dade, uma purificação que leva ao caminho do sagrado e a expressão da generosidade, da abundância e da prosperidade nas relações.
Vamos aos poucos conhecendo cada
cômodo desta “nossa casa”, assim reco- nhecendo o que cada um deles abriga. Toda entidade humana encarnada neste plano busca, consciente ou inconsciente, prosperi- dade nas relações. São duas correntes vitais que se encontram na sexualidade, promovendo a ascensão de cada um dos parceiros. Pergunta:
Sonhei com duas cobras muito
bravas e venenosas, que estavam presas no box do meu banheiro e eu precisava enfrentá-las. Mas, eu tinha certeza de que não ia conseguir fazer isso sozinha, com medo do poder de destruição delas. Como encarar isso?
Nos quadrantes da consciência, operamos
com duas correntes de força: uma afirmati- va e outra negativa. A afirmativa é o que somos, nosso Eu Superior. O Eu real é uma extensão do Ser Supremo em nós, que habita tudo que é vivo. É uma partícula de vida que vibra positivamente e que se move em direção à união, unidade, construção e prosperidade. Este raio de afirmação foi encoberto por capas e foi distorcido em algum momento, devido às experiências de dor, gerando uma contradição. Nas relações, essa polarização está muito presente porque todo mundo quer ser amado e quer amar.
Na reciprocidade dessas duas correntes
positivas, muitas vezes não há necessidade de diálogo. A unidade acontece no encontro do olhar, na respiração, porque, afinal de contas, são duas correntes afirmativas se encontrando. Mas, para isso ocorrer, se faz necessário a remoção destas capas e a eliminação dessa corrente de negação, que muitas vezes sabota esse seu intento de ter uma relação saudável, luminosa e amorosa. Você não consegue controlar e acaba dando passagem para negatividades, para o ódio, para o medo, para a carência e para coisas que você nem sabe classificar. É na relação sexual que se reflete o que de mais profundo precisa ser solucionado na sua alma. É preciso calma e tempo para transformar hábitos tão arraigados. Para chegar nesta beleza, neste poder, na confiança, precisamos lidar com esse veneno e desarmá-lo.
Pergunta:
Fico confuso quando você diz
que fantasias sexuais não devem ser vividas. No meu caso, é o único caminho conhecido nos meus relacionamentos há 25 anos. Desde que fechei a porta para a pornografia, não quero mais praticar relações violentas, porém sigo atraindo pessoas querendo viver suas fantasias. Como saber o que é maturidade e repressão e como transitar do velho para o novo, sem cair na repressão? Os jogos sadomasoquistas, que permeiam a grande maioria das fantasias, são frutos da repressão. É exatamente devido à repressão, que você acaba utilizando recursos que reeditam a ferida infantil, que reedita as experiências de dor, onde você rejeita e é rejeitado. São círculos viciosos utilizados para anestesiar a dor original, porque você foi bloqueado na expressão do prazer, da energia positivamente orientada. Você foi impedido de ser você mesmo, de ser espontâneo e sua inocência foi roubada. Todos nós somos canais dessa ignorância há muito tempo, inclusive através do canal dos nossos pais, que não tinham a inteligência espiritual acordada para trazer um ser dentro de um outro contexto, dentro de um outro cenário. Era necessário o mínimo de sabedoria, para evitar a repetição da ignorância e o bloqueio da energia sexual na origem.
O sadomasoquismo, a pornografia, as fan-
tasias sexuais são um mecanismo de defesa, são mensagens do inconsciente e também instrumentos de aprendizagem, que nos dão pistas que revelam aqueles núcleos escuros da alma que precisam de luz. Se você evita olhar para isso e se deixa levar pela fantasia, vai se distraindo cada vez mais do núcleo que precisa ser transforma- do. Por isso, disse que elas geralmente não devem ser vividas e nem compartilhadas com o parceiro, porque sem consciência, pode acontecer das duas energias negati- vas se encontrarem e acabarem vivendo esse “jogo” por um bom tempo.
Se você quer liberdade, quer transcendên-
cia, quer iluminação, então eu preciso te dizer que você precisa ter a coragem de olhar de frente, para aquilo que te impede de subir e te ajudar no início de um processo de liberação dessas âncoras. Renunciar à pornografia é um ato heróico, porque esse mecanismo tem o poder magnético sobre a psiquê, sobre uma fenda emocional e sobre uma personalidade carente. Existe uma pornografia mais grosseira, mas existe uma pornografia mais sutil, que te leva para fora, buscando estímulos fora, e que te impede de ver o outro sem artifícios. Você não precisa do outro para te estimular. Você encontra prazer no seu masculino e feminino internamente para realizar uma emancipação dentro.
Primeiro você se liberta do infra sexo (o sexo
inferior) e passa ter um sexo natural sem artifícios, sem projeções até chegar no supra sexo. Aí se chega no celibato natural, em um florescimento, que é um estágio natural. Esse é o caminho percorrido por todo aquele que trilha o caminho da autorrealização. Mas, como ir além da necessidade de fazer sexo sem fazer sexo? Existem vários caminhos, onde o sexo não é necessário, que podem te levar para cima. Seja através de uma tradição específica do yoga ou alguma outra maneira, mas primeiro é necessário se libertar do infra sexo.
No sexo inferior, a repressão é você querer
machucar e querer ser machucado. Isso tudo não é brinquedo, não. É veneno. Muitos acabam buscando a fantasia como escape, porque a realidade é difícil. Tem pessoas que não conseguem sentir prazer com alguém de carne e osso. Só sente prazer com um boneco inflável, com masturbação, porque a energia está completamente condicionada. Tem medo de ser traída, de ser rejeitada e aí foge por meio da pornografia, com fantasias porque não tem coragem de ter uma experiencia real com alguém de carne e osso. Admitir isso, é olhar para a dor que está atrás disso. Seja cuidadoso com você mesmo, para não cair na culpa. Seja hones- to e aceite isso que você tem medo de olhar para a pessoa e ter que lidar com a cobra venenosa dentro de você. O caminho de ascensão envolve esse processo de cura psicoemocional.
Se você usou por muito tempo esses me-
canismos, é difícil mesmo sentir a vida pulsando. Mas veja a oportunidade por trás disso, onde você pode atravessar um pequeno deserto, até se reajustar. É não colocar nada entre você e seu parceiro, é só Eu e você, sem aparelhos, sem mecanismos.
Pergunta:
Acho que sexo tântrico ou amor
verdadeiro está bem distante de mim. Estou saindo de um relacionamento abusivo, onde eu era submissa. Havia muito pornográfia, uma relação sem carinho nem amor. Como me curar dessa carência.
Não é fácil abrir mão dessa muleta, porque
você acredita que não sabe andar. Crença é uma coisa séria e tem níveis e níveis de crenças. Você realmente acredita que não é capaz de andar e que depende de alguém que te maltrate. Esse é um exemplo clássico da energia vital casada com o sofrimento. Às vezes não é fácil atravessar isso sem se deprimir e sem olhar para memórias aterrorizantes. Mas, é importante dar um passo em frente e destravar esse fluxo da vida, e não esperar a morte chegar ou criar um ambiente favorável para uma doença. Por causa do medo de ficar sozinha, você tem medo de encarar a solidão.
Fazer sexo sem carinho nem amor, é um
estupro consentido, que tem consequências no seu corpo emocional e mental. Quando o submisso encontra alguém que te dá atenção, mesmo que seja na forma da violência, é difícil se soltar. Tem que ter cora- gem de dizer: Assim não quero mais! Mesmo aqueles que estão sozinhos, com a porta fechada acreditando que não tem alguém para se relacionar, podem estar com medo de entrar em contato com esses núcleos que precisam ser transformados. Até aqueles que querem transcender sem fazer sexo, o recado é: Firmeza no sadhana e no serviço.
Se você se entrega, tudo o que você precisa
chega na hora exata. Se você, eventual- mente, está se sentindo desconfortável, por causa desse assunto, lembre-se que esse é um privilégio: poder entrar no “seu deserto” e conhecer seus demônios internos e assim exorcizá-los. É o mesmo caminho que trilhou Jesus e tantos outros sábios. Mas não se iluda, a respeito dos seus demônios internos, uma coisa é você ouvir sobre isso, outra coisa é estar no deserto e ter que encarar os bichos, cara a cara, com firmeza no propósito da ascensão.