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a INTRODUÇÃO À FISCALIDADE 

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- verificação da conformidade dos documentos de suporte ou dos pressupostos de regimes fiscais Trata-se, sinteticamente, de avaliar a matéria tributável do contribuinte em função dos elementos
privilegiados aplicáveis ao contribuinte diretamente relacionados com a mesma: os elementos contabilísticos, os registos empresariais, as
  declarações fiscais, etc.
Conforme se pode facilmente concluir, estamos perante um conjunto muito vasto de circunstâncias e Ora, por maioria de razão, a impossibilidade de proceder a esta avaliação direta ocorrerá precisa-
requisitos de facto. Significa isto que, na verdade, o poder de acesso a esta informação pela adminis- mente quando estejamos perante a inexistência destes elementos, ou em casos da sua clara e objetiva
tração fiscal é extremamente amplo e, mesmo não podendo ser considerado discricionário, é extre- insuficiência. Na verdade, caso não existam – ou existam em número extremamente reduzido –
mamente difuso (muito mais do que o verificado em alguns dos Estados da União Europeia). quaisquer elementos contabilísticos, declarações fiscais ou registos relevantes – e obrigatórios por
Deve ainda ser sublinhado que, não obstante a verificação dos requisitos legais estabelecidos, o efe- lei – como poderia a matéria tributável dos contribuintes ser calculada?
tivo acesso da administração fiscal a estes elementos depende da prévia autorização por parte do É nestes casos que tem lugar, como aliás na grande maioria dos Estados da União Europeia, a avali-
diretor-geral da autoridade tributária e aduaneira, tal como consta do nº7 do art. 63º da LGT. ação indireta da matéria tributável, também conhecida como avaliação indiciária, precisamente pelo
 
recurso a indícios relevantes.
O legislador procurou ainda, nesta matéria, conferir aos contribuintes visados uma série de prerroga-
Nestes casos, conforme a expressão legal sugere, procede-se à avaliação da matéria não com base
tivas de defesa dos seus direitos, sem comprometer a eficácia dos poderes da administração
nos elementos diretamente relacionados com a mesma, mas a partir de indícios e elementos indire-
tributária.
tos considerados relevantes para esse apuramento.
Neste sentido, foram previstos no normativo acima indicado recursos judiciais face ao exercício des-
Ora, ao dizer isto, estamos a afirmar que as finalidades destes processos são estruturalmente diferen-
tes poderes pela Autoridade Tributária, com características diferentes caso estejamos a falar do pró-
tes: enquanto a avaliação direta procura apurar a exata matéria tributável do contribuinte, a avalia-
prio contribuinte ou de terceiros com os quais se encontra em relações especiais.
ção indireta procura essencialmente chegar a um valor aproximado, presumido, através de um
Assim, se estiver em causa o acesso à informação bancária do contribuinte visado pela diligência, o
conjunto de critérios legalmente estabelecidos.
recurso terá efeito meramente devolutivo, o que significa que o acesso material a essa informação
É isto mesmo que resulta do art. 83º da LGT ao estabelecer que “a avaliação directa visa a determi-

G não se suspende devido à interposição do recurso. Por outro lado, caso esteja em causa o acesso a
informação de terceiros (em relação especial com esse contribuinte), o recurso já terá efeito suspen-
nação do valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a tributação” enquanto que “a avaliação indi-
recta visa a determinação do valor dos rendimentos ou bens tributáveis a partir de indícios,
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sivo, o que significa que as diligências ficarão suspensas até decisão judicial definitiva.
presunções ou outros elementos de que a administração tributária disponha”.
O legislador encontrou assim o ponto de equilíbrio possível entre a defesa dos direitos fundamentais
No direito fiscal português atual, a regra legalmente estabelecida é a da subsidiariedade da avaliação
dos contribuintes e os necessários poderes de inspeção e averiguação da administração fiscal,
indireta. Por outras palavras, esta apenas deve ocorrer quando for manifestamente impossível levar a
optando pela gradação de situações em função do sacrifício dos direitos envolvidos. De facto, se
cabo a avaliação direta da matéria tributável (cfr. Art. 85º, nº1 da LGT).
quando esteja envolvido o próprio contribuinte faz sentido que as diligências prossigam independen-  
temente dos recursos interpostos (em função, nomeadamente, do principio da celeridade no procedi- O art. 87º da LGT define os casos em que é possível recorrer à avaliação indireta da matéria tributá-
mento tributário), já quando as diligências visam terceiros em relação especial com esse vel. Tratando-se de um conjunto de casos extremamente vasto, convém sublinhar que esta é uma
contribuinte, a ponderação de interesses envolvidos aconselha a que, em caso de oposição, sejam os clausula fechada e, portanto, para que haja lugar a este tipo de procedimento teremos obrigatoria-
tribunais a decidir, afinal, que direitos devem ceder e quais devem ser predominantes no caso mente de estar numa destas situações:
concreto.  
  a) Regime simplificado de tributação, nos casos e condições previstos na lei;
   
A AVALIAÇÃO INDIRETA DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL b) Impossibilidade de comprovação e quantificação directa e exacta dos elementos indispensáveis à
 
correcta determinação da matéria tributável de qualquer imposto;
 
 
Nem sempre a matéria tributável dos contribuintes pode ser diretamente apurada pela administração
c) A matéria tributável do sujeito passivo se afastar, sem razão justificada, mais de 30% para menos
fiscal, em função de diversas razões e circunstâncias. Mas, antes de mais, devemos perguntar-nos
ou, durante três anos seguidos, mais de 15% para menos, da que resultaria da aplicação dos indica-
em que consiste esta avaliação direta, do ponto de vista jurídico?
dores objectivos da actividade de base técnico-científica referidos na presente lei.

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