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LICENCIATURA PROTEÇÃO CIVIL 2022/2023

3 de Janeiro de 2023
UC: Riscos Naturais

Autor: Diogo Santos, Rui Lopes, Tiago Amado e Paulo Costa

Orientador: Prof. Andreia Rodrigues


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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 3

O SISMO ............................................................................................................................ 4

EFEITOS DO SISMO ........................................................................................................... 5

IMPACTOS DIRETOS E INDIRETOS NA SOCIEDADE ............................................................ 7

ANÁLISE DOS ACONTECIMENTOS ..................................................................................... 8

PONTOS A MELHORAR...................................................................................................... 8

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 11

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 12

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Carta de Isossistas do Terramoto de 1969 ........................................................ 4


Figura 2 - Danos provocados em Lisboa ........................................................................... 6
Figura 3 - Danos provocados em Vila do Bispo - Algarve ................................................. 6
Figura 4 - Sociedade afetada pelo sismo .......................................................................... 7

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INTRODUÇÃO

Para o trabalho final da unidade curricular de Riscos Naturais, inserido na


licenciatura em Proteção Civil, foi-nos proposto a realização de um trabalho
investigativo referente a um acontecimento do passado relacionado com riscos
naturais.

Considerando que em Portugal ao se falar de sismos, apenas direcionamos as


atenções para 1755, desconsiderando um passado recente. O objetivo deste trabalho é
abordar o Sismo do Algarve em 28 de fevereiro de 1969, vamos então fazer um breve
enquadramento geográfico da ocorrência com descrição dos acontecimentos, danos,
os seus impactos na sociedade afetada e identificar melhorias ou situações a corrigir
pós-evento.

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O SISMO
Em 28 de Fevereiro de 1969 pelas 3h41 a terra tremeu, um sismo atingiu o sul
do país e a região de Lisboa, sendo o último grande sismo a ocorrer em Portugal
Continental, e o mais importante do século XX, denominado por ‘’Sismo do Algarve de
1969’’.

O epicentro do sismo ocorreu no Oceano Atlântico a sudoeste do Cabo de São


Vicente, a cerca de 230 e 80 quilómetros de Lisboa e Sagres, respetivamente. Este
atingiu toda a região de Portugal, norte de Marrocos e parte de Espanha.

A magnitude do sismo atribuída foi de 7.9 na escala Richter e VIII na escala de


Mercalli. Este evento é interpretado como resultante da compressão das placas
Africana e Euroasiática que ocorre na região sudoeste ibérica.

O sismo teve várias réplicas, tendo a estação WWSSN da Serra do Pilar registado
47 réplicas entre 28 de fevereiro e 24 de março. O sismo de 1969 foi observado em
diversos marégrafos e gerou um pequeno tsunami, tendo passado despercebido pela
população derivado à hora da sua ocorrência.

Figura 1 - Carta de Isossistas do Terramoto de 1969


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Os instrumentos de avaliação sísmica naquela época não eram suficientemente
desenvolvidos para prever a situação e até mesmo recolher informação daquilo que foi
sentido em Portugal na noite de 28 de fevereiro de 1969. A rede sismográfica
portuguesa era constituída por 3 estações sismográficas, mas por consequência do
sismo existiu uma falha de energia elétrica e os registos existentes são apenas de 27
segundos.

De forma inesperada o país é afetado de diversas formas pelas ondas sísmicas,


por via marítima existem relatos de navios que se encontravam no Oceano Atlântico,
em regiões próximas ao epicentro que foram afetados pelo sismo, alguns deles
sofrendo danos estruturais significativos e provocando o pânico a bordo. Começaram a
ser sentidos os primeiros sinais por volta da 1:43h, segundo Oliveira Manata,
Comandante do navio ’’Manuel Vicente’’ o mar começou a arfar, a criar movimentos
parecidos com abrir e fechar da mão e de seguida a vibrar.

Os relatos em terra referem foi ‘’um minuto que durou horas’’ em que as
pessoas fugiram para a rua completamente desprevenidas e assustadas pela vibração
do sismo, deixando para trás tudo, fugindo das suas habitações com receio que estas
colapsassem ou que voltasse a ocorrer alguma réplica.

EFEITOS DO SISMO
O sismo em Portugal provocou cerca de 16 vítimas mortais, das quais 3
resultaram de consequência direta do sismo e as restantes de forma indireta, algumas
delas por doença súbita durante e pós-evento sísmico. Este fenómeno provocou ainda
cerca de 70 feridos em Lisboa e 150 na região do Algarve, a grande maioria dos
ferimentos ocorridos dizia respeito a lesões provocadas por quedas ou crises nervosas.
Em Marrocos provocou 8 vítimas mortais e 11 feridos, em Espanha provocou 5 vítimas
mortais e 6 feridos. Embora as zonas mais afetadas em Portugal correspondam ao
distrito de Lisboa e Faro, o sismo foi sentido e afetou diversas regiões ao longo do país.

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Na região do Algarve, em particular nos concelhos de Portimão, Vila do Bispo,
Lagos e Castro Marim os danos em habitações foram devastadores provocando falhas
de energia elétrica e comunicações, fendas em habitações, quebra de vidros, colapso
de chaminés, deslocamento de telhas, colapsos parciais e totais de habitações. Tendo
sido agravado nestes locais os danos devido à precipitação que se fez sentir após o
sismo, provocando diversos danos também
causados pela água infiltrada nas estruturas
danificadas. Acrescentando nesta região os danos
colaterais causados pelo sismo, nomeadamente
tsunami, inundações, incêndios, deslizamento de
terras em que diversas zonas a sul do país foram
afetadas.
Figura 2 - Danos provocados em Lisboa

Na região de Lisboa caíram inúmeras chaminés e paredes já devolutas, falhas


de energia elétrica e comunicações. Foram identificados 909 danos estruturais e não
estruturais.

Na Madeira foi sentido em diversas zonas da ilha, que apenas provocou danos
materiais como pequenas fendas em algumas habitações e o colapso de uma casa
desabitada.

Figura 3 - Danos provocados em Vila do Bispo - Algarve

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IMPACTOS DIRETOS E INDIRETOS NA SOCIEDADE
Os sismos são fenómenos naturais que fazem parte do quotidiano do nosso
planeta, tendo a capacidade para devastarem repentinamente qualquer zona do
planeta, deixando clara a nossa vulnerabilidade e fragilidade perante estes eventos
extremos. É uma vulnerabilidade que em cada ano responde por milhares de mortos,
feridos, desaparecidos e desalojados, afetando a humanidade e destroem as
economias e meios de subsistência. Há que sublinhar que, nas últimas décadas,
milhões de pessoas perderam a vida em consequência destes desastres e o quadro
tende a agravar-se como indicam as estimativas das Nações Unidas que apontam para
que, nos próximos anos, estas catástrofes provoquem, perdas médias anuais, de
100.000 vidas e custos de 250.000 milhões de euros.

Figura 4 - Sociedade afetada pelo sismo

Os sismos são considerados como o desastre natural que maiores destruições


causam, produzindo diferentes tipos de perdas: físicas, sociais, económicas, ambientais
e culturais. As perdas físicas, como sejam vidas humanas, edifícios e infraestruturas,
para além de causarem um impacto violento no indivíduo, atingem seriamente a
sociedade, trazendo graves problemas à economia e à estabilidade social. Um simples
evento pode ter impactos severos nos vários estágios de desenvolvimento do país,
tendo sérios reflexos no Produto Interno Bruto (PIB), tal como aconteceu no Haiti,
sismo de 12 de janeiro de 2010, em que segundo o Fundo Monetário Internacional as
perdas do desastre são o equivalente a 120 por cento do PIB – o que representa um
retrocesso significativo para a economia do país.

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ANÁLISE DOS ACONTECIMENTOS
O sismo de 28 de fevereiro de 1969 foi o último sismo a provocar destruição no
património edificado na região do Algarve. Há especialistas que dizem que se o sismo
ocorresse hoje seria muito pior, por razões relacionadas com a construção dos
edifícios. Além disso temos de ter em conta o tipo de construção. Se hoje não se tem
muito em conta a construção antissísmica em 1969 muito menos se faziam construções
assentes numa estrutura dessas algo complexas, ideia que colhe a opinião do grupo.

A informação que existe do evento mostra-nos que se viveram momentos de


pânico e de desorientação, onde se verificou a falta de informação, falta de preparação
para a reação ao acontecimento. As construções eram frágeis e com pouca resistência,
além de que os meios de comunicações existentes eram escassos e assentes nas
comunicações filares fixas, como foram seriamente afetadas levou a que o socorro
demorasse a ser ativado.

Na época do acontecimento não existia um sistema de proteção civil como nos


dias de hoje, as forças envolvidas no socorro trabalhavam de forma descoordenada e
independente sem que houvesse uma estrutura de proteção civil, coordenada e
integrada de todos os agentes envolvidos no socorro. Também na época do sismo os
meios de socorro eram escassos e muito rudimentares o que era um acréscimo à frágil
estrutura de socorro, mas o mais critico era a falta de preparação da população. A falta
de resiliência era evidente e deixou as pessoas sem saber como reagir. Para vivermos
de uma forma mais segura, condição básica humana, é necessário dar maior ênfase à
prevenção e à mitigação dos sismos.

PONTOS A MELHORAR
O princípio mais significativo neste sentido é o da aquisição de conhecimentos
na área do risco sísmico e das suas consequências, e posteriormente divulgá-los à
sociedade, desenvolver programas, simulacros e treinos que envolvam a comunidade.
Por exemplo, se perguntarmos numa sala quem tem kits de sobrevivência em casa,

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poucas pessoas respondem afirmativamente. Mas trata-se de uma medida muito
importante e necessário sensibilizar. É fundamental comunicarmos de forma séria com
as pessoas e sensibilizá-las para serem resilientes e estarem preparadas para uma
emergência.

Além da informação, as técnicas construtivas que devem ser realizadas de


acordo com o risco que está associado a cada local. A construção dos edifícios é um
aspeto muito importante, pois, segundo o professor do Instituto Superior Técnico
Mário Lopes, “não é a previsão de um sismo que impede os danos económicos, mas sim
os edifícios resistirem aos sismos”. Além disso, não há legislação que torne obrigatório
o reforço sísmico dos edifícios em Portugal e, à exceção dos Açores, não há
recomendações técnicas para serem seguidas boas práticas.

Figura 5 - Cuidados a ter durante um sismo

Outro aspeto a realçar é a importância da memória das catástrofes pelas


comunidades, que não pode ser esquecida, há que passar essa mensagem através da
escola, de documentários ou pela internet, não esquecendo a sabedoria dos mais
velhos que passaram por estes eventos. Vários estudos desenvolvidos para os
equipamentos de ensino de várias regiões, em que se dava especial realce à
componente estrutural e, consequentemente a partir de um grau médio de dano,
estipulava-se se o equipamento poderia ou não dar continuidade às suas funções.

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Porém, com o aprofundar dos conhecimentos observou-se que não é suficiente
estudar um equipamento ou uma estrutura isoladamente, pois as funções a que se
predispõe são produto de um sistema, de um conjunto de estruturas, atores e funções.
Assim, surgiu a necessidade de estudar o impacto dos sismos não apenas ao nível dos
danos no edificado ou do número de vítimas, como é vulgarmente apresentado em
vários estudos, mas a de conhecer também o seu impacto no suporte físico do
território e no seu funcionamento, tal como seja no emprego, na habitação ou mesmo
na continuidade do ensino. Esta abordagem tenta descrever, por exemplo qual o
impacto da rutura da rede de águas numa parte da cidade. Será possível habitar essa
zona? Quanto tempo é possível habitá-la ou a partir de quando? É possível utilizar as
escolas dessa área? Qual o transtorno dos escombros na circulação das pessoas e dos
veículos? A partir de que valor se pode circular e viver com as condições mínimas?
Tentou-se assim dar uma visão holística, ou seja, conceber a realidade como um todo
do problema e não apenas das suas partes, podendo a partir daí tirar ensinamentos
para prevenir e mitigar o risco, mas sobretudo a forma como a sociedade é afetada aos
diferentes níveis.

Existe a responsabilidade do Estado pelos danos causados aos indivíduos, ao


património e ao ambiente, no entanto verificamos uma certa omissão estatal em
implementar políticas públicas que atendam de modo suficiente à tutela do
ordenamento do território. Esta situação ocorre sempre que o ente estatal não fiscaliza
e não proíbe a localização de determinadas infraestruturas, reprimindo civil,
administrativa e criminalmente tais condutas de modo eficiente e satisfatório. Outro
exemplo de conduta omissa por parte do Estado ocorre quando este não atua no
sentido de estabelecer um regulamento adequado, que imponha limitações ao uso dos
solos e à sua mudança/transformação, a fim de evitar o aumento de vulnerabilidade já
existente e de adequar as atividades e os locais sob a ótica dos princípios da prevenção
e da precaução.

Medir o impacto de um sismo, numa sociedade, mediante a utilização de


critérios é um grande desafio, tanto do ponto de vista conceptual como técnico-
científico, pois estamos perante uma infinidade de fatores, muitos deles
interdependentes, de difícil descrição ou mensurabilidade.

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CONCLUSÃO
Estes acontecimentos possibilitam a compreensão dos impactos estruturais,
bem como as consequências a nível social e económico das regiões afetadas.

Os edifícios atingidos em Portugal, nomeadamente na região de Lisboa e Sul do


país existe melhoria naquilo que são as construções, tendo em conta que em 1755 os
danos foram bastante maiores. Existe a necessidade de determinar e avaliar em cada
uma destas zonas de maior impacte sísmico e quais as tipologias construtivas mais
vulneráveis de forma a orientar o ordenamento do território para estas necessidades.

Rapidamente conseguimos perceber que a repetição de um sismo de


intensidade semelhante ou superior é inevitável, nesta fase é crucial a criação de
medidas de mitigação de risco sísmico de forma a que a população esteja preparada
para a ocorrência destes eventos.

Como os sismos são praticamente imprevisíveis (no sentido de prever a data de


ocorrência) a única forma de prevenir os seus efeitos é a prevenção, ou seja, construir
edifícios e infraestruturas que lhes resistam, e educar, informar tornando as nossas
populações mais resilientes para podermos assim estar preparados para a sua
ocorrência, independentemente da data em que ocorram.

Para concluir e como forma de sensibilização deve ser reforçado que o potencial
de destruição de futuros sismos em Portugal tem sido objeto de análises e estudos pela
comunidade científica.

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BIBLIOGRAFIA
Henriques, G. (2019). Sismo 1969. O mar borbulhou e o país saiu à rua em pijama. Jornal de
Noticias.

https://www.dn.pt. (28 de FEV de 2019). Obtido de Diário de Notícias:


https://www.dn.pt/pais/sismo-1969-o-mar-borbulhou-e-o-pais-saiu-a-rua-em-pijama-
10630935.html

https://www.rtp.pt. (21 de SET de 2017). Obtido de RTP: https://www.rtp.pt/noticias/pais/28-


de-fevereiro-de-1969-a-noite-em-que-portugal-tremeu-para-reavivar-o-risco_n985464

Miranda, J., & Carrilho, F. (2014). 45 ANOS DO SISMO DE 28 DE FEVEREIRO DE 1969. Lisboa:
IPMA.

Vakalis, N. (2007). RELATÓRIO sobre o impacto dos sismos a nível regional. Comissão do
Desenvolvimento Regional.

Vieira, A. L., & Oliveira, C. S. (2021). A Ciência e a Redução do Risco. IMPACTE DO SISMO DE 28
DE FEVEREIRO DE 1969 EM ALGUMAS CIDADES. COMPARAÇÕES.

wikipedia. (8 de 12 de 2022). Obtido de pt.wikipedia.org:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Portugal_de_1969

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