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Primeira Edição.
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Ou busque “O Herdeiro do Magnata Italiano”
Sinopse
- AGE GAP;
- Gravidez inesperada;
- Magnata arrogante e ranzinza;
- Italiano Possessivo;
- Mocinha brasileira;
- Velhinho cupido;
- Hots de tirar o fôlego.
Para toda garota que já sonhou com um príncipe encantado, mas que
hoje só quer um italiano gostoso que te pegue pelo pescoço e mande ficar
quietinha. Afinal, quem precisa de um príncipe encantado quando tem um
gostoso te comendo bem?
Prólogo
— Obrigada.
Ela não achava que eu estava no mesmo nível do seu filho e nunca
escondeu sua opinião.
Aquilo era mais uma coisa que eu não queria, a cerimônia seria
realizada na casa que os pais do Raphael tinham em Campos do Jordão,
porque a mãe controladora dele estava bancando a cerimônia e queria que o
filho se casasse no mesmo lugar que ela. Adriana decidiu tudo, nem os
convidados pude escolher, ela queria “pessoas do mesmo círculo social do
Raphael” no casamento.
Assim que pisei os pés para fora da casa, o vento fresco do fim de
tarde me envolveu, me fazendo arrepiar. Fechei os olhos e respirei fundo,
tentando controlar a minha respiração, mas um gemido chamou a minha
atenção.
Girei nos calcanhares para sair dali. Procuraria Raphael, ele saberia
me dizer a coisa certa, ele sempre sabia. No entanto, a voz masculina me
paralisou.
Saí dali o mais rápido que pude, ouvi-o me chamar, mas não parei.
Parecia que se eu não saísse dali minha cabeça explodiria. Os convidados me
olharam confusos e começaram a cochichar.
Olhei uma última vez para o único homem que fez meu coração
disparar e o despedaçou, dei ré, passando por cima do portão, ignorando seus
pedidos para que eu parasse.
— Se essa droga tocar mais uma vez, vou jogá-lo pela janela,
Antonella!
— É-é-é...
— Cazzo![1]
— Xinguei, ele se sobressaltou e, com a voz trêmula,
voltou a falar.
— Bom, eu pensei...
— Não pense. Se você não tem nada melhor para me mostrar, pode se
retirar.
— Não estou com tempo agora — falei, mas ele teve a ousadia de
continuar falando.
— Sei que seu tempo é precioso, mas tenho um projeto que irá
agradá-lo.
— Já vi o suficiente.
— Esse…
Oscar podia fazer isso do Brasil, mas eu gostava de ter tudo sob
controle e ter a equipe dele em Roma era a melhor alternativa.
— Pode se retirar.
— Não precisa, só vim chamar meu neto pra a gente visitar a minha
casa. Sabia que ele morou comigo e minha falecida esposa? — A tristeza em
sua voz ao citar minha avó não passou despercebida.
A minha avó, Catarina, era brasileira. Morei com eles durante toda a
minha infância no Brasil, mais especificamente em São José dos Campos.
Por mim, já teria me desfeito da casa em São José, mas meu avô
falava dela quase que diariamente, então a mantinha apenas por ele.
— Cazzo!
— Sr. Sartori...
— Mas...
Eu não sabia como iria encarar os meus pais. Como eu olharia pra
eles e diria que o homem que os convenci ser o certo para mim, não era. E
ainda tinha a Larissa, ela era como uma irmã para mim, sua traição era ainda
mais dolorosa. Meu pai nunca gostou dela, mas eu insistia em sempre ver o
melhor das pessoas. Talvez ele estivesse certo e eu devia começar a confiar
menos nas pessoas.
— Mulher maluca, como ela não me viu aqui? Ela podia ter me
matado e matado você também. — O senhor, de uns 80 anos, perguntou para
o gatinho preto que estava em seu colo.
Sua fala só me fez chorar mais. Ele era tão fofo, aposto que não traiu
a noiva com a madrinha.
— Dá para perceber que essa coisa sem graça que minha ex-sogra
escolheu é um vestido de noiva? — Perguntei, alisando o vestido que
pretendia colocar fogo.
— Ex-sogra?
Levei a mão à cabeça e senti uma leve ardência. Fui até o carro e
peguei uma garrafinha de água que devia estar ali há pelo menos uma
semana. Molhei a barra do meu vestido e passei na minha testa, ignorando a
pontada de dor.
— Está melhor?
Não queria falar de como aquele sangue foi parar na minha testa.
— Não foi nada. O senhor tem dinheiro? Estou sem carteira, quando
saí do meu casamento, não deu tempo de pegar — perguntei, com uma ideia
maluca surgindo em minha cabeça, mas era muito melhor do que ficar
andando sem rumo e pensando em Raphael.
— Solta o gato — falei para o velhinho, era a única coisa que fazia
sentido na minha cabeça.
Por acaso esse velhinho teimoso não viu que os policiais estão
armados?
Ele não parou, o outro policial o conteve e quase não pude acreditar
ao ouvir o policial.
— Deixa ela pegar a droga do gato, a mulher está usando saltos mais
altos que a gente, não tem como fugir — a policial mulher disse e abri um
sorriso enorme em agradecimento.
— Pronto!
— Essa noite fica pior a cada segundo. Agora me diz onde esse gato
vai?
— Eu não sei se o senhor percebeu, mas ela está sendo presa e precisa
ser algemada... Ah, quer saber, entrem logo na viatura.
— Vocês não sabem com quem estão mexendo e vão pagar caro por
isso!
Eu havia dito cedo demais que não tinha como o dia piorar, ele piorou
de forma astronômica.
— O que foi?
— Pior.
Meu queixo caiu, senti uma certa pena dos policiais. Quem o Sr.
Arrogância pensava que era? Mas a arrogância dele acabaria assim que o
prendessem por desacato, sorri.
— Ah, eu ouvi, mas quem parece não estar ouvindo aqui é você.
— Como é que é?
— O quê?!
Olhei para Lorenzo, que agora tinha o gato nos braços e nos encarava
com um sorriso enorme no rosto. Porcaria! Ele não me pareceu totalmente
bom da cabeça quando o vi resgatando o Pulguinha, mas Alzheimer? Isso não
era nada bom para mim, mas meu coração se partiu por ele. Devia ser
horrível perder suas lembranças, ficar oscilando entre momentos de lucidez e
de completa confusão.
Capítulo 2
Três
horas! Meu avô ficou desaparecido por três horas até alguém ter
competência suficiente para encontrá-lo. Isso é inadmissível. Ainda mais
inadmissível é a principal suspeita estar querendo bater boca comigo quando
deveria estar presa. No entanto, isso não mudava o fato de que, de repente,
minha gravata se tornou apertada demais e, a cada segundo que eu encarava a
linda morena a minha frente, a minha calça também ficava mais apertada.
— Não, quase.
— Roubo?
— Vocês não vão encostar um dedo nela! Se prenderem ela, terão que
me prender também.
— Fale.
— Mil...
— Fale logo o que está acontecendo para você estar me ligando sem
parar.
— Antonella! — Rugi.
— O hotel de Barcelona sofreu um ataque de um grupo...
— Eu tentei...
— Sim, senhor.
— Dante, garanta que meu avô chegue em casa sem um único fio de
cabelo fora do lugar. — Minha ordem foi quase uma ameaça.
— Sim, senhor. Vou mandar metade dos homens ficarem comigo para
garantir a segurança do seu avô, os outros o acompanharão.
Virei as costas para sair dali, mas uma voz feminina me parou.
— Você e o seu gato sarnento não serão uma ameaça para ele, Dante
garantirá que não sejam.
— Você tem até o fim da semana para tirar todas as suas coisas da sua
sala — falei para o gerente do Sartori Barcelona Hotel.
— Senhor...
Desliguei o telefone.
Fiquei alguns segundos achando que aquilo era uma brincadeira, mas o
bonitão realmente foi embora. Seu avô parecia supertranquilo com aquilo,
mas, também, não era para menos, o neto dele deixou um cão de guarda e
outros brutamontes de babá.
— Não sei, mas é melhor a gente não irritar ainda mais o Sr. Sartori
ou nossas cabeças vão rolar. — Segurou-me pelo braço. — Vem, mocinha.
— Mas...
— Senhora...
— Pai...
— Desculpa...
— Você não tem que pedir desculpa, só não faça mais isso —
Francesca falou. — Da próxima vez corra para os nossos braços, minha
bambola[5].
— Eu sei que você não fez nada do que estão te acusando. Nem que
eu precise trazer aquele playboy aqui pela orelha, mas ele vai tirar essa
acusação absurda.
— Alice?
Todo o meu corpo enrijeceu. Ouvir a voz do único homem que amei
causou um reboliço em meu peito, um ruim, do tipo que eu sempre acreditei
que ele nunca seria capaz de causar. A leve hesitação em sua voz confirmava
que era tudo real, eu não estava presa em um pesadelo.
Por um segundo, senti vergonha por ter sido traída, mas eu sabia que
não era a pessoa que devia estar envergonhada.
— Amor...
— Não temos nada para conversar. — Fiquei contente por minha voz
sair firme.
— Alice...
— Obrigada.
Virei as costas para ele e vi meu pai sendo contido pela minha mãe
enquanto dirigia a Raphael um olhar assassino.
Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Horas atrás isso me
faria a mulher mais feliz do mundo, mas agora, causou apenas dor. Um amor
que trai jamais será o amor que eu quero.
— Eu adoraria.
Roma - Itália
— Madeline...
Meu caso com Madeline era antigo. Eu odiava tornar meus casos
amorosos públicos, e ela sabia ser discreta por causa do seu pai, o atual
presidente dos Estados Unidos. Madeline é uma mulher linda, uma ótima
companhia, mas sempre deixei claro que não passaria disso. E ela concordou,
mas ultimamente andava me fazendo uma série de cobranças.
— Sim, o senhor tem uma reunião agendada com ele após a sua
reunião com os arquitetos — disse, mas a única coisa que consegui ouvir
foram os seus saltos batendo contra o piso enquanto andávamos em direção à
sala de reuniões.
— Como?
— Tenho certeza de que fui bem claro quando disse que queria todos
os envolvidos no projeto.
— Eu sei, mas...
Meu pai deu um murro na mesa, assustando a mim e minha mãe. Ele
sempre foi um homem controlado, acessos de fúria eram incomuns.
— Pai...
— Não, Alice! Você está fingindo que não se importa, mas eu vejo o
tremor em suas mãos toda vez que ele aparece aqui e fica gritando sem parar.
Ao ouvi-lo, soltei o garfo que tremia em minha mão, minha garganta
travou. A última coisa que eu queria era que os meus pais percebessem o
quanto a insistência do Raphael em falar comigo me afetava.
— Se eu não falar com ele, não vamos ter paz nunca mais.
Sorri, feliz por tê-lo e encarei minha mãe, que nos olhava com
preocupação estampada em seu lindo rosto.
— Segura esse velho cabeça dura aqui, por favor — pedi, e ela
concordou com um balançar de cabeça.
Atravessei o jardim que minha mãe cuidava com toda a sua dedicação
e abri o velho portão branco, que rangeu.
— Alic...
— Você precisa ir embora, está incomodando meus pais, os vizinhos e
eu.
— Isso o quê? Não aceitar a sua traição? Você sabia que eu jamais
perdoaria uma traição e mesmo assim traiu, agora me deixe em paz.
Virei as costas para ele e, antes que eu pudesse abrir o portão de casa,
ele me segurou pelo braço com mais força que o necessário.
— Me solta!
— Vamos conversar, eu juro que nunca mais vou fazer uma idiotice
como aquela.
— Alice, eu não...
— Vai embora — minha mãe falou para Raphael, em um tom que ela
raramente usava. — Não pedirei outra vez, rapaz.
Pensei em dizer que aquilo era um delírio dele, mas fiquei calada, só
queria que ele fosse logo embora e não voltasse nunca mais.
— Ele passou dos limites, filha. Se fez isso na frente de casa, o que
ele fará quando você voltar a trabalhar? — Minha mãe perguntou baixo para
o meu pai, que descansava no sofá da sala, não ouvir.
O tremor em sua voz não passou despercebido.
— Nunca permita que um homem te deixe com medo, isso dará poder
para ele te destruir.
Meu telefone começou a tocar e corri para atender, não queria que
meu pai acordasse.
Oscar era meu antigo chefe, ouvir sua voz fez o meu peito se apertar
dolorosamente. Amava trabalhar na Trentini, é simplesmente uma das
maiores empresas de arquitetura do país, trabalhar para eles era um sonho
realizado do qual eu me desfiz por Raphael. Ele e sua mãe insistiram que eu
não teria como trabalhar, já que Raphael se dedicaria à carreira política e eu
precisava acompanhá-lo.
— O quê?!
— Aquele projeto secreto que você fez para a reforma de um hotel foi
aprovado pelo cliente, mas ele é um idiota podre de rico e exigiu que você
esteja aqui ou vai cancelar o contrato. Ele quer que você faça todos os
projetos e quer você aqui até o fim da semana.
— Alice, é sua chance de fazer seu nome. Sei que é sua lua de mel...
— Oscar disse, na tentativa de me convencer.
— Mãe!
— Ela vai.
— Sim!
— Eu não te chamei...
— Eu não vou.
— Como não?
— Você ia nos deixar por aquele canalha. — Sei que ele não falou por
mal, mas sua fala me atingiu de forma dolorosa. — Filha, você se empenhou
tanto na sua faculdade, essa é sua chance e isso veio em um ótimo momento,
você precisa ver gente nova. Ir para a Itália agora será ótimo para você e não
tem como aquele canalha te achar.
Capítulo 4
Roma – Itália
Eros riu.
— Ah, não deve ser tão ruim ter alguém para herdar o que
construímos.
Eros disse algo que não consegui ouvir, pois toda a minha atenção
estava na mão de Rinaldi, que segurava firmemente o braço dela. Quando dei
por mim, já estava andando até eles.
— Sr. Sarto...
— Agora.
Uma coisa era certa, ela ficava inegavelmente mais bonita sem aquele
vestido de noiva e com o longo cabelo solto.
— Obrigada...
Ela girou nos calcanhares para ir embora, mas bateu de frente com
uma mulher loira que me parecia familiar.
— Ai!
Encarei Eros com uma careta que só aumentou ao ver seu olhar sobre
Alice.
— Não, eu que vou passar 9 meses com eles na barriga, nada mais
justo eu escolher.
É o fuso horário! Ele está afetando o meu cérebro. Matteo nem é tão
bonito assim. Ele só é alto, forte, tem um rosto que parece desenhado com
perfeição e exala masculinidade, fora isso ele é só mais um cara normal. —
Pensei, justificando o leve arrepio na minha coluna toda vez que seus olhos
pousavam sobre mim.
— Você pode realizar dois itens da sua lista: ficar bêbada e transar
com um estranho — Bruna sussurrou no meu ouvido, fazendo-me arregalar
os olhos com a mínima possibilidade de eles ouvirem.
Eu estava pronta para negar, a última coisa que eu queria era que o
loiro achasse que estava minimamente a fim dele, mas Matteo abriu a boca,
me fazendo mudar de ideia instantaneamente.
— É melhor vocês irem pra casa antes que sua amiga se meta em
mais problemas — falou para Bruna e virou as costas para a gente.
Encarei Matteo sem acreditar que ele disse isso. Ele sabia que não
sequestrei seu avô.
Antes que eu pudesse perguntar o que ela quis dizer, Eros riu alto.
Meu celular começou a tocar e, ao ver que era o Raphael, virei o meu
copo e me levantei.
— O quê?
— Dança comigo?
Por um minuto, pensei estar atraída por ele, mas percebi que talvez eu
estivesse com medo do seu olhar intenso.
Não pude deixar de notar como seu peito e pegada eram firmes, e o
quanto ele era cheiroso.
— Eu danço — foi a única coisa que consegui dizer com ele tão
perto.
Suas mãos não deixaram meu corpo nem seus olhos deixaram os
meus. Eles pareciam em chamas, me aqueciam em partes do meu corpo que
um olhar não deveria ser capaz de aquecer. Sem conseguir sustentar seu
olhar, girei em seus braços, ficando de costas para ele e senti seus dentes
mordiscarem a pele sensível do meu pescoço, todo o meu corpo se arrepiou.
Seus lábios subiram de forma lenta, causando mais arrepios quando seus
dentes prenderam a minha orelha e seu hálito quente tocou minha pele. Parei
de dançar. Ele me puxou para si e tive que prender a respiração ao sentir o
seu pau duro contra a minha bunda.
— Matteo... — Seu nome saiu gemido, ele me apertou mais contra si.
— Fala meu nome assim mais uma vez e sou capaz de te arrastar para
o canto mais próximo e te foder até que me peça para parar.
— Não estou...
Ela se calou quando a minha mão subiu pela pele macia da sua coxa,
seus pelos se eriçaram e senti que ela me encarava, mas continuei olhando
para frente. Subi mais minha mão até encontrar o elástico da sua calcinha,
sua mão segurou meu pulso, então a encarei. Seus olhos brilhavam de desejo
e sua respiração estava irregular.
Desci do carro e abri a porta para ela. Quando desceu, franziu a testa.
— Senhor Sartor...
— Não importa o que houve — deslizei meu dedo entre seus lábios e
meu pau se contorceu com a imagem —, não me incomode pelas próximas
24 horas!
— Mas...
— Você vai ter o que quer, mas primeiro eu vou chupar essa sua
bocetinha gostosa até você gritar.
— Matteo, por favor. — Segurei seu cabelo e tentei puxá-lo, mas ele
não parou de me chupar. — Preciso de você dentro de mim... Agora —
implorei.
— Matteo, eu vou...
O jeito que ela pediu, uma súplica sensual que só um louco não
atenderia.
— Então, me mostre.
A urgência em sua voz quase me fez sorrir, parecia que ela estava
falando da Monalisa e não de um piano que eu tinha pelo menos mais meia
dúzia.
— É isso que você merece. — Pressionei meu pau contra seus lábios.
— Chupa!
— Segure-se, Principessa.
Tentei sair da cama o mais rápido que pude e quase caí no chão, mas
fui salva por quase dois metros de músculos que passaram por cima de mim
na noite anterior como um rolo compressor.
A minha desastrosa primeira vez com Raphael não chegava nem perto
do meu constrangimento ao dar bom dia para o completo estranho com quem
transei até sentir dor em lugares que nem sabia que eram possíveis. Será que
tenho um músculo na vagina? Devo ter e acho que foi distendido.
— Tem certeza?
— Que tomo um remédio há anos? Tenho sim — falei, tentando
parecer que eu não estava nervosa por estar tendo aquela conversa
completamente pelada. — Aquele é o meu vestido? — Perguntei ao ver o que
um dia foi meu vestido jogado no chão.
— Ah, obrigada.
Fui para o quarto que estava sendo pago pela empresa e tomei o
banho mais rápido da minha vida, sem parar de pensar na noite anterior e, por
mais que tentasse, não conseguia esquecer o descuido com a camisinha. Eu
não era do tipo que andava por aí pegando estranhos e transando sem
camisinha, mas eu não podia pensar nisso naquele momento, estava atrasada.
— Hã... Obrigada?
Oscar riu.
— Sei que ela é jovem, mas é uma das melhores arquitetas que tenho
na minha equip... — Oscar tentou dizer.
— Ah, claro.
Estava nervosa, minhas mãos tremiam por ter que olhar para o Matteo
como se ele fosse um cliente qualquer depois da noite anterior. Minha mente
só conseguia lembrar da nossa noite, mas eu estava trabalhando e não podia
misturar as coisas. Lembrei-me que quase fui presa por sequestro por causa
dele e, mesmo assim, meu cérebro continuou formando imagens de nós dois
suados e arfantes. Contudo, assim que comecei a falar do projeto foi como se
tudo sumisse. Eu estava na frente de um cliente, fazendo o que eu amava, em
uma das cidades que sempre sonhei em conhecer.
Ele saiu da sala e fiquei encarando a porta. pensando que tinha feito
algo errado. Ele odiou o projeto ou está muito puto por termos transado e vai
me tirar do projeto, ou pior, tirar a empresa do Oscar.
— É, na última semana, toda vez que ele abriu a boca, tivemos que
mudar algo — Ricardo lamentou.
demitida?
— A noite deve ter sido boa, sua pele está maravilhosa. E esse roxo
diz que o sexo foi... selvagem — sussurrou, enquanto seguíamos Oscar.
— Você... Meu Deus, Alice... Você acha que fiz de propósito? Como
eu ia imaginar que você é tão lerda? Você é a pessoa mais inteligente que
conheço, pensei que tinha sacado assim que viu que o Sr. Sartori era o Sartori
que contratou a Trentini. O rosto dele está literalmente em todos os jornais e
vocês se conheciam, teve aquele papo maluco de sequestro, eu não...
Ela parecia tão chocada ao dizer isso que me senti meio mal.
— Desculpa, é que...
Ela me deu seu blazer e, apesar de não ser preciso, pois apostaria que
ninguém veria o roxo e quem encarasse o meu braço igual um louco até
conseguir ver não desconfiaria de nada, sorri pelo seu gesto.
— Obrigada.
— Não precisa ficar envergonhada, por que você acha que estou com
gola alta? — Ela puxou a gola da blusa, e vi um roxo enorme em seu
pescoço. — Gregos são uau na cama.
Após conhecer a sala que iria dividir com mais três pessoas, arrumei
as minhas coisas para ir conhecer o prédio em que eu faria o projeto
arquitetônico. Não seria possível conhecer todos os prédios, eu receberia as
plantas de cada um e faria o projeto em cima delas, mas eu gostava de visitar
os prédios e queria conhecer os que podia, que, no caso, era só esse de Roma.
— Eu sei que...
Puxei o braço.
— O quê?! Então foi você? Ouvi que alguém tinha sido demitido,
mas não imaginei que fosse você. Que canalha!
— Ele mesmo.
— Vou falar com o Oscar, ele vai resolver esse negócio de demissão.
Acho que ele nem pode te demitir.
— Bruna, não...
Tirei os olhos dos papéis que eu lia sem prestar atenção e encarei
Antonella.
— Bom, eu achei...
— Mas...
— O que eu te disse?
Não demiti Rinaldi sem motivo, eu não admito que meus funcionários
do alto escalão se envolvam em escândalo e ter meu diretor financeiro
assediando mulheres em boates não era algo que eu queria em algum site
sensacionalista.
Olhei para ela, pensando seriamente que talvez não fosse tão ruim
passar os próximos meses trocando de secretária até achar uma minimamente
competente.
— Creio que quem enlouqueceu aqui não tenha sido eu. — Minha
voz saiu baixa e controlada como sempre. O homem na casa dos 50 anos
afrouxou a gravata e abriu a boca várias vezes, mas nada saiu. — Se dirija a
mim dessa forma novamente e se juntará a Rinaldi à procura de um novo
emprego.
— Sim, senhor.
— Só um momento.
O que esse grego quer com ela? O que ela quer com ele?!
Alice usava uma camiseta ridícula escrito “I Love Italy”, que tinha
um coração com a cor da bandeira italiana no lugar da palavra Love, e uma
calça jeans que marcava seu corpo tanto quanto uma daquelas calças de
academia. Seus olhos se arregalaram ao me ver, em seguida fez uma careta.
Não entendi sua pergunta, mas isso não importava, só uma coisa
importava.
— Você disse “Não quero dentro da minha empresa uma pessoa que
não confio.” — A cada palavra a sua voz ficava mais baixa e seu rosto mais
corado.
— Espero que seja melhor trabalhando do que interpretando frases,
senhorita Albuquerque. — Parecia impossível, mas ela conseguiu corar mais.
— Amanhã pela manhã quero na minha mesa uma planta detalhada do hotel
de Roma.
Virei as costas e voltei para a minha reunião, mas não deixei de notar
que Alice foi embora imediatamente, deixando Eros sozinho no bar.
Capítulo 8
Contei para ele que fui demitida e estávamos rindo da minha desgraça
quando Matteo apareceu e esqueci completamente da sua presença. Matteo
era como um elefante em uma sala de cristais, impossível não ser notado, e
como um ímã que me atraía perigosamente.
Sorri, pelo que Bruna me contou da noite deles, ela adoraria receber
uma visitinha dele.
Ele sorriu com minha resposta. Fui embora, afinal tinha que fazer um
projeto de semanas em uma noite.
— Primero, como você sabe sobre o Eros e que história é essa de ser
punida?
Nada. Então resolvi abrir a porta e, para a minha surpresa, não havia
ninguém. Franzi a testa e resolvi ir à recepção.
— Não deve ser assim tão urgente, porque ele viajou e só volta
semana que vem.
Ela não respondeu e nem precisava, o filho da... Ele me fez passar a
noite em claro por nada.
Joguei meu café fora e fui à cafeteria que ficava ao lado da Sartori,
comprei o maior capuccino e uma fatia gigante de torta. Assim que a
garçonete me serviu, dei uma garfada generosa na torta. Fechei os olhos
apreciando aquela maravilha açucarada.
— Não é nada.
— Ei, você pode confiar em mim, mas se não quer falar tudo bem.
Vem, vamos tomar um ar fresco. — Pegou minha mão e me puxou para uma
área onde o pessoal costumava fumar.
Sua calma e o jeito com que ela me olhava me fizeram ter raiva de
mim, do Raphael e da Larissa. Eu não era essa pessoa, eu confiava nas
pessoas.
Dias depois...
Sua voz alegre fez o meu peito se encher de amor e saudade. Acho
que nunca fiquei mais de uma semana longe dele e agora estava a um oceano
de distância e os poucos dias pareciam uma eternidade.
— Mãe, não sou criança e não se preocupe, não estou comendo doce
— falei, sabendo que ela perceberia a mentira só pelo meu tom de voz.
— Você não sabe o que é melhor para mim. Saia já da minha frente!
— Todos vocês, voltem ao trabalho, não têm nada aqui que seja da
conta de vocês.
Dei risada da sua fala, mas meu sorriso se desfez ao ver que Lorenzo
estava sério. Encarei Dante, que não esboçava nenhuma reação.
— Eu adoraria tomar um café com o senhor, mas pode ser mais tarde?
Quando acabar meu expediente?
— Eu também sou dono de tudo isso aqui e estou mandando você vir
comigo.
— Não! O seu avô está bem, ele começou a falar de uma moça sem
parar e insistiu que Dante o levasse até ela. Quando Dante se negou, ele
começou a quebrar os objetos da sala.
— Por que Dante se negou? Ele está aqui exclusivamente para isso.
A governanta pigarreou.
— Ele disse que o senhor não gostaria que ele visitasse a jovem.
Não demorei nem um segundo para saber onde meu avô estava e não
gostei nem um pouco.
Pelo visto, eu não era o único que tinha funcionário batendo papo em
vez de estar trabalhando.
— Eu vou voltar para o trabalho, mas, antes que você brigue comigo,
todos são testemunha, inclusive o grandão ali — apontou para Dante —, que
eu estava trabalhando e ele chegou e me arrastou para cá.
— Vô!
— Não aceito não como resposta e ignore meu neto. Dante irá te
buscar no hotel.
Respirei fundo.
— Lorenzo, eu não...
— Volte ao trabalho.
Joguei uma nota de 100 euros sobre a mesa e saí. Antes de me seguir,
ela pegou o pedaço de torta.
— Ok.
Voltei a andar, mas percebi que ela não me seguia. Parei e, ao olhar
para trás, a vi do outro lado da rua conversando com uma mulher que tinha
uma criança de colo, ela parecia humilde e faminta. Vi Alice dar à mulher sua
torta e dinheiro, a mulher começou a chorar e abraçou Alice.
— O quê?!
— A planta do hotel...
Parei de prestar atenção ao que ela falava. Meus olhos foram para o
seu decote que, pela forma levemente inclinada sobre a mesa em que ela
estava, me permitia ter uma boa visão dos seus seios. Eu só queria arrancar
aquela sua roupa, debruçá-la sobre a mesa e fodê-la sem me importar que
todos os meus funcionários fossem ouvir seus gemidos. Contudo, Alice agora
era minha funcionária, e eu tinha orgulho de não me envolver com
funcionárias.
— Você não vai a esse jantar, nem a qualquer lugar com ele. Se ele te
procurar, ignore-o. Uma hora ele desistirá, mas isso não será necessário,
Dante providenciará para que vocês não se aproximem.
— Dá pra acreditar? O que ele acha que vou fazer? Sequestrar o avô
dele? — Perguntei para Bruna enquanto caminhávamos para o hotel. Ela
pirou por estar comendo muita massa e agora me obrigou a ir andando com
ela.
— Ei!
— Não sei como você tem esse corpo comendo toneladas de açúcar
por dia.
— Não vamos arranhar o carro dele. Você nem tem motivos pra fazer
isso.
— Você é louca.
Bruna riu.
— Onde?
— Não!
— Se não é para levar a sério por que você riscou transar com um
estranho?
No final, ela me fez comprar gel, óleos e um vibrador roxo com seis
velocidades diferentes que eu nunca usaria, afinal, na minha lista estava
comprar um vibrador, não usar.
— Meu Deus, homem! Não sabe falar oi, ou pelo menos não chegar
de surpresa? — Bruna reclamou, com a mão no coração.
Tocou o meu braço e me guiou até o carro. Olhei para Bruna por cima
do ombro, e ela sorriu.
Meus olhos se arregalaram tanto que achei que fossem pular no chão.
Não aguentei, o riso irrompeu de mim. Era a primeira vez que ela
ficava envergonhada e não eu.
Cheguei em casa e vi todos os funcionários andando de um lado para
o outro.
— Sim, senhor.
Fui para o meu quarto e, antes que eu pudesse entrar no banho, meu
avô apareceu.
— Eu vou receber a Alice e não quero que ela pense que moramos em
um castelo assombrado. Quero tudo limpo e você não deveria ter se
intrometido.
— O quê? Por quê? — Ele se virou, pensei que fosse sair do quarto e
me deixar tomar banho, mas girou nos calcanhares e apontou o dedo em riste
para mim. — Você! Você fez alguma coisa.
— Ah, você — resmungou irritado —, saia daqui, não quero ver sua
cara.
Ele jogou algo em minha direção, mas desviei a tempo. Bravo por não
ter acertado, ele saiu pisando duro. Pelo visto, teríamos um dia daqueles.
— O senhor não vai atrás dela — falei, sabendo exatamente o que ele
queria.
— Eu quero a Alice! Ela falou que ia jantar comigo!
Ele ficou repetindo isso sem parar. Encarei-o, só querendo que meu
avô voltasse ao normal. Voltasse a ser o homem inteligente e racional que me
criou, mas nem todo o meu dinheiro era capaz de trazê-lo de volta.
Passei todo o caminho até a casa deles controlando a minha raiva por
estar sendo obrigada a ir. Eu iria sem nenhum problema pelo Lorenzo, mas o
neto dele era um tremendo babaca.
— Não.
— Eu não quero mais saber desses livros, quem gostava deles era
Catarina! Eu não quero mais nada — Lorenzo gritou, enquanto arrancava
mais livros das prateleiras.
— Minha mãe costumava ler esse livro pra mim — falei, ele se virou
abruptamente e me encarou com raiva.
— Minha mãe lia esse livro pra mim quando eu era criança e ela está
longe, ela e meu pai, estou morrendo de saudade deles, então o senhor
poderia ler um pouco para mim?
Apontou para uma cadeira de madeira que devia pesar uns 200 quilos.
Olhei para Dante com um sorriso fraco, e ele a pegou para mim. Lorenzo se
sentou e eu abri espaço entre os livros no chão e me sentei a sua frente. Ele
me deu um olhar estranho e começou a ler. Sorri.
Eu era racional, não me deixava levar pelas emoções, mas ali estava
eu, paralisado em um canto da biblioteca, observando meu avô ler para Alice
com o sorriso mais sincero que vi em seu rosto desde que minha avó morreu.
Naquele momento, vi que não poderia ter tomado uma decisão melhor do que
ter trazido Alice e isso me incomodava de alguma forma, a presença dela me
incomodava, só não entendia o porquê. Gastaria todo o meu dinheiro para
fazer meu avô feliz desde que não envolvesse a mulher de longos cabelos,
sentada no meio do caos que havia se tornado nossa biblioteca.
Virei as costas para sair dali, mas parei ao ouvir a voz frágil do meu
avô.
Após ler o trecho do livro que minha avó sempre citava, ele começou
a chorar e, ao me virar, vi Alice de joelho em frente a ele, secando suas
lágrimas.
Quase pude ouvir minha avó falar a frase, já a tinha ouvido dizer
tantas vezes e em tantas línguas diferentes que era uma das memórias mais
vívidas que tinha dela.
— Claro que lembro, acha que sou maluco ou senil? Estou muito bem
do juízo!
— Na senhorita Alburquerque?
— Pelo quê? Por me ameaçar para não chegar perto do seu avô e
depois me ameaçar para vir ver ele?
— O que aconteceu?
Reviraria os olhos para a sua fala rude se não fosse o seu perfume
impregnado em mim e os meus mamilos intumescidos.
— Você gemia tão gostoso enquanto dormia que tenho certeza de que
se colocar minha mão entre suas pernas vou encontrar a sua boceta pingando
de tão molhadinha.
Meu coração galopava, mas não era mais medo que eu sentia.
— Se eu soubesse que não estava usando nada por baixo desse lençol
teria vindo antes.
— Isso! Era assim que você falava meu nome, Principessa — disse
baixinho em italiano no meu ouvido, parecendo propositalmente mais rouco,
aumentando meu prazer.
— Matteo...
Olhei para a janela, ainda chovia e quase chorei ao perceber que tudo
não passava de um sonho. Frustrada, gritei contra o travesseiro, pareceu tão
real que eu ainda podia sentir seu toque e ainda estava com tesão, muito
tesão. Como se um diabinho sussurrasse no meu ouvido, lembrei-me do
vibrador e não pensei muito, levantei e o peguei.
— O que aconteceu?
— Nada.
— Então por que você gritou e está sem suas calças? — Seu olhar
estava fixo em minhas pernas.
— Nossa! — Exclamei, sem ter ouvido uma única palavra do que ele
disse.
Meu avô tinha pedido para colocarem Alice ao lado do meu quarto,
então, quando ela gritou, fui imediatamente ver o que estava acontecendo,
mas não pude imaginar que ela atenderia a porta usando apenas uma camisa
minha. Meus olhos percorreram seu corpo e as longas pernas que deveriam
estar em volta da minha cintura. Meu pau reagiu imediatamente e só piorou
ao ver aquele vibrador. Imagens dela dentro da minha camisa, se contorcendo
sobre a cama enquanto gozava, me deixaram duro como pedra.
Segurei sua cintura, e ela engoliu em seco ao ver que era eu.
Por mais que eu tentasse, foi impossível não lembrar da noite anterior
e acho que ela também se lembrou, pois seu rosto corou violentamente.
Devia ser proibido ela ficar toda coradinha daquele jeito e falar em
vibrador. Minha calça começou a ficar apertada inesperadamente.
Estava começando a ficar difícil não quebrar a regra que sempre levei
muito a sério: Nunca me envolver com funcionários.
Ao passar por uma das salas que a Trentini estava ocupando, algo
chamou minha atenção. Alice tentava pegar uma caixa e havia um homem
sorrindo feito idiota enquanto a ajudava.
— Mande esperarem.
Eu não sabia se a pergunta formal era uma provocação, mas meu pau
interpretou como uma.
— O quê? Eu não...
— Pronto, pode arrumar as suas coisas — falei para Alice assim que
Antonella deixou a sala.
— Eu não..
— O que disse?
— Muito?
— Nada.
— O que foi?
— Minha voz não ficou fina — falei, reparando que ela estava sim.
Não sei como, mas Bruna conseguiu fazer eu me engasgar com minha
própria saliva.
— Não estou... — Não iria adiantar, Bruna iria insistir até que eu
contasse algo, então falei de uma vez. — Eu tive um sonho.
— Não.
— Alice, por favor. Eu conto para você como o Eros come um cu...
— Ok, eu conto.
Contei para ela sobre o sonho, mas com zero riqueza de detalhes, e
Bruna pareceu assustadoramente animada.
— Uau! Ainda bem que não precisei inventar como dei meu precioso
amiguinho lá atrás.
— O quê?!
Uma risada irrompeu de mim. Ela era louca, e eu tinha que parar de
desconfiar de sua amizade, ou quem ficaria louca seria eu.
Estava adorando ter uma sala só para mim, meu trabalho estava
rendendo muito. Porém, toda vez que eu precisava perguntar algo para o
engenheiro, Ricardo, ou para a designer de interiores, tinha que atravessar o
escritório.
A parte ruim de ter minha sala separada do pessoal é que não tinha
ninguém para me ajudar.
— Que droga! Quem projetou prateleiras tão altas? Não conhecia a
palavra acessibilidade, não? — Reclamei, tentando alcançar uma caixa na
última prateleira e, por mais que meus saltos fossem altos, eu não conseguia
alcançar.
— Elas foram feitas para alguém mais alto que você — Assustei ao
ouvir Matteo tão perto do meu ouvido que pude sentir o calor do seu hálito,
eriçando os pelos da minha nuca.
A forma com que ele perguntou isso com aquela voz rouca carregada
de sotaque me fez querer gritar que sim, mas que eu queria uma mãozinha
com outra coisa e isso deve ter ficado explícito no meu rosto.
Respirei fundo, juntei a coragem que não tinha e fui abrir a porta.
— O quê? — Ela tinha falado tão rápido que só entendi que o Eros a
chamou. — Não vou ficar de vela para...
— Amiga, é Mônaco! Você não vai ficar de vela, com certeza tem um
bilionário louco para entrar nas saias de uma brasileira gostosa como você —
disse, me cutucando.
Ela tinha razão, me dei por vencida e ela pegou duas doses de tequila
e viramos.
— Não era para você estar com o Eros? — Perguntei após tossir e
tentando ignorar a queimação que a tequila causou.
— Falando em mim?
Virei a cabeça e vi Eros com uma roupa de piloto igual aquelas que
usam em Fórmula 1. Bruna se levantou e se jogou nos braços dele, os dois
deram um longo beijo e desviei os olhos.
— Levanta!
Ela era baixinha e na maior parte das vezes era até fofa, mas me
levantei com um pouco de medo.
— A gente vai nessa corrida, você vai beber quantas taças quiser, mas
não vai ficar aqui igual a uma fracassada que está sofrendo por amor.
— Nem aproveitando.
Ela tinha razão, pela primeira vez na vida eu estava solteira e não
estava aproveitando. Coloquei um sorriso no rosto e os acompanhei.
Nunca foi tão difícil trabalhar como na última semana, Alice não saía
da minha cabeça, muito menos da de baixo. Normalmente eu tomava ótimas
decisões, mas nuca tomei uma tão errada quanto colocá-la na sala ao lado da
minha. Ela tinha a irritante mania de trabalhar cantarolando e o meu pau
sempre interpretava seus sussurros como gemidos.
Ela é minha funcionária, ela não devia ter uma sala ao lado da minha,
nem empinar aquela bunda deliciosa enquanto tentava pegar sei lá o que na
maldita prateleira. Não me controlei, precisei me aproximar e descobrir que
não era só eu que estava achando aquela merda uma tortura. Por pouco,
muito pouco, eu não a pressionei contra a parede e a fodi até que toda a
empresa a ouvisse gemer meu nome.
— Olá, querido.
Alice usava um vestido curto que mal a protegia do vento frio, nem
dos pensamentos que tive.
Ela havia bebido, pude sentir o gosto nos lábios carnudos que
andavam povoando os meus pensamentos.
— Obrigada, mas isso que você fez, espero que não se repita.
— Espero que isso não se repita. — Imitou minha fala, mas não dei
atenção, era o álcool falando. — Nossa, isso já está ficando chato.
— Aceito o seu obrigado, mas o que estou fazendo aqui não é da sua
conta. Fora da Sartori, eu não recebo ordens suas!
O que ela pensa que está fazendo? Com quem ela veio e por que essa
pessoa não está cuidando dela?
— Ninguém.
— O que faz aqui, Rafiq? Pensei que estava procurando uma esposa.
— Estou, mas é bom dar um passo sem esbarrar em alguém que liste
todos os motivos para ser uma boa esposa.
Rafiq riu.
— Fala sério, o que houve? Seu humor só fica bom assim quando
algo ruim acontece. Tem algo a ver com a mulher que se eu não tivesse tantos
deveres com meu país, eu me casaria?
— Tire os olhos dela! — Praticamente rosnei, o árabe filho da puta
sorriu.
Eu não estava com ciúme, só queria Alice bem longe das garras de
Rafiq.
Encarei-o.
Quis socar Eros por levá-la para Mônaco e não cuidar dela.
Deixei eles para trás e fui até Alice sem nem pensar no que estava
fazendo.
Pigarreei, tirei meu terno e coloquei sobre seus ombros. Nela, ele
ficava gigante e cobria todo o seu vestido, fazendo parecer que ela estava nua
por baixo dele e isso era algo que eu não precisava imaginar.
— Venha.
Ela bufou.
Ela me deu o terno e virou as costas para mim, mas a segurei pelo
pulso e a pressionei contra a parede.
— Não, você sabe que prefiro homens mais velhos — disse, tocando
meu ombro com um sorrisinho.
Circulou meu pescoço, mas tirei seus braços e os segurei atrás do seu
corpo.
Ela sorriu.
— Você não vai voltar, já bebeu demais. Agora coloque esse casaco e
vamos embora.
— Pensei que fosse me levar para a sua casa — falou com um sorriso
que me fez questionar porque não podia me envolver com funcionárias. Ela
nem era minha funcionária de verdade. O chefe dela era o Oscar, não eu...
Era um erro ir por esse caminho.
— Alice!
— Eu sei.
Travei o maxilar, desci meu olhar por seu corpo, parando em sua mão.
Ela gemeu, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás, sem parar
de se masturbar. Minhas coxas tensionaram, meu pau protestou, querendo ser
liberto da pressão que a calça fazia sobre ele. Calça essa que parecia ficar
mais apertada a cada segundo.
— O suficiente para dizer que você pode fazer o que quiser comigo,
chefinho.
Ela não devia ter dito essas palavras, muito menos daquela forma
lenta e sedutora. Antes que ela pudesse dar uma segunda respiração, libertei
meu pau e a fiz sentar no meu colo, a penetrei em um único movimento, seu
gemido ecoou pelo carro. Porra, como era bom senti-la sem nenhuma
barreira, tão quente e molhadinha. Eu não costumava transar sem camisinha,
na verdade, eu nunca transava sem camisinha, mas com Alice era
incontrolável, ela era gostosa, atrevida e nem um pouco submissa. A mulher
me enlouquecia, eu não conseguia pensar racionalmente.
— Era isso que você queria? — Dei uma estocada forte, adorando o
gemido alto que ela soltou.
Alice caiu lânguida sobre meu peito, ouvi apenas o som da sua
respiração descompassada. Olhei para a frente e vi apenas o vidro embaçado.
Meu coração estava acelerado e, por mais que algo na minha mente dissesse
que aquilo havia sido um erro, eu não estava minimamente preocupado.
Alice levantou a cabeça e me olhou timidamente.
Acordei com a minha cabeça e todo o meu corpo doendo, mas nada
disso importava, não quando uma boca experiente me chupava.
Abri os olhos e fitei Matteo, eu podia gozar só com a visão dele entre
as minhas pernas, com o cabelo bagunçado e aquele olhar safado.
Sua mão deslizou por minha barriga e agarrou meu seio, seus dedos
brincaram com o meu mamilo sem parar de me chupar. O prazer começou a
se acumular em mim. A cada sugada, lambida, mordiscada, toque, eu ficava
mais sensível e desesperada pelo alívio que sabia que viria. Sem conseguir
me controlar, comecei a rebolar contra o seu rosto e o ouvir soltar um gemido
grave de prazer.
Deu uma estocada forte e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
Ao ver a minha expressão, Matteo pareceu ficar ensandecido, suas estocadas
ficaram mais fortes, fazendo o prazer não me abandonar. Sua mão deslizou
entre nossos corpos e tocou o meu clitóris, quase chorei com as sensações
que eu não podia controlar. Queria que me tocasse em todos os lugares e que
aquilo não passasse nunca, ao mesmo tempo só queria voltar a pensar,
controlar o meu corpo, pois naquele momento eu era apenas gemidos,
tremores e orgasmos loucos por mais.
— Ah, Principessa, você é perfeita. Não sabe como estou louco para
comer esse seu cuzinho sem dó.
— Você não sabe como isso me agrada. Porra, meu pau parece que
vai explodir se eu não entrar em você agora.
— Matteo...
Ao ouvir o seu gemido de dor, parei e beijei suas costas, ela voltou a
relaxar. Deslizei minha mão por sua barriga e toquei seu clitóris. Como
sempre, Alice voltou a relaxar e ficar excitada. Quem estava prestes a gemer
de dor era eu, seu cuzinho começou a pulsar em volta do meu pau e por
muito pouco não meti tudo. Meu pau doía necessitado, mas quando
finalmente fiquei todo dentro dela e vi aquela bunda deliciosa e aquele
cuzinho engolindo todo o meu pau, porra, foi difícil me controlar.
Segurei firme sua cintura e dei arremetidas fortes, não demorou para
ela estar gozando.
Alice caiu na cama, virei o seu corpo e a beijei, seu beijo tinha um
gosto salgado.
Era? Se era, por que nunca foi assim com outra mulher? E por que eu
gostei tanto da ideia de acordá-la todos os dias assim?
— Cazzo!
— Sai daqu...
A cada onda de ânsia, eu jurei nunca mais colocar uma gota de álcool
na minha boca. Toda a coragem que o álcool me deu para me jogar em cima
do Matteo, ele estava tirando de mim na base da porrada.
— Sai daqui.
— Tudo bem?
Confirmei, mas, mesmo após não ter mais nada no estômago, a ânsia
continuou. A pior parte é que eu nem tinha bebido tanto assim, lembrava-me
de tudo na noite anterior e com uma maravilhosa riqueza de detalhes. Sorri.
— Ótimo, está sorrindo, consigo lidar com o vômito, mas choro não.
Dei risada.
Matteo não disse nada, apenas jogou algo que começou a fazer
espuma e me encarou no chão.
— Decisão inteligente.
— Se arrume, vamos jantar — disse Matteo, após mais uma rodada
de sexo incrível.
Rapidamente o vesti, o tecido era tão macio que nem parecia que eu
estava vestindo algo. Ele era longo e a frente era bem simples, toda a beleza
dele ficava por conta do profundo decote que deixava as minhas costas nuas.
As alças finas se trançavam nas costas, chamando ainda mais a atenção, ele
era lindo.
— Eu não esqueci, quero ter fácil acesso ao seu corpo — sua mão
resvalou pelo decote das costas e apertou a minha bunda —, mas está
faltando algo.
— Ah, eu não tenho maquiagem aqui, mas vou passar um batom... —
Calei-me ao vê-lo abrir uma caixa azul royal da Gallagher & Co[9].
— O que é isso?
Ele tirou o colar com a safira enorme do estojo e ficou atrás de mim.
— Matteo...
Sorri em expectativa.
— Está. Está fechado para nós dois — falou, tocando a minha cintura
e me guiando para dentro do restaurante e só então vi um homem
devidamente uniformizado nos aguardando.
Foi ali que eu me dei conta de algo, eu estava saindo com o cara
considerado o Dono do Mundo. Imaginei fotos minhas naqueles sites com
títulos sensacionalistas para chamar a atenção e cheio de mentiras, e arrepiei.
A última coisa que eu queria era aquele tipo de atenção, iriam questionar o
meu trabalho e o porquê de eu ser uma arquiteta tão jovem com um projeto
como aquele.
— Não.
— Ótimo, porque não pretendo ter o seu rosto repleto de prazer após
gozar estampado nos jornais.
— O quê?!
— Não acho que uma taça de vinho faria tanto estrago, mas tudo bem.
O jantar foi simplesmente maravilhoso, acho que nunca comi algo tão
gostoso.
— Nossa, estava divino! — Falei para o garçom, que agradeceu.
— Querem sobremesa?
— Matteo...
— Acho melh...
— Seja breve!
— Cazzo!
— Eu te levo.
Toquei o colar com um sorriso. Eu o havia amado, não pelo seu valor,
mas porque tinha sido Matteo que me deu. Era tão diferente estar com
Matteo, namorei por anos com Raphael e ele nunca demonstrou sentir ciúme
como Matteo, nem me dava presentes, nem me levava a jantares. Acho que
os sentimentos dele sempre estiveram escancarados, eu que nunca quis
perceber.
Com passos apressados, atravessei a rua para entrar na Sartori. Ontem
de manhã e hoje novamente acordei enjoada e só melhorei após colocar tudo
para fora. Eu não sabia o que havia de errado comigo, mas precisava
urgentemente ir ao médico.
— Acabei de chegar...
— Graças a Deus!
— Prometo, mas agora preciso te contar uma coisa que você não vai
gostar.
— Alice.
— Vai embora.
— Alice...
— Se você não sair daqui agora, eu juro que enfio a porra dessa
caneta nos seus olhos! — Disse Bruna quando ele deu um passo em minha
direção, segurando a caneta de forma ameaçadora.
Ele saiu e fiquei ali parada, sentindo uma estranha vontade de chorar
e eu nem sabia o motivo.
— O que ele veio fazer aqui? Ele acha mesmo que existe a mínima
possibilidade de voltarmos? — Indaguei mais para mim do que para ela, e
Bruna permaneceu em silêncio. — Eu devia ter batido o carro dele, ter
derrubado o portão da casa dele não foi nada! E devia ter feito um escândalo
para matar a chata da mãe dele de vergonha.
Bruna se sentou.
— Não, a última coisa que meus pais fariam é dizer onde estou. É
mais fácil o meu pai dar uma surra no Raphael.
— Preciso de você e, caso você não aceite me ajudar, trouxe café para
te persuadir.
— Sim?
— Na cafeteria do lado.
Assim que meus pés pisaram na calçada para fora da Sartori, fui
abordada pelo Raphael.
— Ouvir o quê? Que não conseguiu deixar o seu pau longe da boceta
da nossa madrinha?
— É, um copo grande.
— Não...
— Ele tem secretária, mas o café não é para ele, é para mim.
Ela suspirou.
Raphael estava do meu lado, tentando falar, mas Alessia não parava
de falar, para a minha felicidade.
— Olhe para você, está até tomando café para aguentar o ritmo.
Minha vó sempre disse que o estresse mata e deve ser verdade, você começa
com um copo de café, daqui a pouco está bebendo e viciada em álcool,
cafeína e até cigarro. Tem quem diga que alguns até usam... — ela olhou para
os lados e sussurrou — usam drogas para aguentar.
— Eu juro que se você não for embora agora, eu vou começar a gritar
e dizer que você está me assediando.
— Você não faria isso. — Havia uma incerteza na sua voz, sorri. Eu
não era mais a mulher que ele conheceu e isso me deixava feliz, porque a
mulher que ele conheceu era uma idiota.
Entrei na Sartori com o meu copo gigante de café e dei de cara com
Bruna.
— Nossa, amiga, eu não tinha percebido, mas sua pele está incrível.
—sorriu ao me encarar.
— Sério?
— O quê?!
— Ai!
— Não sei.
— Sozinho.
— Aquela mulher só fica falando que não posso ver meu neto —
Lorenzo reclamou.
Ela estava sem fôlego, provavelmente tinha corrido por toda a Sartori
procurando Lorenzo. Tive que conter a risada, Lorenzo parecia uma criança
levada.
— O que o senhor acha de a gente ir visitar o hotel que o seu neto está
reformando? — Perguntei.
Era uma ideia ruim? Sim, era horrível, a cara feia de Dante ao me
ouvir confirmava isso, mas eu não conseguia deixá-lo ali.
— Eu não acho uma boa ideia... — Dante tentou falar, mas o ignorei.
Bufei.
— Vocês não têm nada para fazer. Qual é o problema de ele ir à obra?
Eu dirijo com cuidado.
Eu não fazia ideia de como ele iria parar o carro, mas concordei.
Eu devia dar ouvidos a um senhor senil? Não, mas assim que ele
começou a cantar, eu apenas sorri e o acompanhei, cantando a plenos
pulmões enquanto sentia o vento no cabelo.
Capítulo 16
Já era quarta-feira e Matteo ainda estava nos Estados Unidos. Ele não
deu sinal de vida, nem uma mensagem. Ele devia estar muito ocupado e a
gente nem tinha nada, era só sexo. Pelo menos era isso que eu dizia para mim
mesma quando o meu coração idiota resolvia bater mais rápido só de lembrar
dele.
— Não.
— E falar o quê?
— Não vou mentir para a polícia. — Eu não achava que ele fosse
fazer algo contra mim.
— Isso eu posso fazer. — Bruna riu, mas eu não faria isso, pelo
menos eu acho que não.
Ele estava certo, mas eu jamais admitiria que ele estava certo.
— Que engraçado.
— Nada.
Ele pegou uma simples sacola parda e me perguntei o que tinha nela.
— Minha mãe leu para mim, eu e Catarina lemos para o nosso filho e
para o Matteo. Achei que um dia eu leria para o meu bisneto, ou o Matteo
leria para o filho dele, mas isso não vai mais acontecer, então fique com ele e
leia para os seus filhos.
A sua voz era triste ao dizer isso. Era como se ele tivesse certeza de
que ele iria morrer e Matteo nunca teria filhos.
Levantei-me e o abracei.
Era um livro que lembrava a minha infância, a minha mãe lendo para
mim e isso fez o meu peito apertar de saudade de casa, dos meus pais.
Revirei os olhos.
Assim que ele trouxe o meu expresso, com uma expressão julgadora
eu joguei sobre a minha sobremesa, e, nossa, eu queria me casar com aquele
prato de Tiramissu.
Ele realmente estava estranho, parecia uma lavagem, mas estava tão
bom.
— Vamos?
— Ai, meu Deus, ela está delirando! Anda logo, Dante! — Bruna
gritou.
Olhei para o lado e vi que não era o chão que estava mexendo,
estávamos em um carro.
— Chegamos.
Após a fala de Bruna, fiquei até com medo de dizer algo e ela me
prender na cama de hospital.
Não sei quanto tempo fiquei encarando a parede, pensando como era
idiota eles me levarem em um hospital só porque desmaiei. Todo mundo
desmaia, eu nunca tinha desmaiado, mas é normal.
— Eu...
— Se você falar que quer ir embora mais uma vez, eu costuro a sua
boca.
Foi impossível não rir dela. Bruna se juntou a mim e ri tanto que
minha barriga começou a doer.
A porta foi aberta e o médico nos encarou com a testa franzida, o que
só nos fez rir mais.
— Pode falar, doutor — falei ao recuperar o fôlego.
— O que estou dizendo faz horas. Que não estou doente. — Voltei a
minha atenção para o médico. — Posso ir embora?
— O que foi? O que ele disse? Mamma? O que tem sua mãe? —
Bruna perguntou, e comecei a hiperventilar.
— Senhorita, acalme-se.
— Ok, mas eu não sou mãe. — Ele me encarou como quem pergunta
“Quem você quer enganar?”. — É sério, refaz o exame...
— Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? — Bruna
perguntou.
— Mas...
— Nada, só...
— Você não vai abrir a boca sobre essa história maluca de gravidez
— avise para Bruna.
— Mas...
— A gente vai passar na farmácia e comprar testes.
— Amiga, eu sei que sua cabeça deve estar uma bagunça, mas você
está surtando e tentando negar o óbvio.
Abracei a Bruna.
— Tudo bem, o dia que eu tiver os meus filhos, vou gritar com você
de volta — falou rindo.
Sorri, a doida da Bruna era uma boa, não, ela é uma amiga
maravilhosa.
Voltei para o quarto e me sentei na cama. Não sei quanto tempo fiquei
encarando a parede e pensando no que aconteceria se eu realmente estivesse
grávida, mas, nesse meio tempo, pensei nas reações dos meus pais, no que
Matteo pensaria e até no Lorenzo.
Sempre quis ser mãe, sonhei com isso diversas vezes, mas estava
apavorada com a possibilidade. Não foi daquele jeito que sonhei, era para
estar casada com o pai da criança, mas eu e Matteo nem tínhamos nada sério.
Eu havia cometido a burrada de engravidar de um homem com que estava
fazendo sexo casual.
— Ai, amiga, você realmente não presta atenção em nada a sua volta.
Eros é dono da farmacêutica KLantiz. — Apontou para a logo da
farmacêutica do teste de gravidez, a mesma farmacêutica que fazia meu
anticoncepcional.
Bruna riu.
— Vou ler isso aqui pra ver o que você tem que fazer — avisou
Bruna, com um teste na mão.
— Bebe tudo.
Peguei uma das garrafas e bebi de uma vez. Bruna começou a abrir
todos os testes, ajudei-a e, no meio da segunda garrafa, me deu vontade de
fazer xixi.
— Mas comigo aqui? — Não respondi, não havia pensado como seria
estranho fazer xixi com ela no banheiro. — Nossa, se eu não for madrinha
dessa criança, eu juro que te mato.
— Não vai sair? — Ela negou. Estava apertada, então só fiz o que
tinha que fazer, tomando cuidado para fazer tudo dentro do copinho
minúsculo.
— Sim.
— Que ótimo, achei que teria que interromper o nosso momento fofo
no banheiro que está cheirando xixi.
— Estou grávida.
— Sim, em todos os testes.
— Não faz nem meia hora que eu sei que sou mãe e já sou a pior mãe
do mundo.
Limpei o nariz com a minha blusa, e Bruna fez uma careta engraçada.
Dei uma risada misturada com choro.
— Por que você não me avisou? — Inquiri, puto. Meu plano era
passar a noite enterrado em Alice, não em um jantar entediante.
Meu pai era um homem complicado, já chegou a passar anos sem dar
um único telefonema. Só sabíamos que ele estava vivo porque meu avô
sempre manteve alguém o monitorando. No entanto, após meu avô adoecer,
eu esqueci da existência do Giorgio, eu não tinha tempo para me preocupar
com um homem adulto que se comportava igual a um adolescente mimado.
Após ter sido traído e abandonado, ele parecia ter desistido da vida,
mas nunca o tinha visto tão... Nem sabia o que dizer. O homem que um dia já
foi um grande empresário agora parecia um pedinte, com o cabelo comprido
e queimado de sol, assim como a pele. Parecia que ele trabalhava debaixo do
sol diariamente. Ele vestia uma calça de sarja e o que era aquilo nos pés dele?
Sapatilhas de couro?
— Isabella fez isso com você? Cazzo! Eu vou ter que bloquear os
seus bens?
— Não! Isso não tem nada a ver com Isabella, e você pode fazer o
que quiser com os meus bens, eu não me importo mais com isso.
— Se Isabella não te deu outro golpe, o que aconteceu com você?
Ele bufou.
Não entendi o que ele quis dizer com “não é a minha mulher que você
deveria investigar”, mas eu não me importava, a minha estava me esperando.
— Essa deve ser o quê? A vigésima vez que te vejo nos últimos 30
anos? É exigir um pouco demais que eu te chame de pai.
Eu não tinha nada contra ele, mas Giorgio era um homem fraco, que
se deixou levar pelo amor e esse amor o destruiu. Era só olhar para ele e ver
onde aquele amor o havia levado.
Ele teve a decência de parecer sem graça.
Eu não queria ter aquela conversa sem sentido. Alice estava a alguns
andares acima de nós e era lá que eu queria estar.
— Espere, Ariana acha que nós deveríamos nos aproximar e que isso
vai ajudar no meu crescimento espiritual.
Quase ri daquilo, Ariana não era diferente das outras mulheres com
quem ele já se envolveu, ela só era mais estranha que as outras.
— Seu pai está a cada dia mais doente. Em vez de virar... O que você
é? Hippie? Tanto faz, em vez de falar com plantas, deveria visitá-lo.
Por que não fui informado sobre isso? Dante agora só tinha uma
função e estava desempenhando-a muito mal.
Ela só esperou que eu saísse do país para levar seu amante para dentro
da minha empresa.
— Eu não me importo com o que ela faz ou deixa de fazer. Não temos
nada.
Era mentira, e qualquer um podia ver isso. Estava puto, furioso e não
conseguia tirar as malditas fotos da minha cabeça.
Passei os últimos dias discando o número dos meus pais para falar
sobre a gravidez, mas o Matteo é quem devia saber primeiro, daí eu acabava
perdendo a coragem. Se ele ao menos tivesse me ligado durante a semana,
mas ele não havia dado nem sinal de vida e a minha coragem ruía. Eu podia
ligar, ou mandar uma mensagem primeiro, mas se ele não queria nem me
ligar, eu não queria imaginar como seria ao descobrir sobre o bebê. Isso
estava me matando.
— O quê?
Olhei-me no espelho e vi que ela tinha razão, mas também que eu não
devia tê-la deixado escolher meu vestido.
— Sabe o tipo de gente que vai nesse jantar? Tem até jornalistas
cobrindo o evento.
— Eu te odeio, Bruna!
Ela riu.
— Não tenho culpa se você não sabe dizer não. Agora, coloque isso.
— Ela me deu os brincos e colar que o Matteo havia me dado.
Ela tinha razão. Acabei colocando, mas parecia estranho usar algo tão
valioso.
Ricardo riu.
— Sim, foi só a pressão dele que subiu, mas ele já foi medicado.
Vamos? — Ele estendeu o braço para mim.
Corri para pegar a minha bolsa e fomos para o tal jantar beneficente.
Bruna tinha razão, ao chegarmos, havia vários fotógrafos que, graças a minha
Nossa Senhora, estavam interessados em fotografar outras pessoas.
Uma mulher nos levou até nossa mesa que estávamos dividindo com
outras pessoas e Ricardo puxou a cadeira para mim.
— Alice?
— Eu ia acompanhar meu chefe, mas ele passou mal, então vim com
o filho dele.
Apresentei os dois.
Disse que achava que não podia, mas Eros podia tudo. Logo uma
mulher surgiu e nos mudou de lugar. A mesa de Eros só tinha Rafiq, um
amigo dele que eu tinha visto em Mônaco, que me cumprimentou, mas havia
vários lugares marcados.
Uma estranha dor no peito me fez desviar o olhar deles. O que ela é
dele? Pelo jeito que ela envolveu o braço dele, eles se conhecem. Ele não me
ligou, por que está saindo com ela? O pensamento foi doloroso, eu não
conseguia pensar nele com outra mulher.
— Vou ao toilet.
Limpei a garganta.
— Estou bem.
Podia ser coisa da minha cabeça, mas podia jurar que vi o maxilar do
Matteo tensionar.
Arquiteta, eu sabia que era exatamente isso que era, mas meu coração
não compreendeu e se contorceu. Olhei para a mão da mulher tocando-o tão
intimamente. Doeu mais do que podia imaginar.
— Com licença.
— Prazer, Alice.
— Oi? — Encarei-o.
— Estou bem — falei, mesmo não estando. Eu queria sair dali. Não
ter que sentir aquele perfume, nem ver o Matteo com outra.
Sem aviso, Ricardo tocou a minha bochecha. Não gostei, mas a sua
preocupação me fez me sentir culpada.
— Está tudo bem mesmo? Se quiser, podemos ir embora, eu odeio
esses eventos.
— Que leilão?
Ela riu.
Antes que eu pudesse abrir a boca para negar e pedir para ir embora
dali, Olivia estava chamando uma funcionária e pedindo para colocarem meu
nome no leilão.
— Bom, agora acho que não posso mais te levar embora — disse
Ricardo.
O moreno com cara de mafioso deu outro lance. Eros sorriu e acenou
com a cabeça, como se o conhecesse.
Era surreal como eles davam lances como se aquela fortuna não fosse
nada.
Ele passou a semana sem dar sinal de vida, não fazia sentido.
O que também não fazia sentido era o meu coração ainda disparar por
ele e sua traição estar doendo tanto. A traição de Raphael foi como se tivesse
rompido instantaneamente aquela magia do amor. Por que meu coração era o
órgão mais trouxa do universo?
Diferente de como pensei que ela agiria depois da última vez que nos
vimos, ela se aproximou de mim com um sorriso e me deu um beijo no rosto.
Eu não queria ter sido rude, mas eu não poderia me importar menos
com a saudade que ela sentia. Ter Madeline como amante sempre me
agradou, nos dávamos muito bem na cama, mas, quando pensava em uma
mulher gemendo no meu pau, infelizmente eram os gemidos de Alice que
meu cérebro fantasiava.
Apesar de já não termos mais nada, eu não tinha nada contra ela e não
queria magoá-la.
— Foi? — Ela deu uma risada sem emoção. — Tem outra mulher? —
Ela sorriu. — Não precisa responder, homens como você não passam muito
tempo com a cama vazia. Espero que ela tenha mais sorte que eu e não
resolva envolver sentimentos. Na sua cama não existe, e nunca vai existir
espaço para nada além de sexo.
Fui salvo de uma conversa desgastante pela chegada dos seus pais.
Aparentemente ela estava ali para acompanhá-los.
— Podemos ir.
Quando ela se afastou dos meus braços, pude jurar ver um olhar
magoado. Queria saber porque, já que eu que estava sendo enganado ali.
Madeline riu.
— Pelo visto, há espaço na sua cama para sentimentos, mas será que
na dela há? — Ignorei-a.
Puto comigo mesmo por me importar, dei a volta na mesa, tirei meu
terno e coloquei sobre seus ombros. Ela tremia e não parecia ter melhorado.
— Sinto muito — pediu para Olivia, envergonhada.
— Venha. — Falei.
— Não precisa.
Ignorei sua fala, segurei firme sua cintura e a levei para fora. Assim
que saímos ao ar fresco, ela se debruçou sobre o arbusto mais próximo e
vomitou novamente.
— Você não...
— Ali está ela! — Ouvi Eros dizer e, ao olhar na sua direção, vi uma
mulher de jaleco, provavelmente a enfermeira.
— É óbvio que eu não bebi, nem me droguei, faz mal pro bebê.
Minha barriga gelou e me recusei a olhar para Matteo. Não era assim
que eu planejava contar sobre a gravidez. Na verdade, eu ainda não havia
decidido como contar, mas, obviamente, após descobrir que ele estava saindo
com a filha do presidente, não era o melhor momento.
— De quem é?
— Não finja que não existe a possibilidade desse bebê ser de outro.
— Eu sei que você tem se encontrado com outro homem, Alice. Esse
filho pode ser de nós dois, ou tem saído com mais homens?
— Eu não sou você! Não é porque você está saindo com outras
mulheres que estou saindo com outros homens.
Virei as costas para ele. Meu peito doía e meus olhos ardiam. Matteo
perguntando quem era o pai se repetia na minha cabeça em um looping
infernal.
— Se não fosse você e seu pai, eu estaria no meu quarto e não teria
passado por toda essa humilhação! Então, você vai me levar e é agora! —
Explodi.
— Ok.
Assim que entrei em seu carro, comecei a chorar, mas de raiva. Como
Matteo ousava insinuar que eu estivesse com outros homens e que o bebê não
era dele?
— Mas que merda foi essa, Matteo? — Eros perguntou assim que
Alice virou as costas.
— Isso não é dá sua conta!
— É melhor não fazer nenhuma besteira, bom, nenhuma além das que
você já fez — disse Rafiq. — Pelo jeito que ela reagiu, pode haver uma
explicação para as fotos.
— Vossa Majestade, sei que não costuma ter muito contato com
mulheres, mas elas não costumam ser uma santa igual à sua irmãzinha. Se
existem fotos, não tem como negar.
Só podia ser castigo ter que presenciar Eros tentando tirar Rafiq do
sério.
Fui atrás de Alice, mas não a encontrei. Então fui para o hotel, mas
também não a encontrei.
Capítulo 21
Fui direto para o quarto da Bruna. Assim que me viu, ela soube que
algo estava acontecendo.
— Claro.
— Obrigada.
Terminei o banho e me deitei com ela, mas não importava o tanto que
eu tentasse, não conseguia dormir. A noite passava como um filme na minha
cabeça, cada detalhe se repetia e tudo sempre voltava ao momento em que
Matteo duvidou que o bebê é dele.
— Pode rir.
Contei tudo para ela, desde o momento em que vi Matteo chegar com
a Madeline até o fim desastroso da noite. Em alguns momentos, senti minha
garganta travar, mas fui fiel a minha promessa de não derrubar mais nenhuma
lágrima pelo Matteo.
Dei risada, apesar de ficar com dó por ela ter ficado toda confusa.
— Não, eu...
— Você enlouqueceu? O que deu na sua cabeça para achar que pode
ir todo dia no meu trabalho e agora me seguindo. Eu achei que estava ficando
louca, mas era você me seguindo, seu maluco! Acha mesmo que isso vai me
fazer te perdoar ou voltar para você? Eu bato a cabeça e você que
enlouquece?
— Alice...
— Para! Estou de saco cheio disso. Você só fica com esse papo de
Alice, Alice, Alice. Eu cansei.
— Você está nervosa, eu só quero conversar.
— Você não está me dando uma chance, eu sei que errei, mas a culpa
não foi só minha.
Era tarde para desculpas, ele me traiu e não havia perdão para aquilo.
Ele me fez perder a minha fé nas pessoas, me fez perder a minha amiga, a
pessoa que eu queria como madrinha de casamento, me humilhou. Eu não
sabia qual dos dois tinha mais culpa, mas era com Raphael que dividi planos,
que renunciei a coisas em que eu acreditava. Ele não traiu só o nosso
relacionamento, mas a nossa cumplicidade, confiança, tudo.
Agora sim eu me sentia vingada pelo que ele fez comigo, mas o alívio
maior era por ter a certeza de que não importava o que ele fizesse ou falasse,
eu não voltaria para ele. Eu havia quebrado qualquer vínculo que me ligava
àquele homem asqueroso.
— Você está bem? — Bruna perguntou, e percebi que meu surto não
foi só por causa do Raphael, era por tudo, eu estava exausta.
Eu não era uma pessoa ruim, eu tinha certeza disso, mas, ao ver
Raphael praguejando de dor e o estado do carro, que ele provavelmente tinha
alugado e gastaria uma grana para arrumar, eu senti um prazer imenso.
— Sai!
Ele não saiu, continuou miando e, quando tentei colocá-lo para fora
do quarto, ele correu para debaixo da minha cama. Desisti dele e virei o
restante da garrafa de vinho na minha taça.
Tirei-o do meu colo, mas ele pulou novamente, então, deixei que
ficasse.
— Fale para ele que Matteo Bianchi di Sartori está aqui para falar
com ele.
— Helicóptero.
— Elas...
— Não estou com tempo para conversa, o que é preciso para soltá-
las? — Falei, lembrando que não podia libertar só Alice.
— O senhor sabe que tenho contatos, não quero ter que ligar para o
juiz e dizer que estou incomodando-o em pleno sábado porque o senhor não
quis facilitar a saída de duas mulheres que não fizeram nada demais.
Olhei para Eros, e ele só deu de ombros como se não fosse nada.
Ela tremia da cabeça aos pés enquanto era amparada por Bruna.
— Vai ficar tudo bem com vocês dois. — Eu faria de tudo para
cumprir aquela promessa.
Entrei no carro com Alice e a segurei forte contra o meu peito. Ela
parecia tão frágil, com o medo estampado em seu rosto, o corpo trêmulo e
choro sofrido.
— O médico a levou.
Eu não sabia o que dizer, nem eu sabia o que estava acontecendo. Não
tinha garantias de como ela sairia daquela sala, mas, pelo olhar dela, só havia
uma maneira da mulher alegre a maluca que eu conheci sair de lá a mesma
que entrou. Ela seria destruída se perdesse o bebê.
— Olha, nem sei como agradecer por ter trazido ela aqui tão rápido.
Isso pode ter salvado o bebê, mas o que aconteceu não é problema seu. —
Eros a encarou sem entendê-la. — Ele nem acredita que o filho é dele.
A última coisa que me importava era se aquele filho era meu ou não.
Eu só queria que os dois ficassem bem.
— Injusta? Ele sumiu por uma semana e apareceu com uma loira a
tiracolo e, quando descobriu que a Alice está grávida, a primeira coisa que
ele perguntou foi se o filho era dele. A Alice pode parecer uma mulher que
adora sexo casual, mas ela não é assim e você sabe disso. Ela não sai por aí
transando com vários caras, qualquer um que olhar para ela vê isso, mas você
prefere fingir que não vê. Se alguém aqui foi injusto, essa pessoa não sou eu.
Bruna atravessou a sala de espera e se sentou em um dos sofás
disponíveis.
— Desculpa, ela está nervosa pela amiga — Ele foi atrás dela.
Era difícil admitir aquilo, mas eu preferia ter sido injusto com aquilo
do que ter razão, mas a verdade não tinha como ser negada e aquelas fotos
diziam tudo.
Capítulo 22
— Oi, mamãe...
— Sim, está, mas você ainda está no primeiro trimestre e temos que
ter cuidado dobrado com sangramentos nessa fase da gestação. Você passou
por um grande estresse, sugiro que evite se estressar para a sua recuperação
ser de 100%.
— Você me assustou.
Tive que encarar Matteo para saber se ele realmente tinha dito aquilo,
porque não parecia minimamente real. Eu não o entendia. Ele achava que eu
tinha uma fila de amantes e que o bebê nem era dele, mas me ajudou e agora
isso? Ficar na casa dele?
— Não, obrigada.
Eu não sabia o que passou pela minha cabeça para convidar Alice
para ficar de repouso na minha casa, era óbvio que ela não ficaria, mas queria
garantir que ela ficaria bem ou enlouqueceria, principalmente após ouvir o
médico.
Eu estava na sala de espera com Eros e Bruna quando o médico veio
nos dar notícias.
Então era por isso que tive a sensação de que o outro médico me
conhecia.
— Claro, me desculpe. Ela e a criança estão bem, mas ela vai precisar
ficar de repouso pelo resto da semana.
— Como assim?
— Mudança?
Assim que ela abriu a porta do quarto, meu queixo caiu. O quarto que
eu e o resto dos funcionários da Trentini estavámos era maravilhoso, mas
aquele quarto era mil vezes melhor.
— Mas...
Eu não queria passar a noite sozinha, então pedi que Bruna ficasse
comigo. Ela aceitou imediatamente e parecia estar adorando ficar ali.
— Ei! Você está louca? Você não tem culpa de nada. Nunca, nunca se
culpe por um homem ser agressivo com você. Foi só um susto e você foi
incrível por não ter se intimidado.
Seus olhos ficaram tristes por alguns segundos, mas logo ela sorriu.
Ela riu.
— É tão ruim saber que a gente pode se enganar tanto com as pessoas
— falei, após um tempo. — Eu nunca pensei que Raphael fosse capaz de me
machucar, mas eu me enganei e, se não fosse você, ele teria me batido. E se
eu tivesse me casado com ele?
— Você revidaria. Mesmo sem ter força para brigar com ele, você
lutaria, porque você é assim. Você não iria permitir que ele te machucasse.
Sua voz foi ficando estranha, a encarei e ela tinha os olhos rasos
d’água.
— Não.
— Matteo, olha quem veio nos visitar! — Disse meu avô, assim que
me viu. — Seu pai e sua mãe.
— Ela não é...
Então era isso, meu avô achava que a Ariana era a minha mãe.
— Ele fala? Não imagino como ele tenha algo para falar de mim
sendo que mal nos conhecemos.
Queria saber em que momento nos últimos 30 anos, em que ele quase
não deu as caras, ele incluiu meu avô e eu na sua breve lista de pessoas que
amava.
— Filho, quero falar sobre aquela moça. Sei o que está sentindo, eu
também me senti assim com a sua mãe, mas vejo que você está tomando o
mesmo caminho que eu...
— Pensei que seu objetivo ao voltar era se aproximar das pessoas que
você ama.
A parte que não acreditava nela venceu, mas, ainda assim, chamei
Dante até a minha sala.
— Sim, senhor.
O homem gaguejou.
Não havia nada que ele pudesse me dizer que fosse pior do que o que
eu já sabia.
— O nome dele é Raphael Trajano, a família dele é importante e ele
entrou para a carreira política. Ele e a senhorita Albuquerque foram
namorados por 3 anos e, naquela noite em que a encontramos na delegacia
com o seu avô, era o dia do casamento deles.
— Sim, senhor.
— Prepare o helicóptero.
— Seja breve.
— Juro que não sei porque sou seu amigo, mas não é da sua falta de
educação que quero falar. Quero falar da Alice.
— Não se preocupe.
Capítulo 24
— Ele falou para você tirar mais uma semana de folga, ele quer você
100% quando voltar.
— Mas...
— O quê?
— Sim, fala pro Oscar que ele disse que estou superbem.
— Não, você será uma pessoa mais feliz se for visitar os seus pais,
mas não foi por isso que perguntei. — Franzi a testa, e ela arrumou a postura.
— O Raphael foi lá na Sartori.
— Ele foi pedir desculpa e avisar que retirou a queixa contra nós
duas.
— Exatamente!
— Ele falou que não vai te incomodar, a menos que você o procure e
você sabe onde encontrá-lo. Confesso que nessa parte eu o achei bem
maluquinho das ideias. O cara acha mesmo que existe a possibilidade de
vocês voltarem. Agora, sabe qual é a parte mais interessante dessa história?
Bruna riu.
— Não, o olho roxo dele. Você tinha que ver o lindo hematoma que
ele tinha no rosto, e acho que não era só no rosto, porque o idiota estava
andando todo estranho.
— O Matteo? Como ele conheceu o Raphael e por que ele faria isso?
— Como ele conheceu o Raphael e por que ele faria isso? — Ela me
imitou. — Sério, ter que traduzir tudo para você não é fácil. O Matteo tirou a
gente da delegacia, é só somar dois mais dois. Ele bateu nele porque gosta de
você.
— E a lenta sou eu. — Dei risada. — Ele não gosta de mim, ele nem
acredita que o bebê é dele.
— Para de ser tonta! Isso não tem nada a ver. Homem é assim
mesmo, um bando de idiotas, mas ele gosta de você. Olha pra esse quarto e o
mordomo maravilhoso que ele arrumou pra você repousar. Ele pode colocar a
mão no fogo como garantia de que esse filho não é dele, mas não pode negar
que gosta de você.
Bruna envolveu o meu ombro com o seu braço e me puxou para si.
— Ele é um idiota.
— Concordo.
— E aí, vai ou não vai contar para os avôs do meu afilhado que o
netinho deles está no forno?
Cheguei na segunda-feira pronto para trabalhar... Quem que estava
tentando enganar? Cheguei na segunda-feira esperando ver Alice. Sabia que
seu médico já havia dado alta para que ela voltasse, mas não a vi em nenhum
lugar.
Pelo menos foi isso que usei como justificativa para os meus atos
depois disso.
— Pode se retirar.
— Mas a reunião?
— Mandem esperar.
— Está tudo bem, moça? — Uma italiana perguntou, ela não parecia
ter mais de 15 anos.
Limpei a lágrima que escorreu e sorri para ela.
— Faço questão.
Concordei e a segui.
Dava para entender porque a Sartori Company era uma das melhores
companhia, aéreas do mercado, o atendimento era excelente.
Estava prestes a perguntar por que ela estava me guiando, mas meu
olhar foi atraído para um carro de luxo andando na pista. Podem fazer isso?
Minha pergunta foi interrompida quando o carro parou e vi Dario descer do
carro.
— Dario?
Eu não o via desde o dia em que fui levada para o hospital e não
esperava vê-lo ali, na verdade, eu não esperava vê-lo em lugar nenhum,
porque eu sabia que meu coração não se importava com o que eu e meu
cérebro decidíamos. Provando que ele não se importava com as minhas
decisões, ele acelerou ao ouvi-lo.
— Entre, Principessa.
Droga, por que o sotaque italiano dele tem que ser tão sexy?
— Foi cancelado.
— Entre.
Encarei-o, furiosa.
Virei as costas para ele e peguei a minha mala, que a comissária tinha
pegado, porém, mal dei dois passos e fui retirada do chão. Queria poder dizer
que a primeira coisa que senti foi raiva, mas o que senti foi uma corrente
elétrica, seguida de arrepios, e um calor que se espalhou pelo meu corpo,
como acontecia toda vez que ele me tocava. Engoli em seco.
— Manda ele parar esse carro — falei séria para o Matteo, mas ele
apenas me encarava, segurando cada vez mais forte a minha cintura. Foi
então que percebi que ainda estava no seu colo.
Nunca senti por ninguém nada parecido com aquele desejo irrefreável
que sentia por ela.
— Eu gostaria que não, mas nem para escolher pai para o meu filho
eu sirvo!
Ela estava brava e claramente não queria estar ali, podia negar que o
filho era meu, mas não o fez. Parecia que eu realmente seria pai e eu havia
conseguido o feito de fazer a mãe dele passar de “me coma logo” para “não
encoste em mim”. E tudo isso em duas semanas. Eu merecia um prêmio.
— Ah, que maravilha, do nada você decidiu ser o pai do meu filho.
— Nosso.
Minha vontade era diminuir o espaço entre nós e puxá-la para mim,
enfiar o rosto na curva do seu pescoço para sentir o cheiro da sua pele macia
e a ver se arrepiando, mas não o fiz.
— Alice?
— Biblioteca, senhor.
Capítulo 26
Assim que o carro estacionou, fui direto atrás de Lorenzo, ele iria me
salvar daquela loucura do neto dele e me ajudar a pegar um voo para o Brasil.
Ela sorriu e veio até mim, segurou a minha mão entre as suas e fechou
os olhos.
— Sim.
— Prazer, senhor?
— Giorgio.
Podia ser impressão minha, mas o homem parecia não gostar de mim,
o que não fazia sentido. Nem nos conhecíamos.
Olhei para Lorenzo, triste por ele não estar se lembrando de mim.
— Meu!
Qual era o problema deles? Ele podia não gostar de mim, mas agora
eu também não gostava dele.
— Mas se você está grávida do meu neto, por que ia embora? Você
não ia nem se despedir?
— Ah, que susto. Achei que você tentaria afastar a criança da gente
igual Isabella fez.
— Você não vai tentar nos afastar do bebê, né? — Lorenzo indagou, e
voltei minha atenção para ele.
— Não, claro que não. Eu só quero ver os meus pais, mas o seu neto
pirou.
Até parece que ele vai para o Brasil. Quase ri com a ideia. Ele acha
mesmo que eu ia cair naquele papinho?
Dario abriu a porta do carro e desci. A casa dos meus pais era simples
e, por um segundo, fiquei meio sem graça. O Matteo literalmente morava em
um castelo em Roma e meus pais numa casa simples em São Paulo. Parei de
pensar nisso e bati palmas.
Ela levou a mão ao coração e chamou o meu pai aos berros. O pobre
coitado chegou ofegante à varanda e, ao me ver, os dois correram para abrir o
portão.
Pulei no colo dos dois, adorando abraçá-los. Estava com tanta, mas
tanta saudade deles que parecia que não os via há uma eternidade.
— Dio mio, como você não avisa que está voltando? Quer matar a
gente do coração, minha Bambola? — Minha mãe perguntou, segurando o
meu rosto entre as mãos e começou a me dar vários beijos no rosto.
— Estou grávida.
— Pai...
— André... — minha mãe tentou dizer, mas meu pai não deu ouvidos
para ela.
— Eu sou o pai desse bebê e não vou permitir que você fale com a
minha mulher dessa forma.
— Vamos sair daqui — Matteo falou, mas neguei. Eu não queria sair
dali, queria que o meu pai parasse de me olhar daquele jeito.
Ele nunca havia falado comigo daquela forma, nem me olhado com
tanta decepção.
— Saia daqui! Eu não quero ter que ver o tamanho da besteira que
você fez!
Meu choro se tornou mais forte e, se não fosse por Matteo, que me
segurava, eu não sei se continuaria em pé.
Tive medo de fitá-la e ver a mesma decepção que havia nos olhos do
meu pai.
Eu não me lembrava de uma única vez que o meu pai tenha levantado
a voz para mim. Quando eu chorava, era ele quem me consolava, ele não era
a pessoa que me fazia chorar e estava doendo tanto.
— Minha Bambola, eu não sei o que houve com o seu pai, mas tenho
certeza de que ele não quis dizer nada daquilo.
Depois do ex da Alice, o pai dela era o homem que eu mais quis socar
a cara em toda a minha vida. Ela não era criança para o filho da puta tratá-la
daquele jeito por causa de uma gravidez. Tive vontade de pegá-la no colo e
tirá-la dali assim que ele abriu a boca.
Peguei Alice no colo e a levei para a nossa cama. Seu rosto, sempre
sereno e sorridente, estava triste. Mesmo dormindo, dava para ver sua
tristeza. Acariciei a sua bochecha e ela se aconchegou. Ela parecia tão frágil
dormindo, era quase como se um sopro pudesse quebrá-la, tão diferente de
como realmente era. Deslizei o meu polegar pelo contorno do seu lábio
inferior, ela continuava linda.
— Não precisa...
— Faço questão.
Ela agradeceu, mas, assim que chegou à porta, parou.
— Eu não sei o que houve com ele, mas ele não é assim.
Eu não me importava se ele era assim ou não, ele não trataria Alice
como havia tratado.
Capítulo 27
Acho que doeu mais porque eu nunca imaginei que um dia meu pai
falaria daquele jeito comigo. Ele sempre foi tão amoroso, carinhoso.
— Não.
— O filho que estou carregando pode ser seu, mas isso não te dá
poder sobre mim. Inclusive, eu quero o meu quarto de hotel de volta.
— Nem pensar.
— Matteo...
Ele bufou.
— Eu não pretendo permitir que o meu filho não tenha tudo do bom e
do melhor desde já, Principessa. Se não quer ficar aqui, vai ficar na suíte
presidencial. Você só tem essas duas opções.
— Namorada?
— Sim, Madeline.
Limpei a garganta.
— Eu te levo.
Dias depois...
Respirei fundo.
— Não acabou. Ele foi um babaca com você, mas não acabou. É
óbvio que você quer o italiano gostoso que te faz gozar horrores, e ele
claramente te quer. — Ela olhou por sobre o ombro e flagrou Matteo olhando
para mim. — Viu, eu disse. Só o faça sofrer antes de perdoar.
— Sei que a traição do Raphael mexeu com você, mas não deixa ele
atrapalhar a sua vida.
Eu passava metade do meu dia com tesão, mas, mesmo assim, eu não
conseguia ceder.
— Eu não consigo. Por que ele sumiu? O que ele fez aquela semana
em Nova York?
— Você quer que eu chegue nele e pergunte: Ei, sei que era só sexo,
mas o que você fez durante a sua semana em Nova York que não me ligou? E
por que estava com a Madeline se disse que não tem nada com ela?
— Se tocar nela mais uma vez, vou garantir que não consiga tocar
nela e em nenhuma outra mulher.
— Saia!
Sua mão começou a subir por minha coxa, subindo minha saia.
— Matteo...
— Eu...
Eu não respondi nada, então seus dedos desceram por cima da renda
da minha calcinha e tocaram meu clitóris. Matteo começou a me masturbar e,
antes que eu pudesse perceber, estava abrindo as pernas para ele.
— Porra, Principessa! Olha como sua calcinha está molhada. — A
sua voz era sofrida e ofegante.
— Me faça gozar.
— Matteo, para.
Encarei-a, preocupado.
— O que houve?
— Nada, eu só...
Isso devia ser algo, parecia algo bom. Eu a deixava com tesão a ponto
de ela não pensar direito, mas não era bom, nada bom.
— Isso não devia ter acontecido. Obrigada pelo orgasmo incrível,
mas isso não devia ter acontecido.
— Ei, onde você vai? — Eros perguntou. Não respondi, mas, antes
que eu chegasse à porta, ele me parou. — Seu humor está ruim assim por
causa da falta de sexo ou você sempre foi chato assim?
Ele gargalhou.
— Como é o quê?
— Entra.
— Não, mas você devia. Meu avô fala o dia inteiro de você e do bebê,
a doença dele está evoluindo. Ele pode esquecer de todo mundo daqui anos,
ou até o final da gravidez.
— Está funcionando?
Estava!
— Não!
— Matteo...
Foi impossível não me arrepiar, adorava ter suas mãos sobre meu
corpo.
— Matteo...
— O quê?
— Que susto!
— O quê?!
Peguei minha bolsa e saí, mas dei de cara com Matteo. Seu olhar
percorreu o meu corpo e fiz o mesmo com ele. Eu pularia o jantar facilmente
e o arrastaria para o quarto.
— Você está...
— Bonita?
— Gostosa.
Pensei que um dos seus motoristas iria dirigir, mas ele estava com um
carro esportivo e foi dirigindo. Seu séquito de segurança nos acompanhou de
longe.
— Podem me acompanhar.
— Acostume-se, Principessa.
Fiquei sem fala ao ouvi-lo. Eu não podia negar o quanto gostava dele,
mas algo não me permitia me entregar.
— Mas?
— Sim...
— Isso o quê?
— Essa coisa que a gente tem. Eu nunca senti ciúme, Alice. Quando
eu descobria que uma das minhas transas estava tendo outros casos, dava
graças a Deus porque assim não teria que me livrar delas, mas com você...
Abaixei o olhar.
Engoli em seco.
Ele a encontrou lá. Bruna tinha razão, era tão simples, só perguntar.
— Eu não fiquei com ninguém. — Falei, ganhei sua atenção, mas ele
parecia já saber disso. — Antes de você só teve o Raphael.
Ele piscou.
— Transou?
— Beijei.
Dias depois...
— Isabella.
O nome me fez lembrar de algo que Lorenzo havia dito: “Achei que
você tentaria afastar a criança da gente igual Isabella fez.”
— Como assim?
— Ela nunca nem tentou falar com o Matteo, só para pedir dinheiro,
mas você o conhece, não é fácil falar com ele. Ela nunca conseguiu um
centavo dele.
Que mãe é essa? Meu Deus, fugir com o filho e chantagear o pai?
Não sei quem é pior, Giorgio abandonou o filho para correr atrás de uma
mulher que nunca o quis.
O seu tom mandão me fez soltar o gato e ir lavar as mãos. Torci para
que ficasse comível, pois realmente estava com fome. Ariana e Giorgio
tinham dado sorte e não iriam comer aquela gororoba, eles haviam ido para o
centro de Roma.
No começo, pensei que tudo fosse dar errado, afinal, Lorenzo não era
conhecido por ter a melhor memória do mundo, mas ela não falhou e a
receita foi tomando forma e eu estava até gostando, talvez começasse a
cozinhar.
— Droga!
Olhei para os que ele fez e o que eu estava tentando e ri. Enquanto os
dele estavam perfeitos, o meu parecia... na verdade, não parecia com nada,
era só massa com recheio vazando.
O meu cérebro simplesmente não registou nada do que ele falou sobre
o tortellini, todo o meu corpo estava concentrado na proximidade inesperada.
Era incrível, mas, até fazendo uma trouxinha de massa, ele conseguia ficar
ainda mais gostoso.
— Como você sabe fazer isso? — Era a última coisa que eu pensaria
que ele sabia fazer.
Fiz exatamente como ele falou e, apesar de não ter ficado igual, o
resultado foi satisfatório.
— Não, mas o máximo que ele pode fazer é tentar destruir o castelo,
mas você está aqui para controlá-lo. — Piscou.
— Por que não toca um pouco para nós antes de eu ir me deitar, meu
neto? — meu avô perguntou, quando terminamos o jantar.
Alice fez uma careta.
Fomos para a sala e a única música que me veio à cabeça foi Can’t
Help Falling in Love, do Elvis Presley. As primeiras notas me fizeram
lembrar da minha avó, que me ensinou a tocar e que, apesar de ter sido uma
ótima e amorosa avó, sabia ser bem rigorosa quando o assunto era ensinar
algo. Perdi as contas de quantas vezes levei tapa nas mãos por errar notas.
Logo após a aula, ela deixava de ser uma megera e preparava algo delicioso
para comermos.
Take my hand
Nós lhe demos boa noite e ele se foi, nos deixando a sós.
— Matteo...
Toquei seu rosto e, com o polegar, acariciei sua bochecha, ela fechou
os olhos, aproveitando o carinho. Sua pele era quente e macia, delicada.
Contornei seu lábio, e ela abriu os olhos.
— É só pedir, Principessa.
Beijei-a, um beijo lento que não demorou para se tornar voraz. Era o
que Alice provocava em mim, eu não conseguia ser tranquilo e racional com
ela, me tornava sedento e irracional toda vez que a tocava. Aquele seu olhar
inocente, mas, ao mesmo tempo pervertido, acabava comigo.
Circulei sua cintura e a puxei mais para mim. Porém, ouvi um esganar
do gato e me afastei.
Alice riu ao vê-lo correr para longe, mas, quando seus olhos
encontraram os meus, não havia diversão, apenas um brilho que eu conhecia.
Beijei seu pescoço e desci pelo vale entre seus seios, sua barriga,
apreciando como sua pele se arrepiava e como sua respiração se tornava cada
vez mais desregular.
— Matteo...
— Isso foi...
— O quê?
— Eu entendi, mas...
Suspirei, era inútil discutir com Bruna. Levantei-me e ela me fez ficar
no meio da minha sala de olhos fechados.
— Ok!
Ouvi seus passos se afastando e quis abrir os olhos, mas não deixei a
minha curiosidade me vencer.
Sem entender o seu mistério, abri os olhos para ver o que ela havia
aprontado e quase não acreditei no que meus olhos viam.
— Mãe?
Minha mãe me abraçou apertado, me fazendo ver que era real, ela
estava ali. Havia falado com ela horas antes e não me disse nada.
— Ai, que saudade que eu estava de você, minha Bambola. —
Segurou os meus ombros, me olhando da cabeça aos pés. — Olha como você
está linda.
— Matteo?
— E o... o papai?
Achei que sua reação tivesse sido apenas o susto ao descobrir sobre a
gravidez, mas ele ainda não estava falando comigo. Tudo que eu sabia sobre
ele era através da minha mãe e aquilo doía tanto.
Ele estava um pouco nervoso aquele dia, mas nem isso o fez ficar
longe de mim, ou não perguntar uma dezena de vezes sobre o bebê.
Sorri largamente, fiquei na ponta dos pés e dei um beijo rápido nele.
— O quê?
— Isso o quê?
— Essa coisa de você achar que eu não vou estar com você quando
precisar. Eu sempre estarei, Principessa. Sempre.
O médico riu.
— Pode ser um pouco difícil para você identificarem, mas uma coisa
eu sei que vocês conseguem.
— Quem te contou?
— Não importa, eu não sou como ela... Jamais faria algo assim.
— Eu sei.
Meses depois...
Dei risada. O novo hobbie de Alice era torturar Dante até ele começar
a chamar o palácio de castelo, mas ele já tinha servido ao exército, não daria
o braço a torcer tão fácil, mesmo que eu o tenha visto andando todo torto
após levantar tanto peso.
— Você não precisa das coisas que estão lá, pode comprar o que
quiser.
— Mas aquele berço é uma obra de arte! Ele foi entalhado à mão e
pertenceu a você. Depois de reformá-lo, parecerá novo.
— Espero que não esteja achando que vou deixar você reformá-lo.
Beijei-a.
Ela riu.
Apesar de ela estar sempre sorrindo e da sua mãe estar ali, eu podia
ver que às vezes ela ficava triste ao falar do pai. Eu havia deixado de lado,
não queria me meter, mas eu não aguentava mais, o filho da puta não iria
fazê-la sofrer.
— O quê?
— É que, dependendo de para onde você for, vou pensar em algo para
você trazer para mim.
Fiquei observando-a, como seus olhos brilhavam quando ela ria e seu
rosto ficava lindo. Ela me flagrou admirando-a e engoliu em seco. O sorriso
foi deixando o seu rosto lentamente e seu olhar foi ficando mais intenso.
— Matteo, eu...
— Você?
O gato pulou no sofá. Ele não me odiava mais, porém, eu ainda não
gostava dele e gostava menos ainda por ele interrompê-la.
— O que você está fazendo na minha casa?! Não foi o suficiente levar
a minha filha e a minha esposa? Veio tripudiar?
— Pois vá embora!
— Você vai matá-la! Eu não vou ver a minha filha morrer! — Encarei
o homem, pensando que ele tinha enlouquecido. — A minha menininha pode
morrer e a culpa é sua e daquele bebê!
Saí dali, pois, antes de voltar para casa, eu tinha uma reunião no
México e tinha que comprar um chapéu.
— Podem mentir para o Matteo e falarem que fui eu que fiz tudo
sozinha? — Brinquei.
— Até podemos, mas ele não vai acreditar e, se acreditar, não vai
comer, com medo de morrer envenenado — Bruna zombou e todos riram,
joguei farinha nela, tentando não rir. — Ei! Não aguenta a verdade?
— Não, mãe.
— Amiga, desculpa...
Falei para eles que não era nada com o bebê, era só uma sensação
ruim, mas não adiantou, eles chamaram o médico mesmo assim.
— O Dario, senhora.
Eu não estava desconfiando do Matteo, mas, sei lá, eu tinha que ligar
para Dario e perguntar se eles chegariam logo. Assim que a ligação caiu na
caixa postal, eu soube que tinha algo errado e Dante saberia o que era. Ele
sabia de tudo.
— Sim, o Dante.
— Obrigada.
O quê?
Ariana riu.
— Como assim?
Levantei-me.
— Alice...
— Filha, se acalm...
— Não escondam nada dela, vai ser pior — disse Giorgio, entrando
no quarto.
Era a primeira vez, desde que nos conhecíamos, que eu ficava feliz
em vê-lo.
Minha mãe secou o meu rosto, minha agonia por não saber como
Matteo estava era tão grande que eu nem havia percebido quando o choro
começou, mas, ao olhar para a minha mãe, me desmanchei em lágrimas.
Implorei para não ser sedada, e o médico me deu apenas algo para eu
me acalmar. Eu não me lembro de nada do que aconteceu nas horas que se
seguiram, as pessoas iam e vinham, falavam comigo, mas eu só conseguia
pensar em Matteo e pedir para Deus e minha Nossa Senhora que o
trouxessem para casa o mais rápido possível.
— Oi, filha.
Eu estava com tanta saudade dele, fazia tanto tempo que não escutava
o som da sua voz, houve momentos que pensei que nunca mais voltaríamos a
nos falar.
Chorei mais por ter o meu ali no momento que mais precisei, graças
ao Matteo.
Ter o meu pai ali só me fez amar ainda mais o Matteo, ele tinha feito
aquilo por mim e sem querer nada em troca.
— Por que não acham ele? Como não conseguem achar um avião? —
perguntei, aflita.
— Amiga, eu sei que você está cansada de ouvir todo mundo te dizer
o que fazer, mas não é melhor você se deitar um pouco? Ou pelo menos se
sentar? Faz horas que você está andando de um lado para o outro, seus pés
estão até inchados.
Giorgio parecia tão aflito quanto eu. Ariana tentava acalmá-lo, mas
ele não parecia bem. Minha mãe não saía do meu lado e, toda vez que eu
chorava, ela acabava chorando junto. Lorenzo não foi informado sobre nada e
já tinha ido deitar.
Entrei na sala toquei o seu rosto, adorando poder sentir o seu calor,
ele ficaria bem.
— Meu Deus, você está bem, meu amor. Eu não acredito que você
está bem.
— Seu o quê?
— Eu estou bem!
— Deixa o médico...
Ela andou até mim, enquanto o médico chamou sua equipe para me
avaliar.
— Desculpa — pedi.
Ela riu contra o meu peito. Só Deus sabia como eu amava aquele som.
Capítulo 31
Meses depois...
Ele e minha mãe haviam se mudado para Roma para ficarem perto de
mim e da bebê. Venderam a casa deles no Brasil e tentaram comprar um
miniapartamento em Roma, mas Matteo frustrou todas as tentativas deles até
eles aceitarem uma casa linda que ele comprou para eles.
— Por que você tem que ficar com ela? — Lorenzo resmungou, me
fazendo rir. — Ela gosta mais de mim. Né, amorzinho do biso? — Falou, com
a típica voz que usamos com bebês.
— O que é isso?
— Ok, mas não consigo deixar de ser curiosa. Posso saber o que você
desejou?
Dei risada.
— Eu sei, é por isso que pedi para você aceitar o meu pedido.
Meu coração acelerou.
— Pedido?
Ele se ajoelhou e tirou o objeto que estava no seu terno. Era uma
coroa toda cravejada de diamantes e safiras, era belíssima.
— Por que você não usou uma aliança, como uma pessoa normal?
— Você queria uma coroa e não tem nada que você queira que eu não
te darei, La mia principessa[15].
— Il mio principe[16].
Já era tarde, todos estavam dormindo, mas ouvi Cíntia chorando e fui
pegá-la.
— Não precisa ter ciúme, eu ainda te amo, mesmo ela sendo muito
mais fofa que você.
— Eu te acordei, Principessa?
— Obrigada você por me dar o que eu nem sabia que desejava tanto.
Epílogo
Um ano depois...
Eu nunca fui tão feliz em toda a minha vida como no último ano.
Alice e Cíntia me completavam, e eu não tinha vergonha de falar que era o
pai mais babão do mundo.
Meu avô não desgrudava das duas, o mundo dele girava em torno
delas e, felizmente, a sua doença não tinha evoluído tanto. Ele oscilava entre
lucidez e crises violentas, mas a maior parte das vezes que as crises vinham,
Alice o ajudava com aquele seu jeito doce e paciente.
— Você a viu?
Nossa relação melhorou, não éramos como pai e filho, mas ele
sempre aparecia em datas importantes.
— Não pode ir com o papai, meu amorzinho. — Bruna falou para ela,
mas ela era pequena e não entendia.
Sorri.
O padre começou a falar, mas a única coisa que consegui fazer foi
observar o rosto feliz de Alice e gravar cada detalhe dele. Eu iria lembrar
para sempre dela dizendo que aceitava ser minha esposa e de quando
finalmente pude segurá-la em meus braços e beijá-la.
Bônus
Alice falou que tinha uma surpresa para mim, depois disso se trancou
no banheiro.
— Nem pensar!
— Já fechei!
— Mentiroso!
— Amor, não existe a possibilidade de eu não passar a noite enterrado
em você. — Seus olhos brilharam. — Cadê a minha surpresa?
Ela sorriu.
— Não?
Porra!
Ela sorriu.
— Repete.
— Senhora Sartori.
— Fico louco.
Ela desceu lambendo e deu uma longa e babada lambida no meu pau
por cima da cueca, meu pau chegou a se contorceu. Lentamente, ela tirou a
minha cueca e, quando a sua boca quente envolveu o meu pau, tive que me
esforçar para não gozar.
Seus olhos lacrimejaram, mas ela não parou, segurei seu cabelo e dei
estocadas fortes. Gozei, ela engoliu tudo.
— Gostosa!
Introduzi dois dedos e ela gemeu contra a minha boca, tirei os dedos,
eles pingavam. Espalhei a sua umidade por sua boceta e senti algo diferente.
Interrompi o beijo, ela sorriu.
— O que é isso?
— O que você acha? — Mordeu o lábio.
Girei seu corpo e a coloquei de quatro, meu pau voltou a ficar duro ao
ver o plug anal enterrado naquele cuzinho gostoso.
Olhei para ver o que o Matteo estava fazendo e quase não pude
acreditar ao vê-lo com o meu vibrador roxo.
— Você não sabe como eu quis usar ele quando te vi aquele dia —
falou no meu ouvido, me arrepiando.
Alice gargalhou.
O que ele fez com ela foi errado. Por muito tempo Alice pensou duas
vezes antes de confiar em alguém, mas, se ele não tivesse feito isso, eu tinha
certeza de que nunca seria feliz. Eu jamais amaria alguém como amo Alice,
só ela conseguia despertar esse sentimento em mim.
— Delicioso, é?
— Sério?
Ela sorriu.
Instagram: Valbarboza.escritora
Obras da autora
- Age Gap;
- Bilionário arrogante;
- Mocinha forte;
- Gravidez inesperada;
- Hots de tirar o fôlego;
Ceo de Aluguel
- AGE GAP.
- Age gap;
- Casamento de conveniência;
- Crianças fofas;
A vida de Laura Siffredi nunca foi fácil. Filha de uma famosa atriz
de filmes adultos, cresceu cercada por sexo, drogas e violência. Ela cria os
irmãos mais novos como se fossem seus próprios filhos, mas está prestes a
perdê-los. A única coisa que realmente importa para ela são seus irmãos,
então aceitar a proposta de casamento do advogado mais arrogante que ela já
viu parece uma ótima solução. No entanto, nem tudo são flores, Laura sente
vontade esmurrá-lo e beijá-lo na mesma intensidade.
[1] Cazzo: Porra.
[2] Nonno: avô.
[3] Dio abbi pietà di mi: Deus tenha piedade de mim.
[4] Heitor Martins: personagem do livro Segredos Sujos da Alicia Bianchi.
[5] Bambola: Boneca.
[6] Principessa: Princesa em italiano.
[7] Pelo amor de Deus.
[8] Deus.
[9] Joalheria do protagonista do livro Uma Família Para o CEO.
[10] Restaurante da protagonista de Uma Família Para o CEO.
[11] Empresa do protagonista do livro Sua Propriedade da autora Alicia Bianchi.
[12] Maldita mulher.
[13] A lap dance é uma dança erótica em que uma pessoa dança sensualmente no colo de
outra pessoa, geralmente em um ambiente íntimo como um clube de strip-tease.
[14] Algumas coisas estão destinadas a acontecer
Pegue minha mão
Tome minha vida inteira também
Porque eu não consigo evitar
Me apaixonar por você
[15] Minha princesa.
[16] Meu príncipe.
[17] Minha pequena.