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SEMINÁRIO SINDUSCON-FIEMG

Desempenho das edificações Segurança


contra incêndio

Palestra: Desempenho Estrutural em


situação de incêndio – Estabilidade (NBR
15.200:2012)

Eng. Hélio Pereira Chumbinho


ABECE – Regional BH
Critérios para classificação da resistência ao fogo dos elementos da construção

Fonte: Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio – Proposta de revisão da NBR 15200:2004
– Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva
Modelo de incêndio-padrão

Fonte: Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio – Proposta de revisão da NBR 15200:2004
– Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva
Fonte: Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio – Proposta de revisão da NBR 15200:2004
– Prof. Dr. Valdir Pignatta e Silva
1 – Escopo - ABNT NBR 15200

Esta norma estabelece os critérios de projeto de estruturas de


concreto em situação de incêndio e a forma de demonstrar o seu
atendimento, conforme requisitos de resistência ao fogo estabelecidos na
ABNT NBR 14432.
Esta norma se aplica às estruturas de concreto projetadas para
edificações de acordo com a ABNT NBR 6118.
Esta norma aplica-se às estruturas de concretos normais,
identificadas por massa especifica seca maior do que 2000 kg/m³, não
excedendo 2800 kg/m³, do grupo I de resistência (C20 a C50), conforme
classificação da ABNT NBR 8953. Para concretos do grupo II de
resistência, conforme classificação da ABNT NBR 8953, podem ser
empregadas as recomendações do Eurocode 2, Part 1.2.
Para estruturas ou elementos estruturais pré-moldados ou pré-
fabricados de concreto aplicam-se os requisitos das Normas Brasileiras
especificas. Na ausência de Norma Brasileira especifica, aplicam-se as
recomendações desta norma.
Para situações não cobertas por esta Norma ou cobertas de maneira
simplificada, o responsável técnico pelo projeto pode usar procedimentos
ou normas internacionais aplicáveis aceitos pela comunidade
tecnocientífica, desde que demonstrado o atendimento ao nível de
segurança previsto por esta norma.
3 Requisitos Gerais
• 3.1 O projeto de estruturas de concreto à temperatura ambiente deve
atender os requisitos da ABNT NBR 6118. O projeto de estruturas de
concreto em situação de incêndio tem por base a correlação entre o
comportamento dos materiais e da estrutura à temperatura ambiente
(considerada próxima a 20°C) com o que ocorre em situação de incêndio.

• 3.2 Os objetivos gerais da verificação de estruturas em situação de


incêndio são:
- limitar o risco à vida humana;
- limitar o risco da vizinhança e da própria sociedade;
- limitar o risco da propriedade exposta ao fogo.

• 3.3 Considera-se que os objetivos estabelecidos em 3.2 são atingidos se


for demonstrado que a estrutura mantém as funções corta-fogo e de
suporte.
• 3.4 Os requisitos descritos em 3.3 estão inseridos num conjunto maior de
requisitos gerais de proteção contra incêndio que compreende:
- reduzir o risco de incêndio;
- controlar o fogo em estágios iniciais;
- limitar a área exposta ao fogo (compartimento corta-fogo);
- criar rotas de fuga;
- facilitar a operação de combate ao incêndio;
- evitar ruína prematura da estrutura, permitindo a fuga dos usuários e as
operações de combate ao incêndio.

• 3.5 Edificações de grande porte, sobretudo mais altas ou contendo maior


carga de incêndio, devem atender a exigências mais severas para
cumprir com os requisitos gerais. Projetos que favoreçam a prevenção ou
a proteção contra incêndio, em termos desses requisitos gerais,
reduzindo o risco de incêndio ou sua propagação e especialmente
facilitando a fuga dos usuários e a operação de combate, podem ter
aliviadas as exigências em relação à resistência de sua estrutura ao fogo,
conforme previsto na ABNT NBR 14432, ou seja, o método do tempo
equivalente conforme detalhado no Anexo A.
• 3.6 As duas funções estabelecidas em 3.3 devem ser verificadas sob
combinações excepcionais de ações, no estado-limite último, de modo
que são aceitáveis plastificações e ruínas locais que não determinem
colapso além do local.

• 3.7 Como plastificações, ruínas e até colapsos locais são aceitos, a


estrutura só pode ser reutilizada após um incêndio se for vistoriada,
tiver sua capacidade remanescente verificada e a sua recuperação for
projetada e executada. Essa recuperação pressupõe o atendimento de
todas as capacidades últimas e de serviço exigidas para a condição de
uso da estrutura antes da ocorrência do incêndio ou para uma eventual
nova condição de uso.

• 3.8 A verificação prevista em 3.7 pode eventualmente concluir que


não existe necessidade de recuperação da estrutura, se o incêndio
tiver sido de pequena severidade ou se a estrutura tiver proteção
superabundante.
RESISTÊNCIA DO CONCRETO À COMPRESSÃO EM ALTAS TEMPERATURAS

A resistência à compressão do concreto decresce com o aumento da


temperatura. Essa relação é dada por fc,θ = kcθ fck, vista abaixo.

Figura 1 – Fator de redução da resistência do concreto silicoso em função da temperatura


RESISTÊNCIA AO ESCOAMENTO E MÓDULO DE ELASTICIDADE DO AÇO
DA ARMADURA PASSIVA EM ALTAS TEMPERATURAS

A resistência ao escoamento do aço comum decresce com o aumento da


temperatura. Essa relação é dada por fy,θ = ksθ fyk.

Figura 2 – Fator de redução da resistência do aço de armadura passiva em função da temperatura


O módulo de elasticidade do aço comum decresce com o aumento da
temperatura. Essa relação é dada por Es,θ = kEsθ Es.

Figura 3 – Fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em função da


temperatura
RESISTÊNCIA AO ESCOAMENTO E MÓDULO DE ELASTICIDADE DO
AÇO DA ARMADURA ATIVA EM ALTAS TEMPERATURAS
A resistência ao escoamento do aço de protensão decresce com o
aumento da temperatura. Essa relação é dada por fpyk,θ = kpθ fpyk.

Figura 4 – Fator de redução da resistência do aço da armadura ativa formada


por fios ou cordoalhas em função da temperatura
O módulo de elasticidade do aço de protensão decresce com o aumento da
temperatura. Essa relação é dada por Ep,θ = kEpθ Ep.

Figura 5 – Fator de redução do módulo de elasticidade do aço de


armadura ativa em função da temperatura
4 Ação correspondente ao incêndio
Conforme estabelecido na ABNT NBR 14432, a ação correspondente ao
incêndio pode ser representada por um intervalo de tempo de exposição ao
incêndio-padrão (definido na ABNT NBR 14432, de acordo com a ABNT NBR 5628).
Esse intervalo de tempo chamado tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) é
definido nesta Norma a partir das características da construção e do seu uso.
O calor transmitido à estrutura nesse intervalo de tempo (TRRF) gera em
cada elemento estrutural, em função de sua forma e exposição ao fogo, certa
distribuição de temperatura.
Esse processo conduz à redução da resistência dos materiais e da
capacidade dos elementos estruturais, além da ocorrência de esforços solicitantes
decorrentes de alongamentos axiais restringidos ou de gradientes térmicos.
Como com o aquecimento, a rigidez das peças diminui muito e a capacidade
de adaptação plástica cresce proporcionalmente, os esforços gerados pelo
aquecimento podem, em geral, ser desprezados. Casos especiais em que essa
hipótese precise ser verificada devem atender ao disposto em 8.5.
5 Verificação de estruturas de concreto em situação de
incêndio
• 5.1 Método tabular
Neste método, basta atender às dimensões mínimas apresentadas nas
tabelas 4 A 12, em função do tipo de elemento estrutural e do TRRF,
respeitando-se as limitações indicadas. Essas dimensões mínimas devem
sempre respeitar também a ABNT NBR 6118.
Essas dimensões são normalmente: a largura das vigas, a espessura das
lajes, as dimensões das seções transversais de pilares e tirantes e,
principalmente, a distancia entre o eixo da armadura longitudinal e a face
do concreto exposta ao fogo (c1). Para valores intermediários de
dimensões pode ser feita interpolação linear.
Os ensaios mostram que em situação de incêndio as peças de concreto
rompem usualmente por flexão ou flexocompressão e não por
cisalhamento. Por isso, considera-se apenas a armadura longitudinal nesse
critério.
Os valores de c1 apresentados em todas as tabelas referem-se a
armaduras passivas. No caso de elementos protendidos, os valores de c1 para
as armaduras ativas são determinados acrescendo-se 10 mm para barras e 15
mm para fios e cordoalhas. No caso de armaduras ativas pós-tracionadas
(sem aderência), as cabeças de protensão devem ser protegidas de forma que
em situação de incêndio não haja perda de protensão.
É permitida a consideração do revestimento no cálculo das distâncias
c1, respeitadas as seguintes prescrições:

- revestimentos aderentes de argamassa de cal e areia (aderência à tração de


acordo com a ABNT NBR 13528) têm 67% de eficiência relativa ao concreto;
- revestimentos de argamassa de cimento e areia aderentes (aderência à
tração de acordo com a ABNT NBR 13528) têm 100% de eficiência relativa ao
concreto;
- revestimentos protetores à base de gesso, vermiculita ou fibras com
desempenho equivalente podem ser empregados, desde que sua eficiência e
aderência na situação de incêndio sejam demonstradas experimentalmente.
Não é permitida a consideração do revestimento na determinação das
dimensões mínimas da seção transversal de pilares e lajes lisa ou cogumelo.
Para outros elementos, não há essa restrição.
• 5.1.1 Vigas
As tabelas 4 e 5 fornecem as dimensões mínimas bmín e bwmín das vigas
e o valor de c1 das armaduras inferiores, em função do TRRF. Essas
tabelas foram construídas com a hipótese de vigas com aquecimento em
três lados, sob laje. Os valores indicados nessas tabelas podem ser
empregados também para o caso de vigas aquecidas nos quatro lados,
desde que sua altura não seja inferior a bmín e a área da seção transversal
da viga não seja inferior a 2xb²mín.
Há concentração de temperatura junto às bordas da face inferior das vigas.
Por essa razão, em vigas com somente uma camada de armaduras e
largura não superior ao bmín indicado na coluna 3 da tabela 4 e na coluna
2 da Tabela 5, conforme o TRRF, a distância c1l (figura 6) no fundo das
vigas deve ser 10 mm maior do que o c1 dado pelas referidas tabelas.

Figura 6 – Distâncias c1 e c1l


Alternativamente, para se manter iguais os cobrimentos das
armaduras tanto em relação à face inferior quanto à lateral da viga, deve-se:
- para concreto armado, especificar barras de canto com um diâmetro
imediatamente superior ao calculado, conforme ABNT NBR 7480.
- para concreto protendido, considerar para efeito de dimensionamento, uma
força de protensão igual a 0,7 da indicada para a obra.
Para vigas de largura variável, bmín refere-se ao mínimo valor de b
medido ao nível do centro geométrico das armaduras, enquanto bw é o menor
valor de largura da alma, conforme Figura 7, que deve atender aos valores
mínimos das Tabelas 4 e 5.

Figura 7 – Definição das dimensões para diferentes tipos de seção


transversal de vigas
Tabela 4 – Dimensões para vigas biapoiadas

Tabela 5 – Dimensões mínimas para vigas contínuas ou vigas de pórtico


Figura 8 – Envoltória de momentos fletores
Tabela 6 – Dimensões mínimas para lajes simplesmente apoiadas
Tabela 7 – Dimensões mínimas para lajes contínuas

Tabela 8 – Dimensões mínimas para lajes lisas ou cogumelo


Tabela 9 – Dimensões mínimas para lajes nervuradas simplesmente apoiadas
Tabela 10 – Dimensões mínimas para lajes nervuradas contínuas em pelo menos uma
das bordas
Tabela 11 – Dimensões mínimas para lajes nervuradas armadas em uma só direção
Tabela 12 – Dimensões
mínimas para pilares com
uma face exposta ao fogo

Tabela 13 – Dimensões mínimas para pilares-parede


• 5.2 Método analítico para pilares

Para pilares com mais de uma face exposta ao fogo, pode-se utilizar a
formulação apresentada a seguir para o calculo do tempo de resistência
ao fogo (TRF), cujo valor deve ser superior ou igual ao TRRF.
Essa formulação é adequada a estruturas de nós fixos. Entretanto, ela
pode ser empregada nos casos de estruturas em que os deslocamentos
não lineares (2ª ordem) devido ao desaprumo puderem ser
desconsiderados em situação de incêndio. O tempo de resistência ao
fogo de um pilar pode ser determinado por meio da seguinte equação:
• 5.3 Método simplificado de cálculo

O método simplificado de cálculo é baseado nas seguintes hipóteses:


- as solicitações de cálculo em situação de incêndio (Sd,fi) podem ser
calculadas conforme 8.1 (ABNT NBR 15200:2012)
- o esforço resistente de cálculo em situação de incêndio de cada
elemento pode ser calculado com base na distribuição de temperatura
obtida para sua seção transversal, considerando exposição ao fogo
conforme o TRRF. Essa distribuição de temperatura pode ser obtida na
literatura técnica ou calculada em programas específicos de computador
a partir do fluxo de calor determinado conforme Anexo F;

• 5.4 Métodos avançados de cálculo

Os métodos avançados de cálculo devem considerar pelo menos:


- combinação de ações em situação de incêndio composta rigorosamente
com base na ABNT NBR 8681;
- esforços solicitantes de cálculo, acrescidos dos efeitos das deformações
térmicas restringidas, desde que calculados por modelos não lineares
capazes de considerar as profundas redistribuições de esforços que
ocorrerem;
- esforços resistentes, que devem ser calculados considerando as
distribuições de temperatura conforme o TRRF;
- ambas as distribuições, de temperatura e de resistência, devem ser
rigorosamente calculadas considerando as não linearidades envolvidas.
A verificação da capacidade resistente deve respeitar o que
estabelece a ABNT NBR 6118.
A determinação da distribuição e temperatura na estrutura e a
verificação do isolamento térmico podem ser feitas analiticamente por
programas que considerem adequadamente a distribuição de temperatura
na edificação. Os programas utilizados devem ser validados, ser de uso
consagrado internacionalmente ou ser avalizados por ensaios experimentais
em estruturas.
O atendimento aos requisitos de estanqueidade, quando exigidos,
pode ser feito por ensaios experimentais do elemento que deve apresentar
função corta-fogo, em escala reduzida (amostra do material ou sistema), de
acordo com a ABNT NBR 5628.
• 5.5 Método experimental

Em casos especiais, pode-se considerar a resistência ao fogo superior à


calculada com base nesta Norma, desde que justificada por ensaios,
conforme ABNT NBR 5628.
O dimensionamento por meio de resultados de ensaios pode ser feito em
ensaios realizados em laboratório nacional ou estrangeiro, de acordo
com a Norma Brasileira específica ou de acordo com norma ou
especificação estrangeira, respeitando os critérios de similitude
aplicáveis ao caso.
Obrigado!

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