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Dimensionamento de lajes nervuradas de concreto armado em situação

de incêndio. Uma alternativa às tabelas da NBR 15200:2004.


Structural fire design of reinforced concrete ribbed slabs. An alternative to tabulated data
from Brazilian standard NBR 15200:2004.

Carla Neves COSTA(1); Valdir Pignatta e SILVA(2)

(1)Engª Civil, M.Sc., aluna de Doutorado


(2)Professor Doutor

Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica


Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, n° 271, sala LMC/PEF [Ed. Eng. Civil] CEP 05508-900 Cidade Universitária
(Butantã) - São Paulo - S. P., Brasil

Resumo
Lajes nervuradas são lajes de seção transversal vazada, na qual a zona comprimida encontra-se na mesa
e, a zona tracionada, nas nervuras. As lajes nervuradas podem ser projetadas como lajes maciças
dispensando-se a verificação da flexão da mesa e o cisalhamento das nervuras, desde que as dimensões
respeitem os limites recomendados pela NBR 6118:2003 para o projeto à temperatura ambiente. A NBR
15200:2004 “Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio” fornece dimensões mínimas para a
mesa e as nervuras em função do tempo requerido de resistência ao fogo, que servem a qualquer concreto
estrutural de densidade e resistência normais; essas dimensões são maiores que àquelas recomendadas
pela NBR 6118:2003 e, na maior parte dos casos, objetivam assegurar a função corta-fogo. As dimensões
recomendadas pela NBR 15200:2004 podem ser reduzidas, se comprovada a resistência ao fogo por meio
de métodos experimentais ou numéricos. Neste trabalho, são apresentados os resultados de uma análise
termestrutural de 10 seções transversais de lajes com nervuras pré-moldadas com fôrmas plásticas
comerciais da Construção Civil. A análise térmica baseou-se nas diretrizes das normas européias EC 1-1-
2:2002 e EC 2-1-2:2004 e, a análise estrutural, nas da norma brasileira NBR 15200:2004. Os resultados
permitiram idealizar um método racional para o projeto de lajes nervuradas industrializadas em situação de
incêndio, alternativo ao método tabular, e fornecem subsídios a uma futura revisão da NBR 15200:2004. Na
pesquisa, empregou-se o Super Tempcalc (TCD v. 5) — software de análise térmica por meio do método
dos elementos finitos, com sub-rotinas de cálculo analítico para o dimensionamento à flexão simples.
Palavra-Chave: dimensionamento, lajes nervuradas, concreto armado, incêndio

Abstract
Ribbed slabs are hollow slabs where the compressed and the tensioned zones are at the web and the ribs,
respectively. The ribbed slabs may be designed like solid slabs, neglecting the independent structural
behaviour of the web (only to the flexure) and the ribs (to the flexure and shear), providing the dimensions
are in to the limit-range given by NBR 6118:2003. The standard NBR 15200:2004 “Projeto de estruturas de
concreto em situação de incêndio” (Design of concrete structures in fire situation) gives minimal dimensions
for the web and ribs as a function of the required time of fire resistance, applied to any structural concrete
with normal density and strength; these dimensions are superior than those for the room temperature to
assure the fire insulation and integrity functions. The thermal and structural analyses of the main commercial
section-profiles of the slabs with the precast ribs of the Brazilian Civil Construction was conducted, by means
a numerical modelling, using the Super Tempcalc® (TCD v. 5) – software for the thermal analysis of
structural members by finite elements method and calculation sub-routines for the fire design of flexured
reinforced concrete elements. The input data based on the directions of the EU standards EC 1-1-2:2002
and EC 2-1-2:2004 for the thermal analysis, and the Brazilian standard NBR 15200:2004 for the structural
analysis. This study will be background information for an upcoming review of the NBR 15200:2004.
Keywords: fire desing, ribbed slabs, reinforced concrete.

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1 Introdução
A NBR 6118:2003 define as lajes nervuradas como “(...) lajes moldadas no local ou com
nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais
pode ser colocado material inerte” (NBR 6118:2003 p. 86).
O espaço entre nervuras pode ser preenchido por material inerte, tais como: isopor,
concreto celular e tijolos vazados. Mesmo sendo mais leve que o concreto, o material de
enchimento pode aumentar a carga permanente, i.e., o peso próprio da laje.
Dependendo do material de enchimento, o processo de concretagem e de retirada das
fôrmas pode ser mais trabalhoso e reduzir as suas reutilizações, onerando o projeto;
nesses casos, as fôrmas plásticas, popularmente conhecidas como “cubetas”, podem ser
uma solução econômica devido à multi-funcionalidade: os moldes de plástico suportam o
peso próprio do concreto fresco, da armadura, dos equipamentos e do pessoal andando
sobre sua superfície durante a montagem; eles possuem a forma tronco-cônica com
arestas arredondadas e superfície interna que dificulta a aderência do concreto para
facilitar as suas remoções e reutilizações (CARVALHO & FIGUEIREDO FILHO (2004)).
O método tabular da NBR 15200:2004 fornece dimensões mínimas em função do tempo
requerido de resistência ao fogo para lajes nervuradas em situação de incêndio. A norma
brasileira, porém, permite que outros valores possam ser empregados desde que a
resistência ao fogo seja avaliada por métodos experimentais ou numéricos, para justificar
a eficiência da forma e das dimensões do perfil nervurado.
Por meio de uma análise numérica, pôde-se avaliar o desempenho estrutural em incêndio
de 10 amostras de perfis de lajes nervuradas de concreto armado produzidas com as
fôrmas fabricadas e comercializadas pelas empresas nacionais Astra S/A Indústria e
Comércio, Atex do Brasil Ltda. e Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda., por
meio de uma análise numérica, em duas etapas: a análise térmica e a análise estrutural
acoplada à análise térmica.
A análise numérica foi auxiliada pelo software Super Tempcalc® – Temperature
Calculation and Design v. 5, para análise térmica bidimensional transiente (transferência
de calor), por meio do método dos elementos finitos, e dimensionamento de vigas ou lajes
de concreto, de vigas aço continuamente travada e de pilares mistos, por meio de sub-
rotinas de cálculo analítico (FSD (2000)).
Os principais objetivos desta pesquisa foram: determinar o momento fletor resistente das
seções de lajes nervuradas de concreto armado, com base no aquecimento padronizado
ISO 834:1975; avaliar a influência da altura, largura e distância entre nervuras, sobre o
campo de temperaturas na mesa e, por conseguinte, sobre o isolamento térmico de lajes
nervuradas.

2 Resistência ao fogo de lajes nervuradas de concreto


As lajes maciças devem ter uma espessura mínima para atender aos Estados Limites
Último e de Serviço. Para grandes vãos, a espessura necessária pode tornar o projeto da
laje maciça antieconômico ou, até mesmo, inexeqüível, uma vez que a profundidade da
linha neutra nas lajes é muito pequena e a maior parte do volume de concreto localiza-se
na zona tracionada, sem função estrutural, servindo apenas para conter as barras da
armadura positiva. Por essas razões, a região de concreto sito abaixo da linha neutra é
considerada inerte e pode ser reduzida o suficiente para alojar as barras a fim de proteger

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e garantir a aderência aço-concreto da armadura positiva.
As lajes nervuradas são constituídas por duas partes principais: a mesa, onde está a
zona comprimida de concreto, e as nervuras, onde está a zona tracionada de concreto e
contém as armaduras de tração. A redução da região inferior da laje implica na redução
do consumo de concreto e, por conseguinte, do peso próprio da laje.
Para o projeto à temperatura ambiente, as dimensões-limites da NBR 6118:2003 para as
nervuras e o intereixo objetivam assegurar a ação solidária entre a mesa e as nervuras,
como uma laje maciça, dispensando-se a verificação da flexão da mesa e do
cisalhamento das nervuras. Para o projeto em situação de incêndio, as dimensões
mínimas recomendadas pela NBR 15200:2004 para a mesa e as nervuras, objetivam
assegurar a resistência ao fogo.
A resistência ao fogo pode ser avaliada segundo os critérios de estabilidade, isolamento
térmico e estanqueidade.
A estabilidade é a capacidade de o elemento estrutural manter-se estável, assegurando a
sua capacidade de suporte das ações durante o tempo requerido de resistência ao fogo e
é avaliada considerando-se os efeitos da ação térmica na estrutura (VARGAS & SILVA
(2003)).
A NBR 14432:2001 define isolamento como sendo a capacidade do elemento construtivo
de impedir que a face não-exposta ao incêndio tenha incrementos de temperaturas
superiores a 140 °C, na média dos pontos de medida, ou ainda, superiores a 180 °C, em
qualquer ponto de medida, avaliada em ensaio conforme a NBR 5628:2001.
A estanqueidade é a capacidade do elemento construtivo de impedir a penetração de
chamas e calor através de fissuração ou aberturas, o suficiente para ignizar um chumaço
de algodão (NBR 14432:2001), avaliada em ensaio conforme a NBR 5628:2001.
Na maioria das situações, as espessuras mínimas da NBR 15200:2004 para lajes
objetivam assegurar a função de compartimentação. Em função do tempo requerido de
resistência ao fogo (TRRF), essas dimensões podem ser superiores àquelas
recomendadas pela NBR 6118:2003.
Segundo a NBR 14432:2001, a função de compartimentação deve atender aos critérios
de isolamento e estanqueidade.
Compartimentar significa confinar o incêndio ao compartimento de origem, impedindo a
sua propagação por radiação do calor, convecção dos gases quentes e transmissão de
chamas, aos compartimentos adjacentes (COSTA et al. (2005)).
As dimensões do método tabular da NBR 15200:2004 cobrem a pior situação, na qual a
laje nervurada é um elemento de compartimentação, com a tripla função de estabilidade,
isolamento térmico e estanqueidade; além disso, elas são aplicáveis apenas às lajes
nervuradas de seções transversais de formas simples, i.e., perfis reticulados em ângulos
retos.
Quando a função de compartimentação é dispensada, as dimensões da seção nervurada
podem ser reduzidas, desde que a manutenção da estabilidade estrutural seja
comprovada por métodos idôneos, quer experimentais ou numéricos.
Quando a função de compartimentação é requerida, o papel das nervuras sobre o
isolamento térmico da laje ainda não está bem compreendido. Segundo a NBR
15200:2004 (Tabela 2.1), a espessura da mesa das lajes nervuradas deve ser maior que
a espessura das lajes maciças para atender a resistência requerida ao fogo para 30 min.
de incêndio padronizado ISO 834:1975.

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Quando aquecidas, as nervuras poderiam atuar Tabela 2.1: Espessura mínima da mesa
como “aletas” acelerando a condução do calor na de lajes em função do TRRF (NBR
15200:2004).
mesa da laje?
Por meio de uma análise numérica, COSTA et al. TRRF h (mm)
(min) Laje maciça Laje nervurada
(2007) demonstraram ser possível manter o
30 50 80
isolamento térmico para espessuras de lajes 60 80 80
maciças inferiores àquelas NBR 15200:2004, 90 100 100
dependendo do teor de umidade livre do concreto. 120 120 120
Poderiam as lajes nervuradas gozarem do mesmo
benefício?
As respostas dessas questões podem ser obtidas por meio de uma análise paramétrica
dimensional de seções nervuradas simples (Figura 4.1), variando-se a altura, a largura, o
comprimento, a distância entre faces e o intereixo1 das nervuras, para avaliar a influência
das nervuras sobre o campo de temperaturas da mesa.

3 Ações e segurança
3.1 Ação térmica
A ação térmica é caracterizada pelos fluxos de calor convectivo e radiante sobre a
superfície dos elementos estruturais. Os fluxos de calor convectivo e radiante são
produzidos pela diferença entre a temperatura do elemento estrutural, “frio”, e a
temperatura dos gases quentes no compartimento em chamas (SILVA (2004)).
A diferença entre a temperatura do ambiente superaquecido (em chamas) e a dos
elementos estruturais gera um fluxo de calor que, por convecção, radiação e condução2,
transfere-se para a estrutura, aumentando a sua temperatura.
Para as superfícies diretamente aquecidas, o fluxo de calor convectivo é determinado pela
eq. 3.1, de Isaac Newton, para a transferência de calor por convecção.
• (3.1)
qc = α c ⋅ (θ g − θ c )

onde: q c = fluxo de calor convectivo na superfície por unidade de área [W/m²];
αc = coeficiente de transferência de calor por convecção [W/(m².°C)];
θc = temperatura da superfície do elemento estrutural [°C].

Para a face exposta ao aquecimento padronizado ISO 834:1975, a norma EN 1991-1-


2:2004 recomenda o coeficiente de transferência de calor por convecção αc = 25 W/m².°C.
Para as superfícies diretamente aquecidas, o fluxo de calor radiante é determinado pela
eq. 3.2, de Stefan & Boltzmann, para a transferência de calor por radiação.
(3.2)

[
qr = ε r ⋅ σ ⋅ (θ g + 273 ) − (θ c + 273 )
4 4
]

onde: q r = fluxo de calor radiante na superfície por unidade de área [W/m²];
εr = emissividade resultante [adimensional];

1 Distância entre os eixos de simetria das nervuras.


2 A condução ocorre dentro do elemento.

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σ = constante de Stephan-Boltzmann, igual a 5,669.10-8 W/(m².°C4).

A emissividade é a capacidade de absorção de calor da superfície, relativa à capacidade


de um irradiador perfeito3. A emissividade resultante (εεr) é o produto entre a emissividade
da superfície aquecida do elemento (εεm) e a emissividade do incêndio (εεf). Para a
superfície de concreto sujeita ao aquecimento ISO 834:1975 pode-se adotar: εm = 0,7 e εf
=1 (PURKISS (1996); EN 1992-1-2:2004; SCHLEICH (2005)), portanto, εr = 0,7.
No contorno dos elementos, admite-se que a temperatura se eleva em função do tempo
segundo a eq. 3.3, padronizada pela ISO 834:1975 para classificação e verificação de
resistência ao fogo das estruturas. Para o início do incêndio (t = 0), assume-se que a
temperatura da atmosfera do compartimento, em que as lajes estão inseridas, θg0 = 20 °C.
θ g − θ g0 = 345 ⋅ log(8 ⋅ t + 1) (3.3)
onde: θg = temperatura dos gases quentes (atmosfera) do compartimento em chamas
[°C];
θg0 = temperatura da atmosfera do compartimento no instante t = 0 [°C];
t = tempo [min].

O calor transferido por condução é modelado pela equação diferencial de Fourier, na


forma bidimensional. Para materiais não-combustíveis e homogêneos, as propriedades
térmicas não variam em qualquer direção considerada; assim, para o concreto, usa-se a
equação diferencial de Fourier simplificada (eq. 3.4).
A solução da eq. 3.4 é obtida por aproximação, por exemplo, por meio dos elementos
finitos. As propriedades térmicas do material variam com a temperatura do próprio
elemento, ponto a ponto e, a temperatura deste também varia com a temperatura dos
gases quentes do compartimento, resultante da ação térmica do incêndio (eqs. 3.1 e 3.2).
∂θ λc,θ  ∂ 2θ ∂ 2θ  (3.4)
= ⋅  2 + 2 
∂t c p,θ ⋅ ρ c,θ  ∂x ∂y 
onde: t = tempo [s];
x, y = coordenadas cartesianas do sistema bidimensional [m].

3.2 Ação gravitacional


As ações gravitacionais atuantes nas lajes são as ações permanentes, decorrentes do
peso próprio da estrutura e revestimentos, e as ações acidentais, decorrentes da
ocupação do compartimento (mobiliário, pessoas, materiais móveis), definidas pela NBR
6120:1980.

3.3 Combinação de ações


3.3.1 Combinação normal de ações
Para elementos estruturais sujeitos apenas às ações gravitacionais, por exemplo, lajes de
edifícios usuais, a combinação de ações normais, conforme a NBR 8681:2003 e a NBR

3 Também conhecido por “corpo negro”.

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6118:2003, é simplificada para a eq. 3.5.
Fd = γ g ⋅ Fgk + γ q ⋅ FQk (3.5)
onde: Fd = valor de cálculo da ação total;
Fgk = valor característico das ações permanentes;
FQk = valor característico da ação variável;
γg = coeficiente de ponderação para Tabela 3.1: Coeficiente de ponderação das ações
ações permanentes para a situação normal consideradas agrupadas conforme NBR 8681:2003.
(Tabela 3.1); Combinações
γq = coeficiente de ponderação das Condição normal excepcional
ações variáveis para a situação normal γ g γ q γg γq
(Tabela 3.1). ação desfavorável de
grande variabilidade
1,4 1,4 1,2 1,0

3.3.2 Combinação excepcional de ações


O incêndio é classificado como uma situação excepcional, por ser um evento de curta
duração e de baixa probabilidade de ocorrer durante o período de vida útil da estrutura
(NBR 8681:2003).
Em situação excepcional, a verificação da segurança é considerada apenas em relação
aos estados limites últimos, por meio de uma única combinação excepcional de ações
(NBR 8681:2003; NBR 6118:2003; NBR 15200:2004).
As ações permanentes, a ação variável excepcional e as demais ações variáveis, que não
possam ser desprezadas da ocorrência simultânea, são consideradas na combinação
excepcional.
Dentre as demais ações variáveis, a NBR 8681:2003 e a NBR 15200:2004 permitem
desprezar a ação eólica e, a NBR 15200:2004, as ações adicionais causadas pelas
restrições às deformações térmicas em estruturas hiperestáticas, na presença da ação
excepcional de incêndio ocorrendo simultaneamente.
As deformações térmicas foram desprezadas, tendo em vista a plastificação da estrutura,
a redistribuição de esforços, a redução da rigidez do material e, conseqüentemente, da
estrutura (NBR 15200:2004). Assim, a ação térmica foi considerada, por meio apenas da
redução das propriedades mecânicas, para a análise estrutural de elementos isolados.
Em face da excepcionalidade da ação, os valores de cálculo dos esforços atuantes em
situação de incêndio são reduzidos, comparados aos valores de cálculo dos esforços
solicitantes à temperatura normal.
Para elementos estruturais sujeitos apenas às ações gravitacionais, por exemplo, lajes de
edifícios usuais, a combinação excepcional de ações é simplificada para a eq. 3.6, para
métodos simplificados de cálculo (NBR 8681:2003; NBR 6118:2003).
Fd = γ g ⋅ Fgk + γ q ⋅ψ 2 ⋅ FQk (3.6)
onde: Fd = valor de cálculo da ação total para a situação excepcional;
γg = coeficiente de ponderação para ações permanentes para a situação
excepcional (Tabela 3.1);
γq = coeficiente de ponderação das ações variáveis para a situação excepcional
(Tabela 3.1);
ψ2 = fator de redução referente à ação variável para a combinação excepcional de
ações (Tabela 3.2).

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Dividindo-se a eq. 3.6 pela eq. 3.5 obtém-se a eq. 3.7, que permite determinar o fator de
redução das ações excepcionais em situação de incêndio, em função das combinações
normais e excepcionais das ações possíveis na situação de incêndio.
F γ ⋅ F + ψ 2 ⋅ γ q ⋅ FQk 1,2 ⋅ Fgk + ψ 2 ⋅ 1,0 ⋅ FQk (3.7)
η fi = d,fi = g gk =
Fd γ g ⋅ Fgk + γ q ⋅ FQk 1,4 ⋅ Fgk + 1,4 ⋅ FQk
onde: ηfi = fator de redução do valor de cálculo da ação total sobre a estrutura em
situação de incêndio4 [adimensional].

Por simplicidade e a favor da segurança, a NBR 15200:2004 permite assumir o valor de


ηfi” (eq. 3.7) igual a 0,7.
“η

Tabela 3.2: Fatores de redução para combinação excepcional das ações em situação de incêndio (NBR
8681:2003).
Condição do local ψ2
Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos
períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas (edifícios residenciais, de acesso 0,21
restrito).
Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos
períodos de tempo, ou de elevada concentração de pessoas (edifícios comerciais, de escritórios e 0,28
de acesso público).
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens. 0,42
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0

4 Geometria e materiais das amostras


4.1 Características geométricas das amostras genéricas para análise
paramétrica dimensional das nervuras
O perfil das seções usadas nesta investigação obedece ao padrão ilustrado na Figura 4.1,
variando-se as dimensões relacionadas às nervuras (Tabela 4.1): a altura da (he), a
largura (bw), a distância entre nervuras (be) e o intereixo (i). Exceto a altura, as demais
dimensões estão inter-relacionadas, conforme eq. 4.1.
i = be + b w (4.1)
onde: i = intereixo ou distância entre o eixo das nervuras;
bw = largura das nervuras;
be = distância entre as faces das nervuras.

As temperaturas foram medidas na superfície da mesa, no meio do intereixo (Figura 4.1).

4 Os coeficientes de ponderação das ações permanentes e variáveis do numerador pertencem à


combinação excepcional, enquanto os do denominador, à combinação normal de ações.

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½ vão entre nervuras

ponto de controle de medição de temperatura


½*i

hcapa

be he

bw sem escala

Figura 4.1: Seção transversal genérica de lajes nervuradas de concreto armado.

Tabela 4.1: Dimensões das seções transversais das amostras utilizadas análise paramétrica dimensional.
Dimensões
n° Amostra
i (mm) be (mm) bw (mm) he (mm) hcapa (mm)
1 H-00 100 50 50 0 50
2 H-01 100 50 50 10 50
3 H-02 100 50 50 20 50
4 H-03 100 50 50 30 50
5 H-04 100 50 50 40 50
6 H-05 100 50 50 50 50
7 H-06 100 50 50 60 50
8 H-07 100 50 50 70 50
9 H-08 100 50 50 80 50
10 H-09 100 50 50 90 50
11 H-10 100 50 50 100 50
12 BW-10 460 450 10 150 50
13 BW-50 500 450 50 150 50
14 BW-100 550 450 100 150 50
15 BW-150 600 450 150 150 50
16 BW-200 650 450 200 150 50
17 BW-250 700 450 250 150 50
18 BW-300 750 450 300 150 50
19 BW-350 800 450 350 150 50
20 BW-400 850 450 400 150 50
21 BW-450 900 450 450 150 50
22 BW-500 950 450 500 150 50
23 BWI-50 300 50 250 150 50
24 BWI-100 300 100 200 150 50
25 BWI-150 300 150 150 150 50
26 BWI-200 300 200 100 150 50
27 BWI-250 300 250 50 150 50
28 BWI-300 300 300 0 150 50
29 BE-00 5 0 5 150 50
30 BE-I-00 5 0 5 150 50
31 BE-05 10 5 5 150 50
32 BE-10 15 10 5 150 50
33 BE-15 20 15 5 150 50
34 BE-20 25 20 5 150 50

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35 BE-25 30 25 5 150 50
36 BE-50 55 50 5 150 50
37 BE-100 105 100 5 150 50
38 BE-200 205 200 5 150 50

4.2 Geometria das amostras comerciais para a análise termestrutural


A seção transversal das 10 amostras das lajes nervuradas de concreto armado, utilizadas
nesta pesquisa, respeita a um padrão geométrico ilustrado na Figura 4.2, cujas medidas
genéricas definidas pelas letras “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f” e “g” estão definidas na Tabela 4.2,
conforme o modelo dos perfis.

Figura 4.2: Seção transversal da lajes nervuradas de concreto armado.

Tabela 4.2: Dimensões das seções transversais das amostras utilizadas na investigação computacional.
Diâmetro
Dimensões (cm) das barras
Amostra Modelo Fabricante
(mm)
a b c d e f g 2ø
1 AS Astra S/A Indústria e Comércio 15,09 7 5 15 53 2,5 3,2 10
2 AS Astra S/A Indústria e Comércio 15,09 7 7 15 53 2,5 3,2 10
3 AT Atex do Brasil Ltda. 12,5 8 5 18 52 2,5 2,8 10
4 AT Atex do Brasil Ltda. 12,5 8 8 18 52 2,62 2,9 12,5
5 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 17,5 12 5 20 68 2,62 3,0 12,5
6 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 17,5 12 8 20 68 2,8 3,2 16
7 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 23,14 12 5 30 68 2,8 3,3 16
8 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 23,14 12 8 30 68 3,0 3,6 20
9 AT Atex do Brasil Ltda. 25,8 12,5 5 40 67,5 2,8 3,3 16
10 AS Astra S/A Indústria e Comércio 25,8 12,5 8 40 67,5 3,0 3,5 20

4.3 Propriedades dos materiais


4.3.1 Propriedades térmicas
As propriedades térmicas do concreto endurecido relevantes para a análise térmica são:
condutividade térmica e calor específico. Ambas as propriedades térmicas e a densidade
do concreto endurecido são afetados pela temperatura elevada.
Os valores das propriedades térmicas do concreto em função da temperatura assumidos
ANAIS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2007 – 49CBCxxxx 9
são aqueles recomendados pela norma EN 1992-1-2:2004 da União Européia.
A variação da condutividade térmica do concreto com a temperatura está compreendida
entre os limites superior e inferior, para que cada região (ou país) possa defini-la dentro
dessa faixa, em função da natureza dos agregados que compõem o concreto, do tipo da
estrutura e da umidade do ambiente.
Embora não haja qualquer regulamentação brasileira específica que defina a
condutividade térmica do concreto (agregados silicosos) de densidade normal, a
temperaturas elevadas, a equação associada ao limite inferior (eq. 4.2) foi a assumida
nesta pesquisa, por apresentar campos de temperaturas mais realista para elementos de
concreto armado (EN 1992-1-2:2004).
θ  θ 
2 (4.2)
λc,θ = 1,36 − 0,136 ⋅ + 0,0057 ⋅  
100  100 
onde: λc,θ = condutividade térmica do concreto de densidade normal, em função da
temperatura θ [W/m°C];
θ = temperatura do concreto [°C].

A massa específica do concreto sofre uma ligeira redução à temperatura elevada,


causada, primariamente, pela evaporação da água livre e, secundariamente, pelo
aumento do volume devido à expansão térmica (FIP-CEB Bulletins N° 174 (1987) e N°
208 (1991)).
A redução da massa específica em função da temperatura elevada, assumida nesta
investigação, é determinada por eq. 4.3 (EN 1992-1-2:2004).
(4.3)
ρ c,θ = ρ c , se 20 °C ≤ θ ≤ 115 °C

  θ − 115 
ρ c,θ = ρ c ⋅ 1 − 0,02 ⋅  , se 115 °C < θ ≤ 200 °C
  85 
  θ − 200 
ρ c,θ = ρ c ⋅ 0,98 − 0,03 ⋅  , se 200 °C < θ ≤ 400 °C
  200 
  θ − 400 
ρ c,θ = ρ c ⋅ 0,95 − 0,07 ⋅  , se 400 °C < θ ≤ 1200 °C
  800 
onde: ρc = massa específica do concreto de densidade normal à temperatura ambiente
[kg/m³];
ρc,θ = massa específica do concreto de densidade normal em função da
temperatura θ [kg/m³].

A variação do calor específico em função da temperatura é marcada por um valor de pico,


entre 100 °C e 200 °C, devido à evaporação da água livre presente na matriz do concreto
endurecido; esse valor de pico depende do teor de umidade do concreto, o qual deveria
ser tomado igual ao teor de umidade de equilíbrio do elemento estrutural (SCHLEICH
(2005)).
Na análise termestrutural dos perfis nervurados comerciais, assumiu-se o teor de umidade
de 1,5% por peso do concreto, por corresponder ao teor mínimo de umidade esperado em
elementos usuais de concreto internos aos edifícios; tal estimativa fornece resultados

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conservadores para campos de temperatura, para concretos com U > 1,5%.
Na análise paramétrica dimensional, assumiu-se o teor de umidade de 3% por peso do
concreto; tal limite corresponde ao teor médio de umidade esperado em elementos usuais
de concreto externos aos edifícios.
Na ausência de dados experimentais, pode-se modelar a função do calor específico por
unidade de massa (eq. 4.4), assumindo um valor de pico constante entre 100 °C e 115 °C;
o EN 1992-1-2:2004 recomenda os valores de pico do calor específico igual a cp,pico =
1470 J/kg.°C e 2020 J/kg.°C, respectivos aos teor de umidade livre U = 1,5% e 3%.
A influência do aço da armadura na seção de concreto armado sobre o campo de
temperaturas da seção transversal da laje foi desprezada, uma vez que a área de aço é
muito pequena se comparada à área de concreto e, portanto, a ocupação das barras
dentro da seção de concreto pode ser considerada pontual (COSTA (2002); COSTA &
SILVA (2005)).

(4.4)
c p ,θ = 900, se 20 °C ≤ θ ≤ 100 °C

c p ,θ = c p , pico , se 100 °C ≤ θ ≤ 115 °C

c p ,θ = 900 + (θ − 100 ) se 115 °C < θ ≤ 200 °C


θ
c p ,θ = 900 + , se 200 °C < θ ≤ 400 °C
2
c p ,θ = 1100, se 400 °C < θ ≤ 1200 °C
onde: cp,θ = calor específico por unidade de massa do concreto de densidade normal em
função da temperatura θ [J/kg °C];
cp,pico = valor de pico do calor específico por unidade de massa do concreto de
densidade normal, em função da umidade de equilíbrio do concreto e da temperatura θ
[J/kg °C].

4.3.2 Propriedades mecânicas


As propriedades mecânicas para o concreto Tabela 4.3: Resistências adotadas para
endurecido e o aço das armaduras, adotadas na os materiais .
modelagem computacional, apresentam os valores Material Classe de Resistência
mínimos recomendados pelos fabricantes (Tabela resistência característica
4.3), conforme as classes de resistência dos concreto C20 fck = 20 MPa
materiais concreto e aço padronizadas, aço CA-50 fyk = 500 MPa
respectivamente, pela NBR 8953:1992 e pela NBR
7480:1996.
Os valores mínimos correspondem às resistências características do concreto usual, e ao
aço laminado à quente. O concreto recomendado pelos fabricantes não possui
propriedades refratárias, sendo de densidade normal. Na ausência de dados
experimentais, a massa específica do concreto pode ser estimada em ρc = 2400 kg/m³ e,
o peso específico, em γc = 25 kN/m³ (NBR 6118:2003).
A massa específica adotada refere-se ao concreto simples e, o peso específico, ao

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concreto armado.
A massa específica foi usada para a análise térmica da seção transversal das lajes, onde
a contribuição da armadura pôde ser desprezada na determinação da distribuição de
temperatura, e o peso específico foi usado no cálculo do peso próprio da laje armada na
análise estrutural
Na análise estrutural de elementos de concreto em situação de incêndio, os efeitos da
ação térmica sobre os materiais – concreto estrutural e aço – são considerados por meio
de coeficientes de redução de resistência dos materiais em função da temperatura
elevada (COSTA & SILVA (2004)).
Os coeficientes de redução da resistência dos materiais estruturais, em função da
temperatura, aqui usados, são aqueles fornecidos pela NBR 15200:2004 (Tabela 4.4).
Para uma temperatura elevada θ (°C), a redução da resistência do concreto endurecido é
determinada por meio do coeficiente redutor κc,θ (Tabela 4.4).
O valor característico da resistência em função da temperatura é determinado pela eq. 4.5
e, o valor de cálculo, pela eq. 4.6. Os símbolos das equações serão identificados na
primeira vez que eles aparecem no texto.
fck,θ = κ c,θ ⋅ fck (4.5)
onde: fck,θ = resistência característica do concreto à compressão à temperatura elevada θ
[MPa];
κc,θ = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função
da temperatura θ [adimensional];
fck = resistência característica do concreto à compressão à temperatura ambiente
[MPa].

fck
fcd,θ = κ c,θ ⋅ (4.6)
γc
onde: fcd,θ = resistência de cálculo do concreto à compressão à temperatura elevada θ
[MPa];
γc = coeficiente de minoração da resistência característica do concreto à
compressão em situação excepcional (Tabela 4.5) [adimensional]5.

Análoga ao concreto, a redução da resistência do aço em função da temperatura elevada


é determinada por meio do coeficiente redutor κs,θ (Tabela 4.4). O valor característico da
resistência, em função da temperatura θ (°C), é determinado pela eq. 4.7 e, o valor de
cálculo, pela eq. 4.8.
f yk ,θ = κ s,θ ⋅ f yk (4.7)
onde: fyk,θ = resistência característica do aço à tração, à temperatura θ [MPa];
κs,θ = coeficiente de redução da resistência do aço em função da temperatura θ
[adimensional];
fyk = resistência característica do aço à temperatura ambiente [MPa].

5 Em situação excepcional, os valores os coeficientes de minoração da resistência dos materiais são

inferiores àqueles normalmente utilizados no projeto para a situação normal de uso.

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f yk (4.8)
f yd,θ = κ s,θ ⋅ f yd = = κ s,θ ⋅ f yk
γs
onde: fyd,θ = resistência de cálculo do aço à tração, em situação de incêndio, à
temperatura elevada θ [MPa];
fyd = resistência de cálculo do aço à tração para a situação de incêndio [MPa];
γs = coeficiente de minoração da resistência característica do aço em situação
excepcional [adimensional], inferior ao normalmente utilizado à temperatura ambiente
(Tabela 4.5).

Tabela 4.4: Fatores de redução para a resistência κc,θ Tabela 4.5: Coeficientes de minoração da
(concreto) e κs,θ (aço) (NBR 15200:2004). resistência dos materiais (NBR 8681:2003; NBR
6118:2003).
Materiais
Temperatura Concreto Aço CA 50 Materiais
θ (°C) (agregado silicoso) (tração) Situação concreto aço
κc,θ κs,θ γc γs
20 1 1,00 normal 1,4 1,15
100 1 1,00 excepcional 1,2 1,00
200 0,95 1,00
300 0,85 1,00
Os fatores de redução das propriedades
400 0,75 1,00
500 0,6 0,78 mecânicas do concreto a temperaturas
600 0,45 0,47 elevadas, usadas nesta pesquisa,
700 0,3 0,23 compreendem somente os concretos das
800 0,15 0,11 classes de resistência C20 a C50, do
900 0,08 0,06 grupo I definido pela NBR 8953:1992, não
1000 0,04 0,04
sendo apropriados a concretos de classes
1100 0,01 0,02
1200 0 0,00 de resistência superiores.

A favor da segurança, os valores de resistência do concreto de agregados silicosos6


servem também a concretos de agregados calcáreos ou leves, fornecendo resultados
conservadores para ambos.

5 Modelagem computacional
A modelagem computacional foi executada com auxílio do Super Tempcalc® –
Temperature Calculation and Design v.5, desenvolvido pela FSD® na Suécia7, para
análise térmica de seções de elementos estruturais expostas ao calor, por meio do
método dos elementos finitos, e avaliação da capacidade resistente da seção de concreto
armado, aço ou mista de aço e concreto sujeita à flexão simples (packages CBEAM e
SBEAM), e de aço ou mista de aço e concreto sujeita à flexão composta (package
Compress), à temperatura ambiente e em situação de incêndio (Figura 5.1; FSD (2000);
ANDERBERG (2005)).
O Super Tempcalc® v.5 foi desenvolvido em ambiente Matlab® com geração automática

6Britas de granito, basalto e outros agregados a base de quartzo.


7FSD – Fire Safety Design AB. Disponível em:
http://www.fsd.se/index_en.php?menulink=en&submenu=contact [Acesso em 21.11.2006].

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de elementos finitos e interface gráfica compatível com o Windows™. A confiabilidade do
software é de longe reconhecida, o qual foi validado contra inúmeros ensaios desde a sua
primeira versão, lançada em 1985 (ANDERBERG (2005)), e usado pelo CEB Task Group
No. 4 na elaboração dos FIP-CEB Bulletins N° 174 (1987) e N° 208 (1991), da
prestandard ENV 1992-1-2:1995 e da standard EN 1992-1-2:2004.

pré-processador com geração


automática de elementos finitos
TCD banco de dados

cálculo
cálculo estrutural
estrutural em de
em situação
SuperTempcalc® incêndio
situação de incêndio

CBEAM SBEAM Compress

Figura 5.1: Módulos de processamento do software Super Tempcalc® (ANDERBERG (2005), adaptado).

O processamento dos cálculos é dividido em duas etapas: análise bidimensional da


transferência de calor em regime transiente e dimensionamento em situação de incêndio
da seção transversal do elemento por meio de packages específicos (Figura 5.1).
O cálculo numérico pelo método dos elementos finitos baseia-se no conceito de
aproximação de uma função contínua a um modelo discreto, composto por um conjunto
de funções contínuas definidas sobre um número finito de elementos. Na análise térmica
bidimensional, o domínio é caracterizado pela seção transversal dos elementos
aquecidos.

5.1 Análise estrutural


Para o cálculo da capacidade resistente em situação de incêndio, as características e os
coeficientes de segurança dos materiais e a posição das armaduras são introduzidas no
módulo CBEAM do software Super Tempcalc®.
O módulo CBEAM é um package de análise estrutural linear geométrica e material de
comportamento não-linear. Com base no campo de temperaturas gerado, o cálculo da
capacidade estrutural é executado empregando-se as diretrizes normativas de projeto
para a avaliação do momento fletor resistente da seção de concreto nos estados limites
últimos. Os efeitos das deformações térmicas são desprezados (FSD (2000)).
Na análise estrutural, adotaram-se os fatores de segurança para a redução da resistência
dos materiais e as combinações de ações para as situações normal e excepcional de
projeto, em conformidade com as normas NBR 8681:2003 – “Ações e segurança nas
estruturas – Procedimento”, NBR 6118:2003 – “Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento” e NBR 15200:2004 – “Projeto de estruturas de concreto em situação de
incêndio”; esses dados foram implementados no módulo CBEAM.
O cálculo da capacidade resistente à flexão simples baseia-se no equilíbrio de esforços

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atuantes estabelecidos pela resistência máxima admissível dos materiais da seção
transversal (eq. 5.1; Figura 5.2).
Fc − Fs = 0 (5.1)
onde: Fc = valor de cálculo do esforço resultante da área de concreto (eq. 5.2);
Fs = valor de cálculo do esforço resultante da área de aço (eq. 5.3).

εcu ≤ 0,35% σcd


Fc

d
y MRd
situação normal

fyd Fs
C.G. armadura
εs < 1%

deformações tensões forças


reais resultantes

εcu,fi σcd,fi
Fc,fi

xfi

d
yfi MRd,fi
situação de incêndio

fyd,θ Fs,θ
C.G. armadura
εs ≤ ∞
deformações tensões forças
reais resultantes

Figura 5.2: Deformações específicas, tensões e forças resultantes atuantes em uma seção retangular de
concreto armado sujeita à flexão simples.

Fc = σ cd ⋅ A c (5.2)
onde: σcd = valor de cálculo da tensão de compressão do concreto distribuída sobre a
seção comprimida [MPa];
Ac = área da região comprimida da seção de concreto [m²].

Fs = f yd ⋅ A s (5.3)
onde: As = área total de aço da armadura passiva [m²].

Os efeitos do carregamento de longa duração sobre a resistência do concreto são

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considerados por meio do coeficiente αcc = 0,85, redutor do valor de cálculo da resistência
à compressão (fcd) implícito no cálculo da tensão de compressão do concreto (σcd), nas
análises para ambas as situações normal e de incêndio.
O Super Tempcalc® não verifica automaticamente o limite de deformação específica do
concreto (εcu = 0,35%) ou do aço (εsu = 1%) e nem a compatibilidade entre elas do projeto
à temperatura ambiente8.
O momento fletor resistente em situação de incêndio é calculado admitindo que ambos os
materiais, concreto e aço, estão solicitados às respectivas tensões resistentes máximas
(EN 1992-1-2:2004; eq. 5.3 e eq. 5.4).
O equilíbrio de esforços atuantes da seção de concreto armado aquecida (Figura 5.2) é
estabelecido para cada elemento finito, considerando-se os efeitos da ação térmica sobre
os materiais nas eq. 5.2 e eq. 5.3. e substituindo-as na eq. 5.1, para resultar na eq. 5.4.
m n (5.4)
∑ c,θi cdi ci ∑ κ s,θj ⋅ f yd ⋅ A sj = 0
κ ⋅
i =1
σ ⋅ A −
j=1

onde: σcd,i = valor de cálculo da tensão de compressão do concreto distribuída sobre a


seção comprimida do elemento finito “i” [MPa];
κc,θi = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função
da temperatura θi do elemento finito “i” de concreto [adimensional];
κs,θj = coeficiente de redução da resistência à tração do aço em função da
temperatura θj da barra “j” da armadura [adimensional];
Aci = área do elemento finito “i” de concreto na região comprimida da seção [m];
Asj = área da barra de aço “j” da armadura na região tracionada da seção [m²].

Quando a condição de equilíbrio é satisfeita (eq. 5.4), o valor de cálculo do momento fletor
resistente é determinado por:
m (5.5)
M Rd ,fi = ∑ κ c,θi ⋅ σ cd ⋅ A ci ⋅ y i
i =1
onde: MRd,fi = valor de cálculo do momento fletor resistente em situação de incêndio
[kN.m/m];
yi = braço de alavanca entre os centros geométricos da armadura tracionada e do
elemento finito de concreto “i” na zona comprimida [m].

Na verificação da resistência ao fogo, os elementos estruturais de concreto sujeitos à


flexão simples devem atender aos critérios de estabilidade:
M Rd ,fi ≥ M Sd ,fi (5.6)
onde: MSd,fi = valor de cálculo do momento fletor solicitante, definido pela combinação
excepcional de ações para a situação de incêndio [kN.m/m].

6 Resultados e comentários
Após uma discretização comprovadamente adequada, os resultados numéricos da análise

8Geralmente, as lajes são calculadas à temperatura ambiente antes da verificação em incêndio. Assume-se
que o risco de ruptura convencional do concreto (deformação específica limite) já foi verificado ao se
dimensionar a armadura de tração.

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térmica são: campo de temperaturas e isotermas. Um exemplo de saída de resultados do
software é apresentado na Figura 6.1.
Em todas as modelagens, limitou-se o aquecimento padronizado ISO 834:1975 a t ≤ 120
min.
0.05 2.000 hours
0.05
0
0

800

800 700
-0.05

900
-0.05

900
-0.1
-0.1
-0.15

1000
-0.3 -0.2 -0.1 0 0.1 0.2 0.3 -0.15
-0.3 -0.2 -0.1 0 0.1 0.2 0.3

Malha free-form de 309 elementos Campo de temperaturas para t = 120 min Isotermas geradas para t = 120 min de
triangulares, com refinamento localizado de aquecimento ISO 834:1975 aquecimento ISO 834:1975
Figura 6.1: Malha de elementos finitos, campo de temperaturas e isotermas gerados pelo Super Tempcalc®
para a Amostra n° 1 – AS.

6.1 Análise paramétrica dimensional das nervuras


A Figura 6.2 ilustra a influência das dimensões das nervuras na resistência ao fogo das
lajes, segundo o critério de isolamento térmico, i.e., limitando-se a temperatura da capa
na face não-exposta a θ = 160 ºC.
O software Super Tempcalc® v. 5 não considera o efeito shadow das nervuras em
benefício do isolamento térmico da mesa.
As dimensões das nervuras que mais influenciam a temperatura da capa são a distância
entre faces internas (be) e o intereixo (i); a largura (bw) só é efetiva mantendo-se o mesmo
intereixo. A largura das nervuras não interfere no campo de temperaturas da mesa,
mantendo-se a mesma distância be. A altura das nervuras não interfere significativamente
na temperatura da superfície da mesa (Figura 6.2).
Maiores detalhes sobre o estudo da sensibilidade dos valores de temperatura na
superfície não-exposta da mesa, em função das dimensões das nervuras e do teor de
umidade livre do concreto são encontrados em COSTA et al. (2007).
45 45 50

45
30
TRF (min)

TRF (min)
TRF (min)

40
15

35
0
0 200 400 600 30
30 bw (mm) ou be (mm) 0 100 200
0 100 200 300 400 be (mm) ou i (mm)
he (mm)
Amostras grupo H — influência da altura he das Amostras grupo BW — influência da Amostras grupo BE — influência da
nervuras sobre a temperatura da capa. largura bw (para i constante) das distância be (para bw constante)
nervuras sobre a temperatura da capa. sobre a temperatura da capa.
Figura 6.2: Impacto das dimensões das nervuras sobre a resistência ao fogo da capa, segundo o critério de
isolamento térmico.

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6.2 Análise termestrutural dos perfis nervurados comerciais
Os resultados na análise termestrutural são campo de temperaturas, isotermas, temperaturas no contorno dos elementos, os valores do
momento fletor resistente em situação de incêndio (MRd,fi(t)) e de seu coeficiente redutor (µfi) em função do tempo em função do tempo
de aquecimento. Para cada campo de temperaturas gerado pelo aquecimento ISO 834:1975 no instante t, o momento fletor resistente
em situação de incêndio (MRd,fi(t)) foi calculado.
A Tabela 6.1 e Figura 6.4 a Figura 6.3 sintetizam os resultados da análise estrutural das amostras investigadas.

Tabela 6.1: Tempo de resistência ao fogo (TRF) para o critério de isolamento


térmico.
amostra 1: tipo AS
TRF
Amostra Modelo Fabricante amostra 2: tipo AS
(min)* 100

M Rd,fi (kN.m/m)
amostra 3: tipo AT
1 AS Astra S/A Indústria e Comércio 30 amostra 4: tipo AT
2 AS Astra S/A Indústria e Comércio 49 amostra 5: tipo UL
3 AT Atex do Brasil Ltda. 30 amostra 6: tipo UL
4 AT Atex do Brasil Ltda. 61 50
amostra 7: tipo UL
5 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 30 amostra 8: tipo UL
6 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 61 amostra 9: tipo AT
7 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 30 amostra 10: tipo AT
8 UL Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda. 61
9 AT Atex do Brasil Ltda. 30 0
10 AT Atex do Brasil Ltda.. 61 0 30 60 90 120
Nota: *Tempo de resistência ao fogo para a verificação ao isolamento Tempo (min)
térmico, i.e., tempo (min) no qual a face superior da mesa atingiu a
temperatura de 160 °C. Figura 6.3: Valor de cálculo do momento fletor resistente em situação de
incêndio em função do tempo, da seção de concreto armado das amostras
investigadas.

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0.7
Amostra n° 2 – modelo AS
0.7
Amostra n° 1 – modelo AS 0.6
0.6
0.5

µfi = ηfi*MSd/MRd
0.5
µfi = ηfi *MSd/MRd

0.4
0.4
0.3
0.3
0.2
0.2
0.1
0.1
0
0 45 60 75 90 105 120
45 60 75 90 105 120 TRF (min)
TRF (min)
0.7 0.7
Amostra n° 3 – modelo AT Amostra n° 4 – modelo AT
0.6 0.6

0.5
µfi = ηfi*MSd/MRd

0.5
µfi = ηfi*MSd/MRd

0.4 0.4
0.3 0.3
0.2
0.2
0.1
0.1
0
0
30 45 60 75 90 105 120
TRF (min) 45 60 75 90 105 120
TRF (min)
0.7 0.7
Amostra n° 5 – modelo UL Amostra n° 6 – modelo UL
0.6 0.6

0.5 0.5
µfi = ηfi*MSd/MRd

µfi = ηfi*MSd/MRd

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
45 60 75 90 105 120 45 60 75 90 105 120
TRF (min) TRF (min)

Figura 6.4: Relação entre o coeficiente redutor µ ( t ) = MSd e o tempo de resistência ao fogo das amostras
fi
M Rd
de perfis comerciais (Tabela 4.2) nº 1 à n° 6.

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0.7 0.7
Amostra n° 7 – modelo UL Amostra n° 8 – modelo UL
0.6 0.6

0.5 0.5

µfi = ηfi*MSd/MRd
µfi = ηfi*MSd/MRd

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
45 60 75 90 105 120 45 60 75 90 105 120
TRF (min) TRF (min)
0.7 0.7
Amostra n° 10 – modelo AT Amostra n° 9 – modelo AT
0.6 0.6

0.5 0.5
µfi = ηfi*MSd/MRd
µfi = η fi*MSd /MRd

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
60 75 90 105 120 45 60 75 90 105 120
TRF (m in) TRF (min)

Figura 6.5: Relação entre o coeficiente redutor µ ( t ) = MSd e o tempo de resistência ao fogo das amostras
fi
M Rd
de perfis comerciais (Tabela 4.2) nº 7 à n° 10.

7 Dimensionamento de lajes nervuradas em situação de incêndio


O valor de cálculo do momento fletor resistente em situação de incêndio é função do
campo de temperaturas das seções transversais das lajes. O campo de temperaturas
depende do tempo de aquecimento; portanto, o valor de cálculo do momento fletor
resistente depende do tempo de aquecimento.
No projeto otimizado, o tempo de resistência ao fogo (TRF) da seção transversal
analisada será o tempo em que ambos os momentos, solicitante e resistente, se igualam,
conforme eq. 7.1.
MSd,fi = MRd,fi (7.1)

Com base na eq. 3.6, pode-se estimar o valor de cálculo do momento fletor atuante em
situação de incêndio e o fator ηfi por meio da eq. 7.2.

ANAIS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2007 – 49CBCxxxx 20


Fd,fi MSd,fi (7.2)
η fi = ≡
Fd MSd
onde: MSd = valor de cálculo do momento fletor, determinado pela combinação normal de
ações [kN.m/m].

A eq. 7.1 pode ser reescrita na forma da eq. 7.3, dividindo-se os dois membros por MRd e
usando a eq. 7.2. O valor de MRd,fi foi obtido por meio da modelagem computacional via
Super Tempcalc®, em função do tempo de aquecimento (Figura 6.3); esse tempo é o
tempo de resistência (TRF) da estrutura.
η fi ⋅ MSd MRd,fi (7.3)
=
MRd MRd
onde: MRd = valor de cálculo do momento fletor resistente para a situação normal
[kN.m/m].

O TRF pode ser determinado facilmente, para as amostras aqui analisadas (Figura 4.2 e
Tabela 4.2), aplicando-se diretamente os gráficos da Figura 6.4 e da Figura 6.5,
introduzindo-se apenas os valores do momento fletor solicitante e resistente, já
conhecidos na situação normal de uso, no cálculo do fator µfi (eq. 7.4).
η ⋅M M (TRF) (7.4)
µ fi (TRF) = fi Sd = Rd,fi
MRd MRd

A estrutura projetada para a situação normal é verificada para a situação de incêndio,


obtendo-se o seu tempo de resistência ao fogo (TRF). A segurança contra incêndio da
estrutura é satisfatória quando TRF ≥ TRRF, onde TRRF é o tempo requerido de
resistência ao fogo fornecido em normas ou na legislação9.
Os procedimentos para a determinação do TRF estão ilustrados na Figura 7.1.
Alternativamente, pode-se determinar o valor de TRF de forma expedita e a favor da
segurança, admitindo-se que MSd = MRd, i.e., ηfi = µfi.

9 O TRRF pode ser determinado por meio de tabelas (NBR 14432:2001) ou pelo método do tempo
equivalente (COSTA & SILVA (2005); SILVA et al. (2005)).
ANAIS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2007 – 49CBCxxxx 21
início

combinações normal e
excepcional de ações
• carga permanente G;
• carga acidental Q;
• tipo de ocupação (fator ψ2).

Fd ,fi M Sd ,fi
η fi = ≡
Fd M Sd

η fi ⋅ M Sd MSd e MRd tomados do projeto


µ fi = à temperatura ambiente;
M Rd alternativamente, ηfi = 0,7
0.7

0.6 Amostra n° 1 – modelo AS

0.5
µ fi = η fi*M Sd /M Rd

0.4 TRF (min) para o µfi em função


µfi → TRF (min) do carregamento (ηfi)
0.3

0.2

0.1

0
45 60 75 90 105 120
TRF (min)

SIM
TRF ≥ TRRF ? Ok!

NÃO

trocar o perfil da por conseguinte, será necessário


laje por outro mais calcular um novo valor de Fgk, Fd e
“robusto” Fd,fi, correspondentes ao novo perfil

Figura 7.1: Procedimentos para determinar o tempo de resistência ao fogo (TRF) da laje nervurada
com auxílio dos gráficos para o dimensionamento.

8 Conclusões
As dimensões e a distância entre nervuras das amostras analisadas não afetaram
significativamente o campo de temperaturas da mesa. Não foi observada a influência
favorável das nervuras, sobre o campo de temperaturas na capa, para reduzir a
temperatura na superfície da laje; tampouco foi observado o “efeito de aleta” que poderia
comprometer o isolamento térmico. Portanto, não há necessidade de se penalizar as lajes
nervuradas de seções usuais em relação às lajes maciças.
As amostras analisadas atendem aos critérios de isolamento térmico para 30 min ≤ TRRF
≤ 60 min (Tabela 6.1), sem acréscimo de revestimento. Os valores de TRF podem ser
aumentados com a inclusão de revestimentos não-combustíveis, conforme estabelecido
na NBR 15200:2004.
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O critério de isolamento térmico não necessita ser considerado nas situações em que a
legislação não requer a função de compartimentação; nesses casos, a espessura da
mesa pode ser dimensionada apenas para as condições de carregamento.
O método tabular da NBR 15200:2004 apresenta as mínimas dimensões que deve
possuir uma seção transversal de laje nervurada em função do TRRF. A NBR 15200:2004
permite o uso de métodos mais avançados de análise térmica e estrutural. Neste trabalho,
foi realizada a análise termestrutural de diversas seções transversais de lajes nervuradas
de concreto armado, por meio do software Super Tempcalc®. Demonstrou-se que se
conhecendo apenas os valores dos momentos fletores solicitantes em incêndio e
resistentes à temperatura ambiente é possível determinar o tempo de resistência ao fogo
da seção transversal. Os resultados foram apresentados por meio de gráficos para a
aplicação direta em projeto de estruturas de concreto em incêndio; esses resultados
podem ser utilizados como alternativa ao método tabular da NBR 15200:2004. Outras
seções de lajes nervuradas podem ser estudadas seguindo-se os mesmos procedimentos
usados nesta pesquisa.
Nesta pesquisa, o arranjo das armaduras considerado é possível apenas às estruturas em
ambientes de classes de agressividade ambiental I e II (NBR 6118:2003). Para a classe
de agressividade ambiental III e IV, os cobrimentos são maiores e poderão implicar em
arranjo de armaduras em mais de uma camada; nesses casos, as lajes poderão ter a
resistência estrutural ao fogo aumentada.

9 Agradecimentos
Às indústrias de fôrmas para lajes nervuradas Astra S/A Indústria e Comércio, Atex do
Brasil Ltda. e à Ulma Andaimes, Fôrmas e Escoramentos, Ltda.; ao Centro Brasileiro da
Construção em Aço – CBCA ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico –
CNPq e à Fundação para Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelo
suporte desta pesquisa

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