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Instituto Filosófico de Apucarana

Vitor Gabriel Ambrósio


2º ano de Filosofia
Filosofia da Cultura

Apreciação dos capítulos 1 e 2 do livro “Inquéritos sobre religião e


cultura” de Christopher Dawson

Trabalho apresentado na disciplina de


Filosofia da Cultura

Professor: Padre Lucas Endo

Apucarana – 2023
APRECIAÇÃO DO CAPÍTULO 1 – “O Novo Leviatã”

O autor do livro cita, já no primeiro parágrafo, o fato da mente do séc. XX ser


dominada pelos ideais do nacionalismo e do liberalismo. Coloca isso como algo ruim,
o que, de fato, é verídico. Vemos, por exemplo, que durante o séc. XX, muitas foram
as guerras causadas pelo nacionalismo exacerbado. Outra consequência do
nacionalismo, foi a xenofobia, que levada ao extremo, tem como fim o que aconteceu
com os judeus durante a Segunda Guerra, o holocausto promovido por Hitler e seu
partido nazista.
Além dessas características sociais, essas duas vertentes causaram a
interdependência entre os povos para que fosse possível suprir as necessidades
materiais. O indivíduo, praticamente, perdia o controle de sua vida e se tornava servo
das forças econômicas impessoais. Com o fim das guerras, o liberalismo foi, cada vez
mais, ganhando espaço. Tendo como base o próprio capitalismo, essa vertente foi
fazendo com que as pessoas desenvolvessem um espírito extremamente materialista,
o que impulsionava a economia, mas fazia com que esses mesmos indivíduos
vendessem todo seu tempo e energia em troca de conforto.
Como o próprio autor disse, essa nova sociedade vive em massa e só pode
viver assim. O homem deixou de ser, como seus antepassados, autossuficiente. O
mesmo homem que plantava, colhia, cortava madeira, fazia seus móveis, cuidava dos
animais e deles tirava alimento, agora é o homem que compra tudo em bandejas. A
perda dessa autossuficiência faz com que o homem de hoje fuja dos compromissos,
fuja da dor, dos problemas, pois sempre terá alguém que poderá resolver tudo para
ele, pois como dito pelo autor: “O propósito da civilização já não reside na cultura
intelectual, e sim no bem-estar material”.
Outro problema citado pelo autor é de que o homem, para conseguir se adequar
à cultura da massa, abre mão de sua própria individualidade. Quão grande o número
de pessoas que vemos tentando subverter a verdade para que ela se adeque às
questões culturais. Negam que o ser humano ou nasça homem, ou nasça mulher.
Negam, até mesmo, que a verdade exista, para que tudo possa ser liberado, dizendo
que “a verdade é relativa”. E ai daquele que não quiser se adequar a esses padrões.
O mesmo “...precisa pagar um preço temeroso e passar por uma espécie de
penitência”.
O autor coloca algumas formas de resolução desse problema, dizendo, até
mesmo, que a iniciativa deveria partir da própria Europa, que ainda está imbuída pela
Renascença. Infelizmente a própria Europa, nos dias atuais, tem mostrado que não
será ela a resolver esse problema. Vemos cada vez mais a cultura individualista,
relativista, focada no conforto, materialista, tomarem conta da Europa. Mesmo em
meio a tantas coisas deixadas pela tradição, conseguem perverter o que seus
antepassados construíram com muito custo.
Mesmo tendo uma visão pessimista, acredito que sempre há uma chance. Em
minha opinião, um retorno à tradição já seria um bom começo. Como bom católico,
creio que a própria Igreja deveria ser o baluarte desse movimento, tomando para si,
mais uma vez, a tarefa da formação de bons intelectuais, que ajudariam nesta causa.
Deve-se retornar a um modelo apologético, que tenha em si o diálogo, mas, que acima
de tudo, busque mostrar a verdade do Evangelho. Devemos, como bons cristãos,
perceber que aquilo que foi construído com tanto custo por nós, está se
desmoronando debaixo de nossos narizes e não estamos fazendo nada para mudar
isso.

APRECIAÇÃO DO CAPÍTULO 2 – “O significado do Bolchevismo”

Segundo o autor, o bolchevismo se caracteriza mais como algo de cunho


religiosos do que político e o partido comunista, mais como uma religião do que
qualquer outra coisa. Neste caso, vemos como essas pessoas, ainda nos dias de hoje,
se mostram como gigantescos cabeças duras acreditando que tal regime poderia dar
certo. Ora, olhando para o passado, vemos o fracasso da URSS, vemos o fracasso
da ditadura comunista cubana, boliviana e venezuelana. Vemos um crescimento
econômico da China comunista, mas a troco da liberdade e exploração do próprio
povo.
A verdade é que de nada adianta apresentar argumentos para estas pessoas,
como dito no texto pelo sociólogo alemão Waldemar Gurian. Como o mesmo é de
cunho religioso, seus adeptos acreditam estar diante da mais sublime verdade que se
possa encontrar. O problema é que essa religião é materialista e destruidora.
Mas, por que o povo abraçou a ideia marxista? Segundo o autor, por conta da
burguesia que esvaziou a sociedade de seu espiritualismo enquanto exauria a mesma
economicamente, as pessoas agora necessitavam de algo que preenchesse esta
lacuna. Neste vazio, qualquer coisa cabe, principalmente algo tão apaixonado e
atraente como a doutrina marxista. O que me deixa um pouco assustado, pois o povo
basicamente se rebaixou a uma ideologia, sem nem mesmo pestanejar, por puro
fanatismo, por se deixar levar pelo momento, o que custou muitas vidas. Com base
nisso, vejo um certo perigo nos dias atuais. No momento, o mundo passa por uma
gigantesca crise pós-pandemia e que também tem como agravante a guerra Rússia-
Ucrânia. Neste contexto, principalmente nos países com mais problemas econômicos
e sociais, qualquer coisa que surgir se identificando como uma ideologia salvadora
poderá ser abraçada pela massa.
Neste caso, concordo com o autor quando o mesmo diz que o bolchevismo seja
uma ameaça ao Ocidente. Na verdade, ele já está sendo abraçado há algum tempo.
Vemos, por exemplo, como um grande ponto do marxismo a destruição dos valores
cristãos tradicionais e também dos valores individuais do capitalismo, como a
propriedade privada. Tomemos o Estados Unidos, símbolo máximo do Ocidente, como
exemplo. O mesmo está passando por um processo de modernização gigantesco,
onde, cada vez mais, as pessoas têm abraçado valores subversivos ditados por uma
elite que pretende instaurar suas doutrinas modernas. Vemos, por exemplo, como
várias empresas utilizam-se de propagandas apoiando o orgulho LGBT, mas somente
para se adequar a um modelo ditado por essas pessoas e por puro interesse
econômico.
Infelizmente isso tem se tornado cada vez mais comum no Ocidente. Mas,
como o próprio autor disse, o desenvolvimento dos ideais burgueses foi extremo e
houve uma reação na mesma medida, pois o mesmo acontece com os ideais
bolcheviques atuais. A reação a essa doutrina é o próprio conservadorismo e
tradicionalismo, elementos que comumente encontramos na Igreja Católica. Vemos,
então, nos últimos anos, um aumento do catolicismo nos Estados Unidos, sendo que,
segundo o site 7 margens, um quarto (24%) dos americanos se dizem católicos,
tornando a Igreja Católica a maior comunidade de fé dos Estados Unidos.
O fato é que, em minha opinião, ainda devemos aprender muito com o Oriente.
Vemos que, de certa forma, os povos orientais foram os únicos que conseguiram
surfar contra a onda modernista e manter algum grau de espiritualismo, mesmo que
não cristão. Mas, ao mesmo tempo, também vemos uma intensificação dos conflitos
entre esses países, como a própria Rússia e também os conflitos do Oriente Médio.
Deve-se, então, buscar, de certa forma, unir esse ardor político do Ocidente à
conservação dos valores e tradições do Oriente, ocasionando, talvez, em uma postura
de equilíbrio entre essas dimensões sociais. Como o próprio autor diz no final do
capítulo, “A nova ordem tem de ser concebida [...] como uma unidade que incorpore
todos os elementos da cultura europeia e faça justiça às necessidades espirituais e
sociais, bem como econômicas, da natureza humana”.

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