DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA Prof. Me. Raphael Furtado Marques Aluna: Vera Lúcia Santos dos Reis Polo: Fortaleza dos Nogueiras-MA
1. Inclusão de Alunos com Deficiência nas Aulas de Educação Física: Atitudes
de Professores nas Escolas Regulares - Revista brasileira de educação especial - 2018
Tema atual nas discussões sobre os desafios e novos rumos da escola, a
inclusão de alunos com deficiência divide opiniões de educadores e gestores escolares. Se, por um lado, são destacados os benefícios que esse processo pode trazer para todos os envolvidos, muito além do que apenas para os alunos que são inclusos; por outro, a inclusão ainda desperta dúvidas e anseios em toda a comunidade escolar. Na área da Educação Física escolar, o discurso não é diferente, e observa-se que muitos professores ainda se veem cercados de questionamentos diante do desafio de planejar atividades e saberes que possam contemplar estudantes com diferentes possibilidades e condições específicas. A educação inclusiva é descrita pelos autores como um processo que vem sofrendo inúmeras mudanças com o passar dos anos. De acordo com Sassaki, citado por Duarte e Aguiar (2005), esse processo vem acontecendo desde a década de 80. Para os autores é caracterizado como a prática de inclusão de todos, independente do seu talento, deficiência, etnia ou cultura.
Ao analisar esse processo no viés histórico, os autores destacam que
importantes mudanças já aconteceram. De acordo com Rechineli et al (2008), verdadeiros absurdos aconteciam com pessoas com deficiência. Pessoas assim eram totalmente menosprezadas, destruídas ou até eliminadas da sociedade. Ou eram mortas, ou simplesmente abandonadas à própria sorte ficando a mercê de todo tipo de discriminação. A própria Igreja associava a deficiência ao pecado nesse período.
Essa visão holística e preconceituosa, de acordo com os mesmos autores,
começou a mudar somente no final do século XX e início do século XXI, quando se viu a necessidade de a humanidade olhar a todas as pessoas com reconhecimento acreditando nas potencialidades e capacidades de cada um. Dentro dessa perspectiva, relatam como fator de destaque no período, o rompimento do até então paradigma excludente dando lugar à interação e valorização dos “corpos deficientes” da sociedade.
Nesse sentido, é válido destacar que a educação inclusiva tornou-se mais
evidente a partir da Declaração de Salamanca que aponta importantes avanços no sentido de incluir alunos especiais em escolas regulares. Aliás, de acordo com Hegarty, citado por Rodrigues (2003), esse processo pode ser definido justamente como o desenvolvimento de uma educação apropriada e de alta qualidade para alunos com necessidades especiais na escola regular.
Entretanto, apesar dos grandes avanços conquistados em prol da inclusão, esse
tema têm sido alvo de muitos debates ainda nos dias atuais. A grande verdade nesse momento destacada pelos artigos analisados, é que a inclusão de alunos com necessidades especiais, na escola regular, é o grande desafio para o século XXI. A Educação Física, por sinal, como componente curricular representa parte significativa nesse processo.
a inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares ainda é um desafio
para professores, especialmente pela insegurança gerada pela precária formação profissional e falta de estrutura de apoio. O objetivo desta investigação foi analisar as atitudes dos professores de Educação Física em relação à inclusão de alunos com deficiência no ensino regular, bem como a influência do sexo, tempo de experiência profissional e tipo de deficiência dos alunos. Para tanto, 35 professores de Educação Física de 15 escolas públicas de Londrina responderam individualmente ao Teacher Inclusion Attitudes Questionnaire (TIAQ) - Questionário de Atitudes dos Professores com relação à Inclusão. Os resultados mostraram que, de um modo geral, os professores são otimistas com relação à inclusão de alunos com deficiência em suas aulas, embora seja destacada a falta de apoio recebido pela escola como uma barreira importante no processo. O tempo de experiência e sexo do professor, bem como o tipo de deficiência do aluno, foram fatores de influência nas atitudes, reforçando que mulheres com menor tempo de experiência, especialmente com alunos com deficiência intelectual em suas turmas, apresentam atitudes mais negativas no sentido da inclusão. Pelos dados obtidos, observa-se que as atitudes dos professores de Educação Física diante da inclusão de alunos com deficiência são muitas vezes contraditórias, exibindo por um lado receio de não possuir a competência necessária para a atuação adequada, e, por outro, demonstrando clareza sobre os benefícios do processo para todos os alunos. O tempo de experiência e sexo do professor, bem como o tipo de deficiência do aluno, foram fatores de influência nas atitudes, reforçando que mulheres com menor tempo de experiência, especialmente com alunos com deficiência intelectual em suas turmas, apresentam atitudes mais negativas no sentido da inclusão.
O número crescente de alunos com deficiência que são matriculados atualmente
no sistema regular de ensino impõe um desafio iminente a toda comunidade escolar. Embora professores de Educação Física em muitas situações demonstrem ser mais predispostos à inclusão do que seus colegas de outras áreas, apenas a adequada capacitação profissional e a implementação de novas abordagens curriculares poderão melhorar a sensação de competência desse profissional, colaborando para a mudança de suas atitudes. O que se espera como consequência é que as diferenças passem a ser percebidas não como um entrave no processo educacional, mas como uma condição essencial para o desenvolvimento humano em qualquer contexto de ensino-aprendizagem. Diretório da Ciência Desportiva - 6ª edição - 2016 (APENAS A PARTE II - Disciplinas fundamentais da Ciência Desportiva) Como foi observado no texto, a lei não conceitua “desporto profissional”, apenas dispõe que o desporto de rendimento pode ser organizado e praticado de modo profissional, assim considerado quando houver o pagamento de remuneração pactuada em contrato formal de trabalho celebrado entre o atleta e a entidade de prática desportiva. O art. 26 preconiza que os atletas e entidades de prática desportiva são livres para organizar a atividade profissional, qualquer que seja sua modalidade, respeitados os termos da lei. Verifica-se, portanto, a possibilidade de profissionalismo em toda e qualquer modalidade, desde que cumpridos os requisitos legais, dentre eles remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva. De acordo com a Lei nº 9.615/98, art. 26, caput e parágrafo único, competição profissional é aquela promovida para a obtenção de renda, disputada por atletas profissionais, cuja remuneração decorra de contrato de trabalho desportivo. Conforme Santoro (2014), tal definição tem consequências não apenas no âmbito da Lei Pelé, como também no Estatuto de Defesa do Torcedor, que, em seu art. 43, restringe o âmbito de aplicação do referido diploma legal ao “desporto profissional”. As consequências atingem também a Lei de Incentivo ao Esporte, que veda a utilização de recursos incentivados com base na referida norma para o pagamento de remuneração de atletas profissionais (Lei nº 11.438/06, art. 2º, § bem como para o custeio de quaisquer despesas relativas à manutenção e organização de equipes profissionais ou de competições profissionais (Decreto nº 6.180/07, art. 5º, § 2º). Mesmo considerando o “desporto profissional” como sendo aquele praticado de modo profissional, contemplado no art. 3º, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 9.615/98, a lacuna legislativa permanece, posto que a prática profissional, ou seja, a celebração de contrato de trabalho entre clubes e atletas, no Brasil, somente é obrigatória para a modalidade futebol, sendo facultativa às demais modalidades (Lei nº 9.615/98, art. 94 c/c o art. 28). Mas como compatibilizar os dispositivos legais mencionados acima com as outras modalidades que não o futebol, nas quais a celebração do contrato especial de trabalho desportivo é facultativa? Essa questão precisa ser definida em lei. Enquanto não aclarada, fica por conta da jurisprudência a decisão de casos concretos. A Justiça competente para resolver as questões trabalhistas entre o atleta profissional e a entidade desportiva é a Justiça do Trabalho. A relação entre o atleta profissional e a entidade desportiva é de natureza trabalhista, regida por contrato de trabalho, com aplicação das normas trabalhistas e da seguridade social (§ 4º do art. 28). Ocorre que, nos termos do art. 94, o disposto nos arts. 27, 27-A, 28, 29, 29-A, 30, 39, 43, 45 e nº § 1º do art. 41 dessa lei é obrigatório exclusivamente para atletas e entidades de prática profissional da modalidade de futebol. Assim, em relação a modalidades desportivas como vôlei e natação, em que o desporto é praticado de modo não profissional, a vinculação mediante contrato de trabalho é facultativa. Cumpre salientar que o atleta não profissional em formação, maior de quatorze e menor de vinte anos de idade, que recebe auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob o título de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, com ela não mantém vínculo empregatício (art. 29, § 4º). Dispõe a Lei Pelé, em sua redação atual, que é facultado às entidades desportivas profissionais constituírem-se regularmente em sociedade empresária, segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil.
Portanto, após observar o texto citado, percebe-se que a legislação esportiva
demonstrou, nos períodos históricos analisados, que a prioridade do Estado foi sempre voltada para o esporte de alto rendimento, mesmo depois da inclusão do art. 217 da CF/88. O esporte é um bem da humanidade, historicamente constituído e não pode ser negado à população, pois é direito de cada um o acesso às práticas esportivas e dever do Estado de fomentá-las. Todavia, na história da legislação esportiva brasileira, não houve a lei que privilegiasse, concretamente e de forma prioritária, o esporte educacional e de participação. Esse fato demonstra que a efetivação do esporte como direito fundamental não acontecerá se não houver leis que garantam a universalização deste nas escolas e universidades públicas, bem como para a população em geral. Portanto, é necessário um novo marco legal que garanta a universalização do esporte no Brasil, por meio da organização conjunta das esferas federal, estadual e municipal, que estabeleça diretrizes básicas permitindo o amplo acesso às práticas esportivas, com infraestrutura mínima e financiamento público, ou seja, garantindo as condições materiais para efetivação desse direito constitucional. Inserção profissional e formação continuada de egressos de cursos de graduação em Educação Física - Revista Brasileira de Educação Física e Esporte – 2015 A atual conjuntura global, caracterizada por rápidos avanços tecnológicos, tem implicado em mudanças nas diversas áreas da vida humana1, dentre as quais destaca-se o mercado de trabalho e, consequentemente, a formação profissional. A "revolução da informação", com efeito, tem gerado impactos de incerteza e instabilidade no mercado de trabalho, visto que o surgimento de novas oportunidades e de modalidades de atuação contrasta com o desemprego crescente em determinados campos de intervenção. Esta dinamicidade do mercado implica, naturalmente, no surgimento de novos contextos de atuação e na necessidade de profissionais adaptados às respectivas exigências.
No caso específico da Educação Física, a literatura consultada identifica cinco
grandes áreas de atuação profissional: a) escola: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior; b) saúde: hospitais, clínicas de recuperação cardíaca e fisioterápica, clínicas de reeducação motora e centros de tratamento de distúrbios motores e mentais; c) lazer: clubes, hotéis, estâncias hidrominerais, hotéis-fazenda, SESC, SESI e animação de festas e eventos; d) esporte, nos níveis amador e profissional: clubes esportivos, empresas, prefeituras e clubes sociais; e) empresa: indústrias, academias e escolinhas de modalidades esportivas em geral. Para outros autores, a diversificação percebida nas áreas de atuação do profissional reflete, basicamente, dois grandes campos de intervenção: o âmbito escolar (sistema de ensino público e privado) e as demais áreas externas ao respectivo contexto, dentre as mais conhecidas a atividade física relacionada à promoção da saúde, o lazer, o esporte e as atividades de gestão empresarial.
As mudanças ocorridas no mercado de trabalho da Educação Física, nos anos
recentes, podem ser sintetizadas pela gradativa redução de postos de trabalho nas escolas e clubes (campos mais tradicionais), contrastando com o aumento progressivo de oportunidades em locais como empresas, hospitais, prefeituras e indústrias (campos não tradicionais) Certamente, o aumento na valorização da prática de atividades físicas como promotoras de bem-estar e qualidade de vida, além da preocupação com a manutenção da saúde e com a existência de um modelo de corpo a ser alcançado7, comprovam que os campos de atuação do profissional de Educação Física têm se ampliado para as mais diversas áreas, não mais se restringindo ao ambiente escolar e aos clubes esportivos.
O objetivo do texto analisado foi verificar aspectos da inserção profissional e
perspectivas de formação continuada de egressos dos cursos de bacharelado e licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina. Os participantes foram 63 egressos (34 bacharéis e 29 licenciados) concluintes entre o segundo semestre de 2009 e o segundo semestre de 2010, os quais responderam às questões de um questionário online, especialmente construído e validado para a pesquisa, que procurou obter informações referentes à sua inserção profissional e às perspectivas de formação continuada. De maneira geral, observou-se que a maioria dos formados atuava na área profissional de interesse, predominantemente em instituições privadas. A falta de experiência de atuação e a baixa remuneração oferecida pelos locais de trabalho foram consideradas as principais barreiras da inserção profissional. Em contrapartida, foram percebidos como facilitadores deste processo a amplitude de opções de intervenção destinadas ao profissional de Educação Física, bem como os conhecimentos adquiridos durante o curso realizado. A remuneração mensal da maior parte dos egressos empregados foi de até três salários mínimos. Verificou-se o interesse dos egressos de ambos os cursos pela realização de atividades de formação continuada em Educação Física, com destaque comum para cursos de especialização e/ou de mestrado nas áreas de atividade física direcionada à promoção da saúde. As evidências encontradas podem fornecer indicadores acerca da efetividade das reformulações curriculares realizadas nos cursos de graduação em Educação Física da UFSC, bem como contribuir para o aprimoramento contínuo da formação inicial oferecida aos estudantes.