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SILVEIRA, Teresinha Mello da. A GESTALT NO CONTEXTO DA PSICOTERAPIA:


TEORIA E METODOLOGIA APLICADAS A UM CASO CLÍNICO (p.07-27). In:
Presença: Revista Vita de Gestalt-terapia, 1997 – Ano 3 – Número 4

*as páginas em vermelho correspondem à numeração original.

A GESTALT NO CONTEXTO DA PSICOTERAPIA: TEORIA E METODOLOGIA


APLICADAS A UM CASO CLÍNICO

Este trabalho utiliza como ponto de convergência o relato de um caso


clínico, a pretexto de ilustrar os conceitos aqui evocados e suas
aplicações na terapia. Antes, porém, serão feitas algumas
considerações teóricas e metodológicas a fim de esclarecer o que é
Gestalt-terapia e corrigir distorções que habitam o meio acadêmico
acerca da prática gestáltica.

A situação atual da Gestalt, no que se refere ao seu desenvolvimento recente e aos


resultados terapêuticos que apresenta, exige que se defina já, no âmbito da
psicoterapia, o lugar que a Gestalt-terapia ocupa entre as demais correntes. Com
esse fim, é preciso delimitar o seu campo teórico e estabelecer os instrumentos
metodológicos de que se utiliza.

É, pois, objetivo deste trabalho contribuir para o reconhecimento do papel da


Gestalt-terapia em face das angústias e sofrimentos de qualquer pessoa que se
dispõe a trilhar os caminhos tortuosos da busca de ser. Também tem como meta
fornecer subsídios para uma prática psicoterápica criteriosamente comprometida.
(página 7)

Este trabalho utiliza como ponto de convergência o relato de um caso clínico, a


pretexto de ilustrar conceitos aqui evocados e suas aplicações na terapia. Antes,
porém, serão feitas algumas considerações teóricas e metodológicas a fim de
esclarecer o que é Gestalt-terapia e corrigir distorções que habitam o meio
acadêmico acerca da prática gestáltica,

À medida que se relatar o caso, será descrita a dinâmica das primeiras entrevistas e
a necessidade de o terapeuta concentrar-se no que o cliente manifesta e em como
isto se dá. Em seguida, será demonstrada a importância do contrato terapêutico - a
cujos mal-entendidos se deve a maioria das desistências em terapia - e a forma de
construir um diálogo eficaz entre terapeuta e cliente.

O QUE É GESTALT-TERAPIA

São preocupantes os comentários pouco fundamentados a respeito do que é a


Gestalt-terapia. Como afirma Yontef (1981), “embora os Gestalt-terapeutas
identifiquem-se como promotores de excelência em Psicoterapia, a Gestalt-terapia é
frequentemente percebida como um sistema simplista ou inadequado” (p. 1). Desse
modo, o termo é empregado como técnicas de psicoterapia breve, recursos para
dinamizar um grupo, aconselhamento ou orientação psicológica, ou ainda terapia
para as pessoas que não se beneficiam da psicanálise.
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Para promover a mudança desse quadro, Barroso (1996) oferece uma diretriz
segura:

[...] é somente abandonando “pré-conceitos” e noções superficiais


acerca da Gestalt-terapia tanto as depreciativas, quanto as que lhe
louvam os méritos, e procedendo-se a um exame mais profundo de
todos os seus pressupostos conceitos, métodos e técnicas em sua
coerência a esse modelo de conhecimento, que se poderá avaliar não
apenas sua vinculação à psicologia da Gestalt, como também, mais
importante do que isso, sua validade ou consistência como formulação
teórica específica de Psicoterapia. (p. 23) (página 8)

Conforme outra concepção errônea, diz-se que a Gestalt é uma terapia superficial.
Os profissionais da psicoterapia consideram, na recomendação a determinada linha
de trabalho, o que é “mais indicado” ou o que “o paciente precisa”. Nesse caso,
optam por uma terapia profunda (sinônimo escolhido para a psicanálise) ou
superficial (em referência às outras abordagens).

Em razão desses equívocos, a definição da metodologia do processo terapêutico


também se dilui, embora esteja implícita na prática e seja apoiada por alguns bons
trabalhos (Polster & Polster, 1979; Hycner, 1995; Yontef, 1981). Os Gestalt-
terapeutas pouco discutem o assunto. Persiste, então, um aspecto de inconsistência
e superficialidade que não corresponde à verdade.

Não há, em verdade, terapias profundas ou superficiais, mas encontros profundos e


encontros superficiais. Ribeiro (1985), a propósito, assim define encontro, do ponto
de vista existencial:

Encontro existencial significa encontro real entre duas pessoas, numa


relação paritária, onde ambos estão sob uma única luz: o fato de estar
e de ser no mundo, numa tentativa de compreender, de experienciar;
de reavaliar, de fortalecer, de singularizar o que significa, de fato,
existir.
Desejamos recuperar a integridade do ser humano, e desejamos
fortalecer o seu movimento interno para a harmonia, lutando contra
toda forma de dicotomia. (p. 34)

O ENCONTRO PROFUNDO

Para Buber (Hycner, 1995, p. 23), o encontro se faz no centro da relação EU-TU.
Hycner (1995) auxilia nesse ponto:

A relação EU-TU é uma atitude de genuíno interesse na pessoa com


quem estamos interagindo verdadeiramente como pessoa. Isso
significa que valorizamos sua “alteridade“. Alteridade significa o
reconhecimento da singularidade e nítida separação do outro em
relação a nós, sem que fique esquecida nossa relação e nossa hu-
manidade comum subjacente. A pessoa é um fim em si mesma e não
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um meio para atingir um fim; e reconhecemos que somos uma parte


dessa pessoa. (p. 24) (página 9)

Conquanto seja necessária a noção de encontro, importa mais ao propósito deste


trabalho definir o termo profundo. Holanda (1986) registra 21 acepções para ele, o
que faz concluir que a palavra se presta a múltiplos usos. Por isso, em benefício do
rigor metodológico, é importante usar acepções que sejam coerentes com as
proposições filosóficas e a concepção de homem e de mundo da abordagem tera-
pêutica.

Desse modo, profundo pode ser traduzido por inconsciente — o que está de acordo
com os pressupostos da psicanálise. Por outro lado, ele também significa: muito
marcado; de grande intensidade; que vem ou parece vir do íntimo, fundo; enorme;
desmedido, excessivo — saber profundo; sagaz, perspicaz; difícil de compreender
etc. E nessa variabilidade de sentidos que se pode encontrá-lo no processo de ser
dos clientes.

A Gestalt-terapia, herdeira da psicologia da Gestalt, considera então, por uma


perspectiva fenomenológica, todos os aspectos da superfície como sinais do
profundo. Portanto, a Gestalt não despreza a entonação da voz, os gestos
despercebidos, a expressão corporal e tudo o mais que possa favorecer o
surgimento e o contato com o material à disposição da pessoa, o qual ao mesmo
tempo ela não pode perceber. Esse processo, a que se dá o nome de
conscientização (awareness), inclui uma participação ativa da pessoa do cliente,
único proprietário de tudo o que lhe acontece. Ribeiro (1985) corrobora essa
atirmação:

Desvendar o fenômeno é, portanto, chegar à essência mesma das


coisas. Esta intuição fenomênica, este chegar aos sentidos e à
percepção tem muito a ver com todo um esforço que se faz em
psicoterapia no sentido de não lidar com partes, com sintomas
exclusivamente, mas com a relação entre o subtodo e a totalidade, O
psicoterapeuta, neste caso, é o facilitador do fenômeno, enquanto
anúncio do ser O cliente, freqüentemente, está em contato com o
externo das coisas, tendo uma postura de ver o que está acontecendo,
mas ele não consegue perceber o seu ver, ou o ser do seu fenômeno.
As aparências, (página 10) muito mais que o fenômeno, escondem o
ser. A psicoterapia separa aparência e fenômeno, procurando ir à
essência mesma das coisas.

O psicoterapeuta, ao trabalhar com o quê o como está indo além das


aparências e procurando um contato direto com o fenômeno. As
manifestações externas de um cliente, por exemplo, um choro, uma
emoção, suas palavras nos colocam a caminho do fenômeno, da
revelação e manifestação do ser, do quê existencial, onde, de fato,
estão as fobias, as necessidades, que são o objeto do trabalho
psicoterapêutico. (p. 49).

Dessa perspectiva, o terapeuta somente trata de “acender a luz”, de modo que,


travando contato com o que vai surgindo na superfície, o cliente experimente da
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forma que puder um mundo de possibilidades e de impossibilidades que o levam a


uma autêntica transformação. Assim, profundidade é superfície em extensão — mais
uma definição oferecida por Holanda. Paradoxalmente, a mudança se dá tanto mais
quanto o cliente possa vivenciar esta superfície. Esse é o grande mistério de um
trabalho no presente: numa relação favorável, orientado por todos os sinais à
disposição num dado momento, o cliente percebe, sente, sofre, suporta, age,
assimila, retifica, (re)significa, reconfigura uma situação inacabada, abrindo espaço
para uma vida mais plena e mais real. As evidências de autenticidade, então,
emergem, e uma pessoa mais inteira ocupa o lugar do espectro anterior. Ao final de
encontros facilitadores de crescimento, o cliente leva consigo a capacidade de
caminhar sozinho no curso de sua vida, fortalecido pelo conhecimento de seus
recursos pessoais.

Para exemplificar na prática os conceitos utilizados até aqui, assim como os que
serão usados doravante, segue-se o relato de um caso clínico. (As partes do texto
referentes ao relato do caso estarão destacadas graficamente por tipo itálico,
visando a facilitar a leitura. A fim de manter a fidelidade ao caráter afetivo que se liga
de maneira inelutável a este tipo de experiência, adotar-se-á o discurso na primeira
pessoa do singular.) (página 11)

RELATO DE CASO

A cliente, nomeada E. neste trabalho, apresentou-se em companhia do marido e de


um casal de filhos pequenos. A sua postura — quase fetal — provocou-me o
primeiro impacto: pernas e mãos voltadas para dentro do corpo; cabeça abaixada
como se estivesse sendo empurrada para baixo; corpo curvado para a frente;
joelhos dobrados; a pele morena empalidecida e desvitalizada; um emagrecimento
que dava a idéia de ter sido ressecada. Fiquei estarrecida. A presença do marido
simpático e risonho, e das crianças, com idade em torno de dois e três anos, a
parecerem felizes e bem tratadas, contrastava com o quadro da cliente. Hesitante,
E. entrou na sala de atendimento ainda olhando para trás, como se estivesse
deixando na sala de espera todo o seu suporte. Falava pouco e com voz baixa, um
tanto rouca e quase sem me olhar Começou dizendo que não sabia se eu poderia
ajudá-la. Recorrera anteriormente a outros profissionais (médicos), sem muito
resultado Submetera-se a vários exames por causa das suas suspeitas de distúrbios
neurológicos e tumores cerebrais. Seu discurso entrecortado e lento deixava
transparecer a mágoa que sentia por não ter um diagnóstico e consequentemente
dispor de um remédio que a curasse — aliás, muitas vezes ela verbalizou
claramente isso. Imaginei por um momento como poderia favorecer algum tipo de
mudança diante de tanta descrença. Percebi que o abatimento dela me contaminava
e, antes de fazer mais avaliações, resolvi ouvir e acolher o seu relato.

E., no momento que a conheci, tinha 28 anos. Ela fez questão de expor
detalhadamente todos os seus sintomas, talvez mais uma vez na esperança de um
laudo conclusivo sobre suas queixas. Falava em tom monocórdio, ritmo lento e
interrompido parecendo que precisava de tempo para concatenar as idéias.

Sua principal preocupação era não ter recursos para criar os filhos. Afirmava que
quando os via tão pequenos e indefesos achava que não ia dar conta da educação
deles. As tarefas de mãe pareciam-lhe muito difíceis. Na verdade, seu corpo
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apontava para essa impotência O seu aspecto de bebê ainda não nascido levava-
me a (página 12) pensar sobre quem cuidava daquelas crianças tão nutridas e
risonhas. Essa foi a pergunta que fiz a ela. Para minha surpresa, verifiquei que a
maior carga de cuidados com as crianças era dela. Gostei do que ouvi — ali havia
um ponto de vida, mas em que grau?

Após alguns comentários sobre a participação do marido, visto como sua tábua de
salvação, da empregada e de alguns parentes, ela comunicou o medo que tinha de
sua mãe morrer. As lágrimas que agora desciam do seu rosto fizeram-na enxugá-
las, e nessa oportunidade observei como seus dedos e mãos estavam endurecidos,
o que dficultava os movimentos. A aparência dela, o clima de morte, as mãos
geladas que apertaram as minhas na entrada levaram-me a achar legítimo aquele
medo. Perguntei-lhe se tinha razões concretas para isso. Ela me explicou que era
filha temporã, caçula de quatro irmãs, e que sua mãe era idosa. Na realidade, ela
tinha três mães, segundo seu próprio relato: a verdadeira e duas irmãs mais velhas,
que eram solteiras e viviam para ela. Sempre fora excessivamente cuidada e
protegida dos perigos do mundo, mais particularmente pelas irmãs. Seu pai morrera
quando ela tinha 15 anos, e pareceu-me, nesse primeiro momento, que não era uma
figura muito forte na família internalizada por E. Os pais, embora morando na
mesma casa, não tinham uma vida de casal, e E. já os conheceu assim. Sabia-se de
relacionamentos extraconjugais do pai, razão alegada para o afastamento dos
cônjuges.

As coisas criavam um certo sentido. Logo pude perceber o quanto E. Identificava-se


com a mãe, cuja morte representava para E. um perigo. Fiquei assustada. Mas
também percebi que poderia ajudá-la a descobrir outras saídas, pois mesmo
descrente e com a aparência de uma pessoa que se abandonou, ela estava se
expondo, falando de si.

Outro aspecto notável é que no seu pólo de vida ela pôde construir uma família que
em princípio me pareceu saudável.

Por último, imaginei que ela não me teria procurado para morrer e, indo mais longe,
talvez sua presença ali fosse o seu grito (página 13) de socorro. Apoiada nesses
indícios, dispus-me a começar um trabalho que durou alguns anos.

***

As primeiras entrevistas são momentos de conhecimento e escolha mútua em que o


cliente se apresenta pelos seus motivos, queixas, questões e história de forma
peculiar, e o terapeuta se mostra pelo seu estilo pessoal, sua indumentária, seu
escritório de atendimento e suas formas de intervir. As primeiras entrevistas são
também momentos de acolhimento e preparação para o vínculo que começa a se
fazer. A forma de presença do terapeuta é, portanto, fundamental para o tipo de
relacionamento que vai acontecer.

Por fim, as primeiras entrevistas são fundamentais para um mapeamento inicial.


Frazão (1991) confirma essa afirmação quando se refere à atenção que se deve dar
àquilo que causa impacto no terapeuta no primeiro momento, às repetições,
distorções e omissões. Neste sentido, procura-se entender o todo da existência da
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pessoa que recorre à terapia, buscando verificar o seu funcionamento, suas áreas
de contato, suas evitações, tudo o que permite uma compreensão provisória do
processo de ser do cliente, ou seja, o que ele traz e como traz.

***

Após esse conhecimento inicial e certa da motivação que tinha para acompanhá-lo,
passei a fazer as combinações necessárias para o trabalho. Habitualmente, atendo
a clientes uma vez por semana. No caso de E., estabelecemos que as nossas
sessões ocorreriam duas vezes por semana. Considero aquilo que chamamos de
contrato terapêutico como muito importante para o desenrolar do processo. O maior
índice de desistência na psicoterapia é devido a mal-entendidos no contrato. Penso,
então, no papel do terapeuta, no sentido de passar as informações de forma clara
para que o cliente saiba o que ele nessa relação pode receber, com o que ele pode
contar, até onde pode ir e decidir se aceita ou não as condições.(página 14) Se por
um lado quem estabelece as regras do contrato é o terapeuta, cabe ao cliente
manifestar a sua opinião. Essa é mais uma oportunidade de verificar como o cliente
se relaciona com as propostas do terapeuta. A postura de E. no contrato não foi dife-
rente de nada do que ela tinha me mostrado até então. Sem poder de decisão nem
um mínimo de autonomia, ela iria conversar com o marido a fim de decidir-se.
Mesmo assim, fiz questão de combinar tudo com ela. Essa era também uma forma
de mostrar-lhe que ela era proprietária de sua vida e de seus desejos.

***

Os encontros iniciais são fundamentais para firmar a confiança na relação, fornecer


suporte e desenvolver o auto-suporte. Muitos autores têm escrito sobre o assunto.
Yontef, por exemplo, afirma que a Gestalt-terapia é uma abordagem existencial, que
tem sua base no relacionamento de uma forma específica de diálogo existencial
inspirado na relação EU-TU de Martin Buber. Assim, Yontef (1981) preconiza que o
contato dialógico tem cinco exigências adicionais:

1. Inclusão: colocar-se, respeitosa e empaticamente, no pólo da awareness da outra


pessoa no relacionamento bipolar;

2. Presença: o terapeuta deve manifestar abertamente a sua presença como


pessoa;

3. Compromisso com o diálogo: além de estar presente e de praticar a inclusão, o


diálogo requer do terapeuta que se renda ao entre, àquilo que realmente emirja do
diálogo entre o cliente e ele mesmo, em daquilo que veio de seu próprio plano de
jogo clínico;

4. Não-exploração: o terapeuta dialógico não explora o cliente. Falhas em aderir à


ética, à motivação, ao focalizar-se, à preparação são exemplos de exploração;

5. Viver o relacionamento: o diálogo é vivido, em vez de apenas falado. A ênfase


aqui não é contra o falar, mas pró-vida. Contatar com carinho, curiosidade, raiva, co-
operação, em vez de meramente discutir (p. 8) (página 15)
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Definidas assim as condições do diálogo entre terapeuta e cliente, firma-se o


contrato terapêutico, que deverá obedecer a esses princípios até o término do
atendimento.

***

Sustentada por uma relação que atendia às exigências de um diálogo eficaz, E.


pôde percorrer o seu caminho para o crescimento.

Eu estava muito atenta a tudo o que acontecia na minha frente. Como já disse,
chamou-me muita atenção a sua postura. Eu avaliava o esforço que era falar
comprimindo o diafragma para baixo, tentando ficar sentada. Parecia que a espinha
dorsal não a apoiava.

Acredito que o corpo físico dispõe do aparato básico para a auto-sustentação e


imaginei que E. não poderia fazer qualquer mudança significativa sem um mínimo de
apoio nele. Enquanto E. tentava me olhar à espera do que eu ia perguntar, verbalizei
a minha percepção:

— Como você já me disse, está sempre olhando para baixo —disse-lhe. —


Vejo o esforço que faz para me olhar nessa posição, você percebe isso?
— É... — disse ela, e abaixou a cabeça.
— Que tal conhecer mais o seu corpo?
— Acho que vai ser bom, né? — respondeu cordata, na esperança de algum
alívio para os seus sintomas.

Achei que deveria dar alguma explicação para a minha proposta, e justifiquei-me
alegando que eu achava que, à medida que ela conhecesse mais o corpo, poderia
usá-lo melhor. Seu jeito submisso deixava-me a impressão de que ela faria o que eu
quisesse, repetindo a forma com que se relacionava com o mundo. Perguntei-lhe se
ela concordava comigo. Ela assentiu, e me pareceu sincera. Pedi-lhe que prestasse
atenção ao seu corpo, focalizando sua postura. Achei que tinha encontrado um
ponto de contato favorável. Os (página 16) primeiros trabalhos eram de
conscientização corporal, e E. ficava feliz com as descobertas que fazia. À medida
que ela se dava conta do corpo, emergia bem o seu aspecto bebê desamparado.
Com muito cuidado, eu apenas a confirmava, sem forçar nada. Aliás, surpreendeu-
me como ela pôde aproveitar o conhecimento do seu corpo. Cada experiência a
enriquecia enquanto a expressão verbal ainda era precária. Nessa fase, ocorreu-me
que o contato do bebê é mais corporal, e tive a impressão de que ela nunca tivera
essa oportunidade, isto é, ela experienciava ali o bebê desconfirmado. Foi numa
dessas investidas que ela descobriu que tinha pés, e este foi um dos marcos do
trabalho.

— Acho horrível quando ando pela rua e não acho o chão — disse E. — Ele
afunda, parece que tem um buraco. Parece que eu vou cair; sabe?
— Vamos ver como é que é isso — intervim — Que tal nós caminharmos aqui
na sala?
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Fiquei ao seu lado para que ela se sentisse mais segura. Caminhamos um pouco, e
foi notável a mudança do início para o final do experimento.

À medida que ela andava, percebi que ela encontrava dificuldade de orientar-se no
espaço; olhava para baixo com a cabeça semifletida. Perguntei-lhe o que via quando
olhava para o chão. Imaginei que ela fosse responder algo sobre o chão ou sobre o
buraco. Para minha surpresa, ela respondeu emocionada:

— Meus pés! — Começou a chorar


Sentamo-nos, e propus-lhe que ficasse mais atenta aos seus pés para
conhecê-los melhor
— Eu não conhecia meus pés — disse E. — Eu nem sabia que tinha pés.

Ela tocou-os com carinho, alisando-os e reconhecendo cada parte deles. A


intensidade da experiência vivida ia para bem mais além da expressão mais óbvia.
Estar no colo, ser carregada, ser um (página 17) bebê e todos os ganhos e perdas
que advinham desses fatos estavam presentes naquela vivencia.

***

A esta altura do relato, cabe registrar o que Lima Filho (1993) afirma sobre
experimento a partir dos ensinamentos de Latner:

O experimento gestáltico é uma oportunidade, favorecida na situação


psicoterópica, conduzida pelo psicoterapeuta, onde o cliente vai
experienciar algo, tornando-se, a um só tempo, sujeito e objeto para a
investigação. O papel do psicoterapeuta seria o de um catalisador, isto
é, um facilita for, um iniciador, para que uma reação se efetue. Ele não
participa do composto; é apenas um desencadeador. Ao longo do
exercício vivencial, fica de prontidão para, a cada passo, assegurar a
continuidade do fluxo reacional. (pp. 24 e 25)

***

É interessante notar que, ao reconhecer e aceitar que tinha pés, E. passou a


caminhar mais ereta, e a sua voz tornou-se mais forte e mais audível.

Mais adiante e com maior suporte, E. pôde trazer um mundo de situações


inacabadas. Foi uma fase de muita confusão, em que os impasses se sucediam. Era
o momento de atravessar a dor. A cada sessão, surgiam temas carregados de
emoção. Com o nosso relacionamento mais estabelecido, E. mergulhava de forma
ativa no seu processo de crescimento. Diante do medo e das resistências que a
protegiam, ela buscava saídas. Nessa época, emergiu mais a sua sensibilidade, que
bem depois se tornou uma habilidade artística que desconhecíamos.

Os seus relatos agora eram carregados de símbolos e metáforas. Trabalhar com


esses símbolos ajudou-nos bastante. Aqui vão alguns trabalhos daquele tempo.
(página 18)
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Lembro-me de uma fantasia em que E. encontrava-se parada num canto e via diante
de si vários caminhos, sem saber qual deles escolher. Tentei trabalhar a situação
dramaticamente, reencenando o vivido. Foi muito difícil para ela verificar que não
sabia que rumo tomar. Ela ficou estava presa no chão. O que E. pôde fazer foi
assumir que ainda era cedo para decidir qual era o seu rumo na vida.

Muitas outras experiências semelhantes foram vivenciadas com os mesmos


significados. Os sonhos que E. relatava eram recorrentes: ora era um grande muro
que se interpunha entre ela e o seu objetivo — que ela aliás não conseguia saber
qual era —, ora era um elevador que não parava onde ela queria e continuava
subindo até que ela acordava. Em outro sonho recorrente deste tipo, ela tinha de
subir ou descer uma escada em caracol que não tinha fim.

Percebi nesse momento que E. se encontrava mesmo num impasse. Pressenti que
estávamos perto de uma grande mudança, e E. resistia. Lembrei-me de que Polster
e Polster (1979) afirmam que a resistência surge no movimento para o contato com
o novo. Eu esperava. Tratei simplesmente de favorecer um maior contato com essas
resistências (por exemplo, pedir a ela que se identificasse com o muro). Ambas
sabíamos que estávamos perto, mas ainda não havia energia suficiente para a
mudança.

Um episódio importante nessa época foi a fantasia de estar presa num quarto
escuro. Tratei de reconstituir a cena, e este foi mais um marco na terapia de E.

Preparei o ambiente, enquanto propus que E. relatasse o fato no presente. Foi


comovente o que sucedeu a partir de então. Havia uma fumaça que turvava o
ambiente. Surge, então, uma parte de E. firme e decidida, que dá a mão àquela
menina presa à cadeira e aponta um caminho. A E. menina se levanta, tateando
mas confiante, e vai com cuidado tocando os móveis e a parede até que encontra a
porta. Então, em voz alta, disse: (página 19)

— Tem uma porta!

Pedi-lhe que esquadrinhasse aquela porta, e ela explorou-a verificando que ela
mesma podia abri-la ou fechá-la. Ela sorria ao mesmo tempo que escorriam lágrimas
dos seus olhos. Nós duas nos emocionamos. Aquela porta passou a ser o símbolo
da terapia.

Não sei se foi exatamente a partir daí, mas uma série de mudanças vieram a
acontecer e pretendi aproveitar mais essa fase. Eu tinha o hábito de ocasionalmente
fazer umas maratonas terapêuticas de fins de semana com os clientes de
atendimento individual. Presumi que E. poderia beneficiar-se desse tipo de trabalho.
Parti das seguintes premissas: primeiro, E. já tinha suporte suficiente para lidar com
a mobilização de grupo; manifestava também o desejo de conhecer outras pessoas,
visto que vivia muito isolada no seio familiar. Seria mais uma oportunidade de sentir-
se ajudada e de poder ajudar (esse era um desejo dela); ela poderia, ainda, ver-se
na situação de grupo, identificando-se e diferenciando-se; e, por fim, achei que era
uma boa oportunidade para ela rever e corrigir experiências com seu grupo familiar
de origem. Conversamos sobre isso, e ela ficou muito interessada. Discutimos os
prós e os contras dessa investida. Nessa etapa do trabalho terapêutico, E. já era
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uma pessoa sensível, sagaz, porém sua pouca experiência com relacionamentos
interpessoais a fazia inocente e assustada, projetando nas pessoas suas
dificuldades nesse sentido. Acreditei também que ver-se num grupo era a
oportunidade para aumentar sua auto-estima. Assim, partimos para o grupo tendo
claro que as minhas hipóteses poderiam não se confirmar, mas certa de que E.
queria viver tal experiência.

Os resultados foram evidentes. Um trabalho inicial de apresentação trouxe à tona a


sua desvalorização e a sua baixa autoconfiança e auto-estima. Pedi que cada um
dos participantes se apresentasse ao grupo por intermédio de um parente, um amigo
ou um conhecido. Desse modo, E. começou assim: (página 20)

— Sou R., filho de E., e vou apresentá-la. A minha mãe é muito insegura, ela
olha para mim e acha que... não sei... não vai poder.. não vai ser capaz... ela... eu
queria.., a minha mãe queria ser forte.

Chorando, E. fala não só das suas impossibilidades, mas também da sua luta para
ficar melhor percebi que ela se apresentava inicialmente frágil no grupo com quem
precisa de ajuda. O grupo fez a sua parte dando devoluções e tentando ajudar. Era
assim também que ela se enquadrava no grupo familiar (anotei isso mentalmente).

No decorrer do trabalho de grupo, aconteceu uma outra vivência que é digna de


nota. As pessoas estavam todas em silêncio, e havia um clima de tranqüilidade,
quando E., soturna, começou a falar com a voz embargada.

— Eu olho as bolsas das pessoas e fico comparando com a minha — disse


ela, apontando para o cabide.

Na verdade, ela trouxera uma bolsa que só cabia um lenço.

— Eu não preciso de nada. Eu não tenho nada, tudo quem faz é o meu
marido.., eu não sou nada... eu queria fazer alguma coisa. — Ela chora.

Um dos participantes perguntou-lhe se gostaria de vasculhar a bolsa que trazia. Era


uma bolsa grande e cheia de bugigangas.

Foi um momento de muita intensidade. As pessoas sentadas no chão, enquanto E.,


como uma criança, inicialmente encabulada, olhou para dentro da bolsa e fez alguns
comentários sobre o quanto se poderia botar numa bolsa. Depois de pedir
permissão, E. meteu a mão dentro da bolsa e começou a retirar e tocar com enorme
prazer tudo o que via. Suas expressões variavam, mas eram todas muito evidentes:
ora surpresa, ora curiosa, ora cuidadosa. Como era de esperar ela se deteve na
carteira de identidade e no talão de cheques e demorou-se ao falar sobre a sua falta
de identidade e autonomia. Todas as pessoas se envolveram na vivência. Pegaram
suas bolsas e as puseram no meio do círculo. Alguém mais lhe entregou uma bolsa,
dizendo que não era qualquer um que podia ver (página 21) que havia dentro de sua
bolsa e que, na verdade, esse era um momento de muita exposição. Era
interessante também como as pessoas resguardavam o que não poderia ser
mostrado, enquanto surgiam os objetos mais inusitados. O grupo fez o trabalho
sozinho, e eu só os observei.
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No término da maratona, E. me pareceu mais fortalecida e estava bastante satisfeita


de ter participado.

Acelerou-se o seu processo de mudança. Os reflexos dessas mudanças já se faziam


presentes na relação como marido e com os filhos. E. parecia menos amorfa,
permitia-se opinar vislumbrava a possibilidade de sair sem a companhia do marido e
confiava em si mesma para cuidar das crianças. No relacionamento com a mãe e as
irmãs, aos poucos ia quebrando as idealizações, diferenciando-se, tomando posse
de seus recursos pessoais e utilizando-os de forma mais adequada e saudável.

Foi nessa época que ela e o marido resolveram se mudar. Esse fato relacionava-se
com o trabalho de separação e discriminação que era tão comum naquela etapa. O
apartamento em que moravam era muito úmido, e as crianças estavam sempre com
problemas respiratórios. O pediatra alertara para os perigos de continuar ali, e o
casal ponderou a possibilidade de sair E. iria morar longe da mãe.

Ao mesmo tempo que o casal partia à procura de uma nova moradia, E. dizia com
frequência que queria que a mãe fosse para bem perto dela. Percebi, no entanto,
que, apesar de viver esse distanciamento com muito medo e dor, E. encarava-o
como necessário. Esse foi um momento em que, infringindo as regras do contrato
terapêutico, fui visitá-la e conhecer sua nova residência. Para E., esse era um
grande passo, e achei que a minha visita era um apoio necessarío. Posteriormente,
ela admitiu que aquela mudança era uma reconstrução de sua própria vida, e
verbalizou isso diversas vezes: “Quero criar asas como um passarinho” ou “Quero
ser mais livre”. Realmente, esse foi mais um marco no processo (página 22)
terapêutico. E. começou a sair de casa, a fazer visitas, a produzir objetos de arte, a
pintar quadros, a ser mais livre. Também passou a freqüentar aulas de jazz.
Guardava uma reminiscência que agora a fazia feliz: “Depois que eu conheci os
meus pés, pude conhecer o meu corpo todo.”

Mantinha-se agora mais afastada dos filhos. A despeito disso, assumiu o cargo de
mãe-representante na escola, e o exerceu por quatro anos, sendo reconhecida pela
participação, comprometimento e capacidade de liderança.

A ocorrência de um fato inusitado deixou bem claro como E. se tornara mais


independente. Certo dia, na hora do atendimento, o seu marido entrou na sala
deforma abrupta e sentou-se à minha frente. E. vinha atrás, bastante zangada. Não
me lembro exatamente o que o marido de E. me disse, pois estava sob o impacto da
surpresa. Embora bastante irritado, ele se mostrava polido. Falou, reclamou, fez
algumas perguntas sem esperar qualquer tipo de resposta. O casal manteve por
pouco tempo um diálogo acalorado sobre a maneira de ser de um e de outro, e ele,
desculpando-se, retirou-se.

Não tive reação, somente tratei de entender o que estava acontecendo, já que tudo
fora muito rápido. Supus que, para ele, eu era responsável pelas mudanças que
agora geravam conflitos na vida do casal.

Passei um bom tempo ouvindo E. falar do marido e verifiquei projeções típicas: “Ele
não me deixa crescer”; “Ele me trata como uma criancinha “. O marido tinha feito por
12

muito tempo o papel de mãe, e E. não precisava mais disso. Por outro lado, encará-
lo como marido implicou experienciar introjeções, confrontar limites, retificar
percepções, focalizar crenças e reformular valores relacionados às imagens de
homem e de mulher. Bem mais consciente da sua participação e responsabilidade
nos eventos de sua vida, E., amedrontada pelo risco de destruir o casamento, pôde
rever as fantasias, as idealizações, as (página 23) situações inacabadas tão
atuantes no relacionamento a dois. Foram descobertas interessantes, e a família foi-
se regulando de um outra maneira.

Nessa mesma época, a mãe de E. morreu. Era uma grande prova. Como ela iria
reagir a essa perda, agora concreta? Afinal, esse era um dos motivos pelos quais
ela buscara atendimento. Eu sabia que ela poderia lidar com esse luto, mas
aguardei. Como eu esperava, mesmo com a dor que implica a perda de um ente
querido, ela estava inteira, coerente, bem apoiada.

As sessões posteriores a morte da mãe foram, além da expressão de saudade, uma


oportunidade para compreender melhor os sentimentos antagônicos que a afligiam:
dor e alívio, tristeza e alegria de ser capaz, independência e culpa, liberdade e
apego.

Exploramos juntas cada emoção expressa, e à medida que E. se tornava mais


integrada, pôde despedir-se da mãe.

Depois desse evento, continuamos juntas por algum tempo. Os trabalhos se


tornaram cada vez mais fluidos, e nosso relacionamento mais próximo.
Conversávamos mais, e eu me permitia comentar alguns fatos da minha vida
pessoal que tivessem relação com o que ela trazia. E., pôr sua vez, incumbia-se de
dizer-me coisas e emitir opiniões. Eu ficava bastante satisfeita com o fato, porque
algum tempo atrás isso era impossível, mas também percebi que era hora de
finalizar a terapia.

Um dia ela chegou fazendo uma avaliação do seu processo de crescimento: como
chegou, o que viveu e como estava agora. Percebi claramente que ela estava
fazendo um fechamento. Verbalizei a minha percepção baseada nos dados que ela
estava me trazendo. Ela concordou, mas ficou triste. Quanto a mim, sentindo a dor
da separação por um lado, experimentava também uma enorme satisfação de vê-la
crescida. Comuniquei-lhe o que se passava comigo, e ela se sentiu compreendida.
Após mais alguns poucos encontros, despedimo-nos eu e ela sabíamos que estava
na hora. (página 24)

***

É curioso notar como o término da terapia em geral é percebido pelo terapeuta e


pelo cliente quase da mesma maneira, já que os sinais ficam visíveis na relação dos
dois. E. alcançara os quesitos básicos para ser deixada sozinha, entre os quais
Perls (1977) destaca “mudança na aparência, uma técnica de auto-expressão e
assimilação adequada e a habilidade para estender a tomada de consciência para o
nível não verbal” (p. 97).

CONCLUSÁO
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A Gestalt-terapia segue filosofia, vinculação teórica, metodologia e conceitos


próprios, mediante uma prática que permite um trabalho profundo da pessoa em
relação. O processo terapêutico ocorre por meio do favorecimento e do
desenvolvimento do fluxo de awareness inerente a cada indivíduo. O terapeuta tem
uma proposição provisória de trabalho, e esta se ancora na concepção existencial-
fenomenológica de homem e de mundo. A primeira entrevista, o contrato, a terapia
com início, meio e término têm seu âmbito e seus limites nessa concepção.

De fato, os Gestalt-terapeutas ainda não aprenderam a mostrar sua prática de


maneira mais fundamentada sem perder a riqueza que é a demonstração vivencial
(por isso, foi feita a apresentação de um caso como uma possibilidade de síntese).
Insista-se, pois, na importância de examinar meticulosamente os pressupostos da
abordagem, a fim de que se torne evidente a sua consistência e coerência. Não se
trata aqui de um jogo de poder, mas do reconhecimento de que há riscos de uma
corrente que tem um enorme respeito pelas diferenças e peculiaridades individuais,
num mundo massificador e impessoal, tornar-se uma falácia.

Finalmente, como testemunho, a autora declara que se tem beneficiado bastante,


como cliente e como terapeuta, deste modelo de saber. Por isso, sente-se
firmemente comprometida com ele. (página 25)

AGRADECIMENTO

Por ter permitido o relato e colaborado com dados precisos sobre a sua história, e
pela maneira por que fez a autora crescer e aprender como pessoa e terapeuta, um
agradecimento especial a E.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS

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