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a INTRODUÇÃO À FISCALIDADE 

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dência habitual’, quer de ‘sede ou direcção efetiva’ exigem um elemento de conexão real. ado no mercado como um qualquer bem ou direito disponível ou como um crédito civil ou
Isto significa, na verdade, que o regime do domicilio tem, na lei fiscal portuguesa, inserido um comercial.
mecanismo anti-abuso – habitualmente designado mecanismo anti-abuso específico, em contraposi- A lei admite, no entanto, a transmissibilidade do crédito tributário por morte. Trata-se claramente de
ção aos mecanismos gerais anti-abuso. uma excepção. A responsabilidade do ‘sucessor’, no entanto, limita-se ao património transmitido
Aliás, este mecanismo anti-abuso é ainda mais relevante quando acaba por conferir à Administração com a herança (inventário). Como refere expressamente o nº2 do art. 9º da Lei Geral Tributária “as
Tributária o poder de corrigir oficiosamente o domicilio indicado pelo sujeito passivo. Na verdade, obrigações tributárias originárias e subsidiárias transmitem-se, mesmo que não tenham sido ainda
o nº9 do art. 19º da LGT estatuí que “a administração tributária poderá rectificar oficiosamente o liquidadas, em caso de sucessão universal por morte, sem prejuízo do benefício do inventário”.
domicílio fiscal dos sujeitos passivos se tal decorrer dos elementos ao seu dispor”.  
 
Devem ainda ser sublinhados alguns elementos importantes.
JUROS MORATÓRIOS, COMPENSATÓRIOS E INDEMNIZATÓRIOS
Antes de mais, a obrigatoriedade de comunicar qualquer alteração de domiclio à administração tri-
 
butária. Trata-se de um critério de eficácia: qualquer alteração que, neste âmbito, náo seja comuni- A Lei Geral Tributária prevê diversos tipos de juros, consoante, essencialmente, o ato substantivo e
cada à administração, será desprovida de efeitos jurídicos face a esta. Significa, por outro lado, que subjacente que originou, juridicamente, a sua constituição.
as notificações feitas pela AT serão consideradas válidas, uma vez que quem violou os respetivos No caso dos juros de mora, o atraso do pagamento revela a sua verdadeira natureza. Nos termos do
deveres funcionais foi o contribuinte. nº1 do art. 44º da LGT “são devidos juros de mora quando o sujeito passivo não pague o imposto
Por outro lado, o regime legal define claramente que, em caso de ausência para o estrangeiro supe- devido no prazo legal”. Essencialmente penaliza-se o atraso do contribuinte (singular ou colectivo)
rior a 6 meses, é obrigatória a nomeação de um representante, que assuma a função de ponto de con- no pagamento da devida prestação tributária. Estes são os definidos genericamente para as dívidas
tacto com a administração tributária. Nos termos do nº6 deste artigo “os sujeitos passivos residentes ao Estado, sem qualquer particularidade atendendo à sua natureza. Os juros moratórios são devidos
no estrangeiro, bem como os que, embora residentes no território nacional, se ausentem deste por até à data do pagamento efectivo da dívida, independentemente de outros ato satosais que tenham
período superior a seis meses, bem como as pessoas colectivas e outras entidades legalmente equi-

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antecedido esse pagamento.
paradas que cessem a actividade, devem, para efeitos tributários, designar um representante com
residência em território nacional”.
Deve ainda ser sublinhado que, caso o montante a pagar seja inferior ao valor da dívida, os juros H
moratórios assumem prioridade na hierarquia da canalização dos montantes pagos, nos termos do
 
 
nº4 do art. 40º da LGT.
   

Transmissibilidade e Cessão dos Créditos Tributários Quanto aos juros indemnizatórios, estes são devidos quando, por erros imputáveis à administração
  fiscal, o contribuinte acaba por pagar impostos que não deveria ou em montante superior ao legal-
Um dos princípios fundamentais do direito tributário português é o da indisponibilidade do crédito mente exigido. Nos termos do nº1 do art. 43º da LGT “são devidos juros indemnizatórios quando se
tributário. Significa que, em princípio, o crédito tributário não pode ter o mesmo que outro tipo de determine, em reclamação graciosa ou impugnação judicial, que houve erro imputável aos serviços
créditos, cuja natureza permite a sua fácil transmissão, cedência ou negociação. de que resulte pagamento da dívida tributária em montante superior ao legalmente devido”.
Conforme refere o nº2 do art. 30º da LGT “o crédito tributário é indisponível, só podendo fixar-se A lei estabelece ainda três circunstâncias específicas nas quais são devidos juros compensatórios:
condições para a sua redução ou extinção com respeito pelo princípio da igualdade e da legalidade - Quando não seja cumprido o prazo legal de restituição oficiosa dos tributos;
tributária”. - Em caso de anulação do acto tributário por iniciativa da administração tributária, a partir do 30.º
A indisponibilidade do crédito tributário pode também ser considerada, numa certa perspectiva, ine- dia posterior à decisão, sem que tenha sido processada a nota de crédito;
gociabilidade. O crédito tributário não deverá, em princípio, ser negociado, cedido ou transmitido a - Quando a revisão do acto tributário por iniciativa do contribuinte se efectuar mais de um ano após
terceiros, em função da sua ligação predominante ao poder soberano do Estado e à responsabilidade o pedido deste, salvo se o atraso não for imputável à administração tributária.
dos cidadãos face a este último.  

Assim, salvo quando a lei o preveja expressamente, a cessão do crédito tributário ou a sua transmis- Ao contrário do que ocorre noutros sistemas jurídicos, a legislação fiscal portuguesa impõe que, em
são inter vivos estão proibidas no sistema fiscal português. O crédito tributário não pode ser negoci- caso de procedência de qualquer acção administrativa ou judicial a favor do sujeito passivo, a
reconstituição da situação anterior do contribuinte inclui não apenas os montantes pagos indevida-

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