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BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL


EDIÇÃO GLOBAL
edição global
Lançada no ano de 1995, a Bíblia de Estudo Pentecostal (BEP) foi um marco em
nosso país, tanto no contexto editorial, quanto no da Igreja, que pôde dispor de uma
Nos anos 90 do século passado, a CPAD lançou uma Bíblia de Estudo que foi um
obra que agrega ao texto sagrado amplo conteúdo de estudos relacionados à pessoa
marco no país: A Bíblia de Estudo Pentecostal (BEP). Mas, de lá para cá, muita
e obra do Espírito Santo. Ao longo de quase duas décadas de existência, a BEP
coisa aconteceu: a Nova Ortografia da Língua Portuguesa, a nova versão de 2009
tornou-se uma das Bíblias de estudo mais
do texto utilizadas
bíblico no meio Revista
de Almeida evangélico, superando
Corrigida, etc. Por isso, em sua busca pela
a impressionante marca de centenas de milhares
excelência de exemplaresconstante,
e o aperfeiçoamento produzidos.a CPAD apresenta a Bíblia de Estudo
Pentecostal Edição Global
Agora, a CPAD, na constante busca pela excelência, com muita alegria, apresenta a

Conheça suas principais características:


Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global
PROJETO
Nesta edição, foram implementadas GRÁFICO
reformulações EXCLUSIVO
e ampliações – O projeto
de conteúdo em desenvolvido pela própria
CPAD, em duas cores, possui inúmeros aperfeiçoamentos
suas notas e estudos, com o objetivo de oferecer larga abrangência à experiência em relação ao projeto da
BEP original,
de leitura das doutrinas pentecostais.
facilitando a leitura e destaque das notas e dos recursos que ela
apresenta aio longo do texto bíblico.
Além disso, a modernização visual, oriunda de um novo projeto gráfico, confere
maior amplitude ao texto bíblico, introduções, notas, artigos, diagramas e suple-
TEXTO ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA 4.ª EDIÇÃO (2009) – Essa
mentos, propiciando dinamismo à pesquisa do leitor.
edição, preparada e fornecida pela Sociedade Bíblica do Brasil, conserva as carac-
O incremento de mapas ao longo de seu
terísticas textodae ARC
formais as novas ilustrações
ao mesmo tempotambém
em que efetua uma série de melhorias
compõem o conjunto de recursos inéditos da BEP: Edição Global.
linguísticas em um texto bíblico inteiramente revisado conforme as alterações
fixadas no Acordo Ortográfico.
Em relação ao projeto original, soma-se como parte do conjunto de atualizações,
o texto bíblico em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,
MATERIAIS DE ESTUDO REFORMULADOS – Em comparação com a BEP
representado pela tradução detradicional,
Almeia Revista
a BEPe Corrigida, de 2009.
Global apresenta um completo trabalho de revisão e ampliação
do conteúdo das notas de estudos e artigos. Além disso, os quadros e ilustrações
Sistema de referências cruzadas, índice de localizadores temáticos, glossário e
são os mesmos presentes na edição americana atual.
concordância contribuem na expansão da pesquisa bíblica e completam a oferta
de suplementos disponíveis ao leitor.
ATUALIZAÇÃO ORTOGRÁFICA – A BEP Global chega totalmente atualizada
quanto à grafia portuguesa, segundo as determinações do Acordo Ortográfico
Esta Bíblia de estudo é o resultado de esforços concentrados para atender às
vigente a partir de 2009.
necessidades daqueles que se esmeram em adquirir o conhecimento das
Sagradas Escrituras.
SUPLEMENTOS PARA O ESTUDO DA BÍBLIA – A edição Global também
Nossa oração é que o aprofundamento nos estudos da Palavra de Deus, aliado à
oferece várias seções como índice de símbolos temáticos, índice de temas,
direção do Espírito Santo e sua devoçãoconcordância
glossário, diária a Cristo,
paraproporcione-lhe cresci-
expandir a pesquisa bíblica.
mento contínuo em cada âmbito de sua vida e de seu relacionamento com Deus.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL
EDIÇÃO GLOBAL
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL
EDIÇÃO GLOBAL

Editor Geral
Donald C. Stamps

Editor Associado
J. Wesley Adams

Tradução
Degmar Ribas Júnior

1.ª edição

Rio de Janeiro
2022
A missão primordial e intransferível da CPAD é proclamar, por meio da página impressa, o Evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo no Brasil e no exterior; edificar a Igreja de Cristo por intermédio de
literaturas ortodoxas, que auxiliem os obreiros cristãos no desenvolvimento de suas múltiplas tarefas
no Reino de Deus; e educar a sociedade e a Igreja através da Escola Dominical, que evangeliza
enquanto ensina. Nosso maior presente é pensar no futuro.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global


Fire Bible: Global Study Edition – todos os Artigos, Páginas Iniciais, Plano de Leitura da Bíblia,
Mapas e Quadros, Introduções de Livros, Esboços, Notas de Estudo, Índice de Temas, Localizadores
Temáticos e Índice de Localizadores Temáticos são propriedade de Life Publishers International 1625
N. Robberson Ave., Springfield, MO 65803 EUA © 2015. Todos os diretos reservados.
Publicada por Casa Publicadora das Assembleias de Deus sob licença de Life Publishers International.
Almeida Revista e Corrigida – 4.ª edição © 2009 por Sociedade Bíblica do Brasil.
Concordância © 2009 por Sociedade Bíblica do Brasil.
Mapas em cores © 2002 por Sociedade Bíblica do Brasil.

Stamps, Donald C. (Ed.)


Bíblia de estudo pentecostal : edição global / Donald C. Stamps, J. Wesley Adams
(Ed.) ; tradução Degmar Ribas Júnior. – Rio de Janeiro : CPAD, 2022.
2688 p. : il. ; 17 x 23,5 cm.

Título original em inglês: Fire Bible : global study edition.


ISBN 978-65-5968-095-5 brochura luxo.

1. Bíblia Sagrada. 2. Bíblia – Introduções, comentários, artigos e auxílios. I. Título.

CDD 220.569

Impressão: Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo – out./2022 – tiragem 10.000

CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS


Avenida Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 21.852-002
SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800-021-7373
Bíblia de Estudo Pentecostal:
Edição Global
Editor Geral
Donald C. Stamps, M.A., M.Div.
Bíblia de Estudo Pentecostal original
Editor Associado
J. Wesley Adams
Bíblia de Estudo Pentecostal original
Comissão Editorial da Bíblia de Estudo Pentecostal original
Stanley M. Horton, Th.D., Presidente
William W. Menzies, Ph.D., Vice-presidente
Franch Arrington, Ph.D.
Robert Shank, A.B., D.H.L.
Roger Stronstad, M.C.S.
Richard Waters, D.Min.
Roy L. H. Winbush, M.Div., D.D.

Edição Brasileira
Presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil
José Wellington Costa Junior
Presidente do Conselho Administrativo da CPAD
José Wellington Bezerra da Costa
Diretor Executivo da CPAD
Ronaldo Rodrigues de Souza
Gerente de Publicações
Alexandre Claudino Coelho
Gerente de Produção
Jarbas Ramires Silva
Tradução
Degmar Ribas Júnior
Chefe do Setor de Bíblias
Anderson Grangeão da Costa
Revisão
Tatiana da Costa, Ana Paula Nogueira, Thiago Panzariello, Kethelin Luiza Silva,
Patrícia de Oliveira Almeida, Caroline Tuler
Chefe do Setor de Arte & Design
Wagner de Almeida
Projeto gráfico
Alexandre Soares
Diagramação
Joede Bezerra
Capa
Joab de Santos
Sumário
Artigos vii
Mapas, Quadros e Ilustrações viii
Abreviaturas ix
Como Conhecer a Deus x
Descobrindo a Relevância da Palavra xi
Prefácio xiii
Dedicatória xv
Prefácio do Editor Americano xvi
Prefácio à Edição Brasileira xvii
Como Usar a Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global xviii
Prefácio à Tradução de Almeida Revista e Corrigida — 4ª Edição xxii

ANTIGO TESTAMENTO
Gênesis 3 2 Crônicas 722 Daniel 1423
Êxodo 99 Esdras 780 Oseias 1460
Levítico 178 Neemias 803 Joel 1480
Números 231 Ester 832 Amós 1492
Deuteronômio 299 Jó 847 Obadias 1508
Josué 361 Salmos 903 Jonas 1512
Juízes 404 Provérbios 1039 Miqueias 1521
Rute 447 Eclesiastes 1089 Naum 1532
1 Samuel 455 Cantares 1109 Habacuque 1538
2 Samuel 510 Isaías 1119 Sofonias 1545
1 Reis 554 Jeremias 1224 Ageu 1553
2 Reis 618 Lamentações 1323 Zacarias 1560
1 Crônicas 676 Ezequiel 1337 Malaquias 1582

NOVO TESTAMENTO
Mateus 1597 Efésios 2170 Hebreus 2291
Marcos 1697 Filipenses 2194 Tiago 2331
Lucas 1748 Colossenses 2208 1 Pedro 2346
João 1834 1 Tessalonicenses 2223 2 Pedro 2363
Atos 1913 2 Tessalonicenses 2237 1 João 2373
Romanos 2008 1 Timóteo 2247 2 João 2393
1 Coríntios 2065 2 Timóteo 2265 3 João 2397
2 Coríntios 2117 Tito 2279 Judas 2402
Gálatas 2150 Filemom 2287 Apocalipse 2412

Tábua de Pesos e Medidas 2473


Índice de Temas 2474
Índice de Localizadores Temáticos 2491
Plano de Leitura da Bíblia 2495
Glossário 2498
Concordância 2507
Índice dos Mapas e dos Nomes Geográficos encarte final
Artigos
A Criação 7 Sinais dos Crentes 1746
O Chamado de Abraão 28 Jesus e o Espírito Santo 1787
O Concerto de Deus com Abraão, Riqueza e Pobreza 1810
Isaque e Jacó 52 O Vinho nos Tempos do
A Providência de Deus 89 Novo Testamento 1843
A Páscoa 120 Regeneração: Nascimento e Renovação
A Lei do Antigo Testamento 138 Espiritual 1847
O Dia da Expiação 210 O Novo e Espiritual Nascimento
dos Discípulos 1901
O Temor do Senhor 313
O Batismo no Espírito Santo 1918
O Concerto de Deus com os Israelitas 349
O Falar em Línguas 1925
A Destruição dos Cananeus 372
A Doutrina do Espírito Santo 1941
Anjos e o Anjo do Senhor 409
Provas do Genuíno Batismo
A Natureza da Idolatria 476
no Espírito Santo 1958
O Concerto de Deus com Davi 523
Os Presbíteros e seus Deveres 1989
A Oração Eficaz 600
Termos Bíblicos para Designar Salvação 2012
Cristo no Antigo Testamento 630
Fé e Graça 2029
A Cidade de Jerusalém 695
Israel no Plano de Salvação de Deus 2044
O Templo 730
Três Classes de Pessoas 2073
A Adoração 818
Alimentos Sacrificados a Ídolos 2086
O Sofrimento dos Justos 853
Dons Espirituais para os Crentes 2101
A Morte 876
A Ressurreição do Corpo 2114
O Louvor 914
O Julgamento dos Crentes 2128
A Esperança segundo a Bíblia 960
A Separação Espiritual dos Crentes 2133
Os Atributos de Deus 1025
Os Atos da Natureza Pecaminosa
O Coração 1048 e o Fruto do Espírito 2166
O Vinho no Antigo Testamento 1075 Eleição e Predestinação 2174
Natureza Humana: Dons do Ministério de Liderança
O que Significa Ser Humano 1106 para a Igreja 2183
O Profeta no Antigo Testamento 1133 Pais e Filhos 2219
A Vontade de Deus 1201
O Arrebatamento 2232
A Palavra de Deus 1206
A Era do Anticristo 2241
A Paz de Deus 1287
Qualificações Morais dos Ministros 2255
A Glória de Deus 1354
Formação Bíblica para os Cristãos 2270
A Intercessão 1449
A Inspiração e a Autoridade
O Espírito Santo no Antigo Testamento 1487 das Escrituras 2275
O Cuidado dos Pobres e Desfavorecidos 1501 A Apostasia Pessoal 2301
Dízimos e Ofertas 1589 O Antigo Concerto e o Novo Concerto 2312
A Cura Divina 1625 Padrões de Moralidade Sexual 2327
O Reino de Deus 1638 A Santificação 2349
A Igreja 1650 O Relacionamento do Cristão
A Grande Tribulação 1673 com o Mundo 2380
Poder sobre Satanás e os Demônios 1707 A Segurança da Salvação 2390
Falsos Ensinadores 1737 A Mensagem de Cristo às Sete Igrejas 2420
Mapas, Quadros e Ilustrações
Tábua de Nações 25 Jerusalém na Época dos Profetas 1203
As Viagens de Jacó 67 O Império Neobabilônico 626-539 a.C. 1438
O Êxodo 125 O Livro de Jonas 1516
Calendário Hebraico e De Malaquias a Cristo 1594
Eventos Importantes 133 Seitas Judaicas 1639
O Tabernáculo 153 O Reino de Deus versus
Mobiliário do Tabernáculo 153 o Reino de Satanás 1693
Sacrifícios do Antigo Testamento 192 Decápolis e Terras além do Jordão 1719
Festas do Antigo Testamento 234 Jesus na Galileia 1811
Princípios Éticos Essenciais no Concerto 343 A Semana da Paixão 1822
A Conquista de Canaã 387 Jesus na Judeia e em Samaria 1903
A Jerusalém de Salomão 568 O Ministério de Jesus 1906
O Templo de Salomão 572 As Parábolas de Jesus 1910
Mobiliário do Templo 572 Os Milagres de Jesus 1911
Oficiais Religiosos do Templo 573 Os Milagres dos Apóstolos 1912
O Reino Dividido 587 Nações de Povos Mencionados
As Vidas de Elias e Eliseu 611 no Dia de Pentecostes 1931
Milagres do Antigo Testamento 614 Viagens Missionárias de Filipe e Pedro 1959
Orações da Bíblia 616 A Primeira Viagem Missionária de Paulo 1966
O Exílio do Reino do Norte 654 A Segunda Viagem Missionária de Paulo 1977
O Exílio do Reino do Sul 654 A Terceira Viagem Missionária de Paulo 1991
Reis de Israel e Judá 672 A Viagem de Paulo a Roma 2007
O Retorno do Exílio 786 Os Dons do Espírito Santo 2062
Cronologia de Esdras-Neemias 802 A Obra do Espírito Santo 2147
Profecias do Antigo Testamento Os Últimos Dias da História 2408
Cumpridas em Cristo 1035 As Sete Igrejas do Apocalipse 2421
Abreviaturas
LIVROS DA BÍBLIA 1 Coríntios 1Co
Gênesis Gn 2 Coríntios 2Co
Êxodo Êx Gálatas Gl
Levítico Lv Efésios Ef
Números Nm Filipenses Fp
Deuteronômio Dt Colossenses Cl
Josué Js 1 Tessalonicenses 1Ts
Juízes Jz 2 Tessalonicenses 2Ts
Rute Rt 1 Timóteo 1Tm
1 Samuel 1Sm 2 Timóteo 2Tm
2 Samuel 2Sm Tito Tt
1 Reis 1Rs Filemom Fm
2 Reis 2Rs Hebreus Hb
1 Crônicas 1Cr Tiago Tg
2 Crônicas 2Cr 1 Pedro 1Pe
Esdras Ed 2 Pedro 2Pe
Neemias Ne 1 João 1Jo
Ester Et 2 João 2Jo
Jó Jó 3 João 3Jo
Salmos Sl Judas Jd
Provérbios Pv Apocalipse Ap
Eclesiastes Ec
TRADUÇÕES
Cantares Ct
NAA Nova Almeida Atualizada (2017)
Isaías Is
NTLH Nova Tradução na
Jeremias Jr Linguagem de Hoje (2000)
Lamentações Lm NVI Nova Versão Internacional (2000)
Ezequiel Ez NVT Nova Versão Transformadora (2016)
Daniel Dn TB Tradução Brasileira (2010)
Oseias Os
Joel Jl GERAIS
Amós Am a.C. antes de Cristo
Obadias Ob aram. aramaico
Jonas Jn AT Antigo Testamento
Miqueias Mq c. cerca de (latim circa) (com datas)
Naum Na cap., caps. capítulo, capítulos
Habacuque Hc cf. confira, confronte (latim confer)
Sofonias Sf cont. continuação
Ageu Ag d.C. depois de Cristo
Zacarias Zc gr. grego
Malaquias Ml heb. hebraico
Mateus Mt NT Novo Testamento
Marcos Mc p. página(s)
Lucas Lc p.ex. por exemplo
João Jo s, ss e o seguinte, e os seguintes
Atos At (com versículos ou capítulos)
Romanos Rm v., vv. versículo, versículos
Como Conhecer a Deus
O PROPÓSITO DE DEUS: VIDA ETERNA
Deus ama você e o criou com um propósito: conhecê-lo e ter um relacionamento pessoal e eterno com Ele.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10).

O PROBLEMA DAS PESSOAS: PECADO E SEPARAÇÃO


As pessoas perdem o que Deus pretende para elas porque escolhem seguir seus próprios caminhos e
assim ficam aquém do seu padrão perfeito. Desafiar a Deus desta forma se chama pecado, e isto nos
separa dele e impede nosso relacionamento com Ele. Na verdade, o pecado é tão radicalmente oposto
ao caráter perfeito de Deus, que requer a pena mais extrema: morte e separação eterna de Deus.
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23).
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

A SOLUÇÃO DADA POR DEUS: JESUS CRISTO


Nós não podemos chegar a Deus através de nossos próprios esforços imperfeitos. Então o próprio
Deus decidiu fornecer o pagamento perfeito para o pecado. Ele enviou seu Filho, Jesus, para morrer
em nosso lugar, fazendo a ponte entre si mesmo e a humanidade. Nós só podemos chegar a Deus de
acordo com os termos dele.
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a
Deus” (1Pe 3.18).
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao pai senão por mim” (Jo 14.6).

SUA RESPOSTA PESSOAL: CONFISSÃO E FÉ


Você deve responder pessoalmente ao sacrifício de Jesus, convertendo-se de sua antiga vida pecaminosa
e confiando nele para que lhe seja dada uma nova vida. A salvação através de Cristo é um dom gratuito.
Aceitá-la é um ato de fé.
“Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou
dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9).
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça” (1Jo 1.9).
Veja os artigos FÉ E GRAÇA, p. 2029, REGENERAÇÃO: NASCIMENTO E RENOVAÇÃO
ESPIRITUAL, p. 1847, e A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO, p. 2390.

SE VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA CONFIAR A SUA VIDA A JESUS, FAÇA A SEGUINTE ORAÇÃO:
Senhor Jesus, eu andei por meus próprios caminhos e pequei contra ti. Tem misericórdia de mim e
perdoa os meus pecados. Creio que tu és o Filho de Deus, que morreu em meu lugar, e que então
ressuscitou dos mortos com poder e autoridade para me dar uma nova vida. Obrigado por tornar-
me um filho de Deus. Entrego agora minha vida a ti e aos teus propósitos. Dá-me, por teu Espírito
Santo, a ousadia de confessar a minha fé em ti para outros. Peço isto em teu nome, Jesus. Amém.

E AGORA?
• Conte a alguém. Isso ajuda a confirmar a sua decisão e pode lhe inspirar a demonstrar uma mudança
real.
• Comece orando. Isso o ajuda a crescer em seu relacionamento com Deus e o mantém conectado
ao seu poder e orientação.
• Leia a Bíblia. Isso o ajuda a conhecer melhor a Deus e descobrir os seus planos para a sua vida.
• Envolva-se. Tornar-se ativo em uma igreja fortemente baseada na Bíblia pode ajudá-lo a crescer
espiritualmente, ser responsável e permitir que você use seus dons únicos para honrar a Deus e
ajudar os outros.
Descobrindo a Relevância da
Palavra
UMA ABORDAGEM DE ESTUDO BÍBLICO
Nós não podemos fazer com que a Palavra de Deus seja relevante. Ela já é inteiramente relevante – para
todas as pessoas, em todas as situações, de todos os tempos. Ainda assim, a conexão da Bíblia em
nossas vidas nem sempre é óbvia, mas Deus nunca quis que sua mensagem e diretrizes fossem difíceis
de entender ou que seus propósitos e planos fossem difíceis de ser compreendidos. Se você for fiel à
leitura e estudar a Palavra de Deus e considerar seriamente como os seus ensinamentos e princípios se
aplicam à sua vida, então Deus tornará os seus planos e direções completamente claros no momento
certo. Se você estiver preparado para obedecer às direções de Deus, então o Espírito Santo fará a
Palavra tomar vida em sua vida. O processo seguinte de estudo bíblico prático, e que visa a aplicação,
pode ajudá-lo a entender e aplicar melhor a Palavra de Deus à situações específicas e às circunstâncias
de sua vida cotidiana.

GUARDE O CONTEXTO
Primeiramente, considere o contexto da passagem que você está lendo. Qual é o contexto que envolve
os versos? Em outras palavras, o que está acontecendo nessa situação particular? Que eventos levaram
a isso? Qual é o contexto histórico e o ambiente social? Quais são as circunstâncias únicas? Por que o
livro (ou a carta) foi escrito e para quem? (As introduções dos livros contêm várias informações deste
tipo.) Quem são as principais pessoas envolvidas, de onde elas vêm e o que estão fazendo? Por que os
personagens sentem e agem de determinado modo? Certifique-se de reservar o tempo adequado para
fazer as observações corretas antes de fazer interpretações e tentar descobrir o significado específico
do texto. Não tente fazer a passagem dizer algo que não está dizendo, tirando-a do contexto. Ter uma
compreensão apropriada do que está acontecendo na passagem irá ajudá-lo a determinar com precisão
o que ela significa e como pode ser aplicada ao que está acontecendo em sua própria vida. As notas
deste estudo bíblico são projetadas para ajudá-lo neste processo.

PROCURE POR VOCÊ MESMO


Coloque-se na história. Talvez você se identifique com certos personagens por causa de sua origem ou
da maneira como reagiram quando foram confrontados com desafios e escolhas. Por vezes, a história,
as tradições e o estilo de vida retratados em uma história da Bíblia podem parecer totalmente estranhos
para você, quando analisados de modo superficial. Mas se você puder se relacionar com as emoções,
necessidades e perguntas daqueles que estão envolvidos, você estará melhor preparado para descobrir
maneiras de ligar as lições aprendidas às situações específicas de sua própria vida.

OBSERVE A ATUALIDADE DO TEXTO


Depois de ter uma boa noção do que está acontecendo na passagem, pense em situações atuais e
problemas em sua própria vida que se assemelham às circunstâncias descritas no texto. Se nada vier à sua
mente imediatamente, imagine um conjunto de circunstâncias que apresentem desafios semelhantes,
despertem emoções semelhantes e poderiam conduzir a um resultado similar. Algo que pode ajudar é
pensar onde, quando ou por que algo como tal acontecimento pode ocorrer ou como ele poderia se
relacionar com situações que possam envolver sua família, amigos, fé ou futuro.

COMPREENDA A IDEIA
Neste momento, pergunte a si mesmo: “Qual é a grande ideia?” Em outras palavras, identifique a
mensagem principal ou o ponto-chave do texto. Esta etapa crucial irá ajudá-lo a descobrir o princípio
primário – a verdade atemporal – da passagem. Ore e peça a Deus que Ele lhe ensine por que esta lição
é importante para a sua vida. O que Deus está mostrando a respeito de si mesmo, e como você deve
responder a essa revelação? De que forma específica você pode honrar a Deus através da aplicação
DESCOBRINDO A RELEVÂNCIA DA PALAVRA xii
de sua verdade? E quais traços de caráter Deus deseja que você desenvolva a fim de se tornar mais
parecido com seu Filho, Jesus Cristo.

PREPARE-SE PARA A AÇÃO


Finalmente, pergunte-se: “O que devo fazer agora que tenho conhecimento disto?” Conhecimento
espiritual e boas intenções não são suficientes. Simplesmente saber o que a Bíblia diz não mudará a
sua vida, não lhe manterá em uma situação correta na presença de Deus, nem lhe ajudará a crescer em
um relacionamento com Ele. Você deve permitir que a Palavra se torne parte de você. Na verdade, ela
deve se tornar a maior autoridade em sua vida. Isto requer uma decisão consciente de converter as
suas crenças em comportamento – colocar em prática princípios – traduzir a aprendizagem em termos
de vida. Seja o mais específico possível na forma como você aplicar a Palavra de Deus com pessoas,
situações e ações definitivas em mente. Embora você possa, às vezes, simplesmente ler a Bíblia para
se informar, não crie o hábito de se aproximar da Palavra de Deus de uma forma irresponsável como
aqueles que leem o texto sem fazerem um esforço para descobrir como ele se relaciona com a sua vida,
e como se pode colocá-lo em ação.

PEÇA AJUDA A DEUS


Na conclusão do seu tempo de estudo da Bíblia, reserve alguns momentos para orar, pedindo a Deus
direção e ajuda na aplicação da verdade de sua Palavra viva em uma situação específica de sua vida,
naquele dia. Quanto mais cedo você colocar em prática os princípios bíblicos, mais provável será que
você mantenha a verdade, de modo que ela possa causar um impacto de longo prazo e transformador
em sua vida – e na vida dos outros a quem Deus quer influenciar através de você.

SEJA RESPONSÁVEL
Tenha em mente que você de fato não aprende a verdade até que a vive. Com esse objetivo em mente,
isto pode ajudá-lo a manter um diário de estudo no qual você escreve o que Deus revelou a você, como
você pretende aplicar isto, como você deu sequência às suas intenções e o que você aprendeu como
resultado. Como uma medida adicional de responsabilidade, procure um amigo, mentor ou parceiro de
oração cristão com quem você possa compartilhar o que está aprendendo e discutir a diferença que a
Palavra de Deus está fazendo em sua vida.
Prefácio
A visão, a chamada e a urgência recebidas por mim, da parte de Deus, quanto a esta Bíblia de estudo
vieram-me enquanto eu servia como missionário no Brasil. Percebi o quanto os obreiros cristãos
precisavam de uma Bíblia que lhes oferecesse direção em seu pensamento e pregação. Isto posto, há
dez anos, comecei a escrever as notas e os artigos para este trabalho. Mais tarde, quando retornei aos
Estados Unidos, por um breve período, descobri, tanto entre os pastores como no público leigo, um
desejo semelhante de uma Bíblia de estudo com notas que possuísse uma ênfase pentecostal.
Durante os últimos anos, escrevi com a certeza crescente de que o Espírito Santo não se limita às
páginas das Escrituras, mas que Ele quer agir hoje como fez nos tempos bíblicos. O Espírito veio para
permanecer pessoalmente com o povo de Deus, e a sua presença permanente deve ser manifestada
com justiça e poder (Mt 6.33; Rm 14.17; 1Co 2.4; 4.20; Hb 1.8). Na igreja e por intermédio dela, o
Espírito de Deus deseja trabalhar da mesma maneira como fez no ministério terreno de Jesus e como
continuou a fazer na igreja apostólica do primeiro século.
Esta Bíblia de estudo é chamada em inglês The Full Life Study Bible (literalmente A Bíblia de Estudo
Vida Plena). Ela recebe esse título porque se baseia em três convicções fundamentais.
Primeiro, a revelação original de Cristo e dos apóstolos conforme registrada na Bíblia foi plenamente
inspirada pelo Espírito Santo, ao lado do Antigo Testamento, e é a verdade inequívoca e infalível de
Deus e a autoridade suprema para a igreja de Cristo dos dias de hoje. Todos os crentes ao longo da
história são dependentes das palavras e ensinamentos da revelação bíblica para a determinação do
padrão de Deus de verdade e prática. Em outras palavras, é preciso enxergar a mensagem, os padrões
e as experiências do Novo Testamento como o modelo preeminente de Deus para a igreja, válido para
todos os tempos.
Segundo, a tarefa de cada geração de crentes é não somente receber o Novo Testamento como
a Palavra inspirada de Deus, mas também empenhar-se sinceramente para reproduzir em suas
vidas pessoais e congregações a mesma fé, devoção e poder demonstrados nos membros fiéis da
igreja primitiva. Estou convencido de que a vida plena no Espírito, conforme prometida por Cristo e
experienciada pelos crentes do Novo Testamento, está ainda disponível para o povo de Deus hoje
(Jo 10.10; 17.20; At 2.38-39; Ef 3.20-21; 4.11-13). Receber a plenitude de Cristo no poder original do
Espírito Santo é a herança divina de todos os filhos de Deus.
Terceiro, a igreja só experimentará plenamente o poder do reino original e a vida no Espírito Santo
à medida que buscar com todo o seu coração a justiça e a santidade estabelecida por Deus em o Novo
Testamento como o seu padrão e vontade para todos os crentes (2Co 6.14-18). O poder do reino e a
justiça do reino caminham juntos; eles não podem ser separados. Jesus afirma que devemos buscar “o
Reino de Deus, e a sua justiça” (Mt 6.33). O apóstolo Paulo declara que o reino de Deus consiste tanto
em “virtude” (ou “poder”, NAA; 1Co 4.20) quanto em “justiça” (Rm 14.17). Assim, o caminho para a
plenitude do reino de Deus com todo o seu poder redentor é encontrado na fé sincera e na devoção ao
Senhor Jesus Cristo e na atitude de separar-se de toda a injustiça, que representa ofensa contra Deus e
o Espírito Santo, que é derramado por Ele (At 2.17,38-40).
Em resumo, o propósito principal desta Bíblia de estudo é conduzir você, leitor, a uma fé inabalável
nas Sagradas Escrituras e, especialmente, a uma fé mais profunda na mensagem apostólica do Novo
Testamento, a qual despertará em você uma expectativa maior por uma experiência neotestamentária,
viabilizada pela plenitude de Cristo que vive na igreja como corpo (Ef 4.13) e pela plenitude do Espírito
Santo que vive no crente individualmente (At 2.4; 4.31).
Sinceramente, esperamos e oramos no sentido de que todos os leitores busquem seriamente a
mesma devoção da igreja do Novo Testamento a Deus, seu anseio pela proximidade do Cristo
ressuscitado, sua confiança inabalável na Palavra de Deus e seu amor por ela, seu zelo pela verdade e
justiça, seu cuidado mútuo com os outros crentes, sua compaixão pelos perdidos, sua dedicação a uma
vida de oração fervorosa, sua paixão pela santidade, sua plenitude no Espírito, sua manifestação de
dons espirituais, sua urgência para pregar o evangelho a todas as nações e sua esperança pelo retorno
iminente de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Reconheço, com gratidão, que possuo uma grande dívida para com aqueles que serviram na
comissão editorial desta Bíblia de estudo. Suas avaliações e sugestões tiveram um valor inestimável. Eles
PREFÁCIO xiv
o fizeram voluntariamente e sacrificaram o tempo reservado ao desempenho de suas próprias tarefas
para ajudar neste trabalho. Os frutos produzidos no reino de Deus a partir deste trabalho devem-se,
em grande medida, à ajuda prestada por eles no Senhor. Além disso, beneficiei-me da erudição e do
labor de escritores piedosos do passado e do presente, os quais produziram vasta quantidade de obras
literárias e comentários sobre as Escrituras Sagradas. Reconhecidamente, acessei suas pesquisas e sua
perícia, e ceifei onde eles semearam.
Ao longo desses anos de labor, experimentei um sentimento profundo de fraqueza e indignidade
para expor a santa Palavra de Deus. Muitas vezes prostrei-me de joelhos em busca da graça e auxílio
especiais de que necessitava. Posso testemunhar que Deus, que é rico em misericórdia e cuja graça
é bastante, sustentou-me por seu Espírito. Durante todos os longos dias e horas, a sua Palavra falou
ao meu coração. Meu desejo de que sobrevenha uma manifestação plena do cristianismo bíblico
aprofundou-se e transformou-se em um anseio intenso, que é superado apenas pelo anseio que sinto
por aquele dia do aparecimento de nosso Senhor e Salvador. Dando graças ao Deus Pai, ao Deus Filho
e ao Deus Espírito Santo pelo privilégio de laborar nas Escrituras, dedico esta obra àquele que nos ama
e que se entregou por nós, a fim de que tenhamos vida e a tenhamos com abundância (Jo 10.10).

Donald C. Stamps
Novembro de 1991.
Dedicatória

Em 7 de novembro de 1991, depois de uma longa batalha contra o câncer,


Donald C. Stamps foi recolhido à presença de seu Senhor e Salvador (Fp
1.21,23). Embora não tenha vivido o suficiente para ver publicada a Bíblia
de Estudo Pentecostal, levou avante sua obra, com singular tenacidade,
até completar a redação das notas e artigos. Reconhecemos, com profunda
gratidão, seu amor a Deus e à Palavra, seu zelo pela verdade e justiça, sua
fé perseverante e visão, virtudes as quais o levaram a ser usado por Deus
de maneira decisiva na publicação desta Bíblia de estudo. Por tudo isto,
dedicamos esta edição da Palavra de Deus à memória do irmão Stamps, para
a glória de Deus e o avanço de seu reino, justiça e verdade em todo o mundo.
Prefácio do Editor Americano
Ao empreender a publicação de uma Bíblia de estudo, estamos cientes da presença de dois componentes
principais.

A SANTA PALAVRA DE DEUS


Nós honramos a Bíblia como a inspirada Palavra de Deus. Ele escolheu homens que escreveriam sua
Palavra e os auxiliou a escrevê-la por intermédio do poder do Espírito Santo. “Porque a profecia nunca
foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo
Espírito Santo” (2Pe 1.21). A Palavra de Deus constitui a parte mais importante desta publicação.

O COMENTÁRIO DO HOMEM ACERCA DA SANTA PALAVRA DE DEUS


Notas, artigos, introduções de livros e outros recursos são apresentados por estudiosos bíblicos con-
temporâneos que honram a Palavra de Deus como nossa autoridade suprema. Tomando as palavras de
Donald C. Stamps, editor geral, “o propósito principal desta Bíblia de estudo é conduzir você, leitor, a
uma fé inabalável nas Sagradas Escrituras”. As palavras dos editores não atingem o mesmo nível que a
abençoada e inspirada Palavra de Deus. Por essa razão, juntamente com o fato das diferenças culturais,
os leitores, em sua totalidade, podem não compartilhar das mesmas opiniões editoriais expressas no
presente trabalho. Com frequência, os editores levam-nos a aprender a partir da própria Palavra. “Ora,
estes [de Bereia] foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado
receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17.11). A
responsabilidade do crente é aprender por ele mesmo a mensagem que a Palavra de Deus lhe dirige.
Os editores creem que, quando compreendemos e obedecemos à Palavra de Deus, esta Palavra
formará em nós a imagem de Cristo e nos preparará para o exercício de ministérios sob o poder de seu
Espírito. Stamps, sobre seu propósito, acrescenta: “conduzir você, leitor, [...] a uma fé mais profunda na
mensagem apostólica do Novo Testamento, a qual despertará em você uma expectativa maior por uma
experiência neotestamentária, viabilizada pela plenitude de Cristo que vive na igreja como corpo (Ef
4.13) e pela plenitude do Espírito Santo que vive no crente individualmente (At 2.4; 4.31)”.

O desejo de todas as pessoas envolvidas no projeto desta Bíblia de estudo é que ela lhe ajude a
descobrir a doçura e o poder inacreditável da Palavra de Deus conforme a aplicação dela em sua vida.
Prefácio à Edição Brasileira
Desde que a Casa Publicadora das Assembleias de Deus lançou a Bíblia de Estudo Pentecostal (1995)
– uma obra que integra às páginas do texto sagrado comentários e artigos de cunho pentecostal,
elaborados pelo Missionário Donald Carrel Stamps –, os cristãos pentecostais brasileiros experimentaram
um avanço significativo nos estudos relacionados à pessoa e obra do Espírito Santo.
De lá para cá, a evolução dos meios editoriais e as alterações fixadas em nossa língua impuseram-
nos a obrigatoriedade de atualização do projeto original, visando ao melhor desempenho da leitura das
mesmas doutrinas pentecostais. Como resposta a essa necessidade, neste ano de 2022, oferecemos
ao público brasileiro a Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, um trabalho que representa a
modernização visual e o aprimoramento de conteúdo da consagrada Bíblia de Estudo Pentecostal.
Esta edição apresenta-se com duas características fundamentais: projeto gráfico exclusivo e completo
(texto bíblico, introduções, notas, artigos, mapas, diagramas, ilustrações, suplementos), com vista à
dinamização da pesquisa do leitor; revisão e reformulação dos materiais de estudo e incorporação de
conteúdos extras (em relação à BEP). Essas novidades acompanham a tradução de Almeida Revista e
Corrigida (2009), conforme à ortografia portuguesa vigente.
Que Deus abençoe grandemente sua vida por dedicar tempo à leitura e estudo das Escrituras e por
buscar nelas as orientações necessárias para alcançar uma vida cheia do Espírito de Deus.
Em Cristo.

Os editores
Como Usar a Bíblia de Estudo
Pentecostal: Edição Global
Deus nos deu sua Palavra escrita para nos contar sobre si mesmo e seu plano para nossas vidas. A Bíblia
de Estudo Pentecostal: Edição Global foi projetada para ajudá-lo a adquirir uma melhor compreensão
das verdades da Palavra de Deus para que possa aprender a amar e confiar mais em Deus e crescer
em um relacionamento pessoal com o seu Filho, Jesus Cristo (1Tm 1.5), o qual deu sua vida por você.
Nas páginas da Bíblia, você verá o amor de Deus em ação e aprenderá mais sobre como Ele quer que
você viva. É importante que você não apenas leia a Bíblia, mas também a estude, para que a Palavra
de Deus se torne o guia dos seus pensamentos e ações. As características especiais da Bíblia de Estudo
Pentecostal: Edição Global, as quais são projetadas para ajudá-lo a entender melhor e aplicar a Palavra
de Deus à sua vida, são as seguintes:

TEXTO BÍBLICO
O texto bíblico da Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global é a tradução de Almeida Revista e Cor-
rigida, 4.ª edição (2009), da Sociedade Bíblica do Brasil. Inteire-se de informações técnicas relacionadas
à ARC 2009 em seu Prefácio (p. xxii).

TÍTULOS SECCIONAIS
A Bíblia inteira contém títulos seccionais inseridos no texto bíblico para lhe ajudar a compreender mais
facilmente o assunto e o conteúdo de cada seção.

SISTEMA DE REFERÊNCIAS CRUZADAS


O sistema de referências cruzadas, localizado sob as colunas do texto bíblico, foi projetado para
ajudá-lo a conectar um texto com outros que possuem um tema similar. Este sistema pode ajudar a
esclarecer passagens difíceis, usando a própria Escritura. O sistema de referências cruzadas é como
uma série de cadeias interligadas com muitas conexões. As séries de referências são indicadas por
letras minúsculas, conforme a ordem em que a palavra ou expressão aparecem no texto. Sob um
tema (palavra ou expressão bíblica), as listas de referências são arranjadas segundo a ordem dos livros
da Bíblia.

NOTAS DE ESTUDO
As notas de estudo observadas na parte inferior de quase todas as páginas fornecem detalhes adicionais
sobre os cenários, interpretações, significados de palavras, ideias práticas e outras informações que
visam a ajudá-lo a compreender e aplicar a Palavra de Deus. Estas notas são escritas a partir de uma
perspectiva pentecostal, o que implica uma firme convicção de que a mensagem, a experiência e o
padrão completos revelados por Cristo e seus mensageiros da igreja primitiva são válidos para sempre
e estão disponíveis para seu povo hoje.
As notas de estudo contêm informações que podem ser classificadas em uma ou mais das seguintes
categorias:

(1) Notas expositivas – explicam o significado de palavras e frases e dão informações adicionais
sobre o texto.
(2) Notas teológicas – definem e explicam as verdades e os ensinamentos bíblicos, resumindo
conceitos espirituais, tais como o caráter de Deus, o pecado, o arrependimento, a salvação, o
batismo, o Espírito Santo, a igreja, os milagres, o fim dos tempos etc.
(3) Notas devocionais – enfatizam a importância de manter um estreito relacionamento pessoal
com Deus – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – por meio de disciplinas pessoais, tais como fé,
obediência, oração e dependência de Deus.
xix COMO USAR A BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL: EDIÇÃO GLOBAL
(4) Notas éticas – enfatizam o desenvolvimento do caráter e do compromisso com os padrões e
propósitos de Deus. Elas enfatizam a importância dos princípios bíblicos, tais como humildade,
fidelidade, integridade, autonegação, separação do pecado, seguir a Cristo, discernir o certo do
errado, compaixão ativa e obrigações para com Deus e os semelhantes.
(5) Notas práticas – informações atuais úteis em relação ao cotidiano do cristão. Elas têm como
objetivo ajudá-lo a aplicar a Palavra de Deus em sua vida de maneiras específicas. Elas contêm
instruções práticas sobre coisas como cura, o batismo no Espírito Santo, a guerra espiritual,
vencer as preocupações, resistir às tentações, usar suas habilidades para servir na igreja, contar
aos outros sobre Cristo etc.

As notas de estudo fornecem referências extensivas a outras passagens da Bíblia (geralmente entre
parênteses) que se relacionam e apoiam comentários feitos nelas. Estas referências adicionais permitem
que você faça um estudo bíblico mais profundo. Se a referência bíblica em parênteses for do mesmo
capítulo, ela aparecerá normalmente no primeiro lugar da lista, com a abreviação “v.” ou “vv.” (ou seja,
“versículo” ou “versículos”). Em seguida, virão as referências do mesmo livro, geralmente sem menção
ao nome do livro. Por último, nos parênteses se acham passagens de outros livros da Bíblia, dadas
segundo a ordem dos livros. Em muitos casos, há a remissão para outras notas e artigos cujos conteúdos
se cruzam com o tema da nota em questão.

NOTAS TEXTUAIS
Uma palavra, frase ou conceito que requerem uma nota textual aparecem indicados por números
sobrescritos antes e junto dessa palavra (ou palavras) no texto bíblico. As notas situam-se sob o texto
bíblico, alternando-se com as séries de referências cruzadas conforme a ordem de suas indicações no
texto. As notas textuais nesta versão são de vários tipos: tradução de nomes próprios, possibilidades
de tradução de um termo ou expressão do texto (começando com “ou”), o sentido etimológico de um
termo ou expressão da língua original, ou alguma informação sobre o texto. Tenha em mente que as
descrições de minerais, plantas e animais, detalhes arquitetônicos, roupas e joias, instrumentos musicais
e outros itens podem não ser sempre identificadas com precisão. Além disso, medidas de capacidade
do período bíblico são muitas vezes incertas.

ARTIGOS
Os artigos tratam de temas importantes de forma mais completa e abrangente do que as notas de estudo.
Eles geralmente aparecem em estreita proximidade com um dos principais textos bíblicos relacionados
com o assunto do artigo. Para obter uma lista completa de artigos, consulte o índice de Artigos (p. vii).
Os artigos, assim como as notas de estudo, fornecem amplas referências bíblicas entre parênteses. As
referências são dadas segundo a ordem dos livros bíblicos, usando a abreviação do nome de cada livro
da Bíblia (veja a lista de Abreviações, p. ix). Se não houver nenhuma abreviação de livro antes de uma
referência bíblica, isto significa que a referência se encontra no mesmo livro da referência anterior.

INTRODUÇÃO DOS LIVROS


Cada livro da Bíblia possui uma introdução, que compreende: (1) um esboço do livro; (2) uma explicação
do contexto e cenário histórico do livro, incluindo informações sobre o autor, as circunstâncias e a data
de escrita; (3) uma discussão sobre o propósito original do livro; (4) uma visão panorâmica, ou análise,
do seu conteúdo; (5) uma lista das características e ênfases especiais do livro; e (6) para os livros do
Antigo Testamento, o meio pelo qual as profecias do AT são cumpridas no NT. Uma leitura atenta das
introduções o ajudará a entender cada livro e suas aplicações de forma mais completa.

PLANO DE LEITURA DA BÍBLIA


Trata-se de um plano de leitura que segue um projeto de leitura bíblica de um ou dois anos: (1) um ano:
duas leituras diárias, uma do Antigo Testamento e uma do Novo Testamento; (2) dois anos: a leitura do
Antigo Testamento no primeiro ano e a leitura do Novo Testamento no segundo ano.

LOCALIZADORES TEMÁTICOS
Em muitas páginas desta Bíblia, você verá símbolos nas margens, próximos de uma linha vertical. Cada
um desses símbolos representa um tema específico que é importante na tradição pentecostal. São eles:
COMO USAR A BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL: EDIÇÃO GLOBAL xx
Batismo no/Enchimento com o Espírito Santo (começa em Êx 31.1-6)
Dons do Espírito Santo (começa em Êx 35.30-35)
Fruto do Espírito Santo (começa em Gn 50.19-21)
Cura (começa em Gn 20.17-18)
Fé que Move Montanhas (começa em Gn 15.3-6)
Testemunho (começa em Êx 10.1-2)
Salvação (começa em Gn 12.1-3)
Segunda Vinda de Cristo (começa em Sl 98.8-9)
Vitória sobre Satanás e os Demônios (começa em Gn 3.15)
Domínio sobre o Mundo e o Mundanismo (começa em Gn 19.16-26)
Louvor (começa em Êx 15.1-21)
Andar em Obediência e Retidão (começa em Gn 5.22)

O símbolo informa qual tema está contido nos versos que o acompanham. Abaixo de cada símbolo,
ou na parte inferior de cada linha vertical, há uma referência direcionando você ao texto seguinte, sobre
o tema em particular. Veja a página 2491, para ter uma visão geral de todos os Localizadores Temáticos.

ÍNDICE DE LOCALIZADORES TEMÁTICOS


O Índice de Localizadores Temáticos está situado na parte final desta Bíblia (p. 2491). Ele lista as passagens
atribuídas aos 12 temas-chave descritos anteriormente na seção Localizadores Temáticos. Abaixo de cada
título de categoria, você encontrará as passagens listadas segundo a ordem em que elas estão ligadas.

QUADROS
A Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global contém vários diagramas que fornecem uma visão geral
de alguns temas-chave, questões ou categorias de informações. Os diagramas o ajudarão a aprender
mais rapidamente sobre a Bíblia e seus ensinamentos acerca de temas como o reino de Deus versus o
reino de Satanás, o ministério de Jesus, os dons do Espírito Santo, os últimos dias da história etc. Veja o
índice de Mapas, Quadros e Ilustrações (p. viii), para consultar uma lista dessas características.

MAPAS E ILUSTRAÇÕES
Uma série de mapas foi incluída nas páginas do texto bíblico para ajudar-lhe a entender onde ocorreram
os eventos descritos na Bíblia. Várias ilustrações também estão incluídas para ajudá-lo a imaginar coisas
como o templo e o seu mobiliário. Veja o índice de Mapas, Quadros e Ilustrações (p. viii), para consultar
uma lista desses itens.

ÍNDICE DE TEMAS
O Índice de Temas direciona você para algumas das principais notas sobre os muitos temas e
ensinamentos importantes da Bíblia. Sob cada entrada deste índice, você encontrará referências a textos
bíblicos que contêm notas sobre esse tema em particular. Introduções, artigos e quadros também estão
incluídos neste índice.

GLOSSÁRIO
O Glossário (p. 2498) fornece definições práticas para muitos termos e frases usados ao longo do
texto bíblico e das notas de estudo. Na maior parte do tempo, quando os termos aparecem nas notas,
artigos e esboços, eles são definidos no contexto. Em alguns casos, no entanto, eles são utilizados
sem qualquer indicação adicional. O objetivo do glossário é ajudá-lo a entender melhor uma grande
variedade de termos técnicos e teológicos e conceitos frequentemente usados no estudo da Bíblia e
em contextos ministeriais.
xxi COMO USAR A BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL: EDIÇÃO GLOBAL
CONCORDÂNCIA
Uma concordância extensiva, ou lista de referências de palavras, está incluída na parte final desta Bíblia
de estudo para ajudá-lo a encontrar versículos bíblicos de forma rápida e fácil. Ao buscar palavras-chave
em um texto bíblico, você pode encontrar um versículo do qual você se lembra de uma palavra ou
duas, mas não recorda a sua localização exata. Por exemplo, se você quiser saber onde a Bíblia diz que
“a palavra de Deus é [...] mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes [...], e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração”, você pode procurar por coração, espada, palavra ou
pensamento na concordância e descobrir que o versículo está localizado em Hb 4.12.

Acreditamos que o uso da Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global será comprovadamente um
grande benefício em cada aspecto de sua vida e de seu relacionamento com Deus. A nossa oração
é que o seu conhecimento acerca da Palavra de Deus, a sua experiência da presença e do poder do
Espírito Santo, a sua devoção diária a Cristo e a sua capacidade de aplicar a verdade de Deus à sua vida
cresça incomensuravelmente através do uso desta Bíblia.
Prefácio à Tradução de Almeida
Revista e Corrigida — 4ª Edição
A tradução de João Ferreira de Almeida, na sua Edição Revista e Corrigida (ARC), é o texto oficialmente
adotado por diversas Igrejas Cristãs no Brasil. A revisão do texto de Almeida, que culminou com o
lançamento da “Edição de 1995”, foi realizada em consulta com as Igrejas Cristãs e obteve delas sua
aprovação. Em data recente, após mais de uma década de uso da “Edição de 1995” nos momentos
de culto, pregação, estudo e aconselhamento pastoral, lideranças das Igrejas que adotam esse texto
bíblico encaminharam à SBB sugestões que ora resultam no lançamento dessa edição revisada, a qual,
por proposta dessas mesmas Igrejas, passa a chamar-se de “Almeida Revista e Corrigida — 4ª edição”,
considerando-se a revisão de 1898 como a 1ª edição, a de 1969 como a 2ª edição e a de 1995 como a
3ª edição.
A Almeida Revista e Corrigida — 4ª edição traz como novidades o seguinte:
1) O termo “caridade”, como sobejamente utilizado em 1Co 13 e em outros textos do Novo
Testamento, foi substituído por “amor”, termo esse já há muito presente na ARC em passagens como
Mt 24.12, Rm 12.9 e Ef 5.2. O termo “caridade” passou a ser a leitura alternativa, constando em nota
de rodapé ou nota final.
2) O “S.” (= “Santo” ou “São”) anteposto aos nomes dos escritores bíblicos nos títulos de seus
respectivos livros e epístolas foi eliminado. Assim, “O santo Evangelho segundo S. João” passa a ser “O
santo Evangelho segundo João”, e a “Epístola do apóstolo S. Paulo aos Gálatas” passa a ser “Epístola
do apóstolo Paulo aos Gálatas”.
3) Alguns verbos em 1Jo 3, mais precisamente nos versos 4,6,8,9 do referido capítulo, tiveram a
sua tradução revista para refletirem com mais exatidão e clareza o sentido dos verbos do texto original
grego, língua em que o Presente e o Particípio Presente indicam ação contínua, costumeira, habitual.
Assim, 1Jo 3.4 passa a ter “qualquer que pratica o pecado” em vez de “qualquer que comete o
pecado”, e 1Jo 3.6 passa a ter “qualquer que permanece nele não vive pecando” em vez de “qualquer
que permanece nele não peca”.
4) A presente edição incorpora as mudanças previstas na reforma ortográfica da língua portuguesa,
vigente a partir de 2009.
Todas as demais características do texto permanecem, e o mesmo agora retorna enriquecido e
aprimorado como Almeida Revista e Corrigida — 4ª edição para uso do povo de Deus. Que Deus
continue abençoando a leitura e a proclamação de sua Palavra entre nós!

Barueri, janeiro de 2009.


A N T IG O
T E STA M E N T O
GÊNESIS
ESBOÇO
I. Os começos da história humana (1.1–11.26) 6. A promessa de Abraão e a tragédia de
A. A origem do universo e da vida (1.1–2.25) Ló (18.1–19.38)
1. Resumo de toda a criação (1.1–2.4) 7. Abraão e Abimeleque (20.1-18)
2. Relato expandido da criação de Adão e 8. Abraão e Isaque, o filho da promessa
Eva (2.5-25) (21.1–24.67)
B. A origem do pecado (3.1-24) 9. Os descendentes de Abraão (25.1-18)
1. A tentação e a queda (3.1-6) B. Isaque (25.19–28.9)
2. As consequências da queda (3.7-24) 1. O nascimento de Esaú e Jacó (25.19-26)
C. As origens da civilização (4.1–5.32) 2. A venda do direito de primogenitura
1. Caim: a cultura pagã (4.1-24) (25.27-34)
2. Sete e Enos: uma resposta justa 3. Isaque, Rebeca e Abimeleque II (26.1-17)
(4.25-26) 4. A disputa sobre os poços e a mudança
3. História da família dos patriarcas pré- para Berseba (26.18-33)
diluvianos (5.1-32) 5. A bênção de Isaque a Jacó (26.34–27.29)
D. O grande dilúvio: o juízo de Deus sobre a 6. O ressentimento de Esaú e a fuga de
civilização primitiva (6.1–8.19) Jacó (27.30–28.9)
1. A iniquidade e depravação universal C. Jacó (28.10–37.2a)
(6.1-8,11-12) 1. O sonho e a jornada de Jacó (28.10-22)
2. Noé: preparativos para salvar um 2. O tempo que Jacó passou com Labão
homem reto e justo (6.9-22) em Harã (29.1–31.55)
3. Últimas instruções e o dilúvio (7.1–8.19) 3. A reconciliação entre Jacó e Esaú
E. O novo início da humanidade (8.20–11.26) (32.1–33.17)
1. Os descendentes de Noé (8.20–10.32, 4. A volta de Jacó à terra prometida
em particular Sem, 11.10-26) (33.18–35.20)
2. A Torre de Babel (11.1-9) 5. Os descendentes de Jacó e Esaú
3. A linhagem familiar entre Sem e Abrão (35.21–37.2a)
(11.10-26) D. José (37.2b–50.26)
II. Os começos do povo hebreu (11.27–50.26) 1. José e seus irmãos em Canaã (37.2b-36)
A. Abraão (11.27–25.18) 2. Judá e Tamar (38.1-30)
1. Os antecedentes da família de Abrão 3. As provações de José e a sua
(11.27-32) promoção no Egito (39.1–41.57)
2. O chamado e a jornada de fé de Abrão 4. A reunião de José com seus irmãos
(12.1–14.24) (42.1–45.28)
3. O concerto formal de Deus com Abrão 5. O pai e os irmãos de José se mudam
(15.1-21) para o Egito (46.1–47.26)
4. Agar e Ismael (16.1-16) 6. Os últimos dias de Jacó, suas últimas
5. Um novo nome e o selo do concerto profecias e sua morte (47.27–50.14)
(17.1-27) 7. Resumo da história de José (50.15-26)

AUTOR: Moisés

TEMA: Começos

DATA DE ESCRITA: c. 1445-1405 a.C.


4 GÊNESIS: INTRODUÇÃO
CONTEXTO HISTÓRICO
Gênesis é o primeiro livro do Antigo Testamento e serve, basicamente, como uma introdução a toda
a Bíblia. O título do livro no idioma hebraico se origina da primeira palavra do livro, bere’shit (“No
princípio”). O título em português, “Gênesis”, corresponde à tradução para o grego do título hebraico,
e quer dizer “a origem, a fonte, a criação ou o princípio de alguma coisa”. O livro de Gênesis é “o livro
dos começos”.
O autor de Gênesis não é mencionado no próprio livro, mas outras partes da Bíblia indicam que
Moisés escreveu todo o Pentateuco (os cinco primeiros livros do AT), incluindo Gênesis (p.ex., 1Rs 2.3;
2Rs 14.6; Ed 6.18; Ne 13.1; Dn 9.11-13; Ml 4.4; Mc 12.26; Lc 16.29,31; Jo 7.19-23; At 26.22; 1Co 9.9;
2Co 3.15). Além disso, autores judeus antigos e líderes da igreja primitiva testemunham que Moisés foi
o autor/editor de Gênesis. Uma vez que toda a história de Gênesis ocorreu antes que Moisés vivesse,
o seu papel na escrita do livro foi, principalmente, integrar, sob a orientação e inspiração do Espírito
Santo, todas as narrativas escritas e orais disponíveis – de Adão a José – que agora estão preservadas
em Gênesis. Talvez Moisés se refira a alguns desses registros históricos nas onze vezes em que usa a
expressão “Estas são as origens”, ou “Estas são as gerações” (heb. ’elleh toldot), que também pode ser
traduzida como “Estas são as histórias por” (veja 2.4; 5.1; 6.9; 10.1; 11.10,27; 25.12,19; 36.1,9; 37.2).
Gênesis registra, de maneira precisa, a criação, o princípio da história humana, a origem do povo
hebreu e o relacionamento de concerto entre Deus e eles (baseado nas leis e promessas de Deus e na
fidelidade do povo a Deus) por intermédio da linhagem familiar de Abraão (veja o artigo O CONCERTO
DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ, p. 52). A confiabilidade histórica de Gênesis como parte da
Palavra inspirada de Deus é confirmada no Novo Testamento pelo Senhor Jesus (Mt 19.4-6; 24.37-39; Lc
11.51; 17.26-32; Jo 7.21-23; 8.56-58) e pelos apóstolos, isto é, os discípulos de Jesus, os líderes da igre-
ja e pioneiros, quando a igreja se iniciava (Rm 4; 1Co 15.21-22,45-47; 2Co 11.3; Gl 3.8; 4.22-24,28; 1Tm
2.13-14; Hb 11.4-22; 2Pe 3.4-6; Jd 7,11). Descobertas arqueológicas modernas também confirmam a
exatidão das informações históricas encontradas em Gênesis. Moisés era extremamente qualificado para
escrever este livro singular, o primeiro livro da Bíblia, uma vez que havia recebido excelente educação no
Egito (At 7.22) e, o que é mais importante, havia sido escolhido e preparado por Deus.

PROPÓSITO
Gênesis fornece a fundação necessária para o restante do Pentateuco (os cinco primeiros livros do AT)
e toda a Bíblia. O livro também preserva o único registro confiável a respeito do princípio do universo,
da humanidade, do casamento, do pecado, das cidades, dos idiomas, das nações, de Israel e do plano
de Deus de restaurar o seu relacionamento com as pessoas. Por intermédio de Gênesis, Deus concede
ao povo do seu concerto, tanto no Antigo como no Novo Testamento, um entendimento básico de si
mesmo, da criação, da raça humana, da queda no pecado (veja abaixo), da morte, do juízo, do concerto
e da promessa de salvação aos que nele depositam a fé.

VISÃO PANORÂMICA
Gênesis se divide em duas partes principais: (A) Os capítulos 1–11 oferecem um relato do começo
da humanidade, de Adão a Abraão, e se concentram em cinco eventos que definiram a história. (1) A
criação: Deus criou todas as coisas, incluindo Adão a Eva, a quem colocou no jardim do Éden (caps.
1–2). (2) A “queda” (isto é, a desobediência original do homem a Deus, que interrompeu a benevolência
especial de Deus para a raça humana, destruindo o relacionamento perfeito com Ele): Adão e Eva
desafiaram a instrução de Deus, trazendo a maldição do pecado e da morte para a história humana (cap.
3). (3) Caim e Abel: A tragédia deu início aos dois principais ramos da história: a civilização humanista,
ou ímpia, e a porção menor da humanidade que seguiria a Deus e mostraria aos outros o caminho até
Ele (caps. 4–5). (4) O grande dilúvio: O mundo antigo se tornou tão ímpio na época de Noé que Deus
o destruiu com um dilúvio universal. Somente o justo Noé e a sua família foram poupados (caps. 6–10).
(5) A Torre de Babel: O povo do mundo pós-diluviano uma vez mais se uniu em rebelião contra Deus e
seguiu os próprios planos soberbos. Assim, Deus confundiu os seus planos: dividiu a sua linguagem e
cultura e espalhou a raça humana por toda a terra (cap. 11).
(B) Os capítulos 12–50 revelam como se iniciou o povo de Deus e como Deus operou por intermédio
dos quatro patriarcas de Israel (isto é, “os pais fundadores” ou os primeiros antepassados) – Abraão,
Isaque, Jacó e José – para apresentar os seus planos de trazer as pessoas de todas as nações de volta
a um relacionamento com Ele. O concerto de Deus com Abraão e seus descendentes constitui a base
GÊNESIS: INTRODUÇÃO 5
do propósito de Deus de enviar um Redentor – o seu Filho, Jesus – que proporcionaria uma maneira de
restaurar o relacionamento das pessoas com Deus. O livro de Gênesis conclui com a morte de José e a
iminente escravidão de Israel no Egito.

CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS
O livro de Gênesis apresenta sete importantes características. (1) Foi o primeiro livro da Bíblia escrito
(com a possível exceção do livro de Jó) e registra o princípio da história humana, o pecado, o povo
hebreu e o plano de Deus para reparar e restaurar o seu relacionamento com as pessoas, o qual foi
rompido pelo pecado e pela rebelião contra Ele. (2) A história contida em Gênesis abrange um período
de tempo maior do que o período em todo o restante da Bíblia. Ela começa com o primeiro casal
humano, descreve a história do mundo antes do dilúvio e, a seguir, se concentra na história dos hebreus
como base do plano de Deus, por todo o restante do Antigo Testamento. (3) Gênesis revela que o
universo material e a vida na terra são, distintamente, obra de Deus, e não um processo independente
da natureza. Cinquenta vezes nos capítulos 1 e 2, o livro descreve os atos de Deus como criador. (4)
Gênesis é um livro de “primeiras” coisas – ele registra o primeiro casamento, a primeira família, o
primeiro nascimento, o primeiro pecado, o primeiro homicídio, o primeiro polígamo (isto é, alguém
casado com mais de uma esposa), os primeiros instrumentos musicais, a primeira promessa de redenção
(isto é, salvação, um relacionamento restaurado com Deus) e muitas outras coisas originais. (5) O
concerto de Deus com Abraão (isto é, um “acordo de vida” com base nas leis e promessas de Deus
e na fidelidade do povo a Ele), que se iniciou quando Deus o chamou para que deixasse a sua
nação (12.1-3), foi confirmado no capítulo 15 e ratificado no capítulo 17. Esse concerto é fundamental
a todas as Escrituras. (6) Apenas Gênesis explica a origem das doze tribos de Israel. (7) Gênesis
revela como os descendentes de Abraão acabaram no Egito (e ali permaneceram durante 430 anos)
e prepara o cenário para o êxodo, o principal evento do Antigo Testamento que exemplificou o plano
de Deus de salvar as pessoas.

CUMPRIMENTO NO PERÍODO DO NOVO TESTAMENTO


Gênesis apresenta a história profética do plano de Deus de trazer o homem de volta a um relacionamento
com Ele. Isso aconteceria por meio de um Redentor específico – o Filho de Deus, Jesus – que viria
através da semente da mulher (3.15), pelas linhagens de Sete (4.25-26), Sem (9.26-27) e Abraão (12.3).
O Novo Testamento conecta diretamente Gênesis 12.3 ao envio de Jesus Cristo por Deus (Gl 3.16,29).
Muitos indivíduos e eventos de Gênesis são mencionados no Novo Testamento com relação à fé e à
justiça (p.ex., Rm 4; Hb 11.4-22), ao juízo de Deus (p.ex., Lc 17.26-29,32; 2Pe 3.6; Jd 7,11a) e a Cristo
(p.ex., Mt 1.1; Jo 8.58; Hb 7).
6 GÊNESIS 1
A criação do céu e da terra e de 6 E disse Deus: Haja uma expansão no
tudo o que neles se contém meio das águas, e haja separação entre
No aprincípio, criou bDeus os céus
1 e a terra.
2 E a terra cera sem forma e vazia; e havia
águas e águas.
7 E fez Deus a expansão he fez separação
entre as águas que iestavam debaixo da
trevas sobre a face do abismo; e o dEspírito expansão e as águas que estavam sobre a
de Deus se movia sobre a face das águas. expansão. E assim foi.
3 E disse Deus: eHaja luz. E fhouve luz. 8 E chamou Deus à expansão Céus;
4 E viu Deus que era boa a luz; e fez e foi a tarde e a manhã: o dia segundo.
Deus separação entre a luz e as trevas. 9 E disse Deus: Ajuntem-se jas águas
5 E Deus chamou à luz Dia; e às gtrevas debaixo dos céus num lugar; e apareça a
chamou Noite. E foi a tarde e a manhã: porção seca. E assim foi.
o dia primeiro. 10 E chamou Deus à porção seca Terra; e
a
1.1 Pv 8.23; Hb 1.10; 11.13 b1.1 Sl 8.3; 33.6; Is 40.26; Jr 5.15; Zc 12.1; At 14.15; Rm 1.20; Cl 1.16 c1.2 Jr
4.23 d1.2 Jó 26.13; Sl 104.30 e1.3 Sl 33.9 f1.3 2Co 4.6 g1.5 Is 45.7 h1.7 Jó 37.18; Jr 10.12 i1.7 Pv 8.28;
Sl 148.3 j1.9 Jó 38.8; Sl 104.9; Jr 5.22; 2Pe 3.5

1.1 NO PRINCÍPIO, CRIOU DEUS OS CÉUS E A TER- O principal propósito para esses suportes de luzes
RA. “No princípio” é uma expressão extremamente era delimitar as estações, os dias e os anos (vv. 5,14).
enfatizada aqui, atraindo atenção para o fato de que Veja comentários sobre o papel da palavra de Deus
houve um verdadeiro começo. Religiões antigas se re- na criação no artigo A CRIAÇÃO, p. 7.
ferem a coisas criadas a partir de algo que já estava 1.5 FOI A TARDE E A MANHÃ: O DIA PRIMEI-
ali, mas Deus criou todas as coisas a partir do nada. RO. A frase é repetida seis vezes neste capítulo (vv.
Outras religiões consideram a história como uma in- 5,8,13,19,23,31). A palavra hebraica para “dia” é
terminável série de ciclos. A Bíblia, porém, apresenta-a yom. Normalmente, significa um período de vinte e
de uma maneira linear, com um princípio definido e um quatro horas (cf. 7.17; Mt 17.1), ou, às vezes, apenas
objetivo dado por Deus. Deus teve um plano na cria- a parte em que há luz do dia nesse período (“dia” dis-
ção, e Ele o realizará. Veja comentários sobre Deus e tinto de “noite”). Mas também pode se referir a um
o seu papel como criador no artigo A CRIAÇÃO, p. 7. período de tempo de duração indeterminada (p.ex.,
O primeiro versículo da Bíblia contém várias verdades “tempo da sega”; Pv 25.13). Muitos acreditam que os
importantes. (1) Uma vez que Deus é a fonte de tudo o dias da criação foram de vinte e quatro horas, porque
que existe, os seres humanos e a natureza não existem houve “tarde” e “manhã” (v. 5; cf. Êx 20.11). Outros
por si só, mas devem a vida a Ele. (2) Tudo o que exis- creem que “tarde” e “manhã” simplesmente signifi-
te é bom, se estiver em um relacionamento correto cam que cada tarde marcava o fim de uma etapa e a
com Deus e se depender dele. (3) Toda vida e criação manhã seguinte indicada um novo princípio.
podem ter significado e propósito eternos. (4) Como 1.7 A EXPANSÃO. A “expansão” se refere à atmos-
o Criador, Deus tem direitos soberanos – ou autorida- fera entre a água da terra e as nuvens acima.
de completa e controle total – sobre toda a criação. 1.10 ERA BOM. Deus declarou sete vezes que o que
Em outras palavras, Ele pode fazer o que quiser com havia criado era “bom” (vv. 4,10,12,18,21,25,31). Cada
relação a tudo o que criou. Em um mundo caído ou parte da criação de Deus era exatamente como Ele
deteriorado – em que as pessoas escolheram desafiar planejara. Deus criou o mundo para refletir a sua glória
a Deus e seguir o próprio caminho – Deus reivindica os (isto é, beleza, esplendor, maravilha) e grandeza, e para
seus direitos por intermédio da redenção. Isso se re- ser um lugar onde a humanidade pudesse experimentar
fere ao seu plano de “recuperar” ou “restaurar” o ho- a vida e a alegria. Observe como Deus efetuou a cria-
mem de um estado de rebelião contra Ele, trazendo-o ção de acordo com um plano e uma ordem específicos:
de volta a um relacionamento correto com Ele (Êx 6.6; Dia 1 Luz Trazendo ordem à
15.13; Dt 21.8; Lc 1.68; Rm 3.24; Gl 3.13; 1Pe 1.18). Dia 2 Expansão criação
1.2 A TERRA ERA SEM FORMA E VAZIA. O versícu-
lo começa a descrever o processo da criação de Deus Dia 3 Terra seca
e apresenta o papel do Espírito Santo na criação (veja Dia 4 Luminares
o artigo A CRIAÇÃO, p. 7). Dia 5 Peixes e pássaros Trazendo vida à
1.3 HAJA LUZ. A palavra hebraica para “luz” é ’or, criação
Dia 6 Animais e seres
que se refere às primeiras ondas de energia luminosa humanos
que vieram à terra. Deus colocou “luminares” (heb.
ma’or, literalmente, suportes de luzes, v. 14) nos Dia 7 Descanso A criação está
céus, alguns para produzir e outros para refletir luz. completa e é boa
GÊNESIS 1 7
A Criação
“No princípio, criou Deus os céus e a terra.” Gn 1.1

O DEUS DA CRIAÇÃO. (1) Deus é revelado, na Bíblia, como um Ser infinito, eterno e autoexistente – sem
princípio ou fim –, que é a Primeira Causa (isto é, a Fonte original, o Iniciador e Criador) de tudo que
existe. Nunca houve um momento em que Deus não existisse. Como testemunhou Moisés: “Antes que os
montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”
(Sl 90.2). Em outras palavras, Deus existia eterna e infinitamente – para sempre, sem começo ou fim – an-
tes de criar o universo finito (isto é, limitado, temporário). Ele está acima de tudo, é independente de tudo
e anterior a tudo o que foi criado nos céus e na terra (veja 1Tm 6.16, nota; cf. Cl 1.16).
(2) Deus é revelado como um Ser pessoal que criou Adão e Eva “à sua imagem” (Gn 1.27; veja 1.26,
nota), o que significa que podiam corresponder a Deus e ter com Ele um relacionamento pessoal que
refletisse o amor e outras características pessoais divinas (veja Gn 1.26, nota).
(3) Deus também é revelado como um Ser moral que criou tudo bom e sem pecado. Depois de haver
concluído a criação e examinar o que criara, Deus viu “que era bom” (Gn 1.31). Uma vez que Adão e Eva
foram criados à semelhança de Deus, também eram sem pecado (veja Gn 1.26, nota). O pecado entrou
na existência humana quando Eva decidiu ceder à tentação apresentada pela serpente, ou Satanás, desa-
fiando, juntamente com Adão, o mandamento de Deus (Gn 3; cf. Rm 5.12; Ap 12.9).

A ATIVIDADE DA CRIAÇÃO. (1) Deus criou todas as coisas “[n]os céus e [n]a terra” (Gn 1.1; cf. Is 40.28;
42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6). A palavra “criou” (heb. bara’) é usada para des-
crever uma atividade que apenas Deus pode exercer. Ela significa que, em um momento específico, Deus
trouxe à existência algo que não existia antes (veja Gn 1.3, nota).
(2) A Bíblia descreve a criação de Deus como sem forma, vazia e coberta de trevas (Gn 1.2). Naquela
ocasião, o universo e o mundo não estavam na forma ordenada em que estão agora. A terra era vazia,
sem vida e completamente escura. Deus então criou a luz (Gn 1.3-5), deu forma ordenada ao universo (Gn
1.6-13) e encheu a terra com seres vivos (Gn 1.20-28).
(3) O método que Deus usou na criação foi o poder da sua palavra. Repetidas vezes, a Bíblia declara: “E
disse Deus...” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26). Em outras palavras, antes que Deus falasse para que os céus e a
terra passassem a ser, eles não existiam, em nenhuma forma (cf. Sl 33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb 11.3).
(4) Toda a Trindade (veja Mt 3.17, nota; Mc 1.11, nota, e o artigo OS ATRIBUTOS DE DEUS, p. 1025) – Pai,
Filho e Espírito Santo – teve uma função na criação. (a) O Filho é o Verbo poderoso pelo qual Deus criou todas
as coisas. O início do Evangelho de João revela Jesus Cristo como o Verbo eterno de Deus (Jo 1.1). “Todas as
coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). O apóstolo Paulo escreve que em
Cristo “foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis [...] tudo foi criado por ele e
para ele” (Cl 1.16). O autor da epístola aos Hebreus enfatiza que, por seu Filho, Deus criou o universo (Hb 1.2).
(b) O Espírito Santo também teve um papel ativo na criação. Ele é retratado “movendo-se” sobre a
criação, preservando-a e preparando-a para a atividade criativa de Deus. A palavra hebraica para “Espíri-
to” (ruach) também pode ser traduzida como “vento” e “sopro”. É assim que o autor de um dos salmos
descreve o papel do Espírito, ao declarar: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus; e todo o exército
deles, pelo espírito [ruach] da sua boca” (Sl 33.6). O Espírito Santo continua envolvido na manutenção da
criação (Jó 33.4; Sl 104.30).

O PROPÓSITO E O OBJETIVO DA CRIAÇÃO. Deus teve razões específicas para criar o mundo. (1) Deus
criou os céus e a terra como uma expressão visível de sua glória, magnificência, beleza, majestade e seu
poder. Davi diz: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”
(Sl 19.1; cf. Sl 8.1). Ao olharmos para todo o cosmos criado – da vastidão do universo à beleza e ordem
da natureza –, não podemos evitar um sentimento de assombro pela grandeza de Deus, o nosso criador.
(2) Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que Ele merece. Todos os elementos da
natureza – incluindo o sol e a lua, as rochas e árvores, a chuva e a neve, rios e correntezas, colinas e montes,
animais e pássaros – exibem a maravilha de Deus, honram a sua habilidade criativa e lhe expressam louvor
(Sl 98.7-8; 148.1-10; Is 55.12). Mas Deus espera e deseja receber glória e louvor dos homens ainda mais!
(3) Deus criou a terra para estabelecer um lugar onde os seus propósitos e objetivos para a humanidade
pudessem se cumprir. (a) Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem (veja Gn 1.26, nota) a fim de que
pudesse ter um relacionamento pessoal de amor com as pessoas por toda a eternidade. Deus desejava
8 GÊNESIS 1
que as pessoas fossem trinas, isto é, seres trifacetados (alma, corpo e espírito). Alguns descrevem a alma
como a parte do ser humano que resulta da união entre corpo e espírito, a parte que inclui a mente, as
emoções e o livre-arbítrio, com a qual a pessoa pode decidir adorar e servir a Deus com fé, amor, lealda-
de e gratidão. O espírito é a verdadeira essência dada por Deus a uma pessoa, o que sobrevive à morte
para viver para sempre, seja no céu ou no inferno. A esse respeito, há alguma sobreposição nas Escrituras
com relação ao uso das palavras “alma” e “espírito”. (Para obter mais detalhes sobre esse assunto, veja
o artigo NATUREZA HUMANA: O QUE SIGNIFICA SER HUMANO, p. 1106.) (b) Deus desejava tanto esse
relacionamento íntimo com as pessoas que, quando Satanás tentou Adão e Eva e os fez desobedecer
ao mandamento divino, Deus prometeu enviar um Salvador para redimir (isto é, restaurar ou resgatar)
a humanidade das consequências do pecado (veja Gn 3.15, nota). Dessa maneira, haveria pessoas que
desfrutariam de Deus e o honrariam com uma vida justa e santa, exatamente como Ele desejara (Is 60.21;
61.1-3; Ef 1.11-12; 1Pe 2.9). (c) O livro do Apocalipse registra o ápice ou cumprimento definitivo do propó-
sito de Deus na criação. Nesse livro, João descreve o fim da história com as seguintes palavras: “com eles
[Deus] habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3).

CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO. Em grande parte da comunidade científica e educacional da atualidade, a evo-


lução é a teoria principal a respeito da origem da vida e do universo. Os cristãos que creem na Bíblia
deveriam considerar as quatro observações a seguir a respeito da evolução.
(1) A evolução é um esforço naturalista (sem nenhuma atividade ou elemento sobrenatural) de explicar
a origem e o desenvolvimento do universo. Essa teoria pressupõe que não existe um criador divino e
pessoal que projetou o mundo. Os evolucionistas acreditam que tudo passou a existir por uma série de
acontecimentos casuais ou aleatórios que ocorreram há muitos bilhões de anos. As pessoas que defen-
dem a evolução afirmam ter evidência científica que corrobora suas hipóteses.
(2) O ensino da evolução não é verdadeiramente científico. De acordo com o método científico, todas
as conclusões devem se basear em evidências indiscutíveis, com base em experimentos que possam ser
duplicados. No entanto, nenhum experimento poderia provar e testar suposições como a teoria do “big
bang” (ou a “grande explosão”), a respeito de como o presente universo se iniciou. Tampouco é possível
provar que os seres humanos evoluíram gradualmente a partir de formas mais simples em direção às mais
complexas (o que realmente desafia a segunda lei da termodinâmica, que descreve como a matéria física
tende para a desordem – não para uma ordem mais elevada – à medida que se altera). A evolução é uma
hipótese sem “evidência” científica; aceitá-la requer fé em uma teoria humana. Em contraste, o povo de
Deus deposita a sua fé na Palavra inspirada de Deus – a Palavra testada pelo tempo, que revela que Ele é
aquele que criou todas as coisas a partir do nada (Hc 11.3).
(3) É inegável que acontecem mudanças e desenvolvimentos em várias espécies. Por exemplo, algumas
estão se tornando extintas. E por outro lado, ocasionalmente observamos novos desenvolvimentos ou alterações
entre as espécies. Mas não há nenhuma evidência, nem mesmo na história da terra ou em registros de fósseis,
que corrobore a teoria de que um tipo de ser vivo tenha evoluído de outro. As evidências existentes respal-
dam a declaração da Bíblia de que Deus criou cada criatura viva “conforme a sua espécie” (Gn 1.21,24-25).
(4) Os cristãos que creem na Bíblia devem também rejeitar a teoria chamada evolução teísta. Essa
teoria aceita grande parte das conclusões da evolução naturalista, com a exceção de que propõe que
Deus iniciou o processo da evolução. Ela contradiz a revelação bíblica do papel ativo de Deus em todos
os aspectos da criação. Por exemplo, Deus é o sujeito de cada verbo de ação em Gênesis 1, com a exce-
ção de Gênesis 1.12 (que cumpre o comando de Deus do v. 11) e da expressão repetida “e foi a tarde e
a manhã”. Em outras palavras, Deus não é um supervisor passivo de um processo evolucionário. Ele é o
Criador ativo de todas as coisas (cf. Cl 1.16).

ao ajuntamento das águas chamou Mares. 12 E a terra produziu erva, erva dando
E viu Deus que era bom. semente conforme a sua espécie e árvore
11 E disse Deus: Produza a terra erva frutífera, cuja semente está nela conforme
verde, erva que dê semente, árvore frutí- a sua espécie. E viu Deus que era bom.
fera que dê fruto segundo a sua espécie, 13 E foi a tarde e a manhã: o dia terceiro.
cuja semente esteja nela sobre a terra. E 14 E disse Deus: kHaja luminares na
assim foi. expansão dos céus, para haver separação
k
1.14 Sl 136.7

1.14 SEJAM ELES PARA SINAIS. Deus tencionava atraindo a atenção das pessoas a Ele. Eles também de-
que o sol, a lua e as estrelas servissem como sinais, limitavam os dias, as estações e os anos. A astrologia
GÊNESIS 1 9
l
entre o dia e a noite; e sejam eles para todo réptil de alma vivente que as águas
sinais e para 1tempos determinados e abundantemente produziram conforme as
para dias e anos. suas espécies, e toda ave de asas conforme
15 E sejam para luminares na expansão a sua espécie. E viu Deus que era bom.
dos céus, para alumiar a terra. E assim foi. 22 E Deus os abençoou, dizendo: Frutifi-
16 E fez Deus os dois grandes luminares: cai, e multiplicai-vos, e enchei as águas nos
o luminar maior para governar o dia, e o mares; e as aves se multipliquem na terra.
luminar menor para governar a noite; e 23 E foi a tarde e a manhã: o dia quinto.
m
fez as estrelas.
17 E Deus os pôs na expansão dos céus A criação dos seres viventes
para alumiar a terra, 24 E disse Deus: Produza a terra alma
18 e para governar o dia e a noite, e para vivente conforme a sua espécie; gado, e
fazer separação entre a luz e as trevas. E répteis, e bestas-feras da terra conforme
viu Deus que era bom. a sua espécie. E assim foi.
19 E foi a tarde e a manhã: o dia quarto. 25 E fez Deus as bestas-feras da terra
20 E disse Deus: Produzam as águas conforme a sua espécie, e o gado conforme a
abundantemente 2répteis de alma vivente; sua espécie, e todo o réptil da terra conforme
e voem as aves sobre a face da expansão a sua espécie. E viu Deus que era bom.
dos céus. 26 E disse Deus: nFaçamos o homem
21 E Deus criou 3as grandes baleias, e à nossa imagem, conforme a nossa
l
1.14 Sl 104.19 11.14 ou estações m1.16 Sl 138.6; Jr 31.35 21.20 ou criaturas viventes, que se movem
3
1.21 ou os monstros dos mares n1.26 Ec 7.29; Ef 4.24; Cl 3.10; 1Co 11.7

distorceu esses propósitos com a falsa teoria de que (1) Tanto o homem como a mulher são criações
as estrelas e os planetas guiam a vida das pessoas. especiais de Deus, e não um produto da evolução (v.
1.22 DEUS OS ABENÇOOU. Deus abençoou todas as 27; Mt 19.4; Mc 10.6; veja os artigos A CRIAÇÃO, p.
criaturas vivas e declarou que a natureza e os animais 7, e NATUREZA HUMANA: O QUE SIGNIFICA SER
eram bons (vv. 12,21-22). (1) Deus sentiu grande pra- HUMANO, p. 1106).
zer com a sua obra e a considerou extremamente pre- (2) O homem e a mulher foram criados à “imagem”
ciosa. Da mesma maneira, aqueles que seguem a Deus e “semelhança” de Deus, o que significa que podiam
devem considerar toda a natureza, toda a criação, bela corresponder a Deus e ter com Ele um relacionamen-
e sobremodo valiosa – algo a ser desfrutado. (2) Em- to pessoal que refletisse de maneira singular o amor e
bora a natureza agora esteja manchada pelo pecado o caráter divino. O ser humano foi criado para conhe-
– efeito e consequência da rebelião da humanidade cer a Deus e obedecer-lhe voluntariamente (2.15-17).
contra Deus –, ainda expressa a maravilha de Deus, a (a) Eles tinham uma semelhança moral com Deus, vis-
sua grandeza e o seu amor pelas pessoas (cf. Sl 19.1). to que foram criados sem pecado e santos. Possuíam
O povo de Deus deve orar e esperar por uma ocasião mente sábia, coração amoroso e desejo de fazer o
em que a criação estará completamente livre dos efei- que era correto (cf. Ef 4.24). O seu relacionamento
tos do pecado e da decadência (Rm 8.21; Ap 21.1). pessoal com Deus implicava obediência moral (2.16-
1.26 DISSE DEUS: FAÇAMOS. O uso da forma ver- 17) e união espiritual íntima. Quando Adão e Eva pe-
bal plural (“nós”) sugere que em Deus há certa plura- caram, a sua semelhança moral com Deus se corrom-
lidade ou natureza multifacetada (cf. Sl 2.7; Is 48.16). peu (6.5). A fim de restaurar o relacionamento com
Parece ser uma indicação inicial da trindade, ou seja, o homem, Deus renova a semelhança moral original
a existência de Deus em três pessoas distintas, mas naqueles que se afastam de seus próprios caminhos
interconectadas e unificadas. A triunidade (a natureza pecaminosos e confiam nele para conduzir-lhes a vida
“três-em-Um”) de Deus não fica clara, no entanto, an- (cf. Ef 4.22-24; Cl 3.10). Deus propiciou esta oportuni-
tes do Novo Testamento (veja Mt 3.17, nota; Mc 1.11, dade por intermédio do sacrifício do seu Filho, Jesus
nota; veja o artigo OS ATRIBUTOS DE DEUS, p. 1025). Cristo, que voluntariamente deu a sua vida perfeita
1.26 FAÇAMOS O HOMEM. Nos versículos 26-28, para pagar pela nossa rebelião contra Deus (cf. 1Pe
lemos sobre a criação dos seres humanos. Detalhes 3.18). (b) Adão e Eva tinham uma semelhança natural
mais específicos a respeito de sua criação e seu am- com Deus. Foram criados como seres pessoais, com
biente se encontram em 2.4-25. Ambas as narrativas espírito, mente, emoções, consciência e poder de es-
se combinam e trazem diversos ensinamentos. colha (2.19-20; 3.6-7; 9.6). (c) As características físicas
10 GÊNESIS 2
semelhança; e domine sobre os peixes que há alma vivente, toda a erva verde
do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre lhes será para mantimento. E assim foi.
o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo 31 E viu Deus tudo quanto tinha feito,
réptil que se 4move sobre a terra. e eis que era muito bom; e foi a tarde e a
27 E criou Deus o homem à sua ima- manhã: o dia sexto.
Assim, os céus, e a terra, e todo o seu
gem; à imagem de Deus o criou; macho
e fêmea os criou.
28 E Deus os abençoou e Deus lhes disse:
2 exército foram acabados.
2 E, havendo Deus acabado no dia
Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a ter- sétimo a sua obra, que tinha feito, ades-
ra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes cansou no sétimo dia de toda a sua obra,
do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre que tinha feito.
todo o animal que se move sobre a terra. 3 E abençoou Deus o dia sétimo e o
29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado santificou; porque nele descansou de
toda erva que dá semente e que está sobre toda a sua obra, que Deus criara e fizera.
a face de toda a terra e toda árvore em
que há fruto de árvore que dá semente; A formação do jardim do Éden
o
ser-vos-ão para mantimento. 4 Estas são as 5origens dos céus e da
30 E a todo animal da terra, e a toda terra, quando foram criados; no dia em
ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que o 6SENHOR Deus fez a terra e os céus.
4 o a 5 6
1.26 ou roja 1.29 Gn 9.3 2.2 Êx 20.1; Is 58.13; Mt 12.8; Cl 2.16-17; Hb 4.4,9 2.4 ou gerações 2.4
Hebr. JEOVÁ

do homem e da mulher também refletem a imagem tória (Rm 8.19-25; 1Co 15.24-28; Hb 2.5-8; veja Ap
de Deus de maneira que não acontece com os ani- 21.1, nota).
mais. Deus deu aos seres humanos a mesma forma 2.3 ABENÇOOU DEUS O DIA SÉTIMO. Deus aben-
com a qual Ele apareceria visivelmente a eles (18.1-2), çoou o sétimo dia, isto é, o sábado, por razões físi-
a forma em que o seu Filho, Jesus, viria à terra (Lc cas e espirituais. Ele desejou que o sétimo dia fosse
1.35; Fp 2.7; Hb 10.5). um dia especial de descanso e um memorial da con-
(3) O fato de que foram criados à imagem de Deus clusão de sua obra criada. Deus não descansou no
não quer dizer que os seres humanos são divinos (isto sétimo dia da criação por causa de si mesmo (como
é, “deuses”). Eles foram criados inferiores a Deus e se estivesse cansado), mas para deixar um exemplo
dele dependem (Sl 8.5). a ser seguido por nós. Deus queria mostrar como o
(4) Toda vida humana deriva, inicialmente, de Adão descanso é importante para o nosso bem-estar espi-
e Eva (Gn 3.20; Rm 5.12). ritual, físico, mental e emocional. O Criador concedeu
1.28 FRUTIFICAI, E MULTIPLICAI-VOS. Deus or- o sábado como uma bênção especial ao seu povo,
denou que o homem e a mulher se reproduzissem a fim de renová-los e revigorá-los regularmente. Ele
e governassem sobre a terra e o reino animal. (1) As desejava que aquele fosse um dia de descanso, servi-
pessoas foram criadas para formar relacionamentos ço e comunhão com Ele. O princípio do sábado é tão
de família. Deus declarou este propósito específico importante, que Deus o colocou entre os Dez Man-
para mostrar que Ele considera uma família piedosa damentos para o seu povo (Êx 20.8-11; cf. Êx 16.29;
e a criação de filhos como uma prioridade no mundo 31.12-17; Dt 5.12-15; veja Mt 12.1, nota).
(veja Ef 5.21, nota; Tt 2.4-5, nota; veja o artigo PAIS 2.4 AS ORIGENS. Esta segunda narrativa da criação
E FILHOS, p. 2219). (2.4-25) não contradiz 1.1–2.3, mas explica mais deta-
(2) Deus esperava que o homem e a mulher lhe con- lhadamente a criação do homem e da mulher, o seu
sagrassem – separassem, entregassem ou reservassem ambiente e as consequências de seu pecado e sua
– tudo o que havia na terra e que zelassem por tudo de rebelião contra Deus. O capítulo 2 apresenta os deta-
maneira que honrassem a Ele (cf. Sl 8.6-8; Hb 2.7-9). lhes em forma de tópicos, e o capítulo 1 apresenta a
(3) Deus colocou o futuro da terra sob a autoridade ordem cronológica.
deles. Quando desafiaram a Deus e rejeitaram suas 2.4 O SENHOR DEUS. Outro nome para Deus é apresen-
instruções, Adão e Eva trouxeram ruína, aflições e so- tado em 2.4: o nome “SENHOR” (heb. YHWH, “Yahweh”).
frimentos à criação de Deus (cf. 3.14-24; Rm 8.19-22). ’Elohim, o nome geral, apresentado em 1.1, enfatiza a
(4) Somente Jesus Cristo restaurará a terra ao seu grandeza e o poder de Deus (veja o artigo A CRIAÇÃO,
propósito perfeito, quando retornar, no final da his- p. 7). Mas “SENHOR” é o nome pessoal que Deus usa
1622 MATEUS 7
22 Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, assopraram ventos, e combateram aquela
Senhor, não pprofetizamos nós em teu casa, e não caiu, porque estava edificada
nome? E, em teu nome, não expulsamos sobre a rocha.
demônios? E, em teu nome, não fizemos 26 E aquele que ouve estas minhas
muitas maravilhas? palavras e as não cumpre, compará-lo-ei
23 E, então, lhes direi abertamente: ao homem insensato, que edificou a sua
q
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, casa sobre a areia.
vós que praticais a iniquidade. 27 E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela
Os dois alicerces casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
24 Todo aquele, rpois, que escuta estas
minhas palavras e as pratica, assemelhá- A autoridade de Jesus
lo-ei ao homem prudente, que edificou a 28 E aconteceu que, concluindo Jesus
sua casa sobre a rocha. este discurso, sa multidão se admirou da
25 E desceu a chuva, e correram rios, e sua doutrina,
p
7.22 Jo 11.51; 1Co 13.2 q7.23 Mt 25.12,41; Lc 13.25,27; 1Tm 2.19; Sl 5.5-6,9 r7.24 Lc 6.47 s7.28 Mt
13.54; Mc 1.22; 6.2; Lc 4.32

(1) O perdão de Deus vem pela fé e pelo arrependi- 2.13, nota). Contudo, o dom da graça de Deus – seu
mento (isto é, admitindo o nosso pecado, abandonan- favor, ajuda, misericórdia e capacitação imerecidos –
do o nosso próprio caminho, entregando-nos a Deus não elimina a necessidade de responsabilidade ou de
e seguindo os seus propósitos). Isto se torna possível ações pessoais. Devemos responder positivamente à
pela graça e morte de Cristo em sacrifício, que deu a tarefa de obedecer a Deus (Ef 4.22-32; Jd 20-21,24;
sua vida perfeita para pagar o preço final pelos nos- veja Fp 2.12, nota). Somos sempre livres para rejeitar a
sos pecados (veja 26.28, nota; Lc 15.11-32; 18.9-14). graça de Deus, para nos recusar a depender de Cristo
(2) A obediência à vontade de Deus exigida por (veja Hb 7.25, nota), e para nos recusar a orar por
Cristo é uma condição contínua e progressiva para a uma vida de obediência e aceitá-la (veja 5.6, nota).
salvação; ela não nos salva, mas é uma resposta e um 7.22 MUITOS ME DIRÃO [...] SENHOR, SENHOR.
resultado da verdadeira salvação. No entanto, ainda Jesus claramente afirma que haverá “muitos” que
é o poder e a graça (isto é, favor, amor e ajuda imere- acreditarão estar servindo a Ele e que parecerão fa-
cidos) de Deus que nos capacita a viver conforme os zer grandes obras por Ele, mas que na verdade nunca
seus padrões. Isto significa que devemos orar con- tiveram um verdadeiro relacionamento pessoal com
tinuamente por esta graça, recebê-la e colocá-la em Ele (v. 23). Para escapar da tentação e do engano que
ação através de uma fé e devoção sinceras a Cristo. prevalecerão especialmente nos tempos do fim, os
Note a oração do Pai Nosso (6.9-13) e os muitos de- líderes de igrejas (ou qualquer servo de Cristo) de-
safios e advertências dirigidos aos cristãos, dizendo vem estar totalmente comprometidos com a verdade
a eles que matem o pecado (isto é, livrem as suas revelada na Palavra de Deus (veja Ap 22.19, nota).
vidas do pecado e não respondam aos seus apelos), Jamais devemos considerar o “sucesso exterior” ou
e se apresentem a Deus como sacrifícios vivos (cf. os resultados do ministério como o padrão pelo qual
Rm 6.1-23; 8.1-17; 12.1-2; veja Mt 5.6, nota sobre ter avaliamos o nosso relacionamento com Cristo. Cada
fome e sede de justiça; veja o artigo A VONTADE DE um de nós deve se esforçar para conhecê-lo profun-
DEUS, p. 1201). damente e viver de acordo com as instruções e dire-
(3) Devido à dádiva do poder e da graça de Deus, trizes que estão contidas na Palavra de Deus.
somos capazes de fazer a vontade de Deus e de viver 7.23 NUNCA VOS CONHECI. Cristo deixa inequivo-
de forma reta ao servirmos sinceramente a Cristo (Ef camente claro que as pessoas podem falar a respeito
2.5). A Palavra de Deus diz que “pela graça sois sal- dele e até estar envolvidas em uma atividade pode-
vos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de rosa e sobrenatural, tais como expulsar demônios e
Deus [...] porque somos feitura sua” (Ef 2.8-10; veja o operar milagres, sem que tenham um relacionamento
artigo FÉ E GRAÇA, p. 2029). pessoal genuíno com Cristo.
(4) Deus sempre nos dá a força e a habilidade para (1) As Escrituras ensinam que a pregação intensa,
obedecermos a Ele e para vencermos o pecado. Isto a forte crença, o entusiasmo aparente por Deus e
faz parte da plena salvação que Ele opera através da- a operação de milagres podem ser completamente
queles que confiaram a sua vida a Ele, e que foram insinceros e executados até mesmo sob a influência
restaurados a um relacionamento pessoal com Jesus. e o poder de Satanás. Comparado conosco, Satanás
“Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer obviamente tem habilidades sobrenaturais e as usará
como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (veja Fp para enganar as pessoas dentro e fora da igreja. Pau-
MATEUS 8 1623
29 porquanto os ensinava com autori- 6 e dizendo: Senhor, o meu criado
dade te não como os escribas. jaz em casa paralítico e violentamente
atormentado.
O leproso purificado 7 E Jesus lhe disse: Eu irei e lhe darei saúde.
(Mc 1.40-45; Lc 5.12-14) 8 E o centurião, respondendo, disse: Se-
8 E, descendo ele do monte, seguiu-o nhor, cnão sou digno de que entres debaixo
uma grande multidão. d
2 E eis que veio um leproso e o adorou, do meu telhado, mas dize somente uma
palavra, e o meu criado sarará,
dizendo: Senhor, se quiseres, podes tor- 9 pois também eu sou homem sob auto-
nar-me limpo. ridade e tenho soldados às minhas ordens;
3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o,
e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e
dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou
ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele o faz.
purificado da lepra. 10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso,
4 Disse-lhe, então, Jesus: aOlha, não o

Mt 9.2
digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sa- e disse aos que o seguiam: Em verdade
cerdote e apresenta a oferta que Moisés de- vos digo que nem mesmo em Israel en-
terminou, bpara lhes servir de testemunho. contrei tanta fé.
11 Mas eu vos digo que muitos virão do
O centurião de Cafarnaum Oriente ee do Ocidente e assentar-se-ão
(Lc 7.1-10) à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no
5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, che- Reino dos céus;
gou junto dele um centurião, rogando-lhe 12 E os filhos do Reino fserão lançados
t
7.29 Jo 7.46 a8.4 Mt 9.30; Mc 5.43 b8.4 Lv 14.3,10; Lc 5.14 c8.8 Lc 15.19,21 d8.8 Sl 107.20 e8.11 Gn
12.3; Is 2.2; Ml 1.11; Lc 13.29; At 10.45; Rm 15.9 f8.12 Mt 21.43; 13.42; Lc 13.28; 2Pe 2.17; Jd 13

lo adverte que “o próprio Satanás se transfigura em falta de sensibilidade nas extremidades do corpo.
anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros Esta condição frequentemente levava a um ferimen-
se transfigurem em ministros da justiça” (2Co 11.14- to ou a alguma deformidade física. Pelo fato de es-
15; cf. Mt 24.24). Paulo deixa claro que o que pode sas doenças serem altamente mal-entendidas e com
parecer ser um poderoso dom ministerial pode ser “a frequência consideradas contagiosas, aqueles que as
obra de Satanás” (veja 2Ts 2.9-10; Ap 13.3,12; veja o sofriam comumente viviam em colônias isoladas do
artigo FALSOS ENSINADORES, p. 1737). resto da sociedade. Contudo, sem hesitação, Jesus
(2) Muitas vezes Deus passa por cima da atividade respondeu à fé do homem tocando nele e curando
de Satanás em falsos pregadores a fim de trazer a sal- a sua doença. Ele então disse ao homem que seguis-
vação espiritual genuína ou a cura àqueles que since- se as normas descritas na lei (v. 4) para que pudesse
ramente respondem à Palavra de Deus (veja Fp 1.15- ser reinserido na sociedade (veja o quadro OS MILA-
18). Isto significa que se a mensagem for verdadeira – GRES DE JESUS, p. 1911).
mesmo que o ministro não seja – ela ainda pode ter o 8.4 NÃO O DIGAS A ALGUÉM. Jesus pode ter dado
efeito piedoso adequado sobre a vida das pessoas. O esta ordem por várias razões: (1) Ele não queria que o
desejo de Deus é sempre que aqueles que anunciam povo enfocasse unicamente os seus milagres. (2) Ele
a sua mensagem estejam em um relacionamento cor- não queria que a publicidade ou o reconhecimento
reto com Ele (veja 1Tm 3.1-7). Contudo, quando uma em torno de seus milagres ficassem no caminho dos
pessoa maligna ou imoral prega a Palavra de Deus, seus ensinamentos. (3) Ele não queria levantar uma
Deus ainda pode operar nos corações daqueles que oposição adicional ao seu ministério (o que poderia
sinceramente receberem a Palavra e confiarem em levá-lo à morte de forma prematura) antes de ter
Cristo. Deus não endossa nenhum ministro ou profes- completado a sua missão. (4) Ele não fazia milagres
sor que seja ímpio ou fraudulento, mas Ele endossará simplesmente em busca do reconhecimento público,
a verdade bíblica e aqueles que a aceitarem com fé. mas, antes, pela compaixão que sentia pelas pessoas
8.3 JESUS [...] TOCOU-O. Este ato demonstrou que estavam sofrendo (veja 9.30; 12.16; Mc 1.44;
grande compaixão porque os leprosos eram consi- 5.43; 7.36; Lc 8.56).
derados tanto cerimonialmente quanto fisicamente 8.10 TANTA FÉ. A fé do centurião era mais impressio-
impuros. O termo “Lepra” poderia descrever várias nante do que qualquer coisa que Jesus tinha encon-
doenças que afetavam a pele, com frequência, prove- trado entre os judeus, porque combinava uma preocu-
nientes de problemas dos nervos, que causavam uma pação amorosa por outra pessoa com uma confiança
1624 MATEUS 8
nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e 22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me e
ranger de dentes. deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
13 Então, disse Jesus ao centurião: Vai,
e como creste te seja feito. E, naquela Jesus apazigua a tempestade
mesma hora, o seu criado sarou. (Mc 4.35-41; Lc 8.22-25)
23 E, entrando ele no barco, seus dis-
A sogra de Pedro cípulos o seguiram.
(Mc 1.29-31; Lc 4.38-41) 24 E eis que, no mar, se levantou uma
14 E Jesus, entrando na casa de Pedro, tempestade tão grande, que o barco era
g
viu a sogra deste jazendo com febre. coberto pelas ondas; ele, porém, estava
15 E tocou-lhe na mão, e a febre a dei- dormindo.
xou; e levantou-se e serviu-os. 25 E os seus discípulos, aproximando-se,
16 E, chegada a tarde, htrouxeram-lhe o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos,
Mt 10.1

muitos endemoninhados, e ele, com a que perecemos.


sua palavra, expulsou deles os espíritos 26 E ele disse-lhes: Por que temeis, ho-
e curou todos os que estavam enfermos, mens de pequena fé? lEntão, levantando-se,
17 para que se cumprisse o que fora dito repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se
pelo profeta Isaías, que diz: iEle tomou uma grande bonança.
sobre si as nossas enfermidades e levou 27 E aqueles homens se maravilharam,
as nossas doenças. dizendo: Que homem é este, que até os
ventos e o mar lhe obedecem?
Como devemos seguir a Jesus
(Lc 9.57-62) Os endemoninhados gadarenos
18 E Jesus, vendo em torno de si uma (Mc 5.1-20; Lc 8.26-39)
grande multidão, ordenou que passassem 28 E, tendo chegado à outra margem,

Mt 17.14-18
para a outra margem. à província dos gadarenos, saíram-lhe ao
19 E, aproximando-se dele um escriba, encontro dois endemoninhados, vindos
disse: Mestre, aonde quer que fores, eu dos sepulcros; tão ferozes eram, que nin-
te seguirei. guém podia passar por aquele caminho.
20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e 29 E eis que clamaram, dizendo: Que
as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus?
Homem não tem onde reclinar a cabeça. Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
21 E joutro de seus discípulos lhe disse: 30 E andava pastando distante deles
Senhor, kpermite-me que, primeiramente, uma manada de muitos porcos.
vá sepultar meu pai. 31 E os demônios rogaram-lhe, dizendo:
g
8.14 1Co 9.5 h8.16 Mc 1.32; Lc 4.40-41 i8.17 Is 53.4; 1Pe 2.24 j8.21 Lc 9.59 k8.21 1Rs 19.20 l8.26 Sl
65.8; 89.9-10; 107.29

total na autoridade e no poder de Cristo. Esta histó- espiritualmente mortos sepultem os fisicamente mor-
ria, juntamente com a referência de Cristo aos judeus tos”. O discípulo do v. 21 provavelmente queria es-
incrédulos (vv. 11-12), nos adverte de que podemos perar até que seu pai idoso morresse, o que poderia
ser excluídos daquilo que Deus está fazendo ao nos levar anos. No entanto, Jesus sabia que o seu tempo
agarrarmos a tradições inúteis ou ao falharmos em na terra era curto e o seu ministério exigia total aten-
aceitar a autoridade de Cristo e o poder do seu reino. ção e comprometimento. Este encontro ilustra as exi-
8.16-17 CUROU TODOS OS QUE ESTAVAM EN- gências e os sacrifícios radicais que são necessários
FERMOS. Veja o artigo A CURA DIVINA, p. 1625, e o para seguir a Cristo.
quadro OS MILAGRES DE JESUS, p. 1911. 8.28 DOIS ENDEMONINHADOS. Veja 17.17, nota;
8.22 DEIXA AOS MORTOS SEPULTAR OS SEUS veja o artigo PODER SOBRE SATANÁS E OS DEMÔ-
MORTOS. Com isto Jesus quis dizer, “Deixe que os NIOS, p. 1707.
MATEUS 8 1625
A Cura Divina
“E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua
palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos,
para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou
sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.” Mt 8.16-17

DEUS PROVÊ A CURA DE QUE PRECISAMOS. (1) O problema de doença e enfermidade está diretamente
ligado ao problema do pecado e da morte – as consequências da desobediência e provocação iniciais da
humanidade para com Deus (veja Gn 3). Desrespeitar o seu claro mandamento separou os primeiros hu-
manos (Adão e Eva) de Deus e de seus planos perfeitos. O ato de desobediência deles introduziu angústia
e sofrimento no mundo e impactou as escolhas de todos os seres humanos que vivem. A ciência médica
vê as causas das doenças e das enfermidades crônicas em termos filosóficos, mentais e emocionais. Em-
bora estas coisas claramente possam afetar a nossa saúde, a Bíblia apresenta causas espirituais como a
raiz do problema: (a) o pecado, o qual afetou a nossa composição espiritual e física (p.ex., Jo 5.5,14), e (b)
Satanás, que trabalha para nos prejudicar e nos destruir de todas as maneiras possíveis (p.ex., At 10.38;
cf. Mc 9.17,20,25; Lc 13.11; At 19.11-12).
(2) Através da vida e do sacrifício de seu Filho, Jesus Cristo, Deus Pai concede liberdade, restauração, e
outros benefícios que são tão extensos quanto – e até maiores do que – a dor, a destruição e outras conse-
quências do pecado e da rebelião da humanidade contra Deus. Pelo pecado, Deus concede o perdão (cf.
Mt 26.28; 10.43; 13.38; Cl 1.13-14); pela morte, Deus concede a ressurreição e a vida eterna (cf. At 4.2; Mt
10.30; Jo 3.15; Fp 3.11); e pela enfermidade, Deus concede a cura (cf. Sl 103.1-5; Lc 4.18; 5.17-26; Tg 5.14-15).
Por esta razão, o ministério de Jesus envolveu três aspectos enquanto o precioso e bendito Salvador esteve
na terra: (a) ensinar a Palavra de Deus, (b) pregar sobre a oportunidade para abandonarmos os nossos próprios
caminhos pecaminosos, confiar a nossa vida a Cristo e seguir o plano de Deus (que lida com o problema do
pecado), e receber os benefícios do reino de Deus (que restaura os propósitos de vida que Deus pretendia
para nós), e (c) curar todos os tipos de doenças, enfermidades e males entre o povo (Mt 4.23-24; veja os
quadros O MINISTÉRIO DE JESUS, p. 1906, OS MILAGRES DE JESUS e DOS APÓSTOLOS, p. 1911-12).

DEUS DESEJA CURAR COMO PARTE DE SEU PLANO. A vontade de Deus (isto é, seus planos, desejos e
intenções que refletem o seu caráter e propósitos) a respeito da cura é revelada de quatro maneiras prin-
cipais ao longo de toda a sua Palavra escrita. (1) O próprio pronunciamento de Deus. Em Êx 15.26, Deus
prometeu saúde e cura para o seu povo se eles permanecessem fiéis à sua aliança (isto é, o seu “acordo
de vida” com eles, baseado nas suas leis e promessas) e aos seus mandamentos (veja Êx 15.26, nota).
Seu pronunciamento tinha dois aspectos: (a) “Nenhuma das enfermidades [como juízo] porei sobre ti, que
pus sobre o Egito”, e (b) “Eu sou o SENHOR, que te sara”. Deus continuou a ser o médico do seu povo do
Antigo Testamento sempre que eles sinceramente buscaram um relacionamento mais profundo com Ele
através da oração e da obediência à sua Palavra (cf. 2Rs 20.5; Sl 103.3).
(2) O ministério de Jesus. Como Filho de Deus em forma humana, Jesus era e é a exata representação
da natureza e do caráter de Deus (Hb 1.3; cf. Cl 1.15; 2.9). Em seu ministério terreno (Mt 4.23-24; 8.14-
16; 9.35; 15.28; Mc 1.32-34,40-41; Lc 4.40; At 10.38), Jesus revelou a vontade de Deus Pai em ação (Jo
6.38; 14.10), provando que está no coração, na natureza e no propósito de Deus curar todos os que estão
enfermos, angustiados ou oprimidos pelo diabo.
(3) A provisão da expiação de Cristo, isto é, o sacrifício para a “cobertura do pecado” da sua própria
vida perfeita e sem pecado, a qual Ele voluntariamente deu para pagar o preço pelas nossas ofensas
contra Deus; Is 53.4-5; Mt 8.16-17; 1Pe 2.24. A morte de Jesus foi mais do que suficiente para conceder
completa liberdade e restauração para a pessoa como um todo – espírito, alma e corpo (veja o artigo
NATUREZA HUMANA: O QUE SIGNIFICA SER HUMANO, p. 1106). Da mesma maneira que Satanás usa
os pecados e as enfermidades para nos destruir, Deus concede o perdão e a cura a fim de restaurar o
nosso relacionamento consigo, e nos tornar saudáveis – espiritual e fisicamente (cf. Sl 103.3; Tg 5.14-16).
Os servos de Cristo devem – humildemente e fielmente – orar e aceitar tudo o que o sacrifício de Cristo
concede, e esta bênção inclui a cura dos nossos corpos (veja Is 53.5).
(4) O ministério contínuo da igreja. Jesus comissionou e capacitou os seus doze discípulos para curar os
enfermos como parte dos seus esforços para divulgar a mensagem do reino de Deus (Lc 9.1-2,6). Poste-
riormente, Ele enviou setenta dos seus discípulos fiéis para que fizessem o mesmo (Lc 10.1,8-9,19). Depois
1626 MATEUS 8
que Jesus voltou ao céu e enviou o Espírito Santo para capacitar os seus servos para o serviço (cf. At 2), a
igreja primitiva deu continuidade ao ministério de cura de Jesus como parte do seu esforço contínuo para
divulgar a mensagem a respeito dele (At 3.1-10; 4.30; 5.16; 8.7; 9.34; 14.8-10; 19.11-12; cf. Mc 16.18;
1Co 12.9,28,30; Tg 5.14-16). O Novo Testamento registra três maneiras pelas quais o poder de cura de
Deus e a fé nele foram revelados e passados adiante através da igreja: (a) os discípulos de Jesus impondo
as mãos sobre as pessoas, crendo que Deus as curaria (Mc 16.15-18; At 9.17), (b) as pessoas confessando
quaisquer pecados conhecidos, seguido pelos líderes espirituais ungindo os enfermos com óleo e orando
com fé que Deus os curaria (Tg 5.14-16), e (c) dons espirituais de cura dados à igreja (1Co 12.9).

EMPECÍLHOS PARA A CURA. Às vezes há obstáculos ou barreiras para receber a cura de Deus, como,
por exemplo: (1) insistir em um pecado e se recusar a confessá-lo (Tg 5.16), (2) viver de uma maneira
que permita a influência ou controle de demônios sobre a sua própria vida (Lc 13.11-13), (3) medo ou
intensa ansiedade, o que é o oposto de demonstrar fé (Pv 3.5-8; Fp 4.6-7), (4) decepções passadas que
diminuem a fé presente (Mt 5.26; Jo 5.5-7), (5) outras pessoas que nos afastam de Deus (Mc 10.48), (6)
aceitar ensinos que sejam incoerentes ou que contradigam a Palavra de Deus como revelada na Bíblia
(Mc 3.1-5; 7.13), (7) falha da parte dos líderes em orar pelas pessoas que precisam de cura (Mc 11.22-24;
Tg 5.14-16), (8) falha da igreja em aceitar e usar os dons de milagres e de curas como Deus planejou (At
4.29-30; 6.8; 8.5-6; 1Co 12.9-10,29-31; Hb 2.4), (9) incredulidade e falta de fé (Mc 6.3-6; 9.19,23-24),
e (10) comportamento egocêntrico (1Co 11.29-30). Em outras ocasiões, simplesmente não estão apa-
rentes as razões pelas quais as pessoas piedosas permanecem fisicamente doentes e não são curadas
(p.ex., Gl 4.13; 1Tm 5.23; 2Tm 4.20). Há ainda outras situações em que Deus escolhe operar através de
circunstâncias difíceis ou até mesmo levar seus servos amados para o céu durante uma enfermidade (cf.
2Rs 13.14). Podemos ter a certeza de que as doenças não são necessariamente os resultados dos próprios
pecados de uma pessoa, ou de suas falhas espirituais. A angústia e o sofrimento afetam a todos neste
mundo, que está em revolta e oposição espiritual contra Deus. Para comentários mais extensos sobre as
razões pelas quais pessoas boas e más podem experimentar os sofrimentos, veja o artigo O SOFRIMEN-
TO DOS JUSTOS, p. 853.

PASSOS A TOMAR. O que você pode fazer quando ora e espera que Deus lhe cure? (1) Tenha a certeza
de que você está em um relacionamento correto com Deus e com as outras pessoas. Insistir em um pe-
cado, não perdoar ou ter más atitudes afetarão o seu relacionamento com Deus e impedirão que você
experimente os seus propósitos e bênçãos de uma forma completa (Mt 6.33; 1Co 11.27-30; Tg 5.16; veja
Jo 15.7, nota).
(2) Busque um relacionamento mais profundo com Deus dedicando um tempo diário à oração e à
leitura da sua Palavra (Rm 12.3; 1Co 12.9; Fp 2.13; veja Mt 17.20, nota sobre a verdadeira fé; veja o artigo
A ORAÇÃO EFICAZ, p. 600). Isto dará a você uma conscientização maior da presença constante de Deus
em sua vida, o que inspirará a sua fé e impedirá que você faça coisas que não sejam agradáveis a Ele.
(3) Sature a sua vida com a Palavra de Deus (Jo 15.7; Rm 10.17). Leia e estude a Palavra o máximo
possível; pense e procure constantemente maneiras de aplicar a mensagem, os princípios e as promessas
da Palavra de Deus na sua vida diária.
(4) Se você não estiver recebendo a cura que deseja e espera, continue confiando em Deus (Jo 15.1-7).
Examine a sua vida para ver quais mudanças Deus pode desejar operar nela. Considere como você pode
se aproximar dele em meio aos tempos difíceis. Nunca perca a esperança de que Deus fará as coisas
darem certo, para melhor, e também para que os seus propósitos mais elevados possam ser alcançados
(cf. Rm 8.28; veja o artigo A ESPERANÇA SEGUNDO A BÍBLIA, p. 960).
(5) Peça que os líderes da sua igreja orem por você, ungindo-lhe com óleo como um símbolo da presen-
ça e do poder do Espírito de Deus em sua vida (Tg 5.14-16). Também peça aos membros da sua família e
aos seus amigos para orarem por você.
(6) Vá a um culto onde uma pessoa que possua um respeitado ministério de cura esteja presente (cf.
At 5.15-16; 8.5-7).
(7) Espere um milagre. Confie no poder de Cristo (Mt 7.8; 19.26); Ele com certeza é capaz de fazer
qualquer coisa que você pedir se isto estiver dentro dos seus mais altos propósitos para a sua vida.
(8) Regozije-se no seu relacionamento com Deus – quer a cura venha imediatamente quer não (Fp
4.4,11-13). Dedique um tempo para adorar ao precioso e bendito Senhor todos os dias (veja o artigo A
ADORAÇÃO, p. 818).
(9) Entenda que simplesmente porque Deus não respondeu as suas orações durante um período de
tempo não significa que Ele tenha dito não aos seus pedidos. Os seus métodos e o seu cronograma
frequentemente não são os que esperamos. Às vezes Deus tem um propósito maior em mente que, no
momento certo, resultará em uma honra maior para Ele (cf. Jo 9.3; 11.4,14-15,45; 2Co 12.7-10) e em um
benefício maior para nós (Rm 8.28).
MATEUS 9 1627
(10) Perceba que se você for sinceramente devotado a Cristo, Deus jamais lhe abandonará nem se
esquecerá de você. Ele lhe ama tanto que literalmente gravou você nas palmas das suas mãos (isto é,
quando Ele foi pregado na cruz ao dar a sua vida como o pagamento pelos nossos pecados, Is 49.15-16).

Nota: A Bíblia reconhece o uso adequado dos cuidados médicos. Deus é aquele que tem dotado as
pessoas com suas habilidades e capacidades, e Ele pode operar através dos médicos e dos remédios,
assim como pode curar os nossos corpos de um modo sobrenatural (Mt 9.12; Lc 10.34; Cl 4.14). Qual-
quer forma legítima de cura é, na verdade, um crédito ao cuidado de Deus, e uma razão para honrá-lo e
agradecermos a Ele.

Se nos expulsas, permite-nos que entremos 5 Pois o que é mais fácil? Dizer ao pa-
naquela manada de porcos. ralítico: Perdoados te são os teus pecados,
32 E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, ou: Levanta-te e anda?
se introduziram na manada dos porcos; e 6 Ora, para que saibais que o Filho do
eis que toda aquela manada de porcos se Homem tem na terra autoridade para
precipitou no mar por um despenhadeiro, perdoar pecados — disse então ao pa-
e morreram nas águas. ralítico: Levanta-te, toma a tua cama e
33 Os porqueiros fugiram e, chegando à vai para tua casa.
cidade, divulgaram tudo o que acontecera 7 E, levantando-se, foi para sua casa.
aos endemoninhados. 8 E a multidão, vendo isso, maravilhou-
34 E eis que toda aquela cidade saiu ao se e glorificou a Deus, que dera tal poder

Mt 21.15-16
encontro de Jesus, e, vendo-o, mrogaram- aos homens.
lhe que se retirasse do seu território.
A vocação de Mateus
O paralítico de Cafarnaum (Mc 2.14-17; Lc 5.27-32)
(Mc 2.3-12; Lc 5.18-36) 9 E Jesus, passando adiante dali, viu

9 E, entrando no barco, passou para a


outra margem, e chegou à sua cidade.
E eis que alhe trouxeram um paralítico
assentado na alfândega um homem
chamado Mateus e disse-lhe: Segue-me.
E ele, levantando-se, o seguiu.
deitado numa cama. 10 E aconteceu que, destando ele em
2 E bJesus, vendo a fé deles, disse ao casa sentado à mesa, chegaram muitos
Mt 9.29-30

paralítico: Filho, tem bom ânimo; per- publicanos e pecadores e sentaram-se


doados te são os teus pecados. juntamente com Jesus e seus discípulos.
3 E eis que alguns dos escribas diziam 11 E os fariseus, vendo isso, disseram
entre si: Ele blasfema. aos seus discípulos: ePor que come o
4 Mas Jesus, cconhecendo os seus pen- vosso Mestre com os publicanos e peca-
samentos, disse: Por que pensais mal em dores?
vosso coração? 12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes:
m
8.34 Dt 5.25; 1Rs 17.18; Lc 5.8; At 16.39 a9.1 Mc 2.3; Lc 5.18 b9.2 Mt 8.10 c9.4 Sl 139.3; Mt 12.25; Mc
12.15; Lc 5.22 d9.10 Mc 2.15; Lc 5.29 e9.11 Mt 11.19; Lc 5.30; Gl 2.15

8.34 ROGARAM-LHE QUE SE RETIRASSE. Os ga- 9.11 COME [...] COM OS [...] PECADORES? Os vv.
darenos estavam provavelmente mais preocupados 11-13 revelam um princípio que deve nos guiar nos
com a inconveniência das ações de Jesus e com as nossos relacionamentos com aqueles que não conhe-
perdas nos negócios daqueles que eram donos dos cem e não seguem a Cristo. As nossas principais as-
porcos, do que com o sofrimento espiritual daqueles sociações não devem ser por prazer, entretenimento
que foram possuídos pelos demônios. Eles também ou amizade íntima, mas por amor a fazer o bem, a ser
podem ter ficado intimidados e com medo da ativi- um exemplo e demonstrar o caminho da salvação –
dade sobrenatural que cercava o ministério de Jesus o que significa ter um relacionamento pessoal com
(veja Mc 5.2-17, nota). Deus (v. 12; Sl 1.1). Em nenhum momento um servo
1628 MATEUS 9
Não necessitam de médico os sãos, mas 15 E disse-lhes Jesus: Podem, porven-
sim, os doentes. tura, gandar tristes 12os filhos das bodas,
13 Ide, porém, e aprendei o que signi- enquanto o esposo está com eles? Dias,
fica: fMisericórdia quero e não sacrifício. porém, virão em que lhes será tirado o
Porque eu não vim para chamar os justos, esposo, he então jejuarão.
mas os pecadores, ao arrependimento. 16 Ninguém deita remendo de pano novo
em veste velha, porque semelhante remen-
O jejum do rompe a veste, e faz-se maior a rotura.
(Mc 2.18-22; Lc 5.33-39) 17 Nem se deita vinho novo em odres
14 Então, chegaram ao pé dele os discí- velhos; aliás, rompem-se os odres, e
pulos de João, dizendo: Por que jejuamos entorna-se o vinho, e os odres estragam-se;
nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus mas deita-se vinho novo em odres novos,
discípulos não jejuam? e assim ambos se conservam.
f
9.13 Os 6.6; Mq 6.6-8; Mt 12.7; 1Tm 1.15 g9.15 Jo 3.29 12
9.15 Gr. os filhos da câmara nupcial h9.15 At
13.2-3; 14.23; 1Co 7.5

(ou uma serva) de Cristo deve namorar ou se casar tação simbólica de algo mais) enfatiza a importância
com alguém que não seja uma pessoa cristã sincera de preservar tanto o vinho novo como os odres novos.
e comprometida (1Co 7.39; veja o artigo A SEPARA- (a) O “vinho novo” era um suco de uva fresco, não
ÇÃO ESPIRITUAL DOS CRENTES, p. 2133). fermentado (isto é, não inebriante), representando a
9.15 ENTÃO JEJUARÃO. Está claro que Jesus espe- mensagem de salvação original e verdadeira através
rava que os seus discípulos jejuassem (isto é, passas- de Jesus Cristo – uma mensagem que se espalha
sem um período sem se alimentar, periodicamente, através do poder do Espírito Santo. A principal preo-
a fim de darem maior tempo e atenção às questões cupação de Jesus era que o evangelho (isto é, “boas-
espirituais e à oração) depois que ele tivesse partido. -novas”) original e o poder transformador de vidas do
Estamos vivendo agora no tempo da ausência do “noi- Espírito fossem preservados em relação às mudanças,
vo” (isto é, o período entre a sua ascensão ao céu e o à corrupção e à perda. Esta interpretação seria coe-
seu retorno). A igreja (isto é, a “noiva” de Cristo, Ap rente com a preocupação de Jesus de que a mensa-
19.7; 22.17) espera e antevê a volta do Senhor (25.6; gem do evangelho (vinho novo) não fosse alterada
veja Jo 14.3, nota). Por este motivo, jejuar também é pelo “fermento” (isto é, ensinamentos) dos fariseus
(1) um sinal do anseio do cristão de se unir a Cristo em e saduceus. O fermento causa o processo de fer-
seu retorno, (2) um meio de se preparar para a vinda mentação, assim como os ensinos dos fariseus iriam
de Cristo, (3) um modo de prantear pela ausência de corromper a mensagem de Deus negando o espírito
Cristo, e (4) um sinal de tristeza pelo pecado e pela e os princípios que estão por trás das leis e dos man-
decadência espiritual do mundo (veja 6.16, nota). damentos de Deus (cf. 16.6,12; Êx 12.19; 1Co 5.7).
9.17 VINHO NOVO EM ODRES VELHOS. Nos tem- (b) Nos tempos antigos, a fim de preservar a doçu-
pos antigos, recipientes feitos de peles de cabras eram ra por um período adequado de tempo, as pessoas
usados para conter vinho. Este versículo tem sido in- iriam coar ou ferver o suco, engarrafá-lo e colocá-lo
terpretado de diversas maneiras pelos comentadores em uma área fresca (veja o artigo O VINHO NOS
bíblicos. Destacamos duas opiniões mais comuns: TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO, p. 1843). Novos
(1) O “vinho novo” começava com o suco de uva odres eram necessários porque eles estariam livres do
fresco. Quando ele começava a fermentar (isto é, resíduo que continha células de fermento maduras. Se
quando os açúcares se transformavam em álcool), o colocado em odres velhos, o vinho novo começaria a
vinho se expandia no processo e os odres novos se fermentar mais facilmente por causa do fermento que
esticavam e não rompiam. Mas os odres usados, já es- permanecia nas peles. O processo de fermentação po-
ticados, se rompiam. O “vinho novo” representava a deria então causar a perda tanto do vinho novo como
mensagem de Jesus, que trouxe uma novidade que dos odres (os quais se romperiam devido à pressão).
não poderia ser restrita ou confinada dento das for- Columela, a grande autoridade romana em agricultu-
mas antigas. Perguntas sobre esta questão e interpre- ra no século I d.C., escreveu que para manter o vinho
tação podem surgir a partir do fato de que o processo novo “sempre doce” ele deveria ser colocado em um
de fermentação – instável e vigoroso – poderia ser su- container selado novo (On Agriculture, 12.29).
ficiente para romper até mesmo os mais novos e mais 9.17 VINHO NOVO [...] SE CONSERVAM. A ênfase
fortes dos odres fortemente selados (veja Jó 32.19). de Cristo aqui está em preservar o vinho novo – sua
(2) Uma segunda interpretação desta parábola (isto mensagem de esperança e salvação espiritual (veja
é, uma história que ensina uma lição moral ou que ilus- a nota anterior) –, para que não seja comprometido,
tra um princípio espiritual; uma alegoria ou represen- corrompido ou perdido.
MATEUS 9 1629
A cura da mulher que tinha um se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes:
fluxo de sangue Credes vós que eu possa fazer isto?
(Mc 5.22-43; Lc 8.40-56) Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
18 Dizendo-lhes ele essas coisas, eis que 29 Tocou, então, os olhos deles, dizendo:

Mt 17.20
chegou um 13chefe e o adorou, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
Minha filha faleceu agora mesmo; mas 30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus
vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá. ameaçou-os, dizendo: nOlhai que nin-
19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, e guém o saiba.
os seus discípulos também. 31 Mas, otendo ele saído, divulgaram a
20 E eis que uma mulher ique havia já sua fama por toda aquela terra.
doze anos padecia de um fluxo de sangue, 32 E, phavendo-se eles retirado, trou-
chegando por detrás dele, tocou a orla xeram-lhe um homem mudo e endemo-
da sua veste, ninhado.
21 porque dizia consigo: Se eu tão so- 33 E, expulso o demônio, falou o mudo;
mente tocar a sua veste, ficarei sã. e a multidão se maravilhou, dizendo:
22 E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Nunca tal se viu em Israel.
j
Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E 34 Mas os fariseus diziam: qEle expul-
imediatamente a mulher ficou sã. sa os demônios pelo príncipe dos demô-
23 E kJesus, chegando à casa daquele nios.
chefe, e vendo os instrumentistas e o
povo em alvoroço, A seara e os ceifeiros
24 disse-lhes: lRetirai-vos, que a menina35 E percorria Jesus todas as cidades e
não está morta, mas dorme. E riram-se aldeias, rensinando nas sinagogas deles, e
dele. pregando o evangelho do Reino, e curando
25 E, logo que o povo foi posto fora, todas as enfermidades e moléstias entre
entrou Jesus e pegou-lhe na mão, e a o povo.
menina levantou-se. 36 E, vendo a multidão, teve grande
26 E espalhou-se aquela notícia por compaixão deles, sporque andavam des-
todo aquele país. garrados e errantes como ovelhas que
não têm pastor.
A cura de dois cegos e um mudo 37 Então, disse aos seus discípulos: A
27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no tseara é realmente grande, mas poucos
dois cegos, clamando e dizendo: mTem são os ceifeiros.
compaixão de nós, Filho de Davi. 38 Rogai, pois, uao Senhor da seara que
28 E, quando chegou à casa, os cegos mande ceifeiros para a sua seara.
13
9.18 ou governador i9.20 Mc 5.25; Lc 8.43 j9.22 Lc 7.50; 8.48; 17.19; 18.42 k9.23 Mc 5.38; Lc 8.51; 2Cr
35.25 l9.24 At 20.10 m9.27 Mt 15.22; Mc 10.47; Lc 18.38 n9.30 Mt 8.4; 12.16; Lc 5.14 o9.31 Mc 7.36 p9.32
Mt 12.22; Lc 11.14 q9.34 Mt 12.24; Mc 3.22; Lc 11.15 r9.35 Mc 6.3; Lc 13.22; Mt 4.23 s9.36 Mc 6.34; Nm
27.17; Ez 34.5; Zc 10.2 t9.37 Lc 10.2; Jo 4.35 u9.38 2Ts 3.1

9.37 A SEARA É [...] GRANDE. Jesus desafia os seus apresentar as boas-novas de perdão e vida nova atra-
servos a sempre se lembrarem de que aqueles que vés de Jesus Cristo (veja 10.28, nota).
estão espiritualmente perdidos – que não conhecem 9.38 ROGAI [...] AO SENHOR [...] QUE MANDE. (1)
e não servem a Deus – têm uma alma preciosa e eter- Este versículo expressa um dos princípios espirituais
na, e passarão a eternidade no céu ou no inferno. de Deus mais importantes com relação às nossas
Devemos alcançá-los com o amor e a mensagem de ações e a nossa parte em seus planos. O nosso en-
Cristo enquanto ainda há tempo. Muitos deles estão volvimento é vital porque antes de Deus tomar uma
espiritualmente maduros e prontos para receber a atitude, Ele geralmente inspira o seu povo a orar. So-
mensagem. Eles só podem ser salvos se alguém lhes mente após eles terem orado é que Deus responde
1630 MATEUS 10
Os doze e a sua missão 7 e, indo, pregai, fdizendo: É chegado

10 E, chamando os seus doze discí- o Reino dos céus.


Mt 12.22

a
pulos, deu-lhes poder sobre os 8 Curai os enfermos, limpai os leprosos,
espíritos imundos, para os expulsarem e ressuscitai os mortos, expulsai os demô-
para curarem toda enfermidade e todo nios; gde graça recebestes, de graça dai.
mal. 9 Não possuais ouro, nem prata, hnem
2 Ora, os nomes dos doze apóstolos cobre, em vossos cintos;
são estes: O primeiro, Simão, bchamado 10 nem alforjes para o caminho, nem
Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho duas túnicas, nem sandálias, nem bordão,
i
de Zebedeu, e João, seu irmão; porque digno é o operário do seu alimento.
3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o 11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que
publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, entrardes, jprocurai saber quem nela seja
apelidado Tadeu; digno e hospedai-vos aí até que vos retireis.
4 Simão, o Zelote, ce Judas Iscariotes, 12 E, quando entrardes nalguma casa,
aquele que o traiu. saudai-a;
5 Jesus enviou estes doze e lhes orde- 13 e, se a casa for digna, kdesça sobre ela
nou, dizendo: dNão ireis pelo caminho a vossa paz; mas, se não for digna, torne
das gentes, nem entrareis em cidade de para vós a vossa paz.
samaritanos; 14 E, se ninguém vos receber, lnem
6 mas ide, antes, eàs ovelhas perdidas escutar as vossas palavras, saindo daquela
da casa de Israel; casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
a
10.1 Mc 3.13; 6.7; Lc 6.13; 9.1 b10.2 Jo 1.42 c10.4 Lc 6.15; At 1.13; Jo 13.26 d10.5 Mt 4.15; 2Rs 17.24;
Jo 4.9 e10.6 Mt 15.24; At 13.46; Is 56.6; Jr 50.6; Ez 34.5; 1Pe 2.25 f10.7 Lc 9.2; 10.9; Mt 3.2; 4.17 g10.8
At 8.18 h10.9 1Sm 9.7; Mc 6.8; Lc 9.3 i10.10 Lc 10.7; 1Co 9.7; 1Tm 5.18 j10.11 Lc 10.8 k10.13 Lc 10.5; Sl
35.13 l10.14 Mc 6.11; Lc 9.5; 10.10-11; Ne 5.13; At 13.51; 18.6

e termina o que Ele pretende. Em outras palavras, Cristo, a quem representamos. Por esta razão, é vital
Deus limitou a si mesmo, escolhendo realizar os seus que vivamos de uma maneira que seja digna de Cris-
planos através das orações do seu povo fiel. to; caso contrário, nos faltará o poder espiritual para
(2) Fica claro a partir do contexto desta passagem enfrentarmos e prevalecermos nos confrontos diretos
(9.35–10.1,8) que o tipo de trabalhadores que Jesus com os poderes sobrenaturais do mal (veja o artigo
quer em seu reino são aqueles que estão dispostos PODER SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS, p. 1707).
e espiritualmente preparados para, (a) divulgar a sua 10.7 PREGAI [...] O REINO. Todo o contexto acerca
mensagem e ensinar a outros o que significa seguir dessa passagem (vv. 1,8) deixa claro que a pregação
a Jesus e viver de acordo com os seus propósitos do reino (isto é, supremo poder, autoridade, propósi-
(9.35), (b) curar os enfermos (9.35; 10.1,8), e (c) expul- tos e modo de vida de acordo com a vontade de Cris-
sar demônios (10.1,8). Estes atos são possíveis atra- to tanto na terra como na eternidade) deve ser acom-
vés da confiança em Deus e no poder do seu precioso panhada pela evidência de Deus declarando o seu
e bendito Espírito Santo (veja o artigo SINAIS DOS poder contra as forças do pecado, da enfermidade e
CRENTES, p. 1746). de Satanás (veja o artigo O REINO DE DEUS, p. 1638).
10.1 PODER SOBRE OS ESPÍRITOS IMUNDOS, É o desejo de Cristo que o reino dos céus e seu poder
PARA OS EXPULSAREM. Jesus quer que os seus sejam trazidos para “perto” do povo (através da vida
servos travem uma guerra espiritual contra as for- dos seus servos e da pregação da sua mensagem) para
ças do mal, expulsando os espíritos malignos (isto é, que todos os necessitados possam receber de Deus a
ordenando que abandonem o controle de pessoas salvação, a ajuda e a cura de que precisam. Quando o
ímpias em cujos corpos têm habitado) e curando os poder e a presença do reino de Deus não estão evi-
enfermos (que também podem ser perturbados ou dentes e ativos entre o povo de Deus, eles devem eli-
desanimados pelos planos e artimanhas de Satanás). minar de suas vidas qualquer coisa que seja mundana,
Esta demonstração de autoridade no reino espiritual ímpia e desagradável a Deus, para que possam “bus-
é uma maneira do poder e dos propósitos do reino ca[r] primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça” (6.33) e
de Deus estarem constantemente ativos na terra. sinceramente orar: “Venha o teu Reino. Seja feita a tua
Nós não possuímos esta autoridade em nós mesmos, vontade” (6.10; cf. Mc 9.29; veja o quadro O REINO
mas somente através do poder e da autoridade de DE DEUS VERSUS O REINO DE SATANÁS, p. 1693).
MATEUS 10 1631
15 Em verdade vos digo que, no Dia 23 Quando, pois, vvos perseguirem
do Juízo, haverá menos rigor mpara o nesta cidade, fugi para outra; porque em
país de Sodoma e Gomorra do que para verdade vos digo que não acabareis de
aquela cidade. percorrer as cidades de Israel wsem que
16 Eis que vos envio ncomo ovelhas ao venha o Filho do Homem.
meio de lobos; portanto, sede prudentes 24 Não é o discípulo xmais do que o
como as serpentes oe símplices como as mestre, nem é o servo mais do que o
pombas. seu senhor.
17 Acautelai-vos, porém, dos homens, 25 Basta ao discípulo ser como seu
p
porque eles vos entregarão aos sinédrios mestre, e ao servo ser como seu senhor.
e vos açoitarão nas suas sinagogas; Se chamaram yBelzebu ao pai de família,
18 e sereis até conduzidos qà presença quanto mais aos seus domésticos?
Mt 24.14

dos governadores e dos reis, por causa 26 Portanto, não os temais, zporque nada
de mim, para lhes servir de testemunho, há encoberto que não haja de revelar-se,
a eles e aos gentios. nem oculto que não haja de saber-se.
19 Mas, quando rvos entregarem, não 27 O que vos digo em trevas, dizei-o em
vos dê cuidado como ou o que haveis de luz; e o que escutais ao ouvido, pregai-o
falar, porque, naquela mesma hora, vos sobre os telhados.
será ministrado o que haveis de dizer. 28 E não temais os que matam o corpo
20 Porque snão sois vós quem falará, mas a
e não podem matar a alma; temei, antes,
o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. aquele que pode fazer perecer no inferno
21 E o irmão entregará à morte o irmão, a alma e o corpo.
t
e o pai, o filho; e os filhos se levantarão 29 Não se vendem dois passarinhos por
contra os pais e os matarão. um 14ceitil? E nenhum deles cairá em terra
22 E odiados de todos sereis por causa sem a vontade de vosso Pai.
do meu nome; umas aquele que perseverar 30 E até mesmo bos cabelos da vossa
até ao fim será salvo. cabeça estão todos contados.
m
10.15 Mt 11.22,24 n10.16 Lc 10.3; Rm 16.19; Ef 5.11 o10.16 1Co 14.20; Fp 2.15 p10.17 Mt 24.9; Mc 13.9;
Lc 12.11; 21.12; At 5.40 q10.18 At 12.1; 24.10; 25.7,23; 2Tm 4.16 r10.19 Mc 13.11; Lc 12.11; 21.14-15; Êx
4.12; Jr 1.7 s10.20 2Sm 23.2; At 4.8; 2Tm 4.17 t10.21 Mq 7.6; Mt 10.35-36; Lc 21.16 u10.22 Lc 21.17; Dn
12.12; Mt 24.13; Mc 13.13 v10.23 Mt 2.13; At 8.1; 9.5; 14.6 w10.23 Mt 16.28 x10.24 Lc 6.40; Jo 13.16;
15.20 y10.25 Mt 12.24; Mc 3.22; Lc 11.15; Jo 8.48,52 z10.26 Mc 4.22; Lc 8.17 a10.28 Is 8.12-13; Lc 12.4;
1Pe 3.14 1410.29 ou asse b10.30 1Sm 14.45; 2Sm 14.11; Lc 21.18; At 27.34

10.19 VOS SERÁ MINISTRADO O QUE HAVEIS DE os capacitariam e os sustentariam (vv. 20,29-31). Eles
DIZER. Quando estivermos fazendo a obra de Cristo devem permanecer fiéis à Palavra de Cristo, pregan-
em obediência a Ele, poderemos ter a certeza de que do abertamente, diretamente e corajosamente.
Ele nunca nos abandonará e sempre nos dará o que 10.28 INFERNO. A palavra aqui traduzida como “in-
precisarmos – inclusive as palavras certas – no mo- ferno” (gr. Geenna; veja Jr 7.31, nota) se refere a um
mento exato. A promessa de Cristo é vista em ope- lugar de tormentos e castigos eternos, originalmente
ração em At 4.8-12,19-20; 21.39–22.21; 23.1,6; 24.10- preparado para o diabo e seus seguidores demonía-
21; 26.1-29. Através do seu Espírito Santo, Cristo nos cos (25.41). Mas o inferno também está reservado
capacita a falar e a testificar a respeito dele (At 1.8). para os ímpios (cf. Mc 9.43,48) – aqueles que não
10.23 CIDADES DE ISRAEL. Cristo pode ter dito aos aceitarem o perdão de Cristo e não entregarem a sua
seus discípulos que a sua mensagem continuaria a ser vida a Ele. (O termo para inferno não deve ser con-
proclamada aos judeus até a sua volta. fundido com o grego Hadēs, que é o nome geral para
10.26 NÃO OS TEMAIS. A obra dos discípulos por o lugar dos mortos ou o lugar preliminar de castigo –
Cristo e a batalha deles contra o mal os exporá ao antes do juízo final – para os ímpios, cf. Lc 16.19-31.)
contra-ataque de Satanás (vv. 16-25). A verdadeira A palavra para inferno se originou com o nome de um
batalha deles não era contra a oposição humana, mas vale no perímetro sul de Jerusalém: o vale de Hinom
contra as forças de Satanás. No entanto, eles não ti- (heb. Ge’-Hinnom). O vale servia como depósito de
nham que temer porque o Espírito Santo e Deus Pai lixo da cidade e era caracterizado pelo fogo ardente.
1632 MATEUS 10
31 Não temais, pois; mais valeis vós do 34 Não cuideis que vim trazer a paz à
que muitos passarinhos. terra; enão vim trazer paz, mas espada;
32 Portanto, cqualquer que me confessar 35 porque eu vim pôr em dissensão o
diante dos homens, eu o confessarei diante homem contra seu pai, fe a filha contra
de meu Pai, que está nos céus. sua mãe, e a nora contra sua sogra.
33 Mas qualquer dque me negar diante 36 E, assim, gos inimigos do homem
dos homens, eu o negarei também diante serão os seus familiares.
de meu Pai, que está nos céus. 37 Quem ama o pai hou a mãe mais do
c
10.32 Lc 12.8; Rm 10.9; Ap 3.5 d10.33 Mc 8.38; Lc 9.26; 2Tm 2.12 e10.34 Lc 12.49,51-53 f10.35 Mq 7.6
g
10.36 Sl 41.9; 55.14; Mq 7.6; Jo 13.18 h10.37 Lc 14.6

Pelo fato de alguns terem sacrificado crianças pelo realidade do inferno deveriam fazer todo o povo de
fogo ali ao falso deus, Moloque, o rei Josias o de- Deus odiar o pecado intensamente, trabalhar conti-
clarou impuro. Jesus o usou como um nome para o nuamente para a salvação das pessoas que ainda não
lugar do castigo eterno, e é um sinônimo do “lago de conhecem a Cristo e advertir a todos do juízo futuro
fogo” do juízo final (cf. Ap 20.11-15). A Bíblia ensina de Deus sobre aqueles que rejeitarem e se rebelarem
que a existência de uma pessoa não termina na mor- contra Ele (veja Ap 20.14, nota).
te, mas continua para sempre, seja na presença de 10.31 MAIS VALEIS VÓS. Jesus ensina que os servos
Deus ou na condição daqueles que estão espiritual- fiéis de Deus – seus filhos – são de um valor incomen-
mente perdidos e destinados ao inferno; surável para o seu Pai Celestial.
(1) Jesus ensina que há um lugar de castigo eterno (1) Deus valoriza você, as suas habilidades espe-
para aqueles que rejeitarem a Deus, e assim estive- ciais e as suas necessidades pessoais. Ele deseja tan-
rem condenados a passar a eternidade separados to o seu amor e a sua amizade que enviou Jesus para
dele (veja 5.22,29-30; 18.9; 23.15,33; Mc 9.43,45,47; morrer na cruz para pagar o preço pelos pecados que
Lc 10.15; 12.5). Este lugar é caracterizado pela reali- você praticou (veja Jo 3.16, nota). Como seu filho,
dade aterrorizadora de um castigo contínuo. É des- você nunca está separado da sua presença, cuidado
crito em termos de um “fogo que nunca se apaga” e preocupação. Ele conhece todas as suas necessida-
(Mc 9.43), “fogo eterno, preparado para o diabo e des, dificuldades e angústias (6.8).
seus anjos” (25.41), “pranto e ranger de dentes” (2) Você é tão importante para Deus que Ele valo-
(13.42,50), cativeiro e trevas (22.13), tormento, ago- riza a sua fidelidade, amor e lealdade acima de todas
nia e separação do céu (Lc 16.23). as coisas terrenas. A sua fé inabalável em Cristo, que
(2) O ensino das cartas do Novo Testamento (isto é, é provada através dos momentos de intensas difi-
“livros”, mensagens a várias igrejas do Novo Testamen- culdades e angústias, é preciosa para Ele e lhe traz
to que se aplicam à igreja de Cristo em geral) é essen- grande honra. Leia as garantias encontradas em Sl
cialmente o mesmo. Os pioneiros da igreja primitiva e 91.14-16; 116.15; Is 49.16; Mt 11.28-29; Lc 12.32; Jo
escritores do Novo Testamento falam de um juízo futu- 13.1; 14.3; 17.24; Rm 8.28; 1Jo 4.19.
ro pelo qual Deus se vingará daqueles que rejeitam e 10.32 QUALQUER QUE ME CONFESSAR DIANTE
desobedecem a sua mensagem (2Ts 1.5-9). Eles tam- DOS HOMENS. “Confessar” (gr. homologeō) Cristo
bém falam de separação da presença do Senhor (2Ts quer dizer mais que simplesmente admitir a nossa
1.9) e da destruição dos inimigos de Deus (Fp 3.18-19; crença em Cristo e a nossa associação com Ele. Con-
veja também Rm 9.22; 1Co 16.22; Gl 1.9; 2Tm 2.12; Hb fessar quer dizer professar que Ele é Senhor – o Líder
10.27; 2Pe 2.4; Jd 7; Ap 14.10; 19.20; 20.10,14). e a autoridade na nossa vida – e fazer isso aberta-
(3) A Bíblia ensina que o juízo sobre os ímpios é mente, sem nenhuma vergonha, até mesmo diante
certo. A ideia principal quando se fala das condições dos que se opõem a Deus, aos seus caminhos e seus
no inferno é rejeição, condenação, sofrimento e se- padrões e normas.
paração de Deus sem um tempo limite. Os cristãos 10.34 NÃO [...] VIM TRAZER PAZ. Embora Jesus
podem achar esta doutrina (isto é, ensino, base de fé) Cristo seja chamado “Príncipe da Paz” (Is 9.6; cf. Mt
extremamente desagradável ou difícil de entender. 5.9) e tenha vindo restaurar o nosso relacionamento
No entanto, devemos nos submeter à autoridade da rompido com Deus e nos trazer paz com Ele (Rm 5.1),
Palavra de Deus e confiar na justiça de Deus. há um sentido em que a sua vinda e a sua mensagem
(4) Devemos ter sempre em mente que Deus en- trazem divisão, intencionalmente. (1) A fé em Cristo
viou o seu Filho para morrer por todos, para que separa os seus seguidores dos que continuam a seguir
ninguém perecesse espiritualmente e fosse perdi- os caminhos ímpios do mundo (vv. 32-37; Lc 12.51-53;
do para sempre (Jo 3.16). Não é a intenção nem o veja o artigo A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DOS CREN-
desejo de Deus enviar alguém para o inferno (2Pe TES, p. 2133). (2) A pregação da Palavra de Deus e
3.9). Aqueles que entram no inferno fazem assim da sua verdade trará oposição, divisão e perseguição
por sua própria escolha resistindo à oportunidade de (12.24; 14.4-12; 27.1; At 5.17; 7.54-60; 14.22). (3) Viver
salvação dada por Deus (Rm 1.16–2.10). O fato e a de acordo com os padrões de verdade e justiça de
MATEUS 11 1633
que a mim não é digno de mim; e quem discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar
nas cidades deles.
ama o filho ou a filha mais do que a mim
não é digno de mim. 2 E João, ouvindo ano cárcere falar dos
38 E quem não toma a sua cruz ie não feitos de Cristo, enviou dois dos seus
segue após mim não é digno de mim. discípulos
39 Quem achar a sua 15vida jperdê-la-á;3 a dizer-lhe: bÉs tu aquele que havia
e quem perder a sua vida por amor de de vir ou esperamos outro?
mim achá-la-á. 4 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Ide
40 Quem vos recebe a mim kme recebe; e anunciai a João as coisas que ouvis e
e quem me recebe a mim, recebe aquele vedes:
que me enviou. 5 Os cegos veem, ce os coxos andam; os
41 Quem recebe lum profeta na qualida-
leprosos são limpos, e os surdos ouvem;
os mortos são ressuscitados, e aos pobres
de de profeta receberá galardão de profeta;
e quem recebe um justo na qualidade de é anunciado o evangelho.
justo, receberá galardão de justo. 6 E bem-aventurado é aquele dque se
42 E qualquer mque tiver dado só que não escandalizar em mim.
seja um copo de água fria a um destes 7 E, partindo eles, ecomeçou Jesus a
pequenos, em nome de discípulo, em dizer às turbas a respeito de João: Que
verdade vos digo que de modo algum fostes ver no deserto? Uma cana agitada
perderá o seu galardão. pelo vento?
8 Sim, que fostes ver? Um homem rica-
João Batista envia dois discípulos mente vestido? Os que se trajam ricamente
seus a Jesus estão nas casas dos reis.
(Lc 7.18-35) 9 Mas, então, que fostes ver? Um pro-

11
i
E aconteceu que, acabando Jesus feta? Sim, vos digo eu, fe muito mais do
de dar instruções aos seus doze que profeta;
10.38 Mt 16.24; Mc 8.34; Lc 9.23 1510.39 ou alma j10.39 Lc 17.33; Jo 12.25 k10.40 Mt 18.5; Lc 9.48; Jo
12.44; Gl 4.14 l10.41 1Rs 17.10; 18.4; 4.8 m10.42 Mt 18.5-6; 25.40; Mc 9.40; Hb 6.10; 1.1 a11.2 Mt 14.3
b
11.3 Gn 49.10; Nm 24.17; Dn 9.24; Jo 6.14 c11.5 Is 29.18; 35.4; 61.1; Jo 2.23; 3.2; 5.36; Sl 22.27; Lc 4.18; Tg
2.5 d11.6 Is 8.14-15; Mt 13.57; Rm 9.32; 1Co 1.23; Gl 5.11; 1Pe 2.8 e11.7 Lc 7.24; Ef 4.14 f11.9 Mt 14.5; Lc 1.76

Cristo trará o ridículo e o escárnio dos que rejeitam a de você dedicar a sua vida a sustentar, cooperar e en-
Cristo (5.10-11). (4) Defender a verdade da Palavra de corajar os ministros de Deus, então a sua recompensa
Deus da distorção espiritual e dos falsos ensinamen- será a mesma que a do profeta ou da pessoa justa
tos trará divisão, até mesmo na igreja (2Co 11.12-15; que você ajudar. Na realidade, aqueles que seguem a
Gl 1.9; Fp 1.15-17; veja 2Tm 1.15, nota). (5) O ensina- Cristo serão recompensados até mesmo pela menor
mento de Cristo sobre a paz, a unidade e a transmis- gentileza exibida a outra pessoa, com o objetivo de
são da sua mensagem com amor (Ef 4.15) deve ser lhe mostrar o amor de Cristo (v. 42).
posto em prática com a consciência de que Ele “não (2) Por outro lado, não devemos sustentar nem
veio trazer paz, mas espada” (veja Jo 17.21, nota). encorajar ministros que não proclamam a verdade de
10.38 TOMA A SUA CRUZ. Veja Mc 8.34, nota. Deus em conformidade com a mensagem do Novo
10.41 PROFETA [...] UM JUSTO. Estes são os que Testamento ou que não vivem de maneira piedosa,
são mais frequentemente maltratados, rejeitados e em conformidade com os padrões de Deus. O apoio
perseguidos por causa da sua firme posição em favor a esse tipo de pessoas pode nos expor ao seu juí-
da santidade e verdade (veja 5.10). Os que aceitam zo e destruição (veja 2Jo). Isto não quer dizer que
profetas (que frequentemente expressam uma men- tenhamos o direito de ser rudes ou críticos com um
sagem incentivadora de pureza, advertência ou juízo) ministro ou negar apoio à igreja local simplesmente
e reagem apropriadamente às suas mensagens rece- porque não concordamos com o ministro, ou porque
berão a recompensa especial de Deus. O mesmo é ele não diga aquilo que queiramos ouvir.
verdadeiro a respeito de quem quer que receba uma 11.7 JOÃO. Quando Cristo disse que João não era
pessoa que diz e faz o que é correto e justo. (1) Se o “uma cana agitada pelo vento”, Ele se referia à força
seu compromisso com a verdade é tão firme a ponto de caráter de João e à sua reputação como um pre-
1634 MATEUS 11
10 porque é este de quem está escrito: 19 Veio o Filho do Homem, comendo
g
Eis que diante da tua face envio o meu e bebendo, e dizem: Eis aí um homem
anjo, que preparará diante de ti o teu comilão e beberrão, mamigo de publicanos
caminho. e pecadores. Mas a sabedoria é justificada
11 Em verdade vos digo que, entre os por seus filhos.
que de mulher têm nascido, não apareceu
alguém maior do que João Batista; mas As três cidades impenitentes
aquele que é o menor no Reino dos céus (Lc 10.13-15)
é maior do que ele. 20 Então, começou ele a lançar em
12 E, desde os dias de João Batista até rosto às cidades onde se operou a maior
agora, hse faz violência ao Reino dos céus, parte dos seus prodígios o não se haverem
e pela força se apoderam dele. arrependido, dizendo:
13 Porque itodos os profetas e a lei 21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Bet-
profetizaram até João. saida! Porque, se em Tiro e em Sidom
14 E, se quereis dar crédito, jé este o fossem feitos os prodígios que em vós
Elias que havia de vir. se fizeram, há muito que se teriam ar-
15 Quem ktem ouvidos para ouvir ouça. rependido ncom pano de saco grosseiro
16 Mas la quem assemelharei esta ge- e com cinza.
ração? É semelhante aos meninos que se 22 Por isso, eu vos digo oque haverá
assentam nas praças, e clamam aos seus menos rigor para Tiro e Sidom, no Dia
companheiros, do Juízo, do que para vós.
17 e dizem: Tocamo-vos flauta, e não 23 E tu, Cafarnaum, pque te ergues até
dançastes; cantamo-vos lamentações, e aos céus, serás abatida até aos infernos;
não chorastes. porque, se em Sodoma tivessem sido feitos
18 Porquanto veio João, não comendo, os prodígios que em ti se operaram, teria
nem bebendo, e dizem: Tem demônio. ela permanecido até hoje.
g
11.10 Ml 3.1; Mc 1.2; Lc 1.76; 7.27 h11.12 Lc 16.16 i11.13 Ml 4.6 j11.14 Ml 4.5; Mt 17.12; Lc 1.17 k11.15
Mt 13.9; Lc 8.8; Ap 2.7,11,17,29; 3.6,13,22 l11.16 Lc 7.31 m11.19 Mt 9.10; Lc 7.35 n11.21 Jn 3.6,8 o11.22
Mt 10.15; 11.24 p11.23 Is 14.13; Lm 2.1

gador que se recusava a comprometer os seus prin- (isto é, a igreja, Ef 5.25-27,32; cf. Ap 19.7; 22.17), ao
cípios e convicções. João pregou os mandamentos passo que João era um amigo do esposo (isto é, Cris-
de Deus de modo destemido, nunca se rendendo à to, Jo 3.29). Naturalmente, João também era um fiel
opinião popular. O pecado de Herodes foi ignorado seguidor de Deus que, obviamente, foi salvo pela sua
por todas as autoridades judaicas, mas não por João. fé em Cristo, cujo caminho ele preparou. No entanto,
Ele era absolutamente leal a Deus e à sua Palavra. Ele os maiores privilégios dos cristãos do Novo Testa-
defendeu Deus e se opôs ao pecado, embora isso lhe mento incluem a revelação mais profunda a respeito
tenha custado a vida (14.3-12). Devemos nos lembrar de Cristo, a experiência de milagres maiores e me-
de que Cristo irá avaliar o serviço, o caráter, a defesa lhores (11.5) e a oportunidade de testemunhar sobre
da verdade e a oposição ao pecado, que foi demons- a morte e ressurreição de Cristo e receber o Espírito
trado por cada um de nós (veja Lc 1.17, notas). Santo (At 2.4; veja o artigo O ANTIGO CONCERTO E
11.11 MAIOR DO QUE ELE. João pertencia ao pe- O NOVO CONCERTO, p. 2312).
ríodo de tempo do antigo concerto (isto é, as leis, 11.12 PELA FORÇA SE APODERAM DELE. Seguir a
mandamentos e planos de Deus antes que Cristo ter- Cristo e servi-lo requer coragem espiritual, tenacidade,
minasse a obra da sua vida na terra). Esta declaração poder e determinação. Fazer isso requer que a pessoa
pode significar que qualquer seguidor de Jesus Cristo seja proativa na promoção dos propósitos de Deus
do Novo Testamento (isto é, do novo concerto) tem diante de constante oposição, e envolve intensidade
um privilégio maior, por causa de tudo o que Cristo na missão de alcançar os outros para Cristo (veja o ar-
revelou e realizou para o povo, desde que terminou a tigo O REINO DE DEUS, p. 1638, e o quadro O REINO
sua obra (cf. 13.16-17). De certa forma, os cristãos do DE DEUS VERSUS O REINO DE SATANÁS, p. 1693).
Novo Testamento são parte da “esposa” de Cristo 11.19 COMILÃO E BEBERRÃO. Veja Lc 7.34, nota.
MATEUS 12 1635
24 Porém eu vos digo qque haverá menos 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e apren-
rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, dei de mim, tque sou manso e humilde
do que para ti. de coração, e encontrareis descanso para
a vossa alma.
O jugo de Jesus 30 Porque o meu jugo ué suave, e o meu
(Lc 10.21,22) fardo é leve.
25 Naquele tempo, rrespondendo Jesus,
disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do Jesus é Senhor do sábado
céu e da terra, que ocultaste estas coisas (Mc 2.23-28; Lc 6.1-5)
aos sábios e instruídos e as revelaste aos
pequeninos. 12
Naquele tempo, passou Jesus pelas
searas, em um sábado; e os seus
26 Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. discípulos, tendo fome, começaram a
27 Todas as coisas sme foram entregues colher espigas e a comer.
por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, 2 E os fariseus, vendo isso, disseram-lhe:
senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, Eis que os teus discípulos fazem o que
senão o Filho e aquele a quem o Filho o não é lícito fazer num sábado.
quiser revelar. 3 Ele, porém, lhes disse: Não tendes
28 Vinde a mim, todos os que estais lido o que fez Davi, aquando teve fome,
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. ele e os que com ele estavam?
q
11.24 Mt 10.15 r11.25 Sl 8.3; 1Co 1.19,27; 2.8; 2Co 3.14; Mt 16.17 s11.27 Lc 10.22; Jo 3.35; 1.18; 6.46; 1Co
15.27; 10.15 t11.29 Jo 13.16; Fp 2.5,7-8; 1Pe 2.21; 1Jo 2.6; Zc 9.9; Jr 6.16 u11.30 1Jo 5.3 a12.3 1Sm 21.6

11.28 VINDE A MIM. O misericordioso convite de Je- físico e também espiritual (Mc 2.27). Em nenhuma
sus é dirigido a todos os que estão “cansados e opri- passagem a Bíblia indica que este princípio é inválido.
midos” com as aflições da vida e os pecados de sua (3) O propósito espiritual de um dia de descanso
própria natureza humana. Indo a Jesus em busca de ainda beneficia os cristãos. No Antigo Testamento,
perdão e ajuda, entregando nossa vida a Ele, e obede- esse dia era um dia de descanso do trabalho, para
cendo à sua orientação, encontramos liberdade e alí- que a pessoa se dedicasse a Deus – um período es-
vio das dificuldades da vida. Nós também recebemos pecial de tempo para conhecer a Deus, adorá-lo e
paz e a presença do Espírito Santo para nos conduzir para se concentrar, em particular ou em público, em
pela vida. Além disso, Deus nos dá a força necessária Deus (Lv 24.8; Nm 28.9). Hoje, esse dia nos propor-
para lidarmos com as preocupações e as dificuldades ciona uma oportunidade para que confirmemos que a
que, às vezes, devemos enfrentar (veja Hb 4.16). nossa confiança e prazer estão centrados no Senhor,
12.1 SÁBADO. O sábado semanal (gr. sabbaton, com e não em nossos próprios esforços, desejos, bens
o significado de descanso) era o sétimo dia da sema- materiais ou prazeres egoístas (cf. Êx 20.10; 34.21; Is
na, consagrado pela lei de Moisés como o dia para a 38.13). Podemos usar esse dia para renovar o nosso
interrupção do trabalho normal e para o descanso e a comprometimento com Cristo, para construir a nossa
adoração do Senhor (Êx 20.10; Dt 5.14; veja Êx 20.8, unidade com outros crentes e para reconhecer que a
nota). Há fortes razões para crer que os princípios do totalidade de nossas vidas – e não apenas uma séti-
sábado judeu ainda são válidos para os cristãos e que ma parte – pertence a Deus (veja Hb 4.9-10).
ainda devemos consagrar um dia da semana como (4) O sábado judeu era um sinal da devoção dos
um dia de descanso e adoração. israelitas ao concerto de Deus (isto é, o seu “acordo
(1) O conceito de um dia de descanso, que nos é de vida” com eles, com base nas suas leis e promes-
dado por Deus, foi estabelecido antes da lei judaica: sas e na fidelidade e obediência do povo a Ele); era
“Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (veja uma indicação de que eles eram o povo de Deus (Êx
Gn 2.3, nota; cf. Êx 20.11). Isto indica que, a partir do 31.16-17). Sendo assim, o dia cristão de adoração
momento da Criação, Deus deu o exemplo de que, a (normalmente, o domingo) pode ser uma boa indi-
cada sete dias, um deveria ser uma fonte de benefício cação, para o mundo, de que pertencemos a Cristo
e alívio para todos, e não apenas para a raça judaica. e de que Ele é nosso Senhor. No Novo Testamento,
(2) Jesus nunca cancelou nem eliminou o princípio os cristãos dedicaram o primeiro dia da semana para
de um dia de descanso, Ele apenas condenou o uso adorar a Deus e comemorar a ressurreição de Cristo
extremamente indevido da lei pelos líderes judeus (At 20.7; 1Co 16.2).
(vv. 1-8; Lc 13.10-17; 14.1-6). Jesus disse que o dia (5) O sábado judeu foi consagrado por Deus como
do descanso nos foi dado para o nosso bem-estar, um dia santo – reservado a Ele (Gn 2.3; Êx 16.23;
1636 MATEUS 12
4 Como entrou na Casa de Deus e 15 Jesus, sabendo isso, iretirou-se dali,
comeu os pães da proposição, bque não e acompanhou-o uma grande multidão
lhe era lícito comer, nem aos que com ele de gente, e ele curou a todos.
estavam, mas só aos sacerdotes? 16 E jrecomendava-lhes rigorosamente
5 Ou não tendes lido na lei cque, aos que o não descobrissem,
sábados, os sacerdotes no templo violam 17 para que se cumprisse o que fora
o sábado e ficam sem culpa? dito pelo profeta Isaías, que diz:
6 Pois eu vos digo que está aqui dquem 18 Eis aqui o meu servo kque escolhi, o
é maior do que o templo. meu amado, em quem a minha alma se
7 Mas, se vós soubésseis o que significa: compraz; porei sobre ele o meu Espírito,
e
Misericórdia quero e não sacrifício, não e anunciará 16aos gentios o juízo.
condenaríeis os inocentes. 19 Não contenderá, nem clamará, nem
8 Porque o Filho do Homem até do alguém ouvirá pelas ruas a sua voz;
sábado é Senhor. 20 não esmagará a cana quebrada e
não apagará o morrão que fumega, até
A cura do homem que tinha uma que faça triunfar o juízo.
das mãos mirrada 21 E, no seu nome, os gentios esperarão.
(Mc 3.1-6; Lc 6.6-11)
9 E, partindo dali, chegou à sinagoga A blasfêmia dos fariseus
deles. (Lc 11.14-23)
10 E estava ali um homem que tinha 22 Trouxeram-lhe, então, um endemo-

Mt 15.22-31
uma das mãos mirrada; e eles, fpara acu- ninhado cego e mudo; le, de tal modo o
sarem Jesus, o interrogaram, dizendo: É curou, que o cego e mudo falava e via.
lícito curar nos sábados? 23 E toda a multidão se admirava e
11 E ele lhes disse: Qual dentre vós será dizia: Não é este o Filho de Davi?
o homem que, tendo uma ovelha, gse num 24 Mas mos fariseus, ouvindo isso,
sábado ela cair numa cova, não lançará diziam: Este não expulsa os demônios
mão dela e a levantará? senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
12 Pois quanto mais vale um homem 25 Jesus, porém, conhecendo os seus
do que uma ovelha? É, por consequência, pensamentos, ndisse-lhes: Todo reino
lícito fazer bem nos sábados. dividido contra si mesmo é devastado;
13 Então disse àquele homem: Estende e toda cidade ou casa dividida contra si
a mão. E ele a estendeu, e ficou sã como mesma não subsistirá.
a outra. 26 E, se Satanás expulsa a Satanás, está
14 E os fariseus, htendo saído, formaram dividido contra si mesmo; como subsistirá,
conselho contra ele, para o matarem. pois, o seu reino?
b
12.4 Êx 25.30; 29.32-33; Lv 24.5; 8.31; 24.9 c12.5 Nm 28.9; Jo 7.22 d12.6 2Cr 6.18; Ml 3.1 e12.7 Os
6.6; Mq 6.6-8; Mt 9.13 f12.10 Lc 13.14; 14.3; Jo 9.16 g12.11 Êx 23.4-5; Dt 22.4 h12.14 Mt 27.1; Mc 3.6;
Lc 6.11; Jo 5.18; 10.39 i12.15 Mt 10.23; Mc 3.7 j12.16 Mt 9.30 k12.18 Is 42.1; Mt 3.17; 17.5 1612.18 ou
às nações l12.22 Mt 9.32; Mc 3.11 m12.24 Mt 9.34; Mc 3.22; Lc 11.15 n12.25 Mt 9.4; Jo 2.25; Ap 2.23

20.11; 31.14; Is 58.13). Aqueles que dedicam um dia (6) Finalmente, o sábado judeu pode ser conside-
a cada sete são lembrados de que eles mesmos são rado como o compromisso de Deus com o seu povo,
consagrados, por Deus, como santos (isto é, moral- de que Ele realizará os seus propósitos para eles e de
mente puros, espiritualmente íntegros, separados do que Ele está constantemente disponível para atender
mal e devotados a Deus), ainda que o mundo à sua às suas necessidades. Ele está sempre aberto às suas
volta seja perverso e rebelde em relação a Deus (cf. orações e dedicado aos seus melhores interesses (cf.
Êx 31.13; 1Pe 2.9). Êx 31.13; Ez 20.12).
MATEUS 12 1637
27 E, se eu expulso os demônios por Árvores e seus frutos
Belzebu, por quem os expulsam, então, (Lc 6.43-45)
os vossos filhos? Portanto, eles mesmos 33 Ou dizeis que a árvore é boa e o seu

Lc 6.43-44
serão os vossos juízes. fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má
28 Mas, se eu expulso os demônios pelo e o seu fruto, mau; porque pelo fruto se
Espírito de Deus, oé conseguintemente conhece a árvore.
chegado a vós o Reino de Deus. 34 Raça de víboras, scomo podeis vós dizer
29 Ou como pode alguém entrar em boas coisas, sendo maus? Pois do que há em
casa do homem valente pe furtar os seus abundância no coração, disso fala a boca.
bens, se primeiro não manietar o valente, 35 O homem bom tira boas coisas do
saqueando, então, a sua casa? seu bom tesouro, e o homem mau do mau
30 Quem não é comigo é contra mim; tesouro tira coisas más.
e quem comigo não ajunta espalha. 36 Mas eu vos digo que de toda palavra
31 Portanto, eu vos digo: qtodo pecado ociosa que os homens disserem hão de
e blasfêmia se perdoará aos homens, mas dar conta no Dia do Juízo.
a blasfêmia contra o Espírito não será 37 Porque por tuas palavras serás justifi-
perdoada aos homens. cado e por tuas palavras serás condenado.
32 E, se qualquer disser r alguma
palavra contra o Filho do Homem, O milagre de Jonas
ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar (Lc 11.16,19-32)
contra o Espírito Santo, não lhe será 38 Então, talguns dos escribas e dos fa-
perdoado, nem neste século nem no riseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre,
futuro. quiséramos ver da tua parte algum sinal.
o
12.28 Dn 2.44; 7.14; Lc 1.33; 11.20; 17.20-21 p12.29 Is 49.24; Lc 11.21-23 q12.31 Mc 3.28; Lc 12.10; Hb 6.4,10; 1Jo
5.16; At 7.51 r12.32 Mt 11.19; Jo 7.12,52; 1Tm 1.13 s12.34 Mt 3.7; 23.33; Lc 6.45 t12.38 Mc 8.11; Jo 2.18; 1Co 1.22

12.28 O REINO DE DEUS. De modo geral, esta expres- (At 7.51). (2) Resistir ao Espírito resulta em extinguir
são se refere ao poder e autoridade supremos de Deus o fogo do Espírito (isto é, interromper e impedir a
sobre tudo e todos e aos seus propósitos e o seu modo obra que Ele deseja fazer, em nossa vida ou na igreja,
de vida – tanto na terra, no momento atual, como na 1Ts 5.19). (3) Extinguir o fogo do Espírito resulta em
eternidade (veja o artigo O REINO DE DEUS, p. 1638). um coração endurecido e insensível (Hb 3.8-13). (4) O
12.29 MANIETAR O VALENTE. Veja o artigo PODER coração endurecido resulta em uma mente corrupta
SOBRE SATANÁS E OS DEMÔNIOS, p. 1707. e pervertida, que não está aberta a Deus e que consi-
12.31 A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO. Blasfe- dera o bem como mal, e o mal como bem (Is 5.20; Rm
mar significa tratar Deus com desrespeito ou despre- 1.28). Quando esta atitude de coração chega a certo
zo, por meio de palavras ou atos. Frequentemente, ponto – um ponto do qual não há retorno, determi-
blasfemar envolve falar sobre ou contra Deus, como nado somente por Deus – o Espírito não tentará mais
se Ele não fosse Deus, ou até mesmo como se Ele conduzir essa pessoa de volta a Deus (cf. Gn 6.3; veja
fosse mau. Neste contexto, os líderes estavam dando Dt 29.18-21, nota; 1Sm 2.25, nota; Pv 29.1, nota), e sem
a Satanás o crédito pelos milagres que Cristo estava o incentivo do Espírito, as pessoas nunca serão capazes
realizando pelo poder do Espírito Santo. Em um sen- de vir por si mesmas até Deus ou de aceitar a sua verda-
tido mais amplo, a blasfêmia contra o Espírito envolve de (1Co 2.14). Para os que se preocupam com a possibi-
rejeitar continuamente e deliberadamente a obra do lidade de ter cometido o “pecado imperdoável”, o fato
Espírito Santo, incluindo o seu testemunho a respei- de que ainda reconheçam a necessidade do perdão e
to de Cristo, a verdade da sua Palavra e o problema que tenham o desejo de se afastar de seu pecado é
do pecado (cf. Jo 16.7-11). Aqueles que rejeitam e se evidência de que não cometeram o pecado imperdoá-
opõem à manifestação do Espírito em suas próprias vel. Qualquer pessoa que seja culpada desse pecado
consciências, na realidade se separam da única fonte não terá desejo de ser perdoada ou de se converter a
que pode conduzi-los ao perdão. O perigoso processo Deus (veja o artigo A APOSTASIA PESSOAL, p. 2301).
que leva à blasfêmia contra o Espírito é o seguinte: (1) 12.36 DIA DO JUÍZO. Veja o artigo O JULGAMEN-
Entristecer persistentemente o Espírito (isto é, resis- TO DOS CRENTES, p. 2128.
tir à sua orientação, fazendo algo que desagrada ou 12.37 POR TUAS PALAVRAS [...] JUSTIFICADO.
desafia a Deus, Ef 4.30) resulta em resistir ao Espírito Veja Lc 13.34, nota.

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