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A HUMANIZAÇÃO DO HOMEM COMO UM PROCESSO EDUCATIVO:

APROPRIAÇÃO E OBJETIVAÇÃO DA CULTURA E O DESENVOLVIMENTO


HUMANO

Autoria, Bárbara Gabriela Dena, Wesley Natan Ferrari, Centro Universitário Cidade Verde,
gabrieladena17@gmail.com​, ​wnf.wesleypsico@gmail.com​.
Orientadora, Mariana Lins e Silva Costa, Centro Universitário Cidade Verde,
prof_mariana@unifcv.edu.br.

O presente resumo apresenta parte da pesquisa de iniciação científica intitulada


Desenvolvimento humano e educação formal: contribuições da Psicologia Histórico-Cultural
desenvolvida entre agosto de 2019 e julho de 2020. Objetivamos apresentar alguns dos
pressupostos teórico-metodológicos sobre desenvolvimento psíquico a partir da Psicologia
Histórico-Cultural. Como justificativa, defendemos que a práxis do psicólogo deve ser
orientada por uma concepção de desenvolvimento que enfrente as concepções reducionistas e
biologicistas sobre a formação humana e encontramos na teoria eleita um terreno fértil. A
psicologia histórico-cultural defende que o desenvolvimento humano tem sua natureza
pautada nas relações sociais por meio das quais o indivíduo se apropria da cultura (material e
não-material) e tem nessa relação de apropriação e objetivação o processo de humanização.
Este fundamento, no entanto, não menospreza o seu desenvolvimento biológico, pelo
contrário, parte dele, compreende o desenvolvimento humano como uma unidade
psicofisiológica. O processo de humanização depende de um lado da apropriação dos bens
culturais mediado pelo outro, e de outro das objetivações resultantes das aprendizagens
anteriores. Porém, pertencer a uma determinada espécie não significa a ocorrência efetiva do
desenvolvimento humano, sendo sua real garantia a vida em sociedade. Compreende-se então
que para cada geração que se inicia já tem um mundo de objetos posto, e é a partir da
acumulação das ações dadas a estes objetos que ocorre a formação e a transformação das
atividades tipicamente humanas, ou seja, a partir da transmissão de conteúdos históricos
desenvolvidos e cristalizados no seio da cultura. Destaca-se então que a lógica interna do
sujeito, pode ser compreendida a partir da formação das funções psicológicas superiores e a
consciência, processos então dependentes da apropriação dos signos e instrumentos mediados
pelo outro. É evidente que o contato dos seres humanos com a cultura encarnada nos signos e
instrumentos não possibilita desenvolvimento das aptidões humanas desenvolvidas
historicamente. A internalização dessas aptidões, isto é, tomar para si aquilo que está
“incorporado” na cultura material e intelectual, exige um processo de ​mediação de outros
seres humanos.. O processo de mediação efetivado pela comunicação, são então condições
necessárias e específicas para o desenvolvimento das pessoas na sociedade. Tornar-se humano
implica tomar para si, a humanidade construída ao longo do tempo e apesar de este ser um
processo ativo, ele não é isolado e independente, mas está intimamente relacionado com as
possibilidades sociais de um dado momento histórico. Concluímos, a partir do exposto, que a
práxis do psicólogo deve ser voltada ao enfrentamento de concepções e práticas que tomam o
psiquismo como algo pronto e acabado, bem como as aptidões humanas como produtos de
amadurecimento biológico. Compreender o desenvolvimento psíquico como resultado de um
processo histórico e social constitui ferramenta importante ao enfrentamento de concepções
que naturalizam o psiquismo humano e acabam por endossar práticas preconceituosas ou
discriminatórias. Entender o processo de tornar-se humano como resultado da apropriação da
cultura abre imensas possibilidades para atuação do psicólogo.
Palavras-chave: Desenvolvimento psíquico; Práxis, Psicologia Histórico-Cultural.

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