Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Caderno Da Discilplina Tecnologia Aplicada À Educação
Caderno Da Discilplina Tecnologia Aplicada À Educação
Tecnologia Aplicada
à Educação
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Ministro da Educação Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Aloizio Mercadante oliva Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Sandra Ramos de oliveira
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Narcio Rodrigues da Silveira Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério othon Teixeira Alves
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela Chefe do Departamento de Filosofia/Unimontes
Ângela Cristina Borges
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Maria ivete Soares de Almeida Antônio Maurílio Alencar Feitosa
Colaboradores
Bárbara Cardoso Albuquerque
Emiliano José Gregori
Kênia Tôrres Corrêa Ribeiro
Ludmilla Rodrigues de Souza
Naiara Vieira Silva
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Educação, comunicação e tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Mídia e educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Mídia-educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
A linguagem da mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
TIC: novas linguagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 Multimídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.3 Hipertexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.4 E-Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
O computador como recurso didático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a) dos Cursos de Licenciatura da UAB/Unimontes:
Nesta disciplina, com carga horária de 40 horas, procuramos lhe proporcionar uma visão ge-
ral sobre o uso das tecnologias na educação, fornecendo-lhe a base que fundamentará e motiva-
rá sua prática pedagógica de utilização das tecnologias, ao mesmo tempo em que explicaremos
o porquê do uso delas na escola.
Quando falamos da maneira como utilizamos cada ferramenta para realizar determinada
ação, referimo-nos à técnica. A tecnologia é o conjunto de tudo isso: a ferramenta e os usos que
destinamos a ela, em cada época.
É do conhecimento de todos que as tecnologias estão presentes em nosso cotidiano. De
fato, elas ampliam nossa visão de mundo, modificam as linguagens e propõem novos padrões glossário
e novas maneiras de ser e estar presentes e, consequentemente, proporcionam novas maneiras
Tecnologia: O conceito
de ensinar e apreender. Assim sendo, os futuros professores devem discutir e compreender seu está relacionado com a
papel nos processos de ensino e aprendizagem. produção de aparatos
Ensinar e aprender utilizando as tecnologias se torna um grande desafio. Dessa forma, os materiais ou intelec-
nossos objetivos nesta disciplina são: tuais suscetíveis de
oferecerem soluções
a problemas práticos
Objetivo Geral: de nossa vida cotidia-
• Possibilitar a análise teórico-reflexiva sobre a utilização das tecnologias da informação e co- na. É um construto
municação na educação. humano e ao humano
deve servir, median-
Objetivos Específicos: do interações com o
meio ambiente, com o
• Possibilitar aos acadêmicos: conhecimento e entre
• condições de construírem conhecimentos sobre o porquê e como integrar as tecnologias à os seres humanos (FIO-
prática educativa; RENTINI, 2000).
• integrar as tecnologias à prática pedagógica de modo criativo e inteligente para desenvol-
ver a autonomia e a competência dos estudantes e educadores, como usuários e criadores
dessas tecnologias e não como meros receptores;
• condições para que se tornem usuários críticos e criativos das tecnologias e não meros con-
sumidores das mesmas; e
• expressar-se por meio das novas linguagens, produzindo mensagens audiovisuais utilizan-
do as tecnologias.
Para tanto, neste Caderno Didático você encontrará o conteúdo das seis Unidades propostas
para essa disciplina nos cursos de formação de professores:
Unidade 1: Educação, comunicação e tecnologia
Unidade 2: Mídia e educação
Unidade 3: A linguagem da mídia
Unidade 4: TIC: novas linguagens
Unidade 5: O computador como recurso didático
Os autores.
9
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Unidade 1
Educação, comunicação e
tecnologia
1.1 Introdução
Caro(a) acadêmico(a), apresentamos a você a Unidade I da disciplina Tecnologia Aplicada à
Educação.
É nossa intenção levá-lo a refletir essa nova sociedade na qual estamos inseridos na con-
temporaneidade, compreender sobre os principais momentos históricos que contribuíram para
o momento atual em que o homem se vê tomado pela ciência e dono do seu destino, diferente-
mente de outras épocas em que Deus era o centro de tudo, e ainda, discutir o novo papel que a
tecnologia trouxe ao mundo com o fim das fronteiras e o avanço do processo de globalização.
Por isso, os nossos objetivos são:
• refletir sobre a “sociedade da informação”: limites, possibilidades e contradições; e
• discutir a relação entre educação, comunicação e tecnologia.
Nessa medida, o estudo proposto nesta Unidade encontraorganizado conforme apresenta-
do a seguir:
Unidade 1: Educação, comunicação e tecnologia
1.1 Introdução
1.2 Sociedade da Informação ou Comunicação?
1.3 Movimento Surrealista
1.4 O Pós 2ª Guerra Mundial
1.5 Globalização
1.6 Referências
Na discussão sobre o processo ensino-aprendizagem, esperamos contribuir com sua forma-
ção e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendido em sua prática pedagógica.
Bom estudo!
Os autores.
11
UAB/Unimontes - 2º Período
implicações das tecnologias na vida dos cida- o mundo. Aí surge uma nova geografia, o que
dãos, tentando entender o que se passa, ao in- chamamos de desterritorialização, que é o
DICA vés de fazer apenas um discurso a favor do uso novo espaço-tempo. Estamos perdendo a di-
Assista ao desenho da tecnologia. mensão do que é real e do que não é o nos-
animado Os Jetsons, Como podemos observar, o mundo con- so espaço-tempo. O mundo contemporâneo
produzido pela Hanna- temporâneo sofre transformações estruturais passa a ser um conjunto de imagens produzi-
-Barbera (EUA) na déca-
da de 1960, que retrata significativas. Tentem lembrar como era em das pelos meios eletrônicos de comunicação,
uma família do século sua infância a comunicação com um paren- fazendo com que estes meios tenham con-
XXI, com todos os apa- te ou um amigo que morava em uma cidade sequentemente, importância singular nesse
ratos julgados moder- mais distante. Ela tinha que ser feita por car- momento histórico. O filme The Matrix retrata
nos para a época. ta, o que demorava vários dias, ou por telefo- bem isso: um conjunto de imagens que vão
ne. Nem toda casa tinha telefone e, por isto, sendo produzidas onde a pessoa não sabe di-
era caro, além de difícil. Assim, as pessoas ferenciar o que é real do que não é.
GLOSSÁRIO ficavam vários dias, semanas, meses ou anos O que significa este mundo de comuni-
sem se comunicar. cação generalizada como a presença marcan-
Mass media: comuni- Então vale pensar nas transformações te dos meios de comunicação eletrônicos?
cação de massa (Barbo-
sa e Rabaça, 2001).
que estão ocorrendo no mundo. Esse proces- Segundo Vattimo (1996), significa emancipa-
so histórico de desenvolvimento da ciência e ção, que tem a ver com a possibilidade de de-
da tecnologia tem universalizado o homem senraizamento, a possibilidade de libertação
moderno, criando condições objetivas para das diferenças e da multiplicidade das racio-
que a gente possa ser ao mesmo tempo uni- nalidades locais. Esse é o objetivo dos meios
DICA versal e tribal. Como isso acontece? Tudo o de comunicação de massa: emancipar.
Assista ao filme The que acontece na outra parte do mundo, vi- Será que o uso das tecnologias tem ser-
Matrix, distribuído pela venciamos como se fosse conosco. Vejam, vido para essa emancipação? Emancipar em
Warner Bros., em 1999. por exemplo, o terremoto do Haiti, ocorrido qual sentido? No sentido de nos fazer pes-
em janeiro de 2010. Somos ao mesmo tem- soas autônomas, críticas, reflexivas, capazes
po universais, pois sabemos e vivemos o que de contribuir para a produção do bem co-
se passa no mundo inteiro, e tribais, pois sa- mum? O que de fato essas tecnologias têm
bemos e vivemos o que se passa em nossa possibilitado?
GLOSSÁRIO sociedade local, em nossa tribo. Vivemos no É aí que precisamos começar a pensar: o
mundo da comunicação generalizada, a so- que está por trás dessa sociedade da comuni-
Desterritorialização:
partindo da ideia de ciedade do mass media, com a multiplicação cação? O que está por trás do uso exacerbado
que território é um de valores locais. das tecnologias? Desse emaranhado de infor-
espaço de estabilidade E o que é a comunicação de massa? A te- mações?
e organização, a des- levisão e o rádio são meios de comunicação Vamos começar pela televisão. Os gru-
territorialização é uma de massa, ou seja, a informação é produzida pos de comunicação possuem várias emis-
ação de desordem, de
fragmentação para em um ponto e é distribuída para muitos ao soras de TV, como a TV Globo, o Futura e o
buscar encontrar novos mesmo tempo. Pessoas que geograficamente GNT, que é da Rede Globo, pertencente à fa-
saberes, menos insti- estão distantes dos grandes centros podem mília Marinho. O mesmo grupo detém vários
tuídos, adotando uma estar conectadas e terem acesso, ao mesmo meios, como a Globo Filmes, Globo Marcas,
percepção diferenciada tempo, ao que se passa no mundo, através de Globo Internacional, Globo Teatro, Jornal O
que está pronta para
descobrir novas ideias um noticiário de televisão. Globo, G1, etc.
além das previstas. Essa sociedade utiliza os meios de co- E se a gente fizer um recorte e analisar o
municação e estes, por sua vez, multiplicam Brasil, por exemplo? Quem domina a comu-
os valores da sociedade que produziu essa nicação no nosso país hoje? A Rede Globo
informação. Os meios de comunicação levam controla mais da metade do mercado televisi-
para as regiões atingidas valores que não são vo brasileiro. O Grupo Bandeirantes, o Grupo
PARA SABER MAIS locais. Folha, o Grupo Sílvio Santos e a Rede Record
Se o poder da comu- Segundo Paul Virilio e Rene Berger são os grupos que detêm o poder da comu-
nicação no Brasil está (1992), o desenvolvimento dos meios de nicação no Brasil através da televisão, rádio,
concentrado em pou-
cos grupos, qual seria
transporte, desde o final do século XIX, pro- jornal e Internet.
a implicação disso? moveu modificações no modo de viver de Esses grupos, além de terem o controle
Qual seria o risco dessa toda humanidade. O homem caminhava a pé, do que é divulgado, podem defender uma
dominação? depois a cavalo. Tempos depois, veio a inven- ideologia que acaba homogeneizando os
ção da roda. Esse movimento sugere a mo- pensamentos de um povo.
dificação. Hoje, deslocamos com muito mais Vamos pegar o exemplo do Movimento
facilidade. Estamos em nossa cidade e decidi- dos Sem Terra. Vocês já observaram como os
mos ir a Belo Horizonte, por exemplo. Pode- meios de comunicação noticiam as atividades
mos ir de carro, ônibus ou avião. Então, esse deles? São retratados como os baderneiros
ir e vir modifica a nossa forma de ser, de ver que estão tomando a terra de seus proprietá-
12
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
rios. São mostrados como aqueles que estão Observe, hoje, a correria pela informa-
invadindo e destruindo bens. Dificilmente, en- ção. Os profissionais da área querem trans-
contramos reportagens que mostram o outro mitir o mais rapidamente possível o ocorri-
lado do movimento, como a educação das no- do. Todas as redes querem chegar aos locais
vas gerações, enfim as experiências positivas. mais distantes possíveis para levar a informa-
Qual é o perigo de tudo isso? Quem de- ção em primeira mão. Será que é para poder
tém a comunicação, defende os interesses de manter, de fato, o cidadão bem informado?
uma determinada classe. E que classe é essa? Vivemos em uma sociedade planetária,
A classe dominante, que detém o poder. Noti- com a circulação da informação se constituin-
DICA
ciam de forma pejorativa aquilo que vai con- do em um dos pilares básicos, referenciados
tra essa classe e, pior, acabamos formando por imagens que são produzidas ininterrup- Acesse o canal Tecno-
logias Educacionais no
nossa opinião sobre determinados assuntos a tamente e que circulam por todo o mundo
Youtube, através do
partir dessas notícias. quase que incessantemente. endereço eletrônico
O que está por trás da comunicação de A sociedade do mass media, que é a so- http://www.youtube.
massa? Há o interesse das indústrias de equi- ciedade da comunicação, está introduzindo com.br/tecnologiase-
pamentos, da eletrônica, informática, telefô- modificações profundas no conjunto de valo- duc, assista ao vídeo 11
de Setembro e analise
nica, cabo, satélites, alimentos, farmacêutica, res da humanidade, estabelecendo uma nova
como um fato se proli-
entretenimento e comunicação. Esse conjun- ordem com consequências ainda não plena- fera pelo mundo afora
to de indústrias faz com que a tecnologia vá mente identificadas. Nós ainda não temos em um curto espaço de
se aperfeiçoando cada vez mais, aumentan- consciência das implicações que isso pode tempo.
do a possibilidade de comunicação. Além de nos trazer. Temos que pensar nas modifica-
comunicar, há também a possibilidade de ções que nos chegam. Há relatos de profes-
influenciar e de manipular. Há uma intenção sores que, ao ministrarem suas aulas em uma
velada por trás. As imagens são lançadas e comunidade do Norte de Minas Gerais, as
recebidas cotidianamente em praticamente crianças cobriam as cabeças como fazem os
todos os lugares do mundo com intermédio bandidos do Rio de Janeiro, quando não que-
dos novos avanços e recursos tecnológicos. rem ser identificados. Brincavam desta forma
Computadores, televisores, vídeos, tele- por terem acesso a esse tipo de informação.
fones, satélites, cabos e novos equipamentos As ciências, as artes, o lazer e as técnicas
são aperfeiçoados e desenvolvidos, estimu- estão se transformando, colocando em crise
lando-se o uso mais integrado e global des- os valores que constituíam a base da socie-
ses recursos. Surge, então, a multimídia, um dade moderna. Vivemos em um momento de DICA
novo conceito que engloba universo visual. O crise desses valores. O que pode e o que não Acesse o Canal Tecno-
que é multimídia? É a tecnologia capaz de jun- pode, o que é e o que não é. logias Educacionais no
tar som, imagem e movimento. O rádio é um No final do século XIV, a sociedade, com o Youtube, através do
endereço eletrônico
meio que só utiliza o som. A televisão uniu o renascimento cutlural, viveu uma crise na pas- http://www.youtube.
som à imagem e, hoje, a computador, junta- sagem da Idade Média para a Era Moderna. O com.br/tecnologiase-
mente com a Internet, une o som, a imagem e mundo na Idade Medieval era teocêntrico. Só duc e assista ao vídeo
a possibilidade de podermos interferir. era verdade aquilo que era definido por Deus, intitulado “Repórter do
Fantástico sobrevoa
O que aconteceu no mundo no dia 11 de segundo a Igreja Católica, que determinava os
vulcão que entrou em
setembro de 2001? O atentado às Torres Gê- valores da convivência humana. Deus definia erupção na Islândia,
meas. A notícia do atentado chegou em pou- o plano religioso, filosófico e artístico. As pes- FANTÁSTICO 18 04
cos minutos a todo o mundo. Os meios de soas que desafiavam esse plano eram punidas 2010”. Veja os riscos
comunicação fizeram com que esse fato fosse com a Inquisição. Grande exemplo disso foi que o repórter Flávio
Fachel correu para mos-
divulgado de forma instantânea, em tempo Giordano Bruno, um frade que resolveu de-
trar o perigoso vulcão
real. fender a teoria de que o universo era infinito e, em atividade.
Esse exemplo é para lhes mostrar que por isso, havia uma nova visão de homem. Um
o aperfeiçoamento e desenvolvimento des- dos pontos chaves de sua teoria é a cosmolo-
sas tecnologias estão estimulando, cada vez gia, segundo a qual o universo seria infinito,
mais, o uso integrado das mesmas e isso faz povoado por diversos sistemas solares e que
com que o mundo possa estar conectado haveria vida inteligente nesses sistemas. Isso
globalmente, ao vivo. Então, o que aconte- foi uma heresia contra a Igreja, pois ela de-
cer do outro lado do mundo, todas as redes fendia que só existia um sistema solar, um só
de comunicação noticiarão em questão de Deus e um só mundo.
minutos e isso se torna de conhecimento de Por volta do século XIV, o homem, então,
toda a população mundial. Se por um lado passa a ocupar o centro do universo. Surge
isso traz a notícia, forma-se também opiniões um movimento de busca pelo novo, rompen-
massificadas a respeito. No caso do atenta- do com o passado e visando à construção de
do às Torres Gêmeas, o mundo todo virou-se um mundo centrado numa cultura mais hu-
contra os muçulmanos. manística. Inaugura-se a Era Moderna, que
13
UAB/Unimontes - 2º Período
vai adquirindo uma nova feição, dando um levando-o consigo, trazendo um outro mun-
PARA SABER MAIS novo contorno e rompendo com os valores do. Tudo isso possibilita essa mudança que
da época. vivemos hoje. Novos elementos passam a ser
O Youtube, site de Nas artes, a imitação dos modelos foi incorporados na história da humanidade, fru-
compartilhamento
de vídeos, completa substituída pelo culto ao novo, pela busca do tos do desenvolvimento e da técnica, da mo-
5 anos de existência e diferente daquilo que representava o mun- bilidade que o homem passa a viver. Temos
está presente em mais do artístico de antes. Até a Idade Média, a assim por exemplo, o telégrafo, o telefone, a
de 200 países. A cada arte era a capacidade de imitar. Quanto mais fotografia e o cinema, que começam, especi-
minuto, 24 horas de ví- próximo ao real, mais importante seria e na ficamente, a impulsionar e dar origem a esse
deos são postadas e há
cerca de 2 bilhões de Era Moderna rompe-se com esse modelo da mundo midiático.
visualizações por dia. imitação. A arte passa a criar o novo. Olhar e Quando se fala em desenvolvimento
criar as coisas a partir da minha interpretação. tecnológico, centra-se muito no computador
Na ciência, o mundo sai do teocentris- e na Internet. Mas percebemos que esse pro-
mo, da interpretação de Deus e passa a valo- cesso começou no século XIV, na passagem
rizar o uso da razão. A ciência passa a criar o da sociedade medieval para a moderna, ace-
GLOSSÁRIO chamado método científico, que é a capaci- lerando, a partir do século XIX, com a Revo-
Teocêntrico: Deus no dade de comprovar as hipóteses. Temos um lução Industrial, o marco do desenvolvimento
centro de tudo. problema, levantamos as possíveis respos- da máquina a vapor em 1848, e a partir do
Heresia: Doutrina que tas para esse problema e o testamos. Como surgimento de novas tecnologias. Uma tec-
se opõe aos dogmas da acontece esse movimento? Através do pro- nologia que também possibilitou o avanço
Igreja. Ato ou palavra cesso de experimentação e experiência. Isso foi o daguerreótipo, máquina que possibili-
ofensiva à religião.
rompeu com a interpretação teocêntrica. tou a primeira reprodução das imagens. Qual
Na política, a modernidade vai se carac- a ideia que a gente tinha de arte? Apenas de
terizar pela presença marcante do Estado e algo pintado pelos artistas.
uma economia baseada numa organização No final do século XIX e início do sécu-
DICA hierarqui-zada, tendo como centro a produ- lo XX vamos viver um momento especial de
ção de bens físicos, pela utilização da ener- efervescência social, científica e cultural. Em
Reveja a discussão so-
bre ciência no Caderno gia e a existência de uma força de trabalho 1905, Albert Einstein anuncia os primeiros
Didático de Iniciação desqualificada. Até então, quem comandava resultados da Teoria da Relatividade. O que
Científica, trabalhado era a monarquia, o poder era passado de pai ele defende? Que tudo é relativo, que nada é
no 1º período do seu para filho. O que a gente percebe? Uma mu- verdade absoluta, o que é hoje amanhã pode
curso. dança nesse modelo a partir da Revolução não ser mais, e isso faz com que a gente co-
Francesa. mece a pensar de uma forma diferente. Em
A economia que estava voltava para as- 1912, temos a difusão do rádio; em 1913, a in-
pectos de pequenos negócios começa a cres- trodução do conceito de linha de montagem
cer. Mais à frente vamos perceber as implica- na produção de automóvel.
ções disso. A busca pelo novo e o rompimento Qual é a contribuição desse conceito de
com o antigo implicou, evidentemente, na linha de montagem? Até então, o movimento
valorização de um sentido especial para a his- de produção era artesanal. O que seria, en-
PARA SABER MAIS tória, ou seja, o que marca a passagem da Ida- tão, um movimento artesanal? Vamos pegar,
de Medieval para a Era Moderna? É que, justa- por exemplo, a confecção de uma calça. A
O daguerreótipo foi
criado por acaso. mente, tudo passa a se centrar no homem. costureira corta o pano, costura, coloca o zí-
Louis Jacques Mandé A Revolução Industrial, no século XIX, per e faz a barra. Para fazer tudo isto, ela de-
Daguerre, seu inventor, com o desenvolvimento da máquina a va- morava, aproximadamente, um dia.
apanhou uma chapa por em 1848 e, posteriormente, dos motores Com o surgimento da linha de monta-
revestida com prata elétricos de combustão, introduzem novas gem na produção, há um setor que corta,
e sensibilizada com
iodeto de prata que, variáveis ao mundo moderno, com repercus- outro que costura, outro que coloca o zíper e
apesar de exposta, não sões de grande impacto. Possibilitou o deslo- outro que faz a barra, ou seja, a matéria-pri-
apresentara sequer ves- camento das pessoas de forma mais rápida. ma vai passando de setor em setor. Assim, ao
tígios de uma imagem. Essa possibilidade de fazer com que pudés- invés de produzir uma calça por dia, pode-se
Ele a guardou, displi- semos sair de um lugar e ir a outro teve um produzir cem calças. Qual a vantagem? Quan-
centemente, em um
armário. Ao abri-lo, no enorme impacto no cotidiano e na forma tidade maior do produto, gerando mais lucro.
dia seguinte, encontrou como vivemos agora. Qual a consequência desta linha de
sobre ela uma imagem O que causou todo esse desenvolvimen- montagem? O trabalhador que corta só vai
revelada, a primeira to científico? A descoberta, pelo homem, de saber cortar. O que costura só vai saber cos-
fotografia. que ele pode se deslocar de um lugar para turar. Assim, o trabalhador perde a dimensão
outro com maior facilidade e, cada vez que do produto, do valor do seu trabalho. Ocorre
ele se desloca, descobre um novo mundo, a alienação do trabalhador.
14
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
15
UAB/Unimontes - 2º Período
da mensagem, mais tende a aumentar a ve- produção de imagens passa a ser um dos ve-
locidade dos vetores telêmicos, mais a área tores mais significativos.
DICA de nosso deslocamento tende a se expandir O homem é o sujeito que produz infor-
Assista ao filme A e mais se expande a área de transmissão das mação, mediado pelas tecnologias. Assim te-
Terceira Onda (1981), mensagens. Quanto mais aumenta a trans- mos que pensar: o que seria verdade nas infor-
baseado no livro de
missão de mensagens, mais se desenvolvem mações que recebemos?
Alvin Tofler, que fala
sobre o fim da era os vetores telêmicos, ou seja, os meios que Precisamos refletir sobre dois aspectos
agrícola, o sepultamen- nos conduzem a esse deslocamento e quanto acerca da famosa Era da Informação: a impor-
to do industrialismo e mais aumenta nosso deslocamento, mais se tância e as implicações dos meios de comu-
o surgimento de uma expande a transmissão das mensagens. Assim, nicação e as implicações dessa cultura globa-
nova civilização.
a explosão dos meios de comunicação trans- lizada em nossas vidas. Percebemos, então,
forma-se num conceito superado a partir das que os consumidores dos meios de comuni-
multiplicidades e possibilidades de contar his- cação estão se sentindo cidadãos do mundo,
tórias, colocando em crise os metarrelatos, a muito mais do que do seu próprio país. Mas,
ideia de progresso e de evolução. Esse conjun- ao mesmo tempo, estão se sentindo solitários
to de transformações coloca a modernidade e a vida começa a ficar ameaçada com a nos-
no seu limite histórico e aponta uma mudança sa identidade pessoal. O individualismo se so-
PARA SABER MAIS no modo de produção dos paradigmas. O ho- brepõe, abalando o nosso histórico conceito
mem deixa de ser o centro e a informação, a de comunidade.
O momento em que
vivemos agora não tem
Deus como centro, nem
1.5 Globalização
o homem. A informa-
ção é o centro. Sendo
assim, quem produz a
informação? Quem dis-
tribui essa informação?
Quem é que comunica? O regime capitalista vive hoje a economia oliberal, que defende que o mercado é quem
de mercado. Vivemos na chamada globaliza- define a economia mundial e não mais o Esta-
ção, que surgiu nos séculos XV e XVI, com as do ou o povo. Qual o papel do Estado, então?
grandes navegações, quando o homem des- Regulamentar decisões do mercado. Algumas
cobriu que poderia se deslocar de um conti- nações como China e Cuba resistem a esse ide-
nente para o outro, abrindo um novo mundo al. E os modos de comunicação? A telemática,
de possibilidades e outras maneiras de viver. tecnologia de satélite, capacidade de armaze-
O processo de globalização se instaura quan- namento dos bancos de dados ampliam a ca-
do o homem volta para o seu continente de pacidade de produção, acumulação e veicula-
origem, trazendo novas visões. Dessa forma, o ção de dados e informação.
processo de globalização não é algo tão novo Essa globalização da economia atinge de
DICA assim. Ele representa um processo de larga forma direta o mundo da cultura. Os bens sim-
Acesse o site: duração, com ciclos de retração, de ruptura, bólicos difundidos através dos filmes, progra-
http://veja.abril.com. de orientação, em que antigos costumes mes- mas de TV, rádio, livros, revistas e jornais ali-
br/idade/exclusivo/ clam-se com os novos. Na verdade, estamos mentam o imaginário da maior parte dos seres
conheca_pais/china desde o século XIV nesse processo de interli- humanos de todas as raças, religiões e poder
e conheça a China, a
2ª maior economia do
gar as culturas num enriquecimento do siste- aquisitivo.
mundo, ficando atrás ma capitalista. Observem as novelas. As residências do
apenas dos Estados Quais as características econômicas da núcleo pobre delas possuem em suas casas
Unidos. Discuta no globalização? As relações econômicas do televisão, geladeira, micro-ondas e telefone
Fórum as impressões mundo globalizado são moldadas pelas exi- celular. As pessoas de classe menos favorecida
sobre este país.
gências das empresas, corporações ou con- assistem às novelas e acreditam que em suas
glomerados multinacionais ou planetários. casas também precisam ter esses produtos
Existem grandes indústrias que comandam para viver. Resultado: um consumo desenfre-
e controlam o mundo e a maioria delas estão ado, imposto por um modelo que afeta nosso
nos Estados Unidos. Elas definem a maneira modo de viver.
de ser e de estar do cidadão, só que não per- A revolução tecnológica tem importante
cebemos isso. Quem nos conduz, quem define papel nesse processo de mudança econômi-
o que vamos vestir e consumir são as empre- co-ideológico-cultural do mundo contem-
sas multinacionais. As relações econômicas porâneo. É ele quem designa este momento
são definidas a partir desses conglomerados, histórico de Era da Informação. A revolução
dessas corporações. Em relação à política, o não é só o conjunto dos instrumentos técni-
ideal neoliberal é reafirmado como a única cos disponíveis ou a capacidade de produzir,
opção possível. Ninguém mais ouve falar do armazenar e distribuir dados, mas é o próprio
socialismo. Ouve-se falar apenas no ideal ne- uso político desse processo. Enquanto a revo-
16
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
lução tecnológica garante a produção, arma- as empresas. Ela é permanente porque as re-
zenamento e difusão de informações, as rela- des de informação estão disponíveis vinte e PARA SABER MAIS
ções econômicas e o ideário neoliberal fixam quatro horas por dia. É imediata porque a atu-
Faça uma análise dos
os códigos que possibilitam o acesso à leitura alidade das notícias garante aos consumidores produtos adquiridos
e ao aproveitamento dos bens materiais e sim- a sensação e o sentimento ímpar de serem por você no último ano.
bólicos. É a fome com a vontade de comer. contemporâneos de seu mundo, e é imaterial Reflita sobre a real ne-
Enquanto a Era da Informação incute em nós porque o objeto de comunicação é virtual, cessidade de cada um.
Reflita, por exemplo,
valores através dos meios de comunicação, substituindo muitas vezes a realidade. Quando
a necessidade de se
dizemos o que é certo ou o que é errado pelo falamos de comunicação, temos que pensar adquirir um novo mo-
que é difundido pelos meios de comunicação. nesses quatro atributos. delo de celular. Para ter
Quais são os múltiplos efeitos da Era da Quais condições são criadas para que qualidade de vida, será
Informação? Como a revolução tecnológica essa rede, cada vez mais, possa se consolidar? que precisamos mesmo
possuir 10, 20, 30 pares
faz para garantir sua legitimidade social nos A implantação de infraestrutura de natureza
de sapato ou buscar
mecanismos da Era da Informação? É o que técnica, a formação de alianças entre Estado e de forma incessante
o Ignácio Ramonet, citado por Soares (1996), empresariado e a busca de legitimação social aquele carro do ano?
defende: a imposição da sociedade, o que dos meios de comunicação. Se assistirmos à
a gente chama de ditadura do pensamento programação diária, percebemos que, cada
único. O que seria essa ditadura? É uma soma vez mais, cada meio de comunicação quer
grande de valores e conceitos que são repro- criar um canal para que a população possa
duzidos de uma forma exaustiva. Uma forma se comunicar e transferir para esse meio a so-
que nos leva a internalizar esses valores e pas- lução dos problemas e a concessão por parte PARA SABER MAIS
samos, assim, a achar que o que diz essa dita- dos consumidores da legitimidade persegui-
Vários programas de
dura é verdade, que é o padrão, que tem que da. Hoje não nos dirigimos mais ao poder pú-
televisão ganham
ser copiado por todos nós ou que tem que ser blico para resolver nossos problemas. Procura- audiência pautados
eliminado. Quem é que difunde isso? Quem mos os meios de comunicação para denunciar pelas mazelas de nossa
determina como devemos ser, o que deve- nossos problemas com o Estado. Quem nunca sociedade. O precursor
mos pensar ou como devemos agir? São os foi a algum hospital e, na espera da enorme no Brasil foi o programa
Aqui e Agora, do SBT.
meios de comunicação, a mídia, o conjunto de fila para atendimento, não ouviu alguém dizer
Se alguém tinha algo a
meios, o rádio, a televisão, a Internet e o jornal que chamaria a televisão para esse hospital? O reclamar era só chamar
impresso. Um produto é divulgado por vários principal efeito da incidência das novas mo- o Aqui e Agora que
desses veículos, tendo vários tipos de propa- dalidades de comunicação reside na própria ganhava voz em rede
gandas, com a mesma mensagem em ambas. concepção de espaço (onde estou?) e na bus- nacional. O programa
já não está mais no
Às vezes, achamos linda a mensagem porque ca de referências (quem sou?). Estamos todos
ar, mas vários outros
tem um ator famoso que faz a propaganda, fa- buscando, neste momento, nossa identidade. assumiram o seu lugar:
zendo-nos acreditar que é a melhor opção do Queremos nos encontrar neste mundo vir- Programa do Ratinho,
mundo. Acabamos não percebendo o que há tual. Estamos passando por um processo de Brasil Urgente, Balanço
por trás disso tudo. desterritorialização. O que seria isso? Significa Geral, etc.
Outro conceito fundador da nova Era dissolver ou deslocar o espaço e o tempo. Os
pode ser expresso: “é preciso comunicar”. Essa indivíduos não sabem mais onde estão, para
substituição da ideologia do progresso pela onde se encaminham, quais as ideias que ti-
ideologia da Informação levou os dirigentes nham, têm ou poderiam ter, nem o que são.
políticos a substituir os objetivos sociais de pri- Rompem-se os significados de conceitos, ca-
DICA
meira instância (ideias republicanas de “igual- tegorias, leis e interpretações codificadas nas Acesse o site www.
dade” e “fraternidade”) por plataformas virtu- noções de sociedade civil, estado nacional, yahoo.com.br/tecn-
logiaseduc, clique no
ais sustentadas pela propaganda globalizada povo, cidadão, cidadania, classe social, gru- Programa Datena –
ou pelo marketing político. Então, percebe-se po étnico, movimento social, partido político, Parte 1 – Enchente em
que hoje os governos colocam à disposição corrente de opinião pública, diversidade, desi- São Paulo e veja um
do cidadão o site eletrônico do governo, onde gualdades e antagonismos. exemplo dessas denún-
podemos reclamar e acompanhar os proces- Esse processo não é uníssono e nem uní- cias da televisão.
sos e solicitações. Ao invés de lutar por esses voco. Na verdade, o que a gente percebe? É
ideais de fraternidade e de igualdade, o que que as tribos e as sociedades não se dissol-
os governos estão fazendo? Desenvolvendo vem, mas vão se recriando. Por exemplo: no
canais que ”facilitam” a comunicação do cida- movimento dos nazistas, resolve-se criar uma
dão. Mas será que, de fato, esses canais melho- sociedade “pura” e, assim, exterminar os ju-
ram a vida do cidadão? Temos que pensar nos deus. Mas, será que os ideais de Hitler não
atributos universais da Era da Informação. Ela continuam presentes na nossa sociedade
é planetária. Hoje eu comunico com qualquer quando rejeitamos o negro, o mulçumano ou
pessoa em qualquer parte do mundo. Existe quando desconfiamos de outro ser humano
um investimento no desenvolvimento dessas ou quando criamos os nossos grupos e defen-
redes que conectam as pessoas, os estados e demos nossos interesses? Exemplo disso são
17
UAB/Unimontes - 2º Período
Referências
BERGER, Rene. Il nuovo golem- Televisione e media, tra simulacri e simulazione. Milão: Raf-
faello Cortine, 1992
FIORENTINI, L. M.; MORAES, R. A. Curso UniRede de Formação em EAD. Módulo 1. In: UniRede.
Disponível em http://nead.ufpr.br/uni/modulo1/intro_unid_1.html.
JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas
comunicacionais com a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.
PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas, SP: Papirus, 1996.
VIEIRA, Fábia Magali Santos. Ciberespaço e educação: possibilidades e limites da interação dia-
lógica nos cursos online da Unimontes Virtual. Faculdade de Educação. Universidade de Brasília,
2003. 128 p.
18
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Unidade 2
Mídia e educação
2.1 Introdução
Nesta Unidade, convidamos você, acadêmico(a), a discutir sobre Mídia e Educação. Atual-
mente, as crianças passam mais tempo em frente à televisão ou ao computador do que na escola
ou com a família. Mesmo na escola, elas estão passando grande parte do tempo diante do com-
putador. Ao sair na rua, podemos observar os outdoors na cidade com propagandas das escolas,
anunciando os laboratórios de informática, como um grande diferencial qualitativo. As escolas,
hoje, estão investindo em tecnologia. Elas estão usando e trazendo para a escola a tecnologia
para atrair as crianças e, com isso, é preciso refletir sobre o papel do educador.
Segundo Moran (2001), todos nós somos educados pela mídia. Sendo assim, o que compre-
endemos como mídia? É o conjunto dos meios de comunicação, portanto, o rádio, a televisão, a
Internet, o jornal e as revistas são meios de comunicação. A esse conjunto de meios, chamamos
de mídia. Quando falamos que alguém está na mídia, ela está no jornal, na televisão, no rádio ou
na revista. Quando Moran diz que somos todos educados pela mídia, ele quer dizer que ficamos
a maior parte do tempo diante da televisão ou do computador, tendo nossas opiniões formadas
por esses meios de comunicação.
O que podemos fazer, então? Qual é o papel da educação nesse processo? Veremos que a
televisão traz valores como, por exemplo, a questão da conscientização de preservação do pla-
neta. Algumas campanhas transmitem uma mensagem contra as drogas, mas é perceptível que
algumas coisas, ao invés de educar, fazem o contrário. Portanto, qual é o papel da educação nes-
te processo? Hoje, falamos na questão de mídias e educação. Qual seria o papel da mídia e da
educação? A mídia é um segmento da educação, é uma linha dentro do processo educacional
que tem a função de cuidar dessa educação pela mídia e da educação para a mídia. Sendo assim,
nossos objetivos nesta Unidade são:
• identificar as características da comunicação pela mídia;
• compreender a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar dos cidadãos;
• possibilitar aos acadêmicos condições para que se tornem usuários críticos e criativos das
tecnologias, e não meros consumidores das mesmas.
Desta forma, o estudo encontraassim organizado:
Unidade 2: Mídia e educação
2.1 Introdução
2.2 A presença da mídia
2.3 Mídia-educação
2.4 Referências
Assim, esperamos contribuir com sua formação e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendizado em
sua prática pedagógica.
Bom estudo!
Os autores.
19
UAB/Unimontes - 2º Período
ção entre textos, imagens e sons no mesmo Com a chegada do computador e, prin-
tempo e espaço, em condições abertas e de cipalmente, com o avanço da Internet, a audi-
baixo custo, muda consideravelmente a comu- ência pôde se libertar e se manifestar. A tecno-
nicação e, consequentemente, a cultura. logia digital permitiu, além da compactação e
Segundo Castells (1999, p. 353), a difu- transmissão de todos os tipos de mensagens,
são da televisão, após a 2ª Guerra Mundial, inclusive sons, imagens e dados, formando
alterou a estrutura e a organização dos meios uma rede capaz de comunicar todas as espé-
de comunicação, que foram adaptados para cies de símbolos para qualquer parte do mun-
atender as audiências televisivas. O sistema do, que tenha acesso a uma linha telefônica, a
dominado pela televisão, por enviar uma men- possibilidade de o usuário navegar por mares
sagem similar de alguns emissores para uma nunca antes navegados, através do hipertexto.
audiência de milhões de receptores ao mesmo Tais avanços têm alterado também as for-
tempo, constituiu-se em um meio de comuni- mas de aprender e de ensinar em todas as so-
cação de massa. ciedades. Diante dessas perspectivas, é impor-
Vivemos em um ambiente de mídia. A tante compreender, como educadores, como
maior parte de nossos estímulos simbólicos os sujeitos se apropriam das novas tecnologias
vem dos meios de comunicação. Somos fun- educacionais que o avanço tecnológico vem
damentalmente informados pelos meios de colocando a nossa disposição, e como as insti-
comunicação, sendo a televisão o principal de- tuições escolares, principalmente aquelas que
les e agora, também, a Internet. se dedicam à educação virtual, vão se apro-
Para Castells (1999, p. 362), “a mídia é a priando destes instrumentos e integrando-os
expressão de nossa cultura e nossa cultura às suas práticas.
funciona principalmente por intermédio dos Do ponto de vista educacional, por mui-
materiais propiciados pela mídia”. Enquanto o to tempo, a televisão foi julgada e condenada
processo de comunicação se efetiva através da pelos malefícios que traria às novas gerações.
interação emissor/receptor para interpretação Seu caráter antieducativo foi cantado, em
da mensagem, a televisão, como um grande “prosa e versos”, por milhões de educadores
meio de comunicação, caracteriza-se por ser nestas últimas décadas. Acusada de ser a cul-
um sistema de mão única, que não possibilita pada por muitos males que afligem a socieda-
dica a interação. de, desde crimes violentos ao desinteresse pe-
Apesar da audiência maciça, a televisão los estudos, foram propostas como punição, a
Acesse o Canal no You-
tube, www.youtube. tem determinado uma audiência segmentada e censura, o seu desligamento e até tirá-la do ar.
com.br/tecnologiase- diferenciada, uma vez que a mesma não é um Como disse Moran (2001), “somos todos
duc, clique no vídeo objeto passivo e não é recebida por todos os educados pela mídia, embora não somente
Comercial Havaianas telespectadores da mesma forma e ao mesmo por ela”, sendo assim, deve ser na escola que
com Marcos Palmeira tempo. Os estudos de Youichi, citado por Cas- podemos e devemos compreender e incorpo-
- Roda de Samba e dis-
cuta com seus colegas tells (1999, p. 364), demonstram que existe uma rar a linguagem da mídia, desvendando seus
sobre a alienação suge- evolução de uma sociedade em massa para códigos, suas possibilidades expressivas e pos-
rida no comercial. uma sociedade segmentada, resultante das no- síveis manipulações. A partir do estudo sobre
vas tecnologias de comunicação que enfocam a mídia, podemos desenvolver habilidades
a informação especializada, diversificada, tor- para compreender seus processos comunica-
nando a audiência cada vez mais segmentada cionais e persuasivos, resistir a eles quando for
por ideologias, valores, gostos e estilos de vida. o caso e utilizá-los como colaborativos.
2.3 Mídia-educação
Como já dissemos anteriormente, a mí- Por trás de uma simples roda de samba
dia nos educa e influencia nossa maneira de há uma mensagem que impõe, sutilmente,
ser, de pensar e de comportar. Assim sendo, a ditadura do pensamento único: nós temos
também devemos ser educados para utilizá que pensar em roda de samba, na farra. Não
-la, e é exatamente nisso que a nossa socie- devemos pensar no aquecimento global, não
dade está falhando: nós somos educados pela podemos discutir política e não podemos
mídia, mas não educamos para a mídia. Re- refletir sobre a atual conjuntura do proces-
centemente, foi veiculada nos canais de tele- so econômico do País. Querem nos induzir a
visão a propaganda das sandálias Havaianas. pensar em outras coisas. Não se vê, no Brasil,
Além de nos convencer a comprar o produto, nenhuma propaganda na televisão propondo
qual a mensagem da propaganda? uma análise sobre a questão econômica, so-
20
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
bre as influências das multinacionais no País. diminuir o volume utilizando o controle. Com
As propagandas, os programas de entreteni- um ano de idade, ela ganha uma carrinho de
mento, os filmes e as novelas desviam a nossa controle remoto. Com dois anos, ela ganha
atenção para outras questões menos relevan- um videogame. Assim, elas se tornam nativas
tes. Induzem-nos a pensar que discutir ques- digitais, pois já nascem utilizando a tecnolo-
tões importantes é cansativo e desgastante. gia.
Acabam nos influenciando a fazer coisas de Observem as crianças das mais diferentes
importância menor, como ir para uma roda classes sociais. De que elas brincam? As crian-
de samba, tomar cerveja, refrigerante ou ir à ças de classes economicamente favorecidas
praia. Entretanto, é preciso refletir esse tipo possuem computadores de última geração
de questão. Estamos expostos à mídia. Muitas em casa, conectados à Internet. As crianças
vezes, a mídia, com suas propagandas, aca- de classe economicamente desfavorecidas
bam nos ludibriando e, nesse processo, aca- frequentam diariamente Lan Houses e Tele-
bamos ficando alienados e impotentes. centros e utilizam com grande habilidade os
Os modos de acesso ao conhecimento, recursos mais avançados e sofisticados da in-
no futuro, são difíceis de serem imaginados. formática.
Por exemplo, o desenho dos Jetsons, na dé- É preciso entender como as crianças se
cada de 70, eram futurísticos e inalcançáveis. apropriam da informação. Como as mesmas
Porém, hoje, as tecnologias futurísticas do de- são processadas e de que maneira transfor-
senho são atuais, apesar da tecnologia da in- mam essa informação em conhecimento. Não glossário
dústria mundial estar em constante evolução. se pode perder de vista as finalidades da edu- Autodidaxia: É a capa-
Não podemos imaginar o que acontecerá em cação, que é formar cidadãos para exercer sua cidade que possui um
termos de evolução na próxima década. cidadania. Assim, é preciso distinguir indiví- indivíduo de aprender
sozinho, sem apoio
Assim, perguntamos: o que você, como duo de cidadão. humano.
professor(a), pode fazer para mudar esse ce- Portanto, o que é educar? Para Paulo Do latim medieval
nário? Centrar nos seus alunos e, tendo em Freire, educar é um processo de hominização, individuus (indivisível),
vista que eles serão os cidadãos do futuro, que leva o indivíduo à condição de sujeito. O que é formado de in +
deve prepará-los para que eles possam com- que é ser sujeito? É aquele que tem consciên- dividuus. O vocábulo
dividuus vem de divi-
preender o que está acontecendo e partici- cia social. Então, cidadão é um sujeito porque dere (dividir).
pem efetivamente dessa sociedade. tem consciência social. Essa consciência nos
Para centrar nesses usuários, é necessá- permite compreender onde estamos, quem
rio entender a autodidaxia de forma a ade- somos, para onde vamos, de onde viemos
quar métodos e estratégias de ensino. Cada e, principalmente, compreender o proces-
pessoa tem uma maneira de aprender. Cada so no qual estamos inseridos. Assim, a nossa
um interpreta o mundo de acordo com suas consciência deveria nos possibilitar, diante da
experiências. É preciso que se tenha a per- compra de um produto, refletir sobre a real
cepção de como os alunos aprendem e nesse necessidade do mesmo ou se é o produtor
processo deve-se adequar as estratégias e os que está me instigando a comprá-lo.
métodos de ensino. Não podemos nos es- Assista um canal da TV aberta, domingo,
quecer de que as novas gerações são nativas à noite, por exemplo. Quem, normalmente,
digitais, enquanto a maioria dos professores está à frente da TV, no domingo à noite? A
são imigrantes digitais, ou seja, estão apren- família. Então, observe que as propagandas
dendo a usar a tecnologia para se comunicar. são, em sua maioria, direcionadas à família. Há dica
As crianças, atualmente, já nascem sabendo uma disputa, invisível, entre as lojas de ele- Acesse o site http://
utilizá-la. Observem o desenvolvimento de trodomésticos, por exemplo, para convencer www.ime.usp.
uma criança: quando um bebê sai da sala de a família a adquirir seus produtos. br/~vwsetzer e leia
parto e vai para o apartamento ou enfermaria, As novelas, por sua vez, determinam os textos de Vademar
ainda na maternidade, a primeira coisa que também um modelo de vida, uma vez que, ao Setzer. Dentre várias
discussões, ele ressalta
a enfermeira faz é ligar a televisão. Então, a se ver determinados objetos ou coisas, que- que a televisão é uma
criança, já começa a receber os estímulos au- remos tê-los por achar que são inovadores e tragédia para a huma-
diovisuais. Quando ela vai para casa, a mãe a estão na moda. nidade.
coloca no berço, liga o rádio e vai cuidar dos Diante do exposto, considerando que
seus afazeres. Portanto, ela continua receben- o papel primeiro da educação é formar ci-
do estímulo auditivo. Quando ela começa a se dadãos para a vida em sociedade, os alunos
sentar, a mãe a coloca no carrinho e liga a TV precisam ter condições de desenvolver estra-
em programas infantis, em seguida. A mãe, ao tégias para a apropriação crítica e criativa de
ligar a televisão, utiliza o controle remoto. Se a todos os recursos técnicos à disposição desta
criança começar a chorar, a mãe entrega a ela sociedade. Assim, a função do professor, na
o controle remoto. Em seguida, a criança des- perspectiva da Mídia e Educação, é fazer com
cobre que pode mudar de canal, aumentar e que os alunos e as famílias reflitam de forma
21
UAB/Unimontes - 2º Período
crítica sobre as influências dos meios de co- rigo está no fato de essas crianças acabarem
PARA SABER MAIS municação em nossas vidas. vivendo mais em um mundo virtual, como sa-
O Orkut (www.orkut. A mídia possui algumas contribuições las de bate-papo e MSN. Assim, acabam tendo
com.br) e o Facebook que nos ajudam no processo de emancipação mais amigos virtuais e poucos amigos presen-
(www.facebook.com. em que estamos vivendo. A utilização dessas cias. Temos que lembrar sempre que somos
br) são os maiores sites
de relacionamento da mídias ajuda as crianças a organizar e plane- homens e não máquinas. Portanto, necessita-
atualidade. O Twitter jar o tempo, as tarefas, os testes; a preencher mos de contatos físicos e sociais. Por isto, edu-
(www.twitter.com) é formulários e adquirir competências técnicas camos em sociedade, sendo o nosso processo
um microblog onde e teatrais. É perceptível que as crianças que educacional, antes de tudo, social.
o máximo de caracte-
têm muito contato, principalmente, com a te- Hoje, quase todas as crianças e jovens
res aceito é 140. Nele
podemos ter milhões levisão e, agora, com a Internet, desenvolvem brasileiros possuem Orkut, Facebook ou Twit-
de seguidores e seguir algumas habilidades. Patrícia Grenfield (1998), ter. Passam grande parte do seu tempo atua-
milhões de pessoas. em seu livro O Desenvolvimento do Raciocí- lizando os seus perfis e álbuns de fotos e in-
Luciano Huck é o nio na Era Eletrônica, discute as contribuições teragindo em comunidades virtuais ou com
brasileiro com maior
dos meios eletrônicos no desenvolvimento do seus tweets. Se observarmos com atenção,
audiência no Twitter
no momento. Possui pensamento das crianças. Segundo ela, o vi- veremos que elas têm várias pessoas cadas-
mais de 2 milhões de deogame, os programas televisivos, a Internet tradas, mas será que aquelas pessoas também
seguidores e o computador podem ajudar no desenvolvi- são suas amigas no presencial ou somente no
mento do raciocínio e do pensamento. Então, virtual?
esses meios, podem contribuir para o nosso O problema no mundo virtual é que po-
processo de aprendizagem. demos criar uma identidade. Podemos de-
DICA
Mas os meios também podem causar monstrar uma personalidade que não somos
Acesse o site: malefícios. Crianças que ficam diante da te- no momento presencial. Atrás da máquina
http://edutec.net/Noti-
cias%20e%20Eventos/
levisão sozinhas sem um adulto por perto, tem um ser humano, mas o ser humano pode
Apoio/edsetze1.htm com visão crítica, acabam criando uma ideo- criar uma outra personalidade.
e leia a transcrição do logia de mundo a partir das informações dos Existem comunidades virtuais 3D, como
debate ocorrido no Pro- meios de comunicação. Isso é a alienação. As o Second Life, em que as pessoas criam uma
grama Opinião Pública, mídias também criam manias, dependência e segunda identidade e vivem no mundo vir-
da TV Cultura, em 28
de maio de 1999, entre
isolamentos. Muitas vezes, as crianças se des- tual, onde é permitido ser o que quiser e até
Valdemar Setzer e Edu- ligam da realidade física e socioafetiva. O pe- voar.
ardo Chaves. O assunto:
o uso da informática na
educação.
Figura 1: Cena da ►
comunidade virtual
3D Second Life, onde
um grupo de avatares,
ou seja, identidades
virtuais, apresentam
seus visuais exóticos.
Fonte: Disponível em
http://colunas.g1.com.br/
instanteposterior/2007/06.
Acesso em 25/08/2010.
GLOSSÁRIO
Ciberespaço: termo
idealizado por William Observem como essas possibilidades têm precisamos pensar em algumas questões:
Gibson, em 1984. Em
seu livro Neuromancer, contribuído para o aumento do número de cri- 1 - Como a escola poderá contribuir para
descrevia como um es- mes de pedofilia. As pessoas criam uma iden- que todas as nossas crianças se tornem usuá-
paço virtual composto tidade de crianças, da mesma idade, e acabam rias criativas e críticas dessas novas ferramen-
por cada computador e convencendo as outras. Daí, o crime acontece. tas e não meras consumidoras compulsivas de
usuário conectados em Então, como podemos ver, se as mídias representações novas de velhos clichês?
uma rede mundial.
trazem contribuições, junto, também, trazem 2 - Como podemos contribuir para que os
problemas, dificuldades e até crimes. Temos nossos alunos, de fato, possam assistir à tele-
que estar atentos a isso. Como educadores, visão, usar a Internet de uma forma criativa e
22
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
não ficar só absorvendo todas as mensagens, e lugares, está sendo gestada uma
como “Tome Coca-Cola”, “Coca-Cola é o me- nova cultura, uma nova manei-
lhor refrigerante do mundo”? ra de ser e de estar. Está surgindo
3 - E mais: como pode a escola pública as- uma nova linguagem e um novo
segurar a inclusão de todos na sociedade do comportamento: a cibercultura.
conhecimento e não contribuir para a exclu- Hoje, existe uma nova linguagem
são de futuros ciber-analfabetos? na Internet e a estamos usando
Hoje, na Internet, podemos fazer amigos, nos aparelhos de celulares, como
compras, vendas e estudos. Podemos fazer a simplificação do cadê por “kd”
quase tudo que fazemos no espaço presen- e do você por “vc”. No Quadro 1,
cial. Para Pierre Levi, um filósofo francês, nesse apresentamos alguns ideogramas
espaço da Internet, onde estudamos, compra- muito utilizados na Internet.
mos, vendemos, conhecemos amigos, pessoas
Ideograma Representação
[]'s (Abraços)
:-**-: Beijo na boca
_m(o_o)m_ Espiando por cima do muro
▲
#:-O Estou arrancando meus cabelos! Figura 2: Cartaz do
início do século XX
:@ Eu juro! da Coca-Cola. Há
mais de 100 anos no
:-T Hmmm! mercado, é um dos
principais símbolos do
(:-* Muitos beijos! consumismo.
:-O Ohhh! Fonte: Disponível em
http://www.brasilcult.
|:-O Ohhhhhh! pro.br/ensaios/cola/
coca_cola.htm. Acesso em
25/08/2010.
;-) Piscadinha
:-" Tenho um segredo!
:-C Tô de queixo caído!
@-,--`- Uma rosa para você
DICA
Fonte: JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com
Acesse o Canal no
a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.
Youtube, pelo endereço
www.youtube.com.
E como ficamos nessa nova cultura? So- as mensagens que estão por trás dos meios br/tecnologiaseduc, e
mos imigrantes digitais, então. Como temos de comunicação, ler o que esta atrás de uma assista ao vídeo Mundo
analfabetos da língua, passamos também a manchete, ler o que está na propaganda do Coca-Cola – A constru-
ção de um mito, divi-
ter os ciberanalfabetos, que são pessoas que jornal, o que está na propaganda de televi-
dido em nove partes, e
não sabem utilizar essa nova linguagem da são, ver um programa de televisão, uma no- conheça a história do
Internet. E como vão ficar essas pessoas no vela ou um site na Internet. Então, ele diz que mito Coca-Cola.
futuro, já que não sabem utilizar o computa- a educação precisa cultivar uma variedade de
dor? Serão excluídas? Mais uma forma de ex- novos tipos de alfabetizações para tornar a
clusão em nossa sociedade? educação relevante.
Diante destas questões, temos que pen- O grande risco está no fato de que fica-
sar no nosso papel de educadores, compro- mos concentrados no trabalho em sala de
metidos com a promoção do cidadão. aula em torno dos livros e jornais, mas es-
Douglas Kellner (s/d) chama a nossa quecemos que nossos alunos vão ter acesso a
atenção para o importante papel da educa- outras leituras, chamadas por Paulo Freire de
ção nesse processo de mudança. Ele defende leitura de mundo. Portanto, precisamos refle-
a multialfabetização, ou seja, não podemos tir o papel do professor nesse processo.
hoje ficar presos somente ao aprendizado da Segundo Kellner (s/d), as novas tecnolo-
escrita da língua. Temos que aprender a ler o gias estão alterando todas as partes de nossa
mundo, como diz Paulo Freire. Precisamos ler sociedade e cultura. Precisamos compreen-
23
UAB/Unimontes - 2º Período
dê-las e utilizá-las, tanto para entender quan- por que? Se está errado, do ponto de vista
GLOSSÁRIO
to para transformar os nossos mundos. As- de quem? Se está certo, do ponto de vista de
Dicotomia: divisão de sim, o objetivo deste autor é introduzir novas quem? Quem está por trás disso? Qual é o in-
um gênero em duas alfabetizações para dar força a indivíduos e teresse nessa questão?
espécies que absorvem
o total. grupos que tradicionalmente têm sido exclu- O que a televisão nos mostra hoje? A Lei
Subjacências: que está ídos. Deste modo, ele acredita que é possível do Gerson. Observe os programas como Big
por baixo, por trás reconstruir a educação, tornando-a capaz de Brother Brasil. Observe as conversas. Apesar
reagir melhor frente aos desafios de uma so- de sabermos que tudo é manipulado, as pes-
ciedade democrática e multicultural. soas aparentemente falam uma coisa, mas,
Qual o nosso papel? É, de fato, preparar por trás, tramam. A nossa vida é um Big Bro-
essas crianças, os nossos alunos para compre- ther. Em um determinado momento, temos
PARA SABER MAIS ender e utilizar essas tecnologias para trans- uma postura. Em outros momentos, temos
Lei do Gerson é lei formar o mundo, ou seja, para não serem outra. A vida real é assim e o programa con-
de ganhar, de levar manipulados ou para não continuarem a ser segue representar isso muito bem.
vantagem em tudo, não manipulados. Kellner (s/d), chama também a atenção
importando as regras O que a Coca-Cola fez conosco? Criou para a alfabetização, considerando a multi-
ou os meios. O que
importa é ganhar sem-
uma necessidade, que era afetiva e política mídia. Quando defende as múltiplas alfabeti-
pre. Surgiu com uma de um momento de crise e nos tornou depen- zações, chama a nossa atenção para a neces-
propaganda, em 1976, dentes desse produto. A tendência é que to- sidade de sabermos ler a imagem, o som e a
quando o jogador de dos os produtos queiram fazer isso conosco. sua combinação, ou seja, a multimídia e suas
futebol Gerson prota- Segundo Kellner (s/d), nada se fez ou se subjacências.
gonizou um comercial
de cigarros. Nele, o
desenvolveu a respeito. Fala-se muito dessa Observe que o marketing da cerveja,
jogador defendia a educação mediática, mas nada de fato foi fei- ao produzir a propaganda, considerando as
ideia de que levava to. Fazer a alfabetização crítica da mídia seria características do povo brasileiro, combina
vantagem em tudo. um projeto que estimularia a participação e o sons, imagens e movimentos. Imagens que
Por isso, usava aqueles trabalho conjunto de pais, filhos e educado- mexem com os nossos sentimentos, interes-
cigarros.
res. Para superar este desafio, ele sugere que ses e necessidades, combinadas com o ritmo
assistir a shows de televisão ou filmes juntos da música. Observe que a propaganda não
poderia promover discussões produtivas en- diz verbalmente: beba Skol, ela é a melhor.
tre os assistentes, aguçando-lhes a percepção Mas quando se chega a um bar, qual é a pri-
do que está por trás do texto mediático. Não meira cerveja que se pede? Por que é a Skol?
é somente colocar o filme para as pessoas Porque é a cerveja que desce redondo. E
assistirem. É assistir a eles, com comentários quem definiu que a Skol é melhor que a Kai-
e discussões, vendo as diferentes nuances ser, que a Skol é melhor que a Antártica e a
apresentadas. Brahma? A mídia.
O professor não pode dizer que não as- Preste atenção no que a mídia faz conos-
siste a televisão. Ele precisa fazer isso, sim, a co. Fique atento às mensagens que a propa-
ela, pois tem que saber tudo o que se passa, ganda transmite. Ela fala bem da Skol? Ela fala
DICA em todos os canais de televisão, principal- que a Skol é a melhor cerveja? Não. Como é o
Acesse o Canal de mente aqueles a que seus alunos assistem slogan? “Desce redondo”. Tudo que desce re-
Tecnologias Educacio- com mais frequência. É preciso fazer esse tra- dondo é bom. Ela cria em nós, através do jogo
nais no Youtube (www. balho para, assim, contribuir para o aumento de imagem, que coisas redondas são coisas
youtube.com.br/tecno- da criticidade desses alunos, evitando a mani- boas e coisas quadradas são coisas ruins: má-
logiaseduc) e assista ao
vídeo Skol – yeah no. pulação da mídia. quina de calcular, relógio, livros de química, ar-
Verifique a simbologia Para Kellner (s/d), a alfabetização me- quivo, tudo é ruim. E o som? É alucinante. Bra-
utilizada do sim e não diática envolve o desenvolvimento de con- sileiro gosta de ritmo e isso vai criando a ideia,
e constate que para cepções interpretativas e críticas. Então, o que acaba indo para o nosso subconsciente e
entender o comercial que devemos fazer? Desenvolver essa inter- internalizamos isso. Assim, a Skol passa a ser
citado é necessário ter
conhecimentos prévios pretação e essa crítica, engajando-nos no considerada a melhor cerveja.
apresentados pela levantamento de textos mediáticos e par- Paulo Freire chama a nossa atenção para
mídia ticularmente desafiadores, que abarquem a leitura do mundo, para lermos o que está
uma discussão cuidadosa de critérios críticos por trás. Será que de fato aquele é o melhor
e especificamente morais, pedagógicos, po- produto? Será que de fato precisamos dele?
líticos ou estéticos. Então, alfabetização me- O que é mais importante: trabalhar para com-
diática, crítica, envolve a ocupação de uma prar aquele produto ou trabalhar para pro-
posição acima da dicotomia de protetor ou mover a emancipação de outras pessoas? O
censor. Não julgar não é dizer se está certo ou que é mais importante? São coisas em que
errado, mas possibilitar a reflexão do certo, devemos pensar. Então, temos dois grandes
e o porquê de se estar certo. Se está errado, desafios: educar para a mídia, pois temos que
24
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
ser educados, e educar nossos alunos parar tribuir para o processo de hominização dos
utilizar os meios de comunicação. meus alunos, utilizando os meios de comu-
Temos, devemos e podemos utilizar os nicação para ler e não para ser manipulado?
meios de comunicação para educar. Você, Como proceder para que façam uma leitura
prezado(a) acadêmico(a), percebe a contradi- interpretativa e crítica? Como podemos utili-
ção? Educar para ver e educar utilizando, esse zar isso e desenvolver esse senso crítico? Esse
é o nosso desafio. Como é que eu vou con- é o nosso desafio.
Referências
BARBERO. Jesus M. Novos Regimes de Visualidades e Descentralizações Culturais. In:___.
Mediatamente! Televisão, Cultura e Educação. SEES/MEC. Brasília: 1999.
BELLONI, Maria Luíza. O que é Mídia - Educação. Campinas: Autores Associados, 2001.
JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas
comunicacionais com a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.
KELLNER, Douglas. Novas tecnologias: novas alfabetizações. Texto não publicado e traduzido
por Newton Ramos-de-Oliveira, Pesquisador do Grupo ”Teoria Crítica e Educação”, núcleo de S.
Carlos (Unesp/Ufscar/CNPq).
VIEIRA, Fábia Magali Santos. A Internet como Meio Eletrônico de Comunicação. In: Revista
Unimontes Científica. v. 3., jun./02. Montes Claros: Editora Unimontes, 2002.AGEM DA MÍDIA
25
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Unidade 3
A linguagem da mídia
3.1 Introdução
Nesta Unidade, vamos discutir as características da comunicação desenvolvida pela mídia,
principalmente pela televisão. Os meios de comunicação possuem uma linguagem poderosa e
dinâmica, que facilita a interação com os usuários, aumentando seu poder de influência. Como
somos todos, também, educados pela mídia, devemos, na escola, procurar compreender e incor-
porar essas linguagens, seus códigos, suas possibilidades expressivas e possíveis manipulações.
A partir deste estudo, esperamos desenvolver habilidades que o ajudem a compreender, critica-
mente, o processo comunicacional da mídia, utilizando-a colaborativamente e resistindo, quan-
do necessário. Assim sendo, os nossos objetivos nesta Unidade são:
• identificar as características da comunicação através dos meios de comunicação, principal-
mente da televisão;
• analisar a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar dos cidadãos; e
• desenvolver estratégias pedagógicas para incluir a televisão e o vídeo em atividades curricu-
lares.
Desta forma, o estudo encontraassim organizado:
Unidade 3: A linguagem da mídia
3.1 Introdução
3.2 Educação para a mídia
3.3 Educação pela mídia
3.4 Referências
Assim, esperamos contribuir com sua formação e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendido em
sua prática pedagógica.
Bom estudo!
27
UAB/Unimontes - 2º Período
3.2.1 A linguagem da TV
28
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
perspectiva, precisamos, como futuros educa- - Muda a música! Abra o cenário! Faça que
dores, ensinar nossos alunos a ler criticamente se torne dia!
os diferentes portadores de textos para com- Assim, podemos comparar a nossa vida
preenderem e interpretarem a mensagem por ao Show de Trumam, porque a televisão nos dica
trás da linguagem, que tem como objetivo a manipula. Assista ao filme O Show
manipulação. A concorrência das emissoras pela pre- do Truman, o Show da
A TV sempre fala, evocando os nossos ferência do público pelos seus programas vai Vida, estrelado por Jim
sentimentos e emoções que, muitas vezes, estabelecer o índice de audiência. Quem é que Carrey, e observem a
crítica que o filme faz
nem conhecemos. Observem como as nove- mede esse índice? Existem alguns institutos,
à falta de limites do
las, cada vez mais, estão relacionadas com fa- como o Ibope. mundo do entreteni-
tos e situações da nossa vida cotidiana. O que o Ibope faz? Realiza pesquisas de mento para conquistar
Se observarmos com cuidado, veremos opinião em várias partes do Brasil para saber a audiência a qualquer
que os problemas da novela são os mesmos a que os telespectadores estão assistindo e custo.
que perpassam as nossas vidas: a nossa rela- se estão gostando do que estão vendo. Por
ção com nossos irmãos, a relação com nossos exemplo, quem está assistindo ao Big Brother
esposos, com a nossa mãe, com nossos filhos, Brasil? Quem são os telespectadores do Big
a amizade com os nossos amigos. Brother? Qual o perfil: classe social, sexo, ida-
Então, para quem a televisão fala? Fala de, profissão? Quais as implicações disso? O
para os nossos sentimentos. programa deve responder aos anseios e dese-
Por que as novelas da Globo costumam jos desses telespectadores. Por quê? Porque
dar audiência? dá Ibope.
Vamos começar pela novela “Malhação”, Hoje em dia, quando chegamos em casa,
destinada aos adolescentes. A trama lá está qual a primeira coisa que fazemos? Ligamos
relacionada a questões do dia a dia de uma es- a TV. E qual o canal que a maioria sintoniza? para saber mais
cola, de uma academia, dos alunos da educa- Rede Globo. Esta emissora, logicamente, quer A partir de agora,
ção básica. É aquela personagem que apaixo- que permaneçamos assim, como preferência observem os jornais
na pelo namorado da outra. A outra que quer nacional. Dessa forma, ela desenvolve estra- de forma diferente.
tomar o namorado da melhora amiga. O outro tégias e fórmulas de sedução mais aperfeiço- Observe os artifícios
existentes para prender
que tem inveja do amigo, etc. adas para prender a nossa intenção. Por isto,
nossa atenção. Observe
A novela da seis é uma novela destinada ela investe milhões em pesquisas para saber a entonação de voz dos
a quem? Aos adolescentes e aos jovens. A no- quem são os seus telespectadores. O que eles repórteres e dos apre-
vela das seis e das sete são voltadas para os consomem? Do que eles gostam? Quais são os sentadores. Observe
jovens, para jovens senhoras, mães de família, seus medos? Quais são as suas preocupações? também, a linguagem
direta. Parece que estão
que trabalham durante o dia e estão em casa Quais são as suas angústias? Tudo precisa es-
falando conosco, não
nesse horário, preparando o jantar ou vendo tar tabulado para oferecer ao público o que é mesmo? Em outros
televisão com os filhos. Por isso, são mais en- eles querem. Para se ter uma ideia, as novelas programas, como o
graçadas ou românticas. não começam mais com um roteiro definido. A Domingão do Faustão,
E a novela das nove? O público já é mais trama vai sendo criada pelos autores, de acor- o apresentador fala a
hora a todo momento
maduro. A trama envolve histórias mais pro- do com as pesquisas de opinião. Se a vilã tiver
para que saibamos que
fundas. com grande audiência, mais maldades virão o programa é ao vivo
O que está por trás disso tudo? Primei- aparecerão na nossa telinha. mesmo e que está tudo
ra coisa: as ideias vêm embutidas numa rou- E quais as estratégias que a televisão uti- sendo feito na hora
pagem sensorial, intuitiva e afetiva. O filme liza para chamar e prender a nossa atenção? para nos agradar.
O Show do Truman, o Show da Vida mostrou Uma delas é o ritmo alucinante das transmis-
muito bem isto: a mudança de cenário, a trilha sões ao vivo.
sonora. Tudo que assistimos, como a músi- Observe um telejornal, por exemplo, o
ca bonita, o cenário, a casa, a vela, a roupa, a Jornal Nacional, o de maior audiência da TV
praia, não são por acaso. Tudo tem uma inten- brasileira. A equipe responsável combina a
ção: nos convencer. Assim, conforme já dito, a imagem do estúdio, com imagens externas de
televisão mexe com as nossas emoções, com outros repórteres, com entrevistas ao vivo no
as nossas fantasias, com os nossos desejos, estúdio, ao vivo de Nova York, ao vivo do Rio
com os nossos instintos, com as nossas dores, de Janeiro, ao vivo de Paris. Mostra reporta-
com as nossas angústias. A palavra, a ima- gens feitas no Afeganistão, outras no Paraguai,
gem e a música vão se integrando dentro de outras aqui em Janaúba, outras da Austrália.
um contexto comunicacional afetivo de forte Tudo em uma mesma edição. O ritmo aluci-
impacto emocional, que facilita e predispõe a nante dessas transmissões combina imagens
aceitar mais facilmente as mensagens. Na cena ao vivo, com imagens de arquivo, com trans-
em que Trumam sumiu no cenário, o diretor, missões externas. Uma linguagem concreta,
para chamar Trumam de volta, ordena: uma linguagem que fala direto com o teles-
29
UAB/Unimontes - 2º Período
pectador, que vai até o seu coração, que o faz A televisão também é sensacionalista.
compreender as coisas. Uma plástica visível, Ela tem um grande componente sublimi-
ou seja, fazem com que o telespectador veja nar, isso é, passa muitas informações que
exatamente o que está acontecendo. não conseguimos captar conscientemente.
Então o que a televisão faz? Combina O nosso olhar nunca consegue captar tudo,
imagens estáticas e dinâmicas, imagens ao então, precisamos dos outros sentidos para
vivo e gravadas, imagens de captação imedia- percebê-los. O que seria essa mensagem su-
ta, imagens referenciais, como imagens cria- bliminar? É uma mensagem que trabalha com
das por um artista em um computador. vários de nossos órgãos. Vai um pouquinho
Tudo isto tem uma intenção que é nos na visão, um pouquinho na audição e, então,
ajudar a passar, com incrível facilidade, do real faz isso de forma que se transmita uma men-
para o imaginário. A televisão cria esse ritmo sagem e a gente não se dê conta de inter-
alucinante, essa combinação de imagens e de pretá-la claramente. Apropriamo-nos dessa
movimento e os telespectadores acabam per- mensagem e a internalizamos sem perceber
dendo a noção do que é real. claramente.
Com mais de 70 anos de existência, o Muitas vezes, a TV foca alguns aspectos
Ibope é o instituto de pesquisas mais famoso que a gente chama de aspectos analógicos,
do Brasil. Tanto que o termo Ibope se tornou que estão relacionados com o movimento
sinônimo de audiência.ETIRA partir de ago- que nos ajuda a entender a história apresen-
ra, observem os jornais de forma diferente. tada. Mas como esse movimento é muito rá-
Observe os artifícios existentes para prender pido, às vezes, não compreendemos algumas
nossa atenção. Observe a entonação de voz informações que passam despercebidas.
dos repórteres e dos apresentadores. Observe De onde vem a força da linguagem au-
também, a linguagem direta. Parece que es- diovisual? De onde vem o poder de nos in-
tão falando conosco, não é mesmo? Em outros fluenciar, manipular e nos convencer? Então,
programas, como o Domingão do Faustão, é essa capacidade de poder criar essa falsa
o apresentador fala a hora a todo momento necessidade e de saber o que desejamos, que
para que saibamos que o programa é ao vivo desperta em nós outros desejos. Através de
mesmo e que está tudo sendo feito na hora quê? Através do fato de que vivemos em uma
para nos agradar. sociedade imagética. Quanto mais vimos a
O canal de TV fechado TNT tinha em imagem, mais somos convencidos a respeito.
sua programação uma vinheta com o slogan Também para prender a nossa atenção,
glossário
“Acontece na vida, acontece nos filmes, acon- a televisão precisa estar se atualizando. Ob-
Comunicação sen- tece na TNT.” O que isso representa? serve que todo ano há mudanças nas chama-
sório-sinestésica: Acontece na vida, acontece nos filmes. Co- das dos canais, das novelas e dos programas.
uma comunicação de
mensagens que alcança piamos o que acontece nos filmes. Acaba acon- Mudam o cenário, mudam a música. As tele-
todos por meio dos tecendo na vida e, assim, um ciclo sem fim. novelas ficam, no máximo, dez meses, por
sentidos e pela percep- Assim, já não sabemos mais o que é filme quê? As minisséries que duravam três meses
ção do próprio corpo. ou o que é realidade. Quantas vezes aconte- agora duram uma semana, por quê? Porque o
Contiguidade: pro- cem fatos na vida cotidiana e associamos a no- telespectador não consegue ficar muito tem-
ximidade imediata,
contato, vizinhança. velas? A novela que imita a vida ou a vida que po assistindo à mesma coisa. Pesquisas de
imita a novela? audiência mostraram que é cansativo e, por
O que faz com que a televisão tenha esse isso, a necessidade de estar sempre mudan-
poder de persuasão, de manipulação e de in- do, acompanhando novos desejos e novas
fluência nas nossas vidas? A capacidade de necessidades. Então, a televisão parte para o
articulação. A TV articula as informações, o concreto, do visível, do imediato e do próxi-
imaginário e o real. Ela tem a capacidade de mo para tocar os nossos sentidos. A TV mexe
convencer, de combinar linguagens totalmen- com o nosso corpo, com a nossa pele e, para
te diferentes: imagens, falas, música, escrita isto, utiliza outro recurso que é o close-up,
com uma narrativa fluida, com uma lógica que é um enquadramento mais fechado da
pouco delimitada. câmera.
Os gêneros, os conteúdos, e os limites ét- A televisão também nos permite sentir,
nicos pouco precisos permitem um alto grau experimentar sensorialmente o outro, o mun-
de ambiguidade de interferência do usuário. do e a nós mesmos. Observe a propaganda
Quem determina o que vai acontecer ou quan- da Dove, disponível na sala virtual desta dis-
do vai acontecer são os produtores, que agem ciplina. Qual a mensagem desta propaganda
a partir do interesse dos consumidores. Quais para as mulheres?
as características das linguagens da televisão? A Dove faz campanha pela real beleza.
Ela é sensorial, emocional e pouco racional, Mostra que não devemos nos submeter à di-
mas influenciando a nossa razão. tadura da beleza. Mostra que os artistas com
30
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
31
UAB/Unimontes - 2º Período
Figura 5: Os ►
apresentadores
Evaristo Costa e
Sandra Annenberg
durante apresentação
do Jornal Hoje, da
Rede Globo.
Fonte: Disponível
em http://paulinho-
desena.blogspot.
com/2010_06_22_ar-
chive.html. Acesso em
25/08/2010.
A linguagem audiovisual cria uma fal- dores não se cansassem de assistir às mesmas
glossário
sa ideia de interatividade, e isso é um perigo, tramas, que se repetiam programa após pro-
pois todos nós queremos ser interativos e que grama, foi necessário criar artifícios para dar Interação: Ação recí-
tudo seja interativo. Queremos ser emissores e aos telespectadores a ideia de que estavam proca e mútua. Para
Berlo, citado por Primo
receptores ao mesmo tempo. Queremos parti- presentes participando. O telespectador ligava (2000), na interação
cipar, perguntar e receber as respostas. Assim e cadastrava seu número. Depois, o apresenta- humana existe uma
sendo, a televisão desenvolve tecnologias para dor sorteava um número, ligava para a pessoa relação de interde-
atender a nossas necessidades de interativida- sorteada, ao vivo, e fazia uma pergunta sobre pendência, onde cada
de. A TV digital é uma delas. o que estava acontecendo no programa. Se a agente depende do
outro, isto é, cada qual
A televisão tem criado a falsa ideia de pessoa respondesse corretamente, ganhava o influência o outro.
interatividade para não perder a audiência. carro. Interatividade: a inte-
Um exemplo disso foi a décima edição do Big Esse sorteio deu uma falsa ideia de parti- ração deve vislumbrar
Bhother cipação no programa, pois, na verdade, o teles- a possibilidade de uma
Brasil, em 2010l. Para que os telespecta- pectador, naquele momento, não decidia nada. integração complexa,
múltipla e dialógica
entre sujeitos, conhe-
cimento e tecnologia.
Pelo fato das tecno-
logias propiciarem o
diálogo entre emissor e
◄ Figura 6: Pedro Bial, receptor, possibilitando
apresentador do Big que ambos interfi-
Brother Brasil. ram na mensagem, a
Fonte: Disponível em interatividade deve ser
http://www.tvaudiencia. considerada como um
net/2010/01/29/bbb-10- processo que rompe
-big-brother-brasil-10- com a linearidade e
-supera-r-300-milhoes/. com a separação entre
Acesso em 25/08/2010. emissão e a recepção
da informação, possibi-
litando a participação,
a intervenção de todos,
a bidirecionalidade,
a multiplicidade de
conexões e a criação de
A seguir, outro exemplo de “falsa interatividade”: novos significados.
BOX 1
Márcia
A apresentadora Márcia Goldschmidt comanda o talk show que leva ao telespectador
emocionantes histórias de vida. Márcia mostra os dramas de pessoas comuns em busca de
soluções para seus problemas. Paixões, traições, desencontros e muito mistério em um pro- para saber mais
grama diário e ao vivo. Em programas como
Diante de uma platéia de aproximadamente 100 pessoas, Márcia entrevista convidados Big Brother Brasil, onde
e leva profissionais como psicólogos e advogados para ajudar no desfecho de cada caso. Um a votação popular é
quem dita o roteiro,
programa dinâmico e ousado que, além de entretenimento, leva informação e orientação aos a edição das imagens
telespectadores. pode enaltecer ou des-
Conflitos, dramas e muita emoção com Márcia Goldschmidt, na tela da Band! truir um participante.
Reflita sobre essa situ-
ação. Será que a edição
do programa conduz
a opinião popular de
◄ Figura 7: Márcia forma a direcionar a vo-
Goldschmidt, tação para a conveniên-
apresentadora do cia da emissora?destruir
Programa Márcia, da um participante. Reflita
Band. sobre essa situação.
Fonte: Disponível em Será que a edição do
www.band.com.br/ programa conduz a opi-
marcia/sobre.asp?id=407 nião popular de forma
Acesso em 25/08/2010. a direcionar a votação
para a conveniência da
emissora?
33
UAB/Unimontes - 2º Período
O Programa Márcia, da Band, é um exemplo de programa que traz para o auditório ques-
glossário tões do cotidiano das famílias. Os telefonemas ao vivo dão ao telespectador a ideia de que está
Talk show: gênero de participando. Mas até que ponto pessoas reais estão participando? Um telespectador que está
programa televisivo assistindo ao programa pode se identificar com a problemática em questão e passar a assistir o
ou radiofônico em que programa, porque o mesmo aborda questões relacionadas à sua vida cotidiana.
um grupo de pessoas
discutem um tema
mediado por um mais BOX 2
apresentadores.
Programa do Gugu
Figura 8: Gugu ►
Liberato, apresentador
do Programa do Gugu,
da Rede Record.
Fonte: Disponível em
http://programas.redere-
cord.com.br/programas/
programadogugu/pro-
grama.asp. Acesso em
25/08/2010.
34
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
QUADRO 2
Quadros do Programa do Gugu
Quadro Descrição
Se há tempos você quer voltar para a sua cidade
natal e não tem condições, o Programa do Gugu
tem a solução. Inscreva-se.
A televisão estabelece uma conexão tão lógica para nós, que é capaz, muitas vezes, de de-
monstrar, provar e comprovar as coisas, através das imagens que impressionam, e que acabam
sendo verdadeiras. Uma situação isolada pode se transformar em uma situação padrão. Se aque-
la família conseguiu a casa no Quadro Sonhar mais um Sonho, eu também posso.
35
assíduo, para podermos utilizá-la para educar.
UAB/Unimontes - 2º Período
Na nossa cultura, assistir à televisão é perda de tempo. Ver televisão é uma atividade para
quando não temos nada mais importante a fazer.
Desta mesma forma, também tem sido o uso do vídeo na escola. Tem sido utilizado para ta-
par buraco. Geralmente, os professores não planejam a aula. Então, para resolverem esse proble-
ma, passam um filme, que muitas vezes nem o professor sabe do que se trata e nada tem a ver
com o que está ensinando. Isto acontece porque, na cabeça deste professor, a televisão e o vídeo
são voltados para o exclusivo entretenimento. Assim, o professor utiliza este recurso para ocupar
o tempo, perdendo uma ótima oportunidade de uso do vídeo para educar.
Para que o uso adequado do vídeo ocorra, o professor precisa planejar. Para ajudar os pro-
fessores nesta tarefa, temos a nossa disposição diversos programas da TV Escola.
BOX 3
Sobre o TV Escola
dica
Acesse o site do TV
Escola pelo endereço
http://tvescola.mec.
gov.br e conheça mais
esse fantástico projeto
36
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
BOX 4
Programa Salto para o Futuro
Transmitido de segunda a sexta-feira pela TV Escola, o Salto para o Futuro tem como pro-
posta a formação continuada de professores do ensino fundamental e médio. O programa
também veicula séries de interesse para a educação infantil.
No ar desde 1991, o Salto para o Futuro é interativo e se tornou referência para professo-
res e educadores de todo o país. O programa utiliza diferentes mídias - televisão, Internet, fax,
telefone e material impresso - no debate de questões relacionadas à prática pedagógica e à
pesquisa no campo da educação.
Orientadores educacionais coordenam os trabalhos em aproximadamente 600 tele-
postos, distribuídos em todo o território brasileiro. Em momentos interativos, os professores
reunidos nesses espaços podem ter um contato “ao vivo” com os debatedores dos temas em
análise.
Embora o Salto para o Futuro seja especificamente produzido para o aperfeiçoamento de
professores e educadores em exercício, em alguns municípios o programa também é utilizado
como apoio aos cursos de formação de professores para as séries iniciais, ficando a critério de
cada estado a avaliação e a certificação dos participantes.
O Salto para o Futuro é exibido das 19h às 20h, com reprise às 3h, 5h, 11h e 15h do dia
seguinte. glossário
Fonte: Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12342%3A-salto-para- Vídeo: toda mensagem
o-futuro&catid=299%3Atv-escola&Itemid=823. Acesso em 25/08/10. audiovisual registra-
da em fita ou mídia
digital, desde gravações
de programas de TV
3.3.1 Orientações para desenvolver um postura crítica e seletiva e filmes, através de
diante da TV videocassetes, DVD
e arquivo de dados a
mensagens produzidas
em câmeras de vídeos
A integração das tecnologias da informação e da comunicação, principalmente da TV e do por amadores.
vídeo no processo ensino-aprendizagem, requer do professor uma nova postura, a de mediador.
Ele deverá mediar a cultura televisiva, a cultura de seus alunos (com suas características especi-
ficas) e as necessidades de desenvolvimento (cognitivas, sociais, políticas, emocionais) dos mes-
mos, com o objetivo de desenvolver uma leitura crítica dessas tecnologias. Segundo Carneiro
(2000), utilizar as TIC, principalmente a televisão e vídeo na educação, significa introduzir uma
outra linguagem, outro modo de pensar e de perceber o mundo. Incorporar a televisão e vídeo à
prática pedagógica implica uma nova postura do professor frente ao processo ensino-aprendiza-
gem. Entretanto, não implica abandonar velhas metodologias ou recursos didáticos.
O professor pode ser o mediador entre a TV, os alunos e a sociedade. Pode influenciar a
recepção e a percepção dos diferentes meios de comunicação. Através dos programas de TV
a que seus alunos assistem, o professor pode abrir um debate, com o objetivo de discutir suas
37
UAB/Unimontes - 2º Período
38
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
QUADRO 3
Fatores que devem ser considerados para escolha do vídeo com função pedagógica
Fatores Descrição
Adequação ao assunto O professor não deve empregar vídeos apenas porque estão dis-
poníveis, nem planejar a aula em função deles. Deve ter sempre
em mente a principal razão de sua utilização: auxiliar o aluno a
aprender de modo mais fácil.
Adequação aos alunos O vídeo selecionado deve estar relacionado não só com o assunto
da aula, mas também com o conhecimento anterior da turma.
Além disso, deve ter boa apresentação e estar de acordo com o
nível intelectual dos alunos. Ao planejar o uso do vídeo, o profes-
sor considerará o tamanho da turma. Os locais onde será exibido
deverão ser visíveis e/ou audíveis dos últimos lugares da sala ou
local da aula.
Simplicidade O vídeo deverá ser particularmente adequado ao nível da turma;
deve ser de fácil compreensão, dispensando, portanto, explica-
ções mais complexas.
Precisão Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis
porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Um vídeo
será considerado preciso se todas as informações e dados nele
contidos forem corretos e estiverem de acordo com as teorias e
teses em vigência. Os vídeos que apresentem conceitos distorci-
dos podem ser utilizados como objeto de estudo: descobri-los,
junto com os alunos, e questioná-los.
Sedução Um bom vídeo seduz efetivamente a atenção da turma. Atingem
por todos os sentidos e de todas as maneiras; pela imagem nítida
e volume adequado ou, quando legendado, com letras grandes.
Oportuno O vídeo deve ter um objetivo determinado e o abuso de colocá-lo
para resolver um problema inesperado, desvaloriza o seu uso. O
aluno percebe que é mera “enrolação”.
Finalidade Didaticamente, torna-se ineficiente exibir um filme sem discuti-
-lo, sem relacioná-lo com o assunto da aula, sem voltar e mostrar
alguns momentos mais importantes.
Fonte: estruturado pelos autores, a partir de Carneiro (2000) e Moran (1995)
39
UAB/Unimontes - 2º Período
O professor deve ter claros os objetivos que pretende alcançar com a aula e selecionar o
Glossário
vídeo de acordo com seus objetivos. O vídeo selecionado deve estar de acordo com a faixa etária
Minutação: controle dos alunos e seus interesses. Após a seleção do vídeo, o professor deve assistir a ele e elaborar
que o professor faz das
um roteiro para orientar seus alunos. Neste roteiro deve ter ficha técnica do vídeo (direção, rotei-
pausas necessárias ao
assistir o filme para ro, elenco, duração, gênero e ano de produção), a sinopse e algumas questões relacionadas ao
fazer comentários ou objetivo da aula que devem ser observadas no vídeo. Entretanto, deve-se ter o cuidado para não
dividir o vídeo em interpretá-lo antes da exibição, não pré-julgar, permitindo, assim, que cada um possa estabelecer
capítulos. a sua leitura pessoal. Durante a exibição, as reações do grupo deverão ser observadas e registra-
das pelo professor.
Após a exibição do vídeo, o professor deve promover um debate, abordando as questões
propostas e estabelecendo relações com os objetivos da aula.
Escola :
Figura 10: Ficha de ► FICHA DE PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DE FILMES
planejamento e
avaliação de filmes. Turma: Turno:
Fonte: Acervo dos
autores. Data: Horário:
Local:
Tema da Aula:
Título do Filme: Nº da Fita:
Minutagem: Comentários:
____’ ____ “ a ____’ ____”
Avaliação da Aula:
Atividades Complementares:
Observações:
40
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
BOX 5
ROTEIRO DO FILME
Data: 26/01/2010
Horário: 9h
Programação:
Filme: O Show de Truman - O Show da Vida
Objetivos: refletir sobre a manipulação exercida pelos meios de comunicação de massa,
num contexto de indústria cultural.
Ficha Técnica:
Direção: Peter Weir
Roteiro: Andrew Niccol
Elenco: Jim Carrey (Truman Burbank), Ed Harris (Christof ), Laura Linney (Meryl), Natascha
McElhone (Sylvia Garland), Paul Giamatti (Diretor da Sala de Controle)
Duração: 103 min.
Gênero: Drama
Ano da Produção: 1998
Sinopse
(© 1995 Interscope/Polygran – Brasil)
O filme é uma crítica e também uma sátira da persuasiva manipulação da mídia. O ven-
dedor de seguros Truman Burbank (Jim Carrey) tem todos os momentos da sua vida captura-
dos por câmeras escondidas. Tudo é televisionado para uma audiência gigantesca, sem que
ele saiba. Seus amigos e sua família são atores que lhe sorriem agradavelmente. Tudo não pas-
sa de uma farsa, incluindo a cidade onde vive e seu casamento com Meryl (Laura Linney). Aos
30 anos, Truman desconfia que há algo estranho em seu mundo, percebe que está preso num
grande esquema que cerceia sua liberdade e tenta fugir. O filme teve 3 indicações ao Oscar e
foi vencedor de 3 Globos de Ouro, incluindo o de melhor ator para Jim Carrey.
Roteiro:
Comente as duas perspectivas abordadas no filme:
a do mundo conhecido por Truman;
e a dos telespectadores do grande show.
Identifique:
O papel de Sylvia na trama.
Como Truman não aceita a realidade do seu mundo.
Fonte: Estruturado pelo autor.
Referências
Biografia de Lady Gaga. Disponível em http://mtv.uol.com.br/ladygaga/biografia. Acesso em
25/08/10.
FERRÉS, Joan. Televisão e Educação. Trad. Beatriz Affonso Neves. - Porto Alegre: Artes Médicas,
1996.
___________ Vídeo e Educação. Trad. Juan Acunã Llorens - Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
41
UAB/Unimontes - 2º Período
MORAN, J.M. O vídeo na sala de aula. Comunicação e Educação. São Paulo: n.2, jan./abr.1995,
p. 30
MORAN, José Manoel. Novas Tecnologias e o reencantamento do mundo. In: Revista Tecnolo-
gia Educacional. Rio de Janeiro, Vol. 23, n. 126, setembro-outubro 1995, p. 24-26.
TORRES, Vladimir S. O uso de vídeo como recurso de apoio didático: exemplos de biologia. In:
Revista Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, Vol. 26, n. 140, jan/Fev/Mar - 1998, p. 30 - 36.
42
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Unidade 4
TIC: novas linguagens
4.1 Introdução
A informática, como uma Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), desde o seu ad-
vento, tem contribuído para a melhoria da qualidade dos serviços em todas as áreas do conhe-
cimento, proporcionando rapidez e precisão de dados na execução de seus serviços. Através da
Internet, os usuários têm acesso às informações do mundo todo em tempo real. Desse modo,
pode-se enviar, receber e armazenar informações de diferentes formas.
O desenvolvimento e a utilização da Internet acabaram produzindo, em seu espaço, o cibe-
respaço, uma comunicação, a E-comunicação, com uma linguagem própria, repleta de termos
típicos, compreendidos por todos os que frequentam e utilizam deste espaço.
A linguagem da Internet tem seus pressupostos que estão caminhando para um novo mo-
delo de comunicação, mais acessível aos seus usuários, os internautas. Assim sendo, torna-se ne-
cessário discutir sobre as características da linguagem das TIC, principalmente da Internet, apro-
priando-se dela e desenvolvendo a habilidade de utilizá-la com efetividade, juntamente com as
TIC disponíveis.
Objetivos:
• Identificar as características da linguagem da E-comunicação e refletir sobre seu papel no
contexto social modificado pelas tecnologias.
Conteúdo:
Unidade 4: TIC: novas linguagens
4.1 Introdução
4.2 Multimídia
4.3 Hipertextos Glossário
4.4 E - comunicação Digital: oposto ao
4.5 E-comunicação: linguagem interativa e persuasiva analógico. Sistema
4.6 Referências que utiliza a forma
binária (diz-se aquela
que usa combinação
Bom estudo!
dos números binários
Os autores. 1 e 0 alternadamente),
de modo a manipular
informações sem a
43
UAB/Unimontes - 2º Período
seus usuários, o que afeta diretamente o pro- Por multimídia entendemos todo recurso
cesso ensino-aprendizagem dentro e fora da ou tecnologia que possibilita a utilização inte-
escola. grada de diferentes meios de representação
Da mesma forma que a introdução da es- e comunicação da informação, as mídias. Um
crita na sociedade conduziu a uma cultura le- produto multimídia utiliza pelo menos duas
trada, a introdução da escrita eletrônica está diferentes mídias de representação em um
conduzindo a uma cultura eletrônica. Para mesmo produto ou serviço.
defender esta tese, Marcushi (2005) chama a Os recursos multimídias exploram a ri-
atenção para a quantidade de expressões sur- queza de percepção dos sentidos humanos,
gidas nos últimos tempos com o prefixo “e-“, principalmente a visão e a audição (PÁDUA,
que nos leva a designar este fenômeno como 2000). Os usuários têm acesso a fluxos cada
“letramento digital”, cujas características me- vez maiores de informações, que combinam
recem ser melhor conhecidas. diferentes mídias, como a imagem, o som e a
O termo mídia pode ser utilizado em dife- animação.
rentes contextos e com significados próprios: Hoje em dia, somos bombardeados com
podemos nos referir às mídias de armazena- produtos e serviços cada vez mais sofisticados,
mento (CD, DVD e pendrive), às mídias de co- graças à crescente integração de mídias que as
municação (TV, rádio e jornal) ou mesmo às mí- tecnologias digitais nos permitem desenvol-
dias de transmissão (fibra ótica, cabo de rede e ver. São eletrodomésticos, catálogos virtuais
ondas de rádio), dentre outras classificações. de produtos, jogos na Internet, serviços ofe-
Para não causarmos confusão, no contex- recidos na Internet, videogames, aparelhos
to deste nosso material, sempre que nos refe- eletrônicos e outros recursos mais, que enri-
rirmos às mídias, estaremos falando das mídias quecem nossa interação e facilitam o acesso às
de representação, que são o som, a imagem, o informações desejadas.
vídeo, o texto, o desenho ou a animação.
4.3 Hipertexto
para saber mais
Será que com a existên-
cia dessas novas mídias,
o livro está com os dias
contados? Reflita a O hipertexto é o termo que remete a um Link significa vínculo, ligação, conexão, nó.
respeito.
texto em formato digital, ao qual se agregam Os links ocorrem na forma de termos destaca-
outros conjuntos de informação na forma de dos, no corpo do texto principal, ícones gráficos
blocos de textos, palavras, imagens ou sons, ou imagens e têm a função de interconectar os
cujo acesso se dá através de referências espe- diversos conjuntos de informação, oferecendo
cíficas denominadas hiperlinks, ou simples- acesso sob demanda às informações que esten-
mente links. dem ou complementam o texto principal.
Ouvimos falar constantemente em links. O conceito de ”linkar” ou de ”ligar” textos
Escutamos frequentemente as frases “entre no foi criado por Ted Nelson nos anos 1960 e teve
site <tal> e clique no link <tal>”. Mas, o que sig- como influência o pensador francês Roland Bar-
nifica links, afinal? thes, que concebeu em seu livro S/Z o conceito
44
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
45
UAB/Unimontes - 2º Período
mento, exige um grau de conhecimentos pré- cura é uma construção penosa e cheia de cur-
vios e maior consciência quanto ao buscado, vas para pouco resultado. Uma coisa pode pu-
já que seus links nos convidam a ir para outros xar outra e, no final, o perigo é esquecermos o
caminhos. Para exemplificar este processo: um que fomos procurar. Assim, esta procura pela
aluno, ao acessar algum site da Internet para informação exige conhecimentos de várias or-
buscar alguma informação vai navegar por mui- dens e uma capacidade significativa de relacio-
tos sites antes de chegar ao que deseja. nar e associar fatos, dados e informações.
Como vivenciamos muitas vezes, esta pro-
4.4 E-Comunicação
Na atual “Era da Informação”, a Internet é mados artigos, ou ”posts”. Estes são, em geral,
uma espécie de protótipo de novas formas de organizados de forma cronológica inversa,
comportamento comunicativo. Vamos conhe- tendo como foco a temática proposta no blog,
cer alguns serviços que a Internet oferece, a E- podendo ser escrito por um número variável
-comunicação, a comunicação via Internet: de pessoas, de acordo com a política do blog.
E-mail: correio eletrônico. Serviço que Muitos blogs fornecem comentários ou notí-
permite compor, enviar e receber mensagens cias sobre um assunto em particular. Outros
através de sistemas eletrônicos de comuni- funcionam mais como diários online. Um blog
cação. Importantíssimo meio de comunica- típico combina texto, imagens e links para ou-
ção, utilizado para comunicar com diferentes tros blogs, páginas da web e mídias relaciona-
pessoas, a qualquer hora do dia, com o custo das a seu tema. A capacidade de leitores dei-
praticamente zero, sendo apenas o do acesso xarem comentários de forma a interagir com o
à Internet. autor e outros leitores é uma parte importante
Chat: bate-papo virtual. Espaço virtual de muitos blogs.
para conversação síncrona, ou seja, em tempo O Twitter tem sido a grande febre do mo-
real. mento. Ele é considerado um microblog, onde
Fórum de discussão: é um espaço vir- o máximo de caracteres por postagem é de
tual destinado a promover debates e dis- 140 caracteres
cussões, através de mensagens publicadas, Comunidade virtual: é uma comunida-
de forma assíncrona, abordando um mesmo de que estabelece relações num espaço virtual
tema. Também é chamado de ”comunidade” através de meios de comunicação a distância.
ou ”board”. Caracteriza-se pela aglutinação de um grupo
Lista de discussão: também denomi- de indivíduos com interesses comuns que tro-
nada grupo de discussão, é uma ferramenta cam experiências e informações no ambiente
gerenciável pela Internet, que permite a um virtual. Um dos principais fatores que poten-
grupo de pessoas a troca de mensagens via cializam a criação de comunidades virtuais é a
e-mail entre todos os membros do grupo. O dispersão geográfica dos membros. O uso das
processo de uso consiste no cadastramento Tecnologias de Informação e Comunicação
da lista em um dos sites que oferecem o ser- (TIC) minimiza as dificuldades relacionadas a
viço gratuitamente, por exemplo, no Yahoo, tempo e espaço, promovendo o compartilha-
e, após, o cadastramento de membros. Uma mento de informações e a criação de conheci-
mensagem escrita por um membro e enviada mento coletivo.
para a lista replica automaticamente na caixa O Orkut é uma rede social, criada em 24
postal de cada um dos cadastrados. de Janeiro de 2004, com o objetivo de ajudar
Blog: site cuja estrutura permite a atuali- seus membros a conhecer pessoas e manter
zação rápida, a partir de acréscimos dos cha- relacionamentos.
46
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Agora, observem a FIG 14, cujo mesmo site foi acessado no mesmo dia, às 11:22.
47
UAB/Unimontes - 2º Período
Referências
GALLI, Fernanda Correa Silveira. Linguagem da Internet: um meio de comunicação global. In:
MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas for-
mas de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p 120- 134.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In:
MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas for-
mas de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 13 —67.
PÁDUA, Wilson de. Multimídia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
48
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Unidade 5
O computador como recurso
didático
5.1 Introdução
O mundo tem mudado muito nas últimas décadas, mas a educação continua essencialmen-
te inalterada: continuamos a confundir um amontoado de fatos com o conhecimento; muitos
professores insistindo em permanecer em posição frontal diante de suas classes, transmitin-
do seus poucos conhecimentos. Como alavancar a escola desta posição estática e ajudá-la a se
transformar em um ambiente ”inteligente”, criado para a aprendizagem, um lugar rico em recur-
sos, um lugar onde os alunos possam construir os seus conhecimentos segundo os estilos indivi-
duais de aprendizagem que caracterizam cada um, com o uso cada vez menor do livro texto e do
quadro-negro e o aumento do uso de novas tecnologias de comunicação e informação?
Na tentativa de resolver muitos destes problemas, muitos educadores têm enfatizado o uso
dos recursos tecnológicos como uma das possibilidades para auxiliar os professores a superar es-
ses obstáculos na sua prática pedagógica. Outros, espantados com o avanço da tecnologia no
processo de ensino-aprendizagem, temem serem substituídos pela máquina e acabam produ-
zindo um discurso para convencerem seus pares a rejeitarem tal auxílio.
Entre estes dois extremos, encontra-se uma gama enorme de opiniões, inquietudes, pontos
de vista polêmicos, acertos e desacertos que têm caracterizado a discussão sobre o uso dos re-
cursos tecnológicos na educação nestes últimos vinte anos.
Esta última Unidade tem a pretensão de constituir uma reflexão em torno do uso dos re-
cursos tecnológicos no processo ensino-aprendizagem, especialmente do computador, numa
sociedade em mudanças, suas posições definidoras, sua fundamentação teórica, desde os mais
diferentes pontos de vista e, mais que isto, deixar bem definida a relação entre professor e tecno-
logia, assunto tão discutido na educação atualmente.
Objetivos:
Possibilitar aos futuros professores:
• condições de construir conhecimentos sobre o porquê e como integrar as tecnologias à prá-
tica educativa;
• integrar as tecnologias à prática pedagógica, de modo criativo e inteligente, para desenvol-
ver a autonomia e a competência dos estudantes e educadores, enquanto usuários e criado-
res dessas tecnologias e não como meros receptores; e
• condições para que se tornem usuários críticos e criativos das tecnologias e não como me-
ros consumidores das mesmas.
Conteúdo:
Unidade 5: O computador como recurso didático
5.1 Introdução
5.2 O computador como recurso didático
5.3 Referências
Bom estudo!
Os autores.
49
UAB/Unimontes - 2º Período
50
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
utilizar para desenvolver essas estratégias, Não podemos perder de vista que os recursos
abordar o conteúdo, atingir o objetivo e resol- são apenas um componente do processo. O
ver o problema? Vamos usar datashow? O com- sucesso do processo está na combinação de
putador? O DVD? Apostila? Para selecionar os todos os componentes.
recursos didáticos mais adequados, temos que Por que é importante utilizar os recursos
considerar o contexto em que estamos inseri- didáticos? O que são eles? Como se estudou
dos. Quais os recursos disponíveis na minha na disciplina Didática II, os recursos didáticos
escola? são o canal, através do qual se transmitem as
E, por fim, o que é avaliar? Será que o re- mensagens docentes. É o sustento material
curso, o método, as estratégias e o conteúdo das mensagens no contexto da aula.
selecionado foram adequados? Será que atin- Como vamos transmitir na sala de aula
gimos o objetivo e resolvemos o problema? o conhecimento socialmente acumulado, e
Assim, avaliar é verificar se, de fato, o processo como os alunos aprenderão? O que vamos uti-
ensino-aprendizagem se efetivou. lizar para que eles se apropriem da informação
O que é ensinar, então? São estratégias e construam o conhecimento? Eu vou utilizar
desenvolvidas pelo professor para que seus um canal e qual será esse canal? Este canal é o
alunos se apropriem da informação e construa recurso didático.
o conhecimento. O professor tem que conhe- Os recursos didáticos auxiliam o professor
cer os seus alunos para selecionar as melhores a abordar o conteúdo de uma forma mais cria-
estratégias que possam ajudar esses alunos a tiva para que ele possa atingir os seus objeti-
apropriar da informação e construir o conheci- vos.
mento. O computador pode ser utilizado como
E o que é aprender? São estratégias de- um recurso didático. O seu objetivo na educa-
senvolvidas pelos alunos, a partir de seus es- ção, por exemplo, não é dar aula de informáti-
tilos de aprendizagem, para apropriar-se da ca. Usar o computador como recurso didático
informação e construir o conhecimento. Para significa utilizá-lo para ensinar e ajudar o alu-
que o processo ensino-aprendizagem se efeti- no a aprender.
ve, é necessário que o professor conheça seus Segundo Valente (1998), existem duas
alunos e dispare as estratégias necessárias, de ideias em relação ao uso do computador na
acordo com os estilos de aprendizagem dos educação:
seus alunos. 1ª Ideia: o computador serve para facilitar
Existem fatores que interferem no pro- o processo-ensino aprendizagem. Nesta pers-
cesso, que o dificulta. Entretanto, só podemos pectiva, usamos o computador da mesma for-
dizer que ensinamos quando nossos alunos ma que utilizamos outras tecnologias, como
aprenderam. micro-ondas, a televisão, o DVD, para facilitar a
Na disciplina Didática II, discutiu-se tam- nossa vida cotidiana; e
bém sobre as contribuições dos recursos didá- 2 ª Ideia: o computador como recurso di-
ticos para o processo ensino-aprendizagem. dático para promover a aprendizagem.
Conforme argumentação do ponto de vista Para D’Ambrósio (1999, p.5), educação é
fisiológico (vínculo entre a imagem e a palavra ação. Um princípio básico é que toda ação in-
no desenvolvimento do pensamento huma- teligente se realiza mediante estratégias que
no); do ponto de vista psicológico (criação de são definidas a partir de informações da rea-
motivação por meio da capacidade comuni- lidade. Portanto, a prática educativa, como
cativa e pedagógica); e do ponto de vista pe- ação, também estará ancorada em estratégias
dagógico (por meio do trabalho didático do que permitem atingir as grandes metas da
professor). educação.
Nesta disciplina estamos trabalhan- As estratégias, por sua vez, estão apoia-
do com o componente do processo ensino das em ferramentas, recursos que viabilizam
-aprendizagem: os recursos didáticos. As tec- sua realização. Mais do que nunca, os profes-
nologias são recursos didáticos. sores estão recorrendo à tecnologia. Ao con-
O simples fato de colocar na escola o trário do senso comum de que informática
computador ou uma televisão não é garantia facilita o processo de ensino-aprendizagem
de que haverá aprendizagem. É necessário (1ª Ideia), o computador dificulta o processo,
que o professor saiba utilizar adequadamente podendo enriquecer ambientes de aprendiza-
essas tecnologias para que elas possam con- gem, onde o aluno, interagindo com os obje-
tribuir na construção do conhecimento para tos desse ambiente, tem chance de construir
que o processo possa acontecer. É este o cui- o seu conhecimento. O conhecimento não é
dado que precisamos ter. O que nos interessa passado para o aluno; ele não é mais instruído,
no processo ensino-aprendizagem? Abordar ensinado. O aluno é construtor do seu próprio
como os recursos didáticos devem ser usados. conhecimento. Assim, o paradigma instrucio-
51
UAB/Unimontes - 2º Período
nista vai sendo substituído pelo paradigma tuação problema, o aprendiz tem que utilizar
construcionista, onde a ênfase está na apren- toda sua estrutura cognitiva para descrever
dizagem, na construção do conhecimento, ao para o computador os passos para a resolu-
invés de estar no ensino, na instrução. ção do problema, utilizando uma linguagem
Segundo Valente (1998), o computador de programação. A descrição da resolução do
tem sido usado na educação como máquina problema vai ser executada pelo computador.
de ensinar, que consiste na informatização dos Essa execução fornece um feedback somente
métodos de ensino tradicionais. O professor daquilo que foi solicitado à máquina. O apren-
implementa no computador uma série de in- diz deverá refletir sobre o que foi produzido
formações que devem ser passadas ao aluno, pelo computador; se os resultados não corres-
na forma de um tutorial, exercício e prática ou ponderem ao desejado, o aprendiz tem que
jogo. Desta forma, o computador não contri- buscar novas informações para incorporá-las
bui para a construção do conhecimento, pois ao programa e repetir a operação.
a informação não é processada, mas simples- Com a realização desse ciclo, o aprendiz
mente memorizada. tem a oportunidade de encontrar e corrigir
A abordagem denominada por Papert seus próprios erros e o professor entender
(1994) de construcionismo permite que o o que o aprendiz está fazendo e pensando.
aprendiz possa construir seu conhecimento Portanto, o processo de achar e corrigir o erro
através do computador. Segundo essa con- constitui uma oportunidade única para o alu-
cepção, a construção do conhecimento só no aprender sobre um determinado conceito
acontece quando o aluno constrói um objeto envolvido na solução de um problema ou so-
de seu interesse, um texto, um programa etc. bre estratégias de resolução de problemas.
Para Valente (1998), a diferença entre a teo- A realização do ciclo descrição-execução-
ria de Piaget e o construcionismo de Papert -reflexão-depuração-descrição não acontece
(1994) é que o conhecimento é construído simplesmente colocando o aprendiz diante do
através do computador, que é utilizado como computador. A interação aluno-computador
uma ferramenta de aprendizagem. precisa ser mediada por um profissional-agen-
Na noção de construcionismo de Papert te de aprendizagem, que tenha conhecimento
(1994) existem duas ideias que contribuem do significado do processo de aprender por
para que esse tipo de construção do conheci- intermédio da construção de conhecimen-
mento seja diferente do construtivismo de Pia- to, para que ele possa entender as ideias do
get. Primeiro, o aprendiz constrói alguma coi- aprendiz e como atuar no processo de cons-
sa, ou seja, é o aprendizado por meio do fazer, trução do conhecimento para intervir apro-
Figura 16: Ciclo
do ”colocar a mão na massa”. Segundo, o fato priadamente na situação, de modo a auxiliá-lo
descrição-execução- de o aprendiz estar construindo algo do seu nesse processo.
reflexão-depuração- interesse e para o qual ele está bastante moti- A utilização das tecnologias na educa-
descrição. vado. O envolvimento afetivo torna a aprendi- ção não deve estar associada a um modismo
Fonte: PAPERT, S. A máqui- zagem mais significativa (VALENTE, 1998, p.2). ou à necessidade de se estar atualizado com
na das crianças: repensan-
do a escola na
Nessa perspectiva, Papert propõe a reali- as inovações tecnológicas. Esses argumentos
era da informática. Porto zação do ciclo descrição - execução - reflexão - servem para maquiar a utilização do potencial
Alegre: Artes Médicas, depuração - descrição, que é de extrema impor- pedagógico do computador na educação, pois
1994.
tância na aquisição de novos conhecimentos. não contribuem para o desenvolvimento in-
▼ Segundo Valente (1998), diante de uma si- telectual do aluno. Seu objetivo deve ser o de
mediar a expressão do pensamento do apren-
diz, favorecendo os aprendizados personaliza-
dos e o aprendizado cooperativo em rede.
Uma sala de aula equipada com compu-
tadores, TV, vídeo, aberta e livre ao diálogo,
pode se transformar em uma oficina de traba-
lho, a partir do momento em que os estudan-
tes forem desafiados a buscar soluções para
os problemas em colaboração entre os pares
e com as facilidades disponíveis pelas tecno-
logias. Isto pode fazer com que os estudantes
ganhem mais confiança para criar livremente,
sem medo de errar.
Assim, a sala de aula pode gerar uma
grande equipe para produção e troca de
ideias, um ambiente diferente do da sala de
aula convencional, onde a fala e a projeção do
52
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
pensamento passam a ter papel fundamen- computador, dos professores que seguem a
tal no processo de criação e na aplicação dos criação na tela e até mesmo dos outros com-
conteúdos adquiridos formalmente. A colabo- panheiros em volta que, apesar de estarem
ração se torna visível e constante, vinda, natu- entretidos em suas criações, prestam atenção
ralmente, do parceiro sentado junto, frente ao ao que acontece em volta.
Referências
CARVALHO, Mauro Giffoni. Piaget e Vygotsky: as contribuições do interacionismo. Dois Pontos.
Belo Horizonte, n. 24, 1996, p 26 —27.
D’AMBRÖSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas, SP: Papirus, 1999.
MORAES, Raquel de Almeida. Informática na Educação. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2000.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
VIEIRA, F. M. S.; ALMEIDA, K. T. C. L. de; FRANÇA, S. D. Didática II. Montes Claros: Editora Unimon-
tes, 2010.
53
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Resumo
Unidade I - Apresentou-se a nova sociedade, a da informação, a qual estamos vivendo. Fo-
ram discutidos os principais momentos históricos que contribuíram para culminar no atual de-
senvolvimento tecnológico, além de melhor compreender os principais movimentos e momen-
tos da nossa contemporaneidade, como o movimento surrealista e o pós 2ª Guerra Mundial. O
novo papel da tecnologia foi discutido, com o fim das fronteiras e a proliferação da globalização.
Unidade II - Nesta Unidade, foram discutidas as correlações entre mídia e educação. O uso
da mídia foi apresentado com a finalidade de se compreender a melhor forma de seu uso e os
reflexos na educação. A presença da mídia em nosso cotidiano leva à necessidade primordial de
preparar esses indivíduos através da educação.
Unidade III - As características da linguagem da mídia foram discutidas, principalmente
as da televisão. Os meios de comunicação e sua influência foram um dos aspectos abordados.
Como somos todos educados pela mídia, a escola tem importante papel no sentido de orientar
essa influência.
Unidade IV - A informática foi abordada como uma Tecnologia da Informação e Comunica-
ção (TIC). A melhoria na qualidade dos serviços, devido à sua contribuição em todas as áreas do
conhecimento, proporcionam rapidez e precisão de dados na execução de seus serviços. Mos-
trou-se que, através da Internet, um mundo se abre em tempo real. Diferentes formas no envio,
recebimento e armazenamento das informações. A E-comunicação, com sua própria linguagem,
foi outro aspecto abordado.
Unidade V - Nesta última Unidade, a educação e o atual contexto da nossa era foram discu-
tidos. Mesmo com tantas mudanças, a educação permanece inalterada no sentido de confun-
dirmos ainda um amontoado de fatos com conhecimento, e professores que ainda insistem em
transmitir pouco desses conhecimentos. O novo papel da escola foi abordado, mostrando que
a posição estática precisa ser deixada para trás e, em seu lugar, um ambiente “inteligente”, cria-
do para a aprendizagem, rico em recurso, onde os alunos possam construir seus conhecimen-
tos, segundo o estilo de cada um. O uso das novas tecnologias de informação e comunicação
pelos professores, mesmo com a resistência de alguns que ainda acham que as TIC vieram para
substituí-los, encontra uma gama enorme de opiniões, inquietudes, acertos e desacertos. Enfim,
foi feita uma reflexão acerca do uso desses recursos tecnológicos no processo ensino-aprendiza-
gem.
55
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Referências
Básicas
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Salto para o Futuro. Brasília: Secretaria de Edu-
cação a Distância - MEC, 1998.
Complementares
BERGER, Rene. Il nuovo golem - Televisione e media, tra simulacri e simulazione. Milão: Raffaello
Cortine, 1992
D’AMBRÖSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas, SP: Papirus, 1999.
FERRÉS, Joan. Televisão e Educação. Trad. Beatriz Affonso Neves. - Porto Alegre: Artes Médicas,
1996.
_____________ Vídeo e Educação. Trad. Juan Acunã Llorens - Porto Alegre: Artes Médicas,
1996.
FIORENTINI, L. M.; MORAES, R. A. Curso UniRede de Formação em EAD. Módulo 1. In: UniRede.
Disponível em http://nead.ufpr.br/uni/modulo1/intro_unid_1.html.
GALLI, Fernanda Correa Silveira. Linguagem da Internet: um meio de comunicação global. In:
MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas for-
mas de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p 120- 134.
57
UAB/Unimontes - 2º Período
JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas
comunicacionais com a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.
KELLNER, Douglas. Novas tecnologias: novas alfabetizações. Texto não publicado e traduzido
por Newton Ramos-de-Oliveira, Pesquisador do Grupo ”Teoria Crítica e Educação”, núcleo de S.
Carlos (Unesp/Ufscar/CNPq).
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In:
MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas for-
mas de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 13 -67.
MORAES, Raquel de Almeida. Informática na Educação. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2000.
MORAN, J.M O vídeo na sala de aula. Comunicação e Educação. São Paulo: n.2, jan./abr.1995, p. 30
PÁDUA, Wilson de. Multimídia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas, SP: Papirus, 1996.
TORRES, Vladimir S. O uso de vídeo como recurso de apoio didático: exemplos de biologia. In:
Revista Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, Vol. 26, n. 140, jan/Fev/Mar - 1998, p. 30 - 36.
VIEIRA, Fábia Magali Santos. A Internet como Meio Eletrônico de Comunicação. In: Revista Uni-
montes Científica. v. 3., jun./02. Montes Claros: Editora Unimontes, 2002.
58
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
VIEIRA, F. M. S.; ALMEIDA, K. T. C. L. de; FRANÇA, S. D. Didática II. Montes Claros: Editora Unimon-
tes, 2010.
59
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) A abordagem denominada por Papert de Construcionismo permite que o aprendiz possa
construir seu conhecimento através do computador realizando o ciclo descrição-execução-refle-
xão-depuração-descrição.
Para caracterizar cada uma das etapas deste ciclo, numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª.:
1) Descrição ( ) O aprendiz deverá refletir sobre o que foi produzido pelo computador.
2) Execução ( ) Diante de uma situação problema, o aprendiz tem que utilizar toda sua es-
trutura cognitiva para descrever para o computador os passos para a resolução
do problema.
3) Reflexão ( ) O aprendiz deverá refletir sobre o que foi produzido pelo computador. Se os
resultados não corresponderem ao desejado, o aprendiz tem que buscar novas
informações para incorporá-las ao programa e repetir a operação.
3) Todos os itens abaixo se referem aos objetivos do uso do computador na educação, segundo
uma concepção construtivista de aprendizagem, exceto:
6) Quem dita o chamado pensamento único da nossa era atual? Justifique sua resposta.
61
UAB/Unimontes - 2º Período
10) Quais problemas uma pessoa pode vir a ter com o mundo virtual?
62