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a INTRODUÇÃO À FISCALIDADE 

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Face à existência de vários instrumentos cautelares previstos, o legislador optou por definir um a) As acções preparatórias ou complementares de informação e fiscalização tributária;
regime geral de reação, por parte dos visados, para defesa dos seus direitos e garantias. b) A liquidação dos tributos quando efectuada pela administração tributária;
Neste sentido, estatuí o nº1 do art. 144º do CPPT que “as providências cautelares adoptadas pela c) A revisão, oficiosa ou por iniciativa dos interessados, dos actos tributários;
administração tributária são impugnáveis no prazo de 15 dias após a sua realização ou o seu conhe- d) O reconhecimento ou revogação dos benefícios fiscais;
cimento efectivo pelo interessado, quando posterior, com fundamento em qualquer ilegalidade”. O e) A emissão ou revogação de outros actos administrativos em matéria tributária;
nº2 deste mesmo artigo define que “a impugnação é apresentada no tribunal tributário de 1.ª instân- f) As reclamações e os recursos hierárquicos;
cia da área do serviço da administração tributária que tiver adoptado a providência cautelar”. g) A avaliação directa ou indirecta dos rendimentos ou valores patrimoniais;
Estando em causa providências cautelares – que devem sempre ser norteados pelos princípios da h) A cobrança das obrigações tributárias, na parte que não tiver natureza judicial.
proporcionalidade, necessidade e adequadção -, estas impugnações judiciais são consideradas urgen-  

tes e, nesse sentido, são dotadas de um regime de tramitação bastante mais célere que os processos Como sublinha o Supremo Tribunal Administrativo, numa definição bem conseguida no acórdão de
ordinários. 23 de Fevereiro de 2012 , estaremos perante um procedimento tributário quando “a Administração
No entanto, ao contrário do que seria expectável, o legislador não atribuiu efeito suspensivo às Tributária actua como tal, no exercício da sua função tributária, agindo sobre a relação jurídica tri-
impugnações judiciais das providências cautelares utilizadas pela administração tributária. Há que butária estabelecida entre si (como sujeito activo) e o contribuinte (como sujeito passivo) ou sobre a
ponderar, neste cenário, os diversos bens e interesses jurídicos em jogo: se, por um lado, temos o obrigação que dela emana, produzindo actos materialmente administrativos em matéria tributária”.
 
direito dos contribuintes à salvaguarda do seu património e o direito fundamental à propriedade, do
 
outro temos a prossecução do interesse público da administração tributária e o dever fundamental de  
arrecadação de receita e cobrança das dividas tributárias. INFORMAÇÕES VINCULATIVAS: NOÇÃO E REGIME JURÍDICO
Neste contexto de colisão de prorrogativas jurídicas, o legislador optou por um equilíbrio na deter-  

minação dos efeitos da impugnação judicial nesta sede, definindo que não tem efeito suspensivo Tal como estudámos anteriormente, o principio da colaboração assume capital importância no

G (das providências cautelares adoptadas) mas intimando a administração tributária a abster-se da prá-
tica de quaisquer atos que comprometam, efetivamente, o efeito útil do processo, garantindo assim
âmbito do procedimento tributário. Significa, fundamentalmente, que a administração tributária e o
contribuinte devem assumir um papel de cooperação para efeitos do bom desenvolvimento do pro-
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um mínimo de proteção aos visados por aqueles instrumentos preventivos. cedimento, estabelecendo, nesse sentido, deveres para ambas as partes.
  Ora, no âmbito do nº3 do art. 59º da LGT a referida cooperação manifesta-se, entre outras dimen-
  sões, no “esclarecimento regular e atempado das fundadas dúvidas sobre a interpretação e aplica-
 
ção das normas tributárias” e na “prestação de informações vinculativas, nos termos da lei”.
O PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO – INTRODUÇÃO
 
O dever de informar os contribuintes em relação aos seus deveres tributários e em relação à correta
O legislador fiscal português recorreu a uma definição bastante ampla e genérica da noção de proce- interpretação e aplicação das normas tributárias é, assim, a base teórico-dogmática da figura das
dimento tributário, que consagrou na Lei Geral Tributária. Considerou, efetivamente, que será con- informações vinculativas.
siderado procedimento tributário “toda a sucessão de actos dirigida à declaração de direitos Tal como o nome sugere, a diferença destas para as «simples informações» prende-se com o seu
tributários”. sentido e força vinculativa, garantindo ao sujeito passivo um nível de segurança jurídica num pata-
Neste sentido, procedimento tributário apresenta-se essencialmente como relação de atos encadea- mar muito mais significativo. Isto não significa, deve notar-se, que as informações prestadas pela
dos, com natureza tributária, tendo em vista o apuramento da verdade tributária nas suas várias administração tributária não têm, em regra, qualquer valor ou vinculatividade. Significa antes que
dimensões e manifestações. Ou, na expressão do legislador, o encadeamento de atos, assumindo existe um instrumento especifico, de valor reforçado, a que os contribuintes podem aceder em situa-
forma escrita, tendente à afirmação/ negação (declaração) dos direitos envolvidos na relação jurídi- ções de especial necessidade de salvaguarda da segurança jurídica, quer devido à natureza dos inte-
co-tributária e sem natureza judicial (se assim for estaremos perante processo tributário e não proce- resses envolvidos, quer ao seu valor económico.
dimento tributário). Nos termos do nº1 do art. 68º da LGT “as informações vinculativas sobre a situação tributária dos
O art. 54º da LGT não estabelece uma cláusula fechada, mas apresenta o conjunto mais significativo sujeitos passivos, incluindo, nos termos da lei, os pressupostos dos benefícios fiscais, são requeri-
de atos administrativo-tributários que compõe o universo do procedimento tributário: das ao dirigente máximo do serviço, sendo o pedido acompanhado da descrição dos factos cuja

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