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HQ Maus
HQ Maus
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Guerra Civil (2006)..........................................................................46
Capitão América: Soldado Invernal.................................................66
Capitão América: A Escolha.............................................................67
Superman: Red Son - Entre a Foice e o Martelo..............................68
A Era do Apocalipse.........................................................................71
Guerra Civil II..................................................................................73
Batman vs. Superman: a origem da justiça (2016) (mills)...............74
Batman: Ano Um..............................................................................75
Batman: A Piada Mortal...................................................................77
Batman: Mestre do Futuro...............................................................81
Batman: Morcego-Humano..............................................................82
A Torre Negra - Nasce O Pistoleiro..................................................83
A Torre Negra - A Longa Volta Para Casa........................................84
#2: Batman – O Cavaleiro das Trevas 1 e 2.....................................85
Universo X.......................................................................................89
Terra X..............................................................................................90
Liga Extraordinária - Vol. 01............................................................92
Liga Extraordinária - Vol. 02............................................................95
Liga Extraordinária - Vol. 03............................................................97
Nemesis - 04 Edições.......................................................................99
Superior - 07 Edições.....................................................................100
Dias de Meia-Noite........................................................................101
Sandman Completo........................................................................104
Sandman: Noites Sem Fim.............................................................107
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Morte o Preço da Vida....................................................................109
Coraline de Neail Gaiman..............................................................111
Marvel 1602...................................................................................113
Camelot 3000.................................................................................114
Planetary - Volume 01 de 04..........................................................117
Planetary: Crossovers.....................................................................122
God of War - 06 Edições................................................................126
O Universo Wildstorm por Alan Moore.........................................127
Wildcats: Círculo Vicioso...............................................................128
Wildcats: De Volta Para Casa.........................................................129
Frequência Global - Volume 01......................................................131
Frequência Global #02...................................................................133
Gotham City Contra o Crime - Vol. 01..........................................135
Gotham City Contra o Crime - Vol. 02..........................................137
Gotham City Contra o Crime - Vol. 03..........................................138
Gotham City Contra o Crime - Vol 04...........................................139
Gotham City Contra o Crime - Vol. 05..........................................141
Gotham City Contra o Crime - Vol. 06..........................................143
Superdeus - 05 Ed..........................................................................145
Sláine: O Senhor das Feras............................................................147
Scans Que Eu Li: Sheltered #01 a #09...........................................149
Renascimento #01 a #26................................................................151
Lobo Solitário - Vol. 08..................................................................153
Fábulas - Vol. 07.............................................................................155
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Scans Que Eu Li: República Invisível...........................................158
Darkseid vs. Galactus.....................................................................160
Preacher Completo 2.0...................................................................162
Preacher - Volume 01.....................................................................165
Preacher: Volume 02......................................................................167
Preacher - Vol. 05...........................................................................169
Preacher - Volume 06.....................................................................171
Preacher - Volume 07.....................................................................173
Preacher - Vol. 08...........................................................................175
Preacher: Vivo ou Morto - Artbook................................................177
Scans Que Eu Li: Caliban..............................................................178
Crônicas de Wormwood.................................................................182
Crônicas de Wormwood: A Última Batalha...................................183
Scans Que Eu Li; Monstress 01 a 06.............................................184
(BD) TRONO DE GELO 01: ORFÃO DA ANTÁRCIA..............186
(BD) O BOSQUE DAS VIRGENS 01 de 03.................................187
(BD) O BOSQUE DAS VIRGENS 02 de 03.................................188
Y - O Último Homem - Completo..................................................189
100 BALAS....................................................................................191
Zaya................................................................................................192
Canalhas do Sul..............................................................................193
Wayward.........................................................................................195
A Vermelha.....................................................................................196
Eclipse............................................................................................197
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Transformação................................................................................198
A Espada.........................................................................................199
Age of Bronze................................................................................201
Artefatos.........................................................................................204
(BD) AS RAINHAS DE SANGUE - ISABEL, A LOBA DA
FRANÇA 01(de 02).......................................................................207
HQ Euro: Sangue Real - Livro I - Bodas Sacrílegas......................208
HQ Euro: Sangue Real - Livro II - Crime e Castigo......................209
HQ Euro: Sangue Real - Livro III..................................................210
HQ Euro: Noé - Livro I - Por Causa da Maldade dos Homens......211
HQ Euro: Noé - Livro II.................................................................212
HQ Euro: Noé - Livro III...............................................................213
HQ Euro: Noé - Livro 4.................................................................214
HQ Euro: A Lenda das Lâminas Escarlates - (Completa) 4 Livros215
HQ Euro: A Ordem dos Cavaleiros Dragões - Livro I...................217
Matéria: HQ Euro - A Ordem dos Cavaleiros Dragões - Cronologia
........................................................................................................218
HQ Euro: Bórgia - Livro I - Sangue para o Papa...........................221
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Sites para baixar scans de quadrinhos e mangás
http://tudohqemanga.com
http://www.hqbr.com.br
http://aspasnoir.blogspot.com.br
http://lasquei.blogspot.com.br
http://renegadoscomics.blogspot.com.br
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http://www.artehqs.com.br
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Programas para HQ:
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Ghost in the Shell
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TERÇA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2017
Maus - A História de Um
Sobrevivente
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Maus foi iniciado no início da década de 1980 e só concluído em
1992. Logo fica muito claro para o leitor o qual custoso,
angustiante e necessário foi para o autor sua escrita, tal qual um
ritual de exorcismo é imprescindível para o possuído. Art
Spiegelman desce aos porões de sua alma e de lá puxa esta obra
e, tal qual uma jornada espiritual, consegue trazer à luz algo que
o machuca muito, mas ao mesmo tempo parece o absolver de
muitas coisas. A obra conta a história de Vladek Spiegelman,
judeu Polonês e pai de Art. A narrativa acontece a partir de
entrevistas que Art fez com seu pai já velho no final dos anos 70.
Mas a obra possui muitas camadas, pois alterna entre o presente
(as entrevistas junto ao pai) e o período da 2ª Guerra Mundial,
em que tudo vai se desenrolando sob o olhar do inventivo e
jovem Vladek. O autor não tem medo de expor sua relação
conturbada com o pai que emoldura de um jeito incrível a
narrativa de Vladek, dando densidade, humanidade e acima de
tudo sentimento ao relato.
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Embora criticado por alguns, Art Spiegelman escolhe de forma
brilhante um jeito de retratar os diversos personagens desta
amarga história. Ao dar características zoomórficas às diversas
nações envolvidas, o autor consegue um efeito extremamente
genial, pois absolve e culpabiliza os diversos povos que se
envolveram no conflito (Judeus são retratados como ratos,
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Poloneses como porcos, Norte-americanos como cães, Alemães
como gatos, Suecos como renas, Franceses como Sapos, Ciganos
são libélulas, Russos Ursos, Britânicos Peixes...). Este recurso faz
com que a leitura se expanda e amplie as relações entre todos,
uma vez que o conflito levou à acentuação das diferenças entre
nacionalidades, ao ponto que na época você não era mais uma
pessoa, mas uma "nação", estereotipada, julgada e condenada
por cada um.
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garanto que você se pegará rindo da simplicidade, da
humanidade, dos problemas e personalidade do velho Vladek,
além de sua relação com Art e Françoise (esposa do autor). As
"aparentemente" simples e pequenas tiras de desenho da obra
escondem tesouros gráficos e aconselho (fortemente) à todos a
prestarem muita atenção nas ações de fundo que sempre estão
acontecendo em cada quadrinho. Perder isto em uma leitura
rápida, é simplesmente perder grande parte da sensibilidade que
o autor quis expressar.
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novo nível, consolidando esta mídia como forma de expressão
verdadeira de qualquer desenvolvimento artístico.
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Bem amigos, finalizo com uma imagem em que Art Spiegelman
se auto-retrata. A imagem fala muito por si, mas você só concebe
sua verdadeira dimensão ao ler a obra. Em um mundo tão
estranho como o nosso atualmente, Maus é um farol a nos
lembrar sobre quem somos... Para o bem e para o mau.
Tudo é Vaidade
vaidade (vai-da-de) - s. f.
• Desejo imoderado de chamar atenção, ou de receber elogios.
• Idéia exageradamente positiva que alguém faz de si próprio;
presunção, fatuidade, gabo.
• Coisa vã, fútil; futilidade.
• Alarde, ostentação, vanglória.
Mediante o que sofreu e a dor que sentiu, digo que foi um alívio
ela ter partido.
Minha pergunta é:
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Todos colocados numa grande sala de espera... E todos com uma
única missão...
Sem contar o SOL, que todo dia está lá, DANDO a energia
necessária para TUDO acontecer.
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preguiça (pre-gui-ça) - s. f.
Pensa comigo.
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Será que nossa sociedade decadente é fruto de um planeta
moribundo, doente?
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Habibi. Craig Thompson (Pantheon/Casterman)
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recusa de o ler antes de o considerar nos seus contornos e nas suas
especificidades. (Mais)
A acção passa-se
num país que nunca é identificado no tecido histórico e real, tal como
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não há qualquer esforço para indicar o contexto temporal exacto desta
história. No entanto, toda uma série de clichés - a existência de um
sultão mimado pelos excessos e que procura novas formas de prazer, o
seu harém quase infinito, salas do seu palácio encerrando maravilhas e
jardins e faunas, à imagem do mítico, e não o histórico, Harun Al-
Rashid, a própria existência da escravatura - são elementos que lançam
a uma espécie de “fantasia antiga”, contrastada com pistas visuais da
contemporaneidade - o barco no meio do deserto, peças de carro, latas
de refrigerantes e outros detritos da indústria moderna no lixo - que
complica essa decisão. Aliado à “Wanatólia”, o país inventado
(condensação, deslocamento, metonímia distorcida) pelo autor para
estas acções, só se pode concluir que o que Craig Thompson criou é
uma fantasia, no seu pleno sentido, e com que ele se defende mesmo
em algumas entrevistas. O problema é que estas fantasias tocam nas
franjas de realidades tangíveis, históricas e contemporâneas nas quais
existem pessoas, pessoas reais, e o que ele faz é perpetuar essa
mesma fantasia, é dar continuidade, e solidez e, graças ao seu poder
autoral e de artista, inegável, algum peso de autoridade. Não há
nenhum momento em que sintamos estar Craig Thompson a colocar
em questão as representações de que se apropria. E toda esta questão
explode quando passamos o véu dessa fantasia selvagem e “intemporal”
para entrar na Wanatólia moderna, para a última parte deste romance,
onde pessoas “modernas” vão às compras, lavam os seus SUVs, falam
ao telemóvel e usam computadores… Não se percebe se é pior: é afinal
essa modernidade manchada pelos segredos cruéis que se encerram
nas “costas” da cidade? É essa modernidade podre? Também o seria a
nossa nesse caso, mas a atenção de Habibifecha-se nesse universo de
referências. Quer dizer, o surgimento dessa outra realidade para além
da primeira fantasia que havia criado, mescla de elementos literários,
pictóricos e cinematográficos de fantasia somente, torna-se, de alguma
forma, mais “pura” em contraste com essa cidade moderna. Outro
binómio perpetuado, portanto.
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A palavra chave nas críticas
mais agudas é a de “Orientalismo”. O próprio autor faz uso dela, mas
enquanto defesa, ou pelo menos enquanto matéria plástica e
imaginativa desprovida de consequências políticas, o que é
extremamente surpreendente senão mesmo perigosamente ingénuo.
De uma forma simples, o Orientalismo é um tratamento do Outro -
nomeadamente do “mundo árabe” - a partir de uma perspectiva
eurocêntrica redutora. É claro que toda e qualquer perspectiva parte
sempre de uma posição determinada e nós, enquanto europeus, não
podemos perspectivar de outro modo, mas o problema deste tipo de
perspectiva é a ausência de aprendizagem, diálogo e uma vontade
indómita na projecção de princípios organizadores de conceitos,
valores e compreensões do mundo sobre outras culturas, cujos
pressupostos não serão, de todo, os mesmos. Associado que está ao
movimento romântico do século XIX, sobretudo francês, tem a ver com
uma tradução (composta de irreparáveis perdas) de estilos, temas,
episódios, textos, que “essencializariam” essas outras culturas, ou que
as tornariam adaptadas ao palato europeu. Como se sabe, essa noção
sofreu uma viragem conceptual e valorativa crucial com o trabalho de
Edward Said.
Será algo temerário querer apresentar aqui uma súmula das lições de
Said nesse sentido, mas tentemo-la. Talvez a ideia central de Said seja,
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na esteira de outros intelectuais como C. L. R. James, a de as
hierarquias de poder - entre classes, sexos, raças/etnias e, sobretudo
países, colonizadores e colonizados - serem exercidas não somente
através do poderio militar, administrativo e económico mas também
cultural. A representação dos “outros” é, como dissemos, sempre feita
através da perspectiva de quem a exerce, como é de esperar, mas o
problema está em se criar uma ideia tal que não se cria qualquer tipo de
espaço para alternativas dessa mesma representação, muitas vezes nem
sequer espaço para a auto--representação. Por vezes, esse poder vai
mais longe, ao ponto de “vender” essa representação até mesmo aos
povos representados. Dá-se, portanto, uma espécie de “rapto cultural”.
É aí que se verifica, então, o uso da arte para a criação de mitos sobre o
“misterioso Oriente” (e a banda desenhada, enquanto território de
entretenimento que vai empregar em segunda ou terceira mão essas
representações e mitos, será um meio particularmente eficiente na
propagação dessas mesmas ideias; veja-se o livro de McKinney para,
pelo menos, uma dimensão desse processo). Uma outra dimensão
importante do trabalho de Said, aliado ao de tantos outros teóricos
modernos, e mais imediatamente associada ao seu trabalho de
interpretação literária, mesmo podendo hoje parecer mais óbvia, é que
mesmo no caso de uma determinada obra não ter uma explícita
dimensão política, ela existe na mesma. Ora Thompson repetidamente
diz que ela não existe, o que não deixa de ser caricato. Apenas sublinha
a ingenuidade já indicada.
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O problema está em que
Thompson não leu Edward Said. O autor emprega mesmo, em algumas
entrevistas, o termo “orientalismo”, e é notório como integra ao longo
do seu livro imagens retiradas da pintura ocidental orientalista - Ingres
é recorrente - para criar o seu ambiente “árabe”. O problema é que
Thompson parece compreender essas contribuições como positivas,
completas e desprovidas elas mesmas de problemas de representação.
Não somos de forma alguma os únicos a notar nisso, como já se
indicou.
As “intenções” de um autor não podem ser vistas como sacrossantas e
como triunfando sobre os efectivos elementos significativos do texto
criado. Por exemplo, a escrita em caracteres árabes - espalhada por
todo o livro como uma espécie de “brecha” para que o Outro se
expresse na sua língua, no seu idioma - é deveras belíssima mas, hélas!,
não é feita por Thompson, que optou antes por copiar fontes existentes.
Apesar de ser um género totalmente diferente, se pensarmos
nos carnets em que Joann Sfar vai-nos mostrando os seus passos de
aprendizagem de um instrumento, ou nos recordarmos como
Trondheim se “ensinou” a desenhar através dos seus primeiros
monumentais livros, estamos aí mais perto de um gesto honesto
consigo mesmo do que, mais uma vez, um aproveitamento superficial e
embelezador que coloca em dúvida todo o suposto programa. Não é
uma aprendizagem em curso, mas um decalque, no caso do autor
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norte-americano. O interesse de Craig Thompson pela adaptação
gráfica de textos religiosos não nasce nem em Habibi nem sequer nos
momentos-chave de Blankets. Já em Bible Doodles (parte da colecção
Small Batch da Top Shelf, em 2000) se encontram adaptações
transformadoras de relatos bíblicos, bebendo quer da Bíblia na versão
do Rei Jorge, quer das versões dos apostólicos quer ainda dos
apócrifos, e construindo páginas onde a decoração barroca (como no
caso ainda do poster que fez para a Guardian Angel Tour, de Neil
Gaiman) ou as versões “chibi” estavam patentes.
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que fazer a história real dos povos precisos que poderiam ser seu
objecto de pesquisa, e para se manter na linha da fantasia, elege os
mitos bíblicos como fonte. Esse segundo concílio, porém, entre fantasia
literária e história, é bem mais difícil… São dois modos diferentes de
ver o mundo, como quereria Wittgenstein.
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Em nenhum momento são
construídas personagens mais dimensionadas do que as figuras de
cartão dos esclavagistas, os esquálidos pedintes nas ruas sujas, o gordo
sultão, as outras cortesãs displicentes, os bárbaros beduínos, os cruéis
guardas dos palácios, inclusive os eunucos negros, o profeta tolo, etc.
Se apenas Dodola e Zam são personagens mais moldadas, contra quem
podem elas contracenar e ganhar força, se não existem mais
nenhumas?
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preciso desmontar
com vigor o que aí se opera. O próprio Zam aparece e desaparece de
cena num mecanismo quase ex machina não impõe um encadeamento
justo dos episódios. De novo, o problema não está em criar fantasias,
mas antes em fantasias que se interseccionam com realidades
demasiado presentes, e por isso nada inócuas. Como diz Chimamanda
Adichie, “o problema dos estereótipos não está no facto de serem
falsos, mas sim de serem incompletos”.
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de ingenuidade - a qual se serve para garantir algum tipo de
“autenticidade” à voz própria deBlankets, se torna politicamente
duvidosa em Habibi. Thompson, malgré lui, perpetua o Orientalismo.
O que ele diz nessas entrevistas acaba por ser, em bom português, “da
boca para fora”.
Habibi não pode ser lido inocentemente como “apenas uma bela
história de amor”. o acto literário, e gráfico, e de banda desenhada, tem
consequências sociais e sérias, e quanto mais as deseje ter maior a sua
responsabilidade.
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Thompson repudia um local que o tenta ajudar, por desconfiar das suas
intenções. Isto é muito sintomático de uma certa atitude em relação a
uma cultura díspar: é maravilhoso entrar em contacto com uma cultura
outra qualquer - a arquitectura, a música, ler a poesia, eventualmente
arriscar comer os seus pratos - mas se não tivesse tanta gente real à
volta, seria melhor…
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Uma última palavra sobre a
diferença entre a encadernação da versão original norte-americana e a
francesa. A edição original em inglês de Habibiapresenta uma capa
trabalhada e decorada em consonância com o interior do livro,
imitando um volume luxuoso do século XIX de literatura
(profusamente) ilustrada, ou, na ideia de Daisy Rockwell, um “livro
sagrado”. Sabemos que as mais das vezes a edição francesa de livros,
inclusive as de banda desenhada, opta por soluções mais sóbrias e
simples, e bastará pensar em dois casos contrários: as capas
relativamente simples de L’Ascencion du Haut Mal ePersepolis pela
L’Association, que nas suas versões norte-americanas passaram a
presenças mais engalanadas. Neste caso, a versão da Casterman,
integrando-a na sua colecção Écritures, ela mesma um sucedâneo no
seio do circuito comercial francófono da experiência original da
L’Association, é despojada dessa dimensão, com a excepção de que a
sua imagem central está numa moldura filigranada e ela, tal como a
matéria verbal da capa, são impressas numa cor cobre brilhante. De
que serve isso para alterar a leitura deHabibi? Talvez pouco, ou talvez o
suficiente para continuar a inclinar esta obra como um acto de beleza
superficial imitativa, que pode iludir no seu alcance.
Nota: agradecimentos à Pantheon e à Casterman, pelo envio das versões original norte-americana e
a tradução francesa
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