Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conformação Plástica - Parte II - Sanguinetti-Laminação
Conformação Plástica - Parte II - Sanguinetti-Laminação
\ ro I
classificados em: laminação a quente e laminação a JNo. A laminação a
L__·~-~_:s_pa-es_:_~:_::_s_·
quente é constintida de diferentes etapas, c.ontbnne mostrado Chapas
esquematicamente na figura 7.2. finas _J
DJooos
ou \1
I
Ch~tpa...,
B~rras,
Vcrgnlhôe•.
L___l 'o:
i
j
:
!
1
!
Tat~gb·l t Tni~B! rJ
L,,...,.,,MM_]
Figura 7.3 Seqiiência no proc~sso de laminação a frio.
ungol:o : lU! A laminação a frio é nonnahnente uti lizada como etapa final ou
,.: i.. t' ;,~
de acabamento de produtos laminados. Nesta etapa linal do processo, as
L .- .....; .................l
L-amio.t~dor laminadorc~ lumiudort5 chapas finas, laminadas previamente a quente, sofrem alguns passos a
de Dcsbüic lnt<·rotedJáriot dt Ati.bamenro frio pam melhorar o acabamento e <tiustar suas dimensões.
Figura 7.2 Seqüência no processo de laminação a quente.
Como produto final, poderão ser obtidas chapas finas, fitas ou direçào do cisalhamento, justificando o alongamento do grão nesta
folhas com excelente acabamento superficial e muito bom controle direção.
dimensional (fig. 7.3). Ressaltamos que na indústria de metais nào·
ferrosos, como a de cobre c a de alumínio principalmente, numa boa parte 7.2 Tipos de Laminadores
das etapas do processo, a laminação é feita a liio. Se, ao invés de lingote,
o produto a ser laminado for solidificado na fonna de chapas (''roll O laminador é um equipamento constituído por ci li ndros ou rolos
casting", apêndice deste capítulo) o processo de laminação do alumínio de laminação, uma estrutura de sustentação denominada de gaiola, na
pode ser todo feito a frio, desde que o produto solidificado tenha uma qual são fiXados os mancais dos cilindros e um motor com velocidade
estrutura gmnulométrica adequada e, quando necessário, a deformação controlada para fornecimento da potência necessária ao processo
seja intermediada com alguns tratamentos térmicos intermediários (fig.7.6). Pelos altos esforços desenvolvidos dumnte a laminação, com
(reciÍstalização e ou recuperação). valores que podem chegar a milhares de toneladas, a estrutura do
laminador deve ser suficientemente robusta para suportar os esforços do
processo sem sofrer defo1maçõcs plásticas consideráveis que venham a
comprometer a qualidade o produto. As pequenas deformações d<ísticas
sofridas pelo conjunto compõem o chamado molejo do laminador e serão
consideradas mais adiante.
Caixa de
lransmissâo
Figura 7.4 Alongamento dos grãos no processo de laminação a frio.
o
o
Figuro 7.8· Representação esquemática de um laminador trio fi~'Ura 7.10· RcprctiCHta~ilo CS<JUcmática de um la.ro.i.o.ador quâdruo.
p P Cun·u
Curu \
Figura 7. 11 · Representação esquemática de um laminador ngntpndo Elistlc~ JlJAstil~
Existem outros tipos de laminadores a considerar como aqueles P, ----- ------·· ............ .
que são empregados na produção de barras. perfis, tantgos e vergalhões:
os chamados laminados não-planos (fig. 7.12).
Figura 7.12- Laminadores para perlis especiais Para o monitoramcmo, o sistema de conb·ole do laminador utiliza
calibradores eletrônicos de espessura como sensores de proximidade
Os rolos laminadores são desenhados de modo a reproduzir (indutivos ou capacitivos). sensores a infravennclbo, de raios-x etc. Estes
seções de gcomeu·ias complexas no laminado, semelh!miOmcme ao que sensores são capazes de dctccrar, cm tempo real, variações de espessuras
ocorreria num processo de confonnaçào em matriz fechada. O na escala nanométrica.
escoamenlo do metal se dá tanto no sentido longintdinal (da laminação) Vamos considerar uma chapa de espessura h11 sendo defo1111Dda
quanto no sentido transversal, preenchendo as cavidades do rolo. Na por laminação. A curva plás1ica relativa à deformação do mate ria I tem
liguro 7.12 vê-se 1rês rolos para produção de perfis crn ..,.., perfis de um formato cm "s'', scmelhamcmemc à curva de um ensaio de
seçào quadrada e para perfis ou ,·ergalbões de seçilo circular. compressão. À medida que a carga P aumenta a espessura linal h,
Evidentemente, para se produzir um perfil de seçào complexa as diminui. A curva elá;.tica. na realidade uma reta. representa a deformação
condições reológicas devem ser analisadas pre,•iamenle para se elástica sofrida pelo laminador devido à reação do material (empuxo)
estabelecer um sequenciamento adequado de passes. Nonnahnen1e. sobre os rolos. Este empuxo produz uma deformação li que. 1>0mada à
vários passes são necessários para que a scçào do laminado vá se abertura inicial dos rolos A, modifica a redução na espessura para ,,,. Pela
fonnando gmdalivamente, evilando-se os defeitos de má formação figura 7.13 observa-se que a espessura final do laminado é dada por: hr•
(preenchimento) do perfi l devido à rapidez do proces~o. Qualllo mais A;+ b:
complexa for a scção do perfil maior deve ser o número de passes. Suponhamos agora que, por um problema qualquer, a lcnsllo de
escoamento do matel'ial tenha aumentado repentinamente. A curva
plástica deve então se modificar (fig. 7.14), considerando-se o aumento como a reduç.ão por passe (L!h) e o diâmetro (2 R) do ci Iindro de
de esforços. laminação (rolo). Estes dois parâmetros combinados detenninarn um arco
de contato que gera uma reação PR "' a0 'Rsen8.w, onde B é o ângulo
p lX I formado pelo arco e w é a largura do rolo (profundidade no desenho).
lX I PI ----------
<To •
p• ------------
' ''
''
tga =
Lp .JR!lh
= --'---..,- Eq. 7.5
R-817 R-M
2 2
Substituindo-se o valor da equação 7.6 na equação 7.4 teremos Figura 7.17 • CondiçAo para continuidade durante a laminação: ó V=().
Eq. 7.8
O ponto neutro, onde a
A equação 7.8 nos dá a máxima redução, por passe, po.ssí vel num velocidade relativa e nula.
tem a máxima pressão.
processo de laminação qualquer. Os valores do coeficiente -de atriio
normalmente encontrados na laminação são: 0,05 :õ ).l ::; O, 1 para
laminação a lho com lubrificação; 0,2 ::; ~ até o grimpamento para a
laminação a quente.
ComTm~'ão Sem tr.t~iiQ Figum 7.21 ApUcaçno da tmçno avante e da t111çilo a ré.
:\'<aillcea Rê Avanh:: ou a Ré
Na equação 7.9, 0" 1 =O"R (!ração a ré) ou 0"1 =O", (tração Avante) e
O"3 = - p; teremos, de acordo com Von Mises
Tração
a Ré
Eq. 7.10
Tração
Awnt~
Extensio do arco Contato Pela equação 7. 10 percebe-se que quanto maior for a tensão aplicada ao
plano de laminação (O"!), seja ela avante ou a ré, menor será a pressão
Figura 7.20 - Efeito da tenção avante e tração a ré. sobre os rolos (p) e portanto menor será a carga (P).De acordo com Voo
Mises, o menor valor da carga (p) é obtido quando se aplica Substituindo-se a equação 7.11 na equação 7.12 teremos
simultaneamente tração avante e tração a ré (a1 = a.~+ a:,J.
Do ponto de vista dinâmico pode-se dizer que a condição de Von • I a"2v
Mises está para o escoamento em processos de conformação mecânica, s.•t = -
e.a •.
J-rh cosada Eq. 7.13
assim como a condição de Bemoulli está para o escoamento de nuidos
newtonianos. A pressão serà máxima onde a velocidade de escoamento
for mínima e vic.e-versa. Considerando-se que a" é igual a 90", após a integração da equação 7.13
o valor médio da taxa de dcfonnação será igual a
7.7 Taxa de Deformação na Laminação
•
&M = -I -2vr
-[l - sena •] Eq. 7.14
A taxa de deformação nos processos de laminação é variável,
l:!.a h
uma vez que a velocidade vertical (v1) depende do ângulo sobre o arco de
comato do rolo com o material. Por uma questão de simpli!icaçà(),
7.8 Estimativa de Esforços no Processo de Lamlnaçao
tomaremos o ângulo complementar a ao invés de (J (fig. 7.22).
A derenninação de esforços nos processos de laminação é
............
·--·~ ............ extremamente complexa, confonne foi visto no capítulo III § 3.4.
a' Resultados precisos para a equação 3.92 só podem ser obtidos por
vv= vrcosa processos numéricos (?.11EVF). Entreta!llo, para mna tomada de decisão,
como a seleção de um equipamento para realizar um determinado passe,
com vr contínua no um cálculo estimado pode ser feito rapidamente no próprio chão de
intervalo uo < u<90° fábrica. Para isto, é suficiente considemr-se o fato de que o diâmetro dos
cilindros é muito maior que a redução de espessura (D » Llh) e,
portanto, a laminação entre rolos pode ser considerada como uma
Figura i .22 - A taxa de defonnação na laminação é uma variáveL compressão homogênea entre placas planas. Assim, a carga de laminação
pode ser expressa pelo valor médio da função p(Y), dado pela equação
Sendo a taxa de deformação dada pela razão entre a velocidade 7.15.
vertical (v 1J e a a1tum (h), podemos escrever:
I L,. ! 2
produzidos por flexão dos rolos. Se a flecha for produzida pela reação do
material sobre o rolo (positiva), a região central será menos deformada, ! t !
de modo que o cstiramcnto nesta região da chapa será menor que o
estiramento lateral, conforme está ilustrado esquematicamente na figura
7.25. Adotando-se como princípio o fato de que as regiões que estiram
mais tendem a se contrai r após a deformação, podemos justificar o
enrugamento lateral sofrido pela chapa laminada nestas condições pelas
tensões eomprcssivas nas bordas c trativas na região central. Para o caso
de passos sucessivos de laminação a ti'io com uma flecha positiva,
poderão ocorrer pequenas trincas na região centml do laminado, sempre
que a tensão de mptura for ultmpassada nestas regiões. ainda dunmte a Figura 7.26 - Defeitos produzidos por 11exâo negativa dos rolos.
laminação. Após o processo, as tensões compressivas das bordas da
chapa contribuirão para tcchar as trincas da região central. 7_10 Lubrificação na Laminação_
Q ~
destes com o metal e o desgaste prematuro. Nom1almente, a soluç;io
refrigerante antes de ser recirculada deve ser filtrada para retirada dos
y;ff' v óxidos ou micro-fragmentos do metal laminado.
7.11 Apêndice
'
h.
~ -a
Os sistemas ternários de ligas eutética~ de alumínio obtidas por Nos cristais CFC. a interface sólido-líquido tende a ser paralela a
este processo podem evoluir para uma microcsrrutura de grãos uma das faces do cubo devido ao fator de acomodação. Neste tipo de
extremamente finos c com propriedades mecânicas bastante interessantes. esrnnura cristalina o crescimento dcndrítico ocorre normalmente segundo
As condições para o refino da microcsirutura são aumentadas pela ação a direçào [I 00]. Assim, os primeiros cristais nucleados têm uma de suas
de elevados gradientes térmicos que. associado> ao uso de nucleantes. faces tangenciando o rolo, tal como sugerido na figura 7.29. Es1as
aumentam a velocidade de nucleaçào na fase liquida. dircçõcs [I 00] dos primeiros cristais fonnados condicionam todo o
Os parâmetros geométricos importantes para a solidificação no crescimento dcodrítico. Assim, o dirccionamen1o colunar tende a fonnar
processo •·Roll Casting•· estão dcf111Ídos na figura 7.28, onde L. é o um ângulo ~ com o eixo da placa e, confom1e está sugerido na ligura
comprimenlo aproximado do arco de contalo; 4 e o comprimento do 7.30, quanto maior for a espessura da chapa. menor serâ o angulo ~· Por
arco onde exis1e uma deformação efetiva; h, e a espessura da lâmina de outro lado, o puxamcnto produzido pelos rolos na parte sólida da placa
líquido na entrada dos rolos; h~ é a espessura da lâmina no final da frente repercute na frente de solidiíicaç~o. principalmente nas regiões medianas.
de solidilicaç~o. onde é iniciada a dcfonnação cfctiva da chapa; d é o As tensões devido ao puxumcnto tendem a acomodar, nesta região, os
recuo da frente de solidificão e é dado por d ; 112 h, tga c Lw= L, - d. planos compactos {I I I} dos cristais sólidos da frente de solidi íicaçào,
Os mecanismos de fragmentação dos cris1ais dcndrfticos podem ser paralelamente à placa cm formação, segundo a direçâo (J 10]. Como esta
melhor explicados. qualitalivamentc. a partir da sequencia de tcnômcnos não é uma diroção fàvorávcl ao crescimento, devido tanto aos gradientes
que intervêm durante a solidificação: A nucleaçilo é seguida de um ténnieos quanto ao fator de acomodação, a frente de solidificação tem seu
crescimento colunar orientado confonne está ilustrndo na figura 7 .29. crescimento retardado nesta região mediana. provocando o recuo (d) cm
Este crescimento colunar tende a ser orientado, a panir da relação as partes da entrada dos rolos.
superficie dos rolos, pelas correntes de convecção e pelo fator de Admitindo-se que a frente de solidificação ê estacionária.
acomodação, característico do crescimento dcndritico. Durante o relalivamcotc aos eixos dos cilindros, pode se dizer que os cristais
puxamenlo da pane solidificada da chapa. a frente de solidificação sofre deodriticos formados na posição I, ao núgrarem para posi~o 2
uma distorção. Os brdços dendriticos em formação tendem a •e acomodar fragmentam-se para acomodar a nova condição de crescimento na frente
numa nova orientação, além de absorver as tensões, majoritariamente de solidificação e absorver os esforços compressivos.
compressivas, produzidas pelo esmagamento, enlre os rolos, no material
em solidilicução.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS Referências Bibliográficas
1· Quais parâmetros de laminação condicionam a redução de espessura, GEORGE E. DlETER · Metalurgia mecânica - Ed. Guanabara dois,
por passe, do laminado? 1982.
2- Qual a importância do diâmetro dos ci lindros para a carga de H. H.ELMAN, P. R. CETLlN - Fundamentos da coníonnação mecânica
laminação? dos metais - Ed. Guanabara dois, 1986.
3- Descreva o molejo de um laminador cujas condições de atrito são J. M. MEYERS, K. K. CHA WLA - l>rincípios da metalurgia mecânica
reduzidas durante um prOC<!sSO. Ed. Edgard Hlucher, 1982.
4- Em uma cadeira de laminação, um determinado material é redu7.ido de METALS HANDBOOK - Fomling and Forging, Vol. 14; ASM 9'h
uma espessura h. para h. Se, de repente, houvesse um problema elétrico edition, 1996.
de modo que a rotação dos ci lindros fosse aumentada, que providências o
sistema de monitoramento deveria tomar para que a espessura final do METALS HANDBOOK- Mechanical Testing, Vol. 8; ASM 9'h edi tion,
produto laminado não fosse modificada? 1996.
5· Justifique a redução de carga de laminação por aplicação das traçõcs HTTP/!WWW.CIMI'vi.COM.BR!materialdidatico -> Conformação +
avante c a ré num laminador. Laminação.