar.
Os três anos de confinamento solitário e de tortura estavam ameaçando seu
equilíbrio mental. Mas, mesmo ao chegar ao limite da resistência, Richard
Wurmbrand ainda confiava em Deus e o louvava por sua misericórdia e pelo
seu amor sempre presentes. Wurmbrand conta como, nesse ponto, a alegria
começou a se irradiar pelo seu ser, enchendo a cela.
A intenção de Deus era dirigir esse sofrimento para o bem. O ministério de
Richard Wurmbrand está atualmente influenciando o mundo inteiro por
causa daquele seu sofrimento.
‘‘O caminho de Deus é perfeito. A palavra de Deus é provada; ele é proteção
para todos os que nele se refugiam.” (Sl 18.30.)
O caminho de Deus pode nos levar a batalhas violentas, a fortes
tempestades, ou ao fogo, ou a inundações. Entretanto, onde quer que
estejamos, a presença de Deus nos acompanha, e sua mão nos guia, diz a
Bíblia.
E será que ainda podemos duvidar? Foi ele quem criou o soldado e suas
armas, a tempestade, o fogo, e as águas da inundação. Tudo está
perfeitamente sob o seu controle.
Por que teria Deus provocado aquela tormenta no lago quando Jesus lá
estava com os seus discípulos? Apenas para que o seu poder e a sua
autoridade sobre a tormenta pudessem ser demonstrados. (Mc 4.35-41.)
Por que Deus fez com que um homem fosse cego desde o seu nascimento?
Jesus e seus discípulos estavam caminhando quando viram um homem cego
de nascença. “E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este
ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem
seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” (Jo 9.2 -
3.) E Jesus o curou.
Os discípulos olharam para o homem cego sob o ponto-de-vista humano.
Jesus viu a situação sob o perfeito controle de Deus, e sob seu poder.
Toda a diferença está no nosso ponto-de-vista.
Tenho recebido centenas de cartas de pessoas que leram Louvor que Liberta.
Setenta e cinco por cento vêm de pessoas que começaram a louvar a Deus
por situações difíceis, com resultados surpreendentes. Vinte e cinco p or
cento vêm de pessoas em situações igualmente difíceis, mas incapazes de
acreditar que Deus está operando e portanto incapazes de louvá-lo pelo que
lhes acontece. Estão derrotadas, desencorajadas, e desesperadas.
A diferença não está na situação, mas no ponto-de- vista, e,
consequentemente, no resultado.
Muitos me escrevem sobre a morte de um amigo ou de um parente querido.
“Thomas sofreu terrivelmente”, escreveu-me uma senhora. “Nós o levamos
a muitos cultos de cura divina, e a grupos de oração. Ele pareceu melhorar,
e as nossas esperanças aumentaram. Depois, porém, o câncer voltou, e ele
morreu após meses e meses de sofrimento. Como pode ser Deus tão
incoerente? Não posso acreditar que fosse da sua vontade que ele morresse
tão cedo. Ele era cristão e queria servir a Deus. Se Deus fez isso para nos
ensinar algo, por que Thomas teve de sofrer tanto? Não posso acreditar que
eu deva louvar a Deus pelo que aconteceu."
Vejamos outra carta:
“Charles aceitou Cristo há menos de um ano. Era uma testemunha do
Senhor, cheia de alegria. Seis meses depois apareceu com câncer. Sofreu
duas operações, mas o câncer continuou nos seus pulmões. Ele chamou os
presbíteros de sua igreja; eles o ungiram e oraram pela sua cura. Quando foi
ao médico para novo exame, o câncer tinha desaparecido. Charles alegrou-
se e louvou ao Senhor. Alguns meses depois, ele passou a sentir muitas dores
de cabeça. Foi ao hospital para um novo exame. Dois dias depois estava
morto. Câncer no cérebro.
"Um pastor amigo da família tomou o avião para pregar o sermão do funeral.
No avião, sentou-se ao lado de um rapaz. Começaram a conversar. O pastor
contou- lhe a história de Charles, e o jovem entregou a vida a Jesus Cristo
ali mesmo, antes de o avião chegar em terra. Em outra cidade, o pastor
precisou trocar de avião. Desta vez sentou-se ao lado de uma jovem. Ela,
também, perguntou para onde ele ia, e ele lhe contou a história de Charles.
Antes da chegada do avião, ela já tinha aceito Jesus Cristo como o seu
Salvador. A cerimônia do funeral foi uma oportunidade para se louvar a
Deus por tudo que ele tinha feito na vida de Charles. Depois da cerimônia,
dois homens aceitaram a Cristo, na calçada ao lado da capela. O corpo foi
levado para a sua cidade natal, a fim de ser enterrado lá. Durante essa
cerimônia final, eu não podia tirar os olhos do rosto da jovem viúva. Sua
fisionomia deixava transparecer paz e satisfação íntimas. Nesse último ano,
ela e o marido tinham aprendido a conhecer a alegria de louvar a Deus em
tudo o que acontecesse. Ela me disse: ‘Tragada foi a morte pela vitória'. (1
Co 15.54.) Não tenho motivos para chorar. Louvado seja Deus!”
As duas cartas tratam de circunstâncias semelhantes, com uma grande
diferença porém. Uma é a história de uma derrota, outra a história de uma
vitória. Uma descreve o ponto-de-vista humano; outra, o de Cristo.
A Bíblia nos diz que o ponto-de-vista de Cristo está ao nosso alcance.
"Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.”
(Fp 2.5.) "...e vos renoveis no espírito do vosso entendimento." (Ef 4. 23.)
Paulo não estava sugerindo algo de impossível. Se quisermos que isso
aconteça, basta dizê-lo a Deus e esperar que ele o realize. O nosso papel
consiste em acreditar que ele assim o fez.
Davi queria seguir a orientação de Deus em sua vida, entretanto ele não
conseguia modificar o seu coração rebelde. Por isso clamou a Deus: “Afasta-
me para bem longe de tudo o que é errado; ajuda-me, ainda que eu não o
mereça, a obedecer às Tuas leis, pois tenho tomado a decisão de fazer o que
é certo. Se Tu me ajudares a desejar a Tua vontade, então obedecerei às
Tuas leis cada vez mais. (Salmo 119.29,30,32 — Salmos e Provérbios
Vivos.)
Davi tinha certeza de que a única coisa que lhe competia fazer era escolher,
era decidir-se a querer o caminho certo. Competia a Deus remover, afastar
o que havia de errado, mostrar-lhe o caminho certo, e dar-lhe um coração
aberto aos caminhos do Senhor.
Deus fará o mesmo para nós. Basta que resolvamos deixar que ele aja e
depois ficar firmes na fé, acreditando que Deus já agiu. Sejam quai s forem
as circunstâncias da nossa vida, a nossa função é louvar e agradecer a Deus
por elas, porque essas circunstâncias são a sua maneira de efetuar o seu
plano perfeito para nossa vida. É por intermédio delas que ele remove o que
há de errado, mostra-nos o caminho certo, e ainda nos dá um coração aberto,
pronto a seguir os seus caminhos.
O louvor liberta o poder de Deus para nossa vida e para as circunstâncias
que nos rodeiam, porque o louvor é te em ação. Quando confiamos
inteiramente em Deus, ele está livre para operar, e sempre vem em triunfo.
Pode ser uma vitória que mude as circunstâncias, ou pode ser uma vitória,
nas mesmas circunstâncias. A morte pode ser afastada, ou pode perder o seu
aguilhão.
O louvor é uma aceitação permanente daquilo que Deus trouxe para nossa
vida. Passamos a ter essa atitude de louvor por nossa própria vontade, por
uma decisão de louvar a Deus independentemente do que possamos sentir.
“Em me vindo o temor, hei de confiar em ti”, escreveu Davi. “Em Deus (com
o seu auxílio) louvarei a sua Palavra: em Deus pus a minha confiança e não
temerei." (Sl 56.3-4 — Rev. e Cor.)
"Firme está o meu coração, ó Deus, o meu coração está firme. Cantarei e
entoarei louvores.” (SI 57.7.)

CAPÍTULO 6

Adeus, Mau Humor!


Será que alguma vez você já saiu de sua casa num dia lindo, claro,
ensolarado, respirou profundamente o ar fresco, e agradeceu a Deus pela sua
maravilhosa criação?
E quando o dia está feio e chuvoso? Sente-se automaticamente um tanto
deprimido? Talvez não o diga a ninguém, mas como se sente?
Será que você só agradece a Deus por aquilo que o alegra? Será que você
não se aborrece nem que seja só um pouquinho quando as coisas não lhe
correm bem?
O que há de errado com umas pequeninas reclamações? Não é uma grande
coisa. Que diferença faz?
Faz uma diferença enorme. Tudo depende de como reagimos às pequeninas
coisas da vida.
Um conselheiro matrimonial nos informaria de que geralmente os
casamentos se dissolvem por causa de coisas pequeninas. Basta um pequeno
prego para furar um pneu. Um pequeno erro de um mecânico pode causar a
queda de uma gigantesca aeronave. Uma palavra irada pode provocar um
tiro. Pequenas coisas significam muito, pois é nesse nível que vivemos, seja
na maneira como nos comportamos de manhã, à mesa do café, seja na longa
fila de pagamento do supermercado.
O mau humor chega a nós com tanta facilidade que geralmente nem o
percebemos. Mas ele é justamente o antônimo da ação de graças; ó protesto
é o antônimo da confiança; um resmungo contra a esposa quando ela deixa
alguma comida queimar é o antônimo de uma aceitação carinhosa.
Há dicionários que definem protesto como acusação. Quando nós nos
queixamos, protestamos ou resmungamos, estamos, na realidade, acusando
a Deus de estar dirigindo mal as ocorrências do dia. A atitude d e louvor
liberta o poder de Deus para agir em nossa vida. Os murmúrios e as queixas
bloqueiam tal poder.
"Não murmureis como alguns deles murmuraram, e foram destruídos pelo
exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos, e foram
escritas para advertência nossa...” (1 Co 10.10-11.)
Paulo estava falando sobre o comportamento dos israelitas na sua jornada
do Egito até a Terra Prometida. O que eles fizeram? Quais foram as terríveis
consequências de tais atos?
“Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do Senhor: ouvindo-o o
Senhor, acendeu-se-lhe a ira... (Nm 11 . 1 .)
Moisés retirou os israelitas do Egito, e Deus lhes deu sinais extraordinários
da sua presença e da sua solicitude para com eles. Abriu o mar Vermelho
deixando-os atravessar em seco, fazendo com que as águas voltassem ao seu
lugar quando os seus perseguidores — os soldados egípcios — atravessavam
em seu encalço. Deus prometeu guiar seu povo para a Terra Prometida.
Prometeu alimentá-los no deserto, e afastar os seus inimigos, se tão-
somente confiassem nele. Como um sinal, a presença de Deus ia com eles,
durante o dia numa coluna de nuvem, e durante a noite numa coluna de fogo.
Mas, os israelitas não confiaram em Deus. Queixaram-se amargamente,
primeiro pela falta de comida e de água, e mais tarde porque não gostavam
da água fornecida por Deus. Cansaram-se do alimento que Deus
providenciara para eles. Eles se queixavam e se aborreciam por coisas
insignificantes. E quais foram as consequências?
Usando de paciência, Deus foi condescendente com os seus filhos
murmuradores e, muitas vezes, atendeu às suas queixas, até que se tornou
óbvio que eles jamais aprenderiam a confiar nele. Quando se cansaram do
gosto do maná e quiseram comer carne, Deus lhes disse que eles teriam
carne, não somente por um ou dois dias, mas por um mês inteiro, “até vos
sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes ao
Senhor, que está no meio de vós...” (Nm 11.20.)
E eles vagaram durante quarenta anos, e cada vez que alguma coisa ia mal,
queixavam-se amargamente e queriam voltar às panelas de carne do Egito.
Por que teriam levado quarenta anos para cobrir uma distância aproximada
de trezentos quilômetros? Mesmo com mulheres, crianças e gado, poderiam
ter coberto essa distância em poucas semanas. Demoraram tanto porque
murmuraram e se recusaram a confiar em Deus, Recusaram-se a crer que
Deus cumpriria sua promessa de providenciar tudo que lhes faltasse.
Quando os israelitas chegaram pela primeira vez aos limites da Terra
Prometida, descobriram que ali moravam gigantes, em cidades bem
fortificadas. Em vez de se regozijarem pelos obstáculos, louvando a Deus,
que tinha prometido livrá-los do inimigos, os israelitas se levantaram contra
Moisés e exigiram que fossem levados de volta ao Egito. Acusaram Moisés
de tê-los enganado.
Somente dois homens, Josué e Calebe, os quais tinham também visto os
gigantes e as cidades fortificadas, confiaram que Deus cumpriria a sua
promessa e lhes daria a terra. Mas o povo não prestou atenção a Josué, nem
a Calebe.
Aquilo foi a última gota d’água. Deus jurou que deixaria os israelitas
sofrerem a consequência de seus protestos. Nenhum deles entraria na Terra
Prometida. A nação de Israel andaria quarenta anos no deserto, até que uma
nova geração crescesse. Estes entrariam liderados por Josué e Calebe, os
únicos da antiga geração que iriam sobreviver.
“Deus, porém, teve paciência com eles durante quarenta anos, embora a Sua
paciência tivesse sido terrívelmente submetida à prova por eles. E Ele
continuou a fazer Seus portentosos milagres para que eles vissem. “Porém,
Eu”, diz Deus. “fiquei muito irado com eles, "pois seus corações estavam
sempre olhando para um “outro lugar ao invés de levantarem os olhos para
Mim, “e nunca acharam os caminhos que Eu desejava que eles “seguissem.”
(Hb 3.9,10.)*
Foram aquelas queixas mesquinhas que impediram os israelitas de entrar na
Terra Prometida.
Nossas queixas e murmurações contra Deus, nas pequeninas coisas, podem
nos afastar do plano que ele tem para nossa vida.
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso
coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo.” (Hb 3.12.)
O murmúrio dos israelitas provinha de sua incredulidade, e a incredulidade
é a raiz de cada pequenina queixa.
Foi a incredulidade que os afastou de Canaã. Mas Deus tinha um objetivo
muito mais elevado do que apenas trazê-los para um lugar geográfico. A
Terra Prometida de Deus era também um lugar de perfeito descanso, uma
atitude de confiança perfeita e paz de espírito.
“Embora a promessa de Deus ainda esteja de pé — Sua promessa de que
todos podem entrar no Seu lugar de descanso — devemos tremer de medo,
porque alguns de vocês podem estar à beira de, no fim de tudo, não conseguir
chegar lá. Pois somente nós, os que cremos em Deus, podemos entrar no Seu
lugar de descanso. Ele afirmou: “Jurei em minha ira que aqueles que não
creem em Mim nunca entrarão.” (Hb 4.1,3.)*
Deus tem um lugar de perfeito descanso preparado para nós agora. Não estou
pensando no de após a morte; estou dizendo agora. É aquele estado de
confiança perfeita nele, no qual todos nós podemos entrar pela fé. Para que
isso aconteça, há necessidade de deixarmos de lado o pecado da
incredulidade, resmungos, murmúrios e queixas. A incredulidade é um
insulto muito sério dirigido a Deus.
“O pecado do mundo é a incredulidade contra mim”, disse Jesus. (Jo 16.9.)*
A incredulidade, como todo o pecado, é um ato deliberado de rebelião contra
Deus. Podemos escolher entre crer e deixar de crer.
Há dicionários que definem incredulidade como “negação da crença;
descrença ou ceticismo, falta de fé, rejeição daquilo que é afirmado”.
Se a incredulidade é uma negação deliberada da crença, então somos
responsáveis pelos nossos atos, e precisamos fazer algo para modificar esta
situação.
O primeiro passo a tomar em relação a qualquer pecado é confessá-lo.
Durante anos eu pensei que resmungava muito pouco; quero dizer, eu
raramente resmungava em voz alta. Havia adquirido o hábito de estar sempre
sorridente, mas tinha muitos acessos de mau humor. Apenas interiormente.
Como eu não me julgava errado, jamais me modificava.
Eu achava que os meus motivos de queixa eram legítimos. Eu me aborrecia
quando não conseguia dormir o suficiente e tinha que me levantar cedo, com
o corpo ainda cansado. Resmungava para mim mesmo quando alguém de
casa deixava o banheiro em desordem. Ficava aborrecido quando tinha de
tomar o café da manhã apressadamente. Ficava de mau humor quando as
coisas corriam mal no escritório, ou quando as pessoas não faziam o que eu
queria. Eu me contrariava com as contas, ou quando meu carro não dava a
partida, ou quando algo me impedia de fazer o que desejava. Sentia-me
infeliz quando precisava ficar no escritório até tarde, e não podia ir para a
cama na hora certa. E, na manhã seguinte, tudo começava de novo.
Quando, finalmente, o Espírito Santo começou a me mostrar o que a Bíblia
dizia sobre “agradecer a Deus em todas as coisas”, comecei a compreender
que, durante anos e anos, eu tinha feito justamente o contrário, sem nunca
me dar conta disso.
O primeiro passo para a modificação foi reconhecer que eu tinha o hábito
de resmungar, ou de estar sempre com mau humor, embora interiormente.
Creio que a maneira mais eficaz de se encarar o pecado é agir de modo
definido: admiti-lo, confessá-lo, pedir o perdão de Deus, e tomar uma
decisão bem definida de não cometer outra vez tal pecado. Pedimos a Deus
que o retire de nós e que aumente a nossa fé e capacidade de resistir a
qualquer tentação. Finalmente, agradecemos-lhe por tudo, e prosseguimos
na fé, sabendo que ele nos atendeu.
Depois de termos feito um acordo com Deus de que não resmungaremos
mais, e após prometermos que lhe agradeceremos por todas as coisas que
antes nos faziam resmungar, podemos esperar que ele opere.
Nós mesmos não podemos nos transformar de resmungadores incrédulos em
crentes joviais e agradecidos. A mudança tem que ser feita por Deus.
Contudo, a decisão de parar com os resmungos e começar a dar -lhe
agradecimentos e louvores é nossa. Mas é o poder de Deus que opera a
transformação. O nosso papel é ficar com os olhos fixos em Jesus e
agradecer a Deus pela sua capacidade de agir.
Na prática, vamos descobrir que Deus fará com que nos defrontemos
exatamente com as circunstâncias que costumavam provocar nosso mau
humor. Quando isso acontecer, agradeçamos e louvemos a Deus, porque ele
está usando essas circunstâncias para nos modificar. Antes, elas nos
afastavam de Deus. Agora, nos mostrarão o poder de Deus. Servirão para
aumentar a nossa fé.
Se aceitarmos com alegria e agradecimento todas as pequenas coisas que
nos acontecem, o poder de Deus agirá em nós e por nosso intermédio, e logo
experimentaremos um verdadeiro sentimento de alegria. Mas não fiquemos
esperando pelo sentimento como um sinal de bênção. Nosso louvor e
agradecimento precisam ser baseados na fé na Palavra de Deus, e não em
nossos sentimentos.
Uma coisa que me aborreceu durante muitos anos foi minha falta de talento
musical. Todas as vezes que ouvia uma música bonita, deixava de apreciá-
la devidamente, porque me fazia pensar em como seria bom poder tocar
algum instrumento ou cantar lindos solos.

Certo dia, enquanto eu assistia a um concerto, veio-me à mente a seguinte


pergunta: “Você não está com o coração agradecido por não saber tocar um
instrumento musical?”
Reconheci a ação do Espírito Santo e fiquei um tanto desassossegado.
“Não, Senhor, acho que não.”
“E você quer ser agradecido por isso?”
"Sim, Senhor, quero. Compreendo que essa é a tua vontade para mim. Tu
poderias ter-me dado talento musical; poderias ter providenciado que eu
estudasse, se tu o quisesses. Por isso, eu te agradeço por ser como queres
que eu seja.”
Depois disso, uma grande paz tomou conta de mim, e eu percebi que
realmente me sentia feliz por ser como era.
“O que eu queria que você aprendesse era o seguinte”, disse-me o Espírito
Santo: “Se você soubesse tocar ou cantar músicas maravilhosas, você
alegraria algumas pessoas, mas quando você dá louvores a Deus, você
sempre agrada a ele.”
A minha falta de talento musical jamais foi uma falha aos olhos de Deus,
somente aos meus próprios olhos. Era eu que não estava satisfeito comigo.
Ele nunca esteve mal satisfeito com sua própria obra.
Há pessoas que passam toda a vida desejando ter tido um certo talento e uma
oportunidade de desenvolvê-lo. Resmungam e se queixam silenciosamente
porque estão certas de que, se tivessem tido oportunidade, teriam se tornado
artistas de cinema, heróis de esportes, grandes capitalistas, médicos, ou
seriam grandes personalidades de televisão.
Você se queixa da vida? Tem o costume de pensar que, se tivesse
oportunidade de viver novamente, teria uma outra profissão, viveria em
outro lugar, ou teria se casado com outra pessoa?
Será que podemos aceitar a ideia de que Deus nos pôs exatamente onde
queria? que ele não se enganou em nada? que ele podia ter interferido
quando tomamos a decisão que agora julgamos errada?
É claro que há decisões erradas. Já falamos neste livro sobre a
responsabilidade da escolha e as consequências de escolhas certas e erradas.
Mas Deus prometeu que fará todas as coisas — inclusive nossas escolhas
erradas — cooperarem para o bem dos que confiam nele.’
É possível que Deus pretenda retirá-lo de um trabalho ou de uma certa
situação. Assim mesmo, é importante que agora mesmo você aceite a
situação atual com alegria e agradeça a Deus por ela. Quando agradecemos
a Deus por todas as dificuldades, submetendo-nos a ele em todas as ocasiões,
ele pode nos colocar onde deseja que fiquemos.
Lembremo-nos de que ele pôs o Rei Ciro, um rei pagão, no lugar certo, no
tempo certo, mesmo antes de Ciro conhecê-lo. Portanto, podemos estar
seguros de que se Deus nos quisesse em algum outro lugar neste momento,
ele teria providenciado para que isso acontecesse. Nossa tarefa é agradecer,
agora mesmo, pelo lugar em que nos encontramos neste momento.
Se, pelo Espírito Santo, Deus lhe der a conhecer que você fez uma escolha
errada há alguns anos passados, quando você foi deliberadamente contra
aquilo que sabia ser a vontade de Deus, confesse-lhe isso agora e peça o seu
perdão. Agradeça-lhe por estar perdoado, e peça-lhe que lhe mostre o que
fazer para consertar seu erro. Entregue o resto de sua vida nas mãos de Deus,
a partir deste momento, e esteja certo de que ele está tomando conta de tudo.
Louve-o agora e agradeça-lhe pelas circunstâncias atuais, exatamente como
elas são.
Você verá que o poder de Deus vai tirá-lo da situação atual muito depressa,
ou descobrirá que o poder de Deus está transformando-o no meio das
circunstâncias. Aconteça o que acontecer, continue a lhe agradecer. Agora
é ele quem está dirigindo você.
Um negociante cristão dedicou a vida totalmente a Cristo. Pouco depois, ele
foi afastado do seu rendoso emprego como executivo. Procurou outro
emprego, mas havia uma certa crise na indústria e não lhe foi possível
encontrar trabalho algum. Sua família estava sofrendo a pressão econômica,
e sua ansiedade aumentava à medida que as dívidas se amontoavam, e as
suas orações pareciam não ser respondidas.
Fazia um ano que ele estava desempregado quando, num sábado à noite,
ouviu-me falar sobre o agradecimento que devemos a Deus por todas as
coisas. Repentinamente, tornou-se claro para ele que Deus tinha
provavelmente uma boa razão para não lhe dar trabalho. Começou a
agradecer a Deus pelo seu desemprego e pelas dificuldades que ele e sua
família estavam atravessando.
Durante todo o domingo ele continuou a louvar a Deus. Descobriu que todos
os seus receios e ressentimentos, referentes à situação em que se achava,
estavam diminuindo. Ele sentia um gozo autêntico.
Na segunda-feira, logo de manhã, o telefone tocou. O diretor de uma
empresa queria saber se ele poderia trabalhar em sua firma.
“Estou à sua disposição”, respondeu o homem.
“Quando pode começar?”
“Amanhã.”
"Então esteja aqui, às 9 horas da manhã, pronto para começar.”
No seu novo trabalho, ele passou a perceber um ótimo salário. E, o que lhe
era mais gratificante, estava em contato direto e diário com vários grupos
de homens de negócio. O seu testemunho de Cristo levou um homem após
outro a aceitar o Senhor como seu Salvador.
Mais tarde, esse homem me disse: “Enquanto eu estava cheio de receios e
ressentimento por causa da minha situação, estava bloqueando a ação de
Deus. Eu o estava impedindo de agir em minha vida. Quando confiei nele e
o louvei pela minha vida tal como era, ele pôde tomar controle de tudo e me
colocar onde ele queria.”
Uma jovem professora estava passando as férias nas montanhas. A diretoria
da escola onde trabalhava precisou realizar uma reunião referente às
atribuições do ano seguinte e mandou-lhe uma carta neste sentido, mas ela
não a recebeu. E como não comparecesse, seu lugar foi dado a outra pessoa.
Quando voltou de férias, descobriu que estava desempregada.
Seu primeiro impulso foi entrar em pânico e ir para a casa dos pais, que
moravam em outro estado. As aulas deveriam começar dentro de duas
semanas. Não havia vaga em escola alguma naquele distrito, e ela tinha
pesadas obrigações financeiras, ainda do seu tempo de faculdade.
A jovem tinha acabado de ler Louvor que Liberta e achou que a situação em
que se achava era uma oportunidade ótima para praticar o que tinha
aprendido. Deliberadamente, ela reprimiu o seu primeiro impulso,
agradeceu a Deus por ele ter permitido que ela perdesse o emprego, e lhe
agradeceu pelo seu perfeito plano para a sua vida.
Durante dois dias ela louvou a Deus, resistindo às tentações de se
desesperar. No terceiro dia, uma vizinha falou:
“Sabe de uma coisa? Você deveria estar ensinando numa escola crist ã. Por
que não vai falar com o diretor da escola onde meu filho estuda?”
A jovem professora foi e, para surpresa sua, a professora do 1° ano tinha
deixado o trabalho repentinamente. Ela foi entrevistada e ganhou o emprego.
“Eu sabia que Deus podia solucionar o problema porque confiei nele e o
louvei”, disse ela. “Se eu tivesse seguido o impulso de ir correndo para a
casa dos meus pais, é provável que ainda estivesse desempregada e culpando
a Deus por não estar cuidando de mim.”
O novo emprego lhe convinha muito mais do que o anterior. Ela podia falar
abertamente sobre a sua fé na sala de aula, e podia orar com as crianças que
apresentavam problemas de comportamento.
Deus tinha um plano e um lugar perfeitos, tanto para a jovem professora
como para o homem de negócios que era cristão. Ele fechou a porta dos
empregos que eles tinham, e, depois que confiaram nele e o louvaram pelo
desemprego, abriu as portas certas.
Ressentimento e medo, resmungos e queixas, atrasam a expansão do plano
de Deus para nós. Ele tem um tempo oportuno, e precisamos nos lembrar de
que sua noção de tempo nem sempre coincide com a nossa.
Faço questão de ser sempre pontual, e tinha orgulho da minha capacidade
de organizar e fazer uso apropriado do "tempo do Senhor”. Certo dia, eu
estava voando para El Paso, no Texas, onde era esperado para fazer uma
conferência numa convenção de homens de negócio. Olhei nervosamente
para o relógio. Eram quase 2:30 horas. Daí a minutos deveria começar a
conferência. Eu tinha planejado estar lá às 2 horas. Será que acontecerá algo
de bom porque vou chegar tarde a um compromisso? pensei para mim
mesmo.
"Por que permitiste que isso acontecesse, Senhor?” perguntei, ligeiramente
irritado. A única resposta foi outra pergunta:
“Você está agradecido por estar atrasado?”
“Esta não é a questão”, argumentei. “Aquelas pessoas que me convidaram
para falar, e pagaram as despesas, estão esperando que eu chegue a tempo.
Eles é que devem aprender a ser agradecidos.”
“E você? Está agradecido?" persistia o pensamento.
De repente a verdade se esclareceu na minha mente. Na realidade, eu não
estava preocupado com as pessoas da reunião. Eu estava preocupado comigo
mesmo. Não estava confiando em que Deus cuidaria do meu problema. Eu
estava-me preocupando à toa e interrogando-o sobre o controle do “meu"
tempo.
"Desculpe, Senhor”, sussurrei. "Acredito que tu sabes melhor do que eu
como controlar o meu tempo. Se tu permites que eu chegue tarde, isso deve
fazer parte do teu plano. Agradeço-te por isso. Entrego a direção do meu
tempo a ti, e confio em que tudo será para o bem.”
Encostei-me no assento e suspirei aliviado. Meu relógio marcava 2:45, mas
eu me sentia em perfeita paz. Naquele momento, a aeromoça passou por
mim, e consegui ver o seu relógio. Marcava 1:45.
"Senhorita, seu relógio marca 1:45. Está certo?”
"Sim, está. Acabamos de atravessar um fuso horário. São 1:45.”
Ri para mim mesmo. “Obrigado, Senhor, por me ensinar como fui tolo em
me preocupar com a hora.”
O avião continuava a voar. Já passava das duas horas, e comecei sentir
novamente uma certa ansiedade. Às 2:15 estávamos aterrissando em El
Paso, e, ao que parecia, eu chegaria mesmo um pouquinho tarde.
“Senhor, desculpe-me por estar impaciente”, sussurrei. "Mas, nunca cheguei
tarde a uma reunião. Não entendo por que estás deixando acontecer isso
agora."
“Você está agradecido?”
“Está bem, Senhor”, eu disse. “Quero estar agradecido. Obrigado por ser
2:20, e eu estar exatamente onde estou.”
Quando saí do avião, meu relógio marcava 2:25.
Peguei o panfleto que estava no meu bolso para ver o endereço da
convenção, e os meus olhos deram com o horário em que começava a
reunião. Era realmente às 2:30!
Corri para o mais próximo ponto de táxi. Isso é maravilhoso, Senhor! pensei.
Foste capaz de me ensinar uma lição sobre como confiar a ti a direção do
meu tempo, sem prejudicar ninguém. (Aliás, é essa a maneira pela qual Deus
sempre opera. Podemos achar que outros vão ficar prejudicados com os
nossos erros, mas Deus tem o controle perfeito da vida deles também, e ele
os ama como ama a nós.)
O motorista perguntou: “Para onde vamos. Senhor?”
“El Paso Hilton. Preciso chegar lá o mais depressa possível.”
O motorista riu e apontou o outro lado da rua.
“É ali; à sua frente!”
Entrei no salão da convenção e olhei para o relógio. Exatamente 2:30! Os
homens já se encaminhavam em direção à mesa dos oradores, e eu entrei em
fila com eles para tomar meu lugar.
O horário de Deus é perfeitamente exato. Ê uma maravilha saber que nós
vivemos pelo seu horário.
Deixemos a cronometragem de nossa vida por conta dele, e ele nos levará
para onde quiser, quando quiser, se confiarmos nele. Seu horário é adequado
para qualquer compromisso de nossa vida. Deus não nos força a aceitar seu
plano, mas se lhe entregarmos nossos dias e nossas horas, ele fará a sua parte
de nos conduzir aonde ele quer que estejamos, na hora por ele determinada.
Isso não quer dizer que podemos ficar sentados em nossos confortáveis
assentos e dizer: “Se o Senhor me quiser lá, ele terá que me levar. Eu vou
ficar sentado aqui, tirar um cochilo, e esperar que ele me leve.”
Temos que fazer nossa parte, mas não precisamos nos preocupar com a
cronometragem. Fazemos o que é de nosso dever, da melhor maneira
possível — levantamo-nos a tempo, preparamo-nos a tempo para os
compromissos, e depois lhe agradecemos por qualquer coisa que aconteça,
mesmo que seja perder a hora, ficar atrasado imprevistamente, ou ser
interrompido por um vizinho tagarela ou por uma criança exigente.
Deus tem um propósito duplo quando nos ensina a confiar nele e a louvá -lo
em tudo. Isto faz com que o seu poder seja liberado dentro daquela situação,
e também atrai outros para o Senhor.
Trabalhei certa vez com um regente de coro que era perfeccionista. Cada
detalhe da música para o culto era planejado e executado com perfeição.
Entretanto, toda vez que regia fazia-o com tal tensão, que isso era
transmitido aos coristas. Todos cantavam lindamente, mas sem alegria.
Um dia ele passou pelo meu escritório para bater um papo.
"Bob”, disse-lhe, “tenho a impressão de que você se sentiria mais à vontade
e teria mais alegria na música, se começasse a agradecer a Deus por tudo o
que lhe acontece.”
Ele me olhou em silêncio, depois respondeu: “Eu o tenho observado nesses
seis meses. No começo achei que tinha uma aparência falsa. Ninguém podia
viver alegre o tempo todo.” Ele sorriu. “Errei muitas vezes no coro, e o
senhor sempre reagiu alegremente. Não sei qual é o seu segredo, mas
gostaria de ter a mesma atitude.”
Conversamos até a hora do ensaio, e depois Bob saiu a toda pressa. Não
havia tido tempo para preparar coisa alguma: eu comecei a imaginar como
ele iria reagir a esse desafio inesperado.
Mais tarde ele me contou: “Eu estava mesmo começando a ficar tenso ao
pensar que não tinha preparado o programa, mas de repente tudo ficou claro
para mim: nós tínhamos conversado sobre agradecimento a Deus por
qualquer situação, e aqui ela se me deparava. Assim, agradeci a Deus.
Naquela hora, chegaram quatro membros do coro. Tinham vindo um pouco
mais cedo. Perguntaram: “Podemos ajudá-lo?” Isso nunca havia acontecido
antes.
“Fiquei admirado. Orei: “Obrigado, Senhor. Tu realmente resolveste o
problema rapidamente!”
Durante o resto do dia, Bob ficou meio pasmado. Nunca tinha percebido que
Deus podia se interessar pessoalmente pelos detalhes de sua vida, e nem que
o poder de Deus seria liberado em seu favor tão logo ele ficasse à vontade e
agradecido em quaisquer circunstâncias. A descoberta mudou
completamente sua atitude no seu ministério musical.
Da próxima vez em que ele cantou um solo, cometeu diversos erros, algo
que ordinariamente o deixaria em desespero. Mas, ao invés de se tornar
tenso por ter errado a nota, ele oferecia os seus agradecimentos a Deus que
permitira que aquilo acontecesse. Assim, ele foi-se sentindo cada vez mais
alegre à medida que cantava. Nós que o ouvíamos podíamos perceber a
felicidade se irradiando do seu rosto e uma nova dimensão de alegria em sua
música.
O relacionamento de Bob com a congregação também mudou notavelmente.
Antes, ele costumava nos cumprimentar com um sombrio “Alô”; agora, ele
sorria e dizia: "Bom dia! Não está um dia maravilhoso?”
Viver de cara amarrada pode não parecer pecado, enquanto não
considerarmos que isso indica justamente o oposto de uma fé feliz, e
esperançosa. Um rosto sombrio é, na realidade, uma atitude de
incredulidade.
Todos nós conhecemos a expressão: “Bem, todos temos nossos maus dias, e
nossos altos e baixos.” Esse é um pensamento inconsequente e perigoso,
porque sugere que os maus dias e os altos e baixos fazem parte de uma vida
cristã normal. A Bíblia diz que as circunstâncias externas podem ter altos e
baixos, ser boas ou más, mas nossa atitude interna deve ser de regozijo
permanente em Cristo.
“Aprendi a viver alegremente, tenha muito ou pouco”, escreveu Paulo, de
uma cela de prisão. “Agora sei como viver nas horas de dificuldade e não
ignoro como viver nas de franca prosperidade. E assim aprendi a enfr entar
tanto a pobreza como a abundância, em geral e especificamente. Pronto para
tudo, graças à força d’Aquele que vive em mim.” (Fp 4.11-13 — Novo
Testamento Vivo e Cartas às Igrejas Novas.)
Nem sempre se consegue perceber as consequências do deixarmos de
agradecer a Deus pelas pequeninas coisas que nos acontecem. Mas recebi,
certa vez, uma dura lição.
Foi numa manhã muito movimentada no nosso escritório em Fort Benning.
Tudo parecia dar errado. O chefe do escritório não tinha aparecido, e
ninguém sabia o que fazer. Os telefones tocavam a todo o momento, o
trabalho se acumulava, e comecei a me sentir impaciente pelo fato de o chefe
não haver chegado. É claro que a minha atitude não fez com que ele
aparecesse, nem melhorou a situação. Fiquei de mau humor quase que o dia
todo.
No dia seguinte ele apareceu. Explicou que tinha ido ao hospital, onde lhe
haviam informado que tinha um tumor canceroso no peito. Abatido com a
notícia, passara o dia na cama, não se importando se jamais se levantasse.
Fiquei cheio de remorsos. Eu tinha me aborrecido profundamente com
demoras insignificantes no escritório, ao invés de agradecer a Deus pela
ausência do meu colega. O meu mau humor impedira que Deus me usasse
como um veículo para que pudessem chegar o seu amor e poder, naquele
dia, àquele homem doente.
É muito importante que aprendamos a reagir com confiança e louvor em
todas as situações, quer vejamos ou não as consequências. Se aprendermos
a nos entregar ao louvor em vez de entrarmos em pânico, nossa vida e atitude
serão transformadas, quer estejamos defrontando uma situação dramática,
quer estejamos em frente a uma ocorrência apenas irritante.
Certo homem voltava para casa, e as ruas estavam cheias de gelo. Ele não
avaliou bem as condições da rua; não conseguiu parar no sinal, batendo no
carro da frente. Ninguém se machucou, mas os carros sofreram sério dano.
O motorista responsável pelo acidente ficou zangado consigo mesmo por ter
cometido tal imprudência. Mas nesse momento lembrou-se do que havia lido
recentemente sobre o louvor a Deus em todas as circunstâncias.
“Obrigado por este acidente, Senhor”, orou.
Imediatamente uma ideia apareceu em sua mente. “Não seja ridículo. Você
cometeu um erro terrível. Vai ainda piorar a situação fingindo que está
satisfeito com isso?"
“Mas Deus prometeu transformar todas as ocorrências em bem”,
argumentou.
“Você verá como nada de bom sairá disso!"'
"Tudo sairá bem, se eu agradecer a Deus”, insistiu o homem. E continuou a
agradecer pelo acidente, apesar de não ter aparecido nenhum bom resultado.
O outro motorista não foi levado a Cristo. E na oficina, também não houve
qualquer reação à sua atitude jovial.
Então, de que adiantava o seu agradecimento a Deus?
Enquanto isso, algo de diferente acontecia no interior daquele homem.
Quanto mais ele agradecia a Deus, maior era o sentimento de paz que
inundava todo seu ser. Daí a pouco ele notou que uma alegria esfuziante
brotava do seu íntimo e, todas as vezes que repetia os agradecimentos a Deus
pelo acidente, ele se sentia aliviado como se alguns nós emaranhados
estivessem se desmanchando no mais profundo do seu ser.
Ele era um cristão comum, como tantos outros. Mas, a partir daquele dia, a
sua vida modificou. Entrou em uma nova dimensão de vida vitoriosa em
Cristo. Tudo por causa da sua determinação de reconhecer a mão de Deus
naquilo que parecia fruto do seu próprio erro e um golpe de má sorte.
Um outro senhor ouviu-me falar sobre o louvor a Deus por todas as coisas e
prometeu ao Senhor que daquele momento em diante agiria assim.
Ao acabar a reunião, ele e a família foram para casa. Havia uma tempestade
de neve e a temperatura estava abaixo de zero. Chegaram tarde da noite, e
notaram que havia algo de errado. A casa parecia um gelo, e o aquecedor
não estava funcionando.
A família se aconchegou no andar de cima e o dono da casa desceu ao porão
para ver o que havia. Ele não conhecia o funcionamento do aquecedor e não
tinha a mínima ideia do que pudesse estar errado.
Ficou parado, olhando, e o seu primeiro impulso foi pedir a Deus que o
fizesse funcionar. Sem aquecimento na casa, ele teria que levar a família
para passar a noite em outro lugar.
Veio-lhe então o pensamento: “Está agradecido agora?”
Ele admitiu que tinha estado tão perturbado com a casa fria e a família
enregelada, que tinha se esquecido de agradecer a Deus.
"Desculpe-me, Senhor; esqueci”, orou ele. “Sei, porém, que tu planejaste
isso para o nosso bem. Agradeço-te, ó Deus, por este aquecedor, frio como
está.”
Naquele momento uma ideia muito clara apareceu em sua mente: “Verifique
a ventoinha!”
Eu nem sei onde fica isso!
"Olhe atrás da chapa, no lado direito”, veio o pensamento.
Arranjou uma chave de fenda e começou a retirar a chapa. De repente lhe
pareceu que estava sendo ridículo. Não será que estava imaginando coisas?
Será que havia mesmo uma ventoinha atrás da chapa? Mas se Deus estava
realmente ajudando-o, ele não podia parar agora, raciocinou.
Seus dedos estavam entorpecidos de frio, mas a chapa finalmente saiu. Ali
estava a ventoinha.
E agora? indagou ele.
“Examine a correia da ventoinha; ela está fora do lugar.”
Estava escuro demais para enxergar dentro do aquecedor. Pegou, então, uma
lanterna elétrica e iluminou a pequena abertura. Lá estava a correia, solta.
Colocou-a na polia e retirou o braço. O aquecedor continuou frio e
silencioso.
“E agora?” perguntou.
"Ligue o aquecedor", foi a indicação.
Assim que ele ligou o aquecedor, ele começou a funcionar. O homem correu
para cima para contar à sua família como Deus os havia abençoado através
de um aquecedor estragado.
Se, em face do problema, aquele senhor não tivesse louvado a Deus,
confiando em que Deus modificaria a situação para o seu bem, ele e sua
família teriam tido aborrecimentos e muito trabalho. O não-funcionamento
do aquecedor foi uma oportunidade dada por Deus para que eles
aprendessem, na prática, que o louvor liberta o poder e a orientação de Deus.
Depois desse dia, a vida daquele homem mudou completamente. Passou a
escutar a voz de Deus em todas as situações. Possui atualmente uma
sensibilidade bastante rara para atender às sugestões do Espírito Santo. E,
assim, estando sempre com as antenas ligadas para Deus, ele tem podido ser
um canal do poder divino para a vida de muitas pessoas.
O primeiro passo foi um ato de fé — creu que um aquecedor desligado numa
noite escura e fria era a expressão do terno interesse de Deus por si e pela
sua família. Ele poderia ter deixado passar essa primeira oportunidade.
Tenho certeza de que Deus lhe apresentaria outros desafios. Cada um de nós
se defronta com oportunidades de reconhecer a mão de Deus em cada
situação de nossa vida. Quantas teremos nós deixado passar?
Os efeitos das nossas reações são acumulados. Depois de cada atitude de fé,
torna-se mais fácil acreditar. Mas, o oposto também acontece. Todas as
vezes que deixamos de crer que a presença e o amor de Deus estão-nos
dirigindo em meio a uma situação difícil, os resultados negativos se
acumulam, e se torna cada vez mais difícil exercitar a nossa fé. Quanto mais
nos aborrecermos, mais emaranhados ficaremos nas teias da frustração.
Somando pequenos aborrecimentos conseguimos montanhas de depressão.
Uma enfermeira escreveu-me que havia sofrido anos de angústia.
“Todas as coisas, por menores que fossem, me perturbavam e irritavam. A
minha vida ia-se tornando cada vez pior. Pedi o auxílio de Deus, mas nada
aconteceu. Comecei a tomar calmantes pela manhã, para conseguir passar
bem o dia, e pílulas à noite, para conseguir dormir. Todas as manhãs eu
sentia uma grande agonia porque precisava me levantar. Não dava cont a do
trabalho de casa, e, no hospital, não aguentava a pressão de cuidar dos
doentes.
"Cada dia era pior que o anterior. Não aguentava mais fazer nem aquilo que
tinha achado fácil nos meses anteriores. Cheguei a sentir uma tal depressão,
que pedi a Deus que me deixasse morrer. Para mim, a vida era um inferno."
Certo dia ela leu Louvor que Liberta.
“Um raio de esperança apareceu”, escreveu ela. Resolveu que louvaria a
Deus em quaisquer circunstâncias, e fez uma comprida lista de tudo que
precisava ser agradecido, começando pelas situações que costumavam
angustiá-la. Os resultados apareceram de imediato.
“Eu só penso na mudança gloriosa que em mim se operou, com Cristo no
meu coração! Perdi aquela sensação deprimente de fracasso. Deixei de ficar
irritada e perturbada com as coisas que me aconteciam. Quando algo parecia
ir mal, eu apenas olhava para o alto e dizia: “Obrigada, Senhor!” E o meu
coração se regozijava!”
Quer estejamos rodeados por coisas que nos parecem montanhas de
desgraça, ou apenas por irritantes acontecimentos, o momento decisivo é o
mesmo. Reconheçamos que as nossas queixas e mau-humor são pecado, e
prometamos a Deus que daquele momento em diante seremos agradecidos
por tudo com que nos depararmos.
Façamos a decisão e resolvamos nos firmar nela pelo poder da fé. Deus nos
dará forças para ficarmos firmes. Depois dessa resolução, as oportunidades
de agradecer a Deus virão, sejam elas grandes ou pequenas.
Num retiro realizado nas proximidades de Fort Benning, vários jovens
prometeram agradecer a Deus por todas as coisas. No dia seguinte, um dos
soldados soube que um tio muito querido havia morrido num acidente com
um trator, na fazenda. Imediatamente lhe ocorreu o seguinte pensamento:
“Veja só o que aconteceu! Você tomou aquela decisão ridícula de louvar a
Deus. O seu tio nem era crente.”
O soldado reconheceu a procedência daquele pensamento, e resistiu à
tentação de se lamentar pela morte do tio. Ele orou: “Deus, tu sabes o quanto
eu amava meu tio, mas tu o amavas muito mais do que eu. Deves ter tido um
bom motivo para deixá-lo morrer. Eu te agradeço e te louvo porque sei que
fizeste o melhor.”
A angústia que ele sentia pela morte do tio se acabou, mas continuou a se
preocupar pelo primo, que acabara de aceitar Cristo como Salvador. Como
aceitaria ele a morte do pai? O soldado quis ir ao enterro para confortar o
primo, mas não conseguiu permissão.
“Está bem, Senhor”, orou ele. “Tu conheces o meu primo. Agradeço-te por
não poder ir.” Resolveu telefonar para casa e pedir a seus pais que dessem
um recado ao primo. Dirigiu-se a uma cabine telefônica. Foi o próprio primo
quem atendeu o telefone. “Como vai?” perguntou o soldado, bastante
surpreendido.
“Estou louvando ao Senhor”, veio a resposta. “Estamos todos felizes porque
papai aceitou Cristo alguns dias antes do acidente. Ele teve tempo para
contar a inúmeras pessoas o que Deus tinha feito por ele. Sabemos que foi
da vontade de Deus que ele fosse agora para o céu.”
O soldado voltou ao retiro, e contou aos outros o que havia acontecido. A
esposa de um capelão, que ali se achava, prometeu a Deus que ela também
o louvaria por tudo que lhe acontecesse.
Indo para casa naquela noite, ela se deparou com a sua primeira
oportunidade. Ela já dirigia havia dezoito anos, e nunca tinha sido multada.
Desta vez mandaram que ela parasse ao lado do tráfego, e um PM, que a
vinha seguindo, multou-a por ter atravessado um cruzamento sem ter
observado a parada obrigatória.
Ela explicou ao PM que ele tinha-se enganado. Outro carro exatamente igual
ao dela tinha deixado de parar no cruzamento, ultrapassando-a na hora em
que ela parara cuidadosamente. O policial não acreditou na história. O seu
primeiro impulso foi ficar zangada e se queixar da injustiça. Nesse
momento, ela se lembrou da sua promessa de ser agradecida em tudo.
“O Deus, creio que isto é da tua vontade”, orou ela. “Louvar-te-ei por toda
essa experiência.” Subitamente ela descobriu que todo o seu ser se achava
inundado de alegria.
No dia seguinte, ela voltou ao retiro e relatou a ocorrência.
“Não é maravilhoso?” disse ela. “Não precisamos nos aborrecer quando
somos tratados injustamente, ou quando outros se aproveitam da gente.
Essas coisas se tornam até uma fonte de alegria e força quando
reconhecemos nelas a mão de Deus, e passamos a agradecer-lhe.”
Quando louvamos a Deus outros são levados a Cristo. Se formos iguais aos
amigos que não conhecem Cristo, se nos aborrecermos e nos queixarmos tão
amargamente quanto eles pelos pequenos incidentes que podem amargurar
os nossos dias, eles vão concluir logicamente que a nossa fé não nos auxilia
em nada, assim como não ter fé não auxilia a eles. A menos que eles vejam
que é Cristo o responsável pela nossa atitude jovial em face dos
acontecimentos irritantes da vida, como podemos esperar que acreditem que
precisam de Jesus?
Não é o que dizemos que atrai os outros para a nossa vida cristã mas sim o
que somos e o que fazemos. É em nosso viver diário que isso aparece. Como
reagimos aos atrasos, às dificuldades do nosso trabalho, nas emergências,
nos encontros diários? Será que reagimos exatamente do mesmo modo que
os outros? Ou será que a nossa reação faz alguém pensar: “Aquela pessoa é
diferente. Será que ela possui algo de que eu preciso?”
Um casal leu o livro Louvor que Liberta e chegou à conclusão de que Deus
queria que lhe agradecessem por tudo. Uma noite eles acordaram às 2:30 da
madrugada com um barulho de vidro quebrado. O marido olhou para fora e
viu que todas as janelas do seu carro tinham sido despedaçadas por um
bando de garotos que acabava de desaparecer na esquina.
O casal agradeceu a Deus pela oportunidade que se lhes deparava de louvá -
lo. Ajoelharam ao lado da cama, agradecendo-lhe pelo que tinha acontecido.
Na manhã seguinte, o homem levou o carro para a oficina e explicou o que
tinha acontecido. “Agradeço a Deus. Estou certo de que ele tem um
maravilhoso propósito por trás disso tudo.”
O dono da oficina sacudiu a cabeça. “Se uma coisa dessas acontecesse
comigo, aqueles marginais iam ver uma coisa”, disse ele.
O freguês sorriu. “Não é necessário. Deus cuida disso. Não é preciso que eu
me aborreça.”
O dono da oficina olhou para ele e disse: “Sou crente há muitos anos, mas
nunca ouvi ninguém louvar a Deus por vandalismo.”
Continuaram a conversar e o freguês lhe falou sobre o batismo do Espírito
Santo e o poder de Deus que é liberado pelo louvor.
"Já ouvi falar tanto no batismo do Espírito Santo que até nem aguento mais.
Tenho um freguês que só fala nisso. Mas conte-me mais sobre o louvor a
Deus. Parece interessante.”
O freguês explicou que ele achava que os dois assuntos eram um só, pois
ambos eram o resultado de fé e entrega absoluta a Deus. Depois dessa
conversa, o dono da oficina aceitou o convite para assistir a uma reunião de
homens de negócio, todos batizados com o Espírito Santo. Nessa reunião,
ele recebeu o batismo.
Em seguida, resolveu que passaria a louvar a Deus sempre, e o primeiro item
de sua lista foi o seu negócio. Havia dois anos, ele vinha caminhando aos
poucos para a falência.
No dia seguinte, um dos seus empregados teve um acidente com um
caminhão, danificando bastante o veículo. Aquilo podia ser a última gota
para a falência total.
O dono da oficina olhou para o seu jovem empregado, que estava todo
nervoso, obviamente esperando um acesso de raiva do patrão. Em vez disso,
o patrão sorriu, pôs o braço nos ombros do rapaz e disse: “Louvemos a
Deus por este acidente. Acredito que ele transformará tudo em bem.”
Fez-se o pedido rotineiro de seguro e, para surpresa do dono da oficina, o
dinheiro recebido deu para ele pagar as dívidas mais urgentes. O ac idente
fora o ponto decisivo do seu negócio, e os lucros começaram a aumentar.
Foi também um momento decisivo muito mais importante na sua própria
vida, pois agora passara a ter alegria e paz. Como consequência, muitos e
muitos fregueses vieram a conhecer Jesus Cristo como Salvador, por ficarem
impressionados com a sua contagiante alegria.
Quando a alegria de Cristo toma conta de nossas vidas, outros são levados
a ele.
Certa vez, depois de uma reunião que acabou muito tarde, fui a um
restaurante e pedi um copo de leite. A garçonete sorriu e foi até a cozinha
para apanhar o leite. Logo depois voltou com a fisionomia zangada. “Queira
me desculpar. Passaram a chave na geladeira e não posso lhe servir o leite.”
"Graças a Deus!" respondi automaticamente. A garçonete me olhou
assustada.
"Por que o senhor disse isso?”
"Aprendi a ser agradecido a Deus por tudo o que acontece: creio que ele faz
tudo para o nosso bem, se nós assim permitirmos.”
“Qual é a sua religião?” perguntou ela.
"Metodista.”
“Bem, eu sou batista, mas jamais vi alguém dar graças por coisa assim!”
“Bem”, comentei. “Você é batista; mas é crente?”
Ela hesitou. “Acho que sou; mas nunca tive muita certeza.”
“Você pode vir a ter certeza. Jesus veio ao mundo para nos dar vida eterna,
como uma dádiva gratuita. Temos apenas que pedir-lhe que perdoe nossos
pecados e crer que ele assim procedeu. Se você quiser, posso orar com você
agora e pedir a Deus que lhe dê essa dádiva gratuita."
A garçonete concordou ansiosamente. “Oh, eu gostaria muito!”
Pus a mão no seu ombro, inclinamos a cabeça, e ali, no restaurante vazio,
alguns minutos depois da meia-noite, pedi a Deus que aumentasse sua fé e
lhe desse a segurança da vida eterna, por intermédio de Cristo.
As lágrimas escorriam por sua face.
“Jamais senti isso em minha vida”, disse ela. “Parece que um grande peso
saiu das minhas costas. Agora sei que sou cristã de verdade.”
Parece bobagem insistir em ser agradecido por não receber um copo de leite
que se deseja. Entretanto, quando se aprende a agradecer a Deus por tod as
as pequeninas coisas, Deus usa esse louvor para atrair a si pessoas infelizes
e cansadas. E ele então transforma o seu fardo de preocupações e ansiedades
em paz e alegria puras.
Eu esperava um avião num dos aeroportos de Atlanta, quando um
desconhecido ergueu minha pasta de documentos que eu havia deixado na
mesinha ao meu lado. Eu não a tinha fechado bem, e tudo o que estava dentro
se esparramou pelo chão. Os documentos voaram em todas as direções, e
reparei que a minha escova de dentes tinha saído do seu estojo e estava ali
naquele chão sujo. Reprimi um impulso de me sentir irritado com aquele
homem desajeitado e murmurei para mim mesmo: “Sim, meu Senhor,
agradeço-te por isso. Sei que tu tens alguma razão para permitir que isso
acontecesse.” O desconhecido pediu desculpas, meio constrangido, e
começou a apanhar os meus pertences espalhados pelo chão. Quando fui
ajudá-lo, ele me perguntou: “O senhor se lembra de mim?”
"Receio que não.”
Ele contou que havíamos nos encontrado rapidamente havia alguns meses,
e que ele estava passando por ali cansado e desanimado, pedindo a Deus que
o fizesse encontrar alguém que pudesse ajudá-lo.
“Eu o vi. Então levantei a sua pasta para sentar na mesinha ao seu lado”,
explicou. “Agora sei que foi Deus que me mandou ao seu encontro. Pode me
explicar como conseguiu ficar tão calmo quando eu espalhei todos os seus
objetos pelo chão?”
Foi com alegria que lhe contei como é maravilhoso crer que todas as coisas
concorrem para o bem quando amamos a Deus, e que pequenas experiências,
como o conteúdo de uma pasta cair no chão de um aeroporto, são
oportunidades para agradecermos a Deus e observarmos a sua operação.
O homem estava surpreso com tudo o que eu lhe dizia e fez diversas
perguntas. Quando chegou a hora de eu tomar o avião, ele disse: “Gostaria
de ir a Fort Lauderdale, na Flórida, como meu convidado, logo que lhe for
possível?"
Foi a minha vez de ficar grandemente surpreendido. Eu vinha orando a Deus
que me abrisse uma porta para visitar Fort Lauderdale. Tinha ouvido falar
bastante do que Deus estava fazendo na vida dos cristãos da cidade.
Paulo escreveu o seguinte aos cristãos de Filipos:
"Em tudo quanto vocês fizerem, evitem queixas e discussões, de modo que
ninguém possa dizer nenhuma palavra de censura contra vocês. Vocês
devem levar uma vida pura e imaculada como filhos de Deus num mundo
em trevas, cheio de gente desonesta e obstinada. Brilhem entre eles como a
luz de um farol, mostrando-lhes a Palavra da Vida... Haja o que houver,
caros amigos, alegrem-se no Senhor. Nunca me canso de dizer-lhes isto e é
bom para vocês ouvir muitas vezes a mesma coisa.” (Fp 2.14-16; 3.1.)*
É a ausência de queixas e a nossa felicidade em Cristo que nos habilitam a
brilharmos como luzeiros, como faróis, oferecendo a Palavra da Vida num
mundo de trevas. Isto foi realidade em Filipos. É realidade nos dias de hoje.
Deixemos o nosso mau humor e as nossas tristezas de lado. Louvemos ao
Senhor por tudo que for sombrio ou desonesto ao nosso redor. Faça isso, e
observe como a luz de Deus penetra nas trevas!

CAPÍTULO 7

A Alegria do Senhor
“A alegria do Senhor é a vossa força”, disse o profeta Neemias. (Ne 8.10.)
Não admira que Jesus estivesse tão interessado que os seus discípulos
entendessem que ele tinha vindo, não somente para lhes dar a salvação
através do seu sacrifício na cruz, como também para proporcionar-lhes o
poder reconfortante da sua alegria.
"Vocês não experimentaram fazer isso antes (mas comecem agora)”, disse
ele. “Peçam utilizando meu nome, e receberão, e o cálice da alegria de vocês
transbordará." (Jo 16.24.)*
A alegria do Senhor é nossa. Basta pedirmos!
Antes de ser preso, Jesus orou por nós nos seguintes termos: “...para que
eles tenham o meu gozo completo em si mesmos." (Para que eles tenham a
minha alegria dentro de si.) (Jo 17.13.)
Todo cristão genuíno sabe que a sua salvação é uma dádiva gratuita. Ele
nasceu novamente do Espírito Santo quando aceitou Jesus Cristo como o seu
Salvador, pela fé. Muitos chegam a descobrir que Deus lhes dá mais uma
coisa gratuitamente: o batismo do Espírito Santo, o qual também pode ser
reivindicado pela fé. Mas são poucos aqueles que chegam a compreender
que Jesus já nos ofereceu a sua alegria e que podemos reivindicá-la pela fé
juntamente com as outras duas bênçãos.
Sendo a alegria do Senhor a nossa força, é claro que essa alegria não é uma
coisa que só podemos obter depois de muitas realizações ou
aperfeiçoamentos. Precisamos dela desde o princípio, para nos sustentar e
nos dar forças para a tarefa de espalhar as boas-novas pelo mundo.
Paulo escreveu aos coríntios: “Quando eu for, embora não possa fazer muito
para ajudar-lhes a fé, pois ela já está forte, desejo poder fazer algo para
alegria de vocês: quero deixá-los felizes, e não tristes.” (2 Co 1.24.)*
Paulo não pretendia proporcionar-lhes alegria levando-lhes lindos presentes
ou oferecendo-lhes circunstâncias agradáveis. Ele pretendia fazê-los se
lembrarem da alegria que já lhes tinha sido dada. Paulo queria que os
coríntios se regozijassem cultivando a alegria que tinha sido implantada
neles pelo Espírito Santo.
Paulo sabia que as circunstâncias externas que rodeiam uma ativa
testemunha cristã muitas vezes contêm provações e sofrimentos. A sua fonte
de alegria é interna, é a sua permanência em Cristo.
"O Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam
cadeias e tribulações. Porém, em nada considero a vida preciosa para mim
mesmo, contanto que complete a minha carreira (com alegria), e o
ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da
graça de Deus.” (At 20.23-24.)
Se a alegria já nos foi dada por Jesus, por que a maioria dos cristãos têm
uma vida tão desprovida de gozo?
Jesus orou para que a sua alegria fosse aperfeiçoada em nós. Ele queria dizer
que nós mesmos não podemos nos tornar alegres, como não podemos nos
salvar por nós mesmos, como não podemos nos dar paz, ou tornar -nos mais
cheios do seu amor. O que podemos fazer é resolver a aceitar a Jesus e
confiar no que ele fez por nós, e permitir que ele aperfeiçoe a sua alegria em
nós.
Na prática isso quer dizer que resolvemos mostrar-nos alegres,
independentemente do que sentirmos, confiando em que Deus está
operando, transformando nossas tristezas em alegrias, justamente como ele
prometeu.
Amor, alegria e paz fazem parte do fruto do Espírito Santo em nós. Jesus
explicou aos seus discípulos como deviam cultivar esse fruto.
“Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como
também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu a- mor
permaneço. Tenho-vos dito estas cousas para que o meu gozo esteja em
vós.” (Jo 15.9-11.)
A origem da alegria não está em circunstâncias felizes, mas no
conhecimento dos mandamentos de Jesus, na sua obediência e no descansar
nele.
Jeremias escreveu; “Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras
me foram gozo e alegria para o coração." (Jr 15.16.)
A alegria é certamente uma coisa que devemos sentir. É para ser uma
experiência feliz, transbordante e agradável. Mas a alegria não depende d o
sentimento. Não é por nos sentirmos alegres que devemos nos regozijar.
Antes, devemos esperar que a alegria chegue até nós por estarmo -nos
regozijando.
Davi aprendeu o segredo do regozijo. “Regozijai-vos nele com tremor”,
escreveu ele no Salmo 2.11. “Agora será exaltada a minha cabeça acima dos
inimigos que me cercam. No seu tabernáculo oferecerei sacrifício de júbilo;
cantarei e salmodiarei ao Senhor.” (Sl 27.6.)
Durante muito tempo pensei que alegria fosse algo que eu experimentaria
quando estivesse satisfeito e as coisas corressem bem ao meu redor. Agora
compreendo que a alegria não brota das minhas emoções, mas é provocada
pela minha vontade e faz parte de uma vida de louvor.
“Regozijai-vos no Senhor, ó justos. Aos retos fica bem louvá-lo”, escreveu
Davi no Salmo 33.1.
A alegria, o agradecimento e o louvor se relacionam entre si, e nosso
compromisso de louvar e agradecer a Deus em todas as coisas não é
completo enquanto não nos comprometermos a nos regozijarmos em tudo
também.
Uma senhora de idade, que tinha recebido o Espírito Santo, e que tinha sido
membro ativo no trabalho do Senhor, ficou deformada pela artrite. Anos de
sofrimento tinham-lhe roubado a alegria de viver; a menor ocupação
doméstica lhe era uma agonia, e cada vez ficava mais deprimida.
Ela acreditava que Deus podia curá-la, e tinha ido a várias reuniões de cura
divina, mas piorava cada vez mais. Certo dia, ouviu falar no poder de louvar
a Deus em todas as coisas, e resolveu que ia tentar. Não era uma tarefa fácil,
pois então a dor já era quase que constante, dia e noite. Mas ela estava
mesmo resolvida a ser agradecida a Deus por tudo que fazia parte de sua
vida, até mesmo por sua dor.
Certo dia, ela atravessava vagarosamente a cozinha, carregando uma
bandeja de utensílios. Subitamente a bandeja caiu, e todas as vasilhas se
espalharam. Suas costas doloridas e os dedos entrevados não permitiam que
ela se abaixasse para pegar coisa alguma. Numa situação dessas, ela
costumava chorar de autopiedade. Mas, desta vez, ela se lembrou de sua
promessa de louvar a Deus.
"Obrigada, Senhor”, murmurou ela “por me deixar derrubar tudo no chão.
Acredito que estejas operando para o meu bem.”
Num momento, ela se deu conta de que havia outros seres na cozinha, ali ao
seu lado. Antes estivera sozinha. Agora tinha a sensação da presença de
outros. Admirada, compreendeu que estava rodeada de anjos. Os anjos riam
e se regozijavam, e ela sabia que a alegria deles era por ela. De repente,
entendeu.
Jesus disse aos seus discípulos: “Há júbilo diante dos anjos de Deus por um
pecador que se arrepende” (Lc 15.10) ou como diz a versão Phillips: “Por
um pecador cujo coração se transforma.”
Certamente, ela era uma pecadora salva, cujo coração havia-se transformado
miraculosamente. Durante anos, ela se enchera de autocomiseração e de
queixas contra Deus por deixá-la sofrer. Tinha-lhe suplicado que a curasse,
e bem lá no íntimo achava que Deus a tinha desiludido. Finalmente, chegou
a compreender que as suas queixas eram baseadas em incredulidade, e houve
regozijo entre os anjos quando ela confiou em Deus e o louvou pelo acidente
com a bandeja de utensílios.
Ela ficou parada no meio da cozinha, sentindo-se impregnada pela alegria
que enchia o lugar. E, com o coração cheio de regozijo, agradeceu
sinceramente a Deus por ter permitido o sofrimento que lhe trazia agora tal
alegria.
Algum tempo depois, ela estava assistindo um culto, onde se fazia oração
pelos enfermos. Com toda a confiança em Deus, foi à frente. Antes, a dor a
tornava tão consciente da doença, que isso prejudicava a sua capacidade de
crer. Agora a sua fé não se apoiava mais em seus sentidos. Estava livre para
crer, não importando quão intensa fosse a dor. Naquela noite ela foi curada
instantaneamente. Toda a dor se foi, e as juntas deformadas tornaram-se
perfeitas.
Somos criaturas que gostam de se fixar a hábitos. Temos sempre deixado
que os nossos sentidos comandem nossas reações. Mas Cristo veio morar
em nós para que a sua alegria possa nos encher completa e plenamente.
Não são as nossas emoções, nem a nossa mente, nem tampouco os nossos
sentidos que nos incitam a regozijar. Isso vem do nosso espírito nascido do
Espírito Santo. É ali que reside a nossa vontade. E quanto mais permitirmos
que nossa vontade tome a iniciativa de nossas ações — não permitindo que
os sentidos o façam — tanto maior será a nossa capacidade de reagir a
qualquer situação com louvor, alegria e agradecimentos. O nosso velho
hábito de depender dos sentimentos irá se tornando cada vez menos
frequente. Se persistirmos, veremos que a alegria procedente da nossa
vontade e do nosso espírito se estenderá também aos nossos sentidos.
O que a princípio é um ato de obediência à Palavra de Deus acaba
envolvendo todo o nosso ser: agora percebemos, sentimos, pensamos e
experimentamos um louvor transbordante, um coração agradecido, e uma
alegria, que jamais tínhamos provado antes.
Quando nos submetemos inteiramente à vontade de Deus, de maneira que
todos os obstáculos existentes em nós possam ser removidos, e nós
possamos ser amoldados, renovados e transformados em vasos perfeitos
para ele, é então que descobriremos que a alegria do Senhor está toda em
nós.
Durante vinte anos, aproximadamente, sofri do estômago. Muitos tipos de
alimento me faziam mal. Fui a inúmeros médicos e tomei muitos remédios,
mas sem resultado.
Orei e tentei crer que Deus me curaria; mas, não recebi a cura. Outros oraram
por mim — líderes cristãos muito conhecidos pelo seu sucesso no ministério
de cura, grupos de oração, amigos — mas o problema continuava.
Reivindiquei a promessa de Jesus, em Marcos 16, de que nem veneno me
faria mal, e comia frequentemente quaisquer alimentos que me fossem
servidos. Mas o resultado era repetidamente um "desastre” e eu passava
muito mal, incapaz de dormir, e me entregava à autopiedade.
Finalmente decidi aceitar pela fé que tinha sido curado pela virtude da morte
de Cristo por mim, e acreditar que os sintomas desapareceriam quando ele
quisesse. Durante alguns anos, descansei nessa certeza e agradeci a Deus
por estar operando em minha vida o que ele achava melhor.
Antes de eu me reformar, porém, os médicos do exército resolveram operar
meu estômago. Não acharam coisa alguma que justificasse a dor que eu
vinha sentindo todos aqueles anos, e, consequentemente, nada puderam
fazer em meu favor.
Após a operação, deitado no leito do hospital, a dor começou a ficar mais
forte que nunca. Analgésicos e narcóticos não faziam efeito. Hora após hora
estava eu ali deitado, sem conseguir dormir, e as trevas parecendo me
engolfar. Tinha a impressão que podia até tocar no sinistro poder do mal que
flutuava em derredor; lutei contra a tentação de me entregar ao pavor. Temia
morrer, e também tinha medo de viver naquele estado.
No momento em que as trevas pareciam mais densas, clamei: "Senhor, não
importa o que possa acontecer ou o que eu possa sentir, agradeço-te por toda
esta experiência. Sei que de tudo isso tu tirarás algum proveito.”
Imediatamente, as trevas daquele quarto de hospital foram dissipadas por
uma luz clara e brilhante, mais resplandecente que o sol. Era uma luz tão
resplandecente quanto aquela que eu vira, havia muitos anos, numa visão.
Quando tivera a visão, o Espírito Santo me explicara seu significado. Eu
tinha visto uma nuvem escura flutuando sobre um campo ensolarado; e,
acima da nuvem, uma luz branca resplandecente. A luz representava a
alegria e a bênção já asseguradas por Cristo para nós. Mas, para se chegar a
ela, era preciso subir numa escada que atravessava a escura nuvem de
confusão e dor. Dentro da nuvem era impossível saber-se a direção certa
pelos sentidos, fosse pela visão, pela audição ou pelo tato. Só se podia galgar
a escada pela fé, pelo louvor a Deus, degrau por degrau. Para subir aquela
escada através da escura nuvem, era preciso que não houvesse qualquer
dependência dos sentidos. Era preciso aprender a confiar na Palavra de
Deus. A escada do louvor levava diretamente aos páramos celestiais. Lá
estava o nosso lugar com Cristo Jesus.
Ali na minha cama de hospital, meu corpo agora flutuava naquela luz
brilhante e maravilhosa. Repentinamente, compreendi que aquela visão, que
eu tivera havia tantos anos, agora era realidade.
Os anos em que eu tinha andado pela fé, crendo que Deus estava usando a
minha dor para o meu bem, foram os anos em que eu estivera atravessando
a nuvem de escuridão e incerteza. Sem ter passado pela nuvem, eu não teria
aprendido a me desfazer dos sentidos e dos meus sentimentos. Agora eu
podia agradecer a Deus, de todo o coração, pelas circunstâncias de minha
vida que tinham aumentado a escuridão da nuvem. De que outra maneira
poderia eu ter aprendido a confiar nele tão plenamente? De que outra
maneira poderia eu ter experimentado esta maravilhosa imersão na luz e na
alegria?
Aquela luz permaneceu comigo vários dias, envolvendo-me, inundando todo
meu ser, e quando voltei para casa, descobri que Deus também tinha curado
o meu estômago. Os alimentos que me faziam mal antes, agora eram
inofensivos. Alegrei-me por poder comer morangos, maçãs, bananas,
sorvetes, alimentos dos quais eu me abstivera por vários anos.
Durante todo esse tempo, muitas pessoas foram curadas instantaneamente
quando eu orava por elas, mas Deus resolvera fortalecer a minha fé
esperando que eu confiasse totalmente em sua Palavra.
O louvor realmente liberta o poder de Deus para efetuar a cura, mas esta é
de importância secundária. Enquanto nosso próprio conforto, nosso desejo
de ser curado e de ficar livre da dor física forem nosso interesse primordial,
estamos na perspectiva errada. Estamos contestando o plano divino para nós.
Passei anos com receio de um dia perder os dentes. Então, certo dia, o meu
dentista me disse que as minhas gengivas estavam muito inflamadas, e que
havia uma perda óssea visível ao raio-X. A radiografia demonstrava um
quadro muito triste: eu estava prestes a perder os dentes!
Deixei o consultório do dentista muito abatido. Sabia que devia agradecer a
Deus pelo que acabara de saber, mas não me sentia feliz.
“Obrigado, Senhor”, disse. “Sou grato a ti por teres permitido que meus
dentes chegassem a esse péssimo estado. Estou certo de que tu sabes melhor
do que eu o que é bom para mim; portanto, eu te louvo, Senhor!”
À medida que eu orava, mais agradecido me sentia. Encontrei então uma
amiga e lhe contei sobre a minha nova oportunidade de louvar o Senhor.
“Já orou pedindo a cura?” perguntou ela.
“Não. Acabo de compreender que perder os dentes afinal não é tão
importante, pois só acontecerá se Deus o permitir.”
“Acho que Deus quer que você tenha dentes perfeitos”, disse a minha amiga,
pondo levemente a mão no meu ombro. “Deus querido”, orou ela, “damos -
te graças por teres deixado os dentes do Merlin chegarem a tal estado. Nós
te louvamos, e pedimos que sejas glorificado nisso; toca Merlin agora e
cura-o completamente.”
Três dias depois voltei ao consultório do dentista, e o observava enquanto
ele estudava as novas radiografias cuidadosamente. Parecia muito
interessado e um tanto perplexo. Pôs as radiografias na mesa e examinou
minha boca novamente. Sacudiu a cabeça, resmungou à meia voz, e eu
pensei: talvez estejam ainda piores do que ele esperava.
Finalmente, ele recuou, olhou-me dos pés à cabeça, e perguntou: “O que foi
que você fez nos dentes?”
“Absolutamente nada!”
“Então não entendo.” Olhou as radiografias antigas e as novas. “Os ossos
estão em perfeito estado, e as suas gengivas perfeitas. Está tudo ótimo!”
Ri silenciosamente. Era maravilhoso saber que Deus havia me curado. Mas
o mais maravilhoso era que a cura não tinha mais uma importância tão
grande. Aquele tormento, aquele medo de usar dentadura tinha
desaparecido. Não me importava mais ter ou deixar de ter dentes perfeitos,
que fossem genuinamente meus. O importante era uma perfeita união com
Cristo e uma confiança absoluta no interesse amoroso de Deus por todos os
detalhes de minha vida, mesmo os pequeninos.
Recebi recentemente uma carta de uma senhora muito amiga, de New
Hampshire. Ela mora sozinha com o filho adolescente e, quando me
escreveu, estava de cama, estirada de costas e em constante dor, após ter
sofrido duas operações importantes. Ela escreveu nos seguintes termos:
“Louvado seja Deus por sua grande fidelidade! Eu estava muito desanimada
depois da minha última operação, mas alguém me deu um exemplar de
Louvor que Liberta. Resolvi louvar a Deus pela doença e ficar firme em
Jesus. A dor não desapareceu, mas passei a conhecer meu Salvador de
maneira mais profunda, e o Espírito Santo tem-me abençoado
maravilhosamente.
“Alguns amigos me disseram que Deus me fez sofrer para me castigar. Sei
que não é isso. Jesus nunca me acusou. Pelo contrário, ele muito me tem
ensinado sobre o seu amor. Nestes últimos meses, ele usou a sua Palavra
para me mostrar coisas erradas que não deviam estar no meu coração e na
minha vida, sentimentos e pensamentos que não são de Cristo. Com o seu
maravilhoso amor. Deus me perdoou e curou todas as cicatrizes de mágoas
antigas.
“Aprendi a agradecer a Jesus pelas dificuldades todas, e até pela dor. Eu
amo a Cristo de todo o meu coração. Não entendo por que ele me dirige por
este caminho, mas, eu o louvo por poder sentir-me feliz e sentir “prazer” na
enfermidade (2 Co 12.10), e por estar sendo dirigida por Deus.
“Devo voltar ao hospital e talvez tenha que me submeter a uma terceira
operação. Agradeço a Deus por isso, sabendo que tudo redundará para o meu
bem. Sei que ele pode me curar. Agradeço-lhe, pois sei que o que ele decidir
em seu amor, será o melhor para mim.”
A sua carta transbordava de genuína alegria e gratidão. O seu corpo físico
ainda sofria dores, mas ela já tinha experimentado a cura de suas emoções e
do seu ser interior, e mantinha um relacionamento maravilhoso com Deus,
em Cristo. Todas as outras coisas, até mesmo a sua cura, tinham-se tornado
secundárias.
Identidade com Deus, em Cristo, era o objetivo de Paulo também. Jesus
sabia que a finalidade da sua vinda à terra fora remover a barreira do pecado
existente entre o homem e Deus, para que o Criador pudesse estar novamente
unido com a sua criação, como tinha sido a sua intenção desde o princípio.
Antes da sua crucificação, Jesus orou por nós:
“Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em
mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como
és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me
tens dado, para que sejam um, como nós o somos. Eu neles e tu em mim, a
fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que
tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim. Pai, a minha
vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para
que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da
fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te
conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz
conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que
me amaste esteja neles e eu neles esteja.” (Jo 17. 20-26.)
Jesus orou, e nós sabemos que a sua oração foi respondida. Paulo nos
assegura que estamos assentados com Cristo. Cristo habita em nós. Nele,
nós somos um com o Pai.
Quando começamos a compreender o significado pleno desses
acontecimentos já ocorridos, tudo o mais que aconteça em nossa vida passa
a ter uma perspectiva correta. As circunstâncias externas que nos pareciam
extremamente importantes por causa do nosso relacionamento imperfeito
com Cristo, e que recebiam quase toda a nossa atenção, se encaixam agora
perfeitamente no plano que Deus está operando em nossa vida. É verdade
que ainda não vemos o plano, mas vemos Jesus Cristo como Senhor e
Mestre; sabemos que Deus tem um plano, e que este plano é bom.
Desde a publicação de Louvor que Liberta, tenho recebido muitas cartas de
pessoas que estão em prisões e penitenciárias.
Da antecâmara da morte recebi a seguinte carta:
"Já foi pronunciada a minha sentença de morte pela cadeira elétrica. Sei que
preciso morrer. Durante muito tempo não tive esperança alguma para depois
da morte. Meus pensamentos eram controlados pelo medo. Sentia- me
abandonado por Deus e pelo homem. Foi então que li Louvor que Liberta.
O meu espírito passou a ter nova vida. Ousei acreditar que Deus existe e
está operando em todas as vidas para nos levar à aceitação do seu Filho
como Salvador e Senhor.
"Relembrei a minha própria vida, que foi sórdida, e compreendi que tudo
tinha acontecido com a permissão de Deus para que eu chegasse ao ponto
de procurar encontrá-lo. Encontrei-o, e num momento maravilhoso
compreendi que Deus opera em todas as coisas para o nosso bem e para a
sua glória. Pela primeira vez, vi que a minha vida inteira foi abençoada por
Deus, e que eu lhe pertencia pela fé no seu Filho. Estou agora inteiramente
livre e cheio de sua paz e de sua alegria.”
Outro detento escreveu:
“Aprendi a odiar a tudo e todos. Por mais que eu tentasse não via motivo
algum para ter alegria de viver. Alguém me deu um exemplar de Louvor que
Liberta. Quando o li pela primeira vez, pareceu-me um amontoado de
bobagens. Mas, quanto mais eu pensava nele, mais ficava tentado a louvar
a Deus pela minha vida enxovalhada. Afinal de contas, eu estava no fundo
do poço. Não tinha nada a perder.
“Comecei a repassar todos os eventos de minha vida, um por um, à medida
que me vinham à memória. Agradeci a Deus pelo fato de cada um deles ser
uma parte de seu plano para minha existência. A ideia geral me parecia sem
nexo, mas forcei-me a continuar. E como eu perseverasse, algo começou a
suceder em meu interior. Passei a pensar em Deus como estando
pessoalmente envolvido em minha complicada vida. Seria mesmo verdade
que ele estivesse interessado em mim? Ocorrências de que eu havia-me
esquecido, voltaram-me à lembrança. Antes eu as encarava como tragédias;
agora via-as como parte de uma ação de Deus para me atrair a si, a fim de
convencer-me de que eu precisava dele.
"Comecei a louvá-lo por todos os detalhes de minha vida. Agradeci-lhe pelas
pessoas que me odiaram, que me trataram mal, que mentiram a meu respeito,
e que me traíram. Agradeci-lhe por aqueles a quem eu havia odiado,
maltratado, traído ou a respeito de quem dissera mentiras.
“Uma intensa paz tomou conta de mim. Deus estava apagando todas as
lembranças amargas. Os muros da prisão como que se derreteram. Agora era
a paz que me rodeava. Os muros e as barras de ferro não fazem mais de mim
um prisioneiro. Sou livre em Cristo, louvado seja Deus!”
Outra carta me chegou às mãos, desta vez de uma penitenciária do Oeste dos
Estados Unidos:
“Louvado seja Deus! A frequência à nossa igreja e aos grupos de estudo
bíblico vem aumentando dia a dia. Na semana passada três homens
aceitaram Cristo como seu Salvador. Imagine só o que acontecerá dentro
destes muros se três almas se entregarem a Jesus semanalmente! (Numa
carta posterior ele contava que no mês seguinte doze homens haviam
aceitado a Cristo, e quatro recebido o batismo do Espírito Santo.)
Apreciamos imensamente as orações dos irmãos de Fort Benning. O Senhor
está fazendo sentir a sua presença nesta instituição de um modo como jamais
se teve notícia... Deus está respondendo as nossas orações e entre os
prisioneiros muitas almas ainda pertencerão a Jesus. Foi uma bênção ler
Louvor que Liberta. Regozijamo-nos com a possibilidade de realizarmos um
ministério através de fitas gravadas dentro dos muros desta prisão. Assim,
poderemos ouvir alguns dos ensinamentos de nossos irmãos cristãos que
estão “lá fora”.
“Deus é tão maravilhoso! Há oito anos passei pelos portões desta prisão com
uma sentença de dez a oitenta anos de prisão por assalto à mão armada. Nada
esperava do futuro, a não ser uma bala de um policial, ou o esquec imento
total pelo álcool. Tentei todos os programas de reabilitação, mas quando
recebi o livramento condicional, fiquei bêbado durante três meses e vinte e
cinco dias até ser recolhido novamente à prisão. Tentei modificar -me, mas
não consegui.
“Há seis meses passados, num instante, Jesus Cristo me transformou. Foi
bem como a Bíblia diz: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Co 5.17.) Desde
então, Jesus Cristo está sempre operando em minha vida para purificá-la,
fazendo com que a sua luz brilhe nos cantos escuros, cheios de teia de
aranha. Louvado seja Deus! Não existe qualquer outro programa de
reabilitação digno de nota, que possa ser comparado com o programa que
Cristo oferece. Homem algum pode modificar o homem interior. Somente
Cristo!
“Louvado seja o maravilhoso Jesus. Ele despejou sobre mim a luz do amor
de Deus. A alegria de viver com Jesus torna-se diariamente mais profunda.
“Muito lhe agradecemos por estar orando conosco em favor de um contínuo
despertamento entre os prisioneiros, e pelo fortalecimento dos novos
convertidos. Saudações dos irmãos em Jesus.”
Aquele nosso irmão está vivendo — e louvando a Deus — em circunstâncias
que muitos de nós chamaríamos de sombrias e difíceis. Entretanto, a sua
perspectiva tornou-se inteiramente diferente. Ele conhece a alegria de viver
em Jesus Cristo, e tudo o mais em sua vida tornou-se secundário. Ele
aprendeu a verdade dos seguintes versos: “Regozijai-vos sempre. Orai sem
cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus
para convosco." (1 Ts 5.16-18.)
João Wesley escreveu os seguintes comentários sobre esta passagem:
"Regozijai-vos sempre — uma felicidade incessante em Deus. Orai sem
cessar — é o resultado de regozijarmo-nos sempre no Senhor. Em tudo dai
graças — é consequência dos dois itens anteriores. Isto é a perfeição cristã.
Não podemos ir além; e não precisamos ficar aquém dela. Nosso Senhor já
pagou o preço da alegria e da justiça para nós. É este o objetivo do
evangelho: livres da culpa, podemos ser felizes no amor de Cristo. O
agradecimento é parte integral de uma oração verdadeira. As duas coisas
estão intimamente relacionadas. Aquele que sempre ora está louvando, seja
em tempos fáceis, seja em tempos de dor, tanto na prosperidade, como na
maior das adversidades; glorifica a Deus por todas as coisas, reconhece que
elas vêm de Deus, e as recebe somente porque ele assim o quer. Quem
sempre ora não escolhe nem recusa, apreciando ou deixando de apreciar;
mas aceita as ocorrências como vêm: agradáveis ou desagradáveis. Aceita
tudo conforme a sua perfeita vontade.” (Notas sobre o Novo Testamento.)
A perfeição cristã é ter uma vida de felicidade incessante com Deus, e
enxergar cada circunstância como vinda dele, agradecendo-lhe por isso.
Não há casualidades no plano de Deus para nossa vida. Nada, absolutamente
nada — por mais estranho, incoerente ou maléfico que nos possa parecer —
acontece sem o consentimento específico de Deus.
Uma senhora escreveu-me e relatou uma surpreendente história, história esta
que ilustra muito bem esse ponto.
Ela nasceu sem uma das mãos, e, desde a época em que tinha idade bastante
para compreender que era diferente das outras crianças, usava um lenço ou
uma estola cobrindo o toco do braço, a fim de esconder o defeito. Esteve
sempre terrivelmente cônscia da sua deformidade e, quando se tornou
adulta, começou a beber para esquecer a mágoa. Quando me escreveu, já era
uma senhora de cinquenta e seis anos.
“Há seis meses fui visitar minha irmã, e ela pôs no gravador uma fita na qual
o senhor falava sobre louvar a Deus por todos os problemas e tragédias da
vida. Enquanto eu escutava, senti como se tivessem me dado um soco no
estômago. Senti-me doente. Após ter culpado a Deus durante tantos anos
por causa da minha desgraça, eu não estava preparada para lhe agradecer
pela minha deformidade. Então, eu lhe disse: “Senhor, é impossível. Eu lhe
agradeço por me libertar do álcool, mas por esse outro problema não lhe
posso agradecer.”
"Por mais que eu tentasse, não conseguia esquecer a ideia de agradecer a
Deus. Perseguia-me noite e dia. Finalmente eu disse: "Senhor, por que não
me largas? Farei qualquer coisa por ti, menos isso. Acontece que não posso.”
Mas eu não achava descanso. Resolvi tocar a fita mais uma vez. Ouvi, então,
algo que me escapara antes. O senhor falou de um jovem soldado e sua
esposa, que se achavam incapazes de agradecer a Deus por aquela coisa
terrível que os ameaçava, mas disseram finalmente que queriam tentar. O
resto veio facilmente. Naquele momento, eu também havia chegado a um
ponto em que estava disposta a tentar qualquer coisa, mesmo que fosse
apenas para conseguir um pouco de paz. Assim, disse a Deus que estava
disposta a tentar, mesmo não estando certa de que conseguiria. Quando
acabei de falar, pareceu-me que uma carga de muitos anos havia sido
retirada de meus ombros. Comecei a louvar a Deus — as lágrimas correndo
— e parecia-me, como diz o corinho, que: “A paz do céu encheu meu
coração!” No meio desse regozijo todo, o Senhor me falou: “Ainda tenho
uma coisa a resolver com você!” Sentei. Que mais poderia ser? Eu tinha
feito o maior dos sacrifícios e agradecera a Deus pela deformidade que eu
tinha odiado a vida toda! Mas, muito claramente, as palavras se formaram
na minha mente:
“Você nunca mais vai pôr um lenço ou estola no toco do seu braço!”
"Fiquei tensa interiormente. “O Senhor, não”, murmurei. “Isso já é ir longe
demais. Não me peça isso.” “Enquanto estiver escondendo, você não está
agradecida. Ainda tem vergonha!” foi a suave repreensão. Em lágrimas,
cedi.
“Tentarei”, prometi. “Mas tu precisas me ajudar." “Na próxima vez que
precisei sair de casa foi para ir ao júri. Eu me vesti e, automaticamente,
peguei a estola. No mesmo momento veio o aviso: “Não! Não!”
“Eu disse: “Está bem, Senhor, irei sem ela, mas não prometo que não volte
para buscá-la!”
“Pela primeira vez na minha vida pisei a porta da rua sem esconder o defeito.
Quando fechei a porta atrás de mim, todo embaraço, vergonha e sensação de
culpa tinham desaparecido! Pela primeira vez em minha vida eu sabia o que
era ser livre. Compreendi que Deus me ama exatamente como eu sou.
Louvado seja o Senhor!” Há sempre uma justa razão para cada circunstância
que Deus permite em nossa vida. É através dessas circunstâncias que ele
pretende realizar o seu perfeito e amoroso plano para nós. Foi por amor que
Deus permitiu que aquela senhora nascesse sem a mão.
Deus permitiu que Satanás atormentasse Jó porque amava Jó. Deus permitiu
que Cristo fosse pendurado na cruz porque amava o seu Filho, bem como a
nós. Deus permitiu que as forças das trevas e do mal ganhassem uma vitória
aparente— aparente para o nosso ponto-de- vista — mas durante todo o
tempo o plano perfeito para a salvação do mundo estava sendo posto e m
ação.
Ninguém sabia isso melhor do que Jesus. Alguns leitores já me escreveram,
afirmando que Jesus se lamentou quando pendurado na cruz, gritando: “Meu
Deus, meu Deus, por que me desamparaste?”
Contudo, pensar que Jesus se lamentou está em franca contradição com tudo
que Jesus disse e fez na crucificação.
Ninguém mais do que Jesus sabia de cada detalhe do plano de Deus para
salvar o mundo. Várias vezes, ele falou aos seus discípulos sobre a sua
crucificação e ressurreição, e citava passagens dos salmos e dos profetas
predizendo o seu sacrifício na cruz. Jesus chegou mesmo a recomendar aos
discípulos que se regozijassem com o que estava para acontecer.
“Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto para junto de vós. Se me amásseis,
alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.” (Jo
14.28.)
Ele também lhes disse que ninguém poderia tirar-lhe a vida sem que ele o
permitisse.
“Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.
Ninguém a tira de mim. Pelo contrário, eu a dou espontaneamente. Tenho
autoridade para entregá-la e também para reavê-la. Este mandamento recebi
do meu Pai.” (Jo 10.17-18.)
Jesus já tinha contado a verdade aos seus discípulos, mas quando chegou a
hora, eles reagiram à vitória aparente do mal e se apressaram a defender
Jesus contra os soldados que vieram prendê-lo.
Jesus impediu-os. “Guarda a tua espada. ... Acaso pensas que não posso
rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de
anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim
deve suceder?” (Mt 26.52-54.)
Jesus sabia que a Palavra de Deus, as Escrituras, precisavam ser cumpridas.
Nenhuma circunstância ou atitude de nossa parte pode alterar a obra final
que a Palavra de Deus produzirá. Até Jesus se submeteu à Palavra, apesar
de ele ser o Verbo feito em carne.
Os judeus que rodeavam a cruz onde Jesus foi crucificado conheciam muito
bem as passagens do Velho Testamento que profetizavam a vinda do
Messias, o qual seria crucificado pelos pecados deles.
As palavras pronunciadas por Jesus: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” são as palavras iniciais do Salmo 22, um salmo muito
conhecido, um cântico de louvor e de vitória, que fala da crucificação e do
futuro reino do Rei Messias.
A agonia de Jesus na cruz foi muito real. Os pregos que perfuraram as suas
mãos feriram-no tanto quanto nos feririam se estivéssemos pendurados lá.
Mas Jesus sabia que o seu sofrimento não era uma vitória para Satanás e
para as forças do mal, mas sim parte do plano de Deus. Jesus louvou a Deus
pelo sofrimento, porque ele sabia que o seu sofrimento seria a vitória sobre
o mal no mundo.
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” clamou Jesus, e o Salmo
continua: “Por que se acham longe de meu salvamento as palavras de meu
bramido? ...Contudo tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel.
Nossos pais confiaram em ti; ...confiaram em ti, e não foram confundidos.
Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do
povo. Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e
meneiam a cabeça: Confiou no Senhor! Livre-o ele, salve-o, pois nele tem
prazer... Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra
mim abrem as bocas, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei - me
como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se
como cera, derreteu-se-me dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um
caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó
da morte. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia;
traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos; eles
me estão olhando e encarando em mim. Repartem entre si as minhas vestes,
e sobre a minha túnica deitam sortes. Tu, porém. Senhor, não te afastes de
mim; força minha, apressa-te em socorrer-me. ... A meus irmãos declararei
o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio da congregação; vós que temeis
o Senhor, louvai-o; glorificai-o, vós todos, descendência de Jacó;
reverenciai-o, vós todos, posteridade de Israel. Pois não desprezou nem
abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando lhe
gritou por socorro. De ti vem o meu louvor na grande congregação;
cumprirei os meus votos na presença dos que o temem.
"Os sofredores hão de comer e fartar-se; louvarão o Senhor os que o buscam.
Viva para sempre o vosso coração. Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se
converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias
das nações. Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações. Todos
os opulentos da terra hão de comer e adorar, e todos os que descem ao pó se
prostrarão perante ele, até aquele que não pode preservar a própria vida. A
posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura. Hão de vir
anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, contarão que foi ele quem
o fez." (SI 22.)
Há uma versão da Bíblia (The Amplified Bible) que acrescenta na última
linha: “Está consumado!”, as últimas palavras emitidas por Jesus antes de
render o espírito. (Jo 19.30.)
Jesus citou muitas vezes o profeta Isaías que profetizou com surpreendente
exatidão a sua vida, sua morte, e o reino futuro.
"Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas;
cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor tez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a
boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante
os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca. Por juízo opressor foi
arrebatado, e de sua linhagem quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da
terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo foi ele ferido.
Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua
morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou na sua boca.
"Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a
sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os
seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto
do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo,
com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque a iniquidade deles
levará sobre si. Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte e com os
poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte;
foi contado com os transgressores, contudo levou sobre si o pecado de
muitos, e pelos transgressores intercedeu.” (Is 53.5-12.)
Jesus sabia que a sua crucificação não era a frustração do plano de Deus,
mas o seu cumprimento. Os discípulos, entretanto, não entenderam assim.
Para eles, a crucificação de Jesus era o fim de todas as suas esperanças e
sonhos para o futuro. Eles não se lembraram das palavras de Jesus, quando
lhes disse: “Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos
verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar."
(Jo 16.22.)
Os discípulos não esperavam ver Jesus novamente. Quando lhes disseram
que ele não estava no túmulo, pensaram que o seu corpo tivesse sido
roubado.
Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus iam pela estrada que
ligava Jerusalém a Emaús. Falavam sobre a morte de Cristo, quando
repentinamente o próprio Jesus começou a andar ao lado deles. Mas eles não
o reconheceram.
Ele olhou para os seus rostos tão tristes, e lhes perguntou: “Que é isso que
vos preocupa?”
"Não ouviste contar?” disse um deles chamado Cléopas. "És o único,
porventura, que tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes
últimos dias?
Jesus ouviu-os contar a triste história do maravilhoso Jesus de Nazaré, que
havia realizado milagres tão grandes que eles estavam certos de que ele era
o Messias que tinha vindo redimir Israel; mas os líderes religiosos o haviam
entregado para o governo romano para que fosse crucificado. E os homens
falavam como se tivessem acabado de presenciar a maior tragédia já
ocorrida no mundo. Além disso, disseram os homens, o corpo de Jesus tinha
desaparecido do túmulo; algumas mulheres disseram que viram anjos, os
quais lhes informaram que Jesus estava vivo. E eles pareciam achar que esta
parte era um "conto de fadas”.
“Então lhes disse Jesus: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que
os profetas disseram!
Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E,
começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha -lhes o
que a seu respeito constava em todas as Escrituras.” (Lc 24.25-27.)
Já estavam chegando perto de Emaús. Como estava ficando tarde, os dois
homens convidaram o estranho para passar a noite com eles. Ainda não o
haviam reconhecido!
Jesus os acompanhou, e quando “estavam à mesa, tomando ele o pão,
abençoou-o, e, tendo-o partido, lhes deu. Então se lhes abriram os olhos, e
o reconheceram.” (Lc 24.30-31.)
Então eles creram. Durante todo aquele tempo tinham enxergado apenas as
circunstâncias exteriores e deixaram de ver o perfeito plano de Deus que
lhes era revelado.
Os discípulos tinham visto seu líder ser crucificado, um triunfo aparente do
mal sobre o bem, e acharam que isso era uma demonstração de que Deus
não estava ali com eles. Se, porém, tivessem acreditado na Palavra de Deus
falada pelos profetas, eles teriam aceitado as mesmas circunstâncias como
prova de que Deus estava com eles e estava operando o seu plano.
Nós, também, somos iguais aos discípulos. Quando as provações e os
sofrimentos aparecem em nosso caminho, a nossa primeira reação é: “Ó
Deus, por que me abandonaste?"
Mas Jesus disse: “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu
venci o mundo.” (Jo 16.33.)
Se nós verdadeiramente acreditássemos nas palavras de Jesus, veríamos que
as nossas circunstâncias são evidências da presença de Deus conosco, e o
louvaríamos e lhe agradeceríamos por elas, em vez de nos queixarmos e de
nos aborrecermos.
Nós abanamos a cabeça em tristeza pelas condições em que o mundo está e
dizemos: “Isso tudo é sinal de que Deus não está agindo muito atualmente.”
Mas Jesus disse aos seus seguidores que esperassem guerras, terremotos,
fomes, revoltas, epidemias, poluições, revolução sexual, e por aí vai a lista
— um retrato perfeito do mundo em que vivemos, e uma promessa de que
ainda vai piorar muito.
Jesus disse: “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei as
vossas cabeças; porque a vossa redenção se aproxima.” (Lc 21.28.)
Quando as coisas piorarem neste mundo a que pertencemos, isso não é sinal
de que Deus está ausente ou indiferente. Muito ao contrário. Todos esses
sinais são evidências de que Deus está muito perto. É sinal de que todas as
partes do seu plano e do seu propósito estão sendo cumpridas, justamente
como nos promete a sua Palavra.
Jesus disse aos seus discípulos que se regozijassem com ele pela sua
crucificação. Se tivessem podido confiar na sua Palavra, teriam
experimentado alegria ao invés de tristeza. A Palavra de Deus nos diz para
nos regozijarmos em nossas provações.
Pedro escreveu: “...crendo (em Jesus), exultais com alegria indizível e cheia
de glória.” (1 Pe 1.8.)
Em que você vai acreditar? Andará pela estrada como aqueles dois homens
em direção a Emaús, entristecido e preocupado com as circunstâncias
aparentes, convencido de que Deus está longe? Ou manterá os olhos bem
abertos e dará graças a Deus?
Receba o pão, a Palavra, a vida, a paz, a alegria que Jesus está-lhe
oferecendo. Veja que Jesus está com você, e que Deus está operando em
cada uma das circunstâncias de sua vida, para satisfazer suas necessidades.
Aquilo que você pensa ser uma prova espinhosa da ausência de Deus em sua
vida, é justamente a sua terna providência para trazê-lo para si, a fim de que
a sua alegria seja perfeita!
Olhe para os céus e louve-o! Ele o ama, e ele habita no louvor do seu povo!
EXULTAI, Ó JUSTOS, NO SENHOR!
Aos retos fica bem louvá-lo!
Celebrai o Senhor com harpa, Louvai-o com cânticos no saltério de dez
cordas!
Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo!
Porque a palavra do Senhor é reta e todo o seu proceder é fiel.
Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do Senhor.
Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro de sua boca todas as
estrelas.
Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes
vagas.
Tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo.
Pois ele talou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir.
O Senhor frustra os desígnios das nações e anula os intentos dos povos. O
conselho do Senhor dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas
as gerações.
Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua
herança.
O Senhor olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; do lugar de sua
morada observa todos os moradores da terra, ele que forma o coração de
todos eles, que contempla todas as suas obras.
Não há rei que se salve com o poder dos seus exércitos; nem por sua muita
força se livra o valente. O cavalo não garante vitória; a despeito de sua
grande força, a ninguém pode livrar.
Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que
esperam na sua misericórdia, para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo
da fome, conservar-lhes a vida.
Nossa alma espera no Senhor, nosso auxílio e escudo.
Nele o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome.
Seja sobre nós, Senhor, a tua misericórdia, como de ti esperamos.
— Salmo 33 —

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