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1. Introdução
A Teoria dos Jogos trata do estudo formal do conflito e da cooperação. Para esse
objetivo, se utiliza de modelos matemáticos que descrevem interações competitivas sujeitas
a um conjunto de regras, onde a meta principal é determinar quais são as estratégias
racionais ótimas em situações onde os resultados dependem também das estratégias
escolhidas pelos demais jogadores.
Desde o seu início nas primeiras décadas do século XX até os dias atuais, vários
resultados da Teoria dos Jogos têm contribuído para a elucidação de problemas
econômicos, sociais e políticos. Em Relações Internacionais, essa teoria matemática
desempenha um papel central em estratégia militar, no estudo de situações que envolvem
tomada de decisões em questões de política internacional e no entendimento de vários
aspectos das interações dinâmicas entre agentes em conflito.
Neste trabalho, apresentaremos o desenvolvimento da Teoria dos Jogos e diversos
exemplos de sua utilização para a modelagem matemática de problemas em Relações
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O autor é Bacharel em Matemática (PUC-RJ, 2004) e aluno do Curso de Relações Internacionais da
UniverCidade.
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Dado um jogo com dois jogadores J1 e J 2, consideremos a situação onde o conjunto das escolhas possíveis
para J1 é {1, ... , m} e para J2 é {1, ... , n}, sendo m e n números inteiros positivos. Se J1 escolhe i e J2 escolhe
j, o retorno de J1 é R1(i,j) e o de J2 é R2(i,j). Jogos de soma zero são aqueles em que a soma dos retornos dos
jogadores é nula, isto é, R1(i,j) + R2(i,j) = 0. Como nessa situação temos R1(i,j) = - R2(i,j), conclui-se que, em
jogos desse tipo, para que um jogador obtenha um ganho, o outro deve ter uma perda equivalente.
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estará completamente determinado pelas regras. A conseqüência é que haverá sempre uma
solução racional para um conflito entre dois jogadores com interesses completamente
opostos. Uma demonstração do teorema minimax pode ser encontrada em (LUCE;
RAIFFA, 1957).
A Teoria dos Jogos foi formalizada em 1944 por John von Neumann e pelo
economista austríaco Oskar Morgenstern. Os autores desejavam mostrar que problemas
típicos de comportamento econômico correspondem a soluções matemáticas de
determinados jogos de estratégia (VON NEUMANN; MORGENSTERN, 1944). Para
alcançar esse objetivo, apresentaram o teorema minimax restringindo-se à análise dos jogos
de soma zero e revolucionaram o campo da Economia com a axiomatização da teoria da
utilidade esperada, uma teoria da decisão que diz que, sob hipóteses de continuidade e
independência, toda preferência pode ser representada por uma utilidade linear nas
probabilidades, que por sua vez é dada pela utilidade esperada (ARAÚJO, 1983).
Ao termos que as preferências de cada jogador podem ser representadas
numericamente por uma função de utilidade, dadas duas ações, um indivíduo preferirá uma
delas somente se a sua utilidade esperada for maior do que para a outra (MAS-COLELL;
WHINSTON; GREEN, 1995). Nesse sentido mais amplo, um jogo é um modelo teórico
para uma situação definida por interesses competitivos, em que cada jogador procura
maximizar seus ganhos. A Teoria dos Jogos pode ser vista, portanto, como uma extensão da
Teoria da Decisão para o caso de haver dois ou mais jogadores e onde busca-se entender o
conflito e a cooperação através de modelos quantitativos e de exemplos hipotéticos
(MYERSON, 1991).
Situações que podem ser modeladas através de jogos de soma zero com dois
jogadores são encontradas em problemas econômicos, em decisões de política internacional
e em questões de estratégia militar. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Marinha
Britânica baseou-se em idéias diretamente relacionadas com a Teoria dos Jogos para
melhorar a sua capacidade de prever os movimentos dos submarinos alemães (KUHN;
NASAR, 2002).
Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da Teoria dos Jogos
intensificou-se no período da Guerra Fria (POUNDSTONE, 1993). Análises de situações
internacionais específicas têm sido realizadas ao longo das últimas décadas, buscando
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entender as decisões dos homens de Estado e a essência dos conflitos. Entre os assuntos
mais estudados sob a perspectiva da análise formal do conflito, temos a Crise dos Mísseis
em Cuba (WAGNER, 1989), as guerras no Oriente Médio (DEKMAJIAN; DORON,
1980), a corrida armamentista entre as duas superpotências durante a Guerra Fria
(BROWN, 1986) e a avaliação do impacto estratégico do projeto Guerra nas Estrelas
(BRAMS; KILGOUR, 1988).
Supondo que o novo sistema seja muito caro, cada país preferirá manter o seu
sistema de segurança caso o outro também o mantenha. Um dos países torna-se vulnerável
(zero pontos) caso opte por manter seu sistema e o país oponente escolha investir no
sistema novo.
As situações (manter, manter) e (novo, novo) são equilíbrios de Nash, mas observa-
se pela matriz que a situação mais vantajosa para ambos os países é (manter, manter), que
corresponde aos maiores ganhos.
Os custos elevados da não-cooperação mútua (novo, novo) levam a deduzir que a
situação cooperativa (manter, manter) é preferível. Entretanto, em seu artigo de 1978 sobre
o Dilema da Segurança, Robert Jervis aponta que quando um Estado tenta aumentar a sua
própria segurança, mesmo que seja por razões defensivas, isso provoca um descréscimo na
segurança dos demais Estados, o que pode iniciar uma espiral de hostilidades (JERVIS,
1978). Mesmo que seja mais vantajoso para um Estado optar pela cooperação, a mera
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percepção de que o oponente possa estar desejando mudar a sua estratégia pode ser
suficiente para desencadear essa espiral.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, pode
parecer que o Dilema da Segurança está ultrapassado, pois a instabilidade internacional não
parece resultar unicamente do aumento das tensões entre atores preocupados com a
segurança e a manutenção do status quo. Entretanto, a dissuasão requer ameaças e ao
mesmo tempo certezas sobre as condições dessas ameaças, caso contrário a parte que está
sendo ameaçada não tem razões para ceder. Dessa maneira, o Dilema da Segurança está
quase sempre presente em relações de dissuasão (CHRISTENSEN, 2002).
5. Conclusões
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