Você está na página 1de 473

Tribunal de Contas da União

Secretaria das Sessões

PRIMEIRA CÂMARA
Sessão Ordinária

ATA Nº 8, DE 26 DE MARÇO DE 2019

Data da aprovação: 2 de abril de 2019

Data da publicação no D.O.U.: 10 de abril de 2019

Acórdãos apreciados por relação: 2490 a 2675

Acórdãos apreciados de forma unitária: 2676 a 2703


2

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ATA Nº 8, DE 26 DE MARÇO DE 2019


(Sessão Ordinária da Primeira Câmara)

Presidente: Ministro Walton Alencar Rodrigues


Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin
Subsecretário das Câmaras: TEFC Paulo Morum Xavier

À hora regimental, o Presidente declarou aberta a sessão ordinária da Primeira Câmara, com a
presença dos Ministros Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo, e do Representante do
Ministério Público, Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.

Ausente, por motivo de férias, os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de


Oliveira.

HOMOLOGAÇÃO DE ATA

A Primeira Câmara homologou a ata nº 7, referente à Sessão realizada em 19 de março de 2019.

PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET

Os anexos das atas, de acordo com a Resolução nº 184/2005, estão publicados na página do
Tribunal de Contas da União na Internet.

PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA

Foram excluídos de Pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os seguintes
processos:

- 022.143/2015-7, cujo Relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues;

- 000.930/2005-0 e 025.257/2013-7, de relatoria do Ministro Benjamin Zymler;

- 001.779/2007-0, 018.503/2016-0, 019.766/2015-7, 021.447/2016-0 e 037.232/2018-5, cujo


Relator é o Ministro Bruno Dantas;

- 028.479/2015-7, de relatoria do Ministro Vital do Rêgo;

- 000.542/2014-8, 001.366/2019-0, 001.381/2019-9, 001.433/2019-9, 001.564/2019-6,


001.611/2019-4, 001.680/2019-6, 001.730/2019-3, 002.196/2019-0, 002.206/2019-6, 002.217/2019-8,
002.252/2019-8, 002.348/2019-5, 002.425/2019-0, 002.468/2019-0, 002.480/2019-0, 002.495/2019-8,
002.573/2019-9, 002.577/2019-4, 002.591/2019-7, 002.679/2019-1, 002.706/2019-9, 002.742/2019-5,
002.745/2019-4, 002.764/2019-9, 002.808/2019-6, 002.868/2019-9, 002.918/2019-6, 003.073/2019-0,
003.167/2019-4, 003.908/2019-4, 003.998/2019-3, 004.030/2019-2, 004.073/2019-3, 004.080/2019-0,
004.118/2019-7, 004.241/2019-3, 004.253/2019-1, 004.262/2019-0, 004.288/2019-0, 004.366/2019-0,
004.403/2019-3, 004.423/2019-4, 004.586/2019-0, 004.613/2019-8, 004.870/2019-0, 004.974/2019-0,
004.980/2019-0, 016.197/2015-1, 017.869/2017-0, 021.846/2015-4, 022.130/2009-5, 027.331/2017-2,
035.906/2016-2 e 036.173/2018-5, cujo Relator é o Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti;
e
3

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- 001.706/2015-2, 002.308/2019-3, 002.583/2019-4, 002.599/2019-8, 002.638/2019-3,


002.825/2019-8, 002.869/2019-5, 003.079/2019-8, 003.120/2013-9, 004.048/2019-9, 004.058/2019-4,
004.093/2019-4, 004.245/2019-9, 004.249/2019-4, 004.289/2019-6, 004.315/2019-7, 004.319/2019-2,
004.334/2019-1, 004.354/2019-2, 004.402/2019-7, 004.407/2019-9, 004.431/2019-7, 004.450/2019-1,
004.532/2019-8, 004.587/2019-7, 004.842/2019-7, 004.843/2019-3, 004.846/2019-2, 004.928/2019-9,
004.936/2019-1, 004.942/2019-1, 004.952/2019-7, 004.964/2019-5, 021.035/2017-2, 028.416/2017-1,
029.653/2017-7, 031.645/2016-0, 034.756/2018-3 e 035.811/2015-3, de relatoria do Ministro-
Substituto Weder de Oliveira.

PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO

A Primeira Câmara aprovou as relações de processos a seguir transcritas e proferiu os Acórdãos


de nºs 2490 a 2675.

RELAÇÃO Nº 6/2019 – 1ª Câmara


Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES

ACÓRDÃO Nº 2490/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
concessão a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-001.475/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Odilo Castro Correa (100.544.302-59)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Oeste do Pará
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2491/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
concessão a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-001.506/2019-6 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Josefa Augusta Lino Lopes (467.743.434-49)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal da Paraíba
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2492/2019 - TCU - 1ª Câmara


4

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39 da Lei 8.443/92, c/c o art.
143 do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de concessão a seguir
relacionado, e em fazer a seguinte determinação, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-001.540/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: José Otacílio de Lima (298.199.894-34)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Pernambuco
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip) que corrija o fundamento legal do
ato no Sistema de Apreciação e Registro de Atos de Admissão e Concessões (Sisac), nos termos do art.
6º, § 1º, inciso II, da Resolução - TCU 206/2007.

ACÓRDÃO Nº 2493/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-001.659/2019-7 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Osvaldo Luis Ferreira (061.328.635-91)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Sergipe
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2494/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.229/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: João Vicente André Gomes (021.573.064-04); José Lourenço Botelho
(024.163.367-20)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério da Justiça
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
5

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2495/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.235/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Elio Aguiar (121.939.179-49); Esmar Alves de Amorim (090.306.896-68);
Francisco Matias da Silva (379.046.127-04); Francisco Nascimento (107.403.256-04); Gelcino
Francisco de Paula (093.768.106-78); Geraldo Francisco (090.996.546-34); Gessy de Araujo
(092.645.906-68); Hélio José Hammes (176.130.517-49); Izaias Nogueira Reis (006.188.022-15);
Jenésio Butzke (135.536.740-91); Joana Ferreira de Souza (093.476.581-20); João Joaquim do
Nascimento (053.904.274-91); Joaquim Custódio de Moura (115.880.206-49); Joaquim Vicente da
Costa (087.893.636-04); Joel Joaquim dos Santos (080.629.515-53); Jorge Fiel D'Oliveira
(296.765.417-53); Jorge da Mata Pereira (018.476.513-72); José de Barros Carneiro (063.391.747-87);
José Batista Ribeiro (060.837.906-97); João Theodoro da Silva (093.458.766-34)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2496/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.359/2019-4 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Luiz Onofre Salgado (012.656.016-15)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Lavras
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2497/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
6

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.369/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Ademir Paim dos Santos (152.293.510-04); Gladis Terezinha de Oliveira
Borges (004.965.610-49)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2498/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.372/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Maria das Graças Lins Kater (126.787.084-20)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Joaquim Nabuco
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2499/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.376/2019-6 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Maria Sebastiana da Silva Alves (224.353.792-34); Maria das Graças Smith
(041.243.082-72); Wilton Cunha de Souza (027.127.412-34)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade do Amazonas
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2500/2019 - TCU - 1ª Câmara


7

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.393/2019-8 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Claudiomir Pena (550.753.396-20); Floro Fortunato (077.876.506-72); Helio
Francisco Bernardo Dias (051.189.566-68); José Francisco da Silva (009.198.456-49); Nicolau
Rodrigues Vieira (135.272.746-34); Pedro Alves (064.525.316-20); Pedro Mendes (096.092.536-87);
Pio Poleto (112.534.366-49); Sebastião de Souza (208.230.616-04); Tarcisio Ferreira de Castro
(057.533.686-20)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Viçosa
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2501/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.416/2019-8 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Jorge Tsuchiya (011.897.808-01); Luiz Carlos da Silva (551.830.858-20)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no
Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2502/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.426/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Norma de Monaco Santos (431.064.807-00)
1.2. Órgão/Entidade: Hospital Federal Ipanema
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
8

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2503/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.474/2019-8 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Wellington Aurelio Abreu (000.244.226-49)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2504/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.486/2019-6 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Raphael Cabral Pereira Fagundes (003.316.514-91); Raul Geraldo Herbers
(055.789.508-17); Severina da Silva Tavares (703.889.204-59); Tereza Pereira da Silva (444.608.804-
15)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2505/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.493/2019-2 (APOSENTADORIA)


9

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Interessados: Eloy Julius Garcia (082.387.660-87); Enedina Vieira Schaan (066.666.550-
87)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2506/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.542/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Carlos Augusto do Nascimento Stellfeld (014.089.338-53)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde No Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2507/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.566/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Lafayete Pacheco Filho (003.202.004-00)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Estadual do INSS - Maceió/AL - INSS/MPS
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2508/2019 - TCU - 1ª Câmara

Trata-se de ato de concessão de aposentadoria emitido pelo Centro Federal de Educação


Tecnológica do Piauí, em favor do ex-servidor Eulálio Pereira de Carvalho, submetido à apreciação do
TCU com fundamento no artigo 71, inciso III, da CRFB/1988.
10

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Considerando que, ao analisar o ato em epígrafe, a unidade técnica identificou como


irregularidade o pagamento de parcela judicial referente a Plano Econômico, no percentual de 26,05%
(R$ 504,69);
Considerando o disciplinamento contido no Acórdão 1.857/2003-TCU-Plenário, confirmado
pelo Acórdão 961/2006-TCU-Plenário, segundo o qual, em atos que contemplem parcelas relativas a
planos econômicos, compete ao Tribunal considerá-los ilegais e negar-lhes o registro, mesmo diante de
eventual decisão judicial favorável à continuidade do benefício, porquanto os pagamentos da espécie
não se incorporam à remuneração em caráter permanente, pois têm natureza de antecipação salarial,
conforme o enunciado 322 da Súmula do TST;
Considerando o entendimento igualmente firmado nos sobreditos acórdãos no sentido de que não
representa afronta à coisa julgada a decisão posterior deste Tribunal que afaste pagamentos oriundos
de sentenças judiciais cujo suporte fático de aplicação já se tenha exaurido;
Considerando ainda que, conforme jurisprudência pacífica tanto no âmbito do STJ como do STF,
não há que se falar em direito adquirido a regime de vencimentos, de forma que alterações posteriores
devem absorver as vantagens decorrentes de decisões judiciais cujo suporte fático já se tenha exaurido,
resguardada a irredutibilidade remuneratória (e.g., MS 13.721-DF/STJ, MS 11.145-DF/STJ, RE
241.884-ES/STF, RE 559.019-SC/STF, MS 26.980-DF/STF);
Considerando que, em obediência ao sobredito entendimento, a unidade jurisdicionada não
poderia afastar-se da aplicação da metodologia explicitada no exemplar Acórdão 2.161/2005-TCU-
Plenário, obedecidos os detalhamentos do Acórdão 269/2012-TCU-Plenário, ou seja, com
transformação da vantagem inquinada em VPNI, sujeita apenas aos reajustes gerais do funcionalismo,
e que deveria ser paulatinamente absorvida em razão de reestruturações de carreira ocorridas
posteriormente;
Considerando que diversos foram os normativos que, de alguma forma, alteraram a estrutura
remuneratória da carreira dos servidores do órgão de origem e que deveriam ter ensejado a absorção da
parcela judicial inquinada, conforme fichas financeiras à peça 3;
Considerando que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 596.663, que
teve repercussão geral reconhecida, assentou a tese de que a sentença que reconhece ao trabalhador ou
ao servidor o direito a determinado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir
da superveniente incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos;
Considerando o Enunciado 279 da Súmula desta Corte: “As rubricas referentes a sentenças
judiciais, enquanto subsistir fundamento para o seu pagamento, devem ser pagas em valores
nominais, sujeitas exclusivamente aos reajustes gerais do funcionalismo, salvo se a sentença judicial
dispuser de outra forma”;
Considerando também o Enunciado 276 da Súmula do TCU: “As vantagens da estrutura
remuneratória anterior não se incorporam à atual, exceto quando expressamente consignadas em lei
superveniente”;
Considerando que o ato ora examinado deu entrada no TCU há menos de cinco anos, não se
encontrando, assim, sujeito ao procedimento preliminar decorrente da orientação fixada pela Corte de
Contas, mediante o Acórdão 587/2011-TCU-Plenário, em razão da jurisprudência do STF, que impõe
seja assegurada a cada interessado a oportunidade do uso das garantias constitucionais do contraditório
e da ampla defesa sempre que transcorrido lapso temporal superior a cinco anos por ocasião da
apreciação do ato, contados a partir de sua entrada no TCU;
Considerando, finalmente, os pareceres da Sefip e do Ministério Público junto a este Tribunal
pela ilegalidade do ato em referência, em face da irregularidade apontada nos autos, envolvendo
questão jurídica de solução já compendiada em enunciados da Súmula da Jurisprudência do TCU,
circunstância que confere ao relator a faculdade de submeter o processo à deliberação do Tribunal
mediante relação, nos termos do art. 143, inciso II, parte final, do Regimento Interno/TCU.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 71, incisos III e IX, da Constituição Federal de 1988, c/c os arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45,
11

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

caput, da Lei 8.443/1992, e ainda com os arts. 143, inciso II, parte final, 260, § 1º, e 262, caput e § 2º,
do Regimento Interno/TCU, bem assim com as Súmulas/TCU 276 e 279, em:
a) considerar ilegal o ato de concessão de aposentadoria a Eulálio Pereira de Carvalho e negar o
seu registro, em decorrência da inclusão de parcela judicial decorrente de Plano Econômico (26,05%)
na base de cálculo dos proventos;
b) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos até a data da ciência pelo Centro
Federal de Educação Tecnológica do Piauí, do presente acórdão, com base no Enunciado 106 da
Súmula da Jurisprudência do TCU;
c) fazer as determinações especificadas nos subitens 1.7 e 1.8.

1. Processo TC-034.901/2018-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Eulálio Pereira de Carvalho (145.474.733-15)
1.2. Órgão/Entidade: Centro Federal de Educação Tecnológica do Piaui - Mec
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinar ao Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí que:
1.7.1. faça cessar os pagamentos decorrentes do ato impugnado, comunicando ao TCU, no prazo
de 15 (quinze) dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 261 e 262, caput, do Regimento
Interno do TCU, 8º, caput, da Resolução - TCU 206/2007 e 15, caput, da Instrução Normativa - TCU
55/2007;
1.7.2. emita novo ato, livre da irregularidade apontada, submetendo-o ao TCU pelo Sistema de
Apreciação e Registro de Atos de Admissão e Concessões (Sisac) no prazo de 30 (trinta) dias, nos
termos dos arts. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU e 15, § 1º, da Instrução Normativa - TCU
55/2007;
1.7.3. informe ao interessado o teor da presente deliberação, esclarecendo-lhe que, no caso de
não provimento de recurso eventualmente interposto, deverão ser repostos os valores recebidos após a
ciência do acórdão pelo órgão de origem;
1.7.4. no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão, envie a este Tribunal
documento comprobatório de que o interessado cujo ato foi impugnado está ciente da presente
deliberação;
1.8. Determinar à Sefip que monitore o cumprimento das determinações supramencionadas.

ACÓRDÃO Nº 2509/2019 - TCU - 1ª Câmara

Trata-se de atos de concessão de aposentadoria emitidos pela Fundação Universidade Federal do


Piauí, em favor dos ex-servidores Roberto Cavalcante Veras e Silva, Roberto Dimenstein, Roberto
John Gonçalves da Silva, Sebastião Barros Araújo e Tadeu Bezerra Leopoldo, submetidos à apreciação
do TCU com fundamento no artigo 71, inciso III, da CRFB/1988.
Considerando que, ao analisar os atos em epígrafe, a unidade técnica identificou como
irregularidade o pagamento de parcela judicial referente a Plano Econômico, no percentual de 26,05%
(Roberto Cavalcante Veras e Silva, R$ 255,29; Roberto Dimenstein, R$ 971,45; Roberto John
Gonçalves da Silva, R$ 931,72; Sebastião Barros Araújo, R$ 894,76 e Tadeu Bezerra Leopoldo, R$
667,12);
Considerando o disciplinamento contido no Acórdão 1.857/2003-TCU-Plenário, confirmado
pelo Acórdão 961/2006-TCU-Plenário, segundo o qual, em atos que contemplem parcelas relativas a
planos econômicos, compete ao Tribunal considerá-los ilegais e negar-lhes o registro, mesmo diante de
eventual decisão judicial favorável à continuidade do benefício, porquanto os pagamentos da espécie
12

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

não se incorporam à remuneração em caráter permanente, pois têm natureza de antecipação salarial,
conforme o enunciado 322 da Súmula do TST;
Considerando o entendimento igualmente firmado nos sobreditos acórdãos no sentido de que não
representa afronta à coisa julgada a decisão posterior deste Tribunal que afaste pagamentos oriundos
de sentenças judiciais cujo suporte fático de aplicação já se tenha exaurido;
Considerando ainda que, conforme jurisprudência pacífica tanto no âmbito do STJ como do STF,
não há que se falar em direito adquirido a regime de vencimentos, de forma que alterações posteriores
devem absorver as vantagens decorrentes de decisões judiciais cujo suporte fático já se tenha exaurido,
resguardada a irredutibilidade remuneratória (e.g., MS 13.721-DF/STJ, MS 11.145-DF/STJ, RE
241.884-ES/STF, RE 559.019-SC/STF, MS 26.980-DF/STF);
Considerando que, em obediência ao sobredito entendimento, a unidade jurisdicionada não
poderia afastar-se da aplicação da metodologia explicitada no exemplar Acórdão 2.161/2005-TCU-
Plenário, obedecidos os detalhamentos do Acórdão 269/2012-TCU-Plenário, ou seja, com
transformação da vantagem inquinada em VPNI, sujeita apenas aos reajustes gerais do funcionalismo,
e que deveria ser paulatinamente absorvida em razão de reestruturações de carreira ocorridas
posteriormente;
Considerando que diversos foram os normativos que, de alguma forma, alteraram a estrutura
remuneratória da carreira dos servidores do órgão de origem e que deveriam ter ensejado a absorção da
parcela judicial inquinada, conforme fichas financeiras à peça 7;
Considerando que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 596.663, que
teve repercussão geral reconhecida, assentou a tese de que a sentença que reconhece ao trabalhador ou
ao servidor o direito a determinado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir
da superveniente incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos;
Considerando o Enunciado 279 da Súmula desta Corte: “As rubricas referentes a sentenças
judiciais, enquanto subsistir fundamento para o seu pagamento, devem ser pagas em valores
nominais, sujeitas exclusivamente aos reajustes gerais do funcionalismo, salvo se a sentença judicial
dispuser de outra forma”;
Considerando também o Enunciado 276 da Súmula do TCU: “As vantagens da estrutura
remuneratória anterior não se incorporam à atual, exceto quando expressamente consignadas em lei
superveniente”;
Considerando que os atos ora examinados deram entrada no TCU há menos de cinco anos, não
se encontrando, assim, sujeitos ao procedimento preliminar decorrente da orientação fixada pela Corte
de Contas, mediante o Acórdão 587/2011-TCU-Plenário, em razão da jurisprudência do STF, que
impõe seja assegurada a cada interessado a oportunidade do uso das garantias constitucionais do
contraditório e da ampla defesa sempre que transcorrido lapso temporal superior a cinco anos por
ocasião da apreciação do ato, contados a partir de sua entrada no TCU;
Considerando, finalmente, os pareceres da Sefip e do Ministério Público junto a este Tribunal
pela ilegalidade dos atos em referência, em face da irregularidade apontada nos autos, envolvendo
questão jurídica de solução já compendiada em enunciados da Súmula da Jurisprudência do TCU,
circunstância que confere ao relator a faculdade de submeter o processo à deliberação do Tribunal
mediante relação, nos termos do art. 143, inciso II, parte final, do Regimento Interno/TCU.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 71, incisos III e IX, da Constituição Federal de 1988, c/c os arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45,
caput, da Lei 8.443/1992, e ainda com os arts. 143, inciso II, parte final, 260, § 1º, e 262, caput e § 2º,
do Regimento Interno/TCU, bem assim com as Súmulas/TCU 276 e 279, em:
a) considerar ilegais os atos de concessão de aposentadoria a Roberto Cavalcante Veras e Silva,
Roberto Dimenstein, Roberto John Gonçalves da Silva, Sebastião Barros Araújo e Tadeu Bezerra
Leopoldo e negar os seus registros, em decorrência da inclusão de parcela judicial decorrente de Plano
Econômico (26,05%) na base de cálculo dos proventos;
13

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos até a data da ciência pela
Fundação Universidade Federal do Piauí, do presente acórdão, com base no Enunciado 106 da Súmula
da Jurisprudência do TCU;
c) fazer as determinações especificadas nos subitens 1.7 e 1.8.

1. Processo TC-034.910/2018-2 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Roberto Cavalcante Veras e Silva (054.317.193-00); Roberto Dimenstein
(180.956.404-25); Roberto John Gonçalves da Silva (047.372.103-15); Sebastião Barros Araújo
(066.255.843-04); Tadeu Bezerra Leopoldo (128.480.504-20)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Piauí
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinar à Fundação Universidade Federal do Piauí que:
1.7.1. faça cessar os pagamentos decorrentes dos atos impugnados, comunicando ao TCU, no
prazo de 15 (quinze) dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 261 e 262, caput, do
Regimento Interno do TCU, 8º, caput, da Resolução - TCU 206/2007 e 15, caput, da Instrução
Normativa - TCU 55/2007;
1.7.2. emita novos atos, livres da irregularidade apontada, submetendo-os ao TCU pelo Sistema
de Apreciação e Registro de Atos de Admissão e Concessões (Sisac) no prazo de 30 (trinta) dias, nos
termos dos arts. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU e 15, § 1º, da Instrução Normativa - TCU
55/2007;
1.7.3. informe aos interessados o teor da presente deliberação, esclarecendo-lhes que, no caso de
não provimento de recurso eventualmente interposto, deverão ser repostos os valores recebidos após a
ciência do acórdão pelo órgão de origem;
1.7.4. no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão, envie a este Tribunal
documento comprobatório de que os interessados cujos atos foram impugnados estão cientes da
presente deliberação;
1.8. Determinar à Sefip que monitore o cumprimento das determinações supramencionadas.

ACÓRDÃO Nº 2510/2019 - TCU - 1ª Câmara

Trata-se de ato de concessão de aposentadoria emitido pelo Centro Federal de Educação


Tecnológica de Minas Gerais em favor da ex-servidora Cristina Duarte Murta, submetido à apreciação
do TCU com fundamento no artigo 71, inciso III, da CRFB/1988.
Considerando que, ao analisar o ato em epígrafe, a unidade técnica identificou, como
irregularidade, o pagamento da parcela judicial de 3,17% (R$ 116,03);
Considerando que a Portaria Interministerial 26/1995 fixou o reajuste dos vencimentos dos
servidores em 22,07%, embora o correto, segundo a Lei 8.880/1994, seria o percentual de 25,94%;
Considerando que o percentual de 3,17% resulta da divisão do percentual de 125,94%
(remuneração reajustada em 25,94%) pelo percentual de 122,07% (remuneração reajustada em
22,07%);
Considerando que, inicialmente, inúmeros servidores conseguiram o pagamento desse resíduo de
3,17% mediante decisões judiciais favoráveis, como no caso ora apreciado;
Considerando que o artigo 8º, da Medida Provisória (MP) 2.225/2001, reconheceu o erro e
estendeu a todos os servidores civis do Poder Executivo o reajuste de 25,94%, deduzido o percentual já
recebido de 22,07%;
Considerando que o artigo 9º, da aludida MP, estabeleceu que a incorporação mensal do reajuste
ocorreria a partir de 1/1/2002, momento em que a situação de todos os servidores, quanto ao percentual
14

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de 3,17%, passou a ser a mesma, independentemente de haver sentença judicial determinando o


pagamento;
Considerando que o artigo 10, da referida MP, dispôs que o percentual complementar de reajuste
de 3,17% seria devido somente até a ocorrência de reorganização de cargos e carreiras ou concessão de
adicionais ou vantagens, excepcionando apenas as parcelas incorporadas até dezembro de 1994 a título
de vantagem pessoal e dos chamados quintos e décimos;
Considerando que com a vigência posterior de nova estrutura remuneratória criada para
determinada carreira os servidores nela enquadrados não mais fariam jus à parcela de 3,17%;
Considerando o entendimento pacífico desta Corte de que os pagamentos dos percentuais
relativos a planos econômicos, a exemplo da denominada URV (3,17%), não se incorporam aos
salários em caráter permanente, pois têm natureza de antecipação salarial, sendo devidos somente até a
reposição das perdas salariais havidas no ano anterior, o que ocorre na primeira data-base posterior ao
gatilho, conforme o Enunciado no 322 do Tribunal Superior do Trabalho (TST);
Considerando que não representa afronta à coisa julgada a decisão posterior deste Tribunal que
afaste pagamentos oriundos de sentenças judiciais cujo suporte fático de aplicação já se tenha
exaurido, como decidido pelo Supremo Tribunal Federal no RE 596.663/RJ;
Considerando o Enunciado 279 da Súmula desta Corte: “As rubricas referentes a sentenças
judiciais, enquanto subsistir fundamento para o seu pagamento, devem ser pagas em valores
nominais, sujeitas exclusivamente aos reajustes gerais do funcionalismo, salvo se a sentença judicial
dispuser de outra forma”;
Considerando também o Enunciado 276 da Súmula do TCU: “As vantagens da estrutura
remuneratória anterior não se incorporam à atual, exceto quando expressamente consignadas em lei
superveniente”;
Considerando que a referida parcela judicial já deveria ter sido absorvida pelos acréscimos
remuneratórios da carreira da interessada, consoante a ficha financeira à peça 3;
Considerando que o ato ora examinado deu entrada no TCU há menos de cinco anos, não sendo
necessária a oitiva prévia da interessada, consoante o atual entendimento desta Corte (Acórdão
587/2011 - Plenário) e do STF (Súmulas Vinculante no 3 e MS 25.116);
Considerando, finalmente, os pareceres da Sefip e do Ministério Público junto a este Tribunal
pela ilegalidade do ato em referência, em face da irregularidade apontada nos autos, envolvendo
questão jurídica de solução já compendiada em enunciados da Súmula da Jurisprudência do TCU,
circunstância que confere ao relator a faculdade de submeter o processo à deliberação do Tribunal
mediante relação, nos termos do art. 143, inciso II, parte final, do Regimento Interno/TCU.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 71, incisos III e IX, da Constituição Federal de 1988, c/c os arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45,
caput, da Lei 8.443/1992, e ainda com os arts. 143, inciso II, parte final, 260, § 1º, e 262, caput e § 2º,
do Regimento Interno/TCU, bem assim com as Súmulas/TCU 276 e 279, em:
a) considerar ilegal o ato de concessão de aposentadoria a Cristina Duarte Murta e negar o seu
registro, em decorrência da inclusão de parcela judicial de 3,17%, na base de cálculo dos proventos;
b) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos de boa-fé pela interessada, nos
termos do Enunciado 106 da Súmula desta Corte;
c) fazer as determinações especificadas nos subitens 1.7 e 1.8.

1. Processo TC-034.929/2018-5 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Cristina Duarte Murta (597.682.746-20)
1.2. Órgão/Entidade: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
15

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinar ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais que:


1.7.1. faça cessar os pagamentos decorrentes do ato impugnado, comunicando ao TCU, no prazo
de 15 (quinze) dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 261 e 262, caput, do Regimento
Interno do TCU, 8º, caput, da Resolução - TCU 206/2007 e 15, caput, da Instrução Normativa - TCU
55/2007;
1.7.2. emita novo ato, livre da irregularidade apontada, submetendo-o ao TCU, pelo Sistema de
Apreciação e Registro de Atos de Admissão e Concessões (Sisac), no prazo de 30 (trinta) dias, nos
termos dos arts. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU, e 15, § 1º, da Instrução Normativa - TCU
55/2007;
1.7.3. informe à interessada o teor da presente deliberação, esclarecendo-lhe que, no caso de não
provimento de recurso eventualmente interposto, deverão ser repostos os valores recebidos após a
ciência do acórdão pelo órgão de origem;
1.7.4. no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão, envie a este Tribunal
documento comprobatório de que a interessada cujo ato foi impugnado está ciente da presente
deliberação;
1.8. Determinar à Sefip que monitore o cumprimento das determinações supramencionadas.

ACÓRDÃO Nº 2511/2019 - TCU - 1ª Câmara

Trata-se de atos de concessão de aposentadoria emitidos pela Universidade Federal do Ceará em


favor das ex-servidoras Suzanete Costa de Oliveira, Venilma Freire Venâncio, Verônica Ferreira de
Menezes e Zildete Custodio de Andrade Rodrigues, submetido à apreciação do TCU com fundamento
no artigo 71, inciso III, da CRFB/1988.
Considerando que, ao analisar os atos em epígrafe, a unidade técnica identificou, como
irregularidade, o pagamento da parcela judicial de 28,86% (Suzanete Costa de Oliveira, R$ 594,85;
Venilma Freire Venâncio, R$ 632,63; Verônica Ferreira de Menezes, R$ 772,74 e Zildete Custodio de
Andrade Rodrigues, R$ 638,08);
Considerando que o percentual se refere à diferença entre o reajuste concedido aos servidores
públicos federais e o concedido aos militares por meio da Lei 8.622/1993;
Considerando que, inicialmente, inúmeros servidores conseguiram o pagamento desse percentual
de 28,86% mediante decisões judiciais favoráveis, como no caso ora apreciado;
Considerando que a Medida Provisória 1.704, de junho de 1998 (atual MP 2.169-43, de
24/8/2001), estendeu a diferença de 28,86% a todos os servidores públicos civis da Administração
Federal;
Considerando que as carreiras de servidores públicos já foram reestruturadas por lei após a
referida medida provisória, o que inclui novas tabelas remuneratórias;
Considerando que não representa afronta à coisa julgada a decisão posterior deste Tribunal que
afaste pagamentos oriundos de sentenças judiciais cujo suporte fático de aplicação já se tenha
exaurido, como decidido pelo Supremo Tribunal Federal no RE 596.663/RJ;
Considerando o Enunciado de Súmula 279, desta Corte: “As rubricas referentes a sentenças
judiciais, enquanto subsistir fundamento para o seu pagamento, devem ser pagas em valores
nominais, sujeitas exclusivamente aos reajustes gerais do funcionalismo, salvo se a sentença judicial
dispuser de outra forma”;
Considerando também o Enunciado de Súmula 276, do TCU: “As vantagens da estrutura
remuneratória anterior não se incorporam à atual, exceto quando expressamente consignadas em lei
superveniente”;
Considerando que a referida parcela judicial já deveria ter sido absorvida pelos acréscimos
remuneratórios das carreiras das interessadas, consoante a ficha financeira à peça 6;
16

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Considerando que os atos ora examinados deram entrada no TCU há menos de cinco anos, não
sendo necessária a oitiva prévia das interessadas, consoante o atual entendimento desta Corte (Acórdão
587/2011 - Plenário) e do STF (Súmulas Vinculante no 3 e MS 25.116);
Considerando, finalmente, os pareceres da Sefip e do Ministério Público junto a este Tribunal
pela ilegalidade dos atos em referência, em face da irregularidade apontada nos autos, envolvendo
questão jurídica de solução já compendiada em enunciados da Súmula da Jurisprudência do TCU,
circunstância que confere ao relator a faculdade de submeter o processo à deliberação do Tribunal
mediante relação, nos termos do art. 143, inciso II, parte final, do Regimento Interno/TCU.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 71, incisos III e IX, da Constituição Federal de 1988, c/c os arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45,
caput, da Lei 8.443/1992, e ainda com os arts. 143, inciso II, parte final, 260, § 1º, e 262, caput e § 2º,
do Regimento Interno/TCU, bem assim com as Súmulas/TCU 276 e 279, em:
a) considerar ilegais os atos de concessão de aposentadoria a Suzanete Costa de Oliveira,
Venilma Freire Venancio, Verônica Ferreira de Menezes, Zildete Custódio de Andrade Rodrigues e
negar os seus registros, em decorrência da inclusão de parcela judicial de 28,86%, na base de cálculo
dos proventos;
b) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos de boa-fé pelas interessadas, nos
termos da Súmula 106 desta Corte;
c) fazer as determinações especificadas nos subitens 1.7 e 1.8.

1. Processo TC-034.950/2018-4 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Suzanete Costa de Oliveira (260.902.443-68); Venilma Freire Venancio
(190.619.863-20); Verônica Ferreira de Menezes (219.115.503-06); Zildete Custodio de Andrade
Rodrigues (165.789.533-53)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Ceará
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinar à Universidade Federal do Ceará que:
1.7.1. faça cessar os pagamentos decorrentes dos atos impugnados, comunicando ao TCU, no
prazo de 15 (quinze) dias, as providências adotadas, nos termos dos arts. 261 e 262, caput, do
Regimento Interno do TCU, 8º, caput, da Resolução - TCU 206/2007 e 15, caput, da Instrução
Normativa - TCU 55/2007;
1.7.2. emita novos atos, livres da irregularidade apontada, submetendo-os ao TCU, pelo Sistema
de Apreciação e Registro de Atos de Admissão e Concessões (Sisac), no prazo de 30 (trinta) dias, nos
termos dos arts. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU, e 15, § 1º, da Instrução Normativa - TCU
55/2007;
1.7.3. informe as interessadas o teor da presente deliberação, esclarecendo-lhes que, no caso de
não provimento de recurso eventualmente interposto, deverão ser repostos os valores recebidos após a
ciência do acórdão pelo órgão de origem;
1.7.4. no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência da decisão, envie a este Tribunal
documento comprobatório de que as interessadas cujos atos foram impugnados estão cientes da
presente deliberação;
1.8. Determinar à Sefip que monitore o cumprimento das determinações supramencionadas.

ACÓRDÃO Nº 2512/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
17

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-041.534/2018-2 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Emilia Mariano de Medeiros (026.565.824-15); Giuseppe Leite de
Albuquerque (003.314.064-20); Sebastião Spercoski (010.863.404-34)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2513/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
concessão a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-041.606/2018-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Antonio Carvalho Campos (089.479.371-34); Camilo de Lelis Lopes
(261.510.576-00); Carlos Antonio Marques (194.362.036-91); Celso Fagundes Carlos (114.694.986-
34); Francisco da Cruz Valente (006.335.278-82); Geraldo Lourenço da Conceição (210.578.186-15);
João Bosco Martinho (181.152.926-72); Joaquim Pereira Julião (283.013.746-91); Joaquin Hernan
Patarroyo Salcedo (293.510.226-68); José Divino Teixeira (284.321.186-72)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Viçosa
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2514/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.445/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Eder Aparecido de Carvalho (205.458.568-84); Phillipi de Macedo Coelho
(010.130.429-30); Vanessa Lima Souza Vilar (023.005.645-80); Viviane de Mello Granzotto
(022.854.410-61)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
18

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2515/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
admissão de pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.462/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessada: Aline Barreto de Almeida Nordi (008.249.634-07)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de São Carlos
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2516/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.506/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Lidiane Cruz Silva (977.163.085-72); Lilian França da Silva (030.196.885-
31); Liliane Cristina Reis Ribeiro (779.843.315-53); Márcia Camponogara Fontana (007.265.020-65);
Márcia da Silva Sperandio dos Santos (053.821.917-35); Maria Darc da Silva (490.396.104-44); Maria
Divina da Silva (387.833.711-68); Maria Jamília da Silva Coelho (657.389.773-00); Maria Thereza da
Frota Quindere Ribeiro (026.832.803-00); Mariana Ribeiro Onofre (013.784.673-88)
1.2. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2517/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.610/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Fabrício Lisboa Franco (071.834.276-33); Leandro de Godoi Pinton
(339.615.878-41)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
19

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva


1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2518/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
admissão de pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.724/2019-7 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: William Zaccaro Gomes (216.910.738-06)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2519/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.792/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Claudia Sampaio Rezende (004.913.171-07); Josy Anne dos Santos da Rocha
(056.078.469-46); Leandro Augusto Hediger (050.004.949-11); Liamara Paglia Sestrem (009.788.029-
93); Marcelo Caetano Andreoli (063.339.519-60); Moises Ferreira Ramos (940.160.549-15); Rafael
Natan Soek (074.505.749-77); Rafael Pichek (085.763.579-41); Tatiana Zuccolotto (574.880.960-53);
Vinicius Guerra Santos (070.877.099-17)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2520/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
admissão de pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.838/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Camila Pacelly Brandão de Araujo (060.534.664-09)
20

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do


Norte
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2521/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
admissão de pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.900/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Diogo Batista Santana (033.666.875-92)
1.2. Órgão/Entidade: Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A.
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2522/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.905/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Ana Lucia Moreira Mohr (552.135.960-53); Darla Silveira Volcan Maia
(029.338.800-83); Felipe Dotto Dias (014.285.500-62); Luciane Marili da Silva (012.782.430-89);
Mauro de Freitas Ortiz (010.597.360-20); Sara Almeida (025.648.390-61)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2523/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.916/2019-3 (ATOS DE ADMISSÃO)


21

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Interessados: Francielle da Costa Vieira (006.682.000-65); Luisa Silva Nangi dos Santos
(058.111.646-10); Marina Oliveira da Silva (047.236.391-36); Marisa Tereza Vendruscolo
(963.182.520-53); Michele Junges (925.689.630-34); Michele de Souza Alves (098.220.576-79);
Nathalia Cristina Ferreira Bezerra (101.378.867-21); Tatiana Kubo (052.835.055-29); Tulio Schwartz
Nunes (035.756.640-80); Valeria Rossimar Goulart Rosa (005.256.880-64)
1.2. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2524/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.917/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Adriana da Silva Lima (391.574.072-15); Adriano Freire de Oliveira
(100.411.457-55); Ana Claudia Martins Nunes (034.575.764-59); Bettina Carvalho (051.920.039-03);
Daniele Castro Pereira Flores (057.631.687-39); Flavia Soares Salomão (344.293.658-65); Indionara
Lima Conceição (049.469.029-10); Leandro Vieira Silva (103.058.767-16); Livio da Costa Paranhos
(054.966.866-79); Marcio Andre Anzoategui (006.115.449-03)
1.2. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2525/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.969/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessadas: Anathielle Silvério de Lima Oliveira (884.288.262-34); Cristiane Bastos
Lopes (062.327.626-73)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região/Ac e RO
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2526/2019 - TCU - 1ª Câmara


22

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
admissão de pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-003.067/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Paola Cavalheiro Ponciano Braga (025.550.150-19)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2527/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-003.096/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Eliene Botelho Monteiro (012.548.192-66); Eunapio Dutra do Carmo
(353.765.032-91); João Marinho Milhomem Neto (791.703.232-91); Luciano José Barbosa Quaresma
(002.929.052-03); Marcus Vinicius Pereira de Freitas (937.076.222-15); Mirelson Martins Freitas
(986.441.062-87); Rafaella Capela Leão (519.691.492-72); Rinaldo de Souza Mescouto Filho
(012.766.802-01); Rodrigo Antonio da Silva (537.318.082-34)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Pará
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2528/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-003.114/2019-8 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Carlos André Frota Ximenes (034.921.833-10); Girliany Santiago Soares
(090.474.024-21); Leticia Azevedo de Farias Pereira (079.318.304-90); Rafael Oliveira Fernandes
(014.466.594-88); Ricardo Hugo Nunes Medeiros Filho (086.612.984-74); Talita de Fatima Pereira
Furtado Montezuma (033.936.353-36)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal Rural do Semiárido
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
23

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2529/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-003.126/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Andrezza Marianna Pinto de Oliveira (012.240.544-74); Catarina Ribeiro
Barros de Alencar (071.974.744-93); Edgley Duarte de Lima (090.377.294-95); Emanuella Pereira de
Souza Dantas (086.210.104-29); Gabriela Noronha de Toledo (218.466.608-40); Marthyna Pessoa de
Souza (056.676.924-73); Matheus Marques de Araujo (096.259.704-01); Paula Giovanini Bandeira
Cabral (992.158.964-49); Vanessa Eidam (058.922.339-95)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Campina Grande
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2530/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-003.127/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Anderson Carlucho Oliveira dos Santos (057.067.145-09); Anderson Felipe
Ferreira Lopes (029.015.075-22); André Luís Sousa Sena (682.717.945-15); Betina Rodrigues Oliveira
(808.949.170-72); Ednei Bomfim Santos (953.495.025-49); Marina Santanna Rossi Peixoto
(017.074.595-33); Mayra Costa da Silva (073.175.675-40); Mila Barbosa dos Santos (029.409.545-
42); Patrícia de Souza Basílio (932.190.915-04); Quellen Brenda Ferraro Santana (057.734.995-33)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal da Bahia
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2531/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
admissão de pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:
24

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-003.137/2019-8 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Erica Carolina Serrano Borges (092.745.184-04); Felipe Mendonça de Sousa
Braga (010.816.105-65); Geovana Soares Lira (025.518.565-07); Matheus Saback Leal (052.486.525-
61); Morgana Olívia Dávila de Oliveira (613.815.605-63); Paulo Amaro dos Santos Neto
(043.022.555-52)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal da Bahia
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2532/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado,
por perda de objeto, o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.929/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Henrique Dione Silva (062.673.056-27)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2533/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39 da Lei 8.443/92, c/c o art.
143 do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de pessoal a
seguir relacionados, e em determinar o destaque do ato referente ao empregado Miguel Alves Pereira
Neto (863.365.509-82), para cumprimento da proposta oferecida pelo Ministério Público, nos termos
constante do item 1.7, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-020.680/2018-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Antonio Eduardo Matoso Mendes (064.461.079-43); Halanna Carneiro
Guimarães Bastos (033.494.505-47); Larissa Dozzo Nardelli (058.869.189-57); Lauren Razzera
Stefanon (003.197.410-44); Leilane Vieira da Costa (081.776.636-74); Leylane Bernardes Forte
(017.495.053-55); Marcelle Cristina da Silva Bastos Vasconcelos (073.516.086-44); Patrezze
Machado Chagas (014.517.125-61); Rodrigo da Cunha Canto Nery Ferreira (998.706.491-49)
1.2. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP)
1.6. Representação legal: não há.
25

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que realize diligência à Empresa


Brasileira de Serviços Hospitalares - Ebserh, com o fito de que, em relação ao empregado Miguel
Alves Pereira Neto (863.365.509-82):
1.7.1. confirme se o interessado ainda acumula o emprego de técnico de radiologia na Ebserh,
com mais dois cargos de técnico de radiologia e imagenologia, na Secretaria de Estado da Saúde de
Goiás (data de admissão em 03/01/2011) e no Fundo Municipal de Saúde de Senador Canedo/GO
(admissão em 05/09/2014), de acordo com informações colhidas no sistema RAIS, ano base 2017;
1.7.2. envie cópia da declaração de não acumulação de cargos firmada pelo interessado, quando
de sua contratação na Ebserh;
1.7.3. solicite do interessado a cópia das escalas de horários semanais e diárias às quais está
sujeito em cada vínculo, a fim de que se possa aferir a compatibilidade de horários entre os
cargos/empregos ocupados, enviando-as à esta Corte de Contas.

ACÓRDÃO Nº 2534/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
admissão de pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-023.032/2017-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Diana Matos Euzebio (585.356.915-53)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Sergipe
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2535/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.045/2019-0 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Afra de Barros Monteiro (007.504.774-82); Amaury Aguiar Marinho
(042.300.514-68); Aurelina Moreira de Souza (044.450.755-82); Cleides Trajano de Mesquita
Ximenes (731.494.113-00); Francisco das Chagas Fernandes Ferreira (168.122.473-91); Ines Maria da
Silva (715.161.314-87); José Maria de Albuquerque (018.140.103-78); Luiza Cruz de Sousa
(088.315.993-72); Luzia Medeiros da Silva (342.285.195-04); Marcia Silva (607.170.613-02); Maria
Amelia da Silva (745.689.814-68); Maria Duarte de Oliveira (430.379.334-53); Maria Jesuina de
Sousa (703.817.803-25); Maria Rita Dantas (434.484.454-87); Maria da Conceição Silva
(352.887.953-04); Maria da Conceição Pinto Chaves (113.810.353-53); Maria das Graças Coelho
(765.789.923-91); Maurina Borges da Silva (953.877.065-04); Quiteria Gomes Lima dos Santos
(027.755.524-80); Rita Maria da Conceição (601.720.884-53)
1.2. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Obras contra as Secas
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
26

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico


1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2536/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.052/2019-6 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Anna Maria Rodrigues dos Santos (333.085.517-72); Aurea Guerra Ferreira
(069.141.788-10); Celia Ribeiro Neves (624.311.297-72); Eliane Machado Rodrigues (293.108.220-
15); Elza Francisca da Silva Rosa (440.970.507-53); Guiomar Maria de Souza Leite (723.132.347-20);
Iracema da Silva Motta (002.099.477-05); Jacqueline Paula Rego Barros (921.718.504-34); Jorge
Oliveira Batista (462.088.527-49); Laura Messas (413.294.147-72); Lisete Valverde dos Santos Souza
(279.534.165-49); Luzia Maria Rosa (057.151.117-14); Maria Antonia Rodrigues dos Santos
(631.947.597-87); Maria Magdalena Mendes Veridiano (747.621.847-72); Mercedes da Silva Cabral
(774.153.707-59); Nadir Estrella de Oliveira (076.074.547-13); Oliria Ana Longhi (580.272.620-20);
Severina Francisca de Barros (399.303.944-00); Zelia Cesar Telles (834.218.407-25); Zely Guimarães
dos Santos (022.795.037-27)
1.2. Órgão/Entidade: Departamento de Polícia Federal
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2537/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicados,
por perda de objeto, os atos constantes deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.177/2019-3 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Celeste Moraes de Azevedo (038.293.096-78); Gecy Schmidt Marcussi
(712.507.606-82); José Olindo Duarte Ferreira (003.581.426-87)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2538/2019 - TCU - 1ª Câmara


27

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II da Lei 8.443/92,
c/c o art. 143, inciso II do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de
concessão a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.364/2019-0 (REFORMA)


1.1. Interessados: Aristoteles dos Santos Lima (006.825.191-20); Francisco Djalma Cesse da
Silva (285.035.204-78); Jesus de Morais Chaves Filho (513.062.717-20); João de Moura Filho
(007.030.138-74); Jorge Flores Alexandre (601.441.067-87); José de Souza Ribeiro (009.793.411-91);
Marcus Antonius Gadelha Maciel (466.469.577-20); Reinaldo Cayres Minati (233.674.317-53)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério da Defesa/comando do Exército (vinculador)
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2539/2019 - TCU – 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, com


fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, e na forma do art. 218 do RI/TCU, ACORDAM, por
unanimidade, em dar quitação aos responsáveis solidários Cooperativa-Escola dos Alunos da EAFC
Ltda, Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Fabrício Benício de Carvalho e Leonardo Munehiro
Shimpo, ante o recolhimento integral do débito que lhes foi imputado por meio do Acórdão
8.158/2013-TCU-1ª Câmara, de acordo com os pareceres convergentes emitidos nos autos e como a
seguir discriminado:

Valor original da multa: R$ 18.297,57, em 21/5/2001.


Valor recolhido: R$ 51.097,98, de forma parcelada.

1. Processo TC-010.390/2012-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsáveis: Cooperativa Escola dos Alunos da Esc Agrt Fed Castanhal
(04.878.708/0001-09); Escola Agrotécnica Federal de Castanhal - Mec (34.823.237/0001-94); Fabrício
Benício de Carvalho (685.057.442-68); Leonardo Munehiro Shimpo (002.744.372-87); Suleima Fraiha
Pegado (049.019.592-04)
1.2. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado do Pará
1.3. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Pará (Sec-PA).
1.6. Representação legal:
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2540/2019 - TCU – 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, “a”, 235, parágrafo
único, 237, parágrafo único, e 250, inciso I, do Regimento Interno/TCU, em não conhecer do
expediente que deu origem ao presente processo como representação, por não estarem presentes todos
os requisitos de admissibilidade constantes do arts. 235 e 237 do Regimento Interno do TCU, e no art.
28

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014; encaminhar cópia desta deliberação ao representante,
promovendo-se, em seguida, o arquivamento dos autos, de acordo com o parecer da Sec-CE:

1. Processo TC-025.487/2018-3 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Ceará
1.2. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Ceará (Sec-CE).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

RELAÇÃO Nº 6/2019 – 1ª Câmara


Relator – Ministro BENJAMIN ZYMLER

ACÓRDÃO Nº 2541/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts.
143, inciso II, e 260, § 4º, do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de
concessão a seguir relacionado e em mandar fazer a determinação adiante especificada, ressaltando a
retificação, pela entidade de origem, da proporcionalidade dos proventos pagos ao interessado, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos;

1. Processo TC-004.205/2009-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Jovino Amâncio de Moura Filho (138.089.236-87)
1.2. Entidade: Universidade Federal de Lavras
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. Determinar à Sefip que, consoante disposto no art. 6º, § 1º, inciso II, da Resolução TCU
206/2007, providencie a correção, no sistema Sisac, da proporcionalidade dos proventos concedidos ao
inativo Jovino Amâncio de Moura Filho (ato número de controle 10453601-04-2006-100030-2),
utilizando, para tanto, a informação atualmente cadastrada no sistema Siape.

ACÓRDÃO Nº 2542/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, em razão da maioridade ou do falecimento dos beneficiários, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos art. 143, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento Interno, em
considerá-los prejudicados por perda de objeto, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.277/2019-8 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Terezinha Piazenski (137.937.720-04)
1.2. Órgão/Entidade: Gerência Executiva do INSS - Canoas/RS
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
29

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Representação legal: não há.


1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2543/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu processamento
pela Corte, em face da perda da qualidade de segurado do interessado, ACORDAM, por unanimidade,
com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da Resolução TCU nº
206/2007, em considerar prejudicado pela perda do objeto o ato constante deste processo, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos, sem prejuízo de efetuar a determinação adiante especificada:

1. Processo TC-004.358/2019-8 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Ricardo Dizioli Navarro (523.968.438-34)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinação: à Sefip, para que, valendo-se da faculdade prevista no art. 260, § 3º, do
RITCU, proceda à imediata autuação e subsequente instrução do ato de pensão civil de Wilma Schmidt
Navarro (nº de controle 10452109-05-2010-000019-9), qualificada como viúva do ex-servidor Ricardo
Dizioli Navarro, aferindo, em particular, à vista das informações constantes deste processo, a
legitimidade da averbação de tempo de atividade insalubre por parte do instituidor da pensão.

ACÓRDÃO Nº 2544/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de concessão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos, bem como em fazer as determinações adiante especificadas:

1. Processo TC-004.394/2019-4 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Antonio Galdino da Silva (379.490.397-87); Jorge Lopes Ferreira
(266.305.917-04)
1.2. Entidade: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. Determinar à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro que, nos termos do art. 2º
da Instrução Normativa TCU 78/2018, disponibilize para exame do Controle Interno, via e-Pessoal, no
prazo de 15 (quinze) dias, o ato de pensão civil de Maria da Conceição Lana Meirelles, qualificada
como companheira do ex-servidor Jorge Lopes Ferreira, sob pena de aplicação aos responsáveis das
penalidades previstas na Lei 8.443/1992.
1.7.2. Determinar à Sefip que, valendo-se da faculdade prevista no art. 260, § 3º, do Regimento
Interno, tão logo disponibilizado para o Controle Interno o ato de pensão referido no item anterior,
proceda à sua imediata autuação e subsequente instrução, confrontando-o com a aposentadoria do ex-
30

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

servidor e aferindo, em particular, a regularidade da parcela “DEC JUD TRANS JU”, incluída no
cálculo inicial dos proventos da interessada.

ACÓRDÃO Nº 2545/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu processamento
pela Corte, em face da perda da qualidade de segurado do interessado, ACORDAM, por unanimidade,
com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da Resolução TCU nº
206/2007, em considerar prejudicado pela perda do objeto o ato constante deste processo, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.399/2019-6 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Julio Cesar Granthom (462.758.007-04)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no
Estado de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2546/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão adiante relacionado se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.512/2019-7 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Hilario Inacio Bohn (165.849.709-06)
1.2. Entidade: Universidade Federal de Santa Catarina
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2547/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu processamento
pela Corte, em face da perda da qualidade de segurado do interessado, ACORDAM, por unanimidade,
com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da Resolução TCU nº
206/2007, em considerar prejudicado pela perda do objeto o ato constante deste processo, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.525/2019-1 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Antonio Jacintho de Campos (004.397.466-04)
31

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado de Minas Gerais


1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2548/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts.
143, inciso II, e 260, § 4º, do Regimento Interno, em:
a) considerar legais para fins de registro os atos de concessão a seguir relacionados, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos, ressaltando, quanto às aposentadorias dos srs. ELI BRIZOLA DE
OLIVEIRA e ITAMAR LANZANI, a ulterior correção, pelo órgão de origem, dos valores dos
proventos pagos aos interessados, em particular no tocante à proporcionalização das vantagens
outorgadas ao primeiro inativo e à definição da base de cálculo do benefício de partida do segundo;
b) mandar fazer a determinação adiante especificada.

1. Processo TC-004.576/2014-4 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Eli Brizola de Oliveira (039.139.728-11); Hugo Silva Pimentel (829.976.918-
34); Hugo Vitorio Lima (000.489.308-57); Ines Zeitoun Moralez (952.241.068-34); Itamar Lanzani
(381.280.048-91)
1.2. Órgão: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. Determinar à Sefip que, consoante disposto no art. 6º, § 1º, inciso II, da Resolução TCU
206/2007, providencie o lançamento, no sistema Sisac, dos fundamentos legais da aposentadoria da
sra. INES ZEITOUN MORALEZ (ato número de controle 10802754-04-2010-000473-0), utilizando,
para tanto, as informações atualmente cadastradas no sistema Siape.

ACÓRDÃO Nº 2549/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de concessão de
aposentadoria aos servidores Arnaldo Vilela de Lima e Cleide Mecedo de Lima, com a ressalva de que
não mais recebem a parcela relativa ao percentual de 3,17% (URV) e considerar prejudicado, por
perda de objeto, o ato relativo ao servidor Edgard Izidro de Melo, em virtude de seu falecimento, nos
termos do Regimento Interno deste Tribunal, art. 260, §§ 4º e 5º, de acordo com os pareceres emitidos
nos autos:

1. Processo TC-025.430/2010-6 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Arnaldo Vilela de Lima (030.786.634-34); Cleide Mecedo de Lima
(080.870.084-72); Edgard Izidro de Melo (185.644.704-97)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal da Paraíba
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
32

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima


1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: Paulo Guedes Pereira (6.857/OAB-PB) e outros, representando
Arnaldo Vilela de Lima.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que autue, no prazo o ato número de
controle 10792309-05-2018-000016-0, relativo à pensão instituída pelo sr. Edgard Izidro de Melo, a
ser analisado em conjunto e em confronto com o ato de aposentadoria do instituidor, em especial
quanto ao cômputo do tempo de justificação judicial.

ACÓRDÃO Nº 2550/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de concessão a
seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-036.178/2018-7 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Julio Werner Peres (228.652.920-53); Silvania Graciosa Werlich
(433.296.919-72)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego No Estado de Santa
Catarina
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2551/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de concessão de
aposentadoria aos servidores Guiomar Alina Becker Silveira, Helena Claudia Pinheiro Braga, Joaquim
de Oliveira Antunes, João Antônio Pinto de Carvalho, João Ildo Sparrenberger e Jurandir Pereira, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-041.635/2018-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Guiomar Alina Becker Silveira (236.887.500-04); Helena Claudia Pinheiro
Braga (058.135.493-15); Heloisa Helena Menezes Soares (187.504.940-15); Herton José Gonçalves
Rodrigues (006.864.170-20); Jandira Souza da Cunha (201.636.300-20); Joaquim de Oliveira Antunes
(130.091.177-87); José Maciel Rodrigues Froes (265.138.620-00); João Antônio Pinto de Carvalho
(112.388.520-68); João Ildo Sparrenberger (008.070.950-87); Jurandir Pereira (208.624.740-00)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde No Estado do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
33

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7.1. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que examine os atos de alteração de


aposentadoria dos servidores Heloisa Helena Menezes Soares, Herton José Gonçalves Rodrigues,
Jandira Souza da Cunha e José Maciel Rodrigues Froes em conjunto e em confronto com os
respectivos atos de concessão inicial e de alteração de fundamento legal, se for o caso, existentes nas
bases de dados do Sisac e e-Pessoal.

ACÓRDÃO Nº 2552/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal dos srs. Mayara Nicolau de Paula, Meiriane Cristina Faria Soares e Nathan Augusto Zacarias
Xavier, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-001.460/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Mayara Nicolau de Paula (124.276.377-50); Meiriane Cristina Faria Soares
(015.058.506-30); Michelle Luciane Fatima dos Santos (033.565.116-02); Natália Bruna Dias Campos
(014.155.376-66); Nathan Augusto Zacarias Xavier (101.969.346-05)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal para verificar a compatibilidade de
horários da acumulação de cargos públicos das servidoras Natália Bruna Dias Campos (ocupante do
cargo de Enfermeiro no município de Belo Horizonte/MG) e Michelle Luciane Fatima dos Santos
(ocupante do cargo de Técnico de Enfermagem no município de Betim/MG)

ACÓRDÃO Nº 2553/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-001.468/2019-7 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Suzan Caroline Such Ribeiro (041.638.079-42); Taisa Grasiela Gomes
Liduenha Goncalves (347.597.338-33); Telma Cristina Ferreira Fonseca (032.183.986-22); Tercia
Moreira Ribeiro da Silva (050.165.556-56); Thais Thaler Souza (026.082.771-10)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2554/2019 - TCU - 1ª Câmara


34

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no Regimento Interno
deste Tribunal, arts. 143, inciso II, e 260, § 5º, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007,
em considerar prejudicado por perda de objeto o ato de admissão a seguir relacionado, de acordo com
os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-001.615/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Fernanda Ely Lima (001.022.251-09)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2555/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.461/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Luciano Jacob Correa (001.537.350-90); Thiago de Vito Rabelo
(063.805.836-88)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Lavras
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2556/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.487/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Aletho Alves de Sa Oliveira (052.099.421-39); Bruno Batista Tiba
(735.026.771-15); Debora Daura da Cunha Nogueira (040.230.123-43); Fabiana Braga Lopes
(070.214.066-06); Marcos Paulo Bertoldo Bernardes (027.069.881-77); Olavia Cristina Gomes
Bonfim (024.861.701-03); Pedro Henrique Douro Azevedo (036.128.901-40); Talita Queiroz de
Almeida (008.136.161-07)
1.2. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
35

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Representação legal: não há.


1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2557/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, sem prejuízo de efetuar
as determinações adiante especificadas:

1. Processo TC-002.502/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Daniel Goes Tavares (013.395.952-06); Ednelson da Silva Costa
(706.006.782-53); Evanilde Silva da Costa (002.120.442-06); Jeferson Danilo Lima Silva
(003.736.182-12); Keila Xavier Magalhaes (014.320.082-85); Luan Santana da Costa (011.492.722-
79);
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Pará
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinação: à Sefip, para que:
1.7.1. proceda ao destaque dos atos de admissão de interesse de Bruna Grazielle Carvalho
Jacomel (003.959.721-08), Kelly Danielly Pereira Bispo Felipe (015.491.713-30), Jonata Souza de
Lima (112.450.136-37) e Miguel Petrelli Junior (373.462.108-91), a fim de que sejam realizadas
diligências quanto à origem das vagas nas quais foram investidos os mencionados servidores,
impondo-se, previamente à nova instrução de mérito, na hipótese de se tratar de “redistribuição por
reciprocidade”, a verificação do pleno atendimento das diretrizes estabelecidas na legislação aplicável
e no Acórdão 1.308/2014-Plenário;
1.7.2. em relação aos atos de interesse de Jonata Souza de Lima (112.450.136-37) e Miguel
Petrelli Junior (373.462.108-91) verifique também o cumprimento do disposto no art. 14 do Decreto
94.664/1987, que estabelece a vedação do exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada,
para os professores da carreira do Magistério Superior que estiverem submetidos ao regime de
dedicação exclusiva.

ACÓRDÃO Nº 2558/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de admissão de
pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.531/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessada: Ana Claudia Moura (865.115.725-87)
1.2. Órgão: Ministério Público Federal
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
36

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2559/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.535/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Judas Tadeu Soares de Faria (125.338.826-15); Vitor Moura Soares Guedes
(096.868.386-00)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério Público Federal
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2560/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.600/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Gercina Goncalves da Silva (775.127.231-72); Vitor Luis Wake Buaretto
(022.857.671-70)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2561/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legal para fins de registro o ato de admissão de
pessoal a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.667/2019-3 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Ana Clara de Franca Silva (089.354.014-55)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
37

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2562/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.855/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Arthur Tomaz da Silva (089.339.344-48); Elis Olivia dos Santos
(423.466.618-13); Jose Rodrigo Rodrigues Vieira dos Santos (045.394.084-61); Lucas da Silva
Bernardino (018.656.071-00)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional Federal da 5ª Região
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2563/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.883/2019-8 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Eduardo de Melo Silva (081.017.887-78); Eliane Berinque Braga
(051.642.377-09); Jairo Ribeiro de Lima Junior (734.403.101-91); Karina Lettieri Fonseca
(708.111.561-68); Livia Maria Moreira Campos (042.567.346-43); Luis Ricardo Fernandes Miranda
(005.271.401-20); Olimpio Tavares da Silva (863.991.951-87); Raquel Gesser Sant Anna da Silveira
(721.676.459-53); Renata da Silva Ramos (908.343.991-72); Ricardo Costa da Cunha (007.548.421-
85)
1.2. Órgão: Ministério da Saúde (vinculador)
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2564/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.898/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


38

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Interessados: Camila Mariana Aparecida da Silva (079.514.036-36); Jose Junior Mauricio
Sousa (115.167.876-76); Nayara Ingrid de Medeiros (010.735.991-08); Simone Gonzaga Franca Oscar
(082.935.826-93); Thais Botrel Reis (102.101.446-02)
1.2. Entidade: Universidade Federal de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2565/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-002.940/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Fernanda Amaral Taddei (000.214.620-70); Marcel da Silva Camargo
(013.590.260-61); Rodrigo Medeiros Duarte (004.961.330-80)
1.2. Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2566/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art.
143, inciso II, do Regimento Interno, em considerar legais para fins de registro os atos de admissão de
pessoal a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.976/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Celia dos Santos da Silva (578.423.021-20); Tais Evaristo Amorim
(031.438.441-32)
1.2. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2567/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de admissão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
39

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.614/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessadas: Patricia Cavalcante Castro do Nascimento (028.461.214-60); Sandileide
Vieira (041.988.534-01); Tatiane Pereira da Costa (982.395.111-04)
1.2. Entidade: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2568/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado
por perda de objeto o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.618/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Sidney Massami Koto (136.829.498-79)
1.2. Órgão/Entidade: Empresa de Pesquisa Energética
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2569/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado
por perda de objeto o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.621/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Rose Mary Lima Barbosa (866.566.518-87); Rose Mary Lima Barbosa
(866.566.518-87)
1.2. Órgão/Entidade: Furnas Centrais Elétricas S.A.
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2570/2019 - TCU - 1ª Câmara


40

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado
por perda de objeto o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.854/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Paloma Pereira Borba Pedrosa (002.282.024-85)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2571/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de admissão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.867/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Aléssio Costa Robson (746.537.763-34); Manoel Messias Pereira de Sousa
Filho (025.549.553-60)
1.2. Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2572/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado
por perda de objeto o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.896/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Janaina Diniz Ferreira de Andrade Martins (077.633.196-58)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Lavras
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
41

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2573/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado
por perda de objeto o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.911/2019-9 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Murilo Montanari de Matos (351.780.108-92)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Uberlândia
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2574/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de admissão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.916/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Daiane Gisele Camilo (000.996.100-35); Henrique Rodrigues Moritz
(105.316.996-50); Leticia Silva da Silva (920.069.300-87); Maria Elenice Becher (652.264.960-87);
Paulo Afonso Goncalves Rebelo (479.785.380-87); Renata da Silva Passos (033.387.710-10); Roberta
Rodrigues Delzete (025.522.810-44); Sidnei Iensen Felicidade (012.660.510-66); Suzana Pacheco
(533.241.450-15); Tiago Maciel Zenga (000.040.580-97); Vanessa Fernandes (803.209.960-34);
Vinicius Brandao da Silva (022.075.310-58)
1.2. Entidade: Hospital de Clínicas de Porto Alegre
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2575/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de admissão de pessoal em análise se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso II, do
Regimento Interno, c/c o art. 7º da Resolução TCU nº 206, de 24/10/2007, em considerar prejudicado
por perda de objeto o ato constante deste processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.941/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Cecília Amália Cunha Santos (807.357.893-04)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região/GO
42

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler


1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2576/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de admissão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.956/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessadas: Carolina Baggio Emerenciano (036.687.059-92); Mariel Muraro
(041.318.759-42); Quelen Silveira Coden (955.457.190-91)
1.2. Entidade: Universidade Federal do Paraná
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2577/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,


por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts.
143, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento Interno, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) considerar prejudicado por perda de objeto o exame dos atos de admissão do sr. Alexandre
Carlos Mendes e da sra. Ivete Simionatto;
b) considerar legais para fins de registro os demais atos de admissão de pessoal tratados nos
autos.

1. Processo TC-005.703/2010-7 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Alexandre Carlos Mendes (981.825.017-68); Ana Maria Baima Cartaxo
(013.934.303-25); Fernanda de Conto (039.109.529-33); Gisele Perin Guimaraes (000.064.279-79);
Isabel Cristina Broering da Silva (889.376.669-87); Ivete Simionatto (183.200.829-00); Milton Biage
(069.070.831-91)
1.2. Entidade: Universidade Federal de Santa Catarina
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2578/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão adiante relacionado se exauriram antes de seu
43

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-003.979/2019-9 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessada: Elizabete Lima da Silva (537.303.803-20)
1.2. Órgão: Décima Região Militar
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2579/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, em razão da maioridade ou do falecimento dos beneficiários, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos art. 143, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento Interno, em
considerá-los prejudicados por perda de objeto, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.004/2019-1 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Airton Tavares da Silva (115.846.887-34)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Estadual da Funasa No Estado do Rio de Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2580/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de concessão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.019/2019-9 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessadas: Marina Pereira Pinto (418.773.497-04); Marina Pereira Pinto (418.773.497-
04)
1.2. Órgão: Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda no Estado do Rio de
Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2581/2019 - TCU - 1ª Câmara


44

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu processamento
pela Corte, em face da perda da qualidade de beneficiário do interessado, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da
Resolução TCU nº 206/2007, em considerar prejudicado pela perda do objeto o ato constante deste
processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.024/2019-2 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: David Amaral de Carvalho (458.443.727-00)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda no Estado
do Rio de Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2582/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu processamento
pela Corte, em face da perda da qualidade de beneficiário da interessada, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da
Resolução TCU nº 206/2007, em considerar prejudicado pela perda do objeto o ato constante deste
processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.111/2019-2 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Maria Stela Campos dos Santos (024.093.557-81)
1.2. Órgão/Entidade: Hospital Federal dos Servidores do Estado
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2583/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão adiante relacionado se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso II, e
260, § 5º, do Regimento Interno, em considerar seu exame prejudicado por perda de objeto, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-004.123/2019-0 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessada: Maria do Carmo Gonzáles Cardoso (092.013.430-00)
1.2. Órgão: Tribunal de Contas da União
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
45

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Representação legal: não há.


1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2584/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seus processamentos
pela Corte, em face da perda da qualidade de beneficiário dos interessados, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da
Resolução TCU nº 206/2007, em considerar prejudicados pela perda do objeto os atos constantes deste
processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.136/2019-5 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Herácito Pena Júnior (075.124.811-87); Maria do Carmo Viana (471.758.421-
04)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região/DF e TO
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2585/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seus processamentos
pela Corte, em face da perda da qualidade de beneficiário das interessadas, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da
Resolução TCU nº 206/2007, em considerar prejudicados pela perda do objeto os atos constantes deste
processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.181/2019-0 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Fanny Rubinstein Guimarães (018.175.727-33); Wilma Valente (070.017.147-
98)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Rio de Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2586/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, tendo em


vista que os efeitos financeiros dos atos de concessão adiante relacionados se exauriram antes de seu
processamento pela Corte, em razão da maioridade ou do falecimento dos beneficiários, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos art. 143, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento Interno, em
considerá-los prejudicados por perda de objeto, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-041.720/2018-0 (PENSÃO CIVIL)


46

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Interessado: Helena Tavares Gurgel (191.315.857-87)


1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Trabalho e Emprego No Estado do Rio de
Janeiro
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2587/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros do ato de concessão em análise se exauriram antes de seu processamento
pela Corte, em face da perda da qualidade de beneficiário da interessada, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da
Resolução TCU nº 206/2007, em considerar prejudicado pela perda do objeto o ato constante deste
processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.912/2019-1 (PENSÃO MILITAR)


1.1. Interessado: Maria Piol Baioco (027.476.407-52)
1.2. Órgão/Entidade: Primeira Região Militar
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2588/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, tendo em vista


que os efeitos financeiros dos atos de concessão em análise se exauriram antes de seus processamentos
pela Corte, em face da perda da qualidade de segurado dos interessados, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso II, do RITCU, c/c o artigo 7º, inciso I, da
Resolução TCU nº 206/2007, em considerar prejudicados pela perda do objeto os atos constantes deste
processo, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.604/2019-9 (REFORMA)


1.1. Interessados: Jose Rosa Batista (098.542.908-91); Jose dos Santos (023.376.577-87);
Josemar Eduardo da Silva (103.159.342-04); José Eustáquio de Paiva (004.773.629-15); José Felinto
Filho (059.645.807-00); José Ferreira dos Santos (011.669.564-15); José Pedro da Silva Neto
(037.612.408-30); José do Nascimento (015.473.054-87); Lucio Cipriano de Souza (002.640.754-04);
Luiz Alberto Mendanha (258.767.597-91); Manoel Amaro dos Santos (066.514.027-49); Manoel
Damasceno Filho (011.705.034-20); Manoel Laurentino da Silva Filho (312.464.787-49); Marco
Antonio do Carmo Ventura (257.150.467-34); Mauro Marques Marcelino (832.690.378-72); Miguel
Archanjo Barbosa de Moraes (068.771.929-15); Napoleão Carneiro Brasil (002.872.702-97); Octávio
Ferreira dos Santos (012.058.977-04); Odir Meireles (013.412.941-53); Orlando Marinho da Cruz
(055.950.377-68)
1.2. Órgão/Entidade: Diretoria de Administração do Pessoal
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
47

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2589/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara¸


ACORDAM por unanimidade, nos arts. 143, inciso V, alínea "a"; 169, inciso II; e 212, do Regimento
Interno/TCU, em determinar o arquivamento do seguinte processo, sem julgamento de mérito, em face
da ausência de pressupostos de sua constituição e de seu desenvolvimento válido e regular, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-005.766/2017-6 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsáveis: Antônio Felipe Santolia Rodrigues (121.885.828-10); Rosemary Castro
Meneses Carvalho (183.718.843-20)
1.2. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Esperantina - PI
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial
(SecexTCE).
1.6. Representação legal: Marcos Aurelio Alves de Carvalho (14900/OAB-PI) e outros,
representando Rosemary Castro Meneses Carvalho.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2590/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do
Regimento Interno/TCU, em expedir quitação ao Sr. Jorge Alberto Solorzano Filho (CPF 212.431.308-
81), ante o recolhimento integral da dívida imputada pelo Acórdão 6725/2015 – Primeira Câmara, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

Quitação relativa ao subitem 9.1 do Acórdão 6725/2015, proferido pela Primeira Câmara, em
sessão de 27/10/2015, conforme Ata 37/2015 - Primeira Câmara.

Sr. Jorge Alberto Solorzano Filho (CPF 212.431.308-81):


Valor original do débito: Data de origem do débito:
1.072,89 3/2/2004
1.267,00 2/3/2004
1.267,00 2/4/2004
1.072,89 4/5/2004
197.949,73 16/4/2013
Valor recolhido: R$ 314.887,53 Data do último recolhimento: 25/10/2018
Memória do recolhimento:
Data Valor
27/11/2015 7.530,00
17/12/2015 7.591,93
28/01/2016 7.666,93
29/02/2016 7.727,30
30/03/2016 7.791,50
48

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

29/04/2016 7.868,27
31/05/2016 7.940,36
29/06/2016 8.018,70
29/07/2016 8.103,70
23/08/2016 8.187,80
30/09/2016 8.283,50
31/10/2016 8.374,40
30/11/2016 8.406,75
29/12/2016 8.490,40
30/01/2017 8.581,84
23/02/2017 8.671,00
31/03/2017 8.741,90
27/04/2017 8.829,06
30/05/2017 8.893,85
30/06/2017 8.970,90
28/07/2017 9.038,00
31/08/2017 9.104,10
28/09/2017 9.170,65
09/11/2017 9.222,31
13/12/2017 9.285,61
28/12/2017 9.335,54
31/01/2018 9.367,22
28/02/2018 9.411,49
29/03/2018 9.443,67
30/04/2018 9.480,38
30/05/2018 9.513,73
29/06/2018 9.544,01
31/07/2018 9.569,62
31/08/2018 9.589,66
28/09/2018 9.596,12
25/10/2018 9.545,33

1. Processo TC-011.508/2014-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsável: Jorge Alberto Solorzáno Filho (212.431.308-81)
1.2. Órgão/Entidade: Entidades e Órgãos do Governo do Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
1.6. Representação legal: Myrna Rubia Valdetaro de Solorzano e outros, representando Jorge
Alberto Solorzáno Filho.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2591/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 43, I, da Lei 8.443/1992 e 143, III, 235 e 237 do Regimento Interno do TCU, em conhecer da
presente representação, por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la
improcedente, e em dar ciência desta deliberação à unidade jurisdicionada e à representante, de acordo
com os pareceres emitidos nos autos.
49

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC 005.689/2019-8 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Interessado: Prime Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. – EPP (05.340.639/0001-
30).
1.2. Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT).
1.3. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Mato Grosso (Sec-MT).
1.6. Representação legal: Tiago dos Reis Magoga (OAB/SP 283.834)
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. recomendar, com fundamento no art. 250, III, do Regimento Interno do TCU, ao IFMT
que, após concluir o Pregão Eletrônico 1/2019, promova uma análise comparativa de custo x benefício
entre a promoção de licitação conjunta ou separada dos serviços de gerenciamento de combustíveis e
de gerenciamento compartilhado de manutenção preventiva e corretiva, a fim de verificar qual delas
gera contratações mais vantajosas para a instituição, informando ao Tribunal de Contas da União, nas
próximas contas, as conclusões dessa análise.

ACÓRDÃO Nº 2592/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso II, e 43, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 143, inciso III, 235, 237, inciso IV e parágrafo único, e 250, inciso I, do
Regimento Interno, quanto ao processo a seguir relacionado, em conhecer da representação, considerá-
la prejudicada, fazer as determinações a seguir e arquivar os autos, dando ciência ao representante, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:

1. Processo TC-011.077/2018-2 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de São Félix do Piauí - PI
1.2. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Piauí (Sec-PI).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.6.1. nos termos do art. 106, § 3º, inciso I, da Resolução TCU 259/2014, encaminhar cópia dos
autos à Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - Sudene, para conhecimento das questões
tratadas nesta representação referentes ao Convênio 677734/2013, firmado com a Prefeitura Municipal
de São Félix do Piauí e a adoção das providências consideradas cabíveis, inclusive, se for o caso, a
instauração de tomada de contas especial;
1.6.2. nos termos do art. 106, § 3º, inciso I, da Resolução TCU 259/2014, encaminhar cópia dos
autos à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - Codevasf, para
conhecimento das questões tratadas nesta representação referentes ao Convênio 786181/2013,
firmados com a Prefeitura Municipal de São Félix do Piauí e a adoção das providências consideradas
cabíveis, inclusive, se for o caso, a instauração de tomada de contas especial;
1.6.3. nos termos do art. 106, § 3º, inciso I, da Resolução TCU 259/2014, encaminhar cópia dos
autos ao Fundo de Desenvolvimento da Educação - FNDE, para conhecimento das questões tratadas
nesta representação referentes ao Termo de Compromisso 17602/2014, celebrado dentro do Plano de
Ação Articulada - Transferência Direta - PAR-TD, e pagamentos à empresa Estillo Transportes e
Locação Ltda., CNPJ 11.646.185/0001-22, com recursos do Fundeb, exercício de 2013 e 2014, sem a
contraprestação dos serviços, para a adoção das providências consideradas cabíveis, inclusive, se for o
caso, a instauração de tomada de contas especial.
50

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

RELAÇÃO Nº 7/2019 – 1ª Câmara


Relator – Ministro BRUNO DANTAS

ACÓRDÃO Nº 2593/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.258/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Joao André dos Santos (475.701.487-20)
1.2. Órgão/Entidade: Caixa de Construção de Casas Para O Pessoal da Marinha
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2594/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.259/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Luzia Loschi Bessa (185.918.921-00)
1.2. Órgão/Entidade: Câmara dos Deputados
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2595/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.280/2019-9 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Vera Regina de Bittencourt Rodrigues (252.914.750-72)
1.2. Órgão/Entidade: Gerência Executiva do Inss - Novo Hamburgo/rs - Inss/mps
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
51

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2596/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.294/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Jovina Pereira dos Santos (141.681.542-20)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda No Estado
de Mato Grosso
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2597/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.327/2019-5 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Maria Bernardes Maciel (433.856.646-91)
1.2. Órgão/Entidade: Gerência Executiva do Inss - Governador Valadares/mg - Inss/mps
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2598/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.340/2019-1 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: João de Deus Pereira (035.883.193-87); Mozar Sousa Pena (008.140.083-72)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Estadual da Funasa No Estado do Piauí
52

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas


1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2599/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.380/2019-3 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Valdecy Leonardo Ferreira (074.991.753-91)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Maranhão
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2600/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.420/2019-5 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Lucia Lauria Feital (483.242.567-68); Therezinha Maria Lamego de Moraes
Sarmento (038.506.507-82); Vilma de Araujo Larangeira (050.969.017-34)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério da Cultura
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2601/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.425/2019-7 (APOSENTADORIA)


53

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Interessado: Norma Lucia Faria Guanabara da Silva (369.524.007-53)


1.2. Órgão/Entidade: Hospital Federal da Lagoa
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2602/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.444/2019-1 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Celia Regina Pacheco Dutra (016.187.828-86)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2603/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.454/2019-7 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Valdeci Carlos de Sousa (185.310.241-53)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Superior do Trabalho
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2604/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.
54

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-004.481/2019-4 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Alvaro Doubek (000.220.399-53); Leo Barsotti (000.212.889-68); Lourenço
da Silva Mourão (000.451.799-72); Rudi Arno Seitz (140.906.510-34); Sandra Mara Caciano
Alcantara (447.850.629-91); Soraya Maia Patchineelam (088.158.557-26); Sueli Affanio Roden
(519.178.669-68); Vania Maria Gomes Costa (519.148.249-20)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2605/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.483/2019-7 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Abner Fernandes (057.689.694-20); Antonio Gentil de Medeiros
(091.720.844-72)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2606/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.487/2019-2 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Aristides Suppi (387.426.080-15)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2607/2019 - TCU - 1ª Câmara


55

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.501/2019-5 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Luiz Francisco Terra (009.851.550-00)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2608/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.508/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Sergio Roberto Silva (113.086.480-49); Walter Karl Theumann (401.713.700-
82); Walter Quevedo dos Santos (013.799.760-49)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2609/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.540/2019-0 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessados: Mardo Heron Branco (145.397.139-49); Maria do Carmo Fabro Baron
(375.699.539-91); Terezinha do Nascimento Borba (342.940.079-15); Vicente de Abreu (248.677.809-
87)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde No Estado de Santa Catarina
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
56

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2610/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.541/2019-7 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Antonio de Souza Florencio (006.444.408-21)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde No Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2611/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em proferir a
determinação a seguir, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-006.457/2014-2 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Fabriciano Marques de Santana (086.708.205-44)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal da Bahia
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinar à Sefip que, nos termos da Questão de Ordem aprovada pelo Plenário do TCU
em 8/6/2011, encaminhe ao Departamento de Assuntos Extrajudiciais da Advocacia-Geral da União e
à Consultoria Jurídica deste Tribunal as informações necessárias ao acompanhamento do Agravo de
Instrumento 0016183-32.2010.4.01.0000, conforme feito anteriormente, para que aquele Departamento
da AGU e a Conjur deste Tribunal verifiquem a situação atual da questão relacionada ao pagamento de
“horas-extras” judiciais ao inativo Fabriciano Marques de Santana (086.708.205-44).

ACÓRDÃO Nº 2612/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-036.198/2018-8 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Francisco Martins de Freitas (041.865.083-72)
1.2. Órgão/Entidade: Senado Federal
57

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas


1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2613/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.447/2019-3 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Ana Carolina de Souza (091.323.986-03); Ana Gabriela Moreira Pudenzi
(326.124.888-20); Barbara Cesar Cavalcante (014.904.593-08); Carlos Henrique Oliveira Barreto
(043.343.986-69); Caroline Miranda Sampaio (368.629.688-82); Danielle Freitas Henderson
(030.707.341-62); Gabriela Braga Gerin (066.809.936-44); Luna Borges Pereira Santos (018.524.231-
61); Maria da Conceição Silva Bastos (776.684.803-15); Valdson Silva Cleto (158.666.078-08)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério do Desenvolvimento Social
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2614/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.476/2019-3 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Rafael Kuramoto Gonzalez (047.738.469-25)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2615/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.561/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


58

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Interessado: Marley Gustavo Cavalcante Goncalves (071.810.794-25)


1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Alagoas
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2616/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.574/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Maira Maus da Silva (011.378.340-05); Thaise Campos Mondin
(018.422.880-83)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Rio Grande
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2617/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.649/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Arthur Jefferson Belchior Silva (961.958.353-15); Darlan Bruno Pontes
Quintanilha (022.602.333-84); Fabricio Leocadio Rodrigues de Sousa (600.211.043-79); Fernanda
Samara Barbosa Rocha (910.952.983-72); Francisco Sergio Moura Silva do Nascimento (009.794.103-
47); Gerard John Alva Morales (230.203.388-40); Izani Pibernat Mustafa (293.342.090-20); Letycya
Cristina Barbosa Vieira (027.150.033-66); Plinio Antonio Guerra Filho (101.166.927-74); Sylvana
Kelly Marques da Silva (027.576.224-63)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Maranhão
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2618/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
59

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.653/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Leonardo Bernardes Taverny de Oliveira (923.484.752-00); Mariana Aguiar
de Souza (014.272.483-11)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Maranhão
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2619/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.684/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Bianca Pereira Bittencourt (034.067.297-89)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério da Defesa/comando da Marinha (vinculador)
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2620/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.756/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Diego Manoel de Santana Oliveira Santos (020.596.325-01); Lidyane Maria
Ferreira de Souza (011.938.124-96)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Sul da Bahia
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2621/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
60

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.830/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Leticia Duarte Bicca (981.758.070-91)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região/rs
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2622/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.910/2019-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Gustavo Miranda Teixeira (067.243.016-96); Victor Schmidt Comitti
(082.781.076-88)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas
Gerais
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2623/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.953/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Patricia Oliveira Tavares (011.734.124-09)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério Público Federal
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2624/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
61

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.838/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Antonio de Sá Barreto Gondim Neto (836.980.513-20)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Campina Grande
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2625/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.841/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Diogo Silveira Castilho (045.216.349-82); Joaõ Henrique Bueno de Godoy
Filho (961.906.981-15); Vitor Arce Cathcart Ferreira (001.646.391-95)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal da Grande Dourados
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2626/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.844/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Adriano Fiorini do Nascimento (087.646.756-70); Alberto Carvalho Costa
(103.792.313-87); Aldiene Pereira dos Santos (029.623.524-56); Alex Eduardo da Silva (034.618.956-
01); Alice Santos Amaral (984.597.911-49); Ana Flavia Correa Neto (987.566.216-04); Andrea
Cordeiro da Silva (038.301.904-41); Andrea Paula da Silva Teixeira (021.001.204-84); Angelica
Judite Aguiar de Castro (540.026.723-87); Angelinne Vieira Araujo (779.669.293-53); Anna Paula
Masson da Cruz (014.285.501-43); Antonia Fernandes dos Santos Costa Sousa (516.992.903-00);
Arcyleu Martins Brito Junior (962.517.512-15); Arianne Bandeira dos Santos (004.083.183-33);
Arinaldo Jose de Morais Junior (072.687.616-00); Brenda Magalhaes Arantes (075.460.706-27);
Bruno Theodoro Goncalves (091.776.766-70); Carlos Emilio de Souza (036.698.367-99); Celia Maria
Evangelista da Silva (828.677.123-00); Cinthya Pereira Leite Costa de Araujo (128.544.538-40)
62

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares


1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2627/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.849/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Daniela Marcia Medina Pereira Agapto (614.591.193-04); Deiziane Lima
Cavalcante (992.092.843-72)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Cariri
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2628/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.853/2019-9 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: João Luis Peruchena Thomaz (651.457.120-49)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal do Pampa
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2629/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.
63

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-004.859/2019-7 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Allan Jeronymo Dellaquila (297.012.008-96); Dhieimy Quelem Waltrich
(014.202.430-98); Valmor Ziegler (027.773.780-02); Valquiria Conti (024.345.050-82)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2630/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.869/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Flamarion Maués Pelúcio Silva (086.371.378-57); Karina Pedrini Fraga
(119.340.147-02); Marcos Aurelio Pensabem Ribeiro Filho (834.865.342-20); Thiago Valentim
Stelzer (055.122.507-60); Vinicius Novo Gama (124.399.177-10)
1.2. Órgão/Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2631/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.884/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Claudia Blanco de Dios (047.811.597-02); Eduardo Ramos Duarte
(343.671.107-10)
1.2. Órgão/Entidade: Centrais Elétricas Brasileiras S.a.
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2632/2019 - TCU - 1ª Câmara


64

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.898/2019-2 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Fagner Neves Oliveira (008.099.434-25); Giovanni Barbara Nunes
(587.343.331-34); Ilmara Batista Damasceno (063.365.526-08); Janaina de Cassia Magalhães
(018.715.301-99); Joseany Rodrigues Cruz (056.188.996-12); Paulo Winicius Teixeira de Paula
(943.484.561-00)
1.2. Órgão/Entidade: Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás - Mec
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2633/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.921/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Bruno dos Santos Dorneles (131.224.467-40)
1.2. Órgão/Entidade: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2634/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.934/2019-9 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Pedro Henrique Gontijo Gomes Lima Rocha (021.891.581-09)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional Federal da 1ª Região
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
65

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2635/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.944/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Marcos Virginio Souto (070.904.434-85)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região/pb
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2636/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.955/2019-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Carlos Antonio da Costa Junior (669.599.692-04); Rejane Santos Nonato
(788.581.782-20)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Pará
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2637/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.959/2019-1 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Lucelio Cedro Moreira (717.216.731-72)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério Público Federal
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
66

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2638/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legal
para fins de registro o ato de Ana Lucia Tatsch (528.209.550-53), de acordo com os pareceres emitidos
nos autos.

1. Processo TC-030.033/2013-6 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Ana Lucia Tatsch (528.209.550-53); Carlos Leonardo Bonturim Antunes
(311.474.468-06); Cinthia Gabriely Zimmer (991.355.665-15); Cristine Moraes Ross (000.149.170-
92); Eduardo de Oliveira Horta (964.467.570-34); Gabriela Bettella Cybis (011.865.520-50); Gisele
Dalva Secco (000.588.380-66); Luis da Cunha Lamb (517.504.140-15); Michelle Lavinsky Wolff
(927.784.530-91); Pedro Vieira da Silva Magalhaes (966.323.800-34); Rafael de Carvalho Matiello
Brunhara (352.482.158-89); Renata Grazziotin Soares (909.395.490-34)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2639/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar legais
para fins de registro os atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-034.304/2018-5 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Arnaldo Panis Filho (217.996.208-83); Lindinalva Nogueira Jardim Morett
(084.051.187-64); Samuel Petriccioni Vizotto (100.037.598-65)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2640/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.
67

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-001.683/2019-5 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Avelina Delgado Peras (226.951.288-00); Izidoro Antonio Wendler
(002.239.217-34)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério das Comunicações (extinto)
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2641/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.952/2019-3 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Ormandina de Almeida Silva (175.133.407-49)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério da Justiça
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2642/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.972/2019-4 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Zilmar Marinho Gomes de Lucena (313.872.172-91)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Incra No Estado do Amazonas
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2643/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
68

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.061/2019-5 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Delizete do Nascimento Rocha (070.073.357-48)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento No
Estado do Rio de Janeiro
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2644/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.075/2019-6 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Balbina Maria de Jesus Rocha (240.155.201-49); Manuel Mateus Ventura
(003.887.183-15)
1.2. Órgão/Entidade: Fundação Universidade de Brasília
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2645/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.099/2019-2 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Claudete Antonieta de Araujo (250.253.170-53)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério Público Militar
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2646/2019 - TCU - 1ª Câmara


69

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.109/2019-8 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Soloni Afra Pires Levy (271.422.137-87)
1.2. Órgão/Entidade: Hospital Federal da Lagoa
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2647/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.113/2019-5 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Maria Eduarda Fernandes de Andrade (500.554.457-72)
1.2. Órgão/Entidade: Hospital Federal dos Servidores do Estado
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2648/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.130/2019-7 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Sebastiana Garcia Cardozo (098.571.457-36)
1.2. Órgão/Entidade: Tribunal Regional Federal da 2ª Região
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2649/2019 - TCU - 1ª Câmara


70

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame do ato a seguir relacionado, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.158/2019-9 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: Joana de Oliveira Rodrigues (864.786.994-04)
1.2. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Pernambuco
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2650/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.168/2019-4 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Carlos Antonio Figueiredo dos Santos (089.361.884-53); Geraldo Horst Kolbe
(087.739.718-04); Julio Missioneiro Marques (082.219.010-91); Therezinha Lemberg (318.323.009-
78)
1.2. Órgão/Entidade: Ministério Público Federal
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2651/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.184/2019-0 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Siza de Oliveira Moura (676.011.700-04); Tania Danuzzia Camejo Morrone
(682.065.420-00)
1.2. Órgão/Entidade: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde No Estado do Rio Grande do Sul
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
71

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Representação legal: não há.


1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2652/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-041.739/2018-3 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessados: Iolanda Matos Monturil (665.518.621-87); Iracy de Souza Botelho
(461.318.411-87); Linconl Vandelfri Silva (262.933.821-53)
1.2. Órgão/Entidade: Senado Federal
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2653/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.909/2019-0 (PENSÃO MILITAR)


1.1. Interessados: Anastacia de Moraes Lopes (412.005.517-53); Mariza Guimaraes Loyola
(352.791.097-20); Therezinha de Almeida Vianna (024.834.067-00)
1.2. Órgão/Entidade: Primeira Região Militar
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2654/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.914/2019-4 (PENSÃO MILITAR)


1.1. Interessados: Jurema Borba de Oliveira (078.254.040-68); Lilita Lopes de Almeida
(909.972.980-49)
72

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Órgão/Entidade: Terceira Região Militar


1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2655/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso V, e 39, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 1º,
inciso VIII; 143, inciso II; 259, incisos I e II, e 260 do Regimento Interno/TCU, em considerar
prejudicado, por perda de objeto, o exame dos atos a seguir relacionados, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.928/2019-5 (PENSÃO MILITAR)


1.1. Interessados: Adelina Lopes Alves (245.069.827-20); Aldina Maciel Warzak (267.712.680-
04); Alzira da Conceição Perluiz (004.269.728-05); Argélia Ries (014.015.721-20); Berenice Vaz
(160.425.906-00); Claudia Catarina Freitas Correia (103.157.137-04); Hilda Bastos Granja
(891.939.117-34); Hilda Castro Lopes Amoroso (157.477.288-06); Ivone Gomes Carvalho
(051.199.314-56); Julia Guimarães de Amorim (068.286.397-15); Laura Kempke Sfredo
(722.950.316-72); Lizete da Silva Santos (889.123.453-20); Luiza Bonavita (064.510.278-47); Maria
Aparecida R R Moreira (070.399.907-92); Maria Flor de Maio da Silva (768.303.651-04); Maria do
Carmo Salzano (283.975.218-28); Nair Xavier Dias Campos (023.337.977-03); Néa de Mendonça
Sanctos (050.983.498-18); Odette Campos Araujo (902.858.247-91); Otilia Rodrigues Pereira
(660.463.437-04); Walda Martins Leite da Silva (003.126.827-78)
1.2. Órgão/Entidade: Subdiretoria de Inativos e Pensionistas - Área Militar
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2656/2019 - TCU - 1ª Câmara

Considerando que Américo Raimundo Pocai Mendes interpôs pedido de reexame à peça 60, que
restou não conhecido (peça 76) por ser intempestivo e não conter documentos novos;
Considerando a reiteração do pedido de reexame, apresentando, agora, documentos novos;
Considerando o art. 278, §3º, do RI/TCU, que dispõe: “a interposição de recurso, ainda que
venha a não ser conhecido, gera preclusão consumativa”;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos artigos 32, parágrafo único, e 48 da Lei 8.443/1992, art. 285, § 2º, 286, parágrafo único, e 278, §3º
do Regimento Interno, em não conhecer do pedido de reexame (peça 86) interposto por Américo
Raimundo Pocai Mendes, ante a preclusão consumativa, e em dar ciência deste acórdão ao recorrente,
de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.098/2015-3 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Apensos: 021.083/2017-7 (SOLICITAÇÃO); 016.540/2015-8 (SOLICITAÇÃO);
011.127/2011-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA); 027.808/2015-7 (SOLICITAÇÃO); 023.717/2015-
7 (SOLICITAÇÃO)
73

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Responsáveis: Americo Raimundo Pocai Mendes (243.133.789-87); Coenco Construções


Empreendimentos e Comercio Ltda (00.431.864/0001-68); Célio Renato da Silveira (130.634.721-15);
Elisabete Balbinot (598.636.332-91); Mickey Yuji Katsuragawa (984.220.818-49)
1.3. Recorrente: Americo Raimundo Pocai Mendes (243.133.789-87)
1.4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Espigão D'oeste - RO; Superintendência Estadual
da Funasa em Rondônia
1.5. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria do TCU no Estado de
Rondônia (Sec-RO).
1.9. Representação legal: Vanina Carneiro da Cunha Modesto Coutinho (10737/OAB-PB) e
outros, representando Coenco Construções Empreendimentos e Comercio Ltda; Valnei Gomes da Cruz
Rocha (2479/OAB-RO) e outros, representando Célio Renato da Silveira; Ronilson Wesley Pelegrine
Barbosa (4688/OAB-RO) e outros, representando Americo Raimundo Pocai Mendes; Cleodimar
Balbinot (3663/OAB-RO), representando Mickey Yuji Katsuragawa.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2657/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso I, e 27, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 218 do Regimento
Interno/TCU, em dar quitação à Associação de Apoio a Arte e Comunicação – Arco, bem como aos
seus diretores executivos Arlindo Ornelas Figueira Neto e Luiz Augusto Milanesi, condenados
solidariamente ao pagamento do débito imputado pelo Acórdão 1.989/2018-TCU-1ª Câmara,
modificado Acórdão 14190/2018-TCU-1ª Câmara, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-020.556/2016-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsáveis: Arco - Associação de Apoio a Arte e Comunicação (04.887.267/0001-01);
Arlindo Ornelas Figueira Neto (007.623.688-96); Luiz Augusto Milanesi (377.688.678-15)
1.2. Órgão/Entidade: Entidades e Órgãos do Governo do Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
1.6. Representação legal: Sebastião Botto de Barros Tojal (66.905/OAB-SP) e outros,
representando Luiz Augusto Milanesi, Arco - Associação de Apoio a Arte e Comunicação e Arlindo
Ornelas Figueira Neto.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2658/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso V, alínea "d", do Regimento Interno/TCU, c/c a Súmula 145 do Tribunal de Contas
da União, em retificar, por inexatidão material, o item 1.6 do Acórdão 9876/2018-TCU-1ª Câmara, de
forma que onde se lê “Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande Abc e
Região”, leia-se “SEHAL – Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC”,
de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-024.420/2015-8 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


74

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.1. Responsáveis: Luís Antônio Paulino (857.096.468-49); Sehal - Sindicato das Empresas de
Hospedagem e Alimentação do Grande Abc (51.109.841/0001-72); Walter Barelli (008.056.888-20);
Wilson Aparecido Bianchi (028.838.848-89)
1.2. Órgão/Entidade: Entidades e Órgãos do Governo do Estado de São Paulo
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
1.6. Representação legal: Joao Manoel Pinto Neto (52232/OAB-SP) e outros, representando
Sehal - Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande Abc.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2659/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso V, "a" e 169, inciso V, do Regimento Interno/TCU, em considerar cumprido o item
9.2 do Acórdão 345/2017-TCU-1ª Câmara e em arquivar os autos, de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.894/2018-1 (MONITORAMENTO)


1.1. Interessado: Secretaria de Controle Externo do TCU/GO (00.414.607/0007-03)
1.2. Órgão/Entidade: Superintendência Regional do Dnit Nos Estados de Goiás e Distrito
Federal - Dnit/MT
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Goiás (Sec-GO).
1.6. Representação legal:
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2660/2019 - TCU – 1ª Câmara

Considerando este processo trata de representação da empresa Malvo Comércio e Distribuidora


Ltda EPP contra o Pregão Eletrônico para Registro de Preços 352/2018, que apresenta como objeto a
eventual aquisição de carnes para o Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC);
Considerando que, nos termos do art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do
Regimento Interno/TCU, o representante possui legitimidade para representar a esta Corte de Contas;
Considerando que as informações apresentadas pela Universidade Federal de Santa Catarina
(peça 16), em atendimento à oitiva prévia realizada pela Selog por meio do Ofício 0239/2019-
TCU/Selog (peça 14), elidiram as questões objeto desta representação;
Considerando que cabe à administração a definição de parâmetros e especificações quanto ao
objeto licitado, desde que não sejam desarrazoadas ou desproporcionais, devidamente motivadas e com
vistas a obter a contratação mais vantajosa, e que, no caso em tela, não se verificam exigências que
contrariem essas características;
Considerando que a desclassificação da representante foi devida e que sua proposta não
apresentava apenas falhas de natureza meramente formal, como alegado, tendo em vista que os ajustes
em sua proposta implicariam alteração do seu conteúdo, com inclusão de informações as quais
deveriam constar originalmente, o que é vedado pelo § 3º do art. 43 da Lei 8.666/1993;
Considerando que o pedido de vistas eletrônico perde o seu objeto, tendo em vista o presente
julgamento, sem prejuízo de que seja dada cópia integral destes autos, caso requerido pelo
representante, além desta deliberação e das peças instrutoras 12 e 17.
75

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, arts. 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, VII e parágrafo único,
todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos
de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la improcedente; indeferir, por consequência, a medida
cautelar pleiteada; e em dar ciência deste acórdão à unidade jurisdicionada e ao representante, junto
com as instruções elaboras pela unidade instrutiva (peças 12 e 17), de acordo com os pareceres
emitidos nos autos.

1. Processo TC-001.828/2019-3 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: Thiago Goedert (OAB-29.793/SC), representando Malvo Comercio
Atacadista Ltda.

ACÓRDÃO Nº 2661/2019 - TCU - 1ª Câmara

Considerando que se trata de representação da empresa Total Linha Aéreas S/A contra o Carta
Convite 2236756188 da Petróleo Brasileiro S/A – Petrobras, tendo como objeto a prestação de
afretamento de avião;
Considerando que a Petrobras se certificou de que a licitante classificada em primeiro lugar
possuía disponibilidade de aeronave específica para efetuar a execução do serviço objeto da licitação,
conforme informação constante da peça 11, p. 3;
Considerando que não havia previsão, no instrumento convocatório, para a indicação na proposta
das licitantes da nota referente ao Peotram (Programa de Excelência Operacional em Transporte Aéreo
e Marítimo da Petrobras) e que o preenchimento do campo referente a tal item no Adendo C –
Especificações dos Equipamentos não era obrigatório, o que foi, para este ponto, esclarecido pela
Petrobras às licitantes mediante a Circular de Esclarecimentos 7 (peça 10, p. 1);
Considerando que o representante não demonstrou qualquer dispositivo legal ou editalício que
obrigaria a Comissão de Licitação a se comunicar pelos licitantes somente pela sala de colaboração, e
que as supostas comunicações trazidas pelo representante se referem a diligências efetuadas para
subsidiar a decisão dos recursos impetrados pelos licitantes;
Considerando o pedido de acesso eletrônico aos autos (peça 6), efetuado pelos Procuradores da
Petrobras, a qual é parte no presente processo;
Considerando que o representante não demonstrou razão legítima de intervir no processo (peça
12), apta a respaldar sua habilitação como interessado e, por conseguinte, o exercício de prerrogativas
processuais próprias, a exemplo da sustentação oral;
Considerando que a redação do edital, especificamente o item 1 das observações quanto ao
preenchimento dos “Dados Técnicos Gerais” no Adendo C (peça 9), ao mencionar apenas o termo
“aeronave nova”, possa propiciar intepretação tanto no sentido de aeronaves a serem fabricadas quanto
de aeronaves a serem futuramente adquiridas pela licitante, em desacordo com o art. 33 da Lei
13.303/2016, impropriedade que deve ser objeto de ciência à Petrobras;
Considerando, finalmente, que os argumentos apresentados pela Petrobras justificam os
questionamentos apontados na presente representação, apesar da impropriedade relatada no parágrafo
anterior, e que, nesse sentido, resta afastado o pressuposto da plausibilidade jurídica, requisito
essencial para a concessão de cautelar;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, arts. 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, VII e parágrafo único,
todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos
76

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente; em indeferir a medida


cautelar pleiteada pelo representante, porquanto inexistentes os elementos necessários para sua adoção;
em adotar as medidas a seguir listadas; e em dar ciência deste acórdão à unidade jurisdicionada e ao
representante, acompanhado da instrução elaborada pela unidade instrutiva (peça 13), de acordo com
os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.831/2019-5 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Entidade: Petróleo Brasileiro S.A.
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: Gustavo de Souza Vellame (153.962/OAB-RJ) e outros, representando
Petróleo Brasileiro S.a.; Marco Tayah (11951/OAB-RJ) e outros, representando Total Linhas Aéreas
S.A.
1.6. Dar ciência à Petrobras, com fundamento no art. 7º da Resolução – TCU 265/2014, sobre a
seguinte impropriedade, identificada no Convite 2236756188, para que sejam adotadas medidas
internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
1.6.1. imprecisão da redação do edital, especificamente o item 1 das observações quanto ao
preenchimento dos “Dados Técnicos Gerais” no Adendo C, no tocante ao termo “aeronave nova”, que
possibilita intepretação tanto no sentido de aeronaves a serem fabricadas quanto de aeronaves a serem
futuramente adquiridas pela licitante, em desacordo com o art. 33 da Lei 13.303/2016;
1.7. Conceder acesso eletrônico dos autos à Petrobras, com fulcro no art. 163 do Regimento
Interno do TCU, por tratar-se de parte no presente processo;
1.8. Indeferir o pedido de ingresso nos autos como interessado formulado pela representante e,
por conseguinte, de apresentar sustentação oral neste processo.

ACÓRDÃO Nº 2662/2019 - TCU - 1ª Câmara

Considerando que a jurisprudência desta Casa é no sentido de que os atestados técnicos para fins
de habilitação em licitações de serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de obra devem
indicar a aptidão da licitante em gerir mão de obra e não em executar serviços idênticos, a exemplo dos
Acórdãos 1.214/2013, 1.443/2014 e 449/2017, todos do Plenário;
Considerando que a Administração Pública pode rever, de ofício, posicionamento sobre uma
empresa que teria sido desclassificada, em virtude do princípio da autotutela (Súmula 473 do STF);
Considerando que não restou demonstrada pela representante a inexequibilidade da proposta até
então vencedora;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, arts. 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, VII, e parágrafo único,
todos do Regimento Interno/TCU, em conhecer da presente representação, por preencher os requisitos
de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la improcedente, e em comunicar desta deliberação à
Procuradoria da República no Amazonas, juntamente com a instrução (peça 29), de acordo com os
pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-034.781/2018-8 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Entidade: Administração Hidroviária da Amazônia Ocidental, vinculada ao Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Amazonas (Sec-AM).
1.5. Representação legal: não há.
77

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2663/2019 - TCU - 1ª Câmara

Considerando que a representação do Ministério Público Federal solicita informações sobre a


existência de processo de tomada de contas especial nesta Corte que vise apurar as irregularidades
havidas na execução do Convênio 414/2011, firmado entre a União, por meio do Mistério de Justiça, e
o município de Eusébio/CE, e que, caso não tenha disso instaurada, que se proceda a instauração de
processo de tomada de contas especial;
Considerando que a representação não veio acompanhada de indício material concernente à
irregularidade ou ilegalidade praticada por administrador ou responsável sujeito à jurisdição do TCU,
não se afirmando, deste modo, o interesse público para o trato da matéria, consoante o art. 103, § 1º, da
Resolução TCU 259/2014;
Considerando a orientação de que “não devem ser autuados como processos de controle externo
as solicitações de manifestação do TCU sobre documentos com a finalidade de colher subsídios para
instrução de procedimentos administrativos conduzidos por outras instituições e órgãos públicos”
(Item 3 da Portaria-Segecex 12/2016);
Considerando a oportunidade de se orientar a unidade instrutora em casos semelhantes, nos
termos do estabelecido pela Portaria Segecex 12/2016;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 143, inciso V, alínea "a"; 237, VII e parágrafo único,
e o art. 235 do Regimento Interno/TCU, em não conhecer da representação, por não preencher os
requisitos de admissibilidade pertinentes; encaminhar cópia desta deliberação, juntamente com a
instrução (peça 3), ao Procurador da República Alexandre Meireles Marques, bem como do Relatório
de Prestação de Contas do Convênio 414/2011 (Siafi 763260/2011 – peça 2); de acordo com os
pareceres emitidos nos autos, e em adotar a medida a seguir.

1. Processo TC-042.306/2018-3 (REPRESENTAÇÃO)


1.1. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Eusébio - CE
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Ceará (Sec-CE).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. orientar à unidade instrutora de origem que, em casos similares, observe as orientações
constantes da Portaria-Segecex 12/2016, abstendo-se de autuar como representação documentos que
não se adequem ao referido normativo.

RELAÇÃO Nº 7/2019 – 1ª Câmara


Relator – Ministro VITAL DO RÊGO

ACÓRDÃO Nº 2664/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei
8.443/1992, arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso III, 143, inciso II, 259, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento
Interno do TCU, em considerar prejudicado, por perda de objeto, o exame de mérito dos atos de
concessão de aposentadoria a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-004.488/2019-9 (APOSENTADORIA)


1.1. Interessado: Armênio dos Santos (011.857.800-68).
78

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.2. Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2665/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso II, 143, inciso II, 259, inciso I, e 260, § 1º, do
Regimento Interno/TCU, em considerar legais, para fins de registro, os atos de admissão dos
interessados a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.619/2019-9 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Eliani Dombrowski Cavalcante (434.604.102-72); Maurifran Oliveira Lima
(868.123.352-15).
1.2. Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2666/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso II, 143, inciso II, 259, inciso I, e 260, § 1º, do
Regimento Interno/TCU, em considerar legal, para fins de registro, o ato de admissão do interessado a
seguir relacionado, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-002.849/2019-4 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessado: Leonardo Weiss Ribeiro (061.063.689-88).
1.2. Entidade: Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2667/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso II, 143, inciso II, 259, inciso I, e 260, § 1º, do
Regimento Interno/TCU, em considerar legais, para fins de registro, os atos de admissão dos
interessados a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.
79

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC-002.854/2019-8 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Ana Claudia Sa Moraes (315.680.253-00); Juliete da Silva Souza
(053.982.593-00); Ranieri Goncalves da Costa (637.073.813-15).
1.2. Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2668/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso II, 143, inciso II, 259, inciso I, e 260, § 1º, do
Regimento Interno/TCU, em considerar legal, para fins de registro, o ato de admissão da interessada a
seguir relacionada, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.

1. Processo TC-003.013/2019-7 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessada: Nayanne Costa Rocha (091.697.244-58).
1.2. Entidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2669/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso II, 143, inciso II, 259, inciso I, e 260, § 5º, do
Regimento Interno do TCU, em considerar prejudicado, por perda de objeto, o exame de mérito dos
atos de admissão dos interessados a seguir relacionados, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos.

1. Processo TC-004.902/2019-0 (ATOS DE ADMISSÃO)


1.1. Interessados: Adriana Monte Cassiano Canavaci Martins (218.340.458-27); Ricardo Pereira
Soares (727.443.161-72).
1.2. Entidade: Fundação Universidade de Brasília.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2670/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei
80

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8.443/1992, arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso III, 143, inciso II, 259, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento
Interno do TCU, em considerar prejudicado, por perda do objeto, o exame de mérito do ato de
concessão de pensão civil constante dos autos, de acordo com os pareceres emitidos no presente
processo.

1. Processo TC-004.172/2019-1 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessada: Maria Leonor Lima da Costa (681.051.423-68).
1.2. Órgão: Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Estado do Ceará.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2671/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 71, inciso III, da Constituição Federal/1988, c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei
8.443/1992, arts. 1º, inciso VIII, 17, inciso III, 143, inciso II, 259, inciso II, e 260, § 5º, do Regimento
Interno do TCU, em considerar prejudicado, por perda do objeto, o exame de mérito do ato de
concessão de pensão civil constante dos autos, de acordo com os pareceres emitidos no presente
processo.

1. Processo TC-004.189/2019-1 (PENSÃO CIVIL)


1.1. Interessado: José Evandro de Castro (027.337.903-82).
1.2. Órgão: Superintendência Estadual do INSS - Teresina/PI.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2672/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso I, e 10, § 1º, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 143, inciso I, alínea “a”, e
201, § 1º, do Regimento Interno/TCU, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) julgar regulares as contas dos responsáveis Cleusa Kikue Takakura Yoshida
(CPF 170.988.938-11), Fernando Pimentel (CPF 641.056.280-20), Joaquim Francisco Monteiro de
Carvalho Neto (CPF 054.656.617-04), Lucia Regina Pereira Galvão (CPF 907.910.457-49), Luiz
Marcio Oliveira Paes Barreto (CPF 018.840.692-15), Walter Gomes da Silva Júnior
(CPF 734.123.847-04) e Walter Valente da Cunha (CPF 017.059.158-17), dando-lhes quitação plena,
com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 207
e 214, inciso I, do Regimento Interno;
b) sobrestar o julgamento das contas dos responsáveis Marcelo Pedroso (CPF 097.825.858-40),
Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues (CPF 052.571.868-02), Leonardo da Cunha e Silva Espíndola
Dias (CPF 044.539.717-96), Fernando dos Santos Dionísio (CPF 495.463.847-04), Sérgio José Pereira
(CPF 500.215.677-00), Ari Matos Cardoso (CPF 006.372.387-53), Lígia Neves Aziz Lucindo (CPF
038.559.416-02), Raimundo Célio Augusto Macedo (CPF 351.068.407-91), Augusto César de Brito
81

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Naylor (CPF 871.325.408-15), Juliana da Silva Pinto Carneiro (CPF 030.545.097-29) e Herval
Madeira Forny (CPF 758.993.967-68); e
c) encaminhar cópia desta decisão, acompanhada da instrução da unidade técnica, ao Ministério
do Esporte e à Autoridade de Governança do Legado Olímpico.

1. Processo TC-023.363/2017-7 (PRESTAÇÃO DE CONTAS - Exercício: 2016)


1.1. Responsáveis: Ari Matos Cardoso (006.372.387-53); Augusto César de Brito Naylor
(871.325.408-15); Cleusa Kikue Takakura Yoshida (170.988.938-11); Fernando Pimentel
(641.056.280-20); Fernando dos Santos Dionísio (495.463.847-04); Herval Madeira Forny
(758.993.967-68); Joaquim Francisco Monteiro de Carvalho Neto (054.656.617-04); Juliana da Silva
Pinto Carneiro (030.545.097-29); Leonardo da Cunha e Silva Espíndola Dias (044.539.717-96); Lucia
Regina Pereira Galvão (907.910.457-49); Luiz Marcio Oliveira Paes Barreto (018.840.692-15); Luiza
Helena Trajano Inácio Rodrigues (052.571.868-02); Lígia Neves Aziz Lucindo (038.559.416-02);
Marcelo Pedroso (097.825.858-40); Maria Silvia Bastos Marques (459.884.477-91); Raimundo Célio
Augusto Macedo (351.068.407-91); Sérgio José Pereira (500.215.677-00); Walter Gomes da Silva
Junior (734.123.847-04); Walter Valente da Cunha (017.059.158-17).
1.2. Entidade: Autoridade Pública Olímpica.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Rio de Janeiro (Sec-RJ).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2673/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 1º, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, e 143, inciso I, alínea “a”, do Regimento
Interno/TCU, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) julgar regulares as contas dos responsáveis Claudia Nassif Jaber (CPF 290.107.211-91),
Cristina Aparecida Ribeiro Brasiliano (CPF 905.906.518-20), Leomar Daroncho (CPF 445.122.100-
59), Luiz Eduardo Guimarães Bojart (CPF 049.150.068-83), Ronaldo Curado Fleury (CPF
334.114.921-04) e Sandra Cristina de Araújo (CPF 376.088.511-04), dando-lhes quitação plena, com
fundamento nos arts. 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 207 e 214, inciso I,
do Regimento Interno;
b) encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, ao
Ministério Público do Trabalho; e
c) arquivar o presente processo, nos termos do art. 169, inciso III, do Regimento Interno do
TCU.

1. Processo TC-027.219/2018-6 (PRESTAÇÃO DE CONTAS - Exercício: 2017)


1.1. Responsáveis: Claudia Nassif Jaber (290.107.211-91); Cristina Aparecida Ribeiro
Brasiliano (905.906.518-20); Leomar Daroncho (445.122.100-59); Luiz Eduardo Guimarães Bojart
(049.150.068-83); Ronaldo Curado Fleury (334.114.921-04); Sandra Cristina de Araújo (376.088.511-
04).
1.2. Órgão: Ministério Público do Trabalho.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado
(SecexAdministração).
1.6. Representação legal: não há.
82

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2674/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


nos arts. 1º, inciso I, 143, inciso V, alínea “a”, 169, inciso VI, 201, § 3º, e 212 do Regimento
Interno/TCU, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) arquivar a presente tomada de contas especial, sem julgamento de mérito, ante a ausência de
pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; e
b) encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, ao Sr.
Douglas Melo Figueiredo e ao Ministério do Meio Ambiente.

1. Processo TC-028.041/2016-0 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)


1.1. Responsáveis: Douglas Melo Figueiredo (519.072.671-15); Engel Construções e Projetos
Ltda (02.524.945/0001-38); Pericles Garcia Santos (843.667.701-30).
1.2. Órgão: Prefeitura Municipal de Anastácio/MS.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Mato Grosso do Sul (Sec-MS).
1.6. Representação legal: Kaio Bertozi de Souza Abu-jamra (OAB/MS 20.421) e outros.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.

ACÓRDÃO Nº 2675/2019 - TCU - 1ª Câmara

Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento


no art. 143, inciso III, do Regimento Interno do TCU, de acordo com o parecer emitido nos autos, em:
a) excluir da presente relação processual a empresa Resolver Assistência e Soluções
Empresariais Ltda. (CNPJ 00.327.711/0001-75);
b) acatar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Eduardo Moacyr Krieger
(CPF 015.326.428-49), Francisco de Paula Storino (CPF 003.606.517-04), Humberto Ribeiro de
Oliveira (CPF 337.552.137-53), Jacob Palis Junior (CPF 044.718.307-91) e Paulo de Goes Filho (CPF
219.028.107-59);
c) encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, aos
responsáveis; e
d) apensar os presentes autos ao TC 023.919/2013-2, nos termos do art. 169, inciso I, do
Regimento Interno/TCU.

1. Processo TC-003.396/2010-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)


1.1. Responsáveis: Academia Brasileira de Ciências (33.856.964/0001-95); Eduardo Moacyr
Krieger (015.326.428-49); Francisco de Paula Storino (003.606.517-04); Humberto Ribeiro de
Oliveira (337.552.137-53); Jacob Palis Junior (044.718.307-91); Paulo de Goes Filho (219.028.107-
59); Resolver Assistência e Soluções Empresariais Ltda. (00.327.711/0001-75).
1.2. Entidade: Academia Brasileira de Ciências.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Rio de Janeiro (Sec-RJ).
1.6. Representação legal: Elvis Brito Paes (OAB/RJ 127.610), Guilherme Campos Valentim
(OAB/RJ 209.102-E) e outros.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
83

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

SUSTENTAÇÕES ORAIS

Na apreciação do processo nº 039.189/2018-0, cujo Relator é o Ministro Benjamin Zymler, o Dr.


Ricardo Magaldi Messetti declinou da sustentação oral que havia solicitado em nome do Serviço
Social do Transporte - SEST e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT.

Na apreciação do processo nº 027.218/2013-9, cujo Relator é o Ministro Vital do Rêgo, a Dra.


Ana Carolina Mazoni e a Dra. Cristiana Muraro Fracari declinaram da sustentação oral que haviam
solicitado em nome de Ronaldo dos Santos Custódio e Eliane Luzia Schimitd.

REABERTURA DE DISCUSSÃO

Nos termos do § 5º do art. 112 do Regimento Interno, foi reaberta a discussão do processo nº
028.103/2015-7 (Ata nº 31/2018) e o Tribunal aprovou o Acórdão nº 2678, sendo vencedora a proposta
apresentada pelo Relator, Ministro Vital do Rêgo, à qual anuiu o Revisor, Ministro Benjamin Zymler.

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA

Por meio de apreciação unitária de processos, a Primeira Câmara proferiu os Acórdãos de nºs
2676 a 2703, a seguir transcritos, incluídos no Anexo I desta Ata, juntamente com os relatórios e os
votos em que se fundamentaram.

ACÓRDÃO Nº 2676/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 039.189/2018-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VI – Representação.
3. Representante: Maria Aparecida Bernardes Orlandi – EPP (CNPJ 14.369.686/0001-05).
4. Órgão/Entidade: Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. Ricardo Magaldi Messetti (30.373/OAB-DF), representando o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional.
8.2. Carlos Eduardo Colombi Froelich (170.435/OAB-SP) e outros, representando Maria
Aparecida Bernardes Orlandi – EPP.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada por Maria Aparecida
Bernardes Orlandi – EPP versando sobre supostas irregularidades que teriam sido constatadas no
Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018, realizado pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional, visando à aquisição de empilhadeiras a combustão
- GLP contrabalançadas com envelopamento, com vigência de 12 meses e valor estimado de R$
20.682.735,00 (vinte milhões seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e cinco reais), cujo
critério de julgamento foi o menor preço por item,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, em:
9.1. conhecer da presente representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do TCU e 113, § 1º, da Lei
8.666/1993, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
84

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. indeferir o pedido de cautelar formulado pela representante;


9.3. autorizar a continuidade do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018, realizado
pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional;
9.4. determinar ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional que,
no futuro:
9.4.1. realize estudos prévios, devidamente formalizados em documentos, que comprovem a real
necessidade das especificações definidas para equipamentos que serão adquiridos;
9.4.2. efetue prospecção de mercado que aponte a existência de um número razoável de
fornecedores aptos a atender todas as especificações técnicas do edital e entregar o equipamento
especificado no prazo estipulado naquele documento, apensando aos autos do processo de contratação
os resultados desse trabalho; e
9.4.3. comprove eventuais vantagens técnica e econômica para a entidade contratante
decorrentes da adjudicação do objeto em lote único;
9.5. dar ciência deste acórdão à representante.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2676-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2677/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 027.218/2013-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Prestação de Contas (exercício de 2012).
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Antônio Gomes de Farias Neto (171.781.699-15); Antonio Waldir Vittori
(230.991.949-72); Celso Knijnik (513.075.450-68); Cláudia Hofmeister (394.618.400-63); Dinovaldo
Gilioli (204.215.839-91); Engevix Engenharia e Projetos S/A (00.103.582/0001-31); Eurides Luiz
Mescolotto (falecido) (185.258.309-68); Luciana Miranda de Siqueira Lima (428.993.201-06); Luiz
Antônio Alves de Azevedo (748.362.268-72); Mario Augusto Gouvea de Almeida (028.555.736-02);
Marlete Barbosa Borges (194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (807.534.007-82);
Ricardo José Nunes Pereira Moraes (113.280.238-50); Ronaldo dos Santos Custódio (382.173.090-
00); Sônia Regina Jung (233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (597.321.131-20); Valter Luiz
Cardeal de Souza (140.678.380-34); Willian Rimet Muniz (240.392.506-30).
4. Entidade: Eletrosul Centrais Elétricas S.A.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no estado de Santa Catarina (Secex/SC).
8. Representação legal:
8.1. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) e outros, representando Ronaldo dos
Santos Custódio.
8.2. Rafael Rebelo Pereira (OAB/SC 24.868) e outros, representando Eletrosul Centrais Elétricas
S.A.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da prestação de contas da Eletrosul Centrais
Elétricas S.A., relativa ao exercício de 2012;
85

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara,


diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar regulares com ressalvas, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23,
inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, as
contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (falecido) (185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos Custódio
(382.173.090-00), expedindo-lhes quitação;
9.2. julgar regulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, as contas dos Srs.
Antônio Gomes de Farias Neto (171.781.699-15); Antônio Waldir Vittori (230.991.949-72); Cláudia
Hofmeister (394.618.400-63); Celso Knijnik (513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (204.215.839-91);
Luciana Miranda de Siqueira Lima (428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (748.362.268-
72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida (028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (194.922.098-29);
Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes
(113.280.238-50); Sônia Regina Jung (233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (597.321.131-20);
Valter Luiz Cardeal de Souza (140.678.380-34), e William Rimet Muniz (240.392.506-30), arrolados
na peça 2, dando-lhes quitação plena;
9.3. dar ciência deste acórdão à Eletrosul e aos responsáveis; e
9.4. arquivar estes autos.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2677-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2678/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 028.103/2015-7.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de reconsideração (Prestação de Contas).
3. Recorrente: Arnaldo Mendes de Souza Cruz (172.855.262-15).
4. Entidade: Departamento Regional do Senai no estado de Roraima.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Alcides da Conceição Lima Filho (OAB/RR 185), representando
Arnaldo Mendes de Souza Cruz.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto por Arnaldo
Mendes de Souza Cruz, diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
Departamento Regional do Estado de Roraima - Senai/RR, contra o Acórdão 4.222/2017-TCU-1ª
Câmara;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsideração, com fundamento nos arts. 32 e 33 da
Lei 8.443/1992, para, no mérito, dar-lhe provimento, para julgar regulares com ressalva as contas do
Sr. Arnaldo Mendes de Souza Cruz (172.855.262-15), tornando insubsistentes os itens 9.1 e 9.3 do
Acórdão 4.222/2017-TCU-1ª Câmara.
86

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2678-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Revisor),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2679/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 001.486/2016-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto II – Tomada de Contas Especial
3. Responsável: Jonas Gadelha de Andrade Bento (081.932.147-81).
4. Entidade: Ministério da Cultura; Secretaria de Fomento e Incentivo Fomento à Cultura.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (SecexTCE).
8. Representação legal: Ana Carolina Paulon Capozzi (356.133/OAB-SP) e outros,
representando Jonas Gadelha de Andrade Bento.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de tomada de contas especial instaurada
pelo Ministério da Cultura, por intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, tendo em
vista a ocorrência de supostas irregularidades na utilização de recursos captados pelo Sr. Jonas
Gadelha de Andrade Bento, na forma de doações ou patrocínios, sob a égide da Lei 8.313/1991 (Lei de
Incentivo à Cultura),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. rejeitar parcialmente as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade
Bento, em relação às despesas não comprovadas na prestação de contas, conforme a letra “b” do item 2
do ofício de citação;
9.2. fixar novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento
no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno, para que o
responsável efetue e comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das quantias a seguir
especificadas aos cofres do Fundo Nacional de Cultura, atualizada(s) monetariamente a partir das datas
indicadas até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

VALOR ORIGINAL DATA DA


(R$) OCORRÊNCIA
4.600,00 9/3/2012
750,44 20/6/2012
16,15 28/6/2012
1.520,02 4/7/2012
470,77 19/7/2012
157,84 31/7/2012
520,00 31/7/2012
513,75 31/7/2012
87

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. informar o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento de que a liquidação tempestiva do débito
atualizado monetariamente saneará o processo e permitirá que as contas sejam julgadas regulares com
ressalva, dando-lhe quitação, nos termos do § 4º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, ao passo
que a ausência dessa liquidação tempestiva levará ao julgamento pela irregularidade das contas, com
imputação de débito a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nos termos do
art. 19 da Lei 8.443/1992, bem como à aplicação da multa prevista no art. 57 da mesma Lei
8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2679-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2680/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 002.038/2014-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Antônio Wilson Speck (004.821.704-25); Yves Ribeiro de Albuquerque
(091.986.874-68)
3.2. Recorrente: Yves Ribeiro de Albuquerque (091.986.874-68).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Paulista - PE.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado de
Pernambuco (Sec-PE).
8. Representação legal:
8.1. Gilberto Lopes de Albuquerque Filho (21.397/OAB-PE) e outros, representando Yves
Ribeiro de Albuquerque.
8.2. Carlos Henrique Vieira de Andrada (12135/OAB-PE) e outros, representando Antônio
Wilson Speck.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Yves
Ribeiro de Albuquerque ao Acórdão 1.142/2019-1ª Câmara, que negou provimento a recurso de
reconsideração interposto pelo responsável contra o Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pelo Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque, para,
no mérito, rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação ao embargante.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2680-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
88

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2681/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 003.238/2015-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsável: Celso Luiz da Silva Vargas (519.587.401-87)
3.2. Recorrente: Celso Luiz da Silva Vargas (519.587.401-87).
4. Entidades: Município de Maracaju - MS e Ministério do Turismo
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria do TCU no Estado do Mato
Grosso do Sul (Sec-MS).
8. Representação legal: Erimar Hildebrando (OAB 9393/MS), em nome de Celso Luiz da Silva
Vargas.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de recurso de reconsideração interposto
pelo Sr. Celso Luiz da Silva Vargas contra o Acórdão 8594/2018-1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro nos arts. 32, I, e 33, da Lei 8.443/1992, conhecer do recurso de reconsideração
para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, a fim de atribuir a seguinte redação ao subitem 9.2 do
Acórdão 8594/2018-1ª Câmara:
“9.2. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19,
caput, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 210 do RI/TCU, ao pagamento da importância de R$ 140.000,00
(cento e quarenta mil reais), abatendo-se a parcela de R$ 1.843,30, correspondente ao saldo de
convênio devolvido em 30/8/2010, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante este Tribunal, em respeito ao art. 23, inciso III, alínea “a”, da
Lei 8.443/1992, c/c art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento da dívida aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora calculados a partir de
24/6/2010 até a data do efetivo recolhimento e com o abatimento de valores acaso já satisfeitos;”
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Ministério do Turismo, à Prefeitura
Municipal de Maracaju – MS e à Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul, neste caso, com
fulcro no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2681-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2682/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 004.086/2018-0.
89

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial


3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (00.378.257/0001-81)
3.2. Responsável: Valdir Soares da Costa (372.863.073-04).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Uruçuí - PI.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (Secex-
TCE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão da
não comprovação da regular aplicação de recursos federais repassados ao município de Uruçuí/PI, ao
longo do exercício de 2012, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas do sr. Valdir Soares da Costa, condenando-o ao pagamento das
quantias abaixo discriminadas, com a incidência dos devidos encargos legais, calculados a partir das
datas correspondentes até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, nos termos dos arts.
1°, inciso I, 16, inciso III, alíneas “a” e “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992:
Data Valor Original (R$)
26/03/2012 3.078,00
26/03/2012 24,00
26/03/2012 19.554,00
26/03/2012 5.448,00
30/03/2012 19.554,00
30/03/2012 5.448,00
30/03/2012 24,00
30/03/2012 3.078,00
26/04/2012 24,00
26/04/2012 5.448,00
26/04/2012 19.554,00
26/04/2012 3.078,00
31/05/2012 5.448,00
31/05/2012 19.554,00
31/05/2012 24,00
31/05/2012 3.078,00
29/06/2012 19.554,00
29/06/2012 9.080,00
29/06/2012 40,00
29/06/2012 3.078,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
90

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13/07/2012 2.400,00
31/07/2012 7.644,00
31/07/2012 9.080,00
31/07/2012 3.078,00
31/07/2012 40,00
31/07/2012 19.554,00
31/08/2012 7.644,00
31/08/2012 19.554,00
31/08/2012 40,00
31/08/2012 3.078,00
31/08/2012 9.080,00
28/09/2012 19.554,00
28/09/2012 3.078,00
28/09/2012 40,00
28/09/2012 9.080,00
28/09/2012 7.644,00
31/10/2012 7.644,00
31/10/2012 19.554,00
31/10/2012 9.080,00
31/10/2012 3.078,00
31/10/2012 40,00
30/11/2012 3.078,00
30/11/2012 9.080,00
30/11/2012 7.644,00
30/11/2012 40,00
30/11/2012 19.554,00
9.2. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que o responsável
comprove, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei
8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU (RI/TCU);
9.3. aplicar ao sr. Valdir Soares da Costa a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor
de R$ 57.000,00 (cinquenta e sete mil reais), fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da
notificação, para que o responsável comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, e 269
do RI/TCU), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, quando
paga após o vencimento, desde a data de prolação deste acórdão até a do efetivo recolhimento, na
forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.5. autorizar, desde já, caso requerido, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, alertando o responsável de que a falta de pagamento de qualquer
parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217 do RI/TCU;
9.6. dar ciência deste acórdão ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e à
Procuradoria da República no Estado do Piauí, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


91

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.


12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2682-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2683/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 004.999/2014-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Associação Brasileira das Entidades e Empresas de Gastronomia,
Hospedagem e Turismo (03.636.552/0001-89); Luís Antônio Paulino (857.096.468-49); Nassim
Gabriel Mehedff (007.243.786-34); Nelson de Abreu Pinto (024.789.868-68); Walter Barelli
(008.056.888-20)
3.2. Recorrentes: Associação Brasileira das Entidades e Empresas de Gastronomia, Hospedagem
e Turismo (03.636.552/0001-89); Nelson de Abreu Pinto (024.789.868-68).
4. Órgão/Entidade: Entidades e Órgãos do Governo do Estado de São Paulo.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
8. Representação legal: Daniel Soares Alvarenga de Macedo (36.042/OAB-DF), Ronaldo de
Almeida (236199/OAB-SP), Thiago Groszewicz Brito (31762/OAB-DF) e outros.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela Associação
Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo e pelo sr. Nelson de Abreu Pinto, presidente da
entidade à época dos fatos, em desfavor do Acórdão 1143/2019-Primeira Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pela Associação Brasileira de Gastronomia,
Hospedagem e Turismo e pelo sr. Nelson de Abreu Pinto para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação aos recorrentes.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2683-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2684/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 008.371/2009-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Aposentadoria
3. Interessado: Emmanuel Henriques de Andrade (002.776.654-34).
4. Entidade: Universidade Federal da Paraíba.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
92

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de aposentadoria concedida pela Universidade
Federal da Paraíba,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 71, inciso III, da Constituição Federal
e nos arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. considerar ilegal o ato de aposentadoria do sr. Emmanuel Henriques de Andrade, recusando
seu registro;
9.2. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas, em boa-fé, pelo
interessado, consoante o Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.3. determinar à Universidade Federal da Paraíba que:
9.3.1. faça cessar, no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da ciência desta deliberação, os
pagamentos decorrentes do ato impugnado, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade
administrativa omissa, consoante disposto nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal e 262 do
Regimento Interno desta Corte;
9.3.2. corrija, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da ciência desta deliberação, o valor da
função comissionada (FC) atualmente paga ao sr. Emmanuel Henriques de Andrade, quer como “FC
integral” (art. 193 da Lei 8.112/1990), quer como “quintos incorporados”, promovendo, para tanto, a
adequada correspondência entre as FC atribuídas ao inativo e as funções por ele efetivamente
exercidas (em particular a de diretor da Divisão de Assistência Médica Odontológica da universidade,
símbolo DAI 111.3), bem como observando a tabela de referência de FC adotada pelo órgão central do
Sipec, disponibilizada no sistema Siape;
9.3.3. dê ciência do inteiro teor desta deliberação ao sr. Emmanuel Henriques de Andrade,
alertando-o de que o efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos, caso não
providos, não o exime da devolução dos valores indevidamente percebidos após a notificação;
9.3.4. envie a esta Corte de Contas, no prazo de 30 (trinta) dias, por cópia, comprovante de que o
interessado teve ciência desta deliberação;
9.4. esclarecer à unidade de origem, com supedâneo no art. 262, § 2º, do Regimento Interno do
TCU, que a concessão considerada ilegal poderá prosperar mediante a emissão e o encaminhamento a
este Tribunal de novo ato concessório, escoimado das irregularidades apontadas nestes autos;
9.5. determinar à Sefip que monitore o cumprimento das medidas indicadas acima.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2684-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2685/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 019.350/2017-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (CNPJ
00.378.257/0001-81).
3.2. Responsável: José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00), ex-
93

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Prefeito Municipal de Pitimbu (PB).


4. Entidade: Prefeitura Municipal de Pitimbu (PB).
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Tocantins (Sec-TO).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em desfavor do Sr. José Rômulo Carneiro de
Albuquerque Neto, ex-prefeito do Município de Pitimbu (PB), em razão da omissão no dever de
prestar contas dos recursos federais repassados àquele ente federado, na modalidade fundo a fundo,
sob a égide do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, no exercício de 2011,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revel o Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00),
nos termos do § 3º do art. 12 da Lei 8.443/1992;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, I, 16, III, alíneas “a”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992 e 1º, I,
209, I, 210 e 214, III, do Regimento Interno do TCU, julgar irregulares as contas do Sr. José Rômulo
Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00), condenando-o ao pagamento das quantias a
seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação,
para comprovar perante o Tribunal, na forma prevista no art. 214, III, alínea “a”, do Regimento Interno
do TCU, o recolhimento das dívidas aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -
FNDE, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas até a data do recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:

VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
5.295,30 30/12/2010
102.692,60 31/08/2011
4.148,90 1º/09/2011
1.747,60 25/11/2011
3.165,90 1º/12/2011

9.3. aplicar ao Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00) a multa
prevista nos arts. 57 da Lei 8.443/1992 e 267 do Regimento Interno do TCU, no valor de R$ 30.000,00
(trinta mil reais), com a fixação do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para
comprovar perante este Tribunal, em conformidade com o disposto no art. 214, III, alínea “a”, do
Regimento Interno desta Corte de Contas, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas caso não sejam atendidas as notificações;
9.5. dar ciência deste acórdão ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do § 3º do art. 16 da
Lei 8.443/1992, para a adoção das providências que entenderem cabíveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
94

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2685-08/19-1.


13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2686/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 022.992/2017-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de contas especial
3. Responsável: Eduardo José Torreão Mota (160.296.154-91).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Serra Branca - PB.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Ceará (Sec-CE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em razão da
não comprovação da regular aplicação de recursos federais repassados pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator em:
9.1. julgar irregulares as contas do sr. Eduardo José Torreão Mota, condenando-o ao pagamento
das quantias abaixo relacionadas, com a incidência dos devidos encargos legais, calculados a partir das
datas correspondentes até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, nos termos dos arts.
1°, inciso I, 16, inciso III, alíneas “a” e “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992:
Data Valor (R$) - Débito Data Valor (R$) - Débito
23/3/2010 6.792,00 1/6/2010 306,00
23/3/2010 756,00 8/7/2010 756,00
23/3/2010 822,00 8/7/2010 306,00
23/3/2010 306,00 8/7/2010 822,00
24/3/2010 306,00 8/7/2010 6.792,00
24/3/2010 756,00 30/7/2010 756,00
24/3/2010 6.792,00 30/7/2010 306,00
24/3/2010 822,00 30/7/2010 822,00
1/5/2010 822,00 30/7/2010 6.792,00
1/5/2010 756,00 9/9/2010 756,00
1/5/2010 306,00 9/9/2010 6.792,00
1/5/2010 6.792,00 9/9/2010 306,00
1/6/2010 6.792,00 9/9/2010 822,00
1/6/2010 756,00 8/10/2010 756,00
1/6/2010 822,00 8/10/2010 6.792,00
9.2. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que o responsável de
que trata o subitem anterior comprove, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos
cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), nos termos do art. 23, inciso III,
alínea “a”, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU
(RI/TCU);
9.3. aplicar ao sr. Eduardo José Torreão Mota, individualmente, a pena de multa prevista no art.
57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais);
95

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.4. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que o responsável de
que trata o subitem anterior comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, e 269 do
RI/TCU), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada, quando paga
após seu vencimento, monetariamente desde a data de prolação deste acórdão até a do efetivo
recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.6. autorizar, desde já, caso requerido, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, alertando o responsável de que a falta de pagamento de qualquer
parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU;
9.7. dar ciência deste acórdão à Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do
art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2686-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2687/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 027.444/2010-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Aposentadoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Ana Valenga (357.089.309-00); Ana Valenga (357.089.309-00); Arlete Edling
(232.638.659-00); Arlete Edling (232.638.659-00); Eliezer Gomes da Silva (091.482.059-15); Eunice
Brisola Inocêncio (720.836.209-25); Eunice Brisola Inocêncio (720.836.209-25); Eunice Brisola
Inocêncio (720.836.209-25); Joensen Terezinha Lizott Disperati (253.533.659-68); Juarez Nelson
Alves de Lima (083.680.409-06); Marcelo Iacomini (183.940.949-53).
4. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal:
8.1. Vinicius Rafael Presente (66052/OAB-PR) e outros, representando Eunice Brisola
Inocêncio.
8.2. Ernani Moreno Silva (38.050/OAB-PR) e outros, representando Ana Valenga.
8.3. Mauricio de Jesus Tozetti (38.229/OAB-PR) e outros, representando Eliezer Gomes da
Silva.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de processo de aposentadoria de ex-servidores da
Universidade Federal do Paraná,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo relator e com fundamento na Constituição Federal, art. 71, III
e IX, e na Lei 8.443/1992, arts. 1º, V, e 39, II, em:
9.1. considerar legais os atos de concessão de aposentadoria aos ex-servidores Arlete Edling,
Juarez Nelson Alves de Lima e Eunice Brisola Inocêncio (número de controle 10792600-04-2015-
96

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

000133-0) e determinar seus registros;


9.2. considerar ilegais os atos de concessão de aposentadoria aos srs. Ana Valenga, Eliezer
Gomes da Silva, Eunice Brisola Inocêncio (números de controle 10792600-04-2016-000113-8 e
10792600-04-2005-000319-5), Joensen Terezinha Lizott e Marcelo Iacomini e a eles negar registro;
9.3. dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos de boa-fé pelos interessados
citados no subitem anterior, nos termos do Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.4. determinar à Universidade Federal do Paraná que adote as seguintes medidas, sob pena de
responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa:
9.4.1. dê ciência do inteiro teor desta deliberação aos srs. Ana Valenga, Eliezer Gomes da Silva,
Eunice Brisola Inocêncio, Joensen Terezinha Lizott e Marcelo Iacomini no prazo de quinze dias e faça
juntar a estes autos os comprovantes de notificação nos quinze dias subsequentes;
9.4.2. faça cessar, no prazo de trinta dias, os pagamentos efetuados com base nos atos ora
impugnados relativos aos srs. Ana Valenga, Eliezer Gomes da Silva, Joensen Terezinha Lizott e
Marcelo Iacomini;
9.4.3. esclareça aos interessados Eliezer Gomes da Silva, Joensen Terezinha Lizott Disperati e
Ana Valenga que suas aposentadorias poderão prosperar, nos moldes em que foram concedidas,
mediante o recolhimento da contribuição, de forma indenizada, sobre os períodos de atividade rural
averbados, nos termos do Enunciado 268 da Súmula da Jurisprudência do TCU;
9.4.4. informe ao sr. Eliezer Gomes da Silva que, em caso de não recolhimento da contribuição
previdenciária, poderá ser aposentado por idade, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição;
9.4.5. informe à sra. Ana Valenga que, em caso de não recolhimento de contribuição
previdenciária, será possível a aplicação do Enunciado 74 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal
para assegurar a aposentadoria na proporcionalidade de 25/30;
9.4.6. comunique à interessada Joensen Terezinha Lizott Disperati que, em caso de não
recolhimento da contribuição previdenciária, poderá inativar-se por idade, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição, calculados com base na Lei 10.887/2004;
9.4.7. cadastre novos atos para aqueles interessados que demonstrem o recolhimento da
contribuição previdenciária relativa ao tempo rural;
9.4.8. caso a entidade e a União venham a obter decisão favorável na ação 5057144-
19.2015.4.04.7000/JEF-PR, proceda à imediata correção dos proventos da sra. Eunice Brisola
Inocêncio, que deverão observar a proporcionalidade 27/30 (ato número de controle 10792600-04-
2015-000133-0);
9.5. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que, nos termos da Questão de Ordem
aprovada pelo Plenário do TCU em 8/6/2011, conforme disposto na Ata 22/2011-TCU-Plenário,
encaminhe ao Departamento de Assuntos Extrajudiciais da AGU, bem como à Conjur/TCU, as
informações necessárias ao acompanhamento da ação 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR, que
tramita junto à Turma Nacional de Uniformização (TNU) do Conselho da Justiça Federal.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2687-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2688/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 027.702/2015-4.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de Declaração em Recurso de Reconsideração em
97

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Prestação de Contas.
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Ângela Maria Gomes Portela (CPF 199.653.032-15); Antonio Helder
Medeiros Rebouças (CPF 231.584.503-30); Fernando de Souza Flexa Ribeiro (CPF 001.077.352-53);
Humberto Lucena Pereira da Fonseca (CPF 900.029.386-34); Ilana Trombka (CPF 742.707.450-53);
Jorge Ney Viana Macedo Neves (CPF 969.804.868-53); José Renan Vasconcelos Calheiros (CPF
110.786.854-87); Luiz Augusto Geaquinto dos Santos (CPF 351.882.941-68) e Luiz Fernando
Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56)
3.2. Embargante: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56).
4. Órgão: Senado Federal.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur) e Secretaria de Controle Externo da
Administração do Estado (SecexAdmin).
8. Representação legal: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, representando a si mesmo.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Luiz
Fernando Bandeira de Mello Filho, ex-Diretor-Geral do Senado Federal, ao Acórdão 12.376/2018 – 1ª
Câmara, por meio do qual foi julgado recurso de reconsideração interposto contra o Acórdão
2.742/2017 - 1ª Câmara, por meio do qual as contas do embargante relativas ao exercício de 2014
foram julgadas regulares com ressalva,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, uma vez que foram atendidos os requisitos
aplicáveis à espécie, para, no mérito, dar-lhes provimento;
9.2. em caráter excepcional, conferir efeitos infringentes aos embargos de declaração em tela, no
sentido de julgar regulares as contas do Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, na condição de
Diretor-Geral do Senado Federal, relativas ao exercício de 2014, conferindo-lhe quitação plena; e
9.3. dar ciência deste acórdão ao embargante e ao Senado Federal.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2688-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2689/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 027.735/2010-9.
1.1. Apenso: 023.515/2006-0
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Alexandre Macedo Sobral (588.810.505-87); Construtora Gautama Ltda.
(00.725.347/0001-00); Genaro de Almeida Brota (051.382.485-53); José Macedo Sobral
(349.506.805-87); José Monteiro Sobral (013.184.895-04); Maria Ione Macedo Sobral (390.559.575-
34); Mônica Macedo Sobral Maciel Silva (390.687.735-34); Paulo Hagenbeck (103.126.925-87).
3.2. Recorrente: Paulo Hagenbeck (103.126.925-87).
98

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Laranjeiras - SE.


5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado de Sergipe
(Sec-SE).
8. Representação legal:
8.1. Rodrigo Fernandes da Fonseca (6209/OAB-SE), Márcio Macedo Conrado (3806/OAB-SE) e
outros, representando Paulo Hagenbeck.
8.2. Márcio Cardoso de Barros (4278/OAB-SE) e outros, representando Maria Ione Macedo
Sobral.
8.3. Luiz Cláudio Araújo Ribeiro (45286/OAB-DF), representando Construtora Gautama Ltda.
8.4. Evânio José de Moura Santos (2884/OAB-SE), representando Mônica Macedo Sobral
Maciel Silva, José Macedo Sobral, Alexandre Macedo Sobral e Maria Ione Macedo Sobral.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto contra o
Acórdão 679/2016-1ª Câmara, que apreciou tomada de contas especial instaurada em razão do
superfaturamento na execução das obras de construção de infraestrutura de coleta e tratamento de
esgoto sanitário e de retificação do trecho urbano do rio Cotinguiba, objeto do Convênio MI 202-99,
celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e o Governo do Estado de Sergipe, parcialmente
transferido ao Município de Laranjeiras,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. nos termos dos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer do recurso de
reconsideração interposto pelo Sr. Paulo Hagenbeck, para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência ao recorrente desta deliberação.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2689-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2690/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 035.940/2015-8.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Tomada de contas especial
3. Responsáveis: Sérgio Bastos dos Santos (CPF 346.803.731-72), Adir Ferreira de Souza (CPF
211.980.046-49), Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda. (CNPJ 36.971.836/0001-80), e
Município de Colniza/MT (CNPJ 04.213.687/0001-02).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Colniza.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Rio de Janeiro (Sec-RJ).
8. Representação legal:
8.1. Dilermano João Thiesen Filho (OAB/MT 20854-B) e Daniel de Souza Teixeira
(20617B/OAB-MT), representando Adir Ferreira de Souza;
8.2. Alfredo Ribeiro da Cunha Lobo (OAB/DF 39.684), representando Sérgio Bastos dos Santos
99

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão da
não comprovação da regular aplicação de recursos federais repassados mediante convênio,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator em:
9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos sr. Adir Ferreira de Souza, nos termos
do art. 250, § 1º, do Regimento Interno do TCU;
9.2. julgar irregulares as contas do sr. Sérgio Bastos dos Santos e da empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda., condenando-os, solidariamente, ao pagamento das quantias
abaixo relacionadas, com a incidência dos devidos encargos legais, calculados a partir das datas
correspondentes até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, nos termos dos arts. 1°,
inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992:
VALOR (R$) DATA DA
OCORRÊNCIA
60.000,00 3/7/2006
93.110,00 30/11/2007
85.000,00 3/12/2007
9.3. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que os responsáveis
de que trata o subitem anterior comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias
aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU (RI/TCU);
9.4. aplicar aos responsáveis abaixo arrolados, individualmente, a pena de multa prevista no
art. 57 da Lei 8.443/1992, de acordo com os valores indicados:
Responsável Valor (R$)
Sérgio Bastos dos Santos 135.000,00
Impertec - Impermeabilizações e Construções 135.000,00
Ltda.
9.5. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que os responsáveis
de que trata o subitem anterior comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, e 269
do RI/TCU), o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas,
quando pagas após seu vencimento, monetariamente desde a data de prolação deste acórdão até a do
efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.8. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Município de Colniza e fixar novo e
improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento no art. 12, §§ 1º e 2º, da
Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno, para que efetue e comprove, perante este
Tribunal, o recolhimento da quantia a seguir especificada aos cofres Fundação Nacional de Saúde:
VALOR (R$) DATA DA
OCORRÊNCIA
13.799,56 26/2/2008
9.9. informar ao Município de Colniza que a liquidação tempestiva do débito atualizado
monetariamente saneará o processo e permitirá que as contas sejam julgadas regulares com ressalva,
dando-se-lhes quitação, nos termos do § 4º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, ao passo que a
ausência dessa liquidação tempestiva poderá levar ao julgamento pela irregularidade das contas, com
imputação de débito a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nos termos do
art. 19 da Lei 8.443/1992;
100

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.10. autorizar, desde já, caso requerido, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, alertando aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer
parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU;
9.11. determinar a constituição de processo apartado com a finalidade exclusiva da apuração do
dano imputado ao Município de Colniza;
9.12. dar ciência deste acórdão à Fundação Nacional de Saúde e à Procuradoria da República no
Estado do Mato Grosso, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2690-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2691/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 000.640/2018-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsideração (Prestação de Contas)
3. Recorrentes: Serviço Brasileiro de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas - Departamento
Nacional (00.330.845/0001-45); Serviço de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do
Sul (15.419.591/0001-03).
4. Órgão/Entidade: Serviço de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado do Mato
Grosso do Sul (Sec-MS).
8. Representação legal:
8.1. Luiz Aurélio Adler Ralho (11.639/OAB-MS), representando Serviço de Apoio Às Micro e
Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul.
8.2. Larissa Moreira Costa (16745/OAB-DF) e outros, representando Serviço Brasileiro de
Apoio Às Micro e Pequenas Empresas - Departamento Nacional.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os recursos de reconsideração pelo Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul (Sebrae/MS) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – Departamento Nacional (Sebrae/DN) contra o Acórdão 6.702/2018-TCU-Primeira
Câmara, por meio do qual foram julgadas regulares as contas do Sebrae/MS e proferidas determinação
e recomendação a esse jurisdicionado;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, parágrafo único, e 33 da Lei 8.443/92, não conhecer do
recurso de reconsideração interposto pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato
Grosso do Sul (Sebrae/MS);
9.2. com fundamento no art. 33 da Lei 8.443/1992, não conhecer do recurso de reconsideração
interposto pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Departamento Nacional
(Sebrae/DN);
101

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.3. juntar cópia desta deliberação aos processos TCs 033.590/2016-8, 008.416/2017-6 e
029.023/2016-5;
9.4. dar ciência deste acórdão ao Sebrae/MS e ao Sebrae/DN.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2691-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2692/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 004.465/2014-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VI – Representação
3. Responsáveis: Abel Smith Menezes (420.611.215-00); Bárbara Rafaela Santos da Rocha
(052.281.594-44); Danielle Andrade dos Santos (001.682.795-33); Marcus Alessandro Pereira dos
Santos (662.932.355-68).
4. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Sergipe.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Sergipe (Sec-SE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação formulada pela empresa F & F Comércio e
Serviços de Alimentos Ltda. acerca de possíveis irregularidades praticadas pela Fundação
Universidade Federal de Sergipe (Fufs) no âmbito do Pregão Eletrônico 152/2013, destinado à
contratação de serviços de preparo, fornecimento e distribuição de alimentos no restaurante
universitário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1. considerar parcialmente procedente a representação;
9.2. aplicar aos responsáveis abaixo indicados as multas a seguir discriminadas, com
fundamento no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar
da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno/TCU) , o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a
data deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da
legislação em vigor:
Responsável Valor (R$)
Marcus Alessandro Pereira dos Santos 9.000,00
Danielle Andrade dos Santos 3.000,00
Bárbara Rafaela Santos da Rocha 6.000,00
Abel Smith Menezes 15.000,00
9.3. autorizar, desde logo, caso venha a ser solicitado pelo responsável, o pagamento parcelado
da importância devida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, com a fixação do
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência da notificação, para comprovar perante o Tribunal o
recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior, para comprovar o
recolhimento das demais parcelas, devendo incidir sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os
correspondentes acréscimos legais, na forma da legislação vigente, além de alertá-lo que a falta de
102

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

comprovação do pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo


devedor, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c art. 217 do Regimento Interno do TCU;
9.4. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não seja paga até o seu vencimento, nos termos
do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92;
9.5. dar ciência deste acórdão ao representante e aos responsáveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2692-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2693/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 014.686/2016-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Carmelo Zitto Neto (620.467.488-91); Conselho Comunitário de Educação,
Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências (03.352.584/0001-52); Francisco Prado
de Oliveira Ribeiro (017.692.008-00); José Carlos Lemes (027.582.938-38); Plural Educação e
Cidadania (04.865.664/0001-74); Wania Aparecida Martins da Silveira (010.916.968-96).
4. Entidade: Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo
e Adjacências – Cecaema (03.352.584/0001-52); Plural Educação e Cidadania (04.865.664/0001-74).
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pela
Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE/MTE), em
razão de irregularidades na execução dos subconvênios Sert/Sine 260/04 e 188/04, celebrados entre a
Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP) e, respectivamente, o
Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências
(Cecaema) e a Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida, com
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) repassados ao Estado de São Paulo por meio do
Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. arquivar estes autos em relação ao Convênio Sert/Sine 260/04 (processo originário MTE
47101.000120/2012-84), com fundamento no art. 93 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 213 do Regimento
Interno do TCU, bem como no art. 6º, inciso I, c/c o art. 19 da Instrução Normativa-TCU 71/2012;
9.2. restituir os autos para o prosseguimento da tomada de contas especial em relação ao
subconvênio Sert/Sine 188/04 (processo originário MTE 47101.000090/2012-14); e
9.3. dar ciência desta decisão aos responsáveis e à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego
do Ministério da Economia.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
103

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2693-08/19-1.


13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2694/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 019.225/2014-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial)
3. Recorrente: Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba (67.652.149/0001-26).
4. Entidade: Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado de São
Paulo (Sec-SP).
8. Representação legal: José Antônio Alves de Brito Filho (154.562/OAB-SP) e outros,
representando Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto pelo
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Caraguatatuba contra o Acórdão 7.418/2016-TCU-
Primeira Câmara, que, em sede de tomada de contas especial, julgou irregulares suas contas e imputou-
lhe débito;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsideração e negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência deste acórdão ao recorrente e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República
no Estado de São Paulo.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2694-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2695/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 029.123/2015-1.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Maurício Sponton Rasi (120.261.718-23), DRR Construções e Comércio Ltda.
(02.607.198/0001-00) e Município de Porto Ferreira/SP (45.339.363/0001-94).
4. Entidade: Município de Porto Ferreira-SP.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: então Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-
RJ).
8. Representação legal:
8.1. Alexandre Faggion Castagna (OAB/SP 131.982), representando DRR Construções e
Comércio Ltda.;
104

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8.2. Evandro Evandro D'agostini Boari (OAB/MG 117.339) e outros, representando Maurício
Sponton Rasi.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia tomada de contas especial
instaurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em desfavor de Maurício Sponton Rasi, ex-
prefeito de Porto Ferreira/SP (2009 a 2012), em decorrência da reprovação da prestação de contas
parcial dos recursos repassados por conta do Termo de Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), cujo
objeto era a “substituição da rede de abastecimento da água”, no âmbito do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. excluir o Município de Porto Ferreira/SP e a empresa DRR Construções e Comércio Ltda.
da presente relação processual;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, e 18, combinados com o art. 23, inciso
II, todos da Lei 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas de Maurício Sponton Rasi, dando-
lhe quitação;
9.3. dar ciência deste acórdão aos responsáveis arrolados nos autos, à Fundação Nacional de
Saúde, ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ao Ministério Público do Estado de São Paulo e ao
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, informando que o inteiro teor do relatório e voto adotados
poderão ser consultados no endereço eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2695-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2696/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 040.422/2018-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VI – Representação
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. Silvia Regina Schmitt (OAB/DF 38.717), representando Valec Engenharia, Construções e
Ferrovias S.A.
8.2. Wanderley Romano Donadel (OAB/MG 78.870), representando Trivale Administração
Ltda.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação a respeito de possíveis
irregularidades relacionadas ao Pregão Eletrônico 14/2018, conduzido pela Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A., que tem por objeto a contratação de empresa especializada para o
gerenciamento dos cartões de vale-alimentação e/ou refeição eletrônicos, magnéticos, com chip e em
PVC, com recargas mensais, destinados aos diretores, empregados da empresa, compreendidos entre o
quadro próprio e os quadros especiais do extinto Geipot e da extinta RFFSA, e estagiários.
105

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira


Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do TCU, e no art. 103,
§ 1º, da Resolução-TCU 259/2014, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. dar ciência à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., com fundamento no art. 7º da
Resolução-TCU 265/2014, sobre as seguintes impropriedades, identificadas no Pregão Eletrônico
14/2018, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras
semelhantes:
9.2.1. ausência no planejamento da contratação de estudos preliminares e gerenciamento de
riscos, em desacordo com o art. 12 do Regulamento Interno de Licitações da Valec, tendo ainda como
exemplo de boas práticas os arts. 20, 24 e 26 da Instrução Normativa-Seges/MP 5/2017;
9.2.2. a exigência contida no item 10.1.2.1 do edital do certame, de comprovação de capacidade
técnica operacional por meio de fornecimento anterior para universo de no mínimo 1.000 (mil)
pessoas, contraria a jurisprudência do TCU, que é no sentido de a fixação de quantitativo mínimo não
deve ser superior a 50 % do quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar, conforme
Acórdãos 737/2012 e 827/2014, ambos do Plenário, entre outros;
9.3. dar ciência desta decisão à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e ao
representante.
10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.
11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2696-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2697/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 852.167/1997-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto I – Pedido de Reexame (Aposentadoria).
3. Recorrentes: Antonio Medeiros Gurgel (023.043.093-72) e Antonio Benito Carneiro
(010.126.733-91).
4. Entidade: Universidade Federal do Ceará.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Carlos Henrique da Rocha Cruz (OAB/CE 5.496) e outros, representando
Antonio Medeiros Gurgel e Antonio Benito Carneiro.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de pedidos de reexame interpostos por
Antonio Medeiros Gurgel e Antonio Benito Carneiro contra o Acórdão 10.089/2017-TCU-1ª Câmara,
por intermédio do qual este Tribunal, dentre outras medidas, considerou ilegais seus atos de
aposentadoria,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, com fundamento no artigo 48 da Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286 do RI/TCU, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer e dar provimento parcial aos presentes pedidos de reexame, de modo a considerar
regulares as aposentadorias de Antonio Medeiros Gurgel (023.043.093-72) e Antonio Benito Carneiro
106

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(010.126.733-91) aos trinta anos de efetivo tempo de magistério, com proventos integrais (art. 40,
inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, em sua redação original), mantendo-se a ilegalidade dos
atos em razão do pagamento indevido da vantagem do art. 192 da Lei 8.112/1990, de parcela relativa a
plano econômico e de quintos em valor acima do devido;
9.2. determinar à Universidade Federal do Ceará que, no prazo de 30 (trinta) dias, encaminhe
novos atos escoimados das irregularidades detalhadas no subitem anterior;
9.3. dar ciência deste acórdão aos recorrentes e à Universidade Federal do Ceará.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2697-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

ACÓRDÃO Nº 2698/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 012.862/2017-7.
2. Grupo II - Classe de Assunto: II - Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério do Turismo (vinculador) (05.457.283/0001-19).
3.2. Responsáveis: Maurílio Neris de Andrade Arruda (492.304.926-04); Manoel Jorge de Castro
(303.319.436-20).
4. Entidade: Município de Januária/MG.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Tocantins (Sec-TO).
8. Representação legal: Magno Luiz Moreira Magalhães (OAB/MG 126.547) representando
Manoel Jorge de Castro.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Caixa
Econômica Federal contra os Srs. Maurílio Neris de Andrade Arruda e Manoel Jorge de Castro, em
razão da execução parcial do objeto do Contrato de Repasse 186.705-30/2005;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar regulares com ressalva as contas de Maurílio Neris de Andrade Arruda e Manoel
Jorge de Castro, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº
8.443/1992, dando-lhes quitação;
9.2. dar ciência desta deliberação ao Ministério do Turismo, à Caixa Econômica Federal e aos
responsáveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2698-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2699/2019 – TCU – 1ª Câmara


107

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo nº TC 014.213/2014-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF 482.918.464-72); Rocha Construções
Ltda. - ME (CNPJ 01.339.526/0001-63).
4. Entidade: Município de Roteiro/AL.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Alagoas (Sec-AL).
8. Representação legal:
8.1. Isabela Oliveira Santos (OAB/DF 52.788) e outros, representando Rocha Construções Ltda.
- ME; 8.2. Fernando Antônio Barbosa Maciel (OAB/AL 4.690) e outros, representando Maria Helena
Castro Jatobá
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela
Fundação Nacional de Saúde, em razão de irregularidades na execução do Convênio 2.204/2001;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas de Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF 482.918.464-72), ex-
prefeita de Roteiro/AL, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, e 19, da
Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, do Regimento Interno do TCU;
9.2. julgar regulares com ressalvas as contas da Rocha Construções Ltda.-ME
(CNPJ 01.339.526/0001-63), com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da
Lei 8.443/1992, dando-lhe quitação;
9.3. dar ciência desta deliberação à Fundação Nacional de Saúde e aos responsáveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2699-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2700/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 020.157/2015-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Recurso de reconsideração (Tomada de Contas Especial).
3. Recorrente: Wagner Roberval Bernini (102.517.151-91).
4. Órgão/Entidade: Ministério da Cultura; e Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil
Central (Adebrac).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal:
8.1. Daniel Ricardo Davi Sousa (OAB/MG 94.229) e outros, representando Wagner Roberval
Bernini.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interpostos por Wagner
Roberval Bernini, em face do Acórdão 4.231/2017-TCU-1ª Câmara;
108

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira


Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsideração, consoante arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992,
para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência do presente acórdão ao recorrente.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2700-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2701/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 025.526/2015-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Pedido de reexame (Representação).
3. Recorrente: Gilson da Costa Mascarenhas (138.056.222-87).
4. Entidade: Conselho Regional de Química XIV Região (Am, AC, RO e RR).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Adriane Cristine Cabral Magalhães (OAB/AM 5.373).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedido de reexame interposto pelo Sr. Gilson da
Costa Mascarenhas, presidente do Conselho Regional de Química da XIV Região – CRQ XIV, contra
o Acórdão 8.606/2018–TCU–1ª Câmara;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame, com fundamento nos arts. 32, 33 e 48 da Lei 8.443/1992,
para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2701-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

ACÓRDÃO Nº 2702/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 003.044/2014-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério das Cidades (vinculador) ()
3.2. Responsáveis: Jânio Carlos Alves Freire (124.229.241-15); Ricardo Fortunato de Oliveira
(634.573.421-72).
4. Órgão/Entidade: Município de Trindade - GO.
109

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.


6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Goiás (Sec-GO).
8. Representação legal :
8.1. Sérgio Ferreira de Freitas Araújo (19.014/OAB-GO) e outros, representando Prefeitura
Municipal de Trindade - GO.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Caixa
Econômica Federal, interveniente contratada pelo Ministério das Cidades, concedente dos recursos
federais relativos ao Contrato de Repasse 000.347-75/2004 (Siafi 535477);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo relator e redator, em:
9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, George Morais Ferreira e Ricardo Fortunato de
Oliveira, dando-se prosseguimento ao processo, fundado no art.12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas por Jânio Carlos Alves Freire;
9.3. julgar regulares com ressalva as contas de Jânio Carlos Alves Freire e dar-lhe quitação, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I,16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.4. julgar irregulares as contas de Ricardo Fortunato de Oliveira, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, III, “a” e “c”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992, e condená-lo ao pagamento do débito de R$
179.748,27, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para que comprove,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da
dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a
partir de (10/03/2009) até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;
9.5. aplicar a Ricardo Fortunato de Oliveira a multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do
presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor;
9.6. julgar irregulares as contas de George Morais Ferreira, com fundamento nos arts. 1º, inciso
I, 16, inciso III, “b”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992;
9.7. aplicar a George Morais Ferreira a multa prevista no artigo 58, inciso I, da Lei 8.443/1992,
no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do
presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor;
9.8. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as notificações, nos termos do art.
28, II, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 219, inciso II, do Regimento Interno do TCU;
9.9. encaminhar cópia desta deliberação ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no
Estado de Goiás, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, para adoção das medidas que entender
cabíveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2702-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
110

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2703/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 006.418/2016-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16)
3.2. Responsáveis: Classe Construções e Locações Eireli (02.984.702/0001-82); Francisco
Geremias de Medeiros (293.209.843-87); João Mota Neto (124.212.783-68).
4. Entidade: Município de Lima Campos/MA.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (SecexTCE).
8. Representação legal: Nardo Assunção da Cunha (OAB/MA 4.613), representando Classe
Construções e Locações Eireli.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela
Fundação Nacional de Saúde contra Francisco Geremias de Medeiros e a empresa Classe Construções
e Locações Eireli, em razão da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos repassados
por meio Termo de Compromisso TC/PAC 819/2008 (Siafi 651974), cujo objeto era a execução de
sistema de abastecimento de água em localidades do município;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo relator:
9.1. considerar revel Francisco Geremias de Medeiros, para todos os efeitos, com fundamento no
art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, dando-se prosseguimento ao processo;
9.2. rejeitar as alegações de defesa da empresa Classe Construções e Locações Eireli;
9.3. acolher as alegações de defesa de João Mota Neto e excluir sua responsabilidade nestes
autos;
9.4. julgar irregulares as contas de Francisco Geremias de Medeiros e da empresa Classe
Construções e Locações Eireli, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘c’, 19 e 23,
inciso III, da Lei 8.443/1992, e condená-los ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da dívida à Fundação
Nacional de Saúde, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das
datas discriminadas até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

Data da Ocorrência Valor Original (R$)


12/2/2010 58.231,17
4/3/2010 35.323,25
14/2/2011 211.029,82

9.5. aplicar a Francisco Geremias de Medeiros e à empresa Classe Construções e Locações Eireli
a multa individual prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 240.000,00 (duzentos e
quarenta mil reais), com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da
dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data desta deliberação até a do efetivo
recolhimento, se paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.6. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as notificações, nos termos do art.
28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.7. encaminhar cópia desta deliberação à Procuradoria da República no Estado do Maranhão,
nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, bem como aos responsáveis e a João Mota Neto.
111

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2703-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

ENCERRAMENTO

Às 15 horas e 28 minutos, a Presidência encerrou a sessão, da qual foi lavrada esta ata, a ser
aprovada pelo Presidente e homologada pela Primeira Câmara.

(Assinado eletronicamente)
PAULO MORUM XAVIER
Subsecretário das Câmaras

Aprovada em 2 de abril de 2019.

(Assinado eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente

ANEXO DA ATA Nº 8, DE 26 DE MARÇO DE 2019

(Sessão Ordinária da Primeira Câmara)

PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA

Relatórios, Votos ou Propostas de deliberação e os Acórdãos de nºs 2676 a 2703, aprovados pela
Primeira Câmara.

GRUPO II – CLASSE VI – Primeira Câmara


TC 039.189/2018-0.
Natureza: Representação.
Entidade: Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional – Sest/Senat.
Representante: Maria Aparecida Bernardes Orlandi – EPP (CNPJ 14.369.686/0001-05).
Representação legal:
Ricardo Magaldi Messetti (30.373/OAB-DF), representando o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional;
Carlos Eduardo Colombi Froelich (170.435/OAB-SP) e outros, representando Maria Aparecida
Bernardes Orlandi - EPP.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PREGÃO ELETRÔNICO PARA REGISTRO DE PREÇOS.


AQUISIÇÃO DE EMPILHADEIRAS A COMBUSTÃO. EXISTÊNCIA DE CLÁUSULAS
SUPOSTAMENTE RESTRITIVAS NO EDITAL DO CERTAME. OITIVAS. SUBSISTÊNCIA DE
FALHAS QUE NÃO IMPEDEM A CONTINUIDADE DA LICITAÇÃO. REPRESENTAÇÃO
PARCIALMENTE PROCEDENTE. DETERMINAÇÕES.
112

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

RELATÓRIO

Trata-se de representação formulada por Maria Aparecida Bernardes Orlandi – EPP versando
sobre supostas irregularidades que teriam sido constatadas no Pregão Eletrônico para Registro de
Preços 158/2018, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho
Nacional, visando à aquisição de empilhadeiras a combustão - GLP contrabalançadas com
envelopamento, com vigência de 12 meses e valor estimado de R$ 20.682.735,00 (vinte milhões
seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e cinco reais), cujo critério de julgamento foi o menor
preço por item.
2. Em síntese, a representante alegou que:
a) o item 21.3 do edital exige a entrega dos equipamentos no prazo de 60 dias contados da data
da requisição pela contratante (peça 2, p. 14). A exiguidade desse lapso temporal torna necessária a
propriedade ou a disponibilidade prévia dos itens. Cabe destacar que, em conformidade com o disposto
no item 7 do edital (peça 2, p. 4), está prevista a compra de 83 empilhadeiras, durante os 12 meses de
vigência da ata de registro de preços ora sob comento. Por fim, cumpre esclarecer que esse quantitativo
pode ser ampliado para 186 máquinas;
b) o licitante não sabe quando será requerida a aquisição nem em quais cidades as empilhadeiras
deverão ser entregues, o que restringe significativamente a participação de interessados;
c) o licitante precisará adquirir os equipamentos, por vezes, por meio de importação, o que
dificulta o cumprimento do prazo de 60 dias. Assim sendo, esse prazo deveria ser de, no mínimo, 120
dias;
d) o item 11.1.4 do edital (peça 2, p. 9), quando trata da comprovação da regularidade fiscal, não
faz a devida distinção entre duas categorias de tributos municipais (mobiliários e imobiliários). Assim
sendo, a comprovação da regularidade fiscal não ficou restrita aos tributos relativos ao seu ramo de
atividade, o que contraria a Lei 8.666/1993 e a jurisprudência do TCU; e
e) existe uma contradição na tabela apresentada no item 6.1 do edital, no que concerne ao
número de amostras a serem disponibilizadas pela empresa vencedora do certame. Na coluna
quantidade, está escrito o número “2” e, entre parênteses, está escrito “uma”.
3. Com fulcro nessas alegações, a representante solicitou a suspensão cautelar do pregão em tela.
4. Após analisar os documentos acostados aos presentes autos, a unidade técnica salientou que:
a) o representante possui legitimidade para representar ao Tribunal, em conformidade com o
disposto no arts. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do
TCU;
b) esta representação preencheu os requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie, uma vez
que foi redigida em linguagem clara e objetiva; contém o nome legível, a qualificação e o endereço do
representante; encontra-se acompanhada de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade
apontada pelo autor; trata de matéria de competência do TCU e os argumentos do autor indicam a
possibilidade de existência de interesse público, caso restem comprovadas as supostas irregularidades
apontadas na peça inicial, consoante o disposto no art. 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014; e
c) assim sendo, a representação em tela deve ser conhecida.
5. No que concerne à cautelar pleiteada pela representante, o auditor frisou que:
a) em consulta ao site “http://compras.sestsenat.org.br”, verificou-se que a sessão de abertura
das propostas, inicialmente prevista para ocorrer no dia 31/10/2018, foi adiada para 6/11/2018, visando
alegadamente “ampliar competitividade e resposta de impugnação”;
b) realizada a sessão de abertura das propostas, a empresa melhor classificada (Mirazab
Comércio e Serviços Técnicos Eirele - CNPJ 30.223.033/0001-61), que havia proposto o valor de R$
111.197,49 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e quarenta e nove centavos), foi inabilitada
por não ter apresentado a documentação requerida no edital no prazo estabelecido. Assim sendo, foi
chamada a segunda colocada (Tractorbel Equipamentos Ltda. - CNPJ 22.873.238/0001-64), cuja
113

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

proposta atingia R$ 111.197,50 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos),
que apresentou os documentos solicitados;
c) nesse contexto, estava configurado o pressuposto do perigo da demora, em razão de o certame
estar em processamento;
d) estava afastado o perigo na demora reverso, uma vez que não se vislumbrava impacto
significativo da concessão da cautelar sobre o funcionamento da entidade que promoveu a licitação;
e) o TCU já reconheceu que as entidades integrantes do Sistema ‘S’ podem editar seus próprios
regulamentos sobre licitações e contratos. Contudo, há limites para a atuação dessas entidades, que não
podem simplesmente deixar de lado os princípios regentes dessa matéria. Nesse sentido, a Decisão
907/1997 – Plenário previu que:
“os Serviços Sociais Autônomos não estão sujeitos à observância aos estritos procedimentos
estabelecidos na Lei nº 8.666/1993, mas aos seus regulamentos próprios devidamente publicados,
consubstanciados nos princípios gerais do processo licitatório”;
f) o vulto da contratação e a necessidade de capacidade logística e operacional para entregar os
equipamentos em todo o território nacional, no prazo de 60 dias, diminuem a quantidade de potenciais
interessados em participar da licitação em tela. O gestor deve buscar a ampliação da competição, de
modo a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração. Todavia, as exigências
questionadas pelo representante, por si só, não caracterizam inequivocamente restrição que afronte a
lei ou os princípios administrativos;
g) as empilhadeiras à combustão - GLP são comercializadas no Brasil por marcas como Hyster-
Yale, Still, Toyota, Clark e Hyundai, por intermédio de distribuidores e revendedores autorizados.
Assim sendo, a importação não é o único meio disponível para fornecer tais equipamentos;
h) a representante alegou ser inviável o fornecimento no prazo estabelecido sem apresentar
qualquer elemento que corrobore esse argumento. Também não foi demonstrado o afastamento de
outras empresas. Nesse sentido, cabe frisar que foram apresentadas 6 (seis) propostas nesta licitação.
Assim sendo, entende-se que o Sest/Senat deve demonstrar que, nos estudos técnicos preliminares,
identificou potenciais fornecedores que teriam condições de atender a todos os requisitos da
contratação. Deve também justificar a licitação em lote único, para fornecimento do objeto em
diversos estados da federação, uma vez que a divisão do objeto em itens, de forma regionalizada,
poderia aumentar a competitividade do certame e reduzir os custos dos bens licitados;
i) o valor da melhor oferta apresentada foi idêntico ao preço máximo unitário aceitável,
estabelecido pelo edital em R$ 111.197,50 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e cinquenta
centavos), o que implica dizer que não houve disputa apta a gerar uma redução do valor estimado.
Além disso, uma análise realizada no Portal de Compras do Governo Federal, apontou aquisições de
empilhadeiras a gás no valor médio de R$ 89.199,50 (oitenta e nove mil cento e noventa e nove reais e
cinquenta centavos). Dessa forma, deve o Sest/Senat manifestar-se e apresentar os estudos, as
pesquisas e os cálculos que fundamentaram o estabelecimento do preço teto acima mencionado;
j) diante do acima exposto, em que pese estar configurado o pressuposto do perigo na demora e
afastado o perigo na demora reverso, avalia-se não haver elementos suficientes nos autos para concluir
sobre a plausibilidade jurídica dos argumentos trazidos na representação. Tendo em vista que esse
juízo de mérito é essencial para a eventual adoção de medida cautelar, julga-se ser necessário realizar
uma oitiva prévia.
6. Em seguida, o auditor acrescentou que:
a) item 11.1.4 do edital, que trata da exigência de comprovação de regularidade fiscal, traz
disposições em conformidade com o estabelecido no art. 29, III, da Lei 8.666/1993. Nesse sentido,
cumpre transcrever o seguinte excerto do voto condutor do Acórdão 1.788/2003 - Plenário, elaborado
pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti (TC 006.081/2001-4):
“61. A Lei de Licitações exige a comprovação de regularidade para com a Fazenda Federal,
Estadual e Municipal, sem especificar quaisquer espécies de créditos, de onde concluo que se deve
114

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

exigir a apresentação de certidões que comprovem a regularidade atinente a todos os créditos das
mencionadas Fazendas.
62. Portanto, os licitantes devem buscar certidões, emitidas pelos órgãos federais, estaduais e
municipais competentes, que atestem a plena regularidade fiscal”.
b) logo, não devem ser acolhidas as alegações da representante referentes a esse item;
c) a alegada contradição na especificação da quantidade da amostra a ser apresentada pelo
licitante melhor classificado, que consta do item 6.1 do termo de referência do edital (peça 3, p. 23), é
afastada pelo item 12.1 do edital (peça 3, p. 10), o qual prevê a apresentação de 1 (uma) amostra;
d) qualquer dúvida sobre o edital poderia ter sido objeto de questionamento junto ao pregoeiro,
via sistema eletrônico de licitação do contratante. Consultando o sistema informatizado, constatou-se
que um dos interessados fez essa consulta e obteve a informação de que se tratava de 1 (uma) unidade;
e
e) conclui-se que a dita contradição configurou uma mera falha formal, insuficiente para
macular o instrumento convocatório.
7. Com espeque nessas considerações, o auditor propôs (peça 7):
a) conhecer desta representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de admissibilidade
aplicáveis à espécie;
b) realizar a oitiva prévia do Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte -
Conselho Nacional, com fulcro no art. 276, § 2º do Regimento Interno do TCU para que, no prazo de
cinco dias úteis, se pronunciasse, em relação ao Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018,
acerca da existência dos pressupostos da medida cautelar pleiteada e dos indícios de irregularidades
acima relacionados; e
c) alertar o Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional
quanto à possibilidade de o TCU adotar medida cautelar para suspender o certame, caso houvesse
indicativo de elementos que caracterizassem afronta às normas legais ou possibilidade de ocorrência
de prejuízos para a administração.
8. O Diretor da 3ª Diretoria da Selog e o titular daquela unidade técnica manifestaram sua
concordância com essa proposta (peças 8 e 9).
9. Nesse contexto, emiti despacho com o seguinte teor (peça 10):
“Trata-se de representação formulada por Maria Aparecida Bernardes Orlandi – EPP com
fulcro em supostas irregularidades que teriam sido constatadas no Pregão Eletrônico para Registro
de Preços 158/2018, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho
Nacional, visando à aquisição de empilhadeiras a combustão - GLP contrabalançadas com
envelopamento.
2. Em síntese, a representante alegou que:
a) o item 21.3 do edital exige a entrega dos equipamentos no prazo de 60 dias contados da data
da requisição pela contratante (peça 2, p. 14). A exiguidade desse lapso temporal torna necessária a
propriedade ou a disponibilidade prévia dos itens. Cabe destacar que, em conformidade com o
disposto no item 7 do edital (peça 2, p. 4), está prevista a compra de 83 empilhadeiras, durante os 12
meses de vigência da ata de registro de preços ora sob comento. Por fim, cumpre esclarecer que esse
quantitativo pode ser ampliado para 186 máquinas;
b) o licitante não sabe quando será requerida a aquisição nem em quais cidades as
empilhadeiras deverão ser entregues, o que restringe significativamente a participação de
interessados;
c) o licitante precisará adquirir os equipamentos, por vezes, por meio de importação, o que
dificulta o cumprimento do prazo de 60 dias. Assim sendo, esse prazo deveria ser de, no mínimo, 120
dias;
d) o item 11.1.4 do edital (peça 2, p. 9), quando trata da comprovação da regularidade fiscal,
não faz a devida distinção entre duas categorias de tributos municipais (mobiliários e imobiliários).
115

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Assim sendo, a comprovação da regularidade fiscal não ficou restrita aos tributos relativos ao seu
ramo de atividade, o que contraria a Lei 8.666/1993 e a jurisprudência do TCU; e
e) existe uma contradição na tabela apresentada no item 6.1 do edital, no que concerne ao
número de amostras a serem disponibilizadas pela empresa vencedora do certame. Na coluna
quantidade, está escrito o número “2” e, entre parênteses, está escrito “uma”.
3. Com fulcro nessas alegações, a representante solicitou a suspensão cautelar do pregão em
tela.
4. Preliminarmente, saliento que estão presentes todos os requisitos de admissibilidade
estabelecidos para as representações nos arts. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, 235 e 237, VII, do
Regimento Interno do TCU e 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014. Por via de consequência, esta
representação deve ser conhecida.
5. Quanto aos requisitos para a concessão da cautelar, destaco que, consoante informado pela
unidade técnica:
a) a sessão de abertura das propostas, inicialmente prevista para ocorrer no dia 31/10/18, foi
adiada para o dia 6/11/18, visando alegadamente “ampliar competitividade e resposta de
impugnação”; e
b) realizada a sessão de abertura das propostas, a empresa melhor classificada, Mirazab
Comércio e Serviços Técnicos Eirele (CNPJ 30.223.033/0001-61), que havia apresentado proposta no
valor de R$ 111.197,49 (cento e onze mil e cento e noventa e sete reais e quarenta e nove centavos),
foi inabilitada por não ter apresentado a documentação requerida no edital no prazo estabelecido.
Diante disso, foi chamada a segunda colocada, a empresa Tractorbel Equipamentos Ltda. (CNPJ
22.873.238/0001-64), cuja proposta foi no valor de R$ 111.197,50 (cento e onze mil e cento e noventa
e sete reais e cinquenta centavos). Essa última empresa apresentou tempestivamente os documentos
solicitados, os quais se encontram em fase de análise pela área técnica do contratante.
6. Com espeque nessas considerações, entendo, em linha de sintonia com a unidade técnica, que
está configurado o perigo da demora, em razão de o certame sob exame estar em processamento.
7. Por oportuno, aduzo que não restou identificado nos autos nenhum indício de perigo na
demora reverso.
8. Esclarecidos esses pontos, passo agora a analisar a fumaça de bom direito.
9. Em primeiro lugar, saliento que o vulto da contratação almejada pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional associada à distribuição das empilhadeiras pelo
território nacional e ao estabelecimento de prazos relativamente curtos demandará do licitante
vencedor que ele detenha uma boa capacidade logística e operacional. Sob esse ponto de vista, as
condições propostas podem, em tese, ensejar a restrição da competitividade do certame. Assim sendo,
essa questão deve ser analisada com maior profundidade.
10. A unidade técnica informou que empilhadeiras à combustão - GLP são comercializadas no
Brasil por marcas como Hyster-Yale, Still, Toyota, Clark e Hyundai, que contam com distribuidores e
revendedores autorizados, não sendo a importação, a princípio, o único meio disponível para
fornecimento dessas máquinas.
11. Acrescento que a representante não apresentou qualquer elemento que corrobore sua
alegação de que é inviável o fornecimento no prazo estabelecido no edital. Também não foi
evidenciado nestes autos o afastamento de outras empresas que poderiam estar interessadas em
participar desse pregão. Cabe frisar que, conforme consta do histórico da sessão de abertura das
propostas, foram apresentadas 6 (seis) propostas.
12. Nesse contexto, julgo que o Sest/Senat deve demonstrar que, nos seus estudos técnicos
preliminares, identificou os potenciais fornecedores que teriam condições de atender a todos os
requisitos da contratação, principalmente quanto ao prazo para entrega. Adicionalmente, deve ser
justificada a realização de uma licitação em lote único, para fornecimento do respectivo objeto em
diversos estados da federação, uma vez que a divisão desse objeto em itens, de forma regionalizada,
poderia aumentar a competitividade do certame e reduzir os custos.
116

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Cumpre salientar ainda que o valor da melhor proposta foi idêntico ao preço máximo
unitário aceitável estabelecido pelo edital. Dessa constatação, pode-se deduzir não houve uma disputa
efetiva, que poderia ter ocasionado a redução do valor estimado.
14. Por fim, destaco que a unidade técnica, por meio de pesquisa realizada no Portal de
Compras do Governo Federal, verificou que o preço médio das empilhadeiras a gás adquiridas
atingiu R$ 89.199,50 (oitenta e nove mil e cento e noventa e nove reais e cinquenta centavos).
Consequentemente, julgo que o Sest/Senat deve ser instado a apresentar os estudos, pesquisas e
cálculos realizados com o fito de fixar o preço máximo unitário aceitável do objeto licitado, que foi
estipulado em R$ 111.197,50 (cento e onze mil e cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos).
15. Diante do acima exposto, julgo que, em que pese estar configurado o pressuposto do perigo
da demora e afastado o perigo da demora reverso, não há elementos suficientes nos autos para
concluir sobre a plausibilidade jurídica dos argumentos trazidos nesta representação, o que é
essencial para a eventual adoção de medida cautelar. Logo, entendo ser necessária a realização de
oitiva prévia.
16. Com fulcro nessas considerações, decido:
a) conhecer desta representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de admissibilidade
constantes dos arts. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, 235 e 237, VII, do Regimento Interno do TCU e 103,
§ 1º, da Resolução TCU 259/2014;
b) realizar a oitiva prévia do Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte -
Conselho Nacional, com fulcro no art. 276, § 2º, do Regimento Interno do TCU para que, no prazo de
cinco dias úteis, se pronuncie, em relação ao Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018,
acerca da existência dos pressupostos da medida cautelar pleiteada e acerca dos indícios de
irregularidades indicados na instrução elaborada pela unidade técnica, em especial quanto aos
seguintes tópicos, sem prejuízo de que apresente designação formal de interlocutor que conheça da
matéria para dirimir eventuais dúvidas, informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato:
- demonstração de que, nos estudos técnicos preliminares, foram identificados os potenciais
fornecedores que teriam condições de atender a todos os requisitos da contratação, principalmente
quanto ao prazo para entrega;
- justificativas para a adoção de licitação em lote único, para fornecimento do objeto em
diversos estados da federação, em vez da divisão desse objeto em itens, de forma regionalizada, que
poderia aumentar a competitividade do certame e reduzir os custos;
- justificativas para a fixação do preço máximo unitário aceitável do objeto no valor de R$
111.197,50 (cento e onze mil e cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos), apresentando os
estudos, pesquisas e cálculos realizados, considerando que pesquisa realizada no Portal de Compras
do Governo Federal registrou aquisições de empilhadeiras a gás pelo valor médio de R$ 89.199,50
(oitenta e nove mil e cento e noventa e nove reais e cinquenta centavos); e
c) alertar o Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional
quanto à possibilidade de o TCU vir a conceder medida cautelar para suspender o certame em tela,
caso haja indicativo de elementos que caracterizem afronta às normas ou possibilidade de ocorrência
de prejuízos à Administração; e
d) encaminhar cópia da instrução elaborada pela unidade técnica para o Sest/Senat - Serviço
Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional, visando embasar as respostas à oitiva
prévia.
À Selog, para a adoção das providências cabíveis.”
10. A oitiva foi regularmente realizada, tendo o Sest/Senat encaminhado tempestivamente as
informações solicitadas pelo TCU (peças 13 a 22). Após analisar os documentos acostados aos
presentes autos, o auditor salientou que o processo licitatório em questão foi suspenso em 28/11/2018 e
a entidade do Sistema S aguardará o pronunciamento do Tribunal acerca da presente Representação.
Entende-se, portanto, ter sido afastado o periculum in mora.
11. Em seguida, o auditor acrescentou que:
117

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- Quanto ao item da oitiva relativo à demonstração de que, nos estudos técnicos preliminares,
foram identificados os potenciais fornecedores que teriam condições de atender aos requisitos da
contratação, principalmente quanto ao prazo para entrega
- Alegações do Sest/Senat
a) os Núcleos Pedagógicos do Sest/Senat seriam “órgãos técnicos vinculados ao Departamento
Executivo que têm como objetivos estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre assuntos
de desenvolvimento profissional para decisões do Departamento Executivo e do Conselho Nacional”;
b) o equipamento que seria adquirido deveria atender satisfatoriamente todas as necessidades
pedagógicas e de segurança do curso de operador de empilhadeira. Assim sendo, com vistas a embasar
as especificações técnicas, foram realizadas reuniões com o Núcleo Pedagógico Nacional do
Sest/Senat, nas quais profissionais com expertise nas áreas de educação e transporte foram
consultados. Os requisitos fixados para a aquisição desses bens foram estipulados levando em
consideração sua adequação ao aprendizado dos trabalhadores do transporte, além da ampla
competitividade, da economicidade e da eficiência da compra em tela; e
c) o prazo de entrega do equipamento foi definido levando em consideração o lapso de 45 dias
estabelecido em contrato anteriormente firmado pela própria entidade, cujo objeto era constituído por
empilhadeiras importadas. Na licitação sob comento, houve a participação de seis empresas, que
ofertaram produtos de fabricação nacional e importada, com as mesmas condições competitivas, o que
demonstra o prazo de 60 dias era absolutamente compatível com o objeto licitado;
- Análise do auditor
a) o Senat não se pronunciou quanto aos fornecedores que teriam condições de atender os
requisitos da contratação, tampouco encaminhou os estudos técnicos preliminares relacionados à
licitação em questão. Entretanto, após contato realizado pela Selog, o ente do Sistema S encaminhou
ao Tribunal três DVDs com as seguintes denominações:
- “Processo 272/2018 – Empilhadeiras” (peça 21): contendo cópia digital do processo
administrativo relativo ao Pregão Eletrônico 158/2018;
- “Estudo Técnico Preliminar – Núcleo Pedagógicos” (peça 22): com cópias de mensagens
eletrônicas trocadas entre as diversas unidades do Senat, versando sobre aspectos pontuais referentes
às especificações técnicas da empilhadeira; e
- “633/2017 – Empilhadeira” (peças 23 e 24): contendo cópia digital do processo administrativo
relativo ao Pregão Eletrônico 59/2018, que também tratava de aquisições de empilhadeiras. Essa
licitação foi considerada fracassada após a desclassificação da melhor proposta, que não atendeu às
especificações mínimas previstas no edital, e a constatação de que a proposta seguinte havia
ultrapassado o valor máximo previsto para o objeto;
b) na fixação dos requisitos que o objeto pretendido deve cumprir, cabe ao ente promotor do
certame cotejar suas necessidades com as opções disponíveis no mercado, de forma que o atendimento
a sua demanda seja realizado com o maior nível de competitividade possível. Importa ressaltar que as
especificações técnicas previstas no edital devem refletir a efetiva necessidade da entidade, sem a
inserção de requisitos supérfluos ou impertinentes que restrinjam indevidamente a competitividade;
c) como o objeto licitado se destinava à formação de operadores de empilhadeiras, caberia à
entidade demonstrar a imprescindibilidade dos requisitos exigidos para que o objetivo da contratação
fosse atingido, qual seja, a capacitação de operadores de empilhadeira para o mercado de trabalho. Tal
conduta, entretanto, não foi devidamente demonstrada pelo Senat, uma vez que, na documentação
apresentada, não foram localizados os estudos que subsidiaram as especificações técnicas exigidas no
Termo de Referência;
d) cumpre salientar que os requisitos mínimos deveriam estar justificados nos estudos técnicos
preliminares, uma vez que a legislação relativa a licitações e contratos, inclusive o Regulamento de
Licitações e Contratos do Senat (parte final do art. 2º), veda exigências que restrinjam indevidamente a
competitividade do certame. Embora a entidade tenha informado que as especificações do objeto
foram resultado de aprofundada análise realizada pela área requisitante juntamente com o Núcleo
118

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Pedagógico Nacional do Sest/Senat, a documentação apresentada como “estudo técnico preliminar”


(peça 22) contém apenas troca de mensagens (e-mail) entre diversas unidades desse ente, nas quais
foram emitidas opiniões acerca de aspectos pontuais dos critérios técnicos fixados no Termo de
Referência;
e) apesar do argumento de que, em contratação anterior realizada pela entidade, o prazo de 45
dias para a entrega dos bens teria sido suficiente, entende-se que, em razão da quantidade de
equipamentos e dos inúmeros locais de entrega previstos no instrumento convocatório, esse período
também deveria ter sido considerado nos estudos técnicos preliminares;
f) dessa forma, julga-se necessário realizar nova oitiva do Senat, com o fito de obter
justificativas para a ausência de estudos prévios ao certame relacionados aos seguintes aspectos:
- imprescindibilidade das especificações técnicas exigidas no Termo de Referência do Pregão
Eletrônico 158/2018;
- indicação de equipamentos disponíveis no mercado capazes de atender às exigências do edital;
e
- prazo de 60 dias para a entrega do objeto, considerando o quantitativo de empilhadeiras
previsto no certame;
- Quanto ao item da oitiva relativo às justificativas para a realização de licitação em lote único,
para fornecimento do objeto em diversos estados da federação, em vez da divisão desse objeto em
itens, de forma regionalizada, a qual poderia aumentar a competitividade do certame e reduzir os
custos
- Alegações do Sest/Senat
a) o tipo de licitação adotado foi o menor preço, em lote único, uma vez que os vários itens
guardariam compatibilidade entre si e seriam produzidos e comercializados de maneira uniforme;
b) uma pesquisa de mercado teria comprovado que o agrupamento em um mesmo lote não
restringiria o caráter competitivo do procedimento licitatório, pois a maioria dos licitantes estaria
habilitada a fornecer a totalidade dos itens;
c) buscou-se preservar a competitividade do certame e a economia de escala, bem como
assegurar a responsabilidade contratual e o princípio da padronização. Nesse sentido, cabe destacar
que o agrupamento dos itens torna o processo mais célere e menos dispendioso para o Sest/Senat. Por
outro lado, o parcelamento do objeto traria evidente prejuízo para o conjunto a ser licitado, bem como
ensejaria a perda da economia de escala;
d) a divisão do objeto, de forma regionalizada, traria prejuízos para a entidade, uma vez que
abriria a possibilidade de vários licitantes serem declarados vencedores de parcelas do objeto, cenário
que poderia resultar na aquisição de equipamentos com diferentes sistemas de acionamento (manual ou
pedal), o que impossibilitaria o atendimento da necessidade de padronização dos cursos ofertados pelo
Senat em todo território nacional. Esse último cenário “inviabilizaria a uniformidade do equipamento,
manutenção, treinamento dos instrutores para ministrar os cursos, bem como, a elaboração de
material didático, ensejando, por consectário, prejuízos aos cofres do Senat”;
e) a existência de inúmeros instrumentos contratuais acarretaria maior dificuldade para o
gerenciamento exercido pela área técnica. Já o contato com fornecedor único diminuiria custos
administrativos de gerenciamento de todo o processo de contratação, especialmente quanto ao
fornecimento e à garantia do produto;
f) as cotações de preços obtidas junto aos fornecedores consideraram os itens aglutinados;
g) o Sest/Senat considerou, na definição do tipo de licitação, a pertinência e a viabilidade prática
dos procedimentos adotados, de forma a viabilizar a contratação mais vantajosa sobre todos os
aspectos; e
h) embora a divisão do objeto seja a regra geral, o agrupamento dos itens foi realizado com a
devida cautela, em plena consonância com a prática de mercado, de modo a assegurar ampla
competitividade ao certame;
- Análise do auditor
119

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) a divisão do objeto por região ensejaria a formação de lotes menores, o que poderia aumentar
a competitividade da licitação, uma vez que possibilitaria a participação de empresas menores, que não
teriam condições de oferecer todo o quantitativo previsto no edital. Além disso, permitiria adequar os
preços ofertados à logística necessária para a entrega do objeto, tendo em vista que as empilhadeiras
deverão ser entregues em 186 diferentes unidades do Senat, distribuídas por todo território nacional;
b) embora o Senat assevere que pesquisas de mercado teriam indicado que o agrupamento do
objeto em lote único não traria prejuízos à competitividade do certame, não foram apresentados
elementos que comprovem essa afirmativa. Da mesma forma, a alegada economia de escala não foi
demonstrada pela entidade;
c) quanto ao possível prejuízo para a padronização dos cursos que serão ofertados, entende-se
que, de fato, a aquisição de diferentes modelos poderá gerar trabalhos adicionais na elaboração do
material didático. Não obstante, como todos os equipamentos deverão atender às especificações
técnicas previstas no edital, haverá similaridade entre eles, razão pela qual é possível supor que as
diferenças na operação do equipamento não seriam tão relevantes. Além disso, a existência de modelos
diversos poderá até contribuir para o aperfeiçoamento do curso e do preparo técnico dos trabalhadores,
pois permitirá expor as diferenças entre os diversos equipamentos, o que enriquecerá a formação dos
alunos. Deve-se considerar que, ao final da capacitação, espera-se que o profissional esteja apto a
operar não apenas um equipamento específico, de determinada marca, mas também outros similares,
ampliando as possibilidades de acesso ao mercado de trabalho; e
d) diante do acima exposto, entende-se cabível solicitar ao Senat que se manifeste quanto à
ausência de estudos que demonstrem que a opção pela adjudicação do objeto em lote único seria, em
relação ao parcelamento, mais vantajosa para a entidade. Conforme entendimento reiterado do TCU, a
exemplo do Acórdão 3.009/2015 - Plenário, “o parcelamento deve ser a regra, excepcionada apenas
quando for justificadamente prejudicial ao interesse público ou da administração”;
- Quanto ao item da oitiva relativo às justificativas para a fixação do preço máximo unitário
aceitável do objeto no valor de R$ 111.197,50 (cento e onze mil e cento e noventa e sete reais e
cinquenta centavos), apresentando os estudos, as pesquisas e os cálculos realizados, considerando que
pesquisa realizada no Portal de Compras do Governo Federal registrou aquisições de empilhadeiras a
gás pelo valor médio de R$ 89.199,50 (oitenta e nove mil e cento e noventa e nove reais e cinquenta
centavos)
- Alegações do Sest/Senat
a) a Coordenação de Compras teria estimado os custos com base em consultas a fornecedores,
em contratações anteriores da instituição e no painel de preços denominado “banco de preços”. Foram
analisados todos os valores válidos obtidos, sendo excluídos aqueles que se encontravam 30% acima
da média, com fulcro em entendimento reiterado do TCU e no Manual de Orientação de Pesquisa de
Preços do Superior Tribunal de Justiça;
b) o valor constante do Portal de Compras do Governo Federal apontado pelo TCU está
incorreto, devendo ser ajustado para R$ 98.800,00 (noventa e oito mil e oitocentos reais), que
corresponde à média dos valores contratados pela Indústria de Material Bélico (Pregão Eletrônico
3/2018) e pelo 8º Depósito de Suprimento (Pregão Eletrônico 8/2018), que foram R$ 95.000,00
(noventa e cinco mil reais) e R$ 102.600,00 (cento e dois mil e seiscentos reais), respectivamente;
c) contudo, para que essa média possa ser utilizada como parâmetro, é imprescindível conhecer
as especificações técnicas dos equipamentos adquiridos pelas citadas instituições e sua
compatibilidade com os licitados no certame em análise; e
d) com fulcro nos documentos que comprovam a realização de pesquisa de preços juntados ao
presente processo, na análise crítica dos valores e na aplicação da regra objetiva do percentual de 30%,
concluiu ter sido demonstrada a economicidade do valor global estimado, que atingiu R$
20.682.735,00 (vinte milhões seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e cinco reais);
- Análise do auditor
120

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) a pesquisa realizada no “Painel de Preços” do Portal de Compras do Governo Federal apontou


o valor médio de R$ 89.199,50 (oitenta e nove mil cento e noventa e nove reais e cinquenta centavos)
para aquisição de empilhadeiras a gás. Essa quantia foi calculada com base em duas licitações, que
foram realizadas pelo Comando do Exército (Pregão Eletrônico 8/2018) e pela Indústria de Material
Bélico do Brasil (Pregão Eletrônico 3/2018), cujos valores unitários atingiram R$ 83.399,00 (oitenta e
três mil trezentos e noventa e nove reais) e R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais), respectivamente.
Reitera-se, portanto, os dados apresentados pela Selog na etapa processual anterior;
b) além dessas duas referências apresentadas pelo “Painel de Preços”, foram identificadas no
Comprasnet as seguintes licitações destinadas à aquisição de empilhadeiras movidas a gás:

Uasg Licitação Valor unitário (R$)


925.387 104/2017 102.000,00
925.046 39/2017 68.400,00
926.254 5/2017 71.000,00
925.777 108/2018 82.800,00
168.006 12/2017 79.400,00
c) na tabela acima, constata-se a existência de uma considerável variação nos preços das
empilhadeiras, que pode ser parcialmente explicada por eventuais diferenças de especificação.
Considerando que os equipamentos pretendidos serão utilizados em cursos destinados à formação de
operadores de empilhadeira, cabe questionar ao Senat se todas as características exigidas são, de fato,
pertinentes, uma vez que o preço estimado na licitação e o obtido no certame sugerem tratar-se de
equipamento superior a todos os demais.
12. Em seguida, o auditor salientou que, na instrução inicial (peça 7), entendeu-se estar
caracterizado o periculum in mora. Contudo, em razão da presente representação, o Senat suspendeu
o Pregão Eletrônico 158/2018 e anunciou que aguardará o pronunciamento do TCU, o que afasta o
referido perigo. Dessa forma, propõe-se o indeferimento da medida cautelar pleiteada pela
representante.
13. Com espeque nessas considerações, o auditor propôs (peça 23):
a) conhecer da presente representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste Tribunal e 87, § 2º, da
Lei 13.303/2016;
b) indeferir o pedido de concessão de medida cautelar, formulado por Maria Aparecida
Bernardes Orlandi - EPP; e
c) realizar a oitiva do Senat, com amparo no art. 250, V, do Regimento Interno do TCU, para
que, no prazo de quinze dias, se pronuncie quanto aos seguintes pontos relativos ao Pregão Eletrônico
18/2018:
c.1) justifique a ausência de estudos prévios ao certame, especialmente quanto aos seguintes
aspectos:
c.1.1) origem e imprescindibilidade das especificações técnicas exigidas no Termo de
Referência do Pregão Eletrônico 158/2018 para a finalidade a que se destina as empilhadeiras (cursos
de capacitação);
c.1.2) ausência de levantamento de mercado quanto aos equipamentos capazes de atender a
todas as especificações técnicas requeridas no instrumento convocatório; e
c.1.3) viabilidade do prazo de 60 dias para a entrega do objeto, considerando o quantitativo de
empilhadeiras e de locais de entrega previsto no certame; e
c.2) manifeste-se quanto à ausência de estudos que demonstrem que a opção pela adjudicação
do objeto em lote único seria, em relação ao parcelamento, mais vantajosa técnica e economicamente
para a entidade, considerando o previsto na Súmula TCU 247.
14. O Diretor da 3ª Diretoria da Selog, no exercício da competência conferida pelo titular
daquela unidade técnica, manifestou sua concordância com essa proposta (peça 24).
121

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15. Após realizar uma análise preliminar destes autos, proferi despacho (peça 25), do qual
destaco o seguinte trecho:
“15. A Selog, após analisar os documentos apresentados pelo Senat em resposta à oitiva acima
descrita, destacou que:
a) não foram apresentados os estudos prévios ao certame relacionados aos seguintes aspectos:
imprescindibilidade das especificações técnicas exigidas no Termo de Referência do Pregão
Eletrônico 158/2018, indicação de equipamentos disponíveis no mercado capazes de atender às
exigências do edital e fixação do prazo de 60 dias para a entrega do objeto tendo em vista o
quantitativo de empilhadeiras previsto no certame em tela;
b) não foi demonstrado que a opção pela adjudicação do objeto em lote único é mais vantajosa
para a entidade contratante;
c) considerando que os equipamentos pretendidos serão utilizados em cursos destinados à
formação de operadores de empilhadeira, cabe questionar ao Senat se todas as características
exigidas são, de fato, pertinentes, uma vez que o preço estimado na licitação e o obtido no certame
sugerem tratar-se de equipamento muito sofisticado.
16. Adicionalmente, a unidade técnica informou que o Senat suspendeu o Pregão Eletrônico
158/2018 e aguardará o pronunciamento deste Tribunal para dar continuidade ao referido certame.
Por via de consequência, está afastado o perigo na demora.
17. Com espeque no acima exposto, decido:
a) indeferir o pedido de concessão de medida cautelar, formulado por Maria Aparecida
Bernardes Orlandi – EPP;
b) determinar a oitiva do Senat, com amparo no art. 250, V, do Regimento Interno do TCU,
para que, no prazo de quinze dias, se pronuncie quanto aos seguintes pontos relativos ao Pregão
Eletrônico 18/2018:
b.1) ausência de estudos prévios ao certame relativos à necessidade e adequação das
especificações técnicas exigidas no Termo de Referência do Pregão Eletrônico 158/2018,
considerando que as empilhadeiras serão utilizadas em cursos de capacitação;
b.2) não realização de levantamento no mercado dos equipamentos que seriam capazes de
atender a todas as especificações técnicas requeridas no instrumento convocatório;
b.3) não demonstração da viabilidade do prazo de 60 dias para a entrega do objeto licitado,
considerando o quantitativo de empilhadeiras e de locais de entrega previsto no certame;
b.4) inexistência de estudos que demonstrem que a opção pela adjudicação do objeto em lote
único seria mais vantajosa técnica e economicamente para a entidade, quando comparada com a
divisão do mencionado objeto em lotes;
c) determinar o encaminhamento de cópia deste despacho e da instrução elaborada pela Selog
ao Senat e à representante.”
16. A oitiva acima descrita foi regularmente realizada, tendo sido tempestivamente respondida
pelo Sest/Senat. Após analisar os novos documentos acostados a este processo, o auditor frisou que:
- Quanto ao item da oitiva relativo à ausência de estudos prévios ao certame relativos à
necessidade e adequação das especificações técnicas exigidas no Termo de Referência do Pregão
Eletrônico 158/2018, considerando que as empilhadeiras serão utilizadas em cursos de capacitação
- Alegações do Sest/Senat
a) os estudos técnicos prévios ao certame foram realizados em duas etapas. Nos dias 14 e
17/3/2017, técnicos do Departamento Executivo Nacional do Sest/Senat, responsáveis pela elaboração
do Termo de Referência, foram capacitados no curso de operador de empilhadeiras, ministrado por
instrutores da unidade operacional do Sest/Senat de Brasília. Buscou-se fornecer a esses técnicos os
conhecimentos necessários sobre os requisitos pedagógicos exigidos nos treinamentos que serão
ofertados, bem como sobre as especificidades do equipamento que será utilizado;
b) no segundo semestre de 2017 e no primeiro de 2018, foram realizadas consultas e reuniões
técnicas envolvendo a Assessoria de Projetos Especiais (área requisitante) e o Núcleo Pedagógico
122

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Nacional do Sest/Senat, com o fito de embasar as especificações técnicas da empilhadeira. Esses


eventos permitiram que profissionais com expertise nas áreas de educação e transporte expusessem e
formalizassem suas opiniões sobre o equipamento em tela, que foram consolidadas em um documento
que norteou a elaboração do Termo de Referência; e
c) visando comprovar essas alegações, a entidade encaminhou cópias de atas de reunião,
apresentações e e-mails;
- Análise do auditor
a) não foi encaminhado estudo que justifique, diante das diversas opções de mercado, a
necessidade de adquirir máquinas com as especificações adotadas no certame para atingir os objetivos
dos cursos de capacitação;
b) os documentos encaminhados foram os seguintes:
- “Apresentação Núcleo Pedagógico” (peça 31), na qual são analisadas em confronto
especificações elaboradas pelo Departamento Executivo e sugestões do Núcleo Pedagógico;
- e-mails trocados entre diversas unidades da entidade, nos quais são emitidas opiniões sobre o
item “transmissão” da especificação técnica, que é descrito no Termo de Referência (peças 32 a 50);
- fichas técnicas de empilhadeiras de diferentes fabricantes (peças 51 a 62), sem informações
quanto às análises que teriam sido empreendidas em relação a esses equipamentos; e
- ata de reunião, na qual foi debatida a aquisição de empilhadeiras a combustão ou elétricas. No
entanto, não se chegou a nenhuma conclusão quanto a esse assunto (peça 63, p. 5). Cabe salientar que
a reunião não teve como proposito principal a discussão da especificação da empilhadeira, sendo esse
apenas um dos itens analisados;
c) considerando os valores pesquisados pela unidade técnica, que foram explicitados
anteriormente neste relatório, avalia-se que o preço estimado na licitação e o obtido no certame, que
atingiram R$ 111.197,50 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos), indicam
que se demandou um equipamento superior aos demais existentes no mercado. Afinal, ainda que se
considere os custos de entrega dos equipamentos nas diferentes localidades indicadas no edital, a
diferença entre o valor estimado no certame sob exame e o maior valor unitário obtido nas pesquisas
realizadas no Comprasnet, que foi de R$ 102.000,00 (cento e dois mil reais), ultrapassa R$ 9.000,00
(nove mil reais). Cumpre lembrar que essa diferença, quando são consideradas as 186 empilhadeiras
que se pretende adquirir, supera R$ 1.674.000,00 (um milhão seiscentos e setenta e quatro mil reais);
d) o Sest/Senat estimou os preços a serem praticados na licitação em tela com base em
orçamentos apresentados por dois fornecedores e em duas pesquisas de preços realizadas no
Comprasnet (peça 21, p. 97). As mencionadas empresas foram a Tractobel Equipamentos, que orçou o
valor unitário dos equipamentos em R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), e a SDO Comércio,
Importação e Locação, que estipulou a quantia de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais);
e) Tractobel Equipamentos sagrou-se vencedora do certame, tendo o Sest/Senat considerado que
sua proposta e o atestado por ela apresentado atendiam ao que foi exigido no Termo de Referência;
f) como resultado das pesquisas no Comprasnet, o ente do Sistema S registrou duas aquisições
de empilhadeiras. No primeiro caso, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte,
adquiriu uma máquina, no valor de R$ 82.800,00 (oitenta e dois mil e oitocentos reais). Por meio da
segunda licitação, a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal comprou 2 equipamentos, pelo valor
unitário de R$ 111.990,00 (cento e onze mil novecentos e noventa reais). Constata-se que ambos os
certames se referiam a quantidades de bens muito inferiores à prevista no registro de preços do
Sest/Senat, em que o edital garantia a aquisição de, no mínimo, 83 empilhadeiras;
g) os documentos encaminhados ao TCU não permitem aferir a adequação das especificações às
reais necessidades de capacitação. Ao contrário, suscitam dúvidas quanto à escolha de uma única
especificação para atender todo o território nacional;
h) cabe salientar que, nos e-mails encaminhados, observam-se divergências entre Conselhos
Regionais quanto à melhor especificação, em função da realidade local;
123

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

i) o e-mail inicial, encaminhado em 9/4/2018 pela Assessoria de Projetos Especiais da Diretoria


Executiva aos Conselhos Regionais do Sest/Senat, informou que o Núcleo Pedagógico Nacional optou
pelo controle de direção “por pedais, monotrol”. Na sequência, foi solicitado aos Conselhos Regionais
que “fosse encaminhada justificativa técnica para a opção do item controle de direção por pedais em
detrimento do controle por chave de reversão”. Por fim, foi esclarecido que “tal justificativa se faz
necessária para que possamos dar prosseguimento ao processo licitatório”. Parece ter havido uma
inversão do procedimento adequado de escolha da especificação, pois primeiro se decidiu pelo
controle de direção por pedais e depois se buscou uma justificativa técnica junto aos Conselhos
Regionais, com o objetivo de embasar o processo licitatório;
j) alguns Conselhos, tendo em vista suas condições locais, manifestaram-se contrariamente à
escolha do Núcleo Pedagógico Nacional acima citada, como se observa nos exemplos abaixo:
- Unidade Foz do Iguaçu/PR (peça 33, p. 1):
“O CRPR é favorável ao controle por chave de reversão, pois a transmissão por pedais não é
comum nas empresas e o mau uso por parte do operador encarece a manutenção do equipamento;”
- Unidade Pernambuco (peça 37, p. 1):
“Não aconselhamos o uso do monotrol.
Mesmo com toda tecnologia empregada o sistema monotrol é um sistema que na sua operação
requer mais disciplina, mesmo com o controle de aceleração, o operador pode em uma reação e
movimento involuntários causar um acidente devido à proximidade com outros comandos.
Isso acontece com mais frequência devido a atos inseguros, vícios de operação ou falta de
treinamento específico, já que os operadores sentem-se encorajados a não utilizar o pedal de freio,
utilizando apenas o pedal de mudança de sentido.”
- Unidade Chapecó/SC (peça 44, p. 1):
“Em análise com dois profissionais que atuam com operação do equipamento empilhadeira,
Instrutor Ivandro (Chapecó) e Técnico Everaldo (Itajaí), avaliou-se que a opção exclusiva por
direcional por pedais (monotrol) atrelaria a uma marca específica e quanto aos benefícios técnicos,
os profissionais indicaram que ambos atenderiam a necessidade.”
- Unidade Picos/PI (peça 46, p. 1):
“Informo que o CRNE I optou, na época, pelo equipamento com chave de reversão.”
k) por fim, no Termo de Referência, foi especificada a transmissão por pedal ou chave de
reversão. Aduz-se que, embora o edital tenha permitido a oferta dos dois modelos, o indicado pelo
licitante vencedor terá que ser aceito por todas as unidades do Sest/Senat;
l) diante do acima exposto, constata-se que o procedimento adotado pela Assessoria de Projetos
Especiais da Diretoria Executiva, que solicitou justificativas técnicas para os Conselhos Regionais,
após a tomada de decisão pelo Núcleo Pedagógico, suscita dúvidas quanto ao adequado
estabelecimento das especificações da empilhadeira e à escolha de um único modelo para atender todo
o território nacional;
m) somado a isso, o não encaminhamento a este Tribunal de documentos hábeis para comprovar
a realização de estudos prévios sobre a adequação das especificações adotadas e o elevado valor
estimado para a empilhadeira pelo Sest/Senat tornam a manifestação dessa entidade insuficiente para
demonstrar a regularidade do procedimento licitatório;
n) caberia à entidade demonstrar a imprescindibilidade dos requisitos exigidos para que o
objetivo da contratação fosse atingido, qual seja, a capacitação de operadores de empilhadeira para o
mercado de trabalho. Tal conduta, entretanto, não foi devidamente demonstrada pelo Senat, uma vez
que, na documentação apresentada, não foram localizados os estudos que subsidiaram as
especificações técnicas exigidas no Termo de Referência. Cabe salientar que os requisitos mínimos
exigidos deveriam estar justificados nos estudos técnicos preliminares de forma a afastar o risco de
serem indevidamente restritivos, uma vez que a legislação relativa a licitações e contratos, inclusive a
parte final do art. 2º do Regulamento de Licitações e Contratos do Senat, veda tais exigências; e
124

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

o) dessa forma, restou configurada uma irregularidade que compromete a licitação, razão pela
qual os argumentos apresentados pelos gestores do Sest/Senat não devem prosperar;
- Quanto ao item da oitiva relativo à não realização de levantamento no mercado dos
equipamentos que seriam capazes de atender a todas as especificações técnicas requeridas no
instrumento convocatório
- Alegações do Sest/Senat
a) o Sest/Senat, para definir as especificações técnicas do Termo de Referência, se baseou na
expertise acumulada pela instituição, que há 14 anos oferta cursos para formação e reciclagem de
Operadores de Empilhadeiras. Adicionalmente, foram levadas em conta as decisões do Núcleo
Pedagógico Nacional e as consultas realizadas junto aos instrutores dos cursos de máquinas das
Unidades Operacionais e às fichas técnicas dos modelos de empilhadeiras disponíveis no mercado;
b) visando constatar a disponibilidade de empilhadeiras no mercado que atendesse
satisfatoriamente ao Termo de Referência, foram realizadas buscas e análises em fichas técnicas de
fabricantes de empilhadeiras disponíveis na internet, por isso, não foi necessário contatar possíveis
fornecedores na fase de elaboração do Termo de Referência;
c) a empilhadeira a ser adquirida possui 2.500 Kg de capacidade de carga, é do tipo combustão –
GLP, com características universais e requisitos necessários para garantir a segurança dos alunos, não
havendo no Termo de Referência nenhum item que possa inviabilizar ou restringir o caráter
competitivo do procedimento licitatório;
d) o Sest/Senat possui, em suas Unidades Operacionais, 16 empilhadeiras com capacidade de
2.500 Kg, o que demonstra que o produto especificado segue um padrão já utilizado pela instituição; e
e) todas as marcas comercializam empilhadeiras com capacidade de 2.500 Kg, que é o modelo
de empilhadeira mais comum no mercado, o que confere competitividade ao certame:

Figura 1 – Marcas aptas a fornecer empilhadeiras com capacidade de 2.500kg


Fonte: Resposta de comunicação - Referente ao Ofício 1847/2018 (peça 30)
- Análise do auditor
a) para fixar os requisitos que o objeto pretendido deve atender, o ente promotor do certame deve
cotejar suas necessidades com as opções disponíveis no mercado, de forma a gerar o maior nível de
competitividade possível. Assim sendo, as especificações técnicas previstas no edital devem refletir a
real necessidade da entidade, sem a inserção de requisitos supérfluos ou impertinentes;
b) as buscas e análises realizadas pelo gestor nas fichas técnicas de fabricantes de empilhadeiras
disponíveis na internet não foram suficientes para definir parâmetros técnicos que promovessem um
ambiente competitivo, como demonstrou o resultado do pregão. Afinal, 6 empresas apresentaram
propostas e não houve disputas por lances;
c) a empresa melhor classificada, Mirazab Comércio e Serviços Técnicos Eireli, propôs o valor
de R$ 111.197,49 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e quarenta e nove centavos), um
centavo abaixo daquele que foi estimado pela administração, foi inabilitada por não ter entregue a
documentação requerida no edital no prazo estabelecido. Diante disso, foi chamada a segunda
125

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

colocada, Tractorbel Equipamentos Ltda., que pleiteou o pagamento de R$ 111.197,50 (cento e onze
mil centos e noventa e sete reais e cinquenta centavos), exatamente a quantia prevista pela
administração. Essa última entidade privada apresentou os documentos solicitados, que foram aceitos
pela área técnica do contratante;
d) verifica-se que não houve disputa que levasse a uma redução do valor estimado, em certame
de valor vultoso (R$ 20.682.735,00 – vinte milhões seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e
cinco reais), para o fornecimento de bem comum, cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser
objetivamente definidos, por meio de especificações usuais no mercado, conforme estabelecido no art.
1 º, parágrafo único, da Lei 10.520/2002;
e) apesar de se tratar de certame para registro de preço, no âmbito do qual a aquisição de 186
empilhadeiras, no prazo de 12 meses, era apenas uma expectativa, foi definido no edital (peça 2, p. 13)
a aquisição de, no mínimo, 83 máquinas, o que perfaz um valor total de R$ 9.229.392,50 (nove
milhões duzentos e vinte e nove mil trezentos e noventa e dois reais e cinquenta centavos). Constata-se
que um ambiente competitivo produziria desejável disputa entre interessados em fornecer tais
equipamentos;
f) as especificações técnicas da empilhadeira, sem demonstração por estudos prévios da sua real
necessidade nem das condições do mercado fornecedor, juntamente com os requisitos da entrega, em
186 localidades de todo o território nacional, no prazo de 60 dias contados a partir da requisição da
administração, são fatores que possivelmente restringiram de forma indevida a competição;
g) as justificativas apresentadas na manifestação do gestor não demonstram a diversidade de
fornecedores para o objeto licitado, pois tratam apenas da capacidade de carga, que é um requisito
entre tantos estabelecidos na extensa especificação técnica da empilhadeira descrita no item 1 do
Termo de Referência (peça 2, p.18). A avaliação da diversidade de fornecedores deveria ter sido
realizada considerando todas as especificações, de forma a evidenciar ambiente concorrencial; e
h) a realização de pesquisa das condições de mercado não foi devidamente demonstrada pelo
Sest/Senat. Cabe salientar que os requisitos mínimos exigidos, cotejados com as opções disponíveis no
mercado, deveriam estar justificados nos estudos técnicos preliminares, uma vez que a legislação
relativa a licitações e contratos, inclusive o Regulamento de Licitações e Contratos do Sest/Senat, na
parte final do art. 2º, veda exigências que restrinjam indevidamente a competitividade do certame.
Assim sendo, as alegações da entidade não devem prosperar;
- Quanto ao item da oitiva relativo à não demonstração da viabilidade do prazo de 60 dias para a
entrega do objeto licitado, considerando o quantitativo de empilhadeiras e de locais de entrega previsto
no certame
- Alegações do Sest/Senat
a) no contrato anteriormente firmado pela própria entidade, que teve por objeto a compra de
empilhadeiras importadas, foi adotado o prazo de 45 dias. Aduziu que o fornecedor entregou os
equipamentos com antecedência média de 8,5 dias;
b) na aquisição atual, houve participação de seis empresas, que ofertaram produtos de fabricação
nacional e importada, com as mesmas condições competitivas; e
c) o prazo de 60 dias é compatível com o objeto licitado, o caráter competitivo do processo
licitatório e o fim ao qual se destinam as empilhadeiras;
- Análise do auditor
a) apesar de, na contratação mencionada pela entidade do Sistema S, o prazo de 45 dias ter sido
suficiente, entende-se que, em razão da quantidade de equipamentos prevista e dos inúmeros locais de
entrega constantes do instrumento convocatório, tal aspecto também deveria ser considerado nos
estudos técnicos preliminares;
b) assim sendo, as alegações não são suficientes para afastar a irregularidade e não devem
prosperar;
126

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

- Quanto ao item da oitiva relativo à inexistência de estudos que demonstrem que a opção pela
adjudicação do objeto em lote único seria mais vantajosa técnica e economicamente quando
comparada com a divisão do mencionado objeto em lotes
- Alegações do Sest/Senat
a) o tipo de licitação adotado foi o menor preço, em lote único, uma vez que os vários itens
guardariam compatibilidade entre si e seriam produzidos e comercializados de maneira uniforme.
Ademais, pesquisa de mercado comprovou que o agrupamento em um mesmo lote não restringe o
caráter competitivo do procedimento licitatório, pois a maioria dos licitantes está habilitada a fornecer
a totalidade dos itens;
b) buscou-se preservar a competitividade do certame e a economia de escala, bem como
assegurar a responsabilidade contratual e privilegiar o princípio da padronização;
c) o agrupamento dos itens torna o processo mais célere e menos dispendioso para o Sest/Senat.
Por outro lado, o parcelamento do objeto acarreta evidente prejuízo, pois enseja a perda da economia
de escala. Além disso, abre a possibilidade de vários licitantes serem declarados vencedores de
parcelas do objeto, o que pode resultar na aquisição de equipamentos com diferentes sistemas de
acionamento (manual ou pedal). Esse contexto “inviabilizaria a uniformidade do equipamento, da
manutenção, do treinamento dos instrutores para ministrar os cursos e da elaboração de material
didático”;
d) a celebração de vários instrumentos contratuais geraria dificuldades operacionais, em especial
quanto ao fornecimento e à garantia do produto;
e) as cotações de preços obtidas junto aos fornecedores consideraram os itens aglutinados;
f) o Sest/Senat considerou, para a definição do tipo de licitação, a pertinência e a viabilidade
prática dos procedimentos adotados, visando à contratação mais vantajosa sobre todos os aspectos; e
g) embora a divisão do objeto seja a regra geral, o agrupamento dos itens foi realizado com a
devida cautela, em plena consonância com a prática de mercado, de modo a assegurar ampla
competitividade ao certame.
- Análise do auditor
a) a divisão do objeto por região implicaria a formação de lotes menores, o que poderia
aumentar a competitividade da licitação, uma vez que possibilitaria a participação de empresas
menores, que não teriam condições de oferecer todo o quantitativo previsto. Além disso, permitiria
adequar os preços ofertados à logística necessária para a entrega do objeto, tendo em vista que as
empilhadeiras deverão ser entregues em 186 diferentes unidades do Senat, distribuídas por todo
território nacional;
b) o Senat não apresentou as pesquisas de mercado que alegadamente teriam indicado que o
agrupamento do objeto em lote único não traria prejuízos à competitividade do certame. Da mesma
forma, a alegada economia de escala não foi demonstrada pela entidade;
c) a aquisição de diferentes modelos poderá gerar trabalhos adicionais na elaboração do material
didático. Não obstante, como todos os equipamentos deverão atender às especificações técnicas
previstas no edital, haverá similaridade entre eles, razão pela qual é possível supor que as diferenças na
operação dos equipamentos não sejam tão relevantes. Além disso, a existência de modelos diversos
poderá até contribuir para o aperfeiçoamento do curso e do preparo técnico do trabalhador, pois
permitirá expor as diferenças entre os diversos equipamentos, o que enriquecerá a formação dos
alunos. Deve-se considerar que, ao final da capacitação, espera-se que o profissional esteja apto a
operar não apenas um equipamento específico, de determinada marca, mas também outros similares,
ampliando as possibilidades de acesso ao mercado de trabalho;
d) conforme entendimento reiterado do TCU, a exemplo do Acórdão 3.009/2015 - Plenário, “o
parcelamento deve ser a regra, excepcionada apenas quando for justificadamente prejudicial ao
interesse público ou da Administração”;
e) observa-se nos documentos encaminhados ao TCU, em especial nos e-mails (peças 32 a 50),
que as divergências dos Conselhos Regionais quanto ao quesito “transmissão com controle por pedal
127

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ou chave de reversão” reforçam a necessidade de parcelamento do objeto, uma vez que as diferentes
regiões do país possuem realidades diversas quanto ao mercado de trabalho para a atividade de
operador de empilhadeiras;
f) após a definição das especificações da empilhadeira e dos demais requisitos estipulados no
edital, tais como a quantidade de locais para entrega e o prazo de 60 dias, foram realizadas pesquisas
de preços “com mais de uma dúzia” de possíveis fornecedores. Desse total, apenas dois apresentaram
respostas, o que indica que poucas empresas teriam as condições necessárias para atender às
exigências do Termo de Referência;
g) pretende-se que o curso qualifique os trabalhadores para desempenhar atividades laborais na
sua região, atendendo às necessidades locais do setor privado contratante. Dessa forma, os cursos
devem estar ajustados às diferentes necessidades regionais. Ao contrário, partir de uma padronização
nacional para o equipamento, de modo a realizar um único tipo de curso, pode inviabilizar o fim que se
almeja, que é tornar o trabalhador apto a desempenhar atividades de operador de empilhadeiras na sua
região;
h) ressalvadas as regiões mais remotas, que possivelmente deverão ser atendidas em conjunto
com os grandes centros, de forma a tornar seu abastecimento atrativo, a regra é que o parcelamento do
objeto por região estaria consentâneo com a legislação e contribuiria para realizar a contratação mais
vantajosa para a administração;
i) não foi comprovada a realização de estudos prévios quanto:
- à real necessidade das especificações definidas para as empilhadeiras, com modelo único para
todas as unidades do Sest/Senat, que poderiam não atender às necessidades regionais;
- à existência de um número razoável de fornecedores, que constituíssem um ambiente
competitivo e fossem capazes de entregar o equipamento especificado, no prazo estipulado (60 dias),
em mais de 180 localidades de todo o território nacional;
- à inexistência de estudos que comprovassem ser mais vantajosa técnica e economicamente
para a entidade a adjudicação do objeto em lote único, considerando a ausência de disputa na sessão de
abertura de propostas, a apresentação da proposta vencedora com o mesmo valor estimado pela
administração e a existência de divergências regionais quanto à melhor especificação técnica do
equipamento a ser utilizado na capacitação;
j) essas falhas violam a legislação relativa a licitações e contratos, decisões reiteradas deste
Tribunal e o art. 2º do Regulamento de Licitações e Contratos do Sest/Senat, que estabelece que a
licitação se destina a selecionar a proposta mais vantajosa para a entidade; e
k) ainda que se considere a necessidade de o Sest/Senat adquirir as empilhadeiras para realizar
cursos de capacitação, as falhas identificadas no certame em tela não permitem sua continuidade.
Dessa forma, as alegações apresentadas não afastam as impropriedades anteriormente mencionadas.
17. Por fim, o auditor afirmou que, considerando que uma das contestações feitas pelo
representante refere-se à possível restrição à competitividade decorrente do estabelecimento do prazo
de 60 dias para a entrega das empilhadeiras em um dos 186 locais definidos no edital, a presente
representação deve ser considerada parcialmente procedente.
18. Com fulcro nessas considerações, o auditor propôs (peça 64):
a) conhecer desta representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de admissibilidade
constantes dos arts. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993 e 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste
Tribunal e 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014;
b) no mérito, considerar a presente representação parcialmente procedente;
c) com fundamento nos arts. 71, IX, da Constituição Federal e 45 da Lei 8.443/1992, assinar
prazo de quinze dias, a partir da ciência desta deliberação, para que o Sest/Senat - Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional, adote as providências necessárias à anulação do
Pregão Eletrônico 158/2018, bem como dos eventuais atos dele decorrentes, enviando ao TCU, logo
em seguida, evidências sobre o efetivo cumprimento da presente determinação;
128

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) dar ciência ao Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho


Nacional, com fundamento no art. 7º da Resolução TCU 265/2014 e com vistas à adoção de
providências internas que previnam a ocorrência de outras falhas semelhantes, das seguintes
impropriedades verificadas no Pregão Eletrônico 158/2018:
d.1) ausência de realização de estudos prévios que comprovem a real necessidade, para
utilização no curso de capacitação, das especificações definidas para as empilhadeiras, com modelo
único para todas as unidades do Sest/Senat, que pode não atender às necessidades regionais, além de
afrontar o art. 2º do Regulamento de Licitações e Contratos do Sest/Senat, o qual estabelece que a
licitação se destina a selecionar a proposta mais vantajosa para a entidade;
d.2) ausência de prospecção de mercado que aponte a existência de um número razoável de
fornecedores aptos a atender todas as especificações técnicas do edital e entregar o equipamento
especificado, no prazo estipulado de 60 dias, em qualquer uma das 186 localidades do território
nacional indicadas no edital, o que violou o art. 2º do Regulamento de Licitações e Contratos do
Sest/Senat, segundo o qual a licitação se destina a selecionar a proposta mais vantajosa para a
entidade;
d.3) ausência de comprovação das vantagens técnica e econômica para a entidade contratante da
adjudicação do objeto em lote único, o que vai de encontro a decisões reiteradas deste Tribunal, a
exemplo do Acórdão 3.009/2015 – Plenário;
e) dar ciência deste acórdão ao Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte -
Conselho Nacional e ao representante.
19. O Diretor da 3ª Diretoria da Selog e o titular daquela unidade técnica manifestaram sua
concordância com essa proposta (peças 65 e 66).
É o Relatório.

VOTO

I – Introdução

Trata-se de representação formulada por Maria Aparecida Bernardes Orlandi – EPP versando
sobre irregularidades que teriam sido supostamente praticadas no Pregão Eletrônico para Registro de
Preços 158/2018, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho
Nacional, visando à aquisição de empilhadeiras a combustão - GLP contrabalançadas com
envelopamento, com vigência de 12 meses e valor estimado de R$ 20.682.735,00 (vinte milhões
seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e cinco reais), cujo critério de julgamento foi o menor
preço por item.
2. Em síntese, a representante alegou que:
a) o item 21.3 do edital exige a entrega dos equipamentos no prazo de 60 dias contados da data
da requisição pela contratante. A exiguidade desse lapso temporal torna necessária a propriedade ou a
disponibilidade prévia dos itens. Cabe destacar que, em conformidade com o disposto no item 7 do
edital, está prevista a compra mínima de 83 empilhadeiras, durante os 12 meses de vigência da ata de
registro de preços ora sob comento. Por fim, cumpre esclarecer que esse quantitativo pode ser
ampliado para até 186 máquinas;
b) o licitante não sabe quando será requerida a aquisição nem em quais cidades as empilhadeiras
deverão ser entregues, o que restringe significativamente a participação de interessados;
c) o licitante precisará adquirir os equipamentos, por vezes por meio de importação, o que
dificulta o cumprimento do prazo de 60 dias. Assim sendo, esse prazo deveria ser de, no mínimo, 120
dias;
d) o item 11.1.4 do edital, quando trata da comprovação da regularidade fiscal, não faz a devida
distinção entre duas categorias de tributos municipais (mobiliários e imobiliários). Assim sendo, a
129

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

comprovação da regularidade fiscal não ficou restrita aos tributos relativos ao seu ramo de atividade, o
que contraria a Lei 8.666/1993 e a jurisprudência do TCU; e
e) existe uma contradição na tabela apresentada no item 6.1 do edital, no que concerne ao
número de amostras a serem disponibilizadas pela empresa vencedora do certame. Na coluna
quantidade, está escrito o número “2” e, entre parênteses, está escrito “uma”.
3. Com fulcro nessas alegações, a representante solicitou a suspensão cautelar do pregão em tela.
4. Após analisar os documentos acostados aos presentes autos, a unidade técnica salientou que:
a) o representante possui legitimidade para representar ao Tribunal, em conformidade com o
disposto no arts. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do
TCU;
b) esta representação preencheu os requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie, uma vez
que foi redigida em linguagem clara e objetiva; contém o nome legível, a qualificação e o endereço do
representante; encontra-se acompanhada de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade
apontada pelo autor; trata de matéria de competência do TCU e os argumentos do autor indicam a
possibilidade de existência de interesse público, caso restem comprovadas as supostas irregularidades
apontadas na peça inicial, consoante o disposto no art. 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014; e
c) assim sendo, a representação em tela deve ser conhecida.
5. Em seguida, a Selog analisou o pedido de cautelar, tendo destacado que:
a) o TCU já reconheceu que as entidades integrantes do Sistema S podem editar seus próprios
regulamentos sobre licitações e contratos. Contudo, há limites para a atuação dessas entidades, que não
podem simplesmente deixar de lado os princípios regentes dessa matéria;
b) o vulto da contratação e a necessidade de capacidade logística e operacional para entregar os
equipamentos em todo o território nacional, no prazo de 60 dias, diminuem a quantidade de potenciais
interessados em participar da licitação em tela. O gestor deve buscar a ampliação da competição, de
modo a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração. Todavia, as exigências
questionadas pelo representante, por si só, não caracterizam inequivocamente restrição que afronte a
lei ou os princípios administrativos;
c) as empilhadeiras à combustão - GLP são comercializadas no Brasil por marcas como Hyster-
Yale, Still, Toyota, Clark e Hyundai, por intermédio de distribuidores e revendedores autorizados.
Assim sendo, a importação não é o único meio disponível para fornecer tais equipamentos;
d) a representante alegou ser inviável o fornecimento no prazo estabelecido sem apresentar
qualquer elemento que corrobore esse argumento. Também não foi demonstrado o afastamento de
outras empresas. Nesse sentido, cabe frisar que foram apresentadas 6 (seis) propostas nesta licitação.
Assim sendo, entende-se que o Sest/Senat deve demonstrar que, nos estudos técnicos preliminares,
identificou potenciais fornecedores que teriam condições de atender a todos os requisitos da
contratação. Deve também justificar a licitação em lote único, para fornecimento do objeto em
diversos estados da federação, uma vez que a divisão do objeto em itens, de forma regionalizada,
poderia aumentar a competitividade do certame e reduzir os custos dos bens licitados;
e) o valor da melhor oferta apresentada foi idêntico ao preço máximo unitário aceitável,
estabelecido pelo edital em R$ 111.197,50 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e cinquenta
centavos), o que implica dizer que não houve disputa apta a gerar uma redução do valor estimado.
Além disso, uma análise realizada no Portal de Compras do Governo Federal, apontou aquisições de
empilhadeiras a gás no valor médio de R$ 89.199,50 (oitenta e nove mil cento e noventa e nove reais e
cinquenta centavos). Dessa forma, deve o Sest/Senat manifestar-se e apresentar os estudos, as
pesquisas e os cálculos que fundamentaram o estabelecimento do preço teto acima mencionado;
f) o item 11.1.4 do edital, que trata da exigência de comprovação de regularidade fiscal, traz
disposições em conformidade com o estabelecido no art. 29, III, da Lei 8.666/1993. Logo, não devem
ser acolhidas as alegações da representante referentes a esse item; e
g) a alegada contradição na especificação da quantidade da amostra a ser apresentada pelo
licitante melhor classificado, que consta do item 6.1 do termo de referência do edital é afastada pelo
130

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

item 12.1 do edital, o qual prevê a apresentação de 1 (uma) amostra. Aduz-se que qualquer dúvida
sobre o edital poderia ter sido objeto de questionamento junto ao pregoeiro, via sistema eletrônico de
licitação do contratante. Consultando o sistema informatizado, constatou-se que um dos interessados
fez essa consulta e obteve a informação de que se tratava de 1 (uma) unidade. Por via de consequência,
conclui-se que a dita contradição configurou uma mera falha formal, insuficiente para macular o
instrumento convocatório.
6. Com espeque nessas considerações, a Selog propôs realizar a oitiva prévia do Sest/Senat -
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional, com fulcro no art. 276, § 2º do
Regimento Interno do TCU para que, no prazo de cinco dias úteis, se pronunciasse, em relação ao
Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018, acerca da existência dos pressupostos da medida
cautelar pleiteada e dos indícios de irregularidades acima relacionados. Adicionalmente, sugeriu alertar
o Sest/Senat quanto à possibilidade de o TCU adotar medida cautelar para suspender o certame, caso
houvesse indicativo de elementos que caracterizassem afronta às normas legais ou possibilidade de
ocorrência de prejuízos para a administração.
7. Por meio de despacho autorizei a realização da oitiva em tela, a qual deveria versar sobre os
seguintes pontos:
- demonstração de que, nos estudos técnicos preliminares, foram identificados os potenciais
fornecedores que teriam condições de atender a todos os requisitos da contratação, principalmente
quanto ao prazo para entrega;
- justificativas para a adoção de licitação em lote único, para fornecimento do objeto em
diversos estados da federação, em vez da divisão desse objeto em itens, de forma regionalizada, que
poderia aumentar a competitividade do certame e reduzir os custos; e
- justificativas para a fixação do preço máximo unitário aceitável do objeto no valor de R$
111.197,50 (cento e onze mil e cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos), apresentando os
estudos, pesquisas e cálculos realizados, considerando que pesquisa realizada no Portal de Compras do
Governo Federal registrou aquisições de empilhadeiras a gás pelo valor médio de R$ 89.199,50
(oitenta e nove mil e cento e noventa e nove reais e cinquenta centavos).
8. A oitiva acima mencionada foi tempestivamente respondida pelo Sest/Senat. Após analisar os
documentos enviados ao TCU, a unidade técnica salientou que o processo licitatório em questão foi
suspenso no dia 28/11/2018 e que a entidade do Sistema S se comprometeu a aguardar o
pronunciamento do Tribunal acerca do mérito da presente Representação. Por via de consequência,
restou afastado o periculum in mora.
9. Com fulcro na avaliação dos elementos encaminhados na resposta à oitiva, a Selog apontou a
necessidade de ser realizada uma nova oitiva versando sobre a ausência de estudos prévios ao certame
relacionados aos seguintes aspectos:
a) imprescindibilidade das especificações técnicas exigidas no Termo de Referência do Pregão
Eletrônico 158/2018;
b) indicação de equipamentos disponíveis no mercado capazes de atender às exigências do
edital;
c) prazo de 60 dias para a entrega do objeto, considerando o quantitativo de empilhadeiras
previsto no certame;
d) vantagens da adjudicação do objeto em lote único em relação ao parcelamento desse objeto; e
e) confirmação de que todas as características exigidas são pertinentes, uma vez que o preço
estimado na licitação e o obtido no certame sugerem tratar-se de equipamento superior aos demais.
10. Adicionalmente, a unidade técnica propôs indeferir o pedido de concessão de medida
cautelar.
11. Por meio de despacho, acolhi a proposta da unidade técnica. Assim sendo, indeferi o pedido
de concessão de medida cautelar e determinei a oitiva sugerida, que foi regularmente realizada.
12. O Sest/Senat enviou documentos nos quais destacou que:
131

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) os estudos técnicos prévios ao certame foram realizados em duas etapas. Nos dias 14 e
17/3/2017, técnicos do Departamento Executivo Nacional do Sest/Senat, responsáveis pela elaboração
do Termo de Referência, foram capacitados no curso de operador de empilhadeiras, ministrado por
instrutores da unidade operacional do Sest/Senat de Brasília. Buscou-se fornecer a esses técnicos os
conhecimentos necessários sobre os requisitos pedagógicos exigidos nos treinamentos que serão
ofertados, bem como sobre as especificidades do equipamento que será utilizado;
b) no segundo semestre de 2017 e no primeiro de 2018, foram realizadas consultas e reuniões
técnicas envolvendo a Assessoria de Projetos Especiais (área requisitante) e o Núcleo Pedagógico
Nacional do Sest/Senat, com o fito de embasar as especificações técnicas da empilhadeira. Esses
eventos permitiram que profissionais com expertise nas áreas de educação e transporte expusessem e
formalizassem suas opiniões sobre o equipamento em tela, que foram consolidadas em um documento
que norteou a elaboração do Termo de Referência. Visando comprovar essas alegações, a entidade
encaminhou cópias de atas de reunião, apresentações e e-mails;
c) a definição das especificações técnicas do Termo de Referência se baseou na expertise
acumulada pela instituição, que há 14 anos oferta cursos para formação e reciclagem de Operadores de
Empilhadeiras. Adicionalmente, visando constatar a disponibilidade de empilhadeiras no mercado que
atendessem satisfatoriamente ao Termo de Referência, foram analisadas fichas técnicas de fabricantes
de empilhadeiras disponíveis na internet, por isso, não foi necessário contatar possíveis fornecedores
na fase de elaboração do Termo de Referência;
d) a empilhadeira a ser adquirida possui 2.500 Kg de capacidade de carga, é do tipo combustão
– GLP, com características universais e os requisitos necessários para garantir a segurança dos alunos,
não havendo no Termo de Referência nenhum item que possa inviabilizar ou restringir o caráter
competitivo do procedimento licitatório;
e) o Sest/Senat possui, em suas Unidades Operacionais, 16 empilhadeiras com capacidade de
2.500 Kg, o que demonstra que o produto especificado segue um padrão já utilizado pela instituição.
Além disso, cumpre frisar que todas as marcas comercializam empilhadeiras com capacidade de 2.500
Kg, que é o modelo de empilhadeira mais comum no mercado, o que confere competitividade ao
certame;
f) no contrato anteriormente firmado pela própria entidade, que teve por objeto a compra de
empilhadeiras importadas, foi adotado o prazo de 45 dias. Cabe salientar que o fornecedor entregou os
equipamentos com antecedência média de 8,5 dias;
g) o tipo de licitação adotado foi o menor preço, em lote único, uma vez que os vários itens
guardariam compatibilidade entre si e seriam produzidos e comercializados de maneira uniforme.
Ademais, pesquisa de mercado comprovou que o agrupamento em um mesmo lote não restringe o
caráter competitivo do procedimento licitatório, pois a maioria dos licitantes está habilitada a fornecer
a totalidade dos itens;
h) o agrupamento dos itens torna o processo mais célere e menos dispendioso para o Sest/Senat,
além de preservar a economia de escala contratual e privilegiar o princípio da padronização. Por outro
lado, o parcelamento do objeto abre a possibilidade de vários licitantes serem declarados vencedores
de parcelas do objeto, o que pode resultar na aquisição de equipamentos com diferentes sistemas de
acionamento (manual ou pedal), o que “inviabilizaria a uniformidade do equipamento, da
manutenção, do treinamento dos instrutores para ministrar os cursos e da elaboração de material
didático”;
i) embora a divisão do objeto seja a regra geral, o agrupamento dos itens foi realizado com a
devida cautela, em plena consonância com a prática de mercado, de modo a assegurar ampla
competitividade ao certame;
13. Após analisar essas alegações, a unidade técnica asseverou que:
a) não foi encaminhado estudo que justifique, diante das diversas opções de mercado, a
necessidade de adquirir máquinas com as especificações adotadas no certame para atingir os objetivos
dos cursos de capacitação;
132

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b) o preço estimado na licitação e o valor obtido no certame licitatório, que atingiram R$


111.197,50 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos), indicam que se
demandou um equipamento superior aos demais existentes no mercado. Afinal, ainda que se considere
os custos de entrega dos equipamentos nas diferentes localidades indicadas no edital, a diferença entre
o valor estimado no certame sob exame e o maior valor unitário obtido nas pesquisas realizadas no
Comprasnet, que foi de R$ 102.000,00 (cento e dois mil reais), ultrapassa R$ 9.000,00 (nove mil
reais). Cumpre lembrar que essa diferença, quando são consideradas as 186 empilhadeiras que podem
vir a ser adquiridas, supera R$ 1.674.000,00 (um milhão seiscentos e setenta e quatro mil reais);
c) o Sest/Senat estimou os preços a serem praticados na licitação em tela com base em
orçamentos apresentados por dois fornecedores e em duas pesquisas de preços realizadas no
Comprasnet. As mencionadas empresas foram a Tractobel Equipamentos, que orçou o valor unitário
dos equipamentos em R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), e a SDO Comércio, Importação e
Locação, que estipulou a quantia de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais). Cumpre destacar que a
Tractobel Equipamentos sagrou-se vencedora do certame;
d) como resultado das pesquisas no Comprasnet, o ente do Sistema S registrou duas aquisições
de empilhadeiras. No primeiro caso, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte,
adquiriu uma máquina, no valor de R$ 82.800,00 (oitenta e dois mil e oitocentos reais). Por meio da
segunda licitação, a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal comprou 2 equipamentos, pelo valor
unitário de R$ 111.990,00 (cento e onze mil novecentos e noventa reais). Constata-se que ambos os
certames se referiam a quantidades de bens muito inferiores à prevista no registro de preços do
Sest/Senat, em que o edital garantia a aquisição de, no mínimo, 83 empilhadeiras;
e) os documentos encaminhados ao TCU não permitem aferir a adequação das especificações às
reais necessidades de capacitação. Ao contrário, suscitam dúvidas quanto à escolha de uma única
especificação para atender todo o território nacional, uma vez que houve divergências entre Conselhos
Regionais quanto à melhor especificação;
f) caberia à entidade demonstrar a imprescindibilidade dos requisitos exigidos para que o
objetivo da contratação fosse atingido, qual seja, a capacitação de operadores de empilhadeira para o
mercado de trabalho. Tal conduta, entretanto, não foi devidamente demonstrada pelo Senat, uma vez
que, na documentação apresentada, não foram localizados os estudos que subsidiaram as
especificações técnicas exigidas no Termo de Referência. Dessa forma, restou configurada uma
irregularidade que compromete a licitação, razão pela qual os argumentos apresentados pelos gestores
do Sest/Senat não devem prosperar;
g) para fixar os requisitos que o objeto pretendido deve atender, o ente promotor do certame deve
cotejar suas necessidades com as opções disponíveis no mercado, de forma a gerar o maior nível de
competitividade possível. Assim sendo, as especificações técnicas previstas no edital devem refletir a
real necessidade da entidade, sem a inserção de requisitos supérfluos ou impertinentes;
h) as buscas e análises realizadas pelo gestor nas fichas técnicas de fabricantes de empilhadeiras
disponíveis na internet não foram suficientes para definir parâmetros técnicos que promovessem um
ambiente competitivo, como demonstrou o resultado do pregão. Afinal, 6 empresas apresentaram
propostas e não houve disputas por lances que levasse a uma redução do valor estimado, em certame
de valor vultoso (R$ 20.682.735,00 – vinte milhões seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e
cinco reais), para o fornecimento de bem comum, cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser
objetivamente definidos, por meio de especificações usuais no mercado, conforme estabelecido no art.
1 º, parágrafo único, da Lei 10.520/2002;
i) as especificações técnicas da empilhadeira, sem demonstração por estudos prévios da sua real
necessidade nem das condições do mercado fornecedor, juntamente com os requisitos da entrega, em
186 localidades de todo o território nacional, no prazo de 60 dias contados a partir da requisição da
administração, são fatores que possivelmente restringiram de forma indevida a competição;
j) apesar de, na contratação mencionada pela entidade do Sistema S, o prazo de 45 dias ter sido
suficiente, entende-se que, em razão da quantidade de equipamentos prevista e dos inúmeros locais de
133

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

entrega constantes do instrumento convocatório, tal aspecto também deveria ser considerado nos
estudos técnicos preliminares;
k) a divisão do objeto por região implicaria a formação de lotes menores, o que poderia aumentar
a competitividade da licitação, uma vez que possibilitaria a participação de empresas menores, que não
teriam condições de oferecer todo o quantitativo previsto. Além disso, permitiria adequar os preços
ofertados à logística necessária para a entrega do objeto, tendo em vista que as empilhadeiras deverão
ser entregues em 186 diferentes unidades do Senat, distribuídas por todo território nacional;
l) o Senat não apresentou as pesquisas de mercado que alegadamente teriam indicado que o
agrupamento do objeto em lote único não traria prejuízos à competitividade do certame. Da mesma
forma, a alegada economia de escala não foi demonstrada pela entidade;
m) a aquisição de diferentes modelos poderá gerar trabalhos adicionais na elaboração do
material didático. Não obstante, como todos os equipamentos deverão atender às especificações
técnicas previstas no edital, haverá similaridade entre eles, razão pela qual é possível supor que as
variações na operação dos equipamentos não sejam tão relevantes. Além disso, a existência de
modelos diversos poderá até contribuir para o aperfeiçoamento do curso e do preparo técnico do
trabalhador, pois permitirá expor as diferenças entre os diversos equipamentos, o que enriquecerá a
formação dos alunos. Deve-se considerar que, ao final da capacitação, espera-se que o profissional
esteja apto a operar não apenas um equipamento específico, de determinada marca, mas também outros
similares, ampliando as possibilidades de acesso ao mercado de trabalho; e
n) ressalvadas as regiões mais remotas, que possivelmente deverão ser atendidas em conjunto
com os grandes centros, de forma a tornar seu abastecimento atrativo, a regra é que o parcelamento do
objeto por região estaria consentâneo com a legislação e contribuiria para realizar a contratação mais
vantajosa para a administração.
14. Com fulcro nessas considerações, a unidade técnica propôs:
a) conhecer desta representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de admissibilidade
constantes dos arts. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993 e 235 e 237, VII, do Regimento Interno deste
Tribunal e 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014;
b) no mérito, considerar a presente representação parcialmente procedente;
c) com fundamento nos arts. 71, IX, da Constituição Federal e 45 da Lei 8.443/1992, assinar
prazo de quinze dias, a partir da ciência desta deliberação, para que o Sest/Senat - Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional, adote as providências necessárias à anulação do
Pregão Eletrônico 158/2018, bem como dos eventuais atos dele decorrentes, enviando ao TCU, logo
em seguida, evidências sobre o efetivo cumprimento da presente determinação; e
d) dar ciência ao Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho
Nacional, com fundamento no art. 7º da Resolução TCU 265/2014 e com vistas à adoção de
providências internas que previnam a ocorrência de outras falhas semelhantes, da existência das
impropriedades verificadas no Pregão Eletrônico 158/2018.

II – Análise do mérito desta representação

15. Preliminarmente, reitero que a presente representação deve ser conhecida, uma vez que
foram atendidos os requisitos de admissibilidade estabelecidos nos arts. 235 e 237, VII, do Regimento
Interno do TCU e 103, § 1º, da Resolução TCU 259/2014.
16. Quanto ao mérito deste processo, solicito as vênias de estilo para dissentir do
encaminhamento proposto pela Selog, pelos motivos que passo a expor.
17. Após compulsar estes autos, verifiquei que o Sest/Senat - Serviço Nacional de Aprendizagem
do Transporte - Conselho Nacional não apresentou estudos que teriam embasado a elaboração do edital
do pregão em tela. Aduzo que, segundo informações prestadas pelo Dr. Ricardo Messetti, chefe da
consultoria jurídica daquela entidade, efetivamente não houve a elaboração de um documento formal
com essas características.
134

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18. Contudo, foram juntados a estes autos elementos, tais como, atas de reunião e e-mails, que
comprovam a realização dos trabalhos prévios que fundamentaram a definição dos requisitos que
deveriam ser atendidos pelas empilhadeiras que seriam adquiridas. Assim sendo, entendo que a
inexistência desses autos caracteriza uma falha que pode ser sanada por meio de uma determinação
corretiva com efeitos futuros.
19. Com base nessa avaliação prévia, o Sest/Senat optou pela aquisição de uma máquina que,
além de ser de uso frequente no mercado, vem sendo utilizada nos cursos por ele ministrados. Logo,
não há como questionar a adequação do equipamento aos treinamentos oferecidos por essa entidade.
20. A aquisição em lote único foi fundamentada pelo gestor, que apresentou uma série de
vantagens que, a seu ver, a justificariam. Sopesadas essas características positivas da opção adotada
pelo ente do Sistema S, julgo que ela foi razoável.
21. Cabe considerar que não foi comprovada a existência de um prejuízo financeiro para a
entidade licitante. Afinal, o preço estimado na licitação e o valor obtido no certame licitatório
atingiram R$ 111.197,50 (cento e onze mil cento e noventa e sete reais e cinquenta centavos),
enquanto os dois fornecedores consultados apresentaram orçamentos nos valores unitários de R$
130.000,00 (cento e trinta mil reais) e R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais).
22. Além disso, por meio de pesquisas realizadas no Comprasnet, o ente do Sistema S detectou
duas aquisições de empilhadeiras. No primeiro caso, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande
do Norte, adquiriu uma máquina, no valor de R$ 82.800,00 (oitenta e dois mil e oitocentos reais). Por
meio da segunda licitação, a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal comprou 2 equipamentos, pelo
valor unitário de R$ 111.990,00 (cento e onze mil novecentos e noventa reais).
23. Destaco, ainda, que a unidade técnica realizou pesquisa no Comprasnet e constatou
aquisições por valores variados, sendo que o maior preço unitário seria R$ 102.000,00 (cento e dois
mil reais). Entretanto, cabe destacar que esse valor não considera os custos referentes à entrega dos
equipamentos, que são significativos no caso vertente.
24. Nesse cenário, entendo que não restou caracterizada a restrição indevida à competitividade
nem seu efeito deletério sobre a obtenção de uma proposta que atenda ao interesse público.
25. A opção por um único modelo de empilhadeira foi realizada com base no conhecimento
acumulado no âmbito do Sest/Senat, em especial, na experiência dos docentes que se manifestaram
previamente à essa escolha. Ademais, cabe frisar que a padronização oferece vantagens indiscutíveis
em relação à elaboração do material didático, preparação dos instrutores e manutenção dos
equipamentos.
26. Cumpre acrescentar que o modelo de compras adotado no Sest/Senat privilegia a decisão
centralizada no Conselho Nacional. Neste caso concreto, apesar de haver posições contrárias de
algumas regionais, a escolha por um determinado equipamento observou os procedimentos usuais.
27. Por fim, saliento que o controle exercido por este Tribunal deve preservar o espaço
discricionário do gestor, desde que as decisões desse último tenham fundamentos razoáveis, como se
verifica no presente processo.
28. Com fulcro nessas considerações, julgo que a presente representação deve ser considerada
parcialmente procedente, tendo em vista a existência de falhas que devem ser corrigidas por meio de
determinações corretivas. Por outro lado, não enxergo gravidade suficiente nessas falhas para ensejar a
anulação da licitação ora sob comento.
Diante do acima exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2676/2019 – TCU – 1ª Câmara


135

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Processo TC 039.189/2018-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VI – Representação.
3. Representante: Maria Aparecida Bernardes Orlandi – EPP (CNPJ 14.369.686/0001-05).
4. Órgão/Entidade: Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. Ricardo Magaldi Messetti (30.373/OAB-DF), representando o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional.
8.2. Carlos Eduardo Colombi Froelich (170.435/OAB-SP) e outros, representando Maria
Aparecida Bernardes Orlandi – EPP.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada por Maria Aparecida
Bernardes Orlandi – EPP versando sobre supostas irregularidades que teriam sido constatadas no
Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018, realizado pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional, visando à aquisição de empilhadeiras a combustão
- GLP contrabalançadas com envelopamento, com vigência de 12 meses e valor estimado de R$
20.682.735,00 (vinte milhões seiscentos e oitenta e dois mil setecentos e trinta e cinco reais), cujo
critério de julgamento foi o menor preço por item,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, em:
9.1. conhecer da presente representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do TCU e 113, § 1º, da Lei
8.666/1993, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. indeferir o pedido de cautelar formulado pela representante;
9.3. autorizar a continuidade do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 158/2018, realizado
pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional;
9.4. determinar ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - Conselho Nacional que,
no futuro:
9.4.1. realize estudos prévios, devidamente formalizados em documentos, que comprovem a real
necessidade das especificações definidas para equipamentos que serão adquiridos;
9.4.2. efetue prospecção de mercado que aponte a existência de um número razoável de
fornecedores aptos a atender todas as especificações técnicas do edital e entregar o equipamento
especificado no prazo estipulado naquele documento, apensando aos autos do processo de contratação
os resultados desse trabalho; e
9.4.3. comprove eventuais vantagens técnica e econômica para a entidade contratante
decorrentes da adjudicação do objeto em lote único;
9.5. dar ciência deste acórdão à representante.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2676-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
136

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

GRUPO II – CLASSE II – Primeira Câmara


TC 027.218/2013-9.
Natureza: Prestação de Contas (exercício de 2012).
Entidade: Eletrosul Centrais Elétricas S.A.
Responsáveis: Engevix Engenharia e Projetos S/A (00.103.582/0001-31); Eurides Luiz
Mescolotto, Diretor-Presidente (falecido) (185.258.309-68); Ronaldo dos Santos Custódio, Diretor de
Engenharia (382.173.090-00) e outros (peça 2).
Representação legal: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) e outros, representando
Ronaldo dos Santos Custódio; Rafael Rebelo Pereira (OAB/SC 24.868) e outros, representando
Eletrosul Centrais Elétricas S/A.

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE EM


ADITIVOS CONTRATUAIS. CITAÇÃO. DANO AO ERÁRIO AFASTADO. CONTAS
REGULARES COM RESSALVA.

RELATÓRIO

Trata-se de processo de prestação de contas ordinária da Eletrosul Centrais Elétricas S.A.,


relativa ao exercício de 2012.
2. Após diversas manifestações de mérito produzidas pela Secretaria do TCU no estado de Santa
Catarina – Sec-SC (peças 106, 136 e 153), em função de novos elementos de defesa apresentados após
as fases instrutivas, a unidade técnica encaminha seu derradeiro pronunciamento, à peça 163, em que,
sem deixar de considerar os pronunciamentos anteriores, propõe julgar irregulares as contas de Eurides
Luiz Mescolotto (falecido em 27/9/2017), ex-diretor-presidente e de Ronaldo dos Santos Custódio,
Diretor de Engenharia à época dos fatos, bem como condená-los em débito e aplicar-lhes a multa do
art. 57 da Lei 8.443/1992, pela seguinte ocorrência:
a.1) irregularidade: aumento da ordem de R$ 1.351.615,02 do valor do Contrato 84491013, firmado com
a empresa Engevix Engenharia S/A, por meio do 5º Termo Aditivo, cuja contrapartida foram serviços já
cobertos contratualmente e cuja necessidade eventual de se realizar após 27/7/2012 deveria ter sido imputada à
contratada (35 dias de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, de 28/07/2012 a
31/08/2012) ou desnecessários (61 dias de Operação e Manutenção de Canteiro, de 01/09/2012 a 31/10/2012),
resultando em dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico, tendo em vista o efetivo
superfaturamento no valor de R$ 851.591,54 em 31/10/2012 (a retenção de R$ 500.023,48 ocorreu ante a
atuação dos órgãos de controle), nos termos do art. 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, da Lei 8.443/1992;
3. Por conter os principais pontos analisados nos autos, farão parte deste relatório as instruções
das peças 136, 153 e 163, também em razão das duas últimas complementarem e modificarem a
primeira. Consigno que as instruções citadas contaram com a concordância, na íntegra, de seu titular
(peças 137, 154 e 164).
4. O Ministério Público junto ao TCU, por meio dos pareceres das peças 142 e 165, se
manifestou, no essencial, de acordo com a unidade técnica, apenas acrescentando proposta para
autorizar o parcelamento do débito.
5. A seguir, transcrevo os termos da instrução da peça 136.
Cuidam os autos de processo de contas anuais da Eletrosul Centrais Elétricas S.A., relativo ao exercício
de 2012.
2. A presente instrução tem por objetivo analisar as alegações de defesa apresentadas pelos Srs. Eurides
Luiz Mescolotto, ex-Diretor-Presidente da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, Diretor de Engenharia da
Eletrosul, responsáveis pela assinatura do Termo Aditivo nº 5 ao Contrato 84491013, e pela empresa Engevix
Engenharia S/A, citados em cumprimento ao Despacho do Exmo. Sr. Ministro-Relator Raimundo Carreiro (peça
117), nos termos do item 54, “a”, da instrução que constitui a peça 115.
137

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

HISTÓRICO
3. No âmbito do Tribunal de Contas da União, as presentes contas mereceram instruções e
pronunciamentos processuais anteriores, que apontaram indícios de irregularidades, os quais ensejaram a
realização de diligência junto a Eletrosul (peças 18 e 20) e as oitivas da unidade jurisdicionada e de empresa por
ela contratada (peças 29, 31, 46, 57 e 58). Todas as respostas foram devidamente analisadas, resultando em nova
instrução processual (peça 90), cujo respectivo item 78 traz os indícios de irregularidades que remanesceram,
abaixo transcritos, dando ensejo às audiências dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, Ronaldo dos Santos Custódio e
Antonio Waldir Vittori (peças 96-98):
b) realizar a audiência dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF 185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos
Custódio (CPF 382.173.090-00), nas condições de Diretor-Presidente e Diretor de Engenharia, respectivamente,
com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e III, do
Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa quanto aos
indícios de irregularidades especificados abaixo:
b.1) Contratação do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124 (Concorrência n. 90570406) sem
detalhamento das composições dos preços unitários dos serviços que compõem o orçamento prévio, infringindo
a jurisprudência desta corte de contas (Súmula TCU 258/2010) (Subitem 4.1.1.4 do Relatório de Auditoria
Anual de Contas da CGU, referente a Eletrosul, exercício de 2012; subitem 50.1 da instrução processual - peça
5, p. 44-47);
b.2) Extrapolação do prazo contratual para a eliminação de pendências que possibilitem a emissão dos
Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das Unidades Geradoras sem a decorrente aplicação das
penalidades contratuais cabíveis no Contrato nº 90580124 (Concorrência n° 90570406), infringindo, entre
outros, a cláusula 10ª do respectivo termo contratual, o regulamento de habilitação, licitação e contratação da
Eletrobras e suas controladas e o art. 86 da Lei 8.666/1993. (Subitem 4.1.1.6 do Relatório de Auditoria Anual de
Contas da CGU, referente a Eletrosul, exercício de 2012; subitem 50.2 da instrução processual - peça 5, p. 50-
57);
b.3) a contratação de quantia acima de R$ 15 milhões de reais, no âmbito do Contrato 84491013 firmado
com a empresa Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, em afronta à Súmula 258 do
TCU;
b.4) aumento da ordem de 15 milhões de reais – equivalente a 26,5% do valor original do contrato – dos
valores correspondentes aos itens “Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de
obras” do Contrato 84491013 firmado com a empresa Engevix Engenharia S/A proporcionalmente ao número
de dias de atraso da obra – 664 dias além dos 400 originais – sem se levar em conta a sua diminuição de ritmo,
visto que não ocorreu alteração significativa no escopo do objeto, com indício de pagamento seja por serviços
não realizados seja pela manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada
simplesmente com o objetivo de aguardar, a qualquer momento, a entrega de equipamentos com atraso,
consistindo dano ao erário decorrente de ato de gestão antieconômico, nos termos dos art. 16, inciso III, alínea
“c”, e 58, inciso III, da Lei 8.443/1992;
c) realizar a audiência dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF 185.258.309-68) e Antonio Waldir Vittori
(CPF 230.991.949-72), na condição de Diretor-Presidente e Diretor Administrativo, respectivamente, com
fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e III, do Regimento
Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa quanto a:
c.1) cessões de empregados sem embasamento legal, visto que a Lei 8.112/1990 e seus decretos
regulamentadores dizem respeito, exclusivamente, ao “regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das autarquias e das fundações públicas federais”, portanto, não atingem as empresas estatais que não recebem
recursos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, como é o
caso da Eletrosul (subitem 52.2 da instrução processual);
4. Em cumprimento ao despacho do Relator, Exmº Sr. Ministro Raimundo Carreiro Silva (peça 92),
foram promovidas as audiências dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, Ronaldo dos Santos Custódio e Antonio
Waldir Vittori, mediante os Ofícios 0798, 0799 e 0800/2015-TCU/SECEX-SC (peças 96-98), todos datados de
20/8/2015.
5. As audiências foram tempestivamente respondidas e analisadas por meio da instrução que compõe a
peça 106. Naquela oportunidade, o Auditor posicionou-se da seguinte forma:
54. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
138

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares com ressalva as contas dos
responsáveis a seguir, dando-lhes quitação, em face das falhas adiante apontadas, relativas a atos
administrativos específicos por eles praticados e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às respectivas
execuções:
a.1) Eurides Luiz Mescolotto: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124 (Concorrência n.
90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos preços unitários dos
serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo contratual para a
eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das Unidades
Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124 (subitem
17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “vb” ou verba, correspondente aos itens “Gerenciamento e
Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias de atraso da obra,
sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento de serviços não
realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada (itens 24 e 34,
acima), com descumprimento ao art. 86 da Lei 8.666/1993, a Súmula TCU 258 e o regulamento de habilitação,
licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas; e cessões de empregados sem embasamento legal para a
Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com
embasamento legal equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério
das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias.
a.2) Ronaldo dos Santos Custódio: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124
(Concorrência n. 90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos
preços unitários dos serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo
contratual para a eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das
Unidades Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124
(subitem 17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a
empresa Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens
“Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias
de atraso da obra, sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento
de serviços não realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada
(itns 24 e 34, acima), com descumprimento ao art. 86 da Lei 8.666/1993, a Súmula TCU 258 e o regulamento de
habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas;
a.3) Antonio Waldir Vittori: cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal
de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal
equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia
e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas dos Srs. Antônio
Gomes de Farias Neto (CPF 171.781.699-15); Cláudia Hofmeister (CPF 394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF
513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana Miranda de Siqueira Lima (CPF
428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida
(CPF 028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva
(CPF 807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF 113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF
233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20); Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF
140.678.380-34), e William Rimet Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados na peça 2, dando-lhes quitação
plena.
c) determinar a Eletrosul, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno/TCU, a regularização
imediata de todas as cessões de empregados que tiverem fundamento em dispositivos equivocados da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias, devendo retornar à Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), devendo ser comunicadas ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da
decisão que vier merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
139

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) dar ciência a Controladoria-Geral da União, ao Ministério Público Federal e ao Departamento de


Polícia Federal em Santa Catarina sobre a decisão que vier a merecer estes autos, encaminhando-se-lhes cópias
do respectivo relatório e voto que a fundamentarem, para as providências que julgarem oportunas e
convenientes, relativamente a questão referida no item 53 da presente instrução processual.
6. O Diretor da 1ª D.T, ora signatário desta instrução, divergiu em parte, destacando a gravidade da
seguinte irregularidade:
Aumento da ordem de R$ 15 milhões (+26,5% dos valores dos itens “Gerenciamento e Qualidade” e
“Operação e manutenção do canteiro de obras”) do valor do Contrato 84491053, firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, proporcionalmente ao número de dias de atraso da obra (664 dias além dos
quatrocentos dias originais), sem se levar em conta a sua diminuição de ritmo, visto que não ocorreu alteração
significativa no escopo do objeto, com indício de pagamento seja por serviços não realizados seja pela
manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada simplesmente com o objetivo
de aguardar, a qualquer momento, a entrega de equipamentos com atraso.
7. Ao final, com a anuência do Secretário, propôs a irregularidade das contas de alguns dos responsáveis,
nos seguintes termos (peça 107):
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, 19, parágrafo único e 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, e 214, inciso III, do Regimento Interno, que sejam
julgadas irregulares as contas dos responsáveis a seguir, em face das irregularidades adiante apontadas, relativas
a atos administrativos específicos por eles praticados e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às
respectivas execuções:
a.1) Eurides Luiz Mescolotto: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124 (Concorrência n.
90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos preços unitários dos
serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo contratual para a
eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das Unidades
Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124 (subitem
17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens “Gerenciamento e
Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias de atraso da obra,
sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento de serviços não
realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada, com
descumprimento ao princípio da economicidade (art. 70 da Constituição Federal), ao art. 86 da Lei 8.666/1993,
à Súmula TCU 258 e o regulamento de habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas; e
cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais
Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal equivocado em dispositivos da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias;
a.2) Ronaldo dos Santos Custódio: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124
(Concorrência n. 90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos
preços unitários dos serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo
contratual para a eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das
Unidades Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124
(subitem 17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a
empresa Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens
“Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias
de atraso da obra, sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento
de serviços não realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada,
com descumprimento ao princípio da economicidade (art. 70 da Constituição Federal), ao art. 86 da Lei
8.666/1993, à Súmula TCU 258 e o regulamento de habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas
controladas;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares com ressalva as contas do
responsável a seguir, dando-lhe quitação, em face das falhas adiante apontadas, relativas a atos administrativos
específicos por ele praticado e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às respectivas execuções:
140

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b.1) Antonio Waldir Vittori: cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal
de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal
equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia
e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias;
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas dos Srs. Antônio
Gomes de Farias Neto (CPF 171.781.699-15); Cláudia Hofmeister (CPF 394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF
513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana Miranda de Siqueira Lima (CPF
428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida
(CPF 028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva
(CPF 807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF 113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF
233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20); Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF
140.678.380-34), e William Rimet Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados na peça 2, dando- lhes quitação
plena;
d) seja aplicada aos responsáveis Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio a multa
prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o Tribunal (art.
23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do
TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente, a contar da data
deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, caso não sejam pagas no prazo estabelecido, na forma da
legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
f) determinar a Eletrosul, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno/TCU, a regularização
imediata de todas as cessões de empregados que tiverem fundamento em dispositivos equivocados da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias, devendo retornar à Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), devendo ser comunicadas ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da
decisão que vier merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
g) determinar à Controladoria-Geral da União que analise o encontro de contas (peças 70 a 88) de que
trata a recomendação 1 do item 4.1.1.8 (“Prática de jogo de planilhas em contratação de remanescente de obra
por dispensa de licitação, combinada com substancial atraso na execução do empreendimento, causando aditivos
contratuais no valor total de R$ 19.598.123,94, dos quais, pelo menos R$ 15 milhões envolvem serviços
contratados com a especificação de “gb” ou verba, sem que tenha ocorrido alteração relevante no objeto
contratado”) e, caso encontrado superfaturamento, represente ao Tribunal;
h) dar ciência à Controladoria-Geral da União, à Procuradoria da República nos estados de Santa Catarina
e do Paraná e ao Departamento de Polícia Federal em Santa Catarina e no Paraná sobre a decisão que vier a
merecer estes autos, encaminhando-se-lhes cópias do respectivo relatório e voto que a fundamentarem, para as
providências que julgarem oportunas e convenientes, relativamente ao aditivo de aproximadamente R$ 15
milhões ao Contrato 84491053 nos itens “Gerenciamento de Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro
de obras” em contrapartida ao atraso de 664 dias na obra sem que tenha havido aumento do seu escopo.
8. O Ministério Público junto ao TCU, em Parecer do Exmº Sr. Procurador Marinus Eduardo De Vries
Marsico (peça 109), concordou parcialmente com a proposta da Unidade Técnica, manifestando concordância
com a proposta de irregularidade das contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio,
mas apenas em decorrência da seguinte irregularidade:
c) aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491053, firmado com a empresa Engevix
Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens “Gerenciamento e Qualidade”
e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias de atraso da obra, sem levar em
conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento de serviços não realizados e
manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada, com descumprimento ao
princípio da economicidade (art. 70 da Constituição Federal), ao art. 86 da Lei 8.666/1993, à Súmula TC U 258
e o regulamento de habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas.
141

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Já estavam os autos no gabinete do Ministro-Relator, quando o responsável Sr. Ronaldo dos Santos
Custódio apresentou novos elementos (peça 111). Em Despacho que compõe a peça 113, o Exmº Sr. Ministro
Raimundo Carreiro determinou que a Secex-SC os examinasse, avaliando possíveis reflexos nas propostas
anteriormente lançadas, e, posteriormente, enviasse os autos ao Ministério Público junto ao TCU.
10. Em cumprimento ao Despacho supracitado, foi elaborada a instrução que constitui a peça 115, em que
se concluiu o seguinte:
47. A última instrução da Unidade Técnica propôs o julgamento pela regularidade com ressalva das
contas de três responsáveis e pela regularidade para os demais.
48. O diretor da 1ª D.T. e o Secretário de Controle Externo do Estado de Santa Catarina propuseram o
julgamento pela irregularidade das contas de dois responsáveis, com fundamento em várias irregularidades, pela
regularidade com ressalva para um deles e pela regularidade para os demais.
49. O Ministério Público junto ao TCU concordou parcialmente com a Unidade Técnica, divergindo
apenas quanto ao fato que, no entender do parquet, o fundamento para o julgamento pela irregularidade das
contas seria apenas uma das irregularidades relacionadas, tendo em vista que as demais ou não foram cometidas
no âmbito das contas de 2012 ou não eram graves o suficiente para macular as contas.
50. A presente instrução analisou os novos elementos enviados por um dos responsáveis com o intuito de
demonstrar a inexistência da falha remanescente que, ao ver da Secex-SC e do Ministério Público junto ao TCU,
ainda poderia fundamentar o julgamento pela irregularidade das suas contas.
51. Conforme exame realizado no tópico anterior, restou demonstrado que a premissa que resultou no
entendimento, no pronunciamento que constitui a peça 107, pela existência da irregularidade, qual seja, o
pagamento integral à Engevix, no período de prorrogação do contrato, em contrapartida dos custos com as
equipes de gerenciamento de qualidade e operação e manutenção de canteiro de obras durante períodos de
ociosidade simplesmente aguardando a chegada de equipamentos, era parcialmente inválida, pois, embora as
entregas dos equipamentos tenham sido esparsas e ocupado período bem maior que o programado, a
necessidade de realizar a montagem dos referidos equipamentos impedia a Eletrosul de optar pela
desmobilização das referidas equipes, sob pena de custos ainda maiores.
52. Por outro lado, o mesmo exame demonstrou que a assinatura do 5º Termo Aditivo acrescentando R$
1.637.701,70 em pagamentos por Gerenciamento e Qualidade e
R$ 837.165,33 por Operação e Manutenção do Canteiro, assim como os respectivos pagamentos, estão eivados
de indícios fortes de ilegalidade, ilegitimidade e antieconomicidade.
53. Desta forma, propõe-se a citação de todos os responsáveis pelos referidos pagamentos.
11. Consequentemente, sugeriu-se a citação dos responsáveis, nos termos abaixo:
54. Ante o exposto, propõe-se:
a) promover, com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202,
incisos I e II, do Regimento Interno/TCU, a citação dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, ex-Diretor-Presidente da
Eletrosul, e Ronaldo dos Santos Custódio, Diretor de Engenharia da Eletrosul, responsáveis pela assinatura do
Termo Aditivo nº 5 ao Contrato 84491013, em solidariedade com a empresa Engevix Engenharia S/A,
beneficiária dos pagamentos inquinados, para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentarem alegações de defesa
ou recolherem aos cofres da Eletrosul as quantias originais abaixo relacionadas, atualizadas monetariamente a
partir das datas respectivas (datas das medições), até o efetivo recolhimento, abatendo-se na oportunidade as
quantias eventualmente ressarcidas, na forma da legislação em vigor, em decorrência da assinatura do Termo
Aditivo nº 5 ao Contrato 84491013 “Prestação de serviços e fornecimento de bens necessários para a conclusão
da UHE Passo São João” e consequente pagamento por serviços não prestados ou desnecessários e que não
trouxeram qualquer benefício à Eletrosul relativos aos itens 1.5 e 1.8 da sua cláusula quinta, visto que a obra já
estava finalizada no prazo do Termo Aditivo nº 4, não necessitando mais de serviços relativos a Gerenciamento
e Qualidade ou a Operação e Manutenção de Canteiro;
Data Valor original
30/10/2012 R$ 1.435.412,23
31/10/2012 R$ 988.546,77
01/08/2014 R$ 50.908,02
b) informar os responsáveis de que, caso venham a ser condenados pelo Tribunal, o débito ora apurado
será acrescido de juros de mora, nos termos do § 1º do art. 202 do Regimento Interno/TCU;
c) alertar os responsáveis que podem as suas contas vir a ser julgadas irregulares, com aplicação de
multa, em decorrência das constatações identificadas neste processo; e
142

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d) encaminhar cópia do processo aos responsáveis para subsidiar as manifestações requeridas.


12. Após autorização do Exmº Sr. Ministro-Relator, os responsáveis foram citados (peças 118 a 120) e
encaminharam tempestivamente suas alegações de defesa (peças 129, 130 e 132). O Sr. Eurides Luiz
Mescolotto, posteriormente, conforme a peça 133, ratificou o conteúdo da peça 130, entregue sem assinatura por
motivo de viagem.
EXAME TÉCNICO
13. Inicialmente, cabe apontar que não há qualquer prejuízo processual relativo ao fato de a defesa do Sr.
Eurides Luiz Mescolotto ter sido apresentada inicialmente sem assinatura. No Tribunal de Contas da União
vigem os princípios da busca da verdade material e da formalidade moderada. Desta forma, a ratificação do
conteúdo da defesa apresentada supre a falta de assinatura na peça 10. Além disso, mesmo que não fosse
ratificada, nada impediria o Tribunal, na busca da verdade material, de analisar o seu conteúdo e levá-lo em
conta, caso trouxesse elementos fundamentais para a resolução da questão em tela em favor daquele responsável
ou mesmo de outro.
14. As citações foram realizadas em decorrência de suposto prejuízo à Eletrosul, em valores originais no
montante de R$ 2.474.867,02, causado pela “assinatura do Termo Aditivo nº 5 ao Contrato 84491013 ‘Prestação
de serviços e fornecimento de bens necessários para a conclusão da UHE Passo São João’ e consequente
pagamento por serviços não prestados ou desnecessários e que não trouxeram qualquer benefício à Eletrosul
relativos aos itens 1.5 e 1.8 da sua cláusula quinta, visto que a obra já estava finalizada no prazo do Termo
Aditivo nº 4, não necessitando mais de serviços relativos a Gerenciamento e Qualidade ou a Operação e
Manutenção de Canteiro”.
15. As respostas apresentadas pelos Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio, na
época Diretor-Presidente e Diretor de Engenharia da Eletrosul, respectivamente, são idênticas (peças 129 e 130),
razão pela qual serão tratadas conjuntamente, remetendo-se apenas à peça 129. A empresa Engevix Engenharia
S/A enviou suas alegações de defesa por meio da peça 132.
16. Passa-se a analisar as referidas manifestações.
17. Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio, na época Diretor-Presidente e Diretor
de Engenharia da Eletrosul, respectivamente.
18. Inicialmente, apresentam uma síntese do processo até o momento (peça129, p. 1-2).
19. Informam que o Departamento de Engenharia de Geração emitiu uma Nota Técnica analisando a
instrução da Secex-SC que resultou na citação (peça 129, p. 2).
20. Asseveram que, na referida Nota Técnica, constam as seguintes informações:
a) o cenário previsto pelo Termo Aditivo nº 4, vigente até julho de 2012, previa “pagamento dos itens 2 e
5 (gerenciamento e qualidade e operação e manutenção do canteiro de obras) até maio de 2012, data que
coincidia, até então, com a operação comercial da unidade geradora 2”, segunda e última unidade geradora
(peça 129, p. 3);
b) “Motivada por circunstâncias não imputadas à contratada, dentre elas problemas no fornecimento de
equipamentos, notadamente o isolamento das barras e dos estatores dos geradores das duas unidades geradoras,
as atividades de responsabilidade da contratada Engevix foram impactadas, fatos que levaram à necessidade de
revisão do cronograma”, levando ao adiamento da operação comercial das Unidades Geradoras 1 e 2,
respectivamente, de 15/03/2012 para 21/03/2012 e de 15/05/2012 para 06/07/2012 (peça 129, p. 3);
c) a remuneração das atividades de que trata este processo (Gerenciamento e Qualidade – item 2 – e
Operação e manutenção do canteiro de obras – item 5), no que se refere ao Termo Aditivo nº 5, não estaria
relacionada aos meses de agosto, setembro e outubro, mas sim a junho e julho, que não estavam abrangidos pelo
termo Aditivo nº 4 (peça 129, p. 3).
21. Acrescenta que a informação acima (letra “c”) é importante porque a instrução da Secex/SC (peça
115, item 34) afirmara que os pagamentos integrais àquelas equipes seriam regular se terminassem no fim de
julho de 2012.
22. Informa que, nos meses de junho e julho, foram pagos cerca de R$ 1.426.668,00 por conta das
referidas equipes, restando a justificar o valor de R$ 1.048.200,00 (peça 129, p. 4).
23. Quanto a esse último valor, remete, novamente, à Nota Técnica do Departamento de Engenharia de
Geração, segundo a qual:
a) o atraso no início de geração comercial da Unidade Geradora 2 resultou em uma simplificação de
procedimentos “a fim de abreviá-los e colocar a usina em operação 100% com a maior brevidade, estancando os
prejuízos que a indisponibilidade das unidades geradoras estava imputando à Eletrosul”, tornando necessária a
143

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

permanência da equipe da contratada (gerenciamento e qualidade) no canteiro até a resolução final das
pendência não impeditivas à operação comercial decorrentes da simplificação dos procedimentos, o que seria
realizado entre a data de colocação da usina em operação total – 06/07/2012 – e o dia 31/08/2012 (peça 129, p.
4-5);
b) no que se refere à operação e manutenção do canteiro de obras, além do fato de ser necessário mantê-
las até 31/08/2012 por conta das pendências supracitadas, foi incorporado ao escopo do contrato “os serviços de
operação assistida do sistema digital de supervisão e controle e proteção, além de equipe de apoio para possíveis
intervenções até 31/10/2012”, fazendo com que os pagamentos pela manutenção e operação do canteiro
devessem ser prorrogados até 31/10/2012 (peça 129, p. 5);
c) caso os procedimentos acima não tivessem sido executados, a Unidade Geradora 1 entraria em
operação apenas em 10/07/2012, em vez de 21/03/2012, e a Unidade Geradora 2 somente em 21/11/2012, em
vez de 06/07/2012, resultando na necessidade de se comprar energia no mercado livre para “atendimento de
lastro de geração exigido na regulamentação setorial”, o que custaria à Eletrosul R$ 21.036.645,19 (peça 129, p.
5-6).
24. Apresentam precedente no TCU – Acórdão 3.443/2012-TCU-Plenário – de julgamento em que o
Ministro-Relator entende que, no caso de impossibilidade de término da obra no prazo acordado, se houver
culpa da Administração, esta deve suportar o aditivo e eventuais consequências pecuniárias advindas do atraso
(peça 129, p. 6-7).
25. Demonstra, por meio de tabela, que os valores médios diários pagos em contrapartida aos itens de que
tratam essas alegações de defesa diminuíram em cada aditivo, inicialmente
R$ 23.880,00 no item Gerenciamento e Qualidade e R$ 6.674,00 no item Operação e Manutenção de Canteiro e
finalizando, no 5º Termo Aditivo, com R$ 15.164,00 por dia nos 108 dias da prorrogação para o Gerenciamento
e Qualidade, entre 15/05/2012 e 31/08/2012, e R$ 4.954,00 por dia nos 169 dias da prorrogação para a Operação
e Manutenção do Canteiro, entre 15/05/2012 e 31/10/2012, levando-se em conta, “para efeito de divisão (...) o
disposto nas cláusulas contratuais de eventos geradores de pagamento, de prazo de vigência e de marcos
contratuais” (peça 129, p. 7).
26. Alegam que a situação impeditiva de desmobilização das equipes no final da obra “é rigorosamente de
mesma relevância que a outrora justificada e reconhecida pela unidade técnica em sua mais recente instrução
para os períodos anteriores de execução do contrato” (peça 129, p. 8).
27. Repetem que não houve antieconomicidade no Termo Aditivo nº 5, “pois, aos pagamentos realizados
corresponderam serviços comprovadamente executados pela contratada” (peça 129, p. 8).
28. Lembram que ainda estão retidos, com relação ao contrato em questão, R$ 500.023,48, em valor
histórico (peça 129, p. 9).
29. Versam sobre a manutenção do desconto contratual por ocasião dos aditivos, assunto já superado no
presente feito (peça 129, p. 9).
30. Argumentam que só se poderia julgar pela irregularidade das contas caso comprovado o pagamento
por serviços não realizados, o que só poderia ser comprovado no encontro de contas determinado à
Controladoria-Geral da União, e não baseado apenas em indícios (peça 129, p. 9-11).
31. Irresignam-se contra a “tentativa de ampliar o escopo do indício ao se questionar não mais (e apenas)
o pagamento antieconômico, mas também a assinatura do Termo Aditivo nº 5”, o qual não estaria dotado de
ilegalidade, tendo obedecido “rigorosamente o rito interno para deliberação da Diretoria Executiva da Eletrosul,
tal como estabelecido pelo Estatuto Social da companhia e pelas suas normas internas” (peça 129, p. 11).
32. Vinculam a cláusula do Termo Aditivo nº 5 que altera os preços com o art. 55, inciso III, da Lei das
Licitações (peça 129, p. 11).
33. Por fim, requerem o acatamento das informações e evidências apresentadas e a declaração de
regularidade das contas do exercício de 2012 (peça 129, p. 11).
34. Engevix Engenharia S/A.
35. Inicialmente comprova a tempestividade de sua resposta (peça 132, p. ½).
36. Faz um histórico da sua contratação, ressaltando que, “durante a vigência do Contrato, por razões total
e comprovadamente alheias a qualquer vontade e/ou atuação da Engevix, foi necessário prorrogar a execução
contratual para concluir o empreendimento UHE Passo São João, prorrogações estas requisitadas e impostas
unilateralmente pela Eletrosul (peça 132, p. 2).
144

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

37. Descreve, também, os fatos relacionados à auditoria da CGU que subsidiaram o Relatório que constou
da Prestação de Contas do exercício de 2012 da Eletrosul, bem como os fatos processuais que se seguiram até a
citação que ora responde (peça 132, p. 3-4).
38. No que se refere à contratação, relata a importância do empreendimento bem como a emergência que
motivou a contratação da Engevix, nos termos do art. 24, inciso IV, da Lei das Licitações (peça 132, p. 5).
39. Relembra o passivo de mais de 30 subcontratos de fornecimentos de serviços e equipamentos que
recebeu para gerenciar, sendo “contratada para concluir a montagem da usina, de modo que fosse responsável
por serviços e bens ainda não executados no âmbito do contrato rescindido, enquanto a Eletrosul seria
responsável pela coordenação dos subcontratos em andamento para a aquisição dos equipamentos (entre eles as
turbinas e geradores)” (peça 132, p. 5-6 – grifos no original).
40. Em seguida, descreve as circunstâncias em que foi contratada, principalmente no que se refere à
relevância dos serviços de gerenciamento, tendo em vista “a necessidade de se identificar cada etapa executada
pela Energ Power, analisar tal execução, para que, somente depois pudesse ocorrer o prosseguimento das etapas
faltantes a partir de canteiro de obras devidamente mobilizado e estruturado” (peça 132, p. 6).
41. Explica: “De fato, estes serviços se mostram mais relevantes em uma contratação como a realizada
com a Engevix do que se fosse realizado desde o início por uma única contratada. Isto porque a assunção dos
serviços após o início de parte das atividades executadas por outra empresa implica em diversas
dificuldades, tais como a necessidade de um esforço coletivo para se aferir precisamente em qual fase de
execução se encontrava cada uma das frentes de trabalho” (peça 132, p. 6 – grifo no original).
42. Quanto à operação e manutenção do canteiro, informa que a prestação de tais serviços decorreu da
previsão expressa no contrato rescindido com a empresa Energ Power, assumidos pela Engevix (peça 132, p. 6).
43. No que concerne ao termo Aditivo nº 5, alega que “a execução do objeto do Contrato pela Engevix
estava diretamente ligada a inúmeros subcontratos de fornecimento de equipamento e prestação de serviços
celebrados anteriormente pela Energ Power, cuja responsabilidade por eventual atraso no cumprimento era da
Eletrosul”, inclusive turbinas e geradores, e que os subcontratados “descumpriram o prazo de entrega de
inúmeros serviços e equipamentos, tais como fornecimento de turbinas, comportas, unidades hidráulicas e
equipamentos essenciais, o que impactou diretamente a execução do Contrato pela Engevix (peça 132, p. 7).
44. Afirma que, previamente à assinatura do Termo Aditivo nº 5, “foram realizadas reuniões e troca de
comunicações entre a Engevix e a Eletrosul para ajustar os [seus] termos (...), conforme registrado na Carta
1175/01-10-CE-0063/12 (...), de 18/07/2012, a qual apresentou os itens passíveis de serem ajustados”, os quais
seriam: “(i) serviços fora do escopo original do Contrato, (ii) realização de testes de performance das unidades
geradoras, os quais não foram realizados anteriormente devido a dificuldades hidrológicas da região e (iii)
operação assistida e equipe de apoio para possíveis intervenções por 60 dias” (peça 132, p. 7).
45. Informa que, dentre os itens a serem reajustados, havia os dois itens de que tratam as presentes
alegações de defesa: Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro de Obras (peça 132, p.
8).
46. Sobre o aditivo, finaliza asseverando que o 5º Termo Aditivo “foi assinado em 19 de julho de 2012,
incorporando serviços adicionais ao escopo do Contrato e prorrogando seu prazo final até 31 de outubro de
2012, atendendo, portanto, às solicitações da Eletrosul, em conformidade com as necessidades verificadas”
(peça 132, p. 8).
47. No tópico seguinte, a Engevix passa a tratar da natureza dos serviços cujos pagamentos se questiona
na citação ora respondida: Gerenciamento e Qualidade do escritório e da obra e Operação e Manutenção do
Canteiro de Obras.
48. Inicialmente transcreve as atividades relacionadas ao serviço de Gerenciamento e Qualidade (peça
132, p. 8-9).
49. Afirma que, pela “simples leitura da descrição do Gerenciamento, depreende-se que as atividades
desempenhadas envolvem o constante acompanhamento e fiscalização da execução dos Serviços, inclusive
após a conclusão da obra da UHE Passo São João” (peça 132, p. 9 - grifei).
50. Passa a descrever os serviços realizados pela equipe de Gerenciamento e Qualidade, principalmente
os Relatórios de Progresso Mensal e a elaboração de Documentos do Escritório e Documentos da Obra,
destacando a produção de Documentos de Evolução dos Serviços, a qual seria “suficiente para demandar a
presença de uma equipe fixa e conhecedora da obra, bem como de seu histórico de evolução” (peça 132, p. 9).
51. Acrescenta que o “Gerenciamento envolvia ainda uma multiplicidade de atividades”, além das já
descritas, e exemplifica relacionando as atividades programadas para agosto de 2012, conforme os
145

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“Documentos do Escritório de julho de 2012”, como reuniões, controles, análises, atividades relacionadas a
comissionamento e pendências da Unidade 02, acompanhamento da Operação Assistida, “Definição da data,
junto ao cliente, da realização dos testes de desempenho da Unidade Geradora”, atividades relativas à
documentação “AS BUILT” e entrega de sistemas à Eletrosul, além da “emissão de databooks referentes à
componentes da UHE Passo São João” (peça 132, p. 10-11).
52. Conclui, no que tange ao Gerenciamento e Qualidade (peça 132, p. 11):
Tem-se claro, portanto, que o Gerenciamento se mostrava indispensável para a adequada condução da
implementação da UHE Passo São João, bem como no período compreendido pela Prorrogação. Assim, conclui-
se que o Gerenciamento teve de ser realizado haja vista que consiste em Serviço inerente à toda a extensão do
Contrato, envolvendo primordialmente atividades de acompanhamento, fiscalização e elaboração de
documentos, inclusive para que a conclusão da UHE Passo São João pudesse ser avaliada pela própria Engevix
mediante a execução do Escopo do 5° Termo Aditivo. (grifo no original)
53. Com referência ao item Operação e Manutenção do Canteiro de Obras, inicialmente descreve as
atividades relacionadas a tal rubrica: “Compreende a operação, manutenção, vigilância e segurança patrimonial
de todas as instalações do CANTEIRO DE OBRAS da CONTRATADA e, das instalações adicionais que a
CONTRATADA julgar necessário. Comunicação, rede e internet, coleta de lixo, tratamento de esgoto, água,
energia elétrica” (peça 132, p. 11 – grifos no original”.
54. Acrescenta que a descrição acima demonstra a relação direta entre esses serviços e as instalações
construídas pela Engevix, cujo escopo também descreve, concluindo, assim (peça 132, p. 12):
A dimensão das Instalações permite reconhecer a extensão da Operação e Manutenção, compreendendo
toda uma gama de atividades necessárias para a execução de uma obra de grande porte, como a UHE Passo São
João. Assim, a Engevix deveria manter um canteiro de obras operacional que pudesse dar vasão aos
serviços que fossem necessários para atender a demanda do Contrato e, de forma a otimizar a suas ações,
manter a Infraestrutura dos Serviços compatível com toda as atividades a que se obrigou no Contrato,
inclusive o Gerenciamento. (sic - grifo no original)
55. Relaciona, em seguida, os “elementos imprescindíveis à execução dos Serviços (peça 132, p. 13):
(i) mão de obra direta, (ii) mão de obra indireta, (iii) condução - ônibus, (iv) correios, (v) estacionamento,
(vi) fianças e seguros garantias, (vi) softwares de gerenciamento, (viii) hospedagens e estadias, (ix) locação de
veículos, (x) locação de imóveis (xi) passagens aéreas, (xii) refeições, (xiii) pedágios, (xiv) telefone, (xv)
serviços de limpeza e vigilância, (xvi) energia elétrica, (xvii) infraestrutura de telecomunicações, combustíveis e
lubrificantes (xviii) equipamentos de terceiros, como caminhão, ônibus, ambulância, estrutura de escritório,
(xix) locação de copiadora, (xx) equipamentos de movimentação de carga, (xxi) programas de segurança e
qualidade (PPRA - programa de prevenção de riscos ambientais, PCMAT - programa de condições e meio
ambiente de trabalho na indústria da construção civil, PCMSO -programa de controle médico de saúde
ocupacional), (xxii) limpeza do canteiro de obras, (xxiii) internet, (xxiv) telefone, (xxv) água e (xxvi) portaria.
56. Alega que o rol de serviços acima demonstra a dimensão da Operação e Manutenção da Infraestrutura
dos Serviços e “em que medida se revela como diretamente ligada ao Gerenciamento que trata de acompanhar a
evolução da obra (...) para disponibilizá-la à Eletrosul, após a sua conclusão, bem como após a realização de
testes e operação assistida, consoante previsto no Escopo do 5º Termo Aditivo” (peça 132, p. 13).
57. Conclui, com relação à Operação e Manutenção do Canteiro (peça 132, p. 13):
Assim, a Operação e manutenção, como o Gerenciamento, devido à natureza das atividades
desempenhadas, não era diretamente relacionada à execução das obras, trata-se de um elemento dos Serviços
cuja manutenção mesmo após a conclusão da obra de implementação da UHE Passo São João revela-se
essencial, uma vez que consistia em medida de otimização técnica diante da mobilização já realizada pela
Engevix.” (grifo no original)
58. Especificamente quanto ao 5º Termo Aditivo, destaca que os serviços prestados durante a prorrogação
não eram residuais, mas consequência natural da conclusão da obra, contemplando os seguintes, com especial
atenção para o item x, que consistiu em uma fase de transição, “de forma a permitir a gradual assunção dos
serviços operacionais pela Eletrosul e propiciar que a assunção completa da UHE Passo São João fosse realizada
adequadamente, em conformidade com as melhores práticas do setor” (peça 132, p. 13-14);
(i) Retrabalhos nas Bases do Estator (Cunhas);
(ii) Fornecimento de dispositivos de Montagem para o Gerador;
(iii) Retrabalho de bobinagem para recuperação do estator da UG 01 após as falhas durante os ensaios de
tensão aplicada;
146

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(iv) Recuperação do estator UG 02;


(v) Limpeza do gerador 1 em decorrência de vazamento de óleo;
(vi) Reparos nos cilindros das Comportas Vagão das Tomadas D'Água;
(vii) Pintura do Gerador;
(viii) Reparo de trinca da Comporta Segmento do Vão 3 do Vertedouro;
(ix) Testes de performance das Unidades Geradoras; e
(x) Operação assistida do sistema digital de supervisão e controle e proteção, além de equipe de apoio
para possíveis intervenções até 31/10/2012.
59. Caracteriza a prorrogação (5º Termo Aditivo) como uma fase de transição, o que pode ser confirmado
“pela natureza das atividades realizadas no período, verificável a partir das atas de reuniões realizadas”,
destacando-se a realização das atividades de comissionamento (“assegurar que os sistemas e componentes
instalados estão em conformidade com os requisitos operacionais da Central Hidrelétrica”) e treinamento de
funcionários da Eletrosul para assumir a operação da usina (peça 132, p. 14).
60. Demonstra, por meio de transcrições do contrato, que o comissionamento (definido no parágrafo
acima) seria responsabilidade da Engevix e deveria ser realizado individualmente “para cada componente da
obra” (grifo no original), consistindo em reuniões de três tipos, sequenciais: reuniões iniciais, reuniões finais e
reuniões de quitação de pendências, as quais, em seguida, são detalhadas pela Engevix, nas suas alegações,
destacando-se a informação de que, nas reuniões finais, “a gestão dos Componentes era entregue à Eletrosul,
sem prejuízo da análise de eventuais pendências” e de que “Caso houvesse alguma questão em aberto, eram
acordadas as medidas a serem tomadas, cuja verificação se dava nas Reuniões de Quitação de Pendências” (peça
132, p. 14-15).
61. Informa que a Engevix também realizou atividades de treinamento dos funcionários que iriam operar
a usina, “conforme previsto no Contrato”, bem como “gerenciou a finalização das atividades dos fornecedores
contratados no âmbito da obra, o que envolvia, principalmente, registrar as atividades realizadas, verificar a
existência de pendências, [e] providenciar a respectiva desmobilização” (peça 132, p. 15-16).
62. Conclui, no que concerne ao 5º Termo Aditivo (peça 132, p. 16):
Desse modo, a execução dos Serviços previstos no 5° Termo Aditivo estava em conformidade com
escopo do Contrato e as obrigações contratuais da Engevix, no sentido de entregar à Eletrosul a UHE Passo São
João em plena condição de ser operada comercialmente e sem riscos, conforme as disposições da Clausula 28
do Contrato (“Operação Comercial de Unidade Geradora, Certificado de Aceitação Provisória e Atestado de
Capacidade Técnica”), de forma que resta inquestionável a sua necessidade para a conclusão das obras da UHE
Passo São João e sua operação.
63. No tópico seguinte, sobre a necessidade dos serviços de Gerenciamento e Operação e Manutenção, a
responsável traz à lume trecho Voto que fundamentou o Acórdão 2.029/2008-TCU-Plenário, em que o Ministro-
Relator menciona que “A Administração da obra ou Administração local representa aqueles custos que não
estão relacionados diretamente à execução dos serviços de engenharia, mas são necessários para o correto
funcionamento e andamento da obra em questão” (peça 132, p. 16 – grifado pela responsável).
64. Repete que todos os serviços e atividades contratuais exigem a infraestrutura e gerenciamento do
canteiro de obras, inclusive as atividades realizadas durante a prorrogação (peça 132, p. 17).
65. Alega que as equipes que compuseram os itens contratuais de Gerenciamento e Operação e
Manutenção do Canteiro eram compostas de profissionais capacitados, o que demandou altos investimentos por
parte da contratada, custos esses que também englobaram insumos necessários às atividades (peça 132, p. 17).
66. Argumenta que não seria possível reduzir tais equipes porque “tanto o Gerenciamento quanto a
Operação e Manutenção envolvem atividades fixas durante a extensão do Contrato, independentes dos serviços
realizados, porque não estão relacionados diretamente à execução das obras” (peça 132, p. 17 – grifo no
original).
67. Assevera que o fato de apenas os serviços de Gerenciamento e Operação e Manutenção do Canteiro
terem sido pagos mensalmente reforça a ausência de relação direta de tais itens contratuais com a execução da
obra (peça 132, p. 17).
68. Com relação à Operação e Manutenção do Canteiro, afirma que “desconstruir as instalações já
presentes, somente para pretender diminuir marginalmente os custos de manutenção, significaria incorrer em
custos adicionais e possivelmente postergar ainda mais a conclusão da obra” (peça 132, p. 18).
69. Conclui que restou demonstrada a necessidade das atividades de Gerenciamento e Operação e
Manutenção do Canteiro durante a prorrogação, bem como que não seria possível diminuir seus custos, “em
147

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

virtude da natureza das atividades realizadas e pelos custos elevados de mobilização e desmobilização, já
comprovados no âmbito deste processo” (peça 132, p. 18).
70. Alega que as atividades de Gerenciamento eram necessárias durante a prorrogação por decorrência
das Cláusulas 22 e 27 do Contrato, “referentes aos Documentos de Evolução dos Serviços e ao
Comissionamento, que ocorriam mesmo após a conclusão da fase final da obra da UHE Passo São João, o que
não significa que seria menos importante e relevante”, enquanto as de Operação e Manutenção do Canteiro, para
cumprimento das obrigações contratuais previstas nas Cláusulas 20, 23 e 24, sujeitando-se a multa em caso de
descumprimento (peça 132, p. 18-19).
71. Conclui que, em decorrência das cláusulas supracitadas [as quais podem ser vistas na peça 28 – nota
do Auditor], “era prerrogativa exclusiva da Engevix a identificação das instalações necessárias para a
adequada condução da obra, [e, assim,] o questionamento realizado pela Instrução em relação aos custos
incorridos para a manutenção e operação das instalações não tem cabimento” (peça 132, p. 19 – grifo no
original).
72. Transcreve doutrina sobre a necessidade de observância ao contrato administrativo (peça 132, p. 19).
73. Apresenta as conclusões finais e requer o julgamento pela regularidade das contas (peça 132, p. 19-
20):
Assim, pelo exposto, tem-se que (i) os Serviços previstos no 5° Termo Aditivo foram necessários e
benéficos à obra da UHE Passo São João, em conformidade com o objeto do Contrato, (ii) durante a
Prorrogação o Gerenciamento e a Operação e Manutenção foram necessárias para o apoio aos Serviços
prestados, (iii) não era possível a redução dos custos relacionados, pela natureza dos serviços e prejuízos
técnicos e econômicos da desmobilização da Engevix e (iv) a execução dos Serviços estava em absoluta
conformidade com as previsões do Contrato, razão pela qual não se configurou qualquer irregularidade pela sua
execução durante a Prorrogação.
Análise das alegações de defesa
74. Inicialmente, cabe resumir as alegações apresentadas.
75. Segundo os responsáveis pelo 5º termo Aditivo por parte da Eletrosul, após a firmatura do 4º Termo
Aditivo, em fevereiro de 2012, houve fatos imprevistos não imputados à Engevix que levaram à impossibilidade
de cumprir o prazo de colocação da usina em operação total, atrasando-se esse marco contratual de 1505/2012
para 06/07/2012.
76. Segundo suas alegações, foram realizadas simplificações com o objetivo de possibilitar a entrada em
operação em 06/07/2012, e alguns procedimentos obrigatórios mas não impeditivos à operação ficaram para ser
realizados após essa data.
77. Assim, parte dos valores questionados com pagamentos de ambos itens Gerenciamento e Qualidade e
Operação e Manutenção do Canteiro seria justificada com o período extra de 52 dias entre 15 de maio e 6 de
julho e parte com a necessidade de se manter tais equipes, bem como o canteiro de obras, até 31/08/2012 para a
realização dos procedimentos não impeditivos e resolução das pendências.
78. Quanto ao pagamento pela Operação e Manutenção do Canteiro nos meses de setembro e outubro de
2012, afirmam que decorreu da incorporação ao contrato dos serviços de operação assistida do sistema digital de
supervisão e controle e proteção, além de equipe de apoio para possíveis intervenções até 31/10/2012. Assim, a
Engevix teria prestado assistência física local à Eletrosul até essa data, propiciando um período de transição
entre a obra e a operação da usina por parte da Eletrosul.
79. Segundo os responsáveis, sem os procedimentos acima (simplificação dos procedimentos, operação
assistida e equipe de apoio), a usina só poderia entrar em operação total em 21 de novembro de 2012, trazendo
prejuízos à Eletrosul superiores a 20 milhões de reais em aquisição de energia no mercado livre, o que teria sido
evitado com a assinatura do 5º Termo Aditivo.
80. Ainda segundo os dirigentes da Eletrosul à época, na prorrogação de que tratou o 5º Termo Aditivo,
os valores extras pagos em contrapartida aos itens em tela foram:
a) Gerenciamento e Qualidade: R$ 1.637.702,00 por 108 dias de prorrogação entre 15/05/2012 e
31/08/2012, perfazendo uma média diária de R$ 15.164,00, menor que a relativa ao contrato – R$ 23.380,00 – e
aos Termos Aditivos 2 e 4 – R$ 17.748,00 e R$ 16.610,00;
b) Operação e Manutenção do Canteiro: R$ 837.165,00 por 169 dias de prorrogação entre 15/05/2012 e
31/10/2012, perfazendo uma média diária de R$ 4.954,00, menor que a relativa ao contrato – R$ 6.674,00 – e
aos Termos Aditivos 2 e 4 – R$ 5.333,00 e R$ 4.991,00.
148

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

81. A Engevix, por sua vez, concentra suas alegações nas disposições contratuais relativas aso serviços
questionados e à necessidade de executá-los como única forma de cumprir o contrato, destacando-se as
afirmações de que:
a) cabia a ela, contratada, determinar até quando seriam necessários os custos com Canteiro de Obras e,
consequentemente, a sua operação e manutenção;
b) os serviços de Gerenciamento e Qualidade seriam necessários e estavam previstos contratualmente
mesmo após a obra;
c) a prorrogação (5º Termo Aditivo) havia sido uma fase de transição, destacando-se a realização das
atividades de comissionamento (“assegurar que os sistemas e componentes instalados estão em conformidade
com os requisitos operacionais da Central Hidrelétrica”) e treinamento de funcionários da Eletrosul para assumir
a operação da usina.
82. Pois bem, passa-se a analisar as alegações de defesa.
83. Embora muitos dos fatos relatados e argumentos apresentados possam ser considerados fidedignos, o
seu conjunto, combinado com a farta documentação constante dos autos, não é suficiente para elidir a
irregularidade aqui tratada, nem para desconstituir o débito imputado aos responsáveis.
84. Em primeiro lugar é necessário rebater as afirmações da Engevix de que poderia determinar,
unilateralmente, até quando o canteiro de obras seria necessário, bem como a afirmação de que o item
Gerenciamento e Qualidade era previsto contratualmente mesmo em período após a obra.
85. De nenhuma das cláusulas mencionadas pela Engevix – 20, 22, 23, 24 e 27 (peça 28, p. 42-44 e 46) –
pode-se deduzir a discricionariedade da própria contratada de arbitrar até que data os pagamentos deveriam
ocorrer.
86. No que se refere ao canteiro, a Cláusula 20 dispõe apenas as obrigações da Engevix com relação ao
canteiro, em nenhum momento dando poder à contratada de estipular até quando seriam devidos os pagamentos
em contrapartida ao item Operação e Manutenção de Canteiro. As Cláusulas 23 e 24 descrevem as obrigações
da contratada com relação a segurança, higiene e medicina do trabalho e prevenção e controle ambiental.
87. No que concerne ao Gerenciamento, a Cláusula 22 apenas obriga a contratada a encaminhar
mensalmente um Relatório de Progresso Mensal à Eletrosul e a Cláusula 27 descreve as obrigações das Engevix
no que diz respeito ao comissionamento e testes de desempenho.
88. São outras as cláusulas e documentos que comprovam os períodos cujos serviços em questão
deveriam ser pagos, como se passa a demonstrar.
89. A Nota Técnica da Diretoria de Engenharia de agosto de 2016, elaborada pela Eletrosul como
subsídio às alegações de defesa dos dirigentes à época, demonstra cabalmente quais seriam os marcos temporais
para pagamento dos itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro até o 4º Termo
Aditivo, firmado em 02/02/2012.
90. Na peça 129, p. 18, a Nota Técnica mostra, claramente, em forma de gráfico linear, que o período
remunerado de tais itens iria até 15/05/2012, data em que entraria em operação a UG02 (Unidade Geradora 02)
e a usina estaria em operação, bem como que o período entre 16/05/2012 até 25/07/2012 seria não remunerado.
Ou seja, a média diária a ser paga durante a prorrogação do 4º Termo Aditivo, equivalente a R$ 16.610,00 para
Gerenciamento e Qualidade e R$ 4.991,00 para Operação e Manutenção do Canteiro, já seria suficiente para
remunerar todas as atividades previstas em contrato, inclusive aquelas posteriores à entrada em operação da
usina, como resolução de pendências e mesmo operação e manutenção do canteiro enquanto não totalmente
desmobilizado (um período já estipulado igual a 21 dias, como se verá adiante).
91. As informações constantes no referido gráfico linear são comprovadas na própria Nota Técnica, por
meio de transcrições de cláusulas contratuais, tabelas de cronogramas de pagamentos e boletins de medição
(peça 129, p. 18-22).
92. Transcreve-se abaixo, por exemplo, trecho da Nota Técnica que remete à exposição de motivos para a
assinatura do 4º Termo Aditivo (peça 129, p. 19-20):
Os itens b.l e b.2 d a PRD DEG-0003/2012, de 06/01/2012, Anexo 15, que encaminhou o TA-4 à
aprovação da Diretoria Executiva e conhecimento do Conselho de Administração da Eletrosul são transcritos
parcialmente a seguir:
b.1) Gerenciamento e Qualidade - item 2 da LP 1 - R$ 2.258.898,90:
...
Apesar da extensão da vigência em 170 dias, ou seja, até 25/07/2012, o volume expressivo das atividades
de gerenciamento e qualidade fica concentrado até a geração comercial da UG2 em 15/05/2012, sendo que após
149

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

este prazo serão sanadas as pendências, apresentada a documentação “as built” e efetuada a desmobilização.
Portanto as principais atividades ocorrerão em período adicional de 136 dias.
...
b.2) Operação e Manutenção do Canteiro de Obras - item 5 da LP 1 - R$ 678.782,70:
Apesar da extensão da vigência em 170 dias, ou seja, até 25/07/2012, as atividades de operação e
manutenção do canteiro de obras ficam concentradas até a geração comercial da UG2 em 15/05/2012, sendo que
após este prazo é iniciada a desmobilização das instalações. Portanto as principais atividades ocorrerão em
período adicional de 136 dias.
... (sublinhei; os grifos constam do original)
93. A Nota Técnica conclui, ao final, que “resta esclarecido e evidenciado que o TA-4 [4º Termo Aditivo]
remunerou os itens 2 e 5 da LP1, respectivamente, Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do
Canteiro de Obras e Acampamento, até o mês de maio de 2012” (peça 129, p. 22).
94. E veja-se que tal configuração não foi exclusiva do 4º Termo Aditivo. Desde a avença inicial a data
final de pagamento dos itens ora questionados era a data de entrada em operação da UG02, havendo um período
posterior não remunerado até o fim da vigência contratual. Como se pode observar na Nota Técnica, no contrato
inicial, a data final era 06/11/2010, seguindo-se um período não remunerado de 61 dias até o término da
vigência do contrato em 06/01/2011 (peça 129, p. 16-17). Como visto acima, no 4º Termo Aditivo, firmado em
fevereiro de 2012, a estrutura se manteve, com data final para os pagamentos em 15/05/2012 seguida de 70 dias
não remunerados para os serviços de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro, tendo
em vista todas as atividades previstas já estarem englobadas no valor global do item, parcelado em
mensalidades fixas cujos pagamentos se dariam até aquela data.
95. Portanto, está mais que provado que, desde o contrato inicial até o 4º Termo Aditivo, em nenhum
momento se previu pagar por Gerenciamento e Qualidade ou Operação e Manutenção do Canteiro em período
após a entrada em operação da UG2. Todos os valores globais, para tais itens contratuais, estipulados em tais
avenças já eram suficientes para remunerar todas as atividades necessárias para o pleno cumprimento das
obrigações, não havendo o que falar acerca de necessidade de gerenciamento ou de canteiro de obras após
aquela data, os quais, mesmo que evidenciados e necessários nesse momento posterior, não poderiam ser pagos
sob pena de bis in idem, porque o custo das atividades correspondentes – e que deveriam ser realizadas em um
prazo de 21 dias, como se verá adiante – já estava computado no preço estipulado até aquele marco temporal.
96. Outra alegação que merece contestação é a dos então dirigentes da Eletrosul segundo a qual
problemas não imputados à Engevix resultaram na necessidade de se postergar procedimentos não impeditivos à
operação da usina para após 06/07/2012, levando à necessidade de se manter o canteiro e as equipes de
Gerenciamento e Qualidade até 31/08/2012.
97. É fato, como será demonstrado, que houve fatos não imputáveis à Engevix, ocorridos após a
assinatura do 4º Termo Aditivo, que levaram a atrasar a finalização dos trabalhos relativos à Unidade
Geradora 02. A argumentação dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio, entretanto, leva
a crer que o atraso não imputável à contratada foi bem maior que os 52 dias entre a data prevista no TA-04
(15/05/2012) e a data real de entrada em operação da unidade geradora (06/07/2012), mas que teria sido possível
encurtar tal atraso com a postergação de procedimentos – os quais demandariam a continuidade dos pagamentos
das rubricas Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro após o fim da obra – e, assim,
economizar recursos que a Eletrosul teria que despender no mercado livre de energia caso não honrasse a data a
que havia se obrigado.
98. Ocorre que pode ser comprovado, por meio do Documento intitulado Proposta para Resolução da
Diretoria, constante do CD entregue junto às alegações de defesa (peça 131 – arquivo juntado individualmente
ao feito como peça 134) e que embasou a aprovação do 5º Termo Aditivo pela Diretoria da Eletrosul, que isso
não ocorreu.
99. No tópico Exposição de Motivos (peça 134, p. 7-19), há uma descrição detalhada dos acontecimentos
que motivaram a alteração dos marcos contratuais relativos à entrada em operação tanto da Unidade Geradora
01 quanto da Unidade Geradora 02. Transcreve-se tal descrição abaixo (peça 134, p. 15-16):
A motivação para a extensão dos marcos contratuais 6 e 7 é relacionada a seguir:
c.1) MC6 -Entrada em Operação Comercial da Unidade 1:
no dia 03/03/2012, antes de iniciar o giro para aquecimento da Unidade Geradora 1, os supervisores de
comissionamento do gerador, empresa Power Machines, solicitaram a solda nas cunhas da trava entre o anel
magnético e a aranha do rotor, atividade que já deveria ter sido apontada pelos supervisores de montagem do
150

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fabricante antes da liberação para comissionamento. Devido ao volume expressivo de solda o serviço se
estendeu até o final da tarde do dia 03/03/2012;
no dia 04/03/2012 foi iniciado o giro mecânico às 13h, porém foi observado vazamento de água pela
válvula quebra vácuo da turbina, e interferência das guias de ar superior do gerador, tendo a Power Machines
inspecionado o gerador para localizar o ponto de interferência. Ela solicitou um afastamento das guias e realizou
novamente o ensaio de giro mecânico;
no dia 05/03/2012 foram então reiniciados os testes dinâmicos da unidade 01, com duração de 24 hs.
Porém no dia 06/03 foi constatado que a unidade não atingiu a temperatura necessária, então a Power Machines
solicitou novo aquecimento;
a unidade só atingiu a temperatura adequada em 07/03/2012, sendo iniciado o resfriamento da unidade
que foi paralisada pela falta de CA (corrente alternada), neste momento foi constatado falha no bloco do
Regulador de Velocidade - RV, causando o não fechamento do distribuidor;
no dia 08/03/2012 foi realizado o ensaio de tensão aplicada (HIPOT) sendo o mesmo concluído sem
anormalidades, porém houve a necessidade de substituir o bloco hidráulico do RV da UG1 pelo da UG2,
conforme orientação do fabricante Reivax;
no dia 09/03/2012 o bloco substituído apresentou um vazamento. Importante salientar que as unidades de
RV foram entregues conforme e só apresentaram problemas durante a fase de comissionamento.
As ocorrências supracitadas, não imputáveis à Contratada, justificam a prorrogação do MC6 em 6 dias
(15/03/2012- 21/03/2012).
c.2) MC7 -Entrada em Operação Comercial da Unidade 2:
os problemas de isolação da barras do estator ocorridos na UG1 se repetiram-se na UG2, tendo a
Contratada que realizar as atividades de recuperação dos componentes a fim de reparar o bobinamento do
estator. Este retrabalho, não previsto no escopo contratual e que gerou improdutividade de outras atividades de
montagem, acarretou comprometimento do cronograma em 41 dias (02/03 a 12/04);
por solicitação da Eletrosul a Contratada foi acionada para eliminar pendências existentes na UG1, não
motivadas pela mesma, quais sejam: reparos nos cilindros da Tomada D'Água, ajustes na tubulação kaplan,
substituição das molas da válvulas quebra-vácuo e instalação desta válvulas. O deslocamento da equipe de
montagem resultou em atraso nas atividades da UG2 de 8 dias (23/04 a 30/04);
por solicitação da Eletrosul, seguindo determinação do fabricante da turbina, foi instalado dreno no
mancal da UG2, atividade que impactou em 2 dias de atraso no cronograma de montagem;
por solicitação do fabricante do gerador, empresa Power Machines, os procedimentos de montagem para
a distribuição de carga do mancal combinado foram modificados, elevando o período de execução de 1 para 4
dias, impactando em 3 dias de atraso no cronograma;
foi constatado que a curvatura do eixo do gerador, fornecimento Power Machines, ultrapassava os limites
de tolerância, sendo necessária a usinagem no flange da turbina pelo processo de rasqueteamento, sendo
adicionalmente necessários refazer o run out e veticalização do eixo. Estas atividades impactaram em 7 dias de
atraso (08/05 a 15/05).
As ocorrências supracitadas, não imputáveis à Contratada, justificam a prorrogação do MC7 em 52 dias
(15/05/2012- 06/07/2012).
100. Como pode se observar, todos os atrasos, detalhadamente descritos acima, foram devidamente
computados para fins de justificativa do atraso da entrada em operação da última unidade geradora. E a sua
soma é exatamente 52 dias!! Qualquer outro atraso que eventualmente tenha ocorrido, impossibilitando a
entrada em operação da UG02 em 06/07/2012 ou necessitando simplificações de procedimentos e postergação
de atividades para que isso fosse possível só pode ser imputado à Engevix, tirando da Eletrosul a
responsabilidade por tarefas cuja necessidade após a obra tenha sido excepcional.
101. Resumindo:
102. Em 02/02/2012, data da assinatura do 4º Termo Aditivo, estava prevista a entrada em operação da
UG2 para 15/05/2012, data em que cessaria o período remunerado dos itens Gerenciamento e Qualidade e
Operação e Manutenção do Canteiro, iniciando-se um período não remunerado de 70 dias – dos quais 21 já
reservados para resolução de pendências, como se verá adiante –, até o término da vigência do contrato, como
solidamente afirmado e demonstrado na Nota Técnica da Eletrosul.
103. Após 02/02/2012, ocorreram fatos não imputados à Engevix que resultaram no atraso da data final
em 52 – apenas 52 – dias, como firmemente demonstrado na Exposição de Motivos para a assinatura do 5º
151

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Termo Aditivo, cuja aprovação, diga-se, ocorreu em 19/07/2012 (peça 134, p. 1), ou seja, após todos os fatos
narrados, não se podendo falar em ocorrência de outros imprevistos após a exposição de motivos.
104. Juntando as duas informações acima, não há outra conclusão a se chegar que não a de que o 5º
Termo Aditivo deveria ter previsto a entrada em operação da UG02 em 06/07/2012 (como efetivamente previu)
e uma extensão dos pagamentos em razão dos itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do
Canteiro proporcionalmente apenas aos 52 dias de atraso, bem como um período não remunerado de 70 dias
para esses serviços iniciando-se no dia 07/07/2012, em vez do pagamento pelo primeiro item até 31/08/2012 e
pelo segundo até 31/10/2012.
105. Outro fato que reforça a irregularidade em se estipular preço e pagar pelo Gerenciamento e
Qualidade no mês de agosto de 2012 é o fato de que sequer houve Relatório Mensal de Obra para este mês,
embora seja certo dizer que, mesmo que houvesse, a irregularidade se manteria, tendo em vista os argumentos
expostos nos parágrafos acima. No CD juntado ao processo (vide peça 131 – não se juntaram todos os arquivos,
entretanto estão disponíveis para consulta, visto que o CD é peça processual) há, no Anexo 5, pastas com toda a
documentação relativa aos meses de maio a novembro de 2012 e março de 2013. Apenas nas pastas de maio a
julho de 2012 há subpastas chamadas RMO <mês>_12, em que <mês> é substituído pelo número do mês. Em
tais subpastas sempre encontra-se um arquivo denominado UHPJ-E-EVRL-COB-G00-00<número>, em que
número é 30 para maio, 31 para junho e 32 para julho. Foram feitos prints das telas mostrando os conteúdos do
referido Anexo 5 do CD e juntadas ao processo na peça 135.
106. Ressalvando-se que a eventual existência, até o momento desconhecida, de tal relatório em nada
alteraria a conclusão de que a culpa da Administração só poderia permitir a prorrogação dos pagamentos
questionados em 52 dias, estranha-se que, tendo havido “tantas atividades” a serem desempenhadas nesse mês
de agosto de 2012, e tendo sido “tão necessária” toda a equipe de Gerenciamento e Qualidade até o dia
31/08/2012, tais profissionais não tenham se dado ao trabalho de elaborar o último Relatório Mensal de Obras,
que seria o de número 33. Veja-se que a própria Engevix afirma que tais relatórios mensais eram obrigações da
contratada vinculadas ao item de Gerenciamento e Qualidade, porquanto a Cláusula 22 tratava especificamente
do Relatório Mensal de Obras:
Alegações de defesa da Engevix (peça 132, p. 18)
Em relação ao Gerenciamento, cumpre reiterar que a sua execução era necessária para a realização de
todos os serviços durante a Prorrogação, além de decorrer de obrigações específicas presentes no Contrato, em
especial em suas Cláusulas 22 e 27 (...)
Cláusula 22 (peça 28, p. 43)
A CONTRATADA deve encaminhar um Relatório de Progresso Mensal à ELETROSUL sobre o
andamento do EMPREENDIMENTO, com informações sobre PROJETO EXECUTIVO, FORNECIMENTO
dos BENS e MATERIAIS, Montagem Eletromecânica, Cronograma Físico – Previsto e Realizado, Cronograma
Econômico – Previsto, Realizado e Acumulado, fotografias, etc. O detalhamento dos tópicos e conteúdo deste
Relatório será acordado em até 30 (trinta) dias após o recebimento da Ordem de Serviço pela CONTRATADA.
107. Mas o fato é que tal Relatório não existe. Se existisse, a própria interessada, Engevix, não teria
descrito, na sua resposta, as atividades de agosto de 2012 a partir da programação existente nos documentos do
mês anterior, mas sim diretamente a partir do relatório do próprio mês. Transcreve-se esse trecho de suas
alegações de defesa (peça 132, p. 10-11):
A título exemplificativo, somente para o mês de agosto, no início da prorrogação contratual,
conforme pode-se verificar dos Documentos do Escritório de julho de 2012, estavam programadas as seguintes
atividades: [seguem várias atividades] (sublinhei; o negrito estava no original)
108. Não se discute a ocorrência ou não das atividades listadas. O que se comprovou, conforme
argumentos e evidências dos parágrafos anteriores, é que o pagamento por essas tarefas já estava previsto no
valor global do item de serviço Gerenciamento e Qualidade (o mesmo acontecendo para Operação e
Manutenção de Canteiro), embora o contrato previsse o pagamento total até o dia de entrada em operação da
UG02. Como detalhadamente demonstrado na Nota Técnica, desde a assinatura do contrato inicial, o pagamento
por tais itens foi parcelado em 12 vezes – não havia pagamentos parciais por tarefa desempenhada –, sendo a
última parcela paga por ocasião daquele evento final, mesmo havendo atividades a serem desempenhadas
posteriormente, em período chamado pela própria Eletrosul de “não remunerado”, obviamente porque sua
remuneração já havia sido adiantada. Tal previsão ocorreu desde o contrato inicial até o 4º Termo Aditivo.
109. Há outra evidência que reforça o exposto acima.
152

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

110. Na Exposição de Motivos do 5º Termo Aditivo, é afirmado explicitamente que os custos de ambos
itens – Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro – estavam previstos no 4º Termo
Aditivo para cobrir as despesas da Contratada até o dia 05/06/2012 (peça 134, p. 17).
111. O período entre 16/05/2012 e 05/06/2012 está dentro do período denominado “não remunerado” na
Nota Técnica da Eletrosul (peça 129, p. 18).
112. Vê-se, claramente, que em nenhum momento, até o 4º Termo Aditivo, houve a previsão de que todas
as atividades relativas a Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro se encerrassem na
mesma data em que fosse entregue para operação a UG02. Pelo contrário, sabia-se que algumas tarefas, como
resolução de pendências, ficariam para depois, tanto que é dito expressamente pela Eletrosul que havia 21 dias
posteriores à entrada em operação da UG02 que já estariam cobertos pelos valores dos referidos itens.
113. Somando-se 21 dias com a data em que a UG02 foi efetivamente colocada em operação –
06/07/2012 –, obtém-se o dia 27/07/2012, o que é perfeitamente compatível com o último relatório mensal
entregue pela equipe de Gerenciamento e Qualidade, como mostrado no parágrafo 105 acima.
114. Tendo sido comprovado cabalmente que o atraso não imputável à Engevix foi de apenas 52 dias, não
há qualquer razão para que, no âmbito do 5º Termo Aditivo, os pagamentos por Gerenciamento e Qualidade e
Operação e Manutenção de Canteiro tenham sido aumentados utilizando-se de uma proporção acima dos
referidos 52 dias, ou seja, para além de 27/07/2012.
115. Uma vez superadas as alegações de que o Gerenciamento e Qualidade e a Operação e Manutenção
de Canteiro deveriam ser remunerados até 31/08/2012, passa-se a rebater a argumentação acerca da necessidade
de pagamento pela Operação e Manutenção de Canteiro nos meses de setembro e outubro de 2012.
116. Tanto no documento apresentado pelos dirigentes da Eletrosul à época quanto no da Engevix, fica
claro que ambas defesas arguem a necessidade do canteiro de obras nesses meses por conta da operação
assistida e da equipe de apoio para possíveis intervenções até 31/10/2012, ou seja, da assistência, contratada por
meio do 5º Termo Aditivo, que a Engevix deu à Eletrosul nos primeiros meses de operação da usina, antes que a
estatal a assumisse por conta própria.
117. Em primeiro lugar, é importante caracterizar os serviços acima, tidos por “culpados” pela
necessidade de canteiro de obras até 31/10/2012. Eles constam da Exposição de Motivos para o 5º Termo
Aditivo (peça 134, p. 12-13):
A operação Assistida pela montadora consiste em disponibilizar equipe técnica de apoio para possíveis
intervenções até 31/10/2012, procurando mitigar riscos na interrupção comercial da usina.
118. A equipe de operação assistida e eventual apoio foi composta de dois encanadores, um assistente
administrativo, um eletricista montador, um eletricista FC, um TST (Técnico em Segurança do Trabalho), um
auxiliar de serviços gerais, um auxiliar técnico e um ajudante (peça 134, p. 13).
119. A pergunta que se faz é a seguinte: para essa equipe desempenhar suas funções de apoiar a Eletrosul
nos primeiros meses de operação da usina, seria necessário um canteiro de obras? Entende-se que não.
120. A obra já estava finalizada. Todos os aditivos anteriores ao 5º previam o início da desmobilização do
canteiro logo após a entrada de operação da UG02, conforme Exposição de Motivos para o 4º Termo Aditivo,
em que consta: “as atividades de operação e manutenção do canteiro de obras ficam concentradas até a geração
comercial da UG2 em 15/05/2012, sendo que após este prazo é iniciada a desmobilização das instalações” (peça
129, p. 19-20).
121. Como já exaustivamente argumentado e comprovado acima, não aconteceu nada que justificasse a
não desmobilização do canteiro de obras depois de passados os 52 dias de atraso não imputáveis à Engevix.
Assim, a única explicação para a manutenção do canteiro seria de que ele seria absolutamente necessário para
comportar a equipe relacionada no parágrafo 118 acima.
122. Tal justificativa é absolutamente inaceitável. Não se imagina que uma usina já em funcionamento,
com todas as suas instalações construídas e funcionando, visto que a obra já estava pronta, como inúmeras vezes
admitido pelos próprios responsáveis, não possa acomodar nove funcionários terceirizados contratados para dar
assistência à Eletrosul na sua operação por dois meses.
123. A operação assistida nada mais é que uma assistência à operação da usina em funcionamento. Não
há mais obra, não há mais canteiro. A Eletrosul contratou uma equipe para assessorá-la nos meses iniciais de
operação da usina e isso não tem nada a ver com a obra, muito menos com o canteiro de obras.
124. Além do mais, não se trata de um evento imprevisível, ou previsível de consequências incalculáveis,
que impactaram no contrato acertado entre a Eletrosul e a Engevix. Trata-se, simplesmente, de um serviço
desconexo com a obra – finalizada –, e conexo com a operação da usina – recém iniciada.
153

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

125. O último dos argumentos da Engevix a se examinar refere-se à realização de testes de performance
das unidades geradoras, os quais não teriam sido realizados anteriormente ao período relativo ao 5º Termo
Aditivo devido a dificuldades hidrológicas da região.
126. Não cabe razão à empresa, pois está bastante claro na Exposição de Motivos que justificou, perante a
Diretoria, a assinatura do 5º Termo Aditivo, que todos os custos relativos a tal serviço foram devidamente
cobrados pela Engevix e incorporados ao contrato, conforme quadro constante da peça 134, p. 12. Em tal
quadro, constam todos os custos com dois engenheiros e dois eletricistas, incluindo nova mobilização,
instalação da instrumentação, retirada da instrumentação e nova desmobilização, por conta da impossibilidade
de se terem realizado tais testes nos períodos inicialmente previstos. O trecho abaixo transcrito evidencia, sem
margem de dúvidas, que a postergação dos referidos testes não poderia resultar em custos outros que não os da
proposta então em análise, no valor de R$ 30.650,78 (peça 134, p. 12):
A indisponibilidade de água obrigou a Contratada, com anuência da Eletrosul, a desmobilizar sua equipe
de testes e retirar a instrumentação instalada nas unidades geradoras.
Para a retomada das atividades oportunamente, quando o nível do reservatório permitir a realização dos
testes, a Engevix apresentou proposta que foi considerada aceitável.
O Quadro abaixo considera apenas os valores de nova mobilização e desmobilização da equipe e
reinstalação e nova retirada da instrumentação, sendo que o custo de execução dos testes faz parte do escopo
inicial do contrato:
125. Por fim, importante destacar que os dirigentes à época da Eletrosul mencionaram o Voto que
fundamentou o Acórdão 3.443/2012-TUC-Plenário transcrevendo apenas a parte que menciona a culpa da
Administração. Esqueceram-se do seguinte trecho:
Outro caso são os atrasos ocorridos unicamente em decorrência da incapacidade da contratada em
cumprir o prazo ajustado. Mesmo quando a má avaliação provenha do projeto – e isso é recorrente –, se não
existir modificação do cenário inicialmente pactuado, a empresa não faz jus à revisão do valor contratado; e
nem, imediatamente, à dilação do prazo. O fato não encontra enquadramento nos ditames do art. 65 da Lei
8.666/93. Não houve situação imprevista ou agressão às das condições primeiramente avençadas que
motivem a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
(...)
Nessas situações, portanto, a Administração poderia, sim, recompor o prazo; mas não sem antes aplicar
as multas contratuais pelo adimplemento das obrigações avençadas. E jamais recomporia o valor do
empreendimento em razão dos custos aumentados com administração e canteiro.
126. Tendo sido demonstrada culpa da Administração apenas no que se refere a 52 dias de atraso, está
demonstrado, a contrário senso, que a culpa de não se cumprir o prazo anterior somado com 52 dias foi da
contratada. E a jurisprudência do TCU é clara que, nesse caso, não cabe recomposição de custos relativos a
administração e canteiro. Ou seja, a Eletrosul não só não poderia ter aumentado os valores relativos a esses itens
como ainda deveria ter multado a Engevix pelo atraso. Reforça-se, assim, a proposta de irregularidade das
contas dos ex-gestores.
127. Assim, tendo em vista todos os argumentos anteriores, cabe, apenas, aceitar o pagamento pela
prorrogação dos 52 dias de atraso não imputáveis à Engevix.
128. Conforme a tabela apresentada pelos então dirigentes da Eletrosul (peça 129, p. 7), a média diária
relativa ao Gerenciamento e Qualidade no 4º Termo Aditivo foi igual a R$ 16.610,00 e a relativa à Operação e
Manutenção do Canteiro, igual a R$ 4.991,00.
129. Levando-se em conta que o atraso de 52 dias está intimamente ligada ao 4º Termo Aditivo, aceita-se
que a média diária nesse período de prorrogação, motivador do 5º Termo Aditivo, possa ser a mesma do termo
aditivo anterior, nem sendo reduzida, prejudicando a Engevix, nem aumentada, por ausência de lógica – não
houve aumento de serviços, mas diminuição –, e considerando, ainda, as próprias alegações dos responsáveis,
que afirmam ter reduzido as médias diárias a cada aditivo.
130. Assim, o valor aceito é igual a 52 x R$ 21.601,00 = R$ 1.123.252,00. Destes,
R$ 863.720,00 referem-se ao Gerenciamento e Qualidade e R$ 259.532,00 à Operação e Manutenção do
Canteiro. O débito remanescente, então, equivale ao débito que constou na citação – R$ 2.474.867,02 – menos
R$ 1.123.252,00, ou seja, R$ 1.351.615,02. Destes, R$ 773.981,70 referem-se ao Gerenciamento e Qualidade
(R$ 1.637.701,70 – peça 115, p. 11, item 45 – menos R$ 863.720,00) e R$ 577.633,33 à Operação e
Manutenção de Canteiro (R$ 837.165,33 – peça 115, p. 11, item 45 – menos R$ 259.532,00, desprezando-se o
erro de um centavo).
154

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

131. Como, segundo a Nota Técnica da Eletrosul que acompanhou a defesa dos responsáveis, está retido
na empresa o pagamento da 39ª medição, no valor histórico de R$ 500.023,48 (peça 129, p. 43), pode-se
subtrair tal valor do débito, ao mesmo tempo em que se propõe determinar à Eletrosul que considere,
definitivamente, não devido o pagamento de tal valor, tendo em vista o superfaturamento observado no contrato.
132. Propõe-se eliminar, inicialmente, o débito mais recente, no valor de R$ 50.908,02, pois este valor
corresponde, integralmente, a um dos itens questionados, Operação e Manutenção do Canteiro, conforme
informado na Nota Técnica (peça 129, p. 43). Quanto ao valor restante,
R$ 449.115,46, propõe-se subtraí-lo da data mais remota, 30/10/2012, em benefício teórico dos responsáveis,
embora o resultado desse benefício deva ser nulo, ante a proximidade das datas, dentro do mesmo mês. O valor
aceito, R$ 1.123.252,00, também será subtraído dessa data e o restante, da data remanescente. O débito
corrigido, então, passa a ser:
Data Valor original
31/10/2012 R$ 851.591,54
133. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, conforme
determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa reconhecê-la,
podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito pela irregularidade das contas, nos termos
do § 6º do mesmo artigo do normativo citado.
134. Além de inexistirem nos autos elementos que permitam auferir a boa-fé dos responsáveis ou outros
excludentes de culpabilidade em suas condutas, há outros dois fatos que demonstram a sua atuação no sentido
oposto.
135. O primeiro refere-se ao cálculo da média diária correspondente aos itens em tela, Gerenciamento e
Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro.
136. Nas alegações de defesa dos então dirigentes da Eletrosul, é dito que, “É correto, portanto, com
lastro em documentos já apresentados ao TCU nesse processo de contas, o uso de 339 dias para efeito de
cálculo da remuneração média diária no período original do contrato, e não 400 dias, como apurado outrora”.
Tal afirmação embasa, inclusive, o quadro mostrado na mesma página (peça 129, p. 7 – grifei).
137. Tal afirmação é importante aos responsáveis, pois subsidia sua tese de que os pagamentos médios
diários relativos aos serviços de que trata a defesa diminuíram ao longo do contrato. Com efeito, puderam
asseverar, assim, que “o valor médio gasto nos itens de gerenciamento e qualidade e de operação e manutenção
do canteiro de obras durante o Termo Aditivo n.º 5 foi inferior e, portanto, não linear, em relação a outros
períodos de maior intensidade de mão de obra na usina hidrelétrica” (peça 129, p. 7 – grifei; o sublinhado está
no original).
138. Pois bem. Ocorre que documento anterior à assinatura do 5º Termo Aditivo informa exatamente o
contrário. Veja-se o que diz a Exposição de Motivos para a aprovação desse aditivo contratual, ao se justificar o
acréscimo de valor para tais serviços (peça 134, p. 17 – transcrito com alteração, como se explicará depois):
d.2) Gerenciamento e Qualidade: R$ 1.637.701,70
(...)
Para a postergação de prazo por mais 87 dias a Contratada apresentou proposta de praticar os valores
contratuais, ou seja:
- R$ 7.529.663,00 para 400 dias (valor inicial e prazo inicial do contrato);
- então para 87 dias => R$ 7.529.663,00/400x87(dias)[*] = R$ 1.637.701,70.
d.3) Operação e Manutenção do Canteiro de Obras: R$ 837.165,33
(...)
Para a postergação de prazo por mais 148 dias a Contratada apresentou proposta de praticar os valores
contratuais, ou seja:
- R$ 2.262.609,00 para 400 dias (valor inicial e prazo inicial do contrato);
- então para 148 dias => R$ 2.262.609,00/400x148(dias) = R$ 837.165,33. (grifei)
(* alterado por haver erro no original; esse erro será tratado mais à frente na instrução)
139. Vê-se que a Exposição de Motivos para a aprovação do 5º Aditivo prevê algo exatamente oposto ao
que alegam os responsáveis em sua defesa. Primeiro, que os custos médios diários eram considerados para todos
os 400 dias, ou seja, o custo englobava os serviços a serem realizados nos 400 dias de vigência contratual, ou
seja, todos os serviços, inclusive as resoluções de pendências, a despeito de o pagamento ser integralizado 61
dias antes.
155

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

140. Segundo, que o cálculo do valor a ser acrescido foi realizado de forma absolutamente linear, até nos
centavos, de forma diametralmente oposta ao que tentaram demonstrar os responsáveis.
141. O segundo fato relaciona-se a erro de cálculo na Exposição de Motivos que denota possível
negociação suspeita.
142. No documento, cuja transcrição corrigida consta acima, o que realmente consta, para o item
Gerenciamento e Qualidade, é o seguinte (peça 134, p. 17):
d.2) Gerenciamento e Qualidade: R$ 1.637.701,70
(...)
Para a postergação de prazo por mais 87 dias a Contratada apresentou proposta de praticar os valores
contratuais, ou seja:
- R$ 7.529.663,00 para 400 dias (valor inicial e prazo inicial do contrato);
- então para 87 dias => R$ 7.529.663,00/400x120(dias) = R$ 1.637.701,70. (sic; grifei)
143. Não é possível se concluir que se trata de um mero erro de digitação. Não se erra a digitação de 87
para 120.
144. O que o erro acima demonstra, claramente, mesmo em se tratando de redução de valor, é que houve
um período em que se cogitou pagar à Engevix por 120 dias de prorrogação contratual para o item
Gerenciamento e Qualidade e que a alteração para 87 dias ocorreu às vésperas da aprovação do aditivo,
resultando na necessidade de alteração do texto.
145. Não se encontra na Exposição de Motivos sequer a razão de se ter chegado ao número 87. Relata-se,
brevemente, a questão das pendências e, logo após, é arbitrada a data de 31/08/2012 para o fim dos
pagamentos a título de Gerenciamento e Qualidade, conforme abaixo (peça 134, p. 17):
Os custos para o gerenciamento e qualidade do empreendimento estavam previstos no contrato (TA4)
para cobrir as despesas da Contratada até o dia 05/06/2012.
Os atrasos decorrentes de problemas enfrentados na montagem, principalmente dos geradores, motivaram
a postergação da conclusão do escopo contratual, ou seja, a geração comercial da UG2 foi em 06/07/2012,
porém restaram diversas pendências no empreendimento, decorrentes da simplificação dos procedimentos de
testes e comissionamento. A simplificação de procedimentos foi adotada a fim de abreviá-los e colocar a usina
em operação 100% com a maior brevidade, estancando os prejuízos que a indisponibilidade das unidades
geradores estava imputando à Eletrosul.
Ante o exposto, após a geração comercial a Contratada deverá permanecer no canteiro de obra a fim de
sanar todas as pendências existentes, com término acordado para 31/08/2012.
146. Vê-se que a estipulação da data decorreu de um mero acordo entre a Eletrosul e a Engevix,
chegando-se ao número de 87 dias sem qualquer motivação objetiva (assim como também careciam de
motivação os 120 dias), o que seria bastante recomendável, levando-se em conta que todo o atraso não
imputável à contratada fora de apenas 52 dias.
147. Seria não só conveniente, como obrigatório, explicar detalhadamente quais serviços ficaram para os
35 dias extras, e por que a impossibilidade de realizar tais serviços no prazo não poderia ser imputada à
Engevix.
148. Entretanto, não há explicação alguma, e o erro acima, em que pese demonstrar uma redução do
período, comprova que a estipulação do prazo extra de 87 dias não se baseou em critérios objetivos, mas em
mera negociação entre as partes acerca do quantum a mais que seria repassado da Eletrosul à Engevix, o que não
denota boa-fé.
CONCLUSÃO
149. Os responsáveis não lograram elidir in totum as irregularidades, entretanto, foi possível justificar o
acréscimo, nos itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro, de R$ 1.123.252,00.
Como há R$ 500.023,48 ainda retidos para pagamento na Eletrosul, o valor do débito foi reduzido para R$
851.591,54, com atualização e juros a partir de 31/10/2012.
150. Mantém-se, assim, a proposta de irregularidade das contas dos gestores da Eletrosul em 2012,
condenando-os ao débito solidariamente com a terceira interessada, Engevix.
151. Quanto ao valor retido, propõe-se determinar à Eletrosul que:
a) anule as disposições contratuais e administrativas que embasaram os pagamentos indevidos no valor
de R$ 1.351.615,02 no 5º Termo Aditivo ao Contrato 84491053 (sendo
R$ 773.981,70 relativos ao Gerenciamento e Qualidade e R$ 577.633,32 à Operação e Manutenção de
156

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Canteiro), firmado com a empresa Engevix Engenharia S/A, de forma a não mais considerá-los devidos, tendo
em vista tratar-se de sobrepreço;
b) abstenha-se definitivamente de realizar o pagamento do valor retido de
R$ 500.023,48, incorporando-o ao seu patrimônio;
c) envie ao Tribunal, posteriormente, a comprovação da realização das referidas providências.
152. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, conforme
determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa reconhecê-la,
podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito pela irregularidade das contas, nos termos
do § 6º do mesmo artigo do normativo citado. Além disso, foram verificadas as ocorrências de fatos durante as
tratativas do 5º Termo Aditivo que denotam ausência de boa-fé.
153. No que tange aos fundamentos para o julgamento das contas, cabe relembrar que o Ministério
Público junto ao TCU, na peça 109, propôs que o juízo da irregularidade devesse se dar em decorrência apenas
da irregularidade relacionada aos itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, com
o que concordou o Diretor da 1ª D.T. da Secex-SC (peça 115, p. 6).
154. Com relação ao encontro de contas de que tratou a proposta de encaminhamento à peça 107, após
todo o desenrolar do processo até o presente momento, entende-se que se deva alterá-la pontualmente.
155. Tendo em vista a extensa análise já realizada acerca do contrato em questão e dos seus aditivos,
ficou claro que não se tratou de uma obra por “administração”, em que as despesas da contratada seriam
reembolsadas pela Eletrosul. Os serviços chamados Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de
Canteiro sempre foram acertados em bases fixas, inclusive com reajustes proporcionais aos atrasos não
imputáveis à Engevix, como cabalmente comprovado nesta instrução. Ou seja, para fins das assinaturas dos
aditivos, a Eletrosul não analisou eventual diminuição dos custos, levando-se em conta a redução dos trabalhos
no final da obra.
156. Desta forma, nunca coube, nem caberá, à Engevix, reclamar por eventuais créditos correspondentes a
custos incorridos em tais serviços que eventualmente tenham extrapolado os valores acordados.
157. Assim, o encontro de contas a ser realizado pela Controladoria Regional da União no Estado de
Santa Catarina deverá:
a) observar quais custos apresentados pela Engevix e pela Eletrosul são legítimos, no que se refere aos
itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, uma vez que, no presente processo, há
uma enorme gama de tipos de gastos, comprovados por notas fiscais, bem como inúmeros custos que não
podem ser aceitos em decorrência da data, como, por exemplo, folhas de pagamento de pessoal em períodos
além daqueles em que deveriam ser realizados os serviços;
b) uma vez afastados os custos ilegítimos, comparar a média diária do período inicial com a média diária
dos períodos relativos aos aditivos, apontando como superfaturados os pagamentos nos períodos adicionais,
caso tenha havido redução significativa de custos, visto que, caso ocorra, terá sido sem contrapartida em
diminuição de preço.
158. Entende-se, ainda, que, considerando já ter havido extensa análise sobre tais aditivos, o encontro de
contas deva ser recomendado e não mais determinado à CGU.
159. Sobre a proposta de encaminhamento de informações a autoridades, são relacionados o Ministério
Público Federal no Paraná e a Polícia Federal no Paraná por conta das investigações da Operação Lava-Jato, na
qual a Engevix consta como investigada.
160. Assim, mantém-se a proposta de encaminhamento sugerida no pronunciamento da subunidade à peça
107, com as alterações resultantes do parecer do MP junto ao TCU e da presente instrução.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
161. Ante todo o exposto, propõe-se:
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, 19, parágrafo único e
23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, §5º, inciso II e §6º, inciso II, e 214,
inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF
185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos Custódio (CPF 382.173.090-00), e condená-los, solidariamente com a
empresa Engevix Engenharia S/A (CNPJ 00.103.582/0001-31), ao pagamento de R$ 851.591,54, em
decorrência da irregularidade a seguir, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento da
dívida aos cofres das Eletrosul, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir de
157

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

31/10/2012, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, abatendo-se, na oportunidade,
os valores eventualmente já ressarcidos:
a.1) irregularidade: aumento da ordem de R$ 1.351.615,02 do valor do Contrato 84491053, firmado com
a empresa Engevix Engenharia S/A, por meio do 5º Termo Aditivo, cuja contrapartida foram serviços já
cobertos contratualmente e cuja necessidade eventual de se realizar após 27/07/2012 deveria ter sido imputada à
contratada (35 dias de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, de 28/07/2012 a
31/08/2012) ou desnecessários (61 dias de Operação e Manutenção de Canteiro, de 01/09/2012 a 31/10/2012),
resultando em dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico, tendo em vista o efetivo
superfaturamento no valor de R$ 851.591,54 em 31/10/2012 (a retenção de R$ 500.023,48 ocorreu ante a
atuação dos órgãos de controle), nos termos do art. 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, da Lei 8.443/1992;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts.
1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, julgar regulares com ressalva as contas do responsável a
seguir, dando-lhe quitação, em face das falhas adiante apontadas, relativas a atos administrativos específicos por
ele praticado e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às respectivas execuções:
b.1) Antonio Waldir Vittori: cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal
de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal
equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia
e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias;
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, julgar regulares as contas dos Srs. Antônio Gomes de Farias
Neto (CPF 171.781.699-15); Cláudia Hofmeister (CPF 394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF 513.075.450-68);
Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana Miranda de Siqueira Lima (CPF 428.993.201-06); Luiz
Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida (CPF 028.555.736-02);
Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (CPF 807.534.007-82);
Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF 113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF 233.339.799-34); Suzana
Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20); Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF 140.678.380-34), e William Rimet
Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados na peça 2, dando- lhes quitação plena;
d) aplicar aos responsáveis Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos e empresa Engevix
Engenharia S/A a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o Tribunal (art.
23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do
TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente, a contar da data
deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, caso não sejam pagas no prazo estabelecido, na forma da
legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
f) determinar à Eletrosul, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno/TCU, a regularização
imediata de todas as cessões de empregados que tiverem fundamento em dispositivos equivocados da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias, devendo retornar à Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), devendo ser comunicadas ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da
decisão que vier a merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
g) determinar à Eletrosul, com fundamento no art. 45 da Lei 8.443/1992, que:
g.1) anule as disposições contratuais e administrativas que embasaram os pagamentos indevidos no valor
de R$ 1.351.615,02 no 5º Termo Aditivo ao Contrato 84491053 (sendo R$ 773.981,70 relativos ao
Gerenciamento e Qualidade e R$ 577.633,32 à Operação e Manutenção de Canteiro), firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, de forma a não mais considerá-los devidos, tendo em vista tratar-se de sobrepreço;
g.2) abstenha-se definitivamente de realizar o pagamento do valor retido de
R$ 500.023,48, incorporando-o ao seu patrimônio;
g.3) comunique ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da decisão que
vier a merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
h) recomendar à Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina que, observando as
diretrizes abaixo, analise o encontro de contas (peças 70 a 88) de que trata a recomendação 1 do item 4.1.1.8
158

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(“Prática de jogo de planilhas em contratação de remanescente de obra por dispensa de licitação, combinada
com substancial atraso na execução do empreendimento, causando aditivos contratuais no valor total de R$
19.598.123,94, dos quais, pelo menos R$ 15 milhões envolvem serviços contratados com a especificação de
“gb” ou verba, sem que tenha ocorrido alteração relevante no objeto contratado”) e, caso encontrado novo
superfaturamento, represente ao Tribunal, vedada a estipulação de crédito a favor da empresa Engevix
Engenharia S/A:
h.1) observar quais custos apresentados pela Engevix e pela Eletrosul são legítimos, no que se refere aos
itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, uma vez que, no presente processo, há
uma enorme gama de tipos de gastos, comprovados por notas fiscais, bem como inúmeros custos que não
podem ser aceitos em decorrência da data, como, por exemplo, folhas de pagamento de pessoal em períodos
além daqueles em que deveriam ser realizados os serviços;
h.2) uma vez afastados os custos ilegítimos, comparar a média diária do período inicial com a média
diária dos períodos relativos aos aditivos, apontando como superfaturados os pagamentos nos períodos
adicionais, caso tenha havido redução significativa de custos, visto que, caso isso seja comprovado, terá
ocorrido sem contrapartida em diminuição de preço;
i) enviar cópia do Acórdão que vier a ser prolatado ao Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controladoria-Geral da União, à Procuradoria da República nos Estados de Santa Catarina e do Paraná e ao
Departamento de Polícia Federal em Santa Catarina e no Paraná, encaminhando, ainda, cópia do respectivo
relatório e voto que o fundamentarem, para as providências que julgarem oportunas e convenientes;
j) enviar cópia do processo à Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina.
6. Na sequência, colaciono a este relatório a instrução da peça 153 com a anuência do secretário
(peça 154), que analisou os documentos juntados nas peças 144 a 150 e manteve no todo a proposta de
encaminhamento da instrução da peça 136.
Cuidam os autos de processo de contas anuais da Eletrosul Centrais Elétricas S.A., relativo ao exercício
de 2012.
2. A presente instrução tem por objetivo, em cumprimento ao Despacho do Ministro-Relator constante da
peça 151, analisar os novos elementos juntados aos autos pelos responsáveis (peças 144 a 150), após instrução –
endossada pelo Secretário da Secex-SC e pelo representante do MP junto ao TCU – que analisou as alegações
de defesa apresentadas pelos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, ex-Diretor-Presidente da Eletrosul, Ronaldo dos
Santos Custódio, Diretor de Engenharia da Eletrosul, responsáveis pela assinatura do Termo Aditivo nº 5 ao
Contrato 84491013, e pela empresa Engevix Engenharia S/A, citados em cumprimento ao Despacho do Exmº
Sr. Ministro-Relator Raimundo Carreiro (peça 117), nos termos do item 54, “a”, da instrução que constitui a
peça 115.
HISTÓRICO
3. No âmbito do Tribunal de Contas da União, as presentes contas mereceram instruções e
pronunciamentos processuais anteriores, que apontaram indícios de irregularidades, os quais ensejaram a
realização de diligência junto a Eletrosul (peças 18 e 20) e as oitivas da unidade jurisdicionada e de empresa por
ela contratada (peças 29, 31, 46, 57 e 58). Todas as respostas foram devidamente analisadas, resultando em nova
instrução processual (peça 90), cujo respectivo item 78 traz os indícios de irregularidades que remanesceram,
abaixo transcritos, dando ensejo às audiências dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, Ronaldo dos Santos Custódio e
Antonio Waldir Vittori (peças 96-98):
b) realizar a audiência dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF 185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos
Custódio (CPF 382.173.090-00), nas condições de Diretor-Presidente e Diretor de Engenharia, respectivamente,
com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e III, do
Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa quanto aos
indícios de irregularidades especificados abaixo:
b.1) Contratação do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124 (Concorrência n. 90570406) sem
detalhamento das composições dos preços unitários dos serviços que compõem o orçamento prévio, infringindo
a jurisprudência desta corte de contas (Súmula TCU 258/2010) (Subitem 4.1.1.4 do Relatório de Auditoria
Anual de Contas da CGU, referente a Eletrosul, exercício de 2012; subitem 50.1 da instrução processual - peça
5, p. 44-47);
b.2) Extrapolação do prazo contratual para a eliminação de pendências que possibilitem a emissão dos
Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das Unidades Geradoras sem a decorrente aplicação das
penalidades contratuais cabíveis no Contrato nº 90580124 (Concorrência n° 90570406), infringindo, entre
159

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

outros, a cláusula 10ª do respectivo termo contratual, o regulamento de habilitação, licitação e contratação da
Eletrobras e suas controladas e o art. 86 da Lei 8.666/1993. (Subitem 4.1.1.6 do Relatório de Auditoria Anual de
Contas da CGU, referente a Eletrosul, exercício de 2012; subitem 50.2 da instrução processual - peça 5, p. 50-
57);
b.3) a contratação de quantia acima de R$ 15 milhões de reais, no âmbito do Contrato 84491013 firmado
com a empresa Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, em afronta à Súmula 258 do
TCU;
b.4) aumento da ordem de 15 milhões de reais – equivalente a 26,5% do valor original do contrato – dos
valores correspondentes aos itens “Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de
obras” do Contrato 84491013 firmado com a empresa Engevix Engenharia S/A proporcionalmente ao número
de dias de atraso da obra – 664 dias além dos 400 originais – sem se levar em conta a sua diminuição de ritmo,
visto que não ocorreu alteração significativa no escopo do objeto, com indício de pagamento seja por serviços
não realizados seja pela manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada
simplesmente com o objetivo de aguardar, a qualquer momento, a entrega de equipamentos com atraso,
consistindo dano ao erário decorrente de ato de gestão antieconômico, nos termos dos art. 16, inciso III, alínea
“c”, e 58, inciso III, da Lei 8.443/1992;
c) realizar a audiência dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF 185.258.309-68) e Antonio Waldir Vituri
(CPF 230.991.949-72), na condição de Diretor-Presidente e Diretor Administrativo, respectivamente, com
fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e III, do Regimento
Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa quanto a:
c.1) cessões de empregados sem embasamento legal, visto que a Lei 8.112/1990 e seus decretos
regulamentadores dizem respeito, exclusivamente, ao “regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das autarquias e das fundações públicas federais”, portanto, não atingem as empresas estatais que não recebem
recursos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, como é o
caso da Eletrosul (subitem 52.2 da instrução processual);
4. Em cumprimento ao despacho do Relator, Exmº Sr. Ministro Raimundo Carreiro Silva (peça 92),
foram promovidas as audiências dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, Ronaldo dos Santos Custódio e Antonio
Waldir Vittori, mediante os Ofícios 0798, 0799 e 0800/2015-TCU/SECEX-SC (peças 96-98), todos datados de
20/8/2015.
5. As audiências foram tempestivamente respondidas e analisadas por meio da instrução que compõe a
peça 106. Naquela oportunidade, o Auditor posicionou-se da seguinte forma:
54. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares com ressalva as contas dos
responsáveis a seguir, dando-lhes quitação, em face das falhas adiante apontadas, relativas a atos
administrativos específicos por eles praticados e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às respectivas
execuções:
a.1) Eurides Luiz Mescolotto: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124 (Concorrência n.
90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos preços unitários dos
serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo contratual para a
eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das Unidades
Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124 (subitem
17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens “Gerenciamento e
Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias de atraso da obra,
sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento de serviços não
realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada (itns 24 e 34,
acima), com descumprimento ao art. 86 da Lei 8.666/1993, a Súmula TCU 258 e o regulamento de habilitação,
licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas; e cessões de empregados sem embasamento legal para a
Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com
embasamento legal equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério
das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias.
a.2) Ronaldo dos Santos Custódio: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124
(Concorrência n. 90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos
160

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

preços unitários dos serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo
contratual para a eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das
Unidades Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124
(subitem 17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a
empresa Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens
“Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias
de atraso da obra, sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento
de serviços não realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada
(itns 24 e 34, acima), com descumprimento ao art. 86 da Lei 8.666/1993, a Súmula TCU 258 e o regulamento de
habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas;
a.3) Antonio Waldir Vittori: cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal
de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal
equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia
e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas dos Srs. Antônio
Gomes de Farias Neto (CPF 171.781.699-15); Cláudia Hofmeister (CPF 394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF
513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana Miranda de Siqueira Lima (CPF
428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida
(CPF 028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva
(CPF 807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF 113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF
233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20); Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF
140.678.380-34), e William Rimet Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados na peça 2, dando-lhes quitação
plena.
c) determinar a Eletrosul, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno/TCU, a regularização
imediata de todas as cessões de empregados que tiverem fundamento em dispositivos equivocados da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias, devendo retornar à Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), devendo ser comunicadas ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da
decisão que vier merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
d) dar ciência a Controladoria-Geral da União, ao Ministério Público Federal e ao Departamento de
Polícia Federal em Santa Catarina sobre a decisão que vier a merecer estes autos, encaminhando-se-lhes cópias
do respectivo relatório e voto que a fundamentarem, para as providências que julgarem oportunas e
convenientes, relativamente a questão referida no item 53 da presente instrução processual.
6. O Diretor da 1ª D.T, ora signatário desta instrução, divergiu em parte, destacando a gravidade da
seguinte irregularidade:
Aumento da ordem de R$ 15 milhões (+26,5% dos valores dos itens “Gerenciamento e Qualidade” e
“Operação e manutenção do canteiro de obras”) do valor do Contrato 84491053, firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, proporcionalmente ao número de dias de atraso da obra (664 dias além dos
quatrocentos dias originais), sem se levar em conta a sua diminuição de ritmo, visto que não ocorreu alteração
significativa no escopo do objeto, com indício de pagamento seja por serviços não realizados seja pela
manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada simplesmente com o objetivo
de aguardar, a qualquer momento, a entrega de equipamentos com atraso.
7. Ao final, com a anuência do Secretário, propôs a irregularidade das contas de alguns dos responsáveis,
nos seguintes termos (peça 107):
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, 19, parágrafo único e 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, e 214, inciso III, do Regimento Interno, que sejam
julgadas irregulares as contas dos responsáveis a seguir, em face das irregularidades adiante apontadas, relativas
a atos administrativos específicos por eles praticados e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às
respectivas execuções:
a.1) Eurides Luiz Mescolotto: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124 (Concorrência n.
90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos preços unitários dos
serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo contratual para a
161

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das Unidades
Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124 (subitem
17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens “Gerenciamento e
Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias de atraso da obra,
sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento de serviços não
realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada, com
descumprimento ao princípio da economicidade (art. 70 da Constituição Federal), ao art. 86 da Lei 8.666/1993,
à Súmula TCU 258 e o regulamento de habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas; e
cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais
Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal equivocado em dispositivos da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias;
a.2) Ronaldo dos Santos Custódio: execução do 6º Termo Aditivo ao Contrato n° 90580124
(Concorrência n. 90570406), inclusive realização de pagamentos, sem detalhamento das composições dos
preços unitários dos serviços que compõem o orçamento prévio (subitem 13.3.1, acima); extrapolação do prazo
contratual para a eliminação de pendências para a emissão dos Certificados de Aceitação Provisória (CAP) das
Unidades Geradoras sem a aplicação das sanções previstas na cláusula 10ª do referido Contrato nº 90580124
(subitem 17.2, acima); aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491013, firmado com a
empresa Engevix Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens
“Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias
de atraso da obra, sem levar em conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento
de serviços não realizados e manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada,
com descumprimento ao princípio da economicidade (art. 70 da Constituição Federal), ao art. 86 da Lei
8.666/1993, à Súmula TCU 258 e o regulamento de habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas
controladas;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares com ressalva as contas do
responsável a seguir, dando-lhe quitação, em face das falhas adiante apontadas, relativas a atos administrativos
específicos por ele praticado e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às respectivas execuções:
b.1) Antonio Waldir Vittori: cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal
de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal
equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia
e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias;
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas dos Srs. Antônio
Gomes de Farias Neto (CPF 171.781.699-15); Cláudia Hofmeister (CPF 394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF
513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana Miranda de Siqueira Lima (CPF
428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida
(CPF 028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva
(CPF 807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF 113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF
233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20); Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF
140.678.380-34), e William Rimet Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados na peça 2, dando- lhes quitação
plena;
d) seja aplicada aos responsáveis Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio a multa
prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o Tribunal (art.
23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do
TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente, a contar da data
deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, caso não sejam pagas no prazo estabelecido, na forma da
legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
162

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

f) determinar a Eletrosul, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno/TCU, a regularização
imediata de todas as cessões de empregados que tiverem fundamento em dispositivos equivocados da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias, devendo retornar à Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), devendo ser comunicadas ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da
decisão que vier merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
g) determinar à Controladoria-Geral da União que analise o encontro de contas (peças 70 a 88) de que
trata a recomendação 1 do item 4.1.1.8 (“Prática de jogo de planilhas em contratação de remanescente de obra
por dispensa de licitação, combinada com substancial atraso na execução do empreendimento, causando aditivos
contratuais no valor total de R$ 19.598.123,94, dos quais, pelo menos R$ 15 milhões envolvem serviços
contratados com a especificação de “gb” ou verba, sem que tenha ocorrido alteração relevante no objeto
contratado”) e, caso encontrado superfaturamento, represente ao Tribunal;
h) dar ciência à Controladoria-Geral da União, à Procuradoria da República nos estados de Santa Catarina
e do Paraná e ao Departamento de Polícia Federal em Santa Catarina e no Paraná sobre a decisão que vier a
merecer estes autos, encaminhando-se-lhes cópias do respectivo relatório e voto que a fundamentarem, para as
providências que julgarem oportunas e convenientes, relativamente ao aditivo de aproximadamente R$ 15
milhões ao Contrato 84491053 nos itens “Gerenciamento de Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro
de obras” em contrapartida ao atraso de 664 dias na obra sem que tenha havido aumento do seu escopo.
8. O Ministério Público junto ao TCU, em Parecer do Exmº Sr. Procurador Marinus Eduardo De Vries
Marsico (peça 109), concordou parcialmente com a proposta da Unidade Técnica, manifestando concordância
com a proposta de irregularidade das contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos Custódio,
mas apenas em decorrência da seguinte irregularidade:
c) aumento da ordem de R$ 15 milhões do valor do Contrato 84491053, firmado com a empresa Engevix
Engenharia S/A, com a especificação de “gb” ou verba, correspondente aos itens “Gerenciamento e Qualidade”
e “Operação e manutenção do canteiro de obras”, proporcionalmente a 664 dias de atraso da obra, sem levar em
conta a diminuição do respectivo ritmo de execução, com indício de pagamento de serviços não realizados e
manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada, com descumprimento ao
princípio da economicidade (art. 70 da Constituição Federal), ao art. 86 da Lei 8.666/1993, à Súmula TC U 258
e o regulamento de habilitação, licitação e contratação da Eletrobras e suas controladas.
9. Já estavam os autos no gabinete do Ministro-Relator, quando o responsável Sr. Ronaldo dos Santos
Custódio apresentou novos elementos (peça 111). Em Despacho que compõe a peça 113, o Exmº Sr. Ministro
Raimundo Carreiro determinou que a Secex-SC os examinasse, avaliando possíveis reflexos nas propostas
anteriormente lançadas, e, posteriormente, enviasse os autos ao Ministério Público junto ao TCU.
10. Em cumprimento ao Despacho supracitado, foi elaborada a instrução que constitui a peça 115, em que
se concluiu o seguinte:
47. A última instrução da Unidade Técnica propôs o julgamento pela regularidade com ressalva das
contas de três responsáveis e pela regularidade para os demais.
48. O diretor da 1ª D.T. e o Secretário de Controle Externo do Estado de Santa Catarina propuseram o
julgamento pela irregularidade das contas de dois responsáveis, com fundamento em várias irregularidades, pela
regularidade com ressalva para um deles e pela regularidade para os demais.
49. O Ministério Público junto ao TCU concordou parcialmente com a Unidade Técnica, divergindo
apenas quanto ao fato que, no entender do parquet, o fundamento para o julgamento pela irregularidade das
contas seria apenas uma das irregularidades relacionadas, tendo em vista que as demais ou não foram cometidas
no âmbito das contas de 2012 ou não eram graves o suficiente para macular as contas.
50. A presente instrução analisou os novos elementos enviados por um dos responsáveis com o intuito de
demonstrar a inexistência da falha remanescente que, ao ver da Secex-SC e do Ministério Público junto ao TCU,
ainda poderia fundamentar o julgamento pela irregularidade das suas contas.
51. Conforme exame realizado no tópico anterior, restou demonstrado que a premissa que resultou no
entendimento, no pronunciamento que constitui a peça 107, pela existência da irregularidade, qual seja, o
pagamento integral à Engevix, no período de prorrogação do contrato, em contrapartida dos custos com as
equipes de gerenciamento de qualidade e operação e manutenção de canteiro de obras durante períodos de
ociosidade simplesmente aguardando a chegada de equipamentos, era parcialmente inválida, pois, embora as
entregas dos equipamentos tenham sido esparsas e ocupado período bem maior que o programado, a
163

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

necessidade de realizar a montagem dos referidos equipamentos impedia a Eletrosul de optar pela
desmobilização das referidas equipes, sob pena de custos ainda maiores.
52. Por outro lado, o mesmo exame demonstrou que a assinatura do 5º Termo Aditivo acrescentando R$
1.637.701,70 em pagamentos por Gerenciamento e Qualidade e
R$ 837.165,33 por Operação e Manutenção do Canteiro, assim como os respectivos pagamentos, estão eivados
de indícios fortes de ilegalidade, ilegitimidade e antieconomicidade.
53. Desta forma, propõe-se a citação de todos os responsáveis pelos referidos pagamentos.
11. Consequentemente, sugeriu-se a citação dos responsáveis, nos termos abaixo:
54. Ante o exposto, propõe-se:
a) promover, com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202,
incisos I e II, do Regimento Interno/TCU, a citação dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto, ex-Diretor-Presidente da
Eletrosul, e Ronaldo dos Santos Custódio, Diretor de Engenharia da Eletrosul, responsáveis pela assinatura do
Termo Aditivo nº 5 ao Contrato 84491013, em solidariedade com a empresa Engevix Engenharia S/A,
beneficiária dos pagamentos inquinados, para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentarem alegações de defesa
ou recolherem aos cofres da Eletrosul as quantias originais abaixo relacionadas, atualizadas monetariamente a
partir das datas respectivas (datas das medições), até o efetivo recolhimento, abatendo-se na oportunidade as
quantias eventualmente ressarcidas, na forma da legislação em vigor, em decorrência da assinatura do Termo
Aditivo nº 5 ao Contrato 84491013 “Prestação de serviços e fornecimento de bens necessários para a conclusão
da UHE Passo São João” e consequente pagamento por serviços não prestados ou desnecessários e que não
trouxeram qualquer benefício à Eletrosul relativos aos itens 1.5 e 1.8 da sua cláusula quinta, visto que a obra já
estava finalizada no prazo do Termo Aditivo nº 4, não necessitando mais de serviços relativos a Gerenciamento
e Qualidade ou a Operação e Manutenção de Canteiro;
Data Valor original
30/10/2012 R$ 1.435.412,23
31/10/2012 R$ 988.546,77
01/08/2014 R$ 50.908,02
b) informar os responsáveis de que, caso venham a ser condenados pelo Tribunal, o débito ora apurado
será acrescido de juros de mora, nos termos do § 1º do art. 202 do Regimento Interno/TCU;
c) alertar os responsáveis que podem as suas contas vir a ser julgadas irregulares, com aplicação de
multa, em decorrência das constatações identificadas neste processo; e
d) encaminhar cópia do processo aos responsáveis para subsidiar as manifestações requeridas.
12. Após autorização do Exmº Sr. Ministro-Relator, os responsáveis foram citados (peças 118 a 120) e
encaminharam tempestivamente suas alegações de defesa (peças 129, 130 e 132). O Sr. Eurides Luiz
Mescolotto, posteriormente, conforme a peça 133, ratificou o conteúdo da peça 130, entregue sem assinatura por
motivo de viagem.
13. O processo foi instruído, propondo-se (peça 136 – foram grifados os trechos que interessam à presente
instrução):
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, 19, parágrafo único e
23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, §5º, inciso II e §6º, inciso II, e 214,
inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF
185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos Custódio (CPF 382.173.090-00), e condená-los, solidariamente com
a empresa Engevix Engenharia S/A (CNPJ 00.103.582/0001-31), ao pagamento de R$ 851.591,54, em
decorrência da irregularidade a seguir, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento da
dívida aos cofres das Eletrosul, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir de
31/10/2012, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, abatendo-se, na oportunidade,
os valores eventualmente já ressarcidos:
a.1) irregularidade: aumento da ordem de R$ 1.351.615,02 do valor do Contrato 84491053,
firmado com a empresa Engevix Engenharia S/A, por meio do 5º Termo Aditivo, cuja contrapartida
foram serviços já cobertos contratualmente e cuja necessidade eventual de se realizar após 27/07/2012
deveria ter sido imputada à contratada (35 dias de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção
de Canteiro, de 28/07/2012 a 31/08/2012) ou desnecessários (61 dias de Operação e Manutenção de
Canteiro, de 01/09/2012 a 31/10/2012), resultando em dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo
ou antieconômico, tendo em vista o efetivo superfaturamento no valor de R$ 851.591,54 em 31/10/2012 (a
164

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

retenção de R$ 500.023,48 ocorreu ante a atuação dos órgãos de controle), nos termos do art. 16, inciso
III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, da Lei 8.443/1992;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts.
1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, julgar regulares com ressalva as contas do responsável a
seguir, dando-lhe quitação, em face das falhas adiante apontadas, relativas a atos administrativos específicos por
ele praticado e sob sua responsabilidade e supervisão, quanto às respectivas execuções:
b.1) Antonio Waldir Vittori: cessões de empregados sem embasamento legal para a Prefeitura Municipal
de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A. (Celesc), e com embasamento legal
equivocado em dispositivos da Lei 8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia
e para a Eletrobras e suas empresas subsidiárias;
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, julgar regulares as contas dos Srs. Antônio Gomes de Farias
Neto (CPF 171.781.699-15); Cláudia Hofmeister (CPF 394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF 513.075.450-68);
Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana Miranda de Siqueira Lima (CPF 428.993.201-06); Luiz
Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida (CPF 028.555.736-02);
Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (CPF 807.534.007-82);
Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF 113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF 233.339.799-34); Suzana
Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20); Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF 140.678.380-34), e William Rimet
Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados na peça 2, dando- lhes quitação plena;
d) aplicar aos responsáveis Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos e empresa Engevix
Engenharia S/A a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno do
TCU, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o
Tribunal (art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno do TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente, a
contar da data deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, caso não sejam pagas no prazo estabelecido, na
forma da legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
f) determinar à Eletrosul, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno/TCU, a regularização
imediata de todas as cessões de empregados que tiverem fundamento em dispositivos equivocados da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas empresas
subsidiárias, devendo retornar à Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a Prefeitura Municipal de Florianópolis e para a Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), devendo ser comunicadas ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da
decisão que vier a merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
g) determinar à Eletrosul, com fundamento no art. 45 da Lei 8.443/1992, que:
g.1) anule as disposições contratuais e administrativas que embasaram os pagamentos indevidos no
valor de R$ 1.351.615,02 no 5º Termo Aditivo ao Contrato 84491053 (sendo R$ 773.981,70 relativos ao
Gerenciamento e Qualidade e R$ 577.633,32 à Operação e Manutenção de Canteiro), firmado com a
empresa Engevix Engenharia S/A, de forma a não mais considerá-los devidos, tendo em vista tratar-se de
sobrepreço;
g.2) abstenha-se definitivamente de realizar o pagamento do valor retido de
R$ 500.023,48, incorporando-o ao seu patrimônio;
g.3) comunique ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da decisão
que vier a merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
h) recomendar à Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina que, observando as
diretrizes abaixo, analise o encontro de contas (peças 70 a 88) de que trata a recomendação 1 do item 4.1.1.8
(“Prática de jogo de planilhas em contratação de remanescente de obra por dispensa de licitação, combinada
com substancial atraso na execução do empreendimento, causando aditivos contratuais no valor total de R$
19.598.123,94, dos quais, pelo menos R$ 15 milhões envolvem serviços contratados com a especificação de
“gb” ou verba, sem que tenha ocorrido alteração relevante no objeto contratado”) e, caso encontrado novo
superfaturamento, represente ao Tribunal, vedada a estipulação de crédito a favor da empresa Engevix
Engenharia S/A:
165

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

h.1) observar quais custos apresentados pela Engevix e pela Eletrosul são legítimos, no que se refere aos
itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, uma vez que, no presente processo, há
uma enorme gama de tipos de gastos, comprovados por notas fiscais, bem como inúmeros custos que não
podem ser aceitos em decorrência da data, como, por exemplo, folhas de pagamento de pessoal em períodos
além daqueles em que deveriam ser realizados os serviços;
h.2) uma vez afastados os custos ilegítimos, comparar a média diária do período inicial com a média
diária dos períodos relativos aos aditivos, apontando como superfaturados os pagamentos nos períodos
adicionais, caso tenha havido redução significativa de custos, visto que, caso isso seja comprovado, terá
ocorrido sem contrapartida em diminuição de preço;
i) enviar cópia do Acórdão que vier a ser prolatado ao Ministério da Transparência, Fiscalização e
Controladoria-Geral da União, à Procuradoria da República nos Estados de Santa Catarina e do Paraná e ao
Departamento de Polícia Federal em Santa Catarina e no Paraná, encaminhando, ainda, cópia do respectivo
relatório e voto que o fundamentarem, para as providências que julgarem oportunas e convenientes;
j) enviar cópia do processo à Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina.
14. A instrução contou com a anuência do Secretário da Unidade (peça 137) e do Ministério Público junto
ao TCU (peça 142).
15. Os responsáveis juntaram novos elementos aos autos (peças 144-150).
16. O Ministro-Relator determinou, então, o envio dos autos à Secex-SC para análise dos novos
elementos (peça 151).
EXAME TÉCNICO
17. Repete-se, inicialmente, a irregularidade que resultou na proposta de irregularidade das contas dos
Srs. Eurides Luiz Mescolotto, ex-Diretor-Presidente da empresa, e Ronaldo dos Santos Custódio, ex-Diretor de
Engenharia.
Irregularidade: aumento da ordem de R$ 1.351.615,02 do valor do Contrato 84491053, firmado com a
empresa Engevix Engenharia S/A, por meio do 5º Termo Aditivo, cuja contrapartida foram serviços já cobertos
contratualmente e cuja necessidade eventual de se realizar após 27/07/2012 deveria ter sido imputada à
contratada (35 dias de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, de 28/07/2012 a
31/08/2012) ou desnecessários (61 dias de Operação e Manutenção de Canteiro, de 01/09/2012 a 31/10/2012),
resultando em dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico, tendo em vista o efetivo
superfaturamento no valor de R$ 851.591,54 em 31/10/2012 (a retenção de R$ 500.023,48 ocorreu ante a
atuação dos órgãos de controle), nos termos do art. 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, da Lei 8.443/1992
18. O ex-Diretor de Engenharia, na peça 144, anexa Nota Técnica elaborada pela Diretoria de Engenharia
com o objetivo de refutar as conclusões da Secex-SC na instrução que consta na peça 136.
19. Argumento: Após históricos e preliminares, os primeiros argumentos na tentativa de justificar a
prorrogação tida por indevida nos serviços de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de
Canteiro aparecem na página 12-13 da peça 144.
20. O primeiro é relativo à “necessidade de reconhecer a remuneração dos itens Gerenciamento da
Qualidade e Operação e Manutenção do Canteiro de Obras durante o novo prazo acordado” do 5º Aditivo
Contratual (peça 144, p. 12).
21. Análise: Esse não pode ser chamado de novo elemento, pois é o cerne de toda a questão. A instrução
que consta da peça 136, como um todo, demonstra que, independentemente do prazo acordado, os pagamentos
relativos aos dois itens acima só poderiam ser realizados considerando um atraso de 52 dias não imputáveis à
empresa contratada. Em diversos trechos, comprovou-se que, se havia obra além desses 52 dias, isso seria por
culpa da contratada, não podendo resultar em pagamentos para equipes inteiras.
22. Argumento: O segundo argumento refere-se à crise hídrica, que “impediu a realização de diversos
testes durante o comissionamento das unidades geradoras” (peça 144, p. 13-16).
23. Segundo a Nota Técnica, tal crise hídrica ocorreu de janeiro a setembro de 2012 (peça 144, p. 14), de
tal forma que os “ensaios somente puderam ser realizados em outubro de 2012, quando se encerrou a forte
estiagem na região” (peça 144, p. 16).
24. Análise: Tal argumento já foi apresentado anteriormente e analisado na instrução que constitui a peça
136, conforme a seguir:
125. O último dos argumentos da Engevix a se examinar refere-se à realização de testes de performance
das unidades geradoras, os quais não teriam sido realizados anteriormente ao período relativo ao 5º Termo
Aditivo devido a dificuldades hidrológicas da região.
166

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

126. Não cabe razão à empresa, pois está bastante claro na Exposição de Motivos que justificou, perante a
Diretoria, a assinatura do 5º Termo Aditivo, que todos os custos relativos a tal serviço foram devidamente
cobrados pela Engevix e incorporados ao contrato, conforme quadro constante da peça 134, p. 12. Em tal
quadro, constam todos os custos com dois engenheiros e dois eletricistas, incluindo nova mobilização,
instalação da instrumentação, retirada da instrumentação e nova desmobilização, por conta da impossibilidade
de se terem realizado tais testes nos períodos inicialmente previstos. O trecho abaixo transcrito evidencia, sem
margem de dúvidas, que a postergação dos referidos testes não poderia resultar em custos outros que não os da
proposta então em análise, no valor de R$ 30.650,78 (peça 134, p. 12):
A indisponibilidade de água obrigou a Contratada, com anuência da Eletrosul, a desmobilizar sua equipe
de testes e retirar a instrumentação instalada nas unidades geradoras.
Para a retomada das atividades oportunamente, quando o nível do reservatório permitir a realização dos
testes, a Engevix apresentou proposta que foi considerada aceitável.
O Quadro abaixo considera apenas os valores de nova mobilização e desmobilização da equipe e
reinstalação e nova retirada da instrumentação, sendo que o custo de execução dos testes faz parte do escopo
inicial do contrato:
25. Tendo em vista que a presente instrução tem como objetivo analisar apenas novos elementos, não faz
sentido realizar nova análise diversa da que já consta no trecho acima transcrito.
26. Argumento: O terceiro argumento trata de “Falhas e não conformidades em equipamentos
importantes, como turbinas e geradores, durante a montagem e o comissionamento, que exigiram retrabalhos
dos fornecedores (outros contratos) e reprogramação de testes”, além de pendências de fornecimentos assumidos
pela Eletrosul com a rescisão do contrato de fornecimento eletromecânico original” (peça 144, p. 13 e 16-18).
27. Análise: Esse argumento também não é novo e já foi exaustivamente rebatido na instrução anterior,
em que se demonstrou que todas as ocorrências não imputáveis à contratada foram consideradas nos 52 dias de
prorrogação da entrada em operação da UG02.
28. É importante relembrar que a Secex-SC aceitou todos os pagamentos relativos aos 52 dias de
prorrogação, insurgindo-se apenas quanto aos pagamentos após isso. Não se consegue vislumbrar a razão de a
Eletrosul só ter conseguido listar falhas e não conformidades que atrasaram o cronograma em 52 dias na sua
Exposição de Motivos para o 5º Aditivo (peça 134, p. 7 e seguintes), mas ter propiciado à contratada manter
suas equipes integrais de Gerenciamento e Qualidade e Manutenção de Canteiro por meses a mais que isso.
29. Tal exposição de motivos é de 19/7/2012 (peça 134, p. 1), data em que todas as falhas, não
conformidades, pendências e atividades ainda a realizar listadas nas páginas 16-23 da peça 144 já eram
conhecidos. Veja-se que a instrução anterior já havia deixado claro que foi a própria aceitação, via 5º aditivo
contratual, por parte da Eletrosul, de pagamento até 31/8/2012 para o item Gerenciamento e Qualidade e até
31/10/2012 para o item Manutenção de Canteiro que estava eivada de irregularidade, visto que em contradição
com a própria Exposição de Motivos, que descrevia atrasos da ordem de 52 dias para a colocação da UG02 em
operação.
30. Argumento: A Nota Técnica da Eletrosul aprofunda-se na questão dos serviços realizados durante
esses meses questionados de agosto, setembro e outubro de 2012.
31. Análise: Ocorre que a instrução anterior já havia sido explícita em demonstrar que os pagamentos já
acordados no 4º Termo Aditivo, somados aos devidos em decorrência do atraso de 52 dias não atribuível à
contratada Engevix, abrangiam toda e qualquer atividade relacionada ao contrato em questão, seja
anterior, seja posterior à entrada em operação da UG02.
32. Se o atraso não foi por culpa da Engevix, foi relacionado na Exposição de Motivos de 19/7/2012. Se
não constou da lista, das duas, uma: ou a previsão contratual original já era de que a atividade fosse realizada
após a entrada em operação da UG02, ou o atraso foi por culpa da Engevix. Em qualquer dos dois casos, não
há justificativa para pagamentos extras a título de equipes de Gerenciamento e Qualidade e Manutenção
de Canteiro por mais tempo que os 52 dias já tantas vezes mencionados.
33. Desta forma, repete-se: de nada adianta aos responsáveis mencionar os serviços realizados nos meses
de agosto, setembro e outubro de 2012. Conforme as provas dos autos, são serviços que deveriam ter sido
executados em até 52 dias após o prazo estabelecido antes do 5º Aditivo Contratual. E os que justificadamente
ficaram para depois, por causa da crise hídrica, tiveram todos os custos de mobilização, instalação de
instrumentos, retirada de instrumentos e desmobilização pagos pela Eletrosul, no valor de R$ 30.650,78 (peça
134, p. 12) para serem realizados no momento oportuno, como visto no item 24 acima, o qual remetia à
instrução anterior.
167

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

34. Argumento: Em seguida, a Nota Técnica passa a descrever a Operação Assistida, em relação à qual
há, diversamente do que se analisou até o momento, alegações novas.
35. Inicialmente a Nota Técnica chama a atenção para a desestruturação do corpo técnico da Eletrosul por
conta da privatização ocorrida em 1998, bem como para a reestruturação que teria iniciado apenas em 2004
(peça 144, p. 24-25). Soma ao desafio de construir uma usina hidrelétrica com uma equipe em formação o
agravante de o principal fornecedor ter deixado o empreendimento inacabado, com projetos e fornecimentos
incompletos, de forma que a Eletrosul precisou rescindir o contrato, assumir os contratos com subfornecedores e
ainda contratar um fabricante de turbinas no Brasil para “adaptar e ajustar o projeto, fabricar e fornecer peças e
componentes específicos, testar, comissionar e ajustar o equipamento”. Continua:
Foi um grande desafio técnico que demandou muito tempo e gerou a necessidade de ampliação do prazo
de implantação do empreendimento. Em decorrência, houve a necessidade de extensão do prazo dos itens
Gerenciamento e Qualidade (item 2, LP 1) e Operação e Manutenção do Canteiro de Obras (item 5, LP 1).
36. Como decorrência das informações acima, assevera que “foi necessário que os principais fornecedores
de equipamentos e sistemas ficassem mobilizados no canteiro de obras após a entrada em operação da última
unidade geradora” (peça 144, p. 25).
35. Na Nota, afirma-se que a conclusão da Secex-SC no sentido de que a equipe de Operação Assistida
(apoio ao início da operação da Usina) era formada de nove profissionais de serviços básicos teria sido
equivocada, pois teria havido o envolvimento de muitas outras pessoas, de várias empresas. Transcreve-se esse
trecho das Nota (peça 144, p. 25-27):
Na exposição de motivos que aprovou o TA-5 (PRD DEG 0041/2012), a operação assistida foi
incorporada ao escopo do contrato, conforme o texto abaixo.
“A) CLÁUSULA 3ª – OBJETO DO CONTRATO – Incorporação de Escopo:
..................................
1.10 Operação assistida do sistema digital de supervisão e controle e proteção, além de equipe de apoio
para possíveis intervenções até 31/10/2012......
A equipe de assistência à operação da usina, identificada na análise das Secex-SC, formada por 9 (nove)
profissionais de serviços básicos de apoio era, na verdade, apenas apoio a possíveis intervenções.
A assistência completa à operação era formada por engenheiros e técnicos, especialistas que ajustaram a
usina e a deixaram em condições de operar adequadamente. O número real de profissionais envolvidos e
mobilizados era maior e dinâmico, de acordo com as necessidades.
Também houve o envolvimento de outras empresas, de outros contratos, como já citado. Para essa
mobilização, se fez necessária a manutenção do canteiro de obras que, além de apoiar essas atividade, abrigava
essa equipe básica de apoio. Nas instalações da usina, não havia estrutura adequada para um contingente grande
de pessoas, além da necessidade de espaço para peças ainda em montagem, sobressalentes, ferramentas,
equipamentos, instrumentos, etc, (em uso na implantação da usina). Ademais, havia a necessidade de espaço
para a movimentação de peças.
(...)
Ademais, para a execução das atividades nesse período permaneceu em campo, além da equipe da
Engevix, profissionais de outras empresas (outros contratos) que estavam envolvidas nas soluções de
pendências, ajustes e consolidações técnicas. Entre essas empresas, citamos: Leme, Power Machines com
equipe de tradução russo/português, Andritz, Reivax, Engetel, Promach, GEA Westfália, Triglau, Hidroação,
Engesul, CVP, Arteche, M&D, etc. (grifos no original)
36. Em seguida, apresentam duas fotos da casa de força, em que “se observa caixas de peças e
ferramentas, além de movimentação com ajustes e acabamentos. Essas fotos são de agosto de 2012” (peça 144,
p. 26).
37. Apresenta, ainda, histograma mostrando a quantidade de profissionais dedicados ao gerenciamento da
qualidade (peça 144, p. 26).
38. Após isso, voltam a listar evidências da existência de atividades realizadas no período questionado
(peça 144, p. 27).
39. Análise: Na argumentação acima, sobre a Operação Assistida, só há uma alegação nova: a de que a
equipe necessária a ela não seria de apenas 9 profissionais, e que essa equipe, mencionada na instrução anterior
da Secex-SC, seria apenas para “apoio a possíveis intervenções”, tentando fazer crer que a equipe de
Operação Assistida seria bem maior.
168

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

40. Acontece que as alegações acima são frontalmente contrárias às provas dos autos, levando-se até
mesmo a duvidar, neste momento, da credibilidade da atual equipe do Departamento de Engenharia de Geração
e dos profissionais que assinam a Nota Técnica.
41. A Nota Técnica menciona a Exposição de Motivos para a firmatura do 5º Aditivo Contratual. Tal
Exposição de Motivos encontra-se na peça 134.
42. O item 1.10 transcrito na Nota Técnica coincide com o que consta da peça 134, p. 2, ou seja, não há
dúvida de que a Operação Assistida do sistema digital de supervisão e controle de proteção, bem como a equipe
de apoio para possíveis intervenções até 31/10/2012, foi contratada pela Eletrosul, ao custo de R$ 128.067,89.
43. Ocorre que essa Operação Assistida é descrita mais a frente, na Exposição de Motivos, precisamente
nas páginas 12 e 13.
44. Na descrição consta claramente que “A Operação Assistida pela montadora consiste em
disponibilizar equipe técnica de apoio para possíveis intervenções até 31/10/2012, procurando mitigar riscos
na interrupção comercial da usina” (peça 134, p. 12 – grifou-se).
45. Ou seja, a declaração, na Nota Técnica, de que “A Operação Assistida era, na verdade, o apoio
dessas empresas e especialistas, de vários contratos, incluindo a Engevix, apoiadas por um canteiro de obras
que não poderia ser desmobilizado totalmente” (peça 144, p. 25) não pode ser tomada por nada menos que uma
inverdade declarada pelos profissionais que assinam a Nota Técnica.
46. Não há, aqui, o que argumentar, analisar ou polemizar. A Exposição de Motivos de 19/7/2012 disse
uma coisa e, agora, os engenheiros da Eletrosul vêm dizer outra.
47. Todas as outras atividades mencionadas, agora como se fossem parte da Operação Assistida, nada
mais são que as mesmas, ou de mesma natureza, que as já relacionadas e analisadas nos itens 26 a 33 desta
instrução, razão pela qual não serão novamente examinadas nem rebatidas, tendo em vista tais dúvidas já terem
sido suficientemente espancadas na instrução anterior e nos itens anteriores desta nova instrução.
48. Em resumo, o único argumento supostamente novo apresentado pelo responsável, via Nota Técnica da
Eletrosul, nada mais era que uma afirmação completamente oposta à que consta do documento oficial da
Eletrosul chamado “Proposta para Resolução da Diretoria PRG DEG-0041/2012” (peça 134, p. 1).
49. Argumento: Continuando, a Nota Técnica analisa a questão da boa-fé da Eletrosul (peça 144, p. 29-
33).
50. Nesse trecho, a Nota Técnica apenas rebate os elementos apontados na instrução constante da peça
136, especificamente nos itens 134 a 146, os quais denotariam má-fé dos responsáveis.
51. Distingue o período de execução do contrato (339 dias) do período de vigência (400 dias).
51. Esclarece que se a Eletrosul houvesse utilizado 339 dias para calcular o valor a ser acrescido ao
contrato, tal montante teria sido maior, pois o valor total dividido por 339 daria uma média diária superior que
aquela obtida caso a divisão fosse, como foi, por 400.
52. Alega que isso foi apenas uma confusão da contratada e que tal confusão beneficiou a Eletrosul.
53. O segundo elemento rebatido foi a demonstração de que pode ter havido um acordo arbitrário entre a
Eletrosul e a contratada para definir o número de dias da prorrogação, tendo em vista constar no cálculo do valor
a ser acrescido “120 dias” em vez de “87 dias” (vide itens 142-146 da instrução da peça 136), o que mostra que
já teria sido cogitado prorrogar o contrato por 120 dias sem qualquer fundamentação, assim como faltou
fundamentação para os 87 dias.
54. Segundo a Nota Técnica, o erro decorreu de um “copiar e colar equivocado” (peça 144, p. 30) do
texto usado para o 4º Aditivo, ocasião em que a prorrogação fora de 120 dias. Acrescentam, ainda, que mesmo
que o erro fosse decorrente de uma negociação com a Engevix, isso demonstraria “boa-fé e a busca do melhor
resultado para a Eletrosul” (peça 144, p. 31 – grifo no original).
53. Análise: Inicialmente lembra-se que a análise de boa-fé refere-se aos responsáveis citados, ou seja,
dois ex-Diretores da empresa e a Engevix. Nada foi dito sobre boa ou má-fé da Eletrosul.
54. Em segundo lugar, os fatos narrados como possível comprovação de má-fé em nada alteram as
conclusões da instrução que constitui a peça 136. Isso porque já naquele arrazoado, foi informado que
inexistiam nos autos elementos que permitissem auferir a boa-fé (peça 136, p. 23, itens 133-134), condição
suficiente para que se pudesse proferir o julgamento de mérito pela irregularidade das contas.
55. Dito isso, e ressalvando que a análise a seguir em nada afeta as conclusões finais constantes da peça
136 (irregularidade das contas, débito e inexistência de elementos para se reconhecer a boa-fé), passa-se a
examinar as alegações.
169

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

56. Pode-se aceitar que a troca de 339 dias por 400 dias tenha sido uma confusão da Engevix e que tal
confusão veio em benefício da Eletrosul.
57. Entretanto, não é possível alterar a conclusão exposta no item 140 (peça 136, p. 24), de que o cálculo
do valor a ser pago em contrapartida da prorrogação dos itens Gerenciamento e Qualidade e Manutenção de
Canteiro foi linear, realizado de forma a manter a mesma média diária anterior, inclusive na casa dos centavos.
58. Esta é a única conclusão razoável que se pode tirar de um cálculo de regra de três simples, em que a
média para 400 dias é calculada para depois se multiplicar pelo número de dias a ser acrescido.
59. No que concerne à conclusão do Auditor de que o erro na troca de “87 dias” por “120 dias” teria sido
prova de falta de fundamentação no cálculo de quantos dias, realmente, seriam necessários, denotando uma
mera negociação, aceita-se a alegação de que se tratou de cópia equivocada do texto da Exposição de Motivos
relativa ao 4º Aditivo contratual.
60. No que tange à legalidade ou não de se negociar livremente com a contratada o período a ser
acrescido ao contrato sem bases concretas e fundamentadas por escrito, deixa-se de analisá-la tendo em vista
que tal assunto, uma vez afastada a premissa inicial que levou o Auditor a apontar a questão, passa a consistir
em mera especulação.
61. Argumento: A Nota Técnica, então, passa a fundamentar a decisão de se prorrogar o pagamento pela
Equipe de Gerenciamento e Qualidade em exatos 87 dias, tendo em vista o questionamento, por parte do
Auditor, nos itens 145 e 146 da instrução anterior – peça 136.
62. Transcreve trecho da Exposição de Motivos para o 5º Aditivo, em que se justifica o acréscimo para o
item Gerenciamento e Qualidade (peça 144, p. 31), segundo o qual foram simplificados procedimentos com o
objetivo de colocar a usina em operação o mais rápido possível, tendo, entretanto, restado pendências no
empreendimento que resultaram na necessidade de a referida equipe permanecer no canteiro de obras até
31/8/2012.
63. Apresenta a informação, inédita nesses autos, que 87 dias foi o atraso exato na disponibilidade do
gerador (Término da bobinagem do estator), que não era de responsabilidade da contratada, e junta, como
comprovação, uma tabela constante do Relatório Mensal de Atividades da Engenharia do Proprietário, do mês
de agosto de 2012 (peça 144, p. 32 e peça 146, p. 4).
64. Acrescenta que, “com a simplificação de procedimentos de testes e comissionamento, foi possível
antecipar a entrada em operação da UG2 em 35 dias, resultando no já conhecido prazo de 52 dias (...). Assim, os
35 dias remanescentes (87-32) foram usados para as atividades não impeditivas à operação, deixadas para
depois de forma planejada” (peça 144, p. 32).
65. Transcrevem-se mais alguns trechos sobre os “87 dias de atraso” (peça 144, p. 32);
Outros serviços no gerador também atrasaram, como pode ser visto no relatório da Engenharia do
Proprietário citado (Anexo 5) e na exposição de motivos do TA-5 (texto reapresentado acima). Todavia, o
maior atraso foi o da bobinagem do estator (87 dias) e, dessa forma, foi o prazo adicionado no contrato com
a Engevix, pois esta somente pode retomar as atividades de montagem e testes no gerador após a
disponibilização do mesmo, de responsabilidade da Eletrosul, e a conclusão dos retrabalhas e serviços extras
decorrentes, que ocorreu com 87 dias de atraso.
O prazo de 87 dias foi o necessário e suficiente para concluir o empreendimento, onde foram
realizados diversos serviços, já listados anteriormente nesta e em outras notas técnicas já elaboradas, e onde
houve o envolvimento de um expressivo número de empresas e de profissionais, tanto especializados como de
apoio, como também já foi relacionado e explicado.
66. Em seguida, voltam ao assunto relativo aos “diversos serviços” realizados nesse período, com “o
envolvimento de um expressivo número de empresas e de profissionais, tanto especializados como de apoio,
como também já foi relacionado e explicado”, apresentando, até mesmo, o histograma do pessoal mobilizado no
item Gerenciamento e Qualidade (peça 144, p. 32-33).
67. Análise: O argumento de que foram “simplificados procedimentos com o objetivo de colocar a usina
em operação o mais rápido possível, tendo, entretanto, restado pendências no empreendimento que resultaram
na necessidade de a referida equipe permanecer no canteiro de obras até 31/8/2012” já foi utilizado
anteriormente nesse processo, não sendo novo elemento.
68. Nas alegações de defesa apresentadas em resposta à sua citação, o ex-Diretor-Presidente e o ex-
Diretor de Engenharia enviaram outra Nota Técnica da Eletrosul em que se afirmava exatamente o mesmo (peça
136, p. 9, item 23, letra “a”):
170

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) o atraso no início de geração comercial da Unidade Geradora 2 resultou em uma simplificação de


procedimentos “a fim de abreviá-los e colocar a usina em operação 100% com a maior brevidade, estancando os
prejuízos que a indisponibilidade das unidades geradoras estava imputando à Eletrosul”, tornando necessária a
permanência da equipe da contratada (gerenciamento e qualidade) no canteiro até a resolução final das
pendência não impeditivas à operação comercial decorrentes da simplificação dos procedimentos, o que seria
realizado entre a data de colocação da usina em operação total – 06/07/2012 – e o dia 31/08/2012 (peça 129, p.
4-5);
69. O Auditor signatário da instrução resumiu tais alegações (peça 136, p. 15, itens 75-77):
75. Segundo os responsáveis pelo 5º termo Aditivo por parte da Eletrosul, após a firmatura do 4º Termo
Aditivo, em fevereiro de 2012, houve fatos imprevistos não imputados à Engevix que levaram à impossibilidade
de cumprir o prazo de colocação da usina em operação total, atrasandose esse marco contratual de 1505/2012
para 06/07/2012.
76. Segundo suas alegações, foram realizadas simplificações com o objetivo de possibilitar a entrada em
operação em 06/07/2012, e alguns procedimentos obrigatórios mas não impeditivos à operação ficaram para ser
realizados após essa data.
77. Assim, parte dos valores questionados com pagamentos de ambos itens Gerenciamento e Qualidade e
Operação e Manutenção do Canteiro seria justificada com o período extra de 52 dias entre 15 de maio e 6 de
julho e parte com a necessidade de se manter tais equipes, bem como o canteiro de obras, até 31/08/2012 para a
realização dos procedimentos não impeditivos e resolução das pendências.
70. Tais alegações foram devidamente rebatidas naquela instrução. Transcrevem-se a seguir as principais
conclusões (peça 136):
95. Portanto, está mais que provado que, desde o contrato inicial até o 4º Termo Aditivo, em nenhum
momento se previu pagar por Gerenciamento e Qualidade ou Operação e Manutenção do Canteiro em período
após a entrada em operação da UG2. Todos os valores globais, para tais itens contratuais, estipulados em tais
avenças já eram suficientes para remunerar todas as atividades necessárias para o pleno cumprimento das
obrigações, não havendo o que falar acerca de necessidade de gerenciamento ou de canteiro de obras após
aquela data, os quais, mesmo que evidenciados e necessários nesse momento posterior, não poderiam ser pagos
sob pena de bis in idem, porque o custo das atividades correspondentes – e que deveriam ser realizadas em um
prazo de 21 dias, como se verá adiante – já estava computado no preço estipulado até aquele marco temporal.
(...)
100. Como pode se observar, todos os atrasos, detalhadamente descritos acima, foram devidamente
computados para fins de justificativa do atraso da entrada em operação da última unidade geradora. E a sua
soma é exatamente 52 dias!! Qualquer outro atraso que eventualmente tenha ocorrido, impossibilitando a
entrada em operação da UG02 em 06/07/2012 ou necessitando simplificações de procedimentos e postergação
de atividades para que isso fosse possível só pode ser imputado à Engevix, tirando da Eletrosul a
responsabilidade por tarefas cuja necessidade após a obra tenha sido excepcional.
71. No que diz respeito à explicação encontrada para fundamentar a prorrogação do item Gerenciamento
e Qualidade em exatos 87 dias, lamenta-se que os profissionais da Eletrosul tenham novamente apresentado
informações contraditórias.
72. A tabela 3 constante do Relatório de Agosto de 2012 de uma das contratadas, Leme Engenharia,
apresenta o atraso de três serviços: “Run out e verticalidade”, “Término da bobinagem do estator [UG2]” e
“Bronchamento das ranhuras das cunhas de fixação anel/aranha do rotor” (peça 146, p. 4).
73. Pois bem, para o primeiro serviço, informa-se que a data prevista era 3/12/2011 e a efetiva foi
17/1/2012, sendo o atraso de 45 dias corridos. E 45 dias corridos é exatamente a diferença entre as datas acima.
74. Para o terceiro serviço, informa-se que a data prevista era 20/12/2011 e a efetiva foi 2/3/2012, sendo o
atraso de 73 dias corridos. E 73 dias corridos é exatamente a diferença entre as datas acima.
75. Mas na tabela utilizada pelos responsáveis, via Nota Técnica da Eletrosul, para justificar o motivo de
se prorrogar o item Gerenciamento e Qualidade por exatos 87 dias, as datas apontadas como prevista e efetiva,
respectivamente, são 16/12/2011 e 14/4/2012, cuja diferença é de 120 dias e não de 87!!
76. Não se está aqui dizendo que houve fraude no relatório (pode ter sido um erro seguido de uma
coincidência – o resultado do equívoco ser 87 embora pudesse ser qualquer outro). Mas a utilização desse dado
para justificar os exatos 87 dias de prorrogação para o item Gerenciamento e Qualidade no 5º Aditivo é
temerária, tendo em vista, ainda, os argumentos a seguir.
171

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

77. Junta-se aos autos, nesse momento, a Exposição de Motivos para a assinatura do 4º Termo Aditivo, de
6/1/2012, data em que os trabalhos com o estator da UG2 estavam começando (peça 152).
78. Nesse relato, há uma detalhada exposição de fatos que geraram atrasos na obra, resultando na
necessidade de se alterarem as datas para colocação em funcionamento das UG1 e UG2, respectivamente, 129 e
136 dias (peça 152, p. 7-12).
79. Importante o trecho a seguir, que vincula o atraso na montagem do estator da UG1 com o atraso da
UG2 (peça 152, p. 12-13):
Importante destacar que enquanto não concluída a montagem do estator da UG1, ficou impossibilitada a
retirada do rotor da UG1 da área de montagem, motivo pelo qual, em virtude das características da casa de
força não permitirem a montagem simultânea de 2 rotores (existe somente um poço para a acomodação
do eixo no conjunto), não foi iniciada a montagem do rotor da UG2. As atividades de montagem do
estator da UG2 também ficaram paralisadas pela indisponibilidade de barras de reposição para suprir as
retiradas desta unidade e utilizadas na UG1, bem como para substituir as barras danificadas da própria
UG2, as quais estavam em processo de fabricação e importação da Rússia. (grifou-se)
80. Ou seja, no momento da assinatura do 4º Aditivo contratual, já se sabia que a bobinagem do estator
da UG2 atrasaria em torno do mesmo número de dias que atrasou o da UG1.
81. Tendo em vista essa estimativa de atraso, foi proposto, na mesma Exposição de Motivos do TA4, a
prorrogação do item Gerenciamento e Qualidade em 120 dias!! (peça 152, p. 13):
b.1) Gerenciamento e Qualidade - item 2 da LP 1 - R$ 2.258.898,90:
Para a conclusão do objeto contratado torna-se necessária a permanência das equipes de engenharia da
Contratada, a fim de realizar as atividades de gerenciamento e qualidade do fornecimento de bens, da montagem
e do comissionamento do empreendimento.
A permanência destas equipes de gerenciamento e qualidade (engenharia) é condição imprescindível à
conclusão das obras da UHE Passo São João.
Para a postergação de prazo por mais 170 dias a Contratada apresentou proposta de praticar os valores
contratuais, proporcionalmente a 120 dias, ou seja:
- R$ 7.529.663,00 para 400 dias (valor inicial e prazo inicial do contrato );
- então para 170 dias => R$ 7.529.663,00/400x120(dias) = R$ 2.258.898,90.
Apesar da extensão da vigência em 170 dias, ou seja, até 25/07/2012, o volume expressivo das atividades
de gerenciamento e qualidade fica concentrado até a geração comercial da UG2 em 15/05/2012, sendo que após
este prazo serão sanadas as pendências, apresentada a documentação "as built" e efetuada a desmobilização.
Portanto as principais atividades ocorrerão em período adicional de 136 dias. (primeiro grifo no original, os
demais pelo signatário da instrução)
82. Embora a entrada em operação da UG2 tenha sido prorrogada em 136 dias, a contratada, Engevix,
aceitou que a equipe de Gerenciamento e Qualidade fosse remunerada apenas por mais 120 dias.
83. Dos fatos acima, parece claríssimo que a tabela que aparece no Relatório de Agosto de 2012 (peça
146, p. 4), e também no de julho (peça 145, p. 14) e provavelmente em outros anteriores, informando um atraso
de 120 dias (não 87) para o término da bobinagem do estator da UG2, foi insumo para a prorrogação
contratual levada a cabo no 4º Termo Aditivo, não no 5º.
84. Por isso lamenta-se veementemente que os Engenheiros da Eletrosul a tenham utilizado, nessa Nota
Técnica de janeiro de 2017, como justificativa para a prorrogação do item Gerenciamento e Qualidade em 87
dias no 5º Aditivo.
85. Argumento: A Nota Técnica faz considerações sobre boa-fé, repetindo alegações antigas relativas à
necessidade de se colocar a usina em operação o quanto antes para estancar custos com compra de energia (peça
144, p. 33).
86. Análise: O argumento acima não é novo no processo nem tem o condão de alterar as conclusões até o
momento.
87. Argumento: Quanto ao sobrepreço apontado pela Secex/SC, a Nota Técnica traz, novamente, uma
série de alegações anteriores já utilizadas na tentativa de justificar a prorrogação remunerada do prazo contratual
(peça 144, p. 34-35).
88. Análise: Como não há elemento novo, nada há a analisar.
89. Argumento: No final do tópico acima, a Nota Técnica afirma que o sobrepreço apontado “representa
apenas 1,8% do valor do contrato e 0,22% do custo total do empreendimento”, percentuais esses que baixam
para 1,1% e 0,14% quando se considera o valor retido pela Eletrosul (peça 144, p. 35).
172

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

88. Análise: Aqui cabe esclarecer o seguinte.


89. Um sobrepreço de percentual baixo, por vezes, tem o seu questionamento aceito no TCU quando tal
excesso é calculado após a análise de um orçamento completo, em que se examinam todos ou parte expressiva
dos preços unitários.
90. Não se trata disso no caso concreto. Aqui, tal sobrepreço, transformado em superfaturamento quando
do pagamento, foi calculado considerando-se o pagamento irregular relativo a quase totalidade de dois serviços
acrescidos ao contrato por meio de um aditivo.
91. Comparando-se os valores contratuais segundo o 4º termo Aditivo – R$ 72.138.924,42 (peça 24, p.
69) – e o 5º Termo Aditivo – R$ 76.243.767,60 (peça 24, p. 101) – observa-se que o valor acrescido por esse
último foi de R$ 4.104.843,18. Descontando-se o sobrepreço apontado – R$ 1.351.615,02 (peça 136, p. 26), o
valor correto seria 2.753.228,16.
92. Como o sobrepreço questionado refere-se apenas ao 5º Termo Aditivo, e não ao contrato inicial,
constata-se que o seu percentual é, então, igual a 49,1%.
93. Argumento: A Nota Técnica aborda duas questões relacionadas ao preço pago (peça 144, p. 36).
94. Uma, relativa a um suposto pagamento a menor ocorrido em dezembro de 2010, no valor de R$
816.023,00. E outra, referente ao encontro de contas determinado pela Controladoria-Geral da União.
95. Análise: Ambos fatos nada têm a ver com o sobrepreço apontado nesse processo.
96. Além disso, se realmente houve um pagamento a menor em dezembro de 2010, é caso de investigação
e punição dos responsáveis. Não se admite que um contrato sério firmado por uma estatal séria seja eivado de
tamanha desorganização, ao ponto de um pagamento acima de R$ 800 mil reais ser “esquecido” e deixado para
ser compensado com serviços superfaturados mais tarde.
97. Quanto ao encontro de contas, já foi objeto de análise em outras oportunidades nesse processo, como
demonstrado na própria Nota Técnica (peça 144, p. 36):
Todo o trabalho referente ao encontro de contas já foi, em mais de uma oportunidade explicado pela
Eletrosul, além de anexado na sua integralidade no processo de prestação de contas do exercício 2012.
98. Desta forma, não se trata de elemento novo. Apesar disso, informa-se que tal encontro de contas foi
encaminhado pela própria Eletrosul, não se podendo tomar seus resultados como verdadeiros antes de uma
análise pelo controle externo. Não por outra razão, a instrução à peça 136 sugere recomendar à Controladoria-
Geral da União que analise tal encontro de contas (peça 136, p. 28).
99. Argumento: Em seguida a Nota Técnica volta à questão já várias vezes abordada relativa à
antecipação da geração (peça 144, p. 38-41).
100. Segundo o documento, referida antecipação resultou em ganhos expressivos à estatal.
101. Análise: Embora não seja elemento novo, já tendo sido analisado diversas vezes nesse processo, não
é demais lembrar que em momento nenhum se atacou a gestão da Eletrosul.
102. Se a boa gestão da empresa, em determinado momento, implica alterar a execução de um contrato,
tornando-o mais oneroso, mas com vistas a um ganho maior que o acréscimo de custo, isso é absolutamente
legítimo, não havendo nada o que se falar.
103. Ocorre que tornar mais oneroso um contrato não implica pagar por serviços em duplicidade ou
relativo a prazo cujo atraso tenha sido culpa da empresa contratada.
104. Em todo esse processo, por inúmeras vezes, comprovou-se que o pagamento pelos itens inquinados
não deveria ter ocorrido, não porque tais serviços não houvessem sido realizados, mas porque já haviam sido
pagos, devendo a empresa contratada tê-los executado sem mais nada receber, sob pena de bis in idem.
105. Não se está aqui discutindo o porquê de a Eletrosul ter assumido um custo maior no contrato. A
discussão aqui é o porquê de a Eletrosul ter pago por um prazo extra cujo atraso aconteceu por culpa da
Engevix, visto que todo o atraso por culpa da Eletrosul já fora computado.
106. A Nota Técnica finaliza com o tópico relativo à conclusão, em que não se encontra qualquer
argumento novo.
CONCLUSÃO
107. A documentação apresentada a título de “novos elementos” demonstrou-se constituir, na sua grande
maioria, em argumentos já esposados anteriormente e rebatidos neste processo. Alguns deles, apesar disso,
tiveram as contra-argumentações reforçadas por este Auditor.
108. Com relação aos elementos realmente novos, tem-se o seguinte.
109. Dois deles foram considerados informações falsas (vide itens 39-48 e 71-84).
173

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

110. Outros dois foram acatados (vide itens 56 e 59), mas sem o condão de alterar as conclusões da
instrução anterior, visto que, nela, tratava-se de argumentação no sentido de acentuar a possível má-fé dos
responsáveis. O acatamento das alegações, entretanto, não importou comprovar a sua boa-fé.
111. Finalmente, houve um argumento o qual, se tomado como verdadeiro, deveria resultar em uma
investigação da empresa com vistas a apurar irregularidades e punir responsáveis, considerando-se que é
inaceitável se “descobrir”, anos depois, que alguns serviços contratuais deixaram de ser pagos a uma empresa
contratada e que, por isso, deveria ser aceita a compensação via aditivo irregular (vide item 96).
112. Desta forma, não há qualquer alteração a ser feita em relação à proposta de encaminhamento da
instrução que constitui a peça 136.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
112. Ante todo o exposto, propõe-se a manutenção, in totum, da proposta de encaminhamento da
instrução que constitui a peça 136.
7. Por último, incorporo neste relatório a última manifestação de mérito (peça 163 e 164), que
modificou a proposta de encaminhamento da instrução da peça 136, em razão da juntada aos autos do
Acórdão 2.770/2018-TCU-2ª Câmara e do Relatório de Fiscalização 22/2018 (peças 161 e 162). A
modificação consistiu na retirada da ressalva das contas do Sr. Antonio Waldir Vittori.
Cuidam os autos de processo de contas anuais da Eletrosul Centrais Elétricas S.A., relativo ao exercício
de 2012.
2. A instrução precedente (peça 153) analisou novos elementos juntados aos autos pelos responsáveis e
concluiu pela desnecessidade de alteração à proposta de encaminhamento de peça 136. A proposta contou com a
anuência do titular da subunidade (peça 154).
3. Registre-se que após o encaminhamento ao Ministério Público, foram juntadas novas procurações
(peças 155 e 156), entre eles o Sr. Thiago Groszewicz Brito OAB/MT 31762, relacionado pelo Exmo. Ministro
Aroldo Cedraz no Anexo I ao Ofício 5/2013 - GAB.MIN-AC entre aqueles que dão causa a seu impedimento,
nos termos do art. 151, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, conforme pronunciamento da unidade à
peça 157, o que levou à alteração do relator do processo, sendo designado o ministro Vital do Rego (peça 158).
4. Sublinhe-se que em 23/4/2018 foi juntado memorial pela defesa do Sr. Ronaldo dos Santos Custódio
(peça 160).
5. Feitos esses apontamentos, destaca-se que o motivo determinante para a presente análise foi a juntada
aos autos do Acórdão 2770/2018-2ª Câmara (Relatório de Auditoria realizada na Eletrosul, TC 003.181/2018-
9), ministro relator Aroldo Cedraz, e relatório de fiscalização Fiscalis 22/2018, que o embasou (peças 161 e
162). Entre as medidas determinadas no Acórdão, importa às presentes contas o conteúdo do item 1.6.7:
1.6.7. juntar cópia do Relatório de Fiscalização 22/2018 (peça 33) ao TC 027.218/2013-9, em que estão
sendo apreciadas as contas de Eletrosul de 2012, tendo em vista as informações apresentadas nos itens 178/182
a respeito da ocorrência de somente uma cessão de empregado à Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A.
(Celesc), encerrada em 31/3/2013, e de nenhuma à Prefeitura Municipal de Florianópolis, ao contrário do
anteriormente informado no Relatório de Gestão de 2012;
6. As referidas informações são relevantes visto que afetam parte do encaminhamento a ser proposto.
Nesse sentido, a presente instrução é complementar às instruções anteriores, em especial às contidas nas peças
136 e 153, às quais tiveram anuência do titular da unidade técnica (peças 137 e 154).
7. De acordo com o verificado pela equipe de fiscalização (TC 003.181/2018-9, peça 162, p. 36-37):
Sobre as cessões questionadas na análise da prestação de contas de 2012
195. Conforme já exposto, na análise das contas de 2012 (ainda não julgadas) a Secex-SC entendeu que
as cessões existentes à época à Prefeitura Municipal de Florianópolis e à Celesc haviam sido realizadas sem
fundamento legal.
196. A esse respeito foram colhidas as seguintes informações:
197. Houve engano na elaboração da tabela constante da “Peça Complementar - Atendimento ao Item
1.7.5 do Acórdão n.º 6.093/2012 do Tribunal de Contas da União - TCU - 1ª Câmara)”, encaminhada na
prestação de contas de 2012 (peça 4, p. 13-14, do TC 027.218/2013-9), pois só havia um empregado cedido à
Celesc (peça 21).
198. Tal cessão refere-se ao empregado matrícula 1536301, no período de 01/12/2011 a 31/03/2013. Na
Resolução da Diretoria que aprovou a cessão (RD-1395-01), menciona-se que o empregado foi cedido para
“exercer a função de Chefe do Departamento de Geração”. Na RD-1446-03, o empregado teve sua cessão
174

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prorrogada “para exercer a função de Assistente Técnico da Diretoria de Geração e Transmissão”. Durante todo
o período, o ônus da cessão coube à Celesc (peça 21).
199. A Eletrosul também informou que não houve nenhuma cessão de empregado para a Prefeitura
Municipal de Florianópolis em 2012 (peça 22). O erro no Relatório de Gestão pode ter sido causado pela não
consideração do término antecipado da cessão do empregado matrícula 1533208, que teve sua cessão à PMF
autorizada para o período de um ano a partir de 1/6/2011, mas foi encerrada em 13/10/2011 (peça 22).
Conclusões:
200. Não foram encontradas irregularidades nas cessões em curso de empregados da Eletrosul para outros
órgãos e entidades.
201. Com relação às cessões que haviam sido questionadas pela Secex/SC na instrução das contas da UJ
relativas ao exercício de 2012 (pendentes de julgamento), as informações colhidas nesta oportunidade mostram
que somente houve um empregado cedido à Celesc nesse período, e que tal cessão foi encerrada em 31/3/2013.
8. Em outras palavras, a irregularidade é mitigada: em vez de três empregados cedidos sem amparo legal,
sendo um à Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF) e dois à Centrais Elétricas de Santa Catarina S. A.
(Celesc), o que ocorreu de fato foi a cessão de apenas um empregado à Celesc, tendo o ato cessado em
31/3/2013.
9. Sobre a mesma questão, observa-se que, conforme análise empreendida na instrução constante à peça
106, não remanesceria irregularidade quanto às demais cessões de empregados da Eletrosul ao Ministério das
Minas e Energia e à Eletrobras e suas empresas subsidiárias, tendo sido acolhidas, de forma parcial, as razões de
justificativas atinentes à impropriedade:
47. Já os empregados “cedidos” para o MME, em verdade, solicitados ou requisitados pelo Ministério,
estes têm amparo na Lei 8.112/1990 (art. 93, § 5º) e no mencionado Decreto 4.050/2001 (art. 5º); de modo
semelhante, quanto aos cedidos a Eletrobras e suas subsidiárias, por serem empresas do mesmo grupo
econômico sob controle da holding, tais cessões são regidas pelo estatuto social respectivo (art. 47), à luz do
entendimento de que “O vínculo é um só, pois se trata de um empregador único, o grupo econômico”, segundo
interpretação da Súmula TST 129 (http://guilhermegrillo.jusbrasil.com.br/artigos/215397402/exame-oab-4-
empregador?ref=topic_feed).
47.1. Quanto ao empregado cedido a Elos, essa cessão rege-se pelos estatutos sociais da Eletrosul e dessa
entidade fechada de previdência complementar, da qual a Eletrosul é patrocinadora.
48. Assim, devem ser acolhidas parcialmente as justificativas dos responsáveis, no que se referem aos
empregados cedidos ao MME e a Eletrobras e suas empresas subsidiárias e a Elos, mantendo-se a determinação
indicada na instrução inaugural dos autos de regularização imediata de todas as cessões que tiverem fundamento
equivocado, devendo retornar a Eletrosul os empregados cedidos sem fundamento legal, a exemplo daqueles
cedidos para a PMF e a Celesc.
(...)
49.1. De modo semelhante, em face da análise promovida no item 48, propõe-se acolher parcialmente as
razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Antonio Waldir Vittori, no que se
refere às cessões de empregados da Eletrosul com fundamento equivocado em impróprios dispositivos da Lei
8.112/1990 e do Decreto 4.050/2001, para o Ministério das Minas e Energia e para a Eletrobras e suas
subsidiárias, uma vez que no primeiro caso tratam-se de requisições do ministério vinculador da empresa estatal
(art. 93, § 5º, da referida Lei, e artº 5º do referido Decreto) e, no segundo caso, tratam-se de cessões feitas no
âmbito de empresas pertencentes aos mesmo grupo econômico, a empresa holding e suas empresas controladas
(Súmula TST 129).
10. Ante esses fatos, não estão mais presentes os fundamentos que determinaram a ressalva das contas do
Sr. Antonio Waldir Vittori, tal como proposto anteriormente no item 161, b.1 (peça 136), devendo suas contas
serem julgadas regulares.
11. Considerando, ainda, que a equipe de auditoria apurou que desde março de 2013 a cessão do
empregado à Celesc já havia sido encerrada e que as cessões em curso estão devidamente fundamentadas (v.
parágrafos 180 a 194 do relatório, peça 136, p. 35-36), deixa de ser oportuna a determinação proposta no item
161, f, da mesma peça, motivo pelo que se propõe excluí-la, renumerando os demais itens.
12. Por fim, sem deixar de considerar a análise promovida na instrução constante à peça 153, remetem-se
os presentes autos à consideração superior, sugerindo, em substituição àquele constante na peça 136, o
encaminhamento a seguir exposto.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
175

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13. Ante todo o exposto, propõe-se:


a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, 19, parágrafo único e
23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, §5º, inciso II e §6º, inciso II, e 214,
inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (CPF
185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos Custódio (CPF 382.173.090-00), e condená-los, solidariamente com a
empresa Engevix Engenharia S/A (CNPJ 00.103.582/0001-31), ao pagamento de R$ 851.591,54, em
decorrência da irregularidade a seguir, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento da
dívida aos cofres das Eletrosul, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir de
31/10/2012, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, abatendo-se, na oportunidade,
os valores eventualmente já ressarcidos:
a.1) irregularidade: aumento da ordem de R$ 1.351.615,02 do valor do Contrato 84491053, firmado com
a empresa Engevix Engenharia S/A, por meio do 5º Termo Aditivo, cuja contrapartida foram serviços já
cobertos contratualmente e cuja necessidade eventual de se realizar após 27/07/2012 deveria ter sido imputada à
contratada (35 dias de Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, de 28/07/2012 a
31/08/2012) ou desnecessários (61 dias de Operação e Manutenção de Canteiro, de 01/09/2012 a 31/10/2012),
resultando em dano ao Erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico, tendo em vista o efetivo
superfaturamento no valor de R$ 851.591,54 em 31/10/2012 (a retenção de R$ 500.023,48 ocorreu ante a
atuação dos órgãos de controle), nos termos do art. 16, inciso III, alínea “c” e §2º, alínea “b”, da Lei 8.443/1992;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, julgar regulares as contas dos Srs. Antônio Gomes de Farias
Neto (CPF 171.781.699-15); Antonio Waldir Vittori (CPF 230.991.949-72); Cláudia Hofmeister (CPF
394.618.400-63); Celso Knijnik (CPF 513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (CPF 204.215.839-91); Luciana
Miranda de Siqueira Lima (CPF 428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (CPF 748.362.268-72);
Mário Augusto Gouvêa de Almeida (CPF 028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (CPF 194.922.098-29);
Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (CPF 807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes (CPF
113.280.238-50); Sônia Regina Jung (CPF 233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (CPF 597.321.131-20);
Valter Luiz Cardeal de Souza (CPF 140.678.380-34), e William Rimet Muniz (CPF 240.392.506-30), arrolados
na peça 2, dando- lhes quitação plena;
c) aplicar aos responsáveis Srs. Eurides Luiz Mescolotto e Ronaldo dos Santos e empresa Engevix
Engenharia S/A a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno do TCU,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o Tribunal (art.
23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do
TCU), o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente, a contar da data
deste Acórdão até a data do efetivo recolhimento, caso não sejam pagas no prazo estabelecido, na forma da
legislação em vigor;
d) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443, de 1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
e) determinar à Eletrosul, com fundamento no art. 45 da Lei 8.443/1992, que:
e.1) anule as disposições contratuais e administrativas que embasaram os pagamentos indevidos no valor
de R$ 1.351.615,02 no 5º Termo Aditivo ao Contrato 84491053 (sendo R$ 773.981,70 relativos ao
Gerenciamento e Qualidade e R$ 577.633,32 à Operação e Manutenção de Canteiro), firmado com a empresa
Engevix Engenharia S/A, de forma a não mais considerá-los devidos, tendo em vista tratar-se de sobrepreço;
e.2) abstenha-se definitivamente de realizar o pagamento do valor retido de R$ 500.023,48, incorporando-
o ao seu patrimônio;
e.3) comunique ao TCU as providências adotadas, no prazo de sessenta dias da ciência da decisão que
vier a merecer as presentes contas anuais, juntando a respectiva documentação comprobatória;
f) recomendar à Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina que, observando as
diretrizes abaixo, analise o encontro de contas (peças 70 a 88) de que trata a recomendação 1 do item 4.1.1.8
(“Prática de jogo de planilhas em contratação de remanescente de obra por dispensa de licitação, combinada
com substancial atraso na execução do empreendimento, causando aditivos contratuais no valor total de R$
19.598.123,94, dos quais, pelo menos R$ 15 milhões envolvem serviços contratados com a especificação de
“gb” ou verba, sem que tenha ocorrido alteração relevante no objeto contratado”) e, caso encontrado novo
176

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

superfaturamento, represente ao Tribunal, vedada a estipulação de crédito a favor da empresa Engevix


Engenharia S/A:
f.1) observar quais custos apresentados pela Engevix e pela Eletrosul são legítimos, no que se refere aos
itens Gerenciamento e Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, uma vez que, no presente processo, há
uma enorme gama de tipos de gastos, comprovados por notas fiscais, bem como inúmeros custos que não
podem ser aceitos em decorrência da data, como, por exemplo, folhas de pagamento de pessoal em períodos
além daqueles em que deveriam ser realizados os serviços;
f.2) uma vez afastados os custos ilegítimos, comparar a média diária do período inicial com a média diária
dos períodos relativos aos aditivos, apontando como superfaturados os pagamentos nos períodos adicionais,
caso tenha havido redução significativa de custos, visto que, caso isso seja comprovado, terá ocorrido sem
contrapartida em diminuição de preço;
g) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida ao Ministério da Transparência, Fiscalização
e Controladoria-Geral da União, à Procuradoria da República nos Estados de Santa Catarina e do Paraná e ao
Departamento de Polícia Federal em Santa Catarina e no Paraná, informando-os de que seu inteiro teor pode ser
consultado no endereço www.tcu.gov.br/acordaos, para as providências que julgarem oportunas e convenientes.
h) enviar cópia do processo à Controladoria Regional da União no Estado de Santa Catarina.
É o relatório.

VOTO

Em exame, prestação de contas da Eletrosul Centrais Elétricas S.A., relativa ao exercício de


2012.
2. No último pronunciamento realizado pela Secretaria do TCU no estado de Santa Catarina –
Sec-SC (peça 163), foi proposto o julgamento pela irregularidade das contas do então diretor-
presidente, Sr. Eurides Luiz Mescolotto (falecido em 27/9/2017), e do diretor de engenharia,
Sr. Ronaldo dos Santos Custódio, com a respectiva condenação em débito e o pagamento de multa em
razão da celebração do 5º Termo Aditivo ao Contrato 84491053, firmado com a empresa Engevix
Engenharia S/A, que continha serviços já cobertos contratualmente (35 dias de Gerenciamento e
Qualidade e Operação e Manutenção de Canteiro, de 28/07/2012 a 31/08/2012) ou desnecessários (61
dias de Operação e Manutenção de Canteiro, de 01/09/2012 a 31/10/2012), cujo dano calculado pela
unidade seria de R$ 851.591,54, já desconsiderada a retenção de R$ 500.023,48 realizada pela
Eletrosul.
3. Para os demais responsáveis mencionados na peça 2 destes autos a Sec-SC propõe que suas
contas sejam julgadas regulares. Foram propostas também determinações a Eletrosul acerca do destino
do valor que havia sido retido por ocasião da última medição.
4. O Ministério Público junto ao TCU (peça 165) acompanha a proposta sugerida pela unidade
técnica, sem prejuízo de que seja incluída autorização para o parcelamento do débito.
5. Convém anotar que o Contrato 84491053 (peça 28, p. 1 a 57), celebrado entre a Eletrosul e a
empresa Engevix, tinha por objeto o fornecimento de bens e a prestação de serviços para a conclusão
da UHE Passo de São João (UHPJ), com 77 MW, localizada no rio Ijuí, às margens da pequena cidade
de Roque Gonzales (5 mil habitantes), no extremo noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, quase na
divisa com a Argentina.
6. O valor inicial do contrato era de R$ 56.645.643,66. Segundo análise da Sec-SC,
R$ 46.457.073,18 seriam relativos à execução de obras e R$ 10.188.570,48 seriam relativos à
prestação de serviços, dentre eles, o de gerenciamento de qualidade e operação e manutenção de
canteiro de obras.
7. O prazo inicialmente previsto de vigência desse contrato era de 400 dias, uma vez que se
tratava de obra já em andamento, em virtude de o contrato anterior com a empresa Energ Power S.A
ter sido rescindido.
177

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. A Engevix ficou responsável pela montagem dos bens que haviam sido contratados pela Energ
Power, mas que agora estavam sob a responsabilidade da Eletrosul. Parte desses equipamentos ainda
não havia sido entregue pelos fornecedores, sendo que alguns estavam na Rússia, como a empresa
Power Machines da Rússia. A Eletrosul tinha 106 contratos com outras empresas no âmbito desse
empreendimento. Cabia, ainda, à Engevix fornecer o canteiro de obra para todos esses prestadores de
serviço, assim como gerenciar e controlar a qualidade dos serviços executados por ela e pelas outras
contratadas. São esses últimos serviços os responsáveis pela proposta de irregularidade das contas.
9. Após a celebração de cinco termos aditivos, o contrato passou a ter 1064 dias de duração (de
2/12/2009 a 31/10/2012), e seu valor passou para R$ 72.138.924,42, sendo R$ 49.318.322,40 relativos
à parte de obras e R$ 22.820.602,02, aos serviços de gerenciamento e qualidade e de operação e
manutenção do canteiro.
II – Histórico dos autos
10. A apuração do indício de dano ao erário que enseja a proposta de irregularidade das contas
teve início com a realização de audiência dos responsáveis mencionados no 2º parágrafo pelo motivo a
seguir transcrito:
“aumento da ordem de 15 milhões de reais – equivalente a 26,5% do valor original do contrato – dos
valores correspondentes aos itens “Gerenciamento e Qualidade” e “Operação e manutenção do canteiro de
obras” do Contrato 84491053 firmado com a empresa Engevix Engenharia S/A proporcionalmente ao número
de dias de atraso da obra – 664 dias além dos 400 originais – sem se levar em conta a sua diminuição de ritmo,
visto que não ocorreu alteração significativa no escopo do objeto, com indício de pagamento seja por serviços
não realizados seja pela manutenção antieconômica de mobilização plena de equipe da empresa contratada
simplesmente com o objetivo de aguardar, a qualquer momento, a entrega de equipamentos com atraso,
consistindo dano ao erário decorrente de ato de gestão antieconômico”
11. A evidência deste indício de irregularidade se consubstanciou em entendimento do então
diretor da Sec-SC, baseado em respostas apresentadas pela empresa Engevix, como ele mesmo
afirmou em sua instrução (peça 115):
29. A proposta pela irregularidade das contas, atualmente fundamentada, unicamente, na questão que ora
se discute, originou-se do entendimento deste Diretor, baseado em resposta apresentada pela empresa Engevix,
de que (peça 107, p. 2):
(...) 15 milhões referiram-se à simples manutenção de toda uma equipe de gerenciamento de qualidade e
operação e manutenção de canteiro de obras durante um período em que tal canteiro ficou, a maior parte do
tempo, ocioso, pois não houve aumento do escopo da obra, mas simples atraso na entrega de equipamentos
adquiridos separadamente pela Eletrosul.
12. Na análise das respostas às audiências e às oitivas, o auditor da Sec-SC (peça 106) propôs
julgar regulares com ressalva as contas dos responsáveis, incluindo a irregularidade acima transcrita
como uma das ressalvas.
13. O diretor com a anuência do secretário da unidade técnica (peças 107 e 108) divergiu da
proposta acima e propôs o julgamento pela irregularidade das contas, sem condenação em débito,
porém com aplicação de multa, proposta que contou, na essência, com a concordância do Ministério
Público junto ao TCU (peça 109).
14. Após a apresentação de memoriais por Ronaldo dos Santos Custódio (peças 111 e 112), o
então relator do feito, Exmo. Ministro Raimundo Carreiro (peça 113) restituiu os autos à unidade
técnica para novo exame.
15. Por meio da instrução da peça 115, da lavra do diretor signatário do pronunciamento pela
irregularidade das contas (peça 107), a Sec-SC alterou seu entendimento anterior. Antes, ela
considerava que aditivos ao contrato, no valor de R$ 15 milhões, eram indevidos, visto que o prazo
original de 400 dias tinha sido ampliado em mais 664, totalizando 1064 dias, sem alteração
significativa no escopo do objeto principal.
16. Nessa nova manifestação, após análise de extenso material probatório, a unidade técnica
considerou justificado o prazo prorrogado até o 4º termo aditivo, ou até 25/7/2012 (966 dias desde o
início do contrato), pois, segundo o cronograma apresentado nos memoriais (peça 114), a obra havia
178

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sido concluída no final de julho de 2012. Todavia, a Sec-SC reputou indevida a extensão de 98 dias
autorizada pelo 5º termo aditivo, assinado em 19/7/2012, que estendeu o contrato até 31/10/2012.
17. Logo, na referida instrução (peça 115), a unidade técnica concluiu pela necessidade de
citação dos diretores presidente e de engenharia e da empresa Engevix pelo valor de R$ 2.474.867,02,
sendo R$ 1.637.701,70 relativo a pagamentos por 87 dias de gerenciamento e qualidade e
R$ 837.165,33, relativos a extensão em 148 dias dos serviços de operação e manutenção de canteiro.
18. As alegações de defesa apresentadas (peças 129, 130 e 132) foram acolhidas parcialmente
pela unidade técnica (peças 136 e 137), que, a partir da leitura da exposição de motivos que amparou o
5º termo aditivo, reconheceu como devidos 52 dias do prazo aditivado. Logo, no cálculo realizado pela
Sec-SC, restaram sem comprovação 35 dias do serviço de Gerenciamento e Qualidade (87 – 52=35),
no valor de R$ 773.981,70, e 96 dias (148 – 52) de operação e manutenção de canteiro, no valor de
R$ 577.633,33.
19. Faz-se necessário realizar uma pequena correção no valor do débito calculado pela unidade
técnica. O valor aditivado para o serviço de gerenciamento e qualidade foi de R$ 1.637.701,70 para 87
dias. Logo, por regra de três simples, os 35 dias desse serviço inquinados seriam equivalentes à
R$ 658.845,51, e não a R$ 773.981,70. De igual modo, o valor aditivado para o serviço de operação e
manutenção de canteiro foi de R$ 837.165,33 referente a 148 dias. O valor para 96 dias seria
R$ 543.026,16. Desta forma, o débito de acordo com as premissas da unidade técnica seria de
R$ 1.201.871,67. Abatendo-se desse valor a retenção realizada pela Eletrosul de R$ 500.023,48 no
último pagamento, o valor discutido nos presentes autos seria de R$ 701.848,19, e não R$ 851.591,54
como propõe a unidade técnica.
20. A unidade técnica havia calculado o sobrepreço multiplicando o valor médio informado
pelos responsáveis relativos ao 4º termo aditivo pelo número de dias impugnados. Acontece que o
valor médio informado pelos responsáveis apresentava erro de cálculo.
21. O Sr. Ronaldo dos Santos Custódio voltou a apresentar elementos adicionais de defesa (peças
144 a 150) que, por determinação do novo relator, Exmo. Ministro Aroldo Cedraz, foram
examinados pela Sec-SC (peça 153 e 154).
22. Nesta nova análise, a unidade técnica propôs a manutenção, in totum, da proposta de
encaminhamento anterior, no sentido de julgar irregulares as contas dos responsáveis e da empresa
Engevix e condená-los à devolução de R$ 851.591,54. Foi mantida também a proposta de julgamento
das contas do Sr. Antônio Waldir Vittori regulares com ressalva, em razão da cessão de empregados da
Eletrosul sem embasamento legal.
23. Novos memoriais foram apresentados à peça 160, pelo Sr. Ronaldo dos Santos Custódio, em
contraponto a instrução da peça 153.
24. Também foi colacionado aos autos cópia do Acórdão 2.770/2018-TCU-2ª Câmara e do
Relatório de Fiscalização 22/2008, realizada na Eletrosul (peças 161 e 162).
25. Por meio da instrução da peça 163, a Sec-SC, com amparo no acórdão e no relatório de
auditoria acima mencionados, concluiu que não mais subsistia o fundamento para a ressalva nas contas
do Sr. Antônio Waldir Vittori. Desta forma, a unidade técnica suprimiu a proposta de regularidade com
ressalva de suas contas, modificando o encaminhamento sugerido pela instrução da peça 136 apenas
neste ponto (peças 163 e 164).
26. Em seu último pronunciamento (peça 165), o Procurador do Ministério Público junto ao
TCU, Dr. Marinus Marsico, acompanhou a derradeira proposta de encaminhamento da unidade
técnica.
III
27. Ante o exposto, passo ao exame dos autos.
28. Entendo que as contas dos diretores presidente (já falecido) e de engenharia devem ser
julgadas regulares com ressalva pelos motivos que passo a expor.
29. Para quantificação do suposto débito, entendo que deve ser analisado todo o período de
vigência de contrato e não apenas os últimos meses.
179

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

30. O serviço de gerenciamento e qualidade foi orçado pela Eletrosul (peça 26, p. 3) em
R$ 6.892.140,43, e compreendia o período de realização em dez meses conforme demonstra a
memória de cálculo que acompanhou o orçamento base (peça 26, p. 15-17). Logo, o valor mensal seria
de R$ 689.214,04.
31. Por seu turno, apesar de a Engevix ter apresentado o exato valor global estimado pela
Eletrosul para o empreendimento, para o serviço de gerenciamento e qualidade ela ofertou o valor de
R$ 7.529.663,00, integralmente pago ao longo de dez meses, entre março e dezembro de 2010, de
acordo com os boletins de medição n. 3 a 12 (peça 25, p. 17, 22, 28, 33, 40, 47, 58, 65, 71 e 84). Os
boletins de medição 1 e 2 não mediram esse serviço, pois a obra encontrava-se em fase inicial de
instalação do canteiro e mobilização.
32. Esse serviço consiste basicamente no fornecimento de relatórios mensais de atividades. O
critério de pagamento especificado no contrato seria a aceitação de cada relatório mensal emitido pela
contratada. A emissão do último relatório de gerenciamento e qualidade estava previsto para o mês em
que entrasse em operação comercial a segunda unidade geradora, marco que caracterizava a conclusão
do empreendimento.
33. A primeira extensão de prazo ocorreu por meio do segundo termo aditivo. Durante sua
vigência, foram medidos treze relatórios de gerenciamento e qualidade, entre os meses de janeiro de
2011 a janeiro de 2012 (boletins de medição 14, 16 a 27, peça 25, p. 99 a 289). Logo, não houve
interrupção na medição desse serviço entre o fim do prazo do contrato original (dez/2010) e o início da
primeira prorrogação (jan/2011).
34. Durante a vigência do quarto termo aditivo, foram medidos mais quatro relatórios de
gerenciamento e qualidade, de fevereiro a maio de 2012, pois de acordo com o seu cronograma, a
segunda unidade geradora entraria em operação em 15/5/2012. Até esse momento, os relatórios de
gerenciamento e qualidade acompanhavam a premissa inicial.
35. Contudo, devido a atrasos no fornecimento de equipamentos, e devido a retrabalhos em razão
de falhas no isolamento dos estatores dos geradores (os quais ficaram muito tempo guardados), e por
isso tiveram que ser rebobinados, a entrada em operação da 2º unidade geradora ocorreu apenas em
5/7/2012. Foi essa a razão utilizada para a celebração do 5º termo aditivo, que acrescentou mais 87
dias do serviço de gerenciamento e qualidade, aproximadamente mais três meses. Deste modo, tal
aditivo estendeu o prazo desse serviço até 30/8/2012, ou seja, um mês além do prazo previsto para a
emissão do último relatório de gerenciamento e qualidade (jul/2012).
36. Foi por esse motivo que a unidade técnica reputou indevido 35 dias desse serviço, por
entender que ele só deveria ocorrer até o mês de julho/2012.
37. De fato, assiste razão a unidade técnica neste quesito, uma vez que o último relatório de
gerenciamento e qualidade emitido foi, de fato, relativo ao mês de julho de 2012. Logo, considerando
que o 4º termo aditivo havia remunerado esse serviço até o mês de maio de 2012, restava pendente o
pagamento pelos relatórios dos meses de junho e julho de 2012 apenas.
38. Todo o relato acima pode ser sintetizado na tabela a seguir:
Valor Referência
Número de
Eletrosul
Período Relatórios Valor Pago Sobrepreço
(R$ 689.214,04 por
devidos
relatório)
Contrato Original 10 R$ 6.892.140,40 R$ 7.529.663,00 R$ 637.522,60
2º Termo aditivo 13 R$ 8.959.782,52 R$ 7.454.367,24 -R$ 1.505.415,28
4º Termo Aditivo 4 R$ 2.756.856,16 R$ 2.258.898,90 -R$ 497.957,26
5º Termo Aditivo 2 R$ 1.378.428,08 R$ 1.631.101,10 R$ 252.673,02
Total 29 R$ 19.987.207,16 R$ 18.874.030,24 -R$ 1.113.176,92
180

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

39. Do exposto, observa-se que, para o serviço de gerenciamento e qualidade, houve de fato um
sobrepreço unitário no contrato original, em comparação com o valor de referência, assim como houve
um sobrepreço de quantitativo no 5º termo aditivo, visto que previu o pagamento para três meses,
quando eram devidos apenas dois meses, como corretamente apontou a unidade técnica. Todavia, esses
sobrepreços foram compensados pelos descontos identificados no segundo e no quarto termos aditivos.
40. A explicação para esses descontos deveu-se a um erro no cálculo do valor dos aditivos
celebrados para esses serviços. Em vez de se calcular o valor por mês dos relatórios, assim como a
Eletrosul calculou em seu orçamento inicial de referência, a Eletrosul tomou por base o valor total do
serviço no contrato original e dividiu-o pela duração do contrato original em dias (400). Essa forma de
cálculo distorceu o correto valor do serviço, visto que no contrato original ele era previsto para 10
meses, ou quase 300 dias e não para 400 dias, ou quase 13 meses.
41. Utilizando-se o mesmo raciocínio acima para o serviço de operação e manutenção de
canteiro, temos a seguinte tabela:
Número de Valor Referência
meses para Eletrosul
Período operação e (R$ 1.967.485,90 Valor Pago Sobrepreço
manutenção de /10 meses) =
canteiro previstos R$ 196.748,59
Contrato Original 10 R$ 1.967.485,90 R$ 2.262.609,00 R$ 295.123,10
2º Termo aditivo 13 R$ 2.557.731,67 R$ 2.239.982,70 -R$ 317.748,97
4º Termo Aditivo 4 R$ 786.994,36 R$ 678.782,70 -R$ 108.211,66
5º Termo Aditivo 2 R$ 393.497,18 R$ 837.165,33 R$ 443.668,15
Total 29 R$ 5.705.709,11 R$ 6.018.539,73 R$ 312.830,62
42. Conforme se observa da tabela acima, o desconto observado no serviço de gerenciamento e
qualidade não se replicou para o serviço de operação e manutenção do canteiro. Todavia, o valor do
desconto no primeiro supera o sobrepreço do segundo (R$ 1.113.176,92 – 312.830,62).
43. A razão do sobrepreço desse serviço, em comparação com o desconto do anterior, pode ser
explicada pela extensão de prazos de cada um. Enquanto o de gerenciamento e qualidade foi
prorrogado até 31/8/2012, o de operação e manutenção de canteiro foi prorrogado até 31/10/2012.
44. Os cálculos constantes nas tabelas acima foram os mais conservadores possíveis do ponto de
vista do erário. Adotou-se as premissas utilizadas pela unidade técnica de se considerar válido os dois
serviços até o mês em que entrou em operação a segunda unidade geradora (julho de 2012).
45. Com isso, procurou-se afastar qualquer discussão acerca da validade da extensão desses
serviços até os meses de agosto ou outubro de 2012. Ou seja, com a premissa mais rigorosa em prol da
administração, não se verifica dano ao erário na prestação desses serviços.
46. Poder-se-ia questionar a ausência de proporcionalidade da medição desses serviços com a
execução física da obra, conforme recente entendimento jurisprudencial consolidado pelos
Acórdãos 1.247/2016, 1.002/2017, 1.555/2017 e 1.695/2018, todos do Plenário, que, em suma, pregam
que os editais de obras públicas prevejam critérios de medição de administração local, com
pagamentos proporcionais à execução financeira da obra, abstendo-se de prever o custeio desse item
como um valor fixo mensal.
47. Entendo que a jurisprudência mencionada não se amolda ao caso concreto por alguns
motivos. Primeiro pela diferença temporal. A jurisprudência se firmou a partir de 2016, enquanto o
empreendimento foi realizado entre 2009 a 2012.
48. Segundo porque a Usina Hidrelétrica de Passo de São João apresentou algumas
particularidades que a distanciam de uma obra comum. A primeira empresa que havia sido contratada
para execução de todo o empreendimento, e que havia celebrado os subcontratos para fornecimento
dos elementos eletromecânicos da usina, teve o contrato rescindido, de modo que a Engevix foi
181

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contratada para concluir o empreendimento. Entretanto, ela não ficou responsável por esses
subcontratos de fornecimento. A Eletrosul que se responsabilizou por eles. Logo, os atrasos verificados
não eram de sua responsabilidade.
49. Além disso, o canteiro da obra não se destinava apenas aos seus funcionários. Havia
numerosos contratos com outras empresas que se utilizavam desse canteiro.
50. Logo, como a maioria dos atrasos não foi decorrente de culpa da contratada, entendo que tal
regra, mesmo que se vigente a época, poderia ser relativizada no caso em tela.
51. De todo exposto, as contas dos diretores presidente e de engenharia devem ser julgadas
regulares com ressalvas, dando-lhes quitação. A ressalva se justifica pela prorrogação de prazo dos
serviços inquinados com motivação insuficiente a fundamentá-los, fato que ensejou o moroso
desenrolar destes autos.
52. Os demais gestores, membros dos conselhos de administração e fiscal, devem ter suas contas
julgadas regulares com expedição de quitação plena.
53. Acerca das demais propostas de determinação à Eletrosul, como tinham relação com a
irregularidade que restou afastada, deixo de acompanha-las.
54. Quanto à proposta de recomendação à Controladoria-Geral da União (CGU) para que
analisasse encontro de contas por ela recomendada em sua auditoria interna, entendo não mais
pertinente tal proposição, uma vez que o exame aqui realizado já o fez, e restou afastada a
possibilidade de prejuízo ao erário.
55. Por último, compete esclarecer à Eletrosul e à Engevix que o exame aqui realizado teve por
fim apenas aferir se houve ou não prejuízo ao erário e não implica de forma alguma a estipulação de
crédito a favor desta última.
Ante o exposto, VOTO para que seja acolhida a minuta de acórdão que ora trago à apreciação
deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2677/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 027.218/2013-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Prestação de Contas (exercício de 2012).
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Antônio Gomes de Farias Neto (171.781.699-15); Antonio Waldir Vittori
(230.991.949-72); Celso Knijnik (513.075.450-68); Cláudia Hofmeister (394.618.400-63); Dinovaldo
Gilioli (204.215.839-91); Engevix Engenharia e Projetos S/A (00.103.582/0001-31); Eurides Luiz
Mescolotto (falecido) (185.258.309-68); Luciana Miranda de Siqueira Lima (428.993.201-06); Luiz
Antônio Alves de Azevedo (748.362.268-72); Mario Augusto Gouvea de Almeida (028.555.736-02);
Marlete Barbosa Borges (194.922.098-29); Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (807.534.007-82);
Ricardo José Nunes Pereira Moraes (113.280.238-50); Ronaldo dos Santos Custódio (382.173.090-
00); Sônia Regina Jung (233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (597.321.131-20); Valter Luiz
Cardeal de Souza (140.678.380-34); Willian Rimet Muniz (240.392.506-30).
4. Entidade: Eletrosul Centrais Elétricas S.A.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no estado de Santa Catarina (Secex/SC).
8. Representação legal:
8.1. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546) e outros, representando Ronaldo dos
Santos Custódio.
8.2. Rafael Rebelo Pereira (OAB/SC 24.868) e outros, representando Eletrosul Centrais Elétricas
S.A.
182

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da prestação de contas da Eletrosul Centrais
Elétricas S.A., relativa ao exercício de 2012;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar regulares com ressalvas, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23,
inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, as
contas dos Srs. Eurides Luiz Mescolotto (falecido) (185.258.309-68) e Ronaldo dos Santos Custódio
(382.173.090-00), expedindo-lhes quitação;
9.2. julgar regulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, as contas dos Srs.
Antônio Gomes de Farias Neto (171.781.699-15); Antônio Waldir Vittori (230.991.949-72); Cláudia
Hofmeister (394.618.400-63); Celso Knijnik (513.075.450-68); Dinovaldo Gilioli (204.215.839-91);
Luciana Miranda de Siqueira Lima (428.993.201-06); Luiz Antônio Alvez de Azevedo (748.362.268-
72); Mário Augusto Gouvêa de Almeida (028.555.736-02); Marlete Barbosa Borges (194.922.098-29);
Paulo Roberto Miguez Bastos da Silva (807.534.007-82); Ricardo José Nunes Pereira Moraes
(113.280.238-50); Sônia Regina Jung (233.339.799-34); Suzana Teixeira Braga (597.321.131-20);
Valter Luiz Cardeal de Souza (140.678.380-34), e William Rimet Muniz (240.392.506-30), arrolados
na peça 2, dando-lhes quitação plena;
9.3. dar ciência deste acórdão à Eletrosul e aos responsáveis; e
9.4. arquivar estes autos.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2677-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

GRUPO II – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 028.103/2015-7.
Natureza: Recurso de Reconsideração em Prestação de Contas.
Entidade: Departamento Regional do Senai no estado de Roraima.
Recorrente: Arnaldo Mendes de Souza Cruz (172.855.262-15).
Representação legal: Alcides da Conceição Lima Filho (OAB/RR 185), representando Arnaldo
Mendes de Souza Cruz.

SUMÁRIO: RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO EM CONTAS ORDINÁRIAS.


ARGUMENTOS QUE POSSIBILITAM O REEXAME DA QUESTÃO. ANÁLISE DE
IMPACTO DOS ACHADOS NA GESTÃO. PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a abaixo transcrita manifestação redigida no âmbito da Secretaria de


Recursos (peça 73) nestes autos, que contou com o aval dos titulares do corpo diretivo daquela unidade
especializada (peças 74 e 75):
183

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

INTRODUÇÃO
1. Trata-se de recurso de reconsideração interposto por Arnaldo Mendes de Souza Cruz (R002-Peças 51-
60), diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Estado de
Roraima - Senai/RR, por meio do qual se insurge contra o Acórdão 4.222/2017-TCU-1ª Câmara, mantido pelo
Acórdão 9.767/2017-TCU-1ª Câmara. O Acórdão recorrido foi prolatado na sessão de julgamento do dia
6/6/2017-Ordinária e inserto na Ata 19/2017-1ª Câmara, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman
Cavalcanti (Peça 24).
1.1. A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de contas anuais do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial - Departamento Regional do Estado de Roraima (Senai/RR), referentes ao exercício de 2014,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de 1ª Câmara, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar irregulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, 19, parágrafo
único, e 23, inciso III, da Lei 8.443/92, as contas do Sr. Arnaldo Mendes de Souza Cruz (CPF 172.855.262-15);
9.2. julgar regulares, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei
8.443/1992, as contas dos Srs. Rivaldo Fernandes Neves (CPF 025.780.852-34), Jamili Rafaella Vasconcelos
(CPF 774.187.942-15) e Francinaira de Melo Paixão (CPF 241.732.072-04), dando-lhes quitação plena;
9.3. aplicar ao Sr. Arnaldo Mendes de Souza Cruz (CPF 172.855.262-15), com fundamento no art. 58,
inciso I, da Lei 8.443/1992, multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhe o prazo de quinze dias,
a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”,
do RI/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente
desde a data do presente acórdão até a data do efetivo recolhimento, se paga após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, a cobrança judicial das dívidas
caso não atendidas as notificações;
9.5. recomendar ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Estado de
Roraima (Senai/RR) que avalie a conveniência e a oportunidade de promover a capacitação dos agentes
envolvidos no processo de gerenciamento de riscos e na definição de seus controles, adotando, como exemplo,
os modelos de gestão de riscos Coso I e Coso II, definidos no documento “Controles Internos – Modelo
Integrado”, publicado pelo Comitê das Organizações Patrocinadoras – Coso, bem como os mecanismos e
práticas de “Governança descritos no Referencial Básico de Governança Aplicável a Órgãos e Entidades da
Administração Pública e Ações Indutoras de Melhorias”, publicado pelo Tribunal de Contas da União;
9.6. dar ciência desta deliberação, acompanhada das peças que a fundamentam ao Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Estado de Roraima (Senai/RR) e aos responsáveis.
(ênfases acrescidas)
HISTÓRICO
2. Cuidam os autos da prestação de contas anual do Senai/RR, relativa ao exercício de 2014.
2.1. A então Controladoria-Geral da União-CGU manifestou-se pela regularidade com ressalva das contas
do diretor regional do Senai/RR, ora recorrente, em razão da admissão de empregados, cujas contratações não
respeitaram o disposto no regulamento de pessoal e as regras dos processos seletivos públicos, bem como da
ausência de fiscalização da execução do objeto de transferências concedidas pelo Senai/RR, conforme sobressai
do seu Relatório de Auditoria Anual.
2.2. No âmbito desta Corte, todavia, a Secex/RR entendeu que tais ocorrências, além de outras
constatadas em procedimentos de compras e aquisições, demandavam a apresentação de razões de justificativa.
Assim, promoveu a audiência do recorrente, em face de (Peça 25):
a) irregularidades nos procedimentos de compras e aquisições, consistentes na “ausência de formalização
adequada nos processos licitatórios e de compras diretas”, “adesão à ata de registro de preços de órgãos e
entidades da Administração Pública, sem previsão legal”, “ausência de pesquisa de preço justificando o preço
contratado” e “não observância do dever de licitar”;
b) irregularidade nos processos de recrutamento e seleção, consistente em “empregados admitidos cujas
contratações não respeitaram ao disposto no regulamento de pessoal do Senai/RR e as regras dos processos
seletivos públicos”;
184

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) irregularidades no âmbito das transferências voluntárias celebradas pelo Senai/RR, decorrentes da


ausência de fiscalização dos objetos da avença.
2.3. Examinados os elementos coligidos ao processo, a Secex/RR propôs a irregularidade das contas do
recorrente, bem como a aplicação de multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, proposta que contou com a
anuência do Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado que apenas divergiu da sugestão da ciência.
2.4. O Relator a quo, Exmo. Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, por sua vez, incorporou, com
as devidas considerações, a instrução da Secex/RR e do Ministério Público junto ao TCU-MP/TCU a suas
razões de decidir e propôs a aplicação de multa individual prevista no art. 58, inciso I da Lei 8.443/1992 (item
9.3 do Acórdão recorrido), asseverando que o conjunto de irregularidades constatadas em processos de
aquisições, de seleção de pessoal e de transferências voluntárias, no exercício de 2014, é grave o suficiente para
macular a gestão do diretor-geral do Senai/RR, ora recorrente, no que foi acompanhado pelos demais Membros
do Colegiado desta Corte de Contas.
2.5. Posteriormente, o Departamento Regional do Senai no Estado de Roraima interpôs recurso de
reconsideração (R001-Peças 34-39), o qual foi apreciado pelo Acórdão 9.767/2017-TCU-1ª Câmara, de relatoria
do Ministro Vital do Rêgo, que não conheceu do recurso de reconsideração interposto, em razão da ausência de
legitimidade e de interesse recursal (Peça 47).
2.6. Irresignado, o gestor interpôs o presente recurso de reconsideração, que se fundamenta nas
altercações que, adiante, passar-se-á a relatar.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade efetuado por esta Secretaria (Peça 64), ratificado pelo
Exmo. Ministro Vital do Rêgo (Peça 66), que concluiu pelo conhecimento do recurso apresentado, nos termos
do art. 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, c/c o artigo 285, §2º, do RI/TCU, sem a atribuição de efeitos
suspensivos.
EXAME DE MÉRITO
4. Delimitação
4.1. Constitui objeto do presente recurso definir se o gestor atuou de forma escorreita no âmbito de suas
funções.
5. Da atuação escorreita do gestor no âmbito de suas funções.
5.1. Contesta a aplicação da multa individual e solicita seu afastamento, com base nos seguintes
argumentos (Peça 51, p. 6-15):
a) informa que todos os processos licitatórios e de compras diretas passam por diversos colaboradores;
b) registra que “o ano de 2014 foi o ano de maior número de matrículas e de atendimentos em serviços de
Tecnologia e inovação que o SENAI/RR já teve nos seus 30 anos de atuação”;
c) relata que contratou colaboradores e desenvolveu manual de rotina de contratações de serviços em
2015. Alega que “o fato de melhorar os processos de aquisições de bens e serviços, não quer dizer que antes não
havia controle”;
d) ajuíza que “os serviços sociais autônomos não se sujeitam às normas (princípios e regras) decorrentes
do art. 37 da Constituição Federal”;
e) alega que, à época, “foram tomadas todas as providências cabíveis”. Objeta que “a menção ao artigo
38-A, seção 1, do RLC do SENAI, se mostra equivocada, uma vez que tal dispositivo não veda a adesão na
forma praticada, mas apenas trata do registro de preço realizado por departamento do SENAI, e da adesão por
outro departamento da entidade e por serviço social autônomo, desde que previsto no instrumento
convocatório”, mas que, ainda assim, seguiu a recomendação da CGU;
f) acrescenta que deve ser rejeitada a sugestão de julgamento pela irregularidade das contas, “diante da
baixa materialidade do gasto e da ausência de prejuízo ao” Senai/RR;
g) pondera que o Senai/RR “contrata seus empregados utilizando a Consolidação das Leis do Trabalho
há mais de 60 anos”, com amparo nas suas leis instituidoras e de regência. Complementa que o Conselho
Nacional expediu a Resolução 21/2015, que aprovou o regulamento de processo seletivo para a contratação de
empregados;
h) alterca que, “por ser uma entidade privada”, “possui autonomia para baixar seus atos normativos”;
i) refuta que as contratações tenham sido sem participação em processo seletivo, se “algo estivesse
errado, seria o edital, e não a classificação dos candidatos, pois não há outro critério a ser escolhido, como quis
fazer a CGU/RR”. Entende que o ato impugnado diz respeito a “uma pequena fração dos cargos selecionados”;
j) arrazoa que “o processo seletivo foi aprimorado por meio do Manual de processo Seletivo” em 2015;
185

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

l) obtempera que “não houve ‘ausência’ de fiscalização aos objetos dos convênios e termos de
cooperação técnica”. Afirma que os convênios e termos de cooperação técnica “foram realizados com o Instituto
Euvaldo Lodi – IEL/RR, que é uma instituição que faz parte do mesmo” Senai/RR e que “não há qualquer
processo com pendências ou irregularidades de qualquer natureza”, devendo as suas contas serem julgadas
regulares, ainda que com ressalvas;
m) colaciona documentos às Peças 51-60.
Análise:
5.2. O Senai/RR constitui um Serviço Social Autônomo, uma entidade parestatal, eis que trabalha
paralelamente ao Estado e desempenha atividades de relevante interesse social, sendo oficializado pelo Poder
Público que lhe fornece autorização legal para que arrecade de forma compulsória contribuições parafiscais de
parcela da sociedade para a manutenção de suas atividades.
5.3. Por conseguinte, em decorrência de o Senai/RR gerir recursos públicos provenientes de contribuições
parafiscais (compulsórias), encontra-se submetido à jurisdição do Tribunal de Contas da União, nos termos do
art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal e do art. 5º, inciso V, da Lei 8.443/1992.
5.4. Importante observar que apesar das irregularidades encontradas, não foi quantificado em relação a
elas um débito específico, o que, por sua vez, não afasta a competência desta Corte de Contas de aplicar a multa
do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, uma vez que os fatos se subsumem a hipótese legal do julgamento pela
irregularidade das contas sem a apuração do débito, nos termos do parágrafo único do art. 19 da LOTCU.
5.5. Portanto, a aplicação da multa se fundamentou, principalmente, na frustração aos princípios e aos
normativos que norteiam as licitações públicas, as contratações de pessoal e de transferências voluntárias, ante
as graves irregularidades que macularam a gestão do recorrente.
5.6. Ressalte-se que o enunciado da Súmula TCU 142 preceitua que:
Cabe a baixa na responsabilidade e o arquivamento do processo quando, nas contas de ordenador de
despesa, dirigente ou administrador de entidade ou qualquer outra pessoa sob a jurisdição do Tribunal de
Contas da União, for apurada infringência de disposição legal ou regulamentar aplicável ou verificada
irregularidade de caráter formal, que não permita o julgamento pela irregularidade e quitação, ou,
tampouco - por não ser suficiente grave ou individualizada - a conclusão pela irregularidade e cominação
da multa prevista em lei, conforme enunciados n. 10, 11, 51 e 91 da súmula da sua jurisprudência.
(Súmula 142, publicada no BTCU Especial 6, 04/12/2007)
5.7. Inicialmente, verifica-se que a jurisprudência desta Casa é serena em aplicar este entendimento nos
casos em que primeiro, a irregularidade verificada tenha caráter formal, segundo, que esta irregularidade não
permita o julgamento pela irregularidade das contas, e por fim, a irregularidade apontada não seja
suficientemente grave e individualizada.
5.8. Premissas essas diversas do caso concreto, em que as irregularidades praticadas não foram afastadas
pelo recorrente, as quais não tem caráter formal e se revestem de suficiente gravidade para ensejar o julgamento
pela irregularidade das contas e a cominação da multa, além de terem sido satisfatoriamente individualizadas na
pessoa do recorrente.
5.9. De fato, neste caso específico, a análise cabível a afastar a imputação da multa reside na
comprovação documental ou doutrinária de que o responsável, ora recorrente, teria, à época, tomado todas as
medidas de sua alçada para assegurar o funcionamento do certame dentro dos ditames legais. Com efeito, caso
se chegue à conclusão de que os argumentos e os documentos, acostados aos autos pelo responsável, são hábeis
o suficiente para comprovar a ação diligente deste, a multa que lhe foi cominada, posto que terá perdido seu
suporte de validade, deverá ser relevada.
5.10. A contrario sensu, evidentemente, se a argumentação e a documentação carreada aos autos não se
mostrar materialmente suficiente a evidenciar a conduta diligente dos responsáveis, as multas deverão ser
mantidas.
5.11. A gravidade das irregularidades praticadas pelo recorrente, que demonstra que os certames
realizados em 2014 descumpriram em diversos quesitos as exigências previstas na Lei de Licitações e Contratos
durante sua gestão, mereceu dedicados apontamentos do Relator a quo quando da proposição de deliberação ao
Plenário no Acórdão ora guerreado (Peça 25, p. 2-3):
12. Por óbvio que eventual ausência de manifestação expressa desta Corte acerca de determinada questão
não é suficiente para tornar o ato regular. É pacífico o entendimento de que as entidades do Sistema estão
obrigadas a cumprir os seus regulamentos próprios e não se submetem às disposições da Lei 8.666/1993 e do
Decreto 7.892/2013, que regulamenta o sistema de registro de preços no âmbito da administração pública
186

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

federal direta, autárquica e fundacional, fundos especiais, empresas públicas, sociedades de economia mista e
demais entidades controladas, direta ou indiretamente pela União.
13. O fato é que, no caso do Senai, o Regulamento de Licitações e Contratos não prevê a adesão à ata de
registro de preços de órgão ou ente da administração pública. Seu art. 38-A apenas dispõe que “o registro de
preço realizado por departamento do SENAI poderá ser objeto de adesão por outro departamento da entidade e
por serviço social autônomo, desde que previsto no instrumento convocatório”. Inexistindo previsão legal, não
socorre o responsável a justificativa, sem comprovação, de que os valores eram inferiores aos da pesquisa de
preços realizada, e não há como considerar regular a referida adesão.
(...)
18. Foram constatados, em resumo, procedimentos avaliativos sem previsão no edital, preterição da
ordem de classificação de candidatos e utilização de critérios diferenciados, que não constavam do edital, para
classificação.
(...)
20. Conforme visto na minuciosa análise promovida pela Secex/RR, reproduzida no relatório precedente,
não foram apresentados documentos comprobatórios, como desistência formal de candidatos, prova teórica e
ficha de entrevista, entre outros. Sem suporte documental, não há como acolher os esclarecimentos oferecidos
na tentativa de afastar as irregularidades.
(...)
23. Embora a própria unidade jurisdicionada tenha informado à equipe de auditoria da Controladoria-
Regional da União em Roraima que, das sete transferências vigentes no exercício de 2014, em cinco não foram
planejadas e nem realizadas fiscalizações, o responsável contradiz a inércia. O argumento é de que os ajustes
foram realizados com o Instituto Euvaldo Lodi - IEL/RR, que pertence ao Sistema Indústria do qual o Senai/RR
também participa, e que não aplica as formalidades usuais da administração pública na execução e
acompanhamento dos convênios. Apesar disso, reconhece a necessidade de melhorias, principalmente, nos
processos de fiscalização e prestação de contas.
24. As alegações apresentadas não afastam a irregularidade, mas, ao contrário, confirmam a deficiência.
Não é razoável admitir a transferência de recursos a outra entidade, sem a adoção de procedimentos que
garantam a execução do objeto pactuado. Tanto que o próprio Termo de Cooperação Técnica mencionado pelo
controle interno lista entre as obrigações da unidade: “f) controlar e fiscalizar a execução das ações
desenvolvidas e aplicação dos recursos financeiros alocados; e g) acompanhar e avaliar os resultados obtidos na
execução do objeto deste Termo”. (ênfases acrescidas)
5.12. Desafortunadamente, constata-se, de plano e a toda evidência, que o recorrente não teve o mínimo
de desvelo necessário para atuar de forma escorreita no âmbito de suas funções administrativas, atentando
durante a fase interna dos certames contra os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da igualdade e
dos que lhes são correlatos, não cabendo, por conseguinte, a ilação de que estas eram, apenas, irregularidades de
caráter meramente formal ou que os ditames legais são inalcançáveis.
5.13. Argui, ainda, que não pode ser responsabilizado por esta Corte de Contas, pois agiu com suporte em
pareceres jurídicos e técnicos de “diversos colaboradores”.
5.14. Este Tribunal possui entendimento firmado (Acórdãos 2540/2009-1ª Câmara, 2753/2008-2ª Câmara
e 1801/2007–Plenário) no sentido de que a responsabilidade do gestor não é afastado neste caso, pois a ele cabe
a decisão sobre a prática do ato administrativo eventualmente danoso ao Erário. O fato de ter agido com
respaldo em pareceres técnicos e/ou jurídicos não tem força para impor ao administrador a prática de um ato
manifestamente irregular, uma vez que a ele cabe, em última instância, decidir sobre a conveniência e
oportunidade de praticar atos administrativos, principalmente os concernentes a procedimentos licitatórios, que
vão gerar pagamentos.
5.15. O fato de o administrador seguir pareceres técnicos e jurídicos não o torna imune à censura do
Tribunal. Em regra, pareceres técnicos e jurídicos não vinculam os gestores, os quais têm obrigação de analisar
a correção do conteúdo destes documentos. Assim, a existência de parecer não exime o gestor de
responsabilidade, a qual é aferida levando em consideração a legalidade, a legitimidade e a economicidade dos
atos relacionados com a gestão de recursos públicos no âmbito da fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da administração pública federal, exercida pelo Congresso Nacional
com o auxílio deste Tribunal, ex vi do art. 70, caput, e 71, inciso II, da Constituição Federal.
5.16. Em relação à responsabilidade da autoridade competente, responsável pela homologação e
adjudicação, relativamente às irregularidades ocorridas em procedimentos licitatórios, e pela assinatura de
187

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contratos efetivados sem o respeito aos procedimentos legais. Segundo Celso Antonio Bandeira de Mello,
“homologação é o ato pelo qual a autoridade competente, estranha à comissão, após examinar todos os atos
pertinentes ao desenvolvimento do certame licitatório, proclama-lhe a correção jurídica, se esteve conforme às
exigências normativas” (in. Curso de Direito Administrativo, 20ª ed., pág. 569).
5.17. Maria Sylvia Zanella di Pietro ensina que a homologação, no processo licitatório, “é precedida do
exame dos atos que o integraram pela autoridade competente, a qual, se verificar algum vício de ilegalidade,
anulará o procedimento ou determinará seu saneamento, se cabível” (in. Direito Administrativo, 23ª, pág. 291).
5.18. Também a respeito, leciona Marçal Justen Filho que “a homologação possui eficácia declaratória
enquanto confirma a validade de todos os atos praticados no curso da licitação” (in. Comentários à Lei de
Licitações e Contratos Administrativos, 11ª ed., pág. 426).
5.19. Vê-se, então, que a homologação se caracteriza como um ato de controle praticado pela autoridade
competente sobre tudo o quanto foi realizado pelas esferas subordinadas. Homologar equivale a aprovar os
procedimentos até então adotados.
5.20. Esse ato de controle não pode ser tido como meramente formal ou chancelatório, mas antes como
um ato de fiscalização.
5.21. Ao discutir a tese de responsabilização da autoridade competente pela homologação em processo
licitatório, assinalou o relator do TC 006.595/2007-6 (Acórdão 1.457/2010-TCU-Plenário, Relator Ministro José
Jorge):
Dessa forma cabia ao requerente, como autoridade competente para a homologação do certame, examinar
se os atos praticados no âmbito do processo licitatório o foram em conformidade com a lei e as regras
estabelecidas no edital. Em se verificando a ocorrência de irregularidades, deveria ter adotado as medidas
cabíveis para o seu saneamento.
5.22. A mesma tese foi consagrada quando da apreciação de recurso de reconsideração interposto nos
autos do TC 008.551/2003-8 (Acórdão 1.685/2007-TCU-2ª Câmara, Relator Ministro Benjamin Zymler),
oportunidade em que a respectiva ementa elaborada pelo relator e acolhida pelo Colegiado expressou a seguinte
tese:
O agente público responsável pela homologação do procedimento licitatório confirma a validade de todos
os atos praticados no curso da licitação, proclama sua conveniência e exaure a competência discricionária sobre
o tema. Assim, ao anuir aos pareceres, este também se responsabiliza, visto que a ele cabe argüir qualquer falha
na condução do procedimento.
5.23. Da referida omissão ou negligência do dever de fiscalizar resultou a homologação de certames
ilegítimos, com o consequente potencial dano ao Erário.
5.24. No caso concreto, o recorrente, na condição de diretor regional do Senai/RR, não atuou com o
empenho que se espera do gestor médio e não se pode atribuir as irregularidades encontradas única e
exclusivamente aos responsáveis dos escalões subordinados.
5.25. A necessária atuação conjunta de todos os gestores, membros da comissão de licitação ou detentores
de cargos de chefia, tinha por intuito evitar a prestação de informação falsa e inverídica, responsabilidade
inerente ao cargo e aos atos praticados pelo recorrente e por seus subordinados, dos quais este não se
desincumbiu. Pelo contrário, por meio de seus atos houve a tentativa vã de burlar a fiscalização do controle
interno e externo e da sociedade.
5.26. De igual sorte, relembrar que manuais foram confeccionados em 2015 não suplanta o fato de que o
gestor não adotou cuidados mínimos para evitar a contratação de bens ao arrepio da Constituição, como
didaticamente exposto no Relatório que acompanha o Acórdão recorrido, v. g. (Peça 24, p. 3-5):
188

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18. No que tange às justificativas do gestor sobre o Senai/RR ter aderido à ata de registro de preço sem
previsão legal, cabe expor que o Regulamento de Licitações e Contratos do Senai - Resolução Senai 516/2011,
não autoriza que a entidade faça adesão à ata de registro de preços de órgão ou ente da administração pública.
(...)
22. Quanto às justificativas relacionadas à ausência de pesquisa de preços, referente ao contrato 20/2013,
o gestor alega que realizou pesquisa dos insumos a serem contratados no sítio da ANP. Contudo, não trouxe, em
suas razões de justificativa, documentos que pudessem subsidiar tal afirmação. Outrossim, seria necessário
realizar a pesquisa de preços com os fornecedores locais dos insumos que seriam adquiridos, fato que não
ocorreu. Apesar da manifestação de que os preços pesquisados no sítio da ANP estavam compatíveis com os do
mercado local, o gestor não apresentou qualquer documento que sustente tal afirmativa.
(...)
26. A síntese é que a entidade praticou fracionamento da despesa, atividade que atropela o regular
procedimento licitatório, estando em dissonância com a jurisprudência uníssona desta Corte de Contas,
consubstanciada em distintas decisões, como o Acórdão 1.172/2011-TCU-1ª Câmara:
5.27. Insta ressalvar que os funcionários do Senai e os Serviços Sociais Autônomos, Sistema S, são
efetivamente contratados por meio da CLT, como afirma a defesa. No entanto, esta relação jurídico-trabalhista
não afasta a obrigatoriedade das entidades do sistema em observar as normas e os princípios constitucionais
gerais no que concerne à contratação de pessoal, conforme jurisprudência pacífica desta Corte de Contas, v. g.
Acórdão 338/2007-TCU-1ª Câmara, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa:
7. Cabe frisar que o Sesi/GO não é imune aos princípios constitucionais relativos à contratação de
pessoal. Essa matéria já foi enfrentada diversas vezes por este Tribunal, restando assente que as entidades
integrantes do denominado Sistema 'S' estão obrigadas a observarem as normas constitucionais gerais no que
concerne à contratação de pessoal e de licitações.
5.28. Logo, diversamente do entendimento da defesa, os Serviços Sociais Autônomos têm obrigação de
observar as normas e os princípios constitucionais gerais no que concerne à contratação de pessoal, art. 37 da
Constituição Federal.
5.29. Conclui-se, deste modo, que o recorrente praticou os atos inquinados, no legítimo exercício de suas
funções públicas, atos que não tem natureza meramente formal e que deram ares de legalidade ao pagamento
antecipado sem a devida prestação do serviço, ao arrepio da Lei de Licitações e de Contratos e da Constituição
Federal.
5.30. O fato de o administrador alegar ter agido com suporte na boa-fé, sem ter sido comprovado que
auferiu benefício pessoal e movido pela relação de confiança não o torna imune à censura do Tribunal. Tal
responsabilidade somente poderia ser afastada caso as irregularidades decorressem de vícios ocultos,
dificilmente perceptíveis no âmbito da análise procedida pela autoridade encarregada de cada ato processual.
5.31. Sobressai, portanto, no caso concreto, que somente atuando nos exatos ditames legais haverá a
aplicação dos recursos públicos com a devida transparência e publicidade, princípios inerentes a esta atividade
pública. Do contrário, o controle dos recursos estará sendo burlado, escancarando, assim, inúmeras
possibilidades de desvio e de malversação dos valores que deveriam ser utilizados única e exclusivamente em
benefício do bem comum.
5.32. Logo, diversamente do alegado pelas defesas, a ação do recorrente foi fator preponderante para
tentar ludibriar os órgãos de controle e, por conseguinte, a sociedade brasileira.
CONCLUSÃO
6. Da análise anterior, conclui-se que os fundamentos para aplicação da multa foram explicitados no Voto
que fundamenta o Acórdão recorrido (Peça 25), no qual restaram configuradas diversos atos administrativos
praticados pelo recorrente com grave infração à norma legal, de natureza operacional e patrimonial, cabendo ao
TCU, no exercício de sua competência constitucional, admoestar o ato administrativo inquinado por meio da
aplicação da multa prevista em sua Lei Orgânica, nos exatos termos do que fora feito na decisão atacada.
6.1. Ante o exposto, não foi trazido aos autos nenhum argumento que detenha o condão de modificar o
julgado de origem, Acórdão 4.222/2017, mantido pelo Acórdão 9.767/2017, ambos da 1ª Câmara do TCU,
motivo por que este não está a merecer reforma, devendo ser, por consequência, prestigiado e mantido.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
7. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com fundamento nos
termos do art. 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, c/c o artigo 285, §2º, do RI/TCU:
189

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) conhecer do recurso de reconsideração interposto por Arnaldo Mendes de Souza Cruz


(CPF 172.855.262-15) e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) dar ciência do Acórdão que for prolatado às entidades/órgãos interessados, ao Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Estado de Roraima (Senai/RR) e ao recorrente,
ressaltando-se que o Relatório e o Voto que o fundamentarem podem ser consultados no endereço
www.tcu.gov/acordaos, no dia seguinte ao de sua oficialização.

2. O MPTCU, neste ato representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado, anuiu à
proposta de encaminhamento sugerida pela unidade técnica, destacando, contudo, sua discordância em
relação ao entendimento defendido nos itens 5.29 a 5.32 da instrução, os quais versam sobre matéria
que não é objeto do presente processo (peça 76).
É o relatório.

VOTO

Em exame, recurso de reconsideração interposto por Arnaldo Mendes de Souza Cruz, diretor
regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Estado de
Roraima - Senai/RR, contra o Acórdão 4.222/2017-TCU-1ª Câmara, por meio do qual o responsável
teve suas contas ordinárias julgadas irregulares, tendo-lhe sido aplicada multa de R$ 5.000,00,
fundamentada no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992.
2. O recurso foi conhecido, com fundamento no art. 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, sem
efeito suspensivo (peça 66), vez que, inobstante a intempestividade recursal, o recorrente apresentou
fatos novos, conforme evidenciou a Secretaria de Recursos, no exame de admissibilidade (peça 64).
3. No exame das contas anuais do Senai/RR, relativas ao exercício de 2014, foram evidenciadas
as seguintes irregularidades que motivaram a condenação ora recorrida: (i) nos procedimentos de
compras e aquisições: ausência de formalização adequada nos processos licitatórios e de compras
diretas, adesão à ata de registro de preços de órgãos e entidades da Administração Pública, sem
previsão legal; (ii) processos de recrutamento e seleção: admissão de empregados cujas contratações
não respeitaram o disposto no regulamento de pessoal do Senai/RR e as regras dos processos seletivos
públicos; e (iii) transferências voluntárias celebradas pelo Senai/RR: ausência de fiscalização dos
objetos da avença.
4. Após a análise dos argumentos recursais apresentados, a Secretaria de Recursos (Serur), após
pugnar pelo seu conhecimento, propôs o não provimento do recurso, por considerar que os argumentos
apresentados não tiveram o condão de modificar a deliberação recorrida.
5. O MPTCU, neste ato representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado,
concordou com a proposta da unidade técnica, discordando, tão somente, em relação ao entendimento
defendido nos itens 5.29 a 5.32 da instrução, os quais versam sobre matéria que não é objeto do
presente processo (peça 76).
6. Feito esse breve histórico, passo ao exame de mérito do presente recurso.
7. Entendo que a proposta sugerida pela unidade técnica especializada não é a que melhor se
adequa ao deslinde do caso concreto, até porque focada em aspectos jurídicos sem adentrar, com a
profundidade devida, no mérito dos novos elementos apresentados pelo recorrente, elencados pela
própria Serur em seu exame de admissibilidade, e na situação concreta tratada nos autos.
8. Após analisar os novos documentos e argumentos apresentados pelo responsável, julgo que
deva ser dado provimento ao recurso, com o objetivo de consignar a regularidade com ressalva de suas
contas, afastando, por conseguinte, a multa que lhe foi imputada, conforme os esclarecimentos a seguir
alinhados.
190

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. O primeiro achado identificado nos procedimentos de compras e aquisições está relacionado à


ausência de formalização adequada nos processos licitatórios e de compras diretas e foram
caracterizados no relatório da CGU (peça 5, p. 36) da seguinte forma:
a) no processo de adesão à ata de registro de preço 8/2014 e no processo de adesão 1/2013,
foram verificadas a ausência de numeração, a não observância da disposição cronológica dos
documentos, a ausência de comprovação de regularidade fiscal e a ausência de fundamentação da
contratação por parte do setor responsável;
b) da mesma forma, no processo 3/2014, foi identificada a ausência de fundamentação da
contratação por parte do setor responsável;
c) nos processos de compra direta por dispensa, os processos não foram numerados e não
observaram a disposição cronológica dos documentos;
d) os processos 2014.4.40, SMS-S-20 e 2013.8 não possuem fundamentação da contratação por
parte do setor responsável.
10. Conforme consignou a Sec-RR em sua primeira instrução (peça 10), não se tratam
propriamente de irregularidades, mas de descumprimento de exigências formais que constituem
controles administrativos e objetivam mitigar riscos de fraudes e outras irregularidades no âmbito dos
procedimentos licitatórios em que ocorreram.
11. À época, a Direção Regional do Senai/RR, em expediente à CGU (peça 5, p. 37), justificou
que, diante da utilização de sistema informatizado de aquisições e por economicidade e eficiência, não
eram impressos todos os passos do sistema, que poderiam ser consultados a qualquer momento de
forma eletrônica. Entendia o gestor, na ocasião, que a consulta ao sistema de aquisição contextualizava
e formalizava adequadamente o respectivo processo, minimizando gastos e burocracia excessiva.
12. Destaco que, nos casos relacionados, a CGU não apontou prejuízos decorrentes do
descumprimento das referidas exigências formais e nem havia recomendações nesse sentido expedidas
anteriormente por esta Corte de Contas para o Senai/RR.
13. Além disso, há informações nos autos de que, em decorrência da fiscalização da CGU, o
gestor teria normatizado as formalidades básicas para os procedimentos de compras e instituído o
Manual de Rotina de Contratações de Obras, Serviços de Engenharia, Serviços e Aquisições de Bens
do Senai/RR (peça 20, p. 2), o que, a meu sentir, milita em favor do recorrente e atenua a gravidade de
sua conduta.
14. O segundo achado diz respeito à adesão à ata de registro de preços de órgãos e entidades da
Administração Pública, sem previsão legal. A entidade fiscalizada aderiu à ata de registro de preços
ARP 8/2014, cujo objeto era a contratação de serviços contínuos de limpeza e conservação, tendo
como órgão gerenciador o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Roraima.
15. A resposta do gestor consignada no relatório da CGU (peça 5, p. 38) justifica a adesão ante a
constatação de valores inferiores à pesquisa de preços realizada pela entidade, a qual balizaria o
respectivo procedimento licitatório, com preço inferior, inclusive, ao valor contratado pelo Senai no
contrato então vigente.
16. De fato, não há previsão, no Regulamento de Licitações e Contratos da entidade, da
possibilidade de adesão à ata de registro de preços, cujo procedimento tenha sido inaugurado por
órgãos e entidades da Administração Pública.
17. Não há como acolher a alegação do gestor de que, pelo fato da entidade do Sistema S ser
uma entidade privada, que não integra a Administração Pública, ela poderia fazer tudo o que não está
proibido. As entidades do Sistema S estão sob a jurisdição do TCU por gerirem contribuições
parafiscais, que são recursos de natureza pública. Embora não se exija o mesmo rigor adotado nas
análises dos atos próprios dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública, tais entidades
devem, no mínimo, pautar suas condutas nos princípios que regem essa Administração.
18. E é justamente o conflito desses princípios que permite avaliar a matéria sob enfoques
diversos, na busca da melhor solução para o caso concreto.
191

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

19. Sob o foco da legalidade estrita, podem ser apontados dois problemas no ato praticado pelo
gestor: a falta de aderência do ato ao regulamento da entidade e a ausência de menção, no normativo
que regulamenta o registro de preços no âmbito da Administração Pública (Decreto 7.892/2013), da
possibilidade de adesão, pelas entidades do Sistema S, de registros de preços realizados por órgãos e
entidades que menciona.
20. Sob o enfoque do atendimento dos princípios da eficiência e da vantajosidade, a conduta,
ainda que não possuísse amparo na legalidade estrita, pode ser considerada legítima. De fato, o gestor
justificou seu ato pela busca do melhor preço, inclusive quando comparado tal preço ao então
contratado por aquela entidade à época da adesão.
21. Assim, considero que, no caso concreto, devem os princípios da eficiência e da vantajosidade
preponderarem sobre o princípio da legalidade estrita, de forma a prestigiá-los, eis que atendido, in
casu, a eficiência, o interesse público e a economicidade do ato.
22. Observo que não foram apontados indícios de qualquer mácula à economicidade do ato, que
pudessem indicar a inobservância do correspondente princípio, nem eventual falta de vantagem para a
entidade na contratação questionada.
23. Dessa forma, julgo que tal fato não deva ser considerado grave o suficiente para macular as
contas do gestor, nem o sujeitar à reprovabilidade deste Tribunal.
24. Por tudo isso, julgo que as questões relacionadas aos procedimentos de compras e aquisições
não apresentam gravidade suficiente para macular a gestão do recorrente.
25. Outra matéria que levou à irregularidade das contas do recorrente diz respeito aos processos
de recrutamento e seleção da entidade. Restou consignado nos autos a admissão de empregados cujas
contratações não respeitaram ao disposto no regulamento de pessoal do Senai/RR e as regras dos
processos seletivos públicos.
26. O relatório da CGU (peça 5, p. 5-6) apontou para a realização, no exercício em exame, de
dois processos seletivos para a contratação de pessoal administrativo e instrutores. Nesses processos,
foi constatado que o setor responsável não observou a legislação aplicável à admissão de pessoal em
seis casos (um porteiro e cinco assistentes administrativos), eis que dois empregados teriam sido
admitidos sem o respectivo processo seletivo; outros dois em descumprimento à ordem de
classificação do certame; e outros dois sem que tivessem participado de todas as etapas constituintes
do processo seletivo respectivo.
27. Quanto a esse ponto específico, havia inicialmente acompanhado a análise da unidade
técnica, quanto à impossibilidade do afastamento da irregularidade em questão.
28. Entretanto, a apresentação do judicioso voto do Min. Benjamin Zymler, i. revisor do feito,
trouxe novas luzes à questão, que possibilitaram concluir pelo afastamento integral da irregularidade
ora examinada, a partir, inclusive, da juntada aos autos de novos elementos pelo responsável (peça 80),
que lograram comprovar a estrita observância da ordem classificatória dos certames questionados,
tendo em vista a desistência formal de candidatos melhores classificados. A falta dessa comprovação
teria motivado a rejeição da CGU à manifestação apresentada pela unidade jurisdicionada (peça 5,
p. 32).
29. O responsável também trouxe aos autos comprovação da oportuna divulgação dos resultados
de cada etapa dos processos seletivos na página da entidade na internet, o que teria permitido o
acompanhamento e fiscalização dos interessados no pleito (peça 80, p. 18-22).
30. Assim, acompanho o ilustre revisor e afasto as irregularidades relacionadas a este item
específico.
31. Por fim, o recorrente teve suas contas impugnadas em virtude da ausência de fiscalização dos
objetos das avenças decorrentes de transferências voluntárias celebradas pelo Senai/RR.
32. Segundo o relatório da CGU (peça 5, p. 33), a entidade não realizou nenhuma fiscalização da
execução das seis transferências vigentes em 2014, com volume total de recursos de R$ 474.862,68
(peça 5, p. 8). Foram realizadas somente duas fiscalizações em duas transferências, após o
encerramento dos respectivos contratos.
192

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

33. O achado da CGU, no tema “Avaliação da Situação das Transferências Voluntárias”,


concluiu que a entidade não estava realizando as fiscalizações de forma regular e tempestiva, já que
estas deveriam ser efetuadas durante e após a vigência das respectivas contratações, e não somente
após o seu término (peça 5, p. 8).
34. O relatório apontou como causa do achado a ausência de normativo regulamentando as
rotinas e os processos de fiscalização e prestação de contas realizados pela unidade (peça 5, p. 33).
35. Em resposta à CGU (peça 5. p. 34-35), o gestor argumentou que as transferências eram
realizadas para entidade do próprio sistema e que todas as contratações tiveram suas finalidades
atendidas e seus objetivos alcançados.
36. Entendo, na linha defendida nas manifestações que me precederam, caracterizada a
irregularidade em apreço. Compete ao gestor zelar pela boa aplicação dos recursos públicos que lhe
são disponibilizados e a adoção de procedimentos que garantam a execução dos objetos pactuados faz
parte desse mister.
37. Ainda que pese a favor dos responsáveis a inexistência de apontamento de dano ao erário ou
o não atingimento dos objetivos das contratações realizadas por força das transferências examinadas, o
fato é que, conforme asseverou a CGU (peça 5, p. 34), a análise da regular execução do objeto
conveniado somente poderia se dar após a inclusão no respectivo processo de toda a documentação
pertinente.
38. Quanto ao impacto desta irregularidade na gestão do responsável, observo que a entidade
movimentou em 2014 recursos da ordem de R$ 20 milhões (peça 1, p. 42), de modo que as
transferências equivaleram a cerca de 2% desse montante.
39. Assim, ainda que não se possa afastar integralmente a irregularidade apontada, julgo que a
desaprovação das respectivas contas ordinárias somente por esse fato seria desarrazoada. Por esse
motivo, as contas merecem a ressalva deste Tribunal.
40. A CGU fez recomendações em relação aos achados tratados nestes autos, já endereçadas ao
Senai/RR, que me parecem suficientes para mitiga-los e ajudar a prevenir a ocorrência de fatos
semelhantes no futuro.
Diante do exposto, VOTO pela adoção da minuta de acórdão que ora trago ao exame deste
colegiado.

TC-028.103/2015-7
Natureza: Recurso de Reconsideração (em Prestação de Contas).
Recorrente: Arnaldo Mendes de Souza Cruz (172.855.262-15).

DECLARAÇÃO DE VOTO

Trata-se de recurso de reconsideração interposto pelo sr. Arnaldo Mendes de Souza Cruz, diretor
do Departamento Regional em Roraima do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RR),
contra o Acórdão 4.222/2017-1ª Câmara, mediante o qual suas contas ordinárias, referentes ao
exercício de 2014, foram julgadas irregulares com aplicação de multa no valor de R$ 5.000,00.
2. Segundo informam os autos, a deliberação atacada foi motivada pelas seguintes ocorrências:
a) área de compras e licitações – fundamentação e formalização inadequada dos processos;
adesão a atas de registro de preços de órgãos públicos sem previsão nos regulamentos internos; e
ausência de pesquisa de preços na contratação de lubrificantes e combustíveis;
b) área de pessoal – admissão irregular de seis empregados, sendo dois sem processo seletivo,
dois sem obediência à ordem de classificação do respectivo certame e dois que não teriam participado
de todas as fases do processo de seleção;
c) área de transferências financeiras voluntárias – fiscalização deficiente da aplicação dos
repasses.
193

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. A propósito, a Secretaria de Recursos e o Ministério Público rejeitam as alegações do


responsável e posicionam-se pela negativa de provimento do recurso.
4. O eminente relator, Ministro Vital do Rêgo, todavia, embora reconheça que as falhas não
foram afastadas pela defesa, considera que não se revestiram de gravidade bastante para macular as
contas do gestor, mormente quando comparados os valores nelas envolvidos com a totalidade dos
recursos geridos pela entidade no período. Especificamente com relação às ocorrências na área de
pessoal, afirma Sua Excelência que “a irregularidade na admissão de 6 pessoas, conquanto não
afastada, não tem força o suficiente para, por si só, macular toda a gestão do recorrente, até porque
não foram apontados outros vícios nas demais contratações [44 empregados] levadas a efeito pela
entidade”.
5. Foi para melhor examinar esse último ponto – as contratações supostamente irregulares de
pessoal (alínea “b”, acima) – que pedi vista do processo. De fato, por configurarem, prima facie,
ofensa direta a princípios caros à administração, como a isonomia e o concurso público, sua gravidade
não poderia, a meu juízo, ser relativizada apenas em função do número de outros empregados
contratados de forma regular.
6. Pois bem, examinando os autos, verifico, de plano, que todos os seis empregados cuja
admissão foi contestada pela seccional da Controladoria-Geral da União em Roraima (CGU-RR)
participaram previamente de processo seletivo.
7. Na realidade, a suspeita inicial de que dois deles teriam sido contratados sem seleção pública
foi afastada pelo próprio Controle Interno, que reconheceu que ambos eram integrantes do cadastro de
reserva formado em função de processo seletivo realizado no ano anterior (2013), ainda dentro do
prazo de vigência (peça 5, p. 32). No mais, os questionamentos da CGU se concentraram na
metodologia adotada pelo Senai-RR para determinar os candidatos que avançariam à última fase dos
respectivos certames, a saber, a entrevista pré-admissional. Explico.
8. Os dois processos seletivos realizados pela entidade em 2014 tinham três etapas: análise
curricular (1ª), prova teórica (2ª) e entrevista (3ª). A classificação final seria dada pela média da
pontuação obtida nas três etapas.
9. Nessas circunstâncias, para o Controle Interno, dado o caráter classificatório também atribuído
à 3ª etapa, as entrevistas deveriam ser realizadas com todos os aprovados na 2ª etapa ou, quando
menos, com um quantitativo equivalente a três vezes o número de vagas ofertadas para cada cargo
(peça 5, p. 26-27 e 31-32). Além disso, para a CGU, a ordem de convocação dos candidatos para a 3ª
etapa deveria observar a média da pontuação obtida nas duas primeiras.
10. O Senai-RR, contudo, convocou inicialmente para as entrevistas um número de candidatos
ligeiramente superior ao dobro do número de vagas previsto no edital. Com o surgimento posterior de
novas vagas, combinado com a desistência de alguns dos primeiros convocados, outros candidatos
passaram a ser paulatinamente chamados para a 3ª etapa. A essa altura, no entanto, não mais havia
competição, propriamente, uma vez que as convocações suplementares eram feitas em quantitativo
igual ao das vagas disponíveis. Assim, bastava a aprovação na entrevista para a contratação do
candidato. Isso levou o Controle Interno a considerar suprimida, em três casos, a última fase do
processo seletivo.
11. A ordem das convocações para a 3ª etapa, por outro lado, obedeceu unicamente à pontuação
obtida na prova teórica, e não à média das duas primeiras etapas (análise curricular e prova escrita),
como defendido pela CGU-RR. Essa sistemática levou os auditores a reputar desrespeitada, nos
mesmos três casos, a classificação parcial dos candidatos.
12. O problema então, como se vê, decorreu, grosso modo, de deficiências na elaboração das
regras estabelecidas nos editais dos processos seletivos, gerando dúvidas quanto a sua correta
interpretação, e não de conduta especiosa arquitetada para favorecer um ou outro candidato.
13. Aliás, cumpre anotar que o responsável trouxe aos autos, após meu pedido de vista,
declarações de candidatos confirmando que, devidamente convocados em observância à ordem de
classificação divulgada pelo Senai-RR, declinaram do emprego oferecido, o que justificaria as
194

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

convocações subsequentes (peça 80, p. 3 e 7-16). Também foi comprovada a oportuna divulgação dos
resultados de cada etapa dos processos seletivos na página da entidade na internet, o que, naturalmente,
permitiu seu oportuno acompanhamento e fiscalização pelos próprios interessados diretos nos
desdobramentos dos certames (peça 80, p. 18-22).
14. Diante do exposto, acompanho o posicionamento defendido pelo nobre relator.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de março de 2019.

BENJAMIN ZYMLER
Ministro

ACÓRDÃO Nº 2678/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 028.103/2015-7.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de reconsideração (Prestação de Contas).
3. Recorrente: Arnaldo Mendes de Souza Cruz (172.855.262-15).
4. Entidade: Departamento Regional do Senai no estado de Roraima.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Alcides da Conceição Lima Filho (OAB/RR 185), representando
Arnaldo Mendes de Souza Cruz.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto por Arnaldo
Mendes de Souza Cruz, diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
Departamento Regional do Estado de Roraima - Senai/RR, contra o Acórdão 4.222/2017-TCU-1ª
Câmara;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsideração, com fundamento nos arts. 32 e 33 da
Lei 8.443/1992, para, no mérito, dar-lhe provimento, para julgar regulares com ressalva as contas do
Sr. Arnaldo Mendes de Souza Cruz (172.855.262-15), tornando insubsistentes os itens 9.1 e 9.3 do
Acórdão 4.222/2017-TCU-1ª Câmara.
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2678-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Revisor),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

GRUPO II – CLASSE II – Primeira Câmara


195

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TC 001.486/2016-0
Natureza: Tomada de Contas Especial
Entidade: Ministério da Cultura; Secretaria de Fomento e Incentivo Fomento à Cultura
Responsável: Jonas Gadelha de Andrade Bento (081.932.147-81)
Representação legal: Ana Carolina Paulon Capozzi (356.133/OAB-SP) e outros, representando
Jonas Gadelha de Andrade Bento.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DESVIO DE OBJETO NA EXECUÇÃO DE


PROJETO CULTURAL CUSTEADO POR RECURSOS CAPTADOS MEDIANTE A LEI
8.313/1991 (LEI DE INCENTIVO À CULTURA). COMPROVAÇÃO PARCIAL DA REGULAR
EXECUÇÃO FINANCEIRA DO OBJETO MODIFICADO. PROJETO EXECUTADO DENTRO
DAS FINALIDADES DO PRONAC. RECONHECIMENTO DA BOA-FÉ OBJETIVA. FIXAÇÃO
DE NOVO E IMPRORROGÁVEL PRAZO PARA QUE O PROPONENTE DEVOLVA OS
VALORES NÃO COMPROVADOS.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério da Cultura, por
intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, tendo em vista a ocorrência de supostas
irregularidades na utilização de recursos captados pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento, na forma
de doações ou patrocínios, sob a égide da Lei 8.313/1991 (Lei de Incentivo à Cultura).
2. Por meio da Portaria 20/2010, de 18/1/2010, o Ministério da Cultura aprovou o Projeto
“Circulação da Peça PLAY”, cadastrado no Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC sob o
nº. 094106, nos termos da proposta apresentada pelo referido proponente.
3. Para a consecução do objeto, foi autorizada a captação de R$ 318.742,67, de 19/1/2010 a
15/4/2010, tendo o prazo final sido posteriormente prorrogado para 31/12/2012. Ao final, foram
arrecadados R$ 200.000,00, com desbloqueio do montante em 24/12/2010 (peça 1, p. 46-48).
4. Na fase interna da tomada de contas especial, o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento solicitou
a alteração do projeto cultural para realizar a peça teatral intitulada “Sala de Estar” (peça 1, p. 54), o
que foi rejeitado pelo Ministério da Cultura, haja vista o disposto no art. 60, da Instrução Normativa 1,
de 5/10/2010 (peça 1, p. 102).
5. A despeito disso, o proponente apresentou prestação de contas de espetáculo distinto do
aprovado, denominado "Circulação da Peça Play - Anticorpos" (peça 1, p. 128-134), o que gerou a
reprovação das contas e a imputação de débito ao responsável, correspondente ao valor total captado,
tendo em vista a não execução do objeto e dos objetivos do projeto cultural (peça 1, p. 136-137 e
p.142-143).
6. A Controladoria Geral da União (CGU) emitiu relatório e certificado de auditoria opinando
pela irregularidade das contas. Após o parecer do dirigente do órgão de controle interno, o processo foi
remetido ao Ministro de Estado da Cultura, que tomou conhecimento das conclusões anteriores e
enviou o feito a esta Corte de Contas.
7. No âmbito desta Corte de Contas, autorizei a citação do Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento,
na qualidade de proponente do projeto, para que apresentasse alegações de defesa e/ou recolhesse a
quantia designada, “em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos
captados em função da execução do projeto aprovado pelo Ministério da Cultura (PRONAC 094106),
por intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura”.
8. Tendo em vista os elementos apresentados pelo responsável, a SECEX/RJ, em juízo
preliminar, entendeu que a prestação de contas, embora não previsse exatamente o evento original,
continha indícios de realização de um espetáculo cultural com circulação pelas mesmas cidades e com
financiamento de recursos captados em conformidade com a Lei Rouanet.
196

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Diante da possibilidade de eventualmente qualificar a ocorrência como desvio de objeto, a


unidade técnica alvitrou a realização de prévia diligência ao Ministério da Cultura, para que o órgão
emitisse pronunciamento conclusivo acerca dos seguintes pontos:
“a.1) comprovação da boa e regular aplicação dos recursos captados (Pronac 094106) na
realização da peça “Anticorpos”, por meio da análise da prestação de contas enviada ao MinC em
27/12/2012; e
a.2) avaliação da compatibilidade do espetáculo teatral “Anticorpos" com as diretrizes do
Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), conforme dispõe a Lei 8.313/1991;”
10. O Ministério da Cultura apresentou resposta, relatando as seguintes ocorrências na execução
dos recursos em exame:
a) ausência de comprovantes de despesas nos autos;
b) recolhimentos efetuados cujos fatos geradores não foram devidamente identificados, não
tornando possível correlacioná-los com os itens da Planilha Orçamentária aprovada;
c) comprovantes de despesas com dados ilegíveis;
d) itens não previstos na planilha orçamentária aprovada, infringindo o § 4º do art. 90, da
Instrução Normativa MinC n. 1/2017;
e) comprovantes de despesas que não permitem inferir a quais rubricas aprovadas na Planilha
Orçamentária enquadram-se os valores gastos;
f) notas fiscais em que não consta data de emissão;
g) realização de despesas referentes a taxas bancárias, multas, juros ou correção monetária,
contrariando o disposto no inciso VII do artigo 45 da Instrução Normativa MinC n. 1/2017; e
h) execução de mais de cinco serviços por parte de um mesmo credor sem que o proponente
enviasse declaração com pelo menos mais duas cotações de preço que demonstrasse ser essa a opção
de maior economicidade para a execução do projeto, conforme exige o inciso XIV do Art. 45 da
Instrução Normativa MinC n. 1/2017.
11. No tocante à disseminação dos valores culturais com a peça “Anticorpos”, o órgão
reconheceu que o espetáculo teatral “(...) encontra-se em compatibilidade com as finalidades da Lei
Rouanet”. Ademais, assinalou, ainda, que o responsável teria executado até mais do que foi previsto
inicialmente, visto que “(...) o proponente realizou apresentações teatrais em sete capitais brasileiras
a preços populares, promoveu bate-papos entre os atores do espetáculo e o público após cada
apresentação e comercializou a entrada a preços abaixo do pactuado”.
12. Ao final, o órgão informou que, apesar de as finalidades culturais terem sido cumpridas,
“9...) a reprovação do projeto em tela deveu-se a alteração do conteúdo do produto cultural, o que
fere o disposto no art. 60 da IN n° 01/2010/MinC (vigente à época de execução do projeto), que
preceitua que ‘não será permitida a alteração de objeto ou objetivos de produto cultural aprovado’”.
13. Diante dos elementos acostados nos autos, determinei a realização de nova citação do
proponente, nos termos propostos pela então denominada Secex/RJ, transcritos a seguir:
“(...) em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos captados
em função da execução do projeto aprovado pelo Ministério da Cultura (Pronac 094106), por
intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, como também das ocorrências
consignadas pelo Ministério da Cultura, no âmbito da análise financeira da documentação
encaminhada pelo responsável a título de prestação de contas da execução da peça “Anticorpos”
(peça 22), resumidas nos seguintes termos:
a) ausência de comprovantes de despesas nos autos;
b) recolhimentos efetuados cujos fatos geradores não foram devidamente identificados, não
tornando possível correlacioná-los com os itens da Planilha Orçamentária aprovada;
c) comprovantes de despesas com dados ilegíveis;
d) itens não previstos na planilha orçamentária aprovada, infringindo o § 4º do art. 55 da
Instrução Normativa MinC n. 1/2010, vigente à época da avença;
197

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) comprovantes de despesas que não permitem inferir a quais rubricas aprovadas na Planilha
Orçamentária enquadram-se os valores gastos;
f) notas fiscais em que não consta data de emissão;
g) realização de despesas referentes a taxas bancárias, multas, juros ou correção monetária,
contrariando o disposto no inciso IX do artigo 24 da Instrução Normativa MinC n. 1/2010; e
h) execução de mais de cinco serviços por parte de um mesmo credor sem que o proponente
enviasse declaração com pelo menos mais duas cotações de preço que demonstrasse ser essa a opção
de maior economicidade para a execução do projeto, conforme exige o § 1º do art. 24 da Instrução
Normativa MinC n. 1/2010.”
14. A Secex/TCE, que assumiu a responsabilidade pelo processo, analisou os elementos trazidos
pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento, na forma da instrução transcrita parcialmente a seguir, com
os ajustes de forma que entendi pertinentes (peça 71):
“14. Em cumprimento ao Despacho do Ministro-Relator (peça 26), foi promovida nova citação
do Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento, mediante o Ofício n. 0343/2018 (peça 28), datado de
26/2/2018. O responsável tomou ciência do Ofício que lhe foi remetido, tendo apresentado alegações
de defesa à peça 29 e documentos comprobatórios às peças 30-68, passando-se, a seguir, à respectiva
análise.
14.1 Ausência de comprovantes fiscais de algumas despesas, totalizando o montante de R$
11.343,75 - As justificativas do responsável são as seguintes:
a) R$ 4.600,00 – cachê pago à atriz coadjuvante da peça, por meio da empresa Cine Crocodilo
Produções e Eventos Ltda., conforme comprova a Nota Fiscal anexa (DOC. 01 à peça 30). Para
confirmar o alegado, o Defendente protesta pelo prazo de 05 (cinco) dias para juntar aos autos o
recibo emitido pela atriz, declarando ter recebido da empresa Cine Crocodilo os valores indicados. À
peça 68, o responsável apresenta dois recibos de pagamento nos valores de R$ 4.666,66, um assinado
pela atriz Luciana Meier Serrou Camy, e outro assinado pelo diretor Patrick Sampaio.
b) R$ 1.260,00 – valor pago em 20/06/2012 ao Hotel Vila Velha Ltda. (CNPJ/MF nº
13.563.903/0001-22), para alojamento da equipe de produção e elenco, conforme comprova a Nota
Fiscal sob nº 2012457 anexa (DOC. 02 à peça 31).
c) R$ 850,00 – valor pago em 06/07/2012 ao Teatro Capiba – Casa Amarela – em Recife, para a
realização da peça. Para comprovar a despesa, o defendente junta cópia do cheque emitido, sua
compensação e os borderôs emitidos pelo Teatro Capiba poucos dias após o pagamento dos valores
(DOCs. 03 a 06 às peças 32-35).
d) R$ 1.400,00 – valor pago em 12/07/2012 à empresa LBR Viagens e Eventos Ltda. ME.,
CNPJ/MF sob nº 13.309.807/0001-52. Nesta data, os atores e equipe perderam o voo e o produtor
teve que realizar este pagamento extraordinário, conforme Nota Fiscal nº 37 anexa (DOC. 07 à peça
36).
e) R$ 1.000,00 – valor pago em 24/07/2012 à empresa KARYNNA MARIA SPINELLO CÉSAR
ME, CNPJ/MF sob nº 14.865.971/0001-09, tendo em vista a necessidade de se contratar uma
produtora local para viabilizar a apresentação, conforme Nota Fiscal sob nº 55 anexa (DOC. 08 à
peça 37).
f) R$ 1.200,00 – transferência bancária realizada em 30/07/2012 à empresa EDUARDO AREAS
LYRA ME, CNPJ/NF sob nº 07.768.885/0001-12, para o transporte do elenco e equipe feito em Natal,
RN, conforme Nota Fiscal e cartão de CNPJ da empresa anexos. (DOCs 09 e 10 às peças 38-39)
g) R$ 520,00 e R$ 513,75 – despesas realizadas com taxis em Belo Horizonte cujos
comprovantes foram extraviados.
Análise: O responsável comprovou a maior parte das despesas, mantendo-se débito pelos
valores não comprovados de R$ 4.600,00 em 9/3/2012 (cheque 850007), uma vez que o recibo
apresentado pela atriz à peça 68 tem valor diferente (R$ 4.666,66) e é de outra data (23/7/2012), além
dos valores de R$ 520,00 e 513,75, referentes aos cheques 850068 e 850074, pagos em 31/7/2012,
198

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

tendo em vista a infração às normas regulamentares, as quais obrigam a comprovação da aplicação


dos recursos captados (IN 1/2010 MinC, art. 73).
14.2 Despesas com fatos geradores não identificados, totalizando o montante de R$ 250,96 -
Com relação a esta ocorrência, tendo em vista o ínfimo valor e a irregularidade meramente formal em
não indicar a data exata do fato gerador no Recibo de ISS e no Documento de Arrecadação
Municipal/ISS, requereu o responsável a aprovação da despesa, ainda que com ressalvas.
Análise: As justificativas podem ser acatadas. Os valores são derivados de pagamentos de ISS
de R$ 210,00, R$ 12,56 e R$ 28,40, apresentados na Relação de Pagamentos como despesas pagas em
29/6/2012, 6/6/2012 e 7/6/2012, às Prefeituras de Belém e Natal, no entanto, estão sem comprovação,
todavia, há que se vislumbrar que foram realizados os espetáculos teatrais nas respectivas cidades.
Uma vez vislumbrados os objetivos alcançados, desconsidera-se as despesas realizadas com ISS, de
pequena monta, considerando falhas formais na prestação de contas.
14.3 Despesas com dados ilegíveis, totalizando o montante de R$ 100,99 - Com relação a esta
ocorrência, tal como a anterior, tendo em vista o seu ínfimo valor e diante do cumprimento integral do
objeto além do que foi inicialmente proposto, requer-se a aprovação dos gastos, ainda que com
ressalvas.
Análise: Considerando a impropriedade relativa aos comprovantes apresentados (ilegibilidade),
e que se referem a pequenos valores, acolhem-se as alegações, não se deixando de registrar que as
normas regulamentares obrigam a comprovação da boa e regular aplicação dos recursos (IN 1/2010
MinC, art. 72 e 73).
14.4 Despesas com itens não previstos na planilha orçamentária relativos à alimentação,
refeição, lanche, totalizando o montante de R$ 6.198,66. – Argumenta a parte que desde a IN 01/2012
do MinC, vigente à época em que a prestação de contas foi realizada, até os dias atuais, nos termos da
IN 05/2017, é vedada a realização de despesas com recepções, festas, coquetéis, serviços de buffet ou
similares, excetuados os gastos com refeições dos profissionais quando necessários à consecução dos
objetivos da proposta. Nessa linha, questiona-se: como um espetáculo teatral com quatro atores e
equipe de produção, que circulou pelas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Natal,
Fortaleza e Belém, pode ser realizado sem que as pessoas físicas envolvidas no projeto possam
realizar suas refeições? Expôs a parte que a maior parte das ocorrências sequer ultrapassa R$ 50,00,
o que mostra a razoabilidade dos gastos realizados durante a turnê, para alimentação, refeição e
cafés consumidos pelo elenco e equipe, sendo desarrazoada a devolução, tendo em vista o integral
cumprimento do objeto, acima do previsto na proposta cultural, com despesas absolutamente
legítimas e justas, destinadas aos almoços realizados pelas pessoas físicas envolvidas na produção da
peça, em absoluta consonância com a parte final do inc. VI, do art. 28 da IN 01/2012 do MinC.
Análise: Considerando a autorização de gastos com refeições dos profissionais na IN
01/2010/MinC (art.24, VI), quando necessário à consecução dos objetivos da proposta, e os baixos
valores individuais envolvidos, podem ser acatadas as alegações de defesa.
14.5 Despesas sem identificação de rubrica no montante de R$ 52.799,36 – As justificativas são
apresentadas a seguir:
a) R$ 20.000,00 - Serviços de captação ao projeto, conforme Nota Fiscal anexa (DOC. 11 à
peça 40);
b) R$ 4.666,66 - Pagamento ao diretor da peça, por meio da empresa Cine Crocodilo
Produções, conforme indica a Nota Fiscal anexa (DOC. 12 à peça 41). Para confirmar o alegado, o
Defendente protesta pelo prazo de 05 (cinco) dias para juntar aos autos o recibo emitido pelo diretor,
declarando ter recebido da empresa Cine Crocodilo os valores indicados;
c) R$ 16.000,00 - Pagamento realizado ao roteirista da peça, Sr. Bruno, equivalente à cerca de
10% do valor captado para a produção, conforme Nota Fiscal anexa (DOC. 13 à peça 42);
d) R$ 1.900,00 - Locação de teatro em Belém do Pará para execução da peça nessa cidade,
conforme comprova o Contrato de Cessão Onerosa do Espaço, a Nota Fiscal e os borderôs anexos
(DOC. 14 a 17 – peças 43-47);
199

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) R$ 162,00 - Pagamento de serviços gerais prestados pelo Sr. Acelino no dia 14/07/2012 para
a apresentação da peça no Teatro ICBA, em Salvador, conforme Recibo anexo (DOC. 18 à peça 48);
f) R$ 200,00 - O recibo não foi localizado;
g) R$ 3.760,00 - Serviços de agenciamento de veiculação de publicidade e propaganda para
divulgação da peça, conforme comprova a Nota Fiscal anexa (DOC. 19 à peça 49);
h) R$ 6.111,36 - Serviços de montagem da cenografia e produção da peça, conforme demonstra
a Nota Fiscal anexa (DOC. 20 à peça 50);
Análise: As alegações de defesa podem ser acatadas, considerando a comprovação da maior
parte das despesas. Quanto ao recibo de R$ 200,00 não localizado, o MinC informou se tratar da
despesa constante do item 135 da Relação de Pagamentos, referente ao Teatro Jose de Alencar,
todavia, verificou-se que o valor de R$ 200,00 é referente ao gasto com a empresa Supertaxi (item 131
da Relação de Pagamentos e não 135), verificando-se falhas na identificação da despesa e
impropriedades formais na prestação de contas.
14.6 Notas sem data de emissão e despesas com taxas bancárias, totalizando o valor de R$
66,00 - Com relação a esta ocorrência, tendo em vista o seu ínfimo valor e diante do cumprimento
integral do objeto além do inicialmente previsto, requer-se a aprovação dos gastos, ainda que com
ressalvas.
Análise: Alegações de defesa acatadas, considerando-se impropriedades formais e pequenos
valores envolvidos, entretanto, não se deixa de observar que as normas regulamentares vedam a
realização de taxas bancárias (IN 1/2010, art.24 IX).
14.7. Mais de 5 (cinco) contratações realizadas com a empresa “Crocodilo Produções”,
sem cotação de preços, totalizando o montante de R$ 117.565,97 - O proponente alega a enorme
informalidade do mercado de trabalho, sendo que os atores, atrizes, roteirista, Diretor Artístico etc.
não possuíam empresas individuais abertas e, assim, seus cachês foram pagos via empresa “Cine
Crocodilo Produções”. Portanto, em que pese haver Notas Fiscais emitidas à empresa, totalizando o
valor acima, o destino final de tais montantes se deu com o pagamento dos cachês do corpo artístico
envolvido, não havendo qualquer sentido se cogitar, na hipótese, a realização de cotação de preços.
Cita-se a exceção do art. 25 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações), não se devendo exigir cotação de
preços na medida em que os “prestadores de serviço”, in casu, são partes essenciais ao próprio
cumprimento do objeto e de sua execução, conforme descrito na proposta cultural. Pondera que os
valores foram efetivamente aplicados em seu objeto, configurando-se enriquecimento ilícito da União
qualquer condenação de devolução. Cita-se que a exigência de cotação de preços para contratações
que excedam por 5 (cinco) vezes o mesmo fornecedor não existe na nova IN 05/2017 do MinC,
devendo ser aplicado, na hipótese, o princípio da retroatividade benéfica em favor do administrado.
Cita decisões do STJ e doutrina, alegando o princípio da prevalência da norma mais favorável ao
cidadão.
Análise: De fato, a vedação contida nas normas do MinC, exigindo-se a cotação de preços,
deixou de existir na atual IN 5/2017, podendo ser acatadas as alegações de defesa neste sentido. Do
mesmo modo, as alegações quanto aos artistas e pessoal especializado, contratados e pagos pela
empresa Cine Crocodilo, que recebeu do produtor os valores, por serem cachês do próprio corpo
técnico, também podem ser acolhidas, visto informação à peça 22, p.7 dos serviços realizados pelo
Produtor, Ator/atriz coadjuvante Cachê, Produtor Executivo, Assistente de Produção, Assistente de
Diretor, Diretor Artístico e Supervisão de som.
14.8 Débitos registrados nos extratos com valor superior ao comprovante de despesa,
totalizando, na diferença, o valor de R$ 2.915,22. Com relação a esta ocorrência, tendo em vista o seu
ínfimo valor e diante do cumprimento integral do objeto, requer-se a aprovação dos gastos, ainda que
com ressalvas.
Análise: Quanto a este último item, verifica-se que o valor de R$ 2.915,22 é constituído,
conforme peça 22, p.8, de diferenças, por valores não comprovados de R$ 750,44 no cheque 850028
de 20/6/2012, R$ 16,15 no cheque 850034 de 28/6/2012, R$ 1.520,02 no cheque 850041 de 4/7/2012,
200

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 470,77 no cheque 850063 de 19/7/2012 e R$ 157,84 no cheque 850075 de 31/7/2012. Não obstante
à justificativa de cumprimento do objeto, diante da não comprovação de despesa, mantém-se a
responsabilidade por infração às normas regulamentares (IN 01/2010, art.73), considerando a
obrigatoriedade de comprovar os gastos.
15. Neste processo de TCE, a SECEX/RJ destacou que o Sr. Jonas Gadelha apresentou proposta
e obteve aprovação para a realização da peça teatral "Play", no entanto, solicitou mudança para
apresentação da peça "Sala de Estar" e, por fim, prestou contas de um terceiro espetáculo chamado
de "Anticorpos", mesmo sem a anuência do Ministério da Cultura. Salientou a Unidade Técnica que o
assunto foi objeto de análise pela Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, no âmbito do
julgamento de recurso administrativo interposto pelo responsável contra a reprovação de suas contas
à peça 1, p. 164.
16. Ainda, ressaltou-se que o MinC, por meio do Ofício n° 7792/2011 de 27/9/2011, indeferiu a
alteração do projeto, entendendo que a mudança em muito descaracterizaria a proposta original. Por
fim, orientou o recolhimento dos recursos já captados em favor do Fundo Nacional de Cultura, para
que o projeto pudesse ser arquivado. Neste contexto, entendeu-se que, ao não seguir a orientação do
Ministério, prosseguindo com a execução de espetáculo teatral para o qual não obteve aprovação
ministerial, de fato, o responsável assumiu os riscos de ter suas contas reprovadas, haja vista o não
atendimento daquilo que havia sido pactuado.
17. Conforme justificou o defendente, a alteração de rumos do projeto decorreria de
compromissos assumidos com o pessoal envolvido na peça, produtores, teatros e viagens agendadas,
razão por que se viu obrigado a executar o projeto de alguma forma, ainda que só tivesse conseguido
captar 61% do total aprovado (peça 1, p. 102). Tais circunstâncias, todavia, não justificariam a ação
unilateral, eis que lidava com recursos públicos e deveria observar o entendimento do MinC (peça 1,
p. 156).
18. O objeto do projeto era claro quanto à circulação da peça “Play” pelo centro, norte e
nordeste do país, mais especificamente pelas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife,
Natal, Fortaleza e Belém. Dessa maneira, não acatou, incialmente, a SECEX/RJ, a alegação no
sentido de que a concepção do espetáculo realizado “Anticorpos” resultaria de “meras” adaptações
criativas da peça “Play”, preservando-se a essência desta última, com a manutenção do número de
atores e da própria temática atinente às relações humanas, verificando se tratar, a rigor, de uma nova
peça cuja execução deu-se à revelia do Ministério competente.
19. No entanto, observou a Unidade, embora se reconheçam legítimas as razões invocadas pelo
MinC para reprovar a prestação de contas, pelo não cumprimento do objeto, nos exatos termos do que
havia sido pactuado (peça 1, p. 137), a documentação carreada aos autos a título de prestação de
contas (peça 14) continha indícios de que foi realizado um espetáculo cultural, com circulação pelas
cidades Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza e Belém; e que contou com o
financiamento de recursos captados em conformidade com a Lei Rouanet.
20. No caso, observou-se que, se fosse confirmada a correta aplicação de recursos públicos, a
partir da confrontação dos comprovantes de pagamentos (recibos, notas fiscais etc.) com as
movimentações financeiras nos extratos bancários, atestando o nexo de causalidade entre a verba
arrecadada e os gastos informados na prestação de contas (peça 14), como também apurado que a
finalidade do espetáculo teatral “Anticorpos" atendia às diretrizes do Programa Nacional de Apoio à
Cultura (Pronac), a teor da Lei 8.313/1991, haveria respaldo jurídico para acolher em parte o
argumento da defesa de desvio de objeto.
21. Nesta seara, ainda que não atendido o escopo específico do projeto “Circulação da peça
Play”, havia indícios de que o espetáculo supostamente realizado pelo responsável (“Anticorpos”)
preservaria, em certa medida, o fim a que se destinam os recursos do Pronac, a configurar, portanto,
o caso de desvio de objeto, cuja caracterização afastaria a imputação de débito, segundo
jurisprudência interativa do Tribunal de Contas da União (Acórdão 312/2013, Rel.: Min. José Múcio
201

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Monteiro, da Primeira Câmara; Acórdão 2.516/2013, Rel.: Min. Marcos Bemquerer, da Segunda
Câmara; e Acórdão 210/2005, Rel.: Min. Guilherme Palmeira, do Plenário).
22. Observou-se, ainda, que o desvio de objeto nem sempre conduz à regularidade com ressalva
das contas, bem como à ausência de aplicação de penalidade. Portanto, o TCU também está atento
para as situações em que o descumprimento do que se pactuou originariamente, ainda que mantida a
finalidade essencial da despesa, evidencia grau de reprovação suficiente a ensejar o julgamento pela
irregularidade das contas, com aplicação de multa aos responsáveis (Acórdão 2606/2013-Plenário,
Rel.: Min. Benjamin Zymler). Nesses termos, “o desvio de objeto, mas não de finalidade, na execução
de despesas não enseja a restituição dos valores empregados, mas sujeita o responsável à pena
prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, por descumprimento do ajustado” (Acórdão 5304/2013-
TCU-1ª Câmara, Rel.: Min. Valmir Campelo; Acórdão 4374/2014-1ª Câmara, Rel.: Min. José Múcio
Monteiro).
23. No caso concreto, pesou contra o responsável o agravante de que o MinC recusou
solicitação por ele formulada no que se refere à alteração do projeto aprovado (peça “Play”). No
entanto, é necessário ressaltar que, em que pese a alteração de objeto ou de objetivos do projeto
cultural aprovado não fosse permitida pela Instrução Normativa n. 1, de 5/10/2010 do MinC, art. 60,
vigente à época da execução do projeto, a alteração do nome do projeto cultural é possível, segundo a
vigente IN n. 5, de 26/12/2017 (art.36). Desta feita, não parece lógico imputar-se ao proponente a
multa prevista na legislação do TCU, quando se verifica nos dias atuais, a possibilidade de alteração
do nome do espetáculo.
24. Em suas considerações, antes de efetuar a análise final de mérito, a SECEX/RJ opinou que
se deveria verificar se nos autos estavam presentes as premissas apontadas para a caracterização do
desvio de objeto, a saber: a) comprovação da correta aplicação dos recursos captados (Pronac
094106) na realização da peça “Anticorpos”, por meio da análise da prestação de contas enviada ao
MinC em 27/12/2012; e b) compatibilidade da espetáculo teatral “Anticorpos" com as diretrizes do
Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), conforme dispõe a Lei 8.313/1991.
25. Repare-se que o MinC reconheceu na resposta à diligência (peça 22, p.9) que o espetáculo
teatral Anticorpos encontrava-se em compatibilidade com as finalidades da Lei Rouanet. Assinalou,
ainda, no documento, que o responsável teria executado até mais do que foi previsto inicialmente,
visto que “(...) o proponente realizou apresentações teatrais em sete capitais brasileiras a preços
populares, promoveu bate-papos entre os atores do espetáculo e o público após cada apresentação e
comercializou a entrada a preços abaixo do pactuado”.
26. Por outra via, esta Unidade Técnica (SECEX/TCE) verificou a comprovação da maioria dos
gastos efetuados, além de constatar a execução física da peça “Anticorpos”, por meio de fotografias e
documentos acostados às peças 29-68, com os mesmos propósitos da peça Play, verificando-se a troca
de nome, sem se configurar um possível desvio de foco no objeto e objetivos. É de bom alvitre
asseverar, em que pesem os percalços administrativos na prestação de contas, o reconhecimento da
boa-fé do proponente, tendo em vista a não captação de recursos de forma integral e a realização,
ainda assim, de espetáculos culturais em 7 (sete) capitais brasileiras, propiciando o acesso da
população brasileira à cultura, promovida na forma de espetáculos teatrais, atendendo à Lei Rouanet,
sendo que, as finalidades culturais da Lei de Incentivo à Cultura foram executadas corretamente,
segundo destacado pelo próprio Ministério (peça 22, p.9).
27. Considerando, contudo, que foi detectada a não comprovação de algumas despesas de baixo
valor na prestação de contas, as quais não foram justificadas, propõe-se a rejeição parcial das
alegações de defesa e fixação de novo prazo para recolhimento da dívida, nos termos do art. 12, §§ 1º
e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno do TCU.
CONCLUSÃO
28. Em face da análise promovida nos itens 14 a 26 da Seção “Exame Técnico”, propõe-se
acolher parcialmente as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento,
em relação às despesas comprovadas na prestação de contas, e rejeitar parcialmente os demais
202

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

argumentos, porquanto não foram suficientes para elidir as irregularidades, considerando a não
comprovação de algumas despesas realizadas, conforme exposto na seção “Exame Técnico”, no
PRONAC 094106, financiado com recursos derivados de doações ou patrocínios, sob a égide da Lei
8.313/91.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
29. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) Rejeitar parcialmente as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Jonas Gadelha de
Andrade Bento (CPF 081.932.147-81), em relação às despesas não comprovadas na prestação de
contas, conforme item “b”;
b) fixar novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento
no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno, para que o Sr.
Jonas Gadelha de Andrade Bento efetue e comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das
quantias a seguir especificadas aos cofres do Fundo Nacional de Cultura, atualizada(s)
monetariamente a partir das datas indicadas até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na
legislação em vigor;
VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
4.600,00 9/3/2012
750,44 20/6/2012
16,15 28/6/2012
1.520,02 4/7/2012
470,77 19/7/2012
157,84 31/7/2012
520,00 31/7/2012
513,75 31/7/2012
Valor atualizado até 25/9/2018: R$ 12.501,08
c) informar o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento de que a liquidação tempestiva do débito
atualizado monetariamente saneará o processo e permitirá que as contas sejam julgadas regulares
com ressalva, dando-lhe quitação, nos termos do § 4º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, ao
passo que a ausência dessa liquidação tempestiva levará ao julgamento pela irregularidade das
contas, com imputação de débito a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nos
termos do art. 19 da Lei 8.443/1992, bem como à aplicação da multa prevista no art. 57 da mesma Lei
8.443/1992.”
12. O corpo diretivo da unidade técnica aquiesceu ao aludido encaminhamento (peças 72 e 73).
13. O Ministério Público junto ao TCU divergiu da proposta da Secex-TCE, conforme o
pronunciamento colacionado na sequência, transcrito apenas no essencial (peça 74):
“O Ministério Público de Contas da União, pelos motivos a seguir expostos, discorda da
proposta de encaminhamento consignada pela SecexTCE.
Nesse sentido, convém ressaltar que o encaminhamento sugerido pela unidade instrutiva parte
de duas premissas distintas. A uma, entendeu aquela secretaria que houve desvio do objeto pactuado,
motivo pelo qual as despesas cuja realização fosse comprovada não constituíram dano ao erário. A
duas, entendeu que elementos constantes nos autos autorizariam o reconhecimento da boa-fé do
responsável.
Especificamente quanto à primeira premissa – aquela relativa ao suposto desvio de objeto – o
MP de Contas diverge do encaminhamento proposto ao destacar que a alteração realizada pelo
responsável – contrária à manifestação expressa do MinC - alterou significativamente o objeto
inicialmente ajustado, o desvirtuou sobremaneira e deve, portanto, motivar a impugnação de todas as
despesas realizadas pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento.
203

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Veja-se que ao ser instado pelo responsável a autorizar a mudança de projeto “Circulação da
peça Play” para “Sala de Estar” (peça 1, pp 90/101), o MinC, por intermédio da Secretaria de
Fomento e Incentivo à Cultura, expediu o ofício nº 7.792/2011 – CGAA/DIC/SEFIC/MINC, de 27 de
setembro de 2011, segundo o qual informou “da impossibilidade de atendimento ao pleito, com
fundamento no disposto da Instrução Normativa nº 1, de 5 de outubro de 2010, que vedava a alteração
de objeto ou de objetivos de projetos culturais aprovados” (peça 1, p. 102).
O referido ofício também é preciso ao registrar que a alteração proposta pelo Sr. Jonas
Gadelha de Andrade Bento em muito descaracterizaria o projeto inicialmente aprovado pelo
Ministério da Cultura. Veja-se:
“Após análise da documentação enviada, concluímos que a proposta de alteração no projeto
em muito o descaracteriza. Houve, inclusive, o envio de um novo projeto, ficando, desta forma,
evidente a incompatibilidade das mudanças propostas com o projeto atualmente aprovado.
Desta forma, solicitamos a anuência acerca do recolhimento dos recursos já captados em favor
do Fundo Nacional de Cultura, para que procedamos ao arquivamento do projeto.
Ressaltamos que novas propostas de projetos culturais deverão ser apresentadas mediante
preenchimento on-line de formulário do Salic Web, programa disponível no sítio da Cultura na
internet, conforme já alertara o Oficio n° 6.876/2011 — CGAA/DIC/SEFIC/MINC.” (grifos
acrescidos)
Nesse cenário, entende o MP de Contas que o caso dos autos não se amolda à jurisprudência
desta Corte de Contas relacionada a desvio de objeto, pois os recursos captados foram aplicados de
forma diversa daquela prevista no plano de trabalho submetido à aprovação, mesmo quando o
Ministério da Cultura expressamente rechaçou essa hipótese.
É aplicável, neste caso em concreto, a inteligência do seguinte enunciado da jurisprudência
sistematizada dessa Corte de Contas, in verbis:
“A existência de precedentes jurisprudenciais do TCU nos quais não foi exigida a devolução de
valores de convênio aplicados com desvio de objeto não conduz, necessariamente, à dispensa da
devolução de valores aplicados em desconformidade com o plano de trabalho quando da análise da
prestação de contas pelo concedente, competindo a este, ou, se extinto, ao seu sucessor, avaliar a
regularidade da aplicação dos recursos transferidos (art. 63 da Portaria Interministerial
MP/MF/GCU 424/2016) .”
Assim, os valores captados, integralmente aplicados em projeto que não guardava correlação
com aquele previamente aprovado, devem ser restituídos aos cofres do Fundo Nacional da Cultura.
Passando à segunda premissa adotada pela unidade instrutiva – reconhecimento da boa-fé do
responsável – o MP de Contas dissente do encaminhamento proposto ao ponderar que os elementos
acostados aos autos indicam caminho diametralmente oposto, isto é, evidenciam que o responsável
agiu de má-fé quando da aplicação dos recursos captados por intermédio do projeto em comento.
Com efeito, convém lembrar que o responsável inicialmente submeteu ao MinC o projeto para a
execução do projeto intitulado “Play”. Aprovado tal projeto, o responsável, mesmo ciente das
limitações impostas pela legislação de regência – a qual vedava alterações nos projetos – pleiteou a
mudança do projeto “Play” para o projeto “Sala de Estar”, tendo recebido resposta negativa do
MinC.
O pior é que, não obstante a negativa, a qual se fez acompanhar de orientação para o
recolhimento dos recursos já captados em favor do Fundo Nacional de Cultura, o responsável a
desconsiderou e executou um terceiro projeto, desta feita intitulado “projeto Anticorpos”.
Esse contexto fático evidencia que o responsável não agiu de boa-fé, desrespeitou os
normativos e as orientações do MinC.
Dito isso, o MP de Contas entende que a boa-fé do responsável não se faz presente no caso sob
exame, motivo pelo qual pugna por que as contas do sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento sejam
prontamente julgadas irregulares.
III
204

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O Ministério Público de Contas, ante o exposto, propõe:


a) rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento (CPF
081.932.147-81);
b) julgar irregulares as contas do sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento (CPF 081.932.147-81),
com fundamento no art. 1º, 16, inciso III, alíneas “a” e “c”, 19, caput, e 23, inciso III, da Lei
8.443/1992 c/c com os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno do
TCU, condenando-o ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de
quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea
“a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres da Fundação Nacional de Saúde,
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas, até a data do recolhimento, e com o abatimento de valores acaso já satisfeitos, na
forma prevista na legislação em vigor.

Valor original Data da ocorrência Débito / (Crédito)


(R$)
200.000,00 24/12/2010 Débito
c) autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 219, inciso II, do RI/TCU, caso não atendida à notificação;
d) autorizar, desde logo, com fundamento no art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do
RI/TCU, caso seja do interesse do responsável, o parcelamento da dívida em até 36 (trinta e seis)
parcelas, incidindo sobre cada uma, corrigida monetariamente, os juros de mora devidos, sem
prejuízo de alertá-lo de que, caso optem por essa forma de pagamento, a falta de comprovação do
recolhimento de qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do
art. 26, parágrafo único, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217, § 2º, do RI/TCU;
e) dar ciência da deliberação que vier a ser proferida ao Procurador-Chefe da Procuradoria da
República do Rio de Janeiro, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do
RI/TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis, informando que seu inteiro teor estará
disponível para consulta no endereço www.tcu.gov.br/acordaos;e
f) dar ciência da deliberação que vier a ser proferida ao responsável, informando que seu
inteiro teor estará disponível para consulta no endereço www.tcu.gov.br/acordaos.”
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério da Cultura, por
intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, tendo em vista a ocorrência de supostas
irregularidades na utilização de recursos captados pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento, na forma
de doações ou patrocínios, sob a égide da Lei 8.313/1991 (Lei de Incentivo à Cultura).
2. Por meio da Portaria 20/2010, de 18/1/2010, o Ministério da Cultura aprovou o Projeto
“Circulação da Peça PLAY”, cadastrado no Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC sob o
nº. 094106, nos termos da proposta apresentada pelo referido proponente.
3. Para a consecução do objeto, foi autorizada a captação de R$ 318.742,67, de 19/1/2010 a
15/4/2010, tendo o prazo final sido posteriormente prorrogado para 31/12/2012. Ao final, foram
arrecadados R$ 200.000,00, com desbloqueio do montante em 24/12/2010 (peça 1, p. 46-48).
4. Na fase interna da tomada de contas especial, o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento solicitou
a alteração do projeto cultural para realizar a peça teatral intitulada “Sala de Estar” (peça 1, p. 54), o
que foi rejeitado pelo Ministério da Cultura, haja vista o disposto no art. 60, da Instrução Normativa 1,
de 5/10/2010 (peça 1, p. 102).
205

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. A despeito disso, o proponente apresentou prestação de contas de espetáculo distinto do


aprovado, denominado "Circulação da Peça Play - Anticorpos" (peça 1, p. 128-134), o que gerou a
reprovação das contas e a imputação de débito ao responsável, correspondente ao valor total captado,
tendo em vista a não execução do objeto e dos objetivos do projeto cultural (peça 1, p. 136-137 e
p.142-143).
6. A Controladoria Geral da União (CGU) emitiu relatório e certificado de auditoria opinando
pela irregularidade das contas. Após o parecer do dirigente do órgão de controle interno, o processo foi
remetido ao Ministro de Estado da Cultura, que tomou conhecimento das conclusões anteriores e
enviou o feito a esta Corte de Contas.
7. No âmbito deste Tribunal, autorizei a citação do Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento, na
qualidade de proponente do projeto, para que apresentasse alegações de defesa e/ou recolhesse a
quantia designada, “em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos
captados em função da execução do projeto aprovado pelo Ministério da Cultura (PRONAC 094106),
por intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura”.
8. Tendo em vista os elementos apresentados pelo responsável, a SECEX/RJ, em juízo
preliminar, entendeu que a prestação de contas, embora não previsse exatamente o evento original,
continha indícios de realização de um espetáculo cultural com circulação pelas mesmas cidades e com
financiamento de recursos captados em conformidade com a Lei Rouanet.
9. Diante da possibilidade de eventualmente qualificar a ocorrência como desvio de objeto, a
unidade técnica alvitrou a realização de prévia diligência ao Ministério da Cultura, para que o órgão
emitisse pronunciamento conclusivo acerca dos seguintes pontos:
“a.1) comprovação da boa e regular aplicação dos recursos captados (Pronac 094106) na
realização da peça “Anticorpos”, por meio da análise da prestação de contas enviada ao MinC em
27/12/2012; e
a.2) avaliação da compatibilidade do espetáculo teatral “Anticorpos" com as diretrizes do
Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), conforme dispõe a Lei 8.313/1991;”
10. O Ministério da Cultura apresentou resposta, relatando a ocorrência de várias falhas na
execução financeira dos recursos em exame, a exemplo ausência de comprovantes de despesas,
comprovantes de despesa ilegíveis, pagamento de itens não previstos no plano de trabalho, dentre
outras inconsistências.
11. No tocante à disseminação dos valores culturais com a peça “Anticorpos”, o órgão
reconheceu que o espetáculo teatral “(...) encontra-se em compatibilidade com as finalidades da Lei
Rouanet”. Ademais, assinalou, ainda, que o responsável teria executado até mais do que foi previsto
inicialmente, visto que “(...) o proponente realizou apresentações teatrais em sete capitais brasileiras
a preços populares, promoveu bate-papos entre os atores do espetáculo e o público após cada
apresentação e comercializou a entrada a preços abaixo do pactuado”.
12. Diante dos elementos acostados nos autos, determinei a realização de nova citação do
proponente, tendo em vista as ocorrências consignadas pelo Ministério da Cultura, no âmbito da
análise financeira da documentação encaminhada pelo responsável a título de prestação de contas.
13. A Secex/TCE analisou a documentação trazida pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento e
concluiu que ela era apta a justificar a maior parte das despesas impugnadas. Conforme a análise
transcrita no relatório que antecede este voto, a unidade técnica verificou que o responsável não logrou
demonstrar a regularidade dos seguintes dispêndios, por falta de documentos de suporte ou
inconsistências nos apresentados na defesa:
a) R$ 4.600,00 - cachê pago à atriz coadjuvante da peça, por meio da empresa Cine Crocodilo
Produções e Eventos Ltda., cujo recibo apresenta valor e data incompatíveis com a despesa declarada
na prestação de contas;
b) R$ 750,44, R$ 16,15, R$ 1.520,02, R$ 470,77 e R$ 157,84 – valores debitados na conta
corrente do projeto, em 20/6/2012, 28/6/2012, 4/7/2012, 19/7/2012 e 31/7/2012, com montantes
superiores aos comprovantes de despesa;
206

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) R$ 520,00 e R$ 513,75 – valores debitados na conta corrente do projeto, sem documentos de


suporte.
14. Quanto à realização de projeto distinto do aprovado pelo Ministério da Cultura, a Secex/TCE
entendeu que embora “não atendido o escopo específico do projeto “Circulação da peça Play”, havia
indícios de que o espetáculo realizado pelo responsável (“Anticorpos”) preservaria, em certa medida,
o fim a que se destinam os recursos do Pronac”. Desse modo, concluiu que estaria configurado desvio
de objeto na aplicação dos valores, o que possibilitava o afastamento do débito relativo às demais
despesas comprovadas, na linha da jurisprudência do TCU.
15. Ademais, a unidade técnica compreendeu que as circunstâncias fáticas verificadas no
presente caso - não captação de recursos de forma integral e realização, ainda assim, de espetáculos
culturais em 7 (sete) capitais brasileiras – permitiam reconhecer a boa-fé do responsável. Por essa
razão, propôs a fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito indicado no item
13 supra.
16. O Ministério Público de Contas divergiu da análise e do encaminhamento supramencionados.
17. Na visão do representante do Parquet, a alteração realizada pelo proponente desvirtuou
sobremaneira o objeto aprovado, motivo pelo qual cabia a impugnação de todas as despesas realizadas
com os recursos captados. Ademais, o Procurador do MPTCU aduziu que não era possível reconhecer
a boa-fé do responsável, pois ele executou projeto distinto do aprovado, não obstante a negativa do
Ministério da Cultura, após pedido de modificação formulado pelo defendente.
18. Sendo assim, alvitrou que as contas do Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento fossem julgadas
irregulares, com imputação do débito equivalente ao montante total dos valores obtidos.
19. Feito esse necessário resumo, passo a decidir.
20. Manifesto-me de acordo com a análise e o encaminhamento realizados pela Secex/TCE.
21. Conforme visto, o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento obteve autorização para a captação
de recursos com vistas à execução do Projeto “Circulação da Peça PLAY”, mas realizou espetáculo
distinto do aprovado, denominado “Circulação da Peça Play – Anticorpos”.
22. Dessa forma, é assente que o responsável incorreu em desvio de objeto, em afronta direta ao
art. 60 da Instrução Normativa 1, de 5/10/2010, do Ministério da Cultura. A questão que se põe, nesse
cenário, é definir qual a consequência da violação a essa norma infralegal, no que se refere ao
julgamento das contas e à devolução dos valores obtidos para a realização do projeto.
23. A respeito do assunto, não se pode perder de vista que as regras jurídicas, em especial as
formuladas no campo do Direito Administrativo, são instrumentais ao atendimento do interesse
público.
24. Nesse cenário, as disposições infralegais contidas na aludida instrução normativa tem como
propósito disciplinar os procedimentos para apresentação, recebimento, análise, aprovação, execução,
acompanhamento e prestação de contas de propostas culturais, com vistas ao cumprimento das
finalidades do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), estatuídas na Lei 8.313/1991 (Lei de
Incentivo à Cultura).
25. No presente caso, verifico que o próprio Ministério da Cultura declarou, em resposta à
diligência que lhe foi endereçada que a peça executada estava “em compatibilidade com as finalidades
da Lei Rouanet”. Logo, considero de extremo rigor determinar a devolução de recursos captados, uma
vez que não houve desvio de finalidade, circunstância essencial para o juízo de valor acerca da
ocorrência ou não de débito.
26. Compulsando a documentação aposta aos autos, verifico que o proponente trouxe a seguinte
justificativa ao órgão concedente para a não execução do projeto original (peça 1, p. 182):
“Ambas as peças de teatro, a aprovada e a executada, tem 4 atores no palco e são de teatro
contemporâneo, ou seja, tem mesmo estilo. Tentei dessa forma não causar mais prejuízos a todos os
envolvidos no projeto e já trabalhando.
Fui obrigado a tal atitude pois o autor resolveu em cima da hora não autorizar a execução da
mesma por problemas pessoais com a produção e elenco, me deixando, o proponente, sem saída.
207

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Problemas esses que já vinham acontecendo desde a primeira temporada que produzi através também
da Lei Rouanet e do Ministério da Cultura em 2009.
Optei por não desmarcar as pautas com todos os teatros já previamente agendados, todos os
produtores locais, atores já ensaiando e todos os envolvidos no projeto.”
27. Logo, não se pode desconsiderar que o responsável se viu diante de um sério dilema durante
a realização do projeto. Conforme exposto, restavam a ele duas alternativas: cancelar o projeto e
devolver os recursos ao FNAC ou, alternativamente, executar espetáculo distinto, com características
semelhantes ao primeiro e, segundo sua visão, dentro das finalidades do Pronac.
28. Obviamente o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento incorreu no risco de o Ministério da
Cultura não considerar a peça realizada como dentro dessas finalidades. Porém, é insofismável que a
sua opção por executar o projeto distinto, ao final, acabou por ser a decisão que proporcionou melhores
resultados ao interesse público, pois o espetáculo foi executado em várias cidades, ou seja, houve a
difusão de manifestação cultural em benefício do público atingido.
29. Ademais, há de se reconhecer que o proponente se deparou com um obstáculo real na
execução do projeto, o que atrai a incidência do art. 22, do Decreto-lei 4.657/1942 (Lei de Introdução
às normas do Direito Brasileiro), introduzido pela recém aprovada Lei 13.655/2018, no juízo de valor a
respeito das consequências jurídicas da violação do art. 60 da Instrução Normativa 1, de 5/10/2010:
“Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e
as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou
norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado
ou condicionado a ação do agente.”
30. Sendo assim, compreendo, em linha de concordância com a Secex/TCE, que a infração do
aludido dispositivo não tem o condão de, por si só, no presente caso concreto, ensejar o julgamento das
contas pela irregularidade e a imputação de débito equivalente ao valor total captado.
31. Sobre o posicionamento do Parquet de que houve alteração significativa do objeto aprovado,
trago as seguintes considerações. Compulsando a defesa apresentada pelo proponente na fase interna
da tomada de contas especial, observo que as peças aprovada e executada possuem as seguintes
sinopses:
a) Peça “Play”: “No palco, os quatro personagens revelam seus dilemas e conflitos. São
mentirosos e infiéis a si próprios e aos outros. Depois de anos fora da cidade, o artista Jonas
reencontra João, um amigo de faculdade que trai a mulher, Ana, com a cunhada, Cíntia. A relação
entre as irmãs é marcada por mentiras e comportamentos conflitantes. Ana não tem interesse em sexo,
enquanto Cíntia valoriza a sua sexualidade e gosta de provocar a irmã, o cunhado e o artista recém-
chegado. Aos poucos, cada personagem se envolve com o projeto de Jonas, que grava depoimentos de
mulheres falando com um video-tape, algo extremamente moderno e futurístico pra (sic) época. Para
ele, os vídeos são apenas um modo de se aproximar sem mentiras das pessoas”. (peça 1, p. 182)
b) Peça “Play – Anticorpos”: “Um casal, Luís e Anelise, num futuro distante, se separa diante de
suas incompatibilidades. Essa menina, Anelise, trabalha como empacotadora de presentes numa loja e
vai morar no apartamento onde o pai de Gloria, mora/morava. Seu chefe na loja de departamentos,
Jorge, não gosta dela e acaba virando melhor amigo de se ex-namorado Luís. Jorge e Gloria tem algo
em comum que afugenta Anelise e atrai Luís. Essa realidade/ficção nos mostra um mundo onde os
seres humanos têm maquinas como órgãos e suas qualidades são avaliadas através de suas
"atualizações", como verdadeiros computadores. Anelise, talvez, seja a última humana a não ter
nenhum tipo de ‘atualização’”. (peça 1, p. 183)
32. Em seu pedido de reconsideração ao parecer pela devolução dos recursos, no âmbito do
Ministério da Cultura, o responsável defendeu a semelhança dos objetos nos seguintes termos (peça 1,
p. 192):
208

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“A peça realizada, seja chamada Play ou Anticorpos, tratou das relações humanas entre
homens e mulheres e suas relações no dia a dia.
Assim, as adaptações realizadas na sinopse são meras adaptações criativas, visando o respeito
aos detentores de seus direitos autorais, comuns em espetáculos teatrais e obras audiovisuais, não
podendo ser consideradas desvio de objeto.
(...)
Como forma de corroborar com o exposto enviamos, em anexo, parecer de especialista
atestando a similaridade entre as peças Play e Anticorpos.”
33. Adiante, ele prossegue (peça 1, p. 193):
“Destacamos que, em sede de recurso administrativo, ante a omissão da legislação, entendeu a
Consultoria Jurídica do próprio Ministério da Cultura pela aprovação da prestação de contas de
projeto questionado quanto à alteração de seu nome, sem necessidade de devolução dos recursos.
Segundo a CONJUR, no Parecer n. 926/2005 — CJ/MIN exarado nos autos do processo n.
01400.011067/99-89 (fls. 611):
‘Para todos os efeitos, o nome do projeto revela-se juridicamente irrelevante, se este não foi
modificado nos seus objetivos essenciais" (Grifo Nosso).
Assim, entendendo que os objetivos essenciais do projeto foram cumpridos, ante a demonstração
do cumprimento de seu objeto, acima, torna-se juridicamente irrelevante a alteração do nome do
projeto para fins de indeferimento da prestação de contas e solicitação de devolução dos recursos
captados.”
34. Dessa forma, apesar de não ter ocorrido a mera alteração do nome das peças, como se
depreende da leitura das sinopses, compreendo que os dois objetos guardam certa semelhança,
conforme exposto no parecer do produtor cinematográfico Sr. Lucas Paraízo (peça 1, p. 198). Por mais
esse motivo, julgo adequada a proposta trazida pela Secex/TCE de não imputar débito integral ao
responsável
35. Sobre a execução financeira do projeto, observo que o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento
conseguiu comprovar a regularidade da maior parte das despesas impugnadas originalmente, tendo
sobejado como irregulares apenas os dispêndios indicados no item 13 supra, por falta de documentos
de suporte ou inconsistências nos apresentados na defesa.
36. Logo, correta a decisão de impor ao aludido responsável o dever de ressarcir os valores cuja
regular execução não restou demonstrada.
37. Sobre a comprovação ou não de boa-fé do proponente, ressalto que a jurisprudência do
Tribunal se consolidou no sentido de que se deve examinar a boa-fé objetiva, a qual, nas palavras de
Luiz Felipe Bezerra Almeida Simões “leva em consideração a prática efetiva e as consequências de
determinado ato à luz de um modelo de conduta social, adotada por um homem leal, cauteloso e
diligente, em lugar de indagar-se simplesmente sobre a intenção daquele que efetivamente o praticou”
(SIMÕES, Luiz Felipe Bezerra Almeida. A Caracterização da Boa-fé nos Processos de Contas. Revista
do Tribunal de Contas da União. Brasília, v. 32, n. 88, abr/jun 2001, p. 73).
38. Tomando por base essas premissas, observo que o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento
consultou o Ministério da Cultura a respeito da possibilidade de alteração do espetáculo e, a despeito
da resposta negativa do órgão, tomou a decisão de assim proceder, sopesando as consequências
concretas de sua opção, a saber: a superveniência de eventuais prejuízos financeiros decorrentes do
cancelamento do espetáculo, além da própria não realização da manifestação cultural em face da
necessidade de devolução dos recursos captados.
39. Desse modo, considerando os obstáculos reais enfrentados pelo responsável, entendo que a
sua opção por executar o objeto diverso do aprovado se insere como uma decisão razoável, dentre as
disponíveis em face das circunstâncias do caso concreto, sob o ponto de vista de cumprimento do
interesse público. Outrossim, não se pode olvidar que tal opção, embora dissonante com a Instrução
Normativa 1, de 5/10/2010, do Ministério da Cultura, acabou por cumprir de outra forma a finalidade
da política pública em análise, consoante já exposto.
209

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

40. Sendo assim, compreendo que não é possível afirmar que o Sr. José Antônio Nogueira de
Sousa, no presente caso, agiu em desacordo com a conduta esperada de um homem cauteloso e
diligente, isto é, violou o postulado da boa-fé objetiva.

41. Com isso, reputo adequada a proposta da unidade técnica de fixar novo e improrrogável
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que o proponente efetue e comprove, perante este
Tribunal, o recolhimento do débito apurado.
42. Diante de todo o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2679/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 001.486/2016-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto II – Tomada de Contas Especial
3. Responsável: Jonas Gadelha de Andrade Bento (081.932.147-81).
4. Entidade: Ministério da Cultura; Secretaria de Fomento e Incentivo Fomento à Cultura.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (SecexTCE).
8. Representação legal: Ana Carolina Paulon Capozzi (356.133/OAB-SP) e outros,
representando Jonas Gadelha de Andrade Bento.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de tomada de contas especial instaurada
pelo Ministério da Cultura, por intermédio da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, tendo em
vista a ocorrência de supostas irregularidades na utilização de recursos captados pelo Sr. Jonas
Gadelha de Andrade Bento, na forma de doações ou patrocínios, sob a égide da Lei 8.313/1991 (Lei de
Incentivo à Cultura),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. rejeitar parcialmente as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Jonas Gadelha de Andrade
Bento, em relação às despesas não comprovadas na prestação de contas, conforme a letra “b” do item 2
do ofício de citação;
9.2. fixar novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento
no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno, para que o
responsável efetue e comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das quantias a seguir
especificadas aos cofres do Fundo Nacional de Cultura, atualizada(s) monetariamente a partir das datas
indicadas até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
4.600,00 9/3/2012
750,44 20/6/2012
16,15 28/6/2012
1.520,02 4/7/2012
470,77 19/7/2012
157,84 31/7/2012
210

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

520,00 31/7/2012
513,75 31/7/2012

9.3. informar o Sr. Jonas Gadelha de Andrade Bento de que a liquidação tempestiva do débito
atualizado monetariamente saneará o processo e permitirá que as contas sejam julgadas regulares com
ressalva, dando-lhe quitação, nos termos do § 4º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, ao passo
que a ausência dessa liquidação tempestiva levará ao julgamento pela irregularidade das contas, com
imputação de débito a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nos termos do
art. 19 da Lei 8.443/1992, bem como à aplicação da multa prevista no art. 57 da mesma Lei
8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2679-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE I – 1ª Câmara


TC 002.038/2014-5
Natureza: Embargos de Declaração (Tomada de Contas Especial)
Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Paulista - PE
Responsáveis: Antônio Wilson Speck (004.821.704-25); Yves Ribeiro de Albuquerque
(091.986.874-68)
Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Paulista - PE
Representação legal: Gilberto Lopes de Albuquerque Filho (21.397/OAB-PE) e outros,
representando Yves Ribeiro de Albuquerque; Carlos Henrique Vieira de Andrada (12135/OAB-PE) e
outros, representando Antônio Wilson Speck.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO 337/2002. OBRAS DE


MICRODRENAGEM, COM IMPLANTAÇÃO DE REDE PLUVIAL, REGULARIZAÇÃO DE
CANAL E MEIO FIO. INSUFICIÊNCIA DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DE EX-GESTOR PARA
COMPROVAR O CORRETO EMPREGO DOS RECURSOS PÚBLICOS NA REALIZAÇÃO DO
OBJETO DA AVENÇA. ÔNUS DO RESPONSÁVEL PARA DEMONSTRAR A REGULARIDADE
NA GESTÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS. CONTAS IRREGULARES, COM DÉBITO E
MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. CONHECIMENTO. INEXISTÊNCIA DE
PREJUÍZO NA NÃO CITAÇÃO DE EVENTUAIS OUTROS RESPONSÁVEIS. INEXECUÇÃO
PARCIAL DO OBJETO PACTUADO. ALTERAÇÃO UNILATERAL DO PLANO DE TRABALHO
PELO CONVENENTE, SEM A PRÉVIA E OBRIGATÓRIA APRECIAÇÃO E APROVAÇÃO DO
CONCEDENTE. PARCELA EXECUTADA DE FORMA IRREGULAR NÃO APRESENTA
FUNCIONALIDADE E COMPROMETE O ALCANCE DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS ESPERADOS
DO EMPREENDIMENTO. RELATÓRIOS DE VISTORIA IN LOCO DOS ÓRGÃOS
REPASSADORES CONTAM COM PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE.
NEGATIVA DE PROVIMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO.
REJEIÇÃO.

RELATÓRIO
211

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque (peça 72) em
desfavor do Acórdão 1.142/2019-1ª Câmara, lavrado nos seguintes termos:

“VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia recurso de reconsideração


interposto pelo Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque contra o Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara, por meio
do qual este Tribunal julgou Tomada de Contas Especial instaurada pelo Ministério da Integração
Nacional, em decorrência da execução parcial do objeto do Convênio 337/2002, celebrado entre o
Município de Paulista/PE e o mencionado órgão ministerial, visando à execução de obras de
microdrenagem com implantação de rede pluvial, regularização de canal e meio fio com linha d’água
no Bairro Pau Amarelo,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer e negar provimento
ao presente recurso de reconsideração, mantendo-se inalterado o Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara;
9.2. dar ciência deste acórdão ao recorrente.”
2. A peça recursal do Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque, após contextualizar o julgado recorrido,
aponta omissão no acórdão embargado, no que concerne ao pedido de convalidação do ato, em virtude
de necessidade de adequação do projeto às situações de campo verificadas na execução do Convênio
337/2002.
3. Neste ponto, o embargante faz alusão aos termos de petição dirigida ao então Diretor de
Gestão Interna da Secretaria Executiva do Ministério da Integração, em 21/12/2012, que assim aduz
(grifos no original):
“Pelo que se extrai dos autos do processo em epígrafe, de fato ocorreu a necessidade de
alteração dos termos inicial do projeto, de modo a atender às necessidades encontradas no decorrer
da execução dos serviços, sendo necessária a confecção de estudos técnicos e nova contratação com
os fins de atender o objetivo do Convênio celebrado, adequando a meta física inicialmente
delimitada de modo de se pudesse se compatibilizar com a realidade existente na localidade.”
4. Aduz que a referida alteração se deu exclusivamente por conta de dificuldade verificada no
terreno, que impossibilitava a continuidade da obra nos moldes do projeto básico original, conforme
justificativa técnica de lavra dos engenheiros José Paes Xavier Nunes e Gustavo Nunes Caminha, já
inclusa nos autos.
5. O embargante prossegue afirmando que o objeto do convênio foi efetivamente executado,
com esta pequena ressalva de ter sido adequado às realidades locais, com a devida modificação e
respectiva aprovação do novo projeto, ainda que, por equívoco, não tenha sido feita a respectiva
formalização. Assim, foi requerida a consequente convalidação ao Ministério da Integração Nacional.
6. Perante tal situação, os interesses dos munícipes de Paulista/PE teriam sido plenamente
atingidos pela alteração ao plano de trabalho inicial, já que se executado como inicialmente previsto,
não se atingiria a finalidade a que se propôs o convênio, ou seja, eliminar um ponto crítico de
alagamentos.
7. Por fim, alega que o embargante que a obrigação de reparar dano decorre de ação, omissão
voluntária, negligência ou imperícia, viola direito ou causa prejuízo a outrem, nos termos do art. 159
do CC, o que não resta demonstrado em relação ao embargante, o qual ainda frisa que o presente caso
não versa sobre superfaturamento, inexecução de serviços ou qualquer outra irregularidade grave.
8. Assim, o embargante requer o provimento dos seus embargos solicitando “Que no pedido da
alínea X, não houve decisão nem pronunciamento acerca do fato exposto e pedido, (artigos 1.022 c/c
489 do CPC), dignando-se o Juízo a completar o acórdão para discriminar omissão existente no
trecho que a considera omissa, por questão de justiça”.
É o Relatório.
212

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VOTO

Preliminarmente, os presentes embargos de declaração devem ser conhecidos, tendo em vista o


preenchimento dos requisitos necessários.
2. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque, ex-
prefeito do Município de Paulista/PE, em desfavor do Acórdão 1.142/2019-1ª Câmara, decisão por
meio do qual o TCU negou provimento ao recurso de reconsideração interposto pelo ora embargante
em face do Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara.
3. Faço uma breve síntese do presente processo antes de iniciar o exame das razões recursais.
4. O feito tratou originalmente de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério da
Integração Nacional, em nome dos Srs. Antônio Wilson Speck e Yves Ribeiro de Albuquerque, ex-
prefeitos, respectivamente nas gestões de 2000-2004 e 2005-2008, em decorrência da execução parcial
do objeto do Convênio 337/2002, celebrado entre o Município de Paulista/PE e o referido órgão
ministerial, visando à realização de obras de microdrenagem com implantação de rede pluvial,
regularização de canal e meio fio com linha d’água no Bairro Pau Amarelo.
5. Para a execução do objeto pactuado, foram previstos no ajuste R$ 1.980.533,22, dos quais R$
1.800.000,00 couberam à União e R$ 180.533,22 ao município convenente, a título de contrapartida.
6. O plano de trabalho aprovado contemplava sistema de drenagem profunda ou subterrânea, no
qual a rede pluvial seria construída com tubos de concreto. Entretanto, o tomador de contas constatou,
por meio de vistorias in loco, que dos 1.484 m de drenagem com tubo de concreto previstos no plano
de trabalho integrante do Convênio 337/2002 somente 535 metros foram executados corretamente.
7. O concedente apurou ainda que houve alteração da especificação da drenagem profunda
prevista no instrumento de repasse, modificando-a para um sistema de drenagem superficial, isto é,
com canaletas, em ruas transversais, sem a prévia apreciação e aprovação do concedente. Parte do
empreendimento construída com canaletas não apresentou funcionalidade, e, portanto, comprometeu o
alcance dos benefícios sociais do empreendimento, segundo afirmou o mencionado órgão ministerial.
8. Tais fatos ensejaram o julgamento pela irregularidade das contas do embargante, procedido
pelo Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara, com a consequente condenação do responsável ao pagamento do
débito apurado, no valor de R$ 236.707,43 (a preços históricos) e da multa prevista no art. 57 da
LOTCU, fixada em R$ 40.000,00.
9. Inconformado com o referido desfecho processual, o Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque
interpôs recurso de reconsideração, o qual teve provimento negado pelo Acórdão 1.142/2019-1ª
Câmara.
10. Nesta etapa processual, o aludido responsável opôs os embargos declaratórios ora em
apreciação. Em seu recurso, o embargante aponta omissão no acórdão embargado, aduzindo em síntese
que a alteração do objeto conveniado ocorreu exclusivamente por conta de dificuldade verificada no
terreno, que impossibilitava a continuidade da obra nos moldes do projeto básico original, o que
ensejou o pedido de convalidação do ato ao então Ministério da Integração Nacional, em virtude de
necessidade de adequação do projeto às situações de campo verificadas na execução do Convênio
337/2002.
11. O embargante prossegue afirmando que o objeto do convênio foi efetivamente executado,
com esta pequena ressalva de ter sido adequado às realidades locais.
12. Finalmente, o embargante aduz que a obrigação de reparar dano decorre de ação, omissão
voluntária, negligência ou imperícia, viola direito ou causa prejuízo a outrem, nos termos do art. 159
do CC, o que não resta demonstrado em relação ao embargante, o qual ainda frisa que o presente caso
não versa sobre superfaturamento, inexecução de serviços ou qualquer outra irregularidade grave.
13. Considero que não subsiste a omissão suscitada pela embargante. Ao contrário, o voto
condutor do Acórdão 1.142/2019-1ª Câmara, em seu 15º parágrafo, concluiu pela existência de graves
irregularidades na execução do objeto conveniado, que não chegou a ser executado completamente e a
213

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

parte concluída não apresentou a funcionalidade desejada, conforme constatado nas vistorias do órgão
concedente.
14. A questão também foi abordada no exame realizado pela Secretaria de Recursos, o qual
adotei como razões de decidir, in verbis:
“40. No tocante ao fato de que a alteração se deu exclusivamente por conta de dificuldade
verificada no terreno, que impossibilitava a continuidade da obra nos moldes do projeto básico
original, tal fato não justifica a alteração unilateral do acordo sem prévia aprovação da concedente.
41. Ainda, contra a tese de eventual benefício social da alteração do projeto e respectiva
execução do objeto, cabe reiterar o registro de funcionalidade comprometida e baixa qualidade dos
serviços executados, conforme constatação do concedente em fiscalização in loco (peça 14, p. 133):
29. Como visto, não houve execução completa do objeto pactuado. A parte construída em
desacordo com as especificações do Plano de Trabalho, isto é, o sistema de drenagem superficial
tinha funcionalidade comprometida, estava “totalmente tomado por vegetação e com esgoto
lançado”, conforme constatou o concedente em vistoria in loco (peça 14, p. 133), situação
desfavorável à eliminação das condições de insalubridade da população local. Afirmou o MI que as
alterações das metas previstas no Plano de Trabalho, sem a devida aprovação do concedente,
ocasionaram “a execução de serviços de baixa qualidade e funcionalidade deficitária, além de
quantitativos menores que o previsto (...) ” (peça 15, 170). Nesse contexto, o concedente somente
aceitou a parcela executada de acordo com o Plano de Trabalho aprovado e que estava em plena
funcionalidade. (Item do Acórdão 3.886/2018-TCU-1ª Câmara)
42. Por fim, cabe frisar que os relatórios de vistoria in loco dos órgãos repassadores contam
com presunção de veracidade e legitimidade, a qual só pode ser descaracterizada mediante a
apresentação de prova robusta em contrário, o que não houve no presente caso....”
15. No que tange ao suposto pedido de convalidação dos atos encaminhado ao Ministério da
Integração Nacional, insta ressaltar que o órgão repassador não poderia convalidar as graves falhas
observadas na execução do plano de trabalho, sob pena de haver responsabilidade solidária de agentes
públicos do concedente pelo débito. A presente tomada de contas especial decorre exatamente da não
convalidação da alteração indevida do objeto conveniado pelo órgão repassador.
16. A exame do referido pedido de convalidação também matéria de detida análise da instrução
de mérito da então Secex-PE, a qual fundamentou o Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara, conforme excerto
reproduzido a seguir:
“39. Ressalta-se que, antes de iniciar a execução, o responsável chegou a submeter ao MI um
relatório sucinto no qual, de forma superficial, são comunicadas as alterações do projeto da obra da
rede de drenagem, conforme acostado na peça 4, p. 74-172, mais precisamente no item 2.1 da p. 80.
Todavia, é válido destacar que, em conjunto a este relatório, não foram encaminhados estudos
técnicos, pareceres, laudos e/ou os novos projetos reformadores, de forma a dar embasamento e
fornecer subsídios para que o concedente analisasse tais alterações. O relatório valeu-se apenas como
um sucinto comunicado, contendo uma brevíssima explanação do andamento das obras e das
alterações realizadas no projeto, podendo esta ausência de elementos técnicos ser a razão da não
manifestação por parte do corpo técnico do MI. Além disso, neste comunicado, não há manifestação
expressa da prefeitura ao MI solicitando a análise e posterior aprovação das alterações do projeto do
empreendimento.
40. Ou seja, ao contrário do que alega o responsável, este tinha conhecimento pleno das
alterações ocorridas no projeto, e decidiu executá-las sem a anuência do MI. Ao alterar
unilateralmente o projeto inicial, o responsável tomou para si todo o risco sobre a regular execução
da rede de drenagem.
41. Segundo informações constantes no relatório de vistoria in loco do MI (Relatório de
Inspeção-Sedec/MI 14/2011-LCCF - peça 14, p. 127-135), tais alterações no projeto de drenagem (de
profunda para superficial) prejudicaram a funcionalidade plena do empreendimento, cabendo este
prejuízo recair sob a responsabilidade do convenente, conforme jurisprudência desta Corte,
214

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

notadamente o Acórdão 3.372/2011-TCU-2ª Câmara (rel. Min. José Jorge), o qual determina que ‘é
de responsabilidade do convenente a deficiência dos projetos apresentados na formulação do seu
pleito, bem como a sua alteração unilateral sem a anuência expressa do órgão concedente’.
42. Independentemente dos motivos que ensejaram a alteração do projeto, o fato é que o ex-
prefeito deu consecução às obras sem anuência expressa do órgão concedente, o que teve sérias
implicações para o convênio sob o aspecto da sua funcionalidade. Tal conclusão encontra-se
assentada nos relatórios e pareceres do MI, os quais apontam que as obras executadas sob a égide do
convênio não alcançaram os benefícios sociais esperados, em decorrência de não ter acompanhado o
disposto no plano de trabalho, alterando a sua Meta 1 - Rede Pluvial com tubos de concreto.”
17. Ao contrário do alegado pelo embargante, não foi apenas essa alteração no plano de trabalho
o motivo de sua condenação. Além da modificação do projeto não ter obtido o crivo da área técnica do
Ministério da Integração Nacional, sendo implementada de forma unilateral pelo ora embargante, tal
mudança ocasionou a execução de serviços de baixa qualidade e funcionalidade deficitária, além de
quantitativos menores que o previsto, conforme relatado pelo Parecer Financeiro-Secex/MI 150/2013
(peça 15, p. 170).
18. Nesse mesmo sentido, quanto a não funcionalidade da obra no tocante à alteração do plano
de trabalho aprovado pelo MI, vários relatos estão expostos nos pareceres e relatórios do concedente,
notadamente no Relatório de Inspeção-Sedec/MI 6/2010-EBS (peça 12, p. 356); Relatório de Inspeção-
Sedec/MI 14/2011-LCCF (peça 14, p. 133); Parecer Técnico Definitivo-Sedec/MI 3/2012-LCCF (peça
15, p. 50) e na Informação Técnica VSA/DRR/SEDEC/MIN 35 (peça 15, p. 96), a qual menciona que:
“26. No presente caso, entretanto, não houve qualquer proposta formalizada e justificada de
alteração de objeto para reduzir ou excluir metas. O que ocorreu foi uma alteração unilateral do objeto
do convênio sem a anuência do órgão repassador dos recursos.
(...)
29. Acerca da funcionalidade, quando o Relatório de Inspeção, n. 006/2010-EBS aduz que, ‘dos
1.484,00 metros propostos, apenas 535,00 metros encontravam-se atendendo sua finalidade social, ou
seja encontravam-se em funcionamento’, este afirma, portanto, que a obra está com a sua
funcionalidade comprometida.
30. O Relatório de Inspeção n. 014/2011 - LCCF (1598/1602) reafirma a inexecução parcial das
obras do sistema de drenagem e assevera que ‘o método aplicado não aparenta boa funcionalidade
(...)’, não justifica, salvo melhor juízo a supressão do método anteriormente aprovado e, em hipótese
alguma; poderia ter sido executado sem o consentimento desta Secretaria”. (grifos acrescidos).
19. Outrossim, considero que o embargante foi o responsável direto pela alteração não autorizada
e unilateral do projeto pactuado, que teve como resultado falta de funcionalidade e não atingimento das
metas pactuadas. Assim, resta caracterizado o liame direto entre a conduta culposa do responsável e o
dano verificado, o que justifica a sua condenação ao pagamento do débito apurado e da multa que lhe
foi aplicada.
20. Portanto, os presentes embargos de declaração devem ser rejeitados, mantendo-se inalterada
a decisão recorrida.
Ante o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2680/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 002.038/2014-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Antônio Wilson Speck (004.821.704-25); Yves Ribeiro de Albuquerque
(091.986.874-68)
3.2. Recorrente: Yves Ribeiro de Albuquerque (091.986.874-68).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Paulista - PE.
215

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. Relator: Ministro Benjamin Zymler


5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado de
Pernambuco (Sec-PE).
8. Representação legal:
8.1. Gilberto Lopes de Albuquerque Filho (21.397/OAB-PE) e outros, representando Yves
Ribeiro de Albuquerque.
8.2. Carlos Henrique Vieira de Andrada (12135/OAB-PE) e outros, representando Antônio
Wilson Speck.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Yves
Ribeiro de Albuquerque ao Acórdão 1.142/2019-1ª Câmara, que negou provimento a recurso de
reconsideração interposto pelo responsável contra o Acórdão 3.886/2018-1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pelo Sr. Yves Ribeiro de Albuquerque, para,
no mérito, rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação ao embargante.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2680-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 003.238/2015-6
Natureza: Recurso de reconsideração em Tomada de Contas Especial
Entidades: Município de Maracaju - MS e Ministério do Turismo
Responsável: Celso Luiz da Silva Vargas (519.587.401-87)
Representação legal: Erimar Hildebrando (OAB 9393/MS), em nome de Celso Luiz da Silva
Vargas.

SUMÁRIO: SUMÁRIO: RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO EM TOMADA DE CONTAS


ESPECIAL. CONVÊNIO PARA A REALIZAÇÃO DE EVENTO. NÃO COMPROVAÇÃO DA
BOA E REGULAR APLICAÇÃO DOS RECURSOS TRANSFERIDOS. COBRANÇA DE
INGRESSOS E EXISTÊNCIA DE PATROCINADORES COM RECURSOS NÃO INCLUÍDOS NA
PRESTAÇÃO DE CONTAS. DÉBITO. IRREGULARIDADE DAS CONTAS. MULTA
PROPORCIONAL AO DÉBITO. RAZÕES RECURSAIS INSUFICIENTES PARA ALTERAR A
DELIBERAÇÃO RECORRIDA. BOA-FÉ NÃO COMPROVADA. DEVOLUÇÃO DO SALDO
REMANESCENTE DO CONVÊNIO. CONHECIMENTO E PROVIMENTO PARCIAL.

RELATÓRIO
216

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cuidam os autos de recurso de reconsideração interposto pelo Sr. Celso Luiz da Silva Vargas
contra o Acórdão 8594/2018-1ª Câmara.
2. O presente feito trata, originalmente, de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério
do Turismo (MTur) em razão da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos recebidos
no âmbito do Convênio Siconv 732847/2010, cujo objeto era o apoio à realização da “16ª Festa da
Linguiça de Maracaju”.
3. O ajuste, com vigência de 30/4 a 31/7/2010, previa um aporte total de R$ 180.500,00, com a
seguinte composição: R$ 40.500,00, de contrapartida do Município, e R$ 140.000,00, repassados pelo
Ministério, os quais foram liberados em única parcela, mediante a OB 800829, de 24/6/2010 (peça 2,
p. 40-76 e 245).
4. Na fase preliminar do feito, o Sr. Celso Luiz da Silva Vargas, ex-prefeito de Maracaju/MS
(gestão 2009-2012), foi citado em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos
recursos repassados por meio da aludida avença “(...) em face do não atendimento dos requisitos de
elegibilidade do ajuste, conforme apontado nas Nota Técnica 410/2012, de 3/5/2012 (peça 2, p. 82-
94), 410/2012, de 28/12/2012 (peça 2, p. 114-124), 323/2013, de 27/3/2013 (peça 2, p. 144-148) e
114/2013, de 19/4/2013 (peça 2, p. 160-164)”.
5. Apesar de o responsável ter tomado ciência do expediente que lhe foi encaminhado, não
atendeu a citação, tendo quedado revel. A então denominada Secex/MS deu prosseguimento ao exame
da matéria e, na sequência, o processo foi apreciado pelo Tribunal, que decidiu julgar irregulares as
contas do Sr. Celso Luiz da Silva Vargas e condená-lo ao pagamento do débito e da multa
especificados nos subitens 9.2 e 9.3 do decisum.
6. Irresignado com esta deliberação, o responsável ingressou com o presente recurso de
reconsideração, o qual recebeu a seguinte análise no âmbito da Serur, transcrita parcialmente com os
ajustes de forma que entendi pertinentes:
“4. A prestação de contas final foi encaminhada por meio de ofícios de 25/8/2010 e 26/10/2012,
pelo gestor. A documentação foi analisada pelo MTur por meio de diversas notas técnicas, a exemplo
da nota datada de 27/3/2013, que concluiu pela reprovação da execução física do objeto do convênio
(peça 2, p. 80, 212-214 e 144-148).
5. Em despacho de 17/6/2013, os autos foram encaminhados para o setor responsável pela
instauração de tomada de contas especial (TCE), após esgotadas as medidas administrativas internas
para o ressarcimento do erário. Em 8/1/2014, foi emitido o Relatório do Tomador de Contas Especial
que conclui pela ocorrência de débito total no convênio e pela responsabilidade do ex-prefeito, em
função das seguintes irregularidades (peça 2, p. 218 e 224-235):
a) não comprovação de aluguel de dois tipos de tendas;
b) cobrança de ingressos, apesar de declaração de gratuidade do evento;
c) não apresentação de declaração informando os demais patrocinadores do evento.
6. Por ofício de 4/3/2014, os autos foram enviados para a Controladoria Geral da União
(CGU), a qual emitiu o relatório de auditoria ratificando o valor do débito apurado, com a ressalva
de que o gestor, em 30/08/2010, devolveu aos cofres do Tesouro Nacional o saldo que constava da
conta corrente bancária (R$ 1.843,30) (peça 2, p. 243 e 255-258).
7. Em seguida, foram emitidos o certificado de auditoria e o parecer do dirigente do órgão de
controle interno, ambos em concordância com o relatório de auditoria. Após a emissão, em 6/2/2015,
do pronunciamento ministerial, os autos foram enviados a esta Corte de Contas (peça 2, p. 259-260 e
267).
8. Em instrução de 6/7/2016, foi proposto o arquivamento da TCE, sem cancelamento do débito.
Houve divergência por parte do supervisor do trabalho, no caso o diretor da Secretaria de Controle
Externo no Estado do Mato Grosso do Sul (Secex/MS), que entendeu pertinente promover a citação do
ex-prefeito pelo montante integral repassado (peças 3 e 4).
9. Ante a revelia do gestor, em instrução de 19/3/2018, foi proposta a irregularidade nas contas,
a condenação em débito pelo valor integral do convênio, além da aplicação de multa prevista no art.
217

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

57 da Lei 8.443/1992. A proposta foi acolhida pela Secex/MS e pelo Ministério Público junto ao TCU
(MPTCU) (peças 13-15).
10. Em seu voto, o Excelentíssimo Ministro Relator Vital do Rêgo concordou com a proposta da
unidade técnica e com o parecer do MPTCU, de forma que, em sessão de 7/8/2018, foi prolatado o
Acórdão 8594/2018 – TCU – 1ª Câmara. Em 17/8/2018, o ex-prefeito entrou com recurso contra a
decisão (peças 17, 18 e 24).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
11. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade constante à peça 26, ratificados pelo
relator, Exmo. Ministro Vital do Rêgo, nos termos dos artigos 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, c/c
o artigo 285 do RI/TCU, suspendendo-se os efeitos dos itens 9.1, 9.2, 9.3 e 9.4 do 8.594/2018 – TCU –
1ª Câmara em relação ao recorrente (peça 30).
EXAME TÉCNICO
12. Esta instrução se destina a analisar o recurso impetrado pelo ex-prefeito Celso Luiz da Silva
Vargas, por intermédio de seus advogados. Para o recorrente, não houve a demonstração de dolo ou
má-fé na sua conduta, tendo em vista que aplicou os recursos conforme o plano proposto e que houve
o cumprimento do objeto do convênio.
13. O gestor também reclama acerca de um valor devolvido que deveria ser abatido do seu
débito e das implicações relacionadas com a arrecadação de recursos oriundos da venda de ingressos
e de outras fontes. Por fim, entende que houve excesso no valor da multa a ele imputada.
14. Todas essas questões serão analisadas a seguir.
Argumentos do ex-prefeito Celso Luiz da Silva Vargas (peça 24)
15. Após breve sinopse dos fatos, o ex-prefeito esclarece que o objetivo do convênio, qual seja, o
fomento ao turismo, foi integralmente alcançado, mediante apoio à realização da “16ª Festa da
Linguiça de Maracaju”. Acrescenta, a cada realização, a festa alcança maiores dimensões, o que é
possível de ser verificado por meio de consulta à Internet (peça 24, p. 1-2).
16. Para o gestor, os vídeos e imagens enviadas demonstram a existência de tendas utilizadas
como praça de alimentação, o que atestaria o integral cumprimento dos itens do plano de trabalho,
inclusive em quantidade maior que a proposta. Explica que as informações acerca da cobrança de
ingressos não constam do plano de trabalho, porque essa cobrança não se encontra no rol de
atribuições do município (peça 24, p. 2-3).
17. O ex-prefeito informa que, desde sua primeira edição, a tradicional festa foi promovida pelo
Rotary Club e que o objetivo proposto foi promover o município para fomentar o comércio local com
a vinda de pessoas de outras regiões para participar da festa. Aduz que, para sua realização, a
prefeitura arcou com os encargos relativos a estrutura básica principal, como segurança, tendas,
banheiros, som, dentre outros (peça 24, p. 3).
18. Segundo sustenta, embora o convênio tenha visado a promoção do turismo, o evento teve o
objetivo de arrecadar recursos para filantropia, por meio do Rotary Club, entidade sem fins
lucrativos. Ressalta que os recursos arrecadados com bilheteria não foram geridos pelo município e
que não há qualquer indício de que o município tenha participado da organização ou da
comercialização de ingressos ou tenha arrecadado qualquer recurso, seja com bilheteria, seja com
outros patrocinadores (peça 24, p. 3).
19. Tece considerações sobre a dimensão da festa e esclarece que não é encargo do município
os produtos e serviços comercializados durante e no local do evento, mas a estrutura física.
Acrescenta que toda a gestão dessa comercialização é encargo do Rotary Club, o qual mobiliza
“outras entidades beneficentes para a promoção e arrecadação de recursos com destinação
exclusivamente filantrópica”. Por essa razão, segundo sustenta, existem outros patrocinadores (peça
24, p. 3-4).
20. Considera que a má-fé precisa ser provada, enquanto a boa-fé é a regra, conforme concluiu
o relatório de análise de contas. Entende que não se pode exigir prestação de contas de bilheteria ou
218

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de eventuais patrocínios, por não fazerem parte do plano de trabalho, extrapolando o objetivo
proposto no convênio (peça 24, p. 4).
21. De acordo com o gestor, tendo em vista que as provas e os elementos constantes dos autos
apontam para a regularidade do convênio, houve excesso na condenação, ou seja, devolução dos
recursos concedidos e multa de R$ 50.000,00. Lembra que, conforme registrado nos relatórios, em
30/8/2010, devolveu o saldo do convênio que restava em conta corrente, no valor de R$ 1.843,30
(peça 24, p. 4-5).
22. Dessa forma, entende que deve haver abatimento proporcional do valor devolvido e redução
na multa aplicada, na medida em que não há provas de má-fé, de culpa ou de descumprimento do
objeto. De acordo com o gestor, a multa aplicada pelo TCU pode alcançar até 100 % do valor do
débito (art. 57 da Lei 8443/1992 e art. 267 do RI/TCU) e que, no presente caso, foi desproporcional a
fixação da multa em 35 % à vista da única irregularidade consistente na ausência de prestação de
contas da bilheteria, fato que não configuraria qualquer prejuízo ao MTur ou à União (peça 24, p. 5).
23. Ao final, requer que o recurso seja recebido no efeito suspensivo e que, no mérito, seja
julgado procedente para reformar o acórdão e considerar regulares as contas, cancelando-se a multa
aplicada. Em anexo, junta cópias de pesquisas na Internet sobre a festa (peça 24, p. 5-10).
Análise
24. Observa-se, inicialmente, que o recorrente não apresentou alegações de defesa por ocasião
de sua citação, apesar de haver, nos autos, pedido de prorrogação de prazo de sua parte, deferido
pelo TCU (peças 9 e 12). Serão analisados, a seguir, os elementos apresentados pelo gestor.
Da ausência de demonstração de dolo ou má-fé nas condutas do gestor
25. Em sua defesa, o gestor alega que a má-fé precisa ser provada, pois a boa-fé é a regra. Por
isso entende que a multa aplicada deve ser reduzida, na medida em que não há provas de má-fé, de
culpa ou de descumprimento do objeto.
26. A verificação da boa-fé é disciplinada no TCU pelos artigos 12, § 2º, da Lei 8.443/1992 e
202 do Regimento Interno/TCU. Desses dispositivos, extrai-se que a boa-fé é examinada por ocasião
da resposta à citação.
27. O gestor foi regularmente citado mediante ofício de 9/10/2017, ocasião em que lhe foi
concedido prazo de 15 dias para apresentar suas alegações de defesa. Ele teve ciência de que o TCU
estava analisando as irregularidades relativas ao convênio em foco, já que, em 14/11/2017 solicitou
prorrogação de prazo por 45 dias (peças 6 e 9).
28. Apesar de intempestivo, conforme consignado em pronunciamento da Secex/MS em
17/11/2017, o pedido de prorrogação foi concedido. Contudo, o gestor se manteve revel e o TCU, no
relatório do acórdão ora analisado, afastou a sua boa-fé ante a constatação da não comprovação da
boa e regular aplicação dos recursos repassados (peças 12 e 18, p. 3).
29. No entanto, em função do efeito devolutivo, a matéria será reanalisada e a boa-fé do gestor,
novamente aferida. Essa aferição será efetivada ao final da instrução, quando restarão analisados os
novos pontos trazidos pelo gestor em sua defesa.
Da aplicação dos recursos conforme o plano proposto e do cumprimento do objeto do convênio
30. O ex-prefeito defende que o objetivo do convênio foi integralmente alcançado e que os
vídeos e imagens enviadas atestariam o integral cumprimento dos itens do plano de trabalho,
inclusive em quantidade maior que a proposta.
31. A partir dos elementos constantes nos autos, observa-se que o gestor enviou duas prestações
de contas, uma em 25/8/2010 e a outra em 26/10/2012. De acordo com o relatório de TCE, emitido em
8/1/2014, após a análise da documentação enviada, verificou-se que foram sanadas parte das
ressalvas referentes ao cumprimento do objeto, tais como apresentações musicais, locação de palco,
serviços de segurança, de sonorização e gerador de energia (peça 2, p. 80, 212-214 e 224-235).
32. Contudo, registrou-se que algumas ressalvas não teriam sido sanadas, a exemplo da não
comprovação de aluguel de dois tipos de tendas. Haja vista a não apresentação dessa documentação
suplementar, mesmo com o envio de três ofícios para o gestor, solicitando as informações, foi
219

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

instaurada a TCE e fixado o débito no montante integral do repasse, ou seja, R$ 140.000,00 (peça 2,
p. 232-234).
33. Posteriormente, os autos foram enviados à CGU, que emitiu relatório de auditoria acerca da
TCE em 9/10/014 (peça 2, p. 255-258). O relatório faz referência às notas técnicas do convenente e
enumera as irregularidades detectadas, tais como a relacionada com as tendas precitadas, conforme
transcrito abaixo (peça 2, p. 256):
Convenente encaminhou DVD demonstrando os itens de infraestrutura, no entanto não constam tendas
tipo circo 25x40 e 16x30. Ressalta-se que anteriormente, a Convenente encaminhou fotografia aérea para a
área técnica do MTur, onde foi possível visualizar todos os itens do Plano de Trabalho, exceto as tendas já
mencionadas;
34. Conforme já mencionado, o gestor permaneceu revel por ocasião da citação. No atual
momento processual, ele sustenta que as imagens enviadas demonstrariam a existência de tendas.
Contudo, ele deve se referir às imagens enviadas em momento anterior, citadas na transcrição, pois
não dá para constatar a existência das tais tendas nas imagens recebidas agora (peça 24, p. 7-10).
35. Dessa forma, não procede a argumentação do gestor: ele poderia trazer novamente aos
autos essas imagens que supostamente demonstrariam a existência das tendas ou, ainda, notas fiscais
ou documentos equivalentes para comprovar a despesa com esses itens. Não foi o caso. Por isso,
conclui-se que, ao contrário do que o gestor afirma, não houve 100 % de execução física do objeto do
convênio.
Do valor devolvido
36. O gestor lembra que devolveu o saldo do convênio que restava em conta corrente, no valor
de R$ 1.843,30 em 30/8/2010, mas esse valor não foi abatido do débito imputado. De fato, ele tem
razão, pois não foi deduzido do débito esse valor.
37. Dessa forma, necessário se torna reformar o acórdão recorrido tão-somente para excluir do
débito objeto do item 9.2 a parcela de R$ 1.843,30, correspondente ao saldo de convênio devolvido em
30/8/2010.
Dos recursos oriundos da venda de ingressos e de outras fontes
38. Quanto à venda de ingressos e recursos de outras fontes, como patrocinadores, o gestor
explica que a festa é tradicional e sempre foi promovida pelo Rotary Club. Esclarece que a
participação da prefeitura se resume a fornecer a estrutura básica principal, como segurança, tendas,
banheiros, som, dentre outros.
39. O ex-prefeito não nega a venda de ingressos e receitas de outros patrocinadores, mas alega
que tudo foi gerido pelo Rotary Club. De acordo com sua defesa, o Rotary seria uma entidade sem fins
lucrativos e que a arrecadação de recursos teria destinação exclusivamente filantrópica.
40. Observe-se o dispositivo abaixo transcrito, extraído do termo do convênio em foco (peça 2,
p. 44 e 50):
II – Compete ao CONVENENTE
jj) assegurar e comprovar que os valores arrecadados com a cobrança de ingressos em shows e eventos
ou venda de bens e serviços produzidos ou fornecidos no âmbito deste Convênio sejam revertidos para a
consecução do objeto ou recolhidos à conta do Tesouro Nacional, quando for o caso;
41. Assim, não é possível aceitar que a venda de ingressos não está afeta aos objetivos do
convênio, visto que expressamente é tratada no seu termo. Aliás, há necessidade de demonstração das
receitas e despesas realizadas não só com a venda de ingressos, mas de outras fontes de receitas
também.
42. Conforme se observa a partir do material enviado pelo recorrente, o evento tem outros
patrocinadores e apoiadores (peça 24, p. 6-10), mas nada foi apresentado em relação a essas receitas.
O mesmo raciocínio se aplica à locação dos espaços na festa, isto é, não foram apresentados os
critérios de distribuição dos espaços, nem se houve receitas oriundas dessa distribuição.
43. É pacífica a jurisprudência do TCU de que a não prestação de contas das receitas oriundas
da venda de patrocínios, de ingressos e de espaços, dentre outros, justifica a imputação de dano no
220

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

valor da totalidade dos recursos repassados. A esse respeito, os Acórdãos 6111/2017-1ª Câmara,
2881/2017-2ª Câmara e 7457/2016-1ª Câmara, de relatoria dos Ministros Vital do Rêgo, Augusto
Nardes e Weder de Oliveira, respectivamente.
44. Registre-se, por fim, que o ex-prefeito já foi condenado por motivos semelhantes por meio do
Acórdão 10924/2016-2ª Câmara, da relatoria do Ministro Vital do Rêgo, conforme se extraí de trecho
do voto abaixo transcrito:
Ressaltem-se, ainda, as dúvidas levantadas pelo Parquet especializado acerca de quem custeou os cachês
das bandas musicais que se apresentaram no evento e em que consistiu o patrocínio do Sebrae, da Skol e do
Governo do Mato Grosso do Sul. Como a prestação de contas apresentada pelo ex-prefeito não contemplou as
despesas que teriam sido custeadas por outros patrocinadores, não se pode descartar a hipótese de que um
mesmo documento de despesa tenha sido utilizado para comprovar a utilização de recursos oriundos de fontes
diversas.
Do excesso da multa
45. O gestor alega que houve excesso na aplicação da multa. Entende-se que não, tendo em vista
que, após reanalisada a matéria, restaram evidenciadas as falhas anteriormente apontadas, com a
exceção da devolução do saldo do convênio, que constituiu fato novo, embora de baixa materialidade.
CONCLUSÃO
46. Na fase de citação, o gestor se manteve revel, mas o TCU afastou sua boa-fé ante a
constatação da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos repassados. Ao contrário
do que o gestor afirma, não houve 100 % de execução física do objeto do convênio, pois não se
comprovou de aluguel de dois tipos de tendas previstos no projeto (parágrafos 25 a 35).
47. Tem razão o gestor quando lembra que devolveu o saldo do convênio que restava em conta
corrente, mas não houve abatimento desta devolução do débito imputado. Necessário se torna
reformar o acórdão recorrido para excluir esse valor do débito (parágrafos 36 a 37).
48. Restou comprovada a ocorrência de receitas diversas durante a realização do evento, para o
qual foram destinados os recursos federais repassados. É pacífica a jurisprudência do TCU de que a
não prestação de contas das receitas oriundas da venda de patrocínios, de ingressos e de espaços,
dentre outros, justifica a imputação de dano no valor da totalidade dos recursos repassado
(parágrafos 38 a 43).
49. O ex-prefeito já foi condenado por motivos semelhantes por meio do Acórdão 10924/2016-2ª
Câmara, da relatoria do Ministro Vital do Rêgo. Diante dos fatos analisados, entende-se que não há
motivos para reavaliar o valor da multa aplicada pelo TCU (parágrafos 44 a 45).
50. Por fim, ao contrário do que sustenta o gestor, não há, nos autos, elementos que atestem sua
boa-fé.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
51. Ante o exposto, submete-se à consideração superior a presente análise do recurso de
reconsideração interposto por Celso Luiz da Silva Vargas contra o Acórdão 8594/2018-TCU-1ª
Câmara, propondo-se com fundamento nos arts. 32, I, e 33, da LOTCU:
a) conhecer do recurso e, no mérito, conceder provimento parcial para excluir do débito objeto
do item 9.2 do acórdão recorrido a parcela de R$ 1.843,30, correspondente ao saldo de convênio
devolvido em 30/8/2010, conferindo-lhe a seguinte redação:
9.2. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19, caput, da Lei
8.443/1992, c/c o art. 210 do RI/TCU, ao pagamento da importância de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil
reais), abatendo-se a parcela de R$ 1.843,30, correspondente ao saldo de convênio devolvido em 30/8/2010,
com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante este Tribunal, em
respeito ao art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, c/c art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o
recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida de juros de
mora calculados a partir de 24/6/2010 até a data do efetivo recolhimento e com o abatimento de valores acaso
já satisfeitos;
b) dar ciência do acórdão que vier a ser proferido ao recorrente e aos demais interessados.”
221

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. O Diretor da Serur e o Ministério Público junto ao TCU aquiesceu ao aludido


encaminhamento.
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de recurso de reconsideração interposto pelo Sr. Celso Luiz da Silva Vargas
contra o Acórdão 8594/2018-1ª Câmara.
2. O presente feito trata, originalmente, de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério
do Turismo (MTur) em razão da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos recebidos
no âmbito do Convênio Siconv 732847/2010, cujo objeto era o apoio à realização da “16ª Festa da
Linguiça de Maracaju”.
3. O ajuste, com vigência de 30/4 a 31/7/2010, previa um aporte total de R$ 180.500,00, com a
seguinte composição: R$ 40.500,00, de contrapartida do Município, e R$ 140.000,00, repassados pelo
Ministério, os quais foram liberados em única parcela, mediante a OB 800829, de 24/6/2010 (peça 2,
p. 40-76 e 245).
4. Na fase preliminar do feito, o Sr. Celso Luiz da Silva Vargas, ex-prefeito de Maracaju/MS
(gestão 2009-2012), foi citado em decorrência da não comprovação da boa e regular aplicação dos
recursos repassados por meio da aludida avença “(...) em face do não atendimento dos requisitos de
elegibilidade do ajuste, conforme apontado nas Nota Técnica 410/2012, de 3/5/2012 (peça 2, p. 82-
94), 410/2012, de 28/12/2012 (peça 2, p. 114-124), 323/2013, de 27/3/2013 (peça 2, p. 144-148) e
114/2013, de 19/4/2013 (peça 2, p. 160-164)”.
5. Apesar de o responsável ter tomado ciência do expediente que lhe foi encaminhado, não
atendeu a citação, tendo quedado revel. A então denominada Secex/MS deu prosseguimento ao exame
da matéria e, na sequência, o processo foi apreciado pelo Tribunal, que decidiu julgar irregulares as
contas do Sr. Celso Luiz da Silva Vargas e condená-lo ao pagamento do débito e da multa
especificados nos subitens 9.2 e 9.3 do decisum.
6. Irresignado com esta deliberação, o responsável ingressou com o presente recurso de
reconsideração, no qual alega, em apertada síntese:
a) o evento foi realizado e, a cada ano, a “Festa da Linguiça” alcança maiores dimensões,
inclusive com repercussão nacional, conforme se verifica a partir de consulta à internet;
b) nas últimas informações prestadas, foram enviados vídeos e imagens que demonstram a
existência de tendas de 25 x 40 m e de 16 x 30 m utilizados como praça de alimentação; as imagens
aéreas atestam o integral cumprimento dos itens do plano de trabalho, inclusive em maiores
quantidades do que o proposto;
c) as informações acerca da cobrança de ingressos não constaram do plano de trabalho,
exatamente por não estarem incluídos nas atribuições e proposta do Município;
d) é fato público e notório que a “Festa da Linguiça” é promovida pelo Rotary Club, entidade
sem fins lucrativos que notoriamente tem interesses benemerentes e filantrópicos; a arrecadação de
recursos com bilheteria teve objetivo assistencial e não foi gerido pelo município/conveniado;
e) o "funcionamento" da festa, consistente da fabricação/confecção e comercialização de
produtos e serviços durante e no local do evento, não são encargo do município; toda a gestão dos
produtos e serviços comercializados no evento é encargo do Rotary Club, que mobiliza outras
entidades beneficentes para a promoção e arrecadação de recursos com destinação exclusivamente
filantrópica (razão de existiram também outros patrocinadores);
f) carece de prova a ocorrência de má-fé; inexiste nos autos qualquer indício de culpa ou dolo
nas condutas do responsável pela gestão e aplicação dos recursos do convênio.
222

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

g) não se pode exigir a necessidade de prestação de contas de bilheteria ou de eventuais


patrocínios havidos para o evento, porque não fizeram parte do plano de trabalho e extrapolam o
objetivo proposto na avença;
h) houve a devolução de saldo do convênio que remanescia em conta corrente, no importe de
R$1.843,30;
i) a multa foi aplicada em percentual excessivo, em montante superior a 35%.
7. Por essas razões, o recorrente requereu o conhecimento do recurso e, no mérito, que fosse
julgado procedente para reformar o acórdão e “considerar justas e regulares as contas, homologando
o convênio e a prestação de contas, cancelando-se a multa aplicada”.
8. Alternativamente, o responsável pediu que o Acórdão 8594/2018-1ª Câmara fosse reformado,
“reconhecendo o excesso, para que seja reduzido o valor da condenação, extirpando o valor que já foi
restituído para a união, bem como seja reduzida a multa aplicada, em virtude da ausência de
justificativa para o patamar superior a 35%”.
9. A Serur analisou os aludidos argumentos e concluiu que eles não se mostraram suficientes
para modificar a decisão atacada. Por esse motivo, alvitrou que o expediente recursal fosse conhecido
e, no mérito, provido parcialmente, para o fim de excluir do débito a parcela de R$ 1.843,30,
correspondente ao saldo da avença devolvido em 30/8/2010.
10. O Ministério Público junto ao TCU aquiesceu ao referido encaminhamento.
11. Feito esse necessário resumo, passo a decidir.
12. Preliminarmente, observo que o recurso de reconsideração preenche os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 285 do Regimento
Interno, parágrafo único, sendo cabível, por consequência, o seu conhecimento.
13. Quanto ao mérito, manifesto-me de acordo com o exame empreendido pela Serur, motivo
pelo qual adoto as considerações esposadas como razão de decidir.
14. Inicialmente, ressalto que não constitui matéria controvertida nos presentes autos saber se a
“Festa da Linguiça” foi ou não executada. Da mesma forma, não está em discussão neste feito a
importância do evento para a economia regional de Maracaju/MS nem os seus fins beneficentes.
15. Conforme exposto no voto condutor da deliberação atacada, o fundamento para a condenação
do responsável em débito foi a cobrança de ingressos no evento, a qual não foi informada pelo ex-
prefeito, assim como a não apresentação de declaração quanto à existência ou não de outros
patrocinadores. Sobre o último aspecto, consta dos autos declaração do Rotary Club atestando que
houve apoio do Governo de Estado por meio da Secretaria de Produção, informação omitida pelo ex-
prefeito.
16. Embora o Sr. Celso Luiz da Silva Vargas não tenha, igualmente, comprovado o aluguel das
tendas tipo circo especificadas no plano de trabalho, tal questão se mostra acessória, pois, diante da
existência de receitas extraordinárias vinculadas ao evento patrocinado pelo Ministério do Turismo,
não resta possível atestar que as despesas indicadas na avença foram custeadas com os recursos
federais transferidos ao município.
17. Eis a ratio decidendi do Acórdão 8594/2018-1ª Câmara, consignadas no voto de autoria do
Ministro Vital do Rêgo:
“10. Em que pese sabermos da importância para a economia regional da festa da lingüiça de
Maracajú/MS e dos seus nobres fins beneficentes, impende ressaltar que o recebimento de recursos
conveniados junto a diversas fontes para o financiamento de um mesmo evento implica na
possibilidade de uma mesma despesa ser apresentada para comprovação de gastos em mais de um
compromisso, fato que não pôde ser afastado pela documentação apresentada a título de prestação de
contas.
11. Já a comercialização de ingressos, além de igualmente contrariar as cláusulas do convênio
firmado com o Ministério do Turismo, estava a exigir a devida demonstração da aplicação da
eventual renda obtida com essa comercialização na consecução do próprio objeto da avença ou a sua
devolução ao órgão repassador. Isso porque pode-se dizer que tal renda possui a mesma natureza das
223

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

rendas obtidas por intermédio de aplicações financeiras de recursos conveniados, ou seja, encontram-
se também vinculadas à consecução dos objetivos perseguidos pelos acordos celebrados.”
18. Dentre os argumentos apresentados pelo recorrente, os quais, diga-se de passagem, foram
adequadamente enfrentados pela Serur, chamo atenção para a assertiva de que “não se pode exigir a
necessidade de prestação de contas de bilheteria ou de eventuais patrocínios havidos para o evento,
porque não fizeram parte do plano de trabalho e extrapolam o objetivo proposto no convênio” (letra g
do item 6 supra).
19. Tal afirmação não possui nenhum respaldo legal, visto que o próprio termo da avença, do
qual o Sr. Celso Luiz da Silva Vargas foi signatário, estabelece que compete ao convenente (peça 2, p.
50):
“jj) assegurar e comprovar que os valores arrecadados com a cobrança de ingressos em shows
e eventos ou venda de bens e serviços produzidos ou fornecidos no âmbito deste Convênio sejam
revertidos para a consecução do objeto ou recolhidos à conta do Tesouro Nacional, quando for o
caso;”
20. Logo, verifico que o responsável descumpriu regra expressa do instrumento convenial, o que
pode ser considerado como um erro grosseiro, passível de ensejar a aplicação de multa, como
corretamente se deu no julgamento levado a cabo por meio do Acórdão 8594/2018-1ª Câmara.
21. Dito de outra forma, compreendo que ocorreu uma grave inobservância de um dever de
cuidado por parte do Sr. Celso Luiz da Silva Vargas, pois qualquer pessoa apta a assumir um cargo de
prefeito municipal, ainda que eventualmente pouco afeita às regras administrativas, teria ou deveria ter
a iniciativa de ao menos conhecer os termos do negócio jurídico que assinou, em especial as
obrigações relativas à prestação de contas.
22. Ao agir com nível de atenção aquém de uma pessoa com diligência abaixo do patamar
médio, entendo que o recorrente incorreu em culpa grave, sendo correta a sua responsabilização pela
multa, na dosimetria adotada no acórdão atacado.
23. Sobre a devolução do valor integral transferido ao município, observo que o juízo de
convicção adotado no Acórdão 8594/2018-1ª Câmara está de acordo com a jurisprudência do TCU,
segundo a qual a não prestação de contas das receitas oriundas da venda de patrocínios, de ingressos e
de espaços, dentre outros, justifica a imputação de dano no valor da totalidade dos recursos repassados
(Acórdãos 6111/2017-1ª Câmara, 2881/2017-2ª Câmara e 7457/2016-1ª Câmara). Logo, não há
reparos a fazer acerca do mérito do processo.
24. Com relação à comprovação ou não de boa-fé do recorrente, ressalto que a jurisprudência do
Tribunal se consolidou no sentido de que se deve examinar a boa-fé objetiva, a qual, nas palavras de
Luiz Felipe Bezerra Almeida Simões “leva em consideração a prática efetiva e as consequências de
determinado ato à luz de um modelo de conduta social, adotada por um homem leal, cauteloso e
diligente, em lugar de indagar-se simplesmente sobre a intenção daquele que efetivamente o praticou”
(SIMÕES, Luiz Felipe Bezerra Almeida. A Caracterização da Boa-fé nos Processos de Contas. Revista
do Tribunal de Contas da União. Brasília, v. 32, n. 88, abr./jun. 2001, p. 73).
25. Conforme visto, tal modelo de conduta não foi seguido pelo Sr. Celso Luiz da Silva Vargas.
Em verdade, existem elementos nos autos que possibilitam afirmar que o responsável agiu de má-fé,
pois ele declarou expressamente, na fase interna da tomada de contas especial, que não houve cobrança
de ingressos (peça 2, p. 146).
26. Esse fato somente foi descoberto após a identificação pelo Ministério do Turismo de
“matéria publicada em sites (fls. 182) que comprovam que houve venda de ingressos para o dia
01/05/2010, sendo RS 30 os ingressos populares. RS 40 área vip. Ademais, consta também declaração
do Diretor Presidente do Rotary Club (fls. 312) atestando que ‘a cobrança de ingressos efetuados pelo
Rotary Club, teve um único objetivo, angariar fundos para essas entidades”.
27. Sendo assim, acolho a análise efetivada pela Serur, que contou com a aquiescência do
Ministério Público, no sentido de dar provimento parcial ao recurso de reconsideração, apenas para
abater o valor do saldo remanescente da avença, que foi devolvido em 30/8/2010.
224

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

27. Diante de todo o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2681/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 003.238/2015-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial
3. Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsável: Celso Luiz da Silva Vargas (519.587.401-87)
3.2. Recorrente: Celso Luiz da Silva Vargas (519.587.401-87).
4. Entidades: Município de Maracaju - MS e Ministério do Turismo
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria do TCU no Estado do Mato
Grosso do Sul (Sec-MS).
8. Representação legal: Erimar Hildebrando (OAB 9393/MS), em nome de Celso Luiz da Silva
Vargas.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de recurso de reconsideração interposto
pelo Sr. Celso Luiz da Silva Vargas contra o Acórdão 8594/2018-1ª Câmara,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro nos arts. 32, I, e 33, da Lei 8.443/1992, conhecer do recurso de reconsideração
para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, a fim de atribuir a seguinte redação ao subitem 9.2 do
Acórdão 8594/2018-1ª Câmara:
“9.2. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19,
caput, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 210 do RI/TCU, ao pagamento da importância de R$ 140.000,00
(cento e quarenta mil reais), abatendo-se a parcela de R$ 1.843,30, correspondente ao saldo de
convênio devolvido em 30/8/2010, com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante este Tribunal, em respeito ao art. 23, inciso III, alínea “a”, da
Lei 8.443/1992, c/c art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento da dívida aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora calculados a partir de
24/6/2010 até a data do efetivo recolhimento e com o abatimento de valores acaso já satisfeitos;”
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Ministério do Turismo, à Prefeitura
Municipal de Maracaju – MS e à Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul, neste caso, com
fulcro no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2681-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


225

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE II – 1ª CÂMARA


TC 004.086/2018-0
Natureza: Tomada de Contas Especial
Unidade Jurisdicionada: Prefeitura Municipal de Uruçuí - PI
Responsável: Valdir Soares da Costa (372.863.073-04)
Interessado: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (00.378.257/0001-81)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. RECURSOS FEDERAIS TRANSFERIDOS


NO ÂMBITO DO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE),
EXERCÍCIO DE 2012. OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS. CITAÇÃO E
AUDIÊNCIA DO RESPONSÁVEL. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.

RELATÓRIO

Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução elaborada no âmbito da
Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (Secex-TCE), a qual contou com a
anuência dos dirigentes da unidade técnica e da representante do Ministério Público nos autos:
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação - FNDE, em desfavor do Sr. Valdir Soares da Costa, ex-Prefeito, em
razão da omissão no dever de prestar contas do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE,
relativas aos recursos transferidos em 2012 ao município de Uruçuí/PI.
1.1. O PNAE tem como objetivo a aquisição exclusiva de gêneros alimentícios, em caráter
complementar, para atendimento dos alunos matriculados em creches, pré-escolas e em escolas do
ensino fundamental das redes federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, inclusive as
indígenas e as localizadas em áreas remanescentes de quilombos, e, excepcionalmente, aquelas
qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas.
HISTÓRICO
2. De acordo com os extratos de peças 3 e 6 e Relatório de Tomada de Contas Especial
249/2017-DIREC/COTCE/CGCAP/DIFIN/FNDE/MEC de peça 15, o FNDE transferiu em 2012 para
execução do PNAE no município de Uruçuí/PI a importância de R$ 353.148,00.
3. Foi emitida a Informação nº 443/2017 (peça 7), Parecer 2094/2017 (peça 12) e Termo de
Instauração de TCE 245 (peça 1) que concluíram pela omissão no dever de prestar contas do
PNAE/2012, cujos recursos foram repassados ao Município de Uruçuí/PI, sob a responsabilidade do
Sr. Valdir Soares da Costa, ex-Prefeito (gestão 2009-2012). Nesse mesmo sentido foi a conclusão do
Relatório de Tomada de Contas Especial 249/2017-DIREC/COTCE/CGCAP/DIFIN/FNDE/MEC de
peça 15.
4. O Sr. Valdir Soares da Costa foi notificado pelo ofício de peça 8, p. 2-3 (AR de peça 9, p. 3).
5. O Relatório e o Certificado de Auditoria, além do Parecer do Dirigente do Órgão de Controle
Interno, todos de nº 953/2017, foram unânimes em concluir pela irregularidade das contas (peças 16-
18). O Pronunciamento Ministerial também se coaduna aos pareceres anteriores (peça 19).
6. Na instrução inicial (peça 22), analisando-se os documentos nos autos, concluiu-se pela
necessidade de realização de citação e audiência do Sr. Valdir Soares da Costa:
6.1. Citação:
226

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ocorrência: não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos federais repassados ao
município de Uruçuí/PI em 2012, à conta do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, em
razão da omissão no dever de prestar contas no prazo legal, contrariando a Resolução CD/FNDE 38,
de 16/7/2009:
Data Valor (R$)
26/03/2012 3.078,00
26/03/2012 24,00
26/03/2012 19.554,00
26/03/2012 5.448,00
30/03/2012 19.554,00
30/03/2012 5.448,00
30/03/2012 24,00
30/03/2012 3.078,00
26/04/2012 24,00
26/04/2012 5.448,00
26/04/2012 19.554,00
26/04/2012 3.078,00
31/05/2012 5.448,00
31/05/2012 19.554,00
31/05/2012 24,00
31/05/2012 3.078,00
29/06/2012 19.554,00
29/06/2012 9.080,00
29/06/2012 40,00
29/06/2012 3.078,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
31/07/2012 7.644,00
31/07/2012 9.080,00
31/07/2012 3.078,00
31/07/2012 40,00
31/07/2012 19.554,00
31/08/2012 7.644,00
31/08/2012 19.554,00
31/08/2012 40,00
31/08/2012 3.078,00
31/08/2012 9.080,00
28/09/2012 19.554,00
28/09/2012 3.078,00
28/09/2012 40,00
28/09/2012 9.080,00
227

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28/09/2012 7.644,00
31/10/2012 7.644,00
31/10/2012 19.554,00
31/10/2012 9.080,00
31/10/2012 3.078,00
31/10/2012 40,00
30/11/2012 3.078,00
30/11/2012 9.080,00
30/11/2012 7.644,00
30/11/2012 40,00
30/11/2012 19.554,00
Condutas: o gestor deu causa à não comprovação da boa e regular dos recursos, uma vez que
deixou de prestar contas, cujo prazo se encerrou no dia 30/04/2013, contrariando o disposto no
parágrafo único do art. 70 da CF, quando deveria ter apresentado o processo de prestação de contas
no prazo máximo previsto.
6.2. Audiência: omissão no dever de prestar contas dos recursos federais recebidos, no âmbito
do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, no exercício de 2012, cujo prazo encerrou-se
em 30/4/2013, na gestão, portanto, do prefeito sucessor, pois o responsável não prestou contas e nem
disponibilizou a documentação necessária para que seu sucessor a prestasse.
7. Em cumprimento ao Despacho do Exmo. Ministro Relator (peça 25) foram efetuadas a
citação e a audiência do responsável, nos moldes adiante:
Fim do
Data do Data de Nome do
Ofício Observação Prazo para
ofício Recebimento Recebedor
defesa
Ofício recebido no endereço
0817/2018- Benedita do responsável, conforme
28/12/2018 (vide
TCU/SECEX- 27/7/2018 Maria da pesquisa de endereço no 13/1/2019
AR de peça 27)
TCE (peça 26) Costa Silva Sistema da Receita Federal
(peça 20).
8. Transcorrido o prazo regimental, o Sr. Valdir Soares da Costa permaneceu silente, devendo
ser considerado revel, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
EXAME TÉCNICO
Da validade das notificações
9. Preliminarmente, cumpre tecer breves considerações sobre a forma como são realizadas as
comunicações processuais no TCU. A esse respeito, destacam-se o art. 179 do Regimento Interno e o
art. 4º, inciso III, § 1º, da Resolução TCU 170/2004, in verbis:
‘Art. 179. A citação, a audiência ou a notificação, bem como a comunicação de diligência,
far-se-ão:
I - mediante ciência da parte, efetivada por servidor designado, por meio eletrônico, fac-símile,
telegrama ou qualquer outra forma, desde que fique confirmada inequivocamente a entrega da
comunicação ao destinatário;
II - mediante carta registrada, com aviso de recebimento que comprove a entrega no endereço
do destinatário;
III - por edital publicado no Diário Oficial da União, quando o seu destinatário não for
localizado.’
‘Art. 3º As comunicações serão dirigidas ao responsável, ou ao interessado, ou ao dirigente de
órgão ou entidade, ou ao representante legal ou ao procurador constituído nos autos, com poderes
expressos no mandato para esse fim, por meio de:
I - correio eletrônico, fac-símile ou telegrama;
228

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

II - servidor designado;
III - carta registrada, com aviso de recebimento;
IV - edital publicado no Diário Oficial da União, quando o seu destinatário não for localizado,
nas hipóteses em que seja necessário o exercício de defesa.
............................................................................................................................................
Art. 4º. Consideram-se entregues as comunicações:
I - efetivadas conforme disposto nos incisos I e II do artigo anterior, mediante confirmação da
ciência do destinatário;
II - realizadas na forma prevista no inciso III do artigo anterior, com o retorno do aviso de
recebimento, entregue comprovadamente no endereço do destinatário;
III - na data de publicação do edital no Diário Oficial da União, quando realizadas na forma
prevista no inciso IV do artigo anterior.
§ 1º O endereço do destinatário deverá ser previamente confirmado mediante consulta aos
sistemas disponíveis ao Tribunal ou a outros meios de informação, a qual deverá ser juntada ao
respectivo processo.’
10. Bem se vê, portanto, que a validade da citação via postal não depende de que o aviso de
recebimento seja assinado pelo próprio destinatário da comunicação, o que dispensa, no caso em tela,
a entrega do AR em ‘mão própria’. A exigência da norma é no sentido de o Tribunal verificar se a
correspondência foi entregue no endereço correto, residindo aqui a necessidade de certeza
inequívoca.
11. Não é outra a orientação da jurisprudência do TCU, conforme se verifica dos julgados a
seguir transcritos:
‘São válidas as comunicações processuais entregues, mediante carta registrada, no endereço
correto do responsável, não havendo necessidade de que o recebimento seja feito por ele próprio’
(Acórdão 3648/2013 - Segunda Câmara, Relator Ministro JOSÉ JORGE).
‘É prescindível a entrega pessoal das comunicações pelo TCU, razão pela qual não há
necessidade de que o aviso de recebimento seja assinado pelo próprio destinatário. Entregando-se a
correspondência no endereço correto do destinatário, presume-se o recebimento da citação’ (Acórdão
1019/2008 - Plenário, Relator Ministro BENJAMIN ZYMLER).
‘As comunicações do TCU, inclusive as citações, deverão ser realizadas mediante Aviso de
Recebimento - AR, via Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, bastando para sua validade que
se demonstre que a correspondência foi entregue no endereço correto’
(Acórdão 1526/2007 - Plenário, Relator Ministro AROLDO CEDRAZ).
12. A validade do critério de comunicação processual do TCU foi referendada pelo Supremo
Tribunal Federal, nos termos do julgamento do MS-AgR 25.816/DF, por meio do qual se afirmou a
desnecessidade da ciência pessoal do interessado, entendendo-se suficiente a comprovação da entrega
do ‘AR’ no endereço do destinatário:
‘EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DESNECESSIDADE DE
INTIMAÇÃO PESSOAL DAS DECISÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. ART. 179 DO
REGIMENTO INTERNO DO TCU. INTIMAÇÃO DO ATO IMPUGNADO POR CARTA
REGISTRADA, INICIADO O PRAZO DO ART. 18 DA LEI Nº 1.533/51 DA DATA CONSTANTE DO
AVISO DE RECEBIMENTO. DECADÊNCIA RECONHECIDA. AGRAVO IMPROVIDO.
O envio de carta registrada com aviso de recebimento está expressamente enumerado entre os
meios de comunicação de que dispõe o Tribunal de Contas da União para proceder às suas
intimações.
O inciso II do art. 179 do Regimento Interno do TCU é claro ao exigir apenas a comprovação
da entrega no endereço do destinatário, bastando o aviso de recebimento simples.’
13. A citação do Sr. Valdir Soares da Costa foi realizada por meio do Ofício 0817/2018-
TCU/Secex-TCE (peça 22), com ciência em 28/12/2018, conforme aviso de recebimento inserido à
peça 25. Em que pese o referido aviso de recebimento ter sido assinado por pessoa estranha aos
229

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

autos, esse fato, por si só, não invalida a notificação dirigida ao responsável, uma vez que o art. 179,
inciso II, do RI/TCU estabelece que as comunicações processuais far-se-ão mediante carta registrada,
com aviso de recebimento que comprove a entrega no endereço do destinatário.
14. No caso concreto, a citação e a audiência foram encaminhadas ao endereço constante da
base de dados CPF da Receita Federal (peça 20), razão pela qual considera-se como correto o
endereço para onde foi enviado o ofício.
15. Nos processos do TCU, a revelia não leva à presunção de que seriam verdadeiras todas as
imputações levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que
a revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor. Dessa forma, a
avaliação da responsabilidade do agente não pode prescindir da prova existente no processo ou para
ele carreada.
16. Ao não apresentar sua defesa, o responsável deixou de produzir prova da regular aplicação
dos recursos sob sua responsabilidade, em afronta às normas que impõem aos gestores públicos a
obrigação legal de, sempre que demandados pelos órgãos de controle, apresentar os documentos que
demonstrem a correta utilização das verbas públicas, a exemplo do contido no art. 93 do Decreto-Lei
200/67: ‘Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na
conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas
competentes.’
17. Ainda que as alegações de defesa não tenham sido apresentadas, considerando o princípio
da verdade real que rege esta Corte, procurou-se buscar, em manifestações dos responsáveis na fase
interna desta Tomada de Contas Especial, se havia algum argumento que pudesse ser aproveitado a
seu favor.
18. No entanto, o responsável não se manifestou na fase interna, não havendo, assim, nenhum
argumento que possa vir a ser analisado e posteriormente servir para afastar as irregularidades
apontadas, conforme Relatório de Tomada de Contas Especial 249/2017-
DIREC/COTCE/CGCAP/DIFIN/FNDE/MEC de peça 15.
CONCLUSÃO
19. Vale ressaltar que a pretensão punitiva do TCU, conforme Acórdão 1.441/2016-Plenário,
que uniformizou a jurisprudência acerca dessa questão, subordina-se ao prazo geral de prescrição
indicado no art. 205 do Código Civil, que é de 10 anos, contado da data de ocorrência da
irregularidade sancionada, nos termos do art. 189 do Código Civil, sendo este prazo interrompido
pelo ato que ordenar a citação, a audiência ou a oitiva do responsável. No caso em exame, não
ocorreu a prescrição, uma vez que a omissão da prestação de contas ocorreu em 30/4/2013 e o ato de
ordenação da citação ocorreu em 6/6/2018.
20. Em se tratando de processo em que a parte interessada não se manifestou acerca das
irregularidades imputadas, não há elementos para que se possa efetivamente aferir e reconhecer a
ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o
julgamento de mérito pela irregularidade das contas, conforme os termos dos §§ 2º e 6º do art. 202 do
Regimento Interno do TCU (Acórdãos 2.064/2011-1ª Câmara, relator Min. Ubiratan Aguiar;
6.182/2011-1ª Câmara, relator Min. Weber de Oliveira; 4.072/2010-1ª Câmara, relator Min. Valmir
Campelo; 1.189/2009-1ª Câmara, relator Min. Marcos Bemquerer; 731/2008-Plenário, relator Min.
Aroldo Cedraz).
21. Dessa forma, o responsável deve ser considerado revel, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei
8.443/1992, devendo as contas serem julgadas irregulares, condenando-o ao débito apurado e
aplicando-lhe a multa prevista no art. 57/58 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
22. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
22.1. considerar revel o Sr. Valdir Soares da Costa, Prefeito de Uruçuí/PI (gestão 2009-2012),
para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo, com fulcro no art. 12, § 3º, da Lei
8.443/92;
230

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

22.2. julgar irregulares, nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘a’, § 2º, da Lei
8.443/92, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei e com os arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, 210 e
214, inciso III, do Regimento Interno/TCU, as contas do Sr. Valdir Soares da Costa, condenando-o ao
pagamento das importâncias a seguir especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos
juros de mora, calculadas a partir das datas discriminadas até a data da efetiva quitação do débito,
fixando-lhe o prazo de quinze dias para que comprove, perante o Tribunal, o recolhimento das
referidas quantias aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, nos
termos do art. 23, inciso III, alínea ‘a’, da citada Lei:
Data Valor (R$)
26/03/2012 3.078,00
26/03/2012 24,00
26/03/2012 19.554,00
26/03/2012 5.448,00
30/03/2012 19.554,00
30/03/2012 5.448,00
30/03/2012 24,00
30/03/2012 3.078,00
26/04/2012 24,00
26/04/2012 5.448,00
26/04/2012 19.554,00
26/04/2012 3.078,00
31/05/2012 5.448,00
31/05/2012 19.554,00
31/05/2012 24,00
31/05/2012 3.078,00
29/06/2012 19.554,00
29/06/2012 9.080,00
29/06/2012 40,00
29/06/2012 3.078,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
31/07/2012 7.644,00
31/07/2012 9.080,00
31/07/2012 3.078,00
31/07/2012 40,00
31/07/2012 19.554,00
31/08/2012 7.644,00
31/08/2012 19.554,00
31/08/2012 40,00
31/08/2012 3.078,00
31/08/2012 9.080,00
231

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28/09/2012 19.554,00
28/09/2012 3.078,00
28/09/2012 40,00
28/09/2012 9.080,00
28/09/2012 7.644,00
31/10/2012 7.644,00
31/10/2012 19.554,00
31/10/2012 9.080,00
31/10/2012 3.078,00
31/10/2012 40,00
30/11/2012 3.078,00
30/11/2012 9.080,00
30/11/2012 7.644,00
30/11/2012 40,00
30/11/2012 19.554,00
22.3. aplicar ao Sr. Valdir Soares da Costa a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/92, c/c o art.
267 do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove,
perante o Tribunal (art. 214, III, ‘a’, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da dívida aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser
proferido por este Tribunal até a do efetivo recolhimento, se paga após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
22.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação, na
forma do disposto no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92;
22.5. autorizar também, desde logo, se requerido, com fundamento no art. 28, inciso I, da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno, o parcelamento da dívida em até 36
parcelas, incidindo sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os correspondentes acréscimos
legais, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar
perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior,
para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,
atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, no caso do débito, na forma prevista na
legislação em vigor, alertando o responsável de que a falta de comprovação do recolhimento de
qualquer parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217
do Regimento Interno deste Tribunal;
22.6. encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida ao Procurador-Chefe da
Procuradoria da República no Estado do Piauí, nos termos do § 7º do art. 209 do Regimento Interno
do TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis, informando-lhe que o inteiro teor da
deliberação poderá ser consultado no endereço http://www.tcu.gov.br/acordaos;
22.7. enviar cópia do acórdão que vier a ser proferido ao Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação - FNDE e ao responsável, para ciência, informando que a deliberação, acompanhada do
relatório e do voto que a fundamentarem, estará disponível para a consulta no endereço
http://www.tcu.gov.br/acordaos, além de esclarecer que, caso requerido, o TCU poderá fornecer sem
custos as correspondentes cópias, de forma impressa.”
É o relatório.

VOTO

Em exame tomada de contas especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da


232

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Educação (FNDE) em desfavor do sr. Valdir Soares da Costa, ex-prefeito de Uruçuí/PI (gestão 2009-
2012), em face da omissão do responsável no dever de prestar contas dos recursos federais – no
montante nominal de R$ 353.148,00 (v. ordens bancárias à peça 3) – repassados à municipalidade, ao
longo de 2012, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
2. Devidamente notificado a respeito, o sr. Valdir Soares da Costa não se manifestou.
3. Instruindo os autos, a Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (Secex-
TCE), tendo por configurada a revelia do ex-prefeito, propugna o julgamento pela irregularidade das
contas, com a condenação em débito e a aplicação de multa ao responsável.
4. O Ministério Público põe-se de acordo.
5. Acompanho os pareceres técnicos, por seus fundamentos, transcritos no relatório precedente.
6. Nos termos dos arts. 70, parágrafo único, da Constituição Federal e 93 do Decreto-Lei
200/1967, quem quer que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros públicos deve
comprovar sua boa e regular aplicação, mediante processo formal de prestação de contas. Inadimplida
a obrigação, opera-se a legítima presunção de desvio dos valores, circunstância que sujeita o gestor
faltoso às cominações previstas na legislação de regência.
7. Na hipótese dos autos, caracterizada a omissão do sr. Valdir Soares da Costa em seu dever
legal de prestar contas dos recursos do PNAE transferidos ao município de Uruçuí/PI em 2012, e,
assim, não comprovada a correta aplicação dos haveres públicos confiados à sua administração,
impõe-se o julgamento pela irregularidade desta TCE, como sugerem os pareceres, com a condenação
em débito do ex-prefeito. Impõe-se, também, a aplicação de multa ao responsável, a qual, dadas a
gravidade da falta e as balizas fixadas no art. 57 da Lei 8.443/1992, arbitro em R$ 57.000,00 (cerca de
10% do valor atualizado do débito).
8. Diante do exposto, voto no sentido de que este Colegiado adote a deliberação que ora submeto
à sua apreciação.

ACÓRDÃO Nº 2682/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 004.086/2018-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (00.378.257/0001-81)
3.2. Responsável: Valdir Soares da Costa (372.863.073-04).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Uruçuí - PI.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (Secex-
TCE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão da
não comprovação da regular aplicação de recursos federais repassados ao município de Uruçuí/PI, ao
longo do exercício de 2012, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas do sr. Valdir Soares da Costa, condenando-o ao pagamento das
quantias abaixo discriminadas, com a incidência dos devidos encargos legais, calculados a partir das
datas correspondentes até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, nos termos dos arts.
1°, inciso I, 16, inciso III, alíneas “a” e “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992:
Data Valor Original (R$)
233

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

26/03/2012 3.078,00
26/03/2012 24,00
26/03/2012 19.554,00
26/03/2012 5.448,00
30/03/2012 19.554,00
30/03/2012 5.448,00
30/03/2012 24,00
30/03/2012 3.078,00
26/04/2012 24,00
26/04/2012 5.448,00
26/04/2012 19.554,00
26/04/2012 3.078,00
31/05/2012 5.448,00
31/05/2012 19.554,00
31/05/2012 24,00
31/05/2012 3.078,00
29/06/2012 19.554,00
29/06/2012 9.080,00
29/06/2012 40,00
29/06/2012 3.078,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
13/07/2012 2.400,00
31/07/2012 7.644,00
31/07/2012 9.080,00
31/07/2012 3.078,00
31/07/2012 40,00
31/07/2012 19.554,00
31/08/2012 7.644,00
31/08/2012 19.554,00
31/08/2012 40,00
31/08/2012 3.078,00
31/08/2012 9.080,00
28/09/2012 19.554,00
28/09/2012 3.078,00
28/09/2012 40,00
28/09/2012 9.080,00
28/09/2012 7.644,00
31/10/2012 7.644,00
31/10/2012 19.554,00
31/10/2012 9.080,00
31/10/2012 3.078,00
234

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

31/10/2012 40,00
30/11/2012 3.078,00
30/11/2012 9.080,00
30/11/2012 7.644,00
30/11/2012 40,00
30/11/2012 19.554,00
9.2. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que o responsável
comprove, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei
8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU (RI/TCU);
9.3. aplicar ao sr. Valdir Soares da Costa a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor
de R$ 57.000,00 (cinquenta e sete mil reais), fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da
notificação, para que o responsável comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, e 269
do RI/TCU), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, quando
paga após o vencimento, desde a data de prolação deste acórdão até a do efetivo recolhimento, na
forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.5. autorizar, desde já, caso requerido, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, alertando o responsável de que a falta de pagamento de qualquer
parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217 do RI/TCU;
9.6. dar ciência deste acórdão ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e à
Procuradoria da República no Estado do Piauí, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2682-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 004.999/2014-2
Natureza: Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial)
Órgão/Entidade: Entidades e Órgãos do Governo do Estado de São Paulo
Responsáveis: Associação Brasileira das Entidades e Empresas de Gastronomia, Hospedagem e
Turismo (03.636.552/0001-89); Luís Antônio Paulino (857.096.468-49); Nassim Gabriel Mehedff
(007.243.786-34); Nelson de Abreu Pinto (024.789.868-68); Walter Barelli (008.056.888-20)
Representação legal: Daniel Soares Alvarenga de Macedo (36.042/OAB-DF), Ronaldo de
Almeida (236199/OAB-SP), Thiago Groszewicz Brito (31762/OAB-DF) e outros.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO


DO TRABALHADOR (PLANFOR). TREINAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DE PESQUISA,
ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO E PESQUISA DE TRABALHO DE CAMPO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO, POR MEIO DE DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA A CONSISTENTE, DA
235

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

REALIZAÇÃO DAS AÇÕES DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. FISCALIZAÇÃO


DEFICIENTE. CITAÇÃO DA ENTIDADE, DO PRESIDENTE DA ENTIDADE, E DOS
GESTORES ESTADUAIS. RECOLHIMENTO DO DÉBITO ATUALIZADO. DISCUSSÃO
ACERCA DA PRESENÇA DE BOA-FÉ PARA FINS DE AFASTAMENTO DOS JUROS DE
MORA. DESNECESSIDADE TENDO EM VISTA O QUE FOI DECIDIDO NO ACÓRDÃO
2144/2018-PLENÁRIO. CONTAS IRREGULARES SEM DÉBITO. MULTA PRESCRITA.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REJEIÇÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Associação Brasileira de Gastronomia,


Hospedagem e Turismo e pelo sr. Nelson de Abreu Pinto, presidente da entidade à época dos fatos, em
desfavor do Acórdão 1143/2019-Primeira Câmara, decisão por meio da qual as contas dos recorrentes
foram julgadas irregulares. Não houve condenação em débito, tendo em vista o recolhimento das
quantias impugnadas pelo TCU, tampouco houve a aplicação de multa, dada a prescrição da pretensão
punitiva do Tribunal.
2. Transcrevo, no que interessa, a essência do recurso apresentado:
“13. Como bem exposto pelo i. Relator em outra oportunidade, as falhas identificadas no
Planfor de deram de maneira geral, em virtude principalmente da conduta dos gestores públicos que
estavam à frente do MTE à época da execução das ações.
14. Nessa linha, mesmo acreditando que não possuem responsabilidade sobre o suposto dano
indicado, os ora Embargantes não têm por índole fugir de suas eventuais responsabilidades e
compromissos com o Poder Público e com a sociedade em geral, motivo pelo qual prontificaram-se a
restituir o valor apontado como devido, devidamente atualizado.
15. Para tanto, requereram o parcelamento da monta, em 36 (trinta e seis) parcelas, bem como
o reconhecimento de sua boa-fé, que está demonstrada diante dos diversos elementos que indicam a
execução das ações (vide peças 09 e 10), ainda que tais documentos não sejam capazes de atestar a
regularidade formal do convênio, em decorrências das modificações não registradas no curso das
atividades.
16. É de conhecimento que a aplicação de recurso público em propósito diverso do inicialmente
previsto não necessariamente acarreta na irregularidade das contas A jurisprudência desse E. TCU
reconhece que há dois tipos de desvio, o de objeto e o de finalidade. Por oportuno:
'O desvio de objeto constitui falta de natureza especifica, considerada insuficiente para
configurar ocorrência de dano ao erário, conduzindo, como regra, ao julgamento pela regularidade
com ressalva das contas dos gestores, sem imputação de débito, ao passo que o desvio de finalidade
tem acarretado, também como regra, o julgamento pela irregularidade das contas do responsável,
com imputação do débito apurado e aplicação de multa.'
17. O caos em tela se revela, ao máximo, um desvio de objeto, que não enseja a irregularidade
nas contas.
18. Ressalta-se, ainda, que eventuais inconsistências formais praticadas na execução das ações
não acarretam diretamente na irregularidade das contas no presente caso, ensejando, quando muito,
a ressalva, desde que a monta repassada tenha sido devolvida ao erário ou empregada na execução
das atividades (inexistência de dano). Esse é o comando contido no art. 16, inciso II, da Lei n.
8.443/92 e no art. 208 do RI/TCU: (transcrição dos dispositivos)
19. Como destacado anteriormente, os ora Embargantes restituíram tempestivamente a monta
repassada por força do Convênio SERT/SINE 162/99, reforçando, assim, a presença de boa-fé nos
autos.
20. Em tempo, o reconhecimento da boa-fé, conforme exposto pelo i. Ministro José Múcio
Monteiro, quando da prolação do Acórdão n. 2.984/2012-1ª Câmara, tem o fim de 'estimular a
236

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

regularização do processo pelo responsável que errou reconhecidamente de modo não intencional',
caso este dos ora Embargantes.
PEDIDO.
Diante do exposto, requerem os ora Embargantes o conhecimento do presente recurso, eis que
oposto dentro do prazo fixado, bem como o seu provimento para ver supridas a omissão acima
apontada, conferindo caráter infringente ao presente recurso, no sentido de que sejam as presentes
contas julgadas, ao menos, regulares com ressalva”.
3. Os embargantes tiveram ciência da deliberação recorrida em 7/3/2019. O recurso foi oposto
em 8/3/2019.
É o relatório.

VOTO

Preliminarmente, conheço do recurso em apreço, tendo em vista o preenchimento dos requisitos


necessários à espécie.
2. Trata-se de embargos de declaração opostos pela Associação Brasileira de Gastronomia,
Hospedagem e Turismo e pelo sr. Nelson de Abreu Pinto, presidente da entidade à época dos fatos, em
desfavor do Acórdão 1143/2019-Primeira Câmara, decisão por meio da qual as contas dos recorrentes
foram julgadas irregulares. Não houve condenação em débito, tendo em vista o recolhimento das
quantias impugnadas pelo TCU, tampouco houve a aplicação de multa, dada a prescrição da pretensão
punitiva do Tribunal.
3. Originariamente este processo cuidou de tomada de contas especial instaurada pelo extinto
Ministério do Trabalho em razão de irregularidades na execução do Convênio Sert/Sine 162/99,
celebrado entre a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP) e a
Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi), para a realização de cursos
de formação de mão de obra nas seguintes áreas: treinamento para implantação de pesquisa,
elaboração de relatório e pesquisa de trabalho de campo. Ao todo, a qualificação deveria atingir 803
treinandos.
4. As ações pactuadas estavam inseridas no âmbito do Plano Nacional de Qualificação do
Trabalhador (Planfor), no qual o Governo Federal transferiu recursos para o Estado de São Paulo. Este,
por sua vez, repassou ao subconvenente R$ 100.356,40, tendo sido fixada a contrapartida de
R$ 20.000,00 por parte da associação.
5. Na prestação de contas, identificou-se que a Abresi havia alterado unilateralmente o objeto do
convênio, tendo realizado, na verdade, um diagnóstico sobre a real necessidade de mão de obra nos
segmentos de hospedagem, gastronomia e turismo.
6. Em resposta à citação do TCU, a associação requereu o parcelamento do débito. Diante do
recolhimento das parcelas atualizadas, este Colegiado entendeu que deveria ser dada quitação aos
responsáveis. Na oportunidade, mencionei recente entendimento do TCU, consubstanciado no
Acórdão 2.144/2018-Plenário, de que o pagamento tempestivo do débito na fase de citação, atualizado
monetariamente, opera sua quitação, não cabendo a incidência de juros quando do julgamento do
processo. Todavia, caso não restasse caracterizada a boa-fé do responsável ou na subsistência de outras
irregularidades, as contas seriam julgadas irregulares com aplicação da multa prevista no art. 58, inciso
I, da Lei 8.443/1992.
7. Diante da existência de outras irregularidades no caso concreto (mudança do objeto do
convênio, saque dos recursos, envio de parte dos valores para pessoas sem relação com as ações
educacionais, comprovantes de despesas sem nexo com as atividades previstas no convênio – e em
alguns casos mencionando outros ajustes – e apresentação de nota fiscal inconsistente), a Primeira
Câmara acolheu minha proposta de julgar irregulares as contas dos embargantes. Só não houve
aplicação da multa prevista no art. 58, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 em razão da prescrição.
237

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

8. Os embargantes aduzem estar configurado no caso concreto desvio de objeto, hipótese que, no
entender deles, acarreta tão somente a regularidade com ressalvas das contas. Além disso, argumentam
que as inconsistências identificadas são formais e que os jurisdicionados atuaram com boa-fé, tendo
recolhido o débito tempestivamente.
9. Percebe-se que os recorrentes não buscam eliminar eventuais contradições, omissões ou
obscuridades, mas tão somente promover um novo julgamento dos fatos, algo incabível na estreita via
escolhida. Por sinal, a jurisprudência do TCU, a exemplo do Acórdão 131/2015-Primeira Câmara,
consolidou-se no sentido de que os embargos declaratórios não se prestam para a rediscussão do
mérito nem para reavaliação dos fundamentos que conduziram à prolação do acórdão recorrido.
10. Ainda que não houvesse tal óbice, contrariamente ao que fora dito pelos recorrentes, as
alterações nas especificações do objeto pactuado, sem a devida aprovação do órgão repassador dos
recursos, não são falhas de caráter formal e, embora não caracterizem débito, sujeitam os responsáveis
ao julgamento pela irregularidade das contas e à aplicação de multa. Cito, nesse sentido, os Acórdãos
1482/2005-Primeira Câmara, 4374/2014-Primeira Câmara, 3719/2009-Primeira Câmara, 5304/2013-
Primeira Câmara, 1007/2014-Primeira Câmara, 1541/2007-Plenário, dentre muitos outros.
11. As demais falhas apuradas no processo também não podem ser vistas como formais, pois o
saque dos recursos e o envio de parte dos valores para pessoas sem relação com as ações educacionais
impedem a necessária demonstração do nexo de causalidade entre os recursos e as ações realizadas. A
apresentação de notas fiscais inconsistentes e de comprovantes de despesas sem ligação com as
atividades previstas no convênio – e em alguns casos mencionando outros ajustes – demonstram, a
bem da verdade, a desídia no cumprimento dos compromissos assumidos com o poder público.
12. Ainda que tenha ocorrido a devolução dos recursos no quadriênio 2015-2018, isso não
demonstra que, durante a execução do ajuste, os embargantes tenham agido com boa-fé.
13. Com fundamento nessas questões, rejeito os embargos.
14. Ante o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2683/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 004.999/2014-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de declaração (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Associação Brasileira das Entidades e Empresas de Gastronomia,
Hospedagem e Turismo (03.636.552/0001-89); Luís Antônio Paulino (857.096.468-49); Nassim
Gabriel Mehedff (007.243.786-34); Nelson de Abreu Pinto (024.789.868-68); Walter Barelli
(008.056.888-20)
3.2. Recorrentes: Associação Brasileira das Entidades e Empresas de Gastronomia, Hospedagem
e Turismo (03.636.552/0001-89); Nelson de Abreu Pinto (024.789.868-68).
4. Órgão/Entidade: Entidades e Órgãos do Governo do Estado de São Paulo.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
8. Representação legal: Daniel Soares Alvarenga de Macedo (36.042/OAB-DF), Ronaldo de
Almeida (236199/OAB-SP), Thiago Groszewicz Brito (31762/OAB-DF) e outros.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pela Associação
Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo e pelo sr. Nelson de Abreu Pinto, presidente da
entidade à época dos fatos, em desfavor do Acórdão 1143/2019-Primeira Câmara,
238

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira


Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pela Associação Brasileira de Gastronomia,
Hospedagem e Turismo e pelo sr. Nelson de Abreu Pinto para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. dar ciência desta deliberação aos recorrentes.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2683-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE V – 1ª Câmara


TC 008.371/2009-9
Natureza: Aposentadoria
Entidade: Universidade Federal da Paraíba
Interessado: Emmanuel Henriques de Andrade (002.776.654-34)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: APOSENTADORIA. INCLUSÃO NO BENEFÍCIO, CUMULATIVAMENTE, DA


REMUNERAÇÃO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA (ART. 193 DA LEI 8.112/1990) E DA
RETRIBUIÇÃO DO CARGO EFETIVO DO INTERESSADO. CÁLCULO INCORRETO DA
FUNÇÃO COMISSIONADA A QUE FAZ JUS O EX-SERVIDOR. ILEGALIDADE. NEGATIVA
DE REGISTRO. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução elaborada no âmbito da
Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip), a qual contou com a anuência dos dirigentes da unidade
técnica e da representante do Ministério Público nos autos:
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de ato de concessão de aposentadoria de Emmanuel Henriques de Andrade, ex-
servidor da Universidade Federal da Paraíba.
2. O ato foi submetido, para fim de registro, à apreciação do Tribunal de Contas da União
(TCU), de acordo com o art. 71, inciso III, da Constituição Federal. O cadastramento e a
disponibilização ao TCU ocorreram por intermédio do Sistema de Apreciação e Registro de Atos de
Admissão e Concessões, na forma dos arts. 2º, caput e incisos I a VI, e 4º, caput, da Instrução
Normativa - TCU 78/2018.
HISTÓRICO
3. Foi constatado no ato em tela pagamento de parcela judicial referente a ‘quintos de FC’.
Assim, foi encaminhada diligência ao órgão emissor (peça 1, p. 16), solicitando informações acerca
da ação judicial que deu ensejo ao pagamento da parcela e sua memória de cálculo. Em resposta, a
Universidade Federal da Paraíba encaminhou a documentação constante da peça 5.
239

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Adicionalmente, tendo em vista que o ato deu entrada no TCU há mais de 5 anos, foi
promovida a oitiva do interessado (peça 7), visando oferecer oportunidade para ampla defesa, nos
termos do Acórdão 587/2011-Plenário.
5. Apesar de regularmente notificado (peça 12, p. 3), o interessado não apresentou resposta.
EXAME TÉCNICO
6. Visando assegurar a manutenção do pagamento da parcela judicial referente a ‘quintos de
FC’, o servidor impetrou em 9/6/2010 o Mandado de Segurança (MS) 0004605-02.2010.4.05.8200,
que transitou em julgado a seu favor em 26/5/2015 (peça 25). Diante disso, não cabe mais
questionamento quanto à sua legalidade.
7. Consulta ao contracheque atual do inativo no Siape (peça 26), contudo, revela que o
interessado vem recebendo, além da parcela em comento, provento básico no valor de R$ 6.088,93.
8. Ressalte-se que a decisão judicial que assegurou o pagamento da parcela relativa à função
comissionada (peça 15), tendo em vista que o interessado se aposentou com a vantagem do art. 193 da
Lei 8.112/1990, garantiu ao inativo, em razão do direito de irredutibilidade de vencimentos, o valor
recebido antes da vigência da Lei 11.091/2005, correspondente a R$ 11.691,27 e sujeito somente aos
reajustes gerais dos servidores públicos:
‘Dessa feita, tendo-se em vista que: 1) no ano de 2005 houve reestruturação da carreira dos
servidores técnico-administrativos das IFES (Lei 11.091/2005), rompendo-se com o regime de
carreira anterior; 2) em 21 de setembro de 2009, a Auditoria de Recursos Humanos da Secretaria de
Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão expediu o Relatório de
Auditoria nº 15/2009, no qual aponta irregularidade no pagamento da rubrica de incorporação do
impetrante, ou seja, antes do transcurso de 05 (cinco) anos; 3) o parágrafo segundo do art. 54 da Lei
9.784/1999 considera apto a interromper a decadência qualquer medida que importe em impugnação
à validade do ato, não há se falar em decadência.’ (...) ‘Concluo: que a UFPB poderá rever o
pagamento da função com a qual o impetrante se inativou para mantê-la atrelada aos vencimentos do
professor doutor titular em regime de dedicação exclusiva (D.E), nos termos da Portaria MEC
474/87, somente até a entrada em vigor dos efeitos financeiros da reestruturação da carreira de que
trata a Lei 11.091, em 1º de março de 2005’. (...) ‘A partir de então, instaurado novo regime
remuneratório para a carreira, fica a UFPB autorizada a desvincular o pagamento daquela função ao
valor da FC (ou seja, dos vencimentos do professor doutor titular em regime D.E.). Contudo, em
ressalva ao direito de irredutibilidade de vencimentos, deverá ser garantido ao impetrante o
pagamento da vantagem em pauta, no mesmo valor que era pago antes da vigência dos efeitos
financeiros da Lei 11.091/2005, vale dizer, até fevereiro de 2005: R$ 11.691,27 (onze mil, seiscentos
e noventa e um reais e vinte e sete centavos). Tal valor, a partir de março/2005, deverá ser
reajustado pelos mesmos percentuais de reajustes gerais concedidos aos servidores públicos federais
em geral.’
9. Nota-se, assim, que a inclusão da parcela relativa ao provento básico se encontra irregular,
por contrariar a decisão judicial supra e carecer de respaldo legal.
10. Destarte, cabe considerar ilegal a concessão em tela, negando-se seu registro.
CONCLUSÃO
11. Em razão do exposto e tendo em vista as análises realizadas no ato em epígrafe, cabe
considerar ilegal a concessão em favor de Emmanuel Henriques de Andrade, recusando-se seu
registro.
12. Cabe ainda determinação à Universidade Federal da Paraíba para que adeque o cálculo
dos proventos do inativo aos estritos termos da decisão judicial proferida pelo Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (TRF-5) no âmbito do MS 0004605-02.2010.4.05.8200.
13. Quanto aos valores recebidos de boa-fé pelo interessado, encontra-se presente o requisito
para aplicação do Enunciado 106 da Súmula da Jurisprudência do TCU, dispensando-se sua
devolução.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
240

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14. Ante o exposto, e de conformidade com o preceituado nos arts. 71, III, da Constituição
Federal, 1º, V, e 39, II, da Lei 8.443/1992 e 1º, VIII, e 259, II, do Regimento Interno/TCU, propõe-se:
14.1. considerar ilegal e recusar o registro do ato de aposentadoria de Emmanuel Henriques de
Andrade;
14.2. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas de boa-fé, consoante o
disposto no Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência do TCU;
14.3. determinar à Universidade Federal da Paraíba que:
14.3.1. faça cessar os pagamentos decorrentes do ato impugnado, comunicando ao TCU, no
prazo de quinze dias, as providências adotadas, nos termos dos art. 262, caput, do Regimento Interno,
e 8º, caput, da Resolução - TCU 206/2007;
14.3.2. emita novo ato, livre da irregularidade apontada, e o submeta ao TCU no prazo de trinta
dias, nos termos dos arts. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU;
14.3.3. informe ao interessado o teor do acórdão que for prolatado, alertando-o de que o efeito
suspensivo proveniente de eventual interposição de recurso junto ao TCU não o exime da devolução
dos valores indevidamente percebidos após a notificação, em caso de não provimento desse recurso;
14.3.4. encaminhe ao TCU, no prazo de trinta dias, comprovante da data de ciência do
interessado, nos termos do art. 4º, § 3º, da Resolução - TCU 170/2004.”
É o relatório.

VOTO

Em exame a aposentadoria do sr. Emmanuel Henriques de Andrade, ex-servidor da Universidade


Federal da Paraíba (UFPB).
2. Tratando-se de ato remetido ao Tribunal há mais de cinco anos, ainda sem apreciação
definitiva, foi previamente franqueada ao interessado a oportunidade de se pronunciar acerca da
inclusão, nos proventos, de parcela alusiva a função comissionada (FC) em valor superior àquele
fixado na tabela de referência.
3. Devidamente notificado, o sr. Emmanuel Henriques de Andrade não se manifestou.
4. Instruindo o feito, a Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip) entende que o valor da FC
paga ao inativo não pode mais ser questionado, porquanto assegurado por decisão judicial transitada
em julgado. Entretanto, observa que o ex-servidor, aposentado com a vantagem do art. 193 da Lei
8.112/1990 (remuneração do cargo comissionado; cf. peça 5, p. 28), vem percebendo, além da FC, o
provento básico de seu cargo efetivo, contrariando a decisão judicial e ofendendo a legislação de
regência. Propugna, assim, a negativa de registro do ato.
5. O Ministério Público, em cota simples, põe-se de acordo.
6. Permito-me dissentir dos pareceres.
7. De início, esclareço que, até a edição da Lei 8.168/1991, o Plano Único de Classificação e
Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE), aplicável aos servidores das instituições federais de
ensino, previa o pagamento de retribuição própria – sob a forma de função de confiança (FC) – pelo
exercício de atividades de direção, chefia e assessoramento. À época, nos termos da Portaria MEC
474/87, os valores das FC eram atrelados à remuneração do professor titular da carreira de magistério
superior, com doutorado e em regime de dedicação exclusiva. Com o advento da Lei 8.168, tais
funções foram transformadas em cargos de direção (CD) e em funções gratificadas (FG), ambas as
categorias com padrão remuneratório inferior ao das antigas FC e sem nenhuma correlação com a
remuneração dos cargos do magistério.
8. Estabeleceu-se, então, certa controvérsia quanto à retribuição que seria devida aos servidores à
época investidos em funções de confiança que, sem solução de continuidade, permaneceram no
exercício dos cargos de direção e das funções gratificadas resultantes da transformação. Essa
241

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

controvérsia aumentou com a edição da Lei 8.911/1994, que disciplinou a incorporação de quintos,
admitindo, inclusive, o aproveitamento do tempo de serviço prestado sob o regime celetista.
9. No âmbito desta Corte, a matéria foi pacificada com o advento da Decisão 235/1998 – 1ª
Câmara, que, modificando o entendimento anterior, deixou assente que:
“a retribuição pelo exercício de cargos de direção e funções gratificadas iniciado após o
advento da Lei nº 8.168/91 deve observar os valores estipulados naquele diploma, preservando-se a
retribuição, com base no valor das funções de confiança transformadas, dos servidores que as
exerciam e continuaram no exercício dos cargos de direção e das funções gratificadas resultantes da
transformação, bem como o valor dos quintos incorporados com base no exercício das funções de
confiança transformadas, tanto para os servidores ativos quanto para os aposentados” (subitem 8.2.3
– grifei).
10. Assim, com a alteração efetuada pela Lei 8.168/1991, e a consequente derrogação da Portaria
MEC 474/87, os valores de referência das antigas FC deveriam ter sido “congelados”, sujeitando-se,
daí em diante, apenas aos reajustes gerais do funcionalismo, até que, eventualmente, viessem a se
tornar equivalentes aos dos CD e FG.
11. Nessa linha, é certo que o sr. Emmanuel Henriques de Andrade teria direito à incorporação
de quintos com base no valor das antigas FC, ou – como veio a optar – pela aposentação com o valor
correspondente à FC que exerceu na atividade (art. 193 da Lei 8.112/1990, em sua redação original).
12. Contudo, o que se infere dos autos é que a UFPB foi muito além.
13. Primeiro, atribuiu ao inativo a FC-1, função que jamais exerceu na atividade. De fato, a
maior função desempenhada pelo ex-servidor, ocupante do cargo de cirurgião-dentista, foi a de diretor
da Divisão de Assistência Médica Odontológica da universidade, de símbolo DAI 111.3 (peça 12, p. 9,
e peça 27, p. 4), função de nível intermediário, equivalente a algo como a FC-5 ou 6, e não a FC-1,
reservada ao reitor da instituição.
14. Segundo, manteve a vantagem – pelo menos até 2008 (peça 5, p. 5) – atrelada aos
vencimentos correntes dos professores titulares da instituição, em que pese as substanciais alterações
promovidas na estrutura remuneratória do magistério desde a edição da Lei 8.168/1991.
15. Terceiro, sobre o valor assim calculado, ainda acrescentou uma parcela extra de valor
superior à própria FC-1, de modo que a vantagem, em maio de 2008, apresentava valor superior ao
dobro do que seria a FC-1 se a Portaria MEC 474/87 ainda estivesse em vigor (peça 5, p. 5).
16. Como resultado, chegou-se à esdrúxula situação de se pagar ao sr. Emmanuel Henriques de
Andrade – como visto, um cirurgião-dentista cuja maior função que exerceu foi a de chefe do setor de
assistência odontológica da UFPB – valor substancialmente superior ao da maior função comissionada
existente no âmbito das instituições federais de ensino: em maio de 2008, o valor da FC-1 calculado
pela universidade da Paraíba chegava R$ 15.921,99; na mesma época, o CD-1, pago ao reitor da
instituição, era de R$ 8.889,52.
17. É pertinente assinalar que o instituto de incorporação de funções, extinto desde 1998, e a
vantagem do art. 193 da Lei 8.112/1990, extinta desde 1995, tinham por objetivo resguardar os
servidores efetivos do decesso remuneratório decorrente da eventual dispensa de funções ou cargos
comissionados. Não se pode pretender que tais benefícios – repita-se, há muito extintos – sejam
utilizados como fator multiplicador de rendimentos, dando ensejo ao enriquecimento sem causa de
seus beneficiários.
18. Além de subverter toda a lógica remuneratória atual das instituições de ensino, a hipótese
discutida neste processo configura, na prática, combinação de vantagens de regimes jurídicos distintos,
materializada no somatório de parcelas oriundas de estruturas remuneratórias diferentes, algo que
sempre foi repelido pela Corte Constitucional, como exemplifica a ementa da decisão proferida no RE
384.876, da relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence:
“EMENTA: Serventuário da Justiça do Estado do Rio Grande do Norte: aplicação de lei local
(LC est. 212/01), que determinara nova fórmula de cálculo dos vencimentos dos membros do
Ministério Público, aos quais são atrelados os do recorrido, Escrivão aposentado: pretensão à
242

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

preservação de gratificação de 20% percebida anteriormente à nova lei: inexistência de violação do


direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos: inconstitucionalidade do § 1º do artigo 29 da
Constituição estadual, do qual derivara o acréscimo questionado, declarada pelo Supremo Tribunal
no julgamento da ADIn 1730 (Moreira, DJ 7.3.2003).
1. Não tem o servidor público direito adquirido à manutenção de determinado regime de
composição de vencimentos ou proventos; o que a Constituição lhe assegura é a irredutibilidade
deles; garantia respeitada sempre que, da aplicação do novo sistema legal, não advenha decréscimo
da soma total da remuneração paga.
2. Incontroverso, que, em função da lei nova, os proventos totais do servidor não sofreram
diminuição, mas, ao contrário, experimentaram elevação, deferir a preservação do acréscimo de 20%
sobre os novos proventos, já superiores ao total anteriormente percebido, seria possibilitar, contra os
princípios, o somatório de vantagens de regimes diversos.”
19. Aliás, tal entendimento foi rigorosamente respeitado em todas as decisões judiciais
proferidas nos processos movidos pelo sr. Emmanuel Henriques de Andrade.
20. Na primeira sentença sobre o tema, por exemplo, o juízo, em liminar, determinou – em 1996
– a manutenção dos proventos “pelos valores das antigas FC e FG”, isso unicamente em face do
princípio da irredutibilidade dos vencimentos (peça 5, p. 87). Mais tarde, julgou improcedente o
pedido dos autores ao argumento de que “não restou comprovada a incorporação dos ‘quintos’ antes
da vigência da Lei 8.168/1991” (peça 5, p. 99).
21. Inconformados em parte com esse desfecho, os autores, entre eles o sr. Emmanuel Henriques
de Andrade, sem exceder o entendimento jurisprudencial então já assentado, insistiram tão somente na
tese da irredutibilidade de vencimentos (peça 5, p. 95):
“Como já se disse anteriormente, é bem verdade que não existe direito adquirido a determinado
regime jurídico, podendo a lei suprimir, alterar ou substituir vantagem ou benefício do servidor
público, mas isso em nenhuma hipótese pode ocasionar diminuição dos proventos do servidor, como
frisou o Excelso Pretório (...).
No caso vertente, a Lei 8.168/91 não assegurou aos servidores o direito de perceberem, como
vantagem pessoal, a diferença entre o valor dos quintos incorporados na forma preconizada na
Portaria MEC 474/87 e os valores fixados para a retribuição dos Funções Gratificadas e dos Cargos
de Direção de que trata o mencionado dispositivo legal, ocasionando, desse modo, diminuição dos
proventos dos impetrantes, o que é vedado pelos arts. 37, inciso XV, art. 39, § 2°, c/c o art. 7°, VI,
todos da Carta Magna.
Ante o exposto requer a reforma parcial da r. sentença do Juiz ‘a quo’, para que os Recorrentes
continuem a perceber os valores referentes às gratificações correspondentes às FC's, que tinham sido
incorporadas na forma da Portaria MEC 474/87, Decreto 94.664/87 e Lei 7.596/87, sem as
modificações introduzidas pela Lei 8.168/91 e Oficio Circular 30/96” (destaques acrescentados).
22. A decisão do juízo recursal, dando provimento à apelação, em 1997, foi precisamente na
linha do pedido dos recorrentes (peça 5, p. 101-102 e 104):
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRANSFORMAÇÃO DE FUNÇÕES
COMISSIONADAS EM CARGOS DE DIREÇÃO. REDUÇÃO DE REMUNERAÇÃO. INCABIMENTO.
O princípio da irredutibilidade salarial, insculpido no art. 7º, inciso VI, da Constituição
Federal, tem por destinatários não só os ocupantes de cargos efetivos, mas também os
comissionados.”
23. A despeito da clareza do provimento judicial, a UFPB manteve sua peculiar forma de
calcular a vantagem atribuída ao sr. Emmanuel Henriques de Andrade até o ano de 2010, quando, por
provocação do Ministério do Planejamento, intentou corrigir o valor do benefício (peça 12, p. 13). Isso
levou o ex-servidor novamente à Justiça. Transcrevo trechos da respectiva sentença, proferida em
2011, que veio a transitar em julgado (peça 12, p. 15-17):
“Conquanto eivada de vício de ilegalidade, a indigitada portaria do MEC produziu efeitos em
relação aos ocupantes de funções comissionadas por ela disciplinadas, ou seja, aos que cumpriram os
243

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

requisitos exigidos para a incorporação dos valores até 31.10.1991, em respeito aos princípios do
direito adquirido e da irredutibilidade salarial insculpidos na Carta Magna, bem como do
reconhecimento da ocorrência da hipótese do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a
Administração anular valores incorporados a partir da Portaria 474/87 do MEC até a edição da Lei
8.168/91, conforme inúmeros acórdãos dos Tribunais Regionais Federais, do Superior Tribunal de
Justiça e do Supremo Tribunal Federal nesse sentido.
DO ERRO ADMINISTRATIVO NA IMPLANTAÇÃO DA RUBRICA - INEXISTÊNCIA DE
DECISÃO JUDICIAL
............................................................................................................................................
Neste diapasão, forçoso é admitir que inexiste julgado assegurando ao impetrante o direito de
manter, indeterminadamente, o critério de vinculação (Professor Doutor D.E.), sendo que o
pagamento da rubrica ‘016171 - Decisão Judicial Trans. em Julgado’ há muito vem sendo paga por
erro administrativo.
Apesar de ter havido erro Administrativo, é certo que a Lei 9.784/99 preconiza o prazo
decadencial de cinco anos para que sejam anulados atos administrativos favoráveis aos seus
destinatários.
Tal prazo decadencial, contudo, deve ser verificado à vista de cada regime remuneratório que se
sucede no tempo; isto porque, considerando o entendimento consolidado de que o servidor público
não tem direito adquirido a regime jurídico remuneratório, a cada reestruturação de carreira a UFPB
reiniciou o equívoco de manutenção do pagamento da rubrica mencionada.
DA INSTITUIÇÃO DE NOVO PLANO DE CARREIRA PARA OS SERVIDORES TÉCNICO-
ADMINISTRATIVOS DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR
Há ainda que se observar uma situação de extremo relevo para a solução da presente lide. A
carreira do impetrante, ocupante do cargo de Cirurgião Dentista (fl. 60), era regida pelo Plano de
Cargos e Salários de que trata a Lei 7.596/87, e pelo Decreto 94.664/87.
Cumpre ressaltar que a função incorporada aos proventos do impetrante tinha por base de
cálculo a remuneração do professor doutor titular em regime de dedicação exclusiva 15, embora fosse
ele Cirurgião Dentista.
............................................................................................................................................
Concluo: que a UFPB poderá rever o pagamento da função com a qual o impetrante se inativou
para mantê-la atrelada aos vencimentos do professor doutor titular em regime de dedicação exclusiva
(D.E), nos termos da Portaria MEC 474/87, somente até a entrada em vigor dos efeitos financeiros da
reestruturação da carreira de que trata a Lei 11.091, em 1º de março de 2005.
A partir de então, instaurado novo regime remuneratório para a carreira, fica a UFPB
autorizada a desvincular o pagamento daquela função ao valor da FC (ou seja, dos vencimentos do
professor doutor titular em regime D.E.).
Contudo, em ressalva ao direito de irredutibilidade de vencimentos, deverá ser garantido ao
impetrante o pagamento da vantagem em pauta, no mesmo valor que era pago antes da vigência dos
efeitos financeiros da Lei 11.091/2005, vale dizer, até fevereiro de 2005: R$ 11.691,27 (onze mil,
seiscentos e noventa e um reais e vinte e sete centavos).
Tal valor, a partir de março/2005, deverá ser reajustado pelos mesmos percentuais de reajustes
gerais concedidos aos servidores públicos federais em geral.
............................................................................................................................................
DISPOSITIVO
Pelo exposto, CONCEDO PARCIALMENTE a segurança, para assegurar ao impetrante o
direito de receber a função incorporada a seus proventos (art. 193 da Lei 8.112/90) atrelada aos
vencimentos do professor doutor titular em regime de dedicação exclusiva (D.E), nos termos da
Portaria MEC 474/87, até a entrada em vigor dos efeitos financeiros da reestruturação da carreira de
que trata a Lei 11.091/2005, a qual importava, em fevereiro/2005, em R$ 11.691,27 (onze mil,
seiscentos e noventa e um reais e vinte e sete centavos).
244

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A partir de 1º de março de 2005, a UFPB deverá proceder à desvinculação do pagamento


daquela função do valor dos vencimentos daquele professor, aplicando unicamente sobre a vantagem
em pauta os reajustes gerais concedidos aos servidores públicos federais.
CONCEDO A SEGURANÇA, outrossim, para determinar que a autoridade coatora se abstenha
de exigir a restituição dos valores recebidos indevidamente pelo impetrante, a contar da vigência dos
efeitos financeiros da Lei 11.091/2005 (março/2005)” (destaques acrescentados).
24. Como se vê, há tempos a Universidade Federal da Paraíba vem cometendo flagrante
ilegalidade no pagamento dos proventos do sr. Emmanuel Henriques de Andrade, circunstância
reconhecida inclusive pelo Poder Judiciário.
25. Mesmo agora, como salienta a Sefip, a UFPB comete erro crasso ao incluir no benefício
previdenciário a parcela “provento básico” – equivalente ao vencimento básico do cargo de origem do
ex-servidor –, em que pese se tratar de aposentadoria com a remuneração do cargo em comissão
(vantagem do art. 193 do RJU, como já mencionado). A propósito, essa falha, na realidade, já se fazia
presente desde a concessão inicial, como se pode verificar tanto no ato cadastrado no Sisac (peça 27,
onde a vantagem foi indevidamente associada ao art. 192 da Lei 8.112) como nos contracheques
contemporâneos no Siape.
26. Assim, como propugnam a unidade técnica e o Parquet, há que se negar registro à
concessão.
27. Quanto aos desdobramentos dessa negativa, entretanto, entendo, diferentemente dos
pareceres, que se deva determinar à UFPB a imediata suspensão dos pagamentos irregulares e a estrita
observância, quando da emissão do novo título de inatividade, do regramento relativo às funções
comissionadas, a saber, a atribuição ao ex-servidor da FC correspondente à maior função por ele
efetivamente desempenhada (i.e., diretor da Divisão de Assistência Médica Odontológica da
universidade, símbolo DAI 111.3) e a adoção do valor de referência fixado na tabela da SRH/MP.
28. Aqui, lembro que a União (e, assim, esta Corte de Contas) não integrou nenhum dos
processos judiciais movidos pelo sr. Emmanuel Henriques de Andrade, de modo que as sentenças
neles proferidas apenas obrigaram as respectivas partes, restando intacta a competência constitucional
atribuída ao TCU para apreciar, para fins de registro, o benefício previdenciário concedido ao ex-
servidor.
29. Ademais, como visto, as sentenças favoráveis ao inativo invariavelmente se fundaram no
transcurso do prazo decadencial estabelecido na Lei 9.784/1999, prazo esse que, em se tratando de ato
complexo (como são os atos de aposentadoria), tem seu termo inicial na data do registro pela
respectiva Corte de Contas, o que ainda não se verificou no caso em tela. Para não me estender sobre o
ponto, limito-me a transcrever a respeito a manifestação do Ministro Marco Aurélio, do STF, nos autos
do MS 27.966/DF:
“Quanto ao prazo previsto no artigo 54 da Lei nº 9.784/99, relativamente à revisão de atos
administrativos, os pronunciamentos desta Corte são reiterados no sentido de não ser aplicável a ato
complexo como é o da aposentadoria, vale dizer, fica afastado quando se faz em jogo a atuação do
Tribunal de Contas da União, iniludivelmente também administrativa, apreciando o cálculo dos
proventos da aposentadoria para homologá-la ou não – precedentes: Mandados de Segurança nº
24.997-8/DF, 25.090-9/DF e 25.192-1/DF, relatados pelo Ministro Eros Grau, com acórdãos
publicados no Diário da Justiça de 1º de abril de 2005 – os concernentes aos dois primeiros – e 6 de
maio de 2005, respectivamente.”
30. Por fim, ainda sobre o tema, não poderia deixar de aludir à tese fixada pela Suprema Corte,
em regime de repercussão geral, nos autos do RE 638.115 (DJe 151, publ. 3/8/2015):
“Ofende o princípio da legalidade a decisão que concede a incorporação de quintos pelo
exercício de função comissionada no período entre 8/4/1998 até 4/9/2001, ante a carência de
fundamento legal.”
31. Contra tal entendimento, o então Procurador-Geral da República opôs embargos de
declaração, ensejando nova deliberação, assim ementada (DJe 176, publ. 10/8/2017):
245

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“Embargos de declaração no recurso extraordinário. 2. Repercussão Geral. 3. Direito


Administrativo. 4. Servidor público. 5. Incorporação de quintos decorrente do exercício de funções
comissionadas no período compreendido entre a edição da Lei 9.624/1998 e a MP 2.225-48/2001.
Impossibilidade. 6. Cessada a ultratividade das incorporações em qualquer hipótese, seja decorrente
de decisões administrativas ou de decisões judiciais transitadas em julgado. RE-RG 730.462, Rel.
Min. Teori Zavascki. 7. Ausência de omissão, contradição ou obscuridade. 8. Embargos rejeitados”
(grifei).
32. A fundamentação desse decisum, do Ministro Gilmar Mendes, foi a seguinte:
“Por eficácia normativa entende-se a consequência de manter-se ou excluir-se o preceito
normativo questionado do ordenamento jurídico. Por sua vez, a eficácia executiva da decisão do STF
refere-se ao efeito vinculante, consistente em atribuir uma qualificada força impositiva e obrigatória
em relação a supervenientes atos administrativos ou judiciais. No tocante, às sentenças já transitadas
em julgado à época da decisão do STF sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma
na qual se embasou, ficou consignada a necessidade de interposição de ação rescisória. Daí
depreende-se que a declaração de inconstitucionalidade ou constitucionalidade de determinado
preceito normativo pelo STF não enseja a automática reforma ou rescisão das decisões anteriores já
transitadas em julgado, sendo necessária, para tanto, a interposição da ação rescisória. Entretanto,
ressalvou-se de tal necessidade a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença
proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado.
(...)
Nesses termos, tendo em vista que o pagamento dos quintos incorporados no período entre
8.4.1998 até 4.9.2001 foi declarado inconstitucional e refere-se a relação jurídica de trato
continuado, há que se reconhecer a necessidade de cessação imediata do pagamento da mencionada
verba, sem que isso caracterize afronta à coisa julgada e sem que seja necessário o ajuizamento de
ação rescisória” (grifei).
33. Assim, ante a conversão dos “quintos” em vantagem pessoal nominalmente identificada
(VPNI), operada pelo art. 15, § 1º, da Lei 9.527, de dezembro de 1997, e a cessação definitiva de
novas incorporações, em qualquer hipótese, desde o advento da Lei 9.624, de abril de 1998, não há
mais que se falar, a partir de então, em eventual modificação na base de cálculo da vantagem.
34. Dada a identidade, no caso específico dos presentes autos, entre a incorporação de quintos de
FC e a vantagem do art. 193 da Lei 8.112/1990 (envolvendo as mesmas FC), forçoso concluir, também
por essa via, pela total impertinência das alterações promovidas pela UFPB, ao menos desde o ano de
1998, na base de cálculo das FC de seus servidores.
35. Note-se que, nos exatos termos do entendimento firmado pelo STF, mesmo que tais
alterações se sustentassem em decisões judiciais transitadas em julgado (o que, como visto
anteriormente, não é o caso dos autos, uma vez que a competência desta Corte de Contas não foi
afetada pelos processos movidos pelo sr. Emmanuel Henriques de Andrade), sua ultratividade não
poderia subsistir após a decisão da Suprema Corte.
36. Diante do exposto, voto no sentido de que este Colegiado adote a deliberação que ora
submeto a sua apreciação.

ACÓRDÃO Nº 2684/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 008.371/2009-9.
2. Grupo II – Classe de Assunto: V – Aposentadoria
3. Interessado: Emmanuel Henriques de Andrade (002.776.654-34).
4. Entidade: Universidade Federal da Paraíba.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
246

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).


8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de aposentadoria concedida pela Universidade
Federal da Paraíba,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo Relator, com fundamento no art. 71, inciso III, da Constituição Federal
e nos arts. 1º, inciso V, 39, inciso II, e 45 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. considerar ilegal o ato de aposentadoria do sr. Emmanuel Henriques de Andrade, recusando
seu registro;
9.2. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas, em boa-fé, pelo
interessado, consoante o Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.3. determinar à Universidade Federal da Paraíba que:
9.3.1. faça cessar, no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da ciência desta deliberação, os
pagamentos decorrentes do ato impugnado, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade
administrativa omissa, consoante disposto nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal e 262 do
Regimento Interno desta Corte;
9.3.2. corrija, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da ciência desta deliberação, o valor da
função comissionada (FC) atualmente paga ao sr. Emmanuel Henriques de Andrade, quer como “FC
integral” (art. 193 da Lei 8.112/1990), quer como “quintos incorporados”, promovendo, para tanto, a
adequada correspondência entre as FC atribuídas ao inativo e as funções por ele efetivamente
exercidas (em particular a de diretor da Divisão de Assistência Médica Odontológica da universidade,
símbolo DAI 111.3), bem como observando a tabela de referência de FC adotada pelo órgão central do
Sipec, disponibilizada no sistema Siape;
9.3.3. dê ciência do inteiro teor desta deliberação ao sr. Emmanuel Henriques de Andrade,
alertando-o de que o efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos, caso não
providos, não o exime da devolução dos valores indevidamente percebidos após a notificação;
9.3.4. envie a esta Corte de Contas, no prazo de 30 (trinta) dias, por cópia, comprovante de que o
interessado teve ciência desta deliberação;
9.4. esclarecer à unidade de origem, com supedâneo no art. 262, § 2º, do Regimento Interno do
TCU, que a concessão considerada ilegal poderá prosperar mediante a emissão e o encaminhamento a
este Tribunal de novo ato concessório, escoimado das irregularidades apontadas nestes autos;
9.5. determinar à Sefip que monitore o cumprimento das medidas indicadas acima.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2684-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE II – Primeira Câmara


TC 019.350/2017-1.
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Prefeitura Municipal de Pitimbu (PB).
Responsável: José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00).
247

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Interessado: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (CNPJ


00.378.257/0001-81).
Representação legal: não há.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FUNDO NACIONAL DE


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE. PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA
ESCOLA - PDDE. OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS. NÃO COMPROVAÇÃO DA
BOA E REGULAR APLICAÇÃO DOS RECURSOS FEDERAIS TRANSFERIDOS. CITAÇÃO.
REVELIA. CONTAS JULGADAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação - FNDE, em desfavor do Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque
Neto, ex-prefeito do Município de Pitimbu (PB), em razão da omissão no dever de prestar contas dos
recursos federais repassados àquele ente federado, na modalidade fundo a fundo, sob a égide do
Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, no exercício de 2011.
2. O referido programa visa fornecer, em caráter suplementar, os recursos financeiros necessários
para a realização de despesas referentes ao custeio, à manutenção e a pequenos investimentos, que
contribuam para a garantia do funcionamento e a melhoria da infraestrutura física e pedagógica dos
estabelecimentos de ensino.
3. No exercício de 2011, no âmbito do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE repassou para o Município de Pitimbu (PB) a
importância de R$ 117.050,30 (cento e dezessete mil cinquenta reais e trinta centavos), por meio das
ordens bancárias relacionadas nestes autos (peça 2, p. 9 a 11).
4. O Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto, então Prefeito daquele município, não
prestou contas dos recursos repassados pelo FNDE, conforme relatado na Informação 2.305/2016
SEOPC/COPRA/CGCAP/DIFIN-FNDE (peça 2, p. 39 e 40), o que ensejou a instauração desta TCE.
5. Após adotar, sem sucesso, as medidas cabíveis para tentar obter a prestação de contas, o
tomador de contas emitiu seu relatório, no qual concluiu pela responsabilidade do ex-prefeito (peça 2,
p. 41 a 45). Naquela oportunidade, foi imputado ao responsável débito no valor total transferido pela
União para o mencionado município.
6. A Controladoria Geral da União manifestou sua concordância com esse pronunciamento do
tomador de contas (peça 2, p. 53 a 57). O Ministro supervisor teve ciência dessas conclusões.
7. Por meio de despacho (peça 6), determinei a citação do Sr. José Rômulo Carneiro de
Albuquerque Neto, a qual foi realizada por intermédio do Ofício 932/2017 - TCU/SECEX-TO, de
27/9/2017 (peça 8). A referida correspondência foi devolvida pelos Correios, tendo sido registrado que
o destinatário “mudou-se” (peça 9).
8. Diante disso, foi efetuada nova citação, a qual foi endereçada para uma empresa de
propriedade do ex-prefeito (Ofício 1.084/2017 - TCU/SECEX-TO, de 8/11/2017 - peça 11). Essa nova
correspondência foi recebida (AR – peça 12) e posteriormente devolvida (peça 14), por motivo
desconhecido.
9. Nesse contexto, a unidade técnica encaminhou uma correspondência para outro endereço do
responsável, a qual também foi restituída ao Tribunal (Ofício 33/2018 - TCU/SECEX-TO, de
23/1/2018 - peça 16). O insucesso das reiteradas tentativas de citação ensejou a citação editalícia do
responsável (Edital 20/2018 - TCU/SECEX-TO, de 2/4/2018 - peças 19 e 20).
10. O Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto não apresentou alegações de defesa nem
recolheu aos cofres públicos a quantia devida.
11. Após analisar os documentos acostados a estes autos, a diretora da Sec-TO destacou que:
a) a comprovação da boa e regular aplicação de bens e valores públicos é dever de todos aqueles
248

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a quem sejam confiados recursos federais, por força do disposto nos arts. 37, caput, e 70, parágrafo
único, da Constituição Federal de 1988 e 93 do Decreto-lei 200/1967;
b) diante da omissão do gestor municipal, ora sob exame, restou configurada ofensa às regras
legais e aos princípios basilares da administração pública. Ademais, tendo em vista que o gestor
deixou de comprovar o efetivo emprego dos recursos postos sob sua responsabilidade em benefício da
sociedade, surge a presunção de dano ao Erário. Nesse sentido, por exemplo, podem ser citados os
Acórdãos 161/2015 – 2ª Câmara (Relator Ministro Substituto Marcos Bemquerer Costa), 3.683/2014 –
2ª Câmara (Relatora Ministra Ana Arraes) e 1.199/2014 – Plenário (Relator Ministro Substituto André
de Carvalho);
c) o responsável foi citado por meio de edital da respectiva citação. Contudo, não apresentou
alegações de defesa nem recolheu aos cofres públicos federais as quantias que lhe foram imputadas.
Logo, deve ser considerado revel por este Tribunal, dando-se prosseguimento ao presente processo,
com fulcro no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
d) consoante demonstrado no Relatório do Tomador de Contas Especial (peça 2. p. 41 a 45) e no
Relatório de Auditoria 370/2017 (peça 2, p. 53 a 55), a responsabilidade pela aplicação irregular dos
recursos em questão deve ser imputada ao ex-prefeito;
e) no TCU, a revelia não acarreta a presunção de que seriam verdadeiras todas as imputações
levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil. Dessa forma, a
avaliação da responsabilidade do agente não pode prescindir das provas existentes no processo;
f) ao não apresentar sua defesa, o responsável deixou de produzir prova da regular aplicação dos
recursos sob sua responsabilidade, em afronta às normas que impõem ao gestor público a obrigação de,
sempre que for demandado pelos órgãos de controle, apresentar tais provas. Nesse sentido, pode ser
mencionado o art. 93 do Decreto-Lei 200/67, a seguir transcrito:
“Art. 93. Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego
na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas
competentes.”
g) sopesada a revelia do responsável, restou patente a inexistência de elementos que indiquem a
boa fé do ex-gestor municipal. Por via de consequência, em conformidade com o disposto no art. 202,
§ 6º, do Regimento Interno do TCU, deve ocorrer o julgamento do mérito destas contas;
h) cabe ressaltar que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva desta Corte de Contas.
Afinal, o ato irregular foi praticado no exercício de 2011, quando deveria ter sido apresentada a
prestação de contas, e o despacho que ordenou a citação do responsável foi prolatado em 13/9/2017.
Considerando que o lapso temporal transcorrido entre a prática da conduta omissiva e a edição do
mencionado despacho foi inferior ao prazo geral de prescrição de dez anos, estipulado no art. 205 da
Lei 10.406/2002, inexiste óbice ao exercício da ação punitiva por parte deste Tribunal.
12. Com fulcro nessas considerações, a diretora da Sec-TO propôs (peça 22):
a) considerar revel o Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00),
dando-se prosseguimento ao presente processo, com fulcro no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
b) com fundamento nos arts. 1º, I, 16, III, alíneas “a” e “c”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992 julgar
irregulares as contas do Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00), ex-
prefeito do Município de Pitimbu (PB), na gestão 2009-2012, condenando-o ao pagamento das
quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para
que comprove perante este Tribunal, na forma do art. 214, III, alínea “a”, do Regimento Interno do
TCU, o recolhimento da dívida aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas até a do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
5.295,30 30/12/2010
249

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

102.692,60 31/08/2011
4.148,90 1º/09/2011
1.747,60 25/11/2011
3.165,90 1º/12/2011
117.050,30 TOTAL

c) aplicar ao Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto a multa prevista nos arts. 57 da Lei
8.443/1992 e 267 do Regimento Interno do TCU, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para comprovar perante este Tribunal, em conformidade com o disposto no art. 214, III,
alínea “a”, do Regimento Interno do TCU, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
d) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas caso não sejam atendidas as notificações;
e) autorizar, desde que solicitado pelo responsável, o pagamento das dívidas acima em até 36
(trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217
do Regimento Interno, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação,
para comprovarem perante o Tribunal o recolhimento da primeira parcela, na forma prevista na
legislação em vigor;
f) dar ciência da presente deliberação ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), bem como à Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do art. 16, § 3º, da
Lei 8.443/1992 e art. 209, § 7º, do Regimento Interno do TCU, para as providências que considerarem
cabíveis.
13. O titular da Sec-TO manifestou sua concordância com essa proposta (peça 23).
14. O Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé pronunciou-se favoravelmente ao acolhimento
dessa proposta (peça 24).
É o Relatório.

VOTO

I - Histórico

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação - FNDE, em desfavor do Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque
Neto, ex-prefeito do Município de Pitimbu (PB), em razão da omissão no dever de prestar contas dos
recursos federais repassados àquele ente federado, na modalidade fundo a fundo, sob a égide do
Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, no exercício de 2011.
2. O referido programa visa fornecer, em caráter suplementar, os recursos financeiros necessários
para a realização de despesas referentes ao custeio, à manutenção e a pequenos investimentos, que
contribuam para a garantia do funcionamento e a melhoria da infraestrutura física e pedagógica dos
estabelecimentos de ensino.
3. No exercício de 2011, no âmbito do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE repassou para o Município de Pitimbu (PB) a
importância de R$ 117.050,30 (cento e dezessete mil cinquenta reais e trinta centavos), por meio das
ordens bancárias relacionadas nestes autos.
4. O Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto, então Prefeito daquele município, não
prestou contas dos recursos repassados pelo FNDE, conforme relatado na Informação 2.305/2016
SEOPC/COPRA/CGCAP/DIFIN-FNDE, o que ensejou a instauração desta TCE.
5. Esgotadas as medidas administrativas cabíveis, sem que as contas tivessem sido apresentadas,
o FNDE autuou a presente TCE. Em seu relatório, o tomador de contas imputou ao ex-Prefeito débito
250

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

no valor total transferido pela União para o mencionado município.


6. A CGU manifestou sua concordância com esse entendimento. Em seguida, o Ministro de
Estado Interino da Educação atestou haver tomado ciência das conclusões do Órgão de Controle
Interno e determinou o encaminhamento do feito ao TCU.
7. Por meio de despacho, determinei a citação do Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque
Neto, a qual foi realizada por intermédio do Ofício 932/2017 - TCU/SECEX-TO, de 27/9/2017. A
referida correspondência foi devolvida pelos Correios, tendo sido registrado que o destinatário
“mudou-se”.
8. Diante disso, foi efetuada nova citação, a qual foi endereçada para uma empresa de
propriedade do ex-prefeito. Essa nova correspondência foi recebida, como demonstra o AR anexado a
estes autos, e posteriormente devolvida, por motivo desconhecido.
9. Nesse contexto, a unidade técnica encaminhou uma correspondência para outro endereço do
responsável, a qual também foi restituída ao Tribunal. O insucesso das sucessivas tentativas de citação
ensejou a citação editalícia do responsável.
10. O ex-gestor municipal não apresentou alegações de defesa nem recolheu aos cofres públicos
a quantia devida.
11. Após analisar os documentos acostados a estes autos, a Sec-RJ propôs que as contas do Sr.
José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto fossem julgadas irregulares, sendo-lhe imputado débito
no valor total repassado pelo FNDE e aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
12. O Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé manifestou-se favoravelmente ao acolhimento
dessa proposta.

II – Análise do mérito desta TCE

13. Preliminarmente, manifesto minha concordância com a proposta formulada pela Sec-TO,
cuja análise das questões ora sob exame incorporo desde já às minhas razões de decidir. Contudo,
entendo necessário tecer algumas considerações adicionais, o que passo a fazer.
14. Em primeiro lugar, avalio que deve ser decretada a revelia do Sr. José Rômulo Carneiro de
Albuquerque Neto, para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao presente processo, nos termos
do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
15. Destaco que o ex-prefeito não apresentou nenhum documento que comprovasse a regular
aplicação dos recursos repassados, no exercício de 2011, no âmbito do Programa Dinheiro Direto na
Escola – PDDE.
16. Nunca é demais lembrar que a jurisprudência pacífica desta Corte de Contas aponta no
sentido de que, nos processos relativos ao controle financeiro da administração pública, a culpa dos
responsáveis por atos irregulares que causem prejuízo ao Erário é legalmente presumida, admitida
prova em contrário, a cargo do gestor. Na fiscalização dos gastos públicos, privilegia-se, como
princípio básico, a inversão do ônus da prova. Logo, cabe ao gestor demonstrar a boa aplicação dos
dinheiros e valores públicos sob sua responsabilidade, em conformidade com o disposto nos arts. 70,
parágrafo único, da Constituição Federal e 93 do Decreto-Lei 200/1967.
17. Assim sendo, impõe-se ao gestor público o dever de demonstrar a boa e regular aplicação dos
recursos sob sua guarda, sendo que a omissão ou falta de exação no cumprimento dessa obrigação
induz à presunção de culpa.
18. Por fim, lembro que, no âmbito do TCU, é considerado de boa-fé o responsável que, embora
tenha concorrido para o dano ao Erário ou outra irregularidade, seguiu as normas pertinentes, os
preceitos e os princípios do direito. A análise, portanto, é feita sob o ponto de vista objetivo, sem que
seja necessária a comprovação de dolo, mas apenas da ausência de boa-fé objetiva. No caso vertente,
ficou patente que a responsável descumpriu diversas normas aplicáveis, o que implica dizer que não
restou demonstrada sua boa-fé.
251

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

19. Aduzo que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva desta Corte de Contas. Afinal, o
ato irregular foi praticado no exercício de 2011, quando deveria ter sido apresentada a prestação de
contas, e o despacho que ordenou a citação do responsável foi prolatado em 13/9/2017. Considerando
que o lapso temporal transcorrido entre a prática da conduta omissiva e a edição do mencionado
despacho foi inferior ao prazo geral de prescrição de dez anos, inexiste óbice ao exercício da ação
punitiva por parte deste Tribunal.
20. Com fulcro nessas considerações, julgo que as contas do Sr. José Rômulo Carneiro de
Albuquerque Neto devem ser julgadas irregulares, sendo-lhes imputado débito no montante histórico
de R$ 117.050,30 (cento e dezessete mil cinquenta reais e trinta centavos). Adicionalmente, com
supedâneo no art. 57 da Lei 8.443/1992, deve ser-lhe imputada multa no valor de R$ 30.000,00 (trinta
mil reais).
Diante do acima exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2685/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 019.350/2017-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (CNPJ
00.378.257/0001-81).
3.2. Responsável: José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00), ex-
Prefeito Municipal de Pitimbu (PB).
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Pitimbu (PB).
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Tocantins (Sec-TO).
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em desfavor do Sr. José Rômulo Carneiro de
Albuquerque Neto, ex-prefeito do Município de Pitimbu (PB), em razão da omissão no dever de
prestar contas dos recursos federais repassados àquele ente federado, na modalidade fundo a fundo,
sob a égide do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, no exercício de 2011,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revel o Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00),
nos termos do § 3º do art. 12 da Lei 8.443/1992;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, I, 16, III, alíneas “a”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992 e 1º, I,
209, I, 210 e 214, III, do Regimento Interno do TCU, julgar irregulares as contas do Sr. José Rômulo
Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00), condenando-o ao pagamento das quantias a
seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação,
para comprovar perante o Tribunal, na forma prevista no art. 214, III, alínea “a”, do Regimento Interno
do TCU, o recolhimento das dívidas aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -
FNDE, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas
discriminadas até a data do recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:

VALOR DATA DA
252

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA


5.295,30 30/12/2010
102.692,60 31/08/2011
4.148,90 1º/09/2011
1.747,60 25/11/2011
3.165,90 1º/12/2011

9.3. aplicar ao Sr. José Rômulo Carneiro de Albuquerque Neto (CPF 021.352.054-00) a multa
prevista nos arts. 57 da Lei 8.443/1992 e 267 do Regimento Interno do TCU, no valor de R$ 30.000,00
(trinta mil reais), com a fixação do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para
comprovar perante este Tribunal, em conformidade com o disposto no art. 214, III, alínea “a”, do
Regimento Interno desta Corte de Contas, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas caso não sejam atendidas as notificações;
9.5. dar ciência deste acórdão ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do § 3º do art. 16 da
Lei 8.443/1992, para a adoção das providências que entenderem cabíveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2685-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE II – 1ª Câmara


TC 022.992/2017-0
Natureza(s): Tomada de contas especial
Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Serra Branca - PB
Responsável: Eduardo José Torreão Mota (160.296.154-91)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PROGRAMA NACIONAL DE


ALIMENTAÇÃO ESCOLAR. OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS. CITAÇÃO.
REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.

RELATÓRIO
Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada em razão da omissão na prestação de
contas dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE ao
Município de Serra Branca/PB por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), no
exercício de 2010.
2. O referido Programa tinha por objeto a “aquisição exclusiva de gêneros alimentícios, em
caráter complementar, para atendimento dos alunos matriculados em creches, pré-escolas e em
escolas do ensino fundamental das redes federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, inclusive
as indígenas e as localizadas em áreas remanescentes de quilombos, e, excepcionalmente, aquelas
253

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas”, em conformidade com a Resolução
CD/FNDE 38, de 16/7/2009 (peça 1, p. 54).
3. No exercício de 2010, foi repassada à Prefeitura Municipal de Serra Branca/PB a quantia de
R$ 68.280,00.
4. Em razão da não comprovação da regularidade dos recursos repassados, foi promovida a
oitiva do sr. Eduardo José Torreão Mota, ex-prefeito municipal de Serra Branca/PB (gestões 2009-
2012 e 2013-2016). Entretanto, o responsável optou por permanecer silente.
5. Dando seguimento ao jeito, a unidade técnica assim se manifestou:
“HISTÓRICO ...
1. De acordo com o contido nos autos, o FNDE repassou em 2010 à Prefeitura Municipal de
Serra Branca/PB, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), parcelas mensais
que totalizaram R$ 68.280,00, conforme as ordens bancárias discriminadas no pronunciamento da
Coordenação-Geral de Contas e Acompanhamento de Prestação de Contas (peça 2, p. 31-32). O
prazo para prestar contas se encerrou em 31/3/2011, sem que tivesse sido confirmado o envio da
prestação de contas para o FNDE por meio do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC) -
Contas Online, em desacordo com o estabelecido no art. 34 da Resolução 38/2009.
2. Em Pronunciamento da Unidade à peça 3, considerando a não comprovação da boa e regular
aplicação dos recursos repassados pelo FNDE ao Município de Serra Branca/PB, por meio do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no exercício de 2010, em razão da omissão no
dever de prestar contas dos mesmos, foi proposta a citação do responsável. E em face do não
cumprimento do prazo originalmente estipulado para prestação de contas, foi proposta a audiência.
3. Em Despacho à peça 4 foram autorizadas a citação e a audiência propostas.
4. Por intermédio do Ofício 2680/2017–TCU/Secex-CE (peça 5) foi realizada a citação e a
audiência do responsável.
EXAME TÉCNICO
5. Citado e ouvido em audiência pelo Ofício 2680/2017–TCU/Secex-CE (peça 5), o responsável
Sr. Eduardo José Torreão Mota tomou ciência da citação e audiência (peça 8) e embora o AR tenha
sido entregue no endereço constante do cadastro do Sistema CPF (peça 9), o que torna válida a
citação, nos termos do inciso III do art. 3º c/c o inciso II do art.4º da Resolução TCU 170/2004, não
apresentou alegações de defesa, nem razões de justificativa, sendo, portanto, considerado revel, de
acordo com o § 3º, do art.12 da Lei nº 8.443/92.
6. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inerte o aludido responsável, impõe-se
que seja considerado revel, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da
Lei 8.443/1992.
7. Nos processos do TCU, a revelia não leva à presunção de que seriam verdadeiras todas as
imputações levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que a
revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor. Dessa forma, a avaliação da
responsabilidade do agente não pode prescindir da prova existente no processo ou para ele carreada.
8. Ao não apresentar sua defesa, o responsável deixou de produzir prova da regular aplicação dos
recursos sob sua responsabilidade, em afronta às normas que impõem aos gestores públicos a
obrigação legal de apresentar os documentos que demonstrem a correta utilização das verbas públicas,
em observânciaao contido no art. 93 do Decreto-Lei 200/67: “Quem quer que utilize dinheiros públicos
terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas
das autoridades administrativas competentes.”
9. Configurada sua revelia frente à citação e à audiência deste Tribunal e inexistindo comprovação da
boa e regular aplicação dos recursos transferidos, considerados os elementos existentes nos autos, não
rest a alternativa senão dar seguimento ao processo proferindo julgamento sobre os elementos até aqui
presentes,que conduzem à irregularidade de suas contas.
10. Esse entendimento está amparado nos Acórdãos 133/2015-TCU-1ª Câmara, rel. BRUNO
DANTAS; 2.455/2015-1ª Câmara, rel. BRUNO DANTAS; 3.604/2015-TCU-1ª Câmara, rel. BRUNO
254

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

DANTAS; 5.070/2015-2ª Câmara, rel. ANDRÉ DE CARVALHO e 2.424/2015-TCU-Plenário, rel.


BENJAMIN ZYMLER.
11. Compulsando-se os presentes autos, verifica-se que inexistem elementos que permitam
concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade na conduta do
responsável na gestão dos recursos tratados na citação e no não cumprimento do prazo originalmente
estipulado para prestação de contas tratado na audiência, razão pela qual propõe-se que suas contas
sejam julgadas irregulares e que o mesmo seja condenado em débito, bem como que lhe seja aplicada
a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
12. Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior com proposta de:
a) considerar revel, para todos os efeitos, o responsável Sr. Eduardo José Torreão Mota
(CPF 160.296.154-91), dando-se prosseguimento ao processo, com fundamento no art. 12, § 3º, da Lei
8.443/1992;
b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “a” e “c” e 23, inciso III, da Lei
8.443/1992, julgar irregulares as contas do Sr. Eduardo José Torreão Mota (CPF 160.296.154-91),
condenando-o ao pagamento das quantias abaixo, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para que comprove perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno do TCU, o recolhimento da dívida abaixo discriminada aos cofres do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), atualizada monetariamente e acrescida dos juros
de mora, calculados a partir das datas especificadas até a data efetiva da quitação do débito, na
forma prevista na legislação em vigor:
Data Valor (R$) - Débito Data Valor (R$) - Débito
23/3/2010 6.792,00 1/6/2010 306,00
23/3/2010 756,00 8/7/2010 756,00
23/3/2010 822,00 8/7/2010 306,00
23/3/2010 306,00 8/7/2010 822,00
24/3/2010 306,00 8/7/2010 6.792,00
24/3/2010 756,00 30/7/2010 756,00
24/3/2010 6.792,00 30/7/2010 306,00
24/3/2010 822,00 30/7/2010 822,00
1/5/2010 822,00 30/7/2010 6.792,00
1/5/2010 756,00 9/9/2010 756,00
1/5/2010 306,00 9/9/2010 6.792,00
1/5/2010 6.792,00 9/9/2010 306,00
1/6/2010 6.792,00 9/9/2010 822,00
1/6/2010 756,00 8/10/2010 756,00
1/6/2010 822,00 8/10/2010 6.792,00
c) aplicar, com fundamento no art. 19, caput, da Lei 8.443/1992, ao Sr. Eduardo José Torreão
Mota (CPF 160.296.154-91), a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de
quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal, nos termos do art. 25 da
Lei 8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU, o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do Acórdão que vier
a ser proferido, até a data do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
d) autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as notificações, nos
termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92;
e) autorizar, caso requerido e se o processo não tiver sido remetido para cobrança judicial, o
parcelamento da dívida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, nos termos do
art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do RI/TCU, fixando-se o vencimento da primeira parcela em
255

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e os das demais a cada 30 dias, devendo incidir
sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação em
vigor, bem como esclarecer ao responsável que, em caso de parcelamento da dívida, a falta de
pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (art. 217, § 2º,
do RI/TCU);
f) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado da Paraíba,
nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU,
para adoção das medidas que entender cabíveis.”
6. O Ministério Público junto ao TCU manifestou-se de acordo com a unidade técnica.
É o relatório.

VOTO
Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada em razão da omissão na prestação de
contas dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE ao
Município de Serra Branca/PB por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), no
exercício de 2010.
2. O referido Programa tinha por objeto a “aquisição exclusiva de gêneros alimentícios, em
caráter complementar, para atendimento dos alunos matriculados em creches, pré-escolas e em
escolas do ensino fundamental das redes federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, inclusive
as indígenas e as localizadas em áreas remanescentes de quilombos, e, excepcionalmente, aquelas
qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas”, em conformidade com a Resolução
CD/FNDE 38, de 16/7/2009 (peça 1, p. 54).
3. No exercício de 2010, foi repassada à Prefeitura Municipal de Serra Branca/PB a quantia de
R$ 68.280,00.
4. Em razão da omissão no dever de prestar contas, foi promovida a oitiva do sr. Eduardo José
Torreão Mota, ex-prefeito municipal de Serra Branca/PB (gestões 2009-2012 e 2013-2016).
5. Devidamente instado a se manifestar, o responsável optou por permanecer silente. Dessa
forma, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, resta caracterizada a sua revelia, cabendo dar
prosseguimento ao processo.
6. Como é sabido, a jurisprudência do TCU é firme no tocante à responsabilidade pessoal do
gestor pela comprovação da boa e regular aplicação dos recursos federais recebidos mediante convênio
ou instrumentos congêneres. Nesse passo, todo aquele que utiliza ou gerencia recursos públicos, por
obrigação constitucional e legal, submete-se ao dever de demonstrar o correto emprego dos valores
federais, nos termos dos arts. 70, parágrafo único, e 37, caput, da Constituição de 1988 e do art. 93 do
Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967.
7. Em outras palavras, compete ao responsável demonstrar a correta utilização dos recursos
públicos que lhe foram confiados e, na medida em que violado o dever jurídico de prestar contas,
nasce para o responsável a obrigação de ressarcir os valores correspondentes. Isso porque, nessa
hipótese há a presunção relativa de que os recursos repassados não foram aplicados corretamente.
8. Dito isso, em face da ausência de elementos capazes de demonstrar nos autos a boa e regular
aplicação dos recursos em questão e de permitir a conclusão pela boa-fé, alinho-me ao
encaminhamento sugerido pela unidade técnica e endossado pelo Parquet especializado, no sentido de
julgar irregulares as presentes contas com a condenação do responsável pelo total dos recursos
repassados (R$ 68.280,00).
9. Por fim, tendo em vista a reprovabilidade da conduta do responsável, que deixou de
comprovar a regular aplicação dos recursos públicos federais recebidos, infringindo dever legal e
constitucional, bem como a magnitude do dano causado, deve ser aplicada, individualmente, a multa
256

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 11.000,00 (cerca de 10% do valor atualizado
do débito).
Ante o exposto, acolhendo os pareceres precedentes, cujos fundamentos incorporo como razões
de decidir, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2686/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 022.992/2017-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de contas especial
3. Responsável: Eduardo José Torreão Mota (160.296.154-91).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Serra Branca - PB.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Ceará (Sec-CE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em razão da
não comprovação da regular aplicação de recursos federais repassados pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator em:
9.1. julgar irregulares as contas do sr. Eduardo José Torreão Mota, condenando-o ao pagamento
das quantias abaixo relacionadas, com a incidência dos devidos encargos legais, calculados a partir das
datas correspondentes até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, nos termos dos arts.
1°, inciso I, 16, inciso III, alíneas “a” e “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992:
Data Valor (R$) - Data Valor (R$) -
Débito Débito
23/3/2010 6.792,00 1/6/2010 306,00
23/3/2010 756,00 8/7/2010 756,00
23/3/2010 822,00 8/7/2010 306,00
23/3/2010 306,00 8/7/2010 822,00
24/3/2010 306,00 8/7/2010 6.792,00
24/3/2010 756,00 30/7/2010 756,00
24/3/2010 6.792,00 30/7/2010 306,00
24/3/2010 822,00 30/7/2010 822,00
1/5/2010 822,00 30/7/2010 6.792,00
1/5/2010 756,00 9/9/2010 756,00
1/5/2010 306,00 9/9/2010 6.792,00
1/5/2010 6.792,00 9/9/2010 306,00
1/6/2010 6.792,00 9/9/2010 822,00
1/6/2010 756,00 8/10/2010 756,00
1/6/2010 822,00 8/10/2010 6.792,00
9.2. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que o responsável de
que trata o subitem anterior comprove, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos
cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), nos termos do art. 23, inciso III,
257

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

alínea “a”, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU
(RI/TCU);
9.3. aplicar ao sr. Eduardo José Torreão Mota, individualmente, a pena de multa prevista no art.
57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais);
9.4. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que o responsável de
que trata o subitem anterior comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, e 269 do
RI/TCU), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada, quando paga
após seu vencimento, monetariamente desde a data de prolação deste acórdão até a do efetivo
recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.6. autorizar, desde já, caso requerido, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, alertando o responsável de que a falta de pagamento de qualquer
parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU;
9.7. dar ciência deste acórdão à Procuradoria da República no Estado da Paraíba, nos termos do
art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2686-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE V – Primeira Câmara


TC 027.444/2010-4
Natureza(s): Aposentadoria
Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná
Interessados: Ana Valenga (357.089.309-00); Ana Valenga (357.089.309-00); Arlete Edling
(232.638.659-00); Arlete Edling (232.638.659-00); Eliezer Gomes da Silva (091.482.059-15); Eunice
Brisola Inocêncio (720.836.209-25); Eunice Brisola Inocencio (720.836.209-25); Eunice Brisola
Inocêcio (720.836.209-25); Joensen Terezinha Lizott Disperati (253.533.659-68); Juarez Nelson Alves
de Lima (083.680.409-06); Marcelo Iacomini (183.940.949-53)
Representação legal: Vinicius Rafael Presente (66052/OAB-PR) e outros, representando Eunice
Brisola Inocêncio; Ernani Moreno Silva (38.050/OAB-PR) e outros, representando Ana Valenga;
Mauricio de Jesus Tozetti (38.229/OAB-PR) e outros, representando Eliezer Gomes da Silva.

SUMÁRIO: PESSOAL. APOSENTADORIA. TEMPO RURAL. INCORPORAÇÃO DE


QUINTOS APÓS O ADVENTO DA LEI 9.424/1998. OITIVA. ILEGALIDADE DE ALGUNS DOS
ATOS. ENUNCIADO 106. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a bem-lançada instrução a cargo da Secretaria de Fiscalização de Pessoal


(Sefip), com a qual manifestou sua anuência o representante do Ministério Público junto a este
Tribunal (MPTCU):
“INTRODUÇÃO
258

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Trata-se de atos de concessão de aposentadoria de Ana Valenga, Arlete Edling, Eliezer


Gomes da Silva, Eunice Brisola Inocencio, Joensen Terezinha Lizott Disperati, Juarez Nelson Alves de
Lima e Marcelo Iacomini, ex-servidores da Universidade Federal do Paraná.
2. Os atos foram submetidos, para fim de registro, à apreciação do Tribunal de Contas da União
(TCU), de acordo com o art. 71, inciso III, da Constituição Federal. O cadastramento e a
disponibilização ao TCU ocorreram por intermédio do Sistema de Apreciação e Registro de Atos de
Admissão e Concessões (Sisac), na forma dos arts. 2º, caput e incisos I a VI, e 4º, caput, da Instrução
Normativa - TCU 78/2018.
HISTÓRICO
3. Em análise preliminar, após consulta aos atos Sisac, identificou-se a averbação de tempo de
serviço rural para os interessados Ana Valenga, Eliezer Gomes da Silva, Eunice Brisola Inocencio,
Joensen Terezinha Lizott Disperati, Juarez Nelson Alves de Lima e Marcelo Iacomini. Quanto ao ato
de Arlete Edling, observou-se a averbação de tempo de serviço por meio de justificação judicial.
4. De forma a sanear os autos, foi encaminhada diligência à UFPR solicitando, em relação às
concessões dos ex-servidores com averbação de tempo rural, cópias dos comprovantes dos
recolhimentos das contribuições previdenciárias relativas a este período ou da certidão de tempo de
serviço do INSS atestando tal recolhimento. Quanto à concessão da Sra. Arlete, foram solicitados
documentos de comprovação quanto à justificação judicial.
5. Em resposta foi enviado o Ofício UFPR 1139/10 (peça 1, p. 33-56, e peça 2), contendo os
documentos solicitados e informando que:
a) Não foram recolhidas contribuições previdenciárias referentes ao período rurícola averbado
para Ana Valenga, Eliezer Gomes da Silva, Eunice Brisola Inocêncio e Joensen Terezinha Lizott
Disperati;
b) A averbação de tempo rural para Marcelo Iacomini e Juarez Nelson Alves de Lima
corresponde a erro material e as corretas averbações foram mandadas anexas ao ofício;
c) Quanto ao ato de Arlete Edling, foram encaminhados os documentos pertinentes.
6. Considerando que as averbações de tempo de serviço rural só seriam regulares em caso de
recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias, e de que há indícios de incorporação de
quintos por função exercida após 1998 por parte do Sr. Marcelo (violando jurisprudência deste
Tribunal), além do fato de que os atos de concessão deram entrada neste Tribunal há mais de cinco
anos, fez-se necessário oportunizar o contraditório e a ampla defesa dos interessados Ana Valenga,
Eliezer Gomes da silva, Eunice Brisola Inocêncio, Joensen Terezinha Lisott Disperati e Marcelo
Iacomini, nos termos do Acórdão 587/2011-TCU-Plenário, da relatoria do Ministro Valmir Campelo,
conforme oitivas acostadas às peças 5-9.
7. Devidamente notificados, consoante peças 10-13 e 34, quase todos os interessados
apresentaram suas defesas, que foram juntadas como peças 20, 24-25, 27-29 e 32. Somente a Sra.
Joensen optou por não se manifestar nos autos.
EXAME TÉCNICO
Ato Sisac n. 10792600-04-2005-000200-8 de Eliezer Gomes da Silva
8. Conforme exposto anteriormente, identificou-se a averbação de tempo de serviço rural (18
anos, 11 meses e 4 dias) no ato do interessado.
9. Em relação a esta averbação, o Tribunal já pacificou sua jurisprudência em 29/2/2012, por
meio do Acórdão 414/2012-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro Augusto Nardes, que aprovou o
Enunciado 268 da Súmula da Jurisprudência do TCU nos seguintes termos:
O tempo de atividade rural somente poderá ser averbado para fins de aposentadoria no serviço público
se recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias na época própria ou, posteriormente, de forma
indenizada.
10. Em resposta à diligência, a jurisdicionada informou que não houve recolhimento da
contribuição citada por parte do inativo (peça 1, p. 38), mas sim a emissão de Certidão de Tempo de
259

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Contribuição pelo INSS, por determinação judicial (ação 2002.70.00.048199-2/1ª Vara JEF
Previdenciário de Curitiba), reconhecendo o período rurícola.
Resposta à oitiva
11. Em sua defesa, o interessado, por meio de seus procuradores, alegou que:
a) teria ocorrido a decadência administrativa;
b) houve comprovação do tempo rural exercido pela ação 2002.70.00.048199-2, que
determinou a emissão da CTC.
12. Quanto ao argumento ‘a’, ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal já reconheceu não
ocorrer decadência administrativa de decisão do TCU que nega registro de ato de admissão,
aposentadoria, reforma e pensão, pois este ainda não se encontra constituído. Esses atos, também
chamados ‘atos sujeitos a registro’, se enquadram na categoria de ‘ato complexo’, que só é
aperfeiçoado quando de seu registro pelo TCU. Ao contrário do que alega o interessado, portanto, o
ato emitido pela jurisdicionada não configura ato jurídico perfeito e acabado.
13. Ainda a esse propósito, veja-se o disposto na Decisão 1.020/2000-TCU-Plenário que, por
sua vez, cita deliberações do Poder Judiciário:
a) apreciação da legalidade da aposentadoria, culminada com o respectivo registro, é essencial para que
o ato se aperfeiçoe para todos os fins de direito. Negá-la seria negar a própria missão constitucional desta
Corte de Contas. Em momento algum trata-se de mero registro mecânico.
b) encontra-se na jurisprudência, reiteradamente, o acolhimento da tese de que a aposentadoria é um ato
complexo. Neste sentido, traz-se à colação aresto do Supremo Tribunal Federal – STF, cuja ementa assim
declara:
‘APOSENTADORIA – ATO ADMINISTRATIVO DO CONSELHO DA MAGISTRATURA – NATUREZA –
COISA JULGADA ADMINISTRATIVA – INEXISTÊNCIA. O ato de aposentadoria exsurge complexo, somente
se aperfeiçoando com o registro perante a Corte de Contas. Insubsistência da decisão judicial na qual
assentada, como óbice ao exame da legalidade, a coisa julgada administrativa.’ (RE- 195861/ES, Relator
Ministro Marco Aurélio, Julgamento em 26.08.97- 2ª Turma)’
c) admitindo-se ser complexo o ato de aposentadoria, conclui-se que o prazo para sua anulação começa
a fluir a partir do momento em que ele se aperfeiçoa, com o respectivo registro pelo TCU. Assim, ainda que se
admita a aplicabilidade da Lei 9.784/99 às atividades de controle externo, o prazo decadencial estabelecido
pelo seu art. 54 não constitui um impedimento à apreciação contemplada pelo art. 71, inciso III, da CF.’ (...)
14. Por sua vez o mesmo STF, em acórdão proferido em 7/4/2008, ao decidir sobre o MS
25.552, confirmou esse entendimento, conforme se pode verificar dos termos da respectiva ementa – in
verbis:
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
APOSENTADORIA DE MAGISTRADO. (...) INAPLICABILIDADE DO ART. 250 DA LEI N. 8.112/1990.
DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA E OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE SALÁRIOS
NÃO CONFIGURADAS.
1. (...)
3. O Supremo Tribunal Federal pacificou entendimento de que, sendo a aposentadoria ato complexo, que
só se aperfeiçoa com o registro no Tribunal de Contas da União, o prazo decadencial da Lei 9.784/99 tem
início a partir de sua publicação. Aposentadoria do Impetrante não registrada: inocorrência da decadência
administrativa.
4. A redução de proventos de aposentadoria, quando concedida em desacordo com a lei, não ofende o
princípio da irredutibilidade de vencimentos. Precedentes.
5. Segurança denegada.
15. Assim, tal argumento não merece acolhida.
16. Quanto ao argumento ‘b’, merece relevância a distinção entre a emissão de Certidão de
Tempo de Serviço pelo INSS e a averbação de tempo rural no RPPS. O STJ já deixou claro que o INSS
não pode se recusar a emitir a Certidão uma vez reconhecido o período rurícola. Entretanto, também
pacificou o entendimento que, na contagem recíproca de tempo de serviço, se faz necessário o
recolhimento da contribuição previdenciária, como se pode observar de forma literal na Ementa do
Acórdão proferido no AgRg do Recurso Especial 1.360.119-SP, transcrita a seguir:
260

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ementa do Acórdão proferido no AgRg no Recurso Especial 1.360.119-SP (2012/0271478-9), Relator:


Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, Publ: DJe de 12/6/2013:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. TRABALHO EXERCIDO NA
ATIVIDADE RURAL EM PERÍODO ANTERIOR À LEI 8.213/1991. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO DE TEMPO
DE SERVIÇO.
1. O ora agravante defende que, ‘como o recorrido pretende a averbação do tempo de exercício de
atividade rural para fins de contagem recíproca com o tempo de serviço público, dado que atualmente labora
como militar, somente poderia ser reconhecido o período pretendido se houvesse prova de contribuição do
respectivo período, ou indenização, nos termos do artigo 96,
IV, da Lei n° 8.213/91’.
2. O Tribunal local consignou: ‘Não obstante sejam inexigíveis recolhimentos previdenciários para se
computar tempo de serviço na atividade rural anterior à Lei n.º 8.213/91, esse lapso não pode, por disposição
legal, ser utilizado para efeitos de carência e contagem recíproca, nos termos dos artigos 55, § 2º, e 96, inciso
IV, ambos do referido diploma normativo’.
3. Tendo em vista que o acórdão recorrido decidiu a questão no mesmo sentido do pleiteado pelo
recorrente, constata-se falta de interesse recursal no caso.
4. Reconhecido o tempo de serviço rural, não pode o INSS recusar-se a cumprir seu dever de expedir a
certidão de tempo de serviço. Precedente do STJ.
5. Nas hipóteses em que o servidor público busca a contagem de tempo de serviço prestado como
trabalhador rural para fins de contagem recíproca, é preciso recolher as contribuições previdenciárias
pertinentes que se buscam averbar, em razão do disposto nos arts. 94 e 96, IV, da Lei 8.213/1991.
6. Agravo Regimental não provido.
17. Assim, tal alegação também não merece prosperar, cabendo proposta de julgamento pela
ilegalidade do ato e recusa de seu registro.
18. Excluindo-se o tempo rural, restam ao inativo 28 anos, 2 meses e 18 dias de tempo de
serviço averbados – insuficientes para manter sua aposentadoria voluntária com proventos integrais.
Entretanto, sua idade ultrapassa o limite da aposentadoria compulsória. Logo, o ex-servidor pode
continuar inativado, sendo necessário ajustar seus proventos à razão de 28/35 avos da média de seus
proventos, calculada conforme previsão na EC 41/03.
19. Alternativamente, o interessado pode efetuar o recolhimento, de forma indenizada, da
contribuição previdenciária sobre o tempo de serviço rural e manter seus proventos integralizados.
Ato Sisac n. 10792600-04-1998-000235-4 de Joensen Terezinha Lizott Disperati
20. Conforme exposto anteriormente, identificou-se a averbação de tempo de serviço rural (3
anos) no ato da interessada.
21. Consoante o exposto no parágrafo 9, tal período somente pode ser averbado após o
recolhimento da respectiva contribuição previdenciária.
22. Em resposta à diligência, a jurisdicionada informou que não houve recolhimento da
contribuição citada por parte da inativa (peça 1, p. 38), mas sim o reconhecimento do período
rurícola por meio de Certidão de Tempo de Serviço emitida pelo INSS.
Resposta à oitiva
23. A interessada, devidamente notificada (peça 34), entrou em contato por e-mail (peça 35), em
5/2/2018, informando que teria agendado horário no INSS a fim de obter a comprovação de
recolhimento das contribuições previdenciárias sobre o tempo de serviço rural averbado.
24. Entretanto, quase 8 meses depois desse contato, não houve qualquer manifestação da inativa
nos autos. Cabe, assim, proposta para que seu ato seja julgado ilegal e tenha seu registro recusado.
25. Excluindo-se o tempo rural, restam à ex-servidora 23 anos e 1 mês de tempo de serviço
averbados – insuficientes para continuar aposentada. Logo, cabe à interessada retornar à atividade
para cumprir tempo suficiente para sua inativação ou recolher a contribuição previdenciária, de
forma indenizada, para que sua aposentadoria possa prosperar nos moldes em que foi concedida.
Ato Sisac n. 10792600-04-1998-000104-8 de Juarez Nelson Alves de Lima
26. Conforme exposto anteriormente, identificou-se a averbação de tempo de serviço rural (1
ano e 20 dias) no ato do interessado.
261

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

27. Entretanto, consoante documentos encaminhados pela jurisdicionada em resposta à


diligência (peça 2, p. 20-26), tal tempo de serviço corresponde, na realidade, a período militar, nos
termos da Certidão 18/Cindacta II, acostada à peça 2, p. 22.
28. Assim, o ato do interessado pode receber proposta de julgamento pela legalidade, com a
ressalva de que a averbação de tempo de serviço rural se trata, na realidade, de período militar, e ter
seu registro concedido.
Ato Sisac n. 10792600-04-2004-000100-9 de Marcelo Iacomini
29. Conforme exposto anteriormente, identificou-se a incorporação de quintos de função
comissionada por parte do interessado, mais especificamente pela CD-4 ocupada entre 21/9/98 a
22/9/2002, consoante a discriminação dos tempos em funções comissionadas em seu ato Sisac. Além
disso, também se constatou a averbação de período rurícola (2 anos, 8 meses e 18 dias) em sua
concessão.
30. A jurisdicionada, em sua resposta à diligência, informou que a averbação de tempo de
serviço rural corresponde a erro material (peça 1, p. 38). Na realidade, tal período corresponde a
tempo de serviço de iniciativa privada, consoante informação à peça 2, p. 7.
31. Quanto à incorporação de função, o entendimento do STF a respeito do tema foi pacificado
em 2015, na apreciação do Recurso Extraordinário 638.115/CE, com repercussão geral, que deixou
cristalino que as decisões judiciais ou atos emanados pelos poderes Executivo, Legislativo ou
Judiciário que determinaram a incorporação de quintos/décimos no período compreendido entre a
edição da Lei 9.624/1998 e a MP 2.225-45/2001 carecem de fundamento legal.
32. Nessa mesma linha foi julgado o MS 25.763/DF, conforme ementa transcrita a seguir:
Mandado de segurança. 2. Administrativo. Servidor público. 3. Cabimento do mandado de segurança da
União para impugnar ato do Tribunal de Contas da União. 4. Impossibilidade de incorporação de quintos
decorrente do exercício de funções comissionadas no período compreendido entre a edição da Lei 9.624/1998
e a MP 2.225-48/2001. Art. 61, § 1º, inciso II, ‘a’, e 63, inciso I, CF/88. 5. Ausência de fundamentação legal
indispensável para incorporação dos quintos no período de 9.4.1998 a 4.9.2001, data da edição da MP 2.225-
45/2001. Violação ao princípio constitucional da legalidade. 6. A medida provisória tão somente transformou
em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI) a incorporação das parcelas a que se referem os arts.
3º e 10 da Lei 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3º da Lei 9.624, de 2 de abril de 1998. 7.
Inconstitucionalidade do Acórdão 2.248/2005, do TCU e extinção da incorporação de quintos/décimos desde a
Lei 9.527/97. 8. Impetração conhecida e segurança concedida. (grifo nosso)
33. Esta Egrégia Corte tem se posicionado seguindo o entendimento do STF, conforme decisões
exaradas nos Acórdãos 2.444/2015-TCU-Plenário; e 5.380/2016 e 8.788/2016, ambos da 2ª Câmara.
Nesse diapasão, o recebimento dos 2/5 adicionais de CD-4 é irregular.
Resposta à oitiva
34. Em sua defesa (peça 24), o interessado alega que o pagamento da incorporação de função
ocupada entre 1998 e 2001 se encontra amparado pelo Mandado de Segurança 2006.70.00.029139-
4/PR, já transitado em julgado.
35. Consultando-se os documentos acostados pelo inativo (peça 24, p. 6-44), verificou-se que a
sentença judicial (peça 24, p. 6-11) foi desfavorável a seu pleito. Entretanto, em grau de Apelação, o
Tribunal Regional Federal da 4ª Região deu provimento ao recurso do interessado e reconheceu a
possibilidade de incorporação dos 2/5 de CD-4 (peça 24, p. 14-22). Como não houve admissão de
Recurso Especial ao STJ, o MS transitou em julgado e o processo foi baixado definitivamente em
23/5/2008 (peça 24, p. 24).
36. Assim, considerando o trânsito em julgado do MS 2006.70.00.029139-4/PR, com sentença
favorável ao inativo, e o fato de que a decisão judicial não pode ser suprimida por esta Corte de
Contas, não cabe determinação para interrupção do pagamento da incorporação de CD-4.
37. Quanto ao valor pago referente à incorporação, destaque-se que ele respeita a
jurisprudência do TCU, consoante o previsto no Acórdão 1.915/2012-TCU-Plenário, de relatoria do
Ministro Augusto Nardes, nos termos da tabela abaixo:
262

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cargos de Direção (CD)


CD 5/5 (10/10) 4/5 (8/10) 3/5 (6/10) 2/5 (4/10) 1/5 (2/10)
CD-1 5.853,96 4.683,17 3.512,37 2.341,58 1.170,79
CD-2 5.017,68 4.014,14 3.010,61 2.007,07 1.003,54
CD-3 3.972,33 3.177,86 2.383,40 1.588,93 794,46
CD-4 2.926,98 2.341,58 1.756,18 1.170,79 585,39

38. Entretanto, como a incorporação continua irregular, cabe proposta de julgamento pela
ilegalidade do ato e recusa de seu registro sem, contudo, determinar a exclusão da incorporação de
FC ou do tempo de serviço rural (que restou comprovado tratar-se de tempo de iniciativa privada).
Atos Sisac n. 10792600-04-2003-000039-5 e 10792600-04-2010-000420-3 de Arlete Edling
39. Os atos da interessada serão analisados em conjunto pois há apenas uma diferença entre
eles: a inclusão de 1 ano, 10 meses e 6 dias de tempo insalubre por via administrativa pela UFPR no
ato Sisac n. 10792600-04-2010-000420-3.
40. O tempo de justificação judicial presente nos dois atos corresponde a tempo insalubre
reconhecido pela justiça por meio da ação 2002.70.00.005037-3/SJPR (peça 2, p. 40-43). Além desse
período, conforme já citado, foi averbado tempo insalubre por via administrativa no ato de alteração.
41. A averbação de ambos os períodos respeita a jurisprudência pacificada do Tribunal, em
especial o Acórdão 2.008/2006-TCU-Plenário de relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues,
que reconhece essa possibilidade para o servidor que exerceu, como celetista, no serviço público,
atividades dessa natureza no período anterior à vigência da Lei 8.112/90. Para esse fim, o TCU tem
aceitado a averbação realizada de ofício pelo órgão/entidade de origem quando se trata de cargo
cujas atribuições, presume-se, envolvam risco para a higidez física do profissional, como, por
exemplo, odontólogo, médico e enfermeiro – sendo este último caso correspondente ao cargo da
interessada.
42. Assim, seus atos podem receber proposta de julgamento pela legalidade e concessão de seu
registro.
Atos Sisac n. 10792600-04-2004-000797-0 e 10792600-04-2004-000520-9 de Ana Valenga
43. Os atos da interessada serão analisados em conjunto pois há apenas uma diferença entre
eles: a inclusão da rubrica DIF. ENQ. LEI7596/87 no ato de alteração. Contudo, consultando-se o
contracheque da inativa (peça 36), verificou-se que tal parcela não está mais sendo percebida. Assim,
na prática, os atos são idênticos.
44. Além do apontado no parágrafo anterior, verificou-se a averbação de 17 anos, 9 meses e 25
dias de tempo rural nos atos da interessada.
45. Consoante o exposto no parágrafo 9, tal período somente pode ser averbado após o
recolhimento da respectiva contribuição previdenciária.
46. Em resposta à diligência (peça 1, p. 38), a jurisdicionada informou que não foi recolhida a
contribuição previdenciária correspondente a tal averbação.
Resposta à oitiva
47. Em sua defesa (peça 25), a interessada, por meio de seus procuradores, alegou que:
a) teria ocorrido a decadência administrativa;
b) a Lei 9.796, que teria exigido o recolhimento da contribuição para contagem recíproca foi
editada no ano de 1999 – posterior à concessão da interessada, e, logo, seus efeitos não incidem em
sua aposentadoria;
c) qualquer redução de valor no benefício da inativa violaria o princípio da boa-fé
d) e o da segurança jurídica.
48. O argumento ‘a’ não merece acolhida pois, consoante já exposto nos parágrafos 12-14, o
ato de concessão de aposentadoria é um ato complexo, aperfeiçoado apenas com o julgamento pelo
TCU, não cabendo, portanto, decadência anterior a tal evento.
263

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

49. Em relação ao argumento ‘b’, destaque-se que a obrigatoriedade do recolhimento da


contribuição previdenciária deriva da própria Constituição Federal, em seu artigo 202, §2º, na
redação original, ou o atual artigo 201, §9º. Tal circunstância tem sido reiteradamente afirmada pelo
STF, conforme apontado no Voto condutor do Acórdão 4.216/2017-TCU-1ª Câmara, de relatoria do
Ministro Benjamin Zymler, que apresenta a ementa da decisão exarada nos autos do Mandado de
Segurança 33.482, da relatoria do Ministro Luiz Fux:
AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO.
APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO DE ATIVIDADE RURAL. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PARA A
CONCESSÃO DE APOSENTADORIA PELO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONCESSÃO
DE APOSENTADORIA. ATO COMPLEXO. TERMO INICIAL DO PRAZO PREVISTO NO ART. 54 DA LEI
9.784/1999. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. A contagem recíproca de tempo de serviço rural para a aposentadoria no serviço público (regime
próprio) pressupõe o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes. Precedentes: MS
28.917/DF, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 28.10.2015; MS 28.668/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, Segunda Turma, Dje 11.06.2014; MS 28.929/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe
14/1/2011; MS 26.391, Rel. Min. Marco Aurélio, Plenário, DJe 6/6/2011; RE 600.582/RS, Rel. Min. Cármen
Lúcia, Primeira Turma, DJe 21.2.2011.
2. Os precedentes desta Suprema Corte tiveram por fundamento o art. 201, § 9º, da Constituição da
República, que tratou, para efeito de aposentadoria, da possibilidade de contagem recíproca de tempo de
contribuição na Administração Pública e na atividade privada, rural e urbana, o qual, embora tenha sido
renumerado, constava da redação original da Constituição Federal como art. 202, § 2º.
3. In casu, não houve aplicação retroativa da EC nº 20/1998, tendo sido observado o entendimento
firmado por esta Corte em relação à aplicação da legislação vigente por ocasião do preenchimento dos
requisitos para a aposentadoria.
4. O ato de aposentadoria de agentes públicos é complexo e somente se aperfeiçoa após o seu registro
junto ao TCU. A partir desse momento é que começa a correr o prazo estabelecido pelo art. 54 da Lei nº
9.784/1999.
5. Agravo regimental a que se NEGA PROVIMENTO’ (MS 33482 Agr, Relator Min. Luiz Fux, Primeira
Turma, julgado em 16/8/2016, DJe 31/8/2016).
50. Considerando que a vigência da aposentadoria da interessada é posterior à edição da CF88
(mais precisamente 29/3/93), o recolhimento de contribuição previdenciária já era requisito
necessário para a averbação de tempo rural quando de sua aposentação.
51. Em relação ao princípio da boa-fé (argumento ‘c’), frise-se que já se encontra contemplado
pela Súmula 106 do Tribunal, que dispõe que ‘o julgamento pela ilegalidade das concessões de
reforma, aposentadoria e pensão, não implica por si só a obrigatoriedade da reposição das
importâncias já recebidas de boa-fé’. Assim, tal argumento não merece acolhida pois, conforme a
súmula citada, não haverá ressarcimento dos valores já recebidos até o julgamento de mérito do ato
de concessão.
52. Em relação à alegação de violação ao princípio da segurança jurídica (argumento ‘d’), é
certo que houve acórdãos do próprio TCU que aplicaram este princípio para, excepcionalmente,
considerar legais atos de pessoal apresentando irregularidades.
53. Todavia, esses acórdãos tiveram pontos em comum, sintetizados com precisão no voto
condutor do Acórdão 69/2015-TCU-2ª Câmara, de relatoria do Ministro Raimundo Carreiro:
31. Quanto à invocação dos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança para
estabilizar, pelo decurso do tempo, atos de pessoal originalmente eivados de alguma irregularidade, o
entendimento convergente na jurisprudência deste tribunal é no sentido de que o fluir do tempo, mesmo que
excessivamente prolongado, somente autoriza a estabilização do ato quando sua eventual impugnação implicar
prejuízo insuportável e irreversível ao interessado (Ac. 3.245/2010-Plenário - Rel. Min. Augusto Nardes; Ac.
1.011/2013-Plenário - Rel. Min. José
Jorge; Ac. 2.251/2014-Plenário - Rel. Min. Bruno Dantas; entre outros).
264

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

54. Observa-se, assim, que o entendimento predominante no TCU é que o princípio da


segurança jurídica prevalece sobre o princípio da legalidade apenas na hipótese em que for
irreversível a situação fática do interessado ou insuportável o prejuízo a ele causado.
55. No caso ora em análise, esse requisito não se encontra presente. Conforme bem clarificado
pelo voto condutor do Acórdão 4.985/2017-TCU-1ª Câmara, de relatoria do Ministro Bruno Dantas, a
configuração de prejuízo insuportável e irreversível está relacionada: i) à impossibilidade de reversão
do servidor à atividade para complementar tempo de serviço considerado ilegal; ii) à supressão dos
meios de subsistência condigna; iii) ao estado de saúde do beneficiário; ou iv) à absoluta
impossibilidade de preenchimento de algum requisito legal
56. É certo que a exclusão do tempo rural da concessão da interessada lhe causará redução nos
vencimentos, entretanto sua renda continuará ultrapassando os R$ 2.000,00. Não é razoável supor
que tal renda mensal não configure subsistência condigna, e, portanto, prejuízo insuportável e
irreversível. Logo, tal argumento também não merece acolhida.
57. Assim, o ato merece proposta de julgamento pela ilegalidade e recusa de seu registro.
58. Excluindo-se o tempo rural, restam à inativa 18 anos, 2 meses e 25 dias de tempo de serviço
averbados – insuficientes para manter sua aposentadoria voluntária com proventos integrais.
Entretanto, sua idade ultrapassa o limite da aposentadoria compulsória. Logo, a ex-servidora pode
continuar inativada, sendo necessário ajustar seus proventos à razão de 18/30 avos.
Ato Sicac n. 10792600-04-2005-000319-5 de Eunice Brisola Inocencio
59. Preliminarmente à análise do ato em tela, frise-se que o ato inicial e o primeiro de alteração
da interessada (n. Sisac 10792600-04-2004-000493-8 e 10792600-04-2005-000238-5,
respectivamente) foram julgados ilegais pelo Acórdão 4.776/2014-TCU-1ª Câmara, de relatoria do
Ministro Benjamin Zymler, devido à averbação de tempo de serviço rural sem o recolhimento da
respectiva contribuição previdenciária.
60. O ato ora em análise contém a mesma averbação irregular, de 6 anos de período rurícola.
Tal fato é compreensível, considerando que ele foi publicado e enviado ao TCU antes do Acórdão
supracitado.
61. Consoante o exposto no parágrafo 9, tal período somente pode ser averbado após o
recolhimento da respectiva contribuição previdenciária.
Resposta à oitiva
62. Em sua defesa (peças 27-29 e 32), a interessada, por meio de seus procuradores, alegou que
essa averbação estaria amparada por sentença exarada no âmbito do processo 5057144-
19.2015.4.04.7000/JEF-PR.
63. De fato, consultando-se a sentença da 1ª instância (peça 27, p. 119-125), e o Voto e o
Acórdão (peça 27, p. 214-221) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, verificou-se que foi
garantido o direito à manutenção da percepção de proventos integrais por parte da inativa.
64. Contudo, a ação ainda não transitou em julgado, consoante movimentação processual
acostada à peça 37.
65. Assim, dada a averbação irregular, o ato merece proposta de julgamento pela ilegalidade e
recusa de seu registro. Entretanto, não é possível determinar o ajuste de proventos da interessada,
com a exclusão do período rurícola, devido à ação 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR.
66. Ademais, dado que tal processo não transitou em julgado, cabe determinação para seu
acompanhamento por parte da Conjur/TCU e pela AGU.
Ato Sisac n. 10792600-04-2015-000133-0 de Eunice Brisola Inocencio
67. O ato ora em análise foi publicado e enviado ao TCU após a edição do Acórdão 4.776/2014-
TCU-1ª Câmara acima citado, sendo que a averbação irregular de período rurícola foi excluída.
68. Considerando que não há qualquer irregularidade no ato, este merece proposta de
julgamento pela legalidade, com concessão de seu registro.
Ato Sisac n. 10792600-04-2016-000113-8 de Eunice Brisola Inocencio
265

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

69. O ato ora em análise foi publicado e enviado ao TCU em atendimento à sentença judicial
proferida no processo 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR, já apresentada nos parágrafos 63 e 64.
70. Dado que tal ato voltou a incluir o período rurícola, cabe proposta de julgamento pela sua
ilegalidade e recusa de seu registro.
71. Mas, considerando que a ação 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR ainda não transitou em
julgado, cabe determinação para seu acompanhamento, conforme já exposto no parágrafo 66.
CONCLUSÃO
72. Tendo em vista a averbação de tempo de serviço rural sem a o recolhimento da respectiva
contribuição previdenciária nos atos de Eliezer Gomes da Silva, Joensen Terezinha Lizott Disperati,
Ana Valenga (os dois atos) e Eunice Brisola Inocencio (atos Sisac n. 10792600-04-2005-000319-5 e
10792600-04-2016-000113-8), conclui-se que seus atos de concessão de aposentadoria merecem
proposta de julgamento pela ilegalidade e recusa de seus registros.
73. O Sr. Eliezer pode permanecer aposentando, tendo seus proventos ajustados à razão de
28/35 avos, ou recolher a contribuição para mantê-los integralizados.
74. A Sra. Joensen deve retornar à atividade para cumprir tempo suficiente para sua inativação
ou recolher a contribuição para permanecer inativada.
75. A Sra. Ana pode permanecer aposentada, tendo seus proventos ajustados à razão de 18/30
avos, ou recolher a contribuição para mantê-los integralizados.
76. Quanto à Sra. Eunice, não cabe determinação para ajuste em seus proventos no momento
devido à decisão exarada no âmbito da ação 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR, que os mantêm
integralizados. Resta, contudo, determinar à Conjur/TCU e à AGU que acompanhem o processo até
seu trânsito em julgado.
77. Em relação aos atos de Arlete Edling (os dois atos), Juarez Nelson Alves de Lima, e o n.
Sisac 10792600-04-2015-000133-0 de Eunice Brisola, conclui-se que não foram encontradas
irregularidades e que podem receber a chancela de legal, com concessão de seu registro. O ato do Sr.
Juarez merece a ressalva de que o tempo rural averbado corresponde, na realidade, a tempo militar.
78. Por fim, o ato de Marcelo Iacomini também merece proposta de julgamento pela ilegalidade,
com recusa de seu registro, devido à incorporação irregular de 2/5 de CD-4. Contudo, não é possível
determinar a exclusão de tal incorporação por encontrar-se amparada pelo Mandado de Segurança
2006.70.00.029139-4/PR, já transitado em julgado.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
79. Ante o exposto, e de conformidade com o preceituado no artigo 71, inciso III, da
Constituição Federal c/c os arts. 1º, inciso V, e 39, inciso II, da Lei 8.443/92 e os artigos 1º, inciso
VIII, e 260, §§1º e 4º, do Regimento Interno do TCU, propõe-se:
a) considerar LEGAIS e conceder o registro dos atos de concessão de aposentadoria de Arlete
Edling (CPF: 232.638.659-00), Eunice Brisola Inocencio (CPF 720.836.209-25) em relação ao ato
Sisac n. 10792600-04-2015-000133-0, e Juarez Nelson Alves de Lima (CPF: 083.680.409-06) – este
último com a ressalva de que o tempo rural averbado corresponde, na realidade, a tempo militar;
b) considerar ILEGAIS e recusar o registro dos atos de concessão de aposentadoria Eliezer
Gomes da Silva (CPF: 091.482.059-15), Joensen Terezinha Lizott Disperati (CPF: 253.533.659-68),
Ana Valenga (CPF: 357.089.309-00), Marcelo Iacomini (CPF: 183.940.949-53), e Eunice Brisola
Inocencio (CPF 720.836.209-25) em relação aos atos Sisac n. 10792600-04-2005-000319-5 e
10792600-04-2016-000113-8;
c) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos até a data da ciência pela
Universidade Federal do Paraná do Acórdão que vier a ser proferido, com base no Enunciado 106 da
Súmula da Jurisprudência do TCU;
d) determinar à Universidade Federal do Paraná, com fundamento no art. 45 da Lei
8.443/1992, que:
d.1) esclareça aos interessados Eliezer Gomes da Silva, Joensen Terezinha Lizott Disperati e
Ana Valenga que suas aposentadorias poderão prosperar, nos moldes em que foram concedidas,
266

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

mediante o recolhimento da contribuição, de forma indenizada, sobre os períodos de atividade rural


averbados, nos termos do Enunciado 268 da Súmula da Jurisprudência do TCU;
d.2) informe aos inativos Eliezer Gomes da Silva e Ana Valenga que, em caso de não
recolhimento da contribuição citada em d.1, podem permanecer aposentados, tendo seus proventos
ajustados à razão de 28/35 e 18/30 avos, respectivamente;
d.3) comunique à interessada Joensen Terezinha Lizott Disperati que, em caso de não
recolhimento da contribuição citada em d.1, faz-se necessário retornar à atividade para completar o
tempo de serviço necessário para a inativação;
d.4) caso se comprove o recolhimento das contribuições por parte dos interessados, nos termos
do Enunciado 268 da Súmula da Jurisprudência do TCU, ou os inativos citados em d.2 optem por
permanecer aposentados com ajustes em seus proventos, cadastre novos atos de aposentadoria, nos
termos do artigo 262, § 2o, do Regimento Interno do TCU, c/c artigo 19, § 3º, da Instrução Normativa
TCU 78/2018;
d.5) informe aos ex-servidores citados em d.1 o teor do Acórdão que vier a ser prolatado,
encaminhando ao TCU, no prazo de trinta dias, comprovante da data de ciência pelos inativos, nos
termos do art. 4º, § 3º, da Resolução-TCU 170/2004, alertando-os de que o efeito suspensivo
proveniente de eventual interposição de recurso junto ao TCU não os exime da devolução dos valores
indevidamente percebidos após a notificação, em caso de não provimento desse recurso.
e) determinar à SEFIP que, nos termos da Questão de Ordem aprovada pelo Plenário do TCU
em 8/6/2011, conforme disposto na Ata 22/2011-TCU-Plenário, encaminhe ao Departamento de
Assuntos Extrajudiciais da AGU, bem como à Conjur/TCU, as informações necessárias ao
acompanhamento da ação 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR, que tramita junto à Turma Nacional
de Uniformização (TNU) do Conselho da Justiça Federal (CFJ).”
É o relatório.

VOTO

Trata-se de aposentadoria de ex-servidores da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


2. De início, acolho a proposta de considerar legal o ato do servidor Juarez Nelson Alves de
Lima, uma vez que se verificou que o tempo averbado como “rural” trata-se, na verdade, de tempo
militar.
3. Quanto aos demais interessados, foi observado que todos eles fizeram uso de tempo de
atividade rural para sua aposentadoria estatutária, sem recolhimento de contribuição previdenciária.
4. Tendo os atos ingressado no Tribunal há mais de cinco anos, foi promovida a oitiva dos
interessados.
Eliezer Gomes da Silva
5. O servidor Eliezer Gomes da Silva, aposentado no cargo de Contador em 2005, averbou 18
anos, 11 meses e 4 dias de tempo rural sem recolhimento de contribuição previdenciária, embora
precisasse apenas de cerca de 5 anos, uma vez que contava com 19 anos, 11 meses e 23 dias de tempo
no órgão, 1 ano de licença-prêmio computada em dobro e 8 anos e 25 dias de tempo de empresa
privada.
6. Acolho o exame da Sefip que afastou, como fundamento, a existência de decisão judicial que
ampararia o cômputo do tempo rural.
7. A despeito de a sentença não ter sido juntada aos autos, o próprio interessado, quando ouvido,
asseverou que a decisão judicial assegurou a emissão da certidão de tempo de contribuição.
8. Ora, não se questiona a certidão em si, mas apenas a utilização do tempo rural, sem
recolhimento de contribuição previdenciária, para fins de aposentadoria estatutária.
267

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Isso porque é pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de que
a contagem recíproca de tempo de serviço exige o recolhimento de contribuição previdenciária, a
exemplo do MS 34.695 AgR/DF (rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 1º/12/2017 pela Primeira Turma):
“EMENTA: AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR
PÚBLICO. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO DE
ATIVIDADE RURAL. CONTAGEM RECÍPROCA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO
RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PARA A CONCESSÃO
DE APOSENTADORIA PELO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. AVERBAÇÃO
DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO EM ATIVIDADE RURAL. PEDIDO DE CONCESSÃO
DE APOSENTADORIA. ATO COMPLEXO. TERMO INICIAL DO PRAZO PREVISTO NO ART.
54 DA LEI 9.784/1999. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A contagem recíproca de tempo de
serviço rural para a aposentadoria no serviço público pressupõe o recolhimento das contribuições
previdenciárias correspondentes. Precedentes: MS 33.482-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma,
DJe 31.08.2016; MS 28.917, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 28.10.2015; MS 28.668,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 11.06.2014; MS 28.929, Rel. Min. Cármen
Lúcia, Plenário, DJe 14.01.2011; MS 26.391, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJe
06.06.2011. 2. Os precedentes desta Suprema Corte tiveram por fundamento o art. 201, § 9º, da
Constituição da República, que tratou, para efeito de aposentadoria, da possibilidade de contagem
recíproca de tempo de contribuição na Administração Pública e na atividade privada, rural e urbana,
o qual, embora tenha sido renumerado, constava da redação original da Constituição da República
como art. 202, § 2º. 3. In casu, não houve aplicação retroativa da EC 20/1998 ou da Lei 9.528/1997,
tendo sido observado o entendimento firmado por esta Corte em relação à aplicação da legislação
específica vigente por ocasião do preenchimento dos requisitos para a aposentadoria. 4. O ato
de aposentadoria de agentes públicos é complexo e somente se aperfeiçoa após o seu registro junto
ao TCU. O simples ato de averbação de tempo de serviço prestado em atividade rural, exarado em
âmbito de controle interno do Tribunal de Contas, não atrai a incidência do art. 54 da Lei 9.784/1999
quanto ao pedido de aposentadoria pelo servidor público. 5. Agravo interno a que se NEGA
PROVIMENTO.”
10. De igual forma, não merece prosperar a alegação de decadência administrativa. Tratando-se
de ato complexo, a aposentadoria somente se aperfeiçoa após o registro por parte do Tribunal de
Contas da União (TCU), o que ainda não ocorreu.
11. Portanto, tendo sido assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa, em razão de o ato
de aposentadoria ter ingressado na Corte há mais de cinco anos, não há óbices para que seja negado o
registro à aposentadoria do servidor.
12. Considerando que o sr. Eliezer Gomes da Silva está com 76 anos, poderá optar por: inativar-
se por idade com proventos proporcionais ao tempo de contribuição ou recolher a contribuição
previdenciária relativa ao tempo necessário para implementar os 35 anos de contribuição com base nos
quais seus proventos foram inicialmente deferidos.
Joensen Terezinha Lizott Disperati
13. A interessada, aposentada no cargo de Professor Adjunto, fez uso de 3 anos de tempo rural
para se aposentar voluntariamente com proventos proporcionais ao tempo de serviço em 1998, na
proporção 26/30.
14. A sra. Joensen Terezinha Lizott Disperati manifestou interesse em recolher a contribuição
relativa ao tempo rural. Contudo, passado mais de um ano desde sua manifestação, não trouxe aos
autos nenhuma comprovação desse recolhimento, nem mesmo de parcelamento.
15. Portanto, acolho o exame da Sefip, no sentido de considerar o ato de peça 46 ilegal.
Marcelo Iacomini
16. Não se verificou a utilização de tempo rural no ato do servidor, mas sim a incorporação de
CD-4, ocupada entre 21/9/98 a 22/9/2002, por força de decisão judicial (Mandado de Segurança
2006.70.00.029139-4/PR).
268

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. A Sefip propôs que a concessão fosse considerada ilegal, uma vez que o STF concluiu pela
ilegalidade do pagamento da vantagem após 8/4/1998 no RE 638.115/CE. Contudo, tendo em vista que
decorreu de decisão judicial transitada em julgado, a unidade técnica propôs que não fosse feita
determinação para sustar seu pagamento.
18. A despeito de acolher a instrução da Sefip no tocante à ilegalidade do pagamento da
vantagem, dissinto da conclusão de não ser possível determinar a sustação do pagamento da vantagem
dos “quintos”.
19. Nesse sentido, cumpre transcrever a ementa da decisão proferida pelo STF quando do
julgamento dos embargos de declaração opostos pelo Procurador-Geral da República contra o
julgamento do RE 638.115/CE:
“Embargos de declaração no recurso extraordinário. 2. Repercussão Geral. 3. Direito
Administrativo. 4. Servidor público. 5. Incorporação de quintos decorrente do exercício de funções
comissionadas no período compreendido entre a edição da Lei 9.624/1998 e a MP 2.225-48/2001.
Impossibilidade. 6. Cessada a ultratividade das incorporações em qualquer hipótese, seja decorrente
de decisões administrativas ou de decisões judiciais transitadas em julgado. RE-RG 730.462, Rel.
Min. Teori Zavascki. 7. Ausência de omissão, contradição ou obscuridade. 8. Embargos rejeitados”
20. A fundamentação desse decisum, do Ministro Gilmar Mendes, foi a seguinte:
“Por eficácia normativa entende-se a consequência de manter-se ou excluir-se o preceito
normativo questionado do ordenamento jurídico. Por sua vez, a eficácia executiva da decisão
do STF refere-se ao efeito vinculante, consistente em atribuir uma qualificada força impositiva e
obrigatória em relação a supervenientes atos administrativos ou judiciais. No tocante, às sentenças já
transitadas em julgado à época da decisão do STF sobre a constitucionalidade ou
inconstitucionalidade da norma na qual se embasou, ficou consignada a necessidade de interposição
de ação rescisória. Daí depreende-se que a declaração de inconstitucionalidade ou
constitucionalidade de determinado preceito normativo pelo STF não enseja a automática reforma ou
rescisão das decisões anteriores já transitadas em julgado, sendo necessária, para tanto, a
interposição da ação rescisória. Entretanto, ressalvou-se de tal necessidade a questão relacionada à
execução de efeitos futuros da sentença proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato
continuado.
(...)
Nesses termos, tendo em vista que o pagamento dos quintos incorporados no período entre
8.4.1998 até 4.9.2001 foi declarado inconstitucional e refere-se a relação jurídica de trato
continuado, há que se reconhecer a necessidade de cessação imediata do pagamento da mencionada
verba, sem que isso caracterize afronta à coisa julgada e sem que seja necessário o ajuizamento de
ação rescisória” (grifei)..
21. Tendo em vista a conversão dos “quintos” em vantagem pessoal nominalmente identificada
(VPNI), operada pelo art. 15, § 1º, da Lei 9.527, de dezembro de 1997, e a cessação definitiva de
novas incorporações, em qualquer hipótese, desde o advento da Lei 9.624, de abril de 1998, não há
mais que se falar, a partir de então, em eventual modificação na base de cálculo da vantagem.
22. Portanto, à luz do entendimento do STF, é possível sim determinar a sustação dos
pagamentos dos “quintos”, mesmo diante da existência de decisão judicial transitada em julgado.
Arlete Edling
23. Acolho a proposta de legalidade e registro dos atos de aposentadoria da servidora, pois a
averbação do tempo insalubre antes do advento da Lei 8.112/1990 é compatível com o cargo exercido,
de enfermeira.
Ana Valenga
24. Acolho o exame da unidade técnica no tocante à impossibilidade de a servidora computar,
para fins de aposentadoria estatutária, 17 anos, 9 meses e 25 dias de tempo rural (dos quais sobejam 6
anos e 20 dias, haja vista que a interessada computou mais de 36 anos de serviço) sem recolhimento de
269

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contribuição previdenciária, pois isso viola o § 9º do art. 201 da Constituição Federal (ou, na redação
original, § 2º do art. 202).
25. Tendo em vista a possibilidade de a interessada, ocupante do cargo de Cozinheiro, vir a se
aposentar com proventos na proporcionalidade de 25/30, mediante a aplicação do Enunciado 74, ou
com proventos integrais, caso opte pelo recolhimento da contribuição previdenciária junto ao INSS,
acompanho a unidade técnica e o Ministério Público, cujos pareceres adoto como razão de decidir.
26. Todavia, gostaria de registrar que a boa-fé da interessada está sendo preservada mediante a
aplicação do Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência desta Corte e que o julgamento, ainda que
tardio, não viola o princípio da segurança jurídica, uma vez que o ato complexo, como o de
aposentadoria, somente se aperfeiçoa após o registro por parte desta Corte.
Eunice Brisola Inocêncio
O ato de peça 25, com proventos na proporcionalidade 26/30, foi editado em cumprimento ao
Acórdão 4776/2014-1ª Câmara, que considerou ilegal a averbação de tempo rural sem recolhimento de
contribuição previdenciária.
Contudo, a interessada ingressou em juízo contra a UFPR e contra a União (em virtude da
atuação do Tribunal) e obteve decisão favorável.
Assim sendo e considerando que a UFPR adotou, ainda que tardiamente (apenas em julho de
2015, ao passo que a deliberação do Tribunal fora exarada em setembro de 2014), medida para dar
cumprimento ao Acórdão 4776/2014-1ª Câmara, deve o ato de peça 25, no qual os proventos são
proporcionais ao tempo de contribuição (27/30), ser considerado legal.
Já os demais atos de alteração, de peças 43 (inclusão da vantagem prevista no art. 250 da Lei
8.112/1990) e 44 (para dar cumprimento à decisão judicial), devem ser considerados ilegais em razão
da utilização de tempo rural sem recolhimento de contribuição previdenciária, embora sem
determinação para sustação dos pagamentos, na forma e pelos fundamentos propostos pela Sefip.
Diante do exposto, acolho os pareceres que me antecederam, com os ajustes pertinentes, e
VOTO por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2687/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 027.444/2010-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Aposentadoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Ana Valenga (357.089.309-00); Ana Valenga (357.089.309-00); Arlete Edling
(232.638.659-00); Arlete Edling (232.638.659-00); Eliezer Gomes da Silva (091.482.059-15); Eunice
Brisola Inocêncio (720.836.209-25); Eunice Brisola Inocêncio (720.836.209-25); Eunice Brisola
Inocêncio (720.836.209-25); Joensen Terezinha Lizott Disperati (253.533.659-68); Juarez Nelson
Alves de Lima (083.680.409-06); Marcelo Iacomini (183.940.949-53).
4. Órgão/Entidade: Universidade Federal do Paraná.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal:
8.1. Vinicius Rafael Presente (66052/OAB-PR) e outros, representando Eunice Brisola
Inocêncio.
8.2. Ernani Moreno Silva (38.050/OAB-PR) e outros, representando Ana Valenga.
8.3. Mauricio de Jesus Tozetti (38.229/OAB-PR) e outros, representando Eliezer Gomes da
Silva.

9. Acórdão:
270

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de processo de aposentadoria de ex-servidores da


Universidade Federal do Paraná,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo relator e com fundamento na Constituição Federal, art. 71, III
e IX, e na Lei 8.443/1992, arts. 1º, V, e 39, II, em:
9.1. considerar legais os atos de concessão de aposentadoria aos ex-servidores Arlete Edling,
Juarez Nelson Alves de Lima e Eunice Brisola Inocêncio (número de controle 10792600-04-2015-
000133-0) e determinar seus registros;
9.2. considerar ilegais os atos de concessão de aposentadoria aos srs. Ana Valenga, Eliezer
Gomes da Silva, Eunice Brisola Inocêncio (números de controle 10792600-04-2016-000113-8 e
10792600-04-2005-000319-5), Joensen Terezinha Lizott e Marcelo Iacomini e a eles negar registro;
9.3. dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos de boa-fé pelos interessados
citados no subitem anterior, nos termos do Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.4. determinar à Universidade Federal do Paraná que adote as seguintes medidas, sob pena de
responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa:
9.4.1. dê ciência do inteiro teor desta deliberação aos srs. Ana Valenga, Eliezer Gomes da Silva,
Eunice Brisola Inocêncio, Joensen Terezinha Lizott e Marcelo Iacomini no prazo de quinze dias e faça
juntar a estes autos os comprovantes de notificação nos quinze dias subsequentes;
9.4.2. faça cessar, no prazo de trinta dias, os pagamentos efetuados com base nos atos ora
impugnados relativos aos srs. Ana Valenga, Eliezer Gomes da Silva, Joensen Terezinha Lizott e
Marcelo Iacomini;
9.4.3. esclareça aos interessados Eliezer Gomes da Silva, Joensen Terezinha Lizott Disperati e
Ana Valenga que suas aposentadorias poderão prosperar, nos moldes em que foram concedidas,
mediante o recolhimento da contribuição, de forma indenizada, sobre os períodos de atividade rural
averbados, nos termos do Enunciado 268 da Súmula da Jurisprudência do TCU;
9.4.4. informe ao sr. Eliezer Gomes da Silva que, em caso de não recolhimento da contribuição
previdenciária, poderá ser aposentado por idade, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição;
9.4.5. informe à sra. Ana Valenga que, em caso de não recolhimento de contribuição
previdenciária, será possível a aplicação do Enunciado 74 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal
para assegurar a aposentadoria na proporcionalidade de 25/30;
9.4.6. comunique à interessada Joensen Terezinha Lizott Disperati que, em caso de não
recolhimento da contribuição previdenciária, poderá inativar-se por idade, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição, calculados com base na Lei 10.887/2004;
9.4.7. cadastre novos atos para aqueles interessados que demonstrem o recolhimento da
contribuição previdenciária relativa ao tempo rural;
9.4.8. caso a entidade e a União venham a obter decisão favorável na ação 5057144-
19.2015.4.04.7000/JEF-PR, proceda à imediata correção dos proventos da sra. Eunice Brisola
Inocêncio, que deverão observar a proporcionalidade 27/30 (ato número de controle 10792600-04-
2015-000133-0);
9.5. determinar à Secretaria de Fiscalização de Pessoal que, nos termos da Questão de Ordem
aprovada pelo Plenário do TCU em 8/6/2011, conforme disposto na Ata 22/2011-TCU-Plenário,
encaminhe ao Departamento de Assuntos Extrajudiciais da AGU, bem como à Conjur/TCU, as
informações necessárias ao acompanhamento da ação 5057144-19.2015.4.04.7000/JEF-PR, que
tramita junto à Turma Nacional de Uniformização (TNU) do Conselho da Justiça Federal.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2687-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
271

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 027.702/2015-4.
Natureza: Embargos de Declaração em Recurso de Reconsideração em Prestação de Contas.
Órgão: Senado Federal.
Exercício: 2014.
Responsáveis: Angela Maria Gomes Portela (CPF 199.653.032-15); Antonio Helder Medeiros
Rebouças (CPF 231.584.503-30); Fernando de Souza Flexa Ribeiro (CPF 001.077.352-53); Humberto
Lucena Pereira da Fonseca (CPF 900.029.386-34); Ilana Trombka (CPF 742.707.450-53); Jorge Ney
Viana Macedo Neves (CPF 969.804.868-53); José Renan Vasconcelos Calheiros (CPF 110.786.854-
87); Luiz Augusto Geaquinto dos Santos (CPF 351.882.941-68) e Luiz Fernando Bandeira de Mello
Filho (CPF 034.089.794-56).
Embargante: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56).
Representação legal: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, representando a si mesmo.

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. SENADO FEDERAL. EXERCÍCIO DE 2014.


CONTAS DE ALGUNS RESPONSÁVEIS JULGADAS REGULARES. CONTAS DOS DEMAIS
JULGADAS REGULARES COM RESSALVA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO.
CONHECIMENTO. VERIFICAÇÃO DE QUE PARTE DAS FALHAS QUE JUSTIFICARAM AS
RESSALVAS NAS CONTAS NÃO DEVIA SER ATRIBUÍDA AO RECORRENTE.
PROVIMENTO PARCIAL. ELIMINAÇÃO DE ALGUMAS RESSALVAS. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. CONHECIMENTO. PROVIMENTO. CONCESSÃO DE EFEITOS
INFRINGENTES. CONTAS JULGADAS REGULARES.

RELATÓRIO

Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho,
ex-Diretor-Geral do Senado Federal, ao Acórdão 12.376/2018 – 1ª Câmara, por meio do qual foi
julgado recurso de reconsideração interposto contra o Acórdão 2.742/2017 - 1ª Câmara.
2. O mencionado Acórdão 2.742/2017 - 1ª Câmara (peça 16) apresenta a seguinte redação:
“Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso II; 18 e 23, inciso II
da Lei 8.443/92, c/c o art. 143 do Regimento Interno, de acordo com os pareceres emitidos pela
Unidade Técnica e pelo Ministério Público junto ao TCU (peças 12 a 15 dos autos), em:
I) julgar regulares, com fundamento nos arts. 1º, inc. I, 16, inc. I, 17 e 23, inc. I, da Lei
8.443/92 c/c os arts. 1º, inc. I, 207 e 214, inc. I, do Regimento Interno do TCU, as contas ordinárias
do Senado Federal, relativas ao exercício de 2014, que abrange as contas do Fundo Especial do
Senado Federal, em nome dos Srs. José Renan Vasconcelos Calheiros (CPF 110.786.854-87), Jorge
Ney Viana Macedo das Neves (CPF 969.804.868-53), Humberto Lucena Pereira da Fonseca (CPF
900.029.386-34) e Luiz Augusto Geaquinto dos Santos (CPF 351.882.941-68, e das Srªs. Ilana
Trombka (CPF 742.707.450-53) e Ângela Maria Gomes Portela (CPF 199.653.032-15), dando-lhes
quitação plena;
II) julgar regulares com ressalva, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23,
inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, as contas ordinárias do Senado Federal, relativas ao exercício de 2014, que abrange as contas
do Fundo Especial do Senado Federal, em nome dos Srs. Fernando de Souza Flexa Ribeiro (CPF
272

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

001.077.352-53), Antônio Helder Medeiros Rebouças (CPF 231.584.503-30), e Luiz Fernando


Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56), dando-lhes quitação, face às seguintes falhas
encontradas em suas gestões:
a) licitações e contratos (item 79 da instrução à peça 12 do processo de prestação de contas):
a.1) deficiência no planejamento anual de compras no âmbito dos processos administrativos
00200.007828/2014-46, 00200.001662/2014-54, 00200.002656/2014-14, 00200.004315/2014-83,
00200.004402/2014-31, 00200.007157/2014-13, 0200.007655/2014-66, 00200.007159/2014-11,
00200.007844/2014-39, 00200.012774/2014-31, 00200.003791/2014-87, 00200.004107/2014-84,
00200.010546/2014-26, 00200.004447/2014-13, 00200.003593/2014-13, 00200.010551/2014-39,
00200.004309/2014-26, 00200.004313/2014-94, 00200.004107/2014-84, 00200.010546/2014-26,
00200.004447/2014-13, , com infração aos Acórdãos TCU 367/2010-2ª Câmara, e 165/2001,
740/2004, 515/2005, todos do Plenário;
a.2) ausência de consulta aos preços praticados pela Administração Pública por ocasião da
justificativa do preço contratado em dispensas de licitação no âmbito dos processos administrativos
00200.004315/2014-83, 00200.004402/2014-31, 00200.007157/2014-13, 00200.007655/2014-66,
00200.007159/2014-11, 00200.007844/2014-39, 00200.012774/2014-31, 00200.003791/2014-87, com
infração ao art. 15, inc. V, da Lei 8.666/93, bem como aos Acórdãos TCU 2380/2013, 1996/2011,
1038/2011, 3033/2009, 2479/2009, 2432/2009, todos do Plenário;
a.3) deficiência na justificativa do preço contratado por inexigibilidade de licitação no âmbito
dos processos administrativos 00200.005311/2014-12, 00200.001512/2014-41; 00200.000661/2014-
92, com infração ao art. 26, § único e inc. III, da Lei 8.666/93, bem assim como aos Acórdãos TCU
2314/2008, 827/2007 e 127/2007, todos do Plenário;
a.4) realização, no âmbito do processo administrativo 00200.011112/2014-43, de contratação
emergencial sem prévio parecer do órgão jurídico e do setor técnico de contratações, com infração ao
art. 38, inc. VI, da Lei 8.666/1993, e aos Acórdãos TCU 4104/2009-2ª Câmara, 589/2010-1ª Câmara,
e 2387/2007, 265/2010 e 2574/2009, todos do Plenário;
a.5) deficiência na pesquisa de preços no âmbito dos processos administrativos
00200.004315/2014-83, 00200.004402/2014-31, 00200.007157/2014-13, 00200.007655/2014-66,
00200.007159/2014-11, 00200.007844/2014-39, 00200.012774/2014-31, 00200.003791/2014-87,
0200.001042/2014-15, 00200.001783/2014-04, 00200.004952/2014-50 e, com infração ao art. 15, inc.
V, da Lei 8.666/1993, bem como aos Acórdãos TCU 157/2008 e 2406/2006, ambos do Plenário;
a.6) ausência nos autos dos processos administrativos 00200.004326/2014-63, e
00200.002404/2014-95, de encaminhamento à autoridade competente para aplicação de sanção
administrativa, com infração ao art. 67, § 2º, da Lei 8.666/93;
a.7) prorrogação indevida de prazo de entrega no âmbito do processo administrativo
00200.006201/2014-78, com infração art. 57, § 2º, da Lei 8.666/93, à Decisão TCU 777/2000-
Plenário;
a.8) ausência nos autos dos processos administrativos 00200.004617/2014-51,
00200.005853/2014-95, 00200.002176/2014-53 e de comprovantes da entrega/execução do objeto,
com infração aos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64;
a.9) ausência ou desconformidade do termo de recebimento definitivo do objeto, no âmbito dos
processos administrativos 00200.003414/2014-48, 00200.001986/2014-92, e 00200.004231/2014-40,
com infração ao art. 73, inc. I, alínea “b”, e II, alínea “b” e § 1º, da Lei 8.666/93, assim como aos
Acórdãos TCU 1105/2004-2ª Câmara, e 740/2004, 1643/2004, 1313/2004, 1182/2004, 1292/2003,
todos do Plenário;
b) falhas na gestão de patrimônio imobiliário (itens 124-125 da instrução à peça 12 do
processo do processo de prestação de contas):
b.1) ocupações de imóveis da reserva do Senado permitidas a agentes públicos que não
preenchem os requisitos postos no Ato da Comissão Diretora (ATC) 6/2009, norma que repristinou os
arts. 1º a 5º da ATC 24/92;
273

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

b.2) falta de apresentação do plano de desocupação dos imóveis atualmente cedidos, conforme
determina o art. 3º do ATC 13/2013, com a respectiva devolução ao SF, pelos órgãos cujos agentes
ocupam tais imóveis, sem que as providências administrativas sejam tomadas para que tais planos
sejam apresentados;
b.3) descumprimento do item 9.2.3 do Acórdão 187/2008-TCU-Plenário, o qual determina a
discriminação dos valores a serem pagos a título de cessão (Taxa de uso devida pela ocupação da
área);
b.4) ausência de norma interna que discipline a ocupação de espaços do complexo
arquitetônico do SF, como forma de cumprir o item 9.2.1 do Acórdão 2586/2009-TCU-Plenário);
b.5) descumprimento do item 9.2.1 do Acórdão 2586/2009-TCU-Plenário notadamente no que
tange à cobrança da taxa de uso pela cessão do espaço físico a terceiros, ocasionando renúncia de
receitas da União;
b.6) descumprimento do item 9.2.2 do Acórdão 2586/2009-TCU-Plenário na medida que não
houve demonstração de pesquisa detalhada no mercado imobiliário local, no intuito de usar um
referencial seguro para definir os valores cobrados que expressem o valor de mercado, acostando aos
autos os documentos que fundamentam à pesquisa;
b.7) não adoção do instituto jurídico “Termo de Cessão de Uso”, para a cessão de espaço
físico no complexo arquitetônico do SF, com infração ao art. 18 da Lei 9.636/98 e ao item 9.2.1 do
Acórdão 187/2008 – TCU – Plenário;
1.7.1. determinar ao Senado Federal, com fundamento no art. 208, § 2º, do Regimento Interno
do TCU, que:
a) no prazo de sessenta dias, apresente a este Tribunal as providências adotadas para o
ressarcimento ao erário relacionado às irregularidades verificadas no Relatório de Auditoria nº
4/2014-COAUDPES (itens 98 e 129 da instrução de peça 12 do processo de prestação de contas);
b) no prazo de 180 dias, apresente a este Tribunal plano de ação, contendo as providências
necessárias à solução das seguintes ocorrências constatadas nas presentes contas na gestão do
patrimônio imobiliário (itens 127 e 129 da instrução de peça 12 do processo de prestação de contas):
b.1) falta de registro no SPIUNet do edifício sede do Interlegis, construído em 2001;
b.2) ocupações de imóveis da reserva do Senado permitidas a agentes públicos que não
preenchem os requisitos postos no Ato da Comissão Diretora (ATC) 6/2009, norma que repristinou os
arts. 1º a 5º da ATC 24/92;
b.3) não recolhimento pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, no exercício de 2014, da
taxa de ocupação equivalente a R$ 3.800,00, conforme determina o art. 2º do ATC 13/2013;
b.4) falta de apresentação do plano de desocupação dos imóveis atualmente cedidos, conforme
determina o art. 3º do ATC 13/2013, com a respectiva devolução ao SF, pelos órgãos cujos agentes
ocupam tais imóveis, sem que as providências administrativas sejam tomadas para que tais planos
sejam apresentados.
1.7.2. recomendar ao Senado Federal, com fundamento no art. 250, inc. III, do Regimento
Interno do TCU, as seguintes providências para melhoria do seu sistema de controles internos e da
gestão dos indicadores de desempenho (itens 30, 39, 49, 54, 61, 65 e 129):
a) implemente indicadores de desempenho relativos a gestão finalística, atrelados ao seu
planejamento estratégico, proporcionando à sociedade o accountability e a transparência necessária
para o exercício do controle social da performance da Câmara Alta, devendo eles abranger os
seguintes aspectos: capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a situação que a
organização pretende medir e de refletir os resultados das intervenções efetuadas na gestão;
capacidade de proporcionar medição da situação pretendida ao longo do tempo, por intermédio de
séries históricas; confiabilidade das fontes dos dados utilizados para o cálculo do indicador,
avaliando, principalmente, se a metodologia escolhida para a coleta, processamento e divulgação é
transparente e reaplicável por outros agentes, internos ou externos à unidade; facilidade de obtenção
dos dados, elaboração do indicador e de compreensão dos resultados pelo público em geral;
274

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

razoabilidade dos custos de obtenção do indicador em relação aos benefícios para a melhoria da
gestão da unidade;
b) identifique eventuais pontos de falhas de comunicação interna, procedendo ao seu
saneamento e ao aprimoramento dessa comunicação; verifique a possibilidade de padronizar
procedimentos e instruções operacionais, de forma a obter ganhos de escala e eficiência; defina com
clareza as responsabilidades quando promover delegação de autoridade e competência; seguindo, se
assim preferir, as boas práticas dispostas no Coso – Estrutura Integrada de Controles Internos e no
Coso – Gerenciamento de Riscos Corporativos;
c) proceda à estruturação, sistematização e implementação de um processo de avaliação de
riscos por meio da utilização de métodos, técnicas e ferramentas de apoio para identificação,
avaliação e implementação de respostas a riscos, seguindo, se assim preferir, as boas práticas
dispostas no Coso – Estrutura Integrada de Controles Internos, Coso – Gerenciamento de Riscos
Corporativos e ABNT NBR ISO 31.000:2009;
d) estabeleça políticas e procedimentos de controle para atuar sobre os riscos, de maneira a
contribuir para que os objetivos da organização sejam alcançados dentro dos padrões estabelecidos,
conforme as boas práticas dispostas no Coso – Estrutura Integrada de Controles Internos e no Coso –
Gerenciamento de Riscos Corporativos;
e) aprimore o processo de divulgação interna de informação, no âmbito do sistema de controles
internos; proceda à elaboração de um plano de comunicação entre os níveis hierárquicos, bem como
um plano de comunicação com outras partes interessadas, seguindo, se assim preferir, as boas
práticas dispostas no Coso – Estrutura Integrada de Controles Internos, e Coso – Gerenciamento de
Riscos Corporativos;
f) implante mecanismos de monitoramento e avaliação do funcionamento do seu sistema de
controles interno, seguindo, se assim preferir, as boas práticas dispostas no Coso – Estrutura
Integrada de Controles Internos, e Coso – Gerenciamento de Riscos Corporativos;”
3. Após analisar os argumentos apresentados no recurso em tela, o TCU decidiu, por meio do
Acórdão 12.376/2018 – 1ª Câmara (peça 32), a seguir transcrito no essencial, dar provimento parcial
ao apelo formulado pelo embargante:
“Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos arts. 32 e 33 da Lei 8.443/1992 e de acordo com os pareceres
emitidos nos autos, em:
a) conhecer do recurso de reconsideração interposto pelo Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello
Filho, contra o Acórdão 2.742/2017 - 1ª Câmara, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial no
sentido de excluir dos fundamentos para as ressalvas das respectivas contas as falhas descritas nos
itens a.3, a.6, a.7 e a.8 do acórdão recorrido; e
b) dar ciência deste acórdão ao recorrente e aos demais interessados.”
4. Ainda irresignado, o Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho opôs estes embargos de
declaração (peça 36).
É o Relatório.

VOTO

I – Introdução

Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho,
ex-Diretor-Geral do Senado Federal, ao Acórdão 12.376/2018 – 1ª Câmara, por meio do qual foi
julgado recurso de reconsideração interposto contra o Acórdão 2.742/2017 - 1ª Câmara.
2. Por intermédio do mencionado Acórdão 2.742/2017 - 1ª Câmara, a seguir transcrito no que diz
respeito ao embargante, este Tribunal julgou regulares com ressalvas as contas do recorrente:
275

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara,


ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso II; 18 e 23, inciso II
da Lei 8.443/92, c/c o art. 143 do Regimento Interno, de acordo com os pareceres emitidos pela
Unidade Técnica e pelo Ministério Público junto ao TCU (peças 12 a 15 dos autos), em:
(...)
II) julgar regulares com ressalva, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23,
inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno do
TCU, as contas ordinárias do Senado Federal, relativas ao exercício de 2014, que abrange as contas
do Fundo Especial do Senado Federal, em nome dos Srs. Fernando de Souza Flexa Ribeiro (CPF
001.077.352-53), Antônio Helder Medeiros Rebouças (CPF 231.584.503-30), e Luiz Fernando
Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56), dando-lhes quitação, face às seguintes falhas
encontradas em suas gestões:
a) licitações e contratos (item 79 da instrução à peça 12 do processo de prestação de contas):
a.1) deficiência no planejamento anual de compras no âmbito dos processos administrativos
00200.007828/2014-46, 00200.001662/2014-54, 00200.002656/2014-14, 00200.004315/2014-83,
00200.004402/2014-31, 00200.007157/2014-13, 0200.007655/2014-66, 00200.007159/2014-11,
00200.007844/2014-39, 00200.012774/2014-31, 00200.003791/2014-87, 00200.004107/2014-84,
00200.010546/2014-26, 00200.004447/2014-13, 00200.003593/2014-13, 00200.010551/2014-39,
00200.004309/2014-26, 00200.004313/2014-94, 00200.004107/2014-84, 00200.010546/2014-26,
00200.004447/2014-13, com infração aos Acórdãos TCU 367/2010-2ª Câmara, e 165/2001, 740/2004,
515/2005, todos do Plenário;
a.2) ausência de consulta aos preços praticados pela Administração Pública por ocasião da
justificativa do preço contratado em dispensas de licitação no âmbito dos processos administrativos
00200.004315/2014-83, 00200.004402/2014-31, 00200.007157/2014-13, 00200.007655/2014-66,
00200.007159/2014-11, 00200.007844/2014-39, 00200.012774/2014-31, 00200.003791/2014-87, com
infração ao art. 15, inc. V, da Lei 8.666/93, bem como aos Acórdãos TCU 2380/2013, 1996/2011,
1038/2011, 3033/2009, 2479/2009, 2432/2009, todos do Plenário;
a.3) deficiência na justificativa do preço contratado por inexigibilidade de licitação no âmbito
dos processos administrativos 00200.005311/2014-12, 00200.001512/2014-41; 00200.000661/2014-
92, com infração ao art. 26, § único e inc. III, da Lei 8.666/93, bem assim como aos Acórdãos TCU
2314/2008, 827/2007 e 127/2007, todos do Plenário;
a.4) realização, no âmbito do processo administrativo 00200.011112/2014-43, de contratação
emergencial sem prévio parecer do órgão jurídico e do setor técnico de contratações, com infração ao
art. 38, inc. VI, da Lei 8.666/1993, e aos Acórdãos TCU 4104/2009-2ª Câmara, 589/2010-1ª Câmara,
e 2387/2007, 265/2010 e 2574/2009, todos do Plenário;
a.5) deficiência na pesquisa de preços no âmbito dos processos administrativos
00200.004315/2014-83, 00200.004402/2014-31, 00200.007157/2014-13, 00200.007655/2014-66,
00200.007159/2014-11, 00200.007844/2014-39, 00200.012774/2014-31, 00200.003791/2014-87,
0200.001042/2014-15, 00200.001783/2014-04, 00200.004952/2014-50 e, com infração ao art. 15, inc.
V, da Lei 8.666/1993, bem como aos Acórdãos TCU 157/2008 e 2406/2006, ambos do Plenário;
a.6) ausência nos autos dos processos administrativos 00200.004326/2014-63, e
00200.002404/2014-95, de encaminhamento à autoridade competente para aplicação de sanção
administrativa, com infração ao art. 67, § 2º, da Lei 8.666/93;
a.7) prorrogação indevida de prazo de entrega no âmbito do processo administrativo
00200.006201/2014-78, com infração art. 57, § 2º, da Lei 8.666/93, à Decisão TCU 777/2000-
Plenário;
a.8) ausência nos autos dos processos administrativos 00200.004617/2014-51,
00200.005853/2014-95, 00200.002176/2014-53 e de comprovantes da entrega/execução do objeto,
com infração aos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64;
276

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a.9) ausência ou desconformidade do termo de recebimento definitivo do objeto, no âmbito dos


processos administrativos 00200.003414/2014-48, 00200.001986/2014-92, e 00200.004231/2014-40,
com infração ao art. 73, inc. I, alínea “b”, e II, alínea “b” e § 1º, da Lei 8.666/93, assim como aos
Acórdãos TCU 1105/2004-2ª Câmara, e 740/2004, 1643/2004, 1313/2004, 1182/2004, 1292/2003,
todos do Plenário;
b) falhas na gestão de patrimônio imobiliário (itens 124-125 da instrução à peça 12 do
processo do processo de prestação de contas):
b.1) ocupações de imóveis da reserva do Senado permitidas a agentes públicos que não
preenchem os requisitos postos no Ato da Comissão Diretora (ATC) 6/2009, norma que repristinou os
arts. 1º a 5º da ATC 24/92;
b.2) falta de apresentação do plano de desocupação dos imóveis atualmente cedidos, conforme
determina o art. 3º do ATC 13/2013, com a respectiva devolução ao SF, pelos órgãos cujos agentes
ocupam tais imóveis, sem que as providências administrativas sejam tomadas para que tais planos
sejam apresentados;
b.3) descumprimento do item 9.2.3 do Acórdão 187/2008-TCU-Plenário, o qual determina a
discriminação dos valores a serem pagos a título de cessão (Taxa de uso devida pela ocupação da
área);
b.4) ausência de norma interna que discipline a ocupação de espaços do complexo
arquitetônico do SF, como forma de cumprir o item 9.2.1 do Acórdão 2586/2009-TCU-Plenário);
b.5) descumprimento do item 9.2.1 do Acórdão 2586/2009-TCU-Plenário notadamente no que
tange à cobrança da taxa de uso pela cessão do espaço físico a terceiros, ocasionando renúncia de
receitas da União;
b.6) descumprimento do item 9.2.2 do Acórdão 2586/2009-TCU-Plenário na medida que não
houve demonstração de pesquisa detalhada no mercado imobiliário local, no intuito de usar um
referencial seguro para definir os valores cobrados que expressem o valor de mercado, acostando aos
autos os documentos que fundamentam à pesquisa;
b.7) não adoção do instituto jurídico “Termo de Cessão de Uso”, para a cessão de espaço
físico no complexo arquitetônico do SF, com infração ao art. 18 da Lei 9.636/98 e ao item 9.2.1 do
Acórdão 187/2008 – TCU – Plenário;”
3. Após analisar os argumentos apresentados no recurso em tela, o TCU decidiu, por meio do
Acórdão 12.376/2018 – 1ª Câmara (peça 32), a seguir transcrito no essencial, dar provimento parcial
ao apelo então formulado pelo ora embargante:
“Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ACORDAM,
por unanimidade, com fundamento nos arts. 32 e 33 da Lei 8.443/1992 e de acordo com os pareceres
emitidos nos autos, em:
a) conhecer do recurso de reconsideração interposto pelo Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello
Filho, contra o Acórdão 2.742/2017 - 1ª Câmara, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial no
sentido de excluir dos fundamentos para as ressalvas das respectivas contas as falhas descritas nos
itens a.3, a.6, a.7 e a.8 do acórdão recorrido; e
b) dar ciência deste acórdão ao recorrente e aos demais interessados.”
4. Ainda irresignado, o Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho opôs estes embargos de
declaração.

II – Análise do mérito destes embargos

5. Preliminarmente, julgo que os presentes embargos de declaração devem ser conhecidos, uma
vez que eles foram apresentados de forma tempestiva e foi apontada a existência de contradição e
omissão no acórdão vergastado.
277

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Da leitura conjunta dos Acórdãos 2.742/2017 e 12.376/2018, ambos da 1ª Câmara, verifico


que persistem as ressalvas constantes dos subitens a.1, a.2, a.4, a.5, a.9 e b.1 a b.7 do Acórdão
2.742/2017 – 1ª Câmara. Esclareço que essas ressalvas foram agrupadas em dois itens:
a) item a: referente a licitações e contratos; e
b) item b: relativo a falhas na gestão do patrimônio imobiliário do Senado Federal.
7. Visando facilitar a compreensão dos meus pares, analisarei a seguir os argumentos
apresentados pelo recorrente em relação a cada um desses subitens.
8. O subitem a.1 diz respeito a deficiências no planejamento anual de compras que foram
detectadas em 21 processos administrativos. Em relação a esse achado, o embargante alegou que:
a) exerceu a função de Diretor-Geral do Senado Federal entre 21/5 e 31/12/2014. Assim sendo,
não deve responder por uma eventual falha no planejamento das compras que foram realizadas no
exercício de 2014, o qual deveria ter sido realizado por seu antecessor nessa função;
b) o órgão de controle interno e o TCU não apontaram quaisquer ilegalidades nos 21 processos
apontados nesse subitem;
c) assim que assumiu o cargo de Diretor-Geral, em 21/5/2014, detectou, em conjunto com a
Secretaria de Controle Interno e com a Secretaria de Administração de Contratos, a necessidade de
melhor planejar e sistematizar os procedimentos de compras no Senado Federal, e prontamente iniciou
os esforços para construir um plano anual de contratações, abrangendo toda a Câmara Alta;
d) junto com o novo planejamento de contratações, criou um regulamento de compras e
contratações, em consonância com a legislação vigente e com a jurisprudência desse TCU, que foi
instituído pela Comissão Diretora do Senado Federal por meio do Ato 12/2014, regulamentou funções
comissionadas, regulamento orgânico, quadro de pessoal, política de capacitação e política de
contratações e estabeleceu parâmetros de planejamento, comportando procedimentos orçamentário,
financeiro e administrativo, até então inexistentes; e
e) a unidade técnica reconheceu como positivos os esforços envidados durante a gestão do
recorrente no sentido de aprimorar os controles internos na área de aquisições.
9. Registro que o Controle Interno do Senado Federal e a unidade técnica do TCU não apontaram
a existência de prejuízos nem a prática de atos ilegais. Além disso, saliento que, consoante exposto
pela Serur:
“a matriz de responsabilização da unidade técnica (peça 12, p. 27) não individualizou a
conduta do recorrente, atribuindo os achados, sem distinção, aos dois gestores que ocuparam o cargo
de Diretor-Geral em períodos diferentes do exercício de 2014.”
10. Assim sendo e considerando ainda que as providências preventivas cabíveis para evitar a
repetição dessas falhas foram adotadas, julgo que essas alegações do embargante devem ser acolhidas.
Por via de consequência, a ressalva descrita no subitem a.1 deve ser excluída.
11. O subitem a.2 se refere à ausência de consulta aos preços praticados pela administração
pública por ocasião da justificativa do preço contratado em dispensas de licitação no âmbito de 8
processos administrativos. Sobre esse ponto, o recorrente argumentou que:
a) a quantidade de processos em que foi detectada essa falha é pequena se comparada com as 620
contratações realizadas no exercício em análise;
b) o Controle Interno do Senado Federal, em 2015, acatou as explicações oferecidas pela
Diretoria-Geral daquela Casa Legislativa e encerrou os trabalhos de auditoria que tratavam dessa
questão, tendo destacado que:
“em se tratando de recomendações prospectivas, no sentido de orientações para evitar a
reincidência das impropriedades, as unidades auditadas adotaram providências e firmaram o
compromisso no sentido de atender às recomendações de auditoria em processos vindouros”;
c) a Diretoria-Geral do Senado Federal, então conduzida pelo embargante, elaborou o Ato nº
9/2015, no qual foi estabelecido que as pesquisas de preços junto a órgãos públicos seriam
obrigatoriamente realizadas, também, nas compras feitas por dispensa ou inexigibilidade de licitação;
d) nesse sentido, o art. 12 dessa norma dispõe que:
278

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“Art. 12. As contratações de bens e serviços deverão ser precedidas de pesquisa de preços no
mercado relevante, que se balizará pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da
Administração Pública averiguados por consultas às seguintes fontes:
I - Portal de Compras do Governo Federal - www.comprasgovernamentais.gov.br;
II - mídia especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que o
documento contenha a data e hora de acesso;
III - contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento
e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;
IV - para contratações que envolvam mão de obra, associações e sindicatos de cada categoria
profissional;
V - fornecedores de produtos ou serviços.”
§ 1° Além das fontes constantes nos incisos I a V, poderão ser utilizados, caso disponíveis,
outros sistemas de auxílio à pesquisa de preços ou de catalogação de bases de dados governamentais
e não governamentais.”
e) a Serur reconheceu não ser possível aferir sua participação em cinco desses oito processos,
uma vez que, nesses casos, as condutas dos gestores apontados como responsáveis não foram
individualizadas. Nos três outros processos, há documentos que foram assinados pelo embargante.
12. Julgo que esses argumentos devem ser acolhidos, uma vez que restou demonstrado que o Sr.
Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho adotou as medidas preventivas cabíveis para evitar a repetição
dessas falhas, inclusive no que concerne à edição de um normativo prevendo a obrigatoriedade da
pesquisa de preços nos casos de dispensa de licitação. Além disso, entendo que deve ser sopesado que
sua participação não foi comprovada em cinco dos oito processos em que a falha sob exame foi
detectada, o que reduz sobremaneira a relevância dessa falha. Por via de consequência, a ressalva a.2
deve ser excluída.
13. A ressalva a.4 está relacionada à realização, no âmbito do processo administrativo
00200.011112/2014-43, de contratação emergencial sem prévio parecer do órgão jurídico e do setor
técnico de contratações. No que concerne a esse item, o embargante argumentou que:
a) a contratação emergencial decorreu da ocorrência de um defeito na “chave de transferência
(ATS)” do sistema ininterrupto de energia da sala cofre do Prodasen;
b) o mencionado equipamento mantém estável o fornecimento de energia elétrica para a rede de
computadores do Senado Federal. Caso sejam detectados problemas na rede elétrica, ele aciona um
conjunto de baterias até que o gerador a diesel entre em funcionamento. Nesse contexto, a falta da
ATS acarretaria um grave risco de interrupção do funcionamento do sistema de TI, além de um
possível dano para as máquinas que compõem o referido sistema e para os dados nela contidos;
c) embora não tenha sido possível aguardar a emissão do parecer do órgão jurídico específico, a
contratação emergencial teve o respaldo das áreas de Engenharia e de Tecnologia, que expuseram as
possíveis consequências nefastas da inexistência da ATS. Além disso, houve a manifestação da
Assessoria Técnica e Jurídica do Prodasen;
d) o órgão responsável pelas contratações no âmbito do Senado Federal, a Secretaria de
Administração de Contratações (SADCON), manifestou-se favoravelmente a essa contratação, por
meio dos documentos nº 200.009766/2015-98 e 200.009767/2015-32, apensados à Prestação de
Contas;
e) após a recomendação do órgão de controle interno, no sentido de que tal prática não voltasse
a ocorrer, não houve reincidência nessa falha. Nesse sentido, a Secretaria de Controle Interno, no
Relatório de Monitoramento 257/2015, referente ao Relatório de Auditoria de Conformidade 61/2015
— COAUDCON/SCISF, anexo aos autos da Prestação de Contas, “considerou atendida a
recomendação prospectiva”.
14. Considerando que a falha foi constatada em um único processo, que foram adotadas medidas
preventivas para evitar sua repetição, que a contratação em tela contou com o respaldo dos órgãos
279

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

técnicos e administrativos competentes, que não houve prejuízo para o erário e que não foram
apontadas ilegalidades na celebração dessa avença, julgo que a ressalva a.4 deve ser afastada.
15. A ressalva a.5 diz respeito a deficiências verificadas nas pesquisas de preços realizadas no
âmbito de 11 processos administrativos. O embargante alegou que:
a) a quantidade de processos em que foi apurada a existência dessa falha é pequena se
comparada com as 620 contratações realizadas no exercício em análise;
b) o Controle Interno do Senado Federal, em 2015, acatou as explicações oferecidas pela
Diretoria-Geral daquela Casa Legislativa e encerrou os trabalhos de auditoria que tratavam dessa
questão, tendo destacado que:
“em se tratando de recomendações prospectivas, no sentido de orientações para evitar a
reincidência das impropriedades, as unidades auditadas adotaram providências e firmaram o
compromisso no sentido de atender às recomendações de auditoria em processos vindouros”;
c) a Serur reconheceu não ser possível aferir sua participação em sete desses onze processos,
uma vez que, nesses casos, as condutas dos gestores apontados como responsáveis não foram
individualizadas. Nos outros quatro processos, há documentos que foram assinados pelo embargante.
16. De forma similar ao subitem a.2, julgo que esses argumentos devem ser acolhidos, uma vez
que restou demonstrado que o Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho adotou as medidas
preventivas cabíveis para evitar a repetição dessas falhas. Além disso, entendo que deve ser sopesado
que sua participação não foi comprovada em sete dos onze processos em que a falha sob exame foi
detectada, o que reduz sobremaneira a relevância dessa falha. Consequentemente, a ressalva a.5 deve
ser excluída.
17. O subitem a.9 se refere à ausência ou desconformidade do termo de recebimento definitivo
do objeto, no âmbito dos processos administrativos 200.003414/2014-48, 200.001986/2014-92 e
200.004231/2014-40. Esse item não foi objeto de impugnação pelo embargante, que somente alegou
que:
“facilmente se infere da análise dos quadros sinópticos constantes da análise técnica do
recurso, mas, também da conclusão proposta pelo parecer, que SOMENTE quanto aos subitens a.2 e
a.5, houve participação efetiva do Recorrente e, vale reiterar, sem que isso se configure razão de
mérito para a ressalva.”
18. Verifico que esse argumento do embargante não se aplica ao subitem a.9 do acórdão
vergastado, uma vez que a Serur salientou que:
“as ressalvas relativas aos achados a.3, a.6, a.7 e a.8 foram indevidamente imputadas às contas
do recorrente, uma vez que não há como afirmar que participou dos atos que lhe deram causa, mas as
ressalvas dos achados a.2 e a.5 foram devidamente imputadas ao recorrente;”
19. Da leitura dessa conclusão da unidade técnica, depreende-se que o subitem a.9 não foi objeto
de análise pela Serur, até porque, no recurso de reconsideração anteriormente apresentado, o Sr. Luiz
Fernando Bandeira de Mello Filho não se manifestou sobre essa ressalva.
20. Por outro lado, a Secretaria de Controle Interno do Senado Federal – SCISF, no Relatório de
Auditoria de Gestão nº 1/2015, registrou que:
a) nos processos mencionados no parágrafo 17 deste voto, verificou-se a ausência de lavratura
do termo de recebimento definitivo do objeto ao final da execução da avença, documento esse cuja
emissão é prevista em contrato e na lei, ou a emissão do termo de recebimento definitivo em desacordo
com o procedimento previsto no art. 15, § 8º, da Lei 8.666/93, o qual exige que o recebimento seja
confiado à comissão de, no mínimo, três servidores, nos casos em que a compra ultrapasse o valor de
R$ 80.000,00;
b) recomendou que fosse juntado aos autos o termo de recebimento definitivo do objeto, em
cumprimento ao contrato ou ao edital;
c) recomendou que a Administração do Senado se assegurasse de que o recebimento definitivo
do objeto para compras cujo valor superasse o limite da modalidade convite fosse feito,
280

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

necessariamente, por comissão de, no mínimo, 3 membros, conforme preconiza o § 8º do art. 15 da Lei
de Licitações, acima citado; e
d) os gestores de contratos, de uma forma geral, adotaram medidas para sanear as ocorrências e
se comprometeram a evitar sua reincidência. Adicionalmente, a Administração informou que foi
revista a minuta-padrão de editais do Senado para inserir cláusula exigindo que o recebimento
definitivo do objeto para compras cujo valor supere o limite da modalidade convite seja feito,
necessariamente, por comissão de, no mínimo, 3 membros, conforme preconiza o § 8º do art. 15 da Lei
de Licitações.
21. Acrescento que as falhas apontadas no subitem a.9 do acórdão recorrido não foram
cometidas pelo responsável, mas pelos gestores dos contratos. Poder-se-ia alegar que cabia ao Diretor-
Geral do Senado supervisionar a atuação desses gestores. Contudo, tendo em vista que tais problemas
foram detectados em um número relativamente pequeno de avenças, julgo que, no caso vertente, não é
possível imputar responsabilidade ao Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho.
22. Diante do acima exposto e considerando que não foi apurado dano ao erário nem apontada a
prática de grave irregularidade pelo embargante, julgo que a ressalva a.9 deve ser excluída.
23. As ressalvas expressas nos subitens b.1 a b.7 do Acórdão 2.742/2017 – 1ª Câmara estão
relacionadas com falhas na gestão de patrimônio imobiliário, em especial no que concerne à ocupação
de imóveis da reserva do Senado por agentes públicos que não preencheriam os requisitos postos no
Ato da Comissão Diretora (ATC) 6/2009.
24. Em relação a essas ressalvas, o embargante alegou que:
“A decisão de conceder imóveis para usuários não-parlamentares do Senado — Ministros do
STJ e deste TCU e desembargadores do TRF — nunca ocorreu por parte do ora Recorrente. Não há
qualquer ato de concessão firmado pelo então Diretor-Geral. Na verdade, quando assumiu o cargo, a
situação de cessões de apartamentos funcionais para não-parlamentares já estava configurada.
Ao contrário, foi o Recorrente quem pessoalmente diligenciou para estabelecer um calendário
de desocupação dos imóveis funcionais do Senado Federal outrossim para que fossem criadas regras
específicas para controle do material permanente e dos bens de propriedade do órgão, por meio do
Ato da Comissão Diretora nº 19, de 2014.
Ademais, quando da assunção do cargo de Diretor-Geral, em maio de 2014, o Recorrente
passou a negociar diretamente com os Diretores-Gerais (ou Secretários-Gerais, conforme o caso) do
Superior Tribunal de Justiça, desse Tribunal de Contas da União e até do Tribunal Regional Federal.
Com isso, foi possível firmar um Termo de Cooperação entre os órgãos, oportunidade em que os
ocupantes do TCU e do STJ (ou os órgãos aos quais se vinculam) passaram a pagar a taxa de uso dos
imóveis do Senado por eles ocupados (conforme documentos que ora são anexados aos autos). Se a
não-cobrança das taxas de ocupação por esses imóveis, pagas ao final de 2014 retroativamente, puder
ser imputada como ressalva nas contas de algum gestor, seguramente não será nas deste Recorrente,
mas talvez daqueles que o antecederam.
Com relação à cobrança de taxas de ocupação do complexo arquitetônico do Senado por
terceiros, o Recorrente adotou providências para cobrar de todos os ocupantes a taxa estabelecida.
Inclusive, a medida, manifestamente impopular, provocou a saída da representação de alguns
partidos das dependências físicas do Senado (permanecendo apenas os partidos DEM e PP, os quais
pagam as taxas de uso definidas) e, a despeito da resistência inicialmente oferecida, todos os terceiros
ocupantes de áreas nos prédios da Câmara Alta passaram a recolher a taxa de ocupação.
Quanto à falta de pesquisa detalhada para balizar o valor a ser cobrado, dificilmente se
poderia quantificar o valor do metro quadrado dentro de um prédio do Poder Legislativo na Praça
dos Três Poderes. De fato, qualquer pesquisa nesse sentido se mostraria, de início, inócua e
despicienda porquanto não haveria semelhanças em termo de localização ou interesse, público ou
privado, que pudesse dar margem a qualquer cotação de preços.
Finalmente, foram firmados "Termos de Cessão de Uso" com todos os ocupantes de espaços
físicos no complexo arquitetônico do Senado Federal.
281

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sendo assim, sem sentido fático ou jurídico a ressalva desafiada, pelo menos quanto à atuação
do Recorrente, que jamais autorizou a ocupação de apartamentos funcionais por não-parlamentares
nem a ocupação de espaços no prédio do Senado Federal por outras entidades públicas ou privadas
sem o devido ressarcimento.”
25. Após compulsar os presentes autos, verifiquei que assiste razão ao embargante. Afinal, a
cessão de imóveis, na forma questionada pelo TCU, antecede o seu período no exercício da função de
Diretor-Geral do Senado Federal. Além disso, ele adotou as providências cabíveis para regularizar a
situação, na forma preconizada por este Tribunal. Nesse contexto, julgo que devem ser excluídas as
ressalvas relacionadas nos subitens b.1 a b.7.
26. Tendo em vista que todas as ressalvas imputadas ao embargante devem ser excluídas,
entendo que suas contas devem ser julgadas regulares, sendo-lhe conferida quitação plena. Com esse
desiderato, proponho que os presentes embargos de declaração sejam conhecidos, para, no mérito, ser-
lhes conferido provimento. Adicionalmente, em caráter excepcional, devem ser conferidos efeitos
infringentes ao recurso em tela.
Diante do acima exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2688/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 027.702/2015-4.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Embargos de Declaração em Recurso de Reconsideração em
Prestação de Contas.
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Ângela Maria Gomes Portela (CPF 199.653.032-15); Antonio Helder
Medeiros Rebouças (CPF 231.584.503-30); Fernando de Souza Flexa Ribeiro (CPF 001.077.352-53);
Humberto Lucena Pereira da Fonseca (CPF 900.029.386-34); Ilana Trombka (CPF 742.707.450-53);
Jorge Ney Viana Macedo Neves (CPF 969.804.868-53); José Renan Vasconcelos Calheiros (CPF
110.786.854-87); Luiz Augusto Geaquinto dos Santos (CPF 351.882.941-68) e Luiz Fernando
Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56)
3.2. Embargante: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho (CPF 034.089.794-56).
4. Órgão: Senado Federal.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur) e Secretaria de Controle Externo da
Administração do Estado (SecexAdmin).
8. Representação legal: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, representando a si mesmo.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Luiz
Fernando Bandeira de Mello Filho, ex-Diretor-Geral do Senado Federal, ao Acórdão 12.376/2018 – 1ª
Câmara, por meio do qual foi julgado recurso de reconsideração interposto contra o Acórdão
2.742/2017 - 1ª Câmara, por meio do qual as contas do embargante relativas ao exercício de 2014
foram julgadas regulares com ressalva,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, uma vez que foram atendidos os requisitos
aplicáveis à espécie, para, no mérito, dar-lhes provimento;
282

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. em caráter excepcional, conferir efeitos infringentes aos embargos de declaração em tela, no
sentido de julgar regulares as contas do Sr. Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, na condição de
Diretor-Geral do Senado Federal, relativas ao exercício de 2014, conferindo-lhe quitação plena; e
9.3. dar ciência deste acórdão ao embargante e ao Senado Federal.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2688-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 027.735/2010-9 [Apenso: TC 023.515/2006-0]
Natureza: Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial)
Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Laranjeiras - SE
Responsáveis: Alexandre Macedo Sobral (588.810.505-87); Construtora Gautama Ltda.
(00.725.347/0001-00); Genaro de Almeida Brota (051.382.485-53); José Macedo Sobral
(349.506.805-87); José Monteiro Sobral (013.184.895-04); Maria Ione Macedo Sobral (390.559.575-
34); Mônica Macedo Sobral Maciel Silva (390.687.735-34); Paulo Hagenbeck (103.126.925-87)
Interessado: Procuradoria Geral do Estado de Sergipe (00.407.523/0001-57)
Representação legal: Rodrigo Fernandes da Fonseca (6209/OAB-SE), Márcio Macedo Conrado
(3806/OAB-SE) e outros, representando Paulo Hagenbeck; Márcio Cardoso de Barros (4278/OAB-SE)
e outros, representando Maria Ione Macedo Sobral; Luiz Cláudio Araújo Ribeiro (45286/OAB-DF),
representando Construtora Gautama Ltda.; Evânio José de Moura Santos (2884/OAB-SE),
representando Mônica Macedo Sobral Maciel Silva, José Macedo Sobral, Alexandre Macedo Sobral e
Maria Ione Macedo Sobral.

SUMÁRIO: CONVÊNIO. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. OBRAS NO


SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO. SUPERFATURAMENTO. RESPONSABILIDADE
DOS EX-PREFEITOS E DA EMPRESA CONTRATADA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO.
MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO
RECORRENTE. USO DE CONTRATO COM VIGÊNCIA EXPIRADA. SUPERFATURAMENTO
COMPROVADO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMAR A DECISÃO
RECORRIDA. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução inserta à peça 137, cuja proposta de encaminhamento contou
com a anuência do corpo diretivo da Secretaria de Recursos (peças 138 e 139) e do douto representante
do MP/TCU (peça 140), in verbis:

“INTRODUÇÃO
Trata-se de recurso de reconsideração interposto por Paulo Hagenbeck, ex-prefeito do
município de Laranjeiras/SE, gestão 2001-2004 (peça 129), contra o Acórdão 679/2016-TCU-1ª
Câmara, de relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues, transcrito na íntegra abaixo (peça 35):
283

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos esta tomada de contas especial, instaurada a partir da conversão de
processo de representação, por força do que determinou o Acórdão 5.349/2010 da 1ª Câmara, em razão do
superfaturamento na execução das obras de construção de infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto
sanitário e de retificação do trecho urbano do rio Cotinguiba, objeto do Convênio MI 202-99, celebrado entre o
Ministério da Integração Nacional e o Governo do Estado de Sergipe, parcialmente transferido ao Município
de Laranjeiras,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, diante das
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. acolher as razões de justificativa de Genaro de Almeida Brota (CPF 051.382.485-53);
9.2. acolher parcialmente as razões de justificativa de Paulo Hagenbeck (CPF 103.126.925-87);
9.3. julgar irregulares, com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, § 2º,
19, caput, e 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, as contas dos Srs. José Monteiro Sobral - falecido
(CPF 013.184.895-04) e Paulo Hagenbeck (CPF 103.126.925-87), condenando este último, bem como os
herdeiros do Sr. José Monteiro Sobral, solidariamente à Construtora Gautama Ltda., ao pagamento das
importâncias a seguir indicadas, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora, calculados a
partir das datas especificadas, até a data do efetivo recolhimento, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar
da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal, o recolhimento do débito ao Tesouro Nacional:
9.3.1. Responsáveis solidários: Maria Ione Macedo Sobral (CPF 108.755.304-00), Alexandre Macedo
Sobral (CPF 588.810.505-87), José Macedo Sobral (CPF 349.506.805-87) e Mônica Macedo Sobral Maciel
Silva (CPF 390.687.735-34) e Construtora Gautama Ltda. (CNPJ 00.725.347/0001-00):
Data Valor R$
17/5/2000 6.822,59
28/6/2000 5.095,96
25/7/2000 10.871,72
24/8/2000 17.544,11
22/9/2000 32.515,02
17/5/2000 6.822,59
28/6/2000 5.095,96
25/7/2000 10.871,72
24/8/2000 17.544,11
22/9/2000 32.515,02
9.3.2. Responsáveis solidários: Paulo Hagenbeck (CPF 103.126.925-87) e Construtora Gautama Ltda.
(CNPJ 00.725.347/0001-00):
Data Valor R$
08/02/2001 32.789,13
20/03/2001 25.015,64
17/04/2001 73.985,61
10/05/2001 51.928,95
11/06/2001 44.268,71
26/09/2001 3.278,78
14/11/2001 (2.897,92)
12/12/2001 61.462,37
27/12/2001 26.935,77
03/05/2002 83.409,98
24/05/2002 25.887,04
02/07/2002 12.219,43
29/07/2002 73.973,13
20/08/2002 67.731,65
20/09/2002 75.567,36
17/10/2002 155.719,73
14/11/2002 127.313,65
12/12/2002 81.357,47
08/01/2003 62.568,35
284

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

29/01/2003 53.998,61
28/02/2003 2.374,59
14/03/2003 3.446,43
9.4. aplicar, individualmente, ao Sr. Paulo Hagenbeck (CPF 103.126.925-87) e à Construtora Gautama
Ltda. (CNPJ 00.725.347/0001-00) a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, nos valores de R$ 250.000,00
(duzentos e cinquenta mil reais) e R$ 520.000,00 (quinhentos e vinte mil reais), respectivamente, fixando-lhes o
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das respectivas quantias ao Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do art. 28,
inciso II, da Lei 8.443/1992, e
9.6. encaminhar cópia deste acórdão, assim como das peças que o fundamentam, aos responsáveis, ao
interessado, ao Município de Laranjeiras e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de
Sergipe, para ajuizamento das ações penais e civis que entender cabíveis.
HISTÓRICO
2. Esta tomada de contas especial foi instaurada a partir da conversão de processo de
representação, por força do Acórdão 5349/2010-TCU-1ª Câmara, de relatoria do Ministro Walton
Alencar Rodrigues (peça 2, p. 13-14), em vista da aferição de superfaturamento na execução das
obras de construção de infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto sanitário e de retificação do
trecho urbano do rio Cotinguiba, objeto do Convênio MI 202-99 (Siafi 387359), celebrado entre o
Ministério da Integração Nacional e o Governo do Estado de Sergipe, parcialmente transferido ao
Município de Laranjeiras.
3. O ex-prefeito e os herdeiros do outro gestor (falecido) foram citados/chamados em audiência
em razão da ordenação de despesas irregulares, assim como a empreiteira foi citada pelo benefício
financeiro direto auferido com o superfaturamento.
4. Do exame das defesas apresentadas (peça 4, p. 7-22; peça 9, p. 3-24 e peça 11, p. 2-50) e da
revelia da empreiteira, a unidade técnica propôs o julgamento pela irregularidade das contas dos
responsáveis e condenação em débito e multa (peças 18-20 e 24-26).
5. As manifestações do Ministério Público/TCU e do Ministro-Revisor sobre a necessidade de se
manter a responsabilização dos ex-prefeitos (peças 29 e 36) foram acolhidas pelo Relator original e
pelo Tribunal no Acórdão 679/2016-TCU-1ª Câmara (peças 35-37).
6. Embargos declaratórios (peça 40) opostos contra a decisão condenatória foram acolhidos
parcialmente pelo Tribunal no Acórdão 4800/2016-TCU-1ª Câmara (peça 44), para prestar aos
embargantes os esclarecimentos acerca do voto que fundamentou a deliberação atacada.
7. O Acórdão 679/2016-TCU- 1ª Câmara foi retificado por inexatidão material nos termos dos
Acórdãos 5093/2016 e 6004/2016-TCU-1ª Câmara (peças 49 e 53).
8. A viúva e os filhos do Sr. José Monteiro Sobral (ex-prefeito falecido) apresentaram recurso de
reconsideração (peças 48 e 70), que foi conhecido e, no mérito, dado-lhe provimento de modo a
excluir a responsabilidade pelo débito que lhes foi atribuído no item 9.3.1 da decisão condenatória,
nos termos do Acórdão 1492/2018-TCU-1ª Câmara, Benjamin Zymler (peça 108).
9. Passa-se ao exame do recurso de reconsideração.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
10. O Ministro Benjamin Zymler admitiu o recurso de reconsideração, suspendendo os efeitos
dos itens 9.3, 9.3.2, 9.4 e 9.5 do Acórdão 679/2016-TCU-1ª Câmara (peças 132 e 135).
EXAME DE MÉRITO
11. Constitui objeto desta análise definir se houve a correta responsabilização do prefeito
sucessor (recorrente) por superfaturamento e outras irregularidades identificadas nos autos.
Da alegada ausência de responsabilidade do recorrente (peça 129, p. 1-15)
Argumentos
12 O recorrente alega que o superfaturamento apurado pelo Tribunal decorreu de
285

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

irregularidades constituídas no processo licitatório (projeto básico inadequado/inapropriado,


exigência editalícia sem fundamento legal, restrição ao caráter competitivo do certame, ausência de
publicação do edital da licitação no Diário Oficial da União, alteração injustificada de quantitativos
e inadequação ou inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitário e global), que resultou
na celebração do Contrato nº 05/98, firmado entre o município de Laranjeiras/SE e a Construtora
Gautama Ltda. (peça 129, p. 4-5).
13. Assevera que tais irregularidades se referem à gestão municipal antecessora, que realizou o
procedimento licitatório (1997), contratou a empreiteira (30/4/1998) e iniciou a execução das obras.
Assim, não há como responsabilizá-lo porque assumiu o comando do Poder Executivo de
Laranjeiras/SE somente em janeiro de 2001 (peça 129, p. 5-7, 10-11 e 13-14).
14. Afirma que celebração do contrato, início das obras, prorrogação de vigência do contrato,
reajustamento de contrato, ordens de pagamento e declaração de cumprimento de objeto ocorreram
na gestão antecessora (peça 129, p. 6).
15. Sustenta que a descoberta posterior do envolvimento da Gautama com desvio de dinheiro
público não implica o conhecimento do recorrente, à época, de quaisquer irregularidades cometidas
pela empreiteira que justificasse a suspensão da obra (peça 129, p. 10-11 e 14).
16. Alega equívoco na delimitação de responsabilidade pelo superfaturamento diante da
impossibilidade ou da dificuldade de se identificar o momento da sua ocorrência (orçamento,
homologação da licitação ou aditamento ao contrato), imputando-se aleatoriamente a
responsabilidade dos gestores, baseada nas datas de pagamentos realizados (peça 129, p. 11-13).
17. Assevera que a responsabilização dos gestores deveria ter como fundamento a origem do
superfaturamento (procedimento licitatório e contratação) e não a data de seu pagamento, que é a
mera contraprestação do serviço realizado (peça 129, p. 12).
18. Afirma que o cálculo de débito usado para responsabilizá-lo, o mesmo utilizado para o
prefeito antecessor, demonstra que o superfaturamento se deu na concepção do contrato
(peça 129, p. 13).
19. Sustenta que o voto condutor do acórdão recorrido imputou-lhe a responsabilidade pelas
irregularidades identificadas no procedimento licitatório, como se tivessem ocorrido ao tempo de sua
gestão ou derivado de conduta comissiva ou omissiva do recorrente (peça 129, p. 6-7).
20. Alega que outras duas irregularidades a ele atribuídas e apontadas no referido voto, quais
sejam: utilização de contrato não mais vigente (em razão da assinatura de aditivos após expirada a
vigência original) e pagamentos indevidos de reajustamento do contrato (em decorrência do
aproveitamento de licitação pretérita ao invés da realização de nova licitação) foram afastadas no
exame da unidade técnica do Tribunal, ao acolher suas razões de justificativas (peça 129, p. 7 e 11).
21. Entende que a contagem do prazo de vigência do contrato deveria observar o disposto na
Cláusula II do Contrato n° 05/98, que considerava o início a partir da emissão da ordem de serviço.
Assim, da 1ª ordem de serviço até o 2º termo de recebimento provisório, teria havido o transcurso 16
meses de prazo total. Reforça que tal entendimento fora acolhido pela Secex/SE (peça 129, p. 7-9 e
13-14).
22. Transcreve análise da unidade técnica para refutar o pagamento indevido de reajustamento
do contrato, em decorrência do aproveitamento de licitação pretérita ao invés da realização de nova
licitação (peça 129, p. 9 e 11):
28 Análise: Em relação às justificativas apresentadas pela defesa, cabe simplificar os elementos
doutrinários e legais apresentados, uma vez que a mesma entende ser devido o reajustamento dos preços dos
serviços depois de um ano contado da data da apresentação da proposta. Tal assertiva decorre do próprio texto
legal (Lei 10.192/2001), tendo como objetivo a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
consoante amplamente mencionado. Destarte, não havendo dúvidas quanto a essa questão, cabe apenas definir
qual o período em que foi efetuada a apresentação da proposta, para assim concluir a existência ou não do
reajustamento indevido.
28.1 Consoante se observa nos elementos apresentados pela defesa, a exemplo do Contrato 05/98.
286

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

assinado em 30/4/1998 (peça 4. p. 24-32): a ordem de serviço para o início das obras, na data de 2/7/1998
(peça 4, p. 34), bem como levando em conta a data da realização da licitação (Concorrência Pública 01/97), na
data de 18/11/1997, esta fartamente mencionada no relatório de fiscalização, entendo assistir razão à defesa
quanto à falta de elementos nos autos que nos façam concluir pela existência de reajustamento de preços dos
serviços fora da época devida.
28.2 Assim, considerando a permissão legal para existência do reajustamento contado da data da
apresentação da proposta, considerando a existência de previsão contratual para o reajuste, considerando a
data da apresentação da proposta dos preços da concorrência, a data da assinatura contratual e o início das
obras: conforme os elementos de prova apresentados pela defesa, entende-se propor o acatamento das razoes
de justificativa apresentadas.
23. Requer a redução da multa arbitrada em R$ 250.000,00, por ser contrária aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, considerando que o superfaturamento decorreu de irregularidades
atreladas à gestão antecessora (peça 129, p. 15).
Análise
24. O responsável foi citado pelo superfaturamento constatado na execução do Contrato nº 5/98,
celebrado entre a prefeitura de Laranjeiras/SE e a Construtora Gautama Ltda. (peça 2, p. 40-42 e
peça 3, p. 46). Também foi chamado em audiência para justificar outras irregularidades a ele
atribuídas (peça 3, p. 2-3 e 46).
25. Os pagamentos com sobrepreço, de responsabilidade do recorrente (gestão 2001-2004), se
estenderam entre os dias 8/2/2001 e 14/3/2003, cujos elementos de prova (itens, quantidades, preços,
datas, medições, reajustes, faturas e notas de pagamento) constam nas planilhas de peça 1, p. 37-48 e
na tabela de peça 1, p. 51 e peça 2, p. 1.
26. O cálculo do débito resultou do acolhimento parcial das alegações de defesa (peça 9, p. 3-24
e peça 11, p. 2-50), realizado na análise dos auditores (peça 18, p. 27-28 e peças 24 e 25) e nos
ajustes apontados pelo Diretor Técnico (peça 19, p. 1-7), pelo membro do Ministério Público/TCU
(peça 21, p. 2-3) e pelo Relator original (peças 22 e 37).
27. Demonstrado o minucioso exame feito sobre o valor do débito, segundo o qual não houve
quaisquer questionamentos nesta fase recursal, passa-se ao exame da responsabilidade do recorrente.
28. A responsabilidade dos jurisdicionados perante o TCU é de natureza subjetiva,
caracterizada mediante a presença de simples culpa stricto sensu. Desse modo, é suficiente a
quantificação do dano, a identificação da conduta do responsável que caracterize sua culpa, seja por
imprudência, imperícia ou negligência, e a demonstração do nexo de causalidade entre a conduta
culposa (stricto sensu) e a irregularidade que ocasionou o dano ao erário (Acórdão 635/2017-
Plenário, Aroldo Cedraz).
29. O cerne da questão é verificar se houve a inequívoca caracterização da responsabilidade do
Sr. Paulo Hagenbeck, ex-prefeito do município de Laranjeiras/SE (gestão 2001-2004), nestes autos.
30 O Tribunal responsabilizou o ex-prefeito pelos pagamentos de medições de preços
superfaturados.
31. As notas de pagamentos (numeração física de 651 a 672 e 833 a 894, contidas na peça 61, p.
1-23, peça 64, p. 34-51 e peça 65, p. 1-44 do TC-023.515/2006-0, apenso) contêm o “pague-se”
ordenado pelo Secretário de Planejamento e Finanças da época, nomeado pelo Sr. Paulo Hagenbeck,
o qual tinha o dever de vigilância sobre seu subordinado, no sentido de que os pagamentos fossem
feitos de acordo com os preços justos de mercado, e não de forma superfaturada, como de fato
ocorreu.
32. O dever e a razoabilidade de o gestor municipal (recorrente) acompanhar e fiscalizar os
atos de seu secretário foram apontados pelo Ministério Público/TCU à peça 29, p. 2 e 6:
Consulta ao site do IBGE revela que o Município de Laranjeiras/SE, no Censo de 2014, tinha cerca de
27 mil habitantes. Na época dos fatos apurados neste feito – de 2000 a 2003 – menos habitantes havia. Ou seja,
um município de pequeno porte.
Natural que a complexidade crescente de uma organização implique necessariamente maior cadeia
decisória e de níveis hierárquicos para a prática e atestação dos gastos públicos. Todavia, em uma cidade
287

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pequena, entendo como perfeitamente exigível que seu mais alto administrador – o Prefeito – esteja atento aos
pagamentos dos contratos de maior expressividade em execução na localidade. E, muito provavelmente, obras
de construção de infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto sanitário e de retificação de trecho de rio
urbano, deveria ser uma das maiores – senão a maior – obras em execução na cidade, no período considerado.
Razoável exigir-se do prefeito, portanto, a maior acurácia no trato com os dinheiros públicos destinados ao
empreendimento, notadamente em se tratando de recursos oriundos dos cofres de outra esfera de governo.
Mesmo que não fosse exigível diretamente dos prefeitos a regular aferição dos valores pagos com os
valores de mercados, ainda assim incorreriam eles em culpa in eligendo ou in vigilando, quanto aos atos
irregulares praticados pelos seus subordinados, com força suficiente para atrair a responsabilidade dos
agentes arrolados nesta TCE.
Com efeito, há casos em que o Tribunal responsabilizou diretamente agentes políticos ou dirigentes
máximos de órgãos ou entidades públicas, mesmo quando não praticaram diretamente os atos administrativos,
nas hipóteses em que as irregularidades tinham caráter de tal amplitude e relevância que, no mínimo, seria
apta a caracterizar a omissão do administrador máximo, em sua missão de supervisão hierárquica. Ver, por
exemplo, os Acórdãos nºs 65/2006-1ª Câmara, 814/2007-Plenário e 1.464/2008-Plenário.
[...]
Como circunstância a exigir comportamento mais zeloso com os gastos públicos, de modo a verificar,
antes de se efetuar os pagamentos pelos serviços realizados, a justeza dos preços pagos e sua consonância com
os referenciais de mercado, assinalo a existência de várias ocorrências que já circunscreviam a licitação que
precedeu o contrato, bem como a sua própria execução, a saber: a) projeto básico supostamente insuficiente;
b) exigência editalícia sem fundamento legal; c) restrição ao caráter competitivo do certame; d) ausência de
publicação do edital da licitação no Diário Oficial da União; e) ausência de comprovação de prestação de
garantia relativa à execução do contrato; f) inexecução de cláusula contratual (não elaboração do EIA/RIMA);
g) alteração injustificada de quantitativos; h) inadequação ou inexistência de critérios de aceitabilidade de
preços unitário e global.
Apesar dessas várias irregularidades não terem relação direta com o débito, deveriam ter servido de
sinal de alerta para qualquer gestor público mediano em redobrar cuidados na hora de fazer pagamentos em
razão dos serviços para obra com essa constelação de vícios ao seu redor, sendo certo que um responsável
minimamente prudente zelaria pela conferência, antes de liquidar as despesas, dos preços cobrados, mesmo
que estivessem previstos em contrato, mas sobre os quais pairassem dúvidas quanto à sua adequação com os
preços de mercado. Dessa forma, não posso concluir de outra forma, senão pela responsabilidade solidária dos
ex-prefeitos, juntamente com a Construtora Gautama, pelo dano acarretado ao erário, uma vez que agiram
aqueles com culpa in vigilando, cabendo a responsabilização direta das autoridades máximas do Município de
Laranjeiras-SE, com apoio na farta jurisprudência da Corte de Contas coligida nesta manifestação.
33. O Relator original, ao acolher o voto revisor, delimitou a responsabilidade subjetiva do
recorrente, enfatizando que irregularidades do procedimento licitatório e outras impropriedades
atribuídas ao recorrente indiretamente concorreram para o superfaturamento (peça 37, p. 2-4):
[...] É evidente o liame entre o superfaturamento decorrente de preços excessivos frente ao mercado e os
achados constatados por meio de inspeção, dos quais destaco: projeto básico inadequado/inapropriado,
exigência editalícia sem fundamento legal, restrição ao caráter competitivo do certame, ausência de publicação
do edital da licitação no Diário Oficial da União, alteração injustificada de quantitativos e inadequação ou
inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitário e global. Ora, a realização de regular
procedimento licitatório - ausentes tais impropriedades e, portanto, com ampla concorrência, com adequados
projeto básico e referencial de preço de mercado - certamente minimizaria a possibilidade de ocorrência de
superfaturamento.
[...]
Além das acima mencionadas, outras impropriedades atribuídas ao Sr. Paulo Hagenbeck conectam-se,
no meu entender, ao superfaturamento: utilização de contrato não mais vigente, em razão da assinatura de
aditivos após expirada a vigência original, e pagamentos indevidos de reajustamento do contrato, em
decorrência do aproveitamento de licitação pretérita ao invés da realização de nova licitação.
Assim, entendo que tais irregularidades devem ser consideradas para sopesarmos as condutas dos ex-
prefeitos. Como destacado pelo subprocurador-geral, as citadas ocorrências exigiriam comportamento mais
zeloso por parte dos gestores, “de modo a verificar, antes de se efetuar os pagamentos pelos serviços
realizados, a justeza dos preços pagos e sua consonância com os referenciais de mercado”.
288

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

[...]
Na realidade, a imputação do débito em razão do superfaturamento constatado na execução contratual
fundamenta-se na responsabilidade intrínseca aos ex-prefeitos, na condição de gestores municipais, de
administrar e fiscalizar a execução contratual. A propósito, observo que as citações dos responsáveis (peça 2,
pag. 40) foram acompanhadas da instrução da unidade técnica, que descreveu os fatos e as irregularidades
constatadas, bem como delimitou a responsabilidade de cada um dos ex-prefeitos, que eram também
ordenadores de despesa.
É fato que os Srs. José Monteiro Sobral e Paulo Hagenbeck geriram o convênio e, como gestores,
possuem o ônus de comprovar a boa e regular aplicação dos recursos, o que não lograram demonstrar. Como
gestores devem, ainda, fiscalizar não somente o contrato, como também o orçamento e verificar se está de
acordo com os parâmetros legais, incluindo -se aí os preços compatíveis com o mercado.
Assim, a falta de identificação da origem do superfaturamento e de eventual inclusão de outros
responsáveis solidários não afasta a responsabilização dos ex-prefeitos, os quais efetivamente geriram os
recursos federais.
Destaco, por fim, que não se trata de responsabilizar os gestores pelo mero pagamento de medições de
acordo com o contrato, mas por terem permitido a celebração e a execução de um contrato superfaturado. No
caso concreto, não se pode eximir da responsabilidade pelo superfaturamento nem o primeiro ex-prefeito, que
atuou na fase licitatória, na contratação original e na execução contratual durante o período de maio/2000 a
dezembro/2000, nem o segundo, que participou do aditamento do ajuste e da execução contratual no período de
fevereiro/2001 a março/2003.
Restou, portanto, caracterizado o elemento subjetivo na atuação dos gestores municipais, os quais
agiram, no mínimo, com negligência na gestão dos recursos públicos, procedendo sem o devido cuidado na
condução do contrato mesmo diante da ocorrência de diversas irregularidades no procedimento licitatório e na
própria execução contratual.
Afastar a responsabilização por superfaturamento de prefeitos que, de modo efetivo, atuaram como
gestores de convênio não se revela condizente com a jurisprudência majoritária desta Corte.
A participação direta dos responsáveis na gestão dos recursos restou evidenciada nos autos. Além de
diversos convênios e respectivos aditivos celebrados por ambos, registro os seguintes documentos relativos à
licitação, contratação e execução contratual assinados pelos ex-prefeitos, que exemplificam, de forma patente,
a responsabilidade pela gestão e pelo prejuízo decorrente:
[...]
16.2. Paulo Hagenbeck (prefeito e ordenador de despesa – 1º/1/2001 a 31/12/2004)
a) Ordem de Serviço (Peça 43, p. 20 do TC-023.515/2006-0);
b) Termo Aditivo ao Contrato 5/98, que alterou planilha de quantitativos e preços, e passou o valor
contratual para R$ 16.000.568,92 (Peça 41, p. 48 do TC-023.515/2006-0);
c) Medições e Medição de Reajustamento Contratual (Peça 22, p. 29-30, 34-35, 37-39, 41-43, 46; Peça
59, p. 47-50; Peça 60, p. 4-21; Peça 61, p. 24-31,51; Peça 62, p. 1, 4-17 do TC- 023.515/2006-0);
d) Declaração de cumprimento do objetivo (Peça 20, p. 32; Peça 24, p. 1; Peça 18, p. 34; Peça 25, p. 29;
Peça 28, p. 19 do TC-023.515/2006-0);
e) Justificativa para reajustamento (Peça 18, p. 38; Peça 24, p.2 do TC-023.515/2006-0);
f) Ordem de Pagamento (Peça 19, p.34; Peça 21, p.34, 36, 45, 48; Peça 22, p. 26 do TC- 023.515/2006-
0);
g) Cheques (Peça 24, p. 25; Peça 26, p. 10, 17, 29, 39, 48; Peça 29, p. 29; Peça 30, p. 29; Peça 33, p. 4,
24 do TC-023.515/2006-0);
h) Termo de Recebimento Provisório de Obras (Peça 43, p. 48; Peça 20, p. 35; Peça 24, p. 15; Peça 43,
p. 39 do TC-023.515/2006-0);
[destaques acrescidos]
34. Ao contrário do que se alega, o voto condutor do acórdão recorrido não imputou ao
recorrente a responsabilidade pelas irregularidades identificadas no procedimento licitatório.
35. O Relator original apenas apontou as irregularidades do processo licitatório como parte da
provável origem do sobrepreço (dano potencial). Ocorre que tais irregularidades não representaram
dano ao erário, que somente se concretizou na execução do contrato, com o pagamento de serviços
superfaturados (dano efetivo).
36. O pagamento das faturas com preços acima dos padrões de mercado é, por definição, a
289

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

caracterização do superfaturamento, estabelecendo, assim, o nexo de causalidade entre conduta do


responsável e dano ao erário.
37. Dessa forma, alegar que o superfaturamento (dano ao erário) decorreu da elaboração da
Concorrência nº 1/97 ou da celebração do Contrato nº 5/98 não merece acolhimento.
38. Não houve dificuldade na delimitação da responsabilidade dos ex-prefeitos, porquanto o
instante de cada pagamento (superfaturado) foi devidamente identificado nos autos. Desse modo, a
responsabilidade do recorrente se restringiu aos pagamentos efetuados em sua gestão (2001-2004) e a
de seu antecessor (herdeiros) àqueles realizados em seu mandato (1997-2000).
39. O alegado desconhecimento, à época, do envolvimento da empreiteira Gautama com desvio
de dinheiro público não é capaz de afastar a responsabilidade do recorrente.
40. O término da vigência do contrato e sua prorrogação irregular restaram demonstrados no
parecer do Diretor Técnico (peça 19, p. 8):
5. Outra questão analisada que manifesto discordância do encaminhamento dado se refere à
audiência do Sr. Paulo Hagenbeck, expressa no Ofício 1368/2010-TCU/SECEX-SE, acerca da
utilização de contrato não mais vigente, e analisada no item 22.
5.1 Segundo a análise, os argumentos apresentados foram suficientes para elidir a questão,
considerando válidas as prorrogação do contrato, em face das interrupções na contagem dos prazos
decorrentes da emissão de ordens de serviços e suspensões do contrato.
5.2 De se observar que, a partir da ordem de serviço, expedida em 2/7/1998 (peça 4, p. 34),
começou a vigência do contrato; como estava previsto na cláusula II, o prazo final teria termo em 18
meses (1/1/2000); a partir de 2/1/2000 a execução ficou sem contrato, pois, independente de as obras
estarem paralisadas ou não, findo o prazo e não providenciado aditivo de prorrogação, operou-se a
extinção do contrato. Vale dizer, de 2/1/2000 a 18/12/2000 (data do termo aditivo de prorrogação;
peça 4, p. 42-43) a execução se deu sem cobertura contratual, razão pela qual as justificativas não
podem ser aceitas.
6. Quanto às demais análises, manifesto minha concordância, conforme a ser expresso na
proposta de encaminhamento, que toma como referência à formulada na instrução precedente, com
pequenos ajustes de forma.
CONCLUSÃO
[...] as justificativas apresentadas pelo Sr. Paulo Hagenbeck, acerca da utilização de contrato
não mais vigente, deve ter encaminhamento diverso do proposto pelo Auditor, haja vista se ter
configurado que, em face da inação quanto à formalização de prorrogação em tempo, o contrato foi
posto a termo, não sendo cabível as justificativas de suspensa da execução das obras como motivo
para a continuidade da avença em desacordo com suas cláusulas.
41. A vigência do contrato se encerrou no dia 1/1/2000, depois de 18 meses do seu início,
conforme disposição contratual (peça 4, p. 24 e 34). O parágrafo segundo, da cláusula II do contrato
reforça tal entendimento: “O prazo para entrega final dos serviços é de até 18 (dezoito) meses, a
contar da Ordem de início dos mesmos” (peça 4, p. 25).
42. Assim, a celebração de termo aditivo (18/12/2000, peça 4, p. 42-43), após expiração da
vigência contratual, configurou recontratação sem licitação ao arrepio do art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal. Em face de tal situação, o recorrente deveria ter promovido nova licitação logo
no início de sua gestão, o que não ocorreu.
43. A tese da vigência contratual defendida pelo recorrente à peça 129, p. 7-9 carece de
respaldo legal.
44. O recorrente autorizou pagamentos de reajustes definidos no edital da licitação de contrato
não mais vigente. Alegar o atendimento dos requisitos legais (Lei 10.192/2001) não afasta o indevido
uso de referência de reajustamento, descrito no item 1.13, letra ‘j’, da instrução de peça 2, p. 2-3 e no
item 2.1.1.1.10 do Relatório de Demandas Especiais nº 00190.00006612008-75 da Controladoria-
Geral da União (peça 13, p. 35).
45. Alegar que o Tribunal desprezou o exame técnico, que afastou as irregularidades apreciadas
290

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

nos itens 40 a 44 desta instrução, não merece prosperar.


46. Isto porque o parecer mencionado pelo recorrente e confeccionado pelo Auditor à peça 18
não foi acolhido pelo Diretor Técnico no que concerne à expiração da vigência e ao uso do contrato
(peça 19, p. 8). O Titular da Secex/SE, por sua vez, anuiu ao exame do Diretor (peça 20).
47. Apesar da divergência de análise (peças 18-20), o Tribunal adotou o parecer emitido pelo
Titular da Unidade Técnica como fundamento de sua decisão (peças 35-37).
48. A instrução do Auditor, Diretor Técnico ou do Titular da Unidade Técnica não vincula o
Relator, que pode ou não adotar as análises técnicas como razões de decidir (Acórdão 6294/2018-
Segunda Câmara, Vital do Rêgo e Acórdão 78/2017-Plenário, Bruno Dantas).
49. A multa aplicada ao recorrente teve como referência o valor do débito a ele atribuído. O
art. 57, da Lei 8.443/1992 permite penalização de até 100% do valor atualizado do dano causado ao
erário.
50. O montante do débito em tela, em valores originais, somou a quantia de R$ 1.142.334,46,
enquanto que a multa de R$ 250.000,00, representou 21,89% daquele valor (não atualizado).
51. A dosimetria da multa, no âmbito do Tribunal de Contas da União, tem como balizadores o
nível de gravidade dos ilícitos apurados, com a valoração das circunstâncias fáticas e jurídicas
envolvidas, e a isonomia de tratamento com casos análogos. O Tribunal não realiza dosimetria
objetiva das sanções, comum à aplicação de normas do Direito Penal, e não há um rol de agravantes
e atenuantes legalmente reconhecido (Acórdão 1747/2018-Plenário, Aroldo Cedraz).
52. Dessa forma, entende-se que os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade foram
considerados na definição do valor da multa aplicada ao recorrente, adequado ao montante do débito.
CONCLUSÃO
53. A responsabilidade dos jurisdicionados perante o TCU é de natureza subjetiva,
caracterizada mediante a presença de simples culpa stricto sensu, sendo desnecessária a
caracterização de locupletamento ilícito, de conduta dolosa ou má-fé do gestor para que este seja
responsabilizado. Desse modo, é suficiente a quantificação do dano, a identificação da conduta do
responsável que caracterize sua culpa, seja por imprudência, imperícia ou negligência, e a
demonstração do nexo de causalidade entre a conduta culposa (stricto sensu) e a irregularidade que
ocasionou o dano ao erário.
54. A responsabilização do Sr. Paulo Hagenbeck, na qualidade de prefeito municipal de
Laranjeiras/SE (gestão 2001-2004), decorreu dos pagamentos de serviços com preços superfaturados,
realizados no âmbito do Contrato nº 05/98, os quais causaram dano ao erário.
55. Paulo Hagenbeck também foi responsabilizado por uso de contrato não mais vigente.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
56. Ante o exposto, submete-se à consideração superior a análise do recurso de reconsideração
interposto por Paulo Hagenbeck contra o Acórdão 679/2016-TCU-1ª Câmara, propondo-se, com
fundamento no artigo 33, da Lei 8.443/1992:
a) conhecer o recurso de reconsideração e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) dar ciência às partes, à Procuradoria da República em Sergipe, aos órgãos/entidades
interessados, bem como aos demais cientificados do acórdão recorrido.”

É o Relatório.

VOTO

Na presente etapa processual examina-se recurso de reconsideração oposto pelo Sr. Paulo
Hagenbeck, ex-prefeito do Município de Laranjeiras/SE, contra o Acórdão 679/2016–1ª Câmara,
proferido em tomada de contas especial instaurada em razão do superfaturamento na execução das
obras de infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto sanitário e de retificação do trecho urbano do
291

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

rio Cotinguiba, objeto do Convênio MI 202-99, celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e
o Governo do Estado de Sergipe, tendo o Município de Laranjeiras/SE figurado na condição de
partícipe.
2. O convênio, no valor total de R$ 17.967.521,00, sendo R$ 1.633.411,00 a título de
contrapartida, teve por objeto o controle de enchentes no Estado de Sergipe, com vigência estipulada
de 30/12/1999 a 21/10/2004.
3. Os recursos repassados foram destinados para a segunda etapa e seguintes das obras de
retificação de trecho do rio Cotinguiba/SE, objeto do Contrato 5/1998, resultante da Concorrência
01/1997, e celebrado, em 30/4/1998, entre o Município de Laranjeiras/SE e a Construtora Gautama.
4. Por meio do acórdão ora impugnado, foram constituídas duas cadeias de responsabilização
pelo superfaturamento apontado, de acordo com as datas em que houve a liquidação das despesas.
5. A primeira cadeia de responsabilidade envolveu a Construtora Gautama e o Sr. José Monteiro
Sobral, Prefeito e ordenador de despesas no período de 1/1/1999 a 31/12/2000, além de signatário do
termo de convênio 202/99 e do seu segundo termo aditivo, os quais viabilizaram o repasse pela União
da quantia de R$ 6.800.000,00 (peça 2, p. 1, deste processo, e peça 3, p. 31 e 36, do TC 023.515/2006-
0, em apenso).
6. Assim, esses responsáveis foram condenados em débito solidariamente pela quantia original
de R$ 145.698,80, referentes ao superfaturamento apontado em pagamentos no total de R$
1.798.143,01, ocorridos entre 17/5/2000 e 28/12/2000 (peça 24).
7. Em razão de já estar falecido à época, a condenação do Sr. José Monteiro Sobral ocorreu na
pessoa de seus herdeiros – Srs. Maria Ione Macedo Sobral, Mônica Macedo Sobral Maciel Silva, José
Macedo Sobral e Alexandre Macedo Sobral.
8. A responsabilização dos sucessores do Sr. José Monteiro Sobral foi posteriormente excluída
por meio do Acórdão 1.492/2018-1ª Câmara, que deu provimento ao recurso interposto por esses
responsáveis, considerando suas contas iliquidáveis, haja vista o longo lapso temporal transcorrido
entre a ocorrência dos fatos e o chamamento deles aos autos, o que prejudicou o direito de defesa.
9. O segundo conjunto de responsáveis é composto pela Construtora Gautama e pelo Sr. Paulo
Hagenbeck, Prefeito e ordenador de despesa no período de 1/1/2001 a 31/12/2004, além de signatário
do terceiro, quarto, quinto e sexto termos aditivos do Convênio 202/99, os quais viabilizaram o repasse
pela União da quantia de R$ 9.534.110,00 (peça 3, p. 38 e 41, 44 e 47 do TC 023.515/2006-0, em
apenso).
10. O Sr. Paulo Hagenbeck e a Construtora Gautama foram condenados solidariamente pela
quantia original de R$ 1.142.334,46, referentes ao superfaturamento apontado em pagamentos da
ordem de R$ 5.849.585,60, ocorridos entre 8/2/2001 e 14/3/2003 (peça 24). Além disso, foram
sancionados com multas individuais de R$ R$ 250.000,00 e R$ 520.000,00, respectivamente, aplicadas
com fundamento no art. 57 da Lei 8.443/1992.
11. Insta salientar que a peça recursal do Sr. Paulo Hagenbeck não foi apreciada em conjunto
com a dos demais responsáveis, visto que foi protocolizada na então Secex-SE em 4/11/2016, contudo,
não foi realizado o registro de entrada do documento, impedindo assim, a sua juntada aos autos.
Somente após o recorrente peticionar solicitando a localização do seu recurso (peça 130), é que este foi
localizado e autuado no presente feito.
12. Assim, por estarem presentes os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso I,
e 33 da Lei 8.443/1992, entendo pertinente conhecer do recurso e passo a examinar o seu mérito.
II
13. Em síntese, o Sr. Paulo Hagenbeck argumenta que o superfaturamento apurado pelo TCU
decorreu de irregularidades constituídas no processo licitatório (projeto básico
inadequado/inapropriado, exigência editalícia sem fundamento legal, restrição ao caráter competitivo
do certame, ausência de publicação do edital da licitação no Diário Oficial da União, alteração
injustificada de quantitativos e inadequação ou inexistência de critérios de aceitabilidade de preços
292

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

unitário e global), que resultou na celebração do Contrato 5/1998, firmado entre o Município de
Laranjeiras/SE e a Construtora Gautama Ltda.
14. No entender do recorrente, a responsabilização dos gestores deveria ter como fundamento a
origem do superfaturamento (procedimento licitatório e contratação) e não a data de seu pagamento,
que seria mera contraprestação do serviço realizado.
15. Além disso, sustentou que a posterior descoberta do envolvimento da Gautama em
irregularidades não implicaria o conhecimento do recorrente dos fatos à época, justificando a
suspensão da obra.
16. Por fim, o recorrente solicita a redução da multa aplicada, alegando que o seu valor estaria
em desconformidade com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
17. Após proceder ao exame das razões recursais, a Secretaria de Recursos, em pareceres
uníssonos, e o Parquet formularam propostas no sentido de negar o provimento ao apelo.
18. Considero que a unidade técnica examinou detidamente todas as razões de fato e de direito
aduzidas pelo recorrente, de forma que adoto a análise realizada pela Serur e corroborada pelo
MP/TCU como razões de decidir, sem prejuízo de tecer algumas considerações adicionais.
19. Com efeito, não se pode concluir que todas as irregularidades observadas no Contrato 5/1998
se refiram à gestão municipal antecessora, como alegou o recorrente. Ao contrário, há falhas
imputadas diretamente ao recorrente, como bem demostrou o Ministro Augusto Sherman Cavalcanti,
ao proferir o voto revisor que fundamentou o Acordão recorrido, in verbis:

“7. Além das acima mencionadas, outras impropriedades atribuídas ao Sr. Paulo Hagenbeck
conectam-se, no meu entender, ao superfaturamento: utilização de contrato não mais vigente, em
razão da assinatura de aditivos após expirada a vigência original, e pagamentos indevidos de
reajustamento do contrato, em decorrência do aproveitamento de licitação pretérita ao invés da
realização de nova licitação.
8. Assim, entendo que tais irregularidades devem ser consideradas para sopesarmos as condutas
dos ex-prefeitos. Como destacado pelo subprocurador-geral, as citadas ocorrências exigiriam
comportamento mais zeloso por parte dos gestores, “de modo a verificar, antes de se efetuar os
pagamentos pelos serviços realizados, a justeza dos preços pagos e sua consonância com os
referenciais de mercado”.
(...)
13. Destaco, por fim, que não se trata de responsabilizar os gestores pelo mero pagamento de
medições de acordo com o contrato, mas por terem permitido a celebração e a execução de um
contrato superfaturado. No caso concreto, não se pode eximir da responsabilidade pelo
superfaturamento nem o primeiro ex-prefeito, que atuou na fase licitatória, na contratação original e
na execução contratual durante o período de maio/2000 a dezembro/2000, nem o segundo, que
participou do aditamento do ajuste e da execução contratual no período de fevereiro/2001 a
março/2003.
(...)
16. A participação direta dos responsáveis na gestão dos recursos restou evidenciada nos autos.
Além de diversos convênios e respectivos aditivos celebrados por ambos, registro os seguintes
documentos relativos à licitação, contratação e execução contratual assinados pelos ex-prefeitos, que
exemplificam, de forma patente, a responsabilidade pela gestão e pelo prejuízo decorrente:
(...)
16.2. Paulo Hagenbeck (prefeito e ordenador de despesa – 1º/1/2001 a 31/12/2004)
a) Ordem de Serviço (Peça 43, p. 20 do TC-023.515/2006-0);
b) Termo Aditivo ao Contrato5/98, que alterou planilha de quantitativos e preços, e passou o
valor contratual para R$ 16.000.568,92 (Peça 41, p. 48 do TC-023.515/2006-0);
293

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) Medições e Medição de Reajustamento Contratual Peça 22, p. 29-30, 34-35, 37-39, 41-43,
46; Peça 59, p. 47-50; Peça 60, p. 4-21; Peça 61, p. 24-31,51; Peça 62, p. 1, 4-17 do TC-
023.515/2006-0);
d) Declaração de cumprimento do objetivo (Peça 20, p. 32; Peça 24, p. 1; Peça 18, p. 34; Peça
25, p. 29; Peça 28, p. 19 do TC-023.515/2006-0);
e) Justificativa para reajustamento (Peça 18, p. 38; Peça 24, p.2 do TC-023.515/2006-0);
f) Ordem de Pagamento (Peça 19, p.34; Peça 21, p.34, 36, 45, 48; Peça 22, p. 26 do TC-
023.515/2006-0);
g) Cheques (Peça 24, p. 25; Peça 26, p. 10, 17, 29, 39, 48; Peça 29, p. 29; Peça 30, p. 29; Peça
33, p. 4, 24 do TC-023.515/2006-0);
h) Termo de Recebimento Provisório de Obras (Peça 43, p. 48; Peça 20, p. 35; Peça 24, p. 15;
Peça 43, p. 39 do TC-023.515/2006-0);”

20. Entendo, pois, que o recorrente teve ampla participação nas irregularidades apontadas nos
autos, devendo responder solidariamente pelo débito que lhe foi imputado.
21. No que tange ao pleito de revisão do valor da multa, a Serur apontou que sua dosimetria
seguiu os parâmetros normativos. Ademais, considero que o responsável foi corretamente apenado em
razão de evidências robustas de superfaturamento nas obras.
22. A gradação da sanção é orientada por juízo discricionário de valor acerca da gravidade das
irregularidades verificadas no caso concreto, tendo como limites apenas aqueles fixados legal e
regimentalmente (arts. 57 e 58 da Lei 8.443/1992 e art. 268, incisos I a VIII, do Regimento Interno do
TCU). No âmbito do TCU, a dosimetria da pena tem como balizadores o nível de gravidade dos
ilícitos apurados, com a valoração das circunstâncias fáticas e jurídicas envolvidas, e a isonomia de
tratamento com casos análogos. O Tribunal não realiza dosimetria objetiva da multa, comum à
aplicação de normas do Direito Penal, e não há um rol de agravantes e atenuantes legalmente
reconhecido.
23. Além do superfaturamento constatado, considero de particular gravidade a execução do
contrato e a realização de pagamentos após o término de sua vigência. De se observar que, a partir da
ordem de serviço, expedida em 2/7/1998 (peça 4, p. 34), começou a vigência do contrato, pois, de
acordo com o que estava previsto na sua cláusula II, o prazo final teria termino em 18 meses a partir da
expedição da ordem de serviço, ou seja, em 1/1/2000. Independentemente de as obras estarem
paralisadas ou não, findo o prazo e não providenciado aditivo de prorrogação, operou-se a extinção do
contrato. Vale dizer, de 2/1/2000 a 18/12/2000 (data do termo aditivo de prorrogação; peça 4, p. 42-43)
a execução ocorreu sem cobertura contratual, razão pela qual as alegações do recorrente não podem ser
aceitas.
24. Finalmente, sopeso que o vulto e importância da obra para a municipalidade, que à época
contava com população inferior a 27 mil habitantes, exigiriam do recorrente um maior zelo na
fiscalização e acompanhamento da obra. Não poderia passar desapercebido que a licitação que
originou o Contrato 5/2018 ocorreu em um cenário de diversas irregularidades, a saber:
a) projeto básico inadequado/inapropriado;
b) exigência editalícia sem fundamento legal;
c) restrição ao caráter competitivo do certame;
d) ausência de publicação do edital da licitação no Diário Oficial da União;
e) ausência de comprovação de prestação de garantia relativa à execução do contrato; e
f) inadequação ou inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitário e global.
25. Nesse aspecto, considero pertinente o entendimento externado pelo d. Subprocurador-Geral
Lucas Rocha Furtado, em seu parecer inserto à peça 29, no sentido de que em uma cidade pequena é
perfeitamente exigível que o Prefeito esteja atento aos pagamentos dos contratos de maior
expressividade em execução na localidade. Assim, ainda que a maior parte das irregularidades
examinadas nestes autos decorra diretamente da gestão do seu antecessor, é perfeitamente razoável
294

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

exigir do sucessor, um especial cuidado ao realizar os pagamentos de maior valor. As diversas


irregularidades no Contrato 5/2018 não poderiam passar desapercebidas para um homem médio,
diligente e probo, exercendo a função pública com o nível adequado de zelo.
26. Desta feita, em linha com os pareceres da Serur e do Ministério Público de Contas, entendo
que deva ser negado provimento ao recurso Sr. Paulo Hagenbeck.
Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2689/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 027.735/2010-9.
1.1. Apenso: 023.515/2006-0
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Alexandre Macedo Sobral (588.810.505-87); Construtora Gautama Ltda.
(00.725.347/0001-00); Genaro de Almeida Brota (051.382.485-53); José Macedo Sobral
(349.506.805-87); José Monteiro Sobral (013.184.895-04); Maria Ione Macedo Sobral (390.559.575-
34); Mônica Macedo Sobral Maciel Silva (390.687.735-34); Paulo Hagenbeck (103.126.925-87).
3.2. Recorrente: Paulo Hagenbeck (103.126.925-87).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Laranjeiras - SE.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado de Sergipe
(Sec-SE).
8. Representação legal:
8.1. Rodrigo Fernandes da Fonseca (6209/OAB-SE), Márcio Macedo Conrado (3806/OAB-SE) e
outros, representando Paulo Hagenbeck.
8.2. Márcio Cardoso de Barros (4278/OAB-SE) e outros, representando Maria Ione Macedo
Sobral.
8.3. Luiz Cláudio Araújo Ribeiro (45286/OAB-DF), representando Construtora Gautama Ltda.
8.4. Evânio José de Moura Santos (2884/OAB-SE), representando Mônica Macedo Sobral
Maciel Silva, José Macedo Sobral, Alexandre Macedo Sobral e Maria Ione Macedo Sobral.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto contra o
Acórdão 679/2016-1ª Câmara, que apreciou tomada de contas especial instaurada em razão do
superfaturamento na execução das obras de construção de infraestrutura de coleta e tratamento de
esgoto sanitário e de retificação do trecho urbano do rio Cotinguiba, objeto do Convênio MI 202-99,
celebrado entre o Ministério da Integração Nacional e o Governo do Estado de Sergipe, parcialmente
transferido ao Município de Laranjeiras,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. nos termos dos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer do recurso de
reconsideração interposto pelo Sr. Paulo Hagenbeck, para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência ao recorrente desta deliberação.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
295

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2689-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE II – 1ª Câmara


TC 035.940/2015-8
Natureza(s): Tomada de contas especial
Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Colniza/MT
Responsáveis Sérgio Bastos dos Santos (CPF 346.803.731-72), Adir Ferreira de Souza (CPF
211.980.046-49), Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda. (CNPJ 36.971.836/0001-80), e
Município de Colniza/MT (CNPJ 04.213.687/0001-02)
Representação legal:
Dilermano João Thiesen Filho (OAB/MT 20854-B) e Daniel de Souza Teixeira (20617B/OAB-
MT), representando Adir Ferreira de Souza;
Alfredo Ribeiro da Cunha Lobo (OAB/DF 39.684), representando Sérgio Bastos dos Santos.

SUMÁRIO: CONVÊNIO. NÃO COMPROVAÇÃO DA REGULAR APLICAÇÃO DOS


RECURSOS. CITAÇÃO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada em razão de irregularidades na
aplicação dos recursos federais repassados por força do Convênio CV-1.594/2005, celebrado entre a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Município de Colniza-MT.
2. O convênio, no valor de R$ 309.278,36, sendo R$ 9.278,36 a título de contrapartida, teve por
objeto “a execução de sistema de abastecimento de água na comunidade de Guariba”, com vigência
estipulada para o período de 19/12/2005 a 3/5/2013 (peça 1, p. 255).
3. Especificamente, foi prevista a execução de 20 metros de adutora, 4.547 metros de rede
distribuidora e 200 ligações domiciliares (peça 1, p. 81).
4.. Foram repassadas duas parcelas de R$ 120.000,00 em 29/6/2006 e 23/11/2006. Durante o
período de junho de 2006 a novembro de 2007, a empresa Impertec – Impermeabilizações e
Construções Ltda., que foi beneficiária de desembolsos que somaram R$ 238.110,00.
5. Entretanto, mediante inspeção in loco, efetuada pela Funasa em 15 de agosto de 2013 (peça 1,
p. 313-315), constatou-se que, à época, ou seja, seis anos depois dos pagamentos, as obras sequer
haviam sido iniciadas.
6. Também foi constatado que R$ 13.799,56 remanesceram na conta específica do ajuste, sem
que tivessem sido devolvidos ao órgão repassador (peça 12, p. 38).
7. Diante dos indícios de que não houve a regular aplicação dos recursos em questão, foram
promovidas as oitivas dos responsáveis nos seguintes termos:
a) citação do sr. Sérgio Bastos dos Santos (prefeito municipal no período de 19/12/2005 a
20/11/2006 e 25/9/2007 a 31/12/2007), pela quantia de R$ 238.110,00 em razão da realização de
pagamentos sem a contraprestação dos serviços;
b) citação da empresa Impertec – Impermeabilizações e Construções Ltda. pela quantia de R$
238.110,00 em razão do recebimento de pagamentos sem a contraprestação dos serviços;
c) citação do Município de Colniza-MT em razão da não devolução de saldo de R$ 13.799,56
que remanesceu na conta específica do ajuste;
d) audiência do sr. Adir Ferreira de Souza, ocupante do cargo de prefeito entre 21/11/2006 a
24/09/2007, em razão de sua omissão “quanto à adoção de providências que lhe eram cabidas,
296

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

inclusive da fiscalização aludida na Lei 8.666/1993, art. 112, tendentes à concretização da obra
ajustada no Convênio CV-1.594/2005”.
8. A unidade técnica, então, assim se manifestou:
“Conforme disposto no plano de trabalho e no termo de adesão convenial aditivado, foram
previstos R$ 309.278,36 para a execução do objeto, dos quais R$ 300.000,00 seriam repassados pelo
concedente e R$ 9.278,36 corresponderiam à contrapartida (vide peça 1, p. 9-13, 57-59 e 75-77).
6. O ajuste vigeu de 19/12/2005 a 3/5/2013 e previa a apresentação da prestação de contas até
sessenta dias após o final da sua vigência, conforme cláusula terceira da minuta completa de termo de
convênio, em que pese ele ter sido firmado em sua versão resumida (peça 1, p. 27, 57 e 255).
7. Grande parte dos recursos federais conveniados foi repassada à conta deste ajuste, n. 14.570-
X, da agência 1471-0, do Banco do Brasil S. A., como se segue:
Valor (R$) Data de crédito na c/c Ordem Bancária de 2006
120.000,00 29/6/2006 906822, de 27/6/2006
120.000,00 23/11/2006 912166, de 21/11/2006
peça 1, p. 341; peça 5, p.
Obs. peça 2, p. 83 e 142, peça 12, p. 76
27
8. O Sr. Sérgio Bastos dos Santos, CPF 346.803.731-72, foi prefeito do Município de
Colniza/MT no período de 19/12/2005 a 20/11/2006, quando foi afastado pela Câmara de Vereadores
(peça 2, p. 144, e peça 11, p. 1-27). Assim, foi durante esta fase que ele recebeu o primeiro repasse
federal acima mencionado.
9. O Sr. Adir Ferreira de Souza, CPF 211.980.046-49 , teve gestão de 21/11/2006 a 24/9/2007
(peça 11, p. 1-27). Assim, foi durante esta fase que ele recebeu o segundo repasse federal acima
mencionado.
10. O Sérgio Bastos dos Santos teve o segundo período de gestão desde 25/9/2007, data de
ciência do município sobre anulação do impedimento deste alcaide, até ao fim do seu mandato, em
31/12/2008 (peça 11, p. 1-27). Conforme destacado na instrução inicial dos presentes autos, foi
durante esta fase que ele administrou os repasses federais mencionados.

Data de Referências,
Nota fiscal Forma de Valor
débito na inclusive Responsáveis pelo recebimento
informada pagamento (R$)
c/c recibos
3/7/2006 peça 12, p.
Recebimento: Impertec, quando
861, de Documento (vide peça 19-20, 32-
60.000,00 dirigida por Hélio José da Silva
3/6/2006 147100 12, p. 22- 37, 56, peça
Júnior, CPF 441.790.221-68
24, 56, 65) 13, p. 15, 24
Recebimento: Impertec, quando gerida
peça 12, p.
por Hélio José da Silva Júnior, CPF
1026, de Cheque 19-20, 22-
30/11/2007 27.000,00 441.790.221-68, Macário Haeffner,
28/11/2007 850001 24, 25-28,
CPF 253.511.509-30, Sérgio Santana
73, 95
Silva, CPF 481.801.221-15
Recebimento: Impertec, quando gerida
peça 12, p.
por Hélio José da Silva Júnior, CPF
1026, de Cheque 19-20, 22-
30/11/2007 66.110,00 441.790.221-68, Macário Haeffner,
28/11/2007 850003 24, 25-28,
CPF 253.511.509-30, Sérgio Santana
27, 73, 95
Silva, CPF 481.801.221-15
Recebimento: Impertec, quando gerida
peça 12, p.
por Hélio José da Silva Júnior, CPF
1026, de Cheque 19-20, 22-
3/12/2007 85.000,00 441.790.221-68, Macário Haeffner,
28/11/2007 850002 24, 25-28,
CPF 253.511.509-30, Sérgio Santana
69, 71, 91
Silva, CPF 481.801.221-15
peça 12, p. peça 12, p. peça 12,
Obs. -
22-28 69 p. 19, 22-
297

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28
11. Cabe frisar que, de acordo com a SFCI/CGU, a motivação para a instauração da presente
TCE foi a impugnação total de despesas, conforme consignado no Parecer Conclusivo 01, de
2/9/2013, o qual teve por base as informações de inexecução do objeto conveniado, e de
correspondente não atingimento do seu objetivo, contidas no Relatório 3 de Visita Técnica, referente à
fiscalização in loco efetuada por servidor da Funasa no dia 15/7/2013 (peça 1, p. 313-321).
12. Como o Sr. Adir Ferreira de Souza não realizou nenhuma das despesas glosadas, não é
responsabilizado nos presentes autos por dano ao erário, sendo, contudo, ouvido em audiência
porque, ao longo de sua gestão de quase um ano à frente de prefeitura com prazo para agir, foi
omisso quanto à adoção de providências que lhe eram cabidas, inclusive da fiscalização aludida na
Lei 8.666/1993, art. 112, tendentes à concretização da obra ajustada no Convênio CV-1.594/2005,
Siafi 559073, caracterizando prática de ato de gestão irregular nos termos da Lei 8.443/1992, art. 16,
inc. III, alínea “b”.
EXAME TÉCNICO
13. Em cumprimento ao Despacho do Ministro-Relator (peça 17), bem como ao pronunciamento
da desta unidade (peça 18), foi promovida a citação do Sr. Sérgio Bastos dos Santos, mediante o
Ofício 4140/2016-TCU/SECEX-RJ, de 19/12/2016 (peça 25), da empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda., mediante o Ofício 4138/2016-TCU/SECEX-RJ, de
19/12/2016 (peça 24), bem como do Município de Colniza/MT, mediante o Ofício 4139/2016-
TCU/SECEX-RJ, de 19/12/2016 (peça 23).
14. Considerando a devolução do ofício de citação, foi realizada nova citação do Sr. Sérgio
Bastos dos Santos, mediante o Ofício 0083/2017-TCU/SECEX-RJ, de 25/1/2017 (peça 47). Mais uma
vez, o ofício foi devolvido (peça 52). Posteriormente, foram enviados os seguintes ofícios de citação ao
responsável: Ofício 2811/2017-TCU/SECEX-RJ, de 6/9/2017 (peça 58), Ofício 3516/2017-
TCU/SECEX-RJ, de 8/11/2017 (peça 75), Ofício 3515/2017-TCU/SECEX-RJ, de 8/11/2017 (peça 77),
Ofício 3513/2017-TCU/SECEX-RJ, de 8/11/2017 (peça 78) e Ofício 0067/2018-TCU/SECEX-RJ, de
10/1/2018 (peça 88).
15. Por fim, conforme despacho de expediente constante da peça 91 dos presentes autos, foi
realizada citação por via editalícia do responsável (peça 92).
16. Do mesmo modo, foram encaminhados também os seguintes ofícios de citação à empresa
Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda.: Ofício 0081/2017-TCU/SECEX-RJ, de 25/1/2017
(peça 46), Ofício 2928/2017-TCU/SECEX-RJ, de 14/9/2017 (peça 61), Ofício 3376/2017-
TCU/SECEX-RJ, de 26/10/2017 (peça 66), Ofício 3377/2017-TCU/SECEX-RJ, de 26/10/2017 (peça
67) e Ofício 3517/2017-TCU/SECEX-RJ, de 8/11/2017 (peça 76).
17. O Sr. Sérgio Bastos dos Santos não atendeu a citação e não se manifestou quanto às
irregularidades verificadas. Verifica-se, assim, que foram adotadas providências que esgotaram as
tentativas de localização do responsável.
18. A empresa Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda. tomou ciência dos ofícios
que lhe foram remetidos, conforme documento constante da peça 81, não apresentando suas
alegações de defesa.
19. Efetuou-se, ainda, a audiência do Sr. Adir Ferreira de Souza, por meio do Ofício 4141/2016-
TCU/SECEX-RJ, de 19/12/2016 (peça 26). Ante o retorno do ofício 4141/2016-TCU-Secex/RJ (peça
26), referente à audiência prévia do Senhor Adir Ferreira de Souza com a informação do ECT de
“não existe número indicado” (peça 27), foi efetuada nova audiência do responsável, por meio do
Ofício 0016/2017-TCU/SECEX-RJ, de 5/1/2017 (peça 31).
20. O Sr. Adir Ferreira de Souza tomou ciência do ofício que lhe foi remetido, conforme
documento constante da peça 44, tendo apresentado, após solicitação de prorrogação de prazo, suas
razões de justificativa, conforme documentação integrante da peça 56.
298

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. O Município de Colniza/MT, na pessoa de seu representante legal tomou ciência do ofício
que lhe foi remetido, conforme documento constante da peça 39, tendo apresentado suas alegações de
defesa, conforme documentação integrante da peça 45.
Revelia dos responsáveis citados e/ou ouvidos por edital
22. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes o Sr. Sérgio Bastos dos Santos
e a empresa Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda., impõe-se que sejam considerados
revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
23. É importante observar que a eventual condenação dos responsáveis decorre da impugnação
total de despesas relativas ao convênio. Por outro lado, o débito imputado ao Município decorreu da
não devolução de saldos de recursos não aplicados no objeto do convênio, no total de R$ 13.799,56.
24. Entende-se que não cabe a concessão de novo prazo para a empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda. recolher o débito, sem a incidência de juros de mora (art.
201 do Regimento Interno do TCU), considerando que o exame da boa-fé, quando envolver pessoa
jurídica de direito privado, será feito, em regra, em relação à conduta de seus administradores, uma
vez que os atos destes obrigam a pessoa jurídica, desde que exercidos no limite dos poderes definidos
no ato constitutivo da entidade. Esse é o entendimento adotado no Acórdão 13.232/2016 – 2ª Câmara,
da relatoria do Ministro Raimundo Carrero, no Acórdão 2.401/2015 – 2ª Câmara, da relatoria da
Ministra Ana Arraes e no Acórdão 3.320/2015 – 2ª Câmara, da relatoria do Ministro Augusto Nardes.
25. Diante da revelia dos responsáveis e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir
pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que
suas contas sejam julgadas irregulares e que os responsáveis sejam condenados em débito, bem como
que lhes seja aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
Alegações de defesa apresentadas pelo Município de Colniza/MT
26. Em resposta ao Ofício 4139/2016-TCU/SECEX-RJ, de 19/12/2016 (peça 23), o Município de
Colniza/MT informa que não se encontra em condições de devolver o valor de R$ 23.929,82 exigido
no referido ofício. Acrescenta que a mencionada impossibilidade se deve à atual crise financeira do
país, que também afetou as finanças do Município, culminando na insuficiência de recursos e de
previsão orçamentária. Alega que o Sr. Sérgio Bastos dos Santos, que era o gestor à época dos fatos,
foi o responsável pela não devolução dos saldos de recursos não aplicados.
27. No entanto, não ocorreu a devolução de saldos de recursos, no total de R$ 13.799,56 em
26/2/2008, não aplicados em objeto ajustado, que sofreu inexecução total, contrariando o disposto no
Convênio CV-1.594/2005, Siafi 559073, no Código Civil, art. 884, na Instrução Normativa-STN 1, de
15/1/1997, Art. 7º, incs. XI, XII e XIV, e no anexo à Portaria n. 453/GM, de 24/3/2005, in DOU de
28/3/2005, seção 1, p. 45.
28. Assim, propõe-se que sejam rejeitadas as alegações de defesa apresentadas pelo município,
fixando-lhe novo e improrrogável prazo para recolhimento da importância devida, acrescida de
atualização monetária, ao cofre credor, conforme disposto no art. 202, § 3º, do RI/TCU.
Razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Adir Ferreira de Souza (peça 56)
29. O Sr. Adir Ferreira de Souza alega que teve dificuldades para a realização de trabalhos
fiscalizatórios, pela existência de uma equipe desfavorável a seu mandato, afirmando, entre outros
pontos, que foram adotadas as seguintes providências:
Foi determinado uma auditoria de todas as contas do município de Colniza que seria remetido toda
documentação ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e uma auditagem nas
contas municipais e a investigação de todos os contratos com empresas e com pessoas. Acontece que tal fato
não foi possível devido ao curto tempo de mandato, restando dessa forma prejudicados não só os atos de
fiscalização como os demais atos típicos do Poder Executivo Municipal, pois breve foi a passagem como
Gestor, ficando a inteira responsabilidade do então Prefeito Sérgio Basto dos Santos; este então fora afastado
do cargo de Prefeito sob acusação de envolvimento em denúncias de desvio de recursos públicos e apropriação
indébita de patrimônio da municipalidade. Não podendo tal conduta, como posta pelo TCU, ser aplicada ao
Requerente, pois tais fato não chegou a ser consumado na sua plenitude no tempo em que foi Gestor, ou seja de
21/06/2006 à 24/09/2007.
299

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

30. Assim, entende que fica demonstrada a boa-fé do responsável, não ficando caracterizado
dolo ou culpa.
31. No entanto, conforme colocado na matriz de responsabilização, constante da instrução
inicial dos presentes autos (peça 15), o Sr. Adir Ferreira de Souza praticou omissão de providências,
inclusive da fiscalização aludida na Lei 8.666/1993, art. 112, tendentes à concretização da obra
conveniada. Se não tivesse havido omissão de providências do Sr. Adir Ferreira de Souza, a obra
conveniada poderia ter sido executada pela construtora adequadamente fiscalizada.
32. Os argumentos apresentados não foram suficientes para sanear as irregularidades a ele
atribuídas, considerando que não foram apresentadas evidências de medidas efetivamente adotadas
para fiscalização do convênio. Como atenuante, pode ser mencionado o pouco tempo em que exerceu
o mandato de prefeito do município.
CONCLUSÃO
33. Em face da análise promovida nos itens 26 a 28, propõe-se rejeitar as alegações de defesa
apresentadas pelo Município de Colniza/MT, uma vez que não foram suficientes para sanear as
irregularidades a ele atribuída, fixando-lhe novo e improrrogável prazo para recolhimento da
importância devida, acrescida de atualização monetária, ao cofre credor, conforme disposto no art.
202, § 3º, do RI/TCU.
34 Em face da análise promovida nos itens 28 a 32, propõe-se rejeitar as razões de justificativa
apresentadas pelo Sr. Adir Ferreira de Souza, uma vez que não foram suficientes para sanear as
irregularidades a ele atribuídas, de modo que suas contas devem ser julgadas irregulares. Propõe-se,
ainda, em atendimento ao disposto no parágrafo único do art. 19 da Lei 8.443/1992, a aplicação da
multa prevista no art. 58, inciso I, do mesmo normativo legal.
35. Considerando que o débito imputado ao Sr. Sérgio Bastos dos Santos e a empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda. é distinto do débito imputado ao município, entende-se que,
embora seja cabível a concessão de novo e improrrogável prazo para que o município recolha o valor
devido aos cofres do Fundo Nacional de Saúde, não é o caso de se estender esse benefício para o Sr.
Sérgio Bastos dos Santos e para a empresa Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda., visto
que não ficou caracterizada a boa-fé desses responsáveis (itens 22 e 25 da presente instrução) .
36. Assim, diante da revelia do Sr. Sérgio Bastos dos Santos e da empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda. e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela
ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que suas
contas sejam desde já julgadas irregulares e que os responsáveis sejam condenados em débito, bem
como que lhes seja aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
37. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “c” e “d”, e § 2º da Lei
8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso III e IV, e
§§ 5º, 6º e 7º, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas do
Sr. Sérgio Bastos dos Santos, CPF 346.803.731-72, na condição de ex-prefeito e gestor de convênio e
da empresa Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda., CNPJ 36.971.836/0001-80, e
condená-los ao pagamento das quantias a seguir especificadas, atualizadas monetariamente e
acrescidas de juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a do efetivo
recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres da
Fundação Nacional de Saúde:

VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
60.000,00 3/7/2006
93.110,00 30/11/2007
300

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

85.000,00 3/12/2007
Até 30/4/2018: valor atualizado de R$ 710.689,63
b) aplicar ao Sr. Sérgio Bastos dos Santos, CPF 346.803.731-72, e à empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda., CNPJ 36.971.836/0001-80, individualmente, a multa
prevista no artigo 57 da Lei 8.443/92, fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação,
para comprovarem o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir da data da deliberação até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após
o vencimento, na forma da legislação em vigor;
c) rejeitar as razões de justificativa e com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea
“b” da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º,
inciso I, 209, inciso II, e § 5º, 210, § 2º, e 214, inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as
contas do Sr. Adir Ferreira de Souza, CPF 211.980.046-49, na condição de ex-prefeito e gestor da
aplicação dos recursos repassados pela Funasa à municipalidade para execução do Convênio CV-
1.594/2005, Siafi 559073, que teve por objeto a execução de sistema de abastecimento de água da
Comunidade do Guariba;
d) aplicar ao Sr. Adir Ferreira de Souza a multa prevista no artigo 58, inciso I da Lei 8.443/92,
fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar o recolhimento da multa
aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir da data da deliberação até a do
efetivo recolhimento, se paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
e) autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do artigo 28, inciso II, da
Lei 8.443/1992, caso não atendidas a notificações;
f) rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Município de Colniza, CNPJ
04.213.687/0001-02, e fixar novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com
fundamento no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno, para
que efetue e comprove, perante este Tribunal, o recolhimento da quantia a seguir especificada aos
cofres do cofres da Fundação Nacional de Saúde, referente ao saldo financeiro remanescente
disponível na conta corrente 14570-X P M Colniza- SAA - Agência 1471-0, atualizada
monetariamente a partir da data indicada até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na
legislação em vigor:

VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
13.799,56 26/2/2008
Até 30/4/2018: valor atualizado de R$ 24.881,99, exclusive juros de mora
g) dar ciência da deliberação que vier a ser adotada, acompanhada do relatório e do voto que a
fundamentarem, aos responsáveis, à Fundação Nacional de Saúde, à Prefeitura Municipal de Colniza-
MT e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Mato Grosso, nos termos do
artigo 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, para adoção das medidas que entender cabíveis.”
9. O Ministério Público junto ao TCU manifestou-se de acordo com a unidade técnica.
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada em razão de irregularidades na


aplicação dos recursos federais repassados por força do Convênio CV-1.594/2005, celebrado entre a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Município de Colniza-MT.
2. O convênio, no valor de R$ 309.278,36, sendo R$ 9.278,36 a título de contrapartida, teve por
objeto “a execução de sistema de abastecimento de água na comunidade de Guariba”, com vigência
estipulada para o período de 19/12/2005 a 3/5/2013 (peça 1, p. 255).
301

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

3. Especificamente, foi prevista a execução de 20 metros de adutora, 4.547 metros de rede


distribuidora e 200 ligações domiciliares (peça 1, p. 81).
4.. Foram repassadas duas parcelas de R$ 120.000,00 em 29/6/2006 e 23/11/2006. Nas datas de
julho de 2006 e novembro de 2007, a empresa Impertec – Impermeabilizações e Construções Ltda.,
que foi beneficiária de desembolsos que somaram R$ 238.110,00.
5. Entretanto, mediante inspeção in loco, efetuada pela Funasa em 15/8/2013 (peça 1, p. 313-
315), constatou-se que, à época, ou seja, seis anos depois dos pagamentos, as obras sequer haviam sido
iniciadas.
6. Também foi constatado que R$ 13.799,56 remanesceram na conta específica do ajuste, sem
que tivessem sido devolvidos ao órgão repassador (peça 12, p. 38).
7. Diante dos indícios de que não houve a regular aplicação dos recursos em questão, foram
promovidas as oitivas dos responsáveis nos seguintes termos:
a) citação do sr. Sérgio Bastos dos Santos (prefeito municipal no período de 19/12/2005 a
20/11/2006 e 25/9/2007 a 31/12/2007), pela quantia de R$ 238.110,00 em razão da realização de
pagamentos sem a contraprestação dos serviços;
b) citação da empresa Impertec – Impermeabilizações e Construções Ltda. pela quantia de R$
238.110,00 em razão do recebimento de pagamentos sem a contraprestação dos serviços;
c) citação do Município de Colniza-MT em razão da não devolução de saldo de R$ 13.799,56
que remanesceu na conta específica do ajuste;
d) audiência do sr. Adir Ferreira de Souza, ocupante do cargo de prefeito entre 21/11/2006 a
24/9/2007, em razão de sua omissão “quanto à adoção de providências que lhe eram cabidas,
inclusive da fiscalização aludida na Lei 8.666/1993, art. 112, tendentes à concretização da obra
ajustada no Convênio CV-1.594/2005”.
II
8. Trato de início da responsabilização do sr. Sérgio Bastos dos Santos e da empresa Impertec –
Impermeabilizações e Construções Ltda..
9. Como esses responsáveis optaram por permanecer silentes, de acordo com o art. 12, § 3º, da
Lei 8.443/1992, estão caracterizadas as suas revelias, cabendo dar prosseguimento ao processo.
10. Está devidamente registrado nos autos que o sr. Sérgio Bastos dos Santos determinou os
pagamentos à empresa Impertec – Impermeabilizações e Construções Ltda. sem que ela tivesse
executado qualquer obra ou serviço (peça 12, p. 22 e 33).
11. Dessa forma, em face da ausência de elementos capazes de demonstrar nos autos a boa e
regular aplicação dos recursos em questão e de permitir a conclusão pela boa-fé, alinho-me ao
encaminhamento sugerido pela unidade técnica e endossado pelo Parquet especializado, no sentido de
julgar irregulares as presentes contas com a condenação solidária dos responsáveis pelos valores
impugnados.
12. Tendo em vista a reprovabilidade da conduta dos responsáveis, tanto do gestor que permitiu
que terceiro se apropriasse de recursos públicos indevidamente, quanto da empresa que se apropriou
ilicitamente desses recursos, bem como a magnitude do dano causado, deve ser aplicada,
individualmente, a multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 135.000,00
(equivalente a cerca de 30% do valor atualizado do débito).
III
13. Quanto ao Município de Colniza-MT, consta nos autos que restaram R$ 13.799,56 na conta
específica do convênio e que não foram restituídos ao órgão repassador (peça 12, p. 38).
14. A municipalidade não nega a ocorrência dos fatos, limitando-se a afirmar que não dispõe de
condições financeiras para saldar tal débito.
15. A respeito, cabe consignar que a não devolução dos recursos acarretaria enriquecimento sem
causa do município e que esta Corte não dispõe da prerrogativa de dispensar o ressarcimento de
dívidas para com a União de determinada Unidade da Federação.
302

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

16. Assim, como milita a presunção de boa-fé da pessoa jurídica de direito público (v.g.
Acórdãos 1577/2007-2ª Câmara; 724/2007-1ª Câmara; 2705/2006-1ª Câmara; 369/2005-1ª Câmara),
cabe rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo município, fixando-lhe novo e improrrogável
prazo para recolhimento da importância devida, acrescida de atualização monetária, ao cofre credor,
conforme disposto no art. 202, § 3º, do Regimento Interno do TCU.
17. Outrossim, como haverá descasamento da etapa processual em relação aos diversos
responsáveis arrolados nestes autos, entendo pertinente a constituição de processo apartado exclusivo
para o desdobramento processual em relação ao ente municipal.
IV
18. Quanto à audiência do sr. Adir Ferreira de Souza, registro que foi ocupante do cargo de
prefeito entre 21/11/2006 a 24/9/2007. Ou seja, foi reduzido o espaço de tempo que esteve à frente do
município, sendo que assumiu o cargo em momento especialmente conturbado da gestão do município,
pois o prefeito anterior havia sido afastado do cargo pela Câmara de Vereadores em razão de
denúncias de desvio de recursos públicos e apropriação indébita de patrimônio da municipalidade (em
25/9/2007, o prefeito afastado retornou ao cargo em razão de decisão judicial – peça 11).
19. Por outro lado, creio que o afastamento de um prefeito por crimes contra a administração
pública, presumivelmente, gera diversas ações emergenciais a serem adotadas pelo sucessor, inclusive
a análise das diversas contratações em que a municipalidade figurava como parte. A título de exemplo
da magnitude dos valores envolvidos, consoante a página oficial do município na internet, no exercício
de 2016, a municipalidade efetuou despesas correntes (excluído pessoal) e de capital da ordem de R$
26 milhões, sendo razoável supor que no exercício de 2007 as despesas também estivessem na casa
dos milhões de reais, o que demonstra a pouca representatividade do convênio em questão ante os
compromissos do município.
20. Nesse contexto, a não adoção de providências em relação à contratação em questão, sempre
considerando o período de cerca de dez meses em que o gestor esteve à frente as municipalidade, não
me parece suficiente para justificar a aplicação de sanção.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de março de 2019.
ACÓRDÃO Nº 2690/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 035.940/2015-8.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Tomada de contas especial
3. Responsáveis: Sérgio Bastos dos Santos (CPF 346.803.731-72), Adir Ferreira de Souza (CPF
211.980.046-49), Impertec - Impermeabilizações e Construções Ltda. (CNPJ 36.971.836/0001-80), e
Município de Colniza/MT (CNPJ 04.213.687/0001-02).
4. Órgão/Entidade: Prefeitura Municipal de Colniza.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado do Rio de Janeiro (Sec-RJ).
8. Representação legal:
8.1. Dilermano João Thiesen Filho (OAB/MT 20854-B) e Daniel de Souza Teixeira
(20617B/OAB-MT), representando Adir Ferreira de Souza;
8.2. Alfredo Ribeiro da Cunha Lobo (OAB/DF 39.684), representando Sérgio Bastos dos Santos

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão da
não comprovação da regular aplicação de recursos federais repassados mediante convênio,
303

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,


ante as razões expostas pelo Relator em:
9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos sr. Adir Ferreira de Souza, nos termos
do art. 250, § 1º, do Regimento Interno do TCU;
9.2. julgar irregulares as contas do sr. Sérgio Bastos dos Santos e da empresa Impertec -
Impermeabilizações e Construções Ltda., condenando-os, solidariamente, ao pagamento das quantias
abaixo relacionadas, com a incidência dos devidos encargos legais, calculados a partir das datas
correspondentes até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, nos termos dos arts. 1°,
inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, 19 e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992:
VALOR (R$) DATA DA
OCORRÊNCIA
60.000,00 3/7/2006
93.110,00 30/11/2007
85.000,00 3/12/2007
9.3. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que os responsáveis
de que trata o subitem anterior comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias
aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU (RI/TCU);
9.4. aplicar aos responsáveis abaixo arrolados, individualmente, a pena de multa prevista no
art. 57 da Lei 8.443/1992, de acordo com os valores indicados:
Responsável Valor (R$)
Sérgio Bastos dos Santos 135.000,00
Impertec - Impermeabilizações e 135.000,00
Construções Ltda.
9.5. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da notificação, para que os responsáveis
de que trata o subitem anterior comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, e 269
do RI/TCU), o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas,
quando pagas após seu vencimento, monetariamente desde a data de prolação deste acórdão até a do
efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.8. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Município de Colniza e fixar novo e
improrrogável prazo de quinze dias, a contar da notificação, com fundamento no art. 12, §§ 1º e 2º, da
Lei 8.443/1992 e art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento Interno, para que efetue e comprove, perante este
Tribunal, o recolhimento da quantia a seguir especificada aos cofres Fundação Nacional de Saúde:
VALOR (R$) DATA DA
OCORRÊNCIA
13.799,56 26/2/2008
9.9. informar ao Município de Colniza que a liquidação tempestiva do débito atualizado
monetariamente saneará o processo e permitirá que as contas sejam julgadas regulares com ressalva,
dando-se-lhes quitação, nos termos do § 4º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, ao passo que a
ausência dessa liquidação tempestiva poderá levar ao julgamento pela irregularidade das contas, com
imputação de débito a ser atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios nos termos do
art. 19 da Lei 8.443/1992;
9.10. autorizar, desde já, caso requerido, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis)
parcelas mensais e consecutivas, alertando aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer
parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU;
304

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.11. determinar a constituição de processo apartado com a finalidade exclusiva da apuração do


dano imputado ao Município de Colniza;
9.12. dar ciência deste acórdão à Fundação Nacional de Saúde e à Procuradoria da República no
Estado do Mato Grosso, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2690-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler (Relator),
Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 000.640/2018-2
Natureza: I - Recurso de reconsideração (Prestação de Contas)
Órgão/Entidade: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
Exercício: 2018
Recorrentes: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
(15.419.591/0001-03); Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Departamento
Nacional (00.330.845/0001-45)
Representação legal: Luiz Aurélio Adler Ralho (11.639/OAB-MS), representando Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul; Larissa Moreira Costa (16745/OAB-
DF) e outros, representando Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
Departamento Nacional.

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS


MICRO E PEQUENAS EMPRESAS/MATO GROSSO DO SUL. EXERCÍCIO DE 2016. CONTAS
REGULARES. QUITAÇÃO PLENA. DETERMINAÇÃO. RECOMENDAÇÃO. RECURSOS DE
RECONSIDERAÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de recursos de reconsideração interpostos pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas


Empresas do Mato Grosso do Sul (Sebrae/MS) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
– Departamento Nacional (Sebrae/DN) contra os itens 1.7.1 e 1.7.2 do Acórdão 6.702/2018-TCU-
Primeira Câmara, por meio do qual foram julgadas regulares as contas do Sebrae/MS e proferidas
determinação e recomendação a esse jurisdicionado, nos seguintes termos:
“Os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, com fundamento nos
arts. 1º, I; 16, I; 17 e 23, I, da Lei 8.443/1992, nos arts. 1º, I, 207 e 214, I, do RI/TCU, na forma do art. 143, I, 'a
', do RI/TCU, e de acordo com os pareceres convergentes emitidos nos autos, ACORDAM, por unanimidade,
em julgar as contas a seguir relacionadas regulares e dar quitação plena aos responsáveis, dando-se ciência ao
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul:
(...)
1.7.1. determinar ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
(Sebrae/MS) que, doravante, apresente ao TCU todas as peças exigidas pela decisão normativa que dispuser
sobre os processos de prestação de contas do exercício, em especial o parecer da unidade de auditoria interna
sobre a gestão da entidade;
305

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7.2. recomendar ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
(Sebrae/MS) que reposicione hierarquicamente sua unidade de auditoria interna, para esta seja diretamente
subordinada ao Conselho Deliberativo Estadual.
1.7.3. dar ciência desta deliberação ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso
do Sul (Sebrae/MS), à unidade nacional do Sebrae e à Controladoria-Regional da União no Mato Grosso do
Sul.”
2. Em relação à admissibilidade do recurso interposto pelo Sebrae/MS, a auditora da Secretaria
de Recursos (Serur) assim se manifestou (peça 29):
2.2. Tempestividade
O recurso de reconsideração foi interposto dentro do prazo previsto na Lei Orgânica e no Regimento
Interno do TCU?
Nome do Recorrente: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
Notificação: 27/7/2018 – MS (peça 21)
Interposição: 23/8/2018 – MS
Resposta: Não.
Inicialmente, é possível afirmar que o recorrente foi devidamente notificado no seu endereço
institucional, conforme contido no rodapé da peça recursal (peça 28), e de acordo com o disposto no art. 179,
II, do RI/TCU.
Assim, considerando que “a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que houver
expediente no Tribunal”, nos termos do art. 19, §3º, da Resolução/TCU 170/2004, o termo a quo para análise da
tempestividade foi o dia 30/7/2018, concluindo-se, portanto, pela intempestividade deste recurso, pois o termo
final para sua interposição foi o dia 13/8/2018.
2.2.1. Em sendo intempestivo, houve superveniência de fatos novos?
Não.
Para análise do presente requisito, verifica-se oportuna a realização de breve histórico dos autos.
Trata-se de prestação de contas anuais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
Mato Grosso do Sul - Sebrae/MS, relativa ao exercício de 2016.
Em essência, restaram configuradas nos autos fragilidades no componente de Avaliação de Riscos dos
controles internos administrativos do Sebrae/MS e fragilidades quanto aos critérios de confiabilidade e
objetividade dos indicadores, conforme aponta a instrução da Unidade Técnica (peça 12, item 40 e peça 13).
Diante disso, os autos foram apreciados por meio do Acórdão 6.702/2018-TCU-1ª Câmara (peça 15), que
julgou regulares as contas dos responsáveis, dando-lhes quitação plena, porém fez determinação e
recomendação ao Sebrae/MS.
Devidamente notificado, o recorrente interpõe a presente peça recursal intempestiva.
Preliminarmente, faz-se mister ressaltar que o artigo 32, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, estatui que
“não se conhecerá de recurso interposto fora do prazo, salvo em razão de superveniência de fatos novos, na
forma do Regimento Interno”.
Regulamentando esse dispositivo, o artigo 285, § 2º, do RI/TCU dispõe que “Não se conhecerá de recurso
de reconsideração quando intempestivo, salvo em razão de superveniência de fatos novos e dentro do período de
cento e oitenta dias contado do término do prazo indicado no caput, caso em que não terá efeito suspensivo”.
Para que o presente recurso possa ser conhecido, uma vez interposto dentro do período de cento e oitenta
dias, torna-se necessária a superveniência de fatos novos.
Na peça ora em exame (peça 28), o recorrente argumenta, em síntese, que:
a) o acórdão combatido não expõe as razões e fundamentos para o TCU determinar e recomendar ao
Sebrae/MS (p. 4-5);
b) existe contradição entre a Decisão Normativa 146/2015 e a Instrução Normativa 63/2010 no que diz
respeito à organização e apresentação dos relatórios de gestão (p. 6-7);
c) a constituição de Unidade de Auditoria Interna pelos Serviços Sociais Autônomos é uma faculdade,
não havendo previsão legal da manifestação dessa unidade sobre a prestação de contas (p. 8-10);
d) houve consulta ao TCU, o qual orientou que, não havendo obrigação, imposta por norma, em relação à
atuação da Unidade de Auditoria Interna no sentido de emitir parecer, seria necessário apenas um relatório
sucinto sobre o plano de ações e os resultados de sua execução (p. 11);
e) o funcionamento da Unidade de Auditoria Interna está alinhado às “Normas Internacionais para Prática
Profissional de Auditoria Interna” (p. 11-13).
306

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Por fim, requer a reforma do acórdão guerreado. Destaca-se que os argumentos apresentados estão
desacompanhados de qualquer documento.
Isto posto, observa-se que o recorrente busca afastar a sua responsabilidade por meio de argumentos e
teses jurídicas que, ainda que inéditos, não são considerados fatos novos por este Tribunal, conforme
consolidada jurisprudência desta Corte (Acórdão 923/2010–TCU–Plenário, Acórdãos 1.760/2017 e 323/2010,
ambos da 1ª Câmara, e Acórdãos 2.860/2018, 12.751/2016 e 3.293/2016, todos da 2ª Câmara).
Com efeito, novas linhas argumentativas representariam elementos ordinários que somente justificariam o
seu exame na hipótese de interposição tempestiva do recurso. Entendimento diverso estenderia para cento e
oitenta dias, em todos os casos, o prazo para interposição dos recursos de reconsideração e pedido de reexame,
tornando letra morta o disposto no artigo 33 da Lei 8.443/1992, que estabelece período de quinze dias para
apresentação destes apelos.
A tentativa de se provocar a pura e simples rediscussão de deliberações do TCU com base em
discordância com as conclusões deste Tribunal não se constitui em fato ensejador do conhecimento do recurso
fora do prazo legal.
Por todo o exposto, não há que se falar na existência de fatos novos no presente expediente recursal,
motivo pelo qual a impugnação não merece ser conhecida, nos termos do artigo 32, parágrafo único, da Lei
8.443/1992.
Quanto a alegação do recorrente relativa ao item “a” supra, deve-se ressaltar que, no caso desta Corte de
Contas, a decisão compõe-se tanto do relatório (com as manifestações técnicas e do Ministério Público junto ao
TCU, se for o caso) quanto do voto do Relator (art. 1º, § 3º, da Lei 8.443/1992). Ou seja, nos processos do
Tribunal de Contas da União, está fundamentada a decisão, nos termos do art. 489, § 1º, inciso IV, do Código de
Processo Civil, se as questões suscitadas foram enfrentadas em algum dos elementos que a compõem (instrução,
parecer do Ministério Público ou voto do relator) (Acórdãos 303/2017-TCU-Plenário, 5.396/2016-TCU-2ª
Câmara).
3. Conclusão da Instrução Preliminar
Em virtude do exposto, propõe-se:
3.1 não conhecer do recurso de reconsideração interposto por Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Mato Grosso do Sul, por restar intempestivo e não apresentar fatos novos, nos termos do artigo 48,
parágrafo único, da Lei 8.443/92, c/c os artigos 285, caput e §2º, e 286, parágrafo único, do RI/TCU;
3.2 encaminhar os autos ao gabinete do relator competente para apreciação do recurso;
3.3 à unidade técnica de origem dar ciência à recorrente e aos órgãos/entidades interessados do teor da
decisão que vier a ser adotada, encaminhando-lhes cópia, bem como informando-lhes que os respectivos
relatório e voto podem ser consultados em www.tcu.gov.br/acordaos, nos termos do Memorando-Circular
Segecex 45/2017, de 25/8/2017.”
3. Quanto à admissibilidade do recurso interposto pelo Sebrae/DN, pronunciou-se da seguinte
maneira (peça 30):
“2.4. Interesse
Houve sucumbência da parte?
Não.
O interesse de agir na via recursal faz-se a partir do gravame que decorra do ato impugnado, ou seja, da
conclusão sobre a possibilidade de se alcançar pronunciamento mais satisfatório sob o ângulo jurídico. Nesse
sentido, Nelson Nery Júnior ensina que “A sucumbência há de ser aferida sob o ângulo estritamente objetivo,
quer dizer, sob critérios objetivos de verificação do gravame ou prejuízo. Não basta, pois, a simples ‘afirmação’
do recorrente de que sofrera prejuízo com a decisão impugnada. É preciso que o gravame, a situação
desvantajosa, realmente exista, já que o interesse recursal é condição de admissibilidade do recurso” (Princípios
Fundamentais – Teoria Geral dos Recursos, 6ª ed. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 316).
Assim, no presente caso não se pode reconhecer a existência de interesse recursal, visto que a decisão ora
recorrida não impingiu qualquer sucumbência, sanção ou prejuízo ao recorrente, conforme se observa da sua
ementa, verbis:
1.7.1. determinar ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
(Sebrae/MS) que, doravante, apresente ao TCU todas as peças exigidas pela decisão normativa que dispuser
sobre os processos de prestação de contas do exercício, em especial o parecer da unidade de auditoria interna
sobre a gestão da entidade.
307

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1.7.2. recomendar ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
(Sebrae/MS) que reposicione hierarquicamente sua unidade de auditoria interna, para esta seja diretamente
subordinada ao Conselho Deliberativo Estadual.
3. Conclusão da Instrução Preliminar
Em virtude do exposto, propõe-se:
3.1 não conhecer do recurso de reconsideração, interposto por Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas - Departamento Nacional, nos termos do art. 33 da Lei 8.443/1992, por inexistência de
interesse recursal, haja vista o arresto recorrido não ter-lhe impingido sucumbência;
3.2 encaminhar os autos ao gabinete do relator competente para apreciação do recurso;
3.3 à unidade técnica de origem dar ciência à recorrente e aos órgãos/entidades interessados do teor da
decisão que vier a ser adotada, encaminhando-lhes cópia, bem como informando-lhes que os respectivos
relatório e voto podem ser consultados em www.tcu.gov.br/acordaos, nos termos do Memorando-Circular
Segecex 45/2017, de 25/8/2017.”
4. Ambas as propostas contaram com a anuência do corpo diretivo da unidade (peças 32 e 33).
5. O Ministério Público junto ao TCU, por sua vez, discordou parcialmente da unidade
instrutora, conforme trecho transcrito do parecer à peça 35:
“3. O recurso interposto pelo Sebrae/MS de fato não deve ser conhecido, pois intempestivo, conforme
análise efetuada à peça 29.
4. Divergimos, contudo, da análise efetuada em relação ao recurso interposto pelo Sebrae/DN (peça 30).
Embora a determinação constante do item 1.7.1 da deliberação recorrida tenha sido direcionada ao Sebrae/MS,
trata-se de providência em tese aplicável a qualquer unidade do Sebrae.
5. É desejável, e até exigível, que a unidade central do Sebrae oriente as unidades regionais a se
adequarem ao entendimento do TCU, de modo que todas estejam aderentes ao que o Tribunal considera como
sendo o cumprimento das normas. Por isso, é nítido o interesse jurídico do Sebrae/DN para impugnar
determinação do TCU expedida para uma das unidades regionais, com base em entendimento que a recorrente
considera equivocado.
6. Não há, por outro lado, interesse recursal em relação ao item 1.7.2 da deliberação recorrida, por se
tratar de mera recomendação. A jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que as recomendações não têm
caráter coercitivo, razão pela qual, em regra, inexiste interesse recursal em desconstituí-las (Acórdãos
8.528/2017-1ª Câmara, Ministro Bruno Dantas, e 1.265/2014-2ª Câmara, Ministro Raimundo Carreiro).
7. Ante o exposto, este representante do Ministério Público de Contas da União manifesta-se no sentido
de não se conhecer o recurso interposto pelo Sebrae/MS e de se conhecer parcialmente o recurso interposto pelo
Sebrae/DN, apenas quanto ao item 1.7.1 da deliberação recorrida.”
É o Relatório.

VOTO

Trata-se de recursos de reconsideração interpostos pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas


Empresas do Mato Grosso do Sul (Sebrae/MS) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
– Departamento Nacional (Sebrae/DN) contra os itens 1.7.1 e 1.7.2 do Acórdão 6.702/2018-TCU-
Primeira Câmara, por meio do qual foram julgadas regulares as contas do Sebrae/MS e proferidas
determinação e recomendação a esse jurisdicionado.
2. Em resumo, a Secretaria de Recursos (Serur) propõe não conhecer os recursos interpostos, em
razão da intempestividade do expediente apresentado pelo Sebrae/MS, aliado à ausência de fatos novos
supervenientes, e da ausência de interesse recursal do Sebrae/DN.
3. O Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), em seu parecer, manifestou concordância com
o não conhecimento do recurso interposto pelo Sebrae/MS.
4. Entretanto, discorda da Serur quanto à ausência de interesse recursal do Sebrae/DN no que se
refere ao item 1.7.1. Segundo o Parquet, a determinação para que Sebrae/MS, dali em diante,
apresentasse ao TCU todas as peças exigidas pela decisão normativa que dispuser sobre os processos
de prestação de contas do exercício, em especial o parecer da unidade de auditoria interna sobre a
308

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

gestão da entidade, seria, em tese, aplicável a qualquer unidade do Sebrae. Por esse motivo, seria
desejável e exigível que a unidade central do Sebrae orientasse as regionais a se adequarem ao
entendimento do TCU. Assim, estaria caracterizado o interesse recursal do Sebrae/DN.
5. No que tange à recomendação constante no item 1.7.2, o MPTCU concorda com a Serur
quanto à ausência de interesse recursal, em razão do caráter não cogente da medida consignada.
6. Concordo com os pareceres uniformes referentes ao não conhecimento do recurso interposto
pelo Sebrae/MS e ao não conhecimento do recurso oferecido pelo Sebrae/DN, no que tange ao item
1.7.2 do Acórdão 6.702/2018-TCU-Primeira Câmara, motivo pelo qual incorporo os fundamentos,
transcritos no relatório precedente e relacionados aos tópicos citados, às minhas razões de decidir.
7. Acerca do ponto em que há divergência, corroboro o entendimento consignado pela Secretaria
de Recursos, no sentido de não conhecer o recurso interposto pelo Sebrae/DN contra o item 1.7.1 do
Acórdão 6.702/2018-TCU-Primeira Câmara. Assim, incorporo os fundamentos consignados pela
unidade instrutora às minhas razões de decidir, sem prejuízo dos comentários que tecerei a seguir.
8. Apesar de compreender a preocupação externada pelo representante do MPTCU em seu
parecer, reputo que uma determinação decorrente de falha identificada em uma unidade regional do
Sebrae não deve ser tacitamente extrapolada para as demais.
9. Além disso, a partir das informações constantes nestes autos, não se pode depreender que a
falha ensejadora da mencionada determinação seja recorrente em outras unidades regionais. Para
chegar a semelhante conclusão, seria necessário realizar uma análise com viés mais sistêmico da
gestão do Sebrae em nível nacional, o que não foi objeto deste processo.
10. A fim de identificar indícios de que a aludida falha tenha sido identificada em outras
regionais, solicitei à minha assessoria que buscasse outros processos de prestações de contas anuais
contendo determinações com teor idêntico ao da ora questionada.
11. Como resultado, foram identificados os processos TCs 033.590/2016-8, 008.416/2017-6 e
029.023/2016-5, todos contendo recursos de reconsideração da unidade nacional do Sebrae
preliminarmente conhecidos e ainda pendentes de julgamento de mérito.
12. No âmbito daqueles autos, além de determinações semelhantes à constante no item 1.7.1 do
Acórdão 6.702/2018-TCU-Primeira Câmara, foi, também, dada ciência à unidade nacional do Sebrae
quanto à necessidade de orientar as regionais acerca da obrigatoriedade de apresentação de todas as
peças exigidas por decisão normativa desta Corte (Acórdãos 289/2018, 10.322/2017 e 11.250/2017,
todos da Primeira Câmara).
13. Considerando que, apesar de haver sido adotado o instituto de “dar ciência”, o seu conteúdo
continha um comando a ser cumprido pelo Sebrae/DN e, portanto, seu descumprimento poderia
implicar-lhe sucumbência, a Serur propôs conhecer do recurso da unidade nacional.
14. No presente caso, contudo, não foi proferido comando semelhante direcionado ao
Sebrae/DN. Ademais, em que pese o caráter expedito da pesquisa realizada pela minha assessoria nesta
oportunidade, a identificação de processos de somente três outros estados (Rio Grande do Sul, Bahia e
Piauí) em que se verificaram falhas semelhantes às que foram tratadas nestes autos não é suficiente
para caracterizar o problema como sistêmico na atuação do controle interno do Sebrae como um todo.
15. Feitas essas considerações, pugno pelo não conhecimento dos recursos interpostos pelo
Sebrae/MS e pelo Sebrae/DN.
16. Em epílogo, no que tange aos recursos dos TCs 033.590/2016-8, 029.023/2016-5 (ambos de
minha relatoria) e 008.416/2017-6 (sob relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues), chamo
atenção à possibilidade de a decisão de mérito de um dos recursos repercutir no julgamento dos
demais. Por esse motivo, proponho que seja juntada cópia da presente deliberação aos referidos autos.
Ante o exposto, voto por que este Tribunal adote a minuta de acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.
309

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACÓRDÃO Nº 2691/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 000.640/2018-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsideração (Prestação de Contas)
3. Recorrentes: Serviço Brasileiro de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas - Departamento
Nacional (00.330.845/0001-45); Serviço de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do
Sul (15.419.591/0001-03).
4. Órgão/Entidade: Serviço de Apoio Às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado do Mato
Grosso do Sul (Sec-MS).
8. Representação legal:
8.1. Luiz Aurélio Adler Ralho (11.639/OAB-MS), representando Serviço de Apoio Às Micro e
Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul.
8.2. Larissa Moreira Costa (16745/OAB-DF) e outros, representando Serviço Brasileiro de
Apoio Às Micro e Pequenas Empresas - Departamento Nacional.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os recursos de reconsideração pelo Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul (Sebrae/MS) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – Departamento Nacional (Sebrae/DN) contra o Acórdão 6.702/2018-TCU-Primeira
Câmara, por meio do qual foram julgadas regulares as contas do Sebrae/MS e proferidas determinação
e recomendação a esse jurisdicionado;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, parágrafo único, e 33 da Lei 8.443/92, não conhecer do
recurso de reconsideração interposto pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato
Grosso do Sul (Sebrae/MS);
9.2. com fundamento no art. 33 da Lei 8.443/1992, não conhecer do recurso de reconsideração
interposto pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Departamento Nacional
(Sebrae/DN);
9.3. juntar cópia desta deliberação aos processos TCs 033.590/2016-8, 008.416/2017-6 e
029.023/2016-5;
9.4. dar ciência deste acórdão ao Sebrae/MS e ao Sebrae/DN.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2691-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE VI – Primeira Câmara


TC 004.465/2014-8
310

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Natureza: Representação
Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Sergipe
Responsáveis: Abel Smith Menezes (420.611.215-00); Bárbara Rafaela Santos da Rocha
(052.281.594-44); Danielle Andrade dos Santos (001.682.795-33); Marcus Alessandro Pereira dos
Santos (662.932.355-68);
Representação legal: não há

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO COM PEDIDO DE ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR.


IRREGULARIDADES EM PREGÃO ELETRÔNICO CONDUZIDO PELA FUNDAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. PERIGO DA DEMORA REVERSO. CAUTELAR
INDEFERIDA. DILIGÊNCIAS. OITIVAS. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS QUE COMPROVEM
OCORRÊNCIA DE DÉBITO. IRREGULARIDADES NO EDITAL E NA CONDUÇÃO DO
CERTAME LICITATÓRIO. EXAURIMENTO DO CONTRATO QUE DECORREU DO PREGÃO.
AUDIÊNCIAS. ACOLHIMENTO DE PARTE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE ALGUNS
RESPONSÁVEIS. REJEIÇÃO DAS DEMAIS. MULTA.

RELATÓRIO

Por registrar as principais ocorrências do processo até o momento, resumindo os fundamentos


das peças acostadas aos autos, adoto como relatório, com os ajustes necessários, a instrução da
secretaria responsável pela análise da demanda (peça 112), que contou com a anuência do corpo
diretivo da unidade (peças 113-114):
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de representação subscrita pela empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos
Ltda. (peça 1, p. 1-21), que reporta a este Tribunal a existência de supostas irregularidades praticadas pela
Fundação Universidade Federal de Sergipe (FUFS), relacionadas ao Pregão Eletrônico 152/2013, destinado à
contratação de empresa especializada em alimentação e nutrição para prestação de serviços de preparo,
fornecimento e distribuição no restaurante universitário da fundação.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
2. Esta Corte, anuindo ao exame de admissibilidade realizado pelo auditor informante (peça 9, p. 1),
ratificado à peça 12, p. 2, pelo Exmo. Ministro-Relator Weder de Oliveira, decidiu, mediante o subitem 9.1 do
Acórdão 3.524/2017-TCU-Primeira Câmara, conhecer da presente representação, com fundamento nos arts. 235
e 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993 e com o art. 103, §1º, da
Resolução-TCU 259/2014 (peça 85).
HISTÓRICO
3. A representante aduziu em seu feito (peça 1) que o Pregão Eletrônico 152/2013, realizado pela FUFS
para contratar serviços de preparo, fornecimento, e distribuição de refeições em seu restaurante universitário,
desenvolveu-se de forma irregular, com indícios de direcionamento em benefício indevido da licitante
vencedora, a empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços - Eireli, o que não só a teria prejudicado, como também
teria causado dano ao erário.
4. A instrução inicial, ao examinar o feito, concluiu, quanto ao requerimento de medida cautelar, pelo seu
indeferimento, considerando que os prejuízos decorrentes da concessão da medida eram superiores aos seus
possíveis benefícios. Já em relação aos fatos noticiados, concluiu-se pela ocorrência das seguintes
irregularidades (peça 9, p. 13-14):
a) formulação de edital viciado, haja vista a ausência de previsão de critérios claros e objetivos de
aceitabilidade de preços unitários e globais, contrariando os arts. 40, inciso X, 44, caput e § 1º, e 45, caput, da
Lei 8.666/1993, bem como a jurisprudência do TCU;
b) direcionamento da licitação em favor da empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços - Eireli
(07.738.488/0001-06), em face de desclassificações ilegítimas de licitantes que apresentaram preços menores,
além de outras práticas inquinadas do pregoeiro que denotam tratamento privilegiado da licitante vencedora,
dentre as quais se destaca a oportunidade de ela corrigir os encargos sociais em sua planilha de custos, faculdade
que não foi oferecida à empresa ora representante;
311

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) indícios de exequibilidade da proposta da empresa representante, e de sobrepreço na proposta da


vencedora, a empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços - Eireli.
5. Porém, considerando que não se encontram nos autos elementos suficientes para elucidar a possível
ocorrência de sobrepreço, foi proposta, em preliminar, a realização de diligência junto à FUFS para obter
documentação e informações sobre o questionado processo de contratação (peça 9, p. 14-15), com a qual
concordaram o Diretor e o Secretário desta Unidade Técnica (peças 10 e 11).
6. O Relator, ao se manifestar sobre os fatos (peça 12), anuiu, em essência, às análises desta Unidade
Técnica, indeferindo o requerimento da medida cautelar e determinando a realização da diligência proposta
junto à FUFS para obter os seguintes documentos e/ou informações:
a) cópia completa dos autos do processo instaurado para realizar o Pregão 152/2013, que se destinou à
contratação de serviços de preparo/distribuição de refeições para o restaurante universitário;
b) nomes e registros do CPF dos responsáveis pela elaboração do edital e termo de referência do Pregão
152/2013;
c) quantitativos mínimos dos insumos (que representem custos diretos e/ou indiretos) necessários para a
consecução do objeto licitado, com as respectivas comprovações e estimativas de custo;
d) pesquisas de preços de mercado e o orçamento detalhado com as respectivas estimativas de custos,
tributos, encargos sociais, lucro, e de quaisquer outros componentes que serviram de base para calcular os
valores totais estimados dos serviços licitados (R$ 5.515.000,00 para o fornecimento do almoço;
R$ 3.309.000,00 para o fornecimento do jantar), consignados no Termo de Referência do edital (peça 2, p. 86);
e) cópia dos contratos que se destinaram a preparar/fornecer refeições ao restaurante universitário da
entidade a partir do exercício de 2010, incluindo seus termos aditivos;
f) pagamentos já realizados para a empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços - Eireli por força do Contrato
147/2013 e de possíveis aditivos, celebrado em decorrência do Pregão Eletrônico 152/2013, encaminhando
cópia completa dos respectivos processos de pagamento.
7. Em adição à proposta original, o Relator ainda determinou a oitiva da Fundação Universidade Federal
de Sergipe e da empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços - Eireli para que se pronunciem acerca dos seguintes
indícios de irregularidades, que podem ensejar a anulação do Pregão Eletrônico 152/2013 e dos atos dele
decorrentes:
a) desclassificação de licitantes não pautada em critérios objetivos inscritos no instrumento convocatório,
em afronta ao princípio do julgamento objetivo e à vinculação ao instrumento convocatório;
b) declaração de inexequibilidade pautada em itens individuais do demonstrativo de custos - e não na
totalidade da equação econômico-financeira do contrato -, lastreada em rigorismos formais e sem oferecer a
possibilidade de os licitantes comprovarem a viabilidade de seus preços, em desarmonia com o previsto no
Decreto 5.450/2005, em seu art. 26, § 3º; com a Instrução Normativa 02/2008, em seu art. 29, incisos IV e V; e
com a jurisprudência desta Casa;
c) impedimento do livre exercício da ampla defesa e do contraditório após a desclassificação da
representante;
d) quebra da isonomia do certame pela não exigência dos mesmos requisitos da vencedora aos utilizados
para desclassificar as demais concorrentes, tal qual asseverado no relatório de peça 9 destes autos;
e) ausência de motivação para o preço base editalício;
f) indícios de sobrepreço na proposta vencedora, identificado, por exemplo, pelo número supostamente
excessivo de funcionários e equipamentos para fazer frente às necessidades do objeto e pelas expectativas de
custos com gás, água, energia, material de despesa e outros, destoantes das demais propostas apresentadas.
8. Em cumprimento ao despacho do Relator, foram procedidas a diligência e oitivas determinadas,
mediante os expedientes às peças 14, 16 e 17, cujos avisos de recebimentos foram juntados às peças 18 a 20.
9. A empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços - Eireli respondeu à oitiva pelo documento juntado à
peça 26.
10. Já a FUFS respondeu à oitiva pelo Ofício 286/GR/2014 (peça 27, p. 1-3), acompanhado de
documentação carreada aos autos (peça 27, p. 4-97; peças 28 a 35).
11. E em atenção à diligência, a FUFS encaminhou, mediante o Ofício 279/GR/2014 (peça 61, p. 1-2), a
documentação juntada às peças 37 a 61, p. 3-78. Impende observar que estas peças foram juntadas em ordem
invertida, devendo-se ler no sentido da peça 61 até a 37.
12. As respostas à diligência e oitivas realizadas foram examinadas pela instrução à peça 64, que concluiu
pela ocorrência de direcionamento do Pregão 152/2013 em benefício indevido da empresa Boa Mesa Alimentos
312

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e Serviços - Eireli e de sobrepreço em sua proposta que resultou em danos ao erário durante a execução do
decorrente contrato 147/2013 (peça 64, p. 19).
13. Porém, foram identificados cinco processos de pagamento deste contrato que não foram
encaminhados pela FUFS, motivo pelo qual foi proposta, com o fim de sanear os autos, realizar nova diligência
junto à FUFS para obter estes processos de pagamento faltantes, a fim de possibilitar a apuração do total do
mencionado dano, bem como para buscar número de registro CPF de responsável que não constava dos autos
(peça 64, p. 21-22).
14. Em face do pronunciamento desta Unidade Técnica favorável à proposta (peça 65), foi realizada a
diligência mediante o expediente à peça 66, com comprovante de recebimento à peça 67. A FUFS respondeu à
diligência complementar mediante o ofício à peça 68, informando o solicitado CPF e encaminhando cópias
digitalizadas dos processos pedidos (peças 69 a 81), que foram analisados pela instrução anterior, à peça 82.
15. Esse exame precedente então concluiu pela ocorrência de diversas irregularidades na condução do
Pregão 152/2013, que caracterizam seu direcionamento em benefício indevido da empresa Boa Mesa, bem como
pela existência de sobrepreço em sua proposta, que teria resultado em danos ao erário durante a execução do
decorrente contrato 147/2013, propondo-se, por conseguinte, a conversão do presente processo em tomada de
contas especial para que fossem chamados aos autos os responsáveis em citação (peça 82, p. 22-27). Anuíram
com o teor desta proposta o Diretor e o Secretário desta Unidade Técnica (peças 83 e 84).
16. Já o Ministro Relator, ao manifestar seu Voto (peça 86), considerando que no âmbito deste Tribunal, a
jurisprudência é no sentido de que não se pode imputar débito com base em sobrepreço de itens isolados da
planilha contratual, e que a instrução técnica apontou o dano com base em sobrepreços verificados em alguns
itens (equipamentos e utensílios, gás e energia elétrica), não considerando itens que representariam um subpreço
contratual, concluiu que não era possível afirmar, a partir dos elementos constantes nos autos, que houve
superfaturamento no discutido contrato. Não obstante, considerou que restam caracterizadas as apontadas
irregularidades na condução do certame, entendendo que os responsáveis devem ser chamados em audiência
para que possam apresentar suas razões de justificativa.
17. Ante as razões expostas pelo Relator, esta Corte, mediante o Acórdão 3.524/2017-TCU-Primeira
Câmara (relatoria do Ministro Bruno Dantas), decidiu conhecer do presente feito, determinando à Secex-SE a
realização das audiências dos responsáveis da seguinte forma, in verbis (peça 85):
9.2.1. responsável: Marcus Alessandro Pereira dos Santos, pregoeiro da Fufs, responsável pela condução
do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme designação à peça 61, p. 36;
9.2.1.1. irregularidade: ausência, no edital licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de
propostas, em desconformidade com o art. 9º, inciso IV, do Decreto 5.450/2005;
9.2.1.1.1. conduta: ter elaborado o edital do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme assinatura aposta à
peça 60, p. 31;
9.2.1.2. irregularidades: desclassificação de propostas com base em critérios não previstos no instrumento
convocatório e/ou sem a realização de diligências para comprovação da exequibilidade dos preços apresentados,
em afronta ao princípio da transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo,
ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP 2/2008 e à Súmula-TCU 262; rejeição de intenção de recurso em
desconformidade com o Decreto 5.450/2005, art. 26, § 3º; tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.1.2.1. conduta: ter conduzido o Pregão Eletrônico 152/2013, conforme ata constante à peça 2, p. 32-
56;
9.2.2. responsável: Danielle Andrade dos Santos, coordenadora de controle de custos da Fufs;
9.2.2.1. irregularidades: desclassificação da proposta da empresa F & F Comércio e Serviços de
Alimentos Ltda. com base em critérios não estabelecidos no edital licitatório, em afronta ao princípio da
transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, e ao art. 29 da Instrução
Normativa-SLTI/MP 2/2008; e tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.2.1.2. conduta: emissão dos despachos constantes à peça 58, p. 17, e à peça 59, p. 61 e 66;
9.2.3. responsável: Bárbara Rafaela Santos da Rocha, coordenadora de produção do restaurante
universitário;
9.2.3.1. irregularidades: desclassificação da proposta da empresa F & F Comércio e Serviços de
Alimentos Ltda. com base em critérios não estabelecidos no edital licitatório, em afronta ao princípio da
transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, e ao art. 29 da Instrução
Normativa-SLTI/MP 2/2008; e tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.3.1.1. conduta: emissão dos despachos constantes à peça 58, p. 17, e à peça 59, p. 61 e 66;
313

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2.3.2. irregularidade: insuficiência da motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico


152/2013, em desconformidade com o art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto 5.450/2005;
9.2.3.2.1. conduta: ter elaborado o termo de referência e o orçamento do Pregão Eletrônico 152/2013,
conforme peça 61, p. 8-17;
9.2.4. responsável: Abel Smith Menezes, pró-reitor de administração da Fufs;
9.2.4.1. irregularidade: ausência de motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico
152/2013, em desconformidade com o art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto 5.450/2005;
9.2.4.1.1. conduta: ter aprovado o termo de referência e o orçamento do Pregão Eletrônico 152/2013,
conforme peça 61, p. 65;
9.2.4.2. irregularidades: ausência, no edital licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de
propostas, em desconformidade com o art. 9º, inciso IV, do Decreto 5.450/2005; desclassificação de propostas
com base em critérios não previstos no instrumento convocatório e/ou sem a realização de diligências para
comprovação da exequibilidade dos preços apresentados, em afronta ao princípio da transparência, da
vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP
2/2008 e à Súmula-TCU 262; rejeição de intenção de recurso em desconformidade com o Decreto 5.450/2005,
art. 26, § 3º; tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.4.2.1. conduta: ter homologado o Pregão Eletrônico 152/2013, conforme peça 6, p. 3-4; (grifos
acrescidos)
18. As audiências válidas foram procedidas pelos expedientes às peças 89, 91, 92 e 110, com
comprovantes de recebimento às peças 99, 93, 94 e 111, respectivamente.
19. Em resposta às audiências, os responsáveis apresentaram suas razões de justificativa (Marcus
Alessandro Pereira dos Santos, à peça 104; Danielle Andrade dos Santos, à peça 95; Bárbara Rafaela Santos da
Rocha, à peça 106; Abel Smith Menezes, à peça 103), que agora são analisadas.
EXAME TÉCNICO
20. Responsável: Marcus Alessandro Pereira Dos Santos, pregoeiro da Fufs
9.2.1.1. irregularidade: ausência, no edital licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de
propostas, em desconformidade com o art. 9º, inciso IV, do Decreto 5.450/2005;
9.2.1.1.1. conduta: ter elaborado o edital do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme assinatura aposta à
peça 60, p. 31;
20.1. Razões de justificativa apresentadas (peça 104, p. 1-2):
20.1.1. O responsável aduz que o pregoeiro não pode ser responsabilizado por irregularidade em edital de
licitação, já que sua elaboração não se insere no rol de competências que lhe foram legalmente atribuídas pelo
Decreto 5.450/2005 (artigo 11, incisos I a XI). Entretanto, era de sua responsabilidade a adjudicação do objeto
licitado, e o fez à 6ª colocada. Pensa que de outro modo não podia agir, uma vez que estava vinculado aos
normativos vigentes e ao que estipulava o edital. Como o edital foi elaborado em área hierarquicamente
superior, inclusive com o aval da área jurídica, entendeu o pregoeiro que tal dispositivo, a exemplo dos demais,
estava em conformidade com a legislação vigente. Entende que não seria razoável exigir conduta diversa do
pregoeiro quando da ocorrência dos fatos sob exame.
20.2. Análise:
20.2.1. Inicialmente cabe observar que, conforme entendimento pacificado neste Tribunal, pareceres
técnicos e jurídicos não vinculam o gestor, sendo eles apenas uma contribuição para o processo decisório.
Assim, não cabe alegar respaldo em pareceres para elidir responsabilidade por ato ou omissão irregular, como
manifestado, por exemplo, no Acórdão 277/2014-TCU-Plenário (Relatoria do Ministro Raimundo Carreiro).
20.2.2. Não obstante, acolhe-se a alegação de que no caso concreto não se deve responsabilizar o
pregoeiro quanto a esta irregularidade.
20.2.3. Isto porque, no caso, a ausência de critérios claros e objetivos no edital para a desclassificação de
propostas decorre da ausência de orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os
custos unitários, como prescreve o art. 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993. Cabe lembrar que a planilha de
composição de preço apresentada (peça 61, p. 35) é na verdade um simples levantamento de preços obtidos de
empresas do ramo, que apresentaram orçamentos sem qualquer detalhamento (peça 61, p. 18-20)
20.2.4. Nos termos do art. 9º, § 2º, do Decreto 5.450/2005, que regulamenta o pregão eletrônico, o
documento que deverá conter elementos capazes de propiciar avaliação do custo pela Administração, diante do
orçamento detalhado, é o Termo de Referência.
20.2.5. Acontece que, de fato, o pregoeiro não elaborou o Termo de Referência, atribuição esta que coube
314

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a Bárbara Rafaela Santos da Rocha, coordenadora de produção do restaurante universitário (peça 61, p. 8-17),
que está respondendo pela falta de orçamento adequado. Com efeito, o pregoeiro não pode ser responsabilizado
por irregularidade em edital de licitação, já que sua elaboração não se insere no rol de competências que lhe
foram legalmente atribuídas.
20.2.6. Desta forma, entende-se que não se deve responsabilizar o pregoeiro pela discutida irregularidade.
9.2.1.2. irregularidades: desclassificação de propostas com base em critérios não previstos no
instrumento convocatório e/ou sem a realização de diligências para comprovação da exequibilidade dos preços
apresentados, em afronta ao princípio da transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do
julgamento objetivo, ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP 2/2008 e à Súmula-TCU 262; rejeição de
intenção de recurso em desconformidade com o Decreto 5.450/2005, art. 26, § 3º; tratamento não isonômico de
licitantes;
9.2.1.2.1. conduta: ter conduzido o Pregão Eletrônico 152/2013, conforme ata constante à peça 2, p. 32-
56;
20.3. Razões de justificativa apresentadas (peça 104, p. 3-9):
20.3.1. Inicialmente o responsável pondera que as pesquisas de preços que dão suporte à elaboração de
orçamento, à definição da modalidade de licitação e à efetivação da adequação financeira e orçamentária da
despesa devem ser realizadas previamente à adjudicação do objeto e homologação do procedimento, que não
constitui incumbência obrigatória, do pregoeiro ou da autoridade superior realizar pesquisas de preços no
mercado e em outros entes públicos, sendo essa atribuição, tendo em vista a complexidade dos diversos objetos
licitados, dos setores ou pessoas competentes envolvidos na aquisição do objeto.
20.3.2. Sustenta que a condução do Pregão Eletrônico l52/2013 deu-se consubstanciado no instrumento
convocatório, alinhavado a notas técnicas ratificadas nas justificativas dos atores envolvidos no processo
004.465/2014-8, bem como em diligências empreendidas no decorrer do certame, devidamente registradas em
ata constante à peça 2. p. 32-56, e com base nos princípios da razoabilidade, economicidade, transparência e
isonomia, delineados no bojo da respectiva ata eletrônica.
20.3.3. No tocante ao não acolhimento da intenção de recurso manifestada pela F&F Comércio e Serviços
de Alimentos Ltda, alega que foi lastreada no exaurimento de oportunidades destinadas à autora, no sentido de
apresentar documentos probantes quanto a exequibilidade do lance/valor conhecido em ata. Considera que não
se pode olvidar a urgência e necessidade do serviço de alimentação a ser prestado aos estudantes da UFS,
entendendo que se encontrava diante de uma intenção de recurso ausente de pressupostos jurídicos, imotivada,
pois a seu ver não restaria atendido o artigo 26, § 1º, do Decreto 5.450/2005.
20.3.4. No mais, pondera que visou resguardar a res pública de atos procrastinatórios para o alcance do
bem maior do interesse público, apresentando ao fim diversas posições doutrinárias sobre a conceituação de
interesse público (peça 104, p. 4-9).
20.4. Análise:
20.4.1. Estas razões de justificativa apresentadas não merecem acolhida. Isto porque o pregoeiro
permanece no plano das alegações, afirmando que conduziu o certame observando os princípios da
razoabilidade, economicidade, transparência e isonomia, mas sem enfrentar objetivamente as irregularidades a
ele atribuídas que caracterizaram o tratamento não isonômico de licitantes e a ofensa ao princípio da
transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, haja vista a desclassificação
de propostas com base em critérios não previstos no instrumento convocatório e a rejeição de intenção de
recurso.
20.4.2. Conforme evidenciado na instrução informante, o pregoeiro desclassificou a empresa F&F
Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. a partir de exigências que não estavam previstas no edital, conforme se
verifica na seguinte análise (peça 9, p. 7-8), in verbis:
‘9.19. Examinando essas razões de desclassificação (insertas acima no item 8.8), verifica-se que o
pregoeiro criou exigências genéricas, como a comprovação de ‘custos diversos’, que não estão claros no edital.
Tampouco está previsto no edital o exigido percentual mínimo de 85,41% a título de encargos sociais, cujo
descumprimento também foi fundamento da desclassificação.
9.20. Além deste grau de subjetividade nas razões do pregoeiro, possibilitado pela ausência no edital de
critérios objetivos e claros de aceitabilidade de preços unitários e globais, percebe-se que a desclassificação da
representante deu-se por conta do não atendimento a itens que a mesma não foi instada a corrigir em sua
planilha de custos, quais sejam: salários bases dos cargos de cozinheiro e de auxiliar de cozinha não atendem ao
piso estipulado na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do SINDICESE; percentual mínimo de encargos
315

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

sociais, determinados na cláusula sexagésima da CCT, de 85,41%; inclusão de custos com auxílio transporte e
alimentação.
9.21. Ao desclassificar o licitante por razões estranhas aos quesitos levantados anteriormente, entende-se
que o pregoeiro frustrou uma legítima expectativa da empresa, motivo pelo qual prospera a alegação da
representante nesse sentido.
9.22. Assim, considerando o grau de subjetivismo das exigências criadas pelo pregoeiro, a mencionada
frustração da legítima expectativa da empresa, e que não foi facultado ao participante a possibilidade efetiva de
demonstrar a viabilidade de sua proposta, entende-se que o ato de desclassificação da empresa F&F Comércio e
Serviços de Alimentos Ltda. encontra-se viciado, motivo pelo qual deve ser declarado nulo.’
20.4.3. Tampouco procede a alegação de que a intenção de recurso em questão, manifestado pela empresa
F & F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda., estava ausente de pressupostos jurídicos, pois foi manifestada
tempestivamente e com a apresentação dos motivos recursais, conforme constatado na instrução à peça 82,
p. 15, in verbis:
‘58.2.1. (…) Constatou-se na instrução inicial que o pregoeiro recusou indevidamente a intenção de
recurso da empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda., ora representante, haja vista que a intenção
do recurso foi registrada no dia 25/11/2013, às 10h40 (peça 2, p. 45), dentro do prazo estipulado, até
25/11/2013, às 11h00 (peça 2, p. 56), e que foram apresentados, de forma sucinta, os motivos recursais (não
possuir Convenção Coletiva de Trabalho e a proposta não ser inexequível).
58.2.2. O art. 26, caput, do Decreto 5.450/2005 prescreve que o recorrente deve motivar imediatamente
apenas a intenção de recorrer (no caso, ‘não possuir Convenção Coletiva de Trabalho e a proposta não ser
inexequível’). Já as razões recursais devem ser apresentadas no prazo de três dias, não imediatamente.
58.2.3. Assim, não prospera a alegação colocada na resposta anterior no sentido de que o recorrente
deveria, ao manifestar sua intenção de recorrer, apresentar logo as razões (motivações) do recurso.
58.2.4. Portanto, como o pregoeiro não concedeu o prazo de três dias para a apresentação do recurso,
restou caracterizado o impedimento do livre exercício da ampla defesa e do contraditório após a desclassificação
da representante.’
20.4.4. Ante o exposto, não prosperam estas razões de justificativa apresentadas, restando incólume a
irregularidade a ele atribuída, motivo pelo qual se deve aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, II, da
Lei 8.443/1992.
21. Responsável: Danielle Andrade dos Santos, coordenadora de controle de custos da Fufs
9.2.2.1. irregularidades: desclassificação da proposta da empresa F&F Comércio e Serviços de
Alimentos Ltda. com base em critérios não estabelecidos no edital licitatório, em afronta ao princípio da
transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, e ao art. 29 da Instrução
Normativa-SLTI/MP 2/2008; e tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.2.1.2. conduta: emissão dos despachos constantes à peça 58, p. 17, e à peça 59, p. 61 e 66;
21.1. Razões de justificativa apresentadas (peça 95):
21.1.1. Inicialmente a responsável traz informações sobre a análise realizada quanto à forma de produção
dos alimentos do restaurante universitário, asserindo que chegou aos seguintes custos: produção interna
(R$ 7,15) e produção terceirizada (R$ 9,99).
21.1.2. Aduz que, na fase preparatória do pregão, foi empregado grande esforço, pela nutricionista do
restaurante, na inclusão de inúmeros requisitos indispensáveis (do ponto de vista técnico) ao adequado
fornecimento de alimentação preparada (itens 4 a 11 do Anexo I - Termo de Referência do Edital). Ressalta que
o manejo dos alimentos em seu preparo e o transporte demandam técnicas e equipamentos adequados, e
considera que a prestação deficiente de um serviço desse porte coloca em risco a saúde daqueles que
consumirão as refeições.
21.1.3. Entende que, apesar de não ter uma planilha de custos detalhada, as empresas tinham plena
consciência dos requisitos mínimos, pois teriam sido descritos exaustivamente no edital, assim saberiam que
poderiam ser demandadas acerca de tais itens, sob pena de desclassificação, conforme previsto na cláusula 8 do
edital: ‘item 8.7. Serão Desclassificadas as Propostas: a) que não atendam às exigências do ato convocatório ou
que apresentem dispositivos contrários à lei e à regulamentação vigente’. Portanto, infere que não prospera a
argumentação de que a falta de planilha de custos no edital deu azo a julgamento subjetivo, já que os critérios
para a adequada prestação do serviço teriam sido previamente definidos em instrumento convocatório.
21.1.4. Acerca da análise das propostas propriamente dita, realizada pela então Coordenação de Controle
de Custos, a responsável apresenta as considerações a seguir.
316

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21.1.5. Acerca da 1ª análise da empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. , aduz que neste
primeiro momento apontou a falta de custos importantes na planilha da empresa, solicitando à licitante, em
síntese, o seguinte:
a) acerca da mão de obra, a justificativa da ausência do pessoal da produção das refeições, a exemplo do
cozinheiro, auxiliares de cozinha, que exerceriam suas atividades na cozinha industrial da empresa;
b) a demonstração de que haveria o pagamento de adicional de insalubridade;
c) o detalhamento das obrigações fiscais, demonstrando se haveria a previsão para aviso prévio, licença
maternidade, dentre outros;
d) outros custos: detalhamento dos impostos a serem recolhidos; estimativa (detalhada por item),
comprovando os custos diversos, elencando, inclusive, os gastos com água e energia elétrica, não contemplados
na planilha de custo da empresa.
21.1.6. Já sobre a segunda análise da empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. , que
apreciou a proposta retificada da licitante, informa que não teriam sido atendidos os pontos especificados
anteriormente, apresentando as seguintes considerações:
a) os salários bases dos cargos de cozinheiro e de auxiliar de cozinha não atenderiam ao piso estipulado
na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do Sindicese de, respectivamente, R$ 1.021,61 e de R$ 710,32;
b) não foi atendido o percentual mínimo referente aos encargos sociais, determinados na Cláusula
Sexagésima da CCT, de 85,41%;
c) não foi demonstrado o pagamento dos auxílios alimentação e auxílio transporte;
d) não comprovou os custos diversos, pois não foram apresentados dados.
21.1.7. Sustenta que a análise da empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. teve amparo no
edital e que não teriam sido apontados itens que não estivessem previstos em instrumento convocatório, que no
mesmo sentido concluiu a Justiça Federal no processo 0801088-21.2013.4.05.8500, por meio do qual teria sido
avaliada a legalidade do julgamento das propostas do Pregão 152/2013.
21.1.8. Ainda no que toca a análise de propostas, a responsável também tece considerações sobre a da
empresa GT Refeições Coletivas.
21.1.9. Em suas considerações finais, afirma que os motivos que levaram à desclassificação de duas
licitantes, por meio de despachos da Coordenação de Controle de Custos, estão todos correlacionados com o
edital, revelando a publicidade de seus critérios, seu caráter objetivo e a forma isonômica que teria sido
observada.
21.1.10. Ainda discorre sobre o possível sobrepreço da proposta vencedora suscitado nesta representação.
21.1.11. Em sua conclusão, entende ter demonstrado que:
a) os julgamentos foram realizados com base no edital, que teria definido critérios para a prestação de
serviços;
b) não houve tratamento diferenciado entre as empresas que foram demandadas conforme as deficiências
encontradas em suas planilhas e que, para todas, foi dada a oportunidade de correção das planilhas, de acordo
com os itens apontados;
c) o valor final da licitação está dentro do estimado pela UFS, bem como da média calculada com base
nos lances ofertados, retirando aqueles valores destoantes das demais ofertas.
21.2. Análise:
21.2.1. As razões de justificativa carreadas pela responsável não lhe socorrem.
21.2.2. Em primeiro lugar, como já analisado na instrução inicial, há lacunas graves nos critérios insertos
no Termo de Referência que impossibilitam uma aferição objetiva da exequibilidade, restando prejudicados o
princípio da transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.
21.2.3. Por oportuno, transcreve-se análise anterior que demonstra não ser possível, com base no edital,
aferir a exequibilidade das propostas apresentadas pelos licitantes (peça 9, p. 11):
‘11.4. Não obstante o apontado indício, não é possível, em análise perfunctória a partir dos elementos
presentes nos autos, aferir a exequibilidade dessa proposta, pois o edital não especifica as necessidades
mínimas de diversos insumos a serem considerados pela licitante ao comporem seus custos, considerando
uma execução eficiente. Não são especificadas, por exemplo, as necessidades mínimas de descartáveis, água,
gás, energia, fardamento, veículos para transporte e material de limpeza. Acerca das lacunas do edital, importa
repisar que, mesmo que se comprove ser factível o preço ofertado pela representante, não há como aproveitar
nenhum ato da licitação, pois resta prejudicada, irreversivelmente, a isonomia e o julgamento objetivo.’ (grifos
acrescidos)
317

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21.2.4. Mas não é só. Verifica-se que há falha grave no quadro técnico mínimo especificado no Termo de
Referência para a execução do serviço, pois não prevê a utilização e quantitativo mínimo de cozinheiros
(peça 61, p. 15-16), profissionais indispensáveis a qualquer serviço de preparação de alimentos. Desta forma,
torna-se impossível verificar objetivamente se o quantitativo de cozinheiros inserto numa proposta é suficiente
para uma execução eficiente do serviço.
21.2.5. Desta forma, era de se esperar que a responsável observasse estas falhas no edital, pois eram
facilmente perceptíveis, e não procedesse a avaliação das propostas até a correção do edital e refazimento das
etapas prejudicadas na realização do vertente Pregão. Não obstante, a responsável avaliou a proposta da empresa
F&F mediante o questionado despacho à peça 59, p. 61, questionando inclusive a necessidade de cozinheiros e a
comprovação de custos diversos, sem que houvesse parâmetros objetivos que pudessem servir para aferir a
exequibilidade da proposta.
21.2.6. Ademais, em nenhum momento de sua extensa defesa a responsável apresenta justificativa para,
nos despachos da Coordenação de Controle de Custos, que analisaram as propostas das licitantes, ter exigido da
empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda., em relação à comprovação da exequibilidade da
proposta, itens que não foram apresentados nem exigidos pela licitante vencedora, a empresa Boa Mesa
Alimentos e Serviços - Eireli, em detrimento da isonomia.
21.2.7. Com efeito, no Despacho da Coordenação de Controle de Custos que analisa a primeira proposta
da empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. (peça 59, p. 61), que a responsável subscreve, foram
solicitados da F&F alguns itens que a vencedora, empresa Boa Mesa, não comprovou em suas demonstrações de
custos (peça 2, p. 160-179), e que não foram cobrados pela Coordenação no Despacho que analisou a proposta
da Boa Mesa (peça 58, p. 17), restando evidenciado o tratamento não isonômico das licitantes. Tais itens são:
fatores de correção e cocção de alimentos; estimativa da composição (ficha técnica) da guarnição, salada crua e
suco de fruta, com respectivas comprovações; comprovação de custos diversos.
21.2.8. Importa repisar que a mencionada decisão judicial não lhe aproveita, pois, como já pontuado na
instrução inicial, não há repercussão no presente processo, considerando que esta Corte exerce sua jurisdição
independentemente das demais.
21.2.9. Por fim, cabe observar que não cabe analisar as considerações traçadas acerca do suscitado
superfaturamento noticiado pela representante, haja vista que esta Corte, mediante o Acórdão 3.524/2017-TCU-
Primeira Câmara (relatoria do Ministro Bruno Dantas), ao seguir o voto do Relator, entendeu não restar
evidenciado eventual sobrepreço na contratação em questão.
21.2.10. Ante o exposto, não são acolhidas as razões carreadas, restando incólume a irregularidade a ela
atribuída, motivo pelo qual se deve aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992.
22. Responsável: Bárbara Rafaela Santos da Rocha, coordenadora de produção do restaurante
universitário
9.2.3.1. irregularidades: desclassificação da proposta da empresa F & F Comércio e Serviços de
Alimentos Ltda. com base em critérios não estabelecidos no edital licitatório, em afronta ao princípio da
transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, e ao art. 29 da Instrução
Normativa-SLTI/MP 2/2008; e tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.3.1.1. conduta: emissão dos despachos constantes à peça 58, p. 17, e à peça 59, p. 61 e 66;
22.1. Razões de justificativa apresentadas (peça 106, p. 1-5):
22.1.1. A responsável inicia sua defesa afirmando que a desclassificação da proposta da empresa F&F
Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. teria sido norteada pela Lei 8.666/1993 (art. 48, inciso II) e pelo edital
do Pregão Eletrônico l52/2013, com base em seu item 8.7, alíneas ‘c’ e ‘d’, in verbis:
‘8.7. Serão desclassificadas as propostas:
c) que forem omissas, vagas, apresentarem irregularidades ou defeitos capazes de dificultar o julgamento,
bem como as que apresentarem preços ou vantagens baseadas nas ofertas de outras licitantes;
d) que ofertem preços superiores aos praticados no mercado ou manifestamente inexequíveis, assim
considerados aqueles irrisórios ou de valor zero ou que não venham a ter sua viabilidade demonstrada através de
documentação que comprove que o custo dos produtos é coerente com o de mercado.’
22.1.2. A seguir traça o seguinte histórico sobre os procedimentos preparatórios que ultimaram na
formulação da contratação em questão:
a) informa que o Pregão eletrônico 152/2013 foi a primeira licitação para terceirização do serviço de
alimentação e nutrição do Restaurante Universitário (Resun) da Universidade Federal de Sergipe, e que
anteriormente ao referido pregão houve um contrato emergencial de 6 meses (processo 06482/2013-62), cujo
318

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

preço médio da pesquisa de preço da refeição foi R$ 8,67 (peça 27, p.22);
b) assere que durante a execução do contrato emergencial realizaram um estudo de preços para a
administração da UFS avaliar a viabilidade da produção interna e a terceirização. Em conjunto com a
coordenação de custos elaboraram estimativa de custos para os dois cenários supracitados: produção própria
(R$ 7,15), e produção terceirizada (RS 9,99) (peça 55, p. 10-19);
c) acrescenta que à época estavam comprando os equipamentos e utensílios para cozinha industrial, a
reforma estrutural ainda não estava concluída e ainda seria necessário licitar gêneros alimentícios, gás, material
de limpeza e mão de obra de cozinha, e diante de tantas demandas, optaram por terceirizar o serviço para
garantir a continuidade da assistência aos estudantes;
d) aduz que para o Pregão 152/2013 procederam pesquisa com empresas de alimentação para
levantamento do preço médio, apresentaram uma carta convite (peça 61, p. 22), explicando a modalidade da
produção das refeições: ‘Modo de Produção: a. Alimentos cozidos: alimentação transportada; b. Saladas cruas e
Sucos: nas dependências do Resun; c. Higienização de utensílios: dependências do Resun’. Esta forma de
produção implicaria que a empresa ganhadora do certame administrasse duas cozinhas industriais: a do Resun e
a da sede da empresa, com duplicidade de funcionários e necessidade de equipamentos específicos. A
modalidade da refeição transportada permitiria o fornecimento de refeições completas e de qualidade, porém
apresentava a limitação técnica de ofertar saladas cruas, sucos naturais e frutas devido à perda da qualidade
sensorial e nutricional durante o transporte, e a impossibilidade de atendimento do grande quantitativo;
e) partindo dessa premissa, informa ter dividido a produção: cocção na cozinha industrial da empresa,
processamento de alimentos servidos crus e higienização de utensílios no Resun;
f) que a composição da refeição produzida foi detalhada na carta convite e nas especificações da licitação,
partindo de um mínimo de 900g (carne sem osso) e 1000 - 1000g (carne com osso) - de refeição no almoço, e o
jantar perfazendo 600g de refeição mais 300 ml de suco e 200 ml de café (peça 61. p. 22, 58 e 59);
g) que sua pesquisa de preço identificou uma média de valor de R$ 11,03 por refeição;
h) que também realizaram pesquisas no sítio de compras governamentais do governo federal para
conhecer a realidade dos contratos firmados pela administração pública, segundo quadro abaixo:
Pregão Órgão Modalidade Valor Unitário (R$)
01/2013 IF Sudeste de MG - Muriaé Alimentação transportada 10,00
01/2013 IF Bahia Campus Porto Seguro Alimentação 19,48
transportada Marmitex
088/2013 UFBA Vitória da Conquista Alimentação transportada 10,00
Valor médio (R$) 13,13
i) que diante das pesquisas supracitadas elaboraram o cardápio objeto do pregão eletrônico em discussão.
22.1.3. Acerca da questionada desclassificação da proposta da empresa F & F Comércio e Serviços de
Alimentos Ltda., tece as seguintes alegações, em síntese:
a) avaliaram as propostas apresentadas e teria sido dada a oportunidade à empresa para comprovar a
composição do preço de R$ 6,00 numa refeição nutricionalmente balanceada, servida em sistema de buffet livre,
com porcionamento pelo usuário, com duas opções proteicas, suco, fruta, café, mantendo um restaurante e duas
cozinhas industriais;
b) que a F&F, em seu detalhamento do preço, teria apresentado orçamentos calculados com critérios na
composição de cardápio diferentes do contido em edital, principalmente na refeição jantar, que contabilizaria
apenas 1 opção proteica (edital refere-se a 2 opções), e em um dia na semana; não teria ofertado nenhuma carne,
apenas pão com queijo (peça 31, p. 71 a 75); porém o pão é de oferta diária obrigatória (peça 61, p. 58 e 59)
c) o objeto do edital divergiria do fornecimento de alimentação preparada servida em quentinhas prestado
pela F&F a presídios;
d) o quadro técnico apresentado pela empresa era completamente insuficiente, considerando que o termo
de referência contido em edital versava sobre um quadro mínimo focado nas atribuições desenvolvidas no
Resun, na equipe de nutrição (do Resun e do restaurante da empresa), na garantia do espaço acadêmico
(estágios) (peça 61, p. 61), motivada pela experiência com o contrato emergencial com a empresa Boa Mesa, no
qual a política de recursos humanos era focada na cozinha sede;
e) o quadro técnico apresentado pela representante previa quantitativo inferior de nutricionistas (quatro),
enquanto o edital definia cinco nutricionistas;
f) além de não conter nenhum motorista (peça 31, p. 76 - 78), apesar de ter sido orçado dois carros para
transporte (peça 2, p. 154; peça 31, p. 77) e se tratar de refeição transportada, e não declararem nenhum
319

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

funcionário da equipe operacional da cozinha industrial sede da empresa (cozinheiros, auxiliares de cozinha,
auxiliares de serviço gerais, estoquista) que confeccionariam as refeições cozidas;
g) que teriam analisado todos os documentos apresentados pela empresa, considerando os princípios da
razoabilidade e economicidade, relevando notas fiscais apresentadas de outro CNPJ, uma empresa denominada
VT refeições Ltda. (peça 106, p. 8); porém, alega que os dados apresentados pela empresa continuaram omissos,
vagos, dificultando o julgamento e não comprovariam viabilidade da manutenção do serviço, demonstrando-se
incoerentes com os custos dos produtos e o mercado de alimentação e nutrição, conforme apresentado acima;
observa que a empresa deu seu lance inicial de R$ 10,99, e reduziu em 45,4% este valor, chegando aos R$ 6,00
em seu lance final.
22.2. Análise:
22.2.1. As razões de justificativa carreadas pela responsável não são aptas a elidirem a irregularidade a ela
atribuída.
22.2.2. Inicialmente cabe observar que a redução do valor ofertado para R$ 6,00 pela empresa F&F, por si
só, não presume a inexequibilidade da proposta. Para essas situações, é pacífico nesta Corte que a
Administração deve facultar aos participantes do certame a possibilidade de comprovarem a exequibilidade das
suas propostas (Acórdão 1.100/2008-TCU-Plenário, relatoria do Ministro Marcos Vinicios Vilaça).
22.2.3. Ademais, não procedem as alegações de que, mesmo sendo dada a oportunidade de a empresa
F&F retificar sua proposta, seu detalhamento de preços era insuficiente e estava em desacordo com
especificações mínimas previstas no edital, pois, como já analisado acima (item 21.2), há lacunas graves nos
critérios insertos no Termo de Referência que impossibilitam uma aferição objetiva da exequibilidade, restando
prejudicados o princípio da transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.
22.2.4. Como sobredito na referida análise, que examina as razões de justificativa de Danielle, que
também responde pela mesma irregularidade, era de se esperar que as responsáveis observassem as apontadas
falhas graves no edital que impossibilitam uma avalição objetiva da exequibilidade (vide item 21.2), pois são
facilmente perceptíveis, e não procedesse a avaliação das propostas até a correção do edital e refazimento das
etapas prejudicadas na realização do vertente Pregão. Não obstante, a responsável avaliou a proposta da empresa
F&F, mediante o questionado despacho à peça 59, p. 61, questionando inclusive a necessidade de cozinheiros e
a comprovação de custos diversos, sem que houvesse parâmetros objetivos que pudessem servir para aferir a
exequibilidade da proposta.
22.2.5. Ademais, em nenhum momento de sua extensa defesa a responsável apresenta justificativa para,
nos despachos da Coordenação de Controle de Custos que analisaram as propostas das licitantes, ter exigido da
empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda., em relação à comprovação da exequibilidade da
proposta, itens que não foram apresentados nem exigidos pela licitante vencedora, a empresa Boa Mesa
Alimentos e Serviços - Eireli, em detrimento da isonomia, como já posto na mencionada análise (item 21.2).
22.2.6. Ante o exposto, não são acolhidas as razões carreadas.
9.2.3.2. irregularidade: insuficiência da motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico
152/2013, em desconformidade com o art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto 5.450/2005;
9.2.3.2.1. conduta: ter elaborado o termo de referência e o orçamento do Pregão Eletrônico 152/2013,
conforme peça 61, p. 8-17;
22.3. Razões de justificativa apresentadas (peça 106, p. 6-9):
22.3.1. Afirma que a elaboração do termo de referência seguiu em conformidade com o art. 9º, incisos I e
II, do Decreto 5.450/2005, com indicação do objeto de forma precisa, suficiente, clara, e com apresentação de
justificativa da necessidade da contratação. Que os elementos técnicos fundamentais teriam sido apresentados
delimitando a qualidade da refeição que deveria ser produzida e ofertada para uma população adulta saudável,
considerando algumas situações alimentares específicas, respeitando os padrões de qualidade da ciência da
nutrição e da vigilância sanitária, garantindo o espaço acadêmico para estágios, pesquisa e extensão, bem como
o cumprimento da responsabilidade ambiental (peça 61, p. 8 - 17).
22.3.2. Aduz que todos os orçamentos apresentados pelas empresas foram seguidos de convites que
continham critérios técnicos sobre as refeições (peça 61, p.22), e que, além dos orçamentos fornecidos pelas
empresas, a UFS realizara estudo orçamentário estimado para verificar a viabilidade técnica da terceirização
(peça 55, p. 10 - 19).
22.3.3. Observa que no ano de 2013 realizaram quatro processos de pesquisa orçamentária: contrato
emergencial, estudo orçamentário estimativo, pesquisa no sítio de compras governamentais federais e pesquisa
orçamentária para o pregão em discussão.
320

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

22.3.4. Junta pesquisa orçamentária sobre terceirização do serviço de alimentação e nutrição do Resun
realizada em 2013 (peça 106, p. 6), inferindo que os preços se demonstraram ascendentes, com uma média anual
de R$ 10,24, variando R$ 2,93 para cima ou para baixo.
22.3.5. Em suas considerações finais, pondera:
a) que seu trabalho no Restaurante Universitário busca atender o direito humano constitucional à
alimentação, promovendo a alimentação adequada e saudável, conforme a Política Nacional de Alimentação e
Nutrição, e cumprindo o Plano Nacional de Assistência Estudantil;
b) que a alimentação transportada deve ser extremamente rigorosa da produção à distribuição,
considerando o risco de contaminação aumentado de uma alimentação que é produzida em uma unidade e
distribuída em outra, por isso se faz necessário um corpo técnico em quantidade e qualidade adequados para
cumprir as boas práticas de fabricação de refeições, conforme a Resolução 216/ 2004 da Anvisa e a Resolução
380/2005 do CRN;
c) que o comprometimento da fiscalização e o serviço bem executado da contratada permite ao Resun
servir refeições saudáveis nutricionalmente e seguras microbiologicamente;
d) que a empresa F&F sugere que os agentes públicos, em cumprimento do seu dever, privilegiaram a
empresa Boa Mesa (ocupava a 6ª colocação nos lances), mas na qualidade de fiscal do contrato firmado com
essa última empresa sempre teriam sido rígidos na fiscalização, que não havia uma relação amistosa no contrato
147/2013 (peça 56, p. 60 - 66), inclusive a empresa ganhadora do Pregão 152/ 2013 solicitou rescisão contratual
em 10/10/2014;
e) em suma, que a desclassificação da empresa F&F teria sido julgada pela Lei 8.666/1993, em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos.
22.4. Análise:
22.4.1. As justificativas apresentadas não procedem.
22.4.2. Inicialmente cabe observar que, como já analisado, o Termo de Referência não traz elementos
suficientes que especifiquem objetivamente todos os insumos necessários à execução eficiente do objeto
pretendido pela contratação, restando prejudicado o art. 9º, inciso I, do Decreto 5.450/2005.
23. Ademais, verificou-se que um dos valores pesquisados pela responsável, utilizado para fundamentar o
questionado preço-base editalício do Pregão Eletrônico 152/2013, foi apresentado pela empresa Boa Mesa
(R$ 10,30), valor este bem superior ao que esta firma, no mesmo momento, estava recebendo da Fufs (R$ 8,00)
em contrato emergencial para a prestação do mesmo serviço. Acontece que a coordenadora de produção do
restaurante universitário, ora responsável, não questionou aquele preço, nem apresenta agora nenhuma
justificativa para esta constatação, permanecendo silente quanto a este ponto.
24. Por oportuno, transcreve-se instrução anterior que esclarece esta constatação, como também aponta
que os orçamentos pesquisados não apresentam nenhum detalhamento, aspecto também não rebatido na defesa
agora apresentada, restando incólume a irregularidade em questão (peça 82, p. 6-7):
26. A planilha de composição de preço apresentada (peça 61, p. 35) é na verdade um simples
levantamento de preços obtidos de empresas do ramo, que apresentaram orçamentos sem qualquer detalhamento
(peça 61, p. 18-20), restando prejudicadas, portanto, as estimativas dos custos unitários das refeições colocadas
no termo de referência (R$ 11,03 para cada refeição), pois não foram baseadas em orçamentos detalhados que
expressem a composição de todos os custos unitários.
27. Por conseguinte, resta prejudicado o critério de preço máximo de aceitação das propostas das
licitantes estabelecido no item 8.7, ‘f’ do edital (peça 61, p. 42), que considerou aquele valor indevidamente
orçado (R$ 11,03 para cada refeição), dando azo à aceitação de possíveis sobrepreços nas propostas.
28. Para averiguar o possível sobrepreço na proposta da empresa Boa Mesa, foi solicitada à FUFS uma
estimativa de custos para preparar/fornecer refeições ao restaurante universitário, bem como cópia de contratos
anteriores que contemplem o mesmo objeto.
29. O contrato encaminhado, 51/2013 (peça 55, p. 20-25), foi celebrado em 15/5/2013 em regime
emergencial, por dispensa de licitação, com a mesma empresa Boa Mesa que posteriormente venceu o discutido
Pregão 152/2013 e, assim, continuou fornecendo as refeições ao restaurante universitário.
30. Mediante consulta ao site www.comprasnet.gov.br, verifica-se que o contrato emergencial 51/2013
teve vigência de 3/6/2013 a 29/11/2013 (peça 62), sendo sucedido pelo contrato 147/2013, que vigeu de
29/11/2013 a 28/11/2014 (peça 5), sendo que este decorre do mencionado Pregão 152/2013.
321

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

31. Acontece que, em plena vigência do contrato 51/2013, enquanto a empresa Boa Mesa fornecia
refeições ao restaurante universitário ao custo unitário de R$ 8,00 (peça 55, p. 23), ela mesma orçou em
18/10/2013 os mesmos serviços à FUFS por R$ 10,30 (peça 61, p. 19), que representa um acréscimo
injustificado de 28,75%. Considerando que este valor inflado foi um dos três pesquisados para formar o preço
base do Pregão 152/2013, demonstra-se que é viciada a estimativa dos custos unitários das refeições colocadas
no termo de referência (R$ 11,03).
32. Frise-se que a Coordenadora de Produção do Restaurante Universitário, Bárbara Rocha, responsável
pelo projeto referente à contratação em comento, incluindo a elaboração do Termo de Referência e a estimativa
do preço base da licitação (peça 61, p. 8-17), não questionou a empresa Boa Mesa sobre o orçamento inflado, e
submeteu o projeto, incluindo o Termo de Referência e orçamentos, à apreciação superior sem observar o
apontado vício na estimativa dos preços unitários das refeições (peça 61, p. 6).
24.1.1. Desta forma, não são acolhidas as razões de justificativa apresentadas, restando incólume a
irregularidade a ela atribuída, motivo pelo qual se deve aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, II, da
Lei 8.443/1992.
25. Responsável: Abel Smith Menezes, pró-reitor de administração da Fufs
9.2.4.1. irregularidade: ausência de motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico
152/2013, em desconformidade com o art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto 5.450/2005;
9.2.4.1.1. conduta: ter aprovado o termo de referência e o orçamento do Pregão Eletrônico 152/2013,
conforme peça 61, p. 65;
9.2.4.2. irregularidades: ausência, no edital licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de
propostas, em desconformidade com o art. 9º, inciso IV, do Decreto 5.450/2005; desclassificação de propostas
com base em critérios não previstos no instrumento convocatório e/ou sem a realização de diligências para
comprovação da exequibilidade dos preços apresentados, em afronta ao princípio da transparência, da
vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP
2/2008 e à Súmula-TCU 262; rejeição de intenção de recurso em desconformidade com o Decreto 5.450/2005,
art. 26, § 3º; tratamento não isonômico de licitantes;
9.2.4.2.1. conduta: ter homologado o Pregão Eletrônico 152/2013, conforme peça 6, p. 3-4; (grifos
acrescidos)
25.1. Razões de justificativa apresentadas (peça 103):
25.1.1. Em sua curta defesa, o responsável inicialmente esclarece que tanto as condutas de aprovação dos
termos de referência, quanto a de homologação de Pregão Eletrônico, fazem parte das atribuições do cargo de
Pró-Reitor de Administração da Universidade Federal de Sergipe, cargo que ocupa no momento.
25.1.2. Quanto às apontadas irregularidades, informa que concorda e ratifica as justificativas apresentas
pelos servidores Marcus Alessandro Pereira dos Santos, Danielle Andrade dos Santos e Bárbara Rafaela Santos
da Rocha.
25.1.3. Salienta ainda que a Universidade Federal de Sergipe obteve decisão judicial favorável à
manutenção do resultado do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme consta nos autos do processo judicial
0801088-21.2013.4.05.8500.
25.2. Análise:
25.2.1. O responsável não apresenta razões de justificativa próprias, apenas ratifica as defesas
apresentadas pelos outros responsáveis, as quais não foram capazes de afastar as irregularidades acerca da
ausência de critérios objetivos para a desclassificação de propostas e da ausência de motivação para o preço-
base editalício do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme análises anteriores.
26. Considerando que as irregularidades cometidas eram perceptíveis a um gestor médio, era de se esperar
que o responsável, na condição de Pró-Reitor de Administração da Fufs, não aprovasse o inquinado Termo de
Referência e não homologasse o Pregão Eletrônico 152/2013.
27. Quanto à mencionada decisão judicial, já foi observado anteriormente que não há repercussão no
presente processo, considerando que esta Corte exerce sua jurisdição independentemente das demais.
28. Ante o exposto, não se acolhem suas razões de justificativa, restando incólume a irregularidade a ele
atribuída, motivo pelo qual se deve aplicar-lhe a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992.
CONCLUSÃO
29. O exame das razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis em resposta às audiências
procedidas em cumprimento ao Acórdão 3.524/2017-TCU-Primeira Câmara (relatoria do Ministro Bruno
Dantas) permite concluir pelo acolhimento apenas das apresentadas por Marcus Alessandro Pereira Dos Santos,
322

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pregoeiro da Fufs, parcialmente, em relação à irregularidade apontada no subitem 9.2.1.1 da deliberação, qual
seja, a ausência, no edital licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de propostas, em
desconformidade com o art. 9º, inciso IV, do Decreto 5.450/2005, considerando que o pregoeiro não elaborou o
Termo de Referência, cujas falhas em sua formulação ensejaram a mencionada irregularidade.
30. Desta forma, ante a rejeição das demais razões de justificativas carreadas aos autos, conclui-se que
restam caracterizadas as demais irregularidades e condutas apontadas no mencionado Acórdão, abaixo
explicitadas:
30.1. Responsável: Marcus Alessandro Pereira dos Santos, pregoeiro da Fufs:
a) irregularidades: desclassificação de propostas com base em critérios não previstos no instrumento
convocatório e/ou sem a realização de diligências para comprovação da exequibilidade dos preços apresentados,
em afronta ao princípio da transparência, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo,
ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP 2/2008 e à Súmula-TCU 262; rejeição de intenção de recurso em
desconformidade com o Decreto 5.450/2005, art. 26, § 3º; tratamento não isonômico de licitantes;
a.1) conduta: ter conduzido o Pregão Eletrônico 152/2013, conforme ata constante à peça 2, p. 32-56;
30.2. Responsável: Danielle Andrade dos Santos, coordenadora de controle de custos da Fufs:
a) irregularidades: desclassificação da proposta da empresa F & F Comércio e Serviços de Alimentos
Ltda. com base em critérios não estabelecidos no edital licitatório, em afronta ao princípio da transparência, da
vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, e ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP
2/2008; e tratamento não isonômico de licitantes;
a.1) conduta: emissão dos despachos constantes à peça 58, p. 17, e à peça 59, p. 61 e 66;
30.3. Responsável: Bárbara Rafaela Santos da Rocha, coordenadora de produção do restaurante
universitário:
a) irregularidades: desclassificação da proposta da empresa F & F Comércio e Serviços de Alimentos
Ltda. com base em critérios não estabelecidos no edital licitatório, em afronta ao princípio da transparência, da
vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, e ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP
2/2008; e tratamento não isonômico de licitantes;
a.1) conduta: emissão dos despachos constantes à peça 58, p. 17, e à peça 59, p. 61 e 66;
b) irregularidade: insuficiência da motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico 152/2013,
em desconformidade com o art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto 5.450/2005;
b.1) conduta: ter elaborado o termo de referência e o orçamento do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme
peça 61, p. 8-17;
30.4. Responsável: Abel Smith Menezes, pró-reitor de administração da Fufs;
a) irregularidade: ausência de motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico 152/2013, em
desconformidade com o art. 9º, §§ 1º e 2º, do Decreto 5.450/2005;
a.1) conduta: ter aprovado o termo de referência e o orçamento do Pregão Eletrônico 152/2013, conforme
peça 61, p. 65;
b) irregularidades: ausência, no edital licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de
propostas, em desconformidade com o art. 9º, inciso IV, do Decreto 5.450/2005; desclassificação de propostas
com base em critérios não previstos no instrumento convocatório e/ou sem a realização de diligências para
comprovação da exequibilidade dos preços apresentados, em afronta ao princípio da transparência, da
vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, ao art. 29 da Instrução Normativa-SLTI/MP
2/2008 e à Súmula-TCU 262; rejeição de intenção de recurso em desconformidade com o Decreto 5.450/2005,
art. 26, § 3º; tratamento não isonômico de licitantes;
b.1) conduta: ter homologado o Pregão Eletrônico 152/2013, conforme peça 6, p. 3-4; (grifos acrescidos).
31. Ainda cabe observar que as condutas dos responsáveis se distanciam daquelas que seriam esperadas
do administrador médio, haja vista que o pregoeiro e as responsáveis pelas avaliações das propostas e pelo
Termo de Referência não observaram princípios básicos da Administração, a exemplo da isonomia e do
julgamento objetivo, e que as irregularidades atribuídas ao Pró-Reitor de Administração eram facilmente
perceptíveis, restando caracterizado, portanto, o erro grosseiro a que alude o art. 28 do Decreto-lei
4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), incluído pela Lei 13.655/2018, entendimento
este já manifestado por esta Corte, a exemplo do Acórdão 2.860/2018-TCU- Plenário (Relator Ministro-
Substituto Augusto Sherman).
32. Em face das irregularidades que restaram caracterizadas no presente processo, haja vista que as razões
de justificativa apresentadas não foram capazes de elidi-las, entende-se que se deve aplicar aos responsáveis,
323

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

individualmente, a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992.


33. Por fim, cabe observar que no caso não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva do TCU. Conforme
entendimento pacificado nesta Corte de Contas, aplica-se a seus processos o prazo geral de prescrição indicado
no art. 205 do Código Civil, que é de 10 anos. Verifica-se que não se transcorreu este prazo, pois o termo inicial
(a quo) para sua contagem foi o período da realização do procedimento licitatório, que ocorreu em 2013.
Ademais, observa-se que ocorreu interrupção da prescrição ao ser ordenada a audiência dos responsáveis em
2017, mediante o Acórdão 3.524/2017-TCU-Primeira Câmara.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
34. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) no mérito, considerar parcialmente procedente a representação;
b) aplicar aos Srs. Marcus Alessandro Pereira dos Santos (662.932.355-68), pregoeiro da Fufs, Abel
Smith Menezes (420.611.215-00), Pró-Reitor de Administração da Fufs, Danielle Andrade dos Santos
(001.682.795-33), Coordenadora de Controle de Custos da Fufs, e Bárbara Rafaela Santos da Rocha
(052.281.594-44), Coordenadora de Produção do restaurante universitário, individualmente, a multa prevista no
art. 58, II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar das notificações, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento das
dívida ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a
data dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
c) autorizar o desconto das dívidas na remuneração dos servidores, observado o disposto no art. 46 da
Lei 8.112/1990;
d) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações e não seja possível o desconto determinado;
e) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida à Fufs e à representante.”
É o relatório.

VOTO

Trata-se de representação formulada pela empresa F&F Comércio e Serviços de Alimentos Ltda.
acerca de possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico 152/2013, conduzido pela Fundação
Universidade Federal de Sergipe (Fufs), cujo objeto era a contratação de empresa especializada em
alimentação e nutrição para prestação de serviços de preparo, fornecimento e distribuição no
restaurante universitário da fundação.
2. Em resumo, a F&F alegou que teria ocorrido direcionamento do certame em benefício da
licitante que havia se sagrado vencedora, o que teria prejudicado a representante e causado dano ao
erário.
3. Indeferido o pedido de adoção de medida cautelar, em razão da incidência do perigo da
demora reverso – consubstanciado no risco de descontinuidade dos serviços de fornecimento de
refeições no restaurante da Fufs –, foram realizadas oitivas e diligências para apurar os indícios de
irregularidade na condução do certame.
4. Adotadas as medidas sanadoras, restou consignado, em conformidade com a jurisprudência
desta Corte, que não seria possível imputar débito no presente caso, pois o sobrepreço identificado
teria por base itens isolados da planilha contratual, e não o contrato como um todo (Acórdão
3.524/2017-TCU-Primeira Câmara).
5. No que tange às irregularidades na condução do certame, diante do exaurimento do contrato
que decorreu do pregão em tela (Contrato 147/2013, encerrado em 28/11/2014), foi determinada, por
meio do Acórdão 3.524/2017-TCU-Primeira Câmara a realização de audiências dos responsáveis.
6. Nesta etapa processual, analisadas as razões de justificativa apresentadas, a unidade instrutora
considerou que poderiam ser parcialmente acolhidos os argumentos de Marcus Alessandro Pereira dos
Santos, no que tange a uma das irregularidades a ele atribuídas, e que os argumentos dos demais
responsáveis deveriam ser rejeitados.
324

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Assim, propõe a aplicação de multas a todos os responsáveis, com fundamento no art. 58,
inciso II, da Lei 8.443/1992.
8. Em essência, corroboro as conclusões aduzidas pela unidade instrutora, sem prejuízo das
considerações que tecerei a seguir.
II
9. Em breve histórico do contexto fático que deu ensejo às audiências cuja análise é objeto desta
etapa processual, relembro que o Pregão Eletrônico 152/2013 foi realizado com o intuito de dar
continuidade à prestação de serviços de fornecimento de refeições no restaurante universitário da Fufs.
Isso porque o contrato anterior, firmado com a empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços – Eireli por
meio de dispensa de licitação, estava em vias de se exaurir.
10. Três meses antes do início do procedimento licitatório, a Fufs realizou uma estimativa de
preços para os mesmos serviços que fariam parte de seu objeto. Apesar de essa estimativa discriminar
de maneira detalhada os custos que a compuseram, a Fufs optou por desconsiderá-la e adotar como
orçamento, exclusivamente, uma média de cotações não detalhadas (peça 61, p. 18-20).
11. Segundo o termo de referência do edital (peça 2, p. 86), o valor orçado para execução do
objeto a ser contratado era de, aproximadamente, R$ 8,8 milhões.
12. Após a fase de lances, as duas licitantes responsáveis pelas menores propostas (R$ 2,65
milhões e R$ 4,8 milhões) foram desclassificadas por inexequibilidade. Na justificativa, não foram
indicados os itens do edital que teriam sido descumpridos, nem foi dada às empresas a oportunidade de
demonstrar a exequibilidade de suas propostas.
13. Realizado o aceite da proposta da terceira colocada e iniciada a fase de habilitação, o
pregoeiro, reconhecendo haver sido precipitada a desclassificação da segunda colocada, voltou atrás e
determinou que fosse apresentada sua planilha de formação de preço para análise mais detalhada.
14. Apresentada a documentação requerida, o pregoeiro solicitou à segunda colocada que
promovesse correções em sua planilha de preços. Entretanto, apesar de terem sido atendidas as
solicitações, a licitante teve sua proposta novamente considerada inexequível, em razão de outros
critérios que não haviam sido objeto de questionamento anteriormente e que não constavam no edital
(peça 9, itens 8 e 9).
15. Irresignada com a sua desclassificação, a segunda colocada manifestou, tempestivamente,
interesse de recorrer, indicando, resumidamente, a matéria que seria contestada em sede de recurso,
mas teve sua intenção rejeitada.
16. Como resultado do certame, restou contratada a empresa Boa Mesa, pelo preço de R$ 9,80
por refeição (R$ 7,8 milhões). Ressalto que o preço pactuado no novo contrato era superior ao que ela
mesma praticava no âmbito da avença anterior, que era de R$ 8,00 por refeição.
17. Vale ressaltar que o instrumento convocatório não explicitava, com clareza e objetividade,
critérios para desclassificação ou aferição de exequibilidade das propostas.
18. Ademais, não houve uniformidade no tratamento das licitantes, como se pode depreender dos
seguintes excertos do voto condutor do Acórdão 3.524/2017-TCU-Primeira Câmara:
“21. Note-se que a solicitação de envio de documentos complementares não poderia ser considerada, no
caso concreto, uma oportunidade para que as empresas demonstrassem a exequibilidade de suas propostas. A
uma, porque tal medida não foi adotada junto à empresa Brisa Mar Serviços Ltda. – ME, desclassificada por
alegada inexequibilidade. A duas, porque somente foi solicitado à empresa F & F Comércio e Serviços de
Alimentos Ltda. o detalhamento dos itens que compunham seu preço e a “correção” dos itens que, segundo o
despacho à peça 59, p. 61, não se adequariam às necessidades da contratante. Em momento algum foi solicitada
a comprovação de que a proponente seria capaz de cumprir com as obrigações contratuais estabelecidas pelos
preços por ela ofertados. E, a três, porque demanda semelhante foi direcionada, também, à empresa G & T
Cozinha Industrial Ltda. – EPP, cuja proposta já havia sido considerada exequível.
(...)
23. Agrava a aparente arbitrariedade com que foram desclassificadas as três primeiras colocadas no
certame o fato de terem sido realizadas exigências não isonômicas que, aparentemente, beneficiaram a empresa
Boa Mesa Alimentos e Serviços – Eireli, vencedora do pregão. Apesar de a empresa G & T Cozinha Industrial
325

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ltda. – EPP ter sido comunicada de que seria realizada diligência ao espaço físico da empresa – exigência não
prevista no edital –, essa solicitação não foi direcionada à vencedora do certame. Ademais, a empresa F & F
Comércio e Serviços de Alimentos Ltda. foi demandada a incluir em sua documentação a comprovação do fator
de correção e cocção de alimentos, estimativa da composição da guarnição, salada crua e suco de fruta,
exigência não realizada e não atendida pela empresa Boa Mesa Alimentos e Serviços – Eireli.”
19. Diante desse cenário, foram realizadas as seguintes audiências (Acórdão 3.524/2017-TCU-
Primeira Câmara):
Irregularidade Responsável Conduta
Marcus Alessandro Pereira dos
Santos, pregoeiro da Fufs, ter elaborado o edital do
ausência, no edital licitatório, de
responsável pela condução do Pregão Eletrônico 152/2013,
critérios objetivos para a
Pregão Eletrônico 152/2013, conforme assinatura aposta à
desclassificação de propostas,
conforme designação à peça 61, peça 60, p. 31
em desconformidade com o
p. 36
art. 9º, inciso IV, do
ter homologado o Pregão
Decreto 5.450/2005 Abel Smith Menezes, pró-reitor de
Eletrônico 152/2013,
administração da Fufs
conforme peça 6, p. 3-4
Marcus Alessandro Pereira dos
desclassificação de propostas
Santos, pregoeiro da Fufs, ter conduzido o Pregão
com base em critérios não
responsável pela condução do Eletrônico 152/2013,
previstos no instrumento
Pregão Eletrônico 152/2013, conforme ata constante à
convocatório e/ou sem a
conforme designação à peça 61, peça 2, p. 32-56
realização de diligências para
p. 36
comprovação da exequibilidade
Danielle Andrade dos Santos, emissão dos despachos
dos preços apresentados, em
coordenadora de controle de constantes à peça 58, p. 17, e
afronta ao princípio da
custos da Fufs à peça 59, p. 61 e 66;
transparência, da vinculação ao
Bárbara Rafaela Santos da Rocha, emissão dos despachos
instrumento convocatório e do
coordenadora de produção do constantes à peça 58, p. 17, e
julgamento objetivo, ao art. 29
restaurante universitário à peça 59, p. 61 e 66;
da Instrução Normativa-
ter homologado o Pregão
SLTI/MP 2/2008 e à Súmula- Abel Smith Menezes, pró-reitor de
Eletrônico 152/2013,
TCU 262; administração da Fufs
conforme peça 6, p. 3-4
Marcus Alessandro Pereira dos
Santos, pregoeiro da Fufs, ter conduzido o Pregão
responsável pela condução do Eletrônico 152/2013,
rejeição de intenção de recurso
Pregão Eletrônico 152/2013, conforme ata constante à
em desconformidade com o
conforme designação à peça 61, peça 2, p. 32-56
Decreto 5.450/2005, art. 26, §
p. 36
3º;
ter homologado o Pregão
Abel Smith Menezes, pró-reitor de
Eletrônico 152/2013,
administração da Fufs
conforme peça 6, p. 3-4
Marcus Alessandro Pereira dos
Santos, pregoeiro da Fufs, ter conduzido o Pregão
responsável pela condução do Eletrônico 152/2013,
Pregão Eletrônico 152/2013, conforme ata constante à
tratamento não isonômico de
conforme designação à peça 61, peça 2, p. 32-56
licitantes
p. 36
Danielle Andrade dos Santos, emissão dos despachos
coordenadora de controle de constantes à peça 58, p. 17, e
custos da Fufs à peça 59, p. 61 e 66;
326

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Bárbara Rafaela Santos da Rocha, emissão dos despachos


coordenadora de produção do constantes à peça 58, p. 17, e
restaurante universitário à peça 59, p. 61 e 66;
ter homologado o Pregão
Abel Smith Menezes, pró-reitor de
Eletrônico 152/2013,
administração da Fufs
conforme peça 6, p. 3-4
ter elaborado o termo de
Bárbara Rafaela Santos da Rocha,
insuficiência da motivação para referência e o orçamento do
coordenadora de produção do
o preço-base editalício do Pregão Eletrônico 152/2013,
restaurante universitário
Pregão Eletrônico 152/2013, em conforme peça 61, p. 8-17
desconformidade com o art. 9º, ter aprovado o termo de
§§ 1º e 2º, do Abel Smith Menezes, pró-reitor de referência e o orçamento do
Decreto 5.450/2005 administração da Fufs Pregão Eletrônico 152/2013,
conforme peça 61, p. 65
20. Passo a tratar da matéria.
III
21. No que diz respeito ao pregoeiro Marcus Alessandro Pereira dos Santos, assiste razão à
unidade instrutora quando consigna que ele não poderia ser responsabilizado pela ausência, no edital
licitatório, de critérios objetivos para a desclassificação de propostas. De fato, nos termos do art. 9º, §
2º, do Decreto 5.450/2005, a elaboração do edital e do termo de referência não era sua
responsabilidade.
22. Igual sorte não assiste o responsável quanto às demais irregularidades a ele atribuídas.
23. Na condição de pregoeiro, caberia a ele assegurar-se de que seus atos se pautavam no edital
do pregão e na legislação vigente. E, apesar das alegações nesse sentido, não logrou indicar,
objetivamente, os itens do edital nos quais se teria baseado para desclassificar as duas melhores
colocadas no certame. E, considerando que o instrumento convocatório não continha critérios que
viabilizassem o exame em questão, não poderia o pregoeiro, por iniciativa própria, adotar os critérios
que entendesse mais convenientes, ainda que, hipoteticamente, fossem considerados razoáveis – juízo
que não é cabível nesta oportunidade.
24. No caso da primeira colocada, o pregoeiro deixou, ainda, de dar-lhe a oportunidade de
comprovar a exequibilidade de sua proposta, o que, conforme consignado no relatório que antecede
este voto, vai de encontro a vasta jurisprudência desta Corte.
25. No que tange à segunda colocada, apesar de a decisão do pregoeiro ter tido como
fundamento o parecer à peça 59, p. 66 – o qual poderia tê-lo induzido ao equívoco em tela –, ainda
assim caberia a ele ter investigado, ou mesmo questionado às pareceristas, quais itens do edital teriam
sido descumpridos, já que os documentos não continham essa informação. Considerando que o registro
objetivo da motivação para desclassificação era necessário para conferir transparência e isonomia ao
certame, era de se esperar que o pregoeiro tivesse identificado essa lacuna e buscasse saná-la.
26. Tampouco pode ser considerado aceitável que o pedido de recurso da segunda colocada
tenha sido negado em razão do exaurimento das oportunidades oferecidas para que ela corrigisse a sua
proposta. A uma, porque cada parecer emitido, inclusive aquele que teria fundamentado a
desclassificação, continha novas exigências que ainda não haviam sido tangenciadas anteriormente
(peças 58, p. 17, e 59, p. 61 e 66). A duas, porque o direito de recorrer surge apenas a partir do ato que
desclassificou a empresa. Assim, os debates ocorridos anteriormente à desclassificação não poderiam
operar a preclusão do direito em questão. E, a três, porque a intenção de recurso foi registrada
tempestivamente e suficientemente motivada.
27. Nesse sentido, não foi possível acolher os argumentos apresentados pelo pregoeiro quanto às
irregularidades de: i) desclassificação de propostas com base em critérios não previstos no instrumento
convocatório e/ou sem a realização de diligências para comprovação da exequibilidade dos preços
apresentados; ii) rejeição indevida de intenção de recurso; e iii) tratamento não isonômico de licitantes.
327

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28. Portanto, incorporando as análises da unidade instrutora às minhas razões de decidir, pugno
pela aplicação da multa individual prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de
R$ 9.000,00.
IV
29. No que diz respeito a Danielle Andrade dos Santos, verifico que os pareceres por ela
assinados continham, expressamente, a informação de que as normas do edital e a legislação vigente
haviam servido de base para os questionamentos e conclusões lá consignados.
30. Ocorre que, nem nos pareceres, nem em suas razões de justificativa, foram indicados os itens
editalícios que teriam sido descumpridos pela licitante.
31. Considerando que o edital não previa critérios por meio dos quais se poderia aferir a
exequibilidade das propostas das licitantes, a afirmação de que as observações constantes nos
pareceres se fundamentariam no instrumento convocatório constitui erro grosseiro, passível de
responsabilização por esta Corte.
32. Assim, levando em conta que a emissão dos pareceres concorreu para a desclassificação de
licitante com base em critérios não previstos no instrumento convocatório, corroboro e incorporo às
minhas razões de decidir as análises empreendidas pela unidade instrutora quanto a esse ponto, e
pugno pela aplicação da multa individual prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de
R$ 3.000,00.
33. Entretanto, discordo da unidade instrutora quando se manifesta pela responsabilização de
Danielle pelo tratamento não isonômico de licitantes.
34. Isso porque os pareceres por ela emitidos e utilizados para fundamentar sua conduta na
audiência que lhe foi direcionada diziam respeito única e somente a uma licitante (F&F Comércio e
Serviços de Alimentos Ltda.).
35. Portanto, ainda que tenham sido emitidos outros pareceres conferindo tratamento discrepante
a outras licitantes, não caberia aplicar-lhe multa sem, antes, promover nova audiência para que se
manifestasse quanto aos demais documentos.
36. Considerando que os autos, que tramitam nesta Corte desde 2014, encontram-se, finalmente,
em vias de julgamento de mérito, e que os custos processuais de realizar nova audiência superariam os
benefícios que dela poderiam advir, reputo não ser oportuna a adoção de tal medida.
V
37. No que tange a Bárbara Rafaela Santos da Rocha, aplicam-se os mesmos comentários
tecidos no capítulo IV deste voto.
38. Em acréscimo, quanto à sua participação na elaboração do termo de referência do Pregão
Eletrônico 152/2013 com preço-base insuficiente motivado, as razões de justificativa apresentadas não
foram suficientes para elidir a irregularidade ou isentar sua responsabilidade.
39. Assim, incorporo às minhas razões de decidir as análises empreendidas pela unidade
instrutora referentes à desclassificação de licitante com base em critérios não previstos no instrumento
convocatório e à insuficiência da motivação para o preço-base editalício do Pregão Eletrônico
152/2013, e pugno por que seja aplicada a Bárbara Rafaela Santos da Rocha a multa individual
prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 6.000,00.
VI
40. Em suas razões de justificativa, Abel Smith Menezes confirma serem atribuições do pró-
reitor de administração da Universidade Federal de Sergipe a aprovação dos termos de referência e a
homologação de pregão eletrônico.
41. Entretanto, quanto ao mérito das irregularidades que lhe foram atribuídas, não apresentou
argumentos que pudessem elidi-las, limitando-se a informar que corrobora e ratifica as justificativas
apresentadas pelos demais servidores chamados em audiência e que houve decisão judicial favorável à
manutenção do pregão em tela (peça 103).
328

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

42. Conforme consignado pela unidade instrutora, a decisão judicial que não tenha sido proferida
na esfera penal pela negativa do fato ou da autoria não vincula a atuação desta Corte, em homenagem
ao princípio da independência das instâncias.
43. Ademais, era de se esperar que, na condição de responsável pela aprovação dos termos de
referência e homologação do certame licitatório, o pró-reitor fosse capaz de identificar as graves falhas
cometidas na concepção e na condução do certame.
44. Portanto, em consonância com as análises da unidade instrutora, as quais incorporo às
minhas razões de decidir, cabe aplicar-lhe, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da
Lei 8.443/1992, no valor de R$ 15.000,00.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a minuta de acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2692/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 004.465/2014-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VI – Representação
3. Responsáveis: Abel Smith Menezes (420.611.215-00); Bárbara Rafaela Santos da Rocha
(052.281.594-44); Danielle Andrade dos Santos (001.682.795-33); Marcus Alessandro Pereira dos
Santos (662.932.355-68).
4. Órgão/Entidade: Fundação Universidade Federal de Sergipe.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Sergipe (Sec-SE).
8. Representação legal: não há

9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação formulada pela empresa F & F Comércio e
Serviços de Alimentos Ltda. acerca de possíveis irregularidades praticadas pela Fundação
Universidade Federal de Sergipe (Fufs) no âmbito do Pregão Eletrônico 152/2013, destinado à
contratação de serviços de preparo, fornecimento e distribuição de alimentos no restaurante
universitário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1. considerar parcialmente procedente a representação;
9.2. aplicar aos responsáveis abaixo indicados as multas a seguir discriminadas, com
fundamento no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar
da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno/TCU) , o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a
data deste acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da
legislação em vigor:
Responsável Valor (R$)
Marcus Alessandro Pereira dos Santos 9.000,00
Danielle Andrade dos Santos 3.000,00
Bárbara Rafaela Santos da Rocha 6.000,00
Abel Smith Menezes 15.000,00
9.3. autorizar, desde logo, caso venha a ser solicitado pelo responsável, o pagamento parcelado
329

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

da importância devida em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, com a fixação do
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência da notificação, para comprovar perante o Tribunal o
recolhimento da primeira parcela, e de 30 (trinta) dias, a contar da parcela anterior, para comprovar o
recolhimento das demais parcelas, devendo incidir sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os
correspondentes acréscimos legais, na forma da legislação vigente, além de alertá-lo que a falta de
comprovação do pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo
devedor, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c art. 217 do Regimento Interno do TCU;
9.4. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não seja paga até o seu vencimento, nos termos
do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92;
9.5. dar ciência deste acórdão ao representante e aos responsáveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2692-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE II – 1ª Câmara


TC 014.686/2016-3
Natureza: Tomada de Contas Especial
Entidade: Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e
Adjacências – Cecaema (03.352.584/0001-52); Plural Educação e Cidadania (04.865.664/0001-74)
Responsáveis: Carmelo Zitto Neto (620.467.488-91); Conselho Comunitário de Educação,
Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências (03.352.584/0001-52); Francisco Prado
de Oliveira Ribeiro (017.692.008-00); José Carlos Lemes (027.582.938-38); Plural Educação e
Cidadania (04.865.664/0001-74); Wania Aparecida Martins da Silveira (010.916.968-96)
Representação legal: não há

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO


(PNQ). CONVÊNIO MTE/SPPE/CODEFAT 48/2004-SERT/SP. SUBCONVÊNIOS SERT/SINE
188/04 E 260/04. CONSOLIDAÇÃO INDEVIDA DOS DÉBITOS. ARQUIVAMENTO DA TCE EM
RELAÇÃO AO CONVÊNIO SERT/SINE 260/04. CONTINUIDADE DO PROCESSO EM
RELAÇÃO CONVÊNIO SERT/SINE 188/04. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Secretaria de Políticas Públicas
de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE/MTE), em razão de irregularidades na
execução dos subconvênios Sert/Sine 260/04 e 188/04, celebrados entre a Secretaria do Emprego e
Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP) e, respectivamente, o Conselho Comunitário
de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências (Cecaema) e a Plural -
Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida, com recursos do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT) repassados ao Estado de São Paulo por meio do Convênio
MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP.
2. À peça 11, o auditor responsável pela instrução do feito sugeriu o arquivamento dos autos em
relação ao subconvênio Sert/Sine 188/04 e a constituição de processo apartado para prosseguimento da
330

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

tomada de contas especial em relação ao subconvênios Sert/Sine 260/04. Esse posicionamento foi
acompanhado pelo corpo diretivo da então Secex/SP (peças 12-13). Reproduzo, por oportuno, a
mencionada instrução, com os ajustes que entendi pertinentes, mantidos os destaques do original:
“HISTÓRICO
2. Em 30/6/2004, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por intermédio da SPPE/MTE, e o Estado
de São Paulo, por intermédio da Sert/SP, celebraram o Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP (peça 1,
p. 118-144), com interveniência do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat),
tendo por objeto o estabelecimento de cooperação técnica e financeira mútua para a execução das atividades
inerentes à qualificação social e profissional, no âmbito do Plano Nacional de Qualificação (PNQ). À peça 1,
p. 148, consta aditivo firmado entre as partes com vistas a prorrogar o prazo de execução desse convênio até
28/2/2005, ante o prazo original de 31/12/2004.
3. Na condição de órgão estadual gestor do Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP, a Secretaria
do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo celebrou diversos convênios com entidades no
estado de São Paulo, todos com o objeto comum de cooperação técnica e financeira para a execução das
atividades de qualificação profissional, precipuamente por meio de cursos de formação de mão de obra.
4. Nesse contexto, foram firmados os Convênios Sert/Sine 260/04 (peça 1, p. 296-318) e 188/04 (peça 3,
p. 301-323), sobre os quais se discorrerá a seguir.
5. Convênio Sert/Sine 260/04
5.1. O Convênio Sert/Sine 260/04 foi celebrado em 30/12/2004 entre o Estado de São Paulo, por
intermédio da Sert/SP, e o Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e
Adjacências (CECAEMA), tendo por objetivo o estabelecimento de cooperação técnica e financeira para
qualificação social e profissional em cabeleleiro para 50 treinandos.
5.2. O valor a ser repassado pela Sert/SP seria de R$ 25.000,00, ao passo que a contrapartida foi orçada
em R$ 5.000,00. A Sert/SP faria as transferências em três parcelas, nos valores de R$ 5.000,00, R$ 13.750,00 e
R$ 6.250,00 (peça 1, p. 312). Foi pactuado que a vigência do convênio se encerraria em 28/2/2005 (peça 1,
p. 314).
5.3. As três parcelas foram transferidas em 14/3/2005 (peça 1, p. 334) por meio do cheque 850216 do
Banco do Brasil.
6. Convênio Sert/Sine 188/04
6.1. O Convênio Sert/Sine 188/04 foi celebrado em 18/11/2004 entre o Estado de São Paulo, por
intermédio da Sert/SP, e a Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida, tendo
por objetivo o estabelecimento de cooperação técnica e financeira para qualificação social e profissional em
vigias e porteiros e segurança no trabalho para 167 treinandos.
6.2. O valor a ser repassado pela Sert/SP seria de R$ 85.838,00, ao passo que a contrapartida foi orçada
em R$ 17.167,60. A Sert/SP faria as transferências em três parcelas, nos valores de R$ 17.167,60, R$ 47.210,90
e R$ 21.459,50 (peça 3, p. 317). Foi pactuado que a vigência do convênio se encerraria em 28/2/2005 (peça 3,
p. 321).
6.3. A primeira parcela, no valor de R$ 17.167,70, foi transferida em 18/1/2005 (peça 3, p. 339) por meio
do cheque 850076 do Banco do Brasil. As duas parcelas restantes foram transferidas, respectivamente, em
2/2/2005 e 11/3/2005 (peça 3, p. 351 e 363), mediante os cheques 850095 e 850197, também do Banco do
Brasil.
7. Posteriormente, a Controladoria-Geral da União (CGU), mediante o Relatório de Fiscalização 537
(peça 1, p. 20-102), constatou diversas irregularidades na execução de transferências voluntárias pactuadas no
âmbito do Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP, motivando a constituição de Comissão de Tomada
de Contas Especial (CTCE) ‘com o objetivo de investigar a aplicação de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador no Convênio MTE/SPPE 48/2004-SERT/SP’, conforme a Portaria SPPE 1/2007 (peça 1, p. 18).
8. Com o desenrolar das apurações, o Ministério Público Federal emitiu a Recomendação MPF/SP
55/2009 (peça 1, p. 4-16), orientando a SPPE a autuar tomadas de contas especiais específicas para cada um dos
convênios celebrados no âmbito do Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP.
9. Em atendimento à aludida Recomendação, mediante a Portaria SPPE 117/2010 (peça 2, p. 42-44), foi
constituída comissão para ‘proceder a Tomada de Contas Especial com o objetivo de realizar o
desmembramento do processo de Tomada de Contas Especial 46219.003303/2007-12, instaurando processos
específicos para cada entidade contratada no âmbito do Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004’.
Posteriormente, essa comissão foi transformada em Grupo Executivo (GETCE), conforme a Portaria SPPE
331

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

52/2011 (peça 2, p. 60-64).


10. No presente processo, o GETCE analisou especificamente a execução dos dois convênios objeto do
presente processo, como se discorrerá a seguir.
11. Convênio Sert/Sine 260/04
11.1. As desconformidades constatadas pelo GETCE no tocante ao Convênio Sert/Sine 260/04 foram
tratadas na Nota Técnica 57/2014/GETCE/SPPE/MTE (peça 2, p. 220-224) e no Relatório de Tomada de Contas
Especial 11/2015 (peça 2, p. 266-275) e, em síntese, se referem a:
a) repasse das parcelas, pela Sert/SP, após a vigência do convênio;
b) não apresentação de documentos contábeis;
c) não comprovação da realização dos cursos;
d) deficiência na supervisão e acompanhamento por parte da Sert/SP.
11.2. Verificadas as impropriedades, ainda na fase interna desta TCE, o GETCE procedeu à notificação
dos responsáveis (peça 2, p. 225-240). Entretanto, a entidade executora, Wania Aparecida Martins da Silveira e
Carmelo Zitto Neto não apresentaram defesa e as razões oferecidas por Francisco Prado de Oliveira Ribeiro
(peça 2, p. 241-253) não foram suficientes para afastar sua responsabilidade, nem elidir as impropriedades
verificadas, como destacado na seção VII do Relatório de Tomada de Contas Especial 11/2015 (peça 2, p. 271-
274).
11.3. Diante dessas irregularidades e considerando que a convenente não conseguiu demonstrar a efetiva
execução das ações pactuadas, por meio de documentação idônea, o GETCE glosou a integralidade dos valores
repassados pela Sert/SP à entidade executora, a saber (peça 2, p. 269):
Valor (R$) Data
25.000,00 14/3/2005
11.4. O GETCE concluiu que a responsabilidade pelo débito apurado deveria ser atribuída,
solidariamente, ao Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e
Adjacências (entidade executora), a Wania Aparecida Martins da Silveira (Presidente da entidade executora à
época dos fatos) e aos Srs. Francisco Prado de Oliveira Ribeiro (Secretário do Emprego e Relações do Trabalho
do Estado de São Paulo à época dos fatos) e Carmelo Zitto Neto (Coordenador Estadual do Sine/SP à época dos
fatos), conforme exposto na peça 2, p. 274-276.
12. Convênio Sert/Sine 188/04
12.1. As desconformidades constatadas pelo GETCE no tocante ao Convênio Sert/Sine 188/04 foram
tratadas na Nota Técnica 63/2014/GETCE/SPPE/MTE (peça 5, p. 317-322) e no Relatório de Tomada de Contas
Especial 15/2015 (peça 6, p. 86-99) e, em síntese, se referem a:
a) repasse da terceira parcela, pela Sert/SP, após a vigência do convênio;
b) apresentação das Notas Fiscais 341 e 342 da empresa Rodrigo Henrique Piva Antoniolo Rio Claro ME,
nome de fantasia Graff-Set Gráfica e Editora (peça 5, p. 41 e 63), sem data de emissão;
c) ausência de carimbo de identificação do convênio e de atesto em parte dos documentos fiscais
apresentados;
d) ausência de processo licitatório quanto aos serviços contratados e materiais adquiridos pela entidade
executora, contrariando o art. 27 da IN/STN 1/1997 e a cláusula oitava do convênio;
e) ausência da apólice do seguro de vida;
f) inidoneidade da Nota Fiscal 285 da empresa ABUD Comércio de Alimentos Ltda. ME (peça 5, p. 45)
assinalada no item 2.12 do Relatório de Fiscalização 537, da Controladoria-Geral da União (peça 3, p. 45-49);
g) recolhimento de encargos (INSS) em valores superiores aos retidos nos RPAs e após a vigência do
convênio;
h) pagamento de despesas com encargos e com material de consumo/didático em valores superiores aos
previstos no Plano de Trabalho;
i) pagamento de taxas bancárias e realização de saques bancários e emissão de cheques sem identificação
dos credores, contrariando o art. 20 da IN/STN 1/1997;
j) pagamentos a consultora pedagógica, coordenadora e supervisores sem comprovação da efetiva
realização de serviços nas ações do convênio;
l) ausência de nominação do corpo técnico contratado com respectivos currículos que atestassem a
capacidade técnica dos instrutores, contrariando o disposto no art. 30, inciso II, da Lei 8.666/1993;
m) ausência de comprovação da entrega de material didático e lanches aos treinandos, contrariando os
itens 2.2.9 e 2.2.13 da cláusula segunda do convênio;
332

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

n) ausência de comprovação da entrega de certificados da turma 1 do curso de vigias e porteiros, em


desacordo com o item 2.2.17 da cláusula segunda do convênio;
o) ausência de comprovação do encaminhamento de treinandos ao mercado de trabalho, em desacordo
com o item 2.2.26 da cláusula segunda do convênio;
p) deficiência na supervisão e acompanhamento por parte da Sert/SP.
12.2. Verificadas as impropriedades, ainda na fase interna desta TCE, o GETCE procedeu à notificação
dos responsáveis (peça 5, p. 323-349). Entretanto, Carmelo Zitto Neto não apresentou defesa e as razões
oferecidas por Francisco Prado de Oliveira Ribeiro (peça 6, p. 3-15) e por José Carlos Lemes - defesa conjunta
com a entidade executora (peça 6, p. 26-78) - não foram suficientes para afastar sua responsabilidade, nem elidir
as impropriedades verificadas, como destacado na seção VII do Relatório de Tomada de Contas Especial
15/2015 (peça 6, p. 92-98).
12.3. Diante dessas irregularidades e considerando que a convenente não conseguiu demonstrar a efetiva
execução das ações pactuadas, por meio de documentação idônea, o GETCE glosou a integralidade dos valores
repassados pela Sert/SP à entidade executora, descontadas as quantias devolvidas à Sert/SP (peça 5, p. 9-11), a
saber (peça 6, p. 90):
Valor (R$) Data
17.167,70 18/1/2005
47.210,90 2/2/2005
21.459,50 11/3/2005
(0,10) 23/3/2005
(0,10) 24/5/2005
12.4. O GETCE considerou que a responsabilidade pelo débito apurado deveria ser atribuída,
solidariamente, à Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida (entidade
executora), e aos Srs. José Carlos Lemes (Presidente da entidade executora à época dos fatos), Francisco Prado
de Oliveira Ribeiro (Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo à época dos fatos) e
Carmelo Zitto Neto (Coordenador Estadual do Sine/SP à época dos fatos), conforme exposto na peça 6, p. 99-
100.
13. No âmbito da Controladoria-Geral da União (CGU), o processo de tomada de contas especial relativo
ao Convênio Sert/Sine 188/04 (processo originário MTE 47101.000090/2012-14 - peças 3 a 6) foi apensado ao
processo de tomada de contas especial relativo ao Convênio Sert/Sine 260/04 (processo originário MTE
47101.000120/2012-84 - peças 1 e 2), em cumprimento ao Despacho à peça 2, p. 333.
14. Dessa forma, a CGU emitiu um único relatório de auditoria tratando desses dois convênios (peça 2,
p. 339-344). O item 2.1.1 desse relatório assinala que os débitos relativos aos dois convênios foram
consolidados tendo em vista o disposto no art. 15, inciso IV, da Instrução Normativa TCU 71/2012.
15. A CGU anuiu, em essência, às conclusões do Tomador de Contas Especial, atestando a irregularidade
das contas tratadas nos autos, conforme o referido Relatório de Auditoria 2.238/2015 e o Certificado de
Auditoria 2.238/2015 (peça 2, p. 347). No mesmo sentido conclui o dirigente do controle interno, como se
verifica no Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno 2.238/2015 (peça 2, p. 348).
16. O Ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social atestou ter tomado ciência dos documentos
acima mencionados (peça 2, p. 351).
EXAME TÉCNICO
17. Observa-se que, no presente processo, foi realizada consolidação dos débitos relativos aos Convênios
Sert/Sine 260/04 e 188/04, tendo em vista que, individualmente, o valor atualizado do débito apurado
relativamente ao Convênio Sert/Sine 260/04 não atingia o limite mínimo de R$ 75.000,00 para prosseguimento
da TCE, considerando a redação então vigente do art. 6º, inciso I, da Instrução Normativa TCU 71/2012, in
verbis:
Art. 6º Salvo determinação em contrário do Tribunal de Contas da União, fica dispensada a instauração da
tomada de contas especial, nas seguintes hipóteses:
I - valor do débito atualizado monetariamente for inferior a R$ 75.000,00;
(…)
18. A fim de conferir maior clareza ao exame, apresentam-se a seguir, para cada um dos convênios em
tela, os respectivos débitos (ou créditos, no caso de quantias devolvidas à Sert/SP) com o valor total atualizado
monetariamente, bem como os respectivos responsáveis solidários:
18.1. Convênio Sert/Sine 260/04
333

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Débito:
Valor Data de Na
original (R$) ocorrência tureza
25.000,00 14/3/2005 Dé
bito
. Valor total atualizado até 17/4/2017: R$ 49.697,50 (peça 9)
Responsáveis solidários: Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino
Matarazzo e Adjacências (entidade executora), Wania Aparecida Martins da Silveira (Presidente da entidade
executora à época dos fatos), Francisco Prado de Oliveira Ribeiro (ex-Secretário do Emprego e Relações do
Trabalho do Estado de São Paulo) e Carmelo Zitto Neto (ex-Coordenador Estadual do Sine/SP).
18.2. Convênio Sert/Sine 188/04
Débito:
Valor Data de Na
original (R$) ocorrência tureza
17.167,70 18/1/2005 Dé
bito
47.210,90 2/2/2005 Dé
bito
21.459,50 11/3/2005 Dé
bito
0,10 23/3/2005 Cr
édito
0,10 24/5/2005 Cr
édito
. Valor total atualizado até 17/4/2017: R$ 171.581,87 (peça 10)
Responsáveis solidários: Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida
(entidade executora), José Carlos Lemes (Presidente da entidade executora à época dos fatos), Francisco Prado
de Oliveira Ribeiro (ex-Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo) e Carmelo Zitto
Neto (ex-Coordenador Estadual do Sine/SP).
19. A partir do teor do item 2.1.1 do Relatório de Auditoria 2.238/2015 (peça 2, p. 340), entende-se ter
ocorrido equívoco na interpretação do disposto no art. 15, inciso IV, da Instrução Normativa TCU 71/2012, com
a redação vigente àquela época, que assim estabelecia (grifou-se):
Art. 15. A autoridade competente deve:
(…)
IV - consolidar os diversos débitos do mesmo responsável cujo valor seja inferior ao mencionado no
art. 6º, inciso I, desta Instrução Normativa e constituir tomada de contas especial se o seu somatório, perante o
mesmo órgão ou entidade repassadora, atingir o referido valor.
20. Na situação em questão, pode-se verificar que as tomadas de contas especiais não foram constituídas
contra os mesmos responsáveis, tendo em vista que o primeiro convênio se refere ao Conselho Comunitário de
Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências, ao passo que o segundo se relaciona
com a Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida, sendo coincidentes apenas
os Srs. Francisco Prado de Oliveira Ribeiro e Carmelo Zitto Neto. Além disso, os presidentes das entidades
executoras também são diversos: a responsável pela primeira entidade à época do Convênio Sert/Sine 260/04
era Wania Aparecida Martins da Silveira, enquanto que o responsável pela segunda entidade à época do
Convênio Sert/Sine 188/04 era José Carlos Lemes.
21. À vista do exposto, o citado normativo deverá ser aplicado apenas nos casos de débitos contra os
mesmos responsáveis, hipótese essa que não se verifica nas tomadas de contas especiais ora analisadas, eis que
foram instauradas contra duas entidades executoras diferentes.
22. Esse foi o entendimento manifestado por esta Corte de Contas quando da prolação, entre outros, dos
Acórdãos 383/2016, 2.924/2016, 5.190/2016 e 180/2017, todos da 1ª Câmara. Nesse sentido, vale assinalar o
teor do item 1.7 do mencionado Acórdão 2.924/2016-TCU-1ª Câmara, in verbis:
1.7. Dar ciência à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, vinculada ao Ministério do Trabalho e
Emprego (SPPE/MTE), que a consolidação de débitos relativos a diferentes responsáveis, a exemplo do contido
no Processo original 46219.012478/2006-21, afronta o estipulado no art. 15, inciso IV, da Instrução Normativa -
334

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TCU 71/2012; (…)


23. Por conseguinte, e considerando ainda que estes autos encontram-se pendentes de citação válida,
consoante o art. 19 da Instrução Normativa TCU 71/2012, cabe propor encaminhamento em linha com os
mencionados precedentes, no sentido do arquivamento da TCE relativa ao Convênio Sert/Sine 260/04, e, por
conseguinte, do presente processo, com fundamento no art. 93 da Lei 8.443/1992, nos arts. 169, inciso VI, e 213
do Regimento Interno do TCU c/c os arts. 6º, inciso I, e 19 da Instrução Normativa TCU 71/2012.
24. A par disso, considerando que o valor atualizado do débito apurado relativamente ao Convênio
Sert/Sine 188/04 é superior a R$ 100.000,00, limite fixado na redação atual do art. 6º, inciso I, da Instrução
Normativa TCU 71/2012, cabe propor a formação de processo apartado para prosseguimento da TCE relativa a
esse segundo convênio, a partir de cópia das seguintes peças, nessa ordem: peças 3, 4, 5 e 6; peça 2, p. 333-352;
peças 7 e 8.
25. Por fim, cabe mencionar que, posteriormente ao encaminhamento da TCE a esta Corte de Contas, foi
editada a Instrução Normativa TCU 76/2016, que altera a mencionada Instrução Normativa TCU 71/2012. Entre
os dispositivos modificados, pode-se assinalar os seguintes:
a) foi revogado o inciso IV do art. 15 da IN/TCU 71/2012, que determinava a consolidação dos diversos
débitos de baixo valor de um mesmo responsável;
b) o limite mínimo para prosseguimento da TCE referido no inciso I do art. 6º da IN/TCU 71/2012 foi
majorado de R$ 75.000,00 para R$ 100.000,00.
26. Tais alterações reforçam ainda mais o posicionamento no sentido de não ser cabível a consolidação de
débitos relativos aos Convênios Sert/Sine 260/04 e 188/04 no presente processo.
CONCLUSÃO
27. Considerando que, no âmbito da Controladoria-Geral da União (CGU), houve indevida consolidação
dos débitos relativos aos Convênios Sert/Sine 260/04 e 188/04, uma vez que as respectivas tomadas de contas
especiais não foram instauradas contra os mesmos responsáveis, sendo inaplicável, portanto, o estabelecido no
art. 15, inciso IV (então vigente), da Instrução Normativa TCU 71/2012; considerando o fato de que,
individualmente, o valor atualizado do débito apurado relativamente ao Convênio Sert/Sine 260/04 é inferior a
R$ 100.000,00, limite fixado por este Tribunal para encaminhamento de TCE; considerando, ainda, que o
processo encontra-se pendente de citação válida neste Tribunal, cabe propor desde logo, a título de
racionalização administrativa e economia processual, com vistas a evitar que o custo da cobrança seja superior
ao valor da importância a ser ressarcida, o arquivamento da TCE relativa ao Convênio Sert/Sine 260/04, e, por
conseguinte, do presente processo, com fundamento no art. 93 da Lei 8.443/1992, nos arts. 169, inciso VI, e 213
do Regimento Interno do TCU c/c os arts. 6º, inciso I, e 19 da Instrução Normativa TCU 71/2012 (itens 17 a 25
desta instrução).
28. A par disso, considerando que o valor atualizado do débito apurado relativamente ao Convênio
Sert/Sine 188/04 é superior a R$ 100.000,00, limite fixado na redação atual do art. 6º, inciso I, da Instrução
Normativa TCU 71/2012, cabe propor a formação de processo apartado para prosseguimento da TCE relativa a
esse segundo convênio.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
29. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) constituir, nos termos do art. 43 da Resolução TCU 259/2014, processo apartado para prosseguimento
da TCE relativa ao Convênio Sert/Sine 188/04 (processo originário MTE 47101.000090/2012-14), a partir de
cópia das seguintes peças, nessa ordem: peças 3, 4, 5 e 6; peça 2, p. 333-352; peças 7 e 8;
b) arquivar a TCE relativa ao Convênio Sert/Sine 260/04 (processo originário MTE 47101.000120/2012-
84), e, por conseguinte, o presente processo, com fundamento no art. 93 da Lei 8.443/1992, nos arts. 169, inciso
VI, e 213 do Regimento Interno do TCU, bem como no art. 6º, inciso I, c/c o art. 19 da Instrução Normativa
TCU 71/2012; e
c) dar ciência da deliberação que vier a ser proferida ao Conselho Comunitário de Educação, Cultura e
Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências (03.352.584/0001-52), a Wania Aparecida Martins da
Silveira (010.916.968-96) e aos Srs.Francisco Prado de Oliveira Ribeiro (017.692.008-00) e Carmelo Zitto Neto
(620.467.488-91), bem como à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e
Emprego (SPPE/MTE) e à Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP), ou
aos órgãos que, eventualmente, lhes hajam substituído.”
3. O parquet, representado pelo Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé, dissentiu da proposição
da unidade instrutora, nos seguintes termos:
335

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

“2. A Secex-SP observou que, para fins de encaminhamento das contas especiais à Corte de Contas, o
Ministério do Trabalho e Emprego consolidou os débitos dos dois mencionados ajustes, eis que a dívida
relacionada ao Convênio Sert/Sine 260/04, ainda que atualizada, não atingia o limite mínimo de R$ 75.000,00
fixado no art. 6º da Instrução Normativa TCU 71/2012, conforme redação vigente à época.
3. A consolidação dos débitos teve como fundamento o art. 15 da IN TCU 71/2012, que assim dispunha:
Art. 15. A autoridade competente deve:
(…)
IV - consolidar os diversos débitos do mesmo responsável cujo valor seja inferior ao mencionado no
art. 6º, inciso I, desta Instrução Normativa e constituir tomada de contas especial se o seu somatório, perante o
mesmo órgão ou entidade repassadora, atingir o referido valor.
4. Convém esclarecer, todavia, que, embora vigente na data de envio das contas ao TCU, a norma que
embasou a consolidação que originou às presentes contas, qual seja a inserta no art. 15, inciso IV, da Instrução
Normativa 71/2012, foi revogada pela Instrução Normativa 76, de 23/11/2016. Nessa mesma data, porém, o
Tribunal expediu a Decisão Normativa 155/2016 que, em seu artigo 15, caput, de modo semelhante ao previsto
anteriormente pela Instrução Normativa 71/2012, previa:
Art.15. Para fins do disposto no § 1º do art. 6º da IN - TCU 71/2012, até que seja expedida a Portaria de
que trata o § 5º do Art. 11 desta Decisão Normativa, a autoridade administrativa competente deve
consolidar os diversos débitos do mesmo responsável cujo valor seja inferior ao mencionado no inciso I do
mesmo artigo e constituir tomada de contas especial se o seu somatório, perante o mesmo órgão ou
entidade repassadora, atingir o referido valor. (destacamos)
5. Importante mencionar que o MTE, de início, instaurou duas TCE, uma para cada um dos ajustes em
tela. Portanto, no âmbito do órgão concedente, houve não apenas a consolidação de débitos, mas também a
consolidação de tomadas de contas especiais.
6. Constata-se que essas contas não foram constituídas exatamente contra os mesmos responsáveis: o
Convênio Sert/Sine 260/04 tem como responsável o Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social
de Ermelino Matarazzo e sua presidente, Wania Aparecida Martins da Silveira, enquanto o Convênio Sert/Sine
188/04 tem como responsável a Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida e
seu Presidente, José Carlos Lemes.
7. Os Srs. Francisco Prado de Oliveira Ribeiro e Carmelo Zitto Neto, respectivamente Secretário do
Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo e Coordenador Estadual do Sine/SP à época dos fatos,
todavia, figuram como responsáveis em ambas tomadas de contas especiais.
8. Após examinar os elementos contidos nos autos, a Secex-SP propôs a constituição de processo
apartado para prosseguimento da TCE referente ao Convênio Sert/Sine 188/04, assim como o arquivamento da
TCE relativa ao Convênio Sert/Sine 260/04, com base no art. 6º, inciso I, c/c o art. 19 da IN TCU 71/2012
(peça 11, p. 7).
9. A unidade técnica registrou entendimento de que o art. 15, inciso IV, da IN TCU 71/2012, seria
aplicável somente na hipótese em que os responsáveis fossem rigorosamente os mesmos (peça 11, p. 6). Desse
modo, havendo diferentes responsáveis solidários, segundo a Secex-SP, não deveria ocorrer a consolidação. Sua
interpretação teria o respaldo da própria jurisprudência do TCU (Acórdãos 383/2016, 2.924/2016, 5.190/2016 e
180/2017, todos da 1ª Câmara).
10. Com as devidas vênias, relativamente às TCE decorrentes da consolidação de débitos de uma ou mais
pessoas físicas ou jurídicas segundo o então vigente art. 15, inciso IV, da IN TCU 71/2012, não verifico a
existência de obstáculos, de natureza normativa ou regulamentar, para que os débitos consolidados
tenham diferentes responsáveis, desde que, ao menos um dos nomes figure como responsável por todos os
débitos. Afinal, a redação dessa norma é clara no que diz respeito a não condicionar a consolidação de débitos à
identificação de iguais responsáveis por todos os débitos.
11. Nesse sentido, faz-se necessário compreender que, se por um lado, a IN 71/2012, ao estabelecer um
valor mínimo de débito para o envio das contas especiais do TCU, intenta evitar que o custo da cobrança venha
a se tornar maior que o valor de eventual ressarcimento, por outro lado, a consolidação de débitos, hoje
disciplinada pela DN 155/2016, pretende não apenas evitar a impunidade de responsáveis por débitos que,
caso somados, atinjam valores consideráveis, mediante a continuidade de ações que visam à recomposição do
erário, mas também, num viés precipuamente pedagógico, desestimular a reiteração de condutas ilícitas.
12. Não é por menos que, na jurisprudência da Corte de Contas, existem casos em que, embora exista
coincidência com um ou entre alguns dos envolvidos, os responsáveis por todos os débitos consolidados não são
336

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

exatamente os mesmos (v.g. Acórdãos 1.335/2015-TCU-2ª Câmara e 934/2017-TCU-1ª Câmara).


13. Além desses, cito como exemplo o Acórdão 2.152/2016-TCU-1ª Câmara, prolatado nos autos do TC
033.957/2011-8, que julga débitos apurados em 4 (quatro) diferentes TCE, com fatos delituosos diversos e
pluralidade de responsáveis. Nas referidas contas, 7 (sete) diferentes responsáveis figuraram no polo passivo e
tiveram suas contas julgadas irregulares, com condenação em débito, entretanto, a exemplo do que ocorre nas
presentes contas, apenas dois desses figuraram como responsáveis solidários por todas as parcelas que compõem
o montante do débito consolidado.
14. Desse modo, embora sejam mais frequentes os casos de consolidação de débitos em que os
responsáveis sejam precisamente os mesmos, é fácil constatar que a jurisprudência do Tribunal de Contas da
União também é composta de casos de consolidação que não contemplam uma exata coincidência de
responsáveis, algo que, a meu ver, atende ao disposto no art. 15 da DN 155/2016, assim como atendia ao
disposto no art. art. 15, inciso IV, da IN TCU 71/2012.
15. Dessa forma, opino no sentido de que, em cumprimento ao disposto no artigo 15, caput, Decisão
Normativa 155/2016, seja dado prosseguimento a esta tomada de contas especial, promovendo-se as citações de
todos os responsáveis pelas irregularidades verificadas na execução dos Convênios Sert/Sine 260/04 e 188/04.
16. Importante destacar, por fim, que, desde 2016, em decorrência do débito remanescente não
alcançar o valor mínimo estabelecido no art. 6º, inciso I, da Instrução Normativa TCU 72/2012, foram
arquivadas diversas tomadas de contas especiais que tratam de aplicações de recursos do FAT e onde figuram
como responsáveis, inclusive, os Srs. Francisco Prado de Oliveira Ribeiro e Carmelo Zitto Neto, a saber:
TC 000.471/2016-0 (Acórdão 6.181/2016-TCU-1ª Câmara), TC 010.421/2016-5 (Acórdão 6.182/2016-TCU-1ª
Câmara), TC 015.562/2016-6 (Acórdão 3.465/2017-TCU-1ª Câmara), TC 033.145/2015-6
(Acórdão 3.466/2017-TCU-1ª Câmara) e TC 003.044/2017-3 (Acórdão 4.910/2017-TCU-2ª Câmara).
17. Considerando que o que se propõe neste parecer é o prosseguimento do processo, com a consolidação
de débitos de Francisco Prado de Oliveira Ribeiro e Carmelo Zitto Neto e, também, que o art. 15, caput, da DN
155/2016, determina a consolidação de todos os débitos cujo valor seja inferior ao limite mínimo estabelecido,
entendo ser apropriado, do ponto de vista jurídico-normativo, e recomendável, do ponto de vista axiológico, que
a unidade técnica, para fins de consolidação, promova o levantamento de todos os débitos existentes em outras
tomadas de contas especiais que tramitem no Tribunal de Contas da União, estejam em aberto ou arquivadas,
cujos débitos de responsabilidade desses dois responsáveis estejam abaixo do referido limite.
18. Por todo o exposto, este membro do Ministério Público de Contas, com as vênias de praxe por
divergir do posicionamento da unidade instrutiva, propõe que:
a) seja determinada a citação dos responsáveis pelas irregularidades verificadas na execução dos
Convênios Sert/Sine 260/04 e 188/04, celebrados entre a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do
Estado de São Paulo (Sert/SP) e, respectivamente, o Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social
de Ermelino Matarazzo e Adjacências (CECAEMA) e a Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento
em Qualidade de Vida;
b) seja determinado à Secex-SP que realize o levantamento proposto no parágrafo anterior e,
posteriormente, avalie a conveniência de se promover, com fundamento no art. 15, caput, da DN 155/2016, a
consolidação dos débitos em um ou mais processos de tomada de contas especial.”
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Ministério do Trabalho e


Emprego (MTE), em razão de irregularidades na aplicação dos recursos repassados por meio do
Convênio MTE/SPPE/CODEFAT 48/2004-Sert/SP, firmado entre o referido órgão e o Governo do
Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho
(Sert/SP), com vigência até 28/2/2005.
2. O objeto do ajuste era a cooperação técnica e financeira mútua para a execução das atividades
inerentes à qualificação social e profissional, no âmbito do Plano Nacional de Qualificação (PNQ).
3. A Sert/SP, na condição de órgão estadual gestor do convênio, celebrou 84 subconvênios com
entidades no estado de São Paulo, todos com o objeto comum de cooperação técnica e financeira para
337

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a execução das atividades de qualificação profissional, precipuamente por meio de cursos de formação
de mão de obra.
4. A Controladoria-Geral da União (CGU), mediante o Relatório de Fiscalização 537, de
9/6/2005, constatou diversas irregularidades na execução de transferências voluntárias pactuadas no
âmbito do referido convênio.
5. O Ministério Público Federal (MPF) emitiu a Recomendação MPF/SP 55/2009, orientando a
Secretaria de Políticas Públicas de Emprego (SPPE) a autuar tomadas de contas especiais específicas
para cada um dos subconvênios celebrados. A SPPE criou um Grupo Executivo de Tomada de Contas
Especiais (GETCE) para apurar as falhas. As Notas Técnicas do GETCE foram emitidas em 2014.
II
6. As irregularidades em exame referem-se especificamente aos subconvênios Sert/Sine 260/04 e
188/04, celebrados entre a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo
(Sert/SP) e, respectivamente, o Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de
Ermelino Matarazzo e Adjacências (Cecaema) e a Plural - Associação para Projetos de
Desenvolvimento em Qualidade de Vida.
7. Foram constituídas no âmbito da SPPE comissões para proceder as respectivas tomadas de
contas especiais, tratadas em processos específicos para cada um desses subconvênios. Ao final da fase
interna, ambas as comissões concluíram pela não demonstração da efetiva execução das ações
pactuadas.
8. Na Controladoria-Geral da União (CGU), o processo de tomada de contas especial relativo ao
Subconvênio Sert/Sine 188/04 foi apensado ao processo concernente ao Subconvênio Sert/Sine
260/04, sendo emitido único relatório de auditoria, com fundamento no art. 15, inciso IV, da Instrução
Normativa TCU 71/2012. Na ocasião, o órgão de controle atestou a irregularidade das contas.
9. Em exame preliminar, a unidade instrutora dissentiu do procedimento de consolidação das
contas, tendo em vista que elas não foram constituídas contra os mesmos responsáveis, conforme
entendimento exarado nos acórdãos 383/2016, 2.924/2016, 5.190/2016 e 180/2017, todos da Primeira
Câmara. A unidade instrutora sugere:
“23. Por conseguinte, e considerando ainda que estes autos encontram-se pendentes de citação válida,
consoante o art. 19 da Instrução Normativa TCU 71/2012, cabe propor encaminhamento em linha com os
mencionados precedentes, no sentido do arquivamento da TCE relativa ao Convênio Sert/Sine 260/04, e, por
conseguinte, do presente processo, com fundamento no art. 93 da Lei 8.443/1992, nos arts. 169, inciso VI, e 213
do Regimento Interno do TCU c/c os arts. 6º, inciso I, e 19 da Instrução Normativa TCU 71/2012.
24. A par disso, considerando que o valor atualizado do débito apurado relativamente ao Convênio
Sert/Sine 188/04 é superior a R$ 100.000,00, limite fixado na redação atual do art. 6º, inciso I, da Instrução
Normativa TCU 71/2012, cabe propor a formação de processo apartado para prosseguimento da TCE relativa a
esse segundo convênio, a partir de cópia das seguintes peças, nessa ordem: peças 3, 4, 5 e 6; peça 2, p. 333-352;
peças 7 e 8.”
10. O MPTCU, representado pelo Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé, dissentiu da
proposição da unidade instrutora.
11. Para o parquet, embora vigente na data de envio das contas ao TCU, a norma que embasou a
consolidação que originou às presentes contas, qual seja a inserta no art. 15, inciso IV, da Instrução
Normativa 71/2012, foi revogada pela Instrução Normativa 76, de 23/11/2016. Nessa mesma data,
porém, o Tribunal expediu a Decisão Normativa 155/2016 com conteúdo semelhante ao previsto
anteriormente pela Instrução Normativa 71/2012.
12. Enfatiza que a SPPE, de início, instaurou duas tomadas de contas especiais para cada um dos
ajustes em tela. Assim, não houve consolidação de débitos, mas de tomada de contas especial.
13. Acrescenta que Francisco Prado de Oliveira Ribeiro e Carmelo Zitto Neto, respectivamente
Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo e Coordenador Estadual do
Sine/SP à época dos fatos, figuram como responsáveis em ambas tomadas de contas especiais
14. Para o procurador, inexistiriam obstáculos, de natureza normativa ou regulamentar, para que
os débitos consolidados tenham diferentes responsáveis, desde que, ao menos um deles figure como
338

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

responsável por todos os débitos. Afinal, a redação dessa norma seria clara no que diz respeito a não
condicionar a consolidação de débitos à identificação de iguais responsáveis por todos os débitos.
15. No seu entender, se por um lado a estipulação de um valor mínimo de débito para envio das
contas ao TCU intenta evitar que o custo da cobrança venha a se tornar maior que o valor de eventual
ressarcimento, por outro lado, a consolidação de débitos, disciplinada pela DN 155/2016, pretende não
apenas evitar a impunidade de responsáveis por débitos que, caso somados, atinjam valores
consideráveis, mediante a continuidade de ações que visam à recomposição do erário, mas também,
num viés precipuamente pedagógico, desestimular a reiteração de condutas ilícitas.
16. Menciona, também, precedentes em que os responsáveis por todos os débitos consolidados
não eram exatamente os mesmos (Acórdãos 1.335/2015-TCU-2ª Câmara, 2.152/2016 e 934/2017,
esses últimos da Primeira Câmara). Afirma que, embora sejam mais frequentes os casos de
consolidação de débitos em que os responsáveis sejam precisamente os mesmos, é fácil constatar que a
jurisprudência do TCU também é composta de casos de consolidação que não contemplam uma exata
coincidência de responsáveis.
17. Assim, opina no sentido do prosseguimento desta TCE, promovendo-se as citações de todos
os responsáveis pelas irregularidades verificadas na execução dos subconvênios Sert/Sine 260/04 e
188/04.
18. Por fim, registra que diversas tomadas de contas especiais que tratam de aplicações de
recursos do FAT nas quais figuravam como responsáveis Francisco Prado de Oliveira Ribeiro e
Carmelo Zitto Neto foram arquivadas, por não alcançar o valor mínimo estabelecido no art. 6º, inciso
I, da Instrução Normativa TCU 72/2012.
19. Diante disso, propõe determinar à unidade instrutora que levante todos os débitos existentes
em outras TCEs que tramitem neste Tribunal, abertas ou arquivadas, cujos débitos de responsabilidade
desses dois responsáveis estejam abaixo do referido limite e avalie a conveniência de se promover,
com fundamento no art. 15, caput, da Decisão Normativa-TCU 155/2016, a consolidação dos débitos
em um ou mais processos de tomada de contas especial.
20. Feita essa contextualização, passo ao exame das questões.
III
21. Reconheço, como já fiz em outras oportunidades, como no recente Acórdão 329/2019-TCU-
Plenário, que inexiste um posicionamento pacífico desta Corte acerca do tema.
22. No entanto, tenho defendido que a consolidação dos débitos a que aludia o art. 15, inciso IV,
da Instrução Normativa-TCU 71/2012, à época do envio desta tomada de contas especial, seja aplicada
quando existir identidade entre os responsáveis, conforme entendimentos constantes dos Acórdãos
6.593/2014, 7.388/2014, 7.392/2014, 1.277/2015, 1.769/2015, 5.190/2016, todos da Primeira Câmara.
23. No meu entender, esse posicionamento privilegia a racionalidade administrativa e a
economia processual, na medida em que impede que se reúnam assuntos diversos, que demandam
análises completamente distintas, apenas por constar um ou poucos responsáveis em comum.
24. Sabe-se que, além dos custos ordinários do processamento da tomada de contas especial, o
processo não se exaure no julgamento de mérito, pois ainda será objeto de recursos e, na sequência, de
potencial procedimento de cobrança executiva.
25. Assim, no meu entender, em linhas gerais, deve-se buscar identidade de responsáveis ou
outro liame que justifique a apuração e julgamento em uma mesma tomada de contas especial e,
consequentemente, o procedimento de consolidação do débito.
26. Enfatizo que a existência de um parâmetro claro e objetivo da atuação deste Tribunal
resultará, consequentemente, em um tratamento isonômico aos jurisdicionados, evitando que cada
relator decida as hipóteses em que os débitos seriam consolidados à sua maneira.
27. No caso concreto, em que pese existir a coincidência entre dois responsáveis arrolados, o
Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo e o Coordenador Estadual do
Sine/SP, à época dos fatos, tratam-se de subconvênios distintos, celebrados com entidades que, ao
339

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

menos a vista do que consta dos autos, não possuem algum tipo de relação ou outro liame que sugira a
consolidação dos débitos.
28. Ressalto que, diferente do que restou decidido no Acórdão 329/2019-TCU-Plenário, em que
os responsáveis já tinham sido notificados e apresentado defesa, neste caso encontram-se os autos
pendente de citação válida.
29. Diante desse contexto, perfilho das conclusões da unidade instrutora no sentido de arquivar a
presente tomada de contas especial em relação ao Convênio Sert/Sine 260/04, dando continuidade ao
feito no que diz respeito ao Convênio Sert/Sine 188/04, cujo valor apurado do débito supera o limite
estabelecido no art. 6º, inciso I, da Instrução Normativa-TCU 71/2012.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2693/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 014.686/2016-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Carmelo Zitto Neto (620.467.488-91); Conselho Comunitário de Educação,
Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências (03.352.584/0001-52); Francisco Prado
de Oliveira Ribeiro (017.692.008-00); José Carlos Lemes (027.582.938-38); Plural Educação e
Cidadania (04.865.664/0001-74); Wania Aparecida Martins da Silveira (010.916.968-96).
4. Entidade: Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo
e Adjacências – Cecaema (03.352.584/0001-52); Plural Educação e Cidadania (04.865.664/0001-74).
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de São Paulo (Sec-SP).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pela
Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (SPPE/MTE), em
razão de irregularidades na execução dos subconvênios Sert/Sine 260/04 e 188/04, celebrados entre a
Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP) e, respectivamente, o
Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação Social de Ermelino Matarazzo e Adjacências
(Cecaema) e a Plural - Associação para Projetos de Desenvolvimento em Qualidade de Vida, com
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) repassados ao Estado de São Paulo por meio do
Convênio MTE/SPPE/Codefat 48/2004-Sert/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. arquivar estes autos em relação ao Convênio Sert/Sine 260/04 (processo originário MTE
47101.000120/2012-84), com fundamento no art. 93 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 213 do Regimento
Interno do TCU, bem como no art. 6º, inciso I, c/c o art. 19 da Instrução Normativa-TCU 71/2012;
9.2. restituir os autos para o prosseguimento da tomada de contas especial em relação ao
subconvênio Sert/Sine 188/04 (processo originário MTE 47101.000090/2012-14); e
9.3. dar ciência desta decisão aos responsáveis e à Secretaria de Políticas Públicas de Emprego
do Ministério da Economia.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


340

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.


12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2693-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 019.225/2014-8
Natureza: Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial)
Entidade: Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba.
Recorrente: Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba
Responsáveis: Luís Antônio Paulino (857.096.468-49); Nassim Gabriel Mehedff (007.243.786-
34); Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba (67.652.149/0001-26); Vera Lúcia
Magalhães Reis Albok (760.056.668-00); Walter Barelli (008.056.888-20)
Representação legal: José Antônio Alves de Brito Filho (154.562/OAB-SP) e outros,
representando Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba; Sandro Magalhães Reis Albok
(224.605/OAB-SP) e outros, representando Vera Lúcia Magalhães Reis Albok; Ronaldo de Almeida
(236199/OAB-SP), representando Walter Barelli e Luís Antônio Paulino.

SUMÁRIO: RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO EM TOMADA DE CONTAS ESPECIAL


INSTAURADA PELA SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO DO
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NÃO COMPROVAÇÃO DA REGULAR
APLICAÇÃO DOS RECURSOS TRANSFERIDOS POR MEIO DO CONVÊNIO SERT/SINE 83/99,
CUJO OBJETO ERA A DISPONIBILIZAÇÃO DE CURSOS DE FORMAÇÃO DE MÃO-DE-
OBRA. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA ALTERAR A DECISÃO RECORRIDA.
CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Por registrar as principais ocorrências havidas no andamento do processo até o momento,


resumindo os fundamentos das peças acostadas aos autos, adoto como relatório, com os ajustes
necessários, a instrução da secretaria responsável pela análise da demanda (peça 99), que contou com a
anuência do corpo diretivo da unidade (peças 100-101) e do Ministério Público junto ao TCU
(peça 102):
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de recurso de reconsideração interposto pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Caraguatatuba (peça 80) contra o Acórdão 7.418/2016-TCU-Primeira Câmara (peça 50).
1.1. A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor (itens em negrito indicam concessão do efeito
suspensivo recursal):
‘9.1. julgar irregulares as contas do Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba, de Vera Lúcia
Magalhães Reis Albok, então presidente daquela entidade, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III,
alíneas ‘b’ e ‘c’, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e condená-los, solidariamente,
ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das
notificações, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o
recolhimento da dívida aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, atualizadas monetariamente e
acrescidas de juros de mora, calculados a partir das datas abaixo especificadas até a data do efetivo pagamento,
na forma prevista na legislação em vigor:
Data da ocorrência Valor original
08/10/1999 R$ 15.897,60
9.2. julgar irregulares as contas do Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba, de Vera Lúcia
341

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Magalhães Reis Albok, então presidente daquela entidade, e de Luís Antônio Paulino, ex-Coordenador Estadual
do Sine/SP, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.
19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e condená-los, solidariamente, ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Fundo de
Amparo ao Trabalhador - FAT, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora, calculados a partir
das datas abaixo especificadas até a data do efetivo pagamento, na forma prevista na legislação em vigor:
Data da ocorrência Valor original
07/12/1999 R$ 23.846,40
9.3. julgar regulares com ressalva as contas de Walter Barelli, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16,
inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, dando-lhes quitação;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.5. autorizar, caso solicitado, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento
Interno do TCU, o parcelamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e consecutivas, fixando-
se o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, e das demais a
cada trinta dias, devendo incidir sobre cada parcela, atualizada monetariamente, os encargos legais devidos, na
forma prevista na legislação em vigor;
9.6. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela importará
o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento Interno deste Tribunal;
9.7. encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e do voto que a fundamentam, ao
Ministério do Trabalho e Previdência Social, à Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São
Paulo (Sert/SP) e à Procuradoria da República no Estado de São Paulo, nos termos do § 3º do art. 16 da
Lei 8.443/1992, para adoção das medidas que entender cabíveis.’
HISTÓRICO
2. A Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego instaurou
processo de Tomada de Contas Especial (TCE) em face de irregularidades detectadas na execução do Convênio
MTE/Sefor/Codefat 4/1999 (peça 1, p. 19-29). A partir desse convênio, diversos outros contratos e convênios
foram realizados, em especial, o Convênio Sert/Sine 83/99 (peça 2, p. 12-19) cujo termo foi celebrado entre a
Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP) e o Sindicato dos Servidores
Municipais de Caraguatatuba (SindservCaragua), com repasse de recursos federais da ordem de R$ 39.744,00 e
que previa a disponibilização de cursos de formação de mão-de-obra para 368 treinandos nas seguintes áreas de
aprendizado: espanhol para hotéis; informática básica; preparo de drinks e coquetéis; e artesanato.
2.1. Após o regular processamento da TCE em sua fase interna, os autos foram encaminhados à Secretaria
de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex/SP) que propôs a realização de diligência a fim de que
fossem encaminhados a este Tribunal os documentos que deram suporte probatório às conclusões da comissão
de TCE (peças 4-5). Dessa forma, saneado os autos com a juntada dos documentos às peças 9-12, no que pertine
à presente análise, foi efetuada a citação solidária dos responsáveis abaixo mencionados em face das seguintes
irregularidades:
2.1.1. SindiservCaragua e sua então presidente, Vera Lúcia Magalhães Reis Albok (peças 22 e 29):
(…)
a) falta de comprovação da capacidade técnica dos instrutores, bem como ausência de comprovação de
instalações/equipamentos adequados, em desacordo com a cláusula segunda, inciso II, alíneas ‘f’, ‘g’ e ‘j’, do
Convênio Sert/Sine 83/99;
b) ausência de documentos contábeis comprobatórios (notas fiscais, recibos de pagamento, etc.) relativos
às despesas constantes na Relação de Pagamentos que integra a prestação de contas encaminhada pelo Sindicato
à Sert/SP, em desacordo com a cláusula oitava, inciso II, do Convênio Sert/Sine 83/99;
c) ausência de documentação que possibilite estabelecer nexo causal entre a Guia da Previdência Social
(GPS) apresentada, no valor de R$ 2.700,00, e a execução dos cursos que compõem o objeto do Convênio
Sert/Sine 83/99;
d) falta de comprovação da entrega dos vales-transportes aos treinandos, em desacordo com a cláusula
segunda, inciso II, alínea ‘s’, item 7, do Convênio Sert/Sine 83/99;
e) movimentação financeira irregular, em desacordo com o art. 20 da Instrução Normativa - STN 1/1997;
f) inconsistências no CNPJ/CPF de beneficiários consignados na Relação de Pagamentos.
342

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(…)
Cofre credor: Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Valor(es) histórico(s) do(s) débito(s) e da(s) quantia(s) eventualmente ressarcidas, bem como a(s)
respectiva(s) data(s) de ocorrência:
Débito(s):
R$ 23.846,40, em 7/12/1999
R$ 15.897,60, em 8/10/1999.
2.1.2. Luís Antônio Paulino (peça 24):
(…)
a) falta de adequada supervisão e acompanhamento da execução do Convênio Sert/Sine 83/99, bem como
liberação de parcelas sem que se comprovasse a efetiva execução das ações de qualificação profissional
contratadas, que redundaram na falta de comprovação da execução do citado acordo, e por conseguinte do
Convênio MTE/Sefor/Codefat 4/99-Sert/SP;
b) contratação de instituição que não atendeu integralmente os requisitos legais, mediante indevida
dispensa de licitação.
(…)
Cofre credor: Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Valor(es) histórico(s) do(s) débito(s) e da(s) quantia(s) eventualmente ressarcidas, bem como a(s)
respectiva(s) data(s) de ocorrência:
Débito(s):
R$ 23.846,40, em 7/12/1999
R$ 15.897,60, em 8/10/1999.
2.2. As alegações de defesa dos mencionados responsáveis foram apresentadas às peças 26, 36 e 40. A
unidade técnica de origem procedeu à análise de toda documentação para, ao final, não lhes dar acolhimento,
propondo que as contas dos responsáveis fossem julgadas irregulares, com a imputação das respectivas parcelas
de débito apuradas (peças 46-48). O Ministério Público junto a este Tribunal (MP/TCU) emitiu parecer
ratificando aquele entendimento e opinando, em acréscimo, a aplicação da multa do art. 57 da Lei 8.443/1992 ao
sindicato e a sua representante legal à época e a multa prevista no inciso I do art. 58 da mesma lei a Luís
Antônio (peça 49).
2.3. Em 29/11/2016, reconhecendo a prescrição das multas sugeridas pelo MP/TCU e acolhendo os
demais encaminhamentos propostos, foi prolatado o Acórdão 7.418/2016-TCU-Primeira Câmara, nos termos
transcritos no subitem 1.1 deste Exame.
2.4. Irresignado com o desfecho desse julgado, o sindicato, ora recorrente, interpõe recurso de
reconsideração o qual se passa a analisar.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3. Reitera-se o exame de admissibilidade (peça 82) em que se propôs o conhecimento do recurso com a
concessão de efeito suspensivo aos itens 9.1, 9.2 e 9.4 do acórdão recorrido. Por meio de despacho (peça 84),
aquele exame foi ratificado pelo relator do recurso, Ministro Bruno Dantas.
EXAME DE MÉRITO
4. Delimitação
4.1. Constitui objeto do presente exame analisar:
a) em sede preliminar:
a.1) se há ilegitimidade da entidade sindical para figurar nestes autos;
a.2) se o longo transcurso de tempo entre a gestão dos recursos e a exigência da prestação de contas
infringe o princípio da ampla defesa; e
b) no mérito, se o débito deve ser desconstituído em face da execução do objeto do convênio.
5. Ilegitimidade passiva
5.1. A primeira preliminar invocada pelo recorrente assevera que o sindicato não deve figurar no polo
passivo destes autos tendo em vista que (peça 80, p. 13-20):
a) a nova diretoria do sindicato assumiu a entidade a partir de 2015 (vide ata à peça 81) e só tomou
conhecimento das irregularidades após a prolação do acórdão recorrido em 2016;
b) a presidente do sindicato à época, Vera Lúcia Magalhães Reis Albok, não cumpriu com as exigências
prescritas para a correta prestação de contas dos recursos recebidos. Ela usou a primeira parcela para cobrir
custos de cursos já realizados e, em conluio a Sert/SP, recebeu as duas outras parcelas em um único repasse sem
343

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

qualquer viabilidade técnica para isso;


c) os elementos juntados aos autos demonstram que houve irregularidades administrativas naquela gestão
os quais, por si sós, seriam aptos à não liberação das segunda e terceira parcelas do convênio. No entanto, Luiz
Antônio Paulino e outros dois responsáveis isentados por este Tribunal é que deveriam ser responsabilizados
uma vez que eram responsáveis pelo acompanhamento e supervisão da tratativa;
d) passados 17 anos, o sindicato sofre com más gestões anteriores, incluída a de Mario Luiz da Silva
(período entre 2004 e 2009) que não regularizou a prestação de contas, não entrou com ação de regresso contra
Vera Albok e não comunicou nada a seus sucessores. Eram os ex-presidentes do sindicato que deveriam guardar
a documentação comprobatória das despesas e não o fizeram; e
e) dessa forma, restando descaracterizado o vínculo de solidariedade, o sindicato não pode ser
responsabilizado por atos dos terceiros acima mencionados.
Análise:
5.2. Não assiste razão ao recorrente quanto à preliminar invocada.
5.3. A legitimidade passiva do recorrente, enquanto pessoa jurídica, não está vinculada às pessoas físicas
que, em dado momento, sejam seus eventuais representantes de fato. Dito por outras palavras, ao longo do
tempo, a responsabilidade pelo débito é da pessoa jurídica independentemente de eventuais mudanças em seu
quadro de efetivos dirigentes.
5.4. Se os ex-presidentes da entidade promoveram a gestão da empresa de forma desidiosa ou fraudulenta,
tais atos não afastam o dever de ressarcimento ao Erário daquela pessoa jurídica, salvo cabal comprovação de
dolo por parte daqueles dirigentes, o que não restou suficientemente comprovado pelo recorrente. Nada obsta,
no entanto, que, em face do vínculo de solidariedade quanto ao débito levantado nestes autos, o recorrente, após
recolhê-lo, promova ações judiciais de regresso contra os demais codevedores solidários que bem entenda.
5.5. É fato incontroverso que os recursos do convênio em questão foram destinados à pessoa jurídica, ora
recorrente, o que legitima sua figuração no polo passivo da presente TCE. Ressalte-se que o entendimento
consolidado no âmbito deste Tribunal sobre o argumento em análise resta assente nos termos da Súmula TCU
286:.
‘A pessoa jurídica de direito privado destinatária de transferências voluntárias de recursos federais feitas
com vistas à consecução de uma finalidade pública responde solidariamente com seus administradores pelos
danos causados ao erário na aplicação desses recursos.’
6. Infringência ao princípio da ampla defesa
6.1. O recorrente afirma que, após 15 anos, persiste notificação para que o sindicato preste contas dos
recursos em discussão ou providencie seu recolhimento. Há inviabilidade material para esse tipo de exigência
(peça 80, p. 19).
Análise:
6.2. Essa preliminar também não deve prosperar.
6.3. Esse argumento já foi suficientemente enfrentado e rechaçado no âmbito do voto condutor do
acórdão recorrido, no qual foi consignado que houve regular notificação do recorrente nos idos de 2006 que
propiciou àquela entidade a produção e conservação de provas de seu interesse, nos seguintes termos (peça 51,
p. 1-2):
(…)
7. Não merece acolhimento a preliminar suscitada pelos responsáveis, no sentido de que a citação após o
decurso de 15 anos dos fatos prejudicaria o contraditório e a ampla defesa. Em novembro de 2006, ou seja, seis
anos após os fatos, o sindicato, sua ex-presidente e os gestores estaduais foram notificados acerca das
irregularidades, sendo-lhes facultada a apresentação de defesa na fase interna da tomada de contas especial. Ou
seja, desde aquele momento já tinham ciência das impropriedades ocorridas no convênio. Por essa razão,
inaplicável o disposto no art. 6º, inciso II, da IN TCU 71/2012.
6.4. De fato, compulsando os autos, se verifica que a mencionada notificação (peça 2, p. 106-109), datada
de 27/11/2006, foi materializada por meio do envio do Ofício de Citação com o respectivo comprovante de
entrega de AR, em 30/1/2007 (peça 2, p. 145), e constituem suporte documental apto ao não acolhimento da tese
do recorrente, uma vez que não transcorreu prazo superior a dez anos a que alude o inciso II do art. 6º da
IN/TCU 71/2012. Importa assinalar que as irregularidades noticiadas naquela ocasião envolviam:
(…)
‘A responsabilização, no caso em específico, em conformidade com a conduta comissiva e omissiva, o
nexo causal e o dano ao Erário apontados no relatório de análise mencionado, decorre das irregularidades a
344

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

seguir narradas:
1ª) - Inexecução do Convênio N.SERT/SINE 083/99 (cláusula primeira), em decorrência da não
comprovação, por meios de documentos contábeis idôneos, de que os recursos liberados foram integralmente
aplicados na execução das ações de educação profissional contratadas;
2ª) - Falta de relação explícita do pessoal técnico especializado, necessária para a regular e eficiente
execução dos cursos e falta de indicação das instalações e equipamentos disponíveis (letras f, g e j, item 11, da
cláusula 2ª do Convênio N. SERT/SINE 083/99;
3ª) - Não comprovação da implementação da contrapartida, conforme previsto no Convênio
MTE/SEFOR/CODEFAT no 004/99- SERT/SP, cláusula 4ª, itens 4.1 a 4.4 e no Plano de Trabalho vinculado ao
Convênio SERT/SINE 083/99.’
6.5. A partir desse ato processual, competia ao convenente se cercar de todos os cuidados sobre o dever
de guarda dos documentos afetos ao convênio em discussão uma vez que se tornaram controversos à análise e o
julgamento da presente prestação de contas. Aliás, o art. 30 da IN/STN 1/1997 é expresso nesse sentido, verbis:
‘Art. 30. As despesas serão comprovadas mediante documentos originais fiscais ou equivalentes, devendo
as faturas, recibos, notas fiscais e quaisquer outros documentos comprobatórios serem emitidos em nome do
convenente ou do executor, se for o caso, devidamente identificados com referência ao título e número do
convênio.
§ 1º Os documentos referidos neste artigo serão mantidos em arquivo em boa ordem, no próprio local em
que forem contabilizados, à disposição dos órgãos de controle interno e externo, pelo prazo de 5 (cinco) anos,
contados da aprovação da prestação ou tomada de contas, do gestor do órgão ou entidade concedente,
relativa ao exercício da concessão.’ [grifos]
6.6. Dessa forma, dada a regular instauração da controvérsia, in opportuno tempore, entende-se que não
houve qualquer infringência para o exercício do contraditório e da ampla defesa.
7. Desconstituição do débito
7.1. No mérito, conforme consta no voto condutor do acórdão recorrido, o recorrente argumenta que os
cursos objeto do convênio em discussão foram integralmente realizados no período de 13/10 a 18/11/1999, em
que pese não terem sido ministrados por pessoa comprovadamente capacitada. Ademais (peça 80, p. 13-15 e
p. 20):
a) o plano de trabalho foi apresentado e aprovado;
b) as instalações físicas foram vistoriadas pela concedente; e
c) quanto ao cerne da questão:
(…) é importante informar que até a presente data não foi provada a existência ou não de dano ao erário
perpetrado pelo sindicato, tendo em vista que o objeto do contrato de convênio fora concluído antes mesmo do
repasse de verbas.
Análise:
7.2. No mérito, também não assiste razão ao recorrente.
7.3. A maior parte dos atos inquinados ao recorrente em sua citação (vide item 2.1.1 deste Exame) dizem
respeito a atos omissivos e à falta de comprovantes documentais, os quais não foram objeto de saneamento por
ocasião da interposição do presente recurso. O documento novo apresentado (peça 81) se limita a comprovar as
mudanças no quadro societário da empresa recorrente.
7.4. Restam incólumes os fundamentos pelos quais o débito em discussão está constituído uma vez que
não foram apresentados documentos aptos à comprovação da capacidade técnica dos instrutores, das instalações
utilizadas nos cursos, comprovantes de pagamentos de despesas, da falta de comprovantes do vínculo de nexo
causalidade em relação às guias de previdência social, da entrega dos vales-transportes aos treinandos, bem
como a comprovação que justifique a movimentação financeira irregular dos recursos geridos e as
inconsistências dos CNPJ/CPF de beneficiários listados na relação de pagamentos. A mera apresentação e
aprovação do plano de trabalho e a suposta vistoria efetuada pela concedente não são aptos a comprovar a
regularidade da execução do objeto.
7.5. Ao contrário do alegado pelo recorrente, tal conjunto de achados é apto a atestar a irregularidade de
todos os recursos geridos no âmbito do convênio em discussão. Assim, competiria ao recorrente apresentar
comprovantes documentais que fossem aptos a operar efeitos impeditivos, modificativos ou extintivos dos
fundamentos constituidores do débito, nos termos do entendimento de que se extrai do Acórdão 1.522/2016-
TCU-Plenário (relatoria do Ministro Benjamin Zymler):
‘A distribuição do ônus probatório nos processos de fiscalização do TCU segue a disciplina do art. 373 da
345

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Lei 13.105/2015 (CPC) , aplicada às peculiaridades da atividade de controle externo, competindo: a) à unidade
técnica do Tribunal demonstrar os fatos apurados nas fiscalizações, mediante a juntada das evidências que os
suportam; b) aos órgãos fiscalizados e aos terceiros interessados provar os fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito do Estado de obter ressarcimento e/ou punir a prática de ato ilegal, ilegítimo e
antieconômico que lhes fora atribuída pelo corpo instrutivo do Tribunal.’
7.6. Noutra linha jurisprudencial, permanece a ausência sobre a comprovação da boa e regular aplicação
dos recursos, nos termos do Acórdão 2.435/2015-TCU-Plenário (relatoria da Ministra Ana Arraes), verbis:
‘É dever do gestor público, em especial em tomada de contas especial, trazer elementos probatórios
consistentes, coerentes e suficientes, que demonstrem, de forma inequívoca, o bom e correto emprego das
verbas geridas, de acordo com as normas pertinentes.’
7.7. Por fim, como se trata de recursos referentes ao Planfor, a pretensão de se ver desconstituído o
débito, poderia se dar com base na comprovação dos três elementos constitutivos do treinamento (instrutores,
treinandos e instalações físicas). No entanto, o recorrente também não apresentou comprovantes aptos ao
aproveitamento desse entendimento.
CONCLUSÃO
8. Das análises anteriores, conclui-se que:
a) sem a efetiva comprovação de que os dirigentes da pessoa jurídica, destinatária de recursos públicos
federais para a consecução de uma finalidade pública, agiram de forma fraudulenta ou com flagrante desídia,
incide o disposto na Súmula TCU 286 ratificando a legitimidade passiva daquela entidade privada a ressarcir o
Erário pelos danos a ele causado;
b) a regular notificação do responsável na fase interna do processo de Tomada de Contas Especial torna
controverso a regularidade na aplicação dos recursos e impõe o dever de guarda de documentos referentes ao
ateste da boa e regular aplicação dos recursos em sua fase externa, inexistindo, por via de consequência,
violação à ampla defesa decorrente do transcurso de tempo até a citação do responsável por este Tribunal; e
c) à míngua de novos documentos que refutem os atos inquinados ao responsável em sua citação, não há
motivos para reconhecer a regularidade da aplicação dos recursos de convênio eivado de irregularidades.
8.1. Com base nessas conclusões e reconhecendo que restam válidos todos os pressupostos de
constituição e validade desta TCE, propõe-se que seja negado provimento ao presente recurso.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
9. Ante o exposto, propõe-se, com base no art. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992:
a) conhecer o recurso de reconsideração, para, no mérito, negar-lhe provimento; e
b) dar ciência ao recorrente, aos demais interessados e ao Procurador-chefe da Procuradoria da República
no Estado de São Paulo do acórdão que vier a ser proferido.”
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de Recurso de Reconsideração interposto pelo Sindicato dos Servidores


Públicos Municipais de Caraguatatuba (peça 80) contra o Acórdão 7.418/2016-TCU-Primeira Câmara
que, em sede de tomada de contas especial, rejeitou suas alegações de defesa e julgou irregulares suas
contas, imputando-lhe débito no valor histórico de R$ 39.774,00.
2. A condenação do responsável decorreu da não comprovação da regular aplicação dos recursos
transferidos por meio do convênio Sert/Sine 83/99, celebrado com a Secretaria do Emprego e Relações
do Trabalho do Estado de São Paulo (Sert/SP), que tinha por objeto a realização de cursos de formação
de mão de obra em idiomas (espanhol para hotéis), informática básica, preparo de drinks e coquetéis e
artesanato.
3. Nesta oportunidade, o recorrente, em síntese, alega que: a) por diversos motivos, explicitados
na peça recursal, o sindicato não deve figurar no polo passivo destes autos; b) após 15 anos, persiste
notificação para que o sindicato preste contas dos recursos em discussão ou providencie seu
recolhimento, havendo, portanto, inviabilidade material para esse tipo de exigência; c) os cursos objeto
do convênio em discussão foram integralmente realizados no período de 13/10 a 18/11/1999, em que
346

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pese não terem sido ministrados por pessoa comprovadamente capacitada; d) o plano de trabalho foi
apresentado e aprovado, as instalações físicas foram vistoriadas pela concedente; e e) não foi provada a
existência ou não de dano ao erário perpetrado pelo sindicato, tendo em vista que o objeto do contrato
de convênio fora concluído antes mesmo do repasse de verbas.
4. Após examinar as razões recursais, a Secretaria de Recursos e o Parquet, em pareceres
uniformes, concluíram que não foram trazidos elementos suficientes para alterar a deliberação
recorrida.
5. De início, ratifico o despacho por meio do qual conheci do recurso, uma vez atendidos os
requisitos atinentes à espécie.
6. Quanto ao mérito, acolho os pareceres emitidos, incorporando os seus fundamentos às minhas
razões de decidir.
7. Em relação à primeira alegação, não há qualquer dúvida de que a recorrente deve figurar no
polo passivo da TCE, uma vez que os recursos do convênio em questão foram a ela destinados. Assiste
razão à unidade instrutora quando afirma que a responsabilidade pelo débito é da pessoa jurídica
independentemente de eventuais mudanças em seu quadro de efetivos dirigentes.
8. No que respeita à suposta infringência ao princípio da ampla defesa, observo que o recorrente
foi notificado em 2006, seis anos após os fatos, para defender-se das irregularidades. Ademais, os
argumentos ora apresentados não diferem daqueles apreciados na ocasião em que se proferiu o
julgamento das contas do responsável, motivo pelo qual considero desnecessária qualquer
consideração adicional.
9. De maneira análoga, no que concerne à desconstituição do débito, o único documento novo
apresentado se cinge a demonstrar as alterações havidas no quadro societário do Sindicato. Assim, o
recorrente deixou de carrear elementos aptos a comprovar o nexo de causalidade entre os recursos
federais repassados e as despesas executadas. Nesse sentido, necessário reforçar que os documentos
disponibilizados, tal qual o avaliado pela Serur, não se prestam a demonstrar a regularidade da
execução do objeto.
10. Manifesto apenas pontual discordância da análise da Serur quando afirma que, no caso de
recursos do Planfor, a desconstituição do débito poderia se dar com base na comprovação do “tripé”
constitutivo do treinamento: instrutores, treinandos e instalações físicas.
11. Anoto, como venho fazendo nos outros processos atinentes ao Planfor e PNQ, que essa
análise deve ser feita à luz dos casos concretos.
12. Vem prevalecendo o entendimento de que apenas a existência, por exemplo, de diários de
classe, não é suficiente para demonstrar a execução do objeto na forma como avençado, devendo se
analisar em conjunto a documentação exigível por força do próprio termo do convênio, bem como
outros elementos passíveis de serem requisitados pelos normativos do ajuste, como a documentação
contábil. Nesse sentido, o Acórdão 372/2017-TCU-Primeira Câmara, in verbis:
“(...) 5. Consoante defendido pelos recorrentes, o TCU decidiu em deliberações proferidas em outros
processos de contas relativos à gestão de recursos do Planfor que, demonstrada a existência de três elementos
fundamentais a quaisquer treinamentos, quais sejam, instrutores, treinandos e instalações físicas, comprova-se o
adimplemento do ajuste, implicando, necessariamente, a ausência de débito. Nessa linha, citam expressamente o
Acórdão 17/2005-TCU-Plenário.
6. Apresentada a tese, afirmam que os diários de classe constantes da prestação de contas são
documentos hábeis a evidenciar a existência de instrutores, treinandos e instalações físicas, no bojo da execução
do Convênio Sert/Sine 87/1999.
7. Com efeito, existem julgados relativos a tomadas de contas especiais referentes à gestão de recursos do
Planfor cujo deslinde foi aquele mencionado pelos recorrentes. Não obstante, entendo que o exame de cada caso
concreto pode levar a conclusão diversa, uma vez que se analisam atos e fatos distintos. Por essa razão, juízos
anteriores nem sempre vinculam julgamentos futuros. Cabe ao julgador apreciar livremente os fatos à luz do
direito, incumbindo-lhe o dever de fundamentar a sua decisão.
8. Ora, em boa parte das tomadas de contas especial relativas a recursos do Planfor existem diários de
classe indicando instrutores, treinandos e local de treinamento. Assim, na linha defendida pelos recorrentes, a
347

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apresentação dos diários de classe seria suficiente para comprovar a execução física do objeto convenial e,
consequentemente, afastar supostos débitos.
9. Discordo dos argumentos apresentados pelos recorrentes. De acordo com o termo de convênio, os
diários de classe são apenas um dos elementos necessários para comprovar a boa e regular gestão dos recursos
federais repassados à entidade. Assim, o seu conteúdo deve ser confrontado com outros documentos exigidos no
ajuste, a exemplo da relação de pagamentos e extratos bancários, ou com outros porventura requeridos pelo
concedente, como os documentos contábeis comprobatórios das despesas e os comprovantes de entrega de vale
transporte, de alimentação e de material didático, uma vez que o convenente deveria declarar possuir, e guardar,
tais comprovantes. Portanto, os diários de classe não possuem, por si só, força probatória suficiente para
comprovar a execução do objeto.”
13. Isso posto, percebo que os precedentes no sentido de considerar regulares com ressalva as
contas quando fossem apresentados elementos minimamente aptos a comprovar a mera execução física
do objeto (instrutores, treinandos e instalações físicas) estão superados, pelo menos, no âmbito deste
colegiado.
14. A Primeira Câmara realmente vem entendendo ser imprescindível a demonstração da boa e
regular aplicação dos recursos públicos, tarefa que perpassa necessariamente pelo exame dos
documentos comprobatórios das despesas. Cito nesse sentido os Acórdãos 3.959/2015, 4.600/2015,
4.691/2015, 4.389/2016, 4.779/2016 e 8.834/2017, todos do mencionado colegiado.
15. A ausência de tais documentos, que foram expressamente exigidos para a prestação de
contas, impossibilita, ante a inexistência de outros elementos mais robustos, a comprovação da
execução do convênio (não apenas a realização física do objeto, mas também a regularidade dos
desembolsos realizados), uma vez que esse tipo de avença está sujeita aos ditames da Instrução
Normativa STN 1/1997.
16. Assim, uma vez não comprovado o atingimento dos objetivos do convênio, não se mostra
procedente a alegação de inocorrência de prejuízo ao erário.
17. Feitas essas considerações, em linha com os pareceres anteriores, entendo que o presente
recurso deve ser conhecido e rejeitado, mantendo-se inalterada a deliberação recorrida.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote a minuta de acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2694/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 019.225/2014-8.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial)
3. Recorrente: Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba (67.652.149/0001-26).
4. Entidade: Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria do TCU no Estado de São
Paulo (Sec-SP).
8. Representação legal: José Antônio Alves de Brito Filho (154.562/OAB-SP) e outros,
representando Sindicato dos Servidores Municipais de Caraguatatuba.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interposto pelo
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Caraguatatuba contra o Acórdão 7.418/2016-TCU-
Primeira Câmara, que, em sede de tomada de contas especial, julgou irregulares suas contas e imputou-
lhe débito;
348

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira


Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsideração e negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência deste acórdão ao recorrente e ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República
no Estado de São Paulo.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2694-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE II – Primeira Câmara


TC 029.123/2015-1
Natureza: Tomada de Contas Especial
Entidade: Município de Porto Ferreira-SP
Responsáveis: Maurício Sponton Rasi (120.261.718-23), DRR Construções e Comércio Ltda.
(02.607.198/0001-00) e Município de Porto Ferreira/SP (45.339.363/0001-94)
Representação legal: Alexandre Faggion Castagna (OAB/SP 131.982), representando DRR
Construções e Comércio Ltda.; Evandro D'agostini Boari (OAB/MG 117.339) e outros, representando
Maurício Sponton Rasi

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE


(FUNASA). RECURSOS REPASSADADOS MEDIANTE TERMO DE COMPROMISSO.
SUBSTITUIÇÃO DA REDE DE ABASTECIMENTO DA ÁGUA NO MUNICÍPIO.
REPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL. ALTERAÇÃO DO SISTEMA
CONSTRUTIVO SEM APROVAÇÃO PELO ÓRGÃO CONCEDENTE. TRANSFERÊNCIA À
INICIATIVA PRIVADA, POR MEIO DE CONCESSÃO, DA OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO MUNICÍPIO, EM DESCUMPRIMENTO À
CLÁUSULA CONTIDA NO TERMO DE COMPROMISSO. CITAÇÃO DO EX-PREFEITO, DO
ENTE MUNICIPAL E DA EMPRESA CONTRATADA. POSTERIOR APROVAÇÃO COM
RESSALVA DA PRESTAÇÃO DE CONTAS PELA FUNASA. JURISPRUDÊNCIA DO TCU
SOBRE A MATÉRIA. AFASTAMENTO DAS SUPOSTAS IRREGULARIDADES
RELACIONADAS À EXECUÇÃO DO TERMO DE COMPROMISSO. INEXISTÊNCIA DE DANO
AO ERÁRIO FEDERAL. NECESSIDADE DE AVERIGUAR POSSÍVEL DANO AOS USUÁRIOS
DO SISTEMA, CASO O OBJETO CUSTEADO PELO TERMO DE COMPROMISSO TENHA
SIDO COMPUTADO NOS CUSTOS DA CONCESSIONÁRIA OU INCORPORADO AO SEU
PATRIMÔNIO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS NESTA TCE QUE COMPROVEM ESSA
SUPOSTA IRREGULARIDADE. CIÊNCIA AOS ÓRGÃOS DE CONTROLE DA ESFERA
ESTADUAL. EXCLUSÃO DO MUNICÍPIO E DA EMPRESA CONTRATADA DA RELAÇÃO
PROCESSUAL. CONTAS DO EX-PREFEITO REGULARES COM RESSALVA.
Considera-se legal a transferência de recursos federais para obras de esgotamento sanitário a
serem incorporadas a contratos de concessão de serviços públicos celebrados com empresas privadas,
desde que satisfeitas as condições estabelecidas no Acórdão 347/2016-Plenário para evitar que os bens
financiados pela União sejam apropriados pelas concessionárias ou onerem as tarifas cobradas dos
usuários.
349

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

RELATÓRIO

Trata-se da tomada de contas especial instaurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em
desfavor de Maurício Sponton Rasi, ex-prefeito de Porto Ferreira/SP (2009 a 2012), em decorrência da
reprovação da prestação de contas parcial dos recursos repassados por conta do Termo de
Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), cujo objeto era a “substituição da rede de abastecimento de
água” (peça 1, p. 10), no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
2. Por registrar as principais ocorrências no andamento do processo até o momento, resumindo
os fundamentos das peças acostadas aos autos, transcrevo abaixo, com os ajustes necessários, a última
instrução elaborada no âmbito da então Secex-RJ (peça 53), cuja proposta de encaminhamento contou
com a anuência do corpo diretivo da unidade (peça 54):
“HISTÓRICO
1. Como já feito no âmbito da instrução de mérito (peça 34), convém reproduzir o histórico dos fatos
relativos à execução e à prestação de contas do Termo de Compromisso 482/2009 a partir das informações
disponíveis nos autos remetidos pela Funasa.
2. O Termo de Compromisso 482/2009, firmado em 31/12/2009 entre a Funasa e o Município de Porto
Ferreira, representado pelo então prefeito Maurício Sponton Rasi, tinha por objeto a execução de sistema de
abastecimento de água, mais especificamente a substituição da rede de abastecimento de água implantada nas
décadas de 1950 e 1960 em várias ruas da cidade. De acordo com parecer técnico da Divisão de Engenharia de
Saúde Pública (Diesp) da Coordenação Regional da Funasa em São Paulo, emitido em 2/9/2010, a Prefeitura de
Porto Ferreira iria substituir 25.116,90 m de rede de abastecimento de água, 8.091 m de ramais prediais e 750
ligações domiciliares, remover e recompor 13.129,90 m2 de piso em pedra portuguesa e 4.168,67 m2 de
pavimentação asfáltica (peça 1, p. 10 e 68).
3. O valor total previsto inicialmente no Termo de Compromisso era de R$ 2.100.476,67, sendo
R$ 1.890.429,00 do concedente e R$ 210.047,67 a título de contrapartida (peça 1, p. 30-35).
4. A vigência inicial do Termo de Compromisso se encerraria em 31/12/2010, mas foi sucessivamente
prorrogada de ofício, por meio de termos aditivos, até 16/6/2013 (peça 1, p. 40, 72 e 98, e peça 3, p. 73-77).
5. Somente R$ 756.171,20 foram repassados. O valor foi creditado na conta corrente 26063-0, agência
0514-2 do Banco do Brasil, em três parcelas (peça 1, p.84-88, 114, 160, 168 e 222):
ORDEM BANCÁRIA DATA VALOR (R$) CRÉDITO EM CONTA
2011OB802115 31/3/2011 378.086,00 4/4/2011
2011OB802136 31/3/2011 189.042,70 4/4/2011
2011OB804065 17/6/2011 189.042,90 21/6/2011
TOTAL 756.171,60
6. Para a realização dos serviços visando à execução do objeto do Termo de Compromisso, a Prefeitura de
Porto Ferreira realizou a Concorrência 2/2011. Três empresas participaram do certame, do qual se sagrou
vencedora a empresa DRR Construções e Comércio Ltda. (02.607.198/0001-00), com proposta no valor de
R$ 2.065.913,58 (peça 1, p. 108, 196 e 245-249).
7. O contrato 46/2011, no valor de R$ 2.065.913,58, foi firmado em 4/7/2011 e a ordem de início dos
serviços foi expedida em 12/7/2011 (peça 1, p. 182-194 e 258).
8. Em 2/3/2012, Maurício Sponton Rasi encaminhou, a título de prestação de contas parcial do período de
1/4/2011 a 31/1/2012, a documentação constante das páginas 102-202 da peça 1. Após sua análise, a
Superintendência Estadual da Funasa em São Paulo comunicou ao compromitente as seguintes irregularidades a
serem sanadas (peça 1, p. 226-228):
‘ Cópias das Notas Fiscais devidamente identificadas com título de número do convênio (informação
que deve estar no corpo da Nota Fiscal) e carimbo de atesto/certifico recebimento ou execução dos serviços,
com data, assinatura e nome do recebedor. Conforme art. 30 da IN/STN 01/97 e Acórdão 958/2008-TCU-2ª
Câmara, que interpretando o disposto no Artigo 30 da IN/STN/01/97, determinou à Funasa que:
3.1.9 Impugne nas prestações de contas as despesas cujas notas fiscais não identifiquem precisamente o
número do convênio a que elas se referem ou que não presentem o ‘atesto’ de comprovação da liquidação das
mesmas, nos termos do art. 30 da IN/STN/01/97, sob pena de responsabilização.
 Comprovação da Publicação do aviso de edital de licitação no Diário Oficial da União conforme o
inciso I do art. 21 da Lei 8.666/93, bem como Ata das sessões realizadas e respectivo mapa de apuração;’
350

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Os documentos acima foram enviados por Maurício Sponton Rasi em 27/3/2012 (peça 1, p. 230-249).
10. Além da análise documental, a Funasa realizou visita técnica em 22/3/2012, ocasião em que
confirmou que a Prefeitura de Porto Ferreira alterara unilateralmente, sem a necessária aprovação prévia da
Funasa, o sistema construtivo - do método tradicional para o método não destrutivo - bem como delegara,
mediante concessão, a operação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, por meio de
contrato assinado em 4/8/2011 (peça 1, p. 256-264, peça 2, p.1-16 e 24-136, e peça 3, p. 3-17 e 19-23). Consta
ainda do Parecer Técnico 98/DIESP, de 26/4/2012, que, de acordo com as medições da Prefeitura, os
percentuais de execução física eram os seguintes:

PARÂMETROS EM RELAÇÃO AO PLANO DE TRABALHO


APROVADO PELA FUNASA
ETAPA ESPECIFICAÇÃO PREVISTO UN EXECUTADO %
Substituição de rede (método tradicional,
1 25.117 m 0 0
conforme plano de trabalho aprovado)
2 Ramal predial 8.091 m 0 0
3 Ligações domiciliares 750 un 0 0
Remoção de piso em pedra portuguesa 13.130 m2 2.034,00 15,49
4
Recomposição de piso em pedra portuguesa 13.130 m2 2.034,00 15,49
5 Pavimentação asfáltica 4.169 m2 199,00 4,77

PARÂMETROS EM RELAÇÃO À REPROGRAMAÇÃO PROPOSTA PELA PREFEITURA APÓS


EXECUÇÃO DE OBRAS
ETAPA ESPECIFICAÇÃO PREVISTO UN EXECUTADO %
Substituição de rede (método
1 tradicional, conforme plano de 7.500 m 0 0
trabalho aprovado)
Substituição de rede (método não
destrutivo, pipe cracking,
12.616,90 m 12.616,90 100,00
conforme reprogramado pela
Prefeitura)
Substituição de rede (método não
destrutivo, furo direcional,
5.000,00 m 3.885,00 77,70
conforme reprogramado pela
Prefeitura)
2 Ramal predial 4.045,50 m 0 0
3 Ligações domiciliares 750 un 0 0
Remoção de piso em pedra
3791,20 m2 2.034,00 53,65
portuguesa
4
Recomposição de piso em pedra
3649,91 m2 2.034,00 55,73
portuguesa
2
5 Pavimentação asfáltica 416,50 m 199 47,78
11. As conclusões do Parecer Técnico 98/DIESP foram as seguintes:
a) as alterações do método construtivo pela Prefeitura de Porto Ferreira foram encaminhadas à Funasa
após a execução das obras, impedindo a manifestação prévia do órgão, em desacordo com os itens 8 e 8.3 do
Manual Técnico de Orientações para Execução de Obras e Serviços de Engenharia, com o art. 5º, alínea h, § 2º,
inciso II, da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507/2011 e com a Instrução Normativa STN 1/97, razão pela
qual devem ser devolvidos R$ 1.200.056,49 correspondentes ao somatório do item 3 da planilha orçamentária
integrante do contrato de execução das obras;
b) a Prefeitura não apresentou planilha de custo da reprogramação proposta e memorial de quantitativos,
em desacordo com a Lei 12.465/2011 e o art. 6º, inciso IX, alínea f, da Lei 8.666/1993;
c) as redes não se encontravam em operação em virtude da não execução dos ramais, bem como das
interligações ao sistema existente;
d) baixa qualidade dos serviços de reposição de mosaico de pedras portuguesas e de realização de
ancoragens;
351

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e) não foi possível verificar a compatibilidade da profundidade da rede com os projetos de


reprogramação, porque eles não foram entregues pela Prefeitura;
f) não foram instalados três tampões articulados;
g) a Prefeitura de Porto Ferreira assinou, em 4/8/2011, contrato de concessão de prestação de serviços de
saneamento com a empresa Foz de Porto Ferreira S/A, devendo a Secon verificar se tal fato contraria alguma
disposição que possa comprometer as transferências realizadas;
h) do ponto de vista dos aspectos técnicos de engenharia, podiam ser aprovados gastos de R$ 131.831,63,
conforme quadro abaixo:

PARÂMETROS EM RELAÇÃO AO PLANO DE TRABALHO


APROVADO PELA FUNASA
ETAPA ESPECIFICAÇÃO PREVISTO UN EXECUTADO % VALOR
Substituição de rede (método
1 tradicional, conforme plano de trabalho 25.117 m 0 0 0
aprovado)
2 Ramal predial 8.091 m 0 0 0
3 Ligações domiciliares 750 un 0 0 0
Remoção de piso em pedra portuguesa 13.130 m2 2.034,00 15,49 33.334,97
4 Recomposição de piso em pedra
13.130 m2 2.034,00 15,49 82.512,45
portuguesa
5 Pavimentação asfáltica 4.169 m2 199,00 4,77 15.984,20
TOTAL 131.831,63
i) caso a Secon identificasse alguma restrição em razão da concessão dos serviços de saneamento, deveria
ser recomendada a devolução integral dos recursos.
12. O Serviço de Convênios da Funasa solicitou então a manifestação da Procuradoria Federal
Especializada, que emitiu o Parecer 190/2012/PGF/PFE/FUNASA/SP, de 6/7/2012, do qual se extrai o
seguinte, acerca das implicações da concessão do serviço público de saneamento de Porto Ferreira em relação
ao Termo de Compromisso 482/2009 (peça 3, p. 65-71):
a) qualquer ato do município beneficiado que pudesse interferir no objeto do termo de compromisso
celebrado deveria ter sido previamente comunicado à Funasa, o que não ocorreu;
b) a Nota Técnica 2/PGF/PF/FUNASA/2010/fcm, de 21/5/2010, concluiu pela impossibilidade de serem
transferidos recursos oriundos do PAC, por meio de termo de compromisso, a fim de financiar sistemas de
abastecimento de água ou esgotamento sanitário pertencentes a município que tenha contrato de concessão de
serviços com entidades privadas;
c) a mesma nota técnica sugere a devolução imediata dos valores, caso os recursos já tenham sido
repassados;
d) embora não se trate de parecer vinculante, que deva ser obrigatoriamente seguido por todos os órgãos e
entidades da Administração Federal, trata-se de entendimento do órgão central da Procuradoria Federal
Especializada da Funasa;
e) a inclusão de empresa privada na prestação do serviço de saneamento do Município beneficiado foi
feita em desacordo com a legislação da época em que foi celebrado o Termo de Compromisso 482/2009
(Portaria Funasa 723/2007);
f) a conduta do Município está em desacordo com a cláusula sexta do Termo de Compromisso 482/2009,
que dispõe que o compromitente se compromete a manter em operação e dar manutenção, quando for o caso,
aos sistemas públicos resultantes de obras e serviços de engenharia;
g) diante da impossibilidade de aprovação das contas parciais do Termo de Compromisso 482/2009 em
razão do contrato de concessão dos serviços de saneamento no município de Porto Ferreira, os recursos devem
ser devolvidos, sem prejuízo das providências cabíveis em caso negativo.
13. Novo parecer técnico foi emitido em 31/7/2012, mantendo o posicionamento adotado no Parecer
Técnico 98/Diesp e reiterando a recomendação de devolução integral dos recursos (peça 3, p. 79-81).
14. Em seguida, a Funasa emitiu o Parecer Financeiro 62/2012, de 13/8/2012, que sugeriu igualmente a
não aprovação da prestação de contas parcial e a notificação do responsável para devolver os recursos no valor
de R$ 756.171,60 (peça 3, p. 83-85). Em vista disso, foi enviado a Maurício Sponton Rasi o Ofício
896/2012/SECO/SUEST-SP, de 13/8/2012 (peça 3, p. 87-91).
352

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

15. Em resposta, o responsável enviou, em 17/9/2012, as alegações contidas nas páginas 95-127 da
peça 3. Em apertada síntese, argumentou que o Município iniciou os estudos preliminares de viabilidade de
concessão dos serviços públicos de saneamento em 2010, posteriormente, portanto, à celebração do Termo de
Compromisso 482/2009, porém a Funasa somente repassou os recursos no início de 2011. Além disso, destacou
que as obras e interferências realizadas no âmbito do termo de compromisso não faziam parte do escopo do
contrato de concessão.
16. As justificativas de Maurício Sponton Rasi foram analisadas no Parecer
264/2012/PGF/PFE/FUNASA/SP-ch, de 17/10/2012, que reiterou os termos do Parecer
190/2012/PGF/PFE/FUNASA/SP e concluiu pela não aprovação das contas apresentadas (peça 3, p. 131-136).
Transcrevemos, abaixo, trecho do referido parecer:
‘8. A despeito de todo o alegado pelo Município em suas justificativas (fls. 211/227), verifica-se através
do Parecer Técnico 0098/DIESP, de 26/04/2012 que houve alteração do plano de trabalho, sendo que tal
alteração foi submetida à análise da Funasa após a execução das obras: ‘Do método tradicional, conforme plano
de trabalho aprovado, para o método não destrutivo’.
9. Continuando, concluiu o Parecer Técnico, analisando tecnicamente a execução do termo de
compromisso, que: ‘As alterações propostas às metas físicas foram encaminhadas pela Prefeitura à FUNASA
após a execução das obras, não tendo sido possibilitado à Fundação, manifestar-se previamente à execução das
obras.’.
10. Ora, se o Município Beneficiado executou o objeto de forma diversa daquela prevista no Plano de
Trabalho aprovado pela FUNASA, infringiu os termos do instrumento assinado.’
17. A manutenção da decisão de não aprovar a prestação de contas parcial foi então comunicada ao então
prefeito por meio do Ofício 1223/2012/SERVIÇO DE CONVENIOS/SUEST-SP, de 19/10/2012, que solicitou,
ainda, a devolução dos recursos (peça 3, p. 141-149).
18. Em 14/3/2013, a nova prefeita de Porto Ferreira, Renata Anchão Braga, solicitou o parcelamento do
valor requerido pela Funasa (peça 3, p. 160).
19. Nova notificação foi enviada a Maurício Sponton Rasi, já na qualidade de ex-prefeito, solicitando a
devolução dos recursos em razão da não aprovação da prestação de contas parcial do Termo de Compromisso
482/2009, conforme Notificação 2/2013/TCE/PORTARIA 28 de 26/3/2013 (peça 3, p. 168-170).
20. O responsável apresentou novas e extensas justificativas, nas quais, dentre outras alegações, reafirmou
que não houve qualquer irregularidade na execução das obras objeto do Termo de Compromisso, uma vez que
elas não integraram a equação econômico-financeira do contrato de concessão, sendo a concessionária
responsável por outros investimentos necessários à melhoria do sistema municipal de água e esgoto que não se
confundem com o objeto pactuado com a Funasa (peça 3, p. 177-223).
21. Contudo, o Parecer 59/2013/PGF/PFE/FUNASA/SP-ch, de 9/5/2013, considerou que ‘as
justificativas sob o mesmo fundamento legal já foram devidamente apresentadas e apreciadas nos autos da
prestação de contas, tendo sido afastadas e ratificada a decisão de rejeição da prestação de contas’. Em vista
disso, concluiu pelo não cabimento das justificativas e pelo prosseguimento do processo (peça 3, p. 225-230).
22. Em 14/5/2013, o Município de Porto Ferreira encaminhou cópia do Processo Administrativo
10.731/2012, que trata de sindicância referente ao caso, e solicitou a suspensão da inadimplência do Município
de Porto Ferreira junto ao Siafi (peça 3, p. 232-345, peça 4, p. 2-45, e peça 5, p. 4-306).
23. Tendo ciência do pedido de parcelamento feito pelo Município de Porto Ferreira, conforme relatado
no parágrafo 19 acima, Maurício Sponton Rasi enviou, em 20/6/2013, nova manifestação à Funasa, na qual
endossou ‘o desejo da Administração atual de se emitir os boletos de parcelamento, e a retirada do ente do
Siafi’. Outrossim, reafirmou que não houve dolo de nenhum servidor por ocasião da mudança do método de
execução da obra e que não pode pagar financeiramente por algo usufruído pelos munícipes, razão pela qual
deve ser excluído da relação jurídica da presente tomada de contas especial (peça 6, p. 82-86).
24. Parecer 101/2013/PGF/PFE/FUNASA/SP-lhp, de 4/7/2013, concluiu que o pedido de parcelamento
do Município de Porto Ferreira perdera o objeto, já que a tomadora de contas havia concluído que o ente
municipal não havia sido beneficiado e decidido unicamente pela responsabilização do ex-gestor (peça 6, p. 94-
102).
25. O Relatório de Tomada de Contas Especial, de 10/3/2015, concluiu pela responsabilização de
Maurício Sponton Rasi, ex-prefeito do Município de Porto Ferreira por dano ao Erário no valor original de
R$ 756.171,60 (peça 6, p. 118-128).
26. Notificação 4/TCE/CV-482/2009, de 6/4/2015, comunicou a rejeição das alegações de defesa
353

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

apresentadas pelo ex-prefeito e o encaminhamento da tomada de contas especial para a instância superior
(peça 6, p. 134 e 140). Cabe registrar que não constam dos autos o respectivo aviso de recebimento pelo
responsável.
27. No âmbito da Controladoria Geral da União, foi emitido, em 2/7/2015, o Relatório de Auditoria
1346/2015, que acompanhou as conclusões do relatório de tomador de contas (peça 6, p. 158-160):
‘2.1. A motivação para a instauração da presente Tomada de Contas Especial foi materializada pela
impugnação total de despesas, conforme consignado no Parecer Financeiro 62, de 13/08/2012 (fls. 241/242), e
no Parecer 264/2012/PGF/PFE/ FUNASA/SP, de 17/12/2012 (fls. 265-267v), em razão de a Prefeitura ter
transferido à iniciativa privada (empresa Foz de Porto Ferreira S/A - fls. 145-208), por meio de contrato de
concessão, a operação e a manutenção do sistema de abastecimento de água, objeto do citado Termo de
Compromisso, sem anuência da FUNASA, descumprindo, assim, a cláusula do Termo de Compromisso
482/2009 em que a Municipalidade se comprometia a manter o sistema em operação e dar a manutenção, fato
que levou as áreas técnica, financeira e jurídica da Funasa a sugerir a reprovação da prestação.
(…)
8. Diante do exposto e de acordo com as informações constantes do Relatório de Tomada de Contas
Especial, concluímos que Maurício Sponton Rasi encontra-se em débito com a Fazenda Nacional pela
importância de R$ 931.108,45, conforme descrito no item 6 deste Relatório.’
28. Em consonância com o relatório de auditoria, o certificado de auditoria e o parecer do dirigente de
controle interno se manifestaram pela irregularidade das contas (peça 6, p. 162-163).
29. O pronunciamento ministerial encontra-se na página 164 da peça 6.
30. No âmbito do TCU, a instrução inicial relatou que o repasse de recursos e a execução do objeto foram
apenas parciais, conforme apontado no Parecer Técnico 98/DIESP, de 26/4/2012, que destacou que ‘as redes
não se encontram em operação em virtude da não execução dos ramais, bem como das interligações ao sistema
existente’ e propôs a citação de Maurício Sponton Rasi, prefeito de Porto Ferreira de 2009 a 2012 - haja vista
que parte dos recursos do Termo de Compromisso 482/2009 foram recebidos e aplicados durante sua gestão à
frente da Prefeitura de Porto Ferreira, tendo inclusive apresentado prestação de contas parcial - bem como do
Município de Porto Ferreira, haja vista os indícios de que a municipalidade pode ter se beneficiado com a
aplicação irregular dos recursos transferidos pela Funasa, consoante Decisão Normativa TCU 57/2004. (peça 8,
p. 6-7).
31. As citações foram realizadas por meio dos Ofícios 3690 e 3691/2016-TCU/Secex-RJ, de 23/11/2016
(peças 13-16).
32. Em resposta, Maurício Sponton Rasi encaminhou a documentação inserida na peça 20, alegando o
que se segue:
a) as imputações são infundadas, pois a Funasa aprovou a prestação de contas do Município, conforme
documentos emitidos em datas posteriores às datas dos documentos que instruem o presente processo, em
especial o Parecer Financeiro 143/2015, emitido pela Coordenação de Prestação de Contas da Funasa no
processo 25100.059.696/2009-20, que opina pela aprovação, com ressalva, da prestação de contas, e o
Despacho de 20/5/2015, do Presidente da Funasa, aprovando, com ressalva, o valor de R$ 866.662,52, sendo
R$ 756.171,60 de recursos da Funasa, R$ 85.998,91 da contrapartida e R$ 24.492,01 de rendimentos oriundos
de aplicação financeira;
b) a aprovação das contas impacta diretamente nesta tomada de contas especial, razão pela qual se impõe
o reconhecimento de perda de objeto nos termos do art. 485, IV, do NCPC;
c) não há, no ordenamento jurídico ou no contrato de concessão celebrado entre o Município de Porto
Ferreira e a concessionária privada, qualquer previsão que impeça a Prefeitura Municipal de executar obras em
bens públicos reversíveis, de titularidade do Poder Público Municipal, utilizando-se de recursos públicos
federais repassados exatamente para esta finalidade;
d) a obra de substituição das redes foi feita em um bem público reversível, de propriedade do Município
de Porto Ferreira, não significando incorporação a patrimônio privado da empresa concessionária;
e) a obra de substituição das redes realizada pelo Município não estava prevista no edital de licitação, no
contrato ou no Plano de Investimentos de Metas que integra a proposta vencedora, como uma das obras de
responsabilidade da concessionária exploradora do serviço municipal de saneamento, razão pela qual não é
possível concluir que a concessionária já estaria sendo remunerada para realizá-la;
f) na condição de Prefeito, determinou que fosse instaurado procedimento administrativo para apurar se a
execução das obras com o recurso da Funasa se enquadrava em situação contratualmente prevista como de
354

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

revisão tarifária, o que demonstra a legalidade de sua conduta e afasta a possibilidade de lhe ser imputada;
g) a própria Funasa, no Parecer 14/2013, se posicionou pela viabilidade de aplicação de recursos não
onerosos em instalações físicas de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário que sejam objeto
de concessão para entidades privadas, o que tira o fundamento fático e jurídico das alegações firmadas nesta
tomada de contas especial, que deve, portanto, ser arquivada;
h) a alteração do plano de trabalho não trouxe qualquer prejuízo ao erário, pelo contrário, tratou-se de
conduta necessária para o alcance do interesse público, com a máxima qualidade;
i) a concepção inicial do projeto básico contido no plano de trabalho previa a implantação das novas redes
sob o calçamento já existente, com a utilização do método destrutivo dos calçamentos;
j) após a licitação em que se sagrou vencedora a D.R.R. Construções e Comércio Ltda., o Departament o
de Obras e Serviços Municipais realizou novas avaliações e vistorias nos locais onde as obras seriam realizadas,
e concluiu, em conjunto com a empresa contratada, que a melhor solução técnica para evitar os problemas e
riscos trazidos pelo método destrutivo, seria a adoção de uma nova tecnologia para a implantação das
tubulações, qual seja, o método não destrutivo;
k) os custos de implantação do método não destrutivo e a aquisição de tubos PEAD seriam superiores ao
valor originalmente firmado no contrato celebrado entre o Município e a empresa D.R.R., mas ela aceitou
executar as obras pelo mesmo preço, ante a expectativa de redução de custos com mobilização de pessoal
decorrente da alteração do método de instalação;
l) não houve, portanto, desrespeito ao Termo de Compromisso firmado entre o Município e a Funasa, pois
as adaptações no que tange à utilização do método não destrutivo ao invés do destrutivo não implicaram
qualquer alteração do objeto ou do valor do ajuste celebrado entre as partes;
m) não há qualquer prova ou indício concreto de que as alterações no plano de trabalho realizadas pelo
Município tenham resultado em prejuízo ao erário de R$ 1.217.630,81;
n) a própria Funasa, no Parecer 14/2013, reconhece que não é possível concluir pela existência de dano ao
erário em decorrência única e exclusivamente da modificação do método construtivo;
o) a tomada de contas especial foi fundamentada em conclusões iniciais e precipitadas da auditoria da
Funasa, que em momento posterior foram superadas em razão do reconhecimento da ausência de ilicitude e a
consequente aprovação das contas.
33. Com base nas alegações acima, o responsável requereu, preliminarmente, a extinção do processo sem
julgamento de mérito em razão da perda de objeto, e, no mérito, que fosse determinado o arquivamento
definitivo da presente tomada de contas especial, em face da ausência de irregularidade e da aprovação das
contas do convênio por parte da Funasa. Acompanhando suas alegações, o responsável enviou cópia de diversos
documentos, constantes das páginas 14-45 da peça 20.
34. O Município de Porto Ferreira, por sua vez, enviou a documentação constante da peça 19, alegando,
em síntese, que:
a) o Município e a Funasa celebraram o Termo de Compromisso 482/2009 em 31/12/2009, mas a Funasa
deu início aos repasses somente em 2011;
b) o termo de compromisso foi firmado antes do contrato de concessão, de forma que não havia qualquer
impedimento no momento em que o Município e a Funasa celebraram o ajuste;
c) a implementação só se iniciou em 29/5/2011, com a publicação do edital da Concorrência Pública
2/2011, no âmbito da qual se sagrou vencedora a empresa D.R.R. Construções e Comércio Ltda., com a qual foi
celebrado o Contrato de Empreitada 46/2011, em 4/7/2011;
d) como as verbas repassadas pela Funasa não seriam suficientes para garantir a universalização do
abastecimento de água potável e do esgotamento sanitário nos termos da Lei 11.445/2007, o Município
deliberou pela delegação dos serviços de água e esgoto;
e) nesse contexto, em 10/6/2010, o Município iniciou a Concorrência Pública 2/2010 visando à
concessão, com exclusividade, dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário, na área
urbana, bem como a execução de obras públicas para viabilizar a adequada prestação dos serviços;
f) em 4/8/2011 - após a celebração do contrato com a D.R.R. e quase dois anos depois da assinatura do
Termo de Compromisso 482/2009 - foi celebrado o contrato de concessão 55/2011 com a empresa Foz de Porto
Ferreira;
g) a Funasa, contudo, entendeu pela rejeição da prestação de contas dos recursos transferidos ao
Município, porque a celebração do contrato de concessão teria contrariado a Cláusula Sexta do Termo de
Compromisso;
355

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

h) ocorre que, como as obras realizadas pelo Município com recursos da Funasa visam a durar
indefinidamente, o que os técnicos da Funasa alegam, em última análise, é que, uma vez recebido qualquer
recurso, o Município estaria proibido de celebrar contratos de concessão por toda a eternidade;
i) a interpretação da Funasa, de que a celebração de contrato de concessão pelo Município, em qualquer
tempo, configuraria afronta à Cláusula Sexta do Termo de Compromisso, teria o mesmo efeito de uma renúncia
à autonomia administrativa de um ente federativo, o que veda cláusula pétrea constitucional;
j) a execução do Termo de Compromisso foi suspensa e a Funasa não integralizou os repasses ao
Município;
k) o Município deixou claro que as obras objeto do Termo de Compromisso não integram a equação
econômico-financeira do contrato de concessão, de modo que a concessionária passou a se responsabilizar por
outros investimentos para a melhoria do sistema municipal de água e esgoto;
l) não houve violação do § 1º do art. 50 da Lei 11.445/2007, pois as obras e interferências realizadas não
fazem parte do escopo do contrato de concessão e o objetivo do dispositivo legal é impedir que as
concessionárias se beneficiem dos recursos repassados pela Funasa, o que não aconteceu;
m) não obstante algumas obras terem sido executadas durante a vigência do contrato de concessão, elas
foram realizadas pelo Município, por intermédio da empresa D.R.R., sem que houvesse qualquer repasse, sob
qualquer modalidade, de recursos da Funasa à concessionária, o que denota o caráter de complementariedade
entre as obras previstas no termo de compromisso e o objeto do contrato de concessão, bem como a regularidade
da coexistência entre os dois instrumentos;
n) não houve qualquer irregularidade na execução do convênio, pois a celebração do contrato de
concessão de serviço público não constitui descumprimento do Termo de Compromisso firmado com a Funasa;
o) além disso, a alteração da metodologia de execução da obra, do método destrutivo para o método não
destrutivo, não representou qualquer descumprimento do Termo de Compromisso, pois evitou transtornos para a
população, tendo sido a Funasa devidamente comunicada acerca da necessidade de alteração do método de
execução da obra;
p) a utilização do método não destrutivo não impactou nos aspectos orçamentários, haja vista que o valor
da empreiteira contratada pelo Município permaneceu inalterado;
q) ainda que a alteração de metodologia de execução não tivesse sido comunicada, tratar-se-ia de
irregularidade meramente formal, que não teria o condão de acarretar a rejeição das contas, a devolução integral
dos valores repassados e a inscrição do Município no Siafi;
r) o Município não agiu de forma irregular ao otimizar o método construtivo, muito pelo contrário,
respeitou o princípio da eficiência consagrado no art. 37, caput, da Constituição Federal, consistente na
obtenção do melhor benefício pelo menor custo;
s) o Município empregou na execução do objeto do convênio todo o montante repassado pela Funasa no
período referente à prestação de contas (R$ 756.171,60), sendo que o setor técnico da Funasa reconheceu que
mais de 130 mil reais foram aplicados de acordo com a correta metodologia;
t) não houve desvios de recursos ou prejuízo para a Funasa ou para o erário federal, de forma que a
reprovação das contas vão de encontro aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade;
u) se a alteração do método construtivo viabilizou maior eficiência dos recursos públicos aplicados na
obra e estava em conformidade com os objetivos do termo de compromisso, as contas devem ser aprovadas,
pois as circunstâncias que envolvem a alteração suprem eventual omissão na realização de requerimento prévio,
vez que nenhum prejuízo foi constatado;
v) o próprio TCU, em sua jurisprudência, reconhece a existência de falhas meramente formais que, na
hipótese de inexistir dano ao erário, geram a aprovação das contas com ressalvas, conforme Acórdão 83/2009-
TCU-2ª Câmara;
w) em suma, não há qualquer óbice à alteração do método construtivo, pois a Funasa normalmente o
permitira, e a falta de autorização tempestiva da Funasa não foi suficiente para resultar no comprometimento do
Termo de Compromisso ou na destinação de recursos a despesas que com ele não guardam pertinência.
35. Ante os elementos trazidos aos autos por Maurício Sponton Rasi, que apontavam para mudança do
entendimento dos setores técnicos da Funasa bem como da Procuradoria Federal Especializada junto à entidade
acerca da regularidade da aplicação dos recursos do Termo de Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), a
instrução anterior considerou necessária a realização de diligência junto à Funasa para que enviasse a esta Corte
de Contas, relativamente ao Termo de Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), firmado em 31/12/2009 com o
Município de Porto Ferreira/SP, as seguintes informações e documentos:
356

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

a) se houve mudança quanto ao mérito da análise da prestação de contas parcial do Termo de


Compromisso 482/2009 (Siafi 658067) após a emissão do Relatório de Tomada de Contas Especial assinado por
Sandra Lucia Barbosa dos Santos em 10/3/2015, informando a situação atual (aprovada ou reprovada);
b) cópia integral dos processos 25100.059.696/2009-20 (processo original), 25290.004.370/2012-71
(prestação de contas parcial), e 25290.004.061/2013-81 (tomada de contas especial);
c) cópia dos seguintes documentos:
c.1) Parecer 14/2013/AUDIT., de 24/6/2013;
c.2) Nota 181/PGF/PFE/GAB/FUNASA/2014, de 10/7/2014;
c.3) Parecer Técnico de 9/2/2015, assinado por Hugo José Mendes Bueres;
c.4) Parecer Financeiro 143/15, de 15/5/2015, assinado por Fernanda Luzia Azevedo Santos;
c.5) Despacho Copon/Cgcon/Deadm 513/2015, de 18/5/2015, assinado por Soraya de Almeida Leda;
c.6) Despacho de Carlos Luiz Barroso Junior, diretor do Departamento de Administração da Funasa, de
18/5/2015, sugerindo a aprovação, com ressalva do valor de R$ 866.662,52;
c.7) Despacho de Antonio Henrique de Carvalho Pires, presidente da Funasa, de 20/5/2015, aprovando,
com ressalva, o valor de R$ 866.662,52.
36. A diligência foi realizada por meio do Ofício 1065/2017-TCU/Secex-RJ, DE 20/4/2017 (peças 24-
25). Em resposta, a Funasa encaminhou a documentação inserida nas peças 26 e 28-33. No exame técnico
realizado na instrução de mérito, todos os itens foram considerados como atendidos, de acordo com os itens 39-
60 daquela instrução (peça 34).
37. Quanto à análise das alegações de defesa, na instrução de mérito foi abordado que os elementos
obtidos em sede de diligência confirmam a alegação de Maurício Sponton Rasi quanto à mudança de
entendimento da Funasa após a orientação dada pela Auditoria Interna do órgão no Parecer 14/2013/AUDIT., de
24/7/2013.
38. Após a orientação dada pela Auditoria Interna do órgão no Parecer 14/2013/AUDIT, de 24/7/2013,
foram emitidos, no curso do processo de prestação de contas parcial (25290.004.370/2012-71): a manifestação
da Procuradoria Federal Especializada junto à Funasa (Nota181/PGF/PFE/GAB/FUNASA/2014, de 10/7/2014);
o Parecer Técnico de 9/2/2015 da Divisão de Engenharia de Saúde Pública; e o Parecer Financeiro 143/2015 da
Coordenação de Prestação de Contas da Funasa.
39. Do ponto de vista jurídico, o principal argumento foi no sentido de que a concessão superveniente dos
serviços de abastecimento de água, embora inviabilizasse novos repasses de recursos ao município de Porto
Ferreira, pois configurava motivo para rescisão, não impedia a possível aprovação do valor repassado, desde que
não se verificasse nenhuma ilegalidade na aplicação do valor e na execução do objeto.
40. No que toca ao aspecto técnico, foram destacados o percentual de 41,99% de execução física, a
utilização de tubos de qualidade superior ao inicialmente previsto e aprovado em projeto básico pela Funasa e o
benefício social à comunidade decorrente da alteração do método destrutivo para o não destrutivo, conquanto
não tenha sido previamente comunicado à Funasa.
41. Por fim, o Parecer Financeiro destacou que o percentual de execução física era coerente com o
percentual de execução financeira e propôs a aprovação da prestação de contas com ressalva para a utilização de
recursos provenientes de aplicação financeira sem autorização da equipe técnica da Funasa.
42. No âmbito da instrução de mérito (peça 34), entendeu-se que a mudança de entendimento da Funasa
teria afastado - pela razoabilidade dos fundamentos expendidos - a ocorrência que ensejou a instauração da
presente TCE, a saber, a execução da obra em desacordo com o plano de trabalho [mudança do método
construtivo], e a transferência à iniciativa privada, por meio de contrato de concessão, da operação e
manutenção do sistema de abastecimento de água sem a anuência da Funasa.
43. Compreendeu-se que não haveria, nos autos, qualquer elemento que infirmasse os benefícios para a
população da mudança do método destrutivo para o não destrutivo. Além disso, que a Funasa tampouco teria
constatado custos adicionais decorrentes da alteração do método construtivo ou da utilização de materiais de
qualidade superior aos previstos no projeto básico por ela aprovado. Foi ressaltado, ainda, que a concessão dos
serviços pela Prefeitura se concretizou em 4/8/2011, data em que o objeto do Termo de Compromisso 482/2009,
de acordo com sua vigência inicialmente pactuada, prevista para terminar em 31/12/2010, já deveria ter sido
concluído, não fosse pelo atraso no repasse dos recursos pela Funasa, que somente ocorreu em junho de 2011,
ou seja, um ano e meio depois de firmado o ajuste.
44. Assim, à luz de tudo que foi relatado nos autos e alegado pelos responsáveis, o entendimento
proferido no âmbito da instrução de mérito (peça 34) foi no sentido de que remanescem apenas falhas de
357

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

natureza formal das quais mesmo a mais relevante - a concessão superveniente dos serviços públicos de
abastecimento ainda na vigência do Termo de Compromisso 482/2009, que inviabilizou o repasse do restante
dos recursos previstos - não deve, como salientado pela Procuradoria Federal Especializada junto à Funasa,
impedir a aprovação da prestação de contas parcial ante a ausência de qualquer outro elemento nos autos que
indique a ocorrência de dano ao erário.
45. A conclusão alcançada foi a de que a realização da diligência junto à Funasa confirmou a alegação de
Maurício Sponton Rasi acerca da mudança de entendimento da Funasa, que afastou a ocorrência que deu ensejo
a instauração da presente TCE e à citação dos responsáveis remanescendo apenas falhas formais relativas à
execução do objeto do Termo de Compromisso 482/2009, quais sejam, a alteração do método construtivo em
desacordo com o item 8 do Manual Técnico de Orientações para Execução de Obras e Serviços de Engenharia
de Saúde Pública e com o art. 15 da então vigente Instrução Normativa STN 1/1997; a utilização do saldo de
aplicação financeira sem a autorização prévia da Funasa, em desacordo com o item 9 do Manual Técnico de
Orientações para Execução de Obras e Serviços de Engenharia de Saúde Pública; e a formalização de concessão
dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário sem prévia comunicação à Funasa,
consoante entendimento constante da Nota 181/PGF/PFE/GAB/FUNASA/ 2014, de 10/7/2014.
46. Assim, em face da análise promovida no âmbito da instrução de mérito (peça 34), foi proposto acolher
integralmente as alegações de defesa apresentadas por Maurício Sponton Rasi e pelo Município de Porto
Ferreira, uma vez que teriam sido suficientes para elidir as irregularidades a eles atribuídas. Desse modo,
entendeu-se que suas contas deveriam ser julgadas regulares com ressalva, dando-se quitação aos responsáveis.
47. Após pronunciamento favorável da subunidade e da unidade, realizado com fundamento na delegação
de competência constante da Portaria-Secex-RJ 1/2016 (peças 35-36), o processo foi enviado ao MP junto ao
TCU, que emitiu parecer discordante da unidade técnica pelos motivos abaixo transcritos (peça 37):
‘8. Em visita técnica realizada em 22/3/2012, o órgão concedente atestou a execução física do objeto no
valor de R$ 131.831,63, considerando as metas executadas tanto em conformidade quanto em desconformidade
com o plano de trabalho aprovado, conforme se depreende do relatório à peça 3, p. 19-35, e do parecer técnico à
peça 3, p. 345. O referido valor corresponde aproximadamente a 17% do valor dos recursos transferidos
(R$ 756.171,60).
9. Quanto ao aspecto financeiro, os documentos constantes da prestação de contas parcial do período de
1º/4/2011 a 31/1/2012, enviada pelo ex-prefeito ao órgão concedente em 2/3/2012 (peça 1, p. 102-202),
demonstram que foram pagos à empresa contratada, DRR Construções e Comércio Ltda., o montante de
R$ 864.795,48, sendo R$ 756.171,60 de recursos federais, R$ 85.998,91 de contrapartida e R$ 24.135,15 de
recursos provenientes de aplicação financeira. De acordo com a ‘Relação de Bens Adquiridos, Produzidos ou
Construídos’ constante da prestação de contas (peça 1, p. 112), a prefeitura havia informado a execução física de
serviços no valor total de R$ 864.795,48.
10. Além disso, consta dos autos a informação de que o Município havia delegado, mediante concessão, a
operação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, conforme contrato celebrado com a
Foz de Porto Ferreira S.A, constante da peça 2, p. 24-136, peça 3, p. 3-17, assinado em 4/8/2011, ou seja,
concomitante com a vigência do termo de compromisso em questão. Consta do termo de contrato que a
concessão dos serviços de saneamento englobava também a execução de obras e a exploração de ativos.
11. Com base nessas informações, é possível afirmar que, se houve a execução integral do objeto
pactuado, conforme atestou a Funasa em nova visita técnica realizada no ano de 2015, ou seja, dois anos
após o fim da vigência do termo de compromisso em questão, essa finalização da execução não se deu pela
empresa contratada, DRR Construções e Comércio Ltda., tampouco foi custeada com recursos do termo
de compromisso, já que os documentos constantes da prestação de contas demonstram que as verbas
pactuadas foram destinadas aos pagamentos realizados à referida empresa ao longo dos meses de agosto a
novembro de 2011. Há, portanto, um débito a ser imputado ao ex-gestor municipal e à empresa
contratada, que recebeu a integralidade dos recursos federais por serviços não executados. (grifo nosso)
12. Considerando a possibilidade de a parcela tido como realizada pelo órgão concedente em 22/3/2012,
no valor de R$ 131.831,63, ter sido aproveitada nas obras executadas pela empresa concessionária, e
considerando, ainda, que não é possível extrair dos autos se o escopo do contrato de concessão englobava o
objeto do termo de compromisso sob exame, o que impossibilita afirmar que o valor correspondente à parcela
executada pela DRR Construções e Comércio Ltda. compreendia a remuneração da concessionária, este
representante do Ministério Público de Contas entende que o referido montante deve ser excluído do valor do
débito, em observância ao princípio do conservadorismo que rege os cálculos de débitos efetuados pelo TCU,
358

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

chegando-se ao montante de R$ R$ 624.339,97 (R$ 756.171,60 - R$ 131.831,63).


13. No tocante ao ente municipal, reputa-se que não deve responder solidariamente por tal valor, visto que
não há comprovação nos autos de que se beneficiou da aplicação irregular desses recursos.
14. Tendo em vista a alteração da fundamentação do débito pelo qual o ex-gestor municipal foi citado e
considerando, ainda, a necessidade de citar a solidariamente a empresa contratada, que até então não foi
chamada aos autos, este representante do Ministério Público junto ao TCU opina, preliminarmente, no sentido
de:
a) citar o ex-prefeito pelo valor original de R$ 624.339,97, em razão da não execução integral do objeto
do ajuste, conforme atestado pela Funasa em vistoria in loco realizada em 22/3/2012;
b) citar solidariamente a empresa DRR Construções e Comércio Ltda. pelo valor original de
R$ 624.339,97, em face do recebimento de recursos do termo de compromisso em questão por serviços não
executados.’
48. Desse modo, o Gabinete do Ministro Bruno Dantas acolheu as medidas propostas pelo MP junto ao
TCU, determinando a remessa do processo à unidade instrutora de origem para o devido cumprimento
(peça 38). Em seguida, consta o pronunciamento de Unidade no sentido de mandar citar, solidariamente, com
fundamento nos arts. 10 §1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e II, do RITCU, os
responsáveis Maurício Sponton Rasi e a DRR Construções e Comércio Ltda., para que apresentassem alegações
de defesa e/ou recolhessem, aos cofres da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), as importâncias totalizando o
valor original de R$ 624.339,97 (peça 39, p. 1). As citações foram efetuadas por meio dos ofícios 2837 e
2838/2017-Secex-RJ (peças 41-42), com as devidas ciências de comunicação (peças 43-44). Após pedido e
concessão de prorrogação em favor da DRR Construções e Comércio Ltda. (peças 45 e 48), a resposta foi
apresentada pela respectiva empresa, constante das peças 51-52. A resposta de Maurício Sponton Rasi consta da
peça 47.
Alegações de defesa apresentadas por Maurício Sponton Rasi - ex-prefeito de Porto Ferreira
49. Os procuradores de Maurício Sponton Rasi iniciam suas alegações de defesa referindo-se à instrução
anterior de mérito, cuja conclusão foi pelo afastamento da ocorrência que deu ensejo à presente TCE, em face
das informações obtidas junto ao órgão concedente por meio de diligências com a aprovação com ressalvas das
contas do ajuste em questão (peça 47, p. 2).
50. Defendem, portanto, a perda do objeto da TCE, ressaltando a emissão do Parecer Financeiro 143/15,
assinado pelo então Presidente da Fundação Nacional de Saúde, que aprovou a prestação de contas do referido
município, ressaltando que, pela leitura dos pareceres proferidos, a Funasa não teria desaprovado as contas do
Termo de Compromisso e que a parceria entre a Prefeitura e o Governo Federal, pelo contrário, teria sido
aprovada (peça 47, p. 4).
51. Alegam que o MP junto ao TCU baseou-se nos pareceres prévios, já superados pela Fundação
Nacional de Saúde, tendo ignorado os pareceres técnicos e jurídicos posteriormente apresentados pelo órgão
federal, responsável pela liberação dos recursos, sendo este o maior interessado, inclusive descrevendo-os
cronologicamente (peça 47, p. 5-13).
52. Por fim, fazem menção ao Parecer Técnico Final, da Nota 181/2014, do Parecer Financeiro 143/2015,
todos favoráveis à aprovação da prestação de contas do referido município, os quais levaram a Coordenadoria
de Prestação de Contas bem como a Coordenadoria Geral de Convênios a concordarem com o teor dos mesmos,
igualmente opinando pela aprovação das contas, e, ratificado pelo Diretor do Departamento de Administração
da Funasa. Em 20/5/2015, o Presidente da Fundação Nacional de Saúde resolveu aprovar o valor apresentado de
R$ 866.662,52, conforme transcrito em suas alegações de defesa (peça 47, p. 11-12).
53. Os procuradores do ex-prefeito fazem uma recapitulação dos fatos ocorridos de forma a demonstrar
que a substituição de parte das redes de água da região central do município, realizada pela empresa D.R.R, com
recursos do Governo Federal, não teria trazido qualquer prejuízo ao entes públicos e que, ao contrário, teria
garantido que a Administração Municipal pudesse recompor com a concessionária uma estrutura tarifária,
barateando os valores pagos pela população.
54. Repisam que no início de 2011 a Funasa efetuou os repasses dos recursos financeiros ao município,
tendo ocorrido quinze meses após a assinatura do Termo de Compromisso, realizada em 31/12/2009, para a
realização de obras no sistema de abastecimento de água. Como o Município ainda estava com o processo de
concessão em andamento, e tendo o mesmo sido suspenso por diversas vezes, a Administração entendeu
prudente manter os serviços que estavam programados para serem executados com recursos do Governo
Federal, com o único objetivo de garantir o regular abastecimento de água à população, que sofria com a falta
359

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

d'água (peça 47, p. 15).


55. Assim, em maio de 2011 o município publicou o Edital de Concorrência Pública com vistas a
contratar empresa especializada para execução das obras de substituição de parte da rede de abastecimento, e no
mesmo ano, em julho de 2011, celebrou contrato com a empresa vencedora do certame, que recebeu a ordem de
serviço para o início das obras (peça 47, p. 15).
56. De forma concomitante, em agosto de 2011, foi assinado o contrato de concessão dos serviços de
água e esgoto, mas o contrato previa um período de transição, fazendo com que a Concessionária somente
assumisse a operação dos serviços de água e esgoto em outubro de 2011. Defendem que naquela data a empresa
DRR já havia iniciado e concluído parte da obra de substituição de pontos da rede de abastecimento de água e
que é essa parte da obra que originou a presente TCE, alegando que a mesma teria sido integralmente executada
em 2011, no montante de R$ 756.171,60 (peça 47, p. 15-16).
57. Os procuradores alegam que, para garantir que a Administração Pública não absorvesse qualquer
prejuízo financeiro e que a concessionária não se locupletasse com os recursos oriundos da Funasa, o Prefeito
Maurício Rasi oficiou a Concessionária, por meio do ofício 1025/2011-GP, informando que em momento
oportuno o município faria o pedido de repactuação, visando o reequilíbrio do contrato. Defendem que em 2012
o município efetuou a notificação, acerca da execução de troca de encanamentos, para que apresentasse proposta
de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão 55/2011. Vale ressaltar que não foram
encontrados, em suas alegações de defesa, os documentos retromencionados.
58. Mencionam que no sistema de concessão não há qualquer tipo de pagamento realizado pela Prefeitura
à concessionária, em decorrência das melhorias realizadas, haja vista todos os investimentos realizados serem
obrigatoriamente inseridos na composição das tarifas, a fim de considerar a garantia do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato (peça 47, p. 17).
59. Defendem que a alteração do plano de trabalho não teria se configurado como ato ilegal, não tendo
trazido qualquer prejuízo ao erário, pelo contrário e alegam ter se tratado de conduta necessária para o alcance
do interesse público. Mencionam que o Departamento Municipal de Obras constatou que o método destrutivo
do calçamento existente traria excesso de restos de materiais, de solo, de pedras portuguesas, pedaços de tubos
entre outros incômodos. Nesse contexto, a empresa e o referido Departamento concluíram, em conjunto, que a
melhor solução técnica seria passar para o método ‘não destrutivo’, sem implicar em qualquer alteração do
objeto do ajuste celebrado entre as partes nem o custo final da obra, já que a empresa contratada aceitou
executar o objeto pelo mesmo preço já ajustado (peça 47, p. 19-20).
60. Alegam que o MP junto ao TCU se utilizou das conclusões iniciais da auditoria da Funasa que
justificaram a instauração da TCE para fundamentar a suposta existência de prova de dano ao erário e
relacionam documentação que demonstra aprovação da prestação de contas do município, bem como a
regularidade da transferência dos recursos, encerrando suas alegações de defesa com a seguinte afirmação
(peça 47, p. 21-23):
‘Dessa forma, está claro que as razões inaugurais não prosperam, uma vez que a Municipalidade não
pagou duas vezes pelo mesmo serviço, tendo ocorrido momentos diferentes entre o Termo de Compromisso
assinado com a FUNASA, o qual teve sua liberação aprovada, e no segundo momento, com a concessão,
quando não houve mais nenhum desembolso financeiro pela FUNASA, recomendando assim, diante da
concessão o encerramento do convênio.
Dessa forma, fica claro que não há no caso alegada lesão ao erário no importe de R$ 624.339,97,
conforme tenta fazer crer o Ministério Público, TENDO EM VISTA QUE TODAS AS OBRAS SUBMETIDAS
À EMPRESA DRR FORAM POR ELA EXECUTADAS, DENTRO DO CONVÊNIO CELEBRADO COM A
FUNASA.
Dessa forma, diante da ausência de irregularidade, devidamente reconhecida no âmbito administrativo,
requer seja acolhida a conclusão exarada pela Unidade Técnica com o respectivo afastamento da presente
Tomada de Contas Especial tendo em vista os esclarecimentos prestados na presente defesa.’
Alegações de defesa apresentadas pela empresa DRR Construções e Comércio Ltda.
61. Os procuradores da referida empresa defendem que em 4/7/2011, após regular licitação, foi assinado
contrato com o município dando início à execução das obras de tubulação de água do Jardim Primavera.
Defendem que não há evidências de que teria havido pagamento duplicado à DRR e à concessionária, conforme
trechos transcritos abaixo (peça 51, p. 3):
(…)
‘Primeiramente, a um, que os valores gastos deveriam ser considerados à diminuição tarifária, por meio
360

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

de repactuação (oficio do município); e a dois, que os investimentos objeto da anterior contratação com a
Requerida, no Jd. Primavera, não estavam insertos no escopo contratual dos investimentos (Oficio Repactuação
Município; Oficio Município; Ofícios Foz Não Investimento no Jd. Primavera; 2º Oficio Funasa).
Observe-se, como dito, que o órgão do Ministério Público não afirmou qual teria sido o pagamento em
duplicidade; absteve-se de investigar os fatos e optou por conduzir a questão a um território inóspito, impossível
de configurar atos ímprobos.
De fato, da leitura do edital licitatório (Concorrência Foz S/A) e proposta comercial da concessionária
Foz S/A (Proposta Técnica), não consta o investimento na execução das obras que são objeto da contratação da
Ré DRR (Jardim Primavera)’
(…)
62. Avançam em suas argumentações diante do fato de que a empresa só teria concordado com as
modificações sugeridas diante da ciência de que a Funasa teria autorizado o avanço das obras cujo preço,
embora mais elevado do que o convencional (destrutivo) foi mantido pela empresa, buscando atender o interesse
público, evitando transtornos e inconvenientes à população local (peça 51, p. 6).
63. Alegam a mudança de posicionamento da Funasa quanto à consecução da obra, tendo reprovado as
alterações, glosado o contrato, pugnado pela devolução dos recursos inicialmente e, após, entendeu como
legítima tanto a aplicação dos recursos como a alteração dos métodos de construção adotados, suprimindo o
débito do município constante do sistema Siafi (peça 51, p. 7).
64. Os procuradores demonstram, ainda, a existência de ações judiciais em curso em favor da empresa
contra o município pela falta de pagamento referente a duas parcelas de medição correspondentes às notas
fiscais 45 de 4/11/2011 e 91 de 5/6/2012, em que foi reconhecido o inadimplemento das mesmas. Ressaltam
que, embora o município tenha justificado a inadimplência sob o argumento de ausência de repasse de verbas do
PAC pela Funasa, a circunstância não o exime da obrigatoriedade do pagamento, haja vista ter ocorrida a
prestação do serviço (peça 51, p. 144-145).
Existência de ações judiciais em curso anexadas ao processo pela empresa DRR Construções e
Comércio Ltda.
65. Observa-se, nos autos, a existência do processo cível 003690-28.2013.8.26.0472, tendo sido movida a
ação de cobrança por parte da DRR contra o Município de Porto Ferreira/SP em relação às notas fiscais 45 e 91,
pendentes de pagamento, no valor total de R$ 459.517,89, atualizado em R$ 516.562,55 em agosto de 2013
(peça 51, p. 88-89). Além disso, consta a existência de outra ação judicial, sendo esta igualmente de cobrança,
0007445-94.2012.8.26.0472, de autoria da empresa MND Construções Subterrâneas Método Não Destrutivo
Ltda., por meio da qual é cobrada do município o valor de R$ 442.048,31, cuja alegação é a de ter realizado os
mesmos serviços, em subcontratação com a empresa DRR Construções e Comércio Ltda., alegando haver,
assim, conexão entre os pleitos, já que seus objetos são os mesmos, porém cobrados por autores distintos.
Ressalta-se que a ação movida por parte da empresa MND teve sentença de mérito indeferida (peça 51, p. 129).
Consta, ainda, menção à existência da ação ordinária 060027-46.2012.4.01.3400, em trâmite da 20ª Vara
Federal do Distrito Federal, na qual o referido município é autor e a Funasa é ré, onde se discute a falta de
repasse de grande parte dos recursos destinados a custear a obra cobrada pela empresa DRR (peça 5, p. 95-96).
66. Ademais, consta a informação de que a ação proposta pela DRR transitou em julgado em 2/12/2015
(peça 51, p. 161) bem como o requerimento de execução do título judicial transitado em julgado, no valor de
R$ 715.077,90 atualizado em 1/3/2016 (peça 51, p. 162-166). Ocorre que em cumprimento de sentença, o
município solicitou ao Juízo a suspensão da execução do principal, tendo em vista decisão proferida no âmbito
da ação civil pública 3001129-77.2013.8.26.0472, na qual o município é réu (peça 51, p. 175). A respectiva
ação civil pública foi proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, em face de Maurício Sponton
Rasi, Edson Prudence, Adriano Ricardo Martins e DRR Construções e Comércio Ltda., nos seguintes termos
(peça 51, p. 176):
‘Trata-se de AÇÃO CIVIL PÚBLICA, por ato de improbidade administrativa, com pedido de tutela
antecipada, proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo em face de Maurício Sponton Rasi, Edson
Pudence, Adriano Ricardo Martins e D.R.R. Construções e Comercio Ltda., em razão da ocorrência de prejuízo
ao erário de Porto Ferreira, decorrente da contratação e pagamento em duplicidade do mesmo serviço, ora
com a empresa D.R.R, ora com a empresa ‘FOZ DE PORTO FERREIRA S.A’; alteração do projeto
contido no contrato celebrado com a empresa D.R.R., em desacordo com a Lei 8.666/93, e; pagamento de
itens que sequer existiam nos locais da obra, ou que tinham baixa qualidade. (grifo nosso)
(…)
361

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O Ministério Público (fls.3548/3551) refutou as preliminares alegadas, bem como as questões atinentes ao
mérito, pleiteando a procedência da ação.’
67. Convém transcrever trechos da decisão judicial que se correlacionam com a presente análise do
processo em curso, a seguir (peça 51, p. 178-192):
(…)
‘Os requeridos negam a prática de atos de improbidade, argumentando pela regularidade das contratações,
inexistência de lesão ao erário. Alegam que não há provas suficientes do dano. Todavia, as provas apresentadas
com a exordial, com segurança, demonstraram a ocorrência dos atos de improbidade narrados.
Das provas documentais juntadas aos autos tem-se claro que MAURÍCIO, então prefeito municipal, no
dia 31 de dezembro de 2009, celebrou termo de Compromisso n°482/09 com a FUNASA (fls. 89-91 do
inquérito civil), visando à melhoria do sistema de abastecimento de água, recebendo verba do Ministério da
Saúde (FUNASA) no valor de R$ 1.890.429,00 (fls. 83-87 e 92 do inquérito civil), destinando-se tal verba à
substituição da rede de esgoto de cimento amianto por PVC, material menos prejudicial à saúde (fls. 30-39 do
Inquérito Civil).
Em 16/03/11 foi celebrado ativo com o objetivo de integrar o termo de compromisso original ao novo
plano de trabalho (fls. 71-72). Prorrogada a vigência do termo de compromisso 482/09 pelo atraso de repasse de
recursos financeiros em 19/08/11 (fls. 103).
Posteriormente (17/10/12), as contas foram reprovadas pelo Ministério da Saúde por atuação em
desconformidade com o plano de trabalho (fls. 37-42), sendo depois aprovadas com ressalva (fls. 3532-3534,
3536).
Em 04 de julho de 2011, MAURÍCIO, na condição de prefeito de Porto Ferreira, contratou a empresa
D.R.R. No bojo da Concorrência Pública 02/2011 (contrato fls. 113-119 46/11 e adjudicação fls. 120), para ‘
execução de obras e serviços de engenharia para substituição de redes de abastecimento de água, com a
substituição de encanamentos obsoletos por tubos de PVC’, contrato este no valor de R$ 2.065.913,58
(fls.382/388 do Inquérito Civil).
Às fls.71-76 do inquérito civil verifica-se que ADRIANO, engenheiro e chefe da divisão de serviços
municipais, solicitou a alteração do método utilizado do ‘destrutivo’ (tradicional) para o ‘não destrutivo’,
solicitando a reprogramação do contrato. A empresa às fls. 78-79 teria concordado com a alteração sem
alteração do custo apresentado na licitação 046/11, conforme ofício datado de 19/07/11. Ocorre que, neste ponto
observa-se a conduta irregular de Edson (Diretor do Departamento de obras) e Adriano (assessor técnico do
Departamento de obras), pois executaram obra de forma diversa daquela prevista no plano de trabalho aprovado
pela Funasa, infringindo os termos do instrumento assinado, posto que qualquer alteração só poderia ser
realizada com autorização prévia (parecer Funasa de fls. 37-42). Havendo, portanto, clara ofensa ao princípio da
legalidade, como será a seguir analisado de forma mais detalhada.
Ocorre que, desde o exercício de 2010, tramitava a Concorrência Pública 02/2010, processo
administrativo 5.705/2010, edital 01/2010, que culminou na concessão (fls. 67-132), com exclusividade, por
MAURÍCIO, na condição de prefeito de Porto Ferreira, da execução dos serviços de saneamento para a empresa
‘FOZ DE PORTO FERREIRA LTDA.’, sendo o contrato assinado em 04/08/11, isto é, um mês após a
contratação da DRR (fls. 308-371 do inquérito civil).
O contrato de concessão 55/2011, firmado com a concessionária ‘FOZ DE PORTO FERREIRA’ deixa
expressa na cláusula 3 (objeto do contrato) a seguinte obrigação da concessionária:
Item 3.2, v: ‘atividades de operação, construção, ampliação, recuperação, melhoria, conservação e
manutenção dos sistemas físicos, operacionais, organizacionais e gerenciais públicos dos serviços de
saneamento ‘ (fls. 67-132 - volume 1).
Ora, o prazo estipulado para o contrato é de 30 anos (cláusula 4.1 - fls. 81), sendo a concessão pactuada
exclusividade na prestação do serviço:
Cláusula 2.6: a concessionária, ciente dos termos e obrigações do presente contrato de concessão,
assume com exclusividade, a prestação de serviços de saneamento no Município (…) ~fls. 79.
Ainda, há na cláusula 8.1.1 item VI, que a concessionária deve ‘promover as ações necessárias para a
ligação dos usuários ao sistema’; e item x ‘ deve, na medida do possível, expandir o sistema de forma integrada
de modo a proceder a instalação das ligações de água e esgoto simultaneamente’.
E cláusula décima (fls. 108 - 1º volume)- dos encargos do poder concedente - ‘repassar a concessionária
os recursos financeiros necessários para as alterações na rede publica de abastecimento de água e esgoto
sanitário, sempre que convier alterar os alinhamentos, perfis, nivelamento de quaisquer logradouros públicos’
362

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Assim, o município para realizar certos serviços de saneamento em razão das verbas recebidas da
FUNASA, deveria adequar o contratado com a concessionária - isto é, por ter sido o contrato de
concessão celebrado um mês depois (agosto de 2011), ou não contratado obras nas redes de saneamento,
diminuindo a tarifa, ou não ter contratado a D.R.R. CONSTRUÇÕES E COMERCIO em julho de 2011-,
contudo torna-se certo que obras para o serviço de saneamento foram expressamente contratadas na
concessão. (grifo nosso)
Da cláusula 10ª resta claro que deveria ter repassado a concessionária os valores necessários para a
realização das obras necessárias para a melhora do serviço de saneamento. Considerando que o contrato foi
celebrado após a liberação da verba tais obras poderiam ter sido negociadas no momento da transferência da
execução do serviço.
Nas fls 143 a 323, em que se encontra a proposta técnica da empresa Foz do Brasil datada de 30 de
setembro de 2010, fica mais evidente a identidade de objeto. Especialmente, nos capítulos:
(i) Intervenções necessárias (fls. 152-153) em que encontramos o seguinte projeto: ‘2.2.1. 'e' -
Verificação, adequação e/ou substituição de redes antigas, com redimensionamento, de acordo com o
diagnóstico detalhado a ser executado pelo licitante. Ora, há evidente dupla contratação quando se compara
com o objeto do contrato com a DRR (fls. 113 do Inquérito civil): ‘cláusula primeira: (…) execução de obras e
serviços de engenharia para substituição das redes de abastecimento de água, com substituição de
encanamentos obsoletos por tubos de PVC(…)’
Isto é, a substituição das tubulações antigas das redes já se encontrava na proposta técnica da
concessionária e seria executada, contudo os agentes contrataram outra empresa (DRR) para realização
do serviço, pagando em duplicidade, portanto. A proposta técnica data de setembro de 2010 e era de
conhecimento de tais agentes públicos que a concorrência se encontrava para ser firmada, como foi em
04/08/11, contudo celebraram contrato com a DRR em 04/07/11. Destaca-se há exato um mês após a
contratação da DRR a execução do serviço saneamento foi transferido com exclusividade para a iniciativa
privada (fls. 67-132). (grifo nosso)
Corrobora o entendimento de que o serviço de substituição das redes de abastecimento havia sido
contratado com a concessionária os seguintes capítulos da proposta técnica da empresa ‘Foz de Porto Ferreira’:
‘2.2.2 - Necessidades para regularização do sistema de esgotamento sanitário: (d) substituição da rede
atual. Ligações prediais concomitantes; (e) implantação de coletores-troncos e interceptores,
concomitantemente à execução das redes coletoras conexas’ (fls. 152-152-v).
Às fls. 134 se verifica no ofício 1025/11 em que o município informa sobre as obras e diz que fará pedido
de repactuação. Ora, assim o fez diante da clara dupla contratação, contudo verifica-se que o contrato com a
DRR foi celebrado em julho de 2011, a celebração da concessão foi finalizada em agosto de 2011 e o ofício
pretendendo a repactuação enviado em setembro de 2011, ou seja, não há o que justifique a contratação e é
desprovido de qualquer razoabilidade um mês após a celebração da concessão pretender alterar sua abrangência.
Isto, pois, em agosto de 2011 o município já possuía conhecimento da verba obtida junto a Funasa e deveria ter
levado em conta no momento da transferência da execução do serviço.
Impossível acolher o argumento do Município de que por se tratarem de bens reversíveis poderia o poder
público aplicar os recursos recebidos sem negociação com a concessionária. Explico: a concessão transfere a
execução do serviço à entidade privada, sendo que a execução de obras na rede foi expressamente
contratada, assim contratar terceiro para a realização dos mesmos serviços é, por óbvio, duplo
pagamento. (grifo nosso)
O município alega que as obras contratadas com a DRR possuíam caráter complementar ao objeto da
concessão. Ocorre que, como se verifica da cláusula 3.2, os serviços de recuperação, melhoria, conservação e
manutenção foram contratados com a concessionária. A dupla contratação é evidente, pois a concessão do
serviço, com exclusividade, abrangendo as obras, tem impacto no valor da tarifa contratada em licitação,
portanto, paga-se mais pelo serviço de manutenção, reforma e melhorias das redes. Assim, contratar empresa
privada para a realização de obras é contratar em duplicidade, sendo certo que o interesse público envolvido não
justifica tal ação, pois há também interesse público no aproveitamento com eficiência das verbas públicas.
Diante disso, resta claro que o então prefeito de Porto Ferreira, MAURÍCIO, contratou e pagou por duas
vezes o mesmo serviço, contratando a empresa D.R.R., quando com a concessionária FOZ DE PORTO
FERREIRA foram acertados tais serviços, havendo grave irregularidade na contratação da DRR. O que fica
ainda mais evidente quando se nota que a concorrência pública tramitava desde 2010, sendo o contrato assinado
um mês depois da contratação da DRR, ou seja, o Município poderia ter negociado com a concessionária o
363

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

serviço quando da celebração do contrato, mas não o fez, contratando por duas vezes serviços de manutenção,
conservação e reforma das redes de saneamento, em especial, a substituição da rede.
(…)
Ora, no caso dos autos restou provada dupla contratação, assim a conduta apresenta perfeita
subsunção às hipóteses que descrevem condutas que causam dano ao erário. A lesão ao erário se deu nos
valores pagos a DRR, pois a partir da celebração do contrato de concessão, a execução do serviço público
de saneamento do Município foi transferida à iniciativa privada, logo, não mais competia à administração
pública realizar obras para melhora, conservação do sistema de abastecimento de água. (grifo nosso)
Portanto, caracterizado dolo do agente, que na condição de prefeito municipal fez duas contratações do
mesmo serviço, lesando o erário. Observa-se, ainda, às fls. 250-261, que há um capítulo específico da proposta
técnica da Funasa que deixa claro um ‘Programa de substituição de tubulações e ramais inadequados’. Portanto,
quando se confronta os serviços e bens a serem substituídos e os serviços prestados pela concessionária,
conforme previsão da proposta técnica enviada pela Foz de Porto Ferreira e a planilha orçamentária de
reprogramação de fls. 1330-1333 e 1346-1350 (serviços contratados com a DRR) é possível identificar
inúmeros serviços em duplicidade, tais como, montagem/instalação de hidrômetros, reposição asfáltica e da
calçada, compactação das valas, substituição de tampões, ligação T, entre outros.
Ou seja, há evidente pagamento em duplicidade pelos serviços. Observa-se, ainda, que para a realização
da obra a concessionária considerou, inclusive, que na área central seria necessária a interdição da via (fls. 254-v
do 2º volume), assim, o Assessor Técnico e Diretor de Obras ao invés de fazer a proposta pelo método não
destrutivo à DRR poderiam ter feito para a concessionária, adequando os custos.
Destaca-se às fls. 255 (2º volume) uma tabela com prazo médio para realização do serviço, incluindo
prazo para recomposição da calçada/asfalto. Portanto, bastava solicitar à concessionária que a obra fosse feita da
forma como sugerida pelo assessor técnico em agosto de 2011, quando firmada a concessão - adequando o
necessário- ao contrário, preferiram em julho de 2011 contratar outra empresa para realizar serviço que sabiam
abrangido pela concessão, posto que a proposta técnica foi enviada em setembro de 2010.
(…)
A Comissão Processante do Processo Administrativo de Sindicância local apresentou conclusão em
parecer de fls. 743-780 do Inquérito Civil pelo encaminhamento dos documentos ao Ministério Público para a
apuração das condutas dos requeridos.
O parecer técnico da FUNASA nos revela, ainda, que recomendou a devolução de valores, pois verificou
baixa qualidade na execução dos serviços de reposição do mosaico em pedra portuguesa, redes que não se
encontravam em operação pela não execução dos ramais, baixa qualidade na realização de ancoragens.
(…)
O contrato com a DRR, foi rescindido no dia 12 de junho de 2012, por sugestão da Procuradoria
Federal/FUNASA, cancelando-se o convênio (fls. 1.398, 1.403 do Inquérito Civil).
Percebe-se, assim, flagrante dano ao erário causado pelos agentes públicos, agindo em conjunto com a
empresa contratada, ensejando prejuízo ao Município de Porto Ferreira no valor de R$ 931.108.45 (fls. 1411-
1416 do Inquérito Civil), em ação dolosa, como já exposto acima.
O dano ao erário causado pela conduta do prefeito municipal é evidente, em razão do duplo pagamento,
bem como o dolo do então chefe do executivo. Portanto, de rigor sua condenação por dano ao erário (art. 10) e
pela afronta aos princípios da administração.
(…)
A empresa DRR CONSTRUÇÕES também deve ser condenada nos termos do art. 10 da Lei de
Improbidade, uma vez que, se não com dolo, ao menos agiu com culpa, ao não observar que havia Concorrência
Pública em seus procedimentos finais, cujo objeto visava à concessão do serviço público de saneamento com
exclusividade, incluindo a construção, reforma, melhoria de obras do setor. Isso, pois, em que pese o contrato
firmado (04/07/11) ser anterior ao contrato de concessão (04/08/11), fato é que a concorrência pública 002/10
tramitava desde 2010 e possui o mesmo objeto, transferindo a execução dos serviços com exclusividade,
incluindo a execução de obras. Assim, considerando o fato de não se tratar de grande cidade e por ser público o
certame, não pode a empresa alegar desconhecimento.
(…)
Em síntese, não se discute se a obra atendeu o interesse público, ou se representa tecnologia mais
avançada, mas sim que há procedimentos para alteração do termo de compromisso que não foram respeitados.
Isto é, no momento em que a FUNASA analisou o pedido, a obra já estava praticamente concluída pelo método
364

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

não destrutivo, sendo certo que a aprovação deve ser prévia.


(…)
Na imposição da reprimenda deve-se observar, dentre outros elementos de individualização, o proveito
pessoal obtido pelo agente, a efetiva gravidade da conduta e a extensão do dano. Assim, diante da maior
gravidade das condutas praticadas por MAURÍCIO, prefeito municipal, devem seus atos serem tratados como
de maior reprovabilidade, uma vez que era o detentor do poder de decisão. Ademais trata-se de contratações de
grande monta e de serviços essenciais de modo que afetaram a vida de milhares de munícipes. Deste modo,
necessário se faz a perda de cargo, a suspensão de seus direitos políticos e a proibição de contratar, para afastá-
lo da gestão da coisa pública, ainda que indiretamente, evitando reiterações para o futuro próximo; bem como, o
ressarcimento solidário dos danos, e a multa em proporção ao dano que deu caso, que se estipula diante de sua
posição de liderança no dobro dos demais, isto é, em 40% do valor do dano.
Quanto à Edson e Adriano, faz-se necessário a perda da função pública, caso ainda possuam, e a
suspensão dos direitos políticos com o claro objetivo de evitar que novas condutas que ferem princípios da
administração pública e que causam dano ao erário continuem a ser praticadas pelos agentes. Ademais, entende-
se pela condenação solidária na reparação do dano, sendo que a multa deve ser aplicada em 20%, diante da
menor gravidade de suas condutas, posto que se entendeu pela condenação por culpa, na modalidade
negligência com relação ao dano ao erário, além da condenação pelo art. 11.
Quanto à empresa DRR, a obrigação solidária na reparação do dano é medida de rigor, uma vez que se faz
necessária para recompor os cofres públicos. Entende-se também pela aplicação da multa em 20% pela
condenação apenas no art. 10, sendo, ainda, importante a proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos. Isso, pois, tal proibição evitará que a empresa
novamente contribua para condutas que lesam os cofres públicos, prejudicando os cidadãos e para que evite
contratações duvidosas em um futuro, melhor se atentando para a regularidade do contratado.’
68. Assim, com base na sentença proferida em 28/11/2017, observa-se que, entre outras punições, foi
imputado aos responsáveis arrolados nos autos o ressarcimento integral do dano, de forma solidária com os
demais agentes, no valor de R$ 931.108,45.
69. Convém evidenciar que em consulta ao sítio eletrônico do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi
constatada a seguinte movimentação processual sobre o tema em análise:
Movime
ntações
Exibindo 5 últimas. >>Listar todas as movimentações.
Data Movimento
18/05/2018 Mero expediente
Vistos.Fls.3884:Certifique a z.Serventia , conforme cota Ministerial retro.Após, dê-se vista ao
DD.Promotor de Justiça, para oferecimento de contrarrazões.Após, remeta-se os autos ao
E.Tribunal.Intimem-se.
14/05/2018 Recebidos os Autos da Conclusão
Rec. da cls
23/04/2018 Recebidos os Autos do Ministério Público
Tipo de local de destino: Cartório Especificação do local de destino: Cartório da 1ª. Vara
Judicial
20/04/2018 Conclusos para Despacho
Cls
20/04/2018 Remetidos os Autos para o Ministério Público com Vista
Tipo de local de destino: Ministério Público Especificação do local de destino: Ministério
Público
Vencimento: 08/05/2018
70. Portanto, percebe-se que a presente ação judicial ainda se encontra em trâmite, mas que versa sobre
assunto idêntico ao do presente processo, com sentença de responsabilização dos responsáveis arrolados.
EXAME TÉCNICO
71. Como abordado pelo MP junto ao TCU, no ano de 2012 o órgão concedente atestou a execução física
do objeto no valor de R$ 131.831,63, correspondente a 17% do valor dos recursos transferidos, no valor total de
365

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

R$ 756.171,60. Quanto à execução financeira, os documentos constantes da prestação de contas parcial


(1/4/2011 a 31/1/2012), constantes da peça 1, p.102-202, demonstram que a empresa DRR recebeu
R$ 864.795,48, incluindo a parcela de contrapartida e aplicação financeira.
72. Quanto aos pareceres recentemente emitidos pela Funasa no ano de 2015, defendidos pelo ex-prefeito
no que tange à regularidade da aplicação dos recursos e aprovação das contas com ressalva, merecem os
seguintes comentários:
74.1. No que tange ao aspecto jurídico, o principal fundamento, conforme consta do documento à
peça 26, p. 5-7, foi no sentido de que a concessão superveniente dos serviços de abastecimento de água, embora
inviabilizasse novos repasses de recursos ao município de Porto Ferreira, pois configurava motivo para rescisão,
não impedia a possível aprovação do valor repassado, desde que não se verificasse nenhuma ilegalidade na
aplicação do valor e na execução do objeto.
74.2. Sobre esse aspecto, vale ressaltar que, conforme se observa da sentença judicial proferida no âmbito
da ação civil pública, constava do termo de concessão com a empresa Foz de Porto Ferreira S.A serviços
englobados naqueles igualmente contratados concomitantemente com a empresa DRR, como pode-se perceber
nos itens transcritos abaixo:
‘O contrato de concessão 55/2011, firmado com a concessionária ‘FOZ DE PORTO FERREIRA’ deixa
expressa na cláusula 3 (objeto do contrato) a seguinte obrigação da concessionária:
Item 3.2, v: ‘atividades de operação, construção, ampliação, recuperação, melhoria, conservação e
manutenção dos sistemas físicos, operacionais, organizacionais e gerenciais públicos dos serviços de
saneamento ‘ (fls. 67-132 - volume 1).
Ainda, há na cláusula 8.1.1 item VI, que a concessionária deve ‘promover as ações necessárias para a
ligação dos usuários ao sistema’; e item x ‘ deve, na medida do possível, expandir o sistema de forma integrada
de modo a proceder a instalação das ligações de água e esgoto simultaneamente’.
E cláusula décima (fls. 108 - 1º volume)- dos encargos do poder concedente - ‘repassar a concessionária
os recursos financeiros necessários para as alterações na rede pública de abastecimento de água e esgoto
sanitário, sempre que convier alterar os alinhamentos, perfis, nivelamento de quaisquer logradouros públicos’
Nas fls 143 a 323, em que se encontra a proposta técnica da empresa Foz do Brasil datada de 30 de
setembro de 2010, fica mais evidente a identidade de objeto. Especialmente, nos capítulos:
(i) Intervenções necessárias (fls. 152-153) em que encontramos o seguinte projeto: ‘2.2.1. 'e' -
Verificação, adequação e/ou substituição de redes antigas, com redimensionamento, de acordo com o
diagnóstico detalhado a ser executado pelo licitante. Ora, há evidente dupla contratação quando se compara
com o objeto do contrato com a DRR (fls. 113 do Inquérito civil): ‘cláusula primeira: (…) execução de obras e
serviços de engenharia para substituição das redes de abastecimento de água, com substituição de
encanamentos obsoletos por tubos de PVC(…)’
Corrobora o entendimento de que o serviço de substituição das redes de abastecimento havia sido
contratado com a concessionária os seguintes capítulos da proposta técnica da empresa ‘Foz de Porto Ferreira’:
‘2.2.2 - Necessidades para regularização do sistema de esgotamento sanitário: (d) substituição da rede
atual. Ligações prediais concomitantes; (e) implantação de coletores-troncos e interceptores,
concomitantemente à execução das redes coletoras conexas’ (fls. 152-152-v).’
73. Desse modo, presume-se ter ocorrido ilegalidade na aplicação do valor e na execução do objeto,
diante da verificação de dupla contratação por parte do ex-prefeito à época dos fatos, cuja conduta se
enquadraria nos requisitos para a configuração de dano ao erário. Como já demonstrado na sentença judicial, a
lesão ao erário é demonstrada nos valores pagos a DRR, pois a partir da celebração do contrato de concessão,
ocorrida em 4/8/2011, ou seja, concomitantemente com a vigência do termo de compromisso com a empresa
DRR, iniciado em 4/7/2011, a execução do serviço público de saneamento do Município foi transferida à
iniciativa privada, logo, não mais competia à administração pública realizar contratação particular para a
execução de obras para melhora e conservação do sistema de abastecimento de água, haja vista se tratar de
obrigação da concessionária.
74. A respeito da execução física do objeto, o parecer técnico posterior, elaborado em 2015 pela Funasa,
afirmou quantificar o percentual de execução de 41,99% e que a alteração teria ocorrido com a colocação de
material de valor superior e qualidade. Tal afirmação não é corroborada nas evidências demonstradas na
sentença judicial no âmbito da ação civil pública, pelo contrário, onde é citado que o parecer técnico da Funasa
recomendou a devolução de valores, pois verificou baixa qualidade na execução dos serviços de reposição do
mosaico em pedra portuguesa, redes que não se encontravam em operação pela não execução dos ramais e baixa
366

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

qualidade na realização de ancoragens, observações díspares em relação à execução física do objeto.


75. Assim, muito embora o ex-prefeito e a empresa DRR aleguem que as obras contratadas com a DRR
possuíam caráter distinto ao objeto da concessão, verifica-se na sentença judicial a afirmação de que na cláusula
3.2, os serviços de recuperação, melhoria, conservação e manutenção foram contratados com a concessionária.
Desse modo, a dupla contratação se mostra evidente, pois a concessão do serviço, com exclusividade,
abrangendo as obras, tem impacto no valor da tarifa contratada em licitação, portanto, paga-se mais pelo serviço
de manutenção, reforma e melhorias das redes.
76. Diante disso, como abordado na sentença judicial, resta claro que o então prefeito de Porto Ferreira
contratou e pagou por duas vezes o mesmo serviço, contratando a empresa D.R.R. quando com a concessionária
deveria executar tais serviços, demonstrando irregularidade na referida contratação. Vale lembrar que a
concorrência pública tramitava desde 2010, tendo sido o contrato assinado um mês depois da contratação da
D.R.R, ou seja, o Município poderia ter negociado com a concessionária o serviço quando da celebração do
contrato, mas não o fez, contratando por duas vezes serviços de manutenção, conservação e reforma das redes
de saneamento, em especial, a substituição da rede.
77. Assim, como abordado pelo MP junto ao TCU, se houve a execução integral do objeto pactuado,
conforme atestado pela Funasa na nova visita técnica realizada em 2015, aproximadamente três anos após o fim
da vigência do termo de compromisso, ocorrido em 12/6/2012, essa finalização não foi conduzida pela empresa
DRR e nem custeada com recursos do termo de compromisso, haja vista os documentos constantes da prestação
de contas demonstrarem que os pagamentos realizados à respectiva empresa foram feitos nos meses de agosto a
novembro de 2011. Assim, há, um débito a ser imputado ao ex-gestor e à empresa contratada, que recebeu a
integralidade dos recursos federais por serviços não executados.
78. O MP junto ao TCU aventa a possibilidade de a parcela tida como realizada pelo órgão concedente
em 22/3/2012, no valor de R$ 131.831,63, ter sido aproveitada nas obras executadas pela empresa
concessionária, considerando, a seu ver, que não seria possível extrair dos autos se o escopo do contrato de
concessão englobava o objeto do termo de compromisso sob exame, impossibilitando, assim, a afirmação de
que o valor correspondente à parcela executada pela DRR compreendia a remuneração da concessionária,
sugerindo, com isso, a sua exclusão do valor do débito, em observância ao princípio do conservadorismo.
79. Ocorre que de acordo com a exposição dos argumentos e evidências contidos na sentença judicial
proferida no âmbito da ação civil pública, verifica-se identidade do objeto nos dois institutos celebrados, tanto
com a DRR como com a concessionária. Ou seja, resta demonstrado que o escopo do contrato de concessão
englobava o objeto do termo de compromisso sob exame. Dessa feita, entende-se que o montante não deve ser
excluído do valor do débito, imputando-os em sua totalidade, no valor de R$ 756.171,60.
80. Quanto ao ente municipal, não foram observados elementos que levassem a sua responsabilização
solidária, visto que não há comprovação de seu benefício de aplicação irregular de tais recursos, nem tampouco
essa hipótese foi cogitada no âmbito da sentença judicial referente a ação civil pública em curso.
81. Pois bem. Diante da observância de ação civil pública em curso sobre o mesmo tema e com base na
sentença proferida em 28/11/2017, imputando aos responsáveis, entre outras punições, o ressarcimento integral
do dano causado ao erário, de forma solidária com os demais agentes, presume-se cabível propor, no âmbito do
presente processo, a responsabilização do ex-prefeito do Município de Porto Ferreira/SP, Maurício Sponton
Rasi e da empresa DRR Construções e Comércio Ltda. pelo débito de R$ 756.171,60, pelos motivos principais a
seguir: (i) contratação e pagamento em duplicidade do mesmo serviço, ora com a empresa DRR, ora com a
empresa ‘FOZ DE PORTO FERREIRA S.A’; (ii) alteração do sistema construtivo - do método tradicional para
o método destrutivo - sem aprovação pelo órgão concedente, em desacordo, portanto, com o definido no plano
de trabalho e com a Lei 8.666/93; (iii) pagamento autorizado pelo ex-prefeito e recebimento por parte da DRR
da integralidade dos recursos federais por serviços não executados.
82. Vale lembrar que a jurisprudência deste Tribunal (v. Boletim de Jurisprudência 204/2018), sobre essa
situação, considera que:
‘A existência de processos no Poder Judiciário e no TCU com idêntico objeto não caracteriza repetição
de sanção sobre mesmo fato (bis in idem) nem litispendência. No ordenamento jurídico brasileiro vigora o
princípio da independência das instâncias, em razão do qual podem ocorrer condenações simultâneas nas
diferentes esferas jurídicas (cível, criminal e administrativa). O recolhimento do débito, em um ou outro
processo, serve para comprovação de quitação e sana a dívida.’ (grifo nosso)
83. Desse modo, não há impedimento legal para que os processos tramitem de forma concomitante, mas
que seja comunicado ao Tribunal de Justiça de São Paulo a existência de processo sobre o mesmo objeto no
367

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

âmbito do TCU.
CONCLUSÃO
86. A presente TCE foi motivada pela reprovação da prestação de contas parcial dos recursos repassados
por conta do Termo de Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), que tinha por objeto a execução de sistema de
abastecimento de água, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A reprovação foi
justificada pela execução da obra ter sido conduzida em desacordo com o plano de trabalho, diante da alteração,
de forma unilateral por parte da Prefeitura, do sistema construtivo - do método tradicional para o método não
destrutivo - sem a necessária aprovação prévia da Funasa.
87. Além disso, constata-se que a Prefeitura transferiu à iniciativa privada, por meio de contrato de
concessão, de forma concomitante ao contrato celebrado com a empresa DRR, a operação e manutenção do
sistema de abastecimento de água, objeto do citado Termo de Compromisso, sem anuência da Funasa,
descumprindo, assim, a cláusula do Termo de Compromisso 482/2009 em que o Município se comprometia a
manter o sistema em operação e de dar a respectiva manutenção, fato que levou a Funasa a sugerir a reprovação
da prestação.
88. Por sua vez, a ação civil pública movida pelo MP de São Paulo, onde os responsáveis são réus e que
se encontra em trâmite no Tribunal de Justiça daquele estado, considerou ter ocorrido prejuízo ao erário,
decorrente da contratação e pagamento em duplicidade do mesmo serviço, ora com a empresa DRR ora com a
empresa Foz de Porto Ferreira S.A, haja vista as obras para o serviço de saneamento estarem englobadas em
ambos os instrumentos de contratação, sobretudo quanto à substituição das tubulações antigas das redes que já
se encontrava na proposta técnica da concessionária. Contudo, a Prefeitura contratou outra empresa (a DRR)
para a realização do serviço.
89. Portanto, como afirmado pelo MP junto ao TCU, a constatação de execução integral do objeto
pactuado, atestada pela Funasa em posterior visita técnica realizada em 2015, refere-se a uma finalização de
execução não conduzida pela empresa DRR Construções e Comércio Ltda. e tampouco custeada com recursos
oriundos do termo de compromisso, haja vista os documentos constantes da prestação de contas apresentada
demonstrarem que os valores repassados foram destinados a pagamentos realizados à referida empresa nos
meses de agosto e novembro de 2011. Assim, há um débito a ser imputado ao ex-prefeito e à empresa DRR, esta
por ter recebido a integralidade dos recursos federais concernentes à parcela repassada pela Funasa por serviços
não executados.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
90. Ante todo o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
90.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas por Maurício Sponton Rasi (120.261.718-23) e DRR
Construções e Comércio Ltda. (02.607.198/0001-00), consideradas insuficientes para sanear as irregularidades a
eles atribuídas, tampouco lograram afastar o débito ora imputado, restando não comprovada a boa e regular
aplicação dos recursos repassados ao Município de Porto Ferreira/SP por meio do Termo de Compromisso
482/2009;
90.2. excluir o Município de Porto Ferreira/SP (45.339.363/0001-94) da relação processual, por não terem
sido identificadas evidências de que a municipalidade possa ter se beneficiado com a aplicação irregular dos
recursos transferidos pela Funasa;
90.3. com fundamento nos arts. 1º, inciso I; e 16, inciso III, alínea ‘c’, ambos da Lei 8.443/1992 c/c os
arts. 19 e 23, inciso III, da mesma lei, e com os arts. 1º, inciso I; 209, inciso III; 210; e 214, inciso III, todos do
Regimento Interno do TCU, que sejam julgadas irregulares as contas de Maurício Sponton Rasi (120.261.718-
23), na condição de ex-prefeito e ex-gestor do Termo de Compromisso 482/2009 celebrado com a Funasa e
DRR Construções e Comércio Ltda. (02.607.198/0001-00), na qualidade de destinatária dos recursos repassados
por meio do referido Termo de Compromisso, condenando-os, solidariamente, ao pagamento das quantias a
seguir especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres
do Fundo Nacional de Saúde (Funasa), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a
partir da data discriminada, até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

VALOR DATA DO
ORIGINAL (R$) PAGAMENTO
378.086,00 4/4/2011
189.042,70 4/4/2011
368

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

189.042,90 21/6/2011
Valor atualizado até 24/5/2018 : R$ 1.142.669,02
90.4. aplicar a Maurício Sponton Rasi (120.261.718-23) e à DRR Construções e Comércio Ltda.
(02.607.198/0001-00), individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do
Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres
do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a dos
efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
90.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das
dívidas caso não atendidas as notificações; e
90.6. encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que a
fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em São Paulo, nos termos do § 3º do art. 16
da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que entender
cabíveis, informando que o inteiro teor do relatório e voto adotados poderão ser consultados no endereço
eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos;
90.7. encaminhar aos responsáveis, à Prefeitura de Porto Ferreira/SP, à Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) e ao Tribunal de Justiça de São Paulo cópia da decisão que vier a ser adotada, informando que o inteiro
teor do relatório e voto adotados poderão ser consultados no endereço eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos;”
3. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador Rodrigo Medeiros de Lima,
dissentiu da secretaria instrutora, com base nos seguintes fundamentos (peça 55):
“12. Com efeito, em 4/8/2011, apenas um mês após a assinatura do contrato 46/2011 (com a empresa
DRR Construções e Comércio Ltda., juntado à peça 1, p. 182-194), que tinha por objeto a execução de obras e
serviços de engenharia para substituição de redes de abastecimento de água da municipalidade, e que seria
adimplido, por parte do município, com recursos advindos do Termo de Compromisso 482/2009, o Sr. Maurício
Sponton Rasi, na condição de prefeito municipal, firmou o Contrato 55/2011 (peça 2, p. 24-136; continuando à
peça 3, p. 3-17), que delegou, por meio de concessão, a prestação dos serviços públicos de abastecimento de
água e esgotamento sanitário, na área urbana de Porto Ferreira/SP, que previa também a execução de obras
públicas para viabilizar a adequada prestação dos serviços.
13. É de se destacar que os pagamentos realizados à empresa DRR Construções e Comércio Ltda., ao
longo dos meses de agosto a novembro de 2011, durante a vigência do contrato de concessão, deram-se sem a
observância ao disposto no § 1º do art. 50 da Lei 11.445/2007, que veda a aplicação de recursos não onerosos da
União em empreendimentos contratados de forma onerosa, razão por que anuímos com a proposta lavrada pela
Secex-RJ, no sentido de julgar irregulares as contas do Sr. Maurício Sponton Rasi.
14. Registre-se, por imperioso, que não estamos aqui a negar a autonomia do ente político municipal,
que, no exercício de suas capacidades de autogoverno e de autoadministração, poderia sim optar, como de fato o
fez, por entabular negócio jurídico administrativo com vistas a prestar os serviços públicos de saneamento
indiretamente, por meio de delegação negocial. O que se repudia, todavia, é a aplicação de recursos federais
transferidos no âmbito do Termo de Compromisso 482/2009, em desacordo com os normativos aplicáveis, vale
dizer, com inobservância à Lei 11.445/2007 e ao próprio ajuste avençado (cláusula sexta), mormente em um
cenário em que se busca a eficiência do gasto público, onde os recursos federais ali empregados poderiam ter
sido direcionados ao atendimento de outras necessidades públicas.
15. Ora, conforme relatado pela unidade técnica, o processo instaurado pelo município, visando à
concessão, com exclusividade, dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário, na área
urbana, bem como a execução de obras públicas para viabilizar a adequada prestação dos serviços, tramitava
desde 2010. Portanto, era de se esperar que o mandatário de Porto Ferreira/SP, em 4/7/2011, ao avençar o
contrato com a empresa DRR Construções e Comércio Ltda. – para que esta executasse obras e serviços de
engenharia para substituição de redes de abastecimento de água – já tivesse ciência de que a prestação de
serviços de água e esgoto de Porto Ferreira/SP seria objeto de descentralização por delegação.
16. Contudo, em que pese a irregularidade consubstanciada na aplicação de recursos federais em
desacordo com o Termo de Compromisso 482/2009 (alteração do método construtivo) e com a Lei 11.445/2007
(aplicação de recursos em empreendimentos contratados de forma onerosa), a imputação de débito ao
responsável não nos parece ser a medida que mais se coaduna com os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, conclusão a que chegamos em sede desta análise da questão de fundo, nos termos a seguir
expendidos.
369

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. De acordo com os autos, a Funasa não transferiu ao compromitente a totalidade dos recursos
previstos no termo de compromisso (R$ 1.890.429,00), tendo repassado à municipalidade o valor de R$
756.171,60. A vistoria às obras, realizada em 22/3/2012, constatou que houvera a alteração do sistema
construtivo (do método tradicional para o método não destrutivo), sem aprovação pelo órgão concedente, em
desacordo, portanto, com o plano de trabalho. O parecer técnico 98/DIESP (peça 1, p. 256-264; continuando à
peça 2, p. 1-16) atestou a execução física da obra, nos seguintes quantitativos:
Meta Etapa Especificação Parâmetros em relação ao Plano de Parâmetros em relação à
Trabalho aprovado pela Funasa Reprogramação proposta pela
prefeitura após execução das obras
Qtd Un Qtd % Qtd Un Qtd %
prevista executada prevista executada
1 1 Substituição de 25.117 m 0,00 0 7.500 m 0,00 0
Rede (método
tradicional,
conforme plano
de trabalho
aprovado)
Substituição de 12.616,9 m 7.616,90 100
Rede (método
não destrutivo,
FURO
DIRECIONAL,
conforme
reprogramado
pela Prefeitura.
Substituição de 5.000,00 m 3.885,00 77,7
Rede (método
não destrutivo,
PIPE
CRACKING,
conforme
reprogramado
pela prefeitura
2 Ramal predial 8.091 m 0,00 0 4.045,50 m 0,00 0
3 Ligações 750 un 0,00 0 750 un 0,00 0
domiciliares
4 Remoção de piso 13.130 m² 2.034,00 15,49 3.791,20 m² 2.034,00 53,65
em pedra
portuguesa
Recomposição 13.130 m² 2.034,00 15,49 3.649,91 m² 2.034,00 55,73
de piso em pedra
portuguesa
5 Pavimentação 4.169 m² 199,00 4,77 416,50 m² 199,00 47,78
asfáltica
(Quadro extraído da peça 1, p. 262)
18. Considerando a alteração do método construtivo da etapa 1 (substituição de rede), sem a prévia
aprovação pelo órgão concedente, a Funasa atestou como efetivamente executados, sob o aspecto financeiro,
somente as etapas 4 e 5, que atingiram a soma de R$ 131.831,63, conforme o quadro abaixo:
Parâmetros em relação ao Plano de
Trabalho aprovado pela Funasa Valor
Etapa Especificação
Qtd Qtd R$
Un %
prevista executada
Substituição de rede (método
1 tradicional, conforme plano de 25.117 m 0,00 0 0,00
trabalho aprovado)
2 Ramal predial 8.091 m 0,00 0 0,00
3 Ligações domiciliares 750 un 0,00 0 0,00
370

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Remoção de piso em pedra


13.130 m2 2.034,00 15,49 33.334,97
portuguesa
4
Recomposição de piso em
13.130 m2 2.034,00 15,49 82.512,45
pedra portuguesa
2
5 Pavimentação asfáltica 4.169 m 199,00 4,77 15.984,20
Total 131.831,63
(Quadro extraído da peça 2, p. 16)
19. Saliente-se que, quando da inspeção realizada em 22/3/2012, tendo em vista a não disponibilização
da integralidade dos recursos federais previstos no âmbito do Termo de Compromisso 482/2009, não era
razoável esperar que as obras estivessem totalmente concluídas, mesmo que não houvesse sido empreendida a
indigitada alteração no método construtivo das obras. Mas, o que se aferiu na oportunidade da vistoria técnica
foi a execução de considerável parcela de substituição das redes, ainda que a execução tenha sido realizada
utilizando método não previsto no plano de trabalho.
20. Pois bem, acerca da avaliação da ocorrência ou não de prejuízo aos cofres da Funasa, ocasionados
pela mudança do método de construção da obra, aquela fundação manifestou-se por meio do parecer técnico
colacionado à peça 26, p. 11-13, lavrado após nova vistoria do empreendimento, desta vez realizada entre 24 e
26/9/2014, no sentido de que:
‘(...) foi possível quantificar percentual de 41,99% de execução física, porém não houve solicitação pela
Compromitente da alteração do material da rede de distribuição e nem aprovação pela FUNASA. Contudo,
apesar do erro de procedimento administrativo a alteração ocorreu para material de superior valor e qualidade,
atendendo o projeto e promovendo benefício social à população deste Município.
Desta forma, recomendo a utilização do percentual de 41,99% para fins de prestação de contas. (peça 26,
p. 12-13 – grifos acrescidos)’
21. Quanto à execução financeira do ajuste, a concedente sugeriu a sua aprovação com ressalva, nos
termos do parecer financeiro 143/2015 (peça 26, p. 8-10). A teor do aludido parecer, a ressalva se refere à
utilização de recursos provenientes da aplicação financeira, ‘sem autorização da equipe técnica da FUNASA’
(peça 26, p. 9).
22. Diante disso, considerando que a parcela dos recursos federais tratada nesta TCE foi aplicada em
empreendimento que, de acordo com a área técnica da concedente, traz benefício à população do município, é
medida de extremado rigor condenar o Sr. Maurício Sponton Rasi ao pagamento de débito, não obstante a sua
conduta, traduzida em aplicar recursos federais em obra de saneamento em sistema cuja operação e manutenção
seria objeto de contrato de concessão de serviços públicos, demande a aposição de irregularidade em suas contas
(haja vista que os pagamentos à empresa DRR Construções e Comércio Ltda. foram realizados entre os meses
de agosto e novembro de 2011, quando já havia sido firmado o contrato de concessão dos serviços públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário), nos termos do art. 16, inciso III, alínea ‘b’ da Lei 8.443/1992.
23. Registre-se, por fim, não haver nos autos elementos que comprovem ter havido o duplo pagamento
pelos serviços executados, pois não se pode afirmar que o escopo do contrato de concessão firmado pela
municipalidade abarcava exatamente o objeto do Termo de
Compromisso 482/2009, muito menos se a formulação da tarifa cobrada dos usuários considerou,
especificamente, tais dispêndios com as obras realizadas pela DRR Construções e Comércio Ltda. Aliás, se de
fato ocorreu essa dupla cobrança, via exação tarifária, os órgãos de controle a que está submetido o Município
de Porto Ferreira/SP deverão adotar as medidas pertinentes, a exemplo da ação civil pública (3001129-
77.2013.8.26.0472) proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
24. O fato é que, diante do conjunto probatório disponível, o liame entre os recursos federais repassados
e os dispêndios realizados com a parcela das obras realizadas no bojo do Termo de Compromisso 482/2009
restou comprovado, mesmo que as referidas obras tenham sido levadas a termo por meio de outro método
construtivo, que não aquele previsto inicialmente no plano de trabalho, de maneira que imputar o débito ao
responsável, in casu, representaria indesejável enriquecimento ilícito da União.
25. Assim, considerando que a primeira citação encaminhada ao responsável (peça 14) mencionou a
circunstância que envolve a transferência à iniciativa privada, por meio de contrato de concessão, da operação e
da manutenção do sistema de abastecimento de água, objeto do termo de compromisso inquinado, sem a
anuência da Funasa, descumprindo cláusula expressa do referido ajuste, somos do entendimento de que a
proposta para que se julgue irregulares as contas do Sr. Maurício Sponton Rasi não encontra óbices de natureza
processual, tendo sido observado o devido processo legal, em sua acepção substantiva.
371

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

26. Em face do exposto, este representante do Ministério Público de Contas da União, em parcial
concordância com a proposta lavrada pela unidade técnica (peças 53-54), opina por que o relator adote as
seguintes providências:
a) exclua o Município de Porto Ferreira/SP e a empresa DRR Construções e Comércio Ltda. da presente
relação processual;
b) julgue irregulares as contas do Sr. Mauricio Sponton Rasi, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; e 16,
inciso III, alínea ‘b’, ambos da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19, parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma lei, e
com os arts. 1º, inciso I; 209, inciso II; 210, § 2º; e 214, inciso III, todos do Regimento Interno (RI/TCU);
c) aplique ao responsável acima a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268,
inciso I, do RI/TCU, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RI/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se for
paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
d) autorize, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial da dívida,
caso não atendida a notificação; e
e) encaminhe aos responsáveis, à Prefeitura de Porto Ferreira/SP, à Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), ao cópia da decisão que vier a ser adotada, informando que o inteiro teor do relatório e voto adotados
poderão ser consultados no endereço eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos.”

VOTO

Trata-se da tomada de contas especial instaurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em
desfavor de Maurício Sponton Rasi, ex-prefeito de Porto Ferreira/SP (2009 a 2012), em decorrência da
reprovação da prestação de contas parcial dos recursos repassados por conta do Termo de
Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), cujo objeto era a “substituição da rede de abastecimento de
água”, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
2. Para a consecução do objeto pactuado, foi previsto o repasse de recursos federais no total de
R$ 1.890.429,00, sendo efetivamente transferido ao ente municipal o montante de
R$ 756.171,60, correspondendo a 40% do valor inicialmente previsto.
3. A vigência inicial do ajuste se encerraria em 31/12/2010, mas foi sucessivamente prorrogada
de ofício, por meio de termos aditivos, até 16/6/2013.
4. Para a realização dos serviços objeto do Termo de Compromisso, o município celebrou o
Contrato 46/2011, no valor de R$ 2.065.913,58, em 4/7/2011, com a empresa DRR Construções e
Comércio Ltda., vencedora da Concorrência 2/2011.
5. Na fase interna da TCE, a Funasa, embora tenha atestado inicialmente a execução parcial da
obra, no valor de R$ 131.831,63, mediante a vistoria técnica realizada em 22/3/2012 (peça 3, p. 19-
23), reprovou a integralidade dos recursos transferidos, pelos seguintes principais motivos: i) alteração
do sistema construtivo – do método tradicional para o método não destrutivo – sem aprovação pelo
órgão concedente, em desacordo, portanto, com o definido no plano de trabalho; e ii) transferência à
iniciativa privada, por meio de contrato de concessão, da operação e manutenção do sistema de
abastecimento de água, objeto do ajuste em questão, sem anuência da Funasa, em descumprimento à
cláusula contida no Termo de Compromisso 482/2009.
6. No âmbito do TCU, a secretaria instrutora realizou, inicialmente, a citação de Maurício
Sponton Rasi, prefeito à época dos fatos, e do município de Porto Ferreira/SP, por entender que
haveria nos autos indícios de que o ente poderia ter se beneficiado com a aplicação irregular dos
recursos.
7. Ambos apresentaram alegações de defesa e, no bojo dos elementos trazidos pelo ex-prefeito,
haviam indicativos de que a concedente, por meio dos seus setores técnicos e da Procuradoria Federal
que atua junto ao órgão, teria mudado sua opinião sobre a prestação de contas parcial em tela. Diante
372

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

disso, a então Secex-RJ promoveu diligência junto à Funasa, solicitando documentos e informações
adicionais acerca da aplicação dos recursos do Termo de Compromisso.
8. Em face das alegações de defesa apresentadas e, especialmente, das informações obtidas por
meio da diligência, a unidade instrutiva concluiu inicialmente pelo afastamento da ocorrência que deu
ensejo à instauração desta TCE, e sugeriu, em pareceres concordantes, o julgamento pela regularidade
com ressalva das contas do ex-prefeito e da municipalidade.
9. Naquela oportunidade, a opinião da secretaria instrutora se baseou no fato de a Funasa, após o
envio do processo ao TCU, ter aprovado com ressalva as contas do ajuste sub examine, conforme
proposto em manifestações posteriores da Procuradoria Federal Especializada junto à Funasa, da
Divisão de Engenharia de Saúde Pública e da Coordenação de Prestação de Contas da Funasa.
10. Do ponto de vista jurídico, a Procuradoria Federal Especializada, em parecer de 10/7/2017,
concluiu que a concessão superveniente dos serviços de abastecimento de água, embora inviabilizasse
novos repasses de recursos ao município de Porto Ferreira, configurando motivo para rescisão do
ajuste, não impedia a possível aprovação do valor repassado, desde que não se verificasse nenhuma
ilegalidade na aplicação do valor e na execução do objeto.
11. Quanto à execução física, o Parecer Técnico emitido pela Divisão de Engenharia de Saúde
Pública em 9/2/2015 apontou que foi possível quantificar a execução física de 41,99% do objeto
pactuado, o que é ligeiramente superior ao percentual dos recursos recebidos (40%). Sobre a alteração
do projeto previsto no plano de trabalho, esse novo parecer atestou que a alteração ocorreu para
material de valor e qualidade superiores ao previsto, atendendo o projeto e promovendo benefício
social à população do município.
12. Por fim, em relação à execução financeira, o Parecer Financeiro 143/2015, da Coordenação
de Prestação de Contas da Funasa, entendeu que o percentual de execução física era coerente com o
percentual de execução financeira e propôs a aprovação da prestação de contas com ressalva, em face
da utilização de recursos provenientes de aplicação financeira sem autorização da equipe técnica da
Funasa.
13. Ao se manifestar sobre a proposta de mérito então apresentada pela secretaria instrutora, o
MPTCU dissentiu do encaminhamento alvitrado. Naquela ocasião, o Parquet entendeu que:
“mesmo em se admitindo a hipótese de o objeto pactuado ter sido executado, como afirma a
Funasa em nova visita técnica realizada no ano de 2015, vale dizer, dois anos após o término da
vigência do termo de compromisso inquinado, essa execução não se deu pela empresa contratada,
DRR Construções e Comércio Ltda., e tampouco foi custeada com recursos do ajuste ora examinado,
uma vez que os documentos integrantes da prestação de contas demonstram que as verbas pactuadas
foram destinadas aos pagamentos realizados à aludida empresa ao longo dos meses de agosto a
novembro de 2011.”

14. Chegando os autos ao meu gabinete, acolhi a proposta do MPTCU. Determinei, assim, a
realização de citação do ex-prefeito e da empresa contratada, DRR Construções e Comércio Ltda., pelo
débito de R$ 624.339,97, correspondente ao montante dos recursos repassados que superou a parcela
de execução física anteriormente atestada pela Funasa.
15. Realizadas as providências determinadas, a então Secex-RJ analisou as novas alegações de
defesa trazidas aos autos, apresentando a proposta, que ora se analisa, de julgar irregulares as contas do
ex-prefeito e da empresa, condenando-os, solidariamente, ao pagamento do débito de
R$ 756.171,60 (valor original) e aplicando-lhes a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
16. O MPTCU, por sua vez, diverge novamente da unidade instrutora. Por considerar afastada a
ocorrência de dano ao erário federal, pugna pela exclusão do município e da empresa contratada da
presente relação processual e pela irregularidade das contas do ex-prefeito, sem imputação de débito e
com aplicação da multa prevista no art. 58 da Lei 8.443/1992. Sugere, ainda, o envio de cópia da
decisão proferida aos seguintes destinatários: Prefeitura de Porto Ferreira/SP, Funasa, Tribunal de
Justiça de São Paulo e Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
373

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Feita essa explanação sobre os fatos que antecederam a presente etapa processual, cujo
conhecimento considero essencial para a compreensão da matéria, passo a tratar do mérito das contas
em exame.
****
18. Saliento, desde já, que, no tocante à inexistência de dano ao erário federal e ao consequente
afastamento da responsabilidade do ente municipal e da empresa contratada, alinho-me ao
posicionamento do MPTCU e, naquilo que não contraria este voto, incorporo os fundamentos por ele
apresentados às minhas razões de decidir, sem prejuízo das considerações a seguir.
19. Inicialmente, esclareço que acolhi a proposta de retornar os autos para incluir a DRR
Construções e Comércio Ltda. no polo passivo desta TCE e renovar a citação do ex-prefeito em face
da possibilidade, levantada pelo Parquet em sua primeira manifestação, da obra não ter sido executada
pela referida empresa nem custeada pelos recursos federais em tela.
20. Na ocasião, o MPTCU observou que os recursos federais oriundos do Termo de
Compromisso 482/2009 foram integralmente destinados a pagamentos à contratada ao longo dos
meses de agosto a novembro de 2011. Diante disso, considerando que em março de 2012 a Funasa
havia atestado a execução física de apenas cerca de 17% do valor dos recursos transferidos, o Parquet
concluiu que o restante dos serviços, cuja execução foi atestada em vistoria efetuada apenas em 2015,
não poderiam ter sido custeados pelos recursos em questão.
21. Ocorre que, analisando mais detidamente o caso, verifico que a referida conclusão se baseou
na percepção equivocada de que a vistoria de 2015 teria apontado a realização de novos serviços,
executados após 2012. Contudo, na realidade, o que houve foi a mudança de entendimento da Funasa
em relação aos serviços que já haviam sido executados anteriormente.
22. No novo parecer técnico, o órgão concluiu que a alteração do método construtivo tradicional
para o não destrutivo, embora efetuada sem prévia autorização da concedente, teria ocasionado o
emprego de material de qualidade superior e sem custos adicionais, atendendo ao projeto e
promovendo benefício social à população local. Por essa razão, passou a aceitar, para fins de cálculo
dos serviços realizados, a parcela de substituição de redes efetuada pelo método não destrutivo, o que
resultou no reconhecimento do emprego de 100% dos recursos repassados (equivalente a 41,99% do
total da obra prevista).
23. Inexiste, portanto, débito decorrente de inexecução de serviços que possa ser imputado à
empresa contratada ou ao ex-prefeito. A alteração do método construtivo sem prévia autorização da
concedente pode ser considerada mera falha formal, caracterizando, quando muito, desvio de objeto,
uma vez que os recursos federais transferidos foram aplicados dentro da finalidade pactuada e não
houve aumento de custos nem redução de qualidade, como atestado pela Funasa.
****
24. Superado este ponto, resta tratar da segunda e última falha apontada nos autos, que fora
objeto da primeira citação do ex-prefeito, em solidariedade com o município: transferência à iniciativa
privada, por meio de contrato de concessão, da operação e manutenção do sistema de abastecimento de
água sem anuência da Funasa, em descumprimento à cláusula contida no Termo de Compromisso
482/2009.
25. Sobre esse tema, esclareço que, embora à época da celebração e execução do Termo de
Compromisso 482/2009 a própria Funasa considerasse ilegal a transferência de recursos federais para
financiamento de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário em municípios que
mantivessem contrato de concessão com empresas privadas, tal entendimento foi superado a partir da
decisão proferida no Acórdão 347/2016-Plenário.
26. Por meio do referido julgado, este Tribunal se manifestou no sentido de considerar legal a
transferência de recursos federais para obras de esgotamento sanitário a serem incorporadas a contratos
de concessão de serviços públicos celebrados com empresas privadas, desde que satisfeitas
determinadas condições, estabelecidas para assegurar que os bens financiados pela União não sejam
apropriados pelas concessionárias nem onerem as tarifas cobradas dos usuários.
374

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

27. Na ocasião, ponderou-se que seria inconveniente obstar aplicação de recursos federais não
onerosos na estrutura física de sistemas geridos por entidade privada, porque 73% dos municípios
brasileiros são atendidos por prestadoras de serviço de água e esgoto que possuem sócios privados,
inclusive nas regiões com menos acesso a saneamento básico.
28. Nesse contexto, não faria sentido, pelo simples fato de prestarem os serviços sob regime de
concessão, modelo amparado pelo ordenamento jurídico vigente, excluir da possibilidade de
financiamento com recursos não onerosos da Funasa diversos municípios que, de acordo com os
critérios sócio-sanitários e epidemiológicos da política nacional de saneamento básico, estariam
enquadrados na clientela da política púbica.
29. Assim, a partir do entendimento mais atual do TCU sobre a matéria, ao qual me alinho,
afasta-se a premissa que norteou a citação do ex-prefeito e do ente municipal, no sentido de que o fato
de os serviços de abastecimento de água estarem concedidos à pessoa jurídica de direito privado, por si
só, já ensejaria a imputação de débito aos responsáveis.
30. Para tanto, na linha do que foi decidido no Acórdão 347/2016-Plenário, restaria verificar se
os recursos oriundos do termo de compromisso foram apropriados pela concessionária ou oneraram as
tarifas cobradas dos usuários. Isso demandaria a análise da composição dos custos da concessionária
para avaliar se seu cálculo incluiu as mesmas obras contratadas com a DRR Construções e Comércio
Ltda., o que, já adianto, não foi feito nos presentes autos.
31. Ocorre que, especificamente no caso em análise, a cronologia dos fatos termina por tornar
desnecessária tal verificação no âmbito deste Tribunal. Conforme observou o MPTCU, ainda que os
serviços em questão tenham sido considerados nos custos da concessionária, fato que, consoante
explicarei adiante, não restou devidamente comprovado nos autos, não caberia ao TCU perquirir o
dano porventura decorrente desse duplo financiamento.
32. Tanto no momento da assinatura do termo de compromisso, como na ocasião em que foram
repassados os recursos, ou na data em que foi contratada a construtora, a exploração dos serviços de
abastecimento de água no município de Porto Ferreira/SP ainda não havia sido concedida à iniciativa
privada. Dessa forma, não há falar em irregularidade na transferência dos recursos em questão,
tampouco em dano ao erário federal, visto que a assinatura do ajuste, a transferência dos recursos e a
contratação da DRR Construções e Comércio Ltda. se deram de forma regular.
33. Se confirmado o duplo financiamento dos serviços, o que estará maculado será o contrato de
concessão e, por conseguinte, o prejuízo decorrente da irregularidade terá sido arcado pelos usuários
do serviço, não pela União. Nesse caso, caberá aos órgãos de controle responsáveis pela esfera
municipal adotarem as medidas necessárias para a solução do problema, razão pela qual cabe dar
ciência desta decisão ao Ministério Público do Estado de São Paulo, ao Tribunal de Justiça de São
Paulo, para subsidiar a Ação Civil Pública 3001129-77.2013.8.26.0472, e ao Tribunal de Contas do
Estado de São Paulo.
34. De qualquer sorte, por questões de justiça e equidade, a fim de evitar que as informações
compartilhadas por este Tribunal possam, de alguma forma, levar os referidos órgãos de controle a
tirarem conclusões equivocadas, considero pertinente tecer alguns esclarecimentos no sentido de
enfatizar que, a despeito das afirmações da então Secex-RJ de que teria havido duplo pagamento de
serviços, inexistem nestes autos elementos que comprovem tal afirmação.
35. A secretaria instrutora, ao concluir que houve duplo financiando do empreendimento, não
analisou a composição da tarifa do contrato de concessão. Baseou-se em afirmações contidas nos
fundamentos da sentença proferida no bojo de ação civil pública 3001129-77.2013.8.26.0472, ajuizada
pelo Ministério Público estadual, que versa sobre os mesmos fatos objeto dos autos.
36. Nesse ponto, abro um parêntese para ressaltar a impropriedade desse tipo de análise
desprovida de adequada base probatória. Como é cediço, vige em nosso ordenamento jurídico a
independência das instâncias civil, penal e administrativa, princípio que considero não apenas uma
prerrogativa desta Corte, mas também a obrigação de formarmos nosso juízo a partir da nossa própria
valoração das provas e fatos carreados aos autos.
375

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

37. Se nem a decisão adotada por outras instâncias, em face do mencionado princípio, tem o
condão de vincular o juízo desta Corte de Contas, tampouco o terão eventuais informações e
inferências consignadas na motivação de decisão proferida em outra esfera. Não se trata de negar a
possibilidade de decisões de outros órgãos serem utilizadas como elemento de convicção em nossos
julgados. O que é inconcebível é tomarmos como verdade afirmações e conclusões contidas na
motivação de sentença judicial como se essa, por si só, constituísse prova dos fatos que menciona,
quando os elementos dos autos contradizem tais informações. Dito isso, volto a tratar da correta
verificação do suposto dano no presente caso concreto.
38. A sentença judicial utilizada como parâmetro pela então Secex-RJ, por sua vez, se baseou
nas cláusulas do contrato de concessão e na proposta da concessionária, que previam de forma
genérica a realização de serviços de “construção, ampliação, recuperação, melhoria, conservação e
manutenção dos sistemas”, bem como a “substituição de redes antigas de abastecimento de água”, para
inferir que teria havido duplicidade de pagamento pelas obras em questão. O julgador presumiu que os
serviços objeto do termo de compromisso também estariam contemplados no cálculo dos custos das
concessionárias, sem, contudo, verificar se esses custos efetivamente incluíam a realização da
substituição dos mesmos trechos de abastecimento de água objeto do ajuste com a Funasa.
39. Não foi feita, portanto, seja por este Tribunal, seja pelo poder judiciário, a análise da
composição tarifária da concessão, de modo a permitir a efetiva verificação de eventual dano ao erário,
decorrente da suposta inclusão dos mesmos serviços financiados pelo termo de compromisso nos
custos da concessionária.
40. Assim, acolho a proposta do MPTCU no que diz respeito ao afastamento do débito e à
exclusão do ente Municipal e da DRR Construções e Comércio Ltda. da presente relação processual.
41. Quanto ao ex-prefeito, discordo da proposta de julgar irregulares suas contas bem como de
aplicar-lhe multa. Diante da atual jurisprudência do TCU sobre o assunto, que desconstituiu a premissa
segundo a qual a concessão dos serviços à pessoa jurídica de direito privado, por si só, já seria
irregular, bem como da ausência de evidências de que os bens resultantes da aplicação dos recursos
federais teriam sido apropriados pelas concessionárias ou onerado as tarifas cobradas dos usuários,
entendo que as contas do responsável devem ser julgadas regulares com ressalva, dando-se quitação.

Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2695/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 029.123/2015-1.
2. Grupo II – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Maurício Sponton Rasi (120.261.718-23), DRR Construções e Comércio Ltda.
(02.607.198/0001-00) e Município de Porto Ferreira/SP (45.339.363/0001-94).
4. Entidade: Município de Porto Ferreira-SP.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: então Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-
RJ).
8. Representação legal:
8.1. Alexandre Faggion Castagna (OAB/SP 131.982), representando DRR Construções e
Comércio Ltda.;
8.2. Evandro Evandro D'agostini Boari (OAB/MG 117.339) e outros, representando Maurício
Sponton Rasi.
376

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia tomada de contas especial
instaurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em desfavor de Maurício Sponton Rasi, ex-
prefeito de Porto Ferreira/SP (2009 a 2012), em decorrência da reprovação da prestação de contas
parcial dos recursos repassados por conta do Termo de Compromisso 482/2009 (Siafi 658067), cujo
objeto era a “substituição da rede de abastecimento da água”, no âmbito do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. excluir o Município de Porto Ferreira/SP e a empresa DRR Construções e Comércio Ltda.
da presente relação processual;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, e 18, combinados com o art. 23, inciso
II, todos da Lei 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas de Maurício Sponton Rasi, dando-
lhe quitação;
9.3. dar ciência deste acórdão aos responsáveis arrolados nos autos, à Fundação Nacional de
Saúde, ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ao Ministério Público do Estado de São Paulo e ao
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, informando que o inteiro teor do relatório e voto adotados
poderão ser consultados no endereço eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2695-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE VI – 1ª Câmara


TC 040.422/2018-6
Natureza: Representação
Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
Representação legal: Silvia Regina Schmitt (OAB/DF 38.717), representando Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.; Wanderley Romano Donadel (OAB/MG 78.870), representando Trivale
Administração Ltda.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. VALEC ENGENHARIA, CONSTRUÇÕES E FERROVIAS


S.A. PREGÃO ELETRÔNICO 14/2018. CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA
PARA O GERENCIAMENTO DOS CARTÕES DE VALE ALIMENTAÇÃO E/OU REFEIÇÃO.
CONHECIMENTO. INDEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR PLEITEADA. OITIVA.
REPRESENTAÇÃO PARCIAMENTE PROCEDENTE. DEFICIÊNCIA NO PLANEJAMENTO.
EXIGÊNCIA POTENCIALMENTE RESTRITIVA. ATENUANTES NO CASO CONCRETO.
CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de representação a respeito de possíveis irregularidades relacionadas ao Pregão


Eletrônico 14/2018, conduzido pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., que tem por
objeto a contratação de empresa especializada para o gerenciamento dos cartões de Vale Alimentação
e/ou Refeição eletrônicos, magnéticos, com chip e em PVC, com recargas mensais, destinados aos
377

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

diretores, empregados da Valec, compreendidos entre o quadro próprio e os quadros especiais do


extinto Geipot e da extinta RFFSA, e estagiários.
2. A sessão pública do pregão teve início na data de 19/11/2018, havendo participado três
licitantes. O melhor lance, no valor de R$ 54.458.721,83, foi oferecido pela empresa “Sodexo Pass do
Brasil Serviços e Comércios S.A.”.
3. Em síntese, a representante alega que o Edital da licitação contém item que reduz injustamente
o caráter competitivo do certame. A cláusula em questão estabelece que as licitantes devem apresentar,
para fins de qualificação técnica, atestado contendo o número de empregados beneficiados pelo
fornecimento de vales, para as duas categorias (vale-alimentação e vale-refeição), sob pena de
inabilitação da licitante.
4. Entre outros pontos, a representante requereu “a suspensão do certame até que se analise o
mérito da questão” e, alternativamente, “caso o certame já tenha acontecido quando da apreciação
desta, que se suspenda a homologação e assinatura do contrato e, caso este já tenha sido assinado, que
seja suspensa sua execução até ulterior decisão do mérito”.
5. Quando do exame do edital do certame, a Selog constatou outras situações as quais, embora
não suscitadas pela representante, recomendariam a obtenção de esclarecimentos da estatal, uma vez
que poderiam restringir a competitividade do certame ou ainda indicariam deficiência no planejamento
da contratação.
6. À peça 7, conheci da presente representação, mas indeferi o pedido de concessão de medida
cautelar formulado pelo representante, por entender que não estava presente na ocasião o requisito do
periculum in mora. Na mesma oportunidade autorizei a realização das oitivas propostas pela Selog.
7. Nesta etapa processual, promovidas as mencionadas oitivas, a Selog oferece proposta de
mérito. Transcrevo, com os ajustes que entendi pertinentes, o exame técnico elaborado pelo auditor
federal que instruiu o feito (peça 16):
“Item a) exigência de apresentação de atestado de capacidade técnica comprovando a aptidão
concomitante para a prestação dos serviços de gerenciamento de auxílios de vale-alimentação e vale-
refeição, visto que tal exigência seria imprópria, pois a qualificação técnica da licitante ‘restaria
demonstrada diante da comprovação de apenas um desses serviços, considerando que o atendimento da
rede credenciada mínima será verificado apenas para a assinatura do contrato e são serviços que utilizam
tecnologias e formas operacionais similares (art. 37, XXI, da CF, c/c o art. 30, II, da Lei 8.666/93)’ -
Acórdão 513/2018-TCU-1ª Câmara, de 30/1/2018, Ministro Relator Weder de Oliveira.
Manifestação do órgão/entidade:
1. Considera que, apesar de os benefícios de vale-alimentação e vale-refeição serem similares, possuem
características distintas, ainda que ambos sejam regidos pelo Programa de Alimentação do Trabalhador do
Ministério do Trabalho e Emprego.
2. Assinala que a exigência decorre do entendimento de que ‘solicitar apenas uma delas não garantiria a
capacidade técnica para a prestação de todos os serviços objeto da contratação’ (peça 15, p. 5).
Análise:
3. A característica que distingue os benefícios de vale-alimentação e vale-refeição reside, unicamente, na
rede de estabelecimentos credenciados, uma vez que a capacidade técnica de gerenciamento dos cartões é
idêntica.
4. Conforme apontado em instrução precedente, questão semelhante, qual seja, a exigência de
apresentação de atestado de capacidade técnica comprovando a aptidão concomitante para a prestação dos
serviços de gerenciamento de auxílios de vale-alimentação e vale-refeição, foi objeto de apreciação no TC
034.545/2017-4. Na apreciação do feito, ao prolatar o Acórdão 513/2018-TCU-1ª Câmara, de 30/1/2018,
Ministro Relator Weder de Oliveira, o Colegiado deu ciência ao ente contratante que tal exigência seria
imprópria, pois a qualificação técnica da licitante ‘restaria demonstrada diante da comprovação de apenas um
desses serviços, considerando que o atendimento da rede credenciada mínima será verificado apenas para a
assinatura do contrato e são serviços que utilizam tecnologias e formas operacionais similares (art. 37, XXI, da
CF, c/c o art. 30, II, da Lei 8.666/93)’.
378

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. Entretanto, em apreciação posterior, o Pleno acolheu entendimento diverso proferido no Voto condutor
do Acórdão 433/2018-TCU-Plenário, de 7/3/2018, Ministro Relator Augusto Sherman, do qual se reproduz o
seguinte excerto:
‘3. Realizadas as oitivas das partes, vieram aos autos suas alegações, fundadas na diferenciação dos
produtos vale alimentação e vale refeição, entendendo justificada a previsão editalícia de que os serviços
pertinentes e compatíveis em características com os licitados seriam aqueles relativos ao fornecimento
unicamente do vale refeição objeto do certame, por meio de cartões com chip de segurança, para fins de
aceitação dos atestados.
(...)
6. Em face desses argumentos principais, a Secex/SP entende justificadas as exigências constantes do
item 6.1.4 do edital, arrematando que os entendimentos mais recentes desta Corte são no sentido de que os
serviços de vale refeição e vale alimentação são distintos, em que pese a utilização do mesmo meio operacional
de pagamento (cartão com chip eletrônico), e que a diferença da rede credenciada de cada um seria fundamental
para justificar a exigência editalícia de requisito técnico específico em cada situação particular, conforme
indicado nos referidos julgados.
7. Assim, propõe a secretaria a revogação da cautelar outrora adotada e, no mérito, a improcedência da
representação.
8. De fato, nos precedentes mencionados, este Tribunal admitiu exigência semelhante à ora questionada,
reconhecendo-se sua admissão como medida acautelatória adotada pela administração visando assegurar o
cumprimento da obrigação assumida, desde que tecnicamente justificada, não constituindo, por si só, restrição
indevida. Ademais, também conforme os precedentes Acórdãos 2.356/2013-TCU-Plenário, 6.082/2016-TCU-1ª
Câmara e 8.291/2017-TCU-2ª Câmara, este Tribunal tem compreendido que os serviços de vale refeição e vale
alimentação são distintos, e que a diferença da rede credenciada de cada um é motivo bastante para justificar a
exigência editalícia de requisito técnico específico, de um ou de outro serviço, em cada situação particular.
9. Os fundamentos apresentados na instrução técnica da Secex/SP guardam conformidade com os
precedentes mencionados, apreciados por este Tribunal, e, em especial, identidade com o decidido no Acórdão
2.356/2013 - Plenário, conduzido à deliberação sob minha relatoria perante este Colegiado.’
6. Em face do exposto, cabe concluir, no ponto, pela improcedência da representação.
Item b) exigência de que a licitante comprove fornecimento anterior “para o universo de no mínimo
1.000 (mil) pessoas”, pois consoante sólida jurisprudência do TCU é irregular a fixação de quantitativo
mínimo superior a 50% do quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar (dentre outros,
Acórdãos 737/2012, Ministro Relator Marcos Bemquerer, e 827/2014, Ministro Relator Augusto
Sherman, ambos do Plenário).
Manifestação do órgão/entidade:
7. Afirma que a exigência em questão ‘objetivava resguardar o erário público [sic], dados os valores
expressivos envolvidos na contratação, da ordem de R$ 56.000.000,00, bem como a vigência do contrato por
sessenta meses’ (peça 15, p. 6).
8. Admite que o número de empregados beneficiados ‘pode sofrer alterações para maior ou menor valor
durante a execução contratual’, porém, por considerar que cada empregado irá receber mensalmente os dois
benefícios, conclui que a contratada (idem):
‘...realizaria, na maior das hipóteses, aproximadamente dois mil créditos de benefícios mensais’, pelo que
considera haver mantido ‘o entendimento da sólida jurisprudência do TCU quanto à fixação de quantidade
mínima de 50% do quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar, não havendo descumprimento dos
acórdãos elencados no item em questão.’
Análise:
9. Conquanto se venha a admitir que o gerenciamento de benefícios de vale-alimentação e vale-refeição
englobe serviços similares, porém de características distintas, não se afigura razoável que a VALEC tenha
exigido das licitantes que comprovassem fornecimento anterior ‘para o universo de no mínimo 1.000 (mil)
pessoas’, quando o quantitativo de pessoal a que se destina o benefício é composto por 1.195 pessoas, sob o
argumento de que ‘cada empregado irá receber mensalmente os dois benefícios’.
10. Ora, os serviços serão prestados por uma mesma empresa, já havendo sido exigido que as licitantes
comprovassem aptidão tanto no gerenciamento de cartões de vale-alimentação quanto nos de vale-refeição, não
havendo sido demonstrada pela VALEC, porém, a real necessidade de se estabelecer tal exigência para garantir
a perfeita execução do objeto licitado. Tampouco foi demonstrado que a exigência decorra de justificativa
379

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

técnica plausível, o que é agravado pela não realização de estudos técnicos preliminares, contrariando previsão
contida no art. 20, inciso I, e art. 24 da IN 5/2017 – SEGES/MP e no art. 12, inciso I e § 2º, do Regulamento
Interno de Licitações e Contratos da VALEC.
11. Conclui-se que a previsão contida no item 13.1 do Termo de Referência e item 10.1.2.1 do Edital do
Pregão Eletrônico 14/2018 estabeleceu exigência indevidamente restritiva ao estabelecer que os atestados de
capacidade técnica devessem comprovar: ‘o fornecimento de cartões eletrônicos, magnéticos, com chip nas
categorias alimentação e refeição por pelo menos 2 (dois) anos para o universo de no mínimo 1.000 (mil)
pessoas’, sem que reste demonstrado haver justificativa técnica plausível para a fixação de quantitativo mínimo
superior a 50% do quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar, contrariando sólida jurisprudência
do TCU (dentre outros, Acórdãos 737/2012, Ministro Relator Marcos Bemquerer, e 827/2014, Ministro Relator
Augusto Sherman, ambos do Plenário).
12. Em face do exposto, cabe concluir, no ponto, pela procedência da representação.
Item c) exigência de comprovação de fornecimento dos serviços ‘por pelo menos 2 (dois) anos’, sem
que reste evidente que seja imprescindível para garantir a perfeita execução do objeto licitado e decorra
de justificativa técnica plausível.
Item d) exigência de comprovação de fornecimento dos serviços ‘por pelo menos 2 (dois) anos’, sem
que reste evidente que seja imprescindível para garantir a perfeita execução do objeto licitado e decorra
de justificativa técnica plausível, o que, em conjunto com os demais pontos antecedentes e o fato de
apenas três licitantes haverem participado do certame, constituem indícios de haver ocorrido
direcionamento no Pregão 14/2018.
Manifestação do órgão/entidade:
13. Afirma que a exigência em questão visou garantir ‘a contratação de empresa com expertise no
mercado’ e capaz de atender às peculiaridades do contrato, que exemplifica com a ‘necessidade de vasta rede
credenciada para atendimento em cidades longínquas aos grandes centros urbanos’ (peça 15, p. 6).
14. Em relação ao fato de apenas três empresas haverem participado do pregão, destaca que ‘são poucas
as empresas fornecedoras do serviço no mercado’ capazes de atender, simultaneamente, as duas modalidades de
benefícios, ‘o que pode ser verificado junto à Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador
– ABBT’ (idem).
Análise:
15. De início, cabe assinalar que a entidade associativa citada pela VALEC possui dezesseis empresas
filiadas, das quais apenas três participaram do Pregão. Entretanto, a ordem constitucional assegura a plena
liberdade de associação para fins lícitos, ao mesmo tempo em que garante que ninguém poderá ser compelido a
associar-se ou a permanecer associado a entidades do tipo. Assim, a VALEC não deveria ter considerado que os
potenciais fornecedores se limitariam, unicamente, às empresas filiadas à ABBT, cabendo considerar que, em
tese, outras empresas poderiam atuar no setor sem, necessariamente, estarem associadas à ABBT. Ainda assim,
ao contrário do que afirma a VALEC, todas as dezesseis empresas associadas à ABBT anunciam oferecer o
gerenciamento de cartões de vale-refeição e vale-alimentação.
16. Em sua manifestação, a VALEC não aborda o ponto que diz respeito ao estabelecimento de exigência,
para fins de qualificação técnica, de a licitante fazer comprovação de fornecimento dos serviços ‘por pelo menos
dois anos’, atendo-se à alegada ‘necessidade de vasta rede credenciada para atendimento em cidades longínquas
aos grandes centros urbanos’. Porém, cabe assinalar que a comprovação de credenciamento dos
estabelecimentos somente deveria ser feita no ato da assinatura do contrato, não se constituindo, portanto, em
exigência de habilitação das licitantes. Ademais, não se vislumbra em que a comprovação de haver executado os
serviços ‘por pelo menos dois anos’ guarde relação com o número de estabelecimentos credenciados ‘em
cidades longínquas aos grandes centros urbanos’.
17. Conforme previsto no item 10.1.2.3 do Edital, as licitantes deveriam possuir um quantitativo mínimo
de estabelecimentos credenciados, mas a comprovação do credenciamento, apenas pela licitante vencedora,
deveria ser feita no ato da assinatura do instrumento contratual, devendo, ainda, apresentar declaração de que se
obrigará a manter o número mínimo de estabelecimentos ativos, durante a vigência do contrato
18. A necessidade de fixação de intervalo de tempo de pelo menos dois anos de execução dos serviços
não se faz demonstrar por adequada fundamentação, baseada em estudos prévios e na experiência pretérita do
órgão contratante, que indiquem ser tal intervalo de tempo indispensável para assegurar a prestação do serviço
em conformidade com as necessidades específicas da VALEC, em decorrência da sua essencialidade,
quantitativo, risco, complexidade ou qualquer outra particularidade.
380

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

19. Conclui-se que a previsão contida no item 13.1 do Termo de Referência e item 10.1.2.1 do Edital do
Pregão Eletrônico 14/2018 estabeleceu exigência indevidamente restritiva ao impor que os atestados de
capacidade técnica devessem comprovar: ‘o fornecimento de cartões eletrônicos, magnéticos, com chip nas
categorias alimentação e refeição por pelo menos 2 (dois) anos’, sem que reste demonstrado haver justificativa
técnica plausível para a fixação de tal intervalo de tempo de execução dos serviços, contraria o disposto no art.
30, inciso II, da Lei 8.666/1993, o que é agravado pela não realização de estudos técnicos preliminares,
contrariando previsão contida no art. 20, inciso I, e art. 24 da IN 5/2017 – SEGES/MPDG e no art. 12, inciso I e
§ 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da VALEC.
20. Em face do exposto, cabe concluir, no ponto, pela procedência da representação
Item e) demais informações que julgar necessárias, sem prejuízo de efetuar designação formal de
interlocutor que conheça da matéria para dirimir eventuais dúvidas, informando nome, função/cargo, e-
mail e telefone de contato, além de enviar cópia integral dos seguintes documentos:
21. A VALEC informou os seguintes interlocutores:
(...)
e.1) estudos preliminares (previsão contida no art. 20, inciso I, e art. 24 da IN 5/2017 –
SEGES/MPDG e no art. 12, inciso I e § 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da
VALEC).
Manifestação do órgão/entidade:
22. Afirma haver realizado pesquisa de mercado junto a ‘todas as empresas associadas à ABBT’, porém,
sem sucesso. Indica haver utilizado como ‘balizador das taxas praticadas no mercado as compras realizadas
através do COMPRASNET à época da contratação’ (peça 15, p. 6). Não fez juntada de qualquer documentação
comprobatória.
e.2) Mapa de Risco e respectivas atualizações (previsão contida no art. 26 da IN 5/2017 –
SEGES/MPDG e no art. 12, inciso I e § 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da
VALEC).
Manifestação do órgão/entidade:
23. Informa que não foi elaborado qualquer Mapa de Risco, por considerar que o serviço a ser contratado
era de baixa complexidade.
Análise:
24. A elaboração de estudos técnicos preliminares é obrigatória para toda contratação e deve ocorrer na
fase preparatória do pregão, consistindo em elementos técnicos que embasarão, dentre outros aspectos, a
necessidade da contratação e os critérios de aceitação das propostas, ao teor do disposto no art. 3º, incisos I e III,
da Lei 10.520/2002, norma legal aplicável ao certame em questão, conforme indicação expressa no preâmbulo
do Edital, bem assim ao disposto no art. 20, inciso I, e art. 24 da IN 5/2017 – SEGES/MPDG e no art. 12, inciso
I e § 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da VALEC.
25. A Lei 10.520/2002 assim dispõe, litteris (grifou-se):
‘Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
I - a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do certame, as
exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas
do contrato, inclusive com fixação dos prazos para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por
excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no inciso I deste artigo e
os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo
órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços a serem licitados; e’
26. Na IN 5/2017 – SEGES/MPDG encontra-se:
‘Art. 20. O Planejamento da Contratação, para cada serviço a ser contratado, consistirá nas seguintes
etapas:
I - Estudos Preliminares;
II - Gerenciamento de Riscos; e
III - Termo de Referência ou Projeto Básico.
(...)
Art. 24. Com base no documento que formaliza a demanda, a equipe de Planejamento da Contratação
deve realizar os Estudos Preliminares, conforme as diretrizes constantes do Anexo III.
381

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

§ 1º O documento que materializa os Estudos Preliminares deve conter, quando couber, o seguinte
conteúdo:
I - necessidade da contratação;
II - referência a outros instrumentos de planejamento do órgão ou entidade, se houver;
III - requisitos da contratação;
IV - estimativa das quantidades, acompanhadas das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão
suporte;
V - levantamento de mercado e justificativa da escolha do tipo de solução a contratar;
VI - estimativas de preços ou preços referenciais;
VII - descrição da solução como um todo;
VIII - justificativas para o parcelamento ou não da solução quando necessária para individualização do
objeto;
IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de economicidade e de melhor aproveitamento
dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis;
X - providências para adequação do ambiente do órgão;
XI - contratações correlatas e/ou interdependentes; e
XII - declaração da viabilidade ou não da contratação.
§ 2º Os Estudos Preliminares devem obrigatoriamente conter o disposto nos incisos I, IV, VI, VIII e XII
do parágrafo anterior.
§ 3º O órgão ou entidade deverá apresentar justificativas no próprio documento que materializa os
Estudos Preliminares quando não contemplar quaisquer dos incisos de que trata o § 1º deste artigo;
(...)
Art. 26. O Gerenciamento de Riscos materializa-se no documento Mapa de Riscos.
§ 1º O Mapa de Riscos deve ser atualizado e juntado aos autos do processo de contratação, pelo menos:
I - ao final da elaboração dos Estudos Preliminares;
II - ao final da elaboração do Termo de Referência ou Projeto Básico;
III - após a fase de Seleção do Fornecedor; e
IV - após eventos relevantes, durante a gestão do contrato pelos servidores responsáveis pela fiscalização.
§ 2º Para elaboração do Mapa de Riscos poderá ser observado o modelo constante do Anexo IV.
27. O Regulamento Interno de Licitações e Contratos da VALEC, por sua vez, assim determina:
‘Art.12 Após aprovação da autoridade competente, as áreas demandantes deverão instruir os autos com os
seguintes documentos:
I. Documentação referente ao Planejamento da Contratação (análise de viabilidade, gerenciamento de
riscos etc.), conforme o caso;
II. Estudos Técnicos Preliminares, nos termos da legislação vigente;
III. Termo de Referência, no caso de contratação de obras, serviços ou complexo de obras e serviços
comuns, bem como para aquisições, incluindo o critério de julgamento da licitação;
(...)
V. Orçamento e/ou Pesquisa de Mercado com Planilha Comparativa de Preços, devidamente assinado
pelo servidor responsável por sua elaboração;
(...)
§ 2º Nos casos de contratações de serviços comuns, com ou sem mão de obra exclusiva, a área
demandante deverá instruir o processo com a documentação referente ao Planejamento da Contratação
conforme determina a Instrução Normativa nº 5/2017-MPOG, dispensada a indicação de empregado que atue na
equipe de licitações para compor a equipe de Planejamento da Contratação.’
28. Verifica-se, portanto, não haver qualquer previsão legal ou normativa que exima os gestores da
VALEC de, previamente, na etapa de planejamento da contratação, realizarem estudos técnicos preliminares a
serem materializados em documento próprio que demonstre, de forma inequívoca, a necessidade de inserção de
especificações que possam limitar o caráter competitivo do certame, tal como se verificou no item 13.1 do
Termo de Referência e item 10.1.2.1 do Edital do Pregão Eletrônico 14/2018.
29. Conforme definição contida no Regulamento Interno de Licitações e Contratos da VALEC, ‘Matriz
de Riscos’ é documento elaborado pela área demandante, definidora de riscos e responsabilidades entre as
partes, caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, indicando o percentual de risco
do ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação que impactará a execução da obra ou
382

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

serviço, que não serão objeto de aditivo contratual, sendo de elaboração obrigatória para obras e serviços de
engenharia, e facultativa para as demais contratações.
30. Entretanto, a denominada ‘Matriz de Riscos’, estando adstrita à etapa final do processo de
contratação, não se confunde com o ‘Mapa de Riscos’ que materializa o gerenciamento de riscos nas fases
antecedentes à contratação, conforme previsto na IN 5/2017 – SEGES/MPDG, cuja elaboração não está
condicionada a juízo subjetivo a respeito da complexidade do objeto.
31. A elaboração do ‘Mapa de Riscos’ nas fases de elaboração dos ‘Estudos Técnicos Preliminares’ e do
‘Termo de Referência’, tem por objetivo identificar os principais riscos que possam comprometer a efetividade
do ‘Planejamento da Contratação’, da ‘Seleção do Fornecedor’ ou que impeçam o alcance dos resultados que
atendam às necessidades da contratação. A IN 5/2017 – SEGES/MPDG também prevê a elaboração do ‘Mapa
de Riscos’ na fase de ‘Gestão Contratual’, considerada a etapa final do processo, após eventos relevantes,
durante a gestão do contrato pelos servidores responsáveis pela fiscalização, documento assemelhado à ‘Matriz
de Riscos’ descrita no regulamento da VALEC.
32. Em realidade, a ‘Matriz de Riscos’ é figura introduzida pela Lei 13.303/2016, que em seu artigo 42,
inciso X, apresenta a seguinte definição a ser observada na licitação e na contratação de obras e serviços por
empresas públicas e sociedades de economia mista (grifou-se):
‘X - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e responsabilidades entre as partes e
caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus financeiro decorrente
de eventos supervenientes à contratação, contendo, no mínimo, as seguintes informações:
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato, impactantes no equilíbrio
econômico-financeiro da avença, e previsão de eventual necessidade de prolação de termo aditivo quando de sua
ocorrência;
b) estabelecimento preciso das frações do objeto em que haverá liberdade das contratadas para inovar em
soluções metodológicas ou tecnológicas, em obrigações de resultado, em termos de modificação das soluções
previamente delineadas no anteprojeto ou no projeto básico da licitação;
c) estabelecimento preciso das frações do objeto em que não haverá liberdade das contratadas para inovar
em soluções metodológicas ou tecnológicas, em obrigações de meio, devendo haver obrigação de identidade
entre a execução e a solução pré-definida no anteprojeto ou no projeto básico da licitação.’
33. Cabe assinalar que, nos termos da lei, a ‘Matriz de Riscos’ não é mero documento administrativo, mas
deve ser convertida em cláusula contratual definidora de riscos e responsabilidades entre as partes e
caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato. Conquanto nos termos do Regulamento
Interno de Licitações e Contratos da VALEC a elaboração da ‘Matriz de Riscos’ seja facultativa para casos
como o objeto do Pregão Eletrônico 14/2018, a estatal não está desobrigada, contudo, de elaborar o ‘Mapa de
Riscos’ que materializa o gerenciamento de riscos nas fases antecedentes à contratação, conforme previsto na IN
5/2017 – SEGES/MPDG c/c art. 12, inciso I e § 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da
VALEC.
e.3) Parecer(es) emitido(s) pela assessoria jurídica da VALEC no respectivo processo de
contratação (previsão contida no Capítulo VI do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da
VALEC).
Manifestação do órgão/entidade:
34. Informa que não houve análise jurídica, conforme autorização da Superintendente de Licitações e
Contratos, com fundamento no art. 22 do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da VALEC.
Análise.
35. O citado dispositivo do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da VALEC limita a análise
das minutas de Edital e contrato pela assessoria jurídica apenas aos seguintes casos:
i) aquisições e/ou contratações cujo objeto envolva a atividade fim da empresa;
ii) aquisições e/ou contratações que sejam oriundas de adesão à ata de registro de preços como
participante ou não participante (carona); e
iii) nos casos em que a Superintendência de Licitações e Contratos da VALEC ou a autoridade
competente solicitarem, desde que devidamente justificada a relevância da análise jurídica, ou da não utilização
da minuta padrão.
36. Sendo a Lei 13.303/2016 omissa a respeito da necessidade de prévio exame das minutas de Edital e
contrato pela assessoria jurídica e havendo disposição expressa no regulamento da VALEC que dispensa sua
383

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

realização, conclui-se restar justificada a ausência de parecer(es) emitido(s) pela assessoria jurídica da VALEC
no respectivo processo de contratação
e.4) Memorando 125/2018/GECAP/SUADM – análise e manifestação da GECAP mencionados pelo
Pregoeiro na apreciação da impugnação interposta pela empresa ‘Trivale Administração Ltda.’ (CNPJ:
42.150.664/0001-87).
Manifestação do órgão/entidade:
37. Cópia do Memorando 125/2018-GELIC/SULIC, 1º/11/2018 encontra-se à peça 15, p. 15-20.
CONCLUSÃO
38. Diante do exposto, os elementos constantes dos autos permitem, desde já, a avaliação quanto ao
mérito da presente representação como parcialmente procedente.
39. Em face da presença de indícios de violação a normas legais e regulamentares que resultaram em
limitação indevida do caráter competitivo do Pregão Eletrônico 14/2018, será proposta a realização de audiência
dos responsáveis na forma descrita a seguir.
(...)
F. IMPACTO DOS ENCAMINHAMENTOS PROPOSTOS
Análise:
49. A proposta de anulação do certame acarretará a necessidade de realização de outra licitação. Todavia,
os efeitos decorrentes da determinação proposta poderão ser mitigados com a concomitante autorização à
VALEC para que efetue contratação emergencial dos serviços ou prorrogue a vigência do atual contrato pelo
tempo estritamente necessário à conclusão do novo certame.
50. Cabe assinalar que as deliberações propostas não se fundamentam em valores jurídicos abstratos e,
tampouco, desconsideram suas consequências práticas ou visam estabelecer interpretação ou orientação nova
sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito. Busca-se,
apenas, resguardar a necessária observância de disposições legais e normativas cogentes pelos agentes públicos
de incontroversa aplicabilidade em processos de licitações e contratos. A chamada em audiência dos
responsáveis, de caráter personalíssimo, não acarreta ônus ou perdas de qualquer natureza ao ente
administrativo, cabendo assinalar, por fim, que se trata de decisão interlocutória na qual se asseguram aos
responsáveis o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa.
I. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Em virtude do exposto, propõe-se:
1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art. 113, § 1º, da
Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU
259/2014;
2. no mérito, considerar a presente representação parcialmente procedente;
3. indeferir o pedido de concessão de medida cautelar formulado pelo representante, tendo em vista a
inexistência dos elementos necessários para sua adoção;
4. realizar a audiência dos responsáveis indicados abaixo, com fundamento nos artigos 10, § 1º, e 12,
inciso III, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso IV, c/c o art. 237, parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU, para apresentar, no prazo de até quinze dias, razões de justificativa acerca das seguintes
irregularidades identificadas na condução/execução do processo administrativo que resultou na realização do
Pregão Eletrônico 14/2018:
a) Responsável: Mauro Sérgio Almeida Fatureto. CPF: 562.076.976-34.
Conduta do agente: na condição de Superintendente de Gestão de Pessoas, elaborou check-list de
conformidade aprovando o Termo de Referência do Edital do Pregão Eletrônico 14/2018 e check-list de
Conformidade de Documentos para Contratações de Serviços Comuns, no qual atesta o cumprimento da
Instrução Normativa 5/2017. Todavia, o processo carecia da realização de estudos técnicos preliminares e da
elaboração de ‘Mapa de Risco’ que permitissem identificar os principais riscos que pudessem vir a comprometer
a efetividade do ‘Planejamento da Contratação’, da ‘Seleção do Fornecedor’ ou que pudessem impedir o alcance
dos resultados que atendessem às necessidades da contratação. Ato contínuo, na condição de responsável pela
área demandante, encaminhou o processo para a Superintendência de Licitações e Contratos da VALEC
solicitando a contratação. Em consequência, houve publicação do Edital contendo inserção de especificações
restritivas que limitaram indevidamente o caráter competitivo do certame, com possível direcionamento,
evidenciado no item 13.1 do Termo de Referência e item 10.1.2.1 do Edital do Pregão Eletrônico 14/2018, ao
qual acorreram apenas três licitantes, sagrando-se vencedora a atual contratada.
384

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Critérios: art. 3º, incisos I e III, da Lei 10.520/2002, art. 20, inciso I, art. 24 e art. 26, caput e § 1º, da IN
5/2017 – SEGES/MPDG e art. 12, inciso I e § 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da
VALEC.
Evidências: peça 15, p. 17-20
b) Responsável: Flávia Carneiro de Oliveira. CPF: 832.411.911-68.
Conduta do agente: na condição de Superintendente de Licitações e Contratos da VALEC, autorizou a
realização do processo licitatório requerido pelo Superintendente de Gestão de Pessoas. Todavia, o processo
carecia da realização de estudos técnicos preliminares e da elaboração de ‘Mapa de Risco’ que permitissem
identificar os principais riscos que pudessem vir a comprometer a efetividade do ‘Planejamento da Contratação’,
da ‘Seleção do Fornecedor’ ou que pudessem impedir o alcance dos resultados que atendessem às necessidades
da contratação. Em consequência, houve publicação do Edital contendo inserção de especificações restritivas
que limitaram indevidamente o caráter competitivo do certame, com possível direcionamento, evidenciado no
item 13.1 do Termo de Referência e item 10.1.2.1 do Edital do Pregão Eletrônico 14/2018, ao qual acorreram
apenas três licitantes, sagrando-se vencedora a atual contratada.
Critérios: art. 3º, incisos I e III, da Lei 10.520/2002, art. 20, inciso I, art. 24 e art. 26, caput e § 1º, da IN
5/2017 – SEGES/MPDG e art. 12, inciso I e § 2º, do Regulamento Interno de Licitações e Contratos da
VALEC.
Evidências: peça 15, p. 13.
alertar o senhor Mauro Sérgio Almeida Fatureto (CPF: 562.076.976-34) e a senhora Flávia Carneiro de
Oliveira (CPF: 832.411.911-68), caso constem do rol de responsáveis das contas anuais da VALEC Engenharia,
Construções e Ferrovias Ltda., quanto à possibilidade de as suas contas ordinárias serem julgadas irregulares em
decorrência das constatações identificadas neste processo;
determinar à VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias Ltda., com fundamento no art. 250, inciso II,
do Regimento Interno/TCU, que adote providências para anular o Pregão Eletrônico 14/2018, e informe ao
TCU, no prazo de até cinco dias úteis, os encaminhamentos realizados:
autorizar a VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias Ltda., em caráter de excepcionalidade, a efetuar
contratação emergencial dos serviços ou prorrogar a vigência do atual contrato pelo tempo estritamente
necessário à conclusão do novo certame;
encaminhar cópia da presente instrução aos responsáveis chamados em audiência.”
8. À peça 17, o titular da subunidade da Selog divergiu do encaminhamento do auditor que
instruiu o feito, nos seguintes termos, mantidos os destaques do original:
“Muito embora a percuciente análise realizada pelo AUFC Leonel Munhoz Coimbra, divirjo da proposta
constante da peça precedente, pelos motivos expostos a seguir.
2. O Acórdão 2.622/2015-TCU-Plenário, relator Ministro Augusto Nardes, tratou de levantamento
realizado com objetivo de sistematizar informações sobre o estágio da governança e da gestão das aquisições em
amostra de organizações da Administração Pública Federal (APF).
3. Concluiu-se, naquela oportunidade, que havia deficiências na gestão de riscos das aquisições nas
organizações analisadas, mostrando-se necessário que a alta administração das organizações públicas
fomentasse a cultura do gerenciamento de riscos nas aquisições, de modo a estabelecer diretrizes e capacitar os
gestores nessa área.
4. Destaco a recomendação contida no item 9.9, subitem 9.9.1, do Acórdão 2.622/2015-TCU-Plenário:
‘9.9. recomendar aos órgãos e entidades a seguir relacionados que avaliem as orientações contidas no
presente acórdão e adotem as medidas necessárias à implementação na sua esfera de atuação:
9.9.1. Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações
Societárias da União (CGPAR);’
5. O referido acórdão vem sendo monitorado por esta Selog, que apontou estar ‘em implementação’ a
recomendação contida no item 9.9.1, conforme Acórdãos 1.361/2017, relator Ministro Augusto Nardes, e
850/2018-TCU-Plenário, relator do Ministro Aroldo Cedraz.
6. Portanto, embora tenha iniciado ações com vistas ao estabelecimento de diretrizes, capacitação dos
gestores e efetiva adoção de procedimentos visando à gestão de riscos nas aquisições, o Órgão de Governante
Superior (OGS) do segmento das estatais ainda não implementou, tampouco disseminou às entidades abarcadas
pela Lei 13.303/2016 o resultado de eventuais iniciativas no que se refere à gestão de riscos.
7. A IN 5/2017 - Seges/MP, de 26 de maio de 2017, entrou em vigor em setembro de 2017, com o
contratante na fase de planejamento da contratação, conforme capítulo III, devendo observar as etapas de
385

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

elaboração dos estudos preliminares, do gerenciamento de riscos, e do termo de referência/Projeto básico.


8. Embora a IN 5/2017 - Seges/MP disponha de regras e procedimentos a serem observados no âmbito da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional, o regulamento interno de licitações da Valec, de
2018, estabelece, no art. 1º, que é regido, dentre outras normas, pela IN 5/2017.
9. Por sua vez, o referido regulamento da Valec, conforme mencionado na instrução precedente,
estabelece o seguinte:
‘Art.12 Após aprovação da autoridade competente, as áreas demandantes deverão instruir os autos
com os seguintes documentos:
I. Documentação referente ao Planejamento da Contratação (análise de viabilidade, gerenciamento
de riscos etc.), conforme o caso;’
10. Em resposta à oitiva, a Valec informa que não foi elaborado qualquer mapa de riscos, por considerar
que o serviço a ser contratado era de baixa complexidade (peça 15, p. 6).
11. Não se sabe se por falta de clareza do dispositivo contido em seu regulamento, que pode ter levado à
interpretação de que, a depender do caso, nem todos os documentos seriam obrigatórios, pelo fato dos
normativos que tratam do assunto serem recentes, ou pela falta de orientações e diretrizes quanto ao
gerenciamento de riscos em aquisições pelo OGS do segmento das estatais, os responsáveis pelo planejamento
da contratação entenderam de forma equivocada que devido à baixa complexidade do serviço a ser contratado
estaria dispensada a elaboração do ‘mapa de riscos’, previsto no art. 26 da IN 5/2017 - Seges/MP.
12. Em que pese a irregularidade identificada, considerando os atenuantes mencionados nos parágrafos
anteriores, entendo suficiente dar ciência à Valec para evitar outras ocorrências semelhantes, tendo em vista que
o gerenciamento de riscos, a ser materializado no documento ‘mapa de riscos’, deve ser elaborado, conforme a
IN 5/2017, para todas as contratações, independentemente da complexidade do objeto, ao menos até que
sobrevenha diretriz interna que defina, com base em indicadores consistentes, na importância da contratação
para o órgão e no impacto dos possíveis resultados, quais que devem ser objeto da gestão de riscos.
13. Quanto à falta de estudos preliminares, a Valec limitou-se a afirmar que realizou pesquisa de mercado
junto a todas as empresas associadas à ABBT e utilizou como balizador das taxas praticadas no mercado as
compras realizadas através do Comprasnet à época da contratação.
14. Os estudos preliminares devem ser materializados em documento que contenha o definido no art. 24,
§1º, da IN 5/2017 - Seges/MP, o que não foi observado pela Valec no caso em exame. Apesar da irregularidade
identificada, entendo que a ausência dos estudos preliminares na forma prevista na referida instrução normativa
deve ser objeto de ciência à Valec, com vistas a evitar futuras ocorrências semelhantes.
15. No que diz respeito às exigências contidas no item 10.1.2.1 do edital, necessidade de comprovação de
fornecimento dos serviços licitado por pelo menos 2 (dois) anos e para o mínimo de 1000 (mil) pessoas, sua
regularidade não foi questionada pelo representante, conforme instrução inicial (peça 7).
16. Ao analisar novamente essas exigências, entendo que a comprovação de fornecimento dos serviços
licitados por pelo menos 2 (dois) anos estaria amparada no item 10.6, alínea ‘b’, do Anexo VII da IN 5/2017
Seges/MP, afastando-se, portanto, a irregularidade apontada na instrução precedente.
‘IN 5/2017 - Seges/MP.
10.6. Na contratação de serviço continuado, para efeito de qualificação técnico-operacional, a
Administração Pública poderá exigir do licitante:

b) comprovação que já executou objeto compatível, em prazo, com o que está sendo licitado, mediante a
comprovação de experiência mínima de três anos na execução de objeto semelhante ao da contratação,
podendo ser aceito o somatório de atestados;’
17. Quanto à exigência de fornecimento anterior para no mínimo 1000 (mil) pessoas, conforme
mencionado nas instruções anteriores, consoante sólida jurisprudência do TCU, é irregular a fixação de
quantitativo mínimo superior a 50% do quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar (dentre outros,
Acórdãos 737/2012, Ministro Relator Marcos Bemquerer, e 827/2014, Ministro Relator Augusto Sherman,
ambos do Plenário).
18. No entanto, é importante considerar que há, apenas no setor público, diversas empresas estatais com
mais de 1.000 (mil) empregados e que fornecem vale-alimentação e vale-refeição a seus funcionários. Com isso,
embora a exigência contrarie a jurisprudência do TCU, entendo que não é o bastante para restringir a
competitividade do certame. A participação de ‘apenas’ 3 (três) empresas na disputa também não é elemento
suficiente para se afirmar que houve restrição excessiva à competitividade.
386

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

19. Analisando a ata do pregão, verifica-se que houve disputa entre as licitantes na fase de lances,
sagrando-se vencedora a empresa Sodexo Pass do Brasil Serviços e Comércio S.A, com taxa de administração
negativa de 3,52%.
20. Portanto, não estando configurada a materialização da potencial restrição, entendo suficiente dar
ciência à Valec da irregularidade identificada, com vistas a evitar outras ocorrências semelhantes.
21. Isso posto, submeto os autos à consideração superior propondo:
a) conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art. 113, § 1º, da
Lei 8.666/, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU
259/2014;
b) no mérito, considerar a presente representação parcialmente procedente;
c) dar ciência à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias Ltda., com fundamento no art. 7º da
Resolução - TCU 265/2014, sobre as seguintes impropriedades/falhas, identificadas no Pregão Eletrônico
14/2018, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras semelhantes:
I) ausência no planejamento da contratação de estudos preliminares e gerenciamento de riscos, na forma
prevista nos arts 20, 24 e 26 da IN 05/2017 - SEGES/MP, c/c o art. 12 do Regulamento Interno de Licitações da
Valec;
II) a exigência contida no item 10.1.2.1 do edital do certame, de comprovação de capacidade técnica
operacional por meio de fornecimento anterior para universo de no mínimo 1.000 (mil) pessoas, contraria a
jurisprudência do TCU, que considera irregular a fixação de quantitativo mínimo superior a 50 % do
quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar, tendo em vista que o quantitativo de pessoas que se
destina o benefício é composto por 1.195 pessoas, conforme Acórdãos 737/2012, Ministro Relator Marcos
Bemquerer, e 827/2014, Ministro Relator Augusto Sherman, ambos do Plenário, entre outros.
d) informar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias Ltda. e ao representante que o conteúdo da
deliberação que vier a ser proferida poderá ser consultado no endereço www.tcu.gov.br/acordaos; e
e) arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, III, do Regimento Interno deste Tribunal.
9. À peça 18, a titular da unidade instrutora aquiesceu ao parecer emitido pelo titular da
subunidade.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de representação a respeito de possíveis irregularidades relacionadas ao Pregão


Eletrônico 14/2018, conduzido pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., que tem por
objeto a contratação de empresa especializada para o gerenciamento dos cartões de vale-alimentação
e/ou refeição eletrônicos, magnéticos, com chip e em PVC, com recargas mensais, destinados aos
diretores, empregados da Valec, compreendidos entre o quadro próprio e os quadros especiais do
extinto Geipot e da extinta RFFSA, e estagiários.
2. Em síntese, a representante alega que o edital da licitação contém item que reduziria o caráter
competitivo do certame. A cláusula em questão estabelece que as licitantes devem apresentar, para fins
de qualificação técnica, atestado contendo o número de empregados beneficiados pelo fornecimento de
vales, para as duas categorias (vale-alimentação e vale-refeição), sob pena de inabilitação da licitante.
Entre outros pontos, a representante requereu a adoção de medida cautelar com vistas a suspender o
certame até a apreciação de mérito por este Tribunal.
3. Em exame preliminar, a Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog)
sugeriu o conhecimento da representação, o indeferimento da medida cautelar pleiteada e a oitiva da
Valec em relação à questão trazida pela representante, bem como por outros indícios de irregularidades
identificados pela unidade instrutora, referentes à potencial restrição à competitividade do certame e a
supostas deficiências na fase de planejamento da contratação.
4. À peça 7, conheci da representação, indeferi o provimento cautelar, por entender ausente o
requisito do periculum in mora e autorizei as oitivas.
5. Nesta etapa processual, efetivadas as oitivas, aprecia-se o mérito do feito.
387

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Preliminarmente, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos nos artigos 235 e


237, VII, do RITCU, c/c o art. 113, § 1°, da Lei 8.666/1993 e o art. 103, § 1°, da Resolução-TCU
259/2014, ratifico a decisão que conheceu da representação.
7. Quanto ao mérito, perfilho das conclusões da unidade instrutora no sentido de procedência
parcial da representação, cujos fundamentos incorporo às minhas razões de decidir.
8. De fato, foi indevida a exigência de atestados de capacidade técnica a fim de comprovar: “o
fornecimento de cartões eletrônicos, magnéticos, com chip nas categorias alimentação e refeição por
pelo menos dois anos para o universo de no mínimo 1.000 pessoas”, tendo em vista que o quantitativo
de pessoal a ser atendido pelo contrato foi estimado em 1.195 pessoas.
9. Conforme registrado no relatório precedente, não restou demonstrada justificativa técnica
plausível para a fixação de quantitativo mínimo superior a 50% do quantitativo de bens e serviços que
se pretende contratar, o que contraria jurisprudência consolidada deste Tribunal.
10. Quanto à comprovação de experiência anterior no fornecimento de cartões eletrônicos,
magnéticos, nas categorias alimentação e refeição, por pelo menos dois anos, acolho o pronunciamento
do titular da subunidade no sentido de ser a regra compatível com o item 10.6 da Instrução Normativa-
Seges/MP 5/2017, afastando a irregularidade.
11. Quanto aos estudos preliminares e elaboração de mapa de risco, a estatal afirmou ter feito
pesquisa de mercado junto às empresas associadas da Associação Brasileira das Empresas de
Benefícios ao Trabalhador (ABBT), sem sucesso, e pesquisas de taxas praticadas por empresas
contratadas pelo Governo Federal, mediante o uso do Comprasnet, mas não acostou aos autos
documentação comprobatória. Além disso, informou não ter elaborado mapa de risco, por considerar
que o serviço contratado era de baixa complexidade.
12. Tendo em vista que não foram apresentados pela estatal estudos técnicos materializados em
documentos próprios sobre o planejamento da contratação, em especial aqueles contidos nos arts. 24 e
26 da Instrução Normativa-Seges/MP 5/2017 e no art. 12 do Regulamento Interno de Licitações da
Valec, reputo estar demonstrada a deficiência no planejamento da contratação e no planejamento da
contratação.
13. Caracterizadas as impropriedades, registro que o corpo diretivo da Selog divergiu dos
encaminhamentos propostos pelo auditor que instruiu o feito.
14. Em resumo, o auditor sugeriu assinar prazo para a Valec anular o certame, promover
audiência dos agentes públicos que autorizaram a contratação e aprovaram o termo de referência e
autorizar, excepcionalmente, a prorrogação do atual contrato ou a realização de contratação
emergencial.
15. Já os titulares da unidade instrutora e da subunidade entenderam existirem atenuantes para as
falhas de planejamento e de gestão de riscos, a exemplo da incipiente implementação e disseminação
de políticas de gestão de riscos em aquisições pelo Órgão de Governante Superior (OGS) do segmento
das estatais ou, ainda, de uma potencial falta de clareza do regulamento interno de licitações da Valec,
de 2018. Nesse sentido, consideram suficiente dar ciência das impropriedades à empresa, a fim de
evitar a reiteração da conduta.
16. Quanto à irregularidade concernente ao parâmetro fixado para comprovação de experiência
anterior, fornecimento de cartões para no mínimo 1.000 pessoas, o corpo diretivo pondera que o fato
de contrariar a jurisprudência do TCU não é suficiente para comprovar a restrição à competitividade da
licitação no caso concreto. Tampouco a participação de apenas três empresas no certame.
17. Registram existir, apenas no setor público, diversas empresas estatais com mais de 1.000
empregados e que fornecem vale-alimentação e vale-refeição a seus funcionários. Além disso, a
análise da ata do pregão revela disputa entre os licitantes na fase de lances, que resultou em taxa de
administração negativa de 3,52%, de modo que potencial restrição não restou materializada.
18. Acompanho as conclusões do corpo diretivo da Selog.
19. Com efeito, o exame da ata do pregão indica que houve disputa entre os três licitantes,
totalizando 38 lances, sendo a diferença entre o lance vencedor e das demais empresas cerca de 0,01%
388

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

(Trivale Administração Ltda.) e 0,02% (Green Card S.A. Refeições, Comércio e Serviços). O resultado
final do certame foi uma taxa de administração negativa de 3,52%.
20. Esse resultado aliado ao fato de existir um substancial mercado de empresas que satisfazem o
parâmetro fixado para fins de comprovação de experiência anterior é indicativo de que a potencial
restrição à competitividade da licitação não se materializou.
21. Por outro lado, determinar a anulação do certame levaria à necessidade de autorizar a
prorrogação excepcional do atual contrato, ou ainda a realização de contratação emergencial, bem
como ensejaria custos adicionais com a realização de novo certame.
22. Diante desta situação, julgo que a medida mais adequada seja dar ciência das impropriedades
à Valec, mantendo-se incólume o certame.
13. Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado

ACÓRDÃO Nº 2696/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 040.422/2018-6.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VI – Representação
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal:
8.1. Silvia Regina Schmitt (OAB/DF 38.717), representando Valec Engenharia, Construções e
Ferrovias S.A.
8.2. Wanderley Romano Donadel (OAB/MG 78.870), representando Trivale Administração
Ltda.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação a respeito de possíveis
irregularidades relacionadas ao Pregão Eletrônico 14/2018, conduzido pela Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A., que tem por objeto a contratação de empresa especializada para o
gerenciamento dos cartões de vale-alimentação e/ou refeição eletrônicos, magnéticos, com chip e em
PVC, com recargas mensais, destinados aos diretores, empregados da empresa, compreendidos entre o
quadro próprio e os quadros especiais do extinto Geipot e da extinta RFFSA, e estagiários.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no art.
113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c os arts. 235 e 237, VII, do Regimento Interno do TCU, e no art. 103,
§ 1º, da Resolução-TCU 259/2014, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. dar ciência à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., com fundamento no art. 7º da
Resolução-TCU 265/2014, sobre as seguintes impropriedades, identificadas no Pregão Eletrônico
14/2018, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de outras
semelhantes:
9.2.1. ausência no planejamento da contratação de estudos preliminares e gerenciamento de
riscos, em desacordo com o art. 12 do Regulamento Interno de Licitações da Valec, tendo ainda como
exemplo de boas práticas os arts. 20, 24 e 26 da Instrução Normativa-Seges/MP 5/2017;
9.2.2. a exigência contida no item 10.1.2.1 do edital do certame, de comprovação de capacidade
técnica operacional por meio de fornecimento anterior para universo de no mínimo 1.000 (mil)
389

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pessoas, contraria a jurisprudência do TCU, que é no sentido de a fixação de quantitativo mínimo não
deve ser superior a 50 % do quantitativo de bens e serviços que se pretende contratar, conforme
Acórdãos 737/2012 e 827/2014, ambos do Plenário, entre outros;
9.3. dar ciência desta decisão à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e ao
representante.
10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.
11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2696-08/19-1.

13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 852.167/1997-0
Natureza: Pedido de Reexame (Aposentadoria)
Entidade: Universidade Federal do Ceará
Recorrentes: Antonio Medeiros Gurgel (023.043.093-72) e Antonio Benito Carneiro
(010.126.733-91)
Representação legal: Carlos Henrique da Rocha Cruz (OAB/CE 5.496) e outros, representando
Antonio Medeiros Gurgel e Antonio Benito Carneiro

SUMÁRIO: PESSOAL. APOSENTADORIA. IDENTIFICAÇÃO DE IRREGULARIDADE NA


INCORPORAÇÃO DE QUINTOS, NO PAGAMENTO DE PARCELAS DE PLANOS
ECONÔMICOS SEM A DEVIDA ABSORÇÃO POR REESTRUTURAÇÕES REMUNERATÓRIAS
POSTERIORES, NO PAGAMENTO DE “APOSENTADORIA-PRÊMIO” E NA AVERBAÇÃO DE
TEMPO DE SERVIÇO COMO BOLSITA E COMO MONITOR. PEDIDOS DE REEXAME.
ELEMENTOS INSUFICIENTES PARA ALTERAR A DELIBERAÇÃO RECORRIDA NO QUE SE
REFERE ÀS PARCELAS PAGAS INDEVIDAMENTE. LONGO LAPSO DESDE O
ENCAMINHAMENTO DOS ATOS AO TCU. IMPOSSIBILIDADE DE PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS LEGAIS PARA OBTENÇÃO DE NOVA APOSENTADORIA NOS MOLDES DA
CONCESSÃO INICIAL. ÔNUS QUE NÃO DEVE SER SUPORTADO PELOS INTERESSADOS.
CONHECIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL PARA CONSIDERAR REGULARES, EM
CARÁTER EXCEPCIONAL, OS TEMPOS DE SERVIÇO IMPUGNADOS. DETERMINAÇÃO
PARA ENCAMINHAMENTO DE NOVOS ATOS LIVRES DAS PARCELAS IMPUGNADAS.
CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de pedidos de reexame interpostos por Antonio Medeiros Gurgel e Antonio
Benito Carneiro contra o Acórdão 10.089/2017-TCU-1ª Câmara.
2. A parte dispositiva deliberação recorrida apresentou o seguinte teor:
“9.1. considerar ilegais os atos de aposentadoria de Aldo Frota Nogueira, Antonio Benito Carneiro,
Antonio Medeiros Gurgel, Heliomar Abrãao Maia, Jose Albersio de Araujo Lima, Manoel Perboyre Gomes
Castelo, Marcos Vinicius Assunção, Maria Dulce Sousa Castelo, Maria Ivoni Pereira de Sá e Wagner Barreira
Filho, recusando seu registro;
390

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

9.2. dispensar o ressarcimento das quantias indevidamente recebidas, em boa-fé, pelos interessados,
consoante o Enunciado 106 da Súmula de Jurisprudência deste Tribunal;
9.3. determinar à Universidade Federal do Ceará que:
9.3.1. faça cessar, no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da ciência desta deliberação, os
pagamentos decorrentes dos atos impugnados, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade
administrativa omissa, consoante disposto nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal e 262 do Regimento
Interno desta Corte;
9.3.2. corrija, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da ciência desta deliberação, o valor das rubricas
alusivas à incorporação de “quintos de FC” atualmente pagas a Aldo Frota Nogueira, Antonio Medeiros Gurgel,
Heliomar Abraão Maia, José Albersio de Araújo Lima, Manoel Perboyre Gomes Castelo, Marcos Vinicius
Assunção, Maria Ivoni Pereira de Sá e Wagner Barreira Filho, utilizando, para tanto, a tabela de referência de
FC adotada pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, disponibilizada no sistema Siape;
9.3.3. suspenda, de imediato, quaisquer pagamentos eventualmente ainda realizados a título de Plano
Collor a Antonio Medeiros Gurgel, Heliomar Abraão Maia, Manoel Perboyre Gomes Castelo, Marcos Vinicius
Assunção, Maria Dulce Sousa Castelo, Maria Ivoni Pereira de Sá e Wagner Barreira Filho, haja vista já
integrado à remuneração ordinária dos interessados por força das subsequentes reestruturações de carreira,
tratando-se, assim, de execução em excesso dos respectivos provimentos judiciais;
9.3.4. dê ciência do inteiro teor desta deliberação aos inativos tratados nestes autos, alertando-os de que o
efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos, caso não providos, não os exime da
devolução dos valores indevidamente percebidos após a notificação;
9.3.5. envie a esta Corte de Contas, no prazo de 30 (trinta) dias, por cópia, comprovante de que os
interessados tiveram ciência desta deliberação;
9.4. esclarecer à unidade de origem, com supedâneo no art. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU, que
as concessões consideradas ilegais poderão prosperar mediante a emissão e o encaminhamento a este Tribunal
de novos atos concessórios, escoimados das irregularidades apontadas nestes autos;
9.5. determinar à Sefip que monitore o cumprimento das medidas indicadas acima.”
3. Admitido o processamento dos recursos, porquanto preenchidos os requisitos previstos no art.
48 da Lei 8.443/1992, conferi efeito suspensivo aos itens 9.1, 9.3.1, 9.3.2 e 9.3.3 do acórdão recorrido
em relação a Antonio Medeiros Gurgel e aos itens 9.1 e 9.3.1 em relação a Antonio Benito Carneiro
(peça 161).
4. Instruído o presente feito, faço reproduzir, com os ajustes que julgo pertinentes, o exame
técnico e o encaminhamento oferecidos pela Secretaria de Recursos deste Tribunal (peça 163), que
contou com a anuência do corpo diretivo daquela unidade (peças 164 e 165):
“HISTÓRICO
2. Trata-se de processo de aposentadoria que considerou ilegais os benefícios dos recorrentes em razão
das seguintes irregularidades:
a) Antonio Medeiros Gurgel: inclusão nos proventos de parcela alusiva a plano econômico (Plano Collor,
índice de 84,32%), imune de compensação por estruturas remuneratórias supervenientes; cálculo incorreto das
parcelas de “quintos” incorporados de função comissionada; pagamento incorreto da “aposentadoria-prêmio”,
prevista na redação original do art. 192 da Lei 8.112/1990; e cômputo irregular de tempo de serviço refere a
tempo de bolsista.
b) Antonio Benito Carneiro: pagamento incorreto da “aposentadoria-prêmio”, prevista na redação original
do art. 192 da Lei 8.112/1990; e cômputo irregular de tempo de serviço decorrentes de tempo de monitoria.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3. Reitera-se os exames preliminares de admissibilidade (peças 157 e 158), ratificados à peça 161, pelo
Relator, Ministro Bruno Dantas, que entenderam pelo conhecimento dos recursos, nos termos do artigo 48 da
Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286, parágrafo único, do RI/TCU, suspendendo-se os efeitos dos itens 9.1,
9.3.1, 9.3.2 e 9.3.3 do acórdão recorrido, em relação a Antonio Medeiros Gurgel; e 9.1 e 9.3.1 do acórdão
recorrido, em relação a Antonio Benito Carneiro.
EXAME DE MÉRITO
4. Delimitação
4.1. Constitui objeto dos presentes recurso definir se:
a) Antonio Medeiros Gurgel pode computar para fins de aposentadoria o tempo de bolsista;
b) as averbações dos tempos de bolsista e monitoria estão garantidas pelo princípio da segurança jurídica;
391

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) o TCU pode revisar os atos administrativos que deferiram as contagens de tempo de serviço;
d) aplica-se o prazo decadencial do art. 54 da Lei 9.784/1999 aos processos do TCU;
e) o TCU tem competência para decidir sobre a retirada da parcela relativa ao Plano Collor;
f) os recorrentes são compelidos a retornar ao trabalho para completar o tempo de serviço.
5. Do cômputo para fins de aposentadoria do tempo de bolsista.
5.1. Antonio Medeiros Gurgel defende-se no recurso que deve haver o computo de tempo de bolsista para
fins de sua aposentadoria, aduzindo os seguintes argumentos:
a) durante todo o ano de 1967 até o ano de 1969, exerceu a função de bolsista no Centro de
Aperfeiçoamento de Economistas do Nordeste, selecionado entre os melhores alunos do curso de graduação da
Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade Federal do Ceará;
b) ao solicitar contagem de tempo para sua aposentadoria, o professor teve contado 29 anos, 3 meses e
10, ou seja, à época em que solicitou a primeira contagem de tempo de serviço, o professor não implementava
tempo suficiente para aposentadoria;
c) a contagem de tempo foi expressamente deferida pela UFC, com o devido embasamento legal, em
abril de 1995;
d) o ato de aproveitamento do tempo somente agora foi contestado pelo Tribunal de Contas, baseado em
jurisprudência formada a partir de 2003;
e) não foi todo o tempo de monitor bolsista que foi computado para fins de aposentadoria do servidor,
mas apenas o tempo de serviço em que efetivamente deu aulas (documento à p. 6 da peça 155).
Análise
5.2. A jurisprudência do TCU é firme no sentido de ser ilegal o cômputo do tempo de atividade como
bolsista, estagiário ou monitor para fins de aposentadoria, pois tais atividades são exercidas na condição de
estudante, sem vínculo empregatício de qualquer natureza, de modo que o subsídio recebido não pode ser
interpretado como remuneração por trabalho prestado, inexistindo tampouco contribuição para regime
previdenciário (v. Decisões 339/2001, 42/2002 e 98/2002, da Segunda Câmara; Acórdãos 462/2003, 503/2003 e
1504/2009, da Segunda Câmara; Acórdãos 3131/2006, 1041/2008, 961/2010, 8671/2011 e 5541/2016, da
Primeira Câmara).
5.3. Além disso, é farta a legislação no sentido de que os monitores e os estagiários poderão receber
bolsa, não havendo, contudo, vínculo empregatício de qualquer natureza. Nesse sentido, cumpre mencionar o
art. 4° do Decreto 66.315/1970, alterado pelo Decreto 68.771/1971, o art. 1º, parágrafo único, do Decreto
85.862/1981, o art. 4º da Lei 6.494/1977 e o art. 3º da Lei 11.788/2008.
5.4. No que concerne ao documento que supostamente demonstraria que o tempo computado foi de
atividade de professor, ele não tem força probatória alguma, pois não se trata de certidão de tempo de serviço
emitida por órgão competente, sendo inclusive escrita à mão, contendo apenas uma assinatura e um carimbo
sem número de matrícula do servidor.
6. Do princípio da Segurança Jurídica.
6.1. Antonio Benito Carneiro e Antonio Medeiros Gurgel defendem-se nos recursos que a revisão dos
atos de averbação, ocorridos há mais de 20 anos, fere a boa-fé, a segurança jurídica e a estabilidade das relações
jurídicas.
Análise
6.2. Quanto ao argumento de ter havido violação aos princípios da segurança jurídica, da boa-fé e da
estabilidade das relações jurídicas, cabe lembrar que a sedimentada jurisprudência da Suprema Corte é no
sentido de classificar como ato complexo a concessão de aposentadoria, reforma ou pensão, consoante os
seguintes julgados (RMS 3881/SP, MS 19875/DF, RE 195861/ES e MS 23665/DF).
6.3. Assim, sendo o ato de aposentadoria e/ou pensão complexo, este somente passa a estar plenamente
formado (perfeito), válido (aferição da legalidade com reflexo de definitividade perante a Administração) e
eficaz (plenamente oponível a terceiros, deixando de apresentar executoriedade provisória) quando recebe o
registro pela Corte de Contas. Tal entendimento decorre do disposto no inciso III do art. 71 da Constituição
Federal, que estabelece que compete ao Tribunal de Contas da União apreciar, para fins de registro, a legalidade
dos atos de admissão, assim como a concessão de aposentadoria, reforma ou pensão.
6.4. Nessa perspectiva, impõe-se reconhecer que referidos atos possuem natureza precária, razão pela
qual, até que haja o efetivo julgamento e o consequente registro pela Corte de Contas, não há que se falar em
direito adquirido, ato jurídico perfeito ou em proteção da confiança, tendo em vista a ausência de
aperfeiçoamento e definitividade do ato.
392

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6.5. A propósito do tema, colaciona-se entendimento esposado pela Corte Constitucional ao decidir no
âmbito do RE-195.861/ES:
‘APOSENTADORIA - ATO ADMINISTRATIVO DO CONSELHO DA MAGISTRATURA –
NATUREZA - COISA JULGADA ADMINISTRATIVA - INEXISTÊNCIA. O ato de aposentadoria exsurge
complexo, somente se aperfeiçoando com o registro perante a Corte de Contas. Insubsistência da decisão
judicial na qual assentada, como óbice ao exame da legalidade, a coisa julgada administrativa.’
6.6. No caso em apreço, não houve os respectivos registros em razão da constatação de ilegalidade nos
atos, o que afasta, por si só, a presunção de legitimidade dos atos administrativo sque lhes concederam os
benefícios, não havendo, assim, que se falar em violação da segurança jurídica, da boa-fé e da estabilidade das
relações jurídicas.
6.7. Sobre a questão, observa-se, ainda, que não se mostra factível o argumento de se convolar em legais
atos eivados de vícios, dado o longo lapso temporal transcorrido entre sua edição e a consequente apreciação
pelo TCU, porquanto estas situações geram tão-somente a necessidade de instauração do contraditório,
consoante Acórdão 5962/2012 – TCU – 2ª Câmara, verbis:
‘4. Nos termos da jurisprudência do STF, o transcurso de longo lapso temporal entre a edição do ato e sua
apreciação por parte do TCU não converte a concessão ilegal em legal, gerando apenas a necessidade de
instauração do contraditório e da ampla defesa para a validade do processo, na hipótese de o ato haver
ingressado no Tribunal há mais de cinco anos (MS-25.116, MS-25.403, MS-25.343, MS-27.296, entre outros)’
6.8. No caso concreto, os recorrentes foram devidamente notificados (peças 32, 33, 37, 47, 84, 85, 94, 96
e 97), mas não apresentaram defesa.
6.9. Não se pode perder de vista que este Tribunal, em atenção aos referidos princípios, dispensou a
devolução dos valores indevidamente recebidos, nos termos consignados no item 9.2. do Acórdão recorrido.
7. Da revisão pelo TCU do ato administrativo que deferiu a contagem de tempo de serviço.
7.1. Antonio Benito Carneiro e Antonio Medeiros Gurgel defendem-se nos recursos que o TCU não pode
revisar os atos administrativos que deferiram a contagem de tempo de serviço, aduzindo os seguintes
argumentos:
a) aposentaram-se com a contagem de períodos nos quais trabalharam como monitor (Antonio Benito
Carneiro) e monitor-bolsista (Antonio Medeiros Gurgel) feitas por meio de atos administrativos que
preencheram todos os requisitos legais, tendo efeitos por mais 20 anos;
b) as contagens de tempo são atos juridicamente perfeitos e acabados, não restando dúvidas de suas
legalidades;
c) a aposentadoria é ato administrativo efetivado após a contagem, mas que, por si só não pode acarretar a
revisão do ato de contagem de tempo, pois são atos administrativos distinto;
d) a revisão ou desfazimentos de atos administrativos ocorrem em três formas possíveis: cassação,
revogação e invalidação e, deste modo, não se pode tornar sem efeitos as contagens de tempos realizadas
legalmente há mais de 20 anos sem se abrir procedimento administrativo específico para tal fim, conforme
impõem a segurança jurídica, a lealdade e a boa-fé, sendo esse o posicionamento do STF e do STJ.
Análise
7.2. Conforme mencionado alhures, o ato de aposentadoria é complexo que somente estará plenamente
formado, válido e eficaz quando recebe o registro pela Corte de Contas, sendo a averbação do tempo parte
integrante do ato de aposentadoria, não havendo que se falar em direito adquirido ou ato jurídico perfeito até o
citado registro.
7.3. Deste modo, o Tribunal de Contas da União tem o direito/dever, constitucionalmente deferido, de
apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de aposentadoria, inclusive qualquer tempo averbado para a
concessão do benefício.
7.4. Deste modo, não há que se acolher os argumentos a favor dos recorrentes.
8. Da decadência
8.1. Antonio Benito Carneiro e Antonio Medeiros Gurgel defendem-se nos recursos que se operou a
decadência quinquenal prescrita no art. 54 da Lei 9784/99, aduzindo que o início da contagem do prazo
decadencial ocorreu na data do ato que determinou a averbação do tempo de serviço prestado como
monitor/bolsista ou a partir da vigência da citada lei, conforme jurisprudência do STJ.
Análise
8.2. Sobre a decadência do direito de a Administração rever os seus próprios atos e o exercício do
controle externo por parte deste Tribunal, impende mencionar que o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou
393

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

acerca da não incidência da decadência administrativa em face da inaplicabilidade do art. 54 da Lei 9.784/1999
aos processos por meio dos quais o TCU exerce sua competência constitucional de controle externo prevista no
inciso III do art. 71 da Constituição Federal, consoante entabulado no MS 24.859/DF, de 4/8/2004:
‘EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PENSÃO. T.C.U.: JULGAMENTO DA
LEGALIDADE: CONTRADITÓRIO. PENSÃO: DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.
I. - O Tribunal de Contas, no julgamento da legalidade de concessão de aposentadoria ou pensão, exercita
o controle externo que lhe atribui a Constituição Federal, art. 71, III, no qual não está jungindo a um processo
contraditório ou contestatório. Precedentes do STF.
II. - Inaplicabilidade, no caso, da decadência do art. 54 da Lei 9.784/99.
III. - Concessão da pensão julgada ilegal pelo TCU, por isso que, à data do óbito do instituidor, a
impetrante não era sua dependente econômica.
IV. – MS indeferido.’ (destacamos)
8.3. Ainda, com essa mesma orientação, registra-se manifestação do Ministro Marco Aurélio, ao apreciar
o MS 27.966/DF, de 11/9/2012:
‘Quanto ao prazo previsto no artigo 54 da Lei nº 9.784/99, relativamente à revisão de atos
administrativos, os pronunciamentos desta Corte são reiterados no sentido de não ser aplicável a ato
complexo como é o da aposentadoria, vale dizer, fica afastado quando se faz em jogo a atuação do Tribunal de
Contas da União, iniludivelmente também administrativa, apreciando o cálculo dos proventos da aposentadoria
para homologá-la ou não - precedentes: Mandados de Segurança nº 24.997-8/DF, 25.090-9/DF e 25.192-1/DF,
relatados pelo Ministro Eros Grau, com acórdãos publicados no Diário da Justiça de 1º de abril de 2005 - os
concernentes aos dois primeiros - e 6 de maio de 2005, respectivamente. (g.n.).’
8.4. Calcado nesta premissa, este Tribunal editou a Súmula 278:
‘Os atos de aposentadoria, reforma e pensão têm natureza jurídica de atos complexos, razão pela qual os
prazos decadenciais a que se referem o § 2º do art. 260 do Regimento Interno e o art. 54 da Lei nº 9.784/99
começam a fluir a partir do momento em que se aperfeiçoam com a decisão do TCU que os considera legais ou
ilegais, respectivamente.’
8.5. Deste modo, não a que se acolher os argumentos a favor dos recorrentes.
9. Da competência do TCU para decidir sobre a retirada da parcela relativa ao Plano Collor.
9.1. Antonio Medeiros Gurgel defende-se no recurso que o TCU não tem competência para decidir sobre
a retirada da parcela relativa ao Plano Collor, aduzindo os seguintes argumentos:
a) o Acórdão recorrido está se impondo como verdadeiro juízo rescisório da decisão judicial que
concedeu a parcela relativa ao Plano Collor aos docentes da Universidade Federal do Ceará;
b) nem a Constituição Federal, nem a Lei 8.441/1992 concede ao TCU prerrogativa para desrespeitar a
coisa julgada;
c) em caso semelhante, o STF deferiu liminar no Mandado de Segurança 24.529/DF contra decisão do
TCU;
d) se a decisão judicial não garantisse a incorporação dos 84,32% para o futuro, mas apenas o seu
pagamento, como adiantamento salarial, sobre um mês de remuneração, porque a decisão recorrida despenderia
tanto esforço para dizer que após a data-base esse percentual teria sido incorporado aos vencimentos dos
substituídos, motivo porque não mais seria devido;
e) o percentual é direito adquirido dos substituídos, incorporou em seus patrimônios jurídicos, não
havendo limitação imposta no título judicial transitado em julgado, seja ao pagamento somente por um mês, seja
em relação à incorporação do percentual por reajustes posteriores.Análise
9.2. Importante ressaltar que, há muito, esta Corte de Contas, por suas duas Câmaras e Plenário, vem se
posicionando contra a incorporação ad aeternum de valores decorrentes de sentenças judiciais que
reconheceram o direito à percepção de determinados percentuais relativos a planos econômicos, sendo farta a
jurisprudência no sentido de que tais parcelas não devem perpetuar-se em face de reajustes e reestruturações
salariais subsequentes (Decisões 138/2001 – Plenário, 117/2002 – 2ª Câmara, 118/2002 – 2ª Câmara, Acórdãos
398/2004 – Plenário, 1910/2003 – 1ª Câmara, 2169/2003 – 1ª Câmara, 4661/2012 – 1ª Câmara, dentre outros).
9.3. Convém rememorar que as parcelas judiciais referentes a planos econômicos (IPC de junho/87: Plano
Bresser – 26,06%, URP de fevereiro de 89: Plano Verão – 26,05%; IPC de março/90: Plano Collor – 84,32,
dentre outros) derivam de diplomas legais que trataram de política salarial dos servidores, estabelecendo a
recomposição de perdas inflacionárias. Todavia, referidos reajustes consubstanciavam-se em antecipações
394

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

salariais que seriam compensadas na data-base seguinte da categoria, v.g. art. 8º do Decreto-lei 2.335/1987. Art.
5º da Lei 7.730/1989, arts. 3º e 5º da Lei 7.788/1989 e arts. 5º e 9º da Lei 8.030/1990.
9.4. Assim, a razão dos reajustes foi tão-somente garantir a antecipação legítima da data-base, a fim de
evitar o aviltamento salarial dos servidores públicos, tendo em vista as altas taxas inflacionárias do período,
compensando-se esta antecipação na data-base da categoria.
9.5. Ocorre, no entanto, que em face da edição de inúmeros planos econômicos, com a consequente
alteração de metodologia de revisão geral dos salários, os servidores buscaram o judiciário, o que culminou em
decisões que reconheceram o direito à percepção de determinados percentuais.
9.6. Entretanto, com o fim de dirimir as controvérsias sobre a matéria, o Supremo Tribunal Federal, ao
apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 694-1, deixou assente que os atos que implicaram reposições
salariais mostravam-se inconstitucionais, ante a inexistência de direito adquirido frente a superveniência de
planos econômicos.
9.7. Com base nessa orientação, o Tribunal Superior do Trabalho - TST editou a Súmula 322, afirmando
que os pagamentos de direitos reconhecidos em sentença judicial, relativos a gatilhos salariais e URP, deve
limitar-se, no tempo, à data-base seguinte à que serviu de referência ao julgado, momento em que as perdas
inflacionárias ocorridas no período restariam devidamente equacionadas.
9.8. Destaca-se, ainda, o pronunciamento daquela Casa nos autos de Embargos em Recurso de Revista
TST-E-RR 88034/93-8:
‘No silêncio da sentença exeqüenda a propósito do limite temporal do reajuste com base na URP, impõe-
se a limitação à data-base seguinte, nos termos do enunciado 322/TST, tendo em vista que o acerto na data-base
decorre de disposição de ordem pública inserida na própria lei salarial e calcada no princípio do ‘non bis in
idem’. Trata-se, assim, de norma imperativa e cogente, de inderrogabilidade absoluta, sob pena de
comprometimento da ‘política salarial’ estabelecida. Recurso de embargos de que não se conhece por ofensa ao
art. 5º, inciso XXXVI, da Carta Magna (coisa julgada).’
9.9. Assim, a menos que a sentença judicial expressamente declare que a incorporação de antecipações
salariais resultantes de planos econômicos deva extrapolar a data-base fixada em lei, com a determinação da
incorporação ad aeternum do percentual nos vencimentos do servidor, o que não se constatou no presente
caso, não apresenta afronta à coisa julgada o zelo deste Tribunal para que se dê às decisões judiciais o
cumprimento nos seus estritos termos, afastando os pagamentos indevidos. A incorporação definitiva por ato
administrativo desborda os limites objetivos da coisa julgada e acaba por criar vantagens ou gratificações, o que
é juridicamente impossível.
9.10. Portanto, não há que se falar em ofensa à coisa julgada, tendo em vista que as circunstâncias de fato
e de direito mudaram após a prolação das decisões judiciais, sendo que as vantagens que estão sendo pagas de
forma destacável, já foram, inclusive, absorvidas – na sistemática estabelecida pelo Acórdão 2161/2005 –
Plenário, com as observações dispostas no Acórdão 269/2012 – TCU – Plenário –, há tempos pelos aumentos
reais obtidos pela categoria após a prolação da sentença, v.g. Lei 11.784/2008 que reestruturou a carreira do
recorrente.
9.11. Transcreve-se, ainda, trecho do Voto do Exmo. Ministro Walton Alencar Rodrigues, condutor do
Acórdão 6739/2010 – TCU – 1ª Câmara, por meio do qual aborda questões relacionadas a pagamentos feitos a
servidores ativos ou inativos com base em sentença judicial já transitada em julgado que perdeu o suporte fático
de quando prolatada:
‘No Acórdão 1873/2010, referente ao TC 008.913/2009-8, a Primeira Câmara já dispôs sobre o tema nos
seguintes termos:
‘A Constituição Federal não confere à coisa julgada proteção maior do que a que atribui ao direito
adquirido. Ambos os institutos estão amparados pelo mesmo regime de proteção que os resguarda dos efeitos da
legislação superveniente, mas encontra limites na conhecida fórmula, tantas vezes reiterada pelo STF, no
sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico.
Essa orientação aplica-se também em relação à coisa julgada, uma vez que esta nada mais é que uma das
causas ou fontes geradoras do direito adquirido.
A coisa julgada é limitada pela situação jurídica sob cuja órbita se configurou. O STF expressamente
reconhece a limitação temporal da eficácia da coisa julgada, em face à alteração do regime jurídico.
Nesse quadro, não há desrespeito à garantia da irredutibilidade de vencimentos, porque a coisa julgada
não constituiu óbice à alteração do regime jurídico, sob pena de configurar direito adquirido a regime jurídico, o
que sempre foi repelido, tanto pela doutrina, como pela jurisprudência.
395

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O que há, na verdade, é grande confusão sobre tema que deveria ser simples. A panaceia decorre dos
interesses em jogo. Mas seja qual for a forma da aquisição do direito, se decorrente de ato jurídico perfeito, de
situação definitivamente constituída ou de coisa julgada, não é ele apto a impedir a pronta incidência do regime
jurídico novo e os efeitos decorrentes da sua modificação superveniente.
Em recente decisão, no RE 559.019/SC, o Relator, Min. Cezar Peluso indeferiu o recurso extraordinário,
por entender não constituir afronta à coisa julgada a limitação de seus efeitos, ante a posterior reorganização ou
reestruturação da carreira.
Assim, a coisa julgada não é uma conquista do servidor, como pessoa, sobre a qual se montam as
conquistas de toda a categoria, em todas as situações.
[...]
Em ambos os casos, ocorreram modificações do regime jurídico supervenientes à sentença. As alterações
normativas tiveram o condão de afastar a eficácia dos respectivos provimentos judiciais em relação aos fatos
posteriores às inovações legislativas, com plena preservação da garantia contra a redução nominal dos
vencimentos.’
9.12. Não obstante isso, oportuno mencionar acerca do novel entendimento exarado pelo STF, no sentido
de que as decisões judiciais sobre incorporações de parcelas econômicas incidem apenas para a situação jurídica
dos servidores ativos, não sendo objeto da coisa julgada a situação do servidor que passa para a inatividade, ou
seja, a coisa julgada incidente sobre vencimentos, não se estende aos proventos. Veja-se, nesse sentido, o MS
28604/DF, oportunidade em que o relator, Ministro Marco Aurélio, assim se pronunciou:
‘Inicialmente, consigne-se que o título executivo judicial evocado não dirimiu controvérsia sobre
proventos da aposentadoria. Ficou restrito a vencimentos dos impetrantes. (...) Logo, não cabe vislumbrar
relevância da causa de pedir, no que direcionada a reconhecer-se a repercussão a ponto de alcançar proventos da
aposentadoria cujo exame final, sob o ângulo da legalidade administrativa, incumbe ao Tribunal de Contas.
(g.n).’
9.13. Nesse contexto, não bastasse o entendimento da Corte Constitucional, de que não há que se falar em
transposição automática de pretensos direitos adquiridos na atividade para a inatividade, recai ainda em desfavor
da tese as constantes reestruturações da carreira a que pertence o recorrente, v. g. Lei 11.784/2008, o que, nos
termos do Acórdão 2161/2005 – TCU – Plenário, teve o condão de absorver por completo a parcela impugnada.
9.14. No que concerne ao citado MS 24.529, conforme pesquisa junto ao site STF, foi proferida decisão,
em 31/3/2017, indeferindo pedido de imposição de multa ao TRT 7ª Região por ter excluído parcela referente a
plano econômico, pois se entendeu que ela havia sido absorvida pelos aumentos subsequentes a decisão judicial.
Deste modo, o citado Mandado de Segurança se coaduna com a jurisprudência do TCU e do próprio STF.
9.15. Deste modo, não há que se acolher os argumentos a favor do recorrente.
10. Do retorno ao trabalho para completar o tempo de serviço.
10.1. Antonio Benito Carneiro e Antonio Medeiros Gurgel defendem-se nos recursos que não podem
retornar ao trabalho para completar o tempo de serviço que o TCU julgou ser necessário para as suas
aposentadorias pois se encontra com 80 e 75 anos, sendo que ao retirar suas aposentadorias, a Administração
incorre em abuso de direito.
Análise
10.2. O Acórdão 10.089/2017-TCU-1ª Câmara não compeliu os recorrentes a retornarem ao trabalho e
nem determinou que eles ficassem sem aposentadoria, mas esclareceu, em seu item 9.4, que “as concessões
consideradas ilegais poderiam prosperar mediante a emissão e o encaminhamento a este Tribunal de novos atos
concessórios, escoimados das irregularidades apontadas nestes autos”, ou seja, com outros fundamentos legais,
considerando a exclusão dos tempos de serviços ilegais e demais irregularidades.
10.3. Deste modo, não há que se acolher os argumentos a favor dos recorrentes.
CONCLUSÃO
11. Da análise anterior, conclui-se que:
a) Antonio Medeiros Gurgel não pode computar para fins de aposentadoria o tempo de bolsista;
b) as averbações dos tempos de bolsista e monitoria não estão garantidas pelo princípio da segurança
jurídica;
c) o TCU pode revisar os atos administrativos que deferiram as contagens de tempo de serviço;
d) não se aplica o prazo decadencial do art. 54 da Lei 9.784/1999 aos processos do TCU;
e) o TCU tem competência para decidir sobre a retirada da parcela relativa ao Plano Collor.
f) os recorrentes não são compelidos a retornar ao trabalho para completar o tempo de serviço.
396

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

11.1. Com base nessas conclusões, propõe-se o não provimento dos recursos.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
12. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se, com fundamento no art.
48 da Lei 8.443/1992 c/c os artigos 285 e 286, parágrafo único, do RI/TCU:
a) conhecer dos recursos interpostos para, no mérito, negar-lhes provimento; e
b) dar ciência do acórdão que for prolatado aos recorrentes e aos demais interessados, ressaltando-se que
o relatório e o voto que o acompanharem podem ser consultados no endereço www.tcu.gov.br/acordaos, no dia
seguinte ao de sua oficialização.”
5. O Ministério Público de Contas, representado nos autos pelo Procurador Marinus Eduardo De
Vries Marsico, manifestou-se de acordo com o encaminhamento sugerido pela Serur (peça 166):
É o relatório.

VOTO

Em julgamento pedidos de reexame interpostos por Antonio Medeiros Gurgel e Antonio Benito
Carneiro contra o Acórdão 10.089/2017-TCU-1ª Câmara, por intermédio do qual este Tribunal, dentre
outras medidas, considerou ilegais seus atos de aposentadoria.
2. A concessão emitida em favor de Antonio Medeiros Gurgel foi considerada ilegal pelas
seguintes razões: inclusão nos proventos de parcela alusiva a plano econômico (Plano Collor, índice de
84,32%), imune de compensação por estruturas remuneratórias supervenientes; cálculo incorreto da
parcela de “quintos” incorporados de função comissionada; pagamento incorreto da “aposentadoria-
prêmio”, prevista na redação original do art. 192 da Lei 8.112/1990, e cômputo irregular de tempo de
serviço relativo a período prestado como bolsista. Por sua vez, o ato emitido em favor de Antonio
Benito Carneiro foi considerado ilegal ante os seguintes motivos determinantes: cômputo irregular de
tempo de serviço decorrente de período prestado como monitor e pagamento incorreto da
“aposentadoria-prêmio”.
3. Preliminarmente, ratifico o despacho exarado no sentido de que os presentes recursos
merecem ser conhecidos, porquanto preenchem os requisitos de admissibilidade previstos nos artigos
32, parágrafo único, 33 e 48, todos da Lei 8.443/1992.
4. No mérito, a secretaria especializada propõe o conhecimento e a negativa de provimento aos
pedidos, ante a ausência de elementos suficientes para alterar a deliberação vergastada, desfecho que
contou com o apoio do Parquet de Contas. No que se refere às questões aqui discutidas, faço as
considerações que se seguem.
5. Acerca das vantagens relativas a planos econômicos (e.g. Planos Bresser – 26,06%, Verão –
26,05% e Collor – 84,32%), é mister ressaltar o disciplinamento contido no Acórdão 1.857/2003-TCU-
Plenário, confirmado pelo Acórdão 961/2006-TCU-Plenário, segundo o qual, em atos que contemplem
parcelas dessa natureza, compete ao Tribunal considerá-los ilegais e negar-lhes registro, mesmo diante
de decisão judicial favorável ao pagamento do benefício, porquanto os pagamentos da espécie não se
incorporam à remuneração em caráter permanente, pois têm caráter de antecipação salarial, conforme
o enunciado 322 da Súmula do TST.
6. Ainda que, porventura, a sentença judicial concessiva da vantagem no caso em exame
houvesse determinado expressamente a sua incorporação de forma definitiva à remuneração do
servidor, as condições fáticas do caso atrairiam, inequivocamente, a disciplina do Acórdão 2.161/2005-
TCU-Plenário, momento em que este Tribunal balizou a forma de execução de sentenças judiciais
concessivas de percentuais de planos econômicos, nos seguintes termos:
“9.2.1.2. recalcular, em cada caso, o valor nominal deferido por sentença judicial relativa a planos
econômicos, de tal forma que a quantia inicial seja apurada, quando possível, na data do provimento
jurisdicional, limitando-se essa revisão ao prazo de 5 anos anteriores. Acrescentar ao valor nominal calculado na
data da sentença, apenas os reajustes gerais de salário do funcionalismo público federal ocorridos no período e
397

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

subtrair as sucessivas incorporações decorrentes de novas estruturas remuneratórias criadas por lei, até a
absorção integral dessa vantagem;” (grifo acrescido).
7. Após inúmeros precedentes que seguiram idêntica linha de juízo (e.g. Acórdãos 1.900/2007-
TCU-Plenário, 962/2006-TCU-Plenário, 5.153/2009-TCU-1ª Câmara, 3.076/2009-TCU- 1ª Câmara,
4.128/2009-TCU-2ª Câmara, 5.259/2009-TCU-2ª Câmara), foram cristalizados os seguintes
enunciados da Súmula da jurisprudência predominante do TCU:
Enunciado 276
“As vantagens da estrutura remuneratória anterior não se incorporam à atual, exceto quando
expressamente consignadas em lei superveniente.”
Enunciado 279
“As rubricas referentes a sentenças judiciais, enquanto subsistir fundamento para o seu pagamento, devem
ser pagas em valores nominais, sujeitas exclusivamente aos reajustes gerais do funcionalismo, salvo se a
sentença judicial dispuser de outra forma.”
8. Aliás, a exata metodologia de cálculo do valor devido a título de decisão judicial concessiva
de reajuste desse gênero, nos termos do disposto no paradigmático Acórdão 2.161/2005-TCU-Plenário,
foi talhada no Acórdão 269/2012-TCU-Plenário, que assim elucidou a questão:
“9.2. esclarecer à FURG que, para fins de implementação do procedimento previsto no subitem 9.2.1.2 do
Acórdão 2.161/2005-Plenário, conforme determinação constante do subitem 9.4.2 do Acórdão 2047/2008- 2ª
Câmara, deve-se observar que:
9.2.1. a data-base para o cálculo da vantagem URP sob a forma de VPNI será a data do primeiro
provimento judicial que determinar o seu pagamento, seja em sede de liminar ou de decisão de mérito, desde
que tal data esteja compreendida no período de cinco anos que antecede a data da publicação do Acórdão TCU
n.º 2161/2005, que foi em 23/12/2005. Caso contrário, ou seja, caso o provimento judicial seja anterior à data de
23/12/2000, deve-se considerar o valor pago nessa data (23/12/2000), que corresponde a 5 (cinco) anos antes do
Acórdão do TCU;
9.2.2. o valor calculado, na forma precedente, ficará sujeito aos aumentos gerais concedidos aos
servidores públicos e deverá ser absorvido pelas reestruturações de carreira posteriores.”
9. A rigor, portanto, o sustentáculo para continuidade do pagamento deixa de vigorar no instante
em que a VPNI for plenamente absorvida por alterações remuneratórias posteriores. Isso porque a
reestruturação principia nova ordem jurídica de remuneração. Além disso, conforme jurisprudência
pacífica tanto no âmbito do STJ como do STF, não há falar em direito adquirido a regime de
vencimentos, de forma que alterações posteriores devem absorver as vantagens decorrentes de
decisões judiciais cujo suporte fático já se tenha exaurido, resguardada a irredutibilidade remuneratória
(e.g., MS 13.721-DF/STJ, MS 11.145-DF/STJ, RE 241.884-ES/STF, RE 559.019-SC/STF, MS
26.980-DF/STF).
10. Ademais, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário 596.663, que teve
repercussão geral reconhecida, assentou a tese de que a sentença que reconhece ao trabalhador ou ao
servidor o direito a determinado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a partir da
superveniente incorporação definitiva do referido percentual aos seus ganhos. A título ilustrativo,
transcrevo a ementa do referido julgado:
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA AFIRMANDO DIREITO À DIFERENÇA
DE PERCENTUAL REMUNERATÓRIO, INCLUSIVE PARA O FUTURO. RELAÇÃO JURÍDICA DE
TRATO CONTINUADO. EFICÁCIA TEMPORAL. CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS.
SUPERVENIENTE INCORPORAÇÃO DEFINITIVA NOS VENCIMENTOS POR FORÇA DE DISSÍDIO
COLETIVO. EXAURIMENTO DA EFICÁCIA DA SENTENÇA. 1. A força vinculativa das sentenças sobre
relações jurídicas de trato continuado atua rebus sic stantibus: sua eficácia permanece enquanto se mantiverem
inalterados os pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo provimento
sentencial. A superveniente alteração de qualquer desses pressupostos (a) determina a imediata cessação da
eficácia executiva do julgado, independentemente de ação rescisória ou, salvo em estritas hipóteses previstas em
lei, de ação revisional, razão pela qual (b) a matéria pode ser alegada como matéria de defesa em impugnação
ou em embargos do executado. 2. Afirma-se, nessa linha de entendimento, que a sentença que reconhece ao
trabalhador ou servidor o direito a determinado percentual de acréscimo remuneratório deixa de ter eficácia a
398

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

partir da superveniente incorporação definitiva do referido percentual nos seus ganhos. 3. Recurso
extraordinário improvido.”
11. Por aí se vê que a cessação dos pagamentos de acréscimos remuneratórios dessa natureza não
representa ofensa à sentença judicial, mas efetiva obediência aos limites da coisa julgada, porquanto a
força do aresto não pode impedir que fatos novos produzam as consequências que lhes são próprias,
não se admitindo que a coisa julgada material signifique imunidade à alteração dos pressupostos
fáticos e jurídicos que regem a questão.
12. É que a coisa julgada, como situação jurídica (res) regulada pela sentença como norma
singular e concreta (iudicata), alcança apenas o estado de coisas sobre o qual incide a sentença, não se
estendendo a inovações supervenientes, como a que decorre de lei ulterior que altere a organização ou
a estrutura de cargos e carreiras, cujo regime jurídico não é imutável e perpétuo, nem gera direito
adquirido à sua eterna permanência ou subsistência.
13. No caso de Antonio Medeiros Gurgel, foi verificado, na apreciação inicial, que seu ato estava
em desacordo com essa intelecção. Observou-se, em suas fichas financeiras, que a parcela judicial já
deveria ter sido totalmente absorvida pelas reestruturações ocorridas em sua remuneração, razão pela
qual foi corretamente impugnada pelo acórdão recorrido, que merece ser mantido em seus exatos
termos quanto a esse aspecto.
14. No que se refere aos quintos auferidos com base na Portaria-MEC 474/1987, este Tribunal
tem entendimento pacificado no sentido de que é legítima sua incorporação, ressalvando, contudo, que
os parâmetros de cálculo ali fixados somente se aplicam até o advento da Lei 8.168/1991, que fixou
novas bases de retribuição para as antigas Funções Comissionadas (FC’s) previstas na sobredita
portaria, transformando-as em Funções Gratificadas (FG’s) e Cargos de Direção (CD’s).
15. Por conseguinte, tampouco se admite a inclusão, na base de cálculo da vantagem, de
reajustes e rubricas criadas posteriormente à Lei 8.168/1991, uma vez que não se reconhece direito
adquirido a regime de vencimentos, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RE
241.884/ES).
16. Seguindo essa intelecção, cumpre salientar o entendimento sedimentado nos termos do
Acórdão 835/2012-TCU-Plenário, ocasião em que foram fixados os seguintes parâmetros para o
cálculo da incorporação aqui discutida:
“9.1.1. para os servidores que não ajuizaram ações judiciais ou para os que o fizeram mas não lograram
êxito, em decisão transitada em julgado, efetue o pagamento das parcelas de quintos com amparo na Portaria
MEC nº 474/87, desde que tenham iniciado o seu exercício até 31/10/1991, sob a forma de VPNI, ajustando-se
o valor da parcela ao que era devido em 1º/11/1991, data de eficácia da Lei nº 8.168/1991, devidamente
atualizado, desde então, exclusivamente pelos reajustes gerais concedidos ao funcionalismo, conforme preceitua
o § 1º do art. 15 da Lei nº 9.527/1997;
9.1.2. para os servidores que obtiveram decisões judiciais favoráveis transitadas em julgado, confirmadas
em grau de recurso, recalcule os quintos de FCs adequando o valor nominal às condições deferidas na sentença,
de modo que a quantia inicial seja apurada na data da publicação do provimento jurisdicional de 1º grau e, a
partir daí, transformada em VPNI, atualizada exclusivamente pelos reajustes gerais concedidos ao
funcionalismo, conforme preceitua o § 1º do art. 15 da Lei nº 9.527/1997.”
17. No caso de Antonio Medeiros Gurgel, foi verificado que a parcela de quintos estava em
desacordo com a sobredita intelecção, razão pela qual foi corretamente impugnada nos termos do
aresto vergastado, que deve ser preservado quanto a esse ponto.
18. No que se refere aos períodos prestados na condição de monitor e de bolsista, averbados por
Antonio Benito Carneiro e Antonio Medeiros Gurgel, convém repisar que tais períodos caracterizam-
se como aprendizagem. Significa que tais atividades são exercidas na condição de alunos, com vistas
ao aperfeiçoamento ou formação profissional do estudante. Assim, o monitor e o estagiário não são
empregados ou funcionários daqueles que concedem a bolsa de estudos, nem o subsídio por eles
recebido pode ser interpretado como remuneração por um trabalho prestado.
19. Ademais, cabe citar que há muito a legislação pátria tem contemplado o entendimento de que
os monitores e os estagiários poderão receber bolsa, não havendo, contudo, vínculo empregatício de
399

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

qualquer natureza. Nesse sentido, cabe mencionar o art. 4° do Decreto 66.315/1970, alterado pelo
Decreto 68.771/1971, o art. 1º, parágrafo único, do Decreto 85.862/1981, o art. 4º da Lei 6.494/1977 e
o art. 3º da Lei 11.788/2008.
20. Nesse cenário, expurgados os períodos prestados na condição de monitor e de bolsista,
verificou-se que os recorrentes não possuíam tempo para obtenção da aposentadoria nos moldes
encaminhados (aos trinta anos de efetivo exercício de funções de magistério, com proventos integrais e
paridade – art. 40, inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, em sua redação original), razão pela
qual seus atos foram considerados ilegais, com a possibilidade de obtenção de nova aposentadoria na
proporcionalidade mínima (30/35 avos), nos termos da Súmula/TCU 74.
21. Não obstante a precisão do sobredito entendimento, que nos leva a concluir,
inequivocamente, pelo não preenchimento dos requisitos temporais para concessão das aposentadorias
ora reexaminadas, existem, in casu, circunstâncias singulares que merecem ser aprofundadas e que me
fazem discordar do encaminhamento sugerido nos pareceres precedentes.
22. Cumpre consignar, de imediato, que, quando da apreciação dos presentes atos, na sessão de
1º/11/2017, Antonio Benito Carneiro contava mais de 80 anos de idade, enquanto Antonio Medeiros
Gurgel estava prestes a completar 74 anos de idade. Significa que o primeiro sequer poderia retornar à
atividade para completar o tempo impugnado, enquanto que o segundo, ainda que retornasse à
atividade e assim permanecesse até o limite para a aposentadoria compulsória, não lhe seria mais
possível completar tempo de contribuição suficiente para fins de obtenção de aposentadoria integral,
nos termos da concessão inicial. A opção restante, conforme detalhado na deliberação recorrida, foi a
obtenção de nova inativação na proporcionalidade mínima (30/35 avos), nos termos da Súmula/TCU
74.
23. Convém assinalar, contudo, que as aposentadorias aqui reexaminadas vigoram desde
19/3/1996 e 18/4/1996, e foram autuadas no TCU em 17/10/1997, ou seja, permaneceram em trâmite
neste Tribunal por mais de 20 anos antes de sua apreciação inicial, em 1º/11/2017. É verdade que, em
9/10/2007, foi prolatado o Acórdão 3.141/2007-TCU-1ª Câmara, que havia considerado ilegais as
concessões dos recorrentes. No entanto, referida deliberação foi tornada sem efeito em razão da
inobservância do contraditório, de modo que a apreciação inicial somente ocorreu em 1º/11/2017.
24. Significa dizer que o cenário ora delineado – em que os recorrentes sofreram evidente
redução de opções disponíveis para obtenção de nova aposentadoria, não lhes sendo mais possível
preencher os requisitos para pleitear novo benefício em condição similar àquela originalmente
consignada (com integralidade) – se solidificou em razão do lapso para esta apreciação.
25. Na verdade, restou aos interessados unicamente aceitar a aposentadoria na proporcionalidade
mínima, sem possibilidade de retorno à atividade para complementar o tempo expurgado. Essas
ocorrências, a meu sentir, exigem que sejam sopesados, em conjunto com o princípio da legalidade, os
princípios da segurança jurídica, da boa-fé, da proteção da confiança do administrado, da presunção de
legalidade dos atos da Administração e da razoável duração do processo.
26. Por oportuno, rememoro a bem sedimentada intelecção de que o TCU não consolida atos
ilegais ante o simples decurso de tempo. Seguindo essa orientação, registro trecho da ementa do
Acórdão 5.962/2012-TCU-1ª Câmara:
“4. Nos termos da jurisprudência do STF, o transcurso de longo lapso temporal entre a edição do ato e sua
apreciação por parte do TCU não converte a concessão ilegal em legal, gerando apenas a necessidade de
instauração do contraditório e da ampla defesa para a validade do processo, na hipótese de o ato haver
ingressado no Tribunal há mais de cinco anos (MS-25.116, MS-25.403, MS-25.343, MS-27.296, entre outros).”
27. Ainda sobre o tema, importa esclarecer que o posicionamento cristalizado nesta Corte de
Contas, mediante o Acórdão 868/2010-TCU-Plenário, é no sentido de que a análise quanto à
aplicabilidade do preceito da segurança jurídica deve ser feita observando-se as especificidades de
cada caso.
400

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

28. Em estudo do aludido entendimento, verifico que a jurisprudência deste Tribunal evoluiu no
sentido de que a aplicação do princípio da segurança jurídica deve cingir-se àquelas hipóteses em que
for irreversível a situação fática do interessado ou insuportável o prejuízo a ele causado.
29. Compulsando alguns precedentes, observo que as premissas essenciais ao reconhecimento de
situação extraordinária estão, em regra, relacionadas à impossibilidade de reversão do servidor à
atividade para complementar tempo de serviço considerado ilegal, à supressão dos meios de
subsistência condigna, ao estado de saúde do beneficiário ou à absoluta impossibilidade de
preenchimento de algum requisito legal (e.g. Acórdãos 2.417/2009 e 1.381/2014, do Plenário;
269/2014, da 1ª Câmara; 713/2011, 1.051/2013 2.490/2013 e 3.134/2014, da 2ª Câmara).
30. É dizer, em síntese, que, para chancelar a legalidade de ato que contenha nítida
impropriedade e que esteja vigente há longo tempo, deve-se avaliar a situação do interessado, bem
como se as consequências da apreciação pela ilegalidade seriam excessivamente gravosas, a ponto de
afastar, excepcionalmente, a incidência estrita do princípio da legalidade.
31. Segundo compreendo, as particularidades do caso vertente, já pormenorizadas neste voto,
legitimam a adoção de tratamento diferenciado. Com efeito, em situação normal, os períodos de tempo
de serviço impugnados pelo TCU podem ser substituídos pelos servidores, mediante reversão à ativa.
Contudo, na situação examinada, houve flagrante restrição dessa hipótese em decorrência do lapso
para a apreciação inicial das concessões, não sendo razoável impor aos interessados os encargos
trazidos pelo tardio exame de seus atos de aposentadoria. Essa é a intelecção que tenho adotado em
situações do gênero, a exemplo do Acórdão 3.104/2015-TCU-1ª Câmara.
32. Nesse contexto, entendo que os efeitos da impugnação dos tempos prestados na condição de
monitor e de bolsista mostraram-se sobremodo onerosos aos recorrentes, o que me leva a propor o
provimento parcial aos pedidos de reexame para reconhecer a regularidade de suas aposentadorias aos
30 anos de efetivo tempo de magistério, com proventos integrais (art. 40, inciso III, alínea “b”, da
Constituição Federal, em sua redação original), em caráter excepcional. Tal medida, contudo, não
permite o pagamento da “aposentadoria-prêmio”, prevista no art. 192 da Lei 8.112/1990, porquanto a
excepcionalidade da contagem dos tempos como bolsista e monitor não poderá servir para acréscimo
de qualquer vantagem, conforme a inteligência da Súmula/TCU 74.
33 Por fim, ressalto que a adoção desse entendimento não permite a legalidade e registro das
concessões reexaminadas. Isso porque o ato emitido em favor de Antonio Benito Carneiro contempla a
vantagem do art. 192 da Lei 8.112/1990, que deve ser expurgada. Em relação ao ato de Antonio
Medeiros Gurgel, além de ali também estar contemplada indevidamente a vantagem do art. 192 da Lei
8.112/1990, permanecem as irregularidades relativas ao pagamento de parcela de plano econômico e
de quintos em valor acima do devido, conforme já delineado neste voto. Nesse cenário, deve ser
mantida a ilegalidade e negativa de registro das concessões, cumprindo à entidade de origem
encaminhar novos atos, escoimados dessas parcelas irregulares.

Em face do exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação
deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2697/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 852.167/1997-0.
2. Grupo II – Classe de Assunto I – Pedido de Reexame (Aposentadoria).
3. Recorrentes: Antonio Medeiros Gurgel (023.043.093-72) e Antonio Benito Carneiro
(010.126.733-91).
4. Entidade: Universidade Federal do Ceará.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
401

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).


8. Representação legal: Carlos Henrique da Rocha Cruz (OAB/CE 5.496) e outros, representando
Antonio Medeiros Gurgel e Antonio Benito Carneiro.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de pedidos de reexame interpostos por
Antonio Medeiros Gurgel e Antonio Benito Carneiro contra o Acórdão 10.089/2017-TCU-1ª Câmara,
por intermédio do qual este Tribunal, dentre outras medidas, considerou ilegais seus atos de
aposentadoria,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, com fundamento no artigo 48 da Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286 do RI/TCU, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer e dar provimento parcial aos presentes pedidos de reexame, de modo a considerar
regulares as aposentadorias de Antonio Medeiros Gurgel (023.043.093-72) e Antonio Benito Carneiro
(010.126.733-91) aos trinta anos de efetivo tempo de magistério, com proventos integrais (art. 40,
inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal, em sua redação original), mantendo-se a ilegalidade dos
atos em razão do pagamento indevido da vantagem do art. 192 da Lei 8.112/1990, de parcela relativa a
plano econômico e de quintos em valor acima do devido;
9.2. determinar à Universidade Federal do Ceará que, no prazo de 30 (trinta) dias, encaminhe
novos atos escoimados das irregularidades detalhadas no subitem anterior;
9.3. dar ciência deste acórdão aos recorrentes e à Universidade Federal do Ceará.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2697-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.

GRUPO II – CLASSE II – Primeira Câmara


TC 012.862/2017-7.
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Município de Januária/MG.
Responsáveis: Manoel Jorge de Castro (303.319.436-20); Maurílio Neris de Andrade Arruda
(492.304.926-04).
Interessado: Ministério do Turismo (vinculador) (05.457.283/0001-19).
Representação legal: Magno Luiz Moreira Magalhães (OAB/MG 126.547).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA


EXECUÇÃO DE CONTRATO DE REPASSE. ASFALTAMENTO DE RUAS E PRAÇAS NO
MUNICÍPIO. CITAÇÕES. ALEGAÇÕES DE DEFESA APTAS A AFASTAR AS
OCORRÊNCIAS. CONTAS REGULARES COM RESSALVA. QUITAÇÃO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução produzida pela então
Secretaria de Controle Externo no Estado de Tocantins (peça 40), que contou com a anuência de seus
dirigentes (peças 41 e 42):
INTRODUÇÃO
402

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

1. Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Caixa Econômica Federal (CEF) em
razão da execução parcial do objeto do Contrato de Repasse 186.705-30/2005 (Siafi 550649), celebrado em
30/12/2005 entre a União, por intermédio do Ministério do Turismo (MTur), na condição de contratante,
representado justamente pela CEF e, de outro lado, tendo como contratado o município de Januária/MG (peça 1,
p. 38-44).
2. Segundo a cláusula primeira do Contrato de Repasse (CR), o ajuste teve por finalidade a transferência
de recursos financeiros da União para asfaltamento de ruas e praças no município contratado (peça 1, p. 38).
3. Cumpre-se esclarecer, originalmente a cláusula quarta do CR pactuou para a implementação do objeto
um aporte total de R$ 1.515.000,00, cabendo à União a transferência de R$ 1.500.000,00 e ao município de
Januária/MG a integralização de uma contrapartida de R$ 15.000,00 (peça 1 p. 39).
4. No detalhamento da derradeira versão do Plano de Trabalho (PT) vinculado ao objeto do CR, aprovada
pela CEF em 7/1/2010, o objeto consistiu na execução de 29.796,38 m² de pavimentação asfáltica com TSD em
diversas ruas dos bairros Jussara e Eldorado, juntamente com a execução de 5.400,58 m² de pavimentações
diversas na praça Tiradentes, com investimentos totais previstos no importe de R$ 1.555.698,32 (peça 1, p. 35).
Esse objeto e tais valores são corroborados pelo Relatório de Acompanhamento de Engenharia (RAE) emitido
em 8/9/2010 (peça 1, p. 65-69).
5. Há indicativos de que houve uma reprogramação intermediária que ensejou estipulação do custo
integral objeto no montante de R$ 1.606.139,48, mantendo-se o valor a que se comprometeu a União (R$
1.500.000,00), complementado pelo incremento da contrapartida municipal, no valor de R$ 106.139,48 (peça 1,
p. 35, 62, 102 e 137).
6. A integralidade dos recursos federais previstos para a execução daquilo que foi pactuado no ajuste
supracitado foi transferida para conta bancária específica em 12/5/2006 (peça 1, p. 122, ordem bancária
2006OB900105).
7. Por ocasião do desbloqueio de valores destinados a pagamentos aprovados pela CEF a municipalidade
arcou com a soma de R$ 60.179,64, utilizada em dois pagamentos, conforme composição discriminada abaixo
(peça 1, p. 102):
Data de desbloqueio Dos recursos federais Da contrapartida Total (R$)
23/02/2010 R$ 707.128,42 R$ 53.846,31 R$ 760.974,73
28/09/2010 R$ 496.464,32 R$ 6.333,33 R$ 502.797,65
Totais R$ 1.203.592,74 R$ 60.179,64 R$ 1.263.772,38
8. O CR previu prazo de vigência de um ano, todavia, estendeu-se de 30/12/2005, data de assinatura (peça
1, p. 43, cláusula décima sexta), até 30/9/2013, após sucessivas prorrogações (peça 1, p. 45-61, 103 e 136).
9. No âmbito da CEF foi instaurada tomada de contas especial - TCE (peça 1, p. 3-6 e 128-132) que
concluiu pela ocorrência de irregularidades na execução física, baseando-se em relatórios de fiscalização in loco
e parecer técnico acerca das obras, descrevendo as circunstâncias fáticas das irregularidades e o
dimensionamento do débito (peça 1, p. 129-130, itens 3 a 5).
10. A CEF fundamentou tal desfecho com base no RAE emitido em 8/9/2010 (peça 1, p. 65-69,
respectivamente), no Relatório de Vistoria à Área de Intervenção (peça 1, p. 70-100) e no Parecer de Vistoria de
Área (peça 1, p. 101-102).
11. O documento final do processamento da TCE oriunda da CEF registra que o débito foi dimensionado
em R$ 546.973,64, correspondendo a 45,45% do valor dos recursos federais desbloqueados e utilizados (R$
1.203.592,74) na execução das obras e serviços (peça 1, p. 129-130, itens 4 e 6).
12. Derradeiramente, no mesmo Relatório de TCE nº 134/2016, da CEF, há informação consignada de
que foi instaurada a TCE no âmbito do contratante após o esgotamento do prazo estabelecido nas notificações
enviadas aos responsáveis (peça 1, p. 129-131, itens 4, 7 e 8) e sem que se verificasse a devolução dos recursos.
13. A responsabilidade pelos danos indiciários foi atribuída em regime de solidariedade aos ex-prefeitos
Maurílio Neris de Andrade Arruda (mandato 2009-2012) e Manoel Jorge de Castro (mandato 2013-2016).
14. Por outro lado, após recebida a documentação no TCU autuado este processo a primeira instrução da
Secex-TO acolheu as conclusões da CEF e postulou as citações dos ex-mandatários municipais, em regime de
solidariedade (peça 7, itens 12 e 13), recebendo aval dos dirigentes da referida unidade técnica (peças 8-9). O
motivo causal para a eventual responsabilização foi descrito e fundado na hipótese de ‘não comprovação da boa
e regular aplicação dos recursos públicos recebidos do Ministério do Turismo por meio do Contrato de Repasse
186.705-30/2005 (Siafi 550649), celebrado entre o Ministério do Turismo e o município de Januária/MG, com
403

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

interveniência da Caixa, tendo por objeto asfaltamento de ruas e praças no município de Januária/MG, durante
suas administrações, em face da execução parcial do objeto do referido Contrato de Repasse’.
15. As citações foram validamente implementadas (peças10-15), havendo registro de que somente
Manoel Jorge de Castro protocolizou alegações de defesa acompanhadas de outros documentos (peças 16-26),
por meio de advogado outorgado (peça 17).
EXAME TÉCNICO
16. Inicialmente, concernindo a Maurílio Neris de Andrade Arruda, alcançado nestes autos e que optou
por não interpor alegações de defesa, resta caracterizada a correspondente revelia. Conforme dispõe o § 3º, do
art. 12, da Lei 8.443/1992, bem como o § 8º, do art. 202, do Regimento Interno do TCU, a revelia não impede o
prosseguimento das apurações e do julgamento pertinentes, fins para os quais o devido processo legal constitui-
se em meio instrumental.
17. Por outro lado, a defesa de Manoel Jorge de Castro amparou-se nas seguintes alegações (peça 16):
i. o convênio (sic) foi executado em sua integralidade durante a gestão do ex-prefeito Maurílio Neris de
Andrade Arruda;
ii. no processo instaurado não houve indicação correta dos verdadeiros responsáveis pela irregularidade
apontada e, consequentemente, pelo dano causado;
iii. apesar da execução e despesas do convênio terem ocorrido enquanto Maurílio Neris de Andrade
Arruda foi prefeito, a tentativa de se prestar contas, as notificações da Caixa e as justificativas do município se
estenderam até o ano de 2016;
iv. a prestação de contas para encerramento ficou prejudicada porque os documentos não foram
localizados no arquivo do paço municipal;
v. embora a gestão do alegante tenha se comprometido a terminar a obra objeto do convênio, a mesma foi
impossibilitada por várias irregularidades de engenharia;
vi. a Caixa teria constatado o péssimo estado de conservação e a deterioração do pavimento, exigindo da
prefeitura a realização de reparos e limpeza necessários para atestar a funcionalidade e encerrar o ajuste;
vii. para atender a tais exigências deveria ser feito o escoamento da água e praticamente refazer o asfalto e
a base em alguns trechos, não sendo suficiente uma simples obra de tapa buraco e limpeza, pois a qualidade do
asfalto foi até mesmo objeto de matéria na imprensa local, denominando-o de asfalto ‘sonrisal’. Enfim, para
sanar as irregularidades apontadas equivaleria a realizar novamente obras já executadas no governo de Maurílio
Neris, causando dano ao erário, uma vez que pagaria por um serviço que deveria ter sido satisfatoriamente
executado;
viii. os extratos da conta bancária vinculada ao Contrato de Repasse (peças 20-36) demonstram que o
valor sob a responsabilidade do peticionário ficou aplicado conforme determinava o convênio (sic), desde o
primeiro dia de seu mandado, em janeiro de 2013, não sendo feito qualquer pagamento sem autorização da
Caixa ou movimentação estranha ao convênio, até a devolução efetiva do valor com os rendimentos apurados,
em 22/10/2014, no montante R$ 1.081.963,72;
ix. diante da impossibilidade de encerramento do contrato devido a irregularidades insanáveis, tomou as
medidas legais cabíveis para resguardar os interesses do município de Januária/MG, intentando Ação de
Improbidade Administrativa e Ressarcimento ao Erário, aludindo ao processo nº 0352.16.008237-1 e
registrando que há cópia da inicial acostada aos autos da TCE;
x. adita tais argumentos com outros documentos que reputou pertinentes (peças 18-36).
18. Nossa avaliação acerca das alegações precedentes comporta refutações e ponderações que doravante
justificaremos.
19. Primeiro, embora assevere que o CR foi executado integralmente na gestão do antecessor, a defesa de
Manoel Jorge de Castro (mandato 2013-2016) apresenta formulários típicos de prestação de contas com órgãos
e entidades federais, datados no transcurso de seu mandado, iniciado em 1º/1/2013 (Relação de Comprovantes
de Pagamentos - OGU e Relatório de Cumprimento e Aceitação do Objeto, conforme peças 18-19).
20. Há evidências documentais de que, tanto nas apurações a cargo da CEF (peça 1, p. 7-10, 15-16),
quanto nestes autos, mediante citações, os dois responsáveis arrolados foram devidamente notificados das
irregularidades e de suas prováveis consequências. Inclusive, tanto em relação ao procedimento oriundo da CEF
(peça 5, p. 2-15), quanto na presente TCE, tais comunicações oportunizaram a apresentação de defesa pelo
alegante, mediante manifestações e impugnações que reputou pertinentes. Houve, pois, indicação objetiva dos
indiciários responsáveis pelas irregularidades e pelo dano perscrutado.
404

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. Notícias veiculadas na imprensa local tornam inverossímil a alegação de que não foram localizados
documentos do CR nos arquivos do paço municipal, eis que aparentemente houve uma transição civilizada entre
a gestão anterior e a do alegante, após a eleição em 2012, inclusive com equipe do prefeito recém eleito
designada para tal empreitada (peça 1, p. 12-13).
22. As descrições e fotografias atinentes a diversas ruas do bairro Jussara contempladas no PT com
serviços de pavimentação viabilizados pelo CR, inseridos nos registros da derradeira fiscalização in loco feita
por prepostos da CEF (peça 1, p. 70-100), revelam que as anomalias e defeitos verificados estavam circunscritos
a pontuais trechos da camada superficial revestida com TSD, de meios-fios e sarjetas.
23. Nesse ponto é importante lembrar que a execução física de serviços representou 81,24% do previsto
no PT reprogramado, atestado pela CEF, volume nos quais foram aplicados R$ 1.283.772,38 de recursos
federais e municipais aportados (peça 1, p. 65).
24. Ressalta-se, já no dia 16/1/2013, meados do primeiro mês da gestão do prefeito sucessor, o alegante
dispunha de R$ 965.974,24 de saldo financeiro do CR aplicados em poupança (peça 23). Tal montante era
constituído somente da transferência promovida pela CEF em nome do MTur e, para ser utilizado, ainda
ensejaria contrapartida proporcional devida pela municipalidade.
25. Esse valor permaneceu sem uso, embora rendendo ganhos financeiros por meio da poupança
vinculada (peças 23-36), até a sua restituição em 22/10/2014, no montante de R$ 1.0811.963,72, inicialmente
devolvido à conta corrente (peça 36 e peça 1, p. 105) e imediatamente transferido para a conta única do Tesouro
Nacional mantida junto ao Banco do Brasil (peça 1, p. 119).
26. Em nossa avaliação era possível e exigível do prefeito sucessor a correção de todos ou, pelo menos,
da maioria absoluta dos defeitos e problemas apontados na última fiscalização da CEF. Há indicativo de
omissão e/ou negligência injustificáveis.
27. Essa deveria ser a postura do gestor público imbuído de responsabilidade e obediente aos seus
inafastáveis deveres de iniciativa e diligência, mormente quando confrontando com situações que demandam
solução de problemas públicos e no campo de sua alçada, ainda que eventualmente fosse pertinente promover
apurações de responsabilidade de terceiros ou intentar ação regressiva contra o prefeito antecessor.
28. Diferentemente do que postula o defendente, não inferimos atitude coerente na manutenção dos
recursos financeiros sem qualquer finalidade, ao contrário, emerge exemplo concreto de incúria administrativa,
sendo completamente improcedente o argumento retórico de que os defeitos no revestimento em TSD, sarjetas e
meios-fios eram irregularidades insanáveis.
29. Também não se pode considerar que Manoel Jorge de Castro adotou as medidas legais cabíveis para
resguardar os interesses do município, arguido em virtude do pedido de abertura de Ação de Improbidade
Administrativa e Ressarcimento ao Erário.
30. Colige-se no Portal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais informação de que o processo
0082371-39.2016.8.13.0352 foi distribuído em 16/12/2016 (peça 38), nos últimos dias do fim do mandato
daquele ex-gestor municipal (2013-2016). Essa mesma fonte oficial indica que o autor da peça exordial de tal
ação judicial foi o próprio causídico que ora representa Manoel Jorge de Castro (peça 38, p. 4).
31. Ademais, a defesa intempestiva de Manoel Jorge de Castro, encaminhada para a CEF após a
conclusão da TCE interna, sendo tais documentos posteriormente repassados ao TCU (peça 5), confirmam que o
autor da propositura judicial fora o advogado Magno Luiz Moreira Magalhães (OAB/MG 126.547), então
Procurador Geral de Januária/MG (peça 5, p. 6-14).
32. Em suma: a gestão de Manoel Jorge de Castro recebeu o CR vigente, permitiu o encerramento do
ajuste em 30/9/2013, tinha à disposição recursos expressivos e só os devolveu em 22/10/2014, foi notificado
pela CEF a regularizar o cumprimento do objeto ou devolver os recursos federais em 13/12/2013 (peça 1, p. 15-
16) e só impetrou a medida judicial em 16/12/2016, a poucos dias do fim de seu mandato, com intenções de
eximir-se de responsabilidades, dando conhecimento à CEF acerca dessa medida evasiva já no início de 2017,
quando não era mais prefeito de Januária/MG (peça 5, p. 2-5).
33. Por todos esses fatos e circunstâncias opinamos pela rejeição das alegações de defesa retro analisadas.
34. Superada a análise das alegações, outro ponto que merece ponderações é que, segundo o Relatório de
TCE 134/2016, do Tomador de Contas Especiais da CEF, a dívida em valor original corresponde a R$
546.973,64, definindo o dia 9/3/2010 como data inicial para fins de atualização monetária e eventual incidência
de juros (peça 1, p. 130, item 6). Não se explica a definição de tal data.
35. Entretanto, aquele mesmo documento esclarece (peça 1, p. 129, item 4) que o valor do débito
estipulado no âmbito da CEF corresponderia ‘aos 45,45% da obra que não apresentavam funcionalidade’,
405

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

aplicado sobre a soma dos valores de origem federal liberados (R$ 1.203.592,74 x 45,45% = R$ 546.973,64). A
composição dos valores totais liberados está na tabela associada ao item 7 desta instrução.
36. O signatário da instrução inaugural destes autos - embora não tenha justificado a modificação - optou
por desdobrar a data base, considerando a limitação do valor da verba federal liberada por ocasião da segunda
aferição da CEF (peça 7, p. 3):
Data de Recursos federais
desbloqueio utilizados
23/02/2010 R$ 50.509,32
28/09/2010 R$ 496.464,32
Totais R$ 546.973,64
37. A composição do valor e as datas acima foram utilizados nas duas citações expedidas (peça 12, p. 3 e
peça 13, p. 3).
38. Essa subdivisão de valores e datas tem coerência porque os elementos construtivos apontados como
faltantes ou deficientes (revestimentos em TSD, meios-fios e sarjetas) são executados na etapa final de obras de
pavimentação urbana.
39. Todavia, embora a CEF tenha indicado, e o primeiro analista do TCU tenha adotado, as datas de
23/2/2010 e 28/9/2010 (peça 1, p. 102), convém esclarecer que estas foram as datas nas quais os comandos de
desbloqueio foram dados. Os débitos dos montantes formados pelos recursos federais e pelas contrapartidas do
município na conta bancária vinculada ocorreram efetivamente em 9/3/2010 e em 22/10/2010, com base em
extratos idôneos (peça 1, p. 104 e peça 20):
Datas dos
Valores debitados Total (R$)
débitos
R$ 8.370,73
9/3/2010 R$ 760.974,73
R$ 752.604,00
R$ 497.266,88
22/10/2010 R$ 502.797,65
R$ 5.530,77
Totais R$ 1.263.772,38 R$ 1.263.772,38
40. Esse ligeiro ajuste de datas enseja inexpressiva diferença nos valores atualizados, com ou sem juros
moratórios, sendo mais favorável aos responsáveis, tendo em vista que postergaram os termos iniciais de
contagem e de cálculos daqueles encargos.
41. Outro fator ou premissa que não reputamos como escorreita, adotada pela CEF e acolhida na instrução
antecedente, é o dimensionamento do débito, seja em percentual ou em valor financeiro.
42. Primeiro, e com as vênias devidas, as bases descritas no Relatório de TCE 134/2016 são ininteligíveis
(peça 1, p. 129, itens 3 e 4).
43. Segundo, o percentual e o valor liberado para pagamentos após a segunda inspeção in loco da CEF
atestaram a execução aferida equivalente a 81,24% do PT reprogramado e então vigente (peça 1, p. 65). Essa
versão do PT contemplava ‘Serviços preliminares’, ‘Terraplenagem’, ‘Pavimentação’, ‘Drenagem’ e ‘Reforma
da Praça Tiradentes’, individualizando os custos de cada uma destas etapas ou componentes da empreitada
integral (peça 1, p. 65).
44. Terceiro, os defeitos apontados pela CEF restringiram-se aos componentes inerentes aos serviços de
‘Pavimentação’ e ‘Drenagem’, não havendo qualquer alusão direta ou indireta aos ‘Serviços preliminares’, de
‘Terraplenagem’ e da ‘Reforma da Praça Tiradentes’. A planilha sinóptica, a memória de cálculo e o croqui
apresentados pela CEF para demonstrar os valores impugnados referem-se exclusivamente aos serviços de
‘Pavimentação’ e ‘Drenagem’ em avenidas e ruas do bairro Jussara, os quais não apresentavam funcionalidade
(peça 1, p. 98-100), tudo isso amparado em relatório e detalhado registro fotográfico de cada via (peça 1, p. 70-
97).
45. Quarto, da previsão do projeto reprogramado para pavimentar 32.591,09 m², os técnicos da CEF
atestaram a execução de 26.053,44 m² (peça 1, p. 98, colunas 3 e 5). O confronto dessa área pavimentada
executada com a área prevista chega ao percentual de 79,94%, dado que demonstra proximidade com os 81,24%
do total de serviços atestados e aferidos anteriormente. A equivalência seria obtida quando considerados os
demais serviços que não foram levados em conta nesse cálculo expedito (serviços preliminares, terraplenagem e
drenagem, eis que não foi apurado qualquer percentual de execução de serviços da reforma da Praça Tiradentes,
conforme peça 1, p. 65).
406

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

46. Quinto, a área pavimentada e avaliada pelos técnicos da CEF como ‘sem funcionalidade’ (8.084,78
m², com base na peça 1, p. 98, coluna 6) representa 31,03% da área total pavimentada (26.054,44 m², conforme
peça 1, p. 98, coluna 5).
47. Sexto, não conseguimos obter resultado de razão ou percentual da ordem de 45,45% quando
confrontamos qualquer dos quantitativos discriminados pela CEF, pavimentado ou não e, na primeira hipótese,
com ou sem funcionalidade (peça 1, p. 98).
48. Sétimo, o somatório da coluna 8 da planilha resumida, indicativo das áreas pavimentadas, porém, sem
funcionalidade, não se coaduna com a memória de cálculo que a acompanha (peça 1, p. 98-99). Por outro lado, a
coluna 6 da planilha resumo reproduz exatamente a memória de cálculo com o montante das áreas sem
funcionalidade, em valores unitários e somatório.
49. Com base nessas concatenações precedentes o débito incorrido e que deve ser objeto de ressarcimento
importa em R$ 369.522,51, resultante da aplicação do percentual de 31,03% sobre o somatório dos valores
desembolsados (R$ 708.874,63 + R$ 481.922,45 = R$ 1.190.797,08) concernentes às etapas de ‘Pavimentação’
e ‘Drenagem’, discriminadas na planilha de custos reprogramada e vinculada ao PT (peça 1, p. 65).
50. O dia 22/10/2010 fica estipulado como data de ocorrência dos danos indiciários, por representar
aquela na qual ocorreu o pagamento dos derradeiros serviços, condizentes com as etapas de pavimentação e
drenagem. Ademais, mesmo considerando somente o desembolso da parcela de recursos federais (R$
497.266,88), o valor abarca o montante do débito ora postulado.
EXAME DA BOA-FÉ
51. Consoante §§ 2º e 3º, do art. 202, do Regimento Interno o TCU, c/c o teor da Decisão Normativa
TCU 35/2000, na resposta à citação deve ser examinada a ocorrência de boa-fé nas condutas dos responsáveis e,
na hipótese de que essa premissa seja verificada, desde que não haja outra irregularidade, permite-se a
concessão de um novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito sem a incidência de juros.
52. Outro fator pertinente a considerar é que a sólida jurisprudência deste Tribunal firmou-se no sentido
de que a boa-fé deve ser aferida objetivamente, sendo necessária a constatação de algum ato ou fato capaz de
caracterizar a conduta zelosa e diligente do responsável. Desse modo, apenas quando há nos autos evidências de
atitudes concretas do responsável tendentes a atenuar ou impedir a irregularidade que lhe foi imputada, concede-
se novo prazo para o recolhimento do débito (Voto que integra o Acórdão 2399/2014-TCU-Plenário, Relator
José Múcio Monteiro).
53. O § 2º, do art. 202, do Regimento Interno do TCU, deixa patente que somente havendo reposta à
citação poderá ser examinada a ocorrência de boa-fé na conduta do responsável. Nestas bases, resta prejudicado
tal exame em relação ao ex-prefeito Maurílio Neris de Andrade Arruda.
54. De outro lado, a contextualização delineada nos itens 23 a 32 destas laudas demonstra exatamente a
completa ausência de ato ou fato capaz de configurar conduta zelosa e diligente do ex-prefeito Manoel Jorge de
Castro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
55. Enfatiza-se, são imprescritíveis as ações de ressarcimento a serem movidas pelo Estado contra os
causadores de prejuízos ao erário, independentemente da data de ocorrência dos fatos irregulares, conforme o §
5º, do art. 37, da Carta Magna, referendado pelo Supremo Tribunal Federal (MS 26.210-9/DF), pelo Superior
Tribunal de Justiça (por exemplo, REsp 991.102/MG, RMS 30.510/RJ, EDcl no REsp 1.159.147/MG, REsp
909.446/RN, REsp 894.539/PI) e pelo próprio TCU (Acórdão 2709/2008-TCU-Plenário e Súmula TCU 282),
eis que a natureza de tais ações é indenizatória, despida de qualquer viés punitivo.
56. Finalmente, tratando-se de hipótese de prejuízos causados em desfavor da União, hipoteticamente
consumados em outubro de 2010 e, ainda, conjugando-se com tal ocasião as datas de oficialização das citações,
ocorridas em setembro de 2017 (peças 14-15), estas implicando em causas interruptivas da contagem do prazo,
não há risco de configuração do fenômeno da prescrição da pretensão punitiva, nos termos dos subitens 9.1.1 a
9.1.4, do paradigmático Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário.
57. Cabível pois, além da imputação do débito solidário, a aplicação concomitante da multa prevista no
art. 57 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
58. Com base nos documentos, alegações, considerações e análises discorridos acima propomos, ouvido
previamente o Ministério Público junto ao TCU (inciso III, do art. 62, do Regimento Interno do TCU), a
prolação das seguintes deliberações processuais:
407

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

59. considerar revel Maurílio Neris de Andrade Arruda (CPF 492.304.926-04), para todos os efeitos
processuais e jurídicos;
60. rejeitar as alegações de defesa interpostas por Manoel Jorge de Castro (CPF 303.319.436-20);
61. com fundamento no art. 1º, inciso I e § 1º, art. 10, § 2º, art. art. 16, inciso III, alínea ‘c’, e art. 19,
caput, todos da Lei 8.443/1992, c/c o art. 1º, inciso I e § 1º, art. 201, § 2º, art. 202, §§ 2º e 6º, art. 209, inciso III
e, ainda, o art. 210, caput, todos do Regimento Interno do TCU, julgar irregulares as contas de Maurílio Neris
de Andrade Arruda (CPF 492.304.926-04) e de Manoel Jorge de Castro (CPF 303.319.436-20), relativamente ao
Contrato de Repasse 186.705-30/2005 (Siafi 550649), celebrado em 30/12/2005 entre o município de
Januária/MG e a União, por intermédio do Ministério do Turismo (MTur), representado pela Caixa Econômica
Federal, condenando-os solidariamente ao pagamento da dívida abaixo discriminada, a ser recolhida em favor
do Tesouro Nacional:
Valor – R$
Data
(*)
22/10/201 R$
0 369.522,51
(*) Valor do débito atualizado e com incidência de juros até 19/7/2018: R$ 722.761,23 (peça 39)
62. com fundamento no inciso IX, do art. 1º, no caput do art. 19, e no art. 57, da Lei 8.443/1992, c/c o
inciso XVII, do art. 1º, no caput do art. 210, e no art. 267, do Regimento Interno do TCU, cominar multas
individuais em desfavor dos responsáveis condenados ao pagamento dos débitos acima discriminados, a serem
recolhidas em favor do Tesouro Nacional;
63. com arrimo no artigo 214, inciso III, alínea ‘a’, c/c os artigos 215 e 216, todos do Regimento Interno
do TCU, fixar o prazo de quinze dias, contados do recebimento das respectivas notificações, para que os
responsáveis condenados em débito e multados comprovem perante este Tribunal:
i. o recolhimento do débito em favor do Tesouro Nacional, com a devida atualização monetária e com
incidência de juros de mora, ambos calculados a partir da data indicada até a de efetivo recolhimento, na forma
da legislação em vigor;
ii. o recolhimento das multas aplicadas, também em favor do Tesouro Nacional, sob pena de atualização
monetária, caso a quitação ocorra após o prazo concedido;
64. com fulcro no artigo 217, caput, e art. 219, inciso II, do Regimento Interno do TCU, autorizar o
parcelamento das dívidas em até trinta e seis vezes, desde que requerido por qualquer dos responsáveis e,
alternativamente, a cobrança judicial das dívidas, caso não sejam comprovados os recolhimentos e nem
formalizados pedidos tempestivos de parcelamento pelos devedores;
65. com fulcro no § 3º, do art. 16, c/c o § 7º, do art. 209, do Regimento Interno do TCU, determinar à
Secex-TO que encaminhe cópia da deliberação que vier a ser adotada à Procuradoria da República no Estado do
Tocantins.
2. O Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), representado nos autos pelo Procurador
Rodrigo Medeiros de Lima, divergiu do encaminhamento sugerido pela unidade técnica, nos seguintes
termos (peça 43):
Trata-se de tomada de contas especial (TCE) instaurada pela Caixa Econômica Federal (CEF) em razão
da execução parcial do objeto do Contrato de Repasse 186.705-30/2005 (asfaltamento de ruas e praças),
celebrado em 30/12/2005 entre o Ministério do Turismo (MTur) e o município de Januária/MG, com vigência
até 30/9/2013, após sucessivas prorrogações.
2. Inicialmente, estava previsto no contrato de repasse investimento total de R$ 1.555.698,32, sendo R$
1.500.000,00 de recursos federais e R$ 55.698,32 de contrapartida. Desse investimento total de R$
1.555.698,32, R$ 1.325.318,18 correspondiam ao serviço de pavimentação asfáltica com tratamento superficial
duplo (TSD) em ruas dos bairros Jussara e Eldorado (meta 1) e R$ 230.380,14, a pavimentações diversas na
praça de Tiradentes no centro da cidade de Januária/MG (meta 2).
3. Após reprogramação do plano de trabalho (peça 1, p. 35), o valor total do contrato de repasse passou
para R$ 1.606.139,48, dos quais R$ 1.500.000,00 (93,39%) referiam-se a recursos federais e R$ 106.139,48
(6,61%), à contrapartida. Do total contratado (R$ 1.606.139,48), R$ 1.325.318,18 correspondiam à
pavimentação asfáltica com TSD em ruas dos bairros Jussara e Eldorado e R$ 280.821,30, a pavimentações
diversas na praça de Tiradentes no centro da cidade de Januária/MG.
4. Do total dos recursos federais repassados (R$ 1.500.000,00), foi desbloqueado pela CEF o valor de R$
1.203.592,72. Por ocasião do desbloqueio de valores destinados a pagamentos aprovados pela CEF, o município
408

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

arcou com o montante de R$ 60.179,64, conforme documento à peça 1, p. 102, e extrato bancário à peça 20.
5. De acordo com o relatório de TCE à peça 1, p. 128-132, a CEF impugnou o valor de R$ 546.973,64,
correspondente à parcela executada da obra que não apresentou funcionalidade, conforme vistoria realizada em
24/4/2014 com vistas a atestar a funcionalidade do empreendimento (peça 1, p. 101). A responsabilidade pelo
débito foi atribuída de forma solidária aos ex-prefeitos Maurílio Neris de Andrade Arruda, gestão 2009-2012, e
Manoel Jorge de Castro, gestão 2013-2016.
6. No âmbito deste Tribunal, os ex-gestores municipais foram citados solidariamente pelo débito
apontado pela CEF (peças 14 e 15), sendo que apenas o ex-prefeito Manoel Jorge de Castro apresentou
alegações de defesa (peça 16).
7. A unidade técnica, ao analisar as alegações de defesa apresentadas, concluiu por rejeitá-las. No entanto,
entendeu que o valor do débito deveria ser de R$ 369.522,51, conforme análise constante dos itens 41 a 50 da
instrução à peça 40. Assim, foi proposto, em pareceres convergentes (peças 40 a 42), entre outras medidas, o
julgamento pela irregularidade das contas dos responsáveis, com condenação solidária ao pagamento do referido
débito e com aplicação da multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992.
8. Este representante do Ministério Público de Contas da União discorda do encaminhamento oferecido
pela Secex/TO, por entender que não subsiste o débito apurado pela CEF, conforme passa a expor.
9. Segundo o Relatório de Acompanhamento de Engenharia (RAE) à peça 1, p. 62-63, foi atestada pela
CEF, em 16/12/2009, a execução da meta 1 do objeto pactuado no valor de R$ 760.974,73. Em face disso, em
23/2/2010, houve o desbloqueio de recursos no exato valor mencionado, sendo R$ 707.128,42 de recursos
federais e R$ 53.846,31 de contrapartida.
10. Posteriormente, por meio da vistoria in loco realizada em 8/9/2010, a CEF, no RAE à peça 1, p. 65-
68, confirmou a evolução dos serviços referentes à meta 1 no valor de R$ 502.797,66, razão por que foram
desbloqueados, em 28/9/2010, os montantes de R$ 494.464,32 de recursos federais e R$ 6.333,33 de
contrapartida, que, somados, atingem a importância de R$ 502.797,66. No campo “Observações” do referido
relatório, a CEF afirmou que a vistoria se referia apenas à meta 1 do plano de trabalho e mencionou, ainda, a
glosa no valor de R$ 30.160,80, referente à execução dos serviços previstos nos itens “pavimentação” e
“drenagem” em razão de:
(...) no trecho compreendido entre a Rua 08 com a Rua 12, os serviços executados não
atenderam/solucionaram o esgotamento de água pluvial (drenagem) por se tratar de um ponto crítico, cuja
solução não foi contemplada/inserida nos serviços previstos, sendo que alertamos para o proponente
(Prefeitura Municipal de Januária) a necessidade de execução de obras no sentido de viabilizar a drenagem na
referida área. Ressaltamos que o escoamento da água pluvial neste trecho se dá por gravidade, só que através de
terrenos particulares. Em vista disto, glosamos o valor equivalente a R$ 30.160,80, referente à execução dos
serviços previstos nos itens Pavimentação e Drenagem, na área de abrangência de captação de água pluvial
deste trecho, por entendermos que o objetivo do empreendimento não foi plenamente alcançado nesta área,
podendo ser mensurados tais serviços quando executado serviço adequado de drenagem no referido local. Face
ao exposto, sugerimos que o resíduo financeiro oriundo deste processo deva ser utilizado para tal finalidade
(peça 1, p. 66). (destacou-se)
11. Após essas duas fiscalizações, foi realizada a última vistoria in loco, em 24/4/2014, com vistas a
atestar a funcionalidade da obra (peça 1, p. 101). Nessa oportunidade, a CEF apurou o valor de R$ 546.973,64
de vias sem funcionalidade devido à não execução e à deterioração do pavimento, concluindo, assim, pela
ocorrência de débito na referida importância.
12. No entanto, este representante do Ministério Público de Contas entende que os motivos que levaram à
instauração da presente TCE não são aptos a sustentar a ocorrência de dano ao erário, pelas seguintes razões.
13. Em relação à não execução de pavimentação, cumpre esclarecer que só foram desbloqueados recursos
ao município no valor exato do que havia sido atestado pela CEF como serviços realizados. Assim, o ente
municipal não recebeu por serviços não executados. Além disso, o saldo de recursos não desbloqueados,
juntamente com os rendimentos financeiros auferidos no período, foram devolvidos à conta única do Tesouro
Nacional em 22/10/2014, conforme documentos às peças 1, p. 105, e 36.
14. Quanto à deterioração do pavimento realizado, ressalta-se que a CEF, nas duas vistorias realizadas
anteriormente, em 16/12/2009 e em 8/9/2010, atestou como “Satisfatória” (na primeira) e “Razoável” (na
segunda) a qualidade da obra/serviços realizados. Considerando que a CEF, após atestar a execução física,
desbloqueou recursos nos valores exatos do que fora por ela confirmado como serviço executado, pode-se
concluir que a parcela realizada do objeto estava em conformidade com o previsto no plano de trabalho e em
409

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

condições de ser utilizada pela população.


15. Assim, não é possível afirmar que a ocorrência de deterioração na parcela executada da obra seja
oriunda da má qualidade dos insumos empregados, mas, sim, ao próprio tempo decorrido entre a penúltima e a
última vistoria, de aproximadamente três anos e sete meses. Em se tratando de serviço de pavimentação,
entende-se razoável a ocorrência de certa deterioração do pavimento num período de quase quatro anos, uma
vez que os materiais de construção, no decorrer de sua vida de serviço, apresentam processos de danificação e
deterioração inevitáveis motivados por cargas de veículos, produtos químicos e ações ambientais.
16. Por essas razões, este representante do Ministério Público de Contas entende que não subsiste o débito
apontado pela CEF.
17. Quanto ao valor glosado de R$ 30.160,80 na vistoria realizada em 8/9/2010, reputa-se que também
não deve ser considerado como débito, visto que a própria CEF afirmou, no RAE à peça 1, p. 66), que os
serviços necessários para solucionar o problema de drenagem no trecho compreendido entre a Rua 08 e a Rua
12 - que se tratava de ponto crítico e que, por isso, necessitava de solução específica - não estavam previstos
no plano de trabalho. Tanto é que a CEF não deixou de desbloquear esse valor ao município.
18. Tais considerações, no entender deste representante do Ministério Público de Contas, revelam que o
motivo da instauração da presente TCE não é apto a sustentar a ocorrência de dano ao erário, razão por que o
processo deve ser arquivado por ausência de pressuposto de constituição válido e regular, com fundamento nos
artigos 169, inciso III, 201, § 3º, e 212 do Regimento Interno do TCU.
É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada pela Caixa Econômica Federal
(CEF) em razão da execução parcial do objeto do Contrato de Repasse 186.705-30/2005
(Siafi 550649), celebrado em 30/12/2005 entre a União, por intermédio do Ministério do Turismo
(MTur), na condição de contratante, representado pela CEF, e o município de Januária/MG (peça 1,
p. 38-44).
2. A avença vigorou até 30/9/2013, após sucessivas prorrogações, e teve por objeto a execução
de 29.796,38 m² de pavimentação asfáltica com TSD em diversas ruas dos bairros Jussara e Eldorado
do município de Januária/MG, juntamente com a execução de 5.400,58 m² de pavimentações diversas
na praça Tiradentes. Para tanto, foram previstos investimentos no montante de R$ 1.606.139,48, sendo
R$ 1.500.000,00 de responsabilidade da União e R$ 106.139,48 a título de contrapartida municipal,
nos termos do Plano de Trabalho (peça 1, p. 35, 38-39, 62, 102 e 137).
3. A integralidade dos recursos federais previstos foi transferida para conta bancária específica
em 12/5/2006, mediante a ordem bancária 2006OB900105 (peça 1, p. 122). O desbloqueio de recursos
federais destinados a pagamentos aprovados pela CEF alcançou o montante de R$ 1.203.592,74,
enquanto a contrapartida municipal atingiu a soma de R$ 60.179,64, conforme quadro abaixo (peça 1,
p. 102):
Data de Dos recursos Da
Total (R$)
desbloqueio federais contrapartida
R$
23/2/2010 R$ 707.128,42 R$ 53.846,31
760.974,73
R$
28/9/2010 R$ 496.464,32 R$ 6.333,33
502.797,65
R$ R$
Totais R$ 1.203.592,74
60.179,64 1.263.772,38
4. De acordo com o relatório de TCE à peça 1, p. 128-132, a CEF impugnou o valor de
R$ 546.973,64, correspondente à parcela executada da obra que apresentou funcionalidade
prejudicada, conforme vistoria realizada em 24/4/2014 (peça 1, p. 101). A responsabilidade pelo débito
foi atribuída de forma solidária aos ex-prefeitos Maurílio Neris de Andrade Arruda, gestão 2009-2012,
e Manoel Jorge de Castro, gestão 2013-2016.
410

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5. No âmbito deste Tribunal, os ex-gestores municipais foram citados solidariamente pelo débito
apontado pela CEF (peças 12 a 15). O Sr. Maurílio Neris de Andrade Arruda manteve-se inerte mesmo
após o recebimento da comunicação e transcorrido o prazo regimental fixado (peças 13 e 14). Portanto,
deve ser considerado revel, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, §3º, da Lei
8.443/1992.
6. O Sr. Manoel Jorge de Castro apresentou as alegações de defesa de peça 16, sustentando, em
síntese, que:
a) a avença foi executada em sua integralidade durante a gestão do ex-prefeito Maurílio Neris de
Andrade Arruda;
b) a prestação de contas final ficou prejudicada porque os documentos não foram localizados no
arquivo do paço municipal;
c) a Caixa constatou o péssimo estado de conservação e a deterioração do pavimento, exigindo
da prefeitura a realização de reparos e limpeza necessários para atestar a funcionalidade que
equivaleria a realizar obras já executadas no governo de Maurílio Neris; e
d) os extratos da conta bancária vinculada ao contrato de repasse (peças 20-36) demonstram que
o valor sob a responsabilidade do peticionário ficou aplicado conforme determinava a avença, até a
devolução efetiva do valor com os rendimentos apurados no montante de R$ 1.081.963,72.
7. A unidade técnica, ao analisar as alegações de defesa do Sr. Manoel Jorge de Castro, concluiu
por rejeitá-las, recalculou o débito para o valor de R$ 369.522,51 e, em pareceres uníssonos (peças 40
a 42), propôs o julgamento pela irregularidade das contas dos responsáveis, com condenação solidária
ao pagamento do referido débito e com aplicação da multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992.
8. O Parquet especializado divergiu da proposta da unidade técnica e sugeriu o arquivamento do
processo por ausência de pressuposto de constituição válido e regular, haja vista que o motivo da
instauração da presente TCE não é apto a sustentar a ocorrência de dano ao erário (peça 43).
9. Feito o resumo dos autos, passo a abordar o mérito das questões tratadas nesta TCE. De plano,
manifesto-me de acordo com o entendimento do MPTCU, à exceção do arquivamento, pelos motivos
que exponho a seguir.
10. Em 23/12/2009, a CEF procedeu à fiscalização da obra nos termos do Relatório de
Acompanhamento de Engenharia (RAE) acostado à peça 1, p. 62-64, acerca de pavimentação do bairro
Jussara. Friso que naquela data a instituição financeira não havia desbloqueado qualquer parcela de
recursos federais.
11. O desbloqueio da primeira parcela dos recursos federais no valor de R$ 707.128,42 veio a
ocorrer somente em 23/2/2010, ou seja, dois meses após a fiscalização efetuada, conforme documento
de peça 1, p. 102, e extrato bancário de peça 20. Tal desbloqueio aconteceu em decorrência do
acompanhamento realizado.
12. Em 8/9/2010, a CEF procedeu à segunda fiscalização da obra nos termos do RAE acostado à
peça 1, p. 65-66.
13. Os referidos relatórios de acompanhamento indicam a execução, respectivamente, de
R$ 760.974,73 (peça 1, p. 62) e de R$ 502.797,65 (peça 1, p. 65-66) referente ao objeto pactuado,
perfazendo o montante de R$ 1.263.772,39, incluída a contrapartida municipal, conforme quadro
abaixo:
Valor do Realização Efetiva Realização
Item Item (R$) acumulada
(R$) 23/12/2009 8/9/2010 (R$)
Serviços preliminares 15.508,22 7.123,22 0 7.123,22
Terraplenagem 85.852,09 72.974,28 12.877,81 85.852,09
Pavimentação
Pavimentação 731.712,73 598.759,33 110.115,30 708.874,63
Bairro Jussara
Drenagem (sarjeta e meio-fio) 469.245,15 82.117,90 379.804,55 461.922,45
Projeto pavimentação 23.000,00 0 0 0,00
Praça Tiradentes Projeto 4.500,00 0 0 0,00
411

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Reforma 276.321,30 0 0 0,00


Total (R$) 1.606.139,49 760.974,73 502.797,66 1.263.772,39
Total (%) 47,38% 31,30% 78,68%
14. Cito que a CEF registrou, no RAE de 23/12/2009, que a qualidade da obra realizada foi
satisfatória e, no RAE de 8/9/2010, como razoável.
15. Destaco que no primeiro momento predominou a execução de serviços de pavimentação e no
segundo a de drenagem, com transcurso de oito meses entre as duas fiscalizações ocorridas. Em
nenhum dos relatórios de acompanhamento a CEF indicou como fraca ou péssima a qualidade dos
serviços efetuados, tampouco como de qualidade boa e nem determinou o refazimento de algum dos
serviços executados.
16. Em outras palavras, pode-se dizer que a CEF aprovou a qualidade da obra fiscalizada e, em
consequência, desbloqueou os recursos federais por duas vezes para realização dos respectivos
pagamentos.
17. De outro modo, no RAE de 8/9/2010 (peça 1, p. 66), referente à segunda fiscalização, a CEF
fez constar os seguintes termos, conforme ressaltado pelo Parquet:
(...) no trecho compreendido entre a Rua 08 com a Rua 12, os serviços executados não
atenderam/solucionaram o esgotamento de água pluvial (drenagem) por se tratar de um ponto crítico, cuja
solução não foi contemplada/inserida nos serviços previstos, sendo que alertamos para o proponente (Prefeitura
Municipal de Januária) a necessidade de execução de obras no sentido de viabilizar a drenagem na referida área.
Ressaltamos que o escoamento da água pluvial neste trecho se dá por gravidade, só que através de terrenos
particulares. Em vista disto, glosamos o valor equivalente a R$ 30.160,80, referente à execução dos serviços
previstos nos itens Pavimentação e Drenagem, na área de abrangência de captação de água pluvial deste trecho,
por entendermos que o objetivo do empreendimento não foi plenamente alcançado nesta área, podendo ser
mensurados tais serviços quando executado serviço adequado de drenagem no referido local. Face ao exposto,
sugerimos que o resíduo financeiro oriundo deste processo deva ser utilizado para tal finalidade (peça 1, p. 66).
(destacou-se)
18. Friso que as ruas 08 e 12 são transversais no ponto denominado “loteamento Norma
Consuelo” (peça 1, p. 100), o que aponta ser esse o local crítico indicado no RAE de 8/9/2010 com
necessidade de serviços de drenagem. Contudo, o próprio relatório registra que tais serviços não foram
previstos, ou seja, não constaram do contrato de repasse em epígrafe. Assim sendo, acolho o
entendimento do Parquet no sentido de que não caberia glosar o valor de R$ 30.160,80 com base nos
motivos apresentados pela CEF.
19. A CEF promoveu uma terceira e última fiscalização, na data de 24/4/2014, com vistas a
atestar a funcionalidade da obra. Nessa oportunidade, a CEF apurou o valor de R$ 546.973,64
correspondente a vias sem funcionalidade em virtude de não execução e deterioração do pavimento,
concluindo pela ocorrência de débito na referida importância (peça 1, p. 101).
20. Observo que, até a data da primeira fiscalização da CEF, 23/12/2009, foram executados, em
termos financeiros, 82% da pavimentação prevista (R$ 598.759,33/R$ 731.712,73) com qualidade
satisfatória.
21. Entre essa fiscalização e a de 8/9/2010, foram realizados mais 15% de pavimentação
(R$ 110.115,30/R$ 731.712,73) com qualidade razoável, o que atinge 97% do total pactuado para o
bairro de Jussara (R$ 708.874,63/R$ 731.712,73).
22. Ora, após decorridos pelo menos 3 anos da execução de 97% dessa pavimentação, a CEF
afirma que não foram executados serviços de pavimentação de ruas do Bairro Jussara ou que parte do
executado se deteriorou no valor correspondente a R$ 546.973,64.
23. Percebo que as informações contidas nos autos não permitem concluir que 75%
(R$ 546.973,64/R$ 731.712,73) da pavimentação realizada se tornaram inservíveis por falhas na
execução do serviço, haja vista que 82% dos serviços de pavimentação já tinham sido qualificados pela
CEF como satisfatórios e 15% como razoáveis.
24. Assevero que a CEF atestou e aprovou os serviços executados, nos termos dos RAEs de
23/12/2009 e 8/9/2010, e promoveu os respectivos desbloqueios de recursos federais para os
412

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pagamentos dos serviços por ela aprovados no valor de R$ 1.203.592,74, que acrescidos da
contrapartida de R$ 60.179,64 atingiram o montante de R$ 1.263.772,38. Ademais, não há nos autos
questionamentos quanto ao nexo de causalidade entre os recursos federais aplicados e as despesas
realizadas.
25. Portanto, acolho o entendimento do Parquet especializado no sentido de que inexiste o
débito apontado nos autos tendo por base a documentação acostada na presente tomada de contas
especial.
26. Pondero, todavia, que, tendo sido recepcionada a TCE e instaurado o contraditório, deve ser
aplicado, no presente caso, o entendimento que norteou os Acórdãos 1.976/2014-TCU-1ª Câmara,
2.513/2014-TCU-1ª Câmara, 2.283/2019-TCU-1ª Câmara, no sentido de julgar as presentes contas.
27. Assim, no caso destes autos, considero que se deve adotar o julgamento pela regularidade
com ressalva das contas dos Srs. Maurílio Neris de Andrade Arruda e Manoel Jorge de Castro, dando-
lhes quitação.
Ante o exposto, VOTO para que seja acolhida a minuta de acórdão que ora trago à apreciação
deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2698/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 012.862/2017-7.
2. Grupo II - Classe de Assunto: II - Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério do Turismo (vinculador) (05.457.283/0001-19).
3.2. Responsáveis: Maurílio Neris de Andrade Arruda (492.304.926-04); Manoel Jorge de Castro
(303.319.436-20).
4. Entidade: Município de Januária/MG.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Tocantins (Sec-TO).
8. Representação legal: Magno Luiz Moreira Magalhães (OAB/MG 126.547) representando
Manoel Jorge de Castro.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Caixa
Econômica Federal contra os Srs. Maurílio Neris de Andrade Arruda e Manoel Jorge de Castro, em
razão da execução parcial do objeto do Contrato de Repasse 186.705-30/2005;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar regulares com ressalva as contas de Maurílio Neris de Andrade Arruda e Manoel
Jorge de Castro, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº
8.443/1992, dando-lhes quitação;
9.2. dar ciência desta deliberação ao Ministério do Turismo, à Caixa Econômica Federal e aos
responsáveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2698-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
413

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

GRUPO II – CLASSE – Primeira Câmara


TC 014.213/2014-1.
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Município de Roteiro/AL.
Responsáveis: Maria Helena Castro Jatobá Lins (482.918.464-72); Rocha Construções Ltda. -
ME (01.339.526/0001-63).
Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16).
Representação legal: Isabela Oliveira Santos (OAB/DF 52.788) e outros, representando Rocha
Construções Ltda. - ME; Fernando Antônio Barbosa Maciel (OAB/AL 4.690) e outros, representando
Maria Helena Castro Jatobá.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA


EXECUÇÃO DO CONVÊNIO 2.204/2001. EXECUÇÃO DE MELHORIAS SANITÁRIAS.
CITAÇÕES. ALEGAÇÕES DE DEFESA NÃO AFASTAM AS OCORRÊNCIAS. CONTAS
IRREGULARES. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. RECOLHIMENTO
INTEGRAL DO DÉBITO POR UM DOS RESPONSÁVEIS. CONTAS REGULARES COM
RESSALVA. QUITAÇÃO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução produzida pela Secretaria
do Tribunal de Contas da União no Estado do Alagoas – Sec-AL (peça 101), que contou com a
anuência de seu dirigente (peça 102):
INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Fundação Nacional de Saúde, em
desfavor da Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins, na condição de ex-prefeita, em razão da não execução do
objeto do Convênio 2204/2001 (Siafi 439103), celebrado entre a Prefeitura Municipal de Roteiro/AL e a
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que consistia na execução de 130 melhorias sanitárias domiciliares.
HISTÓRICO
2. Conforme disposto na cláusula terceira foram previstos R$ 150.000,00 para a execução do objeto, de
responsabilidade da Funasa, e R$ 7.895,00, como contrapartida municipal (peça 1, p. 17-24).
3. Os recursos federais foram repassados em uma parcela, no valor de R$ 150.000,00, emitida em
5/6/2002, creditados na conta específica em 7/6/2002 (peça 1, p. 30 e 57).
4. O ajuste vigeu no período de 31/12/2001 a 30/12/2002, e previa a apresentação da prestação de contas
até 28/2/2003, conforme cláusula nona, alterada pelo 1º termo aditivo até 3/1/2004, em virtude do atraso no
repasse dos recursos financeiros (peça 1, p. 33).
5. O Relatório Complementar de TCE atribuiu a responsabilidade do dano ao erário à Sra. Maria Helena
Castro Jatobá Lins com base nos documentos citados pelos técnicos da Diesp e Parecer Financeiro 94/2009, que
mensuraram em zero por cento a execução física (peça 2, p. 139-143).
6. O Relatório de Auditoria do Controle Interno 542/2014 contém a devida manifestação acerca dos
quesitos motivadores da instauração da TCE a qual decorreu da não execução do objeto, conforme as
pendências relatadas neste processo, tendo concluído aquela instância de controle pela irregularidade das
presentes contas, conforme Certificado de Auditoria e Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno (peça
2, p. 177-182).
414

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

7. A autoridade ministerial, na forma do art. 52 da Lei 8.443/1992, atestou haver tomado conhecimento
das conclusões do Controle Interno acerca das presentes contas (peça 2, p. 183).
8. No âmbito deste Tribunal, foi lavrada a instrução à peça 6, cujo exame técnico abaixo se transcreve, em
parte:
27. A vigência do convênio ocorreu entre 31/12/2001 a 3/1/2004, integralmente na gestão da ex-prefeita
Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins (2001-2004), inclusive o prazo para prestar contas.
28. A prestação de contas final não foi aprovada porque previa a construção de 130 módulos sanitários,
porém, segundo consta no relatório de visita técnica 4/2003, o percentual executado foi zero.
29. O que se verifica é que, de fato, houve a construção dos módulos, porém, estes, quanto aos aspectos
técnicos das obras, estavam em desacordo com as especificações mínimas constantes do plano de trabalho
aprovado conforme detalhado no Relatório 4/2003, o qual a ex-prefeita tomou conhecimento em 14/11/2003,
portanto, um ano antes do término de sua gestão. Vejam as inconsistências verificadas na execução dos serviços
indicadas no relatório à peça 1, p. 37-38:
‘Verificamos os itens referentes à planilha orçamentária, planta baixa e corte BB, anexos ao projeto.
- Todas as fossas sépticas sem reboco interno impermeável com ligações dos tubos de entrada e saída
incorretos e sem altura útil de 1,20m.
- Poços absorventes com menos de 1 m;
- Sumidouro na parte superior da fossa séptica,
- Usuários afirmam não ter coragem de entrar em algumas Melhorias por falta de segurança;
- Uso de cimento inadequado (pouco cimento).
- Fossa séptica fora do solo até 0,80 cm, sem cimentação na parte externa.
- Recomendamos todas as correções possíveis obedecendo à planilha orçamentária e as especificações
técnicas contidas no projeto.’
30. Em 14/4/2004, o relatório de visita técnica final constatou que nada havia sido ajustado após a última
visita em 4/10/2003 (peça 1, p. 42).
31. A ex-prefeita vinha sendo notificada das constatações das fiscalizações da Funasa, mas não ficou
demonstrada nos autos nenhuma medida reparadora de sua parte (peça 1, p. 35 e 37).
32. Na prestação de contas final enviada pela ex-prefeita em 30/3/2004 (peça 1, p. 45-56) foi evidenciado
que houve o pagamento integral à empresa contratada em 13/6/2002, no valor de R$ 150.000,00, menos de
quatro meses após o início das obras (26/2/2002). A empresa contratada foi a Rocha Construções Ltda. (CNPJ:
01.339.526/0001-63).
33. A ex-prefeita, em sua defesa administrativa, buscou imputar a responsabilidade à empresa contratada,
que teria recebido o valor integral repassado. Comprovou ter efetuado a notificação extrajudicial da empresa
Rocha Construções Ltda., em 2007, acerca do descumprimento de compromisso assumido pela empresa frente à
Funasa. Ocorre que a ex-prefeita tomou ciência das irregularidades verificadas pela Funasa ainda no final de seu
mandato em 2003 e não adotou nenhuma medida tempestiva, inclusive junto à empresa, para regularizar os
serviços.
34. Também não apresentou cópia do contrato e do projeto básico que deu suporte à contratação em
questão, de modo a se conhecer se os serviços contratados têm relação com o objeto do convênio.
35. O ato impugnado foi constatado em 2003, quando da fiscalização da Funasa. Considerando que a
empresa foi notificada pela ex-prefeita em 2007 (peça 1, p. 112), deve a mesma ser responsabilizada
solidariamente.
36. No caso da ex-prefeita sua responsabilidade é evidente. Para ela a Funasa expediu notificações em
14/11/2003, 22/12/2003, 5/6/2006 e 11/9/2007 (peça 1, p. 37, 43-44, 68-69 e 98-103), tendo a responsável
apresentado defesas em 12/7/2007 (peça 1, p. 108) e em 3/10/2007 (peça 1, p. 202-224), com alegações
descabidas e sem nenhuma força para comprovar a boa e regular aplicação dos recursos federais.
37. A ex-prefeita apresentou defesa administrativa, em 3/10/2007, ratificando os argumentos já esposados
em seu requerimento anterior quanto ao não conhecimento de qualquer notificação por parte da Funasa e
acrescentando que (peça 1, p. 202-297):
a) supostas diferenças físicas das obras seriam da responsabilidade da empresa Rocha Construções Ltda.
já chamada à responsabilidade por meio de notificação extrajudicial anexada aos autos (peça 1, p. 289-293),
haja vista que a referida Construtora recebeu todos os valores para a execução da obra e tinha ciência de todas as
especificações, cronogramas físicos e materiais a serem utilizados de acordo com as exigências feitas pela
Funasa/AL e pelo Ministério da Saúde e, que, ao entregar a obra ressaltou como tendo atendido na integralidade
415

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

e, se não respeitou o projeto de obras, a requerente não poderia ser responsabilizada por não possuir formação
em arquitetura e engenharia e, sobretudo porque, os técnicos responsáveis lhe asseguraram que estava tudo
dentro das especificações;
b) insistiu que as obras foram executadas, mas não apresentou nenhuma prova suficiente para contestar as
várias fiscalizações de engenheiros da Funasa, que constaram a execução irregular da obra, o que tornou
inservíveis os serviços executados.
38. A prestação de contas foi encaminhada pela ex-prefeita em 30/3/2004 e o Relatório de Visita Técnica
Final foi emitido logo em seguida, em 14/4/2004, ratificando o Relatório 4/2003, portanto, o mesmo foi emitido
quinze dias após a entrega da prestação de contas e ratificou a situação irregular já constatada pela Funasa e
anteriormente informada à ex-prefeita, que nada comprovou ter feito.
39. Cumpre ressaltar, também, que a Funasa somente notificou a ex-prefeita quanto a não aprovação da
prestação de contas após decorridos dois anos, em 5/6/2006, porém, esta alegou que só tomou conhecimento do
fato em 12/7/2007, quando encaminhou requerimento solicitando reavaliação da análise situacional do
convênio, além de nova vistoria técnica.
40. A Funasa ainda realizou outra visita técnica no período de 16 a 19/6/2009, a pedido da ex-prefeita,
que resultou em Nota Técnica emitida em 13/7/2009. Conforme esse relatório, a prestação de contas foi
impugnada pela ratificação daquele relatório de visita técnica final, emitido em 2004, pelos motivos a seguir:
‘- Em algumas residências as fossas sépticas e os sumidouros foram construídos acima do nível do solo.
A planilha orçamentária (...) na discriminação do item Fossa Séptica apresenta o tópico Escavação manual em
solo até 1,5 m de profundidade. Item que consequentemente não foi realizado.
- Em algumas residências foi constatada a existência de tubulação jogando dejetos in natura.
- Banheiros em péssimo estado estrutural e de funcionamento.
- Verificamos que em algumas residências foram aproveitados os banheiros antigos dos moradores, sendo
apenas construído fossa séptica e sumidouro.
- Verificamos que em algumas residências não foi construída fossa séptica.
- Nenhum dos 114 módulos localizados atendeu aos cinco critérios adotados para a consideração de um
módulo.’
41. Embora tenha havido morosidade dos procedimentos por parte da Funasa, não se pode alegar que a
ex-prefeita desconhecesse a realidade quanto à execução do convênio ou quanto à inadequação daquilo que já
havia sido feito à época, de modo que, a omissão desta na regularização do objeto não afasta sua culpabilidade
pela imprestabilidade daquilo que foi executado.
42. Há que se considerar também que o Relatório de Visita 4/2003 e o Relatório de Visita Final apontam
como zero por cento o percentual realizado, mas o Relatório de Visita Técnica realizado intempestivamente no
período de 16 a 19/6/2009, constatou que foram encontrados 114 módulos sanitários. Portanto, houve execução
parcial do objeto, porém, não há possibilidade de aferir o aproveitamento dos mesmos por parte da população,
tampouco, se o fim perseguido de melhoria de qualidade de vida e combate a proliferação doenças
infectocontagiosas no município pela falta de saneamento básico foi alcançado, razão pela qual foi impugnado o
valor integral repassado.
43. A responsabilidade é integral da ex-prefeita. Firmou o convênio, executou a totalidade das despesas,
apresentou a prestação de contas final e tomou ciência das irregularidades, ainda no seu mandato, mas não
adotou as medidas esperadas de uma gestora zelosa. A aplicação irregular dos recursos, constatada pela
fiscalização da Funasa em 2003, da qual foi dada ciência à então prefeita, estabelece o nexo de causalidade entre
a atuação da ex-prefeita e as irregularidades consumadas. Não há como presumir a sua boa-fé, em especial
porque as vistorias da Funasa foram realizadas no mandato da ex-prefeita, sendo razoável afirmar que a ex-
prefeita tinha consciência da ilicitude e exigir que tivesse adotado outra conduta.
44. A empresa também é responsável pelas irregularidades. Recebeu integralmente o valor contratado em
apenas quatro meses, mas, segundo as vistorias da Funasa, executou serviços de má qualidade, sem respeitar as
especificações técnicas ajustadas no convênio, e não executou a integralidade do objeto. Há evidência de ter
ocorrido o enriquecimento sem causa da empresa Rocha Construções Ltda. (CNPJ: 01.339.526/0001-63), que
recebeu recursos públicos por serviços não executados ou executados em desconformidade com as
especificações previstas no convênio, o que implica em transgressão ao disposto nos arts. 66 e 69 da Lei
8.666/1993.
45. Ressalte-se que quando há execução parcial do objeto do ajuste e o não aproveitamento de parte do
que foi executado - imprestabilidade do restante para a funcionalidade que estava prevista -, deve o gestor ser
416

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

responsabilizado pela totalidade dos recursos repassados. Neste caso, como a empresa também deu causa ao
dano ao erário, deverá responder solidariamente com a ex-prefeita.
46. Pelas razões acima, deve-se propor a citação da Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF:
482.918.464-72), ex-prefeita do Município de Roteiro/AL, solidariamente com a empresa Rocha Construções
Ltda., para que apresentem alegações de defesa e/ou recolham aos cofres da Fundação Nacional de Saúde a
quantia de R$ 150.000,00, atualizada monetariamente e acrescida dos encargos legais, desde 13/6/2002 (data do
pagamento à empresa contratada), em razão das seguintes irregularidades:
46.1 execução parcial do objeto do convênio 2204/2001, firmado entre a Prefeitura de Roteiro/AL e a
Fundação Nacional de Saúde, para execução de melhorias sanitárias domiciliares, e mesmo a parte que foi
executada não atende as especificações técnicas previstas no convênio, o que implicou em enriquecimento sem
causa da empresa executora, tendo a Funasa constatado em sua fiscalização (vide peça 2, p. 16-34):
‘- Em algumas residências as fossas sépticas e os sumidouros foram construídos acima do nível do solo.
A planilha orçamentária (...) na discriminação do item Fossa Séptica apresenta o tópico Escavação manual em
solo até 1,5 m de profundidade. Item que consequentemente não foi realizado.
- Em algumas residências foi constatada a existência de tubulação jogando dejetos in natura.
- Banheiros em péssimo estado estrutural e de funcionamento.
- Verificamos que em algumas residências foram aproveitados os banheiros antigos dos moradores,
sendo apenas construído fossa séptica e sumidouro.
- Verificamos que em algumas residências não foi construída fossa séptica.
- Nenhum dos 114 módulos localizados atendeu aos cinco critérios adotados para a consideração de um
módulo.
Diante do exposto acima, e de posse das pendências levantadas através da visita técnica, conclui-se pela
ratificação do Relatório de Visita Técnica Final (Folha 78 do processo de projeto) [...] em que definem um
percentual de 0% de execução para os 114 módulos sanitários encontrados.’
9. Autorizadas e realizadas as citações propostas (peças 7-9 e 14), a Sra. Maria Helena Jatobá foi
validamente citada em 12/12/2014 no endereço que a mesma registrou no Cadastro da Receita Federal do Brasil
(peças 5 e 14). Transcorrido o prazo regulamentar concedido, a responsável não compareceu ao processo e nem
comprovou o recolhimento do débito, ficando caracterizada a sua revelia, o que autoriza o prosseguimento do
feito, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
10. A empresa Rocha Construções Ltda. também foi validamente citada (peças 13 e 14), e apresentou
alegações de defesa (peça 22), por meio de advogados regulamente constituídos (peça 16) e após obter a dilação
do prazo para defesa (peças 17 a 20).
11. Na sua defesa à peça 22, a empresa Rocha Construções afirmou ter concluído a obra nas condições e
especificações previstas no convênio, e questionou a impugnação da totalidade de um módulo, apenas em razão
do não cumprimento de um certa especificação, e que se, por isso, se houver devolução de valores, teria que ser
parcial.
12. A empresa requereu que fosse autorizado o parcelamento do débito, alegando se tratar de clara
demonstração de boa-fé e que visa evitar maior prejuízo à sua condição financeira no caso de eventual
condenação acrescida de juros de mora e multa. Citou as dificuldades financeiras que a empresa vinha passando
para solicitar o parcelamento em 120 meses, com seis meses de carência para o pagamento da primeira parcela,
com o débito ficando sujeito apenas a atualização monetária, sem incidência de juros de mora.
13. A análise da defesa, lançada à peça 24, frisou que “em relação ao questionamento da empresa quanto
aos critérios de medição utilizados pela Funasa, deve-se considerar que a fiscalização da Funasa verificou que
nenhum dos módulos sanitários executados atendia às exigências mínimas para tal construção, conforme
registrado nos itens 15 e 16 acima.” Citou que a empresa já havia sido notificada extrajudicialmente pelo
Município em relação aos vícios nas construções, mas sem ter havido solução, e que a empresa olvidou de
mencionar que na referida notificação há registro de uma reunião ocorrida na Funasa/AL para tratar da não
execução da totalidade da obra e da execução irregular de serviços, que não atendiam às especificações técnicas
contratadas.
14. Foi registrado na instrução, ainda:
38.2. A Rocha Construções recebeu o pagamento no valor de R$ 150.000,00, em 13/6/2002, em razão de
nota fiscal de 11/6/2002. Em 2003, quando da primeira visita da Funasa, constatou-se que a empresa recebeu
por serviços não realizados ou realizados em desconformidade com os padrões construtivos. Observe-se que
mesmo ao final, a Funasa identificou apenas 114 módulos parcialmente construídos ou feitos com deficiências
417

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

em relação ao projeto básico, dos 130 contratados.


(...)
38.4. Considerando que a empresa não apresentou em sua defesa elementos técnicos ou fáticos capazes de
alterar as constatações registradas e confirmadas pela Funasa, mantém-se a imputação do débito pelo valor
integral do convênio e pago à empresa em debate.
38.5. Ressalte-se que cabe à empresa executar as obras e serviços contratados pelo Poder Público de
modo a que possam proporcionar o adequado uso pela população. A execução parcial dos serviços e a
imprestabilidade da parcela executada, como foi considerado pela Funasa, inviabiliza o recebimento dos
serviços. A empresa não refutou a constatação da fiscalização da Funasa e não apresentou provas em contrário,
nem mesmo dos dezesseis módulos que não foram construídos (130-116).
15. Quanto aos pedidos de parcelamento do débito e sem incidência de juros de mora, formulados pela
empresa, a instrução à peça 24, após minudente análise, se posicionou, com fundamento no § 3º do art. 202 do
RI/TCU, em propor que este Tribunal deliberasse pela rejeição das alegações de defesa da empresa Rocha
Construções Ltda. (CNPJ: 01.339.526/0001-63), e autorizasse o parcelamento do débito em sessenta meses,
sendo o débito sujeito apenas à atualização monetária.
16. Na mesma instrução acima referida, foi analisada a revelia da Sra. Maria Helena Castro jatobá e
levado em consideração que a ex-prefeita autorizou o pagamento por serviços não executados integralmente e
ainda eivados de vícios que comprometiam a utilização dos módulos entregues; que responde por culpa in
elegendo e in vigilando em relação aos profissionais por ela designados para contratar e fiscalizar a execução
dos serviços; e que a ex-prefeita não adotou as medidas judiciais cabíveis contra a empresa contratada em razão
da execução parcial e defeituosa dos serviços, o que permitiu o prolongamento da atual situação. Mas,
considerando o pedido de parcelamento do débito formulado pela empresa, propôs que fosse protelado a
proposta de julgamento das contas da ex-prefeita para após a conclusão do parcelamento.
17. O Ministério Público junto ao TCU, em parecer de lavra do Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé,
anuiu em parte a proposta da Unidade Técnica (peça 28). Concordou com a proposta de rejeitar a defesa da
empresa, fixar novo e improrrogável prazo e autorizar o parcelamento do débito, sem incidência dos juros de
mora. Divergiu quanto ao prazo para o parcelamento do débito, em que manteve o prazo máximo previsto no
Regimento Interno do TCU que é de 36 meses.
18. O. I. Relator, Ministro Vital do Rêgo acolheu a posição do MPTCU, tendo sido prolatado o Acórdão
8.814/2015-TCU-2ª Câmara, que autorizou o parcelamento do débito em 36 parcelas mensais (peças 29 a 31).
EXAME TÉCNICO
19. Os responsáveis foram notificados da decisão (peças 32-33 e 35-38). A sra. Maria Helena Jatobá
decidiu comparecer ao processo para solicitar a devolução do prazo para o exercício da defesa, sob a alegação
de que “a citação da Requerente fora realizada mediante Aviso de Recebimento, que sequer fora por ela
recebido, o que inviabiliza o exercício dos direitos e garantias insculpidos no art. 5°, LIV e LV, da Constituição
Federal de 1988” (peça 41).
20. Esta Unidade Técnica analisou o pedido e concluiu que não havia embasamento legal ou regimental
para proceder a devolução do prazo para defesa à Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins, mas que considerando o
parcelamento do prazo concedido à empresa, responsável solidária, e que o processo ainda estava pendente de
decisão de mérito, poderia o TCU, considerando ainda os princípios do formalismo moderado e da verdade
material; e em homenagem ao princípio da ampla defesa, autorizar, em caráter excepcional, a concessão de
prazo adicional de quinze dias, a contar da ciência da comunicação, para que a Sra. Maria Helena Castro Jatobá
Lins, se manifestasse acerca dos fatos tratados na citação que lhe foi dirigida pelo Ofício 896/2014-TCU-
Secex/AL, de 24/11/2014 (peça 43).
21. O MPTCU, em audiência requerida pelo Ministro-Relator, propôs o indeferimento do pleito da ex-
prefeita (peça 44). O Relator, após comungar da mesma ideia da Secex Alagoas e do MPTCU quanto à falta de
previsão legal, mas “considerando que as contas da responsável não foram ainda julgadas, posiciono-me por
conceder, excepcionalmente, à Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins prazo adicional de quinze dias, a contar da
ciência da comunicação, para que se manifeste acerca dos fatos tratados na citação que lhe fora anteriormente
dirigida” (peça 57).
I. Alegações de defesa da ex-prefeita Maria Helena Castro Jatobá (peça 64)
22. Alega que as metas financeiras do convênio em questão foram integralmente cumpridas, conforme
análise da prestação de contas pelo Governo Federal, o mesmo que apontou que “a execução estava a contento,
fazendo uma pequena ressalva quanto a algumas pequenas falhas de execução, que numa visão exclusiva da
418

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

FUNASA, mereceria algumas pequenas reparações”.


22.1. Reconhece que no seu mandato foram realizadas visitas técnicas da Funasa que apontaram
“pequenas diferenças no cumprimento técnico da obra”, diferenças estas entre o projeto originário e o que se
estava executando, tendo destas visitas resultado na determinação da então gestora à Construtora Rocha Ltda.,
que executava a obra, no sentido que realizasse todas as adequações exigidas. Afirma que a Construtora – não o
engenheiro fiscal da prefeitura – lhe disse que “todas as medidas haviam sido tomadas”.
22.2. Afirma ter presumido, em face de não terem havido novas fiscalizações, que tudo havia sido
resolvido. Além disso, voltou a afirmar que o engenheiro da Construtora lhe informou ter resolvido todas as
pendências.
22.3. Informa que com o término do seu mandato, pensava não haver pendências, sobretudo porque “teve
suas contas regularmente aprovadas”. Que as “falhas físicas”, se fossem verdadeiras, não deveriam gerar
obrigação de ressarcimento pelo município, pois poderiam ser resolvidas pela administração sucessora, que se
não o fizessem, seriam corresponsáveis, e, também, porque as falhas “não ensejaram qualquer desvirtuamento
de valores recebidos pelo Município”.
22.4. Aduz que “as aludidas irregularidades nunca foram oficialmente comunicadas, impossibilitando,
assim, que providências quanto as reparações fossem tomadas em tempo hábil”. Que só soube da pendência
quando da ação judicial movida pelo Município de Roteiro.
22.5. Que as ocorrências inquinadas pela Funasa seriam meras falhas físicas, pequenas diferenças nas
unidades sanitárias, e que seriam de responsabilidade da empresa Rocha Construções, a qual foi chamada a
responsabilidade pelo Município, conforme cópia da ação anexada á defesa.
22.6. Assevera que a Construtora recebeu a integralidade dos valores para a execução das obras, tinha
ciência das especificações técnicas, as quais, quando a entrega das obras, a empresa ressaltou tê-las cumprido.
Considera que “... se a Construtora deixou de seguir alguma das exigências ou não respeitou o projeto de obras,
a Ex-Prefeita não pode ser responsável por isso, sobremaneira porque os técnicos responsáveis lhe asseguraram
que estava tudo dentro das especificações previstas no certame e por não possuir a requerente formação em
arquitetura ou engenharia.
22.7. Chama atenção ao fato de o engenheiro da Funasa atestar a execução de 0% da obra e o parecer da
técnica em saúde e educação, apontar a execução de 100%.
22.8. Informa que a sentença proferida em setembro de 2014 no processo judicial acima citado, foi pela
improcedência, ante a ausência de provas do alegado, e por já ter havido a apreciação judicial, deve este
Tribunal acatar sua defesa.
22.9. Fala a defesa acerca da execução da obra e junta fotos que comprovariam a sua realização entre
setembro e outubro de 2007. Que outras unidades construídas teriam sido destruídas pelos populares ou pelos
próprios beneficiários, tendo os materiais sido usados em outras obras ou vendidos.
22.10. Cita que as fotos mostrariam “que em alguns casos foram os módulos sanitários reformados
recebendo azulejos, pinturas, etc. Outros módulos foram incorporados às casas dos munícipes, sendo feito novo
compartimento da casa onde eles foram incorporados”. Que da entrega dos módulos à população à realização da
vistoria pela Funasa teria se passado mais de um ano e que da entrega até hoje, mais de nove anos, o que
resultou no desgaste natural.
22.11. Alega não poder ser responsabilizada por desvios técnicos cometidos pela Construtora executora
da obra ou pelos munícipes beneficiários das obras, ou mesmo pela morosidade da Funasa em realizar a perícia
técnica final.
22.12. Sustenta não ter havido dano aos cofres públicos pois a verba federal foi aplicada nas obras, não
tendo havido desvio, e que este processo deve ser extinto “pelo absurdo que o fundamenta”. Confirma que as
obras foram realizadas em sua gestão e que autorizou o pagamento, não havendo qualquer ato de improbidade
administrativa, e invoca o art. 71, inciso II, da CF/88 e o art. 16, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992.
22.13. Defende que as normas acima só permitem a instauração dos processos quando houver prejuízo ao
erário, mas que a obra, neste caso, teria sido concluída e entregue à população. Em seguida, cita decisões
judiciais em ações de ressarcimento e de improbidade que destacam a necessidade de o gestor ter atuado com
dolo ou culpa.
22.14. Por fim, o nobre causídico que representa a ex-prefeita defende que “a sentença proferida no
processo judicial, o qual já transitou em julgado, deverá repercutir neste processo administrativo, considerando
que, não é possível no mundo jurídico decisões que versam sobre o mesmo objeto, possuírem decisões
distintas.”
419

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

22.15. Em anexo à defesa, foram apensados os seguintes documentos:


a) cópia do processo e sentença proferida pelo Juízo de Direito da 2ª Cara Cível de São Miguel dos
Campos, na Ação Ordinária movida pelo Município de Roteiro/AL em face da sra. Maria Helena Castro Jatobá
(peça 64, p. 13-15 e 140-241; e peças 65 e 66);
b) parecer técnico emitido pela técnica em educação e saúde da Funasa acerca da execução do Programa
de Educação em Saúde e Mobilização Social (PESMS), referente ao convênio 2201/01 (peça 64, p. 16-20);
c) notificação extrajudicial enviada pela sra. Maria Helena Castro Jatobá, em 2/10/2007, à empresa Rocha
Construções Ltda., pelo não cumprimento do contrato celebrado entre a empresa e o município de Roteiro/AL
(peça 64, p. 21-31);
d) recibo e nota fiscal no valor de R$ 150.000,00, em 13/6/2002, emitidos pela Rocha Construções
referente a pagamento da Prefeitura de Roteiro/AL (peça 64, p. 32-36);
e) documentação relativa à vistoria da Funasa e à análise da prestação de contas pela Funasa (peça 64, p.
38-60);
f) prestação de contas ao TCE/AL (peça 64, p. 61-70); e
g) fotos dos módulos sanitários (peça 64, p. 71-139).
II. Análise da defesa da ex-prefeita
23. A defesa confere interpretação diversa aos relatórios da fiscalização da Funasa quando afirma ter
havido “pequenas falhas de execução”, “pequenas diferenças no cumprimento técnico da obra”, quando, na
verdade, os relatórios da Funasa impugnaram os serviços executados a ponto de considerar os módulos
inservíveis para o uso dos beneficiários e apontar a execução de zero por cento das obras.
23.1. Importante frisar que a própria gestora informa em sua defesa que se baseava nas informações
prestadas pela Construtora quanto à regular execução das obras (vide 22.1), quando deveria ter se escorado em
relatórios, pareceres e/ou laudos emitidos pelo engenheiro fiscal da Prefeitura.
23.2. O exame da documentação da prestação de contas evidencia falhas que denotam a falta de diligência
no trato da coisa pública. Os recursos federais no valor total de R$ 150.000,00 foram repassados em 6/6/2002
(peça 1, p. 30) e a então prefeita ordenou o pagamento integral à empresa em 13/6/2002 (peça 1, p. 57), apenas
seis dias úteis depois.
23.3. O pagamento, pelo que consta nos autos, se baseou em um mero recibo e em uma nota fiscal no
valor de R$ 150.000,00 (peça 1, p. 55-56), sem o atesto do fiscal responsável, ou seja, sem devida liquidação da
despesa, o que constitui ofensa ao disposto nos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964. Além disso, o pagamento
efetuado pela ex-prefeita não se baseou em nenhuma medição atestada pelo fiscal ou em relatório por ele
produzido.
23.4. A Súmula do contrato juntado à prestação de contas informa que o objeto era a construção de 130
módulos sanitários e que o valor era de R$ 155.526,58 (peça 1, p. 54), resultando da Tomada de Preços 1/2002
(peça 1, p.53).
23.5. Contudo, é necessário destacar que a mesma empresa foi contratada pelo Município de Roteiro/AL,
em 26/6/2001, para executar obras do sistema de abastecimento de água do município, no valor total de R$
383.631,58 (peça 64, p. 46-48).
23.6. No contrato para a realização dos módulos sanitários, a cláusula quinta prevê (peça 66, p. 44):
As obras serão recebidas provisoriamente pela fiscalização, mediante termo circunstanciado e firmado
conjuntamente com o representante legal da Empresa no prazo máximo de 05 dias à contar da data do
recebimento da comunicação escrita do Contratado. Vistoriadas as obras e sanadas pela empresa as
imperfeições porventura existentes, o que deverá ocorrer em prazo razoável fixado pela fiscalização, será a obra
definitivamente recebida pela Comissão Especial constituída pelo Secretário de Viação e Obra e o
Engenheiro Fiscal de que se lavrará o termo circunstanciado que levará a assinatura dos interessados.
(grifos nossos)
23.7. Não foi apresentada pela defesa que a obra tenha sido fiscalizada pelo Município e nem há termo de
recebimento firmado pela comissão especial prevista no contrato. Com isso, a ex-prefeita além de descumprir a
norma contratual e legal (art. 73, inciso I, da Lei 8.666/1993), chamou para si toda a responsabilidade pelas
irregularidades havidas na execução do empreendimento. Não precisa, como ela alega, ser arquiteta ou
engenheira, para exigir da empresa o fiel cumprimento dos termos do contrato e adotar as medidas
administrativas cabíveis para resguardar os interesses do Município.
23.8. Mas, ao contrário, a sra. Maria Helena Jatobá não observou as regras legais estampadas na Lei de
Licitações acerca da fiscalização dos contratos. Não foi apresentado o ato de designação do representante da
420

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

administração responsável pelo acompanhamento e fiscalização do contrato, previsto no art. 67 da Lei


8.666/1993.
23.9. Por isso, serve como prova contra si, a alegação da ex-prefeita de que o “engenheiro da Construtora
lhe informou ter resolvido todas as pendências”. Quem deveria atestar a regularidade da obra era o laudo ou
termo ou relatório do fiscal da obra ou da comissão prevista na lei e no contrato. Se tivesse agido com respeito à
legislação, a ex-prefeita poderia agora ter atenuada sua situação, pois a responsabilidade poderia ser atribuída,
pelo menos em parte, ao fiscal que atestou a regular execução da obra ou à comissão que recebeu a obra.
23.10. Depois, a ex-prefeita busca atribuir a responsabilidade ora à empresa contratada, ora aos próprios
beneficiários dos módulos, que os teriam destruído ou vendido o material. Ainda que não possa ser inteiramente
afastada a tese que aponta que os beneficiários teriam destruído os módulos, cabe à ex-prefeita fazer prova do
que afirma.
23.11. Se a obra tivesse a devida fiscalização e a prefeita tivesse exigido um relatório técnico para só
depois efetuar o pagamento, teria evitado o prejuízo aos cofres públicos, ou, pelo menos, poderia estar mais
resguardada acerca da sua responsabilidade. Se tivesse exigido do fiscal que ela deveria ter designado por força
de lei para fiscalizar o contrato, que elaborasse relatório individualizado para cada módulo edificado, com as
fotos após a conclusão de cada módulo, poderia tê-las apresentado à Funasa e apresentar agora nesta defesa.
Mas, o que foi agora juntado são fotos genéricas, que não servem de meio de prova, sendo útil à sua defesa
buscar, sem provas, atribuir a culpa aos beneficiários.
23.12. Vale registar que na primeira fiscalização da Funasa, em 2003, a ex-prefeita teve conhecimento
ainda em seu mandato, findo em 31/12/2004 (peça 1, p. 36-41). Nova vistoria em 14/4/2004, manteve as
mesmas constatações (peça 1, p. 42-44). Ou seja, a ex-prefeita teve tempo para corrigir o que ela chama de
“pequenas falhas de execução”, ainda no seu mandato, mas não o fez.
23.13. O questionamento acerca da suposta divergência entre a fiscalização técnica da Funasa que
apontou a execução de 0% e a do relatório do técnico em educação e saúde que registrou a execução de 100%
não procede. O primeiro fiscalizou a execução física da obra dos módulos sanitários. O segundo, verifica a
execução do Programa de Educação em Saúde e Mobilização Social – PESMS, que abrange a avaliação de
efetividade do programa de educação em saúde e mobilização social (PESMS) para a sustentabilidade das ações
de saneamento financiadas e é custeado com recursos da contrapartida.
23.14. Quanto à alegação de que suas contas foram aprovadas pelo TCE/AL também em nada lhe socorre
neste processo, por tratar esta tomada de contas especial de gestão de verba federal, não compreendida na
análise das contas pelo TCE/AL. Ademais, uma decisão do Tribunal Estadual não afasta a competência desta
Corte Federal, em face da independência das instâncias. A respeito, vale citar trecho do Voto lavrado pelo
Ministra Ana Arraes, que resultou no Acórdão 1.445/2015-TCU-2ª Câmara:
Quanto à aprovação das contas do recorrente no âmbito do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado
de Goiás, é evidente que não há qualquer impacto daquela apreciação sobre o juízo do TCU nos presentes autos.
Ao lado da divergência entre as matérias examinadas em cada esfera, é necessário destacar que a aprovação da
gestão não permite afastar a independência de atuação e a jurisdição sobre os recursos de origem federal que são
deferidas ao TCU.
23.15. Quanto a não ter havido dano ao erário, não assiste razão à responsável. Obras inconclusas e que
não tem funcionalidade para os beneficiários constitui desperdício de recursos públicos, que devem ser
ressarcidos aos cofres públicos. Nessa linha é a jurisprudência pacífica desta Corte, a exemplo do Acórdão
267/2018-TCU-2ª Câmara, relatado pelo Ministro Aroldo Cedraz, que em seu Voto assentou:
8. Nessas circunstâncias, em que não restam demonstradas a funcionalidade da obra e a consequente
serventia à população, impõe-se a devolução integral dos recursos federais repassados no âmbito do Convênio
2.041/2005, seguindo a jurisprudência majoritária do TCU, da qual podem ser citados como exemplo os
Acórdãos 358/2017-TCU-1ª Câmara da relatoria do Ministro Benjamin Zymler, 2.793/2016-TCU-Plenário da
relatoria do Ministro José Múcio Monteiro, 494/2016-TCU-2ª Câmara da relatoria do Ministro André Luís de
Carvalho, 3.324/2015-TCU-2ª Câmara da relatoria do Ministro Augusto Nardes e 5.661/2014-TCU-1ª Câmara
da relatoria do Ministro Bruno Dantas.
23.16. A alegação de não ter havido dolo da ex-prefeita não afasta sua responsabilidade nos processos
nesta Corte, diferentemente do que se aplica nos processos judiciais de improbidade administrativa. Para expor
o entendimento desta Corte sobre a matéria, transcrevo excerto do voto do Ministro Raimundo Carreiro,
condutor do Acórdão 3.186/2008-TCU-2ª Câmara, verbis:
Por fim, como bem assinalou a unidade técnica, não procede a alegação de inexistência de dolo, a fim de
421

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

desconstituir a responsabilidade dos recorrentes, uma vez que trata de responsabilidade objetiva do gestor,
fundamentada na incidência de hipóteses legais objetivas. Nessa linha, cito excerto do Voto proferido pelo Exmº
Ministro Benjamin Zymler, no Acórdão 1.905/2004-TCU-Segunda Câmara, in verbis:
‘Insistiu o recorrente na tese de que o débito somente lhe poderia ser atribuído se provados, além da
ocorrência do dano, a culpa ou o dolo. Por certo não se aplica no âmbito do processo no TCU a teoria da
responsabilidade objetiva, que prescinde a demonstração de culpa ou dolo. Contudo, o parágrafo único do art.
70 da Constituição Federal impõe ao gestor público o dever de demonstrar a boa e regular aplicação dos
recursos sob sua guarda, sendo que a omissão ou falta de exação no cumprimento dessa obrigação induz a
presunção de culpa. Não cabe ao Tribunal de Contas da União provar a culpa do agente público, mas antes
exigir que esse demonstre, por meio da competente prestação de contas, que administrou o patrimônio público
de acordo com a lei. Caso não logre produzir tal prestação de contas, restará presumida sua culpa.’
23.17. A notificação extrajudicial da empresa feita pela ex-prefeita não afasta e nem mitiga sua
responsabilidade. As medidas cabíveis deveriam ter sido adotadas antes do pagamento indevido à empresa –
posto que sem atesto e sem relatório do fiscal da obra acerca da regularidade e integralidade dos serviços
realizados – ou ainda durante o seu mandato, quando teve tempo mais que suficiente para corrigir os vícios
apontados pela Funasa.
23.18. Por fim, não lhe socorre neste processo a colocação de que “a sentença proferida no processo
judicial, o qual já transitou em julgado, deverá repercutir neste processo administrativo, considerando que, não é
possível no mundo jurídico decisões que versam sobre o mesmo objeto, possuírem decisões distintas.”
Notadamente, porque o processo foi arquivado por falta de provas. Na sentença, a Exma. Juíza ainda registrou a
existência desta tomada de contas especial (peça 64, p. 15):
Ressalte-se, ainda, no que tange à alegação de que as obras não foram realizadas na sua integralidade, que
está sendo procedida Tomada de Contas Especial, com análise pelo Tribunal de Contas da União, ainda
pendente de conclusão, a qual poderá ensejar título executivo extrajudicial, no caso de, eventualmente, serem
encontrados valores a serem restituídos ao erário.
Pelas razões acima expostas, ante à ausência de provas do alegado, julgo improcedente a pretensão
autoral, extinguindo o feito na forma do art. 269, inciso I, do CPC.
23.19. A independência entre as instâncias judicial e administrativa está sobejamente tratada na
jurisprudência desta Corte, conforme exemplos extraídos da Jurisprudência Selecionada desta Corte:
A independência entre as instâncias permite que uma mesma conduta seja valorada de forma diversa, em
ações de natureza penal, civil e administrativa. A ação por improbidade administrativa, de natureza civil, não
vincula o juízo de valor formado na seara administrativa. Apenas a sentença absolutória no juízo penal fundada
no reconhecimento da inexistência material do fato tem habilidade para repercutir no TCU e afastar a imposição
de obrigações e sanções de natureza administrativa.
Acórdão 344/2015-Plenário Relator: WALTON ALENCAR RODRIGUES
A exceção para o princípio da independência entre as instâncias está presente apenas no âmbito penal, em
sentença absolutória por inexistência do fato ou pela negativa da autoria, podendo refletir sobre o processo
administrativo do TCU.
Acórdão 2610/2008-Plenário Relator: VALMIR CAMPELO
A sentença proferida pelo juízo cível, sob qualquer fundamento, não vincula a decisão administrativa
proferida pelo TCU, em razão do princípio da independência das instâncias. Apenas a sentença absolutória no
juízo criminal fundada no reconhecimento da inexistência material do fato ou na negativa de autoria tem
habilidade para impedir a responsabilização civil e administrativa do agente.
Acórdão 6903/2018-Segunda Câmara Relator: ANA ARRAES
24. Resta evidenciada a responsabilidade da sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins pela execução parcial
do objeto do convênio 2204/2001, celebrado entre a Prefeitura Municipal de Roteiro/AL e a Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), que consistia na execução de 130 melhorias sanitárias domiciliares.
25. A conduta da ex-prefeita pode ser caracterizada como erro grosseiro, nos termos do art. 28 do decreto
4.657/1942, incluído pela Lei 13.655/2018. Ao autorizar o pagamento por serviços que não haviam sido
executados na integralidade ou em conformidade com as especificações do projeto, sem a devida liquidação da
despesa e sem relatório que atestasse a regularidade dos serviços pelo fiscal do contrato, a responsável incorreu
em culpa, no mínimo, culposa. É de se esperar que um administrador médio, diante de pagamento de serviços de
engenharia, que não seja sua área de formação profissional, buscaria se cercar de cautelas, em especial com o
cumprimento estrito das regras legais, que neste caso, incluiriam exigir relatório do engenheiro fiscal da obra
422

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

que atestasse a integralidade e a regularidade dos serviços a serem pagos.


26. Há precedentes deste Tribunal que bem se aplicam ao caso vertente, em relação ao
enquadramento da conduta da responsável:
O erro grosseiro a que alude o art. 28 do Decreto-lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro), incluído pela Lei 13.655/2018, fica configurado quando a conduta do agente público se distancia
daquela que seria esperada do administrador médio, avaliada no caso concreto.
Acórdão 2860/2018-Plenário Relator: AUGUSTO SHERMAN
Para fins do exercício do poder sancionatório do TCU, pode ser tipificado como erro grosseiro (art. 28 do
Decreto-lei 4.657/1942 – Lindb) o descumprimento de normativo da entidade pelo gestor, especialmente o que
resultar em danos materialmente relevantes.
Acórdão 2677/2018-Plenário | Relator: BENJAMIN ZYMLER
Para fins do exercício do poder sancionatório do TCU, erro grosseiro é o que decorreu de grave
inobservância do dever de cuidado, isto é, que foi praticado com culpa grave.
Acórdão 2391/2018-Plenário | Relator: BENJAMIN ZYMLER
27. Isso posto, nada obstante o ressarcimento do débito feito pela empresa contratada pelo Município,
arrolada como responsável solidária com a ex-prefeita neste processo, considera-se não estar afastada a
responsabilidade da ex-gestora pela conduta irregular. Não há, também, pela análise acima desenvolvida, como
aferir sua boa-fé, podendo-se, desde logo, nos termos do art. 202, § 6º, do Regimento Interno do TCU, propor
que suas contas sejam julgadas irregulares, com fundamento no art. 16, inciso III, alíneas “b” e “c” da Lei
8.443/1992.
28. Registre-se que a ex-prefeita solicitou a o parcelamento do débito, nos mesmos termos dos itens 9.1 e
9.2 do Acórdão 8.814/2015-TCU-2ª Câmara, ressaltando, na petição, que não reconhecia quaisquer
irregularidades na execução do citado convênio (peça 58). O parcelamento, na verdade, já estava autorizado
pelo item 9.2 do referido Acórdão (peça 29), mas a ex-prefeita não ressarciu nenhum valor.
29. Quanto à possibilidade de propor a aplicação de multa à ex-prefeita verifica-se que o fato irregular foi
a despesa impugnada, realizada em 13/6/2002. Como a citação foi ordenada em 19/11/2014 (peça 8), data do
despacho que determinou a citação, fica caracterizada a prescrição da pretensão punitiva, consoante
entendimento firmado por este Tribunal no Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário, em Incidente de Uniformização
de Jurisprudência, que assentou que a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União subordina-se ao prazo
geral de prescrição indicado no art. 205 do Código Civil, que é de dez anos, contados a partir da data de
ocorrência da irregularidade sancionada, nos termos do art. 189 do Código Civil.
III. Análise do recolhimento do débito
30. Autorizado o parcelamento pelo Acórdão 8.814/2015-TCU-2ª Câmara, a empresa Rocha Construções
foi devidamente notificada (peças 35 e 38) e recolheu a primeira parcela, no valor de R$ 9.880,00, em
19/11/2015 (peça 42). Os recolhimentos foram efetuados conforme abaixo:
DATA VALOR PEÇA DATA VALOR PEÇA
19/11/2015 9.880,00 42 25/05/2017 10.463,42 80
18/12/2015 9.978,00 46 23/06/2017 10.495,85 81
19/01/2016 10.076,00 47 25/07/2017 10.471,72 82
16/02/2016 10.073,25 48 25/08/2017 10.496,84 83
14/03/2016 10.201,18 49 e 50 25/09/2017 10.516,79 84
25/04/2016 10.339,98 54 e 55 25/10/2017 10.533,61 85
25/05/2016 10.405,12 60 24/11/2017 10.577,86 86
25/06/2016 10.405,12 62 26/12/2017 10.607,50 87
25/07/2016 10.859,00 67 25/01/2018 10.654,15 88
25/08/2016 10.598,00 68 23/02/2018 10.685,42 89
25/09/2016 10.642,49 71 23/03/2018 10.719,20 90
25/10/2016 10.265,41 73 19/04/2018 10.728,85 91
23/11/2016 10.330,67 74 24/05/2018 10.752,43 93
23/12/2016 10.317,91 75 25/06/2018 10.795,45 95
26/01/2017 10.348,87 76 25/07/2018 10.931,46 96
24/02/2017 10.376,97 77 24/08/2018 10.931,46 97
24/03/2017 10.423,04 78 25/09/2018 10.975,70 98
25/04/2017 10.454,57 79 25/10/2018 11.028,37 99
31. Consoante Demonstrativo de Débito do TCU à peça 100, o valor do débito atualizado monetariamente
423

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

totalizou R$ 352.785,00, que foi integralmente recolhido pela empresa Rocha Construções Ltda.
32. Neste caso, considerando que para pessoas jurídicas de direito privado, não há como se avaliar a boa-
fé, e que não há outras irregularidades no processo, conclui-se que este Tribunal possa lhe dar quitação.
33. Este Tribunal considera que na hipótese de ocorrência de dano ao erário de responsabilidade do
agente público e do terceiro contratado, ambos devem ter suas contas julgadas irregulares e ser condenados
solidariamente ao ressarcimento do prejuízo causado. Entretanto, neste caso, não havendo mais o dano aos
cofres públicos, em face do ressarcimento integral do débito pela empresa, considera-se que as contas da
empresa não devam ser objeto de julgamento.
CONCLUSÃO
34. A empresa Rocha Construções, arrolada como corresponsável pelo débito decorrente da execução
parcial do objeto do Convênio 2204/2001, apresentou defesa que foi rejeitada pelo Tribunal, conforme Acórdão
8.914/2015-TCU-2ª Câmara, que também autorizou o parcelamento do débito em 36 parcelas mensais (itens 9 a
15).
35. A responsável, Maria Helena Jatobá, apresentou defesa intempestiva. Embora sem previsão legal, mas
para propiciar ampla defesa, este Tribunal concedeu prazo adicional à ex-prefeita. Sua defesa foi acima
analisada e não apresentou elementos que afastem sua corresponsabilidade pela ocorrência da irregularidade
consistente no pagamento integral à contratada por serviços que não foram prestados ou o foram sem atender às
especificações técnicas (itens 16 a 23).
36. A empresa efetuou o recolhimento integral do débito, atualizado monetariamente, podendo-se lhe dar
quitação (itens 30 a 32).
37. No caso da ex-prefeita, a conclusão é pela proposta de rejeitar as alegações de defesa, afastar o débito,
em face do recolhimento integral pelo devedor solidário, e julgar irregulares as suas contas, com fundamento no
art. 16, inciso III, alíneas “b”, da Lei 8.443/1992 (itens 27 e 28).
38. Não será proposta a aplicação de multa em face da prescrição da pretensão punitiva (item 29).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
39. Diante do exposto, submete-se a proposta a seguir à apreciação superior, e posterior envio ao
Ministério Público junto ao TCU, para a audiência obrigatória prevista no art. 81, inciso II, da Lei 8.443/1992, e
subsequente remessa ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-Relator:
a) julgar irregulares, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, e 19, da Lei 8.443/1992, as
contas da sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF: 482.918.464-72), ex-prefeita municipal de Roteiro/AL;
b) dar quitação, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, à empresa Rocha Construções Ltda.
(CNPJ: 01.339.526/0001-63);
c) encaminhar cópia do Acórdão à Fundação Nacional de Saúde, destacando que o relatório e o voto que
fundamentam a deliberação ora encaminhada podem ser acessados por meio do endereço eletrônico
www.tcu.gov.br/acordaos e que, caso tenham interesse, o Tribunal pode encaminhar-lhes cópia desses
documentos sem quaisquer custos.
2. O Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), representado nos autos pelo Procurador Sérgio
Ricardo Costa Caribé, divergiu do encaminhamento sugerido pela unidade técnica, nos seguintes
termos (peça 103):
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em vista de
irregularidades na execução do Convênio 2.204/2001 (Siafi 439103), cujo objeto era a construção de 130
melhorias sanitárias domiciliares no Município de Roteiro/AL.
2. O relatório de TCE concluiu pela existência de débito no valor de R$ 150.000,00, correspondente ao
montante total transferido pela Funasa, tendo em vista que os módulos sanitários apresentaram
desconformidades com o plano de trabalho, atinentes às especificações técnicas e ao material empregado.
3. Por meio do Acórdão 8.914/2015-TCU-2ª Câmara, este Tribunal rejeitou as alegações de defesa
apresentadas pela empresa Rocha Construções Ltda. e fixou-lhe novo e improrrogável prazo de quinze dias para
efetuar e comprovar o recolhimento do débito aos cofres da Funasa (peça 29).
4. Após a prolação da referida decisão, a ex-Prefeita, Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins, protocolou o
expediente na peça 41, solicitando a devolução de prazo para apresentação de alegações de defesa, pedido
acatado por Vossa Excelência em razão de não ter sido proferido julgamento das contas da responsável.
5. A defesa foi objeto de exame na peça 101, resultando em proposta uniforme de julgar irregulares as
contas da Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins e de dar quitação à empresa Rocha Construções Ltda., haja vista
424

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

o recolhimento tempestivo do débito. A aplicação de multa foi afastada em decorrência da prescrição da


pretensão punitiva.
6. Manifesto concordância parcial com a proposta formulada pela Secex-AL.
7. Em relação à Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins, considero adequado julgar irregulares suas contas,
haja vista a gravidade das falhas detectadas pela Funasa durante as visitas às obras, revelando a omissão da ex-
prefeita em acompanhar a execução do convênio ou em designar quem o fiscalizasse.
8. Assim, tendo em vista que as alegações de defesa não lograram êxito em afastar a responsabilidade
pelo prejuízo causado aos cofres públicos, o juízo formado com base no contexto fático observado conduz à
irregularidade das contas da ex-gestora. Contudo, como destacou a Secex-AL, não mais é possível aplicar multa
à responsável, haja vista terem se operado os efeitos da prescrição da pretensão punitiva.
9. Quanto à empresa Rocha Construções Ltda. ME, entendo que, além da quitação quanto ao valor
recolhido, deva ter suas contas julgadas, por integrar o polo passivo desta TCE. Tal entendimento encontra
amparo na jurisprudência deste Tribunal, da qual colhi os seguintes enunciados:
O TCU pode julgar as contas de empresa contratada quando comprovado que contribuiu para a ocorrência
de dano ao erário, com base em interpretação sistemática das disposições dos arts. 70 e 71, inciso II, da
Constituição Federal, c/c os arts. 5º, inciso II, e 16, § 2º, da Lei 8.443/1992. (Acórdão 29/2018-TCU-Plenário);
Na hipótese de dano ao erário de responsabilidade de agente público e de empresa contratada, ambos
devem ter as contas julgadas irregulares e ser condenados solidariamente ao ressarcimento do prejuízo causado
(arts. 70 e 71, inciso II, da Constituição Federal c/c os arts. 5º, inciso II, e 16, § 2º, da Lei 8.443/1992). (Acórdão
368/2018-TCU-Plenário e Acórdão 2.876/2018-TCU-Plenário);
10. A divergência que ainda se verificava nas deliberações do Tribunal acerca do tema foi pacificada pelo
Acórdão 321/2019-TCU-Plenário, que apreciando incidente de uniformização de jurisprudência suscitado por
este membro do Ministério Público de Contas, firmou entendimento nos seguintes termos:
“Compete ao TCU, de acordo com as disposições dos artigos 70, parágrafo único, e 71, inciso II, da
Constituição de 1988 c/c os artigos 5º, inciso II, 16, § 2º, e 19 da Lei 8.443/1992 e o artigo 209, § 6º, do
Regimento Interno, julgar as contas de pessoa física ou jurídica de direito privado que causarem dano ao erário,
independentemente da coparticipação de servidor, empregado ou agente público, desde que as ações do
particular contrárias ao interesse público derivem de ato ou contrato administrativo sujeitos ao Controle
Externo”
11. Ademais, o julgamento das contas encontra amparo na interpretação conjunta dos §§ 2º ao 4º do art.
202 do Regimento Interno do TCU, in verbis:
§ 2º Na oportunidade da resposta à citação, será examinada a ocorrência de boa-fé na conduta do
responsável e a inexistência de outra irregularidade nas contas.
§ 3º Comprovados esses requisitos e subsistindo o débito, o Tribunal proferirá, mediante acórdão,
deliberação de rejeição das alegações de defesa e dará ciência ao responsável para que, em novo e
improrrogável prazo de quinze dias, recolha a importância devida.
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, a liquidação tempestiva do débito atualizado monetariamente
saneará o processo e o Tribunal julgará as contas regulares com ressalva e dará quitação ao responsável. (grifou-
se)
12. Assim, considerando que o caso em tela se amolda aos procedimentos acima descritos, visto ter sido
proferida a decisão preconizada no § 3º, e efetuada a liquidação do débito, conforme § 4º, cabe, além de dar
quitação à empresa, proferir julgamento pela regularidade com ressalva das contas da Rocha Construções Ltda.
ME.
13. Diante do exposto, este membro do Ministério Público de Contas propõe:
I – julgar irregulares, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, e 19, da Lei 8.443/1992,
as contas da Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF: 482.918.464-72), ex-prefeita municipal de Roteiro/AL;
II – julgar regulares com ressalvas, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, e 18, da Lei 8.443/1992,
as contas da Rocha Construções Ltda. ME;
III – com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, dar quitação à empresa Rocha Construções Ltda. ME.
É o relatório.

VOTO
425

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), em razão de irregularidades na execução do Convênio 2.204/2001 (Siafi 439103) firmado
com o município de Roteiro/AL, cujo objeto era a construção de 135 melhorias sanitárias domiciliares.
2. A avença vigorou até 3/1/2004, após prorrogação (peça 1, p. 33), e teve por objeto a execução
de melhorias sanitárias domiciliares, contemplando a meta 1 - construção de 130 módulos sanitários
domiciliares (MSD) e a meta 2 - programa de educação em saúde e mobilização social, conforme
plano de trabalho (peça 1, p. 7). Para tanto, foram previstos investimentos no montante de
R$ 157.895,00, sendo R$ 150.000,00 de responsabilidade da Funasa e R$ 7.895,00 a título de
contrapartida municipal, dos quais R$ 5.526,58 seriam destinados para cumprimento da meta 1 e
R$ 2.368,42 da meta 2 (peça 1, p. 7 e 17-24). Os recursos federais foram repassados em uma única
parcela e creditados na conta específica do convênio em 7/6/2002 (peça 1, p. 30 e 57).
3. O relatório do tomador de contas concluiu pela existência de débito no valor de
R$ 150.000,00, correspondente ao montante total transferido, tendo em vista que os módulos sanitários
apresentaram desconformidades com o plano de trabalho, atinentes às especificações técnicas e ao
material empregado.
4. O Controle Interno pronunciou-se pela irregularidade das contas da Sra. Maria Helena Castro
Jatobá Lins, ex-prefeita (peça 2, p. 177-182), posição ratificada pela autoridade ministerial (peça 2, p.
177-182).
5. No âmbito do TCU, a Secex-AL procedeu à citação da ex-prefeita (peças 5 e 14), e da
responsável pela execução da obra, a empresa Rocha Construções Ltda. (peças 13 e 14). Apenas a
empresa apresentou defesa ao Tribunal (peça 22), a qual foi objeto de exame à peça 24.
6. Na Sessão de 13/10/2015, o TCU apreciou a matéria e exarou o Acórdão 8.914/2015-TCU-2ª
Câmara, nos seguintes termos:
9.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Rocha Construções Ltda. (CNPJ 01.339.526/0001-
63);
9.2 com fundamento no art. 12, §§ 1º e 2º, da Lei 8.443/1992 e no art. 202, §§ 2º e 3º, do Regimento
Interno, fixar novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que os responsáveis
efetuem e comprovem, perante este Tribunal, o recolhimento da quantia a seguir especificada aos cofres da
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), atualizada monetariamente a partir da data indicada até a data do efetivo
recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
Débito (R$) Data
150.000,00 13/6/2002
9.3 autorizar o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da
Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira parcela em 15
dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 dias, devendo incidir sobre cada valor
mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação em vigor, sem prejuízo de alertar
os responsáveis que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela implicará o vencimento
antecipado do saldo devedor e o julgamento das contas.
7. Realizadas as notificações aos responsáveis decorrentes da decisão supra (peças 32-33 e 35-
38), a Sra. Maria Helena Jatobá solicitou a devolução do prazo para o exercício da defesa (peça 41),
tendo sido concedido quinze dias para que se manifestasse acerca dos fatos tratados na citação que lhe
fora anteriormente dirigida, nos termos do despacho acostado à peça 57. Em vista disso, a ex-prefeita
apresentou alegações de defesa constante da peça 64 (p. 1-12), juntamente com a documentação de
peças 64 (p. 13-241), 65 (p. 1-155) e 66 (p. 1-171).
8. A empresa Rocha Construções Ltda. procedeu ao recolhimento integral do débito, na forma
estabelecida no Acórdão 8.914/2015-TCU-2ª Câmara e transcrita no item 30 do relatório precedente.
9. A Secretaria do Tribunal de Contas da União no Estado do Alagoas (Sec-AL), ao analisar a
documentação carreada aos autos pela ex-prefeita e pela empresa Rocha Construções Ltda., propõe:
(a) julgar irregulares as contas da Sra. Maria Helena Castro Jatobá Lins, ex-prefeita de Roteiro/AL;
(b) afastar a aplicação de multa em virtude da prescrição da pretensão punitiva; e (c) dar quitação à
empresa Rocha Construções Ltda.
426

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

10. O Parquet especializado concordou parcialmente com a proposta da unidade técnica,


sugerindo julgar regulares com ressalvas as contas da empresa Rocha Construções Ltda., dando-lhe
quitação (peça 102).
11. Feito o resumo dos autos, passo ao mérito.
12. De plano, informo que acompanho a proposta da Sec-AL com o ajuste sugerido pelo
MPTCU e adoto seus fundamentos como minhas razões de decidir, naquilo que coincidem.
13. No que tange à empresa Rocha Construções Ltda.-ME, acolho o entendimento do Parquet
especializado no sentido de julgar suas contas regulares com ressalvas, dando-lhe quitação, ante a
comprovação do recolhimento integral do débito, em consonância com a jurisprudência deste Tribunal,
a exemplo dos Acórdãos 29/2018-TCU-Plenário, 368/2018-TCU-Plenário, 2.876/2018-TCU-Plenário
e 321/2019-TCU-Plenário.
14. No que diz respeito às alegações da Sra. Maria Helena Jatobá, entendo que não merecem
acolhimento.
15. Não vejo divergência entre a fiscalização técnica da Funasa que apontou a execução de 0%
(peça 1, p. 60) e o relatório do técnico da Funasa em educação e saúde que registrou a execução de
100% (peça 1, p. 64), conforme alegado pela ex-gestora. Isso porque a primeira diz respeito à
inexecução da construção de 130 módulos sanitários domiciliares (MSDs) referente à meta 1, enquanto
que o segundo se refere à execução com recursos exclusivamente da contrapartida municipal do
programa de educação em saúde e mobilização social relativa à meta 2.
16. A utilização dos recursos federais creditados na conta específica do convênio no pagamento à
empresa Rocha Construções, conforme recibo e nota fiscal acostados à peça 1, p. 55-56, não assegura
que os MSDs foram construídos de acordo com o plano de trabalho integrante do convênio, conforme
alega a ex-prefeita.
17. No mesmo sentido, não possuem força probatória para assegurar a execução física do objeto
da avença de acordo com o plano de trabalho, as fotos acostadas aos autos pela ex-prefeita, a título de
comprovação de realização das obras de construção dos 130 MSDs entre setembro e outubro de 2007
e, em alguns casos, conforme alega a ex-gestora, de que módulos teriam sido destruídos pelos próprios
beneficiários ou reformados ou, ainda, incorporados às respectivas casas.
18. Ressalto que a Funasa apontou diversas desconformidades com o plano de trabalho, atinentes
às especificações técnicas e ao material empregado, nos termos dos relatórios de vistoria técnica
acostados à peça 1, p. 38 e 42, e transcritas no relatório que precede este voto.
19. Também não merecem acolhimento as alegações da Sra. Maria Helena Jatobá de tentar
afastar sua responsabilidade e imputá-la exclusivamente à Construtora executora da obra ou aos
munícipes beneficiários das obras ou, ainda, à morosidade da Funasa em realizar a perícia técnica
final. Tampouco socorre a ex-prefeita a alegação de que o “engenheiro da Construtora lhe informou ter
resolvido todas as pendências” constatadas pela Funasa.
20. Acolho o entendimento da Sec-AL, que teve anuência do Parquet especializado, no sentido
de que a notificação extrajudicial da empresa feita pela ex-prefeita não afasta e nem mitiga sua
responsabilidade.
21. Sobre tais aspectos, pesa contra a ex-prefeita, no presente caso, a ausência nos autos do
termo de recebimento dos MSDs pela comissão especial da prefeitura, nos termos previstos na cláusula
quinta do contrato celebrado entre o Município de Roteiro/AL e a empresa Rocha Construções Ltda.,
para construção de 130 MSDs (peça 66, p. 44), consoante bem ressaltada pela unidade técnica e
transcrita no item 23.6 do relatório precedente a este voto.
22. Ademais, consoante ressaltado pela Sec-AL, a Sra. Maria Helena Jatobá não observou o
disposto nos arts. 67 e 73, inciso I, da Lei 8.666/1993 aplicáveis ao caso, verbis:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de
informações pertinentes a essa atribuição.
(...)
427

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:


I - em se tratando de obras e serviços:
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo
circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a
adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei;
23. A aprovação das contas da ex-prefeita pelo TCE/AL não afasta a responsabilidade da
Sra. Maria Helena Jatobá quanto à comprovação da boa e regular aplicação de recursos federais por ela
geridos no âmbito do convênio em epígrafe. Tampouco a “sentença proferida no processo judicial”
acostada aos autos pela ex-gestora (peça 64, p. 15), conforme destacou a unidade técnica, nos termos
transcritos no item 23.18 do relatório precedente a este voto. Destaco que, no presente caso, vale o
entendimento da jurisprudência desta Corte de Contas acerca da competência do TCU para verificação
do emprego de recursos federais e do princípio da independência das instâncias judicial, a exemplo dos
Acórdãos 6.903/2018-TCU-2ª Câmara, 344/2015-TCU-Plenário e 2.610/2008-TCU-Plenário, e
administrativa (Acórdãos 4.713/2018-TCU-2ª Câmara, 5.432/2015-TCU-1ª Câmara e 1.445/2015-
TCU-2ª Câmara, entre outros).
24. Quanto à alegação da Sra. Maria Helena Jatobá de que não houve dano aos cofres públicos
ou desvio de recursos, nem ato de improbidade, não assiste razão à responsável. Isso porque restou
constatado irregularidades na execução do objeto conveniado, conforme registrado nos relatórios de
vistoria técnica da Funasa acostados à peça 1, p. 38 e 42, e transcrita no relatório que precede este
voto.
25. Importa registrar que a jurisprudência desta Corte de Contas está consolidada no sentido de
que quando o objeto é executado parcialmente e não se vislumbra a possibilidade de aproveitamento
do que foi realizado para posterior conclusão, ou que se revela inservível ou sem funcionalidade após a
sua execução, completa ou parcial, aduz-se que houve completo desperdício dos recursos repassados,
os quais devem ser integralmente devolvidos aos cofres federais (Acórdãos: 5.175/2013-TCU-1ª
Câmara, 1.229/2010-TCU-2ª Câmara, 549/2018-TCU-1ª Câmara, 2.812/2017-TCU-1ª Câmara,
494/2016-TCU-2ª Câmara, entre outros).
26. A alegação de não ter havido dolo da ex-prefeita ou desvio de recursos não afasta sua
responsabilidade nos processos nesta Corte, tampouco há amparo legal para condicionar o julgamento
de tomadas de contas especiais à ocorrência de ato de improbidade administrativa, à luz da
jurisprudência desta Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 10.853/2018-TCU-1ª Câmara e
1.881/2014-TCU-2ª Câmara.
27. Acompanho o entendimento da unidade técnica, que teve o aval do representante do
MPTCU, de que a conduta da ex-prefeita pode ser caracterizada como erro grosseiro, nos termos do
art. 28 do Decreto 4.657/1942, incluído pela Lei 13.655/2018, pois autorizou o pagamento das obras de
construção dos 130 MSDs sem assegurar que os serviços foram executados integralmente ou em
conformidade com o plano de trabalho integrante da avença, à luz da jurisprudência deste TCU, a
exemplo dos Acórdãos 2.860/2018-TCU-Plenário, 2.677/2018-TCU-Plenário e 2.391/2018-TCU-
Plenário.
28. É de se esperar que um administrador, diante de pagamento de serviços de engenharia, que
não seja sua área de formação profissional, buscaria se cercar de cautelas, em especial com o
cumprimento estrito das regras legais que, no presente caso, estão expressas nos termos da cláusula
quinta do contrato celebrado entre o Município de Roteiro/AL e a empresa Rocha Construções Ltda.-
ME (peça 66, p. 44) e dos arts. 67 e 73, inciso I, da Lei 8.666/1993.
29. Por fim, tendo em vista não ter sido comprovada a boa-fé da Sra. Maria Helena Jatobá, nos
termos do art. 202, § 6º, do Regimento Interno do TCU, acolho a sugestão da unidade técnica, que teve
a anuência do MPTCU, de julgar irregulares as contas da responsável.
428

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

30. Deixo de propor multa à responsável, por restar caracterizada a prescrição da pretensão
punitiva, consoante entendimento firmado por este Tribunal no Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário,
consoante destacado pela unidade técnica nos termos do item 29 do relatório precedente a este voto.
Ante o exposto, VOTO para que seja acolhida a minuta de acórdão que ora trago à apreciação
deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2699/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 014.213/2014-1.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF 482.918.464-72); Rocha Construções
Ltda. - ME (CNPJ 01.339.526/0001-63).
4. Entidade: Município de Roteiro/AL.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Alagoas (Sec-AL).
8. Representação legal:
8.1. Isabela Oliveira Santos (OAB/DF 52.788) e outros, representando Rocha Construções Ltda.
- ME; 8.2. Fernando Antônio Barbosa Maciel (OAB/AL 4.690) e outros, representando Maria Helena
Castro Jatobá

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela
Fundação Nacional de Saúde, em razão de irregularidades na execução do Convênio 2.204/2001;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas de Maria Helena Castro Jatobá Lins (CPF 482.918.464-72), ex-
prefeita de Roteiro/AL, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, e 19, da
Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, do Regimento Interno do TCU;
9.2. julgar regulares com ressalvas as contas da Rocha Construções Ltda.-ME
(CNPJ 01.339.526/0001-63), com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da
Lei 8.443/1992, dando-lhe quitação;
9.3. dar ciência desta deliberação à Fundação Nacional de Saúde e aos responsáveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2699-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

GRUPO I – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 020.157/2015-0.
Natureza: Recurso de reconsideração (Tomada de Contas Especial).
Órgão/Entidade: Ministério da Cultura; e Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil
Central (Adebrac).
429

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Recorrente: Wagner Roberval Bernini (102.517.151-91).


Representação legal: Daniel Ricardo Davi Sousa (OAB/MG 94.229) e outros, representando
Wagner Roberval Bernini.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. APOIO A ATIVIDADES


CULTURAIS. NÃO EXECUÇÃO DE PARTE DO OBJETO. DÉBITO. RECURSO DE
RECONSIDERAÇÃO. ADEQUAÇÃO DA SANÇÃO REINTEGRATÓRIA APLICADA.
CONHECIMENTO DO RECURSO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como parte do relatório a instrução de mérito elaborada no âmbito da Secretaria de


Recursos (peça 99), que contou com a anuência dos dirigentes daquela unidade técnica (peças 100 e
101), transcrita a seguir com os ajustes de forma pertinentes:
INTRODUÇÃO
1. Trata-se de recurso de reconsideração (peça 67) interposto por Wagner Roberval Bernini, à época dos
fatos presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil Central (Adebrac), contra o
Acórdão 4231/2017-TCU-1a Câmara (peça 42), relatado pelo ministro Walton Alencar Rodrigues.
1.1. Reproduz-se integralmente o teor do dispositivo da decisão impugnada:
9. Acórdão:
[...]
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira Câmara, com
fundamento nos arts. 1°, inciso I, 12, §3°, 16, inciso III, alíneas "b" e "c", 19 e 23, inciso III, da Lei n°
8.443/1992, c/c os arts. 209, incisos II e III, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno, e ante as razões
expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil Central
- ADEBRAC e Wagner Roberval Bernini;
9.2. julgar irregulares as contas da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil Central -
ADEBRAC e de Wagner Roberval Bernini, condenando-os, em solidariedade, ao pagamento das quantias
abaixo discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculadas a partir da data
especificada até a efetiva quitação dos débitos, fixando-lhes o prazo de quinze dias, desde a ciência, para que
comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Tesouro Nacional;

VALOR ORIGINAL DATA DA OCORRÊNCIA


(R$)
14.160,00 25/11/2005
4.699,00 01/12/2005
52.140,00 11/11/2005
27.400,20 01/12/2005
9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n°
8.443/1992, caso não atendida a notificação;
9.4. remeter cópia do presente acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam:
9.4.1. à Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais, para ajuizamento das ações civis e penais
cabíveis, nos termos do art. 16, § 3°, da Lei n° 8.443/1992, c/c o art. 209, § 7°, do Regimento Interno;
9.4.2. ao Ministério da Cultura.
HISTÓRICO
2. O Ministério da Cultura (MinC) instaurou tomada de contas especial (TCE) ante a glosa de despesas
realizadas no âmbito do Convênio 291/2004 celebrado entre o Órgão e Agência de Desenvolvimento
Sustentável do Brasil Central (Adebrac). O ajuste tinha por objeto o apoio a atividades culturais em municípios
do Estado de Minas Gerais.
3. Para a execução do objeto, o Convenente transferiu R$ 208.000,00 à referida entidade, que se
comprometeu com contrapartida no valor de R$ 52.000,00.
430

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. No âmbito do Tribunal, citaram-se validamente a Adebrac e seu presidente para que apresentassem
alegações defensórias relativas às seguinte imputações (peças 24 e 30): (i) falta de prévio procedimento
licitatório e de previsão, no plano de trabalho aprovado, da aquisição de camisetas junto à empresa Emília
Osaki, no valor de R$ 18.859,00, em 25/11/2005 e 1/12/2005; (ii) falta de comprovação da destinação dos livros
editados e reeditados com recursos do convênio no valor de R$ 52.140,00, em 11/11/2005; (iii) falta de
comprovação da aplicação da contrapartida pactuada no Convênio 291/2004, Siafi 521498 (item 17).
5. Porque silenciaram, o Tribunal os reputou revéis, com fulcro no art. 12, § 3°, da Lei 8.443, de
6/7/1992.
6. O Tribunal entendeu que a falta de realização de procedimento licitatório, por si só, não implica dano
ao erário se demonstrada a aplicação dos recursos pecuniários federais na execução do objeto do convênio.
7. Reputou a Corte que no caso concreto não restou demonstrada tal aplicação. Primeiro, porque a compra
de camisetas não estava prevista no plano de trabalho e não se comprovou que se prestaram para atingir
finalidade pública relacionada ao objeto.
8. Segundo, porque, conquanto tenham sido apresentados comprovantes de despesas relativos ao serviço
de edição de livros, o Convenente asseverou que distribuiu os livros ao Arquivo Público de Uberaba e às
bibliotecas de escolas públicas e privadas daquela cidade, nada obstante não haver cuidado de documentar essa
distribuição para o fim de comprová-la.
9. Terceiro, porque não se comprovou a aplicação da contrapartida pactuada.
10. Considerando os valores pecuniários das partes do objeto do convênio efetivamente executados,
entendeu o Tribunal imputável ao ora recorrente débito em que se constituem os valores constantes da tabela
transcrita no dispositivo da decisão, atualizados monetariamente a contar das respectivas datas ali anotadas na
forma da legislação aplicável.
11. Por fim, a Corte reputou prescrita a pretensão do Estado de aplicar multa ao ora recorrente.
12. Conseguintemente, proferiu-se a decisão reproduzida no subitem 1.1 desta instrução.
13. O interessado vem interpor o recurso ora examinado para pedir (peça 67, p. 17) à Corte que dele
conheça, dê-lhe efeito suspensivo e, em arguições preliminares e meritórias, sucessivamente:
a) declare nula a decisão vergastada;
b) repute prescrita a pretensão do Estado de condená-lo a ressarcir o erário;
c) reforme a decisão no sentido de reputar elidido o débito imputado e julgar as contas especiais
regulares;
d) reforme a decisão no sentido de, sem reputar elidido o débito imputado, julgar as contas especiais
regulares com ressalva.
14. Adicionalmente, pede, ante o acolhimento de um dos três primeiros pedidos retro, a devolução de
valor recolhido correspondente a parte do débito imputado e requer o endereçamento de notificações e
publicações ao advogado Daniel Ricardo Davi Sousa, OAB/MG 94.229.
ADMISSIBILIDADE
15. Exarou-se exame da admissibilidade do recurso à peça 70, em que se propõe dele conhecer e
suspender os subitens 9.2 e 9.3 da decisão combatida. O seu relator, ministro Vital do Rêgo, acolheu a proposta
e estendeu à Adebrac os efeitos suspensivos do recurso em seu despacho trazido à peça 76.
MÉRITO
16. Delimitação
16.1. Quanto ao mérito do recurso, no essencial é de perquirir:
a) se seria nula a decisão impugnada ante a pretensa falta de cientificação do ora recorrente do
deferimento de seu pedido de dilação de prazo para a apresentação de suas alegações de defesa (nesta instrução,
item 17);
b) se haveria prescrito a pretensão do Estado de condenar o ora recorrente a ressarcir o erário (ibid.,
item 18);
c) se pareceres emitidos no âmbito do Controle Interno no sentido da aplicação boa e regular dos recursos
pecuniários em foco se constituiria em meio de prova (ibid., item 19);
d) se seria inexigível a promoção de procedimento de licitação para a aquisição dos bens mediante os
quais se atingiria a finalidade do convênio (ibid., item 20);
e) se a aquisição de camisetas seria conforme a finalidade do convênio e se teria sido provada a boa e
regular aplicação dos recursos pecuniários para tanto (ibid., item 21);
431

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

f) se teria sido comprovada a boa e regular aplicação dos recursos pecuniários repassados na aquisição de
livros (ibid., item 22);
g) se teria sido provada aplicação da contrapartida (ibid., item 23);
h) se a imputação de débito requereria a comprovação pelo Estado da má-fé do ora recorrente (ibid., item
24);
i) se cabe, na hipótese de reforma da decisão no sentido de elisão da imputação de débito, a devolução de
valores pretensamente recolhidos a título de pagamento de parte da dívida (ibid., item 25).
17. Da pretensa nulidade da decisão
Alegação
17.1. O recorrente assevera (peça 67, p. 2 e 4-7) que teria sido nula a decisão vergastada.
17.2. Teria ele requerido dilação de prazo para apresentação da defesa e logrado seu deferimento em
10/1/2017, como se constataria no despacho trazido à peça 34.
17.3. Todavia, não teria sido cientificado da concessão da mencionada dilação “por nenhum dos meios de
divulgação elencados no art. 22 da Lei 8.443/92 e no art. 179 do RITCU”, o que teria impossibilitado a
apresentação de suas alegações de defesa.
17.4. Com isso, teriam sido desrespeitados os princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e
do devido processo legal.
17.5. Nesse sentido seria a infratranscrita manifestação do Raimundo Carreiro na fundamentação de
decisão proferida pela Corte nos autos do TC 008.202/2014-1:
Nesse passo, a proposta que apresento baseia-se nos princípios da ampla defesa e do contraditório, do
formalismo moderado e da verdade material, visto que, caso o responsável houvesse sido notificado sobre o
deferimento da prorrogação de prazo, ainda que extemporaneamente, poderia ter solicitado nova prorrogação e
assim apresentado seus argumentos de defesa. Sendo assim, ratifico minha proposta de acolher os pareceres
uníssonos da Secretaria de Recursos, integralmente ratificados pelo MP/TCU, no sentido de dar provimento ao
recurso interposto pelo Rodrigo Xavier de Araújo, a fim de tornar insubsistente o Acórdão nº 1.440/2016 – 2ª
Câmara (...).”. (Relatora: Ministra Ana Arraes).
Análise
17.6. Não assiste razão ao recorrente.
17.7. Estatui o art. 183, parágrafo único, da Resolução 246 do TCU, de 30/11/2011 (Regimento Interno)
que a prorrogação de prazos nela estabelecidos independe de notificação do interessado. Dessa maneira, tal
notificação não é obrigatória e, corolário, sua não feitura não implica nulidade.
17.8. Não é escusável o desconhecimento desse dispositivo. Primeiro, porque cumpre ao responsável
inteirar-se das normas regimentais da Corte ao ser chamado a processo de controle administrativo da
competência daquela. Segundo, porque tal informação constou expressamente do item 5 do expediente de
citação (peça 30) do ora recorrente.
17.9. Registre-se, por fim, que o entendimento mencionado pelo recorrente no TC-008.202/2014-1 se
constituiu em voto vencido, tendo o Acórdão 12.750/2016-2ª Câmara, prolatado naqueles autos, concluído pela
ausência de nulidade pelas mesmas razões apresentadas neste exame.
18. Da pretensa incidência do instituto da prescrição
Alegação
18.1. O recorrente assevera (peça 67, p. 7-8) que mediante o art. 6o da sua Instrução Normativa 71/2012 a
Corte fez dispensável a instauração de tomada de contas especial.
18.2. Aplicar-se-ia o instituto porque, mais de dez anos intermediaram entre a pretensa ocorrência dos
fatos e seu chamamento à persecução de controle administrativo.
18.3. Ter-se-ia emitido em 21/10/2016 o “primeiro despacho nos autos perante o Tribunal de Contas da
União”, mediante o qual se determinou a citação dos responsáveis e o Tribunal teria entendido no julgamento
impugnado ser 30/1/2016 o termo inicial para a contagem do prazo prescricional.
18.4. Haveria nos autos diversos elementos comprobatórios da execução física e financeira do objeto do
convênio, como pareceres. Visto que não haveria dando ao erário, descaberia falar em não aplicação do instituto
em foco.
Análise
18.5. A alegação não se presta para justificar reforma da decisão.
432

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

18.6. Como registrado em sua fundamentação (peça 43), o Tribunal entendeu ter havido no caso sob
exame a assim chamada “prescrição punitiva”, vale dizer, a prescrição da pretensão do Estado de, pessoalizado
pelo Tribunal, aplicar ao ora recorrente a sanção pecuniária prevista na Lei 8.443, de 16/7/1992.
18.7. Aplicou-se, por essa maneira, tão somente a sanção reintegratória do patrimônio público, ante o
prejuízo a ele causado pelo ora recorrente, cuja pretensão de aplicação é imprescritível ante o disposto no
art. 37, § 5o, da Constituição da República, na visão do Supremo Tribunal Federal (STF).
18.8. Aquela Corte, em decisão proferida no julgamento do Mandado de Segurança (MS) 26.210,
publicado no Diário Oficial da União (D.O.U.) de 10/10/2008, reconheceu a imprescritibilidade das ações de
ressarcimento da competência do Tribunal de Contas da União (TCU), independentemente de regulamentação
do dispositivo. Na oportunidade, decidiu:
deixar assente no âmbito desta Corte que o art. 37 da Constituição Federal conduz ao entendimento de
que as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são
imprescritíveis, ressalvando a possibilidade de dispensa de instauração de tomada de contas especial prevista
no § 4º do art. 5º da IN TCU 56/2007. [grifou-se]
18.9. Recentemente, alterou a abrangência desse entendimento no julgamento do Recurso Extraordinário
(RE) 669.069, em que se discutiu o prazo de prescrição da pretensão ao ressarcimento por danos causados ao
erário por ilícito civil. Na ocasião, fez-se assente que:
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja
ser ressarcido ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei. (STF. Plenário. RE
669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016) [grifou-se]
18.10. No julgamento, salientou o ministro Marco Aurélio de Mello que “[a] tese não revela o contrário,
ou seja, que, no caso de improbidade, a ação é imprescritível!” [grifou-se]. O ministro Luís Roberto Barroso
asseverou: “o prazo de prescrição é uma questão infraconstitucional. Eu acho que nós temos que dizer que é
prescritível”, ao que acresceu o ministro Dias Toffoli: “É infraconstitucional. Basta falar se é prescritível ou
não. E a lei define os prazos”.
18.11. Com isso, o STF firmou entendimento de que, diferentemente do que outrora entendera no referido
julgamento havido em mandado de segurança, não é necessariamente imprescritível a pretensão do Estado a
ressarcimento promovida mediante ação contra o agente causador do dano: na visão daquela Corte não o são, ao
menos, as decorrentes de dano patrimonial causado por ilícito civil.
18.12. Na mencionada decisão, o STF não se pronunciou acerca da prescritibilidade da pretensão do
Poder Público a ressarcimento de dano que lhe tenha sido causado por ilícito administrativo deduzida mediante
processo de controle administrativo.
18.13. Isso se dará quando aquela Corte julgar o Recurso Extraordinário (RE) 636.886, cuja repercussão
geral reconheceu em 3/6/2016 em seu Plenário Virtual. Por ora, o entendimento daquela Corte acerca da matéria
exarado em aresto é da imprescritibilidade, objeto do MS 26.210.
18.14. Por fim, a execução física do objeto do convênio nada tem a ver com o instituto da prescrição. Esta
não consiste em questão meritória do julgamento das contas em foco, mas antes em questão preliminar do
mérito relativa à eventual ocorrência de prejudicamento de tal julgamento.
19. Da pretensa constituição de parecer em prova da aplicação integral dos recursos
Alegação
19.1. O recorrente sustenta (peça 67, p. 8-10) que no parecer acostado à peça 1, p. 96-98, emitido no
âmbito da “Pronac/Funarte, órgão competente para análise da prestação de contas do presente convênio” se
concluiu que “a execução física do projeto e objeto proposto e aprovado pelo MinC foi realizada a contento e de
forma louvável” e que assim também concluiu o MinC ao aprovar a prestação de contas, como se nota no
documento trazido “às fls. 104” [peça 1, p. 200-205, supõe-se].
19.2. Por isso, “qualquer revisão da conclusão do órgão convenente posteriormente realizada pela
Controladoria Geral da União” não poderia “afastar a constatação de ausência de dano ao erário, bem como a
fiel execução do objeto”.
19.3. Teria sido, assim, o atestado o cumprimento do plano de trabalho e da boa-fé do ora recorrente na
aplicação dos recursos pecuniários objeto das contas; por decorrência, não teria havido dano ao erário.
Análise
19.4. A alegação não merece prosperar.
433

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

19.5. As decisões do Tribunal não se vinculam a entendimentos emitidos no âmbito de sua Secretaria ou
de outros órgãos da Administração Pública. Pode esta Corte concluir de forma diferente, desde que
fundamentada. Como asseverado no Acórdão 2.105/2009 ̶ 1ª Câmara, relator ministro Augusto Nardes, “[o]
TCU possui atribuição constitucional para realizar de forma autônoma e independente a apreciação da
regularidade das contas dos gestores de bens e direitos da União”.
19.6. Enfrentou-se a questão no julgamento Acórdão 212/2002 proferido pela 2ª Câmara, relator o
ministro Valmir Campelo, de que se colhe o seguinte excerto:
Outrossim, a aprovação de uma prestação de contas pelo Sistema de Controle Interno não afasta a
atribuição constitucional deste Tribunal, atinente à verificação da regularidade da utilização de recursos públicos
federais. Esta Corte de Contas não está adstrita ao juízo firmado por aquela unidade, possuindo ampla
capacidade de deliberação, e exercendo, precipuamente, a privativa jurisdição sobre os responsáveis pelos
valores repassados pela União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município, ex vi do disposto no art. 71, inciso VI, da Constituição Federal/1988.
19.7. Perfilha-se tal entendimento.
19.8. O recorrente se cinge a sustentar que se emitiram pareceres no sentido da aplicação dos recursos
pecuniários repassados correspondentes ao débito imputado. Não traz aos autos meio de prova da aplicação dos
recursos, como lhe compete por força do art. 70, parágrafo único, da Constituição da República.
20. Da pretensa inexigibilidade de prévio procedimento licitatório
Imputação
20.1. Examinar-se-á neste ponto da instrução alegação recursal a seguir sumariada relativa à imputação,
tal como feita no instrumento de chamamento do responsável ao processo (peças 24 e 30), parcialmente
reproduzido na fundamentação (peça 43) da decisão atacada, de “falta de prévio procedimento licitatório e de
previsão, no plano de trabalho aprovado, da aquisição de camisetas junto à empresa Emília Osaki”.
Alegação
20.2. O recorrente assevera (peça 67, p. 8 e 10-12), quanto à imputação de não realização de prévio
procedimento licitatório para aquisição de camisetas, que os ditames da Lei 8.666, de 21/6/1993 não se
aplicariam a entidades privadas. Por isso, no caso concreto seria exigível “no mínimo uma cotação prévia de
preços”, o que teria sido feito.
20.3. Nesse sentido seriam os Acórdãos 3.227/2012 – Primeira Câmara, relatora a ministra Ana Arraes,
5.460/2011 – Primeira Câmara, relator o ministro Aroldo Cedraz, e 3.055/2013 ̶ Plenário, relator o ministro
José Múcio Monteiro.
20.4. Por inexistência de previsão legal de tal exigência, aplicar-se-ia o princípio da legalidade tal como
insculpido do art. 5o, inciso II, da Constituição da República.
20.5. No caso concreto, ter-se-iam praticado preços de mercado, de modo que não teria havido
superfaturamento.
Análise
20.6. Não há como acolher o argumento.
20.7. O juízo do Tribunal não se fundou tão somente em tal imputação, mas antes no fato de que a falta de
realização de tal procedimento cumulada com a não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos
pecuniários federais objeto das contas na execução do objeto do convênio. É o que se infere do seguinte trecho
da fundamentação (peça 43) da decisão:
A falta de realização de procedimento licitatório, por si só, não acarreta dano ao erário, caso reste
demonstrado que os recursos federais foram devidamente aplicados no objeto do convênio. Esse não foi o caso,
porquanto [...]
20.8. Ademais disso, ante o disposto na Cláusula Terceira, Item II, alínea “c” (peça 1, p. 56), do Termo de
Convênio, o recorrente se comprometeu a “observar nas aquisições e/ou contratações, os procedimentos
estabelecidos para as licitações, previstos na Lei 8.666/93, nos termos do parágrafo único do Artigo 27 da
IN/STN n° 01, de 15.01.1997, e suas alterações[...]”
21. Da pretensa conformidade da aquisição de camisetas a finalidade do convênio e da pretensa
comprovação da concretização
Imputação
21.1. Examinar-se-á neste ponto alegação recursal relativa à imputação, tal como feita no instrumento de
chamamento do responsável ao processo (peças 24 e 30), parcialmente reproduzido na fundamentação (peça 43)
da decisão atacada, de falta de “previsão, no plano de trabalho aprovado, da aquisição de camisetas junto à
434

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

empresa Emília Osaki, no valor de R$ 18.859,00, sendo R$ 14.160,00 em 25/11/2005 e R$ 4.699,00 em


1/12/2005; [...]”.
21.2. Poder-se-ia verificar haverem sido adquiridas peças de vestuário para a realização de oficinas de
dança mediante exame do quadro disposto “às fls. 588 dos autos” (peça 1, p. 86) e da afirmação constante às
suas “fls. 582” (peça com tal numeração continente de afirmação não localizada. Consta um cartaz de
divulgação de evento com tal numeração à peça 12, p. 64).
21.3. Vê-se a afirmação noutros trechos de documentos trazidos dos autos) no sentido de que se
empregaram os recursos para aquisição de camisetas promocionais para realização dos eventos relativos ao
objeto do convênio.
Alegação
21.4. Diz-se (peça 67, p. 10-11) que se poderia verificar mediante consulta dos autos haverem sido
adquiridas não apenas camisetas, mas também peças de vestuário para a realização de oficinas de dança sob
rubrica “verba específica para divulgação e promoção”. Bastaria para tanto examinar os seguintes documentos:
21.5. a) quadro disposto “às fls. 588 dos autos” (peça 1, p. 86) e a afirmação constante às suas “fls. 582”
(peça não localizada nos autos) no sentido de que “foram utilizados recursos para aquisição de camisetas
promocionais para realização dos eventos”;
21.6. b) página do plano de trabalho “em fls. 300/308” (peça 10, p. 56-64) de que constaria rubrica
relativa a “aquisição de vestuários diversos”.
Análise
21.7. Não tem razão o recorrente.
21.8. Discriminações genéricas de itens de relações de bens adquiridos em prestações de contas fazem
impossível o estabelecimento de nexo de causalidade entre a execução do objeto do ajuste e os recursos
pecuniários repassados para tanto. Cumpre a quem assume a responsabilidade de gerir recursos públicos, por
inescusável a alegação de desconhecimento de que seu é o ônus da prova de comprovar o bom e regular
emprego, como estatui o art. 70, parágrafo único, da Constituição da República, cuidar de que os meios de prova
contidos no instrumento de prestação de contas possibilitem o estabelecimento do aludido nexo.
21.9. Quando às afirmações contidas em peças dos autos no sentido de que se empregaram bem e
regularmente os recursos em foco, aplica-se o exarado nos subitens 19.6 a 19.8 desta instrução.
22. Da pretensa boa e regular aplicação dos recursos pecuniários repassados na aquisição de livros
Alegação
22.1. O recorrente assevera (peça 67, p. 12-13) que consta do instrumento de prestação de contas “uma
versão de cada livro impresso” às “fls. 739 e 740” (peça 14, p. 83-84) e que “os demais exemplares” teriam sido
entregues em bibliotecas públicas dos municípios contemplados ou disponibilizados para o Arquivo Público de
Uberaba.
22.2. Faz referência ao parecer da Pronac/Funarte juntado “às fls. 98” (peça 1, p. 188), de que consta
conclusão no sentido de que se executou tanto física como financeiramente o objeto do convênio e de modo
adequado e conforme com o Plano Básico de Divulgação e com o Manual de Identidade Visual do Ministério da
Cultura.
22.3. No mesmo sentido teria sido o parecer do Ministério da Cultura ao aprovar a prestação de contas,
juntado “às fls. 104” (peça 1, p. 200).
Análise
22.4. Não assiste razão ao recorrente.
22.5. Examinadas todas as peças (10-14, 18 e 20) de elementos comprobatórios, verifica-se que,
diversamente do asseverado, não constam dos autos cópias de livros.
22.6. De toda maneira, o mero carreamento aos autos de tais cópias não socorreria o recorrente. Porque o
Tribunal entendeu, consoante se depreende da leitura da fundamentação (peça 43) da decisão, que o ora
recorrente não juntou aos autos comprovante da alegada distribuição dos mencionados livros ao Arquivo
Público de Uberaba e às bibliotecas e escolas públicas daquela cidade.
22.7. O recorrente tampouco o faz mediante o instrumento de recurso ora examinado.
23. Da pretensa comprovação da aplicação da contrapartida
Alegação
23.1. O recorrente assevera (peça 67, p. 13-14) que seria descabida a imputação da parte do débito
relativa à contrapartida pretensamente não aplicada, no valor de R$ 27.400,20, porque teria o objeto do
convênio sido executado como o pactuado.
435

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

23.2. Do relatório de execução física constaria conclusão de aprovação do “cumprimento da meta física
do Convênio considerando o mesmo executado, sem nenhuma ressalva, conforme se verifica nos pareceres
apresentados em fls. 98 (peça 1, p. 188) e 104 (peça 1, p. 200) dos autos.
Análise
23.3. Não é de acolher o argumento.
23.4. Aplica-se à alegação o exarado nos subitens 19.4 a 19.8. Não restou comprovada a aplicação dos
recursos pecuniários.
23.5. Como é a entidade que figura como convenente, obriga-se a recolher à conta do concedente o valor
da contrapartida pactuada, quando não comprovada a sua aplicação na consecução do objeto do convênio,
consoante o que dispõe o art. 7º, inciso XII, da IN/STN n. 01/1997, solidariamente com o agente responsável
pela irregularidade, consoante o art. 3º da Decisão Normativa/TCU n. 57/2004.
24. Da pretenso ônus do Estado de provar a má-fé do imputado em débito
Alegação
24.1. O recorrente assevera (peça 67, p. 14-15) que, ante o exposto nas alegações anteriormente
sumariadas, “não subsistem os argumentos do v. acórdão, em que se conclui que não existem elementos nos
autos que permitam concluir pela boa-fé dos responsáveis”.
24.2. Seria um princípio geral do Direito, homenageado “na jurisprudência pátria”, que “a boa-fé se
presume e a má-fé se prova”. Contudo, “a análise a posteriori do julgamento das contas”, ante os argumentos
recursais anteriormente aduzidos, especialmente aquele no sentido de que se teria provado “o bom e regular
emprego da verba pública”, não teria o condão de “afastar a presunção da boa-fé na aplicação dos recursos
públicos”.
24.3. Seria de ver também que a não constatação da conduta de boa-fé não implicaria a má-fé, como se
veria em julgados desta Corte, como os Acórdãos 213/2002 e 2.918/2006, ambos da Primeira Câmara.
Análise
24.4. Não assiste razão ao recorrente.
24.5. A Corte tem entendido precisamente o contrário do afirmado, vale dizer, que “a não-comprovação
da má-fé, dando ensejo à configuração da boa-fé subjetiva, não implica, necessariamente, a existência de boa-fé
objetiva”, como se infere da leitura dos arestos invocados pelo recorrente. Assim, a presunção de boa-fé se
presta para julgar regulares contas ante a inexistência de débito.
24.6. Transcreve-se a conclusão da fundamentação do Acórdão 213/2002 ̶ 2a Câmara, relator o ministro
Marcos Vinicios Vilaça, invocado pelo recorrente. Reproduziu-se a fundamentação do segundo acórdão por ele
citado.
3. Discordo [...] da presunção de boa-fé sugerida pela unidade técnica, parecendo-me mais adequado a
esse respeito o entendimento do Ministério Público, baseado no art. 12, § 2º, da Lei nº 8.443/92, segundo o qual
a boa-fé deverá ser reconhecida pelo E. TCU, ou seja, não há de se falar em sua presunção, mas de algum
elemento fático que a justifique.
4. A esse respeito, transcrevo trecho de artigo do ACE Luiz Felipe Bezerra Almeida Simões publicado na
Revista do TCU do trimestre abril/junho de 2001 (nº 88, pp. 71/4) que, a meu ver, define com muita propriedade
o sentido da norma constante do art. 12, § 2º, da Lei Orgânica do Tribunal, ao estabelecer como requisito para
que as contas de um determinado administrador sejam julgadas regulares com ressalva, na ocorrência de
débito, além do seu recolhimento tempestivo, e de seus acréscimos legais, e da inexistência de outra
irregularidade nas contas, o reconhecimento, pelo Tribunal, da existência de boa-fé por parte do
responsável [...]:
Compulsando a jurisprudência do TCU, constatei que a boa-fé tem sido enfocada sob uma ótica
essencialmente subjetiva, que a percebe como a convicção do agente público que acredita estar agindo de
acordo com a lei, ou que a associa à ideia de ignorância ou crença errônea acerca de uma situação regular. Essa
boa-fé, dita presumida, com origens no direito romano e no direito canônico, teria, assim, como bem assinala
Marcus Cláudio Acquaviva [in Dicionário Jurídico Brasileiro, 7ª ed., São Paulo, Jurídica Brasileira, 1995],
conotação ‘contrária à fraude e ao dolo.
Entretanto, pelas razões que passo a aduzir, acredito não ser esse o melhor prisma para se examinar a boa-
fé no âmbito das Cortes de Contas, qual seja, como estado contraposto ao dolo, sendo este a simples expressão
da má-fé. Isso porque tal entendimento levaria à errônea conclusão de que a não-configuração de má-fé
implica, necessariamente, a existência de boa-fé.
.............................................................................................................
436

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A noção clássica de boa-fé subjetiva vem cedendo espaço à sua face objetiva, oriunda do direito e da
cultura germânica, e que leva em consideração a prática efetiva e as consequências de determinado ato à luz de
um modelo de conduta social, adotada por um homem leal, cauteloso e diligente, em lugar de indagar-se
simplesmente sobre a intenção daquele que efetivamente o praticou.
Devemos, assim, examinar, num primeiro momento, diante de um caso concreto e nas condições em que
o agente atuou, qual o cuidado exigível de uma pessoa prudente e de discernimento. Assim o fazendo,
encontraremos o cuidado objetivo necessário, fundado na previsibilidade objetiva. Devemos, a seguir, comparar
esse cuidado genérico com a conduta do agente, intentando saber se a conduta imposta pelo dever genérico de
cuidado harmoniza-se com o comportamento desse agente. A resposta negativa leva à reprovabilidade da sua
conduta, à culpa e, enfim, à não-caracterização da boa-fé objetiva.
.............................................................................................................
Ouso concluir que analisar a chamada boa-fé subjetiva é, mutatis mutandis, investigar a existência de dolo
e, em consequência, a má-fé. Entretanto, a não-comprovação da má-fé, dando ensejo à configuração da boa-
fé subjetiva, não implica, necessariamente, a existência de boa-fé objetiva, vinculada esta à ausência de
culpa, e não de dolo, como ocorre com aquela. Vale frisar que a boa-fé objetiva e a culpa estão, na verdade,
associadas a uma compreensão mediana, isto é, do homem médio - prudente e diligente -, e a descaracterização
de uma significa a constatação da outra.
A boa-fé, sob esse novo enfoque, deixa de ser simplesmente presumida, vez que a conduta, a partir de
então, deverá ser objetivamente analisada. Não se pode perder de perspectiva que o agente exterioriza, em si, o
dolo, ao passo que a culpa, em sentido estrito, deve ser atestada, comprovada e fundamentada pelo intérprete,
não se admitindo presunção quanto à sua inexistência. (grifou-se)
24.7. Há de se ressaltar o seguinte trecho da fundamentação do Acórdão 63/94-TCU-Plenário, relator o
ministro Bento José Bugarin: “a boa-fé é, em princípio, uma presunção a militar em favor dos gestores de
recursos públicos. É, todavia, uma presunção relativa, que pode ser afastada em determinadas situações, como
ocorre, por exemplo, quando um gestor deixa de prestar contas de recursos sob sua guarda ou colocados à sua
disposição”.
24.8. É relativa a presunção de boa-fé porque está ela na dependência direta das circunstâncias afetas a
cada caso. Fazem parte do rol das situações que podem ensejar a relatividade da boa-fé as seguintes ocorrências,
dentre outras: falta de comprovação da correta aplicação dos recursos no objeto pactuado, fraude, desvio de
recursos, aplicação dos recursos em objeto distinto do conveniado, não aplicação dos recursos em benefício da
comunidade, falta de recolhimento do débito, omissão de prestação de contas.
24.9. Como visto, uma situação fática em que prevalece a verdade formal na esfera administrativa, não
rara em processos de contas, é aquela em que pessoa incumbida de gerir recursos pecuniários públicos malogra
comprovar a boa e regular aplicação desses. Porque atrai ela a incidência do infratranscrito art. 70, parágrafo
único, da Constituição da República, estatuidor da regra de que a não comprovação do bom e regular emprego
de recursos pecuniários públicos faz prova presuntiva de sua má e irregular aplicação:
Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
24.10. Noutras palavras, por força do disposto no art. 70 da Lei Maior, a não comprovação aludida faz
prova presuntiva da imputação à ora recorrente da causação do prejuízo ao erário constatado. Colhe-se da lição
de Plácido e Silva em sua obra Vocabulário Jurídico (28a ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 1124):
PROVA PRESUNTIVA. É a que se firma numa determinação legal, que se constitui em prova por
determinação legal.
E, neste caso, salvo para tornar desfeita ou para a anular, o que cabe à parte contrária, quando se trata de
presunção relativa, a menção da presunção legal dispensa o encargo da prova, desde que ela própria a produz.
24.11. A falta da comprovação mencionada se reveste de presunção juris tantum (relativa, ou que admite
prova em sentido contrário) de autenticidade e de veracidade da imputação de causação de prejuízo ao erário.
24.12. Dito doutro modo, em matéria de gestão de recursos públicos, o ônus da prova é invertido. De
conseguinte, para que sejam julgadas regulares suas contas deve o responsável produzir e juntar aos autos
elementos probatórios suficientemente robustos para fazer ver cabalmente não apenas as despesas realizadas,
mas também o nexo causal entre estas e os recursos repassados para sua realização. Na hipótese de falta de
elementos de comprovação da aplicação regular de recursos públicos pecuniários federais se constitui prova
437

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

presuntiva e o Tribunal, portanto, não carece de indícios ou provas da sua não aplicação ou de sua aplicação
irregular.
24.13. A jurisprudência da Corte, em consonância também com o disposto no art. 93 do Decreto-Lei 200,
de 25 de fevereiro de 1967, c/c o art. 66, do Decreto no 93.872, de 23 de dezembro de 1986, é pacífica no
sentido de que compete ao gestor comprovar a boa e regular aplicação dos recursos públicos.
24.14. O Supremo Tribunal Federal sempre se posicionou no sentido de que, em Direito Financeiro, cabe
ao administrador público provar que não cometeu irregularidades a eles eventualmente imputadas:
Em Direito Financeiro, cabe ao ordenador de despesas provar que não é responsável pelas infrações, que
lhe são imputadas, das leis e regulamentos na aplicação do dinheiro público. (MS 20.335/DF, Relator Min.
MOREIRA ALVES, DJU 25/2/1983)
24.15. Vale citar elucidativo trecho da fundamentação da Decisão 225/2000-TCU-2a Câmara, da lavra do
Relator Ministro Adylson Motta:
A não-comprovação da lisura no trato de recursos públicos recebidos autoriza, a meu ver, a presunção de
irregularidade na sua aplicação. Ressalto que o ônus da prova da idoneidade no emprego dos recursos, no
âmbito administrativo, recai sobre o gestor, obrigando-se este a comprovar que os mesmos foram regularmente
aplicados quando da realização do interesse público. (...)
25. Do pedido, ante o acolhimento de pedido de elisão do débito imputado, de devolução de valores
pretensamente recolhidos a título de pagamento de parte da dívida
Pedido
25.1. Diz-se (peça 67, p. 14) que teria sido feita devolução de R$ 24.315,00 ao erário, conforme constaria
de Guia de Recolhimento da União (GRU) e comprovante depósito de fls. 735 dos autos, e ainda conforme
conciliação bancária anexada em fls. 736.
25.2. Por isso, “o valor a ser devolvido para o Convenente seria de R$24.315,00”, conforme o que
constaria “nos relatórios produzidos”.
Análise
25.3. Descabe acolher o pedido.
25.4. Primeiro, porque na hipótese de provimento do recurso com a elisão da imputação de débito, caberia
ao interessado ajuizar ação de repetição do indébito em face da União para obter a devolução dos valores
correspondentes à dívida eventualmente recolhidos no tempo que mediar entre o proferimento da decisão
impugnada e o da relativa ao recurso interposto.
25.5. Segundo, porque, tal como sustentado nesta instrução, não é de acolher os argumentos do recorrente
mediante os quais impugnou a imputação aludida. De maneira que não cabe reformar a decisão.
25.6. Terceiro, porque, quando mesmo constasse dos autos a guia de recolhimento citada, não seria de
reformar a decisão impugnada, dada a não ocorrência de erro de julgamento, mas antes, com fulcro no art. 5º,
inciso I, da Decisão Normativa 126/2013 do Tribunal e nos arts. 28, inciso II, e 81, da Lei 8.443, de 1992,
cientificar do recolhimento a Advocacia-Geral da União (AGU) a fim de que se proceda à prática dos atos
processuais cabíveis nas ações judiciais de cobrança das dívidas.
25.7. Quarto, porque, examinadas todas as peças (10-14, 18 e 20) continentes de elementos
comprobatórios, verifica-se que, diversamente do asseverado, não constam dos autos a guia de recolhimento
mencionada. À peça 14, p. 63 (fl. 735, mencionada pelo recorrente), se juntou expediente em que não se
menciona o valor supostamente recolhido; à mesma peça, p. 65 (fl. 736, idem), demonstrativo de débito.
Trazidas, à peça 14, p. 69 e 109, guias de recolhimento diversas da mencionada.
CONCLUSÃO
26. Das análises empreendidas conclui-se que:
a) não é nula a decisão impugnada porque não havia necessidade de notificação da parte acerca da dilação
do prazo de defesa, consoante disposição regimental;
b) imprescritível é a pretensão do Estado de condenar o ora recorrente a ressarcir o erário;
c) pareceres emitidos no âmbito do Controle Interno não vinculam a decisão deste Tribunal;
e) por força do estabelecido expressamente em cláusula do convênio, é exigível a promoção de
procedimento de licitação para a aquisição dos bens mediante os quais se atingiria a finalidade do convênio;
f) não restou comprovada a aquisição de camisetas sustentada pelo recorrente;
g) não se comprovou a destinação dos livros alegadamente editados e reeditados com recursos do
convênio;
h) não se comprovou a aplicação da contrapartida;
438

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

i) a imputação de débito não requer a comprovação pelo Estado da má-fé do ora recorrente;
j) descabe, na hipótese de reforma da decisão no sentido de elisão da imputação de débito, a promoção na
esfera do Tribunal de devolução de valores pretensamente recolhidos a título de pagamento de parte da dívida.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
27. Do exposto, propõe-se, com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443, de 16/6/1992:
a) conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) determinar, consoante o requerido pelo recorrente (item 14 desta instrução), o envio de eventuais
notificações e publicações ao advogado Daniel Ricardo Davi Sousa, OAB/MG 94.229;
c) notificar da decisão sobrevinda o recorrente e os demais interessados notificados do Acórdão
impugnado, sem deixar de anexar ao expediente de notificação cópia do relatório e da fundamentação da
decisão.
2. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, representado nos autos pelo
Subprocurador Paulo Soares Bugarin, assim se manifestou:
Examina-se recurso de reconsideração interposto por Wagner Roberval Bernini (peça 67) contra o
Acórdão nº 4231/2017-1ª Câmara (peça 42), mediante o qual esta Corte julgou irregulares as contas do
recorrente e o condenou a recolher débito perante os cofres federais, em solidariedade com a Agência de
Desenvolvimento Sustentável do Brasil Central (Adebrac), instituição por ele presidida à época dos fatos.
2. Da análise efetuada pela Serur (peça 99), constata-se que os argumentos apresentados na peça recursal
não são suficientes para elidir as ocorrências apontadas nos autos e que fundamentaram a condenação imposta
pelo Tribunal, sendo, por conseguinte, incapazes de alterar a deliberação recorrida.
3. Desse modo, considerando adequada a análise da unidade técnica, este representante do Ministério
Público de Contas manifesta-se de acordo com a proposta de encaminhamento (peça 99), no sentido de que esta
Corte conheça e negue provimento ao presente recurso de reconsideração, mantendo-se os exatos termos do
Acórdão nº 4231/2017-1ª Câmara.
É o relatório.

VOTO

Trato, nesta fase processual, de recurso de reconsideração interposto por Wagner Roberval
Bernini, à época dos fatos presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil Central
(Adebrac), em face do Acórdão 4.231/2017-TCU-1ª Câmara, que julgou suas contas irregulares e
condenou-lhe ao ressarcimento do débito apurado, solidariamente à organização.
2. Originalmente, os autos cuidam de tomada de contas especial (TCE) instaurada em razão da
glosa de despesas realizadas no âmbito do Convênio 291/2004, celebrado entre o Ministério da Cultura
e a Adebrac. O ajuste tinha por objeto o apoio a atividades culturais em municípios do Estado de
Minas Gerais e foi firmado pelo valor de R$ 260.000,00, dos quais R$ 208.000,00 seriam repassados
pelo concedente e o restante aplicado como contrapartida.
3. Mesmo citados, o recorrente e a agência não compareceram aos autos para apresentar suas
alegações de defesa. Foram, por consequência, condenados pelas três irregularidades listadas a seguir:
i) aquisição de camisetas junto à empresa Emília Osaki sem a devida previsão no plano de
trabalho aprovado, no valor de R$ 18.859,00;
ii) falta de comprovação da destinação dos livros editados e reeditados com recursos do convênio
no valor de R$ 52.140,00;
iii) falta de comprovação da aplicação da contrapartida pactuada no valor de R$ 52.000,00.
4. Inconformado com a decisão, o Sr. Wagner Roberval Bernini retornou aos autos para
apresentar recurso de reconsideração em face do Acórdão 4.231/2017-TCU-1ª Câmara.
5. Suas alegações foram analisadas pela Secretaria de Recursos (Serur) que as considerou
insuficientes para alterar o mérito do julgado, motivo pelo qual propõe conhecer o recurso de
reconsideração, para, no mérito, negar-lhe provimento. O Ministério Público junto ao TCU (MPTCU)
anuiu à proposta.
II
439

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. O recurso deve ser conhecido, consoante exame preliminar de admissibilidade à peça 70,
ratificado por mim à peça 76, eis que preenchidos os requisitos processuais aplicáveis à espécie,
suspendendo-se os efeitos dos itens 9.2 e 9.3 do Acórdão 4.231/2017-TCU-1ª Câmara em relação ao
recorrente e, por extensão, à Adebrac.
7. Quanto ao mérito, antecipo-me em informar que acompanho a proposta uníssona da Serur e do
douto Parquet de negar provimento ao recurso e adoto os fundamentos de seus pareceres como minhas
razões de decidir. Em resumo, os argumentos descortinados pelo responsável nesta etapa processual
não são suficientes para alterar o mérito do julgado combatido.
8. Inicialmente, afasto a preliminar trazida pelo recorrente, relativa a uma possível nulidade da
decisão pelo fato de o responsável não ter sido notificado da dilação do prazo de defesa. Consoante o
art. 183, parágrafo único, do Regimento Interno desta Casa, a prorrogação de prazos independe de
comunicação da parte, de modo que, não sendo obrigatória a notificação, sua ausência não implica
anulação da decisão impugnada.
9. Também não merece acolhida a preliminar de que a “matéria encontrava-se prescrita” quando
da citação dos responsáveis. Como bem ponderou a Secretaria de Recursos, no caso sob exame há a
prescrição da pretensão punitiva, mas as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes
causadores de danos ao erário são imprescritíveis, consoante jurisprudência majoritária desta Casa,
sintetizada na Súmula 282: “As ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes
causadores de danos ao erário são imprescritíveis”. Desse modo, não há que se falar em prescrição do
débito.
10. Sobre a prescrição da pretensão punitiva, relembro que houve demora, por parte do órgão
instaurador da TCE, em apurar conclusivamente as irregularidades encontradas. A vigência do
convênio expirou em 1º/12/2005 e as irregularidades foram apuradas pelo concedente apenas no ano
de 2014. No ano seguinte, após passar pela Controladoria Geral da União, foi autuado o processo de
TCE nesta Casa.
11. Também cabe razão à Serur quando afirma que os pareceres emitidos no âmbito do Controle
Interno não vinculam a decisão deste Tribunal, o qual possui autonomia para decidir pela regularidade
ou irregularidade das contas dos gestores de bens e direitos por força constitucional. Assim, os
pareceres emitidos pelo órgão concedente aprovando o objeto não obrigam esta Corte de Contas a
acompanhar o entendimento, diante dos achados identificados.
12. Quanto à aquisição das camisas e da distribuição dos livros, permanecem as irregularidades,
pois não foi demonstrado nexo de causalidade entre os recursos recebidos e a consecução do objeto
conveniado.
13. As camisas não estavam previstas no plano trabalho e não foi demonstrada a vinculação
dessa aquisição com o objeto do convênio, qual seja, apoio a atividades culturais. A alegação de que
elas teriam sido usadas para “divulgação e promoção” não é suficiente para comprovar a consecução
do objeto, principalmente, quando considerado o volume de recursos utilizado para tanto
(R$ 18.859,00).
14. Do mesmo modo, não há nenhum documento que comprove a entrega às entidades
informadas pelo recorrente dos livros que teriam sido adquiridos com recursos do convênio. O
recorrente se limita a informar que eles teriam sido entregues a escolas e bibliotecas públicas, mas não
apresenta qualquer comprovação.
15. Permanece também ausente a demonstração da aplicação da contrapartida pactuada no ajuste.
Não foi demonstrado que a convenente recolheu à conta da concedente o valor da contrapartida
pactuada, nem comprovou a sua aplicação na consecução do objeto do convênio. Além disso, a glosa
mencionada pelo recorrente já foi considerada quando do cálculo do débito, na primeira instrução da
unidade técnica (peça 3).
16. No tocante aos demais pontos arguidos, acompanho os entendimentos carreados aos autos
pela Secretaria de Recursos e deixo de me pronunciar especificamente sobre cada um deles por não
estarem relacionados aos fatos geradores do débito e, por conseguinte, da condenação.
440

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

17. Assim, pelos motivos revelados, propugno por acompanhar as propostas da Serur e do
MPTCU, de modo a conhecer o recurso de reconsideração do Sr. Wagner Roberval Bernini, para, no
mérito, negar-lhe provimento.
Diante do exposto, VOTO para que seja adotada a minuta de deliberação que ora trago ao
exame deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2700/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 020.157/2015-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Recurso de reconsideração (Tomada de Contas Especial).
3. Recorrente: Wagner Roberval Bernini (102.517.151-91).
4. Órgão/Entidade: Ministério da Cultura; e Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil
Central (Adebrac).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal:
8.1. Daniel Ricardo Davi Sousa (OAB/MG 94.229) e outros, representando Wagner Roberval
Bernini.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reconsideração interpostos por Wagner
Roberval Bernini, em face do Acórdão 4.231/2017-TCU-1ª Câmara;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsideração, consoante arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992,
para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência do presente acórdão ao recorrente.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2700-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

GRUPO I – CLASSE I – Primeira Câmara


TC 025.526/2015-4.
Natureza: Pedido de reexame (Representação).
Entidade: Conselho Regional de Química XIV Região.
Recorrente: Gilson da Costa Mascarenhas (138.056.222-87).
Representação legal: Adriane Cristine Cabral Magalhães (OAB/AM 5.373).
441

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sumário: PEDIDO DE REEXAME. DESCUMPRIMENTO DE DETERMINAÇÃO DO


TCU. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO
RECORRIDA. NÃO PROVIMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Recursos (peça 109), que
contou com a anuência do corpo diretivo daquela unidade (peças 110 e 111), a seguir transcrita:
INTRODUÇÃO
1. Trata-se de pedido de reexame (peças 85 a 87) interposto pelo Sr. Gilson da Costa Mascarenhas,
presidente do Conselho Regional de Química da XIV Região – CRQ XIV, contra o Acórdão 8606/2018–TCU–
1ª Câmara (peça 75).
1.1. A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento do cumprimento, pelo Conselho Regional
de Química da XIV Região, das determinações constantes do item 9.2 do acórdão 5389/2016-TCU-1ª Câmara.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. considerar não cumpridas as determinações constantes do subitem 9.2 do acórdão 5389/2016-TCU-1ª
Câmara;
9.2. fixar o prazo improrrogável de 30 (trinta) dias para que o Conselho Regional de Química da XIV
Região dê cumprimento à determinação contida no item 9.2 do acórdão 5389/2016-TCU-1ª Câmara, no sentido
de concluir os procedimentos relativos à tomada de contas especial instaurada em razão dos desfalques de
recursos depositados em conta bancária do CRQ XIV praticados por funcionária responsável pelo setor
financeiro, nos exercícios de 2009 a 2013;
9.3. aplicar ao Sr. Gilson da Costa Mascarenhas, presidente da CRQ XIV, a multa prevista no art.
58, IV e § 1º, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, VII, do RI/TCU, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o
Tribunal (art. 214, III, “a”, do RI/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga
após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4 autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, II, da Lei 8.443/1992,
caso não atendida a notificação; e
9.5. enviar cópia desta deliberação ao Conselho Regional de Química da XIV Região e ao Conselho
Federal de Química (grifos acrescidos).
HISTÓRICO
2. Por meio do Acórdão 5.389/2016-TCU-1ª Câmara, Relator Weder de Oliveira, esta Corte decidiu:
‘9.1. conhecer da presente representação, por satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos
arts. 235 e 237 do RI/TCU;
9.2. determinar ao Conselho Regional de Química da XIV Região que:
9.2.1. instaure tomada de contas especial, nos termos do art. 8º da Lei 8.443/1992 c/c a Instrução
Normativa TCU 71/2012, arts. 3º, 4º, 5º e 10º, §2º e 3º, com vista a identificar os responsáveis e a quantificar o
débito decorrente das irregularidades indicadas no relatório da comissão de sindicância, instituída pela portaria
009/2014, e no relatório da comissão de processo administrativo disciplinar, instituída pela portaria 008/2014;
9.2.2. com fundamento no art. 71, IX, e no art. 45, caput, da Lei Orgânica c/c o art. 250, II, do RI/TCU,
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, adote as medidas cabíveis, tanto para efetuar os pagamentos das
obrigações tributárias, civis, e previdenciárias pendentes, quanto para apurar as responsabilidades e promover os
ressarcimentos pertinentes pelas eventuais sanções decorrentes de mora, por estar em desacordo com a
Constituição Federal (art. 156, III), a Lei Complementar 116/2003 (arts. 1º, 5º e 6º), a Lei 1.089/2006 do
município de Manaus (arts. 3º, VIII; 8º) e a Lei 4.591/1964 (art. 12);
9.2.3. informe as providências adotadas a esta Corte por ocasião do próximo relatório de gestão a ser
apresentado.
9.3. encaminhar cópia desta deliberação ao Procurador da República Alexandre Jabur;
9.4. encerrar o presente processo e arquivar os autos.’
442

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1. Assim, cabia ao Presidente do CRQ XIV – desde as notificações iniciais do Acórdão 5389/2016-
TCU-1ª Câmara até a presente data, como indicam os relatórios de gestão 2016 e 2017, e o site da entidade
(peça 71) –, Sr. Gilson da Costa Mascarenhas, na condição de dirigente, dar cumprimento à determinação do
TCU, o que não ocorreu. Pelo contrário, o responsável permaneceu inerte e absteve-se de remeter resposta ao
TCU sobre a conclusão do processo de tomada de contas especial, bem como sobre o envio da TCE para os
procedimentos do controle interno, com vistas à posterior remessa a este Tribunal.
2.2. Tendo em vista o injustificado descumprimento de determinações expedidas por esta Corte de
Contas, foi aplicada ao Sr. Gilson da Costa Mascarenhas, presidente do CRQ XIV, a multa prevista no art. 58,
IV e § 1º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. art. 268, VII, do RI/TCU.
ADMISSIBILIDADE
3. Reitera-se o exame de admissibilidade contido na peça 90 do SAR/Serur, em que se propôs o
conhecimento do presente recurso, nos termos do artigo 48 da Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286,
parágrafo único, do RI/TCU, suspendendo-se os efeitos dos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 8.606/2018-TCU-1ª
Câmara, em relação ao recorrente. Observa-se que o Excelentíssimo Senhor Ministro Vital do Rêgo, mediante
despacho de peça 97, concordou com a análise desta unidade técnica.
MÉRITO
4. Delimitação
4.1 Constitui objeto do presente recurso definir se:
a) o recorrente apresenta justificativas razoáveis sobre o não cumprimento de determinação deste
Tribunal;
b) o valor da multa aplicada ao recorrente foi excessivo.
5. Do não cumprimento da determinação oriunda do TCU
5.1. O recorrente aduziu que não foi intencional o descumprimento da determinação oriunda do TCU,
com base nos seguintes argumentos:
5.2. Ocorreu um tumulto quanto à ausência de demonstração do andamento dos trabalhos. O CRQ-XIV
recebeu o Ofício 152/2018/4º OF/PR-AM do MPF requisitando informações adicionais acerca do tema aqui
tratado.
5.3. Prontamente, o CRQ-XIV enviou ao MPF as informações adicionais requisitadas, contudo,
entendendo que se tratava do Processo TC 025.526/2015-4. Devido a este equívoco, o CRQ-XIV não
encaminhou informações a esse C. TCU, para comprovação de que não estava inerte quanto às determinações
exaradas nos acórdãos anteriores.
5.4. Jamais poderia o recorrente imaginar que seria um dia compelido a pagar uma multa imputada pelo
TCU, uma vez que sua conduta à frente do CRQ-XIV sempre atendeu a lei e os interesses da Administração
Pública.
Análise:
5.4. Entende-se ser inadmissível que o recorrente tenha feito confusão entre o TCU e o Ministério Público
Federal, eis que órgãos distintos e com diferentes competências constitucionais.
5.5. Sobre o tema da responsabilização e penalização do recorrente, traz-se à colação o disposto no art. 8º
do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 16 de março de 2015):
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a
legalidade, a publicidade e a eficiência (grifos acrescidos).
5.6. Acrescente-se o disposto no caput do art. 2º da Lei 9.784/1999:
Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência (grifos acrescidos).
5.7. Para a aferição da razoabilidade plasmada nos artigos supracitados, é de rigor considerar a “lógica do
razoável” de Luís Recaséns Siches.
5.8. Sobre a “lógica do razoável”, cumpre fazer um breve histórico sobre sua elaboração:
Em 1926, Siches frequentou um curso na Universidade de Viena, com Fritz Scheir, discípulo de Kelsen e
Husserl, no qual foi apresentada uma análise de todos os métodos de interpretação, de que se tinha
conhecimento, dentre os propostos ao longo da história jurídica. Procurava-se, com essa análise, encontrar os
critérios de eleição dos referidos métodos, mas a conclusão resultou decepcionante: não havia nenhuma razão
justificada, nem em termos gerais, nem em situações singulares, para preferir-se um método de interpretação em
443

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

detrimento dos outros. Essa conclusão, ademais, só constatava uma velha realidade: nunca, Jurista algum que
tivesse realizado um estudo pluralista de métodos de interpretação conseguira, com razões plausíveis, escolher
um dos métodos, por ser o mais correto e repudiar os demais.
Alguns anos antes, prossegue Siches, já Benjamin Cardoso, ao analisar suas experiências jurídicas,
procurou saber quais eram os métodos que empregava na interpretação do Direito positivo vigente. E, em
termos de grande sinceridade, concluiu que primeiro buscava a solução mais justa e depois se preocupava em
encontrar, dentre os métodos de interpretação, o que melhor serviria par justificar suas decisões.
Como superação desses problemas, Recaséns Siches preconiza o emprego de um só método: o da lógica
do razoável, definido como uma razão impregnada de pontos de vista estimativos, de critérios de valoração, de
pautas axiológicas que, ademais, traz consigo os ensinamentos colhidos da experiência própria e da do próximo,
através da história (Lídia Reis de Almeida Prado, in Direito, Cidadania e Justiça. Ensaios sobre Lógica,
Interpretação, Teoria, Sociologia e Filosofia Jurídicas, 1995, p. 64-65)
5.9. É da pena fluente do jurisconsulto Luís Recaséns Siches:
“La lógica tradicional pura – en cualquiera de sus manifestaciones –, es el instrumento adecuado para
tratar com las ideas puras a priori – tales como los axiomas lógicos, las leyes del silogismo, los princípios
matemáticos, etc. – y para la aprehensión de los hechos de la naturaleza. Por eso se la suele llamar lógica
físicomatemática.
(...)
Ahora bién, la lógica tradicional o físico-matemática no es adecuada para tratar la vida humana ni sus
problemas prácticos; por consiguiente, tampoco para los menesteres jurídicos, entre los cuales figura la
interpretación del Derecho. Para todo cuanto pertenezca a nuestra humana existencia - incluyendo la práctica
del Derecho - hay que emplear un tipo diferente del logos, que tiene tanta dignidad como la lógica tradicional,
si es que no es superior a la de ésta: hay que manejar el logos de lo humano, la lógica de lo razonable, la cual
es razón, tan razón como la lógica lo racional, pero diferente de ésta. La lógica de lo humano o de lo razonable
es una razón impregnada de puntos de vista estimativos, de critérios de valoración, de pautas axiológicas,
que, además, lleva a sus espaldas como aleccionamiento las enseñanzas recibidas de la experiência, de la
experiencia propia y de la experiencia del prójimo, a través de la historia” (grifos acrescidos) (in Tratado
General de Filosofia del Derecho, Vigésima Edición, México: Editorial Porrúa, 2010, p. 642).
5.10 Seguindo as pegadas de Recaséns Siches, ensina Luis Gustavo de la Cruz Mallaupoma:
Recaséns Siches considera que los juristas han cometido un grave error en la teoria y la práctica
jurídicas del siglo XIX, por haber querido tratar los contenidos de las normas jurídicas empleando métodos de
la lógica tradicional, es decir de la lógica habitualmente llamada matemático-física, deductiva, silogística,
sistemática, de la lógica que va desde su fundación en el Organon de Aristóteles hasta las lógicas
contemporáneas; que si bien esa lógica vale para la matemática, la física y otras ciências de la naturaleza, es
inservible para el tratamiento de los problemas prácticos de conducta humana – domésticos, familiares,
económicos, sociales, jurídicos, etc. Ahora bien, esa lógica de “lo racional”, la lógica pura, la lógica
matemático física, todas consideradas como lógica tradicional no constituyen la totalidad de la lógica ya que es
sólo una parte del logos, hay outra parte del logos – que es tan lógica como la racional pero diferente de ésta –
que se denomina el logos de los assuntos humanos o lógica de lo razonable. Lo razonable pertenece al campo
de la razón con igual o tal vez mejor derecho que lo meramente racional desde el ángulo formalista. Pertenece
al reino de la lógica pero es diferente a la lógica de lo racional formalista, en el sentido tradicional es
necesario tener em cuenta el campo de lo razonable como otro sector de la razón que también podemos
denominar el logos de lo humano. En síntesis, estamos hablando de la aplicación del logos de lo razonable a
la interpretación de normas, a las decisiones administrativas y a las sentencias judiciales, porque en matéria
de interpretación, debemos trabajar com razones. La lógica de lo razonable es una razón impregnada de
puntos de vista estimativos, de critérios de valoración, de pautas axiológicas que además lleva las enseñanzas
recibidas de la experiencia propia y de la experiencia del prójimo a través de la historia. Por lo tanto, estamos
dentro de um campo lógico, pero no de la lógica de lo racional, sino de la lógica de lo humano o de lo
razonable. El problema de la interpretación del Derecho es un problema de lógica material, de lógica de los
contenidos y no de lógica formal. Ante cualquier caso, fácil o difícil, hay que proceder razonablemente,
percatándonos de la realidad y del sentido de los hechos, comprendiendo las valoraciones en que se inspira el
orden jurídico positivo, viendo el propósito de la norma en cuestión y apreciando las valoraciones
complementarias que produzca el Juez en armonia com dicho orden jurídico positivo, y, relacionándolos. De
ese modo se debe llegar a la solución satisfactoria. Conviene destacar que este movimiento se ha gestado a
444

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

partir de una Filosofía del Derecho que ha prestado mayor atención a la interpretación judicial (apud Manoel
Antônio Teixeira Filho, in Comentários ao novo Código de Processo Civil sob a perspectiva do trabaho: (Lei
13.105, 16 de março de 2015). São Paulo: LTr, 2015, p. 33-34).
5.11. Assim, vem à baila a doutrina de Alípio Silveira:
“Recaséns Siches, ao considerar os vários métodos modernos esboçados nos primeiros capítulos –
método teleológico, método histórico-evolutivo ou progressivo, método da ‘vontade da lei’, nos mostra que cada
um deles encerra uma parte da verdade, mas que a sua síntese final, em cada caso concreto, será dada pelo
‘logos do razoável’. Mal comparando, a operação interpretativa se assemelha à execução de uma partitura
musical. Vários são os instrumentos – no caso os métodos de interpretação – mas eles devem formar um
conjunto harmônico, sob a batuta do maestro, no caso, o logos do razoável, o qual, como veremos em breve,
corresponde à idéia básica do bem comum” (grifos acrescidos) (in Hermenêutica no Direito Brasileiro, vol. I:
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1968, p. 83).
5.12. É nesse mesmo sentido a doutrina de José Frederico Marques:
Tendo em vista os critérios de justiça, segurança ou oportunidade, o intérprete adotará o método que lhe
pareça mais acertado para o caso. Não há sistemas rígidos de interpretação. O entendimento mais razoável é o
que deve prevalecer, pouco importando que tenha sido deduzido da interpretação exegética, da sistemática ou da
teleológica. O logos del razonable, como destaca RECASÉNS SICHES, é que deve orientar o intérprete, visto
que na aplicação do direito não se depara com a uniformidade lógica do raciocínio matemático e sim com a
flexibilidade ou compreensão razoável a norma do ius scriptum. Com essa orientação pautou-se precedente do
Superior Tribunal de Justiça, em cuja mente oficial se assentou que “a melhor interpretação da lei é a que se
preocupa com a solução justa, não podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos textos
legais pode levar a injustiças” (grifos acrescidos) (apud Mauro Schiavi, in Manual de Direito Processual do
Trabalho, 4ª Ed., São Paulo: LTr, 2011, p. 120)
5.13. De mais a mais, ensina José Antônio Ribeiro de Oliveira Silva:
Em conclusão, Recaséns Siches propõe que “a única proposição válida que pode ser emitida sobre a
interpretação é a de que o juiz, em todos os casos, deve interpretar a lei precisamente do modo que conduza à
solução mais justa para resolver o problema apresentado à sua jurisdição”. De modo que o exercício do logos de
lo razonable ou de lo humano, “aplicado à interpretação jurídica, supera a pluralidade de métodos” de
interpretação. Diante de qualquer caso, fácil ou difícil, o juiz deve proceder com bom-senso, verificando a
realidade e o sentido dos fatos, buscando os valores nos quais se inspira o ordenamento jurídico positivo, ou até
mesmo complementando esses valores, com a produção de outros, em harmonia com o referido sistema. E,
assim, conjugando todos esses princípios, chegar a uma solução satisfatória, considerando-se como tal a decisão
no sentido “do que o ordenamento jurídico considera como senso de justiça”. O cerne da questão está, pois, em
compreender que o conteúdo jurídico das normas prescritivas, proibitivas ou permissivas não pertence “ao
pensamento regido pela lógica de tipo matemático, pelo racional”, mas a outro campo do pensamento, que está
regido por outro tipo de lógica, pela logica de lo razonable, de lo humano ou da razão vital e histórica.
Com efeito, na individualização da norma geral e abstrata, para solucionar o caso concreto, o juiz deve
aplicar a lógica do razoável, de acordo com o senso de justiça. Se a norma conduz a uma solução justa, deve ser
aplicada, e, em caso contrário, o juiz deve criar a norma jurídica particular, sem se preocupar com os métodos
doutrinários de interpretação, aplicando a lei sempre de forma a solucionar a questão da maneira mais justa
possível (grifos acrescidos) (in Magistratura e temas atuais do Direito: São Paulo: LTr, 2011, p. 138-139).
5.14. Sobre a incidência da “lógica do razoável” no Direito brasileiro, e mais especificamente ao Direito
Administrativo, registra-se a doutrina de Carlos Henrique Bezerra Leite:
A lógica do razoável está implicitamente prevista no art. 5º da LINDB, segundo o qual “na aplicação da
lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Esta disposição é
perfeitamente aplicável a todos os ramos do Direito, inclusive, e especialmente, no Direito do Trabalho (grifos
acrescidos) (in Curso de Direito do Trabalho, 6ª ed., São Paulo: Saraiva, 2015, p. 112).
5.15. De salientar que o argumento da “lógica do razoável” já foi acolhido por este Tribunal, conforme se
infere do seguinte excerto de voto do Excelentíssimo Senhor Ministro Augusto Nardes (TC 030.349/2008-4,
Acórdão 11.231/2015–TCU–2ª Câmara):
17. De outro lado, a par das irregularidades atribuídas ao recorrente frente a todos os elementos que
conformam a situação fática, e em busca da decisão mais justa, concordo com o auditor da Serur, quando afirma
que (...) “é de mister a utilização da ‘lógica do razoável’, que tem tanta dignidade quanto a lógica tradicional
445

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pura, porém uma lógica impregnada de pontos de vista estimativos, de critérios de valoração e de pautas
axiológicas”.
5.16. Assim, vale repisar que é de mister a utilização da “lógica do razoável”, que tem tanta dignidade
quanto a lógica tradicional pura, porém uma lógica impregnada de pontos de vista estimativos, de critérios de
valoração e de pautas axiológicas.
5.17. No caso concreto, a estimativa, o critério de valoração e a pauta axiológica devem levar em conta a
atuação do homem médio (do bonus pater familiae), aquele cujas diligências, sensibilidade, idiossincrasias e
sentimentos éticos e morais sejam representativos da população brasileira. Sobre o tema, mutatis mutandis, traz-
se à colação a doutrina de Sílvio Rodrigues:
Ao se perquirir se existe, ou não, erro de conduta por parte do causador do dano, deve-se “comparar o seu
comportamento com aquele que seria normal e correntio em um homem médio, fixado como padrão. Se de tal
comparação resultar que o dano derivou de uma imprudência, imperícia ou negligência do autor do dano, nos
quais não incorreria o homem padrão, criado in abstracto pelo julgador, caracteriza-se a culpa, ou seja, o erro de
conduta” (apud Milton Oliveira, in Dano Moral, 2ª Ed., São Paulo: LTr, 2011, p. 36).
5.18. Foi nesse mesmo sentido o pensamento do Ministro Benjamin Zymler, por ocasião da prolação do
Acórdão 33/2005-Plenário:
19. Ao analisar a existência de culpa, em qualquer uma de suas modalidades, adotarei como parâmetro
para comparação a conduta esperada de um homem médio, diligente e probo - o equivalente ao princípio
romano do bonus pater familiae. Ressalto ser pacífica a assimilação desse princípio pelo direito pátrio, tanto
que, na época em que ocorreram os fatos ora sob exame, ele estava insculpido nos arts. 1.300 e 1.301 do Código
Civil, no art. 153 da Lei das Sociedades Anônimas e no art. 142 do Código Comercial.
20. Desse princípio decorre que o agente público deverá agir como se estivesse cuidando dos seus
próprios negócios, respondendo pelos danos que vier a causar em decorrência de condutas desidiosas ou
temerárias. Assim, nas palavras de José Aguiar Dias, “a culpa pode ser entendida como a falta de diligência na
observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-
la, com resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das
conseqüências eventuais de sua atitude.” (Da Responsabilidade Civil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979)”.
5.19. Nessa vereda, sugere-se a seguinte reflexão: será que um presidente de Conselho Regional médio,
aquele que ganha honestamente o sustento de sua família e é atento à sua responsabilidade perante à
comunidade, iria demorar mais de 1 ano para dar cumprimento à determinação do TCU? Salta aos olhos que,
aquele que assim procede, age com negligência e merece ser penalizado por este Tribunal, nos termos do art. 58,
IV, da Lei 8.443/1992.
5.20. Sobre o tema, não se pode relegar ao oblívio as seguintes ponderações filosóficas de Jorge Luiz
Souto Maior e Valdete Souto Severo, os quais, baseando-se nas lições de Kant, Hegel, Rawls e Habermas, assim
pontuam:
O sujeito de direitos é o indivíduo que, estando sozinho no mundo (sem o apoio das forças míticas e dos
dogmas medievais), é responsável por sua própria sorte. Por isso, autores comprometidos com tal racionalidade
referem que o homem, exercendo sua liberdade, deve assumir deveres relacionados aos seus pares, que a
moralidade do indivíduo consiste em que ele cumpra os deveres de sua posição social, que a responsabilidade
perante os pares e as gerações futuras deve ser o limitador da liberdade individual ou que o direito de liberdade
corresponde à responsabilidade, ao cumprimento de determinados deveres. Então, mesmo (ou principalmente)
sob a perspectiva liberal, aos direitos correspondem deveres exigíveis pelo Estado e sujeitos a sanções por
descumprimento (grifos acrescidos) (in O Processo do Trabalho como Instrumento do Direito do Trabalho e as
Ideias Fora de Lugar do Novo CPC. São Paulo: LTr, 2015, p. 49)
5.21. Acrescente-se que “a obtenção de informações acerca do cumprimento das determinações é
essencial para que as medidas de proteção ao erário oriundas deste Tribunal tenham efetividade. Diga-se, a
propósito, que a determinação descumprida pelo gestor foi proferida pelo TCU no regular exercício de
atribuições afetas ao Controle Externo, com espeque no art. 71, inciso IX, da Carta Magna, revestindo-se de
caráter coativo” (Ministro Bruno Dantas, TC 030.741/2011-4, Acórdão 1001/2018-1ª Câmara, Sessão de
6/2/2018).
5.22. Destarte, o recorrente, ao descumprir à determinação do TCU, sujeitou-se à multa aplicada pelos
seus pares de controle externo da Administração Pública Federal.
446

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

5.23. Quanto à alegação de que não cogitava que, um dia, seria compelido a pagar uma multa imputada
pelo TCU, cumpre observar que o Ofício 2.577/2017-TCU/Secex-AM, de 11/12/2017 (peça 62), que foi
devidamente recebido (peça 63), expressamente consignava que:
2. Por dever de ofício, informo que o não cumprimento de diligência ou de decisão deste Tribunal, no
prazo fixado, sem causa justificada, poderá ensejar a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei
8.443/1992, a qual prescinde de realização de prévia audiência, nos termos do art. 268, § 3º, do Regimento
Interno do TCU.
5.24. Nesse sentir, propõe-se a rejeição dos argumentos apresentados.
6. Do valor da multa
6.1. O recorrente aduz que o valor da multa que lhe foi aplicado é excessivo, com base nos seguintes
argumentos:
6.2. A manutenção da multa imposta irá prejudicar severamente a sua subsistência e de sua família. Na
atual crise econômica em que o país se encontra, há de se convir que o valor chega a ser estratosférico. Assim,
requer que o valor da multa seja diminuído, em observância ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade e
em atenção à sua condição econômica.
Análise:
6.3. Acerca da proporcionalidade da multa aplicada, registra-se que o valor estipulado na decisão
recorrida, de R$ 15.000,00, está em conformidade com as diretrizes normativas que tratam da questão. Com
efeito, a Portaria-TCU 7/2018, de 11/1/2018, fixou o valor máximo da multa em R$ 59.988,01 e o art. 268,
incisos IV e VII, do Regimento Interno do TCU, estipula que o valor da multa para casos de descumprimento de
determinações e diligências deve estar compreendido entre 5% e 50% do referido valor máximo.
6.4. Destarte, devem ser rejeitadas as alegações apresentadas pelo recorrente.
CONCLUSÃO
7. Diante do exposto, conclui-se que:
a) o recorrente não logrou justificar a razão do descumprimento de deliberação do TCU;
b) a multa aplicada ao recorrente não foi desproporcional.
7.1. Assim, opina-se pela negativa de provimento do presente recurso.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
8. Diante do exposto, com base no art. 48 da Lei n. 8.443/92, submete-se o presente processo à
consideração superior, propondo a adoção das seguintes medidas:
a) conhecer do pedido de reexame e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) cientificar o recorrente e os demais interessados do acórdão que vier a ser prolatado, ressaltando-se que
o relatório e o voto que o acompanharem podem ser consultados no endereço www.tcu.gov.br/acordaos, no dia
seguinte ao de sua oficialização.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de pedido de reexame interposto pelo Sr. Gilson da Costa Mascarenhas, presidente do
Conselho Regional de Química da XIV Região – CRQ XIV, contra o Acórdão 8.606/2018–TCU–1ª
Câmara, por meio do qual este Tribunal, em sede de representação, aplicou-lhe multa de R$ 15.000,00,
fundada no art. 58, inciso IV e § 1º, da Lei 8.443/1992.
2. A condenação decorreu da inércia do gestor em dar cumprimento às determinações do TCU
contidas nos subitens 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão 5.389/2016-TCU-1ª Câmara, para que instaurasse
tomada de contas especial, com vistas a identificar os responsáveis e a quantificar o débito decorrente
das irregularidades atinentes à realização de pagamentos indevidos realizado no período de 2009 a
2013 e ao não recolhimento de tributos, encargos e taxas devidas.
3. Para melhor compreensão dos fatos que levaram à aplicação da multa guerreada, transcrevo, a
seguir, excerto da proposta de deliberação condutora do Acórdão 8.606/2018–TCU–1ª Câmara:
447

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

4. Segundo o consignado na instrução de peça 72, o CRQ XIV foi notificado do acórdão ora monitorado,
em 19/9/2016, e, em resposta, encaminhou o relatório elaborado pela comissão de tomada de contas especial
criada pela portaria 1/2017 (peça 42).
5. A Secex-AM verificou que o relatório estava em desacordo com o disposto na IN TCU 71/2012 e
diligenciou ao CRQ XIV para sanear as pendências observadas (peças 53, 56, 60 e 62). A entidade solicitou
prorrogação de prazo para cumprimento das diligências, o que foi deferido por meio do acordão 258/2018-TCU-
Plenário (peça 66).
6. A notificação da prorrogação de prazo ocorreu em 29/3/2018 (peça 70) e, desde então, o CRQ XIV
permaneceu inerte, não tendo encaminhado a este Tribunal informações sobre o cumprimento efetivo do
acórdão 5.389/2016-TCU-1ª Câmara.
4. Após a análise detida das razões recursais, a Secretaria de Recursos (Serur) propôs o não
provimento do recurso, por considerar que os argumentos apresentados não tiveram o condão de
modificar a deliberação recorrida.
5. Feito esse breve histórico, passo ao exame de mérito do presente recurso.
6. Inicialmente, conheço do presente recurso por atender aos requisitos de admissão previstos no
art. 48 da Lei 8.443/1992, c/c os artigos 285 e 286, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU,
conforme exame de admissibilidade realizado pela Secretaria de Recursos (peça 90).
7. Manifesto, desde já, minha concordância com a proposta da unidade técnica, de forma que
incorporo a análise empreendida no relatório precedente às minhas razões de decidir, sem prejuízo dos
comentários a seguir.
8. Segundo o relatório condutor do acórdão recorrido, após efetuadas as notificações para o
cumprimento do Acórdão 5.389/2016-TCU-1ª Câmara, o Conselho Regional de Química da XIV
Região, encaminhou o relatório emitido pela Comissão de Tomada de Contas Especial, constituída
pela Portaria 1/2017 (peça 42).
9. Todavia, o relatório não atendia ao estabelecido na IN/TCU 71/2012, no que se refere à
inscrição dos responsáveis como “diversos responsáveis” no Siafi e à observância dos procedimentos
internos para cobrança, auditoria e parecer do controle interno e manifestação da autoridade
ministerial. Além disso, não foi providenciado o envio do processo de TCE para o controle interno e
posteriormente remessa para autoridade ministerial, quando deveria ingressar no TCU como processo
autônomo de tomada de contas especial.
10. A fim de sanar as referidas pendências, o referido conselho foi novamente notificado por este
Tribunal, conforme Ofícios 1654, 1791, 2257 e 2577/2017-TCU/Secex-AM (peças 53, 56, 60 e 62).
11. Ainda que tenha solicitado prorrogação de prazo para o saneamento das falhas apontadas
(peça 64), devidamente deferido por este Tribunal (peça 62), conforme notificação recebida pela
entidade em 29/3/2018 (peça 70), a entidade não apresentou resposta sobre o efetivo cumprimento da
determinação desta Corte de Contas.
12. Tal omissão justificou a aplicação da penalidade de multa, objeto do presente recurso.
13. De início, ressalto a gravidade das infrações cometidas que ensejaram a determinação para a
instauração da tomada de contas especial. A funcionária responsável pelo setor financeiro da entidade
efetuou sucessivos desfalques de recursos do CRQ XIV, de 2009 a 2013, ao transferir os recursos da
entidade para sua conta bancária particular, atingindo montante de mais de R$ 1,2 milhão, conforme
apurado pela unidade técnica (peça 19).
14. A peça recursal intenta demonstrar a ausência de inércia do titular da entidade em dar
cumprimento à determinação do TCU. Entretanto, os esclarecimentos ali prestados somente
confirmam que a entidade, passados mais de dois anos do encaminhamento da mencionada
determinação, não logrou concluir a respectiva tomada de contas especial e adotar os procedimentos
determinados há quase um ano por este Tribunal.
15. Em sua peça, o recorrente alega que a última notificação deste Tribunal, autorizando a
prorrogação de prazo solicitada, não teria chegado ao destino, haja vista a existência do que chamou de
AR negativo.
448

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

16. Ocorre que o Ofício 486/2018-TCU/SECEX-AM foi, de fato, recebido pelo destinatário,
conforme se observa do AR juntado aos autos à peça 70. Ainda que não o fosse, a eventual ausência de
resposta não autorizaria a entidade a descumprir a determinação por ela recebida, no prazo que lhe foi
originalmente concedido.
17. Assim, não vejo como afastar a multa ora recorrida.
18. Também não percebo fundamento para modificar a dosimetria da multa aplicada, eis que se
encontra dentro dos parâmetros das diretrizes normativas pertinentes.
19. Dessa forma, o recurso não traz elementos suficientes para justificar a alteração no acórdão
recorrido.
Diante do exposto, VOTO pela adoção da minuta de acórdão que ora trago ao exame deste
colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2701/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 025.526/2015-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I - Pedido de reexame (Representação).
3. Recorrente: Gilson da Costa Mascarenhas (138.056.222-87).
4. Entidade: Conselho Regional de Química XIV Região (Am, AC, RO e RR).
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos (Serur).
8. Representação legal: Adriane Cristine Cabral Magalhães (OAB/AM 5.373).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedido de reexame interposto pelo Sr. Gilson da
Costa Mascarenhas, presidente do Conselho Regional de Química da XIV Região – CRQ XIV, contra
o Acórdão 8.606/2018–TCU–1ª Câmara;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer do pedido de reexame, com fundamento nos arts. 32, 33 e 48 da Lei 8.443/1992,
para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2701-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo (Relator).

GRUPO I – CLASSE II – Primeira Câmara


449

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TC 003.044/2014-9
Natureza(s): Tomada de Contas Especial
Órgão/Entidade: Município de Trindade - GO
Responsáveis: Jânio Carlos Alves Freire (124.229.241-15); Ricardo Fortunato de Oliveira
(634.573.421-72)
Interessado: Ministério das Cidades (vinculador) ()
Representação legal: Sérgio Ferreira de Freitas Araújo (19.014/OAB-GO) e outros,
representando Prefeitura Municipal de Trindade - GO.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONTRATO DE REPASSE. OMISSÃO


NO DEVER DE PRESTAR CONTAS. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DE UM
DOS RESPONSÁVEIS. REVELIA DOS DEMAIS. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.

RELATÓRIO

Adoto, como Relatório, a instrução da Auditoria (peça 67), que contou com a anuência do corpo
diretivo da unidade técnica (peças 68 e 69), bem como do Ministério Público junto ao TCU (peça 70):
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Caixa Econômica Federal
(Caixa), interveniente contratada pelo Ministério das Cidades enquanto concedente dos recursos, em
desfavor do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira (CPF 634.573.421-72) e do Sr. Jânio Carlos Alves
Freire (CPF 124.229.241-15), ex e atual prefeitos do Município de Trindade-GO, nos períodos
respectivos de 2009-2012 e 2013-2020, em razão de omissão no dever de prestar contas e da não
consecução dos objetos pactuados no Contrato de Repasse 000.347-75/2004 (Siafi 535477), visando à
execução de projetos integrados (urbanização do Setor Vida Nova, incluindo drenagem, pavimentação
e implantação de equipamentos comunitários), no âmbito do Programa Habitar Brasil/BID (HBB),
Subprograma Urbanização de Assentamentos Subnormais (UAS).
HISTÓRICO
2. Conforme disposto na cláusula quarta do termo de contrato de repasse foram previstos
inicialmente recursos da ordem de R$ 12.450.913,09, sendo R$ 8.000.000,00 de repasse oriundo da
União e R$ 4.450.913,09 de contrapartida municipal (peça 1, p. 112). Entretanto, houve alteração
para R$ 9.569.444,36, dos quais R$ 8.601.523,67 eram de origem federal (empréstimo junto ao BID) e
R$ 967.920,69 de contrapartida municipal (peça 1, p. 132). Dos recursos federais, foram liberados à
prefeitura R$ 7.975.956,78, sacados de forma fracionada (35 parcelas) no período de 29/12/2005 a
12/3/2009 (peça 1, p. 484-490).
3. O ajuste vigia de 31/12/2004 a 13/2/2006 (peça 1, p. 124), após diversas prorrogações a data
final foi fixada em 31/12/2009 (peça 1, p. 480 e 530), com previsão de apresentação da prestação de
contas em até 60 dias após a liberação da última parcela (peça 1, p. 122). No entanto, como não
houve a liberação de todo o recurso federal previsto em função de problemas na execução contratual,
consta no Siafi a data de 1º/3/2010 para a prestação de contas (peça 1, p. 746).
4. Em razão da não apresentação da prestação de contas do último repasse de R$ 179.748,27;
da não execução total do objeto pactuado; do não cumprimento da contrapartida municipal; e da falta
de providências para solução das pendências pela municipalidade, houve a instauração de processo
de TCE, mesmo após várias tratativas perante a Caixa (peça 1, p. 8-18, 26-28, 560-570).
Fase interna da TCE
5. Nessa fase, houve a notificação dos gestores (peça 1, p. 26-28, 34-47) e posteriormente a
juntada pela Caixa de: Termo contratual original e seus cinco Termos aditivos (peça 1, p.104-150);
os 34 relatórios de acompanhamento das obras de engenharia, chamados Relatórios de
Acompanhamento do Empreendimento – R.A.E.; as dezenas de relatórios de análise das ações sociais,
chamados Análise Técnico Social de Avaliação Mensal – AVM (peça 1, p. 152-478); e a relação das
450

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

35 liberações e dos 46 saques (datas e valores) relativos aos recursos federais transferidos com os
correspondentes extratos bancários (peça 1, p. 490-528).
6. A partir da análise de tais documentos, sobreveio o Relatório do Tomador de Contas (peça 1,
p. 732-736), que expõe sucintamente os dados e fatos da avença, posicionando-se pela existência de
dano ao erário no valor da integralidade dos recursos liberados e sacados (R$ 7.975.956,79), com
responsabilidade dos prefeitos sucessores do signatário, Senhores Ricardo Fortunato de Oliveira e
Jânio Carlos Alves Freire, sendo o primeiro por ter assumido a Prefeitura de Trindade em
janeiro/2009 e não ter dado continuidade à execução do objeto pactuado, e o segundo, por não ter
adotado as medidas mitigadoras para resguardo do Erário. Quanto ao Sr. George Morais Ferreira
(2004/2008), o relatório excluiu do rol de responsáveis, pelo fato de o último boletim de medição ter
sido realizado ao final de seu mandato, com um percentual de execução de 83,19%, sem apresentar
nenhuma irregularidade que pudesse inviabilizar a continuidade da execução no mandato do prefeito
sucessor, Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira.
7. Fora do âmbito do Ministério das Cidades, adveio o Relatório de Auditoria emitido pelo
controle interno (peça 1, p. 748-750), o qual corroborou as conclusões do tomador de contas,
opinando pela regularidade formal do processo de TCE, em consonância com a IN TCU 71/2012, e
pela irregularidade das contas dos Senhores Ricardo Fortunato de Oliveira e Jânio Carlos Alves
Freire, ante a omissão no dever de prestar contas, bem como pela constatação de irregularidades por
meio dos relatórios de acompanhamento e pareceres técnicos relativos às vistorias in loco.
8. Posteriormente, houve a emissão do Certificado de auditoria, do Parecer do Dirigente do
Órgão de Controle Interno e do Pronunciamento Ministerial (peça 1, p. 752-753 e 758), com a
remessa do processo ao TCU para análise, passando à fase externa de TCE.
Trâmites no TCU
9. Na instrução inicial (peça 2), foram relacionadas as principais peças constantes da TCE, as
diversas tratativas da Caixa junto a prefeitura de Trindade nas gestões de Ricardo Fortunato de
Oliveira (2009-2012) e de Jânio Carlos Alves Freire (2013-2016), os motivos da TCE, as principais
manifestações técnicas da Caixa, as irregularidades e pendências encontradas na execução do
contrato de repasse, os volumes físico-financeiros realizados e as conclusões meritórias da Caixa e do
controle interno.
10. Essa instrução concluiu de maneira parcialmente distinta do posicionamento da Caixa e do
controle interno, no que se refere aos responsáveis arrolados e ao valor de débito imputado, pois
restou o entendimento preliminar sobre a necessidade da inclusão do ex-prefeito signatário do
contrato de repasse, Sr. George Morais Ferreira, no rol de responsáveis, para ser ouvido sobre: (a) o
ritmo lento das obras desde seu início, (b) as modificações nos projetos e especificações (algumas
aprovadas parcialmente), (c) a recorrência de problemas construtivos e (d) a demora e não
atendimento às recomendações constantes dos Relatórios de Acompanhamento do Empreendimento
(R.A.E.).
11. Também houve fundamentação quanto à impossibilidade de imputar responsabilidade pelo
valor total repassado dos recursos federais, dado que a maior parte do objeto tinha sido executado,
com o predomínio de presença de funcionalidade reconhecida pela Caixa.
12. Em razão dessas divergências e de lacunas contábeis, a par da complexidade das contas, e
visando à formação de juízo mais seguro acerca da responsabilização dos gestores municipais
envolvidos e da quantificação do débito, optou-se pela realização de inspeção naà Caixa.
13. Realizada inspeção e colhidos elementos subsidiários para exame das contas (peças 5-7), a
segunda instrução (peça 8) consignou os resultados, os quais se resumem conclusivamente em: (i)
inexistência de débito, se consideradas a execução do total repassado e a existência de valores não
medidos, (ii) a persistência de irregularidades causadoras de prejuízos não financeiros à sociedade e
ao Estado (má execução da avença); (iii) necessidade e oportunidade de realizar a audiência dos três
responsáveis envolvidos.
451

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

14. Essa instrução relatou que a ausência de débito, circunstância atenuadora da irregularidade
de omissão na prestação de contas (uma das causas da TCE, consubstanciada na ausência de
apresentação de documentos requeridos para prestação de contas da última parcela, que importava
cerca de 2% do total repassado), fez destacar as irregularidades relacionadas a outra motivação
original da TCE (consecução parcial do objeto): não aproveitamento de recursos disponíveis,
execução incompleta de obras/serviços, descumprimento da contrapartida e não adoção de medidas
corretivas e mitigadoras.
15. Dessa forma, foi proposta a realização de audiência do gestor e dos ex-gestores municipais
envolvidos com os seguintes termos:
Audiência do Sr. George Morais Ferreira (CPF 254.215.731-68), prefeito do município de
Trindade-GO de 2005 a 2008, signatário do contrato de repasse, sobre as seguintes ocorrências:
(i) execução parcial do objeto pactuado: execução de obras até somente 31/8/2008 mesmo com
recursos e serviços a executar parcialmente, a exemplo dos previstos nos itens 6.2, 6.3 e 9.1 a 9.3 da
planilha, ou integralmente, não iniciados, a exemplo dos previstos nos itens 6.6, 7.6, 7.7 e 8.5 da
planilha, inclusive relativos ao trabalho técnico social, contrariando o disposto na cláusula 3ª, item
3.2-e/k/n, do contrato de repasse;
(ii) não cumprimento da contrapartida municipal: aplicação de apenas ¼ da soma das
contrapartidas física e financeira, descumprindo o disposto na cláusula 3ª, item 3.2-g/s, do contrato
de repasse;
(iii) falta de providências para solução das pendências apontadas pela Caixa Econômica
Federal (Caixa): quanto aos serviços de engenharia, falta de projeto “as built” dos vários serviços
executados com alterações e dos projetos executivos completos dos equipamentos comunitários
modificados e problemas de qualidade de construção e operação/manutenção; quanto ao trabalho
técnico social, falta de diversos dos relatórios periódicos fundiários ou ambientais, de 2008, incluindo
a regularização fundiária e o relatório conclusivo do Trabalho de Participação Comunitária – TPC;
tudo em descumprimento do disposto na cláusula 3ª, item 3.2-e/n/p/q, do contrato de repasse e dos
princípios da legalidade e da eficiência;
(iv) acumulação crescente de pendências que afetaram o prazo, a qualidade e a quantidade de
execução do empreendimento, conforme consignado nos 34 Relatórios de Acompanhamento do
Empreendimento (R.A.E.) e diversos pareceres emitidos pela Caixa: (a) ritmo lento das obras desde
seu início, (b) modificações nos projetos e especificações (algumas aprovadas parcialmente), (c)
recorrência de problemas construtivos e (d) demora e não atendimento às recomendações constantes
dos Relatórios de Acompanhamento do Empreendimento (R.A.E.) – elementos agravantes e probantes
da irregularidade “iii” acima.
Audiência do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira (CPF 634.573.421-72), prefeito do município de
Trindade-GO de 2009 a 2012, sobre as seguintes ocorrências:
(i) não apresentação da prestação de contas: falta de atendimento à notificação da Caixa
Econômica Federal (Caixa) para apresentação de documentação relativa ao último repasse de R$
179.748,27 em 10/3/2009, descumprindo a cláusula 11ª do contrato de repasse e a Súmula TCU 230;
(ii) execução parcial do objeto pactuado: falta de execução do empreendimento na sua gestão,
deixando de completar serviços iniciados, a exemplo dos previstos nos itens 6.2, 6.3 e 9.1 a 9.3 da
planilha, e de iniciar serviços faltantes, a exemplo dos previstos nos itens 6.6, 7.6, 7.7 e 8.5 da
planilha, inclusive relativos ao trabalho técnico social, abstendo-se do poder-dever de solicitar
prorrogação da vigência do contrato de repasse, contrariando o disposto na cláusula 3ª, item 3.2-
e/k/n/u, do contrato de repasse e o princípio da continuidade administrativa;
(iii) falta de providências para solução das pendências apontadas pela Caixa Econômica
Federal (Caixa): a) quanto aos serviços de engenharia, ausência ou incompletude de projetos
originários e modificativos das obras e problemas de qualidade de construção e
operação/manutenção dos equipamentos; b) quanto ao trabalho técnico social, falta de diversos dos
relatórios periódicos fundiários ou ambientais, de 2008 e 2009, incluindo a regularização fundiária e
452

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

o relatório conclusivo do Trabalho de Participação Comunitária (TPC); c) quanto à contrapartida,


não aplicação de sua maior parte, particularmente à contrapartida física; tudo em descumprimento do
disposto na cláusula 3ª, item 3.2-e/g/n/p/q/s, do contrato de repasse e dos princípios da eficiência, da
prevalência do interesse público.
Audiência do Sr. Jânio Carlos Alves Freire (CPF 124.229.241-15), prefeito do município de
Trindade-GO na atual gestão (2013 a 2016), sobre a seguinte ocorrência:
- não adoção de medidas mitigadoras para resolução dos problemas no empreendimento,
resguardo do erário e da comunidade beneficiária e conclusão do contrato de repasse: falta de
atendimento à notificação da Caixa Econômica Federal e descumprimento de acordos (estabelecidos
em tratativas, reuniões e expedientes entre a Caixa e a prefeitura entre maio e julho/2013) que
visavam regularizar/sanear a inexecução parcial do contrato, os vícios construtivos das obras e a não
conclusão da prestação de contas, contrariando o princípio constitucional da eficiência e os
princípios da fé pública, da segurança jurídica, da prevalência do interesse público e da continuidade
administrativa.
16. As audiências foram realizadas de forma válida e regular (peças 12-17, 20-23, 28-29, 33),
sobrevindo a resposta do atual prefeito, por meio de procurador (peça 18), e permanecendo silentes
os demais ouvidos (George Morais Ferreira e Ricardo Fortunato de Oliveira).
17. A análise das razões de justificativa apresentadas foi realizada pela instrução de peça 35, a
qual propôs, no mérito, a alteração da natureza do processo para representação e sua procedência; a
rejeição das razões de justificativa apresentadas pelo responsável Jânio Carlos Alves Freire; a revelia
dos Srs. George Morais Ferreira e Ricardo Fortunato de Oliveira; a aplicação de multa do art. 58,
inc. II, da Lei 8.443/1992, individualmente aos Srs. Ricardo Fortunato de Oliveira, George Morais
Ferreira e Jânio Carlos Alves Freire; e a cobrança judicial da dívida.
18. A Subunidade (peça 36) discordou parcialmente dessa instrução no tocante à rejeição das
razões de justificativa do Sr. Jânio Carlos Alves Freire e consequente aplicação de multa,
considerando indevida a penalização desse responsável, haja vista o prolongamento das tratativas da
Caixa e a omissão dos gestores anteriores.
19. Tal entendimento foi acolhido pela Unidade Técnica (peça 37) e parcialmente acolhido pelo
Parecer do Ministério Público junto ao TCU (peça 38), o qual não vislumbrou na conduta do Senhor
Ricardo Fortunato de Oliveira violação a um dever legal, uma vez que a execução do contrato de
repasse não estava em pleno andamento quando de sua assunção ao cargo e a sua continuidade
dependia do saneamento de diversas pendências originadas na gestão anterior, as quais ele não tinha
dado causa nem concorrido para sua ocorrência, tendo ele, ademais, adotado várias providências
tendentes a saneá-las, conquanto sem sucesso.
20. Desta feita, o Ministério Público se manifestou sugerindo que a multa do art. 58, inciso II,
da Lei n.º 8.443/1992 recaísse exclusivamente no Senhor George Morais Ferreira, por ter sido o
signatário e executor do objeto pactuado, tendo ele dado causa às irregularidades que culminaram no
atraso das obras, nas modificações dos projetos e especificações, na demora e no não atendimento
das pendências apontadas pela CEF, irregularidades essas que inviabilizaram a conclusão integral do
projeto.
21. Por sua vez, o Relator considerou que os autos não se encontravam conclusos ao julgamento
de mérito. Para fundamentar, ressaltou que a Caixa instaurara a TCE em razão de irregularidades
incorridas pelo município (não solução de pendências, inexecução parcial do objeto pactuado, não
cumprimento da contrapartida e falta de apresentação de prestação de contas da última parcela de
recursos liberados); que devido à diversidade e à natureza dos problemas, as pendências não foram
quantificadas pela Caixa em termos monetários; que a execução do objeto atingiu 83,19% do
empreendimento, sendo alguns itens executados parcialmente (engenharia e trabalho técnico social);
que a funcionalidade do empreendimento tinha sido atestada pela Caixa e pela inspeção do TCU; que
a contrapartida realizada foi de R$ 101.213,73 dos R$ 980.416,44 previstos, fato que ensejou a
audiência dos responsáveis; e que os recursos liberados no valor de R$ 179.748,27 não tiveram a
453

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

prestação de contas parcial apresentada, e mesmo assim não foi caracterizado débito em relação a
esse valor.
22. Com essa exposição de motivos, o Relator concordou em parte com a proposta preliminar da
Unidade Técnica, sendo adequado o chamamento dos responsáveis pelas irregularidades que não
ensejaram débito decorrente da execução do contrato de repasse 000.347-75/2004, e não devendo
imputar o débito pela integralidade dos recursos liberados haja vista a execução parcial e a
funcionalidade do empreendimento, e sim pela omissão da apresentação da prestação de contas
relativa aos R$ 179.748,27, liberados em 12/3/2009.
23. Afirmou que, considerando o vencimento do prazo para prestação de contas desses recursos
em 11/5/2009, dentro do período de gestão do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira, o gestor não adotou
providências necessárias ao encaminhamento da prestação de contas final do contrato de repasse ou,
na impossibilidade de fazê-lo, envidou as medidas necessárias à proteção do Erário, mesmo após a
notificação da Caixa. Ressaltou que tais medidas foram tomadas pelo prefeito sucessor, Sr. Jânio
Carlos Alves Freire (gestão 2013/2020), o qual impetrou ação judicial em 16/13/2013, contra o ex-
prefeito Ricardo Fortunato de Oliveira, em razão de omissão no dever de prestar contas final do
referido contrato de repasse.
24. Desse modo, o Relator decidiu restituir os autos à Secex/GO para a promoção da citação do
responsável Ricardo Fortunato de Oliveira para apresentação de suas alegações de defesa em razão
da omissão no dever de prestar contas final do Contrato de Repasse 000.347-75/2004, e que, após o
chamamento do responsável e a análise das respectivas alegações de defesa, a Unidade Técnica
deveria fazer os autos conclusos ao Relator para julgamento de mérito, remetendo previamente o
processo ao Ministério Público junto ao TCU.
25. A citação do responsável Ricardo Fortunato de Oliveira foi realizada de forma válida (peça
52-54), após várias tentativas (peças 43-51), tendo o responsável solicitado a prorrogação de prazo
para atendimento (peça 56). Tal pedido foi acolhido (peças 57-66), porém não houve apresentação de
alegações de defesa, devendo o responsável ser considerado revel, para regular prosseguimento
processual, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
EXAME TÉCNICO
26. Conforme visto no histórico, o processo já teve instrução de mérito (peça 35), na qual
realizou a análise das audiências dos três gestores municipais (George Morais Ferreira – 2004/2008,
Ricardo Fortunato de Oliveira – 2009/2012, e Jânio Carlos Alves Freire – 2013/2020), propondo
rejeitar as alegações de defesa do último e declarar a revelia dos dois primeiros, para aplicar multa a
todos os gestores, sendo necessária a alteração da natureza do processo de TCE para representação.
27. A Subunidade (peça 36), no entanto, discordou desta proposta quanto ao gestor Jânio
Carlos Alves Freire – 2013/2020, porque tal gestor não teria contribuído para os motivos instaurados
da TCE, quer sejam: omissão no dever de prestar contas e a não consecução dos objetivos do
Contrato de Repasse devido às pendências técnicas e não conclusão do objeto. Alegou que a
responsabilização de referido gestor foi em função das prolongadas tratativas entre a Caixa e o
município, as quais não obtiveram êxito, principalmente na gestão do Sr. Ricardo Fortunato de
Oliveira – 2009/2012, gestor esse omisso pela prestação de contas.
28. Ratifica-se, nesta instrução, a argumentação exposta pela Subunidade no sentido de acolher
as razões de justificativa do Sr. Jânio Carlos Alves Freire – 2013/2020, inclusive ressaltando que este
gestor foi o único a manifestar nos autos após as audiências realizadas, além de impetrar ação
judicial em 16/12/2013, contra seu antecessor (Ricardo Fortunato de Oliveira – 2009/2012), em razão
da omissão no dever de prestar contas final do referido contrato de repasse. Dessa forma, propõe-se o
julgamento das contas do Sr. Jânio Carlos Alves Freire como regulares, dando-lhe quitação plena.
29. Em relação ao Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira (2009/2012), houve diferentes propostas
em relação a sua responsabilização na fase externa da TCE. A proposta do auditor, acolhida pela
Subunidade e a Unidade Técnica, sugeriu a aplicação de multa do art. 58, inciso II, em razão da não
apresentação de prestação de contas, da execução parcial do objeto, e da ausência de providências
454

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

para solução de pendências apontadas pela Caixa. Já o Ministério Público junto ao TCU entendeu
como inadequada essa proposta, em função da paralisação da obra em agosto de 2008, ou seja, fora
de gestão do responsável, e com várias pendências técnicas, bem como a tentativa de várias tratativas
entre o gestor e a Caixa.
30. Por sua vez, o Relator expôs que, em relação ao Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira
(2009/2012), ainda persistia o débito no valor de R$ 179.748,27, referente à omissão no dever de
prestar contas desses recursos que foi repassado durante sua gestão (10/3/2009). Com isso, houve a
determinação de citação do referido responsável, o qual, apesar de ter ciência da citação e pedido
prorrogação de prazo em 22/5/2017, não apresentou suas alegações de defesa até o momento,
caracterizando a revelia novamente nos autos.
31. Data vênia à fundamentação contida no Parecer do Ministério Público junto ao TCU,
ratifica-se, nesta instrução, o posicionamento da Unidade Técnica quanto à responsabilização desse
gestor em relação aos atos descritos no ofício de audiência:
(i) não apresentação da prestação de contas: falta de atendimento à notificação da Caixa
Econômica Federal (Caixa) para apresentação de documentação relativa ao último repasse de R$
179.748,27 em 10/3/2009, descumprindo a cláusula 11ª do contrato de repasse e a Súmula TCU 230;
(ii) execução parcial do objeto pactuado: falta de execução do empreendimento na sua gestão,
deixando de completar serviços iniciados, a exemplo dos previstos nos itens 6.2, 6.3 e 9.1 a 9.3 da
planilha, e de iniciar serviços faltantes, a exemplo dos previstos nos itens 6.6, 7.6, 7.7 e 8.5 da
planilha, inclusive relativos ao trabalho técnico social, abstendo-se do poder-dever de solicitar
prorrogação da vigência do contrato de repasse, contrariando o disposto na cláusula 3ª, item 3.2-
e/k/n/u, do contrato de repasse e o princípio da continuidade administrativa;
(iii) falta de providências para solução das pendências apontadas pela Caixa Econômica
Federal (Caixa): a) quanto aos serviços de engenharia, ausência ou incompletude de projetos
originários e modificativos das obras e problemas de qualidade de construção e
operação/manutenção dos equipamentos; b) quanto ao trabalho técnico social, falta de diversos dos
relatórios periódicos fundiários ou ambientais, de 2008 e 2009, incluindo a regularização fundiária e
o relatório conclusivo do Trabalho de Participação Comunitária (TPC); c) quanto à contrapartida,
não aplicação de sua maior parte, particularmente à contrapartida física; tudo em descumprimento do
disposto na cláusula 3ª, item 3.2-e/g/n/p/q/s, do contrato de repasse e dos princípios da eficiência, da
prevalência do interesse público.
32. Bem como mantém a responsabilização do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira (2009/2012)
quanto ao débito original R$ 179.748,27, decorrente da não comprovação da boa e regular aplicação
dos recursos federais recebidos por força do Contrato de Repasse 000.347-75/2004, ante a omissão
no dever de prestação de contas final no prazo legal, expirado em 11/05/2009, motivos que
caracterizam infração aos seguintes dispositivos: art. 70, parágrafo único, da Constituição da
República Federativa do Brasil, art. 93 do Decreto-lei 200/67, item 11.1 da Cláusula Décima
Primeira do Contrato de Repasse 000.347-75/2004, conforme análise contida no despacho do
Ministro Relator.
33. Destaca-se que, apesar de os principais problemas qualitativos, operacionais, construtivos
ou conceituais das obras (peça 1, p. 646-668 e detalhados no Quadro 1) recaírem no período de
gestão do Sr. George Morais Ferreira (2004/2008), a maior parte das tratativas da Caixa perante
esses problemas foi na gestão municipal do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira (conforme relação do
Quadro 2), bem como a liquidação da última parcela liberada e o prazo final para a prestação de
contas final do Contrato de Repasse n. 000.347-75/2004.
Quadro 1. Detalhamento dos principais problemas qualitativos operacionais, construtivos ou
conceituais nas obras
Unidade / Deficiências de operação ou Vícios construtivos Falhas de projeto
obra manutenção
Drenagem Bocas de lobo entupidas por - -
455

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

pluvial falta de operação e


manutenção
Pavimentação Pavimentos comprometidos - -
asfáltica por deflúvios em quatro vias
Escola Infiltrações e mofos nas Infiltrações e mofo de rodapé, por Falta rotineira de água devido
lajes de teto, manutenção má impermeabilização do à baixa reservação e à rede
hidrossanitária deficiente, baldrame, e em lajes e paredes; pública; defeitos nas calhas e
passeio quebrado invasão de águas pluviais na canais de drenagem pluvial
escola; problemas nas instalações inclusive em suas grades e
hidrossanitárias tampas para segurança
Centro Vidros quebrados Falta de telhas e emboço no -
comunitário beiral de cobertura, problemas
hidrossanitários, infiltrações de
rodapé por má
impermeabilização das baldrames
Pré-escola e Infiltrações e mofos nas Infiltrações de rodapé por má Falta rotineira de água devido
creche lajes de teto, manutenção impermeabilização do baldrame à baixa reservação e à rede
hidrossanitária e elétrica (solução em andamento pela pública; drenagem pluvial
deficiente, passeio quebrado construtora); infiltrações e mofos interna e externa
nas lajes de teto e paredes; incompleta/ineficiente com
problemas no madeiramento de declividade inadequada das
cobertura, nas instalações calhas, falta de galerias, de
hidrossanitárias, nas esquadrias e grades protetoras e tampões
no revestimento cerâmico para segurança
Lazer da 3ª Infiltrações e mofos nas problemas hidrossanitários e Detalhe construtivo
idade lajes de teto e paredes, elétricos, infiltrações de rodapé inadequado no canto da
telhas e portão danificados, por má impermeabilização das edificação facilitando acesso
manutenção hidrossanitária baldrames de vândalos pela cobertura
e elétrica deficiente
Horticultura, Alambrado sem - -
viveiro e lago manutenção, avariado e
entulhado
Posto de Infiltrações de rodapé por má Rede de distribuição de
saúde impermeabilização do baldrame; energia elétrica muito
revestimento cerâmico solto no próxima da cobertura
piso do laboratório; lavanderia
deslocada e sem rejunte
(comum a Falta de termo de recebimento definitivo da obra e de termo de manutenção e conservação das
todas as obras, conforme regras da contratação
obras)

Quadro 2. Tratativas da Caixa junto à municipalidade na gestão de Ricardo Fortunato de


Oliveira (2009-2012)
Tratativas entre a Caixa e o município na gestão de Ricardo Evasivas ou compromissos descumpridos peça
Fortunato de Oliveira (2009-2012) pela prefeitura contratada 1
Reunião da Caixa/Gidur-GO com o secretário municipal de Os prazos e ações acordados não foram p. 12
fazenda e engenheira – março/2009 efetivados
Visita técnica de representante do Mcid na Vários compromissos, inclusive p. 12
área/comunidade contemplada (Setor Vida Nova) e reunião apresentação à Caixa de plano de retomada
com secretário municipal de fazenda e engenheira – do projeto, não foram efetivados
maio/2009
Contato telefônico com a municipalidade reiterando-lhe As providências necessárias não foram p. 12-
sobre a necessidade urgente de várias providências para adotadas: pedido de prorrogação da 13,
sanar pendências e retomar o projeto – 14/12/2009 vigência contratual, proposta de 530-
-Mensagem eletrônica da Gidur/GO à prefeitura com o reprogramação contratual e financeira, com 532,
mesmo teor contextualizando e alertando sobre a situação e justificativas e documentação correlata (ato 536-
colocando-se à disposição – 17/12/2009 de nomeação da nova UEM, relatórios sobre 538,
-Ofício da Gidur/GO à prefeitura com o mesmo teor, datado regularização fundiária e sobre o trabalho 540-
de 21/12/2009, enviado por mensagem eletrônica – social de 2008 a 2009) 542
456

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

29/12/2009
Reunião em 19/4/2010 (a Caixa solicitou da prefeitura, na p.
(referenciada por Ofício da prefeitura à Gidur/GO, em que notificação datada de 1/2/2011 - item 544
apresenta alternativa de a Caixa viabilizar verba para seguinte - documentação para resolver
remanejar dez famílias de chacareiros da área pendências e subsidiar análise do pleito
compreendida em parte do projeto ou de encerrar o objeto municipal de encerrar o objeto)
considerando a essência e a funcionalidade já atingida –
26/4/2010)
Notificação à prefeitura sobre a possibilidade de Recebida em 3/2/2011. A prefeitura solicitou p. 14,
instauração de TCE no prazo definido pelas regras prazo maior para resolver as pendências, o 26-
contratuais, cobrando solução das pendências – 1/2/2011 que foi concedido pela Caixa, mas o prazo 28,
dilatado não foi observado 30-
32,
546
Reunião entre Mcid, Caixa/Gidur-GO e o município, em que Apesar de entregue o cronograma na data p. 14,
fora esclarecido o estágio de instauração de TCE, agendada pactuada (1/4/2011), as atividades
vistoria conjunta nas obras e pactuada data para entrega de informadas nele não foram efetuadas
cronograma de medidas pelo Município – 30 ou 31/3/2011
Mensagem eletrônica da Caixa à prefeitura, noticiando Não consta resposta da prefeitura (os p. 14,
sobre resultados da reunião anterior, da vistoria e dos requisitos para ateste das obras foram 548-
requisitos para ateste das obras com funcionalidade (várias citados em parecer técnico de engenharia a 551,
correções, recuperações e revisões técnicas) – 28 ou partir da vistoria técnica conjunta 552-
29/4/2011 realizada) 558
Reuniões da Caixa com a prefeitura em 1 e 5/6/2012, esta Resultou ofício da prefeitura que viria a ser p.
segunda com a presença da empresa construtora descumprido (dois itens seguintes) 639-
640
Ofício da prefeitura à Gidur/GO apresenta proposta para (a Caixa condicionou aceitar a proposta p.
solução das pendências (a proposta não especificou mediante a especificação de cronograma e 598-
cronograma, indicou apenas datas de início e prazos apresentação de relatórios mensais para 636,
genéricos) – 26/6/2012 acompanhamento, dentre outras medidas – 640-
item seguinte) 644
Mensagens eletrônicas da Gidur/GO à prefeitura Sem resposta da prefeitura p.
apresentando as condicionantes – 23/7 e 19/8/2012 672
Notificação à prefeitura, dirigida ao então prefeito Ricardo Recebida em 3/12/2012, sem registros de p.
Fortunato de Oliveira, para resolver as pendências e resposta 672,
apresentar os relatórios e documentos devidos objeto de 34-42
comunicações e tratativas anteriores (menciona o
descumprimento de compromissos assumidos pela prefeitura
pelo Ofício-Sefaz 121/2012) – 19/11/2012
34. Considerando que as tratativas não tiveram o condão de concluir o objeto do referido
contrato de repasse e/ou corrigir as pendências detectadas, e que também não consta nos autos
documentos de liquidação da despesa que comprovem a boa e regular aplicação da última parcela de
recursos federais repassados em 10/3/2009, no valor de R$ 179.748,27, devido à omissão no dever de
prestar contas do contrato de repasse, e ainda que o responsável está revel no processo, tanto na
audiência quanto na citação, não havendo, portanto, novos elementos de forma a descaracterizar a
omissão no dever de prestar contas e, consequentemente, a não comprovação da boa e regular
aplicação de R$ 179.748,27, propõe-se o julgamento pela irregularidade das contas do Sr. Ricardo
Fortunato de Oliveira (CPF 634.573.421-72), com a imputação do débito de R$ 179.748,27, a valores
originais, e aplicação de multa do art. 57 da Lei 8.443/1992.
35. A respeito do Sr. George Morais Ferreira - 2004/2008), ressalta-se que houve unanimidade
entre as propostas do auditor, Subunidade, Unidade Técnica e Parecer do Ministério Público (peças
35-38), quanto à aplicação de multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, em razão de:
execução parcial do objeto pactuado, não cumprimento da contrapartida municipal, falta de
providências para solução das pendências apontadas pela Caixa Econômica Federal (Caixa) e
acumulação crescente de pendências que afetaram o prazo, a qualidade e a quantidade de execução
457

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

do empreendimento, conforme consignado nos 34 Relatórios de Acompanhamento do


Empreendimento (R.A.E.) e diversos pareceres emitidos pela Caixa.
36. Ratifica-se também, nessa instrução, a manutenção da responsabilização do Sr. George
Morais Ferreira, com os mesmos argumentos apresentados na instrução de peça 35. Entretanto, tendo
em vista que ainda persiste o débito nos autos, embora imputado ao Sr. Ricardo Fortunato de
Oliveira, cabe alterar a fundamentação legal da multa do art. 58, do inciso II para o inciso I, de
forma a propiciar o julgamento das contas do responsável como irregulares, embora sem débito para
este. Assim, propõe-se o julgamento das contas do Sr. George Morais Ferreira como irregulares, com
aplicação de multa do art. 58, I, da Lei 8.443/1992.
CONCLUSÃO
37. Considerando as audiências realizadas para os Srs. George Morais Ferreira, Ricardo
Fortunato de Oliveira e Jânio Carlos Alves Freire e a citação do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira,
sendo revéis no processo o primeiro e segundo responsáveis, e tendo o terceiro apresentado suas
razões de justificativa, as quais foram analisadas e acolhidas, tem-se o seguinte.
38. Diante da revelia do Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira e inexistindo nos autos elementos
que permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em sua
conduta, propõe-se julgar as contas como irregulares e condenar o responsável o recolhimento do
débito, bem como aplicar a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
39. Em relação ao Sr. Jânio Carlos Alves Freire, diante da análise promovida nos itens 27 e 28,
propõe-se acolher integralmente suas razões de justificativa, uma vez que foram suficientes para elidir
as irregularidades a ele atribuídas, e julgar as contas como regulares, dando-lhe a quitação plena.
40. No tocante ao Sr. George Morais Ferreira, considerando a revelia e inexistindo nos autos
elementos que permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade
em suas condutas, propõe-se julgar as contas como irregulares e aplicar multa do art. 58, I, da Lei
8.443/1992 ao responsável, conforme a análise promovida nos itens 35 e 36.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
41. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) considerar revéis, para todos os efeitos, os Srs. George Morais Ferreira (CPF 254.215.731-
68) e Ricardo Fortunato de Oliveira (CPF 634.573.421-72), dando-se prosseguimento ao processo,
fundado no art.12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
b) acolher as razões de justificativa apresentadas pelo responsável Jânio Carlos Alves Freire
(CPF 124.229.241-15);
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os
arts. 1º, inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas do
Sr. Jânio Carlos Alves Freire, CPF 124.229.241-15, dando-se-lhe quitação plena;
d) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas a e c, da Lei 8.443/1992 c/c os
arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com os arts. 1º, inciso I, 209, incisos I e III, 210 e 214, inciso
III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas do Sr. Ricardo Fortunato de
Oliveira (CPF 634.573.421-72), ex-prefeito de Trindade/GO (gestão 2009/2012), e condená-lo ao
pagamento da quantia a seguir especificada, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e
acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data do recolhimento,
na forma prevista na legislação em vigor.
VALOR DATA DA
ORIGINAL (R$) OCORRÊNCIA
R$ 179.748,27 10/3/2009
Valor atualizado até 15/2/2018: R$ 303.325,21
e) aplicar ao Sr. Ricardo Fortunato de Oliveira (CPF 634.573.421-72) a multa prevista no art.
57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno, com a fixação do prazo de quinze dias, a
458

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
f) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19,
parágrafo único, e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, 210, §2º, e 214,
inciso III, do Regimento Interno, que sejam julgadas irregulares as contas do Sr. George Morais
Ferreira, CPF 254.215.731-68, na condição de ex-prefeito de Trindade (gestão 2004/2008);
g) aplicar ao Sr. George Morais Ferreira, CPF 254.215.731-68, a multa prevista no art. 58,
inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno, fixando-lhe o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea
“a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
h) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
da dívida, caso não atendida a notificação;
i) encaminhar cópia da deliberação ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República em
Goiás, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do
TCU, para adoção das medidas que entender cabíveis, destacando que o inteiro teor da deliberação,
incluindo relatório e voto, pode ser consultado no endereço www.tcu.gov.br/acordaos.”

VOTO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada pela Caixa Econômica Federal, interveniente
contratada pelo Ministério das Cidades, concedente dos recursos federais relativos ao Contrato de
Repasse 000.347-75/2004 (Siafi 535477), em desfavor de Ricardo Fortunato de Oliveira e de Jânio
Carlos Alves Freire, prefeitos do Município de Trindade-GO, nos períodos respectivos de 2009-2012 e
2013-2020.
A TCE foi instaurada em razão de omissão no dever de prestar contas e da não consecução dos
objetos pactuados naquele contrato, visando à execução de projetos integrados de urbanização do Setor
Vida Nova do Município de Trindade, incluindo drenagem, pavimentação e implantação de
equipamentos comunitários.
Para tal, foram previstos inicialmente R$ 12.450.913,09, sendo R$ 8.000.000,00 de repasse da
União e o restante de contrapartida municipal. Posteriormente, houve alteração nos valores para
R$ 8.601.523,67 de origem federal e R$ 967.920,69 de contrapartida municipal. Dos recursos federais,
foram liberados à prefeitura R$ 7.975.956,78, sacados de forma fracionada (35 parcelas) no período de
29/12/2005 a 12/3/2009.
Após diversas prorrogações, a data final de vigência do contrato em análise, foi fixada para
31/12/2009 (peça 1, p. 480 e 530), com previsão de apresentação da prestação de contas em até 60 dias
após a liberação da última parcela. Como não houve a liberação da integralidade dos recursos federais
previstos, consta no Siafi 1/3/2010 como data limite para a prestação de contas.
O Relatório do tomador de contas (peça 1, p. 732-736) expõe sucintamente os dados e fatos da
avença, posicionando-se pela existência de dano ao Erário no valor da integralidade dos recursos
liberados e sacados, com responsabilidade dos prefeitos Ricardo Fortunato de Oliveira e Jânio Carlos
Alves Freire, sucessores do signatário.
Segundo tal relatório, a responsabilidade do primeiro decorre de ter assumido a Prefeitura de
Trindade em janeiro de 2009 e não ter dado continuidade à execução do objeto pactuado; do segundo,
por não ter adotado as medidas mitigadoras para resguardo do Erário.
O tomador de contas exclui George Morais Ferreira (prefeito na gestão 2004/2008 e signatário
do contrato) do rol de responsáveis, pelo fato de o último boletim de medição ter sido realizado ao
459

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

final de seu mandato, com um percentual de execução de 83,19%, sem apresentar nenhuma
irregularidade que pudesse inviabilizar a continuidade da execução no mandato do prefeito sucessor,
Ricardo Fortunato de Oliveira.
O Relatório de Auditoria emitido pelo controle interno (peça 1, p. 748-750) corroborou as
conclusões do tomador de contas, opinando pela regularidade formal do processo de TCE, em
consonância com a IN TCU 71/2012, e pela irregularidade das contas de Ricardo Fortunato de Oliveira
e Jânio Carlos Alves Freire, ante a omissão no dever de prestar contas e a existência de irregularidades
identificadas nos relatórios de acompanhamento e pareceres técnicos relativos às vistorias in loco.
Na fase externa da TCE, a unidade técnica concluiu que: (i) inexistia débito, considerando a
execução do total repassado e a existência de valores não medidos, (ii) havia irregularidades
causadoras de prejuízos não financeiros à sociedade e ao Estado, decorrentes da má execução da
avença; (iii) era necessário e oportuno realizar a audiência de George Morais Ferreira, signatário do
contrato de repasse, bem como dos dois responsáveis já identificados na fase interna.
As audiências foram realizadas de forma válida e regular (peças 12-17, 20-23, 28-29, 33),
sobrevindo a resposta Jânio Carlos Alves Freire, por meio de procurador (peça 18). Os outros dois
responsáveis permaneceram silentes.
A análise das razões de justificativa apresentadas foi realizada pela instrução de peça 35, que
propôs, no mérito: a alteração da natureza do processo para representação e sua procedência; a rejeição
das razões de justificativa apresentadas por Jânio Carlos Alves Freire; a revelia de George Morais
Ferreira e Ricardo Fortunato de Oliveira, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, com aplicação
da multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/1992.
A unidade técnica (peças 36 e 37) e o MPTCU (peça 38) discordaram da instrução, no que toca à
rejeição das razões de justificativa de Jânio Carlos Alves Freire e consequente aplicação de multa.
Consideraram indevida a penalização desse responsável, haja vista o prolongamento das tratativas com
a Caixa e a omissão dos gestores anteriores.
Em despacho de peça 39, registrei minha concordância com o chamamento dos responsáveis
pelas irregularidades que não ensejaram débito decorrente da execução do contrato de repasse
000.347-75/2004; e que, diante das evidências disponíveis, não se poderia, a priori, imputar aos
responsáveis a totalidade dos valores liberados por força do ajuste, haja vista a execução parcial e
funcionalidade do empreendimento.
Considerando que os autos não se encontravam conclusos ao julgamento de mérito, determinei a
sua restituição à unidade técnica para o chamamento dos responsáveis pela omissão da apresentação da
prestação de contas relativa à parcela de R$ 179.748,27, liberada em 12/3/2009.
A citação de Ricardo Fortunato de Oliveira foi realizada de forma válida (peça 52-54). O
responsável solicitou a prorrogação de prazo para atendimento (peça 56), pedido que foi acolhido
(peças 57-66).
A instrução final (peça 67) da TCE contou com pareceres uníssonos da unidade técnica (peças 68
e 69) e do MPTC (peça 70). Preliminarmente registra que, não tendo sido apresentadas alegações de
defesa referentes à citação de Ricardo Fortunato de Oliveira, nem razões de justificativa referentes à
audiência de George Morais Ferreira, os responsáveis devem ser considerados revéis, para regular
prosseguimento processual, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
Propõe que sejam julgadas irregulares as suas contas, com imputação e débito e aplicação da
multa prevista no art. 57 da Lei 8442/1992 ao primeiro responsável; e aplicação da multa prevista no
art. 58 da mesma lei ao segundo. Finalmente, propõe acolher as razões de justificativa apresentadas
pelo responsável Jânio Carlos Alves Freire, para julgar regulares as suas contas.
Feito o necessário histórico processual, passo a decidir.
Para tal, importante relembrar que o contrato de repasse teve início na gestão de George Morais
(prefeito entre 2005-2008) e, após diversas prorrogações, teve sua vigência formalmente encerrada em
31/12/2009, no primeiro ano da gestão de Ricardo Fortunato.
460

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Assim, o prefeito signatário foi responsável pela maior parte da execução das obras e serviços
previstos no ajuste, enquanto que o segundo teve aproximadamente três anos de sua gestão para
regularizar as pendências identificadas, mas não o fez.
Este seria o responsável pela prestação de contas final caso a Caixa tivesse adotado o rito e os
prazos previstos em contrato, ao invés de prolongar até meados de 2013 as tratativas para
regularização das impropriedades verificadas, o que impediu a correta identificação de responsáveis
por essa omissão.
Acolho as razões de justificativa apresentadas por Jânio Carlos Alves Freire, para julgar
regulares com ressalvas as suas contas, por verificar que este não teria qualquer responsabilidade sobre
a execução ou sobre a prestação de contas caso a Caixa tivesse providenciado a instauração de tomada
de contas já no ano de 2010, quando configurada a mora no dever de prestar contas, que foi o único a
se manifestar nos autos, por demonstrar que procurou, dentro do possível, resolver as pendências já
existentes quando de sua posse, além de impetrar ação judicial em 16/12/2013, contra seu antecessor
(Ricardo Fortunato de Oliveira), em razão da omissão no dever de prestar contas final do referido
contrato de repasse.
Apesar de os principais problemas qualitativos, operacionais, construtivos ou conceituais das
obras (detalhes registrados no quadro 1 do Relatório) recaírem no período de gestão de George Morais
Ferreira, a maior parte das tratativas da Caixa perante esses problemas foi na gestão de Ricardo
Fortunato de Oliveira (detalhes registrados no quadro 2 do Relatório), bem como a liquidação da
última parcela liberada e o prazo final para a prestação de contas final do Contrato de Repasse.
Ante a ausência de documentos de liquidação da despesa que comprovem a boa e regular
aplicação da última parcela de recursos federais repassados em 10/3/2009, no valor de R$ 179.748,27,
devido à omissão de Ricardo Fortunato de Oliveira no dever de prestar contas dos recursos repassados
ao Município de Trindade/GO, uma vez caracterizada a sua revelia no presente processo, tanto na
audiência quanto na citação, julgo irregulares as suas contas, com imputação do débito apurado, que
equivale a R$ 444.694,00 em valores atualizados, e aplicação da multa prevista art. 57 da Lei
8.443/1992.
Finalmente, quanto a George Morais Ferreira, diante da falta de providências para solução das
pendências apontadas pela Caixa e acumulação crescente de pendências que afetaram o prazo, a
qualidade e a quantidade de execução do empreendimento, conforme consignado nos diversos
pareceres emitidos, anuindo aos pareceres precedentes, caracterizada sua revelia no presente processo,
julgo irregulares as suas contas, com aplicação da multa prevista no art. 58, I, da Lei 8.443/1992.
Feitas essas considerações, voto por que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que ora submeto
à deliberação do colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2702/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 003.044/2014-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério das Cidades (vinculador) ()
3.2. Responsáveis: Jânio Carlos Alves Freire (124.229.241-15); Ricardo Fortunato de Oliveira
(634.573.421-72).
4. Órgão/Entidade: Município de Trindade - GO.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: Procuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secretaria do TCU no Estado de Goiás (Sec-GO).
8. Representação legal :
8.1. Sérgio Ferreira de Freitas Araújo (19.014/OAB-GO) e outros, representando Prefeitura
461

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Municipal de Trindade - GO.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Caixa
Econômica Federal, interveniente contratada pelo Ministério das Cidades, concedente dos recursos
federais relativos ao Contrato de Repasse 000.347-75/2004 (Siafi 535477);
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo relator e redator, em:
9.1. considerar revéis, para todos os efeitos, George Morais Ferreira e Ricardo Fortunato de
Oliveira, dando-se prosseguimento ao processo, fundado no art.12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas por Jânio Carlos Alves Freire;
9.3. julgar regulares com ressalva as contas de Jânio Carlos Alves Freire e dar-lhe quitação, com
fundamento nos arts. 1º, inciso I,16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.4. julgar irregulares as contas de Ricardo Fortunato de Oliveira, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, III, “a” e “c”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992, e condená-lo ao pagamento do débito de R$
179.748,27, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para que comprove,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da
dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a
partir de (10/03/2009) até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;
9.5. aplicar a Ricardo Fortunato de Oliveira a multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992, no
valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do
presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor;
9.6. julgar irregulares as contas de George Morais Ferreira, com fundamento nos arts. 1º, inciso
I, 16, inciso III, “b”, 19 e 23, III, da Lei 8.443/1992;
9.7. aplicar a George Morais Ferreira a multa prevista no artigo 58, inciso I, da Lei 8.443/1992,
no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento
Interno), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do
presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação
em vigor;
9.8. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as notificações, nos termos do art.
28, II, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 219, inciso II, do Regimento Interno do TCU;
9.9. encaminhar cópia desta deliberação ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no
Estado de Goiás, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, para adoção das medidas que entender
cabíveis.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2702-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

GRUPO I – CLASSE II – Primeira Câmara


462

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

TC 006.418/2016-3
Natureza: Tomada de Contas Especial
Entidade: Município de Lima Campos/MA
Responsáveis: Classe Construções e Locações Eireli (02.984.702/0001-82); Francisco Geremias
de Medeiros (293.209.843-87); João Mota Neto (124.212.783-68)
Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16)
Representação legal: Nardo Assunção da Cunha (OAB/MA 4.613), representando Classe
Construções e Locações Eireli (peça 41).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. EXECUÇÃO PARCIAL DO OBJETO.


CITAÇÃO. REVELIA DO GESTOR. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DA EMPRESA
CONTRATADA. EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DE ENGENHEIRO FALSAMENTE
INFORMADO COMO FISCAL DA OBRA. IRREGULARIDADE. DÉBITO. MULTA.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, a instrução da Secex-TCE (peças 58-60), que contou com a anuência do
MPTCU, representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado (peça 61):
INTRODUÇÃO
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pela Superintendência Estadual da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) no Maranhão em desfavor do Sr. Francisco Geremias de Medeiros (CPF
293.209.843-87) e da empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ 02.984.702/0001-82), em razão da
impugnação parcial de despesas realizadas com recursos do Termo de Compromisso TC/PAC
819/2008 (Siafi 651974), de 31/12/2008 (peça 1, p. 108-110; peça 7, p. 93), celebrado com o
Município de Lima Campos/MA, tendo por objeto a execução de sistema de abastecimento de água
nas localidades de Serrinha, Morada Nova e São José dos Mouras II daquele município, consoante
plano de trabalho integrante do pacto (peça 1, p. 8-14, 20-24, 100-106), com vigência estipulada,
após aditivos, para o período de 31/12/2008 a 6/5/2012, com prazo final de prestação de contas fixado
em 5/7/2012 (peça 7, p. 93).
HISTÓRICO
2. Para execução do objeto pactuado, o Município de Lima Campos/MA celebrou o Contrato
1/TP/12/09 (Processo Administrativo 323/2009), em 24/8/2009, com a empresa Classe Construções
Ltda. (CNPJ 02.984.702/0001-82), pelo valor de R$ 529.606,17 (peça 1, p. 284-294).
3. A motivação para a instauração da presente tomada de contas especial está demonstrada nos
seguintes documentos constantes dos autos:
a) relatório de visita técnica, realizada em 7/11/2014, emitido pela Divisão de Engenharia de
Saúde Pública da Coordenação Regional da Funasa do Maranhão, em 18/7/2012, onde consta a
informação de que, por meio de visita às obras, foi verificada a execução somente de 41% do objeto
pactuado (peça 5, p. 202-228);
b) parecer técnico final emitido pela mesma divisão de engenharia de saúde pública que, em
18/12/2014, ratificou o percentual de execução de 41% anteriormente apontado (peça 5, p. 242);
c) Parecer Financeiro 22/2015 do Serviço de Convênios do Setor de Prestação de Contas da
Superintendência Estadual da Funasa no Maranhão, datado de 12/2/2015, relativo à análise da
prestação de contas final, que concluiu pela não aprovação da parcela de recursos no valor de R$
304.584,24, correspondente ao percentual de obra não executado de 59% (peça 5, p. 268-272).
4. Os recursos previstos para implementação do objeto do referido Termo de Compromisso
foram orçados no valor total de R$ 532.210,79 (peça 1, p. 108-110; peça 7, p. 93), com a seguinte
composição: R$ 15.966,32 de contrapartida do Município e R$ 516.244,47 à conta da Funasa, dos
quais foram liberados R$ 516.244,47, mediante as seguintes ordens bancárias (peça 1, p. 140, 186;
peça 3, p. 161; peça 7, p. 93-95):
463

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Ordem Bancária Data Valor (R$)


20090B803335 7/5/20 103.248,89
20100B800099 09 13/1/2 206.497,79
2011OB801036 010 4/2/20 20.253,00
2011OB801036 11 4/2/20 186.244,79
TOTAL 11 516.244,47
5. O Parecer Financeiro 16/2011, de 21/1/2011, ao analisar a prestação de contas parcial
apresentada pelo Município de Lima Campos/MA, atinentes às duas primeiras parcelas do termo de
compromisso em epígrafe (R$ 103.248,89 e R$ 206.497,79), verificou que os recursos recebidos não
haviam sido aplicados no mercado financeiro nos períodos de 11/5/2009 a 17/11/2009 e 15/1/2010 a
21/1/2011, em dissonância com o estabelecido nos incisos I e II do §1º do art. 20 da IN/STN 1/1997
(peça 3, p. 131-133). O município foi então notificado a devolver à conta específica do Termo de
Compromisso TC/PAC 819/2008 a quantia de R$ 4.532,03, correspondente aos rendimentos que
deixaram de ser auferidos pela não aplicação no mercado financeiro, gerado pelo Extrato Simulado
de Poupança – ESP (peça 3, p. 135-137). O município efetuou o depósito do valor apontado de R$
4.532,03 na conta específica do termo de compromisso em 11/2/2011(peça 3, p. 143).
6. O Parecer Financeiro 41/2011, de 28/2/2011, ante as correções efetuadas pelo gestor na
prestação de contas parcial e o depósito efetuado na conta específica, alvitrou sua aprovação,
alertando para a necessidade da verificação in loco, tendo em vista que só fora analisada a parte
documental (peça 3, p. 145-147).
7. O Município de Lima Campos/MA encaminhou a prestação de contas final do termo de
compromisso (peças 3, p. 183-298; 4, p. 1-96; 5, p. 1-194). Ressalte-se que o ex-Prefeito, Sr.
Francisco Geremias de Medeiros (gestões: 2005-2008 e 2009-2012) e o engenheiro responsável, Sr.
João Mota Neto (Crea - MA 4495/D, CPF 124.212.783-63), assinaram em 6/9/2011, juntamente com
o responsável pela construtora, o Termo de Aceitação Definitivo da Obras, declarando que as obras
de construção do sistema de abastecimento d’água dos povoados de Morada Nova, São José dos
Mouras II e Serrinha do Município de Lima Campos/MA haviam sido executadas pela empresa Classe
Construção Ltda. e que foram cumpridas todas as especificações técnicas estabelecidas no Termo de
Compromisso 819/2008 (peça 3, p. 260).
8. Como resultado da análise dessa prestação de contas, a equipe técnica da Funasa emitiu:
Relatório 3 de Visita Técnica, de 7/11/2014 (peça 5, p. 202-228); Parecer Técnico da Prestação de
Contas Final, de 18/12/2014 (peça 5, p. 242); Parecer Financeiro, de 3/2/2015 (peça 5, p. 256-258); e
Parecer Financeiro 22/2015, de 12/2/2015 (peça 5, p. 268-272).
9. Conforme Parecer Técnico da Prestação de Contas Final, com base no Relatório 3 de Visita
Técnica, concluiu-se que somente 41% do objeto pactuado fora concluído e que “A Convenente
executou obra fora do que foi aprovado no convênio e parte não foi executada fora de especificações e
projeto técnico e parte sem informações técnicas”.
10. Da análise dos autos, verifica-se que foi dada oportunidade de defesa aos agentes
responsabilizados, em obediência aos princípios constitucionais que asseguram o direito ao
contraditório e a ampla defesa, tendo em vista as notificações de peças 1, p. 192; 3, p. 135-137, 174;
5, p. 276-278, 288-290, 296; 6, p. 11-15; 7, p. 15. No entanto, conforme informação contida no
processo, não houve justificativa capaz de elidir as glosas apontadas pela equipe técnica da Funasa,
nem houve recolhimento aos cofres públicos da importância impugnada (peça 7, p. 83), motivando,
assim, a continuidade da TCE.
11. A Funasa realizou visitas in loco e consignou no Relatório de Visita Técnica (peça 5, p. 202-
228), de 7/11/2014, a execução parcial do objeto do termo de compromisso em análise, apontando um
percentual não executado de obra de 59%, correspondente ao montante de R$ 304.584,24 (peça 5, p.
268-272), sendo confirmado pelos pareceres Técnico (peça 5, p. 242) e Financeiro (peça 5, p. 268-
272).
12. No Relatório do Tomador de Contas Especial (peça 7, p. 75-85), em que os fatos estão
circunstanciados, a responsabilidade pelo dano causado ao erário foi atribuída, solidariamente, ao
464

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Sr. Francisco Geremias de Medeiros, Prefeito Municipal a época da ocorrência dos fatos (peça 1, p.
122-124) e à empresa Classe Construções Ltda., contratada pelo município para a execução das
obras (peça 1, p. 284-294), em razão da impugnação parcial de despesas realizadas com recursos do
termo de compromisso em comento.
13. A partir dos documentos constantes dos autos, o Relatório de Auditoria da Controladoria
Geral da União - CGU destacou que a obra foi integralmente paga à empresa contratada, contudo,
sua execução foi da ordem de 41%, não tendo sido executado o montante de R$ 304.584,24, o que
correspondente ao percentual de 59%. Quanto ao período de atualização do débito da empresa,
consideraram-se as datas das Notas Fiscais 1212, de 14/2/2011; 1039, de 4/3/2010; e 1019, de
12/2/2010, consoante detalhado no quadro adiante.
14. A inscrição em conta de responsabilidade, no Siafi, foi efetuada mediante a Nota de
Lançamento 2015NL000127, de 18/5/2015 (peça 7, p. 7).
15. A CGU seguiu o posicionamento do órgão concedente quanto à irregularidade identificada,
ao débito apurado e à solidariedade dos responsáveis, conforme se verifica no Relatório de Auditoria
2254/2015, no Certificado de Auditoria 2254/2015, bem como no Parecer do Dirigente do Órgão de
Controle Interno 2254/2015, tendo o processo recebido também o Pronunciamento Ministerial que
conheceu das conclusões contidas nos pareceres da CGU e opinou pela irregularidade das contas dos
responsáveis indicados (peça 7, p. 120-126).
16. Diante de todo o exposto, verifica-se que a execução do objeto foi apenas parcial.
17. O quadro de peça 5, p. 256, detalha a análise financeira efetuada pelo técnico da Funasa,
onde se verifica que as transferências da contrapartida municipal corresponderam somente ao
montante de R$ 9.579,79 (R$ 3.193,26, em 10/11/2009 e R$ 6.386,53, em 11/3/2010), pois o valor de
R$ 4.532,03, correspondente ao ressarcimento efetuado pelo município dos rendimentos, deixaram de
ser auferidos pela não aplicação no mercado financeiro, gerado pelo Extrato Simulado de Poupança
– ESP (peça 3, p. 135-137). Conclui-se que o município se comprometeu com uma contrapartida de
R$ 15.966,32, mas só realizou depósitos que perfizeram R$ 9.579,79, tendo faltado a quantia de R$
6.386,53.
18. Ademais, o referido quadro demonstrou que o valor do débito original seria equivalente a
59% do valor total pactuado no Termo de Compromisso, isto é, R$ 304.584,24, resultante da
diferença entre o valor acordado na avença (R$ 532.210,79) e o executado da obra (R$ 211.660,23,
correspondente a 41% do valor total).
19. Quanto ao débito apontado no Relatório Financeiro de R$ 5.383,85 (ref.: 18/2/2011),
correspondente aos rendimentos que deixaram de ser auferidos pela não aplicação no mercado
financeiro, a instrução anterior, de peça 11, pugnou que não deveria prosperar, tendo em vista que
esses valores já haviam sido recolhidos à conta do termo de compromisso, consoante detalhado no
parágrafo 5 supra.
20. Sobre o valor do débito, a instrução de peça 11 destacou que deveria ser aquele de R$
304.584,24, conforme demonstrado no item 19 acima. Restava apenas a definição das datas para
correção do débito solidário dos responsáveis. Como a empresa contratada não havia recebido os
pagamentos conforme a liberação das ordens bancárias pelo concedente ao Município de Lima
Campos/MA, a instrução técnica anterior considerou que deveriam ser adotados os valores das notas
fiscais mais recentes para as mais antigas, até atingir o valor originário do débito de R$ 304.584,24.
O quadro a seguir demonstra a relação das notas fiscais emitidas pela empresa Classe Construções
Ltda. (CNPJ 02.984.702/0001-82):
Nota Fiscal Data Valor (R$) Peças
890 10/11/2009 104.003,22 1, p. 266
1019 12/2/2010 180.000,00 1, p. 272
1039 4/3/2010 35.323,25 1, p. 278
1212 14/2/2011 211.029,82 3, p. 286
Total 530.356,29 -
465

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

21. Dessa forma, a instrução de peça 11 alvitrou a citação dos responsáveis, Sr. Francisco
Geremias de Medeiros (CPF 293.209.843-87), na condição de ex-Prefeito do Município de Lima
Campos/MA (gestão 2005-2012) e da empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ 02.984.702/0001-82),
contratada para execução dos serviços da avença, pelos valores indicados, decorrentes do dano ao
erário causado pela execução parcial do Termo de Compromisso TC/PAC 819/2008 (Siafi 651974):
Data da Ocorrência Valor Original (R$)
14/2/2011 211.029,82
4/3/2010 35.323,25
12/2/2010 58.231,17
Total 304.584,24
22. Consoante delegação de competência do Exmo. Sr. Ministro-Relator e subdelegação do
Secretário da Secex/CE (peça 12), foram promovidas as citações do Sr. Francisco Geremias de
Medeiros (CPF: 293.209.843-87) e Classe Construções Ltda (CNPJ: 02.984.702/0001-82), conforme
Ofícios 338 e 339/2017, de 20/2/2017 (peças 13 e 15).
23. O Ofício 339/2017 foi devolvido (AR de peça 7), diante de três tentativas infrutíferas. Assim,
a Secex/CE emitiu a certidão de peça 18, indicando os endereços residenciais de dois sócios da
empresa Classe Construções Ltda., alvitrando, alternativamente, a citação da empresa através deles,
conforme indicações a seguir:
Nome do Sócio Endereço Ofício Peça (p.) Resposta Peça
Rua Moacir Soares, 09 – Cond. Monsserat –
Paul Getty Sousa
Bairro: Maria Rita – 65.725-000 – 1004/2017 22 28
Nascimento
Pedreiras/MA
Janaína de Nazareth Rua WE3 Conjunto Satélite, 364 – Bairro:
1003/2017 20 26
Lobo Seabra Coqueiro – 66.670-390 – Belém/PA
24. A Secex/CE promoveu, ainda, nova citação do Sr. Francisco Geremias de Medeiros (peça
42, Ofício 2390/2017).
25. Embora o Ofício 2390/2017, endereçado ao Sr. Francisco Geremias de Medeiros, não tenha
sido recebido de próprio punho pelo responsável (AR de peça 45; ciência em 8/11/2017), consoante
Resolução TCU 170, de 30/6/2004, considera-se entregue a comunicação realizada por carta
registrada, com aviso de recebimento, com o retorno do aviso de recebimento, entregue
comprovadamente no endereço do destinatário (peça 10). Dessa forma, tem-se como válida a citação
realizada.
26. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inerte o Sr. Francisco Geremias de
Medeiros, a instrução de peça 46 alvitrou o reconhecimento da revelia do responsável, dando-se
prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
27. Assim, a instrução de peça 46, diante da ausência de documentos hábeis a comprovar a
regularidade das obras, considerou que as alegações de defesa apresentadas pela empresa Classe
Construções Ltda. não mereciam ser acolhidas.
28. A proposta de peça 46 mereceu acolhimento da unidade técnica (peça 48).
29. O Douto Parquet, contudo, divergiu da proposta, tendo alvitrado, in verbis:
Ante o exposto, sugiro, preliminarmente à apreciação do mérito destas contas, que os autos
sejam restituídos à Secex-CE, para que seja realizada a citação do Sr. João Mota Neto (Crea - MA
4495/D, CPF 124.212.783-63), na condição de engenheiro responsável que atestou as medições dos
serviços prestados (peças 33-35) e assinou o termo de aceitação definitiva da obra (peça 33, p.25), em
decorrência da irregularidade verificada nos autos ( não conclusão do objeto pactuado no Termo de
Compromisso TC/PAC 819/2008 (Número Siafi 651974), firmado entre a Funasa e o Município de
Lima Campos/MA).
30. O Exmo. Sr. Ministro Relator aquiesceu à proposta do Ministério Público e determinou a
citação do Sr. João Mota Neto.
466

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

31. Em cumprimento ao referido despacho (peça 50), foi promovida a citação do Sr. João Mota
Neto (CPF 124.212.783-63), conforme Ofícios 924/2018, de 16/5/2018 (peça 52), que, em resposta,
encaminhou o expediente de peça 56. A seguir serão apreciadas as alegações de defesa apresentadas.
EXAME TÉCNICO
32. Inicialmente, transcrevem-se as alegações de defesa e respectiva análise relativas à
responsável, empresa Classe Construções Ltda., conforme instrução de peça 46 e depois serão
apreciadas as alegações de defesa do último que respondeu, Sr. João Mota Neto.
Alegações de defesa da empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ 02.984.702/0001-82)
33. Não obstante o insucesso da entrega do Ofício 1004/2017 à empresa Classe Construções
Ltda., os sócios acima mencionados e a própria empresa constituíram um mesmo patrono e
ofereceram respostas nas peças 26, 28 e 30, todas de mesmo teor.
34. Em síntese, a empresa Classe Construções Ltda. argumentou que:
34.1. tomou conhecimento por esse r. Tribunal que haviam sido verificadas irregularidades na
prestação de contas dos recursos advindos do TC/PAC 819/2008, mormente ao Contrato 1/TP/1209
(Processo Administrativo 323/2009);
34.2. segundo o TCU, consistiram no fato de o objeto ter sido executado parcialmente, em cerca
de 41% do avençado, ocasionando pretenso prejuízo ao erário público, com responsabilidade
solidária da mesma e de seus sócios, no importe de R$ 463.777,46 (quatrocentos e sessenta e três mil
setecentos e setenta e sete reais e quarenta e seis centavos);
34.3. em suma, o órgão de controle concluiu que a obra em questão fora executada
parcialmente pela defendente, mas os valores haviam sido integralmente desembolsados pelo
Município de Lima Campos/MA; nesse norte, os técnicos da Funasa, procedendo verificação in loco,
afirmaram que não fora executado o percentual de 59% (cinquenta e nove por cento) da obra (cerca
de R$ 304.584,24);
34.4. a defendente afirma desconhecer os motivos dessas irregularidades; aduz que, de fato,
participou do certame licitatório supracitado que transcorreu de maneira legal e transparente, tendo
sido, ao final, declarada a legítima vencedora do certame, acabando por adjudicar o objeto do
contrato;
34.5. o sistema de abastecimento foi integralmente concluído e está funcionando, conforme
poderiam atestar as fotografias, vídeos e documentos insertos na mídia ora anexada (DVD); assim,
não houve por parte da defendente e seus sócios a vontade deliberada de agredir qualquer texto legal
para obter vantagem pessoal ou enriquecimento ilícito;
34.6. a defendente não obteve para si ou outrem nenhuma vantagem econômica que pudesse
causar prejuízo ao erário ou atentar contra os princípios da Administração;
34.7. se, por outro lado, a gestão municipal na aplicação dos recursos oriundos do convênio
cometeu eivas, é a única responsável pelas mesmas, sem a participação direta ou indireta da
defendente;
34.8. a obra foi realizada com sucesso e o sistema de abastecimento de água está funcionando
até a presente data, como se poderia cotejar na mídia anexada, que contém entrevistas de moradores
das localidades beneficiadas;
34.9. não existe notícias de distribuição de propinas a quaisquer dos agentes públicos
integrantes do polo passivo da presente Tomada de Contas Especial;
34.10. a defendente não causou nenhum prejuízo ao Município de Lima Campos/MA, já que
todos os serviços efetuados resultaram de processo licitatório e, portanto, de contrato legalmente
autorizado, sem contar que o objeto foi concluído a contento, inobstante as alegações dos técnicos da
Funasa;
34.11. na perfuração de poços do calibre dos ora comentados, sempre ocorrem problemas: por
vezes, a água é encontrada além ou aquém da metragem de profundidade prevista no projeto, já que a
localização do lençol freático é quem vai determiná-la; quando isto ocorre, na maioria das vezes, a
467

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

profundidade não perfurada é compensada pelo aumento da rede de distribuição e/ou das ligações
domiciliares;
34.12. assim, como o percentual e execução física do convênio relativo à obra em comento, foi,
no mínimo, igual o volume de recursos liberados, não havendo de se falar em improbidade
administrativa e/ou devolução de recursos pela defendente;
34.13. não existem, portanto, débitos a pagar, gerados, como a defendente está entendendo,
para a devolução dos valores recebidos através das notas fiscais adimplidas pelo município, sob pena
de enriquecimento ilícito do Município de Lima Campos/MA, que foi beneficiado pela prestação dos
serviços contratados, tudo de acordo com o pactuado, sendo tais fatos irrefutáveis;
34.14. se houve a prestação dos serviços e o cumprimento das obrigações impostas pelo
contrato, não há de se falar em devolução de recursos, tendo reproduzido os artigos 66-68 da Lei de
Licitações;
34.15. resta claro que as punições ora aplicadas não merecem prosperar, uma vez que todos os
serviços objeto do contrato foram plenamente executados e legalmente atestados e pagos;
34.16. o contratado tem a obrigação de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às
suas expensas, o objeto do contrato quando ocorrem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da
execução, ou de materiais empregados, consoante art. 69 da Lei 8.666/1993;
34.17. no entanto, nenhum fato ocorreu que justificasse qualquer punição à empresa defendente
durante a execução do contrato;
34.18. se a obra foi realizada, não há de se falar em prejuízo ao erário público;
34.19. a presente tomada de contas especial não revela nenhum indício de ter havido
superfaturamento nos preços apresentados no certame; tão-somente afirma que houve irregularidades
na execução;
34.20. a decisão de devolução dos valores pagos pelo Município de Lima Campos/MA à
defendente deve ser reconsiderada, eis que todos os serviços objeto do contrato foram executados a
contento, uma vez que não foi detectado pela prefeitura em suas fiscalizações qualquer indício de
irregularidade na execução da obra e no pagamento das medições realizadas;
34.21. não pode o TCU determinar a devolução dos valores de um contrato já concluído, pela
comprovada execução e recebimento dos serviços licitados; no mesmo diapasão, não há de serem
aplicadas multas pecuniárias, já que os serviços foram perfeitamente executados;
34.22. não existe sequer legalidade para devolução de recursos, sob pena de enriquecimento
ilícito da administração, pois os serviços foram prestados e adimplidos completamente;
34.23. como já dito, a defendente não obteve para si ou outrem nenhuma vantagem econômica
que pudesse causar prejuízo ao erário ou atentar contra os princípios da Administração Pública e isto
está claríssimo, uma vez que o pagamento da quantia à vencedora do certame se deu à luz da efetiva
prestação dos serviços pela empresa contratada;
34.24. não podem prosperar quaisquer intenções no sentido de devolução de recursos e
invalidar os pagamentos efetuados, já que o pacto foi legalmente cumprido;
34.25. por se tratarem as apontadas irregularidades como meramente formais, requer o
acolhimento da presente defesa por esse r. Tribunal para, reconhecendo a boa-fé da defendente,
afastar as penalidades aplicadas, por ser medida de fiel justiça.
ANÁLISE
35. A instrução de peça 46 ponderou que o item 5 do Relatório de Vistoria Técnica 3 (peça 5, p.
204-206), realizada em 7/11/2014, descrevia os serviços que foram considerados como satisfatórios e
realizados, no valor de R$ 216.879,42. Contudo, havia diversas ressalvas técnicas em relação a
serviços realizados em desacordo com as especificações técnicas ou indicações de serviços não
realizados, que representam glosas de R$ 315.331,37.
36. Devidamente citado, o Sr. Francisco Geremias de Medeiros (peça 42, Ofício 2390/2017; AR
com ciência em 8/11/2017, peça 45) permaneceu silente, ao que a instrução anterior alvitrou que
468

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

fosse declarada a revelia do responsável, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
37. Por sua vez a empresa Classe Construções Ltda., assim como seus sócios constituíram
advogado e apresentaram alegações de defesas nos mesmos termos, conforme peças 26, 28 e 30.
38. Em síntese, a instrução de peça 46 destacou que a empresa contratada reiterou, por diversas
vezes, que realizou a integralidade das obras objeto do Termo de Compromisso TC/PAC 819/2008
(Siafi 651974). Alegou o encaminhamento de algumas fotos (peça 32, p. 2-19), o depoimento de
alguns moradores (em DVD) e encaminhou cópias do processo de prestação de contas.
39. Contudo, em relação ao elevado percentual de 59% de inexecução, o patrono não fez
qualquer consideração técnica sobre a realização dos serviços pendentes ou reparo daqueles
considerados fora dos padrões técnicos recomendados, apontados de forma detalhada no Relatório de
Vistoria Técnica 3 (peça 5, p. 204-206), realizada em 7/11/2014.
40. O principal argumento foi reiterado diversas vezes: a obra foi realizada de forma integral e
encontra-se em funcionamento. Contudo, a empresa deixou de encaminhar os documentos técnicos,
laudos, perícias, testes e outros que pudessem comprovar que, de fato, as impropriedades haviam sido
solucionadas e as pendências saneadas. Ademais, não é porque o serviço supostamente esteja
funcionando que a obra obrigatoriamente terá custado o valor pactuado, pois em se executando as
obras fora das especificações e com qualidade inferior, é possível se atingir o objetivo de abastecer a
população de água e, ao mesmo tempo, desviar grande parte dos recursos repassados.
Alegações de defesa do Sr. João Mota Neto (CPF 124.212.783-63)
41. Em síntese, o Sr. João Mota Neto argumenta que:
41.1 exerceu o cargo de engenheiro da prefeitura municipal de Lima Campos, pelo período
2008 a 2011, fazendo projetos de reforma, orçamentos de projetos da prefeitura e fiscalização de
obras;
41.2. ressalta que, todas as vezes que realizou fiscalização de obras executadas pelo município,
emitia a ART - Anotações de Responsabilidade Técnica de Fiscalização, uma vez que tal medida é
obrigatória no processo de prestação de contas de obras;
41.3. quanto às obras mencionadas na presente tomada de contas especial, afirma que jamais
participou como engenheiro fiscalizador destas, tanto que não consta a emissão da ART de
fiscalização das referidas obras, nem tampouco consta no Processo 21100.019.058/2008-85 -
Convênio 818/2008 de prestação de contas da prefeitura municipal de Lima Campos, feitas junto a
Fundação Nacional de Saúde – Funasa;
41.4. destacou, ainda que, não atestou as medições de serviços prestados, nem tampouco
assinou o Termo de Aceitação Definitiva da Obra, conforme demonstrado nas peças 33-35, 33, p. p.
25, como quis fazer crer o município;
41.5. sustenta que só soube que supostamente teria atestado as medições e assinado o Termo de
Aceitação Definitiva da Obra quando da notificação da presente tornada contas especial (Ofício
924/2018-TCU/SECEX-CE, de 16/5/2018), momento em que contactou junto ao ex-prefeito Francisco
Geremias de Medeiros, exigindo explicações, bem como cópia do processo de prestação de contas do
referido convênio, que lhe foi cedido;
41.6. ao observar o Termo de Aceitação Definitiva da Obra, assinada em 6/9/20l1, constatou de
pronto que a assinatura posta no referido termo não é sua, tratando-se de uma falsificação
“grosseira” de fácil constatação (documentação anexa; grifo no original);
41.7. declara que procurou a delegacia do 4°DP – Vinhais, São Luís/MA, discorrendo o fato
ocorrido e pedindo providências para apurar acerca das falsificações de sua assinatura, conforme se
faz prova por meio do Registro de Ocorrência Policial 3552/2018 (peça 56, p. 6);
41.8 observa que a assinatura posta nos referidos documentos nem de longe assemelha-se como
sendo do peticionário, bastando comparar a assinatura do Termo de Aceitação Definitiva da Obra
(peça 33, p. 25) com as assinaturas do Boletim de Ocorrência (peça 56, p. 6), da Carteira do CREA
(peça 56, p. 4) e da CNH (peça 56, p. 5);
469

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

41.9. conclui que teve o nome usado, com assinatura falsificada. sem sua autorização, fazendo
vítima nesse processo;
41.10. pugna que, em todos esses aspectos, deve ser ressaltado que a responsabilidade a ser
apurada é contra o ex-gestor, a empresa que supostamente executou a obra e quem falsificou sua
assinatura para que essa conduta não fique impune; assim, de logo, requer seja oficiado a Polícia
Federal para apurar tais falsificações;
41.11. in fine, requer a exclusão do nome do peticionário do polo passivo da presente tomada de
constas especial, vez que não restou comprovada qualquer participação do requerente naquele
convênio, e, como afirmado e comprovado, foi vítima de falsários, que de forma intencional
praticaram ato atentatório ao Princípio Administrativo e Criminal.
ANÁLISE
42. O Sr. João Mota Neto sustenta em suas alegações de defesa, em síntese, que foi vítima de
falsificações de sua assinatura e que jamais participara da fiscalização da obra em tela, não havendo
ART com esse propósito.
43. Com vistas a reforçar seus argumentos, acostou aos autos cópias de documentos oficiais
CNH e documento profissional (CREA), assim como cópia do boletim de ocorrência policial (peça 56,
p. 4-6).
44. Um exame grafotécnico seria o recomendado para atestar a veracidade do afirmado,
matéria da competência do Ministério Público Federal, órgão para o qual alvitra-se desde já a
remessa de cópia integral dos autos para as providências pertinentes.
45. Contudo, num exame perfunctório, observa-se que as assinaturas reconhecidas como
legítimas pelo Sr. João Mota Neto (peça 56, p. 3-6) constam com um “J” (jota) seguido de símbolos
gráficos que se assemelham às letras “M” e “N”, que lembram as inicias do sobrenome de Mota e
Neto.
46. As assinaturas que compõem as medições (peças: 33, p. 75-86; 34, p. 1-85, 35; 35, p. 1-57) e
o Termo de Aceitação Definitiva das Obras (peça 33, p. 25) não se assemelham com as observações
acima indicadas. Guardam um outro padrão, diferente do acima observado.
47. Assim, diante da revelia do gestor municipal responsável, das alegações de defesa
superficiais da empresa contratada, alvitra-se que, diante das observações supra, as alegações de
defesa do Sr. João Mota Neto sejam acolhidas, excluindo-o do polo passivo processual.
CONCLUSÃO
48. Diante da revelia do Sr. Francisco Geremias de Medeiros (CPF 293.209.843-87) e
inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela ocorrência de boa-fé ou de outros
excludentes de culpabilidade em sua conduta, propõe-se que suas contas sejam julgadas irregulares e
que o responsável seja condenado em débito, além da cominação da multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992.
49. A empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ 02.984.702/0001-82) apresentou suas alegações
de defesa (peça 30), que, consoante análise técnica supra, não mereceram acolhimento.
50. Consoante proposta do Douto Parquet, o Sr. João Mota Neto foi incluído na relação
processual e citado pelo Ofício 924/2018. Em resposta, apresentou suas alegações de defesa (peça
56), cuja análise na seção Exame Técnico alvitra seu acolhimento, excluindo-o do polo passivo da
presente tomada de contas especial.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
51. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) considerar revel o Sr. Francisco Geremias de Medeiros (CPF 293.209.843-87), na condição
de ex-Prefeito do município de Lima Campos/MA (gestões: 2005-2008 e 2009-2012), nos termos do
art. 12, §3º, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992;
b) acolher as alegações de defesa apresentadas Sr. João Mota Neto (CPF 124.212.783-63),
excluindo-o do polo passivo da presente tomada de contas especial;
470

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

c) não acolher as alegações de defesa apresentadas pela empresa Classe Construções Ltda.
(CNPJ 02.984.702/0001-82);
d) julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Geremias de Medeiros (CPF: 293.209.843-87)
e da empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ: 02.984.702/0001-82), com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e
com arts. 1º, inciso I, 209, inciso III, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno do Tribunal;
e) condenar solidariamente em débito o Sr. Francisco Geremias de Medeiros (CPF:
293.209.843-87) e a empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ: 02.984.702/0001-82), para o
pagamento das quantias a seguir especificadas, conforme preconizam os arts. 19, caput, e 23, inciso
III, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 210, caput, e 214, inciso III, do RI-TCU, com a fixação do prazo de
15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, nos termos do art.
214, inciso III, alínea “a”, do RI-TCU, o recolhimento das dívidas em favor da Fundação Nacional de
Saúde (Funasa), atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das
datas de ocorrência dos seus fatos geradores até o efetivo recolhimento, abatendo-se, na
oportunidade, as quantias já recolhidas, na forma da legislação em vigor;
Data da Valor Original
Ocorrência (R$)
12/2/2010 58.231,17
4/3/2010 35.323,25
14/2/2011 211.029,82
f) aplicar, individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 267 do
Regimento Interno do TCU, aos responsáveis, Sr. Francisco Geremias de Medeiros (CPF:
293.209.843-87) e a empresa Classe Construções Ltda. (CNPJ: 02.984.702/0001-82) com fixação do
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo
recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
g) autorizar a cobrança judicial da dívida desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendida a notificação;
h) autorizar o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, se requerido
pelo responsável, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno,
fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar perante o
Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para
comprovar o recolhimento das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal, atualizado
monetariamente, os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor, esclarecendo
ainda ao responsável que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento
antecipado do saldo devedor (§ 2º do art. 217 do Regimento Interno do Tribunal), sem prejuízo das
demais medidas legais.;
i) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Maranhão,
nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU,
para adoção das medidas que entender cabíveis;
j) encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser proferido à Fundação Nacional de Saúde –
Funasa, e aos responsáveis, para ciência, informando que a presente deliberação, acompanhada do
Relatório e do Voto que a fundamenta, está disponível para a consulta no endereço
www.tcu.gov.br/acordaos, além de esclarecer que, caso requerido, o TCU poderá fornecer sem custos
as correspondentes cópias, de forma impressa.

VOTO
471

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundação Nacional de Saúde contra Francisco
Geremias de Medeiros, prefeito do Município de Lima Campos/MA de 2005 a 2012, e a empresa
Classe Construções e Locações Eireli, tendo em vista a não comprovação da boa e regular aplicação
dos recursos repassados por meio Termo de Compromisso TC/PAC 819/2008 (Siafi 651974), cujo
objeto era a execução de sistema de abastecimento de água nas localidades de Serrinha, Morada Nova
e São José dos Mouras II.
O ajuste esteve vigente de 31/12/2008 a 6/5/2012, tendo sido transferido todo o montante
acordado para execução das obras, como a seguir discriminado:
Ordem Bancária Data Valor (R$)
20090B803335 7/5/20 103.248,89
20100B800099 09 13/1/2 206.497,79
2011OB801036 010 4/2/20 20.253,00
2011OB801036 11 4/2/20 186.244,79
TOTAL 11 516.244,47

A empresa Classe Construções e Locações Eireli foi contratada em 24/8/2009, por meio do
Contrato 1/TP/12/09, para executar todo o objeto (peça 33, p. 54-59).
O termo de aceitação definitivo das obras foi assinado em 6/9/2011, pelo ex-prefeito, por João
Mota Neto, na condição de engenheiro responsável, e pelo preposto da Construtora. Atestaram que as
obras de construção do sistema de abastecimento de água haviam sido integralmente executadas pela
empresa contratada nos povoados de Morada Nova, São José dos Mouras II e Serrinha, consoante as
especificações técnicas avençadas (peça 3, p. 260).
A prestação de contas final foi apresentada em 24/11/2011 (peças 3, p. 183-298; 4, p. 1-96; 5, p.
1-194), enquanto vistoria in loco foi realizada pela Funasa em 7/11/2014. Apurou-se, nessa ocasião,
que somente 41% do objeto havia sido executado (peça 5, p. 202-228). Em 18/12/2014, esse
percentual foi ratificado (peça 5, p. 242).
Em vista de valores não aplicados no mercado financeiro nos anos de 2009 a 2011, como
identificado quando da análise da prestação de contas parcial, o Município restituiu
R$ 4.532,03 à conta específica do ajuste em 11/2/2011 (peça 3, p. 143).
Por meio do Parecer Financeiro 22/2015, a Superintendência Estadual da Funasa no Maranhão
concluiu pela não aprovação da prestação de contas final relativa à parcela de R$ 304.584,24,
correspondente ao percentual não executado (peça 5, p. 268-272).
Instaurada a TCE, as conclusões da Funasa foram pela ocorrência de dano ao Erário, sob a
responsabilidade solidária de Francisco Geremias de Medeiros, gestor dos recursos, e da empresa
contratada para a execução das obras (peça 7, p. 75-85). O Controle Interno anuiu a tais conclusões e
manifestou-se pela irregularidade das contas (peça 7, p. 120-126).
Internamente, promoveu-se a citação dos responsáveis (peças 24, 25 e 44).
Somente a Classe Construções e Locações Eireli apresentou alegações de defesa. Francisco
Geremias de Medeiros manteve-se silente, o que resulta na revelia, para todos os efeitos, como
previsto no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
Por recomendação do MPTCU, promoveu-se a citação de João Mota Neto, haja vista ter
subscrito o termo de aceitação definitiva da obra e atestado os serviços prestados. Adotada tal
providência, o engenheiro trouxe alegações de defesa.
A empresa Classe alegou, em sua defesa, desconhecer os motivos das irregularidades informadas
pelo TCU, porquanto selecionada para a execução do objeto a partir de certame, que “transcorreu de
maneira legal e transparente”. Informou, ainda, que: (i) o sistema de abastecimento de água foi
integralmente concluído e está em funcionamento, o que seria comprovado por meio de fotos, vídeos e
documentos remetidos em anexo; (ii) não houve superfaturamento, locupletamento ou obtenção de
vantagem econômica que resultasse em dano ao Erário; (iii) eventuais erros cometidos pela gestão
municipal não devem ser imputados à contratada (peças 30-40).
472

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

João Mota Neto informou ter exercido o cargo de engenheiro da prefeitura de 2008 a 2011,
período em que se incumbia de projetos de reforma, orçamentos de projetos e fiscalização de obras.
Esclareceu que sua atuação como fiscal resultava, sempre, na emissão de Anotações de
Responsabilidade Técnica de Fiscalização (ART), mas que, no caso específico das obras avaliadas
neste processo, não atuou como fiscal. Aduz, nesse sentido, que: (i) nenhuma anotação de
responsabilidade técnica (ART) de sua autoria foi anexada ao processo de prestação de contas
apresentado pelo gestor à Funasa; (ii) tomou conhecimento de que havia assinatura a ele atribuída no
termo de aceitação definitivo das obras por meio da citação do TCU; (iii) não é sua a assinatura aposta
no termo de aceitação definitivo das obras, o que busca comprovar com documentos juntados aos
autos; (iv) ante a falsificação de sua assinatura no documento, autuou o Registro de Ocorrência Policial
3552/2018 na 4ª Delegacia de Polícia de Vinhais, em São Luís/MA, como comprova (peça 56).
A Secex-TCE refuta a defesa da empresa contratada ante a não comprovação de que as obras
foram executadas nos padrões técnicos recomendados. Ressalta que as fotos e declarações remetidas
não afastam as impropriedades identificadas pela Funasa, inclusive no que se refere ao percentual não
executado (59%). Propõe que sejam rejeitadas as alegações de defesa da Classe Construções e
Locações Eireli.
Quanto a João Mota Neto, registra que é sensível a diferença entre a assinatura constante do
termo de aceitação definitiva da obra e a disposta nos outros documentos apresentados pelo
responsável, o que torna plausível a arguida falsificação. A unidade instrutora propõe que sejam
acolhidas as alegações de defesa do responsável, com a exclusão de sua responsabilidade nos autos.
Por derradeiro, propugna pela irregularidade das contas e condenação em débito de Francisco
Geremias de Medeiros e da Classe Construções e Locações Eireli, em face da ocorrência de dano ao
Erário decorrente de atos de gestão ilegítimos, e pela cominação da multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992 aos responsáveis. O Parquet anuiu ao encaminhamento proposto.
Acolho os pareceres emitidos nestes autos como razões de decidir.
Não foram trazidos aos autos elementos capazes de comprovar a execução do objeto pactuado, o
que afronta o dever de prestar contas insculpido no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal.
A falsificação da assinatura de João Mota Neto no termo de aceitação definitiva da obra fica
corroborada ante documentos outros apresentados e a divergência visível entre as assinaturas, assim
como a ausência de ART de sua autoria juntada à prestação de contas, que, nos termos da cláusula 7.1
do Contrato 1/TP/12/09, condicionava os pagamentos à empresa contratada. Excluo, assim, a
responsabilidade de João Mota Neto destes autos.
No mérito, julgo irregulares as contas de Francisco Geremias de Medeiros e da Classe
Construções e Locações Eireli, com fulcro no art. 16, inciso III, alínea “c”, da Lei 8.443/1992, e
condeno-os em débito pelo montante de R$ 304.584,24, cuja aplicação não restou demonstrada, o que
corresponde a R$ 494.303,40 em 14/3/2019, sem juros.
Aplico-lhes, ainda, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.

ACÓRDÃO Nº 2703/2019 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 006.418/2016-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Fundação Nacional de Saúde (26.989.350/0001-16)
3.2. Responsáveis: Classe Construções e Locações Eireli (02.984.702/0001-82); Francisco
Geremias de Medeiros (293.209.843-87); João Mota Neto (124.212.783-68).
4. Entidade: Município de Lima Campos/MA.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
473

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.


7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Tomada de Contas Especial (SecexTCE).
8. Representação legal: Nardo Assunção da Cunha (OAB/MA 4.613), representando Classe
Construções e Locações Eireli.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela
Fundação Nacional de Saúde contra Francisco Geremias de Medeiros e a empresa Classe Construções
e Locações Eireli, em razão da não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos repassados
por meio Termo de Compromisso TC/PAC 819/2008 (Siafi 651974), cujo objeto era a execução de
sistema de abastecimento de água em localidades do município;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo relator:
9.1. considerar revel Francisco Geremias de Medeiros, para todos os efeitos, com fundamento no
art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992, dando-se prosseguimento ao processo;
9.2. rejeitar as alegações de defesa da empresa Classe Construções e Locações Eireli;
9.3. acolher as alegações de defesa de João Mota Neto e excluir sua responsabilidade nestes
autos;
9.4. julgar irregulares as contas de Francisco Geremias de Medeiros e da empresa Classe
Construções e Locações Eireli, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘c’, 19 e 23,
inciso III, da Lei 8.443/1992, e condená-los ao pagamento das quantias a seguir especificadas, com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da dívida à Fundação
Nacional de Saúde, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das
datas discriminadas até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:

Data da Ocorrência Valor Original (R$)


12/2/2010 58.231,17
4/3/2010 35.323,25
14/2/2011 211.029,82

9.5. aplicar a Francisco Geremias de Medeiros e à empresa Classe Construções e Locações Eireli
a multa individual prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 240.000,00 (duzentos e
quarenta mil reais), com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o recolhimento da
dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data desta deliberação até a do efetivo
recolhimento, se paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.6. autorizar a cobrança judicial da dívida, caso não atendidas as notificações, nos termos do art.
28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.7. encaminhar cópia desta deliberação à Procuradoria da República no Estado do Maranhão,
nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, bem como aos responsáveis e a João Mota Neto.

10. Ata n° 8/2019 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 26/3/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2703-08/19-1.
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues
(Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

Você também pode gostar