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BI 705 – Escatologia e Apocalipse

Departamento de Estudos Bíblicos e Exegéticos


Prof. Welerson Alves Duarte

Aula 04 – Escatologia e Apocalipse

Aula 4 – O Estado Intermediário

1. Apresentação

Nesta aula temos como objetivo demonstrar que após a morte a alma, ou espírito,

permanecem em um estado que chamamos de intermediário pois ele compreende o período

que vai da morte à ressurreição.

Ao final esperamos que:

1. O aluno seja lembrado que entre a morte e a ressurreição há um estado intermediário;

2. Fique claro que há diferentes opiniões a respeito do estado intermediário;

3. O aluno saiba distinguir qual o posicionamento bíblico de acordo com a teologia

reformada.

2. Devocional

“Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que

molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta

chama.” Lucas 16:24

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Nesta histórica contada por Jesus podemos ver que duas pessoas morreram, mas suas

almas tiveram destinos diferentes. Nestes locais havia consciência e havia sofrimento para

um e descanso para outro. Descansemos em Cristo a certeza de que conscientemente

desfrutaremos do descanso eterno.

3. Conteúdo

A escatologia individual não é propriamente a consumação, pois esta só ocorrerá de fato com

a escatologia geral, que é a segunda vinda de Cristo. Isto nos leva à seguinte questão:

Enquanto a ressurreição não ocorre, qual é o estado da alma dos que já partiram? Onde fica

a alma dos que morrem enquanto aguardam a ressurreição? Há uma série de opiniões que

tentam responder a esta pergunta. Apresentaremos a seguir as teorias mais importantes. No

entanto, cremos que se faça necessário abordarmos outra questão antes: A vida além da

morte física é real?

De acordo com Boettneer,

Da mesma maneira que a constituição do peixe implica a existência da água como o

elemento em que vai viver e movimentar-se, e da mesma maneira que a vae implica a

existência do ar, também a existência da capacidade espiritual e moral do homem,

implica um meio ambiente em que ele possa estar livre para desenvolver e aperfeiçoar

essas capacidades (...). Somos criaturas temporais, mas fomos destinados à

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eternidade. Suspiramos por essa santidade superior, essa visão mais abundante, essa

capacidade de ouvir mais perfeita, e esses meios de transporte e comunicação mais

rápidos. (BOETTENER, L. Imortalidade, p. 67)

Ainda sobre a vida após a morte, abordando a posição bíblica Leandro Lima diz o

Seguinte:

O Novo Testamento tem sua base na ressurreição de Cristo que é a grande confirmação

de que existe vida após a morte. É quase uma redundância, portanto, falar de vida

eterna e Novo Testamento. Porém, a vida eterna do Novo Testamento é a vida da

ressurreição. O Novo Testamento tem a sua própria base no fato de que a vida atual

não é a única do ser humano. Sem a vida terna, a mensagem do Novo Testamento é

totalmente desprovida de sentido. (LIMA, L. Razão da esperança, p. 568)

Isso posto vejamos quais são as principais teorias a respeito do estado intermediário da alma.

3.1. A Ideia Moderna Da Existência do Homem No Hades-Sheol

Há uma teoria que diz que há um lugar cujo nome em hebraico é Sheol e, em grego, Hades, o

qual está reservado para receber as almas, tanto dos crentes quanto dos ímpios, enquanto

aguardam a ressurreição.

Este não é um lugar de castigo ou de gozo, é um lugar triste onde o morto fica condenado a

uma existência que é apenas uma reflexão em sonhos da vida na terra. É um estado de

semiconsciência e de inatividade sonolenta.

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Esta teoria não pode ser considerada como algo que tenha fundamento nas Escrituras. Os

termos Sheol e Hades não são sempre usados com o mesmo sentido nas Escrituras. Se

significassem sempre o lugar ao qual tanto o justo como o ímpio descem, como poderia a

descida do ímpio ao Sheol ser mantida como uma advertência, conforme podemos verificar

em diversas passagens bíblicas (cf. Jó 21.13; Sl 9.17; Pv 5.5; 7.27; 9.18; 15.24; 23.14)? E como

pode a Escritura falar da ira de Deus que ali arde (Dt 32.22)?

Podemos dizer que estes termos têm nas Escrituras os significados de morte, estado dos

mortos ou sepultura. O contexto determinará qual a tradução mais adequada.

Mesmo o contexto pode não definir com absoluta certeza qual o sentido, veja o uso em Mateus

16.18. Ali Cristo diz que as portas do hades não prevalecerão contra a igreja. Nossas versões

traduzem como inferno, dando o sentido de que o poder do mal não prevalecerá contra a

igreja, no entanto, morte também faria sentido uma vez que neste caso o texto estaria

ensinando que tendo Cristo vencido a morte a Igreja também a venceria na ressurreição.

3.2. A Doutrina do Purgatório, do Limbus Patrum e do Limbus Infantum

A teologia da Igreja Católica Romana estabelece três lugares intermediários para a alma.

Segundo os católicos, as almas dos que são perfeitos no momento da morte são logo admitidas

no Céu, porém aqueles que não estão perfeitamente purificados precisam sujeitar-se a um

processo de purificação antes de entrarem no paraíso. Esta purificação se realiza no

purgatório, onde as almas são oprimidas e sofrem dores reais. O tempo de sua permanência

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no purgatório e a intensidade dos sofrimentos dependem da necessidade de cada indivíduo. O

tempo pode ser abreviado e o sofrimento aliviado pelas preces e pelas boas obras dos fiéis,

que ainda vivem na terra.

O Limbus Patrum é o lugar onde as almas dos santos do Antigo Testamento foram detidas em

estado de expectação até a ressurreição do Senhor. Após Sua morte, Cristo desceu a esta

parte do Hades e libertou os santos, levando-os em triunfo para o Céu.

Fica difícil encontrar razão lógica para a existência de tal lugar. Também é impossível

encontrar base bíblica que comprove essa ideia.

O Limbus Infantum é a habitação das almas das crianças que não foram batizadas,

independentemente de serem filhos de pais cristãos ou pagãos. Apesar de não haver uma

opinião unânime quanto a esta condição da alma ali, a ideia que prevalece é que não sofrem

castigo nenhum. Este lugar foi criado em virtude da crença de que o batismo é absolutamente

necessário para a salvação, ao mesmo tempo em que se crê que a criança não tem pecado.

Sendo assim, a criança não batizada não pode entrar no Céu, mas também não podia ser

condenada ao inferno. Recentemente, o Papa Bento XVI aboliu esta doutrina.

3.3. A Doutrina do Sono da Alma - Algumas seitas advogam a ideia de que, depois da morte,

as almas continuam a existir, mas num estado de repouso ou sono inconsciente. Seu apoio

escriturístico é especialmente procurado em passagens que apresentam a morte como um

sono. É notável, contudo, que a Bíblia nunca diz que a alma dorme. E estas expressões

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escriturísticas baseiam-se simplesmente na semelhança entre um corpo morto e um corpo

que está dormindo. A Bíblia apresenta os crentes gozando de uma vida consciente em

comunhão com Deus e com Jesus Cristo, imediatamente depois da morte (Lc 16.19-31; 23.43;

At 7.59; 2Co 5:8; Fp 1.23; Ap 6.9; 7.9;

20.4).

3.4. A Doutrina do Aniquilamento e da Imortalidade Condicional - Estas doutrinas ensinam

que após a morte não há nenhuma existência consciente, se é que há algum tipo de existência

para o ímpio após a morte.

A doutrina do aniquilamento ensina que o homem foi criado imortal, mas que os que

continuam no pecado, por um ato de Deus, são privados do dom da imortalidade e, finalmente,

destruídos.

A doutrina da imortalidade condicional ensina que a imortalidade não é um dom natural do

homem, mas um dom de Deus em Cristo para os que creem. Ambas concordam, no entanto,

que para o ímpio não há existência após a morte.

3.5. A Posição Reformada - A posição usual das igrejas reformadas é que as almas dos crentes,

imediatamente após a morte, ingressam nas glórias do céu.

A Bíblia ensina que a alma do crente, quando separada do corpo, entra na presença de Cristo.

Diz Paulo, “entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com

o Senhor” (2Co 5.8). Aos filipenses, ele escreve que tem o desejo de partir e estar com Cristo,

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o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). E Jesus, ao malfeitor arrependido, disse “em

verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).

4. Tarefas e exercícios (para responder no fórum)

Leia o artigo, assista o vídeo e comente no fórum suas impressões a respeito dele.
Lembre-se que a participação no fórum é avaliada para composição da nota final:
https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-estado-intermediario/
https://www.youtube.com/watch?v=dpK31aoYILc

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