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EXMO. SR.DR. XXXXXXXXXXXX FEDERAL DA 1a.

VARA FEDERAL DE
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Ação ORDINARIA
Processo n° «PROCESSO»
Autor : «parte»
Réu: UNIAO

A UNIÃO FEDERAL, pelo PROCURADOR DA


FAZENDA NACIONAL, com poderes de representação outorgados por lei, adiante
assinado, vem, respeitosamente, apresentar
CONTESTAÇÃO
, conforme razões a seguir

Pleiteia, a parte autora, que não incida imposto de renda


sobre valores que recebe, a título de previdência complementar, da FUNCEF.
Sem qualquer razão a parte autora, sendo totalmente
improcedente sua ação.

INEXISTÊNCIA DE DIREITO DE ISENÇÃO PLEITEADO

Em que pese tudo aquilo que alega a parte adversa, não


tem ela direito a invocada isenção do imposto de renda.

Primeiramente, é inegável a ocorrência do fato gerador do


imposto de renda, tal qual previsto no artigo 43 do Código Tributário Nacional:

Art. 43 - O imposto, de competência da União, sobre a


renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a
aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou
da combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os
acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

1
A parte autora confirma o recebimento mensal de
benefício da FUNCEF. Ora, o citado benefício constitui provento tributável uma vez
que produz acréscimo patrimonial.

Não vinga a alegação de que há bi-tributação posto que o


benefício nada mais seria do que uma poupança do autor que ele acumulou durante
toda a vida. Primeiramente, porque a parte autora somente adquire as
disponibilidades financeiras dos valores de previdência complementar a cada mês,
segundo os critérios da FUNCEF. Não lhe é facultado comparecer à FUNCEF e
solicitar o levantamento de todo o montante, de uma só vez, como se aquilo fosse
uma poupança sua. Vê-se, pois, que a disponibilidade financeira não é da parte
autora, e sim da FUNCEF.

Configura-se, pois, a hipótese de incidência do Imposto


de Renda a cada mês, a cada recebimento do benefício.

Além disso, o benefício, como é cediço, prolonga-se por


toda a vida da parte autora, independentemente de suas contribuições, em vida,
terem sido ou não suficientes para esta retribuição, sendo certo que quanto mais
longevo for o beneficiário, maior será o somatório de rendas mensais recebidas.

Não há, pois, como acatar que os benefícios são rendas


auferidas a muitos anos, que sempre foi da parte autora, e que por isto o fato gerador
não estaria ocorrendo agora, e sim em tempos outros, ante o fato inequívoco de que
o montante de benefícios recebidos poderá ser muito maior do que o total de
contribuições feitas ao fundo.

Note-se, ainda, que os benefícios não são custeados


somente pelas contribuições da parte autora, posto que entram no fundo a
contribuição da empresa e a contribuição dos atuais trabalhadores na ativa, havendo,
pois, uma rateio no custeio dos benefícios.

Por tudo isto, e pelo fato de que os benefícios pagos pela


FUNCEF tem origem outra que não o patrimônio da própria parte autora, é que se
verifica a ocorrência do acréscimo patrimonial ensejador da incidência de imposto
de renda.

Nem se alegue eventual imunidade de proventos de


previdência, posto que isto não é assegurado pela Constituição Federal de 1988, tal
qual decidiu o E. Tribunal Regional Federal da 1ª Região:

Referência : APELAÇÃO CÍVEL Nº 94.01.34004-3 - DF (TRIB)


Relator : EXMO. SR. XXXXXXXXXXXX TOURINHO NETO
Publicada em : 15/09/94 Pág.: 51.234

ESDRAS DE SIQUEIRA E OUTROS


FAZENDA NACIONAL

2
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RENDIMENTOS PROVENIENTES DE
APOSENTADORIA. PREVIDÊNCIA DE ENTIDADE DO ESTADO FEDERAL,
PESSOA COM IDADE SUPERIOR A SESSENTA E CINCO ANOS.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 153, PAR. 2º, INC. II. LEI Nº 7.713, DE
22.12.1988.

1. Cabe a lei ordinária e não a lei complementar regulamentar o disposto no


art. 153, par. 2º, inc. II, da Constituição Federal, que cuida de incidência do
imposto de renda sobre rendimentos provenientes da aposentadoria e pensões,
pagos pela previdência social das entidades do Estado Federal.
2. O imposto de renda, nos termos do art. 153, par. 2º, inc. II, da Constituição
Federal, pode incidir sobre parte dos rendimentos do aposentado.
3. O servidor, na hipótese do art. 153, par. 2º, inc. II, da Constituição, que tenha
outra renda, pode ter os proventos imunes, total ou parcialmente, do imposto de
renda, que incidirá, tão somente, sobre a outra renda.
4. A Lei nº 7.713, de 1988, estabeleceu os limites da incidência do imposto de
renda, na hipótese prevista no art. 153, par. 2º, inc. II, da Constituição.
5. Na fonte, há de incidir o imposto de renda sobre os rendimentos do
aposentado com mais de sessenta e cinco anos, pagos pelas entidades do Estado
Federal; na declaração anual, far-se-a a apuração do imposto, nos termos do
art. 153, par. 2º, inc. II, da Constituição.
6. Apelação impróvida.

Terceira Turma.
Julgamento em 29/08/94
Recurso improvido. Unânime.

Por fim, diga-se, e apenas subsidiarimente, que o autor


não provou o recolhimento anterior do tributo combatido, a comprovar a alegada bi-
tributação, bem como não quantificou quanto daquilo que recebe de aposentadoria
complementar seria hipoteticamente decorrente de suas contribuições, nem
demonstrou, contabilmente, que os valores que hoje recebe são decorrentes, única e
exclusivamente, de suas contribuições, e não de outras fontes, razão pela qual pode
se concluir pela incorreção de suas afirmações, tudo a ensejar a improcedência total
desta demanda.

CONCLUSÃO

Assim, por todo o exposto, pede-se:

a) Seja julgada totalmente improcedente a presente ação.

Nestes Termos,
P. Deferimento,
Taubaté, 15 de novembro de 2023

PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL

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