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PEÇA 6 – DIREITO TRIBUTÁRIO

Disciplina (s): Prática Tributária - 10°SEMESTRE

Professora: Tatiana Cristina Leite de Aguiar/ Turma: DIR5BN-MCC

COMPONENTES do grupo:

Bruna Santos Carvalho / RA: 817124448

Juliana Simões Bertoldo / RA: 817123460

Roberta Stefanini Gonçalves / RA: 817118118

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO JUIZADO


ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE CIDADE/UF.
Maria, nacionalidade, estado civil, servidora pública do Estado X, solteiro,
portadora da carteira de identidade no. xxxxe CPF no xxx, residente e domiciliada na
Rua X, no. xxx, bairro X, Município X, Estado X, com endereço eletrônico XXXXXX,
vem por meio de seu advogado, devidamente subscrita nestes autos, perante Vossa
Excelência propor

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO

em face da SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO X, pessoa jurídica de


direito público, devidamente inscrita no CNPJ sob o n° XXX, com sede à XXXX, pelos
motivos de fato e de direito que se seguem.

I. DOS FATOS
A autora, servidora pública do Estado X, verificou no contracheque referente ao
mês de março que foi retido de sua remuneração um adicional de 2%, referente ao
Imposto sobre a Renda Pessoa Física – IRPF.
Ao questionar seu órgão de vinculação, obteve a informação de que a
cobrança tinha por fundamento a Lei Estadual no 12.345, editada no último dia do
exercício imediatamente anterior.
Indignada com a cobrança, a autora decidiu adotar as providências cabíveis, a
fim de questionar judicialmente o desconto e obter a devolução do valor recolhido, já
que seu pedido administrativo foi negado.

II. DA FUNDAMENTAÇÃO
Ao iniciar os fatos, tem se a verificação do fato gerador, que de acordo com o
doutrinador Hugo de Brito Machado, “é a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação
de ambos”.
Deste modo, a análise de sua exigibilidade é de extrema importância, pois o
imposto se configura diante do acréscimo patrimonial, de acordo com o que o Código
Tributário Nacional prevê:
“Art. 43. O imposto, de competência da
União, sobre a renda e proventos de
qualquer natureza tem como fato gerador a
aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do
capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza,
assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso
anterior.”

Não há possibilidade de cobrança, o Estado X não poderia ter estipulado o


adicional de IRPF para seus servidores, tendo em vista que a competência tributária é
da União, seja para instituir imposto sobre renda e proventos, seja sob a perspectiva
da competência residual. Para confirmação da argumentação, traz o artigo 153, I, CF:
“Art. 153. Compete à União instituir
impostos sobre:
[...]
III - renda e proventos de qualquer
natureza.
[...]”
De acordo com o Alexandre (2017, p.503) que se o pagamento foi considerado
indevido, este valor pago indevidamente não corresponderá a tributo, mas a algo pago
a título de tributo. Assim, a autora que pagou não é necessariamente sujeita passiva
de tributo, possuindo direito à restituição independentemente de aviso prévio protesto.
Assim, a obrigação de restituir não é tributária, mas sim civil, possuindo fundamento,
na vedação ao enriquecimento sem causa.
Destarte, já que a cobrança se mostra indevida, a autora faz jus à repetição de
indébito do valor cobrado acrescido referente ao mês de março, conforme
entendimento consolidado na Súmula 546 do STF:
“Cabe a restituição do tributo pago
indevidamente, quando reconhecido por
decisão, que o contribuinte “de jure” não
recuperou do contribuinte de “facto” o
quantum respectivo.”
Com entendimento jurisprudencial pode ser confirmada a vedação do
enriquecimento, acrescentando também a restituição total ou parcial dos valores
pagos, a ementa abaixo traz um exemplo do fato:
“EMENTA:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO.
A ação de repetição de indébito tributário
que tem como base o princípio geral de
direito que veda o enriquecimento sem
causa. A restituição total ou parcial dos
valores pagos a maior a título de tributos
encontra sua fundamentação legal no art.
165 do Código Tributário Nacional. para
fins de devolução, não basta a mera
afirmação de que não percebeu o
rendimento tributável declarado, se mostra
necessário a demonstração de que o
rendimento efetivamente não foi percebido
ou que, dada sua natureza, não era
tributável. Deve ser patentemente
demonstrado que os valores pagos a
maior, extrapolaram o crédito tributário
requerido pelo ente tributante, isto é,
esmiuçar qual relação jurídica deve ser
declarada inexistente a pedido do autor, o
que não ocorreu no caso em comento. A
inadmissão da revisão cingiu em razão da
transcorrência do prazo para a discussão
em análise, isto em consonância com o
artigo 44, inciso I da Lei nº 16.464/2009, a
qual regula o processo administrativo
tributário. Não restou comprovado na
exordial o liame entre o tributo
supostamente antecipado com os
requisitos ensejadores da mencionada
medida com previsão no CTN. APELAÇÃO
CONHECIDA E DESPROVIDA.
0332735-14.2012.8.09.0051 - Apelação
(CPC).”
É importante salientar que em prol da segurança jurídica é necessário
que seja mantido o posicionamento acerca de questões similares, o que é caso
exposto, uma vez que o respeito a nossa Constituição Federal deve ser mantido.
Portanto, não há como negar que prevalece entendimento daquele que
é o órgão supremo de nosso arcabouço jurídico e guardião da Lei Maior. Assim, em
face da similaridade da questão posta em pauta, cumpre dizer que necessita ser
seguido o posicionamento supra, de modo que deve ser declarada a indevida
cobrança do tributo, tendo em vista falta de competência, conforme artigo e súmula
abaixo:
“Art. 157. Pertencem aos
Estados e ao Distrito Federal:
I - o produto da arrecadação
do imposto da União sobre renda e
proventos de qualquer natureza, incidente
na fonte, sobre rendimentos pagos, a
qualquer título, por eles, suas autarquias e
pelas fundações que instituírem e
mantiverem;
Súmula 447 -
Os Estados e o Distrito
Federal são partes legítimas na ação de
restituição de imposto de renda retido na
fonte proposta por seus servidores.

Data da Publicação - DJ-e


13-5-2010.”

III - DOS PEDIDOS


Pelo exposto, requer a autora, respeitosamente, se digne Vossa Excelência
determinar:

a) a citação da Ré, ...., na pessoa de seu representante legal, para, se o desejar,


contestar a presente ação, sob pena de revelia, acompanhamento, a seguir, todos os
termos processuais até final do julgamento;
b) a procedência da presente ação, com a condenação da Ré na obrigação de restituir
à Autora o que foi pago indevidamente, decretando a repetição de indébito referente
às importâncias recolhidas indevidamente a título de do tributo cobrado no mês de
março, conforme documentos anexos, acrescidos de juros e correção monetária;

c) a condenação da Ré no pagamento das custas processuais, honorários


advocatícios e demais cominações legais cabíveis, calculados sobre o valor das
importâncias a serem restituídas;
d) protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente o depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena de
confesso, oitiva testemunhal, juntada de novos documentos, perícias, vistorias e
demais que ao interesse da causa convierem.

Dá-se à causa o valor de R$ .....


Pede deferimento.

São Paulo, (dia, mês e ano).


________________________
Advogado OAB/UF nº

REFERÊNCIAS
- CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988;
- CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE
1966;
- ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário/ Ricardo Alexandre – 11. Ed. rev.
Atual. e ampl. – Salvador – Ed. JusPovdm, 2017.;
- https://www.conjur.com.br/2021-mar-17/bergamini-repeticao-indebito-tributos-
indiretos
- https://tj-go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/934435054/apelacao-cpc-
3327351420128090051

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