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15 termos importantes Por que e como promover a inclu- Como evitar a exposição do
para compreender o são pedagógica e social estudan- estudante? O que fazer duran-
Espectro Autista tes autistas na UFMG? te crises sensoriais? E mais...
LUGAR DE AUTISTA
É NA UFMG
Cartilha pedagógica para professores
PREFÁCIO
GUILHERME DE ALMEIDA
Autista, professor e presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (ANIA/BR).
Doutorando e Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UNICAMP, membro dos Comitês de
Inclusão no Ensino Superior e Inclusão no Mercado de Trabalho da Cúpula de Neurodiversidade de Stanford.
Autista, professor e presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (ANIA/BR).
Doutorando e Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UNICAMP, membro dos Comitês de
Inclusão no Ensino Superior e Inclusão no Mercado de Trabalho da Cúpula de Neurodiversidade de Stanford.
Caros professores,
Exclusão
Durante a Antiguidade, o extermínio das
pessoas com deficiência era um costume
comum. Por exemplo, em Esparta, crian-
ças com deficiência eram lançadas do
abismo para a morte.
Fotografia: Shvets Production - Canva
Em instituições educacionais,
como escolas e universidades,
a singularidade é a norma, não
MODELO ANTIGO: MODELO ATUAL: uma exceção incomum. Cada
INTEGRAÇÃO INCLUSÃO aluno apresenta sua própria
individualidade. Quando os pla-
1. Abordagem mais limitada, focada 1. Processo amplo e profundo de nos curriculares são formulados
na coexistência de alunos com e transformação dos sistemas edu- visando uma média irreal de
sem deficiência na mesma escola. cacional e social.
estudantes, a riqueza real da
2. Pode não envolver adaptações 2. Busca garantir acesso à educa-
ção de qualidade a todos os alunos,
diferença entre os alunos é
substanciais do ambiente ou méto- ignorada.
dos de ensino para atender às ne- independentemente de suas habili-
dades ou diferenças.
cessidades dos alunos com defici-
3. Envolve adaptação de currículo, Como todo modelo, o DUA é
ência.
métodos de ensino, materiais e falho, pois é incapaz de prever
3. Alunos com deficiência podem
estar fisicamente presentes, mas
ambiente escolar para atender às a infinita possibilidade de com-
necessidades individuais, de modo binações de pessoas, sistemas
não necessariamente participam coletivo, não segregado.
das mesmas atividades ou têm a- e tempos, mas, ainda assim,
4. Objetiva a participação plena,
cesso igualitário ao currículo. aprendizado significativo e intera-
mostra-se como uma possibili-
4. Pode não promover uma inte- ção social dos alunos com defici- dade pedagógica superior à
ração significativa entre alunos com ência, autismo, altas habilidades e integração.
e sem deficiência. superdotação no ambiente regular
5. Não necessariamente provoca de ensino. Para se aprofundar no assunto,
mudanças na mentalidade e práti- 5. Implica em mudanças na menta- acesse:
cas da comunidade escolar e da lidade e nas práticas da comunida- bit.ly/materiaisdesignuniversal
sociedade. de acadêmica e toda a sociedade.
DESMISTIFICANDO
comunicar ou de
estabelecer conexões
interpessoais?
O AUTISMO
Então, está na hora de
romper os antigos
paradigmas do
autismo e entender
mais sobre o assunto.
Ao pesquisar pelo termo “autista” no Google Imagens, No entanto, todas essas concepções estereotipadas
nos deparamos com uma multiplicidade de fotografias de são prejudiciais e limitantes, pois não refletem as
pessoas com as mesmas características: em geral, diferenças das pessoas autistas em termos de idade,
crianças brancas e do sexo masculino, segurando peças gênero, etnia, habilidades e traços de personalidade.
de quebra-cabeça. No imaginário popular, tais imagens Por esse motivo, torna-se urgente a desmistificação de
são reforçadas por expressões estigmatizantes, como paradigmas equivocados e o reconhecimento da
“anjo azul” e “criança sem emoções”. Além disso, complexidade e da diversidade do espectro autista,
pessoas autistas são comumente descritas como composto por pessoas com uma ampla gama de
indivíduos com habilidades excepcionais em áreas habilidades e interesses distintos. É necessário que a
específicas, como a memorização de fatos triviais ou sociedade passe a respeitar e a valorizar as pessoas
habilidades matemáticas avançadas. Também é comum autistas em sua individualidade, de modo a reco-
a caracterização de autistas como indivíduos incapazes nhecer que cada indivíduo – autista ou não – apre-
de se comunicar, de estabelecer relações interpessoais senta suas próprias necessidades e desejos, a des-
significativas e de sentir empatia pelos outros. peito de sua condição neurológica.
O autismo caracteriza-se por três grupos Portanto, autistas têm empatia, mas Shutdown é uma crise em que uma
de sinais: a) diferenças na comunicação, podem precisar de ajuda para identificar o pessoa autista se desconecta do ambiente
na linguagem e na interação social; b) estado mental das outras pessoas. ao seu redor, de maneira a se isolar, ficar
comportamentos restritos e repetitivos; e em silêncio etc.
c) alterações sensoriais. Entender os 4. Sensibilidade sensorial: pessoas
principais conceitos relacionados ao autistas são hiper e/ou hipossensíveis aos 6. Estereotipias: movimentos repetitivos
autismo é importante para estimular a estímulos sensoriais (sons, luzes, texturas que alguns autistas podem exibir, como
inclusão social: etc.). Ou seja, seus sentidos podem balançar o corpo, balançar as pernas ou
captar mais ou menos informações que os girar objetos. É um comportamento natural
1. Comunicação social atípica: diferenças de pessoas neurotípicas. A exposição a e importante para pessoas autistas,
na interação social e na compreensão de estímulos sensoriais excessivos pode relacionado à regulação emocional.
regras sociais não-verbais por parte de gerar a sobrecarga sensorial das pessoas
pessoas autistas, como, por exemplo, o autista, de maneira a levar a crises 7. Ecolalia: repetição de palavras ou
ato de evitar contato visual e a dificuldade sensoriais. frases.
em entender sarcasmos e piadas.
5. Crises sensoriais, emocionais, 8. Hiperfoco: grande interesse por um
2. Empatia cognitiva: capacidade de cognitivas e/ou sociais: trata-se de uma objeto ou assunto específico.
perceber e de prever as emoções de outra reação ao estresse, à sobrecarga senso-
pessoa. Por exemplo, olhar para o rosto rial, ao excesso de demandas sociais, à 9. Alexitimia: dificuldade em compreender
de uma pessoa e perceber que essa imprevisibilidade, entre outros fatores. Os e descrever os próprios sentimentos,
pessoa está alegre, ou triste, ou com tipos mais comuns são meltdown e sensações e emoções.
raiva. Pessoas autistas tendem a shutdown. Meltdown é uma crise em que
apresentar níveis mais baixos de empatia uma pessoa autista perde o controle sobre
cognitiva. suas emoções, o que pode gerar
explosões de raiva, choro, agressividade
3. Empatia afetiva: capacidade de sentir e/ou comportamentos autolesivos.
algo em relação ao que o outro está
sentindo. Ou seja, é a capacidade de se
sentir mal quando o outro está mal, e de
se sentir bem quando o outro está bem.
Pessoas autistas apresentam níveis de
empatia afetiva iguais ou superiores em
relação aos de pessoas neurotípicas.
7
"Embora diagnosticados pelos mesmos Todas as características das pessoas autistas
podem ser vantajosas em determinadas
critérios universalistas como autistas, cada situações, mas gerar dificuldades de adaptação da
qual tem suas habilidades e suas dificuldades, pessoa autista em outros contextos sociais e
ambientais. Quanto a esse aspecto, pessoas
distintas e não homogêneas." (Sílvia Orrú, no autistas podem:
livro "Aprendizes com autismo"). achar difícil se comunicar e interagir com
outras pessoas por muito tempo, além de
10. Funções executivas: habilidades cognitivas entender como as outras pessoas pensam ou
de controle, planejamento e ações em etapas. se sentem em determinadas situações;
Algumas pessoas autistas apresentam compro- ficar desconfortáveis com luzes brilhantes,
metimento das funções executivas. ruídos altos, locais cheios, tecidos incômodos
e outros estímulos sensoriais;
11. Rigidez cognitiva: dificuldade que pessoas ficar ansiosas com mudanças, imprevistos,
no espectro apresentam em se adaptar a situações desconhecidas e eventos sociais;
mudanças abruptas. demorar mais para entender algumas
informações;
12. Rotina: sequência de atividades ou rituais ter muito interesse em um assunto específico e
executados diariamente. A rotina pode ser apresentar dificuldade em transitar para outros
reconfortante para autistas, que possuem temas;
necessidade de previsibilidade. cometer gafes e grosserias não intencionais
em relação à forma neurotípica de se
13. Níveis de suporte: o autismo é classificado comunicar. Como não são intencionais, é
em três níveis, quanto ao grau de necessidade importante explicar à pessoa autista - com
de suporte, isto é, o quanto de ajuda aquela paciência e longe dos demais colegas - por
pessoa autista precisa para realizar atividades que o comportamento foi inadequado;
cotidianas: Nível 1 (pouco suporte); Nível 2 ser extremamente sinceras, o que pode levar a
(suporte moderado) e Nível 3 (muito suporte). situações como: corrigir outras pessoas que
não aceitam críticas; dizer o que pensa,
14. Comunicação suplementar alternativa e mesmo quando a opinião não é bem-vinda,
aumentativa: uso de canais de comunicação entre outras. Apesar da sinceridade, as
diferentes da fala, como gestos, sons, pessoas autistas, em geral, não têm a
expressões faciais e corporais, sistemas de intenção de ofender;
fichas, tablets, celular, etc. Sua utilização é não gostar de serem tocadas;
mais comum por autistas dos Níveis 2 e 3. apresentar preferência e/ou seletividade por
determinados alimentos;
15. Comorbidades: condições que costumam empregar palavras sem conhecer o real
ocorrer simultaneamente ao autismo, como significado delas;
TDAH, depressão, ansiedade e fobia social. ter dificuldade em vincular a comunicação
Podem estar presentes ou não. verbal à não verbal, como imprimir nuances
nas alterações no tom de voz, volume,
entonação, linguagem corporal, expressões
idiomáticas e gestos que contribuem para o
estabelecimento de sentido à fala;
ter dificuldade para entender piadas, falas
indiretas, sarcasmo e mentiras.◆
Essa frase explica que compreender os para a humanidade com novas maneiras de
pontos fortes das pessoas autistas pode pensar.
ajudá-las no processo de aprendizagem, o Quanto a esse aspecto, as características
que gera potencial de contribuição social. do autismo ora se apresentam como poten-
cialidades, ora como dificuldades, a depen-
Em outras palavras, incluir não é só uma
der da disponibilidade de suporte que
questão de ética e solidariedade. Como dito
Fotografia: Clay Banks bit.ly/3DRPyUv - Licenciada na Unplash
Por que a inclusão é tão importante? autistas na educação superior está entre metade desses alunos sentia que não
0,7% a 1,9% (Gurbuz; Hanley; Riby, estava tendo sucesso acadêmico e
Moriña Díez, López e Molina (2015) 2019). Felizmente, essas circunstâncias manifestava insatisfação com a carga de
observaram que estudantes autistas estão mudando, devido a investimentos tarefas (Below; Spaeth; Horlin, 2021).
sentiam que os professores frequen- em programas de inclusão e diversidade.
temente colocavam mais obstáculos do Inclusive muitos professores ainda
que soluções em relação à inclusão. Um A taxa de evasão é altíssima... citam a crença equivocada de que
problema recorrente era a falta de Apesar desse progresso, há uma há excesso de diagnóstico do TEA,
capacitação desses profissionais. Para demanda em atender às necessidades
um ambiente universitário adequado ao
quando, na verdade, é o contrário…
específicas desses estudantes, pois
autismo, é crucial que os educadores do menos de 40% deles completam seus Muitas barreiras podem surgir ao tentar
Ensino Superior estejam bem informa- estudos com sucesso (Gurbuz; Hanley; obter um diagnóstico de autismo,
dos e conscientes sobre o espectro Riby, 2019). particularmente para mulheres e pes-
autista, permitindo que os alunos soas sem comprometimento intelectual.
explorem seus talentos. E o ambiente acadêmico ainda é Diagnósticos incorretos e percepções
hostil para esses estudantes… estereotipadas levaram ao reconhe-
Além disso, o TEA também traz um Estudos mostram que estudantes autis- cimento de um grupo significativo de
impacto negativo na vida tas podem encontrar dificuldades em adultos autistas sem diagnóstico, o que
poderia representar até 60% da
profissional e no ensino… ambientes universitários. Apenas 27%
acreditavam que suas necessidades população autista total. Muitos podem
As taxas de emprego para adultos nunca ser diagnosticados ou só
sociais foram atendidas, e somente 40%
autistas são consideravelmente baixas, receberão o diagnóstico na fase adulta
sentiram que suas demandas aca-
apenas 4,1%. Já a proporção de alunos (Below; Spaeth; Horlin, 2021).
dêmicas foram consideradas. Mais da
anormalidades cerebrais, especialmente coerção social pode ser negativa para a URBUZ, Emine; HANLEY, Mary; RIBY, Deborah M..
conectividade neural atípica, própria sociedade, sendo melhor permitir University Students with Autism: the social and academic
experiences of university in the uk. Journal Of Autism And
desempenham um papel importante no que diferentes potencialidades se ex-
Developmental Disorders, [S.L.], v. 49, n. 2, p. 617-631, 1
desenvolvimento do TEA. pressem. set. 2018. Springer Science and Business Media LLC.
Professor(a), durante as aulas e as avaliações, é importante valorizar as habilidades dos estudantes autistas:
12
Fotografia: @user35692504 - bit.ly/456DGKn - Adobe Stock
MITO OU VERDADE? Escrito por LOUIE MARTINS
Durante o primeiro período letivo de 2023, o Coletivo Adicionalmente, o programa foi revisado por uma
Autista da UFMG apresentou ao NAI o "Programa de equipe multidisciplinar de profissionais atuantes e/ou
inclusão pedagógica e social de estudantes autistas especializados em autismo, composta por psicólogas,
da UFMG". O documento trata-se de uma iniciativa médicos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais,
dos próprios alunos autistas da Instituição, com o advogadas e pedagogas.
intuito de lhes garantir medidas de acessibilidade e de
inclusão, para que possam participar plenamente da O NAI mostrou-se favorável ao Programa e
vida acadêmica e social na UFMG. comprometeu-se a auxiliar o público autista da UFMG
na realização das medidas apresentadas no docu-
Os pilares do programa incluem a sensibilização e mento. Paralelamente, é fundamental que os profes-
conscientização de docentes, discentes e técnicos sores de alunos autistas leiam e implementem o
administrativos; a implementação de adaptações pe- Programa, a fim de contribuir para a execução das so-
dagógicas e sensoriais; e a promoção de uma cultura luções propostas pelos estudantes autistas aos proble-
inclusiva e acessível no contexto universitário. mas que eles próprios vivenciam na Universidade. ◆
No primeiro dia de aula, o professor deve informar a todos os estudantes da turma que, caso alguém apresente
alguma demanda de acessibilidade e/ou de inclusão, devem entrar em contato por e-mail. Caso o aluno se
apresente como autista, envie o Programa de Inclusão apresentado no tópico anterior e pergunte ao estudante
quais medidas são necessárias. Abra espaço para o aluno apresentar também outras demandas.
RESPEITO
e Autonomia
Não exponha a pessoa autista perante o restante da turma;
Não duvide do diagnóstico de TEA, pois foi a avaliação foi
realizada por um profissional capacitado em TEA;
Não exija laudo médico, pois apenas o NAI tem o direito de
exigi-lo;
Incentive, respeite e possibilite que as pessoas autistas informem e
solicitem suas demandas pessoais;
Possibilite a participação ativa da pessoa autista no processo
decisório das medidas a serem adotadas para sua própria
inclusão e acessibilidade no contexto acadêmico;
Promova uma cultura de respeito e inclusão. Caso presencie atos
de capacitismo e/ou psicofobia, informe imediatamente ao NAI.
MEDIDAS
Sensoriais
Compreenda a necessidade do uso de tampões de ouvido, protetores
auriculares, abafadores de som e óculos escuros, mesmo em dias de provas.
Utilizá-los é direito da pessoa autista;
Aceite e recomende o uso de vestimentas diversificadas em aulas práticas,
se solicitado pelo estudante autista e/ou pelo AEE. Por exemplo, se o labora-
tório exige o uso de calça jeans, mas o estudante apresenta hipersen-
sibilidade a esse tecido, sugira a utilização de uma calça de moletom grossa;
Oportunize o uso de itens objetos de conforto, com a ressalva de que estes
itens não emitam sons, luzes e/ou outros estímulos perturbadores para os
demais estudantes. Esses objetos não são usados por infantilidade, mas sim
por uma necessidade de alívio de ansiedade pelo estudante;
Avise com, no mínimo, 72 horas de antecedência caso algum
equipamento com excesso de ruídos e/ou luzes seja utilizado em sala
de aula (ex.: aula prática que usará um motor), para que o estudante
possa levar um abafador de som;
Caso a sala de aula apresente excesso de estímulos, como ventilador
estragado ou luzes piscando, solicite as mudanças para o setor de
manutenção predial e/ou para Diretoria da unidade de ensino;
Incentive os estudantes a fazerem silêncio durante a aula;
Não peça aos estudantes para baterem palma durante a aula;
Compreenda a necessidade de o estudante sair da aula caso esteja
passando por crise sensorial;
Estenda os prazos e/ou remarque as datas de atividades avaliativas
durante períodos de sobrecarga sensorial, emocional e/ou social. Além disso,
forneça materiais diversificade estudo para que o estudante possa estudar
por conta própria. Repasse a situação para o NAI.
MEDIDAS
de ensino
Respeite as definições estabelecidas no Plano de
Atendimento Educacional Especializado. Todo Plano
é elaborado por profissionais especializados e aprovado
pelo NAI;
Valorize as habilidades, interesses e hiperfocos
do estudante autista no processo de ensino-aprendizagem;
Priorize recursos diversificados de estudo à aula expositiva oralde
estudo à aula expositiva oral, caso sejam solicitados pelo estudante
autista e/ou recomendados pelo Plano de AEE. Exemplos de materiais
são slides, gravações do ensino remoto, resumos, roteiros de livros,
entre outros. Alguns estudantes autistas aprendem bem ouvindo,
enquanto outros autistas necessitam desses materiais. No caso em que
recursos diversificados forem necessários, não cobre nas avaliações
nada além do que foi oferecido nos materiais disponibilizados, pois, a
depender de cada caso, pode ser o único meio de aquisição de
informações do aluno. Além disso, muitas vezes, estudantes autistas não
conseguem acompanhar integralmente todo o conteúdo o que foi dado
em sala, mesmo que estejam presentes, devido ao comprometimento de
suas funções executivas. A critério do professor, recomenda-se
possibilitar que o estudante fotografe a lousa e/ou grave a aula, para
que possa revisar posteriormente.
O que é
Atendimento Educacional Especializado
(AEE) representa um componente da
AEE?
Educação Especial que reconhece, de-
senvolve e providencia materiais educa-
tivos e meios de mediação que superem
os obstáculos de ordem física, mental e
de comunicação, promovendo a inclus-
ão total dos alunos, levando em conta COLETIVO AUTISTA - CA-UFMG 17
suas necessidades específicas.
MEDIDAS
avaliativas
Escreva enunciados curtos, diretos e de fácil interpretação.
Evite o uso de linguagem Forneça, com paciência, Escreva enunciados curtos, com
figurativa, metafórica, genérica, esclarecimentos de enunciados informações facilmente
confusa e/ou ambígua. Se durante avaliações, quando localizáveis. Prefira testes de
possível, forneça ilustrações solicitados. Não é preciso dar a múltipla escolha, de preencher
complementares. Não coloque resposta, mas é necessário tirar lacunas ou abertas. Evite
pegadinhas. dúvidas de interpretação. questões de V ou F.
Não imponha a interação social como método de avaliação. Combine com o estudante métodos diversificados.
*Direitos previstos nas leis n°. 13.146/2015, nº. 10.098/2000 e nº. 9.394/1996.
,
Pessoa autista pessoa com autismo ou Asperger?
A terminologia "pessoa autista" é defendida pelo movimento da neurodiversidade, pois reconhece que o autismo é uma parte integral
da identidade da pessoa. Já a expressão "pessoa com autismo" deve ser evitada, pois enfatiza a separação entre a pessoa e o
autismo, passando uma falsa ideia de que o autismo é algo que a pessoa tem e pode deixar de ter, em vez de ser uma parte
inseparável de quem ela é.
O termo "Síndrome de Asperger" é desencorajado devido a controvérsias em relação às associações do médico Hans Asperger com o
nazismo. Além disso, atualmente, prevalece a unificação diagnóstica de todos os subtipos de autismo. Portanto, a antiga terminologia
"Síndrome de Asperger" não é mais usada, pois, hoje em dia, todas as condições autísticas são referidas como "espectro autista".
Dessa forma, deve-se preferir o termo "pessoa autista", a fim de desvincular o autismo de uma conotação negativa, de maneira a
evidenciar a aceitação da neurodiversidade.
O livro de Valdirene
Armenara, Denise Stringhini
e Maria Kunkel apresenta
Artigos
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inclusão pedagógica,
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