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"© café deve ser quente como o Inferno, préto como o Diabo, puro, co- ‘mo um’ anjo e doce como 0 amér” — Segundo opiniio abalisada de Talley Tand (Carlos Mauricio de Talleyrand Perigord), o grande estadista. francés. Um faxendeiro- a quem, lembramos es- sa frase acrescentow brineando:... e sire como o diamante. De qualquer ‘modo, porém, vedarguimos, 0 café tem 0 valor do “ouro verde". Quem ‘saborela um. caferdzinho que reiina as condigdes cima enumeradas podera repetir com 0 posta espanhol Villaespesa. oo Depues, eunndo «café {raladeamos, Nestro cuerpo, a a par, #6 alegra iy stent asclende al citlo ya fextaa” Vejacse como essas afirmagies con. trastam ‘com aquelss, pessimistas, que fostumam atribuir. maleficlos a0 cate Bcomim afirmar-se, que a cate ra © sono, diminal c.epetite, ete. -A_pro- Pésito Benedicto Mergulha, em A SAN- TA INQUISIGAO DO. CAPS. transere- yea seguinte eto de Mary. Herty Para que a cafeina fase prefudicial, feria necessirio absorver, uma. apés tuira, cento e cinglenta xicaras de ca: i, TNo momento em que falamos da_sa- fonvea"bebida, venienos A. lembranca im vérso de AntOnlo M. Alves de Lima, fambativo cafeicuttor da Sociedade Ru: fal Brasiielra, que nos vagares de sua ida de trabaino, ainda encontra. tempo Jara eslucoe ccondmicos e para exer- Bat a poesia. Bm seu ivro PORMAS BTEMAS, lembrando a vida do ca- Toclo, prociama “AS amanhecer toma café sem plo, aime aos seus, perto do fogao. Enrola 0 cigarro'e com um tigho Aeende-o, “Solta. baforada Gostosa ¢ sal pela fres:a madrugada, Bnxada ao Ombro, o carninio da roe" Tendo esses versor nos damon conte de que ja existln wma outra epoca, da ial Cito Costa dizia em sua’ lingua trea e We os frutos do café sfio glébulos [vermelhos Do sangue que eseorre do. negro (eseravizado”. ‘Com ésses vérsos homenageava e.re- onhecia os, eatorcos do negro na f0r- Tiaglo das lavouras de café y al alma “Apesa da decisiva influénela do! café ima formagio da vida do planalto & forgoso reconhecer, que ainda nfo sur~ gio seu romancista, © cacdu teve seu romancista em Jorge Amado, as- faim como o acicar encontrou em José ‘Lins do Rego. liomem que iria ‘des- ehover as vitas frases — do bangue fo engenho — numa apresentacio Il- terdria de fatos econdmicos ©. sociais. No desconhecemos as tentativas fel tas por Rubens do Amaral em TERRA ROXA; de Leto ‘Machado ‘com. ESPI- (GAO DA SAMAMBATA: de Lins Mar- “tins-com FAZENDA; A FOGUEIRA, Paulo, Janeiro do 1958 ARAGUAYA F MARTINS © de Cecilio J. Carneiro; A DERROCA- DA, de Rubens Rocha; FILHOS DO DESTINO, de Hernanl Donato; NAO ERA A ESTRADA DE DAMASCO, de Novell Sinior; A CARNE, de Julio’ Fi- belive. Nao obstante reafirmamos que no sentido em que 0 agicar eo cacdu foram tratados por Jorge Amado e por Tost Lins do Régo ainda no temos fo romance do café. Ha outros roman- ces A ESCRAVA ISAURA, de Bo nardo Guimaries, e TIL de José de Alen- fear, que embora se passando em fa- gendas de café evidentemente n8o $80 Tomances do café. A vista disso cum- pre lamentar que Mario de Andrade hho tivésse levado avante seu conhe do. projéto stbre 0 romance do café. Em contra partida tivemos © con- tista Monteiro Lobato, le também fa- zendeiro, que soube tratar do tema em interessantes eontos. No terreno da poe Sia, acreditamos que Satlo Ramos em CAPE, a poesia da terra e das enxa- das, féx obra definitiva. De outro lado, ‘Affonso de E. Taunay com sua vol mst HISTORIA DO CAFE NO BRA- SIL preensheu uma grande lacuna_no setdr de sua eapecialidade. No. terre- no do ensiio deve ‘ser mencionado 0 trabalho de ‘Sérgio Millet: ROTEIRO Do CAFE. Ha muitos outros traba- Thos, que iremos mencionando ao seu tempo, enquanto aguardamos 0 romance definitive do. cafe, Graga Aranha no famoso CHANAAN nos revela a certa altura um cafézal Geeadente, ao qual sucede um mandiocal (sinonimo de terra ruim) plantado em ima baixada, Diz Gle: “A terra. era cansada ea plantagio mediocre; a0 eafezal faltava matiz verde chum bo, traducio da forca da seiva, econ loria-se ‘de um verde claro. brithando fos tons dourados da Itz; 08 pés de mandioes, finos, delgades, ossilavam, Conto se thes Taitssem ralzes © pudés- sem ser levados pelo vento, enquanto © 6! esclarecta docemente 0 grande cea eo ar era chelo dos cantos do Ho e das vozes dos passaros, que pro- longavam a ilusdo da madrigada. Sen- a-se ao eontemplar aquela terra. sem foreas, exdusta e risonha, uma turva mistura de desfalecimento ¢ de prazer mofino. A terra morvia all como uma ela muller ainda méga, como sor iso gentit no Yosto’ vielceo, mas ex- temiada, para a vida, infectnda para. o amor” Oswald de Andrade no 1H volume de MARCO ZERO — Chio — nos lem= braria ‘Finda a uberdade da primeira ca mada de terra que 0 café do Formosa, esgotara, 08 fazendelos haviam-se lan- ado @ exploracao do que restava da mata vitgem” “Anterloements, no I volume de MAR- CO ZERO — A’ revolugio melaneélica proclamaria: “brro fol sempre do governo. Onde ja se viu, disse Jango. fem menos de iim més, abandonar produto © deixar o prégo calr de cin- ‘genta por cento ?. Um corpo que se Contrai Violentamente rebenta...” ‘A propésito do tema Leio Machado em ESPIGAO DA SAMAMBAIA assic nalaria "O café continia subindo © inundan- do 0 pais de riqueza”. De yepente, houve uma coisa iné- ita. Numa certa manhi de outubro ‘de 1929, a bolsa de Wall Street, lugar onde se Joga grande parte dos’ desti- hos do. nuinde, comegot a presenciar espetéculo espantoso. Os titulos devam ae cair”, — Quer me comprar o café 7 "16 7 Que € que eu vou fazer com o seu cafe? © ar. Anacléto voltou a fazenda ¢ decidiu fechar a maquina, que agora ‘era um luxo caro ¢-indtil na Samam- bala” Cecitio J. Carneiro com o romance premiado ‘no coneurso da Unido Pan- americana A FOGUEIRA — nos conta a historia de um imigrante sitio ‘que velo “fazer a América”, confor me se costuma dizer, Empatou todo Sew dinhelvo ma compra de café e um ‘ia, Tim frio intensissimo cal sdbre_as mals importantes zonas cafeciras do Bs- tado, alarmando 0 povo, j& de muito habituado as temperaturas tropicals. .". De repente, comegatt a circular no Mota de que tuma tremendageada es tava destruindo t¢da a safra co_ano. Devise entio uma alta surpreendente nos prégos, pois além da genda abor llam-se nessa época as compllcacoes de alfaindoga que Blias continuava nao com- Preendendo”. “Mil contos em dinhelro, trazidos por uma to violenta rajada. ‘de. sorte intensificarameIne of £onhos fantastioos” (Enderéco ‘para remessa de Caixa Postall. 7,187). livros LEITOR AMIGO! «A RURAL» — em sua nova fase 6 uma das melhores re- vistas, no gnero, editadas no pais. Colabore em nossa cam- panha de assinaturas. Faca de seu amigo um novo assinante Ofereca éste mimero, depois de o ter lid, & um sou co- nhecido para que éle também 0 torne leitor de nossa Re- vista. — Colabore condsco pa- ra a maior divulgagéo de «A RURAL», e estaré colaborando com sua class Assinatura Anual: Cr$ 200,00 Pedidos & Caixa Postal, 7187 So Paulo 87

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